Pedagogia urbana e espacial na sua escola!

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PEDAGOGIA URBANA E ESPACIAL na sua escola!



O QUE É PEDAGOGIA URBANA E ESPACIAL? É um conjunto de práticas que encaram a cidade e a produção do espaço como uma oportunidade educativa. Em outras palavras, são oficinas, passeios investigativos, cartografias, processos de projeto e construção colaborativos, publicações ou mapeamentos — entre outras possibilidades — realizados com alunos de escolas ou frequentadores de outras instituições educativas. São processos que dialogam com os conteúdos aprendidos em sala de aula, do ensino primário aos últimos anos, aproximando esses conhecimentos da vivência cotidiana da cidade. Mais do que complementar a formação acadêmica do aluno, busca-se, através da compreensão de processos urbanos e espaciais em curso, formar pessoas preparadas para habitar e produzir a cidade que queremos.


QUEM SOMOS Micrópolis é um grupo de arquitetos e urbanistas interessados pelas possibilidades espaciais, pedagógicas e artísticas levantadas pelas sutis relações sociais, políticas e identitárias que se reproduzem no cotidiano da cidade. Em nossos projetos, privilegiamos atuações em pequena escala, capazes de fazer emergir particularidades e imaginários locais que apontem para novas possibilidades de envolvimento com o espaço. Entendemos que a cidade é uma acumulação de processos sociais, econômicos, políticos, produtivos, composta de uma sucessão de camadas materiais e imateriais, cuja investigação apresenta por si só uma série de desdobramentos pedagógicos. Apesar dessa riqueza, as discussões sobre cidade e arquitetura no ensino formal básico brasileiro são ainda pouco frequentes. Assim, temos nos dedicado à realização de diversos projetos no campo emergente da pedagogia urbana, em que se toma o espaço como suporte ou meio educacional, tendo realizado projetos em parceria com escolas públicas e privadas, além de museus e outras instituições de caráter educativo.

NOSSOS PROJETOS Todas as oficinas compilados neste portfólio, ainda que oriundas de propostas e contextos urbanos distintos (escolas, museus e centros culturais), experimentam determinados espaços (escola, bairro, cidade) como plataforma, ambiente e objeto de estudo, estabelecendo circunstâncias de investigação e problematização das relações entre escola e cidade. As práticas aqui apresentadas também envolvem processos de pesquisa e ação que aproximam situações urbanas do cotidiano às teorias do urbanismo contemporâneo, experimentando a escola como lugar de engajamento cívico e de discussão das políticas que moldam nossas vidas em comunidade — momentos tão necessários para que se possa reivindicar e promover mudanças. Foram criadas 14 categorias que sumarizam os procedimentos e objetivos de cada projeto aqui apresentado. Essas categorias, enumeradas a seguir, estão representadas por ícones que acompanham a descrição de todos os projetos, de modo a facilitar a leitura de cada proposta. Arquitetura: aplicação do processo de projeto arquitetônico, incluindo diagnósticos espaciais (terreno, conforto ambiental, mapeamento de ocupação), croquis, desenhos, maquetes e pesquisa de materiais. Cartografia: produção de mapeamentos que analisam os territórios onde os projetos estão inseridos, com foco nas relações entre o espaço e as pessoas que o habitam e transformam. Construção: construção coletiva de espaços e/ou mobiliários com a utilização de equipamentos e técnicas simples e transmissão de normas de segurança.


Evento: produção de eventos com o intuito de convidar a comunidade a colaborar com o processo e/ou conhecer os resultados dos projetos através de situações festivas. Fotografia e vídeo: ensino e aplicação de técnicas básicas de captura e edição de fotografia e vídeo como ferramentas para mapeamentos e análises espaciais e urbanas. Identidade: valorização das características identitárias dos participantes dos projetos, de modo a abarcar a diversidade de grupos culturais que compõem o território. Pesquisa de campo: pesquisas sócio-espaciais que envolvem coleta de dados, análise e interpretações sobre o território, buscando a compreensão e o registro de suas particularidades, dinâmicas, potencialidades e carências. Pintura: pintura de superfícies ou objetos utilizados nos projetos com padrões ou estampas geradas por pesquisas no território e técnicas de abstração gráfica. Produção gráfica: produção coletiva de peças gráficas e publicações que compilam os processos e/ou resultados visuais e textuais das pesquisas realizadas em cada projeto. Replicabilidade: registro, sistematização e divulgação dos processos de desenho e execução dos projetos, de modo que eles possam ser replicados em outros contextos. Reutilização de resíduos: utilização de materiais residuais, como pallets, banners e pneus, para a construção de objetos ou mobiliários, discutindo as relações entre consumo e descarte e ressignificando o lixo como recurso. Software: transmissão de conhecimento básico para utilização de softwares de desenho e projeto, como modelagem 3D, tratamento de imagens, ilustração e diagramação. Urbanismo: articulação das questões urbanas trabalhadas em cada projeto com teorias do urbanismo, usando situações concretas e vividas do cotidiano para a discussão dos procedimentos formais que moldam a vida na cidade. Vizinhança: envolvimento de atores locais como colaboradores dos projetos.


CANTEIRO DOS PEQUIS 2015 | Sete Lagoas, MG Duração: 2 encontros por semana durante 3 meses (ação continuada) Canteiro dos Pequis foi um projeto de construção colaborativa de um espaço compartilhado para encontros, apresentações e projeções de filmes no Centro de Artes e Esportes Unificados do Jardim dos Pequis, periferia de Sete Lagoas-MG, em parceria com a arquiteta Carolina Mattos. O projeto foi selecionado pelo programa LABCEUS, edital do Ministério da Cultura em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco. Ao longo de três meses, trabalhamos junto aos moradores do bairro, compartilhando tecnologias de reutilização de resíduos que os permitiriam replicar os mobiliários. A medida que o espaço foi sendo construído, iniciamos uma programação com a realização de pequenos eventos para catalisarem sua apropriação pela comunidade. Nesse projeto, trabalhamos com pessoas de diversas idades, explorando habilidades manuais como pintura de paredes e pneus, corte e costura de banners, manuseio de ferramentas como furadeiras, parafusadeiras e estiletes, entre outros. Durante todo o processo, buscamos desmistificar a ideia de que transformações espaciais são complexas e inacessíveis, compartilhando intruções passo a passo de cada processo de modo a aumentar a confiança dos participantes em sua própria capacidade. Nota-se, em projetos como esse, que espaços auto-construídos tem um grande apelo em meio aos frequentadores do local, que identificam ali sua marca no espaço.





CIDADE IMPRESSA 2015 | Belo Horizonte, MG Duração: 4 encontros consecutivos (oficina intensiva) Cidade Impressa foi uma oficina de quatro dias realizada na Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia, cujo objetivo era a elaboração de produtos gráficos sobre questões ligadas à cidade. Em um primeiro momento, os participantes se separaram em grupos de trabalho e realizaram expedições pelo entorno da escola, investigando temas urbanos que lhes interessavam. Em seguida, foram desenvolvidas publicações que sistematizavam e problematizavam os assuntos pesquisados, com o intuito de disseminar as informações coletadas. Para estimular e inspirar os alunos, foram apresentadas referências gráficas e teorias urbanísticas ao longo do workshop. Durante os quatro dias, os participantes estiveram em contato com metodologias de pesquisa urbanística, que envolveram desde registros em vídeo, fotografia e desenho até entrevistas com moradores e transeuntes. Além disso, foram abordadas habilidades relacionadas ao design gráfico, como operação de softwares, diagramação e impressão.





ESCOLA PORTÁTIL 2015 | Nova Lima, MG Duração: 1 encontro por semana durante 2 meses (ação continuada) Escola portátil foi um processo de investigação coletiva do entorno urbano da Escola Estadual Maria Josefina Salles Wardi, no Jardim Canadá, em conjunto com os alunos da 9ª série. O projeto foi selecionado pelo programa de residências artísticas do JA.CA — Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia. Ao longo de dois meses, estudamos e problematizamos com os alunos a sua vivência cotidiana do bairro, que possui uma situação particular por estar localizado nas bordas da cidade de Nova Lima, e, ao mesmo tempo, na periferia de Belo Horizonte. Ao longo do projeto, estudamos o entorno da escola nas suas diversas escalas (casa, rua, bairro), dinâmicas (deslocamentos, práticas espaciais, relações de vizinhança), e enfoques temáticos (natureza, memória, mobilidade, etc.). Chamamos essa abordagem de “ciências do bairro”. Ao longo do projeto, adotamos diversas técnicas para coletar e traduzir informações sobre o território: fotografia, cartografia, derivas, montagem de mini-exposições, produção gráfica, coleta de materiais da rua, e assim por diante. A cada etapa concluída, promovemos momentos de apresentação e troca em que os alunos compartilhavam suas descobertas com o restante do grupo e debatíamos as questões coletivamente. Por fim, montamos com os alunos uma mini-exposição do material produzido ao longo da oficina, que pôde ser vista pelos outros estudantes da escola.





#LOOKBOOK MAM 2014 - 2015 | São Paulo, SP Duração: 1 encontro por semana durante 5 meses (ação continuada) #L00KB00K MAM foi uma parceria entre o Micrópolis, a artista Ariana Miliorini e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Localizado no parque Ibirapuera, o museu recebe aos domingos um numeroso público de jovens “rolezeiros”, que se instala em seu jardim de esculturas ao longo de todo o dia, a poucos passos da entrada da instituição. O projeto de cinco meses partiu de uma preocupação do setor educativo do museu em aproximar esses jovens de sua programação, inaugurando novas possibilidades de interação entre o MAM e esses grupos, sem no entanto perturbar as dinâmicas de ocupação já existentes. Para responder à demanda, instauramos, junto aos jovens, um processo colaborativo para a criação de uma publicação mensal chamada #L00KB00K. A pequena revista, que contou com quatro edições, abordava o universo do “rolê do Ibira” — apelido dado ao encontro semanal no parque — e de seus frequentadores, passando por seus diversos pontos de interesse: estilos, sexualidade, amizades, internet, cidade. A cada semana, criávamos conteúdo junto aos rolezeiros através de métodos como fotografia, vídeo, entrevistas, jogos ou mini-eventos. Ao fim de cada mês, o material era compilado em uma revista dobrável, parte da qual era impressa ao vivo e com a participação dos jovens, através de uma mesa de serigrafia móvel usada nos dias de lançamento. A circulação da publicação, além de expandir a programação educativa do museu, serviu como um mapeamento desse segmento do público, de maneira a informar o planejamento de futuras atividades.





ESTÚDIO FUNDAÇÃO TORINO 2015 | Belo Horizonte, MG Duração: 3 encontros consecutivos (oficina intensiva) O workshop de arquitetura na Escola Internacional Fundação Torino teve como objetivo a integração dos alunos no processo de concepção de um elemento de ligação entre dois edifícios da escola que hoje se encontram desconectados internamente. A intenção era que esse elemento funcionasse como um espaço de aprendizagem e atendesse à demanda dos alunos por mais área de encontro. Durante três manhãs, procuramos transmitir aos alunos um pouco do processo criativo em Arquitetura, passando-lhes tarefas com um grau de complexidade cada vez maior, mas sempre precedidas de pequenas apresentações para contextualizá-las. Assim, o grupo envolvido produziu mapeamentos, desenhos, colagens e maquetes de suas idéias que, além de identificarem demandas, indicavam possibilidades de transformação do espaço da escola. Os projetos resultantes serviram de base para o projeto técnico que dará origem a uma rampa para conectar os dois edifícios da escola. Realização: Micrópolis + Fernando Maculan





INTERVENÇÃO NO MURO 2015 | Belo Horizonte, MG Duração: 6 encontros (ação continuada) A pintura do muro da Escola Estadual Bernardo Monteiro, parte de uma série de intervenções no local, teve como objetivo atenuar a conotação negativa que a estrutura possuía como barreira entre a escola e a Praça Carlos Marques, buscando romper com os significados de segregação, vigilância e controle que ela foi adquirindo ao longo do tempo. Mesmo sem levar o muro abaixo, buscamos discutir, através da intervenção, a possibilidade de uma escola que dialogasse de maneira mais intensa com o seu entorno, além de debater com os alunos a relação entre espaço e pedagogia. O processo foi iniciado através de uma oficina de stencil e lambe-lambe, técnicas acessíveis e facilmente replicáveis. Levantamos com os alunos temas relacionados com a escola e seu entorno, a partir dos quais os participantes criaram uma série de desenhos. Em seguida, apresentamos um repertório de possibilidades de intervenção em muros que subvertem a noção de barreira e experimentamos juntos processos de abstração gráfica e padronagem. Os alunos visitaram a Escola de Arquitetura da UFMG, onde demonstramos o processo de digitalização dos desenhos, compartilhando noções básicas de softwares de produção gráfica, e observamos juntos o corte dos stencils em uma maquina de corte a laser. Por fim, a pintura foi realizada por alunos e moradores do bairro ao longo de três dias, no horário da aula.





JORNAL FALACALAFATE 2014 | Belo Horizonte, MG Duração: 24 encontros (ação continuada) O FalaCalafate é um jornal de bairro editado pelo Micrópolis em parceria com moradores e alunos da Escola Estadual Bernardo Monteiro. Mais que um noticiário, o jornal imprime o imaginário coletivo do espaço público no bairro por meio de histórias narradas pelos moradores e coletadas a partir de entrevistas, visitas guiadas e arquivos pessoais. Além de celebrar a memória, o jornal reúne também propostas para o futuro do bairro, que são mapeadas a partir de práticas espaciais já adotadas pelos moradores. Ao se divulgar esses modos de viver e fazer o bairro, o jornal pretende articular moradores com práticas e interesses compatíveis, incitando processos de transformação do espaço que partam do esforço coletivo e dependam menos do Poder Público.





OFICINA DE FOTOGRAFIA E CAFÉ COMUNITÁRIO 2014 | Belo Horizonte, MG Duração: 2 encontros consecutivos (oficina intensiva)

Pensado a partir da proposição inicial da Associação de Moradores e Amigos do Prado e Calafate, o Café da Manhã Comunitário inaugurou um processo de interação social e espacial entre a Escola Municipal Bernardo Monteiro e o bairro Calafate. A mesa, posicionada entre a praça e a escola, atravessava simbolicamente o muro que, no dia a dia, opera a imponente divisão entre estes espaços. Naquela manhã de sábado, alunos, professores, moradores e transeuntes curiosos compartilhavam uma só mesa de café da manhã que não estava nem dentro nem fora, mas entre lugares e disponível a qualquer um. Durante o café da manhã, foram expostas as fotos resultantes da oficina de fotografia realizada com os alunos da Escola Estadual Bernardo Monteiro. A oficina consistiu em uma manhã de expedicão fotográfica pelo bairro que produziu um inventário da paisagem cotidiana local sob o ponto de vista dos alunos, dividida em seis temas: arquitetura, natureza, lazer, reaproveitamento, comida e pessoas. Ao longo da exposição foi realizado um debate sobre as fotografias na escola, ocasião na qual alunos e moradores do bairro manifestaram suas perspectivas sobre o espaço compartilhado entre eles.





QUALQUER UM É ARQUITETO 2014 | Belo Horizonte, MG Duração: 4 encontros consecutivos (oficina intensiva)

Qualquer um é arquiteto! foi uma oficina de procedimentos da prática arquitetônica realizada com alunos e funcionários do PlugMinas — Centro de Formação e Experimentação Digital, em Belo Horizonte. A demanda pela reconfiguração espacial do refeitório dos funcionários do Plugminas estruturou as nossas atividades, assim como a utilização de materiais residuais encontrados nas redondezas da instituição — pallets, madeira e blimp. Durante uma semana, no horário do almoço, realizamos atividades para pensar o espaço em conjunto, começando por mapeamentos gráficos das demandas e desejos dos usuários, passando por maquetes e chegando a experimentações no local em escala real e à realização da intervenção no espaço.





POSSIBILIDADES As ações apresentadas anteriormente, além das categorias que identificam os procedimentos, objetivos e habilidades desenvolvidas, apresentam também especificidades no que diz respeito ao tempo de execução e abrangência territorial. As propostas podem ser:

Oficinas intensivas

ou

Ações continuadas

com poucos encontros de longo período de duração

com muitos encontros de curto período de duração

Pedagogia espacial

Pedagogia urbana

envolvem o reconhecimento de potencialidades e demandas de espaços específicos, resultando em proposições arquitetônicas a partir de instrumentos projetuais (mapeamentos, desenhos, maquetes físicas, maquetes virtuais, fotomontagens) ou experimentos de caráter temporário (eventos, performances, pequenos reparos e reconfigurações);

ou

ampliam a abrangência da pesquisa e das propostas para o território onde as instituições parceiras estão inseridas, através de pesquisas de campo norteadas pelas noções de urbanismo tático, cartografia, vizinhança, espaço público, mobilidade, economia compartilhada e participação cidadã.


LEVE PROJETOS DE PEDAGOGIA URBANA E ESPACIAL PARA SUA ESCOLA! Para realizar uma oficina de pedagogia urbana ou espacial em sua escola, por favor entre em contato através do endereço de e-mail contato@micropolis.com.br. Além das atividades compiladas neste portfólio, também elaboramos oficinas de pesquisa e projeto inéditos para demandas espaciais e territórios específicos. Visite também micropolis.com.br para conhecer nossos outros projetos e pesquisas.


micropolis.com.br | contato@micropolis.com.br


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