Comunicare 210 - Gastronomia

Page 1

CURITIBA, SETEMBRO DE 2012 - ANO 16 - NÚMERO 210 - 4º PERÍODO DE JORNALISMO NOTURNO DA PUCPR GERAL

Mercado Municipal destaca-se pela diversidade Página 7

MÍDIA

Jornalismo Gastronômico atrai novos profissionais Página 11

SUSTENTABILIDADE

Orgânicos viram tendência em Curitiba

Página 8

TURISMO

Consumidores elegem destinos gastronômicos

Página 13


02

opinião

Curitiba, Setembro de 2012

GASTRONOMIA DAS ENTRANHAS CURITIBANAS

Aromas para todas as bocas

Curitiba afirma-se como polo gastronômico por meio de investimentos diversos que corroboram o crescimento do setor Sem pois, pois: Curitiba é forte em gastronomia. Vejam vocês: restaurantes segmentados e típicos; os fast food, enlatados gringos que tanto apetecem o povo com pressa. Feiras livres exalam cheirinho de fome repentina. Aromas para todas as bocas. Engana-se aquele crente na gastronomia curitibana centralizada nas veredas de Santa Felicidade. O gosto por comer, e comer bem, incentiva a evidente pluralidade do comércio alimentício em cada cantinho da capital. Eis o ponto explorado em “O convite gastronômico dos curitibanos”. A matéria personifica em determinados estabelecimentos os paladares dos seres viventes nessa

parte fria do planeta, turistas em sua própria cidade. Quiçá a Copa do Mundo, evento que, daqui menos de dois anos, Curitiba espera no papel de cidade-sede, agita o cenário gastronômico. Perspectivas de investimentos, que objetivam fortalecer pontos turísticos da capital paranaense como polos gastronômicos, são revelados em “Copa do Mundo impulsiona turismo”. Desde os restaurantes já conceituados a antros do bom paladar ocultos em segredo por pequenos estabelecimentos, cantinhos escondidos em vielas da cidade, são representantes em potencial de sabores curitibanos. Aromas para todas as bocas,

inclusive aquelas regidas não apenas pelo gosto pessoal como por ideologia. Personagens de “O mundo é dos vegetarianos”, matéria de Comportamento, debatem a posição de vegans como um meio de preservar os animais, assim como o próprio bem-estar. Curitiba, conhecida como a “capital do hambuerguer de soja”, possui redes de restaurantes exclusivamente vegetarianos. Mesmo a comunicação cresce em função da gastronomia. “Tempero fino da imprensa” apresenta, na editoria Mídia, um novo nicho aberto aos profissionais de comunicação, propiciado pela abertura dos veículos e investimentos dos empreendedores alimentícios em

comunicação. Desde a seção gastronômica aberta ao jornalista no suplemento diário, passando pelo minucioso trabalho visual do publicitário, à organização de eventos sob a responsabilidade do profissional de relações públicas. Cocares para todas as tribos. Do Abranches à Caximba, sofisticação e baixa gastronomia misturam-se e impregnam a terra dos pinheirais com cheirinho de almoço dominical em casa de vó. O curitibano que gosta de comer bem viaja sua cidade. Que Curitiba viaja? Esta que fisga-o pelo estômago. Sirva-se. Renan Machado

FACES DA NOITE CURITIBANA VÃO ALÉM DO CENTRO DA CIDADE

Jornalismo é feito de pluralidade

É muito difícil fugir do lugar comum quando falamos da cidade onde vivemos. Criar um jornal inteiro sobre como Curitiba e curitibanos se comportam durante a noite é, no mínimo, arriscado. Confesso que fiquei apreensiva com a proposta. Ainda mais considerando a pouca vida póssol que Curitiba tradicionalmente oferece, se comparada a outras capitais brasileiras. Para compensar, a edição do Comunicare analisada por mim trouxe boas surpresas. A matéria “Empreendedores lucram com alimentação”, sobre as famosas barraquinhas de cachorro-quente da capital, misturou diversão, dados – os quais nem imaginava que existiam – e perspectivas. Isso sem considerar as dicas para quem busca abrir seu próprio negócio. Destaco também as reportagens da editoria de Cultura e as duas que tratam do transporte noturno na capital paranaense: “Usuários do transporte madrugueiro da capital pedem mais segurança” e “Assaltos a taxistas aumentam à noite”.

Os editores não deveriam ter esquecido a existência do homônimo programa paulista - policialesco e sensacionalista – à manchete da edição: “Cidade alerta”. Impossível não relacionar os dois. Opção errada para a proposta do jornal. A equipe do Comunicare também falhou ao ouvir e dar destaque em excesso a fontes oficiais. Inclusive destaco a incômoda presença do nome de uma das secretarias municipais na gravata da matéria “Evento promove encontros noturnos”. Semelhante aconteceu na reportagem “Câmeras ajudam na EXPEDIENTE

segurança da cidade”. Se o governo municipal investiu uma quantia considerável em segurança através de câmeras, uma saída seria utilizar no chapéu “Curitiba investe R$ 8 milhões em videomonitoramento”. Evita-se assim que a reportagem pareça uma propaganda da prefeitura. Na matéria “As diferentes faces da Curitiba noturna”, apesar do inspirado e belo primeiro parágrafo – que não funciona como lead, mas prende o leitor em publicações mais atemporais –, a imagem do bar quase vazio não comprova a gravata da matéria “Movimento à noite mostra

Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Coordenador do Curso de Jornalismo Julius Nunes

Edição nº 210 | Setembro/2012

Jornalista Responsável Cícero Lira - DRT 1681

PUCPR Rua Imaculada Conceição 1.155, Prado Velho - Curitiba/PR www.pucpr.br Reitor Clemente Ivo Juliatto Decana da Escola de Comunicação e Artes Eliane C. Francisco Maffezzolli

Coord. de Projeto Gráfico Alessandro Foggiatto Editor-chefe Guilherme Zuchetti Editor de arte Felipe Raicoski Capa Felipe Raicoski

que frieza do curitibano é mito”. Muito pelo contrário. Senti falta de uma abordagem além da Curitiba-classe-média que conhecemos. Uma matéria de como ficam os bairros mais afastados à noite, que possuem verdadeiros centros muito além da Rua XV de Novembro, cairia muito bem na edição. Talita Boros é jornalista formada pela PUCPR. Chefe de redação da revista Ideias e correspondente do UOL em Curitiba

FALA, PROFESSOR

“O Comunicare é um sinal da força dos impressos. Xô, para a crise. O texto escrito, democrático, hierarquizado com inteligência, tem poder de mobilizar e pôr o mundo para funcionar”. José Carlos Fernandes, Professor da PUCPR

FALA, ALUNA

“ O Comunicare é um espaço onde o aluno pode praticar o que lhe é ensinado em sala”. Bruna Kurth, 2º período de Jornalismo da PUCPR

NOSSA CAPA Editorias Comportamento: Rafaela Gabardo Cultura: Raíssa Melo Economia: Diego Laska Educação: Shaiene Ramão Entrevista: Luize Souza Esporte: Rogério Ferreira Geral: Daniela Hendler Mídia: Renan Machado Opinião: Renan Machado Saúde: Shaiene Ramão Sustentabilidade: Luize Souza Tecnologia: Mariana D´Alberto Turismo: Rodrigo de Lorenzi

CURITIBA, SETEMBRO DE 2012 - ANO 16 - NÚMERO 210 - 4º PERÍODO DE JORNALISMO NOTURNO DA PUCPR GERAL

Mercado Municipal destaca-se pela diversidade Página 7

MÍDIA

Jornalismo Gastronômico atrai novos profissionais Página 11

SUSTENTABILIDADE

Orgânicos viram tendência em Curitiba

Página 8

TURISMO

Consumidores elegem destinos gastronômicos

Página 13

“A ideia é apresentar a diversidade de alimentos da mesa do brasileiro”. Felipe Raicoski


entrevista

03

Curitiba, Setembro de 2012

HISTÓRIA DOS POVOS SE CONFUNDE COM SEUS HÁBITOS ALIMENTARES

História de hoje: gastronomia

Mais do que um ato inerente à sobrevivência, a alimentação caminha junto com história humana marcando hábitos e definindo costumes. No país, a culinária é resultado de uma grande mistura de tradições. Os ingredientes da gastronomia brasileira foram introduzidos por diferentes culturas que compõem o cenário desta terra. Por isso, cada região passou a ter sua peculiaridade gastronômica formada de acordo com aspectos geográficos e históricos. No sul, em especial, há forte referência das cozinhas italiana, alemã, portuguesa e espanhola. Em entrevista para o jornal Comunicare, Ana Paula Nadalini, professora do curso de Tecnologia em Gastronomia da PUCPR explica a relação entre a gastronomia e a construção de hábitos em uma cultura. Comunicare: O que é gastronomia? Ana Paula Nadalini: É muito difícil definir gastronomia em poucas palavras visto que temos uma bibliografia extensa sobre isso. Se pensarmos na etimologia da palavra, “gastro” significa estômago ou sistema digestivo e “nomia” significa uma série de normas. Isso nos leva à essência da nossa atividade, pois um profissional desse ramo trabalha com uma série de técnicas para transformar o alimento algo prazeroso, nutritivo e atrativo para o consumidor. Esse trabalho envolve o alimento, o comensal (aquele que come) e o meio em que essa interação ocorre. Comunicare: Como surgiu a gastronomia no mundo?

Foto: Liris Weinhardt

Professora Ana Paula Nadalini explica como a alimentação interfere na cultura de uma sociedade

Ana Paula aposta em Curitiba como um reduto para os profissionais do ramo

Ana Paula: A gastronomia nasce junto com o homem e suas primeiras necessidades fisiológicas. Podemos aplicar isso tanto à história da humanidade quanto à história de um indivíduo. Quando os primeiros homens das cavernas se reuniam para se alimentar de um animal, eles já estavam praticando a gastronomia. Da mesma forma, podemos considerar que o bebê, quando divide afeto com sua mãe durante a amamentação, também está inserido na gastronomia. Seguindo mais adiante na história, podemos mencionar a alimentação dos gregos e romanos em seus banquetes e simpósios. Podemos citar futuramente figuras marcantes como Catarina de Medici e seu exército de cozinheiros, Luis XIV e os banquetes da corte, Vatel, Carême, Escoffier, Pellegrino Artusi, Paul Bo-

cuse, Ferran Adriá, Alex Atala e tantos outros chefs famosos cujo trabalho foi de suma importância para o desenvolvimento da gastronomia. A gastronomia que não tem data de nascimento, mas tem uma papel crucial na vida de todo ser humano.

“A gastronomia acompanha os caminhos que a humanidade trilha” Comunicare: Que relação podemos fazer entre alimentação e o desenvolvimento da humanidade?

Ana Paula: A alimentação está diretamente ligada à cultura de um povo. A gastronomia sempre acompanha os caminhos que a humanidade trilha. O mundo moderno, com falta de tempo o e o trabalho excessivo mostra dois tipos de alimentação contraditórios: uma alimentação rápida, centrada na facilidade, nos lanches e na alimentação pouco saudável, ao mesmo tempo em que há uma valorização de uma dieta saudável, de produtos orgânicos e “receitas da avó”. Comunicare: O que a alimentação pode dizer sobre a cultura de um povo? Ana Paula: A alimentação, assim como dança, música, literatura, os modos de vestir e de pensar fazem parte da cultura de um povo. Brillat-Savarin, um renomado gastrônomo francês do século XVIII falou em seu livro

Da caça ao fast-food

Veja abaixo uma linha do tempo com as principais mudanças na alimentação ao longo da história

A Fisiologia do Gosto: “Dize-me como que comes e te direi quem és”. Comunicare: Como podemos descrever a posição da gastronomia no mundo contemporâneo? Ana Paula: Com a globalização, temos fácil acesso a produtos do mundo todo. Ao mesmo tempo há uma valorização cada vez maior dos produtos e receituário local, principalmente com o movimento do slow food. Comunicare: Como podemos definir a gastronomia no Brasil? Ana Paula: Mais uma vez, a gastronomia brasileira nasce junto com a identidade brasileira. E podemos definir a gastronomia brasileira com uma única palavra: diversidade. Comunicare: E quais as características do cenário curitibano? Ana Paula: Curitiba tem seus estabelecimentos históricos de gastronomia, como o Bar Palácio, Confeitaria das Famílias e Padaria América. Falando apenas de três estabelecimentos, falamos da diversidade de nossa cidade com influência das imigrações e dos produtos. Esta é uma cidade que está em franca expansão nesse ramo. Está se tornando cada vez mais hospitaleira, turística e voltada aos negócios. Por isso, é preciso bons profissionais para suprir essa demanda de um mercado cheio de inovações.

Juliana Oshima Liris Weinhardt Luize Souza


04

economia

Curitiba, Setembro de 2012

ALIMENTAÇÃO COMPROMETE 10% DA RENDA DOS ESTUDANTES

Gastos de alunos superam cem reais por mês Estudantes de ensino superior dizem não ter muita opção para economizar com lanches Os gastos dentro das instituições de ensino superior são maiores que o previsto, em média essas despesas chegam a comprometer 21% do orçamento familiar, o que inclui alimentação, transporte, livros e serviços de cópias. Desses gastos, a alimentação é um dos maiores vilões entre os estudantes. Um aluno que se alimenta todos os dias fora de casa, gasta em média R$105,00 e R$130,00 por mês. Segundo a Economista Eliane Otília Brandão, se for considerado o salário mínimo do Paraná, a alimentação compromete aproximadamente 10% da renda, já analisando o salário de um estagiário que trabalha quatro horas, e receba uma bolsa de aproximadamente 400 reais, gastando seis reais por dia, ele terá uma despesa equivalente a cerca de 40% da renda mensal. Esse é o caso de Patrícia dos

Santos Valente, estudante de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. Ela gasta diariamente seis reais e ganha pouco mais de um salário mínimo. A aluna relata que já chegou a desembolsar R$ 200,00 em um mês, com alimentação na instituição onde estuda. “Não temos muita escolha, por ter apenas uma cantina dentro da faculdade, não há concorrência de preços, e os alimentos custam mais”, diz. No caso de Alexandre Lima, estudante de Engenharia Civil da PUCPR, não é diferente, os custos com alimentação variam entre cinco e oito reais por dia. O aluno comenta que procura reduzir os gastos, mas que há muita saída. “Procuro economizar buscando qualidade por menos preço, mas, ainda a economia é pouca, variando apenas alguns centavos, muitas vezes a solução é deixar o requisito da qualidade

para trás e partir para outras opções, onde o custo reduz significativamente”, conclui. Já a estudante de Administração, Grazielly Aparecida Mendes, procura economizar quando o assunto é alimentação. A jovem comenta que prefere comer antes

“Não temos muita escolha, por ter apenas uma cantina” de sair de casa, pois comer fora não é barato e não tem boa qualidade. “São raras as vezes que compro alguma coisa para comer na faculdade, além dos alimentos terem um tamanho menor deveria ser mais barato”, aponta.

De acordo com a economista Eliane, normalmente no valor do lanche na cantina está incluso os gastos da matéria prima, concessão do ponto, o salário dos funcionários e o lucro do empresário. “Optar por lanches comprados no supermercado pode ser bem mais barato e econômico, a compra do

supermercado é feita em grande quantidade o que dá diferença do preço final, além da maior concorrência que também influência nos preços”, conclui.

Aline dos Santos Valkiu

PESSOALMENTE, POR TELEFONE E VIA INTERNET O CONSUMIDOR INOVA PARA GASTAR MENOS

Curitibanos podem economizar na compra de alimentos diz. Sobre a relação de preços e sua economia em relação ao supermercado comum, Joice afirma que a diferença é grande. “Aqui, diferente do supermercado, os produtos são mais baratos, inclusive consigo negociar diretamente com o produtor um preço mais baixo ainda”, salienta. O Mercado Regional Cajuru, está localizado perto do Terminal do Capão da Imbuia, a uma quadra e meia de distância do antigo varejão, que se transformou na Rua da Cidadania do Cajuru. O antigo local foi o primeiro varejão da cidade, criado na década de 80. Atualmente existem no local 40 permissionários que vendem desde hortifrutigranjeiros até produtos de mercearia japonesa. Segundo Luis Mikosz, chefe responsável pelos varejões, haverá em breve uma nova licitação para ocupação das duas últimas unidades disponíveis no local, uma banca de hortifruti e

um box destinado ao comércio de massas. O responsável diz que não há limite de renda para fazer compras nas unidades. “Qualquer pessoa pode comprar nos varejões, não precisa de carteirinha ou cadastro”, ressalta. O sistema é diferente do praticado no Armazém da Família, outro projeto da Prefeitura, onde produtos são vendidos a preço de custo para famílias com renda de até R$ 1395,00. Disque Economia Criado em 1994, o Disque Economia tem por função informar a população curitibana diariamente o preço de 302 itens em 16 supermercados da cidade. De acordo com Henry Paulo Lira, Coordenador do projeto, os preços estão disponíveis pelo telefone 3262-6564, a partir das 14h30 e a partir das 16h no portal

Para mostrar a diferença de preços entre os produtos o Comunicare, pesquisou quatro itens importantes no dia 17/08: Pão Francês, Café Almofada, Feijão Preto Tipo 1 e Arroz Branco Tipo 1.

Crédito: Felipe Raicoski

Com o objetivo de melhorar a qualidade da alimentação do cidadão curitibano, sem pesar o orçamento doméstico, foram criados pela Prefeitura o Varejão Capão Raso e o Varejão Capão da Imbuia, que depois se transformaram, em abril deste ano, no Mercado Regional Cajuru. No Varejão Capão Raso, que fica ao lado terminal de ônibus do bairro, são 17 lojas que comercializam frutas, verduras, ovos, artesanato, flores e conservas. No local há comerciantes e produtores rurais, que oferecem preços mais atraentes. Para a consumidora Joice Priscila, que faz compras há 14 anos no varejão, a estrutura é muito importante. “O varejão está num lugar estratégico, pois está perto do terminal e com isso não preciso pagar outra passagem. Além de fazer as compras, tenho a disposição muitos outros serviços em um só ambiente”,

da prefeitura (http://www.disqueeconomia.curitiba.pr.gov.br).O projeto tem, em média, 300 consultas por mês via telefone e 2000 consultas via internet.

Diego Fernando Laska


educação

05

Curitiba, Setembro de 2012

UMA PROFISSÃO EM ALTA

Gastronomia vem conquistando o mercado de trabalho Com o crescimento da procura pelo curso de gastronomia, escolas estão aperfeiçoando a grade curricular - Especializar-se em confeitaria, preparando pratos decorados doces e salgados; - Prestar assessoria e consultoria para restaurantes novos ou já em funcionamento; - Vistoriar cozinhas industriais e restaurantes para verificar o cumprimento das regras de segurança alimentar; - Criar pratos novos e - Administrar todo o funcionamento de um restaurante.

Foto: Shaiene Ramão

Foto:Shaiene Ramão

A gastronomia é uma área que está em alta, o mercado é crescente principalmente com a instalação de hotéis e resorts de luxo que têm abastecido o mercado com boas e promissoras vagas de trabalho. Para ter a técnica de preparar alimentos e bebidas e gerir restaurantes é necessária uma boa formação, com isso muitos interessados na área procuram se capacitar para se profissionalizar na área. Com essa visão de mercado, hoje muitas instituições de ensino superior e médio estão adaptando sua grade curricular e acrescentando a gastronomia, pois é uma área que está crescendo e se destacando, a prefeitura já implantou o curso em três escolas do estado, nas chamadas CMEI - Centro Municipal de Educação Infantil. Não se pode negar que a gastronomia vai além de uma comida boa, tem que ser de acordo com a região e o perfil dos fregueses, esses que buscam variedade, qualidade, inovação e sofisticação dos pratos oferecidos. De acordo com Bianca Leticia Demarchi, assistente do curso de gastronomia do Centro Europeu, a cada semestre o número de procura está crescendo, e são variados os perfis desde pessoas que procuram redirecionamento de carreira, profissionais já atuantes no mercado que buscam atualização e uma formação em gastronomia, estudantes, donas

Comtemplando a gastronomia Jovem estudando gastronomia

de casa e pessoas que pretendem ingressar no mercado de gastronomia e tornar esta sua profissão. Bianca declara que para adentrar na atividade gastronômica, o mercado busca profissionais com bom conhecimento técnico, vocacionado para atividade da gastronomia e, se possível com alguma experiência obtida em programas de estágios, para a partir daí, iniciar seu encarreiramento profissional, demonstrando seu preparo e capacitação para ascender na carreira. O mundo gastronômico está sendo mais apreciado e visível para as pessoas com a ajuda da mídia, principalmente da internet, que vai ao alcance de todos, muitas pessoas postam receitas, vídeos com dicas e isso vai fazendo crescer a vontade, curiosidade

e o estimulo a essa atividade. Grade Curricular Na maioria das instituições se segue um padrão, no caso do Centro Europeu é um curso com duração de um ano letivo, com aulas de segunda a quinta-feira, essencialmente prático (70% de aulas práticas e 30% de teóricas). Possui carga horária regular de 592 horas distribuídas em disciplinas que abrangem desde a parte de gestão, onde os alunos tomam conhecimento de como montar cardápios, os custos envolvidos no dia a dia de uma cozinha, seu planejamento físico, fichas técnicas, controladoria, gestão de pessoas entre outros temas relacionados à gestão, além de conteúdos práticos que englobam todo o conhecimento de preparos, desde o ensino de técnicas de mise en place (cortes de legumes, carnes, aves e peixes) passando pelas cozinhas clássicas francesas, Italiana, cozinha contemporânea, criativa e cozinha de vanguarda. Apos o período de aulas regulares, são oferecidos programas de estágio em redes hoteleiras e restaurantes, com duração média de 460 horas. Funções do Gastrônomo

Livro da autora Maria Leonor Leal

- Elaborar e preparar cardápios sofisticados de acordo com a cozinha comandada;

A descoberta de uma nova receita culinária é mais importante para a humanidade do que a descoberta de uma nova estrela.”Brillat-Savarin, escritor e advogado francês. “Depois de fazer uma boa

refeição, somos capazes de perdoar a todos, mesmo aos nossos parentes.”Oscar Wilde, escritor Irlandês. Como as outras profissões a gastronomia é muito importante e bem aceita, mas ainda precisa de mais reconhecimento e investimento de órgãos públicos e instituições de ensino superiores, de acordo com dados das escolas de gastronomia, o número de desistencia é de 3 % de 10%, isso quer dizer que a desistencia é miníma e os “aprendizes” estão realmente interessados em se formar, receber conhecimento para se transformar em grandes chefes de cozinha e serem reconhecidos, por seus belos pratos.

Kauanna Batista Ferreira

Onde encontrar Cursos Superiores Espaço Gourmet (41) 3019-0437 - espacogourmetgastronomia.com.br Centro Europeu (41) 3222-6669 - centroeuropeu.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná academico.saudeebiociencias@pucpr.br Universidade Positivo (41) 3317-3000 - up.com.br

Técnicos SESC Paraná (41) 3304 2266 - sescpr.com.br Colégio Estadual Julia Wanderley (41) 3242-2512 - ctajuliawanderley.seed.pr.gov.br Colégio Paulo Leminski (41) 3366-6373 Colégio Pinheiro do Paraná (41) 3364-6581 - infopinheiro.wordpress.com/


06

saúde

Curitiba, Setembro de 2012

PADRÃO DE BELEZA TRAZ PROBLEMAS E DISTORCE A IMAGEM QUE O PACIENTE TEM DO PRÓPRIO CORPO

Transtorno Alimentar: o drama da busca pela perfeição

Foto: Kauanna Batista

Que menina nunca se olhou no espelho e desejou mudar algo em seu corpo? E quem nunca pensou em fazer um regime para acabar com aquelas “gordurinhas” indesejadas? Segundo uma pesquisa feita pela empresa Sophia Mind e divulgada no ano passado pela Fundação Onodera, 92% das mulheres estão insatisfeitas com o próprio corpo. Isso porque, o padrão de beleza estipulado pelos concursos, pela televisão e pelo mundo fashion são bem diferentes da realidade da maioria das mulheres. Graças a essa busca excessiva pelo corpo perfeito, muitas mulheres fazem loucuras para ter o corpo parecido com o daquela atriz famosa ou daquela modelo de sucesso. Por isso, os Transtornos Alimentares (TA) têm crescido rapidamente, principalmente entre mulheres com idade entre 18 e 40 anos. Os TA, como são chamados pelos especialistas, são comportamentos alimentares que causam prejuízo à saúde e que são portas de entrada para doenças mais graves, que podem levar à morte. A jovem Ana Mendes, de 20 anos hoje leva uma vida saudável, mas conta que viu a morte de perto quando tinha 18 anos. Por causa de uma depressão profunda, a jovem sofreu de Bulimia, um dos transtornos mais comuns entre as meninas de sua idade, que consiste na alimentação compulsiva, seguida de vômito auto induzido ou o uso de medicamentos. Ela conta que comia o dia todo e que depois, tomava laxante para não se sentir culpada. “Eu nunca vomitava, só tomava laxante. Eu sabia que o que eu estava fazendo era ruim pra mim, mas eu não queria engordar ao mesmo tempo em que minha depressão me fazia comer demais.” Mendes explica que a bulimia trouxe sérios prejuízos para o corpo, como desnutrição, caspa, dermatite e alergias. “Com o tempo, eu fui ficando desnutrida demais e aí meu corpo se alimentava da própria gordura para se nutrir. Por isso eu tive dermatites

Fonte: Site PsqWeb/GJ BALLONE

92% das mulheres estão insatisfeitas com o corpo e 1% das mulheres do mundo sofrem alguma doença alimentar

Características das doenças e principais causas de transtornos

Remédios usados por Ana Mendes durante o tratamento da Bulimia

e era horrível. Se alguém apertasse o meu braço, a pele ia afundando e depois ficava toda vermelha em volta e demorava pra voltar. Foi a pior época da minha vida”, ressalta. A jovem, que hoje cursa Ciências Econômicas, diz que a doença foi um atraso em sua vida. “Foi muito difícil, muito mesmo. Eu vivi um ano praticamente dentro dos hospitais. Eu tinha médico de segunda a sexta e nem podia fazer faculdade por causa dos tratamentos. Perdi um ano, mas pelo menos, ganhei uma nova vida.”, explica ela. Mendes ainda está em tratamento, mas já está com a pele e a saúde em dia. E a cura da bulimia aconteceu graças ao diagnóstico precoce. A nutricionista Débora Russo, médica que acompanha o processo de cura de Ana, explica que o tratamento dos transtornos alimentares deve ser feito por uma equipe multidisciplinar com nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, dermatologistas e outros especialistas, para que a pessoa seja tratada com eficiência desde o psicológico até o físico. Além da Bulimia, existem outros quatro transtornos que estão se tornando bem comuns entre as jovens. São eles: Anorexia, Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), Obesidade e Transtorno de Ruminação.

A anorexia é um conjunto de várias alterações de apetite e distorções na imagem corporal que afetam principalmente meninas adolescentes e adultas de classe média e média-alta, que geralmente aspiram trabalhar com profissões que ressaltam a magreza, ex-gordas e mulheres obsessivas por dietas. Segundo José Carlos Appolinário, membro do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia e do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, a anorexia geralmente tem início com a eliminação de alimentos considerados “engordantes”, como os carboidratos. As pacientes passam a apresentar certa insatisfação com os seus corpos assim como passam a se sentir obesas apesar de muitas vezes se encontrarem já magérrimas. A Dra. Russo também ressalta que a anorexia está ligada diretamente a desnutrição, pois existe uma falta total ou parcial de nutrientes. Se na Anorexia há restrição na alimentação, o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica é o contrário. Apollinário destaca que os pacientes com essa doença apresentam compulsão na alimentação, mas não utilizam de medidas extremas para frear

“Foi a pior época da minha vida”

o ganho de peso. Dessa forma, o TCAP é um dos principais causadores da Obesidade, que é o excesso de gordura corporal. “A obesidade geralmente predispõe o paciente à hipertensão, ao diabetes tipo 2 (não dependente de insulina), ao câncer, às dislipidemias (alteração do colesterol e triglicerídeos), esteatose hepática , entre outras”, explica a nutricionista. Já o Transtorno de Ruminação consiste na “remastigação” ou na regurgitação dos alimentos. Existem também outros transtornos alimentares que são poucos conhecidos pela sociedade. São eles: Síndrome do Gourmet, Alotriofagia, Transtorno Alimentar Noturno e a Síndrome de Prader-Willy. A Síndrome do Gourmet é um transtorno que faz com que as pessoas criem uma preocupação exagerada com a compra, produção ou ingestão de pratos diferentes, especiais, exóticos ou da alta gastronomia. Segundos os médicos, essa síndrome pode ser causada por alterações do lado direito do cérebro, como tumores, derrames, traumas, etc. De acordo com o site PsiqWeb, as pessoas com Alotriofagia se sentem impulsionadas a ingerir sustâncias não comestíveis: sabonete, argila, gesso, casquinhas de pintura, alumínio, cera, tijolo, etc. Trata-se de uma condição rara onde existe apetite por coisas ou substâncias não alimentares, como por exemplo, terra, moedas, carvão, sabonete, giz, tecido, ou uma vontade anor-

mal de ingerir produtos considerados ingredientes de alimentos, como diferentes tipos de farinha, batatas cruas, milho, mandioca. E, para diagnosticá-lo, a pessoa precisa persistir com esses sintomas por pelo menos um mês. O Transtorno Alimentar Noturno atinge entre 1% e 3% da população e é comum em pessoas que geralmente não se alimentam direito durante o dia ou trocam o dia pela noite. É o famoso hábito que acordar a noite para comer. “Os pacientes com Síndrome do Comer Noturno geralmente comem mais de 55% das calorias totais de um dia entre 8h e 6h da manhã. Eles podem acordar várias vezes durante a noite só para comer e, concomitantemente, apresentam uma piora do humor durante a noite.”, segundo GL Ballone, do site PsiqWeb. As crianças também são afetadas por transtornos alimentares. Um deles é a Síndrome de Prader-Willy que é um problema congênito associado a algum tipo de retardo mental. O portador da síndrome geralmente come em excesso e acaba morrendo por problemas relacionados ao excesso de comida e gorduras. De uma maneira geral, os Transtornos Alimentares são problemas graves que podem dar entrada a outras doenças mais graves e consequentemente, levar o paciente à morte. O diagnóstico precoce é o primeiro passo para a cura. Shaiene Ramão


geral

07

Curitiba, Setembro de 2012

O QUE FAZ O MERCADO MUNICIPAL SER TÃO CONHECIDO

Variedade de produtos atrai o público O Mercado Municipal de Curitiba existe desde 1820, mas só em 1956 foram incorporadas novas características que permitiram a esse mercado se diferenciar. Primeiramente instalado no Largo da Cadeia, atual Praça Generoso Marques, também esteve pouco tempo no bairro do Batel até se estabelecer no local em que fica hoje. Passou – e continua passando – por reformas e ampliações, a última e mais relevante delas foi em 2008, com a inauguração da nova ala de Orgânicos. A próxima ambição é a construção de um estacionamento com cerca de 500 vagas. As histórias dentro da História Vencedor do prêmio “Melhor Sabor Popular de Curitiba em 2011” pelo site Gourmet, o “Prato Feito do Box do Eliseu”, custa

cerca de R$11,00 e faz grande sucesso com a clientela do Mercado Municipal. Eliseu Marcio, proprietário do restaurante, herdou o box da sua falecida mãe, que cuidou do local de 1976 a 1986. “Trabalho com isso há 26 anos e gosto do que faço. Aqui você encontra de tudo, e com muita qualidade. O pessoal só reclama da falta de estacionamento, mas logo isso deve ser resolvido”, salienta. Outra questão levantada por Eduardo Sanson, também comerciante do Mercado Municipal, é o horário de funcionamento do local. Todos os dias (exceto nas segundas-feiras e aos domingos, em que o comércio fecha mais cedo), o estabelecimento encerra as atividades às 18h. “Nós sabemos que muitas crianças saem da escola mais tarde, ou que os pais só conseguem um horário de descanso a partir das 19h, então pen-

so que seria legal ficar aberto por mais umas horinhas”, explica. História que se confunde com a do Mercado Municipal é a de Osvaldo Cardoso Vieira. Vindo do interior de São Paulo, Vieira comanda uma banca de frutas, verduras e grãos. Trabalhando no local há 54 anos, ele é um dos fundadores vivos do mercado. “O Mercado Municipal é muito bom, a clientela é muito fiel e gosto da amizade entre os vendedores”. Diversidade

Foto: Daniela Hendler

História da cidade, produtos exóticos, bom atendimento e serviços com qualidade são os principais destaques

Com várias opções de produtos e serviços, que envolvem desde uma ala especial de orgânicos até açougue, armazéns, tabacarias, cabeleireiro e artesanato, o local atrai visitantes tanto de Curitiba quanto de outros estados. É o caso da Larissa Ângela Oliveira, de Uberlândia. A estudante de 18 anos mora em Curiti-

O primeiro Mercado no Brasil com espaço exclusivo para Orgânicos

ba há três anos e visita o Mercado Municipal quase todo fim de semana. “Gosto da comida, de ver pessoas de todos os tipos, do bom atendimento. Acho que se você quer levar uma vida mais saudável e gastar pouco, o Mercado Municipal é uma boa escolha”.

Serviço: O Mercado Municipal fica na Avenida Sete de Setembro, 1865. Funciona segunda, das 7h às 14h, de terça a sábado, das 7h às 18h e domingo, das 7h às 13h. Daniela Hendler

NO CENTRO DA CIDADE, ALMOÇO CUSTA R$1,00 E TEM CARDÁPIO VARIADO TODOS OS DIAS

Restaurante Popular Matriz serve cerca de 2 mil refeições por dia las, faculdades e lojas ao redor, estudantes e jovens comparecem em grande número. O mesmo acontece com moradores de rua e idosos – sendo que vários deles vêm para o centro da cidade especialmente para o almoço. Esse é o caso de Olíbio Santos, 78 anos, e Irineu Giongo, de 80 anos. Os dois se conheceram na fila do Restaurante e são amigos até hoje. Santos mora em Rio Bonito, na Fazenda Rio Grande e Giongo no bairro São Braz. Ambos vêm de ônibus para o centro, quase que diariamente para aproveitar a refeição. Dependendo do dia, eles gastam mais de meia hora nas filas para comprar as fichas e entrar no Restaurante. “Vale a pena, é muito barato... E por um real, a gente tem que dizer que a comida é boa”, comenta Santos. Giongo completa, “têm restaurantes aqui perto que são melhores, mas daí o preço é ‘melhor’ também. Não dá para

almoçar em lugares caros todos os dias”, destaca. Os problemas Há duas semanas, a FAS (Fundação de Ação Social) encaminha para o Restaurante Popular Matriz dois funcionários para acompanhar as filas, numa espécie de vigia. Segundo eles, o problema que mais acontece são os moradores de rua ameaçando e pedindo esmola enquanto as pessoas esperam para comprar suas fichas. “Não podemos obrigá-los a não pedir esmola, dá dinheiro quem quer, mas se começarem a ameaçar, tomamos alguma providência”, ressalta o fiscal. Outro problema citado por eles são os ‘cambistas’, “só é permitido comprar uma ficha por pessoa, mas ou eles vendem a deles, ou fazem algum esquema”. Pessoas furando filas ou não

Foto: Daniela Hendler

Inaugurado em 2007, o Restaurante Popular de Curitiba é uma opção para refeições balanceadas e baratas. Atualmente com três unidades na cidade, sendo a maior delas a Rua da Cidadania Matriz, na Praça Rui Barbosa, o Restaurante Popular é responsável por servir 2 mil refeições diárias. As outras duas sedes ficam nos bairros Sítio Cercado e CIC, cada uma servindo mil refeições por dia. Com um cardápio elaborado pelas nutricionistas Ação Social do Paraná, o menu varia diariamente, “mas todos os dias oferecemos arroz e feijão a vontade, acrescidos de complementos, sendo eles uma carne, uma guarnição, uma salada e uma fruta”, explica Anne Lise Kindl, que há quatro meses trabalha no Restaurante Popular Matriz. O preço de um real atrai um público variado. Por ser localizado no centro, com muitas esco-

A fila para a entrada do Restaurante Popular Matriz as 11:20h

respeitando a preferencial para idosos também são um acontecimento comum, mas os funcionários da FAS evitam se intrometer, “quando eles estão em um banco ou algo do tipo, respeitam a fila. Não entendo o porquê de não respeitarem aqui também. Mas na maioria das vezes nem as pessoas que ficam para trás reclamam, já devem estar acostumadas”.

Serviço Os Restaurantes Populares funcionam de segunda à sexta, exceto feriados, das 10:30h às 14:00h.

Daniela Hendler


08

sustentab

Curitiba, Setembro de 2012

TENDÊNCIA SUSTENTÁVEL CHEGA À MESA CURITIBANA

Uma combinação irresistível Alimentos orgânicos aliam sabor, saúde e respeito ao meio ambiente

A Assembleia Legislativa do Paraná sediou o Encontro Sul Brasileiro de Engenheiros Agrônomos – AGROSUL 2012, no mês de agosto. O evento, que teve como tema “Os agrotóxicos e o papel dos Engenheiros Agrônomos na Produção de Alimentos Seguros e Sustentabilidade Ambiental”, reuniu diversas autoridades do país que discutiram, entre outros assuntos, a presença de resíduos e contaminação de alimentos na produção orgânica. Fora da assembleia, os orgânicos viraram tendência em restaurantes, feiras e lares de Curitiba. Para o coordenador do curso de gastronomia da PUCPR, Alexandre Dhein, além do meio ambiente, os orgânicos interferem também na economia. “O primeiro impacto quem sofre é o produtor rural que terá um valor financeiro agregado a seu produto. Como ele oferece um alimento de melhor qualidade, tanto nutricional quanto de sabores, texturas e aromas, ele é o primeiro a ser beneficiado. Em segundo lugar, os consumidores diretos, a família do produtor e as pessoas que compram os seus Ê produtos. Terceiro, os cozinheiros

e chefs apresentam diferenciais em seus cardápios orgânicos para clientes cada vez mais exigentes e preocupados com a qualidade dos ingredientes em seu prato”, explica. Segundo o chef Celso Freire, coordenador do Movimento Gastronomia Responsável, que envolve diversos restaurantes de Curitiba, é possível tornar essa alternativa acessível a toda a população. “Lembro que, quando criança, em Colombo, tínhamos uma horta e tudo era orgânico. Faltam hortas nas casas das pessoas! Hoje, no mercado, os orgânicos são mais caros e isso restringe o consumo. Mas, a cada dia percebemos o aumento da procura”. Para ele, a melhor forma de garantir a uma comunidade uma dieta saudável e acessível são ações de pequeno porte que envolvam as comunidades: mais hortas e educação. Embora esteja se tornando difundida, a prática da sustentável à mesa só não é mais explorada porque, a população da cidade ainda não possui uma cultura que prioriza este tipo de alimentação. “Muitas pessoas confundem comida orgânica com a vegetariana.

O que muita gente não sabe é que as carnes fazem parte de muitos pratos orgânicos, falta informação”, explica Guilherme Wagner Oswald, chef do restaurante Orgânicos Du Chef. A combinação entre alimentação saudável e a preocupação com o meio ambiente já faz parte do cardápio do estabelecimento, que começou há um ano, apenas fornecendo refeições delivery, com o intuito de ser uma opção àqueles que desejam manter uma vida saudável por meio de uma alimentação adequada, rica em nutrientes e sem agrotóxicos. Depois de cerca de quatro meses de experiência, e o aumento de seus clientes – e também a pedido deles - o espaço do restaurante foi inaugurado. “O nosso cardápio é composto por 95% de alimentos orgânicos, que são provenientes do setor de pequenos produtores e fornecedores do Mercado Municipal de Curitiba”, conta o chef. Além de contar com os alimentos orgânicos, que sozinhos já mostram uma grande avanço para a contribuição de uma sociedade sustentável (sua produção é menos agressiva aos solos, pois, evitam sua contaminação, e ainda servem

Onde encontrar Orgânicos em Curitiba Feira Mista, orgânico e convencional - EMATER Quarta-feira - das 7h às 12h

Feira Praça do Japão Quinta-feira - das 7h às 12h

Mercado Municipal Segunda-feira das 7h às 14h Terça-feira a sábado das 7h às 18h Domingo das 7h às 13h

Feira Praça do Expedicionário Quarta-feira - das 7h às 12h

Feira Praça da Ucrânia Sábado - das 7h às 12h

Feira Jardim Botânico Sábado - das 7h às 12h

de incentivo à agricultura familiar e aos pequenos produtores), Guilherme afirma que sempre procura aproveitar ao máximo os produtos que utiliza na cozinha. Um de seus melhores exemplos é a utilização de cascas, como a da cenoura ou da abóbora, para fazer caldas. Mas para quem pensa que a comida sustentável só está acessível em restaurantes e exige técnicas aprimoradas de preparo está enganado. Além da prática de exercícios físicos e do cuidado com a saúde, Julio Vallim, assistente administrativo de uma ONG da cidade, começou a se preocupar com a relação entre sua alimentação e o planeta. Após contato com informações do Green Peace e artigos científicos, passou a adotar uma dieta rica em orgânicos. “Acompanhei por alguns anos os danos que os agrotóxicos causam ao corpo humano e ao meio ambiente. Creio que o homem não está respeitando os ciclos produtivos da natureza”, explica. Ao mesmo tempo em que seus hábitos beneficiam o planeta, sua saúde também agradece. Em uma consulta médica recente, ficou bastante impressionado com os resultados laboratoriais. A dica de receita sustentável preferida de Julio é simples e barata. “Corto a berinjela em três fatias longitudinais, adiciono molho de soja (orgânico), alho poró em finas fatias e queijo ralado. Depois, basta levar ao micro-ondas por 4 a 5 minutos. Pronto: um belo ‘bife’ de berinjela e bom apetite!”, ensina.

Ê

Foto: Liris Weinhardt

Ê

Alexandre Dhein, coordenador do


bilidade

09

Curitiba, Setembro de 2012

Dez motivos para abraçar a dieta orgânica 1 - Os produtos orgânicos possuem mais antioxidantes, que melhoram a imunidade. O seu consumo também evita problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas e tóxicas. 2 - Alimentos orgânicos são mais nutritivos. Solos ricos e balanceados com adubos naturais aumentam o poder nutritivo dos alimentos. 3 - Alimentos orgânicos são mais saborosos. A cor, o sabor e o aroma são mais intensos nos alimentos sem insumos químicos. 4 - A intensa utilização de fertilizantes durante o cultivo dos alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas. 5 - Evitar a erosão do solo. A terra se mantém fértil e produtiva devido as técnicas orgânicas tais como rotação de culturas e compostagem. 6 - Proteger a qualidade da água. Os agrotóxicos alcançam os lençóis d’água, poluindo lagos e rios. 7 - Proteção da biodiversidade. A cultura sustentável respeita o equilíbrio da natureza, preservando espécies. 8 - Ajudar os pequenos agricultores. Grande parte da produção orgânica provém de pequenos produtores que tem na terra a sua forma de sustento.

9 - Economizar energia. Diferente da agricultura convencional, o consumo orgânico dispensa os agrotóxicos e a mecanização para o trato dos canteiros.

10 - Os produtos orgânicos são certificados. A qualidade do produto orgânico é assegurada por um Selo de Certificação fornecido pelas associações de agricultura orgânica ou por órgãos certificadores independentes. Ê Ê

Benefícios da Agricultura Orgânica Preparo de Solo Adubação Controle de pragas Controle de ervas Sintomas ao Meio Ambiente

Método de Plantio Convencional Aração e gradagens intensivas Doses elevadas de adubos Químicos altamente solúveis Produtos Químicos como inseticidas e fungicidas Mato é considerado erva daninha. Controle químico com herbicidas, na maioria dos casos Poluição das águas e degradação do solo

Método de Plantio Orgânico Menor revolvimento do solo Uso de adubos orgânicos Medidas preventivas e produtos naturais Mato é considerado um aliado. Controle preventivo, manual e mecânico Preservação do solo e das fontes de água

Ê

curso de Gastronomia da PUCPR

Juliana Oshima Liris Weinhardt Luize souza


10

tecnologia

Curitiba, Setembro de 2012

A TECNOLOGIA AINDA É POUCO EXPLORADA PELOS ESTABELECIMENTOS CURITIBANOS

Tecnologia na gastronomia ainda é tímida O destaque fica por conta das redes sociais e aplicativos, que já são sucesso em outras áreas

Bares, restaurantes e lanchonetes têm feito uso da tecnologia de uma maneira inteligente e que, ao mesmo tempo, está trazendo benefícios tanto aos estabelecimentos, quanto aos clientes. Um dos exemplos, são os sites de compras coletivas. Eles funcionam para promover grandes promoções em vários estabelecimentos comerciais, atingindo o maior número de clientes possível. Muitos locais do ramo alimentício têm aderido a esse tipo de site, fazendo com que um grande número de pessoas frequentem esses locais, pagando por uma refeição mais barata. Redes sociais como Twitter e Facebook, também funcionam como uma forma de promoção dos serviços e podem, da mesma forma, oferecer promoções aos clientes. O Facebook, por exemplo, é o espaço perfeito para postagem de fotos com pratos apetitosos que incentivem a vontade de ir ao restaurante. Como qualquer capital, Curi-

tiba está fazendo parte de toda essa inovação tecnológica, mas ainda de maneira tímida, no que diz respeito à inovação como um todo. Com exceção do destaque para alguns estabelecimentos e serviços, que saem na frente. Na rede de pizzarias Pizza Hut, o cliente pode optar por fazer o delivery diretamente do site. Segundo a gerente de home service da rede em Curitiba, Patricia Forigo, os pedidos feitos pelo sistema representam 7% das vendas. Levando-se em conta que 62% da população curitibana têm internet e, outra parcela significativa possui celular com acesso à banda larga, o número ainda é baixo. A empresa curitibana CVW Soluções Tecnológicas, foi a primeira a lançar um cardápio digital em tablet no país e, segunda no mundo. O cardápio digital Sophia foi lançado há quase 2 anos e, atualmente, 3 estabelecimentos da cidade contam com o sistema. O restaurante pode baixar o cardápio direto da Apple Store ou

Google Play e solicitar a licença de uso do sistema para a empresa. Segundo Rodrigo Horst Vieira, diretor de novos negócios da empresa, 99.9% dos clientes do cardápio digital são de fora da capital paranaense, embora Vieira acredite que a cultura tradicionalista e fechada para coisas novas de Curitiba, esteja mudando. “Nos surpreendemos, podemos afirmar que 90% das pessoas que utilizaram o cardápio gostaram muito e, indicaram para algum amigo ou parente. Outro fato que nos surpreendeu foi a questão da usabilidade do sistema pelas pessoas com mais idade, a grande maioria gostou e aprovou”, afirma com entusiasmo o diretor. Da mesma forma, o chefe de cozinha e professor do Centro Europeu, Washington Silveira, confirma o ritmo lento com que Curitiba entra no mundo da tecnologia aliada à gastronomia. Para ele, a cidade está mais avançada nas indústrias alimentícias

Gastronomia X Redes Sociais Eat with me: Esta rede social proporciona uma refeição com novas pessoas. Para quem gosta de cozinhar e de festas, é possível criar um evento, definir o tipo, o local, e a companhia será garantida. FriendsEat: Comunidade que disponibiliza informações acerca de receitas, guia de restaurantes e comidas de todo o mundo. Cooklet: Comunidade online cuja finalidade é compilar o maior número de receitas culinárias, para que qualquer pessoas possa aprender de forma rápida e descomplicada. Fonte: www.ferramentasdemarketing.com

do que nos restaurantes em si. O chefe diz que as redes sociais estão trazendo a divulgação da cultura gastronômica. “Na rede, trocamos receitas, produtos e experiências. Justamente hoje, recebi imagens de uma aluna que foi a um restaurante na Noruega.

Conheci o ambiente e vi o que ela degustou por meio dos vídeos. Acho isso fantástico, porque incrementou meu conhecimento”, relata Silveira. Mariana D’Alberto El-Fazary

EM CURITIBA, NÃO HÁ DESTAQUE PARA ESTABELECIMENTOS QUE UTILIZEM A TÉCNICA

Eletrônicos e utensílios para a cozinha estão cada vez mais funcionais e modernos. Mas a comida também pode ser tecnológica. Embora a Gastronomia Molecular não seja muito difundida no Brasil, ela mostra um pouco de si aqui e ali, proporcionando experiências únicas de sabor, aroma e textura. Criada nos final dos anos 80, essa técnica estuda os fenômenos físicos e químicos que ocorrem durante o preparo dos alimentos. Já a Cozinha Molecular, se refere à nova tendência culinária que utiliza as novas ferramentas, ingredientes e métodos desenvolvidos por meio das pesquisas da Gastronomia Molecular. O cardápio sempre traz uma mistura inesperada de aromas, sabores e texturas, que podem ser, por exemplo, azeite em pó,

fusões de dois peixes ou frituras, que são preparadas a menos 196 graus. Em Curitiba, encontra-se apenas um restaurante, que pode ser classificado como de vanguarda no que diz respeito à preparação dos pratos. Manoela Buffara, chefe que comanda o restaurante Manu, não gosta de rótulos e, prefere classificar sua cozinha como “autoral”. Ela diz não gostar da palavra molecular, mas utiliza sim produtos que facilitam e transformam alguns pratos. Buffara diz que utiliza suas raízes para cozinhar e que usa técnicas para facilitar, mudar e transformar os pratos. Embora seja bastante modesta quanto ao seu lugar no mundo da gastronomia atual, a profissional tem sido classificada como uma representante da nova gera-

ção de chefes de cozinha do país. Seu restaurante utiliza técnicas da gastronomia molecular, associadas à utilização de ingredientes regionais, com base nos conceitos de slow food, que celebra o alimento de qualidade e o prazer da alimentação. Para a professora do curso de gastronomia da PUCPR, Patricia Lisboa, essa pouca expressão da Gastronomia Molecular na cidade, acontece devido ao senso crítico e alto grau de exigência do curitibano, que também são aplicados à gastronomia. Mas ela afirma que as pessoas da cidade são ao mesmo tempo curiosas e costumam pagar “sem reclamar muito”, para conhecer novas tendências. Lisboa acredita que a Cozinha Molecular veio para ficar. “As técnicas desenvolvidas, a contri-

Foto: Mariana D’Alberto El-Fazary

Gastronomia Molecular é o que há de mais inovador na alimentação

A chefe Manoela Buffara na cozinha do restaurante Manu

buição para as apresentações dos pratos, a potencialização dos sabores, a valorização das texturas e os métodos alternativos de cocção, são contribuições que não podem ser ignoradas”, afirma a professora. Mas ela não acredita em preparações exclusivas dessa área e sim, nas técnicas como forma

de agregar valor aos cardápios propostos pelos restaurantes. “A gastronomia molecular sem dúvida, fará parte do futuro, mas de forma complementar”, garante Patricia.

Mariana D’Alberto El-Fazary.


mídia

11

Curitiba, Setembro de 2012

NOVO MERCADO PARA COMUNICAÇÃO

Tempero fino da imprensa Setor ainda é pouco explorado por comunicadores pode ser bom, estruturado, mas ainda tem na comunicação um ponto essencial. Nesse contexto, as novas mídias aparecem para reafirmar esse crescimento”, diz.

Foto: Renan Machado

Água na boca

Dico Kremer, mais de 40 anos de experiência em fotografia

Fala-se em comunicar, no infinitivo, e, desde o “blogger”, provedor informal de informação, ao jornalista de ofício, ocorre a necessidade de observar tendências. A imprensa adapta-se a novos moldes, senão por iniciativa própria, por livre e espontânea pressão ocasionada pelo nascimento de novas mídias. Jornalismo gastronômico Área relativamente nova, pouco procurada pelos profissionais de comunicação. Contudo, um nicho considerado fortíssimo. Jussara Voss, formada em 1989 pela Universidade Tuiuti do Paraná, que o diga. A jornalista tem vinte anos de experiência em comunicação, no setor de assessoria de imprensa. Há quatro anos passou a desenvolver atividades voltadas ao jornalismo gastronômico. “Eu já gostava de cozinhar, sempre gostei. Quando o Jornale, meio de comunicação curitibano, foi fundado, recebi o convite para manter uma se-

ção sobre gastronomia, mas a princípio não aceitei, devido a grande demanda de informação a ser produzida”, afirma. Eis o começo. O convite instigou Jussara a dedicar-se à área. Criou um blog, com seu nome, a fim de divulgar a gastronomia em geral. O grande número de acessos fez do blog um sucesso, referência Brasil afora. Atualmente, a jornalista, além de atuar como assessora de imprensa, escreve mensalmente para a Revista Ideias. Segundo Jussara, o jornalismo gastronômico tende ao crescimento, tanto em espaços do impresso e online quanto em assessoria de imprensa. “Os meios de comunicação dedicam seções à gastronomia. A área de assessoria é pouco explorada, mas fortíssima. O restaurante

Gastronomia e publicidade andam de mãos dadas. Que o diga Dico Kremer, fotógrafo de publicidade renomado e experiente. Kremer, que na juventude cursou Direito, sem concluir o curso, tem mais de quarenta anos de fotografia. Por um bom período viveu na Europa, onde consolidou nome, como no Brasil, prestando serviço a empresas multinacionais, como a New Holland. Atualmente mantem-se no ramo com um estúdio próprio. Para ele, o ponto fundamental para o sucesso da aliança entre publicidade e gastronomia é ser capaz de provocar o apetite. “Quando se trata de gastronomia, a publicidade deve priorizar o visual. A pessoa precisa colocar os olhos sobre a imagem e imediatamente a boca encher-se d’água”. Segundo Kremer, outro recurso utilizado pelos publicitários para fisgar o cliente pelas sensações é a “enganação” vi-

sual. Inúmeras vezes, diga-se de passagem, salvo exceções, a maioria, compra-se gato por lebre em restaurantes e lanchonetes. O painel luminoso apresenta um farto prato suculento, enquanto o paladar experimenta gororoba de qualidade questionável. “Isso é recorrente. Lembro-me de um caso clássico”, diz Kremer. “Fiz um trabalho para um restaurante de comida mexicana, fotografias produzidas, pratos de alto nível. Dias depois de entregarmos as peças, um rapaz que trabalhava comigo revelou-me a farsa: ‘Dico, comi no restaurante. O enorme hambúrguer na foto parece, na realidade, uma sola de sapato’. Essa propaganda enganosa é na verdade bastante normal”, completa. Eventos “Os eventos gastronômicos começam a aparecer com maior frequência no calendário de eventos”, afirma Andressa Medeiros Vianna, no último período do curso de Relações Públicas da UFPR, que trabalha com assessoria e eventos gastronômicos desde 2010. Muito disso deve-se à comu-

nicação. “Apesar de o ‘boca-aboca’ ainda ser muito forte nesse ramo, a comunicação dirigida faz com que as informações sobre o estabelecimento cheguem muito antes no seu público alvo”, diz Andressa. De acordo com ela, diversos restaurantes contam com atendimento impecável, comida saborosa e localização privilegiada e, ainda assim, sofrem com movimento fraco devido à falta de divulgação. “A comunicação leva ao público um diferencial, uma novidade, ou até mesmo reforça a imagem do estabelecimento”, completa. Pela experiência adquirida acerca do universo gastronômico, Andressa critica o monopólio da realização de eventos nas mãos de pouquíssimos chefes e seus respectivos restaurantes. Segundo ela, as “figurinhas carimbadas” ofuscam estabelecimentos pouco conhecidos que buscam emergir no contexto gastronômico. “Curitiba está formando uma ‘panelinha da gastronomia’ e não abre espaço para quem não pertence à turma”, completa.

Blog: a popularização da gastronomia O crescimento do mercado da gastronomia no Brasil e no mundo e a facilidade que a internet garante a todos propicia o crescimento de um nicho do jornalismo gastronômico baseado especialmente nos blogs. Existem inúmeros deles sobre gastronomia que são “alimentados” por estudiosos, entre eles está o Terroir Gourmet, blog paulista sobre Alta Gastronomia e Vinhos. Indicações de restaurantes, vinhos, receitas e ingredientes que compõe os pratos refinados são o principal foco deste veiculo. Sebastian Puglia, reponsável pelo Terroir Gourmet, diz que o número de veículos sobre o assunto cresceu nos últimos tempos e que a especialização em um assunto é importante para manter a qualidade das publicações, garantindo assim um bom número de acessos. Quando se fala em formação de profissionais, ele acredita na prática como a melhor forma de aprendizado na área. “Existe uma grande oferta de cursos voltados para a gastronomia, mas poucos abordam a cobertura jornalística. A prática é sem dúvida a melhor formação”, diz Sebastian.

Felipe Raicoski Renan Machado


12

cultura

Curitiba, Setembro de 2012

ANTROPÓLOGO DIZ QUE ALIMENTOS TRAZEM EXPECTATIVAS

Simbolismo e Alimentação Comida perpassa aspectos culturais e da sociedade

Muito mais que um ato biológico, a alimentação humana é um ato social e cultural. O ato de se alimentar implica representações e imaginários, envolve escolhas, classificações e símbolos que organizam as diversas visões de mundo no tempo e no espaço. O antropólogo Roberto OMauá estabelece uma distinção entre comida e alimento, segundo qual “comida não é apenas uma substância nutritiva, mas é também um modo, um estilo e um jeito de se alimentar. Além disso, o jeito de comer define não só aquilo que é ingerido, como também aquele que o ingere”. A famosa frase “Digas o que comes e te direi quem és” pode ser transformada em “Diga o que comes e te direi de onde vens”, e indo mais longe se torna “Dizeme o que comes e te direi qual Deus adoras, sob qual latitude vives, de qual cultura nasceste e

em qual grupo social te incluis”. Para o antropólogo, as culturas gastronômicas surgem por meio de um processo histórico unindo elementos tradicionais e singulares de um povo, criando uma identidade social e cultural sujeita a constantes transformações. Além dos fatores culturais ele também destaca as crendices, o saber científico, e principalmente o imaginário humano que ronda cada refeição. “Os alimentos são carregados de expectativas, seja sorte, promessa de curar ou prevenir doenças e principalmente os valores agregados como, por exemplo, o brinde com champanhe para simbolizar sucesso.” A comida e a religiosidade A criação de regras, prescrições e proibições cercando os alimentos são comuns em quase todas as religiões. Os grandes li-

consumo de uma carne cuja criação era inviável economicamente para o grupo”, diz. Ele também argumenta que período de jejum de carne estabelecido pelos cristãos católicos é comum ao período de seca no Oriente Médio, quando muitos animais morriam e trigo está pronto para colheita. De acordo com o antropólogo, coincidências climáticas também acontecem aos períodos de jejum do Islamismo. Para a teóloga Rosângela Freire as regras alimentares estabelecidas pelos livros sagrados não são ordem prática como propõe o antropólogo, mas sim de ordem simbólica e partem de noções de santidade e integridade. “O jejum é feito

vros sagrados estabelecem tabus alimentares, orientações sobre o que, quando , quanto, e como comer. Com o objetivo de purificar ou punir. Para Mauá, os tabus religiosos em relação à alimentação seriam regras culturais criadas a partir de problemas de adaptação ecológica. Ao explicar a origem do tabu da carne de porco no judaísmo, ele afirma que a criação de suínos seria uma atividade incompatível com o nomadismo dos pastores judeus que habitavam os desertos nos tempos bíblicos. “Os porcos se alimentam diariamente, ao contrário dos animais ruminantes descritos no Velho Testamento. A proibição seria, assim, uma forma de se impedir o

“Os alimentos são carregados de expectativas”

com o intuito de purificar o corpo para receber Deus, o pão é comungado como o corpo de um Deus para seus fiéis, as religiões que não consomem carne acreditam que as vibrações do espírito no animal estão presentes no alimento”, aponta. De acordo com Rosângela todos esses rituais fazem parte de um objetivo comum a todas as religiões que é tornar o corpo o mais próximo do sagrado. Ela acredita que existem sim alguns fatos antropológicos e culturais por trás dos rituais, como a presença do pão em quase todas as religiões devido a sua facilidade do preparo e na obtenção de seus ingredientes, “Jamais coincidências podem ser mais importantes do que o valor simbólico e espiritual presente nesses alimentos,” finaliza. Raíssa Melo

NOVE EM CADA DEZ ENTREVISTADOS NÃO APOSTAM NOS PRATOS TÍPICOS DA REGIÃO. As comidas regionais não fazem parte do cotidiano dos paranaenses. De acordo com a pesquisa realizada pelo jornal Comunicare, nove em cada dez entrevistados desconhecem a culinária local e também não sabem onde encontrar. A secretaria de Estado e Turismo do Paraná informa que existem 44 festas gastronômicas ao longo do ano. E o Governo disponibiliza uma cartilha online com receitas típicas do Paraná. De norte a sul, de leste a oeste, são muitas as receitas que possuem um sabor típico do Estado. A festa do Pierogui em Araucária, festival do caranguejo em Paranaguá e diversos outros festivais gastronômicos exemplificam isso. Além das muitas receitas regionais especificadas na cartilha estadual como carneiro no buraco, charque a vapor, Barreado, Leitão a Dois vizinhos entre outros.

Mas mesmo assim a maioria dos paranaenses conhecem pouco e não encontram toda essa diversidade pela região. E a principal queixa é o difícil acesso aos pratos. É o caso do comerciante Fabiano Fogaça que mesmo conhecendo só o barreado, uma refeição típica do litoral do Estado, disse que o acesso à comida paranaense é complicado não só pela dificuldade de encontrar um restaurante que a inclui no cardápio, mas pelo preço do prato. “O meu desconhecimento da culinária paranaense não é só por ignorância, mas também por não ter acesso a um restaurante que sirva esse tipo de comida”. diz Ele ainda afirma que hoje é mais fácil desfrutar de uma comida de outro estado ou país do que do próprio Paraná. Já há advogada Cristina Langowski conhece e participa de festivais como a festa nacional do

Carneiro do buraco em Campo Mourão. Ela conta que desde menina os pais já incentivavam a conhecer bem o próprio Estado. Ela destaca uma iguaria Curitibana servida em muitos bares, a Carne de Onça e afirma ser uma das suas refeições favoritas. Mesmo assim, ela também diz também que o acesso à culinária regional é difícil. “A comida regional é uma delicia, mas achar lugares que servem é raro” conclui Cristina. O Coordenador do curso de gastronomia da PUCPR Alexandre Roberto Dhein explica que Curitiba e o Paraná estão rodeados da Culinária Regional e ela é extremamente rica por ter várias raízes étnicas que compõe o povo paranaense como Indígenas, Alemãs e Japoneses entre outras. Ele ainda conta que os restaurantes que servem esse tipo de refeição não têm tanto destaque porque eles não têm recursos para con-

Foto: João Paulo Nunes Vieira

Paranaenses não conhecem a gastronomia regional

A carne de onça é uma iguaria Curitibana

tratar ou produzir um setor que cuide do marketing da empresa “são restaurantes anunciados de boca a boca” ele ainda comenta que a hoje a população procura mais os restaurantes internacionais por achar que o cardápio é melhor e ter mais variedade assim cresce o número desses estabelecimentos facilitando a visibi-

lidade e acesso. O Governo do Paraná disponibiliza uma cartilha online gratuita que contém receitas de todo o Paraná, o endereço do site é http://www.prdagente.pr.gov.br/ arquivos/File/culinaria_ paranaense.pdf João Paulo Nunes Vieira


turismo

13

Curitiba, Setembro de 2012

INDICAÇÕES DOS PRÓPRIOS MORADORES MOSTRAM OPÇÃO DE ESCOLHA PARA QUEM VISITA A CIDADE

O caminho gastronômico dos curitibanos Em vez de guias prontos, curitibanos dizem qual o melhor programa gastronômico para levar alguém de outro estado

Para quem viaja, uma das etapas é conhecer a gastronomia do lugar. Para isso, estão disponíveis guias, livros, sites, chefes renomados indicando restaurantes, estabelecimentos badalados e pratos finos. Porém, um detalhe é deixado de lado: quem realmente sabe o que vale a pena na cidade são os próprios cidadãos que vivem nela. Curitiba vem consolidando seu cenário gastronômico. Segundo um levantamento inédito feito pelo Paraná Pesquisas, 50% dos curitibanos buscam conhecer novos restaurantes. Por outro lado, um dado importante é que 20% das pessoas definem o destino desse programa gastronômico de olho em restaurantes próximos de casa, para evitar trânsito e outras complicações. O resultado também mostrou que quase metade da população sai para jantar mensalmente, no qual 43% dela tem o jantar como um programa familiar e quase 25% fazem suas saídas gastronômicas entre amigos. As novidades estão nas ruas – muitas das quais se tornaram pontos de referência culinária –, em cursos regulares e rápidos de cozinha e em eventos populares como o Gastronomix, Empório Soho e Restaurant Week. A influência dos imigrantes asiáticos e europeus mudou os sabores da região. Os muitos restaurantes da cidade oferecem pratos inspirados em culturas diferentes: churrascos, comidas naturais, frutos do mar, pratos japoneses, italianos, suíços, espanhóis, portugueses, alemães, poloneses, árabes, franceses, chineses, indianos, mexicanos, casas de chá, pizzarias e o que mais o paladar desejar. No meio de todo esse movimento, o protagonista é o curitibano. E, para quem vem conhecer Curitiba, nada melhor do que ouvir dos moradores onde é o melhor lugar para se comer. Por isso, o Comunicare entrevistou algumas pessoas e perguntou: se você fosse receber uma pessoa de outro estado e tivesse que levá-la para comer, onde seria?

Raffaela Silvestre Porcote

Rodrigo de Lorenzi Oliveira


14

comportamento

Curitiba, Setembro de 2012

O VEGETARIANISMO CONQUISTA CADA VEZ MAIS ADEPTOS

O mundo é dos vegetarianos

Eloísa e Marcos: ele se tornou vegetariano depois dela

mundo”. Porém, ela acrescenta: “Geralmente fico na minha para não provocar polêmicas, mas se puxam assunto não hesito em defender essa ideologia que eu tanto acredito”. Eloísa disse que várias pessoas ficam curiosas quando ela conta de sua dieta. “Eu faço o possível para fazer com que a pessoa entenda um pouco mais. Afinal, é nessas situações que podem nascer novos vegetarianos”. A estudante alegou que em alguns casos, sua opção não é aceita. “Muitas pessoas são agressivas, simplesmente não aceitam nossas escolhas e tentam a todo o custo colocar argumentos sem fundamento para tentar fazer com que mudemos nossa opinião”, revela. O namorado dela decidiu acompanhar a amada depois de um tempo. “Eu comecei primeiro. Ingeria somente carne branca, comia peixes e frango. Depois, cortei também a carne branca e depois de mais ou menos um ano, o Marcos começou eliminando a carne vermelha e branca de uma só vez”. Os hábitos alimentares das famílias de Ilana não mudaram apesar da decisão da estudante. “Sempre digo a eles para não se preocuparem em fazer uma comida especial para mim, nos churrascos me contento com o que tiver, mesmo que seja só pão com tomate, ou até mesmo só pão”, brincou. Eloísa, que não

almoça com frequência em casa, garante que os familiares não precisaram se adaptar. “Minha família continua com os mesmos hábitos alimentares de sempre, a diferença é que eu não como a carne. Se necessário eu preparo alguma receita com soja. Só nas ocasiões especiais sempre há um prato diferenciado”. Uma das preocupações de quem deseja aderir ao vegetarianismo é a falta de opções e o custo desse modo de vida. Entretanto, Eloísa contesta e diz que é muito mais fácil do que as pessoas imaginam. “Praticamente todos os lugares tem uma opção vegetariana no cardápio. Em uma grande rede de fast-food, por exemplo, eles substituem o hambúrguer por anéis de cebola fritos. Em redes de cachorroquente, eles têm salsicha de soja. Sem contar os estabelecimentos específicos para vegetarianos”. Ilana afirma que depois que parou de consumir carne descobriu novos sabores e sempre encontra novos lugares com opções vegetarianas. “Curitiba é ótima nesse sentido, tem várias opções. Recebemos nas redes sociais o apelido de capital do hamburger de soja”. Tipos de vegetarianismo Existem várias formas de vegetarianismo, classificadas de acordo com o grau de restrição de alimentos. Os lacto-vegetarianos

consomem leite e derivados e não consomem ovos e geralmente tem a filosofi relacionada com, a cultura indiana. Já os vegans ou Vegetarianos Puros não consomem nenhum produto de origem animal, inclusive ovos, leite e derivados, gelatina e mel. Os ovolacto-vegetarianos consomem ovos, leite e derivados, como é o caso de Ilana e Eloísa. Ela ainda diz diz que pretende se tornar vegana e tenho avançado nesse sentido. “Ser vegana fora é mais difícil pois as opções geralmente tem queijo. Acredito que isso está mudando, estabelecimentos com opções veganas tem aparecido, mas por enquanto é complicado

socialmente”, salienta. Ambas afirmam que a alimentação vegetariana supre todas as necessidades de ferro e proteína diárias. “Na verdade quem come carne ingere mais proteínas do que precisa, consigo o necessário com as saladas”, disse Ilana. Eloísa toma suplementação a base de proteína devido apenas aos treinos na academia. “Mas isto é um tipo de suplementação que qualquer pessoa, independente de comer carne ou não poderia fazer. Há dois anos sou vegetariana e tomo suplemento há pouco tempo. Nunca fez falta”, conclui. Rafaela Gabardo

Maioria vegetariana é das classes A e B

Foto: Rafaela Gabardo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que a ingestão de carne vermelha não ultrapasse 300 gramas por semana. Algumas pessoas são ainda mais radicais com a recomendação e vetam a carne da dieta. De acordo com pesquisas do Ibope, 9% da população brasileira é vegetariana - e esse número tende a crescer. Os motivos que levam uma pessoa a seguir essa dieta são muitos. Entre os principais estão o incentivo de amigos, desejo de perder de peso, saúde, compaixão pelos animais ou religião. A estudante de psicologia Ilana Cavichiolo afirma que por meio de campanhas em redes sociais passou a conhecer e se interessar pelo vegetarianismo. “Foram três motivos pelos quais eu tomei essa decisão: pelo meio ambiente, pela minha saúde e pelos animais. O que mais pesou foi o sofrimento dispensável que causamos aos bichos”, declara. Assim como Ilana, a estudante de engenharia mecânica Eloísa Cardozo também viu no sofrimento animal um dos motivos para aderir à dieta vegetariana. “O animal é sensível, consciente como nós e sofrem”. Além disso, depois de ler e pesquisar sobre o assunto, Eloísa descobriu outras formas de degradação do meio ambiente que o consumo de carne pode causar. “A pesca predatória pode destruir ecossistemas inteiros, o processo de preparação da carne consome recursos importantíssimos como água e eletricidade que para a produção agrícola de vegetais são utilizados em menor quantidade. Para a alimentação dos animais utiliza-se grande quantidade de vegetais, que seria mais que suficiente para alimentar toda a humanidade”. É comum o indivíduo tornarse vegetariano e tentar incentivar pessoas próximas a seguir essa alimentação. Mesmo defensora da causa, Ilana não gosta de provocar discussões. “Quando eu tomei minha decisão, decidi também não ser ‘terrorista’ nem ficar tentando ‘catequizar’ todo

Foto: Arquivo

Seja por saúde, estética, religião ou questões ambientalistas, cada vez mais pessoas aderem à prática

80% do buffet é feito com ingredientes orgânicos Curitiba é uma das capitais brasileiras com mais opções para os vegetarianos. São pelo menos dez restaurantes voltados para os adeptos dessa prática. Um deles, o Restaurante Bouquet Garni, antigo Green Life, foi inaugurado há 20 anos na cidade. O proprietário Rafael André Konzem observou o crescimento da população vegetariana durante esse tempo. “As pessoas estão mais preocupadas com o que consomem. Sabem da forma agressiva com que os animais são criados, com muitos hormônios e antibióticos”, defende. De acordo com Konzem, o público ainda é seletivo, a grande maioria das classes A e B. “O consumidor mais consciente, esse com maior grau de instrução, busca alternativas. Preocupado com a saúde, eles pagam um pouco mais”, afirma. Para o empresário, a carne é uma questão cultural, e existe uma ideia equivocada de que os alimentos naturais não suprem as necessidades de ferro ou proteína animal. A maior parte da clientela do restaurante, que serve 300 refeições por dia, em média, tem mais de 40 anos, sendo 30% da terceira idade. “As pessoas começam a cuidar da alimentação quando já tem algum problema, e não para evitar. Os jovens estão preocupados com a estética, querem ter o corpo perfeito, independente do que consomem, o que pode causar danos mais tarde”, saliente. André completa; “Temos a responsabilidade de levar saúde às pessoas e a consciência do valor de se alimentar bem” Serviço Restaurante Bouquet Garni. Alameda Carlos de Carvalho, 271, esquina da Rua Visconde de Nacar . Tel: (41) 3223-8490. Funciona das 11 às 15 horas. Bufê livre, R$ 18 nos dias de semana,crianças até 6 anos R$9, R$ 23 aos sábados, domingos e feriados, crianças até 6 anos R$11,50.


esportes

15

Curitiba, Setembro de 2012

GASTRONOMIA TÍPICA CURITIBANA EXERCE PAPEL IMPORTANTE

Copa do Mundo impulsiona o turismo

A meta é que o visitante, estimulado pela gastronomia, tenha interesse de retornar a Curitiba após a Copa do Mundo de 2014 Nossa área gastronômica é muito rica”, afirma Cunha. No turismo, agregada a parques, museus, eventos, programação cultural, está a gastronomia, no conjunto que é ‘vendido’ ao visitante. Adriane Vortolin, Gerente de Turismo do Instituto Municipal de Curitiba, diz que o setor gastronômico está cada vez mais fortalecido, e o que desperta interesse na cidade é a diversidade de pratos oferecidos, sejam típicos ou representativos de outros países. Fortalecer polos gastronômicos como a Praça da Espanha, Itupava, Batel, Santa Felicidade, é outra proposta que está sendo analisada pela Prefeitura, a ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), e associações representativas. A meta é que estes polos sejam locais de visitação turística e opções a serem divulgadas aos turistas que estarão em Curitiba para os jogos

de 2014. “Apostamos no incremento do Turismo após a Copa e a gastronomia é e será um dos motivos para uma boa estada em nossa cidade”, almeja Vortolin. Culinária típica é atrativo Quem visitar Curitiba durante 2014 poderá conhecer e experimentar pratos típicos paranaenses como o Barreado, Pinhão, e a Carne de Onça, considerada uma iguaria tipicamente curitibana. No restaurante e petiscaria “Gruta da Onça”, propriedade de Edgar Polchlopek, localizado no bairro Parolin, o forte é justamente a Carne de Onça, além do Pinhão, em sua devida época. Carlos Alberto Noviski, cartunista e assessor de comunicação do estabelecimento, comenta que as metas para o futuro serão traçadas apenas em dezembro, mas adianta que caso haja um convite dos responsáveis pela

Foto: Rogério Ferreira

Há menos de dois anos para o início da Copa do Mundo de 2014 (Curitiba é uma das doze sedes), restaurantes, Secretaria de Turismo e a Comissão de Assuntos para a Copa desenvolvem projetos para que o turista, que estiver na cidade no maior evento esportivo do mundo, volte em outras oportunidades, impulsionado pela gastronomia. Segundo o Secretário de Estado para assuntos da Copa, Mário Celso Cunha, são esperados cerca de 130 mil turistas na cidade durante o evento, e mais 600 mil brasileiros (turismo interno) e o objetivo é que 25% deste contingente desenvolva a cidade turisticamente. Além dos tradicionais restaurantes italianos (Santa Felicidade), portugueses, japoneses, entre outros, a gastronomia típica de Curitiba também devem ser uma das apostas. “Oferecemos diversas opções culinárias.

Carne de onça é uma das apostas da petiscaria “Gruta da Onça”

Copa em Curitiba, para inclusão da casa em roteiros turísticos/ gastronômicos, aceitará. “Poderemos firmar parcerias, com muito prazer”, afirma. Outras opções para a Carne

de Onça são os bares Aos Democratas e Stuart. O Barreado pode ser encontrado nos restaurantes Casa di Bel e A Batataria. Rogério Ferreira

SEM ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL, AMADORES SOFREM RISCO DE LESÕES

Corrida de rua pode se tornar um problema com espaço Q u e m nunca praticou um esporte sem a c ompanhamento profissional? N o mundo do “cor po per feito” em que vivemos praticar atividades físicas é parte do dia-a-dia.

Dentre os esportes, a corrida de rua é um dos mais procurados e é o que mais exige do atleta. O que muitos não sabem é mais de 70% dos amadores sofrem alguma lesão por falta de um acompanhamento profissional, seja um educador físico ou uma nutricionista. Em busca desse mercado, assessorias de corredores de rua foram criadas visando o melhor desempenho de quem escolheu a prática. Há mais de sete anos no mercado, a Trainer Curitiba é uma das assessorias da capital paranaense. Com aproximadamente 400 alunos, ela oferece toda a infraestrutura de treinamento e acompanhamento profissional, com aulas específicas que vão desde a caminhada até as chamadas “ultramaratonas”. O educador físico Samir Cesar é corredor de rua há mais de 20 anos e integra a Seleção Brasileira de Atletismo, ele ressalta a necessidade do acompanhamen-

to. “O rico de lesões é grande, conheço muitas pessoas que já sofreram machucados e a maioria não tinha um acompanhamento de um profissional especializado, pois ser educador físico não basta para ser técnico de corrida. Alguém treinaria lutas com uma pessoa que nunca subiu ao ringue?”, questiona. O professor ressalta erros – ou precauções básicas, que não são seguidas por alguns corredores que não têm acompanhamento de um profissional. “O indivíduo não deve fazer seu treino em jejum. Carboidratos são fontes de energia e deve ser ingerido até duas horas antes do treino ou prova. Também é importante evitar novos alimentos antes das provas, é melhor fazer as adaptações durante os treinos. É algo muito individual. O que faz bem para um, não pode fazer bem para outro”. Para a nutricionista clínica e

esportiva Mariana Braga Neves, uma atividade física nunca deve ser feita em jejum e deve-se evitar digerir alimentos ricos em cafeína. “Comer carboidratos de baixo a médio índice glicêmico como maçã, pera, pêssego, morango, sucos de frutas e biscoitos integrais são recomendados”, ressalta. Após o exercício, pelo contrário, o atleta deve procurar os alimentos que possuam um alto índice de glicêmico como pães, mel, leite e arroz. A alimentação deve ser feita logo depois do percurso para evitar a perda de massa magra. Mariana ainda revela que nas competições longas, caso das corridas acima de 21 km, o peso da nutrição é dobrado. A maratona é uma atividade capaz de modificar a homeostase – ou seja, o equilíbrio fisiológico do corpo -, assim é preciso um planejamento criterioso. “Quem treina para uma prova de longa duração, pre-

cisa de uma perfeita organização das refeições pré e pós-atividade, para que seus estoques de ‘combustíveis’ sejam devidamente repostos, o que repercutirá em maior rendimento e menos chance de entrar em fadiga rapidamente. Além disso, vitaminas e minerais antioxidantes devem ser usados com maior frequência por quem quer se preparar para a maratona”.

Lucas Dziedicz


Cesta básica reflete realidade brasileira Valores Nutricionais Porção

Valor Energéico (Kcal)

Gorduras (g)

Arroz

1 xícara

225

0

Feijão

1 xícara

225

1

Açúcar

1 xícara

45

0

Café

1 colher de sopa

*

*

Sal

100ml

0

0

Óleo de Soja

1 colher de chá

120

14

Biscoito Amanteigado

15g

484,38

25

Leite Integral

100g

150

8

Produto

Valor Energético: É a energia produzida pelo nosso corpo proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras totais. Na rotulagem nutricional o valor energético é expresso em forma de quilocalorias (kcal). Gorduras Totais: As gorduras são as principais fontes de energia do corpo e ajudam na absorção das vitaminas A, D, E e K. * Não especificado/quantidade abaixo da margem mínima para contagem Fonte: http://emedix.uol.com.br

O Comunicare fez um levantamento do valor nutricional dos principais itens da cesta básica brasileira. A tabela traz informações importantes para esclarecer ao consumidor sobre as principais substâncias contidas em cada alimento, como vitaminas, minerais, açúcares, gorduras e proteínas. Determinada por lei, as informações são fundamentais para quem busca uma dieta equilibrada, dentro das necessidades diárias ideais. Os produtos contidos na seleção, formam a base da alimentação do brasileiro. De norte a sul do país, a variação do conjunto de itens muda pouco, estabelecendo um padrão do que chega à mesa do consumidor.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.