VII Congresso Estadual Anclivepa Rio 2018

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Indexada no Web of Science - Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts

Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

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de 07 a 10 de abril

Phil Fox Cardiologia

Ann Hohenhausen Oncologia

Charlotte Lacroix Administração clinica

Eric García Marketing digital

Melinda Merck CSI animal

Deborah Stone Bem-estar Animal / Liderança Empresarial

Urs Giger Hematologia

Brook Niemiec Palestrante WSAVA Odontologia

Terry Curtis Etologia clínica

Tom Schubert Neurologia

Ross Palmer Cirurgia ortopédica

Natalia Vologzhanina Oftalmologia

Leann Kuebelbeck Cirurgia

Earl Gaughan Medicina interna

Isabelle Kilkoyne Emergências

Sharon Spier Medicina equina

Diego Calderón Gestão e Produção

Raúl Guerrero Segurança Alimentar

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Animais da Companhia, Administração e Marketing na Clínica Veterinária, Medicina em Ruminantes e Medicina em Cavalos.

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CARTA DO PRESIDENTE DO CONGRESSO

6, 7 e 8 de Novembro de 2018 LOCAL: Rio Centro. Barra da Tijuca

Rio de Janeiro - RJ

C

om grande satisfação temos a honra de informar a realização do VII Congresso Estadual da Anclivepa RJ em parceria com a RioVet Trade Show, feira nacional de negócios e entretenimento do Mercado Pet, que acontece de 6 a 8 de novembro de 2018, no Centro de convenções Riocentro, Rio de Janeiro.

A Associação Nacional de Clínicos Veterinários do Rio de Janeiro, tendo como Presidente o médico veterinário Rogério Mello de Souza Lobo, faz acontecer com o apoio de diversas entidades públicas e privadas, no sentido de organizar e promover um congresso que ofereça o que há de mais atual, contando com excelentes palestrantes, rico em ciência, cultura, associativismo e congraçamento, além de uma feira grandiosa, para grandes oportunidades de negócios. Além das atividades científicas, o VII Anclivepa Rio nos proporciona momentos inesquecíveis, com novas amizades, rever amigos, aprimorar nossas convicções associativas e mantendo o compromisso de estimular a evolução e o compartilhamento de experiências técnico-científica, propiciará a oportunidade de apresentação de estudos de casos e trabalhos científicos, dos participantes, e terá o professor doutor Carlos Wilson Gomes Lopes, MV, PhD, LD. DPA/IV/UFRRJ – bolsista CNPq, como Presidente da comissão científica. O Centro de Convenções e a Feira RioVet Trade Show será um diferencial, onde o Riocentro, oferta uma infraestrutura diferenciada, recebendo a todos os participantes de forma adequada e com ótima logística. A Comissão Executiva, aliada ao Grupo LK garantem o sucesso do evento, pensando cuidadosamente em todos os detalhes para que tenhamos um evento a altura de seus participantes. Esperamos todos na Riovet Trade Show 2018 e no VII Congresso Anclivepa Rio, sejam bem-vindos!

Paulo Daniel Sant Anna Leal, MV, MSC, DSCV Presidente do VII Congressso Estadual de Médicos Veterinários de Pequenos Animais

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Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Expediente

@ na internet Facebook http://fb.com/ClinicaVet

EDITORES / PUBLISHERS Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br

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Clínica Veterinária é uma re­vis­ta técnico-científica bi­mes­tral, di­ rigida aos clínicos vete­rinários de pe­que­nos animais, estudantes e pro­­fes­so­res de medicina veteri­ná­­ria, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são ne­­ces­sa­ria­men­te com­­­ parti­lha­das pe­los editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total res­­ ponsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodu­ção parcial ou to­tal do con­teúdo desta publicação sem a prévia au­to­ri­za­­ção da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.

Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018


Envio de artigos

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara.com.br) ou pelo site da revista (http://revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-de-artigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar­gura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali­za­das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re­da­ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom­pa­nha­das de identificação de propriedade e autor). Devem ser en­viadas também a identificação de cada um dos autores do trabalho (nome completo por extenso, CRMV, RG, CPF, endereço residencial com cep, tel­efones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí­tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser re­lacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as

referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Uti­li­zar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utili­zar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições an­te­riores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar in­for­mações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utili­za­do, cada capítulo deverá ser considerado uma referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http:// www.xxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado.

Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo, SP cvredacao@editoraguara.com.br

Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Consultores científicos

Adriano B. Carregaro

Arlei Marcili

Clarissa Niciporciukas

Felipe A. Ruiz Sueiro

Hélio Langoni

FZEA/USP-Pirassununga

FMVZ/USP-São Paulo

Anclivepa-SP

Vetpet

FMVZ/Unesp-Botucatu

Álan Gomes Pöppl

Aulus C. Carciofi

Cleber Oliveira Soares

Fernando C. Maiorino

Heloisa J. M. de Souza

FV/UFRGS

FCAV/Unesp-Jaboticabal

Embrapa

Fejal/CESMAC/FCBS

FMV/UFRRJ

Alberto Omar Fiordelisi

Aury Nunes de Moraes

Cristina Massoco

Fernando de Biasi

Herbert Lima Corrêa

FCV/UBA

UESC

Salles Gomes C. E.

DCV/CCA/UEL

Odontovet

Alceu Gaspar Raiser

Ayne Murata Hayashi

Daisy Pontes Netto

Fernando Ferreira

Iara Levino dos Santos

DCPA/CCR/UFSM

FMVZ/USP-São Paulo

FMV/UEL

FMVZ/USP-São Paulo

Koala H. A. e I. Dog Bakery

Alejandro Paludi

Beatriz Martiarena

Daniel C. de M. Müller

Filipe Dantas-Torres

Iaskara Saldanha

FCV/UBA

FCV/UBA

UFSM/URNERGS

CPAM

Lab. Badiglian

Alessandra M. Vargas

Benedicto W. De Martin

Daniel G. Ferro

Flávia R. R. Mazzo

Idael C. A. Santa Rosa

Endocrinovet

FMVZ/USP; IVI

Odontovet

Provet

UFLA

Alexandre Krause

Berenice A. Rodrigues

Daniel Macieira

Flavia Toledo

Ismar Moraes

FMV/UFSM

MV autônoma

FMV/UFF

Univ. Estácio de Sá

FMV/UFF

Alexandre G. T. Daniel

Camila I. Vannucchi

Denise T. Fantoni

Flavio Massone

Jairo Barreras

Universidade Metodista

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/Unesp-Botucatu

FioCruz

Alexandre L. Andrade

Carla Batista Lorigados

Dominguita L. Graça

Francisco E. S. Vilardo

James N. B. M. Andrade

CMV/Unesp-Aracatuba

FMU

FMV/UFSM

Criadouro Ilha dos Porcos

FMV/UTP

Alexander W. Biondo

Carla Holms

Edgar L. Sommer

Francisco J. Teixeira N.

Jane Megid

UFPR, UI/EUA

Anclivepa-SP

Provet

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/Unesp-Botucatu

Aline Machado Zoppa

Carlos Alexandre Pessoa

Edison L. P. Farias

F. Marlon C. Feijo

Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL

FMU/Cruzeiro do Sul

www.animalexotico.com.br

UFPR

Ufersa

Aline Souza

Carlos E. Ambrosio

Eduardo A. Tudury

Franz Naoki Yoshitoshi

Jean Carlos R. Silva

UFF

FZEA/USP-Pirassununga

DMV/UFRPE

Provet

UFRPE, IBMC-Triade

Aloysio M. F. Cerqueira

Carlos E. S. Goulart

Elba Lemos

Gabriela Pidal

João G. Padilha Filho

UFF

EMATER-DF

FioCruz-RJ

FCV/UBA

FCAV/Unesp-Jaboticabal

Ana Claudia Balda

Carlos Roberto Daleck

Eliana R. Matushima

Gabrielle Coelho Freitas

João Luiz H. Faccini

FMU, Hovet Pompéia

FCAV/Unesp-Jaboticabal

FMVZ/USP-São Paulo

UFFS-Realeza

UFRRJ

Ananda Müller Pereira

Carlos Mucha

Elisangela de Freitas

Geovanni D. Cassali

João Pedro A. Neto

Universidad Austral de Chile

IVAC-Argentina

FMVZ/Unesp-Botucatu

ICB/UFMG

UAM Jonathan Ferreira

Ana P. F. L. Bracarense

Cassio R. A. Ferrigno

Estela Molina

Geraldo M. da Costa

DCV/CCA/UEL

FMVZ/USP-São Paulo

FCV/UBA

DMV/UFLA

Odontovet

André Luis Selmi

Ceres Faraco

Fabian Minovich

Gerson Barreto Mourão

Jorge Guerrero

Anhembi/Morumbi e Unifran

FACCAT/RS

UJAM-Mendoza

Esalq/USP

Univ. da Pennsylvania

Angela Bacic de A. e Silva

César A. D. Pereira

Fabiano Montiani-Ferreira

Hannelore Fuchs

José de Alvarenga

FMU

UAM, UNG, UNISA

FMV/UFPR

Instituto PetSmile

FMVZ/USP

Antonio M. Guimarães

Christina Joselevitch

Fabiano Séllos Costa

Hector Daniel Herrera

Jose Fernando Ibañez

DMV/UFLA

FMVZ/USP-São Paulo

DMV/UFRPE

FCV/UBA

FALM/UENP

Aparecido A. Camacho

Cibele F. Carvalho

Fabio Otero Ascol

Hector Mario Gomez

José Luiz Laus

FCAV/Unesp-Jaboticabal

UNICSUL

IB/UFF

EMV/FERN/UAB

FCAV/Unesp-Jaboticabal

A. Nancy B. Mariana

Clair Motos de Oliveira

Fabricio Lorenzini

Hélio Autran de Moraes

José Ricardo Pachaly

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

FAMi

Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.

Unipar

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Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018


José Roberto Kfoury Jr.

Marcia M. Kogika

Michiko Sakate

Pedro Luiz Camargo

Rute C. A. de Souza

FMVZ/USP

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/Unesp-Botucatu

DCV/CCA/UEL

UFRPE/UAG

Juan Carlos Troiano

Marcio B. Castro

Miriam Siliane Batista

Rafael Almeida Fighera

Ruthnéa A. L. Muzzi

FCV/UBA

UNB

FMV/UEL

FMV/UFSM

DMV/UFLA

Juliana Brondani

Marcio Brunetto

Moacir S. de Lacerda

Rafael Costa Jorge

Sady Alexis C. Valdes

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/USP-Pirassununga

Uniube

Hovet Pompéia

Unipam-Patos de Minas

Juliana Werner

Marcio Dentello Lustoza

Monica Vicky Bahr Arias

Regina H. R. Ramadinha

Lab. Werner e Werner

Biogénesis-Bagó S. Animal

FMV/UEL

FMV/UFRRJ

Julio C. C. Veado

Márcio Garcia Ribeiro

Nadia Almosny

Renata A. Sermarini

FMVZ/UFMG

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMV/UFF

Esalq/USP

Julio Cesar de Freitas

Marco Antonio Gioso

Natália C. C. A. Fernandes

Renata Afonso Sobral

UEL

FMVZ/USP-São Paulo

Instituto Adolfo Lutz

Onco Cane Veterinária

Karin Werther

Marconi R. de Farias

Nayro X. Alencar

Renata Navarro Cassu

FCAV/Unesp-Jaboticabal

PUC-PR

FMV/UFF

Unoeste-Pres. Prudente

Leonardo D. da Costa

Maria Cecilia R. Luvizotto

Nei Moreira

Renée Laufer Amorim

Lab&Vet

CMV/Unesp-Araçatuba

CMV/UFPR

FMVZ/Unesp-Botucatu

Leonardo Pinto Brandão

M. Cristina F. N. S. Hage

Nelida Gomez

Ricardo Duarte

Ceva Saúde Animal

FMV/UFV

FCV/UBA

All Care Vet / FMU

Silvio Luis P. de Souza

Leucio Alves

Maria Cristina Nobre

Nilson R. Benites

Ricardo G. D’O. C. Vilani

FMVZ/USP, UAM

FMV/UFRPE

FMV/UFF

FMVZ/USP-São Paulo

UFPR

Simone Gonçalves

Luciana Torres

M. de Lourdes E. Faria

Nobuko Kasai

Ricardo S. Vasconcellos

Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna

Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco Unip/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vascon­cellos FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

VCA/Sepah

FMVZ/USP-São Paulo

CAV/Udesc

Lucy M. R. de Muniz

Maria Isabel M. Martins

Noeme Sousa Rocha

Rita de Cassia Garcia

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/Unesp-Botucatu

DCV/CCA/UEL

FMV/Unesp-Botucatu

FMV/UFPR

Tiago A. de Oliveira

Luiz Carlos Vulcano

M. Jaqueline Mamprim

Norma V. Labarthe

Rita de Cassia Meneses

UEPB

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMV/UFFe FioCruz

IV/UFRRJ

Tilde R. Froes Paiva

Luiz Henrique Machado

Maria Lúcia Z. Dagli

Patricia C. B. B. Braga

Rita Leal Paixão

FMV/UFPR

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-Leste

FMV/UFF

Marcello Otake Sato

Marion B. de Koivisto

Patrícia Mendes Pereira

Robson F. Giglio

FM/UFTO

CMV/Unesp-Araçatuba

DCV/CCA/UEL

H. Cães e Gatos; Unicsul

Marcelo Bahia Labruna

Marta Brito

Paulo Anselmo

Rodrigo Gonzalez

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

Zoo de Campinas

FMV/Anhembi-Morumbi

Marcelo de C. Pereira

Mary Marcondes

Paulo César Maiorka

Rodrigo Mannarino

FMVZ/USP-São Paulo

CMV/Unesp-Araçatuba

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/Unesp-Botucatu

Marcelo Faustino

Masao Iwasaki

Paulo Iamaguti

Rodrigo Teixeira

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/Unesp-Botucatu

Zoo de Sorocaba

Marcelo S. Gomes

Mauro J. Lahm Cardoso

Paulo S. Salzo

Ronaldo C. da Costa

Zoo SBC,SP

Falm/Uenp

Unimes, Uniban

CVM/Ohio State University

Unisa e Naya

Marcia Kahvegian

Mauro Lantzman

Paulo Sérgio M. Barros

Ronaldo G. Morato

Wagner S. Ushikoshi

FMVZ/USP-São Paulo

Psicologia PUC-SP

FMVZ/USP-São Paulo

CENAP/ICMBio

Unisa e Creupi

Márcia Marques Jericó

Michele A. F. A. Venturini

Pedro Germano

Rosângela de O. Alves

Zalmir S. Cubas

UAM e Unisa

Odontovet

FSP/USP

EV/UFG

Itaipu Binacional

Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco

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Índice Comentários sobre diarréia em filhotes: parvovirose canina e parasitos gastrintestinais...................................................10 Diagnóstico de hemangiossarcoma esplênico com metástase em coluna vertebral em cadela - Relato de caso.......................................................................................................................................................15 Diagnóstico de Tritrichomonas muris em hamster (Mesocricetus auratus) no município do Rio de Janeiro, RJ..........................................................................................................................................................21 Diagnóstico precoce de hemólise oxidativa em um cão – relato de caso...........................................................................25 Dioctophyma renale em um cão - relato de caso................................................................................................................30 Etiologia e progressão de cistomatose ceruminosa em felino Persa – relato de caso.......................................................35 Frequência das infecções pelos vírus da imunodeficiência felina e da leucemia felina em gatos domiciliados no Rio de Janeiro, RJ............................................................................................................39 Frequências dos tipos sanguíneos do sistema DEA em cães atendidos em Serviço de Saúde Veterinário no Rio de Janeiro, RJ, Brasil............................................................................................................44 Levantamento do perfil vacinal dos cães provenientes do estado do Rio de Janeiro através de questionário online............................................................................................................................................48 Ocorrência de parasitos intestinais em gatos errantes e domiciliados de Guapimirim, Rio de Janeiro.....................................................................................................................................................................51 Redução de Fratura cominutiva diafisária de tíbia de gato com fixador externo de kirschner por método minimamente invasivo – relato de caso...........................................................................................55 Reprodução assistida em cão portador de prostatite crônica.............................................................................................59 A importância da hematoscopia na confirmaçao diagnostica da anemia hemolítica..........................................................65 Alterações clínicas e hematológicas em gatos com infecção natural e progressiva pelo vírus da leucemia felina (FeLV)...................................................................................................................................66 Alterações hematológicas e bioquímicas em cadelas com neoplasia mamária.................................................................67 Análise microbiológica do sêmen de cão subfertil..............................................................................................................68 Anemia hemolítica imunomediada em cão com erliquiose – relato de caso ......................................................................69 Aspectos clínicos e laboratoriais de um canino com nanismo hipofisário congênito..........................................................70 Atresia retal em filhote de cão - desafios da correção cirúrgica..........................................................................................71 Avaliação da ação do LQB-118 sobre receptores nucleares de estrógeno em camundongos fêmeas..............................72 Avaliação de alterações laboratoriais em cães idosos para pesquisa de lesão renal.........................................................73 Avaliação do potencial antinociceptivo do lqb-118 em modelo murino...............................................................................74 Benefícios do método de avaliação do esfregaço de sangue capilar para diagnóstico de Mycoplasma spp.................................................................................................................................................................75 Cão da raça boxer, hermafrodita verdadeiro, com disturbio do desenvolvimento sexual dos cromossomos sexuais..................................................................................................................................................76 Carcinoma de células escamosas invasivo com origem em cavidade oral de cão – relato de caso..................................77 Colite ulcerativa macrofágica e plasmocitica difusa associada a E. coli multiresistente em cão – relato de caso.............78 Comparação de diferentes escalas para caracterização de via aérea difícil na intubação orotraqueal em cães braquicefálicos...................................................................................................................................79 Correção de colapso e estenose de narinas em gato persa – relato de caso....................................................................80 Correção de luxação coxofemoral por ancoramento ileofemoral em cão...........................................................................81 Correlação do rdw nas anemias regenerativas e arregenerativas em hemograma de cães .............................................82 Diagnóstico de Burkholderia cepacia em cão com broncopneumonia e traqueomalácia, Rio de Janeiro, Brasil – relato de caso ...............................................................................................................................83 Diagnóstico de leishmaniose visceral em cadela da raça poodle suspeita de linfoma – relato de caso .....................................................................................................................................................................84 Dirofilariose felina – relato de caso.....................................................................................................................................85 Doenças nos cães domésticos atendidos em serviço de saúde animal, Rio de Janeiro, Brasil e a toxoplasmose......................................................................................................................................................86 Epidemiologia da infecção pelos vírus da leucemia (FeLV) e imunodeficiência (FIV) em gatos do Planalto de Santa Catarina...................................................................................................................87 Esporotricose: atendimentos realizados na clínica médica do Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (IJV) no ano de 2017...............................................................................................................88 Estado reprodutivo de cães portadores da síndrome do braquicéfalo atendidos no Projeto Narizinho – UFF......................................................................................................................................................89 8

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Estudo das alterações comportamentais em pacientes geriátricos....................................................................................90 Frecuencia de carcinomas de células escamosas (ccs) en perros y gatos en la provincia La Habana en el periodo 2016-2017........................................................................................................................................91 Fumonisina em misturas de sementes comercializadas a granel e embalagens envasadas para alimentação de psitacídeos ........................................................................................................................................92 Hemangiossarcoma cutâneo em cães e gatos: estudo retrospectivo de 59 casos (2011-2018) .......................................93 Hiperparatireoidismo secundário a displasia renal congênita – relato de caso..................................................................94 Macrotrombocitopenia hereditária dos akitas – relato de caso...........................................................................................95 Manejo a longo prazo de placa eosinofílica felina – relato de caso ...................................................................................96 Melanoma oral disseminado em um cão com metástase cerebral.....................................................................................97 Nefroblastoma em canino da raça cane corso de oito meses de idade .............................................................................98 Osteomielite decorrente de infecção por Histoplasma capsulatum em um cão – relato de caso.......................................99 Percepção de tutores quanto aos sinais clínicos observados em cães braquicefálicos portadores de estenose de narinas....................................................................................................................................100 Piometra aberta causada por escherichia coli multirresistente – relato de caso...............................................................101 Pionefrose em um felino associada à infecção por edwardsiella tarda..............................................................................102 Pododermatite plasmocitária em um gato com infecção pelos vírus da leucemia (FeLV) e imunodeficiência felina (FIV)..............................................................................................................................................103 Prevalência de alterações anatômicas da síndrome braquicefálica em buldogues franceses atendidos no Projeto Narizinho – UFF...............................................................................................................104 Prevalência de alterações anatômicas da síndrome do cão braquicefálico em cães da raça pug atendidos no Projeto Narizinho - UFF.................................................................................................................105 Relato de caso: auxílio da rinoscopia como técnica diagnóstica da esporotricose nasal canina......................................106 Relato de caso: blefarite necrotizante marginal.................................................................................................................107 Tumor de bainha neural periférica em duodeno de cadela da raça bulldog francês – relato de caso...............................108 Uretrocistoscopia em cadela com estenose uretral por carcinoma de células transicionais – relato de caso...................109 Uretrocistoscopia no auxílio diagnóstico e terapêutico em pólipos de bexiga – relato de caso......................................... 110 Uso da técnica cirúrgica reconstrutiva Lip to lid em exérese de neoplasia palpebral........................................................ 111 Uso do afoxolaner no tratamento linxacariose felina – relato de caso............................................................................... 112 Uso do retalho de avanço em padrão sub-dérmico para correção de ferida cirúrgica em cão após exérese de mastocitoma em membro pélvico direito ................................................................................. 113 Viabilidade das diferentes escalas na determinação de via aérea difícil em intubação orotraqueal em cães braquicefálicos..................................................................................................................................................... 114

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Comentários sobre diarréia em filhotes: parvovirose canina e parasitos gastrintestinais Comments on diarrhea in puppies: canine parvovirus and gastrointestinal parasites Comentarios sobre diarrea en cachorros: parvovirosis canina y parásitos gastrointestinales LEAL, P. D. S. 1 ; CAMPOS, D. P. 2 ; LOPES, C. W. G. 3 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário, RJ. 3 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, UFRRJ. Bolsista CNPq.

Resumo: Doenças infectoparasitárias são frequentes em filhotes, com a principal mortalidade por parvovírus canino (CPV), vírus DNA de fita simples, sem envelope, pertencente ao gênero Parvovirus, família Parvoviridae. Dois tipos de CPV já foram identificados, CPV-1 causa problemas reprodutivos e diarreia; enquanto que, o CPV-2 é responsável por miocardite e gastrenterite hemorrágica em filhotes. O CPV-2 foi sendo substituído gradativamente na população canina por novas variantes antigênicas, ou biótipos, designados CPV-2a e CPV-2b e um terceiro biótipo, o CPV-2c, que causa surtos de enterite fatal em filhotes. Sinais clínicos como hiporexia, anorexia, vômitos, desidratação, hipertermia com temperatura acima de 39,5°C são observados. O diagnóstico é feito com base no histórico, epidemiologia e exames laboratoriais. O teste de ELISA pela sua praticidade e facilidade de manuseio pelo clínico é utilizado na rotina clínica e, constata a presença de antígenos ou anticorpos, o tratamento é de suporte e sintomático, os principais objetivos terapêuticos consistem na normalização do equilíbrio hídrico, eletrolítico, ácidobase e nutricional, controle do vômito e infecções secundárias. 13 filhotes com menos de 12 meses de idade foram atendidos no CTI Veterinário com diarreia, vômito e anorexia, foram utilizados para diagnóstico o teste de diagnóstico fecal disponível comercialmente (SNAP ® Parvovirus Canine Antigen Test kit da IDEXX Laboratories) e exame de fezes, o material fecal coletado foi dividido em duas alíquotas, uma parte foi examinada com a utilização da técnica de centrifugo-flutuação com solução saturada de sacarose e o exame direto com a diluição em solução salina a 0,9% de NaCl e coradas com lugol. As amostras positivas para coccídios tiveram a alíquota correspondente diluída em solução de K2Cr2O7 a 2,5% e, após esporulação dos oocistos, estes foram medidos com ocular micrométrica (µm) e fotografados em microscópio. A identificação das espécies Cystoisospora canis e Cystoisospora ohioensis foi de oito (61,53%) filhotes reativos para antígeno de parvovírus, dentre os positivos, um (12,5%) teve infecção concomitante de C. canis e Cyniclomyces guttulatus. Dos cinco filhotes negativos (38,46%) para pesquisa de antígeno de parvovirus, dois (40%) apresentavam parasitismo intestinal, um com dupla infecção constituída por Giardia intestinalis e C. canis e outro com mono infecção por C. ohioensis. Em três dos filhotes (23,07%) não foram observados parasitismo gastrintestinais e antígeno para parvovirus. Em filhotes que apresentem sinais clínicos gastrintestinais devem ser testados para parvovirus canino e proceder a exame coproparasitológico, com o objetivo de diagnóstico diferencial e tratamento efetivo, pois as referidas enfermidades necessitam de manejos e tratamentos específicos. Unitermos: parvovirose, Giardia intestinalis, Cystoisospora spp., Cyniclomyces guttulatus Abstract: Infect-parasitic diseases are frequent in pups with the main canine parvovirus (CPV) mortality, single stranded DNA virus, without envelope, belonging to the genus Parvovirus, family Parvoviridae. Two types of CPV have already been identified, CPV-1 causes reproductive problems and diarrhea; whereas, CPV-2 is responsible for myocarditis and hemorrhagic gastroenteritis in pups. CPV-2 was gradually replaced in the canine population by new antigenic variants, or biotypes, called CPV-2a and CPV-2b and a third biotype, CPV-2c, which causes outbreaks of fatal enteritis in puppies. Clinical signs such as hyporexia, anorexia, vomiting, dehydration, hyperthermia with 10

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temperature above 39.5 ° C are observed. The diagnosis is made based on history, epidemiology and laboratory tests. The ELISA test, due to its practicality and ease of use by the clinician and it is used in the clinical routine and detects the presence of antigens or antibodies, the treatment is supportive and symptomatic, the main therapeutic objectives consist in the normalization of fluid, electrolyte, acid- nutritional, and control of vomiting and secondary infections. 13 pups less than 12 months of age were treated at the Veterinary Clinic with diarrhea; vomiting and anorexia, the commercially available fecal diagnosis test (SNAP ® Parvovirus Canine Antigen Test kit from IDEXX Laboratories) and fecal examination were used for diagnosis. The fecal material collected was divided into two aliquots, one part was examined using the centrifugal-flotation technique with saturated sucrose solution and the direct examination with dilution in 0.9% NaCl saline solution and stained with lugol. The coccidia-positive samples had the corresponding aliquot diluted in 2.5% K2Cr2O 7 solution and, after sporulation of oocysts; they were measured with micrometer eyepieces (µm) and photographed under a microscope. The identification of the Cystoisospora canis and Cystoisospora ohioensis species was eight (61.53%) parvovirus antigen reactive pups, one of which (12.5%) had concomitant infection with C. canis and Cyniclomyces guttulatus. Of the five negative pups (38.46%) for parvovirus antigen research, two (40%) had intestinal parasitism, one with a double infection consisting of Giardia intestinalis and C. canis and another with C. ohioensis infection. Three pups (23.07%) were not observed gastrointestinal parasitism and parvovirus antigen. In puppies that present gastrointestinal clinical signs should be tested for canine parvovirus and a parasitological examination should be carried out with the objective of differential diagnosis and effective treatment, since these diseases require specific treatments and treatments. Keywords: diarrhea, parvovirose, Giardia intestinalis, Cystoisospora spp., Cyniclomyces guttulatus Resumen: Enfermedades infectoparasitárias son frecuentes en los cachorros con la principal mortalidad por parvovirus canino (CPV), virus de ADN de cinta simple, sin sobre, perteneciente al género Parvovirus, familia Parvoviridae. Dos tipos de CPV ya se han identificado, CPV-1 causa problemas reproductivos y diarrea; mientras que el CPV-2 es responsable de miocarditis y gastroenteritis hemorrágica en los cachorros. El CPV-2 fue reemplazado gradualmente en la población canina por nuevas variantes antigénicas, o biotipos, designados CPV-2a y CPV-2b y un tercer biotipo, el CPV-2c, que causa brotes de enteritis fatal en cachorros. Signos clínicos como la hiporexia, la anorexia, los vómitos, la deshidratación, la hipertermia con una temperatura superior a 39,5 ° C se observan. El diagnóstico se realiza con base en el historial, epidemiología y exámenes de laboratorio. La prueba de ELISA por su practicidad y facilidad de manejo por el clínico se utiliza en la rutina clínica y constata la presencia de antígenos o anticuerpos, el tratamiento es de soporte y sintomático, los principales objetivos terapéuticos consisten en la normalización del equilibrio hidrico, electrolítico, ácido- base y nutricional, control del vómito e infecciones secundarias. En el CTI Veterinario con diarrea, vómito y anorexia, se utilizaron para diagnóstico la prueba de diagnóstico fecal disponible comercialmente (SNAP ® Parvovirus Canine Antigen Test kit de IDEXX Laboratories) y examen de heces, el material fecal recogido fue dividido en dos alícuotas, una parte fue examinada con la utilización de la técnica de centrifugadoflotación con solución saturada de sacarosa y el examen directo con la dilución en solución salina al 0,9% de NaCl y coloreadas con lugol. Las muestras positivas para coccidios, tuvieron la alícuota correspondiente diluida en solución de K2Cr2O7 a 2,5% y, después de la esporulación de los ooquistes, estos fueron medidos con ocular micrométrico y fotografiados en microscopio. La identificación de las especies Cystoisospora canis y Cystoisaspora ohioensis fue de ocho (61,53%) de los cachorros reactivos para antígeno de parvovirus, entre los positivos, uno (12,5%) tuvo una infección concomitante de C. canis y Cyniclomyces guttulatus. De los cinco cachorros negativos (38,46%) para investigación de antígeno de parvovirus, dos (40%) presentaban parasitismo intestinal, uno con doble infección constituida por Giardia intestinalis y C. canis y otro con mono infección por C. ohioensis. Tres cachorros (23,07%) no se observaron parasitismo gastrointestinal y antígeno para parvovirus. En los cachorros que presenten signos clínicos gastrointestinales deben ser probados para parvovirus canino y proceder a tomar coproparasitológico, con el objetivo de diagnóstico diferencial y tratamiento efectivo, pues las referidas enfermedades necesitan de manejos y tratamientos específicos. Palabras clave: Giardia intestinalis, Cystoisaspora spp., Cyniclomyces guttulatus. Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Introdução Diversas patologias acometem os cães, principalmente os cães jovens, deve-se ter atenção no histórico, na epidemiologia, nas afecções que são possíveis de acometer a faixa etária, assim como as raças, sendo os exames para os diagnósticos baseado nas manifestações clínicas das enfermidades, inclusive concomitantemente, o que exige múltiplos diagnósticos e métodos 1,2,3. As principais causas de morte em filhotes são as doenças infectoparasitárias, principalmente parvovirose, cinomose e parasitos gastrintestinais 1,2,3,4. Várias espécies já foram assinaladas parasitando cães, tendo o sinal gastrintestinal, principalmente a diarreia como a mais frequente manifestação clínica, os mais comuns são: Ancylostoma caninum, Cystoisospora canis, Cystoisospora ohioensis, Giardia intestinalis, Toxocara canis, Trichuris vulpis, Dipylidium caninum, Taenia spp., Sarcocystis spp., Capillaria spp., Cyniclomyces guttulatus, Entamoeba sp., Pentatrichomonas hominis 1,4,5,6,7,8,9, principalmente nos animais com até seis meses de idade e a frequência decresce com o aumento da idade 1,3,4. Os sinais clínicos são tipicamente associados ao trato gastrointestinal, com diarreia, vômitos, desconforto abdominal, em casos graves, obstrução intestinal e crescimento retardado 6,7. A principal mortalidade é por parvovírus canino (CPV), vírus DNA de fita simples, sem envelope, pertencente ao gênero Parvovirus, família Parvoviridae. Dois tipos de CPV já foram identificados, CPV-1 causa problemas reprodutivos e diarreia; enquanto que, o CPV-2 é responsável por miocardite e gastrenterite hemorrágica em filhotes. O CPV-2 foi sendo substituído gradativamente na população canina por novas variantes antigênicas, ou biótipos, designados CPV-2a e CPV-2b e um terceiro biótipo, o CPV2c, que causa surtos de enterite fatal em filhotes. Sintomas como hiporexia, anorexia, vômitos, desidratação, hipertermia com temperatura acima de 39,5°C são observados 2,3,5,6,8,10. O diagnóstico é feito com base no histórico, epidemiologia e exames laboratoriais. O teste de ELISA pela sua praticidade e facilidade de manuseio pelo clínico é utilizado na 12

rotina clínica e constata a presença de antígenos ou anticorpos, o tratamento é de suporte e sintomático, os principais objetivos terapêuticos consistem na normalização do equilíbrio hídrico, eletrolítico, ácido-base e nutricional, controle do vômito e infecções secundárias 2,3,6,7,8,10. Material e métodos Um total de 13 filhotes com menos de 12 meses de idade foram atendidos no CTI Veterinário com diarreia, vômito e anorexia. Todos os animais foram testados para a presença de antígeno do parvovírus, através do teste de diagnóstico fecal disponível comercialmente (SNAP® Parvovirus Canine Antigen Test kit da IDEXX Laboratories) conforme orientação do fabricante e amostra de fezes foram coletadas e dividida em três alíquotas, foi examinada com a utilização da técnica de centrifugo-flutuação com solução saturada de sacarose, exame direto com a diluição em solução salina a 0,9% de NaCl e coradas com lugol. As amostras positivas para coccídios tiveram a alíquota correspondente diluída

Figura 1: Diarreia em filhotes. (a) – Ooocistos de Cystoisospora canis ( ) e cistos de Giardia intestinalis ( ). Obj. 20X; (b) - Oocistos de C. canis ( ) e Cyniclomyces guttulatus ( ) Obj. 40X; (c) - Cisto de G. intestinais ( ) Obj. 20X; (d) - Oocisto de Cystoisospora ohioensis ( ). Obj. 40X. Solução saturada de sacarose.

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em solução de K2Cr2O7 a 2,5% e, após esporulação dos oocistos, estes foram medidos (µm) com ocular micrométrica, fotografados em microscópio e classificados conforme morfologia e mensuração dos oocistos e esporocistos, onde a identificação das espécies C. canis e C. ohioensis foi de acordo com a literatura 1. Resultados e discussão A identificação das espécies C. canis e C. ohioensis ocorreu em oito (61,53%) filhotes reativos para antígeno de parvovírus. A maior ocorrência da coccidiose é explicada pelo poder de dispersão no ambiente e exacerbação pelos efeitos imunossupressores das infecções concomitantes com o parvovirus. A cistoisosporose infecta cães jovens e submetidos a estresse, condição que leva a incompetência do sistema imunológico e exacerbação dos sinais clínicos intestinais como diarréia pastosa, líquidas e fétidas, compatíveis com esta protozoose 1,2,4,6,8,9,10 . Apesar de se manifestar com moderada patogenicidade em animais jovens, com menos de seis meses de idade, podem ser predisponentes a doenças virais, que possuem tropismo pelo epitélio intestinal, respiratório e sistema nervoso. Oocistos de Cystoisospra spp. são diagnosticados com frequência em cães com sinais clínicos gastrintestinais 1,2,6,9,10. Dentre os positivos, um (12,5%) teve infecção concomitante de C. canis e C. guttulatus (Figura 1b). Dos cinco filhotes negativos (38,46%) para pesquisa de antígeno de parvovirus, dois (40%) apresentavam parasitismo intestinal, um com dupla infecção constituída por Giardia intestinalis (Figura 1a) e C. canis e outro com mono infecção por C. ohioensis (Figura 1b). Três filhotes (23,07%) não foram observados parasitismo gastrintestinal e antígeno para parvovirus. Os resultados observados confirmam que Infecções parasitárias são oportunistas e podem ocorrer de forma concomitantemente exacerbando os sinais clínicos e piorando a condição clínica do paciente 1,2,6,7. A parvovirose em associação com a cistoisosporose é mais observada e repete o resultado de outros estudos 1,4,8. O vírus da parvovirose é responsável pela gravidade dos sinais gastrintestinais

em filhotes e devem ser incluído nos testes de diagnóstico adotados para sinais gastrintestinais, além de se proceder exame coproparasitológico, com o objetivo de diagnóstico diferencial e tratamento efetivo, pois as referidas enfermidades necessitam de manejos e tratamentos específicos, e agindo de forma concomitante exacerbam dos sinais clínicos e piora do prognóstico 1,4,6,8,9,11. Conclusão Sinais gastrintestinais em filhotes com até 12 meses de idade devem ser diagnosticados com a utilização de múltiplos métodos de diagnóstico, com a pesquisa de vários agentes etiológicos que quando presente, através da associação patogênica exacerbam os sinais clínicos e são fatores de riscos para um pior prognóstico. Referências 1-LEAL, P. D. S. ; PONTES, P. R. ; FLAUSINO, W. ; LOPES C. W. G. Diagnóstico de infecções concomitantes por Cystoisospora ohioensis e o vírus da cinomose - Relato de dois casos, Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 34, n. 3, p. 47-51, 2012. 2-HEADLEY, S. A. ; OLIVEIRA, T. E. ; PEREIRA, A. H. ; MOREIRA, J. R. ; MICHELAZZO, M. M. ; PIRES, B. G. ; ALFIERI, A. A. Canine morbillivirus (canine distemper virus) with concomitant canine adenovirus, canine parvovirus-2, and Neospora caninum in puppies: a retrospective immunohistochemical study. Scientific Reports, v. 8, n. 1, #13477, 2018. 3-KIM, H. H. ; YANG, D. K. ; SEO, B. H. ; CHO, I. S. Serosurvey of rabies virus, canine distemper virus, parvovirus, and influenza virus in military working dogs in Korea. Journal of Veterinary Medical Science, v. 80, n. 9, p. 1424-1430, 2018. 4-LEAL, P. D. S. ; MORAES, M. I. M. R. ; BARBOSA, L. L. O. ; FIGUEIREDO, L. P. ; LIMA, E. S. S. ; LOPES, C. W. G. Parasitos gastrintestinais em cães domiciliados atendidos em serviço de saúde animal, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 7, supl.1, p. 37-44, 2015.

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5-NIJSSE, R. ; MUGHINI-GRAS, L. ; WAGENAAR, J. A. ; PLOEGER, H. W. Recurrent patent infections with Toxocara canis in household dogs older than six months: a prospective study. Parasites & Vectors, v. 9, n. 1, p. 531, 2016 6-BOWMAN, D. D. Helminths. In: Bowman D. D. (ed) Georgis’ Parasitology for veterinarians. 9th ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2009. p. 179184, 201-207. 7-GREENE, C. E. Infectious Diseases of the Dog and Cat-E-Book. London: W.B. Saunders\ Elsevier Science. 2013. 1383p. 8-GAGNON, C. A. ; ALLARD, V. ; CLOUTIER, G. Canine parvovirus type 2b is the most prevalent genomic variant strain found in parvovirus antigen positive diarrheic dog feces samples across Canada. Canadian Veterinary Journal, v. 57, n. 1, p. 29-31, 2016. 9-FLAUSINO, G. ; LEAL, P. D. S. ; MCINTOSH,

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D. ; AMARAL, L. G. ; TEIXEIRA FILHO, W. L. ; FLAUSINO, W. ; LOPES, C. W. G. Isolation and characterization of Cyniclomyces guttulatus (Robin) Van Der Walt and Scott, 1971 in dogs in Brazil. Current Microbiology, v. 65, n. 5, p. 542546, 2012. 10-GRELLET, A. ; CHASTANT-MAILLARD, S. ; ROBIN, C. ; FEUGIER, A. ; BOOGAERTS, C. ; BOUCRAUT-BARALON, C.; POLACK, B. Risk factors of weaning diarrhea in puppies housed in breeding kennels. Preventive Veterinary Medicine, v. 117, n. 1, p. 260-265, 2014. 11-YU, Z. ; RUAN, Y. ; ZHOU, M. ; CHEN, S. ; ZHANG, Y. ; WANG, L. ; YU, Y. Prevalence of intestinal parasites in companion dogs with diarrhea in Beijing, China, and genetic characteristics of Giardia and Cryptosporidium species. Parasitology Research, v. 117, n. 1, p. 35-43, 2018.

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Diagnóstico de hemangiossarcoma esplênico com metástase em coluna vertebral em cadela - Relato de caso Diagnosis of splenic hemangiosarcoma with spinal cord metastasis in bitch - Case report Diagnóstico de hemangiosarcoma esplénico con metástasis en columna vertebral en perra - Relato de caso LEAL , P. D. S. 1 ; CAMPOS, D. P. 2 ; SCHAMALL, R. F. 3 ; ALMEIDA, E. C. P. 4 ; LOPES, C. W. G. 5 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário. 3 - Médico-veterinário, MSc, Clínica Veterinária Petrópolis. 4 - Médica-veterinaria, DSc. FCB, ISNF, UFF. 5 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, IV, UFRRJ.

Resumo: Em cães adultos, as causas de doenças, inclusive com mortes, mais importantes são as neoplasias, Os principais tumores em vísceras parenquimatosas se apresentam na forma de carcinomas e sarcomas (hemangiossarcomas), principalmente em baço e acometem principalmente cães idosos. Relata-se um caso de hemangiossarcoma esplênico com metástase em coluna vertebral em uma cadela, da raça Buldogue Americano, de 12 anos de idade, atendida no CTI Veterinário, Rio de Janeiro. Exame ultrassonográfico mostrou baço em topografia habitual, com dimensões moderadamente aumentadas, visualizada estrutura arredondada, hipoecogênica de contornos pobremente definidos, em corpo esplênico, medindo aproximadamente 0,51cm. Foi realizada punção do nódulo esplênico, com agulha fina, após coloração pelo Panóptico Rápido, foi observado tecido esplênico apresentando proliferação de células neoplásicas, concluindo por hemangiossarcoma esplênico, indicando a esplenectomia total. Quinze dias após esplenectomia, paciente apresentou sinais neurológicos, com paraplegia súbita. Tomografia computadorizada mostrou formação expansiva extramedular, entre T3 e T6, com compressão medular neste segmento. Paciente indicado para a cirurgia de remoção do tumor e exame histopatológico, onde foi classificado como hemangiossarcoma. Comprova-se a necessidade de exames regulares Check up em animais sadios e a eficiência dos métodos diagnósticos nas neoplasias, com a necessidade de se esgotar todas as técnicas de diagnóstico e manejo clínico cirúrgico; importância da realização da citologia e histopatologia, através da biópsia para classificação das neoplasias, descrevendo uma manifestação tumoral incomum de metástase de hemangiossarcoma em segmento de coluna torácica. Unitermos: tumor, sarcoma, cães Abstract: The main tumors in parenchymal viscera present in the form of carcinomas and sarcomas (hemangiosarcomas), mainly in spleen and mainly affect elderly dogs. In adult dogs, the most important causes of diseases, including deaths, are neoplasias. We report a case of splenic hemangiosarcoma with spinal metastasis in a 12-year-old American Bulldog breed at the Veterinary Clinic in Rio de Janeiro. Ultrasonographic examination revealed a spleen in the usual topography, with moderately enlarged dimensions, visualized a rounded, hypoechoic structure with poorly defined contours in the splenic body, measuring approximately 0.51cm. The splenic nodule was punctured with a fine needle, after staining by the Panopticon Rapid, splenic tissue was observed presenting proliferation of neoplastic cells, concluding by splenic hemangiosarcoma, Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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indicating total splenectomy. Fifteen days after splenectomy, patient presented neurological signs, with sudden paraplegia. Computed tomography showed extramedullary expansive formation, between T3 and T6, with spinal compression in this segment. Patient indicated for surgery of tumor removal and histopathological examination, where he was classified as hemangiosarcoma. It is verified the need for regular check-ups in healthy animals and the efficiency of diagnostic methods in neoplasias, with the need to exhaust all diagnostic techniques and surgical clinical management; importance of performing cytology and histopathology through biopsy to classify neoplasms, describing an unusual tumor manifestation of hemangiosarcoma metastasis in the thoracic spine segment. Keywords: tumor, sarcoma, dogs Resumen: En los perros adultos, las causas de enfermedades, incluso con muertes, más importantes son las neoplasias, Los principales tumores en vísceras parenquimatosas se presentan en la forma de carcinomas y sarcomas (hemangiosarcomas), principalmente en bazo y acomete principalmente perros ancianos. Se relata un caso de hemangiossarcoma esplénico con metástasis en columna vertebral en una perra, de la raza Bulldog Americano, de 12 años de edad, atendida en el CTI Veterinario, Río de Janeiro. El examen ultrasonográfico mostró bazo en topografía habitual, con dimensiones moderadamente aumentadas, visualizada estructura redondeada, hipoecogénica de contornos pobremente definidos, en cuerpo esplénico, midiendo aproximadamente 0,51 cm. Se realizó punción del nódulo esplénico, con aguja fina, después de coloración por el Panóptico Rápido, se observó tejido esplénico presentando proliferación de células neoplásicas, concluyendo por hemangiossarcoma esplénico, indicando la esplenectomía total. Quince días después de la esplenectomía, el paciente presentó signos neurológicos, con paraplejia súbita. La tomografía computarizada mostró una formación expansiva extramedular, entre T3 y T6, con compresión medular en este segmento. Paciente indicado para la cirugía de remoción del tumor y examen histopatológico, donde fue clasificado como hemangiosarcoma. Se comprobó la necesidad de exámenes regulares Check up en animales sanos y la eficiencia de los métodos diagnósticos en las neoplasias, con la necesidad de agotar todas las técnicas de diagnóstico y manejo clínico quirúrgico; la importancia de la realización de la citología e histopatología, a través de la biopsia para clasificación de las neoplasias, describiendo una manifestación tumoral inusual de metástasis de hemangiosarcoma en segmento de columna torácica. Palabras clave: tumor, sarcoma, perros.

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Introdução Em cães adultos, as causas de doenças, inclusive com mortes, mais importantes são doenças infectoparasitárias, neoplasias, principalmente tumores mamários, linfoma, tumores hepáticos, esplênicos e cerebrais, com maior frequência os linfomas, mastocitomas, linfossarcoma, carcinoma e meningioma, sendo esta última limitada ao SNC, com predomínio das manifestações a partir dos cinco anos 1. Os principais tumores em vísceras parenquimatosas são os sarcomas (hemangiossarcomas), principalmente em baço 2,3. Pelo menos 1/3 de cães idosos sem manifestação clínica apresentam imagem ultrassonográfica sugestiva de neoplasia 4,5. A forma de diagnóstico definitivo é através da citologia, seguido da histopatologia e histoquímica, com variados métodos de coloração, o que permite o diagnóstico específico, porém o método de Wright é o método de coloração mais eficiente 4,5. A técnica bastante utilizada na clínica é a punção aspirativa com agulha fina, permite obtenção de amostras para o diagnóstico, porém a histopatologia possui uma maior eficácia, além disso, deve-se ter atenção ao tipo de neoplasia e localização 6,7. Além dos exames específicos, exames de imagem são fundamentais para um auxilio no diagnóstico e prognóstico, radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética inclusive como método auxiliar na escolha do tratamento, onde se evidenciam as estruturas acometidas, e a escolha pela cirurgia associado ou não a quimioterapia 5,8,9. Relata-se um caso de hemangiossarcoma esplênico com metástase incomum em coluna vertebral; comprova-se a eficiência dos métodos diagnósticos nas neoplasias primárias e metastáticas; a necessidade de se esgotar todas as técnicas diagnósticas e manejo clínico cirúrgico e a importância da realização de biópsia para classificação das neoplasias. Histórico Uma cadela, da raça Buldogue Americano, de 12 anos de idade, ovariohistectomizada, peso corporal de 42 Kg, foi atendida no CTI Veterinário, no Rio

de Janeiro, para avaliação de rotina, sem alteração clínica. O motivo para a procura do serviço veterinário foi exames de rotina. Ao exame clínico estava sem alterações, com pelos brilhantes e sedosos, sem lesões de pele, mucosas normocoradas, ausculta cardiorrespiratória sem alteração, linfonodos normais a palpação. Foram coletadas amostra de sangue da veia jugular direita, os resultados encontrados nos exames hematológicos foram: normovolemia, número de leucócitos dentro da normalidade, albumina normal e hiperglobulinemia 9 . Ao exame ultrassonográfico mostrou baço em topografia habitual, com dimensões moderadamente aumentadas, visualizada estrutura arredondada, hipoecogênica de contornos pobremente definidos, em corpo esplênico, medindo aproximadamente 0,51cm e ecotextura sem evidências de alterações sonográficas. Foi realizada laparotomia exploratória, com punção do nódulo esplênico, com agulha fina 10. Após coloração pelo Panóptico Rápido, foi observado tecido esplênico apresentando proliferação de células neoplásicas fusiformes, por vezes poliédricas, ora formando estruturas vasculares dilatadas e outras císticas contendo hemácias no interior, ora com áreas sólidas. Estas células apresentavam moderado pleomorfismo, núcleo ovalado e vesicular, cromatina periférica, nucléolo ora único, ora múltiplos conforme histopatologia do nódulo retirado (Figura 1). Havia alguns folículos de Malpighi, megacariócitos, áreas hemorrágicas e outras em necrose, concluindo por hemangiossarcoma esplênico, indicando a esplenectomia total. Quinze dias após esplenectomia, paciente apresentou sinais neurológicos, com paraplegia súbita. Sendo assim, foi indicado a tomografia computadorizada de coluna torácica, que mostrou formação expansiva extramedular, entre T3 e T6, com maior volume no lado direito, mas chegando a envolver a maior parte do cordão medular, numa extensão de cerca de 5,7 cm, com compressão medular neste segmento. Paciente indicado para a cirurgia de remoção do tumor e exame histopatológico, onde foi classificado como hemangiossarcoma conforme descrição histopatológica (Figura 2).

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Figura 1: Fotomicrografia de hemangiossarcoma no baço de cadela. A - D proliferação de células neoplásticas fusiformes, por vezes poliédricas, ora formando estruturas vasculares dilatadas e outras cisticas(*) contendo hemácias no interior, ora com áreas sólidas. Estas células apresentavam moderado pleomorfismo, núcleo ovalado e vesicular, cromatina periférica, núcleo ora único, ora múltiplos. A - Obj 4X; B - Obj 10X; C - Obj 20X; D - Obj 40X. Hematoxilina e Eosina.

Discussão Cães adultos e geriátricos possuem maior chance de desenvolverem neoplasias, e o presente relato, mostrou uma cadela com 12 anos, com hemangiossarcoma esplênico e espinhal metastático, concordando que estes tumores predominam no sexo feminino e em caninos após cinco anos de idade, apresentando a importância da idade como fator de risco e a região toracolombar como a mais afetada pelas metastases 1,2,3. Hemangiossarcomas acometem principalmente o baço e principalmente cães idosos das raças Pastores Alemães e Boxer, porém, Buldogue Americano é braquiocefálico como o Boxer e possuía mais de 10 anos 4,5, estes tumores possuem produção de metástase em SNC 2,3 e coluna vertebral com sinais de mielopatia 9, como no presente relato. Esses pacientes acima de 5 anos devem receber uma avaliação de rotina, com a utilização do exame de imagem, a ultrassonografia é método seguro, não invasivo, e confiável na apresentação de alterações estruturais em vísceras parenquimatosas, porém, 18

Figura 2: Fotomicrografia de hemaNgiossarcoma em canal medular de coluna veterbral de cadela, A - D: proliferação de células neoplásticas, pleomórficas, fusiformes e poliédricas, apresentando citoplasma indistinto, núcleo ovalado a alongado, cromatina dispensa, nucléolo ora único, ora múltiplos. Estavam dispostos em feixes, por vezes formando estruturas semelhantes a vasos com hemácias e focos de neutrófilos. Entre as células neoplásticas havia goticulas em imagem negativa de gordura(A). A - Obj 10X; B e C - Obj 20X; D - Obj 40X. Hematoxilina e Eosina.

com limitações em diferenciar doenças neoplásicas esplênicas, entre malignas e benigna, onde a diferenciação entre hemangiossarcoma esplênico e hematoma não acontecem, indicando a necessidade do diagnóstico correto 11-15, conforme conduta adotada no presente relato, mostrando a necessidade de alternativas para o diagnóstico, como a aspiração guiada por ultrassom destas lesões esplênicas, ferramenta minimamente invasiva para a obtenção de amostras, para a avaliação citológica, embora os diagnósticos citológicos geralmente reflitam resultados histológicos, desde que a amostragem permita um estudo da arquitetura tecidual para distinguir entre condições reativas e neoplásicas, o diagnóstico preciso com aspiração com agulha fina pode não ser possível, mostrando a necessidade de biopsia incisional em procedimento transcirúrgico 7,10 . Hemangiossarcoma pode acometer através de metástases nos músculos esqueléticos, globo

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ocular e diversos outros órgãos ou, o envolvimento multivisceral. As metástases devem ser consideradas como diagnóstico diferencial em cães e a confirmação com base no exame histopatológico 5,8 . Esses pacientes devem receber atenção clínica e um acompanhamento através de exames de imagem, radiografias torácicas, pois estas identificam com precisão dez entre 12 cães (83%) com metástases pulmonares, o que não ocorreu no presente relato 1215 . Hemangiossarcoma extradural primário em coluna vertebral já foi assinalado, com apresentação clínica semelhante ao presente relato e obedecem ao mesmo diagnóstico terapêutico9. O tratamento cirúrgico varia em função da localização em relação à medula espinhal, o tipo de neoplasia, gravidade do quadro clínico, sinais, e possibilidade de remoção junto com margem sem causar instabilidade espinhal. Em cães com distúrbios da coluna vertebral, o profissional deve suspeitar de câncer, especialmente quando houver histórico de excisão de neoplasias em outros sistemas, como relatado no presente caso 3,10,14. Conclusão A necessidade de exames de rotina-Check up, em animais sadios com o objetivo de diagnóstico precoce de neoplasias, antes de produção de metástase. Comprova-se que a eficiência de métodos diagnósticos nas neoplasias primárias e metastáticas se torna importante com a finalidade de se esgotar todas as técnicas de diagnóstico e, manejo clínico e cirúrgico. A importância da realização da citologia e histopatologia, através de biópsia com o intuito de diagnosticar uma manifestação tumoral com metástase em segmento de medula torácica caracterizado como hemangiossarcoma. Referências 1-SANTOS, R. P. ; FIGHERA, R. A. ; BECKMANN, D. V. ; BRUM, J. S. ; RIPPLINGER, A. P. ; NETO, D. ; MAZZANTI, A. Neoplasms affecting the central nervous system of dogs: 26 cases (20032011). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, n. 2, p. 53-158, 2012. 2-CHOI, S. J. ; NAM, E. R. ; LEE, G. J. ; KIM,

N. S. ; MURAHASHI, T. ; NISHIMURA, R. ; MOCHIZUKI, M. Invasion of Hemangiosarcoma from Lung to the Spinal Cord in a Dog. Journal of Veterinary Clinic, v. 31, n. 2, p. 145-148, 2014. 3-VALENTIM, L. G. ; MARCASSO, R. A. ; BRACARENSE, A. P. F. L. ; ARIAS, M. V. B. Spinal Neoplasm in Dogs. Acta Scientiae Veterinariae, v. 44, n. 1, p.1-10, 2016. 4-FLORES, M. M. ; BIANCHI, R. M. ; KOMMERS, G. D. ; IRIGOYEN, L. F. ; BARROS, C. S. ; FIGHERA, R. A. Prevalência e achados epidemiológicos, anatomopatológicos e imuno-histoquímicos dos tumores hepáticos malignos primários de cães da Região Central do Rio Grande do Sul (1965-2012). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 33, n. 4, p. 497-511, 2013. 5-CHAIKIN, P. ; WELIHOZKIY, A. Hemangiosarcoma in a Dog: Unusual Presentation and Increased Survival Using a Complementary/ Holistic Approach Combined with Metronomic Chemotherapy. Case Reports in Veterinary Medicine, 2018, ID 6160980, p. 1-6, 2018. 6-FERIAN, P. E. ; SILVA, E. F.; GUEDES, R. C. ; TÔRRES, R. C. ; CARNEIRO, R. A. Diagnóstico citológico de neoplasia pulmonar por meio de lavado broncoalveolar em uma cadela: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 5, p.776-780, 2006. 7-BALLEGEER, E. A. ; FORREST, L. J. ; DICKINSON, R. M. ; SCHUTTEN, M. M. ; DELANEY, F. A. ; YOUNG, K. M. Correlation of ultrasonographic appearance of lesions and cytologic and histologic diagnoses in splenic aspirates from dogs and cats: 32 cases (2002-2005). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 230, n. 5, p. 690-696, 2007. 8-FABBI, M. ; DI PALMA, S. ; MANFREDI, S. ; GNUDI, G. ; MIDURI, F. ; DAGA, E. ; VOLTA, A. Imaging Diagnosis—ultrasonographic Appearance of Skeletal Muscle Metastases In A dog with hemangiosarcoma. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 58, n. 6, p. E64-E67, 2017. 9-PAEK, M. ; GLASS, E. ; KENT, M. ; CLIFFORD, C. A. ; DE LAHUNTA, A. Primary Lumbar

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Diagnóstico de Tritrichomonas muris em hamster (Mesocricetus auratus) no município do Rio de Janeiro, RJ Diagnosis of Tritrichomonas muris in hamsters (Mesocricetus auratus) in the municipality of the Rio de Janeiro, RJ Diagnóstico de Tritrichomonas muris en hamsters (Mesocricetus auratus) en el municipio del Río de Janeiro, RJ SANTOS, I. S. 1 ; CARREIRO, C. C. 2 ; JESUS, V. L. T. 3 ; ANDRADE, M. C. R. 4 1 - Discente do mestrado profissional em Ciência em Animais de Laboratório, IOC/Fiocruz. incerlande.soares@fiocruz.br 2 - Médica-veterinária, ICTB/Fiocruz. 3 - Departamento de Reprodução e Avaliação Animal, IZ, UFRRJ. 4 - Departamento de Reprodução e Avaliação Animal, IZ, UFRRJ.

Resumo: A manutenção de animais domésticos e silvestres em cativeiro domiciliar como animais de companhia são bastante comuns no Brasil e no mundo. Diferentes espécies de hamsters despertam interesse da população por serem graciosos, de porte pequeno e fácil manejo. A boa condição sanitária desses animais em pet shops revela a qualidade comercial que o mesmo oferece ao mercado. O objetivo deste trabalho foi de avaliar a prevalência de Tritrichomonas muris em 30 hamsters de diferentes idades e ambos os sexos, procedentes de duas lojas de animais localizadas no município do Rio de Janeiro, RJ. Nos exames de controle parasitológico, foram realizadas análises de amostras fecais de hamsters, selecionados aleatoriamente. Os resultados encontrados foram identificados trofozoítas e pseudocistos de T. muris, em 100% dos animais estudados. A elevada ocorrência de T. muris é um forte indicador de que as condições higiênico-sanitárias não são adequadas nos ambientes analisados. Unitermos: hamsters, Tritrichomonas muris, mascotes Abstract: The maintenance of domestic and wild animals in captive domicile as companion animals are quite common in Brazil and in the world. Different species of hamsters arouse interest of the population for being graceful, of small size and easy handling. The good sanitary condition of these animals in pet shops reveals the commercial quality it offers to the market. The objective of this work was to evaluate the prevalence of Tritrichomonas muris in 30 hamsters of different ages and both sexes, from two animal stores located in the city of Rio de Janeiro/RJ. In the parasitological control exams, fecal samples of hamsters were randomly selected. The results were identified trophozoites and pseudocysts of T. muris in 100% of the studied animals. The high occurrence of T. muris is a strong indicator that hygienic-sanitary conditions are not adequate in the analyzed environments. Keyword: hamsters, Tritrichomonas muris, companion animals Resumen: El mantenimiento de animales domésticos y silvestres en cautiverio domiciliar como animales de compañía es bastante común en Brasil y en el mundo. Diferentes especies de hámsters despiertan interés de la población por ser graciosos, de porte pequeño y fácil manejo. La buena condición sanitaria de estos animales en tiendas de mascotas revela la calidad comercial que el mismo ofrece al mercado. El objetivo de este trabajo fue evaluar la prevalencia de Tritrichomonas muris en 30 hámsters de diferentes edades y ambos sexos, procedentes de una tienda de animales ubicadas en el municipio de Río de Janeiro, RJ. En los exámenes de control parasitológico, se realizaron análisis de muestras fecales de hámsters, seleccionados aleatoriamente. Los resultados encontrados fueron identificados trofozoítas y seudoquiste de T. muris, en el 100% de los animales examinados. La elevada ocurrencia de T. muris es un fuerte indicador de que las condiciones higiénico-sanitarias no son adecuadas en los ambientes analizados. Palabras clave: hámsters, Tritrichomonas muris, mascotas Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Introdução A manutenção de animais domésticos e silvestres em cativeiro domiciliar como animais de companhia são bastante comuns no Brasil e no mundo 1,2. Diferentes espécies de hamsters despertam interesse da população por serem graciosos, de porte pequeno e fácil manejo 3. Hamsters são animais de estimação comum nos lares por serem dóceis, carinhosos, demanda poucos cuidados e ter baixo custo com a manutenção 4,5. Possuem tempo de vida que varia entre 18 e 24 meses em média 5. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, o Brasil é o quarto país com a maior população de animais do mundo, cerca de 106 milhões, ficando atrás da China, Estados Unidos e Reino Unido 6. A boa condição sanitária desses animais em “pet shops” revela a qualidade comercial que o mesmo oferece ao mercado. O papel que o hamster dourado desempenha na avaliação de vários parâmetros biológicos em pesquisas científicas e à luz do programa estabelecido para controlar a saúde condições de proprietários casas de animais, este modelo direcionado são comumente mantidos, mas muitas vezes não são avaliados, considerando os poucos dados sobre os parasitas que eles podem abrigar. Tritichomonas muris (Grassé, 1926) é um protozoário parasito pertencente ao filo Parabasalia, e à ordem Trichomonadida 6. Os protozoários desse filo são protistas anaeróbicos caracterizados por conter um aparelho parabasal, constituído por um corpo parabasal, que representa o complexo de Golgi, e um filamento parabasal. Esse organismo foi descrito como simbionte de hamsters, com elevada prevalência em instalações de animais de laboratório 7. Os trofozoítos de T. muris são observados apenas no ceco e intestino grosso de uma variedade de espécies de roedores, incluindo hamsters, é pouco reconhecido os trofozoítos de T. muris podem internalizar seus flagelos recorrentes para formar pseudocistos. Entre seis volumes relativa a parasitas de animais de laboratório ou contendo contas específicas de espécies que são usadas por especialistas, fez referência à capacidade de T. muris de formar pseudocistos, e nenhum deles 22

forneceu informações suficientes para permitir a identificação do organismo 8. A presença de T. muris tem a peculiaridade de indicar ruptura de barreira sanitária em uma criação 7. Este parasito, muitas das vezes detectado em animais companhia e de laboratório, e sua patogênese em animais hospedeiros permanecem obscura devido à falta de estudos mais aprofundados sobre o protozoário 9 . A transmissão ocorre por contato da forma de pseudocisto do protozoário pela via feco-oral e, apesar de não ser reconhecido como um agente patogênico há relatos de sintomatologia em animais parasitados que causa diarreia e anorexia quando o animal infectado apresenta uma elevada carga parasitária 10. O objetivo deste trabalho foi avaliar a frequência de T. muris em 30 hamsters de diferentes idades, procedentes de duas lojas de animais localizadas no município do Rio de Janeiro, RJ. Material e métodos Os dados acerca do programa de monitoramento sanitário dos animais foram obtidos por meio de visitas e coleta de fezes, em diferentes idades e de ambos os sexos, selecionados aleatoriamente em um estabelecimento no Rio de Janeiro, RJ. As amostras foram coletadas individualmente para realizar um controle parasitológico fidedigno. Foi feito exame direto afresco das amostras fecais, método indicado principalmente para a pesquisa de trofozoítas e pseudocistos de T. muris em fezes normais, além de amostras diarreicas recém-emitidas, para a identificação de pseudocistos. Uma alíquota de cada amostra com solução salina a 0,85% foi coletada com auxílio de pipeta Pasteur descartável de 3mL, utilizando-se lâminas de vidro em microscópio óptico binocular de campo claro com objetiva de 40X. À leitura, foram identificados trofozoítas de T. muris, por se considerar como um agente etiológico comensal, os animais não tinham sinais clínicos aparentes 7,10. Resultados e discussão Evidenciou-se 100% dos animais examinados tinham T. muris na forma de pseudocisto e/ou de

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trofozoitas nas fezes ocorrência do protozoário. Os trofozoítos foram classificados como T. muris com base no tamanho (18 a 24 x 12 a 14 µm), contém um núcleo único, três flagelos anteriores e um flagelo posterior surgindo anterior ao núcleo, passando posteriormente em a margem de uma membrana ondulante e terminando como um flagelo livre. Trichomonas é suportado por um eixo axial rígido que se projeta de forma terminal, dando a aparência de uma cauda. Tritrichomonas muris deve ser diferenciado de Trichomonas minuta, que é morfologicamente semelhante, mas significativamente menor, medindo 4 a 9 x 2 a 5 µm, e de Trichomonas wenyoni, que mede 4 a 16 x 2,5 a 6 µm, e contém uma estrutura pelta ou semelhante a um escudo anterior ao blefaroblasto 11. O ciclo de vida do cisto flagelar é considerado como segue; os pseudocistos são ingeridos por via oral com fezes por coprofagia do hospedeiro. Os pseudocistos se transformam dentro intestino em trofozoítas através da ação do suco digestivo, enquanto eles estão de passagem através a digestivo trato. Depois se multiplicam no ceco, habitat normal do flagelado, transformando em trofozoítas. Quando se move do ceco para a cólon, o conteúdo solidificado por desidratação no cólon e altera o protozoário. Os trofozoítos em fezes está afetado por a mesmo desidratação,e tornar-se transformado em pseudocistos (Figura 1a). Assim sendo, a organismos excretado pelo hospedeiro nas fezes está

principalmente pseudocistos. O pseudocistos tornam a forma infectante para hamsters 11,12. Não foram detectados sinais clínicos de doença do trato gastrintestinal em hamsters, após a colonização com T. muris. Os trofozoitas (Figura 1b) foram encontrados em associação com pseudocistos no lúmen de toda as amostras de fezes analisadas. Deve-se ressaltar a importância dos hamsters por desempenhar na avaliação de vários parâmetros biológicos, em pesquisa científica e como animais de companha, sendo importante estabelecer um programa para controlar as condições sanitárias dos animais em estabelecimentos de animais com base em fornecer um levantamento confiável dos parasitas gastrintestinais que possam ocorrem nesses animais 6,11, além da possibilidade de transmitir T. muris a outros roedores considerados como animais de companhia 12. Entretanto, embora acarrete uma infecção subclínica, o referido protozoário apresenta importância epidemiológica, uma vez que afeta a fisiologia do animal, levando a alterações imunológicas, histológicas, nutricionais, mudança dos perfis hematológicos e parâmetros bioquímicos, tornando os animais mais sensíveis e suscetíveis a outros agentes infecciosos. O conhecimento sobre este protozoário quanto a infecção de animais de companhia tem sido pouco estudado, gerando com isso pouca informação sobre os cuidados que se deve ter como animal de companhia e sua transmissão para

Figura 1. Tritrichomonas muris em fezes de hamster. (a) Pseudocistos ( salina a 0,85%. Obj. 40X.

); (b) Trofozoítos (

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). Solução

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outros roedores que sejam considerados como pets ou animais de laboratório 13,14. Conclusão A elevada frequência de T. muris é um forte indicador de que as condições higiênico-sanitárias não são adequadas no ambiente avaliado, sinalizando a transmissão entre os animais susceptíveis, especialmente por contato em gaiolas e camas contaminadas. Enfatiza-se, portanto, a relevância de uma contínua vigilância sanitária junto aos criadores, a fim de aprimorar o padrão de qualidade dos animais. Referências 01-SILVA, R. L. C. ; PESSANHA, L. D. R. Relação entre famílias, animais de estimação, afetividade e consumo: estudo realizado em bairros do rio de janeiro. Revista Sociais e Humanas, v. 26, n. 3, p 622-637, 2013. 2-COLLÁNTES-FERNÁNDEZ, E. ; FORT, M. C. ; ORTEGA-MORA, L. M. ; SCHARES, G. Trichomonas. In: FLORIN-CHRISTENSEN, M. ; SCHNITTGER, L. (eds.) Parasitic Protozoa of Farm Animals and Pets. Springer: Cham. 2018. p. 313-388. 03-FÁTIMA, M. M. ; PIERUZZI, P. A. P. ; SANTOS, J. P. F. ; BRUNETTO, M. A. ; FRUCHI, V. M. ; CIARI, M. B. ; DE ZOPPA, L. M. Grau de apego dos proprietários com os animais de companhia segundo a Escala Lexington Attachment to Pets. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 50, n. 5, p. 364-369, 2013. 04-PESSOA, C. A. Rodentia – Roedores de Companhia (Hamster, Gerbil, Cobaia, Chinchila, Rato). In: CUBAS, Z. S. ; SILVA, J. C. R. ; CATÃODIAS, J. L. Tratado de Animais Selvagens. São Paulo: Roca, 2007; p. 432-474 05-QUINTON, J-F. Novos animais de estimação: pequenos mamíferos. São Paulo: Roca; 2005. 06-LINDSAY, D. S. ; SUNDERMANN, C. A. ; BAKER, G. D. Biology of the Protozoa. In: BAKER, G. D. Flynn’s parasite of laboratory animals. 2nd Ed., Blackwell Publishing Ltd: 24

Hoboken, p.15-25, 2008. 07-BAKER, D. G. Parasites of rats and mice. Flynn's Parasites of Laboratory Animals, 2nd Ed., Blackwell Publishing Ltd: Hoboken, p. 303397, 2008. 08-OKU, Y. ; PLAYFORD, M. C. ; OOI, H. K. et al. Tritrichomonas muris. In. Manual of microbiologic monitoring of laboratory animals, 2nd Ed., U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, National Institutes of Health, NIH publication # 94-2498, 1994. p. 225-226. 09-KASHIWAGI, A. ; KUROSAKI, H. ; LUO, H. ; YAMAMOTO, H. ; OSHIMURA, M. ; SHIBAHARA, T. Effects of Tritrichomonas muris on the mouse intestine: a proteomic analysis. Experimental Animals, v. 58, n. 5, p 537-542, 2009. 10-FOX, J. G. ; BARTHOLD, S. W. ; DAVISSON, M. T. ; NEWCOMER, C. E. ; QUIMBY, F. W. ; SMITH, A. L. The Mouse in Biomedical Research, 2nd Ed., Academic Press: San Diego, v. 2, p. 524525, 2007. 11-BORJI, H. ; KHOSHNEGAH, J. ; RAZMI, G. ; AMINI, H. ; SHARIATZADEH, M. A survey on intestinal parasites of golden hamsters (Mesocricetus auratus) in the northeast of Iran. Journal of Parasitic Diseases, v. 38, n. 3, p. 265268, 2014. 12-WAGNER, J. E. Parasitic diseases, In. VAN HOOSIER, G. L. ; MCPHERSON, C. W. (ed.), Laboratory hamsters. Academic Press: San Diego, 1987. p. 135-156. 13-LIPMAN, N. S. ; LAMPEN, N. ; NGUYEN, H. T. Identification of pseudocysts of Tritrichomonas muris in Armenian hamsters and their transmission to mice. Comparative Medicine, v. 49, n. 3, p. 313-315, 1999. 14-MOHAGHEGH, M. A. ; KALANI, H. ; AZAMI, M. ; FALAHATI, M. ; HEYDARIAN, P. ; GHOMASHLOOYAN, P. Gastrointestinal parasitic infection in laboratory rats: a challenge for researchers. Comparative Clinical Pathology, v. 27, n. 5, p. 1237-1240, 2018.

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Diagnóstico precoce de hemólise oxidativa em um cão – relato de caso Premature diagnosis of oxidative hemolysis in a dog – case report Diagnóstico precoz de hemólisis oxidativa en un perro – relato de caso ALCANTARA, A. O. 1 ; ALMEIDA, V. G. F. 2 ; TEIXEIRA, R. S. 3 ; BAX, J. C, 4 ; XAVIER, M. S. 5 ; SOUZA, A. M. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. amanda_2208@live.com 2 - Médica-veterinária, Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (Clínica e Reprodução Animal), UFF. 3 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária da UFF. 4 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária da UFF. 5 - Professora, DsC, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF. 6 - Professora, DsC, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF.

Resumo: A oxidação eritrocitária pode ser causada por várias substâncias e determina anemia, icterícia e hemoglobinúria em cães. O diagnóstico muitas vezes não é realizado devido ao uso de “maquinogramas” em clínicas veterinárias em substituição ao hemograma, sem visualização microscópica do esfregaço sanguíneo. O artigo propõe a descrição de um caso de hemólise oxidativa em uma cadela atendida em um Hospital Universitário Veterinário, apresentando êmese, prostração e icterícia. Exames laboratoriais evidenciaram hiperbilirrubinemia, hemoglobinúria e presença de corpúsculos de Heinz na hematoscopia, sem anemia. Após anamnese direcionada, suspeitou-se de intoxicação por plantas tóxicas ou propilenoglicol. O diagnóstico precoce da patogenia que gerou a hemólise e a eficácia do tratamento foram possíveis devido ao achado da hematoscopia, ressaltando a importância da realização desta no hemograma. Unitermos: hematologia, hematoscopia, corpúsculo de Heinz Abstract: Erythrocyte oxidation can be caused by several substances and causes anemia, jaundice and hemoglobinuria in dogs. Diagnosis is often not performed due to “maquinograms” use in veterinary clinics instead of a complete blood count analysis, without smear microscopic visualization. This study proposes a case description of oxidative hemolysis in a female dog attending at a Veterinary University Hospital, presenting êmesis, prostration and icteric mucosa. Laboratory tests revealed hyperbilirubinemia, hemoglobinuria and the presence of Heinz bodies in hematoscopy, without anemia. After anamnesis directed to possible toxic agents, it was suspected poisoning by toxic plants or propylene glycol. Early diagnosis of pathogenesis leading to hemolysis and treatment effectiveness were possible due to Heinz bodies finding, emphasizing the importance of hematoscopy. Keyword: hematology, hematoscopy, Heinz body Resumen: La oxidación eritrocitaria puede ser causado por varias sustancias y determina anemia, ictericia y hemoglobinuria en perros. El diagnóstico a menudo no se realiza debido al uso de “maquinogramas” en clínicas veterinarias en sustitución del hemograma. El artículo propone la descripción de un caso de hemólisis oxidativa en una perra atendida en un Hospital Universitario Veterinario, presentando émese, postración y mucosas ictéricas. Los exámenes del laboratorio evidenciaron hiperbilirrubinemia, hemoglobinuria y la presencia de corpúsculos de Heinz en la hematoscopia, sin anemia. Después de una anamnesis dirigida a posibles agentes tóxicos, se sospechó de intoxicación por plantas tóxicas o propilenglicol. El diagnóstico precoz de la patogenia que generó la hemólisis y la eficacia del tratamiento fueron posibles debido al hallazgo de la hematoscopia, resaltando la importancia de la realización de ésta en el hemograma. Palabra clave: hematología, hematoscopia, corpúsculos de Heinz Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Introdução Casos de intoxicação de animais domésticos são frequentes nas clínicas veterinárias brasileiras e existem diversos agentes envolvidos 1-,3. A prevalência de intoxicações em cães é maior quando comparada aos gatos e pode ser justificada pelos hábitos alimentares menos seletivos que os caninos apresentam 1,2. A hemólise por oxidação em cães pode ser induzida por medicamentos e substâncias oxidativas como cebola, alho, paracetamol, propilenoglicol, etilenoglicol e plantas tóxicas 5-9. A hemólise oxidativa frequentemente resulta em anemia regenerativa 9,10. O diagnóstico de hemólise oxidativa é feito com a visualização de corpúsculos de Heinz (resultantes da desnaturação oxidativa da hemoglobina) e/ou excentrócitos resultantes da desnaturação oxidativa da membrana dos eritrócitos) durante hematoscopia 11,12 . O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de hemólise oxidativa em um paciente canino, no qual o diagnóstico precoce impediu a instalação de um quadro de anemia e conduziu ao tratamento específico e eficaz. Histórico Uma cadela da raça Retriever do Labrador, castrada, de nove anos de idade, foi atendida no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, apresentando histórico de êmese, prostração, poliúria e polidpsia. Ao exame físico, observou-se desidratação e mucosas ictéricas (Figura 1). Suspeitou-se de intoxicação, hemoparasitose e leptospirose, sendo coletadas amostras de sangue e urina (por cistocentese) para realização de hemograma, exames bioquímicos e urinálise. Uma ultrassonografia também foi realizada. O hemograma foi realizado utilizando contador hematológico automatizadoa. Para mensuração da proteína plasmática total, utilizou-se um refratômetro clínico manualb. Para a realização da hematoscopia e leucometria específica, foi confeccionado o esfregaço sanguíneo, corado com coloração 26

Figura 1. Esfregaço sanguíneo de cão com hemólise oxidativa. Seta evidenciando Corpúsculo de Heinz na superfície de eritrócito. Panótico Rápido ®. 1000X. Fonte: Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Mársico Filho (Labhuvet) da Universidade Federal Fluminense.

instantâneac e observado em imersão (1000x) ao microscópio ópticod. As atividades das enzimas alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina e gama glutamil transferase (GGT) e os níveis de uréia, creatinina, proteína total, albumina, colesterol total, triglicerídeos, bilirrubina total e bilirrubina direta foram mensurados em analisador bioquímico automatizadoe, através de kits específicos, conforme recomendação do fabricante. O exame químico da urina foi realizado com tira reagente para urinálisef e a densidade em refratômetro clínico manualb. O sedimento urinário foi observado ao microscópio ópticod, em aumento de 400x. Na ultrassonografia, foi evidenciado esplenomegalia e pancreatite. Foi realizado teste imunocromatográfico sorológicog para pesquisa de anticorpos contra Ehrlichia spp, Anaplasma spp, Borrelia spp. e antígeno de Dirofilaria immitis, com resultado negativo. Solicitou-se teste sorológico para Leptospira spp, no qual o paciente não apresentou reatividade. Realizou-se também Teste de Imunorreatividade para Lipaseh, no qual se obteve valores dentro da normalidade, descartando uma possível pancreatite. PocH-100iV Diff (Sysmex do Brasil Indústria e Comércio LTDA®, São José dos Pinhais, Brasil) b Portable Refractometer (Instrutherm Instrumentos a

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de Medição LTDA®, Freguesia do Ó, Brasil) c Panótico Rápido (Laborclin Produtos para Laboratórios LTDA®, Pinhais, Paraná, Brasil) d Olympus CX 40 Binocular Microscope (Spectra Services®, Inc, Japão) e Labmax 240 Premium (Labtest®, LabtestDiagnóstica AS, Lagoa Santa, Brasil) f UriAction 10 (Labtest®, LabtestDiagnóstica AS, Lagoa Santa, Brasil) g Snap 4DX (IDEXX Brasil Laboratórios LTDA®, Cotia, Brasil) h Canine SNAP cPL (IDEXX Brasil Laboratórios LTDA®, Cotia, Brasil) Resultados e discussão Os achados inespecíficos encontrados no exame clínico do paciente evidenciaram a necessidade de realização de exames complementares. No primeiro hemograma, a única alteração observada foi o plasma intensamente ictérico. Observouse aumento da concentração sérica de bilirrubina total 2,97 mg/dL (0,0-0,3), bilirrubina direta 1,5 mg/dL (0,0-0,3) e bilirrubina indireta 1,47 mg/ dL (0,0 a 0,3) e da atividade sérica de fosfatase alcalina (FAL) 1676 UI/mL (20-150). Na urinálise, observou-se urina acastanhada, presença de sangue oculto e bilirrubinúria, mas ausência de hemácias na sedimentoscopia, sugerindo a presença de mioglobinúria ou hemoglobinúria, que deveria ser diferenciada. Tratamento a Teste

a

Antes Dia 1

Dia 2

Valores de Referência b

Após

Hematimetria Hemoglobina

6,38 15,7

5,6 5,61 13,1 13,4

5,5 - 8,5 (10 6/µL) 12 - 18 (g/dL)

Hematócrito

46,5

39

44,5

37 - 55 (%)

VGM

72,9

69,6 79,5

60 - 77 (fL)

CHGM

33,8

33,6 30,0

31 - 35 (%)

Labhuvet, UFF, 2018; b Thrall et al. (2012)

Tabela 1- Resultados do eritrograma de hemogramas sequenciais de cão com hemólise oxidativa.

Hemogramas seriados (tabela 1) foram realizados e, embora não tenha sido observado anemia, verificouse a diminuição progressiva do hematócrito, com hipocromia, anisocitose e policromasia intensas e inúmeros corpúsculos de Heinz (figura 1), atribuídos a desnaturação oxidativa da hemoglobina 10 . Os eritrócitos maduros de mamíferos não apresentam organelas, portanto geram energia para seu metabolismo basicamente através de glicólise anaeróbica e do Desvio das Pentoses. Compostos oxidantes inibem essas vias, causando a depleção de NADH e NADPH, gerando a quebra do mecanismo antioxidativo e consequente oxidação e desnaturação da hemoglobina com formação de corpúsculos de Heinz 2,10,11. Foi feita uma anamnese direcionada para possíveis agentes oxidativos e foi relatado haver samambaia (Pleopeltis pleopeltifolia) na residência, além do histórico de um churrasco na casa e possibilidade de ingestão de alho (Allium sativum) ou cebola (Allium cepa). O tutor relatou também recente pintura na residência, havendo as possibilidades: de ingestão da planta, alimento com alho ou cebola ou inalação/ ingestão da tinta pelo animal. O envenenamento por plantas tóxicas ornamentais é muito comum em cães 2,13. A samambaia é uma planta extremante comum em residências e tem como princípio ativo um gliocosídeo cianogênico, a tiaminase tipo I, cujos sinais clínicos compreendem eritema, edema, sialorréia, disfagia, dispneia, vômitos e dor abdominal, estando implicada em processos hemolíticos, embora o mecanismo de ação não tenha sido elucidado 14. A intoxicação por cebola e alho está relacionada a presença de compostos oxidantes, os sulfetos alifáticos, como o n-propildissulfeto, que também resultam na formação de Corpúsculo de Heinz, uma vez que estes compostos inibem a atividade da glicose-6-fosfato desidrogenase das hemácias que, por sua vez, restringe a regeneração da glutationa reduzida necessária para a prevenção da desnaturação oxidativa da hemoglobina 4,5,14. Sinais de gastroenterite são observados, como vômitos, diarréia, dor abdominal, perda de apetite, depressão

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e desidratação, podendo evoluir para dispneia, letargia, urina de cor escura (avermelhada ou castanha), icterícia, fraqueza e taquicardia 4,5,14. O propilenoglicol é comumente encontrado em anticongelantes de automóveis e também é usado como precursor de polímeros industriais 7. A intoxicação por propilenoglicol leva a formação de Corpúsculos de Heinz pela inibição de mecanismos antioxidantes 6,10. Sinais clínicos da intoxicação por propilenoglicol incluem acidose metabólica, depressão do sistema nervoso central, bradpneia, lesão renal, hemólise intravascular, arritmias e convulsões, sendo o prognóstico desfavorável a menos que seja diagnosticado precocemente e o tratamento adequado seja iniciado 6,8,9. Com isso, a prevenção é fundamental para reduzir a incidência de intoxicações em animais de companhia, sendo necessário a conscientização da população em relação aos agentes potencialmente tóxicos para cães. Apesar do animal não ter apresentado anemia em nenhum momento, foi verificada hemólise. Dentro de um dia o hematócrito caiu por volta de 7% e no exame físico, verificou-se que a paciente estava desidratada, o que poderia mascarar um hematócrito ainda mais baixo. A presença de sangue oculto sem a presença de hemácias na sedimentoscopia indica hemoglobinúria em decorrência da hemólise, uma vez que clinicamente não havia suspeita de lesão muscular para ocorrência de mioglobinúria 2,15. A esplenomegalia observada na ultrassonografia pode ser atribuída a remoção de hemácias com corpúsculo de Heinz pelo baço. O aumento da atividade sérica de FAL pode ser resultante da sobrecarga hepática, com menor aporte de oxigênio pela redução da massa eritrocitária e consequente congestão da vesícula biliar pela quantidade de produtos da degradação de hemoglobina a ser metabolizada. A FAL também possui uma isoenzima induzida por corticosteroides, elevando-se em condições de estrese sistêmico 16. A partir do diagnóstico de hemólise oxidativa, foi instituído tratamento específico à base de acetilcisteína (150 mg/kg intravenoso e 50 mg/kg via oral a cada 12 horas durante 7 dias). A suplementação 28

ou terapia antioxidante é necessária em situações de estresse oxidativo. A acetilcisteína é um antioxidante sintético que estimula a produção de glutation ativado, responsável por impedir a oxidação eritrocitária 2,17 . Inflamação e estresse oxidativo podem estar associados com injúria hepática ou desenvolvimento de doenças hepáticas 18. Foi instituído também tratamento de suporte com os protetores hepáticos S-Adenosil-Metionina (SAME), 20 mg/kg via oral a cada 24 horas e com Silimarina, 20 mg/kg a cada 12 horas. Após diagnóstico da causa da doença e terapêutica direcionada, o animal se recuperou em poucos dias, retornando à coloração normal de mucosas e apresentando intensa eritropoiese e aumento do hematócrito. Atualmente muitas clínicas veterinárias estão optando por realizarem os hemogramas internamente, sem análise do esfregaço sanguíneo e em contadores hematológicos que podem não ter manutenção adequada regular. O diagnóstico da causa da doença, neste caso, só foi possível devido a realização da hematoscopia, por um patologista clínico veterinário, trazendo um alerta para clínicos veterinários quanto os riscos da utilização apenas do “maquinograma”. Conclusão Conclui-se que a hematoscopia foi fundamental para o diagnóstico precoce da fisiopatogenia que resultou no tratamento específico e convalescência imediata. E ainda, que é imprescindível a análise microscópica do esfregaço em detrimento apenas do “maquinograma”. Referências 01-ZANG, L. ; BING, R. S. ; ARAUJO, A. C. P. ; FERREIRA, M. P. A retrospective study of small animal poisoning at Veterinary Medical Teaching Hospital from South Region of Brazil. Acta Scientitae Veterinariae, v. 46, pub. 1584, p. 1-7, 2018. 02-MEDEIROS, R. J. ; MONTEIRO, F. O. ; SILVA, G. C. ; JÚNIOR, A. N. Casos de intoxicações exógenas de cães e gatos atendidos na Faculdade

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de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural, v. 7, n. 9, 2009. 03-CALONI, F. ; CORTINOVIS, C. ; RIVALTA, M.  ; ALONGE, S. ; DAVANZO, F. Plant poisoning in domestic animals: epidemiological data from an Italian survey (2000-2011). Veterinary Record, v. 172, n. 22, p. 580-580, 2013. 04- GUITART, R. ; MATEU, C. ; LOPEZ, Y. ; AGULLO, A. ; ALBEROLA, J. Heinz body anaemia in two dogs after Catalan spring onion (“calcot”) ingestion: a case reports. Veterinarni Medicina, v. 53, n. 7, p. 392-395, 2008. 05-SALGADO, B. S. ; MONTEIRO, L. N. ; ROCHA, N. S. ; Allium species poisoning in dogs and cats. The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v. 17, n. 1, p 4-11, 2011. 06-SANTOS, A. V. P. S. ; SILVA, B. T. G. ; BACELLAR, D. T. L. ; ALMOSNY, N. R. P. ; SOUZA, A. M. Cristalúria e anemia hemolítica por intoxicação silmultânea por etilenoglicol e propilenoglicol em cão: relato de caso. Enciclopédia Biosfera, v. 10, n. 19, p. 693-701, 2014. 07-SCHERK, J. R. ; BRAINARD, B. M. ; COLLICUTT, N. B. ; BUSH, S. E. ; ALMY, F. S. ; KOENIG, A. Prelimanary evaluation of quantitative ethylene glycol test in dogs and cats. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v. 25, n. 2, p. 219-225, 2013. 08-SCHWIGHASEUR, A. ; FRANCEY, T. Ethylene glycol poisoning in three dogs: importance of early diagnosis and role of hemodialysis as treatmente option. Schweizer Archiv fur Tierheilkunde, v. 158, n. 2, p. 109-114, 2016. 09-CLAUS, M. A. ; JANDREY, K. E. ; POPPENGA, R. H. Propylene glycol intoxication in a dog. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, v. 21, n. 6, p. 679-83, 2011. 10-GULTEKIN, M. ; VOYVODA, H. Evaluation of oxidative status in dogs with anemia. Medycyna Weterynaryjna, v. 73, n. 8, p. 496-499, 2017. 11-THRALL, M. A. Regenerative anemia. In.

THRAL, M. A. ; WEISER, R. W. A. ; CAMPBELL, T. W. Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 2. ed. Roca: São Paulo, Cap. 8. p. 87113. 2012. 12-MACHADO, L. P. ; KOHAYAGAWA, A. ; SAITO, M. E. ; SILVEIRA, V. F. ; YONEZAWA, L. A. Lesão oxidativa eritrocitária e mecanismos antioxidantes de interesse na Medicina Veterinária. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 8, n. 1, p. 84-94, 2009. 13-HARVEY, J. The Erythrocyte: Physiology, Metabolism, and Biochemical Disorders. In: KANEKO, J. ; HARVEY, J. ; BRUSS, M. Clinical Biochemistry of Domestic animals. 6. ed. Elsevier, Cap. 7, p. 173-240, 2008. 14-MARTINS, D. B. ; MARTINUZZI, P. ; SAMPAIO, A. B. ; VIANA, A. N. Plantas tóxicas: uma visão dos proprietários de pequenos animais. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 16, n. 1, p. 11-17, 2013. 15-DEUEL, J. W. ; SCHAER, C. A. ; BORETTI, F. S.  ; OPITZ, L. ; GARCIA-RUBIO, I. ; BAEK, J. H. ; SPAPH, D. R. ; BUEHLER, P. W. ; SCHAER, D. J. Hemoglobinuria-related acute kidney injury is driven by intrarenal oxidative reactions triggering a heme toxicity response. Cell Death & Disease Nature. v. 7, n. 1, e2064, 2016. 16-ALLISON, R. W. A. Laboratory Evaluation of the Liver. In: THRAL, M. A. ; WEISER, R. W. A. ; CAMPBELL, T. W. Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 2. ed. Roca: São Paulo, Cap. 8. p. 853-903, 2012. 17-VIVIANO, K. R. ; VANDER WIELEN, B. Journal Effect of N-Acetylcysteine Supplementation on Intracellular Glutathione, Urine Isoprostanes, Clinical Score, and Survival in Hospitalized Ill Dogs. Journal of Veterinary Internal Medicicine, v. 27, n. 2, p. 250-258, 2013. 18-AU, A. Y. ; HASENWINKEL, J. M. ; DRONDOSA, C. G. Hepatoprotective effects of S-adenosylmethionine and silybin on canine hepatocytes in vitro. Animal Physiology and sibilin on canine hepatocytes in vitro. 1439-0396, 2012.

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Dioctophyma renale em um cão - relato de caso Dioctophyma renale in a dog - case report Dioctophyma renale en un perro - relato de caso ALVES, P. S. M. ¹ ; FELIX, M. R. L. ² ; FLORENTINO, G. P. 3 ; LIMA, F. C. C. L. G. 4 ; LIMA, A. S. G 5 ; MONTEIRO, F. O. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. prissmtins@gmail.com 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária,UFF. 4 - Médico-veterinário. 5 - Médico-veterinário. 6 - Médico-veterinário e professor da disciplina de Anestesiologia Veterinária, UNIGRANRIO.

Resumo: Uma cadela da raça Fox Paulistinha foi atendida no serviço de medicina veterinária no município de Niterói, RJ, apresentando prostração, temperatura corporal de 39,70 ° C, ao exame físico dor abdominal e ausculta torácica abafada. Exames hematológicos evidenciaram leucocitose neutrofílica com linfopenia, radiografia do tórax sem alterações dignas de notas, ultrassonografia do abdome revelou bexiga de volume normal, parede espessada e áreas ecogênicas flutuantes, rim direito aumentado com áreas circulares ecogênicas de conteúdo anecóico e cápsula renal integra, exame de elementos anormais de sedimentos na urina observou-se presença de hemácias e ovos de parasitos. Evidenciando a importância da ultrassonografia como instrumento para direcionar o diagnostico de parasitose causada por Dioctophyma renale. Unitermos: Nematóide, nefrectomia, parasitose renal. Abstract: A dog from the Fox Paulistinha breed was attended at the veterinary medicine service in the city of Niterói, RJ, presenting prostration, body temperature of 39.70 ° C, physical examination abdominal pain and muffled thoracic auscultation. Hematologic exams revealed neutrophilic leukocytosis with lymphopenia, chest radiographs without alterations worthy of notes, abdomen ultrasound revealed bladder of normal volume, thickened wall and floating echogenic areas, right kidney enlarged with echogenic circular areas of anechoic content and renal capsule integrates, examination of Abnormal elements of sediments in the urine were observed in the presence of red blood cells and eggs of parasites. Evidenciando the importance of ultrasonography as an instrument to direct the diagnosis of parasitosis caused by Dioctophyma renale. Keywords: Nematode, nephrectomy, renal parasitosis Resumen: Una perra de la raza Fox Paulistinha fue atendida en el servicio de medicina veterinaria en el municipio de Niterói, RJ, presentando postración, temperatura corporal de 39,70 ° C, al examen físico dolor abdominal y ausculta torácica sofocada. Los exámenes hematológicos evidenciaron leucocitosis neutrofílica con linfopenia, radiografía del tórax sin cambios dignos de notas, ultrasonagramia del abdomen reveló vejiga de volumen normal, pared espesada y áreas ecogénicas flotantes, riñón derecho aumentado con áreas circulares ecogénicas de contenido anecoico y cápsula renal integrada, los elementos anormales de sedimentos en la orina se observaron presencia de hematíes y huevos de parásitos. Evidenciando la importancia de la ultrasonografía como instrumento para dirigir el diagnóstico de parasitosis causada por Dioctophyma renale. Palabras clave: Nematodos, nefrectomía, parasitosis renal

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Introdução Dioctophyma renale é um nematóide que parasita rim de mamíferos domésticos, silvestres e humanos. Os cães são os hospedeiros definitivos e se infectam ao ingerirem o hospedeiro intermediário, um anelídeo oligoqueta parasito das brânquias de peixes e crustáceos ou os hospedeiros paratênicos que são os peixes e rãs 1-3. Recentemente larvas de D. renale foram encontradas parasitando serpentes do sul do Brasil 2. As fêmeas adultas do nematóide podem medir até 100 cm e os machos 45 cm, apresentam morfologia cilíndrica, coloração vermelha e se reproduzem no rim do hospedeiro definitivo liberando ovos na urina 3,4. Os ovos são elípticos, coloração castanhoamarelada e com parede espessa, rugosa e com tampões bipolares 4. Nos carnívoros, é comumente encontrado nos rins direito devido à migração das larvas pela parede duodenal no animal parasitado. No caso de parasitismo na cavidade abdominal e no rim esquerdo, a migração das larvas ocorre pelas curvaturas menor e maior do estômago, respectivamente 4. Há relatos da presença do parasito em ureteres, bexiga, útero, ovário, glândula mamária e no fígado do cão e de outros animais 2,5 . O rim acometido pode apresentar volume aumentado, consistência flutuante, acentuada atrofia/perda do parênquima e cápsula fibrosa espessa preenchida por líquido sero sanguinolento (aspecto cístico), podendo apresentar um ou mais vermes 2. Na avaliação ultrassonográfica é possível observar a preservação da cápsula renal e são observadas estruturas alongadas com paredes hiperecoicas no plano longitudinal e no plano transversal halos hiperecoicos e conteúdo hipoecoico 2. O rim não acometido pode apresentar hipertrofia  compensatória 6. Os animais mais acometidos são os com hábitos errantes, como cães que se alimentam de peixes e crustáceos aquáticos 7. Os sinais clínicos variaram desde aumento de volume da região subcutânea, em decorrência de migração errática, até alterações generalizadas e pouco específicas, como emagrecimento progressivo, aborto e prostração 6,7.

Histórico Uma cadela da raça Fox Paulistinha, não castrada, com aproximadamente 3 anos de idade, foi atendida na clínica Pet Vet Medicina Veterinária, no município de Niterói, RJ, apresentando prostração, dor no membro posterior direito, com 5,6Kg de peso vivo e temperatura corporal de 39,70 ° C. Ao exame físico evidenciou-se mucosas normocoradas, normohidratadas, dor abdominal e ausculta torácica abafada bilateral. Na anamnese o tutor relatou que a cadela era um animal semi-domiciliado, oriunda do município de Penedo-RJ, no dia anterior ao atendimento o animal foi submetido a esforço físico intenso e estava em tratamento para Ehrlichia canis (erliquiose canina) com doxaciclina 100mg a cada 12 horas. O exame radiográfico do tórax não apresentou alterações dignas de notas e na ultrassonografia abdominal, observou-se bexiga de volume normal e parede espessada com áreas ecogênicas flutuantes em seu lúmen, rim esquerdo tópico, aumentado de tamanho com preservação da relação córticomedular e rim direito aumentado com áreas circulares ecogênicas de conteúdo anecóico em seu lúmen com a cápsula renal integra. Foram coletados amostras de sangue em tubo para coleta a vácuo com EDTA a e sem EDTA, para exames de hemograma, leucograma, bioquímica sérica e presença de hemoparasitas. Instituiu-se como tratamento farmacológico analgésico dipirona e n-butil brometo de hioscina 1mL por via intramuscular e antimicrobiano dipropionato de imidocarb e vitamina B12 0,28mL por via subcutânea, após os resultados da ultrassonografia a cadela foi submetida a nefrectomia direita por via laparoscópica, durante o procedimento cirúrgico foi coletado amostra de urina para exame de análise de sedimento. Discussão Ao exame clínico observou-se uma redução do escore corporal, hipertermia 8 e dor a palpação abdominal. Nas imagens ultrassonográficas a bexiga apresentou-se com volume normal, paredes espessadas com aéreas ecogênicas flutuantes em seu

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lúmen sugestivo de cistite, um discreto aumento do rim esquerdo e rim direito aumentado com áreas circulares ecogênicas de conteúdo anecóico em seu lúmen com a cápsula renal integra, sugestivo de nefrose por parasitose 2. Durante a anamnese o tutor relatou que o animal havia sido resgatado em Penedo, distrito de Itatiaia RJ, onde era semi-domiciliado, segundo a prefeitura do município de Itatiaia, a região é cercada por atividades turísticas ao ar livre, incluindo cachoeiras e a pesca turística de trutas, favorecendo que caninos de hábitos errantes se alimentem de restos de peixes ou de rãs presente nas regiões de lagos e cachoeiras, levantando a suspeita clínica, uma vez que após o resgate o animal não tenha consumido alimentação a base de peixe 9. O hemograma não revelou alterações dignas de nota e ausência de hemoparasitas, desta forma o tratamento com doxaciclina foi interrompido. O leucograma revelou leucocitose 23.800/mm³ (6.000 - 17.000/mm³), por neutrofilia absoluta 22.610/ mm³ (3.000 - 11.500/mm³) sem desvio a esquerda, linfopenia 476/mm³ (1000 – 4.800/mm³), sendo estas características de infecção crônica 10. Os resultados encontrados no exame de bioquímica sérica foram: enzima alanina aminotransferase aumentada, ALT = 627 UI/L (21-102UI/L)11, uréia e creatinina dentro dos valores de normalidade. O aumento da enzima alanina aminotransferase é um importante marcador de lesão hepática com alta especificidade para caninos, não foram encontradas correlação com a parasitose renal, porém a doxiciclina é um antibiótico semissintético derivado das tetraciclinas, essa classe quando administrada em altas doses pode levar a leões hepáticas citolítica, sendo este um fármaco hepatotóxico acarretando no aumento dos marcadores bioquímicos 12, podendo então o aumento da ALT estar relacionado as altas doses de doxiciclina para tratamento da erliquiose canina, uma vez que a dose indicada é de 5-10mg/kg a cada 12 horas 13 e a dose administrada era de 17,86mg/kg a cada 12 horas, a retirada da doxiciclina da prescrição já poderia ser suficiente para reverter o quadro de lesão hepática. A manutenção da excreção de uréia e 32

creatinina justificam-se pelo aumento compensatório do rim contralateral, que garante a manutenção da função renal 14. A nefrectomia foi preconizada como tratamento 14,15 . Para medicação pré-anestésica foi utilizado morfina na dose de 0,25mg/kg, indução anestésica com midazolan na dose de 0,1mg/kg em associação com propofol na dose de 3mg/kg por via intravenosa, realizou-se intubação orotraqueal e a manutenção anestésica foi realizada com anestésico inalatório isoflurano e fentanil na dose de 0,03mg/kg. A paciente foi posicionada em decúbito dorsal, realizada ampla tricotomia e antissepsia do abdome para realização da laparotomia mediana infra-umbilical, realizada a exérese do rim direito, inspeção do rim esquerdo e coletado Ácido etilenodiamino tetra-acético amostra de urina por cistocentese para exame urinálise. Realizada a rafia do peritônio junto à musculatura plano a plano com pontos simples interrompido com fio sintético absorvível, ráfia do tecido subcutâneo em padrão de sutura Cushing com fio sintético absorvível e rafia do tecido cutâneo em padrão de sutura Wolf com fio sintético inabsorvível. Após a cirurgia realizada a abertura do rim removido e observada a presença de dois parasitas de formato cilíndrico e de cor vermelha, um medindo aproximadamente 49 cm e outro 20 cm (Figura 1). Na urinálise encontrou-se presença de numerosas hemácias e leucócitos, flora bacteriana aumentada e numerosos ovos de D. renale. A cadela retornou a clinica após 15 dias para reavaliação e retirada dos pontos, com mucosa normocorada, normohidratada, alerta e sem sinais clínicos de dor. Ao exame clínico o animal não apresentou nenhum dos sinais clínicos relatados como sendo os mais comuns, como hematúria, peritonite, uremia, disúria e hemoperitôneo, podendo em alguns animais a parasitose ser assintomática, se somente um dos rins for acometido 3. A inclusão da avaliação ultrassonográfica abdominal 14,15, junto ao histórico do animal de ter hábitos errantes em local que favorece o acesso a resíduos de peixes e rãs, foram a

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Figura 1: Seta branca cápsula renal aberta, seta vermelha parasita maior medindo 49 cm e seta azul parasita menor medindo 20 cm. Fonte: arquivo PETVET medicina veterinária.

determinante para o diagnóstico de D. renale, uma vez que está não é uma afecção comum no município do atendimento. O uso de anti-helmínticos não é eficiente para o tratamento da dioctofimose renal, pois mesmo que o fármaco leve o parasito a morte este não é eliminado por vias naturais devido ao seu tamanho, sendo o tratamento mais eficaz a remoção cirúrgica do parasita e em alguns casos é necessário a nefrectomia do rim afetado 14,15, uma vez que o rim contralateral tem funcionamento normal 3, no caso relatado a nefrectomia do rim afetado foi preconizada devido à importante perda de parênquima e ineficiência do órgão e satisfatória compensação do rim contralateral. Após 12 meses retornou a clínica para uma cesariana de emergência, gestando seis filhotes saudáveis. Conclusão Evidencia-se a importância da ultrassonografia como instrumento para direcionar o diagnóstico de parasitose causada por Dioctophyma renale. Referências 01-MASCARENHAS, C. S. ; PEREIRA, J. V. ; MULLER, G. Occurrence of Dioctophyme renale

larvae (Goeze, 1782) (Nematoda: Enoplida) in a new host from southern Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 27, n. 4, p. 609613, 2018. 02-SILVEIRA, C. S. ; DIEFENBACH, A. ; MISTIERI, M. L. ; MACHADO, I. R. L. ; ANJOS, B. L. Dioctophyma renale em 28 cães: aspectos clinicopatológicos e ultrassonográficos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 35, n. 11, p. 899-905, 2015. 03-FREITAS, D. M. ; MARIA, B. P. ; VASCONCELOS, B. M. A. ; JORGE, A. L. T. A.  ; TEODORO, A. N. ; ALVES, E. G. L. ; ROSADO, I. R. Nefrectomia unilateral em um cão parasitado por Dioctophyma renale: relato de caso. Pubvet, v. 12, n. 9, p. 133, 2018. 04-PERERA, S. C. ; RAPPETI, J. C. S. ; MILECH, V. ; BRAGA, F. A. ; CAVALCANTI, G. A. O. ; NAKASU, C. C. ; DURANTE, L. ; VIVES, P. ; CLEFF, M. B. Eliminação de Dioctophyme renale pela urina em canino com dioctofimatose em rim esquerdo e cavidade abdominal - Primeiro relato no Rio Grande do Sul. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 69, n. 3, p. 618-622, 2017. 05-PEDRASSANI, D. ; NASCIMENTO, A. A. Verme gigante renal. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 110, n. 1, p. 30-37, 2015. 06-LEITE, L. ; CÍRIO, S. ; DINIZ, J. ; LUZ, E. ; NAVARRO-SILVA, M. ; SILVA, A. ; LEITE, S. ; ZADOROSNEI, A. ; MUSIAT, K. ; VERONESI, E. ; PEREIRA, C. Lesões anatomopatológicas presentes na infecção por Dioctophyma renale (goeze, 1782) em cães domésticos (Canis familiaris, Linnaeus, 1758). Archives of Veterinary Science, v. 10, n. 1, p. 95-101, 2015. 07-KOMMERS, G. D. ; ILHA, M. R. S. ; BARROS, C. S. L. Dioctofimose em cães: 16 casos. Ciência Rural, v. 29, n. 3, p. 517-522, 1999. 08-FEITOSA, F. L. F. Semiologia Veterinária: a Arte do Diagnóstico. 3. ed. São Paulo: Rocca, 2014. Cap. 5. 09-FERRO, S. L. ; JÖNCK, F. ; CARDOSO, E. ; HECKLER, M. C. T. ; RYCHESCKI, M. ;

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SENHORELLO, I. L. S. ; SANTANA, A. E. ; TINUCCI-COSTA, M. Efeitos de diferentes doses de hiclato de doxiciclina nos parâmetros hematológicos de cães com erliquiose. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 37, n. 1, p. 53-63, 2016. 14-SAPIN, C. F. ; SILVA-MARIANO, L. C. ; GRECCO-CORRÊA, L. ; RAPPETI, J. C. S. ; DURANTE, L. H. ; PERERA, S. C. ; CLEFF, M. B. ; GRECCO, F. B. Dioctofimatose renal bilateral e disseminada em cão. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 37, p.1499-1504, 2017. 15-MARQUES, L. Z. ; BARROS, B. A. F. ; GAUDÊNCIO, F. N. ; ROCA, C. N. C. ; BATISTA, L. C. S. O. Dioctofimose em um cão proveniente do município de Valença, RJ: relato de caso. Acta Biomédica Brasileira, v. 7, n. 2, p. 116-120, 2016.

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Etiologia e progressão de cistomatose ceruminosa em felino Persa – relato de caso Etiology and progression of ceruminous cystomatosis in a Persian cat – case report Etiología y progresión de cistomatosis ceruminosa en gato Persa – reporte de caso PORTO, M. B. B. 1 ; PARANHOS, J. E. S. 2 ; SOARES, A. M. B. 3 ; DIECKMANN, A. M. 4 ; PISA, J. T. 5 1 - Médica-veterinária do Programa de Pós Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. mbruna@id.uff.br 2 - Médica-veterinária do Programa de Pós Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 3 - Professora associada, IV – Departamento de Patologia e Clínica, UFF. 4 - Professora associada, IV – Departamento de Patologia e Clínica, UFF. 5 - Médica-veterinária, IV, UFRRJ.

Resumo: Um felino macho da raça Persa de 5 anos de idade foi atendido em uma clínica veterinária na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, em 2015, apresentando lesões císticas escuras em ambos pavilhões auriculares que cresceram, ocluindo o conduto auditivo levando ao acúmulo de cerúmen e otite externa. O animal já apresentava as lesões desde sua adoção, com 1 ano de idade. O exame histopatológico revelou dilatação das glândulas repletas de cerúmen envoltas por inflamação mononuclear compatível com cistomatose ceruminosa, confirmando o diagnóstico. Foi realizada a remoção completa das massas inflamatórias com bisturi elétrico e o animal foi acompanhado durante 3 anos sem recidiva. A cistomatose ceruminosa é uma doença rara, benigna e de causa desconhecida. Neste caso sugerese etiologia congênita e não houve progressão para malignidade, no entanto, ainda são necessários mais estudos para elucidar sua etiologia e evolução. Unitermos: conduto auditivo, otite, cistos, cistadenoma. Abstract: A 5 year old male Persian cat was brought to veterinary clinic care in Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, in 2015, presenting dark cystic lesions in both concave pinnas, which have grown, occluding the auditory canal leading to otitis externa. The animal presented small lesions since its adoption, with 1 year old. Histopathology exam revealed dilatation of ceruminous glands with mononuclear inflammatory cells infiltrate, compatible with ceruminous cystomatosis, confirming the diagnosis. The total ablation of inflammatory masses was performed with electric bistoury and there was no recurrence within 3 years of medical monitoring. Feline ceruminous cystomatosis is a rare and benign condition of unknown etiology. In this case, it is suggested congenital etiology and there was no progression to malignancy, however, further studies are needed to elucidate its etiology and progression. Keywords: auditory conduct, otitis, cysts, cystadenomatosis Resumen: Un gato de la raza Persa de 5 años de edad fue atendido en una clínica veterinária en Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, en 2015, presentando lesiones císticas oscuras en ambos pabellones auriculares que crecieron, ocluyendo el conducto auditivo llevando a la acumulación de cerúmen y otitis externa. El animal ya presentaba las lesiones desde su adopción, con 1 año de edad. El examen histopatológico reveló dilatación de las glándulas repletas de cerramientos envueltos por inflamación mononuclear compatible con cistomatosis ceruminosa, confirmando el diagnóstico. Se realizó la remoción completa de las masas inflamatorias con bisturí eléctrico y el animal fue acompañado durante 3 años sin recidiva. La cistomatosis ceruminosa es una enfermedad rara, benigna y de causa desconocida. En este caso se sugiere etiología congénita y no hubo progresión para malignidad, sin embargo, todavía son necesarios más estudios para elucidar su etiología y evolución. Palabras clave: conducto auditivo, otitis, quistes, cistadenoma. Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Introdução A cistomatose ceruminosa felina é uma doença rara e benigna caracterizada pela dilatação e hiperplasia de glândulas ceruminosas. Apesar de afetar gatos de todas as idades, afeta mais comumente gatos de meia idade a idosos, entre oito e nove anos. Já foi relatada predisposição racial em gatos Persas, Himalaios e Abissínios, juntamente a uma maior prevalência em machos 1-3. A doença também já foi relatada em híbridos de felinos selvagens 4. A patologia apresenta variada nomenclatura como cistos ou tumores apócrinos 5, cistoadenoma e ceruminoma 3,6. O termo ceruminoma é controverso, já que pode englobar variados tipos de neoplasias benignas ou malignas 7. A apresentação clínica consiste em lesões múltiplas, benignas, de aspecto vesicular ou nodular, menores que dois milímetros de diâmetro. Usualmente, localizam-se na superfície medial do pavilhão auricular ou da base da aurícula, podendo estender-se até profundidades variáveis do meato acústico externo 2 . A cistomatose de glândulas apócrinas também pode acometer pálpebras superior e inferior, face, pescoço e extremidades, sendo mais comumente observada em felinos Persas 8-10. Os cistos apresentam coloração azul, marrom ou negra e sua ruptura ocasiona a liberação de fluido viscoso enegrecido 2,3. Sua causa ainda é desconhecida, podendo estar relacionada à degeneração senil ou ser uma condição congênita 2. Os gatos afetados não apresentam outros sinais que possam ser associados à patologia, uma vez que não ocorra crescimento excessivo dos nódulos. É sugerido que a doença pode ocorrer como resultado de otite externa crônica, apesar de a otite ser habitualmente descrita como uma consequência secundária à oclusão do canal do ouvido por cistos de localização mais profunda 2,3. A presença dos cistos pode dificultar o asseio felino levando ao acúmulo de cerúmen e a infecções secundárias por proliferação bacteriana ou fúngica 2,3. Destaca-se que alguns gatos da raça Persa podem apresentar predisposição à produção excessiva de cerúmen 11. Lesões pequenas ou precoces podem ser diagnosticadas erroneamente como neoplasia melanocítica ou vascular sendo o diagnóstico confirmatório feito por histopatologia. Os achados 36

são a dilatação das glândulas repletas de cerúmen, envoltas por inflamação mononuclear 2. O tratamento é preconizado no caso de haver aumento excessivo do tamanho dos cistos, podendo levar à oclusão do canal e otite externa recorrente 3. A excisão dos cistos mediante laser de dióxido de carbono é o método mais indicado, no entanto, crioterapia, excisão cirúrgica com bisturi elétrico ou cauterização química também são eficientes. Sem a remoção completa do cisto as chances de recorrência aumentam consideravelmente 12,13 . O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência da cistomatose ceruminosa, sua possível etiologia e modo de evolução, tendo em vista a enfermidade como rara e que ainda necessita mais estudos elucidativos. Histórico Um felino da raça Persa, de 5 anos de idade foi atendido em uma clínica veterinária localizada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, em 2015, apresentando lesões císticas azuladas (Figura 1) em ambos condutos auditivos, além de otite externa. Na anamnese, constatou-se que o animal procedia de um gatil, havia sido adotado com cerca de 1 ano de

Figura 1 - Proliferações císticas azuladas em pavilhão auricular de felino Persa. Fonte: Arquivo Pessoal Ana Maria Barros Soares.

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idade e que, na ocasião, apresentava pequenas lesões escuras de aspecto nodular que cresceram com o passar do tempo. Para avaliação das lesões foi enviada uma amostra para exame histopatológico. O material enviado consistiu em uma massa multicística de cerca de 1 centímetro, repleta de material enegrecido e de consistência friável. O diagnóstico histopatológico revelou a presença de cistomatose ceruminosa pela dilatação das glândulas com secreção típica (Figura 2a) e presença de porção inflamatória mononuclear superficial (Figura 2b). Como tratamento, foi realizada a excisão cirúrgica meticulosa de todos os nódulos com bisturi elétrico. O paciente foi acompanhado por três anos após o procedimento cirúrgico e o conduto auditivo do animal manteve-se saudável, sem lesões recidivantes durante todo este período. Discussão A cistomatose é descrita em literatura como rara em felinos, no entanto, alguns autores sugerem

que algumas doenças de ouvido médio têm sido subdiagnosticadas e recomendam a realização de avaliação histopatológica de lesões sempre que possível 15. Tendo em vista a epidemiologia da cistomatose, observou-se que as características citadas como a maior ocorrência em gatos machos da raça Persa 1-3,8-10 condizem com o perfil do animal em questão. A doença geralmente é associada a animais de meia idade a idosos e se relaciona à senilidade e alterações degenerativas, apesar de já ter sido relatada em animais jovens 1-3. Entretanto, o animal deste caso possivelmente apresentava lesões antes de um ano de idade, sugerindo provável etiologia congênita 1-3. Apesar de a ablação a laser ser mais recomendável por reduzir danos teciduais e a formação de cicatrizes, resultando em deformação mínima do pavilhão auricular 6,12,13, a remoção dos cistos com bisturi elétrico também se demonstrou eficaz. Já foi sugerida a progressão de cistos benignos para neoplasias malignas, como adenocarcinoma ou

Figura 2 - Dilatação das glândulas ceruminosas e inflamação proliferação túbulo-cística com secreção típica. Coloração Hematoxilina e Eosina (HE) (a); Detalhe do epitélio cístico benigno e estruturas tubulares com infiltrado de mononucleares intersticiais HE (b). Fonte: Arquivo Pessoal Julia Enes de Toledo Piza. Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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carcinoma de células escamosas 14. Vale ressaltar que os adenocarcinomas de glândulas ceruminosas são a neoplasia mais comum de meato acústico externo em felinos, contabilizando cerca de 2% de todos os neoplasmas felinos, sendo mais frequentemente diagnosticados do que neoplasias benignas como cistoadenomas 4. As lesões do animal do presente caso não recidivaram desde a intervenção cirúrgica e tampouco demonstraram sinais de malignidade, tendo sido solicitado o retorno periódico para reavaliação. Conclusão Relata-se um caso de cistomatose ceruminosa em felino Persa; provável etiologia ressaltando-se o histórico do paciente; epidemiologia da doença; método de diagnóstico; tratamento realizado; possibilidade de recidiva e de progressão para malignidade. Referências 01-GOLDSCHMIDT, M. H. ; SHOFER, F. S. Skin Tumors of the Dog and Cat. 1. ed. Oxford: Pergamon Press, 1998. 328p. 02-GROSS, T. L. ; IHRKE, P. J. ; WALDER, E. J. ; AFFOLTER, V. K. Sweat Gland Tumors. In: Skin Diseases of the Dog and Cat: Clinical and Histopathologic Diagnosis. 2 ed. Oxford: Blackwell Science, 2008. p. 667. 03-MILLER, H. W. ; GRIFFIN, C. E. ; CAMPBELL, K. L. Diseases of eyelids, claws, anal sacs and ears. In: Muller & Kirk’s Small Animal Dermatology. 7 ed. St. Louis, Missouri: Elsevier, 2013. 948 p. cap. 19, p. 752-753. 04-DREW, S. J. ; PERPIÑÁN, D. ; BAILY, J. Concurrent Transitional meningioma and Ceruminous Gland Adenocarcinoma in a Scottish Wildcat Hybrid (Felis silvestris). Journal of Comparative Pathology, v. 154, p. 253-257, 2016. 05-GUAGUÈRE, É. ; PRÉLAUD, P. A practical guide to Feline dermatology. 1. ed. New York: Merial, 1999. 293 p. 06-DUCLOS, D. Lasers in veterinary dermatology. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 36, n. 1, p. 15-37, 2006. 07-CASTRO, M. C. M. ; FAGUNDES-PEREYRA, 38

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Frequência das infecções pelos vírus da imunodeficiência felina e da leucemia felina em gatos domiciliados no Rio de Janeiro, RJ. Frequency of feline immunodeficiency virus and feline leukemia virus infections in domiciled cats in Rio de Janeiro, RJ. Frecuencia de las infecciones por los virus de la inmunodeficiencia felina y de la leucemia felina en gatos domiciliados en Río de Janeiro, RJ. LEAL, P. D. S. 1 ; AGUIRRE, T. P. 2 ; CAMPOS, D. P. 3 ; LOPES, C. W. G. 4 1 - Médico-veterinário, DSc. PPGCV, IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, CTI Veterinário. 3 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário. 4 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, IV, UFRRJ. Bolsista CNPq.

Resumo: O vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV) pertencem à família Retroviridae e acometem gatos domésticos e selvagens em todo o mundo. São transmitidos principalmente através de secreções orgânicas, saliva ou infecção transplacentária ou durante a amamentação. FeLV é um Retrovirus RNA, FIV é um Lentivírus. Gatos infectados apresentam sinais clínicos conforme o sistema acometido, desordens hematológicas, deficiência imunológica, neoplasias (linfoma) com suscetibilidade a infecções secundárias. As taxas mais altas de infecção têm sido encontradas em gatos adultos, machos e não castrados, com acesso à rua. Os testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos ou antígenos virais são muito utilizados, testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), são eficientes para a detecção do DNA do provírus. O diagnóstico é uma forma de controle da doença, a partir do conhecimento sorológico do gato, permitindo protocolos vacinais específicos, manejo adequado dos animais resgatados e segurança dos demais gatos do domicílio. O objetivo deste estudo foi determinar as frequências da infecção por FIV e FELV em gatos que recebem atendimento veterinário de rotina. 102 gatos domésticos foram atendidos, 57 machos e 44 fêmeas, independente de raça, conforme a necessidade de exames laboratórios para o diagnóstico ou apenas como exames de avaliação. As amostras de sangue foram coletadas em seringa descartável, com agulha 25x7mm, 2 a 3 mL, conforme volume total das coletas foram acondicionadas em tubo de ensaio pediátrico sem anticoagulante, O soro foi utilizado para a detecção de FIV e FeLV usando o kit de diagnóstico de teste IDEXX SNAP FIV/FeLV Combo Test (IDEXX Laboratories, Markham, Ontario) de acordo com as recomendações do fabricante. Os animais examinados apresentaram frequências de 29,41% (30) para FeLV positivo, 0,98%(01) FIV positivo e um gato foi positivo para as duas infecções 0,98% (01). Dentre os 57 machos, 28,07% (16) eram reativos para FeLV, sendo um macho coinfectado com o vírus da FIV. Dentre as 44 fêmeas, 31,81% (14) eram reativas, sendo 13 (28,54%) para o vírus FeLV e 2,27% (01) positiva para o FIV. O diagnóstico é uma forma de controle da doença, a partir do conhecimento sorológico do felino, medidas de proteção são orientadas. O teste de diagnóstico para ambas as infecções virais é fundamental para animais resgatados e para segurança dos demais gatos do domicílio. Todo animal deve ser testado antes de ser vacinado, sendo importante o conhecimento da rotina social desse animal por acesso à rua ou contato com gatos não testados ou sabidamente soropositivos, esta necessidade ocorre para escolher o tipo de vacina e protocolo vacinal a ser seguido. Unitermos: anemia, linfoma, viroses, felinos Abstract: The feline immunodeficiency virus (FIV) and the feline leukemia virus (FeLV) belong to the Retroviridae family and affect domestic and wild cats worldwide. They are transmitted primarily through organic secretions, especially saliva or transplacental infection or during breastfeeding. FeLV is a Retrovirus RNA, FIV is a Lentivirus. Infected cats present clinical signs according to the system involved, hematological disorders, immunological deficiency, neoplasias (lymphoma) with susceptibility to secondary infections. The highest rates of infection have been found in adult male and uncastrated cats with access to the street. Serological tests for the detection of specific antibodies or viral antigens are widely used, molecular Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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tests such as polymerase chain reaction (PCR) are efficient for the detection of provirus DNA. Diagnosis is a form of disease control, based on the serological knowledge of the cat, allowing specific vaccination protocols, adequate management of rescued animals and safety of other cats at home. The objective of this study was to determine the frequencies of FIV and FELV infection in cats receiving routine veterinary care. 102 domestic cats were cared for, 57 males and 44 females, regardless of race, depending on the need for laboratory tests for diagnosis or only as evaluation tests. The blood samples were collected in a disposable syringe with 25x7mm needle, 2 to 3 mL, according to the total volume of the samples were conditioned in a pediatric test tube without anticoagulant. The serum was used for the detection of FIV and FeLV using the diagnostic kit IDEXX SNAP FIV / FeLV Combo Test (IDEXX Laboratories, Markham, Ontario) according to the manufacturer's recommendations. The animals examined had frequencies of 29.41% (30) for FeLV positive, 0.98% (01) FIV positive and one cat was positive for both infections 0.98% (01). Among the 57 males, 28.07% (16) were reactive for FeLV, one male being coinfected with the FIV virus. Among the 44 females, 31.81% (14) were reactive, 13 (28.54%) for FeLV virus and 2.27% (01) positive for FIV. Diagnosis is a form of control of the disease, from the serological knowledge of the feline, protective measures are oriented. The diagnostic test for both viral infections is essential for rescued animals and for the safety of other cats at home. Every animal should be tested before being vaccinated, and it is important to know the social routine of this animal for access to the street or contact with cats not tested or known seropositive, this need to choose the type of vaccine and protocol to be followed. Keywords: anemia, lymphoma, viruses, felines Resumen: El virus de la inmunodeficiencia felina (FIV) y el virus de la leucemia felina (FeLV) pertenecen a la familia Retroviridae y afectan a gatos domésticos y salvajes en todo el mundo. Se transmiten principalmente a través de secreciones orgánicas, saliva o infección transplacentaria o durante la lactancia. FeLV es un Retrovirus RNA, FIV es un Lentivirus. Los gatos infectados presentan signos clínicos según el sistema afectado, desordenes hematológicos, deficiencia inmunológica, neoplasias (linfoma) con susceptibilidad a infecciones secundarias. Las tasas más altas de infección se han encontrado en gatos adultos, machos y no castrados, con acceso a la calle. Las pruebas serológicas para la detección de anticuerpos específicos o antígenos virales son muy utilizados, las pruebas moleculares, como la reacción en cadena de la polimerasa (PCR), son eficaces para la detección del ADN del virus. El diagnóstico es una forma de control de la enfermedad, a partir del conocimiento serológico del gato, permitiendo protocolos vacunales específicos, manejo adecuado de los animales rescatados y seguridad de los demás gatos del domicilio. El objetivo de este estudio fue determinar las frecuencias de la infección por FIV y FELV en gatos que reciben atención veterinaria de rutina. Se utilizaron 102 gatos domésticos, 57 machos y 44 hembras, independientemente de la raza, según la necesidad de exámenes laboratorios para el diagnóstico o apenas como exámenes de evaluación. Las muestras de sangre se recogieron en una jeringa desechable, con una aguja 25x7mm, de 2 a 3 mL, según el volumen total de las colectas se acondicionaron en tubo de ensayo pediátrico sin anticoagulante, El suero se utilizó para la detección de FIV y FeLV usando el kit de diagnóstico (IDEXX Laboratories, Markham, Ontario) de acuerdo con las recomendaciones del fabricante. Los animales examinados presentaron frecuencias de 29,41% (30) para FeLV positivo, 0,98% (01) FIV positivo y un gato fue positivo para las dos infecciones 0,98% (01). De los 57 machos, 28,07% (16) eran reactivos para FeLV, siendo un macho coinfectado con el virus de la FIV. Entre las 44 hembras, 31,81% (14) eran reactivas, siendo 13 (28,54%) para el virus FeLV y 2,27% (01) positiva para el FIV. El diagnóstico es una forma de control de la enfermedad, a partir del conocimiento serológico del felino, medidas de protección son orientadas. La prueba de diagnóstico para ambas infecciones virales es fundamental para los animales rescatados y para la seguridad de los demás gatos del domicilio. Cada animal debe ser probado antes de ser vacunado, siendo importante el conocimiento de la rutina social de ese animal por acceso a la calle o contacto con gatos no probados o sabidamente seropositivos, esta necesidad ocurre para elegir el tipo de vacuna y protocolo vacunal a seguir. Palabras clave: anemia, linfoma, virosis, felinos

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Introdução O vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV) pertencem à família Retroviridae e acometem gatos domésticos e selvagens em todo o mundo 1,3,4. São transmitidos através de secreções orgânicas, principalmente saliva ou infecção transplacentária ou durante a amamentação. FeLV é um Retrovirus RNA, FIV é um Lentivírus 1-4. Gatos infectados apresentam sinais clínicos conforme o sistema acometido, desordens hematológicas, deficiência imunológica, neoplasias (linfoma) com suscetibilidade a infecções secundárias 1-11. As taxas mais altas de infecção têm sido encontradas em gatos adultos, machos e não castrados, com acesso à rua 1-11. Os testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos ou antígenos virais são muito utilizados, testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), são eficientes para a detecção do DNA do provírus 1,2,9-11. O diagnóstico é uma forma de controle da doença, a partir do conhecimento sorológico do gato, permitindo protocolos vacinais específicos, manejo adequado dos animais resgatados e segurança dos demais gatos do domicílio. Deste modo, maior qualidade de vida e longevidade podem ser obtidos com cuidados gerais de saúde, terapia paliativa e tratamento das infecções secundárias ¹,4. A exposição ao vírus pode resultar em uma variedade de resultados, incluindo infecções abortivas, regressivas e progressivas. Se uma competente resposta imune humoral existir, o vírus será eliminado, denominado "infecção abortiva". Contudo, há o cuidado para os gatos aparentemente recuperado, negativo para o antígeno, pois os gatos podem reter DNA pró-viral nas células progenitoras da medula óssea, esses gatos, podem ter risco aumentado de doença associadas ao FeLV, como linfoma e anemia; esses gatos podem ser fonte de infecção através de transfusão sanguínea. A evolução da infecção ocorre quando há uma resposta imunológica inadequada e um resultado permanente de viremia, com gatos manifestando sinais típicos da infecção 12-14. O objetivo deste estudo foi determinar as frequências da infecção por FIV e FeLV em gatos

que recebem atendimento veterinário de rotina. Materiais e métodos Um total de 102 gatos domésticos (Felis catus domesticus) foi avaliado no Centro de Terapia Intensiva e Emergência Veterinária, foi testado conforme a necessidade para imunodeficiência felina (FIV) e leucemia felina a vírus (FeLV), em casos sugestivos de sinais clínicos de doença, risco epidemiológico, necessidade de exames laboratórios ou para estabelecimento de protocolo vacinais 1,3,4,15, independentes de raça, idade ou sexo. Destes 102 felinos, 57 eram machos e 44 eram fêmeas, para tanto, amostras de sangue foram coletadas de cada um deles em seringa descartável, com agulha 25x7mm, 2 a 3 mL. Conforme volume total das coletas, as amostras foram acondicionadas em tubo de ensaio pediátrico sem anticoagulante. O soro foi utilizado para a detecção de FIV e FeLV usando o kit de diagnóstico de teste IDEXX SNAP FIV/FeLV Combo Test (IDEXX Laboratories, Markham, Ontário) de acordo com as recomendações do fabricante. Resultados e discussão Os animais examinados apresentaram frequências de 29,42% (30/102) para FeLV positivo, 0,98%(01/102) FIV positivo, porém um dos gatos foi positivo para as duas infecções 0,98%, dentre os machos, 28,07% (16/57) eram reativos para FeLV, sendo um macho coinfectado com o vírus da FIV. Dentre as fêmeas, 31,82% (14/44) foram reativas, sendo 29,55% (13/44) para o vírus FeLV e 2,27% (01/44) positiva para FIV, estes resultados apresentam uma significativa presença de animais sororreagentes e mostra a superioridade do diagnóstico do vírus FeLV em relação a FIV 10, oposto ao resultados observados quando o estudo ocorre em grupos de riscos, onde o vírus da FIV tem uma maior frequência 8,9,11. É importante lembrar, que se tratam de animais que possuem domicílio e recebem atendimento médico veterinário de rotina e tutores com orientações técnicas; no entanto, são observações de resultados positivos muito acima dos descritos em estudo anterior, que obedeceram as

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mesmas características dos animais domiciliados8. Apesar da disponibilidade de testes e profilaxia vacinal, a infecção ainda é frequente 1-11. Em países desenvolvidos, a realização de testes e vacinas resultou em redução na ocorrência destas infecções 6,7. Já no Brasil, a doença ainda apresenta uma alta prevalência 6,7,9. Em geral, os animais positivos para FIV e FeLV são mais velhos do que as populações não infectadas e que a prevalência dessas enfermidades varia entre populações com diferentes fatores de riscos conforme as características dos abrigos ou concentrações de gatos errantes, e o conhecimento das frequências das infecções combinado aos fatores de risco e proteção podem ser úteis para concentrar recursos em estratégias de controle, manejo e profilaxia, permitindo a redução da infecção e doença 1-11. Conclusão O diagnóstico é fundamental para o controle da FIV e FeLV, a partir do conhecimento sorológico de cada felino, para que medidas de proteção possam ser orientadas. O teste de diagnóstico para ambas as infecções virais tem sido fundamental não só para animais resgatados, mas também para segurança daqueles que vivem no domicílio. Todo animal deve ser testado antes de ser vacinado, sendo importante o conhecimento da rotina social desse animal por acesso à rua ou contato com gatos não testados ou sabidamente soropositivos, esta necessidade ocorre para escolher o tipo de vacina e protocolo vacinal a ser seguido. Referências 01-GREENE, C. E. Infectious Diseases of the Dog and Cat-E-Book. London: Elsevier Health Sciences. 2013. 1383p. 02-TEIXEIRA, B. M. ; RAJÃO, D. S. ; HADDAD, J. P .A. ; LEITE, R. C. ; REIS, J. K. P. Ocorrência do vírus da imunodeficiência felina e do vírus da leucemia felina em gatos domésticos mantidos em abrigos no município de Belo Horizonte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 59, n. 4, p. 939-942, 2007 42

03- GOMES-KELLER, M. A. ; GÖNCZI, E. ; TANDON, R. ; RIONDATO, F. ; HOFMANNLEHMANN, R. ; MELI, M. L. ; LUTZ, H. Detection of Feline Leukemia Virus RNA in Saliva from Naturally Infected Cats and Correlation of PCR Results with Those of Current Diagnostic Methods. Journal of Clinical Microbiology, v. 44, n. 3, p. 916-922, 2006. 04-SYKES, J. E. ; HARTMANN, K. Feline Leukemia Virus Infection. In: SYKES, J. E. Canine and feline infectious diseases, St. Louis: Elsevier, 2014 p. 222-235. 05-SOBRINHO, L. V. ; VIDES, J. P. ; BRAGA, E. T. G. ; GOMES, A. A. D. ; ROSSI, C. N. ; MARCONDES, M. Sorofrequência de infecção pelo vírus da imunodeficiência felina e vírus da leucemia felina em gatos do município de Araçatuba, São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 48, n. 5, p. 378-383, 2011. 06-ALMEIDA, F. M. ; FARIA, M. C. F. ; BRANCO, A. S. ; SERRÃO, M. ; SOUZA, A. M. ; ALMOSNY, N. ; CHARME, M. ; LABARTHE, N. Sanitary conditions of colony of urban feral cats (Felis catus Linnaeus, 1758) in a Zoological Garden of Rio de Janeiro, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 46, n. 5, p. 269-274, 2004. 07-SOUZA, H. J. M. ; TEIXEIRA, C. H. R. ; GRAÇA, R. F. S. Estudo epidemiológico de infecções pelo vírus da leucemia e/ou imunodeficiência felina, em gatos domésticos do município do Rio de Janeiro. Clinica Veterinária, v. 36, n. 1, p.14-21, 2002. 08-POFFO, D. ; ALMEIDA, A. B. ; NAKAZATO, L.  ; DUTRA, V. ; CORREA, S. H. ; MENDONÇA, A. J. ; SOUSA, V. R. Feline immunodeficiency virus (FIV), feline leukaemia virus (FeLV) and Leishmania sp. in domestic cats in the Midwest of Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 37, n. 5, p. 491-494, 2017. 09-BARROS, V. R. ; BEZERRA, J. A. B. ; BOCHNAKIAN, M. S. ; DE PAULA, V. V. ; FILGUEIRA, K. D. Epidemiology of feline immunodeficiency virus and feline leukemia

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virus in a veterinary teaching hospital. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 11, n. 2, p. 151-160, 2017. 10-MUNRO, H. J. ; BERGHUIS, L. ; LANG, A. S. ; ROGERS, L. ; WHITNEY, H. Seroprevalence of feline immunodeficiency virus (FIV) and feline leukemia virus (FeLV) in shelter cats on the island of Newfoundland, Canada. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 78, n. 2, p. 140-144, 2014. 11-STAVISKY, J. ; DEAN, R. S. ; MOLLOY, M. H. Prevalence of and risk factors for FIV and FeLV infection in two shelters in the United Kingdom (2011-2012). Veterinary Record, v. 181, n. 17, p. 451-451, 2017. 12-STÜTZER, B. ; SIMON, K. ; LUTZ, H. ; MAJZOUB, M. ; HERMANNS, W. ; HIRSCHBERGER, J. ; SAUTER-LOUIS, C. ; HARTMANN, K. Incidence of persistent viraemia and latent feline leukaemia virus infection in cats with lymphoma. Journal of Feline Medicine and

Surgery, v. 13, n. 2, p.81-87, 2011 13-GABOR, L. J. ; JACKSON, M. L. ; TRASK, B. ; MALIK, R. ; CANFIELD, P. J. Feline leukaemia virus status of Australian cats with lymphosarcoma. Australian Veterinary Journal, v. 79, n. 7, p. 476-481, 2001. 14-NESINA, S. ; KATRIN HELFERHUNGERBUEHLER, A. ; RIOND, B. ; BORETTI, F. ; WILLI, B. ; MELI, M. L. ; GREST, P. ; HOFMANN-LEHMANN, R. Retroviral DNAthe silent winner: blood transfusion containing latent feline leukemia provirus causes infection and disease in naïve recipient cats. Retrovirology, v. 12, n. 105, p. 1-18, 2015. 15-DAY, M. J. ; HORZINEK, M. C. ; SCHULTZ, R. D. ; SQUIRES, R. A. Guidelines for the vaccination of dogs and cats compiled by the vaccination guidelines group (vgg) of the world small animal veterinary association (WSAVA). Journal of Small Animal Practice, v. 57, n. 1, p. E1-E45, 2016.

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Frequências dos tipos sanguíneos do sistema DEA em cães atendidos em Serviço de Saúde Veterinário no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Frequencies of blood types of the DEA system in dogs attended at Veterinary Health Service in Rio de Janeiro, RJ, Brazil. Frecuentes de los tipos sanguíneos del sistema DEA en perros atendidos en Servicio de Salud Veterinario en Rio de Janeiro, RJ, Brasil. LEAL, P. D. S. 1 ; AGUIRRE, T. P. 2 ; CAMPOS, D. P. 3 ; LOPES, C. W. G. 4 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, CTI Veterinário. 3 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário. 4 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, IV, UFRRJ. Bolsista CNPq.

Resumo: O sistema antígeno de eritrócitos do cão (DEA) é a única classificação de grupo sanguíneo reconhecido internacionalmente e constituído por sete tipos de sangue canino com disponibilidade de tipagem para apenas cinco deles (DEA 1, DEA 3, DEA 4, DEA 5 e DEA 7), com o mais antigênico o DEA 1. Os grupos sanguíneos correspondem a vários antígenos classificados como polimórficos, espécie-específica e que estão presentes na superfície dos eritrócitos e são detectados por reações imunes utilizando anticorpos. É importante realizar a tipagem sanguínea e provas de compatibilidade antes de uma transfusão de sangue para determinar a segurança entre o doador de sangue e o receptor, minimizando a frequência das reações e sua gravidade. Transfusões de produtos sanguíneos são cada vez mais utilizadas na clínica de animais de companhia, os produtos com hemácias tem como pré-requisitos a classificação sanguínea, para o reconhecimento do antígeno eritrocitário (D.E.A. 1.1 positivo) e provas de compatibilidade. O objetivo deste estudo foi determinar as frequências dos tipos sanguíneos do sistema DEA 1.1 em uma população de cães que foram atendidos em Serviço de Saúde Veterinário no Rio de Janeiro, RJ. Um total de 34 caninos atendidos, 16 machos e 18 fêmeas, independente de raça, foram classificados, conforme a necessidade de exames laboratoriais para o diagnóstico ou apenas como exames de avaliação, check-up. As amostras de sangue foram coletadas em seringa descartável, com agulha 25x7mm, 2 a 3 mL e acondicionadas em tubo de ensaio pediátrico com anticoagulante EDTA, para classificação sanguínea e reconhecimento dos antígenos eritrocitários (D.E.A. 1.1 positivo) foi utilizado a metodologia do referido teste, o Quick Test D.E.A.1.1. Test for Blood Typing D.E.A. 1.1 in Dogs. Na amostragem estudada observou-se que as frequências de 25/34 (73,53%) para DEA 1.1 Positivo e 9/34 (26,47%) para ausência de anticorpos DEA 1.1. Dentre os 16 machos, 11/16 (68,75%) eram reativos para D.E.A. 1.1 e 5/16 (31,25%) não reativos DEA 1.1, dentre as 18 fêmeas, 14/18 (77,78%) eram reativos para D.E.A. 1.1 e 4/18 (22,22%) não reativos DEA 1.1. Os resultados observados estão de acordo, visto que a maioria da população canina estudada foi positiva (73,53%) para DEA 1.1, o tipo sanguíneo mais antigênico em cães. O conhecimento do tipo sanguíneo facilita e torna seguro o atendimento em caso de necessidade de transfusão; a sua indicação depende do conhecimento das frequências dos tipos sanguíneos em diferentes populações caninas da região e auxilia na manutenção de um banco de dados sobre as frequências locais e disponibiliza mais doadores para o serviço veterinário de cães. Unitermos: transfusão, classificação sanguínea, antígenos eritrocitários Abstract: The dog erythrocyte antigen (DEA) system is the only internationally recognized blood group classification, consisting of seven types of canine blood with the availability of typing sera for only five of them (DEA 1, DEA 3, DEA 4, DEA 5 and DEA 7), being the most antigenic DEA 1. Blood groups correspond to several antigens classified 44

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as polymorphic, species-specific and present on the surface of erythrocytes and they are detected by immune reactions using antibodies. It is important to perform blood typing and compatibility tests prior to a blood transfusion which determines the safety between the blood donor and the recipient, minimizing the frequency of reactions and their severity. Transfusions of blood products are increasingly used in the pet clinic, the products with red blood cells are prerequisites for blood classification, for recognition of erythrocyte antigen (D.E.A. 1.1 positive) and compatibility tests. The objective of this study was to determine the frequencies of the blood types of the DEA 1.1 system in a population of dogs that were attended at the Veterinary Health Service in Rio de Janeiro, RJ. A total of 34 canines attended, 16 males and 18 females, regardless of race, were classified, according to the need of laboratory tests for the diagnosis or only as evaluation exams, check-up. The blood samples were collected in a disposable syringe with a 25x7mm needle, 2 to 3 mL and packed in a pediatric test tube with EDTA anticoagulant. Blood test and erythrocyte antigen recognition (DEA 1.1 positive) were used in the test, or Quick Test DEA1.1. Test for Blood Typing D.E.A. 1.1 in Dogs. The studied sample presented frequencies of 25/34 (73.53%) for DEA 1.1 Positive and 9/34 (26.47%) for absence of DEA antibodies 1.1. Among the 16 males, 11/16 (68.75%) were reactive for D.E.A. 1.1 and 5/16 (31.25%) non-reactive DEA 1.1, of the 18 females, 14/18 (77.78%) were reactive for D.E.A. 1.1 and 4/18 (22.22%) non-reactive DEA 1.1. The observed results are in agreement, since the majority of the canine population studied was positive (73.53%) for DEA 1.1, the most antigenic blood type in dogs. The knowledge of the blood type, facilitates and makes safe the attendance in case of necessity of transfusion; its indication depends on knowledge of the blood type frequencies in different canine populations in the region and assists in the maintenance of a database on local frequencies and provides more donors to the Veterinary Helth Service of dogs. Keywords: transfusion, blood classification, erythrocyte antigens Resumen: El sistema antígeno de eritrocitos del perro (DEA) es la única clasificación de grupo sanguíneo reconocido internacionalmente y consta de siete tipos de sangre canina con disponibilidad de sueros de tipificación para sólo cinco de ellos (DEA 1, DEA 3, DEA 4, DEA 5 y DEA 7), con el más antigénico el DEA 1. Los grupos sanguíneos corresponden a varios antígenos clasificados como polimórficos, especies específicas y que están presentes en la superficie de los eritrocitos y son detectados por reacciones inmunes utilizando anticuerpos. Es importante realizar la tipificación sanguínea y pruebas de compatibilidad antes de una transfusión de sangre para determinar la seguridad entre el donante de sangre y el receptor, minimizando la frecuencia de las reacciones y su gravedad. Las transfusiones de productos sanguíneos se utilizan cada vez más en la clínica de animales de compañía, los productos con hematíes tienen como requisitos previos a la clasificación sanguínea para el reconocimiento del antígeno eritrocitario (D.E.A. 1.1 positivo) y pruebas de compatibilidad. El objetivo de este estudio fue determinar las frecuencias de los tipos sanguíneos del sistema DEA 1.1 en una población de perros que fueron atendidos en el Servicio de Salud Veterinaria en Río de Janeiro, RJ. Un total de 34 caninos atendidos, 16 machos y 18 hembras, independiente de raza, fueron clasificados, según la necesidad de exámenes laboratorios para el diagnóstico o apenas como exámenes de evaluación, check-up. Las muestras de sangre se recogieron en una jeringa desechable, con una aguja 25x7mm, 2 a 3 mL que se acondicionó en tubo de ensayo pediátrico con anticoagulante ácido etilendiaminotetracético (EDTA), para clasificación sanguínea y reconocimiento de los antígenos eritrocitarios (DEA 1.1 positivo) la metodología de dicha prueba, el Quick Test DEA1.1. Test for Blood Typing D.E.A. 1.1 in Dogs. La población estudiada, constituida de 16 machos y 18 hembras, presentó frecuencias de 25/34 (73,53%) para DEA 1.1 Positivo y 9/34 (26,47%) para ausencia de anticuerpos DEA 1.1. Entre los 16 machos, 11/16 (68,75%) eran reactivos para D.E.A. 1.1 y 5/16 (31,25%) no reactivos DEA 1.1, entre las 18 hembras, 14/18 (77,78%) eran reactivos para D.E.A. 1.1 y 4/ (22,22%) no reactivos DEA 1.1. Los resultados observados están de acuerdo, ya que la mayoría de la población canina estudiada fue positiva (73,53%) para DEA 1.1, el tipo sanguíneo más antigénico en perros. El conocimiento del tipo sanguíneo, agiliza y hace seguro la atención en caso de necesidad de transfusión; su indicación depende del conocimiento de las frecuencias de los tipos sanguíneos en diferentes poblaciones caninas de la región y ayuda en el mantenimiento de un banco de datos sobre las frecuencias locales y ofrece más donantes para el servicio veterinario de perros. Palabras clave: transfusión, clasificación sanguínea, antígenos eritrocitários Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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Introdução O sistema antígeno de eritrócitos do cão (DEA) é a única classificação de grupo sanguíneo reconhecido internacionalmente e constituído por sete tipos de sangue canino com disponibilidade de tipagem para apenas cinco deles (DEA 1, DEA 3, DEA 4, DEA 5 e DEA 7), com o mais antigênico o DEA 1 1-5. Os grupos sanguíneos são separados por tipos de alelos com a mesma codificação, com dois ou mais alelos do mesmo locus, e correspondem a vários antígenos classificados como polimórficos, espécie-específicos e que estão presentes na superfície dos eritrócitos e são detectados por reações imunes utilizando anticorpos 1-10. A tipificação sanguínea permite ao médico veterinário identificar a presença ou ausência de antígenos eritrocitários e assim escolher o doador específico conforme as características eritrocitárias do receptor, tornando a ação de transfundir produtos sanguíneos eritrocitários entre dois indivíduos mais segura, com a escolha de indivíduos compatíveis para os antígenos testados 1,2,4,5,9. É importante realizar a classificação sanguínea e as provas de compatibilidade antes de uma transfusão de sangue, diminuindo os riscos e aumentando a segurança para o receptor, minimizando a frequência das reações e sua gravidades imediatas ou tardias 1,2,7. Transfusões de produtos sanguíneos são cada vez mais utilizadas na clínica de animais de companhia, onde várias enfermidades necessitam para seu manejo a reposição volêmica, e os produtos com hemácias devem receber a metodologia adequada, e, o pré-requisito da classificação sanguínea, para o reconhecimento do antígeno eritrocitário (D.E.A. 1.1 positivo) e provas de compatibilidade deve ser obrigatório 1-4. O objetivo deste estudo foi determinar as frequências dos tipos sanguíneos do sistema DEA 1.1 em uma população de cães que foram atendidos na Clínica Veterinária Centro de Terapia Intensiva e Emergência Veterinária, um serviço de saúde veterinário no Rio de Janeiro, RJ. Materiais e métodos Um total de 34 cães atendidos, 16 machos e 18 46

fêmeas, independente de raça, foram classificados, conforme a necessidade de exames laboratórios para o diagnóstico ou apenas como exames de avaliação, check-up. As amostras de sangue foram coletadas em seringa descartável, com agulha 25x7mm, 2 a 3 mL que foi acondicionadas em tubo de ensaio pediátrico com anticoagulante ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), para classificação sanguínea e reconhecimento dos antígenos eritrocitários (D.E.A. 1.1 positivo) foi utilizado a metodologia do referido teste, o Quick Test D.E.A.1.1. Test for Blood Typing D.E.A. 1.1 in Dogs, 11-13 Rue des Aulnes 69760 Limonest, France, conforme metodologia do fabricante. Resultados e discussão A amostragem estudada foi constituída de 34 animais da espécie Canis lupus familiaris (Carnivora: Canidae), separados por sexo, com 16 machos e 18 fêmeas, apresentou frequências de 25/34 (73,53%) para a presença de antígeno DEA 1.1 positivo e 9/34 (26,47%) para ausência

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de anticorpos DEA 1.1. Dentre os 16 machos, 11/16 (68,75%) eram reativos para D.E.A. 1.1 e cinco (31,25%) não reativos DEA 1.1, dentre as 18 fêmeas, 14/18 (77,78%) eram reativos para D.E.A. 1.1 e 4/18 (22,22%) não reativos DEA 1.1. Os resultados observados estão de acordo, visto que a maioria da população canina estudada foi positiva (73,53%) para DEA 1.1, o tipo sanguíneo mais antigênico em cães 5,9,10. O DEA 1.1 é de maior potencial antigênico, pois cães não sensibilizados a este antígeno tem ausência de anticorpos naturais para este tipo sanguíneo, sendo o resultado mais observado em outros estudos 1-10 Apesar dos cães DEA 1.1 negativos poderem doar sangue, com relativa segurança na primeira transfusão, para receptores 1.1 negativos e positivos, esta prática deve ser evitada, pois reações de menor intensidade podem manifestar-se tendo como prérequisitos a classificação sanguínea e provas de compatibilidade 1,2,5,7-9, para o reconhecimento dos antígenos eritrocitários (D.E.A. 1.1 positivo) e a tipificação sempre do doador e receptor 1,2,4,5,7-9, pois cada sistema de grupo sanguíneo representa a superfície alélica com antígenos de glóbulos vermelhos que diferem entre cães positivos ou negativos observado dentro de uma população, e há outros antígenos que podem ocorrer em indivíduos na ausência ou presença do DEA 1.1 3 com possíveis reações indesejadas 7-9. Conclusão O conhecimento do tipo sanguíneo, facilita e torna seguro o atendimento em caso de necessidade de transfusão; a sua indicação depende do conhecimento das frequências dos tipos sanguíneos em diferentes populações caninas da região e auxilia na manutenção de um banco de dados sobre as frequências locais e disponibiliza mais doadores para o serviço veterinário de cães. Referências 1-BLAIS, M. C. ; BERMAN, L. ; OAKLEY, D.A.  ; GIGER, U. Canine Dal blood type: a red cell antigen lacking in some Dalmatians. Journal of

Veterinary Internal Medicine, v. 21, n. 2, p. 281286, 2007. 2-LANEVSCHI, A. ; WARDROP, K. J. Principles of transfusion medicine in small animals. Canadian Veterinary Journal, v. 42, n. 6, p. 447-454, 2001. 3-EULER, C. C. ; LEE, J. H. ; KIM, H. Y. ; RAJ, K  ; MIZUKAMI, R. ; GIGER, U. Survey of two new (Kai 1 and Kai 2) and other blood groups in dogs of North America. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 30, n. 5, p. 1642-1647, 2016. 4-SPADA, E. ; PROVERBIO, D. ; PRIOLO, V. ; IPPOLITO, D. ; BAGGIANI, L. ; PEREGO, R. ; PENNISI, M. G. Dog erythrocyte antigens (DEA) 1, 4, 7 and suspected naturally occurring anti-DEA 7 antibodies in Italian Corso dogs. Veterinary Journal, v. 222, n. 1, p. 17-21, 2017. 5-HALE, A. CANINE TRANSFUSION MEDICINE. IN: DAY, M. J. ; KOHN, B. BSAVA Manual of Canine and Feline: Haematology and Transfusion Medicine. 2. ed. Inglaterra: Bsava, 2012. Cap. 32, p. 280-282. 6-SETH, M. ; WINZELBERG, S. ; JACKSON, K. V. ; GIGER, U. Comparison of gel column, card and cartridge techniques for DEA 1.1 blood typing of dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 73, n. 2, p. 2013-2019, 2008. 7-GOMES, S. G. R. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA. IN: SANTOS, M. M.; FRAGATA, F. S. Emergência e Terapia Intensiva Veterinária em Pequenos Animais. 1ª ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 15, p. 172-190. 8-BROWN, D. ; VAP, L. Princípios sobre Transfusão Sanguínea e Reação Cruzada. In: Thrall, M. A. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1ª ed. São Paulo: Roca, 2006. cap. 15, p. 188-198. 9-ROZANSKI, E. ; LAFORCADE, A. M. Transfusion Medicine in Veterinary Emergency and Critical Care Medicine. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v. 19, n. 2, p. 83-87, 2004. 10-NOVAIS, A. A. ; FAGLIARI, J. J. ; SANTANA, A. E. Prevalência dos antigénios eritrocitários caninos (DEA – dog erythrocyte antigen) em cães domésticos (Canis familiaris) criados no Brasil. Ars Veterinaria, v. 20, n. 2, p. 212-218. 2004.

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Levantamento do perfil vacinal dos cães provenientes do estado do Rio de Janeiro através de questionário online Survey of the vaccination profile of dogs from the state of Rio de Janeiro through an online questionnaire Levantamiento del perfil vacunal de los pernos provenientes del estado del Rio de Janeiro a través de cuestionario online BALBI, M. 1 ; ANDRADE, T. L. X. 2 ; BRAGA, M. 3 1 - Profa. UNESA. mgbalbi@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNESA. 3 - Profa. UNESA.

Resumo: Com intuito de traçar o perfil do protocolo vacinal de cães no estado do Rio de Janeiro, uma pesquisa foi realizada com 431 tutores através da ferramenta Google Docs. O esquema de primovacinação adotado pelos entrevistados revelou que apenas 16% realizou a primovacinação com 8 semanas de idade, como é recomendado pelas diretrizes da WSAVA, 2015. Mesmo sendo os médicos veterinários os únicos aptos a atestar a vacinação nos animais, 18,6% dos cães foram vacinados por leigos. Embora as diretrizes internacionais de vacinação recomendem a revacinação com intervalos não mais frequente do que a cada 3 anos, no levantamento 80% dos proprietários realizam anualmente o reforço e somente 34,8% confirmaram a segurança em realizar trienalmente. O perfil vacinal dos cães levantados mostra adequação com as doenças imunizadas, porém uma reavaliação no período de primovacinação deve ser feito para minimizar o risco de falhas vacinais. Unitermos: Imunização, vacina, cão Abstract: With the intention of investigating the vaccination protocol profile of the dogs in the state of Rio de Janeiro, a survey was conducted with 431 dog owners through the Google Docs tool. The primary vaccination scheme adopted by the interviewees revealed that only 16% of the owners performed the primary vaccination at 8 weeks of the dog's age, as recommended by the guidelines of the WSAVA, 2015. Although veterinarians are the only ones able to attest the vaccination in animals, 18.6% of the dogs were vaccinated by nonprofessionals. Even though international vaccination guidelines recommend revaccination at intervals no more frequently than every three years, in the survey 80% of the owners carry out the booster injection annually and only 34.8% have confirmed confidence in immunizing their dogs every three years. The vaccination profile of the dogs in this survey shows adequacy with the immunization of the diseases indicated by the core vaccination, but a reevaluation of the primary vaccination period should be done to minimize the risk of vaccination failures. Keywords: Immunization, vaccine, dog Resumen: Con el fin de trazar el perfil del protocolo vacunal de perros en el estado de Río de Janeiro, una encuesta fue realizada con 431 tutores a través de la herramienta Google Docs, con el objetivo de ofrecer datos a la clase veterinaria. El esquema de primovacunación adoptado por los entrevistados reveló que el 61,7% realizó la primera dosis de la vacuna con 6 semanas y sólo el 16% con 8 semanas. Aunque los médicos veterinarios sean los únicos aptos para certificar la vacunación en los animales, el 18,6% de las vacunas no fueron realizadas por ellos. En el levantamiento el 80% realiza anualmente el refuerzo y el 34,8% confirmó la seguridad en realizar trienalmente. El perfil vacunal de los perros levantados muestra adecuación con las enfermedades inmunizadas, pero una reevaluación en el período de primovacunación debe ser hecha para minimizar el riesgo de fallas vacunales. Palabras claves: Inmunización, vacuna, perro 48

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Introdução A prevenção de doenças pela imunização através de vacinas é um dos procedimentos presentes na rotina dos veterinários, sendo a melhor forma de proteção contra doenças infectocontagiosas. A imunoprofilaxia deve ser iniciada nos primeiros meses de vida do cão, respeitando-se o período de duração da imunidade passiva de origem materna, podendo assim torná-lo eficientemente imune a possíveis infecções 7. Estima-se que no Brasil, apenas 1/4 dos cães sejam vacinados 4. Assim, medidas preventivas devem ser estimuladas a fim de melhorar a qualidade de vida dos animais, principalmente pelo caráter zoonótico que algumas doenças possuem. Com o intuito de traçar um perfil do protocolo vacinal dos cães no estado do Rio de Janeiro, uma pesquisa contendo um questionário com 10 perguntas, abordando questões sobre imunização, foi realizada com 431 tutores de cães no período de agosto a setembro de 2018, através da ferramenta Google Docs. Este trabalho visa oferecer dados que mostrem à classe veterinária quais ações futuras precisam ser implementadas, viabilizando a correta imunização dos caninos. Material e métodos Realizou-se uma pesquisa através de questionário online pela ferramenta Google Docs onde foi aplicado um questionário aos proprietários dos animais de companhia constituído de 10 perguntas objetivas de múltipla escolha e de fácil compreensão. Foram abordadas questões quanto as práticas de vacinação realizadas em cães, idade da primovacinação e como foi realizado o primeiro protocolo, conhecimento dos proprietários sobre a vacinação e doenças prevenidas, cuidados realizados previamente, como é feito o reforço vacinal, quem realizou as vacinações nos animais, se possuem um documento comprovatório de vacina, se houve alguma reação pós-vacinal e a opinião dos tutores em relação a frequência da vacinação a cada três anos. As perguntas foram enviadas através de rede

social aos tutores de cães pertencentes ao estado do Rio de Janeiro, onde cada questionário pertencia a somente um único animal. De posse dessas informações, foi realizado uma análise descritiva dos resultados a fim de identificar o perfil vacinal dos cães provenientes do estado do Rio de Janeiro. Resultados e discussão O esquema de primovacinação adotado pelos entrevistados revelou que 61,7% (266/431cães) realizaram a primeira dose da vacina com 6 semanas e apenas 16% dos cães (69/431) com 8 semanas. As novas diretrizes da WSAVA recomendam que, em condições ideais, a primovacinação seja administrada a partir da 8ª semana de vida, e não da 6ª, a fim de se minimizar o risco de reações adversas e pela possibilidade de se concluir a série de vacinas do filhote por volta da 14ª a 16ª semana de vida, quando o sistema imune se encontra

Figura 1 - Idade da primovacinação dos cães dos tutores entrevistados.

maduro e livre da interferência dos anticorpos maternos (Figura 1) 1. A pesquisa mostra que 55,7% (240/431) receberam 3 doses vacinais, 9,3% (40/431) 4 doses e 19% (82/431) receberam 1 a 2 doses de vacina. A importância de vacinas seriadas se dá devido alguns filhotes possuírem a duração da imunidade materna prolongada, sendo assim, a última dose aplicada com 12 semanas de idade ainda pode ser parcialmente inativada pelos anticorpos maternos circulantes. Dessa forma, evidencia-se a importância da aplicação da terceira dose vacinal após a 12º semana ou de uma quarta dose 1,3. Um novo olhar deve ser levado em conta

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para as práticas tradicionais de vacinação. Os riscos associados à imunização excessiva são uma preocupação crescente entre os veterinários, os riscos incluem: fibrossarcomas, anemia hemolítica imunomediada, trombocitopenia, poliartrite, atopia, alergias crônicas, asma e outras doenças respiratórias 6. A imunidade vacinal perdura por mais de um ano, logo os reforços para vacinas essenciais [Cinomose (CDV), Parvovirose (CPV2), Hepatite infecciosa canina (CAV)] podem ser recomendados a cada 3 anos 1,8. No levantamento, 80% (345 cães) realizam anualmente o reforço e

Figura 2 - Segurança dos tutores em realizar a vacinação trienalmente.

34,8% (150) dos tutores confirmaram a segurança em realizar trienalmente (Figura 2). A maioria dos cães (92,8%/400 cães) foi imunizada com produtos polivalentes que abrangem as doenças preconizadas pela vacinação essencial (CDV, CPV-2, CAV) 1,8. Apesar de a Resolução n.844 de 20 de setembro de 2006, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, determinar que os médicos veterinários sejam os únicos profissionais aptos para atestar a vacinação, observa-se que 18,6% das vacinas realizadas não foram aplicadas por veterinários. Esse fato deve ser considerado preocupante já que pode afetar diretamente a saúde dos animais 5. Os cuidados pré-vacinais submetidos aos cães da pesquisa foram: 73,3% (316 cães) consulta clínica, 69,1% (298 cães) vermifugação, 21,3% (92 cães) hemograma e 50

14,8% (64 cães) não receberam nenhum cuidado. Conclusões O perfil vacinal dos cães levantados na amostra revela adequação com as doenças imunizadas que são preconizadas pela vacinação essencial. Porém uma reavaliação no período da primovacinação deve ser feita para minimizar o risco de falhas vacinais. Um trabalho de conscientização aos tutores de cães deve ser realizado a fim de valorizar a importância do papel do médico veterinário na prática de vacinação. Referências 1-DAY, M. J. ; HORZINEK, M. C. ; SCHULTZ, R. D. ; SQUIRES, R. A. WSAVA Guidelines for the vaccination of dogs and cats. Journal of Small Animal Practice, v. 57, n. 1, p. E1-E45, 2016. 2-GERSHWIN, L. J. Adverse Reactions to Vaccination from anaphylaxis to autoimmunity. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 48, n. 2, p. 279-290, 2018. 3-HAGIWARA, M. K. A atuação das vacinas de cães e gatos. Cães & Gatos, v. 151 n. 1, p. 10-17, 2011. 4-HAGIWARA, M. K. Imunização de cães e gatos. Quanto mais, melhor? Cães & Gatos, v. 146, n. 1, p. 62-70, 2006. 5- CFMV/CRMVs Manual de Legislação do Sistema. Módulo II - Ética e Profissões. Resolução nº 844, de 20 de setembro de 2006, Disponível em: <http://portal.cfmv.gov.br/lei/ download-arquivo/ id/1021>. 6-SCHULTZ, R. D. ; FORD, R. B. ; OLSEN, J. ; SCOTT, F. Titer testing and vaccination: a new look at traditional practices. Veterinary Medicine, v. 97, n. 2, p. 1-13, 2002. 7-TIZARD I. R. Imunologia veterinária. 9. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p. 558-606. 8-WELBORN, L. V. ; DeVries, J. G. ; Ford, R. et al. American Animal Hospital Association. (AAHA) canine vaccination guidelines. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 47, n. 5, p. 1-42, 2011.

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Ocorrência de parasitos intestinais em gatos errantes e domiciliados de Guapimirim, Rio de Janeiro Occurrence of intestinal parasites in wandering and domiciled cats of Guapimirim, Rio de Janeiro Ocurrencia de parásitos intestinales en gatos errantes y domiciliados de Guapimirim, Río de Janeiro SILVEIRA, I. M. 1 ; SANTOS, D. J. 2 ; CARREIRO, C. C. 3 ; RIBEIRO, L. 4 ; SILVA, O. R. E. 5 ; JACOB, J. C. F. 6 ; JESUS, V. L. T. 7 1 - Médica-veterinária, Programa de Pós-Graduação de Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ. ilka3f@hotmail.com 2 - Curso de Medicina Veterinária, UFRRJ. 3 - Médica-veterinária, Programa de Pós-Graduação de Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ. 4 - Médica-veterinária, Programa de Pós-Graduação de Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ. 5 - Médico-veterinário, Programa de Pós-Graduação de Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ. 6 - Médico-veterinário, DSc. Departamento de Reprodução e Avaliação Animal, IZ, UFRRJ. 7 - Médica-veterinário, DSc. Departamento de Reprodução e Avaliação Animal, IZ, UFRRJ.

Resumo: Os gatos são conhecidos popularmente como os mais independentes e “limpos” que os cães, e com isso estão conquistando mais espaço nos domicílios em todo o mundo. Entretanto, esta proximidade impõe a necessidade de maiores cuidados com a saúde felina. Além disso, podem transmitir inúmeras enfermidades por serem hospedeiros definitivos de vários parasitos. Alguns considerados zoonóticos. As parasitoses gastrintestinais estão entre as doenças mais comuns em animais de companhia, sendo especialmente graves em animais jovens ou em imunocomprometidos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência de parasitos entéricos de gatos domiciliados e errantes. Um total de 54 amostras fecais de felinos foram examinadas, sendo 20 errantes e 34 domiciliados, de ambos os sexos e de diferentes raças e idades. As amostras foram coletadas e processadas pela técnica de centrifugo flutuação em solução saturada de açúcar. Todas foram provenientes do município de Guapimirim, RJ. A frequência de parasitos encontrados nas fezes foi de 63,96% (34/54), no entanto houve maior ocorrência no grupo de animais domiciliados, 67,6% (23/34) em relação ao do grupo de animais errantes, 55% (11/20). A presença de Ancilostomatídeos, Dipylidium caninum e oocistos de Cystoisospora spp., foram os mais observados. A alta prevalência de parasitos gastrintestinais na amostragem estudada ressalta a importância de um maior controle parasitológico para proteção da saúde animal e humana da região. Unitermos: felinos, enteroparasitos, exame parasitológico Abstract: Cats are popularly known as the more independent and "cleaner" than dogs, and thus are gaining more space in households around the world. However, this closeness imposes the need for greater care with feline health. In addition, they can transmit innumerable diseases because they are definitive hosts of several parasites. Some considered zoonotic. Gastrointestinal parasites are among the most common diseases in companion animals, and are especially severe in young or immunocompromised animals. The present work had as objective to evaluate the occurrence of enteric parasites of domiciled and wandering cats. A total of 54 fecal samples of felines were examined, 20 were wandering and 34 were domiciled, of both sexes and of different races and ages. The samples were collected and processed by the technique of centrifugation flotation in saturated sugar solution. All came from the municipality of Guapimirim, RJ. The frequency of parasites found in feces was 63.96% (34/54); however, there was a higher occurrence in the group of domiciled animals, 67.6% (23/34) than in the Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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group of wandering animals, 55% (11/20). The presence of hook worms, Dipylidium caninum and Cystoisospora spp. Oocysts were the most observed. The high prevalence of gastrointestinal parasites in the studied sample underscores the importance of greater parasitological control to protect animal and human health in the region. Keywords: cats, enteroparasites, parasitological examination Resumen: Los gatos son conocidos popularmente como los más independientes y "limpios" que los perros, y con eso están conquistando más espacio en los domicilios en todo el mundo. Sin embargo, esta proximidad impone la necesidad de mayores cuidados con la salud felina. Además, pueden transmitir innumerables enfermedades por ser anfitriones definitivos de varios parásitos. Algunos considerados zoonóticos. Las parasitosis gastrointestinales están entre las enfermedades más comunes en animales de compañía, siendo especialmente graves en animales jóvenes o en inmunocomprometidos. El presente trabajo tuvo como objetivo evaluar la ocurrencia de parásitos entéricos de gatos domiciliados y errantes. Un total de 54 muestras fecales de felinos fue examinado, siendo 20 errantes y 34 domiciliados, de ambos sexos y de diferentes razas y edades. Las muestras fueron recolectadas y procesadas por la técnica de centrifugado fluctuación en solución saturada de azúcar. Todas fueron provenientes de animales del municipio de Guapimirim, RJ. La frecuencia de parásitos encontrados en las heces fue del 63,96% (34/54), sin embargo hubo mayor ocurrencia en el grupo de animales domiciliados, el 67,6% (23/34) en relación al del grupo de animales errantes, el 55% (11/20). La presencia de Ancilostomatídeos, Dipylidium caninum y ooquistes de tspp., Fueron los más observados. La alta prevalencia de parásitos gastrointestinales en el muestreo estudiado resalta la importancia de un mayor control parasitológico para protección de la salud animal y humana de la región. Palabras clave: felinos, enteroparasitos, examen parasitológico

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Introdução Os parasitas intestinais dos animais domésticos de estimação, além de serem responsáveis diretamente por danos à saúde de seus hospedeiros habituais podem, ocasionalmente, infectar o homem, sendo também neste, capazes de acarretar doença, estas helmintíases gastrintestinais são uma importante causa de morbidade de animais domésticos 1 e o diagnóstico coproparasitológico ainda é o recurso laboratorial mais utilizado, por ser de fácil execução e baixo custo 2,3 . Parasitas intestinais podem desenvolver afecções responsáveis por alta morbidade e mortalidade em cães e gatos jovens e adultos. O fácil acesso a praças e parques, a falta de bom senso de proprietários que não recolhem as fezes de seus animais de estimação, deixando-as expostas em vias públicas e locais de lazer, somados à carência de informações a respeito dos mecanismos de transmissão das doenças parasitárias contribuem para a contaminação do ambiente 4. Desordens gastrintestinais, especialmente diarréia associada às parasitoses, tem sido relatadas especialmente em humanos portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). Entre estas, a criptosporidiose, giardíase e ancilostomatíase são as mais comuns, podendo acometer mais de 40% dos pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) 5. Os trabalhos sobre a frequência do parasitismo intestinal em gatos no Brasil ainda são escassos 6, uma vez que a grande maioria concentra-se na avaliação de cães, sendo esta mesma situação observada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nos últimos anos. O recente aumento da aquisição de gatos como animais de estimação e os conhecimentos atuais sobre as zoonoses que eles podem transmitir têm estimulado os estudos nesses animais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência de parasitos gastrintestinais em gatos de comportamento domiciliado e errante, provenientes do município de Guapimirim, estado do Rio de Janeiro. Material e Métodos Um total de 54 amostras fecais de felinos foram examinadas, sendo 20 errantes e 34 domiciliados, de ambos os sexos e de diferentes raças e idades. As amostras foram

coletadas e encaminhadas ao Laboratório de Patologia da Reprodução (UFRRJ), onde foram processadas pela técnica de centrifugo flutuação em solução saturada de açúcar, técnica de escolha na detecção de estruturas leves, podendo também ser usada na detecção de ovos pesados, o que sugere ser uma técnica com boa sensibilidade diagnóstica 5,7. Assim, avaliou-se a frequência de parasitos por esta técnica coproparasitológico em gatos domésticos, associando com o tipo de criação: errante ou domiciliado. Resultados e Discussão A frequência de parasitos encontrados nas fezes foi de 63,96% (34/54), no entanto houve maior ocorrência de parasitos no grupo de animais domiciliados, 67,6% (23/34) em relação ao do grupo de animais errantes, 55% (11/20) Foram observados a presença de Ancilostomatídeos, Dipylidium caninum e oocistos de Cystoisospora spp., os mais frequentemente. Este fato se justifica pela maior chance de reinfecção que os animais domiciliados possuem, já que utilizam o mesmo local de defecação. Além disso, nos domicílios estudados estes animais conviviam com outros gatos, e compartilhavam da mesma caixinha de areia. Deste total, de amostras positivas, sendo o mais frequente Ancilostomatídeos, que na maioria apresentava uma infestação única, estes resultados concordam com os achados de Ancylostoma sp (10/34), o que demonstra uma grande dispersão dos mesmos representando risco para a saúde humana podendo causar a larva migrans cutânea, larva migrans visceral e enterite eosinofílica 2,4,8. O resultado preocupante visto que estes animais procediam de locais que apresentavam condições de higiene consideradas adequada. Conclusão A ocorrência de um número signifcativo de parasitos e o estreito contato entre os animais e o homem mostram a necessidade de um controle mais efetivo e específico, visto que a redução da carga parasitária dos animais e, consequentemente do ambiente, diminui a exposição dos humanos a importantes zoonoses. Referências 01-MACPHERSON, C. N. L. Human behaviour and the epidemiology of parasitic zoonoses. International

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Journal for Parasitology, v. 35, n. 11-12, p. 13191331, 2005. 02-BRENER, B. ; LISBOA, L. ; MATTOS, D. P. B. G.  ; ARASHIRO, E. K. N. ; MILLAR, P. R. ; SUDRÉ, A. P. ; DUQUE, V. Frequência de enteroparasitas em amostras fecais de cães e gatos dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 12, n. 1-3, p. 102-105, 2005. 03-WILLCOX, H. P. ; COURA, J. R. The efficiency of Lutz, KatoKatz and Baermann-Moraes (adapted) techniques association to the diagnosis of intestinal helmints. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 86, n. 4, p. 457-460, 1991 04- LIMA, F. G. ; AMARAL, A. V. C. ; OLIVEIRA, R. ; ALVES, E. ; SILVA, E. B. ; TASSARA, N. ; FREITAS, P. H. O. ; BARBOSA, V. T. Frequência de enteroparasitas em gatos no município de GoiâniaGoiás, no ano de 2004, Enciclopédia Biosfera, v. 2, n. 4, 2006. 05-CIMERMAN, S. ; CIMERMAN, B. ; LEWI, D. S. Avaliação da relação entre parasitoses intestinais e

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Redução de Fratura cominutiva diafisária de tíbia de gato com fixador externo de kirschner por método minimamente invasivo – relato de caso Tibia diaphyseal comminuted fracture reduction in cat with kirschner external fixator by minimally invasive method – case report Reducción de fractura cominutiva diafisaria de tibia de gato con fijador externo de kirschner por método minimamente invasivo – relato de caso MOREIRA, H. V. S. 1 ; SILVA, R. S. 2 1 - Aluna de graduação do curso de medicina veterinária. IV, UFRRJ. haika-vsm@hotmail.com 2 - Professor, Msc, PhD. Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ.

Resumo: Uma gata de oito anos foi atendida em uma clínica veterinária da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, apresentando claudicação. Ao exame físico e palpação foram evidenciadas crepitação e a presença de fragmentos ósseos no membro posterior direito. As radiografias revelaram a presença de fratura cominutiva diafisária de tíbia com grande distanciamento entre os fragmentos ósseos. O tratamento cirúrgico escolhido foi o uso do fixador externo de Kirschner para preservar o foco de fratura. Unitermos: osteossíntese, ortopedia veterinária, fixador de Kirschner Abstract: An 8-years-old female cat was admitter to a veterinary clinic in Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, presenting claudication. The physical exam and palpation revealed crackling and bone fragments presence in the right posterior limb. The radiographs showed the presence of a diaphyseal tibial fracture with a great distance between the bone fragments. The surgical treatment chosen was the use of the external fixator of Kirschner to preserve the fracture focus. Keywords: osteosynthesis, veterinary orthopedics, Kirschner fixator Resumen: Una gata de ocho años entró en una clínica veterinaria de Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, presentando claudicación. En el examen físico y palpación se evidenció la crepitación y la presencia de fragmentos óseos en el miembro posterior derecho. Las radiografías revelaron la presencia de fractura cominutiva diafisaria de tibia con gran distanciamiento entre los fragmentos óseos. El tratamiento quirúrgico elegido fue el uso del fijador externo de Kirschner para preservar el foco de fractura. Palablas clave: osteossíntesis, ortopedia veterinaria, fijador de Kirschner

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Introdução Fraturas de ossos longos são freqüentes na rotina cirúrgica de pequenos animais e devido a isso, foram desenvolvidos diversos implantes, tais como placas, pinos, cerclagens e fixadores externos, para auxiliar no processo de osteossíntese 1. Embora haja diversas técnicas ainda há fatores biológicos determinantes do processo cicatricial ósseo como lesões de tecidos moles, idade do animal, estado geral de saúde e presença de infecções 2. O gato possui uma causa especial de fraturas, a chamada síndrome do gato paraquedista. Ao despencar de janelas ou sacadas de casas ou apartamentos o animal pode sofrer diversas lesões como epistáxis, pneumotórax, fraturas de palato e demais ossos da face e crânio, ossos longos como tíbia e fêmur e luxações 3. Entre os diversos tipos de fraturas há as cominutivas, que representam instabilidade mecânica e necessitam de implantes para promover a estabilização 2. Pela grande possibilidade de ocorrência de lesões vasculares concomitantes a esse tipo de fratura é necessário uma fixação prolongada 2. Entre as vantagens da fixação externa estão a mínima invasão tecidual e preservação da vascularização e promover alinhamento e comprimento adequado do membro 2. O uso de fixadores externos e placas bloqueadas é um meio de seguir os princípios da osteossíntese minimamente invasiva (MIO), que consiste um método onde o ambiente da fratura é mantido, preservando o calo ósseo ao reduzir a manipulação dos fragmentos ósseos e conseqüentes danos ao suprimento sanguíneo 4. A redução incruenta e indireta promovida pela MIO permite uma reabilitação precoce devido a menor agressividade do procedimento cirúrgico e mais estabilidade pós-operatória 5. Histórico Uma gata de oito anos foi atendida em uma clínica veterinária da Barra da Tijuca para o tratamento de fratura. O animal havia caído de uma altura equivalente ao quarto andar de um prédio e sido encontrado pouco depois miando incessantemente. No atendimento de emergência foi medicado e após a realização de radiografias encaminhada a um cirurgião ortopedista. O animal apresentava depressão e com o membro afetado encolhido e protegido. O exame físico constatou dor a palpação, crepitação óssea, a presença de vários 56

fragmentos ósseos no membro posterior direito, claudicação e dificuldade de apoio do membro. Na radiografia foi observada uma grande fratura cominutiva na região de tíbia. O tratamento escolhido foi o cirúrgico. O implante escolhido para o procedimento foi o fixador externo de Kirschner tipo II seguindo os princípios do método minimamente invasivo. Durante o procedimento cirúrgico foram inseridos na tíbia dois pinos proximalmente, um na metáfise e outro na epífise, e três distalmente ao foco de fratura, um na diáfise, um na metáfise e um na epífise, respectivamente. Todos os cinco foram conectados externamente pelo fixador tipo II observado em radiografia pós-operatória (Figura 1).

Figura 1 - Radiografias pós-operatórias do fixador externo de Kirschner em fratura cominutiva diafisária de tíbia de gato. Após a realização do procedimento o animal foi reavaliado semanalmente quanto à melhora do quadro e foram feitos novos apertos nas conexões do fixador para evitar afrouxamentos, uma vez por semana. Foram realizadas radiografias mensais para avaliar processo de ossificação e correto posicionamento do fixador (Figura 2). Discussão A busca por métodos menos invasivos tem como objetivo alcançar procedimentos que estabilizem o implante e permitam movimentação precoce com baixas taxas de complicações 7. No caso relatado não houve qualquer intercorrência pós-operatória. O animal se recuperou bem e aceitou bem o fixador. Durante toda a fase de consolidação não manifestou dor ou dificuldade de apoio, com o apoio cada vez mais pleno do membro operado. As radiografias mensais mostraram o progresso no processo de ossificação com o passar dos meses. Ao retirar o fixador externo o animal apresentava total

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Figura 2 - Radiografias feitas três meses após o procedimento cirúrgico indicando a osteossíntese do membro afetado de um gato. capacidade de apoio do membro. A movimentação interfragmentar no foco de fratura é crucial para o processo de recuperação e os fixadores externos permitem grande movimentação 6. Portanto, apesar de apresentar uma fratura de difícil resolução o princípio da preservação da linha de fratura por meio do uso do fixador externo de Kirschner tipo II se mostrou bastante efetivo no processo de ossificação e o animal apresentou boa consolidação óssea. Diversos estudos já vêm sendo realizados a respeito da funcionalidade de métodos minimamente invasivos. O estudo de AIKA et al (2016) mostrou que a técnica minimamente invasiva aplicada ao tratamento das fraturas instáveis e extra‐articulares da falange proximal com uso do parafuso intramedular Acutrak® foi eficaz e segura, apresentando resultados clínico‐funcionais satisfatórios e baixas taxas de complicações. Outro estudo utilizou a osteossíntese minimamente invasiva com placa (MIPO) e parafusos compressivos em fratura de úmero e obteve eficácia superior no tempo de união clínica e radiográfica, escala de dor e taxas de infecção pós operatória 8. No caso do animal operado os resultados foram semelhantes aos dos estudos apesar da idade avançada do animal e da apresentação da fratura cominutiva.

O método de osteossíntese minimamente invasiva é o mais indicado para a redução de fraturas, pois minimiza danos causados pela redução aberta por ter como princípios a mínima manipulação do foco de fratura e a preservação do suprimento vascular, resultando em maior rapidez na consolidação óssea 1. Além de favorecer a cicatrização óssea por uso de método menos cruento e invasivo o uso da técnica segue os requisitos da Associação de Ortopedia (AO): redução e fixação que permitam recuperar as relações anatômicas; estabilização adequada à situação clínica e aos fatores biomecânicos inerentes; utilização de técnicas cirúrgicas atraumáticas que preservem o suprimento sanguíneo dos fragmentos ósseos e dos tecidos moles, mobilização articular e muscular precoce durante o período de consolidação, sem vestígios de dor associada 1. Conclusão Diversas vezes as fraturas cominutivas se mostram como casos de difícil resolução, especialmente em animais com idade avançada. Porém, o uso de fixadores que permitam a melhor preservação possível do hematoma ósseo e maior estabilidade óssea é capaz de facilitar e auxiliar nesse processo até em casos mais complexos. Apesar de ser um método recente na medicina veterinária, a osteossíntese minimamente invasiva é um método bastante eficaz de resolução de fraturas ao ser associado a implantes adequados como fixadores externos e placas bloqueadas. Referências 1-CORIS, J. G. F. ; RAHAL, S. C. ; MURAKAMI, V. Y. ; MAIA, S. R. ; DIAS, F. G. G. Osteossíntese minimamente invasiva com placa: revisão de literatura. Revista Científica de Medicina Veterinária, v. 15, n. 31, 1-15, 2018. 2-HORTA, R. S. ; REZENDE, C. M. F. ; Fraturas expostas em pequenos animais. Enciclopédia Biosfera, v. 10, n. 18, p. 1800-1814, 2014. 3-GHEREN, M. W. ; JESUS, A. C. ; ALVES, R. S. ; SOUZA, H. J. M. Síndrome da queda de grande altura em gatos: 43 casos atendidos no município do Rio de Janeiro. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, v. 39, n. 3, p. 182-189, 2017.

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4-PERREN, S. M. Biological internal fixation interface between biology and biomechanics. European Cells and Materials, v. 5, n. 2, p. 22-23, 2003. 5-AITA, M. A. ; IKEUTI, D. H. ; MOTA, R. T. ; MORAES, G. B. B. ; CREDIDIO, M. V. ; COSTA, E. F. ; CARVALHO, F. L. Resultados do tratamento cirúrgico das fraturas do rádio distal: estudo clínico com técnica de osteossíntese percutânea e minimamente invasiva. ABCS Health Science, v. 39, n. 1, p. 24-28, 2014. 6-MEYERS, N. ; SUKOPP, M. ; JAGER, R. ; STEINER, M. ; MATTHYS, R. ; LAPATKI, B. ; et al. Characterization of interfragmentary motion associated with common osteosynthesis devices for

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rat fracture healing studies. PLoS ONE, v. 12, n. 4, p. 1-18, 2017. 7-AITA, M. A. ; MOS, P. A. C. ; LEITE, G. P. C. M. ; ALVES, R. S. ; CREDÍDIO, M. V. ; COSTA, E. F. Minimally invasive surgical treatment for unstable fractures of the proximal phalanx: intramedullary screw. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 51, n. 1, p. 16-23, 2016. 8-KO, S. H. ; CHA, J. R. ; LEE, C. C. ; JOO, Y. T. ; EOM, K. S. Minimally Invasive Plate Osteosynthesis Using a Screw Compression Method for Treatment of Humeral Shaft Fractures. Clinics in Orthopedics Surgery, v. 9, n. 4, p. 506-513, 2017.

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Reprodução assistida em cão portador de prostatite crônica Assisted reproduction in dog with chronic prostatitis Reproducción asistida en perro portador de prostatitis crónica SÁ, M. A. F. 1 ; JESUS, V. L. T. 2 ; JACOB, J. C. F. 3 ; BRASIL, A. F. 4 1 - Médico-veterinário, DSc. Docente UNESA, UBM. marcus.ferreira85@hotmail.com 2 - Médica-veterinária, DSc. DRAA/IZ/UFRRJ. 3 - Médico-veterinário, DSc. DRAA/IZ/UFRRJ. 4 - Médica-veterinária.

Resumo: O presente trabalho objetivou descrever o tratamento reprodutivo estabelecido em amostra seminal de cão para utilizá-lo como reprodutor. O cão em questão se tratava de Buldogue Francês, quatro anos de idade, com histórico de falha reprodutiva em três ciclos estrais anteriores acasalando diferentes cadelas. Procedeu-se a coleta seminal do animal. A análise macroscópica do sêmen revelou 2,0 mL (líquido prostático + fração espermática) de volume ejaculado, odor suis generis, aspecto leitoso e coloração amarela palha característica da presença de urina. À análise microscópica, motilidade progressiva 90% e vigor 4 (escala de 1 a 5). Esta amostra não foi utilizada para realizar a inseminação artificial. Foi realizado exame ultrassonográfico do macho, que revelou a presença de cisto prostático e hiperplasia prostática benigna, caracterizando prostatite crônica. Foi realizada nova coleta seminal 48h após a primeira. Desta vez, foi descartada a fração pré-espermática e realizada a coleta somente da fração espermática. A análise macroscópica do sêmen revelou 2,0 mL (fração espermática) de volume ejaculado, odor suis generis, aspecto leitoso e coloração branca acinzentada. Desta segunda amostra coletada, foi realizada análise bacteriológica utilizando swab estéril acondicionado em tubo contendo meio Stuart e transportado ao Laboratório de Patologia da Reprodução (Anexo 1/Instituto de Veterinária/UFRRJ) sob-refrigeração para incubação e posterior identificação bacteriana. Neste exame foi possível identificar crescimento de Escherichia coli (> 105 UFC/mL), apesar do ejaculado apresentar parâmetros espermáticos adequados de motilidade e vigor. A amostra seminal foi diluída na proporção de 1:1 (diluidor: sêmen) utilizando o diluidor BotuSêmen® (Botupharma Biotecnologia Animal, Botucatu, São Paulo, Brasil) e realizada a inseminação artificial a fresco no fundo de saco vaginal. Este procedimento foi repetido com 48 e 72h. A ultrassonografia gestacional foi realizada 30 dias após a última inseminação artificial, revelando vesículas embrionárias viáveis e desenvolvimento compatível com o período gestacional esperado. Diante destes resultados, que foi possível utilizarem o referido cão como reprodutor depois de adequado tratamento das amostras seminais obtidas. Unitermos: Urospermia, cisto prostático, reprodução assistida, Escherichia coli Abstract: This study aimed to describe the reproductive assistance performed in a seminal dog sample to be used as a breeder. The referred dog was a French Bulldog, four years old, with a history of reproductive failure in three previous estrous cycle mating different bitches. The semen collect was realized. The macroscopic seminal evaluation revealed 2.0 mL (prostatic fluid + sperm fraction) of ejaculate volume, suis generis smell, milky appearance and yellow straw color characteristic of the presence of urine. To the microscopic analysis, 90% progressive motility and vigor 4 (scale from 1 to 5). This sample was not used to perform artificial insemination. Ultrasound examination of the male was performed, which revealed the presence of prostatic cyst and benign prostatic hyperplasia, characterizing chronic prostatitis. A new seminal collection was performed 48h after the first one. This time, the pre-sperm fraction was discarded and the sperm fraction was collected only. Macroscopic Clínica Veterinária, Ano XXIII, suplemento, 2018

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analysis of semen revealed 2.0 mL (sperm fraction) of ejaculate volume, suis generis odor, milky appearance and grayish white coloration. From this second sample, bacteriological analysis was performed using sterile swab packed in a tube containing Stuart medium and transported to the Laboratory of Reproductive Pathology (Annex 1 / Veterinary Institute / UFRRJ) under refrigeration for incubation and subsequent bacterial identification. In this test it was possible to identify Escherichia coli growth (> 105CFU/mL), although the ejaculate presented adequate sperm motility and vigor parameters. The seminal sample was diluted 1: 1 (diluent: semen) using the BotuSêmen® diluent (Botupharma Biotecnologia Animal, Botucatu, São Paulo, Brazil) and performed artificial insemination in the vaginal pouch. This procedure was repeated at 48 and 72h. Gestational ultrasound was performed 30 days after the last artificial insemination, revealing viable embryonic vesicles and development compatible with the expected gestational period. With these results, was possible to use the dog as a breeder after adequate treatment of the obtained seminal samples. Keyword: Urospermia, prostatic cysts, assisted reproduction, Escherichia coli Resumen: El presente trabajo objetivó describir el tratamiento reproductivo establecido en muestra seminal de perro para utilizarlo como padreador. El perro en cuestión se trataba de Bulldog Francés, cuatro años, con historial de fallo reproductivo en tres ciclos reproductivos anteriores apareando diferentes perras. Se procedió a la recolección seminal del animal. El análisis macroscópico del semen reveló 2,0 mL (líquido prostático + fracción espermática) de volumen eyaculado, odor suis generis, aspecto lechoso y coloración amarilla paja característica de la presencia de orina. Al análisis microscópico, motilidad progresiva 90% y vigor 4 (escala de 1 a 5). Esta muestra no se utilizó para realizar la inseminación artificial. Se realizó un examen ultrasonográfico del macho, que reveló la presencia de quiste prostático e hiperplasia prostática benigna, caracterizando la prostatitis crónica. Se realizó una nueva colecta seminal 48h después de la primera. Esta vez, se descartó la fracción pre-espermática y se realizó la recogida solamente de la fracción espermática. El análisis macroscópico del semen reveló 2,0 mL (fracción espermática) de volumen eyaculado, olor suis generis, aspecto lechoso y coloración blanca grisácea. De esta segunda muestra recolectada, se realizó un análisis bacteriológico utilizando su envase estéril envasado en tubo conteniendo medio Stuart y transportado al Laboratorio de Patología de la Reproducción (Anexo 1 / Instituto de Veterinaria / UFRRJ) bajo refrigeración para incubación y posterior identificación bacteriana. En este examen fue posible identificar crecimiento de Escherichia coli (> 105 UFC / mL), aunque el eyaculado presentó parámetros espermáticos adecuados de motilidad y vigor. La muestra seminal fue diluida en la proporción de 1: 1 (diluyente: semen) utilizando el diluyente BotuSemen® (Botuparma Biotecnología Animal, Botucatu, São Paulo, Brasil) y realizada la inseminación artificial a fresco en el fondo de saco vaginal. Este procedimiento se repitió con 48 y 72h. La ultrasonografía gestacional fue realizada 30 días después de la última inseminación artificial, revelando vesículas embrionarias viables y desarrollo compatible con el período gestacional esperado. Ante estos resultados, que fue posible utilizar dicho perro como reproductor después de un adecuado tratamiento de las muestras semisales obtenidas. Palabras clave: Urospermia, quisto prostático, reproducción asistida, Escherichia coli

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Introdução Muitos cães utilizados como reprodutores são identificados como portadores de alguma enfermidade do trato reprodutivo após serem submetidos a avaliação andrológica quando a cadela já se encontra em estro. Azospermia, hemospermia, urospermia, hiperplasia prostática benigna são algumas alterações que podem ocorrer, comprometendo a qualidade espermática e a taxa de fertilidade obtida. Dentre essas alterações, prostatite bacteriana pode ocorrer de forma secundária a doenças do trato urinário inferior ou doenças de próstata, tais como cistos, neoplasias ou metaplasia escamosa 1. A infecção da próstata geralmente resulta de bactérias que ascendem a partir da uretra, embora possa ocorrer por via hematógena, urinária e sêmen 1,2. A prostatite crônica pode ser consequência da infecção aguda ou pode desenvolver-se lentamente sem um ataque prévio de doença aguda 2. Indicações para avaliação bacteriológica do fluido seminal incluem suspeita de doença prostática, baixa qualidade seminal e/ou infertilidade, infecção recorrente do trato urinário ou infecção recorrente do pênis e prepúcio. Microorganismos comumente cultivados do sêmen de cães reprodutivamente normais são Escherichia coli, Pasteurella multocida, Streptococcus betahemolítico, Staphylococcus coagulase negativa, Staphylococcus intermedius, Mycoplasma e Ureaplasma 3-6. Diante disso, o objetivo do presente relato foi descrever a utilização bem sucedida para inseminação artificial de amostra seminal de cão portador de prostatite crônica. Histórico Um casal de cães da raça de Buldogue Francês foi levado à clínica veterinária para acompanhamento reprodutivo e inseminação artificial. O macho apresentava quatro anos de idade, possuía histórico de falha reprodutiva em três ciclos estrais anteriores sob alegação do proprietário de acasalamento em momentos errôneos do ciclo. A fêmea possuía dois anos de idade, não apresentava histórico de acasalamento anterior, estava no terceiro ciclo

reprodutivo acompanhado pelo proprietário, já se encontrava no 7º dia de descarga vulvar sanguinolenta, sem receptividade à presença do macho. Ambos foram submetidos a exames prévios visando descartar alterações sistêmicas que pudessem levar a alteração reprodutiva e/ou infertilidade. O hemograma completo não revelou alterações importantes e foi utilizado kit comercial imunocromatográfico para identificação qualitativa de produção anticorpos anti Brucella canis a, que não identificou o agente. Então, visando realizar as inseminações artificiais (IA), procedeu-se o acompanhamento reprodutivo de ambos os cães, que será descrito adiante. Utilizando swab seco estéril, foi coletado células do epitélio vaginal da cadela para avaliação citológica da fase reprodutiva em que a cadela se encontrava. Foi realizado imprint por rolamento em lâmina de microscopia e corada com Kit rápido Panótico b. Esta amostra foi avaliada sob microscopia óptica em objetivas de 10 e 40X, que revelou 60% de células intermediárias e 30% de células superficiais e 10% de hemácias, característico de pró estro 7. Discussão Visando esgotar as reservas extragonadais do cão, procedeu-se a coleta seminal por manipulação digital utilizando tubo de centrífuga 15mL estéril. À análise macroscópica do sêmen revelou 2,0 mL (plasma seminal + fração espermática) de volume ejaculado, odor suis generis, aspecto leitoso e coloração amarelo palha característica de urospermia (Figura 1). À análise microscópica, motilidade progressiva 90%, vigor 4 (escala de 1 a 5) e 180 x 106 sptz/mL 8. A amostra não foi utilizada para realizar a inseminação artificial. Diante da observação de urospermia, foi realizado exame ultrassonográfico do macho, que revelou a presença de cisto e hiperplasia prostática cisto prostático 9. (Figura 2). Foi solicitado que o casal retornasse à clínica veterinária 48h após para nova avaliação citológica da fêmea e nova coleta seminal. Desta vez, a cadela se encontra receptiva à presença do macho e sua citologia vaginal demonstrou 70% de células superficiais, 25% de células intermediárias e 5% hemácias, compatível

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Figura 1 - Fotografia do ejaculado canino apresentando urospermia.

com estro. Este momento foi considerado ideal para realizar a primeira inseminação artificial 10. Sendo assim, procedeu-se a coleta espermática fracionada, visando descartar a fração pré espermática liberada concomitantemente a urina, e realizada a coleta somente da fração espermática. A análise macroscópica do sêmen revelou 2,0 mL de volume ejaculado (fração espermática), odor suis generis, aspecto leitoso e coloração branco acinzentada, livre de urina. À análise microscópica, motilidade progressiva 90%, vigor 4 (escala de 1 a 5) e concentração espermática

230 x 106 espermatozódeis/mL. Desta segunda amostra coletada, foi realizada análise bacteriológica utilizando swab estéril acondicionado em tubo contendo meio Stuart e transportado ao Laboratório de Patologia da Reprodução (Anexo 1/Instituto de Veterinária/UFRRJ) sob refrigeração para incubação e posterior identificação bacteriana. Neste exame foi possível identificar crescimento de Escherichia coli (>105UFC/mL) (figura 3). Este resultado aliado aos demais achados clínicos e ultrassonográficos foi compatível com o quadro de prostatite crônica bacteriana, que associada a urospermia, pode ter levado a falha reprodutiva nas coberturas anteriores 1-3. Microorganismos podem causar prostatite, o que pode levar a alteração na composição do fluido prostático e bloqueio permanente ou temporário dos ductos prostáticos 8. Foi realizado antibiograma desta mesma amostra, que demonstrou sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: Cefalosporina, Gentamicina e Sulfatropim. Além destes, foram testados Ampicilina, Estreptomicina, Penicilina e Tetraciclina, demonstrando resistência bacteriana. Visando a redução bacteriana da amostra coletada e conferir maior proteção às células espermáticas, foi utilizado diluidor BotuSêmen® c, que contém em sua formulação

Figura 2 - Ultrassonograma do cão apresentando hiperplasia prostática e cisto prostático. (a) Próstata (círculo branco); (b) Cisto prostático (seta). 62

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Figura 3 - Fotografia da cultura de Escherichia coli isolada a partir do sêmen de cão com prostatite crônica e urospermia.

Gentamina e Penicilina, segundo informações do fabricante. O uso deste diluente pode ter contribuído com a redução bacteriana da amostra ejaculada, visto a sensibilidade bacteriana à Gentamicina, um dos seus constituintes. Logo após a coleta da amostra seminal para bacteriologia, o ejaculado foi diluído na proporção 1:1 (diluidor:semen), perfazendo o volume final

disponibilidade para o retorno com os animais. A ultrassonografia gestacional foi realizada 30 dias após a última inseminação artificial, revelando vesículas embrionárias viáveis e desenvolvimento compatível com o período gestacional esperado (figura 4), demonstrando o sucesso do procedimento realizado apesar do isolamento bacteriano na amostra utilizada para IA. A sensibilidade bacteriana apresentada à Gentamicina que, compõe a formulação do diluente utilizado, pode ter favorecido a obtenção da gestação. Além disso, a separação da urina junto ao descarte da primeira fração do ejaculado também podem ter colaborado com o resultado satisfatório, haja visto o efeito deletério da urina sobre às propriedades espermáticas 11. Diante destes resultados, é possível afirmar que foi possível utilizar o referido cão como reprodutor após adequado tratamento das amostras seminais obtidas. a Kit anticorpos anti Brucela canis - Shenzhen Zhenrui Biotecnologia Co Ltd., Shenzhen, China. b Kit rápido Panótico - Renylab Química e Farmacêutica, BR-040, Km 697 - São Pedro, Barbacena – MG. c Panótico Rápido LB-Laborclin produtos para laboratórios Ltda, Rua Casemiro de Abreu, 521

Figura 4 - Ultrassonografia gestacional da cadela com vesículas embrionárias viáveis e desenvolvimento compatível com o período gestacional esperado.

4,0mL, e a inseminação artificial via transvaginal foi imediatamente realizada. Este mesmo procedimento foi realizado a última vez 48h após, quando a citologia vaginal demonstrava 90% de células superficiais e 10% de células intermediárias. Foi sugerida a realização de nova IA, mas os proprietários não possuíam

Pinhais/PR. Conclusão Diante disso, é possível concluir que o quadro de subfertilidade apresentado pelo cão pode ter sido causado pela prostatite crônica bacteriana associada

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a urospermia, quem podem ter sido prejudiciais a qualidade espermática após a cópula. Sendo assim, pode-se afirmar que os devidos cuidados com o sêmen possibilitaram a obtenção da gestação mesmo com o cão apresentando condições reprodutivas desfavoráveis naquele momento. Referências

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genital mycoplasma and ureaplasma flora of healthy and diseased dogs. Canadian Journal of Comparative Medicine, v. 45, n. 3, p. 233-238, 1981. 6-BJURSTROM, L. ; LINDE-FORSBERG, C. Long-term study of aerobic bacteria of the genital tract in stud dogs. American Journal of Veterinary Research, v. 53, n. 5, p. 670-673, 1992. 7-FELDMAN, E. C. ; NELSON, R. W. Canine and feline endocrinology and reproduction. Ovarian cycle and vaginal cytology. Cap. 19. p. 752-774. Elsevier Health Sciences, 2004. 8-COLÉGIO BRASILEIRO REPRODUÇÃO ANIMAL. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 3. ed. Belo Horizonte: CBRA, 2013. 104p. 9-JOHNSTON, S. D. ; ROOT-KUSTRITZ, M. V. ; OLSON, P. N. S. Canine and feline theriogenology. Philadelphia: WB Saunders, 2001. 592p. 10-KUSTRITZ, M. V. R. Managing the reproductive cycle in the bitch. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 42, n. 3, p. 423-437, 2012. 11-SANTOS, I. P. ; CUNHA, I. C. N. ; MELO, E. J. T. Effects of urine and NaCl solutions of different osmolarities on canine sperm. Animal Reproduction Science, v. 8, n. 3/4, p. 73-76, 2011.

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A importância da hematoscopia na confirmaçao diagnostica da anemia hemolítica PORTO, M. B. B. 1 ; TEIXEIRA, R. S. 2 ; BAX, J. C. 3 ; GENTILE, L. B. 4 ; XAVIER, M. DE S. 5 ; SOUZA, A. M. 6 ; FIGUEIREDO, B. F. C. 7 1 - Médica-veterinária do Programa de Pós-Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. mbruna@id.uff.br 2 - Médica-veterinária do Programa de Pós-Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 3 - Médica-veterinária do Programa de Pós-Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 4 - Médica-veterinária do Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho, UFF. 5 - Professora Associada Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF. 6 - Professora Associada Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF. 7 - Aluno de graduação, UFF.

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volume corpuscular médio (VCM) e a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) dentro dos valores de referência indicam anemia normocítica e normocrômica, comumente encontrada nos animais. Quanto a causa, as anemias podem ser: hemolíticas, hemorrágicas ou por eritropoiese ineficiente. As anemias hemolíticas podem ser causadas por fatores oxidativos, imunomediados ou parasitários, gerando destruição acelerada dos eritrócitos. O objetivo deste estudo foi relatar a importância da hematoscopia na classificação da anemia hemolítica normocítica e normocrômica. Foram analisados retrospectivamente os resultados de hemogramas processados entre janeiro a julho de 2018 no laboratório de um Hospital universitário veterinário. Utilizou-se aparelho hematológico automatizado (BC1800 Mindray) e avaliação morfológica de esfregaços sanguíneos corados por coloração instantânea (Panotico rápido). Foram analisados os resultados de 2.786 hemogramas de cães e gatos, sendo que 85 (3%) destes foram classificados como anemia normocítica normocrômica e apresentaram na hematoscopia corpúsculos de Heinz (70,5%), excentrócitos (22,35%) e esferócitos (7,05%). Estes achados são importantes para a classificação da anemia hemolítica. Os corpúsculos de Heinz são inclusões degenerativas de eritrócitos, decorrentes de oxidação da hemoglobina causada por agentes oxidativos naturais ou medicamentosos, como cebola, alho, azul de metileno, propilenoglicol, paracetamol, entre outros. Dentre os que apresentavam corpúsculos de Heinz, 1,41% eram felinos. Importante lembrar que esta espécie possui um número maior de radicais sulfidrila na hemoglobina, o que a torna mais propensa à oxidação. Portanto, estas inclusões podem ser observadas em baixa intensidade na hematoscopia de felinos e, neste caso, não são características de anemia hemolítica podendo estar associada a diabetes mellitus, hipertireoidismo, linfoma, entre outros. Os excentrócitos demonstram oxidação da membrana celular dos eritrócitos, tendo causa semelhante `a dos corpúsculos de Heinz, podendo aparecer em conjunto com estes ou isoladamente. Já os esferócitos são indicativos de anemia hemolítica imunomediada, que torna o eritrocito esférico por reação dos anticorpos contra as hemácias. A anemia raramente é uma doença primária, por isso o exame hematoscópico é importante para essa investigação, que em conjunto com os sinais clínicos do animal permite ao clínico encontrar suspeitas mais prováveis e instituir a terapêutica adequada caso a caso, trazendo benefícios para o paciente. Estas alterações eritrocitárias não seriam relatadas no hemograma se não houvesse a observação microscópica do esfregaço sanguíneo, ressaltando-se a importância da hematoscopia para confirmação diagnóstica. Unitermos: excentrócitos, esferócitos, corpúsculos de Heinz

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Alterações clínicas e hematológicas em gatos com infecção natural e progressiva pelo vírus da leucemia felina (FeLV) BIEZUS, G. 1 ; CASAGRANDE, R. A. 2 ; FERIAN, P. E. 3 ; PEREIRA, L. H. H. S. 4 ; WITHOEFT, J. A. 5, XAVIER, M. G. N. 6 ; CRISTO, T. G. 7 ; FONTEQUE, J. H. 8 1 - Médica-veterinária, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC. giovanavet@live.com 2 - Médica-veterinária, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC. 3 - Médico-veterinário, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária. UDESC. 5 - Aluna de graduação em medicina veterinária. UDESC. 6 - Médica-veterinária, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. UDESC. 7 - Médico-veterinário, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. UDESC. 8 - Médico-veterinário, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC.

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vírus da leucemia felina (FeLV) está entre os agentes infecciosos mais importantes e comuns em gatos. Entre as diversas síndromes clínicas relacionadas ao FeLV podem ser citadas os distúrbios hematológicos graves na presença de infecção progressiva, linfoma e a leucemia. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi descrever e comparar as alterações clínicas e hematológicas mais comuns relacionadas a esta infecção viral. Foram compilados dados oriundos da avaliação clínica de gatos que fizeram parte de um estudo epidemiológico transversal, previamente realizado, para obter a prevalência das infecções por FeLV no Planalto Catarinense. A partir da amostra original de 274 gatos três grupos foram formados: Grupo 1 (controle), gatos FeLV negativos saudáveis (n = 80); Grupo 2, gatos FeLV positivos sem alterações clínicas (n = 9); Grupo 3, gatos FeLV positivos e com doença relacionada ao vírus (n = 29). As alterações clínicas encontradas dentro do Grupo 3 foram: palidez de mucosas (65,51% [19/29]); alterações neurológicas (20,69% [6/29]); limfoma (20,69% [6/29]); co-infecções (10,34% [3/29]) e leucemia (6,9% [2/29]). No hemograma, a média para contagem de eritrócitos, concentração de hemoglobina, volume globular e contagem de eosinófilos foi menor para o Grupo 3 que para os outros dois grupos. A média para a contagem de plaquetas foi maior no Grupo 1 que nos Grupos 2 e 3. As alterações hematológicas mais observadas foram: anemia [65,51% (19/29)] e trombocitopenia [62,7% (18/29)], a primeira presente somente no Grupo 3, onde predominou os casos de anemia arregenerativa [89,47% (17/19)]. A trombocitopenia foi encontrada no Grupo 3, representando 62,7% (18/29), porém em somente 33,33% (6/18) dos casos foi considerada severa. Também esteve presente em 26,25% (21/80) dos casos do Grupo 1 e em 66,66% (6/9) dos casos do Grupo 2, porém com menor gravidade. Apesar das demais médias permanecerem dentro dos valores de referência, uma análise descritiva demostrou que a linfopenia e a neutropenia estavam presentes em 34,48% (10/29) e 17,24% (5/29) dos casos do Grupo 3, respectivamente. Somente para o mesmo grupo, foram encontrados leucócitos imaturos ou atípicos (34,48% [10/29]). A frequência das doenças não neoplásicas nesse estudo foi maior que as neoplásicas nos gatos FeLV positivos. As alterações neurológicas em gatos FeLV positivos demonstraram maior ocorrência que o esperado, refletindo a importância de estudos que permitam entender melhor a patogênese da infecção por FeLV. A anemia arregenerativa, principal alteração hematológica encontrada, associada com as alterações clínicas nos gatos FeLV positivos demonstram o caráter grave e geralmente irreversível da doença, causando grande prejuízo a saúde do felino acometido. Unitermos: anemia, trombocitopenia, linfoma Suporte financeiro: CAPES, CNPq, FAPESC

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Alterações hematológicas e bioquímicas em cadelas com neoplasia mamária VOLKWEIS, F. S. 1 ; DE MATTOS, B. H. V. 2 ; DE MACEDO, E. R. 3; SANTOS, R. DE S. 4 ; MUSTAFA, V. 5 1 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC. fabiana.volkweis@faciplac.edu.br 2 - Médica-veterinária autônoma. 3 - Médica-veterinária autônoma. 4 - Médica-veterinária autônoma. 5 - Médica-veterinária, profa. DSc, Departamento de Patologia Animal, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC.

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a oncologia veterinária a análise de parâmetros hematológicos e bioquímicos são referências relevantes para o estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e monitoramento do tratamento de doenças. O hemograma é pré-requisito para pacientes com câncer antes da cirurgia, quimioterapia e radioterapia, para conhecer o seu estado geral. As alterações hematológicas em pacientes com câncer podem decorrer da ação direta do tumor nos órgãos envolvidos e/ou de síndromes paraneoplásicas, as que já foram relatadas são anemia, leucopenia, leucocitose, hipoproteinemia e hiperproteinemia. O objetivo deste trabalho foi verificar alterações no hemograma completo, bioquímico Alanina Aminotransferase (ALT) e creatinina de animais acometidos com tumor mamário. Foram utilizadas amostras sanguíneas de 10 fêmeas caninas, sem predileção de raças ou idade, atendidas no Hospital Veterinário das UniCEPPLAC/DF. A idade das cadelas estudadas acometidas por neoplasias mamárias variaram de 5 a 13 anos. Os animais de pequeno porte (até 10 kg) representaram 60% (6/10) das pacientes. Os de médio porte (10 a 25 kg) representaram 20% (2/10), e os de grande porte (mais de 25 kg) 20% (2/10). Alterações no hemograma foram observadas em 90% (9/10) das pacientes, evidenciando seis animais com alterações no eritrograma e nove animais com alterações no leucograma, sendo que todos os animais que tiveram alterações no eritrograma apresentaram alterações concomitantes no leucograma. A análise do eritrograma evidenciou 20% (2/10) das pacientes com anemia normocítica e normocrômica, regenerativa, observando-se anisocitose eritrocitária em uma das pacientes e hemoparasitose em outra. Nas análises citológicas as pacientes em questão apresentaram carcinoma em tumor misto e hemangioma, respectivamente. A análise do leucograma revelou 40% (4/10) das pacientes com eosinofilia relativa e absoluta, 50% (5/10) das pacientes com linfopenia relativa e absoluta, 40% (4/10) das pacientes apresentaram neutrofilia relativa com desvio a direita. Observou-se em 30% (3/10) das pacientes eosinofilia e linfopenia concomitantes, em duas destas foi retratado carcinoma em tumor misto na leitura citológica e na terceira paciente foi evidenciado carcinoma papilar com presença de êmbolos metastáticos. Em se tratando dos exames bioquímicos, 40% (4/10) das pacientes apresentaram aumento de ALT. O estudo evidencia uma frequência significativa de alterações hematológicas em pacientes com neoplasia mamária, ressalta a importância de compreender seus mecanismos, para assim, identificar síndromes paraneoplásicas e realizar o manejo adequado do paciente oncológico. Unitermos: oncologia, canino, tumor mamário

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Análise microbiológica do sêmen de cão subfertil SÁ, M. A. F. 1 ; JACOB, J. C. F. 2 ; JESUS, V. L. T. 3 ; NUNES, F. S. 4; STUTZ, E. T. G. 5 ; SALLES, S. P. X. 6 1 - Médico-veterinário, DSc, docente do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM). Docente, UNESA. marcus.ferreira85@hotmail.com 2 - Médico-veterinário, DSc, DRAA, IZ, UFRRJ. 3 - Médico-veterinário, DSc, DRAA, IZ, UFRRJ. 4 - Médico-veterinário, DSc, DRAA, IZ, UFRRJ. 5 - Médico-veterinário, DSc, DRAA, IZ, UFRRJ. 6 - Médico-veterinário, MsC, docente do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM).

A

reprodução assistida à espécie canina tem sido utilizada através da inseminação artificial, em sua maior parte, com objetivo de obter gestações de animais com dificuldade para acasalamento. Eventualmente, animais com histórico de falha reprodutiva em ciclos estrais anteriores continuam sendo utilizados em reprodução visando obter seus descendentes. Neste caso, diagnosticar da causa de falha reprodutiva é essencial visando alcançar resultados satisfatórios com estes animais. Diante disso, o presente resumo objetivou descrever a análise microbiológica de cão subfértil apresentando urospermia. O cão em questão se tratava de Buldogue Francês, quatro anos de idade, com histórico de falha reprodutiva em três ciclos estrais anteriores. Foi realizado hemograma completo deste animal, sem que fossem identificadas alterações laboratoriais. Foi utilizado kit comercial imunocromatográfico para identificação qualitativa de produção anticorpos contra Brucella canis (teste rápido), que não identificou o agente. Procedeu-se a coleta seminal do animal. A análise macroscópica do sêmen revelou 2 mL (plasma seminal + fração espermática) de volume ejaculado, odor suis generis, aspecto leitoso e coloração amarelo palha característica da presença de urina. À análise microscópica, motilidade progressiva 90% e vigor 4 (escala de 1 a 5). A amostra não foi utilizada para realizar a inseminação artificial. Foi realizado exame ultrassonográfico do macho, que revelou a presença de cisto prostático. Foi realizada nova coleta seminal 48 horas após a primeira. Desta vez, foi descartada a fração pré espermática e realizada a coletada somente da fração espermática. A análise macroscópica do sêmen revelou 2 mL (fração espermática) de volume ejaculado, odor suis generis, aspecto leitoso e coloração branco acinzentada. Desta segunda amostra coletada, foi realizada análise bacteriológica utilizando swab estéril acondicionado em tubo contendo meio Stuart e transportado ao Laboratório de Patologia da Reprodução (Anexo 1/Instituto de Veterinária/UFRRJ) sob refrigeração para incubação e posterior identificação bacteriana. Neste exame foi possível identificar crescimento de Escherichia coli, apesar de o ejaculado apresentar parâmetros espermáticos adequados de motilidade e vigor. Este resultado aliado aos demais achados clínicos foi compatível com o quadro de prostatite crônica, o que pode ter levado a falha reprodutiva nas coberturas anteriores. Diante disso, é possível concluir que o quadro de subfertilidade apresentado pelo cão pode ter sido causado pela prostatite crônica mesmo quando o ejaculado apresenta parâmetros espermáticos adequados. Unitermos: urospermia, cisto prostático, reprodução assistida

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Anemia hemolítica imunomediada em cão com erliquiose – relato de caso ALCANTARA, A. O. 1 ; SILVA , A. F. 2 ; TEIXEIRA, R. S. 3 ; BAX, J. C. 4 ; XAVIER, M. DE S. 5 ; SOUZA, A. M. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. amanda_2208@live.com. 2 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 3 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 4 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 5 - Professora, DsC, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 6 - Professora, DsC, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF.

A

anemia hemolítica imunomediada (AHIM) em cães pode ser induzida por medicamentos, transfusão sanguínea, neoplasias e agentes infecciosos, como Ehrlichia spp. A erliquiose é uma enfermidade vetoriada pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus e se caracteriza por uma variedade de anormalidades hematológicas, como anemia, leucopenia e trombocitopenia. Um paciente canino, macho, sem raça definida, com três anos de idade, foi atendido em um Hospital Veterinário com histórico de prostração e hiporexia. O tutor relatou que o animal foi atendido em uma clínica veterinária anteriormente com o mesmo quadro e foi diagnosticado com “doença do carrapato”, sendo instituído tratamento com doxiciclina. Entretanto houve piora do quadro, apesar do tratamento. No exame físico, verificou-se escore corporal reduzido (2/5), mucosas hipocoradas e infestação por carrapatos. Os exames realizados revelaram anemia [Hematócrito 23,4% (37-55%)] macrocítica [VGM 98,3 fL (60-77 fL)] hipocrômica,[CHGM 26,9% (32-35%)], leucocitose 323700 leucócitos/mm3 (600017000 leucócitos/mm3) com neutrofilia, eosinopenia, linfopenia e monocitose. Intensa anisocitose e policromasia, intensa presença de esferócitos, neutrófilos tóxicos e monócitos ativados foram observados na hematoscopia. O exame imunocromatográfico sorológico para Ehrlichia sp., Anaplasma platys, Borrelia sp. e Dirofilaria immitis, teve resultado positivo para Ehrlichia spp. Em cães com erliquiose, espera-se encontrar anemia normocítica normocrômica devido a supressão da medula óssea por citocinas inflamatórias. A anemia macrocítica hipocrômica indica que há eritrorregeneração e pode ser secundária a processos hemorrágicos ou hemolíticos. Os esferócitos são eritrócitos que apresentam menor quantidade de membrana, como resultado de fagocitose parcial, decorrente da presença de anticorpos em sua superfície e sua presença sugere AHIM. Observou-se aumento da concentração sérica de alanina aminotransferase (ALT) 116 U/mL (10-88 U/mL) e de fosfatase alcalina (FAL) 226 U/mL (20150 U/mL), que pode ser atribuída a hemólise e consequente sobrecarga dos hepatócitos e redução de conjugação da bilirrubina com ácido glicurônico, prejudicando sua excreção. A partir do diagnóstico de AHIM secundário a erliquiose, foi instituído tratamento com imunossupressor prednisolona (2 mg/kg a cada 12 horas) associado a doxicilina (10 mg/kg a cada 12 horas durante 28 dias). Após terapia específica, o paciente apresentou melhora do quadro. Ressalta-se que a hematoscopia foi fundamental para o diagnóstico de AHIM e instituição de um tratamento específico. É importante também a conscientização e prevenção de doenças vetoriadas por artrópodes. Unitermos: hematologia, esferócito, hematoscopia

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Aspectos clínicos e laboratoriais de um canino com nanismo hipofisário congênito BARTOLO, A. O. 1 ; MARINHO, D. W. F. 2 ; BOWEN, G. G. 3 ; MENDONÇA, H. F. 4 ; SANTANA, J. S. 5 ; BARBOZA, K. K. O. 6 ; GONÇALVES, R. J. 7 ; VOLKWEIS, F. S. 8 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto Central Professor Aparecido do Santos, UniCEPPLAC. amandaobartolo@gmail.com 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 4 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 5 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 7 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 8 - Médico-veterinário, prof. MSc. Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, UniCEPPLAC.

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nanismo hipofisário congênito é uma doença rara, correlacionada a uma hipofunção hipofisária, com deficiência e desequilíbrio do hormônio do crescimento (GH) que resulta no retardo do crescimento do paciente. O nanismo está ligado a fatores hereditários ou secundário a processos patológicos na vida intra-uterina e/ou logo após o nascimento, onde o potencial de crescimento determinado geneticamente é afetado. O diagnóstico é obtido através do teste de estimulação do GH basal a partir da aplicação de drogas alfa-adrenérgicas. O tratamento se baseia na reposição de GH, estimulando, dessa forma, o crescimento. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente, canino da raça pastor alemão com 5 anos de idade com nanismo hipofisário congênito. O canino foi levado ao atendimento clínico veterinário com queixa de prostração e inapetência. O proprietário relata ser o único da ninhada com estatura diminuída. Em sua avaliação clínica se observou alopecia generalizada com hiperpigmentação cutânea e hiperqueratose, otite purulenta bilateral e pododermatite em coxins. Para o auxílio do diagnóstico, foram realizados os seguintes exames: hemograma completo, bioquímicos sanguíneos, urinálise e citologia de pele. O hemograma apresentou alta leucocitose com neutrofilia, eosinofilia, linfopenia e monocitose; os bioquímicos apontaram aumento de ALT 83 U/L (referência 10 a 40 U/L), FA 82 U/L (referência até 30 U/L para adultos) e diminuição de cálcio 7,4 mg/dL (referência 9 a 11 mg/dL); a urinálise apresentou coloração amarelo âmbar, presença de leucócitos, bilirrubinas, proteínas, sangue, hemoglobina, hemácias e bacteriúria intensa; e pesquisa de Malassezia spp. positiva em pele. Foi realizado cultura e antibiograma e solicitado retorno para coleta de dosagens hormonais. Foram realizados os exames de TSH, que se encontrou em 0,48 ng/mL (referência até 0,4 ng/mL); de T4 livre, com valor de 0,1 ng/dL (referência mínima 0,8 ng/dL); e de GH basal, que apresentou 0,03 ng/ml (referência mínima 1 ng/mL), apontando o nanismo. Conhecer as características clínicas e laboratoriais de um canino com nanismo é de grande relevância para a realização de diagnósticos precisos. Ressalta-se a importância dos testes hormonais para a confirmação da suspeita clínica. Unitermos: endocrinologia, GH, canino

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Atresia retal em filhote de cão - desafios da correção cirúrgica CAVALINI, I. C. S. 1 ; BRILHANTE, A. B. C. 2 ; OLIVEIRA, G. B. 3 ; BRIGATTI, A. G. B. 4 ; SILVA , G. P. M. 5 ; TOZETTI, C. A. 6 ; CUCIOLI, F. M. 7 ; MACENTE, B. I. 8 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Universidade Brasil. isabelacavalini@hotmail.com 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Universidade Brasil. 3 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Universidade Brasil. 4 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Universidade Brasil. 5 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Universidade Brasil. 6 - Docente auxiliar, Universidade Brasil. 7 - Médica-veterinária, Universidade Brasil. 8 - Docente auxiliar, Universidade Brasil.

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alformações congênitas que acometem a porção final do intestino grosso podem ocorrer em várias espécies animais, sendo as patologias mais comuns: agenesia, hipoplasia ou atresia anal ou anorretal. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso raro de atresia retal em filhote canino, desconhecida por muitos clínicos veterinários. Foi atendido um shih tzu, fêmea, 2 meses, com queixa de tenesmo há 20 dias. No exame físico foi verificado aumento de volume na região abdominal e perineal, com grande desconforto ao animal. Na avaliação radiográfica contrastada foi verificada a estenose da porção de reto e ampola retal. Optou-se incialmente pelo manejo clínico por 10 dias, com dietas pastosas e laxantes, porém sem sucesso. Foi realizada então a ressecção retal por abordagem dorsal em formato de semicircunferência, sendo removida uma porção de aproximadamente 1,5 cm do reto, apenas na porção dorsal. Logo no pós-operatório o animal apresentava normoquezia, porém com 5 dias do procedimento cirúrgico houve a deiscência e um pequeno ponto de fístula, por onde começou a drenar fezes. Foram realizadas duas tentativas de fechamento da fístula na parede retal, porém com recidivas. Neste período o filhote voltou a apresentar disquezia e tenesmo, decorrente da reação inflamatório local provocada pela fístula e pelas remanipulações cirúrgicas, que levaram a uma nova atresia retal e também anal. Por este motivo, foi realizada a ressecção em 360º de todo o esfíncter anal, seguido da ressecção transversal do reto (transpassando a região da fístula) com sutura da parede retal diretamente na pele. O animal apresentou-se bem por 24 horas, porém apresentou prolapso retal após este período. Foi necessária a correção cirúrgica do prolapso com colopexia para evitar recidivas. Com a realização deste último procedimento o animal apresentou-se bem, voltando a defecação adequada, apenas com disquezia por mais 3-4 dias. Com 15 dias do último procedimento cirúrgico foi possível a retirada dos pontos. O animal manteve defecação adequada com incontinência fecal moderada, mantendo qualidade de vida com dieta de ração seca super premium. Pode-se concluir que as cirurgias de correções intestinais são um desafio para o cirurgião, pois as chances de complicações são grandes. Contudo, malformações congênitas não são sinônimas de eutanásia e podem ser corrigidas, possibilitando qualidade de vida ao animal acometido. Unitermos: caninos, estenose retal, fístula

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Avaliação da ação do LQB-118 sobre receptores nucleares de estrógeno em camundongos fêmeas TORQUATO , L. F. B. 1 ; BRASIL, R. B. 2 ; AGUIAR , F. A. 3 ; MECAWI, A. S. 4 ; MALVAR, D. C. 5 1 - Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, aluna de graduação em medicina veterinária, IV, UFRRJ. lizandrabrandao@hotmail.com 2 - Bolsista PIBIC, discente do Curso de Medicina Veterinária, IV, UFRRJ. 3 - Professor adjunto do Curso de Farmácia, UFRRJ. 4 - Médico-veterinário, prof. do Departamento de Ciências Fisiológicas, ICF, UFRRJ. 5 - Médico-veterinário, prof. do Departamento de Ciências Farmacêuticas, ICF, UFRRJ.

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QB-118 é sintetizado pela hibridização de uma porção pterocarpano e 1,4-naftoquinona lapachol e possui propriedades antinflamatórias. Estudos de acoplamento molecular sugerem ligação a receptores nucleares de estrógeno (ERα e ERβ), indicando que sua ação antinflamatória pode envolver ativação destes. O presente estudo investigou se LQB-118 ativa tais receptores em camundongos fêmeas Swiss (30-40g, n = 6-8). Após cirurgia sob anestesia inalatória (isoflurano 2%), os animais foram divididos em 2 grupos: falso operadas (SHAM) ou ovariectomizadas (OVX). O grupo SHAM foi subdividido em proestro/estro ou metaestro/diestro segundo ciclo estral. Uma semana após cirurgia os animais OVX foram divididos em 5 grupos e foi iniciado tratamento diário em via subcutânea por 6 dias de 2 grupos com LQB-118 (10 e 30 mg/kg), 2 grupos com estrógeno (E₂ 2,5 e 10 µg/kg) e 1 grupo com óleo vegetal (Óleo-veículo). Nesse período foram avaliados peso e ciclo estral dos animais por lavado vaginal. No dia 7, foi feita eutanásia e pesou-se útero e hipófise. Os animais SHAM apresentaram ciclo estral regular e os Óleo se mantiveram em metaestro ou diestro, enquanto os grupos OVX tratados com E₂ se mantiveram em proestro ou estro. Contrariando a literatura, animais OVX tratados com LQB-118 se mantiveram em metaestro ou diestro. Não encontramos diferenças estatísticas no peso entre os grupos experimentais. Os animais SHAM metaestro/diestro e Óleo apresentaram redução no peso da hipófise em 34,4 (2,4 ± 0,2 mg) e 24% (2,7 ± 0,2 mg), respectivamente, quando comparados ao SHAM proestro/estro (3,6 ± 0,1mg). O tratamento com E₂ (2,5 e 10 µg/kg) aumentou o peso da hipófise em 33,8 (3,6 ± 0,3 mg) e 22,1% (3,3 ± 0,1 mg), respectivamente, ao compará-lo com o grupo Óleo. Entretanto, o tratamento com LQB-118 (10 e 30 mg/kg) não alterou significativamente o peso da hipófise (2,3 ± 0,3 e 2,3 ± 0,1 mg), comparado com o grupo Óleo. Corroborando com esses dados, animais SHAM metaestro/diestro e Óleo apresentaram queda no peso do útero em 59,4 (68,4 ± 7,7 mg) e 76,6% (39,4 ± 2,4 mg), respectivamente, quando comparados ao grupo SHAM proestro/estro (168,3 ± 27,4mg). O tratamento com E₂ (2,5 e 10 µg/kg) aumentou o peso do útero em 616,1 (282,3 ± 53,7 mg) e 476,1% (227,1 ± 23,7 mg), respectivamente, ao comparar com o grupo Óleo. Entretanto, o tratamento com LQB-118 (10 e 30 mg/kg) reduziu o peso do útero em 31,1 (27,2 ± 1,3 mg) e 47,4 % (20,7 ± 3,1 mg), respectivamente, quando comparado com o grupo Óleo. Tais resultados demonstram que LQB-118 não ativa receptores nucleares de E₂. A redução significativa do peso do útero gerado pelo LQB-118 comparado ao grupo Óleo indica que este composto pode atuar como antagonista desses receptores, porém novos experimentos são necessários para avaliar esta proposta. Unitermos: ação antinflamatória, estrógeno, receptor de estrógeno Suporte financeiro: FAPERJ; CNPq

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Avaliação de alterações laboratoriais em cães idosos para pesquisa de lesão renal OLIVEIRA, A. P. A. L. 1 ; MARÇOLA, T. G. 2 ; LIMA , G. D. 3 ; GUERBER, F. 4 ; MELO, F. G. S. 5 ; SOUSA, S. M. 6 ; VOLKWEIS, F. S. 7 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC. analiberato07@hotmail.com 2 - Médica-veterinária, profa. Msc, DSc, Departamento de Patologia Clínica, UniCEPPLAC. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto UniCEPPLAC. 4 - Médica-veterinária, autônoma. 5 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 7 - Médica-veterinária, profa MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, UniCEPPLAC.

A

doença renal crônica (DRC) é uma alteração degenerativa frequente em cães, principalmente cães idosos. Possui característica progressiva e irreversível, causando a perda permanente da função e/ ou estrutura de um ou de ambos os rins. O diagnóstico é realizado por vários exames laboratoriais e na maioria das vezes, esses exames são realizados tardiamente. Quando utilizados métodos diagnósticos que constatam a doença precocemente pode-se retardar a progressão da doença e dar uma melhor qualidade de vida ao paciente. A Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) estabeleceu um sistema de classificação baseado nas concentrações séricas de creatinina, o que auxilia na determinação do prognóstico do animal e na conduta terapêutica, associado ao subestadiamento para classificação da doença renal crônica. O presente estudo acompanhou 30 cães com idade a partir de 7 anos, peso de até 12 kg, que foram ao Hospital veterinário da UniCEPPLAC para atendimento por causas diversas, foram realizados exames laboratoriais (ureia, creatinina, RPC e urinálise) e complementares (pressão arterial) com o objetivo de coletar dados para diagnosticar uma possível doença renal. Da amostragem, 20% apresentavam ao menos 3 parâmetros de avaliação renal alterados, sendo que somente um animal dentre estes apresentou alteração de pressão. Apenas 6,6% apresentaram alterações de creatinina (2,94 mg/dL e 10,50 mg/dL - 0,5 a 1,5 mg/dL valor de referência) e também 6,6% alteração de pressão arterial (172 mmHg e 280 mmHg). Do total de animais 43,3% apresentaram densidade abaixo do valor de referência (<1025), e 26,6% densidade acima do valor (>1045), demonstrando que 70% dos animais tinham alteração nos valores de densidade. Dos animais com alteração de densidade, 76,9% apresentaram um ou mais parâmetros de avaliação alterados. Na avaliação da RPC, 13,3% dos animais apresentaram alteração (>0,5), sendo que apenas um animal não tinha alteração de densidade. 56,2% apresentaram RPC em borderline (0,2 -0,5), dentre estes 88,8% demonstraram alteração de densidade, ou estavam muito próximos do limite inferior (1025). Notouse que 30% dos animais apresentaram cilindros em urina, neste animais 66,6% também apresentavam alteração de densidade. Dois animais (6,6%) apresentaram quadro de DRC, com aumento expressivo de creatinina, redução da densidade e traços de proteínas. Tais dados evidenciam que é pequeno o número de animais que demonstravam aumento do valor sérico da creatinina, entretanto, diversas alterações, como diminuição de densidade, cilindros e proteinúria foram evidenciados. Ressalta-se a importância da realização de exames laboratoriais para avaliação de parâmetros da função renal com intuito de diagnosticar a doença renal precocemente. Unitermos: geriatria, doença renal, diagnóstico

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Avaliação do potencial antinociceptivo do lqb-118 em modelo murino TORQUATO, L. F. B. 1 ; BRASIL, R. B. 2 ; AGUIAR, F. A. 3 ; MECAWI, A. S. 4 ; MALVAR , D. C. 5 1 - Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ, discente do Curso de Medicina Veterinária, IV, UFRRJ. lizandrabrandao@hotmail.com 2 - Bolsista PIBIC, discente do Curso de Medicina Veterinária, IV, UFRRJ. 3 - Professor adjunto do Curso de Farmácia, UFRRJ. 4 - Médico-veterinário, prof. do Departamento de Ciências Fisiológicas, ICF, UFRRJ. 5 - Médico-veterinário, prof. do Departamento de Ciências Farmacêuticas, ICF, UFRRJ.

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pterocarpanquinona LQB-118 é uma molécula sintetizada a partir da hibridização de uma porção pterocarpano e 1,4-naftoquinona lapachol. Estudos in vitro sugerem que esta substância possui propriedades antineoplásicas, pois mostrou efeito citotóxico contra células de linhagens tumorais e pronunciada inibição da liberação de TNF-α. Um recente estudo in vivo demonstrou que o LQB-118 produz efeito anti-inflamatório através da inibição da ativação de NFƙB no tecido pulmonar, um importante fator de transcrição de proteínas pró-inflamatórias, e redução da migração de neutrófilos e da concentração de TNF-α no lavado broncoalveolar em modelo de inflamação pulmonar induzido por LPS em ratos. O presente estudo visou explorar seu efeito antinociceptivo e anti-inflamatório em camundongos machos Swiss (30-40 g, n = 6-8), além de analisar a afinidade por receptores de estrógeno em camundongos fêmeas da mesma linhagem. No teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (0,8% em salina), o pré-tratamento subcutâneo com LQB-118 (3, 10 ou 30 mg/kg) reduziu de forma dose-dependente o número de contorções abdominais em 25,4 (34,6 ± 8,2 contorções); 55,6 (20,6 ± 6,4 contorções) e 68,7% (14,5 ± 4,4 contorções), respectivamente, quando comparado com o grupo tratado com veículo (46,4 ± 5,3 contorções). O grupo tratado com indometacina (controle positivo, 8 mg/kg) inibiu em 83,3% (7,8 ± 2,2 contorções) este comportamento nociceptivo. Em outro set experimental os animais foram tratados por via subcutânea com LQB-118 (30 mg/kg), oral com indometacina (8 mg/kg) ou salina (veículo) e, em seguida, avaliados no teste da formalina (solução de formaldeido 1,8% em salina). Neste protocolo experimental, o LQB e a indometacina não alteraram o tempo de lambedura da pata durante a dor neurogênica (fase I; 0-5 min), entretanto reduziram em 55,1 (78,2 ± 16,5 segundos) e 46,6% (85,4 ± 12,4 segundos) este comportamento nociceptivo durante a dor inflamatória (fase II; 15-30 min) quando comparados ao grupo tratado com veículo (160 ± 20 segundos). Nossos resultados sugerem que o LQB-118 produz efeito antinociceptivo em camundongos por mecanismos que provavelmente envolvem apenas efeitos anti-inflamatórios. Contudo novos experimentos devem ser realizados para confirmar esse efeito e excluir o envolvimento de mecanismos antinociceptivos centrais. Unitermos: pterocarpanquinona, antinocicepção, anti-inflamatório Suporte financeiro: FAPERJ; CNPq

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Benefícios do método de avaliação do esfregaço de sangue capilar para diagnóstico de Mycoplasma spp BERNARDO, V. F. 1 ; PERREIRA, B. B. N. 2 ; RAMOS , N. V. 3 ; TEIXEIRA, R. S. 4 ; BAX , J. C. 5 ; ALCANTARA, A. O. 6 ; XAVIER , M. S. 7 ; SOUZA, A. M. 8 1 - Médico-veterinário autônomo, Hospital Veterinário de Niterói. victorferreira033@gmail.com 2 - Médico-veterinário autônomo, Clínica Veterinária Clinicat. 3 - Médico-veterinário autônomo, Clínica Veterinária Clinicat. 4 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 5 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 7 - Professora do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 8 - Professora do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF.

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ycoplasma spp. é um parasito obrigatório dos eritrócitos de felinos domésticos transmitido pelo sangue infectado. Multiplica-se na superfície eritrocitária causando danos a membrana e hemólise. O diagnóstico pode ser realizado durante hematoscopia e/ou pela reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificação das espécies. O esfregaço sanguíneo confeccionado com sangue em contato com o anticoagulante ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) não é adequado para identificação deste microrganismo, pois o EDTA promove o despreendimento do parasita da superfície eritrocitária. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de micoplasmose em um felino e ressaltar a importância da confecção do esfregaço de sangue periférico para o diagnóstico. Um felino não domiciliado, macho, adulto, sem raça definida, apresentava emagrecimento progressivo, espirros, secreção nasal e hiporexia. Na avaliação clínica apresentava ausculta pulmonar sem alterações, taquipneia, taquicardia, mucosas hipocoradas, linfonodos submandibulares aumentados, desidratação em 10%, sarcopenia e havia sido diagnosticado com o vírus da Leucemia Felina (FeLV) e Vírus da imunodeficiência felina (FIV). Os exames solicitados evidenciaram anemia regenerativa, macrocítica e normocrômica, leucocitose com DNNE discreto regenerativo e trombocitopenia. Plasma discretamente ictérico e hemolisado. Enzimas hepáticas e parâmetros renais sem alterações. Na avaliação do esfregaço de sangue capilar (ponta de orelha) notaram-se frequentes microorganismos puntiformes basofílicos, encadeados, na membrana de hemácias, sendo sugestivo para Mycoplasma spp. Entretanto, durante visualização microscópica do esfregaço de sangue com EDTA, poucos pontos basofílicos foram evidenciados na membrana de eritrócitos e frequentes no fundo de lâmina, que poderiam ser confundidos com precipitado de corante. Foi realizada PCR em tempo real, positiva para Mycoplasma haemofelis. Este agente causa anemia hemolítica regenerativa, especialmente quando associada à doenças imunossupressoras como FIV ou FeLV, por destruição pelo sistema fagocitário mononuclear (extravascular) ou por lesão direta e/ou aumento da fragilidade osmótica causando lise (intravascular). A trombocitopenia é decorrente da vasculite induzida pela hemólise e o leucograma de inflamação aguda. A pesquisa de hemoparasitas pela visualização do esfregaço de sangue periférico (ponta da orelha) é um método rápido e de baixo custo para diagnóstico laboratorial de hemoparasitas e, em casos de suspeita de micoplasmose, pode aumentar a chance diagnóstica deste agente. Recomenda-se a utilização deste método para triagem em casos de suspeita de micoplasmose em felinos, principalmente nos casos onde o aspecto financeiro restringe a realização de exames mais acurados. Unitermos: micoplasmose, hematoscopia, felinos

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Cão da raça boxer, hermafrodita verdadeiro, com disturbio do desenvolvimento sexual dos cromossomos sexuais VILETE, S. B. 1 ; JORGE, A. F. 2 ; BARBERO, M. M. D. 3 ; NOGUEIRA, D. M. 4; SANTOS, M. A. 5 ; ARMADA, J. L. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, IV, UFRRJ. biavilete@hotmail.com. 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária, IV, UFRRJ. 3 - Bacharel em biotecnologia, dr. prof. Departamento de Genética Animal, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, UFRRJ. 4 - Médica-veterinária, PhD. prof. Departamento de Genética Animal, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, UFRRJ. 5 - Médico-veterinário, dr. prof. Departamento de Biologia Animal, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, UFRRJ. 6 - Licenciado em Ciências Agrícolas, PhD. prof. Departamento de Genética Animal, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, UFRRJ.

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nicialmente embriões de mamíferos apresentam gônadas indiferenciadas, possuem cristas genitais bipotenciais, ductos de Wolff, ductos Muller, seio urogenital, tubérculo genital e protuberância genital. Se presente o Y a crista urogenital se desenvolve em testículo, se ausente em ovário. Nos testículos, as células de Sertoli secretarão a substância antimulleriana (MIS) que promoverá a regressão dos ductos de Muller e as células de Leydig secretarão a testosterona que será responsável pelo desenvolvimento dos ductos de Wolff em epidídimo e vasos deferentes. A dihidrotestosterona (DHT) promoverá a formação da próstata, uretra prostática, pênis e bolsa escrotal. Nos indivíduos XX os ductos de Muller se desenvolverão em ovidutos, útero, cévix e vagina cranial. Erros no processo de diferenciação sexual geralmente levam os animais a apresentar genitália ambígua, infertilidade e esterilidade. Atualmente cães e gatos com características de intersexualidade são ditos apresentar Distúrbios do Desenvolvimento Sexual (DSD). Assim temos os DSDs dos cromossomos sexuais, DSDs XY e DSDs XX. Recentemente realizamos a análise histopatológica, citogenética e molecular em uma cadela adulta, da raça Boxer, fenotipicamente normal que foi levada a uma clínica Veterinária para realização de histerectomia, sendo constatada a presença de gônadas anormais. Estas foram armazenadas em formol 10% e enviadas para análise histopatológica. Sangue periférico foi enviado para análise cromossômica e molecular. Foram realizados exames de ultrassonografia e raio X. Cortes histológicos corados com Hematoxilina-Eosina e Tricromo de Gomori mostraram uma das gônadas ser um possível ovário com estruturas anômalas, presença de áreas císticas, desarranjo tecidual e tumor de células intersticiais, a outra identificada como testículo, apresentou também tumor de células intersticiais com parênquima testicular, túbulos seminíferos hipoplásicos e ductos epididimários. A Citogenética mostrou um quimerismo 78,XY(~ 65%)/78,XX (~ 35%), o que pode ser explicado pela união de dois zigotos XX e XY. A análise molecular mostrou ser o animal SRY negativo. Os exames ultrassonográficos e de raio X não mostraram nenhuma outra estrutura masculina além das já citadas. Estudos complementares se fazem necessários para completa elucidação do caso. Finalmente é de extrema relevância a conscientização dos clínicos veterinários na identificação de alterações do desenvolvimento sexual nos animais visando não só o encaminhamento destes aos Laboratórios de Pesquisa em Genética Animal como também na utilização destes e de parentes em futuros cruzamentos. Concluindo este é um caso extremamente raro classificado com DSD do tipo Hermafrodita Verdadeiro com quimerismo XX/XY. Unitermos: histopatologia, cariótipo, DSDs

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Carcinoma de células escamosas invasivo com origem em cavidade oral de cão – relato de caso SUZUKI, L. Y. 1 ; BARBOSA, J. M. 2 ; SARACCHINI, P. G. V. 3 ; FERREIRA, M. L. G. 4 ; MELLO, M. V. F. 5 ; LEITE, J. S. 6 ; FERREIRA, A. M. R. 7 1 - Médica-veterinária, aluna de mestrado do Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF. livia.suzuki@gmail.com 2 - Médico-veterinário, MSc, doutorando do Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF. 3 - Médica-veterinária, mestranda do Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, UFF. 4 - Médica-veterinária, DSc, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária e Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF. 5 - Médica-veterinária, DSc, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária e Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF. 6 - Médica-veterinária, DSc, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária e Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF. 7 - Médica-veterinária, DSc, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária e Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de Veterinária, UFF.

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s neoplasias de cavidade oral ocupam o quarto lugar de prevalência de neoplasias malignas em cães, sendo carcinoma de células escamosas (CCE) em gengiva, o segundo mais frequente após o melanoma. O CCE de gengiva possui predileção por animais de idade mediana à senil, e pode se apresentar localmente invasivo, podendo invadir ossos, se estendendo até os seios nasais e órbitas. O objetivo deste trabalho foi relatar os achados de necropsia, e caracterizar macro e microscopicamente um caso de carcinoma de células escamosas com origem em cavidade oral em um cão. O canino, macho, sem raça definida, de 6 anos de idade, foi eutanasiado no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho e encaminhado para o Setor de Anatomia Patológica Veterinária para exame necroscópico. O animal apresentava acometimento de gengiva, palato duro, seios nasais, órbitas e face, com múltiplas lesões ulceradas, caracterizando infiltração local de tecido moles e duro. Não havia metástase em outros órgãos. Na análise histopatológica das amostras coradas por hematoxilina-eosina (HE), foi observado proliferação de células epiteliais neoplásicas, invadindo região de derme e formando, por vezes, “pérolas córneas” de diversos tamanhos, compostas por ceratina laminar paraqueratótica. As células neoplásicas apresentavam pleomorfismo acentuado, citoplasma eosinofílico abundante e anisocariose bem marcante. Havia frequentes figuras de mitose atípica, binucleação, extensa área de necrose e infiltrado inflamatório neutrofílico associado às áreas ulceradas. A análise histopatológica concluiu carcinoma de células escamosas infiltrativo e ulcerado, com invasão de tecido ósseo e partes moles adjacentes. Unitermos: carcinoma epidermóide, gengiva, infiltrativo Suporte financeiro: CAPES, UFF

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Colite ulcerativa macrofágica e plasmocitica difusa associada a E. coli multiresistente em cão – relato de caso VOLKWEIS, F. S. 1 ; RIBEIRO, Í. S. 2 ; MEDEIROS, M. 3 1 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC. fabiana.volkweis@faciplac.edu.br 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC. 3 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Microbiologia, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC.

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colite ulcerativa é o termo utilizado para caracterizar um processo inflamatório ulcerativo da mucosa do cólon. Acontece em humanos e animais, os sinais clínicos comuns são diarreias frequentes, tenesmo, hematoquesia, e em casos graves pode levar a caquexia. Essa doença é comum em cães jovens, pode ser causada por diversos microrganismo, os mais comuns entre as bactérias são as E. coli e entre os protozoários a Giardia spp. Um canino, fêmea, de um ano e meio de idade, da raça buldogue francês, com histórico de diarreia crônica, hematoquesia e disquesia arresponsivo a antibióticoterapia e a dieta. Foi atendido em Hospital Veterinário (HV) particular do DF. O animal apresentava prolapso retal, foi realizada uma celiotomia e biopsia do cólon. O laudo da biópsia demonstrou colite ulcerativa macrofágica e plasmocítica difusa, 50% do fragmento analisado estava comprometido por lesões inflamatórias e ulcerativas heterogêneas, distribuídas pela mucosa, na lâmina própria foi caracterizada por infiltrado inflamatório com acentuados macrófagos, moderados plasmócitos e discretos neutrófilos, com lesões erosivas. Após 30 dias a paciente retornou ao HV apresentando quadro de diarreia, hematoquezia e disquesia. Foi realizado coleta de fezes para cultura e antibiograma, hemograma completo e frações de proteínas, foi prescrito ciclosporina 6 mg/kg e tilosina 12 mg/kg. A cultura e antibiograma evidenciou E. coli, com resistência a amoxicilina associada a clavulanato de potássio, ampicilina, cefalexina, ceftriaxona, cefoveccina, ciprofloxacino, doxiciclina, enrofloxacino, marbofloxacino, metronidazol, sulfa associada a trimetropina e tetraciclina, sendo sensível somente a gentamicina e neomicina. Foi prescrito meropenem, sem melhora clínica, decorrente deste fato, extrema caquexia e hipoproteinemia severa, a proprietária optou pela eutanásia. Esse trabalho, demonstra a importância do exame histopatológico precoce na colite ulcerativa para determinar diagnóstico definitivo e ressalta a relevância da cultura e antibiograma de fezes como manejo adequado de colites persistentes, para evitar o uso indiscriminado de antibióticos e por consequente seleção de bactérias multirresistentes. A E. coli tem sido incriminada como agente de grande patogenicidade e multirresistência em colites ulcerativas. Unitermos: coprocultura, gastroenterologia, resistência bacteriana

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Comparação de diferentes escalas para caracterização de via aérea difícil na intubação orotraqueal em cães braquicefálicos MENDONÇA, K. G. ¹ ; CUNHA, G. N. ² 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária do Centro Universitário de Patos de Minas, UNIPAM. karen.goncalves_@hotmail.com 2 - Médico-veterinário, prof. adjunto III, DSc. Curso de Medicina Veterinária, Centro Universitário de Patos de Minas, UNIPAM.

A

s raças braquicefálicas se caracterizam por possuir crânio curto e largo com a mandíbula sobressaindo rostralmente à maxila (prognatas) e são considerados como cães com dificuldade maior no momento da intubação orotraqueal. A Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA) cita a importância de definir a via aérea difícil (VAD), que se traduz em três ou mais tentativas de intubar a traqueia. Assim, a conduta préanestésica avalia previamente e aprimora a condição clínica dos pacientes, e o anestesiologista pode indicar a melhor técnica anestésica, minimizando os riscos impostos e evitar complicações. O presente estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade do uso das escalas preditivas de Mallampati comparada a de Cormack-Lehane da intubação orotraqueal humana em cães braquicefálicos. A pesquisa foi realizada em quatro clínicas veterinárias particulares juntamente com o Centro Clínico Veterinário do Centro Universitário de Patos de Minas localizados no município de Patos de Minas, MG. Foram avaliadas as escalas preditivas de Mallampati e Cormack-Lehane em 33 cães braquicefálicos de diferentes idades, raças, sexos e portes submetidos a procedimentos anestésicocirúrgicos eletivos encaminhados às clínicas. Estas escalas foram comparadas entre si e com o porte dos animais. A classificação do grau de dificuldade das escalas utilizadas foi: classe I (fácil), II (dificuldade leve), III (moderada) e IV (alta). Foi utilizado o Teste Exato de Fisher entre as escalas, com nível de significância p<0,05. Os cães de pequeno porte foram os mais frequentes com 75,7% dos animais, destacando-se a raça shih-tzu. O grau de dificuldade com maior ocorrência deu-se na classe II das escalas de Mallampati e Cormack-Lehane que apresentaram 48,5% e 45,5% dos casos. O método de Mallampati apresentou uma correlação em 100% entre as classificações observadas no presente estudo com as descritas na literatura. Já a escala de CormackLehane apresentou uma correlação de 80% na avaliação dos animais, porém mostrou-se grande preditor no momento de antecipar uma VAD. Não se observou correlação significativa entre as duas escalas bem como entre Cormack-Lehane e o porte dos cães (p>0,05), o que se traduz na compatibilidade da classificação das escalas e de Cormack-Lehane com o porte. Entretanto, Mallampati e o porte apresentaram diferença estatística (p<0,05), não mostrando compatibilidade da classificação com os diferentes portes dos cães. Conclui-se que ambas as escalas quando utilizadas isoladamente são preditas mais sensíveis à VAD. As escalas de Mallampati e Cormack-Lehane apresentaram compatibilidade entre si. Os cães de pequeno porte apresentaram fácil visualização comparada aos de médio e grande porte pela escala de Mallampati que influenciou na definição de VAD. Unitermos: Mallampati, Cormack-Lehane, porte canino

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Correção de colapso e estenose de narinas em gato persa – relato de caso ALVARENGA, L. C. 1 ; SILVA, G. S. O. D. 2 ; JUNIOR, A. F. M. 3 ; MARQUES, J. L. R. 4 ; DIECKMANN, A. M. 5 ; SOARES, A. M. B. 6 ; ALMOSNY, N. R. P. 7 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária. UFF. lu_crivelli@hotmail.com 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 3 - Médico-veterinário, MSc. UFF. 4 - Médico-veterinário, Curso de Pós-graduação. UFF. 5 - Médico-veterinário, DSc. Professor Associado, Disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. UFF. 6 - Médico-veterinário, DSc. Professor Associado, Disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. UFF. 7 - Médico-veterinário, DSc. Professor titular, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. UFF.

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s modificações genéticas que os animais braquicefálicos foram submetidos, levaram a importantes alterações anatômicas, que impactam diretamente na saúde e bem-estar destes animais. Assim como os cães, gatos como os das raças persa e himalaia são predispostos a apresentar a síndrome dos braquicéfalos. Esta síndrome é caracterizada por alterações anatômicas obstrutivas das vias aéreas anteriores, principalmente estenose de narinas, cornetos aberrantes, palato mole alongado e hipoplasia de traqueia. Estas alterações provocam um esforço inspiratório exagerado, submetendo os animais a condições estressantes com sinais clínicos graves. Os sinais podem piorar quando associados ao colapso de narinas, ocasionado pelo excesso de pele na região latero superior nasal. Neste contexto, objetivou-se relatar a técnica cirúrgica de correção de colapso e estenose de narinas em felino. Foi atendido no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense, localizado no município de NiteróiRJ, um felino, fêmea, da raça persa de dez meses de idade, apresentando intensa dispneia e ruído inspiratório obstrutivo. No exame clinico foram observados colapso e estenose bilateral de narinas confirmando o diagnóstico de síndrome do braquicéfalo. Sabe-se que em animais jovens, os procedimentos cirúrgicos corretivos podem evitar ou minimizar a evolução da síndrome. Sendo assim foram realizados exames complementares: hemograma completo, avalição das funções renal e hepática, radiografias de cabeça, pescoço e tórax, eco e eletrocardiograma, em que ambos não apresentaram alterações. Desta forma, mediante ao diagnóstico e a condição clínica do felino, foram indicadas as cirurgias corretivas. O animal foi posicionado em decúbito esternal e, após anestesia, realizouse laringoscopia que revelou que palato mole e laringe estavam anatomicamente normais. Para correção do colapso das narinas, foi realizada uma excisão em formato de cunha da pele, na região latero superior de cada narina, e posteriormente foram feitas suturas com fio absorvível multifilamentar, calibre 4-0. Em seguida, para correção da estenose de narinas, foi realizada marcação das narinas e feita amputação bilateral da asa nasal, utilizando lâmina de bisturi número 11. Foi realizada compressão no local cirúrgico por dez minutos para fornecer hemostasia adequada. Na situação clínica deste animal, a utilização da técnica da correção de colapso de narina associada a rinoplastia mostrou-se eficaz, gerando resultados satisfatórios do ponto de vista estético e funcional. Após quinze dias do procedimento cirúrgico, o animal retornou para revisão e apresentou remissão total dos sinais clínicos, proporcionando melhora em sua qualidade de vida. Unitermos: síndrome respiratória, alterações anatômicas, pneumologia

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Correção de luxação coxofemoral por ancoramento ileofemoral em cão MOREIRA, H. V. S. 1 ; MARINHO, A. 2 ; CORRÊA, C. G. 3 ; SOUZA, H. J. M. 4 ; SILVA, R. S. 5 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária. IV, UFRRJ. haika-vsm@hotmail.com 2 - Médico-veterinário, residente em clínica cirúrgica. IV, UFRRJ. 3 - Médica-veterinária, residente em clínica cirúrgica, Msc, doutoranda. UFRRJ. 4 - Professor, Msc, PhD. Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, UFRRJ. 5 - Professor, Msc, PhD. Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, UFRRJ.

A

disposição anatômica e a ampla mobilidade da articulação coxofemoral a predispõem a luxações, sendo o tipo mais comum de luxação em cães. A redução fechada para esse tipo de luxação é uma opção de tratamento, contudo, muitas vezes é necessário recorrer à cirurgia para corrigi-la. O presente trabalho teve por objetivo relatar a execução de uma técnica alternativa descrita na literatura, mas não a de escolha para a resolução de luxação coxofemoral, o ancoramento ileofemoral, num cão de 3 anos após um atropelamento. Para o acesso cirúrgico foi feita incisão de pele de 3 cm craniodorsal e 2 cm craniocaudal ao trocanter maior do fêmur. Foi descolado o subcutâneo e a gordura da região, identificou-se a fáscia de união dos músculos tensor da fáscia lata, glúteo médio e vasto lateral, a partir daí foi feita incisão por divulsão craniodorsal a partir do acetábulo, separando o músculo glúteo até exposição do íleo. Foi realizada uma perfuração para entrada e saída do fio na borda inferior do íleo a aproximadamente 1 cm cranial a borda acetabular. Por ela foram passados 2 fios de poliglactina 910 2.0, ancorados por fio de nylon 2.0 para facilitar a passagem, totalizando 4 fios de poliglactina ao final. O conjunto de fios que se apresentava na parte inferior do íleo era direcionado com pinça Kelly curva através da superfície dorsal do colo femoral, sendo tracionado através de outra pinça Kelly curva na parte caudal e inferior do trocanter maior do fêmur. O conjunto de fios que se apresentava na parte superior da borda ileal era conduzido na face lateral do trocanter maior do fêmur (no sentido craniocaudal), através de uma perfuração previamente realizada no sentido caudocranial no citado trocanter (aproximadamente 1 cm abaixo do ápice do osso trocantérico). Esse conjunto de fios que passava através da borda lateral do trocanter era tracionado através da confecção de nó duplo juntamente com o conjunto de fios proveniente de superfície superior do colo femoral. Os planos anatômicos foram rafiados como de costume. Imediatamente após o procedimento cessaram o deslocamento da cabeça do fêmur de dentro do acetábulo no teste de tração do membro afetado e o avanço dorsal do fêmur. O animal foi imobilizado com bandagem Robert Jones por 7 dias e os pontos retirados com 10 dias. Ao decorrer dos dias pós-cirurgia o animal recuperou progressivamente a capacidade de apoio do membro e caminhar até que seu organismo conseguisse criar uma capa de fibrose sobre o fio absorvível de longa duração e esta fosse capaz de impedir um novo episódio de luxação. Apesar de não ser uma técnica amplamente executada é uma alternativa cirúrgica simples, rápida e efetiva se bem executada com fios do tipo e espessura apropriados para o peso do animal para a correção de luxação coxofemoral. Unitermos: sutura ileotrocantérica, ortopedia veterinária, luxação coxofemoral

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Correlação do rdw nas anemias regenerativas e arregenerativas em hemograma de cães CONCEIÇÃO, C. L. 1 ; ASSAD, R. Q. 2 ; REIS, A. A. L. 3 ; ALVES, M. S. R. 4; COUMENDOUROS, K. 5 ; BALDANI, C. D. 6 1 - Médica-veterinária, aluna de Pós-Graduação de Ciências Veterinárias. IV, UFRRJ. cecilialopes.vet@gmail.com 2 - Médica-veterinária, aluna de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Clínica e Reprodução Animal, UFF. 3 - Médica-veterinária, aluna de Pós-Graduação de Ciências Veterinárias. IV, UFF. 4 - Médica-veterinária, aluna de Pós-Graduação de Ciências Veterinárias. IV, UFF. 5 - Médica-veterinária, DSc, profa. do Departamento em Parasitologia Animal. IV, UFRRJ. 6 - Médica-veterinária, DSc, profa. do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ.

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“Red Cell Distribution Width” (RDW), que em português significa Amplitude de Distribuição dos Glóbulos Vermelhos, avalia a variação de tamanho entre as hemácias, essa variação é denominada anisocitose. Para diagnóstico de anemias por automação, utilizam-se métodos laboratoriais baseados nos resultados de VCM (volume corpuscular médio) e CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) associados ao RDW: RDW-CV (coeficiente de variação) e RDW-SD (desvio padrão). Seus resultados são complementares a avaliação do VCM, porém o RDW é considerado um índice mais sensível na avaliação da morfologia dos eritrócitos. Então para um diagnóstico mais exato, é necessário fazer a correlação entre estes parâmetros para conseguir classificar o tipo de anemia, e chegar a um diagnóstico mais confiável. O presente estudo teve como objetivo correlacionar o RDW com a resposta das anemias em amostras de sangue de cães enviadas ao setor de análises clínicas veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Foi realizado um levantamento de amostras de sangue de cães que apresentavam anemia. Estas amostras foram processadas no laboratório no período de março a setembro de 2018. O parâmetro RDW foi obtido através do analisador hematológico automático, sendo o valor de referência de RDW-CV variando entre 12% a 15%, e foi realizada a contagem dos reticulócitos, para a classificação das anemias. Foram utilizados 50 µL de corante azul de cresil brilhante e 200 µL de amostra de sangue total, sendo incubada por 15 minutos a 37°C em banho maria. Em seguida, foi realizado um esfregaço e analisado por microscopia óptica. Posteriormente, os dados obtidos no estudo foram tabelados em Excel®, de acordo com a resposta a anemia e realizado a análise descritiva. Foram processados 34 hemogramas, sendo 12 hemogramas de cães com anemia regenerativa, na qual o RDW-CV variou entre 13,8% a 27,7%, obtendo média de 18,3 %. Os resultados de RDW-SD variaram com mínima de 33,7 fL e a máxima de 53,6 fL, e o valor médio de 43,5 fL. 22 amostras de cães apresentaram anemia arregenerativa (sem resposta), na qual foi possível observar o RDW-CV variando entre 11,8% a 22,4%, com a média de 14,1%. E o RDW-SD, 34,1 fL a 48 fL mínimo e máximo respectivamente, e a média de 38,5 fL. Com base nos dados obtidos, foi possível observar que amostras de sangue de cães que apresentavam anemia regenerativa obtiveram a média e o valor máximo do RDW maior que as amostras que apresentavam anemia arregenerativa, caracterizando a maior variação entre o tamanho das hemácias. Apenas o valor mínimo de RDW–SD foi maior em amostras de cães com anemia arregenerativa. Evidenciamos que a contagem de reticulócitos é único parâmetro para realizar a classificação das anemias. Unitermos: hematologia, resposta medular, reticulócitos

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Diagnóstico de Burkholderia cepacia em cão com broncopneumonia e traqueomalácia, Rio de Janeiro, Brasil – relato de caso LEAL, P. D. S. 1 ; FURTADO, T. T. 2 ; MCINTOSH, D. 3 ; FONSECA, S. 4 ; BRAGA, R. C. 5 ; CAMPOS, D. P. 6 ; ALMEIDA, E. C. P. 7 LOPES, C. W. G. 8 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Bióloga, MSc, PPGCV, IV, UFRRJ. 3 - Microbiologista, PhD, DPA, IV, UFRRJ. 4 - Biomédica, microbiologista, Laboratório Veterinário Plasma Real. 5 - Médico-veterinário, Centro de Referência Veterinária Imagem-CRV Imagem. 6 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário. 7 - Médica-veterinária, DSc. FCB, ISNF, UFF. 8 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, UFRRJ.

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a rotina clínica de cães, as manifestações respiratórias são rotineiras, apresentam grande prevalência em animais de companhia, principalmente as inflamações dos brônquios, associadas a diversos agentes etiológicos podem ocorrer secundariamente aos agentes infecciosos primários em geral, desenvolvendo bronquite crônica ou broncopneumonia. Além disso, degenerações das cartilagens como: bronquiomalácia, traqueomalácias ou ambas, favorecem a inflamação e a bronquite bacteriana secundária. Sinais clínicos respiratórios como tosse, dispneia e cianose, fazem necessário um exame físico completo, que deve incluir palpação traqueal, ausculta torácica, radiografia torácica para avaliar alterações pulmonares e cardíacas, associadas à presença de inflamação/infecção indicada por hemograma. Um cão, macho, orquiectomizado bilateral, com 11 anos de idade e peso de 6 kg foi atendido no CTI veterinário com presença de cálculo dentário e periodontite grau III, tendo como habitat apartamento em centro urbano, alimentado exclusivamente com alimento comercial para cães na apresentação seca (ração). Como sinais clínicos foi observado dispneia inspiratória, temperatura corporal de 39 ºC, com taquipnéia e taquicardia, mucosas cianóticas e episódios de vômito recorrente. Foram coletadas amostra de sangue, onde os resultados dos exames hematológicos foram: volume globular de 54% (VG=54%), hemoglobina 19,6 (14-19 g/dL), eritrócitos 8,4 (4-8,5 milhões/mm3), leucometria de 13.200/mm3 (6-17.000/mm3), trombocitopenia de 145.000 (150-500.000 cels/μL), proteína plasmática de 9,2 (5,5 - 8 g/ dL), com linfopenia, desvio a esquerda regenerativo, neutrófilos tóxicos 100%, mostrando alterações na série vermelha por hipóxia crônica, na quantidade e na morfologia dos elementos celulares sanguíneos, mostrando presença de inflamação neutrofílica indicando o diagnóstico e quantificando a gravidade do processo infeccioso e inflamatório compatível com sepse. Foi encaminhado para exame radiológico de tórax, com o objetivo de avaliar o sistema cardiorrespiratório, com ênfase em traqueia e arvore brônquica, sendo observado no estudo radiográfico broncopneumonia e traqueomalácia. Com base nos resultados observados, paciente foi encaminhado para coleta de amostra através do lavado bronco-alveolar (LBA) para avaliação celular e microbiológica e possível isolamento através da cultura e teste de antibiograma. A cepa foi identificada por metodologia de cultura qualitativa, coloração de Gram, provas bioquímicas de oxidase, fermentações de glicose, maltose, lactose, lisina, arginina, gelatina, teste de Dnase, desoxirribonuclease, como o primeiro caso de Burkholderia cepacia em isolado de infecção respiratória em um cão da raça yorkshire terrier. Unitermos: broncopneumonia, doença, tosse

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Diagnóstico de leishmaniose visceral em cadela da raça poodle suspeita de linfoma – relato de caso LEAL, P. D. S. 1,; FURTADO, T. T. 2 ; MCINTOSH, D. 3,; CAMPOS, D. P. 4, SANTOS, F. N. 5 ; ALMEIDA, E. C. P. 6 ; LOPES, C. W. G. 7 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Bióloga, MSc. PPGCV, IV, UFRRJ. 3 - Microbiologista, PhD. DPA, IV, UFRRJ. 4 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário. 5 - Médica-veterinária, PhD. Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Imunodiagnóstico, FIOCRUZ-ENSP. 6 - Médica-veterinária, DSc. FCB, ISNF, UFF. 7 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, IV, UFRRJ.

A

leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose de importância em saúde pública, causada por Leishmania (Leishmania) infantum chagasi. Descrita no Brasil previamente como Leishmania chagasi (Sin. Leishmania infantum). O diagnóstico da LVC é através da visualização das formas amastigotas, pela reação antígeno/anticorpo através de testes sorológicos, cultura e pela identificação através de biologia molecular. Relata-se um caso sintomático de LVC mimetizando doença linfoide em cadela de raça Poodle, com seis anos e dois meses de idade, 3 kg de peso vivo, competente para a reprodução atendida no CTI Veterinário, Rio de Janeiro, RJ. Ao exame clínico observava-se prostração, inapetência, pelos ressecados e eriçados, sem lesões de pele, mucosas hipocoradas, linfonodos submandibulares e abdominais aumentados de tamanho, temperatura retal de 400C. Foram coletadas amostras de sangue para hemograma e perfis bioquímicos, com os seguintes resultados hematológicos de anemia (VG=10,0%), hemoglobina 5 g/dL), eritrócitos 1,7 milhões/mmm3), leucometria de 27.700/mm3, trombocitopenia de 115.000 cels/μl, proteína total de 7,6 g/dL, com albumina de 1,19 g/dL e globulinas de 6,4 g/dL, na citoscopia apresentava apenas dois tipos celulares, com linfocitose 26.315 e neutropenia 1.385, com citoscopia indicando inflamação/infecção, com neutrófilos levemente tóxicos 100%, com vacúolos 2%, cariorrexia 5%, em alvo 1%, bastões gigantes 100%, linfócitos grandes 57%, reativos 60%, plaquetas ativadas 80%. Foram observadas formas amastigotas compatíveis com as do gênero Leishmania em citoplasma de leucócitos. Com base no histórico apresentado e resultados observados, foi indicado transfusão, com sangue total fresco, com objetivo de reposição eritrocitária e de albumina, tendo como pré-requisitos a classificação sanguínea, para o reconhecimento dos antígenos eritrocitários (D.E.A. 1.1 positivo) e provas de compatibilidade. No material procedente de punção de linfonodos submandibulares, direito e esquerdo, foi observado à microscopia material rico em linfócitos de diferentes tamanhos e em mitoses, macrófagos contendo amastigotas intracelulares características do gênero Leishmania, que também foram vistas no meio extracelular em neutrófilos, confirmados nos testes sorológicos Imunocromatográfico (TR-DPP®-Bio Manguinhos) e ELISA (EIE-LVC®-Bio Manguinhos) e na Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) em material de sangue periférico, confirmando o agente etiológico da LVC como L. infantum chagasi. A necessidade de atenção no diagnóstico diferencial entre casos clínicos de animais suspeitos de leishmaniose e linfoma, onde a LVC mimetiza ou presente de forma concomitante, dado a seu caráter agressivo em animais de companhia deve ser acompanhado por médico veterinário de rotina. Unitermos: Leishmania, doenças, cães

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Dirofilariose felina – relato de caso SILVA, H. D. D. 1 ; BARROS, L. A. 2, ; AVEZEDO, A. F. 3 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. helenadurao@id.uff.br 2 - Professor associado IV, Doenças Parasitárias, MSV, Faculdade de Veterinária, UFF. 3 - Médico-veterinário, Faculdade de Veterinária, UFF.

A

dirofilariose é uma doença parasitária causada pelo nematóide Dirofilaria immitis, que apresenta ampla distribuição geográfica e atinge diversas espécies, sendo os canídeos, felídeos e humanos os hospedeiros definitivos mais afetados. Os hospedeiros intermediários são mosquitos da família Culicidae, responsáveis pela infecção através do repasto sanguíneo. Esta helmintose não se adapta bem aos felinos, uma vez que após a infecção, a taxa de mortalidade do parasito é alta, e a microfilaremia é rara e transitória, sendo comuns baixas cargas parasitárias ou infecção por espécimes de apenas um sexo. A artéria pulmonar e ventrículo direito são os locais de predileção para o adulto, embora as migrações aberrantes possam ocorrer nos gatos, tendo sido reportadas formas parasitárias em cavidades e sistema nervoso central. Este trabalho tem por objetivo relatar um caso de dirofilariose felina, que culminou em óbito inesperado, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, em junho de 2017. Uma gata, castrada, de 8 anos de idade, habitante de uma casa no bairro do Engenho Novo, município do Rio de Janeiro, manifestou sinais clínicos de dispneia, cianose e respiração abdominal. O animal foi levado para atendimento veterinário, onde foi realizado exame radiográfico da região torácica, com suspeita clínica de asma brônquica. O exame por imagem revelou leve padrão bronquial, o que guiou o tratamento à base de prednisolona oral e propionato de fluticasona spray. Houve resposta parcial ao tratamento, havendo necessidade de uso prolongado da terapia imunossupressora. Seis meses após o início dos sintomas, a paciente veio a óbito, quando estava clinicamente estável. Durante o exame pós morte, foi encontrado um parasito adulto na artéria pulmonar, e outro no parênquima pulmonar. Estes foram enviados para o Laboratório de Apoio Diagnóstico em Doenças Parasitárias da UFF, onde foi confirmado o diagnóstico de Dirofilaria immitis. A particularidade felina, como espécie hospedeira, está no fato de que reduzidas infrapopulações de parasitos podem determinar graves casos patogênicos, podendo inclusive haver risco de morte súbita, mesmo em infecções com um único espécime. Gatos afetados manifestam sinais clínicos como dispneia, tosse, vômitos intermitentes, síncopes, colapsos e desordens vestibulares de origem central. No entanto, podem ser assintomáticos e virem a óbito sem apresentação de nenhum sinal clínico antecedente. Unitermos: Dirofilaria immitis, Felis, gato

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Doenças nos cães domésticos atendidos em serviço de saúde animal, Rio de Janeiro, Brasil e a toxoplasmose LEAL, P. D. S. 1 ; CAMPOS, D. P. 2 ; LOPES, C. W. G. 3 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, bióloga, CTI Veterinário, RJ, RJ 3 - Médico-veterinário, PhD, LD. DPA, IV, UFRRJ.

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especialização em medicina veterinária tem avançado nos últimos anos, o que satisfaz a demanda da população humana, que cada vez mais tem interagido com cães, exigindo uma eficiência dos clínicos veterinários, principalmente em estudo e controle de doenças do cão idoso, sendo a idade fator de risco para a presença de Toxoplasma gondii e a sua doença zoonótica. Cães são hospedeiros intermediários, assim como seres humanos e outros mamíferos inclusive felinos. As manifestações clínicas e o diagnóstico são frequentemente negligenciadas ou não reconhecidas pelos clínicos, contribuindo para a ausência de diagnóstico, principalmente porque é uma infecção oportunista e se observa em associação com doenças concomitantes. Amostras de sangue foram obtidas de um total de 402 animais atendidos em Serviço de Saúde Veterinário (SSV) em área urbana na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Foram utilizadas para determinar a presença de animais sororreagentes a T. gondii pela RIFI como ponto de corte de 1:16. A presença deste agente etiológico foi observado em 42 cães (10,44%) dos 402 animais examinados no SSV para este estudo. A idade foi considerada como o mais importante fator de risco para a infecção natural por T. gondii principalmente em animais de idade igual ou superior a 10 anos. Habitação humana, como apartamentos, foram significativos como fator de proteção. Observou-se que, quando vários animais habitam o mesmo espaço não houve possibilidade de transmitir de maneira natural a infecção entre eles. A presença do gato não foi importante para a transmissão da infecção natural para cães nas condições estudadas. A alimentação não influenciou à infecção natural de T. gondii no presente estudo, assim como a determinação do sexo não foi relevante como uma fonte de infecção. Não há diferença entre os exames de patologia clínica indicados para sugerir a infecção natural por T. gondii. Dos cães sororreagentes contra T. gondii, 25% destes estavam associados a doenças infecciosas, 20% deles com associações de doenças infecciosas, parasitárias e degenerativas, 20% dos animais tinham doenças infecciosas e parasitárias; enquanto que, em apenas 15% dos animais tinham apenas doenças parasitárias, outros 15% dos animais tinham associação com outras doenças, uma associação de doenças infecciosas, parasitárias, neoplásicas, degenerativas foram observados em 5% dos animais sororreagentes a T. gondii. Doenças neoplásicas e degenerativas foram observadas em 5% dos animais. A presença do referido agente etiológico não foi importante para desencadear um processo clínico característico da infecção natural, e a presença de animais sororreativos não esteve associada a nenhuma doença clínica observada no cães estudados. Unitermos: caninos, doenças concomitantes, diagnósticos

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Epidemiologia da infecção pelos vírus da leucemia (FeLV) e imunodeficiência (FIV) em gatos do Planalto de Santa Catarina BIEZUS, G. 1 ; CASAGRANDE, R. A. 2 ; MACHADO, G. WITHOEFT, J. A. 6 ; NUNES, I. A. C. 7 ; CRISTO, T. G. 8

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; FERIAN, P. E. 4 ; PEREIRA, L. H. H. S. 5 ;

1 - Médica-veterinária, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC. giovanavet@live.com 2 - Médica-veterinária, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC, SC. 3 - Médico-veterinário, PhD. Department of Population Health and Pathobiology, College of Veterinary Medicine, NCSU. 4 - Médico-veterinário, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC. 5 - Aluno de gaduação em medicina veterinária, UDESC. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UDESC. 7 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UDESC. 8 - Médico-veterinário, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC.

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vírus da leucemia felina (FeLV) e o vírus da imunodeficiência felina (FIV) são agentes infecciosos que acometem felinos no mundo inteiro, representando grande prejuízo à saúde destes animais. Existem estudos epidemiológicos acerca da infecção por FeLV e FIV em todo o mundo. No entanto, no Brasil há poucos dados e nestes é possível observar alta prevalência de animais infectados. Um estudo transversal foi realizado para determinar a prevalência da infecção pelo FeLV e FIV em gatos do Planalto de Santa Catarina e os fatores associados a infecção. Foram coletadas amostras de sangue de 274 gatos para a detecção da proteína p27 do FeLV e anticorpos contra a proteína p24 do FIV, utilizando o método de ensaio imunoenzimático direto (ELISA). Realizou-se questionários junto ao tutor e ao médico veterinário do felino para a obtenção dos dados epidemiológicos e por meio da análise de regressão logística foram determinados os fatores associados a infecção por FeLV e FIV na população. A prevalência encontrada foi 22,26% (CI95% 17,74 - 27,5%) para a infecção por FeLV, 5,84% (CI95% 3,63 - 9,27%) para FIV e 1,46% (CI95% 0,57 - 3,69%) para FeLV e FIV. Gatos com comportamento agressivo (OR=1.18; CI95% 1 - 3,3) e machos (OR=2,41; CI95% 1,33 - 4,44) apresentaram maior chance de ser positivos para FeLV. Gatos agressivos (OR= 8; CI95% 2,31 - 38,20), machos (OR= 5.87; CI95% 1,81 - 23,42) e mais velhos (OR=1,01; CI95% 1 - 1,02) apresentaram maior chance de ser positivo pra FIV. A idade média para gatos FeLV e FIV positivos foi de 38,32 e 64,25 meses, respetivamente. Somente uma pequena parcela dos gatos deste estudo foram vacinados contra o FeLV (8,39%) e foram maioria os gatos adotados provenientes das ruas (46,35%). Eram gatos saudáveis 33,21%, destes 9,89% e 3,3% foram positivos para FeLV e FIV, respectivamente. Eram doentes 66,79% dos gatos, destes 28,41% foram positivos para FeLV, 4,92% positivos para FIV e 2,18% positivos para ambos os vírus. Entre os gatos FeLV positivos doentes, 55,77% apresentaram alterações clínicas relacionadas a infecção progressiva pelo vírus como: palidez de mucosas decorrentes da anemia (65,51%); alterações neurológicas (20,69%); linfoma (20,69%); co-infecções (10,34%) e leucemia (6,9%). Para os gatos FIV positivos doentes, 66,66% demostraram alteração clínica relacionada a infecção pelo vírus, como coinfecções bacterianas (44,44%) e complexo gengivite estomatite (22,22%). Entre os gatos FeLV e FIV positivos, 50% apresentaram alterações clínicas relacionadas, um com complexo gengivite estomatite e outro com leucemia. Os dados obtidos neste estudo demonstram que a população de felinos da região apresenta alto risco de contrair esses Retrovírus e ressalta a importância da implementação de medidas de controle da disseminação da doença. Unitermos: fator de risco, retrovírus, felino Suporte financeiro: CAPES, CNPq, FAPESC

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Esporotricose: atendimentos realizados na clínica médica do Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (IJV) no ano de 2017 SACRAMENTO, A. T. F.1 ; COSTA, D. R. 2 ; SILVA, F. F. 2 ; MELO, G. V. 3 ; NAURATH, P. E. 4 1 - Médica-veterinária, residente em Medicina Veterinária, SUBVISA. adrianatfs1@gmail.com 2 - Médica-veterinára, residente em Medicina Veterinária, SUBVISA. 3- Médico-veterinário, xiretor S/SUBVISA/CVZ/IJV- Subsecretaria de Vigilância, SUBVISA. 4 - Médica-veterinária, gerente de investigação em Zoonoses - Subsecretaria de Vigilância, SUBVISA.

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esporotricose é uma zoonose de grande relevância para a saúde pública. Atualmente é considerada uma epidemia negligenciada no estado do Rio de Janeiro, tendo casos identificados desde o ano de 1998, em diversos municípios, tanto em humanos quanto em animais. O presente trabalho tem como objetivo realizar um levantamento epidemiológico dos atendimentos de felinos com suspeita de esporotricose, realizados na Clínica Médica no Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (IJV) no ano de 2017, visando demonstrar a importância de políticas públicas voltadas à prevenção, controle e ao tratamento dessa doença. O IJV disponibiliza consultas, diagnóstico e tratamento gratuitos aos animais de munícipes acometidos, contando com consultórios exclusivos para tal finalidade, às terças, quartas e quintas-feiras. Os animais incluídos nesse programa recebem um microchip na primeira consulta para que sejam corretamente identificado nos retornos. Cada animal possui uma ficha contendo informações referentes ao tutor e ao animal, além de uma resenha com a descrição das lesões e sua respectiva localização, permitindo o acompanhamento da cicatrização das mesmas. O tratamento é realizado por meio da administração diária de Itraconazol (100 mg/gato) durante, no mínimo, 6 meses e, em alguns casos, a critério do médico veterinário, é associada a terapia com iodeto de potássio (5 a 10 mg/ kg). A cada 30 dias o animal é reavaliado e o medicamento é fornecido em quantidade suficiente para o respectivo mês de tratamento, a cada revisão, objetivando garantir o retorno do animal até o fim do tratamento. No ato da adesão do animal ao programa, o tutor é instruído acerca dos cuidados com a doença e do tratamento, e assina um termo de compromisso declarando que manterá o animal isolado, sem acesso à rua, que comparecerá às revisões mensalmente e que se comprometerá a não abandonar o animal e a castrá-lo após a cura clínica. A castração é de extrema importância, pois trabalhos indicam que a incidência de gatos não castrados com esporotricose é superior em relação aos castrados. No ano de 2017, foram realizados 6.311 atendimentos de esporotricose em gatos, dos quais 1.454 (22,9%) foram caracterizados como casos novos. O número de animais atendidos em 2017, apesar de ter sido menor do que em 2016, onde foram atendidos 7.208 felinos, ou seja, 12,45% a mais do que em 2017, ainda é relevante e preocupante, visto que esse número revela apenas uma parcela dos animais acometidos que está sendo tratada. Diante do exposto, conclui-se que o trabalho da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses é de extrema importância na ampliação de informações aos munícipes do Rio de Janeiro, quanto à existência da doença e a importância da prevenção. A busca pelo tratamento e a castração dos animais positivos, que são serviços prestados gratuitamente no IJV, são importantes medidas para tentar conter essa zoonose. Unitermos: itraconazol, iodeto de potássio, felinos

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Estado reprodutivo de cães portadores da síndrome do braquicéfalo atendidos no Projeto Narizinho – UFF JUNIOR, A. F. M. ¹ ; HOTZ, M. R. ² ; MARQUES, J. L. R. 3 ; SANTOS, G. S. L. B. 4 ; BARROS, L. F. 5 ; ALVARENGA, L. C. 6 ; SOARES, A. M. B. 7 ; ALMOSNY, N. R. P. 8 1 - Doutorando em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, Faculdade de Veterinária, UFF. aguinaldo_zootec@hotmail.com 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 3 - Aluno de mestrado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, UFF. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 5 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 6 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 7 - Professora associada do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 8 - Professora titular do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF.

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ães braquicefálicos apresentam o crânio e a maxila encurtados rostralmente resultado da intensa seleção desses animais para a reprodução, levando ao desenvolvimento de importantes alterações anatômicas das vias aéreas anteriores e um aumento do número de animais acometidos pela Síndrome Braquicefálica, que sabidamente é uma doença de origem hereditária. Desta forma a castração é uma das maneiras mais efetivas de se evitar que indivíduos com intensas alterações anatômicas perpetuem tais características para suas proles. Diante do potencial hereditário da síndrome e do aumento da popularização das raças, o presente estudo teve como objetivo avaliar o estado reprodutivo de cães portadores da síndrome do braquicéfalo atendidos no Projeto Narizinho – UFF. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais UFF, sob o número de protocolo 686/2015. Os tutores assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Foram incluídos 38 cães braquicefálicos, machos ou fêmeas, acima de quatro meses de idade, portadores da síndrome braquicefálica, atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Firmino Mársico Filho – UFF. Os cães foram cadastrados em fichas individuais e um questionário acerca do estado reprodutivo de cada animal foi presencialmente aplicado ao responsável. A maioria dos animais avaliados eram machos, 31/38 (81,57%), enquanto 7/38 (18,42%) eram fêmeas. Sendo que 27/31(87,09%) dos machos e 4/7 (18,42%) das fêmeas não eram castrados, representando um total de 80% dos animais não esterilizados. Este alto índice foi justificado pelos tutores por diversas razões, como o desconhecimento da hereditariedade da doença, desejo reprodutivo do tutor ou medo do procedimento cirúrgico. Pôde-se apurar que a grande maioria dos cães portadores da síndrome braquicefálica, principalmente machos, não eram esterilizados. É imprescindível a conscientização de tutores, criadores e médicos veterinários sobre a hereditariedade da Síndrome Braquicefálica e para a seleção de animais braquicefálicos com menos alterações anatômicas das vias aéreas, com o objetivo de diminuir a frequência e a gravidade desses sinais clínicos e proporcionar um ganho direto na qualidade de vida desses animais. Unitermos: esterilização, hereditariedade, braquicefalia

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Estudo das alterações comportamentais em pacientes geriátricos VOLKWEIS, F. S. 1 ; MACEDO, E. R. 2 1 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, UniCEPPLAC. fabiana.volkweis@faciplac.edu.br 2 - Médica-veterinária autônoma.

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Síndrome da Disfunção Cognitiva Canina (SDCC) é uma desordem neurodegenerativa de cães idosos que está associada a distúrbios comportamentais progressivos e crônicos devido ao acúmulo de lesões causadas pelo processo oxidativo no cérebro, que levam ao declínio cognitivo, semelhante ao observado na Doença de Alzheimer Humano (DAH). A formação de placas senis, principalmente nas regiões de hipocampo e córtex frontal, áreas que comprometem a função comportamental do animal, são as alterações apontadas como a principal causa da SDCC. Os sinais clínicos são inespecíficos e estão relacionados à desorientação, alterações socioambientais, distúrbios no ciclo de sono e vigília, alterações nos hábitos de higiene, diminuição da atividade física e aumento da ansiedade. O diagnóstico definitivo é determinado pelo exame histopatológico do cérebro, e em vida a identificação do animal acometido é feita por exclusão de outras afecções neurológicas, realização de questionário junto ao tutor e testes cognitivos no cão. O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência de casos sugestivos de SDCC em uma amostra de 191 cães, com idade a partir de 7 anos, por meio de questionários online de checagem dos sinais clínicos, além de analisar a relação entre a sua manifestação e a idade, o sexo e o porte dos cães envolvidos. Para definir a frequência da SDCC na população estudada, os cães foram divididos em 3 grupos, onde 35 (18,32%) pertenciam ao grupo sem SDCC, 99 (51,8%) ao grupo SDCCb (borderline); e 57 (29,84%) ao grupo com SDCC, com sinais característicos da síndrome. Houve uma correlação positiva entre a idade e os sinais clínicos apresentados em animais com a síndrome, verificou-se que no grupo com SDCC 50,9% (29/57) dos cães tinham idade igual ou superior a 13 anos, 24,6% (14/57) com idade entre 10 a 12 anos e os outros 24,6% (14/57) com idade entre 7 a 9 anos, sugerindo assim, uma possível relação entre o envelhecimento e o aparecimento das alterações compatíveis com a SDCC. Na população estudada com SDCC apurou-se uma proporção equilibrada relativa ao sexo, com 52,63% (30/57) de fêmeas e 47,37 (27/57) de machos. Sobre a influência do porte dos animais, no grupo com SDCC, 57,89% (33/57) eram cães de pequeno porte, 29,82% (17/57) eram de médio porte e 12,28% (7/57) eram de grande porte. Estudos anteriores indicaram uma maior tendência dos animais de pequeno porte a desenvolverem SDCC, porém, a variável porte versus SDCC não demonstraram ter efeito estatisticamente significativo como fator de risco, visto que a estimativa de vida é maior para animais de pequeno porte quando comparados aos de médio a grande porte. Os dados obtidos nesse estudo estão de acordo com a teoria de que a SDCC é um processo gradual de degeneração encefálico aliado ao avançar da idade dos cães. Unitermos: gerontologia canina, neuropatia, síndrome da disfunção cognitiva canina

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Frecuencia de carcinomas de células escamosas (ccs) en perros y gatos en la provincia La Habana en el periodo 2016-2017 CHENARD, M. G. 1 ; MARTIN, Y. R. 2 ; DIAZ, G. C. 3 ; PÉREZ, N. N. 4 1 - Médico-veterinário, Parque Zoológico Nacional de Cuba. marugchenard@gmail.com 2 - Tecnico-veterinário, CRV imagem (Centro de Referência Veterinária). 3 - Eng.-químico, UFRJ. 4 - Médico-veterinário, profa., UNAH.

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n las clínicas de pequeños animales se presentan frecuentemente pacientes con masas y tumoraciones en el tejido cutáneo o subcutáneo, generalmente bien delimitadas y circunscritas; los tumores de piel son una de las patologías que más inciden, crean expectativa y preocupación para los propietarios de los animales y constituyen un reto diagnóstico para el médico veterinario. Las neoplasias cutáneas malignas crecen rápidamente y pueden emigrar a otras partes del cuerpo dañando otros órganos e incluso causar la muerte. El presente trabajo estudia la frecuencia de presentación de carcinomas de células escamosas (CCS) en perros y gatos según la edad, raza, sexo y color en la provincia La Habana. Se trabajó con datos de los registros del Laboratorio de Patología y Cirugía experimental de la sección estudios preclínicos del departamento de investigaciones del Instituto Nacional de Oncología y Radiobiología (INOR), donde se identificaron y extrajeron los datos de todos los tumores cutáneos de felinos y caninos en el período de estudio de 2016 - 2017. Se realizaron tablas de distribución para determinar la frecuencia relativa de tumores por: especie, raza, sexo, color y edad, y una comparación de proporciones para determinar diferencias estadísticamente significativas entre las diferentes localizaciones mediante el Programa para Análisis Epidemiológico de Datos Tabulados EPIDAT v.3.1. Los resultados mostraron que el CCS representó un 21.1% del total de tumores cutáneos. Siendo la especie canina la más afectada (94%) en comparación con la felina (6%). En relación al sexo hubo mayor porcentaje de hembras (59%) sobre los machos(41%), observándose un predominio de la raza mestiza. Con respecto a la edad el mayor por ciento (47%) estuvo entre los rangos de 5 a 10 años y mayor de 10 años. El color carmelita predominó con un 35% sobre los demás que se analizaron. Palabras claves: frecuencia, carcinomas de células escamosas, neoplasias

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Fumonisina em misturas de sementes comercializadas a granel e embalagens envasadas para alimentação de psitacídeos ROSA, M. C. 1 ; ZOTTI, E. 2 ; BAHIENSE, C. R. 3 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, PUC. milena1_rosa@hotmail.com 2 - Médico-veterinário, dr. Suinocultura e Sanidade Animal, PUC. 3 - Médica-veterinária, dra. Departamento de Patologia Clínica, PUC.

A

fumonisina é uma micotoxina produzida por fungos do gênero Fusarium, encontrada em cereais que podem compor a mistura de sementes preconizada para alimentação de psitacídeos. Dentre os fatores que impactam na produção dessa toxina é possível citar a temperatura e umidade durante seu armazenamento. Os sintomas de intoxicação relacionam-se com a inibição na via de biossíntese de esfingolipídeos em determinados tipos celulares como hepatócitos, neurônios e células tubulares. Tendo em vista a escassez de dados sobre o monitoramento de micotoxinas em misturas de sementes destinadas a alimentação de aves silvestres associado ao potencial tóxico da fumonisina, objetivou-se quantificar essa micotoxina em misturas de sementes comercializadas para alimentação de psictacídeos. Para tanto, foram coletadas na cidade de Cascavel-PR, ao longo de 12 meses 40 amostras de 500 gramas cada, sendo 20 a granel e 20 vendidas envasadas. Tais foram trituradas e maceradas para aumento da superfície de contato, sendo posteriormente submetidas ao teste imunoenzimático AgraQuant® Mycotoxin ELISA Test Kit, da Romer Labs®. Das amostras, 70% apresentaram a toxina, com uma média de 233 ppb. Subsequentemente os resultados foram fragmentados em dois grupos, comercializado envasado (A) e a granel (B). O teste T de Student demonstrou com 95% de confiança a existência de diferença significativa entre os grupos (p=0,031), de forma que o grupo A apresentou maiores valores quando comparado ao grupo B. A literatura acusa a existência de um maior percentual de fungos em embalagens vendidas a granel, por conta da maior exposição ambiental, contrariando o atualmente observado na pesquisa. Entretanto os dados atuais são informações parciais de uma pesquisa ainda em andamento, porquanto devem ser analisados com cautela devido ao baixo n amostral. Unitermos: micotoxina, fusarium, intoxicação

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Hemangiossarcoma cutâneo em cães e gatos: estudo retrospectivo de 59 casos (2011-2018) DE-CAMPOS, S. N. 1 ; SUZUKI, L. Y. 2 1 - Médica-veterinária, MSc, Curso de Pós-graduação em Biologia Parasitária, Instituto Oswaldo Cruz, IOC/Fiocruz. simonecamposvet@gmail.com 2 - Médica-veterinária, aluna de mestrado do Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de veterinária, UFF.

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emangiossarcoma é a neoplasia maligna do endotélio vascular e possui maior incidência em cães do que em outras espécies, representando cerca de 5% de todas as neoplasias malignas primárias e não cutâneas da espécie. O baço é o principal sítio primário da neoplasia, embora possa ser observado em diferentes órgãos. Na pele é incomum representando, aproximadamente, 1% de todas as neoplasias dérmicas e hipodérmicas em cães e cerca de 2,8% em gatos. Embora sua origem etiológica seja desconhecida, há estudos relacionando o aparecimento desta neoplasia com locais de maior exposição à luz solar, principalmente na pele despigmentada e glabra. Os registros de um laboratório particular na cidade do Rio de Janeiro, foram revisados entre os anos de 2011 e 2018. Ao todo 5043 casos de neoplasias benignas e malignas foram analisados, tendo sido selecionados àqueles com diagnóstico histopatológico de hemangiossarcoma cutâneo em cães ou gatos, e que continham os dados de sexo, idade, raça e localização anatômica. Os hemagiossarcomas cutâneos corresponderam à 2% (59 casos) de todas as neoplasias cutâneas observadas em ambas as espécies. Nos cães o diagnóstico ocorreu em 52 animais, sendo 29 (56%) machos e 23 (44%) fêmeas, com média de idade de nove anos. Os animais sem raça sefinida (SRD) foram os mais acometidos, tanto nos machos, 31% dos casos (9/29), quanto nas fêmeas, 70% dos casos (16/23), seguido das raças pit bull e labrador. Anatomicamente a região do prepúcio foi a mais afetada nos machos correspondendo a 45% dos casos (13/29), enquanto que a região abdominal, 52% (12/23), foi mais incidente nas fêmeas. Ao todo, sete felinos foram diagnosticados com hemangiossarcoma cutâneo, correspondendo a 12% (7/59) dos casos. No total foram cinco fêmeas (71%) e dois machos (29%) com idade média de 8,2 anos. Somente um felino, macho, era da raça siamês. O restante dos animais, machos e fêmeas, eram de raça mista (pelo curto brasileiro). A principal localização anatômica das fêmeas foram os membros, correspondendo a 60% dos casos (3/5), enquanto nos machos a região abdominal e pavilhão auricular externo foram igualmente afetadas. No presente estudo o hemangiossarcoma cutâneo correspondeu à 2% de todas as neoplasias observadas na espécie canina e felina, tendo sido mais predominante em cães do que nos gatos, contrastando com os relatos de literatura. Entretanto, estes dados podem ser subjugados, visto se tratar de um laboratório particular, havendo a necessidade de um estudo com maior amplitude. Unitermos: neoplasia vascular cutânea; canino; felino

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Hiperparatireoidismo secundário a displasia renal congênita – relato de caso SILVA, M. R. V. 1 ; SOARES, B. R. 2 ; SILVA, C. A. 3 ; SANTANA, J. S. 4 ; BARBOZA, K. K. O. 5 ; RAMOS, P. R. C. 6 ; VOLKWEIS, F. S. 7 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária , Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. mariocop@gmail.com 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. 4 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. 5 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC, Departamento de Medicina Veterinária. 7 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, UniCEPPLAC.

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hiperparatireoidismo secundário está relacionado a doença renal crônica (DRC) de característica irreversível e progressiva com perda da massa funcional dos rins e consequente perda na taxa de filtração glomerular (TFG). O hiperparatireoidismo em geral se manifesta em cães jovens marcada pela presença de um distúrbio com proliferação de tecido conjuntivo fibroso mais evidente em ossos mandibulares e maxilares secundária a uma displasia renal onde ocorre uma desordem estrutural do parênquima renal durante a nefrôgenese induzindo ao desenvolvimento da insuficiência renal crônica. A perda da TFG pode ocasionar o aumento das concentrações plasmáticas de resíduos nitrogenados não proteícos excretados amplamente, evoluindo o quadro de DRC e consequente diminuição da atividade endócrina do órgão (hormônios renina, eritropoietina e 1,25 dihidroxicolecalciferol) bem como órgãos alvo da aldosterona, do paratormônio (PTH) e do antidiurético (ADH). O presente relato descreve o caso de um canino, macho, de 6 meses de idade, da raça Dogue alemão que foi levado a atendimento clínico veterinário com histórico de apatia. Ao exame laboratorial verificou-se anemia severa, trombocitopenia, aumento significativo em ureia, creatinina e fosfatase alcalina. A dosagem de fósforo apresentando 8,4 g/dL , sendo o valor de referência máximo de até 6,2 mg/dL. Relação Cálcio- Fósforo sugerindo valor de 6,62, sendo considerado anormal valores acima de 1,0. Foram realizados exames sorológicos para exclusão de erliquiose, anaplasmose e leishmaniose visceral. Após os resultados de exames foi realizado o subestadiamento da DRC, mensurado a relação proteína-creatinina mostrando-se elevada no valor de 28,4mg/dL e na avaliação da pressão arterial sistêmica apresentou 190 mmHg, indicativo de um quadro hipertensivo. Foi realizado ultrassonografia abdominal que evidenciou rins diminuídos, irregulares e com ausência de definição entre cortical e medular que caracteriza displasia renal. Diante dos resultados definiu-se uma terapêutica, associado a utilização do quelante de fósforo. Pouco tempo após a terapêutica, retornou com claudicação e com deformidades ósseas nas regiões distais dos membros e face onde ficou constatado, por radiografia, descontinuidade de tecido ósseo da falange média do terceiro dedo presente na linha de fratura completa corroborando com um quadro de fratura patológica. O presente trabalho ressalta a relevância do diagnóstico e manejo do doente renal crônico, bem como devemos considerar a displasia renal como diferencial diagnóstico para cães jovens com insuficiência renal e seu agravamento para o hiperparatireoidismo por consequente liberação do paratormônio, alterando os níveis de cálcio e sua relação ao fósforo levando a remodelação óssea. Unitermos: fósforo, paratormônio, doença renal crônica

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Macrotrombocitopenia hereditária dos akitas – relato de caso LAZARINI, H. H. 1 ; SILVA, A. P. 2 ; BAHIENSE, C. R. 3 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, PUC. helloisahoff@gmail.com 2 - Médico-veterinário, aluno de mestrado em clínicas veterinárias, UEL. 3 - Médica-veterinária, dra. Departamento de Patologia Clínica, PUC.

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laquetas são fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos responsáveis pela hemostasia, medindo de 5 a 7 µm de diâmetro. A trombocitopenia caracteriza-se pela diminuição na contagem de plaquetas sanguíneas, podendo ser adquirida ou congênita. As desordens congênitas são menos frequentes e requerem técnicas moleculares, por vezes ainda não definidas, para seu diagnóstico definitivo. Dessa forma o diagnóstico presuntivo de trombocitopatias congênitas se dá ao convergir o histórico do paciente à exclusão de patologias rotineiras. Objetiva-se relatar um caso suspeito de macrotrombocitopenia hereditária dos akitas. O exame pré-operatório para uma ovariohisterectomia eletiva de uma akita de 1 ano acusou trombocitopenia (26 x 103/ mm3), sendo o valor de normalidade (200-500x103/ mm3) com moderada presença de macroplaquetas. Mesmo diante da ausência de hemoparasitas na pesquisa em lâmina, iniciou-se o tratamento com doxiciclina (10 mg/kg) a cada 24 horas durante 28 dias, por conta da restrição financeira do proprietário para realizar demais exames complementares e elevada casuística de hemoparasitoses na região. Hemogramas seriados demonstraram persistência da trombocitopenia, motivando o clínico a estender o tratamento agora associado a duas doses de dipropionato de imidocarb (5mg/ kg) com intervalo de aplicação de 15 dias. Durante todo o período de tratamento as plaquetas não excederam 85x103/mm3, sempre acompanhadas de macroplaquetas. A continuidade do quadro laboratorial incitou o clínico a suspeitar de trombocitopenia imunomediada e conduzir uma terapêutica imunossupressora, também incapaz de reverter a trombocitopenia. Instigados com o caso, uma pesquisa bibliográfica foi conduzida deparando-nos com a macrotrombocitopenia hereditária dos akitas. Os dados do paciente foram então confrontados com as características da desordem evidenciados em artigos havendo total adequação entre eles. Atualmente monitoramos akitas da mesma linhagem genética, como os progenitores, e já encontramos outros membros com as mesmas características clínico-laboratoriais. Unitermos: plaquetas, congênita, akita

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Manejo a longo prazo de placa eosinofílica felina – relato de caso PORTO, M. B. B. 1 ; PARANHOS, J. E. S. 2 ; LUCENA, R. P. 3 ; OLIVEIRA, J 4 ; RAMOS, N. V. 5 1 - Médica-veterinária do Programa de Pós Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. mbruna@id.uff.br. 2 - Médica-veterinária do Programa de Pós Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 3 - Médico-veterinário do Programa de Pós Graduação de Residência em Medicina Veterinária, UFF. 4 - Professor associado I, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária da UFF. 5 - Médica-veterinária, aluna de doutorado, UFF.

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placa eosinofílica compreende um dos tipos de lesões do complexo granuloma eosinofílico e, geralmente, é associada à manifestação de doenças alérgicas em felinos domésticos. São lesões pruriginosas, eritematosas, elevadas, úmidas, erosivas e alopécicas. O diagnóstico é realizado associando o histórico, exame clínico, citologia e/ou histopatologia. O tratamento envolve utilização de glicocorticóides sistêmicos e alguns animais podem ser refratários, havendo necessidade de associação de outras terapias. Um felino macho, SRD, de 4 meses de idade foi atendido no HUVETUFF em agosto de 2018 apresentando três áreas de lesão alopécica, pruriginosa, eritematosa e ulcerada na região da cauda. Foi adotado com 45 dias de idade já apresentando lesões alopécicas inicialmente responsivas ao tratamento com miconazol tópico e banhos com shampoo a base de clorexidina e miconazol. Outros três irmãos da mesma ninhada apresentavam lesões semelhantes. O controle de pulgas do animal estava em dia. Foi realizada citologia das lesões que revelou a presença de inúmeros eosinófilos e bactérias; coleta de material para hemograma que resultou sem alterações significativas; e cultura para dermatófitos que resultou negativa. Foi instituída terapia inicial com amoxicilina e clavulanato de potássio na dose 20 mg/kg BID e prednisolona na dose 2 mg/kg SID durante 15 dias, seguida de redução da dose do glicocorticóide para 1 mg/ kg SID durante 7 dias. Uma vez que a maior lesão apresentou redução de 7 cm para 3 cm de extensão com o tratamento sistêmico neste período, e devido aos possíveis efeitos deletérios do uso prolongado de corticóides, tentou-se reduzir a dose para 0,5 mg/kg que demonstrou-se ineficaz no controle do prurido e lesões. Optou-se pelo retorno da dose de 1 mg/ kg SID associada a suplementação da dieta com ômega 3 até cicatrização e regressão completa das lesões. Após 36 dias, observando-se apenas a presença de uma área alopécica de 1cm, sem feridas ou úlceras, iniciou-se a retirada gradual da prednisolona realizando-se a administração de 1 mg/kg SID e 0,5 mg/kg SID em dias alternados durante 7 dias e associação de aplicações de aceponato de hidrocortisona tópico no local que ainda apresentavam eritema. Obtendo-se sucesso nesta etapa, foi realizada uma tentativa de administração contínua a 0,5 mg/kg SID de prednisolona e cetirizina na dose 5 mg/ gato, sendo observado o retorno do prurido e de uma lesão única, ulcerada. Foi realizada nova coleta de amostra para hemograma e bioquímica sérica – sem alterações significativas – e cultura de dermatófitos, além do retorno da dose de 1 mg/ kg SID de prednisolona. Nota-se neste caso a dificuldade no diagnóstico da causa de base e a necessidade do uso prolongado de corticóide sistêmico, que vem se demonstrando eficaz na dose de 1 mg/kg SID. Unitermos: complexo granuloma eosinofílico, glicocorticóides, anti-histamínicos

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Melanoma oral disseminado em um cão com metástase cerebral DE-CAMPOS, S. N. 1 ; SUZUKI, L. Y. 2 ; RODRIGUES, R. L. 3 ; LUCENA, F. P. 4 1 - Médica-veterinária, MSc, PPGBP, IOC/Fiocruz. simonecamposvet@gmail.com 2 - Médica-veterinária, aluna de mestrado do Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária em Clínica e Reprodução Animal, Faculdade de veterinária, UFF. 3 - Médica-veterinária, MSc, Instituto de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman. 4 - Médica-veterinária, MSc, Instituto de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman.

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melanoma é a neoplasia mais comum da cavidade oral de cães, surgindo principalmente na gengiva, mas em alguns casos se origina na língua, faringe, tonsilas e palato. De 70 a 90% dos casos ocorrem metástases, principalmente para os linfonodos regionais, pulmão e outras vísceras como o coração e o baço, contudo, somente 3% dos tumores fazem metástase no cérebro. Sugere-se que o componente hereditário represente um papel significante na ocorrência e prognóstico dessa neoplasia. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi relatar os achados anatomopatológicos de um caso de melanoma oral com metástase disseminada em cão com histórico familiar de melanoma. Um canino macho, 12 anos, da raça chow chow, deu entrada para atendimento clínico no Instituto de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, no município do Rio de Janeiro/RJ com queixa principal de nódulo na língua. No histórico clinico, o tutor relatou que ambos os progenitores vieram a óbito por consequência de melanoma em cavidade oral. No exame físico, observou-se um nódulo medindo 1,0 cm diâmetro na região central da língua. Os parâmetros clínicos estavam dentro da normalidade. Após a retirada cirúrgica o material foi encaminhado para análise histopatológica com diagnóstico final de melanoma amelanótico. Seis meses após o diagnóstico inicial, o animal apresentou resistência ao tratamento quimioterápico, recidiva tumoral e quadros convulsivos recorrentes. Devido ao avançado estado clínico o tutor optou pela eutanásia e o animal foi encaminhado para exame necroscópico. Macroscopicamente, foram observados múltiplos nódulos em tecido subcutâneo, língua, estômago, intestinos, linfonodos, pulmões, coração e sistema nervoso central. Microscopicamente, os nódulos exibiram a proliferação de células poliédricas a fusiformes com acentuado polimorfismo, escassa à acentuada granulação castanho-enegrecida intracitoplasmática e alto índice mitótico. Escasso estroma entremeava as células neoplásicas, assim como áreas de necrose e hemorragia. Para a confirmação do diagnóstico, as amostras pouco pigmentadas foram submetidas à coloração de Fontana Masson para evidenciação dos grânulos argentafins, enquanto as hiperpigmentadas foram submetidas à técnica de bleaching, para melhor visualização das características citológicas. O diagnóstico de melanoma metastático disseminado foi realizado. O presente relato reportou um caso de metástase disseminada de melanoma oral canino com apresentação incomum no sistema nervoso central, onde o componente hereditário pode estar diretamente envolvido no desenvolvimento e pior prognóstico da doença. Unitermos: sistema nervoso central, canino, melanoma

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Nefroblastoma em canino da raça cane corso de oito meses de idade BAHIA, M. C. 1 ; CARVALHO, R. S. 2 ; AZEVEDO, T. M. B. P. R. 3 ; PACHECO, G. S. 4 ; GUERRA, P. H. G. 5 1 - Médico-veterinário, CDMV. matheus.bahia@cdmv.com.br 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 3 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 5 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA.

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Nefroblastoma embrionário é uma neoplasia maligna com potencial metastático. Consiste na persistência de blastemas metanéfricos, célula essa que dá origem aos glomérulos renais, cápsula de bowman, túbulos contorcidos proximais e distais e alça de Henle. Os nefroblastomas são neoplasias incomuns em animais de companhia e podem permanecer despercebidos antes de se tornarem fatais ou serem identificados como um achado incidental durante exames de imagem, cirurgias abdominais eletivas ou necrópsia. Em cães, metástases ocorrem em 50% dos casos reportados de nefroblastoma. O presente relato destaca o caso de nefroblastoma renal em cão submetido a laparotomia exploratória. Um canino, cane corso, fêmea, oito meses de idade, deu entrada no serviço veterinário apresentando distensão abdominal severa. Exames ultrassonográfico e radiográfico abdominais evidenciaram formação medindo cerca de 20 x 15 x 10 centímetros, em região hipogástrica direita, em topografia renal, com aspecto encapsulado, depressões irregulares e vascularizada. A formação apresentava íntimo contato com artéria aorta, veia cava e ureter direito. Não foi observada evidência de metástases, assim como no exame radiográfico torácico, que não apresentou alterações. A paciente foi encaminhada para laparotomia exploratória, onde se realizou a ressecção total da massa, desinserindo a mesma da artéria aorta e veia cava. Foi necessária a realização de nefrectomia total direita devido a intensa aderência e hidronefrose. Realizada a rafia de musculatura com fio monofilamentar absorvível nº 0, em padrão sultan, subcutâneo com fio monofilamentar absorvível nº 2-0, em padrão colchoeiro e pele com fio monofilamentar inabsorvível nº 3-0, em padrão simples descontínuo. No pós-operatório, o paciente foi mantido com controle de dor e monitoração no setor de internação. O animal veio a óbito após 48 horas. O laudo histopatológico confirmou o diagnóstico de nefroblastoma, associado ainda com hidronefrose. Apesar de sua baixa incidência, tumores embrionários, como o nefroblastoma, devem ser considerados como diagnóstico diferencial em animais de companhia. Unitermos: oncologia, cirurgia, filhote

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Osteomielite decorrente de infecção por Histoplasma capsulatum em um cão – relato de caso FURLANETTO, C. S. 1 ; FRANCHESCO, G. 2 ; BERNARDON, B. 3 ; BAHIENSE, C. 4; MEDEIROS, K. 5 ; MANSOUR, E. G. 6 1 - Médica-veterinária, aluna de mestrado, Pós – graduação em saúde e bem-estar animal, UFFS. carla.sordi@hotmail.com 2 - Médico-veterinário, aluna de mestrado, Pós – graduação em ciência animal, UFPR. 3 - Médica-veterinária, aprimoranda, programa de aprimoramento profissional, PUC. 4 - Médica-veterinária, Dra. Departamento de Patologia Clínica, PUC. 5 - Médica-veterinária autônoma. . 6 - Médica-veterinária, PUC.

O

steomielite é uma alteração óssea caracterizada por uma condição inflamatória que pode atingir estruturas como medula óssea, endósteo, periósteo e canais vasculares, podendo ter origem em diferentes causas, como bacteriana, fúngica, viral e idiopática. A histoplasmose está entre as quatro principais micoses sistêmicas profundas em cães, tendo como agente etiológico o Histoplasma capsulatum. Sua transmissão ocorre por inalação de conídios presentes nas fezes de algumas espécies de morcegos e aves. Os sinais clínicos são diversos, correlacionando-se com o tipo de tecido acometido, podendo ser assintomática, respiratória ou disseminada (aguda ou crônica). O diagnóstico se dá por meio de testes moleculares, microbiológicos, citopatológicos, histopatológicos e ensaios imunoenzimáticos. Objetiva-se relatar um caso raro de osteomielite por Histoplasma capsulatum em um cão. A cadela, de porte médio e aproximadamente 5 anos foi atendida com queixa de claudicação de membros torácicos há sete dias. O exame físico revelou alteração na marcha, sem dor à palpação ou à mobilidade em plano sagital (flexão e extensão) e horizontal (rotação), bem como edemaciação moderada de tecidos moles. Postulouse incialmente uma possível lesão por estiramento, substituído com a progressão do quadro clínico ao diagnóstico presuntivo de doença do osso sesamóide. Exames complementares de ultrassonografia, hematologia e bioquímica sérica foram realizados sem alterações dignas de nota. Entretanto o exame radiográfico evidenciou a presença de reação periosteal localizado em terço distal de terceiro e quinto metacarpos esquerdo, com maior ênfase em membro direito, com piora progressiva em imagens seriadas realizadas em cada retorno. O paciente foi então submetido à biópsia para cultura e histopatologia, que identificaram a existência de osteomielite piogranulomatosa com isolamento do fungo Histoplasma capsulatum. Iniciou-se o tratamento com o itraconazol 15 mg/kg/ SID por 90 dias. A melhora clínica ocorreu em 30 dias do início da terapêutica e perdurou pelos 3 meses consecutivos de acompanhamento médico veterinário. O presente atenta à necessidade de explorar exames complementares, minimizando o tempo entre o atendimento e o diagnóstico definitivo. Unitermos: histoplasmose, infecção fúngica, microbiologia, diferencial

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Percepção de tutores quanto aos sinais clínicos observados em cães braquicefálicos portadores de estenose de narinas ALVARENGA, L. C. 1 ; SILVA, G. S. O. D. 2 ; FERREIRA, D. S. 3 ; JUNIOR, A. F. M. 4 ; SOARES, A. M. B. 5 ; ALMOSNY, N. R. P. 6 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária. UFF. lu_crivelli@hotmail.com 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária.UFF. 3 - Aluno de graduação em medicina veterinária. UFF. 4 - Médico-veterinário, MSc. UFF. 5 - Médico-veterinário, DSc. Professor associado, Disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF. 6 - Médico-veterinário, DSc. Professor titular, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF.

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tualmente, a síndrome respiratória dos braquicéfalos é amplamente encontrada na rotina de clínica médica e cirúrgica veterinária, devido à grande popularidade dessas raças. As alterações anatômicas primárias, como estenose de narina, cornetos aberrantes, prolongamento do palato mole e hipoplasia de traqueia, levam ao estreitamento das vias aéreas anteriores. Tais defeitos podem gerar alterações secundárias importantes como eversão de sáculos laríngeos, edema e inflamação de nasofaringe, paralisia e colapso de laringe. Sinais clínicos significativos são observados em função da fisiopatologia da doença, entre os quais ronco, estertor, estridor, dispneia, cianose de mucosa, perturbações do sono, intolerância ao exercício, dificuldade de recuperação após os exercícios. Esses sinais apresentam grande potencial deletério para a qualidade de vida dos animais e, em muitos casos, alto risco de óbito. O objetivo desse trabalho foi avaliar a percepção dos tutores quanto a frequência e ocorrência dos sinais clínicos em cães braquicefálicos portadores de estenose de narinas. Um questionário prospectivo contendo questões objetivas sobre ocorrência e frequência de sinais clínicos relacionados à síndrome dos braquicéfalos foi presencialmente aplicado à 26 responsáveis de cães braquicefálicos portadores de estenose de narinas, atendidos pelo “Projeto Narizinho”, no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho (HUVET), na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense, localizado no município de Niterói, RJ. Os sinais investigados foram: tosse, espirro, espirro reverso, engasgo, disfagia, ronco acordado, ronco ao dormir e intolerância ao exercício. Todos os 26 tutores relataram que os animais apresentavam ronco ao dormir (100%). Espirro e intolerância ao exercício foram citados em 25 (96,2%), ronco acordado e engasgo em 21 (80,7%), espirro reverso em 18 (69,2%), tosse em 17 (65,4%) e disfagia em 14 (53,8%) animais. Todos os pacientes apresentaram pelo menos três desses sinais. Devido a alta prevalência de sinais respiratórios em cães portadores da síndrome do braquicefálico, se torna imprescindível a conscientização de tutores, criadores e médicos veterinários para a seleção de animais com menos alterações anatômicas das vias aéreas, com o objetivo de diminuir a frequência e a gravidade desses sinais clínicos, proporcionando maior qualidade de vida a esses animais. O uso de questionários direcionados aos tutores mostrou-se uma ferramenta útil na avaliação da percepção dos tutores quanto a sintomatologia clínica em cães portadores da síndrome dos braquicefálicos. Unitermos: síndrome respiratória, questionários, qualidade de vida

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Piometra aberta causada por escherichia coli multirresistente – relato de caso FLORENTINO, G. P. 1 ; ALVES, P. S. M. 2 ; FELIX, M. R. L. 3 ; LIMA, F. C. C. L. G. 4 ; LIMA, A. S. G. 5 ; MONTEIRO, F. O. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. geovana.florentino@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UFF. 4 - Médico-veterinário. 5 - Médico-veterinário. 6 - Médico-veterinário e professor da disciplina de Anestesiologia Veterinária Veterinária, UNIGRANRIO.

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piometra tem por definição o acúmulo de pus no lúmen uterino, é uma afecção que acomete principalmente caninas inteiras de idade avançada, especialmente na fase de diestro, a bactéria mais frequentemente isolada nestes quadros é a Escherichia coli. A cérvice pode encontrar-se aberta ou fechada, sendo a piometra de colo fechado mais grave que a aberta. É considerada uma emergência, podendo evoluir para sepse e morte do paciente. O presente relato teve por objetivo descrever um caso clínico de piometra aberta. Um canino, fêmea, pointer inglês, com 7 anos, foi atendida no município de Niterói, Rio de Janeiro, 11 dias após o parto de 12 filhotes. Apresentava-se prostrada, com mucosas hipocoradas, miíase na cauda e secreção vulvar. A ferida foi limpa e a terapêutica inicial instituída foi dipirona 25 mg/kg TID, amoxicilina com clavulanato de potássio 12,5 mg/kg BID e pomada de colagenase com cloranfenicol BID na lesão. Exame hematológico indicou anemia normocítica normocrômica (VG 28%, valores de normalidade para cão 37-55%) e leucocitose neutrofílica com DNNE, leucometria global 30.200/mm³ e neutrofilia 25.368/mm³, sendo os valores de normalidade para cão de 6.000 - 17.000/mm³ e 3.000 - 11.500/mm³ respectivamente. A suspeita clínica associada ao exame ultrassonográfico confirmou o diagnóstico de piometra aberta. Realizada transfusão sanguínea no dia seguinte e posterior ovariosalpingohisterectomia. Coletou-se swab de secreção uterina para realização de cultura e antibiograma. A antibioticoterapia foi alterada duas vezes antes do resultado do antibiograma, optando-se por metronidazol 10 mg/kg BID e ceftriaxona 50 mg/kg BID, após 3 dias sem melhora clínica, foi necessária uma segunda transfusão de sangue (VG 12%), optou-se pela antibioticoterapia com imipeném com cilastatina sódica 10 mg/kg TID por 10 dias, ranitidina 2 mg/kg BID, e medicamentos para o controle da dor N-butilbrometo de hioscina com dipirona sódica 0,1 mL/kg TID, cloridrato de tramadol 2 mg/kg TID e suplemento multivitamínico. Solicitou-se sorologia para brucelose e PCR para leptospirose ambas apresentaram resultado negativo. O resultado do antibiograma revelou Escherichia coli multirresistente, porém sensível ao meropenem, a partir deste dia este foi o antibiótico utilizado na dose de 10 mg/kg TID por 10 dias. Após início do tratamento observou-se gradativa melhora clínica e laboratorial, uma leve alteração da ALT (895 UI/L, valores de normalidade para o cão 0-89 UI/L) foi observada uma vez que o antibiótico é hepatotóxico. Com esse relato ressaltamos a importância da anamnese detalhada e o auxílio de exames complementares como hemograma, ultrassom para diagnóstico e acompanhamento do caso e o antibiograma que foi essencial para estipular o tratamento adequado no caso relatado. Unitermos: resistência microbiana, antibioticoterapia e alterações hematológicas

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Pionefrose em um felino associada à infecção por edwardsiella tarda MELO, F. G. S. 1 ; SOUZA, S. M. 2 ; OLIVEIRA, A. P. A. L. 3 ; MOREIRA, J. M. C. S. R. 4 ; MEDEIROS, M. 5 ; VOLKWEIS, F. S. 6 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, UniCEPPLAC. fernanda_vet@outlook.com 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 3 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UniCEPPLAC. 4 - Médica-veterinária, autônoma. 5 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Microbiologia, UniCCEPPLAC. 6 - Médica-veterinária, profa. MSc, Departamento de Clínica Médica de Pequenos Animais, UniCCEPPLAC.

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pionefrose é definida por uma infecção renal hidronefrótica originária de uma pielonefrite e acúmulo de exsudato na pelve renal dilatada e hidronefrose seguida por infecção ascendente. Como etiologia, tem-se descrito obstrução da pelve renal por nefrólitos, ureterólitos, neoplasias, ligadura acidental do ureter durante ovariohisterectomia e ureter ectópico. Foi encaminhado para avaliação clínica no Hospital Veterinário de Pequenos Animais em Brasília, DF, um felino, fêmea, SRD, 10 anos, pesando 2,7 kg, com queixa de prostração, inapetência, vômito e desidratação. Após a internação foi realizado hemograma, bioquímico renal e hepático e ultrassonografia abdominal (US). A US evidenciou diminuição de relação córtico-medular, diminuição da região cortical e grande coleção de conteúdo anecóico com presença de debris em suspensão. O hemograma evidenciou leucocitose de 18.600 (referência 8.000 a 14.000/mm³), por neutrofilia 16.554 (referência de 4.160 a 8.400/mm³) e o bioquimicos renal apresentou valor acima da referência creatinina de 3,0 mg/ dL (referência de 0,2 a 2,0 mg/dL). O animal foi submetido à nefrectomia unilateral esquerda e a peça cirúrgica, depois de submetida ao corte, observou-se apenas secreção purulenta sem presença de urólitos. Foi coletado swab no transcirúrgico e enviado material para realização de cultura e antibiograma em que resultou na identificação de Edwardsiella tarda, sensível a amoxicilina com ácido clavulânico. Para tratamento foi utilizado amoxicilina + clavulanato de potássio na dose de 15 mg/ kg BID durante 30 dias associado ao omeprazol 1 mg/kg BID e para analgesia utilizou-se cloridrato de tramadol na dose de 2 mg/kg SID por 2dias. Após o tratamento foi aferido a função renal pelo bioquímico de creatinina 1,8 mg/dL (referência de 0,2 a 2 mg/dL), pressão arterial (120 mmHg) e cultura e antibiograma da urina, mantendo negatividade na cultura e o felino permanecendo estável nos demais parâmetros. A Edwardsiella tarda é um bastonete Gram negativo, móvel pertencente à família Enterobacteriaceae, encontrada em ambiente aquático relacionado à contaminação e infecção em peixes. Apesar de ser incomum, E. tarda é um patógeno que acomete humanos e causa gastroenterites e infecção extra intestinal, sendo raros os relatos de sua ocorrência em animais de companhia. O presente relato ressalta a relevância de exames complementares para realização de um diagnóstico preciso e precoce em paciente com alterações no sistema urinário, assim como, a importância da cultura e antibiograma para determinação do agente causador e identificação do tratamento adequado para evitar a perda irreversível da função renal e evolução para sepse. Unitermos: função renal, hidronefrose, cultura e antibiograma

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Pododermatite plasmocitária em um gato com infecção pelos vírus da leucemia (FeLV) e imunodeficiência felina (FIV) BIEZUS, G. 1 ; SCHADE, M. F. S. 2 ; FERIAN, P. E. 3 ; CRISTO, T. G. 4 ; FURLAN, L. V. 5 ; KOEHLER, C. M. F. 6 ; CARNIEL, F. 7 ; CASAGRANDE, R. A. 8 1 - Médica-veterinária, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC. giovanavet@live.com 2 - Médica-veterinária, Programa de Residência em Medicina Veterinária. UDESC. 3 - Médico-veterinário, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC. 4 - Médico-veterinário, MSc, Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal. UDESC. 5 - Aluna de graduação em medicina veterinária. UDESC. 6 - Aluna de graduação em medicina veterinária. UDESC. 7 - Médico-veterinário, Programa de Residência em Medicina Veterinária. UDESC. 8 - Médica-veterinária, DSc. Departamento de Medicina Veterinária, UDESC.

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pododermatite plasmocitária felina é uma doença com baixa ocorrência e a sua associação com infecções concomitantes por retrovírus é pouco documentada. É uma enfermidade de etiologia desconhecida, com possível origem imunomediada, cujo diagnóstico clínico é obtido por meio da demonstração de lesões compatíveis, exame citológico e fortalecido pela hipergamaglobulinemia persistente. O diagnóstico definitivo só é obtido por meio de exame histopatológico. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de pododermatite plasmocitária em um gato com infecção concomitante pelos vírus da leucemia (FeLV) e imunodeficiência felina (FIV). Um gato com 2 anos, macho, não castrado, sem raça definida apresentou rarefação pilosa generalizada, descamação da pele e aumento de volume do coxim em membro torácico esquerdo com aspecto nodular e ulcerado. Todos os demais membros apresentaram lesões parecidas em coxins, porém com menor intensidade. O paciente possuía acesso livre à rua, não era vacinado e seus estatus para a infecção por FeLV e FIV eram desconhecidos. Realizou-se hemograma, bioquímica sérica, ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) para FIV e FeLV, tricograma e biopsia para análise histopatológica de coxins. No hemograma e tricograma não foram observadas alterações. Na avaliação de bioquímica sérica foi observado aumento na concentração de proteína total (9,5 g/ dL; valores de referência: 5,4 - 7,8 g/dL) devido a hiperglobulinemia (7,8 g/dL; valores de referência: 2,6 - 5,1 g/dL) e presença de hipoalbuminemia (1,7 g/dL; valor de referência: 2,1 - 3,3 g/dL). O paciente foi positivo para ambos os retrovírus. No exame histopatológico dos coxins palmares e plantares, observou-se infiltrado de plasmócitos difuso acentuado, da derme superficial a profunda. No coxim palmar esquerdo havia áreas de necrose associadas à proliferação de fibroblastos e infiltrado de neutrófilos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Na epiderme evidenciou-se necrose difusa acentuada, acompanhada por crostas serocelulares. O quadro lesional foi característico de pododermatite plasmocitária felina. Como tratamento foi prescrito doxiciclina na dose de 10 mg/ kg, SID, por seis semanas. Foi realizado acompanhamento clínico presencial por 45 dias, porém o tutor apresentou dificuldade em administrar a medicação e não foi observada melhora clínica. Apesar da infecção por retrovírus não ser descrita como um fator primordial para o desencadeamento da pododermatite plasmocitária, está doença já foi relatada em gatos FIV positivos. Ambos os retrovírus felinos são responsáveis pelo surgimento de doenças imunomediadas e podem ou não estar envolvidos na etiopatogênese da pododermatite plasmocitária. A infecção concomitante por estes retrovírus dificulta o tratamento, impedindo a utilização de agente imunossupressores e faz das tetraciclinas a terapêutica de escolha devido ao seu efeito imunomodulatório. Unitermos: dermatopatia, infiltrado de plasmócitos, imunossupressão Suporte financeiro: CAPES, CNPq, FAPESC

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Prevalência de alterações anatômicas da síndrome braquicefálica em buldogues franceses atendidos no Projeto Narizinho – UFF SANTOS, G. S. L. B. ¹ ; JUNIOR, A. F. M. ² ; MARQUES, J. L. R. 3 ; HOTZ, M. R. 4 ; SILVA, G. S. O. D. 5 ; FERREIRA, D. S. 6 ; SOARES, A. M. B. 7 ; ALMOSNY, N. R. P. 8 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. gabriellaleao@id.uff.br 2 - Aluno de doutorado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, UFF. 3 - Aluno de mestrado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, UFF. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 5 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 6 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UFF. 7 - Professora associada. Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF. 8 - Professora titular. Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, UFF.

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m cães braquicefálicos, a seleção através de cruzamentos levou ao surgimento de graves deformidades estruturais das vias aéreas anteriores, predispondo ao desenvolvimento da Síndrome dos Braquicéfalos, sendo esta comum em raças como buldogue frânces, buldogue inglês, shih tzu e pugs. O objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência das alterações anatômicas da Síndrome do Cão Braquicefálico em buldogues franceses atendidos no projeto Narizinho-UFF. Foram avaliados 30 cães da raça buldogue frânces atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Firmino Mársico Filho-UFF, machos e fêmeas com idade entre 7 meses e 7 anos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Uso Animal (CEUA) sob o protocolo 686/2015, os tutores dos cães estudados assinaram termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O diagnóstico de estenose de narinas foi realizado durante exame clínico de forma direta e sem contenção química sempre pelo mesmo médico veterinário avaliador. Para diagnóstico das demais alterações anatômicas características da Síndrome dos Braquicefálos (palato mole alongado, eversão de sáculos laríngeos, inflamação e edema da orofaringe) foi realizada laringoscopia direta, com paciente anestesiado. Foi obervado a presença de estenose de narinas e prolongamento do palato mole em 100% dos cães avaliados. A eversão dos sáculos laríngeos foi constatada em 70% dos animais. Enquanto em 90% deles foi identificado tanto a inflamação quanto o edema de orofaringe. As alterações anatômicas decorrentes da Síndrome dos Braquicefálicos são frequentes na raça Buldogue Francês, com uma alta prevalência de estenose das narinas e prolongamento do palato mole, alterações secundárias importantes, também diagnosticadas na maioria dos cães. Portanto, é essencial o correto diagnóstico e tratamento desses animais para que não haja progressão da doença. Sendo de extrema importância a conscientização de tutores e criadores em relação à Síndrome dos Braquicefálicos para seleção de animais com caracteristicas fenotípicas mais anatomicamente funcionais, de forma a diminuir a incidência das alterações anatômicas em cães buldogues franceses, assim como em braquicefálicos, em geral. Unitermos: síndrome braquicefálica, estenose de narinas, qualidade de vida

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Prevalência de alterações anatômicas da síndrome do cão braquicefálico em cães da raça pug atendidos no Projeto Narizinho - UFF HOTZ, M. R. ¹ ; JUNIOR, A. F. M. ² ; SANTOS, G. S. L. B. ³ ; MARQUES, J. L. R. 4 ; SILVA, G. S. O. D. 5 ; GOMES, J. S. 6 ; SOARES, A. M. B. 7 ; ALMOSNY, N. R. P. 8 1 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Faculdade de veterinária, UFF. marinahotz@id.uff.br 2 - Aluno de doutorado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, Faculdade de Veterinária, UFF. 3 - Aluno de graduação em medicina veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF. 4 - Aluna de mestrado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, Faculdade de Veterinária, UFF. 5 - Aluno de doutorado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, Faculdade de Veterinária, UFF. 6 - Aluno de doutorado em medicina veterinária – Clínica e Reprodução, Faculdade de Veterinária, UFF. 7 - Professora associada. Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF.. 8 - Professora titular. Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, UFF.

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raquicefálo é o termo que caracteriza cães e gatos que possuem o crânio congenitamente encurtado, sem mudança no desenvolvimento dos tecidos moles, predispondo à Síndrome Braquicefálica. Em função da extrema braquicefalia, cães da raça Pug apresentam grande número de alterações anatômicas das vias aéreas anteriores, o que causa intensa obstrução ao fluxo do ar até os pulmões. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de alterações anatômicas das vias aéreas em cães da raça Pug, portadores da síndrome braquicefálica. Tal estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Uso Animal (CEUA)-UFF sob o protocolo 686/2015, os tutores dos cães estudados assinaram termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O diagnóstico de estenose de narinas foi realizado durante exame clínico de forma direta e sem contenção química sempre pelo mesmo médico veterinário avaliador. Para diagnóstico das demais alterações anatômicas características da Síndrome (palato mole alongado, eversão de sáculos laríngeos, inflamação e edema da orofaringe e nasofaringe), foi realizada laringoscopia direta, com paciente anestesiado. Foram avaliados 30 cães da raça pug machos e fêmeas, com idade entre 5 meses e 7 anos, atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Firmino Mársico Filho, da Universidade Federal Fluminense – UFF. Todos os 30 cães (100%), apresentavam estenose de narinas e prolongamento de palato mole, 27 cães (90%) inflamação e edema de orofaringe, e 21 animais (70%) possuiam eversão dos sáculos laringeos. Apurou-se que em cães da raça pug, é grande a prevalência de estenose das narinas e prolongamento do palato mole, importantes alterações primárias da Síndrome Braquicefálica, assim como inflamação e edema de orofaringe e eversão de sáculos laríngeos, alterações secundárias que potencializam a obstrução, evidenciando que cães desta raça podem apresentar sinais clínicos mais graves e em maior número. Unitermos: cão, prolongamento de palato mole, bem estar animal

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Relato de caso: auxílio da rinoscopia como técnica diagnóstica da esporotricose nasal canina COTIAS, C. E. 1 ; DUEMES, J. 2 1 - Médico-veterinário, H&D diagnóstico. carloscotias@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNESA.

É

fundamental na rotina clínica veterinária o auxílio de técnicas de imagem para diagnóstico das doenças respiratórias, as enfermidades da cavidade nasal são de difícil diagnóstico na clínica de pequenos animais, pela semelhança dos sinais clínicos que se apresentam além da anatomia da cavidade nasal dos cães e gatos. Este relato tem como objetivo principal correlacionar os diferentes métodos de diagnósticos, como a rinoscopia, que é uma técnica utilizada na inspeção da cavidade nasal de forma não invasiva e realização de procedimentos como obtenção de amostras para estudo histopatológico e citológico, assim como procedimentos terapêuticos como a retirada de corpos estranhos nasais, permitindo o diagnóstico imediato dependendo da afecção. Neste estudo é um relato de um canino fêmea, da raça dachshund, com 7 anos, que foi atendido com déficit respiratório, com aumento de volume nasal, dispneia, ausência de corrimento nasal e espirros. Foram realizados os seguintes exames: Rinoscopia, raio-x, citopatologia, microbiológico e hemograma. O paciente foi submetido ao bloqueio locorregional, evitando o estímulo doloroso, possibilitando a rinoscopia rostral, com endoscópio rígido introduzido pelo meato nasal esquerdo, com o animal em decúbito esternal, foram retirados fragmentos para exames histopatológico e microbiológico. Houve crescimento de Sporothrix schenckii na cultura fúngica e o laudo histopatológico evidenciou infiltrado inflamatório. Conclui-se que a rinoscopia na rotina veterinária possibilita a visualização e coleta de amostras de maneira pouco invasiva, sendo a melhor forma diagnóstica de patologias do sistema respiratório superior. Unitermos: endoscopia, fúngica, canino

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Relato de caso: blefarite necrotizante marginal BARTOLO, A. O. 1 ; ALMEIDA, A. C. V. R. 2 ; WERNER, J. 3 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, Centro Universitário do Planalto Central Professor Aparecido do Santos, UniCEPPLAC. amandaobartolo@gmail.com 2 - Médica-veterinária, Dsc, autônoma, Departamento em Oftalmologia Veterinária. 3 - Médica-veterinária, Msc, Departamento em Patologia Animal.

A

blefarite é a inflamação palpebral, normalmente bilateral. Possui agentes etiológicos diversos como vírus, fungos, parasitas e bactérias. A blefarite necrotizante marginal ocorre por uma reação de hipersensibilidade às toxinas de Staphylococcus spp., causada por meibomianites. O animal apresenta prurido, hiperemia e tumefação palpebral associado à secreção purulenta, com ou sem crostas ao redor dos olhos. Para o diagnóstico desta enfermidade, realiza-se cultura bacteriana através de amostras das secreções com utilização de swab, também podendo ser realizado através de biópsia palpebral. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de blefarite necrotizante marginal em um cão, auxiliando no diagnóstico final da doença e em seu tratamento. Uma cadela da raça maltês, de 1 ano e 4 meses de idade, foi levada ao atendimento oftálmico, ACR Oftalmologia Veterinária, em fevereiro de 2018. O animal apresentava quadro de blefarite bilateral, sendo observado eritema palpebral, blefaroedema grave e lesões ulcerativas nas pálpebras. Após coleta de material para cultura e antibiograma foi recomendado o tratamento inicial de pomada oftálmica de dexametasona associada à neomicina e polimixina B a cada 6 horas, cloridrato de epinastina a cada 6 horas e ciclosporina 0,5% a cada 12 horas. Para uso oral foi recomendado prednisolona 0,5 mg/kg a cada 12 horas. Após 11 dias sem apresentar melhora clínica significativa, a paciente foi submetida à biópsia palpebral bilateral. O resultado histopatológico revelou blefarite piogranulomatosa perianexal multifocal com furunculose e meibomianite, sugerindo blefarite necrotizante marginal por hipersensibilidade a toxina stafiloccocica. O exame de cultura e antibiograma revelou ausência de crescimento fúngico e apontou presença de Staphylococcus spp., com sensibilidade a cefalosporinas e quinolonas, dentre outras. Diante disso, o animal foi submetido a tratamento clínico com cefalexina 25 mg/kg, via oral, a cada 12 horas, associada a tratamento tópico com pomada de ciprofloxacina com dexametasona a cada 8 horas e ciclosporina 0,5% a cada 12 horas. Após 4 meses de tratamento foi observada melhora significativa do quadro clínico. Podemos inferir que o tratamento da blefarite necrotizante marginal é longo e o uso de antibióticos sistêmicos é essencial para o sucesso do tratamento. Além disso, o exame de cultura e antibiograma e exames histopatológicos são fundamentais para a confirmação diagnóstica e para o tratamento correto. Unitermos: Staphylococcus, meibomianite, cão

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Tumor de bainha neural periférica em duodeno de cadela da raça bulldog francês – relato de caso LEAL, P. D. S. 1, ; CAMPOS, D. P. 2 ; ALMEIDA, E. C. P. 3 ; LOPES, C. W. G. 4 1 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. pauloleal@ctiveterinario.com.br 2 - Médica-veterinária, Bióloga, CTI Veterinário. 3 - Médica-veterinaria, MSc, DSc. FCB, ISNF, UFF. 4 - Médico-veterinário, PhD, LD. Departamento em Parasitologia Animal, IV, UFRRJ. Bolsista CNPq.

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m cães adultos, as causas de doenças mais importantes são as neoplasias, com maior frequência os linfomas, mastocitomas, linfossarcoma, carcinoma e meningioma. Há tumores de apresentação incomum, de origem neurológica, os tumores de bainhas do nervo periférico, grupo heterogêneo de neoplasmas provenientes de células de Schwann, células perineurais e fibroblastos. São incomuns em humanos e animais. Essas neoplasias de difícil diagnóstico e com prognóstico ruim quando diagnosticadas, ocorrem nos nervos cranianos e ramos espinhais. Relata-se em uma cadela, buldogue francês, de nove anos e oito meses de idade, ovariohisterectomizada, peso corporal de 13 kg, atendida no CTI Veterinário, Rio de Janeiro, RJ, com histórico de vômitos e regurgitações, com sensibilidade abdominal em região hipogástrica, exame ultrassonográfico mostrou porção inicial do duodeno com espessamento de parede e perda da sua arquitetura interna, medindo 1 cm de espessura com uma formação de aproximadamente 3,08 x 3,42 cm. O exame laboratorial indicou anemia regenerativa com volume globular de 23%. Na endoscopia digestiva foi observado após o esfíncter pilórico, 2 - 3 cm, imagem invaginante recoberto de mucosa íntegra semelhante a pólipo e/ou nódulo. Exame de tomografia computadorizada mostrou a presença de espessamento focal, grosseiro e irregular na parede de duodeno com captação heterogênea de contraste, perda da estratificação, medindo até 1,7 cm de espessura e extensão de 2,4 cm. Foi realizada laparotomia exploratória, com confirmação da neoplasia no duodeno, com ressecção cirúrgica e enteroanastomose duodeno-intestino delgado. O resultado histopatológico foi sugestivo de sarcoma, com recomendação de investigação de tumor estroma gastrintestinal. Exame imuno-histoquímico para painel de sarcoma intestina, tumor estroma gastrointestinal-GIST. O perfil imuno-histoquímico estudado afastou as possibilidades de GIST, leiomiossarcoma, rabdomiossarcoma e hemangiossarcoma, apresentando anticorpos positivos para anticorpo CD56, molécula de adesão de células neurais, e NSE (enolase neurônio-específica), com diagnóstico de neoplasia maligna de bainha neural periférica. Desta maneira comprova-se a eficiência dos métodos de diagnóstico nas neoplasias intestinais com uso dos exames de ultrassonografia, endoscopia, tomografia computadorizada, exames anatomopatológicos como histopatologia, citologia, e, a imuno-histoquímica com a necessidade de se esgotar todas as técnicas de diagnóstico e avalaições clínicos laboratoriais. Com base na avaliação utilizada, foi caracterizada uma manifestação tumoral rara de neoplasia maligna de bainha neural periférica no duodeno de uma cadela. Esta é a primeira documentação de um tumor de bainha de nervo periférico maligno em duodeno relatado em um canino. Unitermos: cães, neoplasia, diagnóstico

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Uretrocistoscopia em cadela com estenose uretral por carcinoma de células transicionais – relato de caso COTIAS, C. E. 1 ; DUEMES, J. 2 1 - Médico-veterinário, H&D diagnóstico. carloscotias@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNESA.

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uretrocistoscopia permite explorar com eficácia o lúmen da bexiga e também da uretra, permitindo a aproximação de um diagnostico mais fidedigno, na rotina clinica veterinária é comum cães e gatos apresentarem patologias do trato geniturinário caudal, sintomas como hematuria, incontinência urinaria e obstruções são apresentados com frequência em animais acometidos por patologias do trato urinário. Outros exames são essenciais no diagnostico das afecções urinarias, como ultrassonografia, bioquímica, urinálise e exame radiográfico, a abordagem da uretrocistoscopia normalmente ocorre quando inicialmente outros métodos diagnósticos não são conclusivos, quando ocorre recidiva ou fracasso terapêutico. A uretrocistoscopia tem a capacidade de avaliar nódulos intra luminares em nível de uretra e vagina que podem passar despercebido por outros exames de diagnósticos convencionais, além de permitir a obtenção de amostras de tecido de forma minimamente invasivos para estudo histopatológico e microbiológico. Este relato tem como objetivo mostrar a eficácia da uretrocistoscopia nas afecções do trato urinário em cães, sendo relatado neste estudo o caso de uma cadela de 10 anos com disúria, hiper creatinemia, uremia além de alterações no exame de ultrassonografia como bexiga com dimensões aumentadas com presença de pontos ecogênicos em suspensão além de dilatação de segmento proximal de uretra, com diminuição de lúmen uretral. Nos rins foram observadas pelves dilatadas com conteúdo anecogênico homogêneo. Na a uretra apresentou calibre com redução severa e obstrutiva com áreas hemorrágicas, estenose completa até o segmento inicial. Através da uretrocistoscopia foi retirada fragmentos de biópsia para exame histopatológica, com diagnóstico de carcinoma de células transicionais canino. Conclui-se que a uretrocistoscopia permite explorar com eficácia o lúmen da bexiga e também da uretra, permitindo o diagnóstico de patologias do trato urinário. Unitermos: uretra, estenose, cão

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Uretrocistoscopia no auxílio diagnóstico e terapêutico em pólipos de bexiga – relato de caso COTIAS, C. E. 1 ; DUEMES, J. 2 1 - Médico-veterinário, H&D diagnóstico. carloscotias@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNESA.

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cistoscopia é um método de rotina para a investigação de alterações do trato geniturinário nos Estados Unidos e na Europa, mas no Brasil ainda encontra-se pouco difundido. Este método de diagnóstico é considerado minimamente invasivo e pode ser de grande relevância no diagnóstico e tratamento de afecções do trato urinário que apresentam sintomatologia diferente, como hematúria, incontinência urinaria e até obstruções. Exames como ultrassonografia, urinálise e exame radiográfico, auxiliam no diagnósticos das patologias do trato urinário. Na uretrocistoscopia é possível avaliar estruturas como nódulos neoplásicos, pólipos, cálculos intra luminal a nível de uretra e vagina. Devido a conformação anatômica, muitas estruturas não podem ser avaliadas em exames convencionais de imagem, neste momento a uretrocistoscopia é solicitada para melhor avaliação e para a obtenção de amostras de tecido de forma minimamente invasiva para estudo histopatológico e microbiológico Este estudo tem como objetivo relatar a importância da uretrocistoscopia no diagnóstico e terapêutica de patologias do trato urinário, relatando o caso de um canino, fêmea, da raça dálmata com sete anos de idade, apresentando hematúria recorrente, associados ao exame ultrassonográfico que não foi conclusivo nas alterações patológicas, a uretrocistoscopia foi primordial na observação das alterações anatômicas e obtenção de amostras de tecido para estudo histopatológico, que concluiu através do referido exame anatomopatológico foram compatíveis com pólipo vesical, indicando a realização da polipectomia pela uretrocistoscopia. Conclui-se que a uretrocistoscopia é de grande relevância no diagnóstico e tratamento das afecções do trato urinário a nível de uretra e vagina. Unitermos: endoscopia urinária, pólipos vesical, canino

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Uso da técnica cirúrgica reconstrutiva Lip to lid em exérese de neoplasia palpebral BALBI, M. ¹ ; LOUREIRO, S. C. 2 ; TORRES, F. E. A. ², LEAL, L. L. 4 1- Professor adjunto, curso de medicina veterinária, UNESA. mgbalbi@yahoo.com.br 2 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNESA. 3 - Professor adjunto, curso de medicina veterinária, UNESA. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA.

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técnica de cirurgia reconstrutiva por retalho, Lip to lid, é utilizada após cirurgias neoplásicas onde são necessárias extensas incisões cirúrgicas oncológicas, sendo esta realizada através de retalhos que recobrem a ferida cutânea de formato irregular, alcançando níveis satisfatórios de aporte sanguíneo que auxiliam na cicatrização e no restabelecimento anatômico. A técnica de reconstrução por retalhos, quando utilizada para lesões cirúrgicas em pálpebra, é descrita como capaz de resgatar a estética e função anatômica com mínima morbidade no sitio doador e a total revitalização da lesão, diferente das outras técnicas descritas na literatura que promovem algum grau de triquíase, além de não criar uma mucosa propriamente dita. Este trabalho teve como objetivo avaliar o restabelecimento estético e funcional de uma lesão cirúrgica utilizando-se da técnica de reconstrução Lip to lid, após a excisão de uma massa neoplásica localizada em pálpebra inferior direita de uma cadela da raça labrador retriever. Na realização da técnica foi feita a exérese cirúrgica da neoplasia com 4 cm de diâmetro, para promover a síntese da lesão foi usado um retalho subdérmico retirado do lábio superior direito. Foram feitas duas incisões paralelas no lábio em um ângulo de 45 – 50 graus em relação à linha que divide a comissura medial e lateral do olho. Foi feita a dissecção da pele da mucosa oral cuidadosamente para proporcionar o comprimento suficiente afim de que alcançasse a região palpebral sem tensão do tecido. Na mucosa oral foi feita sutura com pontos contínuos simples utilizando poliglecaprone 4-0 e na sutura de pele pontos em padrão descontínuo simples utilizando nylon 4-0. O retalho labial foi rotacionado e colocado entre as bordas da ferida cirúrgica palpebral remanescente, para a sutura intradérmica foram feitos pontos descontínuos simples usando poliglecaprone 4-0 e para a pele pontos descontínuos usando nylon 4-0. As revisões foram feitas 24 horas, 48 horas e 14 dias após a cirurgia onde observamos uma total revitalização da ferida cirúrgica sem nenhuma evidência de necrose. A massa neoplásica retirada foi encaminhada para exame histopatológico que constatou tratar-se de um melanoma moderadamente diferenciado. Desta forma concluímos que a utilização da técnica de reconstrução por retalho subdérmico Lip to lid é capaz de restabelecer a área suprimida da pálpebra inferior de cães após excisão de massa neoplásica, restabelecendo a estética e função palpebral. Unitermos: retalho, cirurgia, oncologia

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Uso do afoxolaner no tratamento linxacariose felina – relato de caso SOUZA, M. S. G. 1 ; CAMPOS, D. R. 2 ; CONCEIÇÃO, C. L, 3 ; FERNANDES, J. I. 4 1 - Médica-veterinária autônoma. manuelagomes84@gmail.com 2 - Médico-veterinário, DSc, PPGCV. IV, UFRRJ. 3 - Médica-veterinária, PPGCV. IV, UFRRJ. 4 - Médico-veterinário, DSc, Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, IV, UFRRJ.

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linxariose possui como agente etiológico o ácaro Lynxacarus radovsky. Este parasito permanece fixado aos pelos do gato. Os sinais clínicos tendem a variar de acordo com a intensidade da infestação, as leves geralmente são assintomáticas enquanto as infestações graves cursam com dermatite esfoliativa e erupções papulares com crostas além de intenso prurido, os pelos tornam-se frágeis e são facilmente epilados. As isoxazolinas são uma nova classe de drogas orais de longa utilizadas para prevenção e controle de ectoparasitos, entre essas drogas, apenas o fluralaner tem uso aprovados para espécie felina. O objetivo deste trabalho foi relatar a eficácia do afoxolaner para o tratamento da linxacariose em um gato naturalmente infestado. Foi atendido no setor de dermatologia do hospital veterinário de pequenos animais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro um paciente felino, fêmea, adulta, não castrada, pesando 4,8 kg no momento da consulta. A paciente apresentava áreas de alopecia e hipotricose em região dorso-lateral esquerda e direita, cervical e ventral, hiperemia generalizada, prurido moderado, região perianal alopécica e eritematosa. Foi realizado o tricrograma, executado a partir da avulsão de pelos da região de pescoço, dorso/coxa e períneo/cauda. As áreas de coleta foram selecionadas a pois são locais descritos como áreas de predileção pelos ácaros. De cada região citada foram retiradas três amostras e realizada a contagem do número de ácaros vivos e ovos viáveis. Após o diagnóstico de linxcariose, foi prescrito o tratamento à base de afoxolaner na dose de 2,5 mg/kg (Nexgard®), a ser administrado por via oral. O animal foi mantido isolado e submetido a reavaliações semanais, onde novas amostras foram coletadas e avaliadas para a contagem de ácaros vivos e ovos viáveis. Nas quatro primeiras semanas, não foi possível observar a negativação dos tricogramas, no entanto, houve uma redução de aproximadamente 85% do número de ácaros vivos e ovos viáveis. Após a quatro semanas, foi realizada uma nova administração do afoxolaner. A negativação do tricograma foi possível ser observada após a sétima semana. Com base neste resultado, é possível concluir que o afoxolaner na dose 2,5 mg/kg foi eficiente na redução dos sinais clínicos e no controle de L. radovskyi com duas administrações.

Unitermos: dermatopatia, Lynxacarus radovskyi, isoxasolinas

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Uso do retalho de avanço em padrão sub-dérmico para correção de ferida cirúrgica em cão após exérese de mastocitoma em membro pélvico direito BAHIA, M. C. 1 ; CARVALHO, R. S. 2 ; AZEVEDO, T. M. B. P. R. 3 ; PACHECO, G. S. 4 ; GUERRA, P. H. G. 5 1 - Médico-veterinário, CDMV. matheus.bahia@cdmv.com.br 2 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 3 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 4 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA. 5 - Aluno de graduação em medicina veterinária, UNESA.

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cirurgia é um método de sucesso no tratamento de neoplasias. Em virtude do aumento de diagnósticos oncológicos, as cirurgias reconstrutivas estão cada vez mais sendo utilizadas. O planejamento cirúrgico é primordial, visando margens suficientemente amplas, o que gera defeitos de grandes dimensões. Para correção pode ser necessário o uso de técnicas de anaplastia. O objetivo deste relato é destacar um caso de uso de retalho de avanço sub-dérmico para correção de defeito em face lateral de membro pélvico direito, na altura da diáfise femoral, após exérese de mastocitoma de grau II. Um canino, buldogue francês, fêmea, de seis anos, foi atendida apresentando nódulo cutâneo de aspecto regular, não aderido, não ulcerado, medindo cerca de 2 x 2 cm, localizado em região de diáfise femoral. O exame de PAAF evidenciou microscopia compatível com mastocitoma. O paciente foi encaminhado para cirurgia, onde realizou-se exérese do nódulo, com margens laterais de 3 centímetros e margem profunda com retirada da fáscia muscular. Devido a ferida cirúrgica apresentar a dimensão de 8 x 8 centímetros, não sendo possível unir as bordas cutâneas, optou-se pela realização de retalho de avanço subdérmico para correção da mesma. O retalho foi confeccionado tendo como base a região do acetábulo, sendo tracionado distalmente no membro até completo fechamento da ferida. Para sutura foi utilizado padrão intradérmico simples descontínuo com fio absorvível monofilamentar 2-0 e padrão simples descontínuo com fio inabsorvível monofilamentar na pele. No pós operatório imediato, bandagem compressiva foi confeccionada, com o intuito de diminuir a formação de seroma e promover analgesia. A bandagem foi retirada com 72 horas de pós operatório, estando a ferida sem áreas de isquemia e ausência de seroma. Após 17 dias, o aspecto cicatricial estava satisfatório e os pontos de pele foram retirados. O laudo histopatológico confirmou o diagnóstico de mastocitoma grau II e evidenciou margens livres de células neoplásicas.

Unitermos: cirurgia reconstrutiva, oncologia, nódulo

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Viabilidade das diferentes escalas na determinação de via aérea difícil em intubação orotraqueal em cães braquicefálicos MENDONÇA, K. G. ¹ ; CUNHA, G. N. ² 1 - Aluna de graduação em medicina veterinária, UNIPAM. karen.goncalves_@hotmail.com 2 - Professor adjunto III, DSc. UNIPAM.

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via aérea difícil (VAD) é definida pela Sociedade Americana de Anestesiologistas quando realizadas três tentativas ou mais na prática de intubação a traqueia. O cão braquicefálico é caracterizado com uma maior dificuldade no momento da intubação devido em sua maioria terem geneticamente um prolongamento de palato mole excessivo. Desta forma, o procedimento pré-anestésico prevê a condição clínica dos pacientes, e o anestesiologista é capaz de indicar desta maneira a melhor técnica anestésica, reduzindo os riscos impostos e impedir a ocorrência de complicações secundárias. O objetivo do presente estudo foi comparar e avaliar a viabilidade do uso das escalas preditivas para via aérea difícil na intubação orotraqueal humana em cães braquicefálicos. Foram utilizados 33 cães braquicefálicos de diferentes idades, raças, sexos e portes submetidos a procedimentos anestésico-cirúrgicos eletivos de quatro clinicas particulares, juntamente com o Centro Clínico Veterinário do Centro Universitário de Patos de Minas, localizados no município de Patos de Minas, MG. Avaliaram-se as escalas preditivas precisas de via aérea difícil de Patil-Aldreti e de Mallampati na determinação da viabilidade de acordo com o porte dos animais. As classificações das escalas quanto à provável dificuldade foram classificadas de acordo com classe I (fácil), II (dificuldade leve), III (moderada) e IV (alta). Foi usado o Teste de Mann-Whitney (p<0,005), Teste Exato de Fisher e Teste Qui-quadrado com nível de significância de p<0,05. As escalas de previsão de via aérea difícil de Patil-Aldreti e Mallampati resultaram em 57,5% (fácil) e 48,5% (dificuldade moderada), respectivamente. O método de Patil-Aldreti além de fácil execução apresentou-se mais da metade da ocorrência com cães prováveis a uma intubação fácil. Enquanto que, em Mallampati, apresentou fácil visualização das estruturas de acordo com a literatura, porém, foram correlacionadas à dificuldade moderada no respectivo estudo. As correlações significativas entre as escalas foram Mallampati e Patil-Aldreti, Mallampati e porte (p<0,05), o que permite inferir na confiabilidade dos testes. Do mesmo modo, Patil-Aldreti relacionado com o porte também se mostrou estatisticamente significativa, revelando diferenciação da classificação conforme o porte do animal. Concluiu-se que quando se associam estas escalas para utiliza-las como preditores de via aérea difícil são mais sensíveis. Mallampati e Patil-Aldreti não mostraram correlação entre suas classes, entretanto os portes associados entre as classes influenciaram na definição das vias aéreas, em que os de porte pequeno mostraram de visualização mais fácil. Unitermos: Mallampati, Patil-Aldreti, porte animal

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