Clínica Veterinária n. 151 pt

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Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

Diagnóstico por imagem

Megaesôfago adquirido em cão – relato de caso

Neurologia

Tratamento de epilepsia em cães

Animais silvestres

Manejo de filhotes de furãopequeno (Galictis cuja)

Medicina veterinária de desastres

A fome cinzenta em decorrência dos incêndios florestais nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no ano de 2020

Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts DOI: 10.46958/rcv

www.revistaclinicaveterinaria.com.br


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Divulgação

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Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br

Conteúdo científico

Diagnóstico por imagem

Megaesôfago adquirido em cão – relato de caso

Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br

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Acquired megaesophagus in a dog – case report

Editoração eletrônica Editora Guará Ltda. Projeto gráfico Natan Inacio Chaves mkt2edguara@gmail.com

Megaesófago adquirido en perro – relato de caso

Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com Capa Greyhound Kate Grishakova

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Neurologia Tratamento da epilepsia em cães – revisão Pharmacological treatment of canine epilepsy – review Tratamiento de la epilepsia en perros – revisión

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total res­­ponsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou to­tal do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.

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Animais silvestres

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Manejo de filhotes de furão-pequeno (Galictis cuja) Management of lesser grison (Galictis cuja) pups Manejo de crías de hurón (Galictis cuja)

Conteúdo editorial Medicina veterinária de desastres

A fome cinzenta em decorrência dos incêndios florestais nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no ano de 2020

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, março/abril, 2021

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Medicina veterinária do coletivo

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Ladrões roubam van e levam junto 70 gatos resgatados

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Ambiente hospitalar 86 veterinário Fachada comercial – o primeiro cartão de visita

O uso de animais na produção de vacinas contra o SARS-CoV-2

Tecnologia da informação

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Tecnologia da informação cada vez mais presente – novos desafios para 2021

A teoria do elo – uma análise do conhecimento dos médicos-veterinários e a importância de sua aplicação

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Gestão

Destino e crenças

Lançamentos

Vetnil é premiada no ranking da GPTW como uma das Melhores Empresas para Trabalhar em 2020

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84

As votações para o 85 Prêmio Veterinário do Ano Vetnil Anclivepa Brasil 2020 se encerram em março

Vet agenda

Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta

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Oportunidade de reorganização em meio ao caos

Há alguns anos, poucos seriam capazes de imaginar que teríamos hoje um cenário tão caótico como o atual. Vivemos uma época de acentuada radicalização política, em nível global e nacional, com o ressurgimento de posições conservadoras e autoritárias nos costumes e nas relações sociais. O poder se fragmentou; as velhas agremiações políticas se descaracterizaram; cresceu muito a pressão dos grandes grupos econômicos, e há também maior intervenção de grupos que não eram tão presentes no processo – Forças Armadas, organizações religiosas, setores do Judiciário, empresas de mídia e até milicianos. Vemos a desarticulação dos organismos voltados à preservação da saúde e da pesquisa científica, o descaso com o meio ambiente e com a proteção aos direitos humanos e de grupos vulneráveis. A ação política concentrou-se nas mídias sociais, com o bombardeio de narrativas oportunistas e fake news, a destruição de reputações e o enfraquecimento de instituições e de princípios de convivência e de compreensão da realidade. Um cenário convulso, nebuloso e impensável há alguns anos. E, como se não bastasse, coroado pela pandemia da Covid-19, com seus milhões de mortes e a inconcebível apatia dos que poderiam ter sobre ela uma ação efetiva. O horizonte se apresenta indefinido e em plena transformação. Um horizonte em que especialmente a morte desempenha papel tão presente. No caos há destruição. E é o que estamos vendo. Abrem-se brechas, queimam-se pontes, desfazem-se vínculos, perde-se muita coisa. Por outro lado, o momento oferece a possibilidade de uma grande reformulação das relações pessoais, sociais, econômicas e de trabalho, para o bem ou para o mal. Nós nos questionamos sobre o que fazer diante de tudo isso. O que nos cabe agora, antes de tudo, é procurar enxergar, com a serenidade e a isenção possíveis, o que de fato está ocorrendo. E então fazer o esforço de redefinir, de reconstruir em outras bases o que estiver ao nosso alcance. A começar por nós mesmos. Estamos há um ano sofrendo os efeitos da pandemia, e ainda nos sentimos no meio do terremoto. Há retrocessos que nos fazem lamentar muito, mas eles têm também a função de nos tirar de nossa zona de relativo conforto, de nos empurrar em direção a um papel mais ativo. Depressão se cura com esperança. Há retrocessos, mas há avanços – as duas coisas relacionadas, o tempo todo. Mortes e renascimentos, desastres e oportunidades de aprendizado reais e preciosas. Houve um aumento no abandono de animais na atual fase da pandemia, mas as corridas de galgos foram proibidas no Rio Grande do Sul. Temos negligência e apatia no comando da Saúde em nosso país. Mas temos um contingente enorme de profissionais de saúde com uma dedicação e uma competência que são talvez o melhor exemplo daquilo que mais precisamos nesse momento: compaixão, olhar para o outro, acreditar que podemos fazer a diferença, apesar de rodeados de mortes, aflição e descaso. Temos um caminho a percorrer agora, reavaliando relações, ajustando nosso posicionamento profissional e a nossa atuação pessoal e empresarial. É em meio à precariedade e à falta de visão humanitária – que infelizmente se mostra tão evidente em nosso país – que teremos de encontrar o melhor caminho, definir nossa ação mais efetiva. Talvez seja essa a grande lição, a grande oportunidade. Aprender a celebrar e agradecer pela oportunidade que esse momento tão inusitado e dramático nos oferece. Aprender, em meio a mortes e hospitais lotados, em meio ao descaso e à inconsciência de tantos, a redobrar a atenção que dedicamos aos nossos pensamentos e às nossas vibrações, àquilo que somos capazes de emanar e de fazer. Contrapor a esse cenário nebuloso a nossa fé, a nossa crença no ser humano, a nossa gratidão pela vida que palpita em nós, com pensamentos positivos e foco, com programação neurolinguística, com meditação, reflexão e ampliação de nossa consciência, com o que tivermos ao nosso alcance para trilhar melhor a estrada que nos coube. Dentro de nós e ao nosso redor. Por nós e pelos outros seres. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6

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Editorial


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Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMU

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Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF

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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo


Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp

Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA

Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vascon­cellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional

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Instruções aos autores

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar­ gura 10

de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali­ za­ das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re­ da­ ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom­pa­nha­das de identificação de propriedade e autor). Devem ser en­viadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, tel­efones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí­ tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser re­lacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser

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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Uti­li­zar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utili­zar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições an­te­riores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar in­for­mações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utili­za­do, cada capítulo deverá ser considerado uma

referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br

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Medicina veterinária de desastres

A fome cinzenta em decorrência dos incêndios florestais nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no ano de 2020 As experiências vividas em campo pelas equipes veterinárias

Os incêndios florestais são definidos como todo fogo descontrolado que age sobre qualquer tipo de vegetação em qualquer tipo de bioma, causando destruição total ou parcial da flora local. Suas causas são diversas, podendo ser atribuídas a fatores naturais ou a acidentes, mas também estão predominantemente ligadas a intenção e negligência humanas. Vale lembrar que o poder de calor liberado em um incêndio florestal é muito alto, devido à ampla disponibilidade de combustível no ambiente, que, quando auxiliada por elementos meteorológicos como o vento, por exemplo, acaba por intensificar ainda mais a rápida e extensa propagação do fogo 1,2. No ano de 2020, segundo levantamento de organizações internacionais, em algumas regiões da Austrália, da Sibéria, dos Estados Unidos e do Brasil ocorreram os maiores incêndios florestais com o maior impacto global já observados em quase 20 anos de monitoramento. Em nosso país, diferentes localidades foram afetadas, destacando-se os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, detentores de algumas das maiores áreas de biodiversidade do planeta, que se estendem por mais dois países da América do Sul, o Paraguai e a Bolívia 3. Em Mato Grosso (MT) a devastação ocorreu nos arredores e margens da Rodovia MT060, mais conhecida como Transpantaneira, que tem 150 quilômetros de extensão, ligando o município de Poconé a Porto Jofre. Dentre tudo o que foi destruído, ressalta-se a situação calamitosa que sofreu o Parque Estadual 12

Encontro das Águas (Peea), conhecido por ser o maior refúgio do mundo de onças-pintadas, que teve mais de 85% de seu terreno queimado, gerando grande comprometimento da cobertura vegetal local 4. No estado de Mato Grosso do Sul (MS), o fogo se espalhou por diversos municípios, dentre os quais, de forma mais contundente, Corumbá e Ladário. Nessas duas cidades as chamas chegaram perto dos centros urbanos, porém foram controladas, sendo os pontos mais críticos as áreas rurais e mais afastadas. Concomitantemente, no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), localizado entre os municípios de Costa Rica e Alcinópolis, o fogo dizimou cerca de 40 mil hectares do terreno, o que equivale aproximadamente a 80% de comprometimento da vegetação situada nessa área de conservação. O Pent faz divisa com os estados de Mato Grosso e Goiás, marcando o início do Pantanal no MS, sendo também uma das reservas mais importantes do bioma Cerrado no Brasil, além de ter inúmeras nascentes, indispensáveis para a manutenção da biosfera regional 5. A fome cinzenta Quando uma grande área ambiental é devastada pelo fogo, um imensurável impacto negativo acomete a fauna e a flora do bioma afetado. Sabe-se que a queimada, ao encontrar condições ideais nesses ambientes, torna-se rápida, intensa e agressiva, vitimando um grande número de animais. Apesar de parte deles conseguir fugir (com ou sem fe-

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temente, como isso acontece com grande quantidade de animais, seu predador também ficará debilitado, podendo também padecer, fazendo com que de modo cíclico e exponencial esse fenômeno fique cada vez mais intenso, abrangente e trágico 11. Portanto, podemos definir a fome cinzenta como a falta de recursos alimentares e hídricos apropriados ao consumo dos animais, que ocorre em determinado habitat devido ao acúmulo de grande quantidade de cinzas, em consequência de um incêndio florestal de grandes proporções, com intensa destruição de vegetação 12 (Figura 1). Além disso, leitos d’água, açudes, lagos, represas e rios, assim como todas as espécies que ali habitam, também sofrem por conta das cinzas, que são carregadas pelo vento, mas principalmente pelas chuvas, permanecendo acumuladas nos pontos usualmente utilizados pelos animais como fonte de hidratação. Tal situação é conhecida como decoada e pode aumentar significativamente as taxas de óbito de animais aquáticos, devido ao acúmulo excessivo de matéria orgânica na água, que provoca a diminuição drástica dos níveis de

Leonardo Maggio de Castro

rimentos), outros não têm a mesma sorte, tendo a vida ceifada em decorrência de comprometimentos como a asfixia, devido à intensa fumaça, ou por conta de lesões agudas e graves nas vias respiratórias, originadas pelo calor inalado e até mesmo por terem tido um grande percentual do corpo queimado pelas chamas 6,7,8,9. No entanto, uma grande e complexa problemática envolve principalmente os sobreviventes. Muitos animais, ao se depararem com o fogo, movidos pelo instinto óbvio de sobrevivência, fogem e são forçados a se deslocar para novos e distantes territórios. Em todo esse contexto, podemos afirmar que esses indivíduos, além do estresse psicológico, desenvolvem um grande desgaste físico, consumindo grande parte das reservas hídrica, eletrolítica, vitamínica e mineral, e permanecendo nessas condições por tempo indeterminado 9,10. Vale ressaltar que uma queimada que tenha destruído toda a vegetação de uma determinada localidade forma e acumula uma quantidade imensurável de cinzas, constituídas de resíduos não aquosos oriundos do resultado final da combustão de qualquer material inflamável (no caso em questão, a flora). Sendo assim, por estarmos falando de um ecossistema composto por animais que englobam uma ampla e diversificada cadeia alimentar, o impacto devastador sobre os elementos vegetais interfere diretamente na disponibilidade e na oferta de alimento para determinadas espécies, culminando em desequilíbrio e desordem da fauna, que se manifesta em curto, médio e longo prazo. Um exemplo simples e prático (dentre vários outros que poderiam ser citados) é o de um animal herbívoro que depende de forragens e/ou frutos para se alimentar, mas não encontra o que comer e beber, por atualmente em seu habitat só haver cinzas, em decorrência das queimadas. Com o passar dos dias, esse indivíduo tende a ficar cada vez mais debilitado, sendo um grande candidato a óbito, reduzindo assim a demanda para seu principal predador. Consequen-

Figura 1 – Muar sendo observado por médico-veterinário em ambiente devastado pelo fogo, retratando de modo preciso o conceito de fome cinzenta

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Medicina veterinária de desastres oxigênio dissolvido, bem como do pH 12,13. Quando esse fenômeno ocorre nos mais variados biomas de nosso país, o que se vê é uma realidade dura e assustadora. A dificuldade extrema na busca de água e comida faz com que os animais sejam levados ao limite de suas condições físicas e psicológicas, culminando em indivíduos desorientados, desnutridos, caquéticos (por conta do catabolismo proteico), hipoglicêmicos, severamente desidratados e por vezes com graves ferimentos, o que caracteriza o período da fome cinzenta 9,10,12,13. O assistencialismo Esse tipo de ação visa estabelecer temporariamente o fornecimento de alimentos e água a animais de uma determinada região afetada pelo fogo, com distribuição em pontos previamente determinados, de maneira estratégica, para que se obtenham resultados realmente eficazes. É uma ferramenta indispensável, que garante a nutrição de espécies que buscam acirradamente alimentos nesses locais, uma vez que a disponibilidade de recursos alimentares é escassa ou nula. Sendo assim, o assistencialismo se mostra indispensável para que, em um primeiro momento, as espécies que compõem a base da cadeia alimentar sejam preservadas, e, consequentemente, seus predadores e todo o resto da cadeia não sofram com a falta de alimento. Usualmente é fornecida uma grande variedade de alimentos, para que dessa forma o maior número de espécies possa se beneficiar. Basicamente, a dieta e o manejo nutricional contam com diferentes tipos de frutas, legumes, verduras e até mesmo grãos, em determinados casos. O planejamento para que se instalem diferentes pontos de distribuição deve se basear no monitoramento da fauna, por meio da visualização de animais em tempo real ou por meio de câmeras, bem como dos vestígios – rastros, pegadas, fezes e restos de alimentos –, permitindo dessa maneira o mapeamento das atividades dessas espécies 14. 14

É importante ressaltar a diferença entre assistencialismo e o ato de cevar animais. Por mais que ambos disponibilizem alimentos para os animais, a finalidade técnica é totalmente diferente. O ato de cevar, aplicado ao resgate técnico, visa capturar determinadas espécies (silvestres e/ou domésticos) que não permitem uma abordagem de aproximação e se encontram em condição desfavorável, necessitando de assistência profissional. Consiste em atrair o animal para determinado local ou armadilha por meio da oferta de alimento, diminuindo seu estresse durante a captura, de modo a garantir sua segurança e a da equipe, para que, uma vez contido, se possam executar os procedimentos necessários. Já o assistencialismo tem por objetivo atender a um grande número de animais por meio da distribuição de alimento e água em um período crítico, objetivando minimizar os efeitos da desidratação e da desnutrição e aumentando assim suas taxas de sobrevivência 14. Esse procedimento não somente beneficia a fauna como também auxilia a reconstrução e a preservação do bioma afetado, uma vez que, ao se alimentarem, os animais dispersam as sementes ao longo de todo o terreno, colaborando dessa maneira para o reflorestamento natural da região 14,15. Relato dos trabalhos Compartilhamos neste texto o trabalho realizado pelas equipes do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad Brasil), do Grupo de Resgate Técnico de Animais do Pantanal (Gretap/MS), da equipe Resgate Animal UniBH nas ações de assistencialismo, suporte e resgate técnico de animais nos estados de MT e MS, durante os incêndios que assolaram essas regiões no ano de 2020. Retratamos aqui as experiências, os desafios e os resultados obtidos a partir dessas ações. Inicialmente houve uma divisão em duas equipes (Equipe I e II), de modo que cada uma pudesse atender às necessidades de cada estado. As primeiras ações foram mobilizadas para a demanda de maior expressão naquele

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momento, fazendo com que houvesse o deslocamento da Equipe I para a região da Rodovia Transpantaneira, no MT, e reforçando o efetivo de apoio aos animais com outras entidades no local. Posteriormente, a Equipe II foi destinada ao Pent, no estado do MS, para unir esforços com outras equipes que já atuavam no local havia alguns dias. Vale lembrar que, apesar de operações distintas, ambas seguiram a mesma dinâmica estrutural, e a partir disso criaram suas próprias vertentes, baseadas na demanda e na realidade de cada local. Sendo assim, a primeira medida adotada pelas duas equipes foi apresentar-se ao Corpo de Bombeiros Militar Estadual (responsável pelo comando, coordenação e gestão das ações no incidente), sendo inseridas dessa maneira no Sistema de Comando de Incidentes (SCI) e permanecendo à disposição das autoridades locais. Ações de Mato Grosso A Operação Pantanal/MT (como foi denominada a ação nesse estado) teve duração exata de 43 dias, contando com 14 integrantes do Grad Brasil. O efetivo foi composto por médicos-veterinários, auxiliares veterinários, acadêmicos de medicina veterinária, biólogos, bombeiros civis e auxiliares de campo

(Figura 2). Essa operação passou por inúmeras adversidades, proporcionadas por fatores como a extensa área a explorar, a falta de familiarização da equipe com o terreno e com as características do bioma pantaneiro, o déficit de comunicação em decorrência de sinal precário ou inexistente, o clima seco e a temperatura extremamente elevada, além da intensa fumaça que diuturnamente permanecia no local. Durante todo esse período de operação na Transpantaneira, uma das principais dificuldades foi a extensão da rodovia e, consequentemente, toda a logística envolvida no deslocamento de profissionais, na distribuição de água e alimentos para os animais e no transporte de medicamentos e materiais variados, assim como na condução de animais resgatados. Para isso, um dos primeiros protocolos adotados foi o mapeamento por georreferenciamento de todas as atividades desempenhadas no dia pelas equipes de campo. Foram providenciados dois veículos, que juntos totalizaram 30.000  km rodados durante todo o período de atuação. Por vezes, durante o trajeto ao longo da rodovia, a passagem era impossibilitada por conta de pontes danificadas, exigindo da equipe o reparo dessas estruturas para viabilizar a passagem de veículos

Grad Brasil

Grad Brasil

Figura 2 – Parte da equipe do Grad Brasil com os militares da Marinha do Brasil que atuaram na Operação Pantanal/MT

Figura 3 – Integrantes do Grad Brasil realizam reparo em ponte que se encontrava em condições precárias após ser atingida pelo fogo

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Grad Brasil

Grad Brasil

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Figura 4 – Integrante do Grad Brasil em deslocamento pelo rio em embarcação da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso

Figura 6 – Integrantes do Grad Brasil após operação de sobrevoo de áreas de difícil acesso com auxílio de helicóptero da Marinha do Brasil

no local (Figura 3). As demandas não se limitaram às margens da estrada, mas estenderam-se à necessidade de assistencialismo, monitoramento e resgate dos animais ao longo do rio São Lourenço e do rio Cuiabá, sendo percorridos de barco nessa ação 1.215  km

(Figura 4). Entretanto, mesmo com a ampla difusão dos profissionais pelo terreno, tanto por terra quanto por água, alguns pontos de difícil acesso ainda não haviam sido explorados. Para viabilizar esse acesso utilizaram-se seis aeronaves, entre aviões e helicópteros,

Dados

Descrição

Período de atuação

43 dias

Integrantes

14 (médicos-veterinários; auxiliares veterinários; biólogos; bombeiros civis; auxiliares de campo; acadêmicos de medicina veterinária)

Distância percorrida de carro (2 veículos)

30.000 km rodados

Distância percorrida de barco

1.215 km navegados

Número de espécies assistidas

40 espécies de aves, mamíferos e répteis

Procedimentos com os animais

Resgate técnico; realocação; assistencialismo; tratamento clínico e cirúrgico

Alimentos distribuídos

Frutas; legumes; ovos; ração

Quantidade de alimentos distribuídos

20 toneladas (Rodovia Transpantaneira; rio São Lourenço)

Quantidade de água abastecida em pontos artificiais

86.000 litros de água

Quantidade de água abastecida em corixos

50.000 litros de água

Pontos de monitoramento

12 pontos

Aeronaves que apoiaram a ação

6 aeronaves (aviões e helicópteros)

Reparo e manutenção de pontes

3 pontes

Ações humanitárias à população local

11 ações humanitárias (Alimento; água; combustível; produtos de higiene pessoal)

Figura 5 – Dados finais obtidos ao longo da Operação Pantanal/MT realizada na Rodovia Transpantaneira no estado de Mato Grosso. Fonte: Grad Brasil, 2020 16

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Grad Brasil

que trabalharam no apoio logístico e também permitiram o acesso a áreas antes isoladas. Nesse momento, o apoio de helicópteros da Marinha do Brasil foi imprescindível para a execução das missões (Figuras 5 e 6). As ações assistiram mais de quarenta espécies, entre aves, répteis e mamíferos, englobando ações de distribuição de água e comida em locais predeterminados (assistencialismo) e realocação e resgate de animais, além de atendimento clínico e cirúrgico. Contabilizaram-se ao todo 58 ações, entre resgate técnico e atendimento clinicocirúrgico, às mais variadas espécies. Grande parte dos animais resgatados receberam cuidados em campo, com subsequente encaminhamento para realocação de habitat. Os casos mais críticos e específicos demandaram o encaminhamento para um setor responsável pelo acolhimento desses animais junto ao Posto de Comando. Dentre todas as atividades desempenhadas, o assistencialismo se tornou uma peça-chave na preservação da vida das vítimas da fome cinzenta. Baseados na análise do monitoramento de fauna, tanto pela observação direta (visualização de animais, rastros, pegadas e fezes) quanto por meio de câmeras trap, fosse na rodovia ou ao longo dos rios, foram

Figura 8 – Cochos repletos de frutas e legumes prontos para serem distribuídos ao longo da Rodovia Transpantaneira pelo Grad Brasil durante a Operação Pantanal/MT Grad Brasil

Figura 9 – Alimentos destinados aos animais sendo transportados por helicóptero da Marinha do Brasil durante a Operação Pantanal/MT Grad Brasil

Grad Brasil

Figura 7 - Equipe do Grad Brasil enchendo de água um bebedouro artificial localizado em ponto estratégico, com auxílio de uma caixa-d’água transportada por uma das caminhonetes da operação

Figura 10 – Médica-veterinária e bombeira civil do Grad Brasil realizando assistencialismo em área devastada pelo fogo na região da Rodovia Transpantaneira

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Medicina veterinária de desastres instalados estrategicamente pontos de fornecimento de água e comida para os necessitados. A preocupação em relação à hidratação dos animais, assim como à preservação do habitat de espécies aquáticas, levou o grupo a traçar rapidamente um planejamento para o abastecimento em pontos críticos, fazendo a distribuição de 136 mil litros de água em bebedouros artificiais e corixos 16. Já a dieta foi adaptada à realidade do desastre, porém estabelecida com base nos hábitos alimentares de cada grupo animal. O corpo técnico formado por médicos-veterinários e biólogos foi responsável pela elaboração do manejo nutricional, distribuindo ao longo de toda a operação 20 toneladas de frutas, legumes, ovos e ração (Figuras 7 a 10). Além de todo o trabalho envolvendo a fauna silvestre, a população ribeirinha também foi assistida, recebendo ajuda humanitária por meio de alimentos, água, combustível e produtos de higiene pessoal, além dos cuidados básicos e profiláticos oferecidos aos seus animais domésticos, como cães e gatos.

no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), em virtude da ocorrência de um dos maiores incêndios já registrados desde sua criação. A segunda equipe do Grad Brasil, composta por dois médicos-veterinários e um acadêmico de medicina veterinária, trabalhou em conjunto com outros dois grupos, o Gretap/MS e o Resgate Animal UniBH. Participaram também entidades do próprio estado, como o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MS) e o Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul). Voluntários locais também auxiliaram as ações, sendo fundamentais para as questões de logística, reconhecimento de área e mapeamento. Ao todo, 31 pessoas estiveram envolvidas nessa operação (Figura 11). Quase todos os desafios encontrados pelas equipes do Grad Brasil no estado de Mato Grosso também foram enfrentados pelas equipes que atuaram na operação no MS, exceto pelo fato de que no Pent a atuação foi exclusiva em bioma de Cerrado, e inúmeras vezes o fogo se concentrava nos cânions (muito comuns na região), gerando extrema dificuldade para as equipes acessarem essas áreas por vias comuns. A chegada do efetivo ao estado de Mato Grosso do Sul se deu no dia 24 de setembro de 2020, na cidade de Campo Grande. Todas

Resgate Animal UniBH

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Ações de Mato Grosso do Sul Nesse estado a operação ganhou o nome de Operação Pent, fazendo menção à localidade na qual os trabalhos foram realizados durante 10 dias. As ações se concentraram

Figura 11 – Parte do efetivo das diversas equipes que trabalharam de forma conjunta na Operação Pent/MS 18

Figura 12 – Posto de Comando Veterinário instalado na Base do Cuitelo, no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent/MS)

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as equipes se reuniram na sede do CRMV-MS para o alinhamento dos últimos detalhes e para o carregamento de materiais e medicamentos provenientes de doação. O comboio com cinco veículos (quatro caminhonetes e uma van) seguiu em deslocamento até a Base do Cuitelo, onde se instalou o Posto de Comando Veterinário (Figura 12). Os trabalhos na zona do acidente se iniciaram no dia 25 de setembro de 2020, logo

Gretap/MS

Figura 13 – Equipe Charlie durante ronda noturna no interior do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent/MS)

nas primeiras horas da manhã, quando se montou o Posto Médico-Veterinário Avançado (PMVA), que incluía estrutura básica de internação e farmácia. Além disso, parte do efetivo foi dividido para as atividades de campo, estabelecendo-se quatro equipes: Alfa, Bravo, Charlie e Delta. Essas equipes trabalharam em sistema de rondas divididas por turnos. Alfa e Bravo compuseram as rondas diurnas, iniciando as atividades às 7h, com previsão de retorno para 13h; já Charlie e Delta ficaram a cargo das rondas noturnas, com início às 17h e retorno previsto para 23h. Antes da saída das equipes, o planejamento e os objetivos do dia eram discutidos e posteriormente se passavam as missões aos responsáveis. Todas as rondas eram feitas com auxílio de veículos e, quando necessário, com incursões a pé mata adentro (Figuras 13 e 14). Todas as atividades do trabalho de campo foram mapeadas por georreferenciamento, dividindo-se as demandas por prioridades: suporte clínico básico em campo; resgate técnico; transporte para o PMVA em caso de necessidade de cuidados clínicos avançados; realocação de diferentes espécies para novos habitats; monitoramento de fauna; e assistencialismo. O monitoramento de fauna foi

Gretap/MS

Resgate Animal UniBH

Figura 14 – Equipes Alfa e Bravo em ronda diurna dentro do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent/MS)

Figura 15 – Câmera trap sendo instalada no Pent/MS em ponto estratégico dentro da mata para monitoração da atividade de fauna

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estabelecido por meio visual, tanto pela identificação de animais como por elementos que indicassem seus rastros. Simultaneamente instalaram-se câmeras trap em diversos pontos estratégicos, que proporcionaram informações mais precisas a respeito das condições dos animais e de suas atividades nas diferentes regiões do parque (Figura 15). Já o assistencialismo se concentrou exclusivamente na distribuição de alimentos (frutas, legumes, verduras, ovos, milho e farelo de milho, en-

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Gretap/MS

Gretap/MS

Figura 17 – Assistencialismo próximo a ponto artificial de água durante a Operação Pent/MS

Figura 16 – Alimentos prontos para serem distribuídos na ação de assistencialismo do Pent/MS ao longo de diversos pontos estratégicos

Figura 18 – Assistencialismo em área completamente devastada pelo fogo no Pent/MS

tre outros) em pontos onde a atividade dos grupos de animais era maior. A distribuição de água não se mostrou necessária nessa operação, uma vez que, no parque, inúmeras fontes naturais abundantes de água estavam preservadas, o que foi confirmado por meio das câmeras e de rastros que os animais deixavam constantemente nessas regiões. Além disso, dentro do Pent, muitas propriedades rurais mantinham seus bebedouros artificiais repletos, que serviam como fonte alternativa de hidratação para algumas espécies (Figuras 16 a 18). Durante todo o período de trabalho no parque, foram assistidas diversas espécies de

animais silvestres (mamíferos, aves e répteis). Diversos animais apresentaram ferimentos leves e foi possível atendê-los e monitorá-los em seu próprio habitat. Também houve casos de assistência a animais domésticos de grande porte, como bovinos, equinos e muares (Figura 19). Serão descritos a seguir alguns dos casos mais relevantes atendidos pelas equipes. Os atendimentos aos bovinos apresentaram características semelhantes, pois todos manifestavam intenso grau de claudicação em pelo menos um dos membros pélvicos. Em cada um dos animais foi possível identificar diferentes tipos de lesões, como lacerações profun-

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Animal

Diagnóstico

Procedimentos

Calango (Tropidurus oreadicus)

Prostração, letargia e desidratação

Animal foi resgatado em campo e encaminhado ao PMVA, onde recebeu hidratação e alimentação enteral, e após 24 horas de observação, com a melhora clínica, foi liberado

Ema (Rhea americana)

Claudicação do membro direito

Observação e avaliação clínica no local; animal permaneceu em seu habitat

Tatupeba (Euphractus sexcinctus) fêmea

Animal desorientado em área Atendimento clínico com hidratação enteral e assistencialismo atingida pelo fogo, com sinais de desidratação

Tatupeba (Euphractus sexcinctus) macho

Animal encontrado em campo, Tratamento emergencial intensivo no PMVA. Após 72 horas, atropelado, com lesão em cara- recebeu alta paça

Cervo-do-pantanal Animal encaminhado por mora- Tratamento intensivo para estabilização e posterior remoção (Blastocerus didores locais após ser atropelado, via helicóptero para PMVA. Evoluiu para óbito. Necrópsia rechotomus) macho apresentando múltiplas lesões alizada jovem Muar idoso

Caquexia, apatia, desidratação, Animal medicado no local, assistencialismo e monitoração pelocomoção dificultosa riódicas por uma semana até a melhora do quadro

Vaca de 2 anos

Avulsão de casco do membro pélvi- Animal medicado e curativo realizado na propriedade; não co esquerdo houve autorização por parte do proprietário para realização de eutanásia e nem para encaminhamento do animal ao PMVA; o proprietário se responsabilizou por dar continuidade ao tratamento

Vaca de 6 meses

Claudicação de membro pélvico direito com lesão na região do tarso e sinais de desidratação e caquexia

O curativo foi realizado, e o animal medicado foi conduzido para a fazenda a que pertencia, uma vez que, fugindo do fogo, penetrou em pastos vizinhos

Vaca de 8 meses

Claudicação do membro pélvico esquerdo, com fístula oriunda da articulação femorotibiopatelar, sugestiva de artrite séptica

Animal medicado permaneceu no local por decisão do proprietário, que se responsabilizou pela realização do tratamento indicado

Boi de 1 ano

Claudicação do membro pélvico direito, com aumento de volume na articulação femorotibiopatelar, sugerindo artrite sem origem infecciosa

Animal medicado permaneceu no local por decisão do proprietário, que se responsabilizou pela realização do tratamento indicado

Figura 19 – Procedimentos realizados nos animais atendidos durante a Operação Pent no estado de Mato Grosso do Sul. Fonte: Gretap/MS, Grad Brasil, Resgate Animal UniBH, 2020

das, avulsão de casco, aumento de volume articular ou até mesmo fístulas articulares com secreção purulenta, sugestivas de artrite séptica (Figura 20). Um caso que chamou a atenção das equipes foi a descoberta da carcaça de um equino jovem (de aproximadamente 2 anos, estimados pela arcada dentária) encontrado preso pelo membro pélvico a uma cerca de arame liso, carbonizado, em um pasto que havia sido recentemente destruído pelo fogo (Figura 21). Com base nas informações coletadas com proprietários e moradores do local,

assim como pela avaliação clínica das lesões dos bovinos e também pela condição na qual foi identificado o cadáver do equino preso ao arame, presumiu-se que todos esses animais se lesionaram durante a fuga para escapar das chamas. Destacaram-se dois casos de pacientes atendidos no PMVA com demanda clínica não correlacionada diretamente ao fogo. Três animais silvestres, um tatupeba (Euphractus sexcinctus), uma ema (Rhea americana) e um cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus),

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Gretap/MS

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Resgate Animal UniBH

Figura 20 – Resgate técnico e intervenção terapêutica em campo em bezerra com comprometimento do membro pélvico esquerdo

Gretap/MS

Figura 22 – Atendimento emergencial a um tatupeba em campo após identificação do animal prostrado no meio da estrada do Pent/MS

Figura 21 – Cadáver de equino carbonizado preso a arame liso pela região da quartela do membro pélvico esquerdo

foram atropelados ao tentarem fugir do fogo (Figuras 22 a 24). O primeiro, que sofreu uma lesão superficial na região da carapaça, próximo à porção superior do membro torácico direito, apresentava sinais de dor e leve grau de desidratação, porém sem maiores alterações 22

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Figura 23 – Pronto atendimento de tatupeba atropelado, realizado no Posto Médico-Veterinário Avançado (PMVA) na Base do Cuitelo, Pent/MS

Figura 24 – Atendimento emergencial de cervo-do-pantanal atropelado encaminhado ao Posto Médico-Veterinário Avançado (PMVA) localizado na Base do Cuitelo, no Pent/MS

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clínicas. Recebeu medicação analgésica, anti-inflamatória, bem como antibioticoterapia e fluidoterapia, seguida de curativo local. Foi observado por 72 horas, sendo posteriormente liberado na natureza, dada sua evolução clínica satisfatória. A ema encontrada próximo à área recém-queimada apresentava múltiplas lesões e evoluiu a óbito, tendo sido encaminhada para necrópsia. Já o cervo-do-pantanal foi admitido com grave traumatismo cranioencefálico (TCE), manifestando importante comprometimento neurológico, além de severas alterações sistêmicas. Recebeu tratamento emergencial e cuidados intensivos por aproximadamente quatro horas, mas por fim evoluiu a óbito, devido à complexidade do quadro. Além das expressivas alterações em sistema nervoso central em virtude do TCE, a necrópsia constatou lesões graves em tórax e abdômen, com comprometimento de múltiplos órgãos e intensa hemorragia em ambas as cavidades. Um calango (Tropidurus oreadicus) foi resgatado com desidratação severa e dispneia mas também evoluiu a óbito instantes após o resgate e passou por necrópsia. Além dessa, outras necrópsias foram realizadas para obter mais informações e ampliar os conhecimentos a respeito dos incidentes. Entre esses animais destacamos uma anta (Tapirus terrestris) fêmea; um tatu-galinha (Dasypus novemcinctus); um tatupeba (Euphractus sexcinctus) e um sapo-comum (Bufo bufo). Diversas carcaças de animais carbonizados foram encontradas, porém não apresentavam condições para a realização do exame necroscópico devido ao alto grau de deterioração orgânica. Durante a evolução das operações, as equipes puderam observar que um grande número de animais silvestres se deslocou em segurança para áreas não atingidas, através de corredores ecológicos naturais formados entre os cânions do parque. Isso foi confirmado pelos dados obtidos por terra, mas principalmente por conta do sobrevoo realizado pelos comandantes interinos da operação e repre-

Figura 25 – Equipe que realizou o sobrevoo com o auxílio de helicóptero da Força Aérea Brasileira no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent/MS), para monitoração de áreas preservadas, bem como de eventuais focos de incêndios

sentantes de entidades estaduais, com apoio de um helicóptero da Força Aérea Brasileira que identificou e mapeou essas rotas de fuga (Figura 25). Quantidade de animais monitorados e beneficiados pelo assistencialismo durante as ações em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul A contabilização precisa ou pressuposta de animais monitorados e mesmo daqueles que foram beneficiados pelas ações de assistencialismo é extremamente desafiadora. Existem métodos estatísticos que podem ser aplicados para tal finalidade, estabelecendo dessa maneira dados estimados. No entanto, a extensão territorial, as características dos biomas, a grande variedade de animais, a proporção da devastação e os impactos negativos na fauna e na flora demandaram, por parte das equipes veterinárias e dos colaboradores, ações altamente complexas e que nunca haviam sido executadas em nosso país. A diversidade de espécies em ambientes como o Pantanal e o Cerrado sul mato-grossense é imensa, fazendo com que o acompanhamento quantitativo preciso de todas as aves, répteis e pequenos roedores seja praticamente impossível. A mesma realidade se aplica aos animais que vivem em bandos,

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Medicina veterinária de desastres que por muitas vezes, mesmo que visualizados presencialmente ou por câmeras, por conta de seu comportamento de vida livre, se dispersam ou se escondem em meio à mata, dificultando a contagem de seus integrantes. Um outro fator que deve ser destacado é que muitos indivíduos da mesma espécie têm características físicas similares, o que pode induzir o examinador a superestimar a quantidade de animais. Sendo assim, com base em tudo o que foi vivido ao longo das atuações, é necessário que se desenvolvam estudos que facilitem e tornem mais precisos os métodos de contagem de fauna, além de estabelecer padrões estatísticos apropriados para essas situações, para que dessa maneira se obtenham dados acurados condizentes com a realidade. No entanto, por mais que a determinação quantitativa seja difícil de se estabelecer, podemos afirmar que tanto as ações de Mato Grosso quanto as de Mato Grosso do Sul beneficiaram milhares de animais. Isso foi possível devido principalmente à análise periódica das atividades de diferentes grupos animais, que identificou e mensurou de maneira favorável o consumo de alimento e água em diferentes pontos de assistencialismo, visualizou a presença maciça e constante de vestígios de diferentes espécies em áreas onde a flora iniciava sua recuperação e observou animais em aparentes condições clínicas normais, expressando seu comportamento natural de vida livre. Encerramento das operações em MT e MS Após o encerramento das operações em ambos os estados, foi realizada uma reunião virtual entre todos os integrantes, para que se apresentasse o trabalho desempenhado nas diferentes regiões por cada grupo, fomentando a discussão com detalhes de todas as etapas. Estabeleceram-se os pontos positivos e negativos das mais variadas vertentes, o que foi de grande auxílio para o grupo em termos de autoconhecimento, amadurecimento, aprendizado e evolução nessas situações ou 24

em outras similares que possam vir a acontecer no futuro. Considerações finais Em vista das proporções que o desastre em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul alcançou, o número de animais que foram resgatados e receberam atendimento clínico pode ser considerado baixo e estatisticamente irrelevante. No entanto, pode-se afirmar que a assistência veterinária foi fundamental para garantir o bem-estar e a sobrevida de animais que se encontravam em situação de extrema necessidade, fazendo com que essas intervenções se tornassem indispensáveis à vida de cada um deles. A análise quantitativa e qualitativa do assistencialismo garantiu benefícios fundamentais, uma vez que, por meio dele, os biomas do Pantanal e do Cerrado sul-matogrossense vêm demonstrando uma recuperação expressiva. O principal desafio enfrentado em ambas as operações foi a questão logística. Além da umidade e da temperatura extremamente desfavoráveis, e também da fumaça que castigou todos a todo momento, a extensão territorial e as particularidades geográficas desses biomas dificultaram o acesso e a comunicação entre as equipes. Dessa maneira, consideramos que o profissional que se propõe a trabalhar em um cenário com essas condições deve ter bom preparo psicológico, físico e técnico para que, mesmo diante do caos, possa desempenhar suas atividades com alto padrão de competência. Além disso, é de suma importância que as equipes veterinárias que atuam no segmento de desastres e catástrofes periodicamente realizem capacitações para tal, de modo a estarem cada vez mais bem preparadas para fornecer uma pronta resposta de qualidade e com segurança. Por fim, devemos considerar que os governos municipais, estaduais e federal devem assumir de maneira rápida e efetiva seu real papel na preservação da fauna e da flora para minimizar os efeitos devastadores de desastres e catástrofes nos mais variados cantos

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do Brasil. O auxílio dessas entidades oficiais torna-se uma ferramenta indispensável em prol da preservação de biomas e consequentemente da vida animal e humana no território nacional. Agradecimentos Aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e a todos os seus habitantes pela recepção hospitaleira e por nos permitir unir esforços em prol dos animais. A todos os profissionais e voluntários que trabalharam incansavelmente lado a lado no combate às chamas e no suporte aos animais, mostrando que juntos somos mais fortes. No estado de Mato Grosso, os agradecimentos se estendem a: Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Ampara Silvestre, Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso, Marinha do Brasil, Posto de Atendimento Emergencial de Animais Silvestres (Paeas), Pousada Jaguar Camp, ONG Panthera e ONG É o Bicho. Em Mato Grosso do Sul, agradecemos a: Conselho Regional de Medicina Veterinária local, Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Grupo de Resgate Técnico de Animais do Pantanal (Gretap/MS), Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e seu Biotério, Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras/MS), direção do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (Pent), ONG Ajude um Focinho, da cidade de Costa Rica, MS, prefeituras e secretarias do Meio Ambiente das cidades de Costa Rica e Alcinópolis, Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Força Aérea

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Leonardo Maggio de Castro MV, CRMV-SP: 33.947, prof. Uniso, Gerta-SP leonardo.castro@prof.uniso.br

Diogo Borges de Arruda MV, CRMV-MS: 7.159 Cras-CG-MS diogoborges@hotmail.com

Cláudio Zago Junior MV, CRMV-SP: 32.942, bombeiro militar PMESP claudiozj@hotmail.com

Geovani Vinco Tonolli MV, CRMV-RJ: 16.491 Gretap-MS geovanivinco@hotmail.com

Paula Helena Santa Rita MV, CRMV/MS: 3.383, profa. dra. UCDB, Gretap-MS paulabiovet@ucdb.br

Enderson Fernandes Santos Barreto Aluno de graduação em medicina veterinária Unipac endersonbarretovet@gmail.com

Carla Maria Sássi de Miranda MV, CRMV-MG: 11.019 Grad-Brasil carlasassivet@yahoo.com.br

Luiz Humberto G. Riquelme Jr. Biólogo Biotério - UCDB riquelme@ucdb.br

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Medicina veterinária do coletivo

Introdução A Covid-19 (Coronavirus disease 2019) é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que teve origem na cidade de Wuhan, China, em novembro de 2019 1. Foi considerada, em janeiro de 2020, Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, e seu caráter pandêmico declarado em março de 2020 2. A Covid-19 é uma síndrome respiratória aguda. A infecção por SARS-CoV-2 se dá após o contato do indivíduo com partículas virais eliminadas por meio de gotículas de saliva (fala, tosse, espirro) e/ou secreções respiratórias 3. O novo coronavírus tem tropismo por células epiteliais, e, após o contato do vírus com a mucosa do trato respiratório superior, a glicoproteína do envelope viral, spike ou proteína S, faz o reconhecimento e a ligação com o receptor de membrana específico da célula-alvo, conhecido como enzima conversora da angiotensina 2 (ECA-2) 4. Essa etapa de reconhecimento e ligação do vírus na célula é chamada de adesão viral e é crucial para determinar que hospedeiros ele será capaz de infectar. Após essa etapa, dá-se a penetração do vírus na célula por meio de endocitose e, em seguida, o desnudamento. No desnudamento viral, há liberação do material genético do vírus no citoplasma da célula, além de proteínas importantes para a replicação do seu genoma e a construção de novas partículas virais 5. Até a primeira semana de 2021, foram registrados 87 milhões casos e cerca de 1,9 milhões de mortes no mundo pela Covid-19 6. No Brasil, esses números chegaram a aproximadamente 8 milhões de casos e mais de 200 mil mortes. 28

Fernando Gonsales

O uso de animais na produção de vacinas contra o SARS-CoV-2

O estudo do comportamento do vírus SARS-Cov-2 e a avaliação experimental das vacinas para a Covid-19 são feitos recorrendo-se a macacos, hamsters, camundongos, coelhos e ferrets, em relação aos quais é essencial respeitar os preceitos de uma pesquisa humanitária

Em fevereiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um grupo de experts ad hoc focados na modelagem da Covid-19 (COM), conhecido como WHO-COM, para acelerar o desenvolvimento de vacinas e agentes terapêuticos 7. A produção de vacinas contra o SARS-CoV-2 tem sido fundamentada em seis tipos de biotecnologia, de acordo com seu alvo: vacinas com a proteína S (vacinas de RNA; vacinas de DNA; vacinas de proteínas recombinantes; e vacinas de vetor viral) ou com a partícula viral total (vacinas vivas atenuadas e vacinas inativadas) 8. Estudos com modelos animais têm sido essenciais para avaliar o comportamento do SARS-CoV-2 e a patogenia da Covid-19 e

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para a produção de produtos terapêuticos e vacinas. Desenvolvimento de vacinas O desenvolvimento de uma vacina é algo complexo e com muitos obstáculos, que demanda alto investimento e pode levar anos até atingir o objetivo final, que é uma vacina segura, com poucos efeitos colaterais e de alta eficácia. A situação atual fez com que pesquisadores do mundo todo se empenhassem no desenvolvimento de um único fármaco, acelerando esse processo. Para ser comercializada, é necessário que a OMS e a agência sanitária do país que vai utilizá-la – a Anvisa, no caso do Brasil – aprovem a vacina após a última fase de testes clínicos em seres humanos 9. A vacina a ser comercializada passa por testes longos e rigorosos para assegurar que não apresentará manifestações de enhancement, isto é, provocar ou agravar a doença 9. O processo de desenvolvimento de uma vacina compreende três etapas 10 e

está ilustrado na figura 1. Modelos animais e de vacinas contra o SARS-CoV-2 O comportamento e os mecanismos fisiopatogênicos do SARS-CoV-2 têm sido amplamente investigados para o conhecimento da Covid-19 em macacos, hamsters, camundongos, coelhos e ferrets 11. Esses animais também têm sido avaliados para a produção de vacinas 7,12-18. Nas primeiras investigações, uma das principais limitações no uso de modelos animais foi a falta de receptores celulares específicos para o SARS-CoV-2 que possam dar início à infecção viral, como o receptor ECA-2. Um exemplo é o camundongo (Mus musculus), um dos animais mais utilizados em estudos experimentais. Embora esses animais não tenham receptores para a proteína S do SARS-CoV-2, os pesquisadores modificaram essa proteína para que ela se ligasse aos receptores celulares dos camundongos

Ruana Renostro Delai e Vamilton Alvares Santarém

Figura 1 – Etapas do desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, março/abril, 2021

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Medicina veterinária do coletivo ou utilizaram modelos transgênicos que expressam o ECA-2 humano 7. Por outro lado, alguns animais, como o hamster-sírio ou hamster-dourado (Mesocricetus auratus), têm sido considerados bons modelos para o estudo de vacinas, em virtude da alta similaridade do receptor ECA-2 com o humano (25 de 29 aminoácidos na região de ligação do vírus), da patogênese da doença e da transmissão para outros hamsters 19. O furão (Mustela putorius furo) é outro modelo animal empregado nos estudos sobre a patogenia de vírus respiratórios, incluindo o SARS-CoV-2. Um estudo mostrou que uma dose de vacina de vetor adenoviral (Ad5-nCoV) induziu proteção contra SARS-CoV-2em camundongos Balb/c e em furões 20. O macaco-rhesus (Macaca mulatta) tem sido o modelo de primata não humano mais empregado na avaliação experimental de vacinas. Esses animais mostraram capacidade de produzir anticorpos protetores após o desafio com vacinas de DNA 18, de RNA 21, de vetor adenoviral ChAdOx1 ncov-19 22 e proteína recombinante 17, como exemplos. Entretanto, alguns países que vêm desenvolvendo a vacina contra a Covid-19 estão lidando com uma inflação nos custos de animais de laboratório e até mesmo com a escassez de alguns modelos experimentais para realizarem os testes pré-clínicos. Devido à alta demanda de macacos-rhesus para a realização dos testes, os laboratórios estão tendo que adiar as pesquisas ou buscar outras alternativas para a realização dos testes 23. Outros animais, como galinhas, patos e suínos, têm sido avaliados como modelos experimentais para os testes de Covid-19, mas não existe replicação viral 7. Já o uso de peixe-zebra (ou paulistinha) tem sido promissor como alternativa para estudos sobre a Covid-19, pois a espécie tem a capacidade de expressar o receptor ECA-2 e, consequentemente, a produção de anticorpos 24,25. Os testes experimentais com peixe-zebra têm mostrado ser uma alternativa de menor custo e com respostas mais rápidas e mais próximas às do ser 30

humano 26,27. Em condições normais, o desenvolvimento de uma vacina para seres humanos pode levar de 15 a 20 anos – desde a descoberta de moléculas candidatas a vacinas, o desafio em modelos animais e as fases clínicas em seres humanos (I- segurança; II e III- proteção) 19. Com a urgência da produção de uma vacina contra a Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Food and Drug Administration (FDA) aprovaram o início dos testes clínicos em seres humanos, dispensando os testes de segurança em modelos animais. Em 1959, dois pesquisadores criaram o princípio dos 3Rs da experimentação animal, com o objetivo de desenvolver uma pesquisa humanitária para os animais, tornando-se base para a ciência de qualidade. Os 3Rs significam: substituir (do inglês replace) os animais sencientes por alternativas in vitro ou microrganismos; reduzir o número de animais usados sem prejudicar a confiabilidade dos resultados; e refinar, ou seja, diminuir a incidência ou a severidade de procedimentos aplicados. Além disso, o posicionamento crítico de vários setores da sociedade civil, bem como de parte da comunidade científica, pressiona ainda mais os pesquisadores a buscarem alternativas que substituam os modelos in vivo 28. Muitos estudos in vitro em linhagens celulares ou cultivo de células, ou ainda biotecnologias mais recentes, como organoides pulmonares, têm apresentado boas alternativas para substituir o uso de modelos animais em estudos de viroses respiratórias 7. Considerações finais O uso de animais de laboratório para experimentos científicos vem cada vez mais se aprimorando em busca de novas alternativas. O princípio dos 3Rs da experimentação animal já teve grandes avanços com o uso de células in vitro ou microrganismos; no entanto, em algumas pesquisas, os modelos in vivo são insubstituíveis para beneficiar a saúde pública. Na corrida para o desenvolvimento

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de uma vacina contra a Covid-19, os animais de laboratório se tornam imprescindíveis para auxiliar a controlar o avanço da pandemia. Referências

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CHEN, R. ; ALSHUKAIRI, A. N. ; CHEN, Z.  ; ZHANG, Z. ; CHEN, C. ; HUANG, X. ; LI, F. ; LAI, X. ; CHEN, D. ; WEN, L. ; ZHUO, J. ; ZHANG, Y. ; WANG, Y. ; HUANG, S.  ; DAI, J. ; SHI, Y. ; ZHENG, K. ; LEIDINGER, M. R. ; CHEN, J. ; LI, Y. ; ZHONG, N. ; MEYERHOLZ, D. K. ; McCRAY Jr., P. B. ; PERLMAN, S. ; ZHAO, J. Generation of a broadly useful model for COVID-19 pathogenesis, vaccination, and treatment. Cell, v. 182, n. 3, p. 734-743, 2020. doi: 10.1016/j. cell.2020.06.010. 16-TAKAYAMA, K. In vitro and animal models for SARS-CoV-2 research. Trends in Pharmacological Sciences, v. 41, n. 8, p. 513517, 2020. doi: 10.1016/j.tips.2020.05.005. 17-YANG, J. ; WANG, W. ; CHEN, Z. ; LU, S. ; YANG, F. ; BI, Z. ; BAO, L. ; MO, F. ; LI, X. ; HUANG, Y. ; HONG, W. ; YANG, Y. ; ZHAO, Y. ; YE, F. ; LIN, S. ; DENG, W. ; CHEN, H.  ; LEI, H. ; ZHANG, Z. ; LUO, M. ; GAO, H. ; ZHENG, Y. ; GONG, Y. ; JIANG, X. ; XU, Y.  ; LV, Q. ; LI, D. ; WANG, M. ; LI, F. ; WANG, S. ; WANG, G. ; YU, P. ; QU, Y. ; YANG, L.  ; DENG, H. ; TONG, A. ; LI, J. ; WANG, Z. ; YANG, J. ; SHEN, G. ; ZHAO, Z.  ; LI, Y. ; LUO, J. ; LIU, H. ; YU, W. ; YANG, M.  ; XU, J. ; WANG, J. ; LI, H. ; WANG, H. ; KUANG, D. ; LIN, P. ; HU, Z. ; GUO, W. ; CHENG, W.  ; HE, Y. ; SONG, X. ; CHEN, C. ; XUE, Z.  ; YAO, S. ; CHEN, L. ; MA, X. ; CHEN, S.  ; GOU, M. ; HUANG, W. ; WANG, Y. ; FAN, C. ; TIAN, Z. ; SHI, M. ; WANG, F. S. ; DAI, L. ; WU, M. ; LI, G. ; WANG, G. ; PENG, Y. ; QIAN, Z. ; HUANG, C. ; LAU, J. Y. ; YANG, Z. ; WEI, Y. ; CEN, X. ; PENG, X.  ; QIN, C. ; ZHANG, K. ; LU, G. ; WEI, X. A vaccine targeting the RBD of the S protein of SARS-CoV-2 induces protective immunity. Nature, v. 586, n. 7830, p. 572-577, 2020. doi: 10.1038/s41586-020-2599-8. 18-YU, J. ; TOSTANOSKI, L. H. ; PETER, L. ; MERCADO, N. B. ; McMAHAN, K. ; MAHROKHIAN, S. H. ; NKOLOLA, J. P. ; LIU, J. ; LI, Z. ; CHANDRASHEKAR, A. ; MARTINEZ, D. R. ; LOOS, C. ; ATYEO, C.  ; FISCHINGER, S. ; BURKE, J. S. ; SLEIN, M.

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D. ; CHEN, Y. ; ZUIANI, A. ; LELIS, F. J. N. ; TRAVERS, M. ; HABIBI, S. ; PESSAINT, L.  ; VAN, R. Y. A. ; BLADE, K. ; BROWN, R.  ; COOK, A. ; FINNEYFROCK, B. ; DODSON, A. ; TEOW, E. ; VELASCO, J. ; ZAHN, R. ; WEGMANN, F. ; BONDZIE, E. A. ; DAGOTTO, G. ; GEBRE, M. S. ; HE, X. ; JACOB-DOLAN, C. ; KIRILOVA, M. ; KORDANA, N.  ; LIN, Z. ; MAXFIELD, L. F. ; NAMPANYA, F. ; NITYANANDAM, R. ; VENTURA, J. D. ; WAN, H. ; CAI, Y. ; CHEN, B. ; SCHMIDT, A. G. ; WESEMANN, D. R. ; BARIC, R. S. ; ALTER, G. ; ANDERSEN, H. ; LEWIS, M. G.  ; BAROUCH, D. H. DNA vaccine protection against SARS-CoV-2 in rhesus macaques. Science, v. 369, n. 6505, p. 806-811, 2020. doi: 10.1126/science.abc6284. 19-DEB, B. ; SHAH, H. ; GOEL, S. Current global vaccine and drug efforts against COVID-19: pros and cons of bypassing animal trials. Journal of Biosciences, v. 45, n. 1, p. 82, 2020. doi: 10.1007/s12038-02000053-2. 20-WU, S. ; ZHONG, G. ; ZHANG, J. ; SHUAI, L. ; ZHANG, Z. ; WEN, Z. ; WANG, B. ; ZHAO, Z. ; SONG, X. ; CHEN, Y. ; LIU, R. ; FU, L.  ; ZHANG, J. ; GUO, Q. ; WANG, C. ; YANG, Y.  ; FANG, T. ; LV, P. ; WANG, J. ; XU, J. ; LI, J. ; YU, C. ; HOU, L. ; BU, Z. ; CHEN, W. A single dose of an adenovirus-vectored vaccine provides protection against SARS-CoV-2 challenge. Nature Communications, v. 11, n.

1, p. 4081, 2020 doi: 10.1038/s41467-02017972-1. 21-CORBETT, K. S. ; FLYNN, B. ; FOULDS, K. E. ; FRANCICA, J. R. ; BOYOGLU-BARNUM, S. ; WERNER, A. P. ; FLACH, B. ; O’CONNELL, S. ; BOCK, K. W. ; MINAI, M.  ; NAGATA, B. M. ; ANDERSEN, H. ; MARTINEZ, D. R. ; NOE, A. T. ; DOUEK, N. ; DONALDSON, M. M. ; NJI, N. N. ; ALVARADO, G. S. ; EDWARDS, D. K. ; FLEBBE, D. R.  ; LAMB, E. ; DORIA-ROSE, N. A. ; LIN, B. C. ; LOUDER, M. K. ; O’DELL, S. ; SCHMIDT, S. D. ; PHUNG, E. ; CHANG, L. A. ; YAP, C. ; TODD, J. M. ; PESSAINT, L. ; VAN RY. A. ; BROWNE, S. ; GREENHOUSE, J.  ; PUTMAN-TAYLOR, T. ; STRASBAUGH, A. ; CAMPBELL, T. A. ; COOK, A. ; DODSON, A. ; STEINGREBE, K. ; SHI, W. ; ZHANG, Y. ; ABIONA, O. M. ; WANG, L. ; PEGU, A. ; YANG, E. S. ; LEUNG, K. ; ZHOU, T.  ; TENG, I. T. ; WIDGE, A. ; GORDON, I. ; NOVIK, L. ; GILLESPIE, R. A. ; LOOMIS, R. J.  ; MOLIVA, J. I. ; STEWART-JONES, G.  ; HIMANSU, S. ; KONG, W. P. ; NASON, M. C.  ; MORABITO, K. M. ; RUCKWARDT, T. J. ; LEDGERWOOD, J. E. ; GAUDINSKI, M. R.  ; KWONG, P. D. ; MASCOLA, J. R. ; CARFI, A. ; LEWIS, M. G. ; BARIC, R. S. ; MCDERMOTT, A. ; MOORE, I. N. ; SULLIVAN, N. J. ; ROEDERER, M. ; SEDER, R. A. ; GRAHAM, B. S. Evaluation of the mRNA-1273 vaccine against SARS-CoV-2 in nonhuman prima-

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Medicina veterinária do coletivo tes. The New England Journal of Medicine, v. 383, n. 16, p. 1544-1555, 2020. doi: 10.1056/NEJMoa2024671. 22-VAN DOREMALEN, N. ; LAMBE, T. ; SPENCER, A. ; BELIJ-RAMMERSTORFER, S. ; PURUSHOTHAM, J. N. ; PORT, J. R. ; AVANZATO, V. ; BUSHMAKER, T. ; FLAXMAN, A. ; ULASZEWSKA, M. ; FELDMANN, F. ; ALLEN, E. R. ; SHARPE, H. ; SCHULZ, J. ; HOLBROOK, M. ; OKUMURA, A. ; MEADE-WHITE, K. ; PÉREZ-PÉREZ, L. ; BISSETT, C. ; GILBRIDE, C. ; WILLIAMSON, B. N. ; ROSENKE, R. ; LONG, D. ; ISHWARBHAI, A. ; KAILATH, R. ; ROSE, L. ; MORRIS, S. ; POWERS, C. ; LOVAGLIO, J. ; HANLEY, P. W. ; SCOTT, D. ; SATURDAY, G. ; DE WIT, E. ; GILBERT, S. C. ; MUNSTER, V. J. ChAdOx1 nCoV-19 vaccination prevents SARS-CoV-2 pneumonia in rhesus macaques. bioRxiv, v. 13, n. 05.13.093195, 2020. doi: 10.1101/2020.05.13.093195. 23-GRYZINSKI, V. Na era do novo vírus, quanto custa um macaco de laboratório? Veja, 2020. Disponível em: <https://veja.abril. com.br/blog/mundialista/na-era-do-novo-virus-quanto-custa-um-macaco-de-laboratorio/> Acesso em 11 de fevereiro de 2021. 24-POSTLETHWAIT, J. H. ; FARNSWORTH, D. R. ; MILLER, A. C. An intestinal cell type in zebrafish is the nexus for the SARS-CoV-2 receptor and the Renin-Angiotensin-Aldosterone System that contributes to COVID-19 comorbidities. bioRxiv, v. 2, n. 09.01.278366, p. 1-39, 2020. doi: 10.1101/2020.09.01.278366. 25-GALINDO-VILLEGAS, J. The zebrafish disease and drug screening model: a strong ally against Covid-19. Frontiers in Pharmacology, v. 11, n. 680, p. 1-2, 2020 doi: 10.3389/fphar.2020.00680. 26-FERNANDES, B. H. V. ; FEITOSA, N. M. ; BARBOSA, A. P. ; BOMFIM, C. G. ; GARNIQUE, A. M. B. ; GOMES, F. I. F. ; NAKAJIMA, R. T. ; BELO, M. A. A. ; ETO, S. F. ; FERNANDES, D. C. ; MALAFAIA, G. ; MANRIQUE, W. G. ; CONDE, G. ; ROSALES, R. R. C. ; TODESCHINI, I. ; RIVERO, I. ; LLONTOP, 34

E. ; SGRO, G. G. ; OKA, G. U. ; BUENO, N. F. ; FERRARIS, F. K. ; DE MAGALHAES, M. T. Q. ; MEDEIROS, R. J. ; GOMES, J. M. M. ; DE SOUZA JUNQUEIRA, M. ; CONCEIÇÃO, K. ; PONTES, L. G. ; CONDINO-NETO, A. ; PEREZ, A. C. ; BARCELLOS, L. J. G. ; CORREA JUNIOR, J. D. ; DORLASS, E. G. ; CAMARA, N. O. S. ; DURIGON, E. L. ; CUNHA, F. Q. ; NÓBREGA, R. H. ; MACHADO-SANTELLI, G. M. ; FARAH, C. ; VERAS, F. P. ; GALINDO-VILLEGAS, J. ; COSTA-LOTUFO, L. ; CUNHA, T. M. ; CHAMMAS, R. ; GUZZO, C. R. ; CARVALHO, L. R. ; CHARLIE-SILVA, I. Zebrafish studies on the vaccine candidate to COVID-19, the Spike protein: production of antibody and adverse reaction. bioRxiv, p. 36-71, 2020. doi: 10.1101/2020.10.20.346262. 27-ROMERO, M. F. Covid-19: estudo investiga uso do zebrafish para testar segurança de vacinas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020. Disponível em: <https://portal.fiocruz. br/noticia/covid-19-estudo-investiga-uso-do-zebrafish-para-testar-seguranca-de-vacinas>. Acesso em 11 de fevereiro de 2021. 28-TRÉZ, T. Considerações sobre o conceito dos 3Rs e o potencial conflito com novas compreensões do animal experimental. Revista Brasileira de Zoociências, v. 19, n. 2, p. 97-113, 2018.

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Vamilton Alvares Santarém MV, CRMV-SP: 8.214, MSc, PhD., prof. CMV – Unoeste Aluno de pós-doutorado – UFPR-Curitiba vamilton@unoeste.br Alexander Welker Biondo MV, CRMV-PR: 6.203, MSc, PhD. Depto. Med. Veterinária – UFPR-Curitiba abiondo@ufpr.br

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Medicina veterinária do coletivo

No dia 16 de dezembro de 2020, uma van que transportava 70 gatos resgatados foi roubada. A van, que funcionava como uma ambulância veterinária, pertencia a uma ONG e transportava animais resgatados de um acumulador de animais que possuía 159 gatos. Os 70 gatos estavam sendo transportados de Guarulhos para clínicas veterinárias parceiras da ONG no município de São José dos Campos, SP, quando os dois funcionários que dirigiam a van foram rendidos por bandidos na Rodovia Presidente Dutra, próximo a Jacareí, SP. Os funcionários, que tiveram seus pertences roubados, foram deixados em um depósito abandonado, e os sequestradores seguiram com a van e os gato 1. Segundo relato dos funcionários, os bandidos queriam o veículo para fazer outro assalto e não machucariam os animais. Quatro dias após o sequestro, a carcaça de uma perua foi encontrada incendiada em uma área de mata no distrito de Cidade Tiradentes, Zona Leste da capital paulista. No local foram encontradas caixas de transporte e 7 animais, 5 dos quais bem debilitados e 2 mortos, o que confirmou a suspeita de que seria da van roubada; entretanto, no dia seguinte a perícia constatou, por meio do chassi, que a carcaça incendiada não era a da perua da ONG. Porém, segundo a Polícia Civil, os animais haviam sido liberados pelos criminosos no matagal onde a van incendiada foi encontrada. Desde então, as buscas para encontrar os outros animais continuam, e até o dia 30 de dezembro já se haviam recuperado 41 gatos, dos quais 6 estavam mortos 2. 36

Fernando Gonsales

Ladrões roubam van e levam junto 70 gatos resgatados

A van de uma ONG que levava 70 gatos resgatados foi roubada junto com os gatos para ser usada em outro assalto. Só foi possível resgatar parte dos animais.

A problemática A situação em relação a esse caso é mais complexa do que se parece. A intenção das pessoas envolvidas na busca de soluções é admirável e honrosa, visto que o número de animais em situação de maus-tratos é grande, e cada caso resolvido é uma vitória. De acordo com as redes sociais de ativistas da causa animal envolvidos nesse caso, os animais retirados do acumulador estavam bastante debilitados, o que é de se esperar em se tratando de animais que vivem em situações vulneráveis como essa. Os gatos domésticos submetidos a uma situação de acumulação, onde há alta densidade populacional, sofrem muito devido ao manejo inadequado e à carência de recursos ambientais, nutricionais e sanitários, além de a dificuldade e o risco do convívio social com-

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prometerem totalmente o bem-estar desses animais 3. Além disso, a acumulação de animais ainda traz prejuízos individuais e coletivos. Do ponto de vista individual, a pessoa com transtorno de acumulação sofre consequências emocionais, sociais, físicas, profissional, financeira e legal, além de proporcionar riscos à saúde pública, como a proliferação de vetores e animais sinantrópicos, a perturbação da vizinhança e o risco de incêndio e desabamento, devido às precárias condições da moradia 4. Além disso, os animais passaram por uma situação de grande estresse durante o transporte. Tanto o Código de Trânsito Brasileiro

(CTB)  5 como o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) 6 não têm um regulamento específico para o transporte de animais de companhia em viagens intermunicipais ou interestaduais; tampouco existem normas a respeito do número máximo permitido para o transporte de animais de pequeno porte em veículos. Do ponto de vista do bem-estar animal, esses animais passaram por momentos de grande estresse devido às condições de ambiente físico e social, à densidade e à composição do grupo de animais, à condução do veículo e à distância percorrida – ou seja, uma grande quantidade de felinos transportados dentro de uma van,

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Medicina veterinária do coletivo estressados em caixas de transporte (empilhadas umas em cima das outras), percorrendo um trajeto de no mínimo 75 quilômetros de uma cidade a outra. Por fim, os bandidos ainda abandonaram os felinos em uma área de mata, proporcionando mais estresse e sofrimento aos animais. O impacto ambiental ocasionado pela introdução de uma espécie exótica invasora em uma área de mata pode ocasionar o desequilíbrio da fauna nativa. Mesmo em uma área ambiental restrita, a diversidade de espécies de pequeno porte é alta, e os animais competem por alimento, território e abrigo, além de haver perturbação (por meio de perseguição/intimidação), predação e transmissão de zoonoses envolvendo tanto os animais nativos como os felinos 7. Considerações finais Esse caso repercutiu muito nas mídias sociais, devido à inusitada situação de, durante um resgate de animais em situação de vulnerabilidade, ocorrer um assalto e a perda desses animais. Isso nos faz refletir sobre a falta de ações e leis do poder público para impedir que situações semelhantes aconteçam. Falta apoio a situações como essa em que os gatos se encontravam antes do resgate na casa do acumulador, pois políticas públicas para a resolução de casos como esse são multiprofissionais e interdisciplinares e, na maioria dos municípios, escassas. Carecemos também de regulamentações sobre o transporte de animais de pequeno porte em veículos destinados a passageiros humanos. Referências

01-G1. Van com 70 gatos que foi roubada é encontrada incendiada em matagal na zona leste de SP. G1 Vale do Paraíba e Região, 2020. Disponível em: <https:// g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/ noticia/2020/12/19/van-com-70-gatos-que-foi-roubada-e-encontrada-incendiada-em-matagal-na-zona-leste-de-sp.ghtml> Acesso em 2 de fevereiro de 2021. 38

02-G1. Perícia confirma que van encontrada queimada não é veículo roubado com 70 gatos. G1 Vale do Paraíba e Região, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/ vale-do-paraiba-regiao/noticia/2020/12/20/ pericia-confirma-que-van-encontrada-queimada-nao-e-veiculo-roubado-com-70-gatos. ghtml> Acesso em 2 de fevereiro de 2021. 03-NUNES, V. P. ; SOARES, G. M. Gatos, equívocos e desconhecimento na destinação de animais em abrigos: revisão da literatura. Revista Brasileira de Zoociências, v. 19, n. 2, p. 185-203, 2018. doi: 10.34019/25963325.2018.v19.24766. 04-GALDIOLI, L. ; SANTOS, T. A. ; GARCIA, R. C. M. Acumuladores de animais e/ou objetos – práticas interdisciplinares e intersetoriais. Clínica Veterinária, Ano XXV, n. 147, p. 1421, 2020. ISSN: 1413-571X. 05-BRASIL. Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código Brasileiro de Trânsito. Brasília: Diário Oficial da União, 1997. 06-SÃO PAULO. Detran. SP orienta sobre as regras para viajar com seu pet. São Paulo: Portal do Governo, 2019. Disponível em: <https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/detran-sp-saiba-quais-as-regras-para-viajar-com-seu-pet/>. Acesso em 2 de fevereiro de 2021. 07-BRANDÃO, A. P. D. Cães e gatos domésticos em Unidades de Conservação: uma abordagem de Saúde Única. 2020. 172 f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Ruana Renostro Delai MV, CRMV-PR: 16.687, residente UFPR-Curitiba ru.renostro@gmail.com

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Medicina veterinária do coletivo

A teoria do elo – uma análise do conhecimento dos médicos-veterinários e a importância de sua aplicação Nos últimos anos, estudos sobre a teoria do elo vêm se aprimorando ao redor do mundo, a fim de expor a sua relevância para a sociedade. A teoria do elo analisa a correlação entre a crueldade contra os animais e a violência interpessoal, sendo ela a causa principal de maus-tratos frequentemente observados na rotina da clínica veterinária. Com base em pesquisas realizadas principalmente na América do Norte, crianças vítimas de atos violentos, sejam eles físicos, morais, sexuais ou verbais, tendem a reproduzi-los contra os animais e até a se tornar potenciais agressores contra seres humanos. Uma parcela considerável dos infratores detidos por abuso sexual animal são os mesmos que abusam sexualmente de seres humanos, e em especial de menores de idade. Assim como os profissionais da saúde no geral, os médicos-veterinários são fundamentais para o diagnóstico e para o combate dessa sequência de atos agressivos a outros indivíduos  1. As principais motivações que levam os agressores ao exercício desse ciclo de atrocidades são: • considerar os animais inferiores à espécie humana; • punir e corrigir comportamentos inadequados dos animais; • exprimir domínio contra o animal ou contra pessoa ligada a ele; • satisfazer o desejo movido por preconceito contra a espécie ou a raça específica ou para atingir pessoas por diversão  2,3. Segundo o FBI, 80% dos assassinos iniciaram seus crimes maltratando animais  4. A Organização Mundial da Saúde (OMS) 40

define violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação  5. Uma pesquisa realizada no Rio de janeiro mostrou que 12,2% das vítimas de violência doméstica física corresponde a crianças. Desse total, em 60,6% dos casos, as mães dessas crianças também são agredidas  6. A relação entre os animais e os seres humanos está cada vez mais interligada. As pessoas estabelecem um vínculo tão próximo com seus animais de estimação que os consideram como filhos. Devido a isso, é evidente que, conforme os sentimentos pelos animais se intensificam, também cresce com eles a probabilidade de esses animais serem submetidos a maus-tratos quando inseridos em uma dinâmica familiar conflituosa  7. Casos de violência doméstica se tornam pretextos para posteriores ações de maus-tratos contra animais. Isso evidencia a necessidade de verificar os casos de violência como um todo e não apenas de modo individual. É imprescindível que essas ocorrências sejam exploradas minuciosamente, a fim de verificar a dinâmica familiar, investigar o histórico do infrator e analisar a fundo tanto o aspecto psicológico quanto o físico das vítimas, para que se possa, a partir disso, trabalhar melhor na prevenção desses casos e no tratamento adequado dessas pessoas  8. A incidência de ações de maus-tratos aos animais é indício de que a relação no âmbito familiar também está afetada  8. Isso serviria como um indicador de

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que provavelmente outros abusos estejam acontecendo naquele ambiente, tendo como vítimas mais plausíveis mulheres, crianças e idosos, além dos próprios animais já citados, que são os mais vulneráveis  9,10. Em sua rotina clínica, os médicos-veterinários podem ser sentinelas na vigilância e na prevenção da violência contra animais e seres humanos, atentando para essa questão ao longo da triagem, da anamnese, do exame clínico e complementar, de forma a identificar rapidamente situações que sugiram um perfil de abuso, negligência, maus-tratos, e em especial a recorrência de casos provenientes de uma mesma família ou tutor. A partir da análise da importância do conhecimento e da aplicação dos conceitos da teoria do elo na rotina clínica dos médicos-veterinários para reconhecimento e prevenção das situações de agressão doméstica e contra os animais, foi elaborada e enviada para clínicos veterinários uma entrevista com o fim de compreender seus conhecimentos, suas atitudes e capacidades de diagnóstico, e como meio de divulgar e estimular a atenção desses profissionais, para que denunciem e incluam essa prática tão necessária em suas consultas diárias  11. É importante ressaltar que a denúncia contra maus-tratos é legalizada pelo Art. 32 da Lei Federal nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais) e pela Constituição Federal Brasileira de 5 de outubro de 1988. Metodologia A pesquisa foi realizada para analisar e compreender o grau de conhecimento dos médicos-veterinários a respeito da teoria do elo e também para fornecer mais informações, referências, esclarecimentos e estatísticas aos profissionais ao promover e divulgar dados pertinentes, objetivando chamar a atenção para o assunto na prática de suas consultas clínicas e para a adoção de uma conduta adequada em casos suspeitos, que evite prejuízos ou até omissão por receio. Pelo fato de a teoria do elo ser pouco conhecida, muitos

profissionais não se sentem à vontade para denunciar casos de maus-tratos relacionados à violência familiar em lares com animais. A falta de política pública eficiente que inclua a violência contra os animais como indicador da violência familiar pode gerar um ciclo de vítimas e impunidade ao agressor. A pesquisa buscou ainda divulgar e realçar a importância do conhecimento a respeito do assunto, do apoio tanto aos profissionais quanto às vítimas e da necessidade de alterar a condição das vítimas que passam despercebidas – muitas vezes pela banalização e pelo desconhecimento. O estudo utilizou um formulário a partir da plataforma do Google Forms, direcionado apenas a médicos-veterinários, que consistia em sete perguntas gerais a respeito do seu prévio conhecimento sobre a teoria do elo e relativas ao tempo de carreira, faixa etária, gênero e localidade. Os profissionais foram direcionados, conforme suas respostas, a abas diferenciadas na mesma plataforma. Caso respondessem sim à pergunta: “Você já ouviu falar da teoria do elo?”, eles seriam encaminhados para uma página com nove perguntas acerca de como adquiriram informações sobre o tema, como o aplicam e se atentam para essa questão em seu cotidiano clínico. Caso respondessem não, seriam conduzidos a uma página com sete perguntas com questionamentos sobre a frequência e o modo como se comportariam em algum caso suspeito e sobre o possível aparecimento de ocorrências que se enquadrassem na teoria do elo. Resultados Para o estudo foram analisadas as respostas de 58 profissionais. O questionário elaborado foi dividido em duas partes; a primeira parte era composta pelos dados dos médicos-veterinários, e a segunda parte avaliava o conhecimento dos profissionais sobre a teoria do elo e sobre sua aplicação na rotina clínica. Os profissionais informaram nome completo, email e faixa etária – 60,3% entre 20 e 30 anos; 24,1% de 31 a 40 anos; 10,3% de 41 a

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Medicina veterinária do coletivo 50 anos; e 5,2% de 50 anos ou mais –; 84,5% dos participantes eram do sexo feminino, e 15,5% do sexo masculino; 69% eram da Região Sudeste, 20,7%, da Região Sul, 5,2%, da Região Norte, 3,4%, da Região Centro-Oeste, e 1,7% da Região Nordeste. Em relação ao tempo de atuação em medicina veterinária, 74,1% atuavam havia 1 a 5 anos; 19%, 11 ou mais; e 6,9%, 6 a 10 anos. Em relação ao conhecimento sobre a teoria do elo, 53,4% responderam que nunca tinham ouvido falar sobre ela, e 46,6% disseram que conheciam o tema (Figura 1). Para aqueles que conheciam a teoria do elo, à pergunta: “De que fonte você obteve a informação?’’, 74,1% responderam “palestras e congressos”; 40,7%, “internet ou redes sociais”; 37%, “livros, revistas ou artigos”; 33,3%, “colegas de profissão”; e 3,7% cada, “graduação”, “familiares” e “vivência na rotina clínica”. O conhecimento dos profissionais a respeito da teoria do elo foi questionado em uma escala de 0 a 10, sendo 0 = nenhum conhecimento e 10 = conhecimento elevado. 22,5% assinalaram níveis de conhecimento 7 e 8; 11%, níveis 2 e 9; 7,4%, níveis 3, 5 e 10; 3,7%, níveis 0, 1 e 6. Não se encontraram entrevistados com nível 4 de conhecimento. Em relação à aplicação dos conceitos da teoria do elo, 51,9% empregavam os conceitos em sua rotina e 48,1% não o faziam. Em relação ao modo como a teoria é colocada em prática na rotina, a maioria dos profissionais observava sinais clínicos nos animais e

Figura 1 – Conhecimento a respeito da teoria do elo 42

o comportamento dos tutores. Também na anamnese questionavam a respeito da rotina da casa, da relação interpessoal da família multiespécie e da inserção do animal nesse cenário. A respeito da discussão com colegas, 63% deles não conversavam sobre o assunto, e 37%, sim. Em relação à experiência própria ou de algum colega na rotina clínica que envolvesse violência doméstica, 70,4% relataram não tê-la vivenciado, e 29,6%, sim. Daqueles que relataram experiência ou conhecimento dela, foram relatados casos de zoofilia como: uma agressão sexual infantil cuja criança reproduziu a agressão a um animal; e uma denúncia à polícia por vizinhos por desconfiaça de que uma cadela sofria abuso sexual, em função dos sons agonizantes que o animal emitia. Também foi citado um caso em que o abusador era inimputável, por ser portador de doença mental. Houve ainda relatos de violência de agressores contra mulheres, filhos e animais. Quanto à denúncia às autoridades, em 64,7% dos casos não houve denúncia, e 35,3% foram denunciados. Quanto à habilidade para identificação de situação que envolve a teoria do elo, 77,8% se sentiam capazes de identificar animais e familiares que sofreram agressão física, enquanto 22,2% não. Para os médicos-veterinários que disseram não conhecer a teoria do elo foram feitas perguntas diferentes, mas antes do questionário a teoria lhes foi explicada. À pergunta: “Você já passou ou conhece algum colega que tenha passado por alguma situação na clínica que envolvia violência doméstica ou abuso de vulneráveis ?’’, 83,9% responderam que não, e 16,1%, que sim. Esses profissionais identificaram os seguintes casos de violência: um animal que foi agredido pelo marido da tutora, que por sua vez também era agredida por ele; e um outro tutor que ameaçou à esposa e ao médico-veterinário, sugerindo levar uma arma ao hospital veterinário.

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A respeito das habilidades necessárias para identificar uma situação de maus-tratos, 77,4% sentiam-se capazes de identificar o cenário de agressão, e 22,6%, não. A respeito da diferença entre ferimento acidental e agressão física, 71% sabiam diferenciá-los, e 29%, não. Sobre a importância da denúncia de agressão, 96,8% sabiam dessa importância, e 3,2%, não. Quanto ao conhecimento a respeito dos canais de denúncia para esse tipo de agressão por parte dos não conhecedores da teoria, 80,6% não sabiam onde fazer a denúncia, e 19,4%, sim (Figura 2). Pela importância dessa informação, ao final do questionário informaram-se as formas de denúncia, tanto para maus-tratos aos animais como para vulneráveis. Discussão Os resultados obtidos na pesquisa mostraram que a maioria (51,9%) dos médicos-veterinários, embora não tendo conhecimento específico sobre a teoria do elo ou não sabendo de sua existência, aplicam seus conceitos em suas rotinas clínicas, por meio da observação da linguagem não verbal durante a consulta e pelo interesse em entender a rotina e a dinâmica familiar dos tutores. A faixa etária que mais conhece a teoria é a de 20 a 30 anos (60,3%), por se tratar de um assunto novo e ainda pouco discutido, sendo a maioria dos quais recém-formados (74,1%) e do sexo femininino (84,5%). Esse interesse poderia estar relacionado ao fato de as mulheres serem as mais afetadas pela violência doméstica  12. A maior parte dos médicos-veterinários respondeu não ter conhecimento da teoria do elo (53,4%), e pouco menos da metade declarou saber da sua existência (46,6%). O questionário foi divulgado inicialmente por médicos-veterinários da medicina veterinária do coletivo, área de estudo na qual a teoria está inserida e isso pode ter influenciado os resultados, que podem ser ainda mais expressivos. Palestras e congressos foram a principal

fonte de informação dos participantes (74,1%), chamando a atenção dos profissionais veterinários para o assunto. Mesmo com notabilidade crescente, a maioria dos profissionais de saúde com conhecimento sobre a questão não conversam com colegas de profissão a respeito da teoria (63%), restringindo a divulgação da informação a um grupo específico. Apenas 3,7% das informações foram obtidas na rotina clínica e na graduação, que deveriam ser fontes primárias de referência. O fato da teoria do elo não ser abordada durante a graduação, e não estar incluída na grade curricular do ensino da medicina veterinária é prejudicial para a formação do profissional, uma vez que a participação em eventos com esse conteúdo pode ser prejudicada pela dificuldade de locomoção, falta de recurso ou de conhecimento a respeito da ocorrência de tais eventos. Entre os conhecedores da teoria do elo, 51,9% referiram aplicação e execução desses conceitos na prática clínica, enquanto 48,1% ainda não o fazem. Os motivos destacados para a não adoção apesar do conhecimento foram: receio de sua avaliação estar equivocada e acabar sofrendo um processo na justiça; falta de informação sobre a aplicação e/ ou denúncia; medo de ameaça por parte do agressor; e falta de interesse do veterinário. Quanto aos médicos-veterinários submetidos em suas rotinas clínicas a situações de

Figura 2 – Conhecimento dos canais de denúncia para agressões contra animais e/ou vulneráveis

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Medicina veterinária do coletivo violência doméstica, 64,7% optaram por não denunciar os casos de violência, evitando envolver-se nessas situações. A falta de envolvimento e de atenção do profissional pode estar relacionada ao desconhecimento da importância do seu papel na saúde pública e do reconhecimento da sua atuação para que se rompa a cadeia de violência, mas também ao receio das consequências dessa denúncia. O caso de zoofilia envolvendo uma criança que reproduzia a violência no animal demonstra que uma criança vítima de violência tende a reproduzir os atos contra animais e sugere que poderá fazê-lo contra pessoas. Os médicos-veterinários sem conhecimento acerca da teoria do elo relataram nunca terem percebido incidentes que envolvessem o abuso de vulneráveis; isso pode demonstrar o desconhecimento da correlação da violência entre animais e seres humanos. Quanto à compreensão da relevância das denúncias, 96,8% responderam compreendê-la, mesmo não conhecendo a teoria do elo e seus conceitos. Contudo, esse desconhecimento pode levar a uma má avaliação da situação. O fato de não se relacionar a violência contra animais à violência doméstica reforça a necessidade de maior divulgação do assunto. A falta de informação é fator decisivo na atitude tomada pelos profissionais, dos quais 80,6% disseram não conhecer os canais de denúncia apropriados. Considerações finais A teoria do elo, embora ainda pouco conhecida e difundida, tem grande importância para a sociedade. O questionário revelou que a maior parte dos médicos-veterinários que participaram da pesquisa ainda não a conhecem ou não sabem como proceder para realizar a denúncia em casos de violência, o que demostra a dificuldade desses profissionais em diagnosticar ou prevenir situações de maus-tratos. Um fator importante para a falta de conhecimento da teoria é o fato de ela não ser abordada durante a graduação. Assim, é essencial que se incentive a abordagem do tema, in44

cluindo na grade curricular o ensino da medicina veterinária legal e da medicina veterinária do coletivo de maneira integral. Os futuros profissionais que tiverem esses conteúdos na sua formação poderão agir de maneira mais consistente e assim contribuir para a prevenção de futuros crimes contra animais e seres humanos. É importante que o assunto seja difundido entre os profissionais que já estão atuando, principalmente os que trabalham na clínica de pequenos animais, onde surgem os casos mais recorrentes. As instituições de segurança pública também devem receber treinamento específico, permitindo assim a realização de um trabalho conjunto que possibilitará o combate ao crime contra animais de maneira mais eficaz. Para auxiliar a conscientização em relação à importância da denúncia, elaborou-se uma dinâmica que pode ser realizada online. Nela, o profissional é apresentado a uma situação-problema na rotina clínica e deve tomar decisões que influenciarão o destino dessa situação. A dinâmica pode ser acessada pelo link https:// forms.gle/Gq3JpEc2ecDp9V6UA ou pelo QRCode ao lado. Referências

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Diagnóstico por imagem Megaesôfago adquirido em cão – relato de caso Acquired megaesophagus in a dog – case report Megaesófago adquirido en perro – relato de caso

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, p. 46-55, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.151.p.46-55

Bruna Dias Fagundes MV, CRMV-RS 17.825, aluna de pós-graduação Qualittas bruna--dias@hotmail.com

Mariana C. H. Rondelli MV, CRMV-RS: 16.326, dra., profa. FV/UFPEL

marianarondelli@gmail.com

Eduarda A.N.L.D. Cavalcanti aluna de graduação FV/UFPEL nuneslouzadadias@gmail.com

Arthur de Lima Espinosa aluno de graduação FV/UFPEL arthurespinosa@gmail.com

Carina Burkert da Silva MV, CRMV-ES: 2.840, aluna de residência PMASIV/HCV/UFPEL

cb.ultrassonografia@gmail.com

Thaís Cozza dos Santos MV, CRMV-RS: 15.762 aluna de residência PMASIV/HCV/UFPEL

Resumo: O megaesôfago adquirido é uma causa pouco frequente de regurgitação em caninos. O diagnóstico é confirmado por radiografias simples ou contrastadas, endoscopia, tomografia, cintilografia ou ressonância magnética. Este trabalho relata o caso de uma cadela de 9 anos com histórico de regurgitação por seis meses e exames radiográficos simples e contrastados sem evidência de megaesôfago. A esofagografia foi repetida por meio do fornecimento de contraste de bário misturado a alimento comercial seco para cães, que permitiu evidenciar a dilatação esofágica e confirmar o megaesôfago. Apesar de essa técnica ser pouco realizada, é um método alternativo eficaz no diagnóstico de megaesôfago canino, principalmente quando as demais abordagens radiográficas forem inconclusivas. Unitermos: regurgitação, diagnóstico por imagem, esôfago, alimentos Abstract: Acquired megaesophagus is an uncommon cause of regurgitation in dogs. Diagnosis is confirmed by simple or contrast radiographs, endoscopy, tomography, scintigraphy, or magnetic resonance imaging. Esophagography with barium sulphate contrast is the most commonly used method, however, it may be inconclusive if dilation marking does not occur. This paper reports the case of a 9-year-old female dog, with a history of regurgitation over six months, simple and contrast radiographic exams showing no evidence of megaesophagus. The esophagography exam was repeated with the addition of barium contrast mixed with commercial dry pet food, which verified esophageal dilatation and confirmed megaesophagus. Although this technique is not widely used, it is an effective alternative method for diagnosis of canine megaesophagus, particularly when other radiographic approaches are inconclusive. Keywords: regurgitation, imaging diagnosis, esophagus, food Resumen: El megaesófago adquirido es una causa poco frecuente de regurgitación en caninos. El diagnóstico se realiza por medio de radiografías simples y contrastadas, endoscopia, tomografía, centellografía o resonancia magnética. Este trabajo relata el caso de una perra de 9 años, con histórico de regurgitación de seis meses y exámenes radiográficos simples e contrastados sin evidencia de megaesófago. La esofagografía fue repetida utilizando contraste de bario mezclado con un alimento comercial seco para perros, que permitió diagnosticar la distensión esofágica, confirmando así el megaesófago. A pesar de ser una técnica poco utilizada, la misma resultó ser un método alternativo eficiente en el diagnóstico de megaesófago adquirido canino, principalmente cuando las otras técnicas radiográficas no son conclusivas. Palabras clave: regurgitación, diagnóstico por imagem, esófago, alimentos

thcs@live.com

Guilherme A. O. Cavalcanti MV, CRMV-RS: 12.728, dr., prof., FV/UFPEL guialbuquerque@yahoo.com

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Neurologia Tratamento da epilepsia em cães – revisão Pharmacological treatment of canine epilepsy – review Tratamiento de la epilepsia en perros – revisión

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, p. 56-74, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.151.p.56-74

Maria Paula R. C. Coelho MV, CRMV-MG: 14.692, mestre, aluna de doutorado EV/UFMG mprajao@gmail.com

Eliane Gonçalves de Melo MV, CRMV-MG: 4.251 dra. profa. EV/UFMG elianemelovet@gmail.com

Talita Lopes Serra MV, CRMV-MG: 14. 015 mestre, aluna de doutorado EV/UFMG talitalsvet@gmail.com

Andrine Cristiane S. Souza MV, CRMV-MG: 22. 464 aluna de mestrado EV/UFMG andrine.souzavet@gmail.com

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Resumo: A epilepsia é condição prevalente em cães, caracterizada pela recorrência de quadros convulsivos. O atendimento adequado desses pacientes requer o esclarecimento da etiologia dos eventos relatados, tentando estabelecer a causa das crises epilépticas, realizar uma avaliação clínica detalhada do paciente desde o começo do tratamento, estabelecer o fármaco a utilizar, realizar o correto monitoramento do paciente e manter-se alinhado com os tutores na condução da terapia. A prescrição de fármacos impróprios para a espécie ou o emprego de baixas doses são possíveis causas de falhas no tratamento. O presente artigo revisa fatores relacionados à utilização de fenobarbital, brometo de potássio e levetiracetam – fármacos disponíveis no Brasil com maior evidência de segurança e eficácia no tratamento da epilepsia canina. Unitermos: neurologia, convulsões, terapêutica, anticonvulsivantes Abstract: Epilepsy is relatively common in dogs and is characterized by recurring seizures. In order to treat such cases effectively, the veterinarian must first clarify the etiology of the reported episodic events, investigate the cause of the seizures, carry out a detailed clinical evaluation of the patient from the start of the treatment, decide on the drug to be used, monitor the patient appropriately, and ensure that the dog’s owners understand and collaborate with the treatment. Reasons for treatment failures include the prescription of drugs unsuitable for use in dogs or the use of low doses. This article reviews factors related to the use of phenobarbital, potassium bromide and levetiracetam – drugs available in Brazil for which there is stronger evidence of safety and effectiveness in the treatment of canine epilepsy. Keywords: neurology, seizures, therapy, anticonvulsants Resumen: La epilepsia es una enfermedad relativamente prevalente en perros, que se caracteriza por la presencia de cuadros convulsivos recurrentes. Estos pacientes requieren de una adecuada atención, siendo necesaria la determinación de la etiología de dichos eventos, investigar la posible causa determinante de las crisis y realizar un examen clínico detallado desde el inicio del tratamiento. También se debe establecer el fármaco a ser utilizado, realizar el monitoreo y evolución del paciente, y mantener una buena comunicación con los tutores en la instauración del tratamiento. Dentro de las posibles fallas en la terapia se encuentra la indicación de fármacos inapropiados para la especie, o bien el uso de dosis bajas. El presente artículo revisa diferentes factores relacionados con el uso de fenobarbital, bromuro de potasio y levetiracetam – fármacos con mayor evidencia de seguridad y eficiencia en el tratamiento de la epilepsia canina, y que se encuentran disponibles en Brasil. Palabras clave: neurología, convulsiones, terapéutica, anticonvulsivantes

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Animais silvestres Manejo de filhotes de furão-pequeno (Galictis cuja) Management of lesser grison (Galictis cuja) pups Manejo de crías de hurón (Galictis cuja)

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, p. 76-82, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.151.p.76-82 Ynara Passini MV, CRMV-RS: 17.847, aluna de residência Nurfs/Cetas/UFPel

ynarapassini@hotmail.com

Mayana Lima Sá MV, CRMV-RS: 16.774, aluna de residência Nurfs/Cetas/UFPel

mayanalimasa@hotmail.com

Ives Feitosa Duarte MV, CRMV-RS: 16.800, aluno de residência Nurfs/Cetas/UFPel ives.feitosa@gmail.com

Fabíola Cardoso Vieira MV, CRMV-RS: 14.754, aluna de residência Nurfs/Cetas/UFPel

fabiolavieiravet@gmail.com

Luiz Fernando Minello Biólogo, prof. associado, Nurfs/Cetas/UFPel minellolf@hotmail.com

Marco Antônio A. Coimbra Biólogo Nurfs/Cetas/UFPel coimbra.nurfs@gmail.com

Paulo Mota Bandarra MV, CRMV-RS: 11.699 Nurfs/Cetas/UFPel

Resumo: O furão-pequeno (Galictis cuja) é um mamífero pertencente à família Mustelidae, que habita alguns países da América do Sul. O objetivo deste trabalho é descrever as informações nutricionais e biométricas e os parâmetros clínicos de quatro filhotes de G. cuja que foram atendidos no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais Silvestres (Nurfs/Cetas) da Universidade Federal de Pelotas, RS. O acompanhamento nutricional e as avaliações biométricas e clínicas regulares tiveram o intuito de obter maior entendimento da espécie e da sua taxa de desenvolvimento, dada a falta de informações disponíveis na literatura. Todos os filhotes tiveram crescimento corporal gradativo desde a chegada até o momento da soltura, sendo que o manejo nutricional realizado se mostrou adequado para criação de G. cuja em cativeiro. Unitermos: mustelídeos, nutrição, biometria Abstract: The lesser grison (Galictis cuja) is a mammal that belongs to the Mustelidae family and is found in a number of countries in South America. This article describes the nutritional and biometric data and clinical parameters for four G. cuja pups cared for at the Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais Silvestres (Nurfs/Cetas) [Nucleus for the Rehabilitation of Wild Fauna and Wild Animal Evaluation Centre] of Universidade Federal de Pelotas, RS, Brazil. The pups were assessed clinically and subject to nutritional and biometric monitoring in order to learn more about the species and its development rate, given the lack of information available in the literature. All the pups demonstrated gradual body growth from arrival until the moment of release, and the nutritional management regime was shown to be appropriate for raising G. cuja in captivity. Keywords: mustelids, nutrition, biometrics Resumen: El hurón pequeño (Galictis cuja) es un mamífero que pertenece a la familia Mustelidae, y que se distribuye por varios países de América del Sur. El objetivo del presente trabajo es describir el manejo nutricional, medidas biométricas y parámetros clínicos de cuatro crías de G. cuja atendidas en el Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais Silvestres (Nurfs/Cetas) [Núcleo de Rehabilitación de Fauna Silvestre y Centro de Selectión de Animales Silvestres] de la Universidad Federal de Pelotas, RS, Brasil. Las mediciones y el manejo fueron realizados de manera regular con el objetivo de obtener mayores informaciones de esta especie y, particularmente, sobre su tasa de desarrollo, considerando las escasas informaciones disponibles. Todas las crías tuvieron un crecimiento corporal gradual hasta su liberación. El manejo nutricional fue adecuado para la cría de estos animales en cautiverio. Palabras clave: mustélidos, nutrición, biometría

bandarra.ufpel@gmail.com

Raqueli Teresinha França MV, CRMV-RS: 10.106, profa. FV/UFPel raquelifranca@gmail.com

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Notícias

Vetnil é premiada no ranking da GPTW como uma das Melhores Empresas para Trabalhar em 2020

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Divulgação

No dia 9 de fevereiro, em cerimônia online, a Vetnil, uma das empresas líderes do mercado de saúde animal no Brasil, recebeu o prêmio Ranking Indústria de Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil em 2020 pela consultoria Great Place to Work. A premiação, em sua primeira edição com este ranking, foi realizada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e contou com a participação de 244 empresas de grande e médio porte, dentre as quais a Vetnil se destacou. Foram avaliadas a média da pesquisa de ambiente de trabalho, assim como as práticas e políticas de gestão e cultura das empresas. “Nossa empresa foca a qualidade, a inovação e a excelência ao desenvolver produtos veterinários para os animais. Valorizamos amplamente o capital humano, o que acredito ser um dos nossos grandes diferenciais. Temos contribuído amplamente para o crescimento do setor e dos nossos parceiros, e estamos muito felizes com essa premiação”, destaca Vera Godoy Ribeiro, presidente da Vetnil. O evento de premiação contou também com o bate-papo sobre o tema “Perspectivas 2021 para o setor das indústrias”, mediado por Ruy Shiozawa, presidente da consultoria GPTW Brasil, e com a participação de Vera

Godoy Ribeiro, que compartilhou a história, a atuação e os desafios enfrentados pela Vetnil durante a pandemia. “Estamos trabalhando fortemente o conceito ‘Vetnil – Parceira de quem cuida’, que reforça o reconhecimento dos nossos colaboradores, que nos ajudam a entregar o melhor da medicina veterinária, da pesquisa e da ciência a todos os que se empenham noite e dia pelo bem-estar e a saúde animal”, finaliza Vera Ribeiro.

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As votações para o Prêmio Veterinário do Ano Vetnil Anclivepa Brasil 2020 se encerram em março

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As votações para a nona edição do Prêmio Veterinário do Ano Vetnil Anclivepa Brasil 2020, iniciadas em janeiro, encerram-se em março. Trata-se de um dos prêmios mais importantes do segmento e tem como intuito homenagear os médicos-veterinários atuantes na clínica de pequenos animais que se destacaram durante o ano. O período de votação estende-se até o final de março por meio do site www.vetnil.com. br/veterinariodoano2020, lembrando que é válido apenas um voto por CRMV. O anúncio do vencedor e a premiação acontecerão durante a cerimônia de abertura do 41º Congresso Brasileiro Anclivepa. O profissional de destaque na medicina veterinária do Brasil, segundo a própria classe, será contemplado(a) com troféu e um prêmio no valor de 5 mil reais. De acordo com Cristiano Sá, diretor de Marketing e Novos Negócios da Vetnil, a premiação é muito importante, pois reforça o ideal da empresa de valorizar os profissionais da medicina veterinária. “A Vetnil foca a qualidade, a inovação e a excelência ao desenvolver produtos veterinários. Temos muito orgulho de oferecer essa premiação e estamos ansiosos para conhecer quem será o próximo homenageado”, afirma. O prêmio já faz parte da história da categoria no Brasil, reconhecendo grandes profissionais como Maria Alessandra Martins Del Barrio, eleita em 2012; Fábio dos Santos Nogueira, eleito em 2013; Alexandre Gonçalves Teixeira Daniel, em 2014; Marlos Gonçalves Sousa, em 2015; Diogo Alves da Conceição,

em 2016; Carlos Eduardo Larsson, em 2017; e Paulo César Jark, em 2018. Devido à pandemia de Covid-19, a divulgação e a premiação oficial do ganhador da edição 2019 serão realizadas junto às do ganhador da edição 2020 do prêmio. Vetnil www.vetnil.com.br

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Ambiente hospitalar veterinário

Fachada comercial – o primeiro cartão de visita O imóvel como promotor do seu negócio

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Renato Couto Moraes

c) para uma testada de ≥ 100 m permitem-se até dois anúncios com área ≤ 10 m2 cada. A altura mínima deve ser a 2,2 m do solo, com

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Clichê comum mas muito verdadeiro, a fachada é o cartão de visita de qualquer empresa. A fachada de um imóvel inclui todas as faces externas de uma edificação, e não apenas a frente, que recebe o nome de testada. Ela permite ao cliente ter uma percepção geral e reconhecer o ramo de atividade oferecida, e cria uma ideia de valor financeiro dos serviços e produtos disponíveis. Uma fachada atrativa marca o entorno, podendo ser usada como referência da rua e até mesmo de um bairro, algo do tipo: “Passando a Clínica Veterinária, você vira à esquerda para chegar à minha casa”. Desse modo, é importante cuidar desse elemento no seu negócio. Existem alguns cuidados fundamentais na hora de projetar a fachada. Em primeiro lugar, ela deve transmitir a personalidade da empresa. Em segundo, mostrar claramente qual o tipo de produto ou de serviço oferecido. Em terceiro, direcionar-se corretamente ao público-alvo pretendido. A consulta à legislação municipal é fundamental, pois muitas cidades têm regras específicas para a colocação de placas, letreiros e outros elementos visuais nas fachadas comerciais. Por exemplo, na cidade de São Paulo existe a Lei Cidade Limpa (Lei nº 14.223 e decreto regulamentador nº 47.950), que regulamenta os anúncios em fachadas. Resumidamente: a) para uma testada inferior a 10 m permite-se um único anúncio com área total ≤ 1,5 m2; b) para uma testada entre 10 e 100 m permite-se um único anúncio com área total ≤ 4 m2; e

Fachada de um centro de diagnóstico veterinário. Notam-se a rampa de acesso, a numeração do imóvel evidente, o envidraçamento parcial e o paisagismo frontal, bem como a logomarca em destaque com iluminação própria e o estacionamento bem-iluminado

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avanço máximo de 15 cm na calçada (se o imóvel estiver no alinhamento), exceto em caso de uso de toldo retrátil, com o qual se pode avançar mais. Cidades históricas em geral sofrem restrições maiores, que não permitem alterações na estrutura da edificação. O mesmo acontece com bairros ou imóveis tombados. É interessante ter uma área – que pode ser um painel, uma placa ou algo do tipo – dedicada a inserir a logomarca da empresa e informações resumidas do negócio, por exemplo: número de telefone (fixo e sobretudo móvel), apresentar os serviços oferecidos (consultas, cirurgias, exames de raios-X,), etc. Existem diversos tipos de materiais para le-

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treiros, sendo os mais comuns: - em ACM (do inglês aluminium composite material); - em vidro ou acrílico; - em placa de MDF (do inglês medium density fiberboard); - em ripas de madeira; e - em estrutura metálica. Para a logomarca e a letra caixa, os materiais podem ser: - em PVC expandido; - em acrílico; - em aço inox; - em neon; - em acrílico com LED; - ou simplesmente adesivadas. Atualmente, a escolha mais comum de painel é de ACM combinado com letra caixa em PVC expandido e adesivada. É importante ressaltar que não é adequado deixar a escolha por conta da empresa executora, pois pode-se perder a própria “personalidade”. Há alguns casos de estabelecimentos veterinários que mais parecem bares ou restaurantes.

Renato Couto Moraes

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Fachada de um hospital veterinário. Veem-se as cores predominantes da logomarca na fachada

Fachada de um comércio misto – consultório veterinário, estética e loja. O lustre ao fundo chama a atenção, e a logomarca está afixada no vidro, permitindo grande visualização do interior

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Ambiente hospitalar veterinário árvores, fiação elétrica e placas de outros estabelecimentos. Assim, em um imóvel de esquina, ele pode ficar fixado na face voltada a uma avenida em vez de na entrada em rua local. Não é obrigatório a logomarca ficar no centro do painel, podendo seguir uma simetria bilateral se acompanhar a arquitetura da frente do imóvel. É comum o painel seguir as cores da logomarca, mas pode-se seguir as cores da identidade visual. Por exemplo, uma logomarca com laranja e azul pode ter uma frente toda cinza apenas com a logomarca colorida. É fundamental que a iluminação esteja direcionada não somente ao painel da logomarca, mas ao imóvel como um todo, pois transmite grandiosidade e dá maior destaque, além de segurança. Ainda é importante a análise da possibilidade da instalação de uma vitrine. Se o negócio for de atividade exclusiva do segmento veterinário, é interessante ter uma janela grande ou um visor que mostre a recepção. Caso seja um negócio misto, como atividade veterinária junto de comércio, uma boa opção é instalar uma vitrine atrativa para expor melhor os produtos. Não se deve colocar o serviço de banho e tosa na frente, pois ele já não é mais uma novidade para atrair clientes como foi no passado.

Renato Couto Moraes

Renato Couto Moraes

É necessário reservar um certo tempo e recursos financeiros para o desenvolvimento de um projeto completo de fachada, para que se tenha de fato algo positivamente diferente e marcante. Existem diversos modelos de fachadas, com infinitas possibilidades de mesclar cores, letras, estruturas e formas. Para ter fachadas únicas e marcantes, o projetista deve empregar a imaginação e a criatividade para conceber um projeto específico e personalizado para cada negócio, tendo em mente que oferecer algo a mais é decisivo. Quer se trate de um novo negócio ou de apenas remodelar a fachada, deve-se pensar a respeito de todo o conceito da identidade visual. Para ambos os momentos, deve-se definir as cores principais, um logotipo único ou variantes coerentes, o slogan e toda comunicação que tenha o nome da empresa, desde assinatura de email até papel timbrado, culminando com a fachada comercial. O painel ou placa onde será inserida a logomarca deverá ficar no local mais visível da fachada, livre de empecilhos visuais tais como:

Fachada comercial de um centro de diagnóstico veterinário – um prédio com pastilhas com as cores da logomarca e um painel de ACM sobre a porta de entrada contendo a logomarca 88

Fachada de um comércio misto – clínica veterinária, estética e loja. A logomarca está em destaque num sistema de telhas trapezoidais na cor cinza. Estacionamento com vagas demarcadas, envidraçamento do andar térreo e comunicação visual dos serviços essenciais

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Dependendo do imóvel e da localização, podem-se adicionar outras possibilidades, como um banco ou uma proteção contra sol e chuva. Alguns aspectos da fachada que não devem ser negligenciados são: estacionamento com vagas bem demarcadas e de tamanho comercial, paisagismo, sempre que possível, porta de entrada e rampa de acesso (quando for o caso). O estacionamento deve ter vagas pintadas com bate-rodas e ser bem iluminado, caso o negócio funcione à noite. Jamais se deve reduzir a largura das vagas para caber mais do que o espaço comporta e prejudicar a saída

Renato Couto Moraes Renato Couto Moraes

Fachada de uma clínica veterinária especializada. Pela localização em avenida, o número do imóvel está em destaque. O estacionamento tem vagas bem demarcadas. No corredor se disponibiliza bebedouro para os animais

de um tutor com seu animal ou até mesmo facilitar a ocorrência de danos aos veículos. Deve-se respeitar o número de 2% de vagas para pessoas com mobilidade reduzida (Resolução nº 304/08 do Contran). Contudo, os negócios com menos de 50 vagas não têm essa obrigatoriedade, mas convém oferecer ao menos uma vaga especial a cada 10 vagas. O paisagismo demonstra a relação da empresa com o meio ambiente e sua responsabilidade ambiental. Pode-se ter plantas em vasos, que é uma opção melhor do que a ausência completa de vegetação. É preciso ter cuidado na escolha das plantas, uma vez que diversas espécies são tóxicas aos animais domésticos. Exemplos de plantas tóxicas para cães e gatos: samambaia, lírio, tulipa, copo-de-leite, azaleia, comigo-ninguém-pode, costela-de-adão e espada-de-são-jorge. A porta de entrada deve ter largura mínima de 90 cm para permitir a passagem de uma pessoa com mobilidade reduzida (uso de bengalas, muletas, andador) ou cadeirante, segundo norma brasileira da ABNT NBR 9050, de 2015. Caso exista desnível entre a edificação e a calçada ou o estacionamento, deve-se implementar uma rampa de acesso com declividade máxima de 8,33%, segundo a norma supracitada. Em síntese, implementar uma fachada é algo muito mais complexo do que pintar o imóvel e ter um letreiro, não permitindo amadorismo, sob o risco de colocar o negócio em situação vulnerável, seja perante a concorrência, seja perante seu público-alvo. Uma fachada adequada possibilita aumentar o número de clientes já segmentados, fidelizar os clientes existentes, gerar maior credibilidade ao negócio e aumentar a visibilidade da marca dentre as demais. Renato Couto Moraes MV, CRMV-SP: 16.509, mestre, dr., engenheiro-civil especializado em arquitetura de saúde www.ambientepet.com contato@ambientepet.com

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JUNTOS, POR UM MUNDO MAIS SAUDÁVEL PARA OS ANIMAIS. O maior evento de negócios e congresso de especialidades da América Latina

ATUALIZE CONHECIMENTOS, FORTALEÇA SUA MARCA, MARQUE PRESENÇA. O ano de 2021 tem a inovação como exigência fundamental É hora de acompanhar, de se informar, de participar da mudança e a inovação requer uma base consistente. Neste momento importante, nossa parceira de mídia e conteúdo oficial é a revista Clínica Veterinária, principal veiculo do segmento. Faça como nós. Escolha como parceira a revista Clínica Veterinária, publicação com conteúdo de referência no setor.


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Tecnologia da informação

Tecnologia da informação cada vez mais presente – novos desafios para 2021

O ano de 2020 será lembrado como um dos mais difíceis para a humanidade. A pandemia fez centenas de milhares de mortes, e promoveu mudanças profundas na vida das pessoas. Nesse cenário, a tecnologia da informação (TI) assumiu um papel importante em quase todos os setores. Felizmente, o mercado veterinário foi um dos setores que menos sofreu. A relação entre animais e tutores revelou-se importante fonte de apoio emocional para lidar com o isolamento social. Com o distanciamento físico, os tutores passaram a usar serviços online para comprar suprimentos, acessar conteúdo técnico e contatar médicos-veterinários. Os sistemas de gestão online ganharam destaque ao permitir a comunicação digital entre veterinários e tutores. Em certas situações, utilizou-se a telemedicina, para acompanhar casos clínicos ou para a troca de laudos e exames entre médicos-veterinários. As videoconferências, via computador, celular ou tablet, usam plataformas como Zoom (www. zoom.us), Skype (www.skype.com), Google Meet (meet.google.com), Microsoft Teams (www.microsoft.com/teams) e o Whereby (www.whereby.com). Tornou-se habitual usar mecanismos de ensino à distância com lives e palestras em vídeo no Youtube. A live pela internet geralmente é feita por Instagram, YouTube, Twitter e Facebook, onde os usuários podem fazer comentários, interagir, curtir e acompanhar as atividades dos demais. O YouTube criou o Super Chat, ferramenta que permite monetizar a transmissão, pois quem assiste à live pode enviar mensagens em destaque, fazendo uma doação de R$  1 92

a R$  500. Quanto mais alto o valor, maior o tempo de exposição do comentário durante a live. O mercado também oferece hoje várias ferramentas para transmissões simultâneas em diversas redes sociais, como o StreamYard (www.streamyard.com), de operação simples e fácil. Desafios para 2021 É cada vez mais relevante que o profissional construa o próprio website, crie um canal no YouTube, interaja no Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn, e ainda faça lives periodicamente. Médicos-veterinários em início de carreira podem renunciar ao website e às lives, mas têm que manter suas redes sociais ativas. Já o gestor de um hospital veterinário ou de uma rede de clínicas deve investir mais energia em todos os canais digitais. Ao planejar ações para 2021, devemos aprender com eventos que marcaram o ano de 2020. Nos Estados Unidos, o então presidente Donald Trump usou o Twitter e o Facebook para expor suas ideias, e no final do mandato foi banido do Twitter e teve canceladas suas contas no Facebook. Migrou para o Parler (https://pt.wikipedia.org/wiki/Parler), mas a Apple e o Google excluíram o aplicativo de suas lojas, e em seguida a Amazon desligou o aplicativo de seus servidores. Esses são eventos que mostram o caráter centralizado da maioria dos serviços de TI que consumimos. Cerca de meia dúzia de empresas dominam hoje todo o setor de tecnologia do planeta. O site de uma clínica, o software usado para gerenciar prontuários e todas as ferra-

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mentas citadas acima estão hospedados em uma das quatro empresas que formam o oligopólio das chamadas Cloud Computing Big Techs (Amazon, Google, Microsoft e Oracle). Elas já mostraram que podem retirar do ar até o presidente dos Estados Unidos. São elas que estão no controle e decidem quem fica e quem sai, com critérios políticos, ideológicos ou comerciais. Não é raro ouvir relatos de pessoas que criaram um canal no YouTube, alcançaram milhares de seguidores e foram bloqueadas sob a alegação de desrespeito às regras. Quem consegue transformar seu canal no YouTube na principal fonte de renda deve ficar atento às regras da plataforma, e, se possível, procurar outra forma de monetizar seu trabalho na internet. A medicina veterinária é área técnica e parece à margem de embates ideológicos, mas há um movimento de fusão de empresas em curso, e no futuro poucas empresas dominarão os nichos de mercado. No Brasil há duas grandes empresas de varejo de produtos para animais de companhia: Cobasi e Petz. Em 2020, a Petlove captou investimentos e, depois de comprar empresas de TI como a Vet Smart e a Vetus, anunciou a fusão com a DogHero (www.doghero.com. br), criando um canal de vendas direto com mais de 1,4 milhão de animais cadastrados. A VCA Animal Hospitals é outro exemplo dessa tendência. Com sede em Los Angeles, ela opera hoje mais de mil hospitais veterinários nos Estados Unidos e no Canadá. Em 2004, comprou a Sound Technologies, que fornece equipamentos de radiologia e ultrassom digital para hospitais veterinários. Em 2009, adquiriu a empresa de diagnóstico por imagem Eklin Medical Systems e, em 2014, a creche para cães Camp Bow Wow, com cerca de 140 franquias nos Estados Unidos. Em 2017, a Mars Inc., gigante da área de nutrição de pets, com marcas como Pedigree®, Royal Canin®, Whiskas® e Sheba®, comprou a VCA por US$ 9,1 bilhões. Em 2018 a VCA entrou oficialmente no Brasil ao adquirir 50% do Pet Care Hospital Veterinário 24h.

Sistemas descentralizados No final de 2020, um fato importante no mercado financeiro passou quase despercebido pelos médicos-veterinários: O Bitcoin bateu mais um recorde, sendo cotada a pouco mais de US$ 36.000,00, ou cerca de R$ 190.000,00. No início de janeiro a cotação subiria ainda mais. O Bitcoin é uma criptomoeda digitalizada, baseada na tecnologia Blockchain 1. Ele é descentralizado, ou seja, não há um servidor único centralizando as operações desse ativo. Sua existência não depende da vontade das grandes empresas de tecnologia e tampouco está sujeita a regulamentação de nenhum governo. É bom ficar atento às iniciativas baseadas em um modelo descentralizado. Quando uma única empresa tem acesso aos dados de tutores e de seus animais, além dos de médicos-veterinários, o poder de interferência nas regras de negócios é diretamente proporcional ao porte de sua base de dados. Os modelos centralizados de computação são similares aos oligopólios de empresas, nos quais algumas pessoas detêm o poder de alterar regras que afetam a vida de milhões de pessoas. Em contrapartida, os sistemas descentralizados são autônomos e podem transformar a maneira como as pessoas se relacionam e fazem negócios. Os eventos ocorridos em 2020 catalisaram muitas transformações, e talvez essa migração para sistemas descentralizados seja uma das mais importantes na área de TI. Referência

1-Investopedia – Blockchain Explained: https://www.investopedia.com/terms/b/blockchain.asp

Marcelo Sader Consultor em TI para o mercado veterinário NetVet Tecnologia para Veterinários www.netvet.com.br marcelo@netvet.com.br

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Gestão

Destino e crenças

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valor prático nesta crise planetária, trata-se de uma escolha nada trivial, pois está também na essência da busca pela espiritualidade. A espiritualidade é um conceito que pode ser interpretado de muitas maneiras. Num sentido mais geral, é aquilo que nos direciona à crença ou à fé voltada ao divino e às forças invisíveis que atuam nas nossas proteções e providências, permitindo-nos acreditar em uma sabedoria espiritual e levando-nos a praticar certos princípios universais como a eliminação de carmas por meio de purificações e méritos, o que nos é proporcionado ao servir com altruísmo, amor e bondade as pessoas ao nosso redor. Toda espiritualidade, quer seja mais formalizada ou brote apenas de um impulso interior quase instintivo, é caracterizada pela prática dos princípios universais focados em servir, apoiar, ajudar, evitando a postura de reclamar, culpar ou difamar os outros, buscando viver com satisfação, cuidando do meio ambiente, respeitando a natureza e os animais, enfim, buscando a felicidade que decorre de fazer o bem. As pessoas espiritualizadas estimulam as demais ao seu redor a serem úteis, a praticar o servir, a nutrir e valorizar sentimentos positivos,

Francesco83

Vamos falar mais uma vez do assunto do momento, a crise provocada pela Covid-19. Em uma breve análise dos afetados ou contaminados por ela, a primeira coisa que ressalta é que, embora as pessoas sejam infeccionadas pelo mesmo vírus, apresentam sintomas e níveis de agravamento que podem ser radicalmente diversos, indo de sintomas leves a casos graves, incluindo óbitos. A variação é determinada principalmente pelos níveis de imunidade de cada pessoa contaminada. E trata-se de uma variação decisiva, ou seja, enquanto uma alta imunidade traz apenas sintomas leves e despercebidos, a baixa imunidade leva a crises graves, que podem ser fatais. O que faz uma pessoa ter uma imunidade mais baixa? Não é preciso refletir muito para perceber que a baixa de imunidade está muito associada à tendência a ter insatisfações, ressentimentos, mágoas, críticas, julgamentos, ansiedades, negatividade e pessimismo. São sentimentos intensos e persistentes, que vão drenando a energia da pessoa num grau bem maior do que se imagina. Já as pessoas com alta imunidade caracterizam-se por ter sentimentos inversos, de gratidão, serenidade, humildade, positividade, otimismo, e por sempre oferecerem sorrisos ao mundo. Geralmente são pessoas mais espiritualizadas, mais atentas ao que acontece em seu interior, e que exatamente por isso têm melhores condições de perceber, analisar e cultivar sentimentos positivos, caracterizados pela riqueza de espírito e de coração. Isso nos mostra até que ponto é crucial procurar neste momento estar atento aos nossos sentimentos e às nossas escolhas, mudando pensamentos, sentimentos e atitudes e tornando-os mais positivos. Numa hora em que essas escolhas se mostram tão decisivas, essa atitude parece ser o meio mais efetivo para aumentar ou manter nossa imunidade. Além de seu alto

A atenção ao nosso interior permite fazer melhores escolhas e cultivar atitudes e sentimentos mais positivos, que têm grande papel na preservação da nossa imunidade

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Annette Shaff

Momentos de crise ressaltam a importância de adotar os princí­pios universais da espiritualidade, focados em servir, apoiar e buscar viver com satisfação, respeitando o meio ambiente, a natureza e os animais

e essas ações têm como resultado a melhora da qualidade dos próprios sentimentos, pensamentos, palavras, ações, hábitos, caráter e destinos. Quando não sentimos estímulo para procurar um aprimoramento pessoal e uma maior espiritualização e deixamos que a nossa crença se assente apenas no que acontece por meio da força e da sabedoria humanas, limitamos nos-

so poder de desenvolvimento, tanto no trabalho como em nossa vida, e os resultados que possamos obter tendem a ser apenas temporários. Em oposição, quando alinhamos as nossas forças humanas à crença de que existem sabedorias espirituais e forças ocultas e invisíveis de proteção e providências, obtemos uma força ilimitada no desenvolvimento do trabalho e da nossa vida, com resultados que às vezes até nos surpreendem, de tão extraordinários. A vida é feita de escolhas, e elas determinam nosso destino. Portanto, vale muito a pena parar um pouco e refletir sobre nossas escolhas e crenças. Afinal, trata-se de algo fundamental para determinar um destino melhor para a nossa vida e a daqueles que nos rodeiam. O momento atual é especialmente propício e oportuno para essa reflexão.

Celso Morishita Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com

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Vet agenda Acupuntura

Dermatologia

21 e 22 de maio

5 de março

8 a 10 de abril

Online

Palestra: Acupuntura na Reabilitação Hospitalar de Cães e Gatos https://bit.ly/302KgBS

Comdev 2021 – Congresso Medvep internacional de dermatologia veterinária https://bit.ly/35ozZBC

18 e 19 de junho

Online

3 e 4 de abril

Online

XI Congresso Brasileiro de Acupuntura Veterinária On-line https://bit.ly/3ky33hV

Anestesiologia

13 a 15 de maio

Online

Comdor 2021 – Congresso Medvep de Dor e Anestesiologia Veterinária encurtador.com.br/ntGSY

Animais Peçonhentos

Curitiba, PR

8 e 9 de outubro

Recife, PE

Dermato in Rio https://www.inrio.vet.br/vetsinrio2021

Dignóstico por imagem

14 de abril a 18 de julho

Online/Jaboticabal, SP

Curso de técnicas ultrassonográficas não convencionais em pequenos animais (doppler, ultrassonografia contrastada e elastografia) https://bit.ly/2K7LjMl

13 de maio

Ecologia

Online

2ª Turma de Introdução à Clínica de Aranhas e Escorpiões https://bit.ly/3b7xtoa

Aves

30 de abril a 2 de maio

Bertioga, SP

Curso Biologia e Conservação de Manguezais http://bit.ly/2MG2C8K

14 de março a 3 de abril

Online

I Workshop Online de Medicina em Aves https://bit.ly/3uHPKjB

Bem-estar animal

VIII Congresso brasileiro de biometeorologia, ambiência e bem-estar animal https://bit.ly/34cWGtv

Cardiologia

15 a 19 de março

Jaboticabal, SP

IV Curso básico de ecocardiografia em cães e gatos https://bit.ly/3878hLJ

Cinesioterapia

11 e 12 de setembro

São Paulo, SP

3º Curso Avançado de Cinesioterapia https://bit.ly/2K3q9z3

Cirurgia

13 e 14 de março

São Paulo, SP

Curso intensivo: Imersão em Cirurgia https://bit.ly/3kxT5gx

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Online

III Curso de hospitalização e terapia intensiva endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br 23 e 24 de julho

Online

II Curso de imagem no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br 13 e 14 de agosto, 17 e 18 de setembro

Online

VI Curso de endocrinologia clínica de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 14 e 15 de agosto

Jaboticabal, SP

III Curso obesidade perspectivas e desafios https://bit.ly/34dnmKv

30 de abril a 2 de maio

27 e 28 de agosto

Curso Biologia Marinha http://bit.ly/2NHslhD

I Curso de raciocínio clínico em nutrologia de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br

Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, SP

Endocrinologia

18 a 21 de julho

Jaboticabal, SP

III Curso de gastroenterologia em cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br

14 de março a 3 de abril

Online

I Workshop Online de Endocrinologia Veterinária https://bit.ly/2NOIbH2 19 e 20 de março

Online

Online

22 e 23 de outubro

Online

I Curso de cirurgia no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

Felinos

17 a 19 de março

Online

I Curso de patologia clínica no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

WebCat: Ciclo de Palestras em Medicina Felina encurtador.com.br/CGPZ6

27 e 28 de março

29 de maio a 1 de junho

Online

2° Workshop Internacional do Pesquisas Hormonais https://bit.ly/3e4Aibv

Fisioterapia

São Paulo, SP

14º Curso extensivo de fisioterapia veterinária https://bit.ly/34fe5S2

23 e 24 de abril

29 e 30 de maio e 11 junho

I Curso de hematologia no endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

31º Curso intensivo de fisioterapia veterinária https://bit.ly/3nnsLpK

Online

Online/São Paulo

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, março/abril, 2021


premierpet contato@premierpet.com.br


Vet agenda Medicina veterinária do coletivo

Feiras, Congressos & Simpósios

25 a 27 de maio de 2022

Maceió, AL

21 e 21 de maio

17 a 19 de março

41º Congresso Brasileiro da Anclivepa https://www.cbamaceio.com.br/

X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo https://www.institutomvc.org.br/

Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/

30 de junho a 2 de julho de 2022

Online

Necropsia cosmética

20 e 21 de março

Online

I Curso Teórico-Prático de Necropsia Cosmética https://bit.ly/3uIKNa2

Oncologia

5 a 7 de maio de 2022

Online

Comov – Congresso Medvep Internacional de Oncologia Veterinária encurtador.com.br/agiG7

Patologia clínica

16 a 19 de setembro

Online

COMPATOCLIN: Congresso Medvep Online de Patologia Clínica encurtador.com.br/bmES8

Reprodução

17 e 18 de abril

Jaboticabal, SP

6º Curso de obstetrícia, neonatologia e reprodução aplicada a prática clínica de pequenos animais https://bit.ly/2C1ghBt

Rio de Janeiro, RJ

13 a 15 de maio

Online

Comdor 2021 – Congresso Medvep de Dor e Anestesiologia Veterinária encurtador.com.br/ntGSY 13 a 15 de maio

Ribeirão Preto, SP

Congresso Internacional de Medicina e Saúde Integrativa – Área Humana e Veterinária https://www.cimsi.com.br 2 a 5 de junho

Patos, PB

XX Simpósio Paraibano de Medicina Veterinária https://bit.ly/2K3gxEs 20 e 21 de agosto

São Paulo, SP

Cat in Rio https://www.inrio.vet.br/catinrio2021 10 a 12 de novembro

São Paulo, SP

Veterinária Expo+Congress https://www.veterinariaexpo.com/ 17 a 19 de março de 2022

Rio de Janeiro, RJ

Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/

Bento Gonçalves, RS

Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 encurtador.com.br/jnBFW

Agenda internacional

16 e 17 de março

Nashville, EUA

VetForum USA https://bit.ly/2IRE0YI 7 a 9 de abril

Buenos Aires, Argentina

11º Congreso y Exposición para la Ciencia y Tecnologia Farmacéutica, Biotecnológica, Veterinaria y Cosmética https://www.etif.com.ar/es/ 16 a 19 de maio

Santiago de Surco, Peru

VIVE LA EXPERIENCIA – LAVC https://www.tlavc-peru.org/index.php 26 e 27 de maio

Dublin, Irlanda

2nd World Congress on Veterinary Medicine https://bit.ly/3acgDEA 22 a 24 de julho

Cartagena, Colômbia

Congreso VEPA Nacional 2021 https://www.facebook.com/vepa.col 6 a 9 de outubro

Illinois, EUA

Divulgue seu evento !!

2021 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a 14 a 16 de outubro

Kuching, Malásia

21st FAVA Congress 2021 https://www.favamember.org 20 a 22 de outubro

Mérida, México

AMMVEPE 2021 https://bit.ly/3p4vogX 25 a 27 de outubro

Sevilha, Espanha

https://vet-agenda.com/cadastro-de-eventos/ 98

Congress of the European Association of Veterinary Laboratory Diagnosticians https://eavld2020.org/

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 151, março/abril, 2021


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