19 minute read
Sítios Património Mundial em Portugal
que esse Bem possa ser um instrumento importante de desenvolvimento económico e social, e o possa ser de uma forma sustentável. Há, porém, ameaças de natureza bastante diferente, mas que se podem revelar fatais em termos da preservação da coerência da Convenção e do seu papel central na conservação e promoção do Património da Humanidade. Algumas resultam das dinâmicas por vezes contraditórias existentes entre os próprios Estados membros da Convenção; outras das tensões que por vezes se verificam no seio do Comité do Património ou ainda no relacionamento entre este Comité e as entidades de aconselhamento, designadamente o ICOMOS ou o IUCN. Existe um mal estar palpável que resulta do desequilíbrio geográfico evidente no que toca à localização dos bens incluídos na lista, a esmagadora maioria dos quais se situa na Europa. Esta é uma realidade que se tem procurado atenuar nestes últimos anos, privilegiando a inclusão na Lista de bens oriundos de regiões com mais fraca representação ou favorecendo candidaturas de bens pertencentes a categorias menos representadas ou ainda estimulando a apresentação de candidaturas transnacionais, apresentadas por um conjunto de países. Será na exploração destas vias de reequilíbrio da composição da Lista Mundial que se encontrarão, creio, os meios de ultrapassagem de alguns problemas reais com que se debate a Convenção. Mas não, como alguns pretendem, na sua descaracterização através da aceitação de novos critérios e de novas categorias para o acesso ao reconhecimento como Património da Humanidade.
SÍTIOS PATRIMÓNIO MUNDIAL EM PORTUGAL
Advertisement
Reunião da Rede do Património Mundial no Douro Vinhateiro ©Gabinete Técnico Missão Douro
REDE DO PATRIMÓNIO MUNDIAL DE PORTUGAL
A Rede do Património Mundial de Portugal foi lançada a 18 de julho de 2014, através da assinatura de um Acordo de Cooperação assinado entre a Comissão Nacional da UNESCO e os vários gestores dos Sítios do Património Mundial de Portugal. Tem por objetivos promover a aproximação entre os sítios do Património Mundial através do debate de ideias sobre a gestão e reabilitação do património, do intercâmbio de conhecimentos e da discussão de questões de interesse mútuo, bem como na participação conjunta em projetos e iniciativas que gerem valor nas regiões onde se inserem e difundam o Património Mundial em Portugal e no Mundo. Nos seus oito anos de existência, a RPMP tem realizado inúmeras atividades de promoção e divulgação dos sítios do Património Mundial em Portugal como a edição de materiais informativos e de promoção, a presença na internet e nas redes sociais, a organização de seminários e a participação em reuniões internacionais de associações do património.
REVISÃO DA LISTA INDICATIVA DE PORTUGAL
A Comissão Nacional da UNESCO dará este ano início à revisão da Lista Indicativa do Património Mundial, um arrolamento de bens com potencial valor universal excecional, que os Estados Parte na Convenção do Património Mundial elaboram e entregam ao Centro do Património Mundial. Apenas os sítios constantes desta Lista Indicativa poderão ser objeto de uma candidatura à Lista do Património Mundial. A inscrição de um bem patrimonial na Lista Indicativa do Património Mundial de um Estado Parte na Convenção constitui, portanto, a primeira etapa de uma candidatura à Lista do Património Mundial, como disposto nas Orientações Técnicas para a Implementação da Convenção do Património Mundial , documento regulador da aplicação da Convenção. A atual Lista Indicativa de Portugal, disponível no website do Centro do Património Mundial data de 2017. Neste processo de atualização da Lista Indicativa portuguesa, confirmar-se-á junto dos promotores dos bens já inscritos se desejam manter tais bens na Lista e proceder-se-á à recepção de candidaturas de novos bens que se que se pretende que sejam inscritos na Lista Indicativa. Esta atualização pauta-se, portanto, quer pela admissão de novas inscrições, como pela eliminação de inscrições que não se traduzirão, dentro de um prazo razoável, numa candidatura à Lista do Património Mundial.
PATRIMÓNIO MUNDIAL EM PORTUGAL 1983-2019
Portugal conta com 17 sítios inscritos na Lista do Património Mundial, reconhecidos pelo seu valor universal excecional, condições de autenticidade e de integridade, bem como pelo cumprimento de um ou mais de dez critérios definidos pelo Comité do Património Mundial.
As condições para a sua inscrição da Lista, bem como as exigências relativas à sua proteção, conservação e gestão encontram-se reunidas num único documento, periodicamente atualizado, as Orientações Técnicas para a Aplicação da Convenção do Património Mundial. A versão mais recente data de 2021 e encontra-se disponível em várias línguas, incluindo o português.
Outras publicações destinadas a apoiar a elaboração de candidaturas à Lista do Património Mundial, a gestão dos sítios, ou com o objetivo de divulgar os programas e iniciativas desenvolvidos pelo Centro do Património Mundial e pelos Estados Parte no contexto da Convenção do Património Mundial estão igualmente acessíveis online.
A informação UNESCO relativa ao Património Mundial, incluindo sobre os mais de mil sítios inscritos, encontrase disponível no website do Centro do Património Mundial.
Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo nos Açores
Data de inscrição: 1983 | Critérios: (iv) (vi)
O Bem Cultural inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, em dezembro de 1983, é uma área de cerca de seis quilómetros quadrados, situada na costa sul da ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores. Metade dessa zona é constituída por uma parte significativa do centro antigo da cidade de Angra do Heroísmo e, a outra metade, pelo extinto vulcão do Monte Brasil, hoje parque florestal e de recreio da urbe, que mantém restos do coberto vegetal originário.
A cidade apresenta uma organização urbana clássica, estável e categoricamente cosmopolita, apesar das suas pequenas dimensões. Nela se concentram todos os temas e motivos que convêm a uma cidade fundada de raiz como a Rua Direita e o Largo da Sé, com a disposição ortogonal das ruas e com a implantação das grandes casas religiosas nos seus extremos cardiais.
©Direção Regional de Cultura, Governo dos Açores
©DGPC/ADF ©DGPC/ADF José Paulo Ruas ©DGPC/ADF
Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém em Lisboa
Data de inscrição: 1983 | Critérios: (iii) (vi)
O Mosteiro de Santa Maria de Belém, designado comumente por Mosteiro dos Jerónimos, cuja construção se iniciou em 1501 por iniciativa de D. Manuel, é habitualmente apontado como a “joia” do estilo manuelino, um estilo exclusivamente português integra elementos arquitetónicos do gótico final e do renascimento, associandolhe uma simbologia régia cristológica e naturalista, que o torna único e digno de admiração.
No séc. XV, proteger a cidade de Lisboa tornou-se uma necessidade. O rei D. João II criou um inovador sistema de defesa marítima - o baluarte de Cascais, a fortaleza de S. Sebastião da Caparica na margem sul do Tejo, e uma terceira fortaleza, a Torre de Belém, erguida entre 1514 e 1519 já pelo seu sucessor D. Manuel I. É um testemunho eloquente da arquitetura militar de transição entre as antigas defesas da Idade Média e as “modernas” do Renascimento.
©Mosteiro da Batalha, Direção Geral do Património Cultural, Arquivo de Documentação Fotográfica (DGPC/ADF)
Mosteiro da Batalha
Data de inscrição: 1983 | Critérios: (i) (ii)
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, foi mandado construir para cumprir o voto feito, por D. João I, à Virgem Maria, no dia anterior à Batalha de Aljubarrota, a 14 de agosto de 1385, em caso de vitória contra o exército castelhano. Reconhece-se nas bandeiras das arcadas do Claustro Real a génese do denominado “estilo Manuelino”, bem como a sua apoteose no arco do portal das Capelas Imperfeitas.
A Capela do Fundador e as célebres Capelas Imperfeitas foram destinadas a panteão dos reis e príncipes da Dinastia de Avis. Neste espaço conventual viveram até 1834 os Frades Dominicanos, ordem mendicante cujo diaa-dia era preenchido pela oração constante, estudo e pregação, chegando mesmo a ser constituída, no século XVI, uma universidade de estudos teológicos.
Convento de Cristo em Tomar
Data de inscrição: 1983 | Critérios: (i) (vi)
Tomar, com a sua paisagem histórica de campos de oliveiras, de vinha e de trigo, ainda hoje lembra a ação povoadora que os Templários tiveram nesta região, no dealbar do reino de Portugal. O Convento de Cristo foi a casa principal da Ordem Militar de Cristo que teve origem nos Templários Portugueses.
Aquando da extinção da Ordem do Templo, em 1314, D. Dinis vai lograr manter os cavaleiros e os seus bens sob o nome de uma nova ordem de cavalaria delimitada ao seu reino, a Milícia dos Cavaleiros de Cristo. O legado que estas duas ordens deixaram em Tomar é o vasto conjunto monumental constituído pelo Castelo Templário, o convento dos religiosos contemplativos da Ordem de Cristo, construído no Renascimento, a cerca conventual, também conhecida por Mata dos Sete Montes, a ermida da Imaculada Conceição e o aqueduto conventual, mormente conhecido por Aqueduto dos Pegões.
©DGPC / ADF ©DGPC / ADF ©DGPC/ADF José Paulo Ruas
Centro Histórico de Évora
Data de inscrição: 1986 | Critérios: (ii) (iv)
Muitas culturas passaram sucessivamente por Portugal, atingindo sempre a importante cidade de Évora. Foi conquistada aos Romanos pelos Visigodos e pelos Muçulmanos, tendo sido objeto de reconstrução e de adaptação da sua malha urbana. Do longo domínio muçulmano – do séc. VIII ao séc. XIII – restam muitos vestígios, sobretudo no tecido urbano e na tipologia das construções, que se fecham para a rua e se abrem para pátios e jardins interiores.
A residência real e a Universidade influenciaram o carácter erudito da cidade, uma urbe do Renascimento, com os seus palácios, conventos e igrejas do séc. XVI que, ainda hoje, mantêm vivo um carácter próprio. A arquitetura da cidade inclui majestosa Catedral, o Templo Romano e o labirinto das ruelas medievais limitadas por palácios, solares e casas nobres.
©Câmara Municipal de Évora
©ADF/DGPC José Paulo Ruas
Mosteiro de Alcobaça
Data de inscrição: 1989 | Critérios: (i) (iv)
©ADF/DGPC José Pessoa
Fundado por iniciativa do primeiro rei, D. Afonso Henriques, o Mosteiro de Alcobaça encontra-se intimamente ligado à afirmação de Portugal como reino independente (1139-1179), traduzindo a sobriedade estética pregada por S. Bernardo e o rigor e a austeridade da Ordem de Cister. As obras foram iniciadas em 1178 e terminadas cerca de 100 anos depois, tendo os mestres pedreiros introduzido o gótico no território português, uma nova linguagem arquitetónica.
Panteão Régio da monarquia portuguesa, o Mosteiro de Alcobaça alberga os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, datados do séc. XIV e considerados obras-primas da escultura tumulária europeia. Com um riquíssimo programa decorativo, neles se destacam as representações do Juízo Final, no túmulo de D. Inês, e da Roda da Vida, no túmulo de D. Pedro.
Paisagem Cultural de Sintra
Sintra foi conhecida na antiguidade por “Serra da Lua”. Este nome mostra até que ponto eram importantes os cultos e rituais pré-históricos que aí se desenrolavam, depois sucessivamente cristianizados (e islamizados) e, mais tarde recristianizados. No século XIX, Sintra foi o primeiro foco da arquitetura romântica europeia, onde a nova sensibilidade se exprimiu pela utilização de elementos góticos, egípcios, islâmicos e da Renascença, e pela criação de um parque conjugando essências locais e exóticas.
Esta paisagem foi reconhecida pelo Comité do Património Mundial como representando uma abordagem pioneira ao paisagismo Romântico, precursora da interpretação desta nova forma de pensar noutros locais da Europa, e como exemplo único de local que preservou a sua integridade fundamental e no qual se conservam evidências significativas das sucessivas culturas que o ocuparam.
©Parques de Sintra, Monte da Lua, S.A ©Parques de Sintra, Monte da Lua, S.A
Centro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar
Data de inscrição: 1996 | Critérios: (iv)
O Centro Histórico do Porto desenvolveu- se a partir de um pequeno núcleo situado no morro da Sé, no qual se documenta uma ocupação humana que remonta ao primeiro milénio a.C. As sucessivas ocupações fizeram convergir os mais variados interesses sociais e económicos que foram ampliando e modificando a cidade.
Lugar de grande valor estético, apresenta um tecido urbano e inúmeros edifícios históricos que testemunham o seu desenvolvimento ao longo de mais de mil anos. Obra-prima da criatividade humana, na articulação harmoniosa das ruas com o espaço envolvente e em especial com o rio Douro e Vila Nova de Gaia, apresenta uma unidade visual que lhe atribui um dos seus aspetos mais importantes, o cariz panorâmico. Organismo vivo, integrado numa área ativa da cidade, tornou-se “um valor universal excecional” reconhecido e que merece especial proteção e valorização.
©Câmara Municipal do Porto ©Câmara Municipal do Porto
Sítios Pré-Históricos de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa
A Arte do Coa foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico superior em finais do século XX em toda a Europa. Nas rochas de xisto ao ar livre das margens do Rio Coa, encontram-se gravados inúmeros animais, quase todos destas quatro espécies: auroques (touros selvagens), cavalos, veados e cabras monteses, obtidos por picotagem (as gravuras mais antigas) ou incisão (as mais recentes), ou conjugando as duas técnicas e por vezes até a pintura.
Datada entre ±25.000 a.C. a 10.000 a.C., a arte do Côa foi inscrita na Lista do Património Mundial em dezembro de 1998. Esta classificação foi ampliada em agosto de 2010 ao sítio espanhol de Siega Verde, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa e integra 94 painéis espalhados por 15 quilómetros, com mais de 500 representações de animais e alguns signos esquemáticos, sendo contemporâneas das do Côa.
©António Martinho Baptista ©António Martinho Baptista
Todas as fotografias: ©Rui Cunha RCL
Floresta Laurissilva na Madeira
Data de inscrição: 1999 | Critérios: (ix) (x)
Único sítio natural em Portugal, a floresta Laurissilva constitui na atualidade o remanescente de um coberto florestal primitivo que resistiu a cinco séculos de humanização, apresentando uma biodiversidade muito elevada com uma representativa presença de espécies exclusivas da Madeira. Com cerca de 20 milhões de anos, o seu nome, Laurissilva, resulta da conjugação de dois termos do latim laurus e silva que significam, respetivamente, loureiro e floresta. Segundo narrativas contemporâneas da descoberta da ilha (1420), esta era coberta de denso arvoredo, razão pela qual os navegadores portugueses lhe atribuíram o nome de “Madeira”.
Considerada uma Relíquia do Terciário, alberga seres vivos que existem desde esse Período e outros que evoluíram desde então até aos nossos dias, incluindo-se na Rede Natura 2000 e na Reserva Biogenética do Conselho da Europa.
Todas as fotografias: ©Câmara Municipal de Guimarães
Centro Histórico de Guimarães
Data de inscrição: 2001 | Critérios: (ii) (iii) (iv)
Guimarães afirma-se durante o período da formação da nacionalidade quando D. Afonso Henriques (primeiro rei português), confirma o foral de seu pai, estando assim associada à fundação da identidade nacional portuguesa no séc. XII. A cidade cresceu em função de uma dinâmica urbana gerada entre dois polos significativos, a “Vila Baixa“e a “Vila Alta”, que a muralha do reinado de D. Dinis abrangeu numa única cerca.
O centro histórico constitui um exemplo bem preservado e autêntico da evolução de um povoado medieval até uma cidade moderna, cuja diversidade e tipologias de construção exemplifica o desenvolvimento específico da arquitetura portuguesa do século XV ao século XIX, mediante a adoção de técnicas tradicionais designadas por taipa de rodízio e taipa de fasquio (técnicas de construção que utilizam a madeira como elemento primordial), com origem nas construções de raiz medieval.
Data de inscrição: 2001 | Critérios: (ii) (iii) (iv) Inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO na categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva, o Alto Douro Vinhateiro (ADV) constitui a área mais representativa e melhor conservada da Região Demarcada do Douro, a mais antiga região vitícola demarcada e regulamentada do mundo, com delimitações desde 1756. Este território singular encerra uma herança coletiva multissecular associada à cultura da vinha e do vinho, em vertentes íngremes e pedregosas, cujas difíceis condições obrigaram à construção de socalcos, suportados por muros de xisto.
O ADV é uma obra multissecular, instalada num corredor de passagem de povos e culturas, de adaptação de técnicas e saberes específicos de cultivo da vinha para a produção de vinhos mundialmente reconhecidos, correspondentes às denominações de origem “Porto” e “Douro”, mas também de outras culturas mediterrânicas, como a oliveira e a amendoeira.
©Concurso de fotografia do Douro 2010/Rui Ademar Pires ©Concurso de fotografia do Douro 2010/Sónia Arrepia
Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico
Data de inscrição: 2004 | Critérios: (iii) (v)
A paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico é composta por uma faixa de território que abrange parcialmente as costas Norte e Sul, e a costa Oeste da ilha do Pico, nos Açores. Consiste numa espantosa rede de longos muros de pedra, espaçados entre si, que correm paralelos à costa e penetram em direção ao interior da ilha, erguidos para proteger do vento e da água do mar as videiras, que são plantadas em milhares de pequenos recintos retangulares (currais), colados uns aos outros.
Remontando ao século XV, a presença da viticultura manifestou-se através desta extraordinária manta de retalhos de pequenos campos, de casas e quintas do início do século XIX, de ermida, portinhos e poços de maré. A paisagem modelada pelo homem, de uma beleza extraordinária, é o melhor testemunho que subsiste de uma atividade outrora amplamente praticada.
© Gabinete Técnico da Vinha do Pico © Gabinete Técnico da Vinha do Pico
Data de inscrição: 2012 | Critérios: (iv)
A cidade-quartel fronteiriça de Elvas e suas Fortificações constitui um tipo de construção ou de conjunto arquitetónico ilustrando um período significativo da história humana. Construídas no âmbito da Guerra da Restauração, as muralhas abaluartadas são um exemplo notável da primeira tradição holandesa de arquitetura militar, possuindo um perímetro de cerca de dez quilómetros e uma área de 300 hectares.
A área reconhecida pela UNESCO inclui todo o Centro Histórico, as muralhas abaluartadas do séc. XVII, o Aqueduto da Amoreira, o Forte de Santa Luzia, o Forte da Graça e os Fortins de São Pedro, São Mamede e São Domingos num total de 179 hectares, sendo a área de proteção de 690 hectares. As fortificações do Centro Histórico incluem duas muralhas islâmicas e uma muralha fernandina, bem como igrejas, capelas, conventos e palácios.
©Câmara Municipal de Elvas ©Raul Ladeira / Propriedade: Câmara Municipal de Elvas
Universidade de Coimbra. Alta e Sofia
A Universidade de Coimbra cresceu e evoluiu ao longo de mais de sete séculos, incluindo edifícios universitários como a Catedral de Santa Cruz do século XII, faculdades do século XVI, o Palácio Real de Alcáçova, que alberga a Universidade desde 1537, a Biblioteca Joanina com a sua rica decoração barroca, o Jardim Botânico do século XVIII e a Imprensa Universitária, bem como a grande “Cidade Universitária” criada durante a década de 1940.
Os edifícios da Universidade tornaram-se uma referência no desenvolvimento de outras instituições de ensino superior no mundo lusófono, exercendo também uma importante influência na aprendizagem e na literatura. Coimbra constitui exemplo de uma cidade universitária integrada no tecido urbano, com as suas próprias tradições cerimoniais e culturais que têm sido mantidas vivas ao longo dos séculos.
©UC Sérgio Brito ©UC Delfim Ferreira ©UC Sérgio Azenha
Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga
Data de inscrição: 2019 | Critérios: (iv)
Esta paisagem cultural evoca Jerusalém Cristã, recriando um monte sagrado coroado com uma igreja. O santuário foi desenvolvido ao longo de um período de mais de 600 anos, principalmente em estilo barroco, e ilustra uma tradição europeia de criação de Sacri Monti (montanhas sagradas), promovida pela Igreja Católica no Conselho de Trento no século XVI, em reação à Reforma Protestante.
O conjunto Bom Jesus inclui uma série de capelas que abrigam esculturas evocando a Paixão de Cristo, bem como fontes, esculturas alegóricas e jardins formais. A Via Crucis culmina na igreja, que foi construída entre 1784 e 1811. A Escadaria dos Cinco Sentidos, com as suas muralhas, degraus, fontes, estátuas e outros elementos ornamentais, é emoldurada por bosques exuberantes e por um parque pitoresco que, magistralmente situado na colina acidentada, contribui muito para o valor paisagístico do conjunto.
Todas as fotografias: ©João Paulo Sotto Mayor
Real Edifício de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco, Tapada
Data de inscrição: 2019 | Critérios: (iv)
Localizado a 30 km a noroeste de Lisboa, este imponente edifício quadrangular inclui os palácios do rei e da rainha, uma basílica inspirada em S. Pedro de Roma, um convento franciscano com capacidade para 300 frades (atualmente ocupado pela Escola de Armas do Exército) e uma das mais importantes bibliotecas portuguesas, com um valioso acervo de cerca de 36.000 volumes. Inclui ainda o Jardim do Cerco, antiga cerca conventual, e a Tapada Nacional de Mafra.
O Real Edifício de Mafra é uma das obras mais marcantes levadas a cabo pelo Rei João V, ilustrando não só a representação tangível da sua conceção da monarquia e do Estado, como também o poder e alcance do Império Português. Foram adotados modelos arquitetónicos e artísticos barrocos romanos e italianos e encomendadas obras de arte que fazem de Mafra um exemplo excecional do barroco italiano.
©Nuno Trindade ©Luís Pavão