Gilberto Guimarães, coordenador do centro de saúde do Cadaval
«Estamos mais preparados do que estávamos há um ano atrás» Um ano após a reinstalação do centro saúde do Cadaval e ainda em contexto pandémico, falámos com Gilberto Guimarães, atual coordenador da Unidade de Cuidados de Saúde Primários do Cadaval. Para o clínico, o equipamento apresenta bons recursos materiais e humanos, faltando apenas mais médicos para uma resposta cabal e atempada.
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No que se refere ao número de médicos, Gilberto Guimarães considera que a unidade cadavalense está muito melhor do que estava quando chegou. «Tínhamos a Dra. Fernanda e o Dr. Primor, e depois o auxílio de duas cole- ÂÂ «No Cadaval, as pessoas têm tido um comportamento cívico adequado» gas contratadas, a Dra. Hortense e a Dra. Nigdalis. As coisas estão muito melhores agora, porque temos para ir às sedes ou às extensões, ou então os próprios servimais três profissionais médicos novos, que sou eu, a Dra. Ana ços deslocam-se a casa dessas pessoas», aponta. «Nós, para Filipa e a Dra. Ana Luísa», nota. já, não temos ainda capacidade médica. Normalmente, o O clínico manifesta-se satisfeito com as condições do novo atendimento ao domicílio que fazemos é aos nossos utencentro de saúde. «A sala de reuniões é uma sala pequenina tes», explica, acrescentando que o que mais se faz, de mopara a equipa toda, mas tirando isso os gabinetes são fantás- mento, nas UMS, são cuidados de enfermagem. ticos. Aliás, o centro de saúde é totalmente novo, e nós não Questionado sobre a eventual reativação de extensões lonos podemos queixar de termos falta de material, pois temos cais, considera difícil ela vir a acontecer. «As extensões têm tudo o que é necessário. A equipa também é muito boa, na custos muito altos, porque tem de lá estar um médico, um sua globalidade. Também temos muito bons elementos de enfermeiro, uma secretária clínica e uma auxiliar de limpeenfermagem e secretárias clínicas, num número que me pa- za», avança. «Aquilo que as povoações efetivamente retiram rece razoável. Efetivamente, aquilo que mais faltava eram de benefícios é quando um dos outros profissionais, médico os profissionais médicos, mas isso está-se a mudar», afirma. ou enfermeiro lá vai, e normalmente vai poucos dias. Temos «Nós precisamos de mais profissionais médicos, porque te- de ponderar se estes custos não são mais elevados do que, mos à volta de 14 mil utentes, com os das extensões, e ainda muitas vezes, fazer com que essas pessoas possam ser transtemos à volta de 3500 utentes sem médico de família. Por portadas para as sedes». É de opinião, todavia, que as duas isso, precisamos de mais um ou dois médicos para completar extensões que existem fazem sentido, por se encontrarem a equipa, para que possamos dar uma resposta atempada a «muito afastadas». todos os utentes», salienta. Relativamente ao funcionamento do centro de saúde em O caso das extensões locais de saúde também não é diferen- contexto Covid-19, considera ter havido uma boa adaptação te. «Veja-se, por exemplo, a extensão de Figueiros, em que da unidade e respetivos profissionais. «Os utentes acabaram temos uma médica contratada que lá vai apenas duas vezes por perceber que tínhamos de remodelar a forma assistenpor semana, com uma área de influência a rondar os 1100 cial e desmarcar muitas consultas, para vermos os casos mais utentes. Ou seja, dois dias por semana é muito pouco. E mes- graves», conta. «Montámos um sistema de triagem que immo no Vilar, com um médico de baixa e muitos utentes ainda pede a entrada de pessoas com suspeitas de Covid, que possem médico, a serem assegurados pela Dra. Hortense, pro- sam contaminar algum dos elementos da equipa, e depois vavelmente a resposta também não é a melhor. Daí que, nos ter de toda ela ir para casa». próximos concursos, se vierem mais médicos para o Cadaval, O responsável considera muito positiva a dinâmica criada essas necessidades possam ficar supridas», observa. com o ACES Oeste Sul. «Permitiu-nos direcionar pessoas com Relativamente à Unidade Móvel de Saúde, que no Cadaval suspeitas respiratórias para outras áreas, e, neste caso, a esfoi implementada em 2017, entende ser uma realidade mui- colhida foi a ADC da Lourinhã», nota. «Aquilo que se pede a to importante «para dar cobertura a pessoas que estão mais uma Área Dedicada ao Covid-19 é que exista uma entrada distantes e que, por vezes, não têm outra possibilidade de se diferente para as pessoas com queixas respiratórias, a que deslocar aos centros de saúde». «Com o fecho de extensões, chamamos Área Contaminada. Ora, nós no Cadaval temos tem de se promover a acessibilidade aos cuidados de saúde uma entrada única e, como tal, fica muito difícil fazer duas dos utentes muito afastados. E acho que há duas possibilida- áreas separadas. A vantagem da Lourinhã é ter mais do que des: ou se consegue proporcionar transporte a esses utentes, uma entrada no edifício. Esse penso que foi o principal moti-