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A EDUCAÇÃO INFANTIL E O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM POR ANA PAULA CORREIA, FABÍOLA JÉSSICA DA SILVA GODOY PEREIRA, LIANE COSTA CURTA PRETI, MARIA RAFAELA DE LIMA
A educação infantil e o ambiente virtual de aprendizagem
— POR ANA PAULA CORREIA — FABÍOLA JÉSSICA DA SILVA GODOY PEREIRA — LIANE COSTA CURTA PRETI — MARIA RAFAELA DE LIMA
Em 11 de fevereiro de 2020, iniciamos o ano letivo na Educação Infantil do Colégio Medianeira, um momento de muitas expectativas e ansiedades. Para algumas crianças e famílias, o começo de uma nova etapa, para outras, um momento de rever os amigos e matar as saudades!
Nesse tempinho que estivemos juntos, vivemos momentos únicos e especiais! Estávamos ainda estreitando laços e conhecendo as particularidades de cada um, para trilharmos experiências e vivências nos espaços do colégio.
Mas o inesperado aconteceu e o que não foi previsto para o ano letivo de 2020 nos surpreendeu e tivemos que nos reinventar. Desde 20 de março, fizemos do uso das telas um novo contexto de experiências e aprendizagens, sempre mantendo como foco as BRINCADEIRAS E INTERAÇÕES, proposta pedagógica da Educação Infantil. Todas as vivências foram pensadas e repensadas a fim de garantir os direitos de aprendizagens, brincar, interagir, participar, expressar-se, conviver conhecer/conhecerse, assim como proporcionar momentos de escuta das crianças e das famílias para podermos ressignificar nossas práticas.
Diante do contexto, pensamos em estratégias em que as crianças participassem ativamente da sua construção, considerando a criatividade e a curiosidade, proporcionando um clima lúdico no ambiente virtual de aprendizagem. As primeiras atividades foram
planejadas pelas educadoras. No decorrer do processo, as crianças puderam participar deste planejamento ativamente, ganhando voz e atuando como protagonistas, ampliando seu universo de aprendizagens/conhecimentos diante de estratégias com as diferentes linguagens, evidenciado a linguagem e as habilidades digitais. A partir disso, as crianças ganharam um espaço para criar, explorar e interagir com os seus familiares, colegas e educadores.
Possibilitar o brincar por meio do ambiente virtual de aprendizagens nos trouxe um grande desafio, que aos poucos foi vencido e construído junto com as crianças. Ouvi-las nos ajudou a traçar caminhos, na garantia dos direitos de aprendizagem e na construção de repertórios significativos.
Como protagonistas e investigadoras, as crianças descobriram e deram novos significados nas suas relações, descobrindo uma nova forma de interação, agora de maneira digital! E não menos importante e significativa, pois estes momentos foram construídos para que se sentissem confiantes, confortáveis, estimuladas e respeitadas no seu processo de descoberta do mundo!
A ressignificação do vínculo afetivo entre as crianças e os educadores no ambiente virtual de aprendizagem foi essencial para o processo de aprendizagem. As crianças se apropriaram com muita rapidez das linguagens digitais, ligando e desligando a câmera e o microfone, pedindo a vez para falar, comunicando-se com espontaneidade e segurança, entendendo aquele espaço como seu e do qual faz parte. Algumas venceram a timidez e conseguiram interagir com os colegas e educadores. Outras conseguiram ouvir mais, percebendo a necessidade de respeitar esses momentos, questões estas trabalhadas no ambiente presencial, que tiveram um outro significado entre os sujeitos.
Nesse sentido, pode-se perceber o desenvolvimento da oralidade, pois a comunicação no ambiente virtual de aprendizagens é muito mais intensa. Além do diálogo estabelecido entre os pares e educadores, tiveram oportunidade de criar e recontar histórias, cantar, brincar de faz-de-conta, se fantasiar e dançar. E quem diria, até a brincadeira de escondeesconde foi reinventada. Os traçados nos desenhos e o esquema corporal tiveram avanços significativos, sendo possível observar por meio dos registros apresentados nas plataformas digitais e trazidos com satisfação pelas famílias.
A função social da escrita ficou evidenciada neste ambiente, algo sempre presente nas atividades presenciais, agora com novas proposições, com o uso do chat. Descoberto pelas crianças em um primeiro momento com o uso de emojis, que aos poucos foi se transformando em palavra escrita. E, a partir destas vivências, surgiram os projetos sobre leitura e escrita nas turmas do Infantil 5, como “Da escrita pictórica à escrita alfabética”. E assim as crianças destas duas faixas etárias estão se arriscando nas experiências da escrita.
Foi muito importante neste momento contar com a parceria e a mediação das famílias, nesse período em que não pudemos enxergar tudo o que gostaríamos através dos nossos olhos! Elas nos ajudaram a perceber e compor a trajetória das crianças, que são o nosso bem comum, com suas singularidades e conquistas. E, por sua vez, também as ajudamos a perceber que nossas crianças aprendem não somente no ambiente escolar, mas nos diversos espaços de interações vividas e especialmente nesse momento de isolamento, aprenderam em suas casas, com as pessoas de seu convívio. É uma relação fundamental para que a ideia de “perda da aprendizagem” nesse período não se mantenha. Outro ponto a ser destacado é a questão da organização das famílias, se evidenciando no ambiente remoto pelos seus esforços ou pela necessidade de se estabelecer minimamente uma rotina.
É o momento de refletir sobre as diversas aprendizagens nesse período de pandemia e, assim, pensar em como dar continuidade a todos esses processos vividos, retornando ou não de forma totalmente presencial ou no modelo híbrido, uma organização e estrutura que reconecte a todos nós (crianças, famílias e educadores) novamente à escola (enquanto espaço físico), que favoreça as trocas dessas experiências e, ao mesmo tempo, o acompanhamento das aprendizagens das crianças. Novamente iremos nos reinventar, oportunizando diferentes vivências de brincadeiras, interações e explorações, sem deixar de lado também os recursos tecnológicos que agora conhecemos melhor e fazem parte desse novo contexto.