PROGRAMA: LA BAYADÉRE - DEZ 2016

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DIREÇÃO ARTÍSTICA PAULO RIBEIRO


LA BAYADÈRE PROGRAMAÇÃO LUÍSA TAVEIRA

Dezembro dias 8, 9, 16, 21, 22 e 23 às 21h dias 10 e 17 às 18h30 dias 11 e 18 às 16h Escolas 14 de dezembro às 15h Ensaio Geral Solidário 7 de dezembro às 21h Espetáculo Fundação EDP 15 de dezembro às 21h

Fernando Duarte coreografia segundo Marius Petipa Ludwig Minkus música Sergei Khudekov libreto José Capela cenografia

ORQUESTRA DE CÂMARA PORTUGUESA

Para a produção de

Pedro Carneiro direção musical

formato, S.A. execução de cenário

execução de adereços Estreia absoluta

de cabeça e maquilhagem

Teatro Maryinski,

especial

Paulo Graça desenho de luz

Estreia Parcial CNB

Barbora Hruskova Fátima Brito ensaiadores

Sign, impressão em grande

Maria José Correia

José António Tenente figurinos

António MV edição de imagem

Leonel & Bicho, Lda.,

Madalena Salgueiro,

S. Petersburgo,

Barbara Falcão assistente de cenografia

La Bayadère

4 de fevereiro de 1887 [ou 23 de janeiro, segundo o calendário juliano]

(Ato das Sombras) Teatro Municipal São Luiz, Lisboa, 12 de junho de 1987

Alunos da Escola António Arroio execução de adereços de cabeça

Atelier de Costura CNB, Setor de Costura do TNSC, Ana Paula Simaria, Maria José Santos, Maria Manuel Garcia, Micaela Larisch-design, Lda. execução de guarda-roupa


A FUNDAÇÃO EDP É MECENAS PRINCIPAL DA COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO E MECENAS EXCLUSIVO DA DIGRESSÃO NACIONAL


LA BAYADÈRE GUIÃO BAILADO EM III ATOS ¯¯¯ Fernando Duarte, novembro 2016

I ATO CENA 1 – NA FLORESTA SAGRADA, DEFRONTE DO TEMPLO Solor, um bravo e nobre guerreiro da Índia, deseja oferecer um tigre ao Rajá de Golconda e segue com os seus companheiros numa caça ao animal. Porém, com o pretexto de rezar sobre o fogo sagrado, decide ficar sozinho e permanece junto ao templo. No fundo, Solor espera encontrar-se secretamente com a sua amada Nikiya, uma bailadeira do templo e para isso conta com a ajuda de um faquir. Entretanto são interrompidos pela chegada do Alto Sacerdote Brâmane que se encontra acompanhado por monges. O Sacerdote pede aos faquires presentes para acender o fogo sagrado e assim dar início às celebrações. Nikiya e as restantes bailadeiras do templo também chegam e dançam o ritual à volta do fogo sagrado. O Alto Sacerdote Brâmane não esconde a sua profunda atração por Nikiya, recém eleita bailadeira principal, e declara-lhe o seu amor e fidelidade eterna. Segura do seu amor por Solor, Nikiya rejeita os avanços do Brâmane relembrando os votos jurados por ele enquanto Alto Sacerdote e que o impedem de ter uma relação amorosa. No meio das celebrações o faquir consegue passar a mensagem de Solor a Nikiya e, apesar da discrição, o Brâmane apercebe-se e fica atento. A cerimónia termina e todos regressam ao templo. Aos primeiros sinais do anoitecer, Solor e Nikiya encontram-se finalmente e perante o fogo sagrado, trocam votos de eterno amor e fidelidade. Ao pressentir que alguém está prestes a chegar, o faquir separa os dois amantes e estes despedem-se. É o Alto Sacerdote Brâmane que chega e ao descobrir a relação amorosa de Nikiya com o guerreiro, jura vingar-se de Solor sobre o fogo sagrado. CENA 2 – NO PALÁCIO DO RAJÁ Gamzatti, a filha do Rajá de Golconda, observa com encanto o retrato de Solor, seu noivo. Surge o Rajá que logo anuncia a chegada de Solor para o primeiro en-


contro entre os noivos. Apesar da fidelidade prometida a Nikiya, Solor não consegue rejeitar a mão da filha do Rajá. A situação torna-se ainda mais incómoda para o guerreiro quando Nikiya aparece para abençoar os noivos com uma dança. O Alto Sacerdote Brâmane chega também ao palácio e pede ao Rajá que todos se retirem pois tem um assunto da máxima importância para lhe revelar. Gamzatti pressente que terá algo a ver com o noivado e, discretamente, assiste à conversa na qual o Sacerdote expõe a relação amorosa entre Nikiya e Solor. O Rajá fica furioso mas decide não cancelar o noivado. Em vez disso revela a sua intenção de matar Nikiya. O Alto Sacerdote Brâmane fica horrorizado pois esperava que a fúria do Rajá saciasse a sua sede de vingança sobre Solor e não sobre Nikiya. Angustiada, Gamzatti manda a sua criada buscar Nikiya. Ao constatar a enorme beleza da sua rival, Gamzatti conta a Nikiya que Solor é o seu noivo e que nada pode mudar isso. Nikiya não se mostra intimidada e não desiste da promessa de amor eterno jurada sobre o fogo sagrado do templo. Em desespero, Gamzatti tenta subornar Nikiya oferecendo-lhe jóias, mas em vão. Nikiya ao ver um punhal tenta matar a filha do Rajá mas a criada consegue evitar a tragédia no último momento. Nikiya consegue escapar mas também será agora vítima da vingança de Gamzatti.

II ATO NOS JARDINS DO PALÁCIO Tem lugar nos jardins exuberantes do palácio a grandiosa festa dos esponsais de Solor e Gamzatti. Também Nikiya é convidada a presentear os convidados com os seus dotes de bailadeira. Enquanto dança, não consegue esconder a tristeza que sente por ver o seu amado comprometido com a filha do Rajá. A criada de Gamzatti oferece-lhe um cesto de flores dizendo que é uma oferta de Solor e, renovada de esperança, Nikiya termina a sua dança de forma alegre e cativante.

Mas o cesto de flores provém do Rajá e de sua filha contendo uma cobra venenosa escondida. Ao cheirar as flores, Nikiya é mordida pela cobra e colapsa. Na esperança de salvá-la, o Alto Sacerdote Brâmane oferece-lhe um antídoto para o veneno em troca do seu amor por ele. Nikiya hesita, pois deseja permanecer fiel a Solor, mas ao ver que este segue com Gamzatti para dentro do palácio, rejeita o antídoto e escolhe morrer.

III ATO CENA 1 – NO QUARTO DE SOLOR Solor encontra-se desgostoso pela tragédia e morte de Nikiya. Para aliviar a dor e os remorsos, Solor decide fumar o ópio oferecido pelo faquir. CENA 2 – O REINO DAS SOMBRAS Adormecido pelo efeito do ópio, Solor entra num sonho povoado por várias sombras de bailadeiras mortas. No meio delas reconhece Nikiya e com ela relembra as danças e votos de amor eterno jurados junto ao templo. Antes de o sonho terminar e de voltar à sua agora triste realidade, Solor ainda vê o espectro de Nikiya a perdoar-lhe a traição e assim devolver uma nova esperança de felicidade. —


Isadora Valero e Lourenço Ferreira Ensaio de estúdio


FERNANDO DUARTE COREOGRAFIA

LUDWIG MINKUS MÚSICA

Natural de Lisboa, iniciou e completou os seus estudos na Aca-

Aloisius Ludwig Minkus nasceu a 28 de março de 1826, em Vie-

demia de Dança Contemporânea de Setúbal sob orientação dos

na. Estuda no Conservatório da sua cidade natal e ainda duran-

professores Maria Bessa e António Rodrigues. Em 1995/96 foi

te a juventude inicia projetos de composição, tendo publicado

bailarino estagiário na CeDeCe – Companhia de Dança Contem-

as suas primeiras peças entre 1846 e 1847. Em 1846, Ludwig

porânea. Integra o elenco artístico da Companhia Nacional de

Minkus chega a Paris. A importância da sua contribuição para

Bailado desde 1996, sendo promovido a Bailarino Principal em

o êxito do bailado Paquita é ainda hoje motivo de especulação,

2003. Interpretou várias obras do repertório clássico, nomeada-

contudo, é evidente a grande responsabilidade de Minkus no

mente Giselle, O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida, Cinderela,

êxito da composição musical para a produção de 1847 de Pa-

O Quebra-Nozes, Romeu e Julieta, A Dama das Camélias, La Syl-

quita, no Teatro Maryinski, para o ballet de S. Petersburgo; mais

phide, Les Sylphides, Raymonda, Sonho de Uma Noite de Verão,

tarde, Minkus contribui efetivamente para o novo pas de trois

Onegin, assim como as obras de Balanchine Apollo, Serenade,

e grand pas quando Petipa renova esse bailado, em 1881. Na

Who Cares?, Os 4 Temperamentos, Symphony in C e Sinfonia

Rússia adota o nome Léon Fedorovich e, por volta de 1853, o

em Três Movimentos. Do seu repertório contemporâneo fazem

princípe Nikolai Yusupov convida-o para maestro da sua orques-

ainda parte coreografias de Hans Van Manen, Nacho Duato, Paul

tra privada. Dois anos mais tarde integra a orquestra do Teatro

Lightfoot/Sol Léon, Christopher Wheeldon, Kevin O’Day, William

Italiano de Ópera em S. Petersburgo. Em 1861, colabora com o

Forsythe, David Fielding, Rui Lopes Graça, Olga Roriz e Vasco

Teatro Bolshoi de Moscovo, primeiro como solista de violino e,

Wellenkamp, entre muitos outros. De 2005 a 2007, fez parte do

mais tarde, como Maestro, sendo-lhe consignada a função de

elenco do Ballet Nacional da Noruega alargando a sua experiên-

Inspector de Música da Orquestra Imperial. Em 1864, é nomea-

cia e com várias referências na imprensa local. Foi professor de

do compositor de ballet do Teatro Bolshoi de Moscovo. Ludwig

Técnica, Variações e Repertório de Dança Clássica na Academia

Minkus mantém-se em Paris até 1866, compõe a maior parte

de Dança Contemporânea de Setúbal entre 2008 e 2010. Como

da música do bailado La Source que, com apenas um ato, foi

coreógrafo apresentou-se em diversas companhias, de destacar:

entregue à responsabilidade do jovem Delibes que a terminou.

O Corvo e a Raposa e Pão de Brites, ambos para a CeDeCe. Para

O enorme sucesso da estreia de D. Quixote, em 1868, é sobe-

a CNB criou em 2010 Cimbalo Obbligato. A convite da Direção

jamente conhecido, sucesso que lhe valeu o cargo de Compo-

Artística da CNB foi responsável pela reconstrução coreográfica

sitor Oficial do Ballet Imperial Russo, o qual ocupou até 1886.

e coreografia adicional da nova produção de O Lago dos Cisnes,

Em 1877, compõe La Bayadère para o Teatro Maryinski em S.

estreada em fevereiro de 2013, pela coreografia de Quebra No-

Petersburgo. A pedido de Petipa compôs as variações adicionais

zes Quebra Nozes, em 2014, e uma nova versão de O Pássaro de

do primeiro e segundo ato de Giselle. Minkus foi um compositor

Fogo, em 2015. Apresentou em coautoria com Solange Melo Cin-

especializado em ballet, com música essencialmente caracte-

derela em bicos de pés – A Gata Borralheira contada e dançada

rizada pela predominância da melodia e de um sentido rítmico

para as crianças (2008), um espetáculo único na apresentação de

elaborado muito apelativo. Ludwig Minkus incutiu nas suas com-

bailado clássico ao público mais jovem assim como Dó, Ré, Mi,

posições a essência das emoções ou de determinados estados

Perlimpimpim – Uma viagem musical para bebés dos 3 meses

de espírito mas sem assumir uma atitude demasiado dominan-

aos 3 anos, 2011, sobre música inédita de Mário Franco. Des-

te sobre a música, conferindo maior destaque e visibilidade à

de 2011 que acumula funções de professor/ensaiador na CNB,

atuação dos bailarinos. Nos últimos anos da sua vida retira-se

sendo promovido a Mestre de Bailado em setembro de 2013. —

para Viena, onde reside até à data do seu falecimento, a 7 de dezembro de 1917. —


LA BAYADÈRE ¯¯¯ Sónia Baptista, outubro 2016

DRAMA MA NONTROPO Num melodrama bem conseguido as personagens emergem da história e não o contrário. Pode acontecer uma justaposição de um realismo marcado, nos cenários, figurinos e de um não-realismo na construção das personagens e do enredo. No caso de La Bayadère, o orientalismo da história é constituído por uma amálgama de uma visão conservadora e europeísta como um cabinet de curiosités, ultrapassando as intenções de autenticidade mas que representava, para o público da altura da estreia do bailado, uma representação fiel do exotismo da Índia imaginada. Uma representação credível de cenas incríveis e extraordinárias. A verdade é que se foi criando uma categoria geral, “Indiana” para caracterizar uma muito diversa e heterogénea colecção de tradições, e essa codificação de tradições e identidades está no centro da nossa presente percepção das tradições da Índia e é explicada em termos das necessidades administrativas de um sistema europeu colonialista normativo. Petipa, ao mesmo tempo que apresentou, em La Bayadère, um orientalismo luxuriante e exótico nos figurinos e décors, pano de fundo ideal para danças espectaculares e cenas mimadas, continuou a explorar uma dramaturgia melodramática ao gosto da época, privilegiando a figura de mulheres, que pela força das circunstâncias, adquirem características sobrenaturais.

A autora do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico.

O melodrama não é subtil. É carregado de pathos, de emoção exacerbada, de polarização moral, do bem versus o mal, e usa uma estrutura narrativa não clássica, abusando das coincidências extremas e do artifício do Deus Ex Machina. É um apelo à emoção, uma maneira de convencer um público de um argumento criando uma resposta emocional. As emoções têm causas e efeitos específicos. A lei da causa e efeito é pouco justa.


O desejo não tem juízo. O desejo fala mais alto. Aliás, o desejo fala, tudo o resto segue.

EU TAMBÉM NUNCA FUI À ÍNDIA MAS VI IMAGENS Os filmes indianos, não só de Bollywood, surgem de uma tradição dos épicos como o Mahabharata e Ramayana e todas as antigas representações teatrais em sânscrito, de natureza muito estilizada com ênfase no espectáculo e no espectacular, onde a música, dança e o gesto se combinam para criar uma união artística comunicativa. Os filmes indianos tendem para o melodrama. E que prazer mal confessado o visionamento de filmes indianos há muitos anos atrás, como a leitura de romances de cordel e a compra de discos de cantores românticos. Porque faz falta ficar de olhos embaciados e porque toda a gente se achou já alguma vez parte de um triângulo. Amoroso. Fiz um bocadinho de Bharatanatyam, a dança clássica indiana, alguns anos depois de ter visto os filmes indianos. Aprendi alguns mudras, os gestos das mãos que comunicam através de símbolos. Que transmitem, em conjunto com as expressões faciais, não só a narrativa, as lendas míticas e ideias espirituais, mas também sentimentos e o tom da história. O Bharatanatyam teve origem nos templos hindus. E é belo. Do que aprendi ficou-me esta certeza na beleza do gesto, das mãos como instrumento de escrita, nas mãos que dançam e se desdobram em intenções. Os gestos, como as acções, às vezes querem dizer mais do que as palavras. E eu gosto muito de dançar com as mãos. Entre nós as duas havia uma piada, um código que significava o assumir de uma paixão meio tonta e não compreendida pela outra parte desse nosso dueto. O livro fazia o triângulo, disruptivo. Eu e a minha melhor amiga de infância partilhávamos muita coisa, livros e músicas,

séries e filmes, gostos e desgostos mas não partilhámos a paixão que me despertou um livro infanto-juvenil, Os elefantes de Sargabal de René Guillot. Não sei como me veio parar às mãos, parece-me que de uma das pilhas de livros em saldo, de livros enjeitados numa das barraquinhas da feira do livro. Li o livro, trágico, empolgante, sobre uma Índia fascinante e assustadora e apaixonei-me. Reli-o. Passei-o à minha melhor amiga. Não gostou do livro. Muito pelo contrário, e perguntava-me: Mas porquê? Que disparate de livro! (a verdade é que eu também nunca percebi a paixão dela por uma série sobre uma fuga sem fim).

O TRIÂNGULO AMOROSO Um triângulo amoroso significa um arranjo insatisfatório para uma ou mais das pessoas envolvidas. É instável, com o amor não correspondido e o ciúme como temas prevalentes. O triângulo eterno diz que: A ama B que ama A, porém C também ama A e quer A, que sem querer escolherá C. Esse triângulo só pode ser quebrado, em casos extremos, pela morte. Num triângulo desigual, em que uma das partes assiste mais ou menos passivamente à tensão entre as outras duas, acontece um gritante desequilíbrio de acção, este desequilíbrio foi cunhado pela expressão “Let’s you and him fight”, ou, no caso da La Bayadère, “Let’s you and her fight”.Tu, Nikiya, Ela, Gamzatti. Há um homem, Solor, que parece alheio à fúria da paixão de duas mulheres, que parece passivo ao desenrolar trágico dos acontecimentos. “Vamos tu e ela lutar”. Não se faz. Não há final feliz que aguente. Os finais, para serem felizes, deixam-se em aberto e quem escolhe a pressuposta felicidade é quem os fecha na sua narrativa pessoal, ao sair do teatro, cérebro a dançar ainda. O número três contém o princípio, o meio e o fim. Em La Bayadère há dois triângulos, Solor desejado por


duas mulheres, Nikiya, desejada por dois homens. Ambos, nos dois casos, objectos de desejo, ficam à mercê do poder destrutivo do desejo dos outros. Haverá outro triângulo, para a conta bater certo, entre o que se quer, o que se deve e o que se pode desejar e fazer.

CAUSA E EFEITO A lei da causa e efeito diz que para cada efeito existe uma causa definitiva e para cada causa há um efeito. Os pensamentos, comportamentos e acções criam efeitos específicos que manifestam e criam a vida como a conhecemos. No corpo do ballet, o movimento dançado segue essa lei, para a dança, justa. O ballet comunica uma sensação de continuidade, construída a partir de posições e passos reconhecíveis que sugerem possibilidades infinitas mas que também apontam o próximo passo a dar. O público entra num jogo de expectativa e resolução, que não chega a ser completamente de adivinhação, mas que mantém o cérebro encantado, interessado. Percebem-se as regras do jogo mas é-se surpreendido pela revelação. A continuidade que daí advém assemelha-se a uma linguagem, uma lógica. As sequências de movimento ligam-se num processo de causa e efeito, em que um movimento provoca o próximo movimento que provoca o próximo movimento, que... A causa e efeito produzem frases de movimento que transportam a imaginação do público, e que ao mesmo tempo criam um padrão no corpo, do corpo, que nos ajuda a lembrar uma sequência, uma narrativa, uma história. Eu gosto de histórias com final feliz, mas se têm um fim serão felizes? O que é que vem depois do fim?

O fim em aberto deixa o tempo suspenso, não impõe uma moral, não castiga nem recompensa, não há Deus Ex Machina mas também não há justiça divina. A justiça não é divina. A lei de causa e efeito, não é justa. No viver da vida fora dos melodramas, não acontece o bem a quem pratica o bem, não sempre. Não acontece o mal a quem pratica o mal, não sempre. Em La Bayadère, existem triângulos de desencontros que vaticinam um fim, trágico. Fim de história. Três é o código ASCII de “Fim de Texto”. —


JOSÉ CAPELA CENOGRAFIA

JOSÉ ANTÓNIO TENENTE FIGURINOS

Doutorou-se em arquitetura com a dissertação Operar concep-

Após ter iniciado a sua formação superior em arquitetura,

tualmente na arte. Operar conceptualmente na arquitetura.

enveredou pela moda, revelando, em 1986, a sua primeira

É docente na Universidade do Minho desde 2000, onde leciona

coleção. Atualmente, o universo da marca estende-se a

nos cursos de arquitetura e de teatro, e é investigador do La-

vários projetos: ‘TENENTE escrita’, ‘TENENTE eyewear’,

b2PT. Foi um dos comissários da Trienal de Arquitetura de Lis-

‘Amor Perfeito’ perfume e perfumaria de casa. Em 2009, viu

boa 2010. Iniciou-se no teatro no TUP. É cofundador e codiretor

editado um livro sobre o seu trabalho JAT – Traços de União.

artístico da mala voadora, com Jorge Andrade, e responsável

Em 2010, comissariou a exposição Assinado por Tenente no

pela cenografia dos espetáculos. Trabalhou como cenógrafo

MUDE, Museu do Design e da Moda, em Lisboa. Com um

com Rogério de Carvalho, João Mota, Miguel Loureiro, Álvaro

trabalho reconhecido e galardoado com vários prémios de

Correia, Marcos Barbosa, Teatro Praga, Mickaël de Oliveira /

“Criador de Moda” e outras distinções, José António Tenente

Nuno M. Cardoso, Raquel Castro, Companhia Maior, Voadora

dedica atualmente a maior parte do seu trabalho à criação

(ES), em colaboração com Third Angel (UK) e Association Ar-

de figurinos para espetáculos, atividade que, desde cedo,

sène (FR), e para a Casa-Museu Guerra Junqueiro, o programa

ocupa um importante lugar no seu percurso. Tem trabalhado

Cultura em Expansão e o Teatro Maria Matos. Em 2013, publi-

com diversos encenadores e coreógrafos, a saber: Beatriz

cou o catálogo de cenografia Modos de não fazer nada. Foi dis-

Batarda, Carlos Avillez, Carlos Pimenta, Luca Aprea, Maria

tinguido pela SPA com o Prémio Autores 2016 relativo a ‘melhor

Emília Correia, Pedro Gil, Ricardo Neves-Neves, Tónan Quito,

trabalho cenográfico’ pelo espetáculo Pirandello. É presidente

Benvindo Fonseca, Clara Andermatt, Paulo Ribeiro, Rui Lopes

da direção da Associação Portuguesa de Cenografia. —

Graça, Rui Horta, entre outros. Para a CNB criou os figurinos de Intacto (1999), de Rui Lopes Graça, Du Don de Soi (2011), de Paulo Ribeiro, O Lago dos Cisnes (2013), de Fernando Duarte/ Petipa, Lídia (2014), de Paulo Ribeiro, O Pássaro de Fogo

José Capela dedica a cenografia de La Bayadère a Paulo Varela Gomes

(2015), de Fernando Duarte e Turbulência (2016) de António Cabrita, Henriett Ventura, Xavier Carmo e São Castro. —


PAULO GRAÇA DESENHO DE LUZ

PEDRO CARNEIRO DIREÇÃO MUSICAL

Começou a atividade de desenhador de luz em 1978 e, desde

É cofundador, diretor artístico e maestro titular da Orquestra

aí, diversificou o seu trabalho por várias áreas artísticas:

de Câmara Portuguesa (OCP) e da JOP (Jovem Orquestra

teatro, bailado, exposições, moda, performance e ópera.

Portuguesa, membro da EFNYO). Considerado pela crítica

Paralelamente, manteve colaborações com arquitetos, na

internacional um dos mais importantes percussionistas e dos

área de iluminação arquitetónica e decorativa de interiores,

mais originais músicos da atualidade, toca, dirige, compõe

para hotéis, lojas, bares, restaurantes e habitação. Trabalhou

e leciona. Estudou piano, trompete e violoncelo, foi bolseiro

com os mais representativos encenadores, coreógrafos

da Fundação Calouste Gulbenkian na Guildhall School, em

e cenógrafos, tais como: Ricardo Pais, João Perry, Carlos

Londres, em percussão e direção de orquestra. Seguiu os cursos

Avilez, Jorge Silva Melo, Jorge Listopad, Júlio César, Nuno

de direção de orquestra de Emilio Pomàrico, na Accademia

Carinhas, João Mota, Álvaro Correia, José Caldas, entre

Internazionale della Musica de Milão. Em colaboração com a

outros encenadores; Margarida de Abreu, Olga Roriz, Paulo

Companhia Nacional de Bailado dirigiu a Orquestra de Câmara

Ribeiro, Benvindo Fonseca, Vera Mantero, Gagic Ismailyan,

Portuguesa, na produção Giselle e a Orquestra Sinfónica

Clara Andermatt, entre outros coreógrafos; Octávio Clérigo,

Portuguesa na produção A Bela Adormecida. Enquanto solista

José Manuel Castanheira, António Lagarto, José Costa Reis,

colabora com algumas das mais prestigiadas orquestras

Nuno Carinhas, Jasmim Matos, António Casimiro, Nuno

internacionais como Los Angeles Philharmonic, a BBC National

Côrte-Real, José Rodrigues, entre outros cenógrafos; Álvaro

Orchestra of Wales, Vienna Chamber Orchestra, sob a direção

Siza Vieira, Nuno Lacerda Lopes, João Mendes Ribeiro, Pedro

de maestros como Gustavo Dudamel, Oliver Knussen, John

Calapez, Margarida Grácio Nunes e Fernando Salvador, entre

Neschling ou Christian Lindberg. Pedro Carneiro é solista/

outros arquitetos. Foi diretor técnico da CNB, de 1996 a 1998,

diretor em diversas orquestras nacionais, como a Orquestra

e do Centro Cultural de Belém, de 1998 a 2010. Espetáculos

Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Portuguesa, e internacionais,

recentemente realizados: Play Loud e Depois o Silêncio,

como a Orquestra Sinfónica da Estónia, e no Round Top

encenação de Álvaro Correia, no Teatro da Comuna; Cyrano

Festival, no Texas, EUA. É professor convidado do Zeltzman

de Bergerac, encenação de João Mota, no Teatro Nacional

Festival, colabora regularmente com o realizador João Viana,

D. Maria II; Play Strindberg, encenação de João Mota, no

o encenador Jorge Silva, enquanto compositor. Recebeu vários

Teatro da Comuna; O Apartamento, encenação de Jorge Fraga,

prémios, destacando-se o Prémio Gulbenkian Arte 2011. —

no Teatro da Trindade; O Último Romântico, encenação de João Mota, no Teatro da Comuna. —


ORQUESTRA DE CÂMARA PORTUGUESA

FICHA TÉCNICA OCP

A OCP foi fundada por Pedro Carneiro, Teresa Simas, José

Teresa Simas gestão artística

Augusto Carneiro e Alexandre Dias, em julho de 2007. A direção artística é assegurada por Pedro Carneiro, que lidera a mais recente e virtuosa geração de instrumentistas, desde a estreia na abertura da Temporada do CCB, no dia 13 de setembro de 2007. O CCB acolheu a OCP, como orquestra associada e, desde 2008, como orquestra em residência. Ainda no CCB, a OCP assegurou os concertos inaugurais das temporadas 2007/08 e 2010/11, sendo presença assídua nos Dias da Música em Belém, abrindo espaço a novos solistas e maestros. A OCP já trabalhou com os compositores Emmanuel Nunes, Sofia Gubaidulina e Miguel Azguime; e tocou com solistas internacionais como Jorge Moyano, Cristina Ortiz, Sergio Tiempo, Gary Hoffman, Filipe-Pinto Ribeiro, Carlos Alves, Heinrich Schiff, António Rosado, Artur Pizarro, Tatiana Samouil. A internacionalização deu-se em 2010 no City of London Festival, com 4 estrelas no The Times. A OCP tem como visão tornar-se numa das melhores orquestras do mundo, afirmando-se como um projeto com credibilidade e pertinência social e cultural, nascido de uma ação genuína de cidadania inclusiva. A OCP lançou diversos projetos sociais, de formação e de promoção de novos públicos: a OCPsolidária na Cercioeiras e no Centro Social 6 de maio, na Amadora, e na APAC, em Barcelos; a OCPdois, lançando a Orquestra Académica da Universidade de Lisboa entre 2013 e 2016; e a Jovem Orquestra Portuguesa, representante de Portugal na Federação Europeia de Jovens Orquestras Nacionais (EFNYO). A JOP nasceu em 2010, e, desde então, apresenta-se nos Dias da Música em Belém, internacionalizou-se na Roménia em 2016, na Alemanha, no Festival de de Kassel (2014), e no Young Euro Classic, no Konzerthaus de Berlim (2015), onde volta em 2017. Os parceiros da OCP são públicos e privados: a Linklaters, a Vieira de Almeida, a Fundação Calouste Gulbenkian, a PwC, a DGArtes e os municípios de Lisboa e Oeiras. —

Alexandre Dias diretor executivo João Aibéo maestro assistente


Artistas CNB Ensaio de estĂşdio


DIREÇÃO ARTÍSTICA Paulo Ribeiro BAILARINOS PRINCIPAIS Adeline Charpentier; Ana Lacerda; Filipa de Castro; Filomena Pinto; Inês Amaral; Peggy Konik; Solange Melo; Alexandre Fernandes; Carlos Pinillos; Mário Franco BAILARINOS SOLISTAS Isabel Galriça; Mariana Paz; Paulina Santos; Brent Williamson; Luís d’Albergaria; BAILARINOS CORIFEUS Andreia Pinho; Annabel Barnes; Catarina Lourenço; Henriett Ventura; Irina de Oliveira; Maria João Pinto; Marta Sobreira; Tatiana Grenkova; Armando Maciel; Freek Damen; Lourenço Ferreira; Miguel Ramalho; Sergio Navarro; Xavier Carmo CORPO DE BAILE África Sobrino; Almudena Maldonado; Andreia Mota; Carla Pereira; Catarina Grilo; Diletta Bonfante; Elsa Madeira; Filipa Pinhão; Florencia Siciliano; Inês Ferrer; Inês Moura; Isabel Frederico; Isadora Valero; Júlia Roca; Leonor de Jesus; Margarida Pimenta; Maria Barroso; Maria Santos; Marina Figueiredo; Miyu Matsui; Patricia Keleher; Rebecca Storani; Sílvia Santos; Susana Matos; Zoe Roberts; Aeden Pittendreigh; Christian Schwarm; Filipe Macedo; Frederico Gameiro; João Carlos Petrucci; João Pedro Costa; José Carlos Oliveira; Joshua Earl; Kilian Smith; Kilian Souc; Nuno Fernandes; Ricardo Limão; Tiago Coelho BAILARINOS ESTAGIÁRIOS Anyah Siddall; Bithana Kim; Filipa Cavaco; Shiori Midorikawa; Drew Jackson; Francisco Sebastião; Hèctor Chicote; João Silva

MESTRES DE BAILADO Fernando Duarte (coordenador); Barbora Hruskova; Maria Palmeirim ENSAIADORES Fátima Brito; Rui Alexandre COORDENADORA MUSICAL Ana Paula Ferreira COORDENADORA ARTÍSTICA EXECUTIVA Filipa Rola COORDENADOR DE PROJETOS ESPECIAIS Rui Lopes Graça INSTRUTOR DE DANÇA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DE LESÕES Didier Chazeau PROFESSOR DE DANÇA CONVIDADO Boris Storojkov*, David Peden* PIANISTAS CONVIDADOS Humberto Ruaz*; Jorge Silva*; Hugo Oliveira*

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO OPART Presidente Carlos Vargas; Vogal Sandra Simões; Vogal Samuel Rego DIREÇÃO DE ESPETÁCULOS CNB Diretora Margarida Mendes; Carla Almeida (coordenadora); Bruno Silva (digressão e eventos); Natacha Fernandes (assistente) ATELIER DE COSTURA CNB Paula Marinho (coordenadora); Ana Fernandes; Conceição Santos; Helena Marques; Leopoldina Garcia; Mia Barata DIREÇÃO TÉCNICA CNB Diretora Cristina Piedade; Sector de Maquinaria Alves Forte (chefe de sector); Miguel Osório Sector de Som e Audiovisuais Bruno Gonçalves (chefe de sector); Paulo Fernandes Sector de Luz Vítor José (chefe de sector); Pedro Mendes Sector de Palco Ricardo Alegria; Frederico Godinho; Marco Jardim DIREÇÃO DE CENA CNB Diretor Henrique Andrade; Vanda França (assistente / contrarregra); Tom Colin (assistente) Conservação do Guarda Roupa Carla Cruz (coordenadora); Cristina Fernandes; DIREÇÃO DE COMUNICAÇÃO CNB Diretora Cristina de Jesus; Pedro Mascarenhas Canais Internet José Luís Costa Vídeo e Arquivo Digital Marco Arantes Design João Campos* Bilheteira Diana Fernandes; Luísa Lourenço; Rita Martins ENSAIOS GERAIS SOLIDÁRIOS CNB Luís Moreira** (coordenador) ESTÚDIOS VICTOR CÓRDON Bruno Cochat (coordenador) DIREÇÃO FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA OPART Diretor Marco Prezado; António Pinheiro; Fátima Ramos; Lucília Varela; Óscar Vaz; Rute Gato; Sandra Correia Limpeza e Economato Lurdes Mesquita; Maria Conceição Pereira; Maria de Lurdes Moura; Maria do Céu Cardoso; Maria Isabel Sousa; Maria Teresa Gonçalves DIREÇÃO DE RECURSOS HUMANOS OPART Diretora Sofia Dias; André Viola; Sofia Teopisto; Vânia Guerreiro; Zulmira Mendes GABINETE DE GESTÃO DO PATRIMÓNIO OPART Nuno Cassiano (coordenador); Armando Cardoso; Artur Ramos; Carlos Pires; Carlos Santos Silva; Daniel Lima; João Alegria; Manuel Carvalho; Nuno Estevão; Rui Ivo Cruz; Rui Rodrigues; Victor Silva DIREÇÃO DE ASSUNTOS JURÍDICOS OPART Fernanda Rodrigues (coordenadora); Anabela Tavares; Inês Amaral Secretária do Conselho de Administração Regina Sutre OSTEOPATA Soraia Xavier Marques SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA CNB Fisiogaspar* GABINETE DE INFORMÁTICA OPART Pedro Penedo (coordenador)

* Prestadores de serviço

** Regime de voluntariado


PRÓXIMOS ESPETÁCULOS

BILHETEIRAS E RESERVAS Teatro Camões Quarta a domingo das 13h às 18h (01 nov – 30 abr) das 14h às 19h (01 mai – 31 out) Dias de espetáculo até meia-hora após o início do espetáculo. Telef. 218 923 477

— TEATRO CAMÕES 23 FEV – 04 MAR

Teatro Nacional de São Carlos Segunda a sexta das 13h às 19h Telef. 213 253 045/6 Ticketline www.ticketline.pt Telef. 707 234 234 Lojas Abreu, Fnac, Worten, El Corte Inglés, C.C. Dolce Vita

CONTACTOS Teatro Camões Passeio do Neptuno, Parque das Nações, 1990 - 193 Lisboa Telef. 218 923 470

CAPA © CLÁUDIA VAREJÃO

FOTOGRAFIAS DE ENSAIO © BRUNO SIMÃO

INFORMAÇÕES AO PÚBLICO Não é permitida a entrada na sala enquanto o espetáculo está a decorrer (DL n.º 23/2014, de 14 de fevereiro); É expressamente proibido filmar, fotografar ou gravar durante os espetáculos; É proibido fumar e comer/ beber dentro da sala de espetáculos; Não se esqueça de, antes de entrar no auditório, desligar o seu telemóvel; Os menores de 6 anos não poderão assistir ao espetáculo nos termos do DL n.º 23/2014, de 14 de fevereiro; O programa pode ser alterado por motivos imprevistos. Espetáculo M/6

— TEATRO CAMÕES 25 JAN – 03 JUN

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