Urbanismo Os detalhes da restauração completa do Coliseu
Economia Na Itália, Fiat e sindicatos travam queda de braço
Música O sucesso de Ana Carolina e Chiara Civello www.comunitaitaliana.com
Ano XVII – Nº 146
Vacanze
ISSN 1676-3220
R$ 11,90
Rio de Janeiro, agosto de 2010
Para driblar a crise econômica, italianos redescobrem o próprio país enquanto o jet set internacional volta a cair de amores pela mítica Capri
A dois meses das eleições, o que esperar do novo presidente do Brasil?
28 CAPA
Depois do estouro da crise econômica mundial, o turismo na Itália dá sinais de recuperação. Italianos buscam novos roteiros dentro do país enquanto ricos e famosos redescobrem a mítica ilha de Capri
Editorial
Ciranda..........................................................................................06
Cose Nostre
Depois de George Clooney, o casal Angelina Jolie e Brad Pitt compram imóvel na Itália..............................................07
Política
A dois meses das eleições que escolherá o novo presidente do Brasil, especialistas analisam o panorama político do país........................ 18
Economia
Na Itália, Fiat tenta implantar nova linha de montagem para maximizar produtividade e enfrenta resistência dos sindicatos ������� 24
44 Urbanismo Coliseu
Foi dada a largada para a restauração de um dos maiores símbolos da civilização
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46 Exposição Alberto Magnelli
Pintor italiano que ajudou a compor o acervo do MASP recebe homenagem com exibição de suas obras em São Paulo
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Energia
No Vêneto, usina de hidrogênio entra em operação e faz a Itália dar um passo à frente em termos de tecnologia limpa............................27
Cooperazione
Paraná dà inizio ad attività cooperative in un progetto per il settore agricolo che conta sulla partecipazione dell’Italia...........................40
Livro
Procurador italiano que atuou em casos de terrorismo tenta esclarecer o público sobre o trabalho da Justiça ����������������������������� 49
Calcio
Brasile si divide in quattro regioni per i Mondiali di Calcio nel 2014............................................................53
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Música Resta
Azeite L’Oliveto Matarazzo
Canção que celebra parceria entre a brasileira Ana Carolina e a italiana Chiara Civello faz sucesso no Brasil
Produto orgânico feito na Túscia pela tradicional família italiana que atuou na industrialização no Brasil, chega ao mercado do país
FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni
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Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 11/08/2010 às 15:30h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br SUBEDItora: Sônia Apolinário jornalismo@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Sarah Castro; Sílvia Souza; Janaína Cesar; Lisomar Silva REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Assistente de arte: Wilson Rodrigues arte2@comunitaitaliana.com.br Capa: Assessorato al turismo - Capri Colaboradores: Luana Dangelo; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda; Paride Vallarelli; Aline Buaes CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Janaína Cesar (Treviso); Leandro Demori (Roma) Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno) Robson Bertolino (São Paulo) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.
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e no Brasil temos a certeza de que iremos às urnas em 3 de outubro próximo, na maior eleição da história do País – com 134 milhões de eleitores para 20.839 candidatos registrados aos vários cargos em disputa –, na Itália existe uma tremenda confusão política. Tudo devido ao rompimento entre o primeiro ministro Silvio Berlusconi e o presidente da Câmara, Gianfranco Fini. Juntos eles fundaram o partido do atual governo Il Popolo della Libertà (Pdl) e depois de dois anos de muitas divergências entre os dois líderes, a lua-de-mel acaba, Fini dá início a outro partido e se recusa a deixar o cargo ao qual foi colocado pela maioria eleita dos deputados. Tudo indica que teremos eleições antecipadas na bota ainda este ano. A população italiana se vê perdida diante de uma classe política que briga em seus meandros e se distancia do povo, mostrando-se incapaz de resolver os graves problemas de uma Itália que luta para se salvar da crise. E no exterior, como se movem os 12 deputados e 6 senadores eleitos para representar os cidadãos fora da Itália? Desde que foi colocado em prática este direito de voto em 2006, o que observamos é que a confusa política italiana passou suas fronteiras. De repente, quem possui um passaporte se viu diante de um dilema de participar de um pleito onde não conhecia os candidatos biônicos e tão pouco as diretrizes dos inúmeros partidos que surgiram. Isso sem falar dos dois referendos que se sucederam e causaram ainda maior estranheza por se tratarem de temáticas muito específicas. Foram muitas as fraudes pelo falho sistema de voto por correspondência e muito se discutiu sobre a mudança desta prática durante os anos. Fato é que os nossos representantes não conseguiram sequer aprovar uma única moção porque se vêem engessados dentro do atual sistema e são raros os casos de prestação de contas com os eleitores. Agora, estamos na iminência de novas eleições lá, na Itália, e deveremos ver surgir novas campanhas para os cargos que representam o País no mundo. Dos cidadãos com direito a voto, 47,3 milhões em 2008, temos 2,7 milhões residentes no exterior. Os deputados eleitos na Itália foram 618 com uma relação Pietro Petraglia de 72 mil pessoas por deputado. Os deputados eleitos no Editor exterior foram 12, com uma relação de 225 mil pessoas por deputado. E agora, quem virá? Transferindo a pergunta para o Brasil, a se manter as atuais pesquisas de intenção de voto, o sucessor de Lula será escolhido entre Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) ou Marina Silva (PV), os três candidatos melhores posicionados na disputa presidencial. O vencedor receberá do atual presidente um país que, a todo instante, é lembrado como um dos que melhor enfrentou a crise econômica mundial. Tanto que o ritmo dos negócios só aumenta, por aqui. Nesta edição, registramos os planos de expansão de várias empresas bem como a chegada ao Brasil de produtos tipicamente made in Italy como o azeite de oliva feito por Adriano Matarazzo di Licosa, um dos descendentes da família italiana que se colocou entre as pioneiras da industrialização no Brasil, no início do século 20. A reportagem de Comunità foi recebida por Adriano em sua propriedade, na província de Viterbo, na parte noroeste da região Lácio. Como se trata da edição do mês de agosto, a revista não poderia ter deixado de falar sobre a sagrada instituição italiana das férias. Nossa reportagem de capa mostra como o turismo interno se tornou a solução para se manter a tradição em tempos de rescaldo de crise econômica. Os italianos diminuíram o tempo em que ficam fora de casa e foram em busca de novos roteiros. Enquanto isso, o governo fez uma grande campanha para “lembrar” os encantos do país para sua população. Parece que funcionou. Tem muita gente “descobrindo” a própria cidade onde mora. Além disso, um dos tradicionais destinos turísticos do país, a mítica ilha de Capri, também foi, este ano, redescoberta pelos ricos e famosos que sempre deixaram um rastro de glamour no local. Essa movimentação aconteceu graças à renovação de um tradicional restaurante da ilha, Il Riccio, aonde celebridades chegam vindas diretamente de seus iates de luxo. Boa leitura.
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Ciranda
editorial
Entretenimento com cultura e informação
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COSE NOSTRE Julio Vanni
Brangelina
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epois de George Clooney, o casal Angelina Jolie e Brad Pitt pode virar figurinha fácil na Itália. Brangelina, como são conhecidos em Hollywood, compraram uma casa no valor de 40 milhões de dólares no país. Segundo o site sobre celebridades Perez Hilton, o imóvel tem 15 quartos e sete banheiros e fica na cidadezinha de Valpolicella. “Eles queriam um local reservado, tranquilo e livre para eles já aproveitarem as férias”, disse Alexander Proto, ex-dono da casa. Além da enorme quantidade de quartos, a residência ainda tem um cinema, uma sala de ginástica, duas piscinas com cascatas e duas banheiras de hidromassagem.
Fofoca
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Gucci Group entrou com uma liminar contra Elisabetta Gucci em um tribunal de Florença. O grupo se adiantou aos boatos de que a herdeira da grife italiana, que não trabalha mais nas empresas desde 1995, vai abrir um hotel de luxo em Dubai com o famoso sobrenome na fachada. “A Gucci quer deixar claro que não há relação alguma com o hotel de Elisabetta, que não está envolvida neste processo e em nenhum outro de criação dela”, disse a companhia em comunicado. Elisabetta é neta de Guccio, o fundador da Gucci.
Vinhos
Mais fofoca
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s exportações de vinho italiano tiveram um aumento recorde no mundo devido ao crescimento nos mercados da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos. Os dados são da Coldiretti, organização italiana de representação de pessoas e empresas que operam na área agrícola, e baseiam-se em uma pesquisa do Instituto de Estatísticas Italiano (Istat) relativa ao primeiro quadrimestre de 2010. O vinho é o principal produto de exportação agroalimentar da Itália com mais da metade do faturamento exterior que é realizado no mercado da UE, onde a Alemanha é o principal consumidor. Já o primeiro mercado fora da UE é o dos Estados Unidos onde o vinho italiano lidera as vendas.
Carbonero
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E
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ma banheira esculpida em um único bloco de puro cristal branco da Amazônia brasileira foi colocada à venda na famosa loja de departamentos Harrods, em Londres. A peça é a segunda numa série de duas banheiras esculpidas de bloco de dez toneladas (a primeira foi comprada por magnata russo, em 2008) e custa 530 libras (1,4 milhão de reais). A banheira tem 2,3 metros de comprimento por 61 centímetros de profundidade. A série de banheiras foi esculpida pela italiana Baldi. O bloco de cristal de onde saíram as peças foi descoberto em 2006 e levado a Florença para ser trabalhado.
epois de passar de vilã à musa da seleção espanhola na copa do Mundo, a jornalista Sara Carbonero vai participar de um programa do canal pago Mediaset Premium, na Itália. O canal faz parte do grupo de mídia do primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi, do qual também integra o canal espanhol Telecinco, onde a jornalista
Rapidinhas
● O jornalista e escritor Gianni Miná foi homenageado, mês passado, no Auditório da Embaixada brasileira em Roma, com o Prêmio Vento do Mar por sua atuação na promoção da cultura brasileira. A premiação é uma iniciativa da Associação Cultural Brasil Memória, de Gianni Ciuffini. ● Saudosistas da obra de Luchino Visconti perderam em julho dois colaboradores de seu tra-
trabalha. Carbonero vai mandar notícias sobre o Real Madrid, clube onde está seu namorado, o goleiro Iker Casillas, e sobre a liga espanhola de futebol para a Itália. Segundo o jornal La Repubblica, a jornalista foi “cortejada de modo intenso” pelo canal italiano.
balho: aos 79 anos, o cenógrafo, arquiteto e decorador Giorgio Pes e, a roteirista Suso Cecchi d’Amico, aos 96 anos, morreram em Roma. ● Guardas municipais de Turim multaram a banda irlandesa U2 por exceder o volume do som nos ensaios do show que o grupo apresentou no início deste mês na cidade. O valor do tributo não foi revelado.
Projeto
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Câmara Italiana de Santa Catarina está colaborando com o projeto ITES – “Ocupação e desenvolvimento da comunidade italiana no exterior”. O objetivo é abrir um centro de serviços para atendimento aos jovens desempregados ou no subemprego. Para informações adicionais e envio de currículos, os jovens deverão entrar em contato através do telefone (48) 3027-2710 ou pelo email italialavoro@brasitaly.org.
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lisabetta deixou o grupo para se tornar diretora do Formitalia Luxury Group, uma distribuidora de móveis fundada por seu pai, Paolo Gucci. A marca (longe da dinastia da família desde os 1990) faz parte do grupo francês PP.PA que detém também as marcas YSL, Stella McCartney, Puma, Bottega Veneta e Balenciaga. Elisabetta não é a primeira da família a parar no noticiário por conta das confusões do clã. Há um caso bem mais sério: o assassinato de Maurizio Gucci, outro filho de Guccio, planejado pela ex-mulher, Patrizia Reggiano, condenada a 26 anos de prisão. A trama deve virar filme pelas mãos de Ridley Scott e Angelina Jolie está cotada para o papel de Patrizia.
Turim reconhece
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epois de celebrarem seu casamento simbólico – pois o país não reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo – duas italianas retiraram na prefeitura de Turim um “certificado de reconhecimento familiar baseado no vínculo afetivo”. Trata-se de um tipo de documento que só é emitido por esse governo municipal. O documento foi criado em julho e, Debora Galbiati Ventrella e Antonella D’Annibale foram o primeiro casal a fazer uso da declaração - cujos efeitos se limitam aos benefícios municipais de saúde, habitação, entre outros.
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opinião frases “Chiamerò solo chi gioca nella propria squadra. Quindi preferisco Balotelli titolare in Inghilterra che riserva in Italia”,
“Sono rimasto un po’ scioccato, pensavo che la Ferrari avesse imparato. Ora tutti sanno come mi sono sentito”,
Cesare Prandelli, nuovo ct dell’Azzurra, nazionale di calcio italiana
Rubens Barrichello, pilota di F-1, che ha vissuto la stessa situazione di Massa nel 2009, anche lui nella Ferrari
“Il giorno che mi dirò di essere il secondo pilota smetterò di correre”, Felipe Massa, pilota de F-1, dopo essere stato obbligato dalla Ferrari a farsi sorpassare dal suo collega di équipe, Fernando Alonso “O Brasil mudou e vai salvar o mundo. O Brasil sempre foi uma eterna promessa, mas talvez agora, pela primeira vez, isso possa se tornar em parte verdade”, Caetano Veloso, cantor, em Roma, onde fez show
“Eu chego para ser o técnico da seleção com muito orgulho. A maioria dos técnicos gostaria de estar no meu lugar”, Mano Menezes, novo técnico da seleção brasileira de futebol
enquete Mano Menezes é o novo técnico da seleção brasileira. Foi uma boa escolha da CBF?
Vôlei:o Brasil vai conquistar o tricampeonado no Mundial e se igualar a Italia em títulos?
Crise política na direita da Itália. Quem tem razão? Silvio Berlusconi - 54.5%
Sim – 55,6%
Sim - 75%
Não – 44,4%
Não - 25%
Gianfranco Fini - 45.5%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 23 a 27 de julho.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 27 a 30 de julho.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 30 de julho a 5 de agosto.
cartas
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screvo com muita alegria para agradecer pela belíssima reportagem sobre a Bienal de Veneza. Ficamos muito felizes com a completude e precisão com as quais o texto foi escrito. Parabéns pelo trabalho de todos vocês”.
enti uma nostalgia maravilhosa ao ler a matéria sobre Capo D’Orlando. Ver as fotos e os lugares citados me fizeram recordar o tempo de criança, quando percorria aqueles lugares. Visito meus familiares com frequência, mas a matéria me fez matar ainda mais a saudade”.
Daniel Corsi – São Paulo, SP – por e-mail
Basílio Catrini – Rio de Janeiro, RJ - por telefone
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serviço agenda Cinema Até 22 de agosto, quem aprecia produções cinematográficas que retratam o velho oeste pode conferir a mostra “Faroeste Spaghetti – Bangue-bangue à Italiana”. A mostra reúne as mais importantes do gênero que consagrou nomes como Clint Eastwood e Charles Bronson como Keoma, Era Uma Vez No Oeste, Sartana, Uma Bala para o General, Viva Django!. O faroeste spaghetti, como é popularmente conhecido o faroeste feito na Itália, teve início na década de 60, quando a indústria cinematográfica local resolveu investir em um gênero já consagrado e de produção até então restrita aos EUA. A mostra entra em cartaz no CCBB Brasília e depois segue para o CCBB Rio de Janeiro. Tels: (61) 3310-7087 e (21) 3808-2020.
Dança “Les Ballets Trockadero de Monte Carlo” apresenta um grupo de “bailarinas” capazes de exibir clássicos da dança de forma nunca vista antes. A companhia, criada há 36 anos, é formada apenas por homens que mostram técnica impecável. E com humor divertem plateias pelo mundo afora ao exagerarem os passos, derrubar-se uns aos outros, demonstrarem inveja, brigarem por um lugar melhor na ribalta, além de usarem e abusarem dos “clichês” da dança clássica. No programa “ChopEniana” (também conhecida como Lês Sylphides), “La Vivandiere” e um dos clássicos do Kirov, “As Bodas de Raymonda”, com coreografia do célebre Marius Petipa. As apresentações serão no Rio de Janeiro (24 de agosto, Theatro Municipal) e em São Paulo (27 e 28 de agosto, no Te-
na estante Relações internacionais entre Brasil e Itália – O caso Santa Catarina. Nas últimas décadas do século 20, o mundo viveu um período de intensa globalização que muito beneficiou a área das relações internacionais que, em franco desenvolvimento, deixou de ser competência única dos diplomatas. Estados e municípios brasileiros foram estimulados a trilhar novos caminhos ainda que com autonomias limitadas. Mauro Beal traz o exemplo de Santa Catarina que, povoada por descendentes de italianos, consolidou acordos e parcerias em diferentes frentes. O autor nos mostra porque as relações institucionais desenvolvidas naquele estado podem ser referência para o diálogo com outros países e como o Brasil e os demais estados podem trabalhar de forma conjunta. Letras Contemporâneas, 207 páginas, preço sob consulta.
atro Bradesco). Saiba mais pelo site www.trockadero.org. Exposição A Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta até 19 de setembro, a exposição “Sérgio Rodrigues – Um Designer dos Trópicos”. Com curadoria de Marta Micheli e Veronica Rodrigues (filha do designer), a mostra traz ao público um lado pouco conhecido do processo criativo do artista que trabalhou com Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx e, deixou um estilo essencialmente brasileiro no interior das edificações da capital brasileira, fundada 50 anos atrás. Com aproximadamente 70 obras expostas, destaca-se um móvel inédito e a poltrona Mole que, em 1961, ganhou o IV Concurso Internazionale del Móbile em Cantú (Itália). Informações: 2544 – 4080.
click do leitor
Arquivo pessoal
Concerto A III Semana Internacional de Arte Organística traz ao Rio de Janeiro o italiano Francesco di Lernia. Professor de órgão no Conservatório de Música em Foggia, di Lernia é também diretor artístico do Festival Internacional de Órgão da cidade de Bari, criado por ele em 1995. Nascido em Foggia, em 1962, o organista tem no currículo cursos em Bologna e na Alemanha, na Academia de Música de Lübeck. Como concertista tem atuado nos festivais e centros musicais de maior prestígio na Europa, EUA e Ásia. Serão duas apresentações, com patrocínio do Instituto Italiano de Cultura. Dia 20 de agosto, 19h, no Mosteiro de São Bento e dia 21, às 20h, na Igreja do Sagrado Coração (Petrópolis). Mais informações: 3534-4300.
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Da pedra ao nada – A viagem da imagem. Depois de Diálogos sobre a tecnologia do cinema brasileiro – em que presta conta dos trabalhadores que sonharam a indústria cinematográfica e passaram despercebidos em sua história -, Paulo Schettino se volta às questões de produção de imagem e seus suportes. Resgata memórias intangíveis ao computador e momentos em que o cinema brasileiro fez clássicas adaptações da literatura. E a obra não se restringe à produção brasileira: Pasolini, o mais mediático dos diretores italianos tem um capítulo dedicado às suas indas e vindas ideológicas e aos discursos culturais. É sem dúvida um passeio sobre a sétima arte que, inclusive, analisa o advento da televisão e os reflexos neste universo. Até a interatividade, ainda que rapidamente, é debatida. O cineasta deixa claro que, com técnicas novas e se reinventando, o homem e o cinema seguirão sua viagem. LCTE Editora, 188 páginas, 37 reais.
isitamos Roma em janeiro de 2010 e ficamos encantados com a cidade. Estava frio, mas com os dias ensolarados. Mas o melhor de tudo é que nesta época do ano, não há muitos turistas e não pegamos fila para entrar em lugar nenhum. Nesta foto, estamos em frente a Fontana de Trevi, uma das fontes mais bonitas da cidade. Lá é ideal para sentar, tomar sorvete e recarregar as energias. Ernani Lemos São Paulo - SP Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br
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Opinione Fabio Porta fabioporta@fabioporta.com
Il Brasile ha superato l’Italia! La grande opportunità di un Brasile sempre più forte per un’Italia sempre più debole…
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ochi osservatori politici (in Italia come in Brasile), ma anche pochi organi di informazione, hanno dato rilievo ad una notizia apparentemente minore, ma a mio parere estremamente indicativa: il Brasile ha superato l’Italia nella classifica dei paesi più ricchi del mondo. Sì, è proprio così: il PIL brasiliano è superiore all’equivalente indicatore della ricchezza complessiva italiana. Non è, ripeto, un fatto di poco conto. Sembra trascorso quasi un secolo, e non pochi decenni, da quando – erano gli anni ’80 – l’Italia mirava ad essere la quinta o sesta potenza economica mondiale; in quegli stessi anni il Brasile non si avvicinava nemmeno lontanamente alle prime dieci posizioni e sembrava destinato a rimanere quel “Paese del futuro” descritto da tanti, ma di un futuro ancora indefinito e distante. Per gli operatori economici e gli analisti dei sistemi politicofinanziari internazionali, invece, questa notizia non è affatto una sorpresa. Anzi, potremmo dire, è una “non notizia”, vale a dire un fatto ampiamente prevedibile e per questo ripetutamente annunciato. Dove sta allora la notizia? Nel fatto, per esempio, che il Brasile sia l’unico Paese emergente del mondo dove vive una rilevantissima comunità di origine italiana. Proprio così: crescono infatti a ritmi simili e conquistano analogamente posizioni di punta nelle classifiche economiche altre potenze emergenti come la Cina, l’India o la Russia. In nessuno di questi Paesi vive però una comunità di oltre trenta milioni di cit-
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tadini di origine italiana. In nessuno di questi Paesi l’Italia può contare su di un contingente di oltre trecentomila cittadini italiani, che in Brasile sarebbero oggi almeno più del doppio se una lenta e complessa procedura per il riconoscimento della cittadinanza italiana e una inadeguata rete consolare non avessero in questi anni contribuito a rallentare e quasi impedire di fatto la naturale definizione di tantissimi processi. L’Italia (intesa come istituzione) non sembra aver colto appieno tale unica e inedita opportunità; con qualche sporadica eccezione, politici e diplomatici hanno affrontato in questi anni questo tema più come un “problema” che non come una “opportunità”, nonostante fosse sotto gli occhi di tutti che a richiedere il riconoscimento ius sanguinis della cittadinanza italiana – così come previsto dalla legge – erano in grandissima maggioranza persone e famiglie interessate all’Italia (ed al suo passaporto) non per riceverne un’elemosina o una improbabile assistenza, ma per recuperare orgogliosamente un legame di sangue, e magari per beneficiarsi dei “vantaggi” del nuovo documento di viaggio ottenuto. Vantaggi, ad essere sinceri, probabilmente più interessanti per un Paese come il nostro, che anno dopo anno perde posizioni nella classifica del turismo internazionale oltre che in quella altrettanto implacabile del Prodotto Interno Lordo. Chi infatti dovrebbe avere più interesse nel mantenere e rafforzare tale vincolo esistente e fondato sulla grandissima comunità dei doppi-cittadini? Il
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Brasile, che cresce ad un ritmo del 7-9%, e che tra qualche anno sarà il quinto o sesto gigante economico del pianeta, o l’Italia che vive una delle sue più serie crisi economiche, dove a fatica si raggiunge l’1% di sviluppo annuo e il livello di disoccupazione in alcune regioni è intorno al 20% ? E’ chiaro che una politica che comprendesse nella sua intera potenzialità tale fenomeno non dovrebbe limitarsi al semplice rilascio di un passaporto. Occorrerebbe interrogarsi sulle modalità di integrazione socioculturale dei nuovi cittadini, con un corrispondente investimento non solo nel necessario rafforzamento dei servizi consolari ma anche dei programmi di diffusione della lingua e della cultura italiana unitamen-
te ad una piena valorizzazione del sistema di rappresentanza territoriale delle nostre collettività residenti all’estero, a partire dal ruolo dei Comites. Questi ultimi dovrebbero vedere così rafforzate le funzioni insieme ad un potenziamento di quei mezzi e di quelle strutture minime per essere non solo percepiti, ma anche azionati, come veri e propri motori di quella cittadinanza attiva che – a partire dalle giovani generazioni italiane all’estero – potrebbe contribuire a rivitalizzare in un proficuo legame con l’Italia il futuro economico ma anche politico del Paese. Scrivere queste cose all’indomani dell’approvazione della manovra finanziaria correttiva proposta dal governo Berlusconi e approvata dal Parlamento sembra quasi un’eresia. Invece non lo è. Se infatti dobbiamo avere il coraggio di dire che è giusto tagliare, risparmiare, ridurre gli sprechi e diminuire la spesa pubblica per allineare l’Italia ai giusti vincoli imposti dall’Europa, altrettanto coraggio dobbiamo avere nel denunciare la miopia (e a volte l’arrogante ignoranza) di chi si ostina a non vedere come la via maestra della crescita e della ripresa dell’economia italiana passa anche dal rilancio della presenza di questo grande Paese sulla scena internazionale, rafforzandone le proprie strutture di rappresentanza istituzionale (Ambasciate e Consolati), quelle di rappresentanza politica (Comites e Cgie) e – soprattutto – credendo ed investendo nella maggiore risorsa che abbiamo e che gli altri non hanno e forse ci invidiano: gli italiani nel mondo!
Opinione Ezio Maranesi eziomaranesi@terra.com.br
La metamorfosi La parabola di Fini: ideale o convenienza?
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oltanto Kafka avrebbe potuto pensare ad una metamorfosi cosí radicale. Gregorio Samsa, nel racconto di Kafka, si addormenta commesso e si sveglia insetto. Gianfranco Fini, che era fascista, correra con la sinistra post-comunista. Fini nasce politicamente come delfino di Almirante, leader del Movimento Sociale Italiano, porto naturale degli ex-fascisti. Deputato dal 1983, segretario del partito nel 1988, fondatore di Alleanza Nazionale come dissidenza del MSI, Fini era ed è un moderato di forte personalità, forte al punto di non gradire la mediazione, non esitando, quando gli conviene, a dissociarsi e correre da solo. Perse cosí per strada correligionari importanti: Rauti, ritenuto estremista, la Mussolini, Storace, governatore del Lazio. Nei primi anni ’90 il suo rapporto con l’idea fascista è, al minimo, confuso. Di quel periodo sono sue alcune frasi storiche: “credo ancora nel fascismo”, “Mussolini fu il più grande statista del XX secolo”, “Esistono momenti nei quali la libertà non è inclusa nei valori importanti”. Però, nello stesso tempo, bolla le leggi razziali fasciste come il male assoluto e dice “la destra si deve riconoscere nei valori dell’antifascismo”. Il suo distacco dal fascismo è progressivo, ma netto. Nel ’92 Berlusconi entra nell’arena. Ha carisma, forte personalità e occupa lo stesso spazio che Fini intende occupare. E furono gomitate e abbracci fino ai giorni nostri, a seconda di come tirasse il vento. Fini si allea con Berlusconi e con lui fonda il Popolo delle Libertà. Concorre nel definirne il programma elettorale, stravince le elezioni del 2008 e assume la carica di presidente della Camera dei Deputati. Aveva firmato poco tempo prima una durissima legge anti-immigrazione;
oggi, contro il programma del partito, predica la più ampia tolleranza verso gli immigrati e chiede sia dato loro il voto. Berlusconi e il suo governo sono oggetto da tempo di ogni genere di attacchi e accuse da parte dei suoi oppositori. Da un alleato ci si potrebbe aspettare appoggio. Dal presidente della Camera ci si potrebbe aspettare un prudente
su qualche punto del programma. Ha però il dovere di discuterne nell’ambito del partito e, una volta che il partito abbia deciso, deve sostenere pubblicamente la decisione presa. Se il dissenso fosse insuperabile, avrebbe il dovere di andarsene. Secondo: poiché la rottura sembra ormai insanabile, perché Fini non se ne va? Andarsene, per
silenzio. Ma non passa giorno che Fini non manifesti ostentatamente il suo dissenso su qualche decisione governativa. L’opposizione, vociante quanto sbrindellata, ringrazia; non le par vero contare su un alleato tanto prestigioso annidato tra gli avversari. Il governo, naturalmente, è in difficoltà. Se già, per tante ragioni, gli era difficile governare, cosí diventa impossibile. A noi, poveri elettori, che ci aspettiamo che il governo governi, che il Paese si dia le riforme di cui ha assoluto bisogno, che vede che nulla accade, vengono spontanei alcuni pensieri. Primo: Fini è co-fondatore del PdL. Ha concorso a fare il programma di governo. Due anni fa. Ha il diritto, come accade a tutti noi, di cambiare opinione
“L’Italia ha bisogno di riforme strutturali urgenti e radicali se vuole conservare un ruolo di rilievo nello scenario mondiale” Agosto 2010
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Fini, significa dover presentarsi alle prossime elezioni con un nuovo partito. Oggi può contare su una trentina di deputati e alcuni senatori, ma non ha l’appoggio popolare, cioè il voto. L’elettorato pensa che sia un traditore, anche quando dice cose condivisibili. Berlusconi non lo caccia perché è in difficoltà. Comincia a sentirsi isolato anche nel suo partito e non ha più la grinta di un tempo. Avrebbe dovuto additargli la porta subito, alle prime schermaglie, con decisione. Terzo: perché Fini fa l’oppositore? Fini è troppo ambizioso e non ha pazienza. Potrebbe essere l’erede naturale di Berlusconi, che ha 72 anni e non è eterno, politicamente s’intende. Ma Fini ha fretta. Pensa che finirà con avere l’appoggio delle destre e cerca il consenso delle sinistre. In un panorama cosí povero di concorrenti presentabili in entrambi gli schieramenti politici non sará difficile a Fini arrivare al potere. Gli italiani dimenticheranno il tradimento. Quarto: perché Berlusca non lo caccia? Accadrà. La corda è troppo tesa: finirà col rompersi. Con conseguenze ora imprevedibili. Tiriamo le somme e diamo un giudizio. Fini ostacola l’operato del governo e sta fornendo un pessimo servizio alla Patria. L’Italia ha bisogno di riforme strutturali urgenti e radicali se vuole conservare un ruolo di rilievo nello scenario mondiale. Ha bisogno di profonde modifiche del sistema sociale, di darsi una moderna identità politica e culturale. Ha bisogno di un governo forte, e Berlusconi potrebbe promuovere i cambiamenti necessari. Purtroppo, il suo alleato numero uno ha cambiato bandiera. La poltrona, per un politicante di professione, è più importante che servire la Patria.
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Opinione Paride Vallarelli
Lo stregone “U
omo di capacità straordinarie che si serve della magia”, questa è una delle tante definizioni che accompagna la figura dello stregone o del mago. Già, perché di stregoni in giro se ne vedono sempre tanti e agli occhi della gente (non proprio tutta per la verità…) appaiono come figure uniche, quasi misteriose, che sollevando un braccio o addirittura il solo dito compiono azioni mirabili degne di essere raccontate ai posteri. La storia dell’uomo, d’altra parte, si è sempre nutrita di miti e leggende per millenni e nel Medioevo, in particolare, ha trovato terreno fertile. Storie di eretici e diavoli, agiografie di santi e uomini di fede, l’epica avventurosa di soldati, cavalieri e re guerrieri, insomma una vastissima produzione di fatti e eventi che spesso si intrecciano con magia e stregoneria per dare forza alla narrazione e farne mito, come si trattasse di antiche divinità greco-romane, e lasciare una traccia indelebile nel solco scavato dalla storia. Certo, perché ancora oggi, nonostante l’uomo sia diventato molto più tecnologico che in passato ed abbia aperto frontiere nuove nel campo della conoscenza (penso solo a ciò che forse un giorno la quantistica riuscirà a spiegarci arrivando a dare risposte inimmaginabili), si è alla ricerca di una guida, di un gran sacerdote che si presenti ai nostri occhi come la soluzione dei mali che affliggono l’intera umanità. Che ne sarà, perciò, del Brasile del dopo Lula? Che ne sarà di un paese che negli ultimi otto anni ha vissuto nel mito del suo figlio più illustre e che ora, suo malgrado, è costretto a lasciare la guida di capopopolo? Che ne sarà di Lula stesso? Si, perché
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smessi i panni dello stregone capace di stare con il democratico Chavez o con il piccolo bombarolo persiano Ahmadinejad e avendo perseguito altre mirabili “svolte” in politica estera che ne hanno ingigantito il mito fino ad apparire in una speciale classifica del Time Magazine quale “Most influential World Leader” (occupando addirittura il secondo posto davanti a Barak Obama) in compagnia di illustri amici e colleghi, l’Olimpo è oramai in attesa del suo arrivo. La scalata per entrare nella storia quale uno dei maggiori statisti della nostra epoca è quasi completata. In realtà quando mi sono accorto che sul Time Magazine aveva scritto di Lula proprio Michael Moore non ci potevo credere… Non potevo accettare che anche Michael Moore arrivasse a sostenere alcune tesi riguardo al Brasile di Lula che, secondo il mio modestissimo avviso, sono semplicemente frutto della più banale
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retorica e di tanti luoghi comuni. Naturalmente mi rincresce scrivere questo, poiché ho sempre apprezzato Michael Moore ed ho considerato “Bowling a Columbine” una grande opera seguita da altri lavori pregevoli, ma i meriti attribuiti a Lula, grande leader del gigante sudamericano, mi puzzano assai. It sucks, come direbbero gli Americani… appunto. Col film di Barreto, “Lula il figlio del Brasile”, poi, si è consegnato alla storia un uomo con una visione del mondo che, sempre secondo il mio modestissimo parere, rimane ancorata al passato (lo affermo pur sapendo che in Brasile i problemi sociali sono enormi e sostenendo che il ruolo dei sindacati è fondamentale per i lavoratori e per le classi povere). Già, perché Lula in fondo ha riproposto la vecchia ricetta del conductor, ossia di colui che, grazie ai suoi straordinari poteri, è in grado di insegnare il cammino al suo popolo e portarlo verso la salvezza.
Nessuno nega all’attuale presidente brasiliano di essere dotato di carisma e di avere sempre, almeno a parole, preso le difese dei poveri e di chi ha poco, ma la sua retorica nei confronti dei problemi sociali mi ha fatto spesso pensare che l’uomo in questione si sia convinto che a volte basti sollevare un braccio, in un gesto ieratico, per dare a tutti i suoi figli ciò che loro dovrebbe essere dato: lavoro, casa e soldi. In salsa populistica e demagogica, insomma, potremmo dire “panem et circenses” che, si badi, non è sempre un male in assoluto, ma che non deve essere l’unica soluzione alle tante difficoltà. E’ come dire, in definitiva, che a Napoli negli anni Ottanta i problemi si risolsero come d’incanto portando Maradona a giocare sotto il Vesuvio… Certo, certo intanto la Camorra continuava a sparare e fare affari con droga e traffico d’armi. Insomma, lo avete capito, a me gli stregoni proprio non piacciono. Ce n’è un altro in Italia che forse (ma non ne sono convinto) tra mille scandali e trame oscure dovrà farsi da parte. Già, perché aspirare alla felicità del popolo è dovere di chiunque, ma deve essere chiaro che il popolo e chi lo guida sono due entità distinte e separate. Il rischio, altrimenti, è quello della tirannia e, come ci insegna la storia, sono molti quegli stregoni animati anche da buone intenzioni che poi si trasformano in tutt’altro. E’ la storia del mondo, ci si è passati tante e tante volte, ma non s’impara mai. Comunque, anche per Lula il momento è giunto di farsi da parte. Già, e continuo a rimanere sempre sorpreso, quasi inebetito, a vedere gli indici di popolarità di cui gode dopo otto anni di presidenza e, forse, sono io a non capire.
notizie Porti
Cavigliera
Hotel
Ricostruzione
L
a Camera Italiana di Santa Catarina sta organizzando uma missione di imprenditori brasiliani che si recheranno in Italia tra il 18 e il 24 ottobre per visitare il porto di Genova. La meta è di conoscere le tecnologie italiane nel comparto portuale e di vagliare le opportunità di cooperazione per la costruzione navale. Il viaggio fa parte di una serie di azioni del progetto “Portos: Aspectos de Infraestrutura e Logística: Uma oportunidade para as empresas italianas”, realizzato in rete con le Camere Italiane di Caracas (Venezuela) San José (Costa Rica), Quito (Ecuador), Santo Domingo (Repubblica Domenicana), Montevideo (Uruguay), Rio de Janeiro e São Paulo.
L’
imprenditore del ramo alberghiero Emanuele Garosci è venuto in Brasile per sondare eventuali possibilità di ampliare i suoi affari. Proprietario della Palazzina Grassi a Venezia, sarebbe interessato as aprire qualche hotel boutique a Rio, São Paulo e probabilmente a Brasília. Con lo sguardo rivolto ai Mondiali del 2014, Garosci sarebbe disposto a investire in Brasile 200 milioni di dollari.
Bando
I
l governo brasiliano il mese scorso ha emesso il bando d’asta pubblica per le opere del TAV (Treno ad alta velocità) che collegherà Campinas, São Paulo e Rio. I lavori dovrebbero cominciare nel 2011e finire sei anni dopo. Tuttavia ci si aspetta che il vincitore possa anticipare alcuni tratti per i Mondiali del 2014 e per le Olimpiadi del 2016. Il costo previsto è di 33,1 miliardi di reais. Per dare inizio ai lavori sarà necessario avere tutte le licenze ambientali e dovranno essere espropriate le aree di percorrenza del treno. Secondo l’Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) il percorso avrà 90,9 chilometri di tunnel e 103 chilometri di ponti e viadotti. Il viaggio da São Paulo a Rio de Janeiro dovrebbe durare un’ora e 33 minuti e costerà tra i 150 e i 200 reais – che si riferiscono alla classe economica, il primo per l’orario normale, il secondo per quello di punta. L’impresa o consorzio che offrirà il valore più basso di tariffa vincerà l’asta per la costruzione e la messa in opera del TAV. Si saprà chi è il vincitore entro novembre.
Bando 1
D
urante l’emissione del bando di concorso il presidente Luiz Inácio Lula da Silva ha firmato il testo del disegno di legge che sarà inviato al Congresso Nacional, che prevede la creazione della Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. Il nuovo ente statale avrà la responsabilità di gestire la tecnologia utilizzata dal consorzio vincitore dell’asta, oltre a dover vigilare sull’andamento del progetto. L’impresa sarà legata al Ministério dos Transportes.
Nome
E
sce Petro-Sal, entra Pré-Sal S.A. Questo sarà il nome della statale brasiliana che sarà creata per controllare le risorse dello sfruttamento di petrolio nello strato pre-sale. La nuova impresa si doveva chiamare Petro-Sal, ma il nome era già registrato. La decisione finale sul nome della impresa dipende ora dall’approvazione del Congresso.
E’
stato sanzionato dal presidente Luiz Inácio Lula da Silva il disegno di legge, approvato dal Congresso a maggio, che permette l’introduzione di un sistema per controllare elettronicamente i detenuti usando braccialetti o cavigliere. La nuova legge prevede l’uso delle “manette elettroniche” solo per i detenuti in regime di semilibertà durante l’uscita temporanea – come i giorno della mamma e il Natale -, e per i detenuti agli arresti domiciliari. Inoltre crea dei doveri per cui i detenuti possono perdere il beneficio se l’attrezzo viene tolto o manomesso. L’inizio del processo di vigilanza elettronica dipende dalla normativa di conferma del disegno.
I
l governo di Alagoas ha presentato un programma per ricostruire le città colpite dall’inondazione avvenuta a giugno. Secondo il coordinatore dell’operazione, il segretario statale del Desenvolvimento Econômico Luiz Otávio Gomes, la quantificazione dei danni è di 1 miliardo di reais, e comprende i danni fisici, ambientali e socioeconomici. L’opera di ricostruzione deve cominciare in agosto. All’inizio è prevista la costruzione di 18.500 case. Secondo Gomes, a causa dell’inondazione, lo Stato ha già ricevuto 75 milioni di reais dal governo federale.
Buste di plastica
I
l mese scorso è entrata in vigore nello Stato di Rio de Janeiro la legge che mira a ridurre l’uso delle buste di plastica. Adesso le imprese commerciali avranno tre opzioni: potranno dare gratuitamente ai clienti buste riciclabili, offrire uno sconto a chi porta borse personali per la spesa oppure dare in cambio qualunque prodotto del paniere ogni 50 buste riconsegnate pulite. L’autore della legge è l’ex ministro del Meio Ambiente, il deputato Carlos Minc, e l’obiettivo della legge è di “cambiare le abitudini dei consumatori”. La legge è stata criticata dalla Federação das Indústrias do Rio. Secondo l’ente la miglior soluzione per il problema sarebbe quella di educare i cittadini ad usare correttamente le buste di plastica, aumentandone la possibilità di riciclaggio.
Marijuana
N
eurologi fra i più famosi del Brasile hanno firmato un documento pubblico per difendere la liberalizzazione della marijuana non solo per uso medicinale, ma anche per “consumo personale”. Firmano il documento nomi come Stevens Rehen della UFRJ, co-autore del primo ceppo di cellule staminali in Brasile e Sidarta Ribeiro, direttore dell’Instituto de Neurociências di Natal. Parlano a nome della SBNeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento), che rappresenta 1.500 ricercatori. Il motivo del documento è sorto dalla incarcerazione del musicista Pedro Caetano, bassista della banda di reggae Ponto de Equilíbrio, accusato di traffico di droga perché hanno scoperto che coltivava dieci piedi di marijuana e otto germogli della pianta a casa sua a Niterói (RJ). Secondo il suo avvocato il musicista pianta l’erba per consumo personale. Come sostenuto dai membri della SBNeC si ha conoscenze scientifiche sufficienti perlomeno per permettere l’uso medicinale dell’erba in Brasile. L’ente si basa sugli studi che dimostrano gli effetti terapeutici che un giorno potranno tornare utili nel trattamento di malattie come il Parkinson.
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política
Pilar
quebrado De principal aliado de Berlusconi a desafeto, Fini é expulso do partido que ajudou a criar. Rompimento dos dois abre uma crise política na Itália que pode vir a ter eleições antecipadas
O
Leandro Demori Especial de Roma
governo Berlusconi está na berlinda. Mas há alguém do outro lado da linha? Com eleições antecipadas na mira, partidos contrários ao premier aquecem o eleitorado. As cartas estão na mesa e correm de Nichi Vendola, governador da Puglia e homossexual assumido, ao ex-presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo. Ventos de fim de festa sopram no governo Silvio Berlusconi III. A briga com seu principal aliado e co-fundador do Popolo della Libertà (PDL) – que se arrasta desde o ano passado – teve desfecho final na última semana de julho quando, em coletiva à imprensa, o próprio premier leu uma carta assinada pela cúpula de seu partido “convidando” Gianfranco Fini a se retirar do PDL e do cargo que ocupa como presidente da Câmera. Em resposta, Fini saiu do partido com seus aliados (cerca de 50, entre deputados e senadores),
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fundou um grupo à parte denominado Futuro e Libertà e avisou que não sairá por livre espontânea vontade do cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Em momento delicado, fontes de ambos os lados se negam a falar abertamente. Enquanto “berlusconianos” buscam salvar a imagem do governo e evitar eleições antecipadas, “finianos” e partidos à esquerda dão como certa a queda de toda a teia política atual no fechar de cortinas do verão europeu. A grande pergunta é: caso caia Berlusconi no final de agosto, quem será capaz de enfrentálo politicamente? As apostas são no sentido de que ele certamente jogará como candidato em campo para voltar ao poder. O Partido Democrático (PD), principal ator de centro-esquerda do país, sofre uma disputa interna pela chance de concorrer nas possíveis eleições. O candidato natural seria Pier Luigi Bersani,
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secretário nacional do partido e líder dos Democratas. Nos salões do PD, no entanto, ganha força o nome de Nichi Vendola, governador da Puglia e figura bem cotada no quadro geral da política italiana. Uma sondagem feita pela Ipr Marketing a pedido do jornal La Repubblica mostra que, se as eleições fossem hoje, os italianos com voto na centro-esquerda prefeririam Vendola a Bersani: 51% a
49%. Para também 49% dos eleitores, Vendola tem chances reais de bater Berlusconi nas urnas, enquanto somente 31% acreditam no êxito de Bersani. Um detalhe pode atrapalhar Nichi Vendola em seu caminho ao Palazzo Chigi: o governador é gay assumido, membro-fundador da Associazione Lesbica e Gay Italiana (Arcibay) e não se sabe qual seria a reação do eleitorado
em uma eleição de grandes proporções e exposição midiática como a que se apresenta. É um empecilho a ser considerado internamente no PD. Outros partidos de centroesquerda também devem apresentar candidatos em caso de eleições antecipadas. O principal deles é Antonio Di Pietro, da Italia dei Valori (IdV). Antigo procurador antimáfia e integrante da equipe da Operação Mãos Limpas, Di Pietro congrega votos que tendem a discursar pela moralidade da política nacional. O político, no entanto, demonstra estilo muito radical em seus pronunciamentos, o que desagrada à maioria dos eleitores. Para além das polarizações entre esquerda e direita, talvez o principal desafeto atual de Silvio Berlusconi possa ser seu algoz eleitoral. Fini é candidato em potencial, e congregaria parte importante de votos – não suficientes, a princípio, para ser eleito premier, mas forte o bastante para apoiar um candidato antiBerlusconi e levá-lo à vitória. Em torno de Fini, nos últimos meses, também se especula a hipótese de Luca di Montezemolo, ex-presidente da FIAT, se lançar candidato. O executivo é um dos cabeças do grupo Itália Futura, “associação nascida para promover o debate civil e político sobre o futuro do país”. Itália Futura não é um partido, apesar de apresentar ares de tal. Caso “saia em campo”, Montezemolo repetirá a história do empresário de sucesso que decidiu abraçar a política para mudar o quadro geral e recolocar a Itália nos trilhos. História já contada, em primeira pessoa, pelo próprio Silvio Berlusconi.
Voltas políticas Gianfranco Fini, de 58 anos, é um atuante antigo da cena política italiana. Em 2008, quando Berlusconi voltou ao poder, assumiu como presidente da Câmara dos Deputados. Ex-militante neofascista, já tinha sido vice-premiê no governo de Berlusconi, de 2001 a 2006, e também ministro das Relações Exteriores de 2004 a 2006. Fini foi por 15 anos, presidente do partido de direita Aliança Nacional – formação política que surgiu em 1994 a partir do
Bersani e Vendola: disputa interna no PD para concorrer nas possíveis eleições
antigo partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI). Ele dissolveu seu partido para criar o PDL, em 2009, com Berlusconi. Até romper com o primeiroministro italiano, ele era apontado como seu natural sucessor político. O presidente da Câmara não estava satisfeito com a forma como Berlusconi vinha interferindo no trabalho do próprio parlamento. Ele já tinha manifestado descontentamento em relação ao comportamento do premier quando estourou o escândalo de seu envolvimento com supostas prostitutas que resultou na sua separação de Veronia Lario. O PDL justificou a expulsão de Fini do partido sob a alegação de o político teria adotado “um perfil de oposição ao governo, ao partido e à presidência do conselho”. Em pronunciamento, Fini afirmou ter sido expulso do partido que contribui a fundar “em duas horas”, sem a possibilidade de exprimir suas razões: — Foi escrita uma página feia para a centro-direita e para a política italiana em geral. Todavia, isso não nos impedirá de preservar
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os valores autenticamente livres e reformistas do PDL e de continuar a construir um Futuro de Liberdade para a Itália — declarou. — Agradeço aos muitos cidadãos que nestas horas difíceis manifestaram sua solidariedade e me convidaram a continuar na defesa de valores irrenunciáveis, como o amor à pátria, a coesão nacional, a justiça social e a legalidade. Legalidade no sentido mais amplo do termo, ou seja, a luta contra o crime como meritamente está fazendo o governo, mas também legalidade como ética pública, sentido de Estado, de respeito às regras. Jornalista formado em Psicologia, Fini é militante desde os 17 anos. Foi eleito pela primeira vez à Câmara dos Deputados em 1983. É um dos autores da lei Bossi-Fini, que regulamenta a permanência na Itália de cidadãos que não nasceram em nenhum dos países da União Européia. Umberto Bossi é o líder do xenófobo Liga Norte, partido que, junto com o PDL, dá maioria a Berlusconi no Parlamento. É também de sua autoria a lei Fini-Giovanardi, que aboliu a distinção entre drogas leves, como a maconha, e pesadas, como heroína e cocaína, mas passou a punir com base na quantidade do princípio ativo contido no entorpecente. Nos últimos anos, Fini vinha tentando apagar seu controverso passado ligado ao fascismo. Buscava passar uma imagem de político conservador confiável, líder de uma direita moderna, que se reconciliou com os judeus, e deixou de elogiar Mussolini como o estadista mais importante do século 20, como era acostumado a fazer nos anos 80. Fumante compulsivo, vestido sempre de forma elegante, Fini é considerado um dos políticos mais habilidosos da Itália. No entanto, é acusado constantemente de incoerência por suas posições a favor da família, sendo separado da mulher e tendo uma filha fora do matrimônio. Ele se separou da sua primeira esposa, com quem teve uma filha depois de 19 anos de casamento. Cinco meses depois, tornou-se pública a relação vivida com uma jovem advogada e apresentadora de televisão, com quem teve sua segunda filha em 2007. Colaborou Sônia Apolinário
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política
Ele quer mais
Aos 47 anos, Sérgio de Oliveira Santos Filho usa na vida política o mesmo nome do pai, Sérgio Cabral que, além de jornalista como o filho, é escritor, produtor, crítico musical e três vezes vereador no Rio de Janeiro. As semelhanças vão além do nome. Sérgio Cabral Filho herdou também o lado político. Aos 27 anos, em 1990, elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito mais duas vezes até 2002, quando chegou ao Senado. Candidato ao governo do Rio pelo PMDB em 2006, encarou o segundo turno contra Denise Frossard (PPS). Para vencer, Cabral optou por uma coligação com nove partidos, e apoiou e recebeu apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Resultado: vitória para Cabral com 68% dos votos, e vitória para Lula que, ajudado por ele, levou 69% dos votos fluminenses, consolidando a aliança com o Rio. Hoje, Sérgio Cabral está na disputa pelo governo do estado novamente. Desta vez, tendo como seu principal adversário, Fernando Gabeira (PV). — O Rio de Janeiro recuperou a sua autoestima, a sua, eu diria, vocação para a felicidade — afirmou o governador, em entrevista por e-mail para Comunità Nayra Garofle
C
omunitàItaliana - A poucos meses da eleição deste ano, as pesquisas de intenção de voto revelam que a distância entre o senhor e o segundo colocado é grande, o que indica que o senhor poderia vencer já no 1º turno. Como avalia esse quadro? Sérgio Cabral – Costumo dizer que eleição e mineração, só depois da apuração. Então, é trabalhar forte e ao mesmo tempo continuar governando. Nesta eleição, a população vai avaliar o que temos feito pelo estado, nos últimos três anos e meio, e dizer se este governo merece continuar ou não. Estamos recuperando o estado, que estava decadente quando assumimos, quebrado. O povo do Rio sabe que conquistamos
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muito até aqui. Ainda estamos longe do ideal, mas avançamos. As UPAs 24h, com mais de 5 milhões de atendimentos, desafogaram as emergências dos hospitais, que também estão sendo modernizados e prestando um atendimento digno às pessoas. Na segurança, com as UPPs, retomamos comunidades das mãos de criminosos. Investimos na polícia, que hoje tem novos carros, equipamentos e premiação por mérito, o que já tem feito cair os índices de criminalidade. Desde o começo do governo, houve uma determinação e a bandidagem percebeu que não haveria mais acordo. O PAC das comunidades é outro exemplo do que estamos fazendo para melhorar a vida da população. Teremos a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e todo o legado que deixarão. Temos desafios? Temos. Mas estamos no caminho certo. Como diz o Jorge Benjor, esse grande cantor de quem sou fã, na música Fio Maravilha, vamos com “humildade em gol”. Ou seja, tendo objetivo, mas com humildade, mostrando à população o que fizemos e o que ainda vamos fazer. CI - Se reeleito, o senhor será o governador do Rio na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Que perspectivas e desafios isso traz para o seu possível segundo mandato? SC – As perspectivas são extraordinárias. E não só com a Copa de 2014. Mas também com os Jogos Mundiais Militares, em 2011; a Copa das Confederações, em 2013; e as Olimpíadas de 2016. Há uma agenda de grandes eventos esportivos no estado. Eventos de grande porte que deixarão um legado social, de infraestrutura, na educação, na saúde, na segurança. Será uma verdadeira transformação. Não é exagero afirmar que vai nascer um novo Rio de Janeiro. Empresas que já tinham o Brasil no mapa passaram a ver o Rio de Janeiro de outra maneira. Tenho essa percepção diariamente. Várias companhias, dos mais variados segmentos, têm me procurado e demonstrado interesse em investir no nosso estado. Se tivermos, como teremos, o esgoto tratado, o transporte público de massa ampliado, as moradias em comunidades carentes de boa qualidade, tudo isso fica para a vida toda.
CI – No seu primeiro mandato, o senhor estreitou laços entre o Rio de Janeiro e a Itália, em busca de parcerias comerciais e investimentos. Como avalia essa aproximação e de que forma poderia ampliá-la? SC – Tanto na Itália como nos outros países em que estive com a minha equipe em missões de governo, o objetivo foi sempre que o Rio saísse da toca e mostrasse as suas potencialidades. Eu acho que, com planejamento e muito trabalho, temos conseguido “vender” bem o Rio, no sentido de mostrar ao mundo as nossas possibilidades e vocações e atrair investimentos para o nosso estado. As Olimpíadas de 2016 fazem parte desse processo. No caso da Itália, por exemplo, depois que fui lá, empresários italianos vieram ao Rio interessados em investir nas áreas de construção civil e infraestrutura. Houve também o anúncio da instalação de uma fábrica de fogões industriais da brasileira Falmec, em uma joint venture com a italiana Smeg, para citar outro exemplo. A ideia é trabalhar ainda mais para criar e consolidar parcerias entre empresas brasileiras e italianas. CI – A comunidade italiana tem forte presença no Estado do Rio de Janeiro. O senhor estreitou laços com esta importante comunidade. Como observa essa vocação cosmopolita do Rio de Janeiro? SC – O Rio é uma cidade, um estado cosmopolita por natureza. Sempre foi irradiador de tendências, de moda, de cultura para o Brasil inteiro. E continua sendo a capital cultural do país. Acon-
tece que essa característica fantástica que o Rio sempre teve estava apagada, nas últimas duas décadas. Havia aqui um lamento coletivo, aquela “síndrome de vira-lata”, na expressão do grande jornalista e escritor Nelson Rodrigues. Só se falava em violência, em problemas crônicos na saúde, na educação, no esvaziamento econômico do Rio de Janeiro. Agora, isso mudou. O Rio de Janeiro recuperou a sua autoestima, a sua, eu diria, vocação para a felicidade. Com essa série de melhorias, de conquistas a que já me referi, a população voltou a enxergar luz no fim do túnel. É um momento muito fértil. Voltamos a ser referência para o Brasil e para o mundo. CI – Em 2011, a Itália reforçará sua presença no Brasil a partir de vários projetos sócio-culturais e do incremento das relações comerciais. Tudo graças ao Momento Itália-Brasil, lançado recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Esta iniciativa contará com
Intenção de voto
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esquisa Datafolha encomendada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S.Paulo, feita entre os dias 20 e 23 de julho, apontaram o seguinte quadro de intenções de voto para o governo do Rio de Janeiro: Sérgio Cabral (PMDB)
53%
Gabeira (PV)
18%
Cyro Garcia (PSTU)
3%
Eduardo Serra (PCB)
3%
Fernando Peregrino (PR)
1%
Jefferson Moura (PSOL)
1%
Em branco/ nulo/ nenhum
9%
Não sabe
12%
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o apoio do seu governo, caso seja reeleito? SC – Com certeza. Sempre fui muito próximo das lideranças italianas. Já recebi até uma medalha da República da Itália nos anos 90, quando era presidente da Assembleia Legislativa. Hoje, vivem no Rio de Janeiro cerca de 600 mil italianos e seus descendentes. A comunidade italiana teve e tem uma enorme importância na formação cultural, social e econômica do Brasil. Vamos apoiar a agenda de eventos culturais, gastronômicos e empresariais no estado e receber os italianos que visitarem o Rio de Janeiro de braços abertos, como sempre fizemos. CI – Neste seu primeiro mandato, o senhor se tornou parceiro do presidente Lula e agora apoia a candidatura de Dilma Rousseff. O senhor acredita que o Rio pode sair prejudicado caso outro candidato se torne presidente do Brasil? SC – De maneira nenhuma. O importante é você trabalhar institucionalmente, de forma séria e buscando o que é melhor para o seu estado. Durante o meu governo, fiz questão de trabalhar em parceria com o governo federal em prol do Rio de Janeiro. Esse modelo de gestão, de parceria baseada em projetos concretos, como o que pautou a relação do Rio com Brasília, gerou frutos e a população percebe claramente a importância do trabalho em conjunto. Caso eu seja reeleito, continuarei, com a minha equipe, a trabalhar na mesma linha, buscando parcerias, em sintonia com o governo federal. Apoio a candidatura de Dilma Rousseff porque tenho certeza de que ela é a pessoa credenciada para dar continuidade ao governo extraordinário do presidente Lula. Não tenho dúvida de que ela será eleita.
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política
Cartas
na mesa
Dentro de dois meses, os brasileiros vão às urnas escolher o novo presidente da República pelos próximos quatro anos. Depois de dois mandatos seguidos, Luiz Inácio Lula da Silva é obrigado, por lei, a ficar um mandato fora do jogo político. Sua candidata, Dilma Rousseff, se mostra ora na liderança das pesquisas de intenção de voto, ora empatada com José Serra (PSDB). O terceiro lugar tem sido ocupado por Marina Silva (PV). Ao todo, dez candidatos disputam a vaga de governante máximo do Brasil
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Nayra Garofle
esquisa do Ibope realizada entre os dias 26 e 29 de julho, informa que Dilma estaria com 39% das intenções de voto, contra 34% de Serra e 7% de Marina. Em junho, aferição também feita pelo Ibope indicava que
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26% dos cidadãos desejam que o próximo presidente faça poucas mudanças e que 39% são da opinião que o eleito em 2010 deve dar total continuidade à atual administração petista. Ainda de acordo com a pesquisa, questões ressaltadas pela população até 2006 como a fome, a miséria e a corrupção perderam importância, atualmente. As áreas que os entrevistados querem que sejam alvo de atenção do próximo presidente são saúde, segurança, combate às drogas, emprego e educação. Para o cientista político e professor titular da Universidade de São Paulo (USP) José Álvaro Moisés, esse quadro pode ser explicado pelos benefícios adquiridos, por parte da população, durante a gestão de Lula. Ele explica que questões que haviam sido desenvolvidas no governo Fernando Henrique Cardoso como o controle da inflação, a estabilidade da moeda e os compromissos do déficit e superávit
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fiscal - foram mantidas e, alguns casos, até ampliadas. Segundo Moisés, foi isso o que permitiu que o Brasil passasse pela crise econômica de 2008 sem consequências mais graves: — Ao invés de deixar as empresas, principalmente financeiras e bancos completamente soltas, fazendo qualquer política, houve um controle. Mas esse controle teve início no governo FHC, quando foi introduzida a lei de responsabilidade fiscal dos estados e dos municípios brasileiros, assim como a política de controle dos bancos através do Proex (Programa de Financiamento às Exportações), que foi muito criticado pelo PT na época, mas que depois foi seguido pelo partido de Lula — explica. Outro fator considerado como “segundo grande mérito” do atual governo pelo cientista político diz respeito à questão social. Na opinião de Moisés, não somente o bolsa-família, mas outros pontos desenvolvidos contribuíram para a desigualdade social no país. — O que reduziu a pobreza foi o aumento do salário mínimo conjugado com políticas em relação à população da área rural. Esse conjunto mostrou que é possível o desenvolvimento com a diminuição das desigualdades — avalia. O economista do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), André Urani concorda
com Moisés. Para ele, grande parte do governo Lula manteve os fundamentos macroeconômicos, além de “aperfeiçoar, consolidar e aprofundar” a busca por soluções de problemas sociais que também já tinham sido lançados no governo anterior. — Daqui a 50 anos, vai ser possível dizer que o Brasil mudou durante esse período histórico que junta o FHC e o Lula — diz. —Houve avanços consideráveis de poder aquisitivo das camadas menos abastadas. As pessoas querem alguém que não ameace essa prioridade à redução da pobreza e que não ameace tampouco a estabilidade que foi conquistada em uma luta que durou muito tempo. O povo está satisfeito com essa combinação de fatores: proteção de poder de compra da moeda e poder aquisitivo. Moisés e Urani também observaram que, depois de dois mandatos, o PT que se encontra atualmente no governo é bem menos petista do que quando chegou lá. A “culpa” dessa situação, na avaliação do cientista político foi o tipo de alianças “feitas com o setor mais conservador da política brasileira, a exemplo do ex-presidente José Sarney” : — O Sarney representa uma concepção extremamente atrasada e patrimonialista da política brasileira e o governo, para poder manter a sua maioria, fez aliança com ele e com o próprio Fernando Collor, que tinha sido um competidor extremamente duro em relação ao Lula, e com alguns políticos que estão ameaçados de estarem fora da competição eleitoral por causa de seus processos judiciais. Isso tem um preço para a manutenção da democracia no Brasil, que é de deslocar o eixo político da esquerda para o centro direita. O PT não está no centro esquerda, o PT está no centro direita – afirma Moisés. Urani acrescenta que, “sem a menor dúvida”, boa parte dos valores obtidos durante os dois mandatos de Lula deve-se ao fato de que “o governo Lula não seguiu o programa do PT”. Na opinião do economista, é “preocupante” observar que, a partir da crise econômica, se abriu um pretexto para uma maior intervenção do estado
na economia. Para ele, esse rumo “com certeza é uma inversão de rota em relação ao caminho que o Brasil vinha trilhando desde o governo FHC”. Outra “distorção extremamente forte das propostas que o PT teve na sua origem” foi, segundo Moisés, os casos de corrupção. Ele afirma que, “a tese que prevaleceu” dentro do próprio partido foi de que todo mundo praticou corrupção, portanto todos os partidos estão envolvidos com isso. Para o cientista político, em vários casos, “Lula passou a mão na cabeça”. Esse gesto, avalia, “não garante a renovação da política que era a proposta do PT na sua origem”. Sobre os candidatos Segundo Moisés, a candidata do presidente, Dilma Rousseff, está fazendo um esforço para se apresentar para a opinião pública como continuidade do Lula. Ela, porém, não tem, na sua avaliação, “o devido lastro” não apenas da opinião pública - já que é a primeira vez que se candidata – mas do próprio PT, já que chegou a desqualificar o programa de governo idealizado pelo partido ao afirmar que pontos deveriam ser revistos.
Já Urani ressalta o “currículo político” do candidato José Serra e afirma que se o cargo de presidente fosse disputado num concurso público, “certamente” ele estaria bastante preparado. Serra já foi ministro, senador, deputado constituinte, governador, prefeito, e secretário estadual, sempre por São Paulo. Do ponto de vista macro político e macroeconômico, Moisés afirma não enxergar “grandes diferenças” entre eles: — Serra propõe mais controle do estado sobre a economia no sentido de controle das distorções fiscais enquanto Dilma propõe mais intervenção do estado na sociedade no sentido mais tradicional, mais estadista. Enquanto Serra tem um ponto de vista mais ligado ao mercado, Dilma tem o ponto de vista mais ligado ao Estado. As diferenças não são muito grandes. Ambos desejam enfrentar os mesmos problemas, mas por caminhos diferentes. Sobre a candidata do PV, Marina Silva, Moisés é categórico ao afirmar que é necessário que ela passe a discutir outras questões além do Meio Ambiente. — Ela não pode ser uma candidata bem sucedida se só apresentar o menu Meio Ambiente, que é extremamente importan-
te, mas não é a única questão. É preciso fazer a relação desta questão com as demais. Ela está tentando fazer isso, mas ainda não teve audiência suficiente para mostrar que isso é possível na sua concepção — avalia. Para Urani, Marina representa “a grande novidade” dessa eleição por simbolizar “uma agenda mais moderna, mais inovadora, seja do ponto de vista do meio ambiente, seja do ponto de vista social”. — Ela foi muito inteligente, muito esperta de não se colocar como oposição ao governo Lula. Ela reconhece os avanços que houve nos dois governos e pretende ir além. É claro que ela não tem o currículo que tem o Serra, mas também foi ministra, senadora, vereadora. Ela tem uma carreira boa, importante, veio de longe, soube se fazer por caminhos
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improváveis, tem toda a minha admiração. Ela teve a capacidade de introduzir na agenda política do país algumas questões que estavam desprezadas. Eu acho que ela tem um potencial que não se previa. A campanha seria muito chata fosse limitada a Dilma e Serra. A Marina coloca os componentes mais saborosos nos debates — afirma.
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politica
Estradizione: Marina è contro Ma due dei principali candidati a successori del presidente Lula sono a favore dell’estradizione di Battisti
A
Nayra Garofle
due mesi dalle elezioni che decideranno il nuovo presidente del Brasile per i prossimi quattro anni, i tre candidati che, secondo i sondaggi, riceverebbero il maggior numero di voti per presidente della Repubblica, hanno detto la loro sul “caso Battisti”. Se non cambiano idea, il risultato di questo imbroglio politicodiplomatico dà 2 a 1 per l’estradizione. Infatti i candidati Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) hanno dichiarato di essere favorevoli a questa soluzione; invece Marina Silva (PV) pensa che l’italiano dovrebbe rimanere in Brasile. Battisti è stato condannato per quattro omicidi in Italia e è in carcere preventivo in Brasile dal 2007. Il Supremo Tribunal Federal (STF) si è già dimostrato favorevole all’estradizione col voto dell’anno scorso. Ma ha anche determi-
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nato che la parola finale sarebbe spettata al presidente Luiz Inácio Lula da Silva, che non ha reso pubblica la sua decisione. Nel marzo scorso l’italiano era stato condannato anche a due anni in semilibertà dalla 2ª Vara Criminal Federal do Rio per uso di passaporto falso. Ma Battisti si trova ancora nel carcere della Papuda, a Brasília. Il primo a parlarne è stato José Serra, subito dopo aver reso nota la sua candidatura alla presidenza. In aprile, durante un viaggio a Salvador (BA) Serra aveva detto che Battisti era stato condannato “in un processo legale, in un paese democratico”e che, quindi, avrebbe dovuto essere estradato: — Se è stato condannato dalla giustizia italiana, in rispetto all’autodeterminazione dei popoli doveva essere consegnato alla giustizia italiana, perché si tratta di una democrazia, non di una dittatura che perseguita qualcuno in modo arbitrario. In giugno è stato il turno di parola di Dilma Rousseff.
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Intervistata da una radio a Campinas (SP), ha detto che se sarà eletta presidente e dovrà prendere una decisione su di questo seguirà la decisione del STF. L’insediamento del nuovo presidente sarà il 1º gennaio 2011. — C’è stata una decisione del Supremo Tribunal Federal. Credo che il presidente Lula, entro la fine del governo, deciderà. Ma se non lo farà io penso che si dovrà seguire la decisione del STF. E la sua decisione è chiara — ha dichiarato Dilma. Il mese dopo Marina Silva è stata nella mira delle domande sul caso Battisti, durante un’intervista organizzata dal portale Terra. Secondo la candidata il Brasile “ha sempre avuto una tradizione di dare riparo politico a stranieri”: — Il Brasile, tra l’altro, ha già dato riparo a dittatori. Perché dovrebbe essere diverso quando riguarda Battisti? Però Marina Silva ci ha tenuto a sottolineare che tenere Battisti in Brasile non significa “mettere in dubbio le istituzioni italiane” che
l’hanno giudicado e condannato. Per Marina “è importante che la politica estera brasiliana mantenga le sue tradizioni e i suoi principi”. Il “caso Battisti” ha avuto inizio nel febbraio 2009, quando l’allora ministro della Giustizia, Tarso Genro ha concesso rifugio politico all’italiano, malgrado l’Italia ne avesse chiesto l’estradizione appena era stato arrestato in Brasile, due anni prima. Quando il caso era stato giudicato dal STF il voto del ministro Eros Grau avevo dato speranze ai difensori della permanenza di Battisti in Brasile. Secondo la sentenza della corte la parola finale sarà di responsabilità del presidente della Repubblica, che dovrà tenere conto del trattato di estradizione firmato tra l’Italia e il Brasile. E il presidente potrà, nella sua decisione, verificare se l’ex-attivista è veramente, come lui si dichiare, un perseguitato politico, oppure no. Visto che in Brasile non c’è l’ergastolo, pena alla quale Battisti è stato condannato in Italia, coloro che sono contrari all’estradizione – come il senatore del Partido dos Trabalhadores, Eduardo Suplicy (SP) – credono che il presidente potrebbe dire che la decisione giuridica italiana è incompatibile con la legislazione brasiliana. Inoltre secondo dei giuristi brasiliani, anche se il presidente decidesse a favore dell’estradizione, Battisti non potrebbe tornare in Italia prima di aver scontato la condanna della giustizia brasiliana per uso di passaporto falso.
negócios
Na xícara
Marca de café de origem italiana aposta no crescente hábito do brasileiro de degustar a bebida para aumentar sua presença no mercado nacional
A
tradição italiana no cultivo do café está rendendo bons frutos para a família Baggio, não por acaso, também nome de marca da bebida. Na empresa, não se houve falar em crise, mas em expansão dos negócios. Há quase 130 anos, a família tem experiência no cultivo de café. Iniciaram como fornecedores de grãos até que, em 2006, a quarta geração deu um novo rumo nos negócios criando a marca Baggio Coffees. Agora, o grupo amplia seu próprio processo de torrefação de grãos e, com isso, espera crescer nada menos do que 50% até o fim de 2010. Quem informa é a diretora comercial da empresa Liana Baggio Ometto, trineta do imigrante italiano Salvatore Baggio, o responsável pelo início dessa história. — Nossa intenção é unir a tradição e o conhecimento adquirido pelas quatro gerações da família a um conceito moderno de produção de café — afirma Liana que mora em uma fazenda na cidade de Araras, no interior de São Paulo. A trajetória da Baggio Coffes começou junto com a imigração italiana no país. Em meados de 1886, o imigrante Salvatore Baggio saiu do porto de Padova rumo ao Brasil. Ele aportou na região Mogiana, no interior do nordeste de São Paulo. Na Itália, ele
Robson Bertolino
Correspondente • São Paulo trabalhava como sineiro em uma igreja da cidade de Campo di San Pieiro, no norte do país. No Brasil, terminou por trabalhar na lavoura e, em 1890, comprou seu primeiro pedaço de terra, onde passou a produzir café como se fazia na Itália: plantando as mudas de acordo com a estação do ano e o clima da região. Os negócios foram crescendo pelo estado de São Paulo, Paraná e, em meados dos anos 70, os descendentes de Salvatore Baggio expandiram a produção para o sul de Minas Gerais. Segundo Liana, as fazendas do grupo produzem, atualmente, cerca de 15 mil sacas de café por ano. Ela conta que ter a própria marca da bebida era um sonho antigo. O que a animou a torná-lo realidade foram alguns números. Mais precisamente, os que expressam o gosto do brasileiro em tomar um bom cafezinho. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o consumo interno deverá atingir 21 milhões de sacas nos próximos dois anos, desde que a evolução anual se mantenha em, pelo menos, 5% ao ano. Os consumidores, de acordo a Abic, estão bebendo mais xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida, adicionando ao café filtrado consumido nos lares, os cafés expressos, cappuccinos e outras combinações com
leite. Este resultado aproxima o consumo per capita brasileiro ao da Alemanha (5,86 kg/hab/ano) e já supera os índices da Itália e da França (5,5 kg/hab). Os campeões de consumo ainda são Finlândia, Noruega e Dinamarca (13 kg/hab/ano). Segundo Liana, o brasileiro passa por uma mudança de hábito e tem preferido o café especial ao café comum. Ela informa que, em 2009, a empresa registrou um crescimento de 300% para o segmento gourmet. Já o café normal cresceu 4,7% em 2009. Para conquistar ainda mais o gosto dos brasileiros, a Baggio Coffees aposta nos cafés aromatizados. A previsão, segundo a diretora, é de um incremento nos negócios
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relacionados a café especiais entre 5% e 8% para o próximo ano, sendo esse segmento responsável por cerca de 15% do faturamento total da Baggio. Atualmente, a empresa tem os três tipos de produtos: Baggio Bourbon (produzido com grãos 100% arábica da variedade Bourbon amarelo do sul de Minas Gerais, de característica adocicada); Baggio Gourmet (produzido com grãos 100% arábica, resultado de blends de grãos da Alta Mogiana paulista e do sul de Minas) e Baggio Aromas (grãos gourmet adocicados com aromas naturais ou artificiais que resultam nas versões chocolate com menta, caramelo, amaretto, limão e açaí). Todas essas linhas passam pela supervisão do barista Clodoaldo Iglezia, diretor industrial da empresa. Se no cultivo, a tradição impera, na embalagem, o que fala mais alto é a tecnologia: feita com um filme especial, possui uma válvula que permite que os gases gerados pelo café saiam sem que a embalagem se rompa, o que garante a qualidade do produto. Não por acaso, a empresa faturou prêmios importantes no setor, como o World Packaging Organisation (WPO), em 2008, de embalagens não alcoólicas, além de melhor design em embalagens da Associação Brasileira de Embalagem (Abre).
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negócios
Redescobrindo Porto Seguro Complexo de apoio naval apresentado por projetistas italianos pode alavancar a economia da cidade baiana
Nayra Garofle
Q
ue outro nome mais apropriado uma marina poderia ter e que lugar mais apropriado ela poderia se localizar além de Porto Seguro, na Bahia? Foi o que pensaram dois italianos, o arquiteto Edoardo Miola e o engenheiro Mauro Nalim, idealizadores do projeto que tem tudo para alavancar a economia da cidade. No mês passado, Miola apresentou oficialmente a ideia ao prefeito Gilberto Abade, e ao secretário de Indústria Naval e Portuária da Bahia, Roberto Benjamim e, segundo as autoridades, a Marina Porto Seguro deve ser aprovada. — Estamos trabalhando com muita satisfação para levar o projeto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para que eles apontem as possíveis solicitações de mudança, já que a área em que ficaria a marina é uma região delicada, de manguezal. Então, há questões ambientais a serem analisadas. Mas demos a garantia de que teremos um primeiro retorno em 30 a 45 dias — diz Benjamin. O projeto diz respeito a um complexo de apoio naval e turístico de 200 mil metros quadra-
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O projeto foi apresentado oficialmente às autoridades no fim de junho
dos que envolve investimentos privados da ordem de 50 milhões de euros. A Marina Porto Seguro vai ajudar a girar a economia da cidade e da Costa do Descobrimento, gerando empregos, além de colocar o destino na rota de um mercado promissor, atraindo um público de alto poder aquisitivo e até mesmo, como espera o prefeito, eventos esportivos na área náutica. Miola e Nalim são especilistas no setor com atuação na Ligúria. O engenheiro explica que o litoral de Porto Seguro foi escolhido por eles para o desenvolvimento do projeto por conta de sua posição geográfica, “seu contexto ambiental e sua relevância histórica”. Além disso, explica, a morfologia da costa é protegida por uma longa barreira de corais. — Porto Seguro está localizada numa costa belíssima e in-
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teressante do ponto de vista logístico e turístico. Tem enorme potencialidade, o aeroporto permite o tráfego direto e sem escala da Europa. E, claro, tem a particularidade do nome. Não por acaso, seu nome reflete as características de proteção natural que oferece aos navegadores. É bom pensar que estamos a redescobrir um lugar como os antigos navegadores – conta Miola. Outro ponto ressaltado pelo arquiteto italiano é a receptividade turística de Porto, uma cidade onde vivem cerca de dois mil italianos, muitos deles, empreendedores locais. Toda a costa até Cabrália, a 26 quilômetros, tem uma ampla rede hoteleira e uma área residencial extensa. Entre os municípios de Ilhéus e Caravelas ainda não há uma infraestrutura náutico-desportiva o que também contribuiu para a escolha de Porto Seguro.
De acordo com os projetistas, toda a Marina levará até três anos para ser construída, mas o cais para atracação dos barcos estará pronto em nove meses, a partir da data de aprovação da obra. Segundo Miola, cerca de 340 barcos poderão atracar na marina. Tombada pelo IPHAN desde 1973, como Patrimônio Histórico Nacional e reconhecida pela Unesco, no ano 2000, como Patrimônio Natural da Humanidade, Porto Seguro, é uma cidade que exige atenção diante de um projeto como esse. Segundo Miola, a preocupação com o meio ambiente “não é uma simples atitude, é uma necessidade absoluta”. O italiano conhecia a cidade apenas “de mapa”. Mas se apaixonou com o local assim que chegou para estudá-la melhor e finalizar o projeto: — Fiquei fascinado pela espontaneidade do povo, pelo trabalho dos pescadores descendo o rio em barcos de pesca. Outra emoção que senti foi quando andei de barco no rio Buranhém numa tarde de sol. Naquele momento eu percebi que Porto Seguro pode ter o seu pôr do sol na água se apenas estivermos de frente para o rio, para o oeste. Sempre que mostramos o projeto os comentários são positivos e acho que nós apenas interpretamos uma vocação natural deste lugar — afirma.
affari
Comunitàitaliana – Lei considera che Maire Tecnimont sia un nome importante nel fornimento di petrolchimici e nella produzione di centrali elettriche?
Letícia Armond
N
ato nel 1963 e laureato in Scienze Politiche all’Università di Roma “La Sapienza”, Fabrizio Di Amato, Presidente e Amministratore Delegato di Maire Tecnimont S.p.A., inizia molto giovane la sua carriera di imprenditore, fondando la prima società di manutenzione a 19 anni. Attraverso un percorso di crescita costante e grazie a un ambizioso programma di Merging & Acquisition, è oggi azionista di riferimento, Presidente e Amministratore Delegato di Maire Tecnimont. Fabrizio Di Amato è inoltre Amministratore Unico di Maire Gestioni SpA e Presidente di Tecnimont SpA. Da diversi anni è impegnato attivamente nel settore dell’ingegneria organizzata. Dal dicembre 2004 è membro del Consiglio Direttivo dell’OICE (Associazione Italiana delle Organizzazioni di Ingegneria, Architettura e Consulenza tecnico-economica) e dal maggio 2007 è presidente dell’ANIMP (Associazione Italiana di Impiantistica Industriale). Dal 25 settembre 2008 Fabrizio Di Amato è presidente di Federprogetti, composta dalle associazioni ANIMP, OICE, UAMI, Assistal, ANIE, ANIMA e ASSOMINERARIA, che è stata ufficialmente ammessa in Confindustria. Fabrizio Di Amato, in qualità di presidente di Federprogetti, è membro della Giunta di Confindustria. Maire Tecnimont S.p.A. è a capo di un gruppo internazionale di Engineering & Construction che opera in tre settori di riferimento: Oil, Gas & Petrolchimico; Energia; Infrastrutture & Ingegneria Civile. Quotato alla Borsa di Milano, il Gruppo è presente in oltre 30 paesi, controlla oltre 40 società operative e può contare su un organico di oltre 5.100 dipendenti, di cui circa la metà all’estero. Al 31 dicembre 2009 il Gruppo ha realizzato ricavi per € 2.164 milioni e un utile netto, dopo la quota dei terzi, pari a € 77 milioni. Il Gruppo Maire Tecnimont è presente in America Latina dai primi anni Settanta e si avvale di uffici operativi a Santiago del Cile, São Paulo e Belo Horizonte.
Tecnimont rafforza presenza in Brasile Fabrizio Di Amato - Maire Tecnimont è a capo di un gruppo internazionale di Engineering & Construction, quotato alla Borsa di Milano. Il Gruppo è presente in oltre 30 paesi, controlla oltre 40 società operative e può contare su un organico di circa 5.100 dipendenti, di cui circa la metà all’estero. Attualmente, in Brasile, Maire Tecnimont sta eseguendo, in consorzio per i gruppi MPX e EDP, due centrali elettriche, una nello stato del Maranhão e un’altra nello stato del Cearà, presso il porto di Pecém,
per un valore complessivo pari a circa 1,5 miliardi di Euro. Inoltre, Maire Tecnimont ha siglato un ulteriore accordo con MPX Energia per la costruzione di una terza linea nella centrale elettrica a Pecém che conferma il buon posizionamento del Gruppo sul mercato energetico brasiliano. CI - Qual è stato il ruolo di Tecnimont do Brasil nel gruppo in questi ultimi dieci anni e quali sono le aspettative per un futuro prossimo? FDA - Tecnimont do Brasil riunisce le attività consolidate di Tec-
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nimont nel petrolchimico e di Maire Engineering, già Fiat Engineering, negli stabilimenti industriali e in alcune delle centrali elettriche più importanti del Brasile, da Ibirité a Santa Cruz. Oggi, grazie all’integrazione in un’unica realtà, Tecnimont do Brasil offre competenze in tutti e tre i settori di riferimento: Oil, Gas & Petrolchimico; Energia; Infrastrutture & Ingegneria Civile. Il Brasile svolge quindi oggi un ruolo fondamentale nel processo di internazionalizzazione del Gruppo. CI – E per quanto riguarda l’America Latina in generale? FDA - Per quanto riguarda l’area dell’America Latina, i progetti realizzati e in fase di realizzazione confermano le enormi opportunità per il Gruppo Maire Tecnimont nell’ oil, gas e petrolchimico, nell’energia e nelle infrastrutture. Infatti, le rilevanti prospettive di crescita dell’area determinano una grande domanda di energia e di infrastrutture industriali. In America Latina portiamo tecnologie e know-how, mentre puntiamo a potenziare le capacità di esecuzione locali. CI - Oggigiorno Tecnimont è un investitore globale in progetti di EPC e, fidandosi delle fonti di acquisizione globale, quali sono i piani di Tecnimont per ciò che concerne le tendenze di richieste di una serie di imprese brasiliane che vogliono partecipare alla realizzazione del progetto in Brasile, usando fornitori locali per rifornire le attrezzature? FDA - Il mercato brasiliano, in analogia a molte altre economie emergenti, tende a privilegiare nel settore dell’ingegneria e del main contracting il cosiddetto local content, ovvero il contenuto locale in termini di forniture di servizi e materiali. Il Gruppo Maire Tecnimont può contare sulla sua presenza consolidata in Brasile, che garantisce capacità produttiva in termini di ore di ingegneria, supervisione alla costruzione, oltre che stabili relazioni con il mondo dei fornitori locali. A medio termine, il Gruppo inoltre intende accrescere la propria capacità locale, sia per linee interne che tramite acquisizioni di piccole società, continuando così ad affermarsi come realtà competitiva nel mercato brasiliano e, più in generale, in tutta l’area dell’America Latina.
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economia
Operação Panda Na Itália, Fiat tenta implantar novidades em termos de organização de linha de montagem para maximizar produtividade e enfrenta resistência dos sindicatos
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Lisomar Silva
Correspondente • Roma
mercado do trabalho passa por uma prova de ferro e fogo. Na Itália, o aumento dos índices de desemprego foi na ordem de 9,1%, no primeiro semestre de 2010, a mais alta porcentagem dos últimos cinco anos. Isso significa que cerca de 1 milhão de empregos foram perdidos desde o inicio da crise econômica mundial. E se os cálculos do Centro de Estudos da Confindústria forem realísticos, outros 246 mil empregados estarão na rua até o final deste ano. Dentro desse quadro, a batalha pelo trabalho se acentuou, sobretudo, quando a Fiat entrou
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em campo alegando a necessidade de desativar dois dos estabelecimentos italianos do grupo. Seu presidente, o ítalo-suíço-canadense Sergio Marchionne, traçou já em 2009, o destino e o futuro das filiais localizadas em Termini Imerese (Sicília) e Pomigliano D’Arco, na região da Campania. Ao anunciar a entrada da parceira americana Chrysler no pregão da Bolsa de Valores de Nova Iorque, a partir do próximo ano, além do aumento da produção italiana para até um milhão de veículos até 2012, Marchionne sentenciou: — As cinco fábricas automobilísticas italianas produzem 650
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mil veículos com quase 22 mil dependentes, enquanto todo o grupo emprega 30 mil pessoas na Itália. Na Polônia, o estabelecimento de Tichy produz, sozinho, quase o mesmo número de carros com cerca de um terço do número de operários empregados. No Brasil, os 9400 trabalhadores da filial de Betim chegam a fabricar 730 mil unidades por ano. Na Europa, custa menos produzir veículos modelo Panda na Polônia do que na Itália. Resultado: cerca de 2200 operários no estabelecimento siciliano de Termini Imerese - e outros 300 pertencentes às fornecedoras de peças e acessórios - cessam
suas atividades em 2012. A produção do modelo Lancia Ypsilon será transferida para outra unidade do grupo. No caso ainda aberto de Pomigliano D’Arco, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) e a Federação Italiana dos Operários Metalúrgicos (FIOM) duas das cinco centrais sindicais que representam metalúrgicos – recusaram-se a firmar o acordo que Marchionne apresentou e acentuaram a sua oposição depois que 92% dos 5200 trabalhadores participaram de uma votação informal. A maioria (64%) apóia o programa de Marchionne, que promete trazer da Polônia a linha de produção do modelo Panda, mas confirma a fabricação de 190 mil unidades anuais da monovolume Lo na Sérvia no lugar da fábrica de Mirafiori (Turim). Os 36% que se pronunciaram contra o plano e os investimentos
O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne
de 700 milhões de euros que a Fiat prometia fazer no estabelecimento de Pomigliano D’Arco, resistem sobretudo às modalidades do acordo, que poderiam representar o início de um novo e inquietante cenário nas relações trabalhistas na Itália, pátria do Estatuto dos Trabalhadores, cuja Constituição coloca, em seu primeiro artigo, o país como “Uma República Democrática fundada no Trabalho”. No final de julho, Marchionne anunciou a criação da empresa Fabbrica Italia Spa, com capital social de 50 mil euros e controle total do Grupo Fiat. Fabbrica Italia Spa é destinada a permanecer fora dos acordos e das associações empresariais do setor metal-mecânico, ficando pronta a recontratar os trabalhadores de Pomigliano d’Arco com novas modalidades contratuais, que excluem as bases do contrato nacional para a categoria. Enquanto as centrais sindicais mantêm a firme posição de defesa do mercado do trabalho e do emprego a qualquer preço, a vice-secretária da CGIL, Suzanna Camusso, explica: — Os trabalhadores estarão submetidos a intervalos mais breves, deverão enfrentar horários extraordinários obrigatórios de
Manifestações da oposição sindical de CGIL e FIOM
Maurizio Sacconi: entusiasmo inicial pelo acordo foi revisto após reação sindical
trabalho, com fortes restrições quanto a ausências por motivos de saúde e até sanções ao direito de greve, que agridem e desrespeitam diretamente os artigos 39 e 40 da Constituição italiana. O ministro do Trabalho, Maurizio Sacconi, manifestou entusiasmo pelo acordo, mas redimensionou sua avaliação diante da forte oposição sindical de CGIL e FIOM. Já Marchionne preferiu continuar o diálogo somente com os sindicatos que aprovaram as bases da proposta unilateral que formulou. Idade Média Pós-Moderna? Os trabalhadores contrários ao acordo com a Fiat, também apontam como problemáticos dois outros elementos ligados ao controle da produção e aos reduzidos intervalos dedicados ao repouso e às refeições. Estes aspectos estão diretamente ligados às siglas WCM (World Class Manufacturing) e Ergo-Uas, aparentemente técnicas, mas que podem condicionar a vida e a saúde psicofísica de operários, técnicos e dirigentes. O World Class Manufacturing é um conceito presente há quase dois anos no estabelecimento italiano de Turim. Reproduz, com as devidas adaptações, o modelo usado pela indústria automobi-
lística japonesa Toyota. É aplicada em todo mundo e baseia-se no envolvimento psico-emotivo de todas as categorias de trabalhadores, técnicos, dirigentes e vendedores do produto final, através de um slogan pronunciado em várias línguas: “Your Toytota is my Toyota” (A sua Toyota é a minha Toyota). Aos olhos do potencial comprador, o produto ganha maior valor, pois é criado, construído e oferecido por vários profissionais atenciosos e orgulhosos do resultado alcançado. Porém, o principal objetivo da empresa é o de obter o sistemático envolvimento de todas as categorias de trabalhadores no processo de melhoramento contínuo do produto para aumentar seu grau qualitativo e a eficiência da mão-de-obra, diminuindo os custos e intensificando a produção. Esta doutrina econômica, mais conhecida como “toyotismo”, foi introduzida na Europa por Hajime Yamashina, um professor japonês que trabalha no Department of Precison Engeneering da Universidade de Kyoto. Yamashina, aos 60 anos de idade, passa boa parte de seu tempo viajando e, onde quer que esteja, procura adaptar seu programa de maximização da produtividade à cultura industrial local que encontra.
Os critérios de produção segundo os parâmetros do WCM, aplicados a soluções de racionalização do ambiente de trabalho se fundem com a avaliação calculada do sistema técnico-informático de produção Ergo-Uas, onde a ergonomia pode contribuir para a repetição dos gestos em maior número de vezes no mesmo espaço de tempo. Se a produção dos veículos Panda for deslocada do estabelecimento polonês de Tichy para Pomigliano D’Arco, os trabalhadores terão que aceitar primeiro a introdução desses parâmetros na reorganização produtiva da fábrica, que poderá levar até dois anos. Muitas atividades de movimento físico dos operários na fase produtiva estão catalogadas no campo em que o processo Wcm/Ergo-Uas considera destituídas de valor agregado, para se chegar ao produto final. Entre elas estão caminhar, tentar parafusar ou passar materiais a um colega. 10 Minutos = 6650 automóveis Reduzir a pausa de repouso ou para refeições de 40 para 30 minutos, nos turnos de trabalho definidos no estabelecimento de Pomigliano D’Arco, conforme o Ergo-Uas, pode equivaler à produção anual aumentada de 6650
Linha de produção em Santa Catarina, 1925
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atualidade veículos Panda. O sociólogo Patrizio di Nicola, docente de Sistemas Organizativos na Faculdade de Ciências da Comunicação na Universidade La Sapienza, de Roma, fez as contas: no novo esquema, as atuais duas pausas de 20 minutos são substituídas por três com duração respectiva de 10 minutos. A diferença total de tempo entre as duas tipologias de intervalo (10 minutos) equivale a 8,3 operações a mais em cada turno de trabalho e que, coordenadas e somadas, se transformam na produção diária de 25 automóveis modelo Panda. Em um ano, aqueles 10 minutos equivalem a 6650 veículos. A medição a ser adotada para o estabelecimento Fiat de Pomigliano D’Arco, esclarece Di Nicola, foi aplicada na fábrica Mirafiori, de Turim, para a produção do veículo Mito. No sistema tradicional, os operários tinham 5 segundos de intervalo para cada minuto de trabalho e podiam acumular tempo suficiente para criar um intervalo mais relaxante. Agora, passaram a dispor praticamente de um segundo de repouso para cada minuto de trabalho. Unidos, o sistema Wcm e o Ergo-Uas podem significar, segundo a Fiat, a produção anual majorada de até 280 mil veículos, ou seja, praticamente um automóvel por minuto. A diferença entre as mentalidades japonesa e italiana na aplicação desses parâmetros, segundo Di Nicola, pode se revelar sutilmente diabólica: — A participação dos trabalhadores no processo produtivo é uma inspiração do engenheiro japonês Taiichi Ohno, que projetou o ‘Toyota Production System’ baseado no princípio ‘Jidoka’, correspondente ao conceito de ‘automatização com um toque humano’. Trata-se de um sistema no qual o trabalhador tem larga autonomia para suspender a produção sem autorização prévia, se perceber que algo não funciona bem nas fases produtivas, para salvaguardar a qualidade do produto. Nas fábricas ocidentais, porém, essa opção é fortemente vinculada às decisões tomadas exclusivamente em níveis muito superiores de direção na hierarquia empresarial. Luciano Gallino, professor de Sociologia na Faculdade de Ci-
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Acima, linha de produção da Toyota. Abaixo, o engenheiro japonês, Taiichi Ohno
ências da Formação na Universidade de Turim, fez várias pesquisas no campo da Sociologia do Trabalho e da Indústria. Segundo ele, o modelo Fiat coloca a fábrica - sobretudo o trabalhador - em regime de produção a ciclo contínuo: — As cláusulas da Fiat são duríssimas. Pode ser até que o grupo acabe abaixando o custo de produção de seus veículos na Itália. Hoje a indústria automobilística mundial se encontra submetida a um excesso espantoso de capacidade produtiva, estimada por volta de 40%. Portanto, enfrenta uma guerra feroz de competição e quem paga essa conta são os fornecedores e os trabalhadores. Para Gallino, o caso da Fiat deve ser enquadrado na “globalização sem máscaras”. Ele explica que, se um operário na Polônia ou em qualquer outro país em desenvolvimento, produz um certo número de veículos por ano, “o mesmo deve acabar acontecendo nos estabelecimentos in-
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dustriais italianos”. Outros grupos como Renault, Volkswagen, Toyota e General Motors fazem esse mesmo raciocínio: — Se os operários de outros países aceitam condições drásticas de trabalho para não perderem seus empregos, o mesmo pode acontecer na Itália. Mas a falta de alternativas a esse estado de coisas não é casual: foi elaborada e construída com o passar do tempo através de um asfixiante coquetel preparado com leis, decisões políticas, opções praticadas pelas grandes empresas e pelo sistema financeiro — afirma Gallino. A resistência que os operários e os sindicatos ofereceram à atual proposta da Fiat levou Marchionne a encerrar as atividades no estabelecimento de Pomigliano D’Arco, para abrir em seguida uma nova empresa que reserve suas vagas somente aos operários que já apóiam e aceitam o plano de reformas no sistema produtivo Wcm/Ergo-Uas do grupo. Esse estratagema, já usado
O professor de Sociologia Luciano Gallino
no caso de falência da companhia aérea Alitalia há quase dois anos, permite a abertura da brecha que outras empresas de médio e grande porte esperam para legitimar a alteração das bases de contrato com seus empregados na Itália, antes de buscar novas possibilidades de deslocamento de seus estabelecimentos em outros países. Todas as partes envolvidas, porém, têm pelo menos dois fortes inimigos comuns. O primeiro deles está na incontrolável fabricação e no crescente comércio de produtos e bens falsificados, que produzem um colossal volume anual de negócios, avaliados pela Associação Nacional do Comércio (Confesercenti) em torno a 7,8 bilhões de euros. Os chineses, por exemplo, conseguiram produzir até modelos Ferrari, com grau tão elevado de perfeição, que somente os funcionários da própria indústria de Maranello souberam descobrir a diferença entre o modelo original e o falsificado. O segundo inimigo se encontra na poderosa rede da criminalidade organizada globalizada, pronta a tirar proveito do desespero que 30 milhões de novos desempregados estão para enfrentar ao saírem do circuito do consumo, com a perda de 4 mil bilhões de dólares no mercado oficial. O alarme neste sentido emerge das previsões do Fundo Monetário Internacional. Previsões para as quais nem os chefes de Estado e Governo dos 20 países mais industrializados conseguiram dar uma resposta concreta até o momento.
energia
Uma
nova Energia No Vêneto, usina alimentada por hidrogênio entra em operação e faz a Itália dar um passo à frente em termos de tecnologia limpa
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
A
primeira usina mundial de energia alimentada por hidrogênio começou a funcionar em Porto Maghera, em Veneza. E funciona a todo vapor. A eletricidade produzida a partir do gás como matéria-prima permite acender as luzes nas casas de 20 mil famílias e evita o lançamento de 17 mil toneladas anuais de CO2 no ambiente. A central de Fusina representa uma conquista italiana para a produção de energia limpa - por ano, algo em torno dos 60 milhões de quilowatts/ hora. A planta tem capacidade para gerar uma potência máxima de 16 MW. E dentro dela, nada se perde, tudo se transforma. O hidrogênio alimenta, a ciclos combinados, a central que transforma o gás em eletricidade e calor, num total de 12 MW. O rendimento de toda a operação aumenta em quase 40% porque o calor liberado nos tubos de descarga produz um vapor em elevada temperatura - ar quente e vapor de água - e é conduzido a uma vizinha central de energia
a carvão. O “presente” inesperado garante 4 MW de eletricidade. O complexo industrial recebe 1,3 toneladas de hidrogênio por hora. E o rendimento elétrico chega a 42 % - altíssima eficiência praticamente sem emitir poluentes na atmosfera, ou seja, pouca emissão de óxido de enxofre e só. O gás chega através do processo by-product, ou seja, como um subproduto usado para uma diferente finalização daquela prevista originalmente no ciclo produtivo. Assim, o que antes era um desperdício torna-se uma matéria-prima para a criação de energia elétrica, a partir de fonte renovável. A usina surge na área da central Enel “Andrea Palladio”, junta ao Pólo Petroquímico de Porto Marghera. A ideia é transformar o local numa zona para projetos dentro do Hydrogen Park que visam experimentar as diferentes possibilidades de uso do hidrogênio. O desenvolvimento de novas tecnologias no setor dos transportes e da geração de energia é o principal objetivo deste “campus do mundo verde”. O investimento de 50 milhões de euros na elaboração do complexo
foi financiado pela Enel, pela região Vêneto, pela Província e Prefeitura de Veneza. A sinergia entre as instituições atesta a responsabilidade e os objetivos comuns de incrementar o uso de energia alternativa e de fonte renovável no nordeste do país. O consórcio para a operação tinha lançado as bases em 2003 e, agora, a energia verde dá os frutos. A opção de usar a planta de Fusina não foi à toa. O parque tem sido cabeça de ponte para inovações tecnológicas e ambientais. Em 1997, foram instalados filtros para purificação das emissões de gases na atmosfera. Onze anos depois, a zona foi escolhida para um experimento bem sucedido de abatimento das partículas em suspensão. Atualmente, o lugar é a vanguarda italiana para a reciclagem dos resíduos tóxicos produzidos pela sociedade e pela indústria.
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Enquanto a discussão sobre a energia nuclear começa a esboçar um retorno à mídia italiana e aos debates em praças públicas, a Enel - segunda principal empresa de energia a gás na Itália - continua a prosseguir rumo à energia sustentável: há seis anos, alcançou a redução de 30% de emissão de CO2 na produção termoelétrica (algo como 20 milhões de toneladas). Já, em 2008, a recuperação de dejetos especiais chegou a 90%. Com 30 milhões de clientes na Europa, Ásia e África, a multinacional italiana aposta na energia verde e planta novas iniciativas para, no futuro, fornecer um serviço em sintonia com o mundo de amanhã, mas, que já bate na porta hoje. Com a Green Economy, que vai forte, principalmente, depois do acidente com a plataforma da BP no golfo do México e com a guinada do governo americano em privilegiar as opções energéticas de fontes renováveis, a Enel mostra que está no caminho certo. E a Itália mostra dá um exemplo para as gerações futuras.
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Glamour eterno
Crise econômica faz italiano redescobrir o próprio país Crisi economica fa riscoprire agli italiani il loro paese
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a Itália, as férias são sagradas. No verão europeu, de junho a setembro, quando os termômetros registram um calor digno de Rio de Janeiro, a movimentação dos italianos é intensa, sendo que, agosto, é o mês preferido pela grande maioria para “sumir” de casa. Em época de crise econômica, vale tudo para manter a tradi-
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ção. Quem sentiu o baque e precisou apertar os cintos, adaptou roteiros e buscou alternativas. Mas há sempre aqueles que nunca sentem cheiro de crise no ar. Nos dois casos, a própria Itália parece que saiu beneficiada com a situação. A força do governo para que os italianos mantivessem seus gastos de verão no próprio país foi reforçada, mês passado, por um vídeo publicitário
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Aline Buaes, de Nápoles e Leandro Demori, de Roma
n Italia le ferie sono sacre. Durante l’estate europea, da giugno a settembre, quando i termometri registrano un caldo pari a quello di Rio de Janeiro, gli spostamenti degli italiani è intenso ma agosto è il mese preferito da quasi tutti per “sparire” di casa. In momenti di crisi economica vale di tutto per mantenere la tradizione. Chi ne ha sentito
il peso e ha dovuto stringere la cinghia ha adattato le sue mete e cercato alternative. Ma ci sono coloro che non sentono mai la puzza di crisi nell’aria. In ambedue i casi la stessa Italia viene a guadagnarci. La pressione governativa per far mantenere dagli italiani le spese estive nel loro paese è stata aumentata, il mese scorso, da un video pubblicitario trasmesso in TV e su Internet. In
divulgado na TV e na Internet. Nele, o premier Silvio Berlusconi pede para que os italianos viajem na própria península. Independente desse apelo, os endinheirados já estavam tomando o rumo da Itália, mais precisamente de Capri. Depois de um tempo um pouco esquecida por eles, a mítica ilha banhada pelo Mediterrâneo voltou a se firmar como reduto do jet set internacional. Muita dessa badalação é “culpa” de um único restaurante, o Il Riccio. Enquanto a movimentação do turismo na Itália retoma, aos poucos, aos patamares de 2008 – acalmando a queda sentida no
ano passado –, o perfil do italiano médio em férias está ainda adaptado a condições financeiras pouco favoráveis. Previsões feitas pelo Centro Studi Casa Ambiente e Territorio di Assoedilizia (Cescat) mostram que as férias devem encolher: os dias em viagem passam de 14 para 12, em média. Além disso, é cada vez maior o contingente de quem dá apenas pequenas escapadas nos finais de semana: 2 milhões de pessoas preferem fazer passeios de 2 a 4 dias em vez de permanecer fora por longos períodos. Apesar disso, os dados são animadores para as baixas expectativas iniciais.
esso il premier Silvio Berlusconi chiede agli italiani di viaggiare in territorio nazionale. Ma anche senza questo appello i ricconi già si stavano interessando all’Italia, e specialmente a Capri. Dopo un periodo in cui era stata un po’ dimenticata, la mitica isola bagnata dal Mediterraneo si è riaffermata come meta del jet-society internazionale. Gran parte della “colpa” di questo revival è da attribuire ad un unico ristorante, Il Riccio. Allo stesso tempo che il movimento turistico italiano riprende, poco a poco, i livelli del 2008 – placando il retrocesso sentito l’anno scorso –, il profilo dell’ita-
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liano medio in ferie si trova ancora adattato alla situazione finanziaria poco favorevole. Previsioni fatte dal Centro Studi Casa Ambiente e Territorio di Assoedilizia (Cescat) Dicono che le ferie dovranno diminuire: i giorni in viaggio passano dai 14 ai 12 in media. Inoltre è sempre più grande il gruppo di quelli che passano fuori solo i fine settimana: 2 milioni di persone preferiscono fare brevi viaggi dai 2 ai 4 giorni invece di rimanere fuori per lunghi periodi. Malgrado questo i dati sono favorevoli, dovuto alle inferiori aspettative iniziali. — Sembra superata la psicosi della crisi – sembra crede-
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capa — Parece superada a psicose da crise – acredita Achille Colombo Clerici, presidente da Cescat. A redução do número de dias e as pequenas viagens de fim de semana trouxeram novidades. A presença nas grandes cidades, por exemplo, deve aumentar, justamente porque se tornam menos caóticas com o êxodo dos próprios cidadãos em direção a balneários ou montanhas. O mar é ainda o destino preferido dos italianos (55%), mas deve sofrer queda este ano. Como nos últimos anos, três modalidades consideradas econômicas devem ter um aumento: os cruzeiros, o agriturismo (hospedagens em fazendas) e o turismo fitness, para quem quer andar de bicicleta, fazer trekking ou caminhadas e cuidar do corpo enquanto conhece novos lugares. Outra pesquisa, feita dessa vez pela Unioncamere-Isnart a pedido do l’Osservatorio Nazionale del Turismo, aponta um aumento de 4% entre as pessoas que passarão as férias em campings. A contrastar com as previsões da Cescat, um estudo do portal de turismo Expedia mostra que a metade dos italianos se considera muito bom quando a ordem é poupar dinheiro na hora de planejar as férias. A realidade, no entanto, é um tanto diversa, conforme a pesquisa que ouviu meio milhão de pessoas. O portal divulgou que os italianos são os que passam menos tempo na frente do computador para procurar hotéis
Polêmica
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contrastar com o apelo do governo para que os italianos optassem pelo turismo doméstico, a revista L’Espresso publicou fotos da ministra do Turismo Michela Brambilla em férias, em uma bela praia. Só que na França. A desculpa oficial foi que ela estava na Côte d’Azur em busca de praias que aceitassem cães – sua paixão – para copiar o modelo na Itália. Pegou mal.
de bom custo e benefício. Resultado: dinheiro mal gasto ou gasto de modo “errado”. Ainda na contramão de como os italianos enxergam a si mesmo, outro estudo, muito peculiar, procurou saber se o folclórico latin lover ainda estava vivo na mente dos turistas. Amarga desilusão. Após ouvir cerca de 1000 estrangeiras em férias pela Itália, 8 entre 10 delas declararam que não enxergam mais nos italianos os antigos galãs de outros tempos. Para 57% das moças, o problema é que os italianos de hoje são muito... femininos. Passeio de bacanas Localizado sobre terraços naturais entre as rochas e o mar Mediterrâneo, nas proximidades da mítica Gruta Azul, Il Riccio é um dos históricos restaurantes de Capri. Após uma reforma realizada em
O turismo fitness é uma forma econômica para quem quer cuidar do corpo e conhecer novos lugares Il turismo fitness è una maniera economica di badare al proprio corpo e conoscere nuovi posti
re Achille Colombo Clerici, presidente della Cescat. La riduzione del numero di giorni e i piccoli viaggi di fine settimana hanno introdotto delle novità. Per esempio, la presenza nelle grandi città dovrebbe aumentare, proprio perché diventano meno caotiche con l’esodo degli stessi cittadini verso città di mare o di montagna. Il mare
è ancora la meta preferita degli italiani (55%) ma dovrà subire una diminuzione quest’anno. Come negli ultimi anni, tre tipi di viaggio considerati economici aumenteranno: le crociere, l’agriturismo ed il turismo fitness per chi vuole andare in bicicletta, fare trekking o camminate e badare al proprio corpo mentre conosce posti nuovi.
Polemica
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n contrasto con gli appelli governativi affinché gli italiani scegliessero il turismo domestico, la rivista L’Espresso ha pubblicato delle foto del ministro del Turismo, Michela Brambilla, in ferie in una bella spiaggia. Solo che in Francia. La scusa ufficiale è stata che lei era sulla Costa Azzurra in cerca di spiagge che accettassero cani – la sua passione – per copiare il modello in Italia. Non è stata digerita bene.
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il problema degli italiani odierni è di essere troppo... femminili.
Arquivo Pessoal
Acima, Il Riccio, o restaurante das celebridades. Abaixo, o antigo proprietário Gabrielle Inserra Sopra, Il Riccio, il ristorante delle celebrità. Sotto, l’ex proprietario Gabrielle Inserra
cundada por falésias e águas cristalinas, famosa no mundo inteiro. A partir dos anos 50 do século 20, foi a vez de Hollywood descobrir o lugar. As presenças constantes de Grace Kelly, Greta Garbo, Liz Taylor e Rita Hayworth fez com que o mito de Capri explodisse como símbolo de charme e glamour. Foi nesta época, em 1954, que em um canto escondido de Anacapri, a segunda cidade da ilha junto a Capri, a menos de 100 metros da Gruta Azul, que Antonino De Gregório - mais conhecido como Riccio pelos seus abun-
Un’altra ricerca, stavolta fatta dalla Unioncamere-Isnart sotto richiesta dell’Osservatorio Nazionale del Turismo, indica un aumento del 4% tra coloro che passeranno le ferie nei camping. A discordare con le previsioni della Cescat, uno studio del portale di turismo Expedia mostra che la metà degli italiani si considera molto bravo a risparmiare i soldi quando pianifica le ferie. Ma la realtà è un po’differente, da quanto si rileva dai dati di una pesquisa che ha sentito mezzo milione di persone. Il portale ha reso noto che gli italiani sono quelli che passano meno tempo davanti ad un computer a cercare alberghi convenienti. Risultato: soldi spesi male o spesi in modo “sbagliato”. Sempre controcorrente a come gli italiani vedono sé stessi, un altro studio molto particolare ha cercato di sapere se il folclorico latin lover era ancora vivo nella mente delle turiste. Delusione amara: dopo aver sentito circa 1000 straniere in ferie per l’Italia, 8 su 10 hanno dichiarato di non vedere più negli italiani i bei corteggiatori di altri tempi. Per il 57% delle donne
Gita da vip Situato sulle terrazze naturali tra le rocce e il mar Mediterraneo, vicino alla mitica Grotta Azzurra, Il Riccio è uno degli storici ristorani di Capri. Dopo una ristrutturazione portata a termine nel 2009, il locale ora è di nuovo punto d’incontro tra ricchi e famosi. Il Riccio oggigiorno ospita chi soggiorna al Capri Palace Hotel, che l’ha comprato nel 2007, ma anche molti clienti vip che entrano nel ristorante specialmente dal mare, direttamente dalle loro barche, come facevano, negli anni ’60, Jacqueline Kennedy e Aristoteles Onassis, sbarcati dal famoso yacht Christina. Anche Federico Fellini, Rita Hayworth, Grace Kelly, Sophia Loren e Maria Callas lo frequentavano spesso. Eletta come residenza estiva dall’imperatore romano Cesare Augusto e dal suo successore Tiberio, che usavano l’acqua trasparente della Grotta Azzurra come vasca privata, Capri ha una storia di più di mille anni come destino nobile ed esclusivo. Cesare e Tiberio sono stati i primi a costruirvi delle belle ville e l’isola, cosí come la vicina Napoli, ha subíto con il passare dei secoli le più svariate influenze portate dai suoi dominatori. Saraceni, normanni, spagnoli e francesi hanno lasciato segni visibili fino ad oggi nell’architettura di edifici, chiese, piazze e palazzetti. Dal XVIII secolo il luogo è stato riscoperto grazie agli affascinanti
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2009, o lugar voltou a ser ponto de encontro de ricos e famosos. O Il Riccio hoje recebe os hóspedes do Capri Palace Hotel, que o adquiriu em 2007, mas também muitos clientes vips, que acessam o restaurante principalmente pelo mar, diretamente de suas embarcações, como fazia, nos anos 60, o casal Jacqueline Kennedy e Aristóteles Onassis vindos do célebre iate Christina. Federico Fellini, Rita Hayworth, Grace Kelly, Sophia Loren e Maria Callas também costumavam frequentá-lo. Eleita como reduto de verão pelos imperadores romanos Augusto e seu sucessor Tibério, que usavam as águas cristalinas da Gruta Azul como banheira particular, Capri tem uma história de mais de dois mil anos como destino nobre e exclusivo. Augusto e Tibério foram os primeiros a construírem belas mansões na ilha, que, assim como sua vizinha Nápoles, sofreu com o passar dos séculos as mais diversas influências trazidas por seus dominadores. Sarracenos, normandos, espanhóis e franceses, deixaram marcas visíveis até hoje na arquitetura dos seus prédios, igrejas, praças e palacetes. A partir do século 18, o local foi redescoberto graças às fascinantes cores das mais de 60 grutas desta ilha de formação calcária. E uma nova leva de moradores famosos começou a chegar ao local. Oscar Wilde, Thomas Mann, Ranier Maria Rilke e Pablo Neruda, além de ricos e excêntricos em geral, contribuíram para formar esta pequena e cosmopolita colônia internacional, que tornou esta pequena ilha, com pouco mais de 10 km de extensão, cir-
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dantes cabelos crespos - abriu um simples e tradicional restaurante, o Add’o’Riccio, onde oferecia a típica culinária da ilha, com muito peixe fresco e frutos do mar. — O Riccio sempre foi frequentado pelos visitantes mais ilustres de Capri, como as famílias reais, as condessas, os governantes, empresários e artistas — conta Gabrielle Inserra, segundo proprietário do restaurante (entre os anos de 1984 e 2007) que recepcionou celebridades como a princesa Soraya do Irã, o príncipe Hussein da Jordânia, e jogadores de futebol como o argentino Diego Armando Maradona e o brasileiro Paulo Roberto Falcão, que na década de 80 atuavam pelo Napoli e pela Roma, respectivamente. — Não me lembro muito bem das pessoas que vinham aqui, pois eu era sempre muito reservado. Para mim, era normal todas aquelas pessoas, não me importavam quais eram famosas ou não — diz o caprese Inserra, que antes de assumir o restaurante rodou o mundo como marinheiro e em uma de suas andanças conheceu a esposa, a alemã Gerd Roth, que mais tarde se tornou a cozinheira oficial do Add’o’Riccio. A Capri dos anos 2000 Hoje, nomes como a princesa Charlotte de Mônaco, o escritor Jo-
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A Gruta Azul seduz quem a conhece, desde a época dos imperadores romanos La Grotta azzurra seduce chi la conosce dall’epoca degli imperatori romani
Add’o Riccio: nova decoração, novo chef, mas o mesmo aconchego rústico do lugar original Add’o Riccio: nuovo arredamento, nuovo chef, ma la stessa accoglienza rustica del luogo originale
hn Grisham, a atriz Julia Roberts e o jogador português Cristiano Ronaldo, continuam alimentando o mito de Capri. Apesar da invasão dos turistas, estes visitantes ilustres encontram seus paraísos particulares nas mansões privadas e nas dezenas de hotéis de luxo espalhados pela ilha, localizados principalmente em Anacapri, onde se encontra o Capri Palace. O novo dono do histórico Add’o’Riccio reabriu o estabelecimento no ano passado sob o nome de Riccio Beach Club & Restaurant, com uma nova decoração, um novo chef, uma nova administração, mas mantendo o
Calças Capri
Pantaloni Capri
riadas originalmente pela estilista russa Sonja de Lennart no final da década de 40, as calças Capri ganharam este nome devido à paixão da família Lennart pela já célebre ilha italiana. No entanto, estas calças unissex levemente folgadas com comprimento pelo meio da canela ganhou popularidade em todo o mundo depois que estrelas de Hollywood, como Grace Kelly, desfilaram com o modelo pelas ruas da ilha, entre o final dos anos 50 e início dos anos 60.
reati in origine dalla stilista russa Sonja de Lennart alla fine degli anni ’40, i pantaloni Capri hanno avuto questo nome dovuto alla passione della famiglia Lennart per la celebre isola italiana. Ma questi pantaloni unisex leggermente larghi e lunghi fino a metà polpaccio sono diventati famosi in tutto il mondo dopo che star di Hollywood come Grace Kelly hanno sfilato con il modello per le vie dell’isola, tra la fine degli anni ’50 e gli inizi degli anni ’60.
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A princesa Soraya do Irã costuma ser vista na ilha La principessa iraniana Soraya è vista spesso sull’isola
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colori delle più di 60 grotte di quest’isola di formazione calcarica. E una nuova onda di abitanti famosi ha cominciato ad arrivare sul posto. Oscar Wilde, Thomas Mann, Ranier Maria Rilke e Pablo Neruda, oltre a ricchi ed eccentrici in generale, hanno contribuito a formare questa piccola e cosmopolita colonia internazionale, che ha occupato questa piccola isola di poco più di 10 km di lunghezza, circondata da scogliere e acqua trasparente, famosa in tutto il mondo. Dagli anni ’50 del secolo scorso Hollywood ha scoperto il posto. La presenza costante di Grace Kelly, Greta Garbo, Liz Taylor
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e Rita Hayworth ha fatto sí che il mito di Capri esplodisse come simbolo di charme e glamour. E proprio nel 1954 un angoletto nascosto di Anacapri, seconda cittadina dell’isola dopo Capri, a meno di 100 metri dalla Grotta Azzurra, Antonino De Gregorio – chiamato Riccio dovuto ai suoi folti capelli ricci – ha aperto un semplice e tradizionale ristorante, l’Add’o’Riccio, in cui serviva la tipica cucina dell’isola, con molto pesce fresco e frutti di mare. — Il Riccio è sempre stato frequentato dagli ospiti più illustri di Capri, come le famiglie reali, le contesse, i governanti, imprenditori ed artisti — racconta Gabrielle Inserra, secondo proprietario del ristorante (tra gli anni 1984 e 2007), che ha fatto gli onori di casa a celebrità come la principessa iraniana Soraya, il principe giordanianiano Hussein e calciatori come l’argentino Diego Armando Maradona e il brasiliano Paulo Roberto Falcão, che negli anni ’80 giocavano il primo per il Napoli e il secondo per la Roma. — Non mi ricordo molto bene le persone che venivano qui, visto che ero sempre molto discreto. Per me era normale [vedere] tutte quelle persone, non mi importavo di chi fosse famoso e di chi no — dice il caprese Inserra, che prima di prendere le redini del ristorante ha girato il mondo come marinaio e in uno dei suoi viaggi ha conosciuto la moglie, la tedesca Gerd Roth, che dopo è diventata la cuoca dell’Add’o’Riccio. La Capri del 2000 Ai giorni d’oggi nomi come quello della principessa Charlotte di Monaco, dello scrittore John Grisham, dell’attrice Julia Roberts e del calciatore portoghese Cristiano Ronaldo continuano a mantenere vivo il mito di Capri. Malgrado l’invasione di turisti, questi ospiti illustri trovano i loro paradisi privati nelle ville e nelle decine di hotel di lusso sparsi sull’iso-
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Aline Buaes
mesmo aconchego rústico do lugar original, tanto que o novo restaurante agradou Inserra. A decoração manteve o mais clássico estilo mediterrâneo, chique e informal, com mesas de madeira em azul e toalhas brancas, vitrais em mosaico e espreguiçadeiras espalhadas pelos terraços
A diretora do Capri Palace, Caroline Corteau La direttrice del Capri Palace, Caroline Corteau
naturais. O restaurante recebe os hóspedes do hotel, assim como clientes que chegam para passar o dia, almoçar, jantar ou apenas saborear um drink. A parte do Beach Club oferece um acesso privilegiado ao mar e cabanas privadas nos terraços mais afastados. As mesas de madeira, do mesmo estilo das originais do Add’o Riccio foram produzidas por artesãos locais, enquanto o grande destaque da cozinha continua sendo os frutos do mar, como o prato que leva o nome do restaurante, Spaghetti ai Ricci, já que “riccio” em italiano significa também o popular ouriço-do-mar também consumido na região. Outros destaques do cardápio são a Linguine Fra Diavolo, que traz lagosta e frutos do mar, e o Plateau Royal, oferecido em pouquíssimos restaurantes da região e que inclui
rganizado pelas associações Brasil Memórias e Globomultimedia, com apoio da Embaixada do Brasil na Itália, “Vento do Mar” reuniu entre os dias 19 e 24 de julho passado em Anacapri, grandes intérpretes para homenagear os mais célebres personagens da música brasileira. O objetivo do evento, além de promover a música, a poesia, a arte e a literatura brasileiras na Itália, foi também homenagear a cidade do Rio de Janeiro. Dentre os shows apresentados, o mais emocionante foi o da cantora Fafá de Belém, que interpretou músicas de Chico Buarque e homenageou o compositor italiano Sergio En-
giata sul mare e capanne private sulle terrazze più isolate. I tavoli di legno, dello stesso stile delle originali dell’ Add’o Riccio, sono state prodotte da artigiani locali, mentre il piatto forte continuano ad essere i frutti di mare, come il piatto che porta il nome del ristorante, Spaghetti ai Ricci, visto che “riccio” in italiano significa anche il popolare riccio di mare mangiato anche in questa regione. Altri piatti forti del menu sono le Linguine Fra’ Diavolo, con aragosta e frutti di mare, e il Plateau Royal, offerto in pochissimi ristoranti della zona e che ha come ingredienti le ostriche Perla Nera e Gillardeau, vongole, aragoste e gamberi. — Il profilo dei clienti che frequentano il ristorante è specialmente di proprietari di motoscafi e yacht, che arrivano dal
Musica brasiliana
Música brasileira
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la, specialmente ad Anacapri, dove si trova il Capri Palace. Il nuovo proprietario dello storico Add’o’Riccio ha riaperto il ristorante l’anno scorso chiamandolo Riccio Beach Club & Restaurant, usando un nuovo arredamento, un nuovo cuoco, una nuova amministrazione ma conservando la stessa ospitalità rustica del luogo originale, tant’è vero che il nuovo ristorante è piaciuto ad Inserra. L’arredamento ha mantenuto il più classico stile mediterraneo, chiq ed informale, con tavoli di legno azzurri e tovaglie bianche, vetri colorati a mosaico e chaiselongue nelle varie terrazze naturali. Il ristorante riceve gli ospiti dell’hotel, cosí come i clienti che ci vanno per passarci la giornata, pranzare, cenare o solo assaporare un drink. La parte del Beach Club offre un entrata privilie-
drigo ao cantar “Io che amo solo te” e “Samba in preludio”. Leila Pinheiro se apresentou na noite de encerramento num show em homenagem a Tom Jobim. Uma projeção da obra-prima do cineasta francês Marcel Camus, Orfeu Negro - Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1960, com trilha sonora original de Tom Jobim e Vinícius de Moraes - abriu a semana de música brasileira realizada na ilha. Na programação, uma noite foi dedicada a Heitor Villa Lobos e outra a Baden Powell, que teve suas músicas cantadas pela brasileira Felicidade Suzy. Já o pianista Jim Porto centralizou seu repertório em Vinicius de Moraes.
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rganizzato dalle associazioni Brasil Memórias e Globomultimedia, con l’appoggio dell’Ambasciata brasiliana in Italia, “Vento do Mar” ha riunito ad Anacapri, tra il 19 e il 24 luglio scorsi, grandi interpreti per rendere omaggio i più celebri personaggi della musica brasiliana. L’obiettivo dell’evento, oltre ad essere quello promuovere la musica, la poesia, l’arte e la letteratura brasiliana in Italia, è stato anche di rendere omaggio a Rio de Janeiro. Tra i concerti presentati il più emozionante è stato quello della cantante Fafá de Belém, che ha interpretato canzoni di Chico Buarque ed ha reso omaggio al cantautore ita-
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liano Sergio Endrigo cantando “Io che amo solo te” e “Samba in preludio”. Leila Pinheiro si è presentata nella notte di chiusura in un concerto in omaggio a Tom Jobim. Una proiezione del capolavoro del cineasta francese Marcel Camus, “Orfeo Negro” – Oscar di Miglior Film Straniero nel 1960, con musica originale di Tom Jobim e Vinícius de Moraes – ha aperto la settimana di musica brasiliana realizzata sull’isola. Nel programma c’era una serata dedicata a Heitor Villa Lobos e un’altra a Baden Powell, che è stato interpretato dalla brasiliana Felicidade Suzy. Invece il pianista Jim Porto ha centralizzato il suo repertorio su Vinicius de Moraes.
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trufas, ostras Perola Negra e Gillardeau, vôngole, lagosta e camarão. — O perfil dos clientes que frequentam o restaurante é principalmente donos de lanchas e iates, que chegam pelo mar, muitos deles à noite, especialmente para jantar, provenientes de Nápoles ou de outras cidades do golfo, como Sorrento e Positano. Os barcos se posicionam no pequeno espaço reservado no mar em frente ao restaurante e já entendemos que são clientes e acionamos nosso barqueiro para buscar os passageiros — informa Caroline Corteau, diretora do Capri Palace, salientando que pelo fato de as coordenadas
marítimas do restaurante estarem disponíveis na internet, o acesso é facilitado, mesmo sem reservas. Segundo Caroline, o local também costuma ser reservado para festas privadas. Ela revelou que, no final de julho, houve uma grande celebração promovida por socialites paulistanas, cujos nomes ela não quis revelar. O número de brasileiros presentes tanto no hotel quanto no restaurante nos últimos anos cresceu muito, segundo a diretora, que afirma que 4% dos seus hóspedes em 2009 eram brasileiros, a maioria casais em lua-de-mel ou famílias em férias.
Ao mar, de bicicleta
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Itália é o quinto país que recebe mais turistas no mundo. Sua capital, Roma, é a terceira cidade mais visitada da União Europeia, sendo constantemente considerada como uma das mais belas cidades antigas do mundo. Porém, no auge do verão - agosto, principalmente - a cidade pode se tornar desagradável pelo forte calor dos dias mais tórridos do ano. Nem mesmo as clássicas fontes de água potável, gelada e gratuita dos tempos do Império e que ainda hoje se encontram espalhadas pela cidade, são capazes de refrigerar sensações térmicas que beiram os 40º. Uma opção para fugir do calor romano, dos monumentos com longas filas e das ruas congestionados de turistas é rodar 34
alguns quilômetros ao norte em direção à costa da Toscana. Na parte tirrênica do Mar Mediterrâneo, uma reserva natural e uma praia podem ser a salvação para a fuga do calor quase insuportável: a Duna della Feniglia, localizada na parte sul de um tômbolo que liga o Monte Argentário ao continente. Os tômbolos são acidentes geográficos que unem uma ilha ao continente por uma estreita trilha de terra resultante do acúmulo de sedimentos – neste caso, areia. O ar selvagem pinta a paisagem de tons verdeescuros por conta da floresta de pinheiros predominante. O passeio à praia da Feniglia começa na estação de trem Roma Termini, em direção a Orbetello, na Toscana. A viagem dura cerca
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mare, la maggior parte di sera, specialmente per la cena, venendo da Napoli o da altre città del golfo, come Sorrento e Positano. Le barche ormeggiano nel piccolo spazio riservato di fronte al ristorante e sappiamo già che sono clienti e allora chiamiamo il nostro barcaiolo per prendere i passeggeri — informa Caroline Corteau, direttore del Capri Palace, mettendo in risalto che il fatto di aver reso disponibili le coordinate marittime del ristorante su internet ne ha facilitato l’accesso, anche senza prenotazioni. Secondo Caroline il ristorante di solito viene prenotato anche per feste private. Ed ha rivelato che alla fine di luglio c’è stata una festa promossa da signore vip di São Paulo, i cui nomi non ha voluto rivelare. Il numero di brasiliani presenti tanto nell’hotel quanto nel ristorante negli ultimi anni è aumentato molto, secondo la direttrice, che dice che il 4% dei suoi ospiti nel 2009 era di brasiliani, la maggior parte coppie in luna di miele o famiglie in ferie.
Fazer um pic nic sob as sombras dos pinheiros pode ser uma ótima opção para hora da refeição. Vale também pegar a estrada principal, igualmente vetada à circulação de carros como todas as outras, e percorrer os seis quilômetros da via em um passeio de dificuldade baixa, em uma estrada situada entre o mar e a lagoa. A cada quilômetro, caminhos que levam a um e à outra cruzam o trecho. A qualquer momento dos 12 quilômetros, entre a ida e a volta, pode-se estacionar a bicicleta e dar um refrescante mergulho nas águas mansas do Tirreno. Os traçados internos, melhor para pic nics, são, no entanto, mais arenosos e menos consistentes do que a estrada principal, o que pode aumentar sensivelmente a força das pedaladas. Caso pense em encará-los, peça ao locatário uma mountain bike em vez das tradicionais city bikes. Há chances reais de radicalizar um pouco a experiência, mesmo que a dificuldade continue pouca e possa ser feita por ciclistas de final de semana. Quando estiver na trilhas internas que flanqueiam a lagoa, atente para os avisos de que o banho é proibido por questões de segurança: não há salva-vidas no local. Para aqueles que desejam suar ainda mais, uma opção é dar a volta completa na lagoa. São cerca de 19 quilômetros passando de um tômbolo ao outro, um passeio de aproximadamente 3 horas de duração, com
Al mare in bicicletta L’Italia è il quinto paese che riceve più turisti al mondo. La sua capitale Roma è la terza città più visitata dell’Unione Europea ed è considerata una delle città antiche più belle del mondo. Tuttavia in piena estate - principalmente nel mese di agosto- la città può diventare sgradevole a causa del grande calore che si può avere nei giorni più torridi dell’anno. Neanche le classiche fontanelle d’acqua potabile, fresca e gratuita dai tempi dell’Impero che ancora oggi si possono incontrare sparse per la città, sono capaci di ridurre la sensazione termica che sfiora i 40º. Una opzione per fuggire dal calore romano, dai monumenti con lunghe file e dalle strade congestionate di turisti, è dirigersi al nord per qualche chilometro verso la costa della Toscana. Sul versante tirrenico del Mar Mediterraneo una riserva naturale e una spiaggia possono essere la salvezza per tenersi lontani dal calore quasi insopportabile: la Duna della Feniglia, che si trova nella parte sud di un tombolo che collega il Monte Argentario al continente. I tomboli sono piccoli rilievi geografici che uniscono un’isola al continente attraverso una stretta lingua di terra formata dall’accumulo di sedimenti – in
questo caso di sabbia. Il paesaggio di tipo selvaggio ha toni di colore verde scuro a causa del bosco di pini che vi predomina. La gita alla spiaggia della Feniglia comincia alla stazione ferroviaria Roma Termini, direzione Orbetello in Toscana. Il viaggio dura circa un’ora e mezzo e costa dagli 8,15 ai 16,50 euro, secondo il treno e la classe in cui si viaggia. Con i treni Eurostar, più cari, il viaggio dura meno e alle volte sono l’unica scelta possibile, dipende dagli orari. Comunque gli orari di tutti i treni italiani si trovano sul sito di Trenitalia (www.trenitalia.it) o nelle stazioni ferroviarie. Quando arrivate a Orbetello andate alla tabaccheria della stazione e comprate un biglietto per Porto Ercole (euro 1,80). Di fronte alla tabaccheria c’è il capolinea degli autobus della linea Orbetello-Porto Ercole, che partono ogni 45 minuti. Se avete a disposizione del tempo, in attesa dell’autobus prendete un cappuccino e provate uno dei dolci locali che vendono al bar della stazione. Quando salite sull’autobus per Porto Ercole chiedete all’autista di indicarvi quando scendere per la spiaggia della Feniglia,
Fotos: Leandro Demori
de uma hora e meia e pode custar de 8,15 euros a 16,50 euros, dependendo da categoria do trem. Os trens Eurostar, mais caros, chegam mais cedo e são muitas vezes a única opção de locomoção em determinadas faixas de horário. Aliás, todos os horários dos trens italianos estão disponíveis no site da Trenitalia (www.trenitalia.it) ou nas estações do país. Chegando em Orbetello, vá à tabacaria da estação e compre um bilhete para Porto Ercole (1,80 euro). Na frente da tabacaria há um ponto de ônibus onde os carros da linha OrbetelloPorto Ercole estacionam de 45 em 45 minutos. Caso haja tempo disponível até a chegada do próximo ônibus, beba um capuccino e prove um dos doces locais vendidos no bar da estação. Ao entrar no ônibus que leva a Porto Ercole, peça indicações ao motorista para descer na praia da Feniglia, faixa de mar de aproximadamente 6 quilômetros protegida por uma reserva natural quase que somente de pinheiros. Chegando na Feniglia -- após cerca de 15 minutos de ônibus --, alugue uma bicicleta em um dos estacionamentos que permeiam a entrada da reserva, ao custo de 5 euros a diária. Para isso, será necessário deixar um documento de identidade. Sendo assim, é bom levar sempre seu passaporte. Há vários caminhos possíveis dentro da mata. Um deles é pelas trilhas internas que circundam o lago, onde o tráfego de pessoas e bicicletas é quase inexistente.
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Leandro Demori
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No percurso de bicicleta, uma reserva natural de pinheiros. Em Duna della Feniglia, as pessoas levam os próprios guarda-sóis e as cadeiras Nel percorso in bicicletta c’è una riserva naturale di pini. A Duna della Feniglia la gente si porta i propri ombrelloni e le sedie a sdraio
pausas para beber água, comer, tirar fotos ou simplesmente olhar para o horizonte. Pergunte ao locatário da bicicleta qual o caminho mais apropriado, que pode variar dependendo do seu ponto de partida.
un buon esito anche se affrontata da un ciclista di “fine settimana” e trattandosi di una camminata di modesta difficoltà. Quando vi trovate sui sentieri interni che costeggiano la laguna state attenti agli avvisi che informano che è proibito fare il bagno per questioni di sicurezza: sul posto non c’è il servizio di salvataggio. Per coloro che vogliono sudare di più è possibile fare il giro completo della laguna. Sono circa 19 chilometri passando da un tombolo all’altro, una passeggiata che dura circa 3 ore. Potete fermarvi per bere dell’acqua, mangiare, scattare foto o semplicemente guardare l’orizzonte. Chiedete al noleggiatore della bicicletta qual è la passeggiata che vi conviene fare, può dipendere dal punto da cui partite. Come vi pare L’acqua della spiaggia della Feniglia è cristallina al punto di permettervi di vedere i piedi sul fondo sabbioso quando il vostro corpo è già quasi del tutto immerso. A differenza della maggior parte delle spiagge italiane, dove si deve pagare un tanto al giorno (circa 15 euro per l’affitto di due sedie a sdraio ed un ombrellone da piazzare in un punto stabilito), la spiaggia della Feniglia conserva un’aria semiselvaggia, e ciascuno si ferma dove e come gli pare meglio. C’è la classica possibilità di portare sedie e ombrellone, o andare equipaggiati anche di bibite e borsa termica.
Leandro Demori
Como quiser As águas da praia da Feniglia são cristalinas a ponto de proporcionar a visão de seus pés no fundo arenoso quando seu corpo já está quase totalmente tomado pela água. Diferentemente da maioria das praias italianas, que adotam um sistema de pagamento diário para uso (cerca de 15 euros diários pelo aluguel de um par de cadeiras e um guarda-sol em local pré-determinado), a praia da Feniglia tem ares semi-selvagens onde cada um se instala onde e como achar mais conveniente.
Há a clássica possibilidade de levar cadeiras e guarda-sóis – ou estrutura ainda mais completa como garrafas e caixas térmicas. Indispensável, no entanto, são somente toalha e protetor solar. Mas se o propósito é andar ao máximo de bicicleta, cadeiras e guarda-sol mais atrapalham do que ajudam. Além do mais, o sol da península não “queima” tanto quanto o do Brasil. Caso decida chegar cedo na praia e dedicar as primeiras horas da manhã ao mar, com sorte, você poderá se “apossar” de uma das várias estruturas de madeira rudimentares construídas ao longo dos anos pelos próprios banhistas com madeiras trazidas da floresta. São cômodos e peculiares abrigos contra os raios solares. Na Feniglia não há os tradicionais muros de pedras marítimos que compõem a paisagem de
che è una fascia di mare di circa 6 chilometri protetta da una riserva naturale quasi tutta di pini. Giunti alla Feniglia - dopo circa 15 minuti di viaggio - affittate una bicicletta in uno dei parcheggi che si trovano all’ingresso della riserva, al costo di 5 euro al giorno. E’ necessario lasciare un documento d’identità. Ragion per cui è sempre meglio portare il passaporto con sé. Dentro il bosco si possono fare vari tipi di camminata. Una è percorrere all’interno i sentieri che circondano il lago, dove il traffico di persone e biciclette è quasi inesistente. Fare un picnic all’ora di pranzo sotto l’ombra dei pini è un’ottima scelta. E’ anche bello prendere la strada principale, vietata alle macchine come tutte le altre strade, e percorrere i sei chilometri in una passeggiata con bassa difficoltà, nella strada che sta fra il mare e la laguna. Ad ogni chilometro incontrate sentieri che portano all’uno o all’altra. In qualunque momento dei 12 chilometri, fra andata e ritorno, potete fermarvi con la bicicletta e fare un tuffo rinfrescante nell’acqua calma del Tirreno. I tracciati interni, migliori per un picnic, sono di terreno sabbioso e più morbido rispetto alla strada principale e questo può aumentare sensibilmente la forza della pedalata. Se pensate di affrontare questo tipo di terreno chiedete al noleggiatore una mountain bike invece della tradizionale city bike. Ci sono reali possibilità che l’esperienza dia
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muitas praias italianas (sobretudo nos badalados balneários do sul da Emilia-Romagna e do norte de Marche). Os muros, construídos para acalmar as águas e aumentar a faixa de areia, são desnecessários aqui. Passando alguns metros da fraca arrebentação, é possível nadar ou somente boiar calmamente, sem risco de ser importunado por ondas. Em dias sem vento, o mar é “piato”, como dizem os italianos, ou seja, plano como uma lagoa. Há restaurantes nas duas pontas da reserva – dentro não. Assim, uma boa opção é levar, além da obrigatória água, alguns aperitivos tradicionais do país como queijos da estação, presunto cru, azeitonas, doces da Puglia e pão, comprados em qualquer supermercado ou feira de rua. Caso disponha de uma mochila com compartimen-
to térmico, acrescente um belo vinho rosé ou branco (frisantes) deixado na geladeira na noite anterior e delicie-se com um banquete de sabores inconfundíveis em meio ao odor clássico de pinho emanado em relevo pela floresta. Tudo a um custo médio inferior a 20 euros para duas pessoas. A praia também é ideal aos praticantes do snorkeling ou do mergulho. Não há formações de corais, mas a pureza da água garante muitos metros de visibilidade submarina entre os estranhos peixes mediterrâneos. O ambiente quase selvagem da Feniglia é uma boa pedida também aos que gostam de um contato mais íntimo com a natureza: não raro, italianas e estrangeiras desfilam de top less pelas areias locais. Pode-se fazer livremente, ou apenas apreciar a vista.
Castelli
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li italiani, alla ricerca di viaggi originali, hanno finito con lo “scoprire” i loro castelli. E visitarli sta diventando alla portata di tutti, anche perché molti adesso aprono le loro porte al grande pubblico. Attualmente quello più visitato è il Castello di Miramare a Trieste, fatto costruire dall’arciduca Massimiliano d’Asburgo nel 1855. Ad Andria (piccola città della Puglia in provincia di Bari), Castel del Monte, fatto costruire da Federico II di Svevia nel 1240, è il secondo castello più visitato. Al terzo posto c’è il Castello dei Conti Guidi in provincia di Arezzo.
Di indispensabile comunque c’è l’asciugamano e la crema di protezione solare. Ma se l’intenzione è al massimo andare in bicicletta, le sedie e l’ombrellone sono più inutili che altro. Oltretutto il sole della penisola non “brucia” tanto quanto quello del Brasile. Nel caso decideste di arrivare alla spiaggia presto e dedicare al mare le prime ore della mattinata, con un po’ di fortuna potrete “prendere possesso” di una delle varie strutture di legno rudimentali costruite negli anni proprio dai bagnanti con legna presa nel bosco. Sono comodi e singolari ripari contro i raggi solari. Alla Feniglia non ci sono i tradizionali muri di pietra che fanno parte del paesaggio di molte spiagge italiane (soprattutto nei movimentati posti di mare del sud
Castelos
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m busca de roteiros originais, os italianos acabaram por “descobrir” seus castelos. Conhecê-los está se tornando mais comum, até porque, vários passaram a abrir suas portas ao grande público. Atualmente, o mais visitado é o Castello di Miramare, em Trieste, feito a pedido do Arquiduque Massimiliano d’Asburgo, em 1855. Em Andria (comuna italiana da região da Puglia, província de Bari), o Castel del Monte de 1240, feito a pedido de Federico II di Svevia, é o segundo mais procurado. Em terceiro lugar está o Castello dei Conti Guidi, na província de Arezzo.
Miramare é o castelo mais visitado pelos italianos Quello di Miramare è il castello più visitato dagli italiani
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dell’Emilia-Romagna e del nord delle Marche). Questi muri, costruiti per rifrangere le onde e aumentare la fascia di sabbia, qui non servono. Olrepassando di qualche metro l’onda che si rompe dolcemente si può nuotare o soltanto galleggiare, senza nessun rischio d’essere infastidito dalle onde. Nei giorni senza vento il mare è “piatto”, come dicono gli italiani, cioè piatto come la laguna. Ci sono dei ristoranti nelle due punte della riserva – dentro no. E allora è bene portarsi, oltre all’acqua obbligatoria, degli antipasti tradizionali del paese tipo i formaggi stagionali, il prosciutto crudo, le olive dolci pugliesi e il pane, che potrete comprare in qualunque supermercato o mercato tradizionale. Se avete uno zaino con lo scomparto termico portate anche una bottiglia di vino rosé o un bianco frizzante (lasciato in frigorifero la notte precedente), e gustatevi questo banchetto di sapori inconfondibili mentre siete immersi nell’intenso odore classico dei pini emanato dal bosco. Il tutto per un costo medio inferiore ai 20 euro per due persone. La spiaggia poi è ideale per chi pratica lo snorkeling o l’immersione. Non ci sono formazioni di coralli, ma la trasparenza dell’acqua garantisce una visibilità di molti metri nuotando in mezzo agli insoliti pesci del Mar Mediterraneo. L’ambiente quasi selvaggio della Feniglia è ottimo anche per coloro che amano il contatto stretto con la natura: non è raro vedere italiane e straniere sfilare in topless lungo la spiaggia. Potete farlo anche voi in libertà, o solo guardare.
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ROMA Lisomar Silva
Sabor antigo
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an Lorenzo é outro dos bairros populares romanos mais tradicionais e genuínos, agora na crista da onda. Mantém vivos os traços de uma antiga arquitetura industrial e artesanal, onde nasceram as primeiras associações com seus salões de jogos para operários, artesãos e aposentados. Hoje, essas associações abrem suas portas aos jovens interessados em conhecer a gastronomia popular do bairro, a preços bem acessíveis. Em algumas delas é possível assistir a uma boa partida de futebol e até participar da torcida pelo time preferido dos frequentadores - mas não corra o risco de se entusiasmar pelo time adversário. Spazio Sociale Ondarossa 32 - Via dei Volsci, 32.
Vinho sob chuva de estrelas
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data é importante: 10 de agosto. Festeja-se São Lourenço, jovem diácono romano que morreu em 258 d.C. Em toda a Itália, a festa coincide com o maravilhoso fenômeno astronômico das estrelas cadentes. Olhe para o céu e, quando você menos espera, um astro brilhante e parecido com um cometa em altíssima velocidade risca o firmamento com um traço luminoso que desaparece em poucos segundos. A lembrança desta experiência é inesquecível. Os produtores de vinho de todo o país celebram São Lourenço por duas
noites seguidas com um bom copo de vinho em suas cantinas. Atualmente, a festa se realiza também nas grandes cidades. Em Roma, você pode participar deste adorável brinde de verão no Jardim Zoológico – atualmente classificado como Bioparque - de Villa Borghese. O clima é de festa com música e vinhos da melhor produção regional do Lazio. Aproveite a ocasião para conhecer e degustar também alguns dos mais saborosos produtos da gastronomia romana e, se houver uma estrela cadente brilhando no céu, faça seus três desejos secretos!
Testaccio open air
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ste é um dos mais antigos e tradicionais bairros romanos. No período do Império, Testaccio era o principal porto do Rio Tibre, onde atracavam inúmeras embarcações trazendo preciosas mercadorias como mármore, ou matérias-primas como trigo e vinho. Muitos de seus habitantes ainda são originários de Roma e o bairro conserva uma convidativa atmosfera popular. No verão, suas praças e jardins se transformam em palcos para a apresentação de filmes ao ar livre, grupos musicais com festas e muita dança. Akab/Cave di Testaccio é um deles: abre seus portões todas as sextas-feiras à noite até as 4 da madrugada, com a exibição de jovens artistas pop e música contemporânea. Out Side - Neo Club Akab/Cave - Via monte Testaccio, 69
Crepúsculo
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ma das coisas mais gostosas de se fazer no verão romano é ver o panorama da Cidade Eterna do alto da colina de Gianicolo, na hora do crepúsculo. Depois, é fácil descer pela ladeira sinuosa que liga a praça principal ao Anfiteatro Quercia del Tasso, com exibições ao ar livre de peças teatrais inspiradas na cultura popular, interpretadas pelos atores da companhia teatral La Plautina. Divertimento garantido. Anfiteatro Quercia del Tasso - Passeggiata del Gianicolo, snc (Trastavere) Ingressos: 18 euros.
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Cocktail bar
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utro badaladíssimo bairro romano, Trastevere é meta obrigatória para uma divertida noite de verão. Se você preferir um bate-papo regado a bom vinho e deliciosos tira-gostos, o melhor lugar é o Stairs Club. O cardápio do verão inspira a provar todos os vinhos que puder, acompanhado por um serviço de buffet de variadas iguarias gastronômicas. De terças a sextas, paga-se um preço único (18 euros), mas a oferta se torna mais atraente nos fins de semana: 15 euros para os rapazes e 12 euros para as garotas. All you can drink – Stairs Club - Via della Scala, 43.
Rafforzando le radici Paraná dà inizio ad attività cooperative in un progetto per il settore agricolo che conta sulla partecipazione dell’Italia
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a filiera produttiva di miele, latte e frutta sarà incentivata nel Paraná a partire dal 2011. Concluso il progetto durato un anno, i tecnici agrari dello stato hanno cominciato un corso di formazione per dare impulso alle attività del settore e stimolare il reddito. Questo processo fa parte di un progetto coordinato dalla regione italiana Emilia Romagna, che porterà benefici a 18 comuni dello stato brasiliano ed anche ad alcune città dell’Argentina e della Colombia. Denominato Urbal III, il programma di cooperazione dell’Unione Europea si propone l’obiettivo di promuovere il benessere e la riduzione di disuguaglianza, offrendo alle persone del luogo le condizioni di una crescita sociale ed economica. Vi partecipano i comuni agricoli che presentano un indice basso di sviluppo umano e con caratteristiche di povertà e problemi abitativi. L’accordo coinvolge 22 enti. Per la parte brasiliana è stato firmato dal governatore Orlando Pessuti e dal segretario dell’Agricoltura e Approvigionamento Eri-
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Coordinatori del progetto e professori posano all’apertura del corso
kson Chandoha. Secondo il governatore le prime trattative per l’accordo sono cominciate fra il 2003 e il 2006, quando era segretario dell’Agricoltura. Secondo Alessia Benizzi, rappresentante dell’ufficio responsabile della regione Emilia Romagna in Paraná, l’accordo comune rappresenta una “sfida molto grande”, perché si tratta di un progetto che conduce dati cognitivi e azioni di benessere al di qua e al di là dell’oceano. — Sono località che avevano bisogno di un tipo d’attenzione con proposte alternative concrete per stimolare lo sviluppo – commenta la coordinatrice del progetto nel Paraná Marilene Giachini. I comuni scelti fanno parte di regioni conosciute come Vale do Iguaçu e Caminhos do Tibagi. Della prima fanno parte União da Vitória, General Carneiro, Porto
Vitória, Cruz Machado, Bituruna, Paula Freitas, Paulo Frontin, São Mateus do Sul, Antonio Olinto e São João do Triunfo. In questo territorio si mira a rafforzare la filiera produttiva di latte e frutta, in particolare dell’uva da tavola. Invece nel secondo territorio l’obiettivo è di dare impulso all’apicultura, prevedendo di impiantare otto unità di riferimento per la produzione del miele e suoi derivati. Fanno parte di questo gruppo Reserva, Tibagi, Imbaú, Ortigueira, Telêmaco Borba, Ventania, Curiúva e Figueira. L’investimento è giustificato. Dati dell’Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrano che il Paraná occupa il secondo posto nella produzione nazionale del miele con 4.635 tonnellate. Il leader nel ranking è lo stato del Rio Grande do Sul. Secondo il segretario Chandoha l’accordo di cooperazione
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cooperazione tecnica e finanziaria potrà valersi di 530 mila euro da parte della regione italiana e di 133,8 mila euro da parte del governo paranaense, che pagherà le ore tecniche di lavoro. Tappe Trenta tecnici statali – 15 per territorio – hanno cominciato a giugno il primo modulo di lezioni. Nel secondo semestre il gruppo darà lezioni in Spagna, paese scelto come sede per il prossimo modulo dovuto ad una fiera del settore di apicoltura. Sono questi i tecnici che affiancheranno i produttori perché possano aderire a progetti che incrementino il reddito e il miglioramento delle condizioni sociali. — Sono loro che trasmetteranno le proprie cognizioni sull’amministraziome e la gestione d’affari a circa 200 agricoltori familiari. I professori del corso vengono da Italia, Spagna e Portogallo — fa sapere la coordinatrice. Nel territorio Caminhos do Tibagi, oltre alle unità di riferimento per la produzione del miele e dei suoi derivati, fra le varie mete del progetto c’è la mappatura georeferenziata, che è un processo di segnalazione di immagine con coordinate - degli apiari coinvolti. Secondo Marilene ci si aspetta che i progetti presentati dai gruppi coinvolti comincino a funzionare a gennaio: — Questo progetto è molto importante, stiamo parlando di territori che insieme concentrano circa 340 mila abitanti e un totale di 382 aree abitative. Sono località con la vocazione per l’agricoltura e con zone di deforestazione e e macchia. Dobbiamo sfruttare questa possibilità di aiuto alle famiglie residenti.
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Informe
Gli ospedali italiani nel mondo
fuori dalla manovra fiscale
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sistono nel mondo almeno 50 ospedali legati all’Italia, sotto l’ala protettrice dell’Alleanza Ospedali italiani nel mondo. In Sudamerica sono 10: due in Brasile, il nostro di Rio de Janeiro e di Foz do Iguaçu, sette in Argentina ed uno in Uruguai, tutti al servizio delle Comunità italiane. In Africa sono 25 ed il resto in medio oriente ed India sostenuti da istituzioni di carità oppure da alcuni importanti ospedali privati in Italia ed ONGS. L’Alleanza degli ospedali italiani nel mondo, presieduta dalla senatrice Barbara Contini intende dare un importante supporto a questi ospedali nati, come il nostro di Rio de Janeiro,
quale Società di mutuo soccorso ancor prima che l´Italia fosse unificata, intorno al 1854, vivendo tutte le fasi gloriose e meno gloriose che hanno accompagnato le nostre Comunità italiane all´estero nel tempo. La mannaia della recessione che sta tagliando costi e spese della macchina governativa in Italia avrebbe colpito tutte queste istituzioni se l’Alleanza, attraverso lo sforzo e la tenacia della senatrice Contini, con l´aiuto del ministro Frattini, non avesse ottenuto che gli Ospedali Italiani nel mondo potessero usufruire dei “finanziamenti previsti dalla legge 180/92”. Ancora oggi questi ospedali, con accordi e contatti diret-
ti con i più importanti ospedali italiani (il nostro di Rio ha un accordo col San Gallicano di Roma), sono di supporto alla Comunità italiana meno abbiente: ogni prestazione viene erogata su indicazione del Consolato in assistenza ai nostri connazionali, il tutto sostenuto e controllato dalle autorità italiane. Tutti gli ospedali italiani nel mondo fanno filantropia nella regione dove risiedono in beneficio dei poveri, dei favelati nel caso del Brasile, il nostro nel Grajaù sta attirando l’attenzione della municipalità di Rio con cui ci sono intese per integrare il SUS con servizio di emodialisi, emodinamica e oftalmologia, questo
dimostra che l´Ospedale italiano si sta guadagnando tale idoneità in base ai ben tremila e cinquecento interventi mensilmente attraverso visite e cure elargite gratuitamente agli abitanti “do morro”! Grazie quindi all´Alleanza degli Ospedali ed al vicepresidente mondiale, Antonio Aldo Chianello, presidente dell´Ospedale Italiano di Rio e membro del Consiglio di UNIMED-Rio, che ha fatto le giuste pressioni si possa continuiare a prestare l´assistenza ai nostri connazionali a crescere e progredire. Raffaele di Luca, Direttore di planejamento Ospedale italiano RJ
cooperazione
Ritorno alle origini
Sindaci di comuni dello stato di Rio Grande do Sul visitano provincie del Veneto
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Silvia Souza
afforzare le radici culturali comuni e porre le basi per nuovi progetti di cooperazione industriale fra la regione veneta e lo stato brasiliano del Rio Grande do Sul. E’ stato con questo obiettivo che circa 30 sindaci di comuni gauchos del sud del Brasile sono andati in Italia per una serie di visite alle provincie di quella regione. E siccome la maggior parte degli immigranti italiani che hanno colonizzato questa regione provenivano dal Veneto, la missione tecnica organizzata dalla Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) ha assunto il carattere di un8-07-2010 ritorno comunità italiana2.pdf
alle origini, e non si è limitata a ciò. Infatti secondo il presidente della Amesne e il sindaco della città di Antônio Prado, Marcos Scopel, gli aspetti somiglianti in questo caso devono dare impulso e sviluppo ad ambo le parti. La delegazione è stata ricevuta ufficialmente a Palazzo Balbi, sede della Giunta Regionale del Veneto a Venezia, dove si è riunita con l’assessore ai Flussi Migratori Stival Daniel, con gli assessori dell’Internazionalizzazione Marino Finozzi e Antonio Franzina, e con il consigliere capo della Segreteria di Spesa e Autarchia Roberto Ciambetti. — La regione e le associazioni di emigranti sono impegnate a va11:00:56
lorizzare le radici venete, ma noi non vogliamo né possiamo fermarci appena agli aspetti culturali. Il nostro obiettivo è soprattutto di guardare al futuro, creando insieme un sistema di relazioni anche in campo economico e imprenditoriale — fa rilevare Stival Daniel. Nella sede della Provincia di Belluno la delegazione è stata ricevuta dall’assessore provinciale all’Emigrazione Ivano Faoro, che ha spiegato come possono funzionare le relazioni fra i comuni gauchos e le provincie del Veneto. Secondo lui l’intenzione della Amministrazione Provinciale è di creare imprese italo-brasiliane e di mettere a disposizione le tecnologie
necessarie per contribuire alla crescita economica del paese. La visita a Belluno ha offerto anche l’occasione per incontrare il presidente dell’Associazione dei Belunesi nel Mondo (ABM) Gioachino Bratti. Anche i sindaci brasiliani sono stati nella provincia di Vicenza, dove sono stati ricevuti dall’assessore alla Cultura e Identità Veneta Martino Bonotto, il quale si è rivolto al gruppo parlando solo in dialetto veneto – una prova che gli sforzi dei comuni per preservare la lingua degli antenati sono stati notevoli e riconosciuti in Italia. La storia Fondata il 3 giugno del 1966, con la sede a Bento Gonçalves, nella Serra Gaúcha, la Amesne riunisce 34 comuni come Caxias do Sul e Antonio Prado – conosciuta come la città più italiana del Brasile (l’ultima colonia italiana creata dal governo imperiale). Fra le varie funzioni l’associazione si occupa dell’integrazione e rappresentanza giuridica e extragiudiziale dei comuni della regione, così come di promuovere iniziative di interesse generale, con l’obiettivo di valorizzare le istituzioni autonome locali.
Tecnimont do Brasil
ENGENHARIA CONSTRUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE PROJETOS
INFRASTRUCTURE Sede Av. Bias fortes 382 - 14° Lourdes - Belo Horizonte - MG - Brazil CEP 30170-010 Tel: +55 3121086700
POWER PLANT
OIL, GAS & PETROCHEMICALS Filial São Paulo AV. Paulista 1842 - Torre Norte - CJ 75 Cerqueira Cesar - São Paulo - Brazil CEP 01310-200 Tel: +55 1121753900
teSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
Cuidados
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Picada de abelha
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ela primeira vez no mundo, foi produzido um lote de soro contra o veneno de abelhas em larga escala. Os 80 litros de soro começaram a ser fabricados em 2008 e foram patenteados pelo Instituto Butantã, em São Paulo, este ano. O soro produzido vai passar por uma avaliação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e será submetido a outros testes em animais e pessoas que sofreram grandes ataques de enxames de abelhas. O diretor do serviço de imunologia do instituto, José Roberto Marcelino, acredita que o soro estará disponível na rede pública em 2011. Cerca de 20 ml do soro podem fornecer ao organismo uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar cerca de 90% dos problemas causados pelas picadas de abelhas africanas, espécie comum no país.
ripes, resfriados e rinite alérgica são mais comuns no inverno. O ministério da Saúde brasileiro divulgou informações para orientar a população sobre sintomas possíveis e métodos de tratamento. Segundo o órgão, hábitos de higiene simples como evitar compartilhar objetos pessoais com pessoas gripadas e lavar as mãos constantemente são medidas eficazes para restringir as chances de contágio. Água e sabão são recomendados para realizar a assepsia das mãos e do rosto. Lugares úmidos e frios permitem a multiplicação do vírus, devendo ser ventilados e iluminados pelo sol como formas de prevenção.
Mais uma
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gora, além do Viagra, os italianos contam com a pílula vermelha para combater os problemas de ereção. A Universidade Federico II, de Nápoles, acaba de apresentar a Tradamix, uma cápsula cujos ingredientes são substâncias naturais que não apresentaram efeitos colaterais e que, segundo os cientistas, é eficaz para recuperar progressivamente o desejo sexual e a função erétil, mas também para prevenir os processos de fibrose do corpo cavernoso, vinculados ao envelhecimento.
Do Vaticano
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Obesidade
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studo divulgado em congresso internacional sobre obesidade em Estocolmo, na Suécia, afirma que obesos morrem, em média, oito anos antes em comparação com pessoas da mesma faixa etária sem distúrbios alimentares. Segundo os cientistas, o risco de morte prematura aumenta 10% a cada unidade acima do patamar de 25 pontos do Índice de Massa Corporal (IMC), estabelecido como limite para peso normal.
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specialistas italianos concluíram que existe uma “conexão significativa” entre a exposição à radiação emitida por transmissores da Rádio Vaticano e uma maior incidência de câncer entre crianças que moram próximo às antenas, nos arredores de Roma. Após cinco anos de uma investigação ordenada pela Justiça, especialistas do mais prestigioso centro de pesquisas sobre câncer da Itália concluíram que uma alta incidência de tumores e de leucemia entre crianças de cidades e vilarejos próximos a Roma têm relação com a radiação eletromagnética emitida por 60 transmissores da rádio localizados na região.
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Super tomate
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Itália acaba de conhecer o super tomate. Segundo a associação de agricultores Coldiretti, trata-se de uma variedade sem organismos geneticamente modificados, que conta com uma concentração superior a 50% de licopeno, um carotenóide de reconhecido efeito ‘antienvelhecimento’. O tomate “normal” já é conhecido como o elixir da vida, remédio natural contra o envelhecimento e eficaz na prevenção de doenças cardiovasculares e cancerígenas pelo alto teor de licopeno (antioxidante), superior a 50%.
Contra o estresse
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onsumir bebidas açucaradas ajuda a combater a tensão e o estresse, equilibrando a dinâmica do corpo, segundo os cientistas das Universidades South Wales e Queensland, na Austrália. Eles selecionaram alguns voluntários que tinham que se imaginar em uma reunião com o chefe ou suportar a volta para casa após um dia de trabalho duro, mas podiam recorrer a um copo de limonada adoçada. Apesar da ideia de que o consumo de bebidas doces pode elevar os níveis de glicose e também o comportamento impulsivo, os cientistas concluíram que a glicose pode aumentar, quando estimulada, o controle executivo, isto é, aquele mecanismo de filtragem (das tensões) que impede que o estresse e a tensão governem no s s o comportamento.
Gemellaggio
C
è un po’ di Barga, anzi di Fornaci di Barga (Toscana), in un paese del Brasile che si chiama Pequeri, un centro di 4 mila abitanti, fondato nel 1879 con l’arrivo di quindici emigranti barghigiani. Pequeri si trova a tre ore di auto da Rio de Janeiro, ed è conosciuta come la più colta tra le piccole città dell’interno dello Stato di Minas Gerais. Nelle sue scuole pubbliche ancora oggi si insegna la lingua italiana. Da un po’ di tempo gli amministratori di Pequeri hanno un sogno nel cassetto: un bel gemellaggio con Barga, da cui sono partiti i fondatori della cittadina. La proposta è già stata approvata dal Consiglio Comunale della città, ed il sindaco Raul Salles ha inviato una lettera che riporta questa proposta al Sindaco di Barga, nella speranza che il gemellaggio possa diventare una realtà quanto prima. Il responsabile per il gemellaggio è il professor Julio Vanni, direttore della rivista ComunitàItaliana. In settembre Vanni sarà a Lucca ed in tale occasione ha intenzione di incontrare il sindaco Bonini e di cercare di trovare il consenso di Barga per questa iniziativa.
Enciclopedia
U
n sogno di più di 50 anni è divenuto realtà: adesso il Brasile ha la sua enciclopedia. Pubblicata dalla Editora Oceano, la Enciclopédia do Brasil è divisa in cinque volumi con un totale di 1.200 pagine. Il lavoro è stato realizzato da 30 ricercatori brasiliani coordinati dai professori spagnoli José Luis Sánchez e Meritxell Almarza. Lo scrittore modernista Mário de Andrade era stato colui che aveva cercato di realizzare questo arduo compito sotto richiesta dell’Instituto Nacional do Livro, allora fondato di recente. La richiesta fu fatta nel 1939, ma Andrade abbandonò il progetto incompleto nel 1950. Ora, per evitare che l’opera diventi datata, il suo contenuto viene aggiornato in un sito internet ogni settimana su temi legati alle sue voci. “Abbiamo conservato l’idea di Mário de Andrade di fare un’enciclopedia sul Brasile e per il Brasile”, dice la professoressa Meritxell, che vive in Brasile da sette anni.
Eroi
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n gruppo di super eroi è stato creato per difendere la natura brasiliana. Sono i protagonisti di “Amazon – Guerreiros da Amazônia”. Si tratta del primo libro di una trilogia di fumetti per bambini. Creato da Ronaldo Barcelos, con disegni di Ronaldo Santana, il libro è stato pubblicato dalla Litteris Editora. La storia racconta le avventure di tre giovani che subiscono un incidente aereo nella Foresta Amazzonica. Poi vengono ritrovati da una tribu indigena che, in realtà, appartiene ad una civiltà dimenticata. Dagli indigeni i ragazzini ricevono super poteri per salvare la foresta dalla devastazione. Il progetto prevede la produzione di film e una fiction TV.
Cagarras
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a Câmara dos Deputados ha approvato il disegno di legge del deputato federale Fernando Gabeira (PV) che crea il Monumento Natural das Cagarras. La meta è quella di proteggere l’arcipelago omonimo, che rimane al largo di Rio de Janeiro. Il disegno vieta la pesca con esplosivi, reti o trappole e anche la creazione di un piano di lavoro per stimolare il turismo sostenibile sul posto.
urbanismo
Coliseu
em obras Edital lançado mês passado abre concorrência internacional para restauração de um dos maiores símbolos de Roma
Lisomar Silva
Correspondente • Roma
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evou de oito a dez anos para ser construído, tendo sido inaugurado no ano 80 d.C. pelo imperador Tito. Durante 500 anos, sua arena serviu de cenário para lutas sangrentas entre gladiadores, de combates entre feras e prisioneiros condenados à morte certa, bem como do martírio dos cristãos perseguidos. Resistiu a incêndios, intempéries e terremotos. No sexto século, permaneceu abandonado e usado como habitação, oficina, forte, sede de ordens religiosas, templo cristão e depósito para materiais de construção. Hoje, é passarela do turismo internacional de massa, palco da tradicional procissão pontifícia na recordação da Via Sacra nas vésperas da Páscoa e, muitas vezes, palco de espetáculos musicais com artistas de fama mundial.
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Reprodução do Coliseu por Giovanni Battista Piranesi, de 1757
O Coliseu, com seus esplendorosos 1938 anos de existência, representa um principal cartão de visitas da Cidade Eterna e está para ser submetido a retoques especiais, com rejuvenescimento patrocinado por grupos empresariais, financeiros e bancários ita-
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lianos e estrangeiros, dispostos a cobrir uma despesa inicial calculada em 25 milhões de euros. A restauração de sua área total, calculada em 3.357 metros quadrados, será dividida em várias fases, mas o extraordinário monumento da história romana deverá
manter suas portas abertas aos visitantes de todo mundo durante as obras. Os patrocinadores do projeto de restauração estão convidados a darem sua contribuição voluntária, mas não haverá uma reciprocidade direta pela iniciativa. Ou seja, estarão impedidos de pendurar painéis publicitários em sua fachada ou arcos e galerias, limitando-se a afixar anúncios ou cartazes com altura máxima de dois metros nos tapumes apoiados no pavimento térreo que circunda o monumento. Se quiserem, poderão colocar seus símbolos nos bilhetes de ingresso vendidos aos turistas e visitantes ou programar eventos culturais que lhes dêem destaque. A fase de inscrição e seleção dos candidatos a benfeitores, oficializada com a publicação de um edital de concorrência internacional na Gazeta Oficial, dura até o começo de setembro. Em seguida, o ministério dos Bens Culturais e a prefeitura de Roma vão conhecer e avaliar as respectivas quotas de participação dos contribuintes. Caso o custo inicial tenha sido coberto, as obras poderão ser iniciadas ainda este ano, para serem concluídas em 2013. O orçamento anunciado exclui os custos de iluminação da área que circunda o monumento e a zona do Fórum Romano, que serão calculados somente depois de terminada a de restauração do monumento propriamente dito. Para o ministro dos Bens Culturais Sandro Bondi, a experiência de restauração do Coliseu somente com o patrocínio da
Hologramas e smog Os trabalhos de restauração do Coliseu foram definidos, mas outra grande novidade vem das mãos (e dos cérebros) dos pesquisadores em atividade no CNR – Centro Nacional de Pesquisas. A proposta de criar uma solução de convivência entre a arqueologia e as novas tecnologias se sintetiza em um conjunto de luzes e imagens projetadas para reconstruir os espaços correspondentes às antigas arquibancadas. A arena também poderá ser iluminada de modo a reproduzir uma dinâmica de movimento virtual com lutas e combates, projetada na perspectiva tridimensional holográfica. Se possível, os especialistas tentarão desenvolver uma rede sonorizada que ajude o espectador a ter uma ideia de como aquelas lutas se desenvolviam. O objetivo é fazer com que o público tenha uma percepção completa do que foi o Coliseu. O tráfego, a poluição e os grafites que arranham os muros estão entre os principais inimigos do monumento. Tanto que os ecologistas se mobilizam para obter o bloqueio do trânsito de automóveis naquela área do centro histórico. O presidente da As-
sociação Legambiente na região Lácio, Lorenzo Parlati, informou dados reveladores: cerca de 2 mil veículos transitam por hora a poucos metros de distância do Coliseu e 85% deles são de proprietários particulares, produzindo um barulho entre 77 e 95 decibéis, equivalente ao que se registra nas grandes rodovias com tráfego intenso. O trecho do metrô que passa nas proximidades do monumento também será modernizado. Segundo o prefeito Gianni Alemanno, os veículos que passam naquela zona terão que diminuir a velocidade de trânsito. Uma vez restaurado, porém, o Coliseu dificilmente voltará a ser utilizado como palco para concertos, pois não oferece uma acústica adequada a espetáculos musicais. O projeto de restauração do Coliseu já estava sendo desenvolvido há cerca de um ano, mas acabou sofrendo uma forte aceleração quando, no mês de maio, várias partes em pedra despencaram de uma das 74 arcadas de entrada do público para a arena. Os detritos caíram de uma altura de 10 metros, mas por sorte, o monumento se encontrava fechado ao público. Trata-se de um ponto onde muitos visitantes param para admiram uma estátua equestre encontrada em 2008 e colocada naquele trecho desde o ano passado. As chuvas intensas do período primaveril, somadas às sucessivas variações de temperatura, poderiam ter provocado a queda. Um dos primeiros candidatos abertamente interessados em participar da operação coletiva de restauração é o empresário italiano Diego della Valle,
O empresário Diego Della Valle
Alberto Carvalho
iniciativa privada tem a mesma importância das obras monumentais realizadas na Capela Sistina, mas com uma diferença: o prazo para a conclusão das obras do monumento será curto, enquanto que a restauração dos afrescos na Capela teve várias fases delicadas e acabou se prolongando por 20 anos. As novas etapas de intervenção sucedem as que atualmente estão sendo realizadas para reforçar as bases e as estruturas da construção, catalogada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade e cujo primeiro nome histórico é Anfiteatro Flaviano. A obra começa com retoques nas fachadas. Em seguida, passa-se à restauração das arquibancadas do primeiro e segundo e andares, com melhoramentos e modernização das redes internas de iluminação elétrica, alarme e vigilância. Por último, é prevista a construção de uma sede externa com livraria, toalete e demais serviços ao público, na praça ao lado do Coliseu.
Acima, na parte subterrânea ainda são bem visíveis os espaços destinados a celas e jaulas. Abaixo, ilustração de Jean-León Gérôme, de 1872
proprietário da marca Tod’s de calçados, roupas e acessórios. Ele se dispôs a patrocinar uma parte da restauração e pensa em reunir outros empresários capazes de “adotar” outros trechos a serem recuperados. A proposta de patrocínio da restauração está despertando também o apetite de magnatas do calibre do americano Rupert Murdoch, bem como de setores da empresa privada japonesa. Construído e ampliado em diversas fases, o Coliseu hoje tem quatro andares. Era completamente recoberto com pedras destinadas a um acabamento de alta qualidade como mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros). A sua forma elíptica compreende dois eixos que medem respectivamente 190 m por 155 m. A fachada é composta por arcadas, decoradas com colunas realizadas segundo os desenhos dórico, jônico e conríntio, para dar uma variedade à construção que se ergue em linha vertical.
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Segundo os documentos relativos à realização do Coliseu, seu pavimento era de madeira normalmente coberta de areia para absorver o sangue dos combatentes. Na parte subterrânea ainda são bem visíveis os espaços destinados a celas e jaulas com acesso direto para a arena. A arquitetura e a engenharia arrojadas do monumento se ressaltavam também com as tendas móveis - criadas para proteger os espectadores do sol - e elevadores móveis que ligavam os espaços subterrâneos à arena e ao andar térreo do monumento. O Coliseu é formado por cinco anéis arquitetônicos concêntricos, completados por arcos realizados em concreto e revestidos por alvenaria. Os assentos das arquibancadas – divididas segundo as classe sociais do período imperial - tinham acabamento em mármore, tendo um trono na parte central, circundado por assentos destinados aos principais senadores e tribunos. O último anel construído era completado por estátuas que recordavam as divindades romanas.
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exposição
Traços
abstratos Pintor italiano que ajudou a compor o acervo do MASP e do MAM recebe homenagem com exposição de suas obras até setembro, em São Paulo
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Nayra Garofle
s historiadores costumam dizer que os imigrantes italianos que desembarcaram no Brasil no fim do século 19 e início do século 20 ajudaram no desenvolvimento do país. É possível concordar com esta afirmação também na área cultural. Foi com a ajuda do artista italiano Alberto Magnelli que Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, mais conhecido como Ciccillo Matarazzo, pôde fundar o Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1949. Com notória importância no cenário da cultura brasileira, Alberto Magnelli acaba de receber uma homenagem no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), com suas obras expostas até o dia 12 de setembro. “Magnelli” acompanha várias fases do artista, como as obras “Pintura nº0520” (1915), “Mulher no banho” (1917), “Composição (Pedras nº 22)” e “Ouverture n°2” (1969). O pintor recebeu influências de diversas escolas, como o Renascentismo, o Cubismo e o Futurismo, até chegar às linhas abstratas que o apontam como um dos artistas mais importantes do mundo. A mostra com 64 pinturas do artista feitas entre 1912 e 1969 é uma idealização da ex-diretora do MAC e professora de Estética e História da Arte da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Lisbeth Rebollo Gonçalves, com curadoria do professor de História da Arte da Universidade Livre de Bruxelas, Daniel Abadie. As obras pertencem a acervos da França e da Bélgica, além de coleções par-
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ticulares brasileiras e ao próprio MAC USP. Crítico francês, Abadie é o conservador do acervo Magnelli pertencente aos familiares do artista. — Magnelli estava inserido na Arte Moderna na primeira parte do século 20 e incorporou elementos desse período, como o futurismo. Nos anos 30, já na França, ele recebeu influências do cubismo. Ele acaba formando um diálogo entre a figuração e a abstração – explica a professora Lisbeth. A relação com Ciccillo Matarazzo teve início através do irmão de Alberto, Aldo Magnelli, que trabalhava em uma das indústrias da família Matarazzo. Ciccillo, grande incentivador das artes plásticas, propusera-se a criar um museu de arte moderna na cidade de São Paulo. Com isso, contou com a ajuda de Alberto Magnelli que reuniu obras para compor o acervo do MASP. Neste momento, dava por iniciada a construção do que viria a
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Serão expostas 64 pinturas do artista, realizadas entre 1912 e 1969
ser na América Latina o primeiro grande acervo moderno internacional. Com isso, iniciou-se também todo um processo de aquisição de obras de artistas ligados às vanguardas que marcaram a primeira metade do século 20. — Ciccillo confiou-lhe a tarefa de localizar obras de artistas expressivos que estivessem disponíveis à compra em Paris, on-
de Magnelli morava, na época. O pintor observava as possibilidades, informava e aconselhava o industrial sobre a aquisição de trabalhos de importantes artistas em destaque no cenário parisiense do pós-II Grande Guerra – conta a professora, lembrando que as obras selecionadas por Magnelli, inicialmente, foram de artistas vinculados à história do cubismo. Em seguida, sugeriu a compra de obras ligadas à abstração, tendência que se afirmava mundialmente no cenário artístico. Nesta mesma época, Ciccillo Matarazzo e sua mulher, Dona Yolanda Penteado, adquiriram também obras para suas coleções pessoais e, hoje, todo este conjunto se encontra no acervo do MAC USP. Alberto Magnelli nasceu em Florença, mas viveu 44 anos na França. Na Itália, interessouse pelas artes plásticas desde criança e recebeu incentivo da família para se dedicar à pintu-
Ciccillo Matarazzo
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ra. Mais tarde, o francês Henri Matisse influenciou suas composições com figuras em cores fortes e contornos pretos, primeiramente figurativas e, posteriormente, abstratas e geométricas. Magnelli foi um pioneiro da pintura abstrata e membro da Abstración Création de Paris, movimento de grande impulso à abstração e à criação.
— Paris era o grande centro cultural do mundo ocidental, com um mercado de arte muito dinâmico. Algumas vezes, Magnelli adquiria diretamente as obras de artistas com os quais se relacionava, outras indicava onde comprar – relata Lisbeth. Em Paris, o artista conviveu com Guillaume Appolinaire, Pablo Picasso, Fernand Léger, Ale-
Obras da mostra “Magnelli” pertencem a acervos da França e da Bélgica, além de coleções particulares brasileiras e ao próprio MAC USP
xander Archipenko, entre outros. Magnelli estudou os fundamentos dos mestres do Trecento e do Quattrocento (Giotto, Uccello, Masaccio, Piero della Francesca) e estas referências são evidenciadas no início de sua carreira, que principia aos 15 anos, quando participa, precocemente, de exposições de arte moderna e Bienais em toda a Europa. Foi o contato com os cubistas que o levou à simplificação de sua composição e à abstração, iniciando, em 1915, a série Explosions lyriques. Retornou à figuração nos anos de 1920, registrando personagens, paisagens e naturezas-mortas, em diálogo com a pintura metafísica de De Chirico e Morandi. Por volta de 1931, visitou as pedreiras de mármore, em Carrara, que inspiraram a série Pierres éclatées. A partir daí, voltou-se ao abstracionismo, integrando, então, o grupo Abstraction Création. Na década de 1950, seu prestígio e o reconhecimento internacional revelam-se nas participações e no destaque que obtém na Bienal de Veneza e na I Bienal de São Paulo (Prêmio Aquisição), além da premiação que recebeu nos Estados Unidos, o Prêmio Guggenheim de Nova Iorque. Na ocasião de seus 80 anos, Magnelli recebeu homenagens em Bergamo, Arra, Oslo, Genes, Paris, Copenhagen, Spoleto e Turim. Outra grande participação de Magnelli no cenário artístico brasileiro foi o “empurrão” que deu para que se estreitassem os laços entre Matarazzo e o crítico León Degand, que viria a ser, entre julho de 1948 e junho de 1949, o primeiro diretor artístico do MASP. Por conta disso, a partir
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rancisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho (1898 – 1977) foi um industrial e mecenas ítalo-brasileiro. Filho de Andrea Matarazzo, um dos irmãos do conde Francesco Matarazzo, dirigiu empresas de diversos ramos em São Paulo e foi grande incentivador das artes plásticas. Fundou, em 1946, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e, em 1951, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, entidade que presidiu até a data de sua morte. Foi também um dos fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia e dos estúdios da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. de 1947, uma interessante correspondência foi mantida entre o crítico belga e Ciccillo Matarazzo. Degand era adepto do abstracionismo e frequentava, como Magnelli, o circuito de vanguarda em Paris. Com isso, para os apreciadores de arte e estudiosos, a exposição Magnelli no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo tem forte significação histórica. Daniel Abadie vem desenvolvendo sólida e contínua pesquisa sobre a obra de Magnelli e promovendo significativas exposições e publicações sobre sua produção, divulgando-a internacionalmente. A documentação reunida para a exposição coloca luz sobre as relações do artista com o meio cultural brasileiro, quando se dá a afirmação da arte moderna e o nascimento dos primeiros museus a ela voltados. — É fato que para quem deseja ter uma formação completa é de extrema importância conhecer este artista que teve tanto significado para a arte moderna e a sua participação na arte do Brasil – diz Lisbeth. Serviço: “Magnelli”. MAC USP Ibirapuera – Pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3º piso – Parque Ibirapuera, São Paulo. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Entrada gratuita.
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Milão Guilherme Aquino
Campo de Batalha
A
guerra pela posse dos terrenos destinados à Expo 2015 está provocando uma paralisia total, em Milão. Um time de advogados, consultores e técnicos trabalha em meio a uma areia movediça de insidiosas propostas privadas em nome do bem estar da coletividade. A grande questão gira em torno do pósExpo 2015. A ideia é de dividir o uso dos terrenos, metade para os investidores e a outra parte para o setor público. A questão central é de quanto seria o volume permitido para a construção de novos imóveis e os tentáculos da especulação imobiliária. Em jogo, quantias da ordem de meio bilhão de euros.
Gato por lebre
O
s camelôs que montam barraquinhas nos Navigli, nobre zona cultural e residencial de Milão, estão no prejuízo. Eles foram tirados das ruas pela guarda municipal, mesmo depois de terem pago dois mil euros, por cabeça, para trabalhar em paz, na calçada, durante os três meses de verão. O pagamento foi feito à As-
Só
Vende-se
A
torre Velasca, um dos símbolos de Milão, está à venda. Ela foi construída em 1958, em apenas dois anos, numa área residencial desaparecida durante o raid aéreo inglês-norte-americano, na Segunda Guerra Mundial. O proprietário é o grupo Fondiaria Sai, do empresárioempreiteiro Salvatore Ligresti. O valor é top-secret. Mas o imóvel possui 26 mil metros quadrados, entre apartamentos e lojas, espalhados pelos 27 andares, bem no centro da cidade, além de um total de 218 vagas de automóveis. Quase metade do prédio está vazio.
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sociação Cultural Naviglio Pavese, que reúne proprietários de bares e restaurantes da região. Suspeita-se que o valor total pago pelos ambulantes corresponde à soma devida pelos comerciantes à prefeitura pelo direito de espalhar mesas e cadeiras em uma área de 3.550 metros. Alguém comprou gato por lebre.
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Vida dura
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Centro de Identificação de via Corelli, mais uma vez, foi palco de conflitos entre extracomunitários - muitos transexuais brasileiros - e a polícia. O problema é a velha conhecida falta de condição de hospedagem para os imigrantes irregulares que esperam os documentos de expulsão do país. O novo pacote de segurança estendeu o prazo de permanência nesses centros - espalhados em toda a Itália - de dois a seis meses. No CEI de Milão existem 119 pessoas, 80 homens, 22 mulheres e 17 trans.
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M
ilão ganhou o título de cidade dos solteiros (as). Este é o resultado de uma pesquisa da prefeitura da cidade. O número de casamentos civis diminuiu, em 2009, em 9% - a queda chega a 40% nos últimos dez anos - e existem 340 mil “famílias” com apenas um componente, de um total de 680 mil cadastradas. Neste universo estão as mulheres viúvas – vivem em média seis anos a mais do que os companheiros -, os casais LAT (living apart together) que não renunciam à liberdade individual e fogem do desgaste da rotina de um casamento tradicional morando em tetos diferentes - e os separados recentemente, além dos solteiros convictos.
livro
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livro chega num momento difícil para a justiça italiana. A guerra aberta do poder Executivo - leiase o primeiro ministro Silvio Berlusconi - contra a magistratura atinge o ápice com a proposta da lei da mordaça que restringe, de forma quase absoluta, o trabalho de interceptação telefônica, fundamental para a investigação de um crime, um ato ilícito. Ao longo das 580 páginas de Ne Valeva a Pena, (editora Laterza), o procurador público no Tribunal de Milão, Armando Spataro, conta 30 anos de experiência na linha de frente contra o terrorismo vividos dentro de um aparato judiciário e policial de altíssimo nível, com casos de repercussões internacionais, como o sequestro – ilegal - por agentes da CIA (central de inteligência norte-americana) de Abu Omar, o líder muçulmano em Milão, numa clara violação às leis vigentes do país. — A sobreposição do chamado “segredo de Estado”, imposto por dois governos, Prodi e Berlusconi, causou a impunidade — sentencia o magistrado sobre o envolvimento do aparato secreto italiano no caso que, no entanto, acena com a condenação dos americanos pela justiça dos Estados Unidos. Presente e passado se misturam na narração. Chegou-se a pensar de colocar um ponto de interrogação no título do livro, mas o procurador foi contra por achar que passaria uma mensagem de dúvida, “não encorajante”. — Neste momento, assistimos a uma agressão que corrói a autoridade judicial — diz Spataro durante a apresentação do livro
Valeu a pena Procurador lança livro para esclarecer o público sobre o trabalho que existe por trás de uma sentença
Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
No livro, 30 anos de experiência contra o terrorismo
na sede milanesa da Associação dos Correspondentes Estrangeiros. Para o procurador, nascido em Taranto, 62 anos atrás, a Itália, hoje, vive “um delicado momento de informação opaca, com os meios de televisão que não são o máximo da transparência”. Segundo ele, partem do pressuposto de que a magistratura tenha “abusado” de informações privilegiadas, “mas, a
verdade é que não querem a interceptação”. O livro foi escrito com o objetivo de apresentar ao leitor o trabalho que existe por trás de uma sentença - a percepção de quem caminha sobre o fio da navalha numa delicada investigação; as rotas transversais que se cruzam ao acaso com sinais que devem ser decifrados; a banalidade de gestos e ações que
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escondem informações fundamentais para a resolução de um caso. Ne Valeva a Pena defende a importância primordial da escritura e do cumprimento de uma sentença. Uma das características da magistratura italiana é o da grande exposição pública. Ao contrário do que existe em outros países, nos quais os juízes vivem longe dos refletores, na Itália, eles foram chamados para “moralizar” a sociedade. O processo “Mani Pulite”, no começo dos anos 90, reescreveu a importância dos juízes e procuradores como sendo parte de uma classe acima de qualquer suspeita. O Judiciário tornou-se um espelho da credibilidade e não se livrou dele. O autor do livro conhece a fundo os modos de operação tanto do terrorismo quanto da máfia. Afinal, ele já ocupou-se de crimes desses dois grupos. A ndrangheta no Norte, ramificação mafiosa na rica região italiana, sentiu a força do procurador Spataro no combate contra a presença da organização criminosa no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e concorrências e licitações de obras públicas. O livro revela como o sistema investigativo italiano é excelente, mas, sem o apoio do Estado e de uma legislação e da sociedade, o crime pode acabar compensando. — O homicídio de um “calabrese”, de um “pugliese”, a princípio não se pode debitar à máfia. Mas, um crime comum pode, perfeitamente, ser uma ponta da máfia e, por isso mesmo e não apenas, deve ser investigado levando em conta esta hipótese. Os crimes “menores” devem ter a mesma atenção perante a lei. Na verdade, a fragilidade da luta contra atos mais simples enfraquece o combate contra a máfia porque, nem sempre, os crimes levam uma ‘marca mafiosa’ — explica Spataro que, sorrindo, lembra dos tempos em que era “obrigado” a caminhar com uma pasta blindada e do uso de um sobretudo à prova de balas que pesava mais do que o risco que corria de vida.
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música
Canção de amor e amizade
O Brasil tem cerca de 30 milhões de ítalo-descendentes, uma das maiores concentrações do mundo. Esse grande contingente de pessoas é responsável por manter várias tradições culturais da Itália no país. Mesmo assim, não é fácil ouvir música na língua italiana por aqui. Nos últimos meses, porém, esse quadro está um pouco mudado. Em quase todos os lugares aonde se chega, é provável que jorre de alguma caixa de som a música Resta. A canção faz parte da trilha sonora da novela Passione, que a Rede Globo exibe em seu horário nobre e é um dos maiores índices de audiência da TV brasileira. Mas chegou lá porque já estava fazendo sucesso entre o público. Resta é uma autêntica parceria ítalo-brasileira que, pelas mãos da cantora Ana Carolina, apresentou para os brasileiros a cantora e pianista italiana Chiara Civello. A romântica música é cantada em dueto, nas duas línguas. Este mês, Chiara estará mais uma vez no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, onde fará duas apresentações para convidados e a abertura de um show de Ana Carolina. Comunità “reuniu” as duas cantoras antes para um bate-papo. Por e-mail, elas contaram para a revista como se conheceram e como se tornaram “amigas de infância”. Chiara, de 35 anos, mandou suas respostas de Roma, cidade onde nasceu e passa a maior parte do tempo, apesar de se dividir também entre os Estados Unidos e, agora, Brasil. Já a mineira de Juiz de Fora Ana Carolina, de 36 anos, respondeu logo após chegar de uma turnê pela Europa, com passagem por três cidades italianas: Roma, Milão e Rimini.
–R
esta foi a primeira música que fiz depois de estar muito tempo sem compor. Eu chamei a Chiara para cantar essa música comigo em São Paulo, mas a música ainda estava sem letra. Eu sabia que uma “pressãozinha” seria boa para terminarmos e, dito e feito. Cantamos em dueto em São Paulo. Daí por diante, cantei sempre com a Chiara essa canção que foi feita em duas línguas. Acho que essa música deve ser interpretada em dueto — diz Ana. Essa amizade ítalo-brasileira nasceu graças a um amigo: Daniel Jobim, neto de Tom Jobim. Chiara é apaixonada pela música brasileira. Ela conta que, ironicamente, essa paixão começou quando ela foi morar nos Estados Unidos. Tinha 18 anos quando ganhou uma bolsa para estudar música na Berklee School of Music, em Boston. Foi lá que ela conheceu a MPB e, depois, Daniel Jobim. Em 2008, ele a convidou para ir ao Brasil. No Rio, levou a amiga italiana para participar de um sarau dos Compositores Unidos, onde, por acaso, também estava Ana Carolina.
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Nayra Garofle
Julho 2010
— Nossa amizade começou assim mesmo (risos). O violão rodando, Ana cantou uma música, eu cantei outra e a parceria começou sem a gente se dar conta. Ela me pediu uma melodia e, dois dias depois, respondi com a melodia da música Resta, que juntas terminamos – conta Chiara. Resta está no oitavo álbum de Ana Carolina, N9ve, lançado no ano passado. O convite para Chiara participar do seu CD, surgiu, como a própria Ana Carolina diz “de um modo muito natural”. Segundo Chiara, participar do álbum da brasileira foi “uma experiência única”, que lhe rendeu “muito aprendizado”. Além de compor, a italiana também cantou. — Essa parceria acrescentou enormemente meu universo musical. A troca é linda. Aprendemos uma com a outra a cada música e melhoramos individualmente — revela. Se Chiara é só elogios a Ana Carolina, o mesmo pode ser dito da brasileira que afirma ser esta uma das parcerias mais novas e importantes de sua carreira. — Às vezes somos uma fábrica de canções (risos)... Tudo vira música. Às vezes paramos um pouquinho e achamos que nunca mais vamos compor. Quando a gente menos espera, já estamos fazendo uma nova música — afirma Ana Carolina. Este ano é a vez de Chiara mostrar o que mais esta parceria com a amiga brasileira poderia render além de N9ve. Em julho, ela lançou o CD 7752. Nas suas 11 faixas, a artista italiana dividiu a autoria de cinco canções com a brasileira. Ana Carolina também tocou violão em todas as
Passione
A
novela Passione tem duas trilhas sonoras: uma nacional e outra só com músicas italianas, que tem Resta. O diretor musical da emissora, Mariozinho Rocha, foi o responsável pela escolha das músicas. Há planos de uma terceira trilha, também com canções italianas, que podem vir a ser interpretadas pelo também ator Daniel Boaventura. Tudo vai depender do sucesso da trilha já lançada.
Ana Carolina: “Eu componho ao violão e ela ao piano e isso nos proporciona sonoridades diferentes na feitura das canções”
faixas e co-produziu uma delas, Sofa. Sobre a continuação desta parceria nos próximos trabalhos, Chiara demonstra total interesse. — Adoraria tocar piano para ela como ela tocou violão para mim. Isso quase já aconteceu e espero que role algum dia. Tenho a certeza de que muitas outras canções ainda irão nascer nos caminhos da nossa parceria — afirma a italiana que já fala português fluentemente. Para Ana Carolina, que não sabe falar italiano, a parceria é como uma via de mão dupla onde uma completa o trabalho da outra: — Viemos de escolas diferentes, portanto minha intuição musical completa o conhecimento mais acadêmico dela e vice-versa. Geralmente, eu componho ao violão e ela ao piano, o que é rico e nos proporciona sonoridades diferentes na feitura das canções.
7752 Chiara Civello reúne no disco 7752 parte do repertório que compôs influenciada por sua recente e intensa convivência com músicos brasileiros. Além de Ana Carolina, o CD conta com a participação de Antonio Villeroy (Un uomo che no sa dire addio) e Dudu Falcão (Simplesmente aconteceu), músicos e compositores que costumam abastecer de canções a própria Ana Carolina. O título do álbum se refere à distância em quilômetros que separa Nova Iorque do Rio de Janeiro. Antes de ser apresentada por Daniel Jobim aos saraus cariocas, Chiara costumava compor sozinha, mas com algumas exceções: — Já compus com Burt Bacharach. Uma das experiências mais lindas e importantes da minha vida. Compor em parcerias está sendo uma experiência valiosa, divertida e intensa. Com carreira em ascensão nos Estados Unidos e na Europa, Chia-
ra já tinha dois discos lançados pela Universal. O primeiro, no selo jazzístico Verve, Last quarter moon (2005), incluiu uma parceria, Trouble, com o mestre supremo do pop, Burt Bacharach, a quem ela foi apresentada pelo produtor Russ Titelman (que tem no seu currículo trabalhos com Paul Simon, Eric Clapton, Rickie Lee Jones e James Taylor). O segundo, The space between (2007), com 13 faixas compostas por ela, foi bem recebido pela crítica. Seu terceiro disco é o que traz mais letras em italiano e Chiara revela que não foi uma escolha, “simplesmente aconteceu”. Foi a avó da cantora que percebeu seu talento para a música: ao colocá-la na frente do piano, aos três anos de idade, viu que menina conseguia tirar melodias de ouvido, sem saber nada do instrumento. A família, então, a matriculou em uma pequena escola de música perto de casa. Da música italiana, Chiara afirma gostar de músicos como Mina, Luigi Tenco, Lucio Battisti, Gianna Nannini e Paolo Conte. — Dos novos, gosto bastante do Tiziano Ferro. Adoro a música italiana por conta da melodia e o fato de ser muito romântica — afirma. Nos Estados Unidos, foram quatro anos dedicados ao jazz, onde estudou a
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obra de Thelonious Monk, Billie Holiday, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Charlie Parker e outros. Em Boston, começou a se apresentar no circuito de clubes de jazz até se mudar para Nova Iorque, onde conheceu o produtor Russ Titelman, a quem entregou uma fita demo. Dele, ouviu a sugestão que tentasse compor seu próprio repertório e Chiara assim o fez. O produtor gostou e, a partir de então, passou a abrir muitas portas para a cantora. Foi Titelman quem a apresentou a Daniel Jobim. — Quando me mudei para os Estados Unidos desenvolvi uma grande paixão pelos mestres da MPB a começar por Tom Jobim, João Gilberto, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento — conta ela para quem a música brasileira que “une os três elementos da canção de um jeito sublime: harmonia, melodia e ritmo”. Sobre os shows que serão realizados este mês, as expectativas de Chiara são “de passar uma linda primeira noite ao vivo com os brasileiros”. Chiara e Ana Carolina ainda não fizeram shows juntas na Itália, mas segundo a brasileira, com certeza há esta intenção. — O Rio é uma cidade completa. Eu adoro. No Brasil, conheço também Teresópolis (cidade serrana fluminense), São Paulo, Salvador e um pouquinho de Minas Gerais — diz Chiara.
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Calcio Andrea Ciprandi Ratto
Che calcio ci aspetta? Le future generazioni
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rchiviati i Mondiali con uno dei più clamorosi flop nella storia calcistica italiana, poche settimane ci separano dall’inizio del nuovo campionato. Saranno giornate decisive non tanto per la preparazione, che già tutte le squadre hanno iniziato benché senza la maggior parte dei reduci dalla disastrosa campagna sudafricana, quanto per il mercato. Non appena Lippi ha girato i tacchi per rientrare negli spogliatoi di Ellis Park al termine della sconfitta decisiva con la Slovacchia, seguito nel giro di pochi minuti da giocatori e assistenti vari, giusto il tempo di asciugarsi le lacrime, le dita di tutti gli inviati e quelle dei commentatori rimasti in Italia hanno iniziato a battere sulle tastiere dei computer parole come ‘ricostruzione’, ‘settori giovanili’ e ‘vivai’. Ben presto, a queste si sono aggiunte ‘oriundi’ e ‘naturalizzati’, fino a quando il nuovo c.t. Prandelli non ha coniato l’espressione ‘nuovi italiani’, di certo rassicurante e politicamente assai corretta, ma nella sostanza indicatrice della situazione delicata e deficitaria in cui si ritrova il movimento calcistico italiano dopo anni di gestione sciagurata. Sì, perché se la soluzione al problema dell’assenza di forze fresche venisse trovata in questa scorciatoia, la Nazionale rischierebbe di essere modellata sulla falsariga dei tanti Club che contano sul pret-a-jouer. Ahimé. Proprio questo aspetto che a breve verificheremo quanto incisivo o meglio decisivo s’intrec-
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cia coi temi di mercato cui si faceva cenno. E’ evidente, infatti, che la strada intrapresa dalle singole squadre si rifletterà ancora una volta sull’organizzazione della Nazionale, lasciando al selezionatore poca scelta al di là di quella iniziale, che potrebbe rivelarsi drastica nel momento in cui decidesse di puntare sui giovani poco rodati che offre il nostro Campionato (restano esclusi i pochi ragazzi di talento impegnati all’estero) piuttosto che principalmente su campioni di provata esperienza nonché provenienza variegata. Ecco, una volta che Prandelli dimostrerà di voler puntare su questi o quelli, come sempre dovrà poi fare i conti con quel c’è. E nel primo caso sarà costretto a dar fondo a tutta la propria abilità, imponendo innanzitutto ai Club l’impiego di più giovani in ruoli da protagonisti. Ed è qui che casca l’asino, come si suol dire. Il pasticcio, l’ennesimo, è stato fatto dalla Federazione, che in corsa ha provato a limitare l’acquisizione di nuovi stranieri dall’estero lasciando comunque libere le contrattazioni riguardanti i tantissimi che giocano già in Italia. Questo nel tentativo repentino e un po’ ingenuo di obbligare anche i Club più importanti a dare spazio ai giovani calciatori italiani, senza però tener conto del fatto che a questi si potrebbero ugualmente preferire gli stranieri che sono già qui, vista soprattutto l’ampia scelta. Certamente infastiditi, a ragione, da un cambio di regole in corsa soprattutto a fronte di tan-
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ti soldi che ci sono in ballo, mi è parso però che i Club abbiano comunque fatto capire attraverso la Lega (che li rappresenta) che sarebbero proprio i quattrini non più gestibili come pianificato a preoccuparli. La tutela dei settori giovanili, da cui più o meno sinceramente era partita l’iniziativa della Federazione, ha invece avuto un ruolo decisamente marginale. Comunque la si pensi, mi viene naturale osservare che alla fine proprio ai giovani si dovrà arrivare, però. L’annunciato fairplay finanziario voluto dalla UEFA fra un paio di anni inchioderà tutte le Società calcistiche europee alle proprie responsabilità, obbligandole non solo a investire parte dei propri soldi in un certo modo (con iniziative come la costruzione di impianti di proprietà ma anche iniezioni al merchandising e proprio ai vivai) ma anche a presentare bilanci che dipendano esclusivamente dall’attività svolta, dimenticandosi interventi improvvisi e risolutori di capitali esterni. Molti Club italiani, al pari di quelli europei, hanno allora già frenato decisamente rispetto anche solo all’anno scorso, e così benché il tipico agosto dei botti di mercato sia ancora lontano dal concludersi, non c’è praticamente nessuno che stia comprando senza aver prima venduto. E non sono pochi i ragazzi pronti a essere finalmente trattenuti dalle grandi invece che dirottati, come costume, in Serie B o in squadre di Serie A, ma che non sono in grado di fargli fare anche esperien-
ze europee, per esempio. Un po’ necessità urgente, visti i pochi quattrini che girano, e un po’ pianificazione, in vista dell’appuntamento apparentemente inevitabile col citato e implacabile (speriamo finalmente per tutti) fairplay finanziario. Fatto sta che i giovani finiranno comunque per tornare a essere al centro dell’attenzione. Purtroppo solo perché non se ne potrà fare a meno, e ci sarà da ridere a osservare i grandi Club che si spiano per vedere chi farà questo passo per primo, col rischio magari di indebolirsi rispetto a chi rimanderà il cambiamento fino all’ultimo… E poi in Italia non ci sono i corrispettivi di Barcellona, Manchester United e Arsenal, che ogni anno lanciano tre o quattro campioncini nuovi da leccarsi le dita… In attesa di scoprire se dei limiti agli acquisti di stranieri da fuori Italia ci saranno davvero e riguarderanno anche le prossime stagioni, mi auguro poi che ai giovani di casa nostra non vengano preferiti i diciotto-ventenni già pronti che vengono dal Sud America senza che la loro crescita abbia pesato sulle casse dei Club nostrani. Ai Martinez e ai Suarez, che so, preferirei i Rossi e i Caputo, insomma. Non certo per sciovinismo, ma perché oltre che a chiudere affari redditizi con l’estero vorrei che i dirigenti italiani riuscissero a dare finalmente corpo a un sentimento diffuso nel Paese, fatto anche di orgoglio. Altrimenti smettiamola di dire che il calcio è lo sport della gente e chiariamo una volta per tutte che è dell’agente.
calcio
E il calcio va avanti... Brasile si divide in quattro regioni per i Mondiali di Calcio nel 2014
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e i Mondiali del Sudafrica lascia un po’di nostalgia negli amanti del calcio, gli organizzatori dei prossimi Mondiali vivono già una nuova fase. Ancora a Johannesburg e prima dell’ultimo fischio dell’arbitro, i lavori per i Mondiali in Brasile hanno avuto come apertura la presentazione del simbolo ufficiale per il 2014. Una delle misure più importanti sarà la regionalizzazione del Brasile in quattro parti. L’idea, secondo il presidente della Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, mira a facilitare il trasporto dei tifosi e inaugura una nuova mappa sportiva brasiliana. — Il nostro paese è di dimensioni continentali e vogliamo evitare che ci siano grandi spostamenti di tifosi e turisti durante i Mondiali. È in fase avanzate un piano del governo di mobilità urbana — spiega il dirigente della CBF. Segretario-generale della Federazione Internazionale di Football (Fifa), Jérôme Valcke è il responsabile del progetto in cui le sedi delle partite sarebbero divise in: Regione 1 (Belo Ho-
Silvia Souza
rizonte, Rio de Janeiro e Salvador), Regione 2 (Curitiba, Porto Alegre e São Paulo), Regione 3 (Brasília, Cuiabá e Manaus) e Regione 4 (Fortaleza, Natal e Recife). Questa strategia dipende ancora da qualche dettaglio, ma dal 30 luglio 2011 tifosi di tutto il mondo potranno seguire i passi delle loro nazionali di calcio. Quel giorno il presidente della CBF, che è anche presidente del Comitê Organizador da Copa 2014, spera di realizzare il sorteggio delle squadre per le eliminatorie. Teixeira valuta che la data, anticipata di qualche mese in confronto al sorteggio per i Mondiali scorsi, facilita la realizzazione delle partite in continenti come l’Asia, che ospita molte nazionali. In Sudamerica le nazionali giocheranno in un unico gruppo, con partite di andata e ritorno. Il Brasile, dato che è la sede, ha già il posto garantito e non parteciperà a questa tappa. Fino quando non sarà definito dove avrà luogo questa cerimonia, le 12 città sede usano risorse per lavori in stadi e nella parte di reception turistica. Secondo Teixeira la maggiore preoccupazione legata
ai Mondiali del Brasile è la situazione di servizio degli aeroporti. Approfittando Mentre il governo federale si sforza per autorizzare gli stanziamenti e propone leggi per rendere più agili le approvazioni di lavori di infrastruttura per l’evento, Rio de Janeiro è già un passo in avanti della lotta per ospitare la nostra nazionale. Malgrado il Comitato Esecutivo dei Mondiali – incaricato di questa decisione – non sia stato ancora formato, il presidente vorrebbe che l’area scelta per il soggiorno di commissione e giocatori brasiliani fosse quella di Barra da Tijuca, zona ovest di Rio. Probabilmente si deve anche al fatto che per il quartiere c’è un progetto per la costruzione della nuova sede della CBF, che include anche un Museo del Calcio. Per ciò che riguarda la sicurezza in Brasile, di cui si parla sempre nei TG internazionali, Teixeira conferma di non essere preoccupato, e ricorda che il Brasile ha ricevuto molti elogi durante i Giochi Panamericani di Rio de Janeiro nel 2007, quando i turisti non hanno avuto nessun tipo di problema.
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— Il problema della sicurezza è mondiale. Lo vedo nei viaggi che faccio. In Africa abbiamo inviato un gruppo di intelligenza solo per occuparsi di questo. Conteremo su tutta la struttura governativa e la Coppa delle Confederazioni nel 2013 servirà da test per questo sistema che, sicuramente, servirà per la Coppa America nel 2015 e per le Olimpiadi nel 2016 — sottolinea Teixeira. Alla fine dell’evento in Sudafrica il saldo degli investimenti nei Mondiali è arrivato a 33 miliardi di rands (circa 7,5 miliardi di reais). Secondo il governo sudafricano il grande feedback causato dai Mondiali riguarda la creazione di 130 mila impieghi e una crescita dello 0,4% del PIL sudafricano. Circa 38 miliardi di rands (circa 8,8 miliardi di reais) sono stati investiti nell’economia sudafricana. — Capiremo tutti i benefici che i Mondiali ci hanno apportato nei prossimo mesi, ma è lampante che le persone già vengono in maggior numero per conoscere il paese e spendono qui i loro soldi — ha detto il ministro delle Finanze del Sudafrica, Pravin Gordhan.
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Firenze Giordano Iapalucci
Senza tempo… senza titolo… senza verso
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ino al 3 settembre la Galleria del Palazzo Coveri presenta le opere del maestro Raffaello Niccolai. Si tratta di circa 30 tele contemporanee a tecnica mista e acrilico create a partire dall’anno 2000. Particolarmente preziose le sue opere lo sono anche perché le precedenti furono quasi tutte distrutte durante un incendio nel suo paese, Bientina, nel 1995. I quadri del Niccolai colpiscono per la loro grande esplosione di colori che trasmettono libertà e anticonformismo nella loro costruzione di contenuti. Ognuna di queste è di proposito senza titolo, tempo e versi in modo che ognuno possa metterci liberamente le proprie emozioni e crearsi il proprio percorso immaginario in maniera spontanea. Ingresso: libero.
Vinum nostrum
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irenze, come tutta la Toscana, ha un legame molto forte con la cultura del vino. A tal riguardo la città ha voluto rendergli omaggio, tra le numerose iniziative, con “Vinum nostrum. Arte, scienza e miti del vino nelle civiltà del Mediterraneo antico”; un’esposizione culturale che rimarrà aperta fino al 15 maggio 2011. L’idea nasce dalla voglia di riscoper-
ta dell’arte e della scienza, come dei miti e delle leggende legate alla bevanda di Bacco. All’interno della mostra saranno esposti tra l’altro anche due pezzi di grande valore: il vaso di vino più antico al mondo e la copia di una statua romana del II secolo a.C. a monito del consumo eccessivo di vino. Presso Villa Bardini (Costa San Giorgio) con orario 17.30-22.00. Ingresso 10 euro.
Graphikos
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raphikós, dal duplice significato greco di scrittura e disegno, è una mostra dedicata a Fausto Melotti (19011986) che nasce dalla volontà di esporre le 132 opere tra litografie e incisioni di recente donazione. Fausto Melotti, aderente alla corrente dell’astrattismo già tra gli anni venti e trenta porterà sempre con sé anche una componente che riflette la sua educazione matematicoingegneristica legata al linguaggio e alle strutture musicali. Dopo un periodo di appannamento nell’evoluzione della sua arte, durante la 2° guerra mondiale, riuscì negli ultimi tempi a far si che le sue opere si arricchissero di una positiva componente cromatica. Ingresso gratuito in abbinamento con il biglietto della Galleria degli Uffizi. Orario: 8.15 – 18.30. Lunedì chiuso.
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Per Ville e per Giardini
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er chi volesse seguire un circuito alternativo ai grandi musei fiorentini e ai classici percorsi turistici ha trovato l’occasione giusta. “Per Ville e per Giardini” è un’percorso unico per visitare i “tesori” presenti nella periferia collinare nord-ovest di Firenze. Un luogo ricco di ville: Villa Corsini come quelle medicee di Castello o della Petraia. Nel percorso sono inseriti anche siti archeologici di epoca etrusca e il museo delle ceramiche Ginori a Sesto Fiorentino. L’ingresso è gratuito in tutte le Ville ed esiste un pullman navetta che parte da Piazza Stazione il sabato e la domenica. Info orari: www. villegiardinifirenze.it
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Palio dell’Assunta
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gni 16 agosto, a Siena, esattamente in Piazza del Campo sotto la Torre del Mangia, si corre il cosiddetto “Palio dell’Assunta” in onore della Madonna Assunta. Conosciuto più comunemente come “Palio di Siena” è una rievocazione storica di epoca medievale che si conclude con la corsa a cavallo tra 10 “contrade” (quartieri) estratte a sorte tra le 17 attualmente esistenti. Si tratta di una festa che si corre ormai ininterrottamente dal 1644 ed è il momento clou per tutta la città di Siena. Essendo un evento molto sentito dai cittadini senesi è bene arrivare presto la mattina anche se la corsa vera e propria, dopo il corteo storico con gli sbandieratori inizierà solo verso le 19.00.
italian style
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apri costuma borbulhar durante o verão europeu. A ilha tem um estilo próprio, que influencia de objetos de decoração a roupas e calçados, passando pelas indispensáveis lanchas italianas. A vocação de Capri como paraíso de ricos e famosos remonta aos tempos dos imperadores romanos. Não por acaso, Capri costuma lançar modas.
“K”
Modelo criado pelo artesão Amedeo Canfora, presente com suas sandálias de couro no centro de Capri desde 1946, em homenagem a uma das suas clientes mais assíduas e mais famosas, Jackie Kennedy Onassis. Ela era recebida no atelier em horários noturnos, quando escolhia à vontade seus modelos preferidos. Entre as outras clientes que ganharam um modelo próprio está a top model inglesa Naomi Campbell, cuja sandália “Naomi” (€175) é oferecida em três cores, White, Turquoise e Pink. Canfora Capri Sandals - Via Camerelle, 3 Capri. www.canforacapri.com. Preço: € 270
Cerâmicas
Fotos: Divulgação
O conjunto Capri, típico nos restaurantes à beira mar da ilha, inclui prato fundo e raso e apoio (€ 120). Já o Fish Bianco Blue é especial para aperitivos e saladas, e se transforma em 7 peças separadas (€ 380). The Sea Gull - Via Roma, 25 Capri.
Baia 50 Motorboat
Calças Capri
No melhor estilo Capri, a lancha Baia 50 é o modelo preferido dos frequentadores da ilha, que escolhem os locais mais exclusivos, acessíveis apenas de barco, para passarem os dias. O modelo B50 com acessórios padrões, relançado recentemente pela Baia Yacht, tradicional fabricante de lanchas e iates sediada no Golfo de Nápoles, é uma homenagem ao seu barco mais famoso em todo o mundo. Cantieri di Baia Yacht - Via Lucullo 45 Baia. Preço: 890 mil euros.
Diretamente inspirada na moda dos anos 50 e 60 em Capri, a Linha Capri Touch da clássica boutique caprese Mariorita traz novas versões, em seda colorida, das clássicas calças modelo pescador, hoje conhecidas no mundo inteiro como “capri”. Os modelos são produzidos sob medida para as clientes. Mariorita Concept Store - Via Capodimonte, 14 Anacapri. Preços: Calça Capri em seda pura Shantung a partir de € 220 Caftano em seda pura Shantung a partir de € 365
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il lettore racconta ais, legumes e frutas, que vendiam na cidade. Trabalhando de sol a sol com os filhos de 12 a 20 anos de idade, prosperaram e puderam comprar a fazenda da Cachoeira, no distrito de São Pedro do Pequeri. Mais tarde, venderam a Cachoeira e compraram o sítio Carazal e a fazenda da Serra onde construíram uma nova sede bem ao estilo da casa em que moravam em Rovigo, na Itália. Com o passar do tempo, as filhas casaram e foram viver no estado de São Paulo. Os filhos mais velhos montaram seus próprios negócios. Amadeu, Valtimio, Umberto e Umbelino, continuaram na agricultura com plantações de café, frutas e legumes; José, casado, do al on or ess estabeleceu-se em Sossego, no of advogado e pr município de Santana do depoimento em a nt co ta Deserto, com casa de comérat ranato cio criando oito filhos. s do mo o clã Valentino Angelo, Goa ulio anni co no r ce tardo e Gilio ficaram em São le be ta es se ranato conseguiu Pedro do Pequeri, na época, distrito de Mar de Espadurante anos o rasil e defender nha, onde foram donos de vánumerosa da is ma a li rias fazendas e sítios. Gilio mí fa de título casou-se com Laura Garriira ona da ata mine do, preferindo viver de um bom sítio onde criou os filhos, Francisca Elisa, Gilio e Célio. Gotardo casou-se com a italiana Mônica Amábim 1889, apavorados com os acon- le Vedoato. Tiveram três filhos: Adélia, tecimentos políticos na Itália Rodolfo e José. Mas foi o casamento de e as dificuldades de uma vida meus avós Valentino Ângelo e Amélia sem perspectivas, meus bisavós Stefa- Margherita Vedoato - cunhada de no Bartolo Granato, de 45 anos, e Gotardo - que mais trouxe rebentos ao Elisa Antônia Fantato, 40 anos, ven- mundo. O casal teve 23 filhos. Sendo deram a pequena propriedade que ti- assim, durante algumas décadas, a fanham em Salvaterra, na província de mília Granato foi a maior, entre os Rovigo e partiram para o Brasil. Vie- municípios de Bicas, Pequeri, Mar de ram com seus 10 filhos: José, Valentino Espanha, Santana do Deserto e Juiz Angelo, Gotardo, Umbelino, Umberto, de Fora. Meu avô, Valentino Amadeu, Olivia, Waltino, Mercedes Angelo, e Gílio - este de apenas dois anos de idade, e a irmã de minha bisavó Paulina Fantato, com 68 anos. Embarcaram em Gênova, no navio Umberto I. A viagem durou quase 2 meses. Em agosto, há 121 anos, chegaram no Rio de Janeiro, onde foram orientados a seguir para Juiz de Fora (MG), uma região próspera e perto da capital. Com algum “soldi in tasca”, compraram seis alqueires de terras plantadas de cafeeiros, no distrito de Sarandira. Diversificaram a plantação e, além da criação de animas domésticos, produziram cere-
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era empreendedor e sempre pensou em promover o progresso de Pequeri, investindo, além do comércio de importação e exportação, também em moderna fábrica de queijos finos, máquinas de beneficiar café e cereais, armazém de secos e molhados, mineração de caulim e malacacheta. Com idade já avançada, ainda investiu na compra do hotel Avenida em Juiz de Fora, criando, assim, mercado de trabalho para dois filhos. Dos tios que conheci, recordo-me do Estevão que estudou Ciências Contábeis, foi o contabilista da família e sempre colaborou com os negócios dos irmãos. Mas ainda teve o tio Vitório (um dos mais famosos fabricantes de queijos finos da região); Humberto, comerciante em Juiz de Fora; Primo Augusto e Sebastião (que antes de serem comerciantes em Volta Redonda, foram sócios no comércio em Pequeri e líderes nos esportes na cidade, sustentando o time de futebol local); Geraldo (herói da 2ª. Guerra Mundial); e Angelo Valentino (um coletor estadual e vereador na Câmara Municipal de Pequeri). Das minhas tias, lembro-me de Helena, que foi professora; Olinda, viúva, que mudou-se para Volta Redonda onde o filho Wandir de Carvalho foi diretor Companhia Siderúrgica Nacional e Secretário de Segurança do antigo Estado do Rio de Janeiro e diretor da Loteria Estadual; e da tia Virgínia, cujo filho José Valentino foi major aviador da FEB. Com tantos filhos e netos, uma reunião da família realizada em 1970, contou com a presença de mais de 500 descendentes. O destino me deu a felicidade de ser filho de Dalva Granato, que também foi uma líder comunitária em Pequeri e de Ascânio Gouvea Matta, um dos 17 filhos de Batista Matta e Iaiá Gouveia Matta. Com tantos parentes, durante certo tempo, formamos um forte time de futebol. Eis porque eu e meus irmãos Henrique e Eduardo temos orgulho da nossa majestosa ascendência brasileira e italiana.
Provar para conhecer ExpoAzeite lança sua quarta edição, em setembro, e traz como novidade o primeiro concuso para escolher o melhor produto dentre as marcas expositoras
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eja pelos benefícios oferecidos à saúde ou até mesmo pelas particularidades gustativas, a verdade é que o azeite vem ganhando cada vez mais destaque no paladar dos brasileiros. Foi pensando nisso que será realizado em setembro, pela quarta vez, a ExpoAzeite – Feira Internacional de Azeites, Azeitonas e produtos Delicatessen em São Paulo e no Rio de Janeiro. Neste ano, o evento traz uma novidade: o Concurso de Azeite de Oliva Extravirgem, visando destacar o que há de melhor para o consumidor. Segundo um dos organizadores do evento, Jaime Klapp, o principal objetivo da feira é apresentar as novidades mundiais ao mercado nacional. Em São Paulo, a ExpoAzeite será realizada nos dias 13 e 14 de setembro, no Centro Fecomércio de Eventos, já no Rio de Janeiro será no dia 16, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro está organizando um Espaço Itália dentro do evento. — Em nossa última edição, realizada no ano passado, recebemos cerca de 1300 pessoas. Cada vez mais as pessoas se interessam pelo azeite — afirma Klapp. Pela primeira vez em quatro edições, haverá um concurso aberto a todos os produtores da iguaria. O Prêmio ExpoAzeite será oferecido aos três primeiros colocados nas categorias suave, intenso e moderado. Farão parte do corpo de jurados membros da Associação Mille Sensi Brasil, que emite certificados de qualidade. — A proposta é prestigiar as marcas de todo o mundo que produzem azeites de altíssima quali-
Nayra Garofle
dade, com dedicação e paixão. E destacá-las ao consumidor brasileiro – afirma a organizadora do evento, Patricia Galasini. Um outro concurso voltado exclusivamente a estudantes de gastronomia do Rio de Janeiro, premiará o vencedor com um Curso de Degustação de Azeites no Senac. Já o segundo e terceiro lugares receberão um kit com livros sobre gastronomia. Os interessados deverão enviar uma receita que utilize azeite até 30 de agosto para o e-mail receitas@ expoazeite.com.br . A feira é considerada pelos especialistas como a maior do país nesse segmento, com degustações, mostra de produtos e palestras. É destinada a profissionais de gastronomia, gerentes de hotéis e restaurantes, revendedores, supermercados e especialistas no assunto. As palestras e os seminários informativos e técnicos que serão promovidos pelos profissionais do setor têm por objetivo esclarecer os pontos fundamentais sobre o azeite, que vão desde as normas técnicas, mercado, gastronomia e análises
de resultados de pesquisas realizadas com algumas marcas e características do produto. Ainda para os interessados em se especializarem no assunto, em São Paulo, o Senai receberá o especialista Vitor Fratini,
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azeite direto da Itália, para ministrar o curso de formação de Degustadores Profissionais para Azeite de Oliva. As inscrições estão abertas até o dia 3 de setembro, através do site www.expoazeite. wordpress.com. Sobre o azeite Como o fenômeno que ocorreu com o vinho há alguns anos, o azeite de oliva começa a despertar a atenção dos consumidores gourmet que têm interesse em saborear um bom produto. A degustação é a melhor forma de escolher um bom azeite. O ideal é que o consumidor prove uma pequena porção do produto puro logo depois da compra, assim aos poucos, vai percebendo qual é a sua preferência. Outro fator importante é o prazo de fabricação do produto. Diferente do vinho, o ideal é que o azeite seja novo, já que sua qualidade é maior logo após o envase. Ao comprar um azeite deve-se prestar atenção também em sua acidez. A União Europeia classifica azeites de oliva extravirgem aqueles que possuem uma acidez menor que 0,8%. Aqueles que se classificam como azeite de oliva virgem possuem entre 0,8% e 2% de acidez. Os azeites com acidez maior do que 2% denominam-se azeite de oliva virgem lampante. Destinam-se exclusivamente a uso industrial na mistura com outros azeites de oliva.
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Sabor nobre
Azeite orgânico produzido pela tradicional família Matarazzo, na Itália, chega ao mercado brasileiro
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Lisomar Silva
Correspondente • Roma hesitou em arregaçar as mangas, preparar o terreno e plantar, com suas mãos, cerca de 18 mil pés de oliveiras que hoje cobrem suas propriedades, distribuídas em 84 hectares de vales e colinas do antigo território de Túscia - província de Viterbo - localizada na parte noroeste da região Lácio, fazendo divisa com as regiões da Toscana e Úmbria. O terreno vulcânico e o clima daquela área conferem às tipologias de olivas produzidas o justo grau de acidez, aroma e cor que dão ao seu azeite um equilíbrio muito agradável, mesmo para os
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uando começou a revolver a terra e a plantar oliveiras, Adriano Matarazzo di Licosa sonhava em produzir um azeite extravirgem de alta qualidade, mas não imaginava que seu produto se classificasse entre os 50 melhores do mundo e entrasse no mercado brasileiro em tão pouco tempo. Adriano, de 61 anos, é um dos descendentes da família italiana que se colocou entre as pioneiras da industrialização no Brasil, no início do século 20. A agricultura orgânica é a sua verdadeira paixão, tão forte que ele não
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paladares mais exigentes. As oliveiras plantadas pertencem, na maioria, à variedade Caninese (70%) quase todas localizadas em zonas de colina. Em seguida, as árvores da tipologia Frantoio Toscano (20%) com o restante distribuído entre as variedades Leccino, Pendolino e Maurino, crescem, sobretudo, nos vales. Cada 100 quilos (um quintal) de olivas colhidas equivalem a 12 quilos de azeite produzido. A produção de azeite atualmente é de 35 toneladas, mas deve crescer em virtude da entrada em produção de olivas de recente plantação.
Quase todos os dias, Matarazzo caminha ou passa com seu jipe pelas vielas entre as plantações e controla o estado das oliveiras, assim com a evolução e o crescimento das azeitonas. Calcula-se que são necessárias de 1.300 a duas mil azeitonas para se produzir 250 mililitros (um copo) de azeite. Ele conhece cada oliveira como a palma de sua mão. Iniciou o plantio na propriedade de seu pai. Ao mesmo tempo, foi aprendendo a identificar o ritmo e os ciclos da natureza, associando o trabalho artesanal de tratamento da terra às modernas tecnologias de produção do seu azeite. Em seguida, ampliou a propriedade comprando outras áreas de terreno fértil. Hoje, após 25 anos de atividades,
a sua empresa agrícola “L’Oliveto Matarazzo” começa a dar os primeiros resultados satisfatórios. — A produção orgânica exclui todo e qualquer tipo de tratamento da terra e das plantas com produtos químicos. Isso significa que se usam adubos e fertilizantes naturais, assim como outros produtos para proteger as plantas contra epidemias ou patologias agressivas. Significa também que, se o terreno se torna estéril, é necessário revolver a terra e deixá-la repousar durante pelo menos quatro ou cinco anos, para que recupere um potencial energético capaz de suportar a cultivação e o crescimento de novos vegetais, além da produção de seus frutos. As oliveiras são plantas seculares, portanto, requerem uma substituição somente se morrem em consequência de patologias ou por efeito das intempéries. Temos uma zona onde as árvores plantadas têm quase 150 anos e produzem azeitonas que dão o melhor azeite de toda a nossa produção — afirma Matarazzo à Comunità, enquanto caminhava com a repórter pela propriedade. Outro elemento importante ligado à qualidade do azeite é usar somente as olivas colhidas diretamente das árvores com sistemas de extração mecânica, sem misturá-las com os frutos caídos naturalmente no chão. Uma vez realizada essa etapa, Matarazzo leva imediatamente as azeitonas à prensagem em um moderníssimo equipamento de aço sob temperatura e pressão controladas para evitar problemas de oxidação ou de alteração na acidez. Já na fase de engarrafamento, os recipientes passam por um processo de aspiração que elimina partículas de pó ou corpos estranhos que possam prejudicar a qualidade e a conservação do azeite. São usadas garrafas de vidro verde escuro para proteger o óleo da luz direta e melhor manter os componentes que caracterizam o produto. No caso do azeite de oliva, pode-se obter um produto com uma só tipologia de azeitona ou combinando diversos varietais. O azeite extravirgem Matarazzo é produzido em uma zona Dop, ou seja, que recebe também a Denominação de Origem Protegida, altamente apreciada pelos consu-
midores. O empresário já se mostra entusiasmado com a próxima colheita de olivas, que se realiza no período entre o final de outubro e o começo de novembro: — Vejo que vai ser de ótima qualidade, embora a quantidade de olivas a serem colhidas seja menor que no ano passado. Isso porque podamos algumas árvores e outras sofreram com os efeitos do clima. Tenho certeza que meu azeite vai atingir um nível superior ao da última produção. O azeite vai manter sua cor verde luminosa com reflexos dourados, com um perfume vigoroso e elegante ao mesmo tempo. Matarazzo diz que todos os aromas dos vegetais típicos da região se encontram concentrados e combinados no seu azeite. Os especialistas do Movimento Slow Food classificam essa sinfonia de fragrâncias pertencentes às azeitonas do tipo Caninese, recordando os aromas silvestres do louro e da alcachofra, com nuances típicas das frutas cítricas. Ao prová-lo, enfatizam o equilíbrio e a personalidade levemente picante do azeite, com suave sabor amargo final que caracteriza as olivas da região.
Matarazzo arregaçou as mangas, preparou o terreno e plantou cerca de 18 mil pés de oliveiras
Ouro Verde O trabalho na olivicultura orgânica é particularmente árduo, pois requer grandes investimentos no plano econômico, muita atenção do cultivador, sobretudo com a justa dosagem de adubos naturais, espalhados no terreno durante os meses de janeiro e fevereiro - em pleno inverno europeu - a poda no momento e modo certos, o crescimento de árvores saudáveis, além do respeito pelos períodos de repouso das plantas frutíferas e do terreno em fase de regeneração. — É uma atividade com parâmetros diametralmente opostos
O produtor confere de perto, quase todos os dias, a evolução e o crescimento das azeitonas
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aos da agricultura intensiva, de larga escala e orientada a esgotar rapidamente o potencial do terreno cultivado. Mas o resultado pode ser altamente compensador — explica o nobre cultivador. No caso do azeite extravirgem de Matarazzo, a produção dos últimos quatro anos recebeu várias premiações e menções honrosas nos melhores concursos italianos e internacionais, além de citações altamente elogiosas nos principais guias do setor oleico nacional e estrangeiro. Este ano, o produto foi agraciado com o símbolo das Três Olivas, classificação dada para a excelente qualidade reconhecida pelos especialistas do movimento mundial Slow Food. Matarazzo tem o modo gentil e elegante dos nobres de alta linhagem, unido à simplicidade prática de quem lida diariamente com seus colaboradores e a agricultura sem temores nem reverências. Diz que herdou sua paixão pela terra do avô Giuseppe (filho do conde Francesco Matarazzo, fundador do grupo industrial no Brasil no século passado) quando, criança, o acompanhava a verificar o estado das plantações na fazenda de propriedade da família em Nápoles, cidade onde nasceu. Adriano aprendeu na prática cotidiana tudo sobre o cultivo das plantas e os cuidados com a terra. Fala muito rapidamente da experiência empresarial que a família desenvolveu ao trazer à Itália a distribuição exclusiva da Coca-Cola e ao inventar a famosa bebida Fanta usando frutas cítricas como matériaprima. Em seguida, a licença para engarrafamento e distribuição da bebida americana foi vendida, assim como a produção da Fanta.
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atualidade Azeite de Oliva na Itália
Fotos: Divulgação
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Após 25 anos de trabalho árduo, a empresa começa a apresentar resultados satisfatórios
Enquanto fala de sua família, Matarazzo admira suas oliveiras com carinho: observa a situação dos troncos e dos ramos, pega algumas das azeitonas em crescimento e examina suas dimensões. Fala de seu mundo agrícola com humildade, porque sabe que a natureza também tem segredos dificilmente decifráveis. Seus dois irmãos, Giuseppe e Anna, mantêm atividades diversas da agricultura. Dos quatro filhos – Tiziana, Livia, Ermellino e Nicolò – este último começa a manifestar sua curiosidade pela atividade oleica. O brasão de família – também usado para identificar o azeite – pertenceu a uma baronesa do século 18, sendo mais tarde designado a Francesco Matarazzo pelo rei Vittorio Emanuele II com o grau de conde. O azeite extravirgem Matarazzo foi provado por especialistas de alto nível como Marco Oreggia, diretor do guia Flos Olei, que registra e publica anualmente as eti-
quetas da melhor produção oleica mundial. Oreggia e seus colaboradores atribuem ótima avaliação ao produto e especulam que, no futuro, o azeite de Adriano tem todas as premissas para receber novas premiações e ganhar novas fatias de mercado na Itália e no exterior. Hoje, boa parte da produção é exportada para a Alemanha, Espanha, França, Suíça, Holanda, Suécia, Dinamarca, Noruega, Japão e Taiwan. O Brasil é o primeiro país latino-americano a importar o produto, que chegou ao mercado em julho, em princípio, a ser comercializado pela rede Empório Santa Luzia, de São Paulo. Para cá, Matarazzo exportou 150 embalagens contendo garrafas de um litro, 750 ml e 500 ml, totalizando 1800 litros de azeite. Matarazzo calcula que, em poucos anos, a sua produção de azeite vai chegar a 70 – 80 toneladas anuais, pois vai dispor de cerca de 9 mil quintais de azeitonas. Seu amor é todo concentrado na produção de azeite, mas já tem planos para investir no agriturismo e cultivar alcachofras e aspargos típicos da região, destinados à exportação. Ele não tem medo da crise econômica: — Em tempos de crise, o importante é cultivar novas ideias. Quando caminho entre as oliveiras, sinto-me em paz, distante
O diretor do guia Flos Olei, Marco Oreggia
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egundo produtor mundial de azeite de oliva, a Itália conta com uma produção média anual entre 600 e 700 milhões de toneladas. Cerca de 1 milhão de hectares do território italiano tem plantações de oliveiras. Apesar de ser produzido em 19 de suas 20 regiões (exceção feita para Vale D’Aosta), existem características que marcam uma distinção entre quantidade e qualidade do produto. As regiões da Apúlia, Calábria e Sicília produzem o equivalente a 90% do total, seguidas da Campânia e do Lácio. Cerca de 75% da produção nacional são vendidos no mercado do atacado para serem engarrafados e embalados por terceiros. A quantidade produzida de azeite extravirgem corresponde a dois terços do total, com 38 denominações Dop reconhecidas pela União Europeia. As regiões Toscana, Ligúria, Úmbria e Abruzzo têm suas produções consideradas de qualidade altamente apreciada no mercado italiano e estrangeiro.
dos conflitos do mundo material. A cor das folhas, a forma quase escultural das árvores e a calma que reina nos olivais me relaxam muito. Quanto à produção, antigamente não se podia falar de azeite artesanal, pois não existiam tecnologias adequadas de colheita e processamento do líquido. Além disso, era muito comum eliminar oliveiras para dar espaço a outras culturas. Nos últimos 20 anos, porém, a cultura e o consumo do azeite foram valo-
A presença de oliveiras na região do Lácio é muito antiga, com clima e terreno favoráveis para seu desenvolvimento. Plantadas pelos povos etruscos em toda a parte central da Itália – especialmente na região Túscia, correspondente à atual província de Viterbo - muitas árvores ainda se encontram em plena produção, apesar de terem 2 mil anos de idade. Em seguida, os romanos aperfeiçoaram as técnicas de produção e transformação das olivas, difundindo a olivicultura em larga escala em todos os territórios conquistados no período do Império, com o objetivo de manter sempre abastecido o território do governo central. Segundo pesquisa realizada pelo especialista Marco Oreggia, estima-se que, no período de Roma imperial, se consumiam anualmente cerca de 321 mil ânforas de óleo, equivalentes a cerca de 22.500 toneladas do produto. Durante a Idade Média, as técnicas de produção foram conservadas, sobretudo, pelos prelados de clausura dos centros religiosos. rizados. Resta, agora, os consumidores aprenderem a distinguir e apreciar melhor o conceito de qualidade para os azeites artesanais como o meu, sem confundilos com o óleo de produção industrial. Para se conhecer melhor o conceito de qualidade é preciso saber também um pouco de sua história. Fico muito curioso também em conhecer o melhor possível a maneira como nossos antepassados produziam e conservam o azeite de oliva.
Sapori d’Italia Robson Bertolino
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Fotos: Robson Bertolino
Como na casa da nonna
Famiglia Grandi Osteria dá novos sabores à culinária italiana em São Paulo
ão Paulo - O restaurante Famiglia Grandi Osteria é um típico restaurante italiano em uma “cidade italiana” chamada São Paulo. O que o diferencia das inúmeras cantinas e trattorias da cidade são a cozinha quase artesanal e a tradição familiar que sobressai no estabelecimento. O restauranteur Tullio Grandi comanda a casa junto com a esposa, Cristiany, a filha Danyela e o genro e chef Felipe Cilli. Aberto em março deste ano no bairro de Pinheiros, a Famiglia Grandi Osteria já trilha um caminho promissor em um mercado que requer muita criatividade. Para contar a história da Famiglia (nos dois sentidos) é preciso voltar um pouco ao passado. Grandi comandou por duas décadas a badalada Cantina do Piero - Il Vero, nos Jardins. Este foi um dos muitos restaurantes criados por seu pai, o empresário Piero Grandi, de 76 anos, e ainda um grande e requisitado conhecedor da culinária italiana no Brasil. Tullio permaneceu na casa até o ano passado, quando decidiu traçar um novo caminho. Foi neste momento que surgiu a Famiglia Grandi Osteria. — Eu e minha esposa estávamos na Itália em uma viagem de negócios. Tivemos a ideia de voltar a São Paulo e montar um restaurante pequeno com um conceito diferenciado — conta o empresário. Na fachada, com tijolos à vista, camisas penduradas em um pequeno varal rústico comprovam a proposta do local. Lá dentro, o clima é de um típico jantar na casa da nonna. Um balcão com antipastos e embutidos fica à vista do cliente, além de uma adega climatizada com cerca de 700 garrafas. No piso superior, uma fonte de água, réplica de uma encontrada na cidade de Lucca faz uma homenagem à Toscana, região de origem dos proprietários. O local também tem uma horta, de onde saem as ervas para o tempero dos pratos. No salão, uma jukebox só com músicas italianas é a atração. Apesar de servir itens mais requintados do que uma cantina, a Famiglia Grandi resgata a essência dos pratos italianos e receitas originais. Além das massas, o cardápio inclui antepastos, saladas, sopas, risottos, carnes, peixes e doces. Em meio a tudo isso, Tullio continua cultivando uma relação intimista e familiar com os clientes, recebendo todos de forma calorosa e simpática. Entre os destaques que saem da cozinha, que fica aparente, está o papardele al ragu de agnello (massa caseira acompanhada de cordeiro desfiado com molho de tomates) que leva até 8 horas de preparo. Outro prato que consome horas no fogo é o coniglio alla cacciatora (carne de coelho feita no vinho tinto e que chega sobre uma suculenta polenta mole), uma especialidade que, segundo
Saltimbocca alla romana Ingredientes para a carne: 4 escalopes de carne de vitelo; 4 folhas de sálvia; 4 fatias de presunto cru italiano; 250 ml de vinho branco; Sal e pimenta do reino a gosto; 2 colheres de sopa de azeite extra virgem; 4 palitos de dente. Ingredientes para a guarnição: 3 batatas; 50 ml de creme de leite; 1 colher de sopa de manteiga; 1 gema de ovo; sal a gosto Modo de fazer: Cozinhar as batatas sem casa e amassar bem para não deixar pedaços. Levar ao foto e acrescentar a gema, o creme de leite, a manteiga e o sal. Mexer bem para que fique macio e reservar. Temperar os escalopes com sal e pimenta do reino. Colocar em cada um uma fatia de presunto cru e uma folha de sálvia, prendendo com palito. Aquecer o azeite em uma frigideira e colocar os escalopes com a sálvia virada para cima. Quando a carne estiver dourada embaixo, acrescentar o vinho em toda a frigideira e deixar reduzir um pouco o líquido. Retirar os palitos e servir com o purê de batatas. Danyela, “requer muita atenção no preparo”. Também está entre os mais pedidos da casa o agnellotti recheado de queijo de cabra e bresaola ao molho de tomate com manjericão fresco. No menu ainda consta a famosa Saltimbocca alla romana. A Famiglia conta também com algumas opções para os vegetarianos, como a lasanha recheada de berinjela. Expert na pâtisserie, Danyela indica o tiramisù, o pudim de leite e a mousse de chocolate como algumas das opções de sobremesa. Uma das curiosidades é a receita da mousse, que leva azeite extra virgem na composição. Serviço: Famiglia Grandi Osteria - Rua Cunha Gago, 864, Pinheiros, SP. Telefone (11) 3814-1106
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La gente,
il posto Claudia Monteiro de Castro
Sora Maria, o quiosque di grattachecca
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garantia de qualidade, é bem longa no pico do verão. Hoje não podemos mais encontrar a Sora Maria, que serviu tantas pessoas no passado, porém, o quiosque continua em família, com sua filha. São vários os sabores disponíveis, mas os “carros-chefe” do quiosque são a grattachecca di amarena (tipo de cereja) com pedaços de côco e de limão. Ótimo para matar a sede.
ebida símbolo do verão romano, a grattachecca, uma espécie de raspadinha, popular desde os anos 30, pode ser encontrada em diversos quiosques em Roma. Um dos melhores que a vendem é o quiosque da Sora Maria, no bairro de Prati, pertinho da igreja de San Giuseppe, na esquina da via Trionfale com a via Telesio. A fila, que é uma espécie de
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Programa de romano
calor está de lascar. O asfalto da calçada derrete quando você pisa nele. Os mosquitos começam a atacar. Bem-vindo ao verão romano. Brincadeiras à parte, mesmo sob um sol de 40 graus, o verão, em quase qualquer lugar do mundo, é minha estação preferida. E, em Roma, é uma época gostosa, onde é possível se divertir com pouco. Para isso, basta seguir o exemplo dos romanos. A cidade fica cheia de quiosques com filas homéricas - outro símbolo de que o verão finalmente chegou. Fila pra quê? Ora, para duas delícias frescas do verão: a grattachecca e o cocomero. O primeiro é uma versão da nossa raspadinha, ou seja, gelo picadinho com sabor. Vem num copo de plástico e se pode pedir nos mais diversos sabores: menta, amarena, tamarindo, framboesa. Cocomero, em dialeto romano, é a melancia vendida nos quiosques, em fatias. Os romanos fazem fila para a raspadinha e para a melancia e é um programa que vale a tarde, para mostrar que dinheiro não traz felicidade. Como a fila é longa e no verão as pessoas estão num clima menos estressado, é uma ótima oportunidade de socializar, bater um papo, fazer uma amizade vapt-vupt e conhecer um pouco os romanos. Claro que para quem ama o velho amigo sorvetinho, também não faltam filas nas sorveterias da cidade, mas a tal raspadinha
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e a melancia são programas de romano de verdade e matam a sede bem mais que o sorvete. No verão, também tem o que os romanos chamam de “arenas”. Muitos bairros da cidade organizam cinema ao ar livre, um deles bem no meio da ilha do rio Tibre. De noite, fica agradável assistir a um filme com o ventinho do verão, chamado ponentino, que sopra para refrescar o calorão diurno. Cinema ao ar livre evoca a minha infância. Lembro das inúmeras vezes que meu pai me levou com minhas irmãs na Sessão Coca Cola, na Lagoa, no Rio de Janeiro, para curtir um filminho. Porém, diferente de Roma, de dentro do carro, com direito a um refrigerante geladinho. Além do cineminha, nos parques de Roma, são organizados shows, com artistas do mundo inteiro. Mas muitos romanos trabalham no verão, (pelo menos em julho, já que em agosto Roma é deserta) e aproveitam o final de semana para um outro programa: ir à praia ou ao lago. É uma verdadeira peregrinação, aos sábados e domingos, para ir às praias mais próximas, Ostia e Fregene, ou aos lagos, como o de Martignano, mesmo se o lago é motivo de controvérsia entre os romanos. Tem quem adore, pelo seu ar bucólico e por não ficar lotado como as praias. Outros afirmam categoricamente que lago é coisa de pessoa melancólica. Controvérsias à parte, em Roma, podem reclamar do tórrido verão, mas não da falta do que fazer.