Férias Conheça os mais belos lagos da península
Negócios Rio vai lançar guia para investidores estrangeiros
Gastronomia A receita de Myriam, filha do ministro Gilberto Carvalho www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, agosto de 2012
Ano XVIII – Nº 169
Onde está a felicidade?
ISSN 1676-3220
R 7,00 R$ 11,90
O sociólogo Domenico De Masi defende que os modelos de vida europeu e americano faliram e diz que o Brasil é a única democracia capaz de criar um conceito válido para o futuro
Exclusivo: especialistas analisam crise econômica na Zona Euro
1º trimestre de 2006: US$ 661,7 mi - 1º trimestre de 2012: US$ 3,6 bi. Segundo a Firjan, a balança comercial do Rio de Janeiro apresentou resultados históricos no primeiro trimestre de 2012. Comparado ao primeiro trimestre de 2006, o crescimento foi cinco vezes maior. As exportações de petróleo, produtos industrializados (19% contra a média nacional de 7%), combustíveis e pneus foram as grandes responsáveis por esse recorde. Primeiro estado do Brasil a conquistar o investment grade, concedido pela Standard & Poor’s, e agora qualificado pela segunda vez pela agência Fitch Ratings, junto com a força do Governo do Rio de Janeiro, somada aos investimentos cada vez maiores da iniciativa privada, a expectativa é que o Rio de Janeiro continue batendo recordes atrás de recordes. Grandes conquistas que mostram que o Rio está no caminho certo. Grandes mudanças que só reforçam que este é o melhor estado para investir e viver.
O RIO DE JANEIRO MUDOU. A VIDA DE MUITA GENTE ESTÁ MUDANDO JUNTO.
A g o sto de 2012
A no X V III
N º169
Nossos colunistas 09 | Cose Nostre Raffaele Trombetta deve ser o novo embaixador italiano em Brasília
12 | Fabio Porta Michele D’Ottavio
Dopo un anno di agonia l’economia italiana non riesce a dare segnali di ripresa
13 | Ezio Maranesi Esistono popoli più cortesi, e quindi più civili, di altri?
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59 | Giordano Iapalucci I quadri a
Os sabores da região não se resumem ao chocolate gianduia e ao Barolo, o rei dos vinhos. A arquitetura, o misticismo e os parques da capital Turim fazem parte de suas atrações
Capa 34 | Entrevista Sociólogo inventor do conceito de ócio criativo chama os intelectuais brasileiros à responsabilidade de criar um novo modelo de vida para um mundo que vive em profunda crise de valores
Economia 14 | Análise da crise Dois especialistas italianos, Antonio Nicita e Angelo Lupoli, analisam o momento econômico do país no contexto da Zona Euro
17 | Guia Estado do Rio lança guia específico para investidores estrangeiros
Turismo 48 | Verão Conheça os melhores lagos da península italiana para passar os dias mais quentes do ano
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Gastronomia 24 | Herança da nonna Filha do ministro
Criminalidade 18 | Nova roupagem Globalizada,
Gilberto Carvalho festeja o sucesso do pastifício San Felice, em Brasília
volátil e versátil. O juiz do processo histórico contra Cosa Nostra, Pietro Grasso, revela as novas características da máfia italiana, que não abandona, porém, a terra de origem
30 | Terraço Itália Restaurante que é também ponto turístico de São Paulo comemora 45 anos como ícone de requinte
Mercado 28 | Pizzas Setor é o mais bem sucedido do mercado brasileiro de entregas
65 | Sapori Restaurante aberto na zona norte do Rio é especializado em cozinha sarda
Comportamento 44 | A melhor idade Aumenta a procura por viagens de intercâmbio por parte de pessoas acima dos 50 anos, impulsionadas pelo bom momento da economia brasileira e pela elevação da expectativa de vida
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forma di lunetta da Iustus Utens, pittore fiammingo vissuto tra il XVI e il XVII secolo, su commissione di Ferdinando I de’ Medici, alla Villa della Petraia
61 | Guilherme Aquino Na esteira da crise, as lojas que compram joias e brilhantes aumentam e hoje já são sete mil na Lombardia
66 | Claudia Monteiro De Castro O triste adeus aos trens noturnos na Itália e a saudade que vão deixar nos viajantes que conheceram o Belpaese graças às ferrovias
Moda 54 | Novidade Grifes como Gucci e Ermenegildo Zegna marcam presença em shopping que acaba de ser inaugurado na capital paulista Italian Style 57 | Italian Style Os últimos lançamentos das grifes italianas para todos os estilos de papais, dos mais esportivos e ambientalistas aos executivos
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Editorial
Expediente
Novo patamar
A
Itália deve sair da crise com seus próprios pés, sem a ajuda do Fundo Europeu e consequente vigilância da zona do Euro. Isso será possível porque, apesar do débito público elevado (123% do PIB), o país não sofre os mesmos problemas da Espanha, que deve se inclinar ao Banco Central Europeu para pedir empréstimo devido também à bolha imobiliária e ao alto índice de inadimplência. As contas do Estado, diversamente do vizinho, estão ativas com um positivo de 3,6 em 2012 e, sobretudo, a Itália não gastou por uma década 10% a mais do que era produzido, como fizeram os espanhóis. Mesmo assim, para que a Itália consiga tutelar a sua independência econômica e política precisa de um plano que contemple as reformas que ficaram pela metade. Com determinação deve dar continuidade ao processo de liberalização, de expansão do mercado de trabalho e da reforma da lei eleitoral. O primeiro-ministro Mario Monti tem que resgatar o orgulho italiano através dos inúmeros símbolos que fizeram da Itália o país lembrado no mundo, seja pela história como pela indústria moderna e eficiente. E isso tem que ser logo para que a nação seja soberana e atual. Precisa preparar o país para não sofrer mais especulações por conta da proximidade das eleições na próxima primavera. E se na Europa a recessão perdura, todos sabemos que o Brasil cresce. Mas neste país, riquíssimo de recursos naturais, que vão do petróleo a biodiversidade, da água doce às pedras preciosas, uma extensão territorial três vezes maior que a Europa e uma população de 200 milhões de pessoas que cada vez mais vãos às compras, é a China que dita o ritmo do crescimento. Por causa, principalmente, do país asiático, que freou a demanda por commodities, o PIB brasileiro chegará a míseros 1,85% neste ano. A relação Brasília-Pequim e essa dependência causa preocupação. Pietro Petraglia Editor
Pela abordagem econômica que ocupa nosso dia a dia, trouxemos na capa deste mês o sociólogo Domenico De Masi para conhecermos o pensamento deste influente intelectual sobre o futuro após a crise. Ele considera que o mundo está num período de desorientação e para sair desse estágio é necessário um novo modelo de desenvolvimento sustentável. “O Brasil copiou por 450 anos o modelo europeu, depois, por 50 anos, copia o americano de consumismo, e agora? Agora deve criar seu próprio modelo!”, defende De Masi durante um encontro no Rio de Janeiro. Para ele, o presente-futuro não são os bens materiais, mas sim os imateriais, a informação, os serviços. “O primeiro mundo não é a fábrica, a fábrica é o terceiro mundo. No primeiro mundo está a educação, a formação, as ideias; no segundo instalam-se as fábricas; e no terceiro explora-se a mão de obra”, acrescenta ele que acha que os pensadores brasileiros precisam se movimentar e fazer com que se ative a mola propulsora para um novo patamar social. Boa leitura!
Fundada
em
março
de
1994
Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 13/08/2012 às 18h00 Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cintia Salomão Castro; Maurício Tambasco; Nathielle Hó; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi Subedição: Cintia Salomão Castro REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Marcos Queiroz Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola; Lisomar Silva CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 zeliacorrea@gmail.com Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br São Paulo - Sebastião Zolli Júnior Cel: (11) 9111-3080 zolli@zolli.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220
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cosenostre JulioVanni
O téRei na Itália o fim de agosto, a produção do cantor Roberto Carlos se reunirá com
A
diretores da Globo para fechar detalhes sobre o especial de fim de ano da emissora. O projeto contempla dois shows do rei: um no Brasil e outro na Itália. O show terá a direção de Jayme Monjardim, que coordenou a apresentação do cantor em Jerusalém. O show na Itália será nos moldes do que foi montado em Israel, que contou na cenografia com a reprodução do Domo da Pedra, localizada na Cidade Velha. Na época, Roberto lançou CD duplo, DVD e Bluray em 3D das imagens do show.
Jantar de gala
O
jantar de gala de encerramento do Momento Itália Brasil, que trouxe de outubro de 2011 a junho de 2012 dezenas de espetáculos, mostras e seminários ao Brasil, será realizado em 4 de setembro, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, a partir das 19.30h. Empresários, artistas e políticos serão recebidos pelo embaixador La Francesca.
Reforço na pasta
Novo embaixador ontes da Farnesi-
O
grupo italiano Barilla apresentou, em julho, um plano de negócios que inclui um programa de reforço no mercado brasileiro. Nos próximos anos, a marca aposta em um incremento do faturamento no país que ocupa o terceiro lugar mundial no mercado de massas, depois de Estados Unidos e Itália. A Barilla marca presença no país com uma filial em São Paulo desde 1997. “O nosso projeto será focado em algumas áreas específicas no coração dos negócios, em uma situação de mercados muito complexos. Na massa e nos produtos que a acompanham, será reforçada a nossa expansão internacional”, afirmou o presidente Guido Barilla.
Conexão deVivendi interesse está considerando
A
a possibilidade de vender a operadora brasileira de telecomunicações GVT, em uma operação que poderá ajudar as ações do grupo francês a recuperar terreno. Analistas estimam que o valor da GVT gire em torno de US$ 10,42 bilhões. A Vivendi, um conglomerado que atua em áreas que vão do entretenimento às telecomunicações, está revendo sua estrutura para reverter uma queda contínua no preço de suas ações. Os potenciais interessados na GVT incluem a Telefônica e a Oi — bem como a Telecom Italia, através da TIM Brasil.
F B
arack Obama foi o precursor de campanhas políticas na internet com o viral “Yes, we can”. Muitos políticos estão aderindo às redes sociais para divulgar projetos e criar proximidade com o público. Giulio Terzi, ministro italiano das Relações Exteriores, lançou, no começo do mês, sua página no Facebook, onde é possível seguir a agenda do chanceler e ver sua participação na Cúpula de Rimini, na Itália, em 24 de agosto, entre outras notícias. Terzi já fazia uso do Twitter, e resolveu utilizar outras plataformas da internet com a finalidade de “dialogar em plena transparência com todos”.
na dão como certa a nomeação de Raffaele Trombetta como novo embaixador italiano no Brasil. Atual vice diretor geral para a integração europeia do Ministério italiano das Relações Exteriores, ele deverá substituir Gherardo La Francesca, que deverá se despedir de Brasília em dezembro, após quatro anos de diplomacia na capital federal.
Itália do florete delegação italiana alcanGaribaldi sai da tumba Açou um feito raro logo no m setembro, abriremos a tumba de Garibaldi e desco-
“E
briremos se de fato ali, em Caprera, repousa o seu corpo embalsamado”. O anúncio foi feito por Anita Garibaldi, bisneta do herói da Unificação italiana, morto em 1882. O Ministério italiano de Bens Culturais inicia em setembro o processo de exumação dos restos do revolucionário, sepultado no norte da Sardenha. O objetivo é também cumprir a vontade do general italiano, que deixou por escrito o desejo de que seu corpo fosse cremado e suas cinzas, enterradas. A exumação, aprovada há alguns meses pelas autoridades italianas, quer comparar o material genético enterrado com o de seus descendentes e, talvez, aplicar um novo tratamento que permita uma melhor conservação do corpo.
Menos poluição Fiat obteve um empréstimo de US$ 440 milhões do Banco
A
Europeu de Investimento para financiar pesquisas que busquem formas de tornar o consumo de combustível mais eficiente e de reduzir as emissões de gases poluentes. O empréstimo financiará projetos em cinco dos 51 centros de pesquisa da Fiat Industrial na Europa. A Itália irá receber a maior parte dos investimentos, 83%. Alemanha e Suíça receberão 8% e 9% do valor, respectivamente. Os principais investimentos estarão concentrados no desenvolvimento de tecnologia para motores e combustíveis, e na aerodinâmica de veículos.
primeiro dia das Olimpíadas de Londres. Atletas do país conquistaram ouro, prata e bronze na disputa do florete feminino. O título ficou com Elisa Di Francisca, que derrotou sua compatriota Arianna Errigo na morte súbita de uma final equilibrada: 12 a 11. Na disputa pelo terceiro lugar, Valentina Vezzali venceu a sul-coreana Nam Hyun-Hee e garantiu o pódio inteiramente azzurro. Vezzali, porta-bandeira da Itália na cerimônia de abertura, buscava o tetracampeonato olímpico, mas precisou se contentar com o bronze. O tetracampeonato olímpico é um feito inédito entre as mulheres. Entre os homens, só os americanos Carl Lewis, no salto em distância, e Al Oerter, no lançamento de disco, conseguiram a façanha.
com unit àit aliana | agost o 2012
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Opinião enquetes Jornal Corriere della Sera: Berlusconi quer voltar a ser primeiro-ministro em 2013. Ele conseguirá?
Sim - 50% Não - 50%
frases “Acho que o Brasil tem uma boa qualidade de produção, mas tento manter tudo o que posso na Itália, porque temos lá um know-how incrível”,
“Uma criança filha de imigrantes que estuda na Itália é italiana”, Pier Luigi Bersani, secretário do Partido Democrata, ao defender os direitos dos filhos de imigrantes nascidos na Itália durante assembléia nacional do PD, em Roma
Renzo Rosso fundador e CEO da Diesel, ao comentar sobre a nova loja em São Paulo em entrevista ao site Fashion Forward
No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/07/12 e 15/07/12.
Você concorda com proibição da Anatel na venda de chips da Tim, Claro e Oi por problemas no serviço?
Sim - 69,2% Não - 30,8% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/07/12 e 22/07/12.
Vereador de Pieve Saliceto propôs colocar nome de Mussolini em escola. Isso é apologia ao fascismo?
Sim - 77,8% Não - 22,2% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 23/07/12 e 27/07/12.
no celular
Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima
“Trata-se de uma preciosa ocasião para muitos jovens experimentarem a alegria e a beleza de pertencer à Igreja e de viver a fé”,
“A Itália não é como a Espanha. Acho que é muito mais forte: como país somos muito mais competitivos”,
papa Bento XVI, ao abrir, em Roma, a contagem regressiva do Vaticano para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro em 2013
Giorgio Squinzi, presidente de Confindustria, ao falar sobre a crise espanhola
“Com o passar dos anos, você perde aquilo que na França é chamado de beleza do diabo e na Itália de beleza do burro. Se você acha que deve suscitar o desejo quando tinha 20 anos, significa que não saiu da infância e tem algum problema. Digo isso não apenas às mulheres, mas aos homens que se passam por ridículos aos 40-50 anos”,
“É um faroeste espaguete surrealista”, Quentin Tarantino, cineasta, comparando seu novo filme Django Livre com o banguebangue do cinema italiano das décadas de 1960 e 70
“Parabéns, continuem assim. Eu acompanho vocês. Enviem meus cumprimentos a todos os atletas, técnicos e dirigentes da delegação” Mario Monti, premier italiano, ao telefonar ao presidente do Comitê Olímpico Italiano,
Monica Belucci, em entrevista à Ansa, ao comentar que convive muito bem com as rugas aos 48 anos
Gianni Petrucci, durante as Olimpíadas de Londres, em cujo quadro de medalhas os atletas do país ficaram entre os 10 primeiros colocados
cartas
“Q
uero parabenizar a revista pela matéria sobre a luta por justiça social e ambiental durante a Cúpula dos Povos. A ONG A Sud, através de seus convidados, tratou de questões centrais sobre sustentabilidade e ainda fez críticas construtivas à Rio+20.” Patricia Romeu, Cabo Frio – RJ – por e-mail
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“G
ostei muito da matéria sobre a Cúpula dos Prefeitos, durante o Fórum Humanidade 2012. É muito bom ver que os governantes do grupo C-40 estão se mobilizando em prol da redução na emissão de gases poluentes, estão melhorando o setor de transporte e remodelando as cidades com projetos sustentáveis.” Rogério Guimarães, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail
Serviço agenda Willy Rizzo O Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) abriga em São Paulo uma mostra de fotografias da carreira de Willy Rizzo que faz parte do projeto Iguatemi Photo Series. A exposição conta com 100 fotos
impressas em papel gelatina de prata e ciber chrome, uma raridade nos dias de hoje. São retratos de estrelas do cinema, das artes e da moda, além de fotos das viagens de Rizzo ao Brasil, incluindo o Carnaval de 1961 no Rio de Janeiro. Até 2 de setembro. www.mube.art.br
FenaMassa O primeiro Festival Nacional da Massa acontece em outubro (dias 11, 12, 13, 14, 19, 20 e 21) na Praça Garibaldi, no centro histórico de Antônio Prado, no Rio Grande do Sul. O evento vai brindar o público com várias atrações culturais, oficinas de culinária, artesanato e visitas ao Museu da Massa. O FenaMassa é um projeto que visa o incentivo à indústria de massas e à qualificação de serviços e ingredientes dos estabelecimentos de comida italiana para receber bem o turista. www.fenamassa.com.br 4ª Bienal Brasileira de Design No Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG), acontece, de 19 de setembro a 31 de outubro, a 4ª Bienal Brasileira de Design com o tema Diversidade Brasileira. O evento vai brindar o público com várias
mostras nacionais e internacionais, workshops e palestras de renomados profissionais da área, muitos deles italianos. As principais iniciativas do design da indústria, do meio acadêmico ou de gestão poderão ser conferidas no evento. http://www.minasdesign.mg.gov.br De Gênova a Ouro Preto A Sala Manoel da Costa Athaide do Museu da Inconfidência, situada em Ouro Preto (MG), sedia uma exposição sobre a imigração italiana no estado. A mostra retrata a chegada da família do fotógrafo ouropre-
da cidade de descendência italiana. Até 26 de agosto. http://www.museudainconfidencia.gov.br/ Macfrut A maior feira de tecnologia e serviços para a produção de frutas e hortaliças (Macfrut) acontece em Cesena, cidade situada na região italiana da Emília Romanha, no dia 26 de setembro. A feira possibilita a troca de experiências, conhecimentos e rodadas de negócios entre operadores italianos e outros do exterior, como os brasileiros. A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro assinou um acordo com a feira para oferecer condições especiais às empresas e aos profissionais do setor hortifrutícola do Brasil. www.macfrut.com
tano Luiz Fontana ao Brasil, no final do século XIX. Os registros de Fontana constituem patrimônio da prefeitura da cidade, sob a guarda do Instituto de Filosofia, Arte e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto. Além de fotos, há objetos utilizados por outras famílias
clickdoleitor Catturandi A principal ideia do livro é mostrar o processo que abrange do início da busca até a condenação dos mafiosos italianos. I.M.D., sigla do autor cujo nome não pode ser revelado para evitar represálias, descreve desde o vocabulário utilizado pela polícia até as técnicas de escuta, interceptação e perseguição. A obra explica como leis e experiências pessoais, regras e instinto, competência profissional, capacidade de improvisação e, principalmente, paciência, fazem de um policial um especialista da Divisão Catturandi, do Esquadrão Investigativo de Palermo. I.M.D. participou de importantes inquéritos contra a máfia, como o que levou à captura de Bernardo Provenzano. Editora Bertrand Brasil, 176 páginas, R$ 29,00.
Branca como leite, vermelha como sangue Alessandro D’Avenia aborda a realidade juvenil através do protagonista Leo. Por meio de um monólogo, referências atuais relacionadas a temas como paixão, morte, sistema escolar, educação e relação entre jovens e adultos são tratadas na obra. No romance, o autor utiliza as cores para descrever sentimentos e sensações: o branco é sinônimo de solidão e silêncio, enquanto o vermelho representa intensidade, além de lembrar Beatriz — por quem o personagem é apaixonado e por quem ele aprende a amadurecer devido à doença da amada. Editora Bertrand Brasil, 368 páginas, R$ 39,00.
Arquivo pessoal
naestante
“S
ou formada em Letras, habilitada em língua italiana. Em 2010, descobri um curso de idiomas na região Marche, onde se misturava aulas com visitas a importantes cidades italianas, como Veneza, que carrega grande conteúdo histórico e apresenta uma atmosfera incrível.” Juliana Cristina Bonilha São José dos Campos, SP — por e-mail
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opinione FabioPor ta
Prigionieri dello “spread” Punto e a capo. Dopo un anno di agonia l’economia italiana non riesce a dare segnali di ripresa
L’
estate del 2011 fu l’inizio della fine del governo Berlusconi: la speculazione finanziaria internazionale cominciò ad accanirsi contro l’Italia, anche a causa della oggettiva debolezza del governo di allora, reso ogni giorno più vulnerabile dai ripetuti scandali (sessuali e non) che colpivano il Presidente del Consiglio e da una altrettanto oggettiva incapacità di rispondere alla crisi economica con misure serie e, soprattutto, credibili. Dopo pochi mesi il governo Berlusconi fu costretto a rassegnare le dimissioni, sotto gli occhi di un’opinione pubblica sfiduciata e delusa dai suoi governanti e sotto la scure inesorabile dello “spread”. Lo “spread”, sì; chi era costui? Oggi in Italia tutti (o quasi) hanno fatto familiarità con questa strana parole inglese, che sta a indicare il differenziale tra gli interessi riconosciuti ai titoli di Stato tedeschi (i “Bund”) e quelli italiani (i “Btp”). L’indicatore che misura questo scostamento, in tempi normali, dovrebbe attestarsi intorno ai 100 punti; a novembre del 2011 arrivò vicino ai 600! Fu la volta del governo presieduto da Mario Monti, un autorevole economista stimato in Europa e nel mondo; una personalità capace e autorevole in grado, si disse allora, di trasmettere al Paese e ai cosiddetti “mercati” quell’iniezione di fiducia e di credibilità che tutti stavano ansiosamente aspettando. L’iniezione arrivò, anche grazie a una potente dose di tasse e rigore (necessaria dopo gli anni allegri di Berlusconi, unico governante al mondo ad aver eliminato la tassazione sugli immobili, mettendo in ginocchio le amministrazioni locali oltre che il bilancio dello Stato italiano). L’iniezione però, come spesso accade con i più forti antibiotici, dopo poco tempo esaurì il proprio effetto terapeutico; i mercati continuarono la loro opera di speculazione ed il loro attacco 12
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all’Euro ed ai suoi Paesi più a rischio (la Grecia, la Spagna e la stessa Italia). A distanza di un anno la situazione non è quindi cambiata di molto: lo “spread” è tornato sopra quota 500 e non si intravede un’uscita dalla crisi a breve e medio termine. L’avvicinarsi, infine, della scadenza naturale del governo e quindi l’indizione di nuove elezioni non sembra produrre alcun effetto positivo, al contrario. L’incertezza politica contribuisce a sua volta a rafforzare instabilità e vulnerabilità.
Solo un nuovo governo, legittimato dal popolo italiano, potrà affrontare con coraggio e credibilità la crisi
Cosa vuole dire tutto ciò? Che è stato inutile far cadere Berlusconi? Che il governo-Monti non è in grado di gestire la crisi? Che sarebbe meglio andare a votare subito per formare un nuovo governo legittimato dalle urne? O che, al contrario, la prosecuzione del governo Monti è l’unica risposta in grado di rassicurare l’Europa e i mercati? Nessuna di queste domande è di per sé in grado di spiegare in maniera esaustiva quanto sta accadendo. Ugualmente, non
sarebbe possibile una risposta univoca e secca a nessuno di questi interrogativi. E’ fuori dubbio quanto la permanenza di Berlusconi al governo avrebbe continuato a produrre effetti negativi oggi difficilmente ipotizzabili; altrettanto evidente è il ruolo positivo avuto da Monti nel restituire credibilità e ruolo internazionale all’Italia. Tutto ciò oggi non basta più, ed è questa forse l’unica vera risposta che possiamo dare. Solo un nuovo governo, forte perché scelto dal popolo italiano, potrà essere in grado di affrontare la più difficile crisi economica dal dopoguerra ad oggi. L’impresa è ardua, ai limiti dell’impossibile. Ma è l’unica strada che gli italiani hanno di fronte per combattere questa nuova “guerra mondiale”; una guerra dove il nemico non ha armi chimiche o nucleari, ma usa la finanza internazionale per minare ugualmente e alla radice le basi di un grande Paese: la nostra Italia!
opinione
EzioMaranesi
Cortesia e civiltà U Esistono popoli più cortesi, e quindi più civili, di altri?
n giorno di giugno lessi questo annuncio su un autobus a Bologna: “ La cortesia è il miglior compagno di viaggio”. È una campagna del Comune di Bologna che intende cosí sensibilizzare i cittadini con un richiamo alla buona educazione e alla solidarietà civile. Applausi: una gentilezza illumina la nostra giornata. Qualche tempo dopo, a Fidenza, presi un autobus per Cremona. Una mandria di studenti agili e prepotenti aveva occupato tutti i sedili. Gli anziani, arrancando, arrivarono tardi e rimasero in piedi. Non uno, tra i cafoni, sentí il dovere di cedere il posto alla vecchietta in piedi nel corridoio dell’autobus. Occhi bassi fingendo di non vedere, cuffia degli iPod fingendo di non udire, quei tristi esemplari della nostra futura classe dirigente rimasero marmorei al loro posto. La vecchietta, in fondo, è una cittadina come gli altri, e in Italia non ha alcun diritto sui sedili degli autobus pubblici. Dice infatti l´art. 3 della nostra Costituzione: “ Tutti i cittadini... sono eguali di fronte alla legge senza distinzione.... di condizioni personali.. “. Cioè: anziani e bambini sono persone comuni, e in quanto anziani o bambini, non hanno alcun diritto di godere di condizioni privilegiate rispetto a un giovanotto di 24 anni. Non ho trovato, in alcuna altra parte della Magna Carta o nel nostro Codice Civile, cenni che attenuino, tenendo conto delle varie stagioni umane, questo concetto di eguaglianza assoluta. L’aspirazione alla eguaglianza è un concetto molto nobile, senza dubbio, che riflette la preoccupazione dei padri costituenti di non permettere che vi siano cittadini più uguali di altri. Un concetto però che talvolta non regge il confronto con la realtà. In questi giorni, per esempio, si discute nel Parlamento italiano sull’opportunità di proteggere i gay, spesso ingiustamente
L’impressione è che in Brasile un sorriso e un aiuto non si neghino quasi mai. Lo Estatuto do Idoso non è un fatto episodico: è frutto di una cultura ed è un atto di grande civiltà
aggrediti. Ma i gay non sono persone diverse dalle altre; solo una visione maschilista li può vedere diversi. Certamente non meritano maggiore protezione rispetto a quanta ne dovrebbe essere data a bambini ed anziani. Tornai a San Paolo. Avendo superato i 60, appartengo legalmente alla categoria “idosos”, cosí come determina la legge 10741 del 2003 “Estatuto do Idoso”. In quanto facente parte di questa categoria andai per la città in metrò e sugli autobus gratuitamente (art. 39 dello Statuto), seduto su sedili riservati agli anziani (art. 39), nelle banche e negli uffici pubblici mi indirizzai agli sportelli che permettono di
non fare la fila (art. 3), nel supermercato passai per le nostre casse esclusive (art. 3), nelle strade usai comodissimi spazi riservati per parcheggiare (art. 41), evitai l’estenuante fila al chek in dell’aeroporto (art. 42), mi sentii confortato da mille altre piccole e grandi attenzioni. La legge non si limita a dare all’anziano alcuni privilegi; in qualche caso impedisce veri e propri soprusi. Per esempio, l’art. 15 vieta alle imprese che gestiscono le assicurazioni sanitarie di aumentare in funzione dell’età i premi che le persone anziane devono pagare. Questa norma permette ora agli anziani di avere un’assicurazione; prima che lo Statuto entrasse in vigore le imprese buttavano letteralmente fuori l’anziano aumentando il costo della sua assicurazione a livelli assurdi. E non v’è grazia per chi non rispetta lo Statuto: l’art. 96 determina la reclusione per chi discrimina l’anziano, per qualunque motivo. Lo spirito della
legge è enunciato chiaramente dall’art. 8: “L’invecchiamento è un diritto personalissimo e la sua protezione è un diritto sociale...” È ovviamente superficiale sostenere che vi siano popoli più civili di altri. Certamente però c’è relazione tra civiltà e cortesia. Ho vissuto atti di cortesia, e di scortesia, in Italia e in Brasile. Difficile dare dei pesi, ma l’impressione è che in Brasile un sorriso e un aiuto non si neghino quasi mai. Lo Estatuto do Idoso non è un fatto episodico: è frutto di una cultura ed è un atto di grande civiltà. Gli italiani vivono tempi di grande difficoltà ma ciò non giustifica l’episodio di Fidenza, la maleducazione e gli atti di egoismo di cui sono stato vittima o testimone in Italia. La nostra terra è stata, un tempo, la culla della civiltà. com unit àit aliana | agost o 2012
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Economia
Europa busca oxigênio Dois jovens especialistas italianos, Antonio Nicita e Angelo Lupoli, analisam a crise econômica vivida no país no contexto da Zona Euro com exclusividade para a Comunità Lisomar Silva
A
De Roma
s nações e as instituições financeiras defensoras do euro enfrentam o segundo semestre do ano ainda na ofegante corrida em busca de oxigênio para os setores produtivos do mercado. A necessidade de se reduzir a dívida pública, imposta no âmbito da União Europeia e reforçada pela Alemanha, começou a asfixiar o crescimento econômico e agravou o questionamento sobre a validade de se manter o euro vivo entre os países que aderiram à moeda no transcorrer de seu primeiro decênio de circulação. As sucessivas crises econômicas, somadas aos efeitos das avaliações de risco feitas por agências especializadas em finanças, puseram em jogo a credibilidade da moeda e a 14
ideia dos países europeus em governar com soberania suas respectivas economias e suas dificuldades de mercado, abalando a autonomia de buscar alternativas para enfrentar seus problemas. Como interpretar a instabilidade do euro no mercado monetário? Que alternativas de mercado podem garantir a sustentabilidade econômica e um futuro mais estável para as empresas europeias em crise? Os fluxos migratórios da Europa para a Ásia, a América Latina, a África ou a Austrália podem ajudar a reorganizar a vida econômica dos cidadãos europeus? Como interpretar o frenético deslocamento de investimentos de uma área geográfica para outra? Dois jovens especialistas, um docente universitário e um jornalista econômico, respondem à ComunitàItaliana. Eles afirmam que o
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A crise econômica ainda vai pesar por muito tempo no bolso dos italianos, acredita Angelo Lupoli
Brasil se destaca cada vez mais entre as economias emergentes para novos negócios. Antonio Nicita, docente de Política Econômica junto à Universidade de Siena e de Economia Pública e Regulamentação na Universidade LUISS Guido Carli de Roma, esclarece que as avaliações das agências especializadas em risco de investimentos, assim como as medidas defensivas adotadas por vários países fora da Zona Euro, indicam que há um ataque dirigido especificamente à moeda europeia, até mesmo para se saber de fato qual é o seu grau de resistência — Esse ataque é muito mais forte à moeda do que aos países aderentes. A atual circunstância, porém, se agrava com os problemas
da economia interna crítica e da dívida pública de cada um dos países que adotaram a moeda corrente. No caso da Itália, a dívida pública supera a faixa de 120% do PIB e cria uma situação paradoxal, analisa Nicita. — Temos que usar o PIB para abater a dívida pública e ao mesmo tempo garantir o crescimento econômico. O único modo de reduzir a nossa dívida é impor linhas políticas de austeridade que, na maioria dos casos, não deixam espaço ao crescimento econômico. Além disso, a Itália precisa atrair grandes investimentos para recuperar o fôlego necessário e dar suporte ao mercado interno. Segundo o economista, a União Europeia impõe — a e Alemanha reivindica — medidas de austeridade que são dolorosas em seus efeitos para os trabalhadores e contribuintes italianos. Assim, torna-se necessário diminuir a despesa no campo da previdência social, privatizar pelo menos uma parte do patrimônio público, procurando ao mesmo tempo reduzir a incidência de taxas e impostos sobre os contribuintes: — Temos gastos públicos elevados, com dívida pública e nível de imposição fiscal (próximo a 55%) muito alto. Não crescemos e apresentamos elevados índices de desemprego juvenil somado ao aumento do custo da previdência social, também pelo envelhecimento da população. Na prática, usamos os recursos gerados pelo recolhimento de taxas e impostos para pagar as aposentadorias, cobrir a despesa pública e pagar nossas dívidas. Não sobram recursos para fomentar o crescimento — afirma. Esta linha de pensamento — classificada por Antonio Nicita como lobística — se baseia no atual quadro crítico dos países europeus, onde prevalece o aumento de desemprego somado às relações e às atividades produtivas cada vez mais precárias do mercado do trabalho, além da necessária redução da dívida pública, gerando um crescimento escasso ou inexistente, mesmo que se reduza a diferença entre a própria dívida e o PIB. — Podemos ver como a Grécia ficou praticamente destruída pelo conjunto dessas e outras medidas drásticas. Perdem-se a confiança e a força de programar o próprio futuro, assim como a capacidade de permanecer no mercado de consumo. A consequência desse conjunto de fatores é que o PIB não cresce.
“Se os alemães renunciaram a diversos privilégios para poder absorver e superar os problemas trazidos pela reunificação, sentem-se, agora, no justo direito de reivindicar a austeridade aos outros Estados que adotaram o euro” Antonio Nicita, economista italiano O papel da Europa, nos planos político e social, também entra em jogo por suas raízes historicamente fundadas na democracia, na defesa dos direitos civis e na paz social. — Esse papel precisa ser recordado na atualidade. Não se pode confundir a imposição de regras de comportamento a partir de um vértice, se cada país tem autonomia e regras próprias para enfrentar seus problemas internos. Ao mesmo tempo, a convivência dessas diferentes linhas políticas de ação com o tratamento a ser dado ao euro transforma a existência de países e cidadãos em uma convivência forçada, parecida com a vida de condomínio. O professor italiano acredita que, se considerarmos que países como Espanha, Grécia e Itália podem perder mais espaço na área do euro, “certamente haverá uma espécie de implosão, que pode tornar as democracias europeias mais frágeis, o que gera também outros problemas nas relações internacionais com países de outras áreas geopolíticas”. A austeridade alemã na Zona Euro Alguns especialistas pensam que a Alemanha, responsável pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial, deve ser considerada a
A Alemanha, comandada por Angela Merkel, é contra a recuperação do crescimento em países como Itália e Grécia através do estímulo ao consumo e do aumento da demanda de bens e serviços
principal causadora de uma eventual implosão do euro. Antonio Nicita recorda, porém, que o país governado por Angela Merkel também fez grandes sacrifícios para reconquistar e manter a união das partes Leste e Oeste, em 1990. — Se os alemães renunciaram a diversos privilégios para poder absorver e superar os problemas trazidos pela reunificação, sentem-se, agora, no justo direito de reivindicar a austeridade aos outros Estados que adotaram o euro. Que medidas estão sendo adotadas para sair desse ciclo? Nicita aponta três linhas políticas atualmente em debate junto à União Europeia, ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Central Europeu. Nicita explica que a primeira linha é de tipo neoliberal a curto ou médio prazo, que defende a privatização de parte do patrimônio público com forte redução da despesa pública e dos impostos. Neste caso, poderia haver um forte aumento do desemprego, mas sem perder de vista a perspectiva de retomada do crescimento. A segunda linha leva em consideração uma programação de governo ao enfrentar problemas socioeconômicos espinhosos em modo gradual e com prazos mais flexíveis, de médio ou longo prazo. Neste caso, porém, “corre-se o risco de somente atenuar a recessão, sem reconquistar em seguida um ritmo de crescimento real, alerta”. Já a terceira se aproxima do pensamento Keynes, buscando recuperar o crescimento através do estimulo ao consumo e da demanda de bens e serviços no mercado, o que pode aumentar o PIB, que será usado em parte para diminuir a dívida pública. — Só que a Alemanha se opõe a esta última tese no caso dos países que, com a Itália e a Grécia, adotaram o euro, mesmo consciente dos efeitos negativos que uma recessão italiana profunda pode provocar na economia alemã — esclarece. Uma das respostas se encontra na emigração para outros países, mas orientada a seguir um percurso de formação e aperfeiçoamento profissional, o que seria a chance para os jovens, que podem atingir altos níveis de especialização para depois retornarem à Itália e aplicarem os conhecimentos adquiridos no exterior. — No atual cenário econômico italiano, infelizmente, há poucas perspectivas para os jovens.
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Economia Acabamos de alcançar um recorde histórico nos índices de desemprego, sem programas de investimentos ou incentivos para a criação de vagas nos setores público e privado. Atualmente o total de trabalhadores regularmente registrados e ativos corresponde a menos de 30% da população. O reduzido número de contratos de trabalho corresponde à menor captação de recursos para a previdência social, que deve dar suporte a um número sempre crescente de aposentados e idosos. Crise e oportunidade em um mercado mais flexível O cenário da crise econômica europeia e italiana, aos olhos de Antonio Nicita, deve ser interpretado ainda com um conjunto de oportunidades que os investidores internacionais sabem detectar muito bem: — Em um quadro de economia fragilizada, o investidor vai encontrar um clima mais flexível e, face aos índices de desemprego, trabalhadores mais disponíveis. Outras ocasiões para novos negócios se renovam em alianças estratégicas que a Itália busca estabelecer com os países emergentes, sobretudo os do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Mas Antonio Nicita faz uma ressalva: — É melhor negociar com o Brasil do que com a China, que é um país em crescimento econômico que compra dívidas de outros países, como Itália e Estados Unidos, o que gera uma dependência estratégica e não é necessariamente saudável. A Itália compra produtos a baixo custo da China, mas acaba ficando na posição de devedora dos chineses, que são grandes produtores e grandes credores no mundo — ressalta. As atuais características de forte demanda real e potencial do mercado brasileiro, ainda que com índices modestos de crescimento nesse período, oferece perspectivas interessantes para os investidores estrangeiros e empresários de pequeno e médio porte. Para Antonio Nicita, ainda é prematuro falar de “bolhas” que possam explodir de um momento para outro. Mas o economista chama a atenção para imitações arriscadas: — O Brasil não deve repetir a atitude dos Estados Unidos, que financiaram sem freios a compra de propriedades imobiliárias. Os preços do mercado imobiliário 16
brasileiro estão em ascensão, mas isso não significa que quem compra imóveis dispõe da liquidez necessária e suficiente para enfrentar novas despesas a médio ou longo prazo, ou ainda que lucrará com a revenda de seu imóvel. A atual fase econômica brasileira requer maior atenção concentrada sobre os efeitos reais da expansão e do crescimento do que o fomento de financiamentos. Final de verão europeu em clima de especulação O verão europeu se conclui com calafrios na espinha dos cidadãos italianos, que enfrentam os aumentos de preços típicos do outono no fornecimento de gás e energia elétrica, das inscrições nas escolas para os filhos, nos impostos majorados sobre primeira (e às vezes, única) habitação, além de cortes na saúde pública para o tratamento de patologias consideradas caras. — A crise econômica vai continuar a pesar nos bolsos do consumidor por muito tempo. Nesse contexto, a saída do euro é a última coisa na qual os italianos pensam — explica Ângelo Lupoli, chefe da editoria econômica do La Repubblica, um dos mais importantes quotidianos italianos. O atual primeiro-ministro Mario Monti busca alianças com países como a França e o apoio do banco Central Europeu na defesa do euro, lembra. — As pressões da Alemanha para que a Itália recupere uma posição de equilíbrio em suas contas esconde o temor de uma nova situação crítica semelhante às da Espanha e Grécia — afirma. O Parlamento Federal Alemão (o Bundestag) e o Banco Central Alemão (o Bundesban, que detém a primazia sobre o sistema da Zona Euro), agora estão de olho no comportamento dos grupos bancários da Itália, entre eles do Unicredit, já que o sistema italiano apresenta um quantitativo de créditos e
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“É melhor negociar com o Brasil do que com a China, que é um país em crescimento econômico que compra dívidas de outros países. A Itália compra produtos a baixo custo da China, mas fica na posição de devedora dos chineses” Antonio Nicita, economista italiano
Em pleno final de verão, os italianos enfrentam aumentos nas boletas do gás e energia elétrica
financiamentos em patamar superior à liquidez de balanço: — Os alemães não querem ver repetida a experiência vivida com a Grécia e a Espanha — acentua Lupoli. Assim, a oferta do Banco Central Europeu de “fazer o possível para salvar o euro” fica restrita às exigências que o Bundesbank e a primeira-ministra alemã podem fazer aos outros Estados da Zona Euro. Ainda existem dois problemas para a Europa, na visão de Lupoli: — As economias e as democracias acabam fragilizadas pela corrupção e a inadimplência que, somadas à crescente dívida e às despesas públicas, excessivas e improdutivas, ficam sujeitas à ditadura dos mercados. O Brasil, com todo o seu potencial econômico de crescimento, não deve correr o risco de entrar nesse território minado. Não se pode renunciar a uma política de austeridade econômica, capaz de garantir a credibilidade e a confiança dos cidadãos junto ao governo e do país junto ao mercado internacional — finaliza.
Economia
Para investir
a compreensão do nosso sistema tributário aos estrangeiros — explica o assessor chefe de comércio e investimentos da subsecretaria de Relações Internacionais do governo do Rio, Luiz Carlos Carvalho.
Estado do Rio prepara lançamento de guia específico para investidores estrangeiros com informações nacionais e locais sobre os sistemas tributário e jurídico Cintia Salomão Castro
P
ense na seguinte situação: um empresário italiano sente-se fortemente atraído a investir no Brasil e quer abrir filial de sua empresa em alguma cidade do país, mas não conhece nada do sistema tributário brasileiro, nem ninguém que lhe possa dar informações sobre incentivos fiscais ou legislação comercial. Para facilitar a vida dos possíveis investidores estrangeiros, será lançado, dentro de um mês, o Guia do Investidor Estrangeiro no Estado do Rio de Janeiro. O projeto é fruto de uma parceria entre o governo fluminense e a Firjan. Com 90 páginas dividas em 12 capítulos, reunirá informações com o objetivo de orientar os interessados em fazer negócios no Rio sobre temas como: tipos de vistos permanentes e temporários para imigração; formas jurídicas de estabelecer uma empresa, como sociedade simples, limitada, anônima e joint venture; comércio exterior e aduana; sistema jurídico relativo a setores como imóveis, meio ambiente, petróleo e gás; licitações e concessões públicas; e impostos federais, estaduais e municipais — um dos temas que mais influenciam os empresários antes de ingressarem em um país. Além disso, será oferecido um panorama com dados políticos,
geográficos, econômicos, educacionais, culturais e logísticos tanto do Brasil quanto do estado. Outros capítulos importantes serão dedicados a instituições como o BNDES, o CNPQ, a Finep, a CAPES, a Faperj e a Faetec, além de uma seção específica que explica como funciona o Sistema Firjan e seus serviços, inclusive o Centro Internacional de Negócios. — O Rio é o primeiro estado do Brasil a fazer um guia próprio para investidores estrangeiros. Em nível nacional, já existem guias como os do Ministério das Relações Exteriores, da KPMG e de alguns escritórios de advocacia. A ideia é favorecer a criação de um ambiente friendly para negócios, facilitando
“O Rio é o primeiro estado do Brasil a fazer um guia próprio para investidores de outros países”
A indústria petroquímica se expande no Rio de Janeiro e dá oportunidade para inúmeras empresas do setor. Em destaque, o sub-secretário de Relações Exteriores do estado do Rio, Pedro Spadale, um dos responsáveis pela iniciativa do governo
Recorde de investimentos e altas perspectivas A necessidade de criar um manual para o estado partiu da procura cada vez maior dos investidores estrangeiros, ressalta o subsecretário de Relações Internacionais do Rio, Pedro Spadale. — O estado do Rio é, atualmente, recordista em investimentos no país. Às vezes, os investidores precisam de respostas para questões básicas. O objetivo é oferecer informações práticas quando precisarem fazer negócios, como uma ferramenta de apoio — explica Spadale à Comunità. A previsão é que, de 2012 a 2014, o estado receba US$ 120 bilhões em investimentos, afirma o documento. O volume é composto de investimentos públicos e privados de origem nacional e estrangeira. Do total, aproximadamente 70% correspondem a investimentos industriais. O montante relacionado à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 representam US$ 10.1 bilhões, dos quais US$ 4.9 bilhões referem-se a projetos anunciados pelos setores de hotelaria, infraestrutura, e de reforma ou construção de instalações olímpicas. O documento será disponibilizado gratuitamente na internet. O lançamento está previsto para o final de setembro e vai incluir uma versão em inglês. Uma versão em italiano está sendo realizada em parceria com a Câmara Ítalo-brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura do Rio.
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Atualidade
Globalizada e volátil
Juiz do processo histórico contra Cosa Nostra nos anos 80 revela as novas características da máfia italiana, que agora atua em conjunto com organizações de outros países, falsifica mercadorias de grifes e não deixa o rastro do dinheiro. Ele também indica falhas no sistema judiciário brasileiro Cíntia Salomão Castro
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procurador antimáfia da República italiana Pietro Grasso vive sob escolta desde 1985, quando foi juiz do famoso maxiprocesso de Palermo, na Sicília, que condenou 19 réus à prisão perpétua e a um total de 2600 anos de cárcere 475 acusados de envolvimento com a organização mafiosa Casa Nostra. Concluída a histórica tarefa, Grasso foi nomeado consultor da comissão antimáfia. Depois, virou conselheiro da Direzione affari penali do Ministério italiano da Justiça. É procurador da direção italiana antimáfia desde 2005. Antes disso, de 2000 a 2004, atuou como procurador em Palermo, capital da Sicília, período em que foram presas 1.779 pessoas por crime de máfia, além de terem sido decretadas 380 prisões perpétuas. 18
Em julho, ele esteve no Brasil para apresentar seu novo livro, Liberi tutti. Lettera a um ragazzo che non vuole morire di mafia. Diante de um auditório repleto, no Consulado italiano do Rio, Grasso falou sobre o combate à máfia. Ele conta que sua obra fala de “um fenômeno complexo, social e econômico, pois o crime frequentemente dá trabalho aos jovens, o que é um problema”. Liberi tutti também serve para mostrar que não apenas quem está diretamente envolvido com a máfia “morre” do mal: também aqueles que silenciam são suas vítimas, analisa. — No livro, procuro fazer entender que não morre de máfia somente quem é vítima da violência mafiosa. Privação de liberdade e da democracia, prepotência, opressão, corrupção, tudo isso, e não reagir à máfia, significa morrer, não viver livre. Portanto, morre de máfia quem
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Para o procurador Pietro Grasso, o Brasil virou um lugar de trânsito para a droga que vai para a Europa, o que reforça as ligações entre as máfias italiana e brasileira
comete crimes e ainda aqueles que são indiferentes, os conformados, os que não reagem. É preciso reagir por meio de um movimento que não seja somente contraste, mas que também procure tirar o consenso em torno da organização para que nos voltemos para o Estado e trabalhemos em busca de um futuro melhor, sobretudo para os jovens. Ao longo de quatro décadas no calcanhar dos criminosos, o magistrado italiano identifica as novas características da máfia, que caminhou rumo à internacionalização de suas ações, deixando de limitar-se a redutos ou a povoados italianos, como mostravam clássicos do cinema. Tudo, porém, sem perder o contato com a terra originária. — A máfia se internacionalizou. Colocou-se em contato com outras organizações criminosas estrangeiras. Mudou e adaptou-se à demanda dos mercados globalizados. Por isso, dedica-se a outras atividades como a falsificação de mercadorias de grifes, e o tráfico de lixo nocivo, de obras de arte e de seres humanos. A máfia italiana, no entanto, permanece ligada ao território de origem, e isto lhe dá força e poder — explica à Comunità. Outra novidade em termos de estratégia é o que Grasso chama de “multitráfico”, através da qual algumas rotas são seguidas para mais de uma atividade, entre um país e outro, como o tráfico de armas e de seres humanos.
O dinheiro inodoro da máfia É difícil também seguir o movimento do dinheiro, seja entrada, seja saída, conta o procurador italiano. — O que parece é que quase há outra via, diferente, que leva a droga, mas que não recebe o dinheiro na transação. São como dois canais diversos. Nós conseguimos interceptar um canal, mas não o outro, talvez porque o outro se sirva de meios legais. Ou que parecem legais, mais difíceis de indagar. Confunde-se o dinheiro da criminalidade com o da corrupção econômica e política, e que vem da sonegação. O Brasil virou um lugar de trânsito para a droga que vai para a Europa, sobretudo através da África, o que reforça as ligações entre as máfias italiana e brasileira, revela Grasso. Os investigadores italianos, por meio de uma cooperação internacional que inclui o Brasil, acabaram descobrindo recentemente uma rota marítima que parte do norte ou do extremo sul do Brasil, ou da Argentina, e segue em para Cabo Verde ou a Nigéria, de onde a droga chega aos países europeus. — Há dois anos, descobrimos uma organização na qual estavam envolvidos vários países. Na cabeça da organização estavam criminosos sérvio-montenegros. Havia ramificações na Eslovênia, na Croácia, na Itália, na Suíça, no Brasil e na Argentina. Em cada país, existia uma tarefa no tráfico, que podia ser a parte econômica e de transporte. A droga, em quantidades enormes, chegava do Brasil e Argentina. A cooperação internacional, coordenada pela procuradoria italiana antimáfia, saiu-se vitoriosa, exulta o magistrado. — Estamos colocando em ato uma grande cooperação internacional para obter esses resultados. Nesse caso, conseguimos operar, ligados, em todos os países. Capturamos pessoas em todos eles, no
Fotos: Daniel Soares
Além disso, a volatilidade de redes tem dificultado as investigações da justiça italiana. — Temos percebido que, frequentemente, pequenas networks são criadas para executar uma operação criminosa de entorpecentes. Elas são caracterizadas pelo fato de se dispersarem logo que a operação é concluída. Durante as investigações, não chegamos mais às pistas dos chefes ou dos adeptos da organização — revela. mesmo dia, o que foi um grande resultado. Houve colaborações de procuradores de Bari, Milão e Roma, da Sérvia, e de outros países. O trajeto do dinheiro, no entanto, não conseguimos identificar. As brechas do sistema brasileiro Para o procurador italiano, um dos instrumentos mais eficazes de combate à criminalidade — o sequestro e o confisco de bens — não é explorado em todas as suas possibilidades pelo sistema judiciário brasileiro. — No Brasil, pelo que sei, é possível confiscar os bens somente depois da condenação definitiva, e apenas por tráfico de drogas. Porém,
Juiz do famoso maxiprocesso contra Cosa Nostra nos anos 1980, Grasso atualmente investiga as novas atividades das organizações mafiosas, que incluem a falsificação de mercadorias de grifes
àquela altura, você não encontra mais os bens, pois os criminosos já os venderam ou os repassaram para outras pessoas. Na Itália, se há bens imóveis, carros ou empresas comerciais, nós fazemos um sequestro preventivo para evitar que tais pessoas possam vendê-los. Se são condenados, aqueles bens são confiscados e passam para o Estado. As investigações, pelas quais a Justiça italiana faz uso de interceptações telefônicas e ambientais, ajudam a desmascarar os prestanomi — os chamados “laranjas”. Um exemplo ocorrido na Itália envolveu um supermercado que estava no nome de um “laranja”. Um colaborador da procuradoria italiana informou que, todas as noites, o responsável recolhia o dinheiro do caixa e o levava ao capo. O supermercado foi confiscado ainda durante as investigações. Com esse sistema, em cerca de quatro anos, 40 bilhões de euros foram seqüestrados em bens e repassados ao Estado, conta Pietro Grasso, que também defende a prisão perpétua, pena inexistente no Brasil, como instrumento eficaz para combater o crime, pois “o risco de se passar a vida toda na prisão faz com que muitos pensem antes de cometer um crime”.
Principais rotas do tráfico mundial de cocaína
Canadá
Itália Eua
México
Cabo Verde
Mauritânia Costa do Marfim
Colômbia
Nigéria
Peru Rota descoberta pelo procurador Pietro Grasso Rota do Relatório Mundial sobre Drogas 2010
Brasil
Bolívia África do Sul
Argentina
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Diritto
L’Europa latina guarda verso ovest Per la prima volta, 40 avvocati di stato brasiliani si sono recati a Roma in visita ufficiale per partecipare al corso intensivo di diritto europeo organizzato dall’Università Tor Vergata e dall’associazione International Experience Stefania Pelusi
D
De Brasília
al punto di vista giuridico, linguistico,culturale e religioso l’Europa latina ha più punti in comune con l’America Latina piuttosto che con gli altri Paesi che fanno parte dell’Unione Europea. Questa è l’opinione del professor Riccardo Cardilli, direttore del Centro di Studi giuridici latinoamericani e coordinatore scientifico del corso di diritto europeo tenutosi a Roma dal 2 al 13 luglio. — Quindi sarebbe auspicabile un rafforzamento dei rapporti diplomatici ed economici con l’America latina e in particolare con il Brasile, essendo quest’ultimo un Paese che ha assunto sul piano mondiale, economico e politico, un ruolo trainante. Questo potrebbe
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significare un’apertura fortissima in cui l’Europa latina guardi più verso ovest, rispetto a una parte di Europa, non latina, che guarda fortemente verso est (Russia e Cina) — afferma a Comunità. Secondo Cardilli in Europa, attualmente, il conflitto politico in atto fondato su ragioni economiche, vede nettamente su due posizioni differenti l’Europa latina (Italia, Spagna, Francia, Portogallo) e l’Europa non latina (Germania, Finlandia, Danimarca). Questi due modelli esprimono due idee diverse. L’avvicinamento tra l’Europa latina e il Brasile auspicato da Cardilli è stato l’obiettivo del corso di Diritto europeo ed armonizzazione, “Tradizione civilistica e armonizzazione del diritto nelle Corti Europee” che si è svolto presso il moderno Campus X dell’ateneo di
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Tor Vergata, nell’area nord-est di Roma, sotto i castelli romani. Il corso è stato promosso dalla Scuola dell’Avvocatura di Stato brasiliana (EAGU, in sigla portoghese) e l’Università di Roma Tor Vergata, in collaborazione con l’Associazione culturale International Experience. Gli alunni provenivano da tutto il Brasile ed erano procuratori federali, della Banca Centrale nazionale e del Tesoro. I partecipanti hanno potuto conoscere e discutere le leggi dell’Unione Europea (UE), in particolare del diritto romano, civile, del lavoro, amministrativo e finanziario, e anche approfondire la struttura e il funzionamento dell’UE e delle istituzioni italiane più importanti attraverso delle visite guidate. Tor Vergata è un’università statale giovane, che quest’anno compie 30 anni.
— È un’università con una vocazione internazionale, i nostri rettori, che si sono susseguiti negli anni, hanno sempre avuto un’apertura verso il mondo. Abbiamo accordi di collaborazione scientifica e didattica in tutto il mondo, dall’Australia all’America. Il Brasile è stato il primo in classifica nei nostri rapporti e soprattutto nella volontà di aumentare gli scambi sia di studenti, di docenti e anche di cultura e di formazione — dichiara a Comunità Marina Tesauro, responsabile dell’Ufficio Relazioni Internazionali dell’università Roma Tor Vergata. Gli accordi tra Tor Vergata e le università brasiliane sono molti e sono sparsi dal nord al sud del Paese. Nel corso degli ultimi anni, delle delegazioni ufficiali dell’ateneo italiano hanno visitato le università brasiliane, lavorando in sinergia sia con le istituzioni universitarie, sia con l’ambasciata italiana e brasiliana. Inoltre, Tor Vergata fa parte dei dieci atenei romani che riceveranno gli studenti brasiliani per svolgere corsi di primo e secondo livello all’interno del programma lanciato dal Capes. Tra gli altri corsi, Tesauro menziona il dottorato congiunto nell’area medica con l’università di San Paolo (USP), con uno scambio di docenti e di giovani dottorandi, iniziato due anni fa. Attualmente, ci sono anche diversi docenti italiani che stanno lavorando in Brasile. Giancarlo Perone, docente di diritto del lavoro della facoltà di giurisprudenza, ha conseguito una borsa di insegnamento Capes ed è a Belo Horizonte da un anno e mezzo. — Un altro esempio è quello di un professor di ingegneria ambientale che, insieme al municipio di Salvador, in Bahia, ha fatto attività di ricerca come il progetto di impianto di acque reflue – spiega la responsabile dell’Ufficio. L’unico ostacolo sembra essere quello del riconoscimento del titolo di studi. — Purtroppo non esiste un accordo governativo tra l’Italia e il Brasile e questo richiede molto lavoro da tutte e due le parti. A fine giugno abbiamo avuto la visita del rettore dell’università di Rio de Janeiro e abbiamo parlato anche con lui di questa terribile lacuna che c’è della mancata reciprocità dei titoli, perché questo rende difficile proseguire gli studi o avere uno sbocco professionale. Sono più di 15 anni che lavoriamo con le università
brasiliane e questa collaborazione sia didattica che scientifica è in continua crescita — afferma Tesauro. Il corso intensivo di diritto è stato un momento di confronto tra gli avvocati di stato brasiliani e i docenti della facoltà di giurisprudenza.
Gli avvocati di stato brasiliani in visita ufficiale a Roma posano insieme ai professori dell’università Tor Vergata
Base comune latina Secondo Cardilli, coordinatore scientifico del corso, tra l’Italia e il Brasile non c’è un rapporto tra due nazioni o due ordinamenti diversi, visto che possiedono una base comune, quella latina, molto forte e quindi tra i giuristi italiani e brasiliani c’è un dialogo più stretto e la storia lo dimostra. — Tutti i professori a cui ho richiesto di fare lezione durante questo corso intensivo hanno accolto con grande piacere la proposta, nonostante fosse luglio, tenendo conto della platea particolarmente qualificata — spiega il direttore del Centro di Studi giuridici latinoamericani. L’obiettivo del Centro di Studi è quello di rafforzare il legame fondamentale tra l’Europa latina e l’America latina. — L’America latina ha un vantaggio rispetto all’Europa: è latina nella sua interezza, con tutte le
L’avvicinamento tra l’Europa latina e il Brasile è stato l’obiettivo del corso di diritto europeo ed armonizzazione tenutosi a Roma il 13 luglio
differenze dei singoli ordinamenti giuridici nazionali, però potrebbe avere una capacità di integrazione nettamente maggiore rispetto all’Europa — sottolinea il professor Cardilli. Durante la presentazione del corso, il prorettore dell’Università di Tor Vergata, Pietro Masi, ha sottolineato il confronto fra il nuovo codice civile brasiliano e il codice civile italiano e la realtà del gigante sudamericano — L’impresa è una realtà che si sta sviluppando anche in Brasile sulla base di un’esperienza che si sta ampliando anche nel campo dell’agricoltura e in altri settori, come quello alimentare, oltre alle attività tradizionali che stanno entrando nel mercato internazionale — spiega Masi durante la consegna dei risultati di una sua ricerca sui due Paesi a Isaac Sidney Menezes Ferreira, procuratore del Banco Centrale brasiliano. Masi ricorda che il governo brasiliano sta sostenendo un programma per la formazione degli scienziati “Scienza senza frontiere” e quindi anche le iniziative piccole, se fortemente qualificate, avranno bisogno di un contesto di azione internazionale. — Questo richiede una legislazione adeguata, con regole che permettano agli operatori economici di lavorare correttamente con una concorrenza leale tra loro e allo stesso tempo con una capacità di affermarsi anche in un mercato internazionale dove ci sono operatori di altri Paesi. Tra l’Italia e il Brasile c’è una grande tradizione di collegamento scientifico, culturale e tecnico, per questo molti docenti dell’ateneo di Tor Vergata hanno rapporti frequenti con le università brasiliane. — La scienza non ha confini e quindi noi ci possiamo arricchire
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Diritto sia nel confronto diretto, nei rapporti di collegamento tra italiani e brasiliani, sia nelle attività di formazione dei risultati di scienza e di studio. Inoltre attraverso questi scambi emergono problemi che diventano comuni, come nel caso del diritto del lavoro, e nei quali è importante che si creino delle esperienze che circolino perché questo porta a un progresso generale e giustizia nella soluzione dei problemi — dice Masi. Lo sviluppo che c’è in Brasile, impone l’esigenza di regolare i rapporti di lavoro dei giovani scienziati, commenta il prorettore. Secondo Masi, il Brasile deve affrontare problemi nuovi, che non c’erano con un’economia più tradizionale e questo significa un mutamento di molti schemi e di rapporti tra gli operatori economici. — Gli studenti di questo corso intensivo che sono avvocati dello Stato, devono confrontarsi con una realtà che cambia fortemente e che comunque sta venendo regolata. Il Brasile sta progredendo bene, adeguando le regole — dichiara il prorettore. Tra i professori del corso hanno partecipato Luigi Daniele, professore di diritto internazionale e diritto dell’Unione Europea, che ha trattato del problema dell’armonizzazione e dell’integrazione del diritto europeo; il professor Enrico Gabrielli, professore ordinario di diritto civile e anche uno dei maggior avvocati italiani, che ha spiegato il diritto dei contratti; l’ex presidente della Corte Costituzionale, Cesare Mirabelli che ha tenuto una lezione sulla tutela dei diritti fondamentali tra la Corte Costituzionale italiana e la Corte europea.
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Risultati positivi secondo la parte brasiliana La direttrice della scuola di Avvocatura generale dello Stato, Juliana Sahione Mayrink Neiva, racconta a Comunità di essere rimasta molto soddisfatta del corso e spera che questa conoscenza più da vicino del diritto europeo, principalmente di quello italiano, possa essere applicata nelle attività consuete, arricchendo il lavoro degli avvocati di stato brasiliani. – Le visite istituzionali organizzate durante il corso sono state molto importanti perché hanno creato un contatto per uno scambio di esperienze tra le istituzioni, al di là della parte teorica. Inoltre l’avvocatura generale brasiliana si è ispirata al modello italiano, ed è una grande struttura di cui fanno parte 10.200 avvocati – dichiara la giovane direttrice. Secondo Marco di Iulio, procuratore federale, l’esperienza è stata straordinaria e, nonostante la breve durata del corso, le lezioni sono state di altissimo livello grazie a dei professori molto qualificati. — È la prima volta che gli avvocati di stato brasiliani partecipano a un corso all’Università di Roma. È stata un’opportunita unica per gli avvocati di conoscere un regime giuridico comune a quello italiano, che è quello romano, in cui ci sono le radici del diritto brasiliano e italiano. Per questo ci sono molte cose in comune, soprattutto nel diritto civile e in quello del lavoro. Al di là di uno scambio culturale è stato uno scambio scientifico e speriamo, in futuro, di poter ricevere professori e alunni nelle nostre università brasiliane — afferma a Comunità Isaac Sidney Menezes Ferreira, procuratore del Banco
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Centrale brasiliano durante l’apertura del corso. Tra gli studenti, tutti hanno detto di essere rimasti molto soddisfatti di questa esperienza e adesso hanno saudade (nostalgia) delle lezioni romane. — In un ambiente globalizzato come quello in cui viviamo non si può perdere di vista il diritto degli altri Paesi – afferma Denise Maria de Araujo, procuratore della Fazenda Nacional a Brasilia che ha potuto approfondire la conoscenza del diritto europeo.
L’ambasciatore brasiliano José Viegas riceve gli avvocati di stato brasiliani nella sede dell’ambasciata a Roma
Non solo teoria Secondo la procuratrice federale e allieva Flavia Gualtieri de Carvalho, “per capire il diritto italiano bisogna conoscere un po’ la cultura, economia e storia italiana e viceversa con il diritto brasiliano. Studiare solo a scuola è molto poco”. — Per esempio, il campus sensazionale dove siamo stati ospitati è nato da un accordo pubblico-privato, mentre in Brasile è difficile ottenere questi risultati da questi accordi. Quindi dobbiamo imparare qui. Oltre alle lezioni, gli studenti hanno visitato la Corte Costituzionale, l’Avvocatura di Stato italiana, la Corte di Cassazione, il Consiglio di Stato ed è stato organizzato un cocktail in loro omaggio dall’Ambasciatore brasiliano a Roma, José Viegas. – Le visite istituzionali sono state molto importanti perché hanno permesso a 40 avvocati di stato di conoscere da vicino, non solo con la teoria, le istituzioni italiane e il loro funzionamento. Lo scopo di questo corso è quello di rafforzare i legami tra i due Paesi – sottolinea l’avvocato romano e presidente dell’associazione International Experience, Federico Penna. Tra i progetti futuri con l’Università Tor Vergata, l’Avvocatura di Stato brasiliana ha già dichiarato di voler ripetere il corso di formazione a gennaio. — Si è riscontrato un forte interesse tra gli avvocati e i magistrati brasiliani e l’idea è quella di farlo diventare un evento periodico, due volte l’anno, a gennaio e a giugno. Secondo i test di valutazione c’è stato un giudizio positivo del 100%, tutti gli studenti rifarebbero l’esperienza — spiega il giovane Penna, che si dichiara soddisfatto di questo progetto piloto che ha portato grandissimi risultati. Il corso si è concluso in grande stile con una cena di gala in una villa del ‘700 con antichi affreschi alle pareti, sullo sfondo dei castelli romani.
Meio ambiente
Energia limpa mais próxima Feira internacional de tecnologias para energia solar debuta no Brasil e empresários e pesquisadores do setor já se preparam para a Zero Emission, que vai acontecer em Roma, em setembro Lisomar Silva
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De São Paulo
ntre os países do BRIC, o Brasil se coloca como o palco mais propício para novas experiências no âmbito das fontes energéticas alternativas renováveis no cenário internacional contemporâneo, marcado por tensões crescentes na conquista do maior acesso às reservas de combustíveis fósseis e pela forte instabilidade nos preços do petróleo. Este é também o foco de Enersolar+Brasil, feira internacional de tecnologias que estreou em São Paulo, depois da realização em Buenos Aires, no mês de julho, com cerca de 130 participantes asiáticos, europeus e latino-americanos. A manifestação entra em sua fase conclusiva em setembro, em Roma, com a feira Zero Emission. O evento, organizado e promovido pelo Grupo Cipa Fiera Milano, com o apoio da Artenergy Publishing, é o primeiro passo para a criação de uma rede internacional de feiras de negócios voltadas para o setor. A EnerSolar+Brasil promoveu as oportunidades na indústria solar da América do Sul, onde expositores nacionais e de países como Itália, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, China e Suíça apresentaram tecnologias, serviços e soluções para aplicações industriais e civis, para os segmentos de energia térmica solar e fotovoltaica, inversores e outras energias renováveis. Durante três dias, o evento recebeu cerca de seis mil profissionais de toda cadeia produtiva do setor — como instaladores elétricos, arquitetos, engenheiros, empresas de design, atacadistas e distribuidores de materiais elétricos, empresas de agricultura, universidades, empresas de pesquisa e treinamento, companhias de crédito, financeiras e seguradoras, importadoras e exportadoras
— todos interessados em energia solar e economia energética. A presença de jazidas petrolíferas, além de acordos regionais firmados no setor energético, e o aumento da demanda interna, gerada pelo crescimento econômico, fazem com que o país modifique a estrutura de oferta no mercado: é o que indicam os especialistas do prestigioso blog internacional Cartografare il Presente, assinalando que o Brasil “está emergindo rapidamente (como potência) no campo energético, além do econômico.”
Marco Pinetti, presidente da Artenergy Publishing, chama a atenção para a necessidade de investimentos governamentais em equipamentos e mãode-obra qualificada relacionados a fontes renováveis
a provisão de mais de três quartos de sua eletricidade, mas as políticas governamentais atuais focam na melhoria da eficiência da matriz energética, bem como no aumento de fontes renováveis, tais como energia solar, biomassa e eólica. O total instalado de capacidade de energia fotovoltaica nacional é estimado entre 40 e 60 MWs, dos quais 50% são destinados para os sistemas de telecomunicações e 50% para os sistemas rurais de energia. O evento de Roma vai incluir a Eólica Expo Mediterranean, dedicada à energia gerada pelo vento, além da PV Rome Mediterranean, para aprofundar temas ligados ao uso da energia solar fotovoltaica, explica o presidente da feira, Marco Pinetti. — Na Itália, o consumo de energia e seu relativo custo representam um problema para muitas empresas. Poucas delas, porém, sabem quanto poupariam de energia se fizessem algumas intervenções estruturais, com um melhor uso dos incentivos fiscais dados pelo governo — analisa Pinetti. O especialista italiano defende a garantia de investimentos necessários para o desenvolvimento por parte das entidades governamentais, o que implica a formação de profissionais adequados aos trabalhos de conservação dos materiais. — Até 2050, poderemos não dispor de energia produzida a partir de petróleo e gás. Então, teremos que estar prontos com equipamentos e fontes renováveis. Até lá, teremos que criá-los e testá-los. Além disso, vão se tornando mais baratos. Hoje, na Europa, o custo anual da energia fotovoltaica é de 1,8 euros. É mais barata que a gasolina ou outros produtos. Precisamos reverter o processo enquanto temos tempo — alerta Pinetti.
Localização ideal para a energia solar Com localização geográfica privilegiada, atravessado ao norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio, o Brasil é o mercado ideal para o desenvolvimento da energia solar. Hoje, o país depende de hidrelétricas para com unit àit aliana | agost o 2012
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Gastronomia
Os cappelletti do Planalto Central Myriam Carvalho, dona da oficina de massas San Felice, conta como a paixão pela cozinha entrou em sua vida através da nonna italiana Stefania Pelusi
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De Brasília
olhas de massa cortadas em quadrados e recheadas com a mistura de carnes bovina e de frango, noz-moscada, salsinha, cebolinha, ovo e farinha de rosca. Essa é a receita dos famosos cappelletti da avó Gera: a massa mais pedida na loja San Felice, a nova oficina de massas da capital. — Apenas eu os faço de modo artesanal em Brasília, à mão, sem máquina que faça a dobra. Fecho o recheio um por um. Foi um boom, todo mundo que descobriu os cappelletti se apaixonou, sobretudo os italianos que moram aqui — explica a proprietária e chef Myriam Carvalho, filha do ministro da Secretaria-Geral da República, Gilberto Carvalho. A San Felice abriu sem muito alarde, no dia 27 de outubro (dia do aniversário de Myriam). 24
Em 22 de novembro, aconteceu a inauguração oficial com a presença da imprensa. A proposta da loja é oferecer um produto totalmente artesanal: massas cruas e congeladas e ao mesmo tempo um cozimento muito rápido. Dois minutos em água fervente e a massa já está pronta. Quando o cliente compra a massa, recebe um folheto com as instruções para prepará-la e algumas dicas como “o tempo de cozimento é muito importante: um descuido e perdemos o ponto al dente” ou “vale lembrar que a massa é como a nossa pele, cheia de poros, portanto, não coloque azeite ou óleo na água, pois a gordura lubrifica a massa e impede que ela absorva o molho”. — Meus clientes são muito variados: há os muitos jovens, os que chegam sozinhos, os casais e os recém-casados. A minha proposta de embalagem de massa individual ou para duas pessoas favorece isso. No final de semana, chegam muitas
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O sonho de Myriam Carvalho foi realizado com a abertura da oficina de massas. A paixão pela cozinha é herança da nonna
famílias com pirex: as pessoas escolhem a massa e os molhos e levam para casa já pronto. A clientela é multiplicada com o boca a boca, explica Myriam. — Não posso reclamar: desde o primeiro dia em que abri as portas, não param de entrar novos clientes. Um deles me ligou para
“Os meus clientes não sabem de quem sou filha. Nunca tive vontade de estar próxima à política. Meu negócio é outra coisa. Tenho um orgulho lascado do meu pai, porque a história dele é fantástica. Ele é ministro da Secretaria-Geral da República e a sua vida não mudou” agradecer, dizendo que proporcionou à sua família um dos melhores almoços de domingo com massa em casa. Isso é muito gratificante — comentou a catarinense, que foi à Itália para aprender os segredos da gastronomia na mesma região de onde veio a sua trisavó, Corinna San Felice. Como nasce uma paixão A paixão pela gastronomia nasceu com a sua nonna Gera, que ainda cozinha. — Ela tem 84 anos e é forte como um touro. Ela ainda canta em italiano. Atende ao telefone dizendo Pronto? Os meus trisavôs eram de Modena e de Mântova, vieram para o Brasil e seguiram as tradições italianas — conta. O avô era garçom e depois de 15 anos trabalhando, conseguiu comprar uma chácara, onde construiu um salão de festa que se chamava Buffet Carvalho, na qual a avó cozinhava. — Esse foi um lugar onde eu passei toda a minha infância, junto com os meus primos. Ficávamos em volta da mesa e a nonna nos ensinava: ela cortava os quadradinhos de massa e a gente ia fechando. Era um momento que reunia toda a família — contou a dona da loja que herdou a paixão pela cozinha por causa da avó. Quase todos os netos passaram pelo Buffet Carvalho. Myriam descreve a sua nonna como uma pessoa que tem muita dedicação ao trabalho, tanto que, quando faleceu o marido, continuou levando o buffet por uns 10 anos. — Eu e os meus primos, que também trabalham na cozinha, tentamos assumir a gestão, mas ela, típica matriarcona italiana, não deixava de jeito nenhum. Hoje, o buffet não existe mais, pois dava muito trabalho para ela. Mesmo assim, ela não para: é voluntária no
hospital como costureira, cozinha para a quermesse da igreja, cozinha na casa dos filhos. Quando vem me visitar na loja, faz crostoli, uma sobremesa italiana típica do Carnaval, que meus clientes adoram. A formação da chef é internacional: se formou em Hotelaria, em Bragança Paulista, com trabalhos exaustivos à beira do fogão. Ganhou uma bolsa para fazer um curso de especialização em gastronomia no Belpaese e foi convidada para trabalhar em Madrid, onde atuou nas cozinhas do Hotel Meliã e de um restaurante cubano como chef. A experiência na Itália: entre a desilusão e a especialização Em janeiro de 2007, Myriam embarcou para a Itália com uma bolsa para estudar em Serramazzoni, um vilarejo de quatro mil habitantes que pertence a Modena, perto de Maranello. — Na escola, o começo foi difícil, mas depois que expliquei para os alunos que eu não queria ficar, que a minha vida não seria na Itália, teve um que até suspirou então você não vai tirar o nosso trabalho, porque já tinha um problema muito grande da imigração. Eu até entendo um pouco isso, mas a forma com que eu e a minha prima fomos recebida foi mais ou menos assim. Havia o medo de que estávamos ali para tirar o emprego deles — revelou Myriam. Ela ainda estranhou as famílias, muito menores do que imaginava, e menos unidas. — O clima familiar não era como eu esperava. As famílias são muito pequenas e há muitas pessoas solteiras morando com os pais até muito tarde, os mammoni. A minha família é muito unida, todo mundo e encontra nas festas de mais de 100 pessoas. Talvez essa decepção tenha sido por ter uma ideia errada do que
A loja fica na Asa Norte de Brasília
seria e também por esperar de lá o que existe na minha família italiana daqui — analisa. Myriam chegou sem falar nada de italiano e foi aprendendo pouco a pouco na escola. Admitiu que teve preconceito por ser latino-americana e por ser mulher trabalhando na cozinha. — Só havia eu e a minha prima na escola de imigrantes. O restante eram todos italianos. Isso talvez tenha acontecido porque fui para uma cidade pequena. Aos poucos, fomos conquistando a amizade das pessoas. No Brasil, a gente não tem nem direito de ser preconceituoso. Somos um país feito por todos os outros, africanos, espanhóis, italianos, gregos, japoneses,
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Gastronomia chineses, índios — comenta a ítalo-brasileira. A realização de um sonho aos 32 anos Depois de passar dois anos na Espanha, a dona da San Felice voltou a Brasília no final de 2009 para trabalhar no Hotel Meliã. — A ideia de montar a loja nasceu do meu companheiro Ricardo, da minha família e dos meus clientes que me encorajaram e me apoiaram nesse novo desafio. Não sou empreendedora, sou cozinheira. Sei fazer bem comidas e me dedico muito. Gosto de escolher bem os ingredientes. Decidi fazer massas, pois é o que eu sei fazer bem graças à minha avó e à escola italiana — comenta. A loja oferece aos clientes 12 tipos de massas recheadas — como ravióli caprese, ravióli de brie e damasco, tortelli di zucca e cappelletoni de ricota e presunto cru — e massas diversas, a exemplo da lasanha, dos rondelli, dos cannelloni e do inhoque. As integrais podem ser combinadas com 10 tipos de molhos, como o de funghi, o pesto e o de gengibre. O local também vende produtos como antepastos, embutidos, queijos, azeites e vinhos, sendo que muitos são importados da Itália. É possível podem comprar cotechino, zampone e outros produtos difíceis de encontrar no mercado brasileiro. E há sempre novidades. — Conheci um senhor italiano que vive no Brasil há 15 anos que faz um pesto com baru (uma castanha tradicional do Cerrado) muito bom, o qual vendo na loja. Os clientes são curiosos e querem conhecer novos produtos — comentou, satisfeita, a dona da loja que deixa a cozinha visível para que os clientes possam ver o trabalho. A massa mais pedida, além dos cappelletti da nonna Gera, são o
tortelloni ossobuco e os de queijo com mussarela de búfala, tomate seco e manjericão, ou só de mussarela. — O molho mediterrâneo com azeitonas pretas, tomate, manjericão e orégano é uma mistura que aprendi na Espanha e na Itália. A massa que menos vende é a de bacalhau , pois no Brasil não há muito o costume de comer massa com peixe — explicou Myriam.
A dona da oficina de massas com o companheiro Ricardo, que lhe deu a ideia de montar a loja
A relação com o pai Myriam Carvalho sempre se defendeu dos jornalistas que tentavam associar o seu trabalho com a figura do pai. — Os meus clientes não sabem de quem sou filha. Nunca tive vontade de estar próxima à política. As pessoas me perguntam por que eu não usufruo da facilidade, mas o meu negócio é outra coisa. Tenho um orgulho lascado do meu pai, porque a história dele é fantástica. Ele entrou no governo no primeiro ano do governo Lula, hoje é ministro da secretaria geral do governo e a vida dele não mudou. Meu pai sempre preservou muito os seus filhos. Somos três irmãos do primeiro casamento e agora o meu pai
O produto final: os cappelletti San Felice
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adotou mais duas irmãzinhas que adoram cappelletti e já os fecham com o recheio — conta a cuoca. Foi o ministro Gilberto Carvalho quem pesquisou a origens da família e achou seus familiares que ainda moram na Itália. Depois de abrir a loja, aconteceu uma coincidência muito bonita: Myriam recebeu uma ligação de uma senhora que lhe perguntou se a Corinna San Felice, citada no vídeo do site da loja, era casada com Egidio Ballarotti. — Eu confirmei o nome do meu trisavô e a senhora se apresentou como afilhada de Egidio Ballarotti e Corinna San Felice, os meus trisavôs que se conheceram no navio para o Brasil! Todas as massas e os molhos são artesanais, reproduzindo porque o carinho da nonna. — Aos 32 anos, tenho um sonho realizado e isso, sem dúvida, me faz uma pessoa muito feliz — conclui a chef ítalo-brasileira.
Mercado
Novidades que alimentam
Empresas italianas firmam parcerias e apresentam novidades no maior evento de gastronomia da América Latina Janaína Pereira De São Paulo
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aior evento de gastronomia na América Latina, a Fispal Food Service — Feira Internacional de Produtos e Serviços para a Alimentação Fora do Lar — chegou à sua 28ª edição este ano. Realizada no Pavilhão Expo Center Norte, em São Paulo, em junho, o evento representa uma oportunidade para que as empresas expositoras e compradores do setor possam ampliar a rede de relacionamentos e realizar bons negócios. Durante quatro dias, 1400 marcas expositoras e profissionais de todos os segmentos deste mercado — entre restaurantes, padarias, bares, lanchonetes, redes de fast-food, sorveterias, supermercados, empresas de catering e refeições coletivas, hotéis, cozinhas industriais e bufês — se encontram para conhecer as novidades do setor e participar de eventos de qualificação profissional. Foram mais de 65 mil visitantes e especificadores qualificados, que participaram, além da feira principal, dos eventos simultâneos Fispal Café, Fispal Hotel, TecnoSorvetes e, pela primeira vez, o Sial Brazil,
Salão Internacional de Alimentação para a América Latina. Juntas, as feiras formam um encontro completo do setor de gastronomia. Como nos anos anteriores, a Itália foi um dos destaques. A grande estrela made in Italy da feira foi o vinagre balsâmico da Casa Leonardi, uma azienda tradicional da região de Modena, que o produz desde o século XIX. O renomado produto é feito com as tradicionais uvas Trebbiano e Lambrusco. No estande, o proprietário da Casa Leonardi, Francesco, dava dicas de como usá-lo. — Nossa produção é toda oriunda de vinhedos próprios — informou Francesco Leonardi. Bralyx fecha parceria com a Italiana Imperia Durante a Fispal, a Bralyx, fornecedora nacional de equipamentos para a indústria alimentícia, anunciou parceria com a Italiana Imperia, empresa centenária que traz em seu portfólio a linha de máquinas Restaurant, composta por três modelos (elétrico, eletrônico e manual), com capacidade de produção média de até 12 quilos de massa por hora — ideal para produção de massas frescas artesanais para pequenos estabelecimentos.
O grande destaque italiano da feira Fispal Food Service foi o azeite balsâmico da Casa Leonardi, produzido desde o século XIX em Modena
— A vantagem da máquina é deixar a massa homogênea e fina por completo. Na mão, não se consegue o mesmo efeito — explicou o chef Píer Paolo Picchi. Líder no mercado nacional em venda e locação de máquinas profissionais de espresso, a Italian Coffee lançou a Faema (Emblema), uma máquina desenvolvida na Itália e assinada por um dos maiores designers da Ferrari, Giorgetto Giugiaro. O produto se destaca pela inovação e pela alta tecnologia aplicada. No Sial 2012, um dos destaques foi o Spazio Italia Gastronômico, que teve a participação de 11 empresas italianas da Região de Abruzzo e outras oito do Conzorsio Italia del Gusto, apresentando o melhor dos produtos agroalimentares do país. Promovido pela Câmara Italiana de São Paulo, em parceria com a Região de Abruzzo, o Centro Estere Camere di Comercio Abruzzo e o Conzorsio Italia del Gusto, a iniciativa procurou diversificar as exportações de alimentos e bebidas para o mercado brasileiro. O espaço destacou os vinhos, as massas, os queijos, os molhos de tomates, as conservas típicas, as azeitonas, os azeites de oliva extra virgem, os bolos e os biscoitos, o café, a água engarrafada e as bebidas em geral. — A ideia não é competir com os produtos brasileiros, mas ganhar espaço entre os importados que já estão no Brasil. Queremos mostrar o que temos de melhor e conquistar cada vez mais espaço — disse Lorenzo Neri, international area manager da rede de alimentos Montenegro, responsável pela Vecchia Romagna, fabricante de destilados que tem como carro-chefe o conhaque. O Spazio Italia Gastronômico apresentou ainda uma ampla programação de degustações, comandadas pelo chef Mario Tacconi, que preparou pratos com produtos típicos italianos.
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Mercado
Fatia gorda O setor de pizza é o mais bem sucedido do mercado delivery brasileiro e São Paulo se destaca com serviços e tecnologias apresentadas em feiras como a Expo Pizzaria Roldão Nathielle Hó
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la foi inventada em Nápoles, mas a popularidade dela é tão grande por aqui que se consagrou na expressão “tudo acaba em pizza”. Embora fuja da receita italiana original, a pizza brasileira, adaptada ao gosto dos consumidores de Norte a Sul do país, é um grande sucesso de mercado. Doce ou salgada, em unidade ou rodízio, a paixão nacional dura o ano todo. Os brasileiros só perdem para os norte-americanos no consumo da “redonda”. O estado que mais lucra é São Paulo, seguido por Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, 28
Minas Gerais e Bahia. Dados do Sebrae atestam que os paulistanos sofreram influência de sua grande colônia italiana, a ponto de ser a segunda cidade no mundo que mais vende a criação napolitana, perdendo somente para Nova York. A pesquisa do Sebrae mostrou que São Paulo conta com mais de 10 mil estabelecimentos especializados, onde são consumidas em média 43 milhões de pizzas por mês, com um faturamento anual de R$ 4 bilhões, e geração de mais de 100 mil empregos. O Sebrae também atesta que o segmento movimenta mais de R$ 20 bilhões ao ano em todo o país. O diretor da Associação Pizzarias Unidas do estado de São Paulo, Adilson Barboza, enfatiza que a pizza é
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Patricia Galasini, representante da JKPG, ressaltou que a Expo Pizzaria Roldão apresentou novidades em serviços e produtos, possibilitou rodadas de negócios e aproximou o atacadista do cliente
líder no mercado de entregas por ser um alimento rápido no preparo e consumo, e que agrada aos mais diversos paladares por conta de seus variados sabores, coisa que pouquíssimos pratos conseguem. — A pizza tem importância fundamental no setor de alimentação fora do lar por ser versátil e democrática. Atinge diferentes classes econômicas, com preços que vão de R$ 7 a R$ 90. A cultura da pizza no Brasil é um pouco conflitante. Ao mesmo tempo em que uma refeição com pizza no jantar é tratada como entretenimento e encontro social, temos um consumo razoável no café da manhã, normalmente o que ficou da noite anterior. Porém, ainda é baixo o consumo de pizza na hora do almoço, comum nos Estados Unidos — acrescenta Barboza. Evento apresenta novidades em serviços e produtos Devido à importância de São Paulo para o setor, aconteceu, em julho, no Anhembi Hall Nobre III, a Expo Pizzaria Roldão. O evento organizado pela Agência JKPG e Atacadista Roldão reuniu na cidade novidades
Preferências por cidade: SÃO PAULO 1º Mussarela 2º Calabresa 3º Portuguesa e frango com catupiry Na Expo Pizzaria Roldão, pizzaiolos testaram ingredientes e recheios na harmonização das massas com azeites e vinhos
Segundo Patricia, além dessas novidades, algumas empresas já estão adotando softwares especialmente desenvolvidos para o controle de gestão. Patricia lembra que, por conta da demanda crescente, foi criado em 2008 o Centro Tecnológico de Desenvolvimento de Pizzas e Massa, em São Paulo, com o objetivo de formar mão-de-obra especializada. Ronaldo Ayres, conhecido como o “senhor pizza”, ministra cursos para empreendedores e pizzaiolos na instituição e afirma que há a necessidade da profissionalização e da introdução de novas tecnologias na indústria da pizza. — Tem muita gente querendo abrir uma pizzaria no país, mas não sabe como fazer isso. O ramo exige ambiente de bom gosto, qualidade no atendimento e no produto. Não é fácil. A indústria ganhou sofisticação nos últimos anos, pois os fornecedores passaram a desenvolver tecnologias exclusivas — ressalta Ayres. Na cadeia produtiva, é importante a especialização profissional, acrescenta Galasini. — A formação do pizzaiolo empreendedor é vital para a profissionalização do negócio. A maior parte das pizzarias no Brasil é informal e trabalha na clandestinidade. Portanto, profissionalizar e informar é o caminho certo para o setor — garante a empresária. Um bom pizzaiolo tem emprego garantido e pode ganhar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês, segundo pesquisa do Sebrae. Outra atividade que lucra com o setor é a de motoboy. Uma legião de 60 mil deles sai às ruas todas as noites em São Paulo, numa atividade que é muitas vezes informal, mas que gera renda para milhares de famílias e abre as portas do mercado de trabalho para os jovens.
Sabores preferidos da redonda no Brasil 8%
30%
mussarela
calabresa
4%
10 azeitonas
napolitana
é a média por redonda. (São Paulo e Rio de Janeiro são mais econômicos: usam apenas 8 azeitonas por pizza)
16%
frango com catupiry
21%
275 gramas é a quantidade de mussarela usada por pizza
portuguesa
21%
marguerita Fonte: Associação Nacional de Restaurantes
PORTO ALEGRE 1º Calabresa 2º Portuguesa 3º Coração de galinha, napolitana e marguerita RIO DE JANEIRO 1º Calabresa 2º Marguerita 3º Portuguesa
Fonte: Associação Nacional de Restaurantes
relacionadas a ingredientes, equipamentos e serviços. A feira contou com workshops ministrados por profissionais do Senai, que orientaram sobre como abrir e manter um estabelecimento, atrair clientes e criar fidelização. Recheios, ingredientes e harmonização de pizzas com azeites e vinhos também foram assuntos tratados nas palestras. Empresas italianas que produzem farinhas e equipamentos como a Farinha 5 Stagione e GiMetal, marcaram presença, assim como as brasileiras do setor de maquinário, energia e insumos, como Moinho Santa Clara, Copagáz, Granomaq, Cimap e Beira Mar. Patricia Galasini, representante da JKPG, ressaltou que a exposição ofereceu às pequenas e médias empresas a oportunidade de mostrarem seus produtos e realizarem negócios. — Idealizamos um evento direcionado ao empresário da pizza e às indústrias fornecedoras de matérias-primas, com o objetivo de fomentar ainda mais o trade com inovações e conhecimento, e atrair novos empreendedores. Além disso, o atacadista não conhece seu cliente e a feira aproxima esses dois públicos — completou Galasini. Os visitantes puderam conhecer novidades, a exemplo dos fornos que consomem menos energia, fermentos ultra-rápidos, “melhoradores” de farinha, linhas de montagem para pizzarias delivery, masseiras “inteligentes”, boleadoras e abridora de massa. Na exposição também foram apresentadas pizzas integrais, feitas a partir de insumos orgânicos para atender as pessoas que preferem uma alimentação mais saudável.
BELO HORIZONTE 1º Marguerita 2º Frango com catupiry 3º Calabresa SALVADOR 1º Portuguesa 2º Frango com catupiry 3º Marguerita ou calabresa
No Sul, pizza de churrasco, no Rio, as doces, na Bahia, camarão A Associação Nacional dos Restaurantes fez uma análise das pizzas mais pedidas nas várias regiões do Brasil. A pesquisa de 2011 mostrou que a base da massa fina é a preferência nacional, que a média da borda é de 2,6 centímetros e que 5% das pizzas pedidas são doces. Na mesma pesquisa, a Associação avaliou as preferências pela redonda nas principais cidades do país. Os dados mostram que a pizza paulistana utiliza bastante mussarela, apesar de ser a única onde a calabresa não leva queijo. Apenas em São Paulo se prefere massa média. Já o gaúcho acrescenta churrasco em qualquer tipo de comida, inclusive na pizza. Entre os pedidos tradicionais na Região Sul, há sabores como coração de galinha e estrogonofe. Os cariocas gostam de sabores mais adocicados. Enquanto a média nacional de pizza doce é de 5%, no Rio chega a 15%. Em algumas pizzarias, o percentual chega a 30%. Por outro lado, nos estabelecimentos mineiros usa-se muito queijo de minas, e a pizza de fondue é muito pedida. Nos restaurantes da Bahia, os sabores são mais litorâneos, como as pizzas de camarão, peixe e outros frutos do mar.
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Gastronomia
O ponto mais alto
Terraço Itália festeja 45 anos de história em que se destaca não apenas pela alta gastronomia, comandada pelo chef Mancini, mas também por oferecer um inigualável panorama da capital paulista, instalado em torre de 165 metros Lisomar Silva
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De São Paulo
ual a melhor receita para se festejar quase meio século de sucesso em termos de hospitalidade e com ofertas gastronômicas de alto nível em um espaço panorâmico único, sem concorrentes? Antes de tudo, chamar um chef italiano capaz de entusiasmar o cliente com pratos bem elaborados e motivá-lo a voltar ao restaurante outras vezes, sobretudo em ocasiões especiais. Depois, dedicar a última semana de setembro a comemorações para surpreender o paladar dos clientes fiéis e ocasionais com ingredientes e matérias-primas simples, inclusive através da criação de uma sinfonia de sabores e aromas que revelam de maneira inconfundível as características da genuína cozinha italiana. A direção do Terraço Itália começou por convidar o chef Pasquale Mancini a coordenar 30 colaboradores, distribuídos em dois turnos na cozinha, para satisfazer e aguçar o paladar dos quase 15 mil clientes que escolhem a cada mês aquele privilegiado espaço para comemorar
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importantes momentos de suas vidas ou simplesmente usufruir da atmosfera agradável do lugar. Esta é uma das maneiras mais eficazes de renovar o cardápio da casa, sem perder de vista a genuína tradição gastronômica italiana. Originário de Arezzo, na Toscana, Pasquale Mancini foi escolhido após uma rigorosa seleção, mas o fato não o preocupa: — É gratificante ver meu trabalho valorizado, mas meu principal desafio será o de criar o ritmo adequado de trabalho nos quatro espaços do Terraço Itália. Essas premissas são mais simples de se satisfazer em cidades e lugares menores, como aconteceu comigo enquanto estive na Itália. Quero sinceramente que, quem vem ao Terraço Itália pela beleza do ambiente e do panorama, fique tão ou mais impressionado com os sabores que descobre aqui. E que retorne sempre.
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O chef Pasquale Mancini trabalhou em Florença por mais de 20 anos antes de chegar ao Brasil. Atuou na locanda toscana La Chiusa, que se distinguiu com a estrela do Guia Michelin
A paixão de Mancini pela cozinha e a gastronomia vem da adolescência: aos 14 anos, começou a trabalhar na trattoria Il Fagioli, de Florença, da qual foi sócio durante 22 anos. Mais tarde, passou para o restaurante da charmosa locanda toscana La Chiusa, que se distinguiu com a prestigiosa estrela do Guia Michelin. Agora, aos 53 anos, já assinou, no Brasil, o cardápio do Nico Pasta & Basta. Em companhia da esposa, a brasileira Elisabeth Vasconcellos, Pasquale aprende a se comunicar em português com seus colaboradores e lhes ensina as principais técnicas de preparação dos pratos com as terminologias da gastronomia italiana. Realiza uma estimulante troca de experiências: — Elisabeth se especializa nos doces e nas sobremesas em geral. Ao mesmo tempo, ela agiliza meu diálogo com os profissionais brasileiros que trabalham comigo. Sua contribuição é muito importante também na seleção dos ingredientes brasileiros usados nas receitas. Quem viaja mais exige mais As mãos de Pasquale Mancini mostram o rigor e a constância do cuoco toscano na elaboração dos mais tradicionais pratos da cozinha italiana. Ele não pretende revolucionar o cardápio de modo radical, mas é minucioso em matéria de equilíbrio entre sabores. Busca a maior precisão da realização de cada receita que, se possível, terá todos os seus ingredientes de origem italiana.
— Os brasileiros agora viajam muito mais que no passado. Quem viaja aprende a conhecer receitas e preparações conforme a tradição original de cada lugar. E isso exige mais de um chef que trabalha em um restaurante como o Terraço Itália. Desejo que o cliente se recorde por muito tempo do prato que tiver escolhido. Trabalho com minha equipe para conquistar este equilíbrio também através de uma boa relação entre qualidade e preço, desde a compra dos ingredientes até o valor final prato no cardápio — comenta. No aniversário da casa, haverá novidades nos cardápios do restaurante e do bar, além de eventos — sem perder de vista as bases das receitas clássicas italianas e da cozinha regional toscana, que une em algumas das receitas selecionadas os sabores da terra e do mar. No atual cardápio, já aparecem propostas que surpreendem os clientes, como os menus para degustação. Um deles é o Terrazzo Alla Terra (R$ 162), composto de salada de marreco com mostarda de Cremona e tomate, e inclui a tradicional massa toscana com ragu de coelho e o contrafilé cozido em vinho tinto e acompanhado com polenta cremosa. Os crustáceos e peixes de sabores bem definidos estão combinados em uma sequência de menu chamada Terrazzo al Mare (R$ 178) — medalhões de lagosta com trufas brancas em azeite, arroz italiano com bacalhau e camarões grelhados com terrine de aipo. Os dois menus incluem a escolha da sobremesa, que pode ser a Torta Fiorentina de chocolate e semifredo de chocolate, servidos com calda de morango, ou então uma torta de massa folhada com creme. A conclusão segue um dos hábitos mais característicos da Toscana, com biscoitos Cantucci, acompanhados do Vin Santo. Quem aprecia as massas recheadas vai encontrar as composições com ricota e espinafre, servidas com molho de pato (R$ 82), ou pratos à base de carnes, como o javali servido com polenta cremosa (R$ 94), que começam a serem propostas com maior frequência aos consumidores.
no cenário gastronômico nacional e internacional há 45 anos. Quem entra em um dos quatro ambientes admira a cidade de São Paulo a seus pés, vendo o horizonte a 360 graus em uma altura de 165 metros. O bar oferece vista para a zona Norte e a Serra da Cantareira. Nas salas Nobre e Panorama, acontecem jantares à luz de velas com música ao vivo e vista para a Zona Sul, com destaque para a Avenida Paulista — além do espaço dedicado a eventos sociais e corporativos. Uma das magias do lugar é a de que o cenário nunca se repete embora esteja sempre relacionado com o mesmo espaço físico, como explica o maître e sommelier Francisco Everaldo de Freitas. — Trabalho aqui há 29 anos. Vejo a direção e a chegada de eventuais chuvas, o deslocamento das nuvens, a limpidez do céu ou a intensidade de um pôr-do-sol. Especial mesmo, porém, é vir para tomar um coquetel e admirar o crepúsculo ou jantar em uma noite de lua cheia. A cidade ganha uma feição luminosa diferente também no período das festas de fim de ano, com espetáculos pirotécnicos e decorações coloridas. Freitas gerencia a equipe de garçons e o barman do Terraço Itália, administrando também a carta de vinhos, que reúne cerca de 230 rótulos em adega, vindos na maioria da Itália. Ele aprecia muito a genuinidade dos pratos preparados por Mancini. — Houve épocas em que os chefs simplesmente copiavam os pratos da cozinha internacional sem muita criatividade. Hoje, especialmente no caso de Pasquale, existe a curiosidade de criar e até inventar pratos, mas com aromas e combinações que respeitam a genuinidade da receita original — analisa Freitas, que cita alguns dos pratos que já experimentou a convite do chef, como o Spaghetti
“Os brasileiros viajam muito mais que no passado. E quem viaja, aprende a conhecer receitas e preparações conforme as tradições originais. Tudo isso exige mais de um chef que trabalha em um restaurante como o Terraço Itália” Pasquale Mancini, chef italiano
O Terraço Itália, além de berço da alta gastronomia italiana, é um dos pontos turísticos de São Paulo por oferecer o mais belo panorama no ponto mais alto da cidade
alla Carbonara, a Carne com Lascas de Trufas Negras, o Risotto alla Parmiggiana ou as Papardelle al Ragu de Vitela. Alguns dos pratos do cardápio recebem a finalização com óleo extravirgem de primeira qualidade, detalhe que exalta o sabor de todos os ingredientes. Freitas também conta as reações dos clientes do restaurante. — Nas décadas de 1980 e 1990, muitas pessoas vinham para serem vistas e recordar o panorama da cidade, deixando para um segundo plano a memória e a lembrança dos pratos que escolhiam. A clientela de hoje pertence a várias faixas de idade e tem curiosidade de saber como os pratos são realizados, que ingredientes nacionais ou importados são usados, e que vinhos caem bem no acompanhamento. Muitos dos quase 15 mil clientes que vêm a cada mês ao restaurante retornam mais pelo fato de recordarem as sensações de entusiasmo e curiosidade que tiveram com os pratos saboreados do que pelo panorama urbano de São Paulo — afirma. Para o maître e sommelier, o paladar da clientela começa a mudar quanto ao consumo de vinhos durante as refeições: — Eles se informam cada vez mais sobre o que querem antes de
Ponto turístico a 165 metros O Terraço Itália, que já é uma importante atração turística por conta da vista panorâmica inigualável da cidade de São Paulo, é referência com unit àit aliana | agost o 2012
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Gastronomia O Terraço Itália foi construído como um presente que o italiano Evaristo Comolatti fez à capital paulista devido ao sucesso que alcançou como empresário, após deixar a Itália em 1948 chegar ao restaurante, seja em relação aos vinhos tintos e brancos, seja em relação aos importados ou nacionais. Muitas vezes nossas conversações são estimulantes, pois se transformam em uma oportunidade de troca de ideias e experiências. Esse interesse cada vez maior está ligado ao número crescente de viajantes que degustam vários produtos no exterior, acredita Freitas, que se sente, assim, estimulado a se atualizar sobre as novidades gastronômicas nacionais e estrangeiras. Noivados são oficializados com o máximo de requinte O cliente é recebido como se estivessem entrando na casa de um amigo para viver uma ocasião muito especial ou festejar datas importantes de suas vidas. O maître Freitas organiza um rito dedicado aos casais que oficializam seu enlace: quase ao final do jantar, leva à mesa as alianças de noivado,
apoiadas em uma pequena bandeja de prata coberta por uma cloche decorada com flores perfumadas. A alta qualidade das preparações na cozinha e o elevado padrão no serviço de encontram bases sólidas e inovadoras também na competência profissional de André Marques, jovem gerente geral que há dois anos trocou sua afirmada experiência no setor hoteleiro pela possibilidade de transferir seus conhecimentos ao local. André usou sua determinação em reoganizar, em modo cuidadoso e gradual, os ambientes do restaurante para satisfazer as exigências diferenciadas dos clientes. Ele conta o resultado de sua experiência: — Na verdade, há muito em comum. O Terraço é um restaurante que pode receber 400 clientes ao mesmo tempo e, assim como muitos hotéis, possui uma grande diversidade de perfis de clientes e com expectativas diferentes que devem ser identificadas no momento. Em uma noite, por exemplo, podemos ter no mesmo ambiente, uma família celebrando um aniversário, um jantar de negócios e um pedido de casamento, enquanto em outro ambiente acontece um jantar harmonizado com vinhos de primeira linha ou uma empresa lançando um produto. Para orientar a clientela dentro dos espaços, Marques criou alguns parâmetros de informação: — Cerca de 70% de nossos clientes fazem reserva. No momento do contato, podemos entender quais são as suas expectativas e endereçá-lo ao espaço que
O sommelier e maître Francisco Freitas, responsável pela adega do Terraço Itália, ressalta que muitos clientes trocam experiências com ele sobre vinhos estrangeiros e gastronomia internacional
mais o agrada. Assim, os que procuram uma atmosfera romântica para ocasiões especiais não se sentem condicionados pela presença de clientes que se reúnem para um happy hour mais animado. André Marques aplica o princípio fundamental de jamais subestimar as expectativas da clientela, especialmente em um ambiente que, por sua apresentação, representa o cartão de visitas por excelência da cidade de São Paulo no Brasil e no exterior. Assim como um resort ou um navio de cruzeiro, o Terraço Itália vende experiências, analisa. — Nosso cliente espera mais que uma refeição. Muitas vezes, é a realização de um sonho. Temos reservas feitas com muita antecipação, o que nos permite de estarmos bem preparados para receber nossos clientes com toda a atenção que merecem. Nossa grande responsabilidade reside no fato que, aqui, tudo é importante, da comida à atmosfera do lugar. Os clientes querem e merecem viver e repetir suas experiências de sonhos neste cenário.
Homenagem de Comolatti a São Paulo
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ma exposição fotográfica com inauguração programada para 29 de setembro vai marcar a festa dos 45 anos de atividades do Restaurante Itália, instalado no alto do Edifício Itália, de propriedade do Grupo Comolatti. Projetado pelo arquiteto alemão Adolf Franz Heep — que chegou ao Brasil em 1947 — o edifício representa um dos mais importantes exemplos de arquitetura verticalizada no Brasil. O Terraço Itália foi um presente que o italiano Evaristo Comolatti fez à cidade devido ao sucesso que alcançou como empresário após deixar a Itália em 1948. O período era de expansão urbana que parecia oferecer grandes oportunidades para negócios. Evaristo Comolatti também ficou impressionado com o panorama vislumbrado do topo do prédio, a 165 metros do chão. As obras foram rápidas e permitiram a inauguração do restaurante em 29 de setembro de 1967. Atualmente, o restaurante é administrado por Sérgio Comolatti, filho de Evaristo. O local sofreu uma grande reforma em 1994, quando ganhou decoração assinada pelo arquiteto Jorge Elias. O restaurante tem quatro ambientes abertos ao público e representa um dos pontos principais para en-
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contros de negócios e reuniões familiares. Os clientes também contam com um serviço de bar, com vasta carta de coquetéis e música ao vivo, além de espaços destinados para eventos sociais e corporativos. A Sala Nobre é destinada ao almoço. Grandes empresários, intelectuais e artistas passaram por seus salões para apreciar a vista panorâmica de São Paulo, que a voz de Mick Jagger classificou como a “Nova York dos trópicos”. Muitos clientes importantes, chefes de governo e personalidades do mundo esportivo, artístico e intelectual passam pelos seus salões. A rainha Elisabeth II da Inglaterra, a imperatriz Michiko do Japão e Indira Gandhi — primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do governo indiano — já admiraram o panorama paulistano das grandes janelas do Terraço Itália, além de jogadores do naipe de Franz Beckenbauer e músicos como Ray Coniff. Artistas queridos do grande público como Irene Ravache, Toni Ramos, Ivete Sangalo e o elenco da peça teatral Equus, com o diretor Alexandre Reinecke, sempre festejam momentos importantes para suas carreiras no local. Certamente, alguns deles festejarão também os 45 anos do estabelecimento.
Notícias
O enigma de Affonso Romano
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Leão de Ouro
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novo filme de Marco Bellocchio, Bella Addormentata, é o principal concorrente italiano ao Leão de Ouro da 69ª edição do Festival de Veneza — que acontece de 29 de agosto a 8 de setembro. È Stato Il Figlio, de Daniele Ciprì, e Un Giorno Speciale, de Francesca Comencini, são os outros representantes do país. Entre os concorrentes de língua inglesa, To The Wonder, de Terrence Malick, e Passion, de Brian De Palma, são fortes candidatos. A competição conta ainda com nomes conhecidos dos festivais como o francês Olivier Assayas com Après Mai e o filipino Brillante Mendoza com Thy Womb. Fora de competição serão exibidos os novos filmes de Robert Redford, Spike Lee e do português Manoel de Oliveira, cineasta mais velho em atividade no mundo, com 103 anos. O festival abre com The Reluctant Fundamentalist, de Mira Nair, e encerra com L’Homme Qui Rit, de Jean-Pierre Ameris. O júri será presidido pelo cineasta americano Michael Mann.
caba de sair a edição italiana de O Enigma Vazio, do escritor Affonso Romano de Sant’Anna. Editado pela Nicomp, de Florença, traz uma análise dos principais sofismas em que se baseia a arte conceitual e propõe uma episteme para a reavaliação da arte do século XX. O autor recorre à linguística, à filosofia, à retórica e à análise literária para pôr a arte e a crítica no divã. Em alguns momentos, desconstrói seus discursos e argumentos e aponta seus exageros e contradições.
Mecenas Techint é a nova patrocinadora do MAM, o Museu de
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Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em parceria com a TenarisConfab, do mesmo grupo, patrocina também a exposição das esculturas de Alberto Giacometti, em cartaz no local até 9 de setembro. O grupo Techint foi fundado pelo engenheiro italiano Agostino Rocca, em 1945. A TenarisConfab chegou a ganhar um prêmio do jornal Brasil Econômico, que selecionou as empresas com os melhores resultados financeiros em 2011, na categoria Metalurgia e Siderurgia.
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Atualidade
Um novo
modelo de vida
Un nuovo modello di vita Criador do conceito de ócio criativo lança livro no Brasil e conclama os intelectuais tupiniquins a criarem um novo modelo cultural para um mundo mergulhado em uma profunda crise econômica e de valores
Creatore del concetto di ozio creativo, lancia libro in Brasile e si appella agli intellettuali tupiniquins per creare un nuovo modello culturale, per un mondo immerso in una profonda crisi sia economica sia di valori
Cintia Salomão Castro
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o alto de seus 74 anos, Domenico De Masi transpira o entusiasmo e a voglia di fare ausente em muitos jovens do século XXI. O sociólogo, famoso no Brasil por conta da teoria do ócio criativo, esteve na cidade que mais ama, depois de Nápoles e Roma, para participar do Congresso Nacional de Inovação, Trabalho e Educação Corporativa, organizado no Rio pela Anitec, que também contou com a participação do pensador francês Pierre Lévy, no final de julho. Diante de um púbico extasiado, De Masi, com inconfundível carisma napolitano, demonstrou que sabe falar de assuntos tão sérios como a crise do modelo de vida ocidental sem deixar de arrancar risadas do público. “O Brasil copiou por 450 anos o modelo europeu. Por 50 anos, o americano. E agora? O que vai copiar? Os intelectuais brasileiros, agora, têm o dever 34
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all’alto dei suoi 74 anni Domenico De Masi emana l’entusiasmo e la voglia di fare che manca a molti giovani del XXI secolo. Il sociologo, famoso in Brasile per la sua teoria sull’ozio creativo, è stato nella città che più ama, dopo Napoli e Roma, per partecipare al Congresso Nazionale di Innovazione, Lavoro ed Educazione Corporativa, organizzato a Rio dalla Anitec alla fine di luglio, che ha contato anche sulla partecipazione del pensatore francese Pierre Lévy. Di fronte ad un pubblico estasiato De Masi, con il suo inconfondibile carisma napoletano, ha dimostrato di saper parlare su assunti molto seri come la crisi del modello di vita occidentale, ma riuscendo a provocare risate nel pubblico. “Il Brasile ha copiato per 450 anni il modello europeo. Per 50 anni, quello americano. E adesso? Quale copierà? Gli intellettuali brasiliani ora hanno il dovere di
Marcos Queiroz
com unit Ă it aliana | agost o 2012
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Atualidade
de criar um modelo autônomo de cultura”, lança aos pensadores do país que mais tem estado em evidência no mundo. A “provocação” de De Masi estará em debate daqui a dois meses, em Paraty (RJ), de 31 de outubro a 2 de novembro, em um evento que reunirá intelectuais e artistas brasileiros, além de contar com a presença e a consultoria do escritor italiano, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza. Se o Brasil quiser ser um país de primeiro mundo, deve apostar, sobretudo, na produção de ideias, alerta. “A sociedade pós-industrial é marcada pela circulação de bens simbólicos. Possuir fábricas não equivale a estar no primeiro mundo, que é caracterizado por universidades, laboratórios de pesquisa e veículos de comunicação de qualidade. O destino do terceiro mundo é concentrar fábricas, mão-de-obra barata e matérias-primas”, analisa. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre o livro que acaba de ser lançado no Brasil, A Felicidade, além de um novo trabalho que deve ser publicado ainda em 2012, a crise na Itália e o Brasil como o lugar ideal para se viver a felicidade a partir do ócio criativo — conceito lançado por ele há 10 anos. Comunità Italiana - O senhor presidiu a Fundação Ravello de 2002 a 2010, período em que foi proposto e construído o auditório projetado por Oscar Niemeyer, após muitas polêmicas. Atualmente, o teatro é palco de concertos do Ravello Festival, de julho a setembro, organizado pela Fundação. O senhor pode falar um pouco desse processo que levou alguns anos? Domenico De Masi - A beleza local é medieval e colocar uma obra de arte contemporânea assim, revolucionária, exigiu seis anos de debate, discussões e autorizações. Foi um tempo necessário para superar todos os problemas burocráticos, o que é compreensível. Antes da construção, uma parte da cidade era entusiasta, outra era contrária, como sempre acontece quando surge uma obra de arte que revoluciona. Pensei que o start up fosse durar poucos meses, mas
Domenico De Masi e Oscar Niemeyer: o arquiteto é o autor do projeto do auditório de Ravello, cuja construção suscitou polêmicas entre parte da população da cidade, situada na Costa Amalfitana
Domenico De Masi e Oscar Niemeyer: l’architetto è l’autore del progetto dell’auditorio di Ravello, la cui costruzione ha suscitato polemiche tra la popolazione della città, situata nella Costa Amalfitana
creare un modello autonomo di cultura”, manda a dire a quei pensatori del paese che godono di stima nel mondo. La “provocazione” di De Masi sarà dibattuta fra due mesi a Paraty (RJ), dal 31 ottobre al 2 novembre, durante un evento che riunirà intellettuali e artisti brasiliani, oltre a contare sulla presenza e la consulenza dello scrittore italiano, professore di Sociologia del Lavoro alla Università La Sapienza. De Masi avverte che, se il Brasile vuole essere un paese del primo mondo, deve puntare soprattutto sulla produzione di idee. “La società postindustriale è segnata dalla circolazione di beni simbolici. Possedere fabbriche non equivale a stare nel primo mondo, che è caratterizzato da università, laboratori di ricerca e veicoli di comunicazione di qualità. Il destino del terzo mondo è quello di concentrare fabbriche, manodopera a basso costo e materie prime”, è la sua analisi. Durante un’intervista esclusiva, parla del libro che sta lanciando in Brasile, La felicità, oltre ad un nuovo lavoro che sarà pubblicato sempre nel 2012, sulla crisi in Italia,e sul Brasile come il luogo ideale per vivere felici a partire dall’ozio creativo — concetto lanciato da lui 10 anni fa. Comunità Italiana - Lei è stato a capo della Fondazione Ravello dal 2002 al 2010, periodo in cui è stato proposto e poi costruito l’auditorio progettato da Oscar Niemeyer, seguito da molte polemiche. Attualmente il teatro è sede di concerti del Ravello Festival, da luglio a settembre, organizzato dalla Fondazione. Ci potrebbe parlare un po’ di quest’iniziativa che ha avuto bisogno di anni per arrivare in porto? Domenico De Masi - La bellezza del luogo risale al medioevo, e inserirvi un’opera di arte contemporanea, se posso dire, rivoluzionaria, ha significato sei anni di dibattiti, discussioni e autorizzazioni. È stato il tempo necessario per superare tutti i problemi burocratici, il che è comprensibile. Prima della costruzione una parte della città ne era entusiasta, un’altra era contraria, come succede sempre quando sorge un’opera di arte che rivoluziona. Avevo pensato che lo start up durasse pochi mesi, ma è durato qualche anno. L’inaugurazione è avvenuta a gennaio 2010, e adesso finalmente sono presentati nell’auditorio molti spettacoli, anche perchè c’è stato un accordo tra il Comune di Ravello e l’organizzazione del Festival. La cosa più
Marcos Queiroz
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Arquivo pessoal
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durou alguns anos. A inauguração aconteceu em janeiro de 2010 e, agora, finalmente acontecem muitos espetáculos no auditório, até porque houve um acordo entre o Comune de Ravello e a organização do festival. A coisa mais interessante é que a cada dia, dezenas de turistas visitam o monumento, que virou uma atração turística de qualidade. Ravello tem a sua estratégia de marketing no turismo cultural e realiza o festival de julho a setembro. A partir deste ano, acontecem concertos durante o inverno. Aos poucos, o local é valorizado em modo fisiológico. CI – Por que o senhor decidiu escrever um livro sobre a felicidade? DM - O livro nasceu porque um banco italiano me pediu para fazer um livro com fotografias. Então, escolhi Oliviero Toscani, o fotógrafo italiano mais famoso, que fez campanhas para a Benetton. Ele sempre faz fotos muito figurativas. No entanto, eu afirmei que a felicidade é uma coisa abstrata, não concreta. Oliviero, pela primeira vez, fez fotos abstratas. Pensei também no livro de maneira pontual, feito “em pontos”. Peguei pensamentos de grandes pensadores ocidentais e depois coloquei a minha parte. A primeira parte ilustra a história da felicidade, reunindo conceitos de gregos, romanos, da Idade Média cristã, do iluminismo, do renascimento, do barroco e da modernidade. Na segunda parte, estão os fatores que influenciam a felicidade, como o tempo, o espaço, a riqueza, a beleza. Depois, estão os seus amigos e inimigos, como as viagens e o tempo. Enfim, concluo que a felicidade não é um direito, mas um dever.
Possuir fábricas não equivale a estar no primeiro mundo, que é caracterizado por universidades, laboratórios de pesquisa e veículos de comunicação de qualidade Não pretende ser um tratado sobre a felicidade, é um livro-jogo, quase uma brincadeira entre mim e Oliviero. Cria um desafio a ele no plano fotográfico e a mim no plano dos conceitos. Deve ser lido em ócio criativo, não em uma situação muito atenta como um tratado. CI – Como definir felicidade? DM - Eu cheguei à conclusão de que não existe uma felicidade permanente, como não existe uma dor permanente. Existem momentos felizes e momentos de dor. O conceito de felicidade muda muito de acordo com o tempo: alguns apostam no que existe neste mundo, e outros no que existe além deste mundo. E a situação atual da sociedade industrial e pós-industrial conferiu à felicidade uma visão consumista: ela depende daquilo que eu compro, e não daquilo que eu sou. Há uma necessidade de retomar uma centralidade humana em relação ao conceito de felicidade. Tal centralidade seria melhor tratar em um outro livro (que provavelmente eu não farei), no qual se trate do assunto sob o ponto de vista dos grandes pensadores orientais, ou seja, a felicidade de acordo com o hinduísmo, o confucionismo e o budismo,
interessante è che ogni giorno decine di turisti visitano il monumento, che è diventato un’attrazione turistica di qualità. Ravello ha la sua strategia di marketing nel turismo culturale, e realizza il festival da luglio a settembre. A partire da quest’ anno ci saranno concerti durante l’inverno. Poco alla volta il luogo viene valorizzato in modo fisiologico.
Possedere fabbriche non equivale a far parte del primo mondo, che è caratterizzato da università, laboratori di ricerca e mezzi di comunicazione di qualità
CI – Perchè ha deciso di scrivere un libro sulla felicità? DM - Il libro è nato perchè una banca italiana mi ha chiesto di fare un libro con fotografie. Allora ho scelto Oliviero Toscani, il fotografo italiano più famoso, che ha fatto campagne per Benetton. Lui fa sempre foto molto figurative. In tutto ciò ho affermato che la felicità è una cosa astratta, non è concreta. Oliviero, per la prima volta, ha fatto foto astratte. Ho anche pensato al libro in modo puntuale, fatto “su punti”. Ho preso in esame il pensiero di grandi pensatori occidentali e dopo ci ho messo la mia parte. La prima parte illustra la storia della felicità, riunendo concetti di greci, romani, del Medioevo cristiano, dell’Illuminismo, del Rinascimento, del barocco e dell’età moderna. Nella seconda parte ci sono i fattori che influenzano la felicità, come il tempo, lo spazio, la ricchezza, la bellezza. Poi ci sono i suoi amici e nemici, come i viaggi e il tempo. Infine concludo dicendo che la felicità non è un diritto, ma un dovere. Non pretende di essere un trattato sulla felicità, è un libro-gioco, quasi un divertimento tra me e Oliviero. Si tratta di una sfida per lui sul piano fotografico, e per me sul piano concettuale. Deve essere letto nell’ozio creativo, non in una situazione di attenzione come si legge un trattato. CI – Come definire la felicità? DM – Io sono arrivato alla conclusione che non esiste una felicità permanente, come non esiste un dolore permanente. Esistono momenti felici e momenti dolorosi. Il concetto di felicità cambia molto col tempo: alcuni puntano tutto sulle cose che esistono in questo mondo, altri su quello che esiste al di là di questo mondo. E la situazione attuale della società industriale e postindustriale ha conferito alla felicità una visione consumista: dipende da quello che io compro, e non da quello che io sono. C’è bisogno di riprendersi una centralità umana in rapporto al concetto di felicità. Questa centralità sarebbe meglio trattarla in un altro com unit àit aliana | agost o 2012
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CI – O Brasil é citado no livro como o local ideal para viver a felicidade, como já havia sido citado pelo senhor como país aconselhado para exercitar o ócio criativo. E agora que o país vive um boom econômico? DM - Agora é perigoso. A felicidade não é de ricos ou de pobres. Quando um país fica rico, há o risco que enriqueça à moda norte-americana, e então a felicidade fica ligada ao consumismo. E sabemos que isto não é verdade. CI – O senhor está escrevendo algum livro no momento? DM - Estou escrevendo um livro que vou mandar para o meu editor ainda este mês, sobre o modelo brasileiro, que será breve como O Ócio Criativo, e procurará responder à pergunta: onde é melhor viver hoje? Todos nós nos colocamos essa pergunta, é melhor viver na Itália ou Brasil, em Nova York ou em Tóquio, em Milão ou em Roma? A obra pretende analisar os modelos de vida de hoje, chegando à conclusão de que o melhor modelo de vida neste momento é o brasileiro. Nele, analiso os principais modelos existentes, com seus prós e contras: o confucionismo da China, o budismo da Índia, o xintoísmo do Japão, o islamismo nos países muçulmanos, a Suécia, a Noruega, a Inglaterra, a Europa mediterrânea, os Estados Unidos, o Brasil. Não é que seja o paraíso, mas o brasileiro é o menos pior. Alguns países estão em desenvolvimento e outros em decrescimento. Alguns países em crescimento são democracias, enquanto outros não o são. O Brasil é uma democracia. Substancial, não em tudo, pois não existe um local onde a democracia seja total. O Brasil não é homogêneo, é variado, há coisas terríveis e coisas maravilhosas. As universidades brasileiras, públicas e privadas, são melhores do que as italianas. Há uma injustiça social terrível entre ricos e pobres, mas é uma democracia, enquanto a China não o é; a Índia é uma falsa democracia, pois a família Nehru-Gandhi exerce o poder há 47 anos; e, no mundo islâmico, há um extremismo religioso inexistente no Brasil. O país praticamente não tem conflitos com os países vizinhos, abriga 42 etnias onde há uma convivência pacífica, diferente do que acontece na Índia entre cristãos, budistas e hinduístas. Não é um modelo perfeito, mas é o único onde as distâncias sociais, em vez de aumentarem, diminuem. CI – Por que a Itália chegou à crise atual? DM - A Itália foi um dos primeiros países do mundo a se transformar de industrial a pós-industrial: ou seja, a indústria continuou importante, porém a economia se baseou na produção de informações, valores, símbolos, estética. O design italiano, a moda, a gastronomia, o vinho e tudo que tem a ver com o bem-estar exemplificam isso. Em nossa estrutura social, a classe média é mais numerosa do que no Brasil. Mas tivemos por quase 20 anos Berlusconi no poder, o que foi uma tragédia sob todos os pontos de vista. Houve uma queda de valores, um empurrão forte ao consumismo, a política foi considerada secundária, a economia devorou a política, as finanças devoraram a economia, agora as agências de rating estão 38
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correntes para as quais a felicidade está no centro da especulação filosófica.
libro (che probabilmente io non scriverei), che trattasse il tema dal punto di vista dei grandi pensatori orientali, ossia la felicità secondo l’induismo, il confucianesimo e il buddismo, correnti secondo le quali la felicità si trova al centro della speculazione filosofica. CI – Il Brasile viene citato nel libro come il luogo ideale per vivere la felicità, come era già stato citato da lei come paese suggerito per esercitare l’ozio creativo. E adesso che il paese vive un boom economico? DM – Adesso è pericoloso. La felicità non è cosa di ricchi o di poveri. Quando un paese diventa ricco, c’è il rischio che arricchisca alla moda nordamericana, e perciò la felicità è legata al consumismo. E sappiamo che questo non è vero. CI – Lei ora sta scrivendo qualche libro? DM – Sto scrivendo un libro che manderò al mio editore proprio questo mese, sul modello brasiliano, che sarà breve come L’Ozio Creativo, e cercherà di rispondere alla domanda: dove è meglio vivere oggi? Tutti noi ci facciamo questa domanda, è meglio vivere in Italia o in Brasile, a New York o a Tokyo, a Milano o a Roma? L’opera pretende di analizzare i modelli di vita odierni, arrivando alla conclusione che il modello di vita migliore in questo momento è quello brasiliano. Nel libro prendo in esame i principali modelli esistenti, con i suoi pro e contro: il confucianesimo della Cina, il buddismo dell’India, lo scintoismo del Giappone, l’islamismo dei paesi mussulmani, la Svezia, la Norvegia, l’Inghilterra, l’Europa mediterranea, gli Stati Uniti, il Brasile. Non è che sia il paradiso, ma il brasiliano è il meno peggio. Alcuni paesi sono in fase di sviluppo e altri in recessione. Alcuni
paesi in crescita sono democrazie, mentre altri non lo sono. Il Brasile è una democrazia. Sostanziale, non in tutto, poichè non esiste un luogo dove la democrazia sia completa. Il Brasile non è omogeneo, è svariato, ci sono cose terribili e cose meravigliose. Le università brasiliane, pubbliche e private, sono migliori di quelle italiane. C’è una terribile ingiustizia tra ricchi e poveri, ma è una democrazia, mentre la Cina non lo è; l’India è una falsa democrazia, dato che la famiglia Nehru-Gandhi eserce il potere da 47 anni; e, nel mondo islamico, c’è un estremismo religioso inesistente in Brasile. Il paese praticamente non ha conflitti con i paesi vicini, accoglie 42 etnie fra le quali c’è una convivenza pacifica, differente da quello che succede in India fra cristiani, buddisti e induisti. Non è un modello perfetto, ma è l’unico dove le differenze sociali, invece di aumentare, diminuiscono.
A Itália foi um dos primeiros países a se transformar de industrial a pós-industrial: a economia se baseou na produção de informações, símbolos, estética. O design italiano, a moda e a gastronomia são exemplos disso devorando as finanças. Temos uma progressiva redução do crescimento do PIB, que crescia 6 pontos nos anos 1950 e chegou a -2 este ano. Tivemos um decrescimento permanente e não percebemos isso, pois a nossa renda per capita ainda é alta, de US$ 31 mil, enquanto o índice brasileiro é de US$ 8 mil. Tínhamos uma distribuição de renda forte, mas no governo Berlusconi se enfraqueceu. Neste momento, 10 pessoas na Itália têm a renda de 3 milhões de pobres. Nós não éramos assim. Os políticos não são capazes de resolver o problema que criaram. Hoje, temos um governo técnico, mas são técnicos que tomam decisões políticas. Decidem como deve ser organizada a escola, a televisão, como será distribuído o welfare. Este é o governo mais à direita que temos na Itália nos últimos 50 anos, mas é uma direita equilibrada: é a primeira vez que temos uma direita não fascista nem populista,
L’Italia è stato uno dei primi paesi a trasformarsi da paese industriale in postindustriale: l’economia aveva posto le basi producendo informazioni, simboli, estetica. Il design italiano, la moda e la gastronomia ne sono l’esempio
CI – Perchè l’Italia è giunta alla crisi attuale? DM – L’Italia è stato uno dei primi paesi del mondo a trasformarsi da industriale in postindustriale: ossia, l’industria ha continuato ad essere importante, tuttavia l’economia si è basata sulla produzione di informazioni, valori, simboli, estetica. Il design italiano, la moda, la gastronomia, il vino e tutto quello che ha a che fare col benessere lo spiega. Nella nostra struttura sociale la classe media è più numerosa di quella brasiliana. Ma abbiamo avuto per quasi 20 anni Berlusconi al potere, il che è stato una tragedia sotto tutti i punti di vista. C’è stata una caduta di valori, una spinta forte al consumismo, la politica è stata considerata di secondaria importanza, l’economia ha divorato la politica, le finanze hanno divorato l’economia, e adesso le agenzie di rating stanno divorando le finanze. Assistiamo ad una progressiva riduzione della crescita del PIL, che cresceva di 6 punti negli anni ‘50 e quest’anno è arrivato a -2. Abbiamo avuto una diminuzione permanente della crescita e non l’abbiamo percepito, dato che il nostro reddito pro capite è ancora alto, di US$ 31 mila, mentre l’indice brasiliano è di US$ 8 mil. Avevamo una forte distribuzione del reddito, ma durante il governo Berlusconi si è indebolita. In questo momento 10 persone in Italia hanno un reddito equivalente a quello di 3 milioni di poveri. Noi non eravamo così. I politici non sono capaci di risolvere il problema che hanno creato. Adesso abbiamo un governo tecnico, ma sono tecnici che prendono decisioni politiche. Decidono come dev’essere organizzata la scuola, la televisione, come sarà distribuito il welfare. Questo è il governo più a destra che abbiamo avuto in Italia negli ultimi 50 anni, ma è una destra equilibrata: è la prima volta che abbiamo una destra non fascista né populista, anche se si regge sull’ appoggio della sinistra. È un governo che può porre riparo ai problemi, ma non darà uno spintone al paese, che dovrà essere economico e morale. L’ importante per un paese non è avere ricchezza, ma piuttosto avere un entusiasmo e una coesione che portino a produrre e distribuire. Il Brasile ha avuto la fortuna di avere una sequenza molto positiva: il governo Fernando Henrique ha rinsaldato l’economia e accumulato ricchezza, e quello di Lula l’ha distribuita. Sarebbe stato un problema se fosse venuto prima Lula e poi FHC. L’Italia, a sua volta, né produce né distribuisce. CI – Lei parla di crisi di valori e della necessità di inventare un nuovo paradigma... DM - Il comunismo sapeva distribuire la ricchezza, ma non sapeva produrre, mentre il capitalismo sa produrre, ma non sa distribuire. Il comunismo ha perso, ma com unit àit aliana | agost o 2012
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Capa
Atualidade
Não existe crescimento infinito em um mundo finito. Sair da crise não é aumentar a renda, como acreditam o premier italiano e o Obama. E esse é o perigo no qual o Brasil pode cair embora se sustente com o apoio da esquerda. É um governo que pode reparar os problemas, mas não dará um empurrão ao país, que deve ser econômico e moral. O importante para um país não é ter riqueza, e sim um entusiasmo e uma coesão que levam a produzir e distribuir. O Brasil teve a sorte de ter tido uma sequência muito positiva: o governo Fernando Henrique saldou a economia e acumulou riqueza, e o de Lula a distribuiu. Problema seria se primeiro tivesse vindo Lula, e depois FHC. A Itália, por sua vez, não produz nem distribui.
Non esiste crescita infinita in un mondo finito. Uscire dalla crisi non significa aumentare il reddito, come pensano il premier italiano e Obama. E questo è il pericolo in cui può cadere il Brasile
CI – O senhor fala em crise de valores e a necessidade de se inventar um novo paradigma... DM - O comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzir, enquanto o capitalismo sabe produzir, mas não distribuir. O comunismo perdeu, mas o capitalismo não venceu. Não somos capazes de criar um novo modelo de vida. Não apenas de desenvolvimento, mas de vida. Estamos cada vez mais desorientados. Não entendemos mais o que é bonito e o que não é; não entendemos o que é vida ou é morte; na política, o que é esquerda ou direita; não sabemos mais o que é uma família. Mas o budismo foi criado em uma fase de grande desorientação na Índia, o confucionismo, na mesma situação na China. O cristianismo foi difundido na crise da civilização romana, o welfare durante uma crise do capitalismo. Então, este é o momento de se criar um modelo novo de vida que saiba pegar o positivo das diversas experiências mundiais e eliminar os negativos.
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CI – Dove può sorgere questo nuovo modello per il mondo? DM – Penso qui in Brasile, dove non c’è un eccesso di presenza religiosa come l’Islam o il Vaticano in Italia, di presenza militare come negli Stati Uniti e in Cina, o dello Stato come in Cina e in Russia. Questo paese rappresenta una situazione interessante. E che cosa manca al Brasile? Manca un impegno forte da parte degli intellettuali brasiliani per trasformare l’esperienza in modello, come fecero gli illuministi nella Francia del XVIII secolo, che usarono l’esperienza negativa della monarchia assoluta per elaborare un modello positivo di democrazia, libertà e uguaglianza. Credo che né gli intellettuali europei né quelli americani siano capaci di farlo, dato che la situazione di grande crisi gli impedisce di guardare al futuro con un programma equilibrato. Ma mi sembra che gli intellettuali brasiliani non abbiano consapevolezza che il paese, in questo momento, ha questo dovere: quello di proporre un modello suo proprio, che sia il vincitore, per il mondo. CI – L’ascensione economica brasiliana non segue il modello americano? DM - Quando sono venuto qua la prima volta, circa 30, 20 anni fa, l’Italia viveva in uno stato di euforia, e il Brasile, di depressione. Oggi è il contrario. Siamo depressi perchè abbiamo sbagliato, abbiamo puntato tutto sul materialismo e sul consumismo. Se un archeologo, fra duemila anni, trovasse i nostri annunci pubblicitari, penserà che eravamo un popolo di affamati, perchè la pubblicità in Europa è soprattutto fatta per vendere patate fritte e carta igienica. Il pericolo è proprio quello di vivere una crescita economica dopo le esperienze europea e nordamericana. Non si possono ripetere gli stessi
Marcos Queiroz
CI – Onde esse novo modelo para o mundo pode surgir? DM - Acho que do Brasil, onde não há um excesso de presença religiosa como o Islão ou o Vaticano na Itália, de presença militar como nos Estados Unidos e China, ou do Estado como na China e Rússia. O país apresenta uma situação interessante. E o que falta no Brasil? Falta um forte empenho da parte dos intelectuais brasileiros para transformar a experiência em modelo, como fizeram os iluministas na França no século XVIII, que usaram a experiência negativa da monarquia absolutista para elaborar um modelo positivo de democracia, liberdade e igualdade. Acho que nem os intelectuais europeus nem os americanos são capazes de fazer isso, pois a situação de grande crise os impede de olhar o futuro como uma programação equilibrada. Mas me parece que os intelectuais brasileiros não têm consciência de que o país, neste momento, tem este dever: o de propor um modelo seu, que seja vencedor, para o mundo.
il capitalismo non ha vinto. Non siamo capaci di creare un nuovo modello di vita. Non solo di sviluppo, ma di vita. Siamo sempre più disorientati. Non sappiamo più ciò che è bello e quello che non lo è; non capiamo quello che è la vita o la morte; in politica, che cosa significa la sinistra o la destra; non sappiamo più che cosa è una famiglia. Ma il buddismo è stato creato in India in una fase di grande disorientamento, il confucianesimo nella stessa situazione in Cina. Il cristianesimo si è diffuso durante la crisi della civiltà romana, il welfare durante una crisi del capitalismo. E allora è arrivato il momento di creare un nuovo modello di vita, che sappia prendere il positivo dalle diverse esperienze mondiali ed eliminare quelle negative.
O que falta ao Brasil? Um forte empenho de seus intelectuais para criar um novo modelo de vida que seja vencedor, para o mundo, como fizeram os iluministas na França no século XVIII votos vão a Beppe Grillo, que não tem um programa. Ele apenas protesta, não tem proposta. É populismo em estado puro. E se pode cair no populismo, seja por pobreza, seja por progresso. Por sua vez, agora, o Brasil tem crescimento moderado, com um PIB de 2,7, até porque não existem grandes investimentos. É um absurdo, por exemplo, que a viagem entre Rio e São Paulo seja feita de avião, que consome, polui e é perigoso. Um trajeto de 500 quilômetros se pode fazer em duas horas de trem, como Milão-Roma. CI – Apesar de tudo, a Itália vai sair da crise? DM - Creio que sim. Mas quando falo de crescimento, falo do ponto de vista moral, de felicidade, mesmo reduzindo a renda. As pesquisas mostram que, quando supera a renda per capita supera os US$ 15 mil dólares, a felicidade não cresce junto. Estamos em uma fase total de mudança de modelo econômico mundial. Alguns países enriqueceram às custas do resto do mundo, sobretudo de ex-colônias como China, Índia, Brasil, Chile etc. Pela primeira vez na história moderna, esses países não estão mais dispostos a se deixarem roubar. Não é mais possível que os países ricos continuem a crescer. Se o petróleo é finito, há cada vez menos na Terra, como é possível um italiano pagar o mesmo preço pela gasolina da época em que na China não havia quase automóveis? Não podemos repetir a ideia de crescimento infinito, não existe crescimento infinito em um mundo finito, c’è poco da fare. Então, quando digo que podemos sair da crise, digo para reduzir o PIB e aumentar a qualidade de vida. Sair da crise não é aumentar a renda, como acreditam o premier italiano e o Obama. E esse é o perigo no qual o Brasil pode cair. Acreditar na ilusão de que é preciso crescer até o infinito em vez de distribuir ao infinito, são duas coisas diferentes.
Marcos Queiroz
CI – A ascensão econômica brasileira não segue o modelo americano? DM - Quando vim aqui pela primeira vez, há cerca de 30, 20 anos, a Itália vivia um estado de euforia, e o Brasil, de depressão. Hoje é o contrário. Estamos deprimidos porque erramos, apostamos tudo no materialismo e no consumismo. Se um arqueólogo, daqui a dois mil anos, encontrar nossos anúncios publicitários, pensará que éramos um povo de famintos, porque a publicidade na Europa é sobretudo para vender batatas fritas e papel higiênico. O perigo é justamente viver um crescimento econômico após as experiências europeia e norte-americana. Não podem repetir os mesmos erros. Quando o progresso econômico e tecnológico não é paralelo ao progresso cultural e intelectual, se criam disfunções enormes, que podem levar até ao fascismo. Na Itália, 20% dos
Cosa manca al Brasile? Un impegno forte dei suoi intellettuali per creare un nuovo modello di vita che sia vincitore per il mondo, come fecero gli illuministi nella Francia del XVIII secolo
errori. Quando il progresso economico e tecnologico non vanno di pari passo con il progresso culturale e intellettuale, si creano disfunzioni enormi, che possono portare addirittura al fascismo. In Italia il 20% dei voti vanno a Beppe Grillo, che non ha nessun programma. Lui protesta soltanto, non ha proposte. È populismo allo stato puro. E si può cadere nel populismo, sia dovuto la povertà, sia al progresso. A sua volta, adesso il Brasile ha una crescita moderata, con un PIL del 2,7%, anche perchè non esistono grandi investimenti. È un assurdo, per esempio, che il viaggio fra Rio e São Paulo sia fatto con l’aereo, che consuma, inquina ed è pericoloso. Un percorso di 500 chilometri si può fare in due ore di treno, come Milano-Roma. CI – Nonostante tutto l’Italia uscirà dalla crisi? DM - Credo di sì. Ma quando parlo di crescita, parlo dal punto di vista morale, della felicità, anche riducendo il reddito. Le ricerche mostrano che quando il reddito procapite supera i US$ 15 mila dollari, la felicità non cresce insieme ad esso. Ci troviamo in una fase di cambiamento totale del modello economico mondiale. Alcuni paesi si sono arricchiti alle spalle del resto del mondo, soprattutto delle ex colonie come la Cina, l’India, il Brasile, il Cile ecc. Per la prima volta nella storia moderna questi paesi non sono più disposti a farsi derubare. Non è più possibile che i paesi ricchi continuino a crescere. Se il petrolio è finito, ce n’è sempre meno sulla Terra, com’è possibile per un italiano pagare lo stesso prezzo per la benzina di quando la Cina non aveva quasi automobili? Non possiamo ripetere l’idea della crescita infinita, non esiste crescita infinita in un mondo finito, c’è poco da fare. Perciò, quando dico che possiamo uscire dalla crisi, dico che bisogna ridurre il PIL e aumentare la qualità di vita. Uscire dalla crisi non è aumentare il reddito, come pensano il premier italiano e Obama. E questo è il pericolo in cui il Brasile può cadere. Credere nell’illusione che bisogna crescere all’infinito invece di distribuire all’infinito sono due cose diverse. com unit àit aliana | agost o 2012
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Atualidade
Rumo a 2016
Entre surpresas e decepções, Brasil fecha os Jogos de 2012 em 22ª posição e agora assume o desafio de organizar as primeiras Olimpíadas da América do Sul
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nquanto a Itália terminou os Jogos de Londres no G8 do esporte, o Brasil, apesar das críticas, alcançou número recorde de medalhas, mas sem conseguir seu melhor desempenho na história. Os atletas brasileiros conquistaram 17 medalhas — duas a mais do que o obtido em Atlanta em 1996 e em Pequim em 2008. Mas a quantidade de ouro é o primeiro
parâmetro na avaliação do desempenho dos países, e Brasil conseguiu apenas três. Já os azzurri obtiveram oito ouros, com 28 medalhas no total. O primeiro ouro da história da ginástica artística brasileira surpreendeu o mundo, enquanto a seleção feminina de futebol foi eliminada logo nas quartas-de-final e a masculina terminou mais uma vez com a prata.
Primeira – Ao vencer a romena Alina Dumitrue na categoria até 48 kg, a piauiense Sarah Menezes, de 22 anos, não foi apenas a primeira brasileira a faturar uma medalha em Londres: é também a primeira brasileira a conquistar um ouro olímpico para o judô Bicampeãs - Desacreditada antes dos Jogos, a seleção feminina de vôlei entrou para a história ao conquistar o bicampeonato olímpico, com vitória sobre os Estados Unidos por 3 sets a 1, e ganhou até um comunicado oficial da presidente Dilma, parabenizando as atletas pelo resultado
Alegria e tristeza - Cesar Cielo levou o bronze nos 50m, mas ficou em sexto lugar na prova dos 100m na capital inglesa. O nadador avisa que são poucas as chances de competir na prova mais longa nos Jogos do Rio, em 2016
Prata de novo - Dois gols do mexicano Peralta acabaram com o sonho do ouro olímpico para o futebol masculino. A vitória do México por 2 x 1 significou a terceira derrota da seleção brasileira em uma final olímpica. A prata também aconteceu em Los Angeles em 1984 e em Seul em 1988
Inédito - De São Caetano, Arthur Zanetti, de 22 anos, fez história ao superar o chinês Yibing Chen, ex-campeão olímpico cujo treinador chegou a classificar o resultado como um “roubo”. Do alto de seus 1,56 m de altura, o ítalo-brasileiro levou a primeira medalha verde-amarela na modalidade com as argolas. Com uma pontuação de 15.733, o italiano de Vimercate ficou com o bronze, e dedicou a medalha à filha Gaia, de apenas 10 meses 42
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Quadro de medalhas Ouro
Bicampeão - Aos 25 anos, o jamaicano Usain Bolt torna-se lenda: é o primeiro velocista a ganhar os 100 e os 200 metros em duas edições seguidas de Jogos Olímpicos. Ele conseguiu uma façanha inédita até para Carl Lewis. A prova da meia volta à pista em Londres também demonstrou a superioridade da Jamaica na velocidade, com Yohan Blake e Warren Weir nos outros dois pódios
Doce bronze - Ferido pelo inesperado doping de Alex Shwazer, o atletismo italiano ressurgiu por meio de Donato. Originário de Latina, aos 35 anos, levou o bronze com um salto triplo de 17,48: foi a primeira medalha do atletismo azzurro em Londres
De Londres para o Rio - Na festa de encerramento dos Jogos, o prefeito de Londres, Boris Johnson, subiu ao palco, agitou a bandeira olímpica e a passou para o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, que repetiu o gesto. Em seguida, foi a vez do prefeito do Rio, Eduardo Paes, tomar posse: a cena mostrou ao mundo que as Olimpíadas já estão sob responsabilidade carioca. Rogge solicitou às autoridades brasileiras que terminem os trabalhos que faltam o mais rápido possível para que tudo corra bem em 2016
Prata
Bronze
TOTAL
1º
Estados Unidos
46 29 29 104
2º
China
38 27 22 87
3º
Grã-Bretanha
29 17 19 65
4º
Rússia
24 25 33 82
5º
Coreia do Sul
13 8 7 28
8º
ITÁLIA
8 9 11 28
22º
BRASIL
3 5 9 17
Heroína Forciniti - A pequena cidade de Longobucco, em Cosenza, recebeu Rosalba Forciniti com festa, após o retorno da Inglaterra. Campeã nacional e de torneios internacionais de judô, aos 26 anos, conquistou o bronze na categoria -52 kg Troféu na despedida - O norte-americano Michael Phelps se despede das Olimpíadas com um ouro no revezamento 4x100m medley de equipe, e ainda recebe do presidente Federação Internacional de Natação, Julio Maglione, um troféu “para o maior atleta olímpico de todos os tempos”. Somente em Londres, ele faturou seis medalhas: quatro de ouro e duas de prata
Remo - A dupla do remo que levou a medalha de prata vem de Latina. Alessio Sartori e Romano Battisti chegaram em segundo lugar, atrás da dupla da Nova Zelândia, e contaram que a conquista é fruto de um “ano duríssimo de trabalho”
Florete - O time italiano da esgrima, composto por Valentina Vezzali, Arianna Errigo, Elisa Di Francisca e Ilaria Salvatori, derrotou a equipe russa por 41 a 35 na final. Valentina, a grande estrela da modalidade, alcançou sua sexta medalha de ouro em Jogos Olímpicos
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Comportamento
Novos horizontes após os 50
Os intercâmbios entre pessoas acima de 50 anos têm aumentado cada vez mais, apontam pesquisas de agências especializadas. Itália é um dos destinos mais procurados Nathielle Hó
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ara fugir da rotina diária, ou aperfeiçoar-se profissionalmente, ou para minimizar a frustração de nunca ter feito uma viagem de intercâmbio na juventude, muitas pessoas com mais de 50 anos tomam a decisão de embarcar para o exterior através de programas de intercâmbio. Uma parte recorre às agências de intercâmbio também para aprender línguas, e paralelamente aos estudos, realizam muitos passeios e atividades extracurriculares. O setor do turismo foi um dos primeiros a apostar nesse nicho de mercado. Segundo uma pesquisa realizada pelo QuorumBrasil, viajar é o desejo de consumo de 58% dos idosos brasileiros — e o segmento
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de intercâmbio pegou carona nessa mudança de perfil dos turistas. Batizados de special age ou mature students, os programas de estudo para estrangeiros são montados pelas próprias escolas no exterior e vendidos no Brasil por empresas de intercâmbio. Apesar mais de 30 agências brasileiras oferecerem esse serviço, o intercâmbio de idosos ganhou mais impulso somente nos últimos dois anos. Na agência Student Travel Bureau (STB), o intercâmbio para a terceira idade registrou alta de 40% de 2010 para 2011. Os destinos mais requisitados são os europeus, como
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a Itália, conta Suzana Martins, gerente de marketing da STB. — Os países mais procurados pelos idosos são os de línguas neolatinas, portanto, italiano, francês e espanhol. Mesmo assim, constatamos um crescente número de inscritos em países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. O bom momento da economia brasileira, aliado ao acesso aos benefícios da educação internacional, está contribuindo para popularizar o intercâmbio. Além disso, esse percentual de idosos em intercâmbio deve crescer, pois a expectativa de vida das pessoas aumentou — analisa. A STB tem cursos especiais para pessoas com idade superior a 50 anos. O pacote custa a partir de 1.218 euros, excluídas as passagens. A empresa encaminha seus clientes para a escola Dilit em Roma, por duas semanas. O pacote inclui 20 aulas de italiano em grupo e atividades guiadas por professores especializados em Arqueologia e História da Arte. Aulas de culinária, passeios em Tivoli e Castelli Romani, visitas a adegas, degustações, jantares e excursões por Pompeia e Nápoles fazem parte do cronograma. Suzana Martins conta que as motivações estão relacionadas aos hobbies e às carreiras dos viajantes. — O público na faixa etária acima de 50 anos geralmente busca programas que unam estudo e atividades ligadas aos hobbies e ao estilo de vida de cada um, como
arte, culinária e dança. Nossos clientes continuam muito ativos profissionalmente e, em sua maioria, são profissionais liberais, têm o próprio negócio, a casa própria, não têm mais obrigações financeiras pesadas e seus filhos já cresceram, o que facilita para realizarem viagens longas — completa Suzana. Rui Barbosa Júnior, de 60 anos, psiquiatra e morador de Belo Horizonte, comprou o pacote de intercâmbio da STB em maio de 2012 para a Itália. Descendente de italianos do Vêneto, estuda a língua há três anos e fez a viagem de intercâmbio para ganhar fluência no idioma e mergulhar na cultura do país. Para Rui, o aspecto mais interessante das viagens de intercâmbio é descobrir as peculiaridades regionais. — Em Palermo, as lojas fecham no horário de almoço. Isso é muito interessante! Agora posso ler sobre os lugares que visitei e ter uma visão mais concreta do que é dito. Além disso, durante a viagem você conhece pessoas de outros países, de todas as idades, com hábitos diferentes dos seus, mas que acabam seus amigos e te ajudam muito, ainda mais quando você vai sozinho ou é “marinheiro de primeira viagem” — lembrou Rui. Intercambistas maduros e exigentes Os alojamentos de estudantes não são tão populares entre os mais velhos, que preferem a tranquilidade e a privacidade. A maioria escolhe como locação um apartamento ou um hotel e, no caso daqueles mais interessados em praticar exclusivamente o idioma, hospedar-se em casas de família é uma boa opção. Rui Barbosa se instalou em hotéis durante o intercâmbio na Itália e enfatiza a importância de se procurar informações na internet sobre preços e a qualidade dos locais de hospedagem em outros países. — Durante a preparação da viagem, pesquisei em vários blogs de viajantes, que me deram dicas bastante úteis. Em Roma, escolhi o Hotel Rimini, próximo à escola Dilit. Gastei 1700 euros em hotéis, pois passei 13 noites em Roma, duas em Catânia, no Hotel Villa Romeo, e duas em Palermo, no Hotel del Centro. Eram hotéis três estrelas. Humildes, porém limpos, relativamente confortáveis e próximos às estações ferroviárias e rodoviárias. Aos 59 anos, o contador Mauro Tassi vai acompanhar a esposa
Beth Tassi, empresária de 58 anos, na primeira viagem à Florença, pelo Programa 50+ da Central de Intercâmbio (CI), em setembro. O pacote do programa tem valores a partir de 2.600 euros por pessoa e inclui acomodação com café da manhã, materiais de estudo, transfer in/out e todos os passeios. Durante o intercâmbio, os alunos terão aulas na instituição Linguaviva e ficarão hospedados no Hotel Royal Firenze. O casal vai fazer visitas guiadas a vilas e jardins de Florença, à Galeria Uffizi, à Torre de Pizza e à Igreja Croce que apresenta uma bela arquitetura gótica. Eles querem apreciar obras de Michelangelo, na Galeria Accademia, que fica na cidade de San Gimignano, além de conhecer as melhores grifes de moda do mundo como Gucci e Armani. Mauro fez seu primeiro intercâmbio aos 48 anos no Canadá. Ele compara suas experiências com as do filho Gabriel que, aos 20 anos, viajou para os Estados Unidos. — Fazer um intercâmbio na minha idade é muito melhor do que fazer um intercâmbio jovem. Além de se ter mais bagagem cultural e de vida, a situação financeira estável também ajuda a aproveitar de maneira mais confortável as viagens. Tomo como exemplo o intercâmbio que meu filho Gabriel fez aos 20 anos para os Estados Unidos. O pacote dele foi mais barato. Ele ficou em casa de família e levou pouco dinheiro para gastar. Com minha esposa, ficarei em um hotel, vou jantar em bons restaurantes e poder comprar o que eu quiser sem ter aquela restrição de dinheiro de quando somos jovens. Além disso, quando se tem 50 anos ou mais, se aproveita de forma diferente os lugares — ressaltou Tassi. As pessoas mais velhas são mais detalhistas e querem saber, com antecedência, todos os passos que darão. A programação
Rui Barbosa Júnior fez intercâmbio em maio de 2012, aos 60 anos, pela STB. Durante a viagem, conheceu Florença e Roma
Mauro Tassi, de 59 anos, e a esposa Beth Tassi, de 58, fazem em setembro a primeira viagem à Florença
para os idosos costuma ser mais intensa porque dura de duas semanas a um mês, diferente do intercâmbio de jovens, que pode durar até seis meses, um ano ou mais. Para dar conta de todas as atividades, é preciso estar com a saúde sob controle. Os idosos que sofrem de alterações de memória e humor, ou portadores de doença crônica que não esteja controlada, devem viajar acompanhados. De qualquer maneira, é obrigatória a contratação de um plano de saúde para todo o período da viagem, diz Gabriel Canellas, gerente do Programa 50+ da Central de Intercâmbio (CI). O plano de saúde é válido para todas as idades e já está incluído no preço final do pacote do intercâmbio. Gabriel garante que os intercâmbios na faixa dos 50 anos só tendem a aumentar, pois quem experimenta conhecer novas culturas e outros costumes, acaba querendo repetir essa experiência. — A aventura em terra estrangeira, somada à experiência de voltar à sala de aula, ajuda os alunos com mais de 50 anos a reciclar ideias e hábitos, abre horizontes e proporciona mais autoconfiança. Em geral, eles já voltam do intercâmbio planejando a próxima viagem para o exterior — conclui.
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Saúde
Terapia com criatividade O psiquiatra italiano Franco Basaglia e sua filosofia antimanicomial, baseada na arte como terapia, influenciou a revolução psiquiátrica no Brasil Nathielle Hó
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Fotos: Letícia Armond
xpressar sentimentos através das pinceladas em um quadro ou por meio dos traçados de um desenho é uma forma de terapia. Colocar o lado criativo para funcionar pode ajudar no tratamento de problemas crônicos e distúrbios psicológicos. O mundo moderno, individualista, competitivo e violento faz com que muitas pessoas desenvolvam doenças como depressão e síndrome do pânico. As situações-limite que os italianos têm enfrentado, a exemplo da crise econômica e de catástrofes como terremotos, contribuem para
abalar o equilíbrio emocional. Para auxiliar no tratamento desses traumas, é empregada a arteterapia. O psiquiatra italiano Franco Basaglia foi o grande incentivador e divulgador desse método antimanicomial. Basaglia, no campo das relações entre a sociedade e a loucura, assumia uma posição crítica com relação à psiquiatria hospitalar devido ao isolamento do doente através da internação e dos eletrochoques. Inspirado na obra do filósofo francês Michel Foucault, História da Loucura
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na Idade Clássica, o italiano formulou a “negação da psiquiatria” como discurso e prática. Ele via a necessidade de utilizar a arte como coadjuvante no tratamento de doenças físicas e emocionais. Fundadora da clínica Pomar, especializada em arteterapia, no Rio de Janeiro, Angela Phillipini, ressalta que o trabalho realizado na instituição tem influência junguiana, baseada no autoconhecimento. A psicóloga ítalo-brasileira também ressalta que absorveu muitas das ideias de Basaglia em seu trabalho. — A União Europeia tem um consórcio de países que, a cada dois anos, organiza um grande congresso sobre arteterapia. O último aconteceu em setembro do ano passado, na cidade de Lucca. A Inteligência do Coração foi o tema do congresso. Franco Basaglia foi lembrado, por ser o responsável pela reforma psiquiátrica na Itália. Essa revolução começou no hospital de Trieste, onde ele promoveu a substituição do tratamento hospitalar e manicomial por uma rede territorial de atendimento, da qual faziam parte cooperativas de trabalho, ateliês de arte, centros de cultura e lazer, oficinas de geração de renda e residências assistidas — lembra. A forte influência de Basaglia na psiquiatria do Brasil Angela Phillipini afirma que as ideias do psiquiatra italiano tiveram reflexos nas políticas públicas
brasileiras, como a construção dos CAP’s — Centros de Atenção Psicossocial. Basaglia, que veio ao Brasil pela primeira vez em 1978, retornou no ano seguinte, quando fez uma visita ao Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, um dos mais cruéis manicômios brasileiros. Ali, Basaglia comparou o estado dos doentes e a estrutura do local a um campo de concentração, reforçando as denúncias de maus-tratos e violência. Sua presença em terras tupiniquins deu origem ao documentário do cineasta Helvécio Ratton, Em nome da razão, de 1980, um marco na luta antimanicomial brasileira. Angela Phillipini acrescentou que Basaglia revolucionou o tratamento dos “loucos”, propondo a criação, na Itália, da lei 180. — Em 13 de maio de 1978, foi instituída a lei 180, de autoria de Basaglia. Não apenas proíbe a recuperação dos velhos manicômios e a construção de novos, como também reorganiza os recursos para a rede de cuidados psiquiátricos, restitui os direitos sociais dos doentes e garante o direito ao tratamento psiquiátrico qualificado — explica a psicóloga. Basaglia também influenciou a reforma psiquiátrica do hospital de Santos, em 1989. Após uma série de mortes na Casa de Saúde Anchieta, conveniada ao extinto Inamps, a prefeitura decidiu intervir e desapropriá-la, iniciando um trabalho semelhante àquele que Franco fez na Itália. Na cidade, foram implantados os núcleos de atenção psicossocial (Naps), abertos 24 horas por dia. Foram criadas também oficinas de trabalho para geração de renda dos ex-internos e diversos projetos culturais de inserção social, como a Rádio e a TV Tam Tam. Base na teoria junguiana do autoconhecimento Em arteterapia, o trabalho clínico desenvolve-se em um ponto de inserção entre artes, educação e saúde, de forma interdisciplinar. Seja através da teoria do autoconhecimento de Jung, seja através da filosofia antimanicomial de Basaglia, muitos que praticam a arteterapia defendem que o exercício de criação ativa várias áreas do cérebro para compreender cores, contrastes e formas. Além disso, o ato de criar proporciona entusiasmo. De acordo com a professora de História Maria Luiza Cristófaro, que frequenta cursos ministrados na clínica Pomar, a arteterapia é um meio com o qual a
pessoa tem muitos insights, o que contribui para que ela possa organizar seus pensamentos e amenizar aflições e ansiedades. — Não há uma bula para interpretar formas e cores na arteterapia. A pessoa exterioriza, através da pintura, escultura, colagem e reciclagem, o que está em seu subconsciente. Saber decifrar o que a imagem quer dizer é importante, mas essa interpretação é mediada pelo terapeuta. Outra coisa essencial é olhar o cotidiano de uma forma diferente. As pessoas normalmente têm um olhar padronizado, direcionado a formas aceitas. Por isso, é bom sair desse olhar conformado — ressalta Maria Luiza. Há várias publicações sobre o assunto, mas não há um estudo controlado para saber se a técnica traz, de fato, efeitos positivos. Muitos psiquiatras e outros médicos afirmam que é necessário testar um grupo composto por pacientes com os mesmos tipos de diagnóstico e tratamento para fazer a comparação e ver se realmente a terapia com arte tem resultados significativos. A psicóloga Sayuri Pauli acredita que a arteterapia está relacionada com a construção de uma auto-imagem, que ajuda o terapeuta a colher dados sobre o paciente. — Hoje, já falamos em medicina integrativa, um termo mais amplo do que complementar. Uma vez comprovada a eficácia dessas técnicas, chamadas alternativas, elas deixam de ser “paralelas” e entram no arsenal de tratamentos. Quando estava prestes a me formar em Psicologia, não sabia que corrente seguir, se a psicanálise ou a Gestalt. Depois, descobri a arteterapia. Ela funciona como uma ferramenta para enriquecer a coleta de dados do seu paciente. O terapeuta dizer o que você tem é como fazer uma projeção do outro, por isso eu acho que o psicólogo é apenas um facilitador do processo. Na verdade, é o próprio paciente que deve se encontrar através das imagens produzidas — enfatizou a psicóloga. A clínica Pomar segue a teoria de Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica. Jung foi a grande referência para a médica brasileira Nise da Silveira. A psiquiatra foi responsável pela introdução da arteterapia no Brasil e fundou o Museu das Imagens do Inconsciente, localizado no Hospital Pedro II, no Rio de Janeiro, onde há um acervo de obras de seus pacientes. Na terapia junguiana, que explora os sonhos
Na clínica Pomar, fundada pela psicóloga Angela Phillipini, são ministrados cursos de arteterapia. A clínica segue a teoria do autoconhecimento de Jung e se inspira na filosofia antimanicomial de Franco Basaglia
e as fantasias, um diálogo é estabelecido entre a mente consciente e os conteúdos do inconsciente. Segundo a agente administrativa do Ministério da Saúde e aluna da clínica, Lídia de Jesus, Jung usou como objeto de estudo ele mesmo, para mostrar às pessoas como elas podem atingir o autoconhecimento para viver melhor. — Segundo a teoria junguiana, o autoconhecimento ajuda a minimizar os conflitos internos e as relações sociais. A ideia de Jung é chegar à individuação, o ser não dividido. Ele ficou 50 anos pesquisando e produzindo imagens para ter a descoberta do eu, conforme diz a música do Milton Nascimento, Caçador de Mim. A gente acha que se vê como num espelho, mas, na verdade, somos tão desconhecidos de nós mesmos... Por isso, a arteterapia é importante, para tirarmos o véu do que está encoberto em nossa memória, sejam histórias tristes de família, sejam traumas de infância, dentre outros problemas — conclui Lídia. com unit àit aliana | agost o 2012
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Turismo
Férias no lago Conheça os melhores destinos italianos de água doce, do extremo norte da península, onde no inverno se transformam em pistas de patinação, à ensolarada Toscana Aline Buaes
Especial para Comunità
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lém de serem um colírio para os olhos, os lagos italianos são uma ótima opção nos meses de verão para escapar das multidões que tomam conta das praias da Itália. Segundo a Legambiente, que publica todos os anos a famosa Guida Blu com o ranking dos destinos de verão italianos, os melhores lagos estão nas regiões de Trentino-Alto Ádige, Toscana e Úmbria, além, é claro, do sempre elegante Lago de Como, na Lombardia. A Guida Blu é uma publicação promovida pela maior organização
ambientalista italiana, a Legambiente. Considerada o “Oscar” do turismo italiano, analisa anualmente quase 400 balneários de água doce e salgada de toda a Itália. Os critérios de turismo sustentável regem as classificações dos balneários, que recebem como nota de zero a cinco velas. As localidades são julgadas segundo a capacidade das administrações municipais em integrarem belezas naturais e preservação de tradições culturais, como gastronomia com gestões de baixo impacto ambiental. — Segundo uma pesquisa publicada recentemente, 56% dos italianos estão dispostos a pagarem um pouco mais nas suas férias
Lago Trasimeno nica novidade na lista de localidades premiadas, o Lago Trasimeno, a 30 km de Perúgia, próximo da divisa entre a Úmbria e a Toscana, foi palco de momentos importantes da história da península. Ali, foi travada uma das mais sangrentas batalhas da Antiguidade, quando mais de 16 mil soldados romanos morreram aniquilados pelo exército do general Anibal, em 217 a.C.. Na Isola Maggiore, a principal das três ilhas do lago, ninguém menos que São Francisco de Assis teria transcorrido um período de jejum e orações em 1211, o que motivou os franciscanos a construírem no local um convento e uma igreja. Hoje, o local faz parte de um parque regional de preservação importante em nível europeu por ser rota de centenas de espécies de pássaros migratórios. As estruturas turísticas são rigidamente controladas ao longo das margens do lago, sendo estimuladas aquelas com menos impacto ambiental, como pequenos hotéis-fazenda, pensões e campings.
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se houver garantias de respeito ao meio ambiente — afirma o presidente da Legambiente, Sebastiano Venneri. No extremo norte da Itália, onde mais de 30% da população fala alemão e a geografia é dominada pelas Dolomitas, encontram-se os melhores lagos da Itália. O Trentino-Alto Ádige, que faz fronteira com a Áustria, reúne três dos seis lagos que conquistaram a nota máxima na Guida Blu 2012: Monticolo, Fiè e Molveno. Os outros três premiados são o badalado Lago de Como, na Lombardia, o Lago de Trasimeno, na província de Perúgia, e o Lago dell´Accessa, em Massa Marittima, na Maremma Toscana.
Lago de Monticolo o coração de uma terra conhecida como a dos castelos, lagos e vinhos, a 16 km da capital provincial Bolzano, encontra-se a pequena cidade de Appiano sulla Strada del Vino, mais conhecida pelo seu nome alemão Eppan an der Weinstrasse, já que 87% da população se declara falante de alemão. Em meio a essa região de forte tradição vinícola, encontram-se os dois lagos de Monticolo: o Grande e o Pequeno. De origem glacial, estão rodeados por bosques e são fechados à navegação de motores ou barcos a vela, conferindo total tranquilidade para os turistas que chegam, principalmente, da vizinha Bolzano, para aproveitar o verão. Devido ao aquecimento natural, a temperatura das águas durante o verão é perfeita para os mergulhos, enquanto no inverno as baixas temperaturas congelam as águas, o que favorece a formação de uma pista improvisada para a patinação no gelo. Nos dois lagos, estruturas de hospedagem e restaurantes garantem conforto aos turistas, que encontram até piscinas aquecidas à beira do lago.
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Lago de Molveno ocalizado na província de Trento, a 864 metros de altitude, encanta os visitantes com sua bela paisagem. A moldura que o circunda é formada pelas cadeias montanhosas de Paganella e os Alpes Dolomitas de Brenta, até as suas águas multicoloridas, com tons verdes e azuis, e profundas, que descem por uma extensão de até 120 metros. Molveno é também o maior lago da Europa, acima de 800 metros, e oferece, além do banho refrescante nos dias de verão, diversas opções de trekking e mountain bike, já que toda a sua orla pode ser percorrida a pé ou de bicicleta. Nos meses de primavera e outono, a atração fica por conta do vento Ora del Garda, que permite a prática de esportes como surfe, parapente e barco a vela.
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Lago de Fiè Assim como o Monticolo, o Lago de Fiè se encontra a poucos quilômetros de Bolzano, na cidade de Fiè allo Sciliar, e oferece atrações tanto de verão, com os passeios nos barcos a remo e os locais de mergulho para as crianças, quanto de inverno, com a pista de patinação no gelo improvisada. A 1036 metros de altitude e com profundidade máxima de 3,5 metros, o lago não é natural. Foi construído em 1500 por Leonhard von Völs-Colonna, então capitão do Tirol, para ser um viveiro de peixes e permitir que os habitantes da região pudessem pescar. Hoje, no entanto, a pesca é terminantemente proibida no local. Outra atração é a proximidade com os Alpes de Siusi, considerados um dos maiores da Europa, com famosas estações de esqui.
Lago dell´Accesa lago localizado na pequena Massa Marittima, no coração da Maremma Toscana, uma regiões históricas da Itália quando o assunto é ambientalismo, é também rico de belezas históricas e arquitetônicas. Pertencente à província de Grosseto, o pequeno lago de 14 hectares é circundado por bosques e florestas, mas chama a atenção pela presença de um sítio arqueológico de origens etruscas nas suas margens. Os primeiros habitantes teriam chegado ao local no século VI a.C., atraídos pelas minas de prata e chumbo, e foram os responsáveis pelas primeiras atividades industriais na região. Hoje, o lago representa a única bacia natural de água doce da parte norte da Maremma, com a presença de espécies animais e vegetais muito vulneráveis que exigem muita atenção sobre a conservação ambiental.
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Lago de Como mais badalado dos lagos, é residência de famosos como o ator George Clooney. No passado, já encantava nomes do romantismo europeu, de Alessandro Manzoni a Stendhal, Byron e Franz Liszt. A cerca de 60 minutos de trem do centro de Milão, localiza-se entre os Alpes suíços e o vale do rio Pó. Com uma área de 146 m², é também um dos maiores da Itália, com mais de 50 praias consideradas balneáveis. A orla privilegiada do município de Bellagio, em meio ao lago, possui algumas das mais famosas mansões históricas da região com jardins típicos, como a Villa Serbelloni, cuja visita completa leva mais de duas horas. Muitas excursões partem de Bellagio a pé, como as que sobem até o panorâmico pico de San Primo, de carro, pelas estradas circundantes do lago, ou de barco em direção às margens opostas. Entre as especialidades gastronômicas da região, há peixes lacustres, como trutas e agones, e polenta.
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Turismo
A magia de Turim
Cidade repleta de mistérios esotéricos e berço do delicioso chocolate gianduia e do movimento Slow Food, a capital do Piemonte está entre as mais verdes da Europa Gina Marques e Guilherme Aquino
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De Turim
Itália é uma península com quase 7.500 km de costa, circundada pelas águas do Tirreno, do Iônio e do Adriático. Neste país privilegiado, o Piemonte não poderia ficar sem o seu mar: o mar da cultura. O piemontês é orgulhoso de seus campos verdes, suas montanhas, seus rios e suas tradições, mas consegue também ser um livre navegante do mundo. Terra de grandes personagens do passado e do presente, nela nasceram o poeta Cesare Pavesi, o ex-presidente Luigi Einaudi, considerado um dos pais da República Italiana, a médica Rita Levi di Montalcino, que venceu o prêmio Nobel da medicina em 1986, o escritor contemporâneo Alessandro Barrico e o fundador do movimento Slow Food Carlo Petrini. A história italiana está intrinsecamente ligada ao Piemonte, de onde partiram as ordens do rei Vittorio Emanuele II de Savoia para unificar os diversos reinos em um só país. Esta unificação contou com o comando do general Giuseppe Garibaldi, o herói dos dois mundos que, já na segunda metade do século XIX, era um cosmopolita. Hoje, a capital Turim é uma metrópole rica de história em meio a uma atmosfera cosmopolita. Na cidade, vivem italianos de diversas origens que se transformaram em torinesi. A maioria imigrou para o Piemonte depois da Segunda Guerra Mundial para trabalhar em grandes indústrias como a Fiat, cuja sede está em Turim. Esta mistura de sotaques acabou por abrir 50
os horizontes de um lugar que agora acolhe estrangeiros de vários países, costumes e religiões. O mercado de Porta Palazzo, no centro de Turim, é um exemplo do caráter cosmopolita da cidade. Esta feira gigante é composta por uma área aberta e outra coberta, construída em 1916 em estilo art nouveau, cuja fachada em ferro e vidro expõe desde 2005 uma instalação do artista Michelangelo Pistoletto. A obra consiste em vários neons com a escrita amar as diferenças, em diversos idiomas. Em Porta Palazzo, se acha de tudo. Ali se encontram objetos de todos os tipos, desde sapatos e roupas a produtos para a casa. O ponto forte está nos alimentos, com bancas que vendem especialidades de diferentes regiões da Itália e do mundo. São diversos rostos, idiomas e dialetos que comprovam a nova Turim como ponto de encontro de culturas. Artística, verde e esotérica Em Turim, se tropeça na arte. Apenas um passeio ao ar livre pela Porta Palatina, erguida pelos antigos romanos no I século antes de Cristo, atravessa dois mil anos de história entre os castelos reais em pleno centro e dá a dimensão da riqueza cultural da cidade. Hoje, Turim e seus arredores estão abertos ao público com mais de 50 museus, monumentos, castelos, palácios, residências e espaços expositivos considerados atrações internacionais. Merece destaque o Museu Egípcio, o qual, com um acervo de valor inestimável que reúne 30 mil peças, é considerado o mais importante do mundo depois daquele situado no Cairo. No entanto, a capital do Piemonte não vive só do esplendor de
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Turim mescla monumentos históricos com uma atmosfera cosmopolita, representada pelo mercado de Porta Palazzo, que abriga desde 2005 uma instalação do artista Michelangelo Pistoletto
seu passado, mas investe no presente e no futuro. Nos últimos dez anos, Turim aumentou em 50% as entradas de visitantes e agora vende o dobro de pacotes turísticos de Nápoles. O projeto cultural é bem articulado, entre mecenas e instituições públicas, transformando-se na capital da arte contemporânea da Itália. O Piemonte, além de incentivar projetos sustentáveis, tem uma das capitais mais verdes da Europa. Cidade industrial, Turim, nos anos 1970, começou a aplicar uma política de reflorestamento e conservação de parques e bosques, e áreas fluviais. Desde então,
a superfície destinada ao verde urbano cresceu de 4 milhões a 18,4 milhões de metros quadrados. Hoje, há uma proporção de quase 20 metros quadrados de área verde para cada um dos 907.000 habitantes, o que é considerado excelente para os padrões das metrópoles europeias. Segundo os esotéricos, Turim é uma cidade mágica. Situada no paralelo 45, exatamente na metade do hemisfério norte, faz parte do triângulo da magia branca, junto com Lion e Praga — e do triângulo negro, com Londres e São Francisco. Alguns acreditam que seja porque a cidade está localizada no ponto de encontro de dois rios, um com características femininas, o Dora, e outro masculino, o Pó. Outros atribuem ao poder da dinastia Savoia, que era muito ligada ao esoterismo. Dizem que até o misterioso Conde de Saint-Germain era um assíduo frequentador da cidade, convidado da rainha Margherita de Valois. Para muitos não é casual que o Santo Sudário, o lençol de linho que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo, esteja guardado na Catedral de Turim. A dinastia dos Savoia deixou profundas marcas no Piemonte. Nos arredores da capital e em toda região encontram-se castelos, vilas e palácios magníficos em estilo barroco que serviam para o devaneio da realeza. Estas residências reais em 1997 foram tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Recentemente foi restaurada a Reggia di Venaria, que vale a pena visitar. Este palácio era
Situada no paralelo 45, metade do hemisfério norte, faz parte do triângulo da magia branca com Lion e Praga, e do triângulo negro com Londres e São Francisco. Para muitos não é por acaso que o Santo Sudário esteja guardado na Catedral de Turim
A Catedral de Turim guarda o Santo Sudário, o lençol de linho que teria envolvido o corpo de Jesus após a crucificação
uma das residências de caça da família real, provavelmente a maior por conta das suas dimensões, com 950.000 metros quadrados de extensão, incluindo parques e jardins. A sua estrutura é comparável ao Palácio de Versailles, sendo que o projeto do palácio francês foi baseado na residência real piemontesa. A construção começou em 1659, durante o ducado de Carlo Emanuele II de Savoia. Ao longo dos anos sofreu muitas degradações até ser devolvido ao seu esplendor com a restauração e a abertura em 2007. O rei dos vinhos é piemontês A monarquia italiana terminou em 1946, mas o Piemonte continua sendo a terra do rei da Itália: o Barolo, o rei dos vinhos. Ele é conhecido e apreciado no mundo inteiro pela sua intensidade, pelo seu vermelho rubi, pelo aroma complexo. Para manter o seu padrão de qualidade, o Barolo é produzido numa área determinada no Piemonte, nas Langhes, na província de Cuneo. Ali, o solo calcário argiloso e o clima proporcionam características especificas para exaltar a qualidade das uvas de casta Nebbiolo, cepa 100% dominante. O Barolo conta com o certificado de qualidade europeu de DOCG, ou seja, Denominação de Origem Controlada e Garantida. Os produtores respeitam as rígidas regras de envelhecimento. O vinho de reserva é envelhecido por um período mínimo de três anos, dos quais pelo menos dois passam em barris de com unit àit aliana | agost o 2012
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Turismo
madeira. Para que sejam qualificados como Riserva Speciale, devem ser envelhecidos por pelo menos cinco anos, sendo dois em barris de madeira. A graduação alcoólica é de aproximadamente 13%. Para divulgar a cultura e o conhecimento do Barolo no mundo, foi fundada a Academia do Barolo, que reúne 14 produtores: Azelia, Michele Chiarlo, Conterno-Fantino, Damilano, Poderi Luigi Einaudi, Gianni Gagliardo, Franco Martinetti, Monfalletto - Cordero di Montezemolo, Pio Cesare, Prunotto, Luciano Sandrone, Paolo Scavino, Vietti e Roberto Voerzio. A sede desta Academia está no Castelo Barolo, onde se encontra também o Museu do Vinho. A Academia do Barolo promove interessantes iniciativas, como um turismo cultural na região, com lições de como o vinho é produzido e visitas às vinícolas. Eles também organizam um leilão, que já está na 13ª edição. Mais do que promoção comercial do produto, o evento se transforma numa divertida festa, obviamente regada pelo elegante rei dos vinhos.
A dinastia dos Savoia deixou profundas marcas na região, repleta de castelos, vilas e palácios barrocos que serviam para o devaneio da realeza 52
A única universidade de ciências gastronômicas do mundo O Piemonte é a terra fértil de onde brotou o Slow Food, um movimento que, pelos seus princípios de respeito da biodiversidade alimentar, acabou conquistando o mundo. O piemontês Carlo Petrini, criador do movimento, lançou a faísca de revalorizar um antigo burgo na cidadezinha de Pollenzo (província de Cuneo), onde está situada uma das residências reais tombadas desde 1997 pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Trata-se do Castelo de Pollenzo, cuja construção começou na Idade Média e ainda mantém características originais como a torre. Em 2003, foi fundada a Universidade de Ciências Gastronômicas em Pollenzo, única do gênero no mundo. Mais do que uma faculdade, é um centro internacional de formação e investigação de uma agricultura eco
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A Reggia di Venaria, restaurada há pouco tempo, foi o maior palácio de caça da família real, com 950 mil metros quadrados de extensão, incluindo parques e jardins
A vinícola Piemonte, situada no Alto Monferrato, na fronteira com Asti e Langhe Cuneo, produz o Barolo. O solo calcário argiloso e o clima da região proporcionam as características incomparáveis do vinho
sustentável, que preserva a biodiversidade e promove uma relação orgânica entre enogastronomia e ciências agrárias. A Universidade fica no burgo ao lado do castelo, hoje transformado em um excelente hotel e restaurante. Para os amantes dos animais, a estrutura aceita hóspedes acompanhados dos seus melhores amigos, cães e gatos. Afinal, o respeito pelos animais é a aplicação do princípio de justiça. Em todos os ambientes da cidadezinha de Pollenzo, os princípios do Slow Food — que pregam alimento bom, limpo e justo — são aplicados na íntegra. O restaurante do hotel conta com o talento dos
Engana-se quem pensa que Turim é somente sinônimo de gianduia, o delicioso chocolate nascido no século XIX com 30% de creme de avelã melhores chefs de fama internacional, que usam ingredientes típicos locais com criatividade para elaborar pratos saborosos e variados. Mas é suficiente uma volta pelo lugar e tomar um aperitivo num casual bar para perceber o valor das tradições locais, aliadas à simplicidade das pessoas. Assim vive a valorosa gente simples, no profundo do intenso Piemonte. Um mundo de sabores além do gianduia A capital do Piemonte é um caleidoscópio gastronômico da boa alimentação. O passado de capital do Reino da Itália ainda se reflete na grande oferta de uma rica opção das mais variadas iguarias. Não por acaso a região é o berço Slow Food, divulgador das tradições alimentares que preservam
a matéria-prima local e o modo de preparar os pratos levando em conta, ainda, o custo-benefício do valor final do que é oferecido ao consumidor. A cidade tem cafeterias no centro, restaurantes tradicionais nas colinas e estabelecimentos sofisticados na Reggia di Veneria, onde está a cozinha de Alfredo Russo, duas estrelas Michelin, a Dolce Stil Novo e a maior e mais multiétnica das feiras livres no país, a dos domingos, na avenida Regina Margherita. O mercado popular dominical é um dos cartões-postais. Nele, centenas de feirantes comercializam os seus produtos plantados e colhidos nas redondezas. Italianos de todas as partes do país e estrangeiros
Oficinas de chocolate
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á uma “fábrica” de chocolates em cada esquina de Turim, cidade da elaboração do cacau por excelência, que chega de longe, do Brasil, de Gana. As aulas para a confecção das saborosas barras acontecem em diferentes locais, como em um antigo prédio, no centro de Turim, a Maison Massena. O número 18 da avenida Stati Uniti é um dos endereços do chocolate. O professor Giovanni Dell’Agnese se desdobra para ensinar aos alunos os segredos da arte desta iguaria
sagrada dos antigos astecas. Quinze vagas são ocupadas por diletantes da cozinha que querem aprender a dominar a técnica e escolher bem a matéria-prima. Dell’Agnese tem toda a paciência do mundo. Ele já deu aulas para doceiros franceses e suíços experientes, mas confessa: — Existem segredos de nossos avós que não podemos revelar, porém isso não impede a confecção de chocolates de altíssima qualidade — conta à Comunità. Do fruto do cacau ao chocolate pronto para ser servido, todo o processo não dura mais de três horas. Entre telas de alta definição que exibem os passos registrados pelas câmeras ao vivo, os alunos mergulham no mundo do chocolate, colocando, literalmente, as mãos na massa. Quem pensa que Turim é somente sinônimo de gianduia, chocolatinho nascido em 1806 que leva 30% de creme de avelã, está muito enganado.
A capital do Piemonte é o berço do SlowFood, movimento que promove o alimento bom, limpo e justo. O jornalista e chef torinês Kumalé organiza passeios pelo mercado popular para difundir a filosofia do quilômetro zero
radicados na cidade armam as barraquinhas lado a lado. Aos poucos, a filosofia do quilômetro zero conquista os consumidores que privilegiam os produtos semeados no quintal de casa. Um passeio pelo mercado é uma dos programas turísticos obrigatórios em Turim, ainda mais em companhia do chef Kumalé, um jornalista torinês de carteirinha e que organiza passeios gastronômicos culturais no coração da feira, em meio a feirantes chineses, marroquinos, egípcios e, italianos, claro, do norte e do sul. Afinal, Turim, terra da Fiat, atraiu ondas e ondas de imigrantes do sul da Itália, nos anos 50, 60 e 70. Ali ao lado, está o primeiro Hamman da cidade e, claro, dentro da sauna, há um espaço dedicado à culinária das “arábias” no restaurante Al Andalus, com um couscous da melhor qualidade. Por ser uma concentração de matéria-prima para pratos inusitados e ser ainda um local de grande encontro multiétnico, o lugar vai receber, dentro de pouco tempo, um albergue criado para receber estudantes de culinária. Eles irão estudar e morar ali mesmo, bem ao lado do mercado. Além disso, a instituição vai vender a produção dos futuros chefes, com uma revisão completa do conceito do fast-food. É ver para crer.
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Moda
Milão desfila em Sampa Dolce & Gabbana, Gucci, Ermenegildo Zegna e Bottega Veneta marcam presença em novo shopping que acaba de ser inaugurado na capital paulista Vanessa Pilz
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De São Paulo
pós uma longa briga com a prefeitura de São Paulo, o shopping JK Iguatemi, na zona sul da capital paulista, foi aberto ao público no final de junho passado, dois meses após o prazo inicial de inauguração. O impasse deveu-se ao fato de que os responsáveis pelo empreendimento não teriam construído obras para minimizar o impacto da abertura do empreendimento no trânsito da região, no bairro da Vila Olímpia. Programado para começar a funcionar em abril, o local só pôde abrir as portas depois que a prefeitura concedeu o Habite-se, documento que atesta que o shopping está cumprindo a legislação. Contornadas as dificuldades, o centro de compras foi inaugurado no dia 22 de junho e tem entre suas lojas uma seleção de grifes internacionais, que inclui marcas renomadas de origem italiana. Uma delas é a Bottega Veneta, que escolheu o shopping JK Iguatemi 54
para inaugurar sua primeira loja no Brasil. Especializada em artigos de couro, a grife vende acessórios, incluindo bolsas femininas e masculinas, sapatos e óculos, além de ter uma linha de perfumes. Fundada em 1966 pelos italianos Michele Taddei e Renzo Zengiaro, a Bottega Veneta tem sua sede estabelecida em Vicenza, na região do Vêneto, no norte da Itália. Uma de suas criações de maior sucesso é o intrecciato — uma técnica de entrelaçamento do couro que acabou se tornando uma espécie de assinatura da grife. Em 2001, a Bottega Veneta foi comprada pela Gucci, outra marca italiana presente no shopping. Um dos ícones da moda italiana, a Gucci surgiu em Florença, em 1921, criada por Guccio Gucci, que começou fabricando artesanalmente peças de couro. A grife já tem outras três lojas no Brasil: duas em São Paulo e uma em Brasília, mas abriu no JK Iguatemi a sua primeira loja exclusivamente masculina no país. Com uma área de 3.600 metros quadrados, o espaço vende roupas e acessórios
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masculinos e oferece um serviço de confecção de ternos sob medida. É a sexta loja da grife dedicada totalmente aos homens: desde outubro passado, a Gucci inaugurou espaços do tipo em Seul, Tóquio, Xangai, Pequim e Paris. — O Brasil é um mercado muito importante para a Gucci e achamos que o shopping JK, sendo um dos mais luxuosos do país, era um local perfeito para abrir nossa primeira loja exclusivamente masculina nas Américas — diz Frida Giannini, diretora criativa da marca. No momento, a marca não tem
planos de abrir uma loja parecida nos Estados Unidos. Miu Miu abre sua primeira loja no Brasil Entre as grifes italianas presentes no shopping, uma das mais aguardadas é a Dolce & Gabbana, que inaugurou no centro de compras sua primeira loja no Brasil. Assim como a Gucci, fundada em 1985 em Milão por Domenico Dolce e Stefano Gabbana, terá um espaço voltado somente para o público masculino e também contará com serviços de alfaiataria. No restante da loja, as mulheres poderão encontrar roupas, acessórios, joias e perfumes da marca. Outra loja cuja abertura era bastante esperada é a Miu Miu, criada pela italiana Miuccia Prada em 1993. Espécie de “filhote” do grupo Prada, a Miu Miu é voltada para o público feminino e a loja do shopping JK é o primeiro empreendimento da marca no Brasil. Em breve, a Prada também abrirá uma loja no centro de compras da Vila Olímpia. Será a segunda filial da grife no país. A primeira funciona no shopping Cidade Jardim, também em São Paulo. A Prada surgiu em 1913 em Milão, criada pelos irmãos Mario e Martino Prada como uma loja de artigos de couro. No início, a marca importava bolsas e malas produzidas na Inglaterra. No final da década de 1970, deixou de importar produtos ingleses e passou a fabricar todos os acessórios vendidos pela marca. A grife também começou a criar roupas e em 1983 abriu uma segunda loja em Milão. Foi nos anos 1990 que a Prada alcançou o auge do sucesso no mundo da moda, tornando-se símbolo de status. Hoje, a grife possui lojas espalhadas em todo o mundo e deu origem à Miu Miu, outra loja cuja abertura no shopping JK foi bastante esperada. Criada pela italiana Miuccia Prada em 1993, a Miu Miu é voltada para o público feminino e a loja do JK é o primeiro empreendimento da marca no Brasil. Homens apreciadores da moda italiana têm um motivo a mais para visitar o JK Iguatemi, além da Gucci e da Dolce & Gabbana: a grife Ermenegildo Zegna, que abriu no local sua sexta loja no Brasil. Além de três outras filiais em São Paulo, a marca é vendida em Brasília e no Rio de Janeiro. Famosa por produzir ternos de altíssima qualidade, surgiu em 1910 na cidade de Trivero,
no Piemonte. Hoje, além de roupas, vende acessórios e perfumes. Uma das favoritas entre o público jovem, a Diesel leva seus cobiçados jeans à Vila Olímpia, em sua segunda loja no Brasil. A primeira funciona também em São Paulo, na rua Haddock Lobo. A grife foi criada em 1978 por Renzo Rosso, em Bregranze, no norte da Itália. Atualmente, está presente em mais de 80 países, somando cinco mil pontos de venda. Nem só de roupas vivem as grifes italianas. A Officine Panerai, fundada em 1860, em Florença, é uma grife especializada em relógios. A marca surgiu do trabalho de Giovanni Panerai e hoje fabrica seus sofisticados relógios em Neuchatel, na Suíça. Com lojas que se espalham de Nova York a Hong Kong, a Officine Panerai fez sua estreia no Brasil no shopping JK.
Para o segundo semestre de 2012, está programada a abertura da Tod’s, grife especializada em sapatos e acessórios de couro. A marca teve início no fim dos anos 1920, quando Dorino Della Valle começou a produzir sapatos em um porão. Anos depois, seu filho mais velho, Diego Della Valle, expandiu o ateliê do pai, transformando-o em uma fábrica e vendendo sapatos para lojas de departamento dos Estados Unidos. Hoje, a Tod’s possui lojas espalhadas pela Europa, Estados Unidos e Ásia, e se prepara para aportar no Brasil. O shopping JK Iguatemi, em São Paulo, com diversas lojas de grifes italianas, foi inaugurado no final de junho
Panini, gelato e polpetone no cardápio A Itália não se fez presente apenas nos pisos dedicados à moda no shopping JK. Três restaurantes italianos tradicionais de São Paulo abriram filiais no espaço, oferecendo massas, risotos e outros pratos típicos italianos. O mais antigo é o Jardim di Napoli, que abriu sua primeira casa em São Paulo em 1949 e hoje tem mais duas filiais em centros comerciais da cidade, além da loja no JK Iguatemi. Diversos tipos de massas e molhos dividem espaço com a estrela do cardápio da casa, o polpetone. Quem quiser pratos mais sofisticados pode optar pelo Tre Bicchieri, que, nos últimos anos, foi várias vezes eleito como o melhor restaurante italiano de São Paulo por publicações especializadas em gastronomia. Por fim, a Forneria San Paolo, cujo carro-chefe são os tradicionais panini, instalado no andar térreo, possui um ambiente completamente aberto, no centro do corredor principal. Entre os pratos servidos, destacam-se o cordeiro assado no próprio molho com risoto parmegiano, o portafoglio (filé mignon recheado de aspargos e queijo brie com tortelli de batata com manteiga e sálvia) e o risoto de camarão e tomate. Para uma sobremesa à italiana, a pedida é experimentar um sorvete na Bacio di Latte, que produz seus sabores seguindo a típica receita do gelato italiano. Serviço Shopping JK Iguatemi Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck, 2041 - Vila Olímpia Telefone: (11) 3152-6800 De segunda a sexta, das 10h30 às 22h, aos sábados das 10h às 22h, e aos domingos das 14h às 20h.
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Mercado Porém, ele admitiu que sapatos caros, mas desejados, é o sonho de toda marca. — O preço envolve estilo, produção e vendas, com profissionais fundidos entre si com o mesmo objetivo — comentou. Ferragamo vê o mercado brasileiro como forte e crescente na categoria “luxo acessível”. — O Brasil é uma potência enorme e o luxo acessível já começou a ser produzido com um novo gosto que o país desenvolve. Isso deve explodir futuramente — destacou, ressaltando que o segredo é trabalhar com a matéria-prima da região.
Ferragamo caminha por aqui
Evento para o mercado de calçados e acessórios contou com a presença de empresas italianas em busca de parcerias com o Brasil Janaína Pereira
E
De São Paulo
ntre janeiro e abril de 2012, a Itália importou do Brasil cerca de dois milhões de pares de sapatos, movimentando US$ 34 milhões. Com este desempenho, os italianos estão em terceiro lugar no ranking dos principais compradores do calçado brasileiro. A 44ª edição da Francal — Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios — apresentou, em São Paulo, as novidades nacionais e abriu as portas para empresas internacionais firmarem parceria com o Brasil, contribuindo para o incremento desse já movimentado mercado. A Francal deste ano também contou com uma participação muito especial: antes da abertura da feira, Stefano Ferragamo, consultor da grife de calçados Salvatore Ferragamo, participou de uma disputada palestra. Com o tema Luxo e Calçado: A Busca da Perfeição, o estilista italiano comparou a produção de seus famosos sapatos com o carnaval brasileiro. — Para preparar uma coleção e criar um desfile, trabalhamos com toda a equipe junta e com música 56
no último volume. Este é o nosso carnaval. Temos a obrigação de transformar tudo em realidade. Ao comentar o sucesso mundial da marca que leva seu nome, ele explicou que uma grife se torna conhecida quando consegue adaptar as medidas aos vários países em que atua. — Isso dá o conceito de luxo. A tipologia dos pés no mundo é variada e, por isso, precisamos de profissionais que façam essa adaptação de clima, hábitos e tamanhos. Erros e defeitos no mundo do luxo são intoleráveis. Para o consultor, o luxo não tem como base o preço dos produtos. — Essa palavra deve ser o equilíbrio perfeito de técnica e estética. Hoje o luxo não é para ricos apenas e já tem um público variado, com estilo e personalidade — explicou.
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Stefano Ferragamo diz que uma marca fica conhecida quando consegue adaptar a tipologia dos pés ao clima e aos hábitos dos vários países
Projeto Comprador Nacional atrai empresas italianas A Francal 2012 contou com cerca de mil expositores, mais de 59 mil profissionais do setor e atraiu um público de 60 mil visitantes. Mais uma vez, um dos destaques da feira foi o Projeto Comprador Nacional (PCN), que reúne compradores internacionais interessados nos lançamentos da moda calçadista brasileira para a primavera-verão 2011/2012. A Itália novamente participou do projeto. — Além de ver de perto as nossas novidades, cada convidado leva essas informações a seu país, ampliando a divulgação do programa — destacou a coordenadora de marketing do Brazilian Footwear, Vivian Laube, que coordenou o grupo vindo da Itália. Entre os empresários italianos que estiveram na Francal, Mario Bulgarelli, da Ballarini, de San Mauro Pascoli, procurava sapatos femininos e artigos esportivos. — Estou interessado em fazer negócios, além de conhecer a cultura do país — disse. Já Antonino Schillaci, da GFS Schillaci, de Palermo, procurava produtos diferenciados. — Quero algo inovador para distribuir na Europa — revelou. Giorgio Cannara e Mauro Muzzolon, da Associação Italiana de Manufaturados de Pele, fizeram contato com produtores de bolsas, artigos para viagem, peças e acessórios de couro. Eles tinham como objetivo firmar parcerias com os produtores brasileiros que produzem linhas de acessórios com qualidade e ficaram surpresos com a quantidade de produtos chineses no evento. — Mais de 70% de bolsas e artigos para viagens expostos na feira são de chineses — lamentou Giorgio Cannara.
Uomo
ItalianStyle
No mês em que se comemora o Dia dos Pais no Brasil, confira alguns lançamentos das grifes italianas que trabalham com a moda masculina
Pastores tibetanos
mYak é o nome de uma nova grife italiana especializada em produtos têxteis feitos da fibra baby yak, comprada diretamente de comunidades nômades da região norte do Tibet. O projeto éticosocial, fundado por um veterinário italiano, tem como objetivo apoiar a sobrevivência destes pastores nômades, produtores originais deste tecido, que não sofre tratamentos químicos.Vem apenas nas cores naturais marrom escuro, preto, cinza e branco gelo. Entre os produtos vendidos, estão estolas, cachecóis, mantas e cobertores. Preço: Sob consulta www.myak.it
Fotos: Divulgação
Waterproof Rain Pirelli
A nova coleção masculina da Pirelli Pzero para o próximo inverno europeu é rigorosamente à prova d’ água: os casacos trench coat possuem tecidos com borrachas especiais, costuras embutidas, botões em borracha e membranas internas super coloridas. Preço: Sob consulta store.pirellipzero.com
Relógios de luxo Dolce&Gabbana
A nova coleção de relógios da Dolce& Gabbana é totalmente nova em relação aos relógios já produzidos pela grife. Não apenas o formato deixa de ser fashion para se tornar clássico: a confecção mecânica foi realizada sob os padrões mais rigorosos da tradição suíça, onde foi realizada a produção. A coleção completa inclui 52 modelos de relógios masculinos divididos em três linhas. A mais rica delas, DG7 Gems, traz visores enfeitados com diamantes, rubis e outras pedras preciosas. Preço: Sob consulta www.dolcegabbana.com
Toki London
Ainda na onda das Olimpíadas 2012, Alberto Guardiani se inspira na capital inglesa, Londres, para a sua coleção Outono/Inverno 2012/2013 de calçados clássicos e esportivos. A linha de sneakers Toki, modelo clássico da marca, apresentou seis versões diferentes para homenagear Londres. Preço: € 240 store.albertoguardiani.com
Obló
A grande atração da nova coleção de sapatos de Cesare Paciotti, que apresenta uma longa lista de criações psicodélicas com inspiração nos anos 1970, se chama Obló. O sapato em couro leve é coberto por uma rede de furos circulares sobre fundo de borracha fina. Preço: Sob consulta www.cesare-paciotti.com
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Dança precisamos pensar e despertar para a vida, saindo da inércia e da solidão — explicou Forsythe. O Brasil foi representado na programação pelo Balé Teatro Castro Alves (BTCA), de Salvador, considerada uma das cinco companhias de dança mais importantes do país. O BTCA, que é dirigido por Jorge Vermelho, fez oito apresentações em Veneza, com dois espetáculos: 1POR1PRAUM e A Quem Possa Interessar, com participação ao vivo da cantora Badi Assad.
A Bienal sob a direção de Ivo Com a curadoria do brasileiro Ismael Ivo, o Festival Internacional de Dança Contemporânea da Bienal de Veneza reuniu os mais importantes nomes do balé clássico e da dança contemporânea Janaína Pereira
A
De Veneza
oitava edição do Festival Internacional de Dança Contemporânea da Bienal de Veneza deste ano apresentou uma série de espetáculos, performances e instalações com coreógrafos e bailarinos de diversos países. O tema central deste ano foi Awakenings, inspirado na obra Tempo de Despertar, do neurologista e escritor inglês Oliver Sacks, que relata o retorno à vida de pacientes que passaram anos em um estado de torpor. O paulistano Ismael Ivo, que há oito anos dirige o setor de dança da Bienal de Veneza, foi o responsável pelo espetáculo de abertura, Biblioteca do Corpo, que teve como inspiração a obra do argentino Jorge Luis Borges. A coreografia terá uma turnê italiana e mundial, em parceria com o Sesc de São Paulo. Entre as companhias italianas de dança, um dos destaques foi a Compagnia Virgilio Sieni. O dançarino e coreógrafo, nascido em Florença e formado em dança clássica e contemporânea em Amsterdã, Nova York e Tóquio, além de apresentar um de seus mais famosos espetáculos, Ultimo giorno per noi, ministrou palestras para bailarinos profissionais e não profissionais, além de abrir uma seleção para a sua companhia. Outro nome que chamou a atenção em Veneza foi o americano William Forsythe, um dos mais célebres dançarinos da atualidade. Ele coreografou especialmente para o evento Nowhere, espetáculo de quatro horas de duração apresentado como uma metáfora sobre a 58
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solidão. Forsythe, que ganhou fama com seu trabalho no Balé de Frankfurt, já havia chamado a atenção na Bienal de Dança de 2008, quando criou um espaço degradado, cheio de cordas e anéis de ginástica, no qual que o espectador poderia saltar do chão. Desta vez, em uma sala com cenário de floresta de prumo com pêndulos cônicos, a jovem dançarina Brock Labrenz se apresentava em silêncio. A multidão de espectadores, sentada em poucos bancos de madeira, observava tudo, como se estivessem hipnotizados pela dança. — É uma experiência complexa para instigar o espectador, mostrar a relação entre o raciocínio e a fuga dos outros e de si mesmo. É o que o tema da Bienal aborda, e é o que devemos pensar sobre nós, o quanto
Leão de Ouro vai para Sylvie Guillem Um dos momentos mais emocionantes da Bienal de Dança, ocorrida em junho, foi a entrega do Leão de Ouro pela carreira à bailarina francesa Sylvie Guillem. Ela se junta a Merce Cunningham (1995), Carolyn Carlson (2006), Pina Bausch (2007), Jirí Kylián (2008) e William Forsythe (2010), homenageados nas edições anteriores. Sylvie esteve em Veneza com seu espetáculo 6000 Miles Away, um dos pontos altos do evento. Em excelente forma física aos 47 anos, ela explicou que, às vezes, é transparente, em outros momentos é uma ternura só ou pode ser desesperada também, o que reflete o seu jeito de dançar. — Quando as pessoas dizem para você “eu te daria uma parte da minha vida para que você possa continuar dançando”, há algo muito poderoso aí. Eu já ouvi isso algumas vezes, e por isso continuo dançando — resume. Sylvie Guillem começou a carreira aos 12 anos de idade na Ópera de Paris e aos 16 já era uma estrela. Aos 19, dançou ao lado de Rudolf Nureyev — que se tornaria um dos seus parceiros mais constantes — em O Lago dos Cisnes. Intérprete de todos os papéis principais do balé clássico, como Giselle, Don Quixote, Romeu e Julieta, Cinderela e Notre-Dame de Paris, em 2003 ela passou a se dedicar à dança contemporânea, dando um novo rumo à sua carreira. A bailarina já dançou em todos os principais teatros do mundo, do Teatro Kirov de São Petersburgo ao American Ballet Theater, em Nova York, passando pelo Teatro alla Scala de Milão. A Bienal de Dança de Veneza também foi palco de uma homenagem a Pina Bausch criada pela italiana Cristiana Morganti, e da estreia mundial do novo espetáculo do belga Wim Vandekeybus.
firenze
GiordanoIapalucci
Ville Medicee
A
lla base delle colline circostanti Firenze ci sono le antiche residenze estive dei Medici, circondate da boschi e parchi in cui l’attività si divideva prevalentemente tra il riposo e caccia. Molte di queste furono raffigurate in quadri a forma di lunetta da Iustus Utens, pittore fiammingo vissuto a cavallo tra il XVI e il XVII secolo, su commissione di Ferdinando I de’ Medici. Il Polo Museale Fiorentino ha deciso di trasferire queste opere dal Museo di Firenze alla Villa della Petraia fino al 30 settembre. Dal prossimo Natale, poi, diventerà esposizione permanente, incrementando le opere esposte. Sarà così possibile una panoramica maggiore delle principali ville e palazzi dell’epoca medicea. L’ingresso è gratuito e comprende una visita guidata all’interno della Villa Petraia.
Geometrie dell’illusione L
a curiosa mostra dal titolo Geometrie dell’illusione fra arte e scienza, offre una serie di sculture anamorfiche e giochi prospettici eseguiti da Gianni Miglietta e Stella Battaglia. La tecnica anamorfica è una raffigurazione pittorica di origine barocca basata sullo studio prospettico in cui la percezione corretta dell’immagine viene percepita solo se osservata da un
preciso punto di vista. Da un qualunque altro luogo di osservazione, questa viene distorta e praticamente indecifrabile. I due artisti percorrono questa strada ricercando le potenzialità plastiche della prospettiva approfondendo l’aspetto tra arte e scienza. Fino al 16 settembre. Aperto dalle 9.30 alle 18.00 presso il Museo Galileo a Firenze. Ingresso 9 euro.
Le ceramiche diellaBiavati piccola cittadina di Pietrasanta, una
Da Signorini a elle Rosai splendide sale della Galleria
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grande mostra sulla ceramica di Riccardo Biavati. L’artista ferrarese, maestro ceramista, presenta una quarantina di opere di piccole e medie dimensioni insieme ai disegni di progettazione. Biavati si è diplomato all’Accademia di Belle Arti di Bologna e fino al 2007 ha insegnato “Discipline Pittoriche” presso l’Istituto d’Arte di Ferrara. L’esposizione vuol essere una sorta di omaggio alla storia e ai maestri ceramisti, che anticamente producevano manufatti per contenere liquidi e per cucinare cibi ma anche come elementi ricchi di simbolismo. La mostra rimarrà aperta fino al 9 settembre con ingresso gratuito dalle 17.00 alle 22.00.
Inoccazione bianco e in nero è ghiotta: trascorrere una
L’
bella giornata al mare e conciliarla con un’esposizione fotografica alla Fondazione Culturale Hermann Geiger dal titolo The World in black and white. Le opere in mostra, firmate da esploratori e naturalisti, ancor prima di essere fotografi, come Clifton R. Adams, J. Baylor Roberts, Edwin L. Wisherd e B. Anthony Stewart, sono una prima assoluta per l’Italia. Si tratta di fotografie scattate tra il 1880 e il 1950, provenienti dagli archivi della National Geografic Society. Si pensi solo che di questa immensa collezione ne sono state pubblicate, fino ad oggi, solo il 2% a livello mondiale. L’esposizione rimarrà aperta fino al 16 settembre con orario 18.00-23.00. Ingresso gratuito.
N
d’Arte Moderna di Palazzo Pitti saranno ospitate ben quarantanove dipinti dedicati agli scorci e ai paesaggi più rappresentativi e intimi della città di Firenze. La Soprintendenza speciale per il Polo Museale Fiorentino propone questa esposizione in cui sarà presente anche una “guida della memoria” con la quale sarà possibile vedere la città di un tempo a confronto con quella di oggi: dalle rappresentazioni del ‘700 di Giuseppe Maria Terreni a quelle già più recenti del secolo XIX di Lorenzo Gelati, dai colori accesi della macchia di Telemaco Signorini a quelli decisi e più urbani di Ottone Rosai. Un’occasione da non perdere. Fino al 28 ottobre con ingresso a 8 euro.
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Notícias
Contagem regressiva
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papa Bento XVI, em sua residência no Castel Gandolfo, próximo a Roma, abriu, no final de julho, a contagem regressiva do Vaticano para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada no Rio em 2013. Na abertura, o papa ressaltou a importância dos jovens para o evento, pois eles serão missionários do catolicismo e praticantes da fé. Bento XVI também agradeceu à Arquidiocese do Rio de Janeiro pelo empenho na preparação dos jovens. A 28ª jornada será realizada de 23 a 28 de julho. Para o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o evento será uma oportunidade para oferecer um crescimento dos valores cristãos, de solidariedade, justiça, esperança e coragem para as novas gerações.
Globo tricolore
T
odos os anos, o concurso internacional Globo Tricolore presta uma homenagem aos italianos que se destacam nos mais variados setores e em diversos países do mundo. Do Brasil, saíram premiados da cerimônia de gala promovida na Úmbria, no dia 7 de julho, o executivo da FIAT Valentino Rizzioli, primeiro manager italiano do setor automobilístico em Minas Gerais; o empresário Sergio
Faces da repressão
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m ocasião dos 90 anos da marcha sobre Roma, evento que levou a Itália a uma ditadura fascista de mais de duas décadas, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de Rio de Janeiro, promove um ciclo de conferências sobre fascismo e antifascismo. O objetivo é trazer aos estudantes e pesquisadores brasileiros as reflexões elaboradas por notórios pesquisadores italianos sobre o tema. As palestras abertas ao público com tradução simultânea acontecem de 21 de agosto a 11 de setembro, no auditório da UniRio, e contam com a participação de Giordano Bruno Guerri, da Universidade de Roma; de Giorgio Sacchetti, da Universidade de Padova; e de Carlo Romani, da UniRio.
Comolatti, da Comolatti Holding, do setor de acessórios para motores, imóveis e gastronomia; Alessandro Acito, da LibLab, que se ocupa de inovação sustentável e tecnologia; a docente universitária Giorgia Miazzo, que se destaca por projetos de pesquisa histórica sobre a imigração italiana; e o cineasta Cesar Meneghetti, autor de Io e un altro, trabalho artístico multidisciplinar que aborda a fronteira entre a desabilidade mental e a normalidade.
Assinatura: 1 ano = R$ 118,00 2 anos = R$ 199,00
milão
GuilhermeAquino
Panos para manga registro do poderoso presidente da re-
Costa Edutainment-PH Merlofotografia
O
gião da Lombardia, Roberto Formigoni, no inquérito que apura as denúncias de corrupção no sistema de pagamentos do setor da saúde surpreendeu o mundo político lombardo. O Ministério Público em Milão não brinca em serviço. Segundo informações da promotoria, Formigoni deverá explicar os mimos milionários em viagens e festas, principalmente, o recebimento de 8,5 milhões de euros do seu amigo que está atrás das grades e colocando a boca no trombone: o ilustre lobista Pierangelo Dacco. E a novela está apenas no começo.
A
té 25 de novembro, a Fundação Prada apresenta, na sede veneziana, a mostra The Small Utopia Ars Multiplicata. Uma visita na Cà Corner é uma ótima chance de conhecer um dos mais belos palácios de Veneza, transformado em local para exposição. Obras de pintura, livros e revistas, escultura, tri-
Costa Edutainment-PH Merlofotografia
Prada dita a moda da arte
lhas sonoras de rádio e disco, além de instalações de vídeos, estão entre as peças exibidas e emprestadas de coleções importantes do Moma de Nova York e do museu Weserburg, de Brema. Enfim, um grande supermercado de objetos artísticos que tem como mecenas a famosa casa de moda Prada.
Numa fria m dos passeios para quem vem a
UMilão é dar um pulinho em Gênova. Fica a pouco mais de uma hora de Luz, câmera, Milão trem e vale a pena. Dizem que a rintre os dias 12 e 23 de setembro,
Eacontece em Milão o festival de cinema da cidade. O Milano Film Festival and Multa infantil rinquedos para menores de 12 anos Filmmaker vai movimentar as telas da B
são para menores de 12 anos. Uma avó foi surpreendida pelos guardas municipais na cidade de Dorno, perto de Pavia, brincando na gangorra com o neto pequeno. Na primeira vez, os vigias alertaram que ela não podia subir no brinquedo. Na segunda vez, deram o flagrante e não pensaram duas vezes: aplicaram multa de 100 euros. De nada valeu a defesa da nonna indignada com a repreensão.
capital lombarda. O convidado de honra desta edição é o artista inglês Ben Rivers. Realizador de documentários e filmes, é um dos principais nomes da filmografia inglesa contemporânea. Quem estiver na cidade vai poder até mesmo participar de uma aula de cinema, assim como da apresentação do seu mais novo curta-metragem. Neste ano, o festival tem a colaboração do Brithish Coucil e Filmidee.
viera é a praia milanesa. Mas um dos principais motivos para visitar a cidade natal de Cristóvão Colombo é o seu famoso aquário e o seu mais novo morador: um filhote de pinguim de Magalhães. Os “pais” já tinham trazido à luz Diana, Freezy e Frost. O caçula da família nasceu em junho, saiu do ninho em julho, e em agosto e setembro vai crescer a olhos vistos na piscina com temperaturas entre 6 e 10 graus centígrados.
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Exposição
Do inferno ao paraíso A Caixa Cultural no Rio de Janeiro abriga até dois de setembro cem imagens de Salvador Dalí inspiradas em trechos de A Divina Comédia de Dante Alighieri Nathielle Hó
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roveniente de uma coleção privada da Espanha, o acervo de gravuras conduz o espectador a uma viagem ao inferno do poeta fiorentino, passando pelo purgatório até chegar ao paraíso, e conta com a presença dos personagens de Dante (o homem), Beatriz (a fé) e Virgílio (a razão). As gravuras fazem o público traçar o percurso imaginário de Dante, desde os círculos infernais, acompanhado por Virgílio, até o centro da terra, onde encontra Lúcifer. Ao regressar à superfície terrestre, sobe a montanha do purgatório, para — guiado pela amada Beatriz — ser admitido no paraíso. A coleção surrealista é uma das mais originais já produzidas, com alusões ao mundo dos sonhos e do subconsciente. A música de Franz Liszt, Sinfonia Dante, ambienta a mostra. A exposição é promovida pela Arte A Produções, com apoio do Instituto Cervantes e do Instituto Italiano de Cultura da cidade. A exposição tem classificação indicativa de 12 anos.
Em suas criações, Dalí utilizou um método paranóico-crítico como uma forma de apreciar a realidade longe do racional, como pode ser comprovado nas obras que retratam a trajetória do inferno ao paraíso: Canto IX; Canto XX – Adivinhos e Magos; Canto XIV; Canto XXI: O Diabo Negro; e Canto XXXIIII
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Várias ilustrações de A Divina Comédia surgem na forma como Dalí interpreta o cosmos de Dante e redesenha os cantos da vida e da morte. Exemplos disso são as obras: Canto X; Canto I – De partida para a grande viagem; Os Heréticos; Canto XXVII – Um diabo lógico; e Canto VII – Avarentos e Prodígios
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IlLettoreRacconta
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polônio Cometti, advogado, escritor e arquivo vivo da colonização italiana, foi um dos idealizadores do Museu do Imigrante Italiano no Espírito Santo. Ele me relatou a história de seu ilustre avô, Guilherme Balla. Oriundo de Cologno Al Serio, na Lombardia, embarcou no Navio Pará, em 1890, com destino ao Porto do Rio de Janeiro e, posteriormente, Vitória. Balla era casado com a senhora Maria Pessotti. O casal teve quatro filhos: Izaldina, Olivério, Rosa e Alaíde. No Espírito Santo, Guilherme havia adquirido 30 hectares de terra, onde cultivou um bom cafezal. A seguir, adquiriu peças, com o objetivo de fabricar um maquinário para o beneficiamento do café. Paralelamente, administrou uma loja. O negócio prosperou no ramo da compra de café para exportação, e Guilherme chegou a montar uma sucursal nas proximidades da recém criada ferrovia que ligava Vitória a Minas, para ter mais facilidades no embarque do café e recebimento de produtos manufaturados da capital. Como grande produtor de café, Balla conheceu a família de italianos de sobrenome Cibien, versáteis negociantes dos grãos negros mágicos. Juntos, começaram a fazer parcerias. Os acordos entre eles eram firmados através da palavra, pois não havia cartório naquele município. Além disso, as pessoas tinham honra e um respeito mútuo nestes negócios, pois a palavra estava sempre acima do papel. Assim, Balla selou um contrato verbal com o patriarca da família Cibien. Os negócios prosperaram em boa velocidade, com muitas divisas nos cofres. Em certa ocasião, Guilherme conversava amenidades no casarão do Velho Cibien, à luz de lampião, pois a modernidade da energia elétrica não se fazia presente naquelas paragens. Alguém chegou furtivamente com um fuzil de caça e, sem que ambos notassem a presença, ouviu–se um grande es-
Rio de Janeiro 64
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tampido. Cibien cai, tenta balbuciar alguma coisa inteligível e falece a seguir, no centro da sala, com o impacto de vários caroços de chumbo da arma de grosso calibre. Neste momento, começa a via-crúcis de Balla, figura dócil e honesta, exemplar chefe de família, que todos conheciam na comunidade italiana. Eram tempos difíceis, com uma polícia local sem cultura, semianalfabeta, para direcionar os fatos através de um inquérito de forma coerente e imparcial. Por tudo isso, o crime acabou sendo creditado a Balla. Guilherme possuía o agravante de estar no lugar certo, na hora errada, pesando, ainda, sobre ele, o fato do não reconhecimento do assassino, que se evadira na calada da noite. Estava em vigência no Brasil a ditadura de Getúlio Vargas, nada simpatizante com os imigrantes italianos e seus descendentes — muitos dos quais militantes do Integralismo, movimento político perseguido pela Gestapo de Vargas. Balla se encaixava neste estereótipo, sendo alvo fácil do sistema. Porém, mesmo assim, se comprometeu inicialmente a prestar todos os esclarecimentos do que havia presenciado para comprovar a sua inocência. Àquela altura, o italiano já havia amealhado um bom dinheiro e patrimônio respeitável, estava rico, desfrutava de amigos influentes na política. Estes o aconselharam a não se apresentar à justiça. Seguindo os conselhos de amigos, Balla foge para a fazenda Pedra Branca, na cidade paulisApolônio Cometti em uma foto de família. Ele foi um ta de Ribeirão Preto. dos idealizadores do Museu do Imigrante Italiano no Espírito Santo. Abaixo, seu pai João Olívio, com Alguns familiares uniforme da Força Expedicionária Brasileira, e seu achavam que ele ainda avô, o produtor de café Guilherme Balla estava vivo, em algum lugar em São Paulo, exercendo discretamente alguma atividade, com uma nova identidade, inclusive casando novamente. Dona Maria Pessotti, convencida do falecimento do marido, veio a se casar novamente com Caetano Castiglioni em 1941, tocando a vida até o final de sua existência. Um grande vazio ficou para os familiares de Guilherme. Ninguém soube do grand finale daquele ente querido, que nunca mais retornou. Assim como hoje, a justiça daquela época era cara e lenta. Por isso, Balla decidiu fugir. Para mim, este mártir, mediante seu caráter magnânimo, foi perdoado e perdoou a todos. Jane M. Niterói – RJ
Cologno Al Serio Mande sua história com material fotográfico para: redacao@comunitaitaliana.com.br
saporid’italia
CintiaSalomãoCastro
Culurgiones (ravióli típico sardo)
Ingredientes: 1 kg de batatas selecionadas 600 g de farinha italiana grano duro 00 azeite extra virgem 2 dentes de alho vermelho folhas de hortelã queijo pecorino queijo parmiggiano reggiano 2 ovos Molho de tomate feito com 50% de pomodori pelati e 50% de tomate fresco
Trattoria sarda
Restaurante inaugurado na zona norte enriquece o roteiro gastronômico do Rio com cardápio inspirado na Sardenha em clima de informalidade
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io de Janeiro – A maioria esmagadora dos restaurantes italianos do Rio fica na zona sul, a região mais nobre e cara da cidade. Inaugurada no início do ano no coração da zona norte, a Casa do Sardo oferece uma opção gastronômica para os cariocas dos outros bairros, inclusive para os executivos cansados de almoçar nos rodízios do centro, que fica a poucos quilômetros dali. Em clima de trattoria, o cliente se sente em casa e ao mesmo tempo degusta o melhor da culinária italiana sem precisar ir à zona sul por um preço acessível. Há pouco mais de dois anos no Brasil, os dois chefs originários de duas ilhas de mágicos sabores — Silvio Podda, da Sardenha, e Paolo Di Bella, da Sicília — escolheram o histórico bairro de São Cristóvão, para servir autênticas massas feitas com farinha italiana grão duro 00, como o inhoque de batata baroa, o caneloni de ricota e espinafre, e o culurgiones, ravióli típico sardo com queijo pecorino e hortelã. O ambiente é tão aconchegante que da mesa o cliente pode ver Silvio e Paolo no comando da cozinha. O forte da casa são os frutos do mar, especialidade sarda. A ilha do Mediterrâneo, ocupada por nuragues, mouros, bizantinos e catalães, traz em seus pratos elementos incorporados ao longo dos séculos. Eles estão nos petiscos, como os fritos mistos de lula, camarão, polvo e filé de peixe; e nos pratos principais, como a carbonata di mare e a aragosta alla catalana, que leva salada de tomate, aipo, cebola vermelha, azeite, vinagre balsânico de Modena e limão siciliano. No entanto, o filé mignon flambado com vinho tinto acompanhado de risotto preto, o Nero Nero, também é muito pedido. A carta de vinhos reúne, além dos italianos, rótulos chilenos, argentinos e brasileiros. O tiramissù ao mascarpone ou a torta de maçã são as opções da casa para acompanhar o ca fé expresso.
Espécie de “centro cultural” informal, na Casa do Sardo o cliente pode almoçar com a família ouvindo música ao vivo aos domingos, aprender mais sobre a Itália através de uma conversa com os proprietários, sempre muito acessíveis, e ouvir as bandas que tocam à noite. Fazem parte da decoração as bandeiras da Sardenha (com os quatro mouros) e da Sicília (com o tríscele). Durante a semana, o cliente pode esbarrar com alunos do curso do Instituto Italiano de Cultura, executivos que trabalham no centro e moradores de um dos bairros cariocas mais tradicionais. Tudo isso em um clima muito informal, típico de uma autêntica trattoria.
Preparo: Lave e cozinhe as batatas com a casca, tire da água uma por vez, descasque e amasse, fazendo um purê. Junte o azeite morno com o alho levemente dourado, as folhas de hortelã cortadas finas, um pouco de sal, e junte o pecorino e o parmiggiano ralado. Una com a mão rapidamente e conserve em uma tigela com um pano por cima. Faça a massa com a farinha, os ovos, o azeite, sal e água, abrindo-a até que fique bem elástica. Arrume-a em discos nos quais o recheio deve ser colocado com uma colher. Fechamento dos Culurgiones Os culurgiones devem ser decorados em um trabalho muito artesanal, quase de “costura”. Cozinhe-os em água quente com sal e escorraos quando subirem. Coloque em um prato raso e junte molho de tomate e queijo ralado. Acompanha o vinho tinto sardo Perdera Monica. Rende 8 porções.
Serviço: Aberto para o café da manhã, almoço e jantar de segunda a sábado, das 7h à meia-noite. Aos domingos, das 11h às 17h. Rua São Cristóvão 405 – São Cristóvão – Rio de Janeiro Tel (21) 2501-9848
com unit àit aliana | agost o 2012
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la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro
Gole dell’Alcantara
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ão muito longe do Etna, nos arredores de Taormina, na Sicília, fica uma das atrações sicilianas mais interessantes: a Gole dell’Alcantara, ou seja, as gargantas do Alcântara, espécie de cânion que tem o nome homônimo do rio que corre entre suas pedras lávicas. As gargantas ficam dentro do Parque Fluvial do Alcântara, uma fascinante reserva natural. A água é gelada (uns 10 graus), mas muitos corajosos encaram o banho no verão. A maioria recorre a um artifício: alugam uma espécie de salopete de plástico.
Arrivederci trem noturno
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ara mim, a notícia foi uma grande tragédia. Eliminaram quase todos os trens noturnos na Itália. Com a crise, a ferrovia nacional teve que cortar pessoal e custos e os trens noturnos foram para as cucuias. Nem todos, mas a grande maioria. A qualidade, diga-se de passagem, já não era lá essas coisas. Mesmo assim, para mim e para tantos outros passageiros (além dos trabalhadores que perderam o emprego, é claro), foi um duro golpe. Sou apaixonada por trens. Além do meu medo de avião (que confesso, meio envergonhada) e do meu romantismo por este meio de transporte retrô, existe, em minha opinião, uma certa praticidade em pegar o trem à noite. Afinal, partindo de noite de uma cidade, chegamos em outro lugar a 1000 km de distância bem cedinho no dia seguinte. Quantos encontros eu já tive nesses trens noturnos! Quanta gente conheci, quantos endereços troquei por toda a Itália, e também pela Europa. Parte dessa aventura era o famoso cuccettista, o senhor que pega as passagens assim que você chega na cabine, que traz os lençóis e as cobertas e que acorda você de manhã. Um verdadeiro pai! O trem eliminado que mais doeu no meu coração foi o Roma-Paris. Era chamado de Palatino e ligava as duas cidades mais lindas da Europa (na minha humilde opinião). Lembro da época das vacas gordas, quando serviam cappuccino e croissant e davam o jornal de manhã em cada cabine. Dizem as gerações mais velhas que, no passado, serviam até champagne assim que se entrava no trem. O serviço foi piorando bastante: primeiro sumiu o jornal, depois o cappuccino e o croissant. Depois aumentaram os atrasos. Solução all’italiana: ora, ao invés de melhorar o serviço para resolver o problema, vamos cortar o mal pela raiz. Que tal eliminar o trem? E assim foi feito. Choveram protestos, mas de nada adiantou, pelo menos até o momento. Para meu consolo, ainda bem que sobreviveu o Roma-Palermo. Ah, esse também está no meu coração. Já fiz o trajeto umas seis vezes, mas a primeira vez a gente nunca esquece. O trem sai de Roma às onze da noite e chega de manhã na pontinha da Bota, em Villa San Giovanni. Mas a Sicília é uma ilha, então o que fazer? Ora bolas, colocar o trem no barco! Devagarzinho, eles vão encaixando os vagões no traghetto, o barco que atravessa o estreito de Messina, formando umas quatro ou cinco fileiras. A operação é lenta e barulhenta, mas qual foi minha excitação ao ver esse grande evento do trem que entra no barco pela primeira vez! Depois, todos devem deixar a cabine e subir no andar de cima, onde é possível tomar um belo cafezinho durante a brevíssima travessia de poucos quilômetros. Na chegada a Messina, mais uma operação: encaixar de novo todos os vagões para o trem adquirir seu aspecto original. Ora, claro que as pessoas chegam descabeladas, suadas e cansadas, mas quem se importa! Essa é que é uma verdadeira Odisséia, digna de Ulisses! E tem gente que ainda vem me dizer que de avião leva somente uma horinha... 66
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