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ENSINO E APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA POR TALGE AIEX BONI

Ensino e aprendizagem de Ciências no contexto da pandemia

— POR TALGE AIEX BONI

Estamos enfrentando um momento histórico. Nossos estudantes se lembrarão para sempre das mudanças significativas nas suas rotinas ocorridas nesse ano, principalmente na rotina escolar. É comum que os estudantes se esqueçam de conteúdos trabalhados na série anterior, isso quando a aprendizagem não foi significativa, não foi apreendida pelo sujeito. Tal fenômeno não deve acontecer especialmente considerando as aprendizagens de 2020. Sempre se lembrarão da importância da lavagem das mãos e do uso do álcool em gel para se prevenir da COVID-19. Sempre guardarão a impressão da importância das relações sociais e o quão difícil é estar longe dos colegas, do ambiente escolar e de seus familiares. Nós, educadores, também nunca esqueceremos o quão desafiador foi desempenhar nosso papel estando fisicamente separados dos nossos estudantes. Até os mais jovens guardarão a informação de que os vírus são muito pequenos, mas que podem causar grandes estragos em todos os organismos vivos. Tal aprendizado acontecerá, não por serem conteúdos das diferentes séries, mas porque os estudantes estão vivenciando o contexto da pandemia. Além disso, essas informações e conhecimentos vêm em diferentes meios de aprendizagens, pelos educadores dos diferentes componentes, pelos pais, pelos programas de televisão, pelas redes sociais, etc.

Para o componente de Ciências, permeando os conteúdos curriculares, a possibilidade de trabalhar aspectos relevantes do mundo natural e antrópico no atual contexto é ainda maior. Dentre os conteúdos abordados, e que podem ser facilmente relacionados ao momento em que estamos vivendo, destacamos: mostrar ao estudante a importância de conhecer o

funcionamento dos diversos organismos, a necessidade do equilíbrio ambiental, o papel fundamental da manutenção da homeostase de organismos e ambientes, o conhecimento das formas de vida e o respeito à sua distribuição, entre outros assuntos discutidos em nossas aulas. Alguns exemplos foram os estudantes do 1º Ano, que aprenderam sobre a importância da higiene e cuidado com o corpo, ou os estudantes do 9º ano ao discutirem sobre a melhora ambiental percebida em plena pandemia, ou ainda, as consequências da COVID-19 no sistema respiratório, trabalhada com os estudantes do 8º Ano.

Além disso tudo, uma mensagem será muito importante para essa geração: reconhecer o valor da Ciência para a nossa sociedade. Os professores precisam conversar com seus estudantes e mostrar como os conhecimentos gerados pelo método científico se mostram indispensáveis, principalmente visto que esses ultimamente são tão questionados pela sociedade, não apenas para entender de onde vem o coronavírus (ou qualquer outro organismo que cause doenças em humanos), mas de como dependemos dessas pesquisas para voltarmos a ter a vida que considerávamos “normal” e manter uma sociedade saudável e sustentável em um planeta em rápida transformação.

Para o componente de Ciências, até o 9º ano, vários foram os desafios que apareceram no atual contexto: as aulas a distância, os educadores precisarem se adaptar ao ensino recheado de tecnologia, de não terem seus estudantes próximos, entre outros. Mas um, em particular, precisa ser destacado: a inserção das aulas de investigação na rotina remota. As aulas de laboratório permitem que os estudantes vivenciem o método científico, criando hipóteses sobre diferentes assuntos, testando as hipóteses, chegando a conclusões e elaborando conceitos de maneira mais concreta a partir de observações ou de experimentos simples. Essas aulas a distância foram planejadas para que diversas metodologias pudessem ser incluídas a fim de facilitar as aprendizagens. Aulas gravadas com ou sem interatividade, lives, roteiros de estudos, roteiros de aulas práticas, sala de aula invertida, trabalhos em grupos e fóruns de discussões foram algumas das estratégias usadas nessas aulas. Alguns exemplos de trabalho são as aulas práticas das turmas do 3º Ano do Ensino Fundamental que envolveram a confecção de massinha de modelar caseira para a representação da Terra, Sol e Lua e a compreensão dos movimentos de rotação e translação, as turmas do 8º Ano acompanhando uma investigação sobre o plantio de feijão e o reconhecimento dos passos do método científico, ou ainda, a extração caseira de DNA de morangos que permite aos estudantes tornarem mais concreto o aprendizado.

Nós, educadores, temos a obrigação do nosso ofício de direcionar o aprendizado estimulando que os estudantes tenham curiosidade e possam, a partir das observações, gerar novas aprendizagens. Fazer isso remotamente não tem sido tarefa fácil, mas aos poucos temos percebido que os estudantes se sentem motivados quando questionados e é a busca pelo conhecimento e a capacidade de argumentar e construir conceitos que queremos na educação que praticamos.

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