Revista Comunità Italiana Edição 152

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Extremo Berlusconi vai a julgamento e população vai às ruas pedir basta

Vaticano Os mistérios da Biblioteca da Igreja

Casamento Casal mostra que internet é uma aliada também para as contas www.comunitaitaliana.com

Rio de Janeiro, fevereiro de 2011

Ano XVII – Nº 152

Destino

dos sonhos

ISSN 1676-3220

R 7,00 R$ 11,90

Bahia desperta interesse de turistas em busca de história, mar e carnaval. Confira os encantos do estado símbolo da miscigenação e da alegria

Entrevista exclusiva com a brasileira que ‘frequentava’ Berlusconi




J a n eiro de 2011

Ano XVII

Nº151

Nossos colunistas 07 | Cose Nostre A presidente Dilma Rousseff é convidada de honra do presidente Giorgio Napolitano à Festa da República italiana

10 | Fabio Porta Quando e perche’ la vita privata di Berlusconi si e’ trasformata in un caso di Stato

11 | Ezio Maranesi Unità d’Italia: Moderiamo il suono delle trombe e delle fanfare. D’Azeglio disse che bisognava fare gli italiani e gli italiani ancora non sono stati fatti

37 | Paride Vallarelli Se il Brasile ride per il momento felice e il futuro prospero, l’Italia non se la gode e piange

48 Os mistérios da Igreja Católica e as belezas dos espaços da Biblioteca Apostólica Vaticana estão acessíveis ao público

58 | Claudia Monteiro De Castro O agriturismo na Itália e a arte do ócio

Atualidade

Política

Sociedade

CAPA

12 | Solidariedade

20 | Triste show

O importante trabalho da Cruz Vermelha na tragédia que atingiu a Região Serrana

A repercussão internacional da política italiana causa preocupação e constrangimento em cidadãos pelo mundo

24 | Casamento on line O sonho do

30 | Fascínio site indica Salvador como um dos destinos maravilhosos do mundo. Os encantos do estado da Bahia são contados pelo secretário de Turismo, Domingos Leonelli

15 | Entrevista Um

matrimônio realizado com a ajuda da Internet

dos nomes mais importantes da Igreja Católica, Dom Felippo Santoro foi a pessoa mais acionada diante do caos

16 | Mobilização geral Manifestações tomam conta das ruas e das praças italianas, pedem o fim dos escândalos e a saída do primeiro ministro Silvio Berlusconi

18 | Ping-pong com a brasileira que frequentava a casa de Berlusconi. Em seu celular, Michele Conceição tem o número particular do premier com a descrição “Papi”

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Economia 26 | Boom no comércio bilateral entre Brasil e Itália 28 | Moda verdeamarela com fôlego para exportar. Artesanato amazonense ganha espaço



Editorial

Expediente

Processo italiano do século

E

xiste o risco iminente desta legislatura italiana do presidente do Conselho de Ministros, Silvio Berlusconi, acabar numa audiência de tribunal. Está marcado para o dia seis de abril o início do que está sendo considerado o maior processo italiano de todos os tempos. Com a acusação de abuso de poder e prostituição infantil, o político mais famoso da Itália após Mussolini, irá enfrentar uma opinião pública internacional voraz que, em sua grande maioria, torce para a magistratura. E desta vez, os holofotes estarão sobre Berlusconi e três mulheres vestidas discretamente. As juízas Carmen D’Elia, Orsolina De Cristofaro e Giulia Turri são as responsáveis pelo julgamento do chefe do governo. Só para se ter uma ideia do fenomeno midiático que deverá ser o rotulado “bunga bunga show” (alusão ao suposto rito utilizado nas festas envolvendo prostitutas oferecidas por Berlusconi), nos Estados Unidos prepara-se a maior cobertura jornalística de um julgamento dos últimos anos. Jornais, Tvs e sites contrataram opinionistas, psicólogos e sociólogos para explicar ao americano médio o escândalo com todos os detalhes. Sabe-se que os americanos adoram espetáculos deste gênero e estão órfãos de casos como o de OJ Simpson e Michael Jackson. Mas por mais que a grave crise política italiana cause espanto no mundo, Berlusconi garante que seguirá em frente e acusa a magistratura de ser comprometida com a oposição de esquerda. Incitar cidadãos aliados às suas ideias contra a instituição dos juízes é perigoso para a sociedade italiana. Se quiser garantir seu mandato, ele deverá continuar a garantir maioria no Parlamento ou então ir às urnas. Isso se uma sentença não retirá-lo antes do cargo no Palazzo Chigi. Nesta edição trazemos mais informações sobre esse cenário e mostramos as reações de líderes da comunidade italiana no Brasil. Enquanto isso, embaixadas e consulados se preparam para possíveis eleições antecipadas, para orPietro Petraglia ganizar os procedimento do voto dos italianos no exterior. Editor

 Na capa desta edição, contrastando com o clima na política, trazemos toda a alegria da Bahia. Estado que traduz sua alma nas artes, na história e na beleza de seu território. Considerada a terra do carnaval o ano inteiro, sua capital, Salvador foi eleita num guia italiano como um dos dez destinos dos sonhos. Secretário responsável pelo Turismo, Domingos Leonelli, declara que os turistas italianos somam mais de 50 mil por ano e que entre os baianos mais famosos estão muitos frutos da miscigenação com a Itália, como Dorival Caymmi e Carlos Marighella. “Eu mesmo sou oriundo de um anarquista italiano, que chegou aqui no Brasil no fim do século XIX, e de uma linda mulata baiana, a minha bisavó”, orgulha-se Leonelli. Que a Bahia, “de todos os santos”, ilumine nossos caminhos e nos contagie de alegria. Boa leitura!

Fundada

em

março

fevereiro 2011 | comunitàitaliana

1994

Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 16/02/2011 às 14:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Janaína Cesar; Leandro Demori; Lisomar Silva REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Divulgação Colaboradores: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch CorrespondenteS: Ana Bizzotto (São Paulo); Guilherme Aquino (Milão); Janaína Cesar (Treviso); Leandro Demori (Roma); Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno); Robson Bertolino (São Paulo) Publicidade: Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 comercial@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista. La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220

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de


cosenostre Julio Vanni

Convite a Dilma m ocasião do sesquicentenário da unificação ita-

E

liana, o presidente Giorgio Napolitano convidou a presidente Dilma Rousseff para as comemorações da festa da República, celebrada em 2 de junho. De acordo com o secretário da Presidência do Conselho de Ministros, Gianni Letta, também serão chamados os 26 líderes dos países-membros da União Europeia, os presidentes da Argentina e do Uruguai, mais os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia. A presença de Dilma Rousseff ainda não foi confirmada.

Mundo moderno s católicos que se sentem mais confortáveis com o uso da tecno-

O

logia do que com os sacramentos da Igreja agora podem usar um aplicativo para o iPhone que custa US$ 1,99 para ajudá-los no processo de confissão. O Confessions permite que o fiel faça uma lista dos pecados cometidos e exames de consciência com base em fatores pessoais, podendo verificar quais são os deslizes recorrentes e quando eles aconteceram. O lançamento acontece pouco depois do Papa Bento XVI pedir aos fieis que usem a tecnologia para fazer o bem. No dia 24 de janeiro, a autoridade máxima da Igreja convidou especialmente os jovens a “fazerem bom uso da sua presença no mundo digital”.

Interesse

Capital dalorença Europa será a capi-

A

tal da Europa entre os dias 6 e 10 de maio, quando hospedará a primeira edição do Festival da Europa, idealizado pelo Instituto Universitário Europeu, com sede na cidade. Na programação há mostras, espetáculos, shows, seminários e palestras. Entre os dias 7 e 8 também acontecerá a ‘Noite Azul’, 27 horas de atrações ininterruptas. Por ocasião do Festival, no dia 9 de maio será comemorado o ‘Dia da Europa’. O evento tem o apoio da Presidência da República italiana e o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores.

Divulgação

F

A

comunidade italiana por aqui tem um bom motivo para se orgulhar: a Embaixada da Itália no Brasil se tornou, este mês, a primeira sede diplomática no Brasil a utilizar energias renováveis em seu fornecimento energético. Na presença do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que elogiou a iniciativa, o embaixador Gherardo La Francesca apresentou o projeto. A planta solar é composta por 405 módulos de painéis fotovoltaicos dispostos sobre a cobertura do prédio com uma capacidade instalada de aproximadamente 50 kWp. O projeto, que se encaixa no programa “Farnesina Verde”, do Ministério de Relações Exteriores da Itália, é realizado em parceria com a Enel Green Power, a Companhia Energética de Brasília CEB, a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, a Fiat e a Itaipu Binacional.

Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 chamam a atenção das empresas europeias como uma excelente oportunidade. Segundo acordo recente entre Confindustria e o Instituto Italiano para o Comércio Exterior, a Itália é o país da UE com o maior número de empresas interessadas.

Musillo Embaixada italiana tem

A

novo adido comercial. O nome escolhido para comandar o cargo de Capo dell’Ufficio Economico Commerciale, tão importante nesses tempos, é do experiente Cristiano Musillo. Entre outras coisas ele foi responsável pelo departamento de Imprensa e Comunicação da Farnesina.

Ferrari pela Tapas e beijos Vilões da história e acordo com um estudo realizaUnificação specialistas da Associação Italiana divulgou o nome do novo carD do em seis países do Velho ConEgos)degarantem Ginecologia e Obstetrícia (SiAFerrari ro da temporada 2011 de Fórmula-1. tinente, as famílias italianas são as que a internet e o álcomais unidas, mas também as mais briguentas da Europa. As conclusões da pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos indicam que mais da metade dos italianos (56%) passam mais de duas horas diárias com seus próprios filhos, e para 26% deles este tempo dobra ou triplica. Ainda segundo a pesquisa, Espanha (38%), Itália e Inglaterra (29%) são os países onde mais se briga em família. Além disso, os italianos (64%) estão entre os europeus que acreditam que as relações entre pais e filhos são mais difíceis do que no passado.

O modelo deste ano se chamará F150. A escolha foi uma homenagem aos 150 anos da unificação da Itália, feito conseguido em 1861 e que marcou o país. “A Ferrari é uma expansão da excelência italiana, da criatividade e do talento. Todos os homens e mulheres que colocaram esforço e paixão em seu trabalho em Maranello dividem o orgulho e a responsabilidade de representar o nosso país em todo o mundo. É com este espírito que escolhemos aos dedicar o carro a um evento que é tão importante para a Itália”, disse o presidente da escuderia, Luca di Montezemolo.

ol são os primeiros inimigos da vida a dois. O tempo gasto nas redes sociais ‘rouba’ o espaço às fantasias sob os lençóis, enquanto que o consumo de bebidas alcoólicas só piora o desempenho. O estudo mostra que um a cada três jovens está insatisfeito com sua vida sexual, enquanto que um em cada dois bebe álcool para se sentir “mais ativo” na cama, mas o que consegue é o efeito oposto. No caso das mulheres, a situação não é muito diferente: uma em cada quatro apresenta uma perda crônica do desejo.

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Opinião enquetes Calendário com mulheres nuas é proibido por agência na Itália por considerá-lo ofensivo. É justo?

Sim - 70% Não - 30% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 18/01/11 a 25/01/11.

A região do Vêneto quer boicotar autores que apoiam Battisti. Você concorda?

Não - 66,7% Sim - 33,3% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 25/01/11 a 28/01/11.

49% dos italianos acham que Berlusconi deveria se demitir. Você concorda?

Sim - 91,7% Não - 8,3% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 28/01/11 a 01/02/11.

Igreja Católica aprova aplicativo de confissão online para o iTunes. Você usaria?

Sim - 57,1% Não - 42,9% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 11/02/11 a15/02/11.

frases ‘’Nasci velha e depois fiquei jovem como Brad Pitt no filme ‘O curioso caso de Benjamin Button’”,

brinca Anna Tatangelo, cantora de 24 anos que participa pela sexta vez no Festival de Sanremo, pelo fato de aparentar menos idade do que tem.

“Há quatro anos eu descobri, quando estava no Milan, que sofria de um distúrbio que se chama hipotireoidismo. É um distúrbio que desacelera o metabolismo e que para controlá-lo é necessário tomar alguns hormônios proibidos no futebol por poder acusar doping. Imagino que muitos devem estar arrependidos por terem feito chacota sobre o meu peso, mas eu não guardo mágoa de ninguém.”,

“Ouvi de amigos de Bologna e eles me disseram que foi um evento maravilhoso. Havia tantos homens, a dignidade é um valor importante”,

Ronaldo, o fenômeno, ao explicar os motivos de sua aposentadoria no futebol.

Gianni Morandi, cantor italiano, sobre as manifestações das mulheres contra Silvio Berlusconi.

“A Fiat é uma grande multinacional que está se expandindo pelo mundo, mas o seu coração continua italiano”,

“Todas as mulheres que tiveram chance de me conhecer sabem quanto é minha consideração por elas: sempre as valorizei ao máximo, seja nas minhas empresas ou na política, porque são melhores, mais inteligentes, mais responsáveis”,

Paolo Romani, ministro italiano do Desenvolvimento, após uma reunião entre o premier Silvio Berlusconi e outros representantes do Executivo, com o presidente. do maior grupo industrial do país, John Elkann, e o CEO Sergio Marchionne

Depois da manifestação do dia 13 de fevereiro, que reuniu mais 500 mil mulheres na Piazza del Popolo, em Roma, contra o seu governo, Silvio Berlusconi, tenta refazer sua imagem com as eleitoras.

cartas

“P

arabéns pela capa da última edição! Sempre gostei do futebol de Leonardo e vê-lo atuar na Itália como técnico é sempre um grande prazer. Acho que o convite para comandar a equipe da Inter de Milão veio em boa hora. Ele me parece uma pessoa íntegra e de bom caráter, por isso, acho que merece o posto. Reinaldo Gentile Guimarães – São Paulo – SP – por e-mail

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“L

i a matéria “Dr. Google”, da última edição, e me identifiquei demais com o tema. Sou uma pessoa curiosa e sempre utilizo a internet para me informar sobre doenças e remédios também. Acho importante fazer esse alerta para que as pessoas fiquem atentas ao perigo das informações erradas. Kátia Bianchini – Rio de Janeiro – RJ – por e-mail


Serviço agenda

Ordem e Progresso (SP) Diversas tendências vanguardistas são percorridas em

naestante O Dom do Crime Tradutor, ensaísta e poeta premiado, Lucchesi volta seu talento para outro gênero e se lança, pela primeira vez, ao romance. Com um narrador-autor, não identificado, conta uma história para o futuro no século XIX. Um homem que, ao ser aconselhado pelo médico a escrever suas memórias, se lança não para a própria vida, mas sobre um crime passional, notícia no Rio de Janeiro de Machado de Assis. Esse misterioso narrador traça paralelos curiosos entre este assassinato, o julgamento que absolve o marido supostamente traído e a obra mais aclamada de Machado, Dom Casmurro. Editora Record, 160 páginas, 29,90 reais. Mais Escuro que a Meia-Noite A obra de Salvo Sottile é romance de sangue, amor e morte em ritmo cinematográfico. Em meados dos anos 1980, Nino Giaconia entra para uma das mais famosas famílias mafiosas da Itália: os Corleones. Junto com o cunhado Gaspare, que logo se torna o boss, ele conquista a fama de matador impiedoso e sem escrúpulos, inteiramente dedicado aos interesses da Cosa Nostra. O que o diferencia dos demais da organização é que, para ele, a esposa está em primeiro lugar. Ou estava. Editora Bertrand Brasil, 378 páginas, 44 reais.

Salão Internacional do Móvel (Milão) De 12 a 17 de abril, Milão volta a receber os olhos do mundo no salão que apresenta as novidades no setor de móveis e decoração. O Salão Internacional do Móvel chega a sua 50ª edição tendo o apoio dos paralelos Euroluce, Salone Ufficio, Salone Satellite. Em 2010, o evento recebeu 297 mil visitantes, provenientes de 145 países, e 2.500 expositores, área expositiva: 2.500 m². No site oficial (www.cosmit.it) é

DIvulgação

ca, desse universo partidário. É política como maneira de estar no mundo, de se relacionar com os outros”, diz o curador Agnaldo Farias. Obras dos mineiros Cinthia Marcelle, Rosângela Rennó, Matheus Rocha Pitta e Tamar Guimarães também estão no recorte escolhido para a cidade. Informações: (31) 3236-7400. Entrada franca.

Ordem e Progresso: Vontade Construtiva na Arte Brasileira mostra que o Museu de Arte Moderna (MAM) exibe até 3 de abril. Formada por oitenta obras, todas do acervo do museu, a montagem parte de um conceito definido por Hélio Oiticica em 1967, no texto escrito para a exposição Nova Objetividade Brasileira. Ele definia o termo “vontade construtiva” como a forma encontrada aqui de assimilar aspectos culturais do exterior, digeri-los e, então, criar algo totalmente novo e com personalidade própria. A curadoria é de Felipe Chaimovich. A seleção vai de artistas concretistas e neoconcretistas, caso de Lygia Pape e Lothar Charoux, a nomes da videoarte como Mauricio Dias e Walter Riedweg, passando por fotografias de Brasília registradas por Thomaz Farkas e Mauro Restiffe. O período do regime militar rende trabalhos mais politizados, entre eles os de Regina Silveira. Sobressai também a presença de Beatriz Milhazes, autora da pintura Love, e de Cildo Meireles, com a instalação Camelô. Parque Do Ibirapuera, s/ nº. Tel.:(11) 5085-1300.

possível encontrar maus detalhes da programação. E a Câmara Ítalo-Brasileira de Santa Catarina organiza comitiva de empresários e artistas interessados em conhecer novas tecnologias e alternativas para a decoração de ambientes. Contato: (48) 3027 2710 ou promo@brasitaly.org.

clickdoleitor Arquivo pessoal

29ª Bienal de Artes (MG) Com obras de Hélio Oiticica, Lygia Pape e outros nomes da produção artística contemporânea, a capital mineira abriga até o dia 20 de março, no Palácio das Artes e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, um recorte da 29ª Bienal de Arte, realizada no fim do ano passado, em São

Paulo. Batizada de “Obras Selecionadas”, a itinerância traz cerca de 190 dos 800 trabalhos da edição que buscou expor as interseções entre política e arte. “A intenção é escapar dessa visão muito primária da políti-

DIvulgação

Festa da Vindima (RS) Quem aprecia a cultura italiana já pode se programar para visitar a XII Festa Nacional da Vindima – Uma colheita de aromas e sabores, que acontecerá em Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, no período de 18 de fevereiro a 13 de março de 2011, sempre nas sextas, sábados e domingos. O evento, promovido pela Associação Comunitária Fenavindima e pela Prefeitura de Flores da Cunha, conta com shows regionais e nacionais, exposição agro-industrial, desfiles de carros alegóricos, comida colonial e alta gastronomia, harmonizados com os excelentes vinhos da região. Parque da Vindima Eloy Kunz (Avenida Vindima, 1000 – Flores da Cunha). Informações: www.fenavindima.com.br.

“M

oro na Itália há e em março do ano passado eu e meu marido comemoramos nosso segundo ano de casamento viajando. Essa foto foi feita em Florença, no Jardim de Boboli, um lugar encantador! Dentro do Jardim tem o Museu da Porcelana e dali tem-se uma maravilhosa vista para um castelo. Só visitando para acreditar em tanta beleza reunida! Léia Silva Francavilla al Mare, CH — por e-mail

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opinione FabioPor ta

Il paese del “bunga bunga” Quando e perché la vita privata di Berlusconi si è trasformata in un “caso di Stato”

H

o provato più volte, in questi giorni, a immaginare cosa sarebbe successo in Brasile se il Presidente Lula avesse avuto nel corso del suo mandato comportamenti simili a quelli (ormai mondialmente conosciuti) del capo del governo italiano, Berlusconi. Come avrebbero reagito, per esempio, l’opinione pubblica brasiliana se Lula – dopo una intensa giornata di impegni istituzionali in Italia – avesse organizzato presso l’hotel dove era ospitato un festino a luci rosse con tanto di danzatrici del ventre e streap-tease; o, ancora, cosa avrebbe scritto la stampa brasiliana se il loro Presidente fosse intervenuto presso la polizia di San Paolo per fare liberare una prostituta minorenne con la motivazione che si tratterebbe della “nipote di Obama o di Chavez”. L’ipotetico paragone potrebbe continuare con fatti o episodi ancora più imbarazzanti: proviamo ad immaginare una lunga sequenza di “feste private” organizzate presso la ‘Granja do Torto’ alla presenza di decine di donne seminude lautamente compensate per la propria presenza… Questo parallelismo mi aiuta ad esprimere un concetto importante; anzi, un principio, sancito dall’articolo 54 della Costituzione italiana: chi ricopre incarichi pubblici è tenuto ad adempiere al proprio dovere con “disciplina ed onore”. Non si tratta di interferire in maniera impropria e non dovuta sulla vita privata, sacra ed inviolabile, di qualunque cittadino (politici compresi), ma di esigere da chi ha responsabilità pubbliche e soprattutto di governo 10

comportamenti e azioni consone al proprio mandato. Da alcuni anni il confine tra la vita privata e quella pubblica di Silvio Berlusconi è diventato pericolosamente labile e melmoso, e questo non per la pruderie di alcuni giornali scandalistici o per l’ossessione di alcuni magistrati; sono gli evidenti e ripetuti eccessi del Presidente del Consiglio italiano a contribuire a questa situazione imbarazzante, che negli ultimi mesi ha riportato sulle prime pagine di tutti i giornali del mondo

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l’immagine stereotipata di un Paese poco serio e ormai abituato (forse rassegnato) ad essere governato da un personaggio sempre più folcloristico e grottesco. “Il vostro capo del governo – mi ha recentemente detto un autorevole politico straniero – dà l’impressione di trascorrere le giornate difendendosi dai processi e le nottate in interminabili feste private; sarebbe interessante sapere – concludeva – quando trova (se lo trova) il tempo per governare!” Sono convinto, tornando al parallelismo delle prime righe, che non solo in Brasile ma in qualsiasi altro Paese democratico una situazione del genere sarebbe sfociata nelle dimissioni del Primo Ministro, e questo non solo in ragione dei possibili reati connessi con tali fatti ma del generale e insopportabile discredito al quale le istituzioni sarebbero state pericolosamente esposte. Altri due elementi aggravano il quadro appena descritto: il primo attiene alla sicurezza nazionale del Paese. Il capo del governo infatti non è un cittadino e nemmeno un politico comune; la sua residenza, per esempio, va protetta e tutelata da possibili attacchi o intrusioni esterne. Le vicende alle quali facciamo riferimento, al contrario, hanno dimostrato l’estrema vulnerabilità di tali

Cosa sarebbe successo in Brasile se il Presidente Lula avesse organizzato decine di feste a luci rosse? abitazioni, esposte continuamente alla frequentazioni di personaggi equivoci e potenzialmente pericolosi. L’altro fattore è relativo all’immagine ed alla credibilità internazionale dell’Italia. Nel mondo globalizzato si tratta di caratteristiche determinanti al successo o alla debolezza del ‘Sistema Paese’ nel mondo, come sanno bene i nostri diplomatici, ultimamente occupati più a spiegare quanto succede nelle dimore private di Berlusconi che a promuovere il ‘made in Italy’. Disciplina, Onore, Sicurezza, Credibilità: probabilmente per qualcuno si tratta ormai di parole e termini obsoleti, lontani dal lessico della politica italiana degli ultimi anni. Se così fosse ammetto allora di essere un “politico all’antica”, addirittura un nostalgico di quella che abbiamo ribattezzato come la “Prima Repubblica”, quella dove il rispetto per la bandiera e l’onore erano ancora valori forti e condivisi da tutti, indipendente dal fatto di trovarsi alla maggioranza o all’opposizione.


opinione

EzioMaranesi

Unità d’Italia: fu vera gloria? N

Domanda manzoniana sulla “gloriosa” epopea risorgimentale el gennaio 1861 si svolse la prima elezione nazionale. Venti milioni gli abitanti, 400.000 con diritto al voto, 200.000 i votanti: l’uno per cento. I moderati di Cavour vinsero. Il 17 marzo, a Torino, il parlamento votò questa legge: “Il Re Vittorio Emanuele II assume (...) il titolo di Re d’Italia”. Cosí come fu scritta, la legge sanzionava che l’Italia unita era l’ingrandimento del Regno Piemontese. La storia dell’unità d’Italia sembra un racconto di Pirandello: ci è stata raccontata in varie versioni, ed è difficile stabilire quale sia la più vera. La retorica ufficiale e i libri scolastici la dipingono come la gloriosa cavalcata di un popolo che anelava essere unificato, costellata di avvenimenti epici. Le 5 giornate di Milano, Sciesa, Pisacane, Garibaldi, “obbedisco”, Milazzo, Palestro, e mille altri nomi di eroi, martiri, battaglie vinte, frasi emozionanti, ecc. esaltano lo storico evento che l’Italia quest’anno celebra: il 150esimo anniversario della sua unità. I riti hanno forte valore simbolico, quindi udiremo con rispetto gli infiammati discorsi del nostro Presidente e dei nostri politici. Oggi, più che mai, gli italiani hanno bisogno di fare proprio quel senso di patriottismo unitario che ispirò, con qualche riserva, Cavour e Mazzini. Fu vera gloria? La tesi anti-risorgimentale parla di una guerra di conquista, non sempre gloriosa, di una casa regnante originaria dalla Savoia francese, una terra straniera. Ci racconta l’unificazione di genti che non avevano chiesto di essere unificate, la cocente delusione della popolazione del Sud dopo l’unità, la rivolta sfociata nel brigantaggio, la sanguinosa repressione. Lo racconta anche Verga, ne “I Malavoglia” e lo conferma persino Garibaldi, che scrive a Adelaide Cairoli: “ (...) non rifarei oggi la via dell’Italia meridionale.” Fu attraverso plebisciti palesemente drogati che le popolazione dei vari stati o ducati subirono l’annessione al Piemonte e quindi l’unità

di genti che non avevano origini e costumi comuni, un territorio per sua natura italiano, una lingua originaria comune, un comune senso di appartenenza. E’ di d’Azeglio, che fu premier del Regno Piemontese, la famosa frase: “Abbiamo fatto l’Italia; ora bisogna fare gli italiani.”

Mi è piaciuto e mi ha divertito, tra le storie d’Italia lette negli ultimi anni, il racconto di Indro Montanelli. Storico e maestro di giornalismo, la sua storia racconta le vicende italiane con rigore scientifico ma con gradevole piglio giornalistico. La storia diventa un romanzo nel quale si descrivono i fatti, le cause e le conseguenze. Montanelli non è né tenero né lirico sul processo risorgimentale. Ci parla degli uomini che ne furono protagonisti, dei loro gesti coraggiosi, delle loro debolezze e meschinità, dei loro errori. Ci racconta verità scomode: da lui seppi per esempio che la Lombardia fu donata al Regno del Piemonte da Napoleone III; l’Austria l’aveva infatti ceduta alla Francia dopo la guerra del 1859. In cambio, Napoleone III ebbe Nizza e la Savoia. Ci racconta di gloriose vittorie e umilianti sconfitte, a volte

Moderiamo il suono delle trombe e delle fanfare. D’Azeglio disse che bisognava fare gli italiani, e gli italiani ancora non sono stati fatti

poco onorevoli come quelle di Custoza e di Lissa. Ci parla di quegli anni con un distacco che sa di verità ed è una verità che spesso non ci è gradita. E la sua verità conferma che l’unità fu voluta da esigue oligarchie senza la partecipazione popolare. L’Italia è stata fatta; viva l’Italia, ma moderiamo il suono delle trombe e delle fanfare. D’Azeglio disse che bisognava fare gli italiani, e gli italiani ancora non sono stati fatti. Lega Nord e Partito del Sud, il tirolese della Val Senales e il siculo di Enna, mille e mille esempi di italiani che corrono in direzioni diverse, che appartengono a culture e mondi diversi, gli italiani delle intoccabili corporazioni, dei privilegi e degli egoismi, che sembra non

vogliano cambiare ciò che non va nella terra che dovrebbe essere patria. Vero è solo l’amore di noi emigrati: poco contaminati dai veleni che intossicano i nostri fratelli italici, viviamo la patria come sogno della terra che abbiamo lasciato.

Massimo D’Azeglio

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Atualidade

Solferino não é aqui Voluntários da Cruz Vermelha contam experiências no desastre da Região Serrana

Nayra Garofle

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uem acompanhou a tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, no mês passado, constatou a solidariedade de milhares, talvez milhões, de pessoas que se mobilizaram para ajudar quem necessitava. Nesse contexto, estava a Cruz Vermelha, uma organização humanitária, independente e neutra, que se esforça em proporcionar proteção e assistência às vítimas de situações semelhantes a esta. A instituição surgiu a partir da vontade de ajudar de um jovem suíço, Henri Dunant, que se comoveu com o sofrimento no campo de Batalha de Solferino, no Norte da Itália, em 1859. Assim como Dunant, os voluntários da Cruz Vermelha compartilham do mesmo gesto para amenizar a dor das vítimas. É o que garante a jovem ítalo-brasileira Paola Gioia, de 22 anos. Nascida e criada em Petrópolis, a enfermeira recém-formada sempre desejou trabalhar como voluntária na instituição. Enquanto 12

acadêmica, Paola fez os cursos de Primeiros Socorros e de Socorrista na filial da Cruz Vermelha petropolitana. A tragédia que assolou a sua cidade e os municípios vizinhos serviu como experiência para ela. — Na minha cidade sempre houve situações de enchentes, mas nunca presenciei tamanha tragédia. Ver na TV e nos jornais é uma coisa, ver pessoalmente é assustador. Apesar de sempre ter tido a vontade de ajudar nestes casos de calamidade, jamais pensei que isto ocorreria na minha cidade e nos municípios atingidos — afirma a jovem. A enfermeira conta que é preciso estar muito bem preparado psicologicamente, já que é difícil não se emocionar ao viver a tragédia de perto. Num dos momentos difíceis, segundo Paola, um senhor que estava em meio à lama limpando a entrada de sua casa, parou a ambulância que ela estava e pediu, “com muita

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Acima, busto de Henri Dunant. Abaixo, a diretora da Cruz Vermelha de Petrópolis e a enfermeira voluntária Paola Gioia mostram alegria no trabalho

educação”, se haveria a possibilidade de conseguir uma pá para o cemitério do município. — Vi pessoas sentadas nas calçadas com os olhares vazios e sem esperança; vi duas senhoras de idade ficarem com os olhos marejados quando nos viram chegar com as doações oriundas da Cruz Vermelha de Petrópolis. Estas foram algumas entre tantas outras situações — diz. Porém, entre tantas histórias tristes, a ítalo-brasileira prefere se lembrar de um caso positivo. Em meio à dor, Paola presenciou um momento de descontração, em um dos abrigos onde havia crianças muito agitadas, correndo de um lado para o outro. — Na verdade, elas estavam se arrumando com as roupas doadas e se embelezando conforme podiam para realizarem um desfile de moda, onde as mães e responsáveis por elas seriam os juízes. Ponto positivo para as crianças e para todos do abrigo que se contagiaram com a felicidade delas ao receberem roupas “novas” — relata. Com apenas um ano de profissão, a jovem voluntária da Cruz Vermelha pretende continuar seu trabalho na instituição sempre que puder. E lembra que o “importante da vida é o que fazemos e deixamos como valores para as próximas gerações”. — A gente vê o quanto é importante deixar as diferenças de lado. São através dessas experiências vividas que aprendemos o valor da amizade, da união, do trabalho em equipe, da vida, da solidariedade, de valorizar, respeitar e ajudar o seu semelhante e, acima de tudo, de doar-se — garante a enfermeira que


Fotos: Sandra Gioia

Acima, o “cão herói” Amon. Abaixo, o ator petropolitano Rodrigo Santoro e voluntários da Cruz Vermelha se reúnem na filial da Região Serrana

aproveita para agradecer a ajuda recebida de todo o Brasil e do exterior. Além de Paola Gioia, outro ítalo-brasileiro também não mediu esforços para colaborar. Voluntário da Cruz Vermelha há 18 anos, Marcelo Coruso, de 43, é responsável pelo treinamento de cães para resgates e salvamento. Gioia e Coruso são apenas dois, dos milhares de voluntários da instituição espalhados pelo Brasil. — Sempre tive vontade de ajudar e fiz vários cursos. Comecei como socorrista, me especializei

Divulgação

Como tudo começou

A

Batalha de Solferino, ocorrida em 21 de junho de 1859, próximo a comune italiana de Solferino, foi um combate decisivo da Segunda Guerra de Independência Italiana, resultante da invasão do Piemonte-Sardenha pelos austríacos em 1859. Essa batalha resultou na vitória das tropas francesas de Napoleão III e Sardo-Piemontesas de Vítor Emanuel II sobre o exército austríaco comandado pelo imperador Francisco José I da Áustria (Franz Joseph). A batalha foi particularmente dura e resultou na destruição de mais de 3 mil tropas austríacas, com 10.807 feridos e 8.638 desaparecidos ou capturados. As tropas aliadas também sofreram muitas baixas, com 2.492 mortes, 12.512 feridos e 2.922 capturados ou desaparecidos. Henri Dunant acompanhou de perto a Batalha e se comoveu com o sofrimento alheio. Escreveu um livro “Recordações de Solferino”, onde relatava as dramáticas cenas da guerra, e sugeriu a criação de grupos nacionais de ajuda, em que apontava a necessidade de se pensar “um princípio internacional, convencional e sagrado”, que inspiraria, posteriormente, a Convenção de Genebra. Quatro anos depois, Dunant e mais cinco pessoas se reuniram para tomar providências práticas em relação à situação exposta. Com a presença de representantes de 16 nações, surge a Cruz Vermelha. No Brasil, a instituição foi fundada em 1907, com sede no Rio de Janeiro, e tornou-se reconhecida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 1912.

Neto de imigrantes de Cosenza, província da região de Calábria, Coruso foi à Itália em 1989 para participar de um curso promovido pela Cruz Vermelha, em Solferino. O treinador afirma que foi muito interessante conhecer o local onde tudo começou e diz ainda que aprendeu com a família a ter uma visão mais altruísta da vida. — Eu costumo dizer que o que a gente leva da vida é a vida que a gente leva. Essa tragédia causou um choque muito grande. Nós não somos nada — afirma. em salvamento aquático, combate a incêndios e depois em operação com cães, o qual eu mais me identifiquei. Mas mesmo com tanto tempo nesta área, a tragédia foi chocante para mim. Nunca me emocionei tanto quanto com o que vi — conta o treinador, morador de Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Coruso é dono do “cão herói”, como é conhecido Amon, de quatro anos, da raça boiadeiro australiano. O apelido foi dado ao cachorro na região porque desde o início dos resgastes, Amon se mostra valente e eficiente ao encontrar vítimas debaixo dos escombros. Mas Coruso prefere não sustentar o apelido e diz que esta é a primeira grande experiência do cão depois do desastre em Angra dos Reis, no ano passado. — Um dia, saímos para fazer busca e quando chegamos ao local, um homem me perguntou se ele era o “cão herói”. Antes que eu respondesse, ele agachou, abraçou o Amon e pediu que encontrasse a sua esposa. Ele encontrou quatro corpos, mas não sabíamos se entre eles estava o da mulher. É difícil conter a emoção — lembra.

Ressurgimento As cidades da Região Serrana, aos poucos, estão se recuperando. Até o fechamento desta edição o número de mortos atingiu 872. As doações continuam chegando. O governo dos Estados Unidos anunciou a liberação de mais de 135 mil dólares para ajudar as vítimas das enchentes e dos deslizamentos. Por conta da tragédia, várias áreas de risco foram interditadas pela Defesa Civil. No entanto, alguns pontos, em Nova Friburgo, voltaram a ser ocupados por moradores, como o bairro Alto Floresta. A presidente Dilma Rouseff anunciou, em janeiro, a construção de 6 mil casas para os desabrigados da região. O anúncio aconteceu no Palácio da Guanabara e teve a participação do governador do Rio, Sérgio Cabral, que também anunciou, junto com construtoras, que vai entregar 2 mil casas às vítimas dos deslizamentos que atingiram a região. Por conta da destruição provocada pelos temporais, as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo anunciaram o cancelamento das comemorações no Carnaval deste ano. Além das mortes, as principais escolas de samba do município perderam fantasias e parte das alegorias.

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Atualidade

Reconstrução Um dos nomes mais importantes para reerguer a Região Serrana do estado do Rio, Dom Filippo Santoro fala sobre sua experiência diante da catástrofe Nayra Garofle

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le é figura central na tragédia que destruiu grande parte da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Como principal interlocutor da igreja católica com a população dessa imensa área, sua missão é levar paz e auxiliar àqueles que perderam o material e o imaterial. Acostumado a se dedicar às questões sociais, o bispo de Petrópolis Dom Filippo Santoro diz viver “uma experiência única”. No mês passado, ele foi rapidamente aos locais afetados e muitas famílias tiveram no seu abraço o conforto e a esperança para reconstruir o que foi levado. Nascido em Bari, na Itália, Dom Filippo está no Brasil há quase 27 anos e é um dos bispos mais influentes da Igreja Católica. Aos 62 anos, chegou aqui como

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responsável pelo Movimento Eclesial Comunhão e Libertação pelo Brasil e pela América Latina (1988). Em 1996 foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Destacou-se também na Pastoral da Saúde, além de coordenar a Pastoral de Políticos Católicos e ser presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil do Estado do Rio de Janeiro (Conic-Rio). Em 2009, estava entre os nomes mais cotados para assumir a cadeira de arcebispo do Rio de Janeiro, quando o escolhido foi Dom Orani João Tempesta. Em entrevista para a Comunità, Dom Filippo fala sobre a importância da fé e da solidariedade em momentos como este. “Eu ouvi: ‘Dom Filippo, eu perdi minha esposa, eu perdi meu filho, mas estou aqui para ajudar. Que bom que o senhor veio me visitar’. O que eu vou dizer?”

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Dom Filippo celebrou uma missa por todas as vítimas das cidades atingidas. Abaixo, o bispo com o padre Mario Coutinho, no bairro Caleme

ComunitàItaliana – De que forma a Igreja Católica está trabalhando em prol das vítimas da tragédia da Região Serrana? D.Filippo Santoro – Desde as primeiras horas, quando aconteceu o desastre na nossa Diocese de Petrópolis, que compõe quatro municípios tocados pela enchente: Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Areal, eu fiz uma nota na qual convidava a Igreja a colocar à disposição dos desabrigados todos os ambientes, as igrejas, os salões paroquiais, as secretarias. Muitas de nossas igrejas servem de abrigo ou como lugar onde hospedam as equipes especializadas para a reconstrução. Depois, a ajuda de tipo material, oferecendo voluntários para recolher os suprimentos que são enviados em continuação, toneladas e toneladas, caminhões que chegam às várias paróquias afetadas. É uma grande mobilização, em particular, de jovens e de um grupo de motoqueiros que levavam as refeições nos lugares mais isolados aonde não chegavam os carros. Depois, equipes de senhoras que separavam os mantimentos que chegavam. Junto com isso, a Cáritas Internacional e a Cáritas do Brasil se colocaram à disposição para oferecer toda a experiência que tiveram em desastres no Haiti e no Chile. O último ponto, que é o mais importante, é a contribuição de tipo espiritual, como sustento religioso e psicológico às pessoas que perderam tudo, às pessoas que vão procurando uma esperança para viver, uma


CI – Muitas pessoas perderam casas e outros bens materiais, mas muitas perderam também suas famílias. De que forma o senhor acredita que a fé e a esperança podem ser trabalhadas nesses casos? D.Filippo – Em muitos lugares, onde as pessoas perderam tudo, a única coisa que ficou de pé foi a fé, porque no luto, se só pensarmos nas forças humanas, aí emerge o drama, a fragilidade da condição humana. Mas do outro lado, vendo que o Deus nosso não é um que fica olhando de fora, mas que se fez homem e sofreu a cruz, sente-se muito a companhia de Jesus. Essa sensação se faz de maneira muito clara na solidariedade aos sobreviventes, no trabalho sem descanso dos padres, das pessoas religiosas, das pessoas leigas, dos jovens que estão ao lado daqueles que perderam tudo. O luto não foi só externo, foi interno também. Perdemos vários agentes de pastoral, por isso a fé sustenta dentro da Igreja e sustenta as pessoas que se encontram nessa situação. É um momento no qual a esperança é um fator de reconstrução não só da cidade, mas de reconstrução das pessoas. CI – O senhor tem 38 anos de sacerdócio e sempre foi muito dedicado às questões sociais. Essa tragédia chocou o mundo e mostrou a solidariedade às vítimas. D.Filippo – Eu senti de imediato o desejo de ajudar. No mesmo dia eu queria ir aonde a tragédia da chuva havia chegado, mas me disseram que não era possível, que se eu fosse ficaria ‘ilhado’. No dia seguinte, eu visitei o Vale do Cuiabá. Sinto, naturalmente, a necessidade de estar próximo dos padres e das pessoas que sofrem. Depois fui a Teresópolis e encontrei o governador Sergio Cabral e as autoridades locais. A missão da Igreja é também a de dialogar com os poderes públicos em nome dos desfavorecidos. Toda a nossa autoridade deve ser colocada a serviço da fé e a serviço da solidariedade. CI – Como o senhor avalia a assistência dos governos federal e estadual com relação a essa tragédia? D.Filippo – A presença do governador foi imediata e a presidente da

República também veio. Sobretudo, vejo uma intervenção positiva. É necessária uma coordenação dos trabalhos. Porém, digo sempre que o governo deve fazer a sua parte sim, mas a parte maior é a do próprio povo, que não pode esperar tudo do poder público. As prefeituras, o governo do Estado, o Ministério da Saúde se moveram bem. É impossível resolver tudo, mas este é o momento da reconstrução. Aqui, não se pode errar. O erro aconteceu no passado, quando se deixou construir, de forma irresponsável, nas encostas. Depois, para os pobres que moram lá, não se pode dizer simplesmente: “Vão embora”. O que precisa é fazer uma política pública de planejamento urbano, oferecendo uma alternativa. E a isso, se acrescenta também um respeito maior pela natureza.

Dom Filippo e o governador do Rio, Sergio Cabral: presença imediata na Região Serrana logo após a tragédia

CI – Que experiência o senhor adquiriu com tudo isso? D.Filippo – Essa foi uma experiência única. É como estar dentro de um terremoto. Como oferecer esperança aos padres? Como oferecer esperança às pessoas? E aí você tem uma esperança grande ou, de outra forma, na dor não se pode comunicar nada. Eu ouvi: “Dom Filippo, eu perdi minha esposa, eu perdi meu filho, mas estou aqui para ajudar. Que bom que o senhor veio me visitar”. O que eu vou dizer? Eu cresci no sentido de comunicar às pessoas de forma direta o abraço de Cristo. E isso é grande. Isso fortalece à minha pessoa e, sobretudo, conforta as pessoas que nós encontramos.

para a realização de projetos. A Conferência Italiana é muito rigorosa nesta administração. Ela disponibiliza 1 milhão de euros para as duas Dioceses afetadas, Petrópolis e Nova Friburgo. Este dinheiro está disponível para a realização de projetos de reconstrução, por exemplo, para uma paróquia que teve a igreja destruída, o salão destruído, a gente faz o projeto e eles financiam. É uma forma interessante porque assim o dinheiro é todo documentado. CI – O senhor vive o dia a dia da cidade de Petrópolis, pode nos contar como está a vida aí após essa tragédia? D.Filippo – Em Petrópolis a tragédia ficou localizada num bairro específico de Itaipava, no Vale do Cuiabá, mas o resto da cidade está como se fosse uma ferida aberta. Porém, o centro da cidade está vivo, o centro se move e é bom que seja assim, porque isso permite a realização das atividades sociais e das atividades econômicas. Isso permite o crescimento da região. É como se a vida continuasse com uma ferida dentro do nosso coração. Sobretudo, nos locais afetados é evidente que a dor é muito grande, mas a esperança edifica coisas novas. Tem gente que perdeu tudo, mas que sustentada pela fé e pela solidariedade, está trabalhando. Esta é a hora na qual a Igreja faz um trabalho suplementar porque a ajuda de curiosos que vêm visitar está diminuindo, os voluntários ocasionais estão diminuindo. Nós estamos preparando junto com todos os padres uma série de turnos de voluntários que dão uma assistência continuada. Quando os holofotes se apagam, os voluntários ocasionais não vêm mais. Essa é a fase em que as pessoas estão feridas, com uma dor muito forte, mas com uma vontade de reconstruir muito grande.

“Quando os holofotes se apagam, os voluntários ocasionais não vêm mais”

CI – A Conferência Episcopal Italiana anunciou o envio de 1 milhão de euros para atender à situação de emergência. Como funciona a distribuição desse valor? D.Filippo – Não é dinheiro que entra em nossa conta. É dinheiro

Fotos: Diocese de Petrópolis

razão para superar esse momento de dificuldade e esse é o conforto da fé, o conforto da solidariedade, o conforto do amor, que é a coisa mais importante nesse momento.

O bispo com o prefeito de Teresópolis, Jorge Mário num trabalho intenso de ajuda às vítimas

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Atualidade

Fragilidade absoluta

Após meses de crise política ininterrupta envolvendo Silvio Berlusconi, a Igreja Católica quebra o silêncio e pede “moralidade”. As últimas trincheiras do Cavaliere podem estar ruindo Leandro Demori

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De Roma

a manhã de segunda-feira, 7 de fevereiro, Roma acordou com cartazes pendurados nas históricas estátuas do centro. “Existe uma Itália que não fecha os olhos”, lia-se em um. Outro convidava para uma manifestação: “Na praça no dia 13 de fevereiro”. Outro ainda anunciava um desejo e prenunciava, talvez, o futuro imediato do atual governo: “Game over”. Os cartazes

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foram pendurados em locais de alta densidade turística como a “Ponte degli Angeli”, na frente do Castel Sant’Angelo; nas fontes da Piazza Navona; nas estátuas que decoram a fachada da Corte di Cassassione, o STF italiano. Ao todo, cerca de 150 estátuas da Cidade Eterna receberam a manifestação. O clima político pesa cada vez mais os ares da península. No último mês, a Procuradoria de Milão divulgou um

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Na Itália, manifestações contra o premier Silvio Berlusconi

calhamaço de 389 páginas contendo interceptações telefônicas devastadoras. Nelas, o apresentador de um dos canais de Berlusconi, Emilio Fede, e um caça-talentos, Lele Mora, ambos amigos do premier, foram flagrados combinando festas em uma das casas que o Cavaliere mantém na cidade de Arcore, perto de Milão. As festas, sustenta a Procuradoria, seriam orgias movidas a streap tease e sexo grupal envolvendo Berlusconi e mais de uma dezena de garotas de programa. Além de Fede e Mora, outro nome emerge das investigações: Nicole Minetti, conselheira regional da Lombardia pelo Popolo della Libertà, partido de Silvio, seria a organizadora dos encontros e mantenedora das prostitutas, alugando diversas casas em Milão para que as garotas pudessem estar por perto. A divulgação das transcrições das conversas foi o estopim para que a Igreja – até então observando tudo à distância – entrasse na briga. “Todos que tenham responsabilidade pública em qualquer setor administrativo, político e judiciário


devem se empenhar a ter mais moralidade, senso de justiça e legalidade”, declarou o Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, em um encontro com o presidente da República, Giorgio Napolitano. As palavras de Bertone foram subitamente rebatidas pelo principal aliado de Berlusconi, o senador da Lega Nord, Umberto Bossi. “Para eles é fácil falar”, atacou Bossi, fazendo referência aos casos de pedofilia a abusos sexuais que vêm estremecendo a Igreja no último ano. A perda de apoio – ou a quebra de silêncio – do Vaticano pode sinalizar o final dos tempos para Mister B. Setores religiosos de centro-direita que vinham considerando exagerados os ataques à vida pessoal do premier mudaram postura, sobretudo pelo envolvimento excessivo de mulheres e até mesmo menores de idade nas festas de Arcora, segundo a magistratura milanesa. “Não podemos sustentar essa decadência moral e o rebaixamento da imagem da mulher”, defende Maria Pia Campanile, presidente das Mulheres Católicas do Centro Italiano Feminino, principal organização de mulheres católicas do país. Maria Pia lamenta que as ministras de Berlusconi “não tenham se manifestado sobre o caso”. A posição do Vaticano passou a se refletir no jornal dos bipos editado em Roma, o Avvenire. A mais recente sinalização de perda de apoio ocorreu no dia 5 de fevereiro, quando o jornal publicou extensa carta entitulada “O premier, tia Z., os pequenos e eu”, onde uma leitora pede que Berlusconi pare de escandalizar a Itália e dê exemplo aos mais novos. Abaixo

Nicole Minetti, responsável pela “entrega” de Ruby à brasileira Michele Conceição

do texto, um comentário do editor do jornal julga a carta como “muito bela e inteligente”. A linha editorial da carta e do comentário seguem a fala do próprio Papa, que em janeiro declarou em um encontro com policiais: “a vocação singular que a cidade de Roma exige hoje de vocês, autoridades de governo, é que ofereçam um bom exemplo da positiva e útil interação entre seu saudável status leigo e a fé cristã”. Embora não tenha citado o nome de Berlusconi, Bento XVI disse que era preciso que os agentes públicos recuperassem suas “raízes morais”. A voz do Papa ecoou dentro do Parlamento. Deputados e senadores ligados ao Vaticano de várias correntes políticas, reunidos em um movimento chamado “Movimento Politico per l’Unità”, condenaram publicamente a novela jurídica que transformou a vida de Berlusconi e, por consequência, a vida do próprio país. “As preocupações da Itália nos últimos dias são também as nossas preocupações”, diz Andrea Sarubbi, deputado do Partido Democratico. “O mais grave disso tudo é que o Parlamento não consegue se concentrar na crise econômica que vivemos”, acrescenta. Nos últimos meses, os parlamentares discutiram majoritariamente leis sobre a reforma da Justiça e que interessariam diretamente Berlusconi. Brasileiras Entre as mulheres envolvidas nas festas na mansão de Arcore há duas brasileiras, ambas peças-chave no processo que corre na Procuradoria de Milão. Michele Conceição conheceu Berlusconi por meio de um ex-amante, “empresário ligado à vida política italiana”, segundo contou para a ComunitàItaliana. Foi a Michele que Nicole Minetti entregou a jovem Ruby Rubacuore, marroquina presa pela polícia no ano passado acusada de furto. Segundo as interceptações telefônicas, Ruby participou de diversas festas em Arcore – em muitas delas era ainda menor de idade. Quando foi presa, a polícia precisou soltá-la por ordens do próprio premier, que havia telefonado diretamente para a delegacia dizendo que Ruby era “neta de Mubarak”, o presidente do Egito

que hoje vive dias de revoltas populares em seu país. Após ser solta, Ruby foi levada por Michele Conceição para sua casa. — Ela já morava comigo, mas eu nunca soube que era amiga de Berlusconi. Ela até me dizia, mas eu não acreditava — conta Michele. Para a Procuradoria, a brasileira está mentindo, já que teria sido ela que teria avisado Berlusconi que Ruby estava presa. No celular de Michele, apreendido pela polícia, o número do Cavaliere estava anotado na agenda como “Papi Berlusconi”. Depois disso, Michele garante que Ruby “desapareceu” e que nunca mais teve contato Bin Laden com a jovem. orre nos salões romanos Outra brasileira pode o comentário que Silvio ser ainda mais fundamental Berlusconi jamais esteve tão para o processo que pretenfragilizado politicamente. de condenar Mister B. por Até um mês atrás, o premier corrupção de menores e ainda aparecia em público, favorecimento à prostituisobretudo em seus jornais ção. Iris Berardi nasceu no e canais de televisão. Sua Brasil e dali em diante se saimagem, no be pouco sobre sua vida. A entanto, estava versão mais divulgada pela visivelmente imprensa é que ela teria siabalada. O do adotada por uma família sorriso de italiana após ser abandoconquistador nada pela mãe brasileira. havia murchado. Há semanas, Segundo as investigações, Berlusconi reavaliou a Iris, ainda menor de idade, tática midiática de defesa e havia sido convocada por desapareceu. Para responder Lele Mora para participar aos ataques, prefere ligar das festas em Arcore. A joao vivo a programas de vem ganhara, inclusive, o televisão definidos por ele aluguel de um apartamento como “comunistas”, ou usar videomensagens no em Milão junto com outras site YouTube. A tática gerou “escorts” para que ficasse à uma anedota inevitavel: disposição de Berlusconi. Berlusconi está cada vez Após seu nome ter sido dimais parecido com Bin Laden vulgado, Iris desapareceu. – este, sumido desde 2001 A Procuradoria diz que está – também só aparece em investigando seu paradeiro videomensagens no YouTube. para que possa ouvi-la.

Acima, a marroquina Ruby, com quem o premier teria se envolvido. Abaixo, a brasileira que também teria participado de festas em Arcore

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Atualidade

A brasileira que chama por

“Papi Berlusconi” “Depois que a água baixar Berlusconi vai me procurar. Ele vai me agradecer, ele não esquece das pessoas”. Michele Conceição fala do escandalo em torno do premier em entrevista exclusiva para a Comunità Leandro Demori De Roma

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o dia 27 de maio do ano passado, o telefone pessoal de Silvio Berlusconi toca no meio da noite. Do outro lado da linha, Michele Conceição, brasileira, 31 anos, nascida no Rio de Janeiro, moradora de um apartamento térreo na periferia de Milão. A ligação de Michele para Berlusconi tem por objetivo avisar o premier sobre a prisão por furto de Karima El Mahroug, marroquina conhecida na noite milanesa como Ruby Rubacuore. A jovem, segundo investigações da Procuradoria de Milão, teria se prostituído com Silvio Berlusconi quando ainda era menor de idade. Ruby morava com Michele e voltou com ela para casa depois de ter sido liberada pela polícia a mando do próprio Berlusconi. Na delegacia, Michele contou com a ajuda de Nicole Minetti, ex-show girl eleita conselheira regional na Lombardia pelo Popolo della Libertà, o partido do Cavaliere. Interrogada pelos procuradores da capital lombarda, Michele Conceição foi arrolada como testemunha chave do processo que acusa Silvio de corrupção de menores e favorecimento à prostituição. No celular de Michele, apreendido pela polícia, o nome do premier está gravado na agenda de modo peculiar: “Papi Berlusconi”. 18

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ComunitàItaliana – Como você conheceu Silvio Berlusconi? Michele Conceição – Ele era muito amigo de um ex-namorado meu. Sempre foi muito respeitoso comigo, nosso relacionamento era totalmente profissional para fazer projetos no Brasil [Michele diz trabalhar com moda]. É um político que tem um império, nunca foi santo, todo mundo sabe, mas nunca foi esse cara filho da puta que estão pintando. CI – Seu ex-namorado é um político? MC – Não vou te responder, não posso. É um grande empresário e envolvido com política. CI – Você disse que depois do fim de sua relação você recorreu a Berlusconi para pedir ajuda. O que ele ofereceu? MC – Trabalho na TV, mas eu não gosto. Ele nunca me deu dinheiro. Na época que eu terminei com meu ex, ele perguntou se eu queria algum trabalho, se eu queria fazer algum teste. Mas televisão não me interessa, é muita queimação pra ganhar o que eu sempre ganhei. CI – Depois que seu nome foi divulgado como parte das investigações, Silvio Berlusconi ou alguém a mando dele procuraram você? MC – Não me procuraram porque eles sabem muito bem como eu sou, ele me conhece, sabe que eu não daria nenhuma entrevista falando mal dele. Não tenho o que falar mal dele. Com certeza depois que a água baixar ele vai me procurar. Ele vai me agradecer, ele não esquece das pessoas. Lógico que agora ninguém pode falar com ninguém, nossos telefones são todos grampeados. Pior do que Big Brother. CI – Como você conheceu a Ruby? MC – Conheci ela em um restaurante quando eu estava organizando a festa do meu aniversário. Ela veio através de uma pessoa que estava ajudando na organização, era amiga dessa pessoa. Depois que eu disse que era brasileira ela também disse que era brasileira. Eu disse que não parecia, mas ela me disse que tinha nascido no Egito e que a mãe dela era do Brasil. Para todo mundo ela dizia que era brasileira, só depois fui descobrir que era mentira. Depois que eu tirei ela da cadeia

“Não me procuraram porque eles sabem muito bem como eu sou, ele me conhece, sabe que eu não daria nenhuma entrevista falando mal dele”

ela me disse que falava que era brasileira porque as mulheres são bonitas e simpáticas e porque ela, como marroquina, era mal-vista. CI – Você sabia que ela trabalhava como garota de programa? MC – Até aí eu não sabia, fiquei sabendo no dia em que peguei ela na delegacia. CI – Você sabia que ela era menor de idade? MC – Eu fiquei sabendo que ela era menor no mesmo dia, quando fui pegar ela na delegacia. Olhei pra cara dela e disse que ela era muito mentirosa. Ela começou a chorar pedindo desculpa pra mim e pra Nicole [Minetti]. Ela escolheu ir pra minha casa porque as coisas dela estavam todas lá. Eu disse que ela tinha idade pra voltar a estudar, pra procurar a família e que não deveria ter vergonha.

CI – A Ruby nunca comentou sobre outras brasileiras que frequentavam Arcore? MC – Não. CI – E quando você ia, haviam outras? MC – Não. Eu era a única brasileira. Até seria legal, ao menos eu teria papo pra bater, mas não tinha. CI – É muita mulher envolvida... MC – Agora também tem isso: todo mundo quer se mostrar nessa história. Minha vida virou um inferno, às vezes quero sair e não posso, tem sempre gente de plantão na frente do meu apartamento. Minha cara saiu nos jornais. CI – Você está legal aqui? MC – Sim, sempre estive dentro das leis, pago meus impostos. Tenho permesso di lavoro. Espero que eu não tenha nenhum problema.

CI – Você sabia que ela conhecia o Berlusconi? MC – Ela me falava e eu não acreditava. Dizia que ia em jantares na casa dele, que ele adorava ela. Eu ria porque não sabia se era verdade ou mentira. Pode ser que na época que ela estava indo eu não frequentava mais [a casa de Berlusconi]. Frequentei durante um ano, fui umas quatro ou cinco vezes lá na época das eleições.

Michele Conceição afirma que não tem medo de Berlusconi, mas “da parte da esquerda, sim”

CI – Você tem contato com a Ruby? MC – Nunca mais a vi e nem quero ver.

“Quando algum político vai na TV e me chama de “prostituta” eu adoro. Estou processando todo mundo”

CI – Você é prostituta? MC – Eu posso provar que eu não sou uma prostituta. Quando algum político vai na TV e me chama de “prostituta” eu adoro. Estou processando todo mundo. Tenho três advogados envolvidos nesse caso justamente pra isso. Estou pedindo dez mil euros pra cada um deles. É lógico que esse valor cai, mas menos de cinco mil eu não aceito. Já estou entrando com esses processos. CI – Você tem medo de alguma coisa? MC – Da parte do presidente, não. Da parte da esquerda, sim. CI – Medo físico ou em relação à carreira? MC – Minha carreira está super balançada, vou ter que lutar muito pra recuperar. Tudo isso é um jogo de política, aqui o Tribunal é parte da esquerda. Quando você vai falar com a Procuradoria eles querem que você responda o que eles querem. É o que eles escrevem e acabou.

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Política

Zona externa Italianos no exterior preocupam-se com a situação política causada pelos escândalos de Berlusconi e consulados estão preparados para possíveis eleições a qualquer momento Nayra Garofle

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s escândalos sexuais do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi mexem com a opinião dos italianos no exterior. Segundo maior jornal em circulação da Itália, o La Repubblica criou um fórum em seu site para “ouvir” o que os cidadãos “de fora” têm a dizer sobre a atual situação em que se encontra a pátria. O resultado é um enxame de reclamações sobre o comportamento do premier e pedidos para que o mesmo saia do governo. Consultado pela Comunità, o deputado eleito no Brasil pelos italianos da América do Sul, Fabio Porta, do Partido Democrático, oposição ao governo, afirmou que o desempenho de Berlusconi não condiz com o cargo que possui. — O Artigo 54 da Constituição pede para aqueles que detêm cargos públicos “disciplina e honra”. O presidente do Conselho de Ministros Berlusconi está ofendendo de maneira despudorada. A sua função não permite esse tipo de comportamento que, entre outras coisas, compromete a segurança do país. A imagem da Itália no mundo está corrompida por este tipo de comportamento, que tem efeitos negativos sobre as nossas comunidades no exterior — afirma. O presidente do Comitê dos Italianos no Exterior (Comites) do Paraná, Walter Petruzziello, acredita que o problema maior não é o escândalo sexual que envolve o premier. — O primeiro-ministro deve responder nas instâncias competentes eventuais crimes que tenha cometido. O maior problema está nos danos políticos e econômicos que o Governo e a Itália sofrem. Com tudo isso está se deixando de lado as questões cruciais para a economia italiana e se debatendo as “atividades sexuais” do presidente do Conselho. Neste caso, não acredito que reste muitas alternativas a ele. Não se pode comandar um país discutindo dia e noite sobre “sexo” e, então, para o bem da Itália seria melhor passar o bastão para outro comandante — acredita.


Porta concorda com Petruzziello. Para o deputado, se a mesma situação ocorresse em qualquer outro país do mundo, o primeiro-ministro já teria renunciado ao cargo. — Seria um gesto de bom senso e respeito pelas instituições se Berlusconi desse um passo atrás. E, visto que ele tem uma vida privada tão intensa, poderia dedicar ainda mais tempo à ela — declara. Para o presidente do Comites do Rio de Janeiro, Franco Perrotta, a situação italiana causa constrangimento. — Eu tenho vergonha de todos os nossos políticos italianos, independente daqueles que estão no governo ou dos que estão na oposição. Nunca como agora a política italiana desceu tão baixo com pessoas que estão entrando na política para se proteger contra a justiça ou contra outros problemas do dia a dia — diz. Assim como Porta, Perrotta acrescenta que se Berlusconi tiver bom senso ele renuncia ao cargo e afirma ainda que, com a situação atual, é capaz do premier, caso se candidate novamente, voltar a se eleger, pois “não há na Itália alguém que possa fazer frente a ele. Não surgiu ninguém em quem os italianos possam confiar na política”.

“A sua função não permite esse tipo de comportamento que, entre outras coisas, compromete a segurança do país” Fabio Porta, deputado do PD eleito na América do Sul A mesma opinião é dividida com Walter Petruzziello, que não vê “ninguém da direita que possa exercer este papel sem causar divisões e ninguém da esquerda capaz de unir maioria sólida”. — O que não pode é voltar a acontecer o que ocorreu quando (Romano) Prodi venceu as eleições e depois de dois anos teve que “renunciar” dando ainda mais espaço para que Berlusconi se tornasse “o grande líder”. A Itália precisa, verdadeiramente, de um grande líder e quando vamos em busca dele nos deparamos com nomes que não representam esta grande liderança, pois não sei se (Ferdinando) Casini, (Gianfranco) Fini, (Nicola)Vendola, (Francesco) Rutelli, (Massimo) D’Alema e alguns outros menos cotados seriam capazes de unir esta grande nação — revela.

“Com tudo isso está se deixando de lado as questões cruciais para a economia italiana e se debatendo as atividades sexuais do presidente do Conselho” Walter Petruzziello, presidente do Comites do Paraná

Prova provada*

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ejo a situação da política italiana com muita dor e tristeza. O premier usa de diversionismo e quer vestir panos de vítima da Magistratura e de parte da imprensa. Fala de tentativas de enlameá-lo, como se os escândalos, incluídos os sexuais, não tivessem acontecido. Não vou repetir as dez mentiras que ele sustentou e que estão comprovadas no site do La Repubblica. Nem vou falar do seu caradurismo em afirmar que interferiu no caso Ruby (era menor de idade e participava, antes do sucedido na Questura de Milano, de festas e orgias em suas residências) para evitar problemas diplomáticos com o presidente do Egito, que diz ser tio da marroquina Ruby. Prefiro falar que, internacionalmente, a imagem da Itália não é pior graças ao presidente Giorgio Napolitano. Um estadista de respeito, de ética irrepreensível e com preocupações humanitárias elogiáveis.

As festividades dos 150 anos da Unificação, fora da Itália, estarão maculadas pelas lembranças dos desmandos do premier Berlusconi Esse quadro piora muito quando se percebe que o premier Berlusconi se aproveita do diversionismo para tentar criar, por leis “ad personam”, novos escudos de proteção. Como se diz no Brasil existe prova provada dos escândalos. Mais ainda, do escancarado conflito de interesse. O advogado inglês David Mills já admitiu ter sido comprado por Berlusconi para mentir em juízo. O fluxo do dinheiro foi levantado. Os casos de fraudes da Midiaset e da Mídiatrade revelam o padrão empresarial do empresário

Se o governo Berlusconi “cair”, o presidente Giorgio Napolitano pode indicar uma nova pessoa para comandar o país até o fim do mandato do atual governo. Caso esse nome não seja encontrado ou não consiga o voto de confiança do governo, então Napolitano encerra a legislatura e convoca novas eleições. O deputado Fabio Porta diz que novas eleições não seriam uma boa opção para o país neste momento, mas continuar do jeito que está também não dá. — Se não se consegue fazer um governo sem Berlusconi, melhor votar e enviá-lo para casa. Nossos consulados estão preparados para

Berlusconi. E o advogado Cesare Preveti, já definitivamente condenado e co-fundador de Forza Itália, não corrompia por conta própria. O outro braço-direito do premier Berlusconi, o senador Marcello Dell´Utri, condenado por associação à Máfia com processo pendente na última instância, colocou um narco-mafioso junto ao premier Berlusconi. Lodo Alfano, processo breve, tentativa, de por lei, reduzir o emprego de interceptações telefônicas e ambientais, são medidas que mostram um premier que não quer enfrentar um julgamento nas Cortes italianas de Justiça. Num ano rápido. O mundo civilizado já está ciente de que o premier Berlusconi não tem compostura, confunde o público com o privado e busca a impunidade. E que agora ameaça pedir indenização ao Estado-italiano em face de a magistratura do Ministério Público o estar a acusar, com base em provas sólidas e em fascículo com 782 páginas, de crimes de prostituição de menor e de concussão (exigência abusiva de soltura de uma menor de idade detida por roubo e colocação de uma representante comunal (Nicole Minetti, sua ex-higienista dental e eleita graças ao seu empenho) para se passar de garante e responsável pela tal Ruby. Infelizmente, as festividades dos 150 anos da Unificação, fora da Itália, estarão maculadas pelas lembranças dos desmandos do premier Berlusconi. Como a grande maioria dos descendentes italianos (meu lado é meridional: Molisano e da cidade de Boiano) entendo que o premier Berlusconi envergonha a nossa querida e amada Itália. Amargo o fato de oposição a Berlusconi ainda estar dividida e, no caso de eleição antecipada, o atual premier poderá sair vencedor das urnas. *Walter Fanganiello Maierovitch, diretor do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, especial para a Comunità

novas eleições, apesar de eu preferir que antes disso haja algumas mudanças para tornar o voto mais seguro e confiável por correspondência, como já foi solicitado pelos eleitos no exterior em carta ao presidente da República — diz. O Conselheiro da Embaixada da Itália no Brasil, Píer Mario Daccò, informou que os consulados estão bem organizados para iniciarem as operações eleitorais em qualquer momento e falou sobre a complexidade da logística na estruturação do processo eleitoral. — Os principais aspectos organizacionais se relacionam à complementação das listas eleitorais com os que possuem direito, que por diversos motivos não constam nas listas enviadas pelo Ministério do Interior, e a coordenação com as tipografias para a impressão do material e com os correios para o envio e recebimento das cédulas eleitorais. Ainda assim, caso o presidente Napolitano convoque novas eleições, Daccò acredita que o debate político não será prejudicado pelo curto espaço de tempo.

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Política

Escândalos de Sílvio Berlusconi: repercussão mundo afora

Ministério do Desenvolvimento Econômico está investindo bem nos setores de recíproco interesse entre Itália e Brasil, como por exemplo, no setor agroalimentar, que está sendo muito bem atendido agora — completa. O jurista Walter Fanganiello Maierovitch – ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e diretor do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone – explica que os interesses econômicos ultrapassam quaisquer problemas. — No mundo atual, os interesses econômicos são prevalentes. Nesse campo, o premier Berlusconi é apenas objeto de anedotas, risos e ironias. Numa terra de gênios como

“No mundo atual, os interesses econômicos são prevalentes. Nesse campo, o premier Berlusconi é apenas objeto de anedotas, risos e ironias”

— Depois da convocação, as eleições se realizam após um período de tempo mínimo previsto por lei e durante o qual o debate político ocorre normalmente — conclui. Por aqui, simpatizantes do partido de Berlusconi, Popolo della Libertà, preferem não se pronunciar sobre a atual situação da política italiana. Candidato a deputado nas eleições de 2006 pelo PDL, Diego Tomassini, não comenta o assunto. — Aquele era outro momento. Desliguei-me da política e prefiro não falar sobre isso — revela. Já o secretário geral da Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina, Antonio Moratore, garante que a situação da política italiana não reflete nas relações comerciais entre Brasil e Itália e a “vida pessoal de Berlusconi não tem nada a ver com a vida comercial das empresas italianas.” 22

— A política italiana é uma política que favorece as empresas e as exportações, independente do problema político. A meu ver, estão explorando a vida privada para fazer campanha política contrária para as próximas eleições — afirma Moratore que acredita que “estão querendo misturar as coisas” — Aqui na minha mesa, em Santa Catarina, não chega nada misturado, só os efeitos da política do governo que são recursos para fazer a promoção de uma feira, de ajudar uma empresa. Aliás, com relação às empresas, há muita atenção por parte do atual governo. O

“A política italiana é uma política que favorece as empresas e as exportações, independente do problema político” Antonio Moratore, secretário geral da Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina

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Walter Fanganiello Maierovitch, diretor do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone Totó e Eduardo De Filipo, é trágico ouvir, dos interlocutores, risos a respeito de relatos sobre desfrute sexual de prostitutas — aponta o jurista, afirmando que a política italiana reflete na economia do país — Apesar do esforço do ministro leghista (Giulio) Tremonti, a interferência do premier tem levado o desastre à economia italiana. O saudoso (Tommaso) Padoa Schioppa, sempre com discrição e em diversas oportunidades, mostrou, do alto da sua experiência e reconhecida competência, como a Itália andava mal no governo Berlusconi. Acostumado a escrever sobre assuntos de grande relevância, principalmente no que diz respeito ao Brasil e à Itália – Maierovitch defende a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti – o jurista acredita que a melhor solução para a política italiana não é a convocação de novas eleições. — A melhor solução seria um governo técnico para substituir o atual e pelo tempo que resta de mandato. Com ânimos serenados, tudo transcorrerá melhor.


opinione

ParideVallarelli

Avanti tutta… indietro tutta!

Latina avrà un ruolo guida in un futuro molto prossimo. Per chi, da una parte, vive sperando e, soprattutto, credendo nelle proprie possibilità di evoluzione e crescita, dall’altra troviamo un paese che sembra avere perso la speranza e non crede più in se stesso. L’Italia di questo inizio 2011 è smarrita, è in pieno default, e nessuno ha idea di quanto tempo ci vorrà, ammesso che ci si riesca, a ritrovare lo smalto dei tempi passati. Al di là di ogni vicenda pubblica o privata che coinvolge il presidente del consiglio, gli italiani hanno da tempo rinunciato a pensare in grande. Non che prima lo si facesse sempre, poiché il nostro è un paese “sgangherato”, ma oggi non ci sono prospettive. L’Italia, stando anche agli ultimi rilevamenti ISTAT, sembra essere diventato “un paese che ha già dato”, come se il declino socio-economico fosse un processo fisiologico, quindi naturale. E’ già toccato ai grandi imperi, a cominciare da quello romano, e alle grandi potenze commerciali, vedi Venezia la Serenissima. Perché non dovrebbe capitare all’Italia e, forse più in generale, all’Europa?

Se il Brasile ride per il momento felice e il futuro prospero, l’Italia non se la gode e piange

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overnare una nazione non è impresa facile soprattutto a causa di dinamiche spesso complesse tipiche delle società articolate. Ciò vale per paesi di grandi e piccole dimensioni, che oggigiorno affrontato le sfide (e gli eventuali rischi) della globalizzazione che garantisce processi di crescita importanti ma, allo stesso tempo, pone seri e gravi problemi di impatto ambientale e di risorse naturali che vanno ad esaurirsi. In ogni caso, il Brasile ha da poche settimane (e per la prima volta nella sua storia) un presidente donna, Dilma Rousseff, che si troverà col compito arduo di mantenere per il proprio Paese la forte crescita economica di questi ultimi anni ponendo quali priorità la lotta alla povertà e il miglioramento del sistema scolastico. A ciò si aggiunga una legislazione più seria e restrittiva in materia ambientale, soprattutto per l’Amazzonia, e lo snellimento e svecchiamento di un apparato statale ancora fortemente burocratizzato. Per Dilma Rousseff, arrivata al Palazzo di Planalto per grazia ricevuta di San Luiz Inácio da Silva, detto Lula, si tratta di un percorso ricco di incognite e irto di ostacoli che si frapporranno durante la sua presidenza, ma la donna, si sa, è molto combattiva e, per chi la conosce, anche di polso, ai limiti dell’ar roganza. Per una nazione come quella brasiliana, d’altra parte, Dilma non è necessariamente un male e potrebbe farsi valere, anche in ambito internazionale, dove il Brasile comunque ha bisogno di dare una svolta alla politica estera alla “Viva Zapata” di Lula, lasciando perdere

una buona volta Cuba, Venezuela e Iran. Il Brasile, insomma, si è dato un compito e, piaccia o non piaccia Dilma Rousseff, questo paese sembra avere delle idee che lo lanciano definitivamente nel novero delle nazioni più importanti su questo pianeta. Tutto, a cominciare dagli indicatori economici, fa presupporre che il gigante dell’America

“Già, e non fatemi citare Gaber che cantava ‘Io non mi sento italiano ma per fortuna o purtroppo lo sono’” Quel che è certo è l’assoluta incertezza in cui naviga l’Italia che, a differenza del Brasile, non pare in grado di fissare dei traguardi e presentarsi ai blocchi di partenza per le sfide future. E dire che proprio qui in Brasile, come spesso ho già sottolineato, l’Italia gode di una considerazione ben maggiore, tutto sommato, di quella che gli italiani (che vivono in Italia) hanno di se stessi. E’ per questa ragione che, Dilma o non Dilma, anche al sottoscritto piacerebbe che in Italia qualcuno parlasse di priorità e di cose da fare per “salvare la nazione” che sta mestamente affondando afflitta da un profondo sentimento di impotenza.

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Negócios

Brasil, Itália e TAM Antes de ser substituído por Murilo Cassino, Luiz Carlos Perinotto fala da relação da companhia aérea com o mercado italiano Guilherme Aquino

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De Milão

empre com os olhos atentos aos céus, Luiz Carlos Perinotto tem um pé na Itália e outro no Brasil. E não poderia ser diferente. Neto de imigrante italiano, ele é o executivo da TAM responsável pelas operações da empresa na Itália. Sob seu olhar atento, aeronaves da maior companhia aérea brasileira levam e trazem investimentos, turistas, saudades e “oriundi”. Após anos de dedicação à gestão do mercado da Itália, Perinotto irá se aposentar e retornará ao Brasil para trabalhar em projetos ligados a TAM Viagens, unidade de negócios da TAM Airlines, e será substituído, a partir deste mês, por Murilo Cassino. Antes da sua despedida, ele recebeu a reportagem da Comunità para uma entrevista. Para ele, os dois países se complementam e a TAM funciona como ponte aérea de emoções nas duas direções, trabalhando sempre com o “Espírito de Servir”, lema da empresa. E os números não mentem: no ano passado a TAM registrou o recorde histórico com uma taxa de ocupação nos voos internacionais de 79,6%, confirmando-se como a principal companhia aérea entre brasileiros e estrangeiros, entrando ou saindo do país. 24

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Comunitàitaliana – Qual é a estrutura da TAM aqui na Itália? Luiz Carlos Perinotto – Temos 52 colaboradores que trabalham aqui em Milão, na área operacional do aeroporto de Malpensa e na área comercial em nosso escritório de administração, localizado no centro da cidade. Nossos clientes viajam a lazer ou a trabalho. Nosso compromisso é atender bem italianos e brasileiros.

CI – As empresas low cost preocupam até que ponto? Perinotto – Na realidade, não existem empresas low cost que voam da Itália para o Brasil. Existem companhias de charter que operam para o Brasil em determinadas épocas do ano. O segmento dessas empresas é bastante diferente do nosso e, por isso, não são nossos concorrentes diretos. Nossa política privilegia os relacionamentos de longo prazo, e não os sazonais. Oferecemos voos diretos e diários entre o Brasil e a Itália, e uma malha com alta conectividade no Brasil – chegamos com voos próprios a 45 aeroportos brasileiros e a outros 89 destinos no país por meio de acordos com outras companhias. Hoje, a TAM é a empresa brasileira que melhor atende os passageiros que chegam do exterior, inclusive de outras companhias aéreas, como as nossas parceiras de codeshare e as empresas que são membros da Star Alliance, a maior aliança global de aviação comercial da qual fazemos parte. CI – Como é a relação entre a TAM e os clientes italianos? Perinotto – Fico muito feliz

quando vejo italianos dentro dos nossos voos porque demonstra o alto índice de confiança conquistado. E a propaganda “passaparola”, como chamam aqui o “boca a boca”, ajuda muito – não apenas com os passageiros que viajam a turismo, mas também com aqueles que voam para investir, aproveitar o momento econômico que o Brasil está vivendo. O país despertou um grande interesse nos italianos, já que está se transformando em um verdadeiro canteiro de obras, com projetos de médio e longo prazo. Estou muito contente em ver esse interesse no Brasil retratado no número de pessoas que viajam a bordo das nossas aeronaves. CI – Em 2011 comemora-se o Momento Itália-Brasil. Como a TAM participará? Perinotto – Por sermos o link entre a Itália e o Brasil, pretendemos participar de importantes eventos dessa celebração. Em breve, nossas ações serão anunciadas. CI – A TAM estuda novas linhas da Itália para o Brasil e viceversa? Perinotto – Operamos o trajeto Milão-São Paulo-Milão com duas aeronaves modelo Airbus 340, muito modernas e confortáveis, com duas classes de serviço: econômica e executiva. O mercado italiano é bastante importante para nós, mas no momento não temos planos de oferecer novos voos. No entanto, estamos sempre atentos a novas oportunidades. Nossos clientes europeus já têm outras opções de conexão fácil com o Brasil por meio de Paris, Londres, Frankfurt e Madri. CI – Como a TAM é vista no importante hub de Malpensa? Perinotto – Somos muito bem vistos em Malpensa. Todos os passageiros são muito bem atendidos pela nossa competente e bem treinada equipe de funcionários. Um dos nossos diferenciais é o tratamento recebido pelos clientes VIP, chamado Special Service. Temos funcionários que atendem exclusivamente esses passageiros. Os clientes que viajam em classe executiva, ao desembarcarem em Malpensa, têm à disposição um carro com motorista para transportá-los num raio de até 50km, gratuitamente (desde que o pedido seja feito com 48 horas de antecedência).


Notícias

Do Marche para o “Minha Casa” presidente da Região de Marche, Gian Mario Spacca,

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apresentou em Pesaro, o acordo de cooperação internacional entre a empresa italiana Penserini Costruzioni e a paraense Síntese Engenharia, para a criação de uma joint-venture que irá operar na construção de contratações públicas no Brasil. O acordo entre as duas empresas faz parte do projeto promovido pelo governo brasileiro “Minha Casa, Minha Vida”, que envolve a construção, no estado do Pará, de 4 mil habitações para os cidadãos de baixa renda até 2011 e mais 20 mil em 2012. “No Brasil, por exemplo, temos uma estreita cooperação com as regiões do Pará, Amazonas e São Paulo. Acordos tão significativos que a Agência Brasileira de Desenvolvimento (Sebrae) decidiu nos apoiar financeiramente. Nosso objetivo foi e é para colaborar no processo de crescimento desses países, levando as nossas empresas a superar os limites territoriais através da organização de redes e agregação”, afirma Spacca.

Porta para o Lazio a primeira semana deste mês o auditório do Centro Cul-

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tural Brasil-Itália, na Embaixada do Brasil em Roma, foi sede do encontro “Brasil, área de crescimento para as PME do Lazio”. O principal objetivo do evento foi apresentar o país, as áreas de interesse estratégico e o potencial de colaboração com as empresas da região italiana. Durante o encontro, funcionários da Embaixada encontram as empresas participantes, para analisar os projetos concretos de internacionalização. Também foi distribuído o estudo de país, realizado pela Sviluppo Lazio, “Descobrindo o Brasil. Setores emergentes e áreas de desenvolvimento para as PME da Região Lazio”. O objetivo do seminário foi promover o intercâmbio de conhecimentos das realidades econômicas e produtivas entre Lazio e Brasil, e irá apresentar as oportunidades de desenvolvimento e cooperação entre as duas economias.

Política premiada Grupo de Líderes Empresariais do Rio (Lide-Rio) reali-

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zou no início do mês um almoço no Copacabana Palace com o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o vice-Governador, Luiz Fernando Pezão, e cerca de 180 empresários, em homenagem ao secretário e de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, pela eficiência e qualidade do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora nas comunidades do Rio de Janeiro. O diretor-geral do Lide-Rio, José Eduardo Guinle, entregou uma placa comemorativa ao secretário e afirmou que hoje o estado está virando um modelo de segurança para todo o Brasil. Cabral afirmou que o projeto das UPPs é fruto de uma escolha em conjunto da Secretaria com o Governo e está no caminho certo, pois está fazendo o Rio reencontrar o seu lugar em âmbito nacional e internacional, a partir do trabalho digno e sério de José Mariano Beltrame. “Hoje, Beltrame, gostaria de agradecer pelo seu exemplo de estímulo, pelo caráter e motivação que passa a toda sua equipe, tendo a certeza que a Secretaria de Segurança está nas mãos de um grande gestor, que se preocupa com o outro”, disse Sérgio Cabral. Em resposta, José Mariano Beltrame agradeceu o apoio recebido e afirmou que a homenagem para ele demonstra que o seu trabalho tem que continuar, sem perder as oportunidades e sem parar até conseguir o seu objetivo que é pacificar todas as comunidades do Rio de Janeiro.

ICE aposta no Brasil m janeiro, na sede romana do Instituto Italiano para

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o Comércio Exterior (ICE), foi realizada a conferência “Brasil: Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 – Oportunidades de cooperação”, que contou com a participação de representantes do Ministério do Esporte brasileiro e do estado do Rio de Janeiro e de membros da Federação das Indústrias dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Participaram do evento 270 empresários italianos, o que segundo o presidente do ICE, Umberto Vattani, representa uma grande oportunidade para conhecer o que o Brasil tem para apresentar. Para o Mundial de Futebol, o compromisso financeiro necessário è estimado em cerca de 20 bilhões de euros, enquanto aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro foram previstos cerca de 13 bilhões de euros. “Os investimentos maiores vão abranger estádios, aeroportos, hotéis e mobilidade urbana. Interessantes perspectivas para a Itália, já que as exportações italianas ao Brasil voltaram a crescer, cerca 50% a mais nos primeiros nove meses de 2010, em comparação ao mesmo período de 2009”, afirma Vattani.

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Negócios

Fotos: Roberth Trindade

Pão nosso de cada dia

Receitas italianas impulsionaram empresários da panificação que se preparam para abrir franquias Nayra Garofle

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m 2004, quando o casal Patrícia e Fabio Scarpello decidiu abrir uma fábrica de pães no Rio de Janeiro nem imaginava que, menos de 10 anos depois, novas portas se abririam para o negócio. Hoje, eles também são proprietários da Panemania, uma padaria e confeitaria, localizada no coração de Jacarepaguá, no bairro da Freguesia, zona Oeste do Rio. A empresa pretende crescer 20% nos próximos três anos, abrindo franquias em todo o Estado e, depois, seguir crescendo em todo o Brasil. — Como a gente fornece para muitas redes, acaba tendo contato com o franqueado e com o franqueador. Então, eles começaram a falar “O que estou fazendo nessa rede aqui se são vocês que fabricam? Eu quero uma loja de vocês, vamos começar a pensar num projeto”. Porém, a gente tinha que ter a nossa loja primeiro — explica Patrícia, que administra os negócios da empresa. Depois da inauguração da Panemania, em novembro de 2009, os pedidos para que os donos abrissem a possibilidade para franquias começaram a aumentar. A partir de então, o casal procurou várias pessoas que atuam no mercado e empresas de assessoria jurídica, além do arquiteto Amauri de Toledo, responsável pelos projetos do McDonald’s do Brasil e da rede MegaMatte. — No início ele relutou, mas quando viu o projeto ele me perguntou quantas lojas eu achava 26

que era possível abrir. Respondi que acreditava que em cincos anos umas 50. Ele disse que eu estava muito enganada, que a gente tinha que fazer projeto para montar 300 lojas porque ele acredita que já vai vender no primeiro ano. Ouvir isso de uma pessoa que tem experiência é muito bom — conta Patrícia. A decoração da loja ficou por conta da administradora. Tendendo para um ar rústico e romântico provençal, a casa de 100 metros quadrados conta com a beleza de cadeiras e mesas de madeira, quadros decorativos com efeito 3D, lustres e cristaleira pintada à mão. — É claro que as franquias não terão condições de ter as mesmas peças daqui, mas a decoração não vai fugir disso. Elas terão de seguir esse estilo — diz Patrícia, orgulhosa por receber tantos elogios dos clientes. A fábrica de 800 mil metros quadrados, localizada no bairro de Olaria, fornece diariamente cerca de 15 mil pães de 300 tipos para grandes empresas, hotéis e redes de lanchonetes como a Delírio Tropical, o Café Viena, Gula Gula e Compão, além de atender o Projac, o gigantesco centro de produções da Rede Globo. A ideia de criar a loja foi de Patrícia, que sempre acreditou no resultado positivo. — Eu sempre falei para ele (Fabio Scarpello) que isso aqui daria certo. No fundo, ele não acreditava, mas agora estamos vendo os resultados. Abrimos a loja aqui na Freguesia porque é o segundo bairro que mais cresce no Rio depois da Barra da Tijuca — confidencia Patrícia. Segundo ela, a loja é responsável por 20% do faturamento da

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Patrícia apresenta os quitutes da Panemania

Toda a decoração da loja foi idealizada, com carinho, pela administradora Patrícia Senna

empresa que, no ano passado, alcançou a quantia de 5 milhões de reais. O boom foi em dezembro, quando foram vendidos aproximadamente 3 mil panetones e meia tonelada de rabanadas. Apaixonado, como todo italiano, pela arte da gastronomia, o chef Fabio Scarpello se rendeu ao ramo da panificação e da confeitaria fazendo diversos cursos, inclusive adquirindo experiência em Portugal e na Inglaterra. Quando chegou ao Brasil, conheceu Patrícia e ambos concretizaram o sonho de abrir uma indústria de pães com receitas italianas legítimas. Todo o projeto já está formatado e, em junho, a Panemania vai participar da ABF Franchising Expo 2011, em São Paulo. — A ideia é colocar a cara no mundo como franquia. O nosso diferencial é que a gente produz tudo, 80 % do que é vendido aqui são produzidos pela nossa fábrica. E como a gente fornece o produto pronto, a franquia não precisa ter uma estrutura de cozinha de padaria — explica Fabio Scarpello. A Panemania não é uma simples padaria. Com receitas italianas legítimas trazidas por Scarpello, a delicatessen oferece, além da famosa ciabata e da focaccia, maravilhas da confeitaria fina expostas nas vitrines como tortas e biscoitos. Difícil é resistir.


Sociedade

Jeitinho para casar Casal usa a internet e técnicas de marketing como solução para o evento matrimonial Guilherme Aquino convite pré-nupcial anuncia: “somos dois jovens, uma casa comprada, filhos a seguir e pouco dinheiro, mas com tanta vontade de casar! Então, criamos este blog para encontrar anunciantes que desejem oferecer benefícios e descontos para o nosso casamento em troca de publicidade”. Agora, com a Itália se sensibilizando com os desejos dos dois pombinhos milaneses, a mensagem, antes restrita a poucos conhecidos, ganha uma dimensão capaz de tirar o sono dos noivos. A oferta começa a superar a demanda e as expectativas superam as previsões simples do início da ideia de “sensibilizar” os comerciantes do quintal de casa. Floristas, banqueteiros, agências de viagens, joalheiros, locadores de automóveis, rede de hotelaria, enfim, toda a indústria que gira ao redor da celebração de um matrimônio entra em alerta para as consequências mediáticas de uma original iniciativa desta versão de um casamento à italiana. Um casamento em Milão não sai por menos de seis mil euros, entre flores, filmagem e fotografia, aluguéis de roupas e de carro, da igreja, de um salão de festa, com direito a banquete com chefes de certo nível, e uma viagem de lua de mel. Isso com uma avaliação muito por baixo, levando em conta que a média é da ordem de 27 a 30 mil euros. Um sonho, em tempos de crise, ao alcance de poucos casais que trabalham e economizam cada centavo para dar uma bela festa no dia do fatídico “sim”, no altar da paróquia mais próxima. Mas a criatividade e o pragmatismo de um casal de “Promessi Sposi” estão revolucionando e indicando novas estratégias para não renunciar ao sonho. Eles convidaram para o matrimônio, ou melhor, incorporaram à celebração da união, a publicidade. Sem a menor cerimônia, Elisa e Walt, dois jovens de 26 anos, abriram um blog onde dividem a felicidade do casamento dando a oportunidade aos comerciantes locais de fazerem uma veiculação no site do casal e durante o evento, em troca de exposição junto aos convidados e visitantes da página virtual. A ideia nasceu nos Estados Unidos, ganhou força na França, mas

PhotosToGo.com

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De Milão

apenas agora recebe a merecida atenção na Itália. O blog (misposoconlosponsor. blogspot.com) foi aberto em cinco minutos e o “boca a boca”, real ou virtual, através de comunidades como Facebook, se encarregou de espalhar a notícia, que ganhou os jornais e deu visibilidade aos dois pombinhos em apuros. — Queríamos um casamento barato, consultando a internet achei o exemplo americano através de um artigo, a minha primeira reação foi de dar gargalhadas, a segunda foi questionar-me, por que não?! — , conta Elisa. Em menos de 15 dias, mais de mil pessoas visitaram o site e os comerciantes, mais ou menos sensíveis, apareceram para pegar carona na fama e propor serviços, gratuitos ou com grandes descontos. O joalheiro já ofereceu as alianças a preço abaixo daquele praticado no mercado e vai emprestar um colar precioso para a noiva. Tudo ao melhor estilo de Hollywood em noite de Oscar, com os estilistas que disputam as divas que desfilam as suas criações diante dos fotógrafos e cinegrafistas. Guardando as devidas proporções e levando em conta que Walt não é um galã, como Johnny Depp, e Elisa não é uma musa das telas do cinema, o custo-benefício é muito interessante. Ele, Walt Zecca, está se formando na Universidade Católica de Milão em

economia e, de noite, trabalha como barman numa discoteca. Ela, Elisa Di Cristofano, é mãe de uma filha de 7 anos e é funcionária administrativa. Os dois, sem a ajuda da família – caso raro na Itália – compraram uma casa com financiamento em Mediglia, município na grande Milão, com apenas 12 mil residências. Juntos, com a repercussão do caso, se preparam já para rever os planos de casamento. Uma doceira, um restaurante e uma cabeleireira já promovem os seus serviços e produtos no site do casal. E se a ideia era fazer uma festa para não mais de 60 convidados num oratório perto de casa, agora a dupla pensa em aumentar o número dos comensais e, como consequência da “descoberta” do matrimônio solidário, ou, sustentável, dar uma incrementada no blog e transformá-lo, quem sabe, num ponto de referência para quem se encontra na mesma situação. — Esperamos com este exemplo ajudar outros casais em dificuldade —, diz Walt Zecca. Em tempo, o casamento está marcado, pelo menos a cerimônia civil, para o dia 18 de junho. Até lá, os noivos vão ter tempo de sobra para selecionar as melhores ofertas para o casamento dos sonhos. Mas os direitos de “meter” as mãos na união de Elisa e Walt, dando aquela ajudazinha, terminam no momento do “sim”. Depois, sabe-se que em briga de marido e mulher não se mete a colher.

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Economia

Costuras na economia

Comércio bilateral entre Brasil e Itália bate recorde e a moda está entre os segmentos mais importantes entre os dois países Robson Bertolino

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De São Paulo

comércio bilateral entre Brasil e Itália bateu um recorde histórico em 2010, chegando a US$ 9,4 bilhões. O esforço entre os dois governos na promoção de acordos comerciais para os setores de tecnologia, defesa, máquinas, têxtil, alimentos e commodities, rendeu bons frutos e já coloca o País como o segundo do continente europeu como maior fornecedor, ficando atrás somente da Alemanha.

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A Itália exportou para o Brasil o equivalente a US$ 5 bilhões no ano passado. Um crescimento de 35% em comparação com o ano anterior. Bens de consumo, máquinas, vestuário e tecnologia marcaram o crescimento do ‘Made in Italy’ no mercado brasileiro. — O fluxo crescente de visitantes em busca de negócios no Brasil, puxados por conta das parcerias promovidas entre os dois países foi um dos motivadores do crescimento. A previsão é que em 2011 essas estratégias continuem — diz Giovanni Sacchi, diretor do Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE). Por sua vez, o Brasil vendeu para a Itália mais de US$ 4,35 bilhões

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em produtos. Os setores que mais comercializ aram com o país foram o de commodities, calçados, carnes, couro e o de bebidas (suco de laranja). Os números foram anunciados pelo ICE durante a realização da primeira edição da São Paulo Prêt à Porter, em janeiro. O evento de moda (um dos setores que mais cresce entre os dois países) reuniu nove renomadas marcas italianas. A participação das empresas foi promovida pelo ICE, Ente Moda Itália (EMI) e o Sistema Moda Itália (SMI). Para o vice-cônsul Marco Leone, a participação das empresas


italianas em eventos como o realizado, é muito importante para a ampliação dos negócios entre os dois países no segmento moda. — Temos um amplo interesse em todos os setores no Brasil, mas os italianos dão importância particular para o âmbito da moda. A moda faz parte da economia italiana — afirma o diplomata. Alberto Scaccioni, CEO do Ente Moda Itália e conselheiro da Pitti Uomo/Donna, destacou que já existe um franco desenvolvimento dos negócios entre Brasil e Itália. — A Itália olha de forma diferente para o Brasil, um país muito importante para nós. Esperamos que as barreiras entre a moda italiana e a brasileira sejam quebradas. Esperamos ainda que a São Paulo Prêt-à-Porter seja uma referência em moda na América Latina para, assim, ampliarmos nossa presença no País. Gianfranco Di Natale, dirigente do SMI, enfatizou a importância da moda como um segmento especial para os negócios entre Brasil e Itália. Ele lembrou que a crise econômica de 2008 atingiu o faturamento das empresas italianas de confecção, que registrou uma queda, mas que o setor, assim como outros, está em recuperação. — Esperamos uma forte aceleração, principalmente na exportação. E o Brasil é um dos países que mais importa neste segmento da Itália. É um país muito importante para nós e esperamos ampliar nossos negócios — declara Di Natale. As nove empresas italianas que marcaram presença no São Paulo Prêt-à-Porter foram: Xacus, Honegger, Fabio Inghirami, Ingram, Robert Friedman, Manifattura del Seveso, Pamela Milano, Severi e Suprema 90. A expectativa, segundo a organização, é a de dobrar este número na próxima edição.

À moda italiana É a moda italiana conquistando o consumidor brasileiro. Prova disso foi a visita no final do ano passado de um dos maiores embaixadores da moda ‘Made in Italy’, Raffaello Napoleone, diretor do Grupo Pitti Immagine, que promove um dos maiores e mais importantes eventos e salões internacionais nos setores de moda, vestuário e têxtil do mundo. A vinda de Napoleone teve por objetivo fomentar e desenvolver novas parcerias estratégicas entre os dois países e de atualização ao novo cenário da moda brasileira. Na ocasião, o executivo italiano também realizou encontros com empresários brasileiros de destaque no setor, como os empresários Francisco e Waleska Santos, dirigentes do Grupo Couromoda, que também promove a São Paulo Prêtà-Porter. Para Francisco Santos, a visita de Napoleone evidenciou que a relação com a Pitti Immagine é uma via de mão dupla, no sentido de também abrir portas na Itália para as empresas brasileiras que querem participar do mercado europeu. — Estima-se um trabalho conjunto ao longo dos próximos anos entre a Associação Brasileira de

Em coletiva de imprensa, os dirigentes da Couromoda, Francisco e Waleska Santos, o diretor do ICE, Giovanni Sacchi, o vice-cônsul da Itália em São Paulo, Marco Leone, o dirigente do SMI, Gianfranco Di Natale e o CEO do Ente Moda Itália, Alberto Scaccioni

Para o dirigente da SMI, Gianfranco Di Natale, a moda aproxima os negócios entre o Brasil e a Itália

Indústria Têxtil (Abit) e o empresariado italiano — prevê Francisco. Em agosto de 2010 foi aberto em São Paulo, um Desk Pitti no Brasil para a promoção de negócios entre os dois países. De acordo com Giovanni Sacchi, a visita de Raffaello Napoleone é um forte indicativo do prestígio internacional e das grandes possibilidades de negócios no Brasil, que vêm atraindo os maiores players mundiais do setor. — Além de ser uma das áreas mais promissoras do varejo brasileiro, o setor de vestuário apresenta grandes perspectivas de crescimento, o que o torna altamente atraente para investidores internacionais. As empresas italianas vêm com o objetivo de promover o produto Made in Italy, desenvolver parcerias e novos negócios, bem como criar uma interface com o mercado consumidor — afirma Giovanni Sacchi. O calendário de feiras e eventos para este ano está ganhando corpo. Além dos eventos programados para o ‘Momento Itália-Brasil’, está sendo previsto uma missão com a participação do Governo Central e mais de 10 Regiões italianas que buscam parceiras em diversos setores. Café brasileiro Tradicionalmente conhecido pelos compradores e consumidores italianos, o café brasileiro foi outro destaque nas vendas brasileiras para o país da bota. Quatro países se destacam nas compras de café torrado do Brasil: Estados Unidos (US$ 9,5 milhões), Itália (US$ 3,4 milhões), Argentina (US$ 1,4 milhão) e Japão (US$ 1,1 milhão). No entanto, a tendência é o aumento das importações nos próximos anos, principalmente porque as empresas externas optaram pela compra dos grãos do Brasil e de outras partes do mundo, mas fazem a industrialização final em seus países de origem. Uma exceção é a italiana Lavazza, que abrirá uma fábrica no Rio de Janeiro, a primeira fora da Itália. A empresa deve abastecer tanto o mercado interno como o da América do Sul com o produto da unidade. Outro fator alegado pelas empresas para industrializar o café fora do Brasil é a dificuldade enfrentada na importação do produto em grão de outros países, fundamental para a formação de “blends” (misturas).

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Economia

Rio de Janeiro abre calendário da moda no Brasil com desfiles e bolsa de negócios. Artesanato do Amazonas ganha impulso para ir à Itália

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om um sol de 40º graus, os armazéns do Cais do Porto no Rio de Janeiro mantiveram aquecidos os números do setor de moda para o estado. No primeiro evento do ano, o já tradicional Fashion Rio exibiu as coleções de inverno de uma dezena de marcas brasileiras e enquanto os estilistas apresentavam seus conceitos, tons e materiais na passarela, pequenas, médias e grandes nomes da moda expuseram seus produtos no Rio-à-Porter, salão de negócios paralelo dos desfiles. Nesta edição, foram gerados R$ 610 milhões, um aumento de cerca 16% em relação à edição Inverno 2010. Já as exportações cresceram 20%, representando 22 milhões de dólares. Uma prova de que o Brasil segue seu caminho mundo afora tendo o Rio de Janeiro como escala nesta trajetória. Bom para um grupo de artesãos do Amazonas. Através de um projeto entre Grupo AG, Quadrado Redondo e a empresa de turismo do estado, a Amazonastur, que envolve trabalhadores de sete municípios, a bolsa de negócios foi um teste e tanto para o grupo, que já tem agendadas participações em 30

três outras feiras, entre elas a de Florença, marcada para abril. — Será nossa primeira exibição internacional e aqui no Rio tivemos um contato mais próximo com o público. Serve de preparação e avaliação mesmo. O projeto tem três anos e foi feito em etapas para preparar os artesãos e o artesanato para os turistas. É um trabalho sustentável em que eles fizeram cursos, aprenderam técnicas de tingimento natural, enfim, como subsistir a partir da própria floresta — explica o coordenador do projeto, o italiano Fabio Scrugli. Ele afirma que a mostra de Florença é a maior do segmento. E espera alcançar o sucesso visto no Rio, também em seu país. Peças como bolsas, brincos e colares, porta níqueis chamavam a atenção no estande do grupo.

Divulgação

Silvia Souza

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Bruno de Lima

Fôlego para exportar

Costanza Pascolato e Gloria Kalil marcam presença no Rio à Porter

— A Feira de Florença, junto com a de Milão, é a mais importante do mundo. Há artesão na Itália que ganha mais que professor. Vai ser muito importante divulgar nosso trabalho lá. A diferença de nosso projeto para os outros é que nós não temos um atravessador. Os artesãos aprenderam a negociar e tratam diretamente com os clientes — comenta Scrugli, ressaltando que 200 pessoas são diretamente beneficiadas pela iniciativa. Enquanto, o estande amazonense recebia pedidos de diversas frentes, no canto oposto do salão, dois ícones do mundo fashion batiam um papo em meio em uma plateia formada por estudantes, críticos e empresários: Costanza Pascolato e Gloria Kalil. Foram convidadas a falar da relação da Cidade Maravilhosa com a moda.


Divulgação

Bruno de Lima

Divulgação

Negócios Com 169 expositores, edição de Inverno 2011 cresceu 16% no mercado nacional. O salão abrigou representantes de moda feminina, masculina, infantil, praia e sustentável, distribuídos em uma área de 8.150 metros quadrados. O Rio-à-Porter e o Fashion Rio receberam, juntos, público de 85 mil pessoas e investimento de R$ 15 milhões. Esta edição do Rio-à-Porter, organizada pela Luminosidade em parceria com a Francal Feiras, contou com a parceria da Firjan, do Sebrae, da Abit, da Prefeitura e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. — O evento nos surpreendeu positivamente e abriu um leque maior de possibilidades, de fornecedores, já que trabalhamos apenas com produtos ecologicamente corretos. Fizemos contatos com o Grupo Natural Cotton Color, com a marca Raiz da Terra, o Artesanato Sustentável do Amazonas e com o Pólo de Itaperuna — diz Adriano Barbosa da Cores do Algodão, de São Paulo. A estilista Bianca Marques, estreante no evento, abriu praças em Brasília, Curitiba e Goiás e está em negociação com um comprador italiano, que não teve seu nome divulgado. “Ele veio me parabenizar depois do desfile e disse que ficou encantado com a coleção, que procurava peças que enaltecessem o Brasil”, conta. Bruno de Lima

estilistas queriam arriscar. O serviço de pronta entrega, que obriga o produtor a manter um estoque, por exemplo, está em desuso. — Acontece que ninguém mais consegue pensar a longo prazo, para poder pensar em uma estratégia de distribuição. E o país não tem uma marca de peso para ganhar força internacional. Vide a presidente Dilma Roussef, que escolheu uma roupa feita por uma costureira (a gaúcha Luisa Stadtlander) para sua posse. A primeira dama da França, Carla Bruni, valoriza o produto nacional por excelência em grandes ocasiões vestindo Dior. Hoje, as marcas brasileiras que têm respeito lá fora são as Havaianas e H.Stern — finaliza.

Bruno de Lima

Costanza, que veio para o Brasil com a família em 1945 e aportou no Rio, lembrava a luz no cais e a vista da Baía de Guanabara. Já Gloria, recordou a Fiorucci, marca italiana que ela trouxe para o Brasil na década de 1980 e que popularizou o jeans. Mas além de voltarem ao passado, a custa do tema “Alma Carioca”, estampado nos lounges dos armazéns, elas se posicionaram quanto ao mercado brasileiro atualmente. — Para mim, antes de pensar em exportar, os empresários brasileiros precisam fazer direito para nós mesmos. Ainda vemos muita coisa mal acabada e sem caimento, porque a gente escuta muita gente falando que quer ser estilista e nem sabe pegar numa tesoura. O Brasil tem núcleos emergentes capazes de lançar moda com suas características locais. Isso poderia ser melhor explorado — pondera Costanza. Já Gloria Kalil acredita que o mercado está no auge do fast fashion – termo que designa produção rápida e continua de novidades, utilizado por grandes redes de varejo. Ainda segundo a consultora, se a indústria e o comércio é que mandavam neste império, hoje a decisão está nas mãos dos consumidores, o que faz com que poucos empresários e

O italiano Fabio Scrugli, coordenador de um projeto que envolve um grupo de artesãos do Amazonas Abaixo, o ator italiano Nicola Siri revela seu interesse pela moda

Simone Gouveia, coordenadora do Pólo de Petrópolis: moda serrana presente no evento

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Turismo

Porreta Spettacolare

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ão é de agora que o Ministério do Turismo do Brasil investe na divulgação do país na Itália. Tanto trabalho rendeu bons frutos. O estado da Bahia, mais precisamente a sua capital, Salvador, está entre os 10 destinos de “sonhos possíveis” no guia especial preparado pelo site italiano Easyviaggio (http://www.easyviaggio.com/ brasile/salvador-da-bahia). A cidade divide o ranking com Nova Déli (Índia), Tóquio (Japão), Aruba, Nairóbi (Quênia), Mascate (Sultanato de Omã), Seychelles, Colombo (Sri Lanka), Londres (Inglaterra) e Panamá. São lugares que abrigam praias paradisíacas, um misterioso clima oriental, safáris de aventura e metrópoles tentaculares que se aproximam da Itália. Secretário de Turismo da Bahia, o ítalo-brasileiro Domingos Leonelli afirma que há muitos anos a Itália é um mercado importante para o estado, pois sempre esteve entre os três ou quatro países que mais emitem turistas para o local. De acordo com a última 32

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Nayra Garofle

È

da molto tempo che il Ministério do Turismo brasiliano investe nella divulgazione del Brasile in Italia. E cosí tanto lavoro ha reso buoni frutti. Lo stato di Bahia, e specialmente la sua capitale Salvador, è tra i 10 destini di “sogni possibili” nella guida speciale preparata dal sito italiano Easyviaggio. La città condivide il ranking con Nuova Delhi (India), Tokio (Giappone), Aruba, Nairobi (Kenia), Mascate (Sultanato di Oman), le isole Seychelles, Colombo (Sri Lanka), Londra (Inghilterra) e Panama. Sono tutti luoghi che ospitano spiagge paradisiache, misteriosi clima orientali, safari di avventura e metropoli che ormai sono sempre più vicine all’Italia grazie alle fitte reti di voli. Il segretario di turismo della Bahia, Domingos Leonelli, dice che ormai da molti anni l’Italia è un importante mercato per lo Stato, visto che è sempre stata tra i tre o quattro paesi maggiori emittenti di turisti che vanno a Bahia. Secondo gli ultimi sondaggi di


pesquisa de fluxo turístico realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), desde 2008 a Itália envia cerca de 50 mil visitantes para o estado por ano. Leonelli diz que, apesar da diferença da língua, há uma intimidade histórica entre a Bahia e a Itália nas áreas da música e da política. — Podemos dizer que alguns dos grandes baianos famosos são ítalo-brasileiros. Cito sempre o exemplo de Dorival Caymmi, que é a nossa maior expressão musical, descendente de mulato com italianos. Outro mulato importante que é uma referência mundial, no campo da política, é Carlos Marighella, também um ítalo-baiano. Muito abaixo disso, menos famoso e mil vezes menos importante, eu mesmo, descendente de um anarquista italiano, que chegou aqui no Brasil no fim do século XIX, e de uma linda mulata baiana, a minha bisavó — revela. O ítalo-brasileiro conta que sua relação pessoal com a Itália é grandiosa, mas afirma que conhece o país menos do que gostaria, não fala italiano como deveria e, apesar de ser neto de imigrantes, não tem cidadania. — A minha relação com a Itália é de fascínio e de muito amor. Meu bisavô chegou aqui como um foragido político, um exilado político da Itália. Depois, como todo anarquista, aprontou

Dorival Caymmi, cantor e compositor ítalo-brasileiro nascido em Salvador

Dorival Caymmi, cantante e autore italo-brasiliano nato a Salvador

flusso turistico realizzati dalla Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), dal 2008 l’Italia manda 50 mila visitatori circa all’anno nello Stato. Leonelli dice che malgrado ci siano differenze nella lingua c’è una grande intimità storica tra la Bahia e l’Italia, in segmenti come quelli della politica e della musica. — Possiamo dire che una parte dei grandi baiani famosi siano italo-brasiliani. Cito sempre l’esempio di Dorival Caymmi, che è la nostra maggior espressione musicale, discendente da mulatti con italiani. Un altro mulatto importante che è di riferimento mondiale nel campo della politica è Carlos Marighella, sempre un italo-baiano. Senza pretenzioni, meno famoso e mille volte meno importante sono io stesso, discendente di un anarchico italiano arrivato qui in Brasile alla fine del XIX secolo e di una bella mulatta baiana, la mia bisnonna — rivela. L’italo-brasiliano racconta che il suo rapporto personale con l’Italia è grandioso, ma dice la che conosce meno di quanto vorrebbe, non parla l’italiano come dovrebbe e, malgrado sia nipote di immigranti, non ha la cittadinanza. — Il mio rapporto con l’Italia è di fascino e di molto amore. Il mio bisnonno è venuto qui come rifugiato politico, un esiliato politico dall’Italia. Dopo, come tutti gli anarchici, da comunitàitaliana | fevereiro 2011

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Turismo

muitas por aqui, pelo que se sabe, e foi para São Paulo – onde aprontou outras tantas. A notícia que meu pai me deu foi a de que ele acabou morrendo em Nova Iorque. — recorda com emoção o secretário afirmando que, ainda assim, muito da cultura italiana está presente em seu dia-a-dia — Conheço algumas importantes cidades italianas. Já fiz conferências em Bari, já estive em Roma algumas vezes e mais algumas outras lindas regiões. A Itália está presente na minha vida no gosto pela culinária, na personalidade e no interesse pelos aspectos histórico e cultural — completa. Leonelli afirma que qualquer baiano deseja conhecer o país do outro lado do oceano. É uma preferência mútua. O secretário lembra-se do orgulho que sentiu, como gestor do turismo e como ex-profissional de publicidade, quando viu o slogan adotado pela Bahia em 2007, “A Bahia é muito mais”, ser adotado pela Itália exatamente pelas mesmas razões. — Nós somos praias, sol, natureza, mas somos cultura, diversidade, somos interesse humano. Então, e essa humanidade, essa beleza humana e natural, esse patrimônio cultural – obviamente não tão grande quanto o da Itália, mas muito importante para a América e para o Novo Mundo – que nos torna tão parecidos. Com certeza, a concepção usada pelo publicitário que criou esse slogan para Itália foi a mesma que gerou esse slogan para a Bahia — lembra. Salvador, além de disputar com o Rio de Janeiro o centro da capital mundial do carnaval, está entre os destinos brasileiros mais amados pelos italianos. A Air Europa, como no ano passado, propôs um trajeto que une Veneza, Milão e Roma a Salvador, com uma única escala em Madri. O estado tem 1200 quilômetros de litoral e quase 300 praias. Algumas famosas, outras ainda selvagens, mas uma não ofusca o brilho da outra e tampouco “rouba” o charme encontrado em Salvador, no seu famoso Elevador Lacerda – que liga a Cidade Baixa à Cidade Alta – e no histórico Pelourinho. O secretário de Turismo diz que há um trabalho muito forte de divulgação junto ao trade e aos operadores nacionais e internacionais dos principais mercados emissores. — Além disso, desenvolvemos produtos e criamos novos segmentos para fazer da Bahia um lugar atraente para os visitantes, com base em nossos atrativos históricos, culturais e naturais. Nos últimos quatro anos, criamos produtos novos como o São João da Bahia, principal festa junina do país, Espicha Verão (projeto para retardar a chegada da baixa estação),

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Acima, a praia Porto da Barra. Abaixo, o secretário Domingos Leonelli e a vista das cidades alta e baixa, com o detalhe do Elevador Lacerda

Sopra, la spiaggia Porto da Barra. Sotto, il segretario Domingos Leonelli e il panorama delle città alta e bassa, con il dettaglio dell’Elevador Lacerda

quello che si dice pare che ne abbia combinate di tutti i colori ed è andato a São Paulo, dove ne ha combinate altrettante. Da quello che mi raccontava mio padre alla fine è morto a New York — ricorda con emozione il segretario dicendo che malgrado questo nella sua routine giornaliera la cultura italiana si fa presente. — Conosco delle importanti città italiane. Ho già tenuto conferenze a Bari, sono andato delle volte a Roma e in qualche altra bella regione. L’Italia è presente nella mia vita nel gusto per la culinaria, nella personalità e negli interessi per gli aspetti storici e culturali — conclude. Leonelli dice che qualsiasi baiano vorrebbe conoscere il Paese dall’altro lato dell’oceano. È una preferenza mutua. Il segretario ricorda l’orgoglio che ha provato come professionista del turismo ed ex professionista di pubblicità, quando ha visto lo slogan “La Bahia è molto di più”, che era stato adottato dalla Bahia nel 2007, usato anche dall’Italia proprio per gli stessi motivi. — Noi siamo spiagge, sole, natura, ma siamo anche cultura, diversità, interessi umani. Quindi quest’umanità, questa bellezza umana e naturale, questo patrimonio culturale, è ovvio, non cosí grande come quello italiano, ma molto importante per l’America e il Nuovo Mondo, è che ci rende cosí simili. Sicuramente il concetto usato dal pubblicitario che


dentre outros. Reforçamos segmentos como o turismo étnico e o enoturismo que têm um grande público — explica. Este ano, o carnaval será realizado, oficialmente, em março. Porém, há um dito popular de que “na Bahia é carnaval o ano inteiro”. No início deste mês, foi realizado o Festival de Verão, evento que reúne os principais cantores de todos os gêneros musicais. De acordo com a Secretaria de Turismo, em 2010, durante o carnaval, Salvador recebeu cerca de 500 mil visitantes, reunindo 2 milhões de pessoas nas ruas. Destes, cerca de 6% eram estrangeiros e os italianos são responsáveis por grande parte deste índice. — Durante a folia, montamos uma operação chamada Guias e Monitores do Carnaval, que reúne mais de 500 profissionais. Todos falam mais de um idioma e, a nossa capacidade técnica, abrange quase dez idiomas. Nesse período, também reforçamos o nosso call center, que é o melhor serviço do país nessa categoria. Através do telefone (71) 3103-3103 o turista tem acesso a todos os tipos de informações que vão desde o endereço do posto médico até o horário de saída dos blocos de carnaval — revela. Com o objetivo de atrair mais turistas para o estado, Leonelli conta que a Secretaria de Turismo está sempre preparando articulações com operadores e agentes de viagem para a conquista de voos diretos e divulgação da Bahia na Itália. — Este mês vamos participar de uma série de encontros internacionais. A primeira parada será em Milão, onde acontece a Bolsa Internacional de Turismo (BIT), a feira mais importante da Itália neste setor. De 16 a 20 de fevereiro, os italianos poderão conhecer o que a Bahia tem de melhor para oferecer aos turistas — diz. Lugares imperdíveis Salvador é uma das poucas cidades nordestinas em que praia não é a maior atração. Nas ruas da cidade, o turista “tropeça em história do Brasil” o tempo inteiro. Alguns lugares merecem visita certa, como a Igreja de São Francisco – que no seu interior tem o altar e peças cobertas por 800 quilos de ouro –, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde é realizada a

Água morna é característica das praias do Nordeste que estão sempre cheias. Abaixo, artesanato local

Mare tiepido è caratteristico delle spiagge del Nord-Est che sono sempre piene. Sotto, artigianato locale

ha creato questo slogan per l’Italia è stato lo stesso che ha dato origine a quello per la Bahia — ricorda. Salvador, oltre a disputare con Rio de Janeiro il centro della capitale mondiale del carnevale, è tra i destini brasiliani più amati dagli italiani. La Air Europa, come l’anno scorso, ha proposto un tratto che unisce Venezia, Milano e Roma a Salvador, con un unico scalo a Madrid. Lo stato vanta 1200 chilometri di litorale e quasi 300 spiagge. Qualcuna delle quali famosa, altre ancora selvagge, ma non si fanno ombra a vicenda e nemmeno “rubano” lo charme che c’è a Salvador nel suo famoso Elevador Lacerda, che unisce la Cidade Baixa alla Alta, e nello storico Pelourinho. Il segretario di Turismo dice che viene messa in atto una forte attività di divulgazione nel trade e con gli operatori nazionali e internazionali dei principali mercati emittenti. — Inoltre realizziamo prodotti e creiamo nuovi segmenti per rendere la Bahia un luogo attraente per i visitatori sulla base delle nostre attrattive storiche, culturali e naturali. Negli ultimi quattro anni abbiamo creato nuovi prodotti come quello su São João da Bahia, principale festa ‘junina’ del Brasile e Espicha Verão [allunga estate] (progetto per ritardare l’arrivo della bassa stagione) tra i tanti altri. Abbiamo rafforzato segmenti come quelli del turismo etnico e dell’enoturismo che presentano un grande pubblico — spiega. Quest’anno ufficialmente il carnevale sarà a marzo. Ma c’è un detto popolare che dice che “nella Bahia è carnevale tutto l’anno”. All’inizio di febbraio è stato realizzato il Festival d’Estate, evento che riunisce i principali cantanti di tutti i generi musicali. Secondo la segreteria di Turismo, durante il carnevale del 2010 Salvador ha ospitato circa 500 mila visitatori, ed ha riunito 2 milioni di persone per le strade. comunitàitaliana | fevereiro 2011

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Turismo

única missa católica do Brasil rezada ao som de atabaques, e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, onde são distribuídas as famosas fitinhas coloridas e todo mês de janeiro realiza-se a lavagem de sua escadaria pelas baianas, com água de cheiro e muita festa. O Dique do Tororó é o único manancial natural da cidade, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que possui uma lagoa de 110 mil metros quadrados. O espaço preferido para os amantes do esporte tem pista de cooper, raias para a prática do remo, decks para a pesca, piers para pequenas embarcações, equipamentos de esportes e ginástica, playgrounds, além do Centro de Atividades e da Praça de Eventos. O centro possui ainda restaurantes e estacionamento com 150 vagas. A praça tem um palco flutuante para a realização de shows e espetáculos. No meio da lagoa, esculturas de diversos Orixás complementam a beleza da região e marcam o sincretismo religioso da cidade. O Farol da Barra fica perto do Morro do Cristo. É cercado por arrecifes com pequenas ondas e piscinas naturais sendo um dos pontos preferidos do pessoal do surf. Bastante procurado pelos turistas, é possível ver, diariamente, centenas deles registrando com suas câmeras fotográficas este que é um dos principais cartões-postais da capital. Salvador é uma cidade que se divide em “alta” e “baixa”. Sendo assim, só mesmo tendo um grande elevador para servir de tradicional cartão-postal. O Elevador Lacerda foi construído em 1873. Encravado na rocha da montanha ele interliga os 72 metros da praça Tomé de Souza, na cidade alta, à Praça Cayru, na cidade baixa, transporta cerca de 28 mil passageiros por dia e a viagem dura 30 segundos. Depois de subir no Elevador Lacerda, a Cidade Alta é um pedaço de Salvador que oferece um passeio inesquecível. É um cenário que mistura natureza e história. O trajeto começa no Forte de Monte Serrat, considerado um dos mais belos monumentos militares da Bahia. Depois é seguir pela Ponta do Humaitá e aproveitar o pôr-do-sol da Baía de Todos os Santos, numa vista que reúne a igrejinha, convento e farol. Em termos de artesanato nordestino o local ideal para visitar é o Mercado Modelo. Localizado na Praça Cayru, na cidade baixa, o mercado modelo foi prédio da antiga Alfândega e é hoje um dos principais pontos de venda de arte típica da Bahia. Tem 259 boxes com o que há de melhor do artesanato regional, lá se

A famosa subida do Pelourinho. Abaixo, detalhe da fitinha do Senhor do Bonfim e o Dique do Tororó com suas esculturas de Orixás

La famosa salita del Pelourinho. Sotto, dettaglio di fettuccia del Senhor do Bonfim e il Dique do Tororó con le sue sculture di Orixás

Di questi il 6% circa era di gente straniera e gli italiani erano la maggior parte di questo gruppo. — Durante il carnevale abbiamo messo su un’operazione chiamata Guias e Monitores del Carnevale, che mette insieme più di 500 professionisti. Tutti parlano più di una lingua e raggiungiamo una capacità tecnica di più di dieci lingue. In questo periodo abbiamo anche aumentato il nostro call center, che in questa categoria vanta di essere il migliore del Brasile. Al numero (71) 3103-3103 i turisti possono accedere a tutti i tipi di informazione che vanno dall’indirizzo del centro sanitario locale all’orario di partenza dei ‘blocos’ di carnevale — rivela. Sempre per attrarre più turisti nella Bahia, Leonelli racconta che la segreteria di Turismo è sempre in stretta collaborazione con operatori e agenti di viaggio per ottenere voli diretti e divulgazione della Bahia in Italia. — Questo mese parteciperemo ad una serie di incontri internazionali. Il primo sarà a Milano, dove ha luogo la Borsa Internazionale di Turismo (BIT), la fiera più importante d’Italia in questo settore. Dal 16 al 20 febbraio gli italiani potranno vedere da vicino cos’ha di meglio da offrire la Bahia ai turisti — dice. Luoghi imperdibili Salvador è una delle poche città del Nord-Est in cui le spiagge non sono gli unici punti turistici. Nelle vie della città i turisti “inciampano nella storia del Brasile” tutto il tempo. Certi luoghi meritano sicuramente una visita, come la chiesa di São Francisco, che nel suo interno vanta l’altare e vari pezzi ricoperti con circa 800 chili d’oro, la chiesa di Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, in cui viene realizzata l’unica messa cattolica del Brasile al suono di tambori e la chiesa del Nosso Senhor do Bonfim, dove vengono distribuite le famose fettucce colorate e a gennaio le ‘baianas’ fanno sempre il lavaggio della scalinata con un profumo chiamato ‘água de cheiro’ e si fa festa. La diga del Tororó è l’unica fonte d’acqua naturale della città, che è protetta dallo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ed è una laguna di 110

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Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; quadros de artista local. Abaixo, destaque para o acarajé e a baiana preparando os quitutes regionais

encontra batas, toalhas de renda, redes, balangandãs e patuás. Além de opção de compras, também é uma ótima dica para desfrutar pratos típicos da culinária baiana e onde se encontra bares com bebidas típicas e tira-gosto. E quando se fala em Salvador, a maioria dos turistas lembra-se do Pelourinho. No passado, com a mão-de-obra escrava, os pelourinhos eram colunas fixadas em áreas públicas para castigar criminosos e infratores. Sendo Salvador a primeira capital da América Portuguesa, a cidade cultivou a mão-deobra escrava e teve os seus pelourinhos. Instalados em pontos como o Terreiro de Jesus e as praças Tomé de Souza e Castro Alves, o pelourinho acabou emprestando o nome ao conjunto histórico e arquitetônico que faz parte do Centro Histórico da cidade. A construção de igrejas, solares e sobrados no local intensificou-se no século XVII, através dos grandes proprietários rurais. As edificações das ordens religiosas e terceiras e os sobrados suntuosos que passaram a rodear o Terreiro de Jesus no século XVIII refletiam a estratificação social da cidade.

Chiesa Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; quadri di artista locale. Sotto, posto d’onore per l’acarajé e la baiana mentre prepara le pietanze regionali

mila metri quadrati. Lo spazio preferito dagli amanti dello sport ha una pista di cooper, corsie per il canottaggio, deck per la pesca, moli per piccole imbarcazioni, attrezzature per sport e ginnastica, spazi per giochi, oltre al Centro di Attività e alla Piazza di Eventi. Il centro ha anche ristoranti e parcheggio con 150 posti macchina. La piazza ha un palco fluttuante per concerti e spettacoli. Nel mezzo della laguna ci sono sculture di vari Orixás che completano la bellezza della regione e dimostrano il sincretismo religioso della città. Il Farol da Barra rimane vicino al Morro do Cristo. È circondato da scogliere con piccole onde e piscine naturali, ed è uno dei luoghi preferiti dai surfisti. È molto frequentato dai turisti, infatti ci si può vedere tutti i giorni centinaia di persone che fotografano con le loro macchine questo luogo che è uno dei principali biglietti da visita della capitale. Salvador è una città che si divide in “alta” e “bassa”. Quindi ci vuole proprio un grande ascensore che fa la funzione di punto turistico. L’Elevador Lacerda è stato costruito nel 1873, scavato nella roccia della montanha che collega i 72 metri di piazza Tomé de Souza, nella città alta, alla piazza Cayru, nella città bassa, e trasporta 28 mila persone circa al giorno in un viaggetto di 30 secondi. Dopo essere saliti sull’Elevador Lacerda, la Cidade Alta è una parte di Salvador che offre gite indimenticabili. È uno scenario che mescola natura e storia. Il percorso comincia nel Forte de Monte Serrat, che viene considerato uno dei più bei monumenti militari della Bahia. Dopo bisogna andare alla Ponta do Humaitá e sfruttare il tramonto dalla Baía de Todos os Santos, davanti ad un panorama che offre la chiesetta, il convento e il faro. Per l’artigianato locale nordestino il luogo ideale da visitare a Salvador è il Mercado Modelo. Situato in Praça Cayru, nella città bassa, la costruzione era la sede della vecchia dogana ed è oggi uno dei principali punti vendita di arte tipica baiana. Ha 259 piccoli negozi con ciò che c’è di meglio dell’artigianato regionale. Ci si trovano camicie, tovaglie di merletto, amache e ornamenti per polso (balagandãs) e per protezione (patuás). Oltre a poterci comprare varie cose, là si possono mangiare piatti tipici della culinaria baiana perché ci sono bar con bevande tipiche e stuzzichini. E quando si parla di Salvador la maggior parte dei turisti si ricorda del Pelourinho. In un passato di manodopera schiava, i ‘pelourinhos’ erano colonne fissate in terreni pubblici per castigare criminali e trasgressori. Siccome Salvador è stata la prima capitale dell’America portoghese, la città ha usato la manodopera schiava e ha avuto i suoi ‘pelourinhos’. Installati in punti come quello del Terreiro de Jesus e le piazze Tomé de Souza e Castro Alves, il ‘pelourinho’ alla fine ha cominciato a significare l’insieme storico e architettonico che fa parte del Centro Storico della città. La costruzione di chiese, dimore e palazzetti sul luogo è aumentata nel XVII secolo grazie ai grandi proprietari rurali. Le costruzioni di ordini religiosi e terzi e i sontuosi palazzetti che hanno cominciato allora a circondare il Terreiro de Jesus nel XVIII secolo rispecchiavano la stratificazione sociale della città. Nel XIX secolo il luogo ha affrontato un grande periodo di abbandono e distruzione. Finalmente comunitàitaliana | fevereiro 2011

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Capa

Turismo

A Lavagem do Bonfim, realizada todo mês de janeiro. Abaixo, o carnaval de Salvador e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim Il Lavaggio del Bonfim, realizzato sempre a gennaio. Sotto, il carnavale di Salvador e la Chiesa di Nosso Senhor do Bonfim

No século XIX, o local passou por um grande período de abandono e destruição. Finalmente tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Pelourinho ressurgiu com toda sua beleza arquitetônica. Cerca de 800 casarões coloniais foram recuperados. Hoje, o Pelourinho, localizado no coração do Centro Histórico, é um grande shopping a céu aberto, que oferece inúmeras atrações artístico-musicais e opções de bares, restaurantes, boutiques, museus, teatros, igrejas e outros monumentos de grande valor histórico. O panorama se completa com os ensaios semanais do Olodum aos domingos e terças-feiras. Os Filhos de Gandhy também promovem ensaios nos meses mais próximos ao Carnaval. O carnaval de Salvador é a maior festa do mundo em participação popular, que toma toda a cidade de foliões – fantasiados e pulando como “pipoca” atrás dos trios independentes ou vestidos nos abadás e becas de seus blocos preferidos, rumo aos diversos circuitos carnavalescos. Há o circuito central, do Campo Grande à Praça Castro Alves; outro, na orla, sentido Barra-Ondina; e o mais tradicionalista, do Pelourinho à Rua Chile, no Centro Histórico. Neste último, o forte é a música das bandinhas de sopro e percussão, os blocos afros, afoxés e os fantasiados; nos demais, desfilam os grandes blocos, com seus possantes trios elétricos, uma criação dos baianos Dodô e Osmar que virou mania em todo o Brasil. Com tantas opções, quem planeja passar o carnaval na cidade baiana, mas quer conhecer o lado histórico da capital, vai precisar mais do que uma semana, já que os famosos trios elétricos não estão “fervendo” apenas de noite. Carnaval na Bahia acontece o ano inteiro, dia e noite. 38

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dichiarato protetto come Patrimonio dell’Umanità dalla Unesco, il Pelourinho è risorto con tutta la sua bellezza architettonica. Gli 800 palazzetti in stile coloniale sono stati recuperati. Oggigiorno il Pelourinho, che si trova nel cuore del centro storico, è un grande shopping a cielo aperto che offre innumerevoli attrattive artistiche e musicali e un’ampia scelta di bar, ristoranti, boutique, musei, teatri, chiese e altri monumenti di grande valore storico. Il panorama si completa con le prove settimanali dell’Olodum, domenica e martedí. Anche il gruppo Filhos de Gandhy organizza prove nei mesi più vicini al Carnevale. Il carnevale di Salvador è la maggior festa del mondo in termini di partecipazione popolare e riempie la città di gente amante della festa mascherata e che danza a salti (pula) come se fosse pop-corn dietro ai camion del sonoro (trios elétricos) vestiti normalmente o con le magliette o maschere (abadás e becas) dei loro gruppi (blocos) preferiti, andando in direzione ai vari circuiti carnevaleschi. C’è il circuito centrale, dal Campo Grande alla Praça Castro Alves; un altro sul lungomare, senso Barra-Ondina; e il più tradizionale, dal Pelourinho alla Rua Chile nel centro storico. In quest’ultimo suonano in prevalenza piccole bande con fiati e percussione, ‘blocos’afro, afoxés e quelli in maschera; negli altri sfilano i grandi ‘blocos’ con i loro potenti camion sonori, una creazione dei baiani Dodô e Osmar che sono diventati una mania in tutto il Brasile. Con tutte queste alternative chi pensa di passare il carnevale nella città baiana ma vuole conoscere l’aspetto storico della capitale avrà bisogno di più di una settimana, visto che i famosi ‘trios elétricos’ non stanno ‘ribollendo’ solo di notte. Il Carnevale a Bahia c’è tutto l’anno, di giorno e di notte.

Dicas de circuito para pular o carnaval Suggerimenti di circuiti per ‘pular’ (saltare, ossia divertirsi) a carnevale Circuito Osmar (Avenida) Este é o trajeto mais antigo, por isso é conhecido como tradicional. Os blocos se concentram no Corredor da Vitória e de lá partem percorrendo toda a Avenida Sete de Setembro. Durante o percurso, o folião passa por pontos turísticos da cidade, como o Relógio de São Pedro, o Forte de São Diogo e a Praça Castro Alves.

Circuito Osmar (Avenida) Questo è il percorso più antico e per questo si dice sia tradizionale. I ‘blocos’ si concentrano nel Corredor da Vitória e da lí partono percorrendo tutta la Avenida Sete de Setembro. Durante il tragitto la gente passa davanti a punti turistici della città come il Relógio de São Pedro, il Forte de São Diogo e Praça Castro Alves.

Circuito Dodô (Barra/Ondina) Como foi criado mais recentemente, este percurso é conhecido como alternativo. Os blocos se concentram em frente ao Farol da Barra, onde começam o desfile seguindo pela orla marítima de Salvador até o bairro de Ondina. O percurso de 4km é feito em média em 4 horas à beira-mar, o que torna o desfile mais agradável e tranquilo.

Circuito Dodô (Barra/Ondina) Siccome è stato creato più recentemente questo percorso è considerato alternativo. I ‘blocos’ si concentrano davanti al Farol da Barra da cui comincia la sfilata lungo la costa di Salvador fino al quartiere Ondina. Il percorso è di 4 km ed è fatto in una media di 4 ore di lungomare, il che rende più gradevole e tranquilla la sfilata.

Principais blocos Pular o carnaval dentro dos blocos ou nos camarotes exige boa vontade para gastar. Os ingressos custam de R$180 a R$950 dependendo do dia e da atração. Blocos Coruja e Cerveja e Cia – Ivete Sangalo Blocos Chicleteiro eu!, Nana Banana e Camaleão – Chiclete com Banana Bloco Me abraça – Asa de Águia Bloco Papa – Claudia Leite Bloco Crocodilo – Daniela Mercury Timbalada

Principali blocos Per ‘pular’ il carnaval insieme ai ‘blocos’ o sui palchi richiede la buona volontà di spendere. Gli ingressi costano dai R$180 ai R$950 a seconda del giorno e del tipo di gruppo. Blocos Coruja e Cerveja e Cia – Ivete Sangalo Blocos Chicleteiro eu!, Nana Banana e Camaleão – Chiclete com Banana Bloco Me abraça – Asa de Águia Bloco Papa – Claudia Leite Bloco Crocodilo – Daniela Mercury Timbalada


firenze

Giordano Iapalucci

Dalle icone russe ad oggi ino al 30 aprile si potranno ammira-

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re i capolavori provenienti dal Museo Russo di San Pietroburgo. Saranno circa 40 dipinti esposti presso l’Andito degli Angiolini di Palazzo Pitti, che vanno dall’epoca delle icone russe (di cui è stato scelto il Cristo Pantocratore come simbolo di quella che è sicuramente l’arte russa più nota in Europa) fino alle avanguardie di primo novecento. Ingresso 12 euro (ridotto € 6). Orario da martedì a domenica dalle 8.15 alle 18.50.

Così fa Mozart

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l favore del pubblico incontrato lo scorso anno ha messo le basi affinché anche quest’anno si ripetessero le rassegne musicali al Museo del Bargello a Firenze. Ed è cosi che fino al 5 aprile saranno presentate le serate all’insegna della musica, che quest’anno saranno un omaggio al grande musicista Wolfgang Amadeus Mozart. Alle grandi ope-

re musicali mozartiane faranno da contraltare quelle più recenti del novecento in una sorta di dialogo a distanza. Tra gli ospiti vi saranno Rossella Giannetti con il suo clavicembalo, Michele Marasco con i flauti e Tamsin Waley-Cohen con il suo straordinario violino Stradivari. Ingresso: 10 euro (ogni concerto). Inizio ore 20.30.

Innamorati dell’Arte usei che si trasformano in luoghi

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Seguendo le tracce evento proposto dalla Galleria Zak,

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dal nome “Treaceable” porta in terra senese otto artisti internazionali. Con le loro opere ci portano in un percorso attraverso il quale si punta alla ricerca delle tracce più o meno visibili che l’arte arte contemporanea ha lasciato fino ad oggi. Tra gli espositori, per citarne alcuni, troviamo i gemelli svizzeri Huber con opere legate al disegno su muro con l’utilizzo di carta, Niccoli con il suo video legato al simbolismo antropologico e Weber con i suoi “tappeti” creati con delicatissimi inchiostri su carte appese senza cornice. Fino a venerdì 8 aprile. Ingresso gratuito.

romantici. Questo è il progetto dal nome “Innamorati dell’Arte” messo in piedi dal Ministero dei Beni Artistici e Culturali per San Valentino. L’amore entra in scena insieme alle grandi opere a lui ispirate come il bacio tra “Amore e Psiche” (Canova) agli Uffizi di Firenze, il dualismo de “L’amor Sacro e Amor Profano” di Tiziano presso la Galleria Borghese a Roma , “Il Bacio” di Hayes alla Pinacoteca di Brera o “Danae” di Klimt al Museo di Capodimonte a Napoli. Il 13 e il 14 febbraio nei musei fiorentini come in quelli del resto d’Italia sarà così possibile entrare in due con uno stesso biglietto.

Avanguardie jazz ue eventi musicali porteranno il

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clima jazz sulla terra toscana fino ad aprile: Jazz Wide Young 2011” (fino al 3 aprile) e Lucca Jazz Donna (fino al 13 marzo). Il primo si svolgerà presso il Teatro S. Andrea di Pisa e sarà una rassegna di musica jazz all’insegna dei giovani talenti, non da intendere solo da un punto di vista anagrafico, ma anche prettamente musicale. Esempio, in questo caso, è dato da Ralph Towner e Paolo Fresu come anche dai Nexus di Daniele Cavalcanti e Tiziano Tononi. Ingresso 5 euro. Il secondo progetto musicale sarà presentato sulle terre lucchesi in cui le avanguardie jazzistiche saranno, in questo caso, solo ad appannaggio del gentil sesso come il quartetto di Veronica Fascione. Ingresso 10 euro.

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Saúde

Quando operar? Considerada por muitos médicos como uma das doenças da contemporaneidade, a tendinite tem cura e há recursos preventivos para o paciente não enfrentar a cirurgia

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O uso constante do teclado e do mouse pode provocar tendinite na mão, no punho e até no ombro

Divulgação

— De um modo geral, o tratamento depende da causa. É preciso corrigir a postura e melhorar o condicionamento físico — diz Faloppa. O ortopedista também ressalta que descansar durante o trabalho, isto é, parar por alguns minutos a cada hora trabalhada é importante para aliviar a tensão e o estresse muscular. — Sair um pouco do ambiente em que se trabalha e levantar, tomar um café, isso realmente é interessante no sentido de evitar um quadro de dor — conta. Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, 30% dos indivíduos são acometidos por alguma dor em um momento da sua vida e, em 10 a 40% deles, tem duração superior a um dia. A incidência da dor crônica no mundo oscila entre 7 e 40% da população e, como consequência da mesma, cerca de 50 a 60% dos que sofrem dela ficam parcial ou totalmente incapacitados, de maneira transitória ou permanente, comprometendo de modo significativo a qualidade de vida. No caso do premier Silvio Berlusconi, segundo seu médico pessoal, Alberto Zanguillo e o cirurgião

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uito conhecida entre os esportistas, por fazerem movimentos repetitivos, a tendinite tem acometido pessoas que não praticam esporte, mas que passam muito tempo realizando as mesmas atividades. O primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, precisou ser operado, em outubro, por conta do agravamento desta doença na sua mão esquerda. Mas há artifícios que ajudam a evitar a operação. A doença, que pode atingir os tendões do corpo inteiro, está mais associada aos membros superiores e um dos principais culpados é o computador. O uso constante do teclado e do mouse pode provocar tendinite na mão, no punho e até no ombro. Segundo o ortopedista, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Flávio Faloppa, depois de diagnosticada a tendinite é preciso eliminar o fator causal, ou seja, o que levou ao quadro. — O repouso é o mais recomendado, mas às vezes, dependendo do processo inflamatório, é necessária, na fase aguda, além do antiinflamatório, a imobilização — explica. A tendinite está associada a um processo inflamatório. Pode ser aguda, que são as lesões recentes, ou crônica, quando mesmo retirado o fator causal, o paciente permanece com dor. Os tendões, quando submetidos à carga extenuante – movimentos repetitivos, treinamento intensivo ou incorreto – ou trauma direto evoluem com inchaço devido a um processo inflamatório ao seu redor.

Com o orthomouse, o usuário parece segurar uma caneta

que o operou, Alberto Lazzerini, a cirurgia não passou de 15 minutos. Lazzzerini explicou que havia “um nervo e dois tendões comprimidos e que foram liberados”. Quando o repouso absoluto e a retirada do fator causal não resolvem mais o problema, Faloppa explica que dependendo do caso do paciente, é preciso recorrer à cirurgia. — Uma grande parte dos tendões do punho se encontra em túneis. Na tendinite do punho, conhecida como tendinite estenosante, com o tempo e com o uso esses túneis ficam mais estreitos, acaba virando um problema mecânico e provoca dor, então o caso é cirúrgico porque precisa liberar o tendão — explica o médico. Pensando em um dos fatores causais mais frequentes, um cirurgião argentino desenvolveu um mouse: o orthomouse. Comum, além de pequeno, obriga o usuário a manter os dedos indicador e médio levemente suspensos. Sua roda de scroll, também obriga ao indicador o movimento repetitivo de giro. Com o orthomouse, o usuário parece segurar uma caneta. O ponto ótico, em vez de estar no meio do corpo do mouse, está na ponta, no lugar em que polegar e indicador se encontram. É como se fosse a ponta da caneta. Desenhado pelo doutor Segalle em parceria com o engenheiro eletrônico da Politécnica da USP, Olavo Spínola, o orthomouse é maior e mais alto do que o mouse comum e pode custar até R$200. Há uma série de recomendações para que as mãos e os braços não sofram com o uso do computador. A mesa, por exemplo, precisa ter espaço suficiente para que os antebraços fiquem quase todos apoiados sobre ela. A base das mãos deve estar acima das teclas. Desse jeito, os dedos não ficam em suspensão, por causa do teclado. Utilizar apoios como bolsas de gel ajudam neste caso. Mas lembre-se, mesmo que você tenha um orthomouse é importante ter alguns momentos de repouso durante o dia, como sugere o ortopedista brasileiro. Afinal, levantar da cadeira e sair da frente do computador faz bem para o corpo e para mente.


Notas

Saúde

Supersuco e acordo com um estudo da Universidade Queen Mary, na

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Inglaterra, basta tomar 250 mililitros do suco de beterraba por dia — o que equivale a um copo americano — para que a pressão arterial fique na medida e desabem os riscos cardiovasculares. Os pesquisadores observaram que os responsáveis pela façanha são os nitratos presentes no vegetal. Isso porque, enquanto alguns participantes degustaram o suco, outros ingeriram cápsulas dessa substância. No final das contas, verificou-se uma queda na pressão de ambos os grupos. Mas os nitratos da beterraba, em doses excessivas, são precursores de substâncias potencialmente cancerígenas. Portanto, consuma apenas um copo por dia. Receita: 150 ml de água, 1 beterraba, 1 cenoura, 1 ramo de salsão, 1 ramo de erva-doce Bata tudo no liquidificador. Beba o suco em seguida.

Abstinência m estudo publicado pela revista

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Para o coração eber três copos de leite por dia pode

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diminuir em até 18% o risco de doenças cardiovasculares, é o que sugere um estudo publicado na revista especializada American Journal of Clinical Nutrition. A professora Sabita SoedamahMuthu, do Departamento de Nutrição Humana da Universidade de Wageningen, analisou cerca de 5 mil estudos sobre o mesmo tema feitos na Europa, Estados Unidos e Japão durante um ano e meio e concluiu que o leite é realmente benéfico para a saúde do coração. “Conseguimos demonstrar os efeitos positivos de consumir até três copos por dia, quando o risco de problemas no coração fica 18% menor”, disse a professora.

Para a pele água é um dos principais ingredientes

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para a saúde da pele. Ela mantém as células hidratadas e evita o aparecimento de rugas. Também ajuda a eliminar toxinas que podem favorecer o envelhecimento precoce. A recomendação é beber cerca de oito copos por dia. A castanha-do-pará, os frutos do mar e o trigo integral também devem fazer parte da dieta para uma pele bonita. Eles são ricos em selênio, que é um potente antioxidante e combate os radicais livres.

científica Journal of Family Psychology, da Associação Americana de Psicologia, sugere que casais que esperam para ter relações sexuais depois do casamento acabam tendo relacionamentos mais estáveis e felizes, além de uma vida sexual mais satisfatória. Mais de duas mil pessoas participaram da pesquisa. Entre os ouvidos, pessoas que praticaram abstinência até a noite do casamento deram notas 22% mais altas para a estabilidade de seu relacionamento do que os demais. “Há muito mais num relacionamento que sexo, mas descobrimos que aqueles que esperaram mais são mais satisfeitos com o aspecto sexual de seu relacionamento”, disse o pesquisador Dean Busby

“Sono de beleza” esquisadores do Instituto Karo-

Ppessoas linska, em Estocolmo, afirmam que Manga privadas de sono por longos egundo um estudo feito pela Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, os po-

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lifenóis, antioxidantes fornecidos pela manga, conseguem provocar a morte de células tumorais. “O trabalho mostrou que a fruta é benéfica contra tumores de pulmão, próstata e até leucemia. Entretanto, o maior efeito é na prevenção dos cânceres de mama e cólon”, conta Suzana Camacho, chefe do Departamento de Nutrição do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. “A maioria dos polifenóis não é absorvida pelo intestino delgado. Assim, alguns chegam ao intestino grosso, modulando sua microflora. Por isso, contribuem para reduzir o risco de câncer no cólon”, afirma Beatriz Botéquio de Moraes, nutricionista da Equilibrium Consultoria, em São Paulo.

períodos parecem menos atraentes e saudáves do que as que dormiram bem. Foram fotografados 23 homens e mulheres depois de oito horas de sono e novamente após ficarem acordados por 31 horas. Segundo o relatório da pesquisa, os rostos dos voluntários quando estavam privados de sono foram percebidos como menos saudáveis mais cansados e menos atraentes do que nas fotos após terem dormido oito horas. Os cientistas dizem que os resultados podem ajudar em consultas médicas, permitindo que o médico detecte mais facilmente sinais de doença nos pacientes.

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Notícias

Banda larga da Tim comando da Tim no Brasil quer entrar no debate so-

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bre a construção do novo Plano Geral de Metas de Universalização (PMGU III). A empresa está preocupada com o destino que será dado às novas obrigações de expansão da capacidade de backhaul que o governo propôs na primeira versão do documento. O pedido foi apresentado em audiência fechada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e divulgado por meio de nota da empresa. O presidente da TIM, Luca Luciani, não quis comentar o encontro. Em nota, Luciani justifica-se que “mesmo sendo dirigido às concessionárias, o plano tem um alcance que envolve o sistema como um todo, enquanto referese ao assunto mais crítico da implantação e acesso à infra-estrutura”. O Ministério das Comunicações continua discutindo sobre o novo PMGU III, onde o governo tenta aparar as arestas em torno das novas metas com as concessionárias. A principal bandeira da TIM nos últimos anos é a necessidade de uma política mais forte de compartilhamento das redes. A operadora defende, inclusive, o unbundling do backhaul e não apenas da rede de cobre da telefonia fixa. “Este conceito de compartilhamento precisa ser estendido à oferta de backhaul no interior do país. Sem isto não há como fazer a universalização da banda larga de maneira rentável e, portanto, de forma sustentável”, declarou a equipe da TIM em nota à imprensa.

Pirelli retorna à Fórmula 1

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oram sete meses de trabalho, 10 treinos em circuitos europeus e do Oriente Médio, além de testes em superfícies distintas de noite e de dia, com mais de 13 mil quilômetros percorridos. Tudo para que a Pirelli, que depois de 20 anos volta a ser o único fornecedor de pneus nesta temporada da

Fórmula 1, esteja pronta para o desafio. A equipe Pirelli, comandada por Paul Hembery, se disse muito satisfeita com os resultados obtidos durante os testes do piloto espanhol Pedro de la Rosa em mais de 600 quilômetros. Com os dados coletados pela Pirelli nos testes, as equipes já começaram a trabalhar nos simuladores. “Conversei com Felipe Massa e ele também se disse muito satisfeito”, disse Hembery. Com o retorno da Pirelli à Fórmula 1, o piloto de testes De la Rosa afirmou que “os favoritos ao título serão os pilotos que souberem explorar melhor as características destes pneus”.


milão

Guilherme Aquino

Milão a 24 quadros porilãosegundo como set cinematográfico. 12

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Ano verde

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ano começa com bons propósitos, sempre. Desta vez, 2011 deve ser aquele da árvore, segundo a Organização das Nações Unidas. Em Milão, tendo em vista a Expo 2015, a prefeitura espera plantar 90 mil árvores até o fim do ano. Elas se juntariam às duzentas mil já existentes. A cidade faz a sua parte para ajudar o meio am-

biente italiano que, no país, possui apenas 28,5% dos bosques e florestas naturais dentro de parques naturais de preservação. E transformando as boas intenções em números da economia, o Corpo Florestal estima que um bilhão de euros são salvos com a ação natural da fotossíntese da vegetação espalhada em toda a Itália.

filmes, equivalente a 35 mil dias de trabalho e 9 milhões de euros gastos na cidade, desde julho de 2009. Estes são os números da Film Comission Lombardia, que até pouco tempo atrás estava em último lugar na lista das instituições concorrentes de outras regiões. Os filmes vencedores de bilheteria em dezembro e em janeiro, “Che Bella Giornata”, de Checco Zalone e “La Banda dei Babbi Natale”, de Aldo Giovanni e Giacomo, foram rodados na cidade. E um reality show americano, que será exibido em 140 países, sobre o estilo de vida italiano, também encontrou as portas da cidade abertas, até mesmo as da difícil Santa Maria delle Grazie, na qual está o famoso mural A Última Ceia, de Leonardo da Vinci. E uma delegação de Bollywood aterrissa para buscar locações... enfim, burocracia de menos e sinergia de mais pagam a aposta. Em duas horas acharam um castelo no lago de Lecco para as filmagens de Leonardo, de Philippe Leroy.

Tudo se Caça aos transforma de reciclagem de artigos Efeito Marchione sonegadores Omercado pessoais ganha força em Milão. empresa Marcegaglia, da qual tem orilista “cinza” da Polícia Federal italiana,

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a temível Guardia di Finanza, começa a colocar as manguinhas de fora e a deixar em dificuldades quem pode escorregar para a lista preta dos contribuintes com dinheiro na Suíça. Em outubro do ano passado, um funcionário do colosso helvético Hsbc entregou às autoridades italianas um disquete com 6.693 correntistas, dos quais quase a metade das pessoas físicas e jurídicas – proprietários de fábricas, principalmente – possui residência em Milão e na região da Lombardia. Mel na sopa dos procuradores que, agora, querem saber quem sonegou impostos e quem declarou ou não os depósitos no exterior. Nada de irregular, desde que à Receita tenha sido informada.

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gem a presidente da Confindustria, Emma Marcegaglia, promove a contratação de 250 novos empregados sob a condição de revisão completa do pacto sindical, ou seja, que renunciem ao contrato integrativo da empresa e aceitem os cargos com salários menores. Em Gazoldo (Mantova) e Casalmaggiore (Cremona), a revolução “fiatniana” colocada em prática por Sergio Marchione começa a “contaminar” e a fazer as contas com a tradicional, histórica e conflitual relação entre o mundo empresarial e o do trabalho, intermediado por uma miríade de siglas sindicais que fizeram vista grossa para os efeitos da globalização. Karl Marx deve estar se revirando no túmulo.

Existem sete lugares aonde podem ser trocados os presentes de grego recebidos ao longo do ano. Roupas, bolsas, jogos e móveis estão entre os artigos que mais movimentam um comércio que ganha força a cada ano. Segundo estimativas oficiais, 9% dos moradores da Lombardia reciclam, principalmente, as lembranças recebidas durante o Natal. Atellier del Riciclo, Swap Botique Dafne Aps, Di Mano in mano, VersoDiverso, Valcucine Milano e Old Fox Pub, todos com endereços na grande rede virtual, servem de canal paras trocas.

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Arte

Fascínio conservado Vaticano reabre as portas de sua rica Biblioteca Apostólica após três anos de reformas Leandro Demori

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De Roma

em só de mistérios vive a Igreja Católica, mas conseguiria ela sobreviver sem eles? Após três anos de uma intensa reforma a portas fechadas, um dos símbolos desse lado oculto da cultura ocidental reabre as portas. Restaurada, a Biblioteca Apostólica Vaticana – que vem sendo estrela de cinema nas últimas estações de Hollywood – disponibiliza novamente seu acervo de um milhão e 600 mil volumes impressos, 80 mil manuscritos, 100 mil arquivos, 8,5 mil selos, 300 moedas e medalhas, 150 estampas e desenhos e outras 150 mil fotografias. 44

Para trazer o mais importante arquivo histórico da humanidade de volta à vida (fundado em 1450) o Vaticano investiu 25 milhões de euros, financiados em parte pela Santa Sé, em parte por patrocinadores privados italianos e internacionais. As principais mudanças estão na conservação das obras – foram instalados controles de humidade em todas as salas e ampliada a modernização dos sistemas anti-incêndio – e na segurança. Em meados dos anos 1980, o historiador norte-americano Anthony Menikas foi detido após ter vendido a um alfarrabista duas páginas que rasgara de uma cópia do Código Justiniano (século XIV), do poeta

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Papiros de Bodmer que contém o que se acredita ser os mais antigos fragmentos escritos do Evangelho de Lucas, do Pai Nosso e dos escritos do Evangelho de João, datados de 180 a 220 d.C

renascentista Francesco Petrarca. Para evitar que novos episódios como esse se repitam, o acervo foi dotado de microships que dão a localização exata, peça por peça, das obras disponíveis para consulta. A maior relíquia do local é parte dos Papiros de Bodmer, textos encontrados no Egito nos anos 1950 que contêm trechos do Antigo e Novo Testamento, literatura cristã primitiva, Homero e Menandro. Na Biblioteca dos Papas está somente a parte dos Evangelhos, comprada pelo banqueiro americano Frank Hanna III por um valor não revelado. Hanna doou a relíquia ao Papa em 2007 – os Papiros XIV e XV que contêm o que se acredita serem os


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Pátio da Biblioteca do Vaticano

mais antigos fragmentos escritos do Evangelho de Lucas, do Pai Nosso e dos escritos do Evangelho de João, datados de 180 a 220 d.C. Apesar da reabertura, o acesso à parte considerável da história da humanidade não está disponível a todos. Para consultar o acervo é necessária uma autorização especial concedida pela Prefeitura

do Vaticano. Atualmente, somente cinco mil estudiosos gozam do benefício. Uma vez dentro, as regras são rígidas. Não se pode entrar nas salas de leitura com instrumentos de escrita (nem mesmo lápis), além de serem vetadas comidas e garrafas d’água. Para manusear os escritos, luvas especiais e vigilância constante de funcionários e câmeras. Muitos documentos não estão disponíveis nem mesmo para os estudiosos catalogados: ficam trancafiados no nebuloso arquivo secreto da Sé anotações sobre a administração do Vaticano ao longo de séculos, correspondências e livros de papas, processos da Inquisição e os cobiçados arquivos sobre a atuação da Igreja durante o Nazismo. Com o fim das reformas estruturais, o Vaticano agora se debruça

Joshua Roll, manuscrito bizantino do século X que conta parte do Livro de Josué em forma de ilustração

Edição da Divina Comédia, de Dante, de 1564

sobre seu extenso acervo com uma tarefa colossal: digitalizar os cerca de 80 mil manuscritos abrigados pelo complexo. O processo deve durar até dez anos e será realizado por meio de fotografias de alta definição tiradas das páginas de cada obra – 40 milhões de folhas em uma estimativa imprecisa. As imagens serão convertidas em um formato chamado Flexible Image Transport System (Fits), criado pela Agência Espacial Americana (Nasa) e usado para a conservação de dados de missões especiais. Futuramente, o Vaticano pretende disponibilizar parte desse acervo na Internet, para que pesquisadores e curiosos de todo o mundo possam alimentar ainda mais estudos e teorias da conspiração.

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calcio

AndreaCiprandiRatto

Lo spettro dell’Europa E’ febbraio e tornano le Coppe europee. Negli ultimi due mesi le squadre italiane ancora in corsa hanno avuto il tempo per calarsi nel mondo a parte della Serie A, crogiolandosi nell’autoincensamento, e l’opportunità di ridisegnarsi grazie alla sessione invernale di calciomercato in cerca di un’identità che a breve dovranno dimostrare di avere. Inter, Milan, Napoli e Roma in rigoroso ordine alfabetico sono attese rispettivamente da Bayern, Tottenham, Villarreal e Shakhtar. Nerazzurri e rossoneri sono le squadre da cui più ci si attende ma anche quelle che più hanno dovuto ricorrere a correzioni in corsa attraverso nuovi acquisti e l’Inter addirittura il cambio di allenatore. Benché ci sia chi ritiene che esista un’élite calcistica indipendentemente dai risultati, dietro queste operazioni si cela l’evidente affanno anche delle Società italiane attualmente più ricche, che l’exploit europeo dell’Inter la stagione scorsa ha solo parzialmente nascosto. Le rappresentanti del centro-sud, invece, si erano già sistemate in estate e benché le si considerino ancora una spanna sotto le milanesi hanno dimostrato di sapersi organizzare meglio, tanto da non dover stravolgere un organico che al massimo hanno integrato. Non ci è dato sapere se a fronte di una maggiore solidità finanziaria la Roma avrebbe fatto diversamente o se il Napoli avesse già dato fondo a quasi tutti i quattrini che aveva e solo per questo non abbia speso troppo a gennaio, fatto sta che sono andati in controtendenza rispetto al calcio moderno, in cui la disponibilità economica ha ormai rimpiazzato le scelte oculate che un tempo costituivano il vanto anche dei Club più facoltosi. Già il primo turno europeo a eliminazione diretta ci dirà se le italiane sono davvero forti e saranno degne di essere ricordate negli anni indipendentemente da un’eventuale vittoria finale del torneo cui prendono parte. A onor del vero, con l’eccezione di Barcellona, Manchester United e Arsenal non ci sono molte squadre in Europa degne di essere considerate grandi per quello che stanno facendo. Guardando in casa nostra, le padrone più o meno indiscusse della Serie A, Inter e Milan, se 46

mirano anche alla gloria continentale dovranno dimostrare di essere sensibilmente migliorate rispetto allo scorso autunno. Allora sfigurarono rispettivamente contro il Tottenham, che pure non ha la solidità né l’esperienza del Manchester United, e il Real Madrid che non ha gioco e, al cospetto del Barcellona, scompare. Il fatto che anche londinesi e madrileni siano appena intervenuti sul mercato, a differenza delle

italiano è stretto fra il terremoto di Calciopoli, che ha dato un assetto nuovo, improvviso e forse illusorio del panorama calcistico della Penisola, e la rivoluzione del fair play finanziario. Quest’ultimo ha dettato regole il cui rispetto però è quanto mai dubbio se è vero che lo sbandierato, cauto avvicinamento a questa svolta è stato da più Società accantonato quando si sono presentate urgenze da poter risol-

citate tre regine europee che non a caso sono già a posto, potrebbe far pensare che le urgenze siano le stesse delle milanesi. Ma è davvero così? Cos’è lecito aspettarsi da nerazzurri e rossoneri? Quanto ha senso sbandierare la loro supposta forza dopo che hanno già stentato contro formazioni imperfette? Un’occasione per raccapezzarsi in quest’affannosa ricerca della verità ci sarà presto data proprio dalla doppia sfida fra Tottenham e questa volta Milan. Gli inglesi, dopo aver ridimensionato l’Inter nella fase a gironi, ora rischiano di fare altrettanto coi loro cugini come il Manchester United fece l’anno scorso proprio coi rossoneri e qualche anno fa con la Roma che, a proposito, oggi come allora, è la terza forza del nostro campionato, e la stessa Inter. La ricerca di un’identità o il ritrovamento di quella perduta è essenziale. Il calcio

vere, in assenza di un’attenta pianificazione, solo col mercato. Ma l’Italia è l’Italia e c’è da scommettere che, se non tutte, almeno un paio delle quattro superstiti riusciranno a cavarsela ancora. Stavolta però sarà più dura perché la differenza rispetto alle più forti d’Europa è aumentata anche solo rispetto all’anno scorso e comunque non può essere sempre colmata con determinazione e fortuna. E’ un peccato. Primo perché il calcio italiano ha saputo dare e dimostrare tanto al resto del mondo. Secondo perché sarebbe poco onorevole se ora, dopo l’involuzione che c’è stata e a cui si è spesso assistito senza far nulla sperando di raccogliere ugualmente qualcosa in qualche modo, l’unico modo di entrare nella storia per le nostre squadre fosse vincere sia come sia. Il rischio, poi, è che nemmeno questo possa più verificarsi.

fevereiro 2011 | comunitàitaliana

“Il calcio italiano è stretto fra il terremoto di Calciopoli e la rivoluzione del fair play finanziario”


ItalianStyle Pitti Uomo 2011 O principal evento de moda masculina da Itália, a Pitti Uomo, trouxe às passarelas do Fortezza da Basso, em Florença, de 11 a 14 de janeiro deste ano, os principais lançamentos das maiores grifes italianas para a moda masculina outono-inverno 2011. Confira alguns dos destaques do evento.

Bomboogie

Vincent Blu

A moda urbana da Bomboogie, inspirada nas vestimentas militares e navais, para este ano propõe casacos, como o modelo da foto, em nylon com um sistema especial de isolamento térmico, com duas camadas, unidas por um sistema de botões ocultos na gola, e mangas internas forradas. Preço: a definir. www.bomboogie.it

Fotos: Divulgação

Vencedor do prêmio especial da crítica da Pitti Uomo 2011, este sapato masculino de camurça azul vem com detalhes em xadrez escocês nas laterais. Dacquasparta Preço: € 136 store.dacquasparta.it

Purity

Pirelli Shoes

A célebre grife de sapatos Pirelli Pzero, que une à alta tecnologia dos materiais de borracha ao design fashion, lançou dois novos modelos para o próximo inverno. O P Ska-ker se inspira no mundo dos skatistas para favorecer a mobilidade urbana, com sola em borracha em pranchas antiderrapante, forro em tecido técnico transpirante e lingüeta de borracha sintética com textura de diamante. Já a London Gum se inspira nos badboys da capital inglesa e traz uma sola em diversas camadas com fundo de borracha aderente, o mesmo dos pneus de Fórmula 1 dos quais a Pirelli é fornecedora oficial. Ambos modelos vêm em diversas cores. Preço: a definir. www.pzeroweb.com

A maison Fabrizio Mancini apresentou este ano a sua linha Purity, que traz produtos com o clássico estilo desta grife italiana, casual, esportiva mas com classe. Os cintos em couro em combinação com maxibolsas, como o novo saco marrom da coleção. Cores também clássicas, com predominância de tons terrosos. Preço: a definir. www.fabriziomancini.it

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IlLettoreRacconta

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eus bisavós, Giuseppe Fattori e Concetta Pozzi Fattori, e meu avô, Filippo Fattori, então com 14 anos, saíram de sua terra natal, San Michele in Teverina, agregada em 25 de novembro de 1883 à Comune di Civitella D’Agliano, província di Viterbo, como outros milhares de italianos, em busca de uma vida nova do outro lado do Atlântico, em outubro de 1897. Ao contrário da maioria dos imigrantes, o destino desta família não foi São Paulo. Eles escolheram o Rio de Janeiro e a cidade que os acolheu foi Niterói, em novembro de 1897. No Brasil, após anos de intenso trabalho, meu bisavô Giuseppe já havia adquirido lotes de e terra em Neves (então distrito de Niterói e atualAcima, Filippo lado, o A . ha fil mente 4º distrito de São Gonçalo) e construiu a Mary e Lilian primeira fábrica do lugar – a Cerâmica Fattori Mauad – tornando-se um grande empreendedor da Região. A Revolução Industrial, a todo vapor na Europa Ocidental, expandia-se para as Américas. Com a fundação da indústria Metalúrgica Hime (hoje Gerdau) no distrito de Neves foi preciso importar máquinas provenientes da Inglaterra e que contratar engenheiros e metalúrgicos ingleses, dentre eles, os Hall, de Manchester. Foi assim que John William e Mary Jane Hall, meus bisavós maternos, vieram para o Brasil, junto com seus filhos: Lilian Maud, minha avó, Willian e Florence. No Brasil, nasceu mais uma filha chamada Louise. Meu avô Filippo, ainda rapazinho, prestava serviço nas residências onde os Hall e outras famílias foram morar

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limpando vidraças e outros afazeres. Assim conheceu aquela que viria a se tornar a sua esposa: Lilian Maud Hall. Casaram-se em 30 de maio de 1914. A marca “Cerâmica Fattori” ainda hoje é encontrada em muitas telhas e tijolos das antigas construções remanescentes naqueles municípios. Meu bisavô e meu avô construíram muitas casas em Neves, ao estilo inglês, a pedido de minha avó, e que deram origem à Travessa Fattori. Trata-se de uma rua, com antigas casas, atualmente descaracterizadas pelas reformas sofridas ao longo do tempo, mas que, mesmo sem o som do motor das máquinas ainda está lá, testemunho da esperança e do trabalho árduo dos estrangeiros que lá viveram. Meu bisavô voltou para a Itália após o falecimento de minha bisavó, em 17 de março de 1926. Ele morreu em San Michelle in Teverina, em 7 de abril de 1933. Aos 50 anos de idade, morreu aqui, no Brasil, meu avô Filippo, deixando minha avó, Lilian, Giuseppe Fattori com duas filhas pequenas, a Cerâmie Concetta ca e muitos imóveis para administrar. Infelizmente, minha avó, inexperiente, ainda tentou tocar os negócios, mas acabou rendendo-se ao cansaço, passando a fábrica para outras mãos. Restou-lhe a missão de criar suas filhas, o que fez com muita competência. Por algum tempo, ainda manteve correspondência e troca de fotografias com os primos de meu avô, Pietro e Antonio Artemi, que moravam em Viterbo. Com o seu falecimento, em 1964, nossa família não mais teve notícias dos parentes italianos. Sempre interessada pelas coisas da Itália, eu decidi retomar a correspondência. Foi assim que encontrei Zio Antonio ainda vivo (Pietro já havia falecido), seus filhos e netos. A dificuldade no entendimento da língua fez-me procurar o Istituto Italiano di Cultura, no Rio de Janeiro. Concluí, então, no início dos anos 80, o Corso Trienale. Foi, também, nesta época, que iniciamos o processo para a obtenção da cidadania italiana. Hoje, a maioria dos netos e bisnetos possui o passaporte “Rosso” e o orgulho desta dupla cidadania. No final dos anos 90, eu, meu marido e minha filha, Caroline, fomos à Itália. Em Viterbo, conhecemos os Artemi. Somente um dos filhos de Pietro, Italo, hoje com 70 anos de idade, não mora em Viterbo. Ele e sua mulher Giuliana moram na cidade de Tuscania, numa bela e ampla casa toscana. Em 2005, eles vieram conhecer o Rio de Janeiro, e pude abrigá-los em minha casa. É com ele que mantenho, hoje, intensa correspondência, via internet. Assim, mantemos vivos os laços que há muito tempo foram rompidos, quando muitos filhos daquela terra, dentre eles nossos ancestrais, heroicamente, lançaram-se ao desconhecido em busca do sonho de uma vida melhor. Tania Fattori, Niterói – Rio de Janeiro

Mande sua história com material fotográfico para: redacao@comunitaitaliana.com.br

Viterbo


saporid’italia

RobsonBer tolino

Jardins da Ligúria

S

ão Paulo - Trata-se de um típico restaurante genovês, porém, instalado em São Paulo, no charmoso bairro dos Jardins. O clima do café-restaurante, típico de uma vila italiana, é contagiante. Fotos da região da Ligúria, onde Zena significa Genova, objetos de decoração e muito verde indicam o que será servido. Em seus dois anos de atividade, o Zena Caffè conta com um cardápio diferenciado justamente por privilegiar a cozinha do Norte da Itália. Massas frescas e secas, deliciosos gnocchi, prato consagrado que atrai uma legião de fãs, além de opções de carne, frango, peixe e saladas completam o cardápio. Outro diferencial da casa é o forno especial para o preparo de focaccia, que têm destaque no cardápio com opções de diversos sabores e texturas. O versátil chef Carlos Bertolazzi, um dos sócios do Zena, conversou com a Comunità durante uma e outra solicitação que já agitava o restaurante em uma manhã de terça-feira. — O Zena conseguiu se estabelecer no circuito gastronômico da cidade. Nestes dois anos de atividades temos conseguido atrair cada vez mais clientes. Nos finais de semana chegamos aos 300 couverts, durante a semana variamos entre 150 e 200 — revela o chef. A tradição de uma boa gastronomia aliada a preços convidativos é também uma referência do restaurante. Um casal, por exemplo, gasta em média R$ 150 em um jantar. Os preços dos pratos variam entre R$ 21,50 (saladas) a R$ 41,50 para um prato de salmone alle erbe (salmão grelhado, ervas picadas, semente de mostarda, raspas de limão e pimenta rosa). Entre os destaques da casa está o vinho que leva o nome do estabelecimento, o Zena Rosso (R$ 54, 00), que vem de produtores da Toscana e foi lançado para comemorar os dois anos do restaurante. — A proposta é de trazer novos conceitos da cozinha para o restaurante — conta Bertolazzi. Ele foi buscar inspiração no Piemonte, onde estudou, para colocar em prática a sua trajetória de chef de cozinha. Literalmente abandonou a gravata e o escritório e partiu para a Europa para fazer estágios em restaurantes na Itália e, depois, com o chef espanhol Ferrán Adriá. Além de passar por alguns dos melhores restaurantes do mundo, o chef comanda também, há oito anos, o C.U.C.I.N.A Gastronomia, ao lado de sua mãe, Vera. O Zena conquista na primeira visita. O ambiente descontraído e agradável propõe sentar a qualquer hora do dia em uma das mesas da casa, seja para um café ou para uma refeição Na decoração do restaurante, fotos da Ligúria para deixar a casa com clima de vila italiana completa da culinária

Fotos: Divulgação

O Zena Caffè encanta a clientela do nobre bairro paulistano pelo dialeto de seus pratos

Gnocchi al Pomodoro con Fonduta di Stracchino Para o Gnocchi: 1kg de batata (de preferência tipo asterix); 200g farinha de trigo; 1 gema; sal e noz moscada a gosto; 4 xícaras de molho de tomate. Para a Fonduta di stracchino: 200g de Queijo Stracchino; 1 e 1/2 xicara de leite; 2 gemas; sal; pimenta. Modo de preparo: Gnocchi: Cozinhar a batata com casca até que esteja vem macia. Tirar a casca e passar pelo espremedor ainda quente. Deixar amornar e misturar a farinha, a gema e ajustar o sal e a noz moscada. Moldar os gnocchi e cozinhar até que subam a superfície. Fontuta: Deixar o queijo de molho no leite por 12 horas. Aquecer em banho-maria em uma panela com o queijo e adicionar o leite aos poucos. Quando estiver totalmente derretido, adicionar as gemas, o sal e a pimenta. Decoração: utilizar folhas de manjericão. mediterrânea. Segundo o chef, o cardápio do Zena é tipicamente lígure e busca representar a identidade da gastronomia daquela região aos apreciadores da boa refeição. — Tornamo-nos uma referência aos italianos da Ligúria que vivem em São Paulo —ressalta. Outros destaques do Zena ficam para a hora da sobremesa. A Focaccia de Nutella é a grande pedida, porém, a levíssima Panna Cotta e a Sacripantina, também disputam a preferência dos clientes. — A Sacripantina é parecida com o Tiramissu, só que leva massa de pão de ló. Os fregueses pedem muito também. No cardápio constam ainda a meringata al limone (sorvete de limão, mini-suspiros e marshmallow), spumone di cioccolato al rosmarino (mousse de chocolate perfumado com alecrim), a macedonia di frutta alle spezie (salada de frutas da estação e calda de especiarias com sorvete de zambaione) e os gelati. Entre as bebidas, destaque para os cerca de 80 rótulos de vinhos e cervejas especiais servidas em taças de vinho. Serviço: Zena Caffè – Rua Peixoto Gomide, 1901 Jardim Paulista – Tel.: 11 3081-2158 – www.zenacaffe.com.br

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la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro

Titignano

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griturismo, na Itália, é um tipo de hospedagem rústica que se encontra em áreas verdes, geralmente longe do centro das cidades. Frequentemente, no restaurante de um agriturismo são servidas gostosuras produzidas no próprio local: vinhos, geleias, azeite de oliva. E mais uma vantagem: os preços de um agriturismo são mais em conta. Um belo agriturismo que vale a pena visitar é o Castello di Titignano, na região da Úmbria, entre as cidades de Todi e Orvieto, de frente para o lago de Corbara. A construção é antiga, com origens em 937, mas foi transformada nos séculos XVI e XVII num elegante edifício com um gracioso vilarejo ao lado. O agriturismo de Titignano conta com um belo restaurante onde são servidas várias especialidades da Úmbria, como por exemplo, salames e carne de javali. Para completar, uma piscina nas dependências é disponível para os clientes para se refrescarem no verão.

Vagabundando

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ócio é o pai dos vícios, diz o velho ditado. Mas ultimamente o ócio teve um upgrade. O ócio, em certas circunstâncias, é visto como coisa positiva. Afinal, se estamos sempre correndo, ocupados, quando é que temos tempo para pensar em maneira criativa? E os poetas, desde que o mundo é mundo, precisam de meditação, de contemplação, de ócio para escrever em modo sublime, criando uma combinação de palavras de rara sensibilidade. Na realidade, a valorização do ócio vem dos antigos romanos, que não o consideravam como vagabundagem. O “otium” era um momento dedicado à especulação intelectual e criativa, diferindo do “negotium”, que era uma coisa mais prática, voltada às atividades de negócios. Nos tempos modernos, Domenico De Masi, o sociólogo italiano, trouxe de volta à tona esse conceito de ócio benéfico. Na sociedade atual, as fronteiras entre trabalho, estudo e jogo se confundem, gerando o famoso ócio criativo. Alguns profissionais têm a sorte de amar o que fazem; hobby e profissão parecem se misturar. Vale no mundo

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artístico: cantores, pintores, escritores. Diz o escritor Paul Morand: “O ócio é o pai de todos os vícios, mas o vício é o pai de todas as artes”. Existe, porém, além do ócio criativo, o ócio preguiçoso, que é visto com maus olhos. Em Roma tem um ditado engraçado: “Voglia di lavorare saltami adosso.” “Vontade de trabalhar, pule em cima de mim.” Ai, que preguiça de trabalhar! O personagem vagabundo, que quer fazer pouco ou nada é um dos personagens engraçados no universo cinematográfico italiano. No filme “O Matador” com Gassman, tem uma cena ótima. Ele é um ladrão profissional. E a namorada, que sabe disso mas quer levá-lo para o bom caminho, consegue um emprego para ele como vendedor numa loja de cristal. Mas ele, ao ser entrevistado pelo proprietário para conseguir o tal emprego, improvisa uns chiliques e cada vez que fala, a mão treme e derruba um objeto da loja. Obviamente o proprietário diz que é impossível contratá-lo com esse problema de tique-nervoso. Na Itália, quem vive e não faz nada é batizado com o termo “fannulone” (faz-nada). Tem a canção famosa do Fabrizio De Andrè que homenageia a categoria: Il fannullone (Senza pretesa di voler strafare/ io dormo al giorno quattordici ore/anche per questo nel mio rione/godo la fama di fannullone. Outra cançãozinha brincalhona é a filastrocca, (cantiga de roda infantil) que tira sarro da preguiça: Il lunedì, ch’è il dì dopo la festa, o Dio, che mal di testa, non posso lavorare! Il martedì mi siedo sulla soglia ad aspettare la voglia che avrò di lavorar. Il mercoledì preparo i miei strumenti, ma ahimè; che mal di denti, non posso lavorar. Il giovedì, che fa così bel tempo, davvero non mi sento di andare a lavorar. Il venerdì, ch’è il dì di passione, mi sento in devozione, non posso lavorar. Sabato si ch’è proprio il giorno buono: ma per un giorno solo, che vale lavorar? E este hino à preguiça, contagiou a mim também. Fico por aqui. Até a próxima!




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