Made in Curitiba

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Foto: Rafaela Carvalho

ESPORTE: Ogrobol – Jogo criado por alunos na década de 80 continua em alta nas quadras da UFPR | Pág. 10

ECONOMIA: Empreendedorismo – Loja móvel circula pelas ruas da cidade atraindo novos consumidores | Pág. 08 SAÚDE: Apoio à Gestante - Mãe Curitibana: Programa ultrapassa 200 mil atendimentos e ampliará os serviços para todo o Estado | Pág. 13

Foto: Júlio Cezar Glodzienski

Foto: Virgínia Crema

Foto: Daphine Augustini

CURITIBA, ABRIL DE 2011 - ANO 15 - Nº 192 - 2º ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - jornalcomunicare@hotmail.com

TRANSPORTE: Referência Internacional - Curitiba exporta inovações para outros países como Chile e África do Sul | Pág. 04


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opinião

Curitiba, abril de 2011

a cidade é berço de grandes inovações, mas há pouca divulgação

Curitiba: contrastes e inovações

Quanto mais valorizarmos as boas criações curitibanas, com mais frequência elas acontecerão e mais positivos serão seus impactos Tecnologia, economia, comportamento e preocupação com o meio ambiente, são fatores que influenciam muito na vida em sociedade. Ao consumirmos esses recursos, nem sempre paramos para pensar como e onde surgiram. Assim como por vezes, não temos noção de que aquela ideia para um produto ou para um novo projeto pode estar mais perto do que se imagina. Curitiba, assim como muitas cidades, é berço de grandes artistas e de grandes avanços. Porém, o interessante de se observar, não é fato de algumas criações terem nascido especialmente aqui, mas sim o anonimato de seu criador. De um réveillon fora de época que reuniu mais de quatro mil pessoas à um sistema que facilita o pagamento de tarifa de ônibus, curitibanos se destacam em várias inovações. Uma constante

é que inúmeras vezes, não valorizamos o que é feito em nossa própria cidade. Embora isso não seja novidade, a questão que nos leva a esse pensamento é também pelo fato de que nem ao menos sabemos o que é criado aqui. Numa época em que, cada vez mais, o lema é: “nada se cria, tudo se copia”, fica ainda mais difícil conhecer as verdadeiras mentes brilhantes que protagonizam as grandes descobertas. Mas, se existem boas ideias criadas na capital paranaense, por que não ficamos sabendo? Uma possibilidade é a existência de um interminável jogo de poder e interesse, no qual não há vantagem para a prefeitura em divulgar, por exemplo, que uma ONG curitibana criou um Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental. Em contrapartida, existem bons

motivos para se falar de projetos como o Mãe Curitibana, que desde a prefeitura que o implantou até a atual, vem colhendo bons frutos eleitorais graças a esta iniciativa. Embora Curitiba inove com várias ações, também possui problemas de ordem social, habitacional e de locomoção, assim como qualquer outra cidade. A capital paranaense figura entre várias do país onde o trânsito caótico e a violência invadem as ruas, além dos buracos que dificultam a circulação de carros e pedestres. Com o objetivo de contar um pouco sobre invenções, projetos e contrastes da cidade, o Comunicare traz ao leitor, algumas ações que vem acontecendo no cenário curitibano. A proposta é mostrar que além de serem produzidas aqui, essas ações, tem sim,

uma utilidade que ultrapassa a fronteira paranaense. Como, por exemplo, os ônibus biarticulados, famosos por circularem nas canaletas da cidade e que hoje também estão nas ruas de países como Chile, Colômbia e África do Sul, além de várias cidades do Brasil. Curitiba possui muitas novidades e bons projetos que deveriam ser mais conhecidos, bem como seus autores. E como essas novidades acontecem diariamente, se não estivermos atentos, elas passarão despercebidas. Devemos ficar sabendo de tudo que acontece na cidade e usufruir de todos os seus espaços da melhor maneira possível, afinal, nós somos a cidade. Nós a mantemos em movimento. Nós a criamos e a recriamos, porém, nós mesmos às vezes não a enxergamos.

FALA, PROFESSOR

“ O Comunicare é um dos melhores jornais laboratórios que existem nas universidades. Sua principal vantagem é a prática que o aluno adquire”. Leomar Ferreira, professor do Curso de Com. Social da PUCPR

FALA, ALUNA

Camila K. Barbieri

o TEMA veio a calhar, porém Os alunos precisam buscar mais fontes

Falta apuração no jornal Comunicare Tendências

Falar de tendências é praticamente uma tarefa diária do jornalismo, portanto a ideia de juntar as novidades de Curitiba com a mudança gráfica, mesmo que leve, do Comunicare veio a calhar na edição de dezembro de 2010. Por ser um jornal universitário e temático, que leva algum tempo para ser produzido, no entanto, talvez a equipe tivesse de ter ido um pouco além do que apontou como novo. Os adesivos nos carros, o Batel Soho, a Riachuelo, as escolas gratuitas de informática e o mercado de luxo de Curitiba são fatos comentados muito antes de novembro do ano passado – o que falar da quantidade de carro por habitante na capital paranaense. Por outro lado, o vício nos jogos, o movimento Comfort Food, o futebol não mais tão popular, entre outros temas, são, sim, tendências. Houve também certa confusão entre tendência e moda ao longo do caderno. Embora as

duas palavras sejam usadas, muitas vezes, como sinônimos, elas são, na verdade, complementares. É a leitura das tendências de determinado período que fazem a moda, sendo esta última, porém, muito mais passageira que a primeira. O cubo mágico na capa funcionou bem graficamente, mas não dá a ideia de tendência porque ele foi apenas uma moda. De forma geral, senti falta de mais apuração por parte da turma. Reportagens com uma fonte EXPEDIENTE Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Edição nº 192 | Abril/2011 PUCPR Rua Imaculada Conceição 1.155, Prado Velho - Curitiba/PR www.pucpr.br Reitor Clemente Ivo Juliatto Decano do CCJS Roberto Linhares da Costa

só? Ninguém consegue retratar uma tendência sem procurar especialistas que estudam o tema há tempos para dizer realmente o que é novo ou não; pesquisas atuais – nada de dados antigos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que além de tudo são pouco confiáveis (perguntem aos estatísticos); e também sem achar um bom número de exemplos sobre assunto (Existe apenas uma feira orgânica em Curitiba?). Dediquem-se mais a Decano-Adjunto do CCJS Marilena Winters Diretora do Curso de Jornalismo Mônica Fort COMUNICARE Jornalista Responsável Cícero Lira - DRT 1681 Coord. de Projeto Gráfico Alessandro Foggiatto de Andrade EDITORES Editora-chefe: Camila Galvão Editora de arte: Etiene Mandello

esse trabalho braçal da entrevista, fundamental até mesmo para que tenham plena segurança de que o que estão dizendo reflete um momento. E o pequeno espaço para os textos não é desculpa. Aproveitem melhor boas ideias como o tema tendências.

Fabiane Ziolla Menezes Repórter - Vida e Cidadania Gazeta do Povo

“ Você tem duas escolhas: ou fica bem informado ou se torna um mero receptor de informação. Com o Comunicare você sempre fica com a primeira opção”. Gisela Santos, aluna do 3º período do Curso de Música da PUCPR

NOSSA CAPA

EDITORIAS Capa: Etiene Mandello Comportamento: Fellipe Gaio Cultura: Patrícia Ihle De Lima Pereira Economia: Virginia Crema Educação: Gabriela Ribeiro de Campos Entrevista: Ana Evelyn de Almeida Esporte: Jhonny de Castro Geral: Mariana Kais De Azevedo Meio Ambiente: Aline Przybysewski Opinião: Camila K. Barbieri Saúde: Maruza Silverio Gozer Tecnologia: Rafael Ribeiro Da Silva Trânsito: Letícia Donadello

“A capa dessa edição possui diagramação que além de destacar as principais matérias, reforça, através do código de barras, a ideia de fabricação/criação.” Etiene Mandello


entrevista

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Curitiba, abril de 2011

Projeto que começou no Paraná salva vidas pelo mundo

Filho de Zilda Arns continua missão

O primeiro projeto aconteceu em Florestópolis (PR) e hoje a Pastoral da Criança está presente em todos os estados do país

Comunicare - O nome Zilda Arns é quase um sinônimo da Pastoral da Criança. Como ficou a Pastoral sem ela? Nelson Arns - A missão da Pastoral, o trabalho de Zilda Arns está mais vivo do que nunca. Com muita sabedoria, ela sempre pensou na continuidade dos projetos que foram sendo desenvolvidos ao longo dos anos. A organização está mantida e todos sabem os caminhos que a Pastoral deve seguir. Comunicare - O que vocês mais sentem falta hoje, com a ausência de Zilda? Nelson Arns - Sem falar na perda familiar que é imensa, sentimos falta do ser humano especial que

sava minha mãe em referência à importância da participação dessas voluntárias na ação da Pastoral. Há participação de voluntárias em diversas atividades do nosso trabalho, mas as líderes são aquelas pessoas da própria comunidade que vão realizar as ações básicas de saúde junto às famílias. Comunicare - Quais as mudanças sociais ocorreram no Brasil com a criação da Pastoral? Nelson Arns - A mortalidade infantil, entre as crianças acompanhadas pela Pastoral, é de 11,0 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos (dados de 2009). Segundo o Ministério da Saúde, a mortalidade infantil no país, em 2009 foi de 23,3 mortes no primeiro ano de vida para cada mil crianças nascidas vivas.

Foto: Divulgação

O médico Nelson Arns Neumann, filho da fundadora da Pastoral da Criança, é o novo coordenador internacional da Pastoral. Para ele a organização precisa continuar desenvolvendo seus projetos, mas agora com mais responsabilidade, para manter acesa a chama de todo o trabalho de sua mãe. A médica Zilda Arns Neumann foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança. Em março deste ano a Câmara dos Deputados decidiu encaminhar o nome dela como candidata ao Prêmio Nobel da Paz, ao qual já foi indicada outras três vezes e recebeu diversas menções especiais e título de cidadã honorária do país. A benfeitora morreu em um terremoto no Haiti em 2010, onde estava para realizar palestras e prestar ajuda humanitária. Zilda levou a primeira ação da entidade a Florestópolis, no Paraná, onde o índice de mortalidade chegava a 127 mortes a cada mil crianças. Após um ano de atividade, o índice recuou para 28 mortes a cada mil nascimentos. O sucesso inicial incentivou a Igreja a expandir a Pastoral da Criança para todos os estados do país e em 19 países do mundo. A Sede da Pastoral esta localizada em Curitiba, no bairro Mercês.

Nelson Arns em discurso: Filho segue os passos da mãe

ela era. Humilde, fraterna, líder inspiradora que soube unir forças para realizar ações em defesa da vida e da família nas comunidades mais pobres do país. Comunicare - O senhor percebeu mudança de comportamento dos funcionários e voluntários sem a presença da Zilda? Nelson Arns - A comoção pela perda da Dra. Zilda foi geral, ela tinha amigos e admiradores de seu trabalho no Brasil e no exterior. Mas seu exemplo inspira e fortalece funcionários e voluntários a continuarem o seu trabalho e superar os novos desafios.

Nelson Arns - A sabedoria dos nossos voluntários é grande, e eles sabem que cada pessoa na Pastoral da Criança tem uma missão. A reação das pessoas tem sido normal. Eles sentem que agora Zilda está presente em todos os lugares, como inspiração e fortaleza para o trabalho. Comunicare - O que o senhor mais aprendeu com a Dra. Zilda, como mãe e como coordenadora da Pastoral? Nelson Arns - Nossa relação familiar foi marcada pela sinceridade. Na Pastoral da Criança somou-se a este valor a vontade de contribuir para melhorar a vida de todas as crianças.

“Seu exemplo inspira e fortalece funcionários e voluntários”

Comunicare A Dra. Zilda possuía grande reconhecimento. Como é a reação das pessoas quando o senhor visita os locais que Zilda costumava ajudar?

Comunicare Qual a importância do trabalho voluntário na Pastoral? Nelson Arns - “Em primeiro lugar as líderes”, assim se expres-

Comunicare - Como é fazer parte de um projeto como o da Pastoral?

Nelson Arns - De alguma maneira todos os anos milhares de crianças deixam de morrer precocemente com nosso trabalho. Além disso, elas têm a oportunidade de crescer e se desenvolver. Enxergar os resultados é compensador. Comunicare - Quais são os projetos que a Pastoral está desenvolvendo atualmente? Nelson Arns – Nossas ações estão voltadas para a sobrevivência e desenvolvimento integral da criança até a melhoria da qualidade de vida das famílias carentes, no plano físico como no espiritual. Apoio às gestantes, incentivo ao aleitamento materno, vigilância nutricional, controle de doenças diarréicas, obesidade, incentivo à vacinação e prevenção da violência contra a criança no ambiente familiar. Ana Evelyn de Almeida Lucas Molinari


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trânsito

Curitiba, abril de 2011

cicloativistas defendem modelo alternativo de transporte

Mobilidade urbana sobre duas rodas

Curitiba é apontada como a quarta entre as dez melhores cidades do mundo para se andar de bicicleta. A capital paranaense inovou na década de 1970 ao criar os primeiros quilômetros de ciclovia na cidade e, nos anos 90, já concentrava 50% da malha cicloviária do país. Em contrapartida, usuários reclamam do péssimo estado de conservação das ciclovias. “Elas são mal sinalizadas, mal cuidadas, atravessam cruzamentos perigosos e muitas vezes o meio fio é alto”, ressalta Jorge Brand idealizador do Coletivo Interlux (grupo pró-bicicleta). De acordo com Maria de Miranda, responsável pela Coordenação de Mobilidade e Trans-

portes do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), está em andamento o Plano Diretor Cicloviário com o objetivo de “estimular o uso da bicicleta não só como lazer ou prática esportiva, mas também como meio alternativo de transporte”. Esse projeto tinha inicialmente previsão de término para 2009, mas ainda não foi concluído. Não investindo nesse modal de transporte, a prefeitura optou por prestigiar o automóvel, fazendo com que Curitiba lidere o ranking de cidade mais motorizada do país. “O desrespeito é uma consequência direta do planejamento centrado, na tentativa de aumentar a fluidez e capaci-

“O que falta, na verdade é vontade por parte dos gestores”

dade do trânsito motorizado, que obviamente está saturado”, comenta Luis Patrício, 33, analista de sistemas, que vendeu seu carro e optou pela bicicleta. “É um meio saudável, menos poluente e fácil de estacionar”, completa. Outro grande equívoco destacado pelos usuários é o conceito de ciclovia compartilhada. Dos cerca de 100 km de extensão, 70% são compartilhados com pedestres, o que é desconfortável para ambos. Além disso, existe o conflito com os motoristas. “Acaba ficando perigoso, porque você nunca sabe quando um ‘maluco’ vai passar por cima”, conta Lua Castilho, 31, arte educadora. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, ciclistas têm tanto direito à rua quanto condutores de automóveis. Tendo isso em vista, cicloativistas se manifestam e lutam em busca de melhores condições e

Foto: Letícia Martins Donadello

Um trânsito menos violento, pedalar em grupo e o cuidado com o meio ambiente são motivos para deixar o carro em casa

Ciclista se arrisca na rua devido à má condição da ciclovia

maior espaço para bicicleta como meio de transporte. Para eles, discussão sobre o tema não falta, é necessário apenas que atitudes sejam tomadas. “O que falta, na verdade, é vontade por parte dos gestores”, comenta Brand. O ci-

cloativista ainda finaliza: “Se você cria condições, os ciclistas vão se sentir mais seguros”. Julio Cesar Glodzienski Letícia Martins Donadello Rubia Lorena Curial Oliva

Sistema criado em 1974 proporciona a Curitiba reconhecimento NO EXTERIOR

O sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit), vias segregadas para ônibus, desenvolvido em Curitiba, está sendo exportado para países como Chile, Colômbia, África do Sul e também implantado em outras cidades do Brasil. A Capital se destacou novamente ao implantar o ligeirão azul em 2011, maior ônibus do mundo, que permite transportar 250 pessoas, com prioridades nos semáforos e menos pontos de parada tendo como objetivo reduzir o tempo de viagem. No ano de 1974, dentro do modelo RIT (Rede Integrada de Transporte) foram construídos os primeiros 82 km de vias exclusivas, em que apenas os expressos transitariam. Na época, elas ligavam apenas dois eixos, Santa Cândia – Rui Barbosa e Capão Raso – Generoso Marques. Atualmente, esse sistema chama-se BRT e conta com oito linhas na capital.

Quando os biarticulados entraram em circulação, em 1992, a capacidade de 170 passageiros nos expressos passou para 230 no modelo novo. Segundo Duca Batiston, assessora de imprensa da URBS, cerca de 100 delegações, entre técnicos, universitários e dirigentes de governos vêm, anualmente, buscar informações sobre o sistema. Líderes de 14 agências, gestoras de sistemas de transporte, criaram a Associação LatinoAmericana de BRT e SIT em Curitiba em 2009. A entidade proporciona a comunicação entre os órgãos responsáveis. Os membros fundadores são Brasil, Chile, Colômbia, Equador e México. “Criar essa Associação é fortalecer esses sistemas de transporte junto a formadores de opinião, políticos, etc.” aponta Fagner Zbinef Glinski, Coordenador de Comunicação da Associação Latino-Americana de SIT

e BRT. “O principal foco é standarizar os sistemas para que eles se tornem mais baratos e mais fáceis de implantá-los”, completa o coordenador. O objetivo é melhorar a qualidade de vida das grandes cidades e promover uma ampliação de projetos para transportes urbanos. “O benefício atenderá cerca de 50 milhões de pessoas, buscará fortalecer esse sistema tornando-o a melhor opção de transporte público”, afirma Glinski. No exterior Em 2007, o governo do Chile implantou o sistema Transantiago. Pela má administração esse sistema gerou um caos no país. Não havendo ônibus suficientes a população superlotava o metrô que, por sua vez não conseguia atender à demanda. A presidente Michelle Bachelet obrigou-se a buscar uma alternativa, a melhor

Foto: Julio Cesar Glodzienski

Curitiba se torna referência internacional e exporta modelo de transporte

Modelo de vias exclusivas de circulação para expressos em Curitiba

encontrada foi o BRT, que deu a cidade a mobilidade esperada. A cidade de Bogotá, na Colômbia, também implantou esse projeto, viabilizando a locomoção da cidade, com mais de 3 milhões de habitantes, evitando o trânsito. “Antes da implantação do modelo, levava três horas para cruzar a cidade, agora com o BRT leva 45 minutos”, aponta Walter Cruz, Gerente de Marketing da Marco-

polo, empresa parceira no desenvolvimento da engenharia para a fabricação dos ônibus. A África do Sul foi outro país que adotou o modelo curitibano a fim de agilizar o fluxo de veículos durante a Copa do Mundo de 2010. Julio Cesar Glodzienski Letícia Martins Donadello Rubia Lorena Curial Oliva


comportamento

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Curitiba, abril de 2011

Réveillon inusitado reúne quase 10 mil pessoas na Praça da Espanha

Curitiba inova com ano novo fora de época No dia 19 de março, ocorreu um evento diferente na Praça da Espanha, em Curitiba: um Réveillon fora de época, com direito a roupas brancas, uvas e champagne. O evento reuniu quase dez mil pessoas para comemorar à moda brasileira, colocando em prática o famoso ditado: “No Brasil, o ano só começa depois do Carnaval”. Segundo Isbella Fonseca, Iuri Castelo e Nat Petry, idealizadores do evento, a iniciativa foi independente e sem fins lucrativos, tendo como objetivo convidar pessoas para um encontro inusitado com resultado muito maior do que o esperado. “A divulgação foi feita exclusivamente por redes sociais

em um período de quatro dias, atingindo cerca de 27 mil pessoas no Facebook [site com a finalidade de conectar pessoas e que possui um mural de recados como principal ferramenta], com mais de 5 mil confirmações de presença na página do evento. Além do Facebook, utilizamos também o Tumblr [um site com formato semelhante a um blog, porém de conteúdo mais limitado] onde registramos mais de 16 mil visitas, vindas de 136 cidades do Brasil e outros 34 países”, informou Castelo. Os três idealizadores do evento contam que se surpreenderam ao ver tanta gente chegar na praça. “Por se tratar de uma ação sem precedentes na cidade,

“Essa é a Curitiba que fazemos parte”

e talvez até mesmo no país, não pudemos estimar com antecedência se o público confirmado de fato estaria presente”, comentou Iuri. Ricardo Miyaki, que esteve presente no dia, também ficou sabendo do evento pelo Facebook. “Um dia antes comentei com uns amigos e, de repente, haviam quase 5 mil pessoas confirmadas”, conta ele. Para Carolina Costa, o encontro teve pontos positivos e negativos. “A ideia do evento foi muito bem bolada, pois realmente o ano só começa depois do Carnaval, ainda mais pelo fato deste ano ter acontecido mais tarde, em março. Também foi bem divulgado, pelo número de pessoas que havia lá. Mas o ponto negativo ficou por conta das pessoas que estavam bebendo em excesso. Isso acabou sendo uma ‘poluição visual’ para um evento interessante como

Foto: Jasson Wolff

Evento foi divulgado por redes sociais e recebeu mais de 5 mil confirmações no Facebook, além de 16 mil visitas no Tumblr

Os idealizadores do evento: Isbella Fonseca, Iuri Castelo e Nat Petry

este”, analisa a estudante de Administração. Os criadores do evento se mostraram bastante contentes com a realização da festa ao dizer que “Por essas e outras iniciativas, acreditamos que Curitiba está cada vez mais despontando

no cenário nacional como pólo de cultura. E essa é a Curitiba que acreditamos. A Curitiba que fazemos parte”, finalizou Nat Petry. Felipe Dalke Fellipe Gaio

“Comportamento frio” é um dos fatores determinantes, segundo usuários

Segundo dados do Painel da Indústria Financeira, estudo realizado em 2010 pelo Instituto de Pesquisas Fractal, Curitiba lidera o ranking dos brasileiros que mais utilizam os serviços de banco pela internet. Os curitibanos sugerem que isso ocorre devido à “frieza” ligada ao comportamento dos habitantes da capital paranaense. Sérgio Rodrigues Pinheiro, 49 anos, engenheiro civil e cliente de banco através da internet, disse que “a Internet Banking combina bem com o nosso temperamento mais frio. Faz sentido não só pelo comportamento do Curitibano, mas pelo próprio clima da cidade, que não dá vontade nem de tirar o nariz de casa”. Segundo a psicóloga Débora Trindade Lanna, que também utiliza os serviços de Internet Banking, esse fato está ligado mais à praticidade e ao próprio comportamento. “A utilização da

Internet Banking vem crescendo por ser uma ferramenta que proporciona comodidade ao cliente, pois o mesmo faz várias transações, e tudo sem sair de casa ou de seu local de trabalho. Fora a questão de segurança, que hoje muitas instituições bancárias disponibilizam”, lembra a psicóloga. Para Márcio Roberto Regis, psicólogo e usuário de internet banking, essa mudança comportamental dos consumidores de serviços bancários realmente se deve à comodidade e aperfeiçoamento na segurança dos bancos online. Mas, além disso, um fator que contribui fortemente é o uso desse serviço através de aparelhos móveis. “O cliente pode acessar e consultar seu extrato ou fazer pagamentos apenas usando seu smarthphone”, disse Regis. Caio Bleggi, estudante universitário de 18 anos, que utiliza Internet Banking através, diz que

“uma série de fatores contribuem para que seja o curitibano”. Segundo Caio, a facilidade e a rapidez para se realizar operações são os principais motivos que o levam a escolher esse serviço. Além disso, “há também a segurança ao fazer transferências bancárias por não ter que sacar os valores e transportá-los”, completa. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos, é importante que o usuário mantenha seus programas antivírus atualizados para ter acesso aos serviços bancários. No caso de internet de alta velocidade com conexão direta à rede, deve-se utilizar um programa de segurança, que possa proteger a máquina de invasões e acessos externos não autorizados, os quais, muitas vezes, passam despercebidos. Para Caio, a segurança é um fator real nos sites de banco. “Trabalho na área de desenvolvimento, voltada à internet e tenho

Foto: Fellipe Gaio

Curitibano é o que mais usa serviços bancários pela internet no país

Praticidade, segurança e agilidade se aliam à comodidade da internet

ciência de que os atuais sistemas virtuais voltados às transferências e compras são altamente seguros, principalmente no Brasil”, esclarece. Sérgio conta que opta pelo serviço de Internet Banking pela agilidade e praticidade que o serviço proporciona, pois enquanto

o horário de funcionamento de um banco é restrito, pela internet é possível realizar operações bancárias a qualquer hora do dia. “Não precisa deixar nada de lado para ir ao banco”, disse ele. Fellipe Gaio


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educação

Curitiba, abril de 2011

Reservas naturais estimulam educação ambiental em Curitiba

Jardim Botânico ensina a preservar Ponto turístico curitibano abriga reserva da árvore símbolo do Paraná, quase em extinção no território do estado nheiro. Ainda, aprende-se sobre a árvore simbólica e são mostrados arquivos históricos do assunto. “Somente relacionando fauna e flora é que podemos mostrar como ambos são interdependentes”, argumenta Eliseu. Após essa etapa vem o passeio pela trilha, aberta exclusivamente para aqueles que estão participando da dinâmica. Souza explica que é em contato com a natureza que os visitantes percebem e assimilam tudo o que ouviram e aprenderam durante a palestra. Para completar o programa de atividades, todos têm a oportunidade de passear pelo Jardim das Sensações. De olhos vendados, cada um identifica cheiros, texturas e formas de plantas típicas do estado. O Gestor Ambiental afirma que mesmo o incentivo sendo pouco, o Jardim Botânico se destaca nos eventos e feiras relacio-

Foto: Gabriela Ribeiro de Campos

Este ano o Jardim Botânico, um dos principais ponto turísticos de Curitiba, completa 20 anos. Além de comemorar duas décadas, um dos cartões postais de Curitiba celebra oito anos de muita educação ambiental. O trabalho de conscientização acontece desde 2003 e busca informar quem participa sobre o cuidado com o meio ambiente. O local abriga um remanescente da Floresta de Araucárias, árvore símbolo do Paraná, sendo toda visita em torno deste tema. Segundo Eliseu Souza Pinto, Gestor Ambiental do Jardim Botânico, apenas 0,1% do território paranaense é coberto por este tipo de vegetação e muitos animais endêmicos da região estão em extinção devido a degradação de seu habitat natural, o que justifica a importância em investir na educação ambiental. Em uma das salas do Museu

Eliseu de Souza ensina sobre sementes das Araucárias

Botânico, destinada exclusivamente para exposições ambientais, é possível ver e saber mais sobre o tema. Souza explica qual

a função de animais como a Cotia e a Gralha Azul, e o quanto eles são imprescindíveis no processo da dispersão da semente do pi-

nados ao meio-ambiente na cidade. Em Curitiba existem demais iniciativas como esta espalhadas pela cidade, como as desenvolvidas pela Secretaria do Meio Ambiente e pelo Museu de História natural do Paraná, por exemplo. Visitas Somente no mês de janeiro, 3.510 pessoas passaram pela sala de Educação Ambiental e 35.277 circularam pelo Jardim das Sensações. O agendamento das visitas ocorre de terça a sexta e são atendidas escolas municipais, estaduais e particulares, faculdades e demais visitantes. Para saber mais, os interessados podem entrar em contato com o Museu Botânico no telefone (41) 3362-1800.

Gabriela Ribeiro de Campos

Ensino médio por blocos é utilizado em 15 colégios de curitiba

Projeto desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná gera discussões e polêmicas entre pedagogos, professores e alunos. 15 colégios da capital paranaense implantaram o chamado Ensino Médio por blocos há três anos. O novo método de ensino divide as matérias do Ensino Médio em dois blocos. O primeiro deles abrange biologia, educação física, filosofia, história, português e inglês, enquanto o segundo bloco é composto por artes, física, geografia, matemática, química e sociologia. Em caso de reprovação em até duas matérias, o aluno faz o bloco seguinte e realiza a dependência no contra-turno.

Para a pedagoga Susana Pereira da Silva, do Colégio Estadual Professor Guido Arzua (um dos Colégios que utilizam o sistema), a novidade é muito positiva. Ela explica que o aluno tem que se esforçar mais, já que tem apenas cem dias (ou dois bimestres) para concluir um bloco de disciplinas. “Um bloco passa muito rápido e se o aluno ver que está indo mal nos primeiros cem dias, ele tem que correr muito atrás do prejuízo”. Caso o aluno reprove em até duas matérias do bloco, passará ao bloco seguinte e assistirá as matérias que reprovou no contra-turno. A professora de matemática Taise Campanini também acre-

“O bloco veio mesmo para diminuir a evasão e o índice de reprovação”

dita que o sistema é eficiente, e justifica: ”O bloco veio mesmo para diminuir a evasão e o índice de reprovação”. Dessa forma, os alunos reprovariam só meio ano e não ficariam tão atrasados, o que acaba desestimulando os estudantes à refazer um ano letivo. Vinicius de Lima Madureira é aluno deste novo método de ensino desde o início do projeto, e afirma que a única diferença entre o Ensino Médio por Blocos e o Ensino Médio Regular é que o aluno enjoa mais fácil da matéria. Apesar dos prós, também houve quem levantou os contras. O professor de Filosofia Frank Canton afirma: “Quando não há professor para a matéria, a demora para chegar um substituto é muito grande, e quando vê já está no fim do semestre”. Erasmo Carlos leciona matemática e física, e também se coloca contra o Ensino Médio por blocos, pois, se-

Foto: Tiago Andre dos Santos

Novo método de educação gera polêmica entre alunos e professores

Professores avaliam o novo sistema de ensino

gundo ele, as disciplinas perdem a continuidade, atrapalhando a aprendizagem, quando chega o final do ano letivo e o aluno vai fazer uma prova do ENEM ou para uma universidade ele já se esqueceu do conteúdo do primeiro bloco. Mesmo com suas opiniões adversas, todos os professores concordam em um ponto específico:

ainda é cedo para saber quais serão os resultados do novo método de Ensino Médio. De acordo com os entrevistados, a previsão é de que somente daqui cinco anos ou mais todos poderão ter uma opinião mais consolidada sobre o assunto. Tiago Andre dos Santos


cultura

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Curitiba, abril de 2011

ESPAÇO CULTURAL PROMOVE CIDADANIA COM PROGRAMAS CULTURAIS

Farol do Saber oferece cultura e lazer A rede de bibliotecas do Farol do Saber possui 45 unidades espalhadas por Curitiba. Cada uma delas possui um acervo de aproximadamente 7000 obras subdivididas em diversos assuntos, tais como literatura americana, italiana, brasileira e alemã. Todas as unidades possuem as mesmas características físicas, oferece computadores com telas de LCD, mesas para estudo, equipamento exclusivo para os que tem dificuldade de locomoção e internet de 1 a 4 MEGA de velocidade. Qualquer cidadão pode usufruir do serviço fazendo o cadastro junto a unidade de sua preferência. “A atualização é feita pe-

riodicamente pela Prefeitura e também por toda a população, que ajuda com doações. Isso até contraria a ideia de que as nossas bibliotecas eram “elefantes brancos”, desabafa Clarisse Gil da Silva, uma das responsáveis pela administração da unidade Emílio de Menezes, junto com Marilene Xavier da Costa e Ilda Garcia Kolling. Todos os Faróis possuem f uncionários concursados pela Prefeitura, bem como estagiários contratados pelo IMAP (Instituto Municipal De Administração Pública), como é o caso de Karine Gomes Martins. Ela costuma passar o dia ajudando as responsáveis pela unidade, e quando sobra um tempo, gosta

“A atualização do acervo é feita pela prefeitura e também pela população”

de acessar a internet para cumprir suas tarefas diárias, e até mesmo relaxar. Além do tranporte público curitibano, que já foi até exportado para outros países, os Faróis do Saber também serviram de exemplo para outras cidades do Brasil, como é o caso de Sâo Luís, no Maranhâo. Com pequenas diferenças, os maranhenses também podem usufruir de livros e programas culturais promovidos pelo espaço aos estudantes da região. Homenagens O espaço foi criado em 11/02/1995, pelo então Prefeito Rafael Greca, e tinha como objetivo funcionar como uma opção para quem morasse distante da biblioteca pública. Cada uma das 45 unidades possui nome próprio em homenagem a alguma personalidade.

FATORES MARCAM COMPORTAMENTO SOCIAL

Curitibano se destaca pelo seu sotaque Segundo especialistas em linguística, a maneira de se expressar do curitibano é fruto da colonização de imigrantes que povoaram a região em Curitiba. Palavras que terminam em “ente” como “plenamente”, pronunciadas com o “t” dental, são peculiaridades de quem nasce na capital paranaense. Segundo a professora Cristina Myiaki, coordenadora do curso de Letras da PUCPR, a língua não se resume a fala. Ela acrescenta que cada povo possui uma identidade para se afirmar, isto é, defender seus ideais e até mesmo lutar pela sobrevivência. “O processo de identificação é uma construção social. O povo colonizado herda de seus colonizadores a maneira de agir e falar. Por exemplo, os alemães e poloneses que aqui estiveram possuem um comportamento frio e discreto, que futuramente irá influenciar a maneira de ser

de quem é colonizado”, afirma Sandra Mattar, coordenadora do curso de Sociologia da PUCPR. Imigração Em 1829, chegam os primeiros imigrantes alemães na região que hoje é Curitiba. Foram eles que trouxeram de seu país de origem, a salsicha vienense que somente os curitibanos e ponta-grossenses conhecem como “vina”. Logo após 1853, quando o Paraná passou a existir constitucionalmente, vieram suíços, poloneses, italianos, japoneses e ucranianos. Mais tarde, no período da segunda guerra mundial, esses povos (italianos, japoneses, poloneses), sofreram forte opressão, não podendo se comunicar na sua língua materna, o que dificultava muito a sobrevivência deles no Brasil. O Estudante Rodrigo Amaral mudou-se para curitiba em 2005,

e diz que o choque cultural foi bem grande. “Depois da vinda de São Paulo, pela convivência com colegas de faculdade acabei aderindo o jeito de eles falarem. Meus pais até caçoam de mim quando falo com eles ao telefone. Acho o jeito de falar do curitibano muito peculiar e engraçado. Quando eu mudei de São Paulo para cá, eu nunca tinha ouvido palavras como vina, penal, mimosa. Aliás achei que mimosa era uma vaca típica do Paraná, e uma vez, ao pedir informaçao, percebi as variantes linguísticas do povo paranaense.” “Tenho orgulho do meu sotaque e não abro mão dele. Quando estou em viagem, por exemplo, e as pessoas me perguntam de onde eu sou, encho o peito e digo com orgulho que sou curitibano”, diz André Recchia Patrícia Ihle

Foto: André Recchia

Ao contrário de muitas críticas, os faróis do saber sobreviveram à fama de “elefantes brancos”, diz administradora

Karine Gomes Martins, estagiária do espaço Emílio de Menezes

O espaço Emílio de Menezes, por exemplo, recebeu este nome em homenagem ao célebre escritor curitibano de crônicas e poesias. Menezes viveu de 1866

a 1918, e era também membro da Academia Brasileira de Letras. André Recchia Patrícia Ihle

Curitibanidades VINA - Salsicha para cachorro quente GALINHA DE PORÃO - Curitibano branquelo MIMOSA - A fruta tangerina, pokan. ARREGADO - Quando alguém se dá bem. CANALETA - Espaço asfaltado exclusivo para ônibus biarticulado. ADEVOGADO - Pronúncia curitibana para a palavra advogado. DE VOLTA - De novo, novamente. Ex: Você vai para o centro de volta? AIPIM - Mandioca. BIARTICULADO - Ônibus exclusivo de curitiba que é biarticulado. CIDADE - Referente ao bairro Centro. Ex: você vai para a cidade no final de semana? PALHA - Algo démodé, fora de moda, ridículo.


economia

Curitiba, abril de 2011

Empreendedorismo inusitado em curitiba

Inovações nas empresas curitibanas

Com o objetivo de se destacar no mundo empresarial, Juliana Almeida, 30 anos, e Alessandra Brito, 34 anos, resolveram criar uma loja móvel: a Pink Cereja Cosméticos e Acessórios, que foi projetada dentro de uma van. Porém a loja não fica atrás de nenhuma outra no mercado. Apesar do espaço pequeno e inusitado, ele possui: vitrines, armários, espelho, iluminação, araras, som e TV, além, é claro, de todos os produtos que qualquer mulher gostaria de encontrar na correria do dia a dia: batom, cremes, perfumes, lingerie, bolsas, entre outros. Alessandra, que hoje é formada em Administração com especialização em Recursos Humanos, conta que a Loja Móvel surgiu da necessidade de expor os produtos às clientes de uma forma organi-

zada, em um ambiente agradável e inovador, e que ao mesmo tempo oferecesse toda a comodidade de uma loja convencional. A inspiração veio dos Estados Unidos e de São Paulo, onde a ideia de venda direta já dava muito certo. Aberta há 7 meses e com o investimento de R$ 160 mil, as donas estão satisfeitas com o negócio. “O retorno já existe quanto ao reconhecimento da nossa marca e carteira de clientes, e estamos caminhando para o retorno financeiro”, conta Juliana Almeida, que hoje estuda Ciências Contábeis. A ajuda do SEBRAE foi primordial para o início do projeto. A Pink Cereja entrou para lista de pequenas empresas que surgiram com a ajuda da instituição. Apesar de a loja ser praticamente um outdoor ambulante,

“O retorno já existe quanto ao reconhecimento da nossa marca”

Campeã de vendas no mercado brasileiro, a Positivo Informática, lidera o ranking nacional há seis anos. Um em cada quatro computadores comprados no Brasil é da marca Positivo. Com mais de 4 mil funcionários a Positivo Informática é hoje uma das fontes de maior renda do Grupo Positivo, que conta ainda com a Gráfica Positivo, toda rede de ensino, a Editora Positivo e diversas outras prestações de serviços. Segundo o presidente da Positivo Infomática, Hélio Bruck Rotenberg, 49 anos, ela é a única no

Foto: Virginia Crema

O sucesso da van, transformada em loja, que surpreende os curitibanos com seu layout arrojado e a sua diversidade de produtos

A sócia Juliana Almeida e um novo cliente escolhendo produtos na loja

nem sempre é fácil achá-las por ai. No site – www.pinkcereja.com.br – não encontra-se a programação, com os dias e locais onde a van estará. O motivo apresentado é que as sócias acreditam que para o bem do negócio indicar o endereço ain-

da não é produtivo: para elas, ao avisar o point do dia perderiam o elemento surpresa e chamariam a atenção da concorrência. Por outro lado, a loja trabalha com agendamento de visitas. Quem quiser pode entrar em contato com a

Pink Cereja e pedir que no dia seguinte elas estacionem em frente ao trabalho, faculdade ou no salão de beleza mais próximo. Isadora Domingues Virgínia Crema

09

Curitiba, abril de 2011

nova maneira de comer iogurtes vira mania na capiTal

Saborear o iogurte com gosto e cara de sorvete

Jovens empreendedores lançam em Curitiba a Youguland, após estudarem nos EUA e batalharem para conseguir fornecedores Com um jeito novo e saudável de se fazer iogurte o faturamento anual da Yoguland chegou a 8 milhões no final de 2010. Criada no ano anterior, na cidade de Curitiba, a empresa reinventou a forma de saborear uma sobremesa com os Frozen Yogurt. Depois de se formar na CarsonNewman College, em Tennessee nos Estados Unidos, e trabalhar como Sales Management Trainee, controlando todas as vendas das ilhas Havaianas, Rafael Soares, 27 anos, retornou ao Brasil com uma ideia inovadora. Uniu-se ao seu amigo de infância, Tiago Campos, e juntos criaram a Yoguland. A primeira loja teve um investimento inicial de R$ 300 mil. Mesmo começando o negócio em uma cidade fria, a empreitada teve um rápido crescimento, “houve uma aceitação muito positiva por parte dos clientes. Curitiba é uma cidade ótima para se abrir um novo negócio”, conta Rafael. Atualmente, a marca conta com 30 lojas em 8 estados do Brasil, sendo 12 filiais na capital parana-

ense e ainda a espera de outras 14 a serem inauguradas em diversas cidades. Com o crescimento acelerado, a Yoguland tem meta para que até o final de 2011 tenham 100 lojas comercializadas. Os sócios ainda querem levar o negócio para o exterior, e em setembro desse ano uma filial será aberta no Paraguai. A empresa conta com o sucesso que os Frozen fazem nos Estados Unidos, onde tiveram uma grande aceitação e reconhecimento. Tomar o “sorvete de iogurte” já faz parte do dia a dia dos norte americanos. Rafael conta que teve dificuldades para conseguir fornecedores com credibilidade, ele acredita que para ser um bom empreendedor no Brasil é preciso contar com pessoas que queiram entrar na mesma aventura. “Eles precisam cair de cabeça no negócio”, afirma o empresário. Por conta disso, seus colaboradores e funcionários são bem selecionados. A loja fornece vários sabores de iogurtes que podem ser mesclados com frutas, coco ralado,

caldas de chocolate e outros. O produto é versátil e o cliente deve usar da imaginação. Para quem quer começar um negócio, o fundador aconselha a formatar um plano, para entender o processo e diminuir o risco de investimento. Ter um foco e saber aonde quer chegar. E ainda da uma dica: “Não escute pessoas negativas. Se a idéia é boa, coloque no papel e realize-a”. Penélope Lourenço Virgínia Crema

Foto: Virginia Crema

08

O produto da Youguland, vem gelado direto pro cliente

ELMA CHIPS MADE IN CURITIBA A Elma Chips, líder no setor de salgadinhos no Brasil, nasceu em Curitiba, no bairro Boqueirão. Com faturamento de R$ 1.2 bilhões por ano, a marca teve origem com os imigrantes alemães Viktor Unger e Eugen Vagner e suas mulheres, Elfride e Maria e, em seu início, chamava-se Elma Produtos Alimentícios. O primeiro sucesso da marca foi o Stiksy, os palitinhos de trigo assados e bem temperados, logo depois vieram o Pingo d’Ouro e o Fandangos. 15 anos depois a empresa americana PepsiCo adquiriu e uniu as empresas American Potato Chips de São Paulo e a Elma Produtos Alimentícios, surgindo assim a Elma Chips. Hoje, a marca faz parte da divisão Frito-Lay, o maior produtor de salgadinhos do mundo, quinto maior produtor de alimentos e bebidas do mundo, e vende mais de 560 mil pacotes de salgadinhos por dia. A produção, centralizada nas unidades de Itu (SP), Sete Lagoas (MG), Recife (PE) e Curitiba (PR) conta com uma equipe de mais de 5 mil funcionários diretos. Os produtos são distribuídos para as filiais de vendas espalhadas pelo Brasil e para mais de 210 mil pontos-de-venda.

Grandes empresas e seus pequenos começos

O salto de duas empresas Curitibanas no tempo: o crescimento, reconhecimento local e nacional e as principais fontes de lucros do Grupo Positivo e do Grupo Boticário mundo que não perde a liderança em seu país para uma empresa estrangeira. Os principais produtos da rede são os computadores, que hoje representam em torno de 96% da receita anual. “Começamos vendendo para escolas e posteriormente para o governo, somente em 2003 entramos para o varejo, e foi aí que ocorreu a grande virada. Antes de 2003 vendíamos cerca de 23 mil computadores anualmente, essa marca subiu para 2 milhões em oito anos”, conta Hélio.

O inicío O professor Renato Ribas Vaz, 68 anos, cofundador e diretor do Curso Positivo, afirma que a rede de informática começou dentro da então Faculdade Positivo, com cerca de 15 alunos. Nos anos 90 o número de funcionários subiu para 300, e com a guinada em 2003, chega hoje á mais de 4 mil. Estes estão espalhados nas fábricas de Manaus, Ilhéus, porém o grande contingente ainda permanece no Paraná. O Positivo, fundado em 1972,

tinha o objetivo inicial de aplicar uma nova metodologia de ensino preparatória para os vestibulandos da capital Paranaense. “Queríamos uma escola de qualidade, nossos diferenciais eram os materiais didáticos, elaborados pelos próprios professores, e claro, a metodologia de ensino”, afirma o professor Renato. Hoje o grupo se diversificou e a marca Positivo é referência nacional. O ramo da educação não é mais a principal fonte de lucro, nem a de maior reconhecimento fora de Curitiba. “No resto do país a maioria das pessoas associa o

nome Positivo aos computadores, a educação também é marca forte, porém é mais reconhecida pelos próprios curitibanos”, afirma Hélio Rotenberg. Parcerias curitibanas Em parceria com o Grupo Boticário, o qual investiu em torno de R$ 4 milhões em equipamentos de última geração, a Universidade Positivo disponibilizou espaço para infra-estrutura física, que tem 110m², para inaugurar o Laboratório de Biologia Molecular –

Labim. Os estudos realizados no Labim tem foco no cultivo celular e biologia molecular, fenômenos bioquímicos envolvidos no envelhecimento da pele e de ingredientes naturais da biodiversidade brasileira. O Boticário Criado também em Curitiba o Grupo Boticário teve rápida expansão e atualmente é a maior rede de franquias de perfumaria e cosméticos do mundo. O fundador Miguel Gellert Krigsner, atual

presidente do Conselho de Administração, investiu inicialmente US$ 3 mil (dólares), na época emprestados por seu tio. Empregando cerca de 1500 pessoas na fábrica em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e em torno de 16 mil na rede de lojas em todo o Brasil, o Grupo Boticário encerrou 2010 com 3 mil pontos de vendas em 1570 municípios brasileiros, o faturamento cresceu em torno de 25%, comparado com 2009, e o investimento de R$ 70 milhões na fábrica, foi direcionado para

recursos humanos, infraestrutura, inovação, tecnologia da informação e pesquisa e novos produtos. André Zielonka, 33 anos, proprietário de três lojas e um quiosque O Boticário herdados de sua mãe, Eloísa Farias, conta que a primeira loja foi aberta em 1985 e a segunda em 1987. Planejando abrir mais duas lojas nos próximos dois anos, Zielonka afirma ser um negócio que vale a pena, pois o mercado de cosméticos e perfumaria está cada vez mais em alta. “O último natal foi um dos melhores nos últimos

três anos e teve em média 30% de crescimento nas vendas”, afirma. Empregando 14 funcionários, André alega ter encerrado 2010 com aproximadamente R$ 2 milhões de faturamento bruto. “Esse ano, a economia está mudando, a princípio achamos que será melhor que 2010, teremos um crescimento maior”. Além de empregar um número cada vez maior de pessoas, o Grupo Boticário possui forte atuação na área ambiental, o que deu ao seu criador o prêmio de “Brasileiro Imortal” em 2008. Krigsner

é membro fundador do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas e em parceria com a Prefeitura da capital paranaense, mobilizou e envolveu em torno de 25 mil pessoas no apoio ao “Hora do Planeta” em 2009. Ainda no mesmo ano, o Grupo investiu R$ 684 mil, em 12 meses, para a manutenção do Jardim Botânico de Curitiba, um dos principais pontos turísticos da cidade. Etiene Mandello Virginia Crema


economia

Curitiba, abril de 2011

Empreendedorismo inusitado em curitiba

Inovações nas empresas curitibanas

Com o objetivo de se destacar no mundo empresarial, Juliana Almeida, 30 anos, e Alessandra Brito, 34 anos, resolveram criar uma loja móvel: a Pink Cereja Cosméticos e Acessórios, que foi projetada dentro de uma van. Porém a loja não fica atrás de nenhuma outra no mercado. Apesar do espaço pequeno e inusitado, ele possui: vitrines, armários, espelho, iluminação, araras, som e TV, além, é claro, de todos os produtos que qualquer mulher gostaria de encontrar na correria do dia a dia: batom, cremes, perfumes, lingerie, bolsas, entre outros. Alessandra, que hoje é formada em Administração com especialização em Recursos Humanos, conta que a Loja Móvel surgiu da necessidade de expor os produtos às clientes de uma forma organi-

zada, em um ambiente agradável e inovador, e que ao mesmo tempo oferecesse toda a comodidade de uma loja convencional. A inspiração veio dos Estados Unidos e de São Paulo, onde a ideia de venda direta já dava muito certo. Aberta há 7 meses e com o investimento de R$ 160 mil, as donas estão satisfeitas com o negócio. “O retorno já existe quanto ao reconhecimento da nossa marca e carteira de clientes, e estamos caminhando para o retorno financeiro”, conta Juliana Almeida, que hoje estuda Ciências Contábeis. A ajuda do SEBRAE foi primordial para o início do projeto. A Pink Cereja entrou para lista de pequenas empresas que surgiram com a ajuda da instituição. Apesar de a loja ser praticamente um outdoor ambulante,

“O retorno já existe quanto ao reconhecimento da nossa marca”

Campeã de vendas no mercado brasileiro, a Positivo Informática, lidera o ranking nacional há seis anos. Um em cada quatro computadores comprados no Brasil é da marca Positivo. Com mais de 4 mil funcionários a Positivo Informática é hoje uma das fontes de maior renda do Grupo Positivo, que conta ainda com a Gráfica Positivo, toda rede de ensino, a Editora Positivo e diversas outras prestações de serviços. Segundo o presidente da Positivo Infomática, Hélio Bruck Rotenberg, 49 anos, ela é a única no

Foto: Virginia Crema

O sucesso da van, transformada em loja, que surpreende os curitibanos com seu layout arrojado e a sua diversidade de produtos

A sócia Juliana Almeida e um novo cliente escolhendo produtos na loja

nem sempre é fácil achá-las por ai. No site – www.pinkcereja.com.br – não encontra-se a programação, com os dias e locais onde a van estará. O motivo apresentado é que as sócias acreditam que para o bem do negócio indicar o endereço ain-

da não é produtivo: para elas, ao avisar o point do dia perderiam o elemento surpresa e chamariam a atenção da concorrência. Por outro lado, a loja trabalha com agendamento de visitas. Quem quiser pode entrar em contato com a

Pink Cereja e pedir que no dia seguinte elas estacionem em frente ao trabalho, faculdade ou no salão de beleza mais próximo. Isadora Domingues Virgínia Crema

09

Curitiba, abril de 2011

nova maneira de comer iogurtes vira mania na capiTal

Saborear o iogurte com gosto e cara de sorvete

Jovens empreendedores lançam em Curitiba a Youguland, após estudarem nos EUA e batalharem para conseguir fornecedores Com um jeito novo e saudável de se fazer iogurte o faturamento anual da Yoguland chegou a 8 milhões no final de 2010. Criada no ano anterior, na cidade de Curitiba, a empresa reinventou a forma de saborear uma sobremesa com os Frozen Yogurt. Depois de se formar na CarsonNewman College, em Tennessee nos Estados Unidos, e trabalhar como Sales Management Trainee, controlando todas as vendas das ilhas Havaianas, Rafael Soares, 27 anos, retornou ao Brasil com uma ideia inovadora. Uniu-se ao seu amigo de infância, Tiago Campos, e juntos criaram a Yoguland. A primeira loja teve um investimento inicial de R$ 300 mil. Mesmo começando o negócio em uma cidade fria, a empreitada teve um rápido crescimento, “houve uma aceitação muito positiva por parte dos clientes. Curitiba é uma cidade ótima para se abrir um novo negócio”, conta Rafael. Atualmente, a marca conta com 30 lojas em 8 estados do Brasil, sendo 12 filiais na capital parana-

ense e ainda a espera de outras 14 a serem inauguradas em diversas cidades. Com o crescimento acelerado, a Yoguland tem meta para que até o final de 2011 tenham 100 lojas comercializadas. Os sócios ainda querem levar o negócio para o exterior, e em setembro desse ano uma filial será aberta no Paraguai. A empresa conta com o sucesso que os Frozen fazem nos Estados Unidos, onde tiveram uma grande aceitação e reconhecimento. Tomar o “sorvete de iogurte” já faz parte do dia a dia dos norte americanos. Rafael conta que teve dificuldades para conseguir fornecedores com credibilidade, ele acredita que para ser um bom empreendedor no Brasil é preciso contar com pessoas que queiram entrar na mesma aventura. “Eles precisam cair de cabeça no negócio”, afirma o empresário. Por conta disso, seus colaboradores e funcionários são bem selecionados. A loja fornece vários sabores de iogurtes que podem ser mesclados com frutas, coco ralado,

caldas de chocolate e outros. O produto é versátil e o cliente deve usar da imaginação. Para quem quer começar um negócio, o fundador aconselha a formatar um plano, para entender o processo e diminuir o risco de investimento. Ter um foco e saber aonde quer chegar. E ainda da uma dica: “Não escute pessoas negativas. Se a idéia é boa, coloque no papel e realize-a”. Penélope Lourenço Virgínia Crema

Foto: Virginia Crema

08

O produto da Youguland, vem gelado direto pro cliente

ELMA CHIPS MADE IN CURITIBA A Elma Chips, líder no setor de salgadinhos no Brasil, nasceu em Curitiba, no bairro Boqueirão. Com faturamento de R$ 1.2 bilhões por ano, a marca teve origem com os imigrantes alemães Viktor Unger e Eugen Vagner e suas mulheres, Elfride e Maria e, em seu início, chamava-se Elma Produtos Alimentícios. O primeiro sucesso da marca foi o Stiksy, os palitinhos de trigo assados e bem temperados, logo depois vieram o Pingo d’Ouro e o Fandangos. 15 anos depois a empresa americana PepsiCo adquiriu e uniu as empresas American Potato Chips de São Paulo e a Elma Produtos Alimentícios, surgindo assim a Elma Chips. Hoje, a marca faz parte da divisão Frito-Lay, o maior produtor de salgadinhos do mundo, quinto maior produtor de alimentos e bebidas do mundo, e vende mais de 560 mil pacotes de salgadinhos por dia. A produção, centralizada nas unidades de Itu (SP), Sete Lagoas (MG), Recife (PE) e Curitiba (PR) conta com uma equipe de mais de 5 mil funcionários diretos. Os produtos são distribuídos para as filiais de vendas espalhadas pelo Brasil e para mais de 210 mil pontos-de-venda.

Grandes empresas e seus pequenos começos

O salto de duas empresas Curitibanas no tempo: o crescimento, reconhecimento local e nacional e as principais fontes de lucros do Grupo Positivo e do Grupo Boticário mundo que não perde a liderança em seu país para uma empresa estrangeira. Os principais produtos da rede são os computadores, que hoje representam em torno de 96% da receita anual. “Começamos vendendo para escolas e posteriormente para o governo, somente em 2003 entramos para o varejo, e foi aí que ocorreu a grande virada. Antes de 2003 vendíamos cerca de 23 mil computadores anualmente, essa marca subiu para 2 milhões em oito anos”, conta Hélio.

O inicío O professor Renato Ribas Vaz, 68 anos, cofundador e diretor do Curso Positivo, afirma que a rede de informática começou dentro da então Faculdade Positivo, com cerca de 15 alunos. Nos anos 90 o número de funcionários subiu para 300, e com a guinada em 2003, chega hoje á mais de 4 mil. Estes estão espalhados nas fábricas de Manaus, Ilhéus, porém o grande contingente ainda permanece no Paraná. O Positivo, fundado em 1972,

tinha o objetivo inicial de aplicar uma nova metodologia de ensino preparatória para os vestibulandos da capital Paranaense. “Queríamos uma escola de qualidade, nossos diferenciais eram os materiais didáticos, elaborados pelos próprios professores, e claro, a metodologia de ensino”, afirma o professor Renato. Hoje o grupo se diversificou e a marca Positivo é referência nacional. O ramo da educação não é mais a principal fonte de lucro, nem a de maior reconhecimento fora de Curitiba. “No resto do país a maioria das pessoas associa o

nome Positivo aos computadores, a educação também é marca forte, porém é mais reconhecida pelos próprios curitibanos”, afirma Hélio Rotenberg. Parcerias curitibanas Em parceria com o Grupo Boticário, o qual investiu em torno de R$ 4 milhões em equipamentos de última geração, a Universidade Positivo disponibilizou espaço para infra-estrutura física, que tem 110m², para inaugurar o Laboratório de Biologia Molecular –

Labim. Os estudos realizados no Labim tem foco no cultivo celular e biologia molecular, fenômenos bioquímicos envolvidos no envelhecimento da pele e de ingredientes naturais da biodiversidade brasileira. O Boticário Criado também em Curitiba o Grupo Boticário teve rápida expansão e atualmente é a maior rede de franquias de perfumaria e cosméticos do mundo. O fundador Miguel Gellert Krigsner, atual

presidente do Conselho de Administração, investiu inicialmente US$ 3 mil (dólares), na época emprestados por seu tio. Empregando cerca de 1500 pessoas na fábrica em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e em torno de 16 mil na rede de lojas em todo o Brasil, o Grupo Boticário encerrou 2010 com 3 mil pontos de vendas em 1570 municípios brasileiros, o faturamento cresceu em torno de 25%, comparado com 2009, e o investimento de R$ 70 milhões na fábrica, foi direcionado para

recursos humanos, infraestrutura, inovação, tecnologia da informação e pesquisa e novos produtos. André Zielonka, 33 anos, proprietário de três lojas e um quiosque O Boticário herdados de sua mãe, Eloísa Farias, conta que a primeira loja foi aberta em 1985 e a segunda em 1987. Planejando abrir mais duas lojas nos próximos dois anos, Zielonka afirma ser um negócio que vale a pena, pois o mercado de cosméticos e perfumaria está cada vez mais em alta. “O último natal foi um dos melhores nos últimos

três anos e teve em média 30% de crescimento nas vendas”, afirma. Empregando 14 funcionários, André alega ter encerrado 2010 com aproximadamente R$ 2 milhões de faturamento bruto. “Esse ano, a economia está mudando, a princípio achamos que será melhor que 2010, teremos um crescimento maior”. Além de empregar um número cada vez maior de pessoas, o Grupo Boticário possui forte atuação na área ambiental, o que deu ao seu criador o prêmio de “Brasileiro Imortal” em 2008. Krigsner

é membro fundador do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas e em parceria com a Prefeitura da capital paranaense, mobilizou e envolveu em torno de 25 mil pessoas no apoio ao “Hora do Planeta” em 2009. Ainda no mesmo ano, o Grupo investiu R$ 684 mil, em 12 meses, para a manutenção do Jardim Botânico de Curitiba, um dos principais pontos turísticos da cidade. Etiene Mandello Virginia Crema


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esporte

Curitiba, abril de 2011

Com uma bolinha e duas traves, alunos da UFPR se reúnem para praticar um esporte diferente

Seja no fim das aulas, em uma tarde movimentada, ou em dia de campeonato, a quadra localizada no pátio central da Reitoria está sempre ocupada por um grupo jogando o Ogrobol. Alguém grita “Ogro!!” e logo aparecem candidatos para jogar. Uma pequena trave em cada extremidade do campo, uma bolinha que corre de um lado pro outro e as vezes vai parar no meio da rua. São meninos e meninas que se misturam nesse jogo que é tradição na UFPR e é um dos principais símbolos da reitoria. O início da história do Ogrobol é um tanto obscuro, ninguém sabe como ele começou a ser praticado. É mais um daqueles jogos que vão passando de geração em geração, mas que não tem um início certo. A história do Ogrobol é quase uma lenda. Alguns acreditam que ele tenha começado com os alunos de Direito da UFPR em meados da década de 80, com algumas regras diferentes das de hoje. Depois de esquecido durante um período, nos anos 90, os estudantes de História voltaram a praticá-lo. Posteriormente o aluno conhecido como Hermann, mobilizou a comunidade acadêmica e “resgatou” o Ogrobol, que voltou a ser mania. Hermann passou a ser o símbolo do jogo e também da Reitoria. Para jogar são necessárias duas traves, uma bolinha muito semelhante às de tênis e três jogadores de cada lado. Nas partidas mais casuais, que podem acontecer a qualquer momento no pátio da reitoria, não existe um tempo determinado para o jogo. Gol de cabeça, que é um dos mais difíceis de ser feito, vale dois pontos. É permitido empurrar, cair, jogar com a cabeça, puxar a camisa, esbarrar, enfim, vale quase tudo. Fazer um gol é bem complicado e exige muita concentração e preparo do atleta. É proibido colocar a mão na bola, e não se pode pedir falta, sempre usando o bom senso. A

bola só é considerada “fora” quando bate no chão ao sair da quadra, e se isso acontece é considerado lateral ou escanteio. A concentração tem que ser grande, pois a bola é pequena e cada jogada é um desafio. O jogo é principalmente praticado pelos alunos de História e Ciências Sociais, mas qualquer pessoa, independente do curso, é convidada a jogar e se divertir com o Ogrobol. Por ser um jogo parecido com o futebol, atrai bastante as pessoas. “Quem estiver pelo pátio pode jogar, e tem aqueles que sempre estão jogando.”, comenta Vanessa Bortolozzi, aluna de Design.

“Não consigo ver a bolinha na minha frente sem pensar em jogar.”

Mania Universitária Os alunos consideram o Ogrobol um jogo viciante. Qualquer momento vago pode ser aproveitado para praticá-lo. A estudante Hellen Cris de Lima, do curso de História, diz que o

Foto: Daphine Augustini

Ogrobol: o jogo que é mania na Reitoria

Universitário se prepara para tentar fazer um gol

Ogrobol “é uma forma da galera conseguir praticar um esporte na Reitoria, além de ser um espaço de sociabilidade”. Luis Henrique, de Ciências Sociais diz não conseguir ver a bolinha quicando em sua frente sem pensar em jogar. Campeonatos Os campeonatos acontecem todo ano, desde 2006. Nesta

época aconteciam até dois deles por ano. Eles são organizado pelo CAHIS, o Centro Acadêmico de História, e levam o nome de “Taça Hermann” (em homenagem ao aluno que resgatou o jogo), para a disputa do torneio os times são divididos por curso. O grande clássico do campeonato, é protagonizado pelos cursos de História x Sociais, os maiores rivais do Ogrobol. Existem até

musiquinhas para cada partida e o público canta em coro, mas as rixas ficam só em tom de brincadeira. Nos campeonatos existe um tempo fixo de jogo, mas as outras regras continuam as mesmas. Os alunos comparecem em peso, cantam, torcem e vibram. O dinheiro que é arrecadado pelas inscrições é dividido entre os próprios alunos, que promovem uma comemoração depois dos jogos. As alunas da UFPR não ficam de fora do esporte, elas estão sempre presentes nas partidas e nos campeonatos. Fazem times próprios e disputam a ”Taça Hermanas”, categoria mista do campeonato. Segundo as jogadoras, os meninos geralmente pegam mais leve com as moças, demonstrando o quão democrático é o Ogrobol. Daphine Augustini

Contato para jogar:

Foto: Daphine Augustini

UFPR Campus Reitoria Rua: DR. Faivre Nº360 Centros Acadêmicos de História no 6º andar e Ciências Sociais no 9º andar.

Partida em andamento no pátio da Reitoria


esporte

11

Curitiba, abril de 2011

Criado em 1999, projeto ajuda crianças e adolescentes

Piá Bom de Bola traz incentivo para atletas pre jogar bem e levar a sério”, completou, falando sobre a possibilidade de olheiros nos jogos do projeto. A atleta agradece ao Bom de Bola pela oportunidade. “Deu muita visibilidade, fora o incentivo a não deixar o sonho de lado”, concluiu. O Projeto

Foto: Fellipe Gaio

“A ideia é a criança se divertir com o esporte e levar o estudo a sério”

Futebol mudando a vida dos jovens

Hevelin Buss é atleta beneficiada pelo projeto

perder forças. Na última edição, ocorrida em 2009, apenas 4.000 participaram, entre meninos e meninas. Ney Leprevost conta que, para 2011, a organização ainda procura investidores, para assim voltar com a força de antes. O projeto provavelmente terá sequência no segundo semestre do ano. Em âmbito nacional, o projeto se estende por três estados do sul do país: Rio Grande do Sul, com o Guri Bom de Bola; em Santa Catarina, com o Moleque bom de Bola; e em Curitiba. Tem em sua essência a idéia de formar melhoers cidadãos, tendo o esporte como medida sócioeducativa e cultural. O projeto tem ainda como principais valores o respeito mútuo entre as crianças, e o espírito de equipe. Os treinos ocorrem nas terças e quintas, a partir das 15:00 no Golaço - Estrada da Ribeira, ao lado do Sam’s Clube Felipe Martins

Vitória made in Curitiba A primeira corrida da temporada 2011 da Stock Car Brasil realizada em Curitiba, no Autódromo Internacional de Pinhais, teve presença curitibana no pódio: o piloto Ricardo Zonta, que já disputou a Fórmula 1, terminou em terceiro lugar. Nascido em Curitiba em 1976, Zonta começou a carreira automobilística no kart, disputando provas na capital paranaense, e com uma rápida ascenção chegou à Fórmula 1 em 1997 como piloto de testes, disputando várias corridas nos anos seguintes. Zonta afirma que Curitiba é uma cidade ótima para corridas, oferecendo as mesmas condições que São Paulo, com uma pista boa para os padrões internacionais, além de muita paixão pelo esporte por parte da torcida paranaense. O piloto destaca a importância da cidade em sua carreira: “Curitiba é minha casa, é minha base sempre que estou no Brasil”. Após o bom início na temporada da Stock Car, Zonta continuará representando Curitiba em 2011, disputando

Foto: Divulgação

O Bom de Bola, originalmente de Santa Catarina, encontrou em Curitiba e região um campo promissor para o projeto. A união entre o Governo do Estado do Paraná e a empresa Parati Massas e Biscoitos possibilitou a criação de tudo, com idealização do então vereador Ney Leprevost. “A idéia do projeto é a criança poder se divertir com o esporte que ela gosta, e em troca levar os estudos a sério”, contou o deputado Ney Leprevost. Na primeira edição, o Piá Bom de Bola contou com um total de 18.000 garotos de 752 escolas. O auge foi em 2004, com a participação de 25.280 crianças, de 1264 escolas. Porém, a falta de apoio financeiro fez o projeto

Foto: Fellipe Gaio

O sonho de se tornar um jogador de futebol não é mais exclusividade para meninos. Cada vez mais, meninas se aventuram nesta árdua jornada, buscando ser vistas por olheiros de times profissionais, e também alcançar a convocação para a seleção brasileira. Para chegar lá, muito esforço é necessário, e projetos são desenvolvidos para dar apoio. Em Curitiba, a iniciativa de Aparecido Brito – o Cido – de juntar um grupo grande de meninas tem ajudado garotas de 12 a 18 anos a batalharem para crescer no futebol. Entre elas está Hevelin Buss, de apenas 17 anos. A garota - apaixonada por futebol - treina desde os 12, em uma dura rotina que alterna entre treinos e estudo. Embora tenha projetos para a universidade, Hevelin não esconde o verdadeiro sonho. “Vou fazer faculdade, mas quero é jogar futebol”, revelou a atleta, sempre esperançosa. Diferente de suas colegas de equipe – que, em sua maioria, pretendem fazer educação física – Hevelin conta que prestará vestibular para os cursos de administração e arquitetura. Em 2007, Cido organizou um time feminino em Colombo, que participaria de um projeto até então freqüentado apenas por garotos. “Éramos novidade. Chegamos a treinar contra meninos, e perdemos muitas vezes”, comentou Hevelin. “Quando chegou no torneio, estávamos bem preparadas. Só perdemos lá no Couto Pereira, contra o time da capital”, explicou, se referindo ao jogo final, disputado no estádio do Coritiba Football Club. O Piá Bom de Bola, primeiro grande desafio na vida de muitos atletas paranaenses, é também uma das principais portas de entrada ao profissionalismo. Hevelin, que já treinou em outros clubes amadores da capital e região metropolitana, espera um dia poder jogar em uma grande equipe, e então chegar na seleção. “Nunca sabemos quem está nos vendo, então tem que sem-

Ricardo Zonta

simultaneamente à competição nacional, as provas da FIA GT, campeonato de Turismo que conta com pilotos do mundo inteiro.

Jhonny Castro


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meio ambiente

Curitiba, abril de 2011

Destinação correta para e-lixo

Meio ambiente X Lixo eletrônico

A partir da constatação de que o e-lixo (lixo eletrônico), não estava recebendo destinação correta, ambiental e social, foi criado o Instituto Brasileiro de Ecotecnologia (biet). ONG de caráter científico e educacional, que trabalha com a reciclagem do lixo eletrônico. A Criação do Instituto é resultado de ações que tiveram inicio a partir do projeto Robótica Sem Mistérios – Um Desafio para Futuros Campeões. O curso foi criado no ano de 2003 por Mauricio Beltrão Fraletti, atual presidente da ONG, para seu filho, na época com dez anos. Nas aulas é utilizada como matéria prima das invenções, lixo eletrônico doado

pela população. O projeto desenvolve a criatividade, trabalho em equipe, o interesse pela robótica, e outros campos das ciências exatas. Como conseqüência tornar-se uma profissão, gerando emprego e renda, um dos principais objetivos do projeto, além de conscientizar as crianças sobre como o lixo eletrônico deve ser tratado. Maurício e Luiz Alberto Poplade, que auxilia a administração da ONG, perceberam a grande quantidade de e- lixo que as pessoas doavam, assim surge em 2009 o Instituto. O projeto cresceu, ganhando parcerias de instituições públicas e privadas e de pessoas físicas, que fazem a doação de seu lixo eletrônico- re-

“Percebo que nas comuidades do interior há uma concientização maior”

síduos da indústria mineral, partes de componentes ou resíduos de equipamentos de informática, aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos - Todo esse material é separado, algumas partes são vendidas para empresas que o reciclam, e as demais peças permanecem na ONG, para serem usadas no curso de robótica e também em futuros projetos idealizados pelo Instituto. Segundo dados do Instituto, o e-lixo, contém uma série de metais pesados e preciosos, porém a extração desses metais exige recursos técnicos avançados de alto custo, além de muitos desses métodos de separação não existirem em nosso país. Por esse motivo, o lixo eletrônico produzido pela população e por empresas, acaba sendo descartado junto ao lixo comum, e sendo reciclado pelo setor informal, como os sucateiros, de forma incorreta, acarretando da-

preservação ambiental nas comunidades

Instituto preserva meio ambiente no PR Com intenção de desenvolver ações que contribuam com a conservação e a proteção ambiental, promoção humana e inclusão social, aliado geração de renda, difusão de técnicas e conhecimento, além de eventos pesquisas e projetos de ação, foi fundado em Curitiba, o Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes. Com o objetivo de valorizar a criatividade e eficácia das empresas que contribuem para a melhor qualidade de vida e qualidade ambiental da humanidade, um grupo de amigos criou o Prêmio Socioambiental Chico Mendes. Entre eles, Vito Milano, imigrante italiano e o biólogo Leverci Silveira Filho. Para concretizar e difundir o projeto, foi fundado o Instituto, que leva o nome de um defensor da proteção ambiental em nosso país. Como principal objetivo, a fundação quer tornar-se uma instituição

referência em mobilização socioambiental através da educação. A ONG atua em escolas, universidades e empresas, com cursos, palestras e projetos. Entre eles o PEA – Programa de Educação Ambiental, que é aplicado durante o período letivo, dentro das escolas, com materiais didáticos que incentivam os alunos a difundirem a cultura da preservação. Já o PROCERT, visa certificar empresas comprometidas com a gestão socioambiental responsável e orienta aquelas que não atingiram boas médias em uma avaliação técnica para que melhorem seu desempenho. A ideia do programa nas escolas visa unir o capital de responsabilidade socioambiental de empresas fazendo uma parceria pública privada. Assim, a empresa que contribui ganha visibilidade por investir na comunidade em que está inserida e o município ou estado ganha o programa

sem custos. “Nos tornamos referência por aplicarmos um método próprio à educação ambiental de maneira formal, dentro das escolas somos a única instituição com programa do gênero”, diz Leverci. Foi criada recentemente a Gincana Universitária, que em forma de competição, faz com que acadêmicos ofereçam serviços socioambientais para a comunidade. “É muito importante que as pessoas conscientizem-se e assumam sua responsabilidade de cuidar do nosso planeta”, acrescenta Roberto Carlos da Silva, participante da gincana realizada no litoral do Paraná A ONG também tem atuação nos estados do Amazonas, Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Ceará, Mato Grosso e Pernambuco.

Rosane Cadena

Foto: Aline Przybysewski

Iniciativa de ONG curitibana ajuda a preservar o meio ambiente dando destinação correta para resíduos eletrônicos em nosso estado

Luiz Alberto Poplade e Mauricio Beltrão mostrando doações de e-lixo

nos à saúde e ao meio ambiente. Para o presidente do Instituto, o maior problema é a que muitos dos principais produtores, que são as empresas, são menos conscientes que as pessoas comuns. “Percebo que nas comunidades

do interior há uma conscientização muito maior do que por parte das empresas e nas grandes cidades”, acrescenta Maurício. Aline Przybysewski

Você Sabia? A Campanha Lixo que não é lixo, foi criada em Curitiba no ano de 1989, com a intenção de separar o lixo orgânico do reciclável nas residências, gerando vantagens econômicas e ecológicas. A coleta de lixo reciclável na capital paranaense aumentou 192% nos últimos cinco anos. De 7.662 toneladas em 2005, os caminhões do programa Lixo que não é Lixo, coletaram 22.419 toneladas em 2009, número que vem se mantendo em 2010. O Lixo que não é Lixo faz a coleta seletiva porta a porta em 100% do território da cidade, numa freqüência que varia de uma a três vezes por semana, dependendo da região. A Prefeitura tem ainda outros programas de incentivo à separação de lixo, como o Câmbio Verde, que faz a troca de lixo reciclável por hortifrutigranjeiros nas áreas mais periféricas da cidade. Todo material é encaminhado à Usina de Valorização de Rejeitos, administrada e mantida pelo Instituto PróCidadania de Curitiba. Depois de separado por tipo, os materiais são vendidos para indústrias que transformam o lixo em matéria prima e novos produtos. A renda é revertida para ações sociais. O campeão de separação é o papel, representa 37% de todo o lixo reciclável que segue para a Usina. Em seguida, 23% de plástico, 20% de vidro, 14% metais e 4% de embalagens longa vida (tetra pack), entre outros. Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba


saúde

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Curitiba, abril de 2011

Modelo pioneiro é exportado para outras cidades do país

Mãe Curitibana completa 12 anos

Mãe Curitibana completou 12 anos de serviço a saúde da mulher e criança, no último mês de março. O programa foi criado com o objetivo de diminuir os riscos na hora do parto e orientar as mães para essa fase de suas vidas. Considerado modelo de sucesso, foi exportado para outras cidades do país, como São Paulo. “O Mãe Curitibana tem o propósito de cuidar da gestante e do bebê até 2 anos, principalmente na questão das doenças infecto contagiosas”, diz Claudete Closs, médica da Unidade de Saúde Mãe Curitibana e coordenadora do programa de aleitamento materno (Proama). Após ser cadastrada em uma unidade de saúde próxima a sua casa, a mulher fica sabendo qual será a sua maternidade. A grávida tem a sua disposição uma consulta por mês, na qual será sempre acompanhada de uma enfermeira ou

de um médico para ser avaliada. “Conheci o programa com 4 meses de gravidez, quando fui fazer o meu pré-natal na Unidade de Santa Felicidade. Por ser uma gestação de risco fui indicada para a Unidade Mãe Curitibana”, disse Geslaine Aparecida Rosa, balconista, 28 anos. Geslaine conta também que gosta muito do atendimento e principalmente das oficinas oferecidas. O progama promove rodas de conversas com as mães para orientar e tirar as dúvidas sobre os cuidados que ela deve ter com a sua saúde, como uma alimentação saudável, cuidados com o bebê e até o que levar para a maternidade na hora do parto. “Esse é meu segundo bebê. Conheci o programa em 2005 quando engravidei pela primeira vez, e acho muito bom, não trocaria por plano de saúde”, declara Edvanda Monteiro dos Santos,

auxiliar de caixa, 36 anos. Ela também conta que tinha alguns problemas de saúde, e por isso, médicos particulares haviam recomendado que não engravidasse. Quando estava esperando seu primeiro filho procurou o programa, participou das oficinas e, apesar do parto ter sido cesárea, tudo correu bem. Claudete Closs também destaca a importância do pré-natal para evitar doenças e agravos durante a gravidez, como a diabetes gestacional e outras que podem gerar riscos para saúde da mulher e da criança. “O importante pra nós é a redução da mortalidade tanto materna quanto infantil, porque se a mãe não faz o pré-natal o bebê se torna de risco, até para a própria mãe”, adverte a médica. Durante os 12 anos de programa 200 mil acompanhamentos foram realizados. A taxa de mortalidade materna caiu de 60,5

Foto: Rafaela Carvalho

Com 200 mil acompanhamentos no apoio à saúde das gestantes e crianças em Curitiba, o programa é ampliado para todo o Paraná

A médica Claudete e casal atendido pelo programa após a oficina

em 1999, ano que o programa foi criado, para 38,6 por 100 mil nos últimos 5 anos. O programa também registra a menor taxa de mortalidade infantil que é de 8,9 entre cada 100 nascidos. O governo do Estado do Paraná pre-

tende estender a abrangência do Mãe Curitibana para o Mãe Paranaense. Estados como Pernambuco também já aderiram a ideia. Maria Elisa Brenner Busch Maruza Silverio Gozer Rafaela Carvalho

MÉTODO CRIADO EM CURITIBA TEM APROVAÇÃO DOS PARTICIPANTES

“Eu Parei! O caminho para parar de fumar” visa ajudar pessoas a largarem o vício do cigarro. O método usado baseia-se na Programação Neurolinguística (PNL), o foco é a melhoria de vida que os fumantes terão sem o uso da nicotina. O programa está na 55ª edição e tem 75% de resultados positivos. Vera Mendes, criadora do programa, fumou por 26 anos. Ela fez o curso de PNL em Curitiba, no qual aprendeu como a mente funciona. Com isso direcionou o seu aprendizado para conseguir parar de fumar, e após obter sucesso contra o vício passou a ensinar o método a outras pessoas, no ano de 2007. “A neurolinguística analisa apenas os aspectos positivos. O fumante não quer saber o que o cigarro pode fazer a saúde dele porque já se acostumou com o fato, então não é uma boa estratégia”, diz a palestrante. O pro-

grama ressalta a melhoria que o fumante terá se parar de fumar. “Estava tão apaixonada por aquele alívio, eu podia assistir a um filme com a minha família sem ter que sair no meio para fumar um cigarro”, revelou Vera. Uma exigência do curso é que não haja falta, caso a pessoa falte ela não terá mais direito de participar das palestras. “Na época, ao invés de minha mulher me pedir para acompanhá-la ao velório do pai dela, me falou para não faltar ao programa, isso me incentivou”, declara Tatsumi Noguti, empresário, fumou por 44 anos. “Eu chorava e pedia para ele parar, estávamos nos distanciando por causa do cigarro, eu tinha medo porque isso destrói o relacionamento”, conta a esposa Leandrina Noguti. Geraldo Bolzani, advogado, fumou durante 53 anos e optou por largar o cigarro após ver sua saúde debilitada. “Cheguei a fu-

mar 2 maços por dia e já havia tentado até tratamento com remédio, mas não me adaptei”, conta Bolzani. Durante as palestras os fumantes marcam o dia em que irão parar de fumar, Geraldo lembra a hora exata do último cigarro, que foi há três anos. Ivaldina Farias, costureira, atualmente grávida de 6 meses, fumou por 26 anos e há 4 meses participou do seminário. Ela conta que ainda lembra do cigarro, mas a vontade passa. Ivaldina fumou durante as outras gestações que teve, mas a oportunidade oferecida pelo curso fez com que ela quisesse largar o vício. “Chega um tempo na vida que você precisa parar e fazer a coisa certa. Com o apoio de outras pessoas é melhor ainda”, finaliza. Contato: www.euparei.com.br (41) 9922-2979

Foto: Maria Elisa Brenner Busch

“Eu Parei” baseado na neurolinguística ajuda contra o tabagismo

Após largar o cigarro Vera Mendes atua no combate ao fumo

Olhar médico A médica Maria de Guadalupe Cota, pós-graduada em Tisiologia e Pneumologia, comenta que, em se tratando do combate ao fumo, acredita em métodos fundamentados em estudos científicos e em consensos obtidos junto aos Conselhos e Sociedades

científicas da área de saúde. A médica ressalta que os tratamentos devem ser feitos com a associação da psicologia e remédios. Maria Elisa Brenner Busch Maruza Silverio Gozer Rafaela Carvalho


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tecnologia

Curitiba, abril de 2011

A TECNOLOGIA REDUZ ASSALTO NO TRANSPORTE COLETIVO

Smart card facilita cobrança em ônibus

O uso de smart card no sistema de transporte coletivo de Curitiba, para pagamento de passagem, é pioneiro no Brasil de acordo com a prefeitura. Desenvolvido e implantado pela empresa paranaense CINQ Technologies, o sistema é considerado referência mundial no setor, pelo caráter multi-aplicação. O projeto começou com o Cartão Qualidade, criado em 1996 na área de recursos humanos da Prefeitura de Curitiba, que, por ter um centro de processamento de dados antigo e caro, resolveu inovar. Foi criado então o Instituto Curitiba de Informática (ICI), que passou administrar a folha de pagamento municipal e elaborou um novo conceito em parceria com

a empresa curitibana Qualipro, que hoje se chama CINQ Technologies. Trata-se de um cartão inteligente com um microchip que, além de atender os quesitos de identificação e de controle de acesso do colaborador, permite o armazenamento, com total segurança, de várias informações do portador. Aprimorado para a utilização no transporte coletivo, o sistema começou a ser inserido para uso da população apenas em 2003. Para comunicação com a central é usada uma tecnologia de radio frequência que transmite os dados da catraca dos ônibus, bem como aquelas localizadas nos terminais e estações tubo, sempre baseado em um ciclo de 1 dia. Existe uma câmera de compensação centralizada,

“Os cobradores não precisam trabalhar com o troco”

conhecida como clearing house, de todas as transações, similar aquela existente em bancos, onde os créditos e débitos são contabilizados todos os dias. O cartão é de uso pessoal, não descartável e armazena créditos de passagens a serem utilizados pelos usuários do sistema de bilhetagem eletrônica da Rede Integrada de Transporte (RIT). O Diretor de Serviços e Projetos Corporativos da CINQ Technologies, Edson Althoff, explica como são os cartões e também o reconhecimento que a cidade teve com a empresa fornecedora. “Usamos cartões híbridos, com e sem contato, de uma empresa francesa chamada Schlumberger. O case de Curitiba foi matéria de uma revista mundial do fornecedor como algo inovador”, contou o diretor. Segundo a URBS, a tecnologia foi desenvolvida buscando um

Foto: Yan Londero

Sistema desenvolvido pela empresa curitibana CINQ Technologies, em parceria com a prefeitura, é inovação mundial no setor

Usuária do smart card no serviço de transporte coletivo de Curitiba

melhor gerenciamento do sistema de transporte coletivo, possibilitando prestar melhores serviços aos usuários. Além disso, visou maior segurança nos ônibus, estações tubo e terminais, em virtude da redução do volume de dinhei-

ro e vales circulantes, facilitando também a ação dos cobradores, que não precisam trabalhar com Miguel Rezende

EMPRESA CURITIBANA destaca-se no mercado internacional

Sucesso mundial, a Microsoft Corporation, faz parceiros em Curitiba e ajuda a qualificar profissionais. Em seu Centro de Treinamento de Profissionais da Microsoft (MIC), alojado na Universidade Positivo, muitos funcionários são capacitados para trilhar uma carreira de sucesso e inovação na informática. Profissionais estes que, quando se destacam individualmente, são chamados parar trabalhar na própria Microsoft Corporation em São Paulo ou mesmo na matriz em Nova York, o que talvez seja o grande objetivo para quem trabalha nesta área. Outra empresa beneficiada pela Microsoft é a TechResult, uma das mais renomadas em Curitiba no ramo da informática. A parceria, iniciada em 2003, foi conquistada devido a proximidade de Profissionais que trabalhavam na empresa e eram envolvidos com projetos que a Microsoft

Corporation desenvolvia. Segundo Maxiliano Vargas, PHD em Processos operacionais e diretor de operações na TechResult, ‘‘O diferencial da empresa são os funcionários qualificados com o MVP (Microsoft Valuable Professional) e MCP (Microsoft Professional Certified)’’. Para conseguir a aprovação da Microsoft, os instrutores devem fazer uma prova em inglês, elaborada pela própria empresa. A qualificação, aliada a inovação, criação e força levaram a empresa curitibana a sociedade internacional. Para Roseli Oliveira, instrutora de operações, ´´tornar-se instrutora da TechResult é um trabalho árduo e complicado, pois é necessário possuir inglês fluente, além de passar por provas de 6 em 6 meses.” O lado positivo, ressalta Roseli, é a qualificação oferecida pela TechResult através de cursos e incentivo ao estudo de seus profissionais.

As grandes vantagens para a TechResult, em ser uma empresa que tem parceria com a Microsoft, são a credibilidade e o acesso livre a qualquer material produzido pela empresa norte-americana, como softwares e jogos. Além de cursos gratuitamente fornecidos para todos os instrutores aumentarem sua habilidade e capacidade profissional. Em Curitiba, a TechResult é uma das empresas que mais vem crescendo neste ramo em Curitiba, e apesar da forte concorrência e a falta de profissionais capacitados, é considerada por muitos a melhor empresa da cidade nesta área, o que pode ser comprovado pelos vários prêmios conquistados. Segundo dados da TechResult a empresa teve um faturamento anual de aproximadamente R$ 12 milhões, ganhado o prêmio FINEP de inovação no ano passado.

Foto: Raphael Ribeiro

TechResult qualifica profissionais com a Microsoft Corporation

Maximiliano Vargas, diretor de operações da Tech Result

Yan Londero


geral

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Curitiba, abril de 2011

MoraDORES APONTAM OS DIFERENCIAIS DA CIDADE das araucárias

Curitiba para os curitibanos

O Jardim Botânico com 245 mil m² de área verde: um dos cartões postais da cidade

o United Nations Environment Program (Unep), prêmio máximo na área de meio ambiente, o que comprova o ideal da capital brasileira campeã em preservação da natureza. “Nasci e cresci em São Paulo. Quando me mudei para cá, no final de 2009, achava estranho as pessoas não jogarem lixo nas ruas. São pequenos detalhes como esse que, ao todo, realmente fazem de Curitiba a cidade modelo do país”, acentua a psicóloga Pryscilla Vaz, 26 anos. O estudante Henrique Kaminski, 23 anos, diz que o transporte coletivo da cidade é muito bom e completo. “Já viajei pra outros locais e sei que os ônibus

daqui são muito melhores que os de inúmeras cidades, e que as estações-tubo são sem sombra de dúvidas muito eficientes”. Atualmente, existem 351 estações-tubo em Curitiba, não existindo em nenhum outro local do país. “Se eu quiser sair para comer sushi do outro lado da cidade, por exemplo, eu posso, já que há inúmeras linhas de ônibus, com diversos trajetos”, conclui. A gastronomia variada de Curitiba também atrai muitos turistas, o que faz a cidade crescer cada vez mais. A grande mistura de raças e nacionalidades, devido à imigração, contando com italianos, japoneses, poloneses, entre

“A capital do Paraná é conhecida como cidade modelo”

outros, traz para a capital um variado campo de opções. “Vim do interior do Paraná passar os dias na casa de uma amiga, e saímos para jantar várias vezes, mas são tantas alternativas que nem sabíamos para onde ir”, afirma a jovem estudante Cássia Moreno, 18 anos. Apesar das diversas opções

de lazer ao ar livre, o local mais visitado pelos curitibanos nas horas de folga são os shoppings. Com a quinta maior economia do Brasil, Curitiba tem um forte poder aquisitivo comparada a outras grandes capitais do país, e isso movimenta a economia local, principalmente nos shoppings. A cidade conta com mais de 30 shoppings e as maiores marcas do comércio nacional estão aqui. A diversidade cultural, somada a gama de opções de lazer e turismo da cidade, fazem de Curitiba um lugar agradável para se viver, de acordo com a sua população. Os parques, museus e praças estimulam o curitibano a sair e se divertir. Mesmo nos dias em que o conhecido clima curitibano está fechado, não faltam opções diversificadas para a população. Alexandre Senechal Duarte Mariana Kais de Azevedo Paula Mayra Nunes Lima

Curiosidades Curitiba é o segundo maior pólo automotivo brasileiro, segundo o IBGE. O sistema de ônibus da cidade é tido por especialistas como um dos mais modernos e eficientes do país. Aqui, foi inaugurado o primeiro edifício com apartamentos giratórios do mundo. Segundo estimativas, Curitiba é considerada a capital do rock, com o maior número de bandas de garagem por metro quadrado do mundo. Medições recentes indicam que a área verde de Curitiba é de 51,5 m² por habitante - cerca de três vezes superior à área mínima recomendada pela ONU. Curitiba é o centro econômico do estado do Paraná e o quinto maior PIB do país.

Foto: Paula Mayra Nunes Lima

Curitiba comemorou 318 anos no dia 29 de março. A capital paranaense, que possui 1.746.896 habitantes (dados do IBGE), desconsiderando a região metropolitana, tem o nome derivado do Guarani: kur yt yba - que significa “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”, na linguagem dos índios, primeiros habitantes do território. Fundada em 1693, a “cidade sorriso” sofreu forte influência pela chegada de imigrantes europeus e asiáticos, durante o século XIX, e ainda mantém características dessa colonização. As praças espalhadas pela cidade, intituladas com o nome dos países que mais participaram da construção do povo curitibano, como a Praça da Espanha e da Ucrânia, são frequentadas por descendentes desses povos e outros cidadãos comuns, trazendo um pouco da arquitetura, cultura e estilo dos países. “Passear em um lugar que traz a história do país de origem da minha família, é muito prazeroso e importante para mim e, com certeza, para os outros descendentes” conta Tiago Hayashi, 20 anos, neto de japoneses e visitante da Praça do Japão aos finais de semana. Curitiba é reconhecida nacional e internacionalmente, pelos seus parques e jardins, e possui um dos melhores índices de áreas verdes do país, com 52 metros quadrados por habitante. “Acho que o diferencial da cidade é que possuímos uma área verde que não encontramos em outros lugares, isso encanta ainda mais”, diz a estudante curitibana Thais Thomazini, 21 anos. Outros aspectos positivos são o desenvolvimento planejado, a educação ambiental e a preservação do patrimônio histórico, que sempre foram muito considerados por seus administradores e até mesmo pelos habitantes. A capital do Paraná é conhecida como cidade modelo e possui grande reconhecimento da área de sustentabilidade, com diversos programas de reciclagem e coleta seletiva. Já recebeu

Foto: Paula Mayra Nunes Lima

Considerada a cidade modelo e capital ecológica do país, Curitiba comemora 318 anos de história e particularidades

Segundo dados da FIPE, é a terceira cidade a receber turistas estrangeiros para fins de negócios.

Localizada no meio da cidade, a Praça do Japão é uma das opções de lazer mais utilizadas pelos curitibanos

Em 2010, o IBGE realizou uma pesquisa e constatou que a frota de automóveis da capital superou a média nacional.



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