DAQUILO QUE Nテグ MAIS
SABEMOS
sumário Objetivo Justificativa Sinopse do espetáculo Proposta de encenação Ficha Técnica ANEXOS Proposta de contrapartida Cronograma de Trabalho Orçamento Textos Currículo do proponente Currículos dos integrantes Termos de Compromisso
O C oletivo C ronópio começou sua trajetória em 2008 com a criação do espetáculo I nstruções para compor uma peça – S e for viver , leia antes ., que fez quatro temporadas em S ão P aulo desde sua estreia . O espetáculo foi concebido a partir do desejo de experimentar a criação dramatúrgica em
processo
o livro
tendo
H istória
como
ponto
de
partida
C ronópios e de F amas do J ulio C ortázar . D epois desse
de
escritor argentino
processo , a tarefa de escrever uma peça a partir
de um processo prático se tornou um desafio para grupo .
F oi
então que , em
2010,
decidiu - se iniciar
um novo processo criativo ainda prospectando essa forma de construção criativa .
O
tema escolhido foi o ato suicida , por sua
amplitude metafórica , pela sua capacidade de conter a discussão sobre o limite entre o desejo e a necessidade de viver , sobre a ressignificação
( que já havia sido tema do primeiro trabalho ) e , ao mesmo tempo , por ser um tema que da
vida
propõe quase inevitavelmente uma possibilidade de movimento para a encenação e de treinamento físico para os atores .
A ssim , a diretora , os quatro
atores e o dramaturgista iniciaram um processo de pesquisa sobre o tema .
D esse momento de pesquisa inicial , foram escolhidos três pilares teóricos , a saber : o livro de contos S uicídios E xemplares de E nrique V ila -M atas , O M ito de S ísifo de A lbert C amus e cartas suicidas pesquisadas livremente na internet , que guiaram o pensamento sobre o tema . I niciou - se então a prática . D urante
um ano , o grupo experimentou diversas
possibilidades metodológicas para a criação . metodologia
explorava
desde
um
E ssa
treinamento
físico intenso que preparasse os atores para os movimentos de queda , sustentação e força , até
a prospecção de novas mídias , como o uso do celular para a proposição de criação de cenas e mini - performances .
A pós
um ano de trabalho em sala de ensaio e de
exploração
da
cidade
de
S ão P aulo
através
de
propostas performáticas , a dramaturgia começou a ser elaborada e hoje está finalizada .
O
presente
projeto pretende , pois , viabilizar uma leitura pública
do texto , os ensaios , a produção e a temporada do
D aquilo que não mais sabemos na cidade de S ão P aulo . A leitura pública será realizada em parceria com o A telier A quaforte , no bairro da P ompéia . P retende - se estrear no C entro C ultural S ão P aulo . O público alvo são jovens e adultos , recomendando - se a idade mínima de 16 anos devido ao conteúdo e forma do espetáculo . espetáculo
objetivo
“ Só existe um problema filosófico
realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou dez categorias, vem depois. Trata-se de jogos; é preciso primeiro responder.
“
Albert Camus
justificativa
O Coletivo Cronópio é um grupo novo. Daquilo que não mais sabemos é a segunda incursão desse grupo na criação de um espetáculo e, assim como o primeiro espetáculo do grupo, pretende falar sobre
teatro.
Essa proposição não aleatória, é quase intrínseca
é ao
tema da forma como foi abordado.
O
suicídio propõe quedas, voos no
vazio, sustentações e vertigem, a mesma que experimentamos quando
a nossa condição de seres que
olhamos a vida sem o subterfugio da
buscam
ilusão.
respostas
na
sociedade
contemporânea, um tema que dialoga com o aqui
Paulo). O
(2012)
e o agora
(São
texto aqui apresentado
A
linguagem híbrida no espetáculo
impôs
a
prospecção
de
uma
é fruto de um trabalho de dois
metodologia que pudesse conter
anos sem recursos, sustentados
essa forma de pesquisa e foi por
unicamente pelo desejo suicida de
essa
continuar, de colocar o seu ponto
apoio
de vista em cena.
Daquilo nasceu,
que
não
cresceu
metodologia a
novas
metodologias
que,
em
espaço
de
criação
estimulada. outros
O de
países,
como a Inglaterra, já possuem um mais e
sabemos quer
se
vasto
experimentação
e pesquisa, inclusive dentro das
desenvolver em meio a uma linguagem
universidades, é necessário para
híbrida em que outras linguagens
que as artes cênicas no
deslocamento aéreo, dança, vídeo e
Brasil possam dar um passo a frente. Saindo da linguagem, chegamos ao tema. Não se pode dizer que o suicídio seja um tema atual, da mesma
teatro tendo como base o próprio
forma que não se pode dizer que é
estejam a favor de um texto cênico, servindo a um tema.
O
espetáculo
propõe a junção de técnicas de
antiquado.
O suicídio é atemporal, pois
assim que o homem passa a conhecer o vínculo inevitável entre o eu e o mundo que o impulsiona e o limita, o ato suicida torna-se possível.
O que se
Ainda refletindo sobre a temática, Daquilo que não mais sabemos fala sobre a cidade de São Paulo, colocando a paisagem urbana quase como um sexto personagem.
pode dizer é que o tema é abordado de
esse
uma nova maneira, sem falar sobre a trajetória de um suicida ou utilizar o
Paulo é trazer a realidade relida para o palco, convidando o espectador a
tema para fazer uma apologia contra
ver no ato suicida uma metáfora para o
ou a favor do mesmo.
texto, como
caos interno e externo dos que habitam
é a essência do próprio ato suicida:
espetáculo propõe a possibilidade da
No
reflexo do processo, a questão central
espetáculo
a metrópole.
na
Como
cidade
Estrear de São
consequência, o
por que continuamos a viver apesar
respiração
das adversidades?
assim como a reflexão e a fruição
Podemos
decidir o
momento de terminar com as nossas vidas?
Quando?
artística.
profunda
e
vertiginosa
Daquilo
que não mais sabemos fala
sobre o suicídio.
A poesia do ato suicida, aquilo que nos instiga e nos faz temer. O suicídio é uma ação democrática. Ela está aí para quem a quiser. Entretanto, nós a tememos, da mesma forma que nos aliviamos em saber que, de certa forma, temos poder sobre nossa própria vida. A certeza do suicídio bem como a incerteza do que vem depois da morte nos permitem continuar vivendo.
A
essência humana está nessa própria
incongruência, nesse limiar.
através de três planos, o além túmulo, a realidade e o interior de cada um.
Como se não soubessem viver por si sós, esses atores continuam em busca de personagens nos quais eles possam apoiar sua existência.
Quando chegam à
realidade, ainda conduzidos pelo cego andarilho, assumem papéis de pessoas
comuns, como um garçom que tentou se matar tomando cândida, um casal que se
separa após um relacionamento intenso, trabalhadores que esperam o metrô voltar a funcionar após um suicida ter
Esse
texto não é uma ode ao suicídio,
tampouco é uma visão idílica da vida.
As consequências dos nossos atos estão ali, imedidas. O tom do texto é cru, poético
se lançado na linha do trem, e muitos
outros, todos em situações limites ou falando em momentos de questionamento sobre a vida.
Vale
notar que alguns
e muitas vezes possui uma comicidade
desses episódios são reminiscências de
dura.
experiências que os atores tiveram na rua a partir de proposições feitas em
O cenário é a cidade de São Paulo.
sala de ensaio.
A
A
história começa em algum lugar do
além túmulo em que parece haver a coincidência
de
encontros
suicidas,
Maiakóvski, Santos Dummont, as filhas de Karl Marx e outros. Quando como
esses suicidas ilustres realizam seus últimos atos, os atores restam em cena
sem saber o que fazer, encurralados entre a ficção e a realidade. atores sem personagens.
Sem
Cinco ação,
realidade, entretanto, parece não
ser
suficiente
e
eles
seguem
para
um lugar muito mais nebuloso, seus próprios
universos
pessoais.
Ali
podemos enxergar as experiências dos atores,
suas
primeiras
lembranças
da morte e seus suicídios internos.
Apesar não
de tudo, eles ainda parecem
compreender
o
porquê
dessa
trajetória e, paralisados pelo medo
começam a seguir um ser dançante que
de suas consciências se desintegrarem
aparece de olhos fechados, caindo,
sem deixar vestígios, tentam inutilmente
escalando.
Esse
andarilho vai guiá-los
parar de significar.
E então, freados na
sinopse
história, são obrigados a se confrontar
encurralados pelas dúvidas, em que
com a própria condição humana em que
decidimos viver apesar de tudo, em que
ser ou deixar de ser não é a resposta
encontramos a alegria após um suicídio
para nenhuma angústia.
metafórico.
A peça invade as diferentes
e diversas mortes que podemos ter em
A
necessidade
vida e sobre a morte em si, sem tentar
humana de significar sua vida através
responder perguntas sobre o depois da
da própria dúvida.
vida, mas prospectando as perguntas do
peça
fala
sobre
a
Viver
é lidar com
todas as questões que a vida impõe, sem
ceder a elas, mas sem as ignorar, caso contrário, estaríamos nos anestesiando ou fugindo do que possa ser a existência.
Nela,
são
retratadas
diferentes
situações humanas em que nos vemos coagidos a agir, em que nos vemos
antes da morte, onde nos encontramos
todos encurralados entre a ação e o pensamento, vivendo a experiência do
absurdo, alegremente fadados à dúvida.
Sinopse da proposta de encenação:
desenvolvimento dos intérpretes. No
O
materializado
um treinamento específico para o
através de três atores, duas atrizes
trabalho, com movimentos de quedas,
espetáculo
será
e uma dançarina.
O
princípio, a direção criava ela própria
espaço ocupado
será uma estrutura composta por colunas de andaimes de até
3
4 metros
sustentação e propulsão, inspirada
na pesquisa teórica sobre o suicídio.
Depois,
a fim de expandir os limites
dos
de técnicas aéreas e escalada.
foram convidados para o processo
À
frente de um dos andaimes, com aproximadamente
2m²,
um
painel
movimentos
experimentados,
de altura e suporte para a utilização
uma artista circense e uma dançarina.
Criou-se
assim, uma intersecção de
de tapumes permite a utilização de
linguagens sem, entretanto, levar
projeções. Os atores usarão técnicas
os atores a estarem reféns de uma
palco
técnica específica, mas apropriados
verticalmente, dando ao espectador
de algumas a fim de trazerem suas
corporais
para
ocupar
o
composições.
Os
a sensação constante de vertigem.
próprias
Proposta de encenação:
e a dramaturgia caminham para a
corpos
pendurados no espaço, as quedas vertigem, para levar o espectador a
para a significação da vida
um lugar não confortável, em que o
através do espaço entre o viver e o
riso e a dor se encontram tanto no
morrer.
plano íntimo, quanto no músculo.
Olhar
Qual
seria o espaço mais
apropriado para pensarmos sobre a relação do indivíduo contemporâneo
Interessa
com a vida e a morte do que a fresta
retratar a cidade de
suicida?
Esse
O
espaço entre o que ainda
não é morte, mas perdeu o significado de vida.
Aqui,
nessa fronteira se
encontra essa encenação.
também a essa encenação
São Paulo.
interesse nasce do tema e do
processo.
Do tema na medida em que, assim como o suicídio, São Paulo existe em uma situação limiar, em que seus habitantes se encontram entre
A
busca de uma linguagem corporal
o amor às possibilidades da cidade e a
própria em que o corpo do ator seja o
rejeição ao que ela verdadeiramente
espaço de intersecção de diferentes
é.
técnicas, um corpo permeável que se utiliza de diferentes treinamentos para sem
fazer perder
limitações. criou uma
ao
o sua
texto
significar,
identidade,
suas
O Coletivo Cronópio longo
metodologia
deste própria
processo para
o
Não
como uma situação de ame-a
ou deixe-a, mas de estar apesar de
tudo que decorre dessa existência.
Uma relação suicida, em que o “ser” se
encontra
entre
o
encarar
a
realidade e o buscar o desconhecido, em que a tentativa de ressignificação do cotidiano é, se não vã, efêmera. No
proposta de encenação
que diz respeito ao processo, durante o
mesmo,
a
direção
trouxe
várias
momento de volta para sua realidade: aqui estamos e daqui falaremos.
proposições de pequenas intervenções na realidade. Um exemplo: foi pedido aos
A
encenação visa ampliar a sensação
atores que perguntassem a uma pessoa
de perigo do ato suicida.
de um estabelecimento comercial se
momento
ela já havia pensado em se matar.
surpreendido por uma queda, por um
experiências em
foram
transformadas
e,
posteriormente,
depoimentos
finalizadas essas
Essas
pela
pequenas
dramaturgia. incursões
Todas
tornaram
São Paulo como cenário. A encenação, através das inevitável a escolha de
projeções e das referências inseridas no texto, jogará o espectador a todo o
movimento
Assim
o
A
espectador imprevisível
qualquer
pode dos
ser
atores.
também a música e a iluminação,
surgidas ao longo do trabalho junto aos
artistas
convidados
para
esta
interlocução, contribuirão para esse sentimento de perigo da peça.
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