Voluntária A determinação de Alice Bianchi comove o mundo
Gastronomia Do Trento à Sicília, viaje pela Itália através do pão típico de cada região
Exportação Indústria alimentar aposta nos emergentes para fugir da crise www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, outubro de 2012
Ano XVIII – Nº 171
Tropa de excelência
ISSN 1676-3220
R 7,00 R$ 11,90
Bolonha, Pisa, Roma, Milão, Padova: programa Ciência sem Fronteiras leva centenas de estudantes brasileiros às melhores universidades italianas. Novas bolsas serão dadas ainda em 2012
Visita de ministro Passera reforça relações econômicas com o Brasil
1º trimestre de 2006: US$ 661,7 mi - 1º trimestre de 2012: US$ 3,6 bi. Segundo a Firjan, a balança comercial do Rio de Janeiro apresentou resultados históricos no primeiro trimestre de 2012. Comparado ao primeiro trimestre de 2006, o crescimento foi cinco vezes maior. As exportações de petróleo, produtos industrializados (19% contra a média nacional de 7%), combustíveis e pneus foram as grandes responsáveis por esse recorde. Primeiro estado do Brasil a conquistar o investment grade, concedido pela Standard & Poor’s, e agora qualificado pela segunda vez pela agência Fitch Ratings, junto com a força do Governo do Rio de Janeiro, somada aos investimentos cada vez maiores da iniciativa privada, a expectativa é que o Rio de Janeiro continue batendo recordes atrás de recordes. Grandes conquistas que mostram que o Rio está no caminho certo. Grandes mudanças que só reforçam que este é o melhor estado para investir e viver.
O RIO DE JANEIRO MUDOU. A VIDA DE MUITA GENTE ESTÁ MUDANDO JUNTO.
O u tu bro de 2012
A no X V III
N º171
Atualidade 20 | Imigração
Nossos colunistas 09 | Cose Nostre
Qualificados, jovens italianos desembarcam no Brasil à procura de oportunidades profissionais, mas encontram dificuldades para obter o visto
Presidente Dilma inaugura a mostra de Caravaggio em Brasília
23 | Missão A voluntária Alice Bianchi, ferida por um interno durante serviço em ONG do Rio de Janeiro, recebe visita do cônsul e comove brasileiros e italianos ao dizer que quer continuar sua missão
24 | Segurança Polícia brasileira elabora manual de comportamento para que estrangeiros evitem assaltos e outros crimes nas cidades do país
Arqueologia 49 | Gladiadores
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Cinema americano passa longe da realidade vivida pelos gladiadores na época da Roma Antiga
Os violinos feitos por luthiers de todo o mundo são as estrelas de um concurso promovido em Cremona, cidade natal de Antonio Stradivari que fica às margens do rio Pó, na região da Lombardia
Capa
Economia
30 | Educação
17 | Visita Ministro italiano do Desenvolvimento Corrado Passera visita São Paulo e Brasília e reafirma a importância do Brasil como parceiro do made in Italy
Mais de 400 brasileiros se encontram em 11 universidades italianas pelo programa Ciência sem Fronteiras. Até 2016, mais cinco mil bolsistas devem frequentar cursos de graduação e pós-graduação em faculdades de cidades como Bolonha, Roma, Pisa, Florença e Padova. Preparamos um especial com os requisitos para se concorrer a uma vaga e os pontos fortes de cada universidade
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Gastronomia 42 | O pão de casa Conheça as particularidades dos pães típicos de cada região italiana, do Trento à Sicília
Turismo 45 | Atrativos
Mercado 18 | Exportação
Sicília, Emília-Romanha e Campanha estão presentes pela primeira vez na feira da Abav, o maior evento brasileiro do setor turístico, que acontece entre os dias 24 e 26 no Rio
Indústria alimentar italiana, a segunda mais importante do país, aposta cada vez mais nos emergentes para fugir da crise
Moda 41 | Italian Style
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Outono-inverno inspirado nos anos 1960, entre psicodelia e pop art
12 | Fabio Porta Il Parlamento italiano sarà in grado nelle prossime settimane di approvare una buona legge in grado di sostituire l’attuale “porcellum”?
13 | Ezio Maranesi Quieta e semplice, Monte Isola, in Lombardia, evoca altri tempi
29 | Guilherme Aquino O setor náutico italiano vive uma verdadeira diáspora. O governo arrecadou € 24 milhões, contra a previsão de arrecadar € 150 milhões com as taxas anuais para veleiros e iates
54 | Claudia Monteiro De Castro A “descoberta” de uma fruta: a pesca tabacchiera, uma espécie de pêssego de polpa branca, doce e macia, cultivada na Sicília, perto do vulcão Etna
Editorial
Expediente
Política em descrédito, Justiça em alta S
e no Brasil, nos últimos meses, a população acompanha atentamente o enredo que se passa no plenário do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, da Ação Penal 470, conhecida como mensalão, a Itália passa por uma explosão de escândalos de corrupção na máquina pública de norte a sul do país. E se por aqui, o número de votos nulos para as eleições municipais foi elevado, por lá projeções indicam que os italianos simplesmente ficarão em casa ao invés de votarem nas próximas eleições gerais que acontecerão na primavera européia de 2013, tamanho é o descrédito dos políticos. No último dia 10 de outubro, o comissário de Habitação e político italiano Domenico Zambetti, da região da Lombardia, foi preso acusado de pagar 200 mil euros nas eleições regionais de 2010 para a máfia calabresa em troca de votos. A prisão mostrou como a ‘ndrangheta, que tem sua sede na empobrecida Calábria, estendeu seus tentáculos para o rico norte do país e formou uma forte base em Milão, capital industrial e financeira italiana. O capitão da polícia paramilitar italiana, Paolo Saliani, disse que Zambetti foi acusado de corrupção, associação mafiosa e compra de votos nas eleições regionais lombardas de 2010. Em troca da entrega dos votos, além da soma inicial, a ‘ndrangheta também esperava favores futuros do político na administração regional. Ao pagar o dinheiro, Zambetti comprou o equivalente a quatro mil votos (50 euros por voto) na região lombarda. O prefeito de Milão, cidade com 1,5 milhão de habitantes, Giuliano Pisapia, pediu a demissão do governador da região da Lombardia, Roberto Formigoni, que esteve no Brasil em junho, durante a Rio+20. “Depois desse fato, não é possível continuar”, disse Pisapia. Formigoni, um ex-democrata-cristão que se aliou ao ex-primeiro-ministro e magnata Silvio Berlusconi, governa a Lombardia desde 1995, tendo vencido três reeleiPietro Petraglia ções para governador. No dia anterior à prisão de Zambetti, Editor quinto político e funcionário público detido e investigado nos últimos meses, o governo central de Roma destituiu o prefeito e todos os 20 vereadores de Reggio Calábria, após um vereador ter sido preso acusado de associação à ‘ndrangheta. Reggio Calábria, com 180 mil habitantes e terceira maior cidade do sul da Itália após Nápoles e Bari, ficará sob intervenção durante 18 meses. Os escândalos não estão só nos extremos da bota. No mês passado, a governadora da região Lazio, Renata Polverini, líder regional do partido Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, foi forçada a renunciar após políticos serem acusados de usar dinheiro público para pagar festas privadas. O imprevisível Berlusconi aos 76 anos descarta disputar o cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições. Por um lado existe grande indignação diante de tamanha degradação do sistema político, por outro, a sensação de que a impunidade está em decadência. A Itália, historicamente processa e manda corruptos para a cadeia. Mas, no Brasil, o protagonista e mentor intelectual do mensalão, ministro do STF Joaquim Barbosa tornou-se celebridade pelo desempenho moral diante da sujeira apresentada ao público como nunca. Aliás, ele mesmo fez duras críticas também a cobertura midiática que julga racista e revelou ao jornal Folha de São Paulo que admira e vota em Lula e Dilma, pois o caso não desqualifica políticos de um determinado partido e não pode criar rótulos. É sim, o início de uma mudança de interpretação das leis sobre corrupção. A leitura rigorosa feita pelos ministros do STF torna a Justiça brasileira mais próxima daquela que vigora em países maduros e mais condizente com o patamar que o país atinge no cenário internacional. Este é o caminho que faz do Brasil um país ainda mais respeitado pela sua democracia e instituições sólidas. Boa leitura! 8
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Fundada
em
março
de
1994
Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 11/10/2012 às 18h00 Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Gina Marques; Cintia Salomão Castro; Nathielle Hó; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi Subedição: Cintia Salomão Castro REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Ingimage.com Colaboradores: Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola; Lisomar Silva CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno); Gianfranco Coppola (Nápoles); Stefania Pelusi (Brasília); Janaína Pereira (São Paulo); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 zeliacorrea@gmail.com Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220
cosenostre JulioVanni
Consulado digital s consulados italianos informaram que será ativada,
O
em breve, uma plataforma digital de serviços consulares à distância. Intitulada SE.CO.LI, abreviação de Servizi Consolari On-Line, deve simplificar procedimentos e agilizar o recebimento de informações. Além disso, deverá ser implantado um sistema de voto eletrônico em vista da renovação dos comitês de italianos no exterior, o Comites. Para garantir às pessoas físicas, às associações e às empresas italianas a execução de serviços velozes e a um custo reduzido graças a novas tecnologias, é importante que os cidadãos mantenham o consulado atualizado sobre seus contatos, como email e número de telefone, solicita o órgão em comunicado oficial divulgado em setembro.
Fiat em Pernambuco
A
fábrica da Fiat em construção no estado de Pernambuco vai receber até 85% de financiamento público para iniciar suas operações. Os investimentos vão chegar a € 2,3 bilhões, ou seja, cerca de R$ 6,03 bilhões. O presidente-executivo do grupo, Sergio Marchionne, procurou chamar a atenção do governo italiano para que também pratique incentivos em novos projetos desenvolvidos no país. Ele ainda informou que, depois que a linha de montagem no nordeste brasileiro estiver pronta, a produção dos veículos também vai se beneficiar de incentivos fiscais adicionais por pelo menos cinco anos. O último projeto da Fiat beneficiado pelo incentivo fiscal do governo italiano foi a fábrica de Melfi, na província de Potenza, localizada no sul do país, no início da década de 1990.
Banda larga da Tim
Rapidinhas
A
Tim iniciou uma operação piloto na cidade do Rio de Janeiro para serviços de banda larga fixa residencial com um agressivo plano promocional que inclui o corte temporário de mais da metade do valor do serviço. A operadora estreou o negócio de banda larga residencial Live TIM em agosto, em São Paulo, e entra, assim, em um concorrido mercado que inclui Telefônica-Vivo e Net. No Rio, a empresa concorrerá com operadoras como GVT e Oi, além da Net. Pela nova promoção, a oferta de internet com velocidade de até 35 MB por segundo sai a R$ 35,00 — ante o preço inicial divulgado de R$ 89,90. Para a oferta de velocidade de até 50 Mbps, o preço será de R$ 50,00, bem abaixo dos R$ 129,90 cobrados inicialmente. As mensalidades com desconto serão válidas até a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e o plano deverá ser adquirido até o fim de outubro.
O embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, recebeu o título de Grão-Oficial da Ordem do Mérito José Bonifácio, na UERJ, pelo seu papel de promover o elo cultural, político e econômico entre os dois países.
“E
u gostaria de dizer, embaixador, que, para mim, esse gesto da embaixada italiana no Brasil é um gesto que aproxima ainda mais o Brasil da Itália — e aproxima de uma forma especial, que é aquela que só a arte consegue fazer entre os povos — mostrando o que tem de melhor na cultura italiana”. Com estas palavras, a presidente Dilma Rousseff inaugurou, acompanhada da ministra da Cultura Marta Suplicy, no dia 5 de outubro, a mostra com seis originais de Michelangelo Caravaggio (1571-1610), no Salão Leste do Palácio do Planalto. Dilma ainda lamentou ao embaixador Gherardo La Francesca que seu quadro preferido do pintor, Cupido Adormecido (1608), não estava na mostra. Ponto alto do calendário do Momento Itália-Brasil, a exposição já passou por Belo Horizonte e São Paulo, onde foram formadas filas de até duas horas de espera.
A esposa de Gherardo, Antonella La Francesca, foi convocada pela Farnesina para atuar como embaixadora no Paraguai, após o término do mandato do marido no Brasil. Carlos Mônaco, filho do fundador da Livraria Ideal, o italiano Silvestre Mônaco, contou a história do pai e da livraria ao público presente no evento Os Livros e a Vida Literária do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional (RJ), em 8 de outubro.
O edastro do telecatch Eni e os biocombustíveis Boy Marino, um dos astros do telecath brasileiro na década Eni, a maior empresa de energia da Itália, vai investir € 100 Tde 1960, morreu em 27 de setembro aos 72 anos, durante uma
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milhões para converter uma unidade em Veneza para o refino de biocombustíveis. Segundo a empresa, o objetivo é tornar a fábrica lucrativa a longo prazo no momento atual de crise do setor de refinarias na Europa. A Eni informou os sindicatos e o governo sobre a conversão, que deve começar no segundo trimestre de 2013. O início da produção de biocombustíveis está previsto para janeiro de 2014 e a unidade deve se tornar totalmente operacional no primeiro semestre de 2015. Até o início da conversão, a refinaria vai continuar a trabalhar normalmente.
cirurgia emergencial. Marino foi cremado e teve suas cinzas jogadas no Caminho dos Pescadores, no Leme, Zona Sul do Rio. Ele fazia hemodiálise há três anos, era diabético e sofria com problema de pressão. Marino nasceu na Calábria e foi para Buenos Aires com 12 anos, em 1953. Em 1962, começou a participar de programas de telecatch na Argentina e no Uruguai. Em 1965, chegou ao Brasil e logo foi contratado pela antiga TV Excelsior. Conquistou muitos fãs, pois, além de lutar e derrotar astros do esporte como Rasputim era considerado “bonitão”. Ted também tinha mostrou sua face humorística nos filmes, em novelas e nos programas da Globo. com unit àit aliana | outu br o 2012
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Opinião enquetes
frases
“Monti era a melhor opção para um governo de emergência” diz o ex-premier Berlusconi. Concorda?
“Acho que ele deveria acabar com todo mundo ou arrumar outra, e ter aquele final bem característico, em que cada uma conhece outro e se muda para a Itália”,
Sim - 66,7%
Carolina Ferraz, atriz que interpreta Alexia na novela Avenida Brasil, ao falar sobre o final ideal na Itália para as três mulheres do personagem Cadinho
Não - 33,3% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/09/12 e 09/09/12.
Klose avisou ao juiz que fez gol com a mão na partida contra o Napoli. Você apoia a atitude dele?
Sim - 83,3%
“Na Itália, disseram ‘esse cara não entende a Itália’. E não tenho o que argumentar em contrário. Sou americano, e é assim que vejo Barcelona, Roma ou a Inglaterra”,
“Eu não tinha que trabalhar muito porque eu era muito bonito”, Giorgio Armani, estilista, em entrevista à revista inglesa Female First, ao dizer que era favorecido por gestoras da loja onde trabalhou na juventude
Woody Allen, diretor do filme Para Roma com Amor, ao responder às críticas italianas em entrevista ao The Guardian
Não - 16,7% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/09/12 e 15/09/12.
Na Toscana, produtores utilizam música clássica para o crescimento dos vinhedos. Você crê no método?
Sim - 75% Não - 25% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/09/12 e 22/09/12.
no celular
“Os jovens estão sem esperança, indo para outros países e, por isso, quis abordar uma história que retratasse que é possível ter esperança apesar das dificuldades”,
“O cinema deveria explorar o comportamento humano e o holocausto foi o maior laboratório para a exploração do comportamento humano de todos os tempos”, Paolo Sorrentino, cineasta e diretor, em entrevista ao site Valor OnLine, ao contar que se inspirou na história dos velhos criminosos nazistas no filme Aqui é o meu lugar
Francesca Comencini, cineasta, durante o Festival Internacional de Cinema de Veneza, ao comentar que se inspirou na crise italiana em seu filme Un Giorno Speciale
“Os italianos se ligam em moda até demais. Estou sempre dizendo para a minha equipe que eles precisam se interessar por outras coisas. Se vou a um jantar ou a um bar e as pessoas só falam de roupas, acho simplesmente insuportável”,
“Um Estado hegemônico que dita aos demais países europeus a regra do rigor e da austeridade”,
Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima
Silvio Berlusconi, ex-premier, ao criticar a Alemanha em entrevista à versão italiana do site Huffington Post
Frida Giannini, diretora de criação da Gucci, ao criticar os fashionistas de seu país em entrevista à revista Serafina
cartas
“G
ostei muito da entrevista com a autora Lúcia Helena Issa sobre a Cosa Nostra. É difícil acreditar que a máfia tenha tantos tentáculos pelo mundo e trabalhe com instituições e pessoas das mais diferentes esferas sociais. Fiquei feliz em saber que, na Sicília, foram as mulheres que começaram a se rebelar contra o sistema.” Aline Abreu, São Paulo – SP – por e-mail
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“Q
uero parabenizar a revista pela matéria sobre as empresas de consultoria a expatriados. É bom saber que existem serviços personalizados que ensinam a língua portuguesa e condutas sociais e profissionais, e assessoram os estrangeiros em questões tributárias.” Bruno Pereira, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail
Serviço agenda Verdade O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ) abriga até 3 de novembro Verdade, de Roberto Coda Zabetta. A mostra lembra os que sofreram na prisão durante
a ditadura militar de 1964 até 1984 e inclui obras com molduras do século XVIII, objetos do uso cotidiano ou religiosos, pequenos bronzes, terracotas e relíquias que pertenceram aos desaparecidos. www.macniteroi.com.br
Patrimônio da Unesco Em ocasião do Ano da Valorização de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, a Embaixada da Itália, em parceria com o governo do Distrito Federal, organiza, no Teatro Nacional de Brasília, a mostra de fotografia UNESCO. ITALIA. A exposição vai até 22 de outubro e reúne fotos
sob diferentes perspectivas do patrimônio arqueológico, artístico, arquitetônico e paisagístico do Belpaese. Fotógrafos como Gabriele Basilico e Giuseppe Leone participam da mostra. www.sc.df.gov.br Intensidade O Espaço Cultural Infraero, que fica no aeroporto internacional de Guarulhos, abriga até 19 de outubro a exposição Intensità. São 20 pinturas, que
incluem acrílicos sobre tela ou óleo sobre papel telado, com fundo preto ou branco. Uma das pinturas, Máscara de Veneza, é inspirada na região de origem dos antepassados da artista Aline Pascholati. As
peças exploram a dualidade e a oposição das cores. Há caricaturas de personagens da cultura contemporânea, com um toque de ironia. www.alinepascholati.com Era T-Rex Uma exposição no Shopping Estação, em Curitiba, se propõe a mexer com o imaginário de crianças e também de adultos, com a reprodução de dinossauros em tamanho real. A Era T-Rex traz 20 réplicas
naestante
que têm entre 30 metros de comprimento e oito de altura. A mostra é de origem italiana e segue até 31 de outubro. No
local, foi reproduzida uma floresta e há guias que explicam as características dos dinossauros, com a ajuda de filmes em 3D sobre o tema. www.shoppingestacao.com.br Carnaval de Veneza O fotógrafo brasileiro Paulo Perera viveu na Itália por 12 anos e registrou a festa veneziana das máscaras. Suas fotos estão reunidas em exposição aberta ao público na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), no Campus de Goiabeiras, em Vitória. A mostra pode ser visitada até 31 de outubro no Centro de Línguas para a Comunidade. www.ufes.br
clickdoleitor
Helena de Tróia O livro aborda a história de Helena, oferecida pelo pai ao conquistador Menelau para garantir a paz e sobrevivência de seu povo. Uma fatídica decisão que seria carregada de tristeza e tragédia, porque Helena começa a buscar nos braços de outros a liberdade que lhe fora negada. A obra de Francesca Petrizzo retrata a personagem que desencadeou a guerra de Tróia — da infância em Esparta aos anos turbulentos de sua união com Menelau, passando pela fuga com o amante Páris e todas as consequências. O livro desvenda os segredos da mulher que estava destinada ao poder, mas era movida à paixão. Lua de Papel, 208 páginas, R$ 24,90.
Arquivo pessoal
Mamas Sicilianas O romance de Giuseppina Torregrossa traduz o olhar de uma menina que descobre o mundo, de uma jovem à procura do amor e de uma velha senhora com muitos anos bem vividos. O livro aborda relações familiares, em especial a de uma avó que ensina a neta a preparar as cassatinhas, um doce siciliano em forma de seio, em homenagem à Santa Ágata de Catânia, que teve as mamas arrancadas a mando do cônsul Quinziano, rejeitado por ela. A receita evoca a beleza e a fragilidade das mulheres. Nesse contexto, a autora que é ginecologista, também aborda o câncer de mama. Suma de Letras, 256 páginas, R$ 19,71.
“E
stive em Sorrento a passeio. O primeiro contato com as ruas estreitas e os deliciosos merengues nas vitrines das confeitarias já nos permitem sentir a doçura local. O encontro com o Mar Mediterrâneo, cercado pelo conjunto de rochedos, compõe uma beleza tão única que nos faz parar no tempo para admirá-la.” Tatiana Castro Rio de Janeiro, RJ — por e-mail
com unit àit aliana | outu br o 2012
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opinione FabioPor ta
La “gatta frettolosa” e le elezioni
Il Parlamento italiano sarà in grado nelle prossime settimane di approvare una buona legge in grado di sostituire l’attuale “porcellum”?
C
ome nessuna legge o commissione di inchiesta riuscirà, da sola, a debellare il ‘cancro’ della corruzione e del malaffare in politica, allo stesso modo nessuna ‘legge elettorale’ sarà in grado, da sola, di restituire forza e credibilità alla politica ed ai suoi rappresentanti. Sembrano due assiomi semplici e incontestabili; purtroppo sono due constatazioni logiche e realistiche che derivano da alcuni secoli di esercizio della democrazia nel mondo. Il mese scorso ho voluto affrontare, proprio dalle colonne di questa rivista, la cosiddetta “questione morale”, purtroppo attualissima in Italia e in Brasile (non solo in questi Paesi, ovviamente, anche se italiani e brasiliani possono ritenersi in ottima posizione nel ranking delle democrazie ad alto rischio sotto questo profilo). In questo numero vorrei invece riferirmi all’influenza del sistema elettorale non solo sulla formazione e selezione di una classe politica, ma anche relativamente al consolidamento di un sano e proficuo rapporto tra eletti ed elettori. Da alcuni mesi (troppi, per alcuni e anche per me) si discute in Italia ed in Parlamento sulla necessità di cambiare l’attuale legge elettorale; una legge – per capirsi – che il suo stesso autore, il Senatore della Lega Nord Roberto Calderoli, definì una “porcata” e che si basava essenzialmente su due pilastri: da un lato l’eliminazione delle ‘preferenze’ (vale a dire della facoltà, da parte dell’elettore, di scegliere il candidato) ; dall’altro l’assegnazione alla coalizione che fosse arrivata prima di uno ‘strano’ premio di maggioranza, calcolato su base nazionale alla Camera e su base regionale al Senato. Conseguenza dell’attuale legge, secondo un’opinione diffusa e pressoché
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unanime in Italia, il progressivo allontanamento degli eletti dagli elettori e la formazione innaturale di maggioranze elettorali eterogenee incapaci di dare vita a forti ed omogenee coalizioni di governo. Da qui l’esigenza, diremmo pure la necessità (ribadita un giorno sì l’altro pure dal Presidente della Repubblica Napolitano) di procedere in tempi rapidi all’approvazione di una nuova legge, in grado di rimediare ai vizi di fondo dell’attuale sistema e di consentire al popolo
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Anche la legge sul voto all’estero andrebbe cambiata per metterla al riparo da brogli e contestazioni
italiano di scegliere i propri parlamentari e al tempo stesso di dare vita a maggioranze stabili di governo. Una legge da approvare, sia detto per inciso, assolutamente entro la prossima scadenza naturale del Parlamento, ossia entro le elezioni già previste per la primavera del 2013. Il consenso praticamente assoluto intorno alla necessità di cambiare il sistema elettorale italiano e l’unanimità sulle distorsioni dell’attuale legge avrebbero dovuto tradursi in una rapida e positiva discussione e quindi in una naturale approvazione della nuova legge elettorale prima delle prossime consultazioni. Purtroppo così non è stato; veti incrociati e tentativi più o meno palesi di mantenere lo ‘status quo’ hanno portato nelle scorse settimane ad una ‘impasse’ proprio nel momento in cui l’accordo tra i principali partiti politici sembrava a portata di mano. La mia previsione? Che la riforma si farà ma che, come ci ricordavano le nostre nonne, “la gatta frettolosa farà i gattini ciechi” e cioè che si tratterà di una legge partorita dal Parlamento più a seguito della pressione dell’opinione pubblica e del Presidente Napolitano che di un necessario e adeguato approfondimento per arrivare al migliore dei sistemi possibili; un “parto” prematuro, cioè, probabilmente condizionato negativamente dall’indispensabile ricerca di un consenso mediato tra partiti diversi e in competizione tra loro e dall’ormai imminente scadenza elettorale. La politica dovrebbe essere anche l’arte di scegliere, e – aggiungerei – di farlo in tempi rapidi e certi; quando a prevalere sono invece i tentennamenti e le indecisioni, il rischio è che questa scelta venga fatta in forza di pressioni esterne e di una ‘fretta’ che non sempre è sinonimo di rapidità e tempestività, più spesso di pasticcio o pastrocchio. In tutta questa discussione, purtroppo, i partiti italiani continuano a non dare la giusta e opportuna attenzione alla riforma della legge elettorale per gli italiani all’estero; anche di questo ho avuto modo di scrivere brevemente nella scorsa edizione. A differenza dei nostri colleghi italiani, noi parlamentari eletti nella Circoscrizione Estero, siamo scelti in base ad un voto di preferenza; e questo è sicuramente un dato positivo; un elemento che rischia però di trasformarsi in un fattore oscuro e rischioso, in assenza di alcuni ‘paletti’ che rendano inattaccabile il voto per corrispondenza da influenze esterne e possibili brogli. Alla fine della legislatura italiana mancano ancora sei mesi: saremo così saggi e responsabili da legiferare in tal senso?
opinione
EzioMaranesi
L’isola di un altro mondo G
A Monte Isola, in Lombardia, il tempo si è fermato uardavo il tramonto dalla terrazza della casa di Marco. Rosso cupo il cielo e granata, di riflesso, l’acqua del lago. Intorno, olivi, fiori, la cornice scura della riva. Più in là, la piccola isola di Loreto e una barca di pescatori. Sottile piacere di una dolce malinconia. Marco lavora a Brescia, ma ogni sera, piova o nevichi, torna a Montisola, un luogo fuori dal mondo. La domenica coltiva la vigna, di un prosecco raro, e cura l’uliveto, miracolo del microclima dell’isola. Sono grato agli amici che mi hanno fatto conoscere questo diverso, unico, incredibile piccolo mondo. Un mondo che evoca altri tempi, quasi a dimostrare che, anche nella delirante e convulsa realtà che ci affligge, possono esistere bellezza, armonia e pace. Lasci la “terraferma” su un piccolo traghetto e, come scendi, capisci di essere atterrato su un altro pianeta. Non vi sono automobili, solo il medico, il parroco e la polizia ne hanno una, piccola. Gli isolani si muovono in motoretta. I turisti, pochi, solo in bicicletta. Un micro-bus collega i borghi e porta a scuola i ragazzi. Ci vive gente semplice, di altri tempi, che fa mestieri di altri tempi. C’è chi produce reti, per la pesca o altro: è una tradizione antica. C’è chi lavora la sua terra. Ci sono i pescatori: il lago dà il persico e il cavedano. I pesci, puliti e salati, essicano sui telai al sole della piazzetta e del lungolago. Te li trovi sulle tavole dei pochi ristoranti dell’isola. C’è chi produce barche: Ercole Archetti, uno dei pochi maestri d´ascia ancora in attività in Italia, mostra orgoglioso le sue creature. Poca resina, come vuole oggi il mercato, ma molto legno, molta tradizione e molto buon gusto. Ercole, di origine veneta, produce barche di legno da quattro generazioni; anni addietro produceva il naèt, una barca che ricorda la gondola, agile, veloce, adatta alla pesca, usata ancora oggi. C’è chi produce il tipico salame isolano, fatto rigorosamente a mano, per se stessi e per il mercato. Secoli e secoli di storia: li senti ammirando la Rocca Martinengo, le chiese di San Michele a Peschiera e di San Giovanni Battista a Carzano, quelle di San Faustino e Giovita a Siviano, di San Severino a Senzano, di San Rocco a
Masse. Li respiri passando per i borghi medioevali di Novale o di Carzano, tra i più belli d’Italia. Capisci perché Caterina Cornaro, regina di Cipro nel XV secolo, cercò pace nel castello degli Oldofredi, a Peschiera. Se avrai fiato, visiterai l’antico Santuario della Madonna della Ceriola, sulla punta del monte: lassù il mondo è stupendo e sei vicino al Cielo. Pranziamo con Orianna, first lady di Monte Isola. È una affermata commercialista a Boario Terme, ma appartiene all’isola e ha a Carzano il suo rifugio. Siamo a La Foresta, a Peschiera, seduti all’ombra degli olivi. Quiete, cucina deliziosa e prezzi modici: Antonia riceve
Un mondo che evoca altri tempi, quasi a dimostrare che, anche nella delirante e convulsa realtà che ci affligge, possono esistere bellezza, armonia e pace
gli ospiti con semplicità raffinata. La notte, dalla terrazza dell’hotel, segui il profilo dei monti della terraferma e guardi le luci della costa che va da Iseo a Pisogne. Lontani, stonati e aggressivi, i lampi e i rumori del karaoke del sabato sera inquinano la pace, il silenzio, il paesaggio e la tua coscienza. Su quella costa dovrai tornare tra qualche giorno, finite le ferie. E già sai che ti mancherà la preziosa e rara anima di Monte Isola. L’amministrazione dell’isola ha visto bene e lontano. Monte Isola è bellissima, quieta, semplice e, nello stesso tempo, sofisticata. Potrebbe ospitare altre case, ristoranti, alberghi, discoteche e attrazioni varie per molti turisti di bocca buona. Nessuno li vuole: le poche semplici strutture turistiche esistenti sono sufficienti. Questo è un mondo unico. Se ami i ritmi e le follie di Rimini, non andare a Monte Isola, non fa per te. Non a caso, questa isola vestita di sole e di olivi è sorella di Ilha Solteira, municipio e incontaminata tranquilla isola fluviale sul fiume Paranà. Monte Isola è quieta e semplice e vuole restare quieta e semplice. È il suo carattere, la sua bellezza e la sua ricchezza.
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Economia
Visita dá novo ânimo a investimentos bilaterais Ministro italiano do Desenvolvimento Econômico reforça relações entre Brasil e Itália durante visita que incluiu encontros com autoridades e empresários. Um dos objetivos foi atrair investidores brasileiros Vanessa Pilz
E
De São Paulo
ntre os dias 18 e 20 de setembro, o ministro italiano do Desenvolvimento Econômico, da Infraestrutura e dos Transportes, Corrado Passera, visitou o Brasil pela primeira vez. A agenda incluiu encontros com autoridades do governo e empresários italianos e brasileiros. Passera esteve em Brasília, onde se encontrou com ministros, como Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; com Márcio Pereira Zimmermann, de Minas e Energia; com Paulo Sérgio Passos, dos Transportes; e com Marco Antonio Raupp, de Ciência, Tecnologia e Inovação. Também passou por São Paulo, onde, diante de empresários e autoridades do governo, apresentou uma palestra que tinha como tema Brasil e Itália, desafios e oportunidades na atual conjuntura econômica mundial, na Fundação Getúlio Vargas. O ex-administrador delegado da Banca Intesa, que ocupa a pasta desde novembro do ano passado, também concedeu uma entrevista coletiva à imprensa, realizada no Terraço Itália. Durante os três dias, ele discutiu temas relacionados à política econômica do governo do premier Mario Monti. Ao falar sobre os novos rumos da economia e as estratégias para a retomada do crescimento do país, reforçou seu objetivo de atrair investimentos brasileiros para a Itália e citou os desafios e as oportunidades de negócios entre os dois países. Em sua palestra a empresários da Fiesp, ao falar do cenário econômico mundial, afirmou que muitas diretrizes macroeconômicas, ideologias e paradigmas ligados ao funcionamento do mercado demonstraram-se falsos. — Essa falta de interpretações certeiras do mundo, por um lado, cria incertezas. Mas, por outro, nos dá liberdade de pensar no futuro de maneira totalmente aberta — afirmou. 14
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Passera notou ainda que a atual crise modificou os centros políticos e econômicos mundiais, com uma passagem gradual da antiga concentração entre a Europa e os Estados Unidos para uma estrutura mais difusa, cujos atores fundamentais são países da Ásia e da América Latina. — Nesse cenário, o Brasil é um protagonista e tem um papel de fortíssima credibilidade — destacou. O ministro ressaltou ainda a importância das parcerias entre os países na atual conjuntura econômica. Ele acredita que estamos em um momento da história em que a “interdependência alcançou níveis jamais imaginados, em grande parte graças às novas tecnologias de transporte e comunicação”. Para Passera, a Europa reagiu muito mal frente à atual crise econômica, mas, nos últimos meses, “tomou o caminho certo, graças
Para o ministro italiano, o Brasil é “um protagonista e tem um papel de fortíssima credibilidade” no novo cenário político e econômico mundial
O ministro italiano Corrado Passera encontrou ministros, o vice-presidente Temer e empresários
também ao papel de Mario Monti e de Mario Draghi”. O ministro considera que o euro é uma escolha irreversível, que a moeda sobreviverá à crise, e que União Europeia — da qual a Itália é um dos membros fundadores — é um exemplo único de integração. Terceira maior economia e segunda potência manufatureira da zona euro, a Itália colocou em prática uma estratégia progressista para a retomada do crescimento econômico. As medidas procuram criar condições mais favoráveis para a internacionalização, o estabelecimento e a criação de novas empresas em solo italiano e a atração de investimentos estrangeiros. Para o embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, “é impressionante a quantidade e a qualidade do trabalho do ministro Passera nos últimos 12 meses, em
um dos momentos mais críticos da história da Itália desde a Segunda Guerra Mundial”. — Passera chegou a menos de 48 horas no Brasil e já encontrou quatro ministros brasileiros e o vice-presidente Michel Temer. Trouxe 30 empresários italianos, encontrou o presidente da Fiat, foi à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) falar ao empresariado. Tudo isso demonstra a vontade da Itália de desenvolver parcerias que podem produzir, e já produzem, resultados para ajudar esses dois países-irmãos, entre os quais não há competição — declarou La Francesca. O pior já passou, lembra Passera Passera lembrou que, em 2011, a Itália chegou a um passo de uma crise gravíssima, quando o tamanho do déficit público e a falta de crescimento econômico provocaram a perda de credibilidade. — Como em outras ocasiões na história, o país reagiu de maneira forte e a crise foi enfrentada através da melhoria radical da situação das contas públicas e do uso de nossa capacidade de crescimento — explicou o ministro. Uma das principais diretrizes econômicas da gestão de Passera é o foco na exportação, particularmente para os países do BRIC, mercados emergentes caracterizados por taxas
de desenvolvimento particularmente elevadas e com perspectivas de crescimento significativas. Segundo dados do Ministério brasileiro das Relações Exteriores, em 2010, o PIB conjunto dos cinco países totalizou US$ 11 trilhões: o equivalente a 18% da economia mundial. Para a Itália, o Brasil representa um dos mercados prioritários para o desenvolvimento de relações econômicas e comerciais. Atualmente, o país é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Europa e o oitavo no mundo. No último ano, segundo a Secretaria brasileira de Comércio Exterior, a balança comercial dos países girou em torno de € 8,37 bilhões. Em 2011, a Itália exportou cerca de € 4,5 bilhões para o Brasil, tendo importado do país cerca de € 3,9 bilhões. Entre os principais produtos made in Italy adquiridos, estão máquinas e equipamentos industriais, os quais representam quase metade do volume de importações, seguidos de automóveis e produtos farmacêuticos. Já o Brasil exporta para Itália basicamente produtos primários, como minério de ferro, café, pasta de madeira, peles e couros. Entre as áreas de maior interesse da Itália no Brasil, o ministro citou os campos da infraestrutura e transporte: — O Brasil está aumentando seus investimentos nessas áreas
14%
22% Coreia do Sul
Japão
23% França
17%
23% Austrália
Nova Zelândia
24% Alemanha
28%
36% Canadá
Reino Unido
38% Eua
41% Espanha
52% Índia
58% Indonésia
52%
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China
59% Rússia
63% Colômbia
67% México
Brasil
68%
Uma pesquisa recente mostra que os brasileiros gostam de fazer negócios com italianos
Avaliação feita por consumidores dos países do G8 e de mais 50 países pelo 2012 Country RepTrak Topline Report by Reputation Institute
Passera ao lado do presidente da Fiesp Paulo Skaf, durante palestra proferida na sede da Federação das Indústrias de São Paulo, onde esteve com empresários, políticos e o embaixador Gherardo La Francesca
e a Itália quer participar desses projetos. Vemos um país programar seu futuro e vislumbramos muitas oportunidades. Há uma vasta área de colaboração que pode ser feita entre os dois países. Isso foi o que mais nos causou admiração — anuncia Passera, que também ressaltou o interesse na área de tecnologia e no setor automotivo, aproveitando a forte presença no país da Fiat. Cerca de 500 empresas italianas e um total de 716 estabelecimentos comerciais e industriais têm presença direta no Brasil, número que triplicou nos últimos 10 anos. Além dos tradicionais grandes grupos, como Fiat, Pirelli e Telecom Itália, chama atenção a forte presença de empresas de pequeno e médio porte de vários setores. A maior parte está concentrada no estado de São Paulo (54%). Em seguida, aparecem Minas Gerais (10%), Rio de Janeiro (7%) e Rio Grande do Sul (6%). Em uma estimativa realizada pela Embaixada junto a 200 empresas, os estabelecimentos de origem italiana são responsáveis pela geração de mais de 130 mil empregos diretos e 500 mil empregos indiretos no Brasil. — Essa missão foi muito bem sucedida e teve bons resultados para aumentar a colaboração entre os dois países. Conseguimos perceber o tamanho real desta cooperação. Estamos falando de nações que se sentem próximas tanto pela questão histórica quanto pela cultura — analisa Passera. Nos últimos meses, a Itália passou por uma série de reformas e intervenções com o objetivo de tornar a economia do país mais eficiente e competitiva. Entre as medidas, estão a reforma do mercado de trabalho, a liberalização dos mercados, a simplificação de processos e a aceleração da construção de grandes obras de interesse nacional. As diversas diretrizes de reforma abriram uma série de ações que deverão ter continuidade e, posteriormente, serão aprofundadas junto ao planejamento definido pelo governo italiano. Os esforços já obtiveram posicionamento favorável por parte das grandes instituições internacionais, como Organização para a com unit àit aliana | outu br o 2012
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Economia
Chegada de turistas em 2010
16
24,6
22,4 México
Alemanha
Malásia
27
26,9
Turquia
Reino Unido
ITÁLIA
Espanha
China
Eua
França
28,1
52,7
43,6
55,7
59,7
76,8
(Na Itália, em milhões de pessoas)
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“Nesses últimos anos, investimos muito no Brasil, mas o Brasil investiu pouco na Itália”
Ganhos gerados pelo turismo internacional
23
20,8
Hong Kong
Turquia
30,1 Austrália
34,7
30,4
Alemanha
Reino Unido
38,8
China
ITÁLIA
46,3
45,8
França
52,5
103,5
(em bilhões de dólares)
Espanha
Internacionalização das empresas agora é prioridade A Itália possui um dos principais parques produtores e exportadores de tecnologia do mundo, composto principalmente por pequenas e médias empresas, em sua grande maioria concentradas em distritos industriais. Reconhecida mundialmente por sua excelência em diversos setores, como o de máquinas e equipamentos, as exportações têm sido um importante vetor para o crescimento do PIB italiano. Nos primeiros cinco meses de 2012, quase metade das indústrias exportadoras apresentou aumento nas vendas externas em comparação ao mesmo período do ano passado. O período mostrou um acréscimo nas exportações de 3,9% e o mês de maio apresentou um excedente de mais de € 1 bilhão. De acordo com a previsão do Banco da Itália, o ano de 2012 apresentará 2,4% de crescimento das exportações de bens e serviços.
Frente à contração da demanda interna, o incentivo à internacionalização tornou-se primordial para o crescimento econômico. Segundo o ministro Corrado Passera, a exportação é o principal fator para a recuperação da economia. — A exportação está entre as variáveis que mais contribuem efetivamente para a formação do nosso PIB. É preciso continuar nessa direção, através da aceleração da reorganização das redes no exterior, da concentração de iniciativas de promoção em mercados estratégicos e do aumento de investimento direto estrangeiro. Para o ministro, os produtos italianos são muito atraentes para o mercado global e comprovam a capacidade de reação do sistema produtivo do país. — Nesses últimos anos, investimos muito no Brasil, mas o Brasil investiu pouco na Itália. Hoje, quando as duas economias apresentam quase o mesmo tamanho, há a possibilidade de o Brasil investir de forma semelhante na Itália. A missão encerrada hoje visa a reverter esse cenário e acredito que teremos muito sucesso — declarou. As atividades de investimento também não sofreram interrupções por causa do cenário econômico. Em 2011, os investimentos contribuíram para um forte crescimento, seja nos fluxos de saída, seja nos fluxos de entrada. São 7.500 empresas que investem no exterior, com mais de 27 mil filiais. Elas empregam cerca de 1,5 milhões de pessoas e geram um volume de negócios em torno de € 565 bilhões. Os investimentos foram concentrados no comércio varejista (55%), na indústria manufatureira (26%), nos serviços às empresas (12%), utilitários e construção civil (7%). De acordo com Riccardo Maria Monti, presidente do ICE, a internacionalização está se tornando, cada vez mais, a primeira escolha para os negócios italianos. Monti, que veio ao Brasil com a delegação do ministro, é presidente do ICE desde abril e acumula as funções de conselheiro para a internacionalização das empresas do Ministério do Desenvolvimento e de vice-presidente da Sociedade Italiana para as Empresas no Exterior (Simest), que financia as sociedades interessadas no mercado externo. — Apesar do cenário econômico, o Corrado Passera, número de exportadoministro italiano do res na Itália permanece Desenvolvimento estável. São cerca de 205 Econômico, da mil deles, organizados em importantes disInfraestrutura e dos tritos industriais. Por Transportes isso, é necessário integrar incentivos ao crescimento dimensional e aos processos de agregação por cadeias, a fim de permitir às pequenas e médias empresas associarem-se aos segmentos mais bem pagos das cadeias mundiais de valor. Esta também será uma das tarefas do ICE — disse Riccardo Monti. Para ele, há um equilíbrio forte
Eua
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia. O desafio para os próximos meses será reforçar a estratégia iniciada por meio do aumento da eficiência, da produtividade, da competitividade e da abertura de novas oportunidades de negócios e trabalho. A criação de novas empresas e a facilitação de investimentos estrangeiros no país, de forma a favorecer a instalação de novas unidades produtivas internacionais em território italiano, serão medidas prioritárias.
entre o ICE, a Fiesp e a Câmara Ítalo-brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (Italcam). Giovanni Sacchi, diretor do ICE no Brasil, considera que o país tem importante papel na retomada da economia italiana. — A Itália é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Europa, tendo exportado para o país, em 2011, € 4,5 bilhões, um valor 22% maior que o registrado no ano anterior. Os países sempre possuíram estreita parceria de colaboração. Aqui existem mais de 700 empresas italianas. Agora, queremos atrair novos investidores e grupos brasileiros para se instalarem na Itália, promovendo o intercâmbio de conhecimento e a transferência de tecnologia entre as empresas de ambos os países. O ministro Passera destacou ainda o papel dos descendentes de italianos na construção da economia brasileira. — Os descendentes contribuíram muito e continuam a contribuir para o crescimento do Brasil, país que alcançou uma posição de destaque no cenário mundial. Saber do peso dessa contribuição é motivo de satisfação e orgulho para a Itália. Espero que os dois países possam trabalhar juntos e que o único campo em que haja alguma rivalidade seja no futebol, durante a Copa do Mundo — brincou Passera no encerramento de sua palestra em São Paulo.
Economia
Crise e oportunidade Presidente da agência italiana para a internacionalização das empresas destaca o setor de infraestrutura brasileiro como oportunidade para a economia da Itália Gina Marques
O
De Roma
s italianos estão apertando o cinto para conseguir chegar ao fim do mês. Eles consomem menos e escolhem os produtos mais baratos. Por consequência, esta cadeia afeta terrivelmente os produtores que investem na qualidade. É a chamada crise econômica que influencia a psicologia do país. A palavra crise em chinês é escrita com dois ideogramas: perigo e oportunidade de mudança. O governo transitório chefiado pelo professor economista Mario Monti entendeu que não basta buscar uma saída criativa e inovadora para as empresas italianas, pois esta já foi encontrada há mais de mil anos na exportação. A única solução para abrir novos mercados — a chamada internacionalização — é agir com eficiência. Neste ponto, se encontra a reforma do ICE, o Instituto Nacional de Comércio Exterior, anel fundamental para revigorar a saúde da economia através da exportação.
O ICE foi desmembrado no ano passado, transformando-se em agência para a promoção ao exterior e internacionalização das empresas. A reforma deu-se porque o antigo instituto havia se transformado em uma lenta carroça que apresentava poucos resultados e pesava nas contas do país. Com a proposta de limpeza e transparência, o ministro Corrado Passera, aconselhado por consultores da respeitada agência McKinsey, nomeou o engenheiro executivo Riccardo Monti, que, aos 44 anos, conta com uma brilhante carreira e uma jovem energia em uma Itália que sofre de gerontocracia.
O ministro italiano Corrado Passera com o presidente do ICE Riccardo Monti e o embaixador Gherardo La Francesca: encontro no Brasil
Riccardo Monti é diplomado em Economia e Comércio na Universidade de Nápoles e possui duas especializações na Columbia University e na Brooklyn Polytechnic de Nova York. Ele foi diretor executivo do Grupo Value Partners e tem experiência nos mercados emergentes do Oriente Médio, da Ásia, da Turquia e da América Latina com projetos de expansão internacional. O especialista Carmine Fotina, do jornal Il Sole 24 Ore, explica que o ICE se transformou, de um instituto com vocação diplomática, em uma agência com visão empresarial: Assim pode ser sintetizada a sua reforma. Além da promoção das empresas italianas no exterior, está trabalhando para atrair investidores. O objetivo é potencializar a nossa rede nos países estrangeiros, ou seja, embaixadas, empregados do ICE e câmaras de comércio exterior, em busca de potenciais investimentos, das corporações aos fundos privados e de Estado. Riccardo Monti tem as ideias claras, pois não basta ver a exportação como um todo, já que os detalhes de cada mercado são fundamentais para a expansão. — Ser uma agência para a promoção ao exterior e internacionalização das empresas vai além da ambição de incentivar as empresas italianas com o suporte à exportação. Continuamos dando apoio aos setores que mais exportam como mecânica, produtos alimentares, roupas e luxo e outros. Mas a cooperação com o Brasil pode ser expandida exatamente nestas áreas de grandes projetos de infraestrutura, como ferrovias, aeroportos e estradas. Acredito que temos muitos trabalhos para fazermos juntos — disse Riccardo Monti à ComunitàItaliana. Ele falou também das dificuldades passadas. — Ao sistema italiano faltou um adequado suporte financeiro aos grandes projetos, mas o governo Monti está trabalhando para resolver este problema, aumentando o potencial das estruturas de financiamento para a exportação. Em relação ao Brasil, no passado, havia um sistema de licitação ao qual não era fácil para a Itália ter acesso. Atualmente, o sistema de licitação apresentado pelo governo brasileiro é muito mais aberto e amigável aos operadores internacionais. Portanto, esta é uma ótima oportunidade que não vamos deixar passar — finaliza.
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Mercado
Exportar é a solução
é uma coisa simples: para exportar alimentos é necessário respeitar uma série de normas dos mercados exteriores que podem ser sufocantes para as pequenas e médias empresas que constituem a maioria no setor. Para incentivar a venda de produtos italianos ao exterior, elas fizeram uma série de propostas e reivindicações ao governo. Uma das propostas, apresentada pela federação, é potenciar os fundos promocionais do novo Instituto do Comércio Exterior (ICE), que está passando por uma drástica reforma. Segundo a entidade, é preciso também incentivar os investimentos pro-
Indústria alimentar italiana, a segunda mais poderosa do país, aposta cada vez mais na exportação para fugir da crise. Cresce o interesse pelo mercado dos países emergentes despesas destinadas aos alimentos. Por consequência, os supermercados que vendem produtos baratos, conhecidos como hard discount, estão crescendo cada vez mais. — Esta crise é grave. Há anos, a Itália investe na qualidade dos alimentos e nos controles de rastreabilidade a ponto de conquistar o topo no ranking europeu dos produtos de denominação e origem garantida, seja nos alimentos, seja nos vinhos — comenta o presidente da Federação Italiana da Indústria Alimentar (Federalimentare), Filippo Ferrua Magliani. Levando-se em consideração que, dentro da Itália, a crise morde fortemente, a Federalimentare aposta na exportação. Porém, não
Gina Marques
O
De Roma
s prazeres do paladar fazem parte da cultura italiana e com toda a tradição enogastronômica a indústria alimentar nacional é a segunda mais importante do país depois do setor metalmecânico. No entanto, a crise tem afetado profundamente as famílias italianas que acabam escolhendo seus alimentos baseados nos preços e não na qualidade dos produtos. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas da Itália (Istat), desde 2011, mais de um terço das famílias italianas (35,8%) declararam ter reduzido as
Primeiros países de exportação em 2011 Mundo
23032,7
União Europeia
14807,9
mocionais com a total dedução dos custos das atividades de promoção e comercialização dos produtos made in Italy no exterior, dentro e fora da União Europeia. A quota de exportação dos produtos alimentares italianos no mundo em 2011 registrou € 23.032,7 milhões com um
Países mais dinâmicos para exportação em 2011 30,40% 28,40%
10,00%
28,10%
8,50%
Alemanha
3960,2
8,90%
França
2803,7
11,90%
Eua
2424,3
Reino Unido
2115,5
27,40% 26,20% 26,10% 25,30%
10,30% 22,60%
3,80%
Suíça
945,5
5,80%
Áustria
806,3
16,20%
Espanha
769,5
5,30%
Países Baixos
749,5
0,90%
Bélgica
664,2
12,50%
Canadá
573,7
5,70%
Valores em milhões de euros janeiro - dezembro 2011 18
A Alemanha está em primeiro lugar entre os países que mais importam produtos made in Italy
19,00% 17,50%
40,4 98,5 127,2 419,7 86,6 216,5 183,3 120,5 80,3 110,4
a éria Coreiul Israel Rússia Líbia do S
Nig
% Variações janeiro - dezembro 2011 / 2010
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Valores em milhões de euros janeiro - dezembro 2011
ab na ungria Brasil África l Em.Ár os u H Unid do S
Chi
% Variações janeiro - dezembro 2011 / 2010
incremento de 10% em relação a 2010. Dentro da União Europeia, essa taxa registrou alta de 8,5%. A Alemanha é o país para onde a Itália mais exporta, seguida por França, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Áustria, Espanha, Países Baixos, Bélgica e Canadá. A Federalimentare está de olho também nos mercados emergentes que, com suas economias dinâmicas, registraram um crescimento na compra dos produtos alimentares italianos. A importação de produtos agroalimentares italianos para o Brasil, por exemplo, gerou € 126 milhões em 2011, o que representa um aumento de 21% em relação a 2010. Os vinhos lideram a lista de produtos agroalimentares que chegam aos mercados brasileiros, seguidos por massa grano duro, azeites, tomates em conserva, queijos e embutidos.
Indústria alimentar italiana: balanços e previsões Faturamento
2010
2011
Estimativas 2012
€ 124 bilhões (+3,3%)
€ 127 bilhões (+2,4%)
€ 130 bilhões (+2,3%)
Produção (quantidade)
2%
-1,70%
-1,20%
Número de empresas
6.450 indústrias (com mais de 9 empregados)
6.300 indústrias (com mais de 9 empregados)
6.250
408.000
410.000
406.000
Número de empregados Exportações
€ 21 bilhões (+10)
€ 23 bilhões (+10)
€ 25 bilhões (+8,7%)
Importações
€ 17 bilhões (+13,5%)
€ 18,6 bilhões (+11%)
€ 20 bilhões (+8,1%)
Saldo
€ 4 bilhões (+2,1%)
€ 4,4 bilhões (+10%)
€ 5 bilhões (+13,6%)
Total de consumos alimentares
€ 204 bilhões (variação real -1,0)
€ 208 bilhões (variação real -2,0)
€ 210 bilhões (variação real -1,6%)
2° lugar (13%) depois do setor metalmecânico
2° lugar (12%) depois do setor metalmecânico
2° lugar (13%) depois do setor metalmecânico
Posição dentro da indústria de manufaturados da Itália
Os principais produtos alimentares exportados em 2011 Milhões Incidência de euros %
Vinhos, mostos e vinagres
4769,4
20,70%
Doces
2818,3
12,20%
Hortaliças e frutas em conserva
2787,5
12,10%
Laticínios
2134,8
9,30%
Outras ind. alimentares
1977,3
8,60%
Massas
1964,8
8,50%
Óleos e gorduras
1718,1
7,50%
Carnes preparadas
1223,5
5,30%
Café
893,1
3,90%
Aguardentes e licores
647,1
2,80%
497
2,20%
Águas minerais e gasosas
481,1
2,10%
Rações animais
339,2
1,50%
Moagens
253,3
1,10%
Pescados
223,9
1,00%
Açúcar
146,8
0,60%
Cerveja
121,2
0,50%
Álcool etílico
36,4
0,20%
Arroz
Total 23032,7
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Produtos
100,00%
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Atualidade
Recomeço Qualificados, jovens italianos fazem história ao repetirem o percurso dos imigrantes do século XIX e embarcarem para o Brasil em busca de melhores oportunidades profissionais Aline Buaes, De Porto Alegre e Nathielle Hó, Da Redação
C
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om a crise econômica na Itália e os índices assustadores de desemprego entre os jovens, um novo fenômeno ocorre no país: a emigração de pessoas com menos de 40 anos em busca de oportunidades melhores no exterior. Segundo o Instituto Italiano de Estatísticas (Istat), entre 2000 e 2010, mais de 316 mil cidadãos nessa faixa etária deixaram a Itália para viver em outros países. Apenas em 2009, este número chegou a 80 mil expatriados, 20% a mais em relação a 2008. As capitais do Norte europeu ainda são o destino preferido destes emigrantes, os quais, em maior parte, possuem ao menos um diploma de ensino superior. Porém, novos destinos emergentes chamam a atenção — e o principal deles é o Brasil. Os trabalhadores vindos de outros países ajudaram a constituir as bases da economia brasileira. Em sua maioria, eram camponeses ou artesãos que fugiram da pobreza, da guerra e da falta de horizonte nos locais de origem. Os primeiros chegaram no século XIX. O Império distribuiu cidadania e terras, principalmente a alemães e italianos, para povoar a região Sul, sempre ameaçada pelas invasões dos vizinhos hispânicos. Da segunda metade do século XIX à primeira metade do XX, o Brasil abriu os portos para imigrantes do mundo inteiro que estivessem dispostos a substituir o trabalho braçal dos escravos alforriados na lavoura do café, ou que estivessem aptos a exercerem a função de operários na nascente indústria local. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, vieram para o Brasil, nesse período, cerca de 5 milhões de estrangeiros. Hoje, a maioria dos novos imigrantes é requisitada por terem uma formação mais sofisticada e poderem contribuir para ajudar o país a ingressar em um novo ciclo de desenvolvimento. As relações históricas entre os dois países facilitam o processo de adaptação dos imigrantes, mas o fato de o Brasil ser uma das
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“economias da vez” entre as cinco maiores do mundo atrai ainda mais estes jovens em busca de um futuro melhor. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o país já abriga a quinta maior comunidade de italianos expatriados, com 300 mil pessoas, atrás de Argentina, Alemanha, Suíça e França. Entre as principais vantagens que essas pessoas veem nas cidades brasileiras, estão os salários altos, as posições de responsabilidade profissional mesmo com pouca idade, seleções transparentes e perspectivas de carreira claras e definidas. Segundo pesquisas realizadas em 2012 pelo Instituto Italiano de Estudos Políticos e Sociais (Eurispes), quase 60% dos italianos entre 18 e 24 anos declaram-se dispostos a empreender um projeto de vida no exterior. Por outro lado, os mais inseguros sobre as oportunidades oferecidas na Itália são aqueles entre 25 e 34 anos. A desconfiança aumenta quando o grau de instrução é mais elevado. Expatriados encontram dificuldade para obter vistos e altos impostos As dificuldades para conseguir um visto de trabalho estão entre as principais reclamações de empregados transferidos e dos jovens que fazem intercâmbio em universidades brasileiras e querem ficar para trabalhar. Para obtenção do visto de trabalho é preciso que a solicitação seja feita pela empresa interessada, e não pelo profissional. A firma precisa ainda explicar por que está utilizando uma mão de obra de fora em detrimento da nacional. Outra exigência para o visto de trabalho é um contrato mínimo de dois anos, o que muitas vezes desanima as empresas e dificulta a vida de profissionais autônomos.
“É muito difícil obter um visto de trabalho no Brasil, pois os trâmites burocráticos exigidos dos empregadores são muito complexos” Eugenia Polidori, 34, natural de Ancona e residente em Porto Alegre desde 2005
Com a nova política de imigração brasileira, o trabalhador que renova o contrato de dois anos pode requerer imediatamente o visto permanente no Ministério da Justiça e permanecer no país sem quaisquer restrições. A alteração é uma adequação à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Para fazer o pedido do visto permanente, o estrangeiro deverá entrar com requerimento 30 dias antes do vencimento do visto temporário. A lista com os documentos necessários pode ser acessada no portal do Ministério da Justiça. A Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego estima que, nos seis primeiros meses deste ano, 32.913 profissionais, entre temporários e permanentes, obtiveram permissão para trabalhar no Brasil. Apesar dessas regras, trazer executivos, engenheiros e técnicos estrangeiros para trabalhar no Brasil ficou mais barato para multinacionais e empresas brasileiras a partir de uma decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que, em março deste ano, considerou que as empresas não precisam mais recolher Imposto de Renda nem FGTS dos benefícios oferecidos a executivos expatriados relacionados à moradia — como pagamento de aluguel, condomínio e outras despesas de manutenção da casa. A Justiça do Trabalho entendia, até então, como salário o conjunto de benefícios recebidos pelos funcionários, o que implicava o recolhimento de impostos sobre todo o valor desembolsado. Os gastos com moradia representavam até 30% dos custos com um executivo expatriado no Brasil, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Desse valor, eram recolhidos, antes da decisão do TST, 27,5% de Imposto de Renda e mais 8% de FGTS. Os italianos que decidem viver no Brasil encontram essas dificuldades burocráticas em relação a vistos de trabalho, mas em contrapartida, o reconhecimento e o retorno financeiro acabam sendo melhores. Um exemplo disso é Giulio Palmitessa, de 34 anos, coordenador do Centro de Design da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em Porto Alegre,
A pesquisadora Eugenia Polidori e o professor Giulio Palmitessa ressaltam que tiveram dificuldades para obter o visto permanente no Brasil, mas se sentem satisfeitos por trabalhar e morar em Porto Alegre
que encontrou estabilidade profissional. Formado pelo Instituto Politécnico de Milão em design industrial, Giulio sempre foi sonhador e teve interesse por línguas e culturas diferentes. Com 27 anos, decidiu deixar a Itália para trás por falta de oportunidades. — Tomei minha decisão quando recebi a primeira oferta de emprego após ter finalizado meu mestrado, com experiências na França, na Espanha e no Brasil. Coordenei projetos de pesquisa aplicada. Então, me chamaram para trabalhar em um call center multilíngue na China devido ao meu conhecimento em quatro línguas — recorda. Giulio lembra que a emigração na Itália sempre aconteceu, desde o século XIX, mas reitera que, se antes o motivo era a fome, hoje, é a falta de oportunidades. Giulio defende que para uma pessoa com 27 anos, cheia de energia e com vontade de construir algo para si mesmo e para sua vida, a Itália não oferecia oportunidades, o que explica a sua decisão de partir para a China para um estágio, economicamente mais vantajoso e com possibilidades de aprendizado e crescimento profissional. Da China para o Brasil com vontade de crescer Após a experiência na China, Giulio partiu para o Brasil com o objetivo de trabalhar no centro de pesquisa em design de uma fábrica de móveis no coração da colônia italiana, no interior do Rio Grande do Sul. — A primeira cidade que me hospedou aqui no Brasil foi Garibaldi, onde eu me sinto realmente em casa. Se eu pudesse, teria uma casa na colônia italiana, com galinha caipira, vaca leiteira e uma conexão de internet rápida. Eu percebi que precisava de uma cultura
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Atualidade latina, por isso me candidatei a ser professor na universidade de Porto Alegre, e eles acreditaram em mim — conta. Um dos idealizadores da primeira grande mostra de design italiano no Brasil que ocorreu recentemente na região, ele define Porto Alegre como uma “cidade bonita, arborizada, com parques maravilhosos, oferta de cultura e pessoas bem preparadas”. — Esta exposição trouxe cultura e pessoas qualificadas da Itália. Como curador, já estou pensando em novos projetos — explica o professor, que hoje vê a Itália “como um ótimo destino de férias”. Após seis anos entre idas e vindas e quatro estabelecido como professor contratado e coordenador do curso de uma das maiores universidades do sul do Brasil, Giulio nunca conseguiu obter um visto de trabalho permanente no país. Foi somente após o casamento com a atual esposa brasileira e longos trâmites burocráticos que ele conseguiu, em fevereiro, semanas antes do início do semestre letivo, o visto permanente de residente. — Em 2010, em meio ao processo, eu e minha namorada achamos a situação um absurdo: duas pessoas, entre Brasil e Itália, qualificadas e reconhecidas, com formação e com trabalho fixo, precisavam se casar para conseguir um visto de trabalho — desabafa. Giulio também reclama de outro aspecto: a falta de estruturas oficiais do governo italiano que auxiliem os cidadãos aqui no Brasil. — Os italianos que vivem aqui acabam, infelizmente, esquecendo a Itália, pois acabamos esquecidos pelo nosso país, tanto que muitos nunca voltam — afirma o professor. A história de Eugenia Polidori, 34 anos, natural de Ancona e residente em Porto Alegre desde 2005, é similar à trajetória de Giulio. Ela chegou ao Brasil com um visto de dois anos como pesquisadora devido a um estágio na Câmara de Comércio Italiana do Rio Grande do Sul e encontrou muitas dificuldades para renová-lo. Somente em 2008, após se casar com um brasileiro, ela obteve finalmente o visto permanente. — É muito difícil obter um visto de trabalho aqui no Brasil, pois os trâmites burocráticos exigidos dos empregadores são muito complexos — explica. Outro fator negativo no Brasil apontado por Eugenia é a 22
violência, embora ela afirme que isso seja suplantado pela proximidade cultural entre italianos e brasileiros. Eugenia também destaca o fato dos italianos se adaptarem facilmente devido à hospitalidade do povo brasileiro e ao “respeito profundo que desde sempre uniu Itália e Brasil”. — Apesar dos problemas com vistos e de ter de aprender a lidar com a violência que, infelizmente, ainda está a níveis elevados em comparação a países europeus, o Brasil ainda é um ótimo país, que oferece excelentes oportunidades para os jovens bem preparados vindos da Europa ou dos Estados Unidos por ser uma economia em crescimento, que ainda requer mão de obra especializada — salienta. A pesquisadora conta que se apaixonou pelo Brasil quando esteve no país pela primeira vez em 2003, em uma experiência de voluntariado em uma escola no interior de São Paulo. Naquele período, viveu com uma família brasileira durante um ano. Depois voltou para a Europa para cursar uma especialização em Bruxelas. A partir daí, contatou todas as câmaras de comércio italianas com sede no Brasil e logo surgiu a oportunidade de um estágio na capital gaúcha. — No início, eu não gostava muito da cidade, pois não é uma cidade que corresponde à imagem do Brasil que temos na Europa, com sol, calor, gente alegre e hospitaleira. Mas, aos poucos, me adaptei muito bem. Hoje, após conhecer outras grandes cidades brasileiras, acredito que Porto Alegre seja uma das melhores para se viver. É de múltiplas faces: o clima úmido lembra muito as cidades do Vêneto; o céu azul e a luminosidade fazem pensar na Sicília. Já o tráfego é
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Casada com um gaúcho, a presidente da Abic, Danila Baravalle, que passou de estagiária a presidente da entidade, salienta que a crise econômica na Itália não oferece boas perspectivas profissionais
igual a qualquer grande cidade italiana como Roma ou Milão! Mas as cidades italianas não possuem tantos parques e árvores como Porto Alegre — enfatiza Eugenia, casada e mãe de um pequeno ítalo-brasileiro de 1 ano e 5 meses. A assistente administrativa no consulado italiana também destaca que a grande quantidade de descendentes de italianos e europeus na capital gaúcha diminui o assédio aos turistas, como ocorre em outras capitais brasileiras, além de permitir uma boa oferta de produtos alimentares italianos a preços não excessivamente altos. — Assim diminui a nostalgia da Itália, pelo menos a nível gastronômico! — acrescenta Eugenia. De estagiária a presidente A história de Danila Baravalle se parece com outras da reportagem. Com 29 anos, chegou à capital gaúcha para um estágio de nove meses em uma organização não-governamental. Acabou ficando, casou-se com um gaúcho e hoje, sete anos depois, é a presidente da entidade, a Associação Brasileira de Intercâmbio Cultural (Abic). Natural de Fossano, pequena cidade próxima a Turim que faz fronteira com a França, Danila é formada em Pedagogia, e sempre gostou de viajar, de conhecer novas culturas e mudar de rotina. Por isso, quando chegou à cidade, depois de ter vivido na Espanha e acumulado uma experiência com organização de voluntariado e intercâmbios por toda a Europa, o “choque cultural foi zero”. Ela afirma que gostou imediatamente do povo e da cidade. Danila reconhece que a situação atual em seu país natal não concede muitas perspectivas de futuro para seus amigos que lá ficaram. — A crise está fazendo as pessoas refletirem. Na minha região, Piemonte, há muito desânimo em relação ao futuro. E isso reflete as diferenças entre Itália e Brasil. No país tupiniquim, se você é capaz, inteligente e tem vontade de abrir um negócio próprio ou avançar na sua carreira, pode melhorar e ganhar bem. Na Itália, mesmo que você seja o melhor, o seu salário será sempre aquele e a possibilidade de abrir um negócio, infelizmente, é complicada neste momento. Meus amigos ganham um salário ínfimo na Itália, entre 1200 e 1500 euros por mês, consequência da crise — conclui Danila.
Atualidade
O amor como escudo A italiana Alice Bianchi, ferida por um adolescente na ONG onde atuava como voluntária, recebe visita de cônsul e revela que quer cotinuar sua missão Stefania Pelusi e Cintia Salomão Castro
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notícia da agressão sofrida pela savonese Alice Bianchi no dia 28 de setembro comoveu a população e teve grande repercussão no Brasil e no exterior. Aos 24 anos, Alice prestava serviço como voluntária na Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu, município do Rio, quando foi atingida com uma pedrada na cabeça por um dos adolescentes atendidos pela ONG. O fato aconteceu oito meses após sua chegada ao país, para onde foi encaminhada juntamente com outros três jovens pela Caritas italiana de Mondovi. Alice foi levada imediatamente para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, de onde foi transferida para o Hospital dos Servidores da capital fluminense, onde recebeu, ao lado da mãe, no início de outubro, a visita do cônsul do Rio Mario Panaro. Apesar da violência sofrida, o desejo de Alice é o de continuar prestando serviço de voluntariado na Casa do Menor São Miguel Arcanjo. Ainda é cedo para se confirmar, porém, se ela poderá retornar à sua missão, o que depende do seu estado de saúde: ainda não há previsão de alta. — Visitei Alice Bianchi no hospital e os médicos diagnosticaram um pouco de trauma na parte posterior da cabeça, além de feridas no abdômen. Ela ainda está traumatizada e, felizmente, não há danos internos. Suas condições tendem a melhorar e ela se alimenta de forma autônoma — declarou Panaro à Comunità.
Alice Bianchi está no Brasil desde fevereiro e, apesar de ferida e abalada pela agressão sofrida, manifestou o desejo de continuar sua missão como voluntária
A ONG Casa do Menor São Miguel Arcanjo, ao receber visita de italianos em 2010: fundada em 1986 pelo padre Renato Chiera, atende crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade
Além disso, a italiana continua realizando exames para que os médicos acompanhem as eventuais consequências da agressão. As pessoas presentes durante o ocorrido relataram que, além de atingi-la com uma pedra, o que a fez desmaiar, o adolescente tentou afogá-la em um tanque. — Alice não pode dar declarações por causa do seu quadro clínico. Sua mãe, que veio da Itália para acompanhar a filha, também ainda está muito comovida com o que aconteceu, mas me disse que, assim que estiverem dispostas, a ONG organizará uma coletiva de imprensa — informou o cônsul Panaro. A vice-presidente da ONG, Lucia Inês Cardoso da Silva, conta que Alice realizava atividades de artesanato com as crianças e os adolescentes duas vezes por semana e que apresentava um comportamento de tranquilidade e maturidade. — Ela tinha uma boa relação com ele (o jovem de 16 anos que a agrediu). Eles conversavam bastante, e ela lhe dava conselhos. Por isso, acreditamos que tenha sido um surto. É uma moça muito madura, com uma postura muito tranquila com as crianças. Eles a escutavam bastante — contou à Comunità. Formada em ciências da comunicação pela universidade de Turim e tendo cursado o liceu com orientação
em psicopedagogia, a jovem recebeu uma sólida preparação pedagógica e cultural sobre a realidade do Brasil e sobre a difícil situação infanto-juvenil que encontraria. De acordo com o comunicado divulgado pela diretoria da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, Alice teria declarado que os menores atendidos na instituição são violentos por que não são “amados” e que isso pesou em sua decisão. “Alice declarou que pretende continuar seu serviço de voluntariado (...) até o final do período acordado — janeiro de 2013”. A nota ainda informa que o ministro para a Cooperação Internacional e Integração da Presidência do Conselho dos Ministros da Itália, professor Andrea Riccardi, enviou uma carta de
Alice declarou que, mesmo diante do ocorrido, pretende continuar seu serviço de voluntariado até o final do período acordado, janeiro de 2013 solidariedade e de apoio à Casa do Menor e à Alice, na qual expressou gratidão pelo serviço civil nacional desenvolvido no Brasil. O menor encontra-se sob a guarda do Estado e, antes do ocorrido, não havia protagonizado episódios de agressão, relata Lucia Inês. A Casa do Menor São Miguel Arcanjo foi fundada em 1986 pelo padre Renato Chiera e tem como missão acolher crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos) em situação de risco pessoal, vulnerabilidade social e dependência de álcool ou drogas. Através da acolhida em lares, do acompanhamento psicológico e espiritual, da escolarização e das atividades lúdicas, esportivas, culturais e de profissionalização, a instituição busca dar protagonismo e cidadania aos adolescentes.
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Atualidade
Todo cuidado é pouco Delegacias de turismo oferecem a estrangeiros dicas de comportamentos adequados para evitar roubos e outros crimes Nathielle Hó
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elegacia especializada, atendimento personalizado em casos de emergência e panfletos distribuídos pela Polícia Civil com dicas de prevenção são estratégias das autoridades em segurança pública para evitar a violência contra estrangeiros em grandes cidades brasileiras. De acordo com a Divisão Especial de Atendimento ao Turista de São Paulo (Deatur), as estatísticas demonstram que a maior incidência de crimes com estrangeiros tem relação com o furto (60%), que é a subtração de bens materiais sem violência, seguida do crime de estelionato (30%). Em menor número, aparece o roubo que utiliza violência física e ameaça (10%). 24
A exemplo do que aconteceu com o bancário italiano Tomasso Lotto, assassinado em um roubo na Avenida Nove de Julho, em São Paulo, muitos estrangeiros reagem aos assaltos ou não sabem como proceder nessas situações-limite e acabam sendo mortos, afirma o delegado divisionário de polícia Deatur/Decade (Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas), Osvaldo Nico Gonçalves. — Toda vez que qualquer pessoa, não só o turista, estiver sendo vítima de um crime, não deve em hipótese alguma reagir. Deve tentar manter-se calmo e fazer movimentos lentos, pois qualquer atitude mais brusca pode ser entendida pelo criminoso como uma reação. Sempre orientamos as vítimas no sentido de lembrar que o criminoso está nervoso, tenso,
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O delegado da Deatur/Decade, Osvaldo Nico Gonçalves: uma atitude mais brusca pode ser interpretada pelo criminoso como reação
e muitas vezes sob o efeito de drogas. E mais, que a vítima é sempre vista como uma ameaça — alerta o delegado Nico. Segundo a Deatur, o turista deve ter cuidado com bens durante deslocamentos e não deve ostentar principalmente em locais como aeroportos, hotéis, bares e áreas públicas. De acordo com a instituição, relógios, notebooks e celulares são os objetos mais visados pelos ladrões. O delegado lembra ainda que, caso sejam vítimas de violência, os estrangeiros devem acionar uma delegacia de turismo, que tem atendentes bilíngues para fazer um boletim de ocorrência. — Quando a pessoa está em viagem, fica mais distraída e suscetível a furtos. Atitudes que ela tomaria no seu dia a dia não são adotadas, como ficar atenta às suas bagagens,
às máquinas fotográficas e aos demais bens. O turista deve aproveitar suas férias, mas não se desligar tanto em seus passeios e até mesmo no hotel, onde deve preferir usar o cofre do estabelecimento, não devendo realizar os passeios com
“Toda vez que qualquer pessoa, não só o turista, estiver sendo vítima de um crime, não deve em hipótese alguma reagir” Osvaldo Nico Gonçalves, delegado da Deatur/Decade
Em situações de risco Não reaja. Mantenha a calma.
Pedido de socorro
Idioma
A Polícia Militar de São Paulo atende chamadas de emergências feitas via número 911. Além disso, a corporação tem atendentes que falam espanhol e inglês. A ligação deve ser feita em momento que não coloque a vítima em risco.
Fonte: Deatur e Polícia Militar
Se for abordado por criminoso
Deixe as mãos em local visível e não faça movimentos bruscos. Cuide para que seus gestos sejam lentos e previsíveis.
Especialitas indicam que, após deixar claro que não vai reagir, o estrangeiro pode avisar que “não fala português”.
Nos aeroportos
Embarque e desembarque
Manuseio de bens e dinheiro
São considerados críticos porque o cansaço e excesso de pessoas nos aeroportos provocam desatenção do viajante e vulnerabilidade. Ao pedir informações ou auxílio, procure um policial identificado ou funcionário da empresa pela qual viajou. Não fale com estranhos. Não abra a bagagem em público, principalmente se tiver equipamentos eletrônicos e dinheiro dentro dela. Nos caixas eletrônicos, certifique-se de que sua senha não seja vista por outras pessoas. Se o equipamento falhar, solicite o auxílio de funcionário identificado. Não manuseie grandes quantias de dinheiro em público. Ao deixar o aeroporto, guarde sua bagagem no portamalas, principalmente seu laptop. Ao utilizar serviços de táxi ou carros alugados, prefira profissionais e empresas cadastradas. Ao entrar no veículo, solicite que todos os seus pertences sejam colocados no portamalas. Em caso de negativa, procure outro táxi.
de Santos, no Anhembi Parque, em Interlagos, e na Rua da Consolação, próximo à Avenida Paulista, no coração da cidade. Pesquisa atesta que os estrangeiros têm curiosidade sobre as favelas No Rio de Janeiro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), que contabiliza os crimes no estado, o número de furtos diários chega a 309, com um total de 37.193 pessoas furtadas no primeiro semestre deste ano. Segundo a pesquisa, a Linha Vermelha e a Linha Amarela, além da Avenida Brasil, principais acessos ao centro e à zona sul da cidade, são apontadas como locais violentos à noite. Também é desaconselhado seguir para o aeroporto internacional após as 19 horas. Pontos turísticos como Corcovado e Pão de Açúcar também com unit àit aliana | outu br o 2012
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Fonte: Deatur e Polícia Militar
todos os documentos, dinheiro e cartões de crédito. É importante salientar que normalmente o criminoso não age sozinho e tem outros comparsas para dar “cobertura” – ressaltou o delegado Gonçalves. Andar com dinheiro em espécie é outro ato que deve ser evitado, segundo a Deatur. O turista deve utilizar preferencialmente os cartões pré-pagos ou os cartões recarregáveis, como o Mastercard Cashpassport ou o Visa Travel Money. Ambos são utilizados como cartões internacionais, aceitos para compras em 30 milhões de estabelecimentos e utilizados também para saque em moeda local em mais de um milhão de caixas automáticos no exterior. O cartão tem a vantagem de ser recarregável de qualquer lugar e a qualquer hora em dólar, euro e libra. Caso os cartões sejam furtados, a vítima deve ligar imediatamente para a administradora pedindo o cancelamento dos mesmos. A Deatur aconselha também que o estrangeiro não transporte consigo documentos originais, e sim cópias em papel. Além disso, devem armazenar na caixa de e-mail esses documentos, pois, caso a pessoa seja assaltada, basta imprimi-los. Espalhar cópias desses documentos, assim como dinheiro e cartões por todo o corpo, é outra forma eficaz de evitar perder tudo de uma só vez. Em caso de furto do passaporte, o estrangeiro deve procurar o serviço consular de seu país para obter outro. Para combater efetivamente os crimes em São Paulo, a Deatur utiliza técnicas de inteligência policial na prevenção e apuração dos casos, como mapeamento criminal, troca de informações sobre vítimas e criminosos, e a maneira de agir deles, analisa filmagens e os locais onde são frequentes os crimes. Tanto a Deatur de São Paulo quanto a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo do Rio de Janeiro (Deat) trabalham em parceria com embaixadas e consulados e com a rede hoteleira, e realizam palestras em hotéis para profissionais do setor. Além do atendimento aos turistas nas delegacias, a Deatur, por exemplo, atende às companhias aéreas, faz a ronda hoteleira e está presente nos grandes eventos da cidade, como Fórmula Indy, Stock Car, Cirque Du Soleil e inúmeros shows. A divisão possui seis delegacias no estado de São Paulo: nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, no Porto
Atualidade No hotel
Fonte: Deatur e Polícia Militar
Bagagem e pertences
Visitas e pedidos
No check-in e check-out deixe sua bagagem com um funcionário ou coloque-a entre você e o balcão da recepção. Nas refeições, prefira deixar seus pertences no apartamento ou peça que sejam guardados no bagageiro do hotel por algum funcionário enquanto você se alimenta. Não deixe carteira, celular e outros pertences sobre a mesa. Use o cofre à disposição em seu quarto. Evite falar sobre assuntos pessoais perto de pessoas estranhas, principalmente se envolver valores. Não aceite ajuda de estranhos. Funcionários dos hotéis costumam trabalhar identificados e uniformizados. Se participar de evento no hotel, os participantes deverão usar crachás. Ao sair da sala, certifique-se de que as portas ficarão fechadas. Antes e durante o evento, converse com o quadro de seguranças do hotel. Não leve pessoas estranhas ao hotel.
Fonte: Deatur e Polícia Militar
Em bares e restaurantes
Escolha do local
Opte por lugares indicados por conhecidos ou pelos profissionais do hotel onde estiver hospedado. Peça informações sobre percurso, horários para alimentação e serviços oferecidos. No restaurante, peça que guardem a mala ou bagagem. Use cadeado ou lacre para proteger objetos de valor ou dinheiro. Ao recebê-la, confira se não houve violação.
Fonte: Deatur e Polícia Militar
Áreas públicas
Cuidados gerais
Evite falar com estranhos. Carregue filmadoras ou máquinas fotográficas discretamente. Não forneça informações pessoais a estranhos. Use transporte cadastrado. Bolsas e sacolas chamam a atenção dos ladrões, por isso use preferencialmente pochetes internas para carregar dinheiro.
são alvos de criminosos, bem como locais de boemia como a Lapa. De qualquer forma, o delegado titular da Deat, Fernando César Reis afirma que houve uma diminuição substancial dos crimes no estado. Para ele, a instituição ficou mais ágil depois de 2004, com a inclusão no Programa Delegacia Legal, e passou a se comunicar com outras esferas policiais. Além disso, atualmente a Deat controla de forma mais eficaz os crimes contra estrangeiros com a ajuda das 26
A pesquisa da Middlesex University atesta que turistas brasileiros são mais preocupados com a violência no Rio de Janeiro do que os estrangeiros, que têm curiosidade de conhecer as favelas
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Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implantadas em diversas comunidades da cidade. — A Deat, hoje em dia, conta com importante infraestrutura na orientação do setor turístico, se comunicando pela internet com todos os órgãos de segurança. É um importante avanço em termos de tecnologia da informação — acrescenta o delegado Reis. A violência é o principal problema que os turistas veem no Rio de Janeiro, mas a preocupação é mais recorrente entre brasileiros do que entre estrangeiros, segundo pesquisa sobre como o Rio pode explorar os grandes eventos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, realizado pela Middlesex University. A pesquisadora Ana Cecília Duék constatou que, entre os turistas nacionais, 85% citaram a violência como o principal problema da cidade, contra 61% dos estrangeiros consultados. Essa visão dos estrangeiros se estende para outras regiões do Brasil, embora cada vez mais cresça o índice de violência com visitantes. A última vítima italiana, em outubro, foi o diplomata Marcus Chimullo que sofreu um seqüestro-relâmpago na quadra 408 Sul, em Brasília. Ele foi abordado por dois assaltantes armados, que o liberaram meia hora depois do assalto, levando seu automóvel com placa da embaixada italiana. Chimullo durante a ação, escondeu dos bandidos que pertencia à uma comissão internacional para não sofrer retaliação. O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, observa que o turismo está crescendo muito em algumas comunidades pacificadas e pode exercer um importante papel na consolidação de uma imagem mais positiva das favelas fluminenses, apesar de acontecerem crimes
pontuais com estrangeiros. Para ele, os brasileiros tendem a ter uma visão negativa das favelas por associá-las a problemas do país e geralmente não buscam conhecê-las. Já o estrangeiro tem curiosidade por desvendar uma realidade diferente. — Para o brasileiro, a favela personifica as desigualdades sociais do Brasil. Por outro lado, o estrangeiro quer conhecer a periferia e sai de lá encantado, porque vê que as pessoas são alegres e que o convívio pode ser pacífico — analisa Sampaio. A década de 1990 marcou a pior fase das favelas, quando notícias sobre tiroteios na cidade eram frequentes, o que levou ao cancelamento de congressos internacionais. Hoje, a criminalidade no Rio ganhou uma roupagem mais amena, devido, principalmente, aos grandes eventos esportivos que estão por vir, o que repercute no movimento de turistas em hotéis e restaurantes. Serviço Deatur – Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista Rua da Consolação, 247 - loja 08 Centro – São Paulo - (11) 3257-4475 Deat – Delegacia Especial de Apoio ao Turismo Av. Afrânio de Melo Franco, 159 Leblon – Rio de Janeiro - (21) 2332-2924
Notícias
Novo regime brasileiro
A
s novas regras do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores foram publicadas no Diário Oficial em 4 de outubro e entrarão em vigor em 2013. Entre as exigências que as montadoras deverão cumprir, está o de apresentar um número mínimo de etapas de fabricação no Brasil. Pelo menos seis para produção de automóveis e comerciais leves terão de ser cumpridas. Esse número sobe para sete em 2014 e 2015 e para oito em 2016 e 2017.
Além disso, a eficiência energética será medida em quilômetros rodados por litro de combustível ou por níveis de consumo energético em megajoules por quilômetro rodado. Gastos em pesquisa e desenvolvimento devem alcançar, no mínimo, 0,13% da receita bruta total da venda de bens e serviços já no próximo ano e 0,30% em 2014. O ministro da Fazenda Guido Mantega afirma que as medidas servem para incentivar a indústria brasileira e a fabricação de carros mais econômicos; além de criar empregos.
Made in Italy verde
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cones do Made in Italy, tanto pequenas quanto médias e grandes empresas, aderiram voluntariamente ao acordo proposto pelo governo italiano para a certificação ambiental de produtos. Entre as 70 empresas e instituições participantes, estão Pirelli, Gucci, Benetton, COOP Italia, società Autostrade, San Benedetto, Gancia, Illy Caffè, Telecom Italia, Universidade Ca’ Foscari de Veneza e Unicredit. As iniciativas começaram em 2009 e foram reconhecidas como projeto-piloto em ocasião da conferência da ONU Rio+20, em junho. — Os consumidores finais estão cada vez mais sensíveis ao valor ambiental das próprias escolhas, o que está orientando as empresas a assumirem em medida crescente a certificação ambiental do ciclo de vida dos próprios produtos como escolha voluntária e estratégica para aumentar a competitividade nos mercados, cada vez mais exigentes e atentos aos valores ambientais — afirma o ministro italiano do Meio Ambiente Corrado Clini, que esteve no Brasil em diversas ocasiões. Clini ainda informou que o governo deve adotar medidas específicas para promover as certificações ambientais, inclusive através de incentivos fiscais.
Bernabè e Civita premiados
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o dia 10 de outubro, o presidente da Telecom Itália, Franco Bernabè, e o presidente do conselho de administração e diretor editorial do Grupo Abril, Roberto Civita, receberam o prêmio Amerigo Vespucci, concedido pelo Gruppo Esponenti Italiani (GEI), em São Paulo. O reconhecimento homenageia todos os anos as duas personalidades — uma brasileira e outra italiana — que mais colaboraram para fortalecer o relacionamento entre Brasil e Itália. Bernabé e Civita foram homenageados por contribuem com melhoraria da qualidade da vida de muitas pessoas.
Assinatura: 1 ano = R$ 118,00 2 anos = R$ 199,00
Endereço para envio: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050
Notícias
Ciprì e Falco premiados
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ator Fabrizio Falco e o filme È Stato Il figlio, de Daniele Ciprì, foram os representantes italianos na premiação da 69ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza. Falco recebeu o prêmio Marcello Mastroianni, entregue à revelação do Festival, por seu trabalho em dois longas: além do filme de Ciprì, o Bella Addormentata, de Marco Bellocchio. O jovem ator, emocionado, disse que foi um privilégio trabalhar nos filmes. “Estar em Veneza com dois filmes que concorriam ao Leão de Ouro foi uma honra para mim. Não esperava ganhar o prêmio, mas agradeço muito aos diretores por terem me dado essa chance, especialmente a Bellocchio, que foi quem me deu a primeira oportunidade no cinema”. Já Ciprì ganhou o prêmio de melhor fotografia, também com È Stato il figlio. O diretor foi responsável pela fotografia de Vincere, um dos maiores sucessos da carreira de Marco Bellocchio.
Especialista em Gramsci
O
cientista político Carlos Nelson Coutinho morreu aos 70 anos no dia 20 de setembro, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer. O baiano, natural de Itabuna, era professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coutinho é autor de elogiada tradução para o português do clássico O capital, de Karl Marx, e se tornou reconhecido internacionalmente no meio acadêmico como um dos maiores especialistas da obra do filósofo italiano Antonio Gramsci. Entre seus livros publicados, estão Gramsci, um estudo sobre seu pensamento político e A democracia como valor universal. A influência política de Gramsci pode ser comprovada no histórico de vida do professor, que foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, mais tarde, do Partido dos Trabalhadores (PT) e depois do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
milão
GuilhermeAquino
Mercado das esmolas polícia municipal de Milão desmante-
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lou uma rede de traficantes de pessoas diversamente hábeis da Romênia. Os mutilados eram trazidos por criminosos e obrigados a pedir dinheiro nas esquinas das ruas. Depois, eram tratados como animais em abrigos improvisados nas periferias da cidade. O pior é que, uma vez “salvos” e identificados, eles se recusam a receber ajuda. A falta de confiança no próximo impede até mesmo que alguns deles aceitem a oferta de transporte rumo à terra natal. O problema é que, em muitos casos, a própria família os “vendeu” para as organizações mafiosas. Dos 32 mendigos romenos, apenas 20 voltaram de onde vieram.
Velocidade máxima
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s trens de altíssima velocidade da linha italiana poderão chegar a 400 quilômetros por hora. Na última feira do transporte sobre os trilhos, a Innotrans, em Berlim, as autoridades italianas apresentaram o Frecciarossa 1000. O “bólido” foi construído pela Ansaldo Breda e Bombardier Italia. Com etapas em Milão, Nápoles, Bolo-
nha e Florença, a ferrovia estatal vai promover um road show. O objetivo é atrair o maior número de clientes possível, já que a companhia concorrente, a Italo, do empresário Luca di Montezemolo, está atropelando o antigo monopólio, com uma frota moderna e capaz de viajar de Milão a Roma em apenas 2 horas e 35 minutos.
Tiro n’água Câmera de gás Crise setor náutico italiano vive uma ilão é uma câmera de gás ao ar lis números não deixam dúvidas. A cri-
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vre. O ano ainda não terminou e o inverno ainda não chegou, mas a cidade já superou o nível de alarme máximo por conta das partículas em suspensão. Em diferentes pontos da capital da Lombardia, o limite de 50 microgramas por metro cúbico foi superado. De nada adiantaram as últimas chuvas e a proibição da circulação de carros num domingo de verão. Como os aquecedores dos prédios estão desligados, a culpa é do tráfego de automóveis. Uma renovada frota de carros elétricos e a obrigação do uso de termo-reguladores para os aquecedores dos edifícios são as armas afiadas para reduzir pela metade a poluição na cidade até 2015, ano da Expo. Quem sobreviver verá.
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se conseguiu unir dois grupos que, a princípio, deveria estar bem distantes entre si. Quem se formou agora nas universidades está conseguindo alguma vaga apenas na economia informal. Nos próximos 12 meses, 4% dos novos profissionais no mercado irão pegar no batente sem um contrato oficial. Em um ano, este índice subiu 2,2%. Traduzidos em números reais, estes 4% significam mil empregos. Em 2011, o sistema regional da Lombardia abriu as portas para 33.453 novos formandos, contra 35.308 do ano anterior. Os dados foram o resultado de uma pesquisa da empresa Formaper, associada à Câmera de Comércio, com a colaboração da universidades locais. Os setores mais atingidos são o bancário e o da administração pública.
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verdadeira diáspora. Os barcos do país escapam para o exterior. Os armadores fogem da receita. O governo recebeu € 24 milhões, contra a previsão de arrecadar € 150 milhões cobrando as taxas anuais de € 800 para veleiros e iates que possuem entre 10 e 12 metros de comprimento, até os € 25 mil para embarcações acima dos 64 metros de extensão. Das 150 mil vagas nas marinas do país, 15% esvaziaram de uma temporada a outra. Os proprietários rumaram para outros portos na França e na Croácia, principalmente, além da Grécia, Malta e Tunísia. Quando a maré acalmar pode ser que eles retornem.
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Educação
Programa incentiva
formação na Itália
Programma incentiva la formazione in Italia Universidades italianas já receberam mais de 400 bolsistas brasileiros do Ciência sem Fronteiras e se preparam para receber mais cinco mil até 2016. Acompanhe os passos para concorrer a uma vaga
Le Università italiane hanno già ricevuto più di 400 borsisti brasiliani del progetto Ciência sem Fronteiras e si stanno preparando per riceverne più di cinquemila fino al 2016. Segua i passi per concorrere a un posto Cintia Salomão Castro
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ascido no interior de São Paulo e descendente de imigrantes de Bari por parte de pai e de Treviso por parte de mãe, Luís Felipe Fregonezi Ferraz, de 24 anos, sempre teve vontade de estudar na Itália. No ano passado, decidiu concorrer a uma bolsa de estudos para cursar Ciência e Tecnologia Agrária pelo programa Ciência sem Fronteiras. Selecionado, chegou a Padova, cidade onde estudará por um ano, no final de agosto. Luís acredita que a experiência lhe dará pontos fortes no currículo para enfrentar o acirrado mercado de trabalho. Ele é um dos 400 bolsistas brasileiros que estão realizando o sonho de estudar na Itália. Isso se tornou possível desde que 11 universidades do Belpaese se tornaram parceiras do programa criado pelo governo brasileiro em 2011 com o objetivo de promover a ciência e tecnologia por meio do intercâmbio em diversos países. O acordo foi assinado em novembro do ano passado na Embaixada brasileira em Roma. Hoje, os brasileiros, além de frequentarem salas de aula e bibliotecas de universidades que podem ter mais de 500 anos de existência, têm a possibilidade de interagir com alunos de diversas nacionalidades. 30
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ato nella provincia di San Paolo e discendente di immigrati di Bari da parte di suo padre e di Treviso da parte di sua madre, Luís Felipe Fregonezi Ferraz, 24 anni, ha sempre avuto voglia di studiare in Italia. L’anno scorso, ha deciso di concorrere a una borsa di studio per studiare Scienza e Tecnologie Agrarie attraverso il programma Ciência sem Fronteiras. Dopo essere stato selezionato, è arrivato a Padova, città dove studierà per un anno, a fine agosto. Luís crede che l’esperienza gli darà molti punti in più nel curriculum per affrotare l’agguerrito mercato di lavoro. Lui è uno dei 400 borsisti brasiliani che stanno realizzando il sogno di studiare in Italia. Tutto ciò è diventato possibile da quando 11 università del Belpaese sono
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Educação
Em 1º de outubro, novas inscrições para pós-graduação e pós-doutorado foram abertas. Além disso, até dezembro deste ano, um novo edital com mais vagas para estudantes de graduação deve ser publicado. O estudante universitário que já tiver frequentado 20% de seu curso no Brasil dentro das áreas previstas e estiver interessado em estudar na Itália em 2013 deve ficar atento quando as inscrições estiverem abertas através do site oficial www.cienciasemfronteiras.it O programa cobre os custos referentes às taxas escolares e concede uma bolsa no valor de € 870 mensais, além de um auxílio deslocamento ou passagem aérea e a possibilidade de frequentar um curso de língua italiana. A meta brasileira é conceder, até 2016, um total de seis mil bolsas somente para a Itália. Os graduandos brasileiros costumam se adaptar com facilidade às universidades italianas, conta a relações públicas do escritório internacional da Universidade de Pisa, Fabiana Ubinha. Responsável por receber os estudantes brasileiros na cidade toscana e natural de Campinas, Fabiana ajuda os recém-chegados em questões que podem assustar no início, como na hora de tirar o visto e encontrar casa para morar. — Em Pisa, acolhi estudantes de medicina, veterinária, enfermaria, engenharia de produção, engenharia
elétrica, matemática, informática. A maioria é muito jovem e se insere rapidamente no contexto. Muitos moram com outros estudantes estrangeiros. Eu os vejo extremamente motivados. Os que chegaram em julho e agosto já estão muito ocupados e envolvidos em várias atividades acadêmicas — conta à Comunità. Em meados de setembro, centenas de estudantes brasileiros puderam conferir um apanhado das oportunidades didáticas oferecidas pelo sistema universitário italiano durante o Uni-Italia Road Show que passou por Rio e São Paulo. Os interessados puderam conversar pessoalmente e tirar dúvidas com os responsáveis pelas relações acadêmicas internacionais de instituições renomadas, como Tor Vergata e Politécnico de Milão. O cônsul italiano do Rio, Mario Panaro, fez a apresentação de abertura do evento, realizado no Instituto Italiano de Cultura, e elogiou a iniciativa brasileira. Panaro fez uma comparação com o Erasmus, que possibilitou o intercâmbio acadêmico entre milhares de estudantes da União Europeia, “um dos mais importantes programas de integração entre os países europeus, que permitiu aos jovens conhecerem as faculdades e suas cidades”. Sonho de estudantes de design, moda, engenharia e arquitetura Dona de um style bem planejado, divulgado e propagado pelo mundo, a Itália é uma espécie de meca para 32
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No alto, a recepção oficial aos bolsistas na Embaixada brasileira em Roma. Acima, o grupo de graduandos que chegou a Pisa este ano. O cônsul do Rio, Mario Panaro, elogia o programa Ciência sem Fronteiras durante evento no consulado italiano
In alto, il ricevimento ufficiale dei borsisti all’Ambasciata brasiliana a Roma. Sopra, il gruppo di laureandi che è arrivato a Pisa quest’anno. Il console di Rio, Mario Panaro, elogia il programma Ciência sem Fronteiras durante l’evento al consulado italiano
diventate le partner del programma creato dal governo brasiliano nel 2011 con l’obiettivo di promuovere la scienza e la tecnologia attraverso uno scambio in diversi Paesi. L’accordo è stato firmato a novembre dello scorso anno all’Ambasciata brasiliana a Roma. Oggi, i brasiliani, oltre a frequentare aule e biblioteche di università che hanno più di 500 anni di esistenza, hanno la possibilità di interagire con alunni di diversa nazionalità. Il primo ottobre si sono aperte le nuove iscrizioni per post-laurea e post-dottorato. Inoltre, fino a dicembre di quest’anno verrà pubblicato un nuovo bando con altri posti per studenti universitari. Lo studente che ha già frequentato almeno il 20% del suo corso di laurea in Brasile nelle aree previste ed è interessato a studiare in Italia nel 2013 deve prestare attenzione all’apertura del bando attraverso il sito ufficiale www.cienciasemfronteiras.it. Il programma copre i costi relativi delle tasse universitarie e offre una borsa di € 870 mensili, oltre all’assistenza viaggio o biglietto aereo e alla possibilità di frequentare un corso di lingua italiana. La meta brasiliana è di offrire, fino al 2016, un totale di seimila borse solamente per l’Italia. I laureandi brasiliani di solito si adattano facilmente all’università italiana, racconta la promotion manager dell’ufficio internazionale dell’Università di Pisa, Fabiana Ubinha. La quale si occupa di ricevere gli studenti brasiliani nella città toscana e proviene da
A promotora do escritório internacional da Universidade de Pisa, Fabiana Ubinho, ajuda a acolher os estudantes brasileiros nas faculdades italianas. O estudante de Ciência e Tecnologia Agrária Luís Felipe Fregonezi (24) escolheu a Universidade de Padova para estudar e acredita que a experiência lhe dará mais chances no acirrado mercado de trabalho
quem deseja construir carreira nos setores do design, da moda, da arquitetura e das tecnologias — novas ou tradicionais — lembraram os representantes do Politécnico da capital da moda, Milão. Além da presença de gigantes como Fiat e Pirelli, o norte da península possui um grande parque industrial composto por empresas pequenas e médias, o que pode representar uma oportunidade de ouro para um estudante que sonha em trabalhar em setores como engenharia e telecomunicações. Desde março, a Telecom Itália é parceria do programa. O resultado é que os estudantes podem fazer tirocínios e estágios de três a seis meses em suas dependências e laboratórios. São cerca de 100 vagas por ano. As oportunidades são voltadas, principalmente, para
La promotrice dell’ufficio internazionale dell’Università di Pisa, Fabiana Ubinho, aiuta ad accogliere gli studenti brasiliani nelle facoltà italiane. Lo studente di Scienza e Tecnologia Agraria Luís Felipe Fregonezi (24) ha scelto l’Università di Padova per studiare e crede che l’esperienza gli darà più chance nell’agguerrito mercato di lavoro
Detentor de um grande parque industrial, o norte da Itália é atrativo para os estudantes de engenharia, telecomunicações, moda, design e engenharia
Requisitos Requisiti
Ser brasileiro ou naturalizado Essere brasiliano o naturalizzato Estar regularmente matriculado em instituição de ensino superior no Brasil em cursos relacionados às áreas prioritárias do programa Essere regolarmente iscritto in un istituto d’istruzione superiore in Brasile a corsi relativi ai settori prioritari del programma Ter sido classificado com nota do ENEM com no mínimo 600 pontos Aver ottenuto una valutazione nell’ENEM di almeno 600 punti Possuir bom desempenho acadêmico Avere um buon impegno accademico Ter concluído 20% do currículo previsto para o curso de graduação Aver completato il 20% del programma previsto dal corso di laurea Apresentar teste de proficiência em língua italiana; teste Lato Sensu do Instituto Italiano de Cultura, com aproveitamento igual ou superior a 50%, com validade de 5 anos Presentare una prova di competenza in língua italiana; test Lato Sensu dell’ Instituto Italiano di Cultura, con uso uguale o superiore al 50%, com validità di 5 anni Os candidatos que atenderem a todos os requisitos, mas que não obtiverem o nível mínimo de proficiência, poderão ser beneficiados com um curso intensivo de língua italiana na Itália, de até 6 meses de duração, incluindo estadia, taxas e material didático I candidati che soddisfino tutti i requisiti, ma che non hanno raggiunto il livello mínimo di competenza linguistica, potranno essere beneficiati con un corso intensivo di língua italiana in Italia, della durata massima di 6 mesi, incluso alloggio, tasse e materiali didattici
Campinas, Fabiana aiuta i nuovi arrivati nelle questioni che possono spaventare all’inizio, come al momento di ritirare il visto o di cercare una casa in cui vivere. — A Pisa, ho aiutato studenti di medicina, veterinaria, infermeria, ingegneria di produzione, ingegneria elettrica, matematica, informatica. La maggior parte è molto giovane e si inserisce rapidamente nell’ambiente. Molti convivono con altri studenti stranieri. Io gli vedo molto motivati. Quelli che sono arrivati a luglio e agosto sono già molto occupati e inseriti in varie attività accademiche — racconta a Comunità. A metà settembre, centinaia di studenti brasiliani hanno potuto valutare un panorama di opportunità didattiche offerte dal sistema universitario italiano durante Uni-Italia Road Show che è passato per Rio e per San Paolo. Gli interessati hanno potuto conversare personalmente e chiarire i dubbi con i responsabili delle relazioni accademiche internazionali degli istituti più rinomati, come Tor Vergata e il Politecnico di
Possessore di un grande parco industriale, il nord Italia è attraente per gli studenti di ingegneria, telecomunicazioni, moda, design e ingegneria Milano. Il console italiano di Rio de Janeiro, Mario Panaro, ha elaborato una presentazione durante l’apertura dell’evento, realizzato all’Istituto Italiano di Cultura, e ha elogiato l’iniziativa brasiliana. Panaro ha fatto un confronto con l’Eramsmus, che ha reso possibile lo scambio accademico tra migliaia di studenti dell’Unione Europea, “uno dei programmi di scambio più importanti tra i Paesi europei, che ha permesso ai giovani di conoscere le facoltà e le loro città”. Il sogno di studenti di design, moda, ingegneria e architettura Padrona di uno style ben pianificato, divulgato e pubblicizzato in tutto il mondo, l’Italia è una specie di mecca per chi desidera costruire una carriera nei settori di design, della moda, dell’architettura e delle tecnologie — nuove o tradizionali — ricordano i rappresentanti del Politecnico della capitale della moda, Milano. Oltre alla presenza di giganti come Fiat e Pirelli, il nord della penisola possiede un grande parco industriale composto da piccole e medie imprese, che può rappresentare un’opportunità d’oro per uno studente che sogna di lavorare nei settori come ingegneria e telecomunicazioni. Da marzo, Telecom Italia è uno dei partner del programma. Il risultato è che gli studenti possono fare tirocini e stage da 3 a 6 mesi nei loro uffici e laboratori. Sono all’incirca 100 posti all’anno. Le opportunità sono rivolte, principalmente, agli studenti di ingegneria, informatica e altre tecnologie dell’informazione e della comunicazione. La responsabile delle relazioni internazionali dell’Università di Roma Tor Vergata, Marina Tesauro, è stata in Brasile per divulgare l’offerta accademica del campus romano. — Tra i nostri punti forti, ci sono le facoltà di medicina, con strumenti moderni; di matematica, che è stata considerata al primo posto in Europa negli ultimi anni; e di ingegneria ambientale. I nostri corsi umanistici sono molto forti, però purtroppo non fanno parte com unit àit aliana | outu br o 2012
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Educação
Saiba mais sobre as universidades italianas que fazem parte do Ciência sem Fronteiras
Universidade de Bolonha: Considerada a universidade mais antiga do ocidente (fundada em 1088). Sedia a secretaria técnica do programa brasileiro, onde é coordenada a colocação dos bolsistas nas universidades parceiras. É uma das maiores da Itália, com 100 bibliotecas e 76 cursos de mestrado.
Universidade de Padova: Fundada oficialmente em 1222 na “cidade dos doutores”, como é conhecida Padova, teve entre seus alunos Galileo Galilei e Nicolau Copérnico. O Jardim Botânico faz parte do complexo desde 1545. Além das faculdades instaladas em palácios históricos da cidade, há sedes em cidades vizinhas do Vêneto.
Universidade de Florença: Reúne 12 faculdades e 49 departamentos divididos em cinco grandes áreas: Ciências Sociais, Humanidades, Ciências, Tecnologia e Biomedicina. O Museu de História Natural, criado em 1775, é um de seus destaques. Possui campus em outras cidades toscanas como Pistoia, Empoli, Prato, Vinci e Borgo San Lorenzo.
Universidade de Milão: No topo do ranking das universidades italianas, é a única do país a fazer parte das 22 instituições da League of European Research Universities. Localizada capital da Lombardia, polo italiano da moda, do design e da indústria, se destaca em produção científica e em pesquisas de temáticas socioeconômicas.
Politécnico de Milão: No 13º lugar do ranking entre as universidades técnicas europeias, é especializada em engenharia, arquitetura e design, com mais de 100 laboratórios. Além das sedes na cidade de Milão, possui campus nas cidades de La Spezia, Lecco, Cremona, Mantova e Piacenza.
Per sapere di più sulle università italiane che fanno parte di Ciência sem Fronteiras
Università di Bologna: Considerata l’università più antica dell’occidente (fondata nel 1088). Sede dell’ufficio tecnico del programma brasiliano, dove si coordina la sistemazione dei borsisti presso le università partner. È una delle più grandi d’Italia, con 100 biblioteche e 76 master.
Università di Padova: Fondata ufficialmente nel 1222 nella “città dei dottori”, com’è conosciuta Padova, ha avuto tra i suoi allievi Galileo Galilei e Nicola Copernico. Il Giardin Botanico fa parte del complesso dal 1545. Oltre alle facoltà installate nei palazzi storici della città, ha altre sedi nelle città limitrofe del Veneto.
Università di Firenze: Riunisce 12 facoltà e 49 corsi di laurea divisi in cinque grandi aree: Scienze Sociali, Umanistiche, Scienze, Tecnologia e Biomedicina. Il Musero di Storia Naturale, creato nel 1775, è uno de suoi punti di forza. Possiede campus in altre città toscane come Pistoia, Empoli, Prato, Vinci e Borgo San Lorenzo.
Università di Milano: In cima alla classifica delle università italiane, è l’unica del Paese che fa parte delle 22 istituzioni della League of European Research Universities. Capitale della Lombardia, del design e dell’industria, polo italiano della moda, del design e dell’ industria, eccelle nella produzione scientifica e nella ricerca socio-economica.
Politecnico di Milano: Al 13º posto della classifica tra le università tecniche europee, è specializzata in ingegneria, architettura e design, con più di 100 laboratori. Oltre alla sede di Milano, ci sono campus nelle cittá di La Spezia, Lecco, Cremona, Mantova e Piacenza.
estudantes de engenharia, informática e outras tecnologias de informação e comunicação. A diretora de relações internacionais da Universidade de Roma Tor Vegata, Marina Tessauro, também esteve no Brasil para divulgar a oferta acadêmica do campus romano. — Entre nossos pontos fortes, estão as faculdades de medicina, com aparelhagem moderna; de matemática, que foi considerado o primeiro lugar na Europa nos últimos anos; e de Engenharia ambiental. Nossos cursos de Humanas são muito fortes, mas infelizmente não fazem parte do Ciência sem Fronteiras, embora haja acordos com universidades privadas e públicas brasileiras para intercâmbios naquelas áreas — explicou à Comunità. Antes do Ciência sem Fronteiras, diversos acordos entre universidades dos dois países já possibilitaram a realização de intercâmbios. As estimativas apontam que cerca de 1500 brasileiros estudaram na Itália nos últimos cinco anos, motivados por parcerias, bolsas de incentivo ou por conta própria. Os estudantes de Ciências Humanas reclamam que foram pouco contemplados pelo programa, que prioriza áreas relacionadas às indústrias. Um exemplo é a arqueologia: embora a Itália ofereça inúmeras possibilidades aos estudantes brasileiros, com milhares de sítios arqueológicas espalhados por toda a península, á nenhum curso de graduação ou pós-graduação foi incluído até o momento no programa. 34
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di Ciência sem Fronteiras, nonostante esistano accordi con le università private e pubbliche brasiliane per scambi in quest’area — ha spiegato a Comunità. Prima di Ciência sem Fronteiras, vari accordi tra le univesità dei due Paesi permettevano di realizzare gli scambi. Le stime indicano che circa 1500 brasiliani hanno studiano in Italia negli ultimi cinque anni, spinti da partnership, borse di incentivo o per conto proprio. Gli studenti delle Scienze Umanistiche si lamentano di non essere stati considerati dal programma, che privilegia le aree relazionate all’industria. Ne è un esempio archeologia: nonostante l’Italia offra innumerevoli possibilità agli studenti brasiliani, con migliaia di siti archeologici sparsi per tutta la penisola, non è stato incluso nessun corso di laurea o post-laurea nel programma fino a questo momento. Cuore di uno studente: entusiasmo, progetti e molti sogni Molti sono discendenti di italiani; altri, no. Vengono da varie regioni e hanno competenze professionali diverse, ma tutti hanno in comune il fatto di aver sempre avuto voglia di conoscere l’Italia, oltre a coltivare nel cuore l’entusiasmo tipico di uno studente e, naturalmente il sogno di costruire una carriera di successo dopo esser tornati in Brasile. A Bologna, Roma, Pisa Padova, Milano o Firenze, i borsisti brasiliani di Ciência sem Fronteiras formano un gruppo che si aiuta per adattarsi a una nuova lingua e un’altra cultura.
Universidade de Pisa: Uma das mais prestigiosas do país, é a única universidade europeia a fazer parte do consórcio Universities Research Association. No ano passado, galgou o primeiro lugar entre as instituições acadêmicas italianas, segundo o Academic Ranking of World Universities. Tem 11 faculdades, 17 bibliotecas e 13 museus.
Universidade Roma La Sapienza: Com 145 mil alunos e 4.500 professores, é como uma cidade dentro de Roma, criada em 1303 pelo papa Bonifácio VIII. Nas áreas prioritárias do Ciências sem Fronteiras, os cursos de ciências, tecnologia, engenharia e matemática oferecem uma longa tradição com métodos modernos de ensino.
Universidade de Roma Tre: Fundada em 1992, possui cursos divididos em oito faculdades: arquitetura; economia; educação; engenharia; direito; humanidades e artes; ciência política; e matemática, física e ciências naturais. Oferece dezenas de cursos ministrados em inglês.
Universidade de Roma Tor Vergata: É quase tão jovem quanto Roma Tre, fundada em 1982. Possui seis faculdades: economia; direito; engenharia; letras e filosofia; medicina e cirurgia; e ciências matemáticas, físicas e naturais. As duas últimas são consideradas pontos fortes dentro das prioridades do Ciência sem Fronteiras.
Politécnico de Turim: Recebe o mais alto percentual de estudantes estrangeiros do país. Em 2011, foi colocada no topo do ranking nacional do Ministério italiano da Educação. Os departamentos focalizam informática, energia, eletrônica, telecomunicações, tecnologia, engenharia, matemática, ciências e políticas de território.
Universidade de Trento: Fica na capital do Trentino-Alto Adige, no extremo norte da península, em uma região montanhosa. Fundada em 1962, também coopera com várias instituições de outros países, com muitos cursos em inglês. Destaque para as faculdades de engenharia e ciências matemáticas.
Università di Pisa: Una delle piú prestigiose del Paese, è l’unica università europea a far parte del consorzio Universities Research Association. Lo scorso anno, ha ottenuto il primo posto tra le istituzioni accademiche italiane, secondo l’Academic Ranking of World Universities. Ha 11 facoltà, 17 biblioteche e 13 musei.
Università Roma La Sapienza: Con 145 mila alunni e 4.500 professori, è come una città dentro di Roma, creata nel 1303 dal papa Bonifacio VIII. Nei settori prioritari di Ciências sem Fronteiras, i corsi di scienze, tecnologia, ingegneria e matemática offrono una lunga tradizione con metodi moderni di insegnamento.
Università di Roma Tre: Fondata nel 1992, ha corsi divisi in otto facoltà: architettura; economia; educazione; ingegneria; giurisprudenza; lettere e arte; scienze politiche; e matematica, fisica e scienze naturali. Offre decine di corsi in inglese.
Università di Roma Tor Vergata: È quasi nuova come Roma Tre, fondata nel 1982. Possiede sei facoltà: economia; giurisprudenza; ingegneria; lettere e filosofia; medicina e chirurgia; e scienze matematiche, fisiche e naturali. Le due ultime sono considerate i punti forti tra le priorità di Ciência sem Fronteiras.
Politecnico di Torino: Riceve la più alta percentuale di studenti stranieri del Paese. Nel 2011, è situata nella parte superiore della classifica nazionale del Ministerio italiano di Educazione. I suoi dipartimenti sono focalizzati in informatica, energia, elettronica, telecomunicazioni, tecnologia, ingegneria, matematica, scienze e politiche del territorio.
Università di Trento: Si trova nella capitale del Trentino-Alto Adige, all’estremo nord della penisola, in una regione montagnosa. Fondata nel 1962, coopera anche con varie istituzioni di altri Paesi, con molti corsi in inglese. Rinomata per le facoltà di ingegneria e scienze matematiche.
Coração de estudante: entusiasmo, projetos e muitos sonhos Muitos são descendentes de italianos; outros, não. Vindos de diversas regiões e com aptidões profissionais distintas, todos têm em comum o fato de sempre terem tido vontade de conhecer a Itália, além de carregarem no coração o entusiasmo típico do estudante e, é claro, o sonho de construir uma carreira bem-sucedida após o retorno ao Brasil. Em Bolonha, Roma, Pisa, Padova, Milão ou Florença, os bolsistas brasileiros do Ciência sem Fronteiras formam um grupo que se ajuda na adaptação a uma nova língua e a uma outra cultura. Recém-chegado a Padova para cursar um ano de Ciência e Tecnologia Agrária, Luís Felipe Fregonezi Ferraz logo notou a diferença da grade curricular em relação ao Brasil. — Aqui, os cursos são mais direcionados tecnicamente para a formação e não dispõem de núcleos comuns de ensino, como na Unicamp, no meu caso, onde temos uma formação humanística, além da formação técnica fornecida — analisa. O estudante mineiro de Engenharia, Paulo Fabio dos Santos, também notou algumas diferenças. — Aqui há provas orais. O sistema europeu de ensino universitário também é, em geral, diferente do nosso — compara. O relacionamento formal e mais distante com os professores também foi notado pela aluna de enfermagem Bianca Possani.
Appena arrivato a Padova per frequentare un anno di Scienza e Tecnologia Agráaria, Luís Felipe Fregonezi Ferraz ha notato subito la differenza del programma curriculare rispetto al Brasile. — Qui, i corsi sono tecnicamente più direzionati alla formazione e non hanno punti comuni di insegnamento, come nella Unicamp, nel mio caso, abbiamo uma formazione umanistica, oltre a una formazione tecnica — analizza. Anche lo studente mineiro di Ingegneria, Paulo Fabio dos Santos, ha notato alcune differenze. — Qui ci sono esami orali. Il sistema europeo di insegnamento universitario è, in generale, diverso dal nostro — confronta. La relazione formale e più distante con i professori è stata segnalata anche dall’alunna di infermeria Bianca Possani. — In Brasile, la relazione con il docente è un po’ informale. Mentre qui colpiscono l’autorità e la formalità — sottolinea la paulistana, che elogia la pulizia delle strade, l’organizzazione del traffico e il rispetto degli automobilisti per i ciclisti e pedoni, ma ammette che ancora li sembra strano che i negozi chiudano tra mezzogiorno e l’inizio del pomeriggio. Guadagnare punti di forza nel mercato di lavoro brasiliano è uno degli obiettivi della maggioranza, come l’esempio di Luís Felipe Fregonezi. — Studiare all’estero è una grande opportunità per affrontare il mercato di lavoro, principalmente per noi, giovani, che stiamo entrando in un mercato ogni com unit àit aliana | outu br o 2012
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Educação
— No Brasil, a relação com o docente é um tanto informal. Já aqui a autoridade e a formalidade são marcantes — ressalta a paulistana, que elogia a limpeza das ruas, o trânsito organizado e o respeito dos motoristas a ciclistas e pedestres, mas confessa que ainda estranha o comércio fechado entre o meio-dia e o início da tarde. Adquirir pontos de força no mercado de trabalho brasileiro é um dos objetivos da maioria, a exemplo de Luís Felipe Fregonezi. — Estudar no exterior é uma grande oportunidade para enfrentar o mercado de trabalho, principalmente para nós, jovens, que estamos entrando em um mercado a cada dia mais competitivo. Muitas empresas procuram pessoas que já tiveram uma experiência fora d país, além da fluência em outras línguas — analisa. O goiano Marco Aurélio Pacheco chegou a Bolonha no final de agosto para estudar engenharia mecânica e já está fazendo um curso de italiano. — A Itália como um todo é um país lindíssimo. É também interessante o fato de que as pessoas são diversas de acordo com a sua região. Entre as dificuldades relatadas por Marco, estão as exigências para se fazer o permesso di soggiorno (visto), mas o departamento de assuntos internacionais da Universidade de Bolonha facilitou o processo, lembra. A dificuldade com o idioma é citada por muitos, como Paulo Fabio dos Santos. — Compreender a leitura e a escrita não é muito difícil, mas falar italiano é ainda uma dificuldade — comenta o mineiro.
Até dezembro, será publicado um novo edital com vagas para estudantes de graduação para o período de um ano. O bolsista recebe uma bolsa mensal de € 870 e tem todas as taxas escolares cobertas Vinda de Campinas e instalada em Bolonha, a estudante de engenharia e telecomunicações para o desenvolvimento sustentável, Adila Fatobeni, de 21 anos, concorda com Paulo: — A Itália é muito bonita e tem em comum com os brasileiros o carisma. Minha maior dificuldade no momento é aprender a língua. Penso que essa seja a maior dificuldade de todos — comenta a estudante. A alimentação é outro fator que requer uma boa dose de capacidade de adaptação. Afinal, os italianos comem massa todos os dias e, dependendo da região de origem do brasileiro, esse costume pode ser particularmente difícil de ser adquirido Por sua vez, a amazonense Valéria Pacheco Dias, de 21 anos, conta que mora com quatro brasileiras, cada uma de uma região diferente do Brasil, e que “o intercâmbio começou dentro de casa”. Valéria descreve com minúcia o jeito típico do padovano de dar informação sobre ruas: — O que mais me chama a atenção neles é que, quando pedimos informação sobre uma rua ou um local, eles param o que estão fazendo, desaceleram o passo e, com toda atenção, procuram nos orientar da melhor maneira. Isso inclui até mímica! 36
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A gaúcha Carine Rusin (20) faz pose em Veneza e delicia-se ao comer a vera polenta em Bolonha, onde estuda tecnologia em Horticultura: “A fruticultura é muito desenvolvida na Itália e pretendo usar as informações no Brasil”
La gaúcha Carine Rusin (20) posa a Venezia e si diletta mangiando la vera polenta a Bologna, dove studia tecnologia di Orticultura: “La frutticultura è molto sviluppata in Italia e pretendo usare le informazioni in Brasile”
Fino a novembre, verrà pubblicato um nuovo bando con i posti per gli studenti universitari per un periodo di un anno. Il borsista riceverà una borsa mensile di € 870 con tutte le tasse universitarie incluse
giorno più competitivo. Molte imprese cercano persone che hanno già avuto un’esperienza fuori dal Paese, oltre ad essere fluenti in altre lingue — analizza. Il goiano Marco Aurélio Pacheco é arrivato a fine agosto per studiare ingegneria meccanica e sta già frequentando un corso di italiano. — L’Italia nel complesso è un Paese bellissimo. Ed è interessante il fatto che le persone sono diverse secondo la propria regione. Tra le difficoltà segnalate da Marco, ci sono i requisiti per fare il permesso di soggiorno, ma l’ufficio di relazioni internazionali dell’Università si Bologna ha facilitato il processo, ricorda. La difficoltà con la lingua è citata da molti, come Paulo Fabio dos Santos. — Capire la lettura e lo scritto non è molto difficile, ma parlare italiano è ancora una difficoltà — commenta il mineiro. Proveniente da Campinas e installata a Bologna, la studentessa di ingegneria e telecomunicazioni per
Já Marcelo Amaral Coelho prova que tem um coração de estudante aos 37 anos. Formado em Literatura, estudante de Belas Artes, pintor e pesquisador da obra do artista Aldo Locatelli, pediu demissão nas escolas de Itaguaí (RJ) onde lecionava e agarrou a chance. Antes de concorrer à bolsa, conversou com a esposa e o filho de 10 anos, que lhe deram o consentimento para realizar o sonho de estudar Storia dell’Arte em Padova, fazer muitos desenhos e “pesquisar os afrescos por onde passasse”. — Achei que estava um pouco velhinho para esse lance de intercâmbio, mas estou aqui. Sabia que encontraria a matéria-prima da minha pesquisa: os afrescos. Eu já tinha bem claro que seriam duas as dificuldades: a saudade e a língua. A primeira estou administrando, mas a segunda tem sido difícil para mim. Porém, tenho fé em Deus que tudo vai se ajeitar. Não vim aqui à toa! Enquanto isso, a estudante de Tecnologia em Horticultura, Carine Rusin, de 20 anos, é toda sorriso: atualmente desenvolve pesquisa no campo da viticultura na Universidade de Bolonha. — Estou realmente apaixonada pelo país, as cidades são lindas. É muito bom conhecer estudantes de todas as partes do mundo! A fruticultura é muito desenvolvida na Itália. Pretendo obter o máximo de informações possíveis para utilizá-las quando tornar ao Brasil, em junho de 2013 — planeja, com um coração de estudante, cheio de sonhos, a bolsista natural de Relvado (RS).
A amazonense Valéria Pacheco Dias (21) está encantada com a beleza arquitetônica de Padova, onde estuda enfermagem
La amazonense Valéria Pacheco Dias (21) è affascinata dalla bellezza architettonica di Padova, dove studia infermeria
Veja quais são as áreas e temas de estudo prioritárias
Veda quali sono le aree e i settori di studio prioritari Engenharias e demais áreas tecnológicas
Ingegneria e altre aree tecnologiche
Ciências exatas e da terra
Scienze esatte e della terra
Biologia, ciências biomédicas e da saúde
Biologia, scienza biomedica e della salute
Computação e tecnologias da informação
Informatica e tecnologia dell’informaizone
Tecnologia aeroespacial
Tecnologia aeroespaziale
Fármacos
Farmaci
Produção agrícola sustentável
Produzione agricola sostenibile
Petróleo, gás e carvão mineral
Petrolio, gás e carbone minerale
Energias renováveis
Energia rinnovabili
Tecnologia mineral
Tecnologia minerale
Biotecnologia
Biotecnologia
Nanotecnologia e novos materiais
Nanotecnologia e nuovi materiali
Tecnologias de prevenção e mitigação de desastres naturais
Tecnologie di prevenzione e mitigazione dei disastri naturale
Biodiversidade e bioprospecção
Biodiversità e bioprospezione
Ciências do mar
Scienza del mare
Indústria criativa (arquitetura, design, software, jogos de computadores, publicação eletrônica, publicidade, artes, filme, vídeo, fotografia, música e artes performáticas, televisão, rádio, editoração)
Industria creativa (architettura, design, software, giochi per computer, editoria elettrica, pubblicità, arte, film, video, fotografia, musica e performance, televisione, radio, editoria)
Novas tecnologias de engenharia construtiva
Nove tecnologie di ingegneria costruttiva
Formação de tecnólogos
Formazione di tecnici
lo sviluppo sostenibile, Adila Fatobeni, di 21 anni, è d’accordo con Paulo: — L’Italia è molto bella e ha in comune con i brasiliani il carisma. La mia più grande difficoltà al momento è imparare la lingua. Penso che sia la difficoltà più grande per tutti — commenta la studentessa. Il cibo è un altro fattore che richiede una buona dose di capacità di adattamento. Dopotutto, gli italiani mangiano pasta tutti i giorni e, dipendendo dalla regione di provenienza del brasiliano, questa abitudine può essere particolarmente difficile da acquisire. A sua volta, l’amazonense Valéria Pacheco Dias, di 21 anni, racconta che vive con quattro brasiliane, ognuna di una regione diversa del Brasile, e che “lo scambio è iniziato dentro di casa”. Valéria descrive con dettagli la forma tipica dei padovani di dare informazioni stradali: — Quello che più mi ha colpita di loro è che, quando chiediamo informazioni di una strada o un luogo, loro smettono di fare quello che stavano facendo, rallentano il ritmo e, con la massima attenzione, cercano di spiegare nel migliore dei modi. Questo include anche i gesti! Invece Marcelo Amaral Coelho dimostra di avere un cuore di studente a 37 anni. Laureato in Lettere, studente di Belle Arti, pittore e ricercatore dell’opera dell’artista Aldo Locatelli, ha presentato le dimissioni nella scuola di Itaguaí (RJ) dove dava lezioni e ha preso al volo la chance. Prima di competere per la borsa, ha parlato con sua moglie e suo figlio di 10 anni, che gli hanno dato il consenso per realizzare il sogno di studiare Storia dell’Arte a Padova, fare molti disegni e “ricercare gli affreschi per tutti i posti in cui andasse”. — Credevo che fossi un poco vecchiotto per questo tipo di scambio, ma sono qui. Sapevo che avrei trovato la materia prima della mia ricerca: gli affreschi. Già avevo molto chiaro che avrei avuto due difficoltà : la nostalgia e la lingua. La prima la sto gestendo, ma la seconda è stata difficile per me. Ma ho fede in Dio che tutto si aggiusterà. Non sono venuto qui per niente! Nel frattempo, la studentessa di Tecnologia in orticultura, Carine Rusin, di 20 anni, è molto sorridente: attualmente sviluppa una ricerca nel campo della vitucultura presso l’Università di Bologna. — Sono realmente innamorata del Paese, le città sono belle. È molto interessante conoscere studenti di tutte le parti del mondo! La frutticultura è molto sviluppata in Italia. Voglio ottenere il massimo di informazioni possibili per utilizzarla quando ritornerò in Brasile, a luglio 2013 — pianifica, com un cuore di studente, pieno di sogni, la borsista originaria di Relvado (RS). com unit àit aliana | outu br o 2012
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Moda
Milão aposta no
look urbano para o verão 2013 Maioria das grifes aposta no visual das ruas durante a Semana de Moda de Milão, que agitou a capital lombarda com as principais tendências da primavera/verão Janaína Pereira
N
De Milão
ova York, Londres, Paris e Milão são as cidades que dividem as honras de lançar, todos os anos, as tendências para a moda no mundo inteiro. A cidade italiana, porém, faz da sua semana de moda mais que um lançamento de roupas: é um evento que agita e envolve todos os moradores e turistas que percorrem as ruas milanesas. De 19 a 25 de setembro, a Semana de Moda de Milão Primavera/Verão 2013 promoveu desfiles em locais históricos do centro da capital lombarda, como o Circolo Filologico, e inseriu um telão próximo à Piazza del Duomo, um dos mais importantes locais turísticos de Milão. Os principais nomes da moda made in Italy, como Versace, Gucci, Dolce e Gabbana e Prada, estiveram presentes e mostraram muitas coisas em comum para o próximo verão. A principal delas é a opção por peças casuais e urbanas, que podem sair das 38
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passarelas e desfilar pelas ruas de qualquer cidade do mundo, o que quebra a velha ideia de que a moda vista nos desfiles não é usada pelas pessoas comuns. Os estilistas apresentaram roupas leves, em sua maioria em tons pastéis. Poucos optaram por cores mais chamativas, como vermelho e laranja. Os vestidos reinaram absolutos, com ou sem estampas. Outra tendência para o próximo verão europeu, que deve ser copiada em outros continentes, é a transparência. Os recortes, que valorizam as formas femininas, também apareceram em diversos desfiles, mas sempre privilegiando a praticidade e o conforto que a mulher de hoje busca quando o assunto é roupa. Peças muito justas, desta vez, passaram longe da passarela em Milão. Um dos destaques da semana foi o desfile de Alberta Ferretti que, segundo a própria estilista, teve como foco principal a ‘ausência de gravidade nos vestidos’, ou seja, a opção por vestidos delicados, simples e com cortes retos, sem volumes, babados ou excessos. Ela apresentou vestidos de festa, a maioria curtos, com influência nos anos 1920, com bordados de cristais e rendas recortadas. — A ideia foi criar um efeito de tatuagem no corpo. É um trabalho bonito, elegante e delicado — comentou Alberta após o desfile. Se Alberta Ferretti apostou na delicadeza, Donatella Versace manteve a fama de estar à frente da marca mais sexy da Itália. O desfile da Versace foi, de longe, o que mais abusou de decotes, fendas, minissaias e microshorts, sem deixar de lado a elegância que caracteriza a grife. O desfile mesclou peças com toques de renda e itens considerados básicos, como batas, vestidos, camisas e coletes, apresentados em tie-dye, uma técnica que mistura cores, famosa nos anos 1970 com os hippies. A Versace também apresentou os seus já famosos modelos longos, com bordados, brilhos e franjas. Inspiração na Sicília, no artesanato italiano e no Extremo Oriente Domenico Dolce e Stefano Gabbana foram buscar na terra natal, a Sicília, inspiração para a coleção primavera/verão da Dolce e Gabbana. As roupas da dupla valorizam a união de listras e estampas em shorts, tops e vestidos. Os acessórios como brincos e bolsas chamaram a atenção com suas cores fortes. E
as sandálias, além de coloridas, impulsionavam as modelos em plataformas de 15 centímetros. — É uma moda descontraída, como o verão tem que ser. Tem cor, tem leveza, tem essa coisa fresca que a estação permite — comentou Stefano Gabbana ao final do desfile. Em contraponto ao desfile multicolorido da Dolce e Gabbana, o estilista Giorgio Armani preferiu a sobriedade ao apostar em uma coleção de vestidos transparentes em tons pastéis e calças cortadas acima do tornozelo. Para a sua segunda linha, a Emporio Armani, ele optou por linhas retas, grafismos e assimetria. Destaque para as peças inspiradas em looks masculinos, como paletós, calças e shorts de seda. Armani também usou metalizados suaves, camelo e verde militar. Após o desfile, o estilista comentou que o objetivo de todos os desfiles é sempre o mesmo: fazer com que os looks das passarelas sejam levados para as ruas. — O nosso trabalho como estilista é sugerir o que as pessoas podem usar. Não faz sentido apresentar um desfile com 30 peças que não vão para as lojas depois — disse Armani na entrevista coletiva. Quem também apostou em tons neutros foi a marca Gianfranco Ferré. A dupla de estilistas da grife, Stefan Citron e Federico Piaggi, criou um desfile monocromático, onde o preto e o branco foram as estrelas. Apontada pelos críticos de moda como a coleção mais surpreendente da semana, a Prada apresentou uma coleção inspirada no Japão, com flores brancas costuradas em vestidos que pareciam quimonos. Os sapatos eram extremamente altos ou substituídos por meias de couro. — Eu pensei em uma mulher forte e doce — disse a estilista Miuccia Prada em entrevista após o desfile. Uma jornalista italiana comentou que o desfile de Prada foi o mais ousado ao apresentar peças mais difíceis de serem vistas nas ruas. A
Armani
Dolce & Gabbana
Roberto Cavalli
Na semana de moda, a maioria dos estilistas apresentou roupas leves, em tons pastéis, onde reinaram peças casuais e urbanas. Outros como Armani optaram por grafismos, inspirados na moda das ruas
“Na Europa, hoje, não há mais dinheiro para trocar de roupa a cada temporada de moda. E é com essa realidade que os estilistas estão convivendo” Paolo Mancini, jornalista italiano
estilista, porém, disse que suas criações poderiam ser encontradas nas lojas, pois tudo o que ela mostrou na passarela estará à venda. Quem também buscou inspiração no Oriente foi a Emilio Pucci. O estilista Peter Dundas criou vestidos e conjuntos brancos em tecido transparente com bordados que remetem a imagens típicas orientais, como tigres e dragões. Alguns modelos tinham corte parecidos com quimonos e referências militares. O uso de referências orientais, no entanto, foi uma exceção entre as marcas italianas. A maioria fez questão de valorizar peças artesanais da Itália em suas coleções. Este olhar para suas próprias origens, aliás, diferencia o país de outros berços da moda. Por isso, a moda
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Moda italiana é apontada como uma das mais difíceis de ser copiada pelas cadeias de fast fashion (moda rápida, em tradução literal) que, cada vez mais, tentam adaptar a moda de passarela ao visual urbano. A Roccobarocco foi uma das grifes que optaram por bordados exclusivos e valorização do artesanato italiano. O estilista Roberto Cavalli, famoso por fazer suas próprias estampas de animais, apresentou peças em tons naturais — com suas famosas estampas, é claro — destacando o lado artesanal nos detalhes de vestidos, calças, bermudas e camisetas. A Gucci apostou em cores brilhantes, que apareciam tanto nas roupas quanto nos sapatos. Frida Giannini, responsável pela marca, preferiu o movimento nas peças, com mangas sino e muitos babados, em um dos desfiles mais sofisticados da Semana de Moda de Milão. — O verão é uma época esvoaçante. Tecidos soltos, que balançam com o vento, são muito mais femininos. Apostamos nisso — contou Frida após o desfile. Quem destoou completamente do clima leve dos desfiles foi Massimiliano Giometti, estilista da Salvatore Ferragamo. Ele apresentou uma coleção com inspiração militar com muitos trench coats de couro e camurça. A seleção de cores apostou no preto, camelo, oliva, nude e branco. Para os dias de calor, a combinação escolhida foram as minissaias com botas de cano alto com a ponteira aberta. A grife russa Basharatyan V fechou o calendário de primavera e verão 2013 apostando na transparência, especialmente das blusas, em tecidos lisos e estampados, com a proposta de serem usados tanto de dia quanto de noite. A estilista Veronica Basharatyan também apresentou linhas simples em bermudas e calças, de cós alto, inspirados na década de 1970. A cartela de cores propôs tons pastéis e, ao invés de usar o preto, a estilista preferiu o azul-escuro. Crise econômica afeta moda, dizem analistas Nos bastidores da Semana de Moda de Milão, o assunto mais comentado foi a crise europeia, especialmente a que atinge a Itália. Os executivos da moda que acompanharam os desfiles em Milão reconheceram que está cada vez mais difícil concorrer com os produtos chineses, particularmente no mercado de luxo. 40
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Prada
Alberta Ferreti
Versace
Gucci
Rocobarroco
Gianfranco Ferre
— A China copia tudo e a recessão que atinge o sul da Europa acaba inibindo um contra-ataque do setor neste sentido — disse Mario Montellini, representante de uma marca italiana de sapatos. Segundo a Câmara Nacional de Moda Italiana, as vendas de moda no país devem cair 5,6% este ano, depois de crescer 6% em 2011. Estes números mostram que a Itália, hoje, é o mercado com o pior desempenho na indústria de luxo mundial, setor que tem previsão de crescimento, em 2012, de 7%. Marcas conhecidas por valorizarem produtos de luxo, como Salvatore Ferragamo, no entanto, não acreditam que os países que têm influência neste mercado perderão espaço para os emergentes. — Estamos acompanhando a China de perto, com bastante atenção. Mas, no momento, o país não nos afeta, e a tendência de crescimento da marca permanece — disse Michele Norsa, representante da Ferragamo. Este posicionamento, porém, é contestado por especialistas do segmento de moda. O jornalista Paolo Mancini, que acompanha os desfiles em Milão há duas décadas, acredita que as marcas italianas estejam querendo esconder o que de fato está acontecendo. —As preocupações econômicas estavam presentes na maioria dos desfiles que vimos nas passarelas de Milão. Não foi por acaso que muitos estilistas preferiram roupas simples, com cortes retos, formatos básicos, sem grandes ousadias, e em cores neutras. Por quê? Para vender. Quem ousar mais, colocar mais cor e estampa, terá mais dificuldade de colocar a sua moda na rua. Já quem optou por algo mais simples terá mais chances de vender, pois esse tipo de roupa não se perderá com o tempo. Na Europa, hoje, não há mais dinheiro para trocar de roupa a cada temporada de moda. E é com essa realidade que os estilistas estão convivendo — afirma. Para Mancini, valorizar a moda urbana é a maior tendência para as semanas de moda do mundo inteiro. — O que se viu na passarela foram roupas muito mais acessíveis ao público do que os desfiles de moda costumavam mostrar. Vamos ver se o público compra a ideia e, assim, as semanas de moda continuarão a ter o seu charme — conclui.
Os lançamentos de inverno
ItalianStyle
Revival total dos anos 60 é a regra de estilo das grandes grifes italianas neste outono-inverno 2012/2013. Confira alguns dos lançamentos
Studio 54
O outono-inverno desenhado por Roberto Cavalli para a sua segunda grife, a Just Cavalli, mantém o estilo anos 60 com influências neo-hippies e psicodélicas, o que relembra os tempos da histórica boate Studio 54. A coleção traz principalmente vestidos em formato trapézio com mangas longas. O modelo da foto é 100% em poliéster totalmente forrado. Preço: € 420 store.robertocavalli.com
Pop Art
O colar da Miu Miu mistura pedras preciosas com uma figura em relevo estilo camafeu, em uma clara referência à filosofia pop art dos anos 60. As pedras contêm detalhes em ouro e são circundadas por pérolas e diamantes Swarovski. Preço: € 495 www.miumiu.com
Fotos: Divulgação
Rosso
Mary Jane
O gosto pelo “grotesco” aparece nos acessórios ricos em aplicações, como esta sandália de nome ambíguo com enfeites de cristais e pedras. Saltos de 13 cm disponíveis nas cores caramelo e violeta completam o lançamento da Prada totalmente anos 60. Preço: € 950 www.prada.com
A tendência deste inverno também passa pelas cores fortes, como o vermelho fogo, protagonista destes óculos da Bottega Veneta em estilo retrô. A armação tem estrutura metálica com a parte superior em acetato e detalhes esculpidos nas laterais. As lentes são em gradação. Preço: € 380 www.bottegaveneta.com
Noir
Para o próximo outono-inverno, a estilista Frida Giannini criou roupas dramáticas em cores escuras e elegantes, como este casaco transpassado com lã jacquard com estampa floral azul escuro. Os detalhes são em veludo preto, assim como os acabamentos dos botões e fechos. Preço: € 4.650 www.gucci.com com unit àit aliana | outu br o 2012
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Gastronomia
Pane nostrum Da Sicília ao Trento, conheça as mil e uma formas italianas de se fazer pão segundo a tradição de cada região Gina Marques
P
De Roma
ara a maioria dos italianos, o pão não representa apenas um alimento básico: ele traduz a expressão gastronômica de tradições regionais seculares e deve ser apreciado como um produto artesanal sem a homologação industrial. O pão italiano conhecido no Brasil, de casca crocante e escura e miolo compacto e poroso, é o pane casareccio, que significa pão caseiro. Apesar de encontrado em todas as regiões, a sua antiga origem é Genzano, cidade da província de Roma. Mas é apenas um dos produtos italianos: no país existem mais de 300 variedades. Segundo o instituto de pesquisas Istat, aumenta a cada ano a demanda pelos pães típicos tradicionais de cada região. Muitos possuem o reconhecimento oficial como Denominação de Origem Protegida (D.O.P), um certificado que comporta o selo de garantia de que o produto é tipicamente regional. A história dos pães italianos é rica em curiosidades. Aquele feito na Toscana e na Úmbria, regiões vizinhas, é conhecido pela ausência de sal. A antiga tradição de não salgar o pão tem mais de mil anos e existem duas versões para explicá-la. A primeira conta que havia uma rivalidade entre as cidades de Pisa e
Florença. Os pisanos bloquearam o comércio do sal que vinha do porto de Pisa para forçar os adversários a cederem as armas. A outra versão conta que os úmbrios, tradicionalmente rebeldes e contestadores, se revoltaram contra os impostos que o Estado pontifício cobrava sobre o preço do sal e boicotaram o uso deste ingrediente no pão. Para outros, porém, a explicação não se deve às disputas pelo sal e sim ao fato de que a culinária das duas regiões prefere os alimentos com sabor forte, como carnes e salames. Portanto, os pratos necessitam ser acompanhados por um pão neutro que ajuda a valorizar os outros sabores. Alguns pães se tornaram de consumo nacional, mas a origem deles ainda provoca rivalidades regionais. Um bom exemplo é a rosetta, assim denominada pelos romanos por causa da forma que lembra uma rosa, chamada pelos milaneses de michetta. Isso porque no século XVIII era definido com desprezo como uma migalha de outro pão austríaco. Milão e Roma reivindicam a sua paternidade. A massa é feita com farinha de trigo tenro, água, sal e fermento natural. Sua característica é uma camada de ar entre o miolo e a casca, dando a impressão de que foi soprado dentro. O peso de cada pãozinho pode variar de 50 a 90 gramas.
Uma história muito antiga
O
pão é um dos mais antigos alimentos da humanidade. Sua origem remonta a pelo menos 8 mil anos. No início, cozinhava-se os cereais amassados em pedras sobre as brasas ou em cinzas incandescentes fazendo “pratos” que hoje seriam definidos como polentas. A evolução na preparação da farinha derivada de vários cereais aconteceu no Antigo Egito, onde surgiu a primeira técnica de fermentação. O pão fermentado, semelhante ao que comemos hoje, já era consumido pelos egípcios por volta de 4000 a.C.. Séculos depois, nas terras férteis da península itálica, os antigos romanos cultivaram cereais, entre estes o farro, cuja raiz etimológica deu origem à palavra farinha. Eles usavam o farro também para fazer focaccias. Depois de conquistarem os gregos, os romanos descobriram o pão de levedura de trigo. Rapidamente foram abertos os primeiros fornos públicos, ou seja, as primeiras padarias romanas, onde trabalhavam muitos padeiros gregos trazidos a Roma como escravos. Os romanos utilizavam dois tipos de levedura: uma feita com o trigo misturado com vinho doce e deixado fermentar por um ano, e outra de farelo de trigo misturado com o vinho fermentado por três dias e depois secado ao sol. Em Roma Antiga, produziam-se muitos tipos de pães e focaccia, a cujas massas eram acrescentados vários ingredientes. Eles comiam pães de diversas maneiras — embebidos em vinho, com verduras e azeitonas, ou com frutas.
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Sardenha - O pão característico sardo, denominado pane carasau, é preparado com semolina de trigo duro, água, sal e fermento natural. Após o repouso para fermentação, a massa é dividida em partes e estendida com um rolo de madeira numa forma redonda e depois assada. Este pão é como um disco fino, crocante e se conserva por longo tempo. No passado, era uma das principais fontes de alimento dos pastores por ser leve e fácil de carregar. Sicília - O pão mais conhecido da região se chama pane forte. A massa pode ser feita com farinha de trigo tenro ou duro, fermento natural, sal e água e sementes de gergelim. O sabor especial se deve ao gergelim, um ingrediente muito usado pelos árabes que influenciaram profundamente a cultura da ilha. Existem várias receitas do pão. Algumas acrescentam azeite, outras açúcar; mas todas incluem o gergelim. Na cidade de Palermo, é chamado também de A’ Mafalda.
Abruzzo - O pão típico desta região montanhosa se chama pane di capella. A massa é feita com farinha de trigo duro, água, fermento natural e sal. Deve ser assado no forno bem quente. Existem duas variedades. Uma é feita na cidade de Chieti e cada pão tem a forma alongada. Já o pão feito na província de Teramo é chamado também de Polifermo, em uma referência ao gigante mitológico.
Basilicata - Na província de Matera existe um pão especialmente feito para a festa da Imaculada, chamado U fellattd. Além da farinha de trigo tenro, fermento natural e sal, acrescenta-se banha de porco, azeite e sementes de erva doce e se molda como uma rosca para depois ser assado em forno a lenha. Outra variedade típica desta região é o panella, um pãozinho cuja massa, feita de farinha de trigo duro e fermento natural, deve permanecer seis horas em repouso antes de ser assado em forno a lenha.
Calábria - A região apresenta uma focaccia típica, feita de farinha de grão duro ou de grão tenro, água, fermento natural e sal. A massa é colocada em forma redonda com um buraco no centro. Pode ser assada no forno ou em panela. É chamado de pão pitta.
Emília-Romanha - A conhecida piadina é típica, apreciada em todo o país com vários recheios. A massa fina, feita com farinha de trigo tenro, água, bicarbonato, sal, banha de porco ou azeite, não leva fermento. Depois de se misturar os ingredientes, a massa é estendida com rolo de madeira em uma forma plana e redonda de barro e assada diretamente no fogo.
Lácio - O conhecido pane di Genzano é feito com farinha de trigo tenro, sal e fermento natural. Depois de uma hora de fermentação, a massa é colocada em caixa de madeira e polvilhada com farelo de trigo e recoberta de novo para repousar mais uma hora antes de ser assado.
Friuli Venezia Giulia - O chamado pan frizze é feito principalmente para enfrentar o rígido inverno da região, rico de ingredientes gordurosos. Além da farinha de grão tenro e fermento natural, acrescentase ovos, manteiga, torresmo e banha de porco. Lombardia – O pão mantovano, típico da região, tem este nome por ser originário da cidade de Mantova. A massa feita com farinha de trigo duro, água e fermento natural é primeiro estendida com um rolo de madeira para depois ser enrolada e cortada em pedaços de 100 a 500 gramas antes de assada. Depois de pronto, parece ter pétalas. Piemonte - Nesta região setentrional, a especialidade é o pane mica, produzido principalmente na capital Turim e seus arredores. A massa, feita com farinha de trigo tenro, sal e fermento natural, deve fermentar durante uma noite antes de assada. Este pães pesam de 400 a 500 gramas. Além disso, o Piemonte é conhecido no mundo inteiro pelos grissinis, derivados do pão.
Toscana - A massa do pão toscano é preparada com farinha de trigo duro, água e fermento natural. A principal característica é a ausência do sal e uma cruz em cima da casca dourada, friável e crocante. O miolo é compacto, poroso e de sabor neutro, ideal para acompanhar salames. A forma pode ser retangular, redonda ou oval. O peso varia de 500 gramas a 2 quilos, com uma espessura de 5 a 10 centímetros.
Trentino-Alto Ádige - Nesta região próxima da Áustria, se prepara um tipo de pão preto, feito com centeio atualmente difícil de se encontrar em outras regiões, pois, no norte do país, foi reduzido o cultivo deste cereal. A massa do chamado pane de segale é preparada com centeio integral, farinha de trigo tenro, fermento ácido e sal. Considerando o clima frio das montanhas, a antiga tradição usava o centeio, ao invés de farinha branca, por ser mais resistente às baixas temperaturas. Tratase de um pão compacto que pode ser redondo ou longo para ser fatiado.
Campanha - O chamado pane cafona é produzido em Nápoles e em toda região. A massa é feita com farinha de trigo tenro, sal e fermento natural. A forma é lisa e arredondada. Pode ser assado em forno à lenha, elétrico ou a gás. Algumas receitas acrescentam o leite.
Úmbria Assim como os vizinhos toscanos, os úmbrios preparam o pão sem sal — o pane sciapo. A massa é feita com farinha de trigo tenro, água e levedura de cerveja como fermento. Depois da fase de fermentação, a massa é alongada e colocada no forno para que, depois de assada, seja dividida em diversos pães, cujo peso pode variar de 500 gramas a 2 quilos.
Marche - Na província de Pesaro, a tradição é usar farinha integral de trigo tenro e fermento natural para fazer a massa. Nesta região existe também o filone casereccio, um pão que pode ser integral ou feito com farinha de trigo tenro, fermento e sal, para depois ser assado. Puglia - O pane de Altamura é o mais conhecido da região, a ponto de receber o certificado DOP (Denominação de Origem Protegida). É preparado com farinha de trigo duro, sal, fermento natural e malte. Depois da fermentação, a massa deve ser trabalhada de novo antes de assada. Outro pão típico, feito nos arredores da cidade de Lecce, se chama frisella. Os ingredientes, ou seja, a cevada, a farinha de trigo duro, o sal e o fermento natural são amassados várias vezes com pausas para repousar. É assado em duas etapas: na metade do tempo de cozimento, deve ser retirado do forno e cortado no meio para então voltar ao forno por cerca de uma hora. Vêneto - Esta região do nordeste italiano produz um pão tradicional que acabou conquistando todo o país e hoje ser encontrado por toda a península e até em outros países. É o ciabatta, que significa chinelo, por causa da sua forma. A massa é feita com farinha de grão tenro, água, azeite, sal e fermento natural. Devido à grande quantidade de líquido em relação à farinha, o resultado é um pão com casca crocante e miolo branco e macio, ideal para sanduíches com diversos recheios.
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Cinema
A eutanásia no cinema Novo longa de Bellocchio tem como foco o caso de Eluana Englaro, uma história que ainda hoje divide as opiniões da Itália em torno da eutanásia Janaína Pereira
O
ano era 1992. Eluana Englaro, uma estudante de 21 anos, dirigia seu carro em uma estrada quando, por causa do gelo da pista, perdeu o controle e se chocou contra um poste. Em seguida, bateu em um muro. A jovem entrou em coma, mas foi mantida em estado vegetativo graças à alimentação e à hidratação forçadas. No entanto, um pedido de seu pai, Beppino Englaro, transformaria Eluana em símbolo nacional. Beppino solicitou que desligassem os aparelhos, pois a filha já havia manifestado esse desejo caso acontecesse alguma coisa grave com ela. A batalha judicial da família durou 17 anos e dividiu a Itália. Em 2009, Eluana teve sua vida (e morte) decidida pelo Congresso italiano, onde tramitava uma lei para autorizar ou não a eutanásia. A partir dessa história real, o cineasta italiano Marco Bellocchio conduz seu mais recente filme, La Bella Addormentata (A Bela Adormecida). Assim como o caso Eluana, o filme dividiu o público e a crítica da 69ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde foi exibido. Criar polêmica já é comum na carreira de Bellocchio. Considerado um dos melhores cineastas italianos de todos os tempos, ele ganhou o Leão de Ouro pelo conjunto de sua carreira, no ano passado, em Veneza, mas nunca se saiu vitorioso do festival por um filme em competição. O fato se repetiu este ano, mesmo com boa parte da crítica, especialmente estrangeira, apoiando o novo filme do diretor. A torcida contra o filme, no entanto, também era grande. Durante a exibição no festival, o longa foi chamado de anticatólico. Aconteceram manifestações contra a exibição de La Bella Addormentata, apontado como “a segunda morte de Eluana Englaro”. Em entrevista à ComunitàItaliana, Marco Bellocchio disse que já esperava esse tipo de reação. 44
que se envolvem com a história de Eluana, entre eles um senador (Tony Servillo) que viveu drama semelhante e agora é pressionado a votar contra a lei da eutanásia; uma mulher (Maya Sansa) que tenta o suicídio; e uma atriz (Isabelle Huppert) que anula completamente a sua vida e a de sua família por causa da filha, que há anos vive em estado vegetativo.
De Veneza
— A Itália é um país católico e aqui as coisas são assim mesmo. Sempre vão existir os religiosos intransigentes — comenta. Apesar de o filme ter como pano de fundo o caso de Eluana, Bellocchio usa outras histórias (que não são reais) para mostrar como o país ficou comovido com a situação. O diretor criou personagens de ficção
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Marco Bellocchio e sua obra La Bella Addormentata: o cineasta já esperava críticas, pois a “Itália é um país católico e aqui as coisas são assim mesmo”
Metáfora de uma Itália adormecida na política A parte política, sempre presente nas obras de Bellocchio, aparece no longa através das imagens de TV de Silvio Berlusconi. Para o diretor, o filme não é uma história baseada em fatos reais, e sim um drama de ficção que usa cenas reais. — Falei com o pai de Eluana por uma questão de respeito, e disse que iria fazer um filme de ficção, no qual o drama da sua filha estaria no enredo. Ele não se opôs, e foi exatamente o que fiz — revela. Bellocchio, que afirma não ter fé, faz questão de ressaltar que não pretende defender a eutanásia. — Não quero usar o filme como bandeira de algo no qual pessoalmente eu creio. O artista deve ser livre, por isso, eu mostro uma história com pontos de vista diferentes. Eu não tenho fé, mas respeito quem tem. Não sou o dono da verdade, por isso mostro vários lados da mesma história, os que acreditam e os que não acreditam. Todos têm algo a dizer. O diretor acaba confessando que La Bella Addormentata é uma metáfora da Itália adormecida pelos anos de domínio de Silvio Berlusconi. — Sim, tem a ver com isso também. O título pode remeter a essa Itália que ficou dormindo por tantos anos e que, de repente, precisa seguir em frente. O filme, já adquirido pela distribuidora brasileira Califórnia Filmes, será exibido na 36ª edição da Mostra de Cinema de São Paulo, que acontece de 19 de outubro a 1º de novembro. O lançamento em circuito comercial está previsto para o ano que vem.
Turismo
Viagem garantida Enit leva pela primeira vez à Abav os encantos das regiões da Sicília, Emília-Romanha e Campanha Cintia Salomão Castro e Vanessa Pilz
T
radicional participante do maior evento de turismo brasileiro — a feira da Abav, realizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens, que acontece entre os dias 24 e 26 deste mês — a Enit, agência italiana do turismo, leva 50 empresas do Belpaese ao salão do Riocentro. O estande italiano tem cerca de 300 metros quadrados e representa cinco regiões: Toscana, Lombardia, Sicília, Emília-Romanha e Campanha. As três últimas participam pela primeira vez do evento brasileiro, que entra este ano na 40ª edição. Um espaço exclusivamente dedicado à cidade de Roma é a outra novidade italiana para o público que costuma comparecer à Feira das Américas, no Rio de Janeiro, entre milhares de operadores, agências de viagem e hosted buyers
Para 2012, a expectativa é que 720 mil brasileiros visitem a Itália, o que representa um aumento de 20% em relação a 2011
(compradores de corporações) que participam das rodadas de negócios nacionais e internacionais. Durante a ABAV, que deve atrair mil expositores e um público de 25 mil pessoas de mais de 50 países, será feita a divulgação de um protocolo sobre turismo acessível entre Itália e Brasil, anuncia a Enit. Além disso, será apresentado um modelo de projeto-piloto de acessibilidade, voltado para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, para uma área de São Paulo. Deverão comparecer ao estande italiano o diretor-geral da entidade, Andrea Babbi; o diretor para a América Latina, Salvatore Costanzo; e o diretor do departamento de desenvolvimento e competitividade do turismo, Roberto Rocca. Nova sede em São Paulo desde junho Embalado pela nova sede brasileira, inaugurada em junho, em São Paulo, o Enit quer transformar o local em ponto de referência para turistas, agências e operadoras de turismo interessados em conhecer destinos na Itália. De acordo com o diretor Salvatore Costanzo, o espaço deverá possibilitar um maior contato com os profissionais de turismo brasileiros. — Nosso novo espaço estará aberto a ações junto ao trade para fomentar as ofertas turísticas, gastronômicas e culturais da Itália
— afirma Costanzo, que também acredita que a nova sede tornará possível um maior contato com o público não especializado. Instalada na avenida Estados Unidos, no bairro Jardim América, a sede oferece guias, mapas e outros materiais turísticos diversas regiões, o que ajuda o viajante brasileiro a planejar roteiros em sua visita ao país. Missão é promover os atrativos italianos Criada em 1919, a Enit tem por objetivo promover as atrações turísticas da Itália no exterior, divulgando as belezas naturais, a história, a cultura e a arte italianas. Com 25 escritórios espalhados pelo mundo, o órgão oferece apoio especializado para empresas do setor turístico e para os viajantes interessados em conhecer os mais diversos destinos italianos. Além de Estados Unidos, Canadá e diversos países europeus, a agência está instalada em locais como China, Emirados Árabes Unidos e Coreia do Sul. Na América Latina, a Enit tem sedes em São Paulo, onde atua desde 2000, e em Buenos Aires. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, a Itália ocupa o quinto lugar em número de chegadas internacionais do mundo, atrás apenas da França, dos Estados Unidos, da China e da Espanha. O país é ainda o quarto colocado no ranking mundial de receitas turísticas. Para 2012, a expectativa é que 720 mil brasileiros visitem a Itália, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano passado, quando cerca de 600 mil brasileiros visitaram o destino. A ascensão econômica da classe C no Brasil também tem contribuído com o incremento do turismo italiano: desde 2009, a presença de viajantes brasileiros nas cidades italianas cresceu mais de 45% ao ano.
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Música
A nota mais alta Concurso promovido em Cremona, cidade natal de Antonio Stradivari, revela os melhores violinos do mundo feitos por luthiers de diversos países Guilherme Aquino
A
De Cremona
cidade de Cremona vive ao som dos violinos, às margens do rio Pó e sobre a sombra do Torrazzo, a grande torre ao lado da catedral. A música pode ser ouvida em quase todas as esquinas do centro histórico e das janelas abertas diante dos prédios com séculos de existência. Como ocorre a cada três anos, a terra de Nicolo Amati e Antonio Stradivari, sem falar de Giuseppe Guarnieri di Gesù — liutaios ou luthiers que elevaram ao firmamento a excelência do artesanato — hospeda um concurso para a descoberta de instrumentos únicos, majestosos e tecnicamente perfeitos. Ele é promovido pela Fundação Antonio Stradivari, que tutela o valor artístico e o significado cultural da luteria de Cremona. Neste ano, inscreveram-se 355 liutaios de 34 países espalhados pelos quatro cantos do globo. A Itália tinha 110 representantes, seguidos em número pelos japoneses (37), chineses (29) e sul-coreanos (27): são dados que mostram como a arte está ganhando raízes no Oriente. A quantidade de instrumentos apresentados era maior, com 462, sendo 271 violinos, 108 violas, 68 violoncelos e 21 contrabaixos. Cinco séculos depois da invenção do violino e 300 anos depois da maestria de Stradivari, o vencedor desta edição, na categoria violino, foi o alemão Ulrich Hinsberger. Este “herdeiro” venceu, pois uniu as excelências artesanais e sonoras. Durante a premiação ele comentou: — Não quero reinventar o violino! No limite, gostaria de deixar um sinal em um sistema amadurecido: sempre fui fascinado pelas obras-primas clássicas, assim como pelos melhores instrumentos contemporâneos. O objetivo da iniciativa é descobrir novos talentos e valorizar a maestria. Não por acaso, a grande maioria estudou nas escolas de música e de luteria de Cremona. Um curso normal para a formação de um luthier dura cinco anos, ainda que os estudos devam continuar após o fim do percurso universitário. Por isso, numa visita ao museu Civico Ala Ponzone é uma lição prática de como os antigos mestres criavam as suas obras, que hoje chegam a valer US$ 15 milhões. Ali estão expostos violinos que atravessaram os séculos em perfeito estado e que pertenceram a ricas famílias 46
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A Fundação Antonio Stradivari, em Cremona, promove um concurso para descobrir novos instrumentos perfeitos em fabricação e sonoridade
ou a colecionadores como o industrial americano Henry Ford. Com a autorização expressa dos proprietários, podem ser usados para concertos exclusivos. No último sábado de setembro, no aristocrático teatro Amilcare Ponchielli, o músico Marco Fiorini usou um Stradivari, o “ex Bavarian”, de 1720. A apresentação faz parte da rede criada pela Fundação Antonio Stradivari, os friends of Stradivari, que fomenta o uso e o estudo dos históricos instrumentos. Tudo isso cria uma atmosfera mágica na cidade. Pessoas de todas as idades e das mais variadas nacionalidades desfrutam da linguagem universal da música. E a busca por um “novo” Stradivari é uma ideia de lançar para o futuro o desafio do som perfeito. A ideia de encontrar um discípulo que supere o mestre é o motor desta pesquisa que faz contas a cada três anos com o que há de melhor no mundo da luteria. E não deixa de ser um investimento para o futuro. O primeiro prêmio para o violino e para a viola é a aquisição do instrumento por um valor de € 15 mil, cada um. Já para o violoncelo o preço é de € 23 mil, o mesmo pago para o contrabaixo. Além disso, eles vão fazer parte do acervo da Fundação e serão expostos no novo Museu do Violino, que deverá ser aberto no primeiro semestre de 2013. O concurso existe desde 1976 e o primeiro vencedor foi um italiano, Giorgio Cè. Em 2009, o ganhador foi o finlandês Marko Pennanen. Uma comissão de cinco músicos e cinco liutaios é responsável pela votação. O compositor Alessandro Solbiati escreveu partituras exclusivas para a avaliação dos instrumentos. — Música nova, instrumento novo, tradição, presente e futuro. Uma vez, os luthiers realizam os violinos seguindo indicações dos compradores. Hoje, isso não existe mais e devemos recuperar este diálogo — resumiu.
Arte
Restauração épica Depois de uma longa e difícil restauração de 27 anos, uma das mais famosas obras do Renascimento volta ao seu resplendor original Guilherme Aquino De Florença
Nicolò Orsi Battaglini
Antonio Quattrone
S
abe-se que os tempos são bíblicos na Itália. Com as raras exceções da Ferrari — a de Fernando Alonso e não a de Felipe Massa — e do barco Luna Rossa, de Prada, a velocidade parece pertencer a uma outra dimensão, distante daquela italiana. A prova disso foram os 27 anos gastos com a restauração da Porta do Paraíso, de Lorenzo Ghiberti (1378-1455), chamada assim pelo artista Michelangelo. “Ela é tão bela que estaria muito bem no paraíso”, diria o gênio. Mais do que no paraíso, a porta abriu-se para o inferno da inundação de 1966. Depois de ter sido protegida dos ataques da Segundo Guerra Mundial e dos roubos e da pilhagem dos nazistas (a porta é de ouro e bronze) ao ser escondida em 1943, ela acabaria mergulhada na lama e na destruição da épica cheia do rio Arco. Agora, depois de quase três décadas no purgatório científico dos pesquisadores do Opificio delle Pietre Dure, de Florença, volta ao seu resplendor original. Confirma, assim, nos dias de hoje, as razões pelas quais é considerada uma das obras-primas do Renascimento, que, desde setembro, voltou a ser admirada no interior do Museo dell’Opera Santa Maria del Fiore, dentro de uma caixa de vidro para evitar danos atmosféricos. A réplica de 1990 continua a abrir e a fechar a entrada do Battistero. A restauração foi financiada pelo Ministério italiano para os Bens e Atividades Culturais e contou com a contribuição da associação Friends of Florence. O colosso tem 5,2 metros de altura por 3,1 de largura e uma espessura de 11 centímetros. Os danos fizeram com que se soltassem seis painéis, causados pela força da enxurrada e pela ação química dos combustíveis que se misturaram ao lamaçal. Duas antas da porta soltaram-se com o violento impacto da água. O resultado foi desastroso. O trabalho de restauração na época
seriam encastradas, provavelmente, com a técnica do aquecimento para dilatar a matéria. Este enorme portal exigiu um grande trabalho de Lorenzo Ghiberti entre 1426 e 1452, a pedido da instituição Arte di Calimala. Nem de longe, o autor poderia imaginar que o trabalho completo de restauração duraria quase o mesmo tempo da execução da porta-escultura. No começo dos anos 1980, os dez painéis começaram a ser limpos com uma lavagem que faz uso de uma solução de sais de Rochelle. Para não desmontar as outras figuras, os técnicos pesquisaram uma inovadora e alternativa saída para resolver o problema. Enquanto isso, os restauradores se
foi realizado e a porta voltou ao seu local original. Mas não demorou a apresentar problemas devido à ação de agentes atmosféricos. A poluição do ar já nos anos 1970 e a reação química do ouro e do bronze, sob o efeito da umidade, estavam condenando a obra a um fim precoce devido à formação de sal que corroía a áurea cobertura. — A Porta do Paraíso é uma máquina complexa e perfeita, realizada com uma perícia sem precedência e nunca mais repetida — afirma a diretora da restauração Annamaria Giusti. As enormes antas foram fundidas em bronze e transformadas numa única e impressionante peça. Alvéolos com poucos centímetros de profundidade foram predispostos no interior do molde para conter as 58 figuras em alto e baixo relevos, com diferentes episódios do Velho Testamento, que
Obra-prima de Lorenzo Ghiberti, a porta narra diferentes episódios bíblicos
ocupavam de outras peças. Eles retomariam o trabalho apenas em 1996, ainda de forma lenta, devido ao método da lavagem. A resposta definitiva chegaria apenas em 2000, na virada do século. O Instituto de Física Aplicada do Conselho Nacional de Pesquisa de Florença realizou um equipamento capaz de disparar um raio a laser contra os depósitos de sal no ouro, aniquilando-os. Ao mesmo tempo, evitou-se a propagação do calor sobre o bronze durante este inédito sistema de “limpeza”. Assim, o polimento foi acelerado. As figuras em alto relevo, já restauradas, foram cobertas com sacos de polietileno, alimentados com azoto para evitar o contato com o ar e a umidade. Em 2015, ela deverá ser remanejada para uma sala do novo Museo Dell’Opera del Duomo de Florença, com 26x21x16: dimensões à altura da obra-prima.
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Arqueologia italiano utilizou vídeos e slides, explicou sobre os extratos vulcânicos e os tipos de explosões que podem ocorrer em vulcões, narrou a história da erupção de 79 d.C. e as consequências sofridas pelas cidades romanas em detalhes. O material vulcânico provocou o desmoronamento do teto das casas e percorreu dezenas de quilômetros, tendo chegado até a região do Cilento. As cinzas que cobriram as cidades atingiram 15 metros. No segundo dia da tragédia, muitos pompeianos tentaram fugir através das águas, mas o mar revelou-se em tempesta, e se depararam com a morte do mesmo jeito. O estudo das rochas vulcânicas pedra-pome permitiu aos cientistas conhecerem as diversas fases do fenômeno que sepultou para sempre as aristocráticas cidades romanas.
Além dos artefatos
Programação da mostra Além de Pompeia promove palestras com especialistas italianos e apresentações de música napolitana Cintia Salomão Castro
A
mostra que reuniu, pela primeira vez, no Brasil, os afrescos de Stabiae, cidade em torno ao Vesúvio que desapareceu junto com Pompeia em 79 d.C., também trouxe ao Rio especialistas como o geólogo Vincenzo Morra, diretor do departamento de Ciências da Terra da Universidade de Nápoles Federico II. Ele participou da programação de conferências especialmente preparada para o evento, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que vai até novembro. Professor de petrografia, Morra estuda a área de Campi Flegrei, um distrito vulcânico de Nápoles, e realizou uma palestra sobre a histórica erupção do ponto de vista geológico. Para dar uma ideia do dramático cenário vivido pelos habitantes dos arredores do Vesúvio, o especialista 48
haviam intuído que se tratava de um vulcão, os romanos não desconfiaram nem mesmo dos tremores de terra registrados anos antes da grande explosão. — Em 5 de fevereiro de 62 d.C. aconteceram terremotos danosos em Pompeia, mas, como a península itálica apresenta enorme atividade sísmica, os antigos romanos não devem ter percebido que os tremores poderiam estar ligados a uma possível erupção — esclareceu Morra, que também forneceu um quadro histórico do Vesúvio, que, ao contrário do Etna, encontra-se “em silêncio” há 68 anos. Sua última erupção aconteceu em 18 de março de 1944, em plena Segunda Guerra Mundial, durante a ocupação anglo-americana de Nápoles. O episódio forneceu as únicas imagens de explosão vesuviana registradas em vídeo até hoje. Em novembro, estão previstas palestras sobre arqueologia subaquática, com a participação do professor Ugo De Capua, diretor da Fondazione Restoring Ancient Stabiae, entidade que organizou a mostra no Brasil.
Antigos romanos desconheciam o poder destrutivo do Vesúvio O mais provável é que, em 79 d.C., a população de Roma Antiga não tivesse a menor ideia da possibilidade de uma erupção do Vesúvio: teriam sido pegos totalmente de surpresa, acreditam os historiadores. — Provavelmente os romanos ignoravam essa probabilidade. Sabiam somente que era um território muito fértil, pois, onde há atividade No alto, um afresco encontrado em uma casa de Pompeia vulcânica, há fertilidade traz uma representação do Vesúvio sem nenhum sinal de — explica o professor fumaça, com o deus do vinho Baco: os antigos romanos Morra. provavelmente não sabiam que um dia o vulcão poderia Enquanto os gregos, entrar em erupção, mas percebiam que a fertilidade da segundo fontes históterra era devida à sua presença. Acima, a última explosão vesuviana, ocorrida em 1944, em plena segunda guerra ricas, provavelmente já
Música napolitana
O
grupo Santi e Briganti, vindo especialmente da Campanha para participar da inauguração da mostra Além de Pompeia – Redescobrindo o encanto de Stabiae, tocou canções clássicas napolitanas para o público no anfiteatro Odylo Costa Filho, na Uerj. Formado pelo tenor Gaetano Santaniello, o bandolinista Pasquale Schiavone e o guitarrista Igor Di Martino, a banda emocionou o público e cumpriu agenda paralela de apresentações no Instituto Italiano de Cultura e no restaurante Casa do Sardo, no Rio. Os músicos fazem uso de instrumentos típicos, como violão, bandolim, tamorra (percussão) e nacchere (tipo de castanholas). — Usamos a arte, o som, a música, como meios de socialização e comunicação. O que mais me deu prazer é ver o povo brasileiro que, como nós, napolitanos, tem o senso da hospitalidade. As pessoas têm o hábito de agradecer a Deus. Senti-me como em Piazza Garibaldi, em suma, não senti falta de casa — resume o cantor Gaetano. Durante o evento de abertura, o cônsul italiano no Rio, Mario Panaro, ressaltou a importância da mostra.
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— Antes de mais nada, apresenta uma interpretação original da história da época e informa sobre Stabiae, que não é tão conhecida como Pompeia, embora tivesse importância. Além disso, utiliza imagens e mensagens muito interessantes que permitem apreciar aspectos da história com uma profundidade incomum — disse à Comunità. A exposição está aberta ao púbico até 18 de novembro.
CintiaSalomãoCastro
A verdade sobre os gladiadores O
cinema é repleto de filmes onde combates sangrentos entre gladiadores terminam quase sempre em morte, desde os mais antigos como Spartacus aos mais recentes como Gladiador, enorme sucesso de bilheteria de 2000 estrelado por Russel Crow, que viveu o general Máximus Décimus Meridius, personagem que, reduzido a um escravo, ascendeu através das lutas para vingar a morte de sua família e do antigo imperador. Os romances do século XIX, como Os últimos dias de Pompeia, de Bulwer Lytton, também não se cansam de descrever cenas nas quais o protagonista está para ser destroçado por algum leão faminto em plena arena. Mas será que cenas desse tipo estão próximas da realidade da Roma Antiga? Para a professora da Universidade de Molise e autora do livro Gladiatori a Pompei, Luciana Jacobelli, a resposta é não. — Hollywood descreve o mundo dos gladiadores como sempre violento e cruel, mas a realidade é diferente. Para treinar um gladiador, era necessário muito dinheiro, principalmente se ele fosse famoso, a ponto do imperador Marco Aurélio, no século II a.C., ser obrigado a estabelecer um limite de despesas para contratar um gladiador.
A morte em combate, portanto, não convinha a ninguém, assim como hoje não convém que um jogador de futebol, cujo passe vale milhões, sofra algum tipo de dano físico, esclarece a arqueóloga italiana que participou de várias escavações em Pompeia e proferiu uma palestra sobre o assunto na Uerj, em setembro, dentro da programação da mostra Além de Pompeia – Redescobrindo o encanto de Stabiae. — Os grafites encontrados nos muros de Pompeia revelaram que quase todos os gladiadores que perdiam uma luta sobreviviam. Em 32 combates, que previam a participação de 20 duplas de gladiadores, apenas seis morreram — esclarece. A pesquisa arqueológica também desmente a tão propagada versão dos leões em todas as arenas romanas. O anfiteatro pompeiano, por exemplo, nunca poderia ter recebido animais ferozes, pois o muro entre a arena e a primeira fila de espectadores, reservada aos vips, tinha uma altura de apenas 1,20m, ou seja, muito
pouco para conter o avanço de uma fera faminta, explica a professora. — Uma arena repleta de feras podia constituir uma cena comum em Roma, onde o imperador tinha os meios para pagar a presença de animais exóticos e contratar gladiadores famosos. O desejo do cinema de mostrar uma realidade cruel e violenta decorre em parte da má fama do Império Romano e em parte do fato de que a violência atrai espectadores, mais do que uma correta visão da realidade — conclui.
Falta de visão e 2001 a 2011, o Ministério italiano para os Bens Culturais soPrimavera dos Museus, programação brasileira que Dfreu uma redução de 36,4% dos recursos, enquanto que, entre Primavera 2008 e 2011, a despesa das cidades com o setor da cultura caiu para 35%. O setor não faz parte das prioridades do governo, mas poderia ajudar a alavancar a economia em um momento de crise, alertam os pesquisadores. A estratégia italiana, em geral, com exceção para cidades como Turim e Florença, é carente de uma abordagem inovadora, que vá além da restauração de monumentos. Além disso, no país, o potencial econômico da cultura é visto apenas como um meio de suporte para o turismo. As conclusões emergem do estudo realizado pela Comissão da União Europeia da rede de especialistas culturais europeus (Eenc).
A
entrou em sua 6ª edição, registrou um aumento de 36% no número de instituições cadastradas e de 35% na quantidade de eventos em relação a 2011. Sob o tema a função social dos museus, este ano promoveu um total de 2.405 atividades e envolveu 803 instituições, de 24 a 30 de setembro. A agenda é realizada pelo Ibram, o Instituto Brasileiro de Museus, e inclui exposições itinerantes, visitas a áreas técnicas em museus, debates, seminários e rodas de leitura.
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Educazione
Favole che attraversano l’oceano Dopo l’Italia e l’Argentina, progetto Favole di ogni giorno arriva in Brasile. La tappa è una scuola di Santa Caterina dove il libro di Pierotti è diventato materiale didattico d’italiano per i bambini Stefania Pelusi De Brasília
“N
on avrei mai pensato che queste favole attraversassero l’oceano”. Com queste parole, sorpreso come un bambino, Giampiero Pierotti, un gioviale pensionato, ex-muratore, spiega a Comunità come le sue favole sono diventate materiale didattico per imparare l’italiano nella scuola brasiliana. Dopo una vita tra mattoni e cemento, Giampiero ha scoperto una passione per la scrittura. — In seguito a un evento negativo di un’ingiustizia di lavoro, ho deciso di trasportare i sentimenti in personaggi di favole. Ho iniziato trasmettendo i racconti per radio e ho bussato alle scuole dove ho incontrato migliaia di 50
alunni — racconta entusiasta l’autore del libro Favole di ogni giorno. I racconti sono stati anche messi in scena dalla scuola media Leonardo Fibonacci di Pisa, con l’aiuto del professore Walter Bacellini, dove ha recitato anche Cecilia, una bambina non vedente. — Il titolo è stato A modo nostro: le morali non dette perché queste favole non sono più mie, appartengono ai ragazzi! Vengono smontate insieme ai professori e poi ognuno
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Il progetto basato sul libro Favore di ogni giorno arriva alle scuole brasiliane
crea la sua storia e trae la propria morale secondo l’età, dalla terza elementare fino ai ragazzi di 90 anni — commenta Pierotti. L’autore toscano spiega che i racconti hanno diverse chiavi di lettura e che spetta al lettore trovarci quella più adatta alla sua personalità. — Io sono cresciuto con questi ragazzi che incontro nelle scuole e mi meravigliano ogni volta perché hanno un potenziale incredibile, sono liberi di esprimersi — dichiara lo scrittore. Tra le domande che gli alunni gli rivolgono ricorda quella di una bambina che gli ha chiesto se è diventato ricco. — Per la società se non fai i soldi non sei nessuno. Se non arrivi in televisione e non sei conosciuto, non esisti. Però io capovolgo questi discorsi e gli dico che non bisogna credere al gatto e alla volpe come nel capitolo di Pinocchio che semina i soldi nel campo dei miracoli. La vita è tutta un’altra cosa perché dipende molto dalla fortuna, ma soprattutto dall’impegno e dalla capacità di proporsi per quello che siamo capaci di fare. Io se non avessi avuto umiltà, non avrei ottenuto questi risultati. Da muratore a scrittore Lui racconta che faceva il muratore, “un lavoro molto distante dal mondo della cultura e anche dal modo di parlare”. — Ho frequentato per molti anni vari gruppi culturali, dove mi sono formato, ma erano persone che avevano avuto una cultura diversa dalla mia. Non avrei mai immaginato di poter diventar uno scrittore! — afferma
il simpatico e solare Giampiero, che ha già ultimato il suo secondo libro che andrà in stampa tra poco. All’inizio non è stato facile per l’autore, perché nessuno credeva a questo progetto. Tra le varie soddisfazioni ottenute Pierotti è stato invitato per 8 anni alla mostra del libro per ragazzi, Leggere e volare, ed è anche stato invitato alla Biennale delle Arti di Salerno. Inoltre il suo libro è stato stampato in braille, una versione per i non vedenti, dalla Regione Toscana. La sua storia di vita è diventata esempio per i ragazzi che l’autore incontra nelle scuole. — Non bisogna mai abbandonarsi e abbassare la guardia. È una spinta per i giovani a sperare nel futuro, perché non si può solo pensare all’immediato successo. Prima bisogna imparare un mestiere che può essere utile nei momenti difficili, poi se viene il successo ben venga. Perché senza una professione si può essere facilmente alla mercé dei potenti. Io mi propongo di aiutare i più giovani a difendersi dal gatto e la volpe — sottolinea Giampiero. Aggancio con il Brasile attraverso Facebook Appena scritti i primi tre racconti, Pierotti ha pensato subito alle radio “per far ascoltare le favole al di fuori delle stanze della cultura, per sapere cosa ne pensassero”. Si è recato subito in sala di incisione per registrare Scarpe, Il viaggio e Il falco in italiano, in inglese, in spagnolo e in francese. Ed è stato proprio questo a determinare l’aggancio con l’Argentina e, tra i futuri progetti, c’è quello di tradurre i testi al portoghese. L’aggancio per unire il vecchio mondo con il Brasile attraverso le favole è arrivato tramite la rete sociale Facebook, in cui Giampiero ha conosciuto la professoressa di Santa Caterina Fabíola Cechinel, con cui ha collaborato per un progetto per diffondere i suoi racconti. — Il computer elimina il tempo e la distanza. Ho cercato di creare una rete come un ragno e attraverso internet ho riscontrato un grande appoggio in Brasile. Un’altro progetto di cui ha fatto parte Pierotti è stato quello nella scuola Tomé Machado Vieira di Tubarão (Santa Catarina), attraverso il contatto con la dirigente della scuola e la presidente dell’associazione Veneti Fabiola Cechinel. Sarà promosso in altre scuole del Brasile e sarà divulgato nelle associazioni italiane in Brasile.
Nel suo progetto, le nuove tecnologie e le reti sociali hanno dato la spinta per far circolare le sue favole oltre oceano. Attraverso Facebook Pierotti ha ottenuto i contatti con le scuole in America Latina e con Skype è riuscito a parlare con gli alunni. — Io sono soltanto un accompagnatore delle mie favole, perché loro vivranno più di me. I personaggi dei suoi racconti sono oggetti di ogni giorno. Lui fa “parlare” una radio che vuole conoscere una televisione, un cane che si trova in un canile e viene adottato da due anziani, oppure una lampada che vive in un appartamento nei Parioli (uno dei quartieri alti a Roma, ndr) paragonata con un’altra che vive in una casa popolare. — Faccio parlare tutte le cose che ci circondano e inserisco all’interno le problematiche della società con ironia – spiega. In ogni scuola lui incoraggia a scrivere delle favole in italiano, a dare voce agli oggetti che li circondano, una lavagna che osserva la classe come si comporta, un banco che diventa testimone di quello che fanno gli alunni. Attraverso il suo cd il suo
Il libro di Giampiero Pierotti (foto) facilita l’ interpretazione dell’alunno, sviluppando la fantasia e la creatività anche nelle arti visive
libro è diventanto libro di lettura nelle scuole del Belpaese e materiale didattico per gli insegnanti brasiliani di Tubarão per corsi d’italiano. Dopo il successo del primo libro riscontrato nelle scuole, sta già andando in stampa il secondo con favole inedite, tra cui un racconto fantastico di un viaggio di una formica insieme a un’ape per stabilire un gemellaggio tra le due società. — Inserisco problematiche e fatti che mi colpiscono e che sono stati trasmessi dai mezzi di comunicazione. Mi ispiro a fatti quotidiani attraverso delle allusioni. Faccio parlare gli animali o oggetti che ci circondano che vivono una vita parallela alla nostra — racconta Giampiero. L’illustratore che ha collaborato alla prima, e sta collaborando alla prossima edizione, Alberto Fremura, livornese, vanta una larga e acclamata esperienza nel settore. L’autore ci tiene a specificare che le favole non sono autobiografiche. — Io mi calo nelle difficoltà degli altri, però inserisco i problemi che ogni giorno dobbiamo combattere. Il tutto con ironia, non con tristezza, dando voce ai personaggi affinché possano contrastare chi cerca di farla franca – sottolinea. Il libro è nato nell’85, ma sembra scritto ieri. — Perché i problemi che si trovavano allora, si trovano oggi e si troveranno domani. Tutti siamo utili, anche quello che viene creduto il meno intelligente, “lo stupido del paese” in un momento difficile ci può dare una mano. Quindi bisogna rispettare tutti e valorizzare i mestieri, non esistono più gli artigiani, i calzolai, i muratori, i contadini. In questi momenti qui Pinocchio non potrebbe essere creato! — conclude.
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IlLettoreRacconta
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ais do que manter a tradição italiana, a família Picchioni é semeadora de amigos e serve de exemplo de força de trabalho e garra entre os imigrantes que fizeram a diferença. Com um papel de destaque em Minas Gerais, o Grupo H.H. Picchioni inclui a Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários e a representação da American Airlines em Belo Horizonte, Salvador e Recife. Desde 1945, a família mantém acesa a memória do patriarca, Hector Picchioni, que, até o fim da vida almoçou com os filhos no melhor estilo “mesa italiana”. Os irmãos Celso, Heitor, Hugo, Eduardo e Glória ainda mantêm a cozinha no escritório, onde estreitam laços e negócios com amigos, clientes e parceiros. A família, em 1945, iniciou, em Belo Horizonte, as empresas Picchioni, com atividades centralizadas na atuação pessoal do seu fundador como corretor de fundos públicos. O empresário Celso Em 1972, com a ampliação dos negócios, foi Picchioni hoje
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transformada em sociedade anônima de capital fechado junto aos mercados de ações e câmbio. Segundo Celso, como toda história dos imigrantes italianos, o patriarca da família veio para o Brasil reconstruir sua vida, sem saber se o destino seria a América do Norte ou do Sul. Desembarcaram em Santos e se estabeleceram em Ribeirão Preto. Ali, a família fundou a primeira casa de comércio, a Fratelli Picchioni e, em seguida, a Casa Bancária Picchioni com o objetivo de financiar agricultores e comerciantes italianos locais. Além de trabalhar com comércio e chapéus, o patriarca também laborava em um banco de São Paulo. Foi a Minas Gerais cobrar uma dívida. Encantou-se e fixou raízes. Em Belo Horizonte, fundou a primeira casa de câmbio e passaram a atuar no comércio e na importação de televisores, carros e outras mercadorias. Com o surgimento de indústrias, a família passou a cuidar da parte burocrática de várias empresas e da importação de peças, entre elas, a Fiat. Em 1999, eles trouxeram para Minas o primeiro voo direto para os Estados Unidos, com a America Airlines, o que contribuiu com o turismo. Com 65 anos de existência, a empresa tem o mesmo espírito de seus antepassados: o empreendedorismo, com atuação no mercado financeiro, câmbio, bolsa, aluguéis de carros internacionais, empresas aéreas. Fotos da antiga Rieti, terra de — Criamos um novo leque de serviorigem dos Picchioni, situada na ços, abrindo lojas de câmbio para turisprovíncia de Roma tas, nos shoppings de Minas e duas unidades em São Paulo. Hoje, os clientes compram e vendem ações, além de fazerem uso do sistema de bolsa por meio da internet, home broker – speedtrade. Nossa família é da região de Estipes, província de Rieti, que fica a aproximadamente 100 km de Roma. Estipes não é um nome muito comum na Itália. Significa “o primeiro a chegar” em latim — explica Celso Picchioni. Ao falar sobre suas raízes, Celso faz questão de destacar o lema dos italianos: “onore, lavoro e dignità”. Ele lembra que a valorização dos antepassados foi fundamental para que toda a família que está no Brasil colocasse o nome na história. — Somos gente que briga, com garra e que vai atrás. A receita de sucesso é fazer, acompanhar e modernizar. O segredo é o trabalho. Somos gratos a Minas e o nosso melhor negócio foi acreditar neste estado — finaliza. Celso Picchioni, Belo Horizonte - MG
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Rieti
saporid’italia VanessaPilz
O charme da Rua Avanhandava Com massas artesanais e generosas porções de cantina, o pioneirismo do ristoratore Walter Mancini fez escola no centro da capital paulista
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ão Paulo – Quem desce a Rua Augusta em direção ao centro, logo se surpreende com a ruazinha de calçadas largas, iluminada por pequenas luzes coloridas. Em meio ao cenário cinzento da região, a Rua Avanhandava se destaca por seu visual bem cuidado, com sua fonte e seu calçamento impecável. Além do charme, a via oferece outra surpresa. Seis restaurantes, enfileirados um ao lado do outro, são uma aposta certeira para quem procura desde um petisco para acompanhar a cerveja até um jantar mais requintado. Entre eles, destaca-se o Famiglia Mancini, o estabelecimento mais antigo do local e ponto de partida para a transformação da rua. Inaugurado em 1980, assim como seus cinco vizinhos da rua, o restaurante é obra do paulistano Walter Mancini. Descendente de italianos vindos de Bari, Mancini nasceu no bairro do Brás, tradicional reduto de imigrantes italianos. Apaixonado pelo centro da cidade, passou a infância no Mercado Municipal, onde o pai comercializava cereais. Foi entre as barracas de legumes, peixes, frios e azeites que ele desenvolveu o gosto pela gastronomia. Décadas mais tarde, Mancini seria o responsável pela revitalização da rua, com a abertura de seus seis restaurantes nos quais a culinária italiana predomina. Da decoração ao cardápio, a casa é inspirada nas tradicionais cantinas. No ambiente descontraído, instrumentos de música e máscaras de Veneza disputam o espaço com fotografias e bandeiras. — Antes da gastronomia, eu gosto de construir um lugar, da mesma maneira que você entra numa praça que foi arborizada, que tem um jardim bonito. Com um restaurante, é a mesma história. Você leva para casa os bons momentos que ali passou — explica Walter. As massas têm lugar de destaque no cardápio. São 14 tipos, entre massas secas, frescas e recheadas, estas últimas de fabricação caseira. Para acompanhar, molhos como o mar e orto, com lâminas de bacalhau, azeite, tomate, azeitonas e alcaparras, ou San Marco, com iscas de filé mignon, creme de leite e cogumelos. Há ainda diversos tipos de lasanhas, risotos e pratos com carne, aves e peixes. Assim como acontece em uma boa cantina, os pratos da casa alimentam facilmente de duas a três pessoas. O número aumenta se a refeição for precedida de uma visita ao bufê de antepastos: são mais de cem tipos diferentes. Em meio aos queijos, frios, patês, tomate seco, fundos de alcachofra e azeitonas, é preciso muita disciplina para não desistir do jantar completo e montar uma refeição ali mesmo.
Espaguete à siciliana (para duas pessoas) Ingredientes: 250g de espaguete; 300g de filé mignon; 1 colher (sopa) de manteiga; 1 colher (sopa) de cebola picada; 10 azeitonas pretas; 20 alcaparras; salsinha picada. Molho à napolitana: 6 tomates grandes e maduros; 1 colher (sopa) de manteiga; 1 colher (sopa) rasa de cebola picada; 1 colher (sopa) de extrato de tomate; 3 dentes de alho; sal a gosto. Modo de fazer: Cozinhe o fetuccine al dente com bastante água e um fio de óleo. Escorra e reserve. Corte em tiras o filé, tempere com sal e coloque para refogar em uma frigideira com uma colher de sopa de manteiga e uma colher de sopa de cebola picada. Quando a cebola estiver dourada, reserve. Em uma panela, coloque uma colher de manteiga, uma colher rasa de cebola picada e três dentes de alho, e refogue até a cebola dourar. Em seguida, ponha os tomates picados sem pele e sem caroços e uma colher de sopa de extrato de tomate. Misture tudo e deixe cozinhar em fogo brando por 10 minutos com sal a gosto. Acrescente ao molho o filé em tiras refogado. Sirva em uma travessa colocando o fetuccine primeiro e depois o molho. Enfeite com azeitonas, alcaparras e salsinha.
Serviço: Famiglia Mancini Rua Avanhandava, 81 – Centro - São Paulo Tel: (11) 3256-4320 De domingo a quarta, das 11h30 à 1h. Às quintas, das 11h30 às 2h. Às sextas e aos sábados, das 11h30 às 3h.
com unit àit aliana | agost o 2012
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la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro
Residenza d’Epoca em San Quirico
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a Itália existem diversos tipos de hotel. Tem o hotel tradicional, mas há também a pensione, que é um hotel mais simples; a locanda, um hotel com restaurante; o agriturismo, que é uma espécie de hotel fazenda, onde os proprietários cultivam alguns produtos agrícolas; e há também a residenza d’epoca. Esta última é um hotel localizado numa estrutura antiga, tradicional, cujos muros carregam o peso da história, assim como a decoração. Existem diversas pela Itália inteira. Uma delas fica em San Quirico d’Orcia, na Toscana, e chama-se Palazzo del Capitano. As suítes superiores são um encanto, com cama com baldaquim, espelhos e móveis antigos, tapetes elegantes. Quem quiser relaxar ou receber uma massagem, pode marcar hora no spa do andar subterrâneo. Na primavera e no verão, é possível tomar um café ao ar livre e curtir o jardim da residência.
Felicidade é descobrir um pêssego
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á dizia Vinicius que a felicidade é como a pluma/que o vento vai levando pelo ar/voa tão leve/mas tem a vida breve/precisa que haja vento sem parar. Milhões de livros de autoajuda tentam ensinar a ser feliz. Mas todos sabem que a felicidade ora está nos grandes eventos da vida, ora no encontro de um grande amor, no nascimento de um filho, em atingir uma meta, viajar para um lugar sonhado ou, na falta dessas grandes felicidades, em tempos de vacas magras, ela se esconde também nas pequenas coisas. Saborear um bom vinho, ser ajudado por um desconhecido na rua, trocar sorrisos no vagão do trem, receber uma visita inesperada, curtir um bom livro, apreciar um arco-íris ou… descobrir uma nova fruta. A Itália não tem a variedade das frutas do Brasil. Nada de maracujá, caju, acerola, fruta-do-conde, jabuticaba, graviola, manga, e por aí vai. É muito mais limitado. Geralmente no Belpaese compro banana, maçã, figo, uva, melão. Mas, ultimamente, dando um pulinho no mercadão perto de casa, descobri, por acaso, uma fruta que eu não conhecia: a pesca tabacchiera. É uma espécie de pêssego, mas é o suprassumo dos pêssegos. É achatadinha e a polpa é branca, doce e macia. Ainda por cima, é fácil de comer, como uma maçã, às dentadas. A fruta é cultivada na Sicília, principalmente na região perto do vulcão Etna. O nome tabacchiera vem do fato de que seu formato lembra os recipientes onde se guardava tabaco de cheirar. Mas deixemos para lá toda essa explicação. O que importa é que a pesca tabacchiera é uma delícia. Foi amor à primeira mordida. E agora só compro este tipo de pêssego no mercado. Na realidade, nunca fui fã incondicional de frutas. Gostava, mas não trocava uma fruta por uma mousse de chocolate, um sorvetinho ou uma nhá benta. Porém, depois de ter diabete na gravidez, que persiste ainda hoje sob a forma de pré-diabetes, tive que dar uma maneirada nos doces e reavaliar a minha opinião sobre frutas. Logo, descobrir uma nova fruta foi daquelas pequenas felicidades que completam o dia. Quem quer ser feliz, se não tem cão, caça com gato.
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o ut ubr o 2 0 1 2 | c o m u n it à it a lia n a