Revista Municipal Nº 71

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junho 2021 Horácio Matias e Artur Luís, elementos da União dos Amigos de Palhais

«Quando se trata de fazer algo que enalteça a terra, o povo junta-se e dá as mãos»

A União dos Amigos de Palhais festejou, a 26 de dezembro de 2020, 50 anos de fundação. Dois dos seus mais antigos elementos contam como, através da grande entrega do povo, foi possível chegar até aqui e acreditam que a coletividade tenha condições para continuar.

parar pra conversar

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Nesta viagem às origens e pelo percurso da União dos Amigos de Palhais (cuja atual presidente da direção é Rosa Diogo), falámos Â  Artur Luís e Horácio Matias recordaram, com saudade, as origens da UAP com dois dos elementos mais antigos da vida da associação. Horácio Matias, que pertenceu à primeira di- sempre a casa e temos de recusar pessoas, sempre com um reção e atual presidente da Assembleia-Geral, e Artur Luís, elenco artístico de primeira categoria. E muita gente de fora», que só não fez parte da direção fundadora por se encontrar adianta. «Tem-se mantido a casa em atividade quer seja com no Canadá, na ocasião. No entanto, fez parte da maioria das jantares, almoços, batizados ou casamentos. Até gravações direções, das quais, por diversas vezes, foi presidente. Atual- de conjuntos se fizeram aqui, por causa da acústica da casa», mente é secretário da Assembleia-Geral. realça Horácio. As origens da União de Amigos de Palhais (UAP) devolvem «Um disco dos Mão Morta foi feito aqui nesta casa», compleHorácio Matias aos seus saudosos 27 anos, idade em que já menta Artur. «A festa do lançamento do disco foi também pertencia à então comissão. «A UAP nasce das grandes festas aqui, e foi uma festa espetacular, que até fui eu que organizei. que se fizeram em Palhais», avança. «E foram únicas porque O produtor era um amigo de Palhais, o José Fortes. Vieram nunca mais se fez nada igual no Concelho! Quer em orna- jornais de Lisboa e tudo, foi impecável!», realça. mentação, quer em conjuntos. Tínhamos um elemento que Sobre este assunto, Adolfo Luxúria Canibal, por ocasião do trazia de Lisboa as melhores orquestras que havia», lembra. cinquentenário da UAP, deixava a seguinte mensagem à as«A estrada, nessa altura, era cheia de buracos. Chegámos a sociação: «Foi em finais de agosto de 1995 que José Fortes nos ter de fazer um estrado de madeira, na estrada, para as pes- deu a conhecer a associação, instalando um estúdio móvel na soas poderem dançar. Mas nós juntávamos, lá em cima no sua sede para, aproveitando as cuidadas condições acústicas largo, milhares de pessoas… Vinham de propósito ver a or- do seu salão, aí misturar o que viria a ser o nosso 6.º álbum, namentação que, naquela altura, anos 70, dava um aspeto “Mão Morta Revisitada”. Que a 19 de outubro desse ano seria extraordinário à aldeia», prossegue Horácio. «Era impensável também aí apresentado, numa vasta campanha mediática contratar artistas para aldeias como Palhais», refere. Mas é da então BMG, que reuniu, no salão da União dos Amigos de infindável a lista de artistas e conjuntos de renome que elen- Palhais, mais de meia centena de jornalistas e fãs numa festa cam, ao passo que Artur manuseia antigos prospetos. com copioso jantar seguido de um concerto no palco com que A festa pagava-se com o rendoso peditório que era feito ao está apetrechado e onde tocámos o disco (…). Para nós foi uma povo. «Na altura, tínhamos já alguns emigrantes a manda- noite inesquecível, como inesquecível foi esse verão com o José rem dinheiro da América, do Canadá, da França… Apoiavam Fortes em Palhais às voltas com as misturas de “Mão Morta Rea comissão porque sabiam o impacto da festa no Concelho visitada”… Parabéns UAP!». e fora dele. Pagávamos as despesas e ainda tínhamos so- Horácio não tem dúvidas quanto à longevidade alcançada bras. Hoje estou convencido de que, tirando as tasquinhas pela União. «Deve-se sobretudo ao amor que pessoas como da Murteira, não há nada no Concelho igual ao que aqui se o Artur e tantos outros tiveram para com a UAP. Foi uma enfazia», entende Horácio. «Sinto grande orgulho em ser de trega total; eu tenho conhecimento de várias associações Palhais e estar vivo, no descerrar da lápide dos 50 anos. Eu e poucas vezes tenho visto amor a uma causa como esta! sinto uma grande alegria, e tive oportunidade de dizer isso Quer sejam os mais jovens, mulheres ou homens… tiveram na ocasião, em que esteve o Sr. Presidente da Câmara, a Junta sempre uma dedicação forte a esta casa. A longevidade vem de Freguesia do Vilar e a direção da UAP. A nossa União é uma daí», sublinha, assinalando que, apesar da população vir diunião que está viva. Até vir a pandemia, esteve sempre viva, minuindo, tem-se mantido sempre o quórum para a direção, com várias atividades. Fazemos uma noite de fados que é para a assembleia-geral e para o conselho fiscal», diz. uma coisa quase histórica, aqui para a nossa zona. Enchemos «Os resultados positivos alcançados com a gestão da casa


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