No campo Sommelier de frutas e agrossorveteiro: novas profissões italianas
Andrea Bocelli “Brasil é minha segunda pátria”
Eleições 2013 Conheça as reais chances de Monti e os candidatos pela América do Sul www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, janeiro de 2013
Ano XVIII – Nº 174
ISSN 1676-3220
R 7,00 R$ 11,90
Quem é o novo homem da Itália no Brasil? O embaixador Raffaele Trombetta inicia suas atividades com a certeza de que este é o país com a maior presença italiana no mundo e interesses comuns para o desenvolvimento
Relação renovada Belini: presidente da Fiat recebe Troféu ComunitàItaliana
Ja n e iro de 2013
A no X V III
N º174
Nossos colunistas 07 | Cose Nostre No dia 21 de março Brasil e Itália entram em campo para um amistoso na Suíça
10 | Fabio Porta Gli italo-brasiliani corrono il rischio di perdere la loro “voce” in Parlamento
11 | Ezio Maranesi Una triste resurrezione: Silvio troverà i suoi elettori. Sa vendere e c’è molta gente che ha bisogno di credere alle favole e paga i santoni contro il malocchio
33 | Guilherme Aquino A previsão é
14
que milaneses e turistas desembolsem cerca de 176 euros durante os saldos
Sommelier de frutas, agrossorveteiro, personal trainer de jardins... Novas profissões levam os jovens italianos a fugirem do desemprego nas cidades e voltarem ao campo, onde mais de 100 mil vagas de trabalho devem surgir nos próximos anos.
Capa
Política
26 | O novo embaixador Orgulhoso de ser napolitano, Raffaele Trombetta acaba de assumir o comando da Embaixada da Itália em Brasília. Ele afirma que vai se empenhar para disponibilizar ao máximo os serviços aos cidadãos italianos no país e que está estudando junto ao Ministério italiano do Exterior medidas para reduzir a burocracia na obtenção de documentos
Política 18 | O professor vence? Entenda as chances de Mario Monti vencer as eleições que acontecem em fevereiro
4
Entretenimento
21 | Pela América do Sul Os candidatos que representam os italianos no continente devem convencer os eleitores a votarem em pleno verão numa corrida contra o tempo
Especial 12 | Troféu ComunitàItaliana Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler América Latina, recebe homenagem por incentivar as relações entre Brasil e Itália
Música 44 | Andrea Bocelli Em entrevista à Comunità, cantor revela que sonha em ganhar uma composição de Toquinho
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
50 | Claudia Monteiro De Castro Uma doceira tradicional em Roma, a Nonna Carla, no bairro Nomentana, tem tortinhas de cereja, figos com amêndoas e chocolate, amora ao conhaque, pistache ou ameixa com zibibbo, uma espécie de uva
34 | Games Projetos no mercado de jogos eletrônicos unem Brasil e Itália, mas a pirataria é um problema em ambos os países
Gastronomia 49 | Aprovada Conheça a pizzaria de Brasília que acaba de ganhar o certificado da Associazione Verace Pizza Napolitana
38 | Ospitalità Foram 61 os restaurantes que receberam o selo Ospitalità Italiana de 2012 que garante e atesta a qualidade da cozinha do Belpaese
Moda 48 | Italian Style Uma seleção de peças ícones da moda e da elegância Made in Italy, do terno Armani ao jeans Diesel
Editorial
Expediente
Voto de honra P
ara um cidadão com passaporte italiano no exterior votar nas eleições parlamentares de fevereiro é uma grande ocasião. O direito, não obrigatório, porém, implica numa complexidade que vai além do simples exercício da cidadania. Informar-se é o primeiro passo. Saber quem representa qual corrente política e o histórico de cada personagem é fundamental. Depois, saber quem defende o quê, como, por exemplo, aquele que é a favor de que o país continue sendo um player importante para a União Europeia; ou ainda quem defende aumento ou retirada de impostos; ou aqueles que são a favor ou contra o casamento gay... São questões a serem levadas em consideração, mas, sobretudo, para quem vota no exterior, o mais importante é o que o candidato fará para manter acesa a representatividade de milhões de pessoas que construíram outra Itália fora das fronteiras da bota. Historicamente, os migrantes italianos pelo mundo tiveram êxito, a duras custas, em criar agremiações e entidades que representam desde uma determinada região, ou categoria, ou até uma filosofia. Muitos foram os casos em que imigrantes criaram junto com a população local movimentos que se tornaram marcos que influenciam até hoje legislações de outros países. O grande êxodo, é sempre bom recordar, surgiu depois das guerras mundiais que destruíram o país que tinha uma economia marcadamente camponesa. O fluxo de capital enviado por estes cidadãos no exterior para suas famílias e reinvestidos dentro do território ajudou a Itália a se reerguer e se tornar uma das principais economias do planeta. Com isso, o governo central e as regiões italianas sentiram a obrigação de apoiar e dar o mínimo de suporte às atividades destes trabalhadores radicados em outras nações. A conquista, porém, de representatividade em outras sociedades está ameaçada pela grave crise que as associações passam pela falta de verbas. O sistema eleitoral deveria garantir que esses políticos fossem uma voz ativa em favor dos italianos pelo mundo e que obtivessem conquistas para que se mantenha a cultura, a memória e as atividades sociais e comerciais. Mas o poder Pietro Petraglia de negociação de 12 deputados e seis senadores num uniEditor verso de 630 componentes na Câmara e 315 no Senado se dilui muito em pautas que são consideradas mais emergenciais, principalmente em tempos de crise, e as despesas com esses cargos muitas vezes são maiores que as conquistas. A burocracia para o processo eleitoral que se aproxima e a falta de tempo para discussões são agravantes para um escasso número de votos. Por outro lado, esses deputados e senadores – que estão a serviço dos italianos no mundo! –, são os que ainda podem e devem salvaguardar a história e dar vida a novas conquistas. Para que isso aconteça é imprescindível o exercício da cidadania que compreende participação. Um grande índice de votos demonstraria um peso em favor da representatividade e o acompanhamento e a cobrança de iniciativas depois de eleitos é o segundo passo. Portanto, espero que os eleitores votem e, quando receberem os envelopes com as cédulas em suas residências, façam jus ao passaporte italiano. Com os tantos outros leitores que nos leem por afinidade ou admiração à arte, à cultura e aos variados interesses que ligam Brasil e Itália, e que nos honram com o tempo dedicado, brindemos à saúde da história que liga italianos e brasileiros. Boa leitura!
Fundada
em
março
de
1994
Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 14/01/2013 às 18h00 Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cintia Salomão Castro; Nathielle Hó; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi Subedição: Cintia Salomão Castro REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Divulgação Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola; Lisomar Silva CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 zeliacorrea@gmail.com Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220
6
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
cosenostre JulioVanni
Battisti em SP esare Battisti está morando em São Paulo há mais de um mês. Segun-
C
do as informações divulgadas pela colunista Mônica Bergamo no jornal Folha de S. Paulo, o italiano, condenado à prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970, alugou um apartamento de 90 m² nos Jardins. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) serviu de “fiador moral” para o ex-ativista junto à corretora de imóveis que queria referências do inquilino. “Eu disse que o Cesare é correto e que saiu um livro agora, Os Cenários Ocultos do Caso Battisti, do Carlos Lungarzo, que mostra que ele é inocente nos assassinatos”, afirma o senador, que adianta que Battisti em breve assumirá um compromisso profissional na CUT (Central Única dos Trabalhadores), mas a assessoria da entidade não confirma a informação.
O ano da despedida
O
presidente italiano Giorgio Napolitano anunciou em sua mensagem de fim de ano que 2013 será um ano difícil devido às medidas de austeridade aprovadas em 2012, as quais, segundo ele, são necessárias para sair da crise econômica. Seu mandato de sete anos será concluído em maio, pouco tempo depois das eleições legislativas previstas para fevereiro. Napolitano ressaltou que certas decisões do governo são ditadas pela necessidade de reduzir a dívida pública, que está em 120% do PIB, situação que obriga os cidadãos a fazer sacrifícios.
Energia verde prédio da Embaixada
Mal inspirado projeto renda mínima
O
O
do senador Eduardo Suplicy ganha força na Itália. Entre as propostas da agenda de campanha de Mario Monti, estava a de oferecer aos italianos um “rendimento de sustento mínimo”, comparável ao salário mínimo. Na Itália, o sustento mínimo é desnecessário, tendo em vista que a renda per capita é três vezes superior à do Brasil (US$ 35.290 contra US$ 10.720, dados do Banco Mundial para 2011). A pauta do premier tem componentes para seduzir a esquerda, como a renda mínima e impostos sobre bens de luxo, mas também agrada à direita ao deixar claro que vai retomar o crescimento.
O
suicídio de Carolina Picchio, de 14 anos, comoveu a Itália. Filha de mãe brasileira que retornou ao país após o divórcio, morava com o pai em Novara, no Piemonte. Decidiu dar adeus ao mundo no dia 4 de janeiro, jogando-se do terceiro andar. Pistas deixadas na internet levantam a suspeita de que a adolescente não suportava mais ser vítima de bullying e gozações na rede. “Já tive paciência demais com as pessoas, não quero mais perder tempo”, dizia o último post de Carolina no Facebook. O fato reacendeu as discussões no país sobre a privacidade nas redes sociais.
Origem vêneta
O
livia Culpo, americana de 20 anos com bisavós vênetos, foi eleita Miss Universo 2012. Olivia conquistou o título competindo com 88 concorrentes. A última norte-americana a conquistar o prêmio foi Brook Lee, em 1997. Olivia estuda na Universidade de Boston e receberá uma quantia de dinheiro, um guarda-roupa e um apartamento de luxo em Nova York. Em segundo e terceiro lugares, ficaram a filipina Janine Tugnon e a miss Venezuela Irene Sofia Esser Quintero.
Pato de Milão atacante Alexandre Pato saiu do Bra-
O
sil em 2007, quando jogava no Internacional, e foi para o Milan. Este ano, no entanto, retorna ao Brasil para representar o Corinthians, que vai desembolsar R$ 40 milhões pelo seu passe. Aos 23 anos, Pato já sofreu várias lesões: foram 16 em dois anos. Dos 25 jogos do Milan no ano passado, Pato esteve em campo em apenas sete. Isso não preocupa o Timão, que já tinha tentado contratar o jogador. Logo após a conquista do Mundial em dezembro, veio a confirmação da contratação. Pato lamentou a saída do Milan e agradeceu à torcida e aos funcionários do clube, e afirmou que vai continuar namorando Bárbara Berlusconi.
italiana em Brasília já é referência em todo o país no estudo e na produção de energia renovável – solar e eólica. A parceira envolve a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Energética de Brasília (CEB), além de contar com o custeio de empresas italianas. Com 605 painéis fotovoltaicos instalados no telhado, o edifício recebeu a primeira microusina eólica há um mês e já encomendou outras quatro para os próximos meses. O acordo prevê que os dados sejam acessados por alunos da UnB, da Universidade Politécnica de Turim e por técnicos da CEB, principal distribuidora do Distrito Federal.
Amistoso
N
o dia 21 de março Brasil e Itália entram em campo para um amistoso em Genebra, na Suíça. A partida será o segundo compromisso da seleção canarinho sob o comando de Scolari. Para a azzurra de Prandelli, o jogo que começa às 20:30h no Stade de Geneve vai representar o segundo empenho do ano. Antes, deve encarar a Holanda no dia 6 de fevereiro, além de ser um teste antes das eliminatórias para a Copa de 2014. De 15 a 30 de junho, ambas as seleções de futebol estarão disputando a Copa das Confederações no Brasil.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
7
Opinião enquetes
frases
Berlusconi acusa o premier Monti de adotar políticas germanocêntricas, deixando a Itália em recessão. Concorda?
“Não importa o partido do convidado do programa, eu o deixo livre para expressar o seu pensamento. Já fiz isso com Berlusconi e com os outros. Vou ao lado pessoal, também falo da vida privada. Eu o convidei a pedir desculpa às mulheres”,
Sim - 57,1% Não - 42,9% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/12/12 e 09/12/12.
O padre Corsi deve ser punido por dizer que a mulher se veste de forma provocativa e assim incita à violência?
Sim - 60% Não - 40% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/12/12 e 15/12/12.
Adiantará o Banco Central da Itália suspender pagamentos com cartão de crédito no Vaticano contra a lavagem de dinheiro?
Sim - 25%
“Tivemos uma genialidade muito intensa. Os italianos sempre foram bons para fantasiar, mas a imagem foi muito contaminada. Fellini já dizia: Vamos ao cinema como se fôssemos a um museu ”,
Barbara d’Urso, condutora televisiva, ao se defender das críticas recebidas sobre a entrevista que fez com Berlusconi, chamada de “monólogo” pelos críticos, quando lhe dedicou mais de uma hora de programa antes do início da campanha eleitoral na Itália
Giancarlo Giannini, ator italiano, em entrevista ao site do Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo
“A verdadeira pornografia é roubar milhões de euros aos italianos e transferir o dinheiro para o exterior. Italianos, um conselho: rebelem-se”,
“Estou no meu auge artístico”, Quentin Tarantino, diretor de cinema, em entrevista à Folha de S. Paulo em que fala sobre seu filme de faroeste italiano Django Livre, que tem como personagem principal o arquétipo do western spaghetti
Ilona Staller, a Cicciolina, 61 anos, ao declarar aos jornais italianos que está pronta para voltar à política com o novo partido DNA (Democracia, Natureza e Amor), junto com o companheiro Luca di Carlo
“O governo acabou e não é culpa dos maias”,
“Gosto de música italiana, sou fã dos ítalo-americanos Louis Prima, Dean Martin”,
Mario Monti, premier italiano, ao anunciar o fim de seu governo no dia 21 de dezembro, última data do calendário maia, em pronunciamento no Palazzo Chigi
Daniel Boaventura, ator e cantor. em entrevista ao site G1, em que relembrou o CD romântico Italiano, feito para novela global Passione, e o seu vasto repertório de músicas do Belpaese
Não - 75% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/12/12 e 22/12/12.
no celular
Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima
“Somos um casal feliz e sereno. A distância Milão-São Paulo não nos assusta”,
“Noto muitas baixarias inúteis e acho que uma afirmação poderia desencadear um universo de respostas negativas”,
Barbara Berlusconi, ao comentar a saída do namorado Alexandre Pato do Milan para jogar no Corinthians
Silvio Berlusconi, líder do Pdl, ao admitir que não é fã do microblog Twitter, em comentário transmitido pelo Tgcom24
cartas
“G
ostaria de parabenizar a revista pela homenagem prestada ao maior dos arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer. Ele deixou importante legado para a Itália com obras baseadas em desenhos cheios de curvas e estética bastante apurada.” Rodrigo Almeida, Rio de Janeiro - RJ – por e-mail
8
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
“G
ostei muito da matéria sobre a Madame Parking. É interessante o conceito que ela utiliza na arquitetura, onde trabalha com os espaços de forma a extrair emoções dos transeuntes nos estacionamentos.” Nathália Pereira, São Paulo – SP – por e-mail
Serviço agenda
descobrirem a própria presença cênica através da exploração dos comportamentos formais, para que eles se libertem dos automatismos e dos clichês. Os temas centrais da oficina referem-se à presença individual do ator em relação ao espaço e aos demais atores em cena. www.centroiyengaryoga.com.br
World, que nasceu da fusão de dois eventos italianos de sucesso, a Tuttofood, feira de alimentação, e a Host, feira de hospitalidade, promovidas pe-
la Fiera Milano, associada ao Grupo Cipa no Brasil. O objetivo é desenvolver negócios nos segmentos de hotelaria e gastronomia com a presença de fabricantes, importadores e distribuidores desses segmentos. www.fhwbrasil.com.br
Indústria do Rio apoia o evento e as empresas italianas expositoras. O evento lança novos produtos, sinaliza tendências e promove negócios na área de beleza. Cabeleireiros, esteticistas, administradores de salões e clínicas de estética também poderão assistir a congressos, seminários e workshops. www.hairbrasil.com Rio Boat Show O Píer Mauá do Rio de Janeiro será palco do maior evento náutico da América Latina entre 25 de abril e 1º de maio. Visitantes de diversos países, inclusive da Itália, participarão
Macef Brasil O Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, sedia, de 27 a 29 de maio, a versão nacional da renomada feira internacional de artigos de decoração para casa. Consagrada no mundo, a Macef acontece semestralmente em
do salão em busca de novidades e oportunidades de negócios. Empresários do setor, esportistas, consultores e associações vão poder conferir
Milão há mais de 40 anos. A versão brasileira da feira irá reunir lojistas, representantes comerciais e fabricantes de produtos artesanais e regionais, e grandes marcas nacionais e estrangeiras. www.macefbrasil.com.br
Hair Brasil A Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética, a Hair Brasil, acontecerá no Expo Center Norte, em São Paulo, de 6 a 9 de abril. A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e
Food Hospitality World De 25 a 27 de março o Transamérica Expo, em São Paulo, sedia a feira Food Hospitality
naestante O modelo italiano Fernand Braudel retrata o período de 1450 a 1650 que ficou conhecido na história como o apogeu italiano. Momento único de expansão cultural, política e econômica, influenciou o Ocidente nas artes, nos sistemas de governo e nas estruturas das sociedades. Foi durante aqueles dois séculos que a Itália tomou a dianteira em três dos grandes movimentos da história da arte: o Renascimento, o Maneirismo e o Barroco. No livro, o autor investiga como surgem, se propagam e se extinguem os grandes momentos da história da arte. Companhia das Letras, 248 páginas, R$ 56,50. Viagem à Itália 1786-1788 Composto de cartas e diários de viagem, esse clássico, pela primeira vez traduzido do alemão para uma edição brasileira por Sergio Tellaroli, mostra o encantamento de Goethe pela terra italiana, experiência que o transformou profundamente. O poeta chegou à Itália em 1786 e acolheu tudo o que viu e sentiu no Belpaese: a cor e o aroma das frutas, o rosto de homens e mulheres, o burburinho das ruas, as obras da Antiguidade e a arquitetura renascentista. Em Viagem à Itália estão presentes a beleza e a alegria que os grandes poetas conseguem imprimir às suas obras. Companhia das Letras, 472 páginas, R$ 63.
embarcações expostas no mar e em terra firme, apresentadas por estaleiros como Schaefer, Ferretti, Azimut-Benetti, Beneteau e Princess. A programação conta ainda com palestras ministradas por especialistas e navegadores experientes. www.boatshow.com.br
clickdoleitor
Arquivo pessoal
Dança das Intenções O Centro Iyengar Yoga São Paulo recebe, de 21 a 25 de janeiro, o workshop A Dança das Intenções, ministrado pela atriz italiana Roberta Carreri, do Odin Teatret. A oficina tem o objetivo de comunicar as bases de uma técnica teatral que pode ajudar os atores e bailarinos a
“F
oi uma viagem inesquecível rever a terra dos meus ancestrais, que eram de Lagonegro, localizada na província de Potenza, na região da Basilicata. A nostra bella Itália impressiona a todos que têm a oportunidade de visitá-la”. Berenice Lagonegro Higienópolis, SP — por e-mail
comunit àit aliana | j anei r o 2013
9
opinione FabioPor ta
Un voto importante Le prossime elezioni italiane coincidono con il periodo più difficile per l’economia dal dopoguerra ad oggi
N
on è un voto qualsiasi, quello per i quali oltre quaranta milioni di italiani saranno chiamati a votare il prossimo mese di febbraio. Non che ci siano elezioni importanti e altre meno. Tutte le volte che, in democrazia, i cittadini sono chiamati a votare per scegliere i loro rappresentanti al Parlamento si compie il più alto e nobile atto di partecipazione politica che un cittadino possa esercitare. Spesso, purtroppo, sono i politici a non onorare questo gesto nobile e per certi versi sacro, facendo prevalere interessi personali o del proprio gruppo o fazione politica sul bene comune. La conseguenza di tali gesti, anche se espressione di singoli parlamentari o di gruppi minoritari, è la riduzione dell’arte della politica ad un mero esercizio del potere e quindi l’aumento del discredito e della disillusione dei cittadini rispetto alle stesse istituzioni democratiche. Ma torniamo alla nostra Italia e alla sua importante consultazione elettorale. Dopo tre anni e mezzo di governo del centro-destra guidato da Silvio Berlusconi e un anno di governo di “emergenza” del senatore a vita Mario Monti, saranno finalmente i cittadini italiani – in Italia e all’estero – a scegliere la coalizione e quindi il leader che nei prossimi cinque anni avranno il difficile compito di fare uscire il Paese dalla più difficile crisi economica dal dopoguerra ad oggi. Sul campo ci sono tre coalizioni e altrettanti candidati a Primo Ministro: da una parte il solito Berlusconi, che dopo diciassette anni di insuccessi e scandali si ripropone all’elettorato con un mix di demagogia e populismo in grado forse di recuperare qualche consenso ad un centro-destra in ‘caduta libera’ nei sondaggi, ma certo di ottenere una nuovo successo elettorale; al centro abbiamo il cosiddetto “Terzo Polo” (l’Udc e il Fli dei due ex Presidenti della Camera Casini e Fini), 10
che punta sulla candidatura a ‘premier’ di Mario Monti che, smessi i panni del tecnico super-partes, entra in campo con le sue ricette neo-liberiste orientate alla più rigida ortodossia economico-finanziaria europea; a completare il quadro il terzo contendente, che tutti i sondaggi danno per favorito: la coalizione progressista guidata dal vincitore delle primarie del
Gli italo-brasiliani corrono il rischio di perdere la loro “voce” in Parlamento centro-sinistra Pierluigi Bersani, con un programma di governo che con lo slogan “l’Italia giusta” vorrebbe mantenere i conti in ordine puntando allo stesso tempo su coraggiose politiche di crescita e sviluppo. Una scelta importante, quindi, quella degli italiani; una scelta che anche questa volta riguarderà oltre quattro milioni di nostri concittadini all’estero, dei quali oltre un milione vive in America Meridionale, la ripartizione elettorale che eleggerà quattro deputati e due senatori.
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Non sarà facile, per il poco tempo a disposizione e per la coincidenza con le ferie estive ed il carnevale, sensibilizzare e coinvolgere ad una partecipazione massiccia oltre che consapevole l’elettorato sudamericano, e in particolare “brasiliano”. ComunitàItaliana è uno dei pochi e lodevoli esempi di organo di informazione che si rivolge in maniera specifica a questo pubblico, svolgendo un’azione meritoria di informazione e approfondimento essenziali ai fini dell’aumento della partecipazione al voto degli italiani
residenti in Brasile o dei brasiliani con cittadinanza italiana. Nel nostro caso, vale la pensa ricordarlo, l’esercizio del voto ha un doppio significato: oltre alla responsabilità di concorrere alla scelta dei parlamentari e quindi dei partiti che formeranno il nuovo Parlamento (e di conseguenza il governo del Paese), l’elettorato italo-brasiliano ha nelle proprie mani l’altrettanto grande responsabilità di mantenere ed eventualmente rafforzare la presenza nel Parlamento italiano di uno o più suoi rappresentanti. Il nostro “collegio elettorale”, infatti, è dominato dagli italo-argentini che rappresentano quasi il 60% degli elettori; da ciò deriva la predominante presenza “argentina” in Parlamento, con addirittura quattro dei cinque parlamentari eletti in Sudamerica. Un peso eccessivo, se si pensa agli oltre trenta milioni di italodiscendenti brasiliani e – soprattutto – agli almeno trecentomila in attesa di vedere riconosciuta dai consolati la loro cittadinanza. Anche per questo motivo la responsabilità di chi vota è grande: gli italo-brasiliani non possono correre il rischio di rimanere senza voce in Parlamento, anzi dovrebbero rafforzarla.
opinione
EzioMaranesi
Una triste resurrezione S
Il vecchio saggio esce dall’arena prima di diventare penoso e ridicolo ilvio è risorto. Dopo ben più di tre giorni. Eppure aveva distribuito ricchezze a tante illibate procaci ragazzotte, cacciato i Fini dal tempio, moltiplicato i pesci elettori e esibito tante altre meraviglie. Volle però camminare sulle acque procellose del Parlamento: sprofondò ingloriosamente, nonostante si fosse aggrappato alle brache di Scilipoti. Diceva in quei giorni: “Credo di essere stato, di gran lunga, il miglior Primo Ministro che l´Italia abbia avuto nei suoi 150 anni di storia”. Incredibile: nemmeno lui poteva crederci ma ora si aspetta almeno le stimmate. Il letargo durò un anno, molto più di quello delle serpi. Negli ultimi mesi il vecchio Amleto sfogliò a lungo la margherita: torno, non torno... L’Italia con il fiato sospeso attendeva il responso dell’ultimo petalo toccando cornetti e cose intime per scongiurare la iattura. Il fato decretò “torno” e pensammo alla profezia dei Maya. Il fascino del potere è irresistibile; un proverbio napoletano lo dice in modo tanto incisivo quanto scurrile. Abbiamo allora tifato per i Maya. Invano: il mondo continua e Silvio torna. Fu la decisione più triste e miserabile del nuovo millennio. Gli sarà difficile ricostruire il mercato delle escort, rovinato per sempre, ma cercherà di rimettere in piedi una destra
i buoni dai cattivi. La TV ci ha mostrato la vergognosa e umiliante cerimonia del bacio alla pantofola del sovrano risorto quando entrò a Montecitorio. Le amazzoni di Silvio, adoranti e estasiate, e i suoi camerieri, proni più che mai, salirono sgomitando in ginocchio i gradini dell’emicerchio di Montecitorio quasi fosse la scalinata di Nossa Senhora da Penha. I primi arrivati entreranno nella nuova arca di Noè. Cicchitto e Gasparri riavran-
contro il malocchio. Suo ispiratore è l’on. Brunetta, anch’egli diversamente alto. Mi viene in mente, da tempi lontani, la parafrasi di un proverbio latino che non piaceva affatto a un amichetto che gigante non era: “mens nana in corpore nano”. Il migliore consiglio che Brunetta dovrebbe dargli: scenda dal ronzino, vecchio cavaliere del bunga, ormai la conoscono. Non faccia altri danni.
Silvio troverà i suoi elettori. Sa vendere e c’è molta gente, anche nel 2013, che ha bisogno di credere alle favole e paga i santoni contro il malocchio
no le loro vecchie poltrone, sebbene noi li vedremmo meglio a Luxor, insieme alle mummie dei faraoni. Al timone del PdL Silvio cavalca il più banale populismo e senza vergognarsi dice agli elettori: il governo Monti ha impoverito gli italiani. Dimentica che il suo partito ha votato a favore di tutte le leggi proposte dal governo Monti e quindi, se l’Italia è oggi più povera, lo dobbiamo anche a lui. Promette che, se eletto, ridurrà le tasse. Non dice come farà, riducendo le tasse, a raggiungere il pareggio del bilancio dello Stato nel 2013, impegno che lui stesso ha preso verso l´Europa firmando un solenne trattato quando era al potere. In altri termini: sta ingannando gli italiani, cosí come fece nel 2008. Ma così come l’universo, la credulit umana è infinita, quindi Silvio troverà i suoi elettori. Sa vendere e c’è molta gente, anche nel 2013, che ha bisogno di credere alle favole e paga i santoni
Due ultime considerazioni. La prima: è doloroso ammettere i propri errori. Ho sbagliato quando ho creduto in Berlusconi. Non tutto appariva limpido, ma ho creduto che il manager di successo, disponendo di larga maggioranza in Parlamento, avrebbe realizzato le riforme di cui l’Italia ha bisogno. Non l’ha fatto; al contrario ha portato l’Italia sull’orlo del fallimento. Indegni comportamenti personali hanno completato il disastro. La seconda: noi cittadini, poveracci, leggiamo sui notiziari le versioni dei fatti ma non siamo in grado di conoscere le verità vere e ben nascoste. Il nostro giudizio sui comportamenti del mondo politico ha le stesse valenze razionali che ha il tifo pro e contro la Juve o l’Inter. Poi il tempo conferma o umilia le nostre simpatie. Quando è tardi e abbiamo già votato.
distrutta, con dissidenti di ogni tipo alla disperata ricerca di maniglie cui attaccarsi per essere rieletti. Silvio avrà metà dei voti che ebbe quattro anni fa, ma è pur sempre un catalizzatore di consensi e, con la legge elettorale vigente nota col nome azzeccatissimo di Porcellum (!), porterà in Parlamento in comode e ben pagate poltrone un buon numero di fossili da lui scelti a dito dopo aver separato
comunit àit aliana | j anei r o 2013
11
Especial
Belini recebe o Troféu ComunitàItaliana
Presidente da Fiat Chrysler América Latina foi homenageado por seu trabalho à frente da líder do mercado de automóveis e pelo incentivo às relações entre Brasil e Itália Janaína Pereira
O cônsul geral da Itália em São Paulo, Mauro Marsili, e dirigentes da Fiat como o vicepresidente executivo Valentino Rizzioli, o diretor de Relações Institucionais Antônio Sérgio Martins Mello e o diretor de Comunicação Corporativa Marco Antônio Lage prestigiaram a homenagem ao presidente da Fiat Chrysler, Cledorvino Belini
C
De São Paulo
ledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler América Latina, recebeu o Prêmio ComunitàItaliana 2012, concedido àqueles que apóiam e difundem a cultura ítalo-brasileira. O executivo se destaca ao longo dos anos por seu trabalho à frente da Fiat que, em 2012, alcançou mais uma vez a liderança no mercado de automóveis. Assistiram à entrega do prêmio, realizada no dia 20 de dezembro, no escritório da Fiat, em São Paulo, o cônsul geral em São Paulo, Mauro Marsili; e os executivos da empresa como o vice-presidente executivo Valentino Rizzioli, o diretor de Relações Institucionais
Antônio Sérgio Martins Mello e o diretor de Comunicação Corporativa Marco Antônio Lage. Também estiveram presentes o vice-diretor da Agência para a promoção no exterior e a internacionalização das empresas italianas Gianni Loreti e o diretor-presidente de ComunitàItaliana, Pietro Petraglia. — É uma honra receber o prêmio, estou muito feliz. Veio em uma época importante, porque estamos atravessando um momento especial na empresa — disse Belini durante o evento. A Fiat Automóveis estabeleceu seu recorde de vendas no Brasil em 2012. Em 11 meses, registrou a venda de 763.754 automóveis e comerciais leves emplacados, superando a marca histórica das 760.495 unidades vendidas em 2010, conforme os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Com o crescimento das vendas, a empresa ampliou a participação no mercado brasileiro de 22% em 2011 para 23,2% no acumulado de janeiro a novembro de 2012, o que a mantém na liderança pelo 11º ano. O bom momento que a Fiat atravessa no Brasil não fez Belini esquecer a crise econômica italiana. Ele acredita que o país tem condições de sair da crise.
“A Fiat representa o grande elo que existe entre Brasil e Itália, de arte, de tecnologia, de força e de paixão” Pietro Petraglia, presidente da Comunità 12
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
— A Itália tem potencial de crescimento e mais cedo ou mais tarde vai ajustar salários e sair da crise. A economia italiana sempre caminhou independentemente da política — disse. Belini também ressaltou o vínculo entre italianos e brasileiros. — O Momento Itália-Brasil foi muito importante e veio em boa hora. A ideia foi ótima e conseguiu estreitar as relações entre os dois países. Para Pietro Petraglia, a premiação de Cledorvino Belini reforça o momento especial que a Fiat está vivendo. — A Fiat atravessou momentos difíceis e hoje está em ótima fase. É uma honra para nós entregar este Prêmio, que nasceu de um conceito de premiar a relação Itália-Brasil. Num clima que mesclava emoção e descontração, Petraglia destacou ainda a importância da empresa como apoiadora das atividades do Sistema Italia no país. — Sem dúvida, a Fiat representa o grande elo que existe entre Brasil e Itália, de arte, de tecnologia, de força e de paixão. Além da sua grande capacidade consagrada como executivo, o presidente Belini é merecedor deste prêmio pelo reconhecimento de nossas instituições ao incentivo que a empresa dá aos projetos de valor inestimável que chegam à população. O que seria de nossa publicação, por exemplo, sem o apoio da Fiat? A virada estratégica de Belini foi contada em livro O empresário ítalo-brasileiro Cledorvino Belini é formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e cursou pós-graduação em Finanças na Universidade de São Paulo. Em
Fotos: Claudio Cammarota
2009, passou a integrar o Conselho Executivo do Fiat Group, a mais elevada instância mundial de comando executivo do grupo. Ele também é diretor presidente da Fiat Finanças Brasil desde 2005. De 1987 a 1993, foi diretor de compras da Fiat Automóveis. A partir de 1994, passou a ser diretor comercial e diretor geral da Fiat Automóveis. Nesta época, foi o responsável pelo lançamento do Fiat Palio, o carro mundial da empresa. Em fevereiro de 2004 assumiu o cargo de presidente da Fiat Automóveis para a América Latina. Em 2005, se tornou presidente de todo o Grupo Fiat para a América Latina. Com a aquisição do controle acionário da Chrysler pela Fiat, em 2011, assumiu a responsabilidade pelas atividades da empresa no continente. A história do empresário é contada no livro A virada estratégica da Fiat no Brasil, de Betania Tanure e Roberto Patrus. A obra mostra como a liderança de Cledorvino Belini transformou a cultura da Fiat no Brasil. Em 2004, a empresa era líder de mercado e o contexto concorrencial era de guerra de preços. A fabricante estava interessada em vender, mesmo com margem de retorno pequena ou até inexistente, e Belini implantou, com o apoio da matriz italiana, a busca do retorno sobre o investimento. Claudio Scajola, então ministro italiano do Desenvolvimento, foi o primeiro a receber o Prêmio. Seguiram-se Valentino Rizzioli, presidente da CNH (2008); Roger Agnelli, então presidente da Vale (2009); Sérgio Gabriele, na época presidente da Petrobras (2010); e o prefeito Eduardo Paes e o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2011).
“É uma honra receber o prêmio, estou muito feliz. Veio em uma época importante, porque estamos atravessando um momento especial na empresa” Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler
Bellini, entre o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria Pietro Petraglia e o cônsul Marsili: a liderança do empresário transformou a cultura da Fiat no Brasil e fortaleceu as relações econômicas e culturais entre os dois países
comunit àit aliana | j anei r o 2013
13
Atualidade
O campo repaginado Novas profissões levam os jovens italianos de volta ao campo. Do sommelier de frutas ao personal trainer de jardins, mais de 100 mil vagas de trabalho devem surgir nos próximos anos no setor agrícola do Belpaese Aline Buaes
Especial para Comunità
D
o blogueiro de receitas ou do food blogger, todo mundo já deve ter ouvido falar. Mas do personal trainer de jardins ou do sommelier de frutas, certamente não. Novas e curiosas profissões agrícolas, algumas extremamente especializadas, estão levando para o campo jovens empreendedores italianos que encontram no setor agrícola oportunidades cada vez mais raras em outros setores da economia. O avanço da chamada economia sustentável no Belpaese vem abrindo novas oportunidades de trabalho para os jovens no campo, longe das cidades onde a crise aperta, com previsões de índices ainda maiores de desemprego para 2013. Uma pesquisa realizada pela Confederação dos Agricultores Italianos (Coldiretti) mostra que, pela primeira vez em dez anos, ocorre uma inversão de tendência na Itália: no segundo trimestre de 2012 cresceu em 4,2% o número de empresas agrícolas comandadas por jovens com menos de 30 anos. De acordo com a Coldiretti, a tendência seria o resultado das novas profissões que surgiram nos últimos anos, como sommelier de frutas, agrossorveteiro, personal trainer de jardins, refinador de queijos e degustador de mel, entre muitas outras. São todas profissões ligadas ao meio agrário e à alimentação, que levarão milhares de novos trabalhadores para o campo na Itália nos próximos anos, prevê a Coldiretti. — A crescente atenção à qualidade da alimentação está favorecendo o nascimento de novas 14
e importantes oportunidades de trabalho na Itália — afirma Sergio Marini, presidente da Coldiretti. Marini indica que estas novas profissões devem gerar nos próximos anos nada menos que 100 mil oportunidades de trabalho no país. A pesquisa realizada em parceria com o instituto SWG afirma que a maioria dos jovens italianos, diferentemente das gerações que os precederam, não sonha mais com um trabalho em escritórios ou bancos em grandes metrópoles, mas almejam gerenciar uma propriedade de agroturismo no campo. Quase a metade dos entrevistados entre 18 e 34 anos afirma preferir gerenciar uma propriedade agrícola voltada para o turismo rural, contra 23% que gostariam de ser empregados em um banco ou 19% que gostariam de trabalhar para uma multinacional. Quanto às vantagens de um emprego fixo, muitos criticam atividades que consideram repetitivas e pouco gratificantes quando comparadas com o trabalho no campo. O percentual de italianos que trocariam o atual trabalho para se tornarem agricultores chega a 28%. Os motivos de tal escolha se dividem entre os que pensam que assim levariam uma vida mais saudável (50%), aqueles que se sentiriam mais livres e autônomos (18%) e aqueles que simplesmente teriam prazer em viver no campo (17%). Apenas 7% dos entrevistados acreditam que os ganhos financeiros seriam mais altos no campo. O agrossorveteiro produz o sorvete mais saudável possível As novas profissões do sabor vão muito além do simples e árduo trabalho do agricultor. São profissões que
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
incluem atividades especializadas e, ao mesmo tempo, tradicionais, como o agrossorveteiro, como se chamam os produtores de leite que transformam a sua matéria-prima fresca, que acabou de ser ordenhada, em sorvete. Esses sorveteiros orgânicos recebem o apoio de órgãos governamentais, pois, além de criarem uma fonte de renda, produzem iguarias artesanais da mais alta qualidade com ingredientes naturais e saudáveis. No Vêneto, Valentinza Manzati é um exemplo de jovem empreendedora por trás da Azienda Agricola Manzati, propriedade da sua família que, nos últimos anos, decidiu utilizar parte do leite produzido em
No Vêneto, Valentina Manzati transforma leite fresco em um refinado gelato em seu laboratório. Na Campânia, Renata Madaio, em sua empresa familiar, trabalha com o refinamento de queijos
um novo negócio. O leite fresco é transformado em um fino gelato no “laboratório-sorveteria” instalado nos fundos da pequena propriedade familiar, na província de Verona. Hoje, o local é referência no assunto. Outra especialização promissora é a do refinador de queijos, um produtor de leite que aproveita a matéria-prima fresca para elaborar produtos refinados através de processos de envelhecimento mais complexos. Assim, refinar um queijo significa levar o produto, após a curagem, a uma qualidade superior e a um sabor típico, adquirindo qualidades exclusivas do território de proveniência. É o trabalho de Renata Madaio, jovem empreendedora da Campânia, atuante na propriedade agrícola da sua família, a Casa Madaio. Na província de Salerno, terra da mais famosa mussarela de búfala da Itália, a jovem convenceu
Quase a metade dos italianos entre 18 e 34 anos prefere gerenciar uma propriedade agrícola ao invés de ser empregado em um banco ou em uma multinacional
a família de que era preciso fazer algo de novo. Há mais de quatro gerações, a família comprava o leite de búfala dos produtores da região e o transformava em mussarela fresca para ser comercializada. Hoje, este mesmo queijo é levado para os laboratórios da empresa, onde ficam armazenados e são submetidos a tratamentos diários. — Produzimos queijo de búfala e o deixamos sendo curado nas grutas naturais do Parque Nacional do Cilento. Os tratamentos diários transmitem os aromas do nosso território, ou seja, fazemos curagem com azeite de oliva e vinagre, e temperamos com ervas típicas da região — explica Renata, que recentemente conquistou um prêmio da Coldiretti direcionado às empresas agrícolas inovadoras. Sommelier de frutas e personal trainer de jardins entre as novas profissões O sommelier de frutas é uma nova figura profissional na Itália, regulamentada oficialmente pela Onafrut, a associação italiana de degustadores de frutas, criada em 2002. Eles são, na realidade, degustadores especializados que atuam como consultores ou professores. Ensinam as variedades, os graus de amadurecimento, os sabores e os aromas para o correto consumo de frutas. O percurso formativo para alguém
O sommelier de frutas pode trabalhar como consultor em escolas
se tornar degustador profissional inclui dois cursos de formação básica oferecidos pela própria Onafrut, cujo objetivo é aprofundar os conhecimentos sobre o setor hortifrutícola e sobre as técnicas para a análise sensorial das frutas. Para quem se propõe a realmente a estudar o assunto e adquirir o grau mais alto da categoria, o de maestro degustador, é preciso participar de painéis específicos de degustação até que o hobby possa se transformar em um verdadeiro trabalho. — As atividades profissionais para os degustadores incluem consultorias a empresas e redes de distribuição de frutas, como centros de pesquisa, revistas técnicas, cooperativas agrícolas e também escolas, com as quais a Onafrut mantém o projeto FruttAScuola, com aulas específicas para crianças
comunit àit aliana | j anei r o 2013
15
Atualidade — explica o degustador Cesare Gallesio, secretário da Onafrut e atuante na região do Piemonte. Ele conta que, por enquanto, ninguém consegue se manter apenas com a atividade de degustador, mas que aumentam cada vez mais as ocasiões em que são requisitados. A maior parte dos degustadores de frutas na Itália é constituída por técnicos e empreendedores do meio rural, provenientes de diversas categorias profissionais. Os jovens atuantes na profissão, que aumentam a cada dia, segundo Gallesio, são geralmente provenientes de percursos de estudos de matriz agrícola, como agrônomos, técnicos agrícolas e peritos agrários. — Muitos jovens estão se tornando agricultores na Itália, já que este é o único setor produtivo que não está em crise — garante Danielle Taffon, responsável pelo projeto Hortas Urbanas da Fundação Campagna Amica, uma iniciativa que, além de sustentar uma rede nacional de apoio às pessoas interessadas em implantarem hortas e jardins urbanos, é diretamente responsável pela criação de uma figura profissional em franco crescimento na Itália: a de personal trainer de hortas e jardins. A tarefa desse profissional é auxiliar quem pretende implantar uma horta na cidade ou preparar uma varanda ou terraço. Trata-se de um agricultor que oferece consultoria e auxílio àqueles que amam plantas e ervas aromáticas, porém sabem pouco do mundo agrícola. A profissão nasceu da crescente busca
das pessoas por plantas para crescerem em casa, nas grandes cidades. O projeto também difunde o conceito de horta comunitária e trabalha junto às prefeituras a fim de obter terrenos para a comunidade. Conforme explica Taffon, os personal trainers de jardins são normalmente agrônomos de formação ou produtores agrícolas. — É um mercado com enormes potencialidades, já que o trabalho difere do de jardineiro genérico — salienta Taffon, explicando que as hortas feitas com auxílio de um personal trainer do projeto Hortas Urbanas entram em uma rede nacional de apoio e consultoria, onde os membros trocam opiniões e dividem problemáticas e soluções. Assim como ocorre com os sommeliers de frutas, também a maior parte dos personal trainers de hortas e jardins ainda não consegue fazer desta atividade a sua principal ocupação.
Pietro Hausmann, personal trainer de jardins, transformou o hobby em trabalho e hoje presta consultoria à rede Hortas Urbanas
O espumante submarino
M
arta Lugano Bisson é a empreendedora por trás dos “espumantes dos abismos”. O vinho é envelhecido no fundo do mar, a 60 metros de profundidade, e em condições perfeitas de luz, temperatura e leve rotação das garrafas. Aos 32 anos, ela conta que sempre foi apaixonada pelo mundo agrícola, pois cresceu em meio à vinícola do seu pai, na província de Gênova. — Desde sempre, eu e meu pai queríamos produzir um espumante, mas não tínhamos o ambiente ideal para isto. Tudo começou quando ela ouviu falar de descobertas arqueológicas no mar e de antigos vasos que continham vinho perfeitamente conservado. Dali nasceu a ideia de criar uma cantina submarina. — Iniciamos em 2009 com a fermentação de 6500 garrafas de vinho em uma profundidade de 60 metros, onde a ausência de oxigênio, a penumbra e a temperatura constante por 13 meses
16
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
cria este produto de alta qualidade e inovação. A novidade para 2013 será um espumante rosê, que está repousando no fundo do mar neste momento — revela. As cantinas submarinas ficam em uma das baías mais lindas da Itália — Portofino, na província de Gênova, em uma área marítima protegida. — Meu sonho é conseguir construir uma propriedade agrícola completa, onde, além de vinhedos, se criem animais, como nas fazendas de antigamente. Além do trabalho, tenho uma necessidade de ‘viver’ no campo. Apesar das dificuldades burocráticas, a vontade e a paixão são sempre bons motores — afirma Marta, que cuida de toda a parte administrativa da vinícola e também acompanha os trabalhos nos vinhedos.
— Aos poucos eles conseguirão. Muitos precisam levar adiante a sua própria propriedade agrícola — salienta Taffon. É o caso de Pietro Hausmann, 30 anos, que já trabalhou nos Estados Unidos como consultor de produtos típicos italianos. Ele decidiu voltar à Itália e se dedicar ao seu grande hobby: a jardinagem. Hoje, ainda atua como consultor para uma distribuidora de alimentos e divide o tempo entre os cuidados com a sua terra, um hectare de jardim ao lado de casa entre o Lácio e a Úmbria, e a consultoria que presta à rede Hortas Urbanas. — Meu hobby se tornou parte do meu trabalho como personal trainer — afirma Pietro, há dois anos no setor. O pacote completo do trabalho de Pietro como personal trainer de hortas prevê cinco momentos: a visita gratuita de avaliação, a organização do espaço, o plantio das plantas, a visita de controle e a colheita. Tudo realizado em forma de aulas para os participantes. A maior parte dos clientes quer saber como tornar a horta o mais diversificada possível. Para terraços e sacadas, o agricultor costuma adotar soluções como vasos de diversas dimensões e sacos de fibras que são pendurados nas paredes e recebem mudas de ervas aromáticas e pequenas flores. — O futuro no campo é um futuro de sacrifícios, mas também de muitas satisfações. Os jovens estão prontos para esta vida dura? — questiona Bruno, que defende novas formas de agricultura na Itália. Ele aposta na agricultura multifuncional, ou seja, fazendas didáticas, agroescolas, agroturismos e hortas comunitárias como soluções para o futuro, pois acredita que “ao trabalho da terra, se somarão outras atividades que repovoarão os campos com os jovens”.
Os novos alquimistas do campo entre o cultivo de ervas e as vendas online Alquimista do campo é o nome genérico para a profissão de produtor de ervas e plantas medicinais que transforma ervas em valiosas bebidas destiladas através de enormes alambiques e muitos experimentos. No interior da Emília-Romanha, o jovem Saverio Denti, de 28 anos, aproveitou a propriedade agrícola familiar, que já produzia licores a partir das ervas aromáticas, para realizar um sonho: recuperar o absinto tão amado pelos poetas e tão buscado ao longo dos séculos através de experimentos com essências e ervas. Embasado na sua monografia da faculdade de Farmácia, intitulada A fada verde: a verdade sobre o absinto, Saverio hoje é o produtor e empresário por trás da Mistico Speziale, uma empresa que produz um absinto artesanal de alta qualidade, único do gênero na Itália, composto por ervas como anis verde, funcho, artemísia, melissa e hissopo. Nos laboratórios de Saverio, as ervas cultivadas passam por processos rigorosamente manuais, seguindo receitas do século XIX, e atravessam períodos de secagem e imersão em enormes alambiques com álcool a 85 graus. A ideia de iniciar o próprio negócio surgiu após terminar a faculdade, quando Saverio não encontrava um trabalho satisfatório. — Tinha à disposição o terreno, então decidimos tentar por este caminho. Fixamos um objetivo: produzir um produto de alta qualidade, em quantidades limitadas, seguindo minuciosamente todas as fases produtivas, da germinação das plantas ao engarrafamento da bebida — explica o jovem. O cultivo das ervas e todo o processo de produção da bebida é feito de modo manual e ecológico, sem o uso de agrotóxicos ou pesticidas. A empresa de Saverio já realiza vendas online. — As vendas através da internet são um instrumento fundamental para qualquer empresa, especialmente para produtos como os nossos — afirma o jovem empreendedor, que admite que este não é melhor momento da economia italiana. Apesar da crise, ele diz que segue adiante com as vendas, embora esteja ainda no início da atividade, precisando divulgar mais o produto. Saverio também acredita no futuro agrícola para os jovens na Itália.
— A agricultura é um dos poucos setores que, mesmo com a crise, consegue avançar, porque a terra é o recurso principal para todos nós. É o bem mais importante que temos e deve ser valorizado e protegido da melhor maneira possível — salienta. O alquimista revela a sua fórmula de negócio: o futuro para as pequenas propriedades agrícolas é “fechar a cadeia produtiva, ou seja, não se limitar a cultivar, por exemplo, uma fruta, mas tentar transformá-la em algo pronto para ser comercializado, com foco na qualidade e na particularidade do próprio produto”. Saverio, que mora a poucos quilômetros da sua propriedade, na província de Reggio Emilia, afirma que possui muitos amigos da sua idade que trabalham em ramos como jardinagem, viticultura ou no cultivo de verduras, frutas e cereais, e garante que não conseguiria viver em uma grande cidade. — Como nasci aqui, não conseguiria viver em uma cidade. O campo tem os ritmos mais lentos, mais humanos — resume. O cervejeiro Km Zero é o título do cultivador de cereais que transforma os seus próprios grãos em uma cerveja artesanal de qualidade. Nas montanhas de Avellino, na região da Campânia, Vito Pagnotta aproveita a propriedade da sua família, produtora de grãos, para colocar em prática as técnicas que aprendeu diretamente na fonte, com os mais famosos maestros cervejeiros da Bélgica. Após terminar os estudos em Agronomia com especialização em cereais, que incluíram um mestrado em empreendedorismo agrário e cursos de especialização no Centro Italiano de Pesquisa sobre a Cerveja (CERB), Pagnotta partiu para as terras belgas, onde aprendeu na prática como se produz a melhor cerveja do mundo. Voltou para a sua pequena Monteverde, com menos de mil habitantes, e transformou a propriedade familiar de três gerações, acostumada a fornecer farinha para pães e pizzas, em uma famosa cervejaria artesanal italiana. — Decidimos iniciar o trabalho com a cerveja após avaliarmos bem as matérias-primas produzidas em nossa propriedade, o potencial do nosso projeto e a conclusão dos meus estudos — afirma Pagnotta, cujos clientes principais são restaurantes, pizzarias, bares e compradores diretos em diversas regiões italianas do sul. Para o cervejeiro, a análise da Coldiretti está corretíssima.
Na Emília-Romanha, Saverio Denti trabalha como alquimista do campo e transforma ervas em valiosas bebidas destiladas através de alambiques e muitos experimentos
— No setor agrícola existem muitas possibilidades para os jovens que criam coisas novas, novos modos de produção, novos produtos que satisfazem as exigências dos consumidores — confirma. Ele tem muitos amigos da sua idade que vivem e trabalham no mundo rural. Eles produzem artigos como vinhos, mel, castanhas, salames e presuntos, e “dividem as alegrias e tristezas de uma propriedade rural nos dias de hoje”. Da plantação da cevada ao fechamento das garrafas, tudo passa pelo seu crivo — e este é o grande mérito da sua produção. — É uma cerveja pura, com os sabores da mãe natureza — conclui.
Na Campânia, Vito Pagnotta trabalha como cervejeiro KM Zero e fabrica cerveja artesanal de alta qualidade
comunit àit aliana | j anei r o 2013
17
As chances do professor Monti é candidato às eleições nacionais de 24 e 25 de fevereiro. Mas quais são as suas possibilidades de vencer? Gina Marques
E
De Roma
le vai entrar na política ou não vai? A resposta que os italianos esperavam do primeiro-ministro tecnocrata chegou com o peru de Natal, transmitida pelo Twitter durante a ceia de 24 de dezembro. Às 23:31, horário local, o católico Mario Monti publicou dois tweets. O primeiro: Juntos salvamos a Itália do desastre. Agora a política deve ser renovada. Lamentar-se não serve, esforçar-se sim. O segundo: Juntos... entramos na política! O anúncio da entrada de Monti na política foi recebido por alguns com satisfação e por outros com desilusão. No time dos favoráveis estão aqueles que acreditam no professor como um homem moderado, símbolo do salvador da economia de uma Itália disposta a demonstrar a capacidade de conquistar a credibilidade internacional. Já os contrários são de vários tipos, entre eles os insatisfeitos com a sua política de austeridade nos cortes das despesas e aumentos de impostos que, segundo o seu governo, eram medidas necessárias para colocar as contas em ordem. Entre os desiludidos estão também aqueles que pensavam que a “nobreza” do ex-comissário europeu e presidente da Universidade Bocconi deveria se manter intacta. Afinal, misturar-se com os políticos pode significar o risco de entrar no baixo escalão dos insultos adversários. Para tentar entender a situação política atual é preciso voltar no tempo. Não muito, um pouco mais de um ano: precisamente ao dia 12 de novembro de 2011, quando o então premier Silvio Berlusconi apresentou a demissão do seu governo ao presidente da República Giorgio Napolitano. A Itália sofria 18
com a especulação dos mercados financeiros por causa do alto débito público que chegou a tocar os 1,904 trilhões de euros, equivalentes a 122% do Produto Interno Bruto de 2010. Os escândalos que envolviam Berlusconi, entre festas com garotas de programa dançando “bunga bunga” e processos judiciais por suspeita de corrupção, não ajudavam a reputação do país. Ao perceber que o governo Berlusconi estava na corda bamba, Napolitano, em 9 de novembro, nomeou o professor Monti como senador vitalício. De acordo com a Constituição italiana, o presidente pode designar este cargo a cinco personalidades ilustres porque contribuíram “com a Pátria com altos méritos no campo social, científico, artístico e literário”. Apenas três dias depois, o Executivo de Berlusconi caiu. Foi então que Napolitano consultou os lideres dos partidos e chamou o professor Mario Monti para chefiar um governo formado por tecnocratas, com a finalidade de evitar que o país despencasse financeiramente e que a Itália sofresse o efeito dominó da Grécia.
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Monti assumiu a presidência do Conselho de Ministros em 16 de novembro de 2011, chefiando o chamado Executivo técnico que deveria durar até meados de janeiro de 2013. Para aceitar tal responsabilidade, pediu o consenso da maioria do Parlamento. Do contrário, a Itália ficaria ingovernável. Nesta ocasião, os três maiores partidos, o Partido Democrático de esquerda (PD), o moderado União Democrática de Centro (UDC) e o de direita Povo da Liberdade (PDL) se reuniram e decidiram apoiar as principais reformas econômicas necessárias para salvar o país da crise. Quase 13 meses depois, em 6 de novembro de 2012, Berlusconi decidiu voltar, obrigando o seu partido, o PDL, a retirar o apoio ao governo Monti. Nesta situação, o professor optou por apresentar a demissão depois que fosse aprovada a lei do orçamento. Segundo ele, não valia a pena mendigar votos políticos para prolongar aquele que seria um período agonizante para o governo de tecnocratas. Entenda o que mudou com o governo tecnocrata na economia italiana O governo Monti durou 401 dias. Já que ele foi chamado para salvar a economia da Itália, o que mudou neste período? Segundo os economistas, duas coisas melhoraram e estão interligadas: o spread entre o Btp e o Bund. Mas é preciso entender o vocabulário economês que afeta a vida diária dos italianos. A palavra spread em inglês significa extensão, propagação, mas, na linguagem econômica, refere-se à disparidade entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) de uma ação, título de Estado ou transação monetária. Trata-se da diferença entre a remuneração que o banco paga ao aplicador para
captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro. Na Europa é o Banco Central Europeu que regula esta remuneração. Para a Itália, o spread é a diferença entre os rendimentos dos títulos de Estado da Alemanha (Bund) e os títulos italianos (Btp). O cálculo é feito através de um prazo de vencimento. Por exemplo, em dez anos se compara o rendimento entre um Btp e um Bund. Ao calcular a diferença entre estes dois rendimentos, se obtém o tal spread. No entanto, é aí que mora o perigo, pois o rendimento de um título de Estado representa também o seu nível de risco. Quanto mais alto é o rendimento, maior é o risco que o emissor não pague o dinheiro e não reembolse o capital no prazo de validade. Se o rendimento do Btp aumenta, significa que o mercado interpreta o título italiano como menos seguro em relação ao equivalente alemão. Se o spread entre Btp e Bund aumenta, significa que o mercado julga que cresce o risco de insolvência para a Itália, ou seja, um país menos confiável que oferece mais pelos títulos e acaba acrescentando no déficit público. A confiança dos mercados financeiros em Monti foi clara. No final do governo Berlusconi, o spread entre Btp e Bund marcava o recorde de 575 pontos e no fim do mandato de Monti registrava 350 pontos: 225 pontos a menos são considerados como um bom resultado. Nestes 12 meses, os rendimentos do Btp em 10 anos passaram de cerca de 8% para 4,9%. Os títulos a curto prazo também reduziram, os BoT (Bonus Ordinari del Tesoro), cuja
Chamado para salvar a economia da Itália, o governo Monti durou 401 dias. Aumentou a confiança dos mercados financeiros na Itália, mas o débito público e o desemprego também aumentaram
comunit àit aliana | j anei r o 2013
19
validade varia de 3, 6 ou 12 meses, desceram de 5,45% a 1,66%, os CTz (Certificati del Tesoro zero coupon) a 24 meses de aplicação, de 6% a 2,37%. Segundo os especialistas do jornal econômico Il Sole 24 Ore, quem continuou aplicando nos títulos públicos italianos mesmo durante a crise em alguns casos conseguiu ganhar até 15%. No entanto, Monti não transformou a economia italiana em um mar de rosas. Algumas coisas pioraram. Os últimos dados fornecidos pelo Banco Central da Itália indicam que o débito público chegou a tocar os 2 trilhões de euros, com um aumento de 3% em comparação a novembro de 2011. A relação entre o débito e o PIB passou de 120 para 126%. Este aumento se
justifica, sobretudo, pela queda de 2,8% do PIB em 2012. O desemprego aumentou, passando de 9,3% para 10,8%. Isso significa que 2,423 milhões de italianos não têm trabalho, dos quais 1,243 milhões são homens e um milhão são mulheres. Este índice de desemprego é o mais alto alcançado desde janeiro de 2004. A indústria italiana também piorou. Em agosto de 2012 registrou -5% em relação ao mesmo mês de 2011, quando foi registrado -4% em comparação a 2010. Em 2012, a concessão de empréstimos diminuiu e a Piazza Affari, a Bolsa de Valores de Milão, registrou uma queda de 2,59% no valor de seus títulos e ações. De modo geral, o consumo também foi reduzido. Segundo a
Os adversários de Monti
O PDL de Berlusconi Logo após haver declarado que se candidataria pela sexta vez à presidência do Conselho de Ministros e que entrava para ganhar, Silvio Berlusconi disse em 12 de dezembro: “Eu me retiro se Monti guiar os moderados”. Mas ele não se retirou. Pelo contrário. Partiu para o ataque ao professor como se fosse o seu pior adversário. Ao se aproveitar do fato que a campanha eleitoral ainda não estava oficialmente aberta e, portanto, que a lei sobre a igualdade de condições (a par condicio) não poderia ser aplicada, o magnata da televisão entrou com toda força na mídia de sua propriedade. Recentemente, participou de vários programas televisivos e radiofônicos de suas redes, mas também da Rai e em outros canais. A sua tática de persuasão é provocar polêmica, embora afirme uma coisa e a desminta em seguida. As pesquisas eleitorais apontam que, o seu partido, Povo da Liberdade (PDL), conquistaria apenas cerca de 15% dos votos. Muitos membros do PDL estão pulando fora do barco e a ex-aliada Liga Norte não quer saber dele. Se considerarmos que na Itália não se vota diretamente para eleger o primeiro-ministro, seu largo sorriso parece não convencer os eleitores.
20
A aliança PD-SEL-CD do favorito Bersani Quando se cogitava a candidatura de Monti, Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrático e vencedor das eleições primárias de centro-esquerda, disse que não era coerente ter como adversário o homem que o PD apoiou no governo. Coerência ou não, agora eles são adversários. Bersani se apresenta como aliado ao partido da Esquerda Ecológica e Liberdade (SEL), liderado pelo governador da Puglia Nichi Vendola e, também, ao Centro Democrático que reúne moderados como Bruno Tabacci e Massimo Donati, que foi do partido Itália dos Valores (IDV). Este último se desentendeu com o líder do IDV Antonio Di Pietro e disse adeus ao partido do ex-magistrado. A coalizão de Bersani conta com o apoio da maior entidade sindical italiana, a CGIL. Segundo as pesquisas, eles poderiam ter entre 30 e 35% das preferências dos eleitores, o que significaria uma vitória.
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo Quando o Movimento 5 Estrelas (M5S) foi fundado pelo cômico genovês Beppe Grillo parecia ser a antipolítica. Apesar deles se autodefinirem uma “livre associação de cidadãos”, trata-se de um partido de fato. Nas eleições administrativas de 2012 o M5S conseguiu eleger quatro prefeitos nas respectivas cidades: Sarego (VI), Comacchio (FE), Mira (VE) e Parma. No entanto, o líder Beppe Grillo foi acusado por alguns ex-componentes de ser “um ditador que guia uma seita”. Segundo as pesquisas, o M5S poderia contar com uma preferência entre 10% e 15% do eleitorado. No entanto, para o movimento é uma luta contra o tempo recolher as 40 mil assinaturas necessárias para se apresentar nas próximas eleições nacionais de 24 e 25 de fevereiro.
associação de defesa do consumidor, a Federconsumatori, em alguns setores, como o de eletrodomésticos, essa queda chegou a 29%. Montezemolo e o Vaticano entre os aliados Antes de comunicar a decisão de entrar na política, o economista divulgou na internet o seu traçado de programa. São 24 páginas divididas em quatro capítulos: Europa, Crescimento, Welfare e uma proposta para “Mudar a mentalidade e o comportamento”. O seu segundo tweet, com o qual assumiu publicamente a decisão de ser o novo candidato a premier, dizia: Juntos entramos na política! No entanto, ele ainda não havia determinado quais seriam os seus aliados, nem se apresentaria uma lista única ou listas federadas. A sua mensagem seguia a linha: Quem quiser me siga nas minhas convicções. O problema é que, segundo as pesquisas, as convicções de Monti seriam seguidas por uma faixa entre 15% e 20% do eleitorado. Por sua vez, o novo movimento “Italia Futura”, guiado por Luca Cordero de Montezemolo, presidente da Ferrari, já havia se manifestado a favor da candidatura de Mario Monti antes mesmo de ser oficializada. Trata-se de um movimento composto de cidadãos e associações da sociedade civil, exatamente o grupo no qual Monti aposta. Em editorial, o jornal da Santa Sé, Osservatore Romano, cumprimentou a iniciativa do professor de entrar na política. O ministro da Cooperação Internacional e Integração do governo tecnocrata e fundador da católica Comunidade de Santo Egídio, Andrea Ricciardi, provavelmente entrará na campanha ao lado de Monti. O partido da União Democrática de Centro (UDC), também chamado União de Centro, de tendência católica e moderada, apoia a candidatura. O líder Pier Ferdinando Casini declarou que Monti “vai jogar como protagonista a nos guiar na campanha eleitoral”. “Ele é o candidato a premier, tem papel branco, é o desenho e o projeto, e eu sou só uma parte”, completou Casini. Vale a pena recordar uma frase de Monti: — Os presidentes passam, os professores restam — disse em seu primeiro discurso na Câmara dos Deputados em 18 de novembro de 2011, dois dias após ser nomeado presidente do Conselho de Ministros.
Corrida eleitoral em época de férias Os candidatos que representam os italianos na América do Sul devem convencer os eleitores a votarem em pleno verão numa corrida contra o tempo Stefania Pelusi
Q
uatro deputados e dois senadores serão escolhidos pelos italianos residentes na América do Sul e descendentes com passaporte italiano. No exterior, ao contrário da Itália, o eleitor pode votar no candidato da sua preferência. Atualmente, o Parlamento italiano tem 18 membros eleitos no exterior: 12 deputados e seis senadores. Os parlamentares são eleitos nas seguintes quantidades, de acordo com a região do mundo que representam: América do Sul (dois senadores e quatro deputados), América do Norte (um senador e dois deputados), Europa (dois senadores e cinco deputados), Ásia, África e Oceania (um senador e um deputado). As listas dos candidatos da América Latina para as eleições dos dias 24 e 25 de fevereiro ainda não chegaram aos Consulados e órgãos oficiais. Até o fechamento desta edição, a Embaixada não tinha informações precisas sobre o assunto. O funcionário do Consulado italiano do Rio Alessandro Parrinello explicou à Comunità que as listas dos candidatos devem ser entregues ao governo italiano e que a tarefa do Consulado é a de reconhecer as assinaturas do abaixo-assinado, que devem reunir no mínimo 500 e um máximo de mil assinaturas. O voto dos italianos no exterior é uma realidade recente instituída
pela Lei Tremaglia em 2001. O nome deriva do autor, o então ministro para os Italianos no exterior Mirko Tremaglia, falecido em 2011 aos 85 anos. A medida permitiu que cerca de três milhões de italianos residentes no exterior, entre filhos de imigrantes, fossem às urnas. — Os italianos nascidos na Itália que vivem no Brasil ou na Argentina são aproximadamente 20%, poucos se comparados com o número de oriundi. O voto no exterior foi um dos pedidos que o Comites fazia ao então ministro Tremaglia, mas chegou um pouco tarde. Nos anos 1960 e 1970, os italianos que emigravam sentiam mais o problema do abandono do governo italiano — comentou à Comunità Francesco Rodolfo Perrotta, presidente do Comites do Rio de Janeiro. A finalidade dos Comites é representar a realidade da coletividade italiana no exterior. Perrotta explica que os deputados e os senadores eleitos fora da Itália deveriam ser os porta-vozes dessa coletividade, mas muitos deles não têm contato nenhum com a comunidade italiana no Brasil. — O voto por correspondência é questionável, pois o Consulado gasta muito dinheiro com o envio dos envelopes para os aptos a votar, com o reenvio das cédulas para o Consulado e com o envio por sedex dos votos para a Itália. No Rio, cerca de 50 mil são aptos para votar, mas só cerca de 12 mil reenviam o envelope com a cédula
O então ministro Mirko Tremaglia instituiu o voto dos italianos no exterior em 2001
— afirma Perrotta, que mora há 35 anos no Brasil. Ele também lamenta a pouca vontade dos ítalo-brasileiros em participar da vida política italiana, comprovada pela quantidade de cédulas enviadas pelos eleitores ao Consulado. — Não se vê uma grande vontade dos eleitores. Agora que têm o direito de votar, não o exercem — afirma. Adriano Bonaspetti, presidente do Comites em Porto Alegre, considera que ter um representante dos italianos no exterior é muito importante, pois ele pode defender os direitos dos cidadãos e relatar ao Parlamento o que a comunidade precisa. — Tudo o que representa a Itália no exterior, Embaixada, Consulados, Câmaras de Comércio e Comites, está em crise porque cortaram os fundos — declara o italiano com mais de 70 anos. Ele conta que está limitando o horário do funcionamento do escritório a quatro horas da tarde por não ter recursos para pagar a secretária e outros funcionários. — Desde 2004, os Comites não têm eleições, são sempre adiadas. Agora disseram que serão em 2014, vamos ver se realmente é assim. Quem foi eleito por cinco anos ficou oito. Muitos têm problemas de saúde e não há ninguém para substituí-los — salienta Bonaspetti, que disse que algumas pessoas sugeriram sua candidatura, mas ele não aceitou porque perdeu o entusiasmo ao ver que “as coisas vão de mal a pior”.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
21
Parlamentares atuais
Giuseppe Angeli Propostas de lei: 30 Interrogações à resposta escrita: 25 Interrogações em comissão: 2 Resoluções em comissão: 3 Resoluções em conclusão: 1 Ordem do dia em assembleia: 20 Emendas: 8
Ricardo Antonio Merlo Propostas de lei: 8 Interrogações à resposta escrita: 13 Ordem do dia em assembleia: 2 Emendas: 1
Fabio Porta Propostas de lei: 5 Interpelações: 1 Interrogações à resposta escrita: 31 Interrogações em comissão: 3 Ordem do dia em assembleia: 14 Emendas: 27
oficial, nunca quis responder positivamente — analisa o deputado. Ele também quer introduzir um ensino multidisciplinar da história da imigração nas escolas italianas e instituir um defensor cívico dos italianos no exterior. — Estou convencido que só através de um maior conhecimento da história e da realidade atual dos ítalo-descendentes no mundo será possível para a Itália respeitar e valorizar este grande patrimônio — defende. Segundo o siciliano Porta, além dos problemas de serviços consulares, é muito forte a exigência de uma maior atenção do país para as imensas oportunidades existentes no Brasil.
Esteban Juan Caselli Propostas de lei: 16 Interpelações: 1 Interrogações à resposta oral: 1 Interrogações à resposta escrita: 9 Ordem do dia em comissão: 1 Emendas: 15
Mirella Giai Propostas de lei: 9 Interrogações à resposta oral: 1 Interrogações à resposta escrita: 9 Ordem do dia em comissão: 1 Emendas: 161
Fonte: Parlamento Open polis
Merlo, Porta e Antonini entre os candidatos pela América do Sul Além da curta campanha política devido às eleições antecipadas, os candidatos da América do Sul têm um desafio maior. É verão no Hemisfério Sul, época de férias para os eleitores. Já que o voto não é obrigatório, os eleitores devem ser convencidos a participar do processo de escolha que, na Itália, já inflama as diversas correntes políticas em disputa. Na atual fase, os candidatos estão recolhendo as assinaturas para entregar a lista eleitoral. Só podem assinar os registrados para votar entre “aqueles que são italianos (nascidos na Itália, mas vivem no Brasil) ou descendentes com cidadania (nascidos no Brasil, mas registrados no Consulado) com mais de 21 anos, no caso de um senador e com mais de 18 anos no caso de um deputado”. Os candidatos no Brasil pelo Partido Democrático (PD) são o atual deputado Fabio Porta (que tenta a reeleição); Claudia Antonini, de Porto Alegre, para a Câmara; e Fausto Longo, de São Paulo, para o Senado. Fabio Porta, único representante da comunidade ítalo-brasileira no Parlamento, cita as propostas feitas durante o seu mandato, como a “contribuição para a cidadania”, constituído de um fundo especialmente criado e nutrido pelos ítalo-brasileiros, com o qual queria eliminar de forma radical a longa espera para o reconhecimento da cidadania no Brasil. — Tinha encontrado um consenso no Parlamento, mas o governo, ao qual coloquei diversas vezes o problema de maneira
— Isso quer dizer maior compromisso com as políticas culturais, particularmente para o intercâmbio entre jovens e universidades. Também o lado econômico e comercial precisa de mais força e continuidade junto aos programas de parceria entre as pequenas e médias empresas — observa o parlamentar de 49 anos. O deputado do PD não acredita em candidaturas fora dos grandes partidos. — São os únicos que no Parlamento são capazes de influenciar as escolhas e as decisões do governo — declara Porta. De opinião oposta é Edoardo Pollastri, eleito senador em 2006 com o partido de centro-esquerda
Conheça os atuais representantes dos italianos no exterior eleitos em 2008
22
Ricardo Antonio Merlo UDCPTP (Unione di Centro per il Tezo Polo) Nascido em Buenos Aires em 1962. Formado em Ciências Políticas, também é empreendedor. Apresentou oito propostas de lei, como a criação de uma quota equivalente ao “8 por mil” da arrecadação dos impostos para promover a língua e a cultura italiana no exterior. No entanto, nenhum de seus projetos foi aprovado. Foi deputado na legislação passada e é candidato para as próximas eleições.
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Senado Fabio Porta PD (Partido Democrático) Nascido em Catania, tem 49 anos. Formado em sociologia, é pesquisador. É autor de cinco propostas, como o estabelecimento de normas para conservar e difundir a memória da emigração italiana, mas nenhuma virou lei. É candidato para as eleições de fevereiro.
Esteban Juan Caselli PDL (Popolo Della Libertà) Nascido na Argentina, tem 70 anos. Foi embaixador argentino no Vaticano. Apresentou 16 projetos de lei, dos quais três foram aprovados. É candidato nas próximas eleições. Entre as suas propostas, destacase a redução em 20% da compensação de serviço no exterior para qualquer grau do corpo diplomático.
Mirella Giai UDC (Unione di Centro) SVP e Autonomie (Union Valdôtaine, Maie, Verso Nord, Movimento Repubblicani Europei, Partito Liberale Italiano, Partito Socialista Italiano) Nascida em Trivero (Biella), tem 83 anos. Apresentou nove propostas de lei, das quais uma foi aprovada. Uma delas foi a criação de um banco de dados nacional de amostras de DNA de filhos de italianos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina entre 1976 e 1983.
Fonte: Parlamento Open polis, www.camera.it e www.senato.it
Câmara dos Deputados Giuseppe Angeli PDL (Popolo della Libertà) Nascido em Orsogna (Chieti) em 1931, é empresário do setor de turismo. Assinou e apresentou 30 propostas, mas nenhuma virou lei. Foi deputado na legislação passada. Uma das propostas era a criação de uma quota equivalente a 5% das universitárias aos cidadãos italianos que residem no exterior.
PD. Pollastri, presidente da Câmara de Comércio Ítalo-brasileira de São Paulo, se apresenta novamente para as próximas eleições, mas desta vez com uma lista cívica e autônoma em relação aos partidos tradicionais. — A política se preocupou pouco com os italianos que vivem no exterior, seja quando a esquerda estava no poder que pelo menos alguma coisa fez, seja com Berlusconi, que esqueceu completamente dos emigrantes quando estava no poder — desabafa à Comunità o piemontês que mora desde 1975 no Brasil. Durante o seu mandato, o senador disse que tentou unir todos os parlamentares eleitos pelos italianos no exterior para poder ter uma voz única e resolver os problemas, mas não conseguiu e por isso a sua intenção é tentar novamente. Entre as conquistas durante o seu mandato, ele cita o aumento do número dos contrattisti para acelerar as práticas consulares. — O nome da lista é Unione Sudamericana Emigranti Italiani (USEI), um movimento nascido na Argentina. Eu me inscrevi como independente — afirma Pollastri, que diz querer levar um sopro de ética ao Parlamento italiano. A suas propostas são a melhoraria do funcionamento dos Consulados em geral; dar uma maior atenção aos problemas culturais e promover a língua italiana, “considerando que a Itália é o pais que menos investe nisso comparado com as outras nações da Comunidade Europeia”; fornecer assistência aos italianos que vivem no exterior; e promover uma intensa atividade entre as pequenas e médias empresas italianas que precisam se internacionalizar e
as pequenas e médias empresas sul-americanas que precisam avançar tecnologicamente. O candidato a senador destaca o interesse e a preocupação com o futuro dos jovens e diz que quer aproveitar a experiência política que já teve entre 2006 e 2008 e a sua experiência à frente da Assocamerestero para representar a voz verdadeira dos italianos e seus descendentes no exterior. Maie propõe um associacionismo voluntário e sem partidos Outros representantes que não se apresentam com um partido político são o atual deputado e candidato para a Câmara Ricardo Merlo, que afirma não querer sujeitar-se à vontade dos políticos italianos, e Walter Petruziello, advogado e conselheiro do Conselho Geral dos Italianos no Exterior, que, pela terceira vez, concorre a uma vaga no Senado. Fundador do Movimento Associativo Italiani all’Estero (Maie), Merlo afirma estar satisfeito com a construção do Maie. — Infelizmente não houve resultados. Não aprovaram nenhuma proposta de nenhum dos representantes dos italianos no exterior. Do ponto de vista do Maie, eu estou feliz, pois tive mais tempo para me dedicar ao movimento e isso é uma ferramenta que pode aumentar o número de deputados — afirma o ítalo-argentino de 50 anos que já foi deputado na legislação passada. Merlo também disse ter feito acordos políticos quando estava no Parlamento para ter mais força. — O Maie nasceu do associacionismo voluntário dos italianos e descendentes que residem na
A cantora e dançarina ítaloargentina Ileana Calabrò admite não falar bem italiano e tem enfrentado críticas à sua candidatura. Já o presidente da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira de São Paulo, Edoardo Pollastri, tenta ocupar pela segunda vez uma vaga no Senado
Índice de produtividade
Presença
Faltas
Missões
Deputado Angeli Giuseppe
103,8
50,5%
49,41%
0,09%
Deputado Merlo Ricardo Antonio (UDC)
49,9
27,82%
67,87%
4,31%
Deputado Porta Fabio (PD)
146,3
79,03%
17,91%
3,06%
Senador Caselli Esteban Juan (Pdl)
57,3
28,6%
30,81%
40,53%
Senadora Giai Mirella (UDC-SVP)
116,0
61,73%
36,27%
2,01%
Parlamentar
Fonte: Parlamento Open polis em 09/01/2013
O rendimento dos deputados e senadores que representam a América do Sul no Parlamento italiano
América do Sul e se considera fora dos partidos políticos. É a expressão das associações italianas da América Meridional. Representar uma região tão grande como a América do Sul não o assusta porque “os problemas são quase os mesmos em todas as partes e os percebemos através das diversas sedes do movimento espalhadas pelo mundo”. — A organização venceu a distância e o tempo — declara Merlo. As propostas da sua candidatura são melhorar o desastroso serviço consular; resolver os problemas de saúde dos muitos compatriotas que vivem no exterior, especialmente dos aposentados sem renda; promover a língua e a cultura italianas; reforçar o Made in Italy e as exportações italianas com possibilidade de emprego para os oriundos; e a promoção de pequenas e médias empresas. Em dezembro, Domenico Di Tullio e Piero De Benedictis, da lista Unione Progressista Ameritalia (UPA), que tinham anunciado a própria candidatura para as eleições do próximo mês para o Senado e a Câmara, decidiram não participar e apoiar o Maie. Em uma nota informativa, explicam que, devido à precipitação da situação política italiana e à previsão do fim antecipado do Legislativo, não há tempo suficiente para mostrar e explicar aos eleitores as propostas políticas e os candidatos. Para a lista Italiani per la Libertà, se apresentam o atual senador argentino Esteban Juan Caselli para o Senado italiano, Franco Arena e a atriz Ileana Calabrò para a Câmara. A candidatura da cantora e dançarina de origem italiana que mora em Buenos Aires está despertando muita polêmica na Itália, como já aconteceu com Mara Carfagna, a show girl italiana que entrou no mundo da política graças a Silvio Berlusconi. Calabrò disse que, apesar de não falar bem italiano, entende as preocupações da comunidade italiana que mora na Argentina. — Participo de todas as festas e iniciativas italianas onde canto e danço — declara a argentina de 46 anos, casada e com dois filhos, famosa por ter participado de reality shows televisivos como Histórias de sexo de gente comum e Dançando por um sonho. Aos jornalistas que a criticaram por não ter formação política, ela se defende: — Sabe por que as pessoas confiam nos artistas? Porque fazemos política sem interesses pessoais. A política não se faz com os livros, mas com os sentimentos.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
23
Comunidade
Associacionismo ameaçado A crise econômica na Europa afeta as associações italianas no Brasil que sofrem com a falta de verbas Nathielle Hó
A
crise econômica que eclodiu na Europa em 2008 e repercute na economia da Itália prejudica também os órgãos italianos pelo mundo. Exemplo disso são as associações existentes no Brasil, que sofrem com a falta de verbas. Esta situação tem provocado a discussão da necessidade de mudanças e motivado italianos e descendentes a participarem das eleições deste ano. O associacionismo italiano no Brasil é antigo e surgiu no Rio de Janeiro durante o período do Império. A primeira entidade, a Sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro, fundada em 1854 por um grupo de médicos, contou com o financiamento do imperador Pedro II e da imperatriz napolitana Teresa Cristina. Em 1859, para dar continuidade ao assistencialismo, eles inauguraram o Hospital Italiano, que atualmente passa por reformas estruturais e organizativas. A partir daquele momento, surgiram outras associações no resto do país. O presidente do Comitato degli Italiani all’Estero (Comites) do Rio, Francesco Perrotta, afirma que tais instituições estão em decadência. — Até o final dos anos 1980, surgiram várias associações ítalo-brasileiras, mas, com o tempo, principalmente devido ao cansaço dos mais velhos e à falta de interesse dos mais novos, o número está diminuindo. A Sociedade de Beneficência, mantenedora do Hospital Italiano, além da verba para ajudar os necessitados, mantinha convenções com o Consulado italiano que previam internação, consultas médicas, exames e fornecimento de remédios. Por causa do alto custo e do corte da verba do governo italiano, a renovação das mesmas não foi possível — ressalta.
24
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
A sociedade Italiana de Beneficência e Mútuo Socorro criou o Hospital Italiano que atualmente passa por reformas estruturais e organizativas
O próprio Comites é um órgão que sofre com a crise. A começar pela falta de apoio e organização interna, levando em consideração que o mandato dos conselheiros é de cinco anos, mas as eleições já foram adiadas duas vezes e a previsão é que sejam realizadas apenas em 2014, dez anos após a última eleição. A votação no Comites é direta e dela participam os cidadãos italianos inscritos nas listas eleitorais do Ministério italiano do Interior. Além de ter uma administração engessada, a instituição está passando por problemas financeiros que afetam os serviços e a manutenção das sedes no Brasil. Exemplo disso é que os cinco conselheiros do Comites do Rio, que residem no Espírito Santo, devem arcar com as despesas de viagem, alimentação e alojamento toda vez que é convocada alguma assembleia. — O Comites do Rio sempre funcionou no prédio do Consulado e se mantém com financiamento
do Ministério italiano do Exterior para o pagamento das despesas de manutenção. Os conselheiros eleitos fazem trabalho voluntário, sem receber salário. Até 2010, o capital recebido da Itália permitia o pagamento das despesas, mas a partir de 2011, com o corte de mais de 50%, não foi possível honrar os compromissos. Estamos com o salário do pessoal em atraso de alguns meses, assim como o pagamento do condomínio e aluguel. A atual situação é trágica. Estamos esperando um financiamento extra para equacionar as dívidas, reduzir o espaço atualmente ocupado, demitir o pessoal da secretaria e tentar encontrar algum patrocínio das empresas italianas que operam no Rio — lamenta Perrotta. Associações fecham as portas ou são ‘100% abrasileiradas’ O Comites é muito importante para os italianos no Brasil, pois colabora com o Consulado para o bem-estar da população residente na zona de circunscrição consular. Responde pelos pedidos de verbas feitos pelas associações que prestam assistência em favor dos necessitados e auxilia as associações culturais que ministram cursos de língua e cultura italianas. De acordo com Perrotta, nos anos anteriores, após fazer um pedido formal, as entidades que recebiam verbas da Itália eram o Comitê Assistencial Italiano (Coasit), a Sociedade Italiana de Beneficência e Mutuo Socorro (Sibmis) e a Associação Beneficente Italiana de Niterói (Abita). Estas entidades assistiam os italianos em condições de indigência através do fornecimento de alimentos, roupas, remédios, consultas médicas e ajuda financeira. Devido à crise, a verba recebida diminuiu sensivelmente até que acabou. Por isso, em agosto de 2012, após mais de 50 anos de existência, o Coasit fechou as portas. Segundo o vice-presidente da Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Minas Gerais (Acibra), Anísio Ciscotto Filho, os consulados deixaram de apoiar as associações, fazendo com que algumas fechassem as portas. Outras instituições foram assumidas por brasileiros, como a Fundação Felice Rosso e o Cruzeiro Esporte Clube, perdendo com o tempo “a sua característica de representante da cultura italiana”, lamenta Ciscotto. Para ele, mesmo com a crise, muitas associações que representam regiões
italianas sobrevivem graças ao dinheiro dos governos locais. — No cenário brasileiro ainda há muitas associações representando toscanos, vênetos, emilianos-romanholos, piemonteses, campanos e trentinos. Praticamente todas essas associações regionais recebem algum tipo de subvenção de suas regiões da Itália. Tais subsídios podem vir em forma de dinheiro, como também material de divulgação e mesmo o envio de artistas para apresentações em diversas cidades — explica. A maioria das associações deve completar a eventual ajuda que recebe com doações e taxas cobradas dos sócios. No caso da Acibra, todos os eventos são financiados com o patrocínio de empresas italianas, que veem, através dessa ajuda, uma maneira de mostrar seu apoio à difusão da cultura do Belpaese, afirma Ciscotto. O vice-presidente da Acibra lembra que o movimento associacionista começou no final do século XIX e início do século XX, quando muitos italianos tiveram de se submeter ao trabalho árduo nas fazendas e nas manufaturas. Esse trabalho exigiu que eles se reunissem em associações que tinham a função de ampará-los. — Assim foram fundadas as associações de Mútuo Socorro em Juiz de Fora, e de Mútuo Socorro Príncipe di Napoli, em São João Nepomuceno. No início do século XX, foi inaugurado o Mútuo Socorro de Belo Horizonte. Tais associações amparavam financeiramente os seus membros e ofereciam amparo legal, sepultamentos, alimentos e roupas. Outro tipo de associação foi a desportiva, com destaque em Belo Horizonte para a Società Saportiva Palestra Italia, fundada em 1921 e que se mantém viva sob o nome de Cruzeiro Esporte Clube. Tais associações tinham como fulcro a reunião dos oriundi e o alívio das tensões de trabalho através da prática esportiva — lembra Anísio.
O presidente do Comites do Rio, Francesco Perrotta, o presidente do Patronato Enas Brasil, Mario Antonio Turnaturi, e o vicepresidente da AcibraMG, Anísio Ciscotto Filho, chamam atenção para as dificuldades pelas quais passam as associações italianas no Brasil
Ponto de encontro e de informação Atualmente, em cada estado, as associações têm suas funções determinadas, como em Minas,
“A atual situação é trágica. Estamos esperando um financiamento extra para equacionar as dívidas e demitir o pessoal” Francesco Perrotta, presidente do Comites do Rio
onde há uma divisão concreta de papéis. Segundo Ciscotto, a Acibra se encarrega dos eventos culturais, enquanto a Câmara de Comércio Ítalo-brasileira cuida do incremento ao comércio entre Minas e a Itália, fornecendo apoio ao empresário de origem italiana. Segundo Anísio, o papel de orientação sobre o momento eleitoral cabe ao Comites, com o apoio das outras instituições, o que as associações chamam de Sistema Itália. O presidente do Patronato Enas Brasil (Ente Nazionale Assistenza Sociale), Mario Antonio Turnaturi, afirma que a instituição da qual faz parte divulga notícias sobre as eleições e informações sobre os procedimentos do voto em seu site. No entanto, ele alerta sobre a falta de organização durante as atuais eleições. — Para esta eleição, não há no exterior a concentração desejável de grandes partidos e personalidades. Essa dispersão pode ser muito negativa para o futuro do voto em outros países. Dependendo de quem ganha, a situação das associações pode mudar drasticamente. Algumas forças políticas são claramente contra o voto no exterior e o financiamento a instituições. Devemos lembrar que vários ministérios italianos controlam o uso dos recursos enviados às associações, como, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores, que gerencia as atividades do Consulado; o Ministério do Desenvolvimento Econômico, que controla as atividades das câmaras de comércio no mundo; e o Ministério do Trabalho, que regula os cursos de treinamento para os italianos no exterior — conclui Turnaturi.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
25
Capa
Atualidade
A presença
O novo embaixador italiano no Brasil se apresenta com exclusividade à Comunità pronto para o seu primeiro desafio: o das próximas eleições italianas
italiana é o diferencial do
Brasil
La presenza italiana è il differenziale del Brasile
Il nuovo Ambasciatore italiano in Brasile si presenta in esclusiva a Comunità pronto per la prima sfida, quella delle imminenti elezioni italiane Stefania Pelusi
N
apolitano, mas sobretudo italiano e europeu. Assim se define o jovem embaixador italiano no Brasil, Raffaele Trombetta, ao responder à definição dada pelos jornais italianos que o descreveram como napolitano da gema. O embaixador concedeu gentilmente esta entrevista antes de deixar a capital italiana para chegar a Brasília no dia 7 de janeiro, juntamente com a esposa de origem inglesa já “napolizada” e o filho de 22 anos que ficará somente por um breve período de férias para voltar logo depois para a Inglaterra, onde frequenta a universidade junto com o irmão. Trombetta, como todo apaixonado por futebol, admite uma simpatia pela seleção canarinho “até porque muitos jogadores brasileiros jogam, ou já jogaram, em times italianos”. Ao longo do seu mandato haverá muitas competições, entre as quais a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, e seus filhos já demonstraram o desejo de estar junto com o pai no Brasil em tais ocasiões. O novo embaixador conhece o 26
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
N
apoletano, ma soprattutto italiano ed europeo. Così si definisce il giovane Ambasciatore italiano in Brasile, Raffaele Trombetta, rispondendo alla definizione data dai giornali italiani che lo avevano descritto come napoletano doc. L’Ambasciatore ha concesso gentilmente quest’intervista prima di lasciare la capitale italiana per raggiungere Brasilia il 7 gennaio insieme alla moglie di origini inglesi che é “ormai napolitanizzata” e al figlio di 22 anni che si fermerà solamente per una breve vacanza per tornare poi in Inghilterra dove, insieme a suo fratello, studia all’Università. Trombetta, da grande appassionato di calcio, ammette una simpatia nei confronti della nazionale brasiliana, “anche perché molti giocatori brasiliani giocano e hanno giocato nelle squadre italiane”. Durante il suo mandato ci saranno varie partite tra cui la Coppa delle Confederazioni e i Mondiali, occasioni in cui i suoi figli hanno già espresso il desiderio di raggiungere il padre in Brasile. Il nuovo
Arquivo pessoal
comunit Ă it aliana | j anei r o 2013
27
Atualidade
Brasil como turista e diz estar curioso para conhecer Brasília porque “é uma cidade única e atípica”.— Já estive no Rio e em São Paulo e tenho uma ideia de como elas são, mas não conheço Brasília, nem um pouco, e todos falam dela em termos tão peculiares que parece ser única no seu gênero, e acho isso fascinante. Só sinto muito chegar poucos dias depois do falecimento do protagonista, Niemeyer — comenta o napolitano de 52 anos. A partir do momento em que foi comunicado sobre o seu novo papel de guia da Embaixada em Brasília, pôde constatar um extraordinário interesse a respeito do gigante sul-americano.— Finalmente, o Brasil é visto por aquilo que é, uma grande potência em ascensão, não um país que tem muito a fazer ainda, é visto por aquilo que está se tornando. E isso me parece positivo, até para desenvolver nossos interesses no Brasil. E este interesse positivo pode ser comprovado em todos os níveis: grandes empresas, empresas médias e pequenas, pessoas que se ocupam de cultura, na sociedade como um todo e no mundo político — analisa. ComunitàItaliana — Do próximo mês em diante estará no comando de uma grande equipe, em um país que mede 27 Itálias. Quais serão as prioridades do seu mandato? Raffaele Trombetta — Em primeiro lugar, a consolidação das relações entre Itália e Brasil, dois grandes países. O Brasil está em grande expansão, com expressiva presença italiana que vou valorizar ainda mais. Portanto, grande suporte para o Sistema País italiano em suas várias articulações, para as grandes, mas também as pequenas empresas, para a cultura italiana. E, naturalmente, para fazer tudo isso, a presença italiana será de grande ajuda, tanto a histórica quanto aquela que se estabeleceu mais recentemente. CI — A Itália está atravessando um período de crise, enquanto o Brasil está entre os novos países emergentes. Como pensa em fortalecer os laços entre as duas nações que estão enfrentando duas situações opostas? RT — Entre as economias há uma grande complementaridade, mas também entre as sociedades dos dois países. A Itália, como também todos os países europeus, está atravessando um período difícil, não dá para negar, mas, na minha opinião, muito foi feito. O governo Monti, no contexto europeu, foi decisivo não somente enfrentando os problemas do nosso país, mas também contribuindo com credibilidade nas soluções mais eficazes para a Europa como um todo. Tenho certeza de que a Itália irá logo retomar o caminho em direção ao crescimento. Para esta finalidade, é importantíssimo fortalecer as relações com aquelas economias, como a do Brasil, que precisam se abrir cada vez mais para outros países e oferecem portanto grandes oportunidades. Da nossa parte podemos contribuir em termos de tecnologias, presenças industriais, trabalho e experiência propriamente italiana. Em outras palavras, trata-se de uma típica situação “win-win”, da qual tanto a Itália, quanto o Brasil, podem se beneficiar. CI — Atualmente ocupa o cargo de diretor central para a Integração europeia. Uma Europa unida, com uma voz única e uma própria política exterior que possa valer 28
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Ambasciatore conosce il Brasile come turista, e dice di essere incuriosito da Brasilia perché “è una città unica e atipica”. — Sono già stato a Rio e a San Paolo e ho un’idea di come sono fatte, mentre Brasilia non la conosco affatto e ne parlano in termini così peculiari, sembra essere unica nel suo genere e questo mi affascina molto. Mi dispiace che arrivo pochi giorni dopo la scomparsa del protagonista, Niemeyer — commenta il cinquantaduenne napoletano. Da quando gli hanno comunicato il suo nuovo ruolo di guida dell’Ambasciata a Brasilia, ha constatato uno straordinario interesse nei confronti del gigante sudamericano. — Il Brasile viene finalmente visto per quello che è una grande potenza in ascesa, non un Paese che ancora ha molto da fare, viene visto per quello che sta diventando. E questo mi pare positivo anche per sviluppare i nostri interessi in Brasile. E questo interesse positivo lo riscontro a tutti i livelli: grandi imprese, imprese medio piccole, nelle persone che si occupano di cultura, nella società in generale e nel mondo politico — analizza. ComunitàItaliana — A partire dal prossimo mese sarà al comando di una grande squadra in un Paese che è 27 volte l’Italia, quali saranno le priorità nel suo mandato? Raffaele Trombetta — In primo luogo il consolidamento dei rapporti tra l’Italia e il Brasile, due grandi Paesi. Il Brasile è in grande espansione con una grossa presenza italiana che mi sforzerò di valorizzare ancora di più. Grande sostegno quindi al Sistema Paese italiano nelle sue varie articolazioni, le grandi imprese, ma anche le piccole imprese, la cultura italiana. E naturalmente per fare tutto questo un punto di forza sarà la presenza italiana, sia quella storica che quella di piu’ recente insediamento. CI — L’Italia sta attraversando un periodo di crisi, mentre il Brasile è tra i nuovi Paesi emergenti. Come intende rafforzare i vincoli tra le due nazioni che stanno affrontando due situazioni opposte? RT — C’è una forte complementarietà fra le economie, ma anche tra le società dei due Paesi. L’Italia, come del resto tutti i Paesi europei, sta attraversando un periodo difficile, è inutile negarlo, ma tanto, secondo me,
Arquivo pessoal
Capa
nos cenários internacionais, é uma realidade ou uma utopia? RT — Não acredito que se trate nem de uma realidade, nem de uma utopia. Com certeza há muito que fazer para que a Europa tenha uma autonomia e uma política exterior reconhecida. Todavia, agora temos um alto representante, a baronesa Catherine Ashton, que chefia a política exterior europeia. Não foi possível chamá-la como ministro do Exterior, como a Itália queria, mas, mesmo assim, trata-se de uma figura institucional que representa a União Europeia como um todo.
“Minha prioridade é a consolidação das relações entre Itália e Brasil, dois grandes países. O Brasil está em grande expansão, com uma grande presença italiana que farei questão de valorizar ainda mais” CI — Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, o alto representante absorveu as funções do comissário para as relações exteriores. Em Brasília há uma delegação europeia. Como irá se relacionar com essa delegação? RT — Precisa-se levar em conta que, a esta altura, existe um serviço diplomático europeu, chamado Serviço Europeu para Ação Externa. Em todos os países, como também no Brasil, há uma delegação da União Europeia cujo responsável, nas questões de política exterior europeia, representa a todos nós, não somente a Comissão, mas todos os Estados membros. Portanto, uma Europa com uma voz unida ainda não é uma realidade, mas poderá tornar-se uma. Há um esforço, um compromisso neste sentido. Eis porque nem está certo defini-la uma utopia. CI — Portanto, não se deve ser cético demais no que diz respeito à Comunidade Europeia. RT — Talvez nós, europeus, tenhamos um pouco a tendência a ser pessimistas e a falar mal de nós mesmos. A Europa é uma grande realidade, de cerca de 500 milhões de pessoas, com um nível de desenvolvimento econômico, social e jurídico muito elevado e é um dos principais parceiros de todas as principais economias, da América do Sul e do Norte até os países asiáticos. Também é uma extraordinária comunidade de valores. A Europa impõe-se no mundo até porque conseguiu afirmar os princípios de democracia, de liberdade, de Estado de direito, de respeito para com os outros. Às vezes nos esquecemos de quanto construímos na Europa, mas não é tão inquestionável e nem sempre encontramos isso nos outros países. CI — Em julho de 2010 o senhor foi um dos signatários do documento em que 39 altos funcionários diplomáticos expressavam sua preocupação no tocante aos cortes no orçamento do Ministério das
“La mia priorità in primo luogo è il consolidamento dei rapporti tra l’Italia e il Brasile, due grandi Paesi. Il Brasile è in grande espansione con una grossa presenza italiana che mi sforzerò di valorizzare ancora di più”
è stato fatto. Il governo Monti nel contesto europeo è stato decisivo non solo nell’affrontare i problemi del nostro Paese ma anche nel contribuire autorevolmente alle soluzioni più efficaci per l’Europa nel suo insieme. Sono convinto che l’Italia riprenderà presto il cammino della crescita. A questo fine è importantissimo rafforzare i rapporti con quelle economie, come quella del Brasile, che hanno bisogno di aprirsi sempre di più ad altri Paesi e offrono quindi grandi opportunita’. Da parte nostra possiamo apportare contributi in termini di tecnologie, di presenza industriale, di lavoro e di esperienza propriamente italiana. In altre parole si tratta di una tipica situazione “win-win” in cui sia l’Italia che il Brasile possono trarne benefici. CI — Attualmente occupa l’incarico di direttore centrale per l’Integrazione europea. Un’Europa unita, con una voce unica e una propria politica estera da far valere negli scenari internazionali è una realtà o è un’utopia? RT — Non credo si tratti né di una realtà, né di un’utopia. Certamente rimane ancora da fare affinche’ l’Europa abbia una sua autonoma e riconosciuta politica estera. Tuttavia abbiamo ora un Alto Rappresentante, la baronessa Catherine Ashton, che e’ a capo della politica estera europea. Non è stato possibile chiamarla Ministro degli esteri come l’Italia avrebbe voluto, ma si tratta pur sempre di una figura istituzionale che rappresenta l’Unione Europea nel suo insieme. CI — Con l’entrata in vigore del Trattato di Lisbona, l’alto rappresentante ha assorbito le funzioni del Commissario per le relazioni esterne. A Brasilia esiste una delegazione europea, come si relazionerà? RT — Bisogna tener presente che ormai esiste un servizio diplomatico europeo, chiamato Servizio Europeo per l’ Azione Esterna. In tutti Paesi, come anche in Brasile, c’è una delegazione dell’Unione Europea il cui responsabile, sulle questioni di politica estera europea, rappresenta tutti noi, non soltanto la Commissione, ma tutti gli Stati membri. Quindi un’Europa con una voce unita ancora non è una realtà, ma lo può diventare. C’è uno sforzo, un impegno in questo senso. Ecco perché non è neanche giusto definirla un’utopia. CI — Non bisogna essere troppo scettici quindi rispetto la Comunità Europea. RT — Forse noi in Europa abbiamo un po’ la tendenza ad essere pessimisti e a parlare male di noi stessi. L’Europa è una grande realta’ di circa 500 milioni di persone con un livello di sviluppo economico, sociale e giuridico elevatissimo ed è uno dei principali partner di tutte le principali economie, dall’America del sud e del nord ai Paesi asiatici. È anche una straordinaria comunità di valori. L’Europa si impone nel mondo anche perché e’ riesciuta ad affermare i principi di democrazia, di libertà, di stato di diritto, di rispetto degli altri. A volte noi dimentichiamo quanto abbiamo costruito in Europa, ma non è così scontato e non sempre lo troviamo negli altri Paesi. CI — A luglio 2010 è stato uno dei firmatari del documento in cui 39 alti funzionari diplomatici esprimevano preoccupazione riguardo ai tagli nel bilancio del Ministero comunit àit aliana | j anei r o 2013
29
Capa
Atualidade
Relações Exteriores (MAE). Quais poderiam ser outras medidas para sanear as contas públicas? RT — O Ministério das Relações Exteriores deu e está dando uma grande contribuição para o saneamento das contas do nosso país. De um lado estamos tentando racionalizar ao máximo os recursos necessários para o desenvolvimento das nossas funções; do outro, como dizia antes, estamos compromissados no suporte à internalização do Sistema País e a contribuir, desta forma, na criação de novas oportunidades de trabalho e de crescimento. Todavia, se o orçamento da administração que deve representar a Itália no exterior for um dos mais baixos em comparação com o dos outros parceiros ocidentais, é evidente que as consequências podem ser sentidas pelo país como um todo, pelas nossas empresas, nossos cidadãos que vivem no exterior. Por isso, todos nós precisamos de um Ministério do Exterior com um orçamento à altura dos objetivos e das ambições do país. CI — E as Embaixadas que representam a Itália em vários países? RT — As Embaixadas dispõem de alguns anos de autonomia de orçamento. Trata-se de uma inovação muito positiva, que permitiu usar recursos à disposição da forma mais eficiente e racional possível. Todavia, há um limite abaixo do qual não se pode ir, porque, como dizia antes, não é predominantemente o embaixador ou a Embaixada que sofre as consequências disso, mas os nossos cidadãos.
“O que realmente me surpreendeu é a extraordinária atenção existente na Itália em relação ao Brasil e à função que, como embaixador, posso desenvolver para o país e isso, com certeza, é um estímulo a mais” CI — No final de fevereiro acontecem as próximas eleições italianas. Cerca de três milhões de pessoas que vivem no exterior deverão votar. De que forma a Embaixada irá informar os cidadãos italianos sobre as eleições antecipadas? RT — Quando eu chegar, no dia 7 de janeiro, esta será minha primeira tarefa e, portanto, todos os recursos da Embaixada serão dedicados a este evento. Nosso compromisso é, em primeiro lugar, o de assegurar-nos que todos os compatriotas que vivem no Brasil sejam informados a respeito do desenvolvimento das eleições na Itália. O segundo é o de consentir a todos a possibilidade de votar. Claro que não é nosso papel fazer propaganda política. Pelo contrário, nossos esforços são voltados para assegurar que todos os partidos que participam e que querem ser ouvidos em relação às coletividades que não vivem na Itália possam desenvolver plena e livremente suas atividades. É fundamental o papel da rede consular. Os Consulados, junto com a Embaixada, têm de assegurar que estas funções sejam 30
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
“Quello che mi ha veramente sorpreso è la straordinaria attenzione che c’è in Italia nei confronti del Brasile e della funzione che in quanto Ambasciatore posso svolgere a servizio del Paese e questo, certamente, è uno stimolo in più”
degli Affari Esteri (MAE). Quali potrebbero essere altre misure per risanare i conti pubblici? RT — Il Ministero degli Esteri ha dato e sta dando un grosso contributo al risanamento dei conti del nostro Paese. Da un lato stiamo cercando di razionalizzare al massimo le risorse necessarie per lo svolgimento delle nostre funzioni; dall’altro, come dicevo prima, siamo impegnati a sostenere l’internalizzazione del Sistema Paese e a contribuire in tal modo alla creazione di nuove opportunità di lavoro e di crescita. Tuttavia se il bilancio dell’amministrazione che deve rappresentare l’Italia all’estero è fra i più bassi in confronto a quello degli altri partner occidentali, è evidente che le conseguenze rischiano di essere avvertite dall’intero Paese, dalle nostre imprese, dai nostri cittadini che vivono o viaggiano all’estero. Quindi abbiamo tutti bisogno di un Ministero degli Esteri con un bilancio all’altezza degli obiettivi e delle ambizioni del Paese. CI — E le Ambasciate che rappresentano l’Italia nei vari Paesi? RT — Le Ambasciate godono da alcuni anni di autonomia di bilancio. Si tratta di un’innovazione molto positiva che ha consentito di utilizzare le risorse a disposizione nel modo più efficiente e razionale possibile. Tuttavia, c’è un limite sotto il quale non si può andare, perché, come dicevo prima, chi ne risente non è tanto l’Ambasciatore o l’Ambasciata, ma i nostri cittadini. CI — A fine febbraio ci saranno le prossime elezioni italiane. All’incirca 3 milioni di persone che vivono all’estero dovranno votare. In che modo l’Ambasciata informerà i cittadini italiani delle elezioni anticipate? RT — Quando arriverò il 7 gennaio sarà il mio primo impegno e quindi tutte le risorse dell’Ambasciata saranno dedicate a questo appuntamento. Il nostro compito è in primo luogo quello di assicurare che tutti i nostri connazionali che vivono in Brasile siano informati dello svolgimento delle elezioni in Italia. Il secondo compito è quello di consentire a tutti la possibilità di votare. Ovviamente non è nostro compito
feitas da melhor maneira possível. Neste sentido, já conversei com os colegas que trabalham no Brasil e não tenho dúvidas de que a organização será de ótimo nível. CI — Na sua carreira diplomática já ocupou importantes funções em Londres, Bogotá, Bruxelas e Pequim. É a primeira vez que recebe o encargo de embaixador? RT — Sim, em Pequim eu era vice-embaixador, o número dois em uma Embaixada grande como a chinesa, e depois, nos últimos anos, adquiri uma boa experiência, sobretudo nas questões europeias. CI — Já conhece o Brasil? RT — Conheço como turista, mas já tive uma experiência na América do Sul, na Colômbia. Portanto o continente não me é estranho. Estou bastante animado. Estou conhecendo, neste período, muitas pessoas interessadas no Brasil. O que realmente me surpreendeu foi a extraordinária atenção, que há na Itália, em relação ao Brasil e à função que, enquanto embaixador, posso desenvolver a serviço do país e isto, certamente, é um estímulo a mais.
Arquivo pessoal
CI — O senhor conheceu a realidade chinesa também, uma nação que, como o Brasil, está entre os países emergentes. O que o senhor acha que irá encontrar no Brasil diferente do que viu na China? RT — Acho que é importante considerar, apreciar e, sobretudo, respeitar o Brasil por aquilo que é, sem arriscar comparações com outras realidades, como a chinesa, tão diferentes. Em comum, China e Brasil têm as taxas de desenvolvimento, a determinação e o compromisso em direção ao crescimento. Para nós, o que há de único no Brasil em comparação com outras realidades, mesmo sendo promissoras e animadoras, são os cerca de 30 milhões de cidadãos de origem italiana que não encontramos nem na China, nem em nenhum outro país no mundo. Meu esforço será entender e cuidar desta presença italiana por aquilo que é, ou seja, uma presença forte e enraizada no país, mas levando em conta todos os aspectos. Cada um deve ser tratado e respeitado por aquilo que é, e por aquilo que se tornou.
quello di fare propaganda politica, al contrario il nostro impegno è rivolto ad assicurare che tutti i partiti che partecipano e che vogliono farsi sentire nei confronti delle collettività che non vivono in Italia siano messi in condizioni di svolgere pienamente e liberamente la loro attività. È fondamentale il ruolo della rete consolare. I Consolati, insieme all’Ambasciata, devono assicurare che queste funzioni siano svolte nel modo migliore possibile. Al riguardo ho già sentito i colleghi che lavorano in Brasile e non dubito che l’organizzazione sarà di ottimo livello. CI — Nella sua carriera diplomatica ha già occupato importanti funzioni a Londra, Bogotà, Bruxelles, Pechino. È la prima volta che riceve l’incarico di Ambasciatore? RT — Si, a Pechino ero il vice ambasciatore, il numero due in un’Ambasciata grande come quella cinese e poi negli ultimi anni, ho acquisito soprattutto una buona esperienza nelle questioni europee. CI — Conosce giá il Brasile? RT — Lo conosco da turista, ma ho giá un’esperienza in Sudamerica, in Colombia. Quindi il continente non mi è del tutto sconosciuto. Ci metto tanto entusiasmo. Sto conoscendo in questo periodo tante persone che sono interessate al Brasile. Quello che mi ha veramente sorpreso è la straordinaria attenzione che c’è in Italia nei confronti del Brasile e della funzione che in quanto Ambasciatore posso svolgere a servizio del Paese e questo, certamente, è uno stimolo in più. CI — Lei ha conosciuto anche la realtà cinese, una nazione che come il Brasile è tra i Paese emergenti. Cosa pensa di trovare in Brasile di diverso da quello che ha visto in Cina? RT — Credo che sia importante considerare, apprezzare e soprattutto rispettare il Brasile per quello che è, senza azzardare confronti con altre realtà, come quella cinese, così diverse. Ciò che hanno in comune la Cina e il Brasile sono i tassi di sviluppo, la determinazione e l’impegno verso la crescita. Per noi quello che ha di unico il Brasile, rispetto alle altre realtà pure promettenti e incoraggianti, sono i circa 30 milioni di cittadini di origine italiana che non troviamo né in Cina né in nessun altro Paese al mondo. Il mio sforzo sarà quello di capire e di trattare questa presenza italiana per quella che è, cioè una presenza forte e radicata nel Paese, ma senza dare nulla per scontato. Ognuno va trattato e rispettato per quello che è e per quello che è diventato. CI — Tra i progetti ideati dall’ex Ambasciatore, Gherardo La Francesca, ci sono l’Ambasciata Verde, basato sull’energie rinnovabili, il MIB (Momento Italia Brasile), la creazione di un unico call center che possa servire tutta la rete consolare. Proseguirà il cammino tracciato negli ultimi anni? RT — Assolutamente si, anzi, vorrei cogliere quest’occasione per dire quanto rispetto e gratitudine abbia nei confronti dell’Ambasciatore La Francesca. Ha fatto secondo me un lavoro eccezionale in questi anni, ha lanciato iniziative tipo Momento Italia Brasile, l’Ambasciata Verde, come anche l’avvio della messa in opera di sistemi di centralizzazione delle informazioni a favore delle nostre collettività. Ho grande ammirazione nei suoi confronti e certamente conto di riprendere le iniziative da lui avviate. comunit àit aliana | j anei r o 2013
31
Capa
Atualidade
CI — Um problema que persiste são as longas filas de espera e a lenta burocracia que tornam difícil o processo de quem almeja ter a cidadania italiana, e de quem, como italiano, precisa requerer certidões. Como fazer para diminuir e agilizar o processo? RT — È um problema sério, sentido principalmente pelos nossos compatriotas. Sou honesto e não quero iludir ninguém afirmando que vou chegar com uma varinha de condão e resolver todos os problemas. A criação de um único call center é uma ótima iniciativa e vou continuar por este caminho. Muitas são as pessoas que falam conosco e nosso dever é o de assegurar ao máximo os serviços possíveis, e me comprometo desde agora a fazê-lo. Estou tendo encontros no Ministério do Exterior com as estruturas responsáveis para examinarmos juntos as medidas que podem contribuir para enfrentar de modo positivo a questão. CI — Brasil e Itália estão vivenciando um período de relativa tranquilidade em suas relações diplomáticas. O problema Battisti pode ser considerado superado? RT — O problema Battisti não cabe a mim dizer se está superado. Porém, não queremos que este caso se interponha entre dois países que têm uma longa e sólida tradição de relações mais que amigáveis. Nosso compromisso é fazer com que as relações entre os dois países sejam sempre baseadas no respeito e na amizade. CI — Os jornalistas o definiram como um napolitano doc. (“da gema”). Como o senhor se define? RT — Certamente sou napolitano e estou muito feliz de sê-lo, como seria feliz se fosse romano, vêneto ou siciliano, mas me sinto sobretudo italiano e também europeu. Nasci em Nápoles, mas vivo em Roma há muitos anos, desde que entrei na carreira em 1985, e vivi muito tempo no exterior. A diplomacia italiana tem uma bela tradição napolitana e espero continuar nessa estrada. CI — Sentirá saudade da Itália? RT — Acredito que o Brasil esteja bem próximo do modo de ser dos italianos e em alguns casos especificamente dos napolitanos. Portanto, mesmo que ficasse com saudade, no Brasil vai ser mais fácil superá-la. 32
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Arquivo pessoal
CI — Entre os projetos idealizados pelo ex-embaixador, Gherardo La Francesca, há o da Embaixada Verde, baseado nas energias renováveis, o MIB (Momento Itália-Brasil) e a criação de um único call center que possa servir a toda a rede consular. Irá continuar o caminho traçado nos últimos anos? RT — Absolutamente sim, aliás, gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer o quanto respeito e a gratidão que tenho para com o embaixador La Francesca. Na minha opinião, ele fez um trabalho excepcional nestes anos. Lançou iniciativa do tipo Momento Itália-Brasil e a Embaixada Verde, como também deu o pontapé inicial da implantação de sistema de centralização das informações a favor das nossas coletividades. Admiro-o muito e, certamente, pretendo retomar as iniciativas iniciadas por ele.
O novo embaixador Raffaele Trombetta com a esposa inglesa já “napolitanizada” Victoria Mabbs
Il nuovo ambasciatore Raffaele Trombetta con la moglie inglese ormai “napolitanizzata” Victoria Mabbs
CI — Un problema che persiste sono le lunghe file d’attesa e la lenta burocrazia che rendono difficile il processo di chi aspira ad avere la cittadinanza italiana e di chi come italiano ha bisogno di richiedere dei certificati. Come poter diminuire e snellire il procedimento? RT — È un problema serio e soprattutto molto avvertito dai nostri connazionali. Sono onesto e non voglio illudere nessuno dicendo che arriverò con la bacchetta magica a risolvere tutti i problemi. La creazione di un unico call center è un’ottima iniziativa, continuerò su questa strada. Sono tantissime le persone che si rivolgono a noi ed è nostro dovere assicurare il massimo dei servizi possibili, questo mi impegno fin d’ora a farlo. Sto avendo degli incontri al Ministero degli Esteri con le strutture responsabili per esaminare insieme le misure che possono contribuire ad affrontare positivamente la questione. CI — Brasile e Italia stanno vivendo un periodo di relativa tranquillità nei loro rapporti diplomatici, il problema Battisti è acqua passata? RT — Il problema Battisti, non spetta a me dire se sia acqua passata. Non vogliamo però che questo caso si frapponga tra due Paesi che hanno una lunga e solida tradizione di relazioni piu’ che amichevoli. Il nostro impegno e’ fare in modo che i rapporti tra i due Paesi siano sempre improntati al rispetto e all’amicizia. CI — I giornalisti l’hanno definita un napoletano doc. Lei come si definisce? RT — Certamente sono napoletano e sono contento di esserlo, come immagino lo sarei se fossi romano, veneto o siciliano, però mi sento soprattutto italiano e anche europeo. Sono nato a Napoli, ma vivo a Roma da tanti anni, da quando sono entrato in carriera nell’85 e ho vissuto molto tempo all’estero. Del resto la diplomazia italiana ha una bella tradizione napoletana e io spero di continuare su questo cammino. CI — Avrà nostalgia dell’Italia? RT — Credo che il Brasile sia abbastanza vicino ai modi di essere italiani e in alcuni casi specificamente napoletani, quindi anche se mi dovesse venire la nostalgia, in Brasile sarà più facile superarla.
milão
GuilhermeAquino
Eleições na Lombardia ex-prefeito Gabriele Albertini,
O
por nove anos à frente do município de Milão a bordo do PDL, partido de Silvio Berlusconi, recusou-se a retirar a sua candidatura para a região da Lombardia e, de quebra, ganhou o apoio explícito de Mario Monti e por tabela da UDC. Umberto Ambrosoli do PD e Roberto Maroni da Lega aparecem, até agora, como os seus principais adversários políticos. A campanha promete ser acirrada, para usar um eufemismo. Por enquanto, estes são os nomes principais à corrida pela cadeira principal da locomotiva italiana — a região da Lombardia. O condicional é obrigatório, tratando-se de política italiana.
Carnaval em Veneza
E
ntre os dias 2 e 12 de fevereiro, a Bienal de Veneza abre as portas dos pavilhões de seis nações para a fantasia e a música. Bélgica, Holanda, Estados Unidos, Alemanha, Romênia, Inglaterra e, pela primeira vez, Argentina e Bahamas abrem as suas asas criativas no pavilhão
Contagem regressiva os três mil refugiados líbios que en-
D
traram na Itália e que foram transferidos para a região da Lombardia (dos quais 750 para a província de Milão), quase nenhum ganhou a permissão de estadia definitiva. A maioria conseguiu renovar o visto por apenas seis meses. E isto significa que, se durante este primeiro semestre o refugiado não obter o direito de residência, vai cair na clandestinidade. A situação é crítica, até porque o fundo de 46 euros diários por pessoa, usado para financiar a hospedagem e alimentação, está com os dias contados e não deve superar os próximos dois meses. Os Serviços Sociais e a Caritas estão trabalhando duro para evitar que os fugitivos da guerra na Líbia se tornem vítimas da crise econômica que assola o país.
central dos “Giardini”, local que vai abrigar os eventos carnavalescos. A quarta edição do Carnevale Internazionale dei Ragazzi tem o título de Leon Musico. Para a garotada promete ser um evento a mais do que já é Veneza em si durante este período mágico.
Allegri ma non troppo técnico do Milan, Allegri, recome-
Promoção Oça o ano atrás da Juventus. De um período no qual quase foi decapitado e eliquidação do time, o treinador chuta a bola para durante o período de Natal as iné-
S
ditas promoções tentaram diminuir o impacto da crise e manter o nível de consumo acima da linha d’água — inutilmente, pois houve queda na ordem de 9% — vai ser na estação das liquidações e saldos que os comerciantes irão tentar minimizar os efeitos colaterais do empobrecimento do milanês. Estima-se que os descontos médios serão de 40% e que os gastos por pessoa serão 10% inferiores ao ano passado. A previsão é que o milanês e os turistas desembolsem cerca de 176 euros ao longo da temporada dos saldos. Em 2012, esta mesma despesa tinha sido de 194 euros, e 200, em 2011.
o futuro, depois de ter recuperado a confiança do patrão Silvio Berlusconi e do administrador delegado Galliani. A partida de Pato rumo ao Corinthians desfalca o Milan de um craque brasileiro. Robinho, autor de 14 gols — sem nenhum pênalti — ainda poderia fazer muito pelo clube de Milão. Mas o desejo de retornar em pátria para garantir uma visibilidade maior e a vaga para a sonhada Copa do Mundo de 2014, dentro de casa, está falando mais alto. Bola para frente que atrás vem gente.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
33
Entretenimento
Jogos eletrônicos unem Brasil e Itália Projetos de parceria estimulam o mercado brasileiro e italiano de games, mas a pirataria é um dos problemas do setor Nathielle Hó
A
Itália é um dos países que mais investem no mercado de games nos últimos tempos. A inauguração do Videogame Museum of Rome, o Vigamus, em outubro de 2012, com 250 peças raras, confirma isso. O museu localiza-se a poucos metros da Basílica de São Pedro, fazendo com que o turista possa conhecer obras de Bramante, Michelangelo e Bernini, e depois relembre jogos dos anos 1980, como Pac-Man, Space Invaders e Mario Bros. O Vigamus conta com uma área dedicada à história, à cultura e à tecnologia do setor, assim como espaços para exposições itinerantes. Há lojas, livraria, cafeteria, sala de conferências e um centro de estudos. O museu foi idealizado pelo jornalista italiano Marco Accordi Rickards, 34
professor de história dos jogos da Universidade de Roma. Ele lembra que o Brasil, através da Associação Comercial, Industrial e Cultural dos Jogos Eletrônicos (Acigames), é um grande parceiro dele nesse projeto. — O Brasil, representado por Moacyr Alves Júnior, presidente da Acigames e embaixador de games entre Brasil e Itália, é o parceiro oficial para 2013 da Vigamus. Isso significa que, dentro do museu,
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
O Vigamus conta com peças raras entre consoles e jogos antigos, e se dedica à conservação da história e da cultura dos jogos eletrônicos através de exposições
estaremos exibindo materiais informativos, painéis e vídeos sobre o mercado emergente brasileiro e organizaremos eventos centrados na história brasileira dos videogames. O objetivo final é fazer com que o setor no Brasil ganhe a atenção de investidores e empresas — adiantou Rickards à Comunità. Moacyr Alves Júnior explica que existem outras instituições italianas filiadas ao Brasil, como a Associazione Italiana Opere Multimediali
Interattive (Aiomi), criada para promover, divulgar e preservar a cultura dos jogos como meio de expressão artística e produto industrial: — Na Itália existe a Associazione Editori Software Videoludico Italiani (Aesvi), que representa os fabricantes, editores e desenvolvedores de jogos. É uma das maiores fabricantes de hardware de videogame do mundo, ao lado da Sony Computer Entertainment, Nintendo e Microsoft. O Brasil é um dos poucos países que participam da Federação Europeia dos Arquivos de Jogo, Museus e Projetos de Preservação, que agrega países para a conservação da memória dos games e promove parcerias entre faculdades e instituições de ensino e cria eventos entre os dois países — salienta. De acordo com Moacyr, a Itália, assim como o Brasil, tem uma produção independente de games, desenvolvida por pequenas empresas que geralmente criam mais para o mercado norte-americano, o qual, ao lado do Japão, é o maior consumidor e desenvolvedor de jogos. Uma das criações italianas mais aclamadas é o jogo Bang!, de autoria de Giovanni Caturano. — É um importante projeto inteiramente desenvolvido na Itália, o primeiro jogo multiplataforma feito no país. Funciona em todos os smartphones e tablets e permite que os jogadores de uma determinada
versão joguem as outras versões sem problemas de compatibilidade. É uma demonstração do talento e da criatividade italiana a serviço do videogame. Muitos prêmios importantes foram dados como melhor aplicativo através do Best App Ever Award, do The Nokia Calling All Innovators e do Samsung Bada Developer Challenge — lembrou o fundador do Vigamus. A pirataria interfere na produção e nos rendimentos do setor Apesar de promissor, o mercado italiano sofre com a pirataria. De acordo com estimativas da Aesvi, a cada 100 peças de software distribuídas em território italiano, 64 são pirateadas. Segundo Rickards, essa é uma realidade que desencoraja investimentos estrangeiros e é muito difícil para empresas pequenas e pessoas independentes distribuir
O presidente da Acigames e embaixador de games entre Brasil e Itália, Moacyr Alves Júnior, esteve presente na inauguração do Vigamus, museu idealizado pelo jornalista Marco Rickards
jogos no país, uma vez que muitos dos rendimentos são prejudicados pela pirataria. Moacyr lembra que, na quarta edição da Italian Videogame Developer Conference (IVCD), em dezembro de 2011, na universidade de Tor Vergata, um dos assuntos mais discutidos foi a questão da pirataria, massificada tanto na Itália quanto no Brasil. — Na IVCD, aconteceu a minha primeira palestra internacional, e para um público diferente, pois no Brasil 90% são jovens e na Europa é o contrário. Outro fator importante são as semelhanças encontradas entre os dois países na conferência, como o alto índice de pirataria, o pouco apoio dos órgãos governamentais na área de cultura voltada para games e o preconceito por acharem que é “coisa de criança” e que incita a violência — ressalta. O CEO e idealizador da Brasil Game Show (BGS), a maior feira da América Latina no assunto, Marcelo Tavares, enfatiza que a pirataria é muito difundida, mas que, com o aumento da fiscalização, a redução dos preços e o aumento do poder de compra, ocorreu uma diminuição drástica nos índices de pirataria no Brasil. — Acho que o combate à pirataria passa em primeiro lugar pela conscientização do jogador, que deve entender que é crime e que, por trás dos jogos, existem entre 100 e 300 profissionais que trabalham ao longo
comunit àit aliana | j anei r o 2013
35
Entretenimento de três anos, e orçamentos na casa das dezenas ou até mesmo centenas de milhões de dólares. Os jogos casuais, nos quais você pode baixar um título mais simples no celular, tablet ou console a partir de R$ 2, são outra grande solução — explica Tavares, um dos maiores colecionadores de consoles e jogos do mundo. Marcelo ressalta que a estabilidade econômica do Brasil e a crise na Europa provocaram um investimento maciço das gigantes da indústria de games no país. Segundo ele, a Itália deve “pegar carona” nessa prosperidade brasileira. — O público gamer brasileiro, entre casuais e hardcore, totaliza cerca de 45 milhões. A Itália é um dos países com o maior número de consumidores de jogos na Europa, mas infelizmente sofre com a crise econômica e política que assola o continente. Porém, vejo uma grande oportunidade para empresas desenvolvedoras italianas que optarem pelo investimento na América Latina e em especial no Brasil — enfatiza. Florença, Roma e Veneza entre os cenários A Itália serviu de inspiração para cenários de jogos como em Assassin’s Creed II, e sua sequência Brotherhood, desenvolvidos para Playstation 3, Xbox 360, Windows e Mac. Com gráficos em 3D, conseguem retratar com fidelidade diversas locações da “bota”, como a Piazza di San Marco, em Veneza, o Palazzo Della Signoria e a Ponte Vecchio, em Florença, o Coliseu e o Vaticano. O personagem central é o nobre Ezio Auditore da Firenze, um morador da cidade de Monteriggioni que se torna um assassino para vingar a família. O presidente da Acigames atesta que jogos como Assassin’s Creed podem ajudar no aprendizado de geografia, história e idiomas. — Meu inglês é totalmente de games e o Assassin’s Creed foi todo em italiano, o que me ajudou muito a aperfeiçoar a pronúncia, pois não
sou fluente na língua. Escutar as falas junto com a imagem fez uma grande diferença. Conheço ótimos projetos como o Kiduca, plataforma que simula uma cidade, onde cada bairro é uma área de conhecimento como matemática e português. Dentro dela, os alunos podem se encontrar para trocar conhecimentos online — conta Moacyr. Segundo Tavares, os games também auxiliam em tratamentos de saúde com sensores de movimentos como o Kinect, que colabora para o controle da obesidade infantil e no direcionamento de cirurgias, fazendo com que o médico opere os aparelhos por sensores sem o contato manual, o que evita infecção hospitalar. — O Kinect e o seu concorrente PlayStation Move também servem de
A Brasil Game Show, a maior feira de games da América Latina, idealizada por um dos maiores colecionadores de jogos e consoles do mundo, Marcelo Tavares, espera receber este ano, em São Paulo, 150 mil visitantes
Perfil dos jogadores 40.200.000
18.600.000
População total
203.400.000
61.000.000
Internautas ativos
60.200.000
28.600.000
Jogadores pagantes
21.700.000
9.300.000
Dinheiro gasto em jogos
US$ 2.635.000.000
$ 1.800.000.000
Aumento anual dos gastos
32%
6%
Jogadores ativos
entre 10 e 65 anos
36
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
estímulo para a prática de atividades esportivas. Muitos jogos são baseados em esportes como tênis, boliche, vôlei e futebol. A pessoa faz os movimentos em sincronia com a imagem do jogo. A Universidade Federal Fluminense desenvolveu o projeto Jecripe para crianças portadoras de Síndrome de Down, onde o personagem do jogo tem as características físicas desse portador. A ideia é que o movimento do usuário seja capturado pela webcam e ele consiga reproduzir isso dentro do jogo para melhorar a coordenação motora e o raciocínio — explica o CEO da BGS. Embora muitas pessoas rotulem os usuários de games de nerds e geeks e os considerem antissociais, Marcelo Tavares acha que o videogame pode ter o efeito contrário, colaborando para a diversão em família e entre amigos e auxiliando pessoas tímidas. — No passado, a simplicidade predominava. Hoje, predominam o realismo e o bom aproveitamento da internet em modos multiplayer. Pode-se jogar futebol em partidas de 11 contra 11 na internet, onde cada pessoa controla um jogador e todos se comunicam por voz com headsets. As redes dos consoles possuem listas de amigos onde é possível convidar uma pessoa para uma partida online no seu jogo favorito. O grande diferencial desta geração é exatamente o uso da internet, que colabora para aproximar apaixonados por games — concluiu Tavares.
Esportes
Azzurra busca título inédito no Brasil
Seleção italiana se prepara para mostrar durante a Copa das Confederações que possui uma seleção forte e estreia contra o México no dia 16 de junho no Rio Andre Batista
E
m meio à disputa das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2014, a seleção italiana vem ao Brasil encarar um desafio. Disputada desde 1992, a Copa das Confederações reúne os campeões de cada continente, além do representante do país sede e do atual campeão do mundo. Esses ingredientes, por si só, já garantiriam um campeonato fortíssimo. Contudo, soma-se a eles a oportunidade que a maioria das seleções tem de conhecer o país sede da próxima Copa do Mundo, no caso, o Brasil. A Itália disputou a competição apenas uma vez, em 2009, mas não obteve um bom resultado. Espelho disso, passou vergonha no ano seguinte durante a Copa do Mundo. Por isso, ninguém ousa diminuir a importância do torneio. O treinador Cesare Prandelli é o primeiro a afirmar: — Foi um caminho muito longo até aqui. Vamos mostrar toda a nossa força e usar a Copa das Confederações como laboratório para a Copa do Mundo. Se, para a maioria das pessoas, 2013 começou há pouco, para Cesare Prandelli o ano já chegou há muito tempo. O treinador se prepara há pelo menos seis meses para um ano que promete ser difícil e recompensador para a sua carreira:
é o ano da confirmação. Ele assumiu o cargo após a Copa de 2010, quando a seleção italiana foi eliminada na primeira fase e em último lugar do grupo. Obteve dois empates com o placar de 1 x 1 contra o Paraguai e a Nova Zelândia. Os italianos precisavam vencer para garantir uma vaga nas oitavas de final, mas entraram em campo nervosos e levaram dois gols de Vittek. Di Natale diminuiu, mas Kopunek fez o terceiro da Eslováquia. Já nos acréscimos, Quagliarella marcou o seu. O resultado foi a eliminação histórica de uma das seleções mais temidas do futebol mundial. O treinador Marcello Lippi foi então demitido e um novo projeto tinha de ser montado. Para liderar a seleção naquele caminho pedregoso,
Prévias da Copa
A
Copa das Confederações é o principal torneio disputado antes da Copa do Mundo. A seleção italiana chega ao Brasil como uma das favoritas ao título e inicia a competição contra o México no dia 16 de junho, no Rio. Já no dia 19 joga em Recife contra o Japão. Fechando a primeira fase, encara o Brasil em Salvador no dia 22. Caso se classifique em primeiro, jogará a semifinal na capital baiana no dia 26. Se ficar em segundo, o desafio será no dia 27 em Fortaleza. A disputa pela terceira posição ocorre em Salvador e a grande final, no Rio, ambas no dia 30.
Em coletiva de imprensa, Prandelli disse estar satisfeito em enfrentar o Brasil logo na primeira fase. — O Brasil talvez ainda seja a melhor seleção do mundo e é sempre muito bom medir forças com um time desses. Além dos mais novos, como Balotelli e Destro, que têm a chance de fazer história com a imponente camisa azul, a seleção italiana reunirá veteranos que provavelmente disputam sua última Copa, como Buffon, Pirlo e Gilardino.
O técnico Cesare Prandelli acredita que a Copa das Confederações, com a presença de jogadores como Mario Balotelli, será o laboratório para a seleção italiana rumo à Copa do Mundo
a Federazione Italian Giuoco Calcio escolheu Cesare Prandelli, que até então havia comandado times hoje considerados secundários na Itália, como Parma e Fiorentina. Ele aceitou o desafio sob os olhares desconfiados da imprensa e dos torcedores. No primeiro jogo, foi derrotado para a Costa do Marfim por 1 x 0 — partida que marcou também a estreia de um jovem atacante. Até aquele momento, Mario Balotelli era considerado um problema do futebol italiano. Não por falta de talento, mas por constantes problemas fora dos campos que forçaram sua transferência da Inter de Milão para o Manchester City. Dois dias antes da venda, ele estreou pela azzurra. Marcou seu primeiro gol no ano seguinte, contra a Polônia e tornou-se o primeiro negro a marcar um gol com a camisa da seleção italiana. Nas convocações seguintes, Balotelli alternou bons e maus jogos e provocou fortes críticas da imprensa italiana, inclusive durante a primeira fase da Eurocopa 2012. Nas semifinais, entretanto, foi o principal responsável pela eliminação da poderosa Alemanha, marcando dois gols na vitória por 2 x 1 que garantiu a vaga na final. Apesar da derrota por 4 x 0 na final, o grupo foi elogiado e conquistou novamente o respeito dos rivais e da torcida.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
37
Gastronomia
O selo da qualidade Mais de 60 restaurantes recebem o certificado Ospitalità Italiana de 2012 que garante e atesta a qualidade da cozinha do Belpaese Janaína Pereira
C
De São Paulo
om o objetivo de preservar e promover a imagem da verdadeira e tradicional gastronomia italiana e de seus produtos, a União das Câmaras de Comércio da Itália (Unioncamere), o Instituto Italiano de Pesquisas Turísticas (Isnart) e a Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo (Italcam), em colaboração com o Sebrae São Paulo, entregaram, em dezembro, o selo Ospitalità Italiana – Ristoranti Italiani nel Mondo a 61 estabelecimentos. A entrega foi feita em evento realizado na capital paulista. O certificado de qualidade foi criado em 1997 para classificar os restaurantes do próprio país. Em 2010, passou a ser distribuído em todo o mundo e a capital paulista foi a primeira cidade fora do território italiano a recebê-lo. A certificação é feita pelo governo italiano por meio de uma comissão formada por ministérios e organizações do setor agroalimentar. Os requisitos englobam desde a presença de ao menos um funcionário 38
No evento de entrega do certificado Ospitalità Italiana, estiveram presentes o presidente da Italcam, Edoardo Pollastri; Roberto Ravióli, chef do La Madonnina, Cucina Casalinga e Empório Ravióli; e Mauro Marsili, cônsul geral da Itália em São Paulo
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
fluente em italiano até a utilização de produtos comprovadamente de origem italiana. Na edição de 2012, 80 restaurantes solicitaram a certificação. Entre os 61 condecorados (um de Recife, um de Goiânia e 59 do estado de São Paulo), figuram 27 renovações e 34 novas certificações. Proprietários e chefs compareceram ao evento para receber seus certificados. Alguns dos nomes mais importantes da gastronomia italiana no Brasil, como Roberto Ravioli, Onorato Fiorentino e Giancarlo Bola, estiveram presentes. O chef e proprietário do Il Sogno di Anarello, Giovanni Bruno, era um deles.
— São 65 anos carregando avental. Então, participar de um evento como esse me deixa muito feliz. Espero que no ano que vem tenhamos dez vezes mais restaurantes certificados — disse. O chef Ciro Sabella, proprietário do Vinarium, recebeu o selo pela primeira vez e comentou a importância da certificação. — Estamos felizes. Sabemos que fazer parte desse grupo é um grande reconhecimento — comentou. O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de São Paulo, Edoardo Pollastri, ressaltou que o selo é importante porque a Itália é uma referência gastronômica no mundo. Ele comentou que, segundo uma pesquisa realizada por uma agência de publicidade americana, a marca Made in Italy é a terceira mais famosa do planeta. — Por isso, o Ospitalità Italiana não é um prêmio que se dá para sempre. Todo ano o restaurante precisa ser vistoriado para fazer parte desse grupo que representa uma marca tão importante. O selo envolve um conceito mais amplo, que é a questão de como receber o público de uma maneira italiana, muito parecida com a brasileira, com carinho e uma forma de reconhecer a continuidade desse patrimônio imaterial — explica. O comitê de coordenação do Ospitalità Italiana é presidido pela Unioncamere e composto por representantes dos Ministérios italianos do Turismo, do Desenvolvimento Econômico, das Relações Internacionais e dos Bens e Atividades Culturais. A certificação envolve hoje 65 câmaras de comércio italianas presentes em 44 países, que já certificaram mais de 720 restaurantes mundo afora. Em busca da certificação, existem mais de 1.300 estabelecimentos candidatos.
Vinho
A infiltração de Barolo Vinho símbolo do Piemonte pega carona na expansão do mercado brasileiro Guilherme Aquino
O
De Turim
Barolo se infiltra no competitivo mercado dos países emergentes. O renomado “licor dos deuses” produzido no coração da região do Piemonte migra rumo às mesas dos melhores restaurantes do mundo, do Brasil a Hong Kong. A raiz desta ofensiva afunda nos terrenos das Langhe há mais de cem anos e a sua cultura coincide com as primeiras ondas de imigração italiana rumo ao Brasil. Hoje, refaz o itinerário dos pioneiros que se aventuraram em busca de um destino melhor. Mas a exportação toma o lugar da imigração. A rota percorrida é aquela em direção aos novos consumidores que brindam a chegada de vinhos de qualidade e que escorrem nas economias resistentes à crise. A prova disso foi o recente périplo internacional dos produtores do Barolo de La Morra que passou pelo Brasil, Hong Kong e Inglaterra, entre outros países. A passagem por São Paulo (o estado concentra 50% do mercado) não poderia ter sido mais bem acolhida, do alto do Edifício Itália. O jantar aberto ao público foi regado por rótulos Gianni Gagliardo, que exporta 85% da produção nos quatro cantos do planeta e influencia a formação da cultura do vinho em terras prometidas. Sim, pois o brasileiro ainda não é habituado a beber o vinho. E uma segunda viagem já está sendo preparada através do importador La Pastina, um dos maiores e mais tradicionais do país. O aumento do poder de consumo do brasileiro e o desejo por produtos de alta qualidade abrem o apetite dos exportadores que devem fazer as contas com as elevadas taxas de alfândega. Segundo os dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o mercado brasileiro do vinho consome 265,2 milhões de litros nacionais contra 77,6 milhões de importados por ano. Ou seja, a fatia dos importados
é de 22,60%, mesmo se a proporção praticamente inverte se levarmos em conta a exclusão de rótulos de mesa e espumantes. O terreno para explorar é grande, insidioso e difícil. Muito diferente do terreno do quintal da casa de Giuliano Gagliardo, distante 12 mil quilômetros da prometida terra brasileira. Fruto do cultivo secular da uva Nebbiolo no Piemonte O Barolo é um vinho produzido com 100% de uva do tipo Nebbiolo, uma antiga variedade cultivada no Piemonte. Foi o conde de Cavour, artífice da união do reino da Itália que, por volta de 1850, com a ajuda do enólogo Louis Oudart e a pedido da marquesa Giulietta Falleti di Barolo, deu o pontapé inicial para a fama do Barolo. O aristocrático vinho foi ganhando majestade e popularidade também. A família Colla já mantinha a tradição de passar de pai para filho a paixão pelo vinho. De geração em geração a produção chega às mãos de Paolo Colla, em La Morra. Nos
Entre os produtores do Barolo de La Morra está Gianni Gagliardo. Junto dos filhos Paolo, Alberto e Stefan, exporta 85% de sua produção para todo o mundo e influencia a cultura do vinho em lugares como o Brasil
anos 1960 o Barolo de La Morra ganha importantes reconhecimentos internacionais e se torna uma espécie de porta-bandeira no mundo da enologia italiana. Mas ele estava apenas no trampolim de um salto de qualidade. A filha Marivanna Colla, em 1973, casa a paixão pelo vinho com o amor por Gianni Gagliardo, jovem de Monticello d’Alba, com fino tino empresarial. Entre Paolo Colla e Giuliano Gagliardo nasceria uma afinidade que elevaria o Barolo ao Olimpo dos vinhos. O segredo da qualidade, passado de sogro para genro, e não de pai para filho, estaria na variedade dos terrenos e na correta alquimia entre os vinhos de cada um deles. Como um garimpeiro, Gianni Gagliardo seguia peneirando e comprando terrenos localizados nas melhores posições em La Morra, Barolo, Serra Lunga, Monforte d’Alba, no Barolo, e em Ponticello d’Alba, em Roero. Os 11 vinhedos de propriedade estão entre Langhe e Roero, nos dois lados do rio Tanaro, que banha uma região famosa pelas trufas. A fórmula de sucesso é o respeito ao máximo potencial de cada um dos vinhedos, por menores que sejam. Cada um recebe o mesmo tratamento do começo ao final, como se fossem independentes. O produto final é fruto de uma sábia e rica montagem de cada peculiaridade exaltada e decodificada como única. O vinho é feito sob medida, em função da combinação das nuances de cada vinhedo. Não por acaso, o guru do mercado, o americano Robert Parker, afirmou que o Barolo Riserva Preve, de Gianni Gagliardo é “uma pedra milenar” do vinho. O seu DNA está presente em toda a fileira da produção. O Barolo recebeu a certificação DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) apenas há 30 anos, um reconhecimento tardio a quem faz deste percurso um princípio ativo há mais de um século por seis gerações.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
39
Arte — O espaço onde era o principal hall do banco agora é o hall chave do museu. Nós deixamos partes dos guichês originais e agora formam uma parte integral do espaço de exibição — explica o arquiteto responsável pela direção do projeto Michele De Lucchi. O acervo inclui obras representativas de estilos que vão do informalismo à pop art e uma seção dedicada ao pintor Lucio Fontana, conhecido pela série de Conceito Espacial, pinturas monocromáticas e outras obras com furos ou rasgões feitos de propósito.
O banco que virou museu
Grupo Intesa Sanpaolo transforma símbolo da economia italiana e maior banco de varejo do país em museu de arte moderna Andre Batista
Especial para Comunità
O
Palazzo Beltrami agora é museu. O maior banco de varejo italiano transformou sua sede no centro de Milão em um audacioso espaço que abriga obras de artistas como Lucio Fontana e Renato Guttuso. O majestoso prédio que até então figurava como símbolo do poder econômico da Itália agora exibe a paixão que os italianos têm pela arte. O edifício construído no início da década de 1910 para ser a principal agência da Banca Commerciale Italiana reúne quase duzentas obras de arte produzidas por artistas do 40
Belpaese entre as décadas de 1950 e 1990. O estilo eclético com que o prédio foi arquitetado por Luca Beltrami serve de chamariz tanto para os fãs de arte quanto para os turistas que passeiam pela Piazza della Scala. O primeiro andar conta com uma cena rústica, enquanto o segundo piso é todo pontuado por janelas de frontões curvos, onde uma varanda de linda paisagem faz o centro. Todo o espaço do antigo banco passa a ser aproveitado como suporte para as obras: até mesmo os cofres que foram restaurados fazem parte dos halls de exposições e abrigam seleções rotativas de esculturas e pinturas.
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
O Intesa Sanpaolo reúne 189 obras de 153 autores, cuja maioria viveu na Lombardia durante o século XX
Maioria dos autores é de origem lombarda A ideia surgiu há alguns anos, mas somente em 2012 a adaptação começou a ser feita. Após alguns meses de planejamento e restauração, o Intesa Sanpaolo reuniu 189 obras de 153 autores, dos quais a maioria viveu na região da Lombardia durante o século XX. Para o supervisor e presidente de conselho do Intesa Sanpalo, Giovanni Bazoli, trata-se de uma iniciativa que deveria ser compartilhada por todos os grupos financeiros do país, já que a maioria coleciona obras de arte. — Para os bancos italianos, mesmo aqueles menores, tem sido uma tradição colecionar obras de arte e documentos da área onde atuam — relata. Essa não é a primeira intervenção do Intesa Sanpaolo no campo artístico. A abertura do museu no Palazzo Beltrami complementa um conjunto de edifícios que abriga exposições e concluiu o ciclo cultural já iniciado com as mostras do Palazzo Anguissola Antona Travesi e do Palazzo Bretani-Greppi. Completam a arquitetura da praça o Monumento a Leonardo da Vinci, esculpido por Pietro Magni em 1872, e mais quatro edifícios seculares: o Teatro alla Scala, construído entre 1776 e 1778 pelo arquiteto Giuseppe Piermarini; o Palazzo Marino, arquitetado por Galeazzo Alessi e construído entre 1557 e 1563; e a Galleria Vittorio Emanuele II, de Giuseppe Mengoni, datado de 1865. O Pallazo Beltrami está situado na Piazza della Scala, em Milão. Está aberto a visitações do público de terça-feira a domingo, entre 9h30 e 19h30. A entrada é permitida até às 18h30. O horário muda apenas na quinta-feira, quando o museu permanece aberto entre as 9h30 e as 22h30 e permite o ingresso do público até as 21h30.
Design
Kama, sexo e design Mostra na Triennale de Milão reúne 300 objetos inspirados no instinto da vida, como móveis em forma de órgãos sexuais e porcelanas antigas com figuras humanas em plena relação Guilherme Aquino
A
De Milão
exposição dos objetos de expressão sexual iluminou de vermelho uma das alas do museu do design, o Triennale, em Milão. Entre as duas estátuas que abrem e fecham a mostra — esculturas de madeira de indígenas de ilhas do sul do oceano Pacífico que retratam a fertilidade masculina — está uma coleção de cadeiras, sofás e armários que celebra os órgãos sexuais, externos e internos, do homem e da mulher, sem falar nos artigos de cama, mesa e banho, além das fotografias e instalações que remetem à representação da sexualidade em diferentes sociedades do Ocidente e do Oriente. Nomes ilustres como o de Salvador Dalí, dos designers Gaetano Pesce, Ettore Sottsass e Fabio Novembre, Nendo, Nigel Coats, Matali Crasset, Italo Rota, Andrea Branzi e Betony Vernon, entre tantos outros, são alguns dos
integrantes deste mosaico de objetos reunidos na mostra Kama, Sexo e Design, que vai até 10 de março. A curadoria é de Silvana Annicchiarico, que decidiu censurar a exposição para menores de 18 anos. — Eu acho que esta mostra é para pessoas maduras. É preciso ter uma certa vivência para compreender melhor esta exposição. A função dos objetos selecionados é antes de tudo comunicativa: deve anunciar alguma coisa — explica Silvana à ComunitàItaliana. A curadora encontrou as obras em museus europeus, coleções privadas e galerias de arte e conta que a seleção das peças, que cobrem um arco de tempo que vai dos gregos e romanos antigos aos dias de hoje, não foi fácil. Vasos com figuras humanas em plena relação sexual, retratadas dois mil anos atrás, e até manilha de armário em forma de um pênis em ereção traçam o roteiro da interpretação do sexo segundo os costumes e os meios de comunicação de um ou de vários
A mostra intitulada Kama, nome do deus indiano do prazer, expõe peças que retratam as diferentes formas de representação da sexualidade no Ocidente e no Oriente
períodos históricos, como objetos realizados na época da revolução sexual, no final dos anos 1960 e no começo da década seguinte. Dos afrescos de Pompeia e da cerâmica etrusca a modernos lampadários, o sexo e o mundo de Eros ganham contornos concretos e explícitos. E mais do que em lojas de “sex-shop”, estes objetos que retratam o desejo e/ou os caminhos para alcançá-lo estão presentes em locais acima de qualquer suspeita pornográfica, sempre que o limite entre o bom e o mau gosto possa ser traçado de forma imaculada, até porque a fronteira entre um e outro é uma questão muito pessoal e, muitas vezes, pouco coletiva. Pés de cadeira em forma de pernas de mulher, encosto de sofá desenhado como os grandes lábios de uma vagina (o famoso sofá Mae West, de Salvador Dalí) e pratos de porcelana chinesa com desenhos eróticos mostram que, assim como no sexo, a imaginação para representá-lo não conhece limites. Saborosos doces, criados e desenhados à imagem e semelhança de seios, ou “inocentes” peças fálicas remetem o espectador a um mundo que ainda vive de tabu e se contorce entre o direito ao prazer e o dever da reprodução da espécie. Para quem usa e para quem projeta e produz, o sexo é uma fonte inesgotável de transpiração. O “deus” indiano do prazer, Kama, a palavra sexo e o vocábulo inglês design compõem as pilastras de uma mostra que indaga, no inconsciente coletivo, a projeção realística e a transposição concreta das ideias e das emoções que têm origem no erotismo, nos prazeres carnais e espirituais. A exposição foi articulada em oito seções. A primeira chama-se Arquétipos e a ela seguem-se Priapo, Origem do Mundo, Seios, Glúteos, Orifícios, Acasalamentos, Erotic Food Design. Os corredores abrigam Obsessões Magistrais (com imagens e desenhos de Carlo Mollino, Ettore Sottsass e Piero Fornasetti). Os órgãos genitais e sexuais são explorados com a criatividade de um artista e servem de ponto de partida para as obras de livre expressão. Ao todo, são 300 objetos em exposição que revelam a relação do design com o instinto da vida. E um deles, The Great Wall of Vagina, de James McCartney, traz uma grande muralha de gesso com os moldes das vaginas de 400 mulheres apresentando o órgão sexual como uma identidade própria e única de cada uma das infinitas origens do mundo.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
41
Cinema
A memória de Brasília
O documentário Dino Cazzola - Uma Filmografia de Brasília mostra a construção da Capital Federal e coloca em evidência a necessidade de conservação de arquivos históricos Nathielle Hó
I
naugurada em 1960, Brasília, com sua arquitetura curvilínea, assinada por Oscar Niemeyer, nasceu numa época de efervescência da comunicação audiovisual. A televisão começava a se firmar como veículo de massa. Tudo que acontecia de cunho político ou social era documentado pelas lentes dos cinegrafistas de TVs abertas ou pelos meios de comunicação de órgãos públicos que participavam da construção da cidade. Um dos maiores responsáveis pela memória da capital foi o italiano Dino Cazzola. Dirigido pela historiadora e pesquisadora Andrea Prates e pelo cineasta e fotógrafo Cleisson Vidal, o documentário faz ressurgir o cinegrafista, além de trazer uma coletânea de imagens como a construção dos cartões-postais brasilienses, o crescimento das cidades-satélites e o dia a dia político da capital. O filme também traz testemunhos que discutem a importância do material para a preservação da história e da memória da cidade. — É o maior acervo reunido sobre a história da cidade, do início da construção até a década de 1980. O documentário mostra a Brasília que vai além dos conchavos políticos. O acervo de Cazzola é praticamente chapa-branca. Ele trabalhou quatro anos para civis e 20 para governos militares após adquirir sua produtora, porém isso não tira a importância dos registros. No filme, estão cariocas, paulistas, baianos, acrianos e amazonenses interagindo e construindo Brasília, de maneira extremamente democrática. O modelo concebido por Lúcio Costa era esse: espaços abertos e de convivência — ressalta Andrea Prates. Dino Cazzola nasceu em 1932 na cidade de Broni, onde já registrava os horrores da Segunda Guerra Mundial. A vinda para o Brasil aconteceu através dos pracinhas brasileiros. Apoiado em testemunhos de 42
O italiano Dino Cazzola registrou a construção dos monumentos de Brasília, o crescimento das cidades-satélites e o modelo social concebido por Lúcio Costa, onde predominavam os espaços abertos e de convivência entre pessoas de várias regiões brasileiras
familiares e cinegrafistas que acompanharam sua trajetória, o filme destaca o filho Júlio Cazzola, que relata a ligação do pai italiano com a Capital Federal. No documentário, uma locução em off do próprio Dino descreve esse sentimento: O que mais sinto é que Brasília, com menos de um quarto de século de idade, tenha menos provas, menos documentos históricos do que Roma que foi fundada há quase três milênios. — Ele criou um amor por Brasília, pois a viu nascer, em contraposição à perda que sofreu na Itália, quando viu sua cidade totalmente destruída — lembra o herdeiro de Dino. O italiano trabalhou na TV Brasília, onde produzia imagens que mostravam o centro do poder: viu passar pelo Planalto os presidentes
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
A historiadora Andrea Prates e o cineasta Cleisson Vidal procuraram focar a necessidade de recuperar e conservar acervos históricos
Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. Capturou cenas da ditadura militar, personificada pelo general Castello Branco em 1964 e por Costa e Silva em 1967. O ponto de partida para o documentário, porém, foi a questão da preservação das imagens. Dino deixou mais de três mil latas de filmes, com mais de 300 horas de gravação. Mas o calor excessivo e a falta de condições adequadas de armazenagem fizeram com que 70% do material se deteriorasse. O longa conta a história do resgate do material histórico que restou. — Em um acervo tão grande, exaltar certas imagens é em certo ponto temerário. Para mim foi impressionante ver depoimentos de Juscelino Kubitschek, inéditos e pouco vistos. Há também imagens do Teatro Nacional, em total abandono e toda a parte de remoção de favelas do Plano Piloto para a Ceilândia. O documentário é uma obra que serve de conhecimento, reflexão crítica e aprofundamento de temas — enfatiza Vidal. Atualmente o acervo de Dino encontra-se no Centro Técnico Audiovisual (CTAv) do Ministério da Cultura, onde passará por um processo de catalogação e repousará em condições mais adequadas. Representante legal das imagens, Prates viu propostas relacionadas à preservação da memória da cidade serem ignoradas por três governos locais. — Queremos que se torne visível: este documentário é uma fonte inesgotável de pesquisa. Daqui a 100 anos, as pessoas estarão consultando — conclui a diretora.
firenze
GiordanoIapalucci
Gli spagnoli in Italia
N
ella raccolta Dialoghi romani di Francisco de Hollanda, alla voce Michelangelo Buonarroti ritroviamo una sua dichiarazione che cita testualmente: “così pure dichiaro che nessuna nazione e nessun popolo (ad eccezione di uno o due spagnoli) può assimilare perfettamente né imitare la maniera di dipingere italiana (che è quella della Grecia antica), senza essere subito riconosciuto facilmente per straniero”. Parole che sono state d’ispirazione alla prima esposizione dedicata agli artisti spagnoli approdati in Italia nel primo ventennio del XVI secolo. Nella mostra si contano opere di artisti come Alonso Berruguete, Pedro Machuca, Pedro Fernándes, detto “pseudo-Bramantino” e Bartolomé Ordóñez. L’ingresso è integrato al quello del Museo degli Uffizi e rimarrà aperto fino al 26 maggio prossimo.
ARTisNOW N
ella splendida cornice della Merlino Bottega d’Arte, 14 artisti contemporanei nati tra il 1984 e il 1992 esporranno le loro opere nella rassegna di arti visive denominata ARTisNOW. Si tratta di opere italiane e internazionali come dipinti, grafiche e sculture. L’esposizione offre notevoli spunti per operare dei raffronti e dei paralleli tra le diverse tecniche e ricerche artistiche.
La parete dimenticata al 28 febbraio al 7 aprile le suggestive
D
sale dell’Andito degli Angiolini di Palazzo Pitti ospiteranno la mostra personale di Franco Guerzoni. Lo stesso artista curerà direttamente l’allestimento delle sale dove saranno esposte 30 opere create sopratutto nell’ultimo decennio accostate a lavori, sempre da lui eseguiti, negli anni settanta, in pieno periodo concettualista dove era frequente per Guerzoni l’utilizzo di fotografie nelle sue opere. Nel suo passato artistico, Guerzoni, ha avuto modo di confrontarsi in un proficuo scambio di tecniche e idee con artisti come Vaccari, Parmiggiani e Ghirri. L’ingresso, a pagamento (6,5 euro), è dalle ore 8.15 alle 18.50 da martedì a domenica.
Tra gli artisti anche la cinese Jie Yang e il messicano Lourdes Villagómez, oltre agli italiani Gabriele Libero Balderi, Barbara Bernardeschi, Anna Cirillo, Paolo Kosmas, Isabella Martinelli, Alice Moriconi, Lucia Odifreddi, Gabriele Panico, Alessia Prati, Andrea Pucci, Irene Robertini, Marco Valenza. Ingresso gratuito dalle 17.30 alle 20.00. Aperta fino al 9 febbraio.
Maestri moderni e acontemporanei Tornabuoni Arte di Firenze ospi-
L Firenze Winter Park er chi vuole trovare uno svago anche nel
P
freddo inverno fiorentino, da quest’anno c’è un’alternativa molto interessante non solo per gli amanti del ghiaccio e della neve ma anche, e sopratutto, per chi si vuole cimentare per la prima volta con sci e pattini. Al Firenze Winter Park si potrà pattinare sul ghiaccio, sciare su neve vera con sci e snowboard, come anche provare l’emozionante snowtubing. Per chi volesse imparare a sciare ci saranno veri maestri di sci e per i più esperti gareggiare in vere e proprie competizioni. Ingresso 6 euro.
terà fino al 30 marzo 2013 i capolavori dell’arte universale. Si parte dal primo novecento italiano con nomi come Carrà, Boccioni per arrivare alle sperimentazioni contemporanee di artisti del taglio di Arnaldo Pomodoro, Tony Cragg e Jannis Kounellis. Ampio spazio alla pittura astratta di Hartung e Capogrossi come a quella considerata “povera” di Pino Pascali e alle sculture di Louse Nevelson. Una speciale sezione è poi dedicata ai capolavori del XX° secolo come Picasso (ase, pipe, paquet de tabac) e Mirò (Femme, oiseau, ètoiles). Ingresso gratuito dal lunedì al venerdì: 9.00 - 13.00 / 15.30 – 19.30.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
43
Entrevista
Música
Bocelli em casa Pela terceira vez no Brasil, tenor italiano revela que o país é sua segunda pátria e fala sobre seu novo CD, Passione Janaína Pereira De São Paulo
E
m sua terceira visita ao Brasil, o tenor italiano Andrea Bocelli se sentiu em casa. Depois de passar alguns dias com a família no Rio de Janeiro, ele se apresentou na capital paulista, onde confessou, durante entrevista a um pequeno grupo de jornalistas — em que ComunitàItaliana esteve presente — o seu amor pelo Brasil. Cerca de 20 mil pessoas assistiram à sua única apresentação no Jockey Club de São Paulo, em dezembro. Acompanhado da Orquestra Philarmônica São Paulo & Coro Philarmônico de São Paulo, com regência do maestro Eugene Kohn, que já conduziu Luciano Pavarotti e Maria Callas, o tenor dividiu o palco com o quarteto de sopranos italianas DIV4s, a cantora cubana Maria Aleida e a brasileira Sandy. Ele cantou músicas já conhecidas do seu repertório como Funiculí Funiculá e Con te partirò, além de canções em português como Garota de Ipanema (acompanhado de Sandy), e o samba Tristeza. Nesta entrevista, Bocelli fala do lançamento de seu mais novo CD, Passione, de sua autobiografia e da relação com o Brasil. 44
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
“Gosto muito do Toquinho. As músicas dele sempre fizeram parte da minha vida e seria ótimo se ele compusesse algo para eu cantar algum dia”
ComunitàItaliana - Como é cantar no Brasil mais uma vez? Andrea Bocelli - O Brasil é minha segunda pátria. Estou feliz de voltar. Lembro da minha última apresentação em São Paulo, em 2009. Pude sentir o calor do público brasileiro naquele dia. CI - E como é repetir a parceria com a cantora Sandy? AB - Cantei com a Sandy pela primeira vez quando ela ainda era uma menina, e sua voz me impressionou. É muito bom reencontrá-la. CI - Em seu novo CD, Passione, há algumas canções brasileiras, cantadas em português. Como foi aprender o idioma? AB - Não é fácil cantar em português, por isso peço paciência a vocês. Eu me empenhei muito para pronunciar bem a língua, pois é um som belíssimo e não quero estragá-la. CI - Com quais cantores brasileiros gostaria de trabalhar? AB - Gosto muito do Toquinho. As músicas dele sempre fizeram parte da minha vida e seria ótimo se ele compusesse algo para eu cantar algum dia. Seria a maior parceria que poderia acontecer na minha vida. Quem sabe ele decide compor algo para mim. Também gosto muito do Tom Jobim e adoraria convidá-lo para o meu concerto, mas como isso não é mais possível, eu o convido do meu coração. CI - Do que você mais gosta no Brasil? AB - Tem muitas coisas das quais eu gosto do Brasil, especialmente o idioma. Também é bom estar aqui nessa época, porque faz calor e na Itália está muito frio (risos). Tive sorte dessa vez de passar uns dias com minha família no Rio de Janeiro. Visitei o Cristo Redentor. Tomamos banho de mar
nas águas do Oceano Atlântico, que são muito frias! E também apreciamos a comida brasileira. Trouxe meus filhos para conhecerem este pedaço tão interessante do país. Gosto muito do Rio de Janeiro. Infelizmente eles não puderam ficar para o concerto porque na Itália ainda estamos em época de aulas e eles precisaram voltar para estudar. CI - Existe diferença entre cantar ao ar livre e em um ambiente fechado? AB - Já cantei no deserto, nas pirâmides do Egito, em lugares abertos e fechados. Cada um tem sua própria atmosfera. Estou habituado a esses lugares e acho muito bom cantar em um local aberto. CI - E sobre sua autobiografia, como decidiu escrevê-la? AB - O critério foi contar a minha história, mostrando minha vida como se alguém de fora me observasse. O objetivo não era apenas descrever minha vida porque isso poderia ser chato. Eu queria mesmo era sugerir ideias sobre o sentido da vida, fazer reflexões, e espero ter conseguido. Dizem que os artistas quando escrevem sobre si mesmos pedem ajuda a outras pessoas. Sinto orgulho de ter escrito este livro letra por letra, aos poucos. Tudo que está ali foi escrito por mim, sem a ajuda de ninguém. CI - Você tem uma fundação, a Andrea Bocelli Foudantion. Como esse trabalho começou? AB - O mundo está atravessando um momento difícil e eu queria ajudar. Sabia que precisava fazer alguma coisa e a ideia da fundação veio dessa forma. O objetivo é combater a pobreza. Queremos financiar os estudos de crianças carentes. Estamos ajudando a maternidade de um hospital pediátrico no Haiti e um instituto de tecnologia nos Estados Unidos que faz um trabalho junto a deficientes visuais.
“Não é fácil cantar em português, por isso peço paciência a vocês. Eu me empenhei muito para pronunciar bem a língua, pois é um som belíssimo e não quero estragá-la” Andrea Bocelli, sobre as canções brasileiras incluídas em seu novo CD
comunit àit aliana | j anei r o 2013
45
Turismo
Aline Buaes
Especial para Comunità
N
ão apenas de trem se faz turismo na Itália. Em tempos de crise econômica, os italianos redescobrem o turismo “lento”, proporcionado pelas milhares de linhas de ônibus que penetram o profundo interior das províncias e permitem visitar as mais belas paisagens do país por preços módicos e em velocidades moderadas. Não há lugar na península aonde não se possa chegar de ônibus, diferentemente do trem, limitado pelas estações e linhas existentes. Entre as cinematográficas paisagens da Costa Amalfitana e o interior mítico da Emília-Romanha, partindo de Bolonha rumo à origem do queijo parmiggiano, estão algumas das melhores rotas para se conhecer o Belpaese de ônibus — lá aonde os trens não chegam. O escritor, radialista e esportista Paolo Merlini conta em detalhes no livro A Arte De Viajar Devagar, Passeando Pela Itália Sem Carro (Ediciclo Editore, 2012) essa nova tendência italiana. Merlini destaca a boa qualidade dos serviços de ônibus intermunicipais e lembra que muitos motoristas podem servir de 46
A Itália de ônibus
Nem de trem nem de carro: é possível descobrir as belezas da península de ônibus, cujas linhas percorrem trechos aonde a ferrovia não chega, como a Costa Amalfitana e os Alpes Orientais guia turístico ideal: eles apontam os melhores pontos para se visitar. A Itália vista da janela de um ônibus ainda é o país mais lindo do mundo, escreve o autor, salientando que, ao viajar no veículo, podemos encontrar o equilíbrio ideal entre conforto
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
O escritor Paolo Merlini ressalta em seu livro que os motoristas são verdadeiros guias turísticos
e lentidão. É a Itália belíssima que passa pela janela do ônibus, não se pode pará-la, mas você pode parar, complementa o escritor de 42 anos que vive na região Marche e defende arduamente o sistema de transporte público local como a solução para o problema da mobilidade urbana. Em busca do autêntico parmiggiano Entre os itinerários vivenciados por Merlini e descritos no livro, muitos partem da estação de ônibus de Bolonha, extremamente elogiada pelo escritor e chamada por ele de “verdadeiro ponto de junção das linhas rodoviárias que atravessam a Itália”. De lá, por exemplo, pode-se
embarcar com apenas 4 euros rumo à pequena cidade de montanha de Mondhigoro, em um ônibus que segue pela Strada Statale della Futa, a antiga via de conexão entre Bolonha e Florença. Ao subirmos pelas montanhas da Emília-Romanha, chegamos a Mondighoro, cidade limítrofe com a Toscana e a província de Florença e um dos pontos mais altos da região, a poucos quilômetros do Pico della Futa, onde a especialidade culinária são as massas tagliatelle e a polenta com lebre. Da estação de Bolonha também se pode embarcar para Rocca Corneta. O pequeno vilarejo do município de Lizzano in Belvedere, não por acaso, é a sede da associação Terre Autentiche, formada em 2010 por agricultores e proprietários de hotéis, pousadas e restaurantes locais para oferecer aos visitantes o melhor dos produtos agrícolas mais tradicionais da região, como o Parmigiano Reggiano Terre di Montagna, queijo de produção protegida que reúne produtores das montanhas entre Modena e Bolonha. Na região também se cultivam os famosos funghi porcini do tipo porcino nero, considerados os melhores da espécie. Diversos locais de agroturismo recebem os visitantes o ano inteiro e oferecem degustação dos produtos típicos. Entre o topo da Itália e a costa da Roma Antiga Outro passeio de ônibus charmoso e emocionante é embarcar nos veículos que sobem o Passo dello Stelvio, a rodovia mais alta da Itália que contorna os Alpes Orientais italianos, a mais de 2700 metros de altura na fronteira com a Suíça, ligando as regiões da Lombardia e de Trentino-Alto Ádige. No entanto, para percorrer essa estrada, famosa pelas suas mais de 80 curvas — sendo 48 no lado italiano e 36 no lado suíço — é preciso estar atento ao clima. A rodovia fica fechada ao tráfego durante os meses de inverno, de outubro até maio. Construída em 1820, a estrada é percorrida principalmente pelos amantes do esqui e do turismo de montanha, além de ciclistas e motociclistas. O trecho de estrada que começa em Bormio e sobe até a localidade de Passo dello Stelvio é o mais conhecido, com 34 curvas ao longo de apenas 22 quilômetros. As linhas de ônibus que percorrem esta estrada partem principalmente de Bormio e Valtellina, na Lombardia, e de Spondigna e Bolzano,
do lado trentino. Linhas turísticas especiais também partem de Milão. Passo dello Stelvio, no topo da estrada homônima, é uma das principais localidades de esqui da Europa, atraindo nos meses de verão inúmeros atletas e equipes internacionais entre os mais importantes do mundo. Já a antiga Via Flacca reina absoluta no litoral do Lácio, a pouco mais de 100 km de Roma, ligando as cidades de Sperlonga e Gaeta. A estrada costeira foi construída no período da Roma Antiga. Dos trechos construídos pelos romanos, ainda permanecem as estradas que contornam os penhascos com vista para o mar, hoje utilizadas como trilhas protegidas pelo Parco Regionale della Riviera di Ulisse. Os ônibus que percorrem o local partem das cidades de Terracina, Sperlonga, Gaeta e Formia, todos na província de Latina. O trecho mais famoso da estrada, ainda pouco conhecido até mesmo entre os italianos, é a parte que liga Sperlonga a Gaeta, meta turística de verão. Como no cinema, ao longo da Costa Amalfitana Na região da Campânia, os quilômetros da estrada da Costa Amalfitana entre as cidades de Sorrento e Salerno é uma paisagem cinematográfica de tirar o fôlego — mas também tira os motoristas do sério. Além do tráfego intenso durante os meses de verão, a estrada é estreita, cheia de curvas perigosas em meio a precipícios e diversos vilarejos, com grande movimento de pedestres. Portanto, a solução de percorrê-la a bordo de ônibus regionais pode ser a melhor opção para se aproveitar a vista como se deve, já que por lá ainda não chegaram os trens. As linhas que percorrem a Costiera Amalfitana, como é chamada a estrada regional SS163, partem de diversos pontos, como Nápoles, Salerno e Positano. Bilhetes especiais permitem aos visitantes viajar livremente por períodos definidos,
Entre os itinerários preferidos do escritor Merlini estão Vietri sul Mare (no alto), famosa pelas cerâmicas pintadas à mão; o Passo dello Stelvio, a rodovia mais alta da Itália que contorna os Alpes Orientais; e a Via Flacca, no Lácio, estrada costeira construída no período da Roma Antiga (abaixo)
como 24 horas, podendo embarcar e desembarcar nos diversos municípios costeiros pelos quais a estrada passa. No centro da estrada, a bela Amalfi acolhe turistas e moradores com suas águas azuis cristalinas e sua história de potência marítima da Era Bizantina, quando seus navegadores redigiram as famosas Tábuas Amalfitanas, código de direito marítimo que vigorou durante toda a Idade Média. Considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, esta estrada de 50 quilômetros de comprimento foi construída em 1830 e começa em Meta, ainda na Costa de Sorrento. Atravessa um breve trecho de montanha e atinge a Costa de Amalfi. Passa por 15 municípios até chegar a Salerno. Entre os pontos de destaque da rota cinematográfica, está Positano, cidade encravada em uma colina com escadarias típicas levando até o mar e o famoso limoncello, o clássico licor digestivo de limão. Ao longo da costa é possível observar os limoeiros e os vinhedos. No topo da Costiera fica Ravello, berço da música clássica italiana que abriga um famoso auditório projetado por Oscar Niemeyer. E ao fim da estrada, ou no começo, está Vietri sul Mare, famosa pelas cerâmicas pintadas à mão.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
47
ItalianStyle
Ícones da elegância
Confira uma seleção de sugestões de compra de peças ícones da moda e da elegância Made in Italy
Jeans Diesel
Objeto de desejo dos fashionistas, a calça jeans da Diesel é famosa pela qualidade do corte, pelo conforto e perfeito caimento em qualquer tipo físico. O modelo feminino Livier é um lançamento para a primaveraverão 2013, em lavagem escura e do tipo jegging, que promete modelar o corpo. Já o masculino é o clássico modelo perna reta de cinco bolsos também em lavagem escura. Preço: € 120 (modelo masculino) e € 130 (modelo feminino) store.diesel.com
Bolsa Prada
Não se pode falar em ícones da elegância italiana sem incluir uma bolsa de couro Prada no elenco. Este modelo é um lançamento do tipo shopping para a próxima estação nas cores preto e branco, com alça dupla, dois bolsos externos e acessórios em metal com acabamento em ouro. Preço: € 1.695 www.prada.com
Em uma tradição legendária, os sapatos Derby são o melhor exemplo da qualidade Salvatore Ferragamo quando se trata de sapatos masculinos. Feito em couro de alta qualidade, é um produto de durabilidade inegável. Este modelo com fivela lateral é feito através do método tramezza, complexo processo artesanal caracterizado por 320 fases diferentes e mais de quatro horas de trabalho manual de especialistas da grife a fim de conjugar resistência e força com flexibilidade e conforto. Um sapato sem idade e estações. Preço: € 680 www.ferragamo.com
Terno Armani
Clássico para homens e mulheres, um terno grifado Giorgio Armani sempre veste bem. Com caimento perfeito, mais ajustado ao corpo e corte impecável, é uma das mais cobiçados peças de roupa na Itália. O modelo masculino é um tradicional terno preto em risca de giz com dois botões em lã fria. Já o modelo feminino é de dois botões em acetato e viscose. Preço: € 850 (modelo masculino) e € 470 (modelo feminino) www.armani.com
Iconic Animalier
A grife do italiano Roberto Cavalli se celebrizou por meio das estampas animais de zebra, onça e pele de cobra, entre outras. Aplicadas em diversas peças das suas coleções, fizeram a fama da sua marca. A carteira bronze estampada faz parte da coleção comemorativa “Iconic Animalier”. Preço: € 330 store.robertocavalli.com 48
de z e m br o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a
Fotos: Divulgação
Derby
saporid’italia StefaniaPelusi
Do vinho à redonda
B
A Baco, que surgiu como um bar de vinhos, acaba de entrar para o seleto grupo de pizzarias brasileiras certificadas pela Associazione Verace Pizza Napolitana
rasília – “Baco não nasceu como pizzaria, mas como um bar de vinhos”. Assim, o chef e proprietário Gil Guimarães explica a homenagem ao deus romano. A origem da pizzaria vem de longe. Em 1999, ele tinha acabado de voltar da França, onde estudou a arte de fazer pão e enologia. Daquela época, lembra que o professor do qual mais gostava era um italiano que dava aula de boulangerie. A primeira pizzaria Baco foi montada na Quituarte, uma feira fundada por artesãos e cozinheiros do Lago Norte, em Brasília. Além de vinhos, pães e produtos importados, o proprietário se aventurou pelo mundo da pizza. Em 2003, decidiu viajar a Nápoles para descobrir o segredo da verdadeira pizza napolitana e entender o que ela representava para um napolitano. — Descobri o segredo e fiquei fascinado — comenta. De volta à capital, Gil consolidou a sua fama com as duas casas. A mais antiga está localizada em frente a uma bonita pracinha na Asa Norte, enquanto a outra, na Asa Sul, foi feita inspirada nos bares e restaurantes italianos do início do século XX com uma atmosfera retrô. O dono da Baco se esforçou muito para oferecer a mesma pizza servida em Nápoles aos seus clientes. O resultado é que, em novembro, a pizzaria ganhou o selo da Associazione Verace Pizza Napoletana, uma entidade que preza pela manutenção da receita original nos quatro cantos do mundo. Baco é a primeira casa de Brasília e a terceira do país a receber a certificação. — Um amigo italiano, Angelo Picciré, sugeriu fazer a inscrição para concorrer ao selo da associação. Comecei mandando vídeos de como preparava a pizza e eles respondiam explicando o que eu tinha que modificar — conta o chef. Depois de um ano e cinco vídeos, em outubro, esteve na pizzaria um especialista da Verace Pizza Napoletana que passou dois dias inteiros com Gil e outro pizzaiolo para explicar os últimos segredos da redonda italiana para se chegar à receita perfeita. Para ganhar o selo de autenticidade, a pizza deve respeitar muitos requisitos. Deve ser assada no forno a lenha (temperatura de 485º, entre 60 e 90 segundos), feita com farinha tipo 00 e apenas 3% de fermento. Os ingredientes devem ser de alta qualidade, e a massa deve ser trabalhada com as mãos, e não com o rolo. Além disso, não pode ultrapassar os 35 centímetros de diâmetro, nem os cinco milímetros de espessura. Baco serve a pizza certificada duas vezes por semana na loja da Asa Sul, às quartas-feiras e aos sábados. — Os sabores da Verace Pizza Napolitana são a margherita, com mussarela de búfala, tomate e manjericão; e a marinara, com tomates pelados, alho e orégano — explica Gil. O dono do restaurante conta que o carro-chefe, além da napolitana, é a “calabresa bêbada”, que nasceu de um sonho. — Sonhei com essa pizza, uma calabresa flambada na cachaça com tomates pelados e azeite picante. Ainda meio dormido, anotei os ingredientes num papel e, quando acordei, tentei fazê-la e deu certo — revela.
Pizza Margherita Ingredientes: 1800 g de farinha 00; 1 litro de água; 3g de fermento biológico fresco; 50g sal. Modo de fazer: Bater a massa por 20 minutos. Fazer bolas de 200g e deixar descansar por seis horas. Abrir a massa com a mão, colocar tomates pelados, mussarela de búfala e manjericão. Assar no forno a lenha a 485°. No cardápio, aparece uma sobremesa que se deixou influenciar pela pizza: os morangos bêbados, que levam morangos, espumante, sorvete de creme e calda de morango. Entre as receitas novas, que ainda não aparecem no cardápio, mas só no quadro negro, está a pizza de burrata, que leva presunto cru e raspas de limão siciliano: uma iguaria que está deliciando os clientes. Para acompanhar as entradas, as pizzas, os calzones, as saladas e as focaccias, a Baco dispõe de 40 rótulos de vinhos, vários tipos de cervejas, sucos e refrigerantes. Aos domingos e às segundas-feiras, a casa oferece rodízio de pizzas e também serviço de delivery que permite saborear as deliciosas redondas em casa. Serviço Baco Pizzaria 309 Norte, Bl. A, Lj. 30 Tel. (61) 3274-8600 408 Sul, Bl. C, Lj. 35 Tel. (61) 3244-2292 www.bacopizzaria.com.br De domingo a quarta, das 18h à meia-noite. De quinta a sábado, das 18h a 1h.
comunit àit aliana | j anei r o 2013
49
la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro
Tortinhas de primeira
E
m italiano, torta é o nosso bolo e crostata é a nossa torta, feita com farinha, ovo e açúcar, recheada frequentemente com geleia. Há uma doceira tradicional em Roma, a Nonna Carla, no bairro Nomentana, que faz as tortinhas em formato mini, perfeita para uma pessoa. Os gostos são variados: cereja, figos com amêndoas e chocolate, limão com suspiro, amora ao conhaque, pistache, maçã com creme e canela, ameixa com zibibbo (uma espécie de uva) e uva passa, chocolate picante e damasco. Uma delícia e do tamanho perfeito para quem quer ter o prazer de saborear um docinho sem enfiar o pé na jaca.
Tanti auguri a te!
S
e tem uma coisa da qual sou muito orgulhosa do meu Brasil é do nosso hino nacional, da canção do ano novo e do nosso parabéns. Sempre adorei o hino nacional. Acho a introdução, que é quase tão longa quanto o hino, sublime, potente, um crescendo de emoção. Vira e mexe me pego cantando o hino debaixo do chuveiro. Em uma das escolas que frequentei, era praxe cantar o hino todas as manhãs no pátio, com a bandeira hasteada. Em outra escola, no Porto Seguro, cantávamos o hino em sala de aula, de pé, às sextas-feiras. Eu me levantava empolgada, colocava a mão no peito e fazia um ar solene. E nos campeonatos mundiais de futebol? Até hoje, canto com fervor. O nosso hino é nosso grande patrimônio. Mas o hino não é o assunto do mês, nem a Canção do Ano Novo (Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo...) e sim o parabéns. Por que também do nosso parabéns sou fã número 1. Na Itália, tem gente que faz questão da minha presença numa festa só para um dar uma “canja” e cantar o hino. E eu não tiro o corpo fora. Coloco toda a minha energia e vou: Parabéns a você, nesta data querida, muita felicidade muitos anos de vida! E pro fulano nada? Tudo! E como e que é? É pique, é pique, é pique, é pique, é pique É hora, é hora, é hora, é hora, é hora Ra tim bum. Fulano fulano... Os italianos ficam boquiabertos com o nosso parabéns. Acham pitoresco e divertido. Ficam surpresos com o quanto é longo. Então, em toda festa de amigo italiano, primeiro eles cantam o tradicional parabéns italiano que, como em tantos países, é um tanto simples: Tanti auguri a te tanti auguri a te tanti auguri fulaninho tanti auguri a te! Depois, me pedem, gentilmente, se posso completar a festa, cantando o parabéns brasileiro. E mando bala, sob o olhar encantado do público, que olha para mim, com estupor. Como disse Andy Warhol, no futuro cada um será famoso por 15 minutos. Os meus minutos de glória tenho ao cantar parabéns em festa de italiano. 50
ja ne i r o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a