#5 | Pocket Magazine Softex

Page 1

REVISTA

5 • 2021 abr mai jun

INTERNACIONALIZAÇÃO

Promovendo a tecnologia brasileira no cenário mundial

tecnologia • inovação • negócios •  políticas públicas


Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

Jornalista responsável Fabrício Lourenço – DF2887 JP

Presidente da Softex Ruben Delgado

Assessoria de imprensa (MLP) Karen Kornilovicz Mário Pereira

Vice-Presidente da Softex Diônes Lima

Revisão Bruna Moreira

Coordenação do projeto Juliana Molezini

Diagramação e projeto gráfico Simone Silva (Figuramundo)

@2021 – Revista Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. Uma publicação institucional. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.


Caro leitor, Nesta segunda edição da Revista Softex, apresentamos, como matéria principal, o importante papel que a entidade tem desempenhado no auxílio às empresas brasileiras que sonham em exportar seus produtos. É essencial ressaltar que essa internacionalização procura atender não só o eixo Sul-Sudeste, mas também as empresas das demais regiões do país. Ainda percorrendo todo o Brasil, mergulhamos fundo na Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial, que certamente vai impulsionar o cenário tecnológico no território brasileiro a partir de agora. A Portaria nº 4.617, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que trata sobre o assunto, foi publicada no dia 6 de abril. O ecossistema não para e a todo momento temos informações fresquinhas que merecem aplausos. As EdTechs, presentes nos segmentos educacionais, são exemplos dessas aclamações. Atenta a esse movimento, a Amazon Web Service oferece no Brasil a AWS EdStart,

um programa de incubação virtual e aceleração para startups com foco exclusivo no setor educacional. Nossa equipe conferiu essa inciativa que vai trazer importantes resultados. O nosso ávido leitor terá à disposição artigos, informações sobre as recentes conquistas de startups que fazem parte do nosso portfólio e outras informações de interesse para o setor. E, por fim, porém não menos importante, entrevistamos o expresidente da Softex, Márcio Girão, que falou um pouco sobre os 25 anos da entidade a serem comemorados em dezembro.

Boa leitura. Equipe Softex


ACONTECE NO SETOR

INTERNACIONALIZAÇÃO Área de Internacionalização da Softex auxilia empresas brasileiras a pensarem globalmente

pág6

Prêmio Brasil, País Digital

pág21 Governo sanciona Marco Legal das Startups

pág25 70 anos do CNPq

EMPREENDEDORISMO FEMININO pág10

pág29

Softex e Microsoft unidas para capacitar 100 mil mulheres em tecnologia

pág41

Foco sai do big e migra para small data até 2025

pág33 Covid-19 acelera crescimento de receitas de software

Girão ENTRE- Márcio Ellery Barroso VISTA pág12

ARTIGO

Economia Circular, Logística Reversa e Inclusão Social: tudo junto e misturado

pág38

ARTIGO Governança e Compliance no terceiro setor: O compromisso que faz a diferença

pág26


CASES

pág16

Refinaria de Dados, startup do Programa IA2 MCTI, é adquirida pelo banco Modalmais

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL pág22

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL pág18 Conheça a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial

Pesquisa coloca a Softex entre as instituições mais reconhecidas no setor de TI

CASES

Cor.Sync: a Nespresso dos diagnósticos de infarto pág42

CAPACI- Plataforma Teresina Mais oferece TAÇÃO Digital cursos gratuitos capacitação PROFIS- de profissional SIONAL pág34

ESPECIAL pág30 AWS EdStart: transformando a educação por meio da tecnologia

MERCADO DE TRABALHO IMIGRANTES Refugiados e imigrantes ganham chance de recolocação no mercado de trabalho

pág36


INTERNACIONALIZAÇÃO Área de Internacionalização da Softex auxilia empresas brasileiras a pensarem globalmente

6


Por Mário Pereira

T

er um olhar atento às oportunidades em todo o mundo e não somente nos mercados mais conhecidos. Para Ana Beatriz Pires, gerente de internacionalização da Softex, essa é a fórmula para que as empresas brasileiras de software e serviços de TI ganhem cada vez mais espaço no exterior. “É muito importante trabalhar todas as regiões do Brasil, sair do eixo SulSudeste e olhar também o NorteNordeste e o Centro-Oeste”, analisa Bia, lembrando que existem startups com grande potencial, mas que têm foco somente regional. Como o Brasil possui um grande mercado interno, muitas sequer pensam em participar do cenário global, o que acaba sendo um limitador ao crescimento. Sair desta zona de conforto de atuar apenas no Brasil implica um processo profundo de transformação, no qual a empresa terá de rever o seu produto e as suas estratégias para ingressar em um novo mercado. Mas o esforço, se realizado de forma organizada, pode valer muito a pena. Um exemplo: uma empresa na área de Inteligência Artificial que em 2017 saiu para o mercado canadense avaliada em R$ 3 milhões, hoje vale US$ 80 milhões. Mas isso não é por obra do acaso, explica a especialista da Softex, lembrando que os resultados só aparecem se a empresa trabalhar duro e estiver disposta a pensar

diferente. “Quando o mercado sente seu empenho, a sua vontade em fazer acontecer, ele te recebe de portas abertas, e as oportunidades surgem naturalmente”, analisa Bia, lembrando que cada país tem a sua cultura, que precisa ser entendida. Conhecer bem a empresa, seus produtos e soluções e aí detectar onde ela se encaixa no mundo é a trilha que a área de Internacionalização da Softex está construindo. “Já que ela precisará se transformar nesse processo, então que isso seja feito a partir de uma demanda efetiva de um mercado no exterior, o que aumenta em muito o percentual de sucesso”, detalha Bia, que morou por mais de dez anos nos Estados Unidos, onde concluiu mestrado em business pela Bellevue University. Diversificar as opções de mercado para as empresas brasileiras no exterior é um dos pilares da estratégia de internacionalização da Softex. “Mesmo em um destino muito procurado, como os Estados Unidos, existem opções muito atraentes que não estão somente em Miami, Vale do Silício ou em Nova Iorque”, comenta a especialista, citando alternativas como a Georgia, que oferece incentivos interessantes; Illinois, na região de Chicago; e também o Colorado, um estado diferenciado na região do Meio-Oeste, que abriga um grande número de hispânicos, fator importante para que a adaptação à nova realidade não seja tão brusca. 7


Um dos destaques na visão da especialista é o Canadá, que também é uma porta de entrada privilegiada para os Estados Unidos. O país tem uma preocupação maior com quem chega, auxiliando com as conexões certas em áreas sensíveis como a da adequação à legislação local. Ter essas conexões é algo decisivo quando se chega em um novo mercado. Ela cita um exemplo do custo de uma mesma certificação para uma empresa operar em um país europeu ter oscilado em uma cotação entre € 60 mil e € 3 mil. “É importante estar sempre equilibrando qualidade, segurança e confiabilidade quando se trata de identificar parceiros locais”, alerta Bia. “Nossa estratégia é pensar alternativas para os mercados tradicionais lá fora. Estudar novas opções, como a Estônia, que hoje é um importante hub internacional por sua localização privilegiada. Eles já estão operando um escritório comercial em São Paulo, facilitando em muito a entrada de empresas brasileiras naquele país. E, ao ir para lá, a sua organização se torna europeia, abrindo novas perspectivas”, explica Bia. Ainda na Europa, ela cita a Bélgica

como um outro mercado muito atraente para o Brasil, em especial a região de Flandres, que oferece muitas facilidades para os interessados. Na América Latina, o México tem forte potencial para empresas brasileiras e, na África, o cenário é o mesmo, com perspectivas de negócios não só nos países que falam a língua portuguesa, algo que Portugal tem sabido explorar muito bem, mas em mercados como a Nigéria e o Quênia. “Para ter sucesso, uma estratégia de internacionalização necessita ser pensada globalmente, com atenção a cada oportunidade que existe ou que pode ser criada nos mais diversos pontos do planeta”, conclui Bia.

8


Conheça a Rocket.Chat, uma das empresas mais internacionalizadas do Projeto Setorial Brasil IT+ Por Mário Pereira

Em 2017, empreendedores do Rio Grande do Sul criaram uma solução disruptiva, focada em tecnologia de comunicação, open source, com possibilidades de integração de API’s e features não encontradas em sistemas concorrentes, como uma plataforma omnichannel. Com esta fórmula, o sucesso da Rocket.Chat justificou seu nome ao projetar a empresa com incrível velocidade para voos bem altos. Seus empreendedores montaram uma estratégia de crescimento baseada, primeiramente, no mercado internacional, para só depois se voltar ao doméstico. Assim, desde o início, eles trabalharam com as iniciativas do Projeto Setorial Brasil IT+, desenvolvido pela Softex e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), seguindo a estratégia de capilarizar o processo de geração de leads, benchmark de aprendizado das melhores práticas de concorrentes e, também, atuar

comercialmente na criação de modelos monetizáveis pósawareness. Dessa forma, a empresa foi presença constante em eventos presenciais e online realizados pelo Brasil IT+ nos Estados Unidos e Europa ao longo dos últimos quatro anos. Os números de leads alcançaram a casa dos milhares, consolidando a estratégia da Rocket. Chat de levar ao mercado o discurso de sua ferramenta de integração B2B que detém funcionalidades que possibilitam o usuário realizar operações integradas em uma única plataforma. Além da presença nas diversas ações de promoção comercial, a Rocket.Chat foi uma ávida consumidora do conteúdo de inteligência do Brasil IT+, se beneficiando das interações com consultorias de mercado e das inúmeras horas de mentoria que apoiaram a modelagem do negócio da empresa, tanto em vendas como no Go-to-Market. 9

Vale destacar ainda o projeto desenvolvido com os analistas Gartner, que dá apoio ao processo de construção da estratégia global, uma ação que só foi possível pelo patrocínio do Brasil IT+. Atualmente, a empresa, considerada uma das mais internacionalizadas do Brasil, está presente em 170 países, com um universo de 16 milhões de usuários em mais de 500 clientes globais, entre os quais o Credit Suisse, USNAVY e Tepco. Boa parte da receita da startup vem de fora do Brasil, sendo o país responsável por apenas 10% do faturamento.. Os Estados Unidos são responsáveis pela maior parte, 40%, enquanto a Europa representa 20% e a região da Ásia/Pacífico, 30%. A Rocket.Chat conseguiu abrir negociações com fundos de investimento no exterior em uma série de rodadas que começaram em 2017 e seu último aporte, liderado pela Valor Capital, atingiu o montante de R$ 100 milhões para internacionalização.


EMPREENDEDORISMO FEMININO Softex e Microsoft unidas para capacitar 100 mil mulheres em tecnologia

10


E

Por Karen Kornilovicz

m mais uma iniciativa conjunta com a Microsoft, a Softex, por meio do Elaempoder@, seu braço de empreendedorismo feminino e diversidade, está trabalhando para fortalecer a representatividade feminina na tecnologia. Esse novo esforço ocorre por meio da parceria firmada com a plataforma digital MaisMulheres. Tech e a comunidade de tecnologia WoMakersCode. Seu objetivo é capacitar 100 mil mulheres em todo Brasil por meio de cursos técnicos e orientação de carreira para fomentar a empregabilidade na indústria. Segundo dados do Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, divulgado no ano passado pelo Sebrae, 48% dos MEIs (Microempreendedores Individuais) são mulheres. Entretanto, no setor de TI, a participação feminina ainda é pequena: apenas 20% da força de trabalho do mercado formal de tecnologia da informação é formada por mulheres de acordo com a pesquisa “Mulheres na TI”, realizada pela Softex. O MaisMulheres.Tech reúne seis trilhas de capacitações gratuitas e on-line para mulheres que estão no mercado de tecnologia ou em transição de carreira. São elas: Computação em Nuvem, Infraestrutura, Segurança da Informação, DevOps, Desenvolvimento e Ciência de Dados e Inteligência Artificial. Com duração entre 4 horas e 8 horas,

todos os cursos são ministrados por mulheres e garantem às participantes declaração de conclusão. Após o preenchimento do cadastro, as aulas devem ser finalizadas em até 30 dias.

“Para enfrentar essa disparidade entre homens e mulheres no mercado de tecnologia, precisamos ampliar as oportunidades de formação e construção de carreira nesse setor. Na Softex, acreditamos no poder da diversidade e do empreendedorismo feminino como um impulsionador do empoderamento. As vagas em TI cresceram 310% no ano passado, há uma alta demanda de trabalho e as empresas estão interessadas em apostar em novos profissionais. Nunca houve um momento tão favorável para enfrentarmos esse gap da presença feminina na área de tecnologia”, avalia Rayanny Nunes, gerente de inovação da entidade.

11


ENTREVISTA •

SOFTEX

O

A OV

O

ÇÃ

PR

EN

PO

R

ME

S VENDO O DE

IO DA IN

MO

VO

LV IM

Márcio Girão Ellery Barroso

ENTO DO B

S RA

IL

Colocando a TI brasileira no radar mundial Por Comunicação Softex

N

esta edição, tem início uma retrospectiva dos 25 anos de história da Softex sob o olhar dos executivos que estiveram na linha de frente do comando da entidade. E começamos com Márcio Girão Ellery Barroso, presidente da Softex entre os anos de 2003 e 2005. Engenheiro Civil graduado pela Escola de Engenharia de São Carlos

(EESC) da Universidade de São Paulo (USP), Márcio Girão exerceu funções acadêmicas na Escola Politécnica da USP, trabalhou como Engenheiro na Promon Engenharia, no Centro de Engenharia de Petróleo da empresa Cobrapi (Companhia Brasileira de Projetos Industriais) e foi chief information officer (CIO) na BP Mineração Ltda. É empresário no setor de Tecnologia da Informação desde 1996. 12


No setor de entidades, foi presidente da Fenainfo (Federação Nacional das Empresas de Informática), presidente da Riosoft e vice-presidente da Confederação Nacional de Tecnologia da Informação (CONTIC). Na área pública, membro do Conselho do CPqD, Diretor de Inovação e Diretor de Planejamento, Gestão de Riscos e Jurídico da Finep e Assessor da Presidência para TI e Planejamento Estratégico da Nuclep. Confira abaixo o bate-papo que o ex-presidente da Softex, Márcio Girão, concedeu para a nossa revista. Quais foram as principais conquistas de sua gestão para o setor de TICs? MG – Iniciamos a gestão da Softex em 2003 com a visão de projetar uma nova entidade com políticas e ações, públicas e privadas, para o desenvolvimento de um ecossistema de TI nacional que competisse globalmente em igualdade, ampliando o conceito inicial da desinência EX de seu nome, de EXportação para Excelência, que é a chave que transforma esta naquela. Foi essencial a condução de um projeto em conjunto com o MIT, cortejando as oportunidades da TI entre Brasil, Índia e China. À época, a Índia era o fenômeno exportador de TI, na faixa de U$ 8 bilhões, enquanto, por coincidência, o mercado interno do Brasil tinha valor equivalente, porém, suas exportações de TI não eram significativas. Tal estudo gerou uma reportagem da revista Exame

com o título “Tesouro Escondido”, referindo-se ao potencial nacional para produção de software destinado ao mercado global a partir de um pujante mercado interno. Entendemos, então, que a Softex deveria se concentrar nas chaves para a abertura deste “tesouro”. Tinha o apoio do Governo Federal e das principais entidades empresariais de TI, traduzido na participação em seu Conselho, com capilaridade por meio de seus agentes regionais. Montamos, junto com uma excelente equipe liderada por Djalma Petit, um conjunto do que denominamos Projetos Estruturantes, que incluíam a sustentação e ampliação dos mercados interno e externo em parcerias exitosas com a APEX (programa PSI), ABDI, MCTI/SEPIN, BNDES (programa Prosoft) e outros órgãos; o Observatório Softex para levantamentos estatísticos do setor em parceria com a Unicamp; o apoio à qualidade de processos de TI que resultaram no MPS-Br, apoiado pela Finep e Sebrae, sob a liderança de Kival Weber e Ana Regina (COPPE); além da integração e do fortalecimento dos Agentes Softex, unidades que representam regionalmente a entidade. E quais foram as principais dificuldades enfrentadas? MG – As dificuldades enfrentadas foram as mesmas de sempre na condução de um projeto ambicioso, mas fáceis de enfrentar com a vontade e persistência. Porém, há

13


uma que insiste em nos acompanhar: o baixo nível de compreensão da sociedade sobre a importância do domínio das tecnologias, em especial a da informação, para a soberania e o desenvolvimento do país. Isto gera o que chamo de “colonialismo invisível” onde, em vez de nos imporem restrições, como no colonialismo real, nós as criamos a partir de um certo complexo de inferioridade, ilusório e descabido. O ecossistema brasileiro de TI está muito diferente hoje do que era quando de sua gestão? MG – Comparando os ecossistemas dessa época com o atual, podemos afirmar que, pelo esforço da Softex, e também de outras importantes entidades nacionais, como Fenainfo/ CONTIC, Assespro, ABES, Brasscom, temos, hoje, muito mais maturidade e protagonismo na condução de políticas de desenvolvimento e de apoio às empresas do setor. Houve uma revolução brutal e disruptiva capitaneada pela transformação digital do mundo e pelo que se chamou Indústria 4.0, onde a TI exerce papel relevante. Isso amplia a responsabilidade e agilidade das partes envolvidas reconhecendo que a tecnologia global se move num trem-bala e temos que ir a bordo. Para tal, são necessários recursos, projeto nacional, mecanismos tributários, apoio das compras públicas e muitos outros insumos, que precisam estar sincronizados.

Poucas entidades brasileiras conseguem chegar aos 25 anos. Qual é a sua análise da trajetória da Softex nesse período? MG – A trajetória da Softex e seus 25 anos bem vividos foi a de um grupo de pessoas e seus agentes, com um sentimento comum de que o país que almejamos passa por uma TI brasileira forte nas empresas, na academia, nos governos, mas, principalmente, na sociedade em geral. O seu atual presidente, Ruben Delgado, congrega esta visão e a conduz com amor e competência. Temos visto uma belíssima construção nos atuais programas da Softex e temos orgulho de ter lançado alguns de seus pilares. Qual é a sua análise do futuro da TI brasileira? E como a Softex pode contribuir neste processo? MG – Caso fôssemos videntes, poderíamos falar do futuro. O que nos resta é vislumbrá-lo a partir de como estamos operando no presente, olhando o passado como inspiração para ampliar os acertos. Os diagnósticos, os modelos, os caminhos a seguir, são a parte mais fácil desse processo e os temos de sobra. Afinal, as tragédias gregas já explicaram a humanidade há tempos. O motor que nos encaminhará ao futuro se chama “Projeto e Ação”. Esse tem sido e é o papel da Softex.

14


15


CASES Refinaria de Dados, startup do portfólio do Programa IA2 MCTI, é adquirida pelo banco Modalmais

Por Karen Kornilovicz

A

Refinaria de Dados, startup de análise de dados integrante do portfólio do Programa IA2 MCTI, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) realizada com o apoio da Softex, foi adquirida pelo banco Modalmais. O objetivo do Moldamais, uma instituição data driven (guiada

por dados), é acelerar o uso de inteligência de dados por meio do open-finance. A ideia é usar a robusta infraestrutura e tecnologia de coleta, pré-processamento, análise e visualização de dados da Refinaria, cujos produtos digitais para o mercado financeiro são produzidos com base em processamento de big data, inteligência artificial e machine learning. 16


“Esta é a primeira aquisição do portfólio de startups do IA2 MCTI, mas acreditamos que outras deverão ocorrer. Ela comprova que o rigoroso processo de seleção para o programa nos permitiu realmente trazer, para junto das ICTs e das aceleradoras, as melhores startups”, analisa Paulo Alvim, Secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI. Segundo o secretário, o IA2 MCTI deverá aquecer o Corporate Venture Capital (CVC), que é o processo de investimento direto em startups, a partir da seleção das 15 empresasâncora do edital do programa, encerrado no início de maio.

“As empresas atuarão testando ou investindo nas tecnologias das 31 startups já participantes, oferecendo contrapartida financeira pelo projeto de seu interesse, entrando no negócio como sócias ou, ainda, no emprego dessas soluções”, complementa. Com a aquisição, o Modalmais busca se tornar ainda mais relevante nas recomendações de investimentos e nos produtos e serviços oferecidos aos seus mais de 1 milhão de clientes. O valor da transação, ainda sujeita à aprovação do banco Central, não foi revelado pelas partes e envolveu a aquisição de 100% da Refinaria de Dados.

O Programa IA² MCTI O programa possui como missão desenvolver novas tecnologias em Inteligência Artificial (IA), conectando o universo empreendedor e de PD&I por meio do desenvolvimento de negócios inovadores que estejam atuando na vanguarda tecnológica capaz de gerar maior eficiência para o setor produtivo brasileiro e, por consequência, maior competitividade para as empresas nacionais. Inicialmente, o Programa IA² MCTI selecionou 100 projetos para pré-

aceleração que receberam mentoria e suporte técnico das ICTs e das aceleradoras com experiência aplicada em IA já cadastradas. Na sequência, foram escolhidas 31 startups que estão sendo aceleradas e desenvolvendo seus projetos em IA, para que possam se conectar com empresas-âncora através desta chamada. As empresas selecionadas se conectarão com startups em aceleração, que receberão mais de R$ 5 milhões em aplicação e adoção de soluções em IA.

17


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Conheça a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial

S

Por Comunicação Softex

egundo levantamento divulgado pelo Gartner, entre as principais tendências tecnológicas para 2021 está a adoção estratégica de tecnologias baseadas em dados – como a Inteligência Artificial (IA) e o

machine learning – em cada estágio da atividade governamental para melhorar a eficiência, a eficácia e a consistência das informações. Batizada de Operacionalized Analytics pela consultoria, 60% dos investimentos em IA e análise de

18


dados pelo setor público terão por objetivo impactar diretamente o processo de tomada de decisão, e resultados operacionais em tempo real deverão ser pautados por essa abordagem até 2024. Neste contexto, foi publicada no último dia 6 de abril a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), por meio da Portaria nº 4.617 do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Ela não é uma política pública, mas um guia para as ações do Governo Federal no desenvolvimento de projetos e programas que estimulem a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento de soluções em Inteligência Artificial (IA), bem como o uso consciente, ético e em prol de um futuro melhor. São seis seus principais objetivos: » Contribuir para a elaboração de princípios éticos para o desenvolvimento e uso de IA responsáveis. » Promover investimentos sustentados em pesquisa e desenvolvimento em IA. » Remover barreiras à inovação em IA. » Capacitar e formar profissionais para o ecossistema da IA. » Estimular a inovação e o desenvolvimento da IA brasileira em ambiente internacional.

» Promover ambiente de cooperação entre os entes públicos e privados, a indústria e os centros de pesquisas para o desenvolvimento da Inteligência Artificial.

“Foi um documento criado a muitas mãos de forma a ajudar o Brasil a se posicionar de forma diferenciada no cenário internacional. Nos preocupamos em contemplar entregas e a garantir sua transversalidade com a estratégia digital e o plano de IoT. Outra preocupação foi focar em duas linhas complementares: acelerar projetos de P&D em IA e construir uma proposta de centros de referência nessa tecnologia”, explica o secretário de Empreendedorismo e Inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Paulo Alvim. A primeira etapa, iniciada em 2019, envolveu a contratação de uma 19


consultoria especializada em IA, por meio de Projeto de Cooperação Técnica Internacional junto à UNESCO, para realizar um estudo sobre os potenciais impactos sociais e econômicos da Inteligência Artificial no país. Paralelamente, foi efetuado um processo de busca das melhores práticas (benchmark) nacionais e internacionais já adotadas por outros países. “A terceira e última etapa foi uma Consulta Pública à sociedade, na qual foram recebidas mais de 1.000 contribuições que forneceram subsídios à EBIA, que teve fortes referências da estratégia adotada pelo Canadá, por sua lógica estruturante, e de alguns países da Europa, por sua lógica de construção de rede”, destaca o secretário. A EBIA segue a recomendação da OCDE sobre inteligência artificial, à qual o Brasil aderiu. Ela recomenda que a IA deve beneficiar as pessoas e o planeta, impulsionando o crescimento inclusivo, o desenvolvimento sustentável e o bem-estar. Ela também adota o conceito utilizado na OCDE para definir o que é IA: um sistema baseado em máquina que pode, para um determinado conjunto de objetivos definidos pelo homem, fazer previsões, recomendações ou decisões que influenciem ambientes reais ou virtuais. Os sistemas de IA são projetados para operar com vários níveis de autonomia.

“Há uma demanda crescente de IA e precisamos acelerar o processo de formação de pessoas técnicas, pesquisadores (mestre e doutores) por meio de parcerias públicoprivadas. Não basta ser apenas um esforço do governo federal. O cenário atual exige um engajamento dos governos estaduais por meio das escolas técnicas e do Sistema S. Há também a necessidade de multiplicação da oferta de capital humano, com o aumento do número de profissionais qualificados nessa aplicação. Além de um desafio, é uma grande janela de oportunidade para o país, que nos permitirá dar saltos significativos”, conclui Paulo Alvim. 20


ACONTECE NO SETOR

Prêmio Brasil, País Digital Com o objetivo de reconhecer lideranças novas, oriundas dos setores público e privado, assim como da sociedade civil, que se destacaram por sua atuação em projetos e ações de impacto social na área de tecnologia da informação em temas voltados à transformação digital e inteligente, o Movimento Brasil, País Digital lançou o Prêmio Brasil, País Digital (BPD). A premiação será dividida em duas categorias – Protagonista Brasil, País Digital” e “Embaixador Brasil, País Digital” – e concedida aos indivíduos eleitos em votação democrática e transparente levando em consideração os seguintes critérios:

» Engajamento em causas voltadas ao processo de formulação de políticas públicas da área de tecnologia; » Concepção e implementação de projetos de escala que possam ser incorporados pela sociedade, com o objetivo de democratizar o acesso e o conhecimento técnico e tecnológico de plataformas e aplicações digitais.

» Difusão e valorização de ações sociais e/ou governamentais que promovam educação, transformação digital e inovação no Brasil; 21

Os vencedores serão anunciados durante cerimônia de premiação a ser realizada em 16 de setembro, em local e horário a serem definidos. Para mais informações, clique aqui.


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL Pesquisa coloca a Softex entre as instituições mais reconhecidas no setor de TI iMonitor IT relaciona a Softex, a ABES e a Assespro entre as principais entidades de fomento à transformação digital no país 22


A

Por Karen Kornilovicz

Softex foi uma das entidades mais citadas – ao lado da Assespro e da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) – na pesquisa iMonitor IT, levantamento trimestral realizado pela Advance Consulting para analisar a percepção dos empresários sobre o momento do mercado neste segmento. A consultoria ouviu 4.500 empresas, sendo que 55% delas possuem um quadro de até 50 colaboradores, com 63% registrando um faturamento anual de até R$ 9 milhões. Quanto ao perfil dos entrevistados, 88% são C-Level (sócio, proprietário, CEO, presidente, diretor) e, em relação à atividade principal, 43% atuam no segmento de serviços e 29% no de software, formando um universo extremamente qualificado. De acordo com a pesquisa, o primeiro trimestre de 2021 foi excepcional para o setor brasileiro de TI, que registrou 15,7% de crescimento em comparação ao mesmo período do ano passado. “Em mais de dez anos deste levantamento, foi a primeira vez em que se registrou um crescimento de 2 dígitos em um primeiro trimestre.

E há sinais de que podemos chegar a 20% de crescimento em 2021. Daí a importância do direcionamento e do estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas alinhadas ao ecossistema e que impulsionem a indústria brasileira de software e de serviços tanto no âmbito interno como na busca por espaços no exterior”, analisa Ruben Delgado, presidente da Softex, acrescentando que representa um atestado de qualidade estar ao lado da Assespro e da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) neste levantamento. A Softex, que este ano completa 25 anos de atividades, atua no sentido de impulsionar o desenvolvimento do Brasil por meio da inovação e da Transformação Digital, criando, promovendo e executando diversos programas de apoio e fomento ao setor de TICs tanto no âmbito nacional como no internacional. Em seu portfólio de execução estão, entre outros, os programas StartUp Brasil, Inova Maranhão, TechD, Brasil Mais TI, Escola do Trabalhador 4.0, Conexão Startup Brasil, Brasil IT+, Distrito Digital e MPS.BR. “Ser lembrado pelas empresas desse setor é gratificante porque demonstra que estamos no caminho certo, gerando valor para o mercado através do nosso compromisso de assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, sustentável, dinâmico e competitivo

23


globalmente. E sempre alinhados ao nosso propósito de construir um Brasil Mais Digital e Menos Desigual, porque entendemos que as empresas de tecnologia da informação desempenham um papel fundamental para a democratização do conhecimento e para a criação de novas oportunidades, visando melhor qualidade de vida para todos, de forma inclusiva e igualitária”, destaca Rodolfo Fücher, presidente da ABES. Também muito feliz com o reconhecimento, Italo Nogueira, presidente da Assespro, ressalta que essa constatação fortalece o trabalho coletivo e cooperativo que a entidade vem realizando. “Comprova a força que temos na defesa das empresas do setor de TI. O trabalho de advocacy, de melhoria do ambiente de negócio que a Federação e as nossas diversas regionais vêm fazendo ao longo desses 45 anos de história”, celebra.

Pesquisa aponta muitas oportunidades, mas também desafios De acordo com a pesquisa iMonitor IT, 2021 será um ano de muitos projetos pequenos, que requer alta velocidade para vender e implementar. Projeta-se um aumento de vendas de TI nos segmentos de educação, saúde e varejo – muito

defasados tecnologicamente, bem como de soluções de nuvem, segurança, ferramentas de análise e produtos satélites ao sistema de gestão empresarial (ERP). Para Dagoberto Hajjar, da Advance Consulting, apesar do cenário positivo, os empresários do setor enfrentarão alguns desafios. “Déficit de profissionais de TI, aumentar as vendas através de expansão, aumentar a geração de leads qualificados e dar conta de atender uma possível demanda maior do que a nossa capacidade, especialmente na área de serviços, são alguns deles”, destaca. Em 2020, houve um recorde de ataques de hackers, assustando fortemente os empresários e promovendo uma busca acelerada por soluções de segurança e nuvem. Aliás, o ano passado agilizou como nunca o desenvolvimento de IaaS (Infraestrutura como serviço), que cresceu 41,5%. O mercado também percebeu que a tecnologia é peça fundamental para sobrevivência e crescimento. Em especial o mercado de empresas de menor porte (SMB – small and midsize business), que está buscando ferramentas tecnológicas para aumentar sua produtividade e competitividade. Em 2021, os empresários esperam grande parte do crescimento de adoção de nuvem vindo do consumo das SMBs.

Clique aqui para acessar a pesquisa na íntegra. 24


ACONTECE NO SETOR

Governo sanciona Marco Legal das Startups O Presidente Jair Bolsonaro sancionou no dia 1° de junho, o novo Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador. O texto aborda seis importantes alicerces do ecossistema – investidores, recursos de fundos, programas e editais, incentivos fiscais, ambientes regulatórios e investidores-anjo – e a regulamentação proposta está dividida em quatro pilares principais: » desburocratização do ambiente de negócios » participação em processos de licitação » facilitação de acesso a investimentos » regulamentação das relações de trabalho como um todo

Entre outros pontos importantes, o texto define exatamente o que é uma startup e estabelece os princípios e as diretrizes para a sua participação em licitações públicas, regulamentando ainda a contratação de soluções inovadoras pela administração pública. O novo Marco Legal engloba também quatro diretrizes para fomentar o desenvolvimento das startups: promoção do empreendedorismo digital; garantia de acesso aos programas, instituições de ensino e instrumentos que acabam por viabilizar a efetiva redução de custos; aumento da produtividade e da melhor gestão de projetos; e promoção de programas de inovação aberta, pré-aceleração e aceleração, com o objetivo de estimular a cultura empreendedora.

25


ARTIGO

Governança e Compliance no terceiro setor: O compromisso que faz a diferença

26


Por Caroline Barroso da Silva, Pelo Mundo com Compliance Assessoria, Especialista em Governança, Compliance e Proteção de Dados.

e Lorrane Calado Mendes,

N

Compliance Officer na Pelo Mundo com Compliance Assessoria.

o meio corporativo, cada vez mais se tem ouvido falar em Governança e Compliance como necessários para garantir a sustentabilidade do negócio em uma sociedade que está aprendendo a valorizar ética e transparência. Estrutura de Governança e práticas de Compliance, contudo, vão muito além de programas de integridade ou da existência de Códigos de Conduta. Sobretudo no terceiro setor, que tem a sociedade como maior impactada por suas atividades, possuir uma estrutura de processos sólida e práticas construtivas é absolutamente necessário para que seja gerado valor para a instituição e, consequentemente, para a sociedade. A adoção de uma estrutura de Governança vai garantir à organização maior celeridade nos processos, transparência na gestão das instâncias decisórias e na prestação de contas, equidade entre os interessados da organização e, como resultado, maior responsabilidade corporativa. Atrelado a isso, práticas de Compliance otimizam ainda mais essas questões, pois colocam a organização em um patamar de excelência e sofisticação. O Compliance surge como caminho

estratégico que guia a organização para alcançar seus objetivos e metas de forma sustentável e humana. O Compliance, então, é aliado indispensável na luta por práticas corporativas justas, organizadas e sistematizadas.

A partir do momento em que a empresa adota valores e princípios voltados para a boa conduta e atuação ética, a distância entre as pessoas diminui. Numa empresa que está em Compliance, todos possuem confiança de que a organização estará ativamente trabalhando em quaisquer desvios que possam prejudicar seu desempenho. É importante entender que o Compliance deve ser visto como uma ferramenta de gestão que foi inicialmente pensada para instituições financeiras, com o intuito de eliminar riscos de fraude, 27


corrupção e lavagem de dinheiro, por exemplo. Por conta disso, a existência de programas de conformidade é diretamente associada com esse tipo de empresa. Existe, ainda, a crença entre organizações do terceiro setor de que, como não agem com fins lucrativos, a possibilidade de práticas erradas é reduzida – contudo, é preciso desmistificar tal afirmação. Organizações do terceiro setor, em muitas ocasiões, agem em nome do governo e, com isso, a responsabilidade na tomada de decisões é enorme. Uma política pública executada de forma inadequada e em desconformidade com a lei pode trazer consequências sociais graves. Por isso, ressalta-se que práticas erradas não envolvem somente desvio de recursos financeiros, mas são aquelas que causam algum impacto negativo.

Softex A Softex, como forte representante do terceiro setor, busca a cada dia aprimorar o “interno”, para que assim possa impactar cada vez mais no “externo”. Por conta disso, no ano de 2020, decidiu fazer parte do número crescente de organizações que decidiram se tornar atores ativos de mudança corporativa e social, por meio da estruturação de um Programa de Governança combinado com diretrizes de Compliance. A alta administração da organização entende que envolver todos no processo de mudança é mais do que

necessário para que os processos internos e externos sejam otimizados. Dessa forma, houve um denso trabalho de conscientização, para que os níveis estratégicos, gerenciais e operacionais pudessem estar em harmonia, a fim de que o processo de mudança ocorresse de forma voluntária e consciente – e não impositiva. Foram realizados workshops pontuais e comunicados periódicos, para que o público interno pudesse se sentir parte de todo o processo e assim alcançar a conscientização sobre a importância da Governança e do Compliance. Dessa forma, cada um pôde reconhecer a interveniência do tema em suas respectivas atividades. Atualmente, o Programa de Governança e Compliance da Softex foi atualizado, incluindo questões que envolvem proteção de dados e segurança da informação, em virtude do surgimento da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD. A nova lei exigirá esforços consonantes com as práticas de Compliance e Governança, já que, em resumo, exige mudanças consideráveis na gestão de dados pessoais. Ou seja, todas as organizações precisarão se adequar, caso contrário, não estarão em Compliance com a legislação nacional. A Softex deseja acompanhar esse movimento mundial de organizações que já entenderam que as boas práticas de Compliance podem trazer mudanças significativas para uma organização e, principalmente, para a sociedade como um todo.

28


ACONTECE NO SETOR Esse movimento já havia se iniciado no Brasil com a organização da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBP, em 1948, e com a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF, em 1949. A eles se seguiu o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, estabelecido em 1950. Ao longo desses 70 anos, o CNPq tem desempenhado papel primordial na formulação e na condução de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, além de apoiar a pesquisa e originar vários institutos científicos renomados. Atualmente, o CNPq financia cerca de 80 mil bolsas de pesquisas, nas mais diversas modalidades, além de pesquisas e trabalhos científicos em todas as áreas do conhecimento, possuindo o maior banco de currículos da América Latina – a Plataforma Lattes.

70 anos do CNPq Por meio da Lei nº 1.310, de 15 de janeiro de 1951, batizada por seu idealizador, o Almirante Álvaro Alberto, de “Lei Áurea da pesquisa no Brasil”, foi criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Logo após a Segunda Guerra, prevalecia em âmbito mundial a ideia de que o conhecimento e a tecnologia gerados pela ciência auxiliavam na promoção do desenvolvimento e da soberania de um país. 29


ESPECIAL AWS EdStart: transformando a educação por meio da tecnologia

A

Por Karen Kornilovicz

educação está entre as áreas que mais avançaram em transformação digital no Brasil. De acordo com o Mapeamento EdTech 2020, publicado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira

(CIEB), o país possui ativas 566 EdTechs, empresas que adotam a tecnologia como facilitadora de processos de aprendizagem e melhoria dos sistemas educacionais. Impulsionado pela pandemia, esse número registrou um crescimento de

30


26% em comparação a 2019. Presentes em todos os segmentos educacionais, de educação básica ao ensino superior, passando por nichos de educação corporativa e cursos preparatórios, as EdTechs estão despertando a atenção por explorarem e criarem ferramentas tecnológicas voltadas para um mundo irreversivelmente digital. É o caso da Kriativar, startup integrante do portfólio de Programas gerenciados pela Softex. Ela oferece soluções para escolas e empresas, desde plataformas de cocriação, que permitem a diferentes públicos criar seus próprios conteúdos (livros, revistas e vídeos), passando por assistentes virtuais inteligentes, ações especiais de diálogo com colaboradores, parceiros e comunidade, games interativos, até treinamentos holográficos e objetos com realidade aumentada. “A pandemia nos mostrou que as organizações precisam se adaptar à tecnologia 4.0 de forma ainda mais acelerada. E nós oferecemos o que há de mais inovador no mundo nesse sentido. Não existe, hoje, no mercado, outra empresa que faça o que estamos fazendo”, observa a sua fundadora, Sofia Fada. Atenta ao imenso potencial desse segmento, a Amazon Web Services (AWS), empresa de computação em nuvem do grupo Amazon Inc., oferece no Brasil o AWS EdStart, programa virtual de aceleração para startups voltadas exclusivamente para o setor educacional. Seu

propósito é ajudar empreendedores a desenvolver a próxima geração de soluções de aprendizado online, análise de dados e de gerenciamento de campus utilizando os serviços oferecidos pela AWS. Este programa de alcance global possui centenas de participantes ao redor do mundo e já investiu milhões de dólares em 38 países, beneficiando startups como Eskolare (Brasil), Aula Education (Inglaterra), Legends of Learning (EUA) e Solve Education (Singapura). “No momento em que vivemos, as EdTechs têm tido um papel preponderante para facilitar e também melhorar a conexão entre escolas, alunos e professores das mais diversas formas: na gestão mais eficiente, na mensuração de gaps de aprendizagem ou até mesmo para auxiliar alunos que necessitem de diferentes recursos para assimilação de conteúdo”, explica Paulo Cunha, gerente geral para Setor Público da AWS no Brasil. Para participar do AWS EdStart, as startups

Paulo Cunha, gerente geral para Setor Público da AWS no Brasil

31


interessadas devem ter como missão de negócios a resolução de problemas na área da educação, não ter mais de cinco anos de presença no mercado e apresentar receita anual de no máximo US$ 10 milhões. O programa, que é gratuito e sem custos de inscrição, está dividido em dois níveis: o AWS EdStart Innovators Tier e o AWS EdStart Members Tier. O Innovators Tier é voltado para startups em estágio inicial e oferece um investimento inicial do crédito promocional da AWS, recursos técnicos e empresariais e exposição a uma comunidade global de tecnologia educacional para ajudar no lançamento da empresa. Já o AWS EdStart Members Tier foi concebido para ajudar fundadores a criar e a escalar as ofertas existentes. Os membros recebem uma ampla gama de suporte técnico e empresarial, além de exposição a uma grande comunidade de clientes, investidores e outros empreendedores. “O AWS EdStart entrega às startups desse mercado uma série de frentes de ajuda muito importantes. A primeira delas é um time de especialistas para auxiliar no desenho de uma arquitetura de aplicativo consistente e escalável. A segunda envolve o uso de créditos que aliviam o nosso fluxo de caixa. Por fim, temos um enorme ganho de visibilidade, tanto junto ao mercado quanto aos investidores”, destaca Nadine Heisler, cofundadora da Domlexia, startup

que fornece soluções de facilitação do aprendizado digital para alunos com neurodiversidades, um universo de aproximadamente 6 milhões de crianças apenas no Brasil. Entre os principais benefícios oferecidos pelo AWS EdStart aos seus participantes estão: » Créditos da AWS – criados para ajudar a cobrir os custos operacionais associados a serviços em nuvem. Os clientes podem usar esses créditos para começar a operar e a escalar. » Treinamentos técnicos – como membro do AWS EdStart, uma startup tem acesso a várias oportunidades de treinamento técnico para apoiar a consolidação da empresa. São webcasts, sessões de treinamento técnico e apresentações especializadas realizadas por parceiros, entre outros recursos. » Comunidade – o programa incentiva a colaboração e a conversação entre líderes setoriais experientes e startups de tecnologia educacional. A comunidade também promove meetups, Pitch Days, recepções para os membros da comunidade e mentoria.

Para conhecer em detalhes o AWS EdStart, visite https://aws.amazon. com/pt/education/edstart/ ou entre em contato com awsedstart-brazil@ amazon.com.

32


Foco sai do big e migra para small data até 2025 Segundo pesquisa divulgada pelo Gartner, até 2025 mais de 70% das organizações mudarão seu foco de big data para pesquisas de dados mais assertivas, conhecidas como small data. Esse movimento beneficiará a realização de análises específicas e tornará a Inteligência Artificial (IA) menos dependente de enormes quantidades de dados. Com a aceleração digital desencadeada pela pandemia, a IA se tornou mais complexa e exigente, além de excessivamente dependente de abordagens de machine learning e de um imenso universo de dados. A recomendação dos analistas do Gartner é que os líderes de Data & Analytics (D&A) recorram ao small data (pequenos dados) e wide data

ACONTECE NO SETOR (dados amplos), capazes de, juntos, usar dados disponíveis de forma mais eficaz, reduzindo o volume ou extraindo mais valor de fontes diversificadas e não estruturadas. O uso de small ou wide data inclui áreas como a previsão de demanda no varejo, inteligência comportamental e emocional em tempo real, e no atendimento ao cliente aplicado à hiperpersonalização e à melhoria da experiência do cliente. Outras áreas incluem segurança física ou detecção de fraudes e sistemas autônomos adaptativos, como robôs, que aprendem constantemente pela análise de correlações no tempo e no espaço de eventos em diferentes canais sensoriais. 33


CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL Teresina Mais Digital

Plataforma Teresina Mais Digital oferece cursos gratuitos de capacitação profissional

S

egundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 está impactando profundamente a população jovem. Em todo mundo, mais de um em cada seis jovens deixou de trabalhar nesse período. Com isso, globalmente, o número

Por Karen Kornilovicz de desempregados nessa faixa da população chega a 67,9 milhões. Em 2019, o Brasil tinha 47,2 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos, que representavam 28% da população ativa. No entanto, os jovens somavam mais da metade dos trabalhadores desocupados (54%). Com a pandemia, houve um aumento da inatividade, principalmente do 34


número de jovens que desistiram de procurar emprego por não ter esperanças de encontrar um posto de trabalho Para auxiliar a mudar esse cenário, a Prefeitura de Teresina (PI), em parceria com a HandsOn, braço de capacitação e inovação da Softex, e o Programa THEch, anunciou o lançamento da plataforma de ensino a distância Teresina Mais Digital, voltada à capacitação profissional dos jovens. “Neste momento de grandes transformações da sociedade e dos negócios, os jovens de nossa cidade precisam se qualificar para ampliar as suas oportunidades de emprego e renda. É nesse sentido que a Prefeitura de Teresina, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Turismo, lança esta iniciativa, de capacitação para os jovens, focada em ferramentas digitais para negócios e para o desenvolvimento profissional. Conseguiremos assim garantir um melhor preparo dos nossos jovens para o mercado de trabalho, reduzindo as taxas de vulnerabilidade social e econômica, bem como ajudando a melhorar a economia familiar através da inserção profissional. Além do impacto direto na vida dos jovens, também ajudaremos indiretamente na melhoria da competitividade de nossas empresas e da economia de nossa cidade, uma vez que as companhias locais poderão contratar jovens qualificados para

esse novo cenário de mudanças”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico (SEMDEC), Marcelo Eulálio. O Teresina Mais Digital está dividido em cinco trilhas principais: ferramentas digitais de gestão de negócios, capacitação técnica para a gestão de dados com Airtable, utilização de galeria de dados, emprego de CRM simples e desenvolvimento profissional. Para participar, os interessados deverão acessar o portal e efetuar o cadastro. As aulas são disponibilizadas em formato de vídeo e áudio e de forma assíncrona. Os alunos recebem um certificado de conclusão ao final de cada trilha. “O conteúdo totalmente focado em capacitação do Teresina Mais Digital ajudará a abrir portas tanto para o primeiro emprego como também para a recolocação de quem perdeu seu posto de trabalho em decorrência da pandemia e está atrás de novas oportunidades que demandam uma maior qualificação”, conclui Rayanny Nunes, gerente de inovação da Softex.

35


MERCADO DE TRABALHO IMIGRANTES Refugiados e imigrantes ganham chance de recolocação no mercado de trabalho

36


Por Karen Kornilovicz

Softex e Toti Diversidade fecham acordo para contratação de desenvolvedores que irão compor a equipe

A

Softex firmou uma parceria com a Toti Diversidade, plataforma que ensina programação gratuitamente para refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade social, para a contratação de desenvolvedores FullStack Junior interessados em integrar a equipe da entidade. “Nosso propósito é inspirar a mudança, conectando educação e tecnologia, e promover a diversidade interseccional nas empresas. Nós os capacitamos não apenas com a parte técnica, mas também em habilidades sociocomportamentais, criatividade, trabalho em equipe e vivência de mercado”, explica Diogo Nogueira, cofundador da Toti. Atuando em nove Estados do Brasil, a Toti já formou 129 alunos e, até o final deste ano, pretende capacitar mais 120 pessoas. “São programadores diferenciados por sua bagagem profissional prévia e experiência de vida. São médicos, especialistas em recursos humanos, psicólogos que encontraram na tecnologia uma forma de se reinventar para entrar no mercado de trabalho em um país totalmente novo para eles. Nossos

alunos têm, em média 29 anos, todos são bilíngues e 63% trilíngues. As mulheres representam 44% desta força de trabalho, e os negros, 44%”, destaca Diogo Nogueira. Após efetuar um diagnóstico sobre as demandas da Softex, a Toti indicará três candidatos que se enquadram no perfil desejado e que participarão do processo seletivo. Após a contratação, a Softex remunera a Toti por meio de uma taxa de sucesso. Mas a parceria não para por aí. A Softex participará do evento de sensibilização sobre a demanda de profissionais de TI para setor de tecnologia programado pela Toti (detalhes em breve) e deverá incluir alguns dos conteúdos educacionais da plataforma no recém-lançado Programa Distrito Digital, cujo objetivo é promover a inovação e a transformação digital de empresas e organizações do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE), bem como desenvolver talentos conectados à nova economia digital. Clique aqui para conhecer mais sobre a Toti Diversidade.

37


ARTIGO Economia Circular, Logística Reversa e Inclusão Social: tudo junto e misturado

38


Por Josué Graton,

A

gerente de projetos, especialista em economia circular na Flex Brasil

necessidade de melhoria na qualidade de vida gerou uma grande pressão sobre a disponibilidade de recursos naturais. Com a população atual, os recursos naturais na Terra não são suficientes para suprir toda a demanda da população, se mantido o mesmo padrão de consumo. A escassez dos recursos no modelo econômico atual, denominado Economia Linear, é uma realidade. Ela tem como premissas a extração dos recursos da natureza; a transformação em partes, peças e produtos; o consumo e o descarte após o uso, considerando o produto como lixo. Muito já se discutiu sobre como melhorarmos o modelo atual para reduzir e até eliminar os impactos ambientais atuais e futuros sobre o planeta. É neste momento que a Economia Circular surge com uma solução integrada para a preservação dos recursos e para a neutralização dos impactos negativos. Em vez de os produtos serem descartados como lixo, eles passam a ser avaliados para ter sua vida útil estendida e, ao final, serem considerados recursos para se tornarem matéria-prima novamente. Na Economia Circular, tudo começa no design, que deve considerar o emprego de matérias-primas recicladas e recicláveis como parte fundamental, aliado a um

processo produtivo mais eficiente, ao desenvolvimento de produtos modulares e à análise do ciclo de vida dos materiais. O processo de manufatura também deve incorporar a Economia Circular em seus processos, buscando garantir em todas as etapas uma maior eficiência no uso dos recursos, sejam eles materiais ou humanos. Na Economia Circular, os consumidores desempenham um papel fundamental, pois devem atuar como agentes de pressão junto aos setores produtivos e de serviços, escolhendo sempre soluções mais sustentáveis e circulares. Além disso, é preciso repensar o modo de consumo, buscando formas mais conscientes. Os produtos e os serviços devem incorporar, em suas soluções, a Logística Reversa, para, após o fim da sua vida útil, garantir o retorno aos seus ciclos produtivos, para serem triados e analisados, permitindo que sejam mantidos em uso por mais tempo. Nesta etapa do processo, a inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade também pode ser aplicada, uma vez que cooperativas de coleta de materiais para reciclagem já desempenham um importante papel na sociedade. As cooperativas podem atuar como agentes de conscientização ambiental, gerando conteúdos de comunicação sobre como devolver os produtos para seus ciclos produtivos,

39


recebendo, triando e encaminhando estes produtos e embalagens para a reutilização e a reciclagem. A adequação aos conceitos da Economia Circular viabilizará ainda a implementação de políticas de aterro zero, uma vez que os produtos não serão considerados mais lixo, reduzindo os impactos ambientais negativos causados por sua disposição de maneira inadequada na natureza. O último elo da Economia Circular é a reciclagem, que visa a transformação dos produtos do pós-uso em matériaprima. Para garantir maior eficiência nos processos de reciclagem, é muito importante a sua correta desmontagem para a segregação dos materiais por categoria, composição, cor e outras características. Com isso, é possível aumentar a qualidade da matéria-prima reciclada, reduzindo os potenciais contaminantes no material. As matérias-primas recicladas podem ter aplicações dentro da sua própria cadeia de produção (o que chamamos de Ciclo Fechado) e/ou podem ser encaminhadas para outras cadeias produtivas (Ciclo Aberto). Além disso, as matériasprimas recicladas podem ser utilizadas em produtos com o mesmo valor agregado (Upcycling) e/ou ser encaminhadas para a produção de produtos de menor valor agregado (Downcycling).

Aplicando tecnologia e inovação aos processos de reciclagem, as áreas de design podem utilizar diversas opções de matérias-primas recicladas em substituição às virgens, com as mesmas propriedades físicas, mecânicas e estéticas, aliadas ao benefício de serem muito mais eficientes do ponto de vista ambiental. Muitas vezes associada apenas à reciclagem, a Economia Circular possui diversos modelos de negócios, múltiplas abordagens e uma cadeia de valor que facilita o processo de transição de modelos, permitindo às organizações, às empresas e aos governos desenvolverem estratégias nas mais diferentes áreas de atuação para incentivar o uso de um modelo sustentável ambiental e economicamente. O modelo circular funciona das mais variadas maneiras e pode ser aplicado em todo tipo de negócio, abrangendo as mais diversas propostas de valor.

Fonte: http://daquitandinha.com.br/o-que-e-economia-circular/

40


ACONTECE NO SETOR Pandemia de Covid-19 acelera crescimento de receitas de software A demanda por soluções digitais como resposta aos desafios criados pela pandemia impulsionou em 30% a receita dos provedores de software no Brasil no ano passado, segundo dados apurados pela consultoria IDC. Em 2020, esse volume chegou a US$ 8,15 bilhões, ou cerca de R$ 42 bilhões. O levantamento considerou, entre outros dados, as vendas de

software para infraestrutura de TI, gerenciamento de dados, endpoint, rede, CRM, ERM, SCM, ferramentas colaborativas e de inteligência artificial. Entretanto, de acordo com a IDC Brasil, em 2021 o crescimento do mercado de software no país não será tão acelerado, mas ainda deve ser significativo e se situar na casa dos dois dígitos.

41


CASES Cor.Sync: a Nespresso dos diagnósticos de infarto Startup BioTech acelerada pelos programas Conecta Startup Brasil e IA² MCTI, gerenciados pela Softex, espera estar presente em 1.000 hospitais do Brasil até 2023 42


Por Karen Kornilovicz

O

infarto é uma das principais causas de morte no mundo. Em 2020, foi a causa mortis de 130 mil brasileiros segundo levantamento realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em parceria com o Ministério da Saúde. Quando um paciente dá entrada em um hospital com suspeita de infarto, o médico efetua o diagnóstico utilizando como base o histórico clínico, o resultado do exame de eletrocardiograma (ECG) e da troponina, marcador bioquímico liberado quando ocorre a lesão no miocárdio. Porém, a doença pode levar à morte rapidamente e o resultado da troponina demanda hoje mais de uma hora para ser disponibilizado, o que aumenta em muito o risco de óbito ou o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. “Há alguns anos, com fortes dores no peito, passei por todo esse longo e

agonizante processo. No final, era apenas estresse, mas a experiência me fez pensar se não seria possível desenvolver uma solução capaz de efetuar a leitura da troponina de forma mais rápida e precisa. Muitas vidas poderiam ser salvas se o processo pudesse ser agilizado”, relembra Raul de Macedo, founder e CEO da startup Cor.Sync. Engenheiro biomédico e mecatrônico pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ele transformou sua pesquisa de mestrado na Cor. Sync, uma solução completa de auxílio ao diagnóstico de infarto no atendimento de emergência hospitalar. Ela é integrada por um dispositivo point of care capaz de entregar resultados de troponina com precisão laboratorial em menos de 10 minutos e uma plataforma de auxílio à decisão clínica. A startup acaba de ser aprovada no edital Tecnologias 4.0 da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), no edital Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e ser aceita para aceleração no Programa IA² MCTI. “O Brasil é um celeiro de grandes ideias, mas muitas infelizmente acabam engavetadas. É muito importante e gratificante para nós ver uma ideia que nasceu na academia se materializar em um negócio inovador e capaz de efetivamente salvar vidas com o apoio de nossos programas”, Rayanny Nunes, gerente de inovação da Softex.

43


O processo desenvolvido pela Cor. Sync é muito ágil: uma gota de sangue é colocada em um biossensor. Em oito minutos, sem necessidade de envio a um laboratório ou uso de centrífuga, o dispositivo realiza a análise da troponina e um algoritmo fornece a probabilidade de o caso ser um infarto.

“O ponto de partida de toda essa nossa jornada teve início em 2019, quando fomos escolhidos para aceleração pelo Programa Conecta Startup Brasil, gerenciado pela Softex. Foi um divisor de águas que nos permitiu validar em campo a solução, agregar valor a ela e ainda garantir dedicação exclusiva ao desenvolvimento de um produto de alta complexidade científica”, destaca o CEO da Cor.Sync. Foi durante o processo de teste de campo demandado pelo Conecta Startup Brasil que a equipe da Cor. Sync identificou que, além de medir a troponina, existia a necessidade de entender como interpretar o resultado. “Acabamos desenvolvendo um software que pega o resultado

do exame da tropinina e cruza com os dados básicos do paciente usando inteligência artificial para Raul de Macedo, founder fornecer o auxílio e CEO da startup Cor.Sync à decisão clínica”, explica Raul de Macedo. Em fase de testes de validação clínica, a ideia da Cor.Sync é fornecer o dispositivo em comodato para os hospitais interessados com a cobrança de uma taxa mensal de assinatura e um consumível para cada teste.

“Queremos ser a Nespresso dos diagnósticos. Estamos falando de um universo potencial de 8 mil hospitais com emergência que realizam 7 milhões de atendimentos e apenas 1 milhão de testes de troponina por ano. Queremos elevar esse número e assim ajudar a salvar vidas. Em 2022, esperamos que o Cor. Sync esteja ofertado em 100 hospitais no Brasil e, em 2023, em 1.000”, conclui Raul de Macedo. 44



softexnacional @softex.nacional softexnacional Softex Player Softex Nacional


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.