Gastronomia Nicola Finamore é o novo chef do Cipriani do Rio de Janeiro
Futebol O jogador Amauri veste Azzurra e dá adeus à seleção canarinho
Livro Claudia Matarazzo dá dicas de beleza para jovens www.comunitaitaliana.com
Ano XVII – Nº 147
ISSN 1676-3220
R$ 11,90
Rio de Janeiro, setembro de 2010
Ser feliz
Italianos fazem pesquisa para entender a cabeça do consumidor brasileiro e divulgam o resultado em seminário no Rio de Janeiro Rimini discute futuro da Itália em meio a homenagens ao samba
Roberth Trindade
32 CAPA
Em busca do que desejam os consumidores, Senai-Cetiqt e Future Concept Lab, de Milão, incrementam parceria e pesquisam o conceito de felicidade na vida dos brasileiros
Felicidade e perda..........................................................................06
Cose Nostre
Um condutor de bigas analfabeto foi o atleta mais bem pago de todos os tempos, na Itália..................................07
Aviação
Alitalia amplia operações no Brasil com a volta do voo direto Rio-Roma, em 2011......................................... 24
Atualidade
Evento em Rimini discute o futuro da Itália e homenageia o samba brasileiro ��������������������������������������������������� 26
18 Política Francesco Cossiga
Morte de ex-presidente italiano força trégua na crise política do país por conta de sua fama de incorrúptivel
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Meio Ambiente
Colonizada por italianos, Porto Real será a sede da primeira fábrica de biodiesel no Rio de Janeiro............................28
Profilo
Italiano ex alunno di Ivo Pitanguy segue i passi del celebre chirurgo tanto in Brasile quanto nel suo Paese....................39
Cultura
Por amor à cultura brasileira, o produtor italiano Gianni Ciuffini promove a bossa nova no seu país ��������������������������� 48
Futebol
O jogador brasileiro Amauri é a grande aposta da nova seleção italiana......................................................51
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Turismo Termalismo
Exposição Os 70’s
Empresários brasileiros observam práticas adotadas na Itália para incrementar segmento no país
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Mostra apresenta um olhar especial sobre a produção artística dos anos de chumbo brasileiro
58 Gastronomia Hotel Cipriani
A mudança de comando de um dos mais festejados restaurantes italianos do Rio de Janeiro
Roberth Trindade
Editorial
FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP)
Felicidade e perda
Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda.
H
Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 13/09/2010 às 15:30h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br SUBEDItora: Sônia Apolinário jornalismo@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Sarah Castro; Sílvia Souza; Janaína Cesar; Lisomar Silva REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Assistente de arte: Wilson Rodrigues arte2@comunitaitaliana.com.br Capa: Photostogo.com Colaboradores: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Janaína Cesar (Treviso); Leandro Demori (Roma) Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno) Robson Bertolino (São Paulo) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.
á tempos existe a máxima de que felicidade não se compra. Mas a cultura yuppie dos anos 1990 parecia ter conseguido jogar essa afirmação por terra. Durante muito tempo, o ato de comprar passou a ser a própria felicidade. Agora, uma pesquisa feita pelo Future Concept Lab, de Milão, avisa que isso não vale mais, pelo menos entre os brasileiros. Nossa reportagem de capa dá detalhes a respeito dessa investigação. Em um seminário realizado no Rio de Janeiro, os pesquisadores italianos deixaram bem claro que as marcas terão que mudar suas estratégias, já que, para muitos brasileiros, a felicidade pode estar nas pequenas coisas do cotidiano. Isso não significa que o brasileiro não quer mais entrar em um shopping. Ao contrário. A mesma reportagem mostra que, como o país sentiu menos o efeito da recente crise econômica mundial, sua população não precisou fazer cortes drásticos no consumo, como os europeus. Como bem explicaram os pesquisadores italianos, para o brasileiro abrir sua bolsa ele vai precisar de motivação. Dentro do espírito do tipo de consumo que pode vir a dar mais felicidade, de acordo com a pesquisa, é possível que o turismo seja uma área bastante beneficiada. Sendo assim, esta edição traz boas notícias. A principal delas é que a Alitalia confirmou, para 2011, a volta do voo diretor Rio-Roma. Essa era uma antiga reivindicação do Estado do Rio de Janeiro. Tanto que o próprio governador Sergio Cabral já se ocupou do assunto. Se felicidade não se compra, seria possível comê-la? Para radicais amantes da gastronomia, talvez a resposta seja sim. Mas não é preciso ser radical para sentir um grande prazer quando se passa algumas horas em um bom restaurante. No Rio de Janeiro, o Hotel Copacabana Palace, onde funciona o mítico Cipriani, é um dos mais prestigiados restaurantes italianos da cidade. Pois o local está de chef novo. Comunitá reuniu os italianos Francesco Carli e Nicola Pietro Petraglia Finamore para uma conversa sobre a passagem do comando Editor da cozinha do estrelado Cipriani. Carli foi quem estruturou o restaurante, há 17 anos. Ele mesmo se encarregou de convidar Finamore para ser seu substituto, já que assumiu a função de chef executivo de todo o Copacabana Palace. Ainda nesta edição, mais alguns exemplos de felicidade surgem da área esportiva. Na Itália, entrevistamos o jogador de futebol brasileiro Amauri que, agora, defende a camisa Azzurra. No Brasil, a conversa foi com o técnico da seleção brasileira de vôlei masculino Bernardinho que se sagrou eneacampeã da Liga Mundial. Há, porém, nesta edição duas passagens que contrastam com a felicidade. Registramos as mortes do ex-Presidente italiano Francesco Cossiga e do primeiro Conselheiro da Embaixada da Itália no Brasil, Mario Trampetti. O primeiro é uma unanimidade na Itália a ponto de unificar o discurso de políticos das mais diversas correntes que reconhecem a sua honestidade e dedicação ao país. O segundo foi um estudioso da cultura brasileira e contribuiu muito para unificar ainda mais os laços entre Brasil e Itália. Trampetti era conhecido pela sua vitalidade e pelo seu jeito extrovertido e pragmático de conduzir o trabalho. A notícia de sua morte repentina causou grande comoção entre todos os que o conheciam. No Rio de Janeiro, estivemos juntos para um café no início do mês, em que ele falava com grande entusiasmo do programa de Momento Itália para 2011 e da possibilidade de um desfile italiano para o carnaval de 2012. Cinco dias depois, em 9 de setembro, recebi um telefonema de Nápoles que informava que naquele mesmo dia Mário havia sofrido um infarto fulminante. Aos 51 anos, deixou sua mulher Lenora e o filho João Pedro. Esta é uma grande perda para a diplomacia italiana e para todos nós. Boa leitura
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editorial
Entretenimento com cultura e informação
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COSE NOSTRE Julio Vanni
O mais caro
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ada de Kaká ou Valetino Rossi. O atleta mais bem pago da história foi Gaius Appuleius Diocles, que viveu de 104 a 146 d.C. Analfabeto, ele foi um condutor de bigas e acumulou cerca de 35 milhões de sestércios (antigas moeda romanas) em prêmios, um valor que equivale hoje a 15 bilhões de dólares. Diocles competiu em mais de 4 mil corridas, dos 18 aos 42 anos, segundo pesquisa publicada na revista de história Lapham’s Quarterly. Sua fortuna seria suficiente para alimentar toda a população de Roma por um ano ou financiar por mais de dois meses o exército romano em seu auge.
Energia eólica
A
Enel Green Power obteve 90 megawatts (MW) no leilão público dedicado à energia eólica no Brasil. A empresa italiana vai participar, com três projetos, da construção dos parques eólicos da Bahia. Batizados de Cristal, Primavera e São Judas, os projetos têm capacidade instalada de 30 MW cada e poderão produzir mais de 390 mil MWh por ano, equivalente ao consumo de cerca de 245 mil famílias brasileiras. O trabalho evita a emissão atmosférica de cerca de 270 mil toneladas de CO2.
Gene
Cremação estilizada
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uatorze cientistas italianos iniciaram viagem pela Rota da Seda em busca dos genes que “comandam” os cinco sentidos. A expedição Marco Polo 2010, patrocinada pelo Instituto Burlo Garofolo, a Universidade Sissa Medialab e a Fundação Terra Madre, tem por objetivo recolher amostras biológicas para extrair o DNA e descobrir a genética dos sentidos. O grupo saiu de Trieste rumo à China, para analisar as características genéticas e culturais das populações encontradas.
Denúncia
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ois turistas italianos denunciaram um papagaio por insultos que sistematicamente proferia quando saíam e entravam na casa que tinham alugado em Tarquinia, no centro da Itália, para passar suas férias. Os turistas, um romano e outro napolitano, se apresentaram em uma delegacia de Roma e acusaram a ave de assédio constante devido a insultos como “gordo” (direcionado ao romano) e “terrone” - um adjetivo utilizado pelos habitantes do norte da Itália para denegrir os do sul. Segundo os turistas, a dona do papagaio foi quem instruiu a ave a fazer os insultos.
Rapidinhas
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U
ma publicidade com a atriz norte-americana Julianne Moore para uma grife italiana apimentou a previa do 67º Festival de Cinema de Veneza. O anúncio para a Bulgari foi considerado “obsceno” pelo prefeito da localidade, Giorgio Orsoni, que ordenou a retirada do material que havia sido posto na Piazza San Marco, no centro da cidade. A grife de acessórios de luxo, que pagou 2,8 milhões de euros (cerca de 6,2 milhões de reais) pela publicidade, acatou a decisão do município que pedia a troca da peça por outra com mais recato.
Vegetal
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o Ano Internacional da Biodiversidade, Bergamo inaugurou uma Catedral Vegetal, aos pés do Monte Arera. O projeto é de Giuliano Mauri, artista que morreu em 2009. Com cinco naves e 42 colunas, a catedral foi construída com 1.800 troncos de abeto, 600 de castanheiro e 6 mil metros de troncos de aveleira, unidos entre si por madeiras flexíveis, estacas, pregos e cordas segundo uma antiga arte de entrelaçamento. Ao longo dos anos, o projeto prevê que, em seu interior, crescerão 42 mudas de faia (da mesma família que os álamos) e a natureza conseguirá se impor em toda sua exuberância.
● O publicitário paulista Washington Olivetto recebeu o Título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro. ● O Conselho Estadual Parlamentar das Comunidades de Raízes e Culturas Estrangeiras conferiu prêmio a personalidades de comunidades estrangeiras que residem em São Paulo e se destaca-
ram em 2009. Luigi Bauducco foi o eleito dentre os italianos. ● A Rete Italia - America Latina (Rial) e a Empresa Especial da Câmara de Comércio de Milão para a internacionalização (Promos) realizaram no Palazzo Turati, em Milão, o seminário “Brasil-Itália: Turismo e Infraestrutura”.
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ma empresa de cremação do norte da Itália lançou uma urna fúnebre em formato de bola de futebol para que os torcedores levem consigo “o time do coração” mesmo após a morte. Criada por Luigi Cassiano, a urna cinerária é comercializada por uma associação local. As primeiras peças foram feitas nas cores dos times Parma, Lazio e Sampdoria. Ainda sem um patrocinador, a urna custa 260 euros (equivalente a 584 reais).
Game
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Ferrari lançou um game que irá premiar jogadores com produtos da escuderia e visitas à fábrica, na Itália. O “Ferrari Virtual Academy” é um simulador online desenvolvido pelos engenheiros do time de Felipe Massa e Fernando Alonso. Nele, os jogadores terão a oportunidade de conduzir virtualmente um carro pelos circuitos de Fiorano, Mugello e Nürburgring. Apenas para Fiorano, a brincadeira custa 15 euros (33 reais). A cada semana, o detentor da melhor volta de cada pista receberá um kit com brindes da Ferrari. No fim do ano, os cinco mais rápidos receberão uma viagem para visitar o programa de desenvolvimento de jovens pilotos da equipe.
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opinião frases “Estou feliz aqui. Só dinheiro não traz felicidade”,
“L’Islam dovrebbe diventare la religione dell’Europa”,
Neymar, jogador de futebol, ao anunciar sua permanência no Santos, apesar das propostas milionárias que recebeu de times europeus
Muammar Kadafi, leader libico in visita in Italia
“Spero di formare insieme a Ibrahimovic, l’attacco più forte d’Europa. Farò di tutto per raggiungere questo obiettivo”, Robinho, calciatore contrattato dal Milan
“Mio marito, il presidente Nicolas Sarkozy, difenderà il suo caso con tenacia e la Francia non l’abbandonerà”,
“Sempre me localizam quando precisam de depoimento para livros. Por que não me encontram na hora de um convite para um bom papel?”,
Carla Bruni, moglie del presidente francese in una lettera aperta a Sakineh Mohammadi Ashtiani, iraniana condannata a morte per adulterio
Sonia Braga, atriz, reclamando da falta de trabalho
enquete Turistas europeus elegem italiano como língua mais sexy. Você concorda?
Para revista católica italiana,o único quem manda na Itália é Belusconi. Você concorda?
Fini diz que apoiará governo. Você acha uma atitude coerente? Sim - 66,7%
Sim – 75%
Sim - 62,5%
Não – 25%
Não - 37,5%
Não - 33,3%
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 20 a 24 de agosto.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 27 de agosto.
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 6 a 10 de agosto.
cartas
“G
ostei muito da matéria sobre as cantoras Ana Carolina e Chiara Civello. Já estava mesmo curiosa para saber um pouco mais a respeito de Chiara. Gosto muito da música que elas cantam juntas que costumo ouvir no rádio”. Laura de Santino – Rio de Janeiro, RJ – por e-mail
“H
á muitos anos estive em Capri. Ver uma foto dessa linda ilha na capa da revista de agosto me deixou com muitas saudades dessa viagem maravilhosa que fiz. Parabéns pela matéria”. Glauce Pereira Matoso – Vitória, ES - por e-mail
Errata: Ao contrário do que informamos na reportagem “Traços abstratos”, publicada no mês passado, Ciccillo Matarazzo não fundou o MASP (Museu de Arte de São Paulo) e sim o MAM (Museu de Arte Moderna).
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serviço agenda
divulgar o projeto Portos: Aspectos de Infraestrutura e Logística: Uma oportunidade para as empresas italianas. A iniciativa reúne câmaras de outros lugares da América Latina. Em 2009, a feira levou mais de sete mil visitantes e 60 expositores à cidade portuária de Itajaí. Contato: (48) 3321-0249.
Boat Show 2010 (SP) Ciceroneadas pela Promos, empresas italianas da indústria naval participam do São Paulo Boat Show. Além de visitar o salão de exposição, de 14 a 19 de outubro, o grupo fará encontros de negócios com operadores locais. Os empresários italianos chegam de olho na baixa relação população/embarcações que, no Brasil, é de 1/1.500 e sabedores de que cerca de 70% do mercado está concentrado entre São Paulo e Rio de Janeiro. Local: Transamérica Expo Center (Rua Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro). Mais informações em info@boatshow.com.br Petrópolis Gourmet (RJ) Criado com o intuito de oferecer o que a cidade tem de melhor e incrementar a atividade turística na região, o Petrópolis Gourmet comemora 10 anos. Além de
reunir chefs da gastronomia local, nacional e internacional, a cidade serrana fluminense será palco de diversas manifestações artísticas, como artes plásticas e cênicas, música, mostra de cinema e artesanato dos dias 28 de outubro a 27 de novembro. A tenda armada ao lado do Hortomercado Municipal recebe as principais atrações. Para comemorar o aniversário, o tema do evento versa sobre os pratos executados nas edições anteriores o que sugere aos participantes fazerem uma releitura desses cardápios ou elaborarem uma nova receita, utilizando obrigatoriamente alimentos orgânicos, por serem produtos cada vez mais presentes na mesa do brasileiro. Exposição (SP) O Palácio dos Bandeirantes revisita o Salão Paulista de Belas Artes, evento realizado entre 1934 e 2003 em que anualmente eram
na estante
expostas grandes obras de arte financiadas pelo governo do Estado. A retrospectiva Um Percurso, Uma História, traz Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Victor Brecheret, Oscar Campiglia, entre outros. Dentre as 66 obras expostas estão a tela “Operários”, de Tarsila, e a escultura “Daisy”, de Brecheret. Além de mostrar a importância do Salão para a história da arte paulista, o evento também tem o objetivo de provocar uma reflexão sobre as formas de incentivo às artes praticada pelo governo entre as décadas de 1930 e 2000, com alguns períodos de interrupção e discussão dessa forma de investimento público. Local: Av. Morumbi, 4.500, portão 2, Morumbi – São Paulo. Até 15 de novembro.
click do leitor A águia da nona. Na luta pela sobrevivência no Império Romano, um ex-soldado do exército de Roma descobre que a Águia da Nona, um símbolo de seu sacrifício pelo Imperador, está perdido com guerreiros inimigos. Com ajuda de seu fiel escravo, o soldado partirá em uma busca para recuperar seu orgulho e o símbolo das gloriosas vitórias do seu exército. Romance épico de amizade e de desafio, ambientado no ápice do Império Romano, a história já ganhou as telas de cinema sob a direção de Kevin Macdonald. A obra de Rosemary Sutcliff retrata de forma brilhante os modos de vida e os costumes das províncias bretãs e sua relação com os conquistadores romanos. Galera Record, 336 páginas, 36,90 reais.
Moda - Uma filosofia. A escolha das roupas transmite uma mensagem sobre quem somos? De Coco Chanel a Rei Kawakubo, de Dior ao estilo das ruas, o fio condutor desse livro é o princípio fundamental da moda – a busca pelo novo. A moda permeia diversos níveis da nossa existência, mas foi pouco estudada pelos filósofos. Concentrando-se no vestuário, faz um apanhado histórico e analisa a relação da moda com o corpo, a linguagem, a arte e o consumo. Assim, Lars Svendsen resume o que a filosofia e a sociologia têm a dizer sobre o assunto. Com uma prosa ágil e irônica, o autor reúne referências que vão da música pop e da arte contemporânea a pensadores como Kant, Adorno, Barthes, Benjamin e Giddens. Zahar, 224 páginas, 29 reais.
Arquivo pessoal
Itajaí Trade Summit (SC) O segundo maior evento do setor de Logística, Transporte e Comércio Internacional, no Brasil, acontece entre os dias 15 e 17 de setembro, em Itajaí (SC). Para este ano, a expectativa é atrair cerca de 10 mil visitantes. A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do estado aproveita esta edição para
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o ano passado, meu marido e eu viajamos em segunda lua de mel pela Europa. Na Itália, passamos somente por Roma e Veneza, mas valeu a pena. Não poderia deixar de tirar essa foto em um dos pontos turísticos mais famosos de Roma, a Bocca della Verità. Gostamos tanto que pretendemos voltar”. Juliana Monteiro Niterói - RJ Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br
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Opinione Fabio Porta fabioporta@fabioporta.com
2010: Elezioni in Brasile… o in Italia? Dopo la pausa estiva un quadro politico mutato compromette la stabilità del governo Berlusconi e dipinge nuovi scenari imprevedibili fino a poche settimane fa
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a riapertura del Parlamento italiano, dopo la tradizionale pausa estiva, si preannuncia particolarmente ‘calda’ a causa delle turbolenze interne alla maggioranza che sostiene il governo presieduto da Silvio Berlusconi. Un governo che dal 2008, grazie alla vittoria elettorale e ad un’ampia maggioranza parlamentare assicuratagli da una nuova legge elettorale (fortemente voluta proprio da Berlusconi, sia detto per inciso), poteva contare alla Camera e al Senato su un sostegno di dimensioni inedite per la storia repubblicana italiana. Cosa è successo allora per rendere improvvisamente instabile una maggioranza fortissima, almeno numericamente? E’ successo che pochi giorni prima della pausa estiva il Presidente in Consiglio in persona ha di fatto collocato fuori dal “Popolo della Libertà”, il partito di centrodestra che insieme alla “Lega Nord” governa il Paese, il Presidente della Camera Gianfranco Fini, che del partito è co-fondatore insieme a Silvio Berlusconi. Motivo della grave decisione, secondo il capo del governo italiano, le continue prese di posizione del Presidente della Camera spesso non in sintonia con la linea dell’esecutivo, soprattutto in materia di giustizia, immigrazione e democrazia interna al partito. La reazione da parte di Fini è stata immediata: un gruppo di trentaquattro deputati e di dieci senatori, solidali con il Presidente della Camera e d’accordo con le sue posizioni politiche, hanno
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costituito due gruppi parlamentari autonomi alla Camera e al Senato, confermando l’adesione alla maggioranza di governo, ma riservandosi di votare in maniera anche difforme dal governo nelle materie non esplicitamente menzionate dal programma di governo del PDL. Nel corso dell’estate italiana si sono così susseguite dichiarazioni, spesso difformi e antitetiche, da parte di importanti esponenti dei partiti che sostengono il governo. I più agguerriti sono apparsi i “leghisti”, ossia gli appartenenti alla “Lega Nord”, secondo i quali non ci sarebbero più le condizioni politiche che caratterizzavano la coalizione all’indomani delle elezioni e che per questo sarebbe meglio andare a votare, anche subito. Come sempre accade in questi casi nei due gruppi si sono distinti volta per volta i ‘falchi’ e le ‘colombe’: i primi esasperando le polemiche e chiedendo una immediata resa dei conti (compreso il ricorso immediato alle urne), le seconde diminuendo i toni della discus-
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sione nel tentativo di ricucire i sottili fili del dialogo e della riappacificazione. Qualsiasi sia l’esito di questa paradossale situazione bisogna ricordare che essendo l’Italia una democrazia parlamentare sarà il Presidente della Repubblica a decidere, in caso di crisi di governo, se si renderà necessaria la convocazione di elezioni anticipate o se nel Parlamento esistono ancora le condizioni per la formazione di un nuovo governo. A mio parere, e senza entrare nel merito di una polemica che – lo ripeto – è nata all’interno della maggioranza di centrodestra, la ‘crisi’ di fatto già esiste e ci porta a fare alcune considerazioni: a) Il PDL ha confermato di non essere un partito ma un enorme “comitato elettorale” organizzato intorno alla figura carismatica e alla leadership indiscussa e indiscutibile di Silvio Berlusconi; b) La legge elettorale voluta dal centrodestra con l’intenzione di dare maggiore stabilità al governo non si è rivelata efficace, proprio perché costringe coalizioni eterogenee ad allearsi solo per scopi elettorali e non in base ad un programma politico condiviso; c) Nel centrodestra è già iniziata una accesissima lotta per raccogliere l’eredità politica di Berlusconi, della quale ancora non si intravede l’esito finale, ma rispetto alla quale si evidenziano già i contraccolpi negativi sulla stabilità dell’attuale governo. Fuori dallo scenario appena descritto, i partiti di opposizione stanno preparando un autunno di grande iniziativa politica
per incalzare l’esecutivo sui problemi reali di un Paese alle prese con una gravissima crisi economica e con problemi drammatici che dovrebbero essere affrontati in maniera seria e decisa da un governo forte, credibile e soprattutto stabile. Intorno all’UDC dell’ex Presidente della Camera Casini si potrebbe costituire un nuovo partito di centro che godrebbe della simpatia di imprenditori del calibro dell’ex Presidente della Confindustria Luca Cordero di Montezemolo e al quale la stessa nuova formazione politica del Presidente Fini potrebbe guardare con interesse. Il Partito Democratico, principale forza di opposizione, dopo il suo primo Congresso e sotto la guida del nuovo Segretario Pierluigi Bersani ha lanciato una sfida a tutte le forze che si oppongono al governo Berlusconi per la costruzione di un’alternativa democratica credibile e in grado di fare uscire l’Italia da una crisi che – come ha scritto “Famiglia Cristiana”, il principale giornale del mondo cattolico italiano – non è soltanto economica ma anche di valori e princìpi morali. Sono convinto che anche il resto del mondo guarda all’Italia con speranza e fiducia; in quel mondo vivono milioni di italiani, tanti quanto quelli che vivono dentro i confini del Paese, che senza dubbio fanno il tifo perché la terra che ha dato i natali a Colombo, Dante, Michelangelo e Galilei ritorni ad essere un faro di civiltà al quale guardare ancora con ammirazione e orgoglio.
Opinione Ezio Maranesi eziomaranesi@terra.com.br
Gerontocrazia Tirannia da pannolone: in Italia più forte che altrove
“C
hi vuole esser lieto, sia, del doman non v’è certezza” dice il ritornello della poesia di Lorenzo il Magnifico. E’ purtroppo maledettamente vero, ma si può cercare di ammorbidire il tragico impatto di questa legge universale. La vita si è allungata: oggi si muore mediamente a 80 anni. Chi sopravvive all’età della pensione, diciamo ai 65 anni, invece di lasciare spazio ai giovani si difende come può. Cerca cioè di mantenere il potere, la seggiola, lo stipendio, le prebende, ecc., e darsi quindi un poco della certezza che il Magnifico non gli vuol dare, anche se la prontezza, i riflessi, la lucidità di raziocinio, la decisione non sono gli stessi di quando viveva i suoi 40/50 anni. Con gli anni aumenta l’esperienza, cioè l’insegnamento impartito dalle fesserie fatte, e quindi la prudenza, la ponderazione, l’esitazione, la lentezza di pensiero e di azione. E anche la presunzione, perché nessuno ammetterà di stare perdendo la vivacità del suo cervello, quando per altre parti del corpo la realtà, evidente quanto spietata, può essere in parte nascosta. Quindi ci si
difende, e in Italia sembra che chi entra nella terza (o quarta) età sia capace di difendersi più che altrove. Si parla apertamente di gerontocrazia, cioè del governo dei vecchietti, come uno dei motivi per cui l’Italia non corre quanto i concorrenti. Ovvio che non sia sempre cosí: chi appartiene a categorie indifese tira la cinghia ma, come dicevo, molte sono le categorie capaci di costruire barriere efficacissime al più o meno meritato riposo dei suoi membri pensionabili. E’ recentissima la legge sulla riforma dell’Università, che stabilisce che i professori vadano in pensione a 70 anni. Fino ad ora il cattedratico restava inchiodato alla sedia fino a quando Parkinson glielo permetteva e, naturalmente, facilitava l’accesso alle cattedre alla sua corte fatta di figli, parenti, amici degli amici, ecc. anche quando emeriti coglioni. Con la nuova legge, l’uscita di scena anticipata e l’introduzione di principi di meritocrazia nella valutazione delle carriere dovrebbe attenuare queste abitudini nefaste. Lo stesso principio vale per i medici primari degli ospedali, i “baroni”: vere e proprie dinastie familiari fan-
no carriera negli ospedali e non importa quanto siano asini. Cosí il giovane brillante senza baroni se ne va all’estero. Il sistema si difende: la TV di stato conferma i contratti delle sue vetuste colonne, come Baudo, al quale va riconosciuta la professionalità o Costanzo che, quando presenta, bofonchia, dorme e fa dormire. Alla guida di molte grandi organizzazioni ci sono vecchietti: Geronzi, grande capo delle Generali, cioè del più importante gruppo finanziario italiano, ha 75 anni. Il presidente Napolitano ha 85 anni, certamente ben portati ma, a quell’età, i verbi innovare e osare non si declinano più. Berlusconi ne ha 74, è ben vivo, ma gli anni l’hanno fatto diventare prudente, altrimenti avrebbe preso Fini a calci da molto tempo. I politici italiani non sono molto più vecchi dei colleghi di altri paesi; il loro problema non è l’età media, ma la logorrea. Producono chiacchiere inutili e dannose, a fiumi. Tuttavia è curioso vedere come il passato governo Prodi dipendeva, e forse anche il governo Berlusconi nel prossimo autunno dipenderà, dai voti dei senatori a vita, età media 90 anni. La nostra Magna Char-
ta non è vecchia, ha 62 anni, ma accusa il logorio del tempo. Esprime la volontà di quegli anni di dare all’Italia le garanzie che la dittatura fascista aveva abolito; oggi la democrazia è ben salda e alcune parti della Costituzione dovrebbero essere aggiornate per dare ai governi, non importa di quale colore, la possibilità di governare con efficenza. Ma gli italiani sono conservatori sempre e comunque, quindi la Costituzione non si tocca, e chi la vuole toccare cerca il golpe. Noi, italiani nel mondo, siamo i campioni del conservatorismo. Ed è comprensibile: noi emigrati amiamo l’Italia che abbiamo lasciato e vorremmo che non fosse cambiata. Ci “stringiamo a coorte” e tessiamo legami con la terra patria: centinaia di enti e associazioni. Ne scorrevo le varie liste tra le pieghe del web: associazioni e enti regionali, culturali, commerciali, d’arma, ecc. Ho notato che tra i loro rappresentanti, presidenti e consiglieri pochi sono quelli di mezza età: la gerontocrazia è imperante. L’attenuante purtroppo vera: i giovani hanno altri interessi e il canto della sirena italica giunge affievolito. Per dirla in forma rude ma efficace: se ne fregano. Ma i capi, quelli che sono al vertice, fanno ben poco per favorire il ricambio generazionale. L’importante è conservare la sedia, spesso solo uno sgabello, il viaggetto gratis ed essere chiamati presidenti.
Opinione Paride Vallarelli
Il tradimento N
ella politica italiana la parola tradimento ricorre spesso soprattutto di questi tempi. Le vicende politiche che nelle ultime settimane caratterizzano la dura contrapposizione tra i due presidenti, uno del Consiglio e l’altro della Camera, hanno come filo comune il tradimento del secondo nei confronti del primo. Insomma, vi è stato un atto di sfida incomprensibile ed inaccettabile secondo una parte non indifferente dell’opinione pubblica italiana: la lesa maestà! Vabbè, evitiamo di entrare nell’agone politico e lasciamo volentieri ad altri valutare l’opportunità politica di tale gesto, che potremmo definire eroico e patetico al tempo stesso poiché l’uno è Davide e l’altro è Golia, almeno a considerare i numeri e, di conseguenza, i rapporti di forza. Piace, piuttosto, capire che cosa realmente significa in politica, in quella italiana, perlomeno il tradimento, malgrado non sia facile spiegarlo perché è prima necessario capirlo. Il tradimento è il venire meno ad un atto di fedeltà piuttosto che di lealtà. Difatti, giurare fedeltà alla Costituzione è un conto, mentre l’asservire il proprio capo politico è un altro. Nella politica italiana, in genere, maggioranze e schieramenti sono fluidi e possono mutare con celerità, quindi è sempre cosa saggia prepararsi al peggio, ossia ad una nuova chiamata alle urne. Ciò è stato spesso frutto di un fenomeno mai del tutto morto che, dal dopoguerra in poi, ha condizionato la vita politica del nostro paese. Il “trasformismo”, cioè il cambio di casacca da un giorno all’altro, è stato tipico di parecchie stagioni politiche senza avere realmente fine neppure ai giorni nostri.
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Tuttavia, se al trasformismo soprattutto di marca democristiana vogliamo sostituire un atto sostanziale, e per certi versi formale, di fedeltà al capo in quanto vige il principio della sudditanza dei più deboli nei confronti dei più forti, credo si sovrapponga contraddizione a contraddizione. Nel puro spirito italico, d’altra parte, assisteremmo ad una dinamica tipica del Belpaese, ossia quella di passare da un estremo all’altro… Non esisterebbe più il leader di partito autorevole e rispettato (anche se nei giochi di potere è assolutamente legittimo pensare di farlo fuori politicamente), bensì saremmo al cospetto di un capo cui solo obbedire. Ciò rappresenterebbe una svolta (!!!) nella nostra politica perché tutto ciò non si era mai visto. In definitiva, lealtà e fedeltà politiche non sono concetti identici e il sottoscritto rimane sempre scettico verso chi sostiene
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che l’impegno preso con gli elettori debba essere portato a termine in ogni caso. Anch’io penso che i governi debbano avere lunga vita, ma i tanti che ripetono che “il governo deve durare per il bene dell’Italia” mi fanno ridere. Già, mi fanno ridere perché la stabilità di governo si assicura non solo andando a votare ogni 5 anni, ossia al naturale decadere della legislatura, bensì con una coalizione stabile e… solida! In questo non c’è mai stato governo, a mia memoria, che abbia effettivamente garantito tale condizione, nemmeno Berlusconi, checché se ne dica. Sono convinto, perciò, che non è con gli atti di fedeltà che si tengono in vita i morti, ma piuttosto con lo spirito di lealtà e rispetto (anche per l’avversario… interno), che dovrebbe contraddistinguere un leader politico che mira ad entrare nella storia come grande statista. (Beh, proprio Giuliano Ferrara che è uno
dei pochi tra i berluscones a mantenere autonomia di pensiero ha rimarcato più volte che quello dello statista è un miraggio cui nemmeno Silvio crede più). Risulta difficile, perciò, anche per chi sta scrivendo questo pezzo, credere che con la fine dell’estate italiana e la ripresa dell’attività politica non ci troveremo nuovamente nel bel mezzo di un marasma globale, che comunque mi farà pensare che la situazione “è grave ma non seria”… Uhm, o forse no, perché per una volta potrei dire che la situazione italiana è grave e anche seria dovuto alla crisi economica che continua ad attanagliare l’Europa intera ed altre importanti economie del mondo. Già, finora siamo riusciti a fare meno peggio di alcuni nostri vicini europei, ma l’ottimismo di facciata che contraddistingue chi va raccontando storie da tempo non serve a far sorridere un paese che, comunque vada, continua a fare la sua parte. Abbandonandomi anch’io ad un luogo comune, voglio sostenere con forza che comunque l’Italia è meglio di chi la governa e questo, forse, lo scopro proprio vivendo in Brasile. In conclusione, sono diverse settimane che si urla al tradimento e forse non si coglie che qualcosa, malgrado tutto, sta cambiando anche in un paese che si sta chiudendo sempre più ed è profondamente disilluso. Lo spauracchio del traditore da agitare davanti al popolo come un feticcio, ricorda la caduta degli dèi e denota soprattutto un profondo scollamento tra la mesta realtà del quotidiano ed il chiassoso “casino” politico a cui sempre più flebili giungono le grida di chi chiede il pane e gli si risponde che possono mangiare cioccolatini se quello manca.
notizie Su internet
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a Fiat ha annunciato il mese scorso che presenterà il prototipo Fiat Concept Car III (FCC III) al Salão do Automóvel de São Paulo il prossimo ottobre. L’automobile è risultato delle idee inviate sul sito esclusivo Fiat Mio dai navigatori di internet di tutto il mondo. Le prime immagini in 3D del modello sono state fatte dalla équipe di design virtuale del Centro Estilo Fiat per l’America Latina. “Il lavoro virtuale ci aiuta a guadagnare tempo nella confezione del prototipo. I nostri designer grazie a questa tecnologia hanno acquistato molta agilità nel dare vita alle idee dei navigatori”, afferma Peter Fassbender, gestore del Centro Estilo Fiat per l’America Latina. Prima di entrare nel salone i navigatori possono seguire le fasi di fabbricazione dell’auto concettuale seguendo il making off del sito. Sono già sette gli episodi in video che mostrano tutte le tappe di produzione del prototipo della Fiat.
Alberghi
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Associação Brasileira da Indústria de Hotéis ha indetto insieme al Sebrae un programma per qualificare locande e alberghi di medio livello (con capacità massima di 50 appartamenti), programma che prevede una spesa di 3,3 milioni di reais. L’obiettivo è di migliorare i servizi prima della Copa-2014. Il programma tende a stimolare la competitività del settore, migliorando la gestione e la manodopera. Secondo il presidente della ABIH Álvaro Bezerra de Mello il 70% del settore alberghiero del paese è di livello medio. Il programma funzionerà nelle 12 città sede dei Mondiali e in altre 20 città turistiche che si trovano nei comuni vicini ai luoghi delle partite, per un totale di 1.280 imprese.
Riso
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o stato di Mato Grosso è in condizione di aumentare la sua produzione di riso fino al 60% entro il 2020, passando dalle attuali 800 mila tonnelate a 1,3 milioni di tonnellate. La stima della realizzabile possibilità è stata fatta dalla Federação da Agricultura e Pecuária de MT (Famato), e si basa su fattori come la migliore qualità dei grani e l’uso della coltivazione in sistema di rotazione. Intanto, secondo l’ente, la crescita dipende dalla creazione di un fondo privato per finanziare l’investimento di nuove tecnologie di produzione, e dare appoggio alla commercializzazione. Il Fundarroz, come è stato chiamato, è stato discusso a Cuiabá durante un evento che ha riunito ricercatori, produttori e analisti della Embrapa.
Aeree
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a commissione tematica speciale della Câmara dos Deputados a Brasília ha approvato un emendamento del deputato Rocha Loures (PMDB-PR) che porta dall’attuale 20% al 49% il limite per la partecipazione del capitale straniero nelle compagnie aeree brasiliane. Questa misura stabilisce che il controllo azionario delle imprese rimarrà nelle mani del capitale nazionale, ma con una maggior partecipazione straniera; ci si aspetta che gli investimenti vengano triplicati. Il testo cambia anche circa 50 articoli del Código Brasileiro de Aeronáutica. La proposta poi deve essere votata alla Câmara.
Carne
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a Cremonini, la maggior azienda di lavorazione della carne in Italia, dice che sta prendendo in considerazione la possibilità di comprare parte della JBS alla Inalca JBS (joint-venture tra le due compagnie). L’annuncio è stato fatto il mese scorso, dopo che l’azienda brasiliana si era dichiarata “disponibile” a ricevere offerte formali per la sua partecipazione alla Inalca, acquisita nel 2008. Inoltre apre la possibilità di comprare il 50% dell’azienda italiana o di divisione di attivi. Le due aziende sono in lotta dovuto al controllo corporativo della Inalca, ha dichiarato la Cremonini. Sempre il mese scorso la JBS ha presentato un provvedimento cautelare in Italia contro la Cremonini, proprio per problemi di controllo corporativo: il gruppo brasiliano afferma che certe clausole di contratto non vengono osservate.
Gas naturale
L’
imprenditore Eike Batista ha fatto sapere in agosto che la OGX, impresa del suo gruppo EBX, ha incontrato “mezza Bolivia” in gas naturale nel bacino del Parnaíba nel Maranhão. Secondo lui il potenziale delle riserve può arrivare a 15 milioni di miliardi di piedi cubici, il che porterebbe a produrre 15 milioni di metri cubi al giorno per 40 anni. Il volume equivale al 25% della produzione quotidiana brasiliana. “E’ la metà di quanto la Bolivia consegna al Brasile attraverso il Gasbol” ha detto, riferendosi al gasdotto che trasporta quotidianamente 30 milioni di metri cubi di gas. Batista ha fatto notare tuttavia che queste valutazioni “sono personali” e non dei tecnici dell’impresa. L’annuncio fatto dall’uomo più ricco del Brasile ha generato dei dubbi e perfino una certa diffidenza nel mercado sul potenziale reale delle riserve, dato che è stata fatta soltanto una perforazione nel pozzo OGX-16, il primo dell’area ad essere testato.
Porto meraviglia
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a zona portuale di Rio de Janeiro avrà un centro tecnologico. Il Parque Tecnológico Barão de Mauá sarà installato nel vecchio palazzo della Companhia de Gás di stato. Il preventivo per la ristrutturazione è di 6 milioni di reais. L’Instituto Gênesis, incubatore d’imprese della Pontifícia Universidade Católica (PUC-RIO), occuperà una parte dell’edificio.
Aeree 1
I
n agosto la compagnia aerea cilena LAN e la brasiliana TAM hanno reso pubbliche le trattative per creare la Latam, impresa formata dalla fusione delle due compagnie. La nuova compagnia aerea sarà quella col piú alto valore di mercato nelle due Americhe, secondo gli studi fatti dall’agenzia di consulenza Economática, studio che non comprende il mercato canadese. L’impresa varrà 12,26 miliardi di dollari, confrontandosi con giganti americani dell’aviazione civile come la Delta, la Continental e la American Airlines. Secondo il presidente della TAM Líbano Barroso il valore di mercato della “neonata” Latam è già il terzo maggiore del mondo, dietro soltanto alle statali Air China e Singapore Airlines. Quando vengono prese in considerazione le imprese delle due Americhe separatamente, la LAN già starebbe al primo posto con 9,2 miliardi di dollari, seguita a poca distanza dalla Delta (9,1 miliardi di dollari) e dalla Southwest (8,5 miliardi di dollari). La TAM starebbe in 7ª posição, con poco più di 3 miliardi di dollari, valore di mercato, dietro alla rivale brasiliana Gol che starebbe al 4º posto con quasi 4 miliardi di dollari. La Latam sarà leader nel trasporto aereo di passeggeri sul mercato sudamericano con il 17,6% di partecipazione.
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Hora de participar U
Robson Bertolino
Correspondente • São Paulo
ma das propostas do candidato ao governo do Estado de São Paulo, Paulo Skaf (PSB) é oferecer ensino em tempo integral aos alunos do nível fundamental na rede pública estadual e levar os cursos profissionalizantes para estudantes do ensino médio. Promessa de político? Pode até ser. Mas antes dele se filar ao Partido Socialista Brasileiro, no ano passado, para disputar pela primeira vez um cargo público, ele já colocou essas mesmas ideias em prática. No caso, a rede de ensino fazia parte do sistema SESI e SENAI – SP da qual se ocupava por ser sido, por mais de seis anos, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Sob sua gestão, o SESI-SP passou a oferecer o ensino médio, promoveu sua articulação com os cursos técnicos do SENAI-SP e implantou o período integral no nível fundamental. Das 178 escolas da rede SESI no Estado, 62 já cuidam das crianças o dia inteiro. No ano passado, o SESI-SP teve 120 mil matrículas, enquanto o SENAI-SP chegou a quase 1,1 milhão. Em maio passado, Skaf se licenciou do cargo que o levou também à presidência do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), cujo orçamento anual supera 1,2 bilhão de reais. Pesquisa do Datafolha feita em agosto, após o início da propaganda política na TV, indicou 3% de intenção de voto para Skaf. Aos 55 anos, pai de cinco rapazes, esse filho de imigrante libanês com uma carioca explica, em entrevista exclusiva à Comunitá porque resolveu disputar um cargo no poder Executivo: — Não podemos continuar só reclamando dos políticos. É hora de participar e promover mudanças de interesse da sociedade. Isso é o exercício pleno da cidadania.
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Fotos: Divulgação
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omunitàItaliana - Quais são as prioridades de seu plano de governo? Paulo Skaf - As prioridades do meu governo são educação, saúde e segurança. Nas três áreas, o parâmetro é a qualidade e o respeito às pessoas. Na educação, quero oferecer ensino em tempo integral a todos os alunos do nível fundamental na rede pública estadual e a possibilidade de que os estudantes do ensino médio façam ao mesmo tempo um curso profissionalizante. Foi o que fiz nas redes do SESI-SP e do SENAI-SP. Se eleito, vou acabar com a progressão continuada, porque escola não é depósito de crianças e adolescentes. Do jeito que está os alunos não aprendem. CI – De que forma o senhor acha que pode melhorar a área de saúde? PS - Minhas propostas priorizam a integração entre os serviços municipais e estadual, com a criação do “Sistema de Atendimento Básico de Saúde”, uma metodologia unificada desenvolvida por especialistas contratados pelo governo do Estado. O médico é um profissional escasso que deve ser utilizado com a máxima eficiência. Assim, atividades de preparação do paciente e preenchimento de formulários deverão ser feitas por enfermeiros e auxiliares, de maneira que os médicos possam atender vários pacientes por hora, com a devida atenção. CI – Quais seus projetos para a segurança? PS - Vou transferir a Secretaria de Segurança Pública para o Palácio dos Bandeirantes. O governo estadual é que vai controlar a polícia, não serão nem a Polícia Civil nem a Polícia Militar. Para os maiores municípios do Estado, vou implantar um plano de cidades seguras, como foi feito em Nova York, em Bogotá e na Cidade do México. Isso será feito com o aumento do planejamento e a utilização de tecnologia. Também vou colocar mais policiais nas ruas, porque, hoje, muitos estão em atividades administrativas, além de valorizar a carreira policial, adotando os parâmetros salariais da PEC 300, independentemente da aprovação no Congresso, e unificando o piso salarial para R$ 3.500 nas duas forças. CI - Porque apoiar Dilma para sucessão?
PS - O governo Lula tem conquistas que ficarão marcadas, como as da melhor distribuição de renda e a migração de classes sociais com a inclusão no mercado de consumo. É preciso também ressaltar que meu partido, o PSB, apoia e faz parte do governo federal, por isso defende a sucessão da candidata petista. Fui um dos primeiros empresários do país a apoiar abertamente Lula na campanha que o levou à Presidência pela primeira vez, em 2002, e acredito em seus ideais e no governo que irá sucedê-lo. CI - Como ex-presidente da FIESP e um grande conhecedor do cenário de negócios brasileiro, como atrair mais empresas para o Estado, gerar mais receita e manter São Paulo entre os estados mais desenvolvidos do país? PS - Como presidente da FIESP, já recebi muitas missões estrangeiras que vieram conhecer a pujança industrial de São Paulo e iniciativas sociais das entidades da indústria paulista. Seguindo a linha do desenvolvimento descentralizado, pretendo estimular em todo o estado a inovação e desenvolvimento tecnológico, dentro de um modelo de gestão mais próximo ao que conhecemos no setor privado. Destaco a realiza-
ção de uma ampla reforma institucional do sistema estadual de política industrial e tecnológica que permita a maior interação entre os institutos, a universidade e a empresa; e também uma consolidação do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (embora haja oito parques autorizados, apenas três estão operacionais), devendo também atrair empresas do exterior. Quero ainda dar apoio à inovação tecnológica através de programas específicos - FAPESP e FUNCET (Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico); além de criar de um Programa Estadual de Apoio à Inovação nas Empresas, mobilizando empresas, lideranças empresarias, associações do setor privado e as instituições do sistema de C&T para atendimento de demandas do setor privado e para difundir a cultura de inovação nas empresas, com ações de benchmarking, prêmios, feiras etc. CI - Qual a mensagem que o senhor gostaria de passar a comunidade de ítalo-brasileiros no Estado de São Paulo? PS - O compromisso com o cidadão paulista e com os que moram em São Paulo é o princípio de fundamento do meu Governo. E não estou falando apenas dos brasileiros aqui nascidos, mas também dos imigrantes, tão importantes para a história e formação desse estado, à luz de nossa própria trajetória familiar. Eu mesmo sou filho de imigrante. Todas as ações e atividades do Plano de Governo deverão incorporá-lo. A natureza e a essência das propostas setoriais são aderentes a este princípio que também está refleti-
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do nas Diretrizes do Governo. A Ação Regional e as parcerias com os municípios e com o Governo Federal aderem também a este princípio. A forma de dialogar com todos os cidadãos que nascem, vivem ou moram em São Paulo é a adoção de todo o território paulista como elemento. CI – Porque o senhor quis entrar para o cenário político e no que a sua experiência de empresário pode ajudar no exercício do poder executivo? PS - O exercício da política é um meio de ampliar a contribuição à solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do país. Fiquei honrado com o convite que o PSB me fez para concorrer ao governo do meu Estado. Não podemos continuar só reclamando dos políticos. É hora de participar e promover mudanças de interesse da sociedade. Isso é o exercício pleno da cidadania. Tem uma frase que ouvi há tempos e que me marcou: “o destino de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”. Então é preciso participar. CI – Qual sua expectativa? PS - Os problemas de São Paulo são conhecidos já, de longa data. Tenho ideias novas para cada um deles. Sou novo na política, mas nem por isso inexperiente. É só ver o que conseguimos fazer na FIESP, no SESI e no SENAI. Quero lembrar que criei na FIESP o conselho superior do meio ambiente com a participação de ambientalistas, que foi uma grande quebra de paradigmas na entidade. Tenho consciência das dificuldades e do tamanho do desafio em administrar São Paulo. Por isso mesmo, sei que há muito por se fazer.
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política
Para não enxugar gelo
Sônia Apolinário
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epois de dois mandatos como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Alessandro Molon (PT) quer tomar o rumo de Brasília. Nas eleições que serão realizadas em outubro, ele deixará o conforto de quem praticamente dobrou seu número de eleitores no estado, desde sua estreia na política, para disputar uma cadeira de deputado federal. Aos 39 anos, esse ex-professor e radialista diz estar interessado em ir para o Congresso Nacional porque acredita que existem “questões urgentes” a serem discutidas por lá. A principal delas, na sua avaliação, é a reforma política. Descendente de italianos, Molon tem dupla cidadania. Pai de dois filhos, ele se destacou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro por exercer grande fiscalização do executivo e também da própria Alerj. — A eficácia do combate à corrupção eleitoral e parlamentar depende de uma nova normatização da vida político-partidária em nosso país. Caso contrário, qualquer iniciativa contra a corrupção na política – mesmo que louvável – será enxugar gelo — afirma o deputado em entrevista à Comunitá.
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omunitàItaliana - Depois de dois mandatos como deputado estadual, por que o senhor tenta, agora, se eleger deputado federal? Alessandro Molon - Decidi me candidatar a deputado federal por estar certo de que temos que enfrentar algumas questões urgentes para construirmos um sistema político-partidário que nos permita viver plenamente a democracia. A mais urgente delas é a Reforma Política que trará ao debate no Congresso Nacional e na sociedade temas como financiamento de campanha,
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Fotos: Roberth Trindade
proporcionalidade da representação por Estados na Câmara Federal e sistema eleitoral. Depois de oito anos como deputado estadual, estou certo de que a eficácia do combate à corrupção eleitoral e parlamentar depende de uma nova normatização da vida político-partidária em nosso país, que só pode ser feita no Congresso Nacional. Caso contrário, qualquer iniciativa contra a corrupção na política – mesmo que louvável – será enxugar gelo. CI - Que interesses do Rio de Janeiro espera poder defender em Brasília? AM - Rio está carente de quem defenda seus interesses no Congresso Nacional. Temos que ter uma bancada mais comprometida com as questões de nosso estado, como, por exemplo, os royalties do petróleo. Outra questão que me motiva a disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados é fiscalizar os gastos a serem realizados com dinheiro federal nas obras para as Olimpíadas de 2016 e a Copa de 2014. Esta é uma atribuição dos deputados federais e deve ser uma obrigação deles com a população, que tanta esperança deposita nestes eventos para a recuperação do Rio. CI - Que balanço o senhor faz de seus dois mandatos? AM - Deixo a Alerj com a certeza de que minha atuação sempre esteve comprometida com a ética na política, a transparência do exercício parlamentar e com os setores progressistas de nosso estado. Além disso, levo algumas vitórias que me orgulham, como ter contribuído para proteger, como presidente da Comissão de Cultura da Alerj, o Theatro Municipal da tentativa do Governo Estadual de entregá-lo a uma entidade privada. A retirada do Municipal da lei das Organizações Sociais foi a garantia que a sociedade e os artistas da casa precisavam, no ano de seu centenário, de que o Rio continuaria a ter um grande palco. CI - O atual período eleitoral está sendo marcado pelas discussões em torno do Ficha Limpa. Ter a ficha limpa não é uma obrigação de todo político? AM - Claro que é. O desejo maior de todo eleitor é votar em alguém que vá usar este mandato para defender sua visão de mundo e não para fazer negócios es-
No consulado italiano do Rio de Janeiro, o deputado Alessandro Molon entre Massimo Cabiati, da Obbietivo Lavoro, e o Secretário Geral da Ordem dos Jornalistas da Região da Campagna, Gianfranco Coppola, acompanhado do cônsul Umberto Malnati. O parlamentar brasileiro prestou homenagem aos visitantes italianos
cusos. O movimento em torno do Ficha Limpa coloca a política em seu devido lugar e mostra que a sociedade organizada pode muito no cenário político. Além de cumprir minha obrigação de agir com ética, luto para que a política no Brasil resgate a nobreza desta atividade que organiza a disputa dos homens em defesa de suas visões de mundo e interesses legítimos. CI - O que o levou a optar pela carreira política? AM - A vontade de poder fazer mais para a construção de uma sociedade mais justa em que todos os cidadãos, independente de classe social, cor ou religião, possam viver dignamente. E esta luta se dá no campo da política. CI - Em comparação à época em que o senhor era professor, como está a atual situação das salas de aula no Rio de Janeiro? AM – Infelizmente, o Rio de Janeiro, na contramão do Brasil, que está investindo em políticas de melhoria da educação pública, não tem tido progressos. Podemos dizer com pesar que, pelo contrário, temos andado para trás. Basta vermos os últimos dados que mostram que o ensino médio público de nosso estado está em penúltimo lugar no ranking nacional e que o número matrículas neste segmento só faz diminuir. São dados lamentáveis que mostram a decadência de nossa educação pública. CI - Qual é o maior problema relacionado à educação que é preciso resolver? AM - Nosso maior problema é a falta de planejamento e a des-
continuidade das políticas educacionais. Cada secretário que assume, e foram muitos ao longo dos últimos anos, quer imprimir a sua marca, quase sempre propondo políticas inadequadas que nem tem tempo de implementar. A falta de investimentos no professor e os baixos salários também são entraves para os avanços na área. CI - Como parlamentar o senhor já tomou algum tipo de providência no sentido de resolver esse problema que o senhor apontou? AM - A educação sempre foi uma bandeira de meus mandatos. Lutei desde o início para que o Estado do Rio tivesse um Plano Estadual de Educação, como manda a Lei de Diretrizes e Bases. Por isso, representei ao Ministério Público Federal denunciando a omissão do Governo do Rio em relação à determinação da LDB. O Ministério Público cobrou a elaboração do plano, que, enfim, com um atraso de quase 10 anos, foi enviado para a Alerj. Na Alerj, participei ativamente dos debates da elaboração do plano, que deu ao Rio uma política de Estado de educação. Onde quer que esteja, vou acompanhar e cobrar a implementação de ações que visem atingir as metas do PEE. Além disso, sempre estive ao lado do professor na luta por melhoria salarial nos debates sobre as mensagens do Executivo ou apresentando projetos de lei, como o do Vale Cultura. CI - Em 2006, o senhor se reelegeu tendo sido o candidato do PT mais votado. Como avalia isso?
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AM - Recebi este resultado com alegria por me indicar que estava no caminho certo. Minha votação em 2006 foi quase o dobro da votação de 2002, que me deu meu primeiro mandato e me colocou em segundo lugar na bancada do meu partido, mesmo sendo um novato. CI - O presidente Lula, no final de seu segundo mandato, apresenta 79% de aprovação, segundo último levantamento do Datafolha. Como o senhor avalia o fenômeno Lula? AM - A impressionante aprovação do presidente Lula é resultado dos acertos de seu governo, que conquistou excelentes resultados na economia e avanços na área social, com a diminuição da desigualdade social, além de ter recuperado a auto-estima do brasileiro com uma política interna de valorização de nosso povo e externa de afirmação do país. Ao aprovar o presidente, o brasileiro está reconhecendo os avanços do governo do PT. CI - O senhor nasceu em Belo Horizonte Que tipo de infância e adolescência teve? AM - Eu nasci em Belo Horizonte porque minha mãe foi buscar na sua cidade natal apoio para cuidar do filho recém-nascido. Vim para o Rio, onde meus pais moravam, com apenas dois meses de idade. Fui criado aqui, como qualquer jovem de classe média, aproveitando as inúmeras possibilidades de lazer que a natureza de nossa cidade proporciona. CI - Sua família tem descendência italiana? AM - Minha mãe é filha de um italiano casado com uma filha de italianos, que constituíram família em Belo Horizonte. A família de meu pai também descende de italianos vênetos, que se radicaram no Rio Grande do Sul. CI - O senhor tem grande ligação com a Itália? AM - Sim, ainda mantemos contato com nossos parentes italianos por parte de mãe, que vivem na região do Lazio. Além disso, me formei em italiano no Istituto Italiano di Cultura e tive a honra de ganhar, como prêmio do Concurso America Latinissima, uma viagem para estudar italiano e História da Arte em Florença. Foi uma viagem inesquecível, mesmo tendo viajado pela Itália antes e depois desta ocasião, com meus familiares.
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politica
Fine
Morte dell’ex presidente Francesco Cossiga costringe a una tregua la politica italiana in crisi
di un’era L
Sônia Apolinário*
a più recente crisi politica che coinvolge l’Italia ha potuto avere una piccola pausa non tanto a causa delle ferie, ma per un fatto accaduto: la morte dell’ex presidente italiano Francesco Cossiga. Il suo nome è stato sempre accettato quasi all’unanimità da politici delle varie correnti, tanto che non hanno risparmiato parole di elogio per il senatore a vita, che era stato Capo del Governo e Ministro degli Interni nella sua carriera politica durata 50 anni. Nato in Sardegna, Cossiga è stato il più giovane Capo di Stato italiano, alla Presidenza dal 1985 al 1992. A 82 anni, con problemi respiratori, è stato ricoverato per parecchi giorni nel reparto di terapia intensiva di un ospedale romano dove è morto il mese scorso. Il suo corpo è stato sepolto a Sassari, la sua città natale. — Con Francesco Cossiga se ne va una delle figure politiche più complesse e contraddittorie della storia d’Italia del dopoguerra — afferma il deputato Fábio Porta. Delle diverse fasi politiche di Cossiga, il parlamentare eletto per le circoscrizioni all’estero ne mette in risalto due in particolare: il Cossiga Ministro degli Interni degli anni´70 e il Cossiga Presidente della Repubblica. Figura di spicco del Partito della Democrazia Cristiana, che ha governato l’Italia dal dopoguerra per molti anni, Cossiga è stato Ministro degli Interni nel terzo governo di Giulio Andreotti (1976 -1978), quando le Brigate Rosse hanno sequestrato e poi ucciso il leader democristiano Aldo Moro, nel 1978. Cossiga aveva dato le dimissioni quando era stato ritrovato il corpo di Moro. Secondo la valutazione di Porta il Cossiga Ministro degli Interni era “duro e inflessibile, e forse contribuì direttamente, con il suo atteggiamento irriducibile contro il negoziato, alla tragica conclusione del rapimento di Aldo Moro, allora Presidente del Consiglio e della Democrazia Cristiana”. Invece parlandone come Presidente, il deputato crede che sia stato “sui generis” e che si sia distinto “per le sue frequenti esternazioni, o picconate, dirette alla classe politica italiana e in generale al paese”.
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Dal 1979 al 1980 Cossiga è stato Presidente del Consiglio dei Ministri, incarico attualmente occupato da Silvio Berlusconi. Fra il 1983 e il 1985 è stato Presidente del Senato fino all’elezione a Presidente della Repubblica. Nel 1992 è stato nominato senatore a vita nella qualità di ex Presidente della Repubblica Italiana. Con un decreto gli è stato assegnato anche il titolo di Presidente Emerito della Repubblica Italiana. — In me resta il ricordo di un uomo politico preparato e competente; religioso ma al tempo stesso fortemente leale ai principi di laicità della Repubblica. Uno degli ultimi grandi politici della cosiddetta Prima Repubblica; l´Italia - per intenderci della DC, del PCI e del PSI. Tanto maltrattata allora e adesso quasi rimpianta di fronte alla degenerazione della seconda, segnata dagli eccessi del berlusconismo — afferma Porta. Considerato onesto e incorruttibile durante tutti i suoi mandati, Cossiga è stato sempre rispettato, anche dai suoi oppositori politici. Aveva provocato l’ostilità dell’establishment politico e della Organizzazione del Trattato dell’Atlantico Settentrionale (NATO) nel rivelare pubblicamente l’esistenza dell’Operazione Gladio e il suo ruolo nell’organizzazione. Gladio era una organizzazione clandestina costituita dai servizi d’informazione italiani e dalla NATO all’epoca della Guerra Fredda, per difendersi da un’eventuale invasione in Italia da parte dell’Unione Sovietica. Durante la Guerra Fredda quasi tutti i paesi dell’Europa Occidentale avevano organizzato reti di questo genere sotto il controllo della NATO. Gladio era stata accusata di aver tentato d’influire sulla politica interna italiana usando la strategia della tensione. Prima che Cossiga confermasse l’esistenza di Gladio, il 24 ottobre 1990, c’erano solo sup-
Francesco Cossiga è stato il più giovane Capo di Stato italiano, alla Presidenza dal 1985 al 1992. Considerato onesto e incorruttibile durante tutti i suoi mandati, è stato sempre rispettato, anche dai suoi oppositori politici
posizioni che questo tipo di rete potesse esistere e agire in Italia. Le rivelazioni di Cossiga avevano provocato nel 2000 l’apertura di un’inchiesta parlamentare sulle attività di Gladio in Italia. Era stato appurato che i servizi segreti nordamericani e della NATO avevano realizzato attività terroristiche “sotto falsa bandiera”, causando numerose vittime fra la popolazione civile. Si mirava a gettare la colpa degli atti terroristici sui gruppi della sinistra, con lo scopo di incitare l’opinione pubblica contro i simpatizzanti del comunismo e così giustificare le misure eccezionali prese dallo Stato italiano. Cossiga ha lasciato scritte quattro lettere che, come da lui richiesto, dovevano essere consegnate ai destinatari solo dopo la sua morte. Questi piccoli testi erano diretti al Presidente della Repubblica (Giorgio Napolitano), al Presidente del Consiglio dei Ministri (Silvio Berlusconi) e ai presidenti di Camera e Senato, rispettivamente Gianfranco Fini e Renato Schifani. I testi, resi pubblici (eccetto la lettera per Berlusconi), riaffermavano la fede e fiducia che Cossiga ri-
poneva nelle istituzioni che formano il pilastro della democrazia italiana. — Forse la pagina più bella Cossiga l´ha scritta con la sua morte silenziosa e dignitosa e con le sue lettere; in particolare quella al Presidente della Camera Gianfranco Fini, nella quale ribadisce con forza e orgoglio l’attaccamento e il rispetto alle nostre istituzioni e al Parlamento in primo luogo — osserva Porta. Ripercussioni Il Presidente del Consiglio Silvio Berlusconi si è manifestato sulla morte dell’ex presidente italiano attraverso un comunicato diretto alla famiglia del politico: — Ho perso un amico carissimo, affettuoso, generoso. Mi mancheranno il suo affetto, la sua intelligenza, la sua ironia, il suo sostegno. Ai suoi figli l’impegno della mia vicinanza. Il Ministro Franco Frattini si è dichiarato “profondamente afflitto e triste” per la perdita di un “tenace protagonista politico”. Ha messo in evidenza che il “cattolicesimo liberale” di Cossiga “ha accompagnato e illuminato” in Italia anni “tormentati e bui
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dall’estremismo”. Secondo lui il politico è stato un “punto di riferimento” per tutti i rappresentanti della vita pubblica del paese: — La sua voce e le sue parole, che spesso hanno accompagnato ed incoraggiato la mia esperienza istituzionale, mi mancheranno. Per Pier Luigi Bersani, segretario del Partito Democratico (PD) attualmente la maggiore forza d’opposizione al governo, la morte di Cossiga è una “notizia molto triste” per essere lui stato una “persona singolare e straordinaria”. Invece il vicepresidente della Camera dei Deputati Maurizio Lupi, del partito di governo Popolo delle Libertà (PDL), ha messo in risalto che Cossiga, “con il suo impegno è stato un esempio per i cattolici che hanno deciso di impegnarsi responsabilmente nelle istituzioni pubbliche”. Italo Bocchino, leader alla Camera del nuovo partito Futuro e Libertà per l’Italia (FLI) – formato da dissidenti del PDL favorevoli al Presidente della Camera Gianfranco Fini – ha affermato che la morte di Cossiga rappresenta un “momento di lutto per tutta la politica italiana”. Il senatore del partito all’opposizione Italia dei Valori (IDV) Stefano Pedica ha detto di considerare l’ex presidente un “professore”. Secondo lui Cossiga è stato “uno dei maggiori interpreti del nostro tempo”. Per cui pensa che tutti gli italiani sentiranno la mancanza “della sua analisi lucida e della sua azione politica”. L’ex premier Massimo D’Alema (1998-2000) ha dichiarato che Cossiga “è stato un grande protagonista della vita democratica in Italia”: — Con lui abbiamo avuto momenti d’incontro così come di aspri conflitti, vissuti sempre con rispetto reciproco e lealtà. Negli ultimi anni siamo stati uniti da un’intensa amicizia della quale gli resterò grato. Il Ministro della Giustizia Angelino Alfano ha messo in risalto che l’ex presidente era “l’uomo delle istituzioni ancor prima che un politico” e che Cossiga “ha saputo dare personalità, come forse nessuno prima di lui, ai ruoli e alle cariche che ha svolto per il paese”. *Con agenzie internazionali
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política
Outono quente Quatro opções políticas se esboçam para o futuro próximo da Itália
Leandro Demori
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Especial de Roma
pós o mês de férias, o verão que se despede lentamente dos italianos não esfria a política. Sob inversão térmica, o outono deve elevar os termômetros e pode derrubar o governo. A última reunião da Câmara dos Deputados em Roma, antes das férias de agosto, foi emblemática. Sentado na cadeira de presidente da Casa, Gianfranco Fini aguardou até que o painel de votação se iluminasse por completo e abriu o microfone: “229 votos a favor, 299 votos contra e 75 abstenções”. Os números diziam respeito ao voto de confiança medido na Câmara que analisava a possível exoneração de Giacomo Caliendo, vice-ministro citado recentemente em uma investigação sobre suposta organização secreta da qual participaria e que teria como objetivo manipular decisões judiciais em troca de favores. Caliendo manteve o cargo; o governo Berlusconi, a maioria, mas a leitura atenta dos números gerou o maior choque de forças políticas do governo: as 75 abstenções são de um grupo de parlamentares liderados por Fini, ex-aliado de Berlusconi e co-fundador de seu partido, o Popollo della Libertà. Somados, os votos dos partidários de Fini e os da oposição (que junta 229 cadeiras) podem derrubar o governo a qualquer momento. Após declarar os números, Fini bateu o martelo da última sessão do parlamento. Estavam todos liberados para o gozo das férias de agosto. O início do fim do verão significa a volta para Roma dos parlamentares. Com eles, chega também a turbulência política. Analistas acreditam que sejam quatro os cenários possíveis para os próximos meses: 1) sem o voto de confiança da maioria dos parlamentares, o presidente da República, Giorgio Napolitano, buscará costurar um governo de transição com líderes da situação, da oposição e dos grupos dissidentes; 2) pela falta da maioria, Napolitano dissolve o governo e convoca eleições; 3) o grupo de Fini fecha um acordo com Berlusconi para tocar o governo até o fim, com supressões de projetos sensíveis aos humores do presidente da Câmara; 4) Berlusconi consegue trazer de volta alguns rebeldes de Fini e leva adiante seu projeto de governo. — A situação está subvalorizando o outono — avalia um deputado
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de um grupo dissidente do Partido Democrático (oposição), para o qual a única saída é dissolver o governo e partir para novas eleições. Os quatro cenários são possíveis e seria difícil prever, hoje, qual deles parece mais factível para o futuro próximo. Entre encontros e desencontros mais ou menos secretos durante o verão, o preGiorgio Napolitano mier buscou contra-atacar: ameaçou adversários publicamente, sondou parlamentares do grupo de Fini sobre possíveis voltas ao berço do governo em troca de papéis importantes e comandou uma campanha de descrédito popular contra o ex-aliado nos jornais, rádios e televisões da família. Berlusconi usou como munição acusar a mulher do presidente da Câmara de enriquecimento duvidoso com foco na compra de um apartamento no Principado de Mônaco, onde o marido aparece bronzeando-se sob o sol em fotos amplamente divulgadas. Antes das férias, Fini tinha apoio popular na casa dos 50% após seu enfrentamento contra o premier. Hoje, após um mês estampando a capa dos noticiários, sua aprovação caiu para 30%, segundo o instituto Eurostat. Caia ou não caia o governo, o que parece mais inevitável é a mudança drástica na Lei Eleitoral italiana, sobretudo para derrubar o “prêmio de maioria”. Pela lei, a coalizão que soma mais votos em uma eleição recebe a maior parte das cadeiras no parlamento. Significa dizer que, em uma suposta eleição onde a coalizão vencedora faça, por exemplo, somente 20% dos votos, deve receber 50% + 1 dos assentos como “prêmio de maioria”. O sistema, criado para, teoricamente, facilitar a vida de quem governa, acaba criando um bipartidarismo forçado e instável, como bem demonstra o atual momento político do país. — Qualquer coisa é melhor do que a lei atual — defende o deputado do PD. Nem o fim do verão e do calor brutal de Roma pode garantir temperaturas amenas nos salões da política. Promessas de um outono quente.
negócios
Escolha a sua cor Empresário italiano atua no Brasil e faz de sua empresa um exemplo de transferência de tecnologia
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mulher quando quer mudar de visual, geralmente, começa pelos cabelos. E para muitas delas, essa mudança significa trocar a cor das madeixas. A tarefa de escolher a cor, na maioria das vezes, começa na perfumaria ou no salão de beleza. É com a ajuda dos catálogos de cores das marcas que elas conseguem escolher a cor desejada. Ao abri-los, ela não faz ideia do trabalho que existe por trás daquelas pequenas mechas coloridas ordenadamente expostas. No Brasil, um dos responsáveis pela existência desses catálogos é a Cartacor, uma empresa ítalo-brasileira, que chegou ao país em 2004 e está instalada em Olaria, bairro da zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Conta com 65 funcionários, sendo 60 somente na área de produção. Toda a tecnologia utilizada para a fabricação das cartelas de cores é italiana – do maquinário aos fios sintéticos. Por mês, a empresa importa da Itália cerca de 1,5 tonelada de fios de nylon nas mais diversas cores. A quantidade de catálogos produzidos não foi revelada porque, de acordo como um dos sócios da fábrica, o italiano Leonardo Nevini, o número pode variar conforme a solicitação dos clientes.
Nayra Garofle — As máquinas que utilizamos foram construídas especialmente para nós, para atender nossas necessidades e alguns de nossos funcionários foram treinados por especialistas italianos — informa Nevini cujo concorrente no Brasil é uma empresa alemã. Depois de trabalhar com catálogos de cores durante 15 anos na Itália, atendendo inclusive marcas brasileiras na sua outra empresa, a Mastergraph, sediada em Milão, Nevini acreditou que seria mais apropriado levar o negócio para o Brasil. — O custo para a importação estava ficando alto para os clientes brasileiros e achamos melhor vir para cá, que é um país que está se desenvolvendo cada vez mais. Nós estamos em crescimento. Todos os nossos clientes estavam no Rio e, por isso, optamos por nos estabelecer aqui — explica o empresário, ressaltando que o ponto positivo de atuar diretamente no mercado brasileiro é não ter tantos problemas burocráticos com importações — Como somos uma empresa brasileira tudo é feito de acordo com a legislação brasileira e não temos problema algum com relação aos impostos. O processo de produção, segundo Nevini começa a partir do pedido do cliente que envia uma
pequena amostra das cores desejadas para a sua cartela. A partir daí, a “colorista” da empresa, que foi treinada durante dois meses por um especialista italiano, é quem tem a missão de obter a cor desejada pelo cliente. Feito isso, ela prepara uma mostra para aprovação e posterior produção dos fios coloridos. O pedido mínimo de mil catálogos. Cada
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catálogo custa, em média, para o cliente, cerca de 15 reais. Mesmo com a crise econômica mundial no fim de 2008 até a metade de 2009, o empresário garante que a Cartacor não sentiu diferença nos rendimentos. No ano passado, a empresa faturou cerca de 7 milhões de reais. Nevini, que tem como sócio Luigi Carminati, não informou o montante do seu investimento para montar sua empresa brasileira. A Cartacor tem como clientes 80 marcas produtoras de tinturas para cabelos, entre elas, Alfaparph, Loreal e Vitaderm. — O mercado da beleza é um dos que mais crescem no momento. Nossa meta é dobrar o faturamento em 2011 — afirma Nevini que também levou sua Cartacor para o México e a Romênia.
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negócios
Gelato buono Fondata da italiani, marca di gelato diventata famosa a Rio de Janeiro compie 35 anni
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Sílvia Souza
utto è cominciato sulle spiagge della zona sud carioca. Tra un bagno di sole, un tuffo in mare o una semplice passeggiata, ci si imbatteva nei venditori ambulanti con i loro bicchierini colorati pieni di un gelato che finì per diventare sensazionale. Trentacinque anni dopo, con 20 negozi sparsi nella città fluminense ed uno a Búzios, città di mare, la marca Sorvete Itália festeggia il suo consolidamento sul mercato e investe nel franchising. Insieme ai festeggiamenti arrivano due sapori nuovi – melone e abacaxi con cocco – che si aggiungono agli oltre 50 sapori che la fabbrica di gelati già produce. — Celebrare i 35 anni di attività è senza dubbio un fatto importantissimo per l’impresa. Adesso ci godiamo questo momento e prepariamo le generazioni future a diventare un riferimento sul mercato nazionale. La realizzazione e formattazione di società come Fashion Rio, Casa Cor, e la più recente con la marca di vestiti Farm, è un fatto molto importante vissuto dall’impresa con orgoglio — dichiara Simone Vianna, direttrice della rete. Con il franchising che già esiste con 20 negozi, adesso la meta dell’impresa è di aprirne altri
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cinque fuori dello stato di Rio de Janeiro entro il 2010. Secondo la direttrice le zone su cui puntare sono São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, trattandosi di grandi centri. La storia della gelateria comincia nel 1975, circa 20 anni dopo l’arrivo dei fratelli Salvatore e Orazio Rametta in Brasile. Nel bagaglio, oltre ai ricordi del loro paese, che aveva vissuto il dramma della Seconda Guerra Mondiale, c’erano ricette tipiche della Sicilia, regione in cui erano nati. Orazio era tecnico in refrigerazione e Salvatore si era incaricato di preparare i gelati senza aggiunta di conservanti e usando ingredienti freschi e naturali. La squisitezza, che fece epoca, era prodotta e venduta nel Bar 20 nella via Vi-
Con il marchio consolidato nel mercato gli investimenti ora sono in acquisti di franchising
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sconde de Pirajá a Ipanema, con l’aiuto di un solo impiegato. Oggi un locale in franchising deve avere un’area minima di 25 metri quadrati e in media otto impiegati, oltre ad un investimento iniziale di 155 mila reais per i negozi e di 105 mila reais per i chioschi (oltre al punto commerciale). Secondo i dati dell’impresa il negozio è così in grado di servire 300 clienti al giorno e il ritorno dell’investimento si ha all’incirca in 20 mesi. Niente male se il settore del franchising chiude il 2010 con una crescita del 15%, secondo le stime della Associação Brasileira de Franchising (ABF). Nel 2009 il settore è cresciuto del 14,7% in rapporto al 2008, passando da 55 miliardi a 63 miliardi di reais. Secondo il presidente della ABF Ricardo Bomeny il settore di franchising è uno di quelli che cresce di più in Brasile, dato che ha avuto negli ultimi tre anni un incremento del 50%. Anche così la direttrice della Sorvete Itália tifa contro l’inverno brasiliano, epoca in cui normalmente cadono i consumi. Secondo Simone: — Il gelato in Brasile non è ancora visto come un alimento, ma penso che questo concetto cambierà col tempo, è questione di abitudine.
Dalla spiaggia alla strada Il prodotto dei Rametta, all’inizio in commercio solo a Ipanema, non ha impiegato molto tempo ad arrivare ai quartieri Leblon, Copacabana, São Conrado e Barra da Tijuca. Tre anni dopo aver dato inizio all’affare il libanese Tannous Alouf, conosciuto come Toni, è diventato socio dei due fratelli italiani. Lo stesso anno la Sorvete Itália ha aperto una fabbrica nella Estrada da Gávea, alla Rocinha. Nel 1984 l’impresa si è diversificata producendo ghiaccioli cremosi di frutta. Nel 1996 i fratelli Rametta hanno venduto la loro parte nell’impresa ad Alouf e questa è passata per una fase di ristrutturazione con l’apertura a Vargem Grande di una nuova fabbrica di 400 metri quadrati. Attualmente il locale è di mille metri quadrati e con una capacità di produzione di mille tonnellate al mese. — Con la nuova gestione c’è stata una ristrutturazione, ma la volontà di dare incentivo allo sviluppo è sempre lo stesso. Abbiamo mantenuto le ricette originali e ancora oggi i nostri fiori all’occhiello sono il gelato di manga, cocco e pistacchio. Fanno parte della lista dei gelati più venduti e della cosiddetta linea Italia, in omaggio al paese dei due fondatori.
Luxo na água Santa Catarina terá fábrica de iates da italiana Azimut-Benetti
Robson Bertolino
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grupo Azimut-Benetti, com matriz em Turim, na Itália, especializada na fabricação de iates de alto padrão, vai investir em uma unidade de fabricação de embarcações no Brasil. O pólo náutico será instalado em uma área de 200 mil m² em Itajaí, no litoral norte de Santa Catarina. No entanto, a companhia começa, já em agosto, as operações em uma área provisória com a produção de iates. De acordo com o CEO da Azimut no Brasil, Luca Morano, a produção estimada em Itajaí será de 100 iates por ano. O valor total da operação está estimado em 80 milhões de euros (200 milhões de reais) ao longo dos próximos cinco anos. O presidente da Azimut-Benetti, Paulo Vitelli, apresentou os planos da empresa para a nova planta indus-
Correspondente • São Paulo
trial de Itajaí, durante uma coletiva de imprensa, em São Paulo. — Estamos orgulhosos em realizar uma operação em área tão importante que, graças às suas características específicas, à vocação náutica, à qualidade da mão de obra, e à segurança, se adequou
perfeitamente ao desenvolvimento de nosso projeto — afirma Vitelli. Em abril deste ano, a Azimut fechou parceria com a Yacht Brasil, que se tornou a importadora oficial dos iates no País. — Queríamos preparar a nossa chegada ao Brasil — con-
negócios ta Luca Morando, comemorando as novas operações do grupo na América do Sul. A companhia também investiu em pesquisa de mercado para mapear o potencial dos consumidores brasileiros. No segmento que a Azimut atua, de embarcações com mais de 40 pés (cerca de 12 metros) e acima de 1 milhão de reais, estima-se que o Brasil consuma 150 unidades por ano. Fundada em 1969, o grupo Azimut-Benetti e está presente em 67 países, com 138 sedes ao redor do mundo. Além do Brasil, a Azimut tem seis fábricas na Itália e uma na Turquia. No Brasil, serão produzidos quatro modelos de embarcações de até 80 pés e outros dois modelos acima de 80 pés (de 24 metros). Em junho passado, aportou no mercado brasileiro a sua principal concorrente, a também italiana Ferretti, do Grupo Ferretti, que fez um acordo com a Spirit, sociedade brasileira com sede em São Paulo, que agora se ocupa da produção e comercialização de embarcações novas e usadas no Brasil. A empresa abriu um showroom no Shopping Cidade Jardim.
aviação
Tom Jobim agradece Alitalia amplia operações no Brasil com a volta do voo direto Rio-Roma
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Robson Bertolino
Correspondente • São Paulo
ma antiga reivindicação do Rio de Janeiro será, enfim, atendida. A partir do dia 1˚ de julho de 2011, volta a sair da cidade voos diretos para a Itália. Quem informa é o vice-presidente regional da Alitalia para as Américas do Sul e Central, Alessandro Innocenzi. Segundo ele, a venda de passagens para essa nova rota deve começar já este mês. O trajeto será feito por um Airbus 330, com capacidade para 224 passageiros e 11 funcionários de bordo. Atualmente, a Alitalia opera somente uma rota entre Brasil e Itália partindo de São Paulo. — No Brasil o potencial de consumo é grande. O novo voo partindo do Rio faz parte das comemorações do Ano da Itália no Brasil em 2011 — afirma Innocenzi, em entrevista exclusiva à Comunitá, feita em São Paulo. Sem voo direto para a Itália, o carioca pode levar até 24 horas para chegar a Roma, a partir do Aeroporto Internacional Tom Jobim. O próprio governador Sérgio Cabral se mexeu para reverter esse quadro. Em missão comercial na Itália, em setembro de 2007, ele
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analisou com o governo italiano e a Alitalia a volta da linha direta que a empresa manteve por algum tempo no Rio. A questão vem sendo discutida desde aquela época. A nova rota nasce com quatro voos semanais podendo chegar a cinco. O executivo explica que o voo foi “desenhado para atender viagens de lazer e negócios”. Segundo ele, o bom momento econômico pelo qual passa o Brasil coloca o país entre os mercados mundiais da companhia para expansão, sendo que já desponta como um dos principais da América do Sul. Innocenzi observa que o aquecimento da economia do Brasil favorece não apenas o turismo, como também gera mais negócios entre os empresários dos dois países. A previsão, segundo a companhia, é de fechar 2010 com um total de 150 mil pessoas transportadas entre Brasil e Itália. No ano passado, esse total foi de 100 mil pessoas: — Para decidir sobre a nova rota foi realizada uma pesquisa que apontou que o Rio de Janeiro tem potencial. O Brasil ajudou a elevar os resultados da empresa na América Latina. O resultado
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foi no primeiro semestre foi maior que o mesmo período de 2009. Outra novidade da Alitalia é a entrada em funcionamento, em Belo Horizonte (MG), de um novo call center para as operações da América do Sul. A decisão de trazer para o país a central de atendimento que ficava em Buenos Aires, na Argentina, segundo Innocenzi, se deu por conta da demanda da cidade mineira que abriga a sede da Fiat. Na América do Sul, a Alitalia mantém frequência diária entre Buenos Aires e Roma e outra a partir de Caracas, na Venezuela. O executivo informa que, também em 2011, a companhia terá uma rota para Pequim, na China, por-
Alessandro Innocenzi, vice-presidente da Alitalia para a América do Sul
que a empresa está “de olho nos países que compõem os Bric’s”. Nova Alitalia A nova Alitalia é formada por um grupo de 16 investidores mais a Air France. A companhia concentrou seus voos no hub de Roma, deixando para Malpensa (Milão), os voos da Air One, também parte da nova Alitalia. A Air One opera ainda rotas para países europeus e segue o conceito ‘smart carrie’, que é o segmento médio da aviação. A Alitalia foi criada em 1947 e em 2008 passou por uma reestruturação após cerca de 15 anos amargando resultados abaixo do esperado. De acordo com Innocenzi, o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, tomou a dianteira nas negociações junto com um grupo de empresários italianos em prol da Companhia Aérea Italiana (CAI). A nova Alitalia surgiu mais enxuta, com 13 mil funcionários, 13 rotas internacionais e aeronaves para médio e longo curso. — Manter a presença de voos internacionais era manter a marca Alitalia no mundo. O primeiro voo da nova companhia foi justamente para São Paulo — afirma o executivo.
Parceria transatlântica
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esde junho estão em operação novas conexões da Alitalia para os Estados Unidos: Milão-Miami e Roma-Los Angeles. Este último marca o retorno da Alitalia à capital californiana, com operação pela empresa e comercialização em codeshare com a Delta Airlines. Em abril deste ano a Alitalia efetivou a sua presença em uma joint venture formada com o Grupo Air France-KLM e Delta Airlines. Lançada em 2009, essa parceria possibilita aos passageiros o acesso a quase 250 voos diários em 55 mil assentos. Com a junção da Alitalia, a joint venture representa 26% da capacidade total de voos transatlânticos, com receitas anuais estimadas em 10 bilhões de dólares. Com a parceira, os destinos entre Europa e América do Norte podem chegar a 500.
náutica
Maré alta Sétima Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore debate setor com participação de empresas italianas
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desenvolvimento brasileiro passa pelo mar. Impulsionadas pela renovação da frota, descobertas do pré-sal e o aquecimento na exploração offshore de petróleo e gás, empresas nacionais e estrangeiras abriram seu leque de ofertas no país. Foi o que demonstrou a 7ª Navalshore – feira e conferência da indústria naval e offshore – realizada no Rio de Janeiro. O evento reuniu, durante três dias, mais de 13 mil profissionais e 320 empresas, um aumento de mais de 30% em relação a 2009. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), o Brasil possui a quarta maior carteira de encomendas de navios petroleiros no mundo (atrás de Coréia, China e Japão). Até abril de 2010, as encomendas somavam 132 projetos. Esses dados atraíram países como Argentina, Finlândia, Estados Unidos e Itália, dentre outros, ao evento. Da parte italiana, três empresas aproveitaram para se lançar em águas brasileiras. A maior delas, o grupo Rodriquez-Cantieri Navalli já opera no país em parceria com a Barcas S.A, empresa que administra o transporte marítimo de passageiros na Baía de Guanabara. — Estamos produzindo uma nova barca para a família atual na travessia Rio-Niterói que deve entrar em circulação em 2011. O novo projeto comportará mais
Sílvia Souza
passageiros e faz parte das melhorias para o transporte em vista dos grandes eventos que o Rio sediará nos próximos anos — explica a diretora da empresa no Brasil, Maria Baldon. Além disso, a Rodriquez-Cantieri escolheu o Rio de Janeiro para lançar seu mais novo produto, o FSFH 37. Feito para navegar em mar aberto e “enfrentar” ondas, o barco leva até 250 passageiros e atinge uma velocidade de 43 nós (cerca de 80 km/h). Curiosamente, há alguns anos, a empresa foi procurada pelo governo do estado para desenvolver um projeto similar que seria utilizado para o trajeto Barra da Tijuca-Praça XV. No entanto, a
No estande da Rodriquez-Cantieri, a diretora Maria Baldon apresenta as embarcações da empresa. Abaixo, a barca mais veloz, feita para o alto mar, e lançada na feira brasileira
iniciativa defendida por comerciantes e moradores do bairro da zona Oeste não foi adiante. — Esse produto é posterior à pesquisa feita para a Barra-Praça XV, mas atenderia a essa intenção. A embarcação foi pensada como meio ecologicamente correto. A barca funciona como uma aero-
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nave por conta da propulsão de sua turbina. Ela não tem leme e funciona como se houvesse diferentes pedais — assinala o engenheiro Giovanni Cavallo, da divisão militar da Rodriquez-Cantieri. Outro ponto que une a empresa ao país é a área militar. A Rodriquez-Cantieri prevê que o acordo assinado em junho entre o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi e o presidente Lula, de apoio e cooperação militar deve gerar contratos para produção de barcas militares, caças e venda de fibra marinha. Pelo mesmo motivo Rizzio e Zavero, representadas no Brasil pela Valexport, decidiram expor seu trabalho na Navalshore pela primeira vez e apostam nas válvulas para compor as produções do país. Com sistema de controle remoto, a Rizzio, que está há 86 anos no mercado, apresentou a união entre tradição e inovação. A empresa está em navios para cruzeiros que operam na Ásia, Europa e Estados Unidos e seu sistema substitui o uso das válvulas antigas com menos desgaste físico, além de ocupar menos espaço. Já a Zavero exibiu como novidade a válvula criogênica para sistemas de alta pressão. Segundo a representante das marcas Ana Valdeger, o modelo é ideal para operações que precisam de rápido resfriamento e garante alta segurança em necessidades específicas para transporte de gás ou trabalhos em profundidade, como o que é feito em plataformas. — O Brasil tem um mercado novo, mas já muito especializado. Temos que aproveitar que a divulgação na Itália ainda é pouca e trazer para cá peças que atendam às especificidades do negócio. Não adianta entrar com o que já não se usa nem na Itália. A tradição italiana no setor e essa parceria firmada entre os governantes podem nos abrir portas frente aos demais concorrentes — estima.
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atualidade
Chamado do coração
Evento em Rimini discute o futuro da Itália, marcado pela cadência do samba
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Guilherme Aquino
Correspondente • Milão
carnaval do poder marcou a cidade de Rimini, no mês passado. Em ritmo de samba - por conta de uma grande mostra sobre a música brasileira nascida na favela o encontro de personalidades do mundo das empresas, da política e da Igreja Católica aconteceu durante sete dias de debates sobre os destinos da Itália e as suas influências em diferentes setores espalhados pela vasta comunidade internacional. Tudo em nome da Comunione e Liberazione (CL), poderosa organização italiana com interesses sociais e econômicos nos quatro continentes, uma espécie de farol de ideias e braço operativo para aplicação dessas próprias ideias. Com 34 mil empresas associadas, congrega banqueiros, industriais, artesãos, intelectuais, artistas, jovens e religiosos rigorosamente enquadrados nas
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pilastras do poder de transformar e moldar realidades próximas ou distantes. Não por acaso, o XXXI Meeting de CL deste ano contou com a participação de 800 mil pessoas, dentre italianos e estrangeiros. Todos atenderam ao chamado do tema: “Aquela natureza que nos empurra a desejar coisas grandes é o coração”. Os debates, as mostras, os encontros, as conferências se multiplicam a olhos vistos dentro de uma vasta área coberta por stands, salas e auditórios. O vai e vem de personagens importantes demonstra a relevância dos participantes. O cardeal Angelo Scola, o ministro da Economia, Giulio Tremonti; o administrador-delegado da Fiat, Sergio Marchionne; o administrador-delegado do Banco Intesa, Conrado Passera; a presidente da Confindustria, Emma Marcegaglia; o presidente da região da Lombardia, Roberto Formigoni; o presi-
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dente da Companhia delle Opere, Bernhard Scholz, foram alguns dos que participaram do evento. Os pesos pesados da velha guarda do poder estavam todos lá e dividiram espaços com a nova geração. Jovens católicos participaram ativamente do Meeting apresentando ideias, reivindicações e propostas. — Me impressionou muito a organização feita por cerca de três mil voluntários. Se respira um clima muito cordial e aberto para novas ideias. Aqui se discutem e se aprofundam temas de atualidade política, social e econômico, num momento de grande reflexão — afirma o ex-cônsul italiano no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli. Das oito mostras apresentadas no evento, a que mais tocava diretamente o tema central e nevrálgico da economia foi a exposição de um grupo de estudantes das universidades Bocconi e
Cattolica, ambas de Milão. “Um emprego para cada um. Cada um com o seu trabalho. Dentro da crise, além da crise”, foi o mote do trabalho preparado pela elite dirigente do amanhã, ainda em formação. A exibição tenta explicar os motivos da crise econômica de efeito dominó que varreu os quatro cantos do planeta e gritar ao mundo o desejo de mudanças, em todos os sentidos, para a
O diplomata Massimo Bellelli participou do evento
salvação do homem. Os estudantes recorreram a Albert Einstein para expressar seus sentimentos: “Falar de crise significa promovêla, não falar é exaltar o conformismo, melhor trabalhar duro”. Dentro desse espírito empreendedor, os alunos lembram que toda crise gera a possibilidade de retomar um progresso de forma mais inteligente, deixando para trás o canibalismo econômico capaz de degenerar situações de precário equilíbrio em sérias crises sociais. É o velho lema que prega que a criatividade nasce da dificuldade. De todos os participantes do Meeting, Sergio Marchionne foi quem mais deixou pegadas pelo caminho, a serem seguidas pelos que ousam modificar as engessadas relações entre operários e patrões, questão mais do que principal num momento de grande crise no mercado do trabalho. A revolução iniciada por ele na fábrica de Pomigliano, o braço de ferro com os sindicatos, o respeito às determinações da justiça trabalhista aos olhos da jurisprudência que tenta acompanhar os novos tempos enquanto a revisão do código é uma distante utopia, coloca no olho do furacão toda uma nova definição do que são direitos e deveres. O administrador-delegado, o primeiro a pregar a necessidade de novas regras e a passar da intenção para a ação, foi visto como um modelo dentro do Meeting. — Ele é fora dos esquemas. Conversa com todas as partes
sociais para que seja superado o conceito de que o aumento da produtividade é algo contrário à dignidade humana. Ele coloca uma questão muito difícil, mas que acho plausível de ser realizada — afirma o alemão Bernhard Scholz. A revisão sobre a flexibilidade do horário de trabalho, sobre o recurso à greve e a necessidade de novas estruturas contratuais temas sagrados do operariado são debates que estão na ordem do dia. A classe operária está bem longe de ir ao paraíso, mas, se continuar amarrada em antigos dogmas trabalhistas, corre o risco de afundar no inferno – é o que parece pregar Marchionne. O delicado momento atual exige o bom senso e o conforto espiritual. O presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, lançou o slogan “Não tenham medo de serem cristãos, ousem”. A mensagem, inspirada no ensinamento do papa João Paulo II em um contexto de luta contra a máfia, convida a todos a uma reflexão sobre a união das forças do bem para derrotar o mal. Ao longo de sua apresentação, ele revelou os cinco pontos de apoio para incrementar a melhoria das relações sociais, tecido primordial de cobertura e de proteção das comunidades, a partir da convivência en-
Debates sobre o destino da Itália reuniram autoridades Roberto Formigoni ,Giulio Tremonti e Conrado Passera
No sentido horário, Scholz, Marchionne, Scola e Marcegaglia: presenças marcantes de Comunione e Libertazione
tre os religiosos: “pedagogia do viver junto, paixão pelo serviço do próximo, testemunhos religiosos, distinção entre o bem e o mal, responsabilidade pessoal”. Tauran declarou uma cruzada contra os guetos nas cidades, para promover a hospitalidade, a integração e o respeito às diferenças. Os princípios do cristianismo de amor ao próximo, mais do que nunca, devem fazer moldar os encontros de pessoas de todos os credos, sem distinção é o que ele preconiza. E é na rede da solidariedade de uma favela brasileira que estes princípios são elevados ao sétimo céu, como regras de sobrevivência. A mostra “O céu na terra. O samba do morro” nasce do desejo de apresentar a todos o verdadeiro coração que pulsa dentro de uma comunidade carente. — Como todos os anos, o Meeting tem uma página dedicada ao Brasil. Desta vez, os grandes problemas da vida são espelhados nas favelas. Comunione e Liberazione tem muitos seguidores no Brasil, principalmente em São Paulo — informa Bellelli. A partir de uma exposição sobre o samba, através da revelação mais detalhada das letras das canções, o visitante pode descobrir um mundo de sofrimento, esperança, valores e beleza, em forma de poesia. Pela primeira vez, o olhar do italiano para o samba não cai sobre a nudez
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das passistas, mas, sim, sobre as mensagens das musicas. — Esta é uma mostra muito interessante, pois mostra a origem do samba e leva o Brasil para dentro do Meeting com grande força, ao propor discussões sobre diferentes problemas — afirma o diplomata italiano. O concerto e a exposição caminham juntos para mostrar ao mundo do Meeting o samba como força motriz de mudanças dentro da sociedade. Músicos brasileiros e dois italianos - Pigi Bemaregi e Rosetta Brambilla - quarenta anos vividos em Belo Horizonte, fazem a diferença e dão um toque de leveza a temas tão pesados. Na realidade difícil de mulheres, crianças e jovens sem maiores perspectivas de vida, o trabalho social é intenso e a música do samba entra como ingrediente fundamental. “Sei lá, Mangueira”, samba escrito por Paulinho da Viola, revela todo o otimismo de quem vive numa das mais conhecidas favelas cariocas, localizada no morro da Mangueira. A apresentação do grupo Essência BH trouxe no repertório cerca de 20 músicas que desenham um mosaico sonoro sobre a vida nos barracos e vielas, trazem letras que mais parecem orações ao divino, assim como os mantras decantados pelos pensadores famosos e anônimos que encontram no Meeting a chance de anunciar ao mundo um novo dia, uma nova era.
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meio ambiente
Riquezas do pinhão Colonizada por italiano, Porto Real, no sul fluminense, será a sede da primeira fábrica de biodiesel do Rio de Janeiro
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Nayra Garofle — A atividade de exploração de petróleo e gás na plataforma continental abriu uma nova pers pectiva econômica para todo o Rio de Janeiro estabelecendo-se em torno dela um colar de empresas de equipamentos, peças e acessórios, além de serviços de apoio, formando uma matriz econômica integrada. Neste sentido, o biodiesel participa deste grande Projeto Nacional a exemplo do que foi o Projeto Nacional Petroquímico, Projeto Nacional do Álcool, entre outros — afirma Nelson Furtado, coordenador do Programa Rio Biodiesel, da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), instituição vinculada ao ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Fotos: Lúcia Pires
Rio de Janeiro caminha em busca da sustentabilidade. O estado que consome dois bilhões de diesel por ano, sendo que 100 milhões são de biodiesel, não vai precisar mais gastar dinheiro com o produto produzido fora do Rio. Isso porque está previsto para ser inaugurada no fim de outubro, em Porto Real, no sul fluminense, a primeira fábrica de biodiesel do estado. Depois de 10 anos de pesquisa da secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Coppe/UFRJ, no programa Biodiesel, o resultado surgiu através da Gran Valle Indústrias Químicas.
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O pesquisador Nelson Furtado
A fábrica, que terá a supervisão do Programa Rio Biodiesel e da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai produzir 100 bilhões de litros por ano, o que dará autossuficiência ao estado. Além disso, vai contribuir, no futuro, com a agricultura familiar, pois
o Programa Nacional de Biocombustíveis (PNB) obriga todos os produtores a adquirirem 30% de sua matéria prima (óleo vegetal) da agricultura familiar. Desde janeiro deste ano, a adição de 5% de biodiesel nos combustíveis é obrigatória em todo o país e a empresa vai cumprir a exigência a partir do óleo de pinhão manso. A oleaginosa vem sendo estudada como matéria-prima para o biodiesel e tem potencial para recuperar solos degradados com baixa quantidade de água. Para isso, serão necessários 10 mil hectares, considerando que a produção média é de três mil litros de óleo vegetal por hectare ao ano. Para cada hectare, precisa-se de pelo menos um agricultor para realizar o plantio, cuidar da conservação do solo e fazer a colheita. – Esta iniciativa deverá vir de assentamentos de pequenos agricultores de ONGs e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), além das prefeituras de vários municípios, que já demonstram grande interesse – informa Furtado. Segundo ele, graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Faperj), entre outros, o Rio foi fundamental para que o país tivesse o maior conhecimento sobre o tema. O estado possui o maior número de engenheiros químicos, mestres e PhDs nessa área e o maior laboratório da América do Sul. Já são 19 projetos finan-
ciados pela Faperj no estado em várias universidades, entre elas a UFRJ, que mantém uma linha de pesquisa inovadora. — Hoje o Rio de Janeiro conta com o maior numero de trabalhos publicados, teses de Mestrado e Doutorado e o primeiro Centro de Excelência em Biocombustíveis do país. Apesar de termos ajudado o Brasil na construção de usinas em vários estados, paradoxalmente não tínhamos uma usina de Biodiesel — diz o coordenador que, durante os 10 anos de pesquisa, teve o apoio do pesquisador da UFRJ Donato Aranda, que já recebeu condecoração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seus trabalhos relacionados ao biodiesel. Atualmente, no Brasil, há 110 fábricas de biodiesel e a principal oleaginosa utilizada é a soja, que responde por 85% da produção. Para Furtado, raras vezes em sua história, o Rio de Janeiro esteve tão bem representado na esfera política e nos órgãos de poder Federais, Municipais e Estaduais. Ele afirma que, pela primeira vez em décadas, foi traçada uma estratégia de desenvolvimento, a partir dos centros de poder do Estado, abrindo novas perspectivas e novas fronteiras de atividade pública e privada. — O empresariado acreditou nesta mudança que vínhamos mostrando há dez anos, uma logística estratégica que nos une a Petrobrás, a Refinaria Duque de Caxias que, a partir de agora, não precisará comprar Biodiesel a centenas ou milhares de quilômetros de distância — conta. Furtado afirma que “já estava mais do que na hora” de o Rio mostrar o seu potencial produtivo. Para ele, o que ocorre no estado é reflexo de uma política nacional “e é o que ocorre no Brasil”, já que há avanços notáveis na ciência básica, mas que na hora da tecnologia, “compramos tudo de fora e pagamos os royalties”. — Não é mais possível nos darmos ao luxo de fornecer de graça os frutos de nossos esforços de pesquisa, na forma de artigos científicos envolvendo pesquisa básica, e não sermos capazes de produzir sequer a tecnologia de insumos químicos de boa qualidade. Para desatar este nó, não basta uma opção singela pela prioridade ao investimento em pesquisa aplicada. É
preciso fazer com que as universidades e institutos de pesquisa concentrem esforços em tecnologias que interessem ao Brasil. O caso do biodiesel é a nossa resposta — afirma. Porto Real Furtado explica que a escolha da cidade fluminense se deu pela boa posição geográfica de Porto Real, que se encontra no caminho entre São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Além, de se apresentar como um potente parque industrial a 200 quilômetros do Rio de Janeiro. Com cerca de 15 mil habitantes, Porto Real já abriga as fábricas da Peugeot-Citroën, CocaCola, Guardian e GalvaSud, entre outras que se instalaram na cidade nos últimos 10 anos. A origem do nome Porto Real, em especial, está na constante presença da Família Real, que costumava fazer uma parada no lugarejo nos períodos de veraneio, quando vinha da cidade serrana de Petrópolis. O imperador D. Pedro II, por sua vez, passou a utilizar Porto Real como ponto de parada e descanso durante suas viagens, onde mantinha duas casas e um pequeno balneário.
A fábrica vai produzir 100 bilhões de litros de biodiesel por ano. Abaixo, Nelson Furtado entre o subsecretário e o secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Julio Lagun e Luiz Edmundo Costa, respectivamente
Porém, as terras que hoje pertencem a Porto Real tiveram sua colonização efetivamente iniciada no final do século 19, em princípios de 1875, quando chegaram ao Brasil, a convite de D. Pedro II, os primeiros imigrantes italianos, vindos das cidades de Novi di Modena e Concordia Sulla Secchia, província de Modena. As 50 famílias de colonos italianos tinham como destino Santa Catarina, mas uma epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro obrigou-as a permanecerem em quarentena em Porto Real. Passado esse período, foi requisitada ao governo a permanência dessas famílias na região, dando início à primeira colônia italiana do Brasil.
O pinhão manso, matéria-prima que será utilizada para o biodiesel, tem potencial para recuperar solos degradados com baixa quantidade de água
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De origem católica, os italianos trouxeram para o Brasil a imagem de Nossa Senhora das Dores (Madonna Adolarata), que se tornou padroeira do município e que ganhou uma igreja construída em estilo gótico bizantino. A principal atividade econômica da época da colonização era a agricultura, sendo a cana-deaçúcar o principal produto cultivado. Para beneficiar a cana produzida, foi construída uma usina açucareira, a primeira indústria de Porto Real e que se tornou o ponto de partida para sua atual tradição industrial. A colônia continuou crescendo, tornando-se Porto Real o distrito mais importante do município de Resende. Surgiu então a necessidade de uma autonomia político-administrativa, que fez surgir o movimento pró-emancipação. Em 5 de outubro de 1995, foi realizado um plebiscito, onde a população decidiu pela emancipação do município. A criação da cidade foi oficializada em 28 de dezembro do mesmo ano pelo então governador do Rio, Marcello Alencar. Em 3 de outubro de 1996 ocorreu a primeira eleição municipal e, em 1º de janeiro de 1997, o município foi instalado com a posse do então prefeito e seu vice.
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Mercato pulito Rio de Janeiro sarà sede di una mostra internazionale sulla sostenibilità urbana e le tecnologie verdi
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Sílvia Souza
on gli occhi puntati sui principali eventi che avranno sede in Brasile nel prossimo decennio e sulle prospettive di sviluppo del paese, il Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Eubra) realizzerà ad aprile del 2011 a Rio de Janeiro la Bright Green Cities (BGC) – Mostra Internacional de Sustentabilidade Urbana. L’evento, che punta sull’energia, le tecnologie e le attività economiche, è stato presentato in agosto e conta sull’appoggio del governo dello Stato, del Ministério das Relações Exteriores, del Banco do Nordeste do Brasil, dell’Agencia para o Desenvolvimento do Estado do Ceará, dell’Agência de Cooperação Alemã e della Camera Italo Brasiliana di Commercio e Industria di Rio de Janeiro. Come dichiarato dagli organizzatori, per tre giorni la città sarà sede delle principali discussioni sull’energia pulita, sulla costruzione e mobilità urbana, oltre ad accogliere incontri con banche
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nazionali e internazionali interessate agli investimenti sostenibili. Secondo il rilevamento dell’Eubra questo tipo di mercato movimenterà circa due miliardi di miliardi di dollari all’anno a partire dal 2012. Durante la BGC sarà mostrato il successo di esperienze fatte nell’industria pulita. Scoperte come aereo e barca mossi dall’energia solare, auto sportive con motore elettrico e uffici virtuali sono alcuni esempi di ciò che potrà essere visto. Una delle cose più importanti della BGC in Brasile sarà il Bright Green Book, una pubblicazione che riunisce le 100 azioni umane più intelligenti di questo secolo, storie di persone, imprese e organizzazioni che si sono distinte per le idee innovatrici. — Il Bright Green Book sarà un Guinness Book della sostenibilità. Il libro mostrerà alcuni progetti ancora sconosciuti che stanno trasformando la concezione dell’economia e della preservazione ambientale— spiega il presidente dell’Eubra, Robson Oliveira.
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Specialisti e ricercatori partecipano alla creazione del progetto e il lavoro è coordinato dal consiglio consultivo del BGC. La preselezione degli indicati, come risulta dal libro, sarà fatta per internet attraverso reti sociali ed e-mail. L’Italia ha già tre indicazioni: Promos Milano, Comtur e Ducati. La Promos, agenzia di promozioni di Milano, svolge una politica verso l’estero con programmi di sviluppo che danno impulso all’impiego e alla produzione italiana, e promuovono lo scambio di società e sviluppo economico in città non italiane. Invece la Comtur, agenzia di Napoli rivolta allo sviluppo, è stata indicata per le sue attività nella sicurezza alimentare e sviluppo agricolo, nel sistema di produzione alimentare e di artigianato di alto valore complessivo. Per ultimo, la Ducati è quotata per integrare gli eletti dalla pubblicazione grazie alla bicicletta elettrocinetica che ha prodotto in società con l’americana MIT. Secondo Oliveira la bicicletta inaugura un nuovo modello nel settore del trasporto
strategico. Questo prodotto, dotato di forte propulsione in salita, è economico e resistente se paragonato ad altri mezzi di locomozione. — L’Italia ha una tradizione nel campo delle tecnologie pulite e sostenibili. Tuttavia la mancanza di una politica per il settore e le crisi continue per le quali è passata hanno lasciato il paese in ritardo rispetto allo sviluppo. Speriamo che nel BGC l’Italia abbia l’opportunità di inaugurare un nuovo momento per la sua economia. Oggi gli Stati Uniti e la Germania sono le nazioni che investono di più, e avanzano appoggiando e aprendo fondi per creare e fare ricerche in questo mercato — analizza Oliveira. Realizzato a Copenhagen per la prima volta, in occasione della COP15, il BGC ha riunito 170 imprese. In grado di raggruppare dirigenti privati e pubblici, l’evento include il Green Port Cities (programma di rivitalizzazione urbana e riduzione delle emissioni nelle città portuarie); il Bright Green Games (progetti e tecnologie internazionali con imprese e città partecipanti ai Giochi Olimpici e alla Coppa del Mondo) e il Pós COP15/Pré Rio 2010 (proposte del settore imprenditoriale e istituzioni finanziarie per il rinnovo del protocollo di Kyoto durante la Rio 2012).
Da sinistra verso destra: il direttore-presidente di Comunità, Pietro Petraglia; il coordinatore di Pubbliche Relazioni del Comune di Rio de Janeiro, ambasciatore Stelio Amarante; il console d’Italia a Rio de Janeiro, Umberto Malnati e il presidente della Eubra, Robson Oliveira. Sotto, il direttore della International Emissions Trade Association (IETA), Paulo Protazio difende o Bright Green Cities
ROMA Lisomar Silva
História
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Unificação
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note esta data em sua agenda: 17 de março 2011. Nesse dia, a Itália e seus cidadãos festejarão o sesquicentenário da Unificação. Os festejos parecem ligados a um futuro distante, mas a data é tão importante que tornou-se tema de mostras e eventos culturais programados a partir deste semestre em todo o país. No passado, o território italiano, que era dividido em reinos (lombardo-vêneto,
sardo-piemontês e das duas Sicílias, incluindo a ilha do mesmo nome mas com sua capital em Nápoles), ducados (de Parma, Módena e Toscana) além do Estado Pontifício, cuja capital era Roma. A primeira sede de governo no período da Itália Unificada foi Turim, seguida de Florença, até a conquista de Roma em 1870. Assim, a partir de setembro, a Cidade Eterna festeja também 140 anos como capital da Itália.
Ressurgimento se liga em modo indissolúvel ao período napoleônico e à Revolução Francesa de 1789. Aproveite sua visita a Roma e entre no Museu do Ressurgimento para conhecer e aprofundar alguns dos principais aspectos que ligam fatos e eventos relativos à França e à Itália. A sede do Museu e do Instituto de Estudos sobre o Ressurgimento se encontra nas salas internas do majestoso Altar da Pátria, monumento construído em mármore branco após a Primeira Guerra, na Praça Veneza. Além da exposição permanente de documentos, objetos e indumentárias pertencentes a protagonistas da Unificação italiana, o museu organiza mostras especialmente dedicadas a protagonistas e a anônimos defensores dos ideais republicanos. Collezioni d’arte e fotografia artistica nell’Italia del Risorgimento - Museo Vittoriano e Istituto per la Storia del Risorgimento Italiano - Sala Giubileo, Piazza Venezia - Entrada pela Via San Pietro in Carcere. Ingressos a partir de 8 euros.
Garibaldi
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conquista da liberdade, da independência e da unificação nacional, é tema de inspiraçao artística e de pesquisa histórica sobre os episódios da vida política e militar italiana. Giuseppe Garibaldi, popularmente denominado “Herói dos Dois Mundos” é uma das figuras centrais do processo que abriu a fase republicana do país. Faça um percurso interessante: ao caminhar pelos jardins do Parque Gianícolo, visite os monumentos dedicados a Anita e Giuseppe Garibaldi; em seguida, entre no Museu Garibaldino, localizado em Porta San Pancrazio, um dos antigos pontos de acesso à cidade de Roma e também cenário histórico de violentas lutas dos soldados garibaldinos em defesa da nova República Romana. As mostras e exposições do Museu abragem a temática da unificação partindo da segunda metade do século 19 até a Primeira Guerra. Museo Garibaldino di Roma, Porta di San Pancrazio, 9. Grátis.
Cores
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Fotos
Unificação ganha cores especiais nas modernas obras artísticas que autores nacionais e estrangeiros realizaram para registrar fatos e acontecimentos importantes daquele período histórico em Roma. A mostra se localiza no Palazzo Braschi, situado entre Corso Vittorio Emanuele II e Praça Navona, nas proximidades da Embaixada Brasileira. Vale a pena ver também como a alta burguesia e a aristocracia decoravam suas habitações com belíssimos afrescos e móveis de acabamento refinado. (Quasi) tutti i colori del Risorgimento - Museo di Roma - Palazzo Braschi, Piazza San Pantaleo, 10. Até de 9 de janeiro de 2011. Ingressos a partir de 8 euros.
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erca de 100 fotografias de época, reunidas no Museu de Roma, no antigo bairro de Trastevere, revelam hábitos e costumes cotidianos do século 19, bem no período da unificação da Itália. Personagens e cidadãos comuns, paisagens que até hoje são parte viva do atual cenário urbanístico romano, mas que no passado foram cenas de momentos e gestos históricos marcantes no processo de unificação do território italiano. A mostra é realizada aos cuidados de Maria Elisa Tittoni, Anita Margiotta e Fabio Betti. Il Risorgimento dei Romani. Luoghi e Personaggi Fotografie 1849 – 1870 - Museo di Roma in Trastevere, Piazza Sant’Egidio, 1B. Até 28 de novembro. Ingressos a partir de 5,50 euros.
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Felicidade se compra? La felicità si compra? Sílvia Souza
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Em busca do que desejam os consumidores, Senai-Cetiqt e Future Concept Lab, de Milão, incrementam parceria e pesquisam o conceito de felicidade na vida dos brasileiros
Alla ricerca dei desideri dei consumatori la Senai-Cetiqt e il Future Concept Lab di Milano incrementano l’alleanza e indagano sul concetto di felicità nella vita dei brasiliani
“V
iver e não ter a vergonha de ser feliz...” Quem nunca entoou o verso da canção O que é o que é?, de Gonzaguinha, aproveitando para exorcizar os infortúnios da vida que atire a primeira pedra. Mas o que torna uma pessoa feliz? Que elementos contribuem para que as pessoas cheguem a esse sentimento? Em busca dessas e outras respostas, um grupo de especialistas em consumo, tendência, comportamento, além de profissionais de ciências sociais, se reuniram no início de setembro no Rio de Janeiro para um mergulho no tema da felicidade e sua relação com o consumo. Promovido pelo Senai-Cetiqt, centro de formação profissional, prestação de serviços e consultorias para a cadeia produtiva têxtil no Brasil e no mundo, o Seminário Internacional de Comportamento e Consumo chegou à sua quinta edição e revela: felicidade está na moda, mas não é fixando-se em estilos exclusivos de vida que as pessoas a alcançam. A indicação é um alerta para as empresas e um dos resultados de uma pesquisa com consumidores brasileiros. Intitulado “A Cultura material da felicidade”, o trabalho consolida uma parceria de cinco anos entre Senai e Future Concept Lab (FCL), instituto italiano de pesquisa e análise de comportamento do consumidor.
“V
iver e não ter a vergonha de ser feliz...” Chi non ha mai canticchiato il verso della canzone O que é o que é? di Gonzaguinha, approfittandone per scongiurare le cose sfortunate che capitano nella vita, lanci la prima pietra. Ma che cos’è che rende felice una persona? Quali sono i fattori che contribuiscono affinché le persone raggiungano questo sentimento? Alla ricerca di questa ed altre risposte un gruppo di specialisti in consumo, tendenze, comportamento, oltre a professionisti di scienze sociali, si sono riuniti all’inizio di settembre a Rio de Janeiro per fare un’immersione nel tema della felicità e la sua relazione con il consumo. Promosso dal Senai-Cetiqt, centro di formazione professionale, di erogazione di servizi e consulenze per la filiera produttiva tessile in Brasile e nel mondo, il ‘Seminário Internacional de Comportamento e Consumo’ è giunto alla sua quinta edizione e rivela: la felicità è di moda, ma non è fissandosi sugli stili esclusivi di vita che viene raggiunta dalla gente. L’indicazione è un avviso per le imprese e il risultato di una ricerca fatta coi consumatori brasiliani. Intitolato “A Cultura material da felicidade”, il lavoro consolida un’alleanza di cinque anni tra il Senai e il Future Concept Lab (FCL), istituto italiano di ricerca e analisi di comportamento dei consumatori.
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— Podemos dizer que existe uma tendência universal pela busca de qualidade de vida e a máxima de que felicidade não se compra é real. Existem ocasiões em que se tem felicidade na vida e as pessoas não assumem estilos únicos de definição, ora são clássicas, ora esportivas ou básicas. Ocorre que elas sabem que não estarão 100% felizes o tempo todo e então buscam satisfação, bem-estar e prazer em suas atividades. Na maioria das vezes, isso é alcançado nas pequenas coisas. Não pensamos em produtos específicos ou marcas, mas sim na motivação — descreve a pesquisadora Nicoletta Vaira, do Future Concept Lab. A pesquisa apresentada no seminário ouviu um total de 320 pessoas, homens e mulheres divididos em quatro faixas etárias dos 15 aos 65 anos. Foi aplicada em Belém, Recife, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Goiânia e no Rio de Janeiro a um grupo que tem renda mensal igual ou superior a dois mil reais por pontuar questões como grau de instrução e acesso à cultura e lazer. O objetivo era identificar práticas, representações, desejos, expectativas e valores do grupo que chamaram de “vanguarda feliz”. O desenvolvimento consistia no registro diário do participante de três momentos em que, na sua opinião, teria obtido prazer, bem estar ou felicidade. — Interessante que quando apresentávamos a proposta, grande parte das pessoas dizia que seria difícil haver três situações diárias de felicidade em su-
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as vidas. Mas na medida em que foram cumprindo o exercício, o volume de informações também aumentou e isso permitiu uma reflexão sobre a forma de vida que levavam e seu entendimento sobre o tema analisado — explica o pesquisador Marcelo Ramos, do Senai-Cetiqt. A rotina, que levou os pesquisadores ao total de sete mil registros de felicidade, foi baseada no modelo aplicado em países europeus em 2003. Naquela época, o FCL esteve na Espanha, Alemanha, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Rússia, França e, claro, Itália. E se, apesar das diferenças culturais encontradas nas diferentes regiões, nos diários brasileiros foi possível encontrar pontos de convergência entre os pesquisados, em comparação com os registros europeus, existem planos e preferências distintas. — A Itália é mais homogênea. No quesito religião, por exemplo, há quase que uma totalidade. Já o Brasil, tem contornos diferentes, uma mistura mais estimulante — destaca Nicoletta. Presidente do FCL, o sociólogo Francesco Morace vai além. Segundo ele, enquanto na Europa a cultura é um elemento mais importante para se alcançar a felicidade, no Brasil, o cuidado com o corpo aparece na primeira posição. Em outro ponto, se no Brasil é comum o compartilhar de experiências com os amigos e num ambiente exterior à residência; na Itália, esses momentos são divididos em família e, nos demais países europeus, é marcante o individualismo:
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Realizado no Rio de Janeiro, Seminário Internacional de Comportamento e Consumo divulga pesquisa feita por instituto italiano sobre a busca da felicidade pelo brasileiro. Para a pesquisadora italiana Nicoletta Vaira, do Future Concept Lab, a máxima de que felicidade não se compra é real Realizzato a Rio de Janeiro, il Seminário Internacional de Comportamento e Consumo ha reso nota una ricerca fatta da un ente italiano sulla ricerca di felicità dei brasiliani. Secondo la ricercatrice Nicoletta Vaira, del Future Concept Lab, la massima secondo la quale la felicità non si compra è vera
— Possiamo dire che esiste una tendenza universale a cercare una migliore qualità di vita, e la massima secondo cui la felicità non si compra è vera. Esistono situazioni nella vita in cui si è felici, e le persone non assumono stili unici definiti, ora sono classiche, ora sportive ora basiche. Succede che sanno che non saranno felici al 100% tutto il tempo, perciò cercano soddisfazione, benessere e piacere nelle attività personali. La maggior parte delle volte questi traguardi si raggiungono nelle piccole cose. Non stiamo pensando a marche o prodotti specifici, ma piuttosto alle motivazioni — descrive la ricercatrice Nicoletta Vaira del Future Concept Lab. La ricerca presentata nel seminario è stata fatta con 320 persone, uomini e donne, divisi in quattro fasce d’età, dai 15 ai 65 anni. E’ stata fatta a Belém, Recife, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Goiânia e a Rio de Janeiro, rivolta a per-
sone con reddito mensile uguale o superiore a duemila reais, per rilevare questioni come il grado d’istruzione e il loro accesso alla cultura e al divertimento. Si mirava ad identificare pratiche, rappresentazioni, desideri, speranze e valori di un gruppo che hanno chiamato “avanguardia felice”. La dinamica era quella di far annotare su un diario dal partecipante i tre momenti giornalieri in cui, secondo lui, aveva provato piacere, benessere o felicità. — [Era] interessante che quando presentavamo la proposta una gran parte delle persone diceva che sarebbe stato difficile provare tre momenti felici nella vita di tutti i giorni. Ma a mano a mano che svolgevano il loro compito aumentava la quantità delle informazioni, e ciò ha permesso di riflettere sul tipo di vita che facevano e la loro capacità d’intendere il tema analizzato — spiega il ricercatore Marcelo Ramos del Senai-Cetiqt. La pratica, che ha fornito ai ricercatori un totale di settemila atti registrati di felicità, si è basata sul modello applicato nei paesi europei nel 2003. In quell’occasione il FCL ha agito in Spagna, in Germania, Finlandia, Olanda, Inghilterra, Russia, Francia e, ovviamente, in Italia. E se, nonostante le differenze culturali incontrate nelle differenti regioni, nei diari brasiliani è stato possibile trovare punti di convergenza fra i ricercatori in paragone con i registri europei, esistono piani e preferenze distinte. — L’Italia è più omogenea. Sul quesito religione, per esempio, c’è una risposta quasi unica. Invece il Brasile ha contorni differenti, una mescolanza più stimolante — rileva Nicoletta. Il presidente del FCL, il sociologo Francesco Morace va oltre. Secondo lui mentre in Europa la cultura è un elemento molto importante per raggiungere la felicità, in Brasile la cura del proprio corpo appare in prima posizione. Su un altro punto, se in Brasile è comune il dividere esperienze con gli amici e in un ambiente fuori dalla propria casa, in Italia questi momenti sono vissuti in famiglia e, negli altri paesi europei, c’è molto individualismo:
— Isso nos aponta algumas escolhas, mas queremos ir ao porquê delas e às redes que formam. Mas sem implicar em rótulos. Apesar de a pesquisa estar baseada em impressões da classe média e do tema ser tratado em um seminário sobre comportamento e consumo, Morace recusa a pressão sobre um possível incentivo a uma “ingestão desenfreada” de produtos ou marcas. — Interessa-nos as boas sensações, o sentimento de satisfação e nós estamos saindo de um modelo em que consumir ou simplesmente gastar era a felicidade. Hoje você fala em cultura, em gostar de música, e há os downloads disponíveis gratuitamente. Então, não existe essa ideia de que a felicidade existe apenas para quem tem poder aquisitivo. Se pesquisássemos fora da classe A e B, ainda que com certas diferenças, também encontraríamos as ocasiões descritas. As pessoas querem ser felizes independentemente do dinheiro que têm em mãos atualmente. Cabe às empresas lançar mãos de meios para isso — analisa.
cidade/possibilidade de agir e interagir com o mundo ao nosso redor. Não à toa, os momentos de crise econômica interferem na oferta feita a essa busca, mas não em sua determinação, e o indivíduo tem domínio sobre os elementos básicos para sua felicidade. — Na Itália, por exemplo, atualmente, a gastronomia e a tecnologia ocupam um grande espaço na preferência dos consumidores, posto que o sistema Moda Itália já teve. Mas se essa é uma realidade interna, para o exterior, o Made in Italy ainda atrai por um histórico de qualidade e excelência — pondera Morace. Porém, como equacionar os anseios de um público e levar em conta os universos em que estão inseridos e que contribuem na formação de sua identidade? O economista Eduardo Giannetti avalia que a proposta para a felicidade passa pelo crivo da objetividade e da subjetividade. Ao tomar por base dados de pesquisas nos Estados Unidos e mesmo no Brasil, o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo (Insper) salienta a diferença entre ser feliz e estar feliz: — Estar feliz requer um nível de contentamento local, próximo, enquanto ser feliz pressupõe uma avaliação de trajetória, algo feito com distanciamento. No plano objetivo, a felicidade é medida por circunstancias materiais, indicadores de bem estar. Já o subjetivo traz as realizações, os componentes que nos colocam em zona de conforto. A questão é saber se nós estamos sabendo nos autoavaliar? Que parâmetros usamos? O questionamento do economista reflete o resultado das pes-
— Questo ci mette di fronte a certe scelte, ma noi vogliamo arrivare ai motivi di queste scelte e alle reti che le formano. Senza però attaccarci a delle etichette. Nonostante la ricerca sia basata su impressioni della classe media e il tema sia trattato in un seminario su comportamento e consumo, Morace rifiuta la pressione circa un possibile incentivo a un “ingerire sfrenato” di prodotti o di marche. — Ci interessano le sensazioni positive, il sentimento di soddisfazione e noi stiamo uscendo da un modello secondo cui il consumare o semplicemente lo spendere era la felicità. Oggi si parla di cultura, del piacere di ascoltare la musica, e abbiamo i downloads disponibili gratuitamente. Per cui non esiste questa idea secondo la quale la felicità è soltanto per chi ha potere d’acquisto. Se facessimo delle indagini al di fuori delle classi A e B, anche se con qualche differenza, troveremmo comunque le occasioni descritte. Le persone vogliono essere felici indipendentemente dal denaro che hanno in mano adesso. Tocca alle imprese trovare mezzi per farlo — è la sua analisi. Il consumo della felicità La storia del consumo segue l’ordine dei nostri desideri, delle nostre necessità, delle aspettative, e della capacità/possibilità di agir e interagire con il mondo intorno a noi. Non è per caso che i momenti di crisi economica interferiscono nell’offerta per
questa ricerca, ma non nella sua determinazione, e l’individuo detiene il dominio sugli elementi basilari per la sua felicità. — In Italia per esempio attualmente la gastronomia e la tecnologia occupano un posto importante nelle preferenze dei consumatori, posto che il sistema Moda Italia ha occupato in passato. Ma se questa è una realtà interna, per quanto riguarda l’estero il Made in Italy attrae ancora per la sua storia di eccellente qualità— è la valutazione di Morace. Tuttavia come calcolare i desideri di un pubblico e considerare i mondi in cui si trovano e che contribuiscono a formare la loro identità? L’economista Eduardo Giannetti stima che la proposta per essere felici deve passare attraverso una valutazione obiettiva e soggettiva. Basandosi su dati di ricerche fatte negli Stati Uniti e anche in Brasile, il professore dell’Instituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo (Insper) mette in risalto la differenza fra l’essere felici e il sentirsi felici: — Sentirsi felici richiede un livello di soddisfazione locale, prossimo, mentre essere felici presuppone una valutazione della propria traiettoria, cosa che viene fatta con distacco. Sul piano obiettivo la felicità viene misurata attraverso circostanze materiali, indicatrici di benessere. Invece il piano soggettivo trae le realizzazioni, i fattori che ci collocano in una zona di conforto. La questione è sapere se siamo capaci di valutare noi stessi. Che parametri usiamo? Il problema posto dall’economista riflette il risultato delle ricerche fatte recentemente con brasiliani: in seguito a domanda sulla situazione individuale il 70% si dichiara felice, ma quando la domanda è sulla situazione del popolo, della nazione, solo il 25% afferma che i brasiliani sono felici.
O consumo da felicidade A narrativa do consumo segue a ordem de nossos desejos, necessidades, expectativas e da capa-
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quisas feitas recentemente com brasileiros: quando perguntados sobre sua situação individual, 70% se declaram felizes, mas quando a pergunta é sobre o povo, a nação, apenas 25% afirmam que os brasileiros são felizes. — É o mesmo que ocorre quando o tema é preconceito racial. Em geral, as pessoas declaram que não possuem, mas ao avaliar o seu entorno, diz que o preconceito existe. Quando olha para si, o brasileiro tem em mente sua subjetividade e o seu modo de encarar a vida. Além disso, ao se declarar infeliz, a pessoa reconhece uma derrota pessoal e assume uma condição que não deseja tornar conhecida publicamente. Em relação aos demais, e sobre o país, o brasileiro olha para condições objetivas, para a precariedade da vida material, para a falta de segurança e emprego — discorre Giannetti, autor de Auto-engano, Felicidade e O valor do amanhã – ensaio sobre a natureza dos juros. Ainda segundo o professor, a ideia de que o aumento da renda significa maior felicidade também é equivocada. Baseando-se em pesquisas norte-americanas e japonesas sobre crescimento econômico na década de 20, Giannetti avalia que a relação renda versus felicidade só aumenta quando o crescimento salarial é significativo. Já quando a renda anual média por habitante atinge os 10 mil dólares, a proporção entre os que se declaram felizes não aumenta. Outra situação para o estudo do economista é a relação entre o indivíduo e um bem posicional. Segundo ele, o efeito de
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Elio Fiorucci: “gentileza e educação” como requisitos para se alcançar a felicidade Elio Fiorucci: “gentilezza ed educazione” come requisiti per raggiungere la felicità
possuir determinada coisa sobre os demais produz uma verdadeira “corrida armamentista” e lembra o escritor romano Petrônio, que em Satyricon cita um milionário da Roma antiga que afirma: “Só me interessam os bens que despertam no populacho a inveja de mim por possuí-los”. — A desigualdade reforça no Brasil o poder do dinheiro e dos bens posicionais. Para quem falta tanto, o apelo é maior e fantasioso — conclui. Nova chance Numa escala menos perversa que a descrita por Giannetti, um italiano consagrado pelo apelo de seus produtos foi Elio Fiorucci. Convidado especial do seminário, o designer de moda, cujo sobrenome batizou a marca que popularizou o jeans, acredita que a revolução cultural na década de 1970, “onde se podia tudo e a proposta de vida incluía combater a hipocrisia” foi determinante para o que a moda produziu a partir de então. — Era uma geração em busca da felicidade, algo que do ponto de vista coletivo é complexo e difícil de ser atendido. Creio que dei sorte. Vejo o Brasil hoje e percebo essa mesma caminhada, querendo resolver seus problemas e com qualidades e características que países ditos mais evoluídos se esqueceram de manter, como a gentileza e a educação, que são primordiais para essa aquisição do bem estar, da felicidade — comenta com a experiência de quem tem 75 anos e teve lojas em cidades como Londres, Nova Iorque e Rio de Janeiro.
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— La stessa cosa succede quando il tema è il preconcetto razziale. In generale le persone dichiarano che non ce l’hanno, ma se si guardano intorno dicono che il preconcetto esiste. Quando volge lo sguardo verso se stesso il brasiliano ha in mente la sua soggettività e il suo modo di affrontare la vita. All’opposto quando si dichiara infelice la persona riconosce una sconfitta personale e assume una posizione che non vuole ch sia di pubblico dominio. In rapporto ad altre questioni e il paese i brasiliani guardano alle condizioni obiettive, alla precarietà della vita materiale, alla mancanza di sicurezza e d’impiego— riflette Giannetti, autore di ‘Auto-engano, Felicidade e O valor do amanhã – ensaio sobre a natureza dos juros’. Sempre secondo il professore, anche l’idea che l’aumento del
reddito significhi una maggior felicità è un equivoco. Basandosi su ricerche nordamericane e giapponesi sulla crescita economica negli anni ‘20, Giannetti valuta che il rapporto reddito versus felicità aumenta soltanto quando l’aumento dello stipendio è significativo. Mentre quando il reddito annuale medio per capite arriva ai 10 mila dollari, la proporzione fra coloro che si dichiarano felici non aumenta. Un’altra situazione di studio per l’economista è il rapporto tra l’individuo e un bene che gli assicuri una posizione sociale. Secondo lui l’effetto di possedere una determinata cosa in più rispetto agli altri produce una reale “corsa agli armamenti”, e ricorda lo scrittore romano Petronio, che nel Satyricon cita un milionario di Roma antica che afferma: “Mi interessano solo i beni che provocano nel popolo un sentimento d’invidia nei miei confronti “. — La disuguaglianza rafforza in Brasile il potere del denaro e dei beni posizionali. Para quem falta tanto il richiamo è più grande e fantasioso — conclude. Nuova opportunità In una scala meno perversa di quella descritta da Giannetti, un italiano consacrato per il fascino dei suoi prodotti è Elio Fiorucci. Invitato speciale del seminario, il designer di moda, il cui cognome è stato usato per la marca che ha reso i jeans popolari, crede che la rivoluzione culturale
Riflessi della crisi
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l cambiamento del modello di mercato indicato da Francesco Morace può essere intrepretato anche come un riflesso dell’ultima crisi economica mondiale. L’istituto tedesco GfK ha valutato l’impatto di questa congiuntura nella vita di tutti i giorni dei consumatori europei. L’impresa ha sondato 10.200 persone con più di 14 anni in nove paesi d’Europa e ha constatato che, mirando al risparmio domestico, questi hanno alterato gli standard di consumo. Più di quattro su dieci consumatori italiani, tedeschi, olandesi e austriaci hanno cercato di comprare prodotti alimentari e bevande a prezzi più modici. Per il 43% degli italiani sondati i tagli prioritari sono stati abbigliamento e calzature. Al secondo posto nella lista dei tagli, gli italiani hanno citato le spese di svago (42%). Invece in Brasile, sempre nello stesso anno di crisi economica, ricerche hanno indicato la formazione di un nuovo profilo di consumatori perché un gran numero di persone è migrata dal ceto D/E verso quello C. Secondo il sondaggio O Observador Brasil 2008, coordinato dall’istituto di ricerche Ipsos Public Affairs, “il benessere della società brasiliana sta attraversando una piccola rivoluzione”.
Criança, Fiorucci se considerava o pior aluno entre cinco irmãos. Seu “caminho natural” foi, então, trabalhar com o pai na loja de sapatos da família. Atendendo às pessoas e tocando o negócio, entendeu o que pretendia fazer de sua vida. Depois de um tempo, arriscou abrir a própria loja de roupas e acessórios. Após uma viagem à Londres, para visitar a irmã que estudava em Cambridge, o estilista se inspirou para o que se tornaria um marco de Milão para o mundo. — Gucci e Ferragamo eram as duas marcas italianas que tinham destaque em Nova Iorque naquela época e não havia o pret-à-porter nacional. Antes da Fiorucci, havia três grandes marcas de jeans, mas o tecido era considerado peça para fim de semana. Então, com nossas calças, o jeans tomou as ruas, as mulheres gostavam porque valorizava as formas — recorda o estilista. Uma vez em Nova Iorque, na famosa boate Studio 54, Fiorucci passou a receber estrelas de cinema, fotógrafos conceituados, críticos e personalidades de destaque. Andy Warhol lançou na loja,
em 1976, a revista Interview. Em 1983, uma Madonna em inicio de carreira foi a estrela da festa pelos 15 anos da marca da boate. Uma crise no fim dos anos 1980, no entanto, levou o empresário a vender a etiqueta para um grupo japonês. Treze anos depois, ele voltou ao mercado com uma nova grife, a Love Therapy, em Milão. O atual trabalho do designer o trouxe ao Brasil. O negócio oferece t-shirts, jeans e acessórios coloridos, em linhas baseadas em romantismo, sensualidade, liberdade e fantasia. — Sou um otimista e não devemos desistir de buscar nosso espaço. Love Therapy existe para transbordar amor e sem amor a felicidade não é possível — afirma.
Reflexos da crise
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mudança no modelo de mercado apontada por Francesco Morace pode ser entendida também como reflexo da última crise econômica mundial. O instituto alemão GfK avaliou o impacto dessa conjuntura no cotidiano do consumidor europeu. A empresa ouviu 10.200 pessoas com mais de 14 anos em nove países da Europa e constatou que, com o objetivo de economizar no orçamento familiar, eles alteraram seus padrões de consumo. Mais de quatro em cada dez consumidores da Itália, Alemanha, Holanda e Áustria buscaram comprar produtos alimentares e bebidas a preços mais baixos. Para 43% dos italianos entrevistados, os cortes prioritários foram com roupas e calçados. Em segundo lugar na lista de cortes, os italianos citaram as despesas com lazer (42%). Já no Brasil, no mesmo ano do abalo econômico, pesquisas indicaram a formação de um novo perfil do consumidor porque um grande número de pessoas migrou da classe D/E para a classe C. De acordo com a pesquisa O Observador Brasil 2008, coordenada pelo instituto de pesquisas Ipsos Public Affairs, “o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”.
avvenuta negli anni ‘70 “quando tutto era possibile e la proposta di vita comprendeva il combattere l’ipocrisia” è stato determinante per quello che la moda ha prodotto a partire da allora. — Era una generazione in cerca della felicità, una cosa che dal punto di vista collettivo è complesso e difficile da seguire. Credo di essere stato fortunato. Vedo il Brasile oggi e percepisco lo stesso percorso, vuole risolvere i suoi problemi con le qualità e le caratteristiche che i i cosiddetti paesi più evoluti si sono scordati di conservare, come la gentilezza e l’educazione, che sono importantissimi per l’acquisizione del benessere, della felicità — commenta con l’esperienza di chi ha 75 anni ed ha avuto negozi in città come Londra, New York e Rio de Janeiro. Da bambino Fiorucci si considerava il peggior alunno dei cinque fratelli. Il suo “percorso naturale” allora è stato quello di lavorare col padre nel negozio di scarpe della famiglia. E cosí, vendendo alle persone e portando avanti il negozio, ha capito cosa voleva fare della sua vita. Dopo un po’ ha corso il rischio ed ha aperto un negozio suo di abbigliamento ed accessori. Dopo un viaggio a Londra per andare a trovare la sorella che studiava a Cambridge, lo stilista ha trovato l’ispirazione per quello che sarebbe divenuto una pietra miliare di Milano per il mondo. — Gucci e Ferragamo erano i due marchi italiani in enfasi a New York a quell’epoca e non c’era il prêt-à-porter naziona-
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le. Prima di Fiorucci c’erano tre grandi marche di jeans, ma la stoffa era considerata solo per i fine settimana. Allora, con i nostri pantaloni, i jeans hanno occupato le strade, alle donne piacevano perché valorizzavano le forme — ricorda lo stilista. A New York, nella famosa discoteca Studio 54, Fiorucci ha organizzato varie feste ed ha cominciato a ricevere star del cinema, fotografi di nome, critici e personalità famose. Andy Warhol nel 1976 ci ha fatto il lancio mondiale della rivista Interview. Nel 1983 una Madonna agli inizi di carriera è stata la star della festa per i 15 anni del marchio. Ma una crisi alla fine degli anni ’80 ha obbligato l’imprenditore a vendere il marchio ad un gruppo giapponese. Tredici anni dopo è ritornato sul mercato con una nuova griffe, la Love Therapy, a Milano. L’attuale lavoro del designer l’ha portato in Brasile. Il marchio vende t-shirts, jeans e accessori colorati, su linee basate su romanticismo, sensualità, libertà e fantasia. — Sono un ottimista e dobbiamo desistere di cercare il nostro spazio. Love Therapy esiste per trasbordare amore e senza amore la felicità non è possibile — ha detto.
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diplomazia
Studioso della realtà brasiliana, il diplomatico Mario Trampetti muore a Napoli
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Da Redação
51 anni, è deceduto il della task force della cittadinanprimo Consigliere presso za, nel maggio 2008. l’Ambasciata d’Italia in Si è dedicato con interesse a Brasile, Mario Trampetti. studi sulla realtà brasiliana: — Un brillante diplomatiHa subito un infarto all’alba del 9 settembre a Napoli, sua terra co, profondo conoscitore delle natale, dove hanno avuto luogo i tematiche brasiliane e dell’Amesuoi funerali. rica Latina. E’ infatti autore di Ex console generale d’Italia alcune pubblicazioni specialistia Curitiba, Trampetti ha lavorato che, in particolare sul processo presso l’Ambasciata nella fase di di integrazione del continente transizione tra l’uscita di Michele sudamericano — dice il console Valensise e l’arrivo dell’attuale am- d’Italia a Rio de Janeiro, Umberbasciatore, Gherardo La Francesca. to Malnati. Laureato in Scienze PolitiQuelli tra Trampetti e il Brasile erano legami molto stretti. E’ che presso l’Università di Napoli, stato proprio lui che, a nome del ha cominciato la sua carriera diministero degli Affari Esteri ita- plomatica nel 1984. E’arrivato la prima volta in Brasile nel 1987, liano, ha dato notizia dell’inizio comunità italiana2.pdf 8-07-2010 11:00:56
— A nome di tutto il personale dell’Ambasciata d’Italia a Brasilia e della rete consolare italiana in Brasile vorrei esprimere le mie più sentite e sincere condoglianze per l’improvvisa e prematura scomparsa del collega e amico Mario Trampetti, che svolgeva con competenza e impegno straordinari le funzioni di mio vice. Tutti noi abbiamo potuto apprezzare moltissimo non solo le straordinarie capacità professionali di Mario Trampetti, ma anche la sua gioviale sensibilità e la sua sempre premurosa attenzione ai rapporti umani. La sua scomparsa lascia un vuoto enorme. Alla moglie, al figlio e ai familiari vanno in questo momento il nostro pensiero e il nostro affetto — ha dichiarato l’ambasciatore d’Italia in Brasile, Gherardo La Francesca. Roberth Trindade
Un legame in meno
per assumere l’incarico di Primo segretario all’Ambasciata d’Italia a Brasília. Ci è rimasto fino al 1992, quando è stato trasferito a Berna (Svizzera), dove è stato Consigliere per l’emigrazione e gli affari sociali all’Ambasciata italiana. E’ ritornato in Brasile nel 2001, quando è stato a capo del Consolato Generale a Curitiba, incarico che ha occupato per quattro anni. Dal 2008 era Primo consigliere all’Ambasciata italiana a Brasília. Cavaliere Ufficiale dell’Ordine al Merito della Repubblica dal 2005, in gennaio Trampetti aveva ricevuto, a Recife (PE), la comitiva militare italiana scelta per andare insieme ai brasiliani in aiuto alle vittime del terremoto in Haiti. Allora la nave italiana Conte di Cavour era stata mandata al paese dei Caraibi con il gruppo italo-brasiliano a bordo.
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profilo
Fotos: Bruno de Lima
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iglio di un medico, è cresciuto sentendosi dire che non poteva scegliere una professione che non fosse legata alla medicina. Ma è stato a Rio de Janeiro, più esattamente nell’infermeria 38 della Santa Casa de Misericórdia, otto anni dopo essersi laureato, che il chirurgo plastico Fabio Fantozzi ha assunto piena consapevolezza della sua scelta. Il fatto che l’ha convinto di essere sulla strada giusta è dipeso dall’incontro con il celebre chirurgo brasiliano Ivo Pitanguy. E’ per questo che, undici anni dopo essere venuto in Brasile la prima volta, Fantozzi è adesso uno dei direttori della Associação Cirúrgica Europeia Pitanguy (Aceip), e gli piace moltissimo tornare sempre a Rio – sia per approfittare di quanto offre la città, sia per esercitare la sua professione. — Posso dire che io qua mi offro totalmente, perché posso lavorare con persone che realmente non hanno le condizioni [finanziarie] per affrontare cure così accessibili. Venire in Brasile
Profondo rispetto
per il maestro Italiano ex alunno di Ivo Pitanguy segue i passi del celebre chirurgo tanto in Brasile quanto nel suo Paese
Sílvia Souza per operare significa entrare in un nuovo sistema. In tutto il periodo passato qua ho acquisito cognizioni professionali e personali, e da luglio a settembre io ritrovo me stesso. Il Brasile rappresenta il 20% del mio lavoro — commenta il chirurgo che ha .... anni. La relazione di Fantozzi con Rio è cominciata nel 1999. Cercando di perfezionare la tecnica e il lavoro delle visite, il medico, laureatosi alla Scuola di Medicina in Italia, si era candidato a un posto di postlaurea nella Pontifícia Universidade Católica RJ, il cui professore titolare era Pitanguy. Approvato, ha vissuto tre anni in terra fluminense. Oltre a “frequentare” la Santa Casa Fantozzi ha fatto tirocinio nell’Hospital
dos Servidores e dell’Andaraí. E fa parte del 15% degli ex alunni di Pitanguy di nazionalità italiana. Fantozzi, che ha il titolo di studio riconosciuto dalla Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, sostiene che Pitanguy è in Italia, Francia e Inghilterra il “nome più importante” in questo campo. Ma, oltre al campo dell’estetica nella chirurgia plastica, quello che l’ha attratto,
come avvenuto ad altri seguaci del brasiliano, è stata l’esperienza nel campo riparatorio. — In Brasile le malformazioni congenite sono più comuni e spesso dipendono dalla mancanza di accompagnamento durante la gravidanza. Poi ci sono i problemi delle ustioni e di altri traumi in maggior numero che in Europa. Qui sono frequenti i casi da ustioni per elettricità, che sono peggiori di quelli causati dal fuoco. E’ per tutti questi motivi che il lavoro di riabilitazione sociale e psicologica attraverso cui passa il paziente è fondamentale e la scuola di Pitanguy possiede tutto questo bagaglio— analizza il medico, che è anche membro della Asso-
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ciação dos Ex-alunos de Ivo Pitanguy (Aexpi). Nel 2010 la cattedra di chirurgia plastica nella Escola Médica de Pós-graduação della PUCRJ (integrata all’Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia attraverso l’infermeria 38) compie 50 anni. E’qui che viene assistita anche la parte povera della popolazione e viene offerta l’opportunità di ottenere assistenza fisica e psicosociale. Si stima che in questi anni siano stati operati 50 mila pazienti e che, in media, vengano realizzate 1.800 operazioni chirurgiche all’anno nelle tre sale del centro chirurgico. La scuola di Pitanguy è diventata famosa in seguito all’incendio, avvenuto a Niterói nel dicembre 1961, del Gran Circo Nord-americano, durante il quale sono morte 500 persone e altre 120 sono rimaste mutilate. All’epoca il professore aveva sfidato l’equipe di medici all’opera e aveva organizzato il reparto ustioni dell’Hospital Universitário Antônio Pedro. Pitanguy, promotore nella ricerca e sempre in cerca di nuove cognizioni, ha ricevuto vari premi, fra cui quello della Cultura per la Pace, conferitogli da Papa Giovanni Paolo II nel 1989 per il lavoro svolto nella Santa Casa. Proprio per questo tipo di etica nella pratica medica i suoi alunni, oltre alle varie tecniche, apprendono la carità. La preoccupazione di aiutare gli altri e di dare continuità alla formazione avuta dal maestro ha acquistato forza durante un convegno con la Aexpi e la Università Cattolica Albanese, durante il quale l’ente ha offerto appoggio didattico e tecnico al corso di Medicina. Comunque alcuni chirurghi hanno già operato nell’ospedale centrale dell’Albania che, data la vicinanza con l’Italia, accoglie molti degli ex alunni italiani di Pitanguy. Dei tempi in cui era alunno Fantozzi ricorda che divideva l’appartamento con un collega del gruppo. Abitavano a Botafogo, a poca distanza dalla clinica di Pitanguy. Lontano da casa, i pazienti e gli impiegati dell’ospedale erano diventati la sua famiglia: — Dei giorni arrivavo alle 7.00 e alle 23.00 stavo ancora all’ospedale. Il gruppo era sempre unito e una volta la madre di un bambino che era stato operato ci ha invitati tutti alla festa di compleanno del figlio.
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comportamento
Degustação se
aprende na escola Projeto quer prevenir alcoolismo juvenil ensinando estudantes a apreciar corretamente um vinho
Aline Buaes
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ados do governo italiano afirmam que 22,7% dos jovens do país abusam do consumo de bebidas alcoólicas. Para mudar esse quadro, a associação Tutti Più Educati desenvolveu um projeto de prevenção. Lançado há três anos, o “Bevi giusto, Basta il gusto” sai do terreno da polêmica para colher os primeiros frutos. Inicialmente restrito a Milão, começa a ser solicitado por escolas e prefeituras de toda a Itália. A polêmica surgiu pelo próprio formato do projeto que tem por objetivo ensinar o jovem a beber. Ou melhor, degustar. No caso, o vinho, bebida italiana por excelência. Com o apoio da Associação Italiana dos Sommeliers, Bevi giusto ensina para os jovens noções de cultura, história e características físicas do vinho. E o mais importante: os benefícios do consumo moderado. O enólogo Piero Solci, um dos principais colaboradores do projeto e renomado sommelier da Lombardia, é o responsável por apresentar os componentes do vinho através de um teste sobre as capacidades sensoriais. Os estudantes são convidados à degustação de sete copos com ingredientes como açúcar, glicerina e tanino, a fim de compreender na prática como se origina o sabor do vinho. — Os cinco sentidos, entre eles o paladar, não servem apenas para percebermos fenômenos físicos, mas podem também garantir a transmissão de valores culturais — defende Solci. O alvo do projeto são os estudantes dos últimos anos da escola secundária italiana, com idades entre 16 e 18 anos. Criadora, em 2006, da Tutti Più Educati, Laura Caradonna ex-
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Divulgação Associazione Tutti Più Educati
Especial para Comunità
plica que esse grupo foi o escolhido para participar do projeto por estar “próximo à maioridade” e por ser formado por “jovens que não saboreiam uma bebida porque querem apenas se embriagar”. Ela lembra que a implantação do projeto foi difícil porque as autoridades educacionais se assustavam com a ideia: — Pensavam que nós queríamos ensinar os adolescentes a beber, quando, na realidade, nossa missão é ensiná-los a beber corretamente — explica Laura.
O projeto já começou a ser solicitado por escolas de toda a Itália
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A segunda dificuldade foi o próprio conhecimento que os alunos tinham sobre vinho – mas desconheciam. Afinal, a bebida faz parte do cotidiano de qualquer família italiana. Isso implicou na reformulação do material de avaliação. Agora, o projeto já se insere no âmbito de uma campanha informativa promovida pelo próprio ministério da Saúde italiano para combater o abuso e o consumo exagerado de álcool entre jovens. Também conta com a colaboração de grandes especialistas como a nutricionista Evelina Flachi, o jornalista e sociólogo pesquisador de fenomenologias sociais juvenis Roberto Piccinelli, a psicoterapeuta e consultora jurídica de casos de alcoolismo Elsa Selis e o educador Roberto Straniero, que possui experiência de quase 30 anos à frente de uma das maiores escolas de Milão. Todos se alternam nas apresentações aos estudantes.
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Os encontros são realizados enquanto atividades extracurriculares e, portanto, fora do ambiente escolar. Normalmente, a prefeitura local cede um espaço para a realização do encontro e as escolas da região são convidadas a participar. O último laboratório do projeto ocorreu no final de abril em Melegnano, na província de Milão. Na ocasião, cerca de 200 estudantes escutaram atentamente, durante duas horas, as lições do mestre Solci. — Uma coisa é o gosto, o sabor, o aroma e a cor de um bom vinho. Outra coisa é acordar com dor de cabeça, no dia seguinte a uma bebedeira — costuma dizer Solci aos alunos no início de suas palestras. Para o próximo ano letivo, os organizadores prevêem a realização de laboratórios de formação voltados para professores e familiares dos alunos, “pois a educação começa dentro de casa”, como observa Laura que abandonou a carreira de jornalista científica para se dedicar à associação. Um dos outros projetos desenvolvidos pela Tutti più Educati é sobre o ensino da importância para uma criança do consumo de água, ou do consumo correto de leite para adolescentes. Um dos mais ambiciosos é o Cultura Itinerante, aberto a todas as idades. Propõe percursos formativos de história da arte a fim de ensinar os cidadãos a apreciarem corretamente as obras de arte. No total, a organização possui mais de 100 profissionais de diversos setores que apóiam os projetos operando como consultores e educadores. — A educação está na consciência, na liberdade interior para realizar as próprias escolhas — resume Laura.
SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSa Vasectomia
O
brasileiro perdeu o medo da vasectomia. O número de procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu quase 80% em seis anos no país, saltando de 19,1 mil em 2003 para 34,1 mil em 2009. Consultórios particulares também registram aumento da procura. Para especialistas, esse aumento é atribuído à política de saúde do homem do Ministério da Saúde, que passou a oferecer o tratamento na rede pública, e à cobertura dos planos de saúde. “Além disso, as pessoas estão mais informadas, sabem que não tem nada a ver com perda de masculinidade. Os mitos estão caindo”, diz o urologista Joaquim Claro, do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador do Hospital do Homem.
Hipertensão
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m projeto brasileiro envolvendo 29 hospitais-escola investigará a razão pela qual muitos hipertensos, mesmo usando a medicação, não conseguem controlar a pressão. Mais da metade dos hipertensos têm a doença descontrolada - a maioria, por falta de adesão ao tratamento. Financiado pelo Ministério da Saúde, o estudo vai mapear pacientes resistentes ao tratamento. Enquadram-se nesse critério os que já tenham tentando usar três classes de drogas. O cardiologista José Eduardo Krieger, professor da USP que dirige o laboratório de genética do InCor, diz que os pesquisadores vão tentar correlacionar dados sobre a resistência aos medicamentos com as variantes genéticas de cada pessoa. “Hoje, com os chips de DNA, a gente pode fazer um milhão de indagações para cada amostra de sangue”, afirma.
Cerveja
A
s mulheres que bebem cerveja têm mais chances de desenvolver psoríase – uma doença de pele crônica – do que aquelas que não bebem. É o que aponta um estudo da Harvard Medical School, em Boston (EUA), segundo o qual mulheres que bebem cinco cervejas por semana correm um risco 130% maior do que as abstêmias. As que bebem a média de 2,3 cervejas têm um risco 72% maior. Segundo o autor da pesquisa, Abrar Qureshi, a psoríase estaria ligada a componentes não alcoólicos da cerveja. O estudo sugere que a doença pode estar relacionada ao glúten, usado na fermentação da cerveja. A psoríase é uma doença crônica de pele caracterizada por escamações com coceira que normalmente aparecem nos joelhos, nos cotovelos e no coro cabeludo.
Transplante renal
A
Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, assinou acordos para reduzir a dependência do Brasil em relação à tecnologia estrangeira na área de saúde. Segundo o ministro José Gomes Temporão, 80% dos insumos necessários para produzir os medicamentos consumidos pela população brasileira são importados. Um dos acordos, entre o laboratório de Farmanguinhos, da Fiocruz, e a Libbs, de São Paulo, prevê a produção nacional do tacrolimo, imunossupressor usado por transplantados renais. Só no primeiro semestre deste ano, 1.486 pessoas passaram por essa cirurgia. O governo gasta hoje 87 milhões de reais/ano com o remédio, que é importado. De acordo com o ministério, a economia com a substituição da importação será de 240 milhões de reais em cinco anos.
Farinha
E
las passam quase despercebidas, mas são tão importantes quanto as proteínas, os carboidratos e as gorduras na dieta. As fibras, encontradas em cereais, legumes, hortaliças e frutas, mantêm o equilíbrio da flora intestinal, protegem contra câncer, reduzem o colesterol e a glicose. E agora há uma maneira mais fácil e saborosa de consumi-las: nas farinhas feitas a partir de casca de frutas como maracujá, banana, laranja e de uva vermelha. Além de melhorar a saúde, elas ajudam a emagrecer sem remédio.
Farinha 1
O
consumo médio diário de fibras recomendado é de 25g e, nesse total, tem espaço para as farinhas. Elas vão bem com saladas de frutas, verduras, sucos, nas sopas, ou em receitas de bolos, biscoitos, tortas, massas de panquecas e mingaus substituindo a farinha de trigo, ensina a nutricionista Isabel Jereissati, do Núcleo Integrado de Atenção à Saúde da Mulher da Santa Casa de Misericórdia do Rio. “As farinhas de frutas são ótimas para os intestinos, que também produzem células do sistema imune. E quando eles funcionam bem, nossas defesas se reforçam”, diz a nutricionista.
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Farinha 2
A
farinha de casca de maracujá é rica em pectina, fibra boa para o controle do diabetes, e que forma um gel que reduz a absorção de gordura no intestino, protegendo as artérias e o coração. Além disso, aumenta a saciedade. A de uva vermelha contém resveratrol (encontrado principalmente nas sementes, na película e no vinho), antioxidante que previne entupimento de vasos ao estimular a produção, pelo fígado, de HDL (colesterol bom) e reduzindo o LDL (o ruim).
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Concorso
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a Federação das Entidades Culturais Ítalo Brasileiras do Estado de São Paulo (FECIBESP) realizza il IV Concorso di redazione in lingua italiana. Possono parteciparvi tutti coloro che frequentano i corsi di lingua italiana presso enti della comunità italiana della Circoscrizione Consolare di São Paulo. I partecipanti saranno divisi in 3 categorie a seconda dei limiti di età: a) dai 12 ai 17 anni; b) dai 18 ai 39 anni; c) al di sopra dei 40 anni. Per tutti il tema sarà “2011/2012: Momento Brasile/Italia”. I lavori, anonimi, dovranno essere inoltrati alla segreteria con il modulo di iscrizione allegato entro il 15 ottobre prossimo. Per ulteriori informazioni, telefonare allo 011-3259-6272.
Ufficiale
I
l guarani è la seconda lingua ufficiale del comune di Tacuru, al sud dello stato di Mato Grosso do Sul, vicino al Paraguay. Ciò perché in quella località la maggior parte dei 3.245 abitanti indigeni non è bilingue, parlano solo guarani e questo rende loro difficoltoso il poter usare i servizi pubblici essenziali. Tacuru è il secondo comune del paese ad adottare un idioma indigeno come lingua ufficiale – il primo è stato São Gabriel da Cachoeira all’estremo nord dell’Amazonas. Con la nuova legge in questo comune i servizi pubblici di base nell’area della salute e le campagne di prevenzione di malattie dovranno, a partire da subito, dare informazioni in guarani e in portoghese. Viene inoltre stabilito che nessuno potrà essere discriminato dovuto alla lingua ufficiale parlata e che dovranno essere rispettate e valorizzate le variazioni della lingua guarani, come il dialetto kaiowá, ñandeva e mbya.
Quanto vale
L’
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) di Rio de Janeiro vuole sapere quanto vale la preservazione del patrimonio storico sotto il profilo economico. Ha perciò ordinato all’economista Edmar Santos uno studio per valutare gli impatti di beni preservati in attività nel campo industriale e nel commercio delle vicinanze. Il lavoro comincerà col delineare gli effetti del restauro del Theatro Municipal e degli Arcos da Lapa nella produzione di prodotti, vendite commerciali, generazione di impieghi e rendita alla città. Il Municipal è stato il progetto più importante dell’Iphan/RJ: ha ottenuto 48 milioni di reais attraverso la Lei Rouanet e ha dato lavoro a 300 professionisti. Per gli archi saranno spesi 1,2 milioni di reais e, nel progetto, saranno coinvolte 30 persone tra architetti, ingegneri ed operai. Dal 2006 al 2010 l’Iphan/RJ ha reso disponibili per lavori pubblici 150 milioni di reais.
Cachaça
E’
depositato nel Congresso brasiliano un progetto di legge per istituire la data del 13 settembre come il Dia Nacional da Cachaça. L’autore del progetto, il deputato Valdir Colatto (PMDB-SC), afferma che l’obiettivo della legge è quello di far conoscere la bibita sul mercato internazionale come prodotto legittimo brasiliano. E’ stata scelta questa data perché nel 1661, in questo giorno, è avvenuta la Revolta da Cachaça: produttori della canna da zucchero di Rio de Janeiro si erano ribellati contro un decreto della Corte portoghese che proibiva il commercio della bibita nella colonia. Attualmente il Brasile produce 1 miliardo di litri di cachaça all’anno e meno dell’1% è esportata.
turismo
Sacola cheia Mercato di Testaccio reúne romanos e turistas em busca de produtos frescos tipicamente italianos
Especial de Roma
piente trazido de casa (uma garrafa d’água comprada na rua, por exemplo). Como pede a estação, prefira um vinho branco – ainda mais se for fazer piquenique. Um trebbiano é uma boa pedida. Não há mercado com mais senso de comunidade em Roma do que o Mercato di Testaccio. Mesmo sem falar italiano, peça conselhos do que comprar e de como servir à mesa. Os donos das bancas são quase sempre muito disponíveis, mas a experiência verdadeira está em pedir ajuda às senhoras romanas que cotidianamente fazem compras no local. Não raro, um grupelho de algumas delas se reúne em torno de alguém com dúvidas do que comprar ou de como preparar. Cada uma, é claro, fornece a sua receita. Outra peculiaridade da feira é a paixão pelo futebol. Testaccio é o centro nevrálgico da A.S. Roma, principal time de calcio da cidade e rival histórico da Lazio. Muitas bancas exibem, orgulhas, camisetas do histórico capitão e número 10 do time, o romano Francesco Totti – todas devidamente autografadas. Enquanto as senhoras discutem a mesa, os homens (comerciantes e clientes) comentam o último gol perdido ou a última grande apresentação do time atual dos jogadores brasileiros Adriano, Tadei e Doni. O próprio deslocamento para chegar ao Mercato faz a festa de muitos turistas. Da estação Termini, pegue o ônibus 170. O trajeto proporciona boas fotos do Coliseu e da Igreja de Santa Maria in Cosmedim – onde está a famosa Bocca della Verità. Peça para descer na Via Marmorata, esquina com a Via Giovanni Branca e boas compras.
mente romano do que o Mercato di Testaccio, uma feira de frutas, verduras, legumes, embutidos, queijos, peixes, azeitonas e preciosidades italianas concentradas em poucos metros quadrados em um dos bairros mais tradicionais da cidade. Fundado ainda no século 19, o Mercato é o sucessor de diversas outras feiras livres e mantém uma tradição secular do bairro de Testaccio. Na área, durante o Império Romano, ficava o antigo Emporium, ponto de desembarque das mercadorias que che-
Fotos: Leandro Demori
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início da queda da temperatura e a volta dos romanos à cidade após as férias de agosto trazem também a redescoberta de pequenos prazeres que Roma proporciona longe de museus e monumentos. Um deles é o piquenique em parques públicos, sobretudo na Villa Borghese, imensa área verde permeada por obras de arte ao ar livre localizada ao lado da Piazza del Popolo, região central da capital italiana. Para preparar a cesta, não há lugar mais adequado e tipica-
Leandro Demori
gavam pelo rio Tibre após serem desembarcadas na costa italiana vindas pelo mar de várias partes do mundo. Não por acaso, o símbolo do bairro é, até hoje, um jarro feito de cerâmica, modelado como as antigas ânforas que serviam para transportar as preciosas especiarias. Convém chegar cedo para preparar a cesta do piquenique com os produtos mais frescos do dia. Muitas bancas já estão abertas antes mesmo das 7h da manhã. Comece o giro por uma das esquinas da Piazzale Testaccio (que abriga o mercado) e penetre pouco a pouco pelas bancas de produtos alimentares que permeiam o interior da praça coberta. Não faça pouco caso da arquitetura e organização simples: a qualidade dos produtos impressiona além do que os olhos podem ver. Aproveite para comprar frutas da estação trazidas normalmente de pequenas propriedades dos arredores de Roma e do Lazio. O mesmo vale para queijos, salames, azeitonas e presuntos crus. No Mercato se pode encontrar, ainda, uma raridade um tanto exótica para brasileiros e latino-americanos: um açougue que vende exclusivamente carne de cavalo. Ali, se pode comprar a típica bresaola equina, uma espécie de salame de textura mais tenra e sem gordura. Feito também de carne bovina, a bresaola de cavalo é de um vermelho mais escuro e tem sabor um tanto adocicado. Peça para o açougueiro (macellaio) cortá-la em fatias bem finas (Sotille). Em frente à banca de carne equina há um vendedor de vinhos. Você pode comprar uma garrafa ou até mesmo encher um reci-
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turismo
Bebendo da fonte Empresários brasileiros observam práticas de termalismo na Itália para incrementar segmento no Brasil
Sílvia Souza
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az tempo que a divisão do dia em períodos de oito horas – para trabalho/estudo, lazer e sono - ficou só na teoria. Mas se não dá para fugir de uma sociedade em que as obrigações e compromissos se acumulam rotineiramente, ter um lugar para relaxar e cuidar da saúde de um modo alternativo pode ser um destino turístico cada vez mais próximo dos brasileiros. Pelo menos na visão do Ministério do Turismo (MTur), da Agência Brasileira dos Agentes de Viagens (Abav), do Sebrae Nacional e da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). Numa ação conjunta que culminou com uma visita técnica à Itália, essas entidades pretendem dar um novo impulso ao turismo termal no Brasil. Os resultados desse novo posicionamento poderão ser conferidos em uma publicação a ser lançada em outubro, durante o Congresso anual dos agentes, no Rio de Janeiro. Principal destino de termalismo do mundo, a região da Toscana foi o alvo da observação brasileira. No período de uma semana, no mês de junho, cerca de dez empresários de estados como São Paulo, Goiás, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais estiveram em hotéis, spas e resorts
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Terme Sensoriali, em Therme dei Chianciano chamou a atenção do grupo
instalados nas cidades de Monsummano, Montecatini, San Casciano dei Bagni, Bagno Vignoni, Chianciano e Florença. Voltaram certos de que a estratégia de associar atividades de bem-estar a outros atrativos da região, como a enogastronomia, produção artesanal e cultural, como é feito na Toscana, é uma ótima opção para superar a mudança do perfil dos seus frequentadores e os efeitos da crise mundial, que provocou redução de visitantes.
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— No Brasil não temos dados consolidados sobre esse segmento, como fizemos com o turismo cultural, o ecoturismo ou turismo de aventura. Estamos iniciando um trabalho de forma a divulgar nossos destinos e estimular o desenvolvimento de um novo nicho, por isso a passagem pela Itália, que tem tradição neste setor foi tão importante — analisa a coordenadora geral de Segmentação do MTur, Sáskia Lima. Segundo ela, dados de 2009 da Embratur, apontam que, den-
tro do turismo doméstico, 9,9% das pessoas realizaram viagens por motivo de saúde e outros 3,5% procuraram estâncias climáticas. Apesar de o Brasil possuir destinos bem visitados no interior de São Paulo e Minas Gerais, Sáskia comenta que a escolha destes locais esteve, durante os últimos anos, atrelada a indicações médico-hospitalares: — Insistimos em fazer circuitos de bem-estar e ligar o tema à saúde como forma de prevenção. Até porque para que o turismo como saúde ocorresse precisaríamos de um amadurecimento integrado com o Sistema Único de Saúde (SUS). A visita do grupo brasileiro ocorreu no âmbito do programa “Benchmarking 2010 - Excelência em Turismo, aprendendo com as melhores práticas internacionais” cujo objetivo é qualificar agentes e operadores através da análise e incorporação de modelos eficientes identificadas em destinos referência. No Brasil, além dos circuitos mineiro e paulista de águas, outros locais em que o turismo termal pode ser encontrado são Mossoró (RN), Caldas Novas (GO) e Pontal do Paraná (PR). Consultora técnica do projeto, Karla Buzzi avalia que a Toscana soube renovar a atividade termal para se manter no mercado. — Em Therme di Chianciano, por exemplo, eles desenvolveram uma moderna estrutura chamada Terme Sensoriali, que é um centro de bem-estar com base nos cinco sentidos e nos cinco elementos da natureza. É templo termal de 1.300 m² a 90 km de Florença. Alguns empresários manifestaram interesse em implantar estrutura semelhante em seus negócios no Brasil proporcionando inovação ao setor — enfatiza. Datam do século 3, a descoberta de fontes de águas quentes em Roma e na Toscana. Nes-
ses locais se formaram grandes termas públicas ou privadas, que comportavam até 6 mil pessoas. Mas foi só no século 17 que o conceito de termalismo moderno passou a existir, com a construção de grandes hotéis e até cidades em volta das termas. Hoje, a Toscana recebe anualmente 42 milhões de turistas. As termas representam cerca de 10% desse movimento, empregando 120 mil pessoas direta ou indiretamente. — É um turismo reservado a uma classe econômica elevada, que permanece por um tempo maior no destino — disse o diretor geral de desenvolvimento econômico da Regione Toscana, Paolo Bondini, que recebeu o grupo. Segundo ele, na tentativa de superar a crise do setor, o governo privatizou a administração de algumas termas, mobilizou 30% dos recursos destinados à promoção turística para o setor termal e abriu linhas de financiamento aos empresários interessados em aprimorar sua estrutura. Pela primeira vez a Itália integrou uma etapa do Benchmarking e um retorno do programa ao país não está descartado. Segundo a coordenadora geral de Serviços Turísticos do MTur, Rosiane Rockenbach, o país europeu tem boas experiências no tratamento do turismo cultural que podem agregar valor ao tema no Brasil. — A Itália desenvolve com sucesso o associativismo. Vemos a comercialização de destinos e as APL funcionando. Eles
têm uma parceria muito boa para um portifólio de pacotes. Aqui as coisas ainda acontecem de modo independente — analisa. Em sua quarta edição, o projeto do Benchmarking foi idealizado em 2005. Desde então, foram capacitados 163 operadores que, após as viagens, promoveram ações de multiplicação em suas respectivas localidades, favorecendo indiretamente cerca de 6.300 outros empresários e profissionais do turismo. — Pensar turismo implica desenvolver uma rede com geração de renda, postos de trabalho, divisas e contribuir de forma decisiva na preservação e exploração sustentável dos patrimônios naturais e culturais do Brasil — ressalta a gerente de Acompanhamento e Estruturação de Produtos da Embratur Karem Basulto. Águas do Brasil Apesar de possuir destinos que exploram o termalismo de norte a sul no país, as opções mais famosas ficam nos municípios da Serra da Mantiqueira, compartilhada por São Paulo e Minas Gerais. Das oito cidades que formam o circuito paulista das águas, seis são consideradas Estâncias Hidrominerais - devido às suas fontes naturais de água mineral. Têm em comum o clima ameno de montanha, com temperatura média que varia de 20º C a 25º C, ar puro e tranqüilidade necessários ao relaxamento. A mais conhecida dentre elas, Águas de Lindóia, teve os efeitos medicinais de suas águas des-
O centro de bem estar funciona com base nos cinco sentidos e cinco elementos da natureza
A consultora do projeto, Karla Buzzi, fala aos empresários brasileiros que visitaram o Fonte Verde Spa Resort, em San Casciano dei Bagni
cobertos pelo italiano Francisco Tozzi, em 1916. Médico, ele fundou a cidade, que passou a ser procurada por turistas do mundo inteiro para se curarem de certas doenças do aparelho digestivo. O município possui uma das mais belas obras vivas do paisagista moderno Burle Marx, a praça Adhemar de Barros, e o Balneário Municipal assinado por Osvaldo Arthur Brakthe. Capital da água mineral, a vizinha Lindóia, alcançou o índice de 40% da produção da água mineral em todo país e abriga, no Museu Centro de Memória, uma sala que conta a história da água mineral e mantém um documento de compra de águas que foram enviadas à Lua na expedição da Apollo 11. Além de desfrutar de fontes, rios e cachoeiras, o turista que visita esse circuito tem opções que vão além da sombra e da água fresca. É possível radicalizar com 22 modalidades de esportes de aventura; aprender
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sobre a história do Brasil nas fazendas que no passado abrigavam sinhás e escravos; além de acompanhar a produção artesanal de queijos, vinhos e cachaças da região. Pelo lado mineiro, o bem estar associado a práticas termais e uso da água pode ser encontrado em dez municípios. Caxambu – cujo significado em tupi é uma tradução próxima à “água que borbulha” – tem o tradicional Parque das Águas, com doze fontes, cada uma com propriedades químicas diferentes, tendo a maior concentração de águas carbogasosa do planeta. Já Lambari é considerada um paraíso para os místicos por conta das paisagens e locais próprios para meditação e integração com a natureza. Concentra piscinas, fontes e duchas de águas minerais com propriedades terapêuticas, em fontes de água que dividem-se em gasosa, alcalina, magnesiana, ligeiramente gasosa (para crianças), ferruginosa e até picante.
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livro
Distância dos trapinhos Claudia Matarazzo lança livros com dicas de beleza e etiqueta voltados para o público jovem
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Sônia Apolinário
uer ser elegante? Vistase de acordo com o seu temperamento e não simplesmente com o que está na moda. Quem aconselha é Claudia Matarazzo. Sobrinha neta de Ciccillo Matarazzo - o ítalo-brasileiro que se tornou um dos ícones da industrialização do Brasil no início do século 20 – a jornalista sabe o que fala. Desde 2006 como chefe do cerimonial do governo do estado de São Paulo, ela lançou dois livros: Superdicas de moda e beleza e Superdicas de etiqueta. Em formato de bolso, as publicações têm como públicoalvo os jovens que estão em busca de uma colocação no mercado de trabalho. A própria Claudia avisa que não fez um “tratado” sobre os assuntos. Seu objetivo era dar dicas rápidas e objetivas: — Sou muito convidada para dar palestras, principalmente por empresas. Há uma reclama-
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ção geral a respeito de como os jovens estão se vestindo. A moda ficou muito trapinho. Tudo é pequeno, apertado, decotado. Esse exagero não é sensual e causa muitos problemas em ambiente de trabalho — alerta. Com a experiência de quem já foi editora de moda de revistas como Casa Claudia, Manequim e Playboy, Claudia é da opinião que a moda, atualmente, está “precária”. Segundo ela, a globalização e a necessidade de se trocar as ditas tendências a cada dois meses criaram um “vale tudo” cujo
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objetivo é apenas a “venda rápida”. Isso, na sua opinião, acontece em todo o mundo. De acordo com sua avaliação, mesmo lugares ícones fashion como Itália e França, “que continuam dando as cartas” não apresentam mais, em suas ruas, pessoas tão elegantes como em tempos atrás. Nas palestras, Claudia conta que os rapazes fazem muitas perguntas e aceitam as dicas melhor do que as mulheres. Isso porque elas acham que já sabem tudo sobre moda e só querem usar o que está na vitrine. — Há um conceito de elegância que é universal. E para não se tornar uma vítima da moda é preciso ter autoconhecimento. É preciso se olhar muito no espelho do banheiro e no seu próprio espelho interior — afirma Claudia. Mas se o espelho estiver embaçado, a jornalista dá uma mãozinha. Vai fazer
uma entrevista de emprego? Então, não use uma roupa nova nem corte o cabelo na véspera. Essas novidades no visual geram ansiedade. A melhor opção é usar aquela “roupa coringa” com a qual se está acostumada. Além disso, o que tem que chamar a atenção é você e não a roupa. Quer usar esmalte cor de laranja? Claudia afirma que até pode, desde que o esmalte e as unham estejam “impecáveis”. Na dúvida, esmaltes claros. Pretos? Nunca. Em relação a questões relacionadas com etiqueta, também são vistas atualmente como ferramentas no mundo profissional. Ela explica que entre os anos 70/90, com a revolução dos costumes, muita coisa foi “deletada”. O resultado disso foi que os filhos dessas gerações não sabem mais as regras básicas ligadas à hierarquia. Aos 52 anos, mãe de Valentina de 13 anos, Claudia admite que precisou rever conceitos particulares para falar sobre o assunto. Hoje, ela já aceita que se mande um convite de casamento por e-mail. Na sua opinião, listas ou perfil de casamentos em redes sociais “são de mau gosto, mas aceitáveis”. O que, para ela, “não é legal” é a nova “moda” de o casal pedir, por e-mail, dinheiro ao invés de presente: — Sei que isso já é uma prática, mas transforma o casamento em um balcão de negócios. Ainda não me convenci que isso é uma boa coisa a se fazer. No máximo, aconselho o casal pedir dinheiro somente para os mais íntimos e os padrinhos. Sobre seu próprio estilo, a jornalista afirma que tende para o clássico com muitas doses de praticidade e conforto. Claudia confessa que, atualmente, seu visual causa espanto na sua família. Afinal, ela não esconde o seu passado de “porra-louca”: — Eu cantava, atuava, apresentei programas de TV. Eu vivi todo o auge da década de 70, tive essa satisfação. Eu era muito hippie. Minha família faz piada com isso até hoje. Em 1993, quando me pediram para escrever o primeiro livro sobre etiqueta, até eu achei estranho. Aos poucos fui mudando — conta ela que é irmã de Andrea Matarazzo, secretário de cultura do governo de São Paulo e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.
exposição
Arte nos anos de chumbo Exposição no Rio de Janeiro apresenta olhar sobre produção artística dos anos 70
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m época de eleição no Brasil e, consequentemente, de voltar a atenção para o panorama político do país, a Galeria Progetti exibe até o final de outubro, mais de 50 obras de artistas que com suas telas, imagens e expressões incitaram o debate político. Intitulada Os 70’s, a mostra traz a público peças inéditas ou que fizeram parte de exibições antológicas para mostrar, como nos conturbados anos de chumbo, seus autores viam questões que passavam pelo social e as relações humanas. Essa produção sustentava um diálogo por mudanças e experiências que levassem à transformação da sociedade. Amélia Toledo, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Artur Barrio, Carlos Fajardo, Carlos Zílio, Carlos Vergara, Carmela Gross, Cildo Meireles, Ivens Machado, José Resende, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Tunga, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel e a italiana - naturalizada brasileira em 1968 - Anna Maria Maiolino fazem parte dos eleitos pelo
Sílvia Souza curador Paulo Reis para exibir esse período da arte brasileira. Um tempo que, segundo ele, ainda inspira a geração que faz a arte contemporânea no país. — Acho que existe uma conjuntura internacional que volta o olhar para os anos 1970 e a produção atual é próxima daquela arte sociológica e conceitual. Vemos referências históricas em peças e artistas daquela época. A Bienal de São Paulo vai resgatar isso e nós teremos a oportunida-
O curador Paulo Reis optou por obras de artistas ainda vivos
“Record, The Space Between”, o recado do artista Antonio Dias
de aqui de conferir esses pontos de ligação — analisa. Para não rivalizar com a exposição paulista, o curador escolheu diferentes obras dos participantes e optou por uma lista de artistas vivos. Dessa forma, Ligia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro, Paulo Roberto Leal, entre outros, que marcaram as experiências plásticas radicais e são significativos desse período, ficaram de fora do trabalho. De acordo com Reis, os artistas escolhidos mantêm ainda sua produção e diálogo com o público. Muitos são professores,
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fazem parte de grupo de análise, o que demonstra o estreitamento com a nova geração de artistas ou pessoas que pensam a arte brasileira: — Estamos falando de uma arte que chegou aos 40 anos. Hoje, pessoas com essa idade já são avós. Ou seja, a mostra tem também a leveza de confrontar a maturidade da própria produção desses artistas. Muitas das obras eram mal vistas e num período de grande escassez (de liberdade, de informação, de materiais) eles responderam com uma grande profusão de ideias. Materiais como cadernos escolares, papelão, madeira reutilizadas, refugos industriais, brinquedos, letreiros de rua, carimbos, notas de dinheiro e bilhetes de loteria, papéis carbono, envelopes de carta se misturavam e ganhavam forma, conteúdo e volume pelas mãos desses artistas. Foi nesta fase que explodiu a reprografia (xerox), o correio arte (mail art), os desenhos, a gravura e os múltiplos. Como ocorre no registro “O Buraco”, de Ana Maria Maiolino: a superfície negra cortada à mão aponta o traço feminino e a sutileza da critica em carga poética. — A partir dos movimentos Concreto e Neoconcreto, a arte brasileira irá vivenciar sua própria história como motor de existência. Esgotadas as possibilidades da arte social das décadas de 1940/50, os artistas brasileiros fizeram uma transformação no pensamento social da arte. É neste momento que nasce a nova figuração brasileira, propondo uma revolução artística. A política, o social e a sexualidade tornam-se pano de fundo para o grupo que pretendia fazer uma arte verdadeiramente popular, que existisse para um contato com o mundo real e respondesse aos apelos de uma postura revolucionária. E olhar a arte atual é ou não um retorno a essa origem primária? Além de expor as características daquela fase, essa é uma das reflexões que a mostra quer permitir aos seus visitantes. Serviço: Os 70’s. Até 23 de outubro. Galeria Progetti – Travessa do Comércio, 22. Arco do Telles, Centro, RJ.
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cultura
Cultura brazuca Produtor que levou as novelas brasileiras para a Itália agora se volta para a bossa nova
Aline Buaes
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Especial para Comunità
ara a maioria dos italianos, atualmente, música brasileira é o axé music. MPB? Bossa Nova? Poucos sabem o que isso significa. Quem faz o alerta é o produtor cinematográfico italiano Gianni Ciuffini. Apaixonado pela cultura brasileira, ele está à frente de uma associação cultural que tem como objetivo, justamente, promover a bossa nova na Itália, “a fim de recuperar as referências do principal movimento da música brasileira”. — Em Roma, mais de 90% das pessoas identificam a música brasileira com a música baiana. Se perderam, na Itália, as referências daquele movimento musical histórico que foi a bossa nova — afirma Ciuffini, presidente do Gruppo Image, holding do setor de entretenimento que entre as décadas de 70 e 90 foi a responsável pela importação de dezenas de novelas e seriados brasileiros para a Itália.
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Em 2005, ele criou a Associação Brasil Memórias. Desde então, organizou diversos eventos de música brasileira na Itália, entre eles, o show batizado com o nome da associação que reuniu, em novembro de 2007, no Teatro Il Sistina, um dos mais importantes de Roma, artistas como Toquinho, Miúcha e Elza Soares. Seu mais recente evento foi realizado em julho de 2010. “Vento do Mar” reuniu na ilha de Capri artistas como as cantoras Fafá de Belém, Leila Pinheiro e Felicidade Suzy, o pianista Jim Porto e o contrabaixista americano Bruce Henry para homenagear o Rio de Janeiro e os maiores personagens da música brasileira, como Chico Buarque, Villa Lobos, Baden Powell e Vinícius de Moraes. Os shows duraram uma semana e aconteceram na praça central de Anacapri. — Fafá de Belém fez um show de piano e voz, um tribu-
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to a Chico Buarque. Não foi um show “fácil” e mesmo assim, foi muito bem recebido — afirma Ciuffini informando que o evento marcou a estreia de Leila Pinheiro na Itália. Mercado fechado As dificuldades de entrada de artistas brasileiros no mercado italiano atual são muitas, segundo o produtor. Ele lista desde aspectos relacionados à crise internacional até à falta de interesse e informação como fatores que contribuem para a ausência de referências da música brasileira entre o grande público italiano. Como exemplo deste cenário, Ciuffini cita o fato que ao longo de 2009 nenhum grande artista brasileiro se apresentou em palcos italianos. Este ano, o único show realizado por Caetano Veloso em Roma, em julho, no Hipódromo de Capannelle, reuniu em torno de 200 pessoas em um
local com capacidade para cerca de cinco mil pessoas. A cantora Ana Carolina, por sua vez, que realizou seu primeiro tour italiano neste ano, também teve pouco público em sua apresentação, em Roma. — O mercado italiano se tornou muito difícil para os artistas brasileiros. Na maioria das vezes, a plateia desse tipo de evento é formada por brasileiros residentes na Itália. Caetano Veloso, que é sempre uma referência e normalmente reúne pelo menos 2 mil pessoas por show, já está com a imagem saturada e o público italiano já se cansou. Ciuffini começou a trabalhar com o mercado televisivo e cinematográfico nos anos 60. Atuou como assistente de direção dos maiores cineastas italianos do período, como Elio Petri, Mario Monicelli, Vittorio De Sica e Ettore Scola, entre outros. Foi através deste meio que conhe-
var para a ilha italiana Toquinho, Gal Costa, Maria Betânia, Gilberto Gil, Martinho da Vila e Paulinho da Viola. Novelas históricas Na sua bagagem histórica, o Gruppo Image carrega a responsabilidade pela importação de
Fotos: Brasil Memórias Divulgação
ceu os maiores nomes da música brasileira, que começavam a conquistar o mundo naquela época, como João Gilberto e Stan Getz, Baden Powell e Vinícius de Moraes. Com muitos deles manteve contatos pessoais, tendo, por exemplo, participado da produção do famoso comercial televisivo de 1969 do qual Chico Buarque foi o responsável pela trilha sonora, quando compôs ao lado de Sergio Bardotti a música Far niente. Casado há 12 anos com a carioca Janete Chagas, Ciuffini adianta que para 2011, no âmbito do evento Ano da Itália no Brasil, a Associação Brasil Memórias planeja produzir um grande evento para levar a cultura italiana aos cariocas, sob a temática “Roma-Rio”. Já o “Vento do Mar” deve se repetir em Capri em 2011, mantendo o padrão de promover o samba e a bossa-nova. No próximo ano, ele pretende le-
boa parte das mais de 50 novelas e seriados brasileiros transmitidos em televisões italianas entre as décadas de 70 e 90. Em 1978, Ciuffini, em meio a uma negociação sem grandes pretensões, comprou da Rede Globo no Brasil e vendeu ao canal italiano Rete 4 a célebre telenovela Escrava Isaura, com a atriz Lucélia Santos no papel principal. — Foi um sucesso extraordinário e abriu o caminho para outras novelas de sucesso, como Dancing Days (1978), com Sônia Braga, e Ciranda de Pedra (1981). Era uma novidade absoluta na televisão italiana, este gênero melodramático com um formato que todo dia trazia uma tensão diferente. A “moda” das novelas na Itália durou de até 1995. Segundo ele, neste momento, “não há mais espaço para as novelas brasileiras”. Ciuffini observa que a última novela transmitida na televisão italiana foi Terra Nostra, reprisada no turno da tarde pelo canal Rai Tre em meados de 2009. — Quando eu comecei, em 1978, era tudo completamente diferente, era um mercado virgem. Entre 1994 e 1995, houve uma quebra total do mercado. O público italiano é muito volúvel, segue muito as modas e depois esquece. Mas, em todo caso, essa moda durou 15 anos — afirma, salientando que também houve o fato da entrada no mercado das novelas da holding Mediaset, controladora de diversos canais televisivos, e que comprava diretamente das tevês sulamericanas quase todas as suas produções de gênero melodramático, saturando rapidamente o mercado.
A cantora Fafá de Belém foi uma das atrações do Vento do Mar, evento que deve voltar a Capri em 2011
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Na opinião de Ciuffini, o público italiano, diferentemente do brasileiro, não é dependente das novelas. Ele cita, por exemplo, as diferenças de audiências entre os filmes que costumam passar no horário nobre (20h30/22h30), um costume absoluto das famílias italianas, que giram em torno de 30%, e a novela mais popular da Itália, Un posto al sole, transmitida pelo canal Rai Tre desde 1996, que atinge, no máximo, 10% da audiência. Quando as novelas e séries brasileiras estavam no auge, na Itália, também foram exibidas com sucesso Malu Mulher (1979), com Regina Duarte; Selva de Pedra (1986), com Fernanda Torres e Cristiane Torloni; Pantanal (1990), com Cristiana Oliveira e Felicidade (1991), com Tony Ramos e Maitê Proença. Segundo Ciuffini, Sônia Braga ainda hoje é a atriz brasileira mais conhecida na Itália. O produtor observa que toda essa movimentação artística “não ajudou a construir ou modificar a imagem da cultura brasileira na Itália”: — As novelas brasileiras, culturalmente, não trouxeram nada para a Itália. Nem uma imagem negativa nem positiva do Brasil. Houve um momento em que o público italiano não era capaz de diferenciar uma novela brasileira de uma argentina ou colombiana. Eram apenas novelas. Quando viam as cenas externas, não eram capazes de distinguir se era ambientada no Rio de Janeiro ou São Paulo, ou mesmo em Cartagena ou Buenos Aires.
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Calcio Andrea Ciprandi Ratto
SOS italiano N
on sono soltanto i talenti italiani a scarseggiare. Parallelamente alla loro paventata estinzione, dal mondo del calcio nostrano sta scomparendo anche l’italiano. E se tante responsabilità circa il tenore dell’informazione si possono addossare ai troppi giornalisti che cavalcano ogni polemica quando addirittura non la innescano, la colpa della morte della nostra lingua quando si tratta di commentare il calcio, sempre a questi ascrivibile, è ancora più grave. Parto dalla sensazione che la maggior parte dei cronisti si sia adagiata, incapace di proporre i servizi di un tempo, difficili da confezionare ma decisamente interessanti; d’altra parte può far conto sulla contemporanea assuefazione del più dei lettori a notizie scontate, omologate e ripetitive. Al punto che non è chiaro se quel che ci è proposto sia la causa o la conseguenza di un andazzo generale. E’ vero, poi, che su internet si può accedere con la stessa facilità ai siti stranieri e a quelli di casa nostra. Ma non è questo un buon motivo per affidarsi esclusivamente a un improvvisato slang internazionale, sia perché ne va dell’italiano, sia perché il rischio di prendere una cantonata è altissimo. Mi viene il sospetto che, un po’ per adeguarsi al dilagante impoverimento culturale e un po’ per sopperire a una scarsità di contenuti, si sia puntato sulla mera spettacolarizzazione espositiva. Gli obbrobri che segnalerò sono tutti collegati fra loro perché figli dello stesso approccio superficiale alle cose, ma desidero comunque partire dalle basi, evidenziando innanzitutto come non si stia più onorando l’italiano, lingua che resta la nostra e oltretutto, notoriamente, basta a se stessa. Senza ti-
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rare in ballo Dante, i toscani, la Crusca, il latino e il greco, basterebbe ricordare l’eleganza espositiva di Giuseppe Albertini, esiliato nella televisione svizzera, per capire come il lessico corrente sia invece misero e strampalato, in ogni caso inadeguato. Non pretendo che come lui si parli ancora di casacche invece che di maglie, soprattutto quando queste ultime hanno più caratteristiche tecniche di un’auto fuoriserie; sarebbe sufficiente che si parlasse di rimessa laterale e non di ‘touche’. Anche solo perché quest’ultima, nel calcio, non esiste. Non se ne parla nei regolamenti, non somiglia a quella del rugby nell’esecuzione e prima ancora nelle modalità di assegnazione. Questo scempio linguistico apparentemente risibile a confronto di quelli più recenti è stato capace di resistere per anni, come un mangiadischi nell’era del blu-ray, al punto che quando lo sentiamo ormai sorridiamo compiaciuti come davanti a un oggetto vintage che ci ricorda i bei, per quanto kitsch, tempi andati. C’è da spaventarsi, quindi, a immaginare cosa partoriranno le menti indebitamente globalizzate di chi decide come si debba parlare (anche) di calcio oggi. Oggi che l’uscita spettacolare è la base di ogni conversazione. Oggi che i più si esprimono citando chi fa monologhi al cabaret, consapevoli di poter essere capiti al volo. Ma ignari del fatto che chi fa cabaret mira a mettere in ridicolo le mostruosità dei nostri abiti. Con la prospettiva di una Finale del Mondiale FIFA per Club fra l’Inter di Milano e quello di Porto Alegre, mi viene subito in mente il famoso Triplete di cui tutti, in Italia, hanno iniziato a parlare non appena si è avuto il sentore che i nerazzurri avrebbe-
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ro potuto vincere tutte e tre le competizioni cui partecipavano la scorsa stagione, come il Barcellona aveva fatto l’anno prima. In Inghilterra, per esempio, dicono Treble, e in Italia esiste la parola ‘tripletta’. Perché non utilizzarla? Già che ci siamo, cosa dire poi della ‘remontada’ preferita all’italiana ‘rimonta’, o ‘rincorsa’? Arriveremo a parlare di ‘rally’ come negli Stati Uniti se una delle nostre squadre dovrà recuperare in classifica rispetto a una americana? Ma che provincialismo! Penso anche ai ‘playmaker’ e ‘pivot’ del basket, che indicano rispettivamente colui che imposta il gioco e il centro che di norma è anche il giocatore più alto, spesso preferiti nel corso di tele e radiocronache calcistiche a ‘regista’ e, che so, ‘torre’. Anche la famosa ‘giostra dei rigori’ ha fatto il suo tempo, oggi c’è lo ‘shootout’. Il risultato, parziale o finale che sia, è diventato lo ‘score’. E da quando le partite di Real Madrid e Manchester United sono trasmesse in Italia tanto quanto quelle di casa nostra, il vivaio, fosse anche dell’Atalanta, è la ‘cantera’, più raramente l’Academy. Forse per non essere ripetitivi, pesanti nella narrazione. Sarà… Il rischio, però, è che si finisca anche per fare un grande pasticcio, mischiando e fraintendendo discipline, ruoli e competizioni che non sono chiari ai giornalisti per primi. A tutto svantaggio di chi ascolta, perché alcuni si aspettano ancora di essere bene informati da chi dell’informazione ha fatto una professione. Un esempio. L’inglese Community Shield, partita non ufficiale che si gioca da più di cent’anni, viene regolarmente paragonata alla Supercoppa italiana istituita giusto alla fine degli anni Ottanta del Novecento… E che ha regole diver-
se. In questo caso l’imprecisione è davvero grave e si fa pessima informazione: per semplificare, si travisa completamente lo spirito di questo trofeo straniero e si trattano gli ascoltatori da beoti incapaci di andare oltre. La facilità con cui si sta liquidando la nostra bella lingua in favore di un’esterofilia esasperata fa coppia anche con un’approssimazione grottesca. Mai sazi di citazioni, molti giornalisti finiscono per fare traduzioni improprie. “Al campione!”, esclamò uno di questi provando a rendere in italiano ‘a lo campeón’, titolo del Mundo Deportivo che invece indicava come il Barcellona avesse giocato ‘da campione’. Durante i Mondiali del Sud Africa, poi, ho riso tantissimo sentendo che un telecronista di punta parlava di Luis Fabiano, l’ex San Paolo e attuale nazionale verdeoro, come di ‘el Fabuloso’, del tutto incurante del fatto che questo giocatore è brasiliano e che quindi è e va chiamato ‘o Fabuloso’… Ma questo giornalista è lo stesso che parimenti a milioni di italiani pronuncia alla spagnola Juan e Julio Cesar, gli ex Flamengo ora rispettivamente alla Roma e all’Inter, altri brasiliani. Si può concludere che non è solo una questione di lingua, ma piuttosto di marasma totale da cui non si sa più come uscire. Sarà che c’è la convinzione che si debba stupire a ogni costo e che tutto passa rapidamente di moda, come l’ultima suoneria per telefonini, ma non sanno più come raccontarci cosa. Sempre più spesso si sentono dire cose del tipo ‘come si direbbe nel…’ e giù con una sfilza di sport che non somigliano minimamente al calcio. Per far contento qualche funambolo della globalizzazione linguistica, mi verrebbe da dire che i giornalisti hanno per lo più perso il senso della loro ‘mission’…
futebol
Camisa azul Jogador brasileiro naturalizado italiano é a aposta da Azzurra para encontrar o caminho do gol
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m fevereiro de 2009, na casa de Amauri Carvalho de Oliveira, em Turim, na Itália, ecoou a notícia mais importante do mundo para um jogador de futebol: o atacante havia sido convocado para a Seleção Brasileira. O jogo seria em Londres, um amistoso contra a Itália naquele mesmo mês. A felicidade de Amauri durou pouco. Ao consultar seu clube, a Juventus, soube que a direção não o liberaria para a viagem. Mal no campeonato, a Juve precisava de seu goleador. Naquele dia, entre a euforia do anúncio e a decepção do corte imposto pelo time, Amauri viu seu mundo girar – achava que a decisão do seu clube poderia fechar para sempre as portas da Seleção ver-
Leandro Demori Especial de Roma
de e amarela. E estava certo, só não sabia ainda o motivo. Em agosto de 2010, a casa de Amauri Carvalho de Oliveira foi novamente sacudida por um anúncio de convocação. Desta vez, no entanto, a camiseta tinha outra cor: era azul – Amauri havia sido convocado pela seleção italiana de futebol, que disputaria no dia 10 do mesmo mês um amistoso contra a Costa do Marfim, na mesma Londres apagada de seus sonhos no ano anterior. — Foi o dia mais feliz da minha vida — conta à Comunitá, em entrevista exclusiva feita na concentração pré-jogo em Coverciano, espécie de Granja Comary italiana, localizada em Florença. Amauri sofreu críticas desde a primeira vez que seu nome apa-
receu como possível convocado para a Azzurra, há dois anos. Casado com uma ítalo-brasileira, já tinha encaminhado a documentação para obter cidadania italiana. Técnico à época, Marcello Lippi levantou o nome do atacante da Juventus como possível solução para a falta de gols da nacional italiana. A possibilidade suscitou críticas de jogadores como Gillardino e Pazzini, que preferiam ver somente “italianos” no time. Naquele momento, Amauri ignorou o falatório e, hoje, jura não guardar mágoas. — Cada um expressa a sua opinião. Eles, naquele momento, pensavam daquela forma. Eu respeito, assim como espero que me respeitem. Uma hora se diz uma coisa, outra hora, outra. Não me
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importo — diz o jogador que é da opinião que o momento não é de vingança pessoal.— As críticas dos colegas são normais, a vida é assim. Existem coisas boas e coisas ruins em tudo. Eu procuro dar sempre o melhor de mim. Não tenho nada contra ninguém. Saído do Brasil com 19 anos, o atacante nascido em Carapicuíba (SP), em 1980, pouco se destacou no Santa Catarina Clube, de Blumenau (SC), e no tradicional Palmeiras, de São Paulo, onde mal atuou. Para ele, isso é positivo na atual situação: — Cresci futebolisticamente aqui na Itália. Tenho essa identificação com o futebol do país e com o torcedor — afirma ele que passou pela Suíça antes de chegar à Itália. Convocado pelo recém chegado técnico Cesare Prandelli, Amauri foi titular na partida contra a Costa do Marfim. Apesar da derrota por 1x0, o jogador fez boa apresentação e parece ter ganhando a confiança do novo comandante. Tanto que ele foi o primeiro a sair em sua defesa quando um político do partido Lega Nord, foi a público para dizer que discordava da convocação do “brasileiro”. — Não dou ouvidos a quem critica. Polêmicas existem sempre, se queremos criá-las, criamos. Vou avante pela minha estrada — desconversa Prandelli, que costuma chamar Amauri, e outros possíveis convocados oriundi, carinhosamente, de “novos italianos”. Ao aceitar o convite da seleção italiana, Amauri sabe que jamais poderá atuar pelo Brasil, barrado pelo regulamento da Fifa que proíbe a dupla filiação. Ou seja, não repetirá o feito de Mazzola, que vestiu as duas camisas. Ciente disso, o jogador se diz feliz pelo momento e fecha de vez as portas do time canarinho. — É a última vez que falo da Seleção Brasileira. Hoje sou um jogador da seleção italiana. Falaram de mim na Seleção Brasileira mas, antes disso, a Itália me escolheu. E eu, já dois anos atrás, escolhi a Itália. E estou feliz. Perguntado por um jornalista italiano se conhece o hino da Itália, Amauri sente a provocação e rebate: “conheço, mas não vou cantar agora”. Arranca sorrisos. O futebol é italiano, mas o bom humor saiu à brasileira.
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vôlei
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izem que a vida é movida por desafios. Para doze guerreiros da seleção brasileira de voleibol mantê-los parece ser a chave para o sucesso. Depois de conquistar o eneacampeonato da Liga Mundial, a equipe comandada por Bernardinho desembarca na Itália em busca do primeiro lugar no pódio do Campeonato Mundial. Se vencer, levantará o troféu pela terceira vez consecutiva – feito só conseguido pelos donos da casa. Ironia do destino ou não, a competição pode coroar a década de ouro vivida pelo esporte no Brasil. Altamente competitiva, a seleção esteve nas finais de todos os campeonatos que disputou neste período. Uma hegemonia que a Itália experimentou nos anos 1990. Sob comando de Bernardinho, a equipe comemorou a 300ª vitória em um total de 331 partidas disputadas. Para quem aprecia uma estatística: o número aponta para uma média de 90,85% de aproveitamento do time brasileiro. Meticuloso, o técnico diz que o segredo é não se acomodar. — Isso é bacana. É resultado do empenho de um grupo de atletas que também iniciou um trabalho e que contribuiu para uma série de conquistas. Mas para alcançarmos esta marca, temos que ganhar — diz Bernardinho. Armado para a batalha, como em outras competições, o técnico rechaça o puro favoritismo e aponta o espírito de grupo como o diferencial na “família” que criou. Para ele, não há fórmulas prontas. Bernardinho credita os bons resultados aos treinamentos. Para o técnico, o Mundial será uma competição ainda mais difícil, pois a equipe conta com a experiência de jogadores que estão acostumados a ganhar e a cada nova vitória au-
O vitorioso técnico Bernardinho credita os bons resultados aos treinamentos
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Máquina d Renovada e com o título de eneacampeã da Liga Mundial na bagagem, seleção
menta a cobrança. Ele, no entanto, não está preocupado com uma disputa direta com a Itália, pelo número de títulos: — Tenho certeza que o foco, tanto da nossa equipe quanto da Itália, é ganhar o campeonato. É tentar da melhor maneira possível ganhar o Mundial. Mas, infelizmente, não somos só nós que queremos. A Itália tem grandes chances — pondera, citando também Rússia, Polônia, Bulgária, Estados Unidos, Sérvia e Cuba como os principais rivais brasileiros. Com uma equipe em que todos os jogadores podem ser titulares, a seleção de Bernardinho mantém a sede por vitórias depois de consolidar uma renovação em seu elenco. Em meio a jovens ponteiros, atacantes, meios-de-rede e opostos, da formação antiga, permanecem Giba, Murilo, Rodrigão e Dante. Curiosamente, os quatro são os últimos remanescentes de uma geração em que era comum os melhores jogadores da seleção atuarem em times europeus, especialmente os italianos, cujo campeonato nacional é considerado por especialistas o melhor do mundo. Atualmente, apenas um dos 12 recrutados por Bernardinho defende um clube italiano: João Paulo Bravo, ponteiro do Piacenza. Para Giovane Gávio, ex-atleta e atual técnico do Sesi (SP) essa mudança no perfil dos convocados reflete o nível a que o vôlei nacional chegou. — Ainda hoje o campeonato italiano é muito forte, tem qualidade técnica e financeiramente é compensador para qualquer jogador. Na minha época, era o ápice jogar fora e nós não voltávamos para o Brasil porque sabíamos que quando isso acontecesse não teríamos equipes em condições semelhantes. Hoje, é diferente. Temos, no Brasil, oito times bem estruturados e uma liga competitiva — avalia o descendente de italianos
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que tem em seu currículo passagem por Padova, Cuneo e Ravenna. Ex-integrante da “Família Bernardinho”, Giovane acredita que a história do esporte no Brasil tenha começado a mudar nos anos 80. Na época, os feitos da “geração de prata” formada por Renan, Montanaro, Willian e companhia abriram as portas para a necessidade de se estabelecer uma confederação, investimentos em categorias de base e o sonho de um centro de treinamento (transformado em realidade em Saquarema, Rio de Janeiro). O ouro olímpico em Barcelona (1992) catapultou a modalidade para o sucesso.
— Creio que houve um processo e os que vieram de 2001 para cá são privilegiados nesse sentido do incentivo, da responsabilidade. Logo depois do ouro em Barcelona nos vimos imersos em assédio, fama, propostas diversas e não sabíamos lidar com isso. Acho o trabalho do Bernardo fantástico e a gente fica até mal acostumado porque ganhamos tudo — brinca o atleta, que passou pela batuta do técnico de 2001 a 2004 — Me encontro muito no Giba de hoje, pois o papel que ele exerce de dar força aos mais novos que chegavam, eu também cumpri.
de vitórias brasileira masculina de voleibol busca na Itália título que só a Azzurra tem
Sílvia Souza
Na outra ponta O Campeonato Mundial Masculino de Voleibol reunirá as 24 melhores seleções do planeta na Itália. Na primeira fase, as partidas serão disputadas em Milão, Verona, Modena, Turim, Reggio Calábria e Trieste. A final está marcada para o dia 10 de outubro, em Roma. Para Bernardinho, apesar de ter perdido a hegemonia dos anos 90, a Itália sempre será uma potência e a “rivalidade sadia” entre as equipes é o elemento motivador nesses encontros: — Sempre que duas equipes de tradição como Brasil e Itália jogam existe uma rivalidade es-
portiva, muito sadia e motivante para todos nós e para o público, que quer ver um grande jogo. Brasil e Itália em qualquer esporte, vôlei, futebol, basquete, são duas grandes potências. A Itália foi vice-campeã olímpica em 2004, quarto lugar em 2008, sempre é muito competitiva. Ela não tem mais a hegemonia dos anos 90, mas continua competitiva. A diferença entre quem acerta mais nesta concorrência pode ser comprovada pelo ranking masculino da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Estados Unidos, Rússia, Bulgária e Servia separam a Itália (sexta
colocada) do Brasil (primeiro lugar), o que significa que a experiência da Azzurra no esporte também foi observada por outros países. Quando são as mulheres que entram em quadra, a supremacia brasileira se mantém, mas as italianas ocupam o segundo lugar na lista das melhores seleções. Pelo lado masculino, os “novos” defensores do império brasileiro começam a se destacar. O ponteiro Murilo Endres foi eleito melhor jogador da Liga Mundial e Mario Junior, o melhor líbero. Já segundo Bernardinho, a seleção italiana inscreveu entre os grandes nomes do vôlei masculino na atualidade Alessandro Fei, Luigi Mastrangelo e Valerio Vermiglio. Este último, na opinião do técnico brasileiro “amadureceu bastante e se transformou em um excelente levantador”. Ainda assim, para muitos comentaristas e ex-jogadores, a seleção italiana estacionou no tempo. Sem grandes ídolos nos últimos anos, uma das principais dificuldades do grupo de elite seria a falta de planejamento. Na contramão do que prega Bernardinho, se acomodaram depois de tantos títulos conquistados. Comandada pelo técnico Andrea Anastasi, a seleção treina de duas a três vezes menos que a seleção brasileira – uma semana depois de vencerem a Liga Mundial, os jogadores de Bernardinho já estavam concentrados em preparação para o Mundial. Com isso, não é difícil observar diferença de mentalidade entre a liga, dos clubes, e a federação, que gerencia a seleção. Em frentes de trabalho com objetivos distintos, enquanto a liga quer os melhores jogadores do mundo em seu campeonato, a federação quer os jovens talentos atuando nas principais equipes do campeonato. Resultado: a liga continua a ser a melhor do
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planeta, mas, sem espaço, jovens que poderiam dar um novo gás à seleção não conseguem chegar ao time principal. Resta, então, congregar os interesses dos envolvidos e iniciar a mudança. Com a experiência de quem morou cinco anos na Itália e até poderia se candidatar à cidadania italiana, Giovane sabe o que o país tem a oferecer ao vôlei. Depois de encerrar a carreira de jogador e há quatro anos dedicando-se a treinar equipes, ele espera poder voltar à Itália na posição que ocupa: — Estar do outro lado traz uma nova complexidade, mas você fica com uma sensibilidade mais aguçada. Eu adorei as temporadas que vivi na Itália, então, quem sabe, não chega a oportunidade para trabalhar lá outra vez?
As principais conquistas da Era Bernardinho 2001 Liga Mundial Copa América Sul-Americano 2002 Campeonato Mundial 2003 Liga Mundial Sul-Americano Copa do Mundo 2004 Liga Mundial Jogos Olímpicos de Atenas 2005 Liga Mundial Sul-Americano Copa dos Campeões 2006 Liga Mundial Campeonato Mundial 2007 Liga Mundial Jogos Pan-Americanos Copa América Sul-Americano Copa do Mundo 2009 Liga Mundial Sul-Americano Copa dos Campeões 2010 Liga Mundial *Em 2008, a seleção foi vice-campeã dos Jogos Olímpicos de Pequim e da Copa América.
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Milão Guilherme Aquino
Conta salgada
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s multas para o comune de Milão representam a galinha dos ovos de ouro. Somente neste ano, deverão entrar no caixa algo como 154 milhões de euros. E para não deixar um centavo de fora, a administração pública decidiu correr atrás, para valer, das multas que ainda não foram pagas. A partir deste mês, 66 mil multas de trânsito aplicadas em 2007 e 600 mil registradas em 2008 irão chegar às casas dos motoristas infratores que, a esta altura, nem mais se lembram da dívida a ser quitada. Em um ano, o total de multas chega a 3.167.221, um recorde que inclui as 1.260.320 multas registradas pelas câmeras que monitoram a circulação de carros no centro histórico e nas faixas reservadas aos meios públicos.
Grafiteiros legais
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e você não pode contra o inimigo, una-se a ele, pelo menos por um tempo. Seguindo esta máxima, dez muros espalhados pela cidade vão ser liberados para que os grafiteiros de plantão, os artistas da modalidade Street Art, possam dar asas à criatividade sem medo de serem presos pela
polícia. O projeto Walls of Fame de Milão deveria ter partido durante o verão, mas a burocracia italiana, principalmente no que se refere ao seguro de vida dos artistas, acabou atrasando o ponta pé inicial. O que antes era ilegal, agora vai virar obra pública com o beneplácito das autoridades.
Cinema Paradiso
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magia do cinema toma conta de Turim. Durante o mês de setembro, as praças Foroni, Bottesini, Crispi, além do Largo Saluzzo, vão servir de telão para a exibição de filmes do festival CinemainStrada. Os locais foram escolhidos a dedo porque pertencem a bairros com forte densidade demográfica de imigrantes. Três filmes foram feitos no Marrocos, Argélia e Peru e salvam a pátria da sétima edição do festival sempre lutando contra a dificuldade de patrocínio. O evento é uma grande oportunidade de viver a integração entre imigrantes, com direito a picnic coletivo, ou seja, cada espectador traz algo para ser dividido à mesa com o próximo, tudo ao ar livre. A festa fica distante de Milão, em trem, menos de duas horas.
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Dalì
O
pintor espanhol Salvador Dalì vai ter as obras expostas na sala Cariatidi, no Palazzo Reale, quase 50 anos depois da sua primeira mostra individual, em Milão. O tema é sobre sonhos, desejos e paisagens. O lugar não foi escolhido por acaso. A sala serviu de inspiração para Dalì realizar a sua casa de Figueiras, hoje, sede da Fundação Gala-Salvador Dalì proprietária das obras em exposição. Os quadros serão exibidos sem nenhuma ordem cronológica, como gostaria o próprio Dalì. E, pela primeira vez na Itália, vai ser projetado o curta de animação Destino que ele fez em colaboração com a Walt Disney, entre 1945-46 e lançado postumamente em 2003. A mostra abre no dia 22 de setembro e vai até 30 de janeiro.
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Trens
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ferrovia italiana comemora o aumento de passes vendidos no exterior. O maior resultado desta política mais agressiva de conquistar novos clientes chega dos turistas asiáticos, responsáveis pelo incremento de 70% das vendas das passagens no trecho Roma-Nápoles. Os americanos gastam 18% a mais do que já gastaram no passado e os jovens que compram o Pass Interrail adquiram 5% a mais o que demonstra uma opção que concorre com as ofertas das companhias aéreas low cost. Todos os dias, 20 mil lugares são vendidos para trens, no exterior.
immigrazione
Il percorso del Frate delle Lettere Un anno dopo la sua morte il ricercatore che ha dedicato la sua vita a studiare l’immigrazione e le iniziative per la crescita dell’educazione viene festeggiato nello stato di Rio Grande do Sul
Silvia Souza
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hi ha avuto l’opportunità di conoscerlo garantisce: il Frate Rovílio Costa è stato un religioso molto devoto, capace di dare impulso all’educazione e alla cultura dovunque sia passato. Il suo lavoro viene riconosciuto dalla gente dello stato di Rio Grande do Sul, specialmente da quella di origine italiana e un anno dopo la sua morte continua a ricevere omaggi e menzioni per quanto ha fatto. E se un disegno di legge presentato dal deputato Francisco Appio sarà approvato dalla Assembleia Legislativa dello stato, chi passerà per la Strada Statale RS-437 avrà un motivo in più per ricordarlo. Il progetto stabilisce che il tratto di Statale che collega i comuni di Vila Flores e Antônio Prado, lungo 30 km, porterà il suo nome. La proposta deve essere votata questo mese. Secondo il deputato la Statale RS-437 (che prima si chiamava Ernesto Alves) è stata aperta nel 1890 con l’arrivo dei primi immigranti in quella che era la Colônia Antônio Prado. I pionieri – polacchi, russi e svedesi – si erano stabiliti a Capela Santana che era lungo la strada. Poi, con l’arrivo di duemila famiglie italiane, erano tutti emigrati ver-
Frate Rovílio in una delle celebrazioni presiedute da lui e, accanto, registro nella sua casa
so l’Alto Uruguai per la via aperta fino a Alfredo Chaves, ora comune di Veranópolis, passando con le zattere sul Rio da Prata: — La strada, pur essendo precaria, è sempre servita per collegare i comuni della regione, tutti di origine italiana, nelle comunità dove il Frate Rovílio Costa è stato fortemente presente sia religiosamente, sia culturalmente — spiega Appio. Laureato in Filosofia e Pedagogia, post laureato in Educazione e Libero Docente in Antropo-
In famiglia, è il secondo in piedi da sinistra verso destra
logia Culturale, il frate è morto a Porto Alegre in seguito ad un collasso cardiaco fulminante il 13 giugno 2009. Aveva 74 anni e si era dedicato per gran parte della sua vita alla ricerca e alla pubblicazione di libri. Sul fenomeno dell’immigrazione aveva scritto più di 20 libri. A capo della EST Edições il Frate delle Lettere [era chiamato Frade das Letras] aveva promosso la pubblicazione di più di 2 mila opere che narrano la storia di immigranti italiani, tedeschi ed ebrei. Sulla scia della nostalgia che Costa ha lasciato dietro di sé, il
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Museu dos Capuchinhos di Rio Grande do Sul, con sede a Caxias do Sul, espone fino a novembre la mostra “Frei Rovílio – Herança Cultural Viva”. Fanno parte della mostra lettere, libri ed articoli di giornali firmati da lui, oltre a fotografie ed oggetti personali. — La vita di Frate Rovílio è stata molto più piena di quanto noi mostriamo, ma chi viene a visitare può farsi un’idea di quanto lui si adoprava in attività a favore dello sviluppo socioculturale delle comunità dove era presente— commenta il direttore del Museo, Frate Celso Bordignon, che ha vissuto accanto a Costa negli anni ‘80. Storia Figlio di Amilcare Costa e Maria Moretti, il frate era il minore di sette fratelli, di cui sopravvive solo Antonio. Era nato a Veranópolis nel 1934 ed entrato in seminario a 11 anni. Nel 1960 era stato ordinato sacerdote a Vila Flores. Nello stesso decennio aveva cominciato le ricerche sulla storia dell’immigrazione ed era parroco ad Antônio Prado e ad Ipê prima di stabilirsi a Porto Alegre dove aveva fondato la Editora EST. In Povoadores de Antônio Prado (2007) per esempio Costa fa un viaggio nel tempo, alla ricerca della storia degli immigranti italiani nella città che conserva il maggiore complesso di architettura italiana dello stato: 49 case preservate dal Patrimônio Histórico. Il suo impegno era così importante che, oltre a far parte del Conselho Estadual de Cultura di RS, è stato promotore della Feira do Livro in varie città dello Stato. Fra le funzioni esercitate ha fatto lezione presso la Faculdade de Educação da UFRGS (dove ha fondato la rivista Educação e Realidade) ed è stato agente penitenziario nella Penitenciária Estadual di Jacuí. — Cosa più importante di tutto, è stato un padre completamente dedito alla gente. Non potete immaginare quanti malati riceveva ogni giorno. Il suo lavoro consisteva nel donarsi alla vita religiosa. Una persona unica fra i cappuccini e nel nostro ambiente culturale — fa risaltare il dottore in Teologia Luis Alberto De Boni.
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il lettore racconta
Nascido em Passagem de ais, Mariana, em Minas Ger o Pignataro o engenheiro Joã o Pereira nos conta como Brasil e o desenvolvimento do dade trouxe sonho da prosperi
de sua família a parte italiana . Atualmente ao estado do ouro lia, ele faz seu morando em Brasí Silvia Souza relato à repórter
M
eu avô materno, Agostino Angelo Pignataro, nascido em 1871, emigrou da Itália, mais precisamente, de Vacarizzo Albanese, na época, Município de Rosano, Calábria, (costa jônica), quando completou dezenove anos. Veio sozinho para o Brasil, lá deixando a mãe viúva, Mariantonia - que viria a se casar com um italiano de sobrenome Candreva - e uma irmã, Verônica. Agostino Angelo, depois de uma curta temporada nos cafezais de São Carlos do Pinhal (SP), veio para Minas Gerais, por volta de 1891. Foi trabalhar como empregado da The Ouro Preto Gold Mines of Brazil, Limited, de capital inglês, em Passagem de Mariana, considerada a mais importante empresa de mineração de ouro no Brasil de então. O feito era devido à produção e principalmente pela tecnologia de mineração subterrânea, trazida pelos ingleses, que por sua vez, demandava mão de obra mais qualificada, encontrada nas correntes de imigração européia, principalmente, italiana, alemã e espanhola. A Companhia da Passagem, quando do esgotamento da mina de ouro, a partir dos anos 1950, foi celeiro de excelentes profissionais (mecânicos, fundidores, marceneiros) para muitas
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empresas dos estados de Minas e São Paulo, naquele momento, em acelerado processo de industrialização. Muitas dessas famílias descendentes de imigrantes, em Passagem de Mariana, partiram em busca de novas oportunidades. E, pelo que sei, todas venceram. Minha avó materna, Marieta Pignataro, nascida em 1878, Maria Fortunata Santoro Scarpelli, veio da Itália com quatorze anos, proveniente de Célico, Cosenza, Calábria, (costa mediterrânea), acompanhada da mãe viúva, Cecília, três irmãs, Carmella, Rosa, Conchetta e dois irmãos, Cármine e Antonio. Estabeleceram-se, também, em Passagem de Mariana, trazidos pelo irmão Cármine, que foi buscá-los, na Itália, uma vez que tinha vindo primeiro para o Brasil e consolidara um comércio junto à colônia italiana da Passagem. Foi assim que minha avó veio a conhecer meu avô. Casaram-se em Passagem de Mariana, em agosto de 1899, e decidiram estabelecer-se em Ouro Preto, a 6 km dali, com um pequeno comércio, no bairro do Antônio Dias. Meu avô, figura afável e respeitável, revelou-se bom comerciante. Honesto, cumpridor do dever e infatigável no atendimento de seus fregueses, seu estabelecimento ficou conhecido em Ouro Preto como o Armazém “ do Sô Ângelo”. Prosperaram. Tiveram 11 filhos. Embora não pudessem ser considerados ricos, sempre viveram em casa própria, de boa qualidade, com fartura e alegria. Minha mãe contava que, em
sua adolescência, se encantava com os saraus musicais, organizados pelos irmãos, em casa. Cada um em seu instrumento. Ela mesma tocava piano e pintava muito bem. Meus avós puderam, assim, preparar os filhos para integrarem uma classe social mais culta, já que, eles mesmos, pouca oportunidade tiveram de educação escolar, na Itália. Dos 11 filhos, dois se formaram engenheiros (Francisco e Agostinho), dois médicos (José e Antônio), um farmacêutico (Hélio), quatro comerciantes (Miguel, Martinelli, Vitorino e Pedro), duas normalistas (Anita, hoje com 98 anos, e Antonieta Pignataro Pereira, minha mãe, já falecida). Os contatos de meus avós e tios com seus consanguíneos que permaneceram na Itália nunca cessaram neste período de mais de um século. Foram, é verdade, tornando-se mais escassos e tênues, com o passar do tempo.
Em março de 2002, tive a oportunidade de conhecer estes dois lugares na Itália, Célico e Vacarizzo, onde encontrei referências desses meus avós. Seus registros de nascimento. Casas em que presumivelmente viveram. Parentes distantes que conheciam a história da emigração para o Brasil. Foi um mergulho em minhas raízes, de grande conteúdo emocional, tal qual a narrativa do livro Paisagens da Passagem, que meu irmão publicou em 1998. Senti-me mais próximo de todos meus parentes, daqui e de lá. Em suma, uma história de família, igual a muitas outras, é verdade, mas onde testemunhei gestos de dedicação, desprendimento, coragem e calor humano. João Pignataro Pereira, 64 anos, Brasília.
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Firenze Giordano Iapalucci
Bolgheri Jazz
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ella medievale cittadina di Bolgheri, resa famosa anche dai versi di Giosuè Carducci nella poesia “Davanti a San Guido”, si svolgerà dal 3 al 5 settembre l’ “Enojazzamore”, una degustazione in musica, come viene chiamata, in cui si abbina lo swing accogliente del jazz e i grandi sapori dei vini di questa parte della Toscana, così unici come quelli della famosa Fattoria dell’Ornellaia. Con 12 euro è possibile acquistare un calice da degustazione, una sacca a tracolla e tre buoni per degustazione vini. L’evento inizia alle ore 21.00.
Firenze e gli antichi Paesi Bassi
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a mostra presente a Palazzo Pitti “Firenze e gli antichi Paesi Bassi (14301530). Dialoghi tra artisti da Jan van Eyck a Ghirlandaio, da Memling a Raffaello” nasce dall’idea di mettere a confronto i grandi capolavori delle due grandi scuole pittoriche quale la fiorentina e quella dei Paesi Bassi in pieno periodo rinascimentale.
“ANBB” in concerto
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iovedì 16 settembre presso il rinnovato spazio espositivo e musicale dell’ExStazione Leopolda si esibiranno Alva Noto e Blixa Bargeld, il cui gruppo, l’ANBB, non è altro che il loro acronimo. I due artisti, di cui Alva Noto è l’appellativo sotto cui si cela l’artista visivo Carsten Nicolai, presenteranno il progetto musicale che sarà poi presentato in via definitiva ad ottobre come vero e proprio album. La musicalità di Blixa Bargeld si fonderà alle modulazioni di frequenza di Alva Noto in un mix di musica elettronica da far rimanere davvero a bocca aperta.
Una curiosità: può sembrare particolare, ma alcuni degli elementi decisivi al fine della conoscenza reciproca tra queste due culture artistiche furono proprio i mercanti. I quadri dell’esposizione provengono dai più grandi musei al mondo come il Louvre, la National Gallery, il Metropolitan e il Getty Museum. Aperta fino al 26 ottobre. Ingresso 10 euro.
Arte digitale
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ino al 25 settembre il Museo d’Arte di Chianciano Terme (Siena) cambia pelle e le opere del Tiepolo, di Magritte e di Munch lasceranno il posto al Premio Internazionale dell’Arte Digitale e della Fotografia. Un evento straordinario per la presenza di grandi artisti della fotografia come Lonnie Schlein, Chris WardeJones, Gerard Bruneau, Marcello Mencarini e Zoltan Nagy, professionisti che lavorano per riviste e grandi giornali italiani ed internazionali come Corriere della Sera, Times, Washington Post, New York Times, Forbes, ecc. Parallelamente alla mostra si potrà assistere a diversi workshop tenuti dagli stessi partecipanti al concorso fotografico. Ingresso gratuito.
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Scultura al femminile
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on la scusa di conoscere la costa tirrenica della Toscana, passate anche da Campiglia Marittima, in provincia di Livorno. L’affascinante borgo fino al 5 settembre presenta le opere di Elisa Lorenzelli. La giovane artista, classe ’83, presenta le sue sculture di marmo e metalli in una mostra dal titolo “Scultura al femminile” in cui la figura femminile viene mostrata nelle sue più varie sfaccettature riuscendo in un lavoro di sintesi artistica nella sua dimensione forte e fragile, materna e sensuale. Presso l’ex-cinema Mannelli in Via B. Buozzi,11/a. Ingresso gratuito. Orario 17-20 e 21.30-23.30
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gastronomia
Novo tempero
Mudanças para manter o restaurante Hotel Cipriani como um dos melhores italianos do Rio de Janeiro
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Nayra Garofle
m dos restaurantes italianos mais aplaudidos e concorridos do Rio de Janeiro está sob novo comando. Depois de quase 20 anos à frente do Hotel Cipriani, Francesco Carli passou o chapéu, ou melhor, o toque blanche, para Nicola Finamore. Sai um vêneto, entra um abruzzese para cuidar da cozinha desse restaurante que funciona em um dos hotéis mais aplaudidos e concorridos do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace. Finamore foi escolhido a dedo pelo próprio Carli, que se afastou do Cipriani, mas non troppo. Supervisionar os trabalhos do restaurante é, agora, apenas mais uma de suas atribuições, como chef executivo de todo o
Copacabana Palace. No novo posto, Carli é o responsável por absolutamente tudo o que o hotel serve – do pedido de cada hóspede ao que é oferecido em eventos, sem contar a supervisão do outro restaurante do hotel, o Pérgula. Para encontrar seu substituto, Carli voltou ao Cipriani original. Na verdade, a cozinha do restaurante do mítico Hotel Cipriani, em Veneza, de onde o próprio chef partiu rumo ao Brasil. Carli, de 49 anos, acionou seus antigos amigos italianos em busca de indicações e recebeu vários currículos. Ao se deparar com o de Finamore, não teve dúvidas de que ele seria a melhor opção por ter justamente experiência em restaurantes de hotéis. — A minha família inteira, meu avô e meu pai, sempre trabalharam com gastronomia. Sentia que precisava seguir o mesmo caminho — explica Finamore, de 43 anos, que ao receber o convite para trabalhar no Brasil se encontrava
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o português. Sorte sua que pode contar com a ajuda do amigo Carli que, por sua vez, teve que aprender uma nova língua, “na marra”, já com a mão na massa, à frente de sua equipe brasileira. Quando chegou ao Rio, no fim de 1993, com a missão de implantar o Cipriani no Copa, Carli não falava uma única palavra de português. Mesmo assim, era ele, de fato, quem tinha que organizar todo o restaurante desde a área administrativa à cozinha. — Foi muito difícil me fazer entender no começo. Eu não falava português e ainda tinha que ensinar para uma equipe que não tinha noção de gastronomia italiana — revela ele que conta ter aprendi-
Fotos: Roberth Trindade
Depois de quase 20 anos no comando do Hotel Cipriani, Francesco Carli passa a responsabilidade do restaurante para o chef Nicola Finamore
na Bolonha, na região da EmíliaRomanha, onde vivia há cerca de 20 anos. Ao assumir o Cipriani, Finamore mexeu no cardápio. Fez algumas alterações e continua utilizando alguns ingredientes brasileiros com técnicas italianas. Para se ter uma ideia básica do rojão que o chef enfrenta, ele e sua equipe de 15 pessoas lidam, por mês, com 250 quilos de batata, 200 de tomate, 650 de farinha e 90 de queijo de 15 tipos diferentes. Cerca de 70% dos produtos são importados, mas alguns pratos são adaptados. Carli afirma que Finamore “teve e tem” total autonomia para mudar o cardápio do Cipriani: — É claro que dou orientações porque, pela experiência, sei o que costuma ter mais aceitação dos clientes. Mas ele tem total liberdade para criar — diz o extrovertido Carli que fala português ainda carregado de sotaque. Já o tímido Finamore começa, agora, a “arranhar”
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Finamore garante: “trabalhar aqui é um grande desafio, mas estou aprendendo bastante com o Francesco”
Cebola Cozinha e hotel são duas palavras que sempre andaram juntas na vida de Carli. Quando criança, seu pai tinha um hotel na comuna de Asiago, sua cidade natal localizada na província de Vicenza, na região do Vêneto. Com sete anos, ele “brincava” de descascar cebolas na cozinha. Sua primeira paixão “séria” pela gastronomia foi aos 12 anos, quando caiu de amores pela arte da confeitaria. Aos 15 anos, Carli passou a frequentar a Escola de Hotelaria Pellegrino Artusi. Foram três anos de dedicação. Depois de formado, o jovem rodou a Itália e viajou para a Polônia e Inglaterra. Em 1981, retornou a Asiago para trabalhar na confeitaria Vecchia Milano, conhecida pela alta qualidade e longa tradição. Logo depois, foi convidado a abrir o restaurante da confeitaria. De lá, assumiu a cozinha do Hotel Europa, na região do Vêneto. Logo após, chegou ao renomado restaurante Lepre Bianca, em Vicenza. Em 1993, Carli chega ao Hotel Cipriani, em Veneza. Após alguns meses de trabalho, aceitou o convite de passar uma temporada no Brasil - e não voltou mais para a Itália. Carli aceitou o desafio de implantar o Cipriani no Copacabana Palace, com “direito” a um período de apenas três meses de adaptação no Rio de Janeiro antes da abertura do restaurante:
— Foi uma grande experiência. O proprietário do Hotel Cipriani soube que o restaurante do Copacabana Palace, o antigo Bife de Ouro, estava desativado e teve a ideia de trazer o restaurante do Hotel Cipriani para cá. Desafio Nascido na pequena Villa Santa Maria, na província de Chieti, na região de Abruzzo, Finamore afirma estar vivendo um grande momento de sua carreira. Do currículo que tanto agradou Carli constam passagens por casas como o Harry’s Cipriani (Nova Iorque), Harry´s Bar (Veneza), La Pernice e La Gallina (Bolonha).
Ele veio para o Brasil, mas deixou a mulher e os dois filhos na Itália. Isso é, para Finamore, a parte mais difícil do desafio de suceder Carli no Cipriani. Morando no hotel desde que chegou, o único dia da semana tranquilo para o italiano é o domingo, quando o restaurante não abre. Na sua folga, ele gosta de caminhar. Assim, ele aproveita para conhecer a cidade, suas feiras livres e os produtos brasileiros que usa, sem culpa, da mesma forma que Carli costumava usar. Para os dois chefs, o uso do produto nacional é feito na mesma medida: ou porque o similar italiano não está disponível no mercado brasileiro ou para dar
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do a nova língua com os próprios funcionários e “alguns namoricos”.
No Cardápio
Uma das assinaturas de Carli no Cipriani é o Talharim verde gratinado ao presunto que Nicola manteve “em cartaz”. O novo chef introduziu no restaurante o Tagliolini de açafrão com pinoli italiano e vôngole, uma tradicional receita da família Finamore. Todas as massas são caseiras. Qual a sua preferida?
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uma inovada em algum prato. Carli, porém, afirma que para se ter um prato veramente italiano é preciso importar alguns produtos. — Imagina você fazer uma feijoada nos Estados Unidos. Ela será brasileira se você comprar os ingredientes disponíveis no mercado de lá? Não, porque lá não tem o mesmo feijão daqui — explica o chef executivo do Copa que importou o que sentiu necessário para fazer do Cipriani um vero restaurante italiano, sem abrir mão de experimentar receitas com toques brasileiros. A mistura agradou em cheio e o “seu” Cipriani virou uma lenda na cidade. Uma lenda que ninguém duvida que tem sabor italiano. Apesar do sucesso, Carli tem os dois pés bem fincados no chão. Brincalhão, durante todo o tempo da entrevista à Comunità, fez o possível para que Finamore se sentisse “em casa”. Se a hierarquia existe, é apenas para o bom andamento dos trabalhos na cozinha. Fora de lá, porém, parece não ter muita serventia. Carli admite que, no novo cargo, só respirou de alívio após a chegada de Finamore porque estava certo de que o Cipriani estaria em “boas mãos”. Ele, que afirma se considerar mais carioca do que italiano, aproveita para dar uma dica preciosa: na sua avaliação, o fundamental para se obter sucesso profissional é a disponibilidade para aprender: — Por aqui, já passaram pessoas com formação nas melhores escolas internacionais de gastronomia. Porém, na hora em que era preciso descascar uma batata, diziam que isso não era tarefa para elas. É preciso ter humildade para aprender. Tenho muitos funcionários nordestinos e eles são ótimos para trabalhar porque não fogem do serviço e estão sempre dispostos a aprender — diz Carli que, atualmente, supervisiona 75 funcionários. — Trabalhar aqui no hotel é uma experiência extremamente importante e um grande desafio para mim. Sempre tive curiosidade pelo Brasil e não sabia nada sobre o país e a sua cultura quando cheguei aqui. Obviamente, vai demorar um pouco para eu ter a experiência do Francesco, mas estou aprendendo bastante com ele — afirma Finamore que, pelo visto, já aprendeu a lição básica do seu antecessor no cargo.
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italian style Estate 2010
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m todo o mundo, o verão é a época dos modismos. Confira abaixo alguns dos acessórios que se tornaram o “must have” dessa temporada de sol e calor na Itália:
Óculos
O modelo Les Biches, criado exclusivamente para John Galliano pela Marcolin Eyewear, foi eleito pelas principais revistas de moda europeias como os óculos de sol do verão 2010. Grandes, misteriosos, com lentes escuras e hastes em degradê preto e rosa, conferem uma pitada fashion a qualquer visual. Preço: € 250 www.johngalliano.com
Silicone colorido
Maiôs
Os modelos estilo “engana mamãe” viveram sua temporada de glória este ano e ganharam versões bem sensuais com ombro único, tomara-que-caia, pedras e lacinhos. Os modelos da Calzedonia custam € 69,50 www.calzedonia.it
Fotos: Divulgação
As pulseiras coloridas estiveram por toda parte neste verão. Os modelos da Too Late (€ 2,50 euros cada), disponíveis em mais de 50 cores e em dois tamanhos (Médio e Grande), são perfeitos para ir à praia e também para sair à noite. Já as carteiras de silicone ganharam uma versão especial: além do espaço para levar dinheiro e cartões, há também um compartimento especial para as camisinhas, para não pegar ninguém desprevenido. Oferecido em 10 cores, o modelo da Too Late vem com uma capa de tecido jeans com fecho (€ 19 cada). www.too2late.com
Na praia
Gladiador
Na onda das bolsas de praia, também a Prada lançou a sua versão. Em nylon estampado em diversas cores, seguindo as tendências da estação, com estampas em temas festivos, étnicos ou clássicos, mas sempre perfeitamente recicláveis e ecológicas. Modelos a partir de € 200. www.prada.com 60
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Sandálias que parecem botas invadiram as ruas italianas. Os modelos da Bata são feitos em couro e lona, nas versões cano baixo ou cano alto. Preço: € 380 www.bata.it
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Sapori d’Italia Nayra Garofle
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Fotos: Roberth Trindade
Origem mais do que controlada Famoso pela originalidade de suas pizzas, restaurante italiano prova aos cariocas que tem muito além da ‘redonda’ para oferecer
io de Janeiro - O amor pelos filhos e pela gastronomia fez o italiano Fabrizio Giuliadori homenageá-los com um restaurante que leva o nome dos rebentos: Alessandro e Frederico, hoje com 12 e 10 anos, respectivamente. Milanês, Giuliadori se estabeleceu no Rio de Janeiro em 1998, depois de conhecer a sua esposa brasileira. Três anos depois, começou a carreira no ramo de restaurantes, abrindo um café para 60 pessoas. Foi ele quem inovou o visual dos restaurantes da zona Sul da cidade ao abrir uma ampla varanda. Depois do café na badalada esquina das ruas Garcia D’Ávila e Barão da Torre, em Ipanema, Giuliadori inaugurou, em 2004, uma pizzaria na mesma rua. A paixão pela cidade e pela gastronomia fez o empresário abrir, logo depois, a terceira unidade num shopping em outro bairro, São Conrado. Desta vez, a casa é uma mistura das duas fórmulas anteriores (café e pizzaria). O sucesso continuou e em maio deste ano foi inaugurado, no Rio Design Leblon, mais um restaurante. A cadeia emprega mais de 220 funcionários. Filho de um bem sucedido restaurateur italiano que tinha “negócios” no Brasil, além de ser proprietário de 12 estabelecimentos em Milão e arredores, o empresário cresceu observando o funcionamento das casas. Para se estabelecer no Brasil, foram 10 anos indo e vindo até ele conhecer a esposa, com quem teve três filhos - a mais nova é a pequena Valentina, de três meses. Para se manter antenado às novidades, e matar a saudade da terra natal, todo ano vai à Itália. Porém, Giuliadori não está sozinho no comando das quatro casas. Há sete anos, seu braço direito é o chef italiano Gennaro Cannone, oriundo da província de Potenza, região de Basilicata. Ele estudou por 20 anos em Paris e veio para o Brasil em 1998 a convite de um amigo. Hoje, ele afirma que “gastronomicamente o Brasil é atrasado”. Há muitas variedades de matérias-primas que, segundo o chef, não são tão bem aproveitadas. — O carioca, por exemplo, tem uma cultura de comer em lugares famosos. Ele não sabe o que está comendo. O nordeste tem uma variedade de peixes que não são aceitos por aqui. Mas acho que isso está mudando — acredita. A pizza do Alessandro e Frederico respeita as “denominações de origem controlada” (Doc) da pizza napolitana. De massa fina, borda grossa e crocante, em tamanho individual, as redondas ganham coberturas gourmet. Cannone ressalta o preconceito que ainda existe dos italianos quanto à forma de se comer pizza. — O italiano se incomoda Cannone: massa mais cozida para o brasileiro quando vê alguém colocando ke-
Linguini Porto Cervo com camarão Ingredientes 150 g linguini; 1 dente de alho; 2 colheres (sopa) de azeite extra-virgem; 5 camarões VM; 1 copo de vinho branco seco; brócolis frescos; champignon Paris frescos; 3 tomates cereja - sal e pimenta a gosto; salsinha. Modo de fazer: Cozinhar a massa até que esteja macia. Temperar os camarões com alho e azeite. Flambar com o vinho branco seco. Juntar brócolis, champignon, tomate cereja, sal e pimenta. Enfeitar com salsinha fresca. tchup na pizza. Eu costumo dizer que não importa a forma como se come, o que importa é estar comendo um produto da nossa tradição — diz. Depois da primeira casa aberta, que sustenta as demais com os verdadeiros pães italianos, na mais recente unidade também é possível saborear um café da manhã aos sábados e domingos e degustar as famosas pizzas. Porém, no menu da casa, outras iguarias fazem sucesso. Os carpaccios são um deles. O torrone traz lâminas de salmão defumado, amarradinho de rúcula, tomate-cereja e gotas de limão, e o clássico vitello tonnato, finas fatias de vitela cobertas com leve creme de maionese, atum e alcaparras. Com a primavera se aproximando, Cannone gosta de preparar o colorido Linguini Porto Cervo com camarão. — A massa deve ser cozida até que esteja macia. O brasileiro não gosta de massa al dente. Para conseguirmos o verdadeiro sabor italiano importamos o azeite extra-virgem, alguns queijos como o grana padano, o tomate pelati e as massas — revela o chef. Serviço: Alessandro e Frederico – Av. Ataulfo de Paiva, 270 Rio Design Leblon - loja 112/113 – Leblon - RJ – Telefone: (21) 2512-8921
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La gente,
il posto Claudia Monteiro de Castro
Frontoni
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izza é uma das paixões que unem brasileiros e italianos. Os italianos, além da pizza, adoram a pizza ripiena, ou seja, recheada. É simples: entre duas fatias de focaccia, um pão quadrado que lembra a pizza, colocam-se os mais diversos ingredientes: mortadela, mozzarella, verduras, escolhendo o que bem entender. Durante a estação dos figos, que começa entre o final da primavera e o início do verão, a pizza ripiena também existe na versão presunto cru com figos: uma das coisas mais deliciosas na face da terra. Um dos lugares para se saborear esta delícia é no bar-restaurante Frontoni, no bairro de Trastevere, na Via
San Francesco a Ripa 28, aberto há 90 aninhos. Mas no Frontoni, eles não se limitam a fazer pizza e pizza recheada. Eles também servem saladas, pratos de verdura, pratos de massa e de carnes. Um ótimo lugar para almoçar em meio a romanos e turistas.
La morte sua
O
s italianos têm uma linguagem colorida, engraçada, cheia de expressões divertidas. Uma delas, muito usada, é a expressão “la morte sua”. Diz-se quando uma combinação é fatal, a melhor possível, o crème de la crème, o auge do sublime. Usa-se principalmente o termo para combinações culinárias. Por exemplo, morango é bom, mas morango com chantilly (fragole con la panna) é …la morte sua. O molho amatriciana, feito com tomate, pancetta (espécie de bacon) e queijo pecorino é saboroso, mas se colocado sobre a massa bucatini, pasta longa gordinha com o furinho dentro é la morte sua. Em junho, começa o período dos figos. Fruto delicioso. Mas figo com presunto cru o que é, o que é? Ora, la morte sua! Em algumas lanchonetes de Roma, eles colocam num pão com focaccia umas fatias de presunto cru e espalmam uma camada de figos maduros, docinhos. Bom demais, pena que por pouco tempo durante o ano, somente durante a temporada dos figos… E a expressão continua, vale para as mais diversas combinações, como por exemplo, queijo e pera (diz outro ditado italiano: “al contadino non far sapere quanto è buono il formaggio con le pere”). Outra combinação de lamber os beiços: radicchio (chicória vermelha) com gorgonzola, usado como molho de massa, ou como tipo de pizza.
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Vinho na Itália é bom demais - mesmo uma garrafa de cinco euros pode ser excelente, de ótima qualidade. Mas se o jantar em questão é uma pizza, então, deixe de lado o vinho e peça uma cervejinha gelada para acompanhar, afinal, pizza com cerveja é …la morte sua! Perguntando aos italianos sobre a origem da expressão, as versões são parecidas, divergindo ligeiramente. Alguns dizem que deriva da “melhor morte possível”, como morrer dormindo, a morte ideal. Outros dizem que “a morte sua” vem como situação definitiva, além da qual não dá para ultrapassar, como a morte. Outra explicação é que a combinação é tão gostosa, que é destinada a acabar depressa, de tão boa! Ou seja, destinada a morrer, se extinguir. Etimologia à parte, a expressão é tão popular que não dá para pensar em falar sobre “casamentos” de ingredientes culinários sem usá-la. Podemos transferir a expressão e sua ideia para terra brasilis e pensar quais combinações são fatais, sublimes na culinária no Brasil. A primeira que me vem em mente, eu que estou há um ano e meio sem visitar a terrinha e, portanto, com saudade exacerbada, é goiabada com requeijão! Quer coisa melhor para representar “la morte sua” brasileira?