Revista Anual - 2018

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Carta ao Leitor

Qual o significado do Mater Amabilis para você? Para pais e mães, provavelmente, significa um colégio com educação de ponta, o qual possibilitará o ingresso de seu filho nas melhores universidades do país. Entretanto, aos alunos, significa muito mais do que isso. O próprio nome “Mater Amabilis” (mãe amável) insinua a proteção, cuidado e carinho que recebemos nesse lugar, tanto de colegas, quanto de professores, inspetores, coordenadores e funcionários, que sempre estão dispostos com o máximo de dedicação a nos ajudar. É nesse ambiente que aprendemos noções importantíssimas de convivência e de tolerância, e a abraçar as diferenças do próximo para tornar nossa sociedade mais próspera, justa e igualitária. Somos ensinados a sermos questionadores e termos pensamentos críticos, a nos posicionarmos contra qualquer prática que transgrida os direitos do homem. No entanto, como uma boa mãe cria seus filhos, existem momentos de carinho e de firmeza. São estes últimos que, muitas vezes, dão ao Mater Amabilis a imagem de “crueldade”. Porém, as pessoas que têm essa percepção do colégio não entendem que as provas difíceis, as broncas, e essa rigidez são para nos preparar para o vestibular, para a faculdade e para a vida. Por vezes, somos tirados da zona de conforto para nos tornarmos pessoas independentes e para lidarmos com a vida real de forma autônoma e segura. Nessa revista, encontraremos alguns depoimentos marcantes aos alunos, aos professores e aos funcionários, além de deixar registrado todo o esforço e a dedicação que tiveram os alunos do Mater Amabilis em 2018, o que confirmará que, nesse ambiente, encontramos tanto amor e humanidade, quanto foco para alcançar os objetivos. É um privilegio estudar em um lugar assim, e sou grata por todos que me permitem estar em um espaço tão acolhedor.

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Qual o limite para a arte?

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O mundo da educação está repleto de imagens clássicas: aluno é terra onde plantamos nossa semente; semente a quem damos a condição de desenvolver-se; aluno fera, aquele forte que domesticamos, barro que moldamos, pedra bruta que lapidamos; pássaro que ajudamos a voar. Porém, ao entrarmos em uma sala de aula, a verdade é que nos deparamos com um ambiente orgânico e dinâmico composto por, em média, trinta seres humanos diferentes, o que torna impossível achar uma metáfora que englobe todos os educandos do colégio. O estudante é um ser humano completo, o qual ao longo de sua jornada na escola apresenta interesses e necessidades diversos, de modo que a alguns destes nem sempre o modelo tradicional de educação consegue suprir ou acolher. Assim, a missão da escola, em teoria, é simples, isto é, ela deve preparar esse ser humano para que exerça a cidadania e se torne também preparado para o mercado de trabalho. Entretanto, a parte difícil não está nessa confluência dessas habilidades, mas em algo mais abstrato, ou seja, para qual mundo estamos educando essas crianças? A incerteza que o futuro traz pode ser amenizada pela certeza de que estamos educando não somente indivíduos que saberão conviver em sociedade, mas que terão também as ferramentas e os princípios necessários para transformá-la em um ambiente mais democrático e justo. Entre as ferramentas ensinadas sempre estiveram a Língua Portuguesa, a Matemática, a História e a Biologia. Agora, junta-se às matérias mais tradicionais uma nova companheira: a educação

socioemocional, de nome comprido e estranho, esse quase trava-línguas junta-se às matérias clássicas para que o educando tenha mais um caminho disponível para entender o mundo, e, especialmente, nesse caso, entender-se. Essa nova participante da grade horária do Ensino Fundamental II visa ao desenvolvimento de cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, decisões responsáveis e habilidades sociais. O indivíduo que conhece a si mesmo, suas emoções e seus princípios, cresce mais apto tanto para tomar decisões de acordo com aquilo em que ele acredita, como também para

fazer escolhas e levar em consideração o outro, mesmo esse outro sendo o diferente, o oposto ou o adversário. Apesar da integração existente entre os domínios, a empatia merece uma atenção especial. É essa habilidade que permite a compreensão das perspectivas e sentimentos alheios e que prepara o educando para o mundo atual, no qual tratar o outro como gostaríamos de ser tratados não é suficiente para uma convivência harmônica em sociedade. Assim, os pequenos vão aprendendo que uma postura colaborativa traz maior crescimento individual que a competitiva. Que auxiliar um colega com dúvida é melhor que rir dele, é melhor para quem tem dúvida, para quem auxilia e para a sala que passa a ter um clima mais leve, colaborativo e amistoso. Neste processo, eles também começam a ter ferramentas para entender os pensamentos que os levam a querer rir, e não ajudar. Desenvolvem-se aí duas importantes habilidades: autonomia e responsabilidade.

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Educação Socioemocional

Os alunos, seres humanos com angústias, anseios e desejos, como qualquer outro. A rotina de estudos, a pressão do vestibular, a tensão de lidar com as expectativas exteriores, o meio social, são fatores que somados tornamse difíceis de administrar. Não obstante, há as questões pessoais, os namoros, as brigas com as amigas, o jogo que eles não podem perder… por mais que nos pareça tudo um pouco superficial, não podemos perder nossa capacidade de ver essa situação com os olhos deles, para assim entender que, para eles, tudo isso tem uma dimensão enorme. Eles não são só alunos e filhos, são seres humanos complexos que atravessam a fase de construção e formação. Como escola e família, não podemos superar os obstáculos por eles, mas podemos ensiná-los a lidar com a frustração, com a decepção e com as derrotas. Se o mundo e a sociedade cobram muito deles, é nossa responsabilidade, como adultos, fornecer as ferramentas para que eles possam passar por essa jornada de forma mais adequada, feliz e positiva.


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Guilherme Ignรกcio


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Miriam Koga


10 Para quem escrevemos? Em sala de aula, muitas vezes, apenas para o professor, encarregado de corrigir tarefas, redações e provas. Na “vida real”, no entanto, a escrita é muito mais do que a capacidade de encadear frases bem construídas - como ferramenta de diálogo e interação, pois, ela expressa parte do que somos e cria uma ponte para o universo das outras pessoas. Mas como motivar a escrita em um idioma que não seja o seu no contexto escolar? No mês de maio, os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental vivenciaram uma atividade nas aulas de Inglês bem diferente e marcante. Foi realizado o projeto “Intercâmbio de Mensagens”, em Revista do Mater 2018

que nossos alunos trocaram cartas, em inglês, com alunos da escola Saltängen skola, localizada na Súecia, coordenados por suas respectivas professoras do idioma. E a experiência foi incrível em diversos aspectos. Primeiro, porque até os alunos que diziam não gostar de escrever ou não saber isto, participaram da atividade. Segundo, porque eles se preocupavam em ter uma boa comunicação com seu colega do outro lado do mundo, logo, aprenderam convenções e regras do idioma de maneira efetiva e natural. E, terceiro, porque toda essa troca de experiências despertou novos interesses culturais e sociais.

“Fiquei muito feliz com essa atividade. Essa foi a primeira cartinha que recebi. E é especial para mim, pois veio de tão longe. Amei!”, conta, empolgada, a aluna Letícia Cobra Moreira. Ao ver os alunos envolvidos em cada etapa, surpreendendo-se ao saber que crianças de outro continente possuíam gostos parecidos aos seus quantos aos jogos e esportes, vibrando com a chegada das cartinhas dos alunos da Suécia, percebemos o grande impacto do projeto, que além de cumprir a expectativa com o conteúdo da matéria, levou nosso aluno a aplicar seu uso, com grande entusiasmo, em situações novas e reais.


Cultura está em tudo o que fazemos, o que apreciamos como grupo, como nos expressamos, o que constitui nosso conhecimento e o que faz de nós, nós. Trata-se de um complexo que vai muito além de nove obras obrigatórias da FUVEST ou de repertório para a redação do vestibular. É tão crucial quanto oxigênio, e explorar sua incrível gama de conteúdos é exercer a empatia mais pura, direta e necessária em um mundo democrático no qual não somos mais indivíduos, mas sociedade. Uma sala escura e um projetor ligado formando um portal para outra dimensão significam que ocorre mais um avançado de cinema, o qual imerge os estudantes em fascinantes relatos visuais de diferentes visões de mundo, experiências e realidades globais. Um belo exemplo foi um documentário exibido, “A 13ª Emenda”. As imagens repulsivas da era Jim Crow nos Estados Unidos, acompanhadas pela voz arrebatadora de Nina Simone e outros grandes nomes do Blues, retiram os alunos de sua individualidade e os colocam no mapa mundial, no conjunto social repleto de mutualismos e predatorismos. É por meio das canções que ocuparam o avançado de história por algumas aulas que conhecemos diretamente aqueles que a fizeram, do lundu à Tropicália. Crias de seu tempo, que moldam a identidade nacional, com reivindicações próprias e relevantes, além de incrivelmente distantes de nossa realidade. É a composição de Chiquinha Gonzaga

abrindo alas na mente do observador, junto com a voz de Elis Regina, Cartola e muitos outros reverberando pela sala, que faz o aluno do século XXI submergir em vivências passadas e marcantes para a história de nosso país. Esses são apenas parte de uma infraestrutura que disponibiliza o envolvimento e participação em diversos temas e áreas. A arte, a escrita, a cinematografia e o debate são componentes vitais na formação de nossa sociedade, são relatos históricos das mais variadas formas de expressão que já passaram e passam pela Terra, já que estabelecem conexões ricas e únicas com o pretérito, e devem ser apreciadas e estudadas, para que cada aluno construa sua própria visão de mundo, seu próprio repertório e caráter que se alastra por muito mais do que as experiências tidas dentro das paredes brancas do colégio. A diversidade no meio escolar é de suma importância. O âmbito acadêmico que muitas vezes é retratado como uniformizado, restrito e ligado, unicamente, a vestibulares e mercado de trabalho deve se expandir para ser coerente com o panorama miscigenado e completamente heterogêneo no qual vivemos. A produção cultural é o mais perto de um diálogo direto com todo o planeta, e deve ser parte integral do ensino que muda e evolui com os tempos. Afinal, a escola deve derrubar fronteiras e não limitar o aluno a um cronograma. São esses avançados, plantões e a participação estudantil na revista que você está segurando,

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Conhecimento além do tablado

além de iniciativas artísticas, mesa redonda e o interesse dos professores em ajudarem os alunos tanto em aula, quanto fora que fazem o aluno acreditar na vontade de uma “Mãe Amável” de ver seu filho aprender e crescer como pessoa e cidadão. Deve-se almejar por aprendizado e não programação, por alunos com um senso de si e do mundo ao seu redor, sagazes e atentos, assim como, os grandes nomes e professores que os ajudam a chegar lá.

Dica Documentário disponível na Netflix. Classificação Indicativa: 16 anos.


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O primeiro dia do resto de suas vidas

Nos primórdios da humanidade, nas escuras e úmidas cavernas de Lascaux, pinturas fantásticas feitas nas paredes e tetos, revelam-nos os vestígios das primeiras demonstrações de representatividade religiosa da humanidade; a finalidade desses desenhos poderosos, provavelmente seja a de possibilitar a passagem na vida de crianças que ao entrarem em contato com os espíritos dos animais pelas mãos de um velho e sábio xamã, aproximarse-iam da força dos grandes caçadores; a partir desse momento, passariam a ter o respeito e a responsabilidade de prover Revista do Mater 2018

e defender a comunidade, pois deixariam de ser crianças para se tornarem adultos. Portanto, deixar uma zona de conforto em busca de um horizonte ao mesmo tempo novo e desafiador, parece ser o destino da humanidade. Na antiguidade esses momentos de ruptura, incertezas, mas também de esperanças, aparecem de maneira recorrente. No Antigo Testamento, no Gênesis, quando Adão e Eva desafiam o Criador em nome da consciência e da vida de labuta humana contra a natureza indômita, salta aos olhos essa ânsia pelo novo e a renúncia à vida cômoda, mas

subordinada às antigas regras; em outra passagem, Abraão, o qual atende ao chamado divino, desafiava a tradição e valores do seu povo, sai da sua cidade, e abandona sua família em busca da Terra Prometida. Em todos esses relatos e passagens está presente o desejo humano pelo novo e desconhecido, mesmo que isso signifique a troca irreversível do conforto, pela incerteza. Ainda citando o Antigo Testamento, o patriarca Moisés libertou o povo hebreu depois de séculos de escravidão, guiou-o numa passagem difícil e longa, pela Península do Sinai até


a Palestina. Esse ato desafiador e libertador deu origem a uma das mais importantes festas do calendário judeu: a Pessach. Essa palavra hebraica significa “passagem” e nos diz sobre a transição de uma vida de escravidão e sofrimento, para a vida de liberdade plena. O cristianismo se apropriaria dessa ideia ao relacionar metaforicamente a passagem da escravidão anterior à vinda do Messias para a libertação trazida pela salvação consumada nos seus sacrifício e insurreição; daí a Páscoa (ou Pessach) da era cristã. O próprio batismo, além de outras formas de demarcar passagens por meio de rituais, aparecem, constantemente, na literatura medieval. Tanto na ordenação de cavaleiros, como nas cerimônias de homenagem, ou nos casamentos, a presença institucional e controladora da Igreja Católica é constante, pois aborda a possibilidade de contestação às normas vigentes. A nobreza palaciana tratou de domesticar a ruptura e moldar a passagem e seus traumas, à tradição vigente. As festas de debutantes, por exemplo, cumprem o papel de demarcar a passagem da infância para a vida adulta, já que apresenta a mulher aos seus possíveis consortes, em um complexo e simbólico ritual. A avalanche burguesa contra as marcas do Antigo Regime não conseguiu apagar esses resquícios de valores nobiliárquicos, presentes no cotidiano contemporâneo até os nossos dias. Ao herdar a tradição ocidental de sociedade e de educação, somos depositários de séculos dessa necessidade constante da passagem, tanto na forma institucionalizada, quanto na forma transgressora. A escola, microcosmos da sociedade, traduz esses momentos na sua essência. Ao entrar em uma sala de sexto ano, no primeiro dia de aula, fica nítido o quanto a passagem do fundamental I para o fundamental II traz uma certa angústia, além de orgulho aos meninos e às meninas. Os pés de

muitos deles nem tocam o chão e ficam balançando em pêndulo, nervosamente ainda na apresentação do professor. No entanto, o tempo passa e logo se lembram de que são crianças, o que torna difícil o cotidiano de quem tenta falar sobre os povos da Mesopotâmia, ou das táticas de guerra de Júlio César. Para quem vive, convive e respira o ambiente escolar, sabe que apenas alguns meses são importantes no crescimento dos alunos, tanto fisicamente como intelectualmente; as perguntas mudam, os interesses também. As provas ficam cada vez mais fáceis de ler e os argumentos e as intervenções em sala se tornam mais agudos e assertivos. Em dois anos, os pequenos estão maiores (muitos deles maiores que o professor). O espaço do fundamental II se torna menor e a busca pela identidade, muitas vezes, passa pelo questionamento da autoridade dos pais, de professores e de funcionários. A ruptura e a procura pelo novo causam dor e sofrimento, mas é vital. Esse processo traumático nunca é fácil ao adolescente. A palavra adolescente significa literalmente “crescer para”; como se fosse urgente e inevitável crescer. Alguns se veem perdidos entre as duas fases, o que torna a experiência da transição cada vez mais difícil. Essa passagem, como nos caçadores pré-históricos, só é possível mediante a apreensão de ferramentas, espírito e armas para deixar o lúdico, típico do ensino fundamental , para se tornar o construtor do seu próprio conhecimento. A contestação à fala de professores e de pais, tem o sentido de atender ao chamado urgente do autoconhecimento, das próprias lógicas, identidades e imagens. Essa postura requer coragem de negar o conforto e partir para a incerta busca pelo novo, ainda que essa

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O primeiro dia do resto de suas vidas

procura se mostre obscura e ameaçadora, ela é também deliciosamente libertadora. Curiosamente os últimos anos do ensino médio, apesar da pressão institucionalizadora dos vestibulares com seu ritual afunilador e ultrapassado, trazem à tona a cumplicidade e o reconhecimento entre alunos e professores. As broncas e demonstrações de aparente autoritarismo cedem espaço para um diálogo cada vez mais horizontal. Os pés já tocam firme os pisos das salas, as colocações são mais críticas e seguras, as referências extrapolam as quatro paredes das salas. Amizades são construídas e há muito mais uma espécie de troca, em vez de transmissão estéril de conhecimentos. Ver essas crianças “crescendo para” se tornar adultos inteligentes, críticos e sensíveis, é o mais gratificante dessa profissão tão pouco prestigiada em nosso país. No fim dessa trajetória, percebemos que o que foi dito em sala ao longo de sete anos, ainda está presente na memória desses, agora, jovens adultos. Tenho a alegria de saber que, embora muito pouco do que dissemos, será repassado para as outras gerações, se não por palavras ou citações literais, mas por gestos e referências, fiz a minha parte. Isso, ouso dizer, faz-nos imortais, pois estaremos presentes quando não estivermos mais aqui. Essa passagem é muito mais importante perene que qualquer instituição ou cristalização de rituais de passagem. É essa busca pela humanização e por novos horizontes que faz da prática docente algo transformador e fascinante. Nos últimos dias de aula, olhando para as salas do ensino médio, não vejo homens e mulheres, mas sim meninos e meninas do sexto ano, curiosos e assustados com os novos desafios da vida adulta. Meninos e meninas, primeiramente bom dia, “o primeiro dia do resto de suas vidas”.

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Nossa escolinha: Preparação para uma vida toda

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Tudo que for feito com uma criança precisa ter amor. Imagine numa escola. O ambiente escolar traz inúmeros estímulos, proporciona conhecimento e cria vínculos que podem durar para sempre. E eles têm que fazer sentido à criança, à família, à sociedade. Para que aprender isso? Por que ensinar aquilo? Já pararam, papais e mamães, para pensar nisso?

Da aula de pintura ao parque, da casa na árvore à horta, da musicalização ao dia das mães, da letrinha do nome à interpretação de um texto, é essencial que toda atividade tenha embasamento teórico, objetivos concretos e comprovação prática o que alinha experiência e inovação. Isto traduz, as interações que tias e tios da escola promovem aqui, pois, fazem nossas crianças felizes e, assim, elas aprendem brincando. A percepção da escola está em oferecer tais ambientes e situações para que cada aluno observe, imagine, crie, questione, experimente, sinta, produza e, por que não, ensine. Ele aprende com ele mesmo, aprende com os amigos, aprende com o professor e constrói sua identidade pessoal e coletiva dia após dia. É, por isso, que as aulas de culinária, de inglês, de ciências e de tantas outras não podem ser “apenas” aulas. Imagine-os com chapéu e com avental para brincar de fazer uma receita mágica. Explorar as texturas, as quantidades e os objetos da cozinha do castelo é um ato de muita coragem para príncipes e princesas. O pozinho de pirlimpimpim, também chamado pela professora de farinha de trigo, é dividido e todos se ajudam para não errar nas medidas da poção. As expressões de sentimentos e emoções na hora de degustar aquela comidinha encantada mostram caras e bocas de descobertas incríveis, significam possibilidades de criar e experimentar o que antes não

interessava e agora se torna uma realização. Colocar a mão na massa nas deliciosas aulas de culinária é uma linguagem diferente que apresenta novos saberes e desafios. E quando a receita os leva a viajar pelos países e se deparar com novas culturas? Vestir a touca de mini chef é uma responsabilidade que ultrapassa várias fronteiras, estimula o autoconhecimento e o conhecimento de mundo. Quando se navega por tantos mares, aprendem-se também outras línguas! A experiência de ser um pirata e fazer uma caça ao tesouro in English pela escola é intrigante, é um challenge que a criança quer conquistar com seu treasure map em mãos e alguns volcanos e caves pela frente. Explorar ambientes, desvendar mistérios, seguir dicas e encontrar as gold coins são estímulos que aguçam o aprendizado e a curiosidade da criança. Encontrado o tesouro, o plantio na nossa horta tem um encanto que quebra barreiras de sensações, que suja a alma de terra, que colhe realizações. Com uma mudinha de alface em mãos dá para aprender muita coisa: as partes das plantas, o que elas precisam para crescer, todos os animais envolvidos nesse ciclo biológico (inclusive nós), a importância de alimentar-se bem… Mexer no barro, procurar minhocas, regar os canteiros diariamente, observar o tempo que sua plantinha leva para se desenvolver, o gasto de água, as criaturinhas que aparecem e o trabalho que dá para cuidar de tudo são fatores que as crianças precisam vivenciar para poderem mensurar e fazer comparações. Por isso que eles também fizeram, durante o plantio da horta, e junto aos papais e mamães, a árvore dos desejos. Plantaram um bilhetinho com dois sonhos, um pessoal e um coletivo, que são regados diariamente com ações, que dão muito trabalho e que também serão colhidos um dia.

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Nossa escolinha: Preparação para uma vida toda

Seja na horta ou seja na vida, eles aprendem que quando realizam suas atividades com amor o resultado é positivo, é feliz, é gratificante. Aprendem também o que é dedicação, paciência, respeito e que conceitos que estão em alta, como sustentabilidade, têm que sair das páginas dos livros e se tornarem um hábito de vida. Essas conversas e vivências diárias com a professora e com a turma se somam aos exemplos que cada criança traz do contexto familiar para formar sua personalidade. Cada interação e cada experiência são únicos nesse período de formação psicológica, social e motora. É a fase onde papais e mamães devem se lembrar que o processo de educar e cuidar é uma construção que inclui alicerces básicos como a determinação de limites, o contínuo planejamento de atividades e estímulos essenciais e, claro, atenção integral e muito amor. Com a parceria da nossa escolinha.

Dica Confira as fotos das atividades na nossa fanpage: facebook.com/escolaopequeno

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Application


Benefícios de estudar

01 nos Estados Unidos

Existem muitos fatores que podem atrair alunos internacionais para universidades nos Estados Unidos. Normalmente, a infraestrutura e o investimento em educação são muito melhores nos EUA, e, por consequência, o número de oportunidades profissionais e acadêmicas também é muito maior. Em geral, o contato do aluno com o professor também tende a ser maior. Os professores reservam certos horários na semana (office hours) para atender às dúvidas dos alunos. Isso cria um vínculo maior, e ter contato com docentes renomados também é uma maneira de abrir portas para uma carreira. Outro benefício é que as universidades norte-americanas permitem que os alunos troquem facilmente de major (curso) nos primeiros dois anos da graduação, desde que seja entre áreas do conhecimento conectadas entre si. Por exemplo, um aluno de Ciências da Computação que se interessou mais por Engenharia Mecânica pode requisitar a troca de curso. Por fim, existe a possibilidade de estudar áreas distintas ao mesmo tempo, como Astrofísica e Ciências Políticas, por meio de um double major (dupla graduação) ou um minor (curso de pequena duração), todos oferecidos pela universidade. Fatores que aumentam

02 suas chances

Contratar uma instituição e s p e c i a l i z a d a e m m e n t o re a r applications pode auxiliar no processo, pois ela ajudará a revisar as redações enviadas às universidades e a solucionar dúvidas pontuais. Nós tivemos o acompanhamento da Meta Academy Counseling Service no processo. O sistema de notas nos Estados Unidos é feito com base no GPA (Grade Point Average), uma escala que utiliza letras para avaliar o aluno (A+, A, B,

etc). As universidades mais concorridas (como as da Ivy League) exigem que o aluno tenha oscilações entre notas A e B, o que significa uma média de notas no boletim acima de 8,00 no sistema brasileiro. Além do boletim, existem provas em inglês comumente requeridas pelas universidades. O TOEFL (Test of English as a Foreign Language) mede a sua fluência no inglês. Outra prova é o SAT (Scholastic Aptitude Test), que cobra conhecimentos básicos de matemática, interpretação de texto e gramática da língua inglesa. Cada universidade tem sua própria nota de corte para essas provas. Para universidades muito concorridas o ideal é tirar acima de 90 no TOEFL e acima de 1500 no SAT. O último fator é participar de atividades extracurriculares e se destacar nelas, pois isso, mostre o seu empenho e seu comprometimento com as áreas pelas quais tem interesse. Essas atividades envolvem esportes, aprender outras línguas, fazer olimpíadas científicas, participar de atividades voluntárias, etc. Passo a passo do processo

03 de application

O processo inicia-se com a criação da college list (lista de universidades) baseada na sua pretensão de curso, nas preferências de localização, no estilo de educação (universidade, liberal arts college, instituto de tecnologia), etc. Também é bom explorar os sites pelos quais a application é feita. O Common App é o mais utilizado, mas existem também o Coalition e os portais exclusivos das universidades (como o “MyMIT” no caso do MIT). Após a definição da college list, é necessário pesquisar quais são os temas das essays (redações) cobradas por cada universidade. As essays são diferentes das redações dos vestibulares brasileiros por tratarem de temas muito pessoais, como escrever

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Application

sobre experiências que influenciaram sua personalidade, explicar o seu interesse pelo curso em que quer se graduar, ou abordar o maior desafio pelo qual já passou. Também são necessárias cartas de recomendação do coordenador da escola e de professores, as quais permitem que a universidade receba uma avaliação daqueles que têm contato direto com o candidato. Com todos os documentos e notas do TOEFL e do SAT em mãos, a application é enviada pelos respectivos portais online geralmente até o dia 31/12. O resultado comumente sai até o mês abril do ano seguinte à conclusão do Ensino Médio.

04 Gastos É preciso ter cautela ao decidir se realmente vai tentar estudar fora, pois, o processo consome bastante dinheiro. Você pode precisar pagar tradução juramentada de boletins, a taxa de envio das applications para cada universidade (cada uma cobra em torno de U$70 dólares) e as inscrições no TOEFL (U$200) e no SAT (U$105). Realizar a graduação sem bolsa de estudos da universidade também sai muito caro. Mesmo as universidades públicas nos Estados Unidos são pagas, podendo atingir um custo de vida de U$50.000 por ano, enquanto particulares como Stanford e MIT chegam a U$70.000 por ano (incluindo gastos com moradia, alimentação, saúde etc.). Muitas universidades oferecerem financial aid (ajuda financeira) aos alunos aprovados. Todavia, indicar que você precisará de ajuda para se sustentar na graduação, provavelmente, reduzirá suas chances de ser aceito (existem exceções como MIT e Harvard, que são need-blind: não fazem das condições financeiras dos estudantes um fator seletivo). Revista do Mater 2018


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Nossas figuras históricas

Dina Se você nunca a viu, veja! Porque ninguém quer te ver pelado por aí... A maior vendedora de uniformes da história mater amabiliana veste alunos há mais de 10 anos.

Rocsana Se você é do Ensino Médio e ela nunca te chamou de Sr. Aluno ou Sra. Aluna, você está vindo na escola errada já faz um tempo... A professora de química do EM que, com seu sotaque latino, faz tudo ficar na sua cabeça, inclusive conselhos e piadas, há mais de 20 anos.

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Diuza Se você não sabe quem é ela, descubra ou fuja! Você está devendo... Sobrinha de nossa fundadora, é praticamente a cobradora oficial de pagamentos por mais de 20 anos.

Fabinho Se ele não sabe quem você é, você não existe! Afinal se o oráculo mater amabiliano não te reconhece, who are you? Nosso querido Fabinho! Em 14 anos já ficou na Educação Física e se fixou no marketing e nos passeios, onde conhece os alunos e nunca mais os esquece.

Ângela Se ela nunca brigou com você, parabéns! Você tem lugar garantido no paraíso! A inspetora conhecida por sua braveza, com cabelo cor de fogo, dá afetuosas broncas há 18 anos.

Janete Se ela nunca foi carrasca com você, se ela nunca te emprestou pasta de dente, se você nunca comeu um bolo dela... Você simplesmente perdeu! Afinal não se tem alguém assim em qualquer lugar! Uma das inspetoras mais queridas da escola, vem cuidando dos alunos como uma mãe há 25 anos.


Você está muito animado(a) com um encontro, mas ele acaba não indo muito bem. Você: a) Sinceridade é tudo! Manda logo a real b) Grita e repreende seu date c) Usa o date para pelo menos vender suas “brusinhas” d) Oferece uma viagem para mandar o date para bem longe e) Fala logo pra ir embora f) Faz o date pagar a conta

O que você faz em uma sexta à noite:

Escolha uma frase para levar para a vida:

a) Faz folhinhas de estudo a madrugada toda b) Conta quantas broncas deu na semana c) Prepara os looks pra semana que virá d) Procura preços de hotéis e) Bolos f) Abre o cofrinho

a) “A natureza quis assim, fazer o que!” b) Qualquer frase em tom de grito c) “Tristeza? Tô fora, compro minhas roupinhas e vou embora” d) “Oi! ” e) “Sai da sala! Agora!” f) “Não aceitamos parcelado”

Você ganhou na loteria! Qual a primeira coisa que faz? a) Faz a regra de três para ver quanto vai gastar b) Vai ao cabelereiro c) Vai para a São Paulo Fashion Week d) Faz a volta ao mundo e) Faz um café da manhã para todos que gosta f) Economiza

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Nossas figuras históricas

Qual dessas atividades físicas você exerceria: a) Academia b) Caminhar no parque c) Levantamento de roupa d) Exercitar a paciência e) Existir f) Levar o cachorro para passear

Qual das comidas a seguir você prefere: a) Zabaione b) Salada leve c) Frutos do mar d) Comida dos alunos e) Bolo de banana f) Um bom arroz e feijão feito em casa

Para quais desses lugares você iria sem titubear: a) Santa Catarina b) Portugal c) Milão d) Sítio do Carroção e) Trabalho f) Wall Street Revista do Mater 2018


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Família e escola: parceria ou oposição?

Em 2011, o economista James Hackman, prêmio Nobel de Economia, realizou uma pesquisa para descobrir se as escolas (tal como as conhecemos) ainda seriam necessárias. Na ocasião, ele se perguntava se, no mundo atual, em que as informações circulam com facilidade, fazia sentido investir em prédios e em professores ou se já não era possível ensinar de outras formas, as quais utilizariam os computadores e outros espaços de aprendizagem. Para responder suas questões iniciais, Hackman comparou trajetórias de pessoas que tinham feito home school (ou seja, não tinham estudado em escolas, mas sim em casa, com tutores individualizados ou para pequenos grupos), com alunos que tinham frequentado escolas. Pa ra a fe r i r co n h e c i m e n to s conceituais comparou notas do GED (exame nacional de alunos que não estudaram em escolas regulares) com o SAT (uma espécie de ENEM norte-americano). Os resultados cognitivos – em matemática, língua inglesa, geografia, física, etc) - foram próximos, o que reforçou a dúvida sobre a necessidade das escolas. No entanto, quando usou indicadores que mediam a adaptabilidade social – problemas com a justiça, conclusão de curso universitário, empregabilidade, nível salarial, entre outros, verificou que o desempenho de quem estudou em escolas era Revista do Mater 2018

muito superior aos que não as tinham frequentado. Hackman constatou a necessidade e a importância da escola na formação dos indivíduos, e comprovou, estatisticamente, o que os educadores repetem há décadas. E o que acontece nas escolas que as tornam tão necessárias e importantes para a formação das pessoas? Nada a substitui em sua função de socialização ou formação dos indivíduos para o espaço público. Na família, as crianças e os jovens vivem em um ambiente mediado pelo afeto, importantíssimo para a formação individual. Mas, na escola, ele aprende a lidar com todas as situações que vai viver socialmente ao longo da sua vida: - conhece colegas que vêm de famílias diferentes da sua, que pensam diferente, que têm hábitos e valores que não são necessariamente iguais aos da sua casa; - nas dinâmicas em sala de aula, aprende que precisa esperar sua vez de falar, que deve ouvir o outros com respeito, que precisa aprender a conviver e a dividir espaço com outras pessoas; - começa a lidar com regras “impessoais”, não determinadas pelo afeto: horários, dias marcados de provas e entregas de trabalho; - aprende a resolver problemas e a realizar tarefas de complexidade crescente: desafia-se, precisa se organizar para fazer e entregar tudo no prazo. Aprende que suas

ações têm consequências: se não cumpre horários e prazos, sua desorganização se reflete em notas e feedbacks críticos; - ao trabalhar em grupo, aprende que as pessoas têm talentos e facilidades variados: juntos, cada um completa o outro para a realização de uma tarefa; sozinho, dificilmente alguém tem excelência igual na escrita, no desenho, na oralidade, nas artes cênicas, nas atividades físicas. Nesse sentido, cada um tem a possibilidade de encontrar seus pontos fortes e reconhecer aquilo em que os outros são melhores. E que as outras pessoas – diferentes de si mesmo - podem ser ótimos exemplos para o auto aprimoramento.

“A complementaridade entre família e escola fica clara: ambas, cada uma em sua dimensão – mais afetiva e individual em casa; mais racional e coletiva na escola, contribuem fortemente na formação das pessoas” Destaquei até aqui alguns poucos aspectos do complexo trabalho de formação que se desenvolve nas escolas todos os dias e que terão, como comprovou James Hackman, repercussões para toda a vida. Olhando deste modo, a complementaridade entre família e escola fica clara: ambas, cada uma em sua dimensão – mais afetiva e individual em casa; mais racional


e coletiva na escola, contribuem fortemente na formação das pessoas. Por que, então, temos observado tantos conflitos nessa relação? De um lado, famílias reclamando de ações da escola, com as quais não concordam; por outro, educadores e gestores escolares se sentindo desrespeitados na sua expertise de formação. Antes de arriscar alguns caminhos para responder a essa questão, acho importante ressaltar que não considero nenhuma das duas instituições – família e escola – infalíveis. Portanto, apontamentos mútuos sobre questões que podem ser ajustadas fazem parte do diálogo necessário e enriquecedor para todas as partes. No entanto, do ponto de vista da escola, por vezes, os conflitos aparecem justamente porque ela está realizando bem seu trabalho de socialização. Muitas das críticas que as famílias fazem dizem respeito ao cumprimento de regras necessárias em um ambiente social, que, na maior parte das vezes, foram comunicadas aos pais antes da matrícula. Ou seja, a escola divulga sua linha de trabalho, os pais dizem concordar com ela (tanto que matriculam seus filhos) e reclamam quando essas regras combinadas são postas em prática. Ainda que as características individuais devam ser consideradas no processo ensino-aprendizagem, as regras de funcionamento da escola valem para todos. Abrir exceções, além de desorganizar o funcionamento de uma instituição voltada ao coletivo, é certamente deseducativo: um aluno que chega atrasado com frequência, se for sistematicamente desculpado, estará consolidando uma percepção em si de que não há problemas em atrasar-se. Mas, socialmente,

sabemos que atrasos frequentes não são perdoados e falam contra os indivíduos que os praticam. Se um aluno ou aluna costumeiramente não entrega suas tarefas ou trabalhos escolares em dia e conta com ajuda da família para “driblar os prazos”, consolidará a ideia de que o compromisso com datas de entrega não é importante, que sempre se pode dar um jeito. À medida em que se torna adulto, se tiver consolidado essa convicção, provavelmente vai aprender, de forma mais dura, que o mundo social não aprecia quem não cumpre com combinados. Se um aluno ou aluna se envolve em conflitos na escola – com colegas ou professores - e a família não dá nenhum tempo para que aprenda a resolvê-lo, dificilmente poderá observar seu amadurecimento na relação com as outras pessoas. A vida seguirá, outros conflitos surgirão e, quando não houver a possibilidade de pedir ajuda a outros, provavelmente seu sentimento será de maior dificuldade e temor. Reitero: escolas não são infalíveis. Apontar o que pode ser melhorado pode e deve ser feito. No entanto, brigar para a escola não fazer o que ela tem que fazer (e prometeu fazer – por isso, foi escolhida) não faz sentido.

“Esperar que a família haja como a escola é um equívoco. Como dito, além da formação individual, as razões do afeto imperam nela. Mas querer que a escola funcione como a família, ignorando seu projeto cognitivo e de convivência, é um equívoco ainda maior”. Há uma frase corrente, no mercado de trabalho, que diz: “as pessoas são contratadas pelo seu conhecimento. E são demitidas pelo

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Família e escola: parceria ou oposição?

seu comportamento”. Ao longo de 14 anos de escolaridade básica, todas as pessoas têm a oportunidade de adquirir e aprimorar conhecimentos. E, sobretudo, de aprender a convier com outras pessoas, a serem persistentes, a lidar com regras e prazos, desafios e frustrações, a ter compromisso com outras esferas que não sejam apenas sua família. Lembro que as características pessoais se consolidam no longo prazo. Ninguém se transforma da noite para o dia. Respeito ao outro, compromisso e responsabilidade não aparecem em uma pessoa magicamente: são construções com as quais a escola pode e deve contribuir. Esperar que a família haja como a escola é um equívoco. Como dito, além da formação individual, as razões do afeto imperam nela. Porém, querer que a escola funcione como a família, e ignore seu projeto cognitivo e de convivência, é um equívoco ainda maior. É não entender sua finalidade complexa de formação, é brigar contra a construção de referenciais que farão toda a diferença na hora das escolhas e atividades que se desenrolarão na faculdade, no trabalho, nas relações conjugais, e em tantas outras dimensões que se darão no futuro. *Diretora-Geral do Programa S e m e n t e , Ta n i a Fo n t o l a n é considerada uma das maiores especialistas em aprendizagem socioemocional e se dedica ao desenvolvimento de competências do século XXI. Especialista em administração escolar é formada em História pela PUC-Camp e mestra em Antropologia Social pela Unicamp. Atuou como professora na rede pública e privada durante 15 anos e como gestora escolar da rede privada por cerca de 10 anos. Revista do Mater 2018


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Você já abriu ou viu a cartilha de esportes que o Colégio Mater Amabilis tem? Pois é, se você visse essa cartilha, deparar-se-ia com a quantidade de esportes que o Mater proporciona, como: Basquete, CAD, Capoeira, Dança, Fitness, Futsal, Ginástica Artística, Handebol, Pilates, Tênis de mesa, Voleibol, Xadrez, Yoga e Zumba. Porém, infelizmente, muitas pessoas não sabem da existência de alguns desses esportes. Para muitos o esporte é apenas a prática de atividade física, mas, para quem o pratica sabe que vai mais adiante e que proporciona sentimentos e emoções únicas, como a felicidade, a tristeza, a raiva, o nervosismo, a alegria, a ansiedade, a paixão e outras emoções as quais criam um laço muito grande com o esporte e com a s pessoas que

o praticam. A atividade esportiva faz você passar por experiências e situações que nenhuma outra atividade faria você passar. É aquele frio na barriga antes de começar o jogo, é a determinação, a garra e a perseverança para vencer, é dar tudo de si em um jogo, a convivência com pessoas com perfis, idade, personalidade e experiências diferentes da sua, é saber lidar com a vitória e com a derrota, é ter respeito, empatia e solidariedade em qualquer hora com qualquer pessoa, é treinar muito, aceitar a sua falha e a do outro jogador e tentar corrigi-las, é ver o que está errado e persistir para acertar. Logo, essas emoções e situações levamos para toda a nossa vida e até as usamos em nosso cotidiano. Enfim, a prática esportiva lhe traz boas mudanças e eu posso falar

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O dia a dia dos alunos do Mater nos esportes

isso por conta própria. Uma delas é a relação interpessoal, ou seja, o convívio com as pessoas, tanto do seu time, quanto dos times adversários, pois, quando você faz parte de um time, precisa conhecer cada um dos jogadores para saber como são e como eles jogam. Portanto, em um time eles irão ajudá-lo, protegê-lo, e, além de apontar seus erros, ajudarão a corrigi-los e a vencê-los, isto é, em um time não pode ter competitividade entre os jogadores, pois, lá, e, em nenhum outro lugar, ninguém será melhor que ninguém, já que todos nós somos iguais e precisamos apoiar e sermos colaborativos uns com os outros, uma vez que apenas assim iremos conseguir coisas boas para nós e para aqueles que nós ajudamos, além do mais, somos uma família e é isso que famílias fazem.

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2018: Sรณ sei que nada sei

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2018: Sรณ sei que nada sei

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Além de uma instituição

Mater Amabilis. Sim, é uma das grandes escolas de São Paulo e do Brasil. Você entra, lê, corre pelo pátio, calcula, fica 15 minutos na fila do lanche, escreve, faz amigos, faz provas, faz muitas provas, faz infinitas provas e sai. Sai do jeito que esperava sair, e não é sobre saber calcular um delta perfeitamente ou sobre ter decorado todas as bacias hidrográficas do Brasil de que estamos falando. Estamos falando sobre o principal valor da escola: a formação de cidadãos autônomos, éticos e capacitados para a vida.

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Autônomos, A autonomia proposta pelo Colégio vai além da programação de lição de casa. Segundo Kant, a autonomia é a capacidade da vontade humana de se autodeterminar por meio de uma moral estabelecida por si mesmo. O Mater propõe durante todos os anos de estudo exatamente isso: a criação de uma moral individual e consciente a qual nos impõe a tomar atitudes mais corretas e dependentes somente de si.

Éticos, A moral não seria nada sem a ética. A ética é a investigação da moral como eficiente ou não a partir de reflexões. A moral nada teria de bom sem a ética porque esta seria um mero dogma. Um dogma que nos leva a tomar atitudes somente voltadas a valores, sem levar sequer ao pensamento os indivíduos em nossa volta. A moral sem a ética, é tradição. E a tradição, por vezes, sofre mudanças, isto é, a ética adapta a moral para tais mudanças. Portanto, a ética determinada pelo Colégio tem como propósito a formação da empatia, a qual apaga as mais diversas formas de preconceito, pelo simples ato de pensar. Pelo simples ato de exercer a ética.

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Além de uma instituição

E capacitados para a vida. A junção da autonomia e a ética cria um caminho seguro a seguir. Cria-se um indivíduo que sabe tomar decisões. Um indivíduo que sabe falar ao mesmo tempo que sabe escutar. Um indivíduo que busca, e acha. Um indivíduo que não aceita sem refletir. Um indivíduo que além de buscar o próprio sucesso, quer o dos outros também. E tem a noção do quanto deve batalhar para tal. Mater Amabilis. Não apenas uma instituição que nos apresenta química, física e biologia, mas uma peça fundamental para a formação da nossa consciência, que nos ensina como ser atuante dentro de uma sociedade a qual precisa de nós. É a Mãe Amável que nos acolhe quando acabamos de chegar ao mundo, educa-nos , ensinanos e depois de doze anos nos reverte ao mundo novamente, mas, com total consciência do que somos, de onde vivemos e do que precisamos fazer.

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Além de uma instituição

A criação de laços afetivos Mater Amabilis. Mater. Colégio. Mãe Amável. Segunda Casa. Todos esses substantivos usados para descrever apenas um lugar, a nossa escola. Por que a damos tantos nomes e apelidos? Afinal, para que damos apelidos às pessoas? A resposta é simples para as perguntas. Damos apelidos para aqueles que são especiais em sua maneira, destacam-se em nossa vida de alguma forma, seja positiva ou negativa. Damos apelidos para aqueles que possuem uma relação diferente, mais íntima, talvez, conosco. No entanto, por que apelidar uma escola? Aquela instituição de ensino, temida por muitos, amada por poucos, que traz não só os melhores, mas também, os piores momentos da juventude. A resposta é simples. Nossa escola não é somente uma escola. Ela é nosso Colégio, nossa Mãe Amável, nossa Segunda Casa, nosso Mater. A relação colocada na escola é mais do que uma relação cotidiana do homem cordial, é mais que um bom

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dia, é mais que um boa noite. É o tipo de relação mais forte que um nó de pescador, que o martelo do Thor e que o escudo do Capitão América. É o tipo de relação que tem mais benefícios do que estresse, que é mais amada do que temida. É o tipo de relação que nos une e que nos dá orgulho de fazer parte da comunidade mater amabiliana. Todas as relações dentro do nosso microcosmo mater amabiliano representam algo importante dentro de cada ação, dentro de cada palavra, dentro de cada olhar, dentro de cada cumprimento. Toda ação tem uma reação. Cada ação transcende aquilo que parece acontecer. Aquilo que é objetivo, claro e visível, não representa o que realmente se passa na mente de cada um. Uma olhada feia, um sorriso carinhoso, um grito, um aceno de cabeças, um abraço. Os laços aqui criados começam com um pequeno nó ao conhecermos a grande estrutura em que estamos inseridos. Passamos a conhecer os professores, faxineiros, coordenadores, secretárias, inspetores e então

começamos a concluir o primeiro nó, a base. Conforme o tempo passa a convivência com as mesmas pessoas durante anos se torna rotineira e comum, os nós começam a se fortalecer, ganhar resistência. O laço então começa a tomar forma com as brincadeiras de fim de ano, avançados, eventos, tardes passadas na escola, plantões e piadas em sala de aula. E então como uma orquestra, os fios e fitas começam a se entrelaçar, todos buscando um mesmo objetivo, todos buscando o aprendizado para além da sala de aula, a autonomia, a formação de pessoas. É neste momento em que tudo se torna mais homogêneo, fixo e firme. É neste momento em que as mais simples ações transcendem sua objetividade, os cumprimentos se tornam mais afetivos, os sorrisos mais sinceros, os abraços mais apertados. E, então, no final de tudo, temos o mais bonito e grandioso laço, como aqueles de carros novos. Porém, infelizmente, este laço não é de novidade como o dos carros, mas de despedida, visto que já teremos cumprido o nosso período no Mater.


A criação de lugares à mesa Nosso Mater vem de transição. Metamorfoses sequenciais que ocorreram durante a vida toda, seja na atmosfera lúdica do Pequeno Príncipe ou meio à expansão do conhecimento ao longo dos anos no colégio Mater Amabilis. É no colégio que principiamos a escalada para fora da caverna de Platão, e tomamos cada livro, cada professor, cada novo capítulo na infinitude da sapiência como mais um degrau em direção à luz do conhecimento absoluto. Tal destino pode ser inalcançável, mas mantemos em mente a vasta magnitude de noções obtidas, é como se saíssemos da caverna, enfim, saímos do colégio e levamos a valiosa bagagem conosco em uma expedição para mudar o mundo. Foi assim, então, que nossos conceitos se renovaram, nossa gama de conhecimentos se expandiu e passamos a agir mais, fomos atrás de nossas oportunidades visando a uma vida melhor e um mundo melhor. Foi dentro das quatro paredes brancas e beges que aprendemos o significado da palavra “empatia”. Meio a discursos que podem parecer intermináveis em aulas de história, conhecemos mazelas de povos diversificados e distantes, além de aprendermos sobre o que faz de nós, seres em ciclos que insistem em se repetir ainda hoje. Vivemos as experiências de tais povos por meio dos livros lidos em literatura. Nas aulas de sociologia, cultivamos o olhar crítico quanto à configuração social atual e em filosofia questionamos os limites de

nossa própria natureza e saber. Em aulas de os) são oferecidas as ferramentas para a construção de um futuro mais saudável e sustentável. É assim que vejo o colégio, desenvolvendo a próxima geração consciente e de mente aberta, mesmo que os membros dessa geração, às vezes, sintam-se fartos com a avalanche de erudição. Sinto tal desenvolvimento na pele, pois evolução é mudança e a educação tem o indubitável poder de ser um catalisador para a configuração positiva de um futuro próximo.

Nós, jovens, somos agentes de mudança, e devemos ser estimulados e não limitados ao longo do crescimento. Nossa autonomia não deve ser reprimida e nossos projetos ouvidos, seja uma peça de teatro, uma nova olimpíada científica ou uma simulação da ONU. Os futuros diplomatas, criadores, engenheiros, jornalistas, ativistas, advogados, médicos, e a infinitude de possibilidades não respondem a restrições, e o colégio entende isso. De tudo que adentrou nosso cérebro ao longo de uma vida inteira nesse colégio, é isso que marca nosso caráter, desde os projetos do SOS no Ensino Fundamental até os que fizemos no Ensino Médio. Nossas vozes importam, o diálogo nunca foi tão precioso e nós merecemos um lugar à mesa, pois o futuro está em nossas mãos e podemos sim mudar o mundo, graças ao conteúdo dos livros, às faces que passaram por nossa frente, à oratória particular de

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Além de uma instituição

cada educador, às torres de Pequeno Príncipe e ao símbolo estampado em nossos peitos. Sabemos disso desde o momento em que passamos a nos unir no gramado frio do parque do colégio para organizar que palavras ocupariam essas páginas e, de repente, um universo de expressão se abriu para mim. Fomos retirados de uma posição passiva na sociedade para participar, para que saísse dos moldes da carga horária visando fazer do nosso colégio um lugar melhor, e abrir possibilidades de manifestação expressiva para todos os alunos interessados. Foi por isso que nós que compartilhamos essa matéria tomamos a iniciativa de fazer dessa revista o que é agora, para que a publicação que você agora segura fosse composta de participação estudantil, contaminada por vozes que não deveriam permanecer caladas em seu próprio ambiente. Esse é nosso Mater. Composto por tudo o que qualquer aluno vivencia, mas também infestado por movimento, iniciativas, diálogo, amigos, parceiros e a pequena família que formamos durante esse processo. A família que está lá conosco quando queremos embarcar em jornadas arrojadas como a criação de uma revista, ou um espaço de discussão estudantil, iniciativas artísticas ou cálculos absurdos. É uma enorme mistura complexa e exorbitante, que está sempre mudando, mas sempre parte de nós, no plano objetivo e subjetivo, seja ela um pequeno grupo ou um colégio inteiro.

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Passeios Pedagรณgicos


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Passeios Pedagรณgicos


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Relatos de uma aluna


Chamo-me Mariane, e o verdadeiro motivo de estar escrevendo sobre a minha vida aqui é mostrar a você, caro leitor, o quão fundamental é a existência de projetos sociais como o “Cursinho SOS” para o desenvolvimento da educação no país. E, para melhor convencê-lo, irei expor a gênese da minha história e iniciarei por aqueles a quem dedico esse breve texto, meus pais: Maria Helena e Mariano, as duas pessoas mais guerreiras e incríveis que conheço. Ele motorista de caminhão e ela gari, ambos prejudicados pela estrutura da educação pública, pois, mesmo com todas as habilidades e garra para driblar as dificuldades da vida, concluíram apenas o ensino médio. Isso graças a um projeto sócio cultural de educação para jovens e adultos que, assim como o Cursinho SOS, oferecia chances e oportunidades de obter-se contato com material escolar e de adquirir conhecimentos para, assim, desenvolverem-se socialmente. Bom, você deve estar se perguntando como isso tudo influenciou a minha vida. Mas peço paciência ao leitor, pois, ainda vou chegar na parte mais importante do meu relato. Se você não se sensibilizou com o fato de que o futuro dos meus pais foi salvo no momento em que um projeto os deu a chance de aprender a ler, certamente, algumas coincidências o deixarão, no mínimo, surpreso. Eu, por minha vez, cresci vendo a formação educacional dos meus pais, e conforme os dois iam construindo o seu pensamento crítico por meio da leitura, eles sempre me

explicaram que o único caminho para o crescimento era a educação. Mas isso não fazia muito sentido para mim, uma vez que, na minha vida adulta precoce, ir à escola no ensino médio significava a abstração de matérias e aulas sem professores, em que, muitas vezes, eu aproveitava esse período escolar para a reposição de horas de sono, pois, desde os 14 anos eu trabalhava durante o dia, para ajudar nas despesas de casa. Foi exatamente quando a fase escolar acabou que aquela frase de “crescer por meio da educação” começou a martelar na minha mente e eu me vi perdida, afinal, por mais que eu tivesse frequentado regularmente a escola, eu não havia tido um ensino de qualidade e muito menos instruções sobre como seria depois que esse ciclo se findasse. Perdida em um turbilhão de confusões e medos, conheci o Cursinho SOS, um lugar que me deu muito mais que aulas de qualidade, espaço físico estruturado e professores que, de fato, voluntariamente saem de suas casas para educar. Eles que, além de toda a responsabilidade com os vestibulares, preocupam-se em ser um canal cultural para seus alunos, por meio deles, tive oportunidades únicas, pude participar de estudos do meio realizados em lugares incríveis, como “As cavernas do Petar”, visitas a universidades públicas, a centros culturais e a peças teatrais. Essa experiência deu-me sentido, direção e, principalmente, fez-me entender o porquê da educação nos fazer crescer. Hoje eu tenho 20 anos, estou no terceiro ano de cursinho e estou

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Relatos de uma aluna

prestando vestibular para concorrer a uma vaga em Medicina. O acesso à educação me trouxe novas perspectivas e, graças a esse novo período de estudos, entender que existe um leque de possíveis objetivos e sonhos, os quais estão muito além da conclusão do ensino médio, ou aprovação no curso superior almejado, levou-me a crer no ensino. Está aqui, caro leitor, a minha argumentação final: projetos como esse só são possíveis quando pessoas como eu e você, que têm acesso ao mundo educacional, permitemse crescer. Importar-se com uma pessoa carente de educação é um dever de todos e a extensão desses movimentos socioculturais pode tornar possível libertar pessoas de medos decorrentes de falta de perspectiva e de oportunidade. Sendo assim, não poderia finalizar essa narrativa de outra maneira que não agradecendo a todos que trouxeram um novo sentido em minha vida: aos meus pais que se permitiram sair da 4° série mesmo depois de adultos. Ao Colégio Mater Amabilis que acredita e cede o espaço para a realização do projeto. Aos meus professores do cursinho que se permitiram sair de suas casas e doarem muito além de conhecimentos, carinho e atenção. Ao professor e coordenador Luis Gerardi que, permite-se lutar todos os dias para que esse projeto possa ser inspiração de muitos outros por meio de sua dedicação e amor pela causa. E a você, meu querido leitor, que se permitiu chegar até o final do meu relato e agora entende a importância de olhar para essa iniciativa com outros olhos. Revista do Mater 2018


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O Pequeno Príncipe

O Pequeno Príncipe é a parte da nossa escola onde cuidamos de sementes recém semeadas e as engrandecemos. Com o intuito de fazê-las crescerem grande e vigorosamente, a fim de alcançarem não só a majestade das árvores frondosas, mas também, a simplicidade de uma rosa, trabalhamos cuidadosamente com os infantes. A criança vive, neste ambiente, um dos períodos mais doces e singelos da vida, a infância. A fase na qual a criança vive os sonhos, desejos, descobertas, fantasias e encantamentos com toda sua doçura, inocência e ingenuidade que perdemos depois de crescidos, é a mais importante. Por isso, a criança que é cuidada e criada pelo Pequeno Príncipe. Ao parar para pensar em uma tarde em que passei no Pequeno Príncipe, pensei em como todas as pessoas grandes do mundo já foram crianças. Pensei em como eu, passando uma tarde ali, voltei a ser criança. Ao entrar na brinquedoteca, esqueci-me de tudo ao me jogar naquela montanha de bichinhos de pelúcia. Na sala de leitura, o mundo fantástico dos fantoches, deu vida as mais diversas histórias. Fui à minha casa, passei naquele castelo de contos de fada, lembreime de todo aquele reino, onde a imaginação e os sonhos das crianças poderiam fluir sem impedimentos e sem preocupações. Ali ficavam as crianças criando e vivendo seus sonhos. Todos já foram crianças. Todos já tiveram pelo menos um momento em que a seriedade do mundo não afetava em suas ações e reações. Todos. O aviador, o rei, o homem de negócios, o bêbado, o geógrafo, o vaidoso, o astrônomo, o acendedor de lampiões. Todos já foram crianças. Mas o tempo passa, os propósitos mudam, as expectativas mudam. Mudamos pelas obrigações, pressões e cobranças. Mudamos por viver não mais os sonhos genuínos, mas os alheios. Mudamos por esquecer nossa essência. E, mais cedo ou mais tarde, desejamos voltar àquela fase onde a imaginação era maior que qualquer preocupação. Afinal, na essência de cada um, há um Pequeno Príncipe. Em cada sonho, em cada expectativa, em cada ideal para mudar o mundo. O Pequeno Príncipe de cada um, ilustrando nossa alma, espírito e interior, é único, individual e diverso. O Pequeno Príncipe da Tia Dília é o menino Jesus, o meu, o seu e o dele, com certeza, são diferentes. Mas a única certeza que temos é a de que o Pequeno Príncipe, independentemente de sua multiplicidade, sempre será uma criança.


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Anna Carolina Zapata

Poesia vem sendo um mecanismo expressivo majestoso há séculos, que vai de versos do trovadorismo até exemplos diversos, sejam eles uivos, corvos, Severinos ou outras formas intrigantes. É um método intrinsecamente humano de construir a ponte entre o que a subjetividade abrange e a linguagem consegue comportar, sem a confusão e imediatismo de uma conversa casual na qual não caberia tal despejo de emoções. É, por isso, que Anna Carolina Zapata, aluna do sétimo ano, dedica-se a seus textos poéticos, dizendo que “é bem mais fácil se comunicar por escrita”, o que a levou a inscrever alguns de seus textos no concurso cultural para a revista, todos aqui inclusos. Ela escreve poesia há pouco tempo (começou há dois anos), mas já demonstra muito talento, pois simplifica seus textos como um meio de suprir a necessidade de dizer algo. Não é algo que faz por exibicionismo, mas para si mesma, e não lê tanta poesia quanto se satisfaz com suas histórias de aventura fictícias como qualquer outra jovem de sua idade. No final, Anna é só uma jovem muito talentosa, ela navega pelo período de transição que é o Ensino Fundamental II, o que faz de seus textos muito mais intrigantes, e a conexão entre obra e autora muito mais surpreendente. Seus poemas são a prova de que não devemos restringir as oportunidades ou a criatividade da juventude, porém, inflá-las, pois criação é base para tudo e a manifestação é necessária. É impossível não chegar a essa conclusão enquanto lê os versos da escritora, distribuídos em três poemas presentes nessas páginas. Que tais poemas sejam lidos, autoras sejam estimuladas, e jovens meninas como Anna não tenham suas ambições podadas. Sendo assim, em nome da arte e da humanidade, apreciem a poesia.

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Uma festa diferente

Barracas e brincadeiras típicas, quadrilhas, famílias de camisa xadrez e chapéu de palha, mas diferente. Não pela recém greve dos caminhoneiros, que mostrou algumas fragilidades do nosso país e de nossa sociedade, nem pelo clima de Copa do Mundo, afinal, ao mesmo tempo que começavam nossas danças típicas na quadra, a seleção fazia o último amistoso antes da estreia na Rússia. A Festa Junina é um dos maiores eventos do colégio. Ocasião única que reúne toda a comunidade, sem exceção, do Minimaternal ao 3º ano do Ensino Médio. Os orgulhosos papais e mamães que se espremem para tirar as melhores fotos de seus pequenos na quadrilha, os empolgados alunos com a movimentação da cadeia e do correio elegante, os saudosos avós que conduzem seus netos nas brincadeiras típicas, os hilários professores na

quadrilha do trocado com os alunos do Terceirão… Todo ano é mais ou menos a mesma coisa, mas com uma graça que nunca se perde. Em 2018, mais uma vez corremos até o último minuto da festa, olhamos cada detalhe e cuidamos de cada imprevisto. Mas também, trouxemos mudanças, inspiradas no exercício de olhar sob a perspectiva do nosso aluno (exercício este que tem sido uma constante para discutir cada projeto e atividade). E neste olhar, vimos festas anteriores cheias, alegres, barulhentas, mas não tão participativas. Vimos colaboradores dentro das barracas, alunos e famílias fora, alguns professores aqui, outros ali, cada um no seu quadrado. Mas por quê? E deste questionamento surgiu o grande objetivo da festa neste ano: integração da comunidade. Por que não famílias ajudando nas barracas, colaboradores se

divertindo nas brincadeiras, professores presos na cadeia da festa, alunos divulgando os projetos do SOS Mater, todos misturados? E o que motivaria esta comunidade a trabalhar conosco? Logo pensamos em propósito, palavra que rege cada movimento do nosso aluno. Nosso aluno que faz uma “vaquinha” quando descobre que seu professor teve a casa assaltada. Nosso aluno que compra presente de aniversário para a inspetora querida. Nosso aluno que se organiza para passar as tarefas para o colega que está doente. A Festa Junina de 2018 foi um sucesso. Não só de público, que ocupou cada espaço da nossa escola, e renda, que superou em 80% os números do ano passado e foi toda destinada aos nossos projetos socioambientais e comissão de formatura. No entanto, um sucesso, principalmente, pelos novos dados que tivemos orgulho de contabilizar: 157 voluntários, entre alunos, famílias e colaboradores, que se revezaram alegremente entre barracas e brincadeiras. 300 quilos de lixo devidamente separados – pelos nossos voluntários – e destinados para a Cooperativa Nova Vida, parceira de um projeto da escola que acaba de ser premiado com o Selo Ambiental Guarulhos. 40137 visualizações em nosso Instagram relacionadas à cobertura da festa – canal este gerido exclusivamente pelos alunos.

1 família.

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Selo Ambiental Guarulhos

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O Selo Ambiental Guarulhos é uma iniciativa da prefeitura da cidade que premia anualmente projetos de empresas, associações e instituições de ensino cujo tema se relaciona à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Em 2018, 14ª edição do prêmio, o colégio se inscreveu com o projeto Nova Vida, que surgiu com o objetivo de conscientizar os alunos quanto às questões socioambientais que envolvem os resíduos e também à inserção da escola no cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma vez que nós somos os grandes geradores de resíduos. “Sendo uma escola associada ao PEA Unesco, incluímos no projeto alguns Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e, ao invés de trabalharmos a destinação com empresas já estruturadas, decidimos potencializar o caráter social do projeto e trabalhar com catadores de rua. Por meio da prefeitura da cidade, contatamos um grupo que havia acabado de se organizar em uma cooperativa, a Cooperativa Nova Vida e fizemos o convite para que fossem nossos parceiros no projeto”, conta Luiz Antônio Gerardi Júnior, professor e responsável pelos projetos socioambientais do colégio. Assim como todas as outras iniciativas socioambientais da escola, o projeto “Nova Vida” conta com atuação direta dos alunos que, dentre outras atividades, fiscalizam diariamente o descarte de resíduos, atuam na separação, armazenamento e quantificação deles, ainda, acompanham as famílias de catadores, promovem campanhas de doação e, em reuniões periódicas, discutem a cadeia produtiva, as questões sociais que envolvem os catadores e o papel do projeto nos ODS. “Após um ano, já constatamos os impactos positivos que o projeto promove na formação do aluno e a mudança de rotina dos colaboradores quanto à separação dos resíduos. Além disso, conseguimos proporcionar uma renda duas vezes maior aos catadores da cooperativa que, antes do projeto, contavam com menos de um salário mínimo por pessoa. Para o próximo semestre, iniciaremos um estudo socioeconômico dessas famílias e vamos promover um curso de alfabetização que atenderá, não só os catadores não alfabetizados, mas também os colaboradores do

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Selo Ambiental Guarulhos

colégio na mesma condição de instrução”, complementa Luiz. Mas voltando ao Selo Ambiental Guarulhos, em cerimônia de premiação que aconteceu no dia 19 de junho, fomos prazerosamente surpreendidos com o prêmio de 1º lugar na categoria Instituição de Ensino Amiga do Meio Ambiente pelo projeto “Nova Vida”. E, nas palavras dos nossos alunos Ênio Issao Takiuchi, Giuliano Marotta Figueredo e Victor Melo de Sousa, participantes ativos do projeto, a síntese do que esse tipo de reconhecimento representa para nós: “Eu continuaria ajudando mesmo sem um prêmio, mas fico feliz porque agora, com esse incentivo, mais pessoas vão participar. Para nós é incrível ver que ações simples podem mudar muito a vida de algumas pessoas”.

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Passeios Pedagรณgicos


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Passeios Pedagรณgicos


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Concurso Cultural

A toda dor que dói A todo grito que grita A todo amor que corrói A todo amor que fica: Não se vá, por favor Não se apresse em vão Pegue com toda a delicadeza A incerta certeza da tristeza Do pêndulo que é minha mão Do túmulo que é meu coração Veja a cor e veja a dor Diga-me juras de amor E vá-se embora, como tudo e todos Mas não ache que a pertinência Trará a (im)paciência Da frívola dor Do tolo amor De poemas tolos Sem cor ou sem sabor Talvez em vão Feitos com incógnita permissão Mas nunca sem dor. Ou sem emoção.

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Concurso Cultural

No tempo, quando sobra tempo Há tempo também para pensar Que temos tão pouco tempo E tempo até para se amar Saber aproveitar o tempo Não o tempo escapar Sentir com o passar do tempo Que algo fiz para o tempo gastar Trabalhos, só aparecem com o tempo Alegrias, com o tempo virão Procuro encontrar um tempo Sem sentir o tempo acabar Não perder tempo fingindo Sabendo que o tempo vai passar Correndo bem como o tempo Pois o meu tempo vai se acabar

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Concurso Cultural

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Vencer! Esta é a palavra chave Para na vida ser gente Não importa o pranto, lave A alma, o espírito e a mente Vencer! É o princípio do fim Seja em qualquer idade Demonstre o bom, não o ruim Lidere as forças com vontade Abrace uma causa justa E sinta garra por ela Veja só quanto isto custa Sofrendo dores, cautela O final é traçado no início Em sua mente, corpo e vontade Jogue tudo, jogue firme Vá em frente, sem maldade Venci! Chegou o final, o descanso Ganhei a partida, a parada Agora durmo no ramansó Pois, cheguei ao fim, cansada!

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Concurso Cultural


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Um maratonista

Um maratonista se aproximando dos quilômetros finais da sua corrida. Em um súbito instante relembra seu esforço de anos, vitórias, derrotas e superações que o impulsionaram a estar ali, a fim de que cruze a linha de chegada. Nós do 3º ano, formandos 2018, somos esse maratonista. Assim como ele, chegamos ao fim da nossa jornada a qual se sintetiza pelo medo, pela ansiedade, pelas conquistas, pelas amizades e por muito apoio. O que carregamos dessa travessia é a certeza de que, por mais desconhecido que o futuro seja, fomos constantemente preparados para todas as batalhas. Que teremos novas barreiras à frente de nós e que, com muita coragem e convicção, enfrentaremos a todas com toda a perseverança. Treinados e preparados não só por apostilas, por livros e pelas aulas extras, fomos ensinados a amar, a respeitar e a cultivar sementes por onde quer que passemos. Com muito carinho fomos cuidados. Transformamos um lugar de ensino na nossa maior familia. Cultivamos amizades com os colegas de nossa idade, com os professores, com os coordenadores, com os auxiliares, com os inspetores e com os “tios” e “tias” da limpeza, da cantina e do restaurante. Todos os que prestam serviço para o colégio mantém essa estrutura maravilhosa e fazem parte de cada pedacinho da historia de cada aluno. Todos marcaram a nossa passagem por aqui. Somos muito gratos. Ao cruzar a linha que marca a travessia para um novo tempo, damos espaço aos novos corredores que chegam a todo vapor. E enfim, seguimos nosso caminho, longe de nossa casa amável, mas muito perto. Graças a ela, temos essa oportunidade de começar novas maratonas. Cada um de nós compôs a sua historia. Cada ser em si carregou o dom de ser capaz e ser feliz, e ainda carrega e carregará por muito tempo. Somos todos unidos pelo amor que construímos aqui dentro, pois aprendemos o mais lindo com a Tia Dília, o “eu te amo”. E é assim, com sentimento de perda, mas ao mesmo tempo de vitória, que nos despedimos dessa grande maratona nesse lugar adorável, em que vivemos por tantos anos. Gratidão é o que perdura dentro de cada um de nós. Orgulho é o que sentiremos toda hora. Amor é o que teremos para sempre por este lugar. E saudade é o que permanecerá conosco até o fim. Revista do Mater 2018



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Autonomia do aluno

Revista do Mater 2018


Depois de um certo tempo, o Colégio Mater Amabilis se torna, para aqueles que nele estudam, muito mais do que uma escola. Ele não é apenas o lugar onde aprendemos matemática, física, história e geografia. Na verdade, é nele onde aprendemos que temos que nos desenvolver como pessoas autônomas e que somos capazes de enfrentar qualquer tipo de obstáculo. Desde cedo, o Colégio colabora com essa nossa construção. Logo que entramos no segundo ano do Fundamental I, um novo panorama é apresentado. As responsabilidades começam a surgir de forma mais intensa e se começa a perceber que a organização é muito importante na vida de um estudante. Nessa fase, as crianças iniciam o desenvolvimento de sua autonomia, uma vez que passam a ser menos dependentes dos pais no que tange à escola, pois se tem que fazer a lição, organizar-se para entregar trabalhos e até se planejar para que a hora de brincar, no sentido de que estudo e brincadeira estejam conciliados. Dessa forma, essa etapa da vida escolar consolida as bases necessárias para que o Fundamental II engrandeça a visão dos alunos sobre sua participação no mundo. Nesse momento, uma série de novos desafios são introduzidos e uma maior maturidade é exigida. Sendo assim, toda autonomia desenvolvida ao longo dos quatro anos anteriores passa a ser utilizada de forma mais recorrente e precisa, já que se volta mais para a solução de exercícios e estudo para provas. No entanto, a centralidade dessa independência adquirida não reside em meros fatores escolares de estudo. Na verdade, ela é fundamental, pois os alunos passam a ter uma visão mais ampla de suas vidas e de que são eles quem decidem seu próprio futuro.

Consequentemente, as opções de profissões passam a ser mais coerentes e aprofundadas e a importância do estudo nessa decisão se torna mais clara. Da mesma forma, a autonomia se mostra essencial na determinação da personalidade de cada um, visto que é por meio dela que as pessoas se definem como sujeito. Isso ocorre porque as atitudes tomadas e as decisões feitas passam, cada vez mais, a determinar como esses alunos são e como se encaixam no mundo, porquanto mostram que ser você mesmo depende de uma base de independência muito bem firmada. Sendo assim, os estudantes crescem e amadurecem conforme passam pelos anos de colégio. Com o passar do tempo, cidadãos melhores vão sendo construídos, capazes de enxergar o mundo de uma forma crítica e de se projetar nessa dinâmica social, porque pensam no que desejam fazer no futuro. E é com essa mentalidade que todos chegam ao Ensino Médio, prontos para encarar os três anos mais batalhadores de suas vidas e dispostos a enfrentar tudo em prol de realizar seus sonhos. Em outras palavras, é nesse período que a autonomia tão trabalhada ao longo da vida escolar assume o foco da vida do estudante. Eu, por exemplo, estando hoje no fim do meu terceiro ano do Ensino Médio, vejo como essa independência é fundamental. Logo, no primeiro ano, a diferença é perceptível: o esquema das notas e o direcionamento das aulas mudam, novas matérias são introduzidas, entre outras coisas. Uma nova porta do conhecimento se abre bem na nossa frente e temos que aprender a lidar com maior pressão e com a crescente proximidade dos vestibulares. A partir desse momento, o rumo de nossas vidas cai 100% sobre nossas

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Autonomia do aluno

mãos. Temos em nossa frente não apenas grandes, mas enormes decisões a tomar. Dessa maneira, toda a autonomia que vem desde o Fundamental I salta aos nossos olhos, uma vez que vemos diversos caminhos a nossa frente esperando que nossas escolhas sejam feitas. Assim sendo, essa fase é de grande euforia e autonomia: finalmente saímos das asas de nossos pais e visualizamos nosso futuro. Fora isso, o Ensino Médio nos mostra como é importante nos desenvolvermos sendo nós mesmos e saindo da perspectiva padronizada e estereotipada do mundo. É nessa fase em que a tão amada independência se revela não ser apenas sobre estudar, ir viajar sozinho ou fazer 18 anos. Na realidade, ela se trata de saber enxergar as entrelinhas do que ocorre no mundo atual, de ler artigos e informações e saber filtrar sua importância, de não se permitir ser levado pelo senso comum ou pelas ideias socialmente impostas. A autonomia é nossa fonte de libertação e é com ela que nos tornamos capazes de decidir como queremos que nossa vida seja no futuro e como contribuiremos com o mundo. Agora, prestes a sair do meu tão amado Colégio Mater Amabilis, consigo enxergar o quão importante sua participação foi na minha construção como ser humano. Desde sempre, a escola ajuda seus alunos a perceberem que são completamente influentes nas decisões de suas vidas e, conforme trabalha essa ideia, constrói estudantes conscientes e autônomos. Dessa forma, a marca que o Colégio deixa em nós é uma marca linda de grande esforço, por meio do qual aprendemos que temos um lugar do mundo e que apenas nós mesmos temos o poder de batalhar pelos nossos objetivos, sempre com uma visão de uma coletividade viva e presente. Revista do Mater 2018


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Olimpíadas Científicas


No início do mês de julho, ocorreu, em São José dos Campos, a PoliONU: a maior simulação da ONU do Brasil, organizada pelo Poliedro. Este evento conecta jovens interessados na política internacional e muito agrega à vida de quem participa. De novas perspectivas a novas formas de conversação, a conferência abre inúmeras possibilidades. Discutemse, ali, temas mundiais e necessários à manutenção da sociedade. Este ano, participaram 10 alunos do Colégio Mater Amabilis em três diferentes comitês: Imprensa, Conselho de Segurança e Conselho Europeu. Este último, do qual fiz parte, tinha como foco a crise migratória e o aumento da instabilidade europeia. Coincidentemente, o mesmo tópico abordado na simulação foi tema central de discussões do real Conselho. Daí, nota-se a relevância dos debates da PoliONU: as problemáticas são de âmbito global e as discussões acerca destas são imprescindíveis para que se construa uma nova sociedade, com cidadãos críticos e verdadeiramente preocupados. Vivenciamos 4 dias de intensos debates. Eram três sessões diárias, cada uma com 3h de duração. Para além dos trabalhos, enxergávamos com entusiasmo as faces de um novo mundo onde há espaço para os cidadãos empáticos, conciliadores, pesquisadores e interessados, que se mostram presentes para debater e compreender outros indivíduos. Novo mundo este capaz de promover uma harmonia e um pensamento pelo coletivo. Ao contrário do que

hoje vemos, o individualismo não predominaria. O nível das discussões impressionou positivamente: jovens genuinamente envolvidos e encantados pela sucessão de debates. Fui uma, também. A seriedade ali presente e a efetividade das discussões era admirável. Em cada discurso, percebia-se a emoção de quem anseia por uma sociedade calcada em valores humanitários. Todos ali se faziam presentes com a finalidade de promover a construção dela. No que tange ao aspecto individual, cresci assustadoramente. Tive contato com novas ideias, novas perspectivas e novos pensamentos e consolidei muitos dos meus valores pessoais. Cada sessão trazia consigo a necessidade de comprometimento.

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PoliONU

Desenvolvi minha prudência, cautela e capacidade analítica. Percebi como proferir discursos com maior concisão e responsabilidade, pois, fui pontual naquilo que disse. A PoliONU provou que há formas efetivas de se mudar a realidade em que vivemos. Formas de promover a acessibilidade, a harmonia e a empatia na sociedade. É necessário dizer que uma única palavra seria capaz de descrever essa experiência: esperança. Por fim, agradeço aos professores Hélio e Fernanda, que nos a co m p a n h a ra m co m t a m a n h a dedicação e carinho, e, especialmente, ao Colégio Mater Amabilis, que proporcionou a nossa participação e garantiu uma experiência marcante na PoliONU.

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Aprovados


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