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um movimento associativo cada vez mais forte

São um pilar social e de desenvolvimento. A base do seu trabalho reside na dedicação de centenas de pessoas que todos os dias dão o máximo por aquilo em que acreditam. As suas conquistas são o lado mais visível de um contributo inestimável para o bem-estar de todos.

o desporto à cultura, passando pela solidariedade social, promoção da cidadania e proteção de pessoas e bens, são muitas as áreas de intervenção do movimento associativo, cujo papel na coesão social e desenvolvimento do concelho é ampla e merecidamente reconhecido, tal como é o seu contributo inestimável para a projeção e prestígio de Sesimbra em Portugal e no estrangeiro.

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Parceria entre a autarquia e o movimento associativo

A Câmara Municipal de Sesimbra assegura, há muito, um conjunto de apoios ao abrigo do programa de Apoio ao Associativismo Sesimbrense, essenciais para que estas estruturas possam desenvolver as respetivas atividades.

Estes apoios estão suportados em protocolos de cooperação ou, no caso do desporto, em contratos-programa de desenvolvimento desportivo, enquadrados do Regulamento Municipal de Apoio Financeiro ao Asso ciativismo Des portivo. As Instituições Particulares de Solidariedade Social e associações que operem na área da ação social beneficiam igualmente de parcerias com a autarquia ao abrigo do Programa de Apoio a Associações Promotoras de Atividades de Âmbito Social.

Os apoios financeiros destinam-se, por exemplo, à beneficiação e construção de instalações, aquisição de equipamentos, viaturas e material didático, dinamização de atividades regulares e não regulares, ou ainda, à formação de técnicos e dirigentes.

As doações podem ir desde materiais para obras de conservação ou melhoramento, a ma- terial didático ou destinados ao desenvolvimento da função sociocultural da instituição.

Nas cedências estão incluídos terrenos para construção de equipamentos, instalações, ou ainda, serviços de viaturas e máquinas. Estes apoios podem ir até aos 75 por cento, dependendo do fim a que se destinam, e são concedidos mediante o cumprimento de um conjunto de requisitos.

Para a implementação de novas atividades de caráter cultural, desportivo ou social no concelho de Sesimbra, o apoio pode ser superior.

Anualmente as contribuições da autarquia para o movimento associativo representam centenas de milhares de euros. É, com certeza, um investimento seguro na comunidade.

Associativismo em números

Das 140 associações apresentadas no Estudo de Caraterização do Movimento Associativo, em 2022, perto de 70 estão sediadas na freguesia da Quinta do Conde. No Castelo são mais de 40 e, em Santiago, mais de 30. Entre elas, destacam-se as de natureza desportiva, cultural e social que, em conjunto, representam quase 80 por cento do total. Cerca de 35 por cento tem instalações próprias e viaturas.

Pelo que foi possível apurar neste estudo, e tendo em conta as respostas obtidas que representam, aproximadamente, 80 por cento do universo total de coletividades, estas envolvem mais de 530 dirigentes, dos quais, 312 do género masculino e 219 do género feminino. No plano desportivo, movimentavam quase 3400 atletas, 56 por cento dos quais, federados.

Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo

Criado em 2020, o Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo e Freguesias veio reforçar a proximidade e a articulação entre as associações e os vários serviços da autarquia, o que contribuiu para responder mais eficazmente às necessidades destas instituições.

Uma das primeiras medidas foi a dinamização de reuniões com coletividades de todo o concelho, que serviu, por um lado, para apresentar este novo serviço, e, por outro, para conhecer as instalações, atividades e dificuldades de cada uma, permitiram traçar um retrato mais fidedigno da realidade.

Deste trabalho resultou a elaboração do Estudo de Caraterização do Movimento Associativo do Concelho de Sesimbra, dado a conhecer no início de outubro de 2022, no âmbito do Fórum Associativo do Concelho de Sesimbra.

Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde, Clube Sesimbrense e Núcleo de Espeleologia da Costa Azul são alguns exemplos desta diversidade, e refletem a vastidão de atividades oferecidas pelo movimento associativo. Têm aspirações e públicos distintos mas, a uni-las, o objetivo comum de contribuir para o bem-estar da comunidade.

ADQC Papel interventivo na comunidade

Ultrapassar barreiras é um desafio diário e permanente do movimento associativo, ainda mais quando falta tudo, ou quase tudo. Foi essa a realidade com que se depararam os fundadores da Associação para o

Desenvolvimento da Quinta do Conde (ADQC), há quase 50 anos.

«Nos primeiros tempos, a coletividade foi uma voz ativa para transmitir as preocupações da comunidade com a falta de escolas, espaços desportivos e de lazer, estação de correios, estradas, saneamento ou abastecimento público. A associação foi mesmo o grande elo de ligação entre a população e as instituições que tinham o poder de criar essas condições. Este era o seu propósito», atesta Joaquim Tavares, presidente da direção da ADQC, para reforçar que a coletividade que atualmente dirige «é a instituição mais antiga da freguesia, e a sua história confunde-se com a própria história da Quinta do Conde».

Com o passar dos anos, a ADQC apontou baterias para a promoção do desporto. «Era outra das grandes necessidades da freguesia, porque não havia nada cá», afirma. A doação, à associação, por parte de António Xavier de Lima, dos terrenos junto à Estrada Nacional 10, onde ainda se mantém, impulsionou este objetivo e foi decisiva para a “viragem de rumo”, que veio a torná-la na maior coletividade desportiva da freguesia.

«Hoje, temos quase 500 praticantes nos vários escalões de futebol e futsal, masculino e feminino, o que nos enche de satisfação, mas dá-nos uma grande responsabilidade para manter a máquina em movimento, porque as limitações financeiras das associações e a exigências são muitas e cada vez maiores.

Joaquim Tavares afirma que os resultados desportivos são objetivos pelos quais trabalham diariamente, mas reforça que existem outras conquistas que marcam a vida dos que formam as equipas coesas que estão na base do sucesso das associações. «O nosso dia-a-dia também é feito de convívio e amizades para a vida que nos dão alento para continuarmos. E esse é também o espírito do movimento associativo», conclui.

Grémio Novas ideias para a cultura

A capacidade do movimento associativo se reinventar está bem espelhada no Clube Sesimbrense - Grémio, coletividade com mais de 170 anos que, depois de décadas de relevante e intensa atividade nos planos social e cultural, enfrentou períodos de incerteza que quase paralisaram a atividade da instituição centenária e impulsionadora do ensino da música. A vontade de não deixar cair no esquecimento o clube e a determinação em dar-lhe uma “nova vida” partiram de um grupo de jovens. Uns são descendentes de antigos membros do Grémio, alguns recordam momentos que jamais esquecerão, como os bailes de Carnaval, outros vieram para partilhar ideias e trazer novos contributos. Comum a todos eles, a aposta na cultura e o respeito pela história e identidade da instituição que representam.

Sara Pereira, João Cruz, Maciel Santos, Alexandra Patuleia e João Dias são alguns dos rostos desta equipa disposta a fazer a diferença, em Sesimbra. «O nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento social através da cultura e fazer do Grémio um ponto de encontro e espaço de produção cultural, promovendo a criatividade através da arte, da partilha e da reflexão», dizem.

Algo que, assumem, «passa pelo acolhimento e coprodução de projetos artísticos, sociais e ambientais, porque, para nós, Sesimbra tinha lacunas nesta matéria».

A renovação da imagem e do próprio espaço, a que não é alheia uma nova abordagem ao serviço de bar, que incluiu a reposição da esplanada no largo, acompanharam as premissas da direção que vê o seu projeto ir ao encontro da comunidade.

«Temos o ensino da música, claro está, mas também do ballet, oficina de teatro, tertúlias de poesia e danças de salão, para além de realizarmos, exposições, espetáculos, atividades para cri an ças e stand up, outra grande aposta de sucesso», concluem com otimismo visível.

NECA À descoberta da natureza

Fundado em 1995, o NECA, membro mais novo desta tríade, nasceu com o desígnio de dar a conhecer e contribuir para a preservação dos valores naturais do território que, melhor do que ninguém, conhece por cima e, principalmente, por baixo. Estatuto conquistado pelas investigações que trouxeram à luz a assombrosa beleza das cavidades subterrâneas da Arrábida. A Gruta do Frade é o expoente máximo destas descobertas, dada a conhecer através de publicações e exposições ao longo dos anos. «Nem queríamos acreditar no que víamos quando nos deparámos com o que encontrámos nas galerias subterrâneas. Foram momentos de um misto de felicidade, espanto e contemplação indescritíveis», recorda Francisco Rasteiro, pioneiro do NECA.

O complexo sistema de grutas viria ainda a surpreender os elementos desta associação por outro motivo: a descoberta da Anapistula atecina, nada mais, nada menos que a aranha mais pequena da Europa, encontrada na Lapa do Fumo, que foi largamente propagada pela comunidade científica. «Foi outra descoberta inesperada e espantosa que despertou em nós uma vontade ainda maior de conhecer mais profundamente a flora e fauna da Arrábida, o que veio a constituir outra das nossas atividades», diz. O conhecimento adquirido nestes anos revelou-se um capital de valor inestimável que o NECA passou a partilhar com a comunidade. Ou melhor, transformou-o num um recurso educativo essencial para proporcionar uma formação mais abrangente das novas gerações, numa altura em que o espectro das alterações climáticas exige mais ações do que palavras. «Esta é também a nossa missão, porque o nosso lema é desfrutar, conhecer e consciencializar», enfatiza o espeleólogo.

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