CURITIBA, AGOSTO DE 2011 - ANO 15 - N° 196 - 2° ANO DE JORNALISMO NOITE DA PUCPR - jornalcomunicare@hotmail.com
É TUDO MENTIRA?
Falsificações, lorotas, enganações e fraudes são mais comuns do que você imagina GATO POR LEBRE: Cuidado com combustíveis adulterados nas bombas | Pág 04
PARECE MAS NÃO É: Novas cédulas falsas em circulação | Pág 05
EM CAMPANHA: Candidatos fazem promessas que não podem ser cumpridas | Pág 09
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opinião
Curitiba, agosto de 2011
É PRECISO DUVIDAR DA REALIDADE IMPOSTA
Acreditar na verdade ou na mentira?
As mentiras se tornaram habituais, os motivos justificáveis e o ato de mentir, enfim, natural e dizer a verdade não é o mais importante Nesta edição apresentamos mentiras que podem ser consideradas engraçadas, como As Lendas Urbanas, que despertam a fantasia e a imaginação sobre nossa cidade. Na Internet o humor é explorado através de notícias falsas e montagens de fotos em sites e blogs. Outras mentiras, que por serem frequentes se tornaram cotidianas, como a falsificação de dinheiro, a sonegação de impostos. E entramos em assuntos mais sérios. A pior de todas as men-
tiras, que é acobertada pela máscara do poder, a mentira política. Candidatos que fazem promessas aos eleitores durante a campanha e que depois nem chegam perto de cumprir. E isto não é constrangedor para eles, pois tentar vencer a corrupção parece inútil. E o povo iludido vota e depois não cobra as promessas. É um circulo vicioso e confortável o da mentira. As pessoas preferem não conviver com a verdade por medo que isso acabe com uma situação favorável. A sinceridade muitas vezes não propicia o sta-
tus desejado ou o lucro fácil. E o tempo vai passando e aceitamos tudo complacentemente. Todos os brasileiros têm uma moradia digna, alimentação decente, trabalho garantido, educação suficiente e acesso a um sistema de saúde avançado. Meias mentiras? Meias verdades? O Brasil está crescendo em muitos aspectos, mas ainda é taxado de país do futuro. Se for assim, o presente não existe e se não existe, é uma mentira. O paraíso de mentiras precisa de gente de verdade, gente com
honra e coragem de lutar por seus direitos. Temos que construir um país justo e tem que ser agora. É preciso duvidar da realidade imposta. Desconfiar, questionar, analisar, pesquisar. Ter no mínimo bom senso e discernimento e não aceitar algo como verdadeiro por preconceito, comodidade ou interesse. As maiores mentiras são as que contamos a nós mesmos, está na hora de começar a acreditar que podemos dizer a verdade. Ana Evelyn de Almeida
UMA APOSTA ARRISCADA
Comunicare consegue apenas em parte superar o desafio
Escrever um jornal temático, explorando o mesmo assunto ao longo de 16 páginas, é uma aposta arriscada. Ela permite aos jornalistas a oportunidade de se aprofundarem e abordarem de forma detalhada o tema escolhido, algo raro e valioso para quem trabalha com o imediatismo de um jornal diário. Mas também trás consigo o perigo de tornar a leitura repetitiva ou enfadonha, por mais desdobramentos que a matéria possa permitir. Ao focar os animais e seu relacionamento com os humanos, a edição de junho do Comunicare consegue apenas em parte superar o desafio. Ao mesmo tempo em que trás novidades e dados interessantes sobre o tema, o jornal lembra em alguns momentos aquelas publicações especializadas que se preocupam mais em fazer a divulgação de serviços e produtos do que realmente informar o leitor. Na opção (não explícita, mas clara) de priorizar reportagens sobre os bichos que convivem diretamente com o homem, em nossas casas e quintais, o jornal encontrou grandes êxitos. É impossível não se comover com o relato dos maus tratos sofridos pelos animais que puxam carroças pelas ruas de Curitiba. A foto do cavalo exausto, caído diante
de sua carga, é sem dúvida o ponto alto da edição, uma denúncia crua e chocante. Quando causa no leitor indignação ou revolta, uma reportagem de denúncia atingiu com sucesso seu objetivo. E como não ficar indignado com o descaso do poder público na hora de regulamentar o transporte por tração animal? Ou ao saber que o único abrigo público para cães abandonados da cidade ainda nem existe e, quando pronto, poderá abrigar apenas 80 dos milhares e milhares que seguem sem trato e sem lar por Curitiba? Limitar-se ao tema dos animais domésticos talvez fosse uma opção mais acertada – apesar do destaque, na minha visão excessivo, para assuntos triviais como acupuntura e florais para cães e gatos. Pois ao ampliar a EXPEDIENTE Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Edição nº 196 | Agosto/2011 PUCPR Rua Imaculada Conceição 1.155, Prado Velho - Curitiba/PR www.pucpr.br Reitor Clemente Ivo Juliatto Decano do CCJS Alvacir Alfredo Nicz
abordagem para a vida selvagem, o jornal deixa muito a desejar. Qual é a situação das espécies em risco no Paraná? Como está a fiscalização e preservação das áreas de proteção ambiental do estado? Como anda a luta pela preservação de animais símbolos como o lobo guará ou papagaio da cara roxa? Não é preciso se afastar de Curitiba para conhecer parques e reservas que sofrem com desmatamento ilegal, caça clandestina ou tráfico de espécies nativas. Senti falta da participação de entidades relevantes e com grandes realizações para a causa ambiental, que surgiram aqui no Paraná e hoje têm atuação nacional e internacional. A Sociedade de Proteção à Vida Selvagem (SPVS) é apenas a ausência mais
sentida. Afinal, se o “Paraná é pioneiro na proteção ambiental”, como diz uma das matérias, essa condição se deve muito mais a atuação dos ambientalistas do que à ação do governo. Para encerrar, deixo um “pitaco” sobre a área que tenho mais experiência. Rinha de galo não é esporte! Mesmo quando se ressalta seu caráter ilegal, é uma atividade que jamais pode ser confundida com uma prática desportiva. O esporte é a celebração da vida, a competição entre atletas que amam e se dedicam de corpo e alma a uma atividade física ou mental. Algo que jamais pode ser associado à exploração cruel de animais indefesos.
Decano-Adjunto do CCJS Marilena Winters
EDITORIAS Capa: Equipe Comunicare Comportamento: Aline Przybysewski Cultura: André Recchia Economia: Maria Elisa Busch Educação: Felipe Martins Entrevista: Penélope Miranda Lourenço Esporte: Fellipe Gaio Geral: Tiago André dos Santos Opinião: Ana Evelyn de Almeida Política: Julio Cesar Glodzienski Saúde: Camila Barbieri Segurança: Mariana Kais de Azevedo Tecnologia: Lidyane Pereira Trânsito: Jasson Julio Wolff Maciel
Diretora do Curso de Jornalismo Mônica Fort COMUNICARE Jornalista Responsável Cícero Lira - DRT 1681 Coord. de Projeto Gráfico Alessandro Foggiatto de Andrade EDITORES Editor-chefe: Jhonny Castro Editor de arte: Etiene Mandello
Cahuê Miranda Editor da Tribuna do Paraná
FALA, PROFESSORA
“Um jornal produzido por acadêmicos é a oportunidade de aplicar o que se vê em sala e já ter uma prévia de como será no mercado de trabalho.” Hellen C. Gonçalves, Professora de Língua Espanhola
FALA, ALUNO
“O jornal tem uma linguagem abrangente e por ser temático pode-se encontrar tudo sobre um mesmo tema. Mas senti falta de humor, como uma charge.” Ronan de Oliveira Veiga Aluno do curso de Licenciatura em Filosofia da PUC PR
NOSSA CAPA
“ Utilizando a obra ‘O Apontador’, de Mike He, que é baseada em um conhecido personagem, a capa é a personificação do tema abordado”. Equipe Comunicare
entrevista
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O MÉTODO TAMBÉM É APLICADO EM CONSULTORIAS E EMPRESAS
Face e corpo podem revelar mentiras
Formado em Física pela UFPR, Wanderson Castilho é perito em detecção de mentiras. Começou seu interesse por crimes na web em 1999, quando abriu sua agência: E-netsecurity, na área de investigação de crimes eletrônicos. Para ajudar em seu trabalho, aprimorou seus conhecimentos com um curso que prepara agentes do FBI e da CIA, órgãos de inteligência dos Estados Unidos. Em seu currículo soma entrevistas para o Fantástico, programa do Jô Soares entre outros, sempre mostrando sua técnica e habilidade em perceber, por expressões faciais, corporais e até pela escrita, quando um indivíduo está falando a verdade ou está mentindo. Comunicare: Há quanto tempo o senhor se dedica a essa profissão e aplica sua técnica? Wanderson Castilho: O interesse por esse tema de detecção de mentiras surgiu em 2006, aí comecei a pesquisar. Em 2009 fui fazer treinamento nos EUA. Em 2010 comecei a aplicar minha técnica e esse ano já ensino ela às pessoas. Comunicare: Há diferença entre homem e mulher tanto para perceber uma mentira quanto para ser convincente nela? Wanderson Castilho: Sim. A mulher mente melhor e detecta melhor. Ela já nasce preparada para ajudar na sobrevivêcia de seu próximo. Qualquer gesto, qualquer
Foto: Penélope Miranda Lourenço
Especialista em crimes, Wanderson Castilho ensina a técnica de como detectar mentiras através de análises comportamentais
Wanderson Castilho, perito em detecção de mentiras
movimento que uma criança faça, uma mãe vai saber o que ela está querendo. Então imagine quando você cresce, ela te conhece em tudo. Comunicare: Há diferença, no modo de mentir e na sua detecção, em um mentiroso patológico? Wanderson Castilho: Quando aquela mentira começa a te prejudicar e tem consequências grandes, você está com uma patologia. Para detectá-la eu preciso de certos indícios: começo a fazer perguntas com um padrão como o nome e idade, respostas que uma pessoa não tem porque
mentir. À essas respostas a pessoa se comporta de um jeito, se faço perguntas mais pessoais ou que elas se sintam acanhadas ao responder, ela fica diferente, se comporta de outro modo então já sei que está mentindo. Comunicare: Onde a técnica é mais utilizada, em que área solicitam mais seu serviço? Wanderson Castilho: Em consultorias e resoluções de crimes, também aplico em crimes cibernéticos. Comunicare: O Brasil se destaca entre outros países no ranking da mentira pela web. Por que?
Wanderson Castilho: Tem empresas que fazem isso, mas acho que não, segue um mesmo padrão. Ser humano é ser humano em qualquer lugar que se encontre. Ele vai seguir o seu comportamento, então vai ser proporcional ao tamanho da população e a cultura. Comunicare: Apenas a sua palavra é suficiente para provar que um suspeito está mentindo num caso policial? Wanderson Castilho: A lei precisa de provas e fatos concretos. Isso faz da técnica um fator fraco, porque ela precisa de prova material. Mas se a pessoa contrata ela vai ter que confiar em mim e normalmente eu filmo e mostro porquê a pessoa está mentindo. Comunicare: O que o seu curso ensina como prioridade na hora de analisar um indivíduo? Wanderson Castilho: Depende da função. Por exemplo um jornalista investigativo que precisa saber se a fonte conta a verdade. Ele começa a conversar, pergunta coisas que ele não vá mentir para identificar o padrão e depois entra realmente na história. Se ela mudou o padrão, desviou o olhar, fez uma expressão que não combinou com o que falou, está tentando mascarar essa resposta. Comunicare: Como se per-
cebe a mentira pela escrita? Wanderson Castilho: Peço para escrever o que fez durante o dia. Eu vou saber se está mentindo. Quando estamos escrevendo, nós colocamos palavras com ênfase ou tentamos esconder coisas no texto sem a gente perceber. Não é a escrita, é o texto. Comunicare: E como se percebe pela expressão facial? Wanderson Castilho: Se a pessoa quer falsificar as emoções ela tende a ser mais exagerada. Expressão de tristeza, raiva, nojo, descaso, abre a narina na hora do medo, fica se balançando na cadeira assim você percebe as emoções e compara com o que a pessoa está verbalizando. O ser humano tem regras e consciência para viver em sociedade. São essas regras que usamos na detecção da mentira, as quais você está falando, está verbalizando, os seus sentimentos, suas emoções e sinais instintivos estão me dizendo. E se você tentar me enganar, esses seus sinais instintivos não vão combinar com o que você está me verbalizando. E aí eu falo ‘é mentira’. Grande parte da nossa comunicação não é verbal, ela é gestual e em conjunto com a expressão facial.
“Grande parte da comunicação não é verbal, mas sim gestual”
Penélope Miranda Lourenço
Como identificar as expressões faciais
IMAGENS RETIRADAS DO SERIADO “LIE TO ME”
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trânsito
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Consumidor pode estar sendo enganado com preço baixo do combustível
Motorista deve ficar alerta ao abastecer O setor dos combustíveis vem ganhando destaque pela revolução tecnológica, investindo em combustíveis menos poluentes e de maior eficiência. Mas mesmo com essas conquistas, muitas pessoas têm sido enganadas por postos de combustíveis, que vendendo gasolina a um preço mais baixo, oferecem ao consumidor um produto de má qualidade e que pode acabar com o desempenho do veículo. Segundo a lei brasileira, o limite máximo da mistura de solventes com a gasolina é de 2%, e para o álcool, 24%, mas muitos postos de combustível não respeitam essa medida, já que o dono do posto pode ter uma melhor comercia-
lização do produto, misturando uma porcentagem maior de solventes, que são mais baratos, aumentando o lucro do negócio em torno de 10%. Paulo Eduardo dos Santos, de 25 anos, afirma que quando seu carro começou a apresentar problemas, nem imaginava o que realmente havia acontecido. “Meu carro começou a falhar, ficava morrendo no meio do trânsito e não desenvolvia velocidade”, relata a vítima. “Quando levei no mecânico, descobri que tinha abastecido com gasolina adulterada”, explica o jovem, que gastou cerca de R$380 reais no conserto do automóvel.
“Só percebi o estrago dias depois de ter abastecido”
Mecânico há mais de 15 anos, Gilson Macedo de Camargo diz que o uso de gasolina ou álcool adulterado pode causar vários estragos, como o entupimento da bomba de gasolina, onde o veículo começa a “morrer”, corrosão do sistema de injeção eletrônica, impedindo o funcionamento do motor. Ainda segundo o profissional, o problema se agrava se o indivíduo abastecer regularmente seu automóvel em postos fraudulentos, pelo acúmulo de resíduos provocados pela queima de gasolina adulterada, os defeitos começam a aparecer em torno de 5.000 km rodados depois dos primeiros abastecimentos com gasolina falsa. E isso pode provocar um colapso no funcionamento do motor. O desse tipo de concerto pode girar em torno de R$1.200 reais em carros populares. Algumas dicas de como evitar essa fraude são: desconfiar
Foto: Jasson Wolff
Segundo a legislação o limite da mistura de solventes na gasolina é de no máximo 2% e para o ácool cerca de 24%
Densímetro: equipamento para medir a qualidade do combustível
do preço muito baixo em relação os preço normal de mercado, use sempre gasolina aditivada, pois contem menos solventes e possui detergentes que limpam o motor, abasteça sempre no mesmo posto, que seja de confiança.
Ninguém viu, só ouviram falar, a lei seca é mito
vejo é acidente de carro, na maioria envolvendo jovens” diz Melo. O próprio taxista já foi vítima de um acidente. “No sábado as 15h uma mulher entrou na contramão e me jogou longe, provavelmente estava embriagada. Os policiais chegaram e não fizeram teste do bafômetro. Como era madame disseram que ela teve mal súbito, se fosse um pobre seria um bêbado e levariam preso” reclama Melo. A assessoria de imprensa da Polícia Militar não dá maiores informações sobre o assunto. Porém informa que não há fiscalizações com uma certa frequência e que não poderiam falar sobre a quantidade de bafômetros que a polícia possui. * O nome foi modificado. Lucas Molinari
Foto: Lucas Molinari
parar de fazer isto”. Ao lado sua namorada afirma que “quando ele bebe fica até mais consciente, dirige devagar e com responsabilidade”. Mas há quem afirme que quando sai e será o motorista da rodada, as bebidas são só refrigerante e água. “Nos finais de semana eu saio, bebo e não dirijo. Quando vou de carro eu não bebo”. É o que comenta Haysllena Doanat, motorista há quase dois anos. Ninguém parece temer a repressão, “sempre saio com meus amigos, é comum eles beberem e voltarem para casa dirigindo” afirma Haysllena. “Fiscalização? Eu nunca vi” é o que afirma a maioria dos entrevistados. José de Melo, taxista há 30 anos, trabalha a noite nos finais de semana e nunca passou por uma blitz em que estivessem fazendo o teste do bafômetro. “Nos finais de semana o que mais
Jasson Wolff
Mentiras sobre o Álcool
Fiscalização fantasma em Curitiba Beber e dirigir atualmente é algo comum, nem mesmo uma lei rigorosa é capaz de intimidar quem tem costume de dirigir alcoolizado. Há quase três anos foi alterado o código de trânsito brasileiro, que pune motoristas com teor alcoólico no sangue maior que 0,2 g/l que corresponde a uma lata de cerveja. A equipe comunicare percorreu regiões onde se concentram os bares mais frequentados de Curitiba, na noite de sábado para domingo. O que se viu foram bares e estacionamentos lotados, com filas para entrar. Em cima das mesas as bebidas principais eram cerveja e drinks. Rodrigo Mendez* foi abordado dentro de um bar no Largo da Ordem, já no seu segundo Chope. Com 28 anos de idade e carteira de motorista há 4 anos diz “bebo praticamente todo final de semana e dirijo. Quando eu for pego em uma fiscalização, vou
O consumidor que for lesado poderá fazer denúncias de adulteração de combustível ou outras irregularidades através do Procon ou pela ANP, pelo telefone 0800 61 55 55.
Bares lotados e motoristas embriagados
Basta uma ducha fria para acordar: MENTIRA - nenhuma ducha fria e nenhum exercício ajudam a eliminar o álcool do seu corpo. Comer bastante elimina o efeito do ácool: MENTIRA - comer enquanto ingere bebida alcoólica não diminui o nível de álcool no sangue. Beber refrigerante com gelo antes do teste do bafômetro engana o equipamento: MENTIRA - o gelo não libera hidrogênio que seria capaz de enganar o equipamento. O Álcool dá mais energia: MENTIRA - ele reduz a capacidade de pensar, falar, mover e de fazer qualquer outra atividade.
economia
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AS MULTAS VARIAM DE 75% ATÉ 225% SOBRE O VALOR DO IMPOSTO
59.599 contribuintes caem na malha fina Segundo dados da Receita Federal o principal motivo para as declarações cairem na fiscalização é a omissão de rendimentos
Nesse ano, no Estado do Paraná, 59.599 declarações de imposto de renda caíram na malha fina de acordo com o controle da Receita Federal do Brasil (RFB). Os motivos mais representativos são omissão de rendimentos (39%), deduções a maior ou indevidas na área de saúde e pensões alimentícias (12%), e divergências de informações entre a fonte pagadora e o valor declarado pelo contribuinte (9%). Segundo Vergílio Concetta, Assessor de Comunicação da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 9ª RF, “os controles da Receita são dinâmicos e apresentam os resultados do momento da extração
dos dados por lote, ou seja, nesta data temos em malha no Paraná 59.599 declarações relativas ao exercício de 2011 e 68.916 relativas ao exercício de 2010”. Ele comenta que o quantitativo de contribuintes, pessoas físicas, retidos em malha fina não tem apresentado grandes variações nos últimos anos. O Assessor conta que muitos dos casos são provenientes da tentativa de fraude. Ele destaca que os casos mais comuns de sonegação de impostos em relação às Pessoas Físicas são as deduções de despesas na área de saúde e a omissão de rendimentos, principalmente em relação aos contribuintes autônomos. Em relação às Pessoas
“Aconselhamos a não fazer isso. A Receita tem como descobrir”
Jurídicas é a emissão de rendimentos e planejamentos tributários abusivos, além da dedução na base de cálculo dos impostos/ contribuições de custos ou despesas indevidas. O contador Claudio Nepomoceno diz que as pessoas que mais sonegam impostos são aquelas que possuem rendimento e precisam emitir nota, mas não emitem. “Todo ano a Receita estipula um valor, e acima daquilo você deve declarar sua renda. Mas quantas pessoas ganham muito mais do que esse valor e sonegam?”. Ele completa dizendo que isso acontece porque geralmente os contribuintes não veem retorno no dinheiro do imposto pago. Marcia Regina Foggiato, também contadora, destaca que os clientes reclamam do valor do imposto e muitas vezes pedem para que nem tudo seja declarado. “Os aconselhamos a não fazer
PESSOAS que REPASSAREM CÉDULAS FALSIFICADAS, PODEM SOFRER PROCESSO
Notas falsas circulam no comércio do país Foram apreendidas mais de 400 mil cédulas de dinheiro falsificadas no ano de 2010, segundo Banco Central do Brasil. Até julho já foram quase 200 mil, dentre essas 17.475 cédulas são notas da nova família de reais que entraram em circulação no último mês de dezembro. Apesar da quantidade de notas arrecadadas vir diminuindo a cada ano, é preciso ter cuidado, pois elas podem trazer desde alguns prejuízos até uma possível punição caso uma pessoa esteja tentando repassar a nota. As cidades com maior número de cédulas falsas em circulação são as grandes cidades como São Paulo, onde há maior quantidade de dinheiro. No Paraná, está em primeiro lugar a cidade de Curitiba, seguida por Foz do Iguaçu, Londrina, Cascavel e Maringá. Os principais valores falsificados são de R$ 50 e R$ 100 reais. Alexandre Ricar-
do Matta Pio de Abreu, Analista do Banco Central do Brasil conta que a maioria das pessoas pegam essas notas por não conhecer o dinheiro ou por falta de atenção. “As pessoas geralmente não prestam atenção nas notas que manuseiam no dia a dia”, diz Alexandre Matta. O comerciante Sakai Kavayosi, 64 anos, é dono de uma loja de roupas há 28 anos e conta que pegou dinheiro falso várias vezes. Segundo ele é difícil identificar as notas, pois algumas são muito parecidas com as verdadeiras. “Eu costumo conferir, uso a canetinha, mas na pressa de atender os clientes, e também por eu não conhecer o dinheiro muito bem, acaba passando”, conta o comerciante. Kavayosi comenta ainda que quando o cliente age de forma suspeita ele presta mais atenção, mas quando é alguém que ele já conhece, ele não gosta de ficar conferindo, pois sente
que está constrangendo o cliente. Se uma pessoa receber uma cédula falsa sem perceber, deve levá-la até uma agência bancária ou à polícia cívil ou federal. “O que não pode ser feito de maneira alguma é passar a cédula falsa adiante, pois isso configura crime”, comenta Matta. Pessoas que forem pegas tentando repassar essas notas podem sofrer pena de detenção de 6 meses a 2 anos, além de multa. No caso de falsários ou fabricantes a pena pode chegar até 12 anos de prisão mais multa segundo o Artigo 289 do Código Penal. Como prevenção o Banco Central promove campanhas, divulgando nos meios de comunicação e oferece palestras a grupos de pessoas ou empresas, nas quais são ensinadas as medidas corretas para reconhecer as notas falsificadas. Maruza Silverio Gozer
isso. A Receita tem como descobrir”, diz Marcia. Vergílio Concetta explica que a fiscalização é feita através do cruzamento de dados e informações das mais variadas fontes disponíveis nos sistemas da Receita Federal e de outras fontes externas. “Encontradas irregularidades nos procedimentos dos contribuintes o lançamento é realizado mediante Auto de Infração, onde é feita a cobrança do imposto/contribuição, multa e juros de mora. Caso ocorra fraude é feita também a Representação Fiscal para Fins Penais com encaminhamento ao Ministério Público Federal”, finaliza. Penalidades Para os contribuintes selecionados é emitido um Mandado de Procedimento Fiscal. Isso fica sob a responsabilidade de um Auditor-Fiscal da Receita Federal
do Brasil, que é incumbido dos procedimentos de verificação necessário à constatação ou não dos indícios apontados na análise interna. A penalidade consiste em uma multa de 75% sobre o valor do imposto apurado, que pode chegar a 150% em casos de evidente objetivo de fraude. Caso o contribuinte deixe de atender as intimações do Auditor, a multa pode alcançar 225%. Além das punições por fraude, existe também multa por atraso na entrega da declaração. A cobrança é de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido apurado na declaração, ainda que integralmente pago. O valor mínimo é de R$ 165,74 e o valor máximo é de 20% do imposto de renda devido. Rafaela Carvalho
Fique Atento COMO IDENTIFICAR A NOTA VERDADEIRA:
Em 2012 entrarão em circulação as cédulas de dois, cinco, dez e vinte da segunda família de reais. 01 - Nova marca d’água com o valor da nota e o animal correspondente. 02 - Sinta o auto relevo nas legendas “ República Federativa do Brasil” e “Banco Central do Brasil”. 03 - Procure na faixa holográfica a figura do animal, o valor da nota e a palavra “reais”. 04 - Descubra os números escondidos. Fonte: Banco Central do Brasil
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geral
Curitiba, agosto de 2011
CLIENTES devem SER REPARADOS POR DANOS NO VEÍCULO DENTRO DE ESTACIONAMENTOS
Avisos não tiram direito do consumidor
Dispositivos de lei garantem a responsabilidade do estabelecimento em ressarcir o cliente que tiver objetos furtados no estacionamento Rodrigues da Silva, 45, passou pela situação e precisou recorrer à justiça para reaver seus bens. Há três anos, Milton teve o aparelho de som de seu carro furtado dentro do supermercado Big. Ele entrou em contato com a gerência da rede Wal-Mart e imediatamente registrou um boletim de ocorrência na delegacia, apresentando o ticket de estacionamento e a nota fiscal do aparelho roubado. A gerência o orientou a entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente da rede e recebeu a resposta 20 dias após o incidente. O posicionamento do Big foi de negativa ao reembolso, devido a falta de provas. Milton decidiu entrar com uma ação no tribunal de pequenas causas e, um ano depois, recebeu o valor de seu aparelho, com correção monetária. Everly Dias, de 29 anos, gerente da loja de alimentos
Foto: Tiago André
Estacionamentos, restaurantes, mercados e até instituições de ensino costumam divulgar, através de avisos e placas, que não se responsabilizam pelo veículo e objetos guardados em seu interior enquanto estiverem abrigados na área reservada do estabelecimento. Porém, a legislação vigente defende o direito do cliente e a regulamentação das empresas se torna invalida. Priscila Bassani, 33, supervisora do atendimento telefônico do Procon/PR, na área de teleinformação jurídica, afirma que as empresas são responsáveis tanto pelo veículo quanto pelos bens em seu interior. Ela explica que o Código de Defesa do Consumidor protege o dono do automóvel enquanto estiver utilizando o serviço, seja ele apenas de estacionamento particular, ou outro qualquer, que disponibilize lugar para guardar o carro.
Placas tentam enganar o consumidor
A súmula 130 do Superior Tribunal de Justiça, de 29 de março de 1995, é mais um dispositivo a favor do cliente. Segundo Bassani, esta lei específica responsabiliza a empresa pela reparação de dano ou furto de veículo ocor-
ridos em seu estacionamento. Entretanto, a súmula só é válida para instituições privadas, como a PUC Paraná, por exemplo, que tem os avisos em todas as salas de aula. O gerente de vendas Milton
Subway, no bairro Barigui – que possui uma placa alertando seus clientes que não se responsabiliza por objetos deixados no estacionamento -, explica que, apesar do aviso, a loja é obrigada a ressarcir o consumidor em caso de furto do veículo, ou de qualquer bem dentro dele. A gerente revela que a loja dispõe de um seguro próprio e, caso algo seja roubado, este seguro é ativado e arca com os prejuízos do cliente. De acordo com Everly, isso não é exclusividade do Subway, mas todos os estabelecimentos comerciais, como shoppings e redes de supermercados, contam com seguro em seus estacionamentos, e mesmo assim mantém os avisos para motivar os motoristas a esconderem objetos de valor e se assegurar de que o veículo está bem fechado. Alexandre Senechal Duarte Tiago André dos Santos
SITES DE HUMOR RECEBEM MAIS DE 200 MIL VISITAS POR MÊS
Com mais de 600 mil acessos por mês, o blog Sensacionalista publica diariamente notícias que parecem verdade, mas não são. O blog The Piauí Herald também se dedica a criar publicações fictícias que fazem com que mais de 200 mil pessoas acessem a página mensalmente. As matérias são escritas com tanta seriedade que nem parecem brincadeira, contudo não passam de uma maneira de divertir e entreter as pessoas que as leem. Nelito Fernandes de Assis trabalhou três anos no programa Casseta e Planeta, da rede Globo, e após isso decidiu criar o blog Sensacionalista juntamente com três colegas: Leonardo Lanna, Marcelo Zorzanelli e Martha
Mendonça. “Decidimos trabalhar com isso a fim de comprar o Google” – brinca Nelito, explicando logo em seguida o verdadeiro motivo: “Criamos o Sensacionalista para divertir as pessoas. Nosso blog é um site de humor com notícias fictícias”. Já a ideia de criar o The Piauí Herald surgiu quando João Moreira Salles, editor da revista Piauí, viu uma foto de um anúncio de Gorbachev para a Loius Vuitton e escreveu uma sátira para a revista e a prática se tornou habitual. Até que, no final de 2009, surgiu a ideia de fazer um blog diário satirizando as notícias. Atualmente o blog conta com um redator e um editor. “Se trata de um site de humor com textos pequenos, montagens fotográficas e sacadas
“Esses blogs buscam divertir as pessoas contando notícias fictícias”
cômicas sobre as notícias da atualidade”, explica Roberto Terra, escritor da revista Piauí, que escreve para a página. Ambos os criadores explicam que as notícias nem sempre são baseadas em fatos que realmente aconteceram. Algumas delas são inventadas e outras são sátiras de notícias reais. Nelito conta, por exemplo, que durante o mês Julho uma das notícias mais acessadas foi uma sátira do depoimento que Sandy deu para a revista playboy. Apesar dessa grande descontração presente nas reportagens criadas pelo Sensacionalista e pelo The Piauí Herald, o trabalho é levado a sério. Os produtores e redatores dos dois sites são jornalistas formados que, de acordo com os entrevistados, escrevem como se realmente estivessem escrevendo uma matéria real e séria. Os principais meios de divul-
Foto: Divulgação
Blogs inventam e satirizam notícias que divertem os internautas
Exemplo de matéria falsa do blog Sensacionalista
gação desse tipo de trabalho são as redes sociais. De acordo com Nelito, Facebook e Twitter são os responsáveis pela maior parte dos acessos que o Sensacionalista recebe. É por essas páginas de relacionamento que os fãs e apreciadores do trabalho mandam links para seus conhecidos e curtem as notícias falsas que mais acham graça.
A maior preocupação apresentada pelos desenvolvedores desse trabalho é a de que ninguém se sinta enganado. “Algumas pessoas acreditam naquilo que escrevemos e acham que tudo é verdadeiro. Contudo, nosso objetivo é apenas fazer humor”, afirmam. Gabriela R. Campos Isabella Rosa
educação
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INTERNET PODE FACILITAR NO ACESSO À INFORMAÇÃO JÁ PUBLICADA
Plágio em monografias de TCCs
O plágio de monografias é uma prática cada vez mais frequente no ambiente acadêmico. Estudantes no fim do curso, com falta de tempo para realização dos TCCs, recorrem a cópias de monografias previamente publicadas e até chegam pagar pessoas para produzir textos, mesmo sendo obrigatória uma publicação de autoria própria para graduação. Embora seja comum, a prática é antiética e ilegal, uma vez que plágio é considerado crime – previsto no Código Penal Brasileiro. Se descoberto, o aluno que comete a fraude está sujeito a punições. “O infrator pode sofrer punições sérias, que podem chegar até a expulsão do
aluno”, informa Fernando Motta, professor de direito da Uni Curitiba. Porém, as punições são restritas à faculdade, e a infração raramente é apurada como crime. “O processo de aprendizagem consiste em educar, orientar e punir caso necessário, mas sempre dentro do rigor acadêmico”, conta. Em 2010, um professor da UFPR foi condenado por um plágio ocorrido em 2001. Utilizando da tese de mestrado de uma exaluna – da qual foi orientador em 1999 – o professor apresentou um simpósio, utilizou a tese como sua. Tanto professor como universidade tiveram de pagar indenização por danos morais à aluna. No mesmo
“O infrator pode sofrer punições sérias, até a expulsão”
contexto, em 2009, a USP abriu sindicância interna, a fim de averiguar um caso de plágio. Na ocasião, alunos teriam copiado fotos de um trabalho de microbiologistas da UFRJ. A fim de evitar uma maior ocorrência de casos, as universidades e faculdades contam com mecanismos de defesa contra cópias. “A faculdade conta com programas de informática avançados para análise de todos os trabalhos, entregues também em arquivo digital, para facilitar a conferência”, explica Fernando Motta. Porém, este avanço na informática também tem um lado ruim. O professor Fernando acrescenta que a internet facilita nas cópias. “É algo que ocorre nas universidades e faculdades, pela facilidade no acesso às informações”, completou. Na internet, é comum achar sites com serviços de produção
Foto: Felipe Martins
Cópia de textos já publicados previamente são consideradas plágio, crime previsto no Código Penal Brasileiro
Mesmo sendo crime, o plágio de TCCs e monografias é frequente
de textos, alguns deles com mais de 10 anos de serviço. Para o advogado Ricardo Araújo Feitosa, a prática só deixará de existir com a ajuda da população. “É uma prática que atinge a sociedade. Tem aquele que faz e aquele que
compra”, comenta. “Quem compra tem tanta participação quanto quem vende”, conclui. . Felipe Martins
É PRECISO ESCOLHER COM CAUTELA A UNIVERSIDADE NA QUAL IRÁ ESTUDAR
Exame da OAB cria polêmica acerca da qualidade do ensino acadêmico
No exame da OAB, realizado em dezembro de 2010, as universidades brasileiras tiveram um dos piores resultados dos últimos anos, desde que a prova foi unificada em 2009. 81 faculdades do Brasil não aprovaram nenhum candidato. No Paraná, dez estabelecimentos tiveram zero de aprovação. O Exame da Ordem é uma prova aplicada em duas etapas, e ocorre três vezes ao ano. O exame tem o intuito de selecionar os bacharéis de direito que estejam aptos a serem advogado. Em todo o país não faltam estabelecimentos que ofereçam o curso de direito. O número de cursos de direito cresceu 67% em oito anos no Brasil, com total de quase 1.200 cursos . Os preços são os mais variados, fazendo com que muitos tenham acesso ao estudo. Com isso o mercado acaba ficando superlotado, como explica José Lúcio Glomb, presidente da OAB PR : Nos exames
de 2010 passaram 41 mil bacharéis, em todo o Brasil. Se lembrarmos que a Argentina tem 48 mil advogados inscritos em seus quadros, só no ano passado tivemos quase uma Argentina de novos advogados brasileiros”. Diante das baixas aprovações, é possível questionar se a qualidade do ensino de alguns estabelecimentos não é fantasiosa. Já que o intuito da prova é verificar se o bacharel pode exercer a profissão, seria correto dizer que essas faculdades enganam aqueles que estudam para tornarem-se futuros advogados. Os cursos preparatórios para a realização da prova, levantam ou-
tra questão: qual a utilidade de se estudar cinco anos, se para ser aprovado no exame é necessário fazer outro curso? Segundo Ana Paula Liberato
professora da PUCPR e coordenadora do curso preparatório Ordem Mais, a maioria dos alunos faz o cursinho para poder relembrar a matéria que será relevante para a prova. Ela explica ainda que as faculdades preparam os alunos para serem bacharéis de Direito podendo seguir carreira não só como advogados, mas também como promotor e juiz. A professora ainda destaca que a falta de qualidade também influencia nas baixas aprovações.“Não é um problema a existência de muitas faculdades de direito, mas sim o nível de ensino e qualificação ministrado nessas instituições”, cita. O MEC super-
visiona as universidades a partir do Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes (ENADE). Segundo assessoria do MEC desde 2007 aquelas universidades que possuem maus resultados, neste e em outros exames, têm vagas suspensas. O presidente da OAB-PR, José Lucio, ainda adverte que “os alunos devem ficar atentos e cobrar eficiência no curso que frequentam. Aliás, melhor seria escolher bem o curso, antes de iniciá-lo, para não ter surpresas mais tarde”. Eduardo Soares Geraldo, advogado formado há um ano, passou no exame após ter feito um cursinho preparatório. Ele aponta que ter experiência na área ajuda na hora de fazer o exame. “Sendo um aluno um pouco aplicado, e tendo experiência você consegue passar na Ordem”. Daphine Augustini
política
Curitiba, agosto de 2011
PODER EXECUTIVO CRIA SUPERSECRETARIAS
Reforma administrativa
A esposa e o irmão de Beto Richa são os novos secretários de estado, gerando grande polêmica na Assembleia A nomeação dos parentes de Beto Richa (PSDB) às novas secretarias de estado continua gerando polêmica entre deputados e parte da sociedade paranaense. A medida é uma proposta de reforma administrativa do governo e nomeou José “Pepe” Richa, irmão do governador, para a secretaria de Infraestrutura e Logística, e Fernanda Richa, esposa, para a da Família e Desenvolvimento Social, no último dia 21 de julho. Os votos na Assembléia totalizaram 38 a favor, seis contra (todos do PT), e uma abstenção. A grande crítica da oposição não é sobre a competência, ou não, dos nomeados secretários; da legalidade da nomeação de familiares do governador, já que a lei permite para cargos de secretário; nem do impacto financeiro que a medida irá gerar, mas sim sobre a gestão pública estabelecida. Todo acúmulo de recursos estará nas mãos de três políticos que se resumem a um: a família Richa. É a partir desse aspecto que a oposição, Partido dos Trabalhadores, critica a medida tomada pelo poder executivo. “É um engano gigantesco você pegar cinco, seis secretarias e colocar na mão de uma pessoa só. Não vai andar. Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, eu não tenho dúvidas disso”, explica o deputado Ênio
Verri, líder do PT-PR. As duas secretarias englobam outras que acabaram sendo extintas. A pasta de responsabilidade de José Richa assumirá funções das secretarias de Transporte e Obras, além de reunir atividades do Departamento de Estradas e Rodagem, Ferroeste, Detran e Portos de Paranaguá e Antonina. O setor de Fernanda Richa responderá às funções das secretarias da Justiça e Cidadania, Promoção Social, além da Secretaria da Criança e boa parte de ações correspondentes à Secretaria do Trabalho. As “supersecretarias”, como foram apelidadas, acumularão 80% da capacidade de investimento total do estado, ou seja, quase R$ 1 bi por ano de todo o dinheiro repassado pelo governo federal. Além da renda particular de algumas instituições geradoras de lucro, como o Detran, DER e portos; transferências vindas do PAC – cerca de R$ 5 bi nos próximos anos; e recursos vindos de programas sociais como o Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Brasil Sem Miséria. O líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), explica que não foram criadas “supersecretarias”, que, na verdade, foi feito um enxugamento:
“Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, não vai andar”
de quatro passaram a ser apenas duas. “A oposição tem o direito de fazer todo o tipo de crítica. Acho que todo bom democrata deve receber isso com naturalidade”, opina o deputado. A oposição ainda alega que a atitude tomada pelo Governador vai contra o “choque de gestão” (conjunto de medidas que visavam cortar gastos públicos e equilibrar as contas do Estado) que Beto Richa propunha em campanha eleitoral. A reforma criou 295 novos cargos comissionados que custarão aos contribuintes paranaenses R$ 8,6 milhões por ano, cada um custando em média R$ 2,4 mil. Além de contrariarem o discurso eleitoral feito por Richa, quando candidato, as nomeações também contradizem as críticas de nepotismo, feitas por ele, ao ex-governador Roberto Requião (PMDB), em 2010. Em entrevista a um canal televisivo aberto, Beto Richa disse que não há problemas na nomeação de sua esposa, “nepotismo pra mim é você arrumar um emprego público para um parente seu ter remuneração (…) e não é o caso da minha mulher que todos sabem que tem posses, tem um bom patrimônio. Ela cuida da área social porque gosta”. Ademar Traiano diz ainda que, ao contrário de Eduardo Requião, ex-administrador do Porto de Paranaguá, José Richa não envergonha o estado. “Eu acho que por ser parente, não há nenhum problema, desde que tenha competência. A de ambos já é comprovada e re-
conhecida na capital do estado”, afirma o deputado. O líder do PMDB, Caíto Quintana, havia recomendado aos doze parlamentares do partido a abstenção de seus votos. A posição seria como uma “advertência” ao governo, já que eles não concordavam com as nomeações. Contudo, apenas Nereu Moura absteve seu voto. Caíto Quintana e Antonio Anibelli Neto não participaram da votação, pois viajaram a Brasília para uma reunião. A justificativa dada à nova postura foi que “o governo tem liberdade de escolher o modelo de gestão”, mas que continuam achando a escolha ruim para o estado. Terceira geração Richa A governança Richa começou em 1983 quando José Richa assumiu o cargo de governador do estado. Anos mais tarde, com seu filho, Carlos Alberto Richa (Beto), a segunda geração chegou à liderança do Paraná quando o então prefeito de Curitiba renunciou para poder disputar o cargo de governador e foi eleito. Junto a ele, seu irmão e sua esposa, assumiram secretarias estaduais. Mas a dinastia não para por aí. Marcello Bernardi Vieira Richa vem para representar a terceira geração. O prefeito da capital paranaense, Luciano Ducci (PSB) – vice quando Beto ocupava o cargo – nomeou Marcello como secretário municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Medida que gerou grande discussão, pois muitos alegavam falta de experiência política do filho de Richa. Recentemente, o “caçula” da família também foi eleito presidente nacional do PSDB Jovem. Sobre a nomeação de sua mãe e seu tio às secretarias estaduais, Marcello diz: “todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciência de que tanto minha mãe como meu tio, Pepe, fariam parte da administração”. Letícia Martins Donadello
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Curitiba, agosto de 2011
CAMPANHAS ELEITORAIS FALSAS ILUDEM ELEITORES
Candidatos prometem o que não podem cumprir Falta de informação é causa de promessas inviáveis feitas por candidatos a vereador de Curitiba Novas eleições se aproximam com o ano de 2012, e com elas os candidatos a vereador de Curitiba apresentam novas propostas, exercendo o papel de despachantes de interesses que nem sempre atendem somente aos interesses dos cidadãos. O problema é que muitas vezes essas promessas não são cumpridas, seja por reprovação do projeto, por falta de vontade, esquecimento, ou ainda por apresentarem propostas absurdas, economicamente inviáveis e que fogem da competência da Câmara Municipal. Aumento de aposentadorias, mais empregos, funerais, ideias que não competem aos vereadores propor, por vezes, estes indivíduos se esquecem da sua verdadeira função na Câmara. Falsas campanhas, de candidatos despreparados, iludem os eleitores de modo a convencê-los de que, se eleitos, estarão prestando assistência de modo efetivo junto à população. O que incentiva a propagação deste problema tão comum é a falta de aprofundamento das propostas, “falta conhecimento, o papel do vereador é legislar e fiscalizar, quem executa é a prefeitura”, aponta o vereador do PP, Juliano Borghetti, ao citar umas das funções do cargo, quem tem como obrigatoriedade proporcionar a melhoria na qualidade de vida da população, receber o povo, atender reivindicações e interesses dos cidadãos e ser o mediador entre o prefeito e a população, “ o vereador fiscaliza as obras, fiscaliza os projetos” completa o vereador. Os motivos que incentivam à criação de promessas sem sequer uma fundamentação, é a posição que um vereador ocupa no meio político, “os vereadores são o centro de uma rede de clientelismo, eles estão na câmara para alocar recursos a seus grupos políticos” afirma o professor Doutor de Ciências Sociais da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, ao apontar que por vezes, alguns
Foto: Julio Cesar Glodzienski
08
Vereadores durante sessão na Câmara de Curitiba
vereadores vêm na vaga uma oportunidade de atender e se beneficiar com a inclusão no meio , “os vereadores prometem mais do que podem, essa é a verdade” completa. “Muitos candidatos possuem uma visão eleitoreira, sempre buscam mais votos, é uma questão demagógica”, aponta a Vereadora Professora Josete, ao apontar que muitos se promovem com base em promessas que não poderiam propor. Com aproximadamente 900 candidatos por campanha, que disputam os 38 lugares na casa, a deficiência nos períodos eleitorais é também a falta de pesquisa e comprometimento para então apresentar as ideias, além de um sistema massivo de fiscalização que regulamente a qualidade das propostas, “A falta de conhecimento é o problema de alguns candidatos, e também a falta de qualificação” alega o Líder da bancada do PT na Câmara, o vereador Jonny Stica, para ele quem quer
“A verdade é que os vereadores prometem mais do que podem”
seguir a política deve ser vereador primeiro, “é por ai que se entra na política, é o primeiro cargo, por isso temos pessoas de todas as classes, e acontece de alguém querer se promover”, explica. A vereadora Professora Josete também do PT, acredita que o número não influencia na questão da qualidade das propostas . “Esse grande número contribui para a democracia” aponta a petista, “ se você quer de fato que a população seja bem representada, são necessários mais vereadores que atendam os interesses do cidadão” completa. Mas não é o que defende o cientista político Ricardo Oliveira, para ele o exagerado número abre espaço para todo tipo de campanha. “Esse excesso acaba atraindo pessoas com promessas sem fundamento e recheadas de interesses”, aponta Oliveira, ao defender que a população tem o direito de entrar na política, mas de modo consciente, já que este é um direito que todos possuem em ingressar neste setor . Outro grande problema que agrava essa situação é a falta de informação e interesse por parte da população em buscar saber como vai o anda-
mento da administração pública. A Política possui suas formas, regras e padrões que facilitam e encaminham o indivíduo para o meio político, “nelas alguns fatores são eleitoreiros, como ter dinheiro, ser de família política, ter apoio de grupos religiosos e organizados” afirma Ricardo. Isso abre margem para que nem sempre ela receba a devida atenção. “Vereador só vai ser vereador por status, eu não sei o que um vereador fez neste mandato, nunca fui atrás para saber se foi feito algo” afirma o analista de sistemas Roberto Gomes, que confessa não se lembrar do candidato em que votou, “nem sei se foi eleito, e nem sei o que os vereadores fazem na verdade”. Para o professor Ricardo, a informação à população é fundamental, uma filtragem eficaz de candidatos, que sejam qualificados e apareçam não somente nas campanhas, mais em todo o mandato dando uma justificativa ao eleitor “somente desta forma um vereador estará cumprindo sua função” completa. Julio Cesar Glodzienski
política
Curitiba, agosto de 2011
PODER EXECUTIVO CRIA SUPERSECRETARIAS
Reforma administrativa
A esposa e o irmão de Beto Richa são os novos secretários de estado, gerando grande polêmica na Assembleia A nomeação dos parentes de Beto Richa (PSDB) às novas secretarias de estado continua gerando polêmica entre deputados e parte da sociedade paranaense. A medida é uma proposta de reforma administrativa do governo e nomeou José “Pepe” Richa, irmão do governador, para a secretaria de Infraestrutura e Logística, e Fernanda Richa, esposa, para a da Família e Desenvolvimento Social, no último dia 21 de julho. Os votos na Assembléia totalizaram 38 a favor, seis contra (todos do PT), e uma abstenção. A grande crítica da oposição não é sobre a competência, ou não, dos nomeados secretários; da legalidade da nomeação de familiares do governador, já que a lei permite para cargos de secretário; nem do impacto financeiro que a medida irá gerar, mas sim sobre a gestão pública estabelecida. Todo acúmulo de recursos estará nas mãos de três políticos que se resumem a um: a família Richa. É a partir desse aspecto que a oposição, Partido dos Trabalhadores, critica a medida tomada pelo poder executivo. “É um engano gigantesco você pegar cinco, seis secretarias e colocar na mão de uma pessoa só. Não vai andar. Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, eu não tenho dúvidas disso”, explica o deputado Ênio
Verri, líder do PT-PR. As duas secretarias englobam outras que acabaram sendo extintas. A pasta de responsabilidade de José Richa assumirá funções das secretarias de Transporte e Obras, além de reunir atividades do Departamento de Estradas e Rodagem, Ferroeste, Detran e Portos de Paranaguá e Antonina. O setor de Fernanda Richa responderá às funções das secretarias da Justiça e Cidadania, Promoção Social, além da Secretaria da Criança e boa parte de ações correspondentes à Secretaria do Trabalho. As “supersecretarias”, como foram apelidadas, acumularão 80% da capacidade de investimento total do estado, ou seja, quase R$ 1 bi por ano de todo o dinheiro repassado pelo governo federal. Além da renda particular de algumas instituições geradoras de lucro, como o Detran, DER e portos; transferências vindas do PAC – cerca de R$ 5 bi nos próximos anos; e recursos vindos de programas sociais como o Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e Brasil Sem Miséria. O líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), explica que não foram criadas “supersecretarias”, que, na verdade, foi feito um enxugamento:
“Vai ser um grande elefante, lento e ineficiente, não vai andar”
de quatro passaram a ser apenas duas. “A oposição tem o direito de fazer todo o tipo de crítica. Acho que todo bom democrata deve receber isso com naturalidade”, opina o deputado. A oposição ainda alega que a atitude tomada pelo Governador vai contra o “choque de gestão” (conjunto de medidas que visavam cortar gastos públicos e equilibrar as contas do Estado) que Beto Richa propunha em campanha eleitoral. A reforma criou 295 novos cargos comissionados que custarão aos contribuintes paranaenses R$ 8,6 milhões por ano, cada um custando em média R$ 2,4 mil. Além de contrariarem o discurso eleitoral feito por Richa, quando candidato, as nomeações também contradizem as críticas de nepotismo, feitas por ele, ao ex-governador Roberto Requião (PMDB), em 2010. Em entrevista a um canal televisivo aberto, Beto Richa disse que não há problemas na nomeação de sua esposa, “nepotismo pra mim é você arrumar um emprego público para um parente seu ter remuneração (…) e não é o caso da minha mulher que todos sabem que tem posses, tem um bom patrimônio. Ela cuida da área social porque gosta”. Ademar Traiano diz ainda que, ao contrário de Eduardo Requião, ex-administrador do Porto de Paranaguá, José Richa não envergonha o estado. “Eu acho que por ser parente, não há nenhum problema, desde que tenha competência. A de ambos já é comprovada e re-
conhecida na capital do estado”, afirma o deputado. O líder do PMDB, Caíto Quintana, havia recomendado aos doze parlamentares do partido a abstenção de seus votos. A posição seria como uma “advertência” ao governo, já que eles não concordavam com as nomeações. Contudo, apenas Nereu Moura absteve seu voto. Caíto Quintana e Antonio Anibelli Neto não participaram da votação, pois viajaram a Brasília para uma reunião. A justificativa dada à nova postura foi que “o governo tem liberdade de escolher o modelo de gestão”, mas que continuam achando a escolha ruim para o estado. Terceira geração Richa A governança Richa começou em 1983 quando José Richa assumiu o cargo de governador do estado. Anos mais tarde, com seu filho, Carlos Alberto Richa (Beto), a segunda geração chegou à liderança do Paraná quando o então prefeito de Curitiba renunciou para poder disputar o cargo de governador e foi eleito. Junto a ele, seu irmão e sua esposa, assumiram secretarias estaduais. Mas a dinastia não para por aí. Marcello Bernardi Vieira Richa vem para representar a terceira geração. O prefeito da capital paranaense, Luciano Ducci (PSB) – vice quando Beto ocupava o cargo – nomeou Marcello como secretário municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Medida que gerou grande discussão, pois muitos alegavam falta de experiência política do filho de Richa. Recentemente, o “caçula” da família também foi eleito presidente nacional do PSDB Jovem. Sobre a nomeação de sua mãe e seu tio às secretarias estaduais, Marcello diz: “todos aqueles que confiaram o voto ao governador Beto Richa tinham clara consciência de que tanto minha mãe como meu tio, Pepe, fariam parte da administração”. Letícia Martins Donadello
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Curitiba, agosto de 2011
CAMPANHAS ELEITORAIS FALSAS ILUDEM ELEITORES
Candidatos prometem o que não podem cumprir Falta de informação é causa de promessas inviáveis feitas por candidatos a vereador de Curitiba Novas eleições se aproximam com o ano de 2012, e com elas os candidatos a vereador de Curitiba apresentam novas propostas, exercendo o papel de despachantes de interesses que nem sempre atendem somente aos interesses dos cidadãos. O problema é que muitas vezes essas promessas não são cumpridas, seja por reprovação do projeto, por falta de vontade, esquecimento, ou ainda por apresentarem propostas absurdas, economicamente inviáveis e que fogem da competência da Câmara Municipal. Aumento de aposentadorias, mais empregos, funerais, ideias que não competem aos vereadores propor, por vezes, estes indivíduos se esquecem da sua verdadeira função na Câmara. Falsas campanhas, de candidatos despreparados, iludem os eleitores de modo a convencê-los de que, se eleitos, estarão prestando assistência de modo efetivo junto à população. O que incentiva a propagação deste problema tão comum é a falta de aprofundamento das propostas, “falta conhecimento, o papel do vereador é legislar e fiscalizar, quem executa é a prefeitura”, aponta o vereador do PP, Juliano Borghetti, ao citar umas das funções do cargo, quem tem como obrigatoriedade proporcionar a melhoria na qualidade de vida da população, receber o povo, atender reivindicações e interesses dos cidadãos e ser o mediador entre o prefeito e a população, “ o vereador fiscaliza as obras, fiscaliza os projetos” completa o vereador. Os motivos que incentivam à criação de promessas sem sequer uma fundamentação, é a posição que um vereador ocupa no meio político, “os vereadores são o centro de uma rede de clientelismo, eles estão na câmara para alocar recursos a seus grupos políticos” afirma o professor Doutor de Ciências Sociais da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, ao apontar que por vezes, alguns
Foto: Julio Cesar Glodzienski
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Vereadores durante sessão na Câmara de Curitiba
vereadores vêm na vaga uma oportunidade de atender e se beneficiar com a inclusão no meio , “os vereadores prometem mais do que podem, essa é a verdade” completa. “Muitos candidatos possuem uma visão eleitoreira, sempre buscam mais votos, é uma questão demagógica”, aponta a Vereadora Professora Josete, ao apontar que muitos se promovem com base em promessas que não poderiam propor. Com aproximadamente 900 candidatos por campanha, que disputam os 38 lugares na casa, a deficiência nos períodos eleitorais é também a falta de pesquisa e comprometimento para então apresentar as ideias, além de um sistema massivo de fiscalização que regulamente a qualidade das propostas, “A falta de conhecimento é o problema de alguns candidatos, e também a falta de qualificação” alega o Líder da bancada do PT na Câmara, o vereador Jonny Stica, para ele quem quer
“A verdade é que os vereadores prometem mais do que podem”
seguir a política deve ser vereador primeiro, “é por ai que se entra na política, é o primeiro cargo, por isso temos pessoas de todas as classes, e acontece de alguém querer se promover”, explica. A vereadora Professora Josete também do PT, acredita que o número não influencia na questão da qualidade das propostas . “Esse grande número contribui para a democracia” aponta a petista, “ se você quer de fato que a população seja bem representada, são necessários mais vereadores que atendam os interesses do cidadão” completa. Mas não é o que defende o cientista político Ricardo Oliveira, para ele o exagerado número abre espaço para todo tipo de campanha. “Esse excesso acaba atraindo pessoas com promessas sem fundamento e recheadas de interesses”, aponta Oliveira, ao defender que a população tem o direito de entrar na política, mas de modo consciente, já que este é um direito que todos possuem em ingressar neste setor . Outro grande problema que agrava essa situação é a falta de informação e interesse por parte da população em buscar saber como vai o anda-
mento da administração pública. A Política possui suas formas, regras e padrões que facilitam e encaminham o indivíduo para o meio político, “nelas alguns fatores são eleitoreiros, como ter dinheiro, ser de família política, ter apoio de grupos religiosos e organizados” afirma Ricardo. Isso abre margem para que nem sempre ela receba a devida atenção. “Vereador só vai ser vereador por status, eu não sei o que um vereador fez neste mandato, nunca fui atrás para saber se foi feito algo” afirma o analista de sistemas Roberto Gomes, que confessa não se lembrar do candidato em que votou, “nem sei se foi eleito, e nem sei o que os vereadores fazem na verdade”. Para o professor Ricardo, a informação à população é fundamental, uma filtragem eficaz de candidatos, que sejam qualificados e apareçam não somente nas campanhas, mais em todo o mandato dando uma justificativa ao eleitor “somente desta forma um vereador estará cumprindo sua função” completa. Julio Cesar Glodzienski
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comportamento
Curitiba, agosto de 2011
a sinceridade é o que fortalece O RELACIONAMENTO de muitos casais
Falta confiança para dizer a verdade
Quando não é tão fácil falar o que realmente se quer, o sentimento de não gostar mais de alguém, o medo da reação do próximo, faz com que em algumas situações a mentira tome conta da cena. Casais terminam relacionamentos pela falta de confiança um no outro, acreditam que sabem tudo sobre a pessoa que está ao seu lado, mas o tempo pode revelar muitas coisas. Sheila Rigler, diretora da agência de relacionamento Par Ideal, diz que as pessoas procuram a empresa para entrar em um relacionamento sério. “Na maioria das vezes estão cansadas das antigas experiências amorosas, por terem sido enganadas. Vem até aqui com a
intenção de conhecer pessoas que também querem um compromisso”, explica Sheila. Os homens na maioria das vezes não conseguem ser sinceros e acabam inventando as mentiras mais absurdas que podem ser imaginadas. “Conheço um homem que não estava mais gostando da mulher e disse que queria terminar o relacionamento porque estava com câncer, e a mulher decidiu respeitá-lo. Porém no outro dia o encontrou com outra no shopping. Ao saber disso ela procurou o carro que ele havia comprado na semana anterior e riscou-o inteiro com uma chave,” conta Sheila. Muitas pessoas também se
“Já falei mentiras bobas, como o valor de uma roupa”
conhecem em encontros virtuais. Nestes casos fica ainda mais difícil conseguir a confiança do outro, como acreditar em quem está do outro lado, sem ao menos olhar em seus olhos? Muitos homens mais jovens usam a internet para conquistar mulheres que já têm uma vida estabelecida, elas estão carentes e são as vítimas mais frágeis. Os jovens Helena Benetti de Paula e Alexandre de Paula, casados há menos de um mês, contam que após a união matrimonial a vida mudou para melhor. Segundo o casal, em alguns casos a mentira apareceu no relacionamento, mas sem prejudicá-lo. “Já falei mentirinhas bobas, como o valor que paguei em uma roupa”, conta Helena. Casados há 62 anos, o casal Jacob Otto e Irene Nadolny Otto afirmam ter confiança total um no outro. Dizem que nunca hou-
Foto: Julio Cesar Glodzienski/Rosane Cadena
A maioria dos homens não consegue ser franco quando o assunto é sentimento e isso pode causar problemas na relação
Os dois casais acreditam na sinceridade
ve nenhuma espécie de mentira entre eles, acreditam que ainda existem pessoas que se casam por amor verdadeiro, e que o segredo para manter uma relação por muito tempo é a sinceridade. Para alguns casais a maior
mentira que pode existir na vida a dois é a traição. Difícil é continuar a vida sabendo que quem mente uma vez, poderá fazê-la em outras ocasiões. Rosane Cadena
mitos ou crenças MEXEM COM A IMAGINAÇÃO DAS PESSOAS
As lendas da Praça Tiradentes e da Loira Fantasma estão entre as mais populares de Curitiba. Essas histórias despertam a curiosidade, a imaginação e trazem um clima de mistério para a cidade. Elas são disseminadas com o passar do tempo e sofrem intrepretações diversas, algumas hilárias e outras inacreditáveis. Acredita-se que a Praça Tiradentes, considerada o marco zero da capital, abrigava um cemitério indígena e anos depois um pelourinho, onde escravos e aqueles que cometiam algum tipo de crime recebiam castigos severos, e muitos acabavam morrendo e sendo enterrados ali mesmo. Também há quem diga que existia uma capela, onde pessoas eram veladas, há cerca de trezentos anos. De acordo com a lenda, o local concentra uma energia negativa, por isso muitas pessoas, como mendigos e usuários de drogas,
acabam morrendo ali. Maria Isabel Fochesatto, comerciante há mais de 20 anos na Praça, conhece a lenda, mas não acredita que exista relação com o fato de pessoas morrerem ali. “Sei que a lenda existe e acredito que existiu um cemitério indígena, mas pessoas podem morrer em qualquer lugar”, acrescenta Maria. “A Praça Tiradentes, não tinha cemitérios como os atuais, as pessoas eram sepultadas no piso e nas paredes da antiga Igreja Matriz, que foi demolida na segunda metade do século XIX para dar lugar à Igreja Catedral. Nem todos os restos humanos foram retirados da Igreja, e quando são realizadas obras, ao lado da Catedral, seus vestígios são encontrados, alimentando a lenda”, afirma o arqueólogo Igor Chmyz, pesquisador-associado do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da UFPR Outra história curiosa e as-
sustadora é a lenda da loira fantasma, que teria morrido nos anos 70. Uma jovem, loira, muito bonita, teria sido violentada e assassinada por um taxista e o fantasma dela teria voltado para vingar-se e aterrorizar a vida desse homem. A jovem entra no carro e pede para ir em direção a um cemitério, reconhecendo-a, o taxista tem um ataque de asma e morre. Alguns taxistas acreditam em parte da história ou que ela ainda pode voltar e assustar os motoristas. “Nunca aconteceu nada comigo, não acredito nisso”, conta Sérgio Gilberto Barão, taxista há 30 anos. O aposentado Edgar Augusto Xavier, que trabalhou como motorista de táxi durante 40 anos, diz acreditar no assassinato da jovem, mas não em seu fantasma. “Há quem diz já ter visto ela, eu nunca vi, mas vai que ela existe mesmo”, finaliza Edgar. Segundo o arqueólogo Igor
Foto: Aline Przybysewski
Lendas urbanas trazem histórias intrigantes e engraçadas
Taxista à espera da loira fantasma
Chmyz, nem todas as lendas tem origens verdadeiras e podem criar confusão com os fatos históricos que são baseados em documentos obtidos pela arqueologia. Verdadeiras ou não, as lendas são um misto de realidade e fantasia, podem ser baseadas em fatos reais ou apenas serem mitos criados com o passar do tempo. Há quem acredite que elas são re-
ais ou que ao menos ouviram histórias de pessoas próximas, que realmente as tenha vivido. O fato é que as lendas são em sua maioria, boas histórias que nutrem o imaginário das pessoas, fazem parte da vida de muitas pessoas e da história de Curitiba. Aline Przybysewski
saúde
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Curitiba, agosto de 2011
POR DIA, CERCA DE 100 PESSOAS SOLICITAM O AUXÍLIO DOENÇA E A MAIORIA OBTÉM ÊXITO
Fraudes no INSS prejudicam o sistema O aumento em 16% no número de cidadãos que recebem auxílio doença faz com que o déficit no INSS chegue a R$44 bilhões houve um afrouxamento quanto à fiscalização, o que abre espaço para fraudes. Porém, peritos contestam, dizendo que no ano anterior houve greves por parte da classe, o que gera a diferença entre os dados. Além de todos os problemas financeiros da instituição, os médicos peritos reclamam da falta de compreensão. “A população tem uma imagem errada dos peritos. Nossa função é diagnosticar quem merece receber o auxílio e por isso somos rigoro-
Foto: Eduardo Almeida
Os números do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) assustam: apenas nos sete primeiros meses de 2011 o valor gasto com auxílios doença ultrapassou R$15 milhões. Atualmente, 1,4 milhão de pessoas recebem o auxílio, um aumento de 16% desde abril do ano anterior. O número de contribuintes também cresceu, porém o valor arrecadado não é suficiente para cobrir os gastos da previdência: o déficit é de R$ 44 bilhões. Especialistas consideram que
Documentos falsificados recolhidos pelo perito Eduardo Almeida
sos”, comenta Eduardo Henrique Almeida, perito da instituição. Ele relata ainda que recebe pessoas com falsificações grosseiras, como o caso de uma mulher que lhe entregou um atestado com o nome alterado com corretivo. Outro homem levou um RG com a foto totalmente desgastada. “Sem contar as falsificações que podem enganar um perito, ainda mais sobre um caso de distúrbio mental”, conta Eduardo. Alguns psiquiatras e psicólogos acham a definição de depressão muito abrangente na versão atual. Para eles, pessoas com reações normais de tristeza estariam sendo diagnosticadas como portadores de um transtorno. Utilizando-se disso, algumas pessoas fingem possuir a doença para conseguir o auxílio. É o caso de Pedro Batista*, 59 anos, que possui o benefício há 10 anos. Orientado por um sobrinho, Pedro deixou o
cabelo e a barba crescerem e fingiu-se de louco durante a perícia. Seu filho Rodrigo*, que na época foi junto a consulta, conta que tinha vontade de rir das histórias do pai. “Ele dizia ao médico que tinha vontade de cortar as pessoas para tomar o sangue delas. Acho que ele ficou com medo e liberou logo a aposentadoria dele”, explica Rodrigo*. Pedro* continua recebendo o auxílio e passa apenas uma vez ao ano no INSS para comprovar que ainda esta vivo. E quando o assegurado possui uma doença ainda sem diagnóstico? É o caso de Sueli Marchett, 50 anos, que durante 1 ano enfrentou as perícias do INSS para conseguir o auxílio. Apesar de enten-
der a posição dos peritos, conta que se sentiu humilhada em uma das consultas. “Além da demora para conseguir marcar a perícia, a médica parecia não acreditar na minha doença”, conclui. Segundo o advogado Eduardo Soares, a falsificação de documentos para fraudar o INSS é crime. “Este tipo de falsificação é chamado de estelionato e por ser contra a administração pública a pena, que é de 1 a 5 anos, aumenta um terço”, explica Soares.
“Falsificações sobre distúrbios mentais enganam ainda mais”
*Os nomes foram modificados.
Camila Galvão
COMPRA DE RECEITAS E FALSIFICAÇÕES DE REMÉDIOS FAZEM PARTE DO QUADRO DE ILEGALIDADES MÉDICAS QUE CRESCE NO BRASIL
Novas proibições de medicamentos podem aumentar irregularidades A Universidade de São Paulo (USP) apontou o filantrópico Pholia Negra, como um possível substituto à Sibutramina – substância encontrada em vários medicamentos inibidores de apetite. Essa descoberta vem para aliviar os ânimos de vários setores da sociedade quanto à pirataria destes anorexígenos, já que no ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (ANVISA) impôs várias restrições à venda destes emagrecedores. Segundo o Conselho Nacional de Combate à Pirataria, em 2010 foram registradas 400 toneladas de medicamentos apreendidos no Brasil, um número 20 vezes maior que dois anos antes, em 2008. No caso dos emagrecedores, o problema com as fraudes já vem aparecendo, mesmo sem a proibição da venda. No Brasil medicamentos como a sibutramina, o femproporex e a anfepramona, só podem ser comprados
com receitas médicas. Segundo Priscila Aurélia, 36 anos, arquiteta, com R$40 é possível “comprar” a receita. Você paga pela consulta, mas na realidade está comprando a boleta. Não há acompanhamento do médico. “Ele simplesmente te pergunta para qual medicamento você precisa da receita e dá. Sinceramente, é mais fácil conseguir a receita com um médico do que comprar o remédio por vias ilegais.”, afirma. A Coordenadora do Curso de Farmácia da PUCPR, professora Cynthia França Wolanski Bordin, é contra a proibição total dos emagrecedores. Segundo ela, qualquer medicamento é benéfico se for bem utilizado. “O problema está na administração abusiva e na falta de acompanhamento médico”, explica. Em contrapartida, Jackson Rapkiewicz, farmacêutico do Conselho de Farmácia do Para-
ná, alerta que estes medicamentos foram inseridos no mercado numa época em que os testes eram menos rigorosos e não se imaginava os efeitos colaterais que poderiam gerar. “A ANVISA já apontou que as consequências do uso indevido dessas substâncias são graves, mas orientar não está gerando resultados. A proibição ao menos vai ajudar aqueles pacientes que são enganados por um medicamento que vem demonstrando pouca eficácia e grandes malefícios”, conclui. Enquanto a decisão não sai, farmacêuticos e médicos se preocupam com medicamentos já proibidos e que continuam a circular no país. Anabolizantes e remédios usados para disfunção erétil lideram o ranking de ilegalidades no Brasil, porém medicamentos para o tratamento de doenças como a AIDS e câncer também estão ganhando espaço. Incluem-se no gênero de re-
médios ilegais: os falsificados, que dão a pirataria mundial uma rentabilidade de 75 bilhões de dólares por ano, os contrabandeados, adulterados (com o princípio ativo modificado) e os sem registro. Ainda segundo a professora Cynthia, vários medicamentos proibidos no Brasil, por exemplo,
podem ser comprados facilmente no Paraguai. Vale lembrar que a venda de medicamentos proibidos no Brasil é considerada um crime hediondo. O acusado pode ter pena de 10 a 15 anos, além de multa. Camila Barbieri Virginia Crema
Como não comprar remédios falsos? O Conselho de Farmácia do Paraná dá cinco dicas para não ser enganado na hora de comprar medicamentos: 1. Procure uma farmácia com certificado de qualidade, que comprova seu cadastro na ANVISA. 2. Compre medicamentos com o nº de registro visível. 3. Todo medicamento tem um selo na lateral que quando raspado com um objeto de metal mostra o nome do laboratório no qual foi produzido. 4. Não compre medicamentos com embalagens danificadas. 5. Não compre medicamentos fora do prazo de validade.
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tecnologia
Curitiba, agosto de 2011
Documento eletrônico garante SEGURANÇA EM TRANSAÇÕES VIRTUAIS
A identidade virtual protege de fraudes Juntamente com as oportunidades corporativas, a tecnologia nos trouxe a fraude cibernética. Para combater esses crimes ‘online’ foi criado o Certificado Digital, um documento eletrônico assinado virtualmente que contém informações sobre a pessoa com quem se está tratando na internet. Para que o conteúdo seja sigiloso, suas informações são criptografadas. O sistema funciona como uma carteira de identidade digital. Segundo o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), as fraudes digitais ocupam a terceira posição no raking dos crimes organizados que mais movimentam capital, somando US$ 100 bilhões. Ficam atrás apenas do tráfico de drogas - US$ 320 blihões - e comércio de armas US$ 800 bilhões.
O Certificado Digital veio para solucionar os problemas referentes a crimes na internet, garantindo autenticidade, privacidade e a inviolabilidade de informações. O advogado Carlos Rodrigo Orlando Azevedo Villalba explica que “o certificado digital funciona com um chip”. Esse cartão é inserido em uma leitora conectada ao computador via USB. O computador pede a senha, que juntamente com o chip liberam a assinatura digital. Para o advogado, com a inclusão digital os documentos físicos estão deixando de existir, porém os documentos digitalizados por si não tem validade. Torna-se necessário então a assinatura eletrônica - Certificado Digital. Essa autenticação acontece igual à do meio físico, se a credencial de identificação for emitida por
“Documentos físicos estão deixando de existir”
autoridades certificadoras, são aceitas em qualquer estabelecimento e judicialmente possui o mesmo valor de um documento físico assinado de próprio punho. Apesar de pouco conhecido, a Receita Federal do Brasil tornou obrigatório o uso desse certificado para envio de declarações desde 2010. Para Villalba isso facilitou muito a vida profissional de advogados e contadores, já que se torna dispensável o deslocamento físico até o fórum para enviar ou ter acesso a documentos. Para efetuar a solicitação, o primeiro passo é fazer um primeiro pedido no site da certificadora escolhida e marcar uma data para a avaliação em um dos pontos de atendimento. A emissão do documento só pode ser realizada presencialmente. O interessado deve preencher um formulário com seus dados e pagar uma taxa variável de acordo com o modelo do documento. Em seguida devese apresentar em uma Autoridade de Registro com a carteira de identidade - ou passaporte se for estrangeiro - CPF, título de elei-
criar PERFIL FALSO EM redes sociais é crime
95% dos crimes virtuais já tem punição
A sensação de impunidade que reina no meio virtual está sendo coibida pelo judiciário. Com a aplicação do código penal, do código civil e da legislação, como a Lei nº. 9.296 – que trata das interceptações de comunicação em sistema de telefonia, informática e telemática – e a Lei n. 9.609 – que discute sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador – vêm tentando combater os crimes cibernéticos. Criar perfil falso em redes sociais e utilizar dele para fazer brincadeiras com colegas, amigos, professores e outros, assim como enviar vírus a computadores alheios, ou mandar fotos pornográficas por e-mail – mesmo que não seja publicada – é considerado crime. Segundo o advogado Dr. Jean Shroder, especialista em crimes
pela internet, incitar uma pessoa a cometer algo já é considerado contra a Lei. O advogado afirma ainda que “atualmente 95% dos delitos cometidos eletronicamente já tem punição pelo código penal, para os outros 5% ainda falta enquadramento”. Artigos do Código Penal estão sendo alterados para que sejam voltados diretamente para as fraudes cybernéticas. “A lista de crimes virtuais aumenta a cada dia e não estão tendendo a diminuir. Mais de 17 mil decisões judiciais envolvem esses problemas, em 2002 eram apenas 400”, explica Jean. Os crimes mais cometidos virtualmente são: insultar a honra de pessoas (calúnia - artigo 138), espalhar boatos eletrônicos (difamação – artigo 139), insultar pessoas considerando suas características ou utilizar apelidos
grosseiros (injúria – artigo 140), ameaçar alguém (ameaça – artigo 147), utilizar dados da conta bancária de outrem para desvio ou saque de dinheiro (furto – artigo 155), comentar, em chats, e-mails e outros, de forma negativa, sobre raças, religiões e etnias (preconceito ou discriminação – artigo 20 da Lei nº. 7.716/89), enviar ou trocar fotos de crianças nuas (pedofilia – artigo 247 da Lei nº. 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA). Segundo especialistas, mesmo com todos os alertas e informações passadas sobre o uso da internet, grande parte dos crimes virtuais são ocasionados por jovens, muitas vezes sem a intenção de prejudicar alguém. Dentre os crimes, os que se destacam é a difamação e/ou comunidades em redes sociais. Lidyane Pereira
Foto: Divulgação
A fim de proteger informações transmitidas on-line, mensagens são enviadas de modo criptografado
Carteirinha digital da Ordem dos Advogados do Brasil
tor, comprovante de residência e o número do PIS/PASEP - Programa de Integração Social. Empresas individuais que desejam o documento devem apresentar o ato constitutivo, estatuto ou contrato social, CNPJ e documentos pessoais da pessoa física responsável. Não estarão aptos a serem titulares pessoas físicas em que a situação cadastral perante o CPF esteja cancelada e pessoas jurídicas que estejam inadequadas ou
canceladas perante o CNPJ. Mais cedo do que você pensa o termo Certificado Digital fará parte do cotidiano assim como o RG e o CPF. Em um mundo em que quase todas as transações e acordos são realizados virtualmente, um documento que comprove a identidade da pessoa que está do outro lado do computador se tornará indispensável. Isadora Domingues
Detector de mentiras
O detector de mentiras, ou polígrafo, foi criado para saber quando alguém não é sincero. O aparelho consiste em medir as variações e alterações fisiológicas de transpiração, contrações musculares, alterações de ritmo cardíaco, tremores, movimentos oculares e pressão arterial que ocorrem quando um indivíduo está mentindo. Em 2002, porém, o congresso nacional brasileiro aprovou uma lei que proíbe o uso do polígrafo pelo empregador, e os resultados do teste não poderão ser utilizados como prova. Isso acontece porque as mesmas reações que ocorrem quando uma pessoa mente, aparecem quando ela está nervosa. Logo, em um interrogatório,é normal o réu ter todas essas alterações. Além de sujeitos com desordem mental que acreditam estar dizendo a verdade independente do que realmente aconteceu. Sociopatas também não serão pegos pelo detector, já que não têm constrangimento em mentir.
Giancarlo Andreso
esporte
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Curitiba, agosto de 2011
NOTÍCIAS SOBRE CONTRATAÇÕES SÃO FORJADAS NA MAIORIA DA VEZES
Falsidade que contagia o jornalismo esportivo As mentiras no jornalismo não são tão difíceis de acontecer, mas no jornalismo esportivo chega a ser algo comum por conta das especulações. Notícias plantadas, como possíveis contratações de jogadores, que na maioria das vezes não se concretizam, são cada vez mais frequentes nos jornais, rádios, programas de televisão, portais da internet e redes sociais. Segundo a psicóloga esportiva Maria de Barros, vários jornalistas se comportam assim para tentar dar um ‘furo’ de reportagem para elevar o seu ‘status’ no meio. “Se um jornalista acertar a contratação que plantou na mídia, seu nome será lembrado, mas se ele
errar, serão poucos que vão lembrar que ele errou”. Napoleão de Almeida, apresentador do programa Jogo Aberto Paraná, da Rede Bandeirantes, acredita que essa questão vem do ser humano. “Existem bons e maus jornalistas, policiais, médicos, engenheiros, políticos, etc. É do ser humano”, comenta o jornalista de 32 anos. Para ele, o profissional precisa ter uma grande responsabilidade com a verdade. “A condução do jornalismo sempre deve prezar pela ética e lisura de i n for mações. Não há como ter acerto 100% das vezes, porque muitas negociações são bem fechadas, mas existe uma diferença entre plantar a no-
“Existe diferença entre plantar a notícia e averiguar um boato”
tícia e averiguar um boato”, analisa. Companheiro de profissão de Napoleão, o repórter da Tribuna do Paraná, Felipe Lessa, concorda. “Se você planta uma notícia, pode até acertar, mas a partir do momento que você vai errando, vai perdendo sua credibilidade com o leitor ou ouvinte”. Na maioria das vezes, a informação que é divulgada na mídia vem de alguma fonte que entrega tal notícia para o jornalista, causando antipatia dos dirigentes e do próprio jogador. “Já aconteceu e eu, confiando na fonte, mantive a informação. E ela se concretizou. Naquele momento, o clube não tinha interesse em vazar a informação, mas acabou vazando. É do jogo: não sou do tipo que aceita pressão ou propina de dirigente. E a longo prazo isso é muito mais lucrativo, pois ganhase algo melhor: respeito”, finaliza Napoleão.
Foto: Fellipe Gaio
Jornalistas acabam inventando notícias para tentar dar um furo de reportagem e ganhar status por acaso
Jornalistas usam redes sociais para divulgar suas notícias falsas
Para o jogador que tem o nome citado, também não é bom, pois acaba conseguindo certa desconfiança da torcida e até mesmo dentro do clube. “Eu passei por essa situação, e apesar da torcida ter me apoiado, briguei com
vários dirigentes e saí do clube pra nunca mais voltar”, disse um ex-jogador do Paraná Clube que preferiu não se identificar. Felipe Dalke
FALSIFICAÇÃO IDEOLÓGICA É USADA FREQUENTEMENTE POR JOGADORES DE FUTEBOL
A falsificação de identidade é comum entre menores de idade que querem entrar em bares e baladas para adultos, mas isso também existe no esporte. A diferença é que alguns atletas adulteram a sua identidade para se passarem por mais novos e ganharem chances de se destacar. Atualmente no Rio Branco, de Paranaguá, o jogador que não quis ter seu nome publicado, é dois anos mais novo em sua carteira de identidade. A adulteração serve para o atleta que é mais velho e não teve tantas chances quando jogou em sua própria categoria, tornando mais fácil a profissionalização. “As pessoas fazem o ‘gato’ (como é chamado no mundo do futebol) para ter mais chances, jogar com os garotos mais novos, mais fracos, e poder ter um destaque maior”, garante. Questionado sobre como conseguiu a adulteração de iden-
tidade, o jogador comentou que é obra dos empresários, que têm influência dentro do clube onde seus jogadores estão. “Grande parte desses casos é feito porque o empresário do atleta pede pra ele fazer. O empresário considera o ‘cara’ uma boa aposta que ainda não amadureceu totalmente e coloca na cabeça dele que isso vai ajudar a se profissionalizar.” O atleta diz ainda que o menino que ouve isso fica todo feliz, é o sonho dele se tornar um jogador de futebol, como a maioria dos brasileiros, e ele acaba fazendo sem nem reclamar e às vezes nem consultar os próprios pais. Sem arrependimentos O jogador lembra que não se arrepende do que fez. “Eu fiz o ‘gato’ e isso contribuiu para a minha profissionalização. Eu comecei em um clube que não é muito fácil de se tornar profissional.
Conheci outros que começaram comigo e passaram pela mesma situação, e sei que todos fariam tudo de novo, inclusive eu. Passei por muitas dificuldades quando era criança e agora posso ter uma vida boa e ajudar a minha família”, finaliza o jogador do time do litoral paranaense. Esse tipo de fraude tem, de certa forma, se tornado comum entre os profissionais do futebol. No entanto, ainda são raros os casos em que os jogadores que passaram por falsificação são pegos. Muitas vezes, o atleta é protegido por manobras dos seus empresários, que costumam oferecer propina para quem sabe o que aconteceu. Em alguns casos, os empresários têm o auxílio de outras pessoas para praticar o crime e, portanto, diminuem ainda mais as chances de serem descobertos. Pensando no futuro do seu filho, os pais do atleta não recla-
Foto: Fellipe Gaio
Atletas mudam dados em identidade por recomendação de empresários
Adulteração ideológica se torna comum no mundo do futebol
mam da situação. Já os dirigentes dos clubes, raramente ficam sabendo da falsificação mas, se acabam descobrindo, pouca coisa muda, pois os empresários costumam contornar a situação com dinheiro. Segundo o que consta no artigo 299 do Código Penal, a falsidade ideológica é punida com 1 a 5 anos de prisão, além de multa.
Diz, ainda, em parágrafo único, que se a falsificação ou alteração for de assentamento de registro civil (o que inclui a carteira de identidade), aumenta-se a pena de sexta parte.
Felipe Dalke Fellipe Gaio
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cultura
Curitiba, agosto de 2011
MAU USO DA INTERNET COLABORA PARA AUMENTO DA PIRATARIA NO BRASIL E NO MUNDO
Produtos piratas crescem sem controle Muitos consumidores acabam adquirindo, até mesmo sem saber, produtos pirata. O preço atraente, a facilidade de se encontrar alguém que venda este tipo de mercadoria, bem como a falta de fiscalização colaboram para esta prática ilegal. O comércio,ou a distribuição de pirataria é crime no Brasil. A Lei 10.695, de 1 de Julho de 2003 altera partes do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 acrescentando ao artigo 184, que ressalta que a criação de uma cópia pelo copista para uso próprio e sem intuito de lucro, do material com direitos autorais, não constitui crime. Cerca de 42% da população
utiliza algum tipo de produto pirateado. Em pesquisa feita pela Fecomércio-Rio e Instituo Ipsos, os produtos mais pirateados são CDs e DVDs, óculos e relógios de grife. O conselho Nacional de combate à pirataria mantém um site atualizado com as principais ações para coibir esta modalidade de crime. Como o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 184, parágrafos 1,2 e 3 determina que deve haver o intuito de lucro (direto ou indireto). Existe uma corrente que prega a descriminalização da pirataria, defendida, principalmente, por Túlio Vianna, já havendo inclusive uma
“Não pude estudar, portanto preciso me virar como posso”
decisão favorável do Tribunal de Minas Gerais. Porém, a maior da parte da jurisprudência brasileira ainda mantém que o comércio de produtos pirateados é crime sujeito a punições. O vendedor ambulante José da Silva afirma estar ciente de todos os riscos que corre comercializando produtos falsos. Para ele, a pirataria não constitui crime nenhum, que é um trabalho normal como qualquer outro. Silva ainda tenta justificar-se dizendo que trabalha de sol-a-sol para colocar alimento na mesa de sua casa.“Não tive oportunidade para estudar, portanto eu tenho que me virar como posso”, desabafa. Para o superintendente da Polícia Federal, Maurício Leite Valicho, fica praticamente impossível, combater a pirataria com a tamanha facilidade que as pessoas têm para acessar a rede. “O
Foto: Raphael Ribeiro
Mesmo cientes da ilegalidade da profissão, ambulantes vendem produtos piratas na capital, e não são fiscalizados
Produtos piratas são vendidos nos terminais de ônibus em Curitiba
mau uso das novas tecnologias colabora muito para este crime. Qualquer um pode baixar arquivos como músicas e filmes em um só clique,” afirma. Valicho conclui dizendo que a população é fundamental no combate a este tipo de crime.
O cidadão pode denunciar a pirataria procurando a delegacia de polícia mais próxima, ou pelo telefone gratuito do disque-denúncia 0800 771 3627. Yan Carlos Raphael RIbeiro
ATORES E ATRIZES SÃO OS PROFISSIONAIS “AUTORIZADOS A MENTIR”
Atores e atrizes são autorizados a mentir e a dissimular, e se não convencem o público de que são fingidores por natureza, perdem toda a essência da profissão, e até são chamdos de “canastrões.” Ator que não finge, é como jornalista que não sabe escrever uma boa reportagem”, diz a estudante Vanessa Guiglielmin, 21 anos. São vários os artifícios para dar credibilidade aos “pinóquicos sobre o palco”. Na vida acadêmica, por exemplo, são dedicados 4 anos para o curso de Teatro. “Temos aula de linguagem corporal, o que permite ao aluno se soltar e incorporar o personagem”, diz o diretor da Escola de Teatro da USP, Celso Frateshi. Além do ensino superior, existem tecnicas que vão desde o velho colírio para “fazer chorar” até recursos tecnológicos de cenografia e edição. “ No palco, não temos muitos recursos como
na teledramaturgia. Nos ensaios, os professores nos ajudam ao maximo, e a equipe de atores. Porém, na hora da apresentação, é cada um por si, e o friozinho na barriga que dá, é o que me faz perceber que nasci para atuar”, diz a aspirante a atriz, Eloísa Rodrigues.A estudante da FEAUSP diz ainda que quando não ficar mais nervosa, é hora de se aposentar dos palcos. ‘‘Escolhi a profissão de ator porque desde pequeno eu tinha talento para o teatro naquelas peças infantis da escola, e até mesmo quando fazia alguma coisa errada. Lembro que a minha mãe me dava broncas por alguma coisa, mais eu sempre conseguia convencê-la da minha inocência certa vez quebrei o vidro de uma vizinha com uma bola de futebol, mas desta vez ela me pegou no flagra, não deu para fingir, brinca o estudante. Além dos cursos para atuar,
universidades de todo o país, disponibilizam, também, aulas para a direção teatral Para Rodrigo Rezende, frequentador assíduo de teatro, a educação precária do país colabora para que o jovem prefira às micaretas sertanejas às peças teatrais espalhadas nos teatros curitibanos. “Não adianta o professor cobrar de uma criança ir ao teatro se ele não o faz”, completa o iluminador de palco Beto Bruel. Sonhos ‘‘Quero ser atriz destas de televisão e teatro. Tenho como fontes de inspiração as atrizes Glória Pires e Fernanda Montenegro. Elas, além da experiência enorme com as artes cênicas, ainda fazem seus papeis com muito afinco,’’ diz Gracielle Reis. De acordo com a mãe de Gracielle, Cláudia dos Santos Reis, a
Divulgação
Treinados para mentir, atores encantam o público pela arte do fingimento
Gracielle Reis, 16 anos, pretende ingressar na faculdade de teatro.
menina esbanjou talento a vida inteira. “Lembro dela quando criança, nas peças da escola e no cursos que colocamos de dança no colégio. Ela tinha muita desenvoltura no palco, seja para cantar, atuar ou dançar”, diz orgulhosa. “Eu lembro que Graci era muito popular na escola, ela vivia rodeada de crianças na hora do recreio. Nas horas mais sérias
também, todos queriam ter como membro do grupo, umas das meninas mais decidadas da turma”, diz a diretora da escola onde Gracielle fez o primário, Odilá Ramos de Oliveira. André Recchia Raphael Ribeiro Yan Carlos Londero
segurança
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GRANDE NÚMERO DE LIGAÇÕES FALSAS É PROBLEMA PARA CENTRAL 190
Trotes atrapalham trabalho policial
Cerca de 15% das ligações recebidas pela central 190 da polícia são ocorrências falsas, os chamados trotes. São inúmeros registros da brincadeira, o que gira em torno de 1800 ligações mensais. Isso faz com que o trabalho e a atenção policial sejam redobrados, já que precisam identificar a veracidade das chamadas. Enfrentar problemas e desafios faz parte do dia-a-dia dos policiais, mas quando trata-se de um inimigo invisível escondido atrás das linhas telefônicas torna o assunto mais complicado. Muitas pessoas reclamam da demora entre o atendimento por telefone e a chegada da polícia na
localidade, mas atitudes de má fé prejudicam toda uma população, que precisa pagar pelo erro de alguns. Muitas vezes é uma estratégia usada por criminosos para despistar a mira da polícia e levarem os oficiais a uma região distante, fazendo com que a passagem fique livre, mas isso não funciona, já que com muitos anos de prática os atendentes conseguem diferenciar os trotes de ocorrências reais. Segundo o 1º Tenente Edivan Fragoso, do COPOM (Centro de Operações Policiais Militares), quando o fato é importante são constatadas diversas ligações. “São feitas muitas perguntas para saber de-
“Quando a pessoa está mentindo, acaba se atrapalhando”
talhes da ocorrência, quando a pessoa está mentindo, acaba se atrapalhando mais cedo ou mais tarde”, afirma. Todas as ligações são rastreadas e o indivíduo pode ser identificado e sofrer punições. O que agrava ainda mais o quadro, é que situações como essa podem fazer com que viaturas policiais e até mesmo emergenciais, como a dos bombeiros e do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), sejam deslocadas e enviadas até o local de solicitação, fazendo com que outras ocorrências realmente necessárias e urgentes sejam prejudicadas. Segundo o Capitão Daniel Domingos Alexandrino, do COPOM, as ligações partem até mesmo de escolas. “É dificil identificar os autores de trotes, pois para fazer isso teríamos que enviar viaturas para o local, o que faz com que seja uma a menos
Foto: Mariana Kais de Azevedo
Acionamento indevido dos serviços de atendimento emergenciais faz com que as verdadeiras ocorrências sejam prejudicadas
Por serem públicos, orelhões são as principais armas dos criminosos
para atuar nas ruas”, afirma. O advogado André Poças afirma que o indivíduo que faz ligações como estas desrespeita o artigo 340 do Código Penal Brasileiro de falsa comunicação de crime e apelo defensivo, e pode sofrer detenção de um a seis me-
PARECE MENTIRA, MAS EM UMA CELA PARA OITO HÁ MAIS DE VINTE
ma citado pelo ex-presidiário foi a falta de cama, que obrigava os companheiros de reclusão a revezar a hora de dormir. Maria* é mãe de Pedro*, preso há oito meses na mesma delegacia, e afirma que na última visita havia vinte e uma pessoas no espaço para oito. O rapaz, assim como os vinte companheiros de cela, não ocupa seu tempo, nem mesmo com banho de sol. A mãe acredita que há maneiras de melhorar o quadro nas cadeias. “O maior problema na superlotação se dá porque os presos não trabalham em prol da sociedade, é uma população inativa que só gera despesas para o Estado”, lamenta. *Os nomes foram modificados . Mariana Kais de Azevedo Miguel Rezende Paula Lima
Foto: Miguel Rezende
as. Além de favorecer o risco de fugas e rebeliões, comprometer o trabalho dos policiais civis, que precisam dividir a rotina de investigação com a custódia dos detentos, a superlotação ainda fere os princípios elementares dos Direitos Humanos e da Lei de Execução Penal. A Comissão da OAB-PR ainda vistoriou as carceragens de delegacias e pôde confirmar que a superlotação supera o número de vagas em mais de dez mil, além de solicitar a vistoria da Vigilância Sanitária, em várias delas, por más condições de higiene vividas pelos presos nas carceragens lotadas. De acordo com Paulo*, que foi solto há duas semanas da 1ª Delegacia Regional de São José dos Pinhais, haviam dezoito pessoas na mesma cela, que tem capacidade para apenas oito. “É muita gente, falta higiene, falta tudo, até o básico”, afirma. Outro proble-
Mariana Kais de Azevedo Miguel Rezende Paula Lima
Delegados contra superlotação
Superlotação é problema nas delegacias A superlotação nas delegacias é um dos grandes problemas do sistema penal brasileiro. De acordo com os dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Paraná é o estado que possui o maior número de detentos em cadeias do país. Estimativas do Ministério Público (MP) do Paraná e da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), mostram ainda que pelo menos três mil e quinhentos presos já condenados cumprem pena nas delegacias do estado, ao invés de estarem em penitenciárias, como prevê a lei. Construídas exclusivamente para abrigar presos provisórios, as carceragens nas delegacias do Paraná comportavam, em abril deste ano, aproximadamente dezesseis mil detentos, distribuídos em celas que, juntas, deveriam receber no máximo 6.117 pesso-
ses e/ou multa. “É uma questão de caráter, já que ações como estas demonstram a falta de bom senso e de educação de algumas pessoas”, completa o advogado.
Outdoor na Rua Marechal Floriano conscientiza população
O Sindicato de Delegados do Paraná lançou uma campanha contra a superlotação direcionada especialmente aos órgãos responsáveis pela segurança pública no Estado como o governo do Paraná, Conselhos de Segurança e Ministério Público e também à população. O SIDEPOL espalhou pela cidade outdoors com o slogan “Delegacias lotadas. Ajude a mudar esta realidade” com a intenção de conscientizar a população para esse que é o maior problema dentro do Sistema Penal Brasileiro.
Grandes Mentiras da Humanidade “O samba é um ritmo puramente brasileiro” O ritmo tem influências que não são do Brasil nem da África. Donga, o músico que gravou o primeiro samba, em 1917, montou bandas de jazz. Sinhô, o “rei do samba” nos anos 30, usava melodias européias em suas canções. “Cristóvão Colombo descobriu a América” De acordo com pesquisas feitas por estudiosos, a América foi descoberta provavelmente por vikings, cerca de 550 anos antes de Colombo colocar os pés nas Bahamas, em Cuba e na ilha de Hispaniola (Haiti e República Dominicana) entre outubro e dezembro de 1492. Os vikings já frequentavam a costa do Canadá no final do século 10, mas acabaram não se estabelecendo por lá. “O fruto proibido era uma maçã” Não há referências na Bíblia explicitando que o fruto proibido era uma maçã. A versão original do texto só se refere ao “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Mas talvez tenham interpretado que a fruta poderia ser uma maçã pelo fato de na Bíblia aparecer a palavra “pomo”, que sugere uma fruta com forma de maça, mas poderia ser qualquer outra fruta com esse formato.
“Darwin inventou o conceito de evolução” Alguns cientistas já defendiam a ideia de evolução antes de Charles Darwin publicar “A origem das espécies”, em 1859. Um dos pioneiros nesse estudo foi Erasmus Darwin, avó de Charles. Além disso, o francês Jean-Baptiste Lamarck já havia identificado que as variações no ambiente induziam mudanças nos hábitos dos seres vivos. Entretanto, Darwin percebeu algo que Lamarck não havia notado: essas mudanças eram causadas por mutações genéticas.
“Napoleão era baixinho” Quando se ouve falar em Napoleão Bonaparte vem à mente um homenzinho de baixa estatura que vivia travando guerras. Mas ao contrário do que todos pensam, o imperador francês tinha 1,68m de altura, o que estava dentro da média para os franceses do século 19.
Fontes: Revista Superinteressante e Revista Mundo Estranho