VIOLAS PAULISTA

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Em 2011, comemora-se a 32ª edição do Dia Mundial do Turismo. Neste ano, o tema Turismo: conectando culturas, escolhido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), evidencia a atividade turística como potencial integrador de culturas, promovendo o conhecimento da diversidade e o entendimento entre povos. Nesta data, o SESC SP destaca os elementos que revelam a cultura do estado no evento Virado à Paulista, uma analogia a toda diversidade cultural de São Paulo. A ação faz parte do Programa de Turismo Social, que propõe a qualidade de deslocamentos experimentados pela fruição da cultura, da solidariedade e das paisagens não apenas físicas, mas também humanas.

Neste mês de setembro, a cidade de São Paulo, habitat de pessoas das mais variadas culturas e etnias, recebe no SESC Pompeia grandes violeiros atuantes no estado que se dedicam aos folguedos, às músicas caipiras, às orquestras e às vertentes contemporâneas. Com este evento, buscamos contribuir para consolidação de novos espaços de divulgação de violas e de estímulo ao uso e à apreciação da viola caipira, instrumento que faz parte de nosso patrimônio artístico, cultural e histórico. SESC Pompeia


VIOLAS

PAULISTAS A viola foi introduzida em território brasileiro com a chegada dos portugueses. Sua utilização expandiu-se pelo território nacional e o instrumento adquiriu formas, tamanhos e afinações variadas. Dependendo da região do país, as maneiras de construir e tocar viola são diferentes, pois trazem características específicas vinculadas à cultura e ao modo de vida da população. Dentre esta variedade estão os fandangos gaúchos, os repentes nordestinos e os roçados do Sudeste e do Centro-Oeste. A viola sempre esteve integrada às culturas populares tradicionais, além de também estar presente na música contemporânea. O estado de São Paulo pode ser considerado o principal berço da viola caipira e um dos seus mais importantes difusores. Utilizada pelos jesuítas como instrumento de catequese, a viola é presença obrigatória na música caipira, cujo embrião é a Catira, uma mistura do som das violas portuguesas com o bater de pés e mãos dos índios. Utilizada para cantar o amor, as lutas da roça e as sagas caipiras, a viola sobrevive às inúmeras mudanças sociais e ao fenômeno migratório do homem do campo para os centros urbanos.



LUTHIERS Quem deseja iniciar-se nos estudos de viola caipira encontra boas opções de instrumentos industrializados. Entre eles estão as marcas Giannini, Xadrez, Del Vecchio e Rozini, que produzem instrumentos em escala industrial com preços acessíveis. Mas também há uma outra opção, os luthiers, que fabricam violas artesanalmente com características únicas. Esses profissionais estão espalhados por todo o estado de São Paulo e também são conhecidos por geralmente serem excelentes instrumentistas. Na região do médio Tietê, em Pirajuí, o violeiro e artesão Levi Ramiro faz instrumentos convencionais de qualidade, sendo reconhecido pela peculiaridade de suas violas de cabaça. Subindo o rio, rumo a Botucatu, encontramos as violas de seu Pedro Dias e, recentemente, do jovem João Luthier, que produz instrumentos com capricho e madeiras selecionadas. Em Tatuí vive o famoso Joacir, que morava em São José do Rio Preto, e que fabrica as violas mais caras do estado. Cada instrumento demora até seis meses

para ser entregue sob encomenda. Já a região de Sorocaba é um dos mais importantes pilares da cultura violeira. Até hoje elas são construídas com a caixa acústica de tamanho reduzido, como a dos tropeiros, para que não pesassem nas longas viagens das tropas. Daí vem a expressão “viola tropeira”. Nessa região podemos encontrar a já tradicional viola de Sforcin e outro jovem nome da luthieria, André Muraro, que desponta com violas de acabamento requintado e sonoridade atraente. Na cidade de Salto, o tradicional Domingos Domingues fabrica a linha artesanal da Gianinni e o artesão José Mario mantém o Recanto da Viola. Em Avaré, a tradição de luthiers se consolida na cidade com Carlinhos Beltrami e Nelson Anselmo, que seguem a linha de luthieria implantada pelo violeiro Kleber Silveira, buscando qualidade com baixo custo. Mais ao sul, em Assis, o jovem Luciano Queiroz se destaca por inovar com um modelo de viola dinâmica, uma versão do instrumento com som mais volumoso


SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

451 km

e timbres “metálicos” devido ao tampo de metal. Na região de São José do Rio Preto, além da retomada dos trabalhos da Xadrez, comandada por Renato Vieira, encontram-se os irmãos Binatti, que produzem violas há cerca de 30 anos. As violas Mater, de Amparo, fazem sucesso entre os violeiros de Piracicaba. Nessa região há peças singulares feitas por fabricantes de Iracemápolis, Americana e Campinas. Na grande São Paulo, ainda podemos encontrar uma diversidade de artesãos, desde a simplicidade de Valmir Rosa, que constrói as tradicionais violas de meia regra, com cravelhas de madeira, até as violas requintadas de Pepineli.

PIRAJUÍ

400 km

BOTUCATU

229 km

ASSIS 432 km

PIRACICABA

180 km

AVARÉ

258 km

TATUÍ

143 km

SALTO

114 km

SOROCABA 87 km

SÃO PAULO


E FOLGUEDOS

VIOLEIROS A viola caipira está presente nos folguedos – manifestações populares, festas e brincadeiras dos “dias de folga”, vinculadas ao descanso do trabalhador rural – do interior do estado. Entre os mais conhecidos estão as Folias de Reis, as Folias do Divino, as Congadas, os Caiapós, as Catiras, as Danças de São Gonçalo, as Romarias de São Gonçalo e os Fandangos. Na Folia de Reis, por exemplo, a população se reúne no início de janeiro para comemorar o dia de Santo Reis – os reis magos que levaram presentes a Jesus – encerrando os festejos do Natal. Os integrantes dessa folia são embalados por cantorias com rabecas, instrumentos percussivos e violas. A população se farta da boa comida oferecida pelo festeiro, obtida por meio de doações dos fiéis, ao som de melodiosas cantorias de caráter religioso. Todos os folguedos mantêm intensas relações de sentido com os membros da comunidade, e a viola caipira está na alma dessa música e desse povo. Desde os bairros rurais


até as festas caiçaras encontram-se violas com afinações peculiares que traduzem a cultura da região e influenciam toda uma geração de artistas, desde o mais tradicional até o músico contemporâneo. Atualmente, o estado de São Paulo é palco de um incontável número de violeiros. Mesmo nos tempos áureos da música caipira, quando a viola era presença quase obrigatória em duplas e conjuntos musicais, não existia um universo tão grande de músicos e artistas que protagonizavam o uso desse instrumento. Em Guarapuã, bairro formado por sitiantes do município de Dois Córregos, a viola catireira de Ari Freitas, com afinação peculiar e habilidade na Catira, mantém viva uma tradição de décadas de sapateado e palmeado. Próximo dali, na cidade de Piracicaba, Toninho Pais, um dos maiores violeiros de Cururu do médio Tietê, participa de desafios com poetas repentistas, que são acompanhados por Carlos Caetano, a “mão de veludo” do Cururu de Sorocaba.

Da região do Vale da Ribeira, as violas das Romarias de São Gonçalo, da Dança da Mão Esquerda e das Folias sustentam as cantorias das manifestações religiosas e de outros folguedos. No litoral sul está presente a viola fandangueira, que anima os bailes caiçaras com sua forma, sonoridade e afinação difereciadas. Destas tradições, outros artistas, inspirados pelos mestres mais experientes, buscam novos horizontes à sonoridade das dez cordas. Fundindo tendências do choro, da valsa, do samba, do jazz e até do rock, Wilson Teixeira, Ivan Vilela, Levi Ramiro, Milton Araújo, Osni Ribeiro, Zeca Collares, trio Tamoyo e muitos outros têm expandido as fronteiras da sonoridade em busca de novos referenciais deste instrumento que, de certa forma, representa uma expressiva parcela da cultura e da música brasileira.


ÕES

MANIFESTAÇ

POPULARES

SÃO FRANCISCO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO RIBEIRÃO PRETO TAQUARITINGA IRAPURU IBITINGA TUPÃ

PIRAJUÍ

DOIS CÓRREGOS SÃO PEDRO IRACEMÁPOLIS

ASSIS

SERRA NEGRA

BOTUCATU PIRACICABA AVARÉ

SALTO

TATUÍ

AMPARO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS PIRACAIA SÃO PAULO

SOROCABA

IPORANGA

CANANÉIA

SANTO ANDRÉ

CUNHA


NHA

FOLGUEDOS PAULISTAS Ari Freitas e Zé Lourenço (Catira de Dois Córregos) Gabriel (Paredão Vermelho – Cururu de Piracicaba) Gervásio (Romaria de São Gonçalo – Iporanga) Amir Oliveira (Cananéia) Dorinha (Catira de Piracaia) Girassol (Grupo Serrano de Catira - Serra Negra) Carlos Caetano (Cururu de Sorocaba) Dorinha (Dança de São Gonçalo - Piracaia) VIOLEIROS Rafel Danelon (Regente da Orquestra de viola de São Pedro) Braz da Viola (Regente da Orquestra de São Francisco) Júlio Santin (Irapuru) Milton Araújo (Santo André) Zeca Collares (mineiro de Sorocaba) Wilson Teixeira (Avaré) Osni Ribeiro (Botucatu) Ivan Vilela (mineiro de São Paulo) Trio Tamoyo (Piracicaba) Fabius (viola de cabaça) Gali (Baixo acústico) e Piza (Bateria) Levi Ramiro (Pirajuí) Rafael (Piracaia) LUTHIERS Levi Ramiro (Pirajuí) Amir Oliveira (Cananéia) Mestre Pereira (Cananéia) André Luiz (Sorocaba) Sforcin (Sorocaba) De Lisa (Tupã) Mater (Amparo) Luciano Queiroz (Assis) Joacir (Tatuí)

Braz da Viola (São José dos Campos) Edgar (Iracemápolis) Benedito (Ibitinga) Inácio (São José do Rio Preto) Carmo Camargo (Cunha) Domingos Domingues (Salto) Carlos Valentim (Ribeirão Preto) De Carlo (Taquaritinga) Valmir Rosa (São Paulo)


folias e folguedos

Apresentações de manifestações culturais populares do Estado de São Paulo que tem a viola como instrumento base.

ão

Programaç

Completa

Rua Central | Grátis

Dança de São Gonçalo Piracaia

Por volta de 1802, o tataravô do atual mestre Sr. Pinheiro reunia seus camaradas de sítio para quebra de milho e após as atividades de colheita organizavam danças com movimentos básicos de bate pé e bate palma.

3/9. Sábado às 16h30

Catira de Guarapuã, Ari de Freitas e Zé Lorenço

Formado há 15 anos, o grupo resgata a tradição regional sob o comando do violeiro Ari Freitas, a catira apresenta danças e cantorias com integrantes de diversos pequenos municípios e bairros rurais, como Dois Córregos, Torrinha e o bairro de Guarapuã.

4/9. Domingo, às 16h30

Catira de Piracaia

Cantando moda de viola e recortado - batido de pé e mão em sequencia picada -coreografias improvisadas o grupo atual de Catira de Piracaia, com aproximadamente 15 integrantes, vem há 14 anos resgatando a dança e repassando aos descendentes suas práticas e costumes há 5 gerações.

10/9. Sábado, às 16h30


Cururu de Piracicaba

Liderado pelo grande repentista Moacir Siqueira, essa modalidade paulista de poesia improvisada tem participação de Manézinho e do mestre violeiro Toninho Paes, que contagiam a todos com muitas surpresas e alegria.

11/9. Domingo, às 16h30

Cururu de Sorocaba

Choque de gerações é a marca característica desse encontro de Andinho, jovem repentista de Sorocaba com o veterano Cido Garoto, que mostram as variações do Cururu na região. A dupla de poetas convida a lenda viva da viola, o mestre Carlos Caetano.

17/9. Sábado, às 16h30

Grupo Serrano de Catira Serra Negra

Seu Dito apresenta o grupo, embalado pela viola do músico Girassol perpetuando a tradição trazida por Sr. hoje com 80 anos, que executa a dança desde criança. O repertório musical que embala as danças é composto por clássicos da viola, como Tião Carreiro e Pardinho. A apresentação inclui reza e dança de São Gonçalo.

18/9. Domingo, às 16h30 Romaria de São Gonçalo Iporanga

Os pares de violeiros e as cantoras entoam melodias contagiantes em danças, numa procissão em que os fiéis do Vale do Ribeira celebram as conquistas do trabalho rural e depositam pedidos ao santo padroeiro dos violeiros. Destaque ao trabalho do mestre violeiro Gervásio.

24/9. Sábado, às 16h30

Fandango Batido de São Gonçalo | Cananéia

Um dos vários grupos de fandango da Cananeia em que seus integrantes produzem artesanalmente seus instrumentos para festejarem em dançante baile caiçara, que funde características culturais do sul do litoral paulista e do norte do Paraná.

25/9. Domingo, às 16h30


especial Encontro de Luthiers Paulistas

Visita à Casa dos Violeiros do Brasil

Evento reúne quatro referências de diferentes violas produzidas no estado de São Paulo: Valmir Rosa (São Paulo), Levi Ramiro (Pirajuí), Amir Oliveira (Cananeia), Luciano Queiroz (Assis). Mediação: Fabius Trio Tamoyo.

Importante reduto de tradição e valorização da cultura caipira, localizada em Osasco. O circuito inclui as apresentações da Orquestra de Violeiros de Osasco e Catira Bota de Ouro, além do transporte com seguro, café da tarde e guia credenciado.

Sala 1 das Oficinas.

17/9. Sábado, 13h30 às 17h30

Grátis 24/9. Sábado, das 14h às 17h

Inscrições de 30/08 a 14/9, na bilheteria da unidade com apresentação de documento pessoal. R$ 30,00 (inteira); R$ 25,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes). R$ 20,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).


shows Orquestrinha São Xico

Regida pelo violeiro e luthier Braz da Viola reúne, por meio do projeto Viola na Montanha, meninos e meninas de São Francisco para tocarem músicas que fazem parte do universo da garotada.

4/9. Domingo, às 18h Orquestra de Viola de São Pedro

Regida pelo jovem Rafael Danelon, a orquestra é composta por mais de quarenta experientes violeiros, com repertório tradicional da música caipira.

25/9. Domingo, às 18h

Choperia | Grátis


Trio Tamoyo e Zeca Colares

O grupo Trio Tamoyo formado há cinco anos, apresenta um repertório que inclui releituras de clássicos latino-americanos, fusões inesperadas catira com timbres da surf music e músicas autorais compostas com base em pesquisas da etnomúsica brasileira. Formado por Piza (percussão), Gali (baixo acústico) e Fabius (viola de cabaça em amplificador valvulado e pedais de efeito). Zeca Colares é conhecido pelas suas belas melodias e invejável técnica na viola e muita sensibilidade. Variando entre canções e versões instrumentais numa fusão entre a música de raiz, regional brasileira, o barroco e elementos contemporâneos.

22/9. Quinta, às 21h30

Ivan Vilela e Wilson Teixeira

Mineiro radicado no estado de São Paulo, Ivan Vilela desenvolve constante e consistente divulgação da viola caipira por meio de projetos artísticos e educacionais. Neste show, estará acompanhado de um trio (viola, contrabaixo e rabeca). Wilson Teixeira é um jovem violeiro e compositor nascido em Avaré/SP, traz em suas composições uma mistura de música caipira e urbana. Participa dos principais festivais de música do interior do Brasil e mantém com persistência o zelo pela beleza e qualidade musical.

23/9. Sexta, às 21h30


Osni Ribeiro e Levi Ramiro

Osni Ribeiro. O compositor da serrana Botucatu/ SP, utiliza-se da viola para expressar a sua produção artística em prosa, canções e temas instrumentais. Neste projeto se apresenta tocando viola, acompanhado por violão, percussão e vocais apresentando releituras de clássicos da música brasileira e passeia por canções criadas por compositores conterrâneos: Serrinha, Raul Torres e Angelino de Oliveira. Levi Ramiro é violeiro e artesão. Suas composições celebram a simplicidade e a poesia da vida interiorana. Seu ultimo album, “Trilha dos Coroados” (2009) mostra vasta pesquisa sobre o povo Kaingang. Neste show, Levi se apresenta com um trio (viola, violão e percussão).

24/9. Sábado, às 21h30

Choperia


SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES Administração Luiz Deoclécio M. Gallina Comunicação Social Ivan Giannini Técnico-Social Joel Naimayer Padula Técnico e de Planejamento Sérgio Batistelli GERENTES Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunto Flávia Andréa Carvalho Assistentes Henrique Rubin, Kelly Adriano e Sérgio Pinto Programas Socioeducativos Maria Alice Oieno de Oliveira Nassif Adjunto Flávia Roberta Costa Assistentes de Turismo Silvia Eri Hirao, Denise Miréle Kieling e Leila Yuri Ichikawa SESC POMPEIA Gerente Elisa Maria Americano Saintive Adjunto Jayme Paez Coordenadora de Programação Ilona Hertel Coordenadores de Área Ana Carolina Rovai [Alimentação] Nelson Soares da Fonseca [Administração] Roberta Della Noce [Comunicação] Rose Souto [Atendimento] Silvan Oliveira da Silva [Manutenção] e William Moraes Alves [Serviços e Infra-estrutura] VIOLAS PAULISTAS Núcleo Socioeducativo Fernanda Gonçalves, Valéria Boa Sorte e Vânia Feichas Vieira Núcleo de Música Abigail Vaz, Devanilson José Furlan, Ligia Moreira Morelli e Wagner Palazzi Perez Curadoria Fábio Nunes da Silva e Osni Ribeiro




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