Conexão literária 2017 - Caderno de Resumos

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2017 CADERNO DE RESUMOS

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Conexão Literária 2017 Universidade Federal de Viçosa, 4 e 5 de maio de 2017 Organizadores Juan Filipe Stacul Joelma Santana Siqueira Gracia Regina Gonçalves Conselho Editorial Adelcio de Sousa Cruz Angelo Adriano Faria de Assis Edson Ferreira Martins Francis Paulina Lopes da Silva Gerson Luiz Roani Gracia Regina Gonçalves Joelma Santana Siqueira Sirlei Santos Dudalski Carlos Ferrer Plaza

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Dirceu Magri Elisa Cristina Lopes Iara Christina Silva Barroca Juan Pablo Chiappara Cabrera Luiz Carlos Moreira da Rocha Revisão Juan Filipe Stacul Diagramação Clock-t Suporte Técnico Renan Silva Magalhães

Stacul, Juan Filipe. Conexão Literária 2017: caderno de resumos. / Juan Filipe Stacul, Joelma Santana Siqueira e Gracia Regina Gonçalves, organizadores. – Viçosa: PPG Letras - UFV/Clock-Book, 2017. 52p. ISBN: 978-85-92525-21-7 1. Literatura brasileira – Crítica. I. Título. II. Organizadores. CDD: B869 CDU 869.0 (81) 1ª Edição – 2016. Todos os direitos reservados. Clock-Book é uma marca da Clock-t Edições e Artes.

Brasil Clock-t Edições e Artes Av. Fioravante Rossi, 3300 Colatina – ES, CEP 29.704-424 Tel: (27) 9-9995-5853 contato@clock-t.com clock-t.com/clock-book

Estados Unidos Clock-Book Press 500 N Michigan Avenue, #600 60611 Chicago, IL (312) 489-8739 usoffice@clock-t.com clock-t.com/us-office


Sumário Apresentação ...................................................................................................... 5 Programação ....................................................................................................... 6 Programação Geral ...................................................................................... 7 Sessões de Comunicação ........................................................................ 11 Caderno de Resumos .................................................................................... 16



Apresentação Esta versão impressa do Caderno de Resumos da Conexão Literária reúne, em ordem alfabética (título do trabalho), os resumos das comunicações que serão apresentadas durante o evento. Os resumos, originalmente, foram publicados na versão on-line, à medida que eram avaliados e aprovados pelo Conselho Editorial da Conexão Literária. O objetivo deste caderno é fornecer uma base de dados que sirva de consulta básica aos participantes do evento e demais pesquisadores. A Conexão Literária ocorre no Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, nos dias 4 e 5 de maio de 2017. Os textos completos das apresentações serão avaliados pelo nosso Conselho e, posteriormente, publicados nos Anais do Evento.

Sobre o evento A Conexão Literária pretende promover um diálogo entre professores de Literatura Brasileira, discutindo a leitura e o ensino de textos literários em língua portuguesa no Brasil e no exterior. Este evento debate o ensino de Literatura Brasileira em várias perspectivas e distintos lugares sociais. Para tanto, propõese um diálogo interdisciplinar entre abordagens do texto literário em sala de aula. Em acréscimo, discutem-se questões de ordem sociocultural e política que se descortinam a partir da leitura, pesquisa e ensino do texto literário.

Eixos Temáticos O eixo temático principal da Conexão Literária é o Ensino de Literatura Brasileira em um contexto intercultural. Além disso, foram aceitos trabalhos nos seguintes eixos temáticos: 5


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Teoria, Crítica e Historiografia Literária; Literatura e Ensino; Literatura Comparada; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Literaturas Africanas e Literatura Afro-Brasileira; Identidade e Alteridade na Literatura.

Na programação do evento, o ícone  AO VIVO indica aqueles momentos que serão transmitidos on-line em nossa página de transmissões ao vivo http://conexaoliteraria.com.br/aovivo.html Acesse a versão on-line deste Caderno de Resumos em: http://brazilianstudies.com/conexaoliteraria/resumos/

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Programação Programação Geral Quinta-feira, 04 de maio 08:30 às 10:00 Credenciamento Hall do Departamento de Letras 10:00 às 11:30 Sessões de comunicação 1 Salas 109, 111 e 115 do Departamento de Letras 11:30 às 14:00 Intervalo para o Almoço 14:00 às 15:30 Sessões de comunicação 2 Salas 6, 8 e 10 do CEE 15:30 às 15:45 Intervalo 15:45 às 17:15 Sessões de Comunicação 3 Salas 6, 8 e 10 do CEE 17:15 às 18:00 Coffee-Break Hall do Departamento de Letras 7


18:00 às 20:00 Auditório do Departamento de Letras Mesa redonda: Conexões entre a Literatura Brasileira e as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa • Franciane Conceição da Silva (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ Universidade de Lisboa) • Karina de Almeida Calado (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) • Ana Paula Tavares (Universidade de Lisboa)  AO VIVO

20:00 às 20:30 Intervalo 20:30 às 22:00  AO VIVO Auditório do Departamento de Letras Palestra de Abertura: O público e o privado em Angústia, de Graciliano Ramos • Ivete Lara Camargos Walty (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)

Sexta-feira, 05 de maio 08:30 às 10:00 Credenciamento Hall do Departamento de Letras 10:00 às 12:00 Auditório do Departamento de Letras Oficinas de Poesia - Aldravias • José Benedito Donadon Leal e Andreia Donadon Leal (Universidade Federal de Ouro Preto/ Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil)

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14:00 às 15:00 Auditório do Departamento de Letras Videoconferência 1 – Experiências de leitura do texto literário A leitura de Literatura Brasileira em um contexto intercultural • Katrina Spencer (Middlebury College) Projeto Poesia Viva - A poesia bate à sua porta • José Benedito Doandon Leal e Andreia Donadon Leal (Universidade Federal de Ouro Preto/ Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil)  AO VIVO

15:00 às 16:00 Hall do Departamento de Letras Coffee-Break e Lançamento de livros  AO VIVO 16:00 às 17:00 Auditório do Departamento de Letras Videoconferência 2 – Experiências de ensino do texto Literário O ensino de Literatura Brasileira para estrangeiros • Raquel Castro Goebel (University of Illinois) Práticas de ensino de Literatura Brasileira na universidade • Joelma Santana Siqueira (Universidade Federal de Viçosa)

17:00 às 17:15 Hall do Departamento de Letras Intervalo  AO VIVO 17:15 às 18:15 Auditório do Departamento de Letras Videoconferência 3 – Experiências de escrita do texto literário Entrevista com a escritora angolana Sónia Gomes • Sónia Gomes (União dos Escritores Angolanos) • Franciane Conceição da Silva (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ Universidade de Lisboa)

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18:15 às 19:00 Hall/Auditório do Departamento de Letras Intervalo e apresentações culturais e artísticas  AO VIVO

 AO VIVO 19:00 às 21:00 Auditório do Departamento de Letras Palestra de Encerramento: Leitura literária na escola: desafios e perspectivas para o ensino médio • Julio César Vieira (Instituto Federal do Norte de Minas)

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Sessões de Comunicação Quinta-feira 04 de maio de 2017 Sessões de Comunicação 1 Departamento de Letras – 10:00 às 11:30h. DLA 109 – Conexão Literatura e Espaço O olhar urbano de Zuenir Ventura: aspectos semióticos presentes na obra Cidade Partida | Taís de Souza Alves Coutinho (Universidade do Estado de Minas Gerais) Lar versus não-lar: a rua como esconderijo e lugar de fuga no romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende | Renata Cristina Sant'Ana (Universidade Federal de Juiz de Fora) Ponciá Vicêncio: um olhar geoliterário sobre a obra evaristiana | Jeferson José de Oliveira Pinheiro, Leonardo Gomes de Souza, Lídia Maria Nazaré Alves, Matheus Vieira Barbosa (Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Carangola) Um mundo de trabalhadores esse Mundo Inimigo (2005) de Luiz Ruffato | Camila Galvão de Souza, Joelma Santana Siqueira (Universidade Federal de Viçosa) DLA 111 – Conexão Teoria, Crítica e Historiografia Reescrita poética: uma estética literária contemporânea | Renato Teixeira Bressan (Grupo Andrade Martins) As fábulas de Monteiro Lobato e o "abrasileiramento" do gênero | Mariana Apolinário de Morais (Universidade Federal de Viçosa) 11


As representações da crise | Lídia Maria Nazaré Alves (Universidade do Estado de Minas Gerais) História Literária: Uma História de Problemas | Luiz Carlos Moreira da Rocha (Universidade Federal de Viçosa)  AO VIVO

DLA 115 – Diálogos Literários em Rede I

Pelas periferias do Brasil... uma escrita pós-autônoma | Fernando Reis de Sena (Universidade Estadual de Santa Cruz) Antropologia e Literatura: a mitopoetica Sateré Mawé | Sheila Nunes da Silva (Universidade de Évora) Transversalizar poéticas, redesenhar sentidos: ferramentas de intervenção na poesia brasileira contemporânea | Douglas Rosa da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Entre o eu e os outros: enunciação e melancolia em Florbela Espanca, Noémia de Sousa e Ana Cristina Cesar | Juan Filipe Stacul (Universidade Federal de Viçosa) Sessões de Comunicação 2 Departamento de Letras – 14:00 às 15:30h. CEE 6 – Conexão Literatura e Subjetividade Leitura(s) de Clarice Lispector: Pós-estruturalismo e transnacionalismo em ensino de Literatura Brasileira em Português Língua Adicional (PLA) | Melissa Rubio dos Santos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Representações identitárias no romance angolano Uma escuridão bonita, de Ondjaki | Thaíse de Santana Santos (Universidade Federal de Viçosa) 12


Tradição e ruptura em Paulo Henriques Britto | Suzel Domini dos Santos (Universidade Estadual Paulista - São José do Rio Preto) Fragmentos da memória para a construção identitária no conto “Encontro de acaso”, de Luandino Vieira, e no poema “Para todos os dias”, de Ana Cruz | Bruna Carla dos Santos (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) CEE 8 – Conexão Literatura e Imagem Hiroshima mon amour (1960): poesia cinematográfica entre amor e guerra | Maria do Socorro Aguiar Pontes Giove (Universidade de Brasília) Jogo de cena - o espelho da vida | Fernanda Maffei Moreira (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) “Sucupira vai às urnas” - sátira e censura na televisão brasileira | Priscila Paschoalino (Universidade do Estado de Minas Gerais) Marcas de ficcionalidade em diferentes gêneros textuais | Lídia Maria Nazaré Alves, Ivete Monteiro de Azevedo, Davison Nazaré Pires (Universidade do Estado de Minas Gerais) CEE 10 – Conexão Literatura e Ensino O lúdico no processo de ensino-aprendizagem: uma análise das aulas de Literatura no Ensino Fundamental | Fernanda Abreu Gualhano, Laynara Viana Tavares, Bruna Martins de Oliveira, Lídia Maria Nazaré Alves (Universidade do Estado de Minas Gerais) Reflexões sobre a prática docente no ensino superior: experiências no ensino de literatura | Giovana Berbert Lucas (Universidade Federal de Viçosa)

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A presença da literatura em diferentes gêneros textuais | Leonardo Gomes de Souza, Fernanda Soares Wenceslau, Lídia Maria Nazaré Alves, Ivete Monteiro de Azevedo, Lucas Borcard Cancela (Universidade do Estado de Minas Gerais) Literatura e Tecnologia na sala de aula: a mediação do professor na formação do leitor de textos literários | Estela da Silva Leonardo (Universidade Federal de Viçosa) Sessões de Comunicação 3 Departamento de Letras – 15:45 às 17:15h. CEE 6 – Conexão Intercultural – América Latina, África e Ásia Cecília Meireles e o intercâmbio cultural com a Índia | Anderson Azevedo Ferigate (Universidade Federal de Juiz de Fora) Configurações do imigrante latino-americano como sujeito em obras de Mario Vargas Llosa e Luiz Ruffato | Cinthia Ramalho de Andrade (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) Identidades ao vento: Da negação Ponciana à procura Venturiana | Leonardo Gomes de Souza, Fernanda Soares Wenceslau, Lídia Maria Nazaré Alves, Ivete Monteiro de Azevedo (Universidade do Estado de Minas Gerais) Caminhos da alteridade no contemporâneo: Um olhar sobre duas idosas nas literaturas brasileira e moçambicana | Fernanda Soares Wenceslau, Leonardo Gomes de Souza, Lídia Maria Nazaré Alves, Ivete Monteiro de Azevedo (Universidade do Estado de Minas Gerais)

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CEE 8 – Conexão Prosa e Poesia – José Saramago e Carlos Drummond de Andrade O deus cruel em Caim de José Saramago | Marcella Gava Grillo (Universidade Federal de Viçosa) Uma análise do conto “Cadeira”, de José Saramago: a literatura em dois planos | Francyane Canesche de Freitas (Universidade Federal de Viçosa) A antropofagia política de Carlos Drummond de Andrade: O jogo entre linguagem e identidade presente em “Considerações do Poema” | Otávio Augusto Oliveira Moraes (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) A poética da memória em Carlos Drummond de Andrade: o espaço da escrita e a presença da família | Jorge Manoel Venâncio Martins (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)  AO VIVO

CEE 10 – Diálogos Literários em Rede II

Políticas públicas de incentivo à leitura literária nas séries finais do ensino fundamental: um diálogo com o PNLD e os PCN | Daiani Pignaton Souza Silva (Universidade Federal do Espírito Santo) Forma e conteúdo: heroísmo e verdade histórica em questão | Katrícia C. S. Soares de Souza Aguiar (Universidade de Brasília) "Auto da barca do inferno" e "Farsa de Inês Pereira", de Gil Vicente: alguns pontos de contato | Rossana Rossigali (Universidade de Caxias do Sul) A divulgação científica por trás de O Caso da Borboleta Atíria | Ana Paula Lopes da Silva (Universidade Federal de Viçosa)

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Caderno de Resumos "Auto da barca do inferno" e "Farsa de Inês Pereira", de Gil Vicente: alguns pontos de contato Rossana Rossigali Universidade de Caxias do Sul rrossigali@yahoo.com.br O objetivo precípuo desta comunicação é analisar as obras "Auto da barca do inferno" (1517) e "Farsa de Inês Pereira" (1523), de Gil Vicente, notadamente no tocante a personagens que representem os seguintes grupos: a mulher, os religiosos e os judeus. Importante teatrólogo português, Gil Vicente reproduziu vários segmentos sociais de Portugal do começo do século XVI, criticando-os por intermédio do humor. Em "Auto da barca do inferno", o autor faz uma leitura dos desvios sociais das personagens quando morrem: trata-se de uma comédia sobre o transcendente. Poucos dos mortos são identificados nominalmente, elencando-se, assim, os pecados de determinada classe. Já em "Farsa de Inês Pereira" as personagens são mais individualizadas, não se observando um cunho moralista na obra. O aporte teórico utilizado para o desenvolvimento do presente trabalho fundamenta-se em autores como Benjamin Abdala Junior, Massaud Moisés e Edna Tarabori Calobrezi. Palavras-chave: "Auto da barca do inferno", "Farsa de Inês Pereira", Gil Vicente, teatro português.

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A antropofagia política de Carlos Drummond de Andrade: O jogo entre linguagem e identidade presente em “Considerações do Poema” Otávio Augusto Oliveira Moraes Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais otaviomoraesrg@gmail.com Neste texto, apresentamos as correlações entre a escrita drummondiana, no que se refere à sua politicidade, e o arcabouço teórico da Filosofia da Desconstrução de Jacques Derrida. As interrelações entre a poética do primeiro e as teorias do segundo se alicerçam sobre o conceito de “diferença” e os correlatos processos de contínua inversão da relação entre centro e margem. No artigo, abordamos a experiência modernista brasileira, frisando as inter-relações entre Oswald de Andrade e Drummond a partir de aportes semiológicos afins com a proposta desconstrucionista. Sobre esses arcabouços teóricos, o texto se propõe a construir uma conexão conceitual entre a poética de Drummond e uma acepção identitária plural e acêntrica, frisando a conexão entre a liberdade artística e as possibilidades de experimentação de um uso insurgente da linguagem poética, tornando a escritura uma prática "antropofágica", desvinculada de contenções formalistas, e, por consequência, mergulhada nos deslocamentos e mobilidades identitárias. Estas reflexões se passam a partir do estudo de “Considerações do Poema”, sendo posto como objeto principal do artigo a acepção de um singularplural identitário. O poema objeto deste estudo se insere na obra “Rosa do Povo”, que contém expresso conteúdo político, demonstrando o posicionamento contra-hegemônico de Drummond, sendo a articulação entre os conflitos individuais e coletivos a tônica desta escrita e da leitura que o poeta desenvolve sobre uma prática de escrita combativa. Palavras-chave: Modernidade, política, identidade, antropofagia.

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A divulgação científica por trás de O Caso da Borboleta Atíria Ana Paula Lopes da Silva Universidade Federal de Viçosa analopesufv@gmail.com Esta pesquisa busca analisar os procedimentos linguísticosdiscursivos de divulgação científica presentes na obra O Caso da Borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida (2009), livro da série Vagalume destinado ao público infanto-juvenil. Para isso, utiliza-se a metodologia da Análise do Discurso da Divulgação Científica proposta por Teun A. Van Dijk. Neste artigo, foi analisado o procedimento de expansão por meio das estratégias de sequência narrativa, descrição, metáfora e explicação. Este trabalho busca, também, discutir a relação entre ensino de literatura, educação e entretenimento por trás dos textos de divulgação e dos textos literários propostos para leitura nas aulas de Língua Portuguesa, assim como a importância de ambos para a formação crítica do leitor. Ao final, os resultados demonstram como a autora insere informações científicas sobre entomologia de forma lúdica e criativa em meio a uma narração ficcional da vida dos insetos. Palavras-chave: Literatura e ensino, Divulgação científica, Literatura infanto-juvenil, Analise do Discurso da Divulgação Científica

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A poética da memória em Carlos Drummond de Andrade: o espaço da escrita e a presença da família Jorge Manoel Venâncio Martins Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais jorgevemar@yahoo.com.br Este trabalho estuda a presença da família em poemas que versam sobre a memória na obra de Carlos Drummond de Andrade. Para este estudo, foram escolhidos poemas que indicam como o sujeito poético se inscreve e escreve (n)o inventário familiar. Encontrouse, primeiramente, um sujeito nascido numa família equilibrada e estabilizada no sistema patriarcal de tradição aristocrática rural. Configura-se aí o primeiro choque, eticamente representado no poema “Os Bens e o Sangue”, a figura paterna passa a ser a busca obsessiva. A escrita poética de Boitempo apresenta a voz do poeta maduro contaminada pela lembrança do menino, incorporada a essa voz de modo visceral, o que evidencia a intensidade do processo de escavação das lembranças fragmentadas. Contribui para este estudo críticos que versam sobre memória e família na escrita do poeta mineiro, tendo como linha de força a discussão sobre as Inquietudes na poesia de Drummond, de Antonio Candido (CANDIDO, 2004, p.67). Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade, memória, família.

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poesia,


A presença da literatura em diferentes gêneros textuais Leonardo Gomes de Souza Universidade do Estado de Minas Gerais leonardogomes.jhs@gmail.com Fernanda Soares Wenceslau Universidade do Estado de Minas Gerais fernandasoaressw@outlook.com Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Ivete Monteiro de Azevedo Universidade do Estado de Minas Gerais imazevedo62@gmail.com Lucas Borcard Cancela Universidade do Estado de Minas Gerais lucasbcancela@gmail.com Houve um tempo que a função poética da linguagem era bem distinta das demais funções, a saber: referencial, conativa, fática, emotiva e metalinguística. Com efeito, os organizadores do Projeto Pedagógico do Curso de Letras da UEMG (unidade de Carangola) constataram que tal entendimento ainda é lugar comum em muitas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Neste artigo, desejamos pesquisar e demonstrar que, ao contrário do que se pensa, a função poética já atingiu quase todas as demais funções da linguagem. Esse artigo pode ser justificado pelo fato de que essa mistura tanto banaliza como motiva a construção de um discurso que, se bem orientado, pode resultar na formação de sujeitos críticos; do contrário, pode resultar na construção de sujeitos alienados. Palavras-chave: Funções da linguagem, sujeito crítico, sujeito alienado.

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Antropologia e Literatura: a mitopoetica Sateré Mawé Sheila Nunes da Silva Universidade de Évora dpoesiae@gmail.com Ao longo da história, o povo Mawé tem buscado manter sua identidade e sua própria existência. Portanto, dentro do ritual de passagem, há uma carga simbólica que revela o mito e a poesia do clã, revelado a sensibilidade expressa na tucandeira e no guerreiro Sateré-Mawé. Por isso, neste trabalho, proponho uma análise à menudo dos níveis que o jovem Sateré Mawé atravessa ao se deparar com a tucandeira, onde se dá conta de sua real condição humana ante ao ser mítico imortal. Este trabalho é resultado investigações realizadas em distintas comunidades Sateré Mawé, localizadas na região norte do Amazonas. Apresento a análise dos dados obtidos e minhas considerações dentro dos resultados encontrados na pesquisa de campo, procurando mostrar o diálogo interdisciplinar e transdisciplinar entre a antropologia e a Literatura Comparada, colaborando aos estudos étnicos, indigenistas e literários. Palavras-chave: Sateré Mawé, mitopoética, língua e cultura, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade.

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As fábulas de Monteiro Lobato e o "abrasileiramento" do gênero Mariana Apolinário de Morais Universidade Federal de Viçosa mariana-mam@hotmail.com Neste trabalho, nos propusemos a fazer o levantamento do maior número possível de fábulas traduzidas e/ou adaptadas por Monteiro Lobato que foram publicadas nos jornais de todo o Brasil, durante a década de 1920, e compará-las às publicadas no livro Fábulas, lançado no ano de 1922, do mesmo autor. Para o levantamento das fábulas, consultamos os acervos digitais da Biblioteca Nacional, da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo, e encontramos o total de nove fábulas assinadas por Lobato. Comparadas às originais, de autoria de Esopo e La Fontaine, percebemos que o autor paulista fez algumas adaptações nos textos para que suas produções fossem mais próximas às crianças brasileiras, adotando, para isso, linguagem, cenários e personagens com características semelhantes às do nosso povo, com a finalidade de “abrasileirar” o gênero, que, até então, mantinha características europeias. Também notamos que, de um suporte para o outro, o escritor modificou a linguagem adotada a fim de aproximar sua escrita do público-alvo ao qual se dirigia, sendo majoritariamente adultos os leitores de jornais e majoritariamente crianças os leitores do livro Fábulas (1922). A produção de fábulas de Monteiro Lobato – um dos seus primeiros trabalhos direcionados ao público infantil –, contribuiu para a formação da moderna literatura infantil brasileira, assim como para a difusão do gênero no Brasil. Palavras-chave: Fábulas, Monteiro Lobato.

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As representações da crise Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Este artigo tem como objetivo reunir obras literárias que abordam diferentes crises, tanto as ocorridas no mundo e que afetaram direta ou indiretamente o Brasil e os países de expressão portuguesa, quanto as que ocorreram no Brasil e nos países de expressão portuguesa. Essa proposta não está nascendo agora: a Prof.ª Dr.ª Lúcia Helena, da Universidade Federal Fluminense, sempre se preocupou em fomentar nos seus orientandos e grupo de pesquisa Nação e Narração, estudos sobre as manifestações da crise. Em 2007, a referida organizou, juntamente com seus orientandos e demais membros do grupo, um Seminário intitulado “Literatura, Utopia e Crise”, desde então, começamos a pesquisar sobre as representações da crise. A partir de nossas pesquisas, entendemos que tais representações podem ocorrer no campo temático, linguístico e temático-linguístico. Entendemos, também, fomentados pelas reuniões do grupo de pesquisa, incialmente, o Nação e Narração e, posteriormente, as pesquisas realizadas na UEMG - Campus de Carangola, que as representações da crise podem ser as que trazem à luz os temas que na tradição literária foram relegados às sombras. Nosso interesse se justifica porque desejamos viabilizar uma reflexão mais acurada sobre as representações da crise e aumentar o número de artigos acadêmicos sobre a referida, a fim de auxiliar nossos alunos, principalmente os de Letras, mas não só, em suas pesquisas sobre a relação literatura/realidade. Palavras-chave: Representação, crise, tema, linguagem.

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Caminhos da alteridade no contemporâneo: Um olhar sobre duas idosas nas literaturas brasileira e moçambicana Fernanda Soares Wenceslau Universidade do Estado de Minas Gerais fernandasoaressw@outlook.com Leonardo Gomes de Souza Universidade do Estado de Minas Gerais leonardogomes.jhs@gmail.com Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Ivete Monteiro de Azevedo Universidade do Estado de Minas Gerais imazevedo62@gmail.com Este trabalho procura demonstrar que, nas sociedades modernas, movidas pelos mitos próprios desse tempo, criou-se a ideia de que o idoso deve manter a aparência de jovem. Aquele que não o faz, consequentemente, sofre processos de indiferenciação sóciofamiliares. Diante disso, propõe-se a comparação entre o perfil e o lugar do idoso em textos literários que, a despeito de toda a arte que lhes conferem autonomia, representam uma realidade. Voltou-se o olhar para um conto de Clarice Lispector, “Feliz aniversário” e outro de Mia Couto “Sangue da avó manchando a alcatifa”. Iluminam esse estudo Bauman (2001); Watt (1997) e Zimerman (2000). Palavras-chave: Idoso, lugar, perfil.

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Cecília Meireles e o intercâmbio cultural com a Índia Anderson Azevedo Ferigate Universidade Federal de Juiz de Fora andersonferigate@hotmail.com Esta comunicação abordará as relações multiculturais estabelecidas pela cronista, poetisa, ensaísta e educadora brasileira Cecília Meireles com a Índia - país do Extremo Oriente, conhecido dos ocidentais pelo seu exotismo e seus mistérios, desde Alexandre, O Grande até os dias atuais. Esse estudo tem sua relevância na medida em que esta faceta da escritora carioca é desconhecida da maioria de seus leitores e de boa parte de pesquisadores da área. A poetisa do Romanceiro da Inconfidência tem uma ligação antiga e forte com a cultura indiana. A influência se dá tanto em sua vida privada, quanto na sua obra literária. Sendo uma o espelho da outra. Será, portanto, um apanhado geral daquilo que se depreende do legado cultural e filosófico do país do Taj Mahal em sua obra literária, espelhada em suas vivências relatadas. Palavras-chave: Cecília Meireles, Índia, intercâmbio cultural, hinduísmo.

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Configurações do imigrante latino-americano como sujeito em obras de Mario Vargas Llosa e Luiz Ruffato Cinthia Ramalho de Andrade Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais cinthiar90@gmail.com Este trabalho teve como objetivo analisar os romances Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa, e Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato, pelo viés da pluralidade de deslocamentos geográficos, linguísticos e culturais que eles põem em marcha. Analisamos como se constituem as migrações, tanto no que se refere ao trânsito dos personagens das histórias quanto de seus autores para, então, verificar como esses indivíduos, imigrantes latino-americanos na Europa, configuramse como sujeitos. Acompanhamos as trajetórias e as travessias, não só dos protagonistas, mas de todos os personagens migrantes tão recorrentes nos textos, para entender como se constroem suas identidades, quando em movimento, assim como a questão do pertencimento desses indivíduos a seus novos territórios. Investigamos, ainda, de que maneira os textos situam-se nas obras dos autores, privilegiando a análise de seus desdobramentos estéticos, políticos e sociais. Palavras-chave: Sujeito, deslocamentos, migração, romance, (não) pertencimento, espaço, solidão.

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Entre o eu e os outros: enunciação e melancolia em Florbela Espanca, Noémia de Sousa e Ana Cristina Cesar Juan Filipe Stacul Universidade Federal de Viçosa juan.stacul@ufv.br No presente trabalho, pretende-se realizar uma investigação acerca das relações entre melancolia, enunciação e literatura, especificamente, em três grandes nomes da poesia contemporânea em língua portuguesa: Noémia de Sousa (Moçambique), Florbela Espanca (Portugal) e Ana Cristina Cesar (Brasil). Para tanto, foram selecionados textos em que se verifica a recorrência da dicção melancólica como traço constituinte da lírica de cada uma das poetisas. Pretende-se, com tal análise, verificar que a constituição de uma poética da melancolia nessas autoras, resguardados os devidos panoramas histórico-culturais, instaura-se no limiar entre os questionamentos existenciais do indivíduo e a crítica aos modelos institucionais e às questões políticas e sociais vigentes, estabelecendo um processo que reverbera uma melancolia coletiva na voz do eu-lírico. Palavras-chave: Melancolia, enunciação, Literatura Comparada.

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Forma e conteúdo: heroísmo e verdade histórica em questão Katrícia Costa Silva Soares de Souza Aguiar Universidade de Brasília katriciasilva_@hotmail.com Por meio de uma narrativa polifônica, o romance Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, transfigura, nas suas quase setecentas páginas, mais de três séculos da História do Brasil e alguns dos seus momentos mais marcantes. Retomando, dessa maneira, as histórias que estão na memória das personagens, numa representação do fluxo de consciência, que assim como o enredo, não se prende ou obedece a fixação de datas. A obra, assim, constitui-se um pronunciamento do seu respectivo autor sobre a realidade social, ao passo que ele escreve a partir do seu contexto a respeito de uma determinada conjuntura representada literariamente na obra. Todavia, como as comunidades não produzem um único modo de enxergar os acontecimentos, os episódios são apresentados na narrativa por meio de várias vozes, mostrando o ponto de vista da elite e a visão de mundo do povo. Assim, revela o discurso daqueles que foram silenciados pela historiografia oficial, transformando o objeto enunciativo em sujeito de enunciação. Diante dessas constatações, o objetivo desse trabalho é analisar de que maneira a relação entre forma e conteúdo no romance contribui para que João Ubaldo Ribeiro lance um olhar crítico sobre a sociedade brasileira e as relações de poder do país. Isso porque as diferentes formas como se deu o processo de heroicização das personagens na narrativa evidenciam o uso privativo da História em função dos interesses de grupos sociais, uma vez que o processo de construção, difusão e consolidação dos heróis ocorre segundo as intenções da elite. Palavras-chave: Literatura, forma, conteúdo, heroísmo, História.

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Fragmentos da memória para a construção identitária no conto Encontro de acaso, de Luandino Vieira, e no poema Para todos os dias, de Ana Cruz Bruna Carla dos Santos Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais brunakarlalee@yahoo.com.br A memória, como afirmam vários teóricos, dentre eles, Andreas Huyssen (2000), tornou-se um dos temas mais instigantes do mundo atual e peça chave para que entendamos que as nossas reminiscências precisam ser guardadas para se evitarem os danos provocados pela aceleração do presente em que vivemos. Pela memória unimos fatos acontecidos e sentimentos e retornamos a tempos diversos, unindo o moderno e o tradicional, a infância e a maturidade. O tema da memória ganha tratamento poético no poema “Para todos os dias”, da poetisa brasileira Ana Cruz, e no conto “Encontro de acaso”, do escritor angolano Luandino Vieira. Esses dois autores valem-se , na construção de seus textos, de fragmentos da memória de tempos diversos. Esse aspecto nos permite dizer que, nos textos de Luandino Vieira e Ana Cruz, a memória é o elemento que permite a recuperação de fatos do passado a leitura do presente, de tradições e histórias vividas. Tais cruzamentos, vistos à luz de teóricos como Andreas Huyssen, Maurice Halbwachs, Stuart Hall e de estudiosos como Eduardo Duarte e Maria Nazareth Fonseca, permitem que, através da memória, são fortalecidos traços de uma identidade fragmentária que se entrelaça a tempos passados e a momentos presentes. Palavras-chave: Memória, transformação, escrita literária.

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identidade

fragmentária,


Hiroshima mon amour (1960): poesia cinematográfica entre amor e guerra Maria do Socorro Aguiar Pontes Giove Universidade de Brasília mlle.pontes82@gmail.com O artigo, aqui proposto, averiguará se, por meio da relação entre literatura e cinema, intercâmbio este que caracteriza boa parte da produção literária e cinematográfica de Marguerite Duras, a escritora francesa inaugurou um novo gênero discursivo (TODOROV, 1980). Para isso, analisar-se-á o roteiro cinematográfico "Hiroshima mon amour" (1960) e o filme homônimo, dirigido por Alain Resnais. Investigar-se-á como a interpenetração dos dois campos artísticos - literatura e cinema atuou, direta e profundamente, na confecção do roteiro "Hiroshima mon amour" (1960), enriquecendo-o com características próprias da literatura, fato este que desencadeou o engendramento de um novo gênero discursivo. Mediante a definição do poético (Dufrenne, 1963), perceber-se-á que tanto o roteiro cinematográfico quanto o filme apresentam características próprias da linguagem poética, o que, a um só tempo, possibilita determinada renovação do roteiro cinematográfico e transmuta-o em um novo gênero discursivo. Palavras-chave: Gênero Marguerite Duras.

discursivo,

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literatura,

cinema,


História Literária: Uma História de Problemas Luiz Carlos Moreira da Rocha Universidade Federal de Viçosa luizcarlos.rocha@ufv.br Desde o seu surgimento, a história literária tem se mostrado uma disciplina eivada de conceitos e pressupostos teóricos calcados numa visão eurocêntrica e, por conseguinte, marcados pela ausência de postulados oriundos da maior parte das literaturas as quais a história literária planeava mapear. Dentre os imbróglios que emergiram ao longo da trajetória desta disciplina, destaca-se o pretenso status de científico pleiteado por muitos, bem como a problemática da periodização. Com isto, o presente ensaio visa traçar um panorama acerca dos problemas levantados por alguns de seus mais renomados exegetas e vislumbrar um novo modelo em consonância com a atual voga multicultural. Palavras-chave: História, literatura, multiculturalismo.

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Identidades ao vento: Da negação Ponciana à procura Venturiana Leonardo Gomes de Souza Universidade do Estado de Minas Gerais leonardogomes.jhs@gmail.com Fernanda Soares Wenceslau Universidade do Estado de Minas Gerais fernandasoaressw@outlook.com Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Ivete Monteiro de Azevedo Universidade do Estado de Minas Gerais imazevedo62@gmail.com Este trabalho deseja analisar as obras “Ponciá Vicêncio”, da brasileira Conceição Evaristo e “O vendedor de passados”, do angolano José Eduardo Agualusa, por meio do binômio identidade e cultura. Ponciá Vicêncio questiona seu nome, herdado do antigo senhor de seus avós. Nessa percepção de perda, desloca-se em busca de sua identidade - o que a leva a diferentes espaços culturais. A segunda obra, traz a história de Félix Ventura, criador de identidades para os que o procuram, o que coloca em cheque seu próprio processo de identificação e, por consequência, o sistema cultural da personagem. A pesquisa é iluminada por Hall (2015), Alves (2009), Le Bossé (2004). Palavras-chave: Literatura angolana, literatura brasileira, identidade.

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Jogo de cena - o espelho da vida Fernanda Maffei Moreira Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais fermaffei@yahoo.es Este trabalho discute como a metaficção se instaura no documentário Jogo de Cena (2007) do cineasta e documentarista brasileiro Eduardo Coutinho. Jogo de Cena baseia-se em 23 entrevistas com mulheres anônimas que espontaneamente aceitaram o convite para falar de suas experiências de vida. As histórias são interpretadas por atrizes talentosas que desempenham um papel decisivo ao apresentar os relatos das mulheres. O projeto de Coutinho é fazer com que os espectadores tomem consciência do processo criativo da ficção, destacando o fato de que a ficção provém de eventos da vida real. Portanto, é possível argumentar que ele faz uso de metaficção para abalar a distinção entre ficção e realidade. As principais leituras teóricas sobre o tema da metaficção são as de Linda Hutcheon e Wolfgang Iser. Palavras-chave: Metaficção, jogo de cena, ficcionalidade, realidade.

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Lar versus não-lar: a rua como esconderijo e lugar de fuga no romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende Renata Cristina Sant'Ana Universidade Federal de Juiz de Fora recsantana2013@gmail.com No contexto de um mundo em movimento e em relação, tem-se um sujeito que se encontra para além dos confinamentos em seus espaços de origem, postos de frente às imprevisibilidades que esta abertura pode lhes proporcionar. Trata-se do sujeito deslocado da contemporaneidade e suas vivências identitárias marcadas por conflitos e negociações de ordem interna e externa. À luz de Edward Said (2003) e Stuart Hall (2001, 2003), busco neste trabalho apresentar uma discussão em torno das teorias críticas contemporâneas da identidade, considerando a relação sujeito/lugar e as questões sociais e culturais que subjazem e permeiam essas relações. Trata-se de uma análise da representação do sujeito deslocado em Quarenta Dias, de Maria Valéria Rezende (2014), obra que apresenta em sua trama uma narradora-personagem que vivencia o processo de migração interna, o que traz à baila questões envolvendo o sujeito deslocado da contemporaneidade, aquele que por razões diversas apresenta-se em trânsito, cruzando fronteiras regionais, culturais e sociais. Frente a essa dinâmica e suas questões, tem-se os elementos responsáveis pelos conflitos identitários gerados pela ausência do sentimento de pertença a um novo lugar, e as negociações identitárias necessárias à essa nova condição de existir em um espaço “fora do lugar”. Através deste estudo, observou-se que o objeto literário em pauta não se demite das discussões em torno da realidade que permeia a condição humana e os conflitos advindos de situações sociais que geram dispersão e mudança de vida. Palavras-chave: Literatura contemporânea, identidade, espaço, migração.

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Leitura(s) de Clarice Lispector: Pós-estruturalismo e transnacionalismo em ensino de Literatura Brasileira em Português Língua Adicional (PLA) Melissa Rubio dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Sul melrubio@gmail.com O presente artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de ensino pós-estruturalista de Literatura Brasileira tendo como corpus literário uma seleção de obras de Clarice Lispector. (A Paixão Segundo G.H., O Mistério do Coelho Pensante- e A Vida íntima de Laura). A abordagem das obras de Clarice Lispector se dará a partir da Teoria Pós-Estruturalista, tendo como foco a noção de différance, do filósofo Jacques Derrida, uma vez que este elemento se destaca nos múltiplos jogos de linguagem no texto de Lispector. Para a escrita deste artigo, estabeleço diálogos entre diferentes campos, tais como Ensino de Literatura Brasileira, Teoria da Literatura e Linguística Aplicada. Sendo assim, para tecer a proposta de ensino “Leitura(s) de Clarice Lispector”, tenho as seguintes questões como norteadoras para a minha pesquisa: 1. Como se configura o ensino de Literatura Brasileira no cenário do Português Língua Adicional (PLA), considerando alunos provenientes de diversos países e universos culturais? 2. Como apresentar e propor aos alunos uma nova leitura de obras da Literatura Brasileira? 3. Como apresentar o texto literário pós-estruturalista de Clarice Lispector para alunos que estão em processo de aprendizagem da língua portuguesa? 4. Como estabelecer o olhar transnacional no estudo das obras de Clarice Lispector na disciplina Literatura Brasileira? O artigo tem como referenciais teóricos Earl E. Fitz (Sexuality and Being in the Poststructuralist Universe of Clarice Lispector: The differánce of desire), Jacques Derrida (Positions, Margens da Filosofia) e, na Linguística Aplicada, as pesquisas de Ana Amália Alves da Silva e Neide Tomiko Takahashi. Palavras-chave: Ensino de Literatura Brasileira, PósEstruturalismo, Português Língua Adicional, Teoria da Literatura.

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Literatura e Tecnologia na sala de aula: a mediação do professor na formação do leitor de textos literários Estela da Silva Leonardo Universidade Federal de Viçosa estela.s.leonardo@gmail.com Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de Literatura na perspectiva da formação do leitor de textos literários, relacionando a prática da leitura com o contexto digital e as tecnologias como instrumentos pedagógicos. Para embasamento teórico, selecionamos autores da Educação e Literatura e Ensino, e também aqueles que discutem a utilização de tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem. Como metodologia, realizamos uma pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com seis professores de Língua Portuguesa e Literatura da rede pública e da rede particular da cidade de Viçosa (MG) e dez estudantes de licenciatura em Letras da Universidade Federal de Viçosa (MG). A participação dos entrevistados norteou o planejamento dos roteiros didáticos empregando recursos tecnológicos para o ensino de Literatura. Podemos concluir que, na educação, tanto o professor quanto os alunos, ainda estão em um caminho de transição com impasses e desafios, no que diz respeito ao ensino de Literatura sob a perspectiva da formação do leitor e da relação entre esse ensino e o das novas ferramentas digitais e tecnológicas. Dessa forma, é preciso fortalecer o uso das tecnologias nas práticas pedagógicas para garantir o amplo acesso à Literatura e formar alunos/leitores mais envolvidos com a arte. Nesse sentido, essa pesquisa demonstrou que o professor, em constante crescimento profissional, é o balizador da qualidade do ensino da Literatura, seja no uso da tecnologia, seja na prática social de leitura. Palavras-chave: Literatura, ensino, tecnologia, formação do leitor, professor.

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Marcas de ficcionalidade em diferentes gêneros textuais Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Ivete Monteiro de Azevedo Universidade do Estado de Minas Gerais imazevedo62@gmail.com Davison Nazaré Pires Faculdade de Direito e Ciências Sociais do Leste de Minas davisongs1981@hotmail.com A literatura está longe de ser um gênero discursivo à parte, pois nas mais diversas situações cotidianas pode ser encontrada, a saber: numa história em quadrinhos, numa telenovela, numa canção popular. Nesses termos, propomos, neste artigo, um estudo que contemple a presença do literário nesses diferentes gêneros textuais. O trabalho será produtivo, pois muitos alunos não se sentem motivados a entrarem em contato direto e imediato com uma obra literária. A apresentação de marcas de literariedade em textos que os alunos manipulam diariamente poderá fomentar o desejo da leitura. Para adentrarmos tal empresa, estudaremos sobre literatura e MPB, Literatura e telenovela, literatura e jogos eletrônicos, a partir dos estudos de Dolz (2004), Rojo (2012) principalmente. Palavras-chave: Literatura, MPB, telenovela, jogos eletrônicos.

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O deus cruel em Caim de José Saramago Marcella Gava Grillo Universidade Federal de Viçosa marcellagrillo@hotmail.com O presente trabalho investiga a presença do deus cruel no livro Caim (2009), do escritor português José Saramago, ganhador do Nobel, tendo como objetivo analisar como se dá a relação entre Deus e o homem e como estes sujeitos se constroem dentro da narrativa saramaguiana. Metodologicamente, desenvolve-se uma análise teórico-crítica da obra saramaguiana, tendo em vista outras leituras teóricas de textos que abordam o estudo do autor e sua relação com o divino na perspectiva judaico-cristã. A análise é desenvolvida através da busca e seleção de momentos da obra que pudessem revelar a materialização de um Javé cruel e desumano, possibilitando o estudo do confronto entre Caim e deus, e como essa relação define os personagens em questão. Exploramos, para tanto, os núcleos temáticos sobre as obras do autor português, sua linha de força e a questão espiritual que aparecem em diversas obras, como o comentado por Martins (2014) e Ferraz (2003). Vislumbramos, através dos resultados, que a obra Caim permite ricos e amplos diálogos entre Literatura e o discurso religioso, assim como desperta inúmeras outras possibilidades para o estudo das obras saramaguianas e dos diversos caminhos desse autor. Palavras-chave: Literatura portuguesa, José Saramago, religião, mito.

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O lúdico no processo de ensino-aprendizagem: uma análise das aulas de Literatura no Ensino Fundamental Fernanda Abreu Gualhano Universidade do Estado de Minas Gerais fernandagualhano@hotmail.com Laynara Viana Tavares Universidade do Estado de Minas Gerais laynaraviana2710@gmail.com Bruna Martins de Oliveira Universidade do Estado de Minas Gerais brunamartinso258@gmail.com Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com O processo de ensino-aprendizagem, principalmente, das crianças requer muita atenção e versatilidade, pois essas estão em constante desenvolvimento cognitivo e prezam pelo diferente. Sendo assim, a incorporação do lúdico na prática docente traz diversos benefícios para os alunos, como: interesse, confiança, curiosidade e criatividade. A ideia surge quando se percebe que em pleno século XXI, com tanta modernidade e informação, a maioria das aulas de Literatura continua com as mesmas estratégias metodológicas, o que, de fato, propicia o não desenvolvimento crítico, cultural e social no discente. Embasamos, sobretudo, nas concepções tratadas por Bauman (2011), Comte (1973), Dolz e Scheneuwly (2004), Luckesi (1994) e PCNS (1998). A pesquisa foi híbrida; no entanto, utilizou-se da abordagem bibliográfica e qualitativa, por meio de questionário e entrevista semi-estruturada em duas turmas do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola E.E.E.M, Carangola. O resultado foi pertinente visto que observou-se um interesse e pedido dos alunos por aulas menos metódicas e mais recreativas; vale ressaltar que também foi temível, pois tomamos ciência que nessa escola apenas o 6º ano do Ensino Fundamental possui a matéria Literatura. Palavras-chave: Literatura e ensino, Ensino Fundamental, aulas lúdicas.

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O olhar urbano de Zuenir Ventura: aspectos semióticos presentes na obra Cidade Partida Taís de Souza Alves Coutinho Universidade do Estado de Minas Gerais taisalvesuba@gmail.com Este trabalho tem como proposta estudar no livro “Cidade Partida”, de Zuenir Ventura, o olhar do escritor/jornalista sob os fatos que marcaram a década de 90, no Brasil e que estão presentes na escritura do autor. A partir de um olhar cinematográfico e pós-moderno, o escritor narra sua experiência vivida como repórter observador da realidade, e, ao mesmo tempo, participante dela. Pretende-se fazer uma abordagem semiótica dos textos, apontando os principais códigos utilizados por Zuenir para imprimir seus pontos de vista como os códigos culturais do período, do saber humano e da opinião pública sobre os fatos narrados. Além disso, é importante abordar o campo simbólico como traço da linguagem utilizada que é capaz de levar o leitor a se deslocar e “entrever” uma outra cena que não aquela enunciada como acreditamos lê-la. (BARTHES, 2001, p. 335) A ideia é fazer a leitura do jogo manifesto no texto proposto, verificando-se como o autor trabalha a realidade, ao transpor para a literatura os fatos vividos em uma experiência real. Palavras-chave: Cidade Partida; Zuenir Ventura; semiótica.

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Pelas periferias do Brasil... uma escrita pós-autônoma Fernando Reis de Sena Universidade Estadual de Santa Cruz ffrsena@gmail.com A literatura brasileira contemporânea, mais especificamente a produzida fora da cena escrita, como a dos grupos alijados pela cultura hegemônica, tem se caracterizado por seu caráter testemunhal, confessional e, sobretudo pela força política que dessacraliza os discursos totalizantes, citadinos e oriundos das classes média e alta, predominantemente branca e masculina. Deste modo, este estudo pretende discutir, a partir da produção de autores de periferia, a cartografia imaginária da cidade do presente, bem como refletir sobre a escrita pós-autônoma, conforme especula Josefina Ludmer (2013). Além de esboçar algumas resoluções à representatividade destes grupos na escrita contemporânea. Palavras-chave: Literatura brasileira contemporânea, autores de periferia, representação de cidade.

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Políticas públicas de incentivo à leitura literária nas séries finais do ensino fundamental: um diálogo com o PNLD e os PCN Daiani Pignaton Souza Silva Universidade Federal do Espírito Santo daianipignaton@hotmail.com Integrando parte dos estudos do Grupo de Pesquisa Literatura e Educação (http://www.literaturaeeducacao.ufes.br/), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e inserido na linha de pesquisa Literatura e Expressões da Alteridade, do Programa de Pós-Graduação em Letras da Ufes, este trabalho, que conta com dados de nossa dissertação de mestrado (em andamento), busca analisar a leitura literária a partir dos livros didáticos de língua portuguesa das séries finais do ensino fundamental, e se debruça sobre uma leitura atenta dos documentos oficiais, em diálogo com as políticas públicas que regem o acesso ao livro didático. A proposta deste trabalho é demonstrar como a literatura vem sendo tratada em ambiente escolar (por meio do material didático) e assim, identificar o lugar ocupado pela literatura, desde o momento de escolha dos livros didáticos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), até sua chegada nas escolas, dialogando com os direcionamentos dos PCN para a área literária, e o impacto que os modos de apropriação dos textos literários pelos livros didáticos provocam. Para as análises, contaremos com os dados obtidos no trabalho de conclusão de curso, intitulado "A literatura nos manuais didáticos de ensino fundamental: a coleção Para Viver Juntos (6º e 7º anos)", apresentado em 2013 ao Colegiado de Letras da Ufes, e também com os dados de nossa pesquisa de mestrado, que está em desenvolvimento, obtidos em três coleções didáticas de língua portuguesa, nos volumes de sexto e sétimo anos, são elas: "Português: Linguagens", "Para Viver Juntos" e "A Aventura da Linguagem", todas aprovadas no edital 2014 do PNLD. Dialogando com Leahy-Dios (2000), propomos uma educação baseada na literatura, a "educação literária", e manifestamos nosso interesse em dialogar e buscar alternativas para uma nova forma de pensar a literatura nas escolas, fazendo com que “o direito à literatura”, que nos propôs Antonio Candido (1995), seja garantido aos nossos discentes. Palavras-chave: Literatura, educação literária, políticas públicas.

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Ponciá Vicêncio: um olhar geoliterário sobre a obra evaristiana Jeferson José de Oliveira Pinheiro Universidade do Estado de Minas Gerais jefersonflaja2015@gmail.com Leonardo Gomes de Souza Universidade do Estado de Minas Gerais leonardogomes.jhs@gmail.com Lídia Maria Nazaré Alves Universidade do Estado de Minas Gerais lidianazare@hotmail.com Matheus Vieira Barbosa Universidade do Estado de Minas Gerais matheusvbarbosareal@gmail.com Este artigo fundamenta-se na geocrítica com o foco na topoanálise a fim de perceber com mais atenção como, na construção da obra evaristiana, os geoconceitos de lugar, espaço, paisagem, região e território mantêm diálogos entre si e, devido também a isso, possibilitam uma reflexão acurada acerca dos movimentos e impasses a que a personagem está submetida durante toda a narrativa. A análise dos geoconceitos no interior de obras literárias permite que o crítico entenda os movimentos próprios da linguagem em reflexo do contexto em que se encontra os diversos personagens da obra. Em última análise, estudar esses conceitos, é perceber as múltiplas realidades que, pela pena evaristiana, querem ganhar vez e voz. Iluminam este trabalho os teóricos Hall (2015), Costa e Rocha (2010), Alves (2009), Mello (2001) e Dardel (2015). Palavras-chave: Geocrítica, topoanálise, Ponciá Vicêncio. 43


Reescrita poética: uma estética literária contemporânea Renato Teixeira Bressan Grupo Andrade Martins reenquadro@gmail.com Este artigo tem como objetivo analisar 3 (três) projetos culturais e literários que criamos nos últimos anos, a saber: (a) #ReLet, (b) Re Ching e (c) Reenquadro. Além de apresentar um histórico sobre cada um, serão realizadas comparações e contextualizações, de modo a ampliar o conhecimento sobre as técnicas de criação utilizadas, a fim de identificar suas características em comum e situar os traços de estilo mais marcantes. Trabalha-se com a hipótese de que o percurso literário colocado em prática constitui uma espécie de ReEscrita Poética (ou Escrita Poética via “Re-”), a qual dialoga com a Literatura Contemporânea e pode contribuir para um entendimento da mesma. Palavras-chave: Literatura Contemporânea, poesia, prefixo Re-.

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Reflexões sobre a prática docente no ensino superior: experiências no ensino de literatura Giovana Berbert Lucas Universidade Federal de Viçosa giovanaberbertl@gmail.com A prática docente no Ensino Superior, por vezes, tem sido preterida para dar lugar à formação do pesquisador, desvinculando o ensino da pesquisa, que deveriam andar juntos. Considerando esta situação comum às Universidades brasileiras, este trabalho busca trazer reflexões por meio de revisão bibliográfica e de entrevistas com quatro professores que atuam há mais de dez anos no Ensino Superior, trazendo ao leitor considerações e experiências acerca do fazer docente, levantando outros questionamentos e problemáticas que envolvem o ensino de Literatura nos mais variados níveis educacionais. Palavras-chave: Prática Pedagógica, Ensino Superior, Reflexão da prática docente, Ensino de Literatura.

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Representações identitárias no romance angolano Uma escuridão bonita, de Ondjaki Thaíse de Santana Santos Universidade Federal de Viçosa thaisedesantana@yahoo.com.br Esta comunicação propõe uma análise da obra Uma escuridão bonita (2013), do escritor angolano Ondjaki. A referida obra é classificada como um romance infanto-juvenil, ilustrada pelo desenhista português António Jorge Gonçalves. O objetivo deste trabalho consiste em investigar as representações identitárias presentes na narrativa, a partir da metáfora da escuridão e análise da oralidade. A metáfora configura-se no cenário pós-guerra angolano, no qual muitas pessoas da periferia vivem sem luz elétrica. As histórias partilhadas pelo casal de adolescentes, protagonistas da narrativa, transformam esse cenário precário em um espaço de afeto e partilha de sonhos. Para o desenvolvimento do trabalho, adotou-se o método de pesquisa bibliográfica de cunho analítico-descritivo e os fundamentos teóricos dos estudos pós-coloniais. Os principais resultados apontam para o reconhecimento da complexidade dos processos identitários angolanos. Desse modo, conclui-se que a literatura, para além dos seus objetivos linguísticos e estéticos, apresenta-se como um espaço privilegiado na construção/imaginação de um ideário nacional. Palavras-chave: Representações Literatura Angolana Contemporânea.

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identitárias,

Narrativa,


Tradição e ruptura em Paulo Henriques Britto Suzel Domini dos Santos Universidade Estadual Paulista - São José do Rio Preto su.domini@yahoo.com.br Paulo Henriques Britto surgiu no panorama da poesia brasileira no ano de 1982, com a publicação do livro Liturgia da matéria, que foi seguido, até este momento, pela publicação de outros cinco trabalhos poéticos, sendo eles Mínima lírica, de 1989, Trovar claro, de 1997, Macau, de 2003, Tarde, de 2007, e Formas do nada, de 2012. Entre os elementos que constituem as peças-motrizes da poesia de Paulo Henriques Britto, destacamos dois. O primeiro desses elementos é um discurso altamente irônico que destila, de maneira ácida e rasgada, um forte sentimento de descrença e apatia em relação à vida, ao mundo e à própria palavra poética. Já o segundo, diz respeito ao modo como o poeta aciona recursos mais tradicionais, ou clássicos, de construção do verso, como, por exemplo, a forma fixa, a rima e o metro. Notamos que a coexistência desses dois elementos constitui uma tensão dentro da poesia de Britto, e tal tensão, por sua vez, engendra um espaço poético que encena a possibilidade do surgimento de um mundo novo. A modernidade lírica traz, entre seus pontos de força, a luta que o poeta trava por conseguir elaborar um modo próprio de articulação estética de dois aspectos. Um: o desejo de reorganização do mundo por intermédio da palavra poética. E dois: a consciência clara e irônica dos limites de criação da palavra poética. Tendo em vista tais considerações, apresentamos como objetivo, aqui, o desenvolvimento da hipótese de que Paulo Henriques Britto herda esse traço da modernidade. Se, por um lado, o discurso que caracteriza sua poesia conduz o leitor a uma ideia de esvaziamento, impotência e impossibilidade, a musicalidade dos versos, por outro lado, faz passear na aridez desse discurso o vulto da possibilidade de surgimento de um mundo novo. Palavras-chave: modernidade.

Paulo

Henriques

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Britto,

poesia

brasileira,


Transversalizar poéticas, redesenhar sentidos: ferramentas de intervenção na poesia brasileira contemporânea Douglas Rosa da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul douglasrosa.per@gmail.com

O presente estudo ocupa-se, sobretudo, de pensar os escritos poéticos da nova geração de poetas do Brasil, em especial, a poesia escrita por mulheres. Neste bojo de dicções singulares e irrestrita variedade de estilos, investiga-se, em específico, a interpenetração de distintos recursos, suportes e plataformas que se unem e auxiliam na difusão do poema para além das páginas dos livros. Com este intento, focalizam-se traços precisos nos escritos poéticos de Angélica Freitas, Elisa Lucinda e Mel Duarte. Discute-se, sob este prisma, o desenvolvimento de uma poesia das intermedialidades, dada a partir de uma relação múltipla e híbrida das linguagens. As intervenções, neste sentido, configuram-se para enriquecer a propulsão e mediação poética, e não para denegri-la. Analisam-se, ainda, as temáticas exploradas pelas poetas, a fim de tornar notória as percepções subjetivas que emergem da palavra poética. Questiona-se, mediante as explanações, se há no presente um contínuo refundir dos modos de fazer poesia, modo este que se atrela com as possibilidades resultantes de novos contextos socioculturais. Na conclusão, aponta-se que a poesia brasileira contemporânea de autoria de mulheres possui autêntico vigor para transversalizar poéticas e redesenhar sentidos. Palavras-chave: Poesia contemporânea, ferramentas poéticas, autoria de mulheres. 48


Um mundo de trabalhadores esse Mundo Inimigo (2005) de Luiz Ruffato Camila Galvão de Souza Universidade Federal de Viçosa camigalvaos@gmail.com Joelma Santana Siqueira Universidade Federal de Viçosa jandraus@ufv.br O mundo do trabalho tem estado ausente de boa parte da narrativa brasileira contemporânea. Pode-se dizer que o trabalho tem sido um assunto silenciado e o trabalhador ignorado na atual ficção brasileira. Tendo esse tema em vista, pretende-se analisar no romance O mundo inimigo (2005), de Luiz Ruffato, a trajetória de diferentes personagens trabalhadores a partir de questões importantes que envolvem o trabalho no mundo moderno e aspectos relevantes sobre a personagem na narrativa brasileira contemporânea. Palavras-chave: Trabalho, personagem de ficção, romance brasileiro contemporâneo, literatura e sociedade.

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Uma análise do conto “Cadeira”, de José Saramago: a literatura em dois planos Francyane Canesche de Freitas Universidade Federal de Viçosa francyanefreitas@gmail.com Este artigo visa trabalhar o conto “Cadeira”, de José Saramago, presente no livro "Objecto Quase", publicado em 1978, entendendo-o dentro da perspectiva das narrativas pósmodernas. Sendo assim, analisaremos como o escritor português vale-se a ironia como mecanismo para a criação de um segundo plano na narrativa curta – o plano do real – fazendo dela um texto de caráter paródico. Saramago se vale, também, de outros mecanismos textuais como a metáfora, a metalinguagem, a intertextualidade, as divagações e as associações que, aliados à ironia, afirmam o enquadramento do conto na fragmentada estética pós-modernista. Por este ângulo, vemos a exigência de uma presença mais significativa do leitor no que tange à interpretação destes mecanismos, conferindo a ele o reconhecimento da relação entre os dois planos construídos pelo autor: o real e o ficcional. Palavras-chave: Saramago.

Ironia,

paródia,

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Pós-Modernismo,

conto,


“Sucupira vai às urnas” - sátira e censura na televisão brasileira Priscila Paschoalino Universidade do Estado de Minas Gerais priscilapaschoalino@yahoo.com.br Dias Gomes desenvolveu um impulso crítico e renovador frente à conjectura social do país. Iniciou um processo de leitura da realidade, que se configurava de maneira inovadora, levando para a televisão o gosto pela ruptura, pelo absurdo e pela sátira. O envolvimento com questões políticas marcou a obra satírica do autor que, em busca de espaço para sua arte, burlava as convenções e a censura impostas pelo governo militar. As novelas e séries de Dias Gomes eram as vozes dissonantes da aldeia global. Ao convocar Odorico Paraguaçu para ironizar e, ao mesmo tempo, corrigir os desvios sociais, o autor abriu um respiradouro para a massa brasileira que, ao rir de si mesma, reconhecia a realidade social na TV. Neste trabalho, investiga-se as relações entre a mídia e o poder político e as peculiaridades desse encontro nos anos de eleição, que são o alvo da sátira de Dias Gomes, responsável por desnudar e desmitificar o comportamento antiético dos políticos brasileiros por meio de Odorico Paraguaçu. Palavras-chave: política, humor, dialogismo.

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O livro virtual Conexão Literária 2017: caderno de resumos, publicado pela Clock-Book, está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Baseado no trabalho disponível em http://brazilianstudies.com/conexaoliteraria/r esumos/.

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