Revista Comunità Italiana Edição 149

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Especial Como a sociedade italiana encara o aborto legalizado

Turismo As novidades da nova temporada de cruzeiros

Negócios Indústria comemora qualidades do macarrão no Brasil www.comunitaitaliana.com

Ano XVII – Nº 149

ISSN 1676-3220

R$ 11,90

Rio de Janeiro, novembro de 2010

A vez dela!

Filha de imigrantes, Dilma Rousseff é a primeira mulher a conquistar a cadeira mais importante do País Médico italiano implanta coração que ‘funciona como um celular’




Ricardo Stuckert

30 CAPA

Com a força e a popularidade do Governo Lula, Dilma Rousseff entra para a história como a primeira mulher a assumir a Presidência da República do Brasil. A filha de imigrantes, que escapou da brutalidade das torturas durante o regime militar, enfrentou uma dura campanha e se consagrou como uma mulher aguerrida que terá quatro anos para mostrar suas qualidades não mais como “mãe do PAC”, mas agora como “mãe do Brasil”.

Editorial

Mulher...........................................................................................06

Cose Nostre

Depois do dia 31 de dezembro, o presidente Lula deverá dirigir a agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura, em Roma......07

Política

Mais denúncias fragilizam o governo de Silvio Berlusconi e devem levar a queda do seu governo na próxima primavera italiana.......... 12

Atualidade

Vinhos brasileiros ganham destaque em Milão e recebem elogios de especialistas durante evento do consulado brasileiro na cidade ������� 21

Saúde

Coração artificial a ser carregado na tomada foi a solução inédita encontrada por médico italiano para salvar a vida de adolescente......24

Automobilismo

Carro conceito desenvolvido pela Fiat a partir de sugestões de internautas foi uma das estrelas do 26º Salão Internacional............48

Livro

Jornalista italiano resgata fatos da carreira de Ronaldo e publica biografia não autorizada pelo jogador..................50

Atualidade Museu em crise

Personalidades internacionais se juntam em mobilização para salvar um dos espaços mais importantes da arte contemporânea: o Madre

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Negócios Dieta saudável

Congresso mundial do setor de massas reúne especialistas no Rio de Janeiro que indicam o macarrão como um alimento indispensável para a alimentação no dia-a-dia

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Especial Aborto

Como a sociedade italiana convive com a ‘Lei do Aborto’, que ganhou grande destaque durante a campanha para eleições presidenciais no Brasil

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PhotosToGo.com

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Divulgação

Divulgação

Liberdade da imprensa italiana é ameaçada a partir de perseguições a profissionais que criticam o atual governo ��������������� 15

Negócios

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Turismo Pelos mares

Os cruzeiros marítimos voltam com força total nesta temporada e as companhias mostram preocupação com a infra-estrutura dos portos



FUNDADA EM MARÇO DE 1994 Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda.

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Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 17/11/2010 às 15:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Sarah Castro; Sílvia Souza; Janaína Cesar; Lisomar Silva REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Assistente de arte: Wilson Rodrigues arte2@comunitaitaliana.com.br Capa: Ricardo Stuckert Colaboradores: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes CorrespondenteS: Ana Bizzotto (São Paulo); Guilherme Aquino (Milão); Janaína Cesar (Treviso); Leandro Demori (Roma); Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno); Robson Bertolino (São Paulo) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Sergio Percope Rio de Janeiro - Tel: (21) 2245-8660 (21) 8136-7427 spercope@comunitaitaliana.com.br Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

om a grande polêmica surgida por conta das declarações sobre o aborto na reta final da campanha eleitoral para presidência da República no Brasil, buscamos no país mais católico do mundo algumas respostas. Na Itália, a prática foi legalizada em 1981 através de referendo popular. Mesmo com toda a pressão da Igreja, a sociedade italiana encarou o assunto e hoje o número de intervenções caiu pela metade. Apesar disso, ainda existe a prática clandestina e uma grande rejeição da classe médica em realizar a cirurgia. Nossa reportagem esteve no Hospital San Carlo de Milão e conversou com um dos ginecologistas históricos do movimento que levou à legalização do aborto, Mauro Buscaglia, sobre os preconceitos, os novos métodos, os prós e os contras após três décadas de instaurada a Lei 194. A correspondente Aline Buaes também ouviu as opiniões de grandes estudiosos como o sociólogo da Universidade Bicocca de Milão, Tommaso Vitale, e de um dos mais respeitados peritos em bioética no mundo, o monsenhor Elio Sgreccia. Para o líder católico, “o aborto não pode ser reduzido a uma mera questão de gestão do corpo da mulher, já que se trata de destruir uma vida, cujo valor é igual ao da mãe”. De Roma, o jornalista Leandro Demori traz um panorama sobre o delicado momento político vivido pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. E o que muitos se perguntam é justamente quando será abortado o atual governo e quem terá condições de assumir o país em crise. Com sua armadura, que parece impenetrável, o premier Berlusconi enfrenta todos os escândalos e apimenta ainda mais o já tão escrachado cenário com frases do tipo: “é melhor olhar para moças do que ser gay”. Num episódio recente que veio a tona, o chefe da polícia milanesa recebe um telefonema do chefe da escolta de Berlusconi que pede para uma moça de 18 anos, denunciada por furto, ser liberada. Tratava-se da marroquina Ruby (nome de guerra) que quando ainda era menor haveria participado de alguns festins com o Cavaliere. Mas para o próprio Berlusconi, que assume a ligação, o fato se justifica por tratar-se, segundo ele, da sobrinha do presidente egípcio Pietro Petraglia Hosny Mubarak. Uma história digna de ir para as telas de ciEditor nemas. Talvez com um título do tipo “Tropa de elite italiana” e trilha sonora embalada por “mulher, mulher, mulher...”, de Neguinho da Beija-Flor. Por conta dessa e de outras, no dia 14 de dezembro está marcada a sessão no Parlamento italiano para o voto de confiança. Caso o governo do presidente do conselho Berlusconi não consiga a maioria, a data de 27 de março de 2011 surge como provável para as eleições antecipadas na Itália. No Brasil, temos uma filha de imigrantes europeus eleita presidente da República. Braço direito do presidente Luis Inácio Lula da Silva, a economista Dilma Rousseff terá pela frente o desafio de manter o Brasil no rumo do crescimento econômico e deverá enfrentar problemas não resolvidos nas áreas de segurança e saúde públicas, educação, crise na previdência, infra-estrutura, entre outros. A primeira mulher presidente da história do Brasil tem um vasto histórico de lutas políticas. Sua fibra foi testada durante o período negro da ditadura militar, momento em que muitos opositores do regime foram exilados e ela ficou e foi duramente torturada ao longo de três anos. Para esta mineira, filha de búlgaros, de 62 anos, torcemos para uma brilhante gestão rumo a um futuro melhor para o nosso Brasil. Parabéns presidente Dilma! Boa leitura!

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Mulher...

editorial

Entretenimento com cultura e informação

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COSE NOSTRE Julio Vanni

Lula cotado em Roma

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nquanto a equipe de transição do governo Lula para o governo Dilma se reúne e traça os rumos do Brasil pós-posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo mandato termina em 31 de dezembro, pode ir para Roma dirigir a agência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Segundo o jornal Estado de São Paulo, o presidente formalizou sua candidatura à direção da agência. O jornal lembrou ainda, o fato de Lula ter declarado repetidas vezes que, no fim do seu mandato, desejaria trabalhar para a cooperação entre a América Latina e a África. Lula tem em sua conta os bons resultados de programas como o ‘Fome Zero’ e o ‘Bolsa Família’.

Presença italiana em NY

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e por aqui um dos nomes fortes para o governo Dilma é o do ítalobrasileiro Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda do governo Lula; em Nova Iorque, dois ítalo-americanos polarizaram a disputa pelo governo do estado. O democrata Andrew Cuomo derrotou o republicano Carl Paladino na eleição que marcou a perda de apoio político do presidente Barack Obama. Cuomo e Paladino protagonizaram a disputa quando em tom passional, enquanto o democrata prometia “limpar Albany”, o republicano afirmava “abater com um taco de beisebol os políticos corruptos que a ocupam”. Nome tradicional na política de Nova Iorque, Cuomo, que é ex-procurador-geral do estado, secretário de Habitação no governo Bill Clinton, e filho do ex-governador Mario Cuomo, venceu o duelo.

Milão é a mais cara

Festival de Veneza 2010

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ilão detém o recorde mundial no ranking das metrópoles turísticas mais caras, superando de longe até a capital italiana. De acordo com a edição 2010 de um estudo da Mercer Human Resource Consulting, os preços mais acessíveis se registram, por ordem, em Londres e Paris. São Paulo e Rio de Janeiro também entraram na lista. A pesquisa avaliou cerca de 200 parâmetros, como impacto dos alugueis, as tarifas de transporte, os custos de bens de consumo, de restaurantes e entretenimentos. A crítica levou o assessor das Atividades Produtivas de Milão a declarar a expectativa de que a Expo 2015 diminua esse problema. “Poderemos finalmente atuar de forma significativa na receptividade de Milão, especialmente para os jovens, aumentando de um lado os albergues e de outro as pousadas, onde é possível pernoitar gastando menos que € 50. Sob este ponto de vista, Milão pode fazer muito mais”, afirma Giovanni Terzi.

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Árvore de Natal que enfeita a Lagoa Rodrigo de Freitas, zona Sul do Rio de Janeiro, está de volta para ser incorporada à paisagem da cidade maravilhosa. Com cenografia assinada por Abel Gomes, anjos e estrelas figuram no monumento cujo interior é composto por um carrilhão eletrônico que reproduz canções natalinas. Importada da Itália, a estrutura é semelhante à utilizada na Basílica de São Pedro (Vaticano). A inauguração da Árvore ocorre no dia 4 de dezembro com shows de Milton Nascimento, Simone e Ivan Lins e apresentações dos bailarinos Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus. Ela poderá ser vista até o dia 6 de janeiro, em que se comemora o Dia de Reis. De acordo com a Bradesco Seguros, que patrocina o monumento, a iluminação da estrutura será feita por seis geradores que usam biocombustível e gastam menos energia.

Paul volta a Elba

Rapidinhas ● O Patronato INCA-CGIL iniciou em outubro sua atuação em Contagem, Minas Gerais. Presta auxílio na obtenção das prestações previdenciárias, acidentárias e/ou assistenciais frente ao INSS na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Contagem, localizada na Av. Camilo Flamarion, 55, Bairro Jardim Industrial ● Também em Minas Gerais, a Fundação Torino abriu inscrições para pessoas da terceira idade interessadas em estudar italiano. As aulas começarão em fevereiro de 2011. Podem participar descendentes com mais de 60 anos. Informações: 3289-4200.

Embaixada da Itália no Brasil conclui os preparativos para a 6ª edição do Festival de Veneza no Brasil. Serão exibidos seis filmes, dentre os quais La passione, de Carlo Mazzacurati; La pecora nera, de Ascanio Celestini e, I malavoglia, de Pasquale Scimeca – todos lançados neste ano. Produção de 1974, Profumo di donna, de Dino Risi, também integra a lista de filmes da mostra. Curitiba (de 17 a 22 de novembro), São Paulo (de 22 a 28 de novembro), Rio de Janeiro (27 de novembro a 2 de dezembro) e Brasília (2 a 7 de dezembro) foram as capitais escolhidas para receber o evento. Somadas as capacidades das salas de exibição e o número de projeções, cerca de 10 mil pessoas poderão assistir aos filmes inéditos no Brasil.

● O documentário brasileiro “Corumbiara”, do diretor Vincent Carelli, recebeu o prêmio União Latina no XXV Festival de Cinema Latino-Americano de Trieste, norte da Itália. A produção mostra evidências de um massacre indígena ocorrido há 24 anos em Rondônia, e a falta de empenho das autoridades em investigar os assassinatos. ● O italiano Massimo Schipilliti foi apresentado como o cônsul do Coritiba Foot Ball Club na Itália. O anúncio foi feito pelo diretor alviverde Walter Petruzziello. Schipilliti vai divulgar o Coxa no velho continente.

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orto em outubro, o polvo Paul, principal personagem da Copa do Mundo da África, terá uma rua com seu nome na Ilha de Elba. Segundo a Prefeitura de Marina di Campo, o molusco, pescado há sete meses no mar daquela região deve ser homenageado com a inscrição ‘Rua polvo Paul, adivinhador’ ou ‘Travessa polvo Paul, infalível adivinho de eventos esportivos’.

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opinião frases “Na minha idade, ninguém me fará mudar meu estilo de vida, do qual tenho muito orgulho”,

“Foi desastroso, uma das piores corridas que fiz no GP do Brasil”, Felipe Massa, piloto brasileiro da Ferrari, sobre a 15 ª posição no Grande Prêmio do Brasil.

Silvio Berlusconi, premier italiano, sobre seus últimos escândalos pessoais.

“O amor transformado em mercadoria, o amor pago, não faz parte da moralidade cristã”,

“Enquanto Roma é a única cidade italiana que pode organizar as Olimpíadas, creio que o Grande Prêmio de Fórmula 1 está bem em Monza”,

Monsenhor Gianfranco Girotti, regente do Tribunal da Penitenciária Apostólica, ao criticar indiretamente o premier italiano Silvio Berlusconi quanto aos seus escândalos sexuais.

Gianni Rivera, presidente do setor juvenil da Federação Italiana de Jogos de Futebol (FIGC), sobre a realização de um GP em Roma.

Escolhi pessoalmente as fotografias do livro, porque não queria nem as publicitárias, nem as de moda. Queria as que retratassem a expressividade primordial do corpo”, Monica Bellucci, atriz italiana, sobre o livro “Simplesmente Monica Belluci”, publicado este mês com suas melhores fotos.

enquete Partida de futebol na Itália é interrompida pelo juiz por conta de cânticos racistas. Ele agiu certo?

Dunga poderá ser o técnico da Fiorentina. É uma boa opção para o time italiano?

Pais reclamam que professora é ‘muito sexy’ para dar aula na Itália. Isso atrapalha os estudantes?

Sim – 84,6%

Não – 71,4%

Sim – 66,7%

Não – 15,4%

Sim – 28,6%

Não – 33,3%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 19 a 22 de outubro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 22 a 27 de outubro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 27 de outubro a 1º de novembro.

cartas

“A

dorei saber que vai ter um canal 24 horas sobre gastronomia. Só achei ruim o fato de ele existir somente na TV por assinatura. O público da TV aberta é muito carente de programas bons e um canal dedicado à culinária seria perfeito. De qualquer forma, fico aqui na torcida para que a programação seja realmente tão boa quanto parece.”

“F

ico feliz quando vejo projetos que têm como objetivo resgatar a história dos imigrantes no Brasil. A matéria sobre a Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, me provocou uma maravilhosa sensação nostálgica. Cheguei aqui ainda pequeno e consigo lembrar, vagamente, de hospedarias como esta. Parabéns à Uerj e à Marinha pela iniciativa!”

Maria Alice Baldo Gouveia – São Paulo, SP – por e-mail

Gennaro Russo – Santos, SP - por e-mail

Errata: Na matéria Noite de Rainha (edição 149) a legenda correta das fotos é: Ivete Sangalo ensaia no estudio de Gigi D’Alessio. No palco os cantores apresentaram um dueto.

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serviço agenda de Treviso é conhecido como a “terra de conto de fadas”, título que é lembrado em Brasil cheio de fantásticas e variadas histórias. Sàrmede apresenta a tradicional mostra com obras originais de 38 ilustradores de 21 países. São quatro iniciativas: além do espaço sobre o Brasil e da exposição das melhores publicações no mundo, um tributo à ilustradora bolonhesa Beatrice Alemagna e uma apresentação dos alunos da Escola Internacional de Ilustradores do Sàrmede, no Museo Zavrel, completam o evento. Até 19 de dezembro. Mais informações: www.sarmedemostra.it.

Crianças O Brasil é um dos protagonistas da Sàrmede (Treviso) e sua 28ª Exposição Internacional de Ilustração para a Infância. O pequeno borgo situado perto dos Alpes

Deuses e Madonas (SP) Concebida pelo curador Teixeira Coelho a partir de 40 obrasprimas do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP), a mostra resgata uma obra-prima

de um dos mestres do Renascimento Andrea Mantegna. São Jerônimo Penitente no Deserto, concluída em 1451, está de volta ao museu depois de restaurada pela equipe do Louvre. Já O Julgamento de Páris, feita entre 1710 e 1720 pelo mestre do Rococó italiano Michele Rocca, recebe uma leitura contemporânea do videoartista Eder Santos, que recorreu à tecnologia dos televisores LED tridimensionais para mostrar sua versão sobre a obra. Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado traz ainda Botticelli (Virgem com o Menino e São João Batista Criança, c.1490) e Tintoretto (Ecce Homo ou Pilatos Apresenta Cristo à Multidão, c.1546), entre outras peças de expressão. Até 16 de janeiro, no 2º andar do MASP, Galeria Georges Wildenstein. Informações: (11) 3251-5644.

na estante O dia da coruja traz os passos e artimanhas do honesto capitão Bellodi, que investiga uma série de assassinatos numa pequena cidade italiana da Sicília. Republicano e anti-fascista, Bellodi é um “mão limpa” ao pé da letra. Esbarra, porém, em redes invisíveis, arrumadas para que a verdade não apareça e se dissolva entre as malhas do poder. O protagonista de Leonardo Sciascia segue pistas tênues, embora consistentes, que indicam não só a participação da máfia, como a presença de outras pessoas poderosas por trás dos assassinatos. Baseada em fatos reais – a morte de um sindicalista comunista em janeiro de 1947 – a obra tornou-se um clássico da literatura italiana contemporânea. Nela, o autor apresenta sua aversão à ideologia fascista e como ela a afeta tanto no plano afetivo quanto nos planos morais e intelectuais. Aversão que, inclusive, influenciou o relacionamento de Sciascia com o pai, obrigado a se inscrever no partido para conseguir emprego. Objetiva, 136 páginas, 31,90 reais. Meu avô italiano As férias escolares se aproximam e Tito terá muitas surpresas. Revendo as fotos da família ao lado do avô, o garoto descobre como era a vida de seus parentes na Itália, por que eles vieram para o Brasil e como foi a adaptação ao novo país. Relembrando antigas histórias, o avô de Tito mostrará que no Brasil tem muito mais da Itália do que se imagina. Através do cotidiano de uma família italiana que preserva suas origens é possível identificar a culinária típica, as festas tradicionais, as reuniões familiares, o vínculo com parentes da Itália, a paixão pelo futebol, os jogos e brincadeiras. Ao final do livro há uma seção informativa com fotos e dados da cultura italiana. O livro de Thiago Iacocca faz parte da coleção Imigrantes do Brasil. Panda Books, 36 páginas, 26,90 reais.

Aleijadinho (SP) O mais importante nome do barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho, tem sua produção revisitada na mostra “Aleijadinho: Arte e fé Brasileira – Ofício Divino”, em cartaz no Museu de Arte Sacra. A exposição traz esculturas que marcaram as fases da produção artística do mestre. São 51 peças, que pertencem à coleção de Renato de Almeida Whitaker. Dez obras são inéditas, com destaque para um uma Sant’Anna Mestra de 28 cm, muito parecida com a imagem exposta no Museu do Ouro, de Sabará (MG), uma das mais apreciadas esculturas de Aleijadinho. Réplicas em resina de quatro peças ficarão expostas em local de acesso fácil para serem tocadas por pessoas portadoras de deficiência visual. Até 16 de janeiro. Informações: (11) 3316-5393/3336.

click do leitor

Arquivo pessoal

Onda Carioca (RJ) A geografia da cidade maravilhosa parece ter sido criada para privilegiar a praia. Pelo menos nos registros do fotógrafo italiano Francesco Zizola, este é o lugar em torno do qual acontece grande parte da vida dos cidadãos: um espaço democrático sem diferença entre classe social, cultura ou cor da pele. As diversas cenas que coexistem neste ambiente foram alvo de Zizola e podem ser vistas em exposição, até 3 de dezembro, no Ateliê da Imagem (Av. Pasteur, 453 – Urca). Informações: (21) 2541-3314 ou 2244-5660.

“O

nosso sonho era passar a lua de mel na Itália e conhecer cada cantinho do país e não podíamos deixar de fora as cidades medievais. Das cidades que conhecemos da região da Toscana, Siena foi marcante pelas suas construções grandiosas e pela sua catedral. Arrisco em dizer que é uma das mais bonitas do país!” Rodrigo Maia Rio de Janeiro - RJ Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br

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Opinione Fabio Porta fabioporta@fabioporta.com

La politica del “fair play” Può esistere un nesso tra impegno politico e pratica sportiva?

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on sono mai stato, né mi sono mai sentito un “politico di professione”; eppure ho sempre fatto politica, magari a volte senza esserne pienamente consapevole, da quando bambino sono stato prima ‘lupetto’ e poi ‘scout’, poi ancora dirigente locale e nazionale dell’Azione Cattolica Italiana, quindi obiettore di coscienza (al servizio militare) in servizio civile alternativo, sindacalista e cooperante (responsabile per programmi di cooperazione internazionale allo sviluppo). Ero attratto, anche per questioni familiari (un fratello Vice Sindaco, un papà sindacalista, uno zio Presidente di Regione…), dall’arte della politica, ma al tempo stesso diffidavo dagli intrighi e dalle liti, dagli accordi sottobanco e dalle discussioni infinite e a volte senza risultato alcuno tipiche della politica. Ad un certo punto, avevo 14 anni, pensavo che il mio futuro fosse nello sport; facevo parte di una squadra di pallavolo e per tre anni credo di avere trascorso più tempo in palestra che sui libri. Al liceo le cose andarono diversamente: lo studio e gli impegni associativi ebbero la meglio su quelli agonistici, ma credo che l’esperienza sportiva mi sia rimasta dentro e che abbia permeato anche il mio impegno politico. La pallavolo è uno sport molto praticato dai giovani, in Italia come in Brasile, anche se purtroppo non gode dell’attenzione dei grandi mezzi di comunicazione di massa, e quindi delle risorse, che fanno del calcio (anche in questo caso: in Italia come in

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Brasile) lo sport più amato, praticato e ($$$ ) sponsorizzato. Due sono le caratteristiche che fanno del volley uno sport a mio parere straordinario: il fondamentale e necessario senso della squadra da un lato e la mancanza del contatto fisico con l’avversario dall’altro. Nel calcio è possibile che un campione “faccia la differenza” e gli annali calcistici sono pieni

“Se la politica fosse più ‘gioco di squadra’ e meno ‘leaderismo populista’ ne trarremmo tutti un beneficio”

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di esempi che dimostrano questa tesi; è ovvio che anche il calcio, come tutti gli sport di equipe, si fonda su un impegno coordinato di un gruppo di atleti ma l’equilibrio tra il ruolo del campione (o del “craque”) e il resto della squadra non sempre è bilanciato a favore di quest’ultima. Nella pallavolo l’equipe è tutto, e questo è anche favorito e reso necessario dal continuo turn-over di giocatori nel corso della stessa partita. Altra caratteristica, forse ancora più esclusiva, è quella di giocare tra due gruppi che si fronteggiano ma non arrivano mai a toccarsi. Se ci pensiamo bene un caso quasi unico tra gli sport di squadra, che basano una parte importante del loro agonismo e anche dello spettacolo nel contatto, se non nello scontro fisico, con l’avversario. Non si tratta di un dettaglio: la mancanza dello scontro fisico

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costringe l’atleta a concentrarsi al massimo sulla perfezione del gesto, a raggiungere una perfetta intesa con i propri compagni di squadra, a scatenare la propria forza fisica sul pallone e non sul suo rivale. Pensandoci bene, credo proprio che quelle lunghe ore e quegli anni trascorsi in palestra non siano passati invano; a beneficiarne non è stato soltanto il mio fisico ma la mia testa, e sicuramente il politico ha appreso non poco da quell’insegnamento sportivo. Se la politica di oggi fosse basata più sul ‘gioco di squadra’ e meno sul leaderismo populista di alcuni personaggi e se il dibattito anche più acceso con gli avversari fosse meno ‘gridato’ e più ragionato, più concentrato sulla palla e quindi sui contenuti e meno sulla demolizione della fazione rivale, probabilmente le nostre società, i nostri Paesi ne trarrebbero un grande beneficio.


Opinione Ezio Maranesi eziomaranesi@terra.com.br

Serpenti a Roma Dilemma ozioso: Fini ha tradito o no?

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ese zeppo di notizie importanti: i minatori cileni risorgono, un torbido delitto ad Avertana, i lanzichenecchi serbi saccheggiano Genova, alpini morti in Afganistan, i media producono fango (eufemismo oxfordiano). Non c’è spazio per le notizie spicciole. Ne ho colta una. Un pitone è stato catturato al Pantheon, un altro in via 4 Fontane, un terzo tra le rovine romane. Segnalate due vipere presso la stazione Termini e tre crotali, con annessi sonagli, nella pineta di Castelfusano. Accertata una trentina di serpi dalle parti di Montecitorio: hanno fondato un movimento politico. Insomma: Roma invasa dai rettili. Niente di grave se non fosse che, si sa, i serpenti portano sfiga. Tant’è che a Cucullo, in Abruzzo, dove sfila ogni anno la statua di San Domenico con le bisce ai suoi piedi, le bestiacce quest’anno hanno strangolato il povero santo e, secondo la leggenda, sarà un disastro. Sognare serpenti, dice Freud, evoca maldicenze, invidie e tradimenti. Toc-

chiamo ferro, cornetti e altro: si sta mettendo male. A proposito di serpenti, si discute molto, in questi giorni, se Fini abbia o no tradito. La metterei in termini semplici. Fini, capo di AN, dichiara nel dicembre 2007: “Non esiste alcuna possibilità che AN confluisca nel nuovo partito di Berlusconi”. Aggiunge, riferendosi al partito nascente: “Siamo alla comica finale”. Poi però, annusando la vittoria e le aggregate poltrone, Fini confluisce, concorre a definire il programma di governo e stravince le elezioni grazie al carisma del Berlusca, il quale gli affida la poltrona di presidente della Camera. Fini vi si installa e vi si incolla col superbonder. Dall’alto di questo scranno porta avanti scientificamente la sua opera di demolizione di Berlusconi, con distinguo sommessi all’inizio, con dissensi fragorosi in seguito, fino alla separazione traumatica. Porta con se una trentina di deputati, mette il governo in minoranza e ricatta Berlusconi: ti dò la fiducia ma posso

farti cadere, se e quando voglio. Lo farà cadere, quando sarà certo che gli converrà. Tradisce, perché avrebbe dovuto discutere i suoi dissensi nell’ambito del partito e accettare le decisioni della maggioranza. Se la sua coscienza non gli avesse permesso di allinearsi, avrebbe dovuto dimettersi perché, per la attuale legge elettorale, buona o cattiva che sia, i parlamentari sono indicati dai partiti, ai quali quindi appartie-

“Imputo a Berlusconi, navigato imprenditore e uomo di mondo, di non aver neutralizzato il veleno dei morsi di Fini quando era in tempo”

ne moralmente il mandato, e non scelti dal popolo. Mantenere il mandato e combattere il proprio partito è tradire, e Freud ha ragione: i serpenti di Roma sono un funesto auspicio. Fini vuole apparire moralizzatore. Difficile credergli; è immorale ciò che sta facendo al suo partito e immorale è il suo silenzio nel Montecarlogate. Anche i pargoli sanno infatti a chi appartiene la casa svenduta da AN. Ma attaccare Berlusconi è di moda: è ricco, politicamente scorretto, ama le donne e, come è costume degli imprenditori, vuol fare, mentre ai politicanti alla Fini piace solo dire ciò che si dovrebbe fare. Purtroppo, per Berlusconi e per tutti gli italiani, l’Italia non va bene e si impoverisce rispetto a altri paesi. Ha un debito pubblico mostruoso, una burocrazia schiacciante, una magistratura inetta, un sud male amministrato, ha le mafie, una legislazione sociale obsoleta, ecc. e il governo ha grandi difficoltà a governare, grazie ai serpeggiamenti di Fini. Per queste ragioni Berlusconi è vulnerabile e sarà impallinato. Imputo a Berlusconi, navigato imprenditore e uomo di mondo, di non aver neutralizzato il veleno dei morsi di Fini quando era in tempo. Altra notiziola di questi giorni: Berlusconi incontra Fini a Ciampino all’arrivo delle salme degli alpini caduti. Si stringono la mano. Il giorno dopo B. è ricoverato per una chirurgia alla mano. Bah! Sarà un caso.


política

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senador romano Marco Túlio Cícero teoriza em seu livro “A República” sobre as formas de governo, sua eficácia e imperfeições apontadas por Aristóteles. Da monarquia dizia temer a tirania; a aristocracia poderia se transformar em oligarquia; nas democracias, o medo era a tirania das massas, a oclocracia. O remédio para os males do poder, para Cícero, estava na Justiça, um sistema frio e sem as emoções humanas que pudesse garantir uma sociedade equilibrada sob qualquer sistema de governo. Dois milênios depois de Cícero, não deve ser a Justiça a derrubar o atual governo de Roma – já diverso daquele que o senador patrício vivenciou. Motivos parecem abundar, mas o ritmo dos tribunais costuma ser mais lento do que o das ruas. Apesar de seus inúmeros problemas com o poder capaz de equilibrar a democracia italiana, Silvio Berlusconi pode ver antecipado o fim de seu governo não pela espada do judiciário, mas pela caneta das sondagens populares: suas festas particulares regadas a acompanhantes profissionais, figuras do mundo televisivo e poderosos, mais do que nunca, corroem sua imagem pública. Desde a última semana de setembro, a imprensa italiana publica uma série de reportagens com detalhes ruborizantes de mais um capítulo da vida particular de Berlusconi. A testemunha-chave é Nadia Macri, acompanhante de luxo italiana que afirmou ter tido relações

Nadia Macri: escort nova nas polêmicas

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Quando v acab

sexuais com o premier em troca de 10 mil euros. O testemunho de Nadia, uma “escort” na gíria italiana, foi registrado também em depoimento à polícia, e vai além: diz que o primeiro-ministro italiano disponibiliza seu avião oficial para transportar a droga consumida em suas festas privadas. Em seu depoimento, que rendeu aos investigadores que a escutaram mais de trezentas pági-

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nas, Nadia descreve as festas na mansão de Arcore – cidadezinha perto de Monza onde Berlusconi tem uma de suas tantas propriedades de luxo – como verdadeiras bacanais onde giravam personagens na TV como o caça-talentos Lele Mora e o jornalista e amigo particular de Silvio, Emilio Fede, um dos rostos mais conhecidos da Itália. Mora e Fede seriam os

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responsáveis pelo “recrutamento” das meninas. A descrição das festas faz jus à parte muito conhecida da Roma dos tempos de Cícero: além do consumo de drogas, existiria uma banheira onde Berlusconi faria sexo com várias mulheres, individualmente ou em grupos. Algumas delas fariam uso de drogas. Além de Nadia Macri, outra jovem escort vem estrelando os


vai

ar? Leandro Demori Especial de Roma

Não bastasse a ruptura com seu principal aliado, Silvio Berlusconi se vê diante de novas acusações que envolvem sexo, drogas e rock and roll.

Especialistas dão como certas as eleições na próxima primavera italiana, mas não existem nomes nem da situação e nem da oposição para ocupar a cadeira do atual premier piores pesadelos de Berlusconi: se trata de Ruby, jovem marroquina presa por furto no dia 27 de maio. Sem documentos, Ruby, então menor de idade, é levada à delegacia. Momentos após sua detenção, os policiais presenciam uma cena que beira à ficção: o próprio Silvio Berlusconi teria telefonado aos agentes pedindo para que soltassem a jovem. Na argumentação, uma pequena “imperfeição”: Ruby, segundo Berlusconi, seria sobrinha do presidente do Egito Hosni Mubarak, o que foi posteriormente verificado e apontado como falso. As declarações de Ruby foram confirmadas pelos policiais que a prenderam em depoimento oficial. As duas bombas explodiram na mão do premier, que parece em um momento de fragilidade política nunca visto em seus 15 anos de vida pública. A seu modo, Berlus-

coni tentou resfriar a caldeira; primeiro dizendo que era tudo mentira, depois, com a confirmação das declarações e abertura de inquérito policial em Milão, deu uma de suas declarações típicas: em um palanque, disse que era “melhor gostar de mulheres bonitas do que ser gay”. A reação da oposição foi imediata. Em coro, todos os partidos de centro-esquerda pediram sua cabeça. O líder do Partido Democrático, Pier Luigi Bersani, pediu imediatamente a renúncia. — “Berlusconi não pode seguir nem um minuto a mais em um papel público que traiu de forma indecente”, — declarou o secretário do PD.

— “A Itália tem uma dignidade que não pode ser colocada em perigo diante do mundo inteiro. A Itália tem problemas a enfrentar em um clima sério. É preciso abrir uma nova fase” — completar. As bacanais alla Roma Antica podem representar o poente do poder de Berlusconi, mas não nesta estação. Caso vá às urnas, a Itália não deve mover a máquina eleitoral antes da primavera. Historicamente, nunca se votou no outono/inverno, período de festas de final de ano. “Além disso, nenhum partido está preparado para fazer campanha”, analisa Michele Ainis, constitucionalista e professor de ciência política da

Pier Luigi Bersani pediu a renúncia do premier

Doença degenerativa

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o centro das discussões se abre um importante parênteses para um capítulo de longo prazo no horizonte das urnas: a reformulação da Lei Eleitoral. Mais do que apenas a vontade de contar votos, há um movimento de lideranças – sobretudo de esquerda – disposto a mexer no próprio coração da política italiana. “Há uma doença degenerativa nos partidos italianos”, identifica Michele Ainis, também autor do livro “A Cura”, que trata do tema. Para os partidos de oposição – em primeira fila o Partido Democrático – a Lei Eleitoral vigente é o grande problema do sistema italiano. Seu secretário-geral e importantes lideranças defenderam inúmeras vezes que não basta antecipar as eleições caso o Governo Berlusconi caia – é necessário, antes, mudar a lei que dá um “prêmio de maioria” ao partido vencedor em nome de uma pretensa governabilidade. Ou seja: mesmo que um partido obtenha somente 20% dos votos, caso seja o mais votado entre todos receberá 50% + 1 de cadeiras na Câmara e no Senado, o que provocaria uma distorção dos desejos populares. Nas mais recentes eleições regionais (realizadas no primeiro semestre deste ano) 3,5 milhões a mais de italianos esnobaram as urnas, o que representa um aumento de 8% de abstenção em relação às regionais de 2005. “O partido do ‘não voto’ é o grande partido italiano. Entre nulos, brancos e abstencionistas temos 40% de pessoas que não votam”, explica Ainis. Para ele, o mais grave é justamente a Lei Eleitoral, que dá forma a um sistema “viciado”. — “O partido majoritário, hoje, na Itália, tem a confiança de apenas um em cada sete italianos”, — mostra. Em um cenário de “escorts” e banheiras de hidromassagem, o povo parece preferir se abster.

universidade Roma Tre, autor de diversos temas sobre democracia e organização partidária. O Popolo della Libertà (PDL) está rachado após a ruptura de Berlusconi com Gianfranco Fini, presidente da Câmara e seu exaliado. Sem Berlusconi à frente, talvez o PDL deva procurar outro candidato. Nos bastidores se ventila o nome de Giulio Tremonti, ministro da Economia. Outro personagem possível seria Mariastella Gelmini, ministra da Educação e que vem pouco a pouco sendo escalada pelo PDL para programas de TV e comícios – sinal claro de uma vontade de construir seu nome junto ao eleitorado. Fini, por sua vez, ainda não parece ter adquirido musculatura eleitoral – é um risco submeter seu nome ao escrutínio das massas sob pena de sair da briga menor do que entrou. “Antes de tudo ele teria que fundar seu partido”, aponta Michele Ainis. O presidente da Câmara, hoje, é líder de um grupo dissidente do PDL. Precisaria sair do partido e fundar sua própria legenda, o que teria que ser feito às pressas caso as eleições fossem antecipadas em poucos meses. O Partido Democrático, maior força da oposição, tem problemas

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Mariastella Gelmini ganha força no PDL

internos a resolver. Antes de tudo, há uma luta subterrânea pelo direito a se candidatar. O nome natural seria o do secretário do partido, Pierluigi Bersani. No entanto, o governador da Puglia Nichi Vendola aparece na frente nas sondagens populares. Como rege seu estatuto, o candidato deverá conquistar esse direito no voto: o PD precisaria fazer prévias internas, o que demanda tempo. Após a escolha do nome, o partido ainda precisaria buscar apoio de outros partidos de centro, centroesquerda e esquerda – menores, mas com força para ajudar a derrotar Berlusconi.

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notizie Immigrazione

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l rapporto annuale sull’immigrazione della Caritas Italiana e della Fondazione Immigranti dimostra che in 20 anni gli immigranti regolari in Italia sono aumentati 20 volte. Erano mezzo milione nel 1990 e sono arrivati a quasi 5 milioni nel 2010 (7% dei residenti). Secondo il documento insieme ai numeri di immigranti “sono aumentate le reazioni negative, l’allontanamento e la paura” degli italiani in rapporto agli immigranti, problema causato, tra tanti motivi, dai problemi legati alla crisi economica. La comunità più numerosa è la rumena, con il 21%, seguita da quella albanese, con l’11%, e al terzo posto c’è quella marocchina, con il 102%. Un altro dato importante che viene a galla dalla ricerca è che il 13% dei residenti stranieri in Italia sono di seconda generazione, bambini e giovani nati nel paese europeo. Gli iscritti nelle scuole sono il 7,5% (673.592).

Corruzione

L’

Italia ha peggiorato la sua classifica nella lista che riguarda la percezione della corruzione nella pubblica amministrazione resa nota dalla ONG Transparency International (TI). Secondo il rapporto 2010, l’Italia è al 67º posto nel mondo con 3,9 punti, dopo del Ruanda (66º posto, quattro punti) e solo un posto davanti alla Georgia (68º posto, con 3,8 punti). Nel 2009 il Bel Paese occupava il 63º posto con 4,3 punti. Il sondaggio fatto con dirigenti, imprenditori e analisti politici, segue una scala da 0 a 10, in cui il 10 rappresenta il punto in cui la corruzione non esisterebbe. A condividere il primo posto del ranking presentato a Berlino ci sono Danimarca, Nuova Zelandia e Singapore, tutte con 9,3 punti, seguite da Finlandia e Svezia (9,2 punti ognuna) e Canada (8,9 punti).

Imbarcazioni Made in Italy per il mercato brasiliano

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l gruppo siciliano Aicon ha firmato una partnership con il cantiere dello stato di Santa Catarina Brava Iates per ampliare il suo sviluppo su rete mondiale; ha inoltre già ricevuto ordinazioni per un valore totale di circa 2,2 milioni di euro. L’impresa, che si occupa di progettazione, produzione e commercializzazione di imbarcazioni e navi da diporto di lusso, ha firmato un accordo per il commercio di imbarcazioni con il marchio Aicon Yachts in Brasile. Il contratto è della durata di due anni. — La nostra partnership con un operatore nautico con una vasta esperienza in Brasile sembra di essere la strada più efficace per iniziare a penetrare un mercato come quello brasiliano, che presenta una crescente domanda di imbarcazioni di lusso. Il design di yachts Aicon viene apprezzato dal mercato sudamericano. Dopo il Venezuela, dove siamo presenti con i nostri yacht da anni, agli inizi del 2011 due yacht Aicon navigheranno sui mari brasiliani – ha dichiarato il Presidente e CEO della Aicon, Lino Siclari.

Un’altra

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l gruppo italiano SIA-SSB ha vinto il bando di gara della Comissão de Valores Mobiliáros per il concetto e l’impiantazione del nuovo sistema di controllo dei mercati di capitali. Il Brasile è il primo paese in Sudamerica in cui opera l’impresa. Secondo le direttrici di marcia del gruppo, con la sua avanzata infrastruttura di monitoraggio sarà capace di seguire il crescente sviluppo, anche a livello internazionale, dell’industria brasiliana di servizi finanziari (+26% di capitalizzazione del mercato nel primo semestre del 2010). La nuova infrastruttura permetterà alla Comissão de Valores Mobiliáros di seguire tutte le operazioni commerciali realizzate alla BM&Fbovespa – la più importante istituzione di intermediazione delle transazioni di valori mobiliari nei mercati di capitali in Brasile, oltre a figurare tra le dieci piazze finanziarie del mondo – e nella CETIP, società brasiliana che amministra mercati di balcone organizzati. Secondo dati resi noti dalla World Federation of Exchanges (WFE), associazione che riunisce le principali borse di valori del mondo, la BM & Fbovespa ha registrato, nel primo semestre del 2010, una media mensile di circa 10 milioni di operazioni, tra cui quelle di titoli e derivati, realizzate da più di 350 intermediari. La messa in opera del progetto, che terminerà nel primo semestre del 2011, prevede una collaborazione tecnica con la Tata Consultancy Services do Brasil per garantire l’integrazione con i mercati locali.

Funiculare in festa con italiani

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l ritmo italiano ha segnato i festeggiamenti per i 98 anni della Cia. Caminho Aéreo Pão de Açúcar. L’evento ‘4 Estações: Primavera’, che fa parte di una serie di concerti di musica classica lanciati l’anno scorso e che ha luogo ad ogni cambio di stagione, ha avuto sul Morro da Urca come star principale il gruppo I Musici di Roma, che stanno per compiere i 60 anni dalla loro fondazione. Nel 1951, dodici giovani e promettenti musicisti italiani, la maggior parte di roma e in gran parte diplomati presso l’Accademia di Santa Cecilia di Roma, si sono riuniti per formare un’orchestra da camera senza uguali, integrata da sei violini, due viole, due violoncelli, un contrabbasso e un clavicembalo. Hanno scelto il semplice e sonoro nome I Musici e hanno deciso che il gruppo non avrebbe avuto un maestro. Osservati dal maestro Arturo Toscanini durante delle prove, hanno cominciato a fare successo nel mondo dall’aprile del 1952.

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Intolerância

atualidade

Existe uma tentativa de silenciar grande parte dos jornalistas e veículos de comunicação que de alguma forma são incômodos a quem está no governo

Janaína César

O

recente relatório anual sobre liberdade de imprensa, publicado em outubro passado pela organização internacional francesa Reporters sans frontières, mostra dados surpreendentes. A Itália, país que oficialmente tem uma informação livre, ficou na posição 49°, ao lado de Burkina Faso e um ponto a menos de El Salvador. O país está entre os piores classificados da Europa, perdendo somente para a Grécia e Romênia. Segundo Jean-François Julliard, secretário geral da organização, “a Itália é um país que não respeita os jornalistas e, de modo geral, o trabalho da imprensa, além de não considerá-lo como um valor intocável – assim como não considera a necessidade de protegê-los de abusos judiciários – tende a silenciar as vozes que são livres”. Basta meio minuto de pesquisa na internet para confirmar o que diz. Assim como basta acompanhar a perseguição feita a Michele Santoro, jornalista e condutor do programa Annozero, transmitido pela Rai 3, um dos três canais estatais do governo, que no mês passado recebeu uma sanção da gerência da Rai que o proibia de ir ao ar por dez dias, e, se caso fosse, o programa deixaria de ser exibido duas vezes. O motivo de tal punição? Santoro, no programa de abertura inaugural após as férias, referindo-se ao diretor geral da TV estatal, Mauro Masi, fez uma brincadeira de mau gosto e usou a expressão “mavva...” (vai à...). O caso desencadeou uma enorme polêmica em torno da liberdade de expressão e informação. Afinal, se a sanção fosse acatada, quem seria punido, o jornalista que desrespeitou o diretor ou o programa que é tão incômodo ao governo? Masi entrou na Rai indicado pelo primeiro ministro Silvio Berlusconi e desde então começou a

Correspondente • Treviso

Para o jornalista da Rai 3 Riccardo Iacona a imprensa italiana está voltando ao passado

caça as bruxas a jornalistas não próximos aos ideais do governo. Marco Travaglio e Vauro, ambos jornalistas contratados pelo programa Annozero foram licenciados, mas mesmo sem contrato, continuam a participar do programa; o escritor Roberto Saviano e o jornalista Fabio Fazio, contratado da Rai 3, foram impedidos de transmitir um programa de denúncias que estrearia este mês – o fato mais estranho é que foi a própria direção da Rai a pedir a criação do programa a eles – neste mesmo ano Maria Luisa Busi, apresentadora do telejor-

nal das 20h, Rai 1, após 21 anos de trabalho, se demitiu com uma carta onde dizia ter chegado ao limite da auto-censura. Mas na lista negra do governo tem espaço até para quem trabalha em um dos canais do primeiro ministro. É o caso do jornalista Enrico Mentana, que após anos no canal 5, se demitiu alegando ter encontrado dificuldades para conduzir seu programa. Após as eleições de 2008, ele foi amplamente criticado pela direção por ter convidado o líder político Antônio Di Pietro, conhecido inimigo de Berlusconi.

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Os jornais La Reppublica, L’Espresso, Il Fato Cotidiano e L’Unità são quase sempre processados por haverem escrito o que, segundo o governo, não deveriam, como atos de um processo em que Berlusconi é réu. Seu governo bem que tentou silenciar a imprensa com a famigerada Lei da Mordaça, que se fosse aprovada impediria a publicação de dados processuais e conteúdos de escutas. Dono de quatro canais televisivos, de uma rede enorme editorial, Berlusconi deveria ser o primeiro a tutelar a livre informação. Porém, para ele “a liberdade de imprensa não é um direito absoluto”. Para Riccardo Iacona, jornalista da Rai 3, apresentador do programa de denúncias Presadiretta, e amigo de Santoro, “a democracia no nosso país está diminuindo, o que é um perigo. Estamos vivendo um período de vulgaridade cultural e intelectual, onde as opiniões diferentes da ‘tua’ são expelidas”. Segundo o jornalista, o que está acontecendo hoje com a imprensa, é algo que tem cheiro de velho, de “fascismo, de cinismo”. – Antes eram os próprios jornalistas a estabelecerem a agenda do dia, hoje ela chega pronta e quem a produz é quem governa. Os teles viraram palco de propaganda política e de notícias não relevantes à população. Mas, no fundo, é isso que o governo quer, transformar a notícia, a crônica, em coisa simples, sem aprofundamento. É um mecanismo de simplificação da informação cúmplice desta política – denuncia Iacona. Giorgio Merlo, vice-presidente da comissão de Vigilância Rai, ressalta que “desde 1994, ano em que Berlusconi entrou em campo, existe uma relação anômala e singular entre a política e a informação: caminham de mãos dadas”.

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atualidade

Salve o Madre

Protesto em Nápoles marca polêmica sobre destino do Museu Madre, um dos principais pólos de arte contemporânea da Europa Aline Buaes

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Especial para Comunità

m abaixo-assinado divulgado pela internet em outubro reuniu, em poucas horas, nomes como a atriz americana Scarlett Johanson, o escritor Salman Rushdie, o músico Lou Reed e artistas como Jeff Koons e Damien Hirst. Com essas adesões, a polêmica que se arrasta há meses sobre o destino de um dos principais museus da Europa, o Museu de Arte Contemporânea Donna Regina (Madre), localizado em Nápoles, ganhou mobilização internacional. Em poucos anos de existência ele adquiriu renome por hospedar exposições inéditas que o tornaram um dos espaços mais elogiados pela crítica mundial e foi indicado recentemente pelo Ministério do Tesouro italiano como ótimo exemplo de gestão de fundos da União Europeia. Agora, o museu sofre com o bloqueio total dos seus financiamentos, alguns deles relativos às atividades realizadas ain-

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Animação do site do museu: “Estamos sob ataque”

da em 2009, devido a uma forte crise financeira que atinge o governo da região da Campânia. Com curadoria e apresentação do nível dos maiores museus de arte contemporânea do mundo, como o Tate Modern de Londres ou o Centro Georges Pompidou de Paris, o Museu Madre foi inaugurado em 2005, em meio a um dos bairros mais degradados do centro histórico de Nápoles. Nasceu ali após uma gigantesca reforma do antigo Palazzo Donnaregina, parte de um complexo conventual que remonta ao século XIII, coordenada pelo renomado arquiteto e urbanista português Alvaro Si-

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za, que tornou o prédio moderno e funcional. Hoje, novos hotéis e restaurantes na região do Palazzo Donnaregina mudaram a cara do antes mal-falado bairro de Forcella. Mas é dentro deste palazzo suntuoso, com um típico terraço napolitano com vista para o mar e para o Monte Vesuvio, que se encontra um verdadeiro tesouro da arte contemporânea mundial, com uma coleção histórica permanente que inclui nomes como Jeff Koons, Anish Kapoor, Damien Hirst e Richard Serra. – Conseguimos criar uma mostra histórica permanente que sintetiza para o público geral quem

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foram os grandes protagonistas da arte do período pós-guerra até hoje. E tivemos sorte, porque, através de empréstimos e comodatos, conseguimos obter obras de valor excepcional – explica com modéstia o elogiadíssimo curador-chefe do museu, Mario Codognato. O crítico de arte e curador veneziano salienta, por exemplo, que o Madre é o único museu italiano que expõe obras dos grandes protagonistas da arte contemporânea norte-americana, como Jasper Johns, Robert Rauschenberg e Roy Lichtenstein. Há até poucas semanas, o museu hospedava também Andy Warhol, com um dos quadros da sua significativa série “Vesuvius”, a qual retrata o vulcão napolitano em atividade. Além da coleção permanente, o museu apresenta novas e ousadas mostras temporárias ao público italiano, como, por exemplo, a retrospectiva dedicada ao artista norte-americano Bruce Nauman, realizada entre o final de 2006 e o inicio de 2007, e a mostra “Autotheater”, dedicada ao escultor austríaco Franz West, realizada entre maio e agosto deste ano. Único museu europeu de arte contemporânea localizado em um centro histórico, o Madre se tornou em pouco tempo uma referência para estudantes e pesquisadores de arte, entrou definitivamente no circuito turístico da cidade e angariou também muitos admiradores internacionais, que enxergam o espaço como único na Itália, apesar da fama do Museu Castello de Rivolli de Turim, com uma tradição de mais de 30 anos no circuito da arte contemporânea, e da pompa do recém inaugurado Museu Maxxi de Roma. – O Madre é um espaço sofisticado, exibe uma coleção exemplar


na Europa, com trabalhos de artistas importantes e obras de qualidade, e, apesar de ser de médio porte, possui uma curadoria muito cuidadosa, que o coloca como um dos principais museus europeus – afirma o curador e pesquisador de arte brasileiro Júlio Costa, que visitou recentemente o museu. — O Madre é um museu importantíssimo por diversas razões, uma delas é o fato de reunir em um único prédio uma quantidade extraordinária de arte contemporânea – afirma, por sua vez, a artista plástica norte-americana Amber Scoon, que finaliza sua tese de doutorado junto à European Graduate School com um estudo sobre a cena artística contemporânea em Nápoles. – O museu possui também muitos trabalhos de artistas italianos, especialmente de movimentos importantes como o Futurismo e ‘Arte di Povera’ – acrescenta. Madre Under Attack Desde meados de outubro uma animação domina a capa do site do museu, com os dizeres “We are under attack” (Estamos em ataque) e a imagem de um alvo que atinge o célebre “Cavallo”, obra em ferro do artista Mimmo Paladino produzida especialmente para o Madre e instalada no terraço do prédio de cinco andares. A campanha, intitulada “Save Madre”, pro-

movida inicialmente através de um abaixo-assinado firmado por 200 personalidades, entre artistas, atores, cineastas, músicos, escritores e empresários, hoje já chega a quase dez mil adesões exibidas individualmente no site. — Foi uma iniciativa quase espontânea de nos dirigirmos a personalidades que no passado nos elogiaram pelo nosso trabalho em uma tentativa de impedir o fechamento do museu – afirmou Codognato ao explicar que todos os firmatários do protesto estiveram pessoalmente visitando as galerias do museu nos últimos anos e detalhando também a situação de emergência pela qual passa o Madre, negociando dívidas para não ter a eletricidade cortada. A crise começou em junho deste ano, quando o novo governo regional instaurou medidas de emergência para conter um buraco nos cofres públicos e bloqueou financiamentos de diversos setores, entre eles a saúde, a educação e a cultura. No caso do Madre, foram bloqueados fundos provenientes da União Europeia atribuídos para projetos específicos. Com o acúmulo de dívidas, diversos projetos foram cancelados, inclusive programações inteiras para o ano de 2011, e os funcionários estão há meses recebendo os salários em parcelas.

O museu, administrado por uma sociedade semi-privada, majoritariamente de propriedade do governo, gozou durante vários anos de muitos privilégios da administração pública, já que o exgovernador da Campânia, Antonio Bassolino, era um defensor árduo da instituição e esteve até os seus últimos dias de governo à frente da Fondazione Donna Regina, responsável pela direção científica do Madre. Com a posse do novo governo, opositor de Bassolino, a crise do museu tornou-se uma polêmica regional, com críticas, de um lado à atual direção do museu pela má administração dos fundos dos anos anteriores, e, do outro lado, contra o atual governo, que teria como objetivo desmantelar um dos principais símbolos da ad-

ministração Bassolino. Em meio às polêmicas levantadas pela imprensa local, a secretária para Cultura e Museus da Campânia, Caterina Miraglia, recorda que o museu ainda não fechou graças a uma verba de 300 mil euros liberada às pressas no final de setembro para sanar as dívidas acumuladas com a companhia de energia elétrica. O diálogo entre a direção do museu e a nova administração regional é declaradamente difícil, mas um dos objetivos do protesto internacional foi atingido, já que dias após o lançamento do manifesto o museu recebeu finalmente uma resposta positiva e uma comitiva de dirigentes será recebida pela primeira vez pelo novo governador Stefano Caldoro. Questionado sobre a possibilidade de recorrer a financiamentos privados, Codognato é explícito ao afirmar que um empresário jamais irá financiar uma instituição com dificuldades na própria administração. Também recorda que, diferentemente do Brasil, a Itália não possui leis de incentivo à cultura que possam facilitar a obtenção de financiamentos junto ao empresariado local. — Uma busca por financiamentos é possível e necessária, mas é preciso que existam condições para beneficiar todos os envolvidos — conclui.

O museu na cidade

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nascimento do Museu Madre foi considerado um movimento natural, idealizado por dois agitadores culturais da cidade, o jornalista cultural Edoardo Cicelyn, hoje diretor do Madre, e o curador e crítico de arte Mario Codognato, que desde a década de 90 organizavam manifestações de arte contemporânea de grande porte, como o projeto Arte in Piazza, que foi parte ativa do processo de renovação de um dos principais espaços públicos de Nápoles. Desde 1994, entre os meses de janeiro e dezembro, um artista contemporâneo de renome internacional era convidado a apresentar sua proposta “site especific” para o público napolitano na tradicional Piazza Plebiscito. Entre as diversas instalações, uma das mais significa-

tivas foi o projeto “Taratantara”, do artista indiano Anish Kappor, realizado em 2000 e que impressionava pelas dimensões arquitetônicas: uma enorme tela de PVC vermelha, símile a um veludo, cobria uma superfície de 50 metros de comprimento por 35 metros de altura. A artista alemã Rebecca Horn, com sua instalação “Spirit di Madreperla”, também impressionou e conquistou o público no ano de 2002, transformando a praça em um enorme campo de energia magnética formado por 77 luzes de néon circulares. No entanto, as origens diretas do Madre estão nas mostras de arte contemporânea organizadas por Cicelyn e Codognato no Museu Arqueológico de Nápoles entre 2000 e 2004, que, devido ao grande sucesso de público, tornaram evi-

dente a necessidade de um espaço fixo para a arte contemporânea em Nápoles. A ideologia do Madre sempre foi a de manter viva sua relação com a cidade, tanto que, em 2008, quando Nápoles era destaque na mídia internacional devido aos problemas com coleta de lixo, o museu lançou uma

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campanha publicitária inédita ligando-se ao tema da “sujeira” para mostrar o valor da cidade “muito além do lixo”. Em uma das peças, com o slogan “Em Nápoles não se joga nada fora”, a campanha exibia uma das obras da coleção permanente do museu, “Venere Nera”, de Michelangelo Pistoletto.

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negócios

Massa pode! Pesquisadores se reúnem em congresso no Rio de Janeiro para afirmar que carboidratos podem e devem ser incluídos numa dieta alimentar saudável

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Nayra Garofle Saudabilidade do Macarrão), realizado no fim de outubro, eles apresentaram recentes estudos nutricionais sobre carboidratos, dietas tradicionais e alimentação saudável com macarrão. O evento, realizado paralelamente ao IV World Pasta Congress (Congresso Mundial de Macarrão), uma iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), serviu para atualizar o consenso feito em Roma, há seis anos. O Congresso Científico foi liderado por Sara Baer-Sinnott, presiden-

te da Oldways, uma organização não-governamental, fundada em 1990 nos Estados Unidos, que promove hábitos alimentares mais saudáveis, por intermédio de programas práticos e com eficácia cientificamente comprovada. Organizado pela International Pasta Organization (IPO) e pela Oldways, o congresso teve a coordenação da Abima. — Os pesquisadores concluíram que as dietas sem carboidrato podem fazer mal e decidiram incluir a massa no programa alimentar. O que faz engordar não é

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uem nunca ouviu dizer que macarrão engorda ou que comer massa à noite faz mal, além de aumentar as chances de ganhar peso? Pois bem, um grupo de 13 especialistas em nutrição de vários países, entre eles Itália e Brasil, acaba de anunciar uma declaração científica de consenso sobre refeições saudáveis com massas alimentícias que desmistifica este conceito. Durante o Scientific Consensus Conference on the Healthy Pasta Meal (Congresso para o Consenso Científico sobre a

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o carboidrato, mas o excesso de consumo de calorias — diz BaerSinnott. A nutricionista, fitoterapeuta e secretária geral da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva, com especialização em medicina natural pelo Manchester Institute, nos Estados Unidos, Vanderlí Marchiori, representou o Brasil no congresso científico junto à engenheira de alimentos e mestre em Tecnologia de Cereais pela Universidade de Campinas, Rosamaria Da Re. — O macarrão pode e deve ser incluído na dieta sim. Isso não vale apenas para os esportistas. Hoje, nós podemos afirmar que o macarrão é um alimento saudável. O índice glicêmico do macarrão, que é o quanto a célula recebe em carga de açúcar, é menor do que o do arroz — afirma Marchiori. E quando se fala em índice glicêmico é importante ficar


Fotos: Divulgação Abima

Alexandre Colombo, diretor adjunto da Piraquê: “o brasileiro ainda come pouco macarrão se compararmos com a Itália”

nais conferem mais benefícios para a saúde do que os atuais padrões ocidentais”. Segundo o consenso, médicos, nutricionistas e outros profissionais de saúde devem recomendar refeições saudáveis com massas que sejam variadas e balanceadas. — As pessoas precisam entender que massa não engorda e que o ideal para manter o peso ainda é se alimentar a cada três horas em porções pequenas — conta a nutricionista. Mercado em expansão O Brasil é o terceiro maior produtor de macarrão do mundo, segundo a Abima. No ano passado, foi produzido 1,2 milhão de toneladas de massas alimentícias, movimentando R$ 6 bilhões. Em

O presidente da Abima, Claudio Zanão, afirma que o Brasil não deve nada em qualidade de massas para nenhum outro país

termos de produção, o país perde apenas para a Itália, com 3 milhões de toneladas e para os Estados Unidos, com 2 milhões de toneladas por ano. Porém, quando a estatística considerada é a per capita, o Brasil cai para 13º lugar. No período de 2003 a 2007, o setor apresentou um crescimento de 12% no faturamento e um aumento de 0,2 kg no consumo per capita de macarrão, o que significa um aumento de 3% neste consumo. A produção brasileira também cresceu de 1.170 para 1.270 mil toneladas. As massas secas respondem por 87% do consumo no país, as massas instantâneas, 10% e massas frescas, 3%. Pelo importante papel do Brasil no setor, o país foi escolhido para sediar no fim de outubro, dia 25, quando se comemora o Dia Mundial do Macarrão, o IV World Pasta Congress. Realizado a cada cinco anos, o evento teve início na Itália e passou pela Venezuela e Espanha. — A possibilidade de nos reunirmos, de realizarmos palestras e estarmos em contato com o mercado produtor é muito importante. Somos um dos países que têm um ótimo parque industrial, um dos mais atualizados do mundo, além de processos de fabricação sob controle. O Brasil não deve nada em qualidade para nenhum outro país — diz o presidente da Abima, Claudio Zanão. O fato de o Brasil estar em 13º lugar quanto ao consumo per capita, Zanão explica que a Abima tem realizado trabalhos para mudar este contexto como a campanha “Macarrão. Energia para a vida”.

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— Temos falado sempre com a mídia sobre isso. É preciso quebrar este paradigma de que massa engorda. A massa, associada a um estilo de vida saudável, não faz mal — afirma Zanão que revela não conhecer alguém que não goste de macarrão — Pode não gostar do espaguete, mas gosta do parafuso. Eu costumo dizer que a gente come com os olhos. Sem contar que o macarrão é de fácil preparo e barato – completa. Este argumento é compartilhado pelo Diretor Ajunto da Piraquê e Vice-presidente da Abima, Alexandre Colombo. — O brasileiro ainda come muito pouco macarrão se compararmos com a Itália. Aqui, o consumo per capita é de seis quilos por ano, enquanto lá é de 26.

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atento. A massa, se for de farinha refinada, é facilmente digerida e absorvida rapidamente pelo organismo. Desse jeito, ela acaba não saciando a fome e ainda aumenta a quantidade de açúcar no sangue. A dica é optar pela massa grano duro e prepará-la como os italianos já fazem: al dente. Ou ainda colocá-la na geladeira depois de cozida. Para a nutricionista, o importante não é se preocupar com a massa, mas com o molho escolhido. O de tomate, por exemplo, é muito mais saudável do que o de quatro queijos. Ela ressalta que há várias receitas nutritivas, saborosas e ainda revela que dentro de um valor energético diário, 45 a 60% devem ser carboidratos. É neste contexto que entram as refeições com massas alimentícias, mas sempre incluindo o consumo de vegetais e leguminosas que não são consumidos em quantidade e ou frequência suficiente. — Não é deixar de comer macarrão com molho branco, mas nesse caso, evitar o exagero no tamanho das porções — diz Marchiori, lembrando que a massa integral é outra opção ainda mais saudável e rica em nutrientes. A declaração científica do consenso afirma que “as refeições saudáveis com massas alimentícias são um componente chave de muitos padrões alimentares saudáveis em todo o mundo, como a Dieta Mediterrânea, já comprovada cientificamente. Os padrões alimentares tradicio-

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negócios A gente precisa acabar com essa ideia de que a massa engorda. Com R$ 5 a pessoa compra um quilo e faz uma refeição para várias pessoas. É um prato barato e saudável — explica Colombo. A Piraquê, uma das patrocinadoras do evento, é líder absoluta no mercado de massas do Rio de Janeiro, responsável por 70% da produção. Recentemente, a empresa elevou a produção para 13 mil toneladas de alimentos, entre biscoitos, massas e margarina, por mês. Alexandre Colombo, terceira geração da família, enxerga no evento a possibilidade de aumentar ainda mais as vendas no setor. — Nosso objetivo aqui é difundir o consumo do macarrão. É desenvolver estratégias que possibilitem esta ampliação e, consequentemente, vender mais — diz.

Foram realizadas 20 palestras divididas em painéis compostos por seis grandes temas: trigo, mercado, varejo, marketing, tecnologia, tendências e nutrição. — A realização do congresso no Brasil reflete a importância gradual que o país conquistou no cenário internacional, tanto como produtor quanto como mercado consumidor. Elaboramos um evento inovador que alia a programação formal dos Congressos Técnico e Científico com atividades culturais, sociais e turísticas — afirma Zanão, que acredita num mercado brasileiro em potencial para elevar o consumo de macarrão — A Venezuela, por exemplo, fez uma grande ação de marketing para consumo interno da massa anos atrás, o que gerou resultado. Para o gerente de vendas responsável pelos mercados Brasileiro e Norte Americano da Lan-

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Foram dois dias de palestras sobre o mercado de massas no Brasil e no exterior. Entre os palestrantes, o chef francês Roland Villard falou sobre o “Macarrão segundo o chef”

ducci, empresa italiana de máquinas especializadas na fabricação de moldes para as massas, o mercado brasileiro ainda tem muito que crescer. — Atuamos no mercado brasileiro há 30 anos e, apesar de sermos líderes aqui, ainda enxergamos o Brasil como um mercado em expansão. Nos últimos cinco anos investimos em homens e maquinários para melhorar nosso sistema produtivo. Nós me-

lhoramos todos os setores. A capacidade produtiva aumentou em 30% — diz. O diretor de vendas do Molino Casillo SPA - empresa responsável pela produção de trigo e sua comercialização e que tem como clientes a Barilla e Pasta Garofalo - Vincenzo Di Toma, vê o Brasil como um mercado em potencial. — Do ponto de vista da produção este mercado é interessantíssimo. Acredito que o Brasil ainda pode crescer muito na área do grano durum — afirma. Novo-velho mercado: Pastifícios Com o crescimento das massas frescas, que segundo dados da Abima aumentou 4% em 2009 em consumo, ressurgiu também no mercado brasileiro um novo nicho: o de pequenas e médias fábricas de massas frescas e artesanais. Trata-se de uma releitura de antigos estabelecimentos artesanais, conhecidas também como rotisserias, que foram tradicionais no passado em algumas cidades brasileiras e hoje estão ganhando um novo layout, mas com fabricação própria e ares de casa dos ‘nonni’.

Espaguetômetro

ComunitàItaliana

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Em São Paulo, duas novas ‘fábricas’ apostam na massa artesanal e fresca. Os pastifícios Primo, no bairro de Pinheiros, e Pissani, no bairro de Cerqueira César, estão conquistando ‘pelo estômago’ uma clientela que estava órfã de locais que ofereciam produtos frescos e de qualidade. No Pastifício Primo, aberto há oito meses, as filas aos domingos chegam à esquina da casa, que fica entre as ruas Fradique Coutinho e Artur de Azevedo. Além da pasta, a cozinha envidraçada permite que quem passe pelas ruas assista a produção de massas ali mesmo. Um chamariz e tanto em meio ao trânsito caótico da cidade. Para se ter uma dimensão da produção no local, são cerca de 300 pessoas atendidas aos finais de semana, que levam algumas das mais de 20 opções que o pastifício oferece. Os tradicionais espaguete, fusilli, fettuccine, penne, cappellini, sorrentini, tortelli, conchiglioni, cannelloni, rondelli, ravioloni, além de antepastos e molhos preparados, tudo feito pelos cozinheiros da casa, são algumas das opções. Colaborou Robson Bertolino

Abima promoveu, em conjunto com os associados, pelo terceiro ano consecutivo, uma ação de marketing para divulgar o Dia Mundial do Macarrão e, assim, contribuir para o aumento do consumo per capita de massas no Brasil. A campanha “Comprou, ganhou”, é trabalhada nos pontos de vendas. Na compra de um quilo de massa, o cliente ganha o espaguetômetro, um instrumento simples, capaz de medir a quantidade de macarrão necessária por porção.

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negócios

Dose certa Vinho brasileiro recebe elogios em promoção na Itália e é incentivado pela relação com a imigração no Sul do país

Guilherme Aquino

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vinho brasileiro chega na Itália como um produto de grande qualidade e de reconhecimento internacional, condições necessárias para enfrentar um mercado global, mas, paradoxalmente, profundamente enraizado nas tradições locais, neste caso, italianas. E os produtores nacionais tentam tirar vantagem exatamente das origens históricas das parreiras brasileiras que “imigraram” junto com as famílias que primeiro atravessaram o oceano Atlântico no final do século 19. A apresentação do vinho brasileiro na residência oficial do embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca, cônsul-geral do Brasil em Milão, aos formadores de opinião do mercado italiano, foi um sucesso. — Este é um desafio compensador. Ouvi muitas opiniões de sommeliers favoráveis aos vinhos brasileiros. Afinal, estes vinhos, como tantos produtos nacionais, são feitos a partir do conhecimento levado por imigrantes italianos, incluindo as sementes trazidas, sobretudo, do Veneto. Alguns identificam em nossos vinhos a qualidade do produto local, e isso abre um nicho para exportação — afirmou o embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca à Comunità. A promoção da bebida no exterior é feita pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e seu presidente, Carlos Raimundo Paviani, trouxe a Milão a nata das vinícolas

Correspondente • Milão

Irmãos Campana, embaixatriz Solange Greco da Fonseca, embaixador Luiz Henrique da Fonseca, Roberto Rabachino, presidente Fisar, Andreia Gentilini, da Wines From Brazil e o presidente da Ibravin, Carlos Raimundo Paviani

brasileiras. Boscato, Miolo, Piagentini, Salton, Lidio Carraro, Aurora e Casa Valduga são algumas produtoras, de um total de 20, que começam a figurar no mercado internacional. Mas, segundo Paviani, o potencial é dez vezes maior. E para alcançá-lo é preciso combater os estereótipos. — Quando se pensa em Brasil, se pensa em praias, carnaval, Amazônia, dificilmente se pensa como um país produtor de vinho. Estamos exportando para mais de vinte países, mas somos ainda um pequeno grupo entre um universo de 200 produtores — afirma Paviani. A batalha é aberta nas duas frentes: a interna, educando o paladar do brasileiro, e no estrangeiro, apresentando qualidade. O sucesso do vinho brasuca não aconteceu do dia para a noite e, ainda hoje, a bebida nacional é, de longe, a cerveja. Mas, pouco a pouco, o hábito do vinho vai se insinuando graças a padrões de qualidade interna-

cional. Nas festas de fim do ano de 2009, houve um incremento da ordem de 25% no comércio dos espumantes em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos primeiros nove meses do ano passado, as vendas de vinhos finos e de mesa totalizaram 165,8 milhões de litros, 13% a mais do que em 2008. Em contrapartida ao crescimento dos rótulos nacionais, a importação de vinhos estrangeiros reduziu de 41,35 milhões de litros para 38,66 milhões. Nos últimos quinze anos, a indústria do vinho no Brasil recebeu enormes investimentos em inovação tecnológica e de administração das vitiviniculturas. O embaixador Luiz Henrique não tem dúvidas sobre as chances do produto ganhar fatias importantes no mercado italiano e em outros países. — O vinho brasileiro sendo apreciado e reconhecido pelos italianos é como se fosse um certificado de qualidade que nos permi-

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te exportar para qualquer lugar. É uma volta às origens, como o aluno que vai ao professor e, muitas vezes, o aluno supera o mestre. E quem faz coro ao otimismo do embaixador é Roberto Rabachino, presidente da Associação Italiana da Imprensa Agroalimentar e da Federação Italiana de Sommelier, Hotelaria e Restaurantes. — O vinho brasileiro chega na Itália por um caminho preferencial. É um produto muito bom e já é reconhecido no mundo. Os italianos aguardam com muita expectativa, antes de tudo porque o vinho brasileiro é italiano. Em 1872, do Veneto, de Trieste, de Trentino, chegavam ao Rio Grande do Sul e ali renascia o vinho italiano — lembra ele. Mas o caminho não é simples e ainda existem muitas batalhas antes de ver as garrafas brasileiras ocupar lugar de destaque nas prateleiras dos supermercados italianos. Por isso, uma agressiva campanha de marketing chega junto com o produto. — Estamos fazendo um trabalho de valorização, principalmente na Alemanha, na Inglaterra, nos Estados Unidos. Aqui na Itália a concorrência é muito grande, o consumidor é mais fechado para o vinho que vem de fora, por isso, lançamos o sacarolhas, símbolo da nossa campanha, aqui em Milão, capital mundial do design — explica Paviani. O Brasil também vai explorar outros caminhos e entre eles está o incremento do enoturismo, acrescenta o presidente da Ibravin. — Nosso ministro do Turismo, em recente visita à Itália, ficou impressionado com o turismo enogastronômico e quer fazer no Brasil um circuito para atrair o turista europeu. Podemos explorar as raízes afetivas e voltar à Itália com um produto nobre, que remonta pelo menos 175 anos de história.

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notas

Novo cidadão carioca

CIN completa 15 anos

sociólogo Domenico De Masi é o mais novo cidadão honorário do município do Rio de Janeiro. Natural de Rotello, sul da Itália, De Masi recebeu o reconhecimento, oferecido pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro em iniciativa da vereadora Andrea Gouvêa Vieira. Na justificativa, nosso colaborador é ressaltado por ser um dos mais originais e criativos pensadores do nosso tempo. Especialista em Sociologia do Trabalho, professor da Universidade La Sapienza, de Roma, fundador e diretor da S3 Studium, escola voltada para as ciências organizacionais, Domenico De Masi é autor de vários livros, como “Desenvolvimento sem trabalho”, “O futuro sem trabalho”, “O ócio criativo”, “A emoção e a regra”. Visitante habitual do Brasil, onde faz palestras e dá aulas e entrevistas, De Masi defende que o modelo de vida excessivamente baseado na competitividade, nas guerras interna e externa e na admissão da presença de pobres num país rico está esgotado. — É necessário aprender que o trabalho não é tudo na vida e que existem outros grandes valores: o estudo para produzir saber; a diversão para produzir alegria; o sexo para produzir prazer; a família para produzir solidariedade — observa em seus estudos. O professor espera que a difusão de suas idéias “consiga criar um grupo crítico de pessoas dispostas a mudar realmente o seu modelo de vida e lutar para conquistar a felicidade”.

residente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira recebeu empresários e autoridades em um almoço-palestra que celebrou os 15 anos de criação do Centro Internacional de Negócios (CIN) da instituição. Criado para promover, apoiar, fortalecer e dinamizar a atuação das empresas fluminenses na área internacional, o CIN é um instrumento receptor de missões empresariais no estado, além de organizar diversos segmentos da indústria fluminense em apresentações no exterior, como a missão realizada em 2007 pelo governador Sérgio Cabral à Itália. Durante o almoço, o empresário Eike Batista, presidente do Grupo EBX, palestrou sobre A inserção Internacional do Grupo EBX. Eike destacou o complexo do Açu, no Norte do estado, como destinos de investimentos para cinco das empresas do grupo. Na ocasião, nove instituições receberam o Prêmio Rio Export O presidente da Firjan, Eduardo 2010 por se destacaEugenio Gouvêa, toma sorvete em Milão rem ao longo do ano. acompanhado do governador Sérgio Cabral De acordo com Gou- e do secretário de Desenvolvimento do Rio, Júlio Bueno, em ocasião de missão em 2007 vêa Vieira, desde a primeira premiação, em 1998, as exportações fluminenses evoluíram de US$ 1,78 bilhões para US$ 13,51 bilhões, em 2009, um incremento de mais de 658%.

comunità italiana2.pdf

8-07-2010

11:00:56

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Foto de arquivo

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Tecnimont do Brasil

ENGENHARIA CONSTRUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE PROJETOS

INFRASTRUCTURE Sede Av. Bias fortes 382 - 14° Lourdes - Belo Horizonte - MG - Brazil CEP 30170-010 Tel: +55 3121086700

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OIL, GAS & PETROCHEMICALS Filial São Paulo AV. Paulista 1842 - Torre Norte - CJ 75 Cerqueira Cesar - São Paulo - Brazil CEP 01310-200 Tel: +55 1121753900


Milão Guilherme Aquino

Asas nos pés

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s italianos amantes do bom futebol estão encantados com o craque da Inter, Coutinho. O jovem brasileiro, de apenas 18 anos, ex-Vasco da Gama, depois de um curto período de adaptação, acelerado com a chegada da família, pais, irmão e a namorada, arregaça as mangas e mostra a que veio. Philippe Coutinho segue ocupando os espaços e a servir de bandeja os companheiros livres quando atrai para si a impiedosa marcação dos zagueiros. Entre um pisão aqui e outro ali, ele vai driblando as faltas mais sérias e dominando os gramados com a graça e a leveza de um jogador dono de talento brasileiro e técnica europeia, como afirmou o treinador Benitez sobre a facilidade com a qual joga, se movimenta, mesmo sem a bola nos pés.

Fi, Fini, Fli

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Fini nesta nova aventura política, na realidade, uma correção de rumo após o divórcio com a aliança de Berlusconi. Tambores de guerra no slogan da camisa de batalha: “Chi fai, mi cacci?”, “E agora, me caça?”. A provocação ganha contorno de seriedade com a constatação de que o partido cresce a olhos vistos na região da Lombardia. PhotosToGo.com

desembarque de Gianfranco Fini na cidade de Silvio Berlusconi aconteceu em ritmo eleitoral. O anúncio oficial da chegada do partido FLI foi vivido com muita festa entre os admiradores do presidente da Camera dos Deputados. No palco do teatro Derby entraram em cena os futuristas de Milão que irão acompanhar

Duomo em penúria

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arcebispo de Milão, Dionigi Tettamanzi, agradeceu a audição de suas preces e apelo público. O museu do Duomo precisa de dinheiro para ser restaurado e a igreja de mais verbas para ser melhor conservada. A maior catedral gótica da Itália pena pela falta de fundos e para tocar a obra orçada em euros que giram em torno das sete cifras. As primeiras boas almas a colocarem as mãos na carteira foram a Camara de Comércio, a Unione Confcommercio, a Assolombarda, a Assimpredil- Ance, Coldiretti, Compagnia delle Opere, Legacoop e Unione Artigiani. A sacolinha corrida entre os fiéis irmãos institucionais arrecadou 365 mil euros.

Melhores do mundo

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curso de MBA, do Mip, a “business school” do Politécnico de Milão, foi promovido entre os cem melhores do mundo. E agora ele faz compania a um outro localizado na cidade, aquele da Bocconi. A severa lista é publicada anualmente pelo Financial Times. O curso executivo, reservado aos adminstradores e profissionais seniors já tinha sido incluído na seleção do ano passado entre os 70 principais da Europa. A promoção foi o reconhecimento do esforço desta nova excelência, o único programa italiano junto com o da multinacional Escp Europe.

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Educação é feminina

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m estudo do Comitato Equilatero e da Fundação Cariplo apontam para uma população estrangeira de menores de idade em aumento: 240 mil em toda a Lombardia e este número deverá dobrar nos próximos dez anos. Ou seja, um em cada quatro estrangeiros tem menos de 18 anos. As meninas que concluem o Liceu Clássico superam os meninos em notas: 71,2% são promovidas contra 60,6%. E mais, entre os estrangeiros no Liceu Classico, considerado o mais difícil dos percursos educacionais italianos, 78,8% são de moças.

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saúde

‘Como um celular’ Médico italiano é o primeiro no mundo a implantar coração artificial em um adolescente. Pesa 90 gramas e precisa ser carregado na tomada como um eletroeletrônico

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Leandro Demori Especial de Roma

figura de linguagem usada pelo cárdio-cirurgião Antonio Amodeo para descrever seu mais recente trabalho na sala de operações pode ser descrita como o símbolo de uma era: “funciona como um telefone celular”. Amodeo, médico do hospital Bambino Gesu de Roma, uma das instituições hospitalares mais avançadas da Itália, se refere ao funcionamento do primeiro “coração artificial” da história implantado em um adolescente. A operação – realizada no hospital da capital italiana pelo médico – entrará para os livros de medicina e abrirá novas possibilidades de sobrevivência para pacientes que, antes, não tinham qualquer expectativa. O paciente é um garoto de 14 anos que até seis meses atrás levava uma vida normal: corria, andava de bicicleta, jogava calcio. Subitamente, no entanto, começou a sentir fraqueza muscular e cansaço. – Em seis meses ele saiu de uma vida natural para a cadeira

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de rodas – conta o médico Antonio Amodeo. O diagnóstico foi avassalador: o adolescente sofre de “distrofia muscular de Duchenne”, doença degenerativa que se abate de modo destruidor e veloz sobre os músculos; não raramente, leva à morte. Além dos reflexos motores da doença, a distrofia muscular impede que o paciente passe por uma cirurgia de transplante de coração, extremamente arriscada por suas condições de saúde. Até o mês passado, não havia solução alternativa para casos como esse. A solução encontrada pela equipe de médicos italianos foi implantar uma pequena bomba de sucção acoplada ao coração, sem a necessidade de transplante completo do órgão. A bomba transforma o coração em um organismo “semi-robótico”. São muitas as novidades que a cirurgia feita em Roma traz à medicina: é um implante permanente, ao contrário dos testes que vinham sendo feitos pelo mundo; a peça pesa cerca de 90 gramas, contra o qua-

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se um quilo das desenvolvidas até hoje; sua fonte de energia é ativada através de um plug implantado atrás do ouvido do paciente. À noite, por exemplo, o menino dorme conectado à tomada, como se fosse um eletroeletrônico, na comparação feita pelo Dr. Amodeo para explicar de modo simplificado o funcionamento da peça. – O coração funciona à bateria, exatamente como um telefone celular – diz. O intervento cirúgico levou cerca de dez horas até que a bomba – fabricada por uma empresa americana – fosse implantada

O médico Antonio Amodeo explica que o coração funciona à bateria

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dentro do ventrículo esquerdo do menino. Na prática, se trata de um substituto de uma parte das funções do coração, uma espécie de motor que “força” o órgão a desempenhar suas funções. A bomba é posicionada de modo que possa aspirar o sangue do ventrículo e injetá-lo na aorta, simulando com perfeição o ciclo natural de bombeamento do líquido. A expectativa agora é que, aos poucos, o primeiro paciente operado possa deixar a cadeira de rodas de lado e voltar a ter uma vida quase normal. Após acompanhar a recuperação do menino, a equipe do hospital Bambino Gesu esperar avançar na terapia e expandir o número de pacientes e sobretudo a idade de elegibilidade para a cirurgia. Os próximos passos serão dados em direção aos recém-nascidos. — Não existe hoje no mundo nenhum tipo de intervenção capaz de ajudar um coração de um menino recém-nascido – destaca Amodeo. Cirugias em recém-nascidos são complicadas por diversos motivos. Além da formação do corpo ainda não estar completa, o tamanho do coração é um dificultador na mesa de operações. Para isso, os médicos italianos, em conjunto com a empresa americana, precisarão desenvolver peças ainda menores, mais leves e sofisticadas do que a usada atualmente. Uma arte de precisão para relojoeiros suíços.


Fotos: PhotosToGo.com

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSa

Alzheimer

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Controle

vitamina B12, encontrada principalmente em peixes, aves e carnes, pode ajudar a proteger o cérebro contra o mal de Alzheimer, segundo um estudo do Instituto Karolinska, na Suécia. Para os pesquisadores, o nutriente pode reduzir os níveis de homocisteína no organismo - aminoácido associado a um maior risco de perda de memória, derrame e doença de Alzheimer. “Baixos níveis de vitamina B12 são, surpreendentemente, comuns em idosos”, destacou Babak Hooshmand, que coordenou o estudo. Por isso, segundo o especialista, “os resultados mostram a necessidade de mais pesquisas sobre o papel da vitamina B12 como um marcador para identificar pessoas que estão em maior risco de doença de Alzheimer” e para avaliar se suplementos da vitamina podem ajudar a prevenir problemas de memória.

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ara coibir o uso indiscriminado de antibióticos, que colabora para a resistência de bactérias, o governo brasileiro quer regulamentar a venda desse tipo de medicamento, tornando obrigatória a apresentação de receita médica. A informação foi dada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Pela nova regra, as receitas teriam de ficar retidas nas farmácias. “O autoconsumo, o consumo irresponsável e a má prescrição é que levam a situação como essa”, disse o ministro, falando da mutação da superbactéria KPC, que atacou pelo menos 135 pessoas no Distrito Federal e matou 15.

Azeite

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lém de saboroso e controlar o colesterol, defendendo os vasos sanguíneos, o azeite ainda pode ajudar a emagrecer. É o que afirma um novo estudo da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Os pesquisadores chegaram a essa constatação depois de avaliar os efeitos do consumo desse tipo de gordura em ratos e verificar que ela regula a ação de um hormônio chamado leptina. Esse, por sua vez, atua no cérebro, sinalizando ao corpo que é hora de parar de comer. O resultado é uma menor ingestão de calorias.

Pressão alta

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e acordo com pesquisadores da Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, a melancia contém um aminoácido chamado L-citrulina/L-arginina, que melhora a função arterial, ajudando a reduzir a pressão sanguínea. “A melancia é a fonte comestível mais rica em Lcitrulina, que está intimamente relacionada à Larginina, o aminoácido necessário para a formação de óxido nítrico, essencial para a regulação do tônus vascular e de uma pressão sanguínea saudável”, escreveram os pesquisadores, em artigo no American Journal of Hypertension.

Para a fibromialgia

Enxaqueca

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agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos - FDA (Food and Drug Administration) - aprovou em outubro a injeção de botox - muito utilizada como anti-rugas - para o tratamento de enxaqueca crônica. As injeções devem ser administradas a cada 12 semanas em torno da cabeça e do pescoço de adultos que sofrem as terríveis dores de cabeça, para minimizar as futuras crises. Porém, o botox parece funcionar apenas para pessoas que tem dores de cabeça na maioria dos dias do mês, o que caracteriza a enxaqueca crônica.

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ioga pode ajudar as pessoas que sofrem com as dores musculares e articulares que caracterizam a fibromialgia. É o que revela um estudo com 53 mulheres com a doença, realizado por pesquisadores da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, nos Estados Unidos. Eles observaram bons resultados da participação dessas pacientes em um programa integral de ioga. Aquelas que participaram apresentaram maiores benefícios na redução dos sintomas da doença, incluindo dor, fadiga, problemas de sono e distúrbios de humor, comparadas àquelas apenas em tratamento padrão.

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especial

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tema ganhou destaque na reta final das eleições presidenciais, quando religiosos pregaram contra o voto na até então candidata à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Roussef. As justificativas usadas giravam em torno das propostas contidas no Programa Nacional dos Direitos Humanos 3 (PNDH), a ser implantado nos próximos dois anos. Dias antes da votação do primeiro turno, Dilma se viu obrigada a divulgar um documento, feito em conjunto com lideranças da Igreja Evangélica, em que se compromete a não propor alterações na legislação brasileira, uma das mais

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se

restritivas do mundo, permitindo a intervenção apenas em casos de estupro e risco de vida à gestante. Enquanto analistas políticos afirmavam que a polêmica foi responsável pela realização de um segundo turno, o ministro da Saúde, Jose Temporão, não hesitava em dizer que a prática é um “problema de saúde publica” e que é preciso superar o debate religioso e assumir a visão laica do Estado. Segundo Temporão, o Sistema Único de Saúde deveria estar preparado para “acolher e atender adequadamente as mulheres que, por aborto espontâneo ou provocado, precisem da medicina”. Segundo dados do Ministério da


Com as polêmicas ocorridas em torno do tema durante as eleições no Brasil, buscamos respostas no país mais católico do mundo, que legalizou a prática há três décadas e continua a enfrentar fortes resistências da sociedade

Aborto m rótulo

Aline Buaes

Especial para Comunità

Saúde brasileiro, o aborto é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil, responsável por 10% dos óbitos de gestantes. Anualmente, entre 729 mil e 1,25 milhão de mulheres se submetem ao procedimento no país de forma clandestina. A exploração sobre o tema ganhou força quando a presidente eleita, Dilma Roussef, defendeu que a população de baixa renda seria a mais prejudicada, já que as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas. O tema também foi abordado no passado por outros candidatos à presidência, como a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva

(PV), que teria afirmado ser contra e defendia que “qualquer mudança na legislação deveria ser objeto de um plebiscito”. Já o ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se posicionou contra a legalização do aborto durante a campanha eleitoral, apesar de, durante sua gestão como ministro da Saúde (1998-2002) ter se empenhado pela normatização dos casos permitidos por lei junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). A discussão do tema no Brasil encontra grandes entraves nos aspectos morais e religiosos, já que tanto a Igreja Católica quanto a Evangélica condenam veementemente os abortos, inclusive nos

casos de estupro e risco de morte da mãe. Em países como Estados Unidos, Canadá e em quase todos os estados europeus, a interrupção voluntária da gravidez é descriminalizada ou legalizada e oferecida em hospitais públicos. Na Itália, principal país católico do mundo e sede do Vaticano, o aborto foi legalizado em 1978, em meio a inúmeras batalhas entre os movimentos feministas e as organizações católicas. Como surgiu a ‘Legge 194’/78 Em maio de 1978, o Parlamento italiano aprovou a Lei 194 que continha as “Normas para a tutela social da maternidade e sobre a in-

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terrupção voluntária da gravidez”. Três anos mais tarde, em 1981, os resultados de um referendo nacional confirmavam a legalização do aborto voluntário até os 90 dias da última menstruação e depois, em caso de perigo para a saúde da mulher. O objetivo da legalização era a eliminação do aborto clandestino, estimado naqueles anos em torno de 200 mil intervenções anuais em todo o país, além da própria redução do recurso à interrupção da gravidez como método contraceptivo. A fim de monitorar o desenvolvimento do fenômeno, a lei prevê que o Ministério da Saúde apresente um relatório anual sobre a aplicação da lei. Os últimos dados, divulgados em agosto, dão conta de que 121 mil mulheres abortaram na Itália em 2008, com uma diminuição de 48,2% em relação a 1982, ano em que se registrou o maior número de abortos legais da breve história da lei italiana, com 234 mil casos. Também registrou uma queda de 4,1% do número total em relação a 2007. De 1983 a 2003 os números de aborto diminuíram em todos os grupos de idade, com menor redução para as mulheres com menos de 20 anos e um leve aumento para as classes de idade entre 20 e 29 anos. A maior parte das mulheres que abortam possui apenas ensino básico ou médio, enquanto um dos dados mais relevantes dos últimos anos é o aumento de mulheres estrangeiras que praticam o aborto na Itália, registrando um crescimento de 226% de 1995 a 2003, ano em que 25% das interrupções de gravidez foram realizadas em mulheres não italianas. – Com a legalização, atingida após anos de luta dos movimentos feministas, milhares de abortos saíram da clandestinidade e foram para a segurança dos hospitais – explica o médico Mauro Buscaglia, 64 anos, coordenador do setor de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) do Hospital San Carlo de Milão, recordando que, nos anos 70, o aborto era a terceira causa de mortalidade entre mulheres na Itália. Buscaglia, um dos ginecologistas históricos do movimento que levou à legalização, explica que com o tempo o número total de abortos diminuiu, mas, principalmente, diminuiu a taxa de abortividade entre as mulheres. – Baseados em números, podemos dizer que a legalização per-

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especial mitiu a diminuição do fenômeno – destaca. O médico afirma com convicção que a legalização do aborto é o meio mais importante para reduzir a mortalidade das gestantes, assim como a própria prática do aborto. – As mulheres abortam de qualquer jeito, mesmo clandestinamente, e conhecem os métodos e medicamentos para isso – alerta, citando como exemplo o famoso Citotec, remédio vendido na Itália para tratamento de úlceras e que pode provocar aborto, que começou a ser utilizado há alguns anos por mulheres estrangeiras, principalmente brasileiras, para abortos clandestinos muito antes dos próprios médicos conhecerem seu efeito. – Não é proibindo o aborto que se combate este fenômeno, mas através da educação para os métodos contraceptivos, afinal, as mulheres devem poder escolher quantos filhos querem ter – conclui. O ginecologista também explica o aumento do número de mulheres estrangeiras que realizam abortos na Itália. – Nos últimos anos, os abortos diminuíram em menor escala em relação aos anos anteriores porque existem muitas imigrantes provenientes principalmente da Ásia, da África e da América do Sul (Peru e Equador), que são muitas vezes obrigadas a abortar. E é justamente sobre essa faixa social que é preciso agir e divulgar a prevenção – afirma. Facilidades e entraves Até abril deste ano, o aborto legal era praticado na Itália apenas com intervenção cirúrgica, mas uma modificação no texto da lei instituiu a possibilidade do aborto com o uso de medicamentos, ou seja, a discutida pílula abortiva RU 486. Em outros países eu-

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a paciente reflita por sete dias, antes de encaminhá-la para o setor responsável do hospital mais próximo da sua residência. A lei prevê ainda a obrigatoriedade da presença dos pais ou responsáveis para interrupção de gravidez de menores de idade e também dá a possibilidade para os médicos do sistema nacional de saúde de declararem objeção de consciência.

“As mulheres abortam de qualquer jeito e conhecem os métodos e medicamentos para isso” Mauro Buscaglia,

coordenador do setor de IVG

do Hospital San Carlo de Milão ropeus este método é amplamente utilizado, como na Suíça, onde 30% dos abortos são feitos com a pílula. No entanto, o governo italiano mantém a guarda sobre este método e alega que fatores como a dificuldade em registrar os efeitos colaterais indicam possíveis críticas ao procedimento. Poucos hospitais do país oferecem a pílula, que entrou em vigor sob muita discussão, principalmente entre católicos, que alegam uma banalização do ato do aborto. A lei italiana prevê, entre outras passagens burocráticas, que as mulheres grávidas que decidam optar pela Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), devem se dirigir a um consultório médico ou a um posto de saúde, onde o médico deverá sugerir que

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Peso de consciência? Outro problema que torna ainda mais difícil o já dramático processo de um aborto é a quantidade de médicos que declaram objeção de consciência. Atualmente, 70% dos ginecologistas do sistema público de saúde italiano se recusam a realizar abortos (em 2005 eram 58,7%), índice que chega a 80% nas quatro regiões do sul italiano. – Em algumas regiões, como na Sicília e na Calábria, existem dificuldades para se encontrar médicos, mesmo que a lei preveja a obrigatoriedade da presença de ginecologistas não-objetores nos setores de IVG – explica o estatístico, especializado em sociedade e demografia, Alberto Cazzola, da Universidade de Bolonha. – Diante de uma estrutura de saúde complicada, com muitas restrições ideológicas, se torna mais provável o recurso ao aborto clandestino – afirma, destacando que um determinado número de interrupções clandestinas sempre permaneceu na Itália, desde o inicio da nova lei. – O problema na Itália é que os movimentos ideológicos da Igreja Católica, ao final, acabam provocando uma retomada dos abortos clandestinos – afirma, explicando que as etapas burocráticas tornam o caso público e provocam desconforto entre as mulheres, especialmente nas mais jovens. – Os médicos não são bem retribuídos em mérito ao empenho que este trabalho prevê. No fim, também não é um trabalho gratificante para a carreira de um médico. Declarar objeção de consciência permite aos médicos realizarem outros procedimentos que tragam menos problemas e sejam mais valorizados para suas carreiras – considera o sociólogo lembrando que durante as polêmicas para a regularização da chamada pílula do dia seguinte na Itália, muito se discutiu em rela-

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ção à possibilidade dos farmacêuticos declararem também objeção de consciência para não vender o produto. A pílula do dia seguinte é considerada pela Igreja Católica como um medicamento abortivo, mesmo que os médicos expliquem que se trata de uma substância que dificulta a fecundação do óvulo, que ocorre dentro de 72 horas após a relação sexual. Para Buscaglia, os abortistas muitas vezes se deparam com preconceitos e dificuldades no meio médico e encontram dificuldades para desenvolver suas carreiras. Ele também cita o fato de hoje, diferentemente de quando ele iniciou na profissão, a maior parte dos ginecologistas serem mulheres. – É compreensível que para elas esta função seja ainda mais desagradável – afirma, salientando que – é preciso admitir que ninguém deseja fazer um aborto, mas é preciso oferecer este serviço para as mulheres. Buscaglia, que trabalha há 37 anos como ginecologista abortista, com “milhares” de abortos sob sua responsabilidade, lamenta que os médicos mais jovens se neguem a realizar a prática. – Diante dos escrúpulos, volto aos anos 70, quando o aborto era a terceira causa de morte entre as mulheres na Itália. Cada aborto que faço é um drama interior, mas então penso nas mulheres que chegavam ao hospital com os intestinos estripados pelas parteiras que faziam abortos clandestinos, e encontro forças para continuar – acrescenta. Buscaglia começou a trabalhar em 1971 na histórica Clínica Mangiagalli de Milão, onde, sete anos mais tarde, seria feita a primeira interrupção de gravidez legal na Itália. Os efeitos após a Lei O estatístico Alberto Cazzola é autor de um estudo específico sobre os efeitos da legalização do aborto sobre a fecundidade italiana após 1978, no qual discuti hipóteses sobre mudanças nos comportamentos reprodutivos. Cazzola destaca como principal grupo atingido pela entrada da nova lei as mulheres muito jovens, com menos de 20 anos. – Para as mulheres mais velhas, o aborto era feito de qualquer modo, mesmo que clandestinamente – afirma. O que ocorreu na Itália, segundo o estatístico,


foi um atraso nos nascimentos, mas não uma diminuição da natalidade. – O aborto se tornou uma possibilidade a mais para as mulheres muito jovens regularem a sua descendência. Com a lei muitas jovens modificaram a taxa de natalidade, mas não mudou significativamente o número total de filhos por mulher – acrescenta. Cazzola também alerta para o perigo das situações ocorridas nos países do Leste Europeu, como a antiga União Soviética e a Alemanha Oriental, que descriminalizaram o aborto em períodos quando ainda não existia uma cultura de métodos contraceptivos, o que levou a utilização da interrupção da gravidez como um contraceptivo. – Naquelas situações ocorreram quedas significativas nos números de nascimentos – explica Cazzola, desmistificando o argumento de que a lei pode diminuir os índices de natalidade. Outro fator importante destacado por Cazzola é que a legalização do aborto pouco influenciou no número total de abortos realizados. – Boa parte dos casos de aborto legais realizados hoje na Itália ocorreriam de qualquer jeito, com ou sem a lei – conclui ele. Ética e filosofia por trás de um aborto – Do ponto de vista sociológico, o aborto è um objeto de estudo interessante e um verdadeiro tabu – afirma o sociólogo da Universidade Bicocca de Milão Tommaso Vitale, organizador da edição italiana do livro “Uma sociologia da geração e do aborto”, do sociólogo francês Luc Boltanski. – Desde os anos 70 os conflitos sobre o aborto são fenômenos relevantes da sociedade, um terreno sobre o qual cada vez menos se comunica, dando a impressão de que as posições entre os que defendem a vida e aqueles que defendem a escolha da mulher sejam inconciliáveis – analisa. – E, mesmo que o aborto seja uma prática surgida em sociedades do passado, nunca se discutiu antes

dos anos 70. Não temos registros de símbolos, poesias, pinturas, estátuas (o infanticídio é representado) sobre o assunto. É como se fechássemos os olhos – afirma. Para Vitale, a referência a Deus não é mais influente para justificar a proibição do aborto, no entanto, muitos países descriminalizaram a interrupção voluntária da gravidez, mas poucos a legalizaram, “porque ainda é reconhecida como algo ruim”. A introdução da pílula do dia seguinte e da pílula abortiva, na opinião do sociólogo, deixa as mulheres ainda mais “drasticamente sozinhas na decisão de levar adiante uma gravidez ou abortar”. Para o monsenhor Elio Sgreccia, presidente honorário da Academia Pontifica para a Vida, instituição fundada em 1994 pelo papa João Paulo II com o objetivo de “estudar, informar e formar sobre os principais problemas da medicina e do direito relativos à promoção e defesa da vida”, o tão defendido “direito da mulher ao aborto”, na realidade, “anula o direito à vida da criança concebida e representa uma interpretação seletiva e subjetiva do próprio direito, contrária ao significado original dos direitos humanos no qual o direito à vida é originário, fundamental e preliminar em relação a todos os outros direitos do homem”. – Sobre quais bases se pode justificar o direito de interromper a vida de um ser humano inocente e indefeso? – questiona Sgreccia, um dos mais respeitados peritos mundiais em bioética. – Nada se fala sobre a realidade do embrião a ser abortado, cuja dignidade essencial é ligada à sua própria natureza – lembra. Para Sgreccia – a mulher é apenas um dos seres humanos diretamente envolvidos, mas não o único. O filho, embrião ou feto, também é um ser humano e se é sacrossanto reivindicar o respeito pela integridade da mãe, também devemos reivindicar aquela do filho, ainda mais este sendo indefeso – continua o teólogo.

– Não estamos privando as mulheres de um direito fundamental, porque acreditamos que o aborto não pode ser reduzido a uma mera questão de gestão do corpo da mulher, já que se trata da dramática escolha de destruir uma vida, cujo valor é igual ao da mãe – explica Sgreccia, que foi recentemente nomeado na lista de novos cardeais anunciada pelo papa Bento XVI. O sacerdote afirma que a Igreja Católica defende que toda a sociedade, “em especial àqueles que possuem responsabilidades de liderança”, deve agir no sentido de remover qualquer dificuldade concreta (material, sanitária, psicológica etc) que leve uma mulher a recorrer ao aborto. – O primeiro dos valores da base da sociedade é o da defesa da vida para cada ser humano, durante a sua existência terrena, desde a concepção até a morte natural – afirma. Para o futuro cardeal, o crescimento da objeção de consciência entre os médicos italianos é resultado “da conflitualidade da consciência cristã dos profissionais com a lei e a prática” e é fundamental que o valor da vida seja tutelado no âmbito social “antes de tudo pelas pessoas de recta consciência”. A Igreja Católica nas filas de espera para abortar – Se uma mulher está em dificuldades e uma contribuição econômica pode salvá-la do aborto, porque não ajudá-la? – é a opinião da ginecologista Alessandra Kustermann, diretora do pronto-socorro obstétrico da Clínica Mangiagalli de Milão. Apesar de ser uma das defensoras históricas do aborto na Itália, a médica também defende o trabalho dos Centros de Ajuda à Vida (CAV), para os quais costuma enviar muitas de suas pacientes. As mais de 300 unidades dos CAV espalhados por toda a Itália são a base do fortíssimo Movimento pela Vida (MPV) italiano, uma organização não-governamental de ideologia católica, fundada em

“Sobre quais bases se pode justificar o direito de interromper a vida de um ser humano inocente e indefeso?” Elio Sgreccia, presidente honorário da Academia Pontifica para a Vida e um dos mais respeitados peritos mundiais em bioética

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“Se uma mulher está em dificuldades e uma contribuição econômica pode salvá-la do aborto, porque não ajudá-la?” Alessandra Kustermann, diretora do pronto-socorro obstétrico da Clínica Mangiagalli de Milão 1975 para confrontar as lutas pela legalização do aborto. Os CAV foram criados com o objetivo de ajudar mulheres grávidas em dificuldades, oferecendo auxílio econômico, psicológico e médico, a fim de impedí-las de recorrerem ao aborto. Hoje a organização possui milhares de voluntários que atuam diretamente nos hospitais, assim como junto às forças políticas, promovendo campanhas de grande repercussão. O Movimento pela Vida exalta o fato de ter impedido, desde 1978, a realização de mais de 120 mil abortos, totalizando quase 600 mil mulheres assistidas. O MPV também discute questões pouco comentadas, como o dado, comprovado por estatísticas oficiais, sobre a repetitividade de abortos. – Analisando as tabelas se percebe que nos últimos anos o número de mulheres que solicitam o aborto pela segunda, terceira e até quarta vez se mantém em níveis intoleráveis – afirma o movimento em um comunicado oficial, alegando que nos últimos anos, cerca de 25% do total das pacientes de IVG estavam repetindo o procedimento.

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Mulher de Donna fibra di polso

Em uma eleição marcada por ineditismos, Dilma Rousseff – que contou com o presidente Lula como cabo eleitoral de luxo – será a primeira mulher a governar o Brasil. O pleito termina com o Partido Verde em alta, destaque para a Lei Ficha Limpa, pela qual alguns políticos ainda podem não assumir seus cargos e, propostas e desafios da presidente

In queste elezioni segnate da fatti inediti, Dilma Rousseff – che ha contato sul presidente Lula a capo della campagna elettorale – sarà la prima donna a governare il Brasile. Le elezioni sono terminate con un Partito Verde più forte, con il tema in enfasi della Lei Ficha Limpa, secondo la quale dei politici non possono ancora essere insediati, e con proposte e sfide per il presidente donna Silvia Souza

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partir do dia 1º de janeiro de 2011, a cadeira crescimento do autoritarismo em busca de uma nodo maior posto da hierarquia política do país va vida. Pétar Russév, que aqui virou Pedro Rousterá um novo dono. Ou melhor, dona. Aos 62 seff, conseguiu se estabelecer e desenvolver seu anos, a mineira Dilma Vana Rousseff será a próprio negócio e Dilma (ao lado de outros dois primeira mulher a chefiar a nação, em 121 anos de irmãos) teve formação clássica, vivendo as condirepública. Formada em Economia, a ex-ministra de ções de uma família da classe média alta da época. E faz parte da primeira geração de mulheres Minas e Energia e da Casa Civil, chega ao Palácio do Planalto com o apoio de mais de 56% da população que, nos anos 60, abandonaram o perfil das tradibrasileira, o que significa o voto de mais de 55 mi- cionais mães e donas de casa para ocupar espaço lhões de pessoas. Do pleito, além de Dilma, emerge em universidades e mercado de trabalho. Militante uma série de ineditismos e dúvidas quanto o futuro durante os anos de chumbo, ela participou do Codo Brasil. Mas também fica a certeza de que o bra- mando de Libertação Nacional (Colina) e ajudou a sileiro está mais atento aos seus direitos e deveres fundar a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Descrita no que tange à escolha de como guerrilheira marxista, seus representantes. Escolhida pelo presidenpresa e torturada, Dilma sote Luiz Inácio Lula da Silbreviveu à ditadura e regresva como sua sucessora muisou à democracia mudandose para o Rio Grande do Sul, to antes que os adversários onde o segundo marido espensassem em seus canditava preso. Atuou como sedatos, Dilma contou com o cretária municipal e estadual apoio irrestrito de Lula. A filha de um imigrante búle foi filiada ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), garo e de uma dona de casa fluminense nasceu em 14 de fundado por Leonel Brizola. Álbum de família: Dilma (destaque) com os irmãos Igor Ainda assim, Dilma chedezembro de 1947, em Belo e Zana Lúcia e os pais Pedro Rousseff e Dilma Jane Horizonte. O pai, advogado, Album di famiglia: Dilma (enfasi) con i fratelli Igor e gou à presidência do Brasil saiu de seu país em meio ao Zana Lúcia e i genitori Pedro Rousseff e Dilma Jane sem nunca ter disputado um

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al 1º gennaio 2011 la poltrona del maggior posto nella gerarchia politica brasiliana avrà un nuovo occupante. O meglio, una occupante. A 62 anni, Dilma Vana Rousseff, di origine mineira, sarà la prima donna a capo del Brasile in 121 anni di repubblica. Laureata in Economia, la ex ministro di Minas e Energia e della Casa Civil arriva al Palácio do Planalto con l’appoggio di più del 56% della popolazione brasiliana, il che significa il voto di più di 55 milioni di persone. Dalle elezioni, oltre a Dilma, viene a galla una serie di fatti inediti e dubbi che riguardano il futuro del Brasile. Ma rimane anche la certezza del fatto che i brasiliani dimostrano una maggiore attenzione ai loro diritti e doveri per ciò che riguarda la scelta dei loro rappresentanti. Scelta dal presidente Luiz Inácio Lula da Silva come sua erede molto prima che gli avversari pensassero ai loro candidati, Dilma ha contato sull’appoggio illimitato di Lula. Figlia di un immigrante bulgaro e di una casalinga fluminense, è nata il 14 dicembre 1947 a Belo Horizonte. Il padre avvocato era partito dal suo Paese nel bel mezzo dell’aumento dell’autoritarismo, in cerca di una nuova vita. Pétar Russév, che qui era diventato Pedro Rousseff, era riuscito a mettere radici e a mettersi in proprio e Dilma, insieme ai suoi due fratelli, ha avuto una formazione classica e ha vissuto gli agi di una famiglia di ceto medio-alto dell’epoca. Ha fatto parte della prima generazione di donne che, negli anni ’60, hanno lasciato da parte il Durante os anos de chumbo foi profilo tradizionale di mamme-camilitante política participando de salinghe per occupare spazi nelle movimentos contra a ditadura università e nel mercato del lavoDurante gli anni di piombo è stata militante politica partecipando a ro. Militante negli anni di piommovimenti contro la dittatura bo, ha partecipato al Comando de Libertação Nacional (Colina) e ha aiutato a fondare la Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Descritta come una guerrigliera marxista, arrestata e torturata, Dilma è sopravvissuta alla

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Desafios e propostas Se, conhecida como durona e linha dura, entre os ministros e assessores com os quais trabalhou, a sucessora de Lula tem a seu favor a competência técnica em uma atuação sem máculas; eleitores, analistas e críticos aguardam com ansiedade conhecer a verdadeira Dilma. Depois de assistirem a candidata apresentar ideias genéricas ao longo da campanha e esquivar-se dos debates, além de tentarem desvendar a presidente, especulam sobre uma possível simbiose entre mentor e discípula. O papel de Lula no governo não está definido. Não publicamente. Mas logo em sua primeira fala como presidente, Dilma declarou: — Baterei muito à sua porta. Tenho certeza e confiança de que a encontrarei sempre aberta.

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A contar pela esperança de dias sem sobressaltos, seja no cenário mundial ou interno, Dilma se encarregará de administrar a herança deixada por Lula. O que inclui o efeito bem-estar provado por bons números. Em 2002, a taxa de desemprego nas grandes regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife chegava a 11,7%, ao passo que neste ano, o índice é de 6,2%. Em relação aos postos formais de trabalho, o ano de 2010 bateu 43,1 milhões contra 28,7 milhões em 2002. O volume de crédito ao consumidor mais que triplicou nesses oito anos de governo: foram 131,1 bilhões de reais em 2002 e, em 2010 o valor chega a 714,5 bilhões de reais. As estatísticas catapultaram a popularidade do petista. Apesar de o governo ter acumulado escândalos, o índice de aprovação de Lula só cresceu. Apoiado nisso, nos palanques pró-Dilma, o presidente não se cansou de enfatizar: “Se vocês votarem nela, estarão votando um pouquinho em mim”. Enquanto Lula pensa em abrir seu instituto, tal qual Fernando Henrique Cardoso, e negocia palestras e livros para quando voltar à planície, Dilma e seu governo vão ter como desafios a sustentação do crescimento econômico acima dos 4% ao ano; a garantia da estabilidade macroeconômica; a redução da desigualdade e da pobreza e a melhora da qualidade de vida. O presidente da Itália, Giorgio Napolitano escreveu à presidente eleita e declarou que sua vitória tem “um alto valor simbólico para todas as mulheres, não somente as brasileiras, mas de todo o mundo”.

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cargo político, desbancando concorrentes com sólida carreira no ramo como José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que foi governador de São Paulo e, Marina Silva, do Partido Verde (PV), ocupante de uma cadeira no Senado. Chegou lá, muito por mérito de seu cabo eleitoral, o presidente, que lhe confiou o título de “mãe do PAC” – o Programa de Aceleração do Crescimento – que foi a grande empreitada do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) neste segundo mandato de Lula. Em campanha, teve que vencer um clima de “já ganhou” instaurado entre seus aliados e comitês ainda às vésperas do primeiro turno. Chegou lá, depois de passar por um novo escândalo de corrupção, desta vez, que tinha como protagonista o seu braço direito: Erenice Guerra, a mulher que a havia substituído na Casa Civil. Dilma perdeu votos e teve de ir atrás de eleitores religiosos, assustados com o liberalismo pregado pela candidata e seu partido, num tópico que teve como estopim a legalização do aborto. Agora, proclamada presidente, ou presidenta, como gosta de ler em seus discursos, prepara um governo de transição, que deve congregar interesses – sua candidatura emergiu de uma coligação que reuniu cerca de 10 partidos – e apontar o rumo que o país deve tomar nos próximos quatro anos.

O presidente da Itália Giorgio Napolitano saudou a agora colega Il presidente dell’Italia Giorgio Napolitano ha salutato la futura collega

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Apresentada por Lula como “a mãe do PAC”, Dilma comemorou a vitória nas urnas ao lado do líder político que a escolheu como sucessora Presentata da Lula come “la madre del PAC”, Dilma ha festeggiato la vittoria alle urne accanto al leader che l’ha scelta come erede politica

dittatura e si è trasferita, quando il regime è finito, nello stato di Rio Grande do Sul, dove il secondo marito era agli arresti. Ha lavorato come segretaria comunale e di Stato ed è stata iscritta al Partido Democrático Trabalhista (PDT), fondato da Leonel Brizola. Malgrado il suo passato politico, Dilma è arrivata alla presidenza del Brasile senza aver mai ricoperto nessun incarico politico, superando concorrenti dalla solida carriera politica come José Serra, del Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), che è stato governatore di São Paulo

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e Marina Silva, del Partido Verde (PV), attualmente senatore. Ed è arrivata alla presidenza in gran parte per merito del presidente a capo della campagna, che le ha conferito il titolo di “ madre del PAC” – il Programma di Accellerazione della Crescita – che è stata la grande impresa del governo del Partido dos Trabalhadores (PT) in questo secondo mandato di Lula. In campagna ha dovuto vincere il clima di “ha già vinto” che aveva preso piede tra i suoi alleati e comitati prima ancora del primo turno. Ci è arrivata dopo aver affrontato


Fotos: Ricardo Stuckert

un nuovo scandalo di corruzione, che stavolta ha avuto come protagonista il suo braccio destro: Erenice Guerra, la donna che l’aveva sostituita presso la Casa Civil. Dilma ha perso voti e ha dovuto conquistare elettori religiosi, spaventati dalla modernità espressa dalla candidata e dal suo partito nella questione che ha avuto come stoppino la legalizzazione dell’aborto. Ora, proclamata presidente, o presidenta, come le piace dire nei suoi discorsi, prepara un governo di transizione che dovrebbe riunire interessi – la sua candidatura è il risultato di una coalizione che ha riunito 10 partiti circa – e indicare la strada che il Paese dovrà intraprendere nei prossimi quattro anni.

— Estou convencido de que seu exemplo constituirá um importante estímulo para a plena participação do mundo feminino no avanço do processo democrático e civil de seus países — assinala Napolitano. Sem delongues, as mulheres tiveram espaço no discurso de Dilma. A economista eleita assumiu compromisso de honrar as mulheres para que sua chegada ao poder possa ser repetida nas empresas, instituições civis e entidades representativas da sociedade. Mas Dilma também prometeu zelar pela democracia, a li-

berdade de imprensa – foi no governo Lula que se tentou firmar o Conselho Federal de Jornalismo –, a liberdade religiosa e de culto e, pela Constituição. — Meu compromisso fundamental é a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos — salienta. Um novo Brasil? O fim do segundo turno delineou o mapa político brasileiro. Se Serra teve maioria de votos em estados do Centro-Sul, além de Acre, Rondônia, Roraima e Espírito Santo; Dilma sagrou-se vencedo-

Sfide e proposte Anche se nota come persona intransigente tra ministri e assessori con cui ha lavorato, Dilma Rousseff ha a suo favore la competenza tecnica accumulata in una produzione lavorativa senza macchie; elettori, analisti e critici attendono con ansia di conoscere la vera Dilma. Dopo aver visto la candidata che presentava idee generiche durante la campagna e si schivava nei dibattiti, oltre a cercare di svelare il nuovo presidente, speculano su una possibile simbiosi tra mentore e discepola. Il ruolo di Lula nel governo non è stato ancora definito. Non pubblicamente. Ma nelle prime parole come presidente, Dilma ha dichiarato: — Busserò molto alla tua porta. Sono sicura e fiduciosa [nel fatto] che la troverò sempre aperta. Sperando di avere giornate senza sorprese, tanto sullo scenario mondiale quanto su quello interno, Dilma si incaricherà di amministrare il retaggio lasciato da Lula. Il che include l’effetto ‘benessere’ provato da numeri positivi. Nel 2002 il tasso di disoccupazione nelle grandi regioni metropolitane di São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife arrivava all’11,7%, mentre quest’anno l’indice è del 6,2%. In rapporto agli impieghi formali, nel 2010 si è arrivati a 43,1 milioni contro i 28,7 milioni del 2002. Il volume di credito ai consumatori è più che triplicato in questi otto an-

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ni di governo: sono stati 131,1 miliardi di reais nel 2002 e, nel 2010, il valore arriva a 714,5 miliardi di reais. Le statistiche hanno promosso la popolarità del petista. Nonostante il suo governo abbia accumulato scandali su scandali, l’indice di approvazione di Lula non ha mai smesso di aumentare. Forte di questo, in appoggio a Dilma nei suoi discorsi, il presidente ha sempre dato enfasi a questo: “Se votate lei, starete anche votando un po’ anche me”. Mentre Lula pensa di aprire il suo istituto, cosí come fece Fernando Henrique Cardoso e organizza conferenze e libri per quando sarà di nuovo un comune cittadino, Dilma e il suo governo saranno sfidati dal proseguimento della crescita economica al di sopra del 4% annuo; dalla garanzia di stabilità macroeconomica; dalla riduzione della disuguaglianza e della povertà e dal miglioramento della qualità di vita. Il presidente dell’Italia, Giorgio Napolitano ha scritto al presidente donna e ha dichiarato che la sua vittoria rappresenta “un alto valore simbolico per tutte le donne, non solo le brasiliane, ma quelle di tutto il mondo”. — Sono convinto del fatto che il suo esempio costituirà un importante stimolo alla piena partecipazione del mondo femminile nel progresso del processo democratico e civile dei loro paesi — segnala Napolitano. Senza allungarsi troppo, le donne hanno avuto spazio nel discorso di Dilma. L’economa eletta ha assunto l’impegno di onorare le donne affinché il suo arrivo al governo possa essere ripetuto nelle imprese, istituzioni civili e enti rappresentativi della società. Ma Dilma ha anche promesso di proteggere la democrazia, la libertà di stampa – si è avuto proprio nel governo Lula il tentativo di approvare il Conselho Federal de Jornalismo –, la libertà religiosa e di culto e la Costituzione. — Il mio fondamentale impegno riguarda lo sradicamento della miseria e la creazione di opportunità per tutti — mette in enfasi. Un nuovo Brasile? La fine del ballottaggio ha delineato una mappa politica brasiliana.

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capa ra no Nordeste, em parte do Norte e Rio de Janeiro e Minas Gerais. No âmbito estadual, o PSDB manteve o comando em estados de peso como São Paulo e Minas Gerais, e ganhou em outros seis, entre eles Paraná e Goiás. Os tucanos vão governar estados que respondem por 54,6% da economia brasileira e 47,5% do eleitorado. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) também sai bastante fortalecido nesta eleição, dobrando de três para seis os estados que comandará a partir do próximo ano. O PT manteve o governo de cinco estados, pois, embora tenha perdido no Pará e no Piauí, venceu no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Já o PMDB, principal aliado de Dilma, perde sua força nos estados. Em 2006, o partido elegeu o maior número de governadores, totalizando sete. Manteve os governos de Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, reelegendo no primeiro turno Sergio Cabral e André Puccinelli, com 66,08% e 56% dos votos válidos, respectivamente. Cabral é aliado de Dilma e batalhou pelos mais de 60% dos votos que a candidata recebeu no estado. Quem também está na lista dos reeleitos em alta cota é Antonio Anastasia, que herdou o posto de Aécio Neves (vitorioso para o Senado). O candidato do PSDB venceu no primeiro turno ao receber 62,72% dos votos em Minas Gerais. Como os governadores têm influência sobre deputados e se-

nadores de seus estados, ajudam na arregimentação de votos no Congresso. O resultado das urnas mostra grande vantagem numérica dos aliados do presidente Lula e da presidente eleita Dilma em relação aos oposicionistas. São de partidos aliados a Dilma 16 dos 27 governadores eleitos; apenas 10 são de partidos de oposição e André Puccinelli, italiano naturalizado brasileiro, apesar de ser do PMDB, é desafeto de Lula e considerado oposição. Invasão verde A vitória de Dilma não apaga a de Marina Silva. A candidata “verde” que entrou na disputa pela presidência saiu dela ao final do segundo turno abrindo espaço para seu partido em 2014. Opção para quase 20 milhões de eleitores, contrariando o que diziam as pesquisas, ela conseguiu levar a briga para o segundo turno celebrando a “despolarização da decisão política”. Escreveu sua “Agenda para um Brasil Justo e Sustentável” (carta aberta aos candidatos Dilma Rousseff e José Serra) e esperou suas propostas

Marina Silva, que recebeu expressiva e surpreendente votação, foi ministra do Meio Ambiente quando DIlma era Chefe da Casa Civil

Fotos: Divulgação

Marina Silva, che ha ricevuto un’importante e sorprendente votazione, è stata ministro dell’Ambiente quando Dilma era Capo della Casa Civil

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Se Serra ha avuto la maggioranza di voti negli Stati del Centro-Sud, oltre a Acre, Rondônia, Roraima e Espírito Santo, Dilma si è consacrata come vincitrice al Nord-Est, in parte del Nord e a Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nell’ambito degli Stati, il PSDB ha mantenuto il comando in quelli di peso come São Paulo e Minas Gerais, ed ha vinto in altri sei, tra cui Paraná e Goiás. I ‘tucani’ governeranno stati responsabili del 54,6% dell’economia brasiliana e del 47,5 degli elettori. Anche il Partido Socialista Brasileiro (PSB) esce da queste elezioni più forte, raddoppiando da tre a sei gli stati che guiderà dall’anno prossimo. Il PT ha mantenuto il governo in cinque stati, visto che malgrado abbia perso nel Pará e nel Piauí, ha vinto a Rio Grande do Sul e nel Distrito Federal. Invece il PMDB, principale alleato di Dilma, ha perso forza negli stati. Nel 2006 il partito aveva eletto il maggior numero di governatori, ossia sette. Ha mantenuto i governi di Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, rieleggendo al primo turno Sergio Cabral e André Puccinelli, rispettivamente con il 66,08% e il 56% dei voti validi. Cabral è alleato di Dilma e ha si è sforzato molto per il 60% dei voti che la candidata ha ricevuto nello Stato. Un altro che è nella lista dei rieletti con molti voti è Antonio Anastasia, che ha ereditato il posto di Aécio Neves (che ha vinto al senato). Il candidato del PSDB ha vinto al primo turno con il 62,72% dei voti in Minas Gerais. Dato che il governatori influiscono sui deputati e senatori nei loro stati, aiutano a captare voti al Congresso. Il risultato delle urne dimostra un grande vantaggio numerico degli alleati del presidente Lula e del presidente eletto Dilma in rapporto

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all’opposizione. Sono di partiti alleati a Dilma 16 dei 27 governatori eletti; solo 10 sono di partiti dell’opposizione e André Puccinelli, italiano naturalizzato brasiliano, malgrado sia del PMDB, non piace a Lula e viene considerado dell’opposizione. Invasione verde La vittoria di Dilma non cancella quella di Marina Silva. La candidata “verde” che è entrata nella lotta per la presidenza ne è uscita alla fine del ballottaggio aprendo un varco per il suo partito nel 2014. Alternativa di quasi 20 milioni di elettori, contrariando quello che dicevano i sondaggi, è riuscita a trasferire la sua lotta al ballottaggio celebrando la “depolarizzazione della decisione politica”. Ha scritto sulla sua “Agenda per un Brasile Giusto e Sostenibile” (lettera aperta ai candidati Dilma Rousseff e José Serra) ed ha atteso le loro proposte su questioni che considerava prioritarie, ma insieme al suo partito hanno deciso di rimanere neutri. Marina, che fin dagli inizi dei dibattiti non si è mai tirata indietro e ha detto sempre la sua riguardo a temi difficili come l’aborto, ha perfino suggerito un referendum per decidere la sua legalizzazione. E ha messo in risalto che, essendo protestante, non avrebbe fatto campagne a favore, ma che la società ne deve discutere. La ex lavoratrice rurale, ex ministro dell’Ambiente e senatore per l’Acre, ha ricevuto il voto dei giovani e si è affermata per, fra quattro anni, le prossime elezioni. Ora aspetta e fa il tifo perché Dilma dimostri “saggezza alla guida della nostra bella nazione”, come ha scritto su una pagina di una rete sociale. Secondo il presidente della Federazione dei Verdi d’Italia, Angelo Bonelli, ora bisogna aspettare per vedere:


Everardo Oliveira Silva, que atende pela alcunha de Tiririca, está sob investigação e pode perder o cargo se não conseguir provar diante de juizes que consegue ler e escrever. Mas a escolha por um palhaço pode apontar o descontentamento da população com o que é feito em Brasília? Para além do descaso, alguns especialistas apostam que a eleição de Tiririca é um exemplo. A abstenção – com a contribuição do feriado de Finados –, no segundo turno em 21,5% pode ser outro. Mas ao menos em uma questão a população esteve unida nas eleições 2010. Produto da mobilização popular a corrida para aprovar o projeto da Ficha Limpa, deu lugar às manifestações para que a Lei vigorasse nesta eleição. A intenção ganhou destaque na imprensa internacional e deixou o Supremo Tribunal Federal (STF) em meio a recursos de candidatos em desalinho com o que determina o documento. O Supremo decidiu que o Ficha Limpa vale para quem renunciou a um mandato para escapar do processo de cassação, o que custou o mandato de Jader Barbalho (PMDB-PA), eleito com mais de 1,79 milhão de votos. Também

Ficha limpa O pleito brasileiro teve amplo destaque na imprensa internacional. Mais de 1,2 milhão de paulistanos deram a um humorista uma cadeira na Câmara. Francisco Lei da Ficha Limpa ainda pode mudar resultados regionais e paulistanos elegeram um humorista para a Câmara

Legge della Scheda Pulita potrebbe ancora cambiare risultati regionali e paulistani hanno eletto un umorista alla Camera

Ricardo Stuckert

para questões que considerava prioritárias, mas junto com seu partido, acabou decidindo pela neutralidade. A Marina, que desde o inicio dos confrontos, não se furtou a opinar sobre questões consideradas indigestas como o aborto chegou a sugerir um plebiscito para decidir sua legalização. Ressaltou que evangélica, não pregaria a favor, mas que a sociedade deveria discutir a respeito. A ex-trabalhadora rural, exministra do Meio Ambiente e senadora pelo Acre ganhou o voto dos jovens e credenciou-se para daqui há quatro anos. Agora, espera e torce para que Dilma tenha “sabedoria na condução de nosso belo país”, conforme escreveu em sua página numa rede social. A contar pelo presidente da Federação dos Verdes da Itália, Angelo Bonelli, é esperar para ver: — Os membros da agremiação não estão entusiasmados com a vitória de Dilma. Lula sacrificou em nome do PIB [Produto Interno Bruto] a floresta amazônica e no governo atual foram alcançados os níveis mais altos de desmatamento e violações dos direitos humanos contra as populações indígenas e houve investimentos nucleares e a construção de grandes represas na Amazônia.

— I membri del gruppo non sono entusiasti della vittoria di Dilma. Lula ha sacrificato in nome del PIL (Prodotto Interno Lordo) la foresta amazzonica e nell’attuale governo sono stati raggiunti i più alti livelli di disboscamento e violazioni di diritti umani contro popoli indigeni e ci sono stati investimenti nucleari e la costruzione di grandi dighe in Amazzonia. Scheda Pulita Le elezioni brasiliane hanno meritato ampi spazi nella stampa internazionale. Più di 1,2 milione di abitanti dello stato di São Paulo hanno eletto alla Camera un umorista. Francisco Everardo Oliveira Silva, nome artistico Tiririca, è sotto indagine e potrebbe perdere l’incarico se non riuscirà a provare ai giudici che sa leggere e scrivere. Ma la scelta di un pagliaccio può indicare lo scontento della popolazione con

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ciò che viene fatto a Brasilia? Andando oltre al disprezzo, degli specialisti scommettono che l’elezione di Tiririca è un esempio. Le astensioni del 21,5% al ballottaggio – con l’aiuto del giorno dei Morti -, potrebbe essere un altro. Ma perlomeno da un punto di vista la popolazione è rimasta unita nelle elezioni 2010. Prodotto dalla mobilizzazione popolare, la corsa per l’approvazione del progetto della Ficha Limpa [Scheda Pulita], ha causato manifestazioni organizzate perché la Legge entrasse in vigore per queste elezioni e ha meritato spazi nella stampa internazionale, lasciando il Supremo Tribunal Federal (STF) pieno di ricorsi di candidati non consoni con ciò che determina il documento. Il Supremo ha deciso che il Ficha Limpa vale per chi ha rinunciato ad un mandato per sfuggire dal processo di cassazione, ed ha attinto il mandato di Jader Barbalho (PMDB-PA), eletto con più di 1,79 milione di voti. È rimasto ‘a piedi’ anche Paulo Roberto Galvão da Rocha (PT-PA) e i suoi 1,73 milione di voti. In un altro caso, in Amapá e nella Paraíba, due candidati

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capa ficou pelo caminho Paulo Roberto Galvão da Rocha (PT-PA) e seu 1,73 milhão de votos. Em outro caso, no Amapá e na Paraíba, dois candidatos tiveram seus registros rejeitados: o ex-senador João Capiberibe (PSB), que ganhou 130 mil votos e o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), com mais de um milhão. A decisão foi tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lima concorria ao Senado e responde pelos crimes de abuso de poder econômico e político nas eleições de 2006. Cerca de 495 mil eleitores de São Paulo podem perder seus votos para deputado federal. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 140 candidatos pelo Estado tiveram o registro de suas candidaturas barradas. Um deles é do ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP), que sozinho levou 304 mil votos. Caso sua candidatura seja aceita, além de Maluf continuar na Câmara, ele pode levar com ele alguns candidatos do mesmo partido. Por enquanto, o pedido que ele mandou à Justiça foi negado pelo ministro Marco Aurélio, do TSE, no dia 18 de outubro. Os outros juizes ainda vão analisar o caso, que ainda pode ser julgado pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Além de Maluf, meia dúzia de candidatos que passam pela mesma situação poderão letrar outros parlamentares para o Congresso. Com isso, a composição final do Legislativo ainda está indefinida. Esses recursos sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa ainda tornam incertas as caras das Assembleias Legislativas, da Câmara dos Deputados e do Senado. Com quase 700 mil votos, Anthony Garotinho (PR) foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro. Ele concorreu graças a uma decisão judicial. No último dia 20 de outubro, o STF (Superior Tribunal de Justiça) manteve contra ele a validade de um processo de improbidade, que significa irregularidade cometida por um administrador público. O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, disse não acreditar em mudanças radicais na lista dos parlamentares eleitos para tomar posse no próximo ano. Das ações que tratam especificamente dos “ficha-sujas”, o TSE analisou dois terços dos 1.926 recursos.

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Dirigente dos verdes na Itália, Angelo Bonelli não acredita que a presidente melhore o tratamento às questões ambientais Dirigente dei verdi in Italia, Angelo Bonelli non crede che il presidente eletto migliorerà le attenzioni date alle questioni ambientali

— A Lei da Ficha Limpa é uma novidade que surgiu no cenário político e nessas eleições apresenta um grau maior de complicação porque a Justiça Eleitoral não tem nenhum precedente em relação a essas situações novas — disse.

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si sono visti rifiutati i loro registri: l’ex senatore João Capiberibe (PSB), che ha ricevuto 130mila voti, e l’ex governatore Cássio Cunha Lima (PSDB), con più di un milione. La decisione è stata presa dal Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lima si stata candi-

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dando al Senato ma è sotto accusa per reati di abuso di potere economico e politico nelle elezioni del 2006. Circa 495 mila elettori di São Paulo possono perdere i loro voti per deputato federale. Secondo dati del TSE (Tribunal Superior Eleitoral), le candidature di 140 candidati per lo Stato sono state rifiutate. Una di esse è dell’ex sindaco Paulo Maluf (PP-SP), che da solo ha ricevuto 304mila voti. Se sarà accettata la sua candidatura, oltre a continuare alla Camera, potrà portarsi sulla sua scia dei candidati dello stesso partito. Per ora la richiesta che Maluf ha inviato alla giustizia è stata negata dal ministro Marco Aurélio, del TSE il 18 ottobre. Gli altri giudici devono ancora analizzare il caso, che potrebbe essere giudicato anche dai ministri del STF (Supremo Tribunal Federal). Oltre a Maluf, mezza dozzina di candidati che si trovano nella stessa situazione potran-


Ricardo Stuckert

Ricardo Stuckert

Reeleito para o governo do Rio, Sergio Cabral fez campanha por Dilma e se inspira na boa relação que mantém com Lula. Em 2008, ministra acompanhou presidente em agenda na Itália que incluiu visita ao Papa Bento XVI Rieletto al governo di Rio, Sergio Cabral ha fatto campagna per Dilma e prende ispirazione dal buon rapporto che ha con Lula. Nel 2008, il ministro ha seguito il presidente in agenda in Italia che ha incluso una visita a Papa Benedetto XVI

A Justiça Eleitoral entende que a lei é constitucional e válida para este ano. Até que um novo ministro seja nomeado, entendese que essa decisão está mantida. O Supremo, porém, deverá se deparar novamente com casos de políticos barrados pela Lei da Ficha Limpa e poderá, a depender da posição desse novo ministro a respeito do tema, mudar de po-

sição. Isso porque o STF só analisou até agora casos de políticos que renunciaram para evitar a cassação. Ainda deverá ser feita a análise de outras partes da lei, como as que tornam inelegível o político que foi condenado em segunda instância, o servidor demitido por decisão administrativa, ou aquele que foi cassado pela Justiça Eleitoral.

no portare altri parlamentari al Congresso. Con ciò la composizione finale del Legislativo non è ancora definita. Questi ricorsi riguardo l’applicazione della Legge della Ficha Limpa fanno sí che il volto delle Assemblee Legislative, della Camera dei Deputati e del Senato sia ancora incerto. Con quasi 700 mila voti, Anthony Garotinho (PR) è stato il

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deputato federale più votato a Rio de Janeiro. Ha potuto candidarsi grazie ad una decisione giudiziaria. Il 20 ottobre scorso il STF (Superior Tribunal de Justiça) ha mantenuto contro di lui la validità di un processo di improbità, che significa irregolarità commessa da un amministratore pubblico. Il presidente del TSE, Ricardo Lewandowski, ha detto di non credere ai cambiamenti radicali nella lista dei parlamentari eletti per gli insediamenti del prossimo anno. Del totale di azioni che trattano specificamente dei “scheda-sporchi” il TSE ha analizzato due terzi dei 1.926 ricorsi. — La Lei da Ficha Limpa è una novità sorta sullo scenario politico e in queste elezioni presenta un tenore maggiore di complicazione perché la Giustizia Elettorale non ha nessun precedente in rapporto a queste nuove situazioni — ha detto. La Giustizia Elettorale intende che la legge è costituzionale e valida per quest’anno. Fino a quando non sarà nominato un nuovo ministro, si intende che questa decisione sarà mantenuta. Il Supremo, però, dovrà riaffrontare casi di politici sbarrati dalla Lei da Ficha Limpa e potrà, a seconda della posizione di questo nuovo ministro riguardo al tema, cambiare posizione. Ciò perché il STF ha analizzato finora solo casi di politici che hanno rinunciato per evitare la cassazione. Dovrà ancora essere fatta un’analisi di altre parti della legge, come quelle che dichiarano non eleggibile il politico che è stato condannato in secondo grado, l’impiegato pubblico dimesso per decisione amministrativa, o colui che è stato cassato dalla Giustizia Elettorale.

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TIM si installa al secondo posto nei prepagati

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a TIM Participações ha avuto guadagni netti di R$ 125 milioni nel terzo trimestre, un aumento del 23% rispetto al trimestre anteriore (101,4 milioni di reais). Con questo bilancio, la base di clienti dell’operatore ha attinto i 46,9 milioni, in confronto ai 44,4 milioni di giugno, un aumento annuale del 18,5% che aumenta la partecipazione di mercato della TIM al 24,5%. Ciò corrisponde ad una crescita di 0,7 punti percentuali rispetto allo stesso periodo del 2009. La compiagnia si è fissata al secondo posto nel comparto di prepagati in tutto il paese ed è al secondo posto anche a São Paulo, città in cui ha stabilitito il 24,8% di partecipazione. Ora le attese dell’impresa sono di chiudere l’anno con 50 milioni di clienti, di cui 10 milioni utenti del suo servizio internet.

Missione

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on l’appoggio della Camera Italo-Brasiliana di Commercio di Rio de Janeiro, della FIRJAN e del Sebrae RJ, una missione istituzionale ed imprenditoriale della Lombardia verrà a Rio il 22 e 23 novembre. L’iniziativa è risultato di una partnership con l’agenzia della Camera di Commercio di Milano (Promos), con il Ministério do Desenvolvimento Econômico e con l’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE). Il focus della visita riguarda le opportunità di affari e l’impatto positivo, specialmente per ciò che concerne l’infrastruttura, la rete alberghiera, il sistema di trasporto e la tecnologia provocati dagli eventi nelle città sede, ad esempio, dei Mondiali di Calcio, delle Olimpiadi, della Expo Mundial 2015, a Milano, e di fiere internazionali. La missione ha per tema “I Grandi Eventi come Motori di Sviluppo Economico”, e sarà guidata dal Segretario di Commercio, Turismo e Servizi della Regione Lombardia, Stefano Maull. Vi partecipa una delegazione di imprenditori e investitori lombardi dei segmenti immobiliario, infrastruttura, edilizia e social housing, ed un altra di rappresentanti di parchi fieristici e imprese organizzatrici di fiere, guidata dal presidente della Fiera Milano SpA, Michele Perini. Un terzo gruppo sarà formato da 25 imprenditori della Regione Lombardia e di Torino con altri vari comparti produttivi.

Crescita

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a Enel SpA, maggior impresa di energia in Italia, ha aumentato le sue previsioni per il 2010 registrando un aumento del 5,3% nel periodo da gennaio a settembre nel suo Ebitda (sigla in inglese per guadagno prima di calcolare interessi, tasse, deprezzamento e ammortizzazione), risultato, specialmente della consolidazione della sua unità spagnola Endesa. In Brasile la Endesa è attuante in produzione, trasmissione e distribuzione di energia attraverso imprese come Ampla (RJ) e Coelce (CE). Il presidente della compagnia, Fulvio Conti, ha detto che l’Ebitda può essere di circa 17 miliardi di euro (24 miliardi di dollari), al di sopra della previsione anteriore di 16 miliardi di euro, spinto dalla crescita internazionale e dalla sua unità di energia rinnovabile Enel Green Power. Analisti hanno affermato che il rischio nel prezzo dell’energia dell’Enel è coperto nei prossimi trimestri, sorreggendo i margini dell’impresa, ma la prospettiva di riduzione diprezzi potrebbe produrre un impatto nei guadagni dei prossimi uno o due anni. Anche la riduzione del debito dell’impresa, dai 50,9 miliardi di euro alla fine di settembre ai 45 miliardi di euro fino alla fine dell’anno, è una meta dell’Enel. Grazie ai circa 2,6 miliardi di euro rilevati con l’entrata dell’Enel Green Power in borsa a novembre.


Firenze Giordano Iapalucci

Sguardi sull’Italia

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ino al 30 gennaio Pistoia ospita la mostra “Viaggio in Italia, Sguardi internazionali sull’Italia contemporanea” che riunisce circa quaranta opere di 32 artisti internazionali ispirate alla situazione economico-sociale attuale in cui naviga l’Italia. Sono prevalentemente fotografie ma anche video con l’obiettivo di far nascere una riflessione, una critica dalla quale partire per capire l’identità dello stivale che stiamo vivendo e vedendo. Tra i nomi degli artisti spiccano quelli di Martin Creed, Hiroshi Sugimoto, Candida Höfer, Carlos Garaicoa e Adrian Paci. Ingresso 5 euro. Aperta dal giovedì alla domenica, Orario 10.00/13.00 – 15.00/18.00 presso Palazzo Fabroni via Sant’Andrea 18 – Pistoia.

Florens 2010

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a venerdì 12 fino a sabato 20 novembre partirà la “Settimana Internazionale Beni Culturali e Ambientali” che si svolgerà in vari luoghi di Firenze. Saranno 8 giorni nei quali sarà possibile assistere a più di 150 eventi che trasformeranno la città in un grande laboratorio di cultura, arte ed economia. Firenze metterà a disposizione di questa importante rassegna i suoi più preziosi mo-

numenti e palazzi come la Cattedrale e il Battistero, Palazzo Vecchio, Palazzo Medici Riccardi e numerose biblioteche e librerie. Saranno presenti alla manifestazione importanti figure di spicco del mondo culturale internazionale come Philippe de Montebello, Direttore Emerito del Metropolitan Museum di New York e Mikhail Borisovich Piotrovsky, Direttore dell’ Hermitage di S. Pietroburgo. Ingresso gratuito.

Biennale Enogastronomica Fiorentina

50 pittori per 50 cantanti

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ella splendida cornice Villa Caruso Bellosguardo a Lastra a Signa (Fi) sarà ospitata la mostra collettiva “50 pittori toscani per 50 cantanti toscani”. Saranno presentate 50 tele dei più importanti artisti toscani contemporanei come Possenti, Alinari, Ghelli, Talani, Madiai e De Luca tanto per citarne alcuni. Ognuna delle opere d’arte è dedicata ad un cantante toscano o ad una loro canzone. L’esposizione si colloca perfettamente nella villa che ospitò il grande tenore Enrico Caruso dal 1906 al 1921, anno della sua morte. La mostra terminerà domenica 28 novembre e l’ingresso è gratuito. Orario: tutti i giorni ore 9 - 12 : sabato e domenica dalle 14.30 – 17.30.

Orme e Visioni

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resso la Limonaia di Villa Vogel a Firenze, Anna Napoli presenta la sua mostra personale di pitture pastello e acrilico; due elementi molto importanti nella sua storia artistica: il primo le ha permesso di dare espressività alla materia di modo da renderla luminosa e fresca dove l’aspetto dell’emozionalità è messo sicuramente in evidenza. Il secondo la spinge più alla riproduzione materiale del segno, in maniera tale da marcare l’oggetto in maniera più incisiva. Anna Napoli incomincia la sua carriera di artista negli anni ’90 ed ha esposto in numerose collettive e personali presso la Galleria Spe di Bologna. Ingresso gratuito.

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opo il successo di due anni fa, Firenze presenta la seconda edizione della Biennale Enogastronomia Fiorentina, che si svolgerà a macchia di leopardo per tutta la città dal 6 al 22 novembre. Saranno coinvolti tra i ristoranti e locali più famosi e importanti della città come anche piazze e palazzi storici. Tra gli appuntamenti più gustosi quello chiamato “Un piatto tipico al ristorante” ovvero l’inserimento nel menu da parte di oltre 90 ristoratori fiorentini di almeno un piatto tradizionale dall’antica ricetta. Non da meno anche “Il viaggio nelle età del vino” un viaggio nel tempo attraverso 25 fattorie toscane dedicato ai vini di vecchia annata. Info: www.biennaleenogastronomica.it

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Fiera di Agenti di Viaggio presenta a Rio de Janeiro potenziamenti per attrarre i turisti brasiliani e stranieri e discute strategie per il segmento Silvia Souza

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n un recente viaggio in Italia il ministro brasiliano del Turismo ha messo in risalto in riunioni, conferenze e visite tecniche che il Brasile ha offerte che vanno oltre il segmento sole e mare per attrarre stranieri. E chi ha visitato la Feira Brasileira dos Agentes de Viagens (ABAV), che ha avuto luogo in ottobre a Rio de Janeiro, ha potuto confermare che il ministro ha proprio ragione. Pieno di colori e dinamico, l’evento ha riunito il meglio dei destini turistici nazionali ed internazionali, ognuno a suo modo pieno di speranze di attrarre il maggior numero possibile di visitatori nelle prossime stagioni. Infatti lo stand del Ministério do Turismo, trascinato dai Mondiali del 2014, ha voluto rendere noti gli itinerari legati al calcio

Esposizione delle attrattive di oltre 48 paesi ha richiamato 23 mila visitatori

nelle 12 città sede dell’evento. Nello spazio di Rio de Janeiro, il “luogo comune” del lungomare ha ceduto il posto ad una replica del Cristo Redentore, ma invece del ‘morro’ aveva come base un perfetto baretto dello stile di quelli che ci sono nel quartiere Lapa. Sempre nel Sud-Est, quelli dello Stato di Minas hanno riunito il meglio della loro gastronomia per sedurre i visitatori. Invece gli Stati del Nord-Est hanno fatto vedere insieme una festa di ritmi, oltre a prodotti artigianali e accenni alla loro storia.

Durante l’apertura solenne dell’evento, il governatore di Rio de Janeiro, Sergio Cabral, ci ha tenuto a mettere in risalto la trasformazione che il settore sta aiutando a promuovere. — Il turismo a Rio va sempre avanti. Saremo sede dei Mondiali di Calcio, delle Olimpiadi e dei Giochi Mondiali Militari. Il turismo ha bisogno di condizioni che non dipendono dal tipo di soggiorno, dall’agente di viaggio, dal mezzo di trasporto stradale o aereo. Il turismo dipende da condizioni come quella della

Il presidente della ABAV Nacional, Carlos Alberto Amorim Ferreira, parla di cosa ci si aspetta dal mercato

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Fotos: Roberth Trindade

Brasile per tutti

sicurezza pubblica, delle infrastrutture. Abbiamo fatto questo lavoro in modo assolutamente confacente alle richieste dei turisti — ha detto Cabral. L’aumento della classe media brasiliana – secondo recenti sondaggi 30 milioni di brasiliani hanno migliorato le loro condizioni di consumo – è stato uno degli indici che ha aiutato ad ampliare le offerte ai turisti. La conquista viene seguita da investitori e istituti esteri. Com’è il caso dell’Ente Nazionale Italiano per il Turismo (Enit) che, come gli altri anni, ha presentato con i suoi operatori i destini che offre ai brasiliani presenti alla fiera. Secondo la direttrice dell’Enit per il Brasile, Fernanda Morici, sondaggi con operatori di São Paulo rivelano una crescita tra il 15 e il 25% del numero di brasiliani che fanno viaggi in l’Italia: — Il nostro lavoro mette in evidenza i risultati e il 2011 prevede investimenti dell’agenzia per i paesi del BRIC, con enfasi per il Brasile, l’India e la Cina — dice. Secondo il direttore generale del Best Western Hotel Galles, Arnaldo Sbarretti, l’aumento del numero di brasiliani che vanno nella metropoli è sempre più significativo. E mette in enfasi la domanda della ricerca delle origini come incentivo al turismo, ma valuta che la comunicazione sia la principale barriera per l’aumento del settore in Italia: - Si vedono già molti brasiliani imbarcando a Venezia e Savona. Anche Milano con il volo diretto della TAM ne riceve benefici e altre città abbastanza ricercate sono Roma e Firenze. Ma


i nostri alberghi e la nostra rete di erogazione di servizi non sono preparati per ricevere i brasiliani in portoghese e molti di loro non parlano inglese. In questo senso dobbiamo migliorare. Il direttore dell’operatore King Holidays Americo de Sousa conferma l’analisi. Secondo lui gli italo-brasiliani che vanno in Italia di solito soggiornano 3-4 giorni nei luoghi dove hanno vissuto i loro avi. — E per avere un’idea dell’importanza dei brasiliani nel turismo interno basta citare che fino al 2009 il paese occupava la 24ª posizione nel ranking dei paesi di origine dei turisti e quest’anno si trova al 3º posto. Il mercato interno italiano ha sofferto molto con la crisi, tra l’altro è anche diminuito il numero di visitatori europei — commenta. Classe C I cambiamenti nello standard di consumo dei brasiliani hanno richiamato le attenzioni del Ministério do Turismo e degli agenti di viaggio brasiliani. Lanciato nel 38º Congresso do das Agências, il programma “Viaja Fácil Brasil” promette di incentivare il turismo del ceto C. Il progetto permette pagamenti facilitati per l’acquisizione di pacchetti (perfino di 36 rate senza interessi). “Nel sito internet www.viajafacilbrasil.com.br si posso avere altre informazioni sul programma, oppure si può visitare il nostro stand nel padiglione 5 del Rio-

Apertura della fiera ha contato sulla presenza di autorità del settore

centro”, ha detto alla fine il dirigente Fabiano Zanzin. Il viaggio, programmato in anticipo, garantisce visibilità al lavoro delle agenzie legate alla ABAV. Ma il taglio delle commissioni degli agenti di viaggio è stato il principale reclamo dei partecipanti al Congresso. Un’imposizione della Travel Agent Service Fee (Tasf), istituita dalla International Air Transport Association (IATA), che permette di processare i valori fatti pagare per l’emissione di biglietti o per altri servizi erogati dalle agenzie senza credito agli agenti. — Gli agenti rifiutano la maniera come la direzione IATA Brasil ha condotto i negoziati che si riferiscono alla TASF, usando il potere economico dei loro associati per opprimere gli agenti — condanna il presidente della ABAV Carlos Alberto Amorim Ferreira, o Kaká. Os agentes repudiam a forma como a gerência IATA Brasil conduziu as negociações relativas à TASF, se utilizando do poderio econômico de suas associadas para oprimir os agentes - condena o presidente da ABAV Carlos Alberto Amorim Ferreira, o Kaká. In senso orario, il ministro del Turismo, Luiz Barretto, il governatore di Rio de Janeiro, Sergio Cabral e, il sindaco della città, Eduardo Paes: discorsi a favore del turismo

Con il tema del Congresso stabilito come Agente e Cliente: la Miglior Relazione, il presidente ha messo in risalto che, malgrado l’indignazione dovuta all’intransigenza delle compagnie aeree, gli agenti hanno bisogno più che mai di preoccuparsi dei loro clienti: — Sono loro la chiave della nostra sopravvivenza — mette in enfasi. Kaká ha inoltre ricordato che con il sorgere della nuova classe media brasiliana molti consumatori in potenziale avranno bisogno di assistenza per realizzare il loro primo viaggio. — Dobbiamo cominciare a preoccuparci di questo mercato, sapere come andare a prendere questo cliente ovunque sia – mette in risalto, senza dimenticare di commentare i principali problemi per il settore turistico nel paese. — La mancanza di rispetto delle compagnie aeree con i consumatori che in nome della competitività di mercato buttano i nostri clienti su sedili che sfidano l’ergonomia, li sottopongono a ritardi e cancellamenti ingiustificati. E anche le azioni della Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Se non fosse l’internet, i consumatori pagherebbero sempre più caro. La vendita del biglietto aereo non può riassumersi ad un self-service digitale. Questo servizio è una concessione governativa, che a sua volta deve garantire l’accesso dei consumatori alle tariffe aeree in modo egualitario, qualunque sia il canale di vendita. E l’ANAC? Cosa sta facendo? Novità Tra le novità presentate alla ABAV 2010 ce n’è una che riguarda la comodità dei viaggiatori aerei. La TAM Linhas Aéreas ha firmato un

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accordo con OnAir, responsabile dei sistemi per l’uso di cellulari e offrirà il servizio telefonico a bordo, che è già in fase di test e dovrebbe avere inizio in novembre. Il sistema ha ricevuto la certificazione dalla European Aviation Safety Agency (EASA), e il suo uso è stato regolato di recente dalla Unione Europea. Il meccanismo impedisce che i segnali dei cellulari causino interferenze nei comandi degli aerei e permetterà ad un numero di non oltre otto persone di usare i loro telefonini allo stesso tempo. Per dati e messaggini non ci saranno limiti. Gli apparecchi capteranno il segnale (roaming) quando l’aereo arriverà a 3mila metri di altezza. Gli Aerbus saranno i primi a ricevere il servizio. Nel campo delle attrattive originali lo Stato di Rio de Janeiro ha sfruttato la ABAV per fare il lancio del suo nuovo materiale promozionale, chiamandosi Capital Mundial dos Esportes. Il battesimo si deve al fatto che nella città avranno luogo i Giochi Mondiali Militari l’anno prossimo, i Mondiali di calcio nel 2014 e le Olimpiadi nel 2016. Fatto di 68 pagine lo showcase, campionario in libro, enumera 29 tipi di sport che la città, per vocazione naturale, ha da offrire. Il materiale presenta imperdibili suggerimenti e indirizzi di dove si possono provare o imparare gli sport, oltre ad indicare servizi gastronomici e luoghi dove si possono comprare equipaggiamenti. — Vogliamo mostrare che lo stile di vita dei carioca è salutare, sempre legato ad attività fisiche e usare di preferenza i begli scenari naturali offerti dalla città, una vera e propria palestra all’aria aperta — spiega il segretario comunale di Turismo e presidente della Riotur, Antonio Pedro Figueira de Mello.

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turismo

Tudo azul

Temporada de cruzeiros 2010/2011 é a maior feita no litoral brasileiro. Mas as italianas MSC e Costa, referências para os turistas, alertam para a necessidade de investimentos em infraestrutura no país para o setor continuar a crescer. Enquanto isso, na Europa, os passeios marítimos viram moda durante as festas de Natal e Ano Novo Aline Buaes e Sílvia Souza

Fotos: Roberth Trindade

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Divulgação

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ncorados nos principais portos brasileiros, eles impressionam pelo tamanho e beleza. Com atrações que prezam pelo lazer aliados a uma vida saudável, os cruzeiros significam a realização de um sonho para muitos dos quase 900 mil passageiros que escolhem os belos destinos do Brasil para navegar. Na maior temporada já feita no país, até maio de 2011 serão 20 embarcações a enfeitar o litoral. Com duas embarcações a mais que em 20092010, consolidam a vocação do país para esse nicho turístico e despertam a atenção de viajantes para pacotes e roteiros com duração mínima de três noites. Segundo a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos

Costa Fortuna é um dos seis transatlânticos do Grupo Costa no Brasil

(Abremar), o número de cruzeiristas deve crescer 23% na atual temporada. Só o Rio de Janeiro, que receberá 18 navios dentre os listados, concentrará 507 mil turistas nos 210 cruzeiros a serem feitos na região. Entre as líderes nesse segmento, as gigantes italianas MSC Cruzeiros e o Grupo Costa Cruzeiros trazem 12 embarcações ao Brasil: Opera, Musica, Armonia, Orchestra e Lirica, da primeira, e Pacifica, Magica, Fortuna, Grand Holiday, Grand Cele-

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bration e Grand Mistral, da segunda – os três últimos da marca Ibero Cruzeiros, adquirida em 2007 pela Costa. O Grupo, aliás, fará o maior deslocamento já registrado para a América do Sul: 462 mil toneladas no somatório de seus seis transatlânticos. — A boa noticia da temporada é o resgate do reveillon de Copacabana, com o Costa Pacifica — comenta o diretor geral do Grupo Costa para a América do Sul René Hermann.

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Com viagens temáticas, decoração, shows, além de dispor de academias, teatro, discoteca e estúdio de musica, onde o passageiro pode gravar seu próprio cd, os navios mostram-se tão ou mais interessantes que as belezas naturais das cidades em que faz escala. E pensar que entre os destinos citados pelos clientes como fundamentais estão as ilhas tropicais e o nordeste do país. Salvador, Recife, Maceió, Fortaleza, Rio de Janeiro, Ilha Grande/Angra dos Reis e Ilhabela, são alguns deles. Para celebrar os 15 anos da filha, o empresário Arnaldo Bettcher não pensou duas vezes. Com o apoio da mulher Vera, escolheu um pacote para os três já no primeiro cruzeiro do MSC Armonia. — Moramos na Região dos Lagos e ela fica admirando os navios que passam por lá. Ao contrario das amigas, que costumam ir para a Disney quanto alcançam essa idade, a Thayran, pediu uma viagem marítima — explica Vera. Acostumadas a viajarem juntas, as amigas Flávia Moreira, 28, Valeria Estevan, 32, e Eliana Zechini, 29, estrearam em cruzeiros na temporada 2010-2011. — Escolhi a MSC por serem navios mais novos — afirma Valeria, sem esquecer uma ressalva — Sempre aproveitamos para fazer compras nas nossas viagens, só que dessa vez, estamos achando os preços mais caros. Enquanto os brasileiros já aproveitam o sol, as viagens de cruzeiros tornam-se a nova tendência entre os italianos para


transcorrer o período de festas de Natal e Ano Novo. Entre os principais destinos escolhidos pelos turistas italianos estão Espanha e Marrocos, que permitem aproveitar um inverno ameno e ensolarado por preços convenientes, e Ilhas Canárias e Grécia. De acordo com uma pesquisa do portal italiano “Noi Crociere”, especializado em cruzeiros, a procura pelas viagens neste período cresceu muito neste ano. O perfil dos turistas é representado, além das famílias com crianças que buscam aliar viagens culturais com a segurança e o conforto dos navios, por jovens solteiros, com idades entre 25 e 35 anos. Para Giuseppe Gambardella, diretor do portal, “a oferta de novos serviços a bordo, como discotecas e cinema, contribuíram certamente para conquistar essa faixa do público”. De acordo com o diretor de marketing da empresa de cruzeiros Costa, Andrea Tavella, existe uma preocupação em atrair e entreter esta faixa etária. — Nos últimos anos estamos nos concentrando no público entre 18 e 34 anos, oferecendo preços especiais e muitas atividades a bordo — explica.

Adrian Ursilli (diretor comercial) e Roberto Fusaro (diretor geral da MSC para a América Latina)

Do Marrocos a Dubai Entre as diversas opções para os passageiros italianos, a Top Cruises, agência especializada em cruzeiros, oferece uma das mais econômicas. A chamada “Crociera di Natale”, com duração de nove dias, com partida do porto de Gênova e escalas em Marselha, na França, Tânger e Casablanca, no Marrocos, e Málaga e Barcelona na Espanha, custa a partir de 340 euros por pessoa. Cada escala prevê uma parada de pelo menos sete horas, quando os viajantes podem passear pelas cidades, conhecer a cultura e a gastronomia local e ainda fazer as clássicas compras de Natal. A Costa Cruzeiros apresenta para este período sua principal novidade, resultado da política de expansão no Oriente Médio: o cruzeiro “Natal das Mil e Uma noites”. Com partida do porto de Dubai e navegação por sete dias ao largo do Golfo Pérsico, com escalas em Dubai, Omã, Emirados Árabes e Bahrein, o pacote, com voo de Roma até o porto de embarque incluído, custa a partir de 1640 euros por pessoa. Os itinerários para as Ilhas Canárias da mesma empresa custam a partir de 725 euros, incluindo 11 dias de viagem com partida do porto de Civitavecchia (Roma) passando pela costa da Espanha (Barcelona e Málaga), Marrocos (Casablanca), Tenerife, nas Ilhas Canárias, e Funchal, na Ilha da Madeira. Entre os serviços oferecidos pela companhia de cruzeiro estão, além das excursões

com pagamento à parte em cada uma das escalas, também ônibus (no caso de embarque na Itália) e voos com preços amigáveis até o porto de embarque. A MSC Cruzeiros oferece um roteiro especial de onze dias para o Ano Novo, com partida do porto de Gênova e escalas em Nápoles, Iraklion (Creta), Rodi (Grécia), Alessandria (Egito) e Messina, na Sicília. A viagem, que custa a partir de 949 euros, ocorre a bordo do navio Fantasia, o maior da frota da MSC, com capacidade para quase 4 mil passageiros e 27 mil metros quadrados de área pública, que conta com diversos luxos a bordo, como um teto transparente para observação do céu e um piso feito completamente de cristais Swarovski, além de uma area VIP chamada Yatch Club, comparável aos melhores hotéis cinco estrelas do mundo.

uma média de 33% ao ano, a MSC Cruzeiros, em sete anos, aumentou o número de hóspedes em 42 vezes. Sexto maior mercado no ranking mundial do setor, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de importância para a MSC, que cobra empenho das autoridades políticas do país. Segundo estimativas da MSC, ao final da temporada, as despesas dos hóspedes nas 13 cidades em que seus navios farão escalas somarão 188 milhões de reais. Além disso, no bojo das ações sociais, a empresa desenvolve uma parceria com o Unicef e investe na formação profissional – com o projeto de capacitação de mãos-de-obra Tripulantes do Futuro, aplicado em São Paulo. — Enfrentamos problemas básicos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o aluguel custa sete vezes mais que em Barcelona. Maceió, Ilhéus e Recife têm píeres

Divulgação

Viagem dos Bettcher é presente para debutante

A maior parte dos navios das principais companhias italianas possuem uma capacidade de pelo menos 1,5 mil pessoas, diversos restaurantes e dezenas de bares, para todos os gostos e estilos, piscinas e parques aquáticos, serviços de spa com massagens e saunas, cassinos, lojas e, mais recentemente até mesmo cinemas, teatros e discotecas, com programações diárias. — Quem viaja no período natalício escolhe o cruzeiro para Espanha e Marrocos porque aproveita o bom clima do inverno e une uma semana de férias culturais e relaxantes. Por um lado se aproveita para descobrir as belezas artísticas dos locais de desembarque e, por outro, é possível aproveitar os confortos disponíveis a bordo — comenta Gambardella.

MSC Opera em Veneza

Perspectivas Apesar de confirmarem o crescimento do publico e celebrarem os negócios, os diretores da MSC e da Costa são taxativos quanto ao futuro do mercado: não fosse a falta de infraestrutura, o setor poderia crescer ainda mais por aqui. — O potencial do mercado de cruzeiros marítimos é enorme e o Brasil descobriu esse nicho recentemente. Segundo estatísticas, existem aqui 25 milhões de consumidores em potencial. Mas, pontos negativos podem inviabilizar o crescimento do setor como as altas taxas portuárias, a falta de berços de atracação e a qualidade dos terminais de passageiros e bagagens — explica o diretor geral da MSC na América do Sul, Roberto Fusaro. Ele lembra que, se em oito anos o mercado cresceu 623%,

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em péssimo estado de conservação. Em Salvador, na temporada passada, o porto não tinha scanner para malas e tivemos de alugar — completa o diretor. Apesar da insatisfação, Fusaro explica que o mercado brasileiro é atraente e a MSC quer participar de ações concretas de melhoria nos portos. Sem citar nomes, o dirigente assinala que a empresa tem projetos com duas prefeituras locais que, no próximo ano, podem surtir algum efeito frente ao desagrado atual. Por enquanto, o resultado da falta de infraestrutura resultou na diminuição em 45 dias da temporada 2011-2012. No ano que vem, a empresa – responsável pela entrada estimada entre 10 mil e 15 mil europeus no Brasil – navegará em nossas águas com apenas quatro navios.

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ambiente

Si fa ancora in tempo Ministério do Meio Ambiente promuove azioni per frenare disboscamento e roghi nel Cerrado, il bioma piu degradato dopo l’Amazzonia

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Silvia Souza

ccupa il 24% del territorio nazionale – un’area superiore ai 2 milioni di km² –, concentra il 5% della biodiversità del pianeta e, inserito in un’area molto sfruttata dall’industria agricola e di allevamento, richiamava l’attenzione delle autorità di governo su programmi che potessero impedire o minimizzare il suo degrado. Adesso, così com’è successo con l’Amazzonia, il Cerrado brasiliano può cominciare a contare su un’iniziativa federale che ha come meta la protezione del suo ecosistema. Lanciato a settembre dal Ministério do Meio Ambiente (MMA), il Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e queimadas do Cerrado (PPCerrado) riceverà investimenti di 339 milioni di reais entro la fine del 2011. Il denaro sarà usato per incentivare attività produttive sostenibili, per monitoraggio e controllo, ordine del territorio, educazione ambientale e creazione di 2,5 milioni di ettari in aree protette.

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L’intenzione è di preservare 11.627 specie e piante native catalogate, quasi 200 specie conosciute di mammiferi, 1.200 specie di pesci, 180 di rettili e 150 de anfibi. Il secondo maggior bioma del Brasile secondo stime recenti è anche rifugio del 13% di farfalle, del 35% di api e del 23% di termiti dei tropici. Tutta questa varietà è dovuta ai suoli differenti, alla topografia (le altitudini variano dai 200m ai 1.600m) e al clima di questa regione del Brasile Centrale. E’ una certezza. Parlare di Cerrado significa pensare al Distrito Federal e a Stati come Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais, São Paulo e Paraná; un’area con quasi 1.500 comuni. Ma, nonostante l’elevata biodiversità e l’importanza ecologica, varie specie del Cerrado sono nella Lista delle Specie della Flora Brasiliana Minacciate di Estinzione, pubblicata dal MMA nel 2008. Delle 472 facenti parte della lista 132 sono presenti nel bioma.

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Per il ministro dell’Ambiente, Izabella Teixeira, Plano recupera importanza dell’ecosistema

— Il piano è un passo avanti per la realizzazione della Política Nacional sobre a Mudança do Clima, oltre a coordinare azioni di agricoltura sostenibile e siderurgia verde in due accordi di settore — mette in risalto la ministra del Meio ambiente Izabella Teixeira. Per salvare il Cerrado il ministero ha istituito i settori di Controllo e Monitoraggio, Aree Protette, Organizzazione Territoriale e Promozione delle Attività Sostenibili come base di sostegno alle azioni del piano fino al 2011.

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Ma entro il 2020 il governo conta sul risultato, fra gli altri, della riduzione della tassa di disboscamento per lo meno del 40%; conta sull’aumento della selvicoltura sostenibile; sull’aumento del consumo di carbone delle foreste piantate dalle industrie di ferro ghisa; sull’aumento del volume dei fondi disponibili con apposite linee di credito rurale sovvenzionate per recuperare le aree degradate, e sulla riduzione del disboscamento illegale intorno e all’interno delle Unidades de Conservação (UC) e delle Terre Indigene, oltre all’aumento del numero di aree protette. Riguardo a quest’ultimo tema saranno create 21 nuove UC. — Il Brasile è responsabile del 70% delle unità di conservazione create nell’ultimo decennio. Siamo arrivati alla Conferenza della Biodiversità [realizzata alla fine di ottobre] di Nagoya in Giappone con la coscienza pulita e con la consapevolezza di aver fatto il nostro dovere. Lavoriamo per essere protagonisti nella conservazione della biodiversità e per la convergenza con la questione climatica — spiega la ministra. Secondo il Cadastro Nacional de Unidades de Conservação il Cerrado possiede 172 unità di conservazione. Di queste, 96 sono da proteggere integralmente e 76 sono per un uso sostenibile. Le UC di protezione integrale hanno regole e norme più restrittive. In queste aree è permesso solo l’uso indiretto delle risorse naturali, che non coinvolga consumo, raccolta o danno alle risorse naturali, come ricreare il contatto con la natura, il turismo ecologico, la ricerca scientifica, l’educazione e interpretazione dell’ambiente fra le varie possibilità. Nel Cerrado ci sono 26 stazioni ecologiche, cinque riserve biologiche, 57 parchi, quattro monumenti naturali e quattro rifugi per la vita selvatica. Le UC di uso sostenibile sono aree che tendono a conciliare la conservazione della natura con l’uso sostenibile delle risorse naturali. In questo gruppo le attività che comprendono la raccolta e l’uso delle risorse naturali sono permesse, a patto che siano praticate in un modo che assicuri la continuità delle risorse ambientali rinnovabili e dei processi ecologici. Nel Cerrado sono 17 le aree di rilevante interesse ecolo-


gico, otto le foreste, una riserva di sviluppo sostenibile, sei riserve estrattive e 44 aree di protezione ambientale. Partecipazione e produzione di reddito devono includere le imprese La partecipazione delle imprese e dei soci locali è strettamente legata allo sviluppo del Plano. Secondo il progetto del ministero strategie come la firma di patti di settore, soprattutto con quello produttivo e con quello agricolo e di allevamento, insieme a quello siderurgico, devono articolare le misure a livello statale e comunale. Oltre a ciò il MMA deve agire insieme al Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e al Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior (MDIC). Secondo la ministra del MMA saranno inclusi sette nuovi prodotti del Cerrado nella lista del Programa de Garantia de Preço Mínimo per i prodotti della sociobiodiversità. — Andremo a discutere con i sindaci per pianificare misure che possano togliere questi comuni dalla lista di quelli più coinvolti nel disboscamento del cerrado. Svilupperemo politiche ambientali come i programmi Arco Verde e Mais Ambiente, e toglieremo la gente dalla irregolarità ambientale dandole alternative economiche più sostenibili — mette in risalto Izabella Teixeira. Ci saranno azioni destinate a recuperare i pascoli degradati, l’adozione del sistema di integrazione agricoltura-allevamento di bestiame-foresta, l’amplificazione del sistema di piantagione diretta e dell’uso della fissazione biologica dell’azoto, e l’aumento dell’area delle foreste piantate. Per combattere gli incendi saranno contrattati 4,5 mila uomini della brigata antincendi. Inoltre agricoltori familiari e stabili riceveranno assistenza tecnica, know how e formazione per farla

finita con l’uso dei roghi per la produzione. Ma il piano sarà sviluppato in varie tappe secondo la priorità degli interventi. In questo momento sono al primo posto le aree che conservano di più la vegetazione nativa e stanno soffrendo un’elevata pressione antropica. Considerando l’area originale di 204 milioni di ettari il bioma ha perso il 47,84% della sua vegetazione fino al 2008, secondo il “Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite”. Messo in atto dal Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), il

progetto di cooperazione tecnica agisce anche con la collaborazione del Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). L’obiettivo è quello di quantificare il disboscamento di aree con vegetazione nativa, ed è destinato ad includere la totalità dei biomi extra-amazzonici - Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Nel Cerrado il disboscamento avviene in maniera intensa a causa delle sue caratteristiche favorevoli all’agricoltura, all’allevamento di bestiame, e per la richiesta di carbone vegetale per l’industria siderurgica, principalmente nella zona di Minas Gerais e, più di recente, nel

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Mato Grosso do Sul. Su un totale di circa 9,5 milioni di tonnellate di carbone vegetale prodotto in Brasile nel 2005, il 49,6% proveniva dalla vegetazione nativa. I dati indicano anche che 54 milioni di ettari sono occupati da pascoli coltivati e 21,56 milioni di ettari da coltivazioni agricole (MMA, 2007b). Secondo la mappa del ministero, fra i luoghi nella zona del cerrado con maggior indice di disboscamento il Mato Grosso è quello con più comuni coinvolti. Sono sette fra i 20 in lista. La Bahia compare con sei comuni, seguita dal Maranhão con tre, dal Piauí con due e Minas Gerais e Goiás con un comune ciascuno.

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moda

Escalada da moda po também organiza eventos de moda feminina, perfumes e enogastronomia. O objetivo da Pitti, além de divulgar todo o sistema de moda italiano, é o de promover os aquecidos eventos da indústria de moda no Brasil e dar suporte aos empreendedores brasileiros

que tenham interesse em visitar as feiras na Itália. — A moda é hoje um dos setores mais promissores do varejo brasileiro. Considerando o tamanho desse mercado e as perspectivas de crescimento, o país tornou-se atraente para investidores internacionais, aliado ao fato de que o consumidor brasileiro aprecia o estilo Made in Italy — conta Giovanni Sacchi, diretor do ICE para o Brasil. Paralelamente as atividades de promoção entre as empresas, o desk da Pitti terá também a missão de aproximar as instituições aos salões promovidos, reforçando a identidade dos eventos como encontro estratégico de moda. — O desk no Brasil reforça a estreita colaboração com o ICE, parceria fundamental para divulgar os eventos da Pitti em novos mercados e reforçar a presença da moda, marca e identidade do Made in Italy no mundo — explica Sacchi.

Pitti W Woman Pre-collection O evento é realizado paralelamente a Pitti Uomo, onde os expositores escolhem pré-coleções para a chamada capsule collections (edições limitadas) e para projetos específicos vinculados às novas abordagens da elegância feminina.

Pitti Bimbo Realizado duas vezes por ano (janeiro e junho), em Firenze, geralmente após a realização da Pitti Uomo, é a única exposição internacional que oferece uma visão completa do mundo da moda infantil de zero a 14 anos, apresentando, não somente, os diferentes estilos, como também objetos de design e coleções de vanguarda.

ModaPrima É o salão de coleções da moda ready-to-wear de roupas e acessórios para homens, mulheres e crianças para a próxima temporada, destinadas a grande distribuição. O evento acontece duas vezes ao ano (maio e novembro) em Milão.

Fragranze e Enogastronomia A Pitti Immagine promove também as feiras Fragranze, salão dedicado ao que há de mais novo para o setor de perfumaria mundial, e o Taste, evento que apresenta a excelência enogastronômica e o estilo de vida italiano. Ambos acontecem uma vez ao ano, respectivamente, em setembro e março, em Firenze.

De olho no mercado de eventos do Brasil, grupo italiano Pitti Immagine abre representação em São Paulo

Robson Bertolino

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Correspondente • São Paulo

moda italiana é reconhecida no mundo como sinônimo de elegância. Mas para obter um resultado positivo é preciso de uma indústria formadora de mão de obra especializada, tanto no produto final quanto na organização de sua promoção ao redor dos quatro continentes do globo. Desde o final de setembro, está presente no mercado brasileiro uma das empresas de maior renome internacional, a organização Pitti Immagine. A representação da Pitti Immagine Brasil visa aproximar os salões de moda, organizados pela Pitti, dos compradores e indústrias brasileiras, que vem ganhando atenção dos empreendedores italianos de moda. A iniciativa surgiu numa colaboração com o Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE), entidade governamental ligada ao Ministério Italiano do Desenvolvimento Econômico, que atua na promoção e intercâmbio comercial e tecnológico entre a Itália e os demais países. O desk fica no

Pitti Filati O evento, um laboratório de pesquisa das tendências com foco na pesquisa e lançamentos de fios para tricô e malharia, apresentando a excelência da fiação em escala internacional. A feira acontece duas vezes ao ano (janeiro e julho) em Firenze, na Itália.

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prédio do consulado italiano em São Paulo. A Pitti Immagine é responsável por renomadas feiras de moda, como a Pitti Uomo, voltada para a moda masculina, e a Pitti Bimbo, que divulga a moda infantil. Ambas acontecem duas vezes ao ano em Firenze. O gru-

Pitti Uomo A feira, que acontece em Firenze, na Itália, duas vezes ao ano (janeiro e junho), é a maior manifestação de moda masculina do mundo. Conta com uma vasta seleção de grandes marcas internacionais, que lançam suas coleções e tendências globais no início da temporada.

Touch! neoZone, Cloudnine O salão representa a visão mais sofisticada do vestuário feminino: coleções que expressam forte personalidade e diversidade contemporânea. O evento acontece duas vezes ao ano (fevereiro e setembro) em Milão, na Itália.

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design

Poltrona

para o mundo Os irmãos Humberto e Fernando Campana não param de encantar o mundo com suas peças brasileiríssimas e ganham mais destaque na terra de seus ancestrais

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museu Triennale de Milão abre a porta da frente para a maior retrospectiva italiana dos irmãos Fernando e Humberto Campana. E ela começa em 1988, com a exibição das cadeiras Negativo e Positivo. Naquele mesmo ano, Humberto descia a corredeira de um rio no estado do Arizona, nos Estados Unidos, e observava diferentes desenhos em espirais realizados pelos nativos locais. Numa noite ele sonhou que estava sendo engolido por uma espiral e no dia seguinte quase se afogou realmente quando o bote de rafting virou e Humberto por muito pouco não foi levado pela correnteza. Para exorcisar o susto, ao voltar para São Paulo, ele fez uma cadeira com o encosto em espiral, chamada de Negativo. O irmão Fernando respondeu na mesma onda e fez a Positiva. Ambas as cadeiras

Guilherme Aquino

Correspondente • Milão dão as boas vindas aos visitantes que podem mergulhar na dimensão onírica dos Campana. Os brasileiros Campana, coerentes com um percurso de uso inteligente e criativo, entram na vida dos admiradores do design na forma de sofá, estante, cadeira, abridor de garrafas. Dê a eles uma idéia que a dupla devolve em produto, ou seria vice-versa? É essa mão dupla da utópica idealização e da real criação que faz Humberto e Fernando desenvolver um caminho que serve de referência. A saída das vitrines das lojas para os espaços de um museu carimba o passaporte deles. A Trinnale de Milão, não por acaso, foi buscar na exposição Vitra Design Museum, em Weil am Rheim, Alemanha, as peças da mostra dedicada aos Campana. Isso sem falar que algumas já estão

presentes em refinadas coleções importantes privadas e públicas, como a do MOMA, de Nova York. — Pela primeira vez estamos ganhando uma mostra institucional. E o legal é que as peças mostradas não são as peças prontas, mas aquelas que fazem parte dos processos de criação que nos levaram a elaborar os produtos que hoje estão no mercado italiano — diz Fernando e ressalta: — Engraçado que a nossa família veio da Itália e agora nós retornamos aqui, isso é muito importante, mas também é ótimo que o nosso trabalho seja reconhecido por um público maior no Brasil. Um vídeo mostra os irmãos Campana caminhando pela cidade de São Paulo. Imersos no caos da grande cidade, Humberto e Fernando emergem com novas idéias e propostas de trabalho. O agudo

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sentido de ver, ouvir e sentir produz uma relação imediata entre a imaginação dos designers e a realidade da rua, com tudo aquilo que ela pode oferecer. O diálogo com o próximo e o contato com a terra dentro de um contexto social complexo e variado criam um território fértil para a fantasia. Mas para tudo isso funcionar é necessário encontrar parcerias que ousem colocar em prática essa fábrica de sonhos. — Acho que trazemos uma modernização humana do processo industrial italiano. A visão aberta do italiano em introduzir o artesanato com novas técnicas junto a um sistema mecanizado ajuda nesta parceria. Ele não olha apenas a tecnologia, mas enxerga o valor da manualidade. Aqui temos pouco diálogo e muito mais ação, e acho isso muito legal e demonstra uma maturidade da nossa relação com as empresas — destaca Fernando. No mundo dos Campana tudo se transforma. Reciclar é uma regra seguida à risca da régua e do compasso, instrumentos que dão novas identidades a objetos relegados ao lixo. Tecidos de sobra, vidro, plástico e madeira apresentam-se impecáveis e pontuais a uma nova possibilidade de “vida”, uma ressurreição pelas quatro mãos. E eis a origem da poltrona Favela que encantou o mundo ganhando espaço nos salões das altas burguesias européias. Um mosaico de pedacinhos de madeira, pregados um a um, rende uma bela homenagem ao jeitinho brasileiro de fazer design. Ou o sofá em forma de jacarés, honrando a fauna do Pantanal, em meio aos plásticos de embalagens usados como encosto de cadeiras e papelões transformados em cadeiras confortáveis. Lá estão os 450 metros de cordames que formam a cadeira Vermelha, a Jenette, com o encosto da cadeira em vassoura de piaçava, a Yellow Coral, realizada com fios retorcidos de metal como se fossem linhas soltas congeladas no espaço, a Banquete, nada mais do que um amontoado de bichos de pelúcia apresentado como cadeira e inspirado nos ambulantes das ruas de São Paulo, um protótipo feito apenas em 150 exemplares, mas que faria a alegria de milhares de crianças e adultos que tiveram infância.

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automobilismo

Para chamar de meu Da Redação

terior se caracteriza por um design clean, minimalista e funcional, em que a grande área envidraçada se destaca. O Fiat Mio foi projetado para ser equipado com motores elétricos instalados diretamente em cada roda. Os motores são independentes, mas integrados por circuitos eletrônicos e as baterias estão localizadas sob os bancos. Outra curiosidade é o volante que ganhou novas formas e funções, como uma central de comandos de videogame.

tes nos próximos modelos lançados pela Fiat. — O carro conceito é um laboratório permanente. O primeiro carro conceito, o FCCI, apresentado em 2006, teve vários itens posteriormente adotados em modelos comerciais da Fiat. O rack de teto e os retrovisores estão no Fiat Idea e a grade do veículo deu origem ao Palio Weekend Adventure — conta o gerente do Centro Estilo Fiat ara a América Latina, Peter Fassnemder. Na área interna, o design é inspirado em um lounge e há lugares para duas pessoas. Seu ex-

Edição histórica Em plena comemoração do seu cinquentenário, o 26º Salão Internacional do Automóvel se consagrou como o maior evento de negócios da cidade de São Paulo em 2010. O evento traduz o avanço do setor em produtos e tecnologias que visam a atender às diferentes exigências dos consumidores, em linha com as boas práticas de mobilidade sustentável. Segundo o presidente da Fiat América Latina, Cledorvino Belini, a empresa foi o expositor mais ousado nesse Salão, que se tra-

Fiat apresenta, no Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, o terceiro carro conceito da fabricante no Brasil

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ensando em como será o carro do futuro, a Fiat deu início, há pouco mais de um ano, a um projeto cujo resultado foi apresentado durante o 26ª Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, realizado entre o 28 de outubro e 7 de novembro. O Fiat Mio (FCCIII) é o terceiro carro conceito da fabricante no Brasil, desenvolvido a partir de sugestões de internautas de diversos lugares do mundo. Quando foi dada a partida do projeto, em agosto do ano passado, quase dois milhões de pessoas de 150 países deram opiniões sobre materiais, inovações e recursos que deveriam ser adotados nos veículos, tudo através da criação do portal www.fiatmio.cc. Os brasileiros foram responsáveis por 65% das mensagens enviadas. O resultado de inúmeras ideias foi a criação de um veículo compacto, urbano, com convergência de mídias e infotainment, fácil de estacionar e com zero emissão. Apesar de não se tratar de um carro comercial, as ideias e o aprendizado absorvido no projeto poderão estar presen-

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duz na oportunidade de mostrar ao consumidor novas tecnologias, lançamentos, carros-conceito. — A empresa conseguiu o feito de ter sido a pioneira em colher informações dos usuários de seus automóveis para compor seu conceito Fiat Mio, prova da intensa interatividade da montadora com o consumidor. O lançamento do Bravo foi outro ponto alto do estande. No geral pudemos medir a excelente receptividade do público pelo alto índice de visitação do estande, o espaço mais concorrido do evento — diz. O 26º Salão Internacional do Automóvel apresentou 450 modelos (dos quais 40% são de novidades) de 42 marcas nacionais e de importados, visando a atender todos os gostos e desejos de todas as classes de consumidores. Foram apresentados modelos compactos, mais econômicos em consumo de combustíveis; dotados de ampla gama de itens de segurança; produtos com crescente participação de componentes eletrônicos, capazes de assegurar maior conforto e funcionalidade ao ato de dirigir e transportar-se por automóvel. Outro ponto alto entre os visitantes foram os veículos superesportivos e os diferentes carros de competição apresentados por fabricantes internacionais e um novo fabricante nacional desse segmento. O evento se consolidou também como plataforma de apresentação de carros conceito e de veículos híbridos e elétricos, em linha com as necessidades de redução de consumo de combustível e de emissões de CO2 e com a economia de recursos naturais não-renováveis.


italian style

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ovidades italianas no campo “high-tech” incluem não apenas acessórios, como capas para leitores digitais e MP3 players, mas também os próprios computadores portáteis, agora em versões fashion de edição limitada ou totalmente personalizáveis:

Cell Trick

Pingentes para celular da Prada com 14 cm de comprimento em materiais diversos como acrílico, metal e couro. Preço: entre € 80 e € 120 (www.prada.it)

ArtBook Donna Helen

Bolsa para notebook 15” by Donatella Lucchi Preço: a partir de € 199 (www.darty.it)

Netbook com tela de 10,1” com diversas opções de estampas femininas. Preço: € 299 (www.notebookdautore.com)

iPad Cover

Capa feminina para Ipad da Gucci com acabamento em couro (22x26 cm). Preço: € 160 (www.gucci.it)

Blackberry Gucci

Fashion Notes

Notebook da fabricante italiana Ergo com tela de 12” com configuração personalizável e capas exclusivas, em edição especial limitada, como esta da foto com cristais Swarovski. Preço: € 1750 (www.notebookdautore.it)

Capa masculina para Blackberry da Gucci em couro preto de borracha (9x12cm). Preço: € 120 (www.gucci.it)

iPhone e iPod Cover

Capa feminina para iPhone ou iPod Touch da Gucci em couro preto de borracha. Preço: € 120 (www.gucci.it)

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livro

Biografia desautorizada Jornalista italiano lança livro em que narra com admiração a carreira do atacante Ronaldo e mostra os calos do fenômeno fora de campo

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ma biografia não-autorizada sobre um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, Ronaldo Luiz Nasário de Lima, também conhecido como Ronaldo Fenômeno, acaba de ser lançada na Itália, país onde o atacante atuou em dois diversos períodos e em duas das mais importantes equipes do futebol mundial, Internazionale e Milan, ambas de Milão. O livro “La paura del buio” (“O medo do escuro”), de autoria do jornalista esportivo Enzo Palladini, mais do que trazer à tona antigas polêmicas envolvendo o jogador, apresenta uma bela compilação jornalística sobre a vida e a carreira do atacante, escrita de forma neutra, objetiva e quase sempre baseada em informações amplamente divulgadas pela imprensa. — Procuramos evitar erros e, principalmente, omissões, justamente porque é uma biografia nãoautorizada — explica Palladini, que salienta que é um livro – escri-

PAURA DEL BUIO Biografia non autorizzata di Ronaldo Autor: Enzo Palladini Editora: Indiscreto Paginas: 185 Preço: 18 euros

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Aline Buaes

Especial para Comunità

O autor Enzo Palladini

to para quem ama o futebol, com as suas luzes e as suas sombras. A começar pelo título, que faz uma referência direta ao medo do escuro, confessado diversas vezes pelo jogador, que diz dormir sempre com a luz acessa, mas também ao medo do escuro “que todos nós, apaixonados por futebol, estamos vivendo agora que se aproxima o fim da carreira de Ronie”, explica Palladini. Enzo Palladini, jornalista esportivo italiano com mais de 30 anos de experiência maturada nos principais veículos esportivos de Milão, conheceu Ronaldo trabalhando como cronista e afirma que sua principal motivação para escrever o livro é a sua grande admiração pelo jogador. — Comecei a acompanhar sua carreira ainda no Cruzeiro, através de revistas esportivas que meus amigos me enviavam do Brasil, depois sonhei em vê-lo jogar na Itália e tive a sorte de conhecê-lo pessoalmente — afirma o repórter, casado há 16 anos com uma brasileira e fluente em português. Para escrever o livro, ele reuniu materiais por 17 anos, entre recortes de revistas, entrevistas concedidas à televisões e jornais, recolheu depoimentos de

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treinadores e jogadores que trabalharam ao lado de Ronaldo e também se baseou no seu conhecimento direto, quando acompanhava o trabalho do jogador pela Internazionale de Milão. Os dois nunca chegaram a ser amigos, mas Palladini confessa que sua admiração pelo atacante o levava, muitas vezes, a “dar alguns votos a mais nas avaliações quando trabalhava no jornal Corriere dello Sport”. Quando soube do lançamento do livro, ocorrido em meados de outubro, Ronaldo comentou, através do seu Twitter, que o livro seria uma tentativa de conseguir atração mundial. “Esse cara está tentando aparecer faz tempo”, escreveu o atacante, atualmente jogando no Brasil pelo Corinthians. Palladini lamentou este fato, afirmando que não vê o jogador desde 2002 e, como era uma “biografia não-autorizada”, como tal não foi comunicada oficialmente ao jogador. — Infelizmente quando soube do lançamento, ficou sabendo apenas de algumas passagens do livro que poderiam ser incômo-

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das para ele. Mas tenho certeza que se lesse o livro com atenção se reconheceria no que eu escrevi — afirma. O volume conta a vida de Ronaldo desde a infância, quando tentou jogar pelo Flamengo mas não tinha dinheiro para pagar o ônibus, passando pelo Cruzeiro, pela Seleção Brasileira, onde começou com apenas 17 anos, pelos anos no PSV Eindhoven, no Barcelona, na Internazionale de Milão, no Real Madrid, no Milan e finalmente de volta ao Brasil, onde atua hoje pelo Corinthians. Para os amantes do futebol, o livro é uma preciosidade, pois conta a carreira de Ronaldo em detalhes, com todas as partidas, as boas e as ruins, as vitórias, as derrotas, as transferências de clubes, as frases célebres e as polêmicas que o envolveram. Uma das principais polêmicas contadas em detalhes no livro é o suposto uso de anabolizantes pelo atacante quando ele ainda atuava no futebol holandês, com a camisa do PSV. A publicação afirma que o “mistério” sobre a primeira grande lesão de Ronal-

Para Ronaldo, o autor italiano “está tentando aparecer faz tempo”


do no joelho está ligada ao rápido crescimento do esqueleto e dos músculos no período em que morou na Holanda e foi explicada pelo médico Bernardino Santi, coordenador da estrutura anti doping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que admitiu o uso de esteróides por parte do atleta e que “seus músculos se tornaram incompatíveis com a estrutura óssea de seus joelhos”. Entre os suplementos vitamínicos tomados no período, estariam anabolizantes que geraram o crescimento “fora do que a natureza havia fornecido”. Palladino afirma que todas as informações sobre o caso foram retiradas de uma entrevista concedida pelo médico brasileiro à um grande jornal de São Paulo. Para Palladino, o melhor momento da carreira de Ronaldo foi a Copa do Mundo da Alemanha de 2002, “um mês maravilhoso”. Sem ritmo de jogo e se recuperando de uma lesão no joelho, o atacante foi convocado pelo treinador Luiz Felipe Scolari para jogar o mundial e voltou a ser reconhecido, tendo conquistado a artilharia do campeonato conquistado pelo Brasil e tendo recebido naquele mesmo ano, pela terceira vez, o prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa. Palladino, no entanto, também, destaca os anos entre 1996 e 1998, quando atuava pelo Barcelona e o primeiro ano na Internazionale de Milão, como um período “ainda mais fantástico”. Sobre o pior momento da carreira dele? — Talvez a segunda lesão no tendão, quando jogava pela Internazionale em Roma contra a Lazio — responde categórico o jornalista. Na ocasião, em abril de 2000, Ronaldo voltava a cam-

A ex-mulher Milene Domingues e o primeiro filho, Ronald

po após cinco meses de recuperação de uma primeira lesão no joelho e uma semana após o nascimento do seu filho Ronald. Mal entrou em campo e seu joelho direito cedeu, provocando uma nova lesão que o deixaria fora dos campos por mais 15 meses. As Ronaldinhas Um dos capítulos do livro, intitulado “As Ronaldinhas”, se concentra sobre a vida amorosa do jogador, narrando todas as histórias conhecidas e também algumas surpresas, como um suposto encantamento de Ronaldo pela tenista russa Anna Kourkinova, em 1999. Palladini explica que narra o caso baseado em informações publicadas por jornais espanhóis da época, que contam que Ronaldo teria conhecido a tenista em um hotel de Roma durante a realização de um torneio na Itália e, em meio à aventura, o atacante teria alugado um avião particular para ir até Moscou, onde teria tentado sair para jantar com Kourkinova. — Ronaldo gostava muito de Anna, mas segundo algumas pessoas proximas à ele na época, nada teria acontecido entre eles e a tenista preferiu ficar com Enrique Iglesias, seu atual namorado — explica o jornalista. Para Palladino, o grande amor de Ronaldo é a sua atual esposa, Bia Anthony, com quem tem dois filhos. “Acredito que este seja o verdadeiro grande amor de Ronaldo, visto que sobreviveu a tantos escândalos”, explica. O relacionamento de Ronaldo com seu filho mais velho, Ronald, de 9 anos, fruto do seu casamento com Milene Rodrigues, na opinião de Palladino, “é bom, ainda que difícil pela distância que houve entre eles durante tanto tempo”. Um dos escândalos recentes vivenciados por Ronaldo e também narrado no livro é o caso, bem conhecido dos brasileiros, do envolvimento do jogador com três travestis, ocorrido na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em abril de 2008. O livro conta que

o jogador percebeu o engano já dentro de um motel, ofereceu R$ 1 mil a cada um, aceitos por dois deles e o problema teria começado quando o terceiro pediu R$ 50 mil e acabou levando a confusão para uma delegacia. Segundo Palladino, todas as informações contidas nesta parte do livro foram baseadas nos jornais e revistas brasileiros da época e ele não acredita que a morte do terceiro travesti, conhecido como Andréia Albertini, ocorrida alguns meses depois em São Paulo, tenha alguma relação com o caso. A publicação por enquanto não tem previsão de lançamento no Brasil.

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Calcio Andrea Ciprandi Ratto

Un calcio mortificato I

n tempi di grandi investimenti televisivi e commistione d’interessi con sponsor sempre più pressanti su Club sempre più indebitati è evidente che lo stretto rapporto fra tifosi e squadre, che è il sale del calcio, si sia fatto complicato e venga condizionato da fattori un tempo marginali. Le ragioni di questo nuovo scenario, quindi, non vanno ravvisate tanto nell’approccio generale della gente, che anzi dipende da quanto fatto da Società, Federazioni e autorità; semmai, vanno ricercate proprio nella politica di Club più affaristici che sportivi e in seconda battuta anche nella gestione della sicurezza. Partiamo dagli stadi e da una scelta in verità comune a molti Club in giro per il mondo che già di per sé la dice lunga su quanto poco interessino spettacolo e spettatori. Per fare i soliti nomi, il Milan da tempo relega i tifosi ospiti al terzo anello esattamente come in Spagna fanno Real Madrid e Barcellona, e da quest’anno si sta gradualmente allineando anche l’Inter. Le spagnole provano a limitare l’effetto positivo che i sostenitori altrui possono avere sulla loro squadra facendoli scomparire nella marea di quelli locali. Le due italiane menzionate, invece, hanno adottato questa soluzione principalmente perché con la poca gente che va a vedere le partite e riempie a macchia di leopardo uno stadio, San Siro, che registra il tutto esaurito non più di una decina di volte all’anno rischierebbero di sentire più i cori degli altri che quelli dei propri tifosi. Con riguardo al52

la tutela dei loro interessi è una legittima trovata; ma è anche indice di qualcosa che non va nel calcio a partire dallo spirito di chi lo gestisce. Si sa che quando le cose non vanno si tende ad irrigidirsi, ma qui ben lungi anche dal cercare di migliorare le cose si sfiora la meschinità. In Gran Bretagna, invece, dove gli interessi non sono inferiori ma gli impianti sono moderni e frequentati con entusiasmo e senza rischi da decine di mi-

invece che una sensazione di disagio e disarmo. Un discorso a parte meritano i provvedimenti tesi ad arginare i facinorosi. In Italia la violenza è incontrollata. I fatti di ItaliaSerbia, pur nella loro eclatanza, sono la rappresentazione più chiara e fedele di quanto accade settimanalmente dentro e fuori da tanti nostri stadi, ben più di ciò di cui ci parlano su giornali e televisioni. Da anni. Partendo dalla generale maleducazio-

gliaia di persone, i tifosi ospiti e financo quelli che convengono alle sfide più sentite trovano posto a ridosso del campo, essendogli concesso di stare davvero al fianco dei propri beniamini com’è giusto che sia nello sport. Dato che anche l’occhio vuole la sua parte, poi, bisogna aggiungere che la loro macchia di colore sottolinea il carattere spettacolare dell’evento e trasmette anche a chi guarda da casa gioia

ne per arrivare ai tafferugli. Per arginare questo scempio, le trasferte più a rischio continuano a essere vietate: l’ultima in Serie A è per Brescia-Napoli, mentre Genoa-Milan per esempio si è giocata senza tifosi rossoneri per anni e in generale è frequente che i biglietti per certe partite possano essere acquistati solo da chi risiede nel Comune in cui si disputano. Nel frattempo è stata introdotta la tessera del

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tifoso, una sorta di schedatura supplementare rispetto ad abbonamenti e biglietti nominativi, col solo risultato di rendere ancora più tesi i rapporti fra tifosi, organizzati o meno che siano, e autorità. Trovata rivelatasi oltretutto inefficace se non ridicola, coi bagarini che continuano indisturbati a vendere biglietti non nominativi perché gli steward raramente controllano l’identità di chi entra allo stadio oppure sono d’accordo con loro. Insomma, la ricetta giusta a questa anarchia non è stata ancora trovata, ma solo perché dirigenti e presidenti vari di Club e Federazione badano al soldo e non allo sport e contemporaneamente chi deve organizzare l’ordine pubblico giudica sempre ragionevoli e sopportabili i disagi che ci sono. Non mi riferisco chiaramente alla Polizia ma a chi le dice cosa fare. Poi, però, sono tutti pronti a ordinare un minuto di silenzio peraltro mai rispettato e spesso ridotto a pochi secondi ogni volta che ci scappa il morto. Forse perché queste categorie privilegiate vivono davvero in un mondo a parte e quei disagi non li provano sulla propria pelle... Sarà anche una dura accusa, la mia, ma quando niente di quel che non va cambia e non cambia nemmeno chi dovrebbe migliorare le cose allora il dubbio viene. L’unica certezza è che una sana passione per il calcio sia diventata un’esperienza da poter vivere solo intimamente, lontano dall’azione, oppure squallidamente se sul posto, a dispetto del fatto che si tratti di uno spettacolo.


Cultura italiana viene esaltata in varie capitali brasiliane nella Settimana che rende omaggio alla lingua di Dante

Robson Bertolino e Sílvia Souza

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espirare l’Italia per mezzo di esposizioni, mostre di cinema, letteratura, presentazioni musicali e teatrali. In ottobre, è stata questa la sensazione condivisa simultaneamente da italiani, discendenti e brasiliani di città come São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Celebrata in varie maniere, la X Settimana della Lingua Italiana nel Mondo è un evento che fa parte del calendario della politica di rafforzamento dei rapporti culturali del Bel Paese con gli altri paesi nel mondo. Con lo slogan “Una lingua per amica: l’italiano nostro e degli altri”, la Settimana è organizzata dal settore di Promozione e Cooperazione Culturale del Ministero degli Esteri italiano. La principale stella della Settimana è la giovane cantante italiana Patrizia Laquidare, di origini siciliane ma veneta di adozione, che ha presentato lo spettacolo “100 sottane”. Con la partecipazione di Alfonso Santimone al pianoforte, lo spettacolo segue una linea principale tracciata su figure, fatti, storie e personaggi femminili. Autrice, compositrice e interprete della musica leggera italiana di talento, Patrizia è diventata famosa dopo aver partecipato al 53° Festival de Sanremo con la canzone “Agisce” che ha ricevuto, nel 2002, il Premio Città di Recanati. Dallo stile originale, Patrizia fonde sonorità brasiliane ad echi mediterranei e di altre tradizioni musicali come il fado portoghese. La

passione per la musica brasiliana le ha fatto dedicare a Caetano Veloso il suo primo CD dal titolo “Per te caro Cae”, registrato nel 2001 con artisti quali Paolo Birro, Sasaki Marumo e a Orquestra de Arcos de Marco Tezza. — Amo venire in Brasile. Nella Bahia, per esemplo, mi ricordo bene della Fundação Jorge Amado. E mi piaceva già la musica, la Bossa Nova è il mio punto debole, cosí come la natura esuberante in questo paese. A volte, nei miei vieggi, mi sono presentata in bar a São Paulo. Ma questa è la prima volta ufficialmente, come in una tournée — commenta. Oltre a Veloso, Maria Rita e Marisa Monte fanno parte della lista di interpreti brasiliani che l’italiano dalla performance intimista ammira. A Niterói, regione metropolitana di Rio de Janeiro, la cantante ha rice-

Musicircus: spettacolo di marionette

vuto molti più applausi quando ha sorpreso il pubblico cantando Sonhos, di Peninha. A São Paulo, in contemporanea con la Settimana, ha avuto luogo la “2ª Settimana Giovane d’Arte e Cultura Italiana a San Paolo - Uma Itália Paulista”, realizzata presso la Livraria Cultura del Shopping Market Place. Segnato dalla grande partecipazione di giovani italiani, il punto forte di questa iniziativa è stato il concorso di fotografia che ha premiato gli autori delle tre migliori immagini concorrenti. — Questo evento è un’altra prova [per vedere] su cosa la cultura italiana è capace di lavorare, essendo uno strumento che apre le porte sul mondo. La Settimana ha un formato deciso sulla base della qualità culturale — ha mes-

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so in enfasi il console generale d’Italia a São Paulo, Marco Marsili, che si è recato sul luogo seguito dal vice-console generale d’Italia, Marco Leone, e dal direttore scolastico del Consolato Generale d’Italia a São Paulo, Augusto Bellon. Secondo l’ambasciatore d’Italia in Brasile, Gherardo La Francesca, il sentimento di italianità, la simpatia e le attenzioni riguardo gli alti valori della nostra cultura sono sicuramente un patrimonio di grande importanza che dev’essere coltivato e stimolato. Cinema La degustazione della cultura italiana continua a novembre. Perlomeno a São Paulo, sede della ormai tradizionale Settmana Pirelli di Cinema Italiano. Alla sua sesta edizione, la mostra proietta una serie di film contemporanei che saranno nei cinema della città, oltre ad una retrospettiva dell’attore e sceneggiatore italiano Ugo Tognazzi e ad un workshop da realizzare presso la Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Secondo gli organizzatori dell’evento, si mira a favorire gli interscambi culturali e commerciali nel settore cinematografico tra Brasile e Italia. Si pensa di proiettare, entro il 2 dicembre, film recenti in Italia nelle sale brasiliane. Nel 2009 la Settimana Pirelli di Cinema ha fatto venire in Brasile il regista vincitore dell’Oscar di miglior film straniero con “Cinema Paradiso”, Giuseppe Tornatore. Oltre a lui sono stati in Brasile anche il fumettista Bruno Bozzetto e l’attrice Maria Grazia Cucinotta.

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Roberth Trindade

Per la lingua

cultura

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il lettore racconta

es

Dos primeiros imigrant

cultura à manutenção da atuais, italiana nos dias de Jarinu, direto da cidade a engenheira em São Paulo, Denise Parise presta a família homenagem à su

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presença dos italianos no estado de São Paulo sempre me chamou atenção. A contar pela nossa cidade, Jarinu, se pensássemos em escrever um livro teríamos historias dos Beasin, Bêgo, Bernucci, Bonança, Bulgarelli, e pelo menos outros 20 sobrenomes. No meio de tantos clãs havia os Parise. Tudo começou em 1888 quando Vendemiale Parise e Ucila Giugne, meus bisavós, partiram no navio Bretagne, de Verona, na Itália, rumo ao

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Brasil em busca de uma vida melhor. Chegaram ao porto de Santos em 7 de agosto trazendo seus filhos João Baptista, Ida, Victória e meu trisavô Belino (pai de Vendemiale). Instalaram-se na cidade de Itatiba, permanecendo lá por dez anos dedicando-se à lavoura de café para pagarem a viagem da Itália ao Brasil, financiada pelos fazendeiros. Já no Brasil, minha bisavó Ucila Giugne teve mais quatro filhos, os gêmeos Benvenuto (meu avô) e Celestino, e Maria e Elisa. Enquanto trabalhavam, começaram a juntar mais dinheiro para comprarem terras chegando até Jarinu. Por volta de 1898, compraram terras no bairro da Moenda para trabalharem na lavoura. Meu avô, Benvenuto Parise casouse com Darcisa Bulgarelli e tiveram como filhos Lino, Natal, Herminia, Ucila, Domingos, Palmira, Helena, Bernadete e Geraldo que é o meu pai. Lavorando dia e noite conseguiram ser uma das primeiras famílias a plantar uvas na cidade, através de mudas trazidas por meu tio de Jundiaí. Era uva Santa Isabel que, depois de 1960 passaria a ser o carro chefe da nossa pacata cidade. Com a chegada da minha família novos hábitos foram inseridos no costume da população. Enquanto os homens faziam parte de bandas, as mulheres cantavam no coral da igreja, função que hoje desempenho. Meu pai, além de se ocupar com o trabalho na lavoura (até hoje); na juventude, se reunia para jogos de baralho, La mora (es-

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pécie de jogos com os dedos realizando adições), malha e bocha. Conheceu minha mãe Terezinha Mingotti, também descendente de italianos, e juntos tiveram três filhos: Dione, Roberval e eu. Minha irmã tornou-se professora, meu irmão ingressou na política e eu formei-me engenheira. Porém não me dedico apenas a cálculos e simetrias, também canto e danço. Há um ano e meio faço parte do Coral Canto à Capella, que existe há dez anos. Ele recebeu esse nome por nascer em uma capela por incentivo do pároco italiano, o Padre Domênico Cristófano. Cantamos músicas italianas de diversas regiões, principalmente as que fazem parte do folclore italiano. Temos a felicidade de sermos regidos pelo Maestro Jederson Machado, formado no exterior, que não mede esforços para o sucesso do nosso Coral. Não satisfeita em celebrar minha italianidade no Coral, também participo do grupo de dança folklorístico Stella Bianca (www.grupostellabianca.wednode.com.br). Lá estou desde seu nascimento, há três anos, e sou acompanhada por meus filhos Matheus e Mayra e por meu sobrinho Natã. O interessante de fazer parte do grupo é que nos tornamos uma segunda família. Ele é formado, a maior parte, por família e descendentes de italianos. Somos em 18 pessoas, fazemos várias peças italianas, do sul, norte e centro da Itália. Nos reunimos aos domingos, à tarde, para ensaio, num prédio cedido pela Secretaria de Assistência Social e nos apresentamos em diversas festas italianas que acontecem nas cidades de São Paulo e estados como Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de dançarmos em vários teatros e participarmos de programas de TV, como da Inezita Barroso. Nosso principal objetivo seja cantando ou dançando é fazer com que as famílias possam resgatar o que tem de melhor dentro de si: a passagem de uma história guardada ou perdida no tempo e, com isso, vamos – além de conquistar cidades e regiões escrevendo também nossa história. Denise Parise, engenheira Jarinu, SP


Retaggio calabrese Da macellaio a grande impresario, l’immigrante Francesco Leta lascia in ricordo un impero a Rio de Janeiro, frutto del suo arduo lavoro

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ome tanti altri immigranti Francesco Leta aveva lasciato l’Italia ed era venuto in Brasile accompagnando il padre alla ricerca di una vita migliore. E qui questo italiano ha costruito un impero ed ha imparato ad amare questo paese che l’ha accolto così bene. Fondatore del gruppo Zona Sul, rete di supermercati che oggi conta su 32 supermercati a Rio de Janeiro e uno a Angra dos Reis, sulla costa sud fluminense, questo calabrese di Fuscaldo è morto il 17 ottobre a 84 anni dovuto ad un enfisema polmonare. Un percorso di vita segnato dal superamento, dalle conquiste, e soprattutto dalla dedizione al lavoro. La seconda dei suoi figli, Teresa, che provava molta ammirazione per il padre, lo definisce cosí. — Fra tutti i lati buoni che non dimenticherò mai, la forza che mio padre trasmetteva, col suo essere così battagliero e combattivo, ha lasciato un segno incredibile — rivela l’italo-brasiliana. All’inizio della Seconda Guerra Mondiale Fortunato, padre di Francesco, aveva lasciato la famiglia in Italia ed era partito per il Brasile in cerca di opportunità. Così il piccolo italiano era stato costretto ad abbandonare lo studio per cominciare a lavorare e aiutare a casa. Soltanto a 21 anni Leta aveva accompagnato il padre fin qui, una delle volte che era tornato in Italia per visitare la famiglia. Il suo primo lavoro, arrivato a Rio de Janeiro, era stato in una macelleria nel centro della città. Una delle frasi più note di Leta rivela il segreto dell’italiano per raggiungere i suoi obiettivi. “In Italia le mie radici, in Brasile i miei frutti. Ho piantato con

Nayra Garofle

Francesco Leta era arrivato a Rio a 21 anni. Aveva adottato il Brasile come seconda casa e, negli ultimi 40 anni, era tornato in Italia una volta sola

amore e ho innaffiato col sudore”. Passati degli anni, era tornato in Italia per convincere la madre e i fratelli a venire in Brasile. Era stato allora, nel 1954, che aveva conosciuto donna Rosetta, che è stata sua moglie e al suo fianco fino alla fine. A causa della sua perseveranza Leta era riuscito a far venire la famiglia in Brasile e aveva continuato a lavorare duramente in terra carioca. L’italiano si era trasformato in venditore su quei camion tipo mercato che circolavano a Rio, e poi aveva montato un suo banco di vendita a Copacabana. Le sue giornate cominciavano molto presto, si svegliava all’alba per andare ai mercati generali a comprare le merci da vendere durante la giornata. Tanto sforzo era stato ricompensato. Il banco a Copacabana in breve tempo era diventato la Mercearia Nossa Senhora da Pena, nello stesso quartiere. La sua grande realizzazione è avvenuta nel 1959 quando Leta ha affidato il negozio al fratello Mario ed ha aperto la prima filiale del Supermercado Zona Sul a Ipane-

ma, all’angolo della Rua Visconde de Pirajá con la Teixeira de Melo. Da quel momento la rete ha continuato a crescere. Dieci anni fa l’italiano aveva lasciato l’amministrazione a carico dei figli, con a capo quello più grande, Fortunato, che aveva ereditato il nome del nonno. Ma anche così era lui, il patriarca, che diceva l’ultima parola per decidere le cose più delicate. — Mio padre era un uomo estremamente onesto, la bontà personificata nei suoi rapporti con gli esseri umani. Trattava gli impiegati con molto rispetto e era una persona molto forte — racconta Teresa.

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memoria Nonostante nutra grande rispetto per la propria nazionalità, la figlia dice in confidenza che il padre si considerava più brasiliano che italiano. Tanto che negli ultimi 40 anni Leta era tornato in Italia solo una volta. — Provava un amore sincero per il paese che lo aveva accolto. Non aveva negato la sua nazionalità, ma era sotto gli occhi di tutti l’affetto che provava per il Brasile — dice. L’imprenditore Luigi De Felice è cliente del Zona Sul da molti anni. Il contatto più stretto con la famiglia di Francesco era attraverso suo fratello Mario Leta. De Felice era socio di una impresa di importazioni a Rio e conosceva già la storia di Chico, come Francesco era conosciuto. La più nota era quella riguardo il supermercato di Ipanema. De Felice racconta che a causa dell’esistenza di una favela in prossimità del supermercato, gli uomini della sicurezza dovevano vigilare molto attentamente a causa dei furti delle merci. Gli abitanti della favela erano aiutati da Leta e ciò contribuiva ad un rapporto pacifico fra le parti. — So che un giorno Chico aveva sorpreso un ragazzo che rubava. La madre del ragazzo era una di quelle persone che lui aiutava. Chico aveva preso il ragazzo per la collottola e l’aveva portato fino a casa sua in cima alla favela. La madre, disperata, aveva chiesto scusa e l’aveva pregato di trovare un lavoro al figlio per aiutarlo a non perdersi. La grande idea di Chico era stata di far lavorare il ragazzo come controllore alle vendite. Siccome il ragazzo conosceva gli abitanti della favela il problema dei furti era risolto — racconta De Felice mentre conferma l’ammirazione che prova per Francesco Leta. — E’ stato uno di coloro che hanno aiutato a rendere più civile questo paese, come tanti altri italiani. Ho conosciuto i fratelli Leta durante la mia vita professionale e li ho sempre ammirati perché, come me, sono arrivati “con una mano davanti e una di dietro”, come si usa dire, e hanno fatto storia. L’imprenditore, che amava coltivare il suo orto ed allevare gli animali in una fattoria a Vargem Grande, nella zona ovest di Rio, ha lasciato la moglie e i figli Fortunato, Teresa, Marisa, Marcia, Pietroangelo e Renata, oltre a 15 nipoti.

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ROMA Lisomar Silva

Brasil em Roma

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eserve uma tarde para conhecer o Palácio Doria Pamphili, sede da Embaixada do Brasil em Roma, entrada da Piazza Navona. É possível programar essa breve mas interessante visita inscrevendo-se junto ao site da Embaixada, que prevê um encontro por semana com um guia especializado. Organize seu calendário e divirta-se!

Grandes autores vênetos

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Academia Carrara, localizada na majestosa cidade de Bérgamo (norte da Itália) emprestou 80 preciosas obras de arte ao Chiostro Bramante, um antigo espaço romano dedicado a exposições especiais no centro histórico de Roma, a poucos passos da Piazza Navona. Trata-se de uma coletânea de altíssimo nível, que compreende três sé-

Van Gogh, bucólico e urbano

Coliseu do terceiro andar

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ais de 110 obras, entre quadros a óleo, aquarelas e esboços em papel simples, revelam o percurso tormentoso e criativo do grande maestro holandês da pintura. Uma explosão de cores e formas manifestam a visão que Vincent Van Gogh nutria, transpondo para seus quadros a síntese da vida no campo e na cidade. Dificilmente você vai encontrar tantas obras vindas de vários museus no mundo inteiro e reunidas em um único evento cultural. A mostra inclui também 30 obras de importantes autores contemporâneos de Van Gogh, como Cezanne, Gauguin, Pissarro e Millet.

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culos de pintura com quadros de célebres autores como Tiziano, Giovanni Bellini, Tiepolo, Tintoretto e Lorenzo Lotto entre outros. Quase todos imprimem uma visão laica e racionalista, dedicando suas obras a temas religiosos como a paisagens da região Vêneto e aos famosos canais venezianos. Vale a pena dedicar seu tempo a obras únicas e maravilhosas.

Vecchia Roma gulosa

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e você se encontrar no antigo bairro romano de Monti, nas proximidades da Piazza Vittorio, dê uma chegada a uma antiga Trattoria que recebe seus clientes com ótimos pratos de massas e cardápio a bom preço. Certamente, você vai curtir a atrmosfera alegre desse bairro multiétnico e os pratos típicos da cozinha romana. Se quiser, peça uma pizza, mas não deixe de completar sua refeição com uma deliciosa fatia de torta caseira tradicional.

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uase 19 mil turistas que visitam diariamente o Coliseu, poderão admirar um novo panorama da cidade de Roma. Após a conclusão da primeira fase de restauração do célebre monumento, é possível subir até o terceiro nível, o mais alto, e viver uma experiência surpreendente. A perspectiva ótica da Cidade Eterna é das mais originais. Além disso, agora pode-se visitar também os espaços subterrâneos onde os gladiadores se preparavam antes de enfrentar seus adversários na arena no periodo do Império romano. As obras de restauração continuam, mas o Coliseu permanece aberto aos visitantes. Aproveite!


Sapori d’Italia Nayra Garofle

Bom castigo Aos 14 anos, Sauro Scarabotta foi obrigado a trabalhar em um restaurante. O resultado: tornou-se chef e depois proprietário do Friccò

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Fotos: Divulgação Friccò

ão Paulo - Quando recebeu como castigo trabalhar os três meses de férias num restaurante porque havia sido reprovado no ano escolar, Sauro Scarabotta, de 45 anos, não imaginava que sua vida mudaria tanto. O italiano, com então 14 anos, descobriu que a pena imposta, na verdade, tratava-se da sua grande paixão. E nunca mais parou de se dedicar à arte da culinária. Hoje, depois de 31 anos, Scarabotta é o proprietário do Friccò, restaurante que virou referência de boa mesa na Vila Mariana, em São Paulo. A vinda de Scarabotta para o Brasil está relacionada ao amigo e chef Giancarlo Bolla, que o convidou para realizar um festival de comida italiana em seu restaurante, o La Tambouille, em São Paulo. Os clientes deviam escolher entre o cardápio da casa e àquele criado pelo recém-chegado italiano. — Em algumas noites, 80% dos pedidos eram do meu cardápio. Os clientes e o Giancarlo gostaram e ele me pediu para que repetisse o festival no outro restaurante, o Leopolldo Plaza. Nesta época, o Giancarlo inaugurou o Bar des Arts e trabalhei como chef da casa de 1995 a 1997. Foi muito bom, mas bem cansativo e por isso resolvi sair — conta. Antes de se estabelecer no Brasil, Sauro já havia passado por grandes redes de hotéis, como o Sheraton e Hyatt, na Alemanha, Japão, Chile e Argentina. Mas foi aqui que o italiano decidiu abrir seu próprio espaço. Conheceu a esposa ítalo-brasileira, Rita Matarazzo Russo e, com ela, resolveu “testar” o bairro da Vila Mariana, já que o mesmo não tinha tradição em restaurantes. Em 1997, o restaurante era apenas uma loja de congelados e rotisserie e se chamava Friccò di Frango. — Mas percebemos que a rotisserie não daria certo porque os clientes precisavam de um lugar para estacionar rapidamente. Então, investimos nos congelados. Veio uma crise, as pessoas começaram a economizar e manter um freezer ligado para guardar os congelados já não era mais costume dos clientes. Foi aí que começamos a investir no restaurante. Na época, de 12 lugares passamos para 21 — diz. O nome do restaurante, posteriormente simplificado, faz referência a uma receita tradicional de Gubbio, cidade natal do chef, localizada na região da Úmbria. O prato, que pode ser preparado com diferentes tipos de carne (refogada com vinho branco seco, azeite extravirgem, alecrim, alho e tomates frescos), é um dos grandes sucessos do Friccò e está sempre presente no cardápio. Sempre pensando nos clientes, Sauro Scarabotta desenvolveu um projeto chamado “Piquenique do Friccò”. Com o objetivo de aproximar as pessoas à vida no campo, o chef promove um passeio a sítios de produtores parceiSauro Scarabota trouxe o friccò para o Brasil ros do interior de São Paulo.

Friccò de Frango com espaguete na manteiga e sálvia Ingredientes: 2 pedaços de peito e 4 sobrecoxas de frango cortados em pedaços graúdos; 4 tomates maduros, em cubinhos; sem pele e sem semente; 2 dentes de alho; Pimenta do reino a gosto; Azeite de oliva italiano; ½ copo de vinho branco; Alecrim; 250 g de espaguete 30 g de manteiga Sal 4 folhas de sálvia. Modo de preparo: Temperar os pedaços de frango com sal, pimenta do reino e alecrim. Grelhar os pedaços de frango em azeite e reservar. Em uma frigideira funda, dourar o alho em azeite e colocar os tomates, em seguida colocar o vinho e o frango e deixar cozinhar por três minutos. Acrescentar mais um pouco de alecrim picado. Cozinhar o espaguete ao dente em água salgada e fervente. Temperar com manteiga derretida e sálvia Sauro Scarabotta também anda preocupado com a questão da sustentabilidade. Ele conta que não viveu no tempo da guerra, mas recebeu uma educação na qual aprendeu a economizar, a não jogar fora o que pode ser reaproveitado. O restaurante tem um sistema de captação da água da chuva e é com esta água que os funcionários lavam a cozinha, a calçada e o piso do salão. Na decoração do Friccò, há uma parede inteira feita com caixas de madeira de vinho e garrafas. E por falar em garrafas, o restaurante tem uma adega com três mil garrafas e 500 rótulos na carta de vinho. Atualmente, depois da reforma realizada no ano passado, são 90 lugares oferecidos e 16 funcionários para atender os clientes da melhor forma possível. A receita divulgada nesta edição não poderia ser outra: Friccò di Frango, um dos primeiros pratos que Scarabotta preparou para a esposa quando a conheceu.

Serviço: Rua Cubatão, 837- Vila Mariana - São Paulo - Tel.: 11 5084-0480

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La gente,

il posto Claudia Monteiro de Castro

As gostosuras do bairro do Ghetto

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bairro Ghetto em Roma, que faz parte do centro histórico, fica pertinho de uma das margens do rio Tibre. É o tradicional bairro judeu da cidade, com uma belíssima sinagoga. O bairro é famoso também pela sua cozinha hebraico-romana. Um dos pratos principais são alcachofras fritas, que podem ser encontradas em diversos restaurantes do bairro. Dal Pompiere, Piperno, Gigetto, Sora Margherita são os mais famosos. Mas além dos restaurantes, duas docerias do bairro deixam os clientes com água na boca. Uma delas, Boccione, faz deliciosas tortas de ricota com visciole, uma espécie de cereja, e de ricota com chocolate. Outra, Dolce Roma, faz doces austríacos, americanos e tantos outros. Uma verdadeira delícia de bairro.

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Um hospital no rio Tibre

hospital Fatebenefratelli, em Roma, nunca será a mesma coisa para mim. Antes, era apenas uma das atrações da Isola Tiberina, única ilha no rio Tibre, junto com um restaurante, uma igreja, uma farmácia, uma lanchonete e uma sorveteria. Mas depois que nasceram dia 26 de julho deste ano às 23h28 e 23h30 meus pequenos romaninhos Francesco e Antonio, sinto um arrepio cada vez que passo pela recepção. Como aconteceu ontem à noite, quando tive que voltar ao hospital para uma consulta com meu médico obstetra. O hospital estava silencioso e vazio, um contraste com o ambiente durante o dia, quando é uma verdadeira balbúrdia. E no silêncio, as sensações dos dias anteriores pareciam ainda mais nítidas. Encontrei no corredor uma das grávidas internadas, no caso dela, com um problema de trombose. Agora ela estava em êxtase: seu filho tinha acabado de nascer. Os meus tinham nascido há duas semanas e meia. Que vontade de chorar! As lembranças recentes me invadiram o coração. No dia antes ao parto, um domingo ensolarado, do corredor ao ar livre, pude apreciar a festa típica de Trastevere, de Noantri, na outra margem do rio, com música e muita baderna. Eu olhava tudo, aguardando ansiosamente este momento tão desejado da minha vida e tão adiado. Fiquei uma semana no hospital, esperando o dia certo do parto, afinal um dos bebês estava com pressa de nascer, estava sofrendo o espaço restrito junto com o irmão. O médico me internou por segurança. Conheci tantas futuras mamães durante este período, muitas com situações complicadas, como tri-

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gêmeos, ou ainda esta moça com trombose e outras, cada uma com a sua história, mas sempre no rosto estampado uma alegria descontrolada, devido à aproximação deste grande evento na vida de toda mulher (e de todo homem também!) O momento do parto foi escolhido em cima da hora, foi tudo tão rápido e eu que tinha medo até de injeção e pavor de hospital, fiquei razoavelmente tranquila graças a um médico atencioso e a presença do meu companheiro e de amigos que esperavam do lado de fora. Minha família chegou do Brasil no dia seguinte, afinal, não dá para se prever quando um parto é antecipado. Que maravilha! Meia hora depois do parto já pude ver os dois pequenos do meu lado na incubadora, dando chutinhos no ar e, algumas horas depois, já estavam comigo no quarto. Durante três dias, recebemos a visita de familiares e amigos, mas no quarto dia tivemos a notícia de que, por serem ligeiramente prematuros, deveriam ir para terapia sub-intensiva, por segurança. E por duas semanas ficamos separados. Podia visitá-los, fazer cafuné, trocar fralda, dar mamadeira, mas que ansiedade de levá-los pra casa! Tudo estava pronto a espera dos dois pimpolhos: os berços, os carrinhos, a cômoda com mil roupinhas, tudo o que tinha sido sugerido por minhas irmãs e amigas. Finalmente deram alta, primeiro para o Francesco e depois para Antonio... Voltar neste hospital me dá uma emoção enorme, pois foi onde vivi lindos dias da minha vida, uma realização com a qual sonhava há pelo menos dez anos. E que por sorte, razões divinas ou espíritas ou sabe-selá-porque veio em dose dupla!

Novembro 2010




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