#6 | Pocket Magazine Softex

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REVISTA

6 • 2021 JUL AGO SET

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E

ARQUITETURAS COGNITIVAS

Integração das Informações ampliará a produtividade

tecnologia • inovação • negócios •  políticas públicas


Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

Jornalista responsável Fabrício Lourenço – DF2887 JP

Presidente da Softex Ruben Delgado

Assessoria de imprensa (MLP) Karen Kornilovicz Mário Pereira

Vice-Presidente da Softex Diônes Lima

Revisão Bruna Moreira

Coordenação do projeto Juliana Molezini

Diagramação e projeto gráfico Simone Silva (Figuramundo)

@2021 – Revista Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. Uma publicação institucional. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.


Olá! E chegamos à penúltima edição da Revista Softex. Aliás, como 2021 passou rápido! É válido e necessário reforçar que toda a equipe, nesse processo chamado por muitos de “o novo normal”, não deixou o trabalho à deriva, muito pelo contrário. A cada dia estamos construindo uma nova história, criando novos laços e projetando um futuro INOVADOR E INCLUSIVO. O Brasil desponta como um dos mais importantes países no mundo em estudos em IA. Prova disso é o hub dedicado ao estudo de arquiteturas cognitivas para dispositivos móveis, já que mais da metade da nossa população possui um smartphone. Para a matéria de capa desta edição, a equipe da revista conversou com os responsáveis pelo hub, que detalharam a grandiosidade do projeto. Recentemente, a Amazônia foi palco de um Fórum com foco em investimentos em inovação. O Amazonia Investiments and Innovation, organizado pela Suframa e pela Softex, debateu vários temas, além de fortalecer o ecossistema da região e apresentar o seu forte potencial. Nesta edição, o leitor encontrará, ainda, artigos e casos de sucesso de startups, como os da Data H, integrante

do projeto setorial Brasil IT+; e da health tech, acelerada pelo programa TechD que emprega IA na detecção de nódulos cancerígenos. Trazemos também o que acontece no setor e muito mais. Para finalizar, gostaríamos de reforçar o papel e a importância que a Softex tem para o desenvolvimento da transformação digital no país. Em dezembro, comemoraremos 25 anos de atividades, e todo esse trabalho não seria possível sem a parceria de todos vocês. Vem novidade por aí. Aguardem.

Boa leitura. Equipe Softex


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Brasil ganha hub dedicado ao estudo de arquiteturas cognitivas para dispositivos móveis

Inaugurado primeiro centro de excelência MCTI em tecnologia 4.0

pág29 ABES removeu mais de 59 mil conteúdos ilegais na Internet no primeiro semestre

pág33

pág6

ARTIGO

ACONTECE NO SETOR

Políticas Públicas bem estruturadas são fundamentais para a expansão do setor de TICs

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INTERNACIONAL pág10 Fórum projeta potencial da região Amazônica para investimentos em inovação

Brasil lidera processo de digitalização no agronegócio, indica pesquisa

pág37 Softex elege presidente e vice-presidente do Conselho de Administração

pág39

GUIA DE INOVAÇÃO ABES lança da 3ª edição do Guia de Fomento à Inovação para o setor de TIC

pág14


ARTIGO

ARTIGO

A Inovação Aberta muito além das Startups: Estratégia, Plataformas e Cultura

pág18

CASES

pág26

Startup acelerada pelo Programa TechD emprega IA na detecção de nódulos cancerígenos

CASES

Chove dinheiro para as startups brasileiras

pág34

A importância estratégica da autossuficiência na produção de semicondutores

pág22

CASES

pág24

Data H, integrante do Projeto Setorial Brasil IT+, entre as 60 empresas mais inovadoras de Portugal em IA

PARCERIA

pág30

Por meio do convênio firmado com a Softex, Inatel habilitará educadores a disseminarem conhecimentos sobre novas tecnologias


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Brasil ganha hub dedicado ao estudo de arquiteturas cognitivas para dispositivos móveis 6


Por Karen Kornilovicz

S

“A área de inteligência artificial hoje em dia é muito boa para resolver problemas isolados. No entanto, quando precisamos integrar essas informações para agir em situações mais complexas, ainda nos deparamos com diversos elementos fragmentados. A ideia das arquiteturas cognitivas é dar um passo à frente, pensando em como realizar essa integração e construir uma criatura inteligente”, afirma Esther Luna Colombini, professora do Instituto de Computação da Unicamp.

egundo pesquisa publicada pela Strategy Analytics sobre o uso de smartphones no mundo, estima-se que 3,85 bilhões de pessoas possuam um celular atualmente. E, para os brasileiros, a comodidade desse dispositivo importa muito: um levantamento feito pela consultoria Newzoo aponta que o país tem aproximadamente 109 milhões de usuários de smartphones, o que corresponde a mais da metade da população. Com isso, o Brasil fica em quinto lugar no ranking global dos maiores usuários desses aparelhos. Esses dados, compilados na pesquisa Global Mobile Market Report, mostram que o Brasil fica atrás apenas da Indonésia, Estados Unidos, Índia e China. É nesse cenário promissor que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com coordenação da Softex e execução do Instituto ELDORADO e da Unicamp, lançou o H.IAAC – Hub de Inteligência Artificial e Arquiteturas Cognitivas, que tem por objetivo integrar diversos recursos de inteligência em dispositivos móveis, tornandoos hábeis para a tomada de decisões.

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A capacidade cognitiva do ser humano está relacionada com a ação de acumular e processar informações adquiridas durante a aprendizagem. Segundo a pesquisadora, a ideia é que um smartphone cognitivo, por exemplo, tenha a capacidade de agir de acordo com os dados obtidos por meio da observação das ações do usuário. “Há várias coisas acontecendo o tempo todo e o ser humano só consegue prestar atenção naquilo que é necessário para sua sobrevivência ou no que é importante para ele naquele momento. Um dispositivo móvel, dotado de memória, atenção multifocal, histórico de dados e capacidade de previsão é capaz de nos ajudar a entender qual é a melhor decisão a ser tomada. Um exemplo prático seria um celular conseguir compreender, por meio do movimento do usuário, por seu histórico de ações e pela sua localização, que naquele momento ele está em uma reunião importante e que não deve ser interrompido”, completa. O Instituto de Computação (IC) e a Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, bem como o ELDORADO, farão parte da execução do projeto, enquanto a Softex ficará responsável pela gestão e manejo dos recursos, provenientes da Lei de Informática. A criação do Hub de Inteligência Artificial e Arquiteturas Cognitivas resulta de aporte de recursos de R$ 7,6 milhões do MCTI. “O Brasil, país que mais contrata profissionais de IA no mundo, segundo estudo realizado pela Universidade de Stanford, tem procurado se posicionar de forma cada vez mais competitiva na corrida pela liderança na aplicação de IA em negócios. Esse ub é mais um importante passo nesse sentido. Há muito a crescer em um setor que tende a evoluir cerca de 20% ao ano até 2025, de acordo com o BCC Research”, destaca Diônes Lima, vice-presidente da Softex. Para o professor do IC da Unicamp Leandro Villas, o projeto oferece alto potencial de geração de pesquisa disruptiva. “Há a 8


serão pesquisadas e desenvolvidas pelo Hub serão de fundamental importância para oferecer uma tecnologia ainda mais inteligente para todos os consumidores, aumentando a produtividade das pessoas e a conectividade de todos. Isso ganha ainda mais importância no cenário mundial de pandemia em que estamos vivendo. Estamos bastante entusiasmados com este projeto.” Alexandre Olivieri, Diretor de Desenvolvimento de Software e responsável pela área de Inteligência Artificial da Motorola Brasil.

possibilidade de alavancar diferentes nichos tecnológicos e de inovação com geração de publicações, patentes de alto impacto e formação de pessoal altamente qualificado para o ecossistema de tecnologia do país em geral”, afirma. Os pesquisadores da Unicamp, divididos entre cinco linhas de pesquisa, irão se dedicar à produção e à disseminação do conhecimento tecnológico, enquanto o ELDORADO desenvolverá os protótipos das aplicações. “Com as sugestões de algoritmos obtidas por meio da pesquisa, traremos essa experimentação para o mundo mobile. Esperamos entender quais elementos de arquitetura que, quando colocados dentro de um telefone, o tornam capaz de atuar de forma inteligente”, explica Mário Henrique Reino Cintra, gerente de P&D do ELDORADO. A Motorola, uma das 40 empresas que apoia o MCTI Futuro, programa realizado pelo MCTI e coordenado pela Softex, com o objetivo de promover a capacitação tecnológica em larga escala de pesquisadores e estudantes em tecnologias emergentes, destaca a importância do projeto.

A expectativa é de que mais de 50 pessoas trabalhem no Hub, entre alunos de graduação, mestrado e doutorado, pós-doutores e professores da Unicamp, além de oito profissionais do ELDORADO, que espera contratar mais seis desenvolvedores para completar sua equipe. As chamadas para o programa de pós-doutorado serão abertas em breve.

"Nós acreditamos muito no protagonismo dos smartphones na vida das pessoas. As tecnologias que 9


INTERNACIONAL Fórum projeta potencial da região Amazônica para investimentos em inovação 10


C

Por Mario Pereira

om a proposta de atrair novas oportunidades para o ecossistema da região da Amazônia Ocidental e Amapá, assegurando sustentabilidade para o ecossistema como um todo, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a Softex e o CITS promoveram o Amazonia Investiments and Innovation. Participaram da abertura deste fórum online, entre outras autoridades e especialistas, o Cel. Manoel Fernandes Amaral Filho, presidente da Suframa; e Ruben Delgado, presidente da Softex. Na abertura do encontro, a Suframa apresentou as oportunidades, bem como os benefícios fiscais e da Lei de Informática para a região. Para Ana Beatriz Pires, coordenadora da área internacional da Softex, “esta iniciativa representou uma oportunidade diferenciada para a busca de parcerias e sensibilização de investidores, empresas e indústrias sobre o forte potencial de negócios presente nesta região composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima”. O encontro permitiu a criação de conexões entre a Suframa e as ICTs, os Programas Prioritários e os novos parceiros, sendo que, durante o Pitch Day, foram avaliados 43 projetos: 15 do Programa Prioritário de Empreendedorismo Inovador (PPEI), 19 do PPI 4.0 e nove do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio).

Após três dias de encontro, a partir das avaliações dos projetos apresentados no Pitch Day, foi identificada a necessidade de aliar boas ideias a um modelo de negócio bem definido para aumentar a chance de crescimento das startups. Entre as conclusões do Amazonia Investiments and Innovation estão a necessidade de fortalecer o ecossistema da região focando em inovação e crescimento, a criação de projetos que gerem impacto em toda a região e produtos globais para o destaque no Brasil e no mundo, e também a conexão dos Institutos e Universidades às indústrias através das políticas de fomento a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

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ARTIGO Políticas Públicas bem estruturadas são fundamentais para a expansão do setor de TICs Por Ruben Delgado, presidente da Softex

O

desenvolvimento de políticas públicas para o fomento e o desenvolvimento das TICs é uma função muito relevante do Estado e tem entre seus principais objetivos garantir o bemestar da população e estimular o crescimento econômico sustentado.

No momento em que o setor de inovação vive um processo de transformação e de expansão sem precedentes, com uma aceleração adicional resultante da pandemia do coronavírus, ganha ainda mais importância o papel do Estado como gerador de iniciativas articuladas a partir de uma leitura precisa das 12


tendências do mercado não só brasileiro como mundial. É neste contexto que gostaria de relembrar duas importantes políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com a Softex, que mudaram o cenário nacional de capital de risco e de inteligência artificial (IA). O primeiro foi o Programa Startup Brasil, lançado em novembro de 2012 com o objetivo de apoiar as empresas nascentes de base tecnológica. Ao longo de quase uma década, ele se consolidou como um dos grandes fomentadores e formadores da cultura de investimento de risco no país. Quando de sua criação, muito pouco se falava sobre a viabilidade de se investir em startups com a perspectiva de um excepcional retorno não só financeiro, mas para a sociedade, em termos de inovação. Após cinco turmas e 229 startups investidas, o portfólio captou um total de R$ 855 milhões em recursos junto ao mercado, sendo R$ 42 milhões em investimento público. Números mais do que expressivos, com uma relação em que o investimento público superou o privado em algo próximo a 20 vezes.

Outra importante política pública a ser destacada é o Programa IA² MCTI, focado em startups voltadas ao desenvolvimento de projetos inovadores com a adoção de inteligência artificial, atual paradigma tecnológico. Com apenas seis meses de aceleração e 100 startups no portfólio, o Programa IA² MCTI já possui relação de investimento público e privado da ordem de 3,6 vezes. O MCTI aportou R$ 2,5 milhões, e as startups já captaram junto ao mercado — incluindo aceleradoras e fundos de investimento — um total de R$ 9 milhões, resultado que o Startup Brasil levou dois anos para alcançar. Dados do MCTI apontam que as startups ligadas a esse programa já aumentaram em 70% o seu faturamento desde o início do ano, despertando interesse entre os investidores. Prova disso foi a recente aquisição da Refinaria de Dados pelo banco digital Modal. Ambos os programas são exemplos robustos de como políticas públicas bem estruturadas e administradas, que compartilham os riscos com a iniciativa privada, podem trazer expressivos resultados, com benefícios que não se limitam somente ao setor onde elas se desenvolvem e que se disseminam pela sociedade como um todo. 13


GUIA DE INOVAÇÃO ABES lança a 3ª edição do Guia de Fomento à Inovação para o setor de TIC O guia, que já está disponível para consulta, contou com o apoio da Softex

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O

Por Fabrício Santos

setor de TIC no Brasil cresce na contramão dos outros setores nesses quase dois anos de pandemia. Segundo dados de empresas que atuam no cenário de tecnologia, devem ser injetados nesse segmento mais de R$ 840 bilhões em investimentos nos próximos três anos. E isso é muito bom para o desenvolvimento do campo tecnológico brasileiro. Em sua terceira edição, o Guia de Fomento à Inovação para o setor de TIC – publicação produzida pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e ABGI, consultoria em incentivos fiscais, gestão da inovação e gestão financeira e que conta com o apoio da Softex – , reúne informações sobre os principais mecanismos e programas, com suas linhas de financiamento ou de incentivos fiscais que buscam apoio à inovação no Brasil. Para o vice-presidente da Softex, Diônes Lima, “o guia é fundamental para que as empresas tenham uma ideia de como as linhas de financiamento e incentivos fiscais podem contribuir para que esses empresários se firmem e atinjam seus

objetivos de mercado”. Outro ponto destacado pelo vicepresidente refere-se à Inovação. “O Brasil tem ferramentas necessárias para fomentar a inovação em todas as áreas do conhecimento e acelerar, ainda mais, o atual processo de transformação digital que vivemos”, pontua Diônes. Segundo a diretora de Inovação e Fomento na ABES, Jamile Sabatini Marques, “a inovação é vital para o desenvolvimento econômico e social do Brasil e o fomento contribui à retomada econômica no país”. Ainda, de acordo com Jamile, “a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos, de forma inclusiva e igualitária”. O Guia está dividido em cinco capítulos: Recursos não Reembolsáveis, Recursos Embolsáveis, Investimentos Direto ou Fundos, Bolsas de PD&I, Incentivos Fiscais e outros mecanismos. “O documento reúne o que há disponível no mercado, de acordo com os tipos de recursos e público-alvo, já considerando os itens financiáveis de cada linha de

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fomento, e inclui medidas de apoio ao setor produtivo no combate aos impactos da Covid-19. Apesar de estar direcionado para o Setor de TIC, o Guia consegue alcançar a indústria como um todo e facilita a

visão do empresário, uma vez que dá o direcionamento de onde se podem encontrar oportunidades e usá-las de forma estratégica, alinhadas ao portfólio de projetos da empresa”, esclarece Jamile Sabatini Marques.

Bate-papo Jamile Sabatini Marques, diretora de Inovação e Fomento na ABES Qual a importância das linhas de financiamento e/ou de incentivos fiscais de apoio à inovação no Brasil? JSM – Sabe-se da importância de um país investir em inovação para ser competitivo globalmente. Países que estão entre os mais competitivos aumentam seus investimentos em época de crise, por entenderem a necessidade de estarem à frente e abrindo novos mercados e formas de consumo. Em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil investe hoje menos de 1% do seu PIB, já os Estados Unidos investem 2,8%. Temos casos brasileiros de sucesso, demonstrando que, quando há investimento e vontade política, nós nos tornamos referências internacionais, como a Embrapa, Embrapii e Embraer. O governo, por meio de seus diversos órgãos de desenvolvimento, tem um papel relevante no fomento à inovação, assumindo parte do risco com o setor privado. Por isso,

necessita investir e financiar cada vez mais as empresas inovadoras para que sejam competitivas no Brasil e no mercado externo. Esse incentivo, por meio de programas de fomento à inovação, gera desenvolvimento econômico e, consequentemente, um país com mais oportunidades. Como a ABES analisa o setor de inovação no Brasil? JSM – O brasileiro é criativo, mas sabe-se que, para que haja inovação, precisamos de notas fiscais emitidas, precisamos de mais investimentos para desenvolvimento de novas tecnologias, como inteligência artificial, Internet das coisas, dentre outras. O estudo “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2020”, realizado pela ABES com dados do IDC, aponta que o ano de 2020 foi marcado pela insegurança econômica em diversos setores. Mas, mesmo nesse cenário, o setor cresceu 22,9% 16


e investiu cerca de R$ 200,3 bilhões (US$ 50,7 bilhões), se considerados os mercados de software, serviços, hardware e também as exportações do segmento. O levantamento mostra que o Brasil conquistou posições no ranking mundial de TI, da 10ª posição em 2019 para 9ª em 2020, e manteve a liderança no mercado latinoamericano, com 44% de participação. Estes dados mostram que o brasileiro pode e é inovador, mas, se tivermos mais fomento, seremos bem mais competitivos. E hoje, além do fomento, também precisamos de mão de obra especializada, pois estamos perdendo projetos para outros mercados por falta do capital humano. Para 2021, a previsão do estudo da ABES é de que haja um crescimento do setor de 11,1% em relação ao ano passado. O 5G será o responsável por proporcionar cerca de US$ 2,7 bilhões na geração de novos negócios envolvendo Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Virtual, Big Data e Analytics, IoT, Cloud, Segurança e Robotics. Precisamos estar preparados, com boas iniciativas de fomento e pessoas especializadas no mercado, para não perdermos essas oportunidades. E quais seriam os principais desafios para o crescimento do fomento à inovação no Brasil? JSM –Temos alguns gargalos, como, por exemplo, prover às startups as garantias necessárias para se refinanciarem no mercado financeiro. Trata-se do fator crítico de sucesso

de qualquer programa de fomento. O Brasil precisa desenvolver um Sistema Nacional de Garantias, aproveitando a inovação e o impulso gerado pelo aval do FGI/BNDES durante a pandemia. Programas como o Pronampe, que disponibiliza empréstimos para pequenas empresas com juros mais baixos e prazo maior para iniciar a pagar, precisam ser ampliados. O Marco Legal das Startups é um notável esforço para melhorar a segurança jurídica dos investidores e fomentar a inovação, que irá moldar o futuro da economia. Contudo, é preciso ponderar que o Governo Federal foi muito tímido em relação às expectativas que o projeto de lei havia criado, principalmente quando interveio durante a tramitação, pela eliminação do capítulo que tratava sobre stock options (plano de opção de compra de ações). Se a legislação se tornar menos burocrática e oferecer mais incentivos, essas empresas terão um papel importante na recuperação da economia brasileira. Com a supressão das “stock options”, a criação de um regime especial de contratação de soluções de inovação pela administração pública tende a se revelar a mais importante ferramenta de estímulo trazida pelo Marco Legal das Startups, possibilitando que estas passem a vender para o Estado, ganhando escala e competitividade. Para ler o conteúdo acesse: https://guia-fomento.abes.org.br

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ARTIGO A Inovação Aberta muito além das Startups: Estratégia, Plataformas e Cultura

N

Por Rafael Fernandes, Analista de Inovação na Softex Nacional e Coordenador do Programa DF Inovador na Softex.

esses quase dois anos de pandemia de Covid-19, boa parte das organizações aprendeu a se “digitalizar” em algum nível, ao realizar determinadas práticas e modalidade de Inovação nesse percurso.

Ainda existem exemplos de empresas que possuem enorme dificuldade de uma virada de chave maior rumo à transformação digital. Houve, contudo, um salto significativo de maturidade empresarial em relação às boas práticas e metodologias de Inovação, quando nos referimos a 18


empresas nascidas ou sediadas aqui no Brasil. Entre essas práticas, o mercado vem apostando cada vez mais na chamada Inovação Aberta. A Inovação Aberta pode ser entendida como práticas que visam gerar novas propostas de valor aos processos, produtos, serviços ou modelo de negócios, especialmente utilizando recursos externos à organização como fatores principais dessas inovações. É a empresa que enxerga além de seus limites e interage de forma harmoniosa com outros agentes do mercado, de forma que essas relações sejam benéficas a ambos. Existem inúmeras formas de relacionamento caracterizadas como Inovação Aberta. Entre elas, podemos citar: » programas de desafios abertos às startups; » hubs de inovação próprios ou participação ativa em hubs de inovação de terceiros; » programa de ideias aberto ao público, para incentivar a participação dos consumidores; » participação em programas governamentais de incentivo à inovação; » parcerias com universidades ou centros de pesquisa, para o desenvolvimento de projetos inovadores; » joint ventures em parceria com outras empresas do mercado; e » investimentos ou aquisições de startups.

A Inovação Aberta como parte de uma estrutura maior Não restam dúvidas de que muitas dessas empresas, que realizam ações como as citadas acima, possuem uma clareza estratégica admirável em relação à inovação e à participação dessas ações como parte de uma estratégia maior e bem estruturada. Só que, ao mesmo tempo, muitas empresas embarcaram em um hype vivido pela Inovação Aberta e realizam ações desse tipo de forma deliberada, sem seguir uma estratégia bem definida e sem ter uma estrutura de inovação robusta, com processos, metodologias e governança adequados. O resultado: na maioria das vezes, as ações isoladas podem até causar um primeiro impacto animador, mas logo vão se perdendo na rotina operacional e na cultura atual da empresa, que não estão preparadas adequadamente para ações dessa natureza. Sem obter um resultado concreto e satisfatório a médio prazo, as práticas e os objetivos de inovação dessas organizações são engolidos pelo status quo e acabam deixando uma imagem negativa entre os executivos e boa parte do mercado.

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A Inovação Aberta não pode jamais ser um fim em si mesma. Ela precisa fazer parte de algo maior, uma diretriz estratégica corporativa, que visa utilizar essa prática como uma ferramenta-chave para atingir os objetivos mais importantes da organização. Além disso, as ações de Inovação Aberta podem, em muitos casos, ser combinadas com outras práticas de Inovação, como, por exemplo, o Intraempreendedorismo (quando os colaboradores internos desenvolvem projetos de inovação, apoiados por um programa estruturado pela organização).

rumos de um novo modelo baseado em plataformas digitais, onde ela passa a se relacionar de forma estratégica com os agentes externos, gerando, por meio do chamado “efeito de rede”, inúmeras propostas de valor aos diversos clientes envolvidos.

O modelo de Plataforma Digital é caracterizado pela criação de valor por meio da interação direta entre dois ou mais tipos diferentes de agentes em torno de uma mesma estrutura. Essa estrutura principal é composta principalmente por: » tecnologia; » pessoas; e » negócios.

Inovação Aberta e os Modelos de Plataformas Digitais

Trazendo para o contexto da Inovação Aberta: as tecnologias são habilitadoras para as interações de negócios entre diferentes pessoas, beneficiadas pelo efeito de rede, tornando viável e sustentável o modelo de Plataforma Digital de A partir de uma estrutura de Inovação uma Organização. Corporativa que tenha a Inovação Operando assim, por meio Aberta como um de seus eixos de dessas valiosas interações, novas atuação, é possível promover uma oportunidades de mercado surgem transformação na organização de constantemente, e a oxigenação da forma profunda e definitiva. Por organização acontece de exemplo, colocando a organização nos forma constante. 20


A “Nova Economia” não permite mais espaço para empresas que operam de forma isolada, centradas em si mesmas. Ela exige que as organizações usem toda a sua estrutura de canais, de recursos digitais e valor olhando para a sociedade, o meio ambiente, seus stakeholders diretos e indiretos, fornecedores, parceiros e até os seus concorrentes. Esse posicionamento só é possível por meio de uma estratégia que combine elementos de um modelo ancorado em plataformas e ações organizadas de Inovação Aberta. Assim, ela se torna peça de engrenagem de um todo maior, uma organização voltada para os novos tempos.

Inovação Aberta como ferramenta de construção cultural Tão importante quanto as práticas em si, realizar inovação aberta também pode gerar a oportunidade de criação de uma nova cultura organizacional, que enxerga a relação com os agentes externos do ecossistema de forma benéfica e estratégica, que busca estabelecer parcerias e negócios de forma sistêmica e recorrente. Para que isso aconteça, é necessário que haja o envolvimento profundo

dos líderes da organização, que ditarão o ritmo das mudanças e trarão a contextualização adequada a todos os colaboradores. Além disso, também são necessárias a criação e a manutenção de ações e artefatos que reforcem essa mentalidade, visando sempre fomentar a abertura e a colaboração além das fronteiras organizacionais.

Portanto, a Inovação Aberta pode ser muito mais do que “apenas” o relacionamento com startups e desafios de inovação. Ela pode se transformar em uma poderosa ferramenta de aperfeiçoamento cultural, transformação organizacional, viabilidade de modelos de negócios disruptivos e um caminho para atingir os objetivos estratégicos. Em contraste com ações meramente motivacionais e desconectadas do todo, a Inovação Aberta precisa ser guiada por lideranças pragmáticas, disciplinadas, organizadas, inspiradoras, com clareza estratégica e visão de futuro. É disso que o mercado e a economia brasileira precisam. 21


ARTIGO A importância estratégica da autossuficiência na produção de semicondutores

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lém, é claro, do alto preço pago em perdas de vidas humanas, a pandemia causou uma série de mudanças econômicas profundas, acelerando exponencialmente o crescimento de alguns segmentos, ao mesmo tempo em que paralisou outros. Um ano e meio depois, já é possível olhar

Por Diônes Lima, vice-presidente da Softex com alguma perspectiva o cenário e identificar muitos problemas que já existiam, mas que foram potencializados com a disseminação da Covid-19. Em um primeiro momento, a demanda elevada por equipamentos médicos, seja de proteção para os profissionais da área como para atendimento aos pacientes nas UTIs de todo o mundo, 22


expôs a dependência de um imenso contingente de países em relação a fornecedores externos, com especial destaque para a China. Após dezesseis meses de disrupção contínua, o conceito de globalização foi duramente colocado à prova e os grandes produtores mundiais estão registrando agora uma escassez de semicondutores. Eles estão presentes hoje de uma forma tão entranhada em nosso dia a dia que uma análise do banco de investimento Goldman Sachs apontou que esta carência já impactou pelo menos 169 indústrias diferentes, da automotiva à de eletroeletrônicos, passando pela de telefonia e de bens de capital. Trata-se, portanto, de um segmento extremamente estratégico. Prova disso é que o Governo norte-americano criou recentemente uma força-tarefa para buscar soluções para a falta de semicondutores, um cenário que está comprometendo, inclusive, a recuperação econômica do país. Estratégico ao ponto de levar a GM, líder de vendas de carros no Brasil desde 2015 com o Onix, a perder o posto para o HB 20 da Hyundai, já que o veículo não entra em produção desde o último mês de março, ou seja, há cinco meses. Apenas no setor automotivo, o impacto da falta de semicondutores na produção mundial de veículo será de 3% a 5% do total estimado para o ano. Aproveitando os benefícios dos Programas e Projetos Prioritários de Interesse Nacional – PPIs – instituídos na década de 1990 no contexto

da legislação de apoio ao setor industrial de TIC (Lei 8.248/91 – Lei de Informática), o Brasil passou a investir em uma política pública de capacitação de projetistas e fábricas de semicondutores. Os PPIs instituíram um modelo de incentivo ao setor industrial condicionado à exigência de contrapartida de investimento em PD&I, incluindo a obrigação de realizálos em convênios com universidades e institutos de pesquisa. Entre eles, vale destacar o PNM Design, programa prioritário sob a gestão da Softex e formulado com o foco na formação, capacitação e especialização de recursos humanos em projetos de circuitos integrados (CI), que contribui para viabilizar a criação e a atração de design houses e startups de projetos de circuitos integrados. Os investimentos para produzir semicondutores são elevados e o início da produção demanda tempo. Portanto, falamos de um gargalo que não será solucionado no curto prazo. Nesse contexto, é fundamental que o governo incentive uma política de capacitação de projetistas e produção local estratégica que pode ser até transformada em uma plataforma de exportação. É uma indústria que agrega muito em pesquisa e desenvolvimento ao país. Utilizar toda a experiência adquirida pelas políticas públicas, fazendo as necessárias correções de rota, pode ser o ponto de partida para consolidar um projeto de necessária soberania nacional nesta área em que a visão de longo prazo é particularmente crucial. 23


CASES Data H, integrante do Projeto Setorial Brasil IT+, entre as 60 empresas mais inovadoras de Portugal em IA 24


A

Por Karen Kornilovicz

publicação inglesa Futurology.Life, focada na divulgação de negócios e inovações de ponta no cenário global, acaba de lançar o levantamento “60 Empresas de Inteligência Artificial Mais Inovadoras em Portugal”, enumerando startups e empresas que estão adotando uma variedade de abordagens para inovar a indústria de Inteligência Artificial e que por isso valem à pena ser observadas com atenção especial. Para participar desse compilado, elas precisaram apresentar um desempenho excepcional em uma dessas nove categorias: inovação, ideias inovadoras, rota inovadora para o mercado, produto inovador, crescimento, crescimento excepcional, estratégia de crescimento excepcional, gestão ou impacto social. E a empresa brasileira Data H, participante do Projeto Setorial Brasil IT+, desenvolvido pela Softex em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), está entre as 60 relacionadas. Especializada em ajudar as organizações a transformar o conhecimento acumulado e disperso em algoritmos inteligentes, a Data H tem entre seus clientes empresas

de porte como Embraer, Basf, Grupo Fleury, iFood e Grupo Votorantim. Além de auxiliar a Data H a ampliar a sua atuação em Portugal e também na conexão com parceiros potenciais e aceleradoras de outros países, o Projeto IT+ teve um papel fundamental na aproximação da empresa com a UpTech e com a rede de Inovação Tecnológica portuguesa Startup Leiria. Lançado em 2005 com o objetivo de desenvolver uma agenda de internacionalização de empresas, promover as exportações, bem como para reforçar, em âmbito internacional, a confiabilidade e a alta qualidade da TI brasileira, o Projeto Setorial Brasil IT+ está presente em diversas iniciativas voltadas ao posicionamento e também ao fortalecimento dessa indústria. As atividades incluem, entre outras, participação de delegações brasileiras em congressos e feiras internacionais, em missões empresariais, capacitação exclusiva em captação e gestão de recursos internacionais, engajamento de CIO’s internacionais em programas de Corporate Venture e treinamento em Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Clique aqui para saber mais. Para conhecer as “60 Empresas de Inteligência Artificial Mais Inovadoras em Portugal”, acesse https://futurology. life/60-most-innovative-portugal-basedartificial-intelligence-companies/

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CASES Startup acelerada pelo Programa TechD emprega IA na detecção de nódulos cancerígenos 26


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m 2019, a Portal Telemedicina, health tech de laudos médicos e teleconsulta, passou pelo processo de aceleração do Programa TechD, lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTI) em parceria com a Softex. Sua missão foi fazer a ponte entre o universo empreendedor e o de pesquisa por meio da integração e da maior convergência entre startups, centros de P&D, universidades e empresas do setor produtivo. Um estudo baseado em Inteligência Artificial (IA) realizado pela Portal Telemedicina em parceria com a Rede São Camilo (SP) e o Instituto Eldorado permitiu progredir a passos

Por Karen Kornilovicz largos nos processos para a detecção precoce e o acompanhamento de câncer no país, viabilizando o atendimento dos pacientes em tempo hábil. De acordo com o DATASUS, o câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil. Segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), o tempo médio para diagnóstico da doença no país é de 270 dias. O diagnóstico precoce é, portanto, um dos principais instrumentos no combate ao câncer, e, quanto mais cedo o início do tratamento, maiores as chances de cura. Os resultados desse estudo possibilitarão agilidade médica na tomada de decisões

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durante o tratamento da doença. Segundo Elizabeth Rocha Fernandes, head de Produto da Portal Telemedicina, o projeto cumpriu o objetivo de isolar e remover as barreiras científicas na produtização em larga escala dos algoritmos de Inteligência Artificial. “Ao final, obtivemos uma detecção de nódulos cancerígenos em exames de raio-x com performance muito acima do esperado”, explica Fernandes. Ela destaca que o modelo para exames de raio-x tem um potencial de impacto na saúde coletiva muito maior do que a detecção feita em exames de tomografia, uma vez que até mesmo pequenas e microclínicas podem adquirir o equipamento. “Além disso, o custo por exame é menor. Portanto, a abrangência de população atendida tende a ampliar.”

Para aprimorar o suporte no acompanhamento de pacientes oncológicos em tratamento, a Portal Telemedicina prevê o uso da Inteligência Artificial na avaliação Recist (Response Evaluation Criteria in Solid Tumors), que consiste na análise de diversos exames do paciente desde o início do tratamento, bem como na comparação

entre eles para avaliar se os nódulos estão aumentando ou reduzindo de tamanho. “Esse processo, por vezes, é difícil e demorado, uma vez que alguns pacientes podem estar acompanhando há meses ou anos, sendo necessário revisar todo o histórico de imagens. Com o software da Portal Telemedicina, seria possível identificar lesões neoplásicas no primeiro estudo e fazer o acompanhamento com mensuração ou quantificação de forma automática nos demais exames”, afirma o Dr. Vinícius Castro Fiorot, médico radiologista que acompanhou todo o estudo. O projeto de pesquisa visa criar soluções que também reduzam a quantidade de erros médicos durante o laudo de exames. “Quando há divergência entre a indicação da Inteligência Artificial e a avaliação do médico, é criado um sistema de double check, ou seja, o mesmo exame é enviado a outros profissionais, abrindo um fórum de debate”, complementa Elizabeth. “O sucesso da Portal Telemedicina comprova a importância do investimento público e privado em health techs capazes de fomentar a produção científica no país e colaborar, assim, para o desenvolvimento de tecnologias com maior valor agregado”, destaca Diônes Lima, vice-presidente executivo da Softex. 28


ACONTECE NO SETOR

Inaugurado primeiro centro de excelência MCTI em tecnologia 4.0 Em uma iniciativa da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Governo Federal inaugurou o primeiro Centro de Excelência MCTI em Tecnologia 4.0, na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo. Ele será pioneiro no Brasil no conceito “hélice quíntupla”, que une conhecimento e inovação, estimulando o desenvolvimento tecnológico, especialmente baseado em Internet das Coisas (IoT) e robótica. Criado no âmbito do Plano Nacional de IoT e da Estratégia Nacional para a Transformação Digital, o Centro será integrado ao Parque Tecnológico de Sorocaba, em uma parceria

entre o MCTI, o Governo Federal e a Prefeitura da cidade. A metodologia será replicada nas indústrias de grande, médio e pequeno porte, universidades, escolas técnicas, entidades e organizações, permitindo a aplicação de novas tecnologias nas áreas de manufatura, logística, capacitação e desenvolvimento de pessoas. A expectativa com o novo centro é a criação de novos postos de trabalhos, com capacitação de colaboradores em tecnologias 4.0, inovação, e a conexão da tecnologia aplicada nas indústrias e na fabricação de produtos, além de melhorias nas produtividade, com maior eficiência e redução de custos, tornando-as mais competitivas.

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PARCERIA Por meio do convênio firmado com a Softex, Inatel habilitará educadores a disseminarem conhecimentos sobre novas tecnologias Cidades inteligentes, 5G e aplicações de IoT farão parte da capacitação 30


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Por Karen Kornilovicz

Inatel está dando início às atividades previstas no convênio firmado em abril com a Softex, por iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações (MCTI), cujo objetivo é capacitar educadores para replicarem conhecimentos sobre tecnologias habilitadoras para infraestrutura de serviços portadores de futuro como cidades inteligentes, 5G e aplicações de IoT. Segundo o gerente executivo do departamento de Educação Continuada do Inatel, Fred Trindade, trata-se de um projeto de grande

importância para o segmento de TIC no Brasil. “Iremos disseminar em nível nacional as melhores práticas em termos de infraestrutura de Fiber to the Home Fibra para a Casa (FTTH). Isto irá beneficiar toda a cadeia de fornecimento de Internet no Brasil, incluindo os provedores de acesso, os geradores de serviços web e os usuários”, explica Trindade. A iniciativa integra um projeto de amplitude maior do MCTI que objetiva potencializar a formação de mão de obra qualificada para trabalhar na implantação de infraestrutura de Comunicação em todo o território nacional, visando

Primeira turma do treinamento, composta por professores do SENAI e do Instituto Federal do Espírito Santo

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melhorar o acesso à banda larga no país e viabilizar novos serviços como aplicações para Cidades Inteligentes e Internet of Things – IoT e 5G. "Essa é uma das importantes ações que a gente consegue apoiar com recursos gerados pela Lei de Informática. Nosso foco é ampliar o contingente de recursos humanos qualificados no País, tanto para atuar em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no campo das TICs quanto para agir na implantação de projetos estruturantes que contribuirão para o domínio e consolidação das tecnologias requeridas para viabilizar a implantação de 5G, a expansão da Internet das Coisas (IoT) e o avanço dos projetos de Cidades Inteligentes", destaca Paulo Alvim, Secretário de Empreendedorismo e Inovação no MCTI. O Senai e o Instituto Federal do Espírito Santo são algumas das instituições que utilizam seus laboratórios instalados e já possuem professores participando dos treinamentos. Para Fábio Carleti, instrutor do Senai ES, o curso está sendo fundamental para a aprendizagem de novas tecnologias, novos equipamentos e novos conceitos. “Esperamos replicar esses conhecimentos para nossos alunos dos cursos de Aprendizagem Industrial, Técnicos e de Qualificação. Com a popularização da fibra ótica, dos provedores de Internet de banda larga e também das redes internas das empresas, a tecnologia FTTH vem sendo muito utilizada. Isso está em total ascensão, então há grande demanda de mão de obra para o mercado de trabalho”, ressalta Carleti. De acordo com o vice-presidente executivo da Softex, Diônes Lima, as redes ópticas passivas (PON – Passive Optical Network) são consideradas o instrumento habilitador principal para o 5G. Para ele, “a popularização do conhecimento em infraestrutura em conjunto com as tecnologias de cidades inteligentes e IoT serão essenciais para prover os serviços necessários de comunicação no país”. 32


ACONTECE NO SETOR ABES removeu mais de 59 mil conteúdos ilegais na Internet no primeiro semestre A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) informou que removeu da web apenas neste primeiro semestre de 2021, 59.779 anúncios, links e sites com conteúdo que davam acesso a arquivos que violam o Direito Autoral e a Propriedade Intelectual dos associados da entidade. Nesta ação, realizada desde 2005,

a ABES faz um monitoramento contínuo da Internet e notifica diretamente os próprios portais de e-commerce e os provedores de acesso, alertando-os sobre conteúdos ilegais, vírus e malwares. O balanço deste ano aponta um aumento de 189% no número de links removidos pela entidade em relação ao mesmo período em 2020.

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CASES

Chove dinheiro para as startups brasileiras

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Por Karen Kornilovicz

unca houve um momento mais promissor para ser empreendedor no Brasil. Nos últimos dez anos, quando o empreendedorismo começou a ganhar força por aqui, os fundos de venture capital já aportaram cerca de R$ 13 bilhões em empresas nacionais de base tecnológica. Em 2020, segundo dados da Associação Latino-americana de Private Equity e Venture Capital (Lavca), esse montante chegou a R$ 5,1 bilhões, representando 65% de todos os investimentos realizados na América Latina. E o interesse dos investidores pelas startups brasileiras segue em alta, como comprovam a Anestech e a InCeres, integrantes do IA2 MCTI, programa de aceleração tecnológica em inteligência artificial desenvolvido pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), que conta com gestão da Softex. A InCeres, startup de tecnologia agronômica, recebeu em junho deste ano um aporte de R$ 2 milhões do empresário Leonardo Maggi, neto do fundador e membro do conselho de administração da produtora, trading e processadora de grãos da Amaggi, em uma rodada que avaliou a agtech de Piracicaba, no interior paulista, em R$ 28 milhões. “Cerca de 80% dos agricultores não têm acesso à assistência técnica de agronomia, o que leva a uma inatividade e ineficiência em um solo

pobre como é o brasileiro. Estamos falando de um dos setores menos digitalizados da economia, mas que pode se beneficiar em muito da adoção de um planejamento agronômico, da digitalização de processos, da eficiência da teleagronomia e da inteligência artificial embarcada em nossa solução”, explica Leonardo Menegatti, CEO da InCeres. Para poder dar respostas precisas aos problemas enfrentados pelos agricultores nacionais, a empresa estruturou o maior banco de dados de agricultura tropical do mundo. Apenas no ano passado, a InCeres processou 6 milhões de hectares, mais de 10 mil fazendas e 18 estados. Hoje, mais de 1.000 técnicos estão conectados na plataforma. “O IA2 MCTI, em conjunto com o fomento que recebemos da FAPESP, nos permitiu empregar e absorver a cultura da tecnologia de inteligência artificial, possibilitando que a nossa solução consiga analisar o solo, realizar mapas de produtividade, processar dados e fornecer as respostas para o planejamento dos talhões. Esta solução tem o poder de efetivamente impactar a forma como milhões de pessoas são alimentadas, e isso é muito relevante não só para o Brasil, mas para o mundo”, ressalta Leonardo Menegatti. Desde 2014, quando foi fundada, a InCeres já recebeu R$ 8 milhões em rodadas de capital, a primeira delas da SP Ventures, gestora de venture

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capital especializada em agtechs. A Anestech, software de prontuário eletrônico capaz de gerar insights e diminuir os riscos das cirurgias, fez este ano uma rodada para acelerar a expansão do negócio – inclusive para outros mercados no exterior – e melhorar a plataforma, com investimentos pesados em inteligência artificial e machine learning, recebendo um aporte de R$ 3 milhões de quatro investidoresanjo: Romeu Côrtes Domingues, o cochairman da DASA; Marcelo Saad, exmanaging director do Credit Suisse e do Deutsche Bank no Brasil; Ricardo Mello, ex-vp da DASA; e Roberto Botelho, o fundador do Uberlândia Medical Center. Os hospitais podem parecer muito digitalizados, mas essa tecnologia ainda não havia chegado aos anestesistas na sala de cirurgia, que, antes da Anestech, precisavam registrar manualmente, no prontuário do paciente, todos os dados envolvendo o procedimento. Considerando, por exemplo, uma

cirurgia com duração de 10 horas, seriam cerca de 120 anotações. Na solução da Anestech, boa parte desses dados são inseridos automaticamente por meio de um tablet conectado aos equipamentos cirúrgicos por wi-fi. “O IA2 foi para nós uma chancela e uma oportunidade para levarmos ao Sistema Único de Saúde os benefícios de nosso software, que visa promover cirurgias mais seguras, melhorar a gestão de recursos, incrementar a proteção legal e agregar valor para toda a cadeia de saúde do âmbito cirúrgico, abrangendo assim uma parcela maior da população brasileira”, destaca o Dr. Diógenes Silva, CEO da Anestech, que tem 60 hospitais clientes, é usada por 3 mil anestesistas e já recebeu dados de mais de 500 mil cirurgias. Para as startups que estão em busca de um investidor, o Dr. Diógenes aconselha: “foque no mercado antes de focar na captação, proteja o seu equity e fuja do smart money sem money”, alerta.

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Brasil lidera processo de digitalização no agronegócio, indica pesquisa A pesquisa “A Cabeça do Agricultor na Era Digital”, envolvendo 600 agricultores de diferentes culturas e realizada pela McKinsey, apontou que o Brasil está na vanguarda da digitalização da agricultura. Além disso, comparado a outros mercados, o agricultor brasileiro foi, em média, o profissional que mais utilizou os meios digitais em suas atividades no ano de 2020. A McKinsey considerou aspectos como a compra de insumos e maquinários, comercialização da produção, agricultura de precisão, inovação e tecnologia, planejamento,

gestão financeira e de riscos e sustentabilidade. Segundo o estudo, antes da pandemia, o uso de meios digitais no agro era de 36% e, depois, subiu para 46%, totalizando um crescimento da ordem de 10%. Em países da União Europeia e nos Estados Unidos, esse avanço foi de 7%. O levantamento mostrou ainda que a digitalização no agro está muito ligada ao WhatsApp, e que 55% dos agricultores utilizam esse aplicativo em suas transações digitais, incluindo compras, pagamentos, chamadas de vídeo, entre outros.

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Foto: https://br.freepik.com/jcomp

ACONTECE NO SETOR



Softex elege presidente e vice-presidente do Conselho de Administração Com a participação do Ministro da Ciência Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro – Softex promoveu, no último dia 26 de julho, sua Assembleia Geral Extraordinária, realizada em conjunto com a Reunião Ordinária de seu Conselho de Administração. Na oportunidade, o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos/SP) foi reeleito presidente do Conselho de Administração da Softex, e o deputado federal Vitor Lippi (PSDBSP) foi reeleito como vice-presidente para um mandato de dois anos.

ACONTECE NO SETOR Marcos Antônio Pereira é advogado, mestre em Direito Constitucional, professor, autor jurídico e atual 1º Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Ex-ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Presidente Nacional do Partido Republicanos, Marcos Pereira é capixaba e foi eleito deputado federal por São Paulo em 2018. Vitor Lippi é médico, foi Secretário da Saúde, prefeito da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, Presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba e exerce seu segundo mandato como deputado federal. Além de relator da Subcomissão Especial de Tecnologia 5G no Brasil, integra a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). 39


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