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NOVAS ESTRATÉGIAS EM TEMPOS DE PANDEMIA POR JULYA HELENA SEVERA, FRANCIELI PALEVODA, ELIANE BARRETO MAIA SANTOS
Novas estratégias em tempos de pandemia
— POR JULYA HELENA SEVERA — FRANCIELI PALEVODA — ELIANE BARRETO MAIA SANTOS
Pensando em letramento e no atual momento na educação, temos que refletir sobre a capacidade de nossos estudantes em se adaptar ao novo contexto e às novas possibilidades, considerando a continuidade de aprendizagens. Nesse momento, saímos de nosso espaço, que nos dava uma certa segurança de como trabalhar com as crianças, a sala de aula, o espaço físico da escola, e tivemos que trilhar caminhos virtuais, por meio do uso de ferramentas pouco conhecidas, subutilizadas ou até desconhecidas, tanto por estudantes quanto para os educadores. Também foi necessário aprender a lidar com as emoções e com os sentimentos que surgiram nesse contexto de isolamento social, com uma rotina que foi quebrada de forma brusca e uma adaptação de relações com colegas e família.
Na primeira fase do Ensino Fundamental I, do 1º ao 3º ano, conseguimos experienciar novas estratégias de leitura, oportunizando maiores aprendizagens de compreensão. A dependência da decodificação existia, mas, para os estudantes, veio a necessidade de usar todo o conhecimento para compreender e participar de uma escola que agora se tornou virtual.
Novas leituras de mundo surgiram e novas possibilidades. O Moodle virou nossa sala de aula, juntamente com o Teams. Com tais ferramentas vieram novos códigos, que precisavam ser “decifrados”, lidos, interpretados... A literatura foi grande aliada no processo de aquisição da leitura. O trabalho permeou o processo criativo, a exploração do vocabulário, o direcionamento de estratégias de leitura, aprendizagem de gêneros textuais, assim como aprendizagens socioemocionais.
A diversidade de gêneros explorados durante a leitura e escrita assumiram diferentes formas, ficando a serviço das necessidades do contexto. Nossos estudantes foram desafiados enquanto leitores e escritores a vivenciarem também experiências pautadas em gêneros digitais, processo que vem tomando corpo ao longo das propostas. Ler e escrever no contexto atual tomou uma nova forma e a ampliação do trabalho com a diversidade de linguagem é um ganho inestimável.
Para desenvolver o letramento matemático, trabalhamos com diversos conceitos e suas aplicabilidades, múltiplas estratégias, jogos interativos envolvendo conceitos como a tabuada e as quatro operações. Esse processo de gamificação promove uma aprendizagem proativa, nos ajuda a desenvolver metas para os estudantes e provoca o engajamento na busca pelo conhecimento, pois a criança e nós, educadores, gradativamente, conseguimos perceber suas capacidades e limitações e, assim, ajudá-los no seu desenvolvimento intelectual.
Para o trabalho com as operações, os 3º e 4º anos exploraram as estratégias alternativas, que estimulam o cálculo mental e a decomposição; o 5º ano transitou pelos algoritmos usuais da adição e subtração, decomposição para multiplicação e divisão. No terceiro trimestre, os algoritmos usuais da divisão e multiplicação serão apresentados e explorados de melhor forma no 6º ano.
A aprendizagem é percebida durante as interações e por meio dos relatos das famílias. Sabemos que algumas crianças apresentam rendimento menor e que sentem dificuldades, assim como na modalidade presencial. Temos a Oficina de Aprendizagem como recurso para retomar os conteúdos e oportunizar momentos mais individualizados.
Logo nossas crianças, mostraram que estão para além da alfabetização, pois apresentam comportamentos e habilidades de leitura em novas práticas sociais que se tornaram necessárias (Magda Soares: https://bit.ly/2L41FpL).
Nossos estudantes demonstram avançar na leitura e escrita, vivendo em um novo espaço e com práticas diferentes. Nossas crianças desenvolveram habilidades para transitar entre diferentes aplicativos e ferramentas virtuais, usar o teclado de um notebook ou escrever usando teclados virtuais de tablets e smartphones e, assim, aprenderam a interagir e desenvolveram novas estratégias, como anexar arquivos, perceber respostas incoerentes...
Para os educadores, uma grande dificuldade do momento é avaliar a prática de escrita, pois, nesse novo espaço, as crianças estão escrevendo menos de maneira manuscrita. Mas, em contrapartida, percebemos grandes aprendizagens em relação à digitação, que também tem seus códigos específicos.
Todos esses avanços em relação ao espaço virtual e uso de ferramentas tecnológicas são aprendizagens novas e que não eram alcançadas no ensino presencial. A grande oportunidade será no retorno de um presencial mais parecido com o antigo “normal” e a continuidade de uso dessas novas possibilidades para o desenvolvimento de aprendizagens.