Revista Comunità Italiana Edição 154

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TROPA Longa vai resgatar a história dos pracinhas na Itália

TOSCANA Região quer atrair mais turistas brasileiros

BONS ARES Alitalia compra Alitali 20 aviões E da Embraer www. ww w.co omu muni nita taitalia iana na.c na . om m

Ano XVII – Nº 154

ISSN 1676-3220

€ 7,00 R$ 11,90

Rio de Janeiro, maio de 2011

Locomotiva Pernambuco mostra vigor ao crescer o dobro da média do País e atrai interesse das multinacionais italianas

Beatificação de Karol Wojtyla bate todos os recordes




M aio de 2011

Ano XVII

Nº154

Nossos colunistas 07 | Cose Nostre Operação Limpeza promovida pela polícia italiana confiscou cerca de 190 milhões de euros de um dos maiores grupos da máfia do país

11 | Ezio Maranesi Il sostegno pubblico alla cultura – i soldi sono pochi

46 | Giordano Iapalucci

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La mostra “Controverse” approda al Museo Nazionale Alinari della Fotografia di Firenze fino al 5 giugno

Longa retrata a história dos pracinhas brasileiros, nos apeninos italianos, durante a II Guerra Mundial

CAPA 34 | Locomotiva do Nordeste De olho no crescimento econômico de Pernambuco, empresas italianas selam acordos com o governo local

40 | Ping Pong O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, conta sobre a viagem que fez à Itália, mês passado, onde firmou parceria com a Fiat

Política 12 | Buonni rapporti Presidente della Camera brasiliana riceve l’onorificenza dell’Ordine della Stella della Solidarietà italiana

14 | Togas vermelhas Silvio Berlusconi acirra guerra contra a Justiça italiana

15 | Nuclear No aguardo do referendo, Itália interrompe projeto de usinas nucleares

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Negócios 18 | Segurança Brasil abriga a maior Feira de Defesa e Segurança da América Latina e intensifica cooperação com a Itália

21 | Portos da Ligúria Banco Nacional de

48 | Guilherme Aquino UNIFICAÇÃO 43 | Piemonte valorizado Com os 150 anos da Unificação Italiana, região é contemplada com museus, restauração de monumentos e reabertura de palácios

Desenvolvimento afirma que Brasil deve receber mais de R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos três anos

Gastronomia 56 | Tijuca “a la Sardenha” Cuoco

Atualidade 16 | Copa 2014

sardo traz os sabores da gastronomia italiana ao Rio e faz diferença no mercado da cidade

Embratur promove cidades que participam do mundial de futebol, em evento em Nápoles

30 | Beatificação Evento é o mais importante da história recente da Igreja Católica

Bienal de Dança de Veneza prepara turnê com 25 alunos, cinco deles brasileiros

50 | Andrea Ciprandi Ratto Calcio – la stagione in corso può passare alla storia come quella in cui più si sono fatti proclami e meno si è raccolto in rapporto a quanto detto

58 | Claudia Monteiro De Castro Bang Bang à italiana – normalmente visto por meninos, o faroeste pode surpreender e contagiar o público feminino

Saúde 33 | Dia Mundial sem Tabaco Órgãos italianos calculam que cada fumante gera uma despesa de aproximadamente 500 euros anuais

Meio Ambiente 25 | Exportação sustentável Países

Economia 22 | Embraer Antes

da América Latina adotam projeto ítalo-brasileiro que reduziu índice de queimadas na Amazônia

de anúncio de acordo com a China, empresa brasileira concluiu a venda de 20 jatos para a Itália

maio 2011 | comunitàitaliana


www.telespazio.net.br


EDITORIAL

EXPEDIENTE

Mais vida

N

o dia internacional do trabalho, tivemos dois grandes acontecimentos que acabaram por se tornar símbolos midiáticos. A beatificação de Karol Wojtyla e o anúncio da morte do líder terrorista Osama bin Laden. A celebração da vida e da esperança em torno do Papa João Paulo II atraiu mais de um milhão de fiéis a Roma. Um personagem que sabia dialogar com as massas e elevou o carisma da Igreja Católica no mundo. Já as comemorações pela morte do homem que desafiou os Estados Unidos ao levar a morte e a destruição para dentro do território americano, vieram algumas horas depois, em tom de justiça. Os festejos pela eliminação do cérebro da Al-Qaeda, anunciado em pronunciamento do presidente Barack Obama ao vivo pela televisão, às 23h35 de domingo, 1º de maio, ofuscou de certa forma a festa do Vaticano nos noticiários de todo o mundo. Líderes mundiais emitiram comunicados quase que imediatos demonstrando satisfação pelo anúncio feito por Obama. Mas, se a morte do terrorista cura uma dor de cabeça antiga dos EUA, os aliados sabem do risco que correm pela vingança do homem que grupos talibãs já consideram um mártir. A Itália, que tem suas contas a acertar com a Líbia por ter aceitado, após insistente pressão dos membros da Otan e sucessivos telefonemas de Obama, entrar na guerra contra as tropas de Muamar Gadafi, fica em alerta máximo para o risco de ataques de todo tipo. E pensar que quem deu o pontapé inicial e precipitado para o conflito com o ex-aliado Gadafi – parceiro econômico que assumia o acordo de controlar a imigração ilegal – foi o vizinho Nicolas Sarkozy. Numa tentativa de mostrar sua musculatura, que estava encolhida nos últimos tempos em que perde cada vez mais espaço para a oposição, o pequeno presidente francês encarnou Napoleão e com prepotência peculiar foi o primeiro a disparar, em 19 de março, contra os blindados líbios. Mas, apesar da tensão em torno da segurança, o presiPietro Petraglia dente americano disse no day after ao assassinato do terroEditor rista que o mundo estava mais tranquilo. Vale recordar as sábias palavras do agora beato Wojtyla: “O homem de hoje parece estar sempre ameaçado por aquilo mesmo que produz; ou seja, pelo resultado do trabalho das suas mãos e, ainda mais, pelo resultado do trabalho da sua inteligência e das tendências da sua vontade. Os frutos desta multiforme atividade do homem, com muita rapidez e de modo muitas vezes imprevisível, passam a ser, não tanto objeto de ‘alienação’, no sentido de que são simplesmente tirados àquele que os produz, quanto, ao menos parcialmente e num círculo consequente e indireto dos seus efeitos, tais frutos se voltam contra o próprio homem”. Nesta edição, trazemos uma bela capa de Pernambuco. Recife já fora, há um século, um dos epicentros do país. Na época em que o açúcar pagava as contas, aquela região transbordava em cultura. Depois de crises econômicas e principalmente de governos descomprometidos, o território pernambucano perdeu espaço para outros centros. Mas se a beleza exuberante de suas praias, o rico folclore e as artes atraíram até agora turistas em busca de férias, uma realidade toma conta do cenário: Suape. Com um porto natural de 20 metros de profundidade, ali passa a ser o portão de entrada e de saída de mercadorias do Brasil. A reboque, um enorme estaleiro já está em operação, além de outros dois em produção; obras de construção de duas petroquímicas; uma fábrica de turbinas eólicas com atividade plena; e a decisão da Fiat de construir uma fábrica onde investirá 1 bilhão e 200 milhões de euros. O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, esteve na Itália para firmar o acordo com a montadora italiana e aproveitou para mostrar as oportunidades de comércio e investimentos em sua região para uma platéia de empresários ávidos por informações do eldorado. Boa leitura! 6

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FUNDADA

EM

MARÇO

DE

1994

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) DIRETOR: Julio Cezar Vanni PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO: Editora Comunità Ltda. TIRAGEM: 40.000 exemplares ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM: 03/05/2011 às 18:00h DISTRIBUIÇÃO: Brasil e Itália REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 E-MAIL: redacao@comunitaitaliana.com.br REDAÇÃO: Guilherme Aquino; Leandro Demori; Fernanda Galvão; Cíntia Salomão Castro; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br CAPA: Divulgação COLABORADORES: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch CORRESPONDENTES: Guilherme Aquino (Milão); Leandro Demori (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno); Robson Bertolino (São Paulo); Stefania Pelusi (Brasília); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo) PUBLICIDADE: Osvaldo Requião Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 Cel: (21) 9483-2399 orequiao@comunitaitaliana.com.br REPRESENTANTES: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220


cosenostre Julio Vanni

Olho na Copa om foco nas oportunidades de colaboração industrial de-

Jundiaí se aquece o dia 30 de março foi realizada a primeira reunião da

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correntes dos grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil nos próximos anos, uma missão empresarial italiana desembarca em São Paulo, no dia 16 de maio. A iniciativa tem o apoio do Ministero degli Affari Esteri, da Confindustria e do ICE (Instituto Italiano para o Comércio Exterior). O grupo será constituído de empresas atuantes nos setores de infraestrutura, transportes, máquinas para construção civil, equipamentos esportivos e turísticos, e segurança. A capital paulista sediará os encontros nos dois primeiros dias da programação, enquanto que o Rio de Janeiro recebe o grupo de 18 a 19 de maio. A missão prevê uma visita, no Rio, a alguns locais que serão palcos dos eventos da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

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tre o jogador brasileiro Alexandre Pato e Barbara Berlusconi, filha do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. Após os boatos de que o atacante do Milan estaria envolvido com a herdeira do dono do clube que defende, Pato concedeu uma entrevista à edição italiana da revista Vanity Fair: “Estou feliz. É difícil falar... Ainda está no início. A vida é uma caixa cheia de surpresas”. Barbara Berlusconi tem 26 anos, é divorciada, mãe de dois filhos e, junto com o pai, cuida da administração dos seus negócios, que, além do clube de futebol, estão incluídos jornais e rede de TV. Já Alexandre Pato tem 21 anos e é ex-marido da atriz brasileira Sthefany Brito, a quem paga uma pensão milionária, após rompimento de nove meses de matrimônio.

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presidente da Fundação Torino Escola Internacional e Centro de Língua e Cultura Italiana, Raffaele Peano, foi o vencedor do Prêmio Nacional de Gestão Educacional (PNGE) de 2011, na categoria Gestor Educacional do Ano. A premiação é realizada anualmente pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino, a Confenen e a Humus Consultoria. O objetivo é incentivar e valorizar práticas eficazes de gestão educacional no Brasil. A cerimônia aconteceu durante o GEDUC 2011 – IX Congresso Brasileiro de Gestão Educacional & I Congresso Internacional de Gestão Educacional, em São Paulo, em março. Divulgação

Pato na bola onfirmado o namoro en-

Comissão Organizadora dos Festejos do “Momento Itália Brasil” na cidade de Jundiaí, SP. O encontro teve a presença do diretor do Instituto Italiano de Cultura, Attilio de Gasperis, do presidente do Circolo Italiano, José Carlos Rizzieri, de representantes dos grandes núcleos de imigração, diversas secretarias municipais e dos Conselhos Municipais de Turismo, Cultura e Patrimômio Cultural. O prefeito Miguel Haddad destacou a importância do evento para o município: “Este é um momento único para a comunidade italiana. Em Jundiaí, 75% da população é descendente de italianos e a cidade sofre muita influência, nas artes, na culinária, na cultura”.

Discórdia papável ilme de comédia de Nanni Moretti divide opiniões. O roteiro

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aborda a história de um papa, com conflitos psicológicos, que busca respostas vagando pelas ruas de Roma. Enquanto isso, cardeais permanecem no Vaticano, entretidos com jogos de cartas e torneio de vôlei. “Habemus papam” teve sua estreia no dia 15 de abril e é um dos destaques do Festival de Cannes, a ser realizado em maio. Setores da Igreja Católica, no entanto, criticam o longa.

Rapidinhas Oscar José Carlesso, agente consular honorário da Itália em Santa Maria, RS, recebeu o prêmio “Vicentini all’Estero”, conferido pela Câmara de Comércio de Vicenza. Em sua 63ª edição, foi o único brasileiro agraciado. Florença inicia busca pelo túmulo de Lisa Gherardini Del Giocondo, a suposta e famosa Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Serão examinados o porão de duas igrejas e claustros do convento onde estaria seu túmulo. No dia 8 de maio, o Papa Bento XVI visitará a cidade de Veneza. Os gondoleiros já disputam quem guiará a “Papa-Gôndola” da Pra-

ça de São Marcos até a Igreja de Santa Maria da Saúde. O premiado Massimo Bottura, da Osteria Francescana di Modena, é um dos 10 melhores chefs do mundo. Ele se classificou em quarto lugar no World’s 50 Best Restaurants Guide 2011, em Londres. O prefeito de Florença, Matteo Renzi, acrescentou uma cláusula que proíbe a publicidade de imagens e mensagens, segundo ele, “contrárias ao decoro”. A medida gerou polêmica. Aguns afirmam que é censura e um retorno ao “braghettismo”.

Itália no Rock in Rio vocalista do Faith No

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More, Mike Patton, estará no palco Sunset, no dia 24 de setembro, onde apresenta o seu projeto paralelo chamado “Mondo Cane”. O cantor, já conhecido dos brasileiros pelo sucesso alcançado no início dos anos 90, através dos singles “Epic” e “Falling to Pieces”, desta vez, traz releituras orquestradas de clássicos da música pop italiana dos anos 50 e 60, como “Che Notte!”, de Fred Buscaglione, “Urlo Negro”, do grupo The Blackmen, e “Deep Down”, de Ennio Morricone.

Quebrando a Operação MáfiaLimpeza,

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promovida pela polícia italiana, confiscou milhões de euros em bens da máfia calabresa. A ‘Ndrangheta possuía dois times de futebol, 44 imóveis, 60 terrenos e 164 veículos. O grupo controla o tráfico de drogas na Europa, tornando-se um dos mais poderosos da Itália. Foram apreendidos cerca de 190 milhões de euros. A operação pôde ser realizada graças à denúncia de Giuseppina Pesce, filha do capo Salvatore Pesce.

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OPINIÃO enquetes

frases

Ipea vê situação alarmante nos aeroportos brasileiros para a Copa. Você concorda?

“Ser uma atriz famosa tem como inconveniente encontrar muitos oportunistas que te usam para fazer publicidade”,

“Esta Fórmula 1 é muito artificial, nós corremos porque nas corridas sempre descobrimos algo para reverter em benefício dos carros de rua, mas se isto não acontece, é melhor desistir e sair”,

Manuela Arcuri, atriz e modelo italiana de 34 anos.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 14/04/11 a 18/04/11.

O governo italiano decidiu bloquear o programa nuclear no país. É justo?

Luca Cordero di Montezemolo, presidente influente da Ferrari, sobre as mudanças ocorridas na categoria no Grande Prêmio da China.

“O brasileiro reclama de barriga cheia de sua Câmara dos Deputados. A da Itália acaba de aprovar lei que pode livrar Silvio Berlusconi de metade dos escândalos em julgamento envolvendo o nome do primeiro-ministro”,

“Eu estou à venda. Não quero que minha marca morra comigo, quero passá-la adiante”,

Tutty Vasques, humorista para o jornal O Estado de São Paulo.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 19/04/11 a 25/04/11.

Segundo pesquisa, quem ocupa posições de poder é propenso a ser infiel. Concorda?

estilista italiano radicado na França Pierre Cardin, durante coletiva de imprensa, em São Paulo, no dia 26 de abril, quando esteve no país para as comemorações pelos 60 anos de sua grife

“A Lega Nord é contra a guerra e, sobretudo, contra aquelas que envolvem os pobrezinhos, os quais, inevitavelmente, vão se dirigir ao nosso país”, Ministro da Simplificação Normativa Roberto Calderoli, sobre a decisão de Berlusconi de participar dos ataques aéreos na Líbia.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 29/04/11 a 03/05/11.

“A decisão italiana nos alegra”,

“Desaparece um dos maiores representantes do capitalismo italiano”,

no celular

Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima

presidente francês Nicolas Sarkozy, sobre a decisão do governo italiano de participar dos bombardeios aéreos à Líbia, ao final da audiência com Silvio Berlusconi, na Villa Madama, em Roma, em abril.

Emma Marcegaglia, presidente da Confederação dos Industriais Italianos, Confindustria, lamenta a morte de Pietro Ferrero, herdeiro do grupo italiano Nutella

cartas

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uero parabenizar a matéria ‘Ao gosto do mercado’, do repórter Robson Bertolino, que conta informações bem curiosas do restaurante Spoleto, que está presente na vida de muita gente que trabalha no centro do Rio, assim como eu, que sempre almoça nessa rede, seja pela originalidade da ideia de nós mesmos criarmos os pratos ou pela qualidade de serviço.” RAFAEL DEBETTO – Rio de Janeiro – RJ – por e-mail

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comunitàitaliana

“P

arabéns à revista pelo especial sobre os 150 anos da Unificação. Foi muito rico relembrar personagens tão importantes, como Giuseppe e Anita Garibaldi, e conhecer um pouco mais sobre a história da Itália. Muito interessante também a matéria sobre a influência de Dante Alighieri, poeta florentino, na formação do idioma italiano.” ANA TAVOLARI – Belo Horizonte – MG – por e-mail


SERVIÇO agenda Inscrições abertas para a 6ª edição do Prêmio Off Flip de Literatura Criado em 2006, o prêmio é um concurso de textos que busca estimular a criação literária em língua portuguesa e é realizado paralelamente à Flip – Festa Literária Internacional de Paraty que, neste ano, será de 6 a 10 de julho. Dividido nas categorias poesia e conto, os vencedores serão

contemplados com prêmios em dinheiro, ingressos para as mesas da Flip e estadia em Paraty. Os 30 textos finalistas serão publicados em uma coletânea pelo Selo Off Flip. As inscrições valem até o dia 30 de abril, via correio. O regulamento pode ser lido no site oficial do evento: www.premio-offflip.net. CCIE na SC GOURMET 2011 A Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina marcará presença

como expositora na primeira edição da SC GOURMET – 1ª Mostra Brasileira de Queijos, Vinhos e Delikatessen. O evento ocorre entre os dias 21 e

24 de julho, no Parque Vila Germânica, em Blumenau e apresentará degustações, debates, seminários e promoverá concursos sobre temas referentes ao setor. Na ocasião, a CCIE divulgará o projeto “Desk Agroalimentar”, que tem como objetivo certificar os restaurantes italianos no exterior, com o certificado “Marchio Ospitalitá Italiana: Ristoranti Italiani nel Mondo” e promover os produtos agroalimentares italianos, valorizando a cultura gastronômica da Itália no Brasil. A mostra acontece paralelamente à 18ª Festitália, que comemora a cultura italiana trazida pelos imigrantes. De acordo com os organizadores, são aguardados cerca de 30 mil visitantes.

Informações pelo tel. +55 48 3027 2710, com Rogéria ou Josiele, ou via email: feiras@ brasileitalia.com.br. Commedia all’italiana De 9 a 15 de maio, Brasília receberá a mostra de cinema Commedia all’italiana, promovida pela Caixa Cultural. O público poderá conferir uma seleção de importantes filmes que tiveram seu auge entre as décadas de 1950 e 1970. Tão popular e peculiar, a commedia all’italiana é considerada fundamental pela crítica, tanto pela consolida-

ção da comédia de costumes no panorama cultural cinematográfico quanto por sua atualidade e suas influências no Brasil e no mundo. A Caixa Cultural de Brasília se localiza Teatro na SBS Quadra 4 – lote ¾. A programação pode ser vista através do site http:// www.dominiopublicoagencia. com/commediaallitaliana.

naestante

Commedia all’italiana II Aproveitando a mostra de cinema, quem desejar, pode participar do curso de comédia italiana, ministrado pelo professor Enrico Giacovelli, entre os dias 10 e 13 de maio, em Brasília. As inscrições podem ser feitas pela internet (http:// www.dominiopublicoagencia. com/commediaallitaliana) e os certificados de conclusão serão entregues aos alunos que tiverem 75% de presença nas aulas. Nero no Coliseu De 12 abril a 18 setembro, o Coliseu apresenta uma exposição dedicada a um dos mais famosos imperadores de Roma, Nero. A mostra inclui não só o âmbito do Coliseu, mas também outras partes da Roma Antiga. Os visitantes podem conferir retratos reais e fictícios de Nero, projetados na parede da Cúria, visível da rua dos Fóruns Imperiais, que marcará uma convivência de cinco meses da cidade com um de seus personagens históricos mais odiados e controversos.

clickdoleitor

A mulher de vermelho e branco Nesta obra, Contardo Calligaris usa elementos autobiográficos recriados num enredo que traz investigação psicanalítica e policial, unindo o passado e presente em cidades como Nova York, São Paulo e Paris. O protagonista chama-se Carlo Antonini, que se vê às voltas com duas mulheres misteriosas e fascinantes. Aparências enganosas, pistas deixadas para confundir e verdades construídas pelos frágeis mecanismos da mente humana. Elementos da ciência aliados à ação dos melhores thrillers. Companhia das Letras, 208 páginas, 39 reais.

Arquivo pessoal

O Livros dos Monstros! Através de seis narrativas tradicionais de diversas partes do mundo, Fran Parnell trata, com humor e sabedoria, do medo universal que temos dos monstros. Sophie Fatus ilustra um abominável homem das neves, um monstro aquático faminto, uma mulher-monstro e outras terríveis criaturas que os personagens das histórias deste livro se deparam. Eles vão descobrir que, apesar de serem cheios de truques, alguns desses monstros só precisam ser compreendidos. Companhia das Letras, 64 páginas, 34 reais.

“T

ive a oportunidade de conhecer este maravilhoso país em 2007 quando trabalhava em um navio cruzeiro. Estou planejando voltar ainda este ano com minha namorada que é descendente e cidadã italiana. Esta foto foi tirada em Veneza”. RICARDO BARBOSA Rio de Janeiro, RJ — por e-mail

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opinione FabioPor ta

Non abbiate paura! Papa Giovanni Paolo II è stato beatificato, presto sarà santo; una santità vissuta e testimoniata in vita

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oma è tornata ad essere il centro del mondo per alcuni giorni, grazie alla commovente beatificazione di Papa Giovanni Paolo II; una cerimonia religiosa indimenticabile per la sua carica di energia spirituale che ha confermato con la sacralità liturgica e la solennità dei riti della Chiesa Cattolica un sentimento ormai diffuso e radicato in ogni angolo della terra: questo Papa era già santo in vita! Ero anche io a Piazza San Pietro il primo maggio, per rendere omaggio nel ricordo e nella preghiera ad un personaggio che tanta importanza ha avuto per la mia traiettoria di vita, oltre che per quella di tutta l’umanità. Ho avuto la fortuna, anzi il grande dono, di incontrare personalmente Giovanni Paolo II in diverse occasioni; momenti unici ed irripetibili, dove ho potuto sentire sulla mia pelle il magnetismo carismatico e la profonda spiritualità di quest’uomo santo. Nella prima metà degli anni ottanta ero infatti un giovanissimo dirigente dell’Azione Cattolica Italiana, e in questa veste ho vissuto da un osservatorio privilegiato i primi anni di un pontificato che avrebbe segnato per sempre la storia della Chiesa e di milioni di persone in tutto il mondo. Non tutti compresero appieno in quei primi anni il carattere profetico e il messaggio innovatore che avrebbero caratterizzato in maniera indelebile i lunghi anni del papato di Giovanni Paolo II. Quel Papa polacco rompeva di fatto un equilibrio che per secoli aveva visto lo storico ‘predominio’ degli “italiani” nella curia e nella cattedra più alta del Vaticano; è vero che Wojtyla succedeva a pontefici del calibro di Roncalli, Montini e Luciani, grandi figure che avevano avuto il coraggio

di avviare e poi vivere la grande stagione del “Concilio Vaticano II”, vera e propria rivoluzione nel magistero e nella pastorale della Chiesa che sceglieva il popolo di Dio come suo primo riferimento, mettendo in secondo piano le incrostazioni burocratiche e gli apparati liturgici che avevano approfondito il solco tra Vaticano e comunità cattolica. È altrettanto vero che il “Papa straniero” avrebbe segnato una svolta nella storia della Chiesa in tanti campi, sorprendendo anche i più attenti e acuti osservatori e studiosi delle questioni vaticane. Una prima grande discontinuità fu il rapporto con la politica italiana: una relazione matura e caratterizzata da una chiara distinzione di ruoli e di ambiti, con una responsabilizzazione maggiore della Conferenza Episcopale Italiana da un lato e del laicato cattolico dall’altro. Ma è sicuramente nella dimensione internazionale e quindi universale (cioè cattolica) del magistero di Giovanni Paolo II che assisteremo al vero grande miracolo di quest’uomo venuto dall’Est.

Ricordi personali fortissimi mi legano a questo Papa, dall’incontro con lui alla morte di mio padre

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La caduta del Muro di Berlino e di tutti i muri che per anni avevano interposto una cortina impenetrabile tra est ed ovest, tra capitalismo e comunismo, tra filo-americani e filo-sovietici, ha avuto sicuramente in questo Papa e nella sua coraggiosa predicazione un protagonista inaspettato e indiscusso. Al grido di “Non abbiate paura!” e “Aprite le porte a Cristo!” Giovanni Paolo II ha dato al mondo un messaggio semplice e profetico in grado di scardinare per sempre certezze e realtà che fino allora apparivano solide e inamovibili. Questo messaggio è stato al centro delle centinaia di viaggi che hanno fatto sì che in ogni angolo del pianeta milioni di uomini conoscessero, amassero e si ri-conoscessero in quest’uomo dalle parole chiare e dalla testimonianza cristallina. La santità di Giovanni Paolo II, che abbiamo celebrato il primo maggio a Roma con la cerimonia della sua beatificazione, si deve proprio all’universalità del suo pontificato: il Papa “polacco” è stato forse, nella percezione comune, il primo pontefice dell’umanità intera, degli italiani e dei polacchi, dei brasiliani e dei messicani, dei filippini e dei sudanesi… A tutti loro il Papa che veniva dall’Est ha rivolto un appello attuale ancora oggi: “Non abbiate paura di ciò che voi stessi avete creato, non abbiate paura nemmeno di tutto ciò che l’uomo ha prodotto e che sta diventando ogni giorno di più un pericolo per lui! Infine, non abbiate paura di voi stessi!” A queste parole pensavo domenica primo maggio, ritornando con la mente a quando mio papà si spegneva in una stanza al quinto piano del Policlinico “Agostino Gemelli”: “Lo sai chi c’è nell’altro corridoio?” - mi diceva – “il Papa, anche lui se ne sta andando…”. Infatti: morì tre giorni dopo; era il 2 aprile del 2005.


opinione

EzioMaranesi

Il sostegno pubblico alla cultura I I soldi sono pochi: si finanzino le attività che danno ritorni tangibili n nome del benessere sociale l’Italia spese soldi che non aveva. I soldi presi in prestito ci hanno permesso di vivere bene. E di abituarci male. Ora il debito pubblico é enorme. Non sarà mai restituito, ma gli interessi vanno pagati o sarà la bancarotta. Per far quadrare i conti bisogna ridurre le spese. Ci sono altre strade, ma bisogna comunque spendere meno. Vi sono spese non comprimibili, gli stipendi dei dipendenti pubblici, per esempio, o i benefici dei politicanti. Bisogna tagliare le altre. Chi se ne beneficiava protesta e tutti hanno la loro ragione. Tremonti ha tagliato parte degli incentivi alla cultura. Gli strilli, spesso ragli, raggiunsero il cielo. Il ministro alla cultura si dimise, colpevole tra l’altro di aver fatto cadere la Casa dei Gladiatori a Pompei per scarsa manutenzione. Piú di altri strillarono gli operatori del cinema, i cui compensi erano finanziati dal governo anche quando producevano idiozie. Non é un buon momento per il cinema italiano. E allora alcune riflessioni ci stanno. Una cultura viva, brillante, originale, è vetrina, vita, ricchezza e orgoglio di un paese. L’Italia vanta un patrimonio culturale immenso: deve valorizzarlo quanto può. Promuova la cultura, in tutte le sue forme. Se i soldi sono pochi, li spenda bene. Il cinema, per esempio, potrebbe promuovere efficacemente l’azienda Italia, ma di Fellini non ne abbiamo più, e dare soldi ai film ridanciani di Cristian de Sica è danaro buttato. Il cinema, così come lo spettacolo in genere, si mantenga da solo, produca buoni film, paghi meno i Benigni e i de Sica, che sono lavoratori come gli altri, e se lo spettacolo è buono la gente pagherà il biglietto. La lirica è cultura italica: merita sostegno. Ma si paghino meno i cantanti, i direttori, gli addetti ai lavori. Non si può finanziare la prima alla Scala della notte di Sant’Ambrogio: ci va solo gente che può pagare il biglietto, per quanto caro sia. Si finanzi la manutenzione e la valorizzazione del patrimonio culturale, la promozione e l’offerta della cultura destinata alla gente comune e ai turisti: Pompei e le zone archeologiche, i musei e monumenti, le città d’arte, i

paesaggi incantevoli, i meravigliosi borghi che all’estero poca gente conosce. Si cerchi la partecipazione dei capitali privati senza alzare barriere stupide. La Tod’s offre soldi per restaurare il Colosseo: le proteste dei puri ostacolano l’accordo. Davvero c’è chi pensa che Tod’s non voglia come contropartita un ritorno pubblicitario? Si discutano i dettagli dell’accordo, ma non l’idea. Magari l’Italia potesse proporre un modello puro e universale di cultura e potesse sostenerlo: non può. Ne faccia un business. Dia soldi ai progetti che danno ritorni utilitaristici. Incentivi il turismo. Rafforzi l’immagine dell’Italia all’estero. É un punto dolente. Il turista non va in Italia perché l’immagine della nostra terra è offuscata dalla vita privata di Berlusconi. Non va perché altri paesi offrono strutture e servizi migliori a prezzi più bassi. Non va perché il prodotto Italia, potenzialmente il migliore, è mal gestito e male offerto. Dal governo e dagli italiani tutti.

Noi emigrati cerchiamo, nell’Italia di oggi, segnali della nostra cultura. Disponiamo di RAI Italia, mantenuta dal contribuente attraverso il canone obbligatorio e la copertura dei deficit gestionali. Ma accanto a rare tracce dei nostri inimitabili giacimenti culturali, ella ci infligge la visione di incredibili giacimenti di colpevole futilità, accarezzando quella parte di grullismo zen che c’è in noi. Entrano così in casa nostra i famosi dell’isola, i famosi che danzano, i famosi che raccomandano – immancabile il nostro assurdo principino – i famosi che scrivono libri che nessuno legge o fanno gossip che a nessuno interessa. Favolose nullità che non conosciamo e non ci interessa conoscere. Un assurdo minuetto autoreferenziale di un mondo che sembra finto. Sto pensando seriamente di portare in tribunale la RAI per il reato di circonvenzione di emigrato o, quanto meno, di furto del nostro tempo.

Magari l’Italia potesse proporre un modello puro e universale di cultura e potesse sostenerlo: non può. Ne faccia un business. Dia soldi ai progetti che danno ritorni utilitaristici

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POLITICA

“Relazione può essere migliorata” Presidente della Camera brasiliana riceve l’onorificenza dell’Ordine della Stella della Solidarietà italiana nell’Ambasciata d’Italia a Brasilia Stefania Pelusi

L’

De Brasília

11 aprile è stata una giornata per constatare i buoni rapporti dell’Italia con il Brasile. Durante una cerimonia organizzata dall’Ambasciata italiana è stata conferita una delle maggiori onorificenze agli stranieri, l’Ordine della Stella della Solidarietà italiana, una medaglia a forma di stella con cinque raggi d’oro, al presidente della Camera dei Deputati brasiliana, Marco Aurelio Spall Maia. L’ambasciatore d’Italia a Brasilia, Gherardo La Francesca, ha spiegato che si tratta di un riconoscimento concesso dal presidente della Repubblica italiana, Giorgio Napolitano, destinato alle persone che hanno contribuito a far crescere la presenza italiana all’estero e hanno consolidato le relazioni bilaterali tra l’Italia e altri paesi, in questo caso, il Brasile. Marco Maia, all’epoca vicepresidente della Camera dei Deputati, è stato a capo della Commissione Parlamentare di Collaborazione Brasile-Italia che si è riunita lo scorso maggio a Brasilia. Durante questa prima riunione di collaborazione parlamentare tra i due governi è stato firmato un 12

documento finale in cui sono stati sottoscritti dalle due nazioni diversi compromessi nell’area legislativa, economica-commerciale, tecnologica-scientifica, protezione dell’infanzia e della donna, educazione, cultura, ambiente, difesa nazionale e telecomunicazioni. — Il presidente della Camera brasiliano ha svolto un ruolo fondamentale in questa collaborazione parlamentare, un lavoro che si ripeterà probabilmente alla fine dell’anno in occasione dell’inaugurazione del Momento Italia Brasile 2011-2012 (MIB). Un gruppo ristretto ma con un’agenda molto concreta da realizzare — ha spiegato l’ambasciatore Gherardo La Francesca. Inoltre ha dichiarato

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Il presidente della Camera dei Deputati Marco Maia con ambasciatore d’Italia Gherardo La Francesca e i deputati Chinagli e Borghetti

che si sta sviluppando un gruppo parlamentare Brasile-Italia, il cui presidente è Ricardo Tripoli e la vicepresidente è la italo-brasiliana Cida Borghetti, a cui hanno già aderito 150 persone e il numero sembra continui a crescere — questo è un segnale molto forte dell’interesse brasiliano verso l’Italia, che posso garantire è reciproco — ha aggiunto La Francesca. Tra i motivi dell’onorificenza, oltre all’ottimo risultato ottenuto dalla commissione di cooperazione Brasile-Italia, La Francesca ha sottolineato “l’interesse personale del presidente della Camera brasiliana alle iniziative di promozione della cultura italiana, garantendo il suo appoggio a programmi dedicati alla diffusione dell’italiano”. Secondo il presidente della Camera brasiliana, Marco Maia Brasile e Italia sono due paesi fratelli con una lunga tradizione di ottime relazioni, con un dialogo politico ad alto livello e una grande vicinanza sociale e culturale. Questo soprattutto dovuto al grande numero di brasiliani di origine italiana (circa 30 milioni) e il grande numero di comunità brasiliane nelle maggiori città italiane oltre al flusso turistico di entrambi i lati (in media 300 mila brasiliani visitano l’Italia ogni


Ambasciatore d’Italia, Gherardo La Francesca, consegna l’onorificenza Ordine della Stella della Solidarietà Italia, al Presidente della Camera dei Deputati, Marco Maia

anno). Durante la cerimonia Maia ha dichiarato di sentirsi lusingato per l’onorificenza ricevuta e per aver avuto l’onore di coordinare il gruppo parlamentare brasiliano insieme al vicepresidente della Camera dei Deputati italiana, Maurizio Lupi, inoltre si è compromesso affinché continui questa collaborazione aumentando gli scambi in aree specifiche. — Potrebbe essere interessante promuovere uno scambio nell’esperienza del combattimento alle catastrofi ambientali e alle intemperie, un settore in cui l’Italia vanta una forte esperienza, grazie ad un sistema integrato che previene questi eventi. Abbiamo bisogno di condividere azioni specifiche in aree come scienza e tecnologia, trasporti e infrastrutture, diversificazione dei flussi commerciali e d’investimento tra i due paesi — ha commentato il presidente della Camera brasiliana. Durante la cerimonia tenutasi nella residenza dell’ambasciatore d’Italia a Brasilia in cui hanno partecipato altri diplomatici e deputati federali, Maia ha raccontato del suo primo viaggio nel Belpaese, nel 1992-93, per prendere parte a un programma d’integrazione tecnologica dei lavoratori metallurgici brasiliani e italiani. — È stata un’esperienza ricchissima in cui noi brasiliani siamo andati là per bere un poco da quella fonte d’innovazione tecnologica

del mondo del lavoro italiano. Ho riportato questo fatto perché possiamo avanzare in azioni puntuali, come ad esempio riunire i lavoratori italiani e brasiliani, gli imprenditori, i politici per discutere azioni concrete che rappresentino trasformazioni nella vita delle persone tanto in Italia come in Brasile. Marco Maia è nato nello stato di Rio Grande do Sul, ha iniziato la sua attività politica negli anni ‘80 iscrivendosi al Partito dei Lavoratori (PT) e partecipando al sindacato dei lavoratori metallurgici. Nel gennaio del 2005 ha assunto la carica di deputato federale ed è stato poi rieletto nell’anno successivo e nel 2010 è stato vicepresidente della Camera. Lo scorso dicembre è stato eletto presidente della Camera dei Deputati. Maia ha assicurato che la diplomazia italiana e brasiliana vantano di un’ottima salute e non crede che un caso come quello dell’ex attivista politico italiano Cesare Battisti, che da quattro anni è rinchiuso nel carcere brasiliano, possa rovinare questa relazione tra i due paesi. Inoltre ha aggiunto. — Spero che questo caso sia risolto alla luce della buona relazione che esiste tra le due nazioni. La nostra diplomazia deve lavorare molto nel prossimo periodo per trovare un’equazione che soddisfi gli interessi italiani e che allo stesso tempo garantisca la sovranità

del Brasile a prendere una decisione riguardo a questa questione. L’ambasciatore italiano nel suo discorso ha affermato che considera le relazioni bilaterali ottime, pero non è soddisfatto perché è convinto che sia possibile migliorare e intensificare le relazioni dovuto a una potenzialità enorme e a istituzioni quali il gruppo parlamentare Brasile-Italia. Ha ribadito l’importanza di avere più occasioni di scambio di opinioni non solo nel campo politico, ma anche imprenditoriale. — Esiste una gran quantità di aziende e industrie italiane che si stanno sviluppando in Brasile. Non si tratta solo di relazioni commerciali, ma anche di un rapporto industriale tra i due paesi che stanno crescendo. La prima pietra del nuovo stabilimento dell’azienda italiana FIAT a Pernambuco (nordest del Brasile) è l’esempio più conosciuto, ma ci sono molti altri casi che formano il tessuto delle relazioni tra le due nazioni che sta diventando ogni giorno più importante. Anche se c’è ancora molto lavoro da fare. Il presidente Marco Maia al termine dell’atto ha riaffermato il suo compromesso nel lavoro del gruppo parlamentare Brasile-Italia, che contribuisce allo scambio di esperienze e opinioni tra i deputati che si sono resi disponibili a questo dialogo permanente con progetti avviati tra i due parlamenti. — Il nostro compito è di continuare ad investire e dare le condizioni affinché questo scambio bilaterale continui ad essere vantaggioso e durevole.

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POLÍTICA

Togas vermelhas Silvio Berlusconi acirra a guerra permanente que trava contra a Justiça, bombardeia juízes e procuradores que chama de “togas vermelhas comunistas” e indica seu possível sucessor político Leandro Demori De Roma

‘‘T

alibãs, associação de delinquentes, extremistas de esquerda, evasores”. Essas expressões não são parte de algum processo judiciário contra um bando de criminosos ou clã mafioso italiano: habitam o vocabulário usado por Silvio Berlusconi contra os juízes e procuradores que trabalham na miríade de processos no qual o premier é ou foi réu nos últimos anos. Para o primeiro-ministro, há duas décadas um grupo de juízes “de esquerda e comunistas” o persegue, tentando tirar do poder por via judiciária um governo eleito pelo povo. Berlusconi, que se define “o homem mais processado de toda a história da humanidade”, enfrenta atualmente quatro grandes ações judiciais, que viajam de corrupção de menores por conta do “Ruby Gate” à fraude fiscal e compra de testemunha. A polêmica ganhou força em meados de abril, quando Milão amanheceu permeada por cartazes vermelhos com escritos em branco. A frase não poderia ser mais clara: “via le BR dalle procure” (“fora as Brigadas Vermelhas das procuradorias”). Os cartazes causaram indignação imediata em toda a oposição e 14

constrangimentos dentro da maioria liderada por Popolo della Libertà e Lega Nord. Horas mais tarde, muitos cartazes já haviam sido rasgados por militantes de esquerda enquanto o entourage berlusconiano procurava manter distância da impressão feita, inicialmente, de forma anônima: os cartazes não eram assinados. Na enésima tentativa de esfriar os ânimos e recolocar a política nacional nos trilhos, o presidente da República Giorgio Napolitano lançou um apelo com tons de puxão de orelha: “este tipo de provocação não é nobre. Se está tocando o limite de exasperações e degenerações perigosas”, declarou. O recado era claro: que se individuassem os autores da manifestação para evitar réplicas. O PDL não tardou a entender: na segunda-feira, 19 de abril, Roberto Lassini, candidato a conselheiro comunal do partido de Berlusconi à Prefeitura de Milão, alçou o dedo e assumiu a culpa. Em leitura pública de carta escrita de próprio punho, Lassini disse ser o único responsável

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Angelino Alfano, Ministro da Justiça: elogios de Berlusconi

pelos manifestos e declarou retirar seu nome da lista eleitoral, ficando longe da disputa política. Nos programas de debate que todas as noites ocupam o horário nobre da TV italiana, oposição e situação partiram para o ataque. Para Lega e PDL, o fato de Lassini ter assumido publicamente a autoria solitária dos cartazes dava o caso como encerrado. Para Democratas e Finianos, a ação foi orquestrada e faz parte da estratégia de comunicação de Berlusconi para as eleições antecipadas que ainda giram como fantasmas perdidos pelos corredores do Palazzo Chigi. De fato, Berlusconi jamais usou a expressão “Brigadas Vermelhas” – grupos terroristas que atemorizaram a Itália nos anos de chumbo – para identificar os magistrados. Mas, em recente discurso, disse que os procuradores e juízes de Milão fazem “brigantaggio” nos tribunais. O PDL defende que seja mera questão de léxico; para o PD, é questão central. Como pano de fundo da polêmica pública, há o projeto de lei sobre abreviar o tempo de processos, já aprovado na Câmara e que deve ser encaminhado ao Senado antes de passar pelos olhos de Giorgio Napolitano, última palavra antes da entrada em vigor da lei. Antigo desejo de Berlusconi, a lei restringiria o tempo de processos segundo a gravidade de cada um para evitar que se percam no buraco negro da burocracia italiana. Para a oposição, no entanto, ela serviria somente à parte ínfima dos casos em andamento mas, e sobretudo, a dois deles: os casos Mediaset e Mills. Ou seja: metade dos problemas judiciários de Berlusconi cairiam em prescrição. O trabalho de lobby junto aos parlamentares foi feito sobretudo pelo Ministro da Justiça, Angelino Alfano, que recebeu afagos do chefe. Em declaração pública, Berlusconi disse que não concorrerá a novas eleições e que seu sucessor político seria o próprio Alfano. Ninguém parece ter acreditado, mas o texto da lei, aos olhos do patrão, levou nota 10. A julgar pelo elogio, 10 com estrelinhas.

“Este tipo de provocação não é nobre. Se está tocando o limite de exasperações e degenerações perigosas” Giorgio Napolitano, presidente da República


POLÍTICA

Parada antecipada Itália interrompe projeto de usinas nucleares. O referendo, porém, será aplicado para todos os cidadãos, dentro e fora do país Fernanda Galvão

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m 19 de abril, o governo italiano decidiu cancelar a retomada da utilização de energia nuclear no país. Após a tragédia no Japão, em 11 de março, a Itália aprovou uma moratória de um ano para o início das construções. O parlamento, entretanto, apresentou uma emenda cujo objetivo é derrogar as normas previstas para essas construções, além de modificar o artigo 5 do decreto que determinava a moratória aprovada em março. O Ministro da Economia, Giulio Tremonti, abordou a questão financeira, uma vez que, em 2010, o país aprovou um plano de cortes de gastos de aproximadamente 24 bilhões de euros. — Foi realmente feita uma contabilização da energia nuclear? Há um cálculo do risco de radiação? Sabemos que os benefícios são locais, mas os malefícios são gerais — argumenta. Todavia, as pesquisas continuam. De acordo com a Ministra do Meio Ambiente, Stefania Prestigiacomo, a Itália é um país cercado por usinas nucleares e o desenvolvimento das pesquisas independe da decisão do governo quanto à interrupção das construções. Paralelamente, o referendo aprovado

em janeiro se mantém marcado para os dias 12 e 13 de junho, momento em que a população opinará sobre o futuro da nação. O tema é complexo porque afeta diretamente a economia e a manutenção do país. A maior parte da energia consumida na Itália é importada. Qualquer desequilíbrio vindo dos países fornecedores desestabiliza toda a Itália. Logo, o governo visa à busca de alternativas que minimizem essa dependência. Apesar de compreender essa necessidade, o jornalista italiano e autor do livro “La nuova guerra mondiale – Terrorismo e intelligence nei conflitti globali”, Gianni Cipriani, é contra reativar o uso das nucleares. — Não há dúvida que a Itália tenha um problema de energia, em que deve comprar no exterior para poder atender seu consumo interno. O problema é que o programa nuclear apresentado pelo governo é muito caro e as usinas de energia nuclear estariam prontas apenas depois de muitos anos. Assim, a Itália continuará com os problemas de energia. Em contrapartida, o elevado custo das usinas (cerca de 6 milhões de euros para cada estação) será pago pelos italianos. E, em dez anos, os estudos sobre

Acima, o jornalista italiano Gianni Cipriani. Abaixo, catástrofe na usina nuclear em Fukushima, no Japão

energias renováveis serão muito mais avançados e talvez a tecnologia nuclear esteja ultrapassada — defende. Outro fator que fomenta a discussão é a atual situação da Líbia, um dos principais fornecedores de gás da Itália. Para Cipriani, o cenário, apesar de delicado, não afetará tanto o país e aposta numa parceria com o Brasil para a questão energética. — A crise não vai mudar a economia italiana. Talvez a Itália redimensione a sua presença nos próximos anos na Líbia. O Brasil é considerado um país com elevado crescimento crucial para a recuperação econômica após a crise. Pessoalmente, apesar de estarmos em continentes diferentes, eu acho que é importante para a Itália reforçar os laços com o Brasil, um país onde a maioria da população tem pelo menos um parente distante, onde a comunidade italiana e ítalo-brasileira mantém uma forte ligação. Enquanto isso, pouco mais de um mês depois dos terremotos e da tsunami que destruíram o Japão, a operadora da usina de Fukushima, Tokyo Electric Power, afirmou que três meses serão necessários para conter os vazamentos e nove meses para o resfriamento completo dos reatores. Como votar no referendo? Segundo o Consulado da Itália em Belo Horizonte, os cidadãos italianos residentes no exterior ou algumas categorias de compatriotas temporariamente no exterior devem visitar o site www.esteri.it para verificar a lista de países que possuem acordos com a Itália. Tanto o voto dos cidadãos italianos residentes e inscritos no AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero) quanto os que estão no exterior será realizado exclusivamente por meio de correspondência. Os eleitores temporariamente no exterior pertencentes às categorias supracitadas e os seus familiares, para votarem, deverão apresentar ao Consulado de competência uma declaração para fins eleitorais até o dia 8 de maio de 2011. Os eleitores residentes, mesmo que temporariamente, receberão do Consulado da Itália competente, no próprio domicílio, um envelope contendo as cédulas de voto e as instruções sobre as modalidades de votação. O eleitor que não receber o envelope eleitoral até o dia 29 de maio deve dirigir-se ao Consulado da Itália competente para verificar a sua situação eleitoral.

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ATUALIDADE

Embratur

promove cidades da Copa 2014 na Itália

Salvador – Berço cultural brasileiro A capital baiana, com seus quase 3 milhões de habitantes e seu rico centro histórico, declarado Patrimônio da Humanidade, é considerada também capital cultural do Brasil, já que é cidade natal de tantos e tão talentosos artistas de fama internacional. A apimentadíssima culinária baiana também é forte atrativo para os italianos.

Recife - a Veneza brasileira Principal capital do Nordeste, Recife, além do famoso Carnaval e das belas praias, é famosa também por ser a Veneza brasileira, devido aos inúmeros pontos da cidade atravessados pelos Rios Capibaribe e Beberibe. 16

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Abaixo, Liane Galina dirige o escritório da Embratur na Itália

a diferentes perfis de turistas e é importante que os operadores do setor compreendam bem para poder explicar aos seus clientes. Segundo Liane, a decisão da Embratur de voltar a participar da Bolsa Mediterrânea de Turismo é também uma aposta no futuro, após os efeitos da crise econômica. — Sentimos uma leve diminuição do turismo nos últimos anos e, analisando os dados de 2010, que mostravam uma grande recuperação sobre o número de turistas e sua despesa média no Brasil, ficamos

Natal e a dominação holandesa O texto da Embratur recorda aos italianos os 25 anos de dominação holandesa no Rio Grande do Norte no século XVII que deixaram fortes influências culturais nesta que é uma das cidades que mais recebe turistas europeus no Brasil.

Fortaleza “tropical” As belas praias, os passeios de jipe pelas dunas e os grandes resorts são a grande atração desta metrópole tropical com temperaturas que oscilam entre 23° C e 38 º C. PhotosToGo.com

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postando na recuperação internacional da crise econômica e visando consolidar na Itália a campanha internacional de promoção turística das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) voltou este ano, após mais de três anos ausente, a participar da Bolsa Mediterrânea de Turismo, principal evento do setor turístico do centro e do sul da Itália, que ocorreu na cidade de Nápoles no início de abril deste ano. Na feira, que nesta edição atraiu mais de 25 mil pessoas em três dias, a Embratur apresentou as

principais atrações das 12 capitais brasileiras que se preparam para receber a Copa e outros 65 itinerários ligados a estas cidades. De acordo com a diretora do escritório da Embratur na Itália, Liane Galina, a participação neste evento teve como objetivo ampliar o conhecimento do Brasil e da oferta de produtos turísticos entre os profissionais do setor do centro e do sul da Itália. — Esta feira é muito importante, pois conseguimos entrar em contato direto com as agências do centro e do sul da Itália, que dificilmente se deslocam para os eventos em Milão, para ilustrar as amplas opções de turismo no Brasil — afirma Liane, — O Brasil oferece uma ampla gama de produtos adaptados

Divulgação

Aline Buaes

Especial para Comunità

Divulgação

Evento em Nápoles serviu para consolidar campanha internacional


muito confiantes para o futuro — afirma, salientando a importância fundamental do mercado italiano para o Brasil. — Até porque a Itália é o primeiro país europeu em turistas enviados para o Brasil — afirma a diretora da Embratur na Itália. Entre os destinos mais escolhidos pelos turistas italianos, estão justamente três das cidades que serão sedes da Copa 2014: Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo. Segundo dados de 2009 da Embratur, a maior parte dos italianos que vem

“A Itália é o principal país europeu a enviar turistas para o Brasil. Em 2009, foram mais de 250 mil pessoas” ao Brasil como turistas permanece em média 18 dias e mais de 60% deles voltam pelo menos uma segunda vez. Entre os 253 mil turistas que visitaram o nosso país em 2009, 58% vieram em busca da temperatura agradável e das areais brancas

e amplas das praias brasileiras, enquanto 23% buscavam aventura e ecoturismo, contra 11% que procurarem conhecer a cultura brasileira. Cidades da Copa 2014 Quando os olhos do mundo ainda estavam voltados para os gramados da África do Sul, que recebeu a Copa do Mundo em 2010, a Embratur já trabalhava duro para iniciar a promoção das doze cidadessede da Copa de 2014, um dos pontos altos do projeto de marketing internacional denominado “Plano Aquarela 2010-2020”, que terá como segundo ponto alto os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Na Itália, a Embratur começou a promoção dos roteiros turísticos das doze cidades no início de 2011, com a participação na Bolsa Internacional de Turismo, que ocorreu em Milão em meados de fevereiro e atraiu mais de 100 mil profissionais do mercado italiano. Para 2011 ainda estão programados diversos encontros de formação e workshops voltados especificamente para agentes de viagens e profissionais do setor, além de uma participação na terceira principal feira do setor no país, a TTG Incontri, que ocorre em outubro em Rimini.

Belo Horizonte e a gastronomia mineira A capital miniera de quase 2,5 milhões habitantes é destacada por ser uma metrópole que mescla inovação e tradição, cujo símbolo é a famosa e deliciosa culinária miniera.

Brasília, Patrimônio da Humanidade A capital federal, com o seu projeto urbano assinado por Lúcio Costa, o desenho moderníssimo de Oscar Niemeyer e o paisagismo de Burle Marx, foi a primeira cidade construída no século XX a ser nomeado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Porto Alegre e o churrasco A capital gaúcha, famosa pelas centenas de parques e praças e pela vida cultural vivaz, com muitos teatros, galerias de arte, bares e cafés, não poderia não ser destacada pela culinária: o churrasco e o carreiteiro de charque.

Curitiba e a diversidade europeia A capital paranaense é beneficiala pela influência dos imigrantes europeus, que a tornam fortemente aberta à diversidade cultural, a começar pela culinária, com influências polonesas, italianas, ucranianas e ainda japonesas.

Cuiabá e o Ecoturismo A capital do Mato Grosso possui uma posição geográfica privilegiada, às portas da Amazônia, do Pantanal e a poucos quilômetros da espetacular Chapada dos Guimarães.

Rio de Janeiro e a culinária internacional Para além dos inúmeros clichês turísticos da capital carioca, como Ipanema, Copacabana, o Cristo Redentor ou o Carnaval, a Embratur destaca em seus documentos a grande oferta de ótimos restaurantes na cidade que oferecem desde especialidades brasileiras até a presença de muitos chefs internacionais.

São Paulo dos “botecos” A frenética capital paulista, que ferve 24 horas por dia, è lembrada pela orginalidade dos seus botecos, tradicionais pontos de encontro dos paulistanos, que também oferecem ampla variedade de chopps e petiscos.

Manaus nas portas da Amazônia A capital amazonas, centro financeiro do norte do Brasil, é também o principal acesso turístico para a maior floresta do mundo e ainda oferece, em seus ótimos restaurantes, fortes influências da culinária indígena na preparação dos pratos à base de peixes de águas doce.

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NEGÓCIOS

LAAD: Brasil inaugura nova era Feira mostra tecnologia de ponta mundial no setor de defesa. 21 companhias mostraram potencial italiano. Destaque para a cooperação entre os dois países há mais de 20 anos Cintia Salomão Castro

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m meio às discussões nacionais sobre o desarmamento – campanha que foi reacesa no Brasil após o ataque a uma escola no bairro carioca de Realengo que matou 12 crianças – a LAAD (Latin American Aero & Defence), a maior feira de defesa e segurança da América Latina, atraiu, ao Riocentro, no último mês de abril, 25 mil pessoas. Foram cinco mil visitantes a mais em relação à última edição, em 2009. Durante a solenidade de abertura, no dia 12, tanto o presidente da República em exercício, Michel Temer, quanto o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, ressaltaram que a feira colabora com a cooperação entre os diversos países e, portanto, com a paz no mundo. — Embora se trate de assuntos bélicos, colabora também para a paz porque faz a integração do 18

setor público e privado. Na medida em que a defesa dos países, bem aparelhada, funciona como elemento dissuasório de qualquer conflito no mundo — defendeu Temer, que representou a presidente Dilma, em viagem à China. O ministro Jobim também deixou claro que promover negócios para a defesa não prejudica o combate ao crime: — É uma solução que diz respeito à defesa, e não a agressões, a delitos, como foi o caso do atentado no Rio — declarou à imprensa. Para o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, a LAAD estava sendo realizada em um “momento extraordinário para o Brasil”. — Acordamos da letargia em relação à defesa e à segurança nacional, que geram riqueza e distribuição de renda. Certamente, muitos negócios serão feitos aqui. Os países desenvolvidos têm o que aprender conosco, e vice-versa, pois ninguém sabe tudo — afirmou durante a cerimônia de abertura.

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Sérgio Cabral Filho, governador do Rio, discursa na cerimônia de abertura da LAAD

Prestigiado pelos comandantes das Forças Armadas do Brasil e de diversas nações, o evento reuniu 663 expositores, entre empresas e delegações oficiais provenientes de 40 países. A Itália também aumentou sua presença. Se, em 2009, 12 companhias estiveram no Riocentro, este ano o país contou com estandes de 21 empresas italianas. Entre elas, Finmeccanica, Fincantieri, Telespazio, Agusta, Iveco, Selex Communications e Selex Galileo. O pavilhão italiano foi uma ação conjunta do Instituto Italiano

Fotos: Roberth Trindade

ATUALIDADE


para o Comércio Exterior (ICE); da Federação das Indústrias Italianas para os setores Aeroespacial, Defesa e Segurança (AIAD) e do Ministério italiano da Defesa. Salto Em palestra proferida na abertura do III Seminário de Defesa, o Ministro Nelson Jobim destacou a urgência de se recuperar o atraso tecnológico brasileiro no âmbito da segurança, decorrente do pouco investimento realizado nas últimas três décadas. — É imprescindível dar um salto tecnológico, do chão ao teto. A tecnologia de ponta não alcança nada sozinha. Precisa estar associada à sabedoria política, incluindo pessoal bem treinado.

espacial e cibernética. Diante do público presente, defendeu a criação de um plano plurianual para os gastos do setor dentro de “orçamentos minimamente estáveis”, pois “sem investimento, não há inovação, e sem inovação, não há investimento”. Cooperação Brasil-Itália Brasil e Itália mantêm estreitas relações no setor da defesa há mais de 20 anos. Uma das primeiras atividades foi o trabalho em conjunto entre os militares italianos e a Embraer, nos anos 1980, quando foi desenvolvido o velívolo MX, explicou o secretário-geral da Defesa italiano, o general Claudio Debertolis. — A cooperação com o Brasil foi iniciada há muito. A relação entre

Acima, o general Claudio Debertolis, secretário-geral da Defesa do governo italiano. Á direita, Marco Mazzu, presidente da Iveco para a América Latina

“A estratégia nacional de defesa representa o ponto de partida para as mudanças no setor. É imprescindível dar um salto tecnológico, do chão ao teto” Nelson Jobim, ministro da Defesa A necessidade de se fazer esse salto juntamente com os vizinhos da América do Sul para “romper o ciclo do atraso no continente” e a “grande discrepância entre o poder econômico e o de defesa do Brasil” foram destacadas por Jobim. Ele ainda afirmou que o fato de o país não ter inimigos “não significa que não iremos garantir a nossa segurança” e aproveitou para repelir qualquer projeto de internacionalizar a Amazônia, tese que classificou como “esdrúxula”. Sobre a Estratégia Nacional de Defesa, aprovada pelo Governo Lula em dezembro de 2008, Jobim afirmou representar o “ponto de partida” para as mudanças no setor, a qual privilegia três áreas: nuclear;

as duas aeronáuticas também vem sendo reforçada. No Estado-Maior da aeronáutica italiana, há um escritório de representação militar do Brasil. E nós temos uma representação italiana no Estado-Maior brasileiro, desde o fim dos anos 80 — contou à Comunità Debertolis, que também é diretor nacional dos armamentos do Ministério italiano. O acordo de cooperação da indústria de armamentos e defesa entre os dois países, ratificado em 15 de fevereiro de 2011 pelo parlamento italiano, prevê a possibilidade de aquisição de fragatas pela Marinha brasileira, afirma Debertolis. — Existe um projeto de cooperação, pelo qual o governo brasileiro deve decidir se adquirir

as fragatas projetadas na Itália, que seriam produzidas no Brasil. Trata-se de um dos projetos mais importantes que temos no momento — revela. Enquanto no âmbito terrestre a empresa italiana Iveco, estabelecida em Minas Gerais, já tem atuado na projeção de veículos junto ao Exército brasileiro, para o setor aeronáutico, o general italiano acena com a possibilidade de cooperar com a Embraer. — Para a aeronáutica, pensamos em uma futura cooperação com a Embraer, por meio de uma troca entre o Embraer KC390 e o nosso Aermacchi M-346 (da aeronáutica) — comenta. O secretário italiano de Defesa vê com “facilidade” a cooperação com o Brasil. — Quando venho ao Brasil, sinto-me em casa — comenta Debertolis, natural de Trieste e casado com uma carioca, com quem tem dois filhos.

AVIO COMPRA FOCALENG

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o segundo dia da LAAD, 13 de abril, o grupo aeroespacial Avio, líder no setor de propulsões e sediado em Torino, anunciou a compra da brasileira Focaleng — especializada em manutenção, reparo e revisão de motores de aeronaves militares. Com a aquisição, a Avio consolida sua presença no Brasil: há três anos a gigante italiana já atuava na revisão e no suporte logístico de turbojatos dos caças AM-X usados pela aeronáutica brasileira. Fundada em 1908, a Avio mantém presença em vários países, como Estados Unidos, Holanda e Guiana Francesa, e conta com mais de cinco mil empregados. Atua principalmente nos campos aeronáutico, espacial, naval e de aeroderivados. A Focaleng tem sede no Rio de Janeiro e tem uma receita de 23 milhões de reais, enquanto a Avio faturou, em 2010, cerca de 1,75 bilhões de euros.

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NEGÓCIOS

Roberth Trindade

ATUALIDADE

Guarani

é apresentado na LAAD de 2012, começará a produção seriada do Guarani.

Na maior Feira de Defesa e Segurança da América Latina, Iveco apresenta protótipo de blindado Fernanda Galvão

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pós dois anos de expectativa, o primeiro protótipo do Guarani, veículo desenvolvido pela Iveco em conjunto com o Exército Brasileiro, foi apresentado na LAAD. No estande da empresa, o presidente da Iveco na América Latina, Marco Mazzu, recebeu o presidente da República em exercício, Michel Temer, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o presidente da Câmara, Marco Maia, onde conheceram o funcionamento detalhado do projeto. Em 2009, a Iveco assinou um acordo com o Brasil que determinou a produção de 2044 veículos blindados, o que resulta num contrato de R$ 6 bilhões. — Este produto será produzido em Minas Gerais e vai ajudar a reconstruir a indústria de defesa do Brasil — disse Marco Mazzu, presidente da Iveco. O VBTP Guarani é um veículo anfíbio, pesa 18 toneladas e tem tração 6x6. De acordo com o engenheiro italiano Pietro Borgo, há uma retomada desta plataforma, uma tendência, já que os veículosbase na Europa possuem tração 8x8. O Guarani tem capacidade de transportar 11 pessoas (nove homens, 20

um motorista e um atirador). Com 6,91 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,34 metros de altura, possui chassi em longarinas de aço, aumentando a capacidade de proteção anti-minas. Além disso, simplicidade, robustez e elevada mobilidade estão entre suas características principais. O Guarani pode ser equipado com uma torre de canhão automático ou metralhadora e aerotransportado por um Hercules C-130, um tipo de avião. De acordo com Mazzu, o Exército optou por esta plataforma, pois se adapta a diferentes tipos de missão. Segundo a Iveco, o Guarani veio complementar a quantidade de Urutu, outro tipo de veículo blindado desenvolvido no Brasil. Sobre a atuação da empresa na LAAD, Mazzu fala do dever cumprido. — Eu acho que o grande impacto, evidentemente, é o fato de ver que o projeto virou realidade. Ele está já completo, funcional, começando os testes. É um marco ver como o projeto virou realidade — comemora. Uma das dificuldades é a produção de aço balístico, uma vez que no Brasil não existe uma siderurgia ou mineradora apropriada. Portanto, o aço continuará sendo importado da Itália. Em maio deste ano, começam os testes de engenharia. Até 2012, serão produzidas 16 unidades-piloto e no último trimestre

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O engenheiro Marco Mazzu em frente ao blindado, no pavilhão italiano

Iveco Veículos de Defesa A Iveco construiu uma área exclusiva, de 18 mil metros quadrados, para a produção do Guarani e de projetos futuros do setor, no complexo industrial de Sete Lagoas, em Minas Gerais. O espaço, orçado em R$ 76 milhões, foi anunciado, no dia 4 de abril, em evento que contou com a presença do governador de Minas, Antonio Anastasia, o Comandante do Exército, General Enzo Peri e outras autoridades. — Com a Iveco Veículos de Defesa poderemos não só melhor atender ao nosso parceiro e cliente, o Exército Brasileiro, como também desenvolver novos produtos para o segmento militar, seja para o Brasil, seja para a exportação — conta Marco Mazzu.

STRALIS NR EUROTRONIC

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a mesma semana da LAAD, a Iveco lançou o caminhão Stralis NR Eurotronic, na Ilha de Comandatuba (BA). Foram realizados cerca de 120 testes do novo caminhão da montadora por clientes, jornalistas e concessionários, revertidos em cestas básicas que foram doadas para duas instituições de Ilhéus (BA), cidade próxima ao local do evento. Desde o ano passado, a empresa realiza o Teste Drive Solidário. — Este é o terceiro lançamento que fazemos na Bahia, um Estado tão hospitaleiro e de grande apelo turístico. Atender essas instituições é uma forma de compensar essa receptividade e ajudar os moradores da região — explica Marco Piquini, diretor de Comunicação da Iveco. Mais um produto inovador, o Stralis NR Eurotronic possui câmbio automatizado – uma parceria com a empresa alemã ZF. O grande diferencial é a possibilidade de 16 marchas, ao invés de 12. Até 2014, a montadora italiana espera que 80% dos caminhões da categoria estejam automatizados.


NEGÓCIOS

Logística atrai portuários da Ligúria No Brasil, a expectativa do setor é receber mais de R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos três anos, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Robson Bertolino

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De São Paulo

rasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Turquia e México tornaram-se, nos últimos anos, pólos de fornecimento e clientes para o setor logístico. Dados do setor apontam que o mercado brasileiro movimenta em torno de US$ 150 bilhões por ano e está em franca expansão. Só perde para o da China, que movimenta US$ 506 bilhões. De olho neste potencial, representantes dos portos da Região da Ligúria (Gênova, La Spezia e Savona Vado), no Mar Mediterrâneo, procuram estreitar a ponte entre os empreendedores da Itália e do Brasil, que utilizam estes portos para a entrada nos mercados do Sul da Europa e também para as rotas do Extremo Oriente. Para Cristina De Gregori, do departamento de promoção e relação externa da Autorità Portuale Di Savona, o mercado brasileiro é o principal entre o tráfego da Itália para a América Latina e aumentar a participação entre estes trajetos é a expectativa para os próximos anos. — Frutas frescas e contêineres com variados produtos são os mais movimentados. Mas o Porto de Savona Vado também é um dos principais da Região a receber cruzeiros turísticos. Em 2010, foram cerca de 800 mil passageiros transportados. E, para atender esta demanda, está prevista a ampliação do Terminal Turístico. A Costa Crociere, que administra diretamente o terminal de passageiros, investirá cerca de € 8 milhões neste aumento de área e estrutura — disse.

No ano passado, passaram pelas três estações marítimas da Ligúria 4,75 milhões de passageiros. Em mercadorias movimentadas foram 83 milhões de toneladas, enquanto o tráfego de contêineres foi de 3,25 milhões de TEU’s (Twenty-foot Equivalent Unit, unidade equivalente a 20 pés). — Com a conclusão da ampliação em Savona, previsto para terminar entre 2014 e 2015, o porto ganhará mais 200 mil metros quadrados, somando um total de € 450 milhões. No ano passado foram 200 mil TEU’s movimentados — conta. Os Portos da Ligúria contam com uma posição geográfica favorável: eles estão localizados no centro mais importante da área industrial e comercial do norte da Itália e do sul da Europa. Atualmente dispõem de 50 terminais privados em operação, equipados para qualquer tipo de navios e de mercadorias. — O Porto de Gênova foi o primeiro da Itália e é o mais importante tanto pela história quanto pela indústria do país. É também o único a ter um aeroporto e um importante hub na Europa para o comércio de produtos com o Brasil — ressalta Valter Capri, um dos representantes da estação marítima. O projeto de ampliação em Gênova consumiu mais de € 13 milhões em dragagem, ampliação do calado das áreas para cruzeiros e cabotagem, expansão de pontes e de novas tecnologias. No Porto de La Spezia as ampliações atingem, no total, a cerca de 140 mil metros quadrados de superfície útil, com mais de 800

Cristina De Gregori e Valter Capri: milhões investidos em ampliação portuária

metros lineares de cais novo e equipado. — Do total movimentado pelo porto, que em 2010 foi de 18 milhões de toneladas de carga, 30% são destinados ao comércio com a China, África, Turquia e Marrocos, outros 30% para os países do Mediterrâneo, 25% para a América do Norte e 15% para a América do Sul, entre Chile e Brasil — completou Valter Capri. De acordo com ele, Austrália, Nova Zelândia e Brasil são os países que estão entre os principais mercados a serem explorados pelos portos. — No La Spezia, se prevê um investimento global de € 300 milhões, destinado para o reforço ferroviário, redesenho de área para o terminal de cruzeiros, nova doca para a náutica esportiva, espaços comerciais, residenciais, além de hotéis, centro de convenções, áreas culturais e de lazer. São experiências que poderiam ser trazidas para o Brasil — finaliza o representante. Mercado brasileiro No Brasil, a expectativa do setor é receber mais de R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos três anos. De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), até 2014, o setor industrial vai investir cerca de R$ 850 bilhões no país e, deste montante, o banco estima que R$ 330 bilhões serão destinados para logística. Os Portos da Ligúria totalizam 28 partidas por mês para o Brasil. Eles foram representados na 17ª Edição da Intermodal South América 2011, realizada em São Paulo no início de abril. Trata-se de mais uma iniciativa do Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE) para fomentar a troca de experiências econômicas entre os dois países.

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NEGÓCIOS

Jatos brasileiros nos céus da Itália Vice-presidente de aviação comercial da Embraer explica motivos que levaram Alitalia a preferir a família dos jatos brasileiros 170/190. O conforto da cabine é um dos diferenciais em relação à concorrência Cintia Salomão Castro

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ComunitàItaliana — Poderia explicar algumas das vantagens competitivas dos jatos 175 e 190, vendidos à Alitalia em março? Paulo César de Souza e Silva — Ambos têm uma maturidade de seis anos de mercado e apresentam operação bastante estável e confiável. A empresa que os compra pode contar com a certeza de que o avião não terá problemas técnicos. Fornecem, ainda, ao piloto, a possibilidade de voar em condições automáticas. Outra vantagem é o serviço de manutenção da Embraer, que conta com um staff de 500 pessoas em todo o mundo, prontos

Fotos: Divulgação

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enos de um mês antes de anunciar o acordo de entrega de 20 aviões para empresas chinesas durante uma visita de Dilma Rousseff — que envolveu uma série de acordos comerciais com o presidente Hu Juntao — a Embraer já havia concluído a venda de 15 jatos do modelo 175 e cinco do modelo 190 para a Alitalia. Ambos possuem, respectivamente, 88 e 100 assentos, e serão utilizados em rotas domésticas e dentro do continente europeu. A companhia italiana preferiu os produtos brasileiros ao ítalo-russo Sukhoi Superjet 100, ainda sem testes de voo. Os aviões ficarão baseados em sete aeroportos italianos: Catânia, Fiumicino (Roma), Linate e Malpensa (Milão), Nápoles, Torino e Veneza. O início da entrega está previsto para terceiro trimestre deste ano. O vice-presidente executivo de aviação comercial da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, explica que a maturidade decorrente da presença de seis anos no mercado aéreo internacional e o nível de conforto oferecido ao passageiro são alguns dos pontos que conferem competitividade mundial aos modelos 175 e 190. “A cabine dos nossos aviões tem um nível de conforto maior do que os Airbus ou Boeing 737, por exemplo, que contêm três assentos de cada lado. Os jatos 175 e 190 apresentam dois de um lado, e dois de outro. Assim, o passageiro não fica espremido”, explica.

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O Embraer 190, vendido à Alitalia, é utilizado pela brasileira Azul

para dar o melhor atendimento. No caso da Alitalia, a companhia já conhecia a qualidade dos nossos jatos, pois já operam o E-Jet 170. Um aspecto importante é a cabine do avião, que apresenta um nível de conforto maior do que os Airbus ou o Boeing 737, por exemplo, que contêm três assentos de cada lado. Os jatos 175 e 190 apresentam dois assentos de um lado, e dois de outro. Dessa forma, o passageiro não fica “esprimido”. Ele senta junto à janela ou ao corredor.

“Os mercados que visamos mais são os emergentes, como a América Latina e os países do Pacífico” Paulo César de Souza e Silva, executivo da Embraer


CI — A Alitalia anunciou que ambos serão utilizados principalmente em rotas domésticas e europeias. Estes são modelos apropriados para voos mais curtos? PCSS — As 20 aeronaves substituirão e modernizarão, gradativamente, a atual frota da Alitalia, composta por 16 aviões regionais, o que contribui com o aumento da oferta de voos diretos em rotas curtas e médias, em atendimento à demanda de mercado. Além disso, com a redução da idade média da frota, uma das mais novas na Europa, os E-Jets au-

obteve “facilidades na negociação que neutralizaram o custo do investimento”. Há algum tipo de parceria entre Embraer e Alitalia permitindo vantagens para ambas? PCSS — A facilidade foi obter os jatos através de leasing. Dessa forma, a companhia não precisará comprar as aeronaves. CI — Quanto custa, em média, cada aeronave de ambos os modelos?

mentarão os níveis de eficiência da companhia aérea do ponto de vista econômico e ambiental devido à redução do consumo de combustível. Uma vantagem com baixo custo operacional é voar a rota várias vezes, em voos mais curtos, com alta ocupação de assentos, ao invés de optar por rotas longas com ocupação menor de assentos.

PCSS — Os preços de lista são de 38,6 milhões de dólares para o 175, e 42,8 milhões de dólares para o 190. CI — Qual o principal modelo de aeronave da Embraer mais vendido atualmente para outros países? PCSS — São os modelos 190 e 175. A família E-Jet reúne quatro modelos: 170; 175; 190 e 195. São operados por 60 companhias áreas em 40 países. CI — Quais são os mercados mais visados e quais são as perspectivas financeiras para 2011? PCSS — O mercado mostra, neste momento, sinais de recuperação. Em 2010, vendemos 95 jatos no mundo todo. Em 2011, esperamos aumentar um pouco esse número. Os mercados que visamos mais são os emergentes, como a América Latina e os países do Pacífico. Os Estados Unidos também começam a mostrar uma retomada, pois sinalizam a necessidade de renovação da frota. CI — Os últimos acontecimentos mundiais, como a instabilidade política na África do Norte e os terremotos no Japão, podem dificultar os setores comercial e executivo da empresa? PCSS — A crise no Norte da África e Oriente Médio contribuem para aumentar o preço do petróleo, o que não é favorável para a indústria aérea. Porém, todos esperamos que a região se tranquilize em breve.

CI — O CEO da Alitalia, Rocco Sabelli, afirmou aos jornais italianos que a companhia Os dois assentos de cada lado do avião garantem mais conforto ao passageiro

A FAMÍLIA E-JET

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família Embraer 170/190 de E-Jets é composta por quatro jatos comerciais — 170, 175, 190 e 195 — com capacidades de 70 a 122 assentos, fruto de um projeto de engenharia avançado que apresenta grande economia operacional, baixo nível de emissão de poluentes e uma ampla cabine de passageiros sem os indesejados assentos do meio. Os E-Jets têm velocidade de cruzeiro máxima de Mach 0,82 e voam a uma altitude de até 12.500 metros — com um alcance de 4.450 km (2.400 milhas náuticas). O alto grau de comunalidade entre as quatro aeronaves resulta na redução dos custos de treinamento, manutenção e peças de reposição para os operadores. Outro destaque é a moderna tecnologia fly-bywire, que aumenta a segurança operacional e reduz a carga de trabalho dos pilotos e o consumo de combustível. Os jatos oferecem também conforto superior com o projeto da fuselagem em dupla-bolha, que inclui duas entradas principais para passageiros e duas portas de serviço, que minimizam o tempo de permanência no solo. Tanto na configuração de classe única como na de duas classes de serviço, oferecem mais espaço ao passageiro do que aeronaves de tamanho equivalente. Na Europa, 161 E-Jets são operados atualmente por 16 companhias aéreas. A frota acumulou 5 milhões de horas de voo e transportou 200 milhões de passageiros em todo o mundo.

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ECONOMIA

De olho na herança Missão italiana promete dar início a parcerias que visam o desenvolvimento tecnológico do estado capixaba

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alcula-se que no Espírito Santo vivam cerca de 1,7 milhão de descendentes de italianos, o que equivale a mais da metade da população total do estado. O movimento migratório teve início em 1874, com a expedição Tabacchi, que resultou no desembarque de mais de 300 camponeses vênetos e trentinos na baía de Vitória. Apesar da forte herança cultural, as relações econômicas com a Itália apenas recentemente começaram a vingar. Um dos primeiros passos nesse sentido foi a vinda de uma comitiva de empresários italianos, no mês passado, sob a organização do Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro. Os encontros realizados em Vitória contaram com a presença do governador Renato Casagrande; do adido econômico do Consulado, Giuseppe Romiti; do vice-cônsul no Espírito Santo, Franco Gaggiato; e do vice-presidente da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira, Pietro Petraglia. Um dos objetivos da missão era o estudo de formas de investimentos diretos, de joint ventures e do know-how em setores como agricultura, transporte e segurança. O governador Renato Casagrande recebeu o grupo em uma tarde de sexta-feira, dia 15 de abril, no Palácio Anchieta. Ele falou 24

sobre as potencialidades do estado e sobre as possibilidades de negócios entre os dois países, além de apresentar as secretarias de agricultura, da saúde, transportes e obras públicas. — Temos bastante interesse nas relações comerciais com a Itália, mas principalmente na parceria para o desenvolvimento da área de ciência e tecnologia — frisou Casagrande. Participaram das reuniões José Lino Sepulcri, presidente da Federação do Comércio do estado; Lucas Izoton, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes); Frei Paulão, secretário estadual da Cultura; e o prefeito do município de Aracruz, Roberto Sarcinelli. Após a apresentação das principais atividades das empresas representadas, com negócios ligados a áreas como construção civil, mineração, portos e ferrovias, Romiti mostrou-se otimista. — Esperamos poder voltar ao Espírito Santo no futuro com resultados em negócios — declarou. Em ação Grupo local responsável pela organização dos encontros, a ONG Espírito Santo em Ação foi fundada em 2003 por empresários como Nilton Chieppe, presidente do Grupo Águia Branca, com o intento de

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O presidente do Grupo Águia Branca e um dos fundadores do movimento Espírito Santo em Ação, Nilton Chieppe. Abaixo, o governador Casagrande entrega a escultura de um colibri, símbolo do estado, ao adido econômico, Giuseppe Romiti

contribuir para o desenvolvimento sustentável do estado. Coordenador do comitê de aliança de estratégias da entidade, Chieppe faz um balanço bastante positivo da missão. — Como primeiro passo foi muito importante. É uma das primeiras visitas heterogêneas que recebemos. Entretanto, precisamos ir adiante e desenvolver intercâmbios e sinergias entre setores de modo mais específico. Agora, é necessário dar foco a visitas setoriais — analisa. Há carência, no estado, em setores que requerem tecnologia especializada, como transportes (aeroportos, ferrovias e portos de água profunda), energia e logística — inclusive suporte para a exportação de produtos, como carnes, frutas e legumes. Um dos exemplos dos problemas de infra-estrutura do estado é o aeroporto da capital Vitória: trata-se do mais superlotado do país, com uma taxa de ocupação de 472% — conforme a última pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea), no mês passado. Um dos setores que já contam com intercâmbios entre os dois países é o da produção cafeeira. A Illy compra os grãos de café produzidos na região serrana capixaba, lembra Chieppe. Para o empresário, uma participação mais decisiva por parte de autoridades governamentais traria mais agilidade às relações econômicas com a Itália. — É preciso que haja uma decisão da parte do governo de ordenar tais ações de intercâmbio, para que os avanços sejam mais rápidos. Nós, empresários, já estamos nos movendo nesse sentido. Um de nossos planos é organizar uma missão de empresários do estado em direção ao Vêneto, o que incluiria uma visita ao Verona Mercato — adianta.


MEIO AMBIENTE

Exportando sustentabilidade Projeto brasileiro em parceria com a Itália será adotado em outros países da América Latina Fernanda Galvão

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om atuação nos locais afetados pela rodovia BR 163 e pela Transamazônica e alcançando índices de redução de queimadas que variam de 50% a 98% nos estados do Pará, Mato Grosso e Acre, o programa “Amazônia sem Fogo” tornou-se política de governo. A assinatura do acordo trilateral com a Bolívia está em andamento e o Equador também demonstra interesse pelo projeto. As atividades surgiram em 1999 com o título “Fogo! Emergência Crônica”, fruto da parceria entre a Direção Geral da Cooperação da Itália – principal financiadora, contabilizando mais de 10 milhões de euros investidos – com o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável. O objetivo é conscientizar e capacitar cidadãos nas comunidades rurais sobre o uso do fogo, além de proporcionar melhores condições de vida aos produtores locais. — O desconhecimento da maioria da população sobre as alternativas ao uso do fogo e a falta de acompanhamento técnico adequado são os principais motivos de queimadas. O projeto consiste em ações de emergência e desenvolvimento, permitindo reforçar os

componentes locais de prevenção e resposta a incêndios florestais, promovendo a divulgação de práticas agrícolas — explica a Engenheira Florestal, Adriana Amaral. Tudo começa nas Unidades Demonstrativas, centrais onde se aprendem as técnicas sustentáveis e a aplicação destas. O conhecimento adquirido e experimentado é repassado aos líderes comunitários e interessados no projeto. A instalação das Unidades foi realizada em propriedades cedidas por produtores locais ou pelas prefeituras. — As UDs [Unidades Demonstrativas] foram planejadas para servirem como pontos de encontro e são de vários modelos, como Manejo Sustentável de Pastagem, Recuperação de Áreas Degradadas, Recuperação do Solo e Sistema Agro-florestal Padrão — enumera Eduino Lorentz, do Ministério do Meio Ambiente. Está prevista a construção de mais 30 Unidades Demonstrativas e 11 já estão em andamento. A capacitação dos colaboradores abrange questões teóricas e práticas. Durante 12 meses, foram realizados diversos cursos técnicos, embasados pela pedagogia ambiental, guiada pelo desenvolvimento sustentável. Economia familiar de pequenos produtores rurais esteve entre os temas estudados. — O programa proporcionou reforço da presença de pequenos

Durante os anos 2008 e 2009, o programa teve como tema a “Formação técnica sobre as alternativas para o uso do fogo no processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Todos os cursos foram certificados pelo Ministério do Meio Ambiente

produtores rurais e da agricultura familiar em favor de uma melhor utilização do solo e já formou mais de 400 multiplicadores. As iniciativas desenvolvidas igualmente melhoraram a vida de comunidades indígenas — relembra Adriana. No município de Juína, no Mato Grosso, por exemplo, aproximadamente 60% da cidade são habitados por indígenas. É aí que começa o olhar diferenciado do programa. No final do ano passado, o Protocolo Indígena foi tema de diversas palestras realizadas em dois dias de evento na Aldeia Curva, na Terra Indígena Erikbaktsa. Na ocasião, estiveram presentes cerca de 400 pessoas de etnias variadas do Mato Grosso. Para o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, Luiz Antonio Correia de Carvalho, o “Amazônia sem Fogo” é fundamental não só para a redução das queimadas, como para o desmatamento e da pobreza. Compreendendo esta importância, foram assinados 60 protocolos municipais – acordos firmados entre os variados atores da sociedade, como universidades, órgãos públicos, sindicatos e associações. A finalidade é cooperação mútua, onde cada setor se compromete em melhorar as condições sócio-ambientais de sua respectiva região. A perspectiva dos responsáveis é de que transcendam as cidades e alcancem a esfera federal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente encontra-se em construção, junto ao governo brasileiro, a implantação de política pública permanente, devido aos resultados atingidos nesses 10 anos de experiência e análise. — Muitos resultados foram obtidos nos campos ambiental, social e econômico quanto à utilização de práticas alternativas ao uso do fogo, mudança cultural, formação de brigadistas, entre outros. Porém, há muito a ser feito nesta temática para não se perder a continuidade dos resultados deste processo — conclui a Engenheira Florestal, Adriana Amaral.

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EDUCAÇÃO

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Pesquisa científica cresce no Brasil

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que o Brasil investe 1,1% do PIB na produção científica

membro dos departamentos de Patobiologia e Gastroascido em Roma, Cláudio Fioc- enterologia da Cleveland chi mudou-se para o Brasil Clinic Foundation. Anualem 1956 com seus pais, que mente, Fiocchi vem ao Brasil vieram em busca de melhores para proferir palestras, particioportunidades de emprego. Ainda jovem, par de eventos ou pescar nos rios ingressou na primeira turma da Faculda- da Amazônia, um de seus hobbies. de de Ciências Médicas da Santa Casa de Agraciado recentemente com o Misericórdia de São Paulo, onde se gra- Prêmio Henry Janowitz Lifetime Achieveduou. Interessado em gastroenterologia ment Award in IBD da Crohn’s and Colits (o mercado brasileiro não era reconhecido Foundations of America, em reconhecina época com excelência), Fiocchi mudou- mento por sua contribuição e dedicação se para os Estados Unidos, onde realizou contínua para o campo da DII, Fiocchi conespecialização na Cleveland Clinic Founda- versou com a Comunità diretamente de tion, em Ohio, região centro-oeste do país. Cleveland sobre as pesquisas científicas Hoje, Fiocchi é um reconhecido pes- realizadas no Brasil em comparação com o quisador mundial tendo como principais que os países desenvolvidos produzem. interesses científicos os mecanismos De acordo com o doutor Fiocchi, o Bracelulares e moleculares das doenças in- sil obteve uma nítida melhora na posição do flamatórias intestinais (DII: retocolitis ranking mundial de pesquisas científicas. ulcerative e doença de Crohn), área em que — Eu vejo uma série de artigos puele fez diversas contribuições por meio de blicados em revistas direcionadas para o seus estudos sobre a imunidade da muco- meio científico. É um exemplo de que o sa, interações entre células Brasil está entre os mercaimune e não imune, e sobre dos mais ricos e, com isso, a doença inflamatória intesvem recebendo mais vertinal pediátrica. bas para pesquisas médicas, Atualmente ele é profesbioquímicas e desenvolvisor de Medicina, Patologia mento de técnicas para a e Pediatria na Case Western extração do petróleo e deriReserve University School vados — disse. of Medicine, em Cleveland; Para o pesquisador, os EsProfessor de Medicina Motados Unidos ainda figuram lecular no Lerner College of entre os países que mais desMedicine da Cleveland Clitinam investimentos para O Dr. Fiocchi: de Roma e São Paulo para Cleveland nic Foundation e também pesquisas científicas porque Robson Bertolino

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De São Paulo

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conta com grandes laboratórios e centros de estudos de ponta. Na Europa, após a criação da Comunidade Europeia, os incentivos aumentaram também. São investimentos individuais dos governos e de instituições privadas, com destaque para países como Alemanha, França, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Já Itália, Espanha e Portugal devem receber mais dinheiro para o direcionamento à pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos próximos anos — constata. Mesmo o Brasil figurando em uma posição melhor, os incentivos para pesquisas científicas ainda não são suficientes para trazerem de volta profissionais como o


Dr. Fiocchi, que buscaram em outros países o reconhecimento de anos de estudo e dedicação. Hoje, o Brasil ocupa o 13º lugar na publicação de artigos científicos. No ano passado, foram 26.482 publicados em todo ano, 11.300 mil novos doutores formados nas universidades brasileiras. Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que o Brasil investe 1,1% do PIB na produção científica. O que dá US$ 23 bilhões por ano. A soma é quase igual a países como Itália e Espanha. Mas ainda muito longe de Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos. — Percebo que é um momento lógico para o Brasil levar de volta seus talentos. A economia está aquecida e o país passa por um momento favorável de investimentos. Mas, para isso, o governo deve investir em educação — disse Fiocchi. Um dos efeitos que mostra bem essa nova etapa do País é o registro de patentes. Enquanto em um ano as empresas brasileiras inventam e registram em torno de cem novos produtos, na China, por exemplo, foram mais de 1.650 em 2010. Mas para o pesquisador isso está mudando e os empresários brasileiros já começam a ver que investir em pesquisa pode ser um bom negócio também. — Para se destacar entre os demais países, o Brasil precisa de um grupo bem maior de pesquisadores de alto nível. E, com isso, promover a troca de estudos. Como o médico e cientista brasileiro Miguel Ângelo

Pesquisador italiano que viveu no Brasil recebe prêmio internacional, em reconhecimento à sua contribuição contínua e dedicação na área da saúde mundial Laporta Nicolelis, que lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke, em Durham, Estados Unidos, no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, na tentativa de integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina) — completa. Nicodelis é também um dos responsáveis pela criação do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINNELS), em Natal, Rio Grande do Norte, do qual ele é diretor.

O Brasil e as potências científicas

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ivulgado no final de março, o relatório ‘Knowledge, Networks and Nations: Global scientific collaboration in the 21st century’, produzido pela Royal Society, a academia de ciências do Reino Unido, mostra que o Brasil, China, Índia e Coreia do Sul estão emergindo como atores principais no mundo científico para rivalizar com as superpotências tradicionais, Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão. Uma grande variedade de dados foi analisada para o levantamento, incluindo tendências no número de publicações científicas produzidas por todos os países. De acordo com o relatório publicado também no site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na China, o investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido a uma média de 20% ao ano desde 1999, chegando aos US$ 100 bilhões (ou 1,44% do PIB) em 2007. E o país pretende investir ainda mais, alcançando um investimento no setor de 2,5% do PIB até 2020. Ainda segundo o estudo, o crescimento da China, é sem dúvida, o mais impressionante. — Brasil, Índia e Coreia do Sul estão rapidamente no mesmo caminho e (com base na simples extrapolação de tendências existentes) poderão ultrapassar a produção [científica] da França e do Japão no início da próxima década — consta no relatório. O relatório aponta que o Brasil, na linha de sua aspiração de se tornar uma ‘economia do conhecimento natural’, com base em seus recursos naturais e ambientais, está trabalhando para aumentar o investimento em pesquisa de 1,4% do PIB, em 2007, para 2,5%, em 2022. De acordo com dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o país aplicou 1,1% do PIB em ciência em 2007. Outros países também estão se destacando no cenário internacional, segundo o relatório, ainda que não tenham uma sólida base no setor, como Cingapura, Irã, Tunísia e Turquia. Os dados de publicações e citações foram produzidos e analisados em colaboração da Royal Society com a Elsevier, utilizando a base Scopus e resumos da literatura científica global analisada por pares.

Os dados indicam mudanças na autoria dos artigos científicos entre os períodos de 1993-2003 e 2004-2008. Embora os Estados Unidos ainda continuem na liderança, sua parcela na produção científica mundial caiu de 26% para 21% entre os períodos. A China, por sua vez, passou de sexto para o segundo lugar, pulando de 4,4% para 10,2% do total. O Reino Unido continua em terceiro, mas com queda de 7,1% para 6,5%. O relatório da Royal Society também avaliou dados referentes a citações dos artigos, indicador frequentemente usado para avaliar a qualidade das publicações e o reconhecimento dos trabalhos dos pesquisadores por seus pares. Nos dois períodos analisados, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no ranking, seguidos pelo Reino Unido. Mas os dois tiveram queda nos números apresentados, enquanto se percebe o crescimento dos países emergentes nas citações, especialmente da China. — Na maioria dos países há concentração da atividade de pesquisa em determinados locais. Moscou responde por 50% dos artigos publicados na Rússia; Teerã, Praga, Budapeste e Buenos Aires chegam a 40%; e Londres, Pequim, Paris e São Paulo, a 20% da produção nacional — apontou. De acordo com o relatório, o notável crescimento de São Paulo, que pulou, na última década, 21 posições na lista das cidades que mais publicam artigos científicos no mundo. São Paulo é a única cidade do Hemisfério Sul na lista das 20 que mais publicam artigos científicos em todo o mundo. O relatório concluiu que a ciência está se tornando cada vez mais global, com pesquisas cada vez mais extensas e conduzidas em mais locais. A colaboração tem crescido rapidamente e atualmente 35% dos artigos publicados em periódicos internacionais resultam da cooperação entre pesquisadores e grupos de pesquisa. Há 15 anos, o total era de 25%. A ciência, de acordo com o documento, é um empreendimento global. Nele, consta que há mais de 7 milhões de pesquisadores no mundo, que utilizam um investimento combinado em pesquisa e desenvolvimento superior a US$ 1 trilhão (um aumento de 45% desde 2002), leem e publicam em cerca de 25 mil periódicos científicos por ano. comunitàitaliana | maio 2011

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NOTÍCIAS

Capitalismo italiano perde representante herdeiro do grupo Nutella, Pietro Ferrero, de 48 anos,

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faleceu no dia 18 de abril, na África do Sul. Ferrero estava com outros diretores da empresa para a instalação de uma fábrica local. Pietro sentiu-se mal enquanto andava de bicicleta. O empresário deixou três filhos. A empresa dos Ferrero iniciou suas atividades no Piemonte, em 1946, e tornou-se um ícone no setor de chocolates e doces. O Grupo Ferrero é também dono das marcas Tic-Tac, Nutella, Kinder e Ferrero Rocher.

Giovani di Mantova missão Giovani Imprenditori in Brasile trouxe ao

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Rio, a Belo Horizonte e a Salvador jovens empresários italianos do Gruppo Giovani Industriali di Mantova, próspera província lombarda. O grupo chegou à capital fluminense em 29 de março, dia em que participou de um encontro na Firjan (Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro), com a presença da subsecretária estadual de Comércio e Serviços, Dulce Angela Procópio. O roteiro incluiu uma visita ao estabelecimento mineiro da Fiat, em Betim, e reuniões com representantes da Federazione das Indústrias do estado da Bahia. O grupo retornou à Itália em 2 de abril.

Sarkozy e Berlusconi s afrescos e as esculturas quinhentistas da Villa Mada-

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ma, em Roma, formaram o cenário da cúpula bilateral entre Itália e França, que restabeleceu o bom clima entre os dois países, no final de abril. Uma carta conjunta contendo um pedido de revisão do tratado de Schengen no que se refere à livre circulação de pessoas – enviada à Comissão Europeia – foi um dos resultados do encontro. O primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o presidente Nicolas Sarkozy precisaram que o restabelecimento temporário do controle entre os países membros da UE deverá ser aplicado “em caso de dificuldades excepcionais na gestão das fronteiras externas comuns, mas com condições a definir”. A cada ano, a França acolhe 50 mil imigrantes. A Itália, em média, 10 mil. O esforço dos franceses é cinco vezes maior, ressaltou, durante o encontro, Berlusconi.

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Consolato Generale d’Italia Rio de Janeiro Referendum 12-13 giugno 2011 Con i D.P.R. del 23 marzo 2011 pubblicati nella Gazzetta Ufficiale n. 77 del 4 aprile 2011 sono stati indetti i seguenti Referendum popolari abrogativi, che si terranno nei giorni 12 – 13 giugno: a) referendum popolare n. 1–Modalità di affidamento e gestione dei servizi pubblici locali di rilevanza economica. Abrogazione; b)referendum popolare n. 2–Determinazione della tariffa del servizio idrico integrato in base all’adeguata remunerazione del capitale investito. Abrogazione parziale di norma; c)referendum popolare n. 3–Nuove centrali per la produzione di energia nucleare. Abrogazione parziale di norme; d) referendum popolare n. 4–Abrogazione di norme della legge 7 aprile 2010, n. 51, in materia di legittimo impedimento del Presidente del Consiglio dei Ministri e dei Ministri a comparire in udienza penale, quale risultante a seguito della sentenza n. 23 del 2011 della Corte Costituzionale. Gli elettori residenti all’estero e alcune specifiche categorie di connazionali temporaneamente all’estero per motivi di servizio o missioni internazionali potranno votare per corrispondenza in occasione di tali consultazioni. Per i cittadini italiani residenti all’estero. Il voto per i referendum dei cittadini residenti all’estero ed iscritti all’AIRE si esprime esclusivamente per corrispondenza negli Stati con i quali il Governo italiano ha concluso apposite intese. Negli Stati dove non è stato possibile concludere tali intese e negli Stati con intese ma la cui situazione politica o sociale non consente l’esercizio del diritto di voto tali elettori non potranno esercitare il voto per corrispondenza e pertanto, per votare, dovranno recarsi in Italia. In tal caso, presentando apposita istanza all’ufficio consolare della circoscrizione di residenza corredata del certificato elettorale e del biglietto di viaggio, avranno diritto al rimborso del 75% del costo del biglietto. Gli elettori residenti all’estero ed iscritti all’AIRE riceveranno a domicilio, da parte del Consolato di riferimento, il plico elettorale contenente le schede e le istruzioni sulle modalità di voto. Si raccomanda di seguire attentamente le istruzioni e di osservare le date indicate per spedire all’Ufficio consolare la busta preaffrancata contenente la busta anonima con le schede votate.

Ai sensi del Decreto-legge 11 aprile 2011, n. 37, le tipologie di elettori temporaneamente all’estero per motivi di servizio o missioni internazionali ammesse al voto per corrispondenza, previa apposita dichiarazione, sono le seguenti: Appartenenti alle Forze armate e alle Forze di polizia temporaneamente all’estero in quanto impegnati nello svolgimento di missioni internazionali. Dipendenti di Amministrazioni dello Stato, di regioni o di province autonome, temporaneamente all’estero per motivi di servizio, qualora la durata prevista della loro permanenza all’estero, secondo quanto attestato dall’Amministrazione di appartenenza, sia superiore a tre mesi, nonché, qualora non iscritti alle anagrafi dei cittadini italiani residenti all’estero, i loro familiari conviventi. Professori e ricercatori universitari, di cui al decreto del Presidente della Repubblica 11 luglio 1980, n. 382, titolari di incarichi e contratti ai sensi dell’articolo 1, commi 12 e 14, della legge 4 novembre 2005, n. 230, e di cui alla legge 30 dicembre 2010, n. 240, che si trovano in servizio presso istituti universitari e di ricerca all’estero per una durata complessiva di almeno sei mesi e che, alla data del decreto del Presidente della Repubblica di convocazione dei comizi, si trovano all’estero da almeno tre mesi, nonché, qualora non iscritti nelle anagrafi dei cittadini italiani all’estero, i loro familiari conviventi. La procedura da seguire dipende dalla categoria di appartenenza: I militari e i dipendenti pubblici dovranno trasmettere una dichiarazione al comando o amministrazione di appartenenza, entro l’8 maggio. I familiari conviventi dei dipendenti pubblici, qualora non iscritti all’AIRE, dovranno presentare anche la dichiarazione sostitutiva dell’atto di notorietà in ordine allo stato di familiare convivente. I professori universitari dovranno far pervenire la dichiarazione, entro l’8 maggio, direttamente all’Ambasciata/Consolato di riferimento, unitamente alla dichiarazione sostitutiva dell’atto di notorietà che attesti il servizio presso istituti universitari e di ricerca per una durata complessiva di sei mesi e la presenza all’estero da almeno tre mesi alla data del 4 aprile 2011. I familiari conviventi dovranno presentare anche la dichiarazione sostitutiva relativa allo stato di familiare convivente, qualora non iscritti all’AIRE. I cittadini temporaneamente all’estero esprimono il voto per corrispondenza anche negli Stati con i quali il Governo italiano non ha potuto concludere apposite intese e negli Stati con intese ma la cui situazione politica o sociale non consente l’esercizio del diritto del voto. Pertanto, nel caso in cui tali elettori non presentassero l’apposita dichiarazione nei termini previsti e decidessero di tornare in Italia per votare, non avrebbero diritto al rimborso del 75% del costo del biglietto. I cittadini italiani che si trovino temporaneamente all’estero e non appartengano alle tre categorie sopraindicate potranno votare per i referendum solamente recandosi in Italia presso le sezioni istituite nel proprio Comune di iscrizione nelle liste elettorali.

In caso di mancata ricezione del plico elettorale entro il 29 maggio, i cittadini italiani residenti all’estero potranno recarsi di persona all’Ufficio consolare di riferimento per verificare la propria posizione elettorale: nel caso in cui i nominativi già figurino nell’elenco degli elettori in possesso dell’Ufficio consolare, si potrà ottenere un duplicato del plico elettorale, mentre in caso contrario si potrà chiedere al Consolato di attivare le procedure per essere aggiunti all’elenco degli elettori.

Concluse le operazioni, le schede votate dagli italiani residenti all’estero saranno convogliate in Italia, dove avrà luogo lo scrutinio a cura dell’Ufficio Centrale per la Circoscrizione Estero istituito presso la Corte di Appello di Roma. Parimenti, saranno trasportate a Roma le schede votate dai cittadini temporaneamente all’estero per motivi di servizio, le quali saranno scrutinate congiuntamente a quelle dei residenti all’estero.

Per i cittadini italiani temporaneamente all’estero per motivi di servizio o missioni internazionali.

Per ulteriori informazioni, si potranno contattare gli Uffici consolari competenti per territorio o l’indirizzo di posta elettronica referendum2011@esteri.it


ATUALIDADE

Beato da humanidade Evento é o mais importante da história recente da Igreja Católica: Bento XVI é o primeiro Papa em mil anos a beatificar seu antecessor Aline Buaes

Especial para Comunità

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o último dia 1º de maio, o Vaticano celebrou a beatificação do papa João Paulo II, pontífice que continua a bater recordes mesmo após a sua morte. Com o pontificado mais longo e popular da história recente da Igreja Católica, Karol Wojtyla ainda protagonizou o mais rápido processo de beatificação dos últimos dez séculos, que também deve resultar em uma canonização recorde. Mais de um milhão de fiéis do mundo inteiro assistiram a missa de beatificação na Praça São Pedro. O acontecimento movimentou a cidade de Roma e testou a capacidade do Vaticano e da prefeitura romana em receber grandes eventos. Com a experiência dos funerais de João Paulo II, que atraíram milhões de fiéis a Roma em abril de 2005, uma estrutura gigantesca foi preparada pela Diocese da cidade, que contou com o apoio de diversas instituições, entre prefeitura e governos locais, patrocinadores, voluntários e congregações religiosas. 30

As celebrações oficiais, todas gratuitas e abertas ao público geral, foram divididas em três etapas, que começaram na noite de sábado, 30 de abril, com uma vigília no Circo Máximo, que contou com uma conexão direta em vídeo com cinco santuários em diferentes pontos do planeta. A vigília, que mesmo com o frio e a chuva forte atraiu milhares de fiéis e peregrinos, incluiu a apresentação de testemunhos de colaboradores próximos a João Paulo II, como o jornalista Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Papa por 22 anos; o cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário particular do pontífice polonês por quase 40 anos; e

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As celebrações pela beatificação do polonês Karol Wojtyla começaram com uma vigília que reuniu milhares de pessoas sob chuva e frio

Marie Simon-Pierre, a freira francesa agraciada pelo milagre que abriu o processo de beatificação. Durante toda a madrugada, nove igrejas de Roma, localizadas no caminho entre o Circo Máximo e a Praça São Pedro, permaneceram abertas na continuidade da vigília de orações. Na manhã de domingo, a Santa Missa de beatificação foi presidida pelo papa Bento XVI, primeiro Papa em mil anos a beatificar seu antecessor. Joseph Ratzinger afirmou que João Paulo II “tinha a força de um gigante” e enfrentou “sistemas políticos e econômicos”, como o marxismo e a ideologia do progresso, para cumprir o desafio de viver a fé sem medo. — Passaram-se seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do papa João Paulo II. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume de sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele — afirmou Bento XVI durante a missa, ao comentar a velocidade do processo de beatificação. Além dos peregrinos e fiéis vindos de diversos países, 87 delegações oficiais presenciaram a cerimônia. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Michel Temer. Após a celebração, foi aberta a veneração dos restos mortais de João Paulo II, dentro da Basílica de São Pedro. O caixão será colocado de forma definitiva na Capela de São Sebastião, do lado direito da Basílica, ao lado da Pietà de Michelangelo. Uma ampola com o sangue do Papa polaco, recolhido em um dos últimos dias de vida de Karol Wojtyla para uma eventual transfusão, foi exposta como relíquia diante dos fiéis. Na última etapa do processo, no dia 2 de maio, ocorreu a primeira Missa em Ação de Graças pelo novo beato, presidida pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone. Os organizadores, desde o início, procuraram divulgar com ênfase a gratuidade de todos os eventos, a fim de evitar fraudes, constatadas, da parte de falsos agentes de turismo. A organização também dedicou grande atenção aos hotéis, recomendando explicitamente que não ocorressem aumentos das tarifas nos dias da beatificação e criou um sistema especial de reservas através do site oficial do evento. Alojamentos especiais para peregrinos sem condições financeiras também foram preparados. A Obra Romana de


Peregrinações (ORP), responsável pelo evento, coordenou o trabalho de mais de três mil voluntários e a distribuição das doações de centenas de patrocinadores, como foi o caso da Nestlé, que doou mais de um milhão de garrafas de água mineral, e da Bennetton, que forneceu os casacos utilizados pelos voluntários, confeccionados com a frase escolhida pela Diocese de Roma e muito repetida por João Paulo II, “Non abbiate paura!” (Não tenham medo, ndr). Já a prefeitura de Roma se preparou para receber os fiéis criando um bilhete para o transporte público especial para os dias da beatificação. O metrô também esteve aberto durante a madrugada e mais de cinco mil ônibus e trens extras foram colocados

Roma recebeu cerca de um milhão de fiéis, vindos de todas as partes do globo. O metrô da cidade permaneceu aberto durante toda a noite

“Ele sabia se comunicar com as massas, sabia passar a imagem de um Deuus que brinca,, que toca as pessoas. Essa imagem continua presente na alma do povo brasileiro” Padre Arlindo Pereira Dias, do gru grupo po Rel Relig igio ioso soss Brasileiros em Roma (RBR) em circulação. Além das tarifas do transporte público em Roma, outras tarifas de transporte foram facilitadas para os peregrinos, como passagens aéreas, marítimas e de trens com descontos para fiéis provenientes principalmente de outras regiões da Itália, Espanha e Polônia. Diversas atividades paralelas acompanharam as celebrações de beatificação de João Paulo II. Pelo menos três exposições fotográficas, que continuarão abertas ao público nos próximos meses, retratam a vida e o pontificado de Karol Wojtyla. A mais importante delas é a mostra intitulada “O homem que amava os homens”, que permanece aberta até 31 de julho no Terminal Gianicolo, com fotos tiradas pelos fotógrafos do Serviço Fotográfico da Cidade do Vaticano e do jornal Observatório Romano. Entre as fotos, há retratos de família do papa polonês, doados pela Diocese de Cracóvia. Outras duas exposições sobre o Papa se encontram na Praça da República e nos Museus Capitolini. Para o secretário de Cultura de Roma, Dino Gasperini, é importante homenagear o “primeiro Pontífice que se relacionou com as mídias, o

O PAPA DOS RECORDES

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oão Paulo II, Papa durante 26 anos, de 16 de outubro de 1978 a 2 de abril de 2005, teve o terceiro maior pontificado da história da Igreja Católica, atrás apenas de São Pedro (30-67 d.C) e do Papa Pio IX (1846-1878). Ao longo destes 26 anos, o beato bateu muitos recordes, entre eles o da proclamação de novos santos, 482 no total, e de novos beatos, 1342. Também foi o Papa que mais encontrou pessoas na história da Igreja. Apenas nas Audiências Gerais das quartas-feiras, foram mais de 17 milhões de peregrinos, sem contar as audiências especiais e as cerimônias religiosas, como o Grande Jubileu de 2000 que reuniu 8 milhões de fiéis em Roma, e ainda as viagens apostólicas. João Paulo II foi, de longe, o Papa que mais viajou, tendo realizado 104 viagens internacionais, nas quais visitou 129 países diferentes e 617 cidades.

primeiro Papa que apareceu na internet e o primeiro Papa que falou de uma parte a outra do mundo utilizando os meios de comunicação”. O dia 1º de maio foi escolhido como data para a beatificação de João Paulo II por ser o dia dedicado à Misericórdia Divina, estabelecida oficialmente como festa universal no ano de 2000 pelo próprio Wojtyla, que também lutou pessoalmente pela canonização de Santa Faustina, de quem se considerava um discípulo. A freira polonesa Maria Faustina Kowalska, considerada uma das grandes místicas da Igreja Católica, afirmava ter recebido, na década de 30, revelações comunitàitaliana | maio 2011

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ATUALIDADE divinas para a devoção da Divina Misericórdia. “Esta data também foi escolhida porque João Paulo II faleceu na véspera da Festa da Divina Misericórdia”, destacou um dos coordenadores do evento, Dom Liberio Andreatta, em referência à data da morte de Wojtyla — dia 2 de abril de 2005, um sábado. João de Deus na alma dos brasileiros Entre os fiéis e peregrinos do mundo inteiro presentes na beatificação de João Paulo II, também estiveram muitos brasileiros. Além da grande comunidade de religiosos brasileiros residentes em Roma, também muitas pessoas foram até a Itália especialmente para o evento. Diversas agências de turismo prepararam pacotes especiais para a beatificação, como a Salvatur, de Salvador, que registrou um público formado principalmente por aposentados interessados em aproveitar o evento para conhecer Roma e a Itália. Já a Central de Peregrinações Viagens e Turismo, especializada no turismo religioso, registrou uma grande procura com turistas do Brasil inteiro interessados em acompanhar o frei Clemente Muller, padre fundador da agência, nas celebrações pelo mais novo beato da Igreja Católica. Para o padre brasileiro Arlindo Pereira Dias, coordenador da organização Religiosos Brasileiros em Roma (RBR), a beatificação de João Paulo II, junto com a de Madre Teresa de Calcutá, ocorrida em 2002 pelas mãos de João Paulo II, será um dos grandes momentos da Igreja dos últimos tempos. Para o religioso mineiro, que mora há cinco anos na Itália, o grande amor e admiração do povo brasileiro pelo beato João Paulo II se deve ao seu caráter

Além dos peregrinos que lotaram a Praça São Pedro, 87 delegações oficiais presenciaram a cerimônia no Vaticano

peregrino e à sua grande habilidade em comunicar com as massas. — O fato de ele ter sido peregrino e defendido a bandeira da peregrinação, que o levou três vezes ao Brasil, ainda está muito presente na alma do povo. Lembro que na primeira visita dele ao Brasil, em 1980, o povo cantava com entusiasmo a benção ‘João de Deus’. Essa imagem do peregrino, de um homem forte, humano, cheio de entusiasmo, que beija o

oão Paulo II foi Papa durante 26 anos, entre 16 de outubro de 1978 e 2 de abril de 2005. A cura da religiosa francesa Marie Simon-Pierre Normand do Mal de Parkinson foi o milagre reconhecido para a sua Beatificação, que ocorreu em tempo recorde devido a dois aspectos facilitadores. O primeiro deles foi a dispensa concedida por Bento XVI da espera de cinco anos estabelecidos pelo Código de Direito Canônico para o início do processo de beatificação, assim como ocorreu com madre Teresa de Calcutá. De acordo com o Vaticano, a dispensa foi devida à “imponente fama de santidade de que gozava João Paulo II em vida, na morte e depois da morte”. De acordo com o Cardeal Angelo Amato, a causa de João Paulo II também foi passada para um tribunal especial, não tendo enfrentado a lista de espera. Em

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nvolvida pelo processo de beatificação do Papa João Paulo II, a Som Livre lança CD com poemas do ex-pontífice, com narração do cantor, compositor e escritor Padre Fabio de Melo. As composições ficam a cargo de Olimpio Petrossi e Mintur. As traduções são de autoria de Antonio Carlos Corrêa Lemos e Massimiliano de Tomassi. Já a coordenação é assinada por Nair Miranda Corrêa Lemos. Temas como fé e perseverança são abordados na obra, através de 15 faixas de áudio. A concretização do projeto foi possível graças ao presidente da TV Romauno, Fabio Esposito, que detém os direitos dos escritos originais. Gravadora Som Livre. Preço: R$ 9,90.

HISTÓRICO DA BEATIFICAÇÃO DE JOÃO PAULO II

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chão, é uma imagem muito forte no imaginário popular brasileiro — afirma Dias. No entanto, o religioso brasileiro, que antes de se transferir para a Itália trabalhou dez anos com moradores de rua em São Paulo, acredita que o principal aspecto de Karol Wojtyla era “o fato de ele ter sido um ator”. — Ele sabia se comunicar com as massas muito bem, ele sabia passar a imagem de Deus, de um Deus que ri, que toca as pessoas, que brinca. Essa imagem é a imagem que continua presente na alma do brasileiro, e o povo brasileiro pôde ver e tocar essa imagem durante as suas visitas ao Brasil — destaca, acrescentando que a humanidade com que ele viveu o papado dele foi um dos seus grandes méritos. Em 1980, João Paulo II realizou a primeira visita de um Papa ao Brasil e beatificou o jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo. A sua segunda visita aconteceu em 1991, quando o pontífice aproveitou para visitar a irmã Dulce, que estava em Salvador com a saúde debilitada. A última passagem de João Paulo II pelo Brasil foi em 1997, quando rezou uma missa

abril de 2009, mais de 250 relatos de possíveis milagres pela intercessão do Papa polonês estavam sendo avaliados pela Congregação para as Causas dos Santos. Em janeiro deste ano, o Vaticano admitiu a cura milagrosa da Irmã Marie Simon Pierre. O milagre atribuído a Karol Wojtyla é a cura aparentemente inexplicável da freira francesa Marie Simon-Pierre, de 50 anos, que, desde 2001, sofria do Mal de Parkinson — a mesma doença que acometeu o primeiro papa polonês da história da Igreja Católica. Vários meses após a morte de João Paulo II, a freira, que rezava continuamente ao pontífice, se curou da doença. Apesar de haver 251 supostos milagres por intercessão de Karol Wojtyla catalogados, o postulador da causa, o sacerdote polonês Slawomir Oder, elegeu, entre todos, a cura da freira francesa.

campal no Aterro do Flamengo, para 2 milhões de pessoas. O religioso brasileiro também salienta a defesa intransigente de João Paulo II pelos direitos humanos, pela vida e contra a guerra, lembrando que ele sofreu pessoalmente as consequências destrutivas e o sofrimento de uma guerra. — Ele sempre defendeu uma Igreja promotora da paz e do diálogo com todos os grupos e todas as religiões para promover a vida. Eu tenho fixada na minha mente uma imagem dele na cidade de Assis, na Itália, rodeado de religiosos de outras religiões, pregando pela defesa da paz e da vida — afirma Dias, que teve a oportunidade de assistir a muitas missas e audiências com João Paulo II, tanto em suas visitas ao Brasil como diretamente em Roma.


SAÚDE

Por um mundo sem cigarro Em 31 de maio, comemora-se em todo o mundo o Dia Mundial Sem Tabaco, mas os números italianos continuam alarmantes Cintia Salomão Castro

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esde 1987, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu a data de 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco, o abandono ao tabagismo é estimulado em todo o planeta através de campanhas de esclarecimento e ações específicas. A partir de 1988, entidade passou a escolher um tema por ano. Enquanto em 2010 a campanha “Tabaco e gênero” chamava a atenção para os efeitos do vício na saúde da mulher, este ano o foco é a “ConvençãoQuadro para Controle do Tabaco”. Embora pouco citada pela grande imprensa, a convenção-quadro, assinada por 168 países, constitui um instrumento de grande importância para o controle do tabaco. Trata-se do primeiro tratado internacional em saúde pública, aprovado por unanimidade em 2003 durante a 56ª Assembléia Mundial da Saúde. O documento baseia-se em evidências em relação aos graves danos sanitários, sociais e econômicos decorrentes do fumo, e inclui iniciativas para

controlar o tabagismo, como a proibição da propaganda; educação e conscientização da população; proibição de fumar em ambientes fechados; controle do mercado ilegal de cigarros; tratamento da dependência da nicotina; e inserção de mensagens de advertências sanitárias fortes e contundentes nas embalagens dos produtos de tabaco. A promulgação brasileira do tratado da OMS aconteceu em janeiro de 2006, quando o presidente Lula assinou o decreto 5.658, no qual determina a execução e o cumprimento da convenção-quadro. No dia 31 de maio de 2011, a OMS destacará a importância global do tratado e lembrará aos Estados os esforços para cumprir as obrigações em comum. Redução no Brasil Segundo dados divulgados, no mês passado, pelo Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), um programa do Ministério da Saúde que

ATUALIDADE ouviu 54 mil adultos, o combate ao fumo tem avançado nos últimos anos: de 2006 a 2010, o percentual de fumantes brasileiros passou de 16,2% para 15,1%. Tais índices encontram-se abaixo da realidade argentina (35%), norte-americana (40%) e mesmo italiana (21,7%). Outros números do governo informam que, desde 1989, a quantidade de fumantes caiu pela metade no Brasil. Contudo, o fumo continua pesando no orçamento do país. Cerca de 8% dos gastos com internação e quimioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) são atribuídos a doenças relacionadas ao consumo do tabaco. Somente com esses dois procedimentos, o governo gasta R$ 338,6 milhões para tratar doenças relacionadas ao consumo do tabaco. A lista das mais de 50 enfermidades relacionadas ao cigarro inclui diversos tipos de câncer; derrames; complicações na gravidez; aneurismas arteriais; úlceras; infecções respiratórias e impotência sexual masculina. Sigaretta Em janeiro do ano de 2005, entrava em vigor uma lei histórica que proibia, definitivamente, o fumo nos locais públicos italianos — como bares, vagões de trens e restaurantes. Passados seis anos, o percentual de fumantes italianos continua alto: chega a 21,7% da população. Os dados de 2010, obtidos pelo Instituto Doxa, em colaboração com o Istituto superiore di sanità, apontam para a existência de 11 milhões de dependentes do cigarro (5,9 milhões de homens e 5,2 de mulheres). Há cerca de 1,5 milhões de fumantes entre 15 e 24 anos de idade. Além disso, mais da metade das crianças italianas inala o fumo passivo dos familiares dentro de casa. Na Itália, o cigarro representa a primeira causa de mortalidade evitável. Todos os anos, 80 mil pessoas morrem no país por causas relacionadas ao fumo di sigaretta. O custo hospitalar nacional decorrente do tabagismo atinge os 5,7 bilhões de euros, o que corresponde a 8% da despesa total de saúde e a 0,45% do PIB italiano. Os órgãos italianos de saúde calculam que — somados os custos de tratamento e dos dias de trabalho perdidos — cada fumante gera uma despesa de aproximadamente 500 euros anuais.

“Os órgãos italianos de saúde calculam que – somados os custos de tratamento e dos dias de trabalho perdidos – cada fumante gera uma despesa de aproximadamente 500 euros anuais”

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Empresas italianas de olho no crescimento econômico do estado buscam acordos com o governo local

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transformação do estado de Pernambuco de patinho feio em cisne branco da região Nordeste não pegou de surpresa os italianos do Norte do país. Décadas atrás, no rastro das belas praias e coqueirais, com águas claras e areia branca, desembarcaram os primeiros “imigrantes” modernos, turistas apaixonados que viraram investidores e criaram raízes em Olinda, Recife e arredores. Tudo muito artesanal, pioneiro e aventureiro até o amadurecimento e crescimento do distrito industrial do porto de Suape. Hoje, o governador Eduardo Campos colhe os frutos de 30 anos de investimentos e lança com mais força ainda o potencial desta região que se desenvolve a olhos vistos e atrai os empresários italianos. Não por acaso, cem deles lotaram o auditório da Câmera de Comércio de Milão, no centro da cidade. Entre os dias 22 e 26 de março, Campos esteve na Itália para firmar aliança na construção de uma nova fábrica da Fiat no Brasil. Acompanhado pelos secretários Maurício Rands e Geraldo 34

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Aziende italiane con gli sguardi rivolti alla crescita economica dello Stato cercano accordi con il governo locale

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O Porto de Suape situa-se na Foz do Rio Ipojuca. O porto fica localizado a 40 km da Região Metropolitana do Recife.

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Cleodorvino Bellini, presidente da Fiat no Brasil, e o governador Eduardo Campos: acordo para trazer nova fábrica ao estado nordestino

Cleodorvino Bellini, presidente della Fiat in Brasile e il governatore Eduardo Campos: accordo per portare nuova fabbrica nello stato nordestino

Fotos: Divulgação

motivos e as razões que fizeram o estado de Pernambuco desbancar a Bahia e vizinhos e se tornar uma espécie de capital do Nordeste brasileiro. Claro, por tabela, novos interessados são sempre bem vindos, principalmente, aqueles que chegam de carona no anúncio da Fiat, que já vai tirar do bolso 1 bilhão e 200 milhões de euros para abrir uma fábrica no estado, em 2014. Uma porta abre outras. — Boa parte dos problemas que enfrentamos era por conta da situação do próprio país. As últimas eleições serviram para varrer da política nordestina a velha prática patrimonialista e descolada de qualquer espírito público. Conforme melhora a educação, a inclusão, conforme se reduz os desequilíbrios, também melhoramos a política. Isso tudo faz que o Nordeste se apresente não mais como problema, mas como

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governatore è venuto a spiegare i motivi e le ragioni per cui il Pernambuco ha sbancato la Bahia e [gli altri stati] vicini ed è diventata una specie di locomotiva del NordEst brasiliano. Certo, nuovi interessati sono sempre benvenuti, specialmente quelli che vengono sulla scia dell’annuncio della Fiat, visto che questa investirà 1 miliardo e 200 milioni di euro per aprire una fabbrica nello stato nel 2014. Aperta una porta, se ne aprono altre. — Gran parte dei problemi che affrontiamo era dovuta alla situazione stessa del Paese. Le ultime elezioni sono servite a spazzare via dalla politica nordestina la vecchia pratica clientelistica e scissa da qualsiasi coscienza pubblica. Man mano che migliora l’istruzione, l’inclusione, che si riducono gli squilibri, miglioriamo anche in politica. Tutto ciò fa sí che il Nord-Est si presenti non più come un problema, ma come parte di una soluzione. Ancora non stiamo discutendo il 2014. Il nostro progetto riguarda il successo di Dilma perché affronti e rivinca le elezioni — analizza il governatore. Il terreno per la costruzione della nuova fabbrica è stato ceduto dallo Stato. Campos crede che la partnership darà origine a molte opportunità. — Certamente creerà imposte e impiego, quando l’industria comincerà ad operare. Abbiamo firmato un accordo con l’Istituto Politecnico di Milano per fare un interscambio di ingegneri tra i due Paesi. Studenti delle nostre università passeranno qui tre anni, prenderanno la laurea e torneranno in Brasile per lavorare nella fabbrica. Vogliamo stabilire un legame tra la nostra accademia e l’industria — completa.


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parte da solução. Não estamos discutindo 2014 ainda. Nosso projeto é fazer com que Dilma chegue bem e dispute a reeleição — analisa o governador. O terreno para a construção da nova fábrica foi cedido pelo estado. Campos acredita que a parceria gerará muitas oportunidades. — Certamente reverterá em impostos e empregos quando a indústria começar a operar. Assinamos um acordo com o Instituto Politécnico de Turim para fazer um intercâmbio de engenheiros entre os dois países. Estudantes das nossas universidades passarão três anos aqui, terminando sua formação, e depois devem voltar ao Brasil pra trabalhar na fábrica. Queremos fazer uma ligação entre a nossa academia e a indústria — completa. Na realidade, o que está acontecendo é a redenção de uma região que, por muito tempo, ficou na sombra do quadrilátero do poder político e econômico do Brasil, ou seja, Rio, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Pernambuco se tornou a locomotiva de um “novo” Brasil por uma série de fatores que, agora, conjugam em um franco e inexorável desenvolvimento. O crescimento econômico do Brasil acordou o gigante adormecido e o interesse dos investidores estrangeiros em áreas e setores com grande margem de valorização, incentivos fiscal e territorial e posição logística estratégica. O porto de Suape se encaixa como uma luva nesses quesitos imprescindíveis para atrair

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Eduardo Campos com representantes da Universidade de Bolonha, e com a presidente Dilma

Eduardo Campos con rappresentanti dell’Università di Bologna, e con la presidente Dilma

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In realtà è in atto la redenzione di una zona che per molto tempo è rimasta all’ombra del quadrilatero del potere politico ed economico del Brasile, ossia Rio, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Il Pernambuco è divenuto la locomotiva di un “nuovo” Brasile dovuto ad una serie di fattori che ora sono uniti in un reale ed inesorabile sviluppo. La crescita economica brasiliana ha svegliato il gigante addormentato e gli interessi degli investitori stranieri in aree e settori dal grande margine di valorizzazione, sgravi fiscali e territoriali e una strategica posizione logistica. In questo senso il porto di Suape calza come un guanto per attrarre e mantenere sul suolo pernambucano i sogni dei capitalisti, socialmente responsabili e politicamente corretti, preoccupati della sostenibilità dei progetti. Sconti che arrivano al 75% per il pagamento di imposte, valori che dovranno essere reinvestiti comunitàitaliana | maio 2011

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CAPA

PERNAMBUCO

mo, equipamentos agrícolas, estaleiro naval, o setor da petroquímica, enfim, temos oportunidades para todas as áreas. Aqui, damos passos importantes para passar das intenções aos fatos — afirmou Andrea Bonalumi, de olho nos 50 milhões de nordestinos potenciais consumidores. E os italianos estão com pressa. Eles não querem perder o trem da história carregado com datas importantes como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Em Milão, a diretoria da siderúrgica italiana Danieli anunciou a antecipação, em dois anos, da abertura dos fornos que estava prevista para 2014, com a previsão de produzir tubos e estruturas de aço, de olho nas licitações públicas e na encomendas do mercado privado e aquecido pelo consumo. Com isso, a joint-venture tecnológica com a brasileira Cone S/A, na Companhia Siderúrgica de Suape, a CSS, já está na pista, e a geração de três mil novos empregos entra na contagem regressiva para começar ainda neste primeiro semestre. Antes da Danieli e da Fiat – a bem da verdade, de Turim – outra fábrica do norte da Itália, a M&G, maior

Fotos: Divulgação

e manter em solo pernambucano os sonhos dos capitalistas, socialmente responsáveis e politicamente corretos, atentos à sustentabilidade dos projetos. Descontos na ordem de 75% no pagamento das taxas, valores que devem ser reinvestidos na planta industrial, financiamentos do BNDES via Banco do Nordeste do Brasil – de pai para filho, devido à grande liquidez – proximidade com a África para a travessia do oceano Atlântico e caminho para o canal do Panamá, em vias de dobrar de dimensão para facilitar o escoamento das mercadorias rumo à costa oriental dos Estados Unidos e à Ásia: este foi o recado do governo de Pernambuco aos italianos do norte. O faro fino da Promos, agência de promoção de investimentos em terra estrangeira da Câmera de Comércio de Milão, também detectou no Nordeste brasileiro um futuro promissor. — Esta é uma colaboração lógica no campo da indústria, queremos participar deste crescimento e temos as chaves para fazê-lo. Petróleo, gás, turis-

Acima, Eduardo Campos participa do Seminário Itália-Brasil. Abaixo, o grupo italiano Danieli: presença em Pernambuco

Sopra, Eduardo Campos partecipa al Seminario Italia-Brasile. Sotto, il gruppo italiano Danieli: presenza em Pernambuco

“Man mano che migliora l’istruzione, l’inclusione, che si riducono gli squilibri, miglioriamo anche in politica. Tutto ciò fa sí che il Nord-Est si presenti non più come un problema, ma come parte di una soluzione” Eduardo Campos, governatore di Pernambuco

“Conforme melhoram a educação, a inclusão, conforme se reduzem os desequilíbrios, também melhoramos a política. Isso tudo faz com que o Nordeste se apresente não mais como problema, mas como parte da solução” Eduardo Campos, governador de Pernambuco 38

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nella fabbrica, finanziamenti del BNDS via Banco do Nordeste do Brasil – da padre a figlio, dovuto alla grande liquidità – vicinanza con l’Africa per traversate via oceano Atlantico e percorso per il canale di Panama, le cui dimensioni raddoppieranno per facilitare il trasporto delle merci verso la costa orientale degli Stati Uniti e l’Asia. Questo è stato il messaggio del governo del Pernambuco agli italiani del Nord. Anche lo sviluppato fiuto della Promos, agenzia di promozione di investimenti all’estero della Camera di Commercio di Milano, ha individuato nel Nord-Est brasiliano un promettente futuro. — Questa è una collaborazione logica nel campo dell’industria, vogliamo partecipare a questa crescita e abbiamo gli strumenti per farlo. Petrolio, metano, turismo, attrezzi agricoli, cantieri navali, il comparto petrolchimico, insomma abbiamo opportunità in tutti i segmenti. Qui diamo passi importanti per passare dalle intenzioni ai fatti — ha detto Andrea Bonalumi, con lo sguardo rivolto ai 50 milioni di nordestini, potenziali consumatori. E gli italiani hanno fretta. Non vogliono perdere il treno della storia pieno di date importanti come quelle dei Mondiali di Calcio nel 2014 e delle Olimpiadi a Rio de Janeiro nel 2016. A Milano la direzione dell’industria siderurgica Danieli ha annunciato l’inaugurazione anticipata di due anni degli altiforni, che era prevista per il 2014, dove saranno prodotti tubi e strutture in acciaio, sempre attenti ai bandi di gare pubbliche e agli ordini del mercato privato sempre più dinamico grazie al crescente consumo. Con ciò la joint venture tecnologica con la brasiliana Cone S/A nella Companhia Siderúrgica de Suape (CSS) è ormai in piedi e la generazione di tremila nuovi posti di lavoro entra nel conto alla rovescia per cominciare già durante questo primo semestre. Prima della Danieli e della Fiat un’altra azienda del nord Italia, la M&G, maggior produttrice mondiale di bottiglie di Pet, era già sbarcata in Pernambuco vicino alla piccola Ipojuca. Il direttore Marco Ghisolfi spinge gli imprenditori italiani a dedicarsi con più attenzione allo stato nordestino. — L’energia e la vitalità che si respirano in Brasile non si respirano più qui [in Italia]. Abbiamo inaugurato la nostra fabbrica nel 2007, con la presenza dell’allora presidente Lula. Siamo stati attratti da tutta una serie di fattori positivi e oggi godiamo dell’espansione del consumo di alimenti nel Nord-Est. Abbiamo conosciuto lo Stato, ne abbiamo apprezzato la disponibilità


produtora mundial de Pet, já tinha desembarcado em Pernambuco, nos arredores da cidade de Ipojuca. O diretor Marco Ghisolfi incentiva os empresários italianos a prestarem mais atenção ao estado nordestino. — A energia e a vitalidade que se respiram no Brasil não se respiram mais por aqui. Inauguramos a nossa planta em 2007, com a presença do então presidente Lula. Fomos atraídos por uma série de fatores positivos e hoje aproveitamos a expansão do consumo de alimentos no Nordeste. Conhecemos o estado, apreciamos a disponibilidade e viemos. O estado cresceu e o porto é um dos mais importantes — disse ele diante da plateia. E, com a ocasião, a diretora do grupo Ponà Partners, Paola Basso, na saída da palestra, “encostou” o governador Eduardo Campos na parede e quase arrancou dele, ali mesmo, um contrato para a construção de casas pré-moldadas populares para amenizar os sofrimentos das famílias vítimas das chuvas que castigaram a Mata Sul. “Temos um preço muito competitivo e muita vontade de nos estabelecermos em Pernambuco”, afirmou ela, que marcou uma reunião para a semana seguinte, em Recife.

Andrea Bonalumi, da Promos: “Italianos estão com pressa”

Andrea Bonalumi della Promos: “Gli italiani hanno fretta”

Crescendo a um ritmo de 10% ao ano, em sete anos dobra-se a riqueza acumulada do estado. Os economistas fazem as contas, os diplomatas negociam e o estado de Pernambuco segue adiante, sem freios ou complexos Con una crescita del 10% all’anno, in sette anni si raddoppia la ricchezza accumulata dello Stato. Gli economisti fanno i conti, i diplomatici entrano in negoziati e il Pernambuco va avanti, senza freni o complessi

Christian Knepper / Embratur

Itália e Pernambuco constroem uma ponte com a qual a União Europeia e o Mercosul ainda nem sonham. A guerra das tarifas alfandegárias aos produtos industrializados de um lado, contra os subsídios agrícolas do outro, paralisam as negociações dos dois blocos. O protecionismo mútuo cobra o seu preço. E a saída para estimular o comércio é o atalho bilateral. Depois da interrupção das discussões em 2004, em maio de 2011 se retomam os debates. Enquanto isso, o estado de Pernambuco esfrega as mãos e assiste de camarote à perspectiva de dobrar a renda média da população e de aumentar o poder aquisitivo dos habitantes. Crescendo a um ritmo de 10% ao ano, em sete anos dobra-se a riqueza acumulada do estado. Os economistas fazem as contas, os diplomatas negociam e o estado de Pernambuco segue adiante, sem freios ou complexos. No império nordestino, a cidade do Recife é a menina dos olhos e, não por acaso, a sede do governo fica no campo das Princesas. E Olinda, como o próprio nome diz, é bem ali, ao lado.

e siamo venuti. Lo stato è cresciuto e il porto è uno dei più importanti — ha detto di fronte alla platea. E, sfruttando l’opportunità, la direttrice del gruppo Ponà Partners, Paola Basso, all’uscita della conferenza ha addirittura messo il governatore Eduardo Campos “con le spalle al muro” ed è riuscita ad ottenere un contratto per la costruzione di case prefabbricate in muratura a prezzi popolari per diminuire la sofferenza delle famiglie vittime delle pioggie che hanno castigato la Mata Sul. “Abbiamo un prezzo molto competitivo e molta voglia di stabilirci nel Pernambuco”, ha detto Paola che ha fissato una riunione per la settimana seguente a Recife. Italia e Pernambuco costruiscono un ponte che ancora non è nemmeno nei sogni dell’Unione Europea e del Mercosud. La guerra di tariffe doganali sui prodotti industrializzati da una parte, e i sussidi agricoli dall’altra, paralizzano i negoziati tra i due blocchi. Il mutuo protezionismo fa pagare alti prezzi. E la soluzione per stimolare il commercio è la ‘scorciatoia’ bilaterale. Dopo l’interruzione delle discussioni nel 2004, nel maggio 2011 si riprendono i dibattiti. Nel frattempo il Pernambuco si strofina le mani e vede da un palco privilegiato le prospettive di raddoppiamento medio della popolazione e l’aumento del potere d’acquisto degli abitanti. Con una crescita del 10% all’anno, in sette anni si raddoppia la ricchezza accumulata dello Stato. Gli economisti fanno i conti, i diplomatici entrano in negoziati e il Pernambuco va avanti, senza freni o complessi. Nell’impero nordestino Recife è il fiore all’occhiello e non è un caso che la sede del governo sia nel Campo das Princesas. E Olinda, bella come dice il suo nome (linda), è proprio lí accanto.

Olinda, na foto acima com Recife ao fundo Olinda con Recife sullo sfondo

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CAPA

ENTREVISTA

“Crescendo o dobro do Brasil”

“Crescendo il doppio rispetto al Brasile” O estado de Pernambuco ganha notoriedade pelos altos índices de desenvolvimento e de aprovação do seu governador, Eduardo Campos

Lo stato di Pernambuco raggiunge la fama grazie agli alti indici di sviluppo e di approvazione del suo governatore, Eduardo Campos Leandro Demori

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governador de Pernambuco e economista Eduardo Henrique Accioly Campos tem 45 anos, é casado e pai de quatro filhos. Nasceu em Recife, em 10 de agosto de 1965, membro de família já consagrada na política – é neto do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e filho da atual deputada federal, Ana Arraes. Campos começou a militância como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia (UFPE), em 1985. No ano seguinte, abandonou o curso de mestrado para se tornar chefe de gabinete do avô. Em 1990, foi eleito deputado estadual pelo PSB. Quatro anos depois, foi a deputado federal, renunciando ao mandato para assumir a Secretaria de Governo de Pernambuco, nos dois anos posteriores. Até 1998, foi secretário da Fazenda. Em 2002, elegeu-se pela terceira vez deputado federal. Em 2003, foi nomeado ministro da Ciência e Tecnologia. Em 2005, retornou à Câmara. Nesse mesmo ano, foi eleito presidente nacional do PSB. Carismático e visto como um forte candidato à presidência da República, após receber mais de 80% dos votos válidos para reeleger-se governador de Pernambuco, ao final do evento, em Roma, Eduardo Campos concedeu uma entrevista ao repórter Leandro Demori, que você confere a seguir. CI – Quais os prazos para o início das operações da nova fábrica da FIAT? Eduardo Campos – Assinamos no final de 2010 e a partir disso já passamos o terreno na cidade de Suape para a FIAT. É uma doação do estado e certamente reverterá em impostos e empregos quando a indústria começar a operar. Publicamos também nos jornais os editais para fornecimento de serviços de infra-estrutura no local onde será construída a planta. CI – Haverá troca de tecnologia? EC – Assinamos um acordo com o Instituto Politécnico de Turim para fazer um intercâmbio de engenheiros entre os dois países. Estudantes das nossas universidades passarão três anos aqui, terminando sua 40

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De Roma

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l governatore di Pernambuco ed economista Eduardo Henrique Accioly Campos ha 45 anni, è sposato e ha quattro figli. E’ nato a Recife il 10 agosto 1965 in una famiglia di politici – è nipote dell’ex governatore di Pernambuco Miguel Arraes e figlio della deputata Ana Arraes. Campos ha iniziato la sua carriera politica come presidente del Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia (UFPE) nel 1985. L’anno seguente ha lasciato il corso di post laurea per divenire capo di gabinetto del nonno. Nel 1990 è stato eletto deputato di Stato nel Partido Socialista Brasileiro (PSB). Quattro anni dopo è stato eletto deputato federale, ma ha rinunciato all’incarico per prendere il posto di segretario del Governo di Pernambuco nei due anni seguenti. Fino al 1998 è stato segretario delle Finanze. Nel 2002 è stato eletto per la terza volta come deputato federale. Nel 2003 è stato nominato ministro di Scienza e Tecnologia. Nel 2005 è rientrato alla Camera dei Deputati. Lo stesso anno è stato eletto presidente nazionale del PSB. Carismatico e visto come un forte candidato alla presidenza della Repubblica, dopo aver ricevuto più dell’80% dei voti validi per rieleggersi come governatore di Pernambuco, alla fine dell’evento avutosi a Roma Eduardo Campos ha rilasciato un’intervista al reporter Leandro Demori che potete leggere sotto. CI – Quali sono le scadenze per l’inizio delle operazioni della nuova fabbrica della FIAT? Eduardo Campos – Abbiamo firmato alla fine del 2010 e da allora abbiamo assegnato il terreno nella città di Suape alla Fiat. È una concessione dello stato e sicuramente si trasformerà in tasse e posti di lavoro quando l’industria entrerà in operazione. Abbiamo anche pubblicato sui giornali i bandi di gara per il rifornimento di servizi infrastrutturali per il luogo dove sarà costruita la fabbrica. CI – Ci saranno scambi di tecnologia? EC – Abbiamo siglato un accordo con l’Istituto Politecnico di Torino per fare un interscambio di ingegneri tra


i due paesi. Studenti delle nostre università passeranno qui tre anni, prenderanno la laurea e dopo torneranno in Brasile per lavorare nella fabbrica. Vogliamo stabilire un legame tra la nostra accademia e l’industria.

formação, e depois devem voltar ao Brasil pra trabalhar na fábrica. Queremos fazer uma ligação entre a nossa academia e a indústria. CI – O senhor fez uma apresentação na embaixada brasileira em Roma para centenas empresários e possíveis investidores no mercado brasileiro. Pernambuco foi sempre considerada uma ilha em meio ao deserto do Nordeste, visto como economicamente problemático, coronelista, atrasado, dispendioso. Essa imagem da região ainda corresponde à realidade? EC – Estamos vivendo um novo momento no Brasil, com retomada de crescimento e desenvolvimento. E nesse período, a região que mais cresce é o Nordeste. Boa parte dos problemas que enfrentamos, eram por conta da situação do próprio país. As desigualdades que o Brasil foi se permitindo se manifestavam com mais intensidade na região, até por conta da ação de políticos que nunca cuidaram do povo. Essas lideranças foram ultrapassadas pelo tempo. As últimas eleições serviram para varrer da política nordestina a velha prática patrimonialista e descolada de qualquer espírito público. Conforme melhora a educação, a inclusão, conforme se reduzem os desequilíbrios também melhoramos a política. Isso tudo faz com que o Nordeste se apresente hoje não mais como parte do problema, mas como parte da solução. O Pernambuco está vivendo um momento muito positivo da sua economia, vem crescendo mais que o dobro do Brasil nos últimos quatro anos, sendo reindustrializado. Isso tudo tem um sentido que é reduzir as desigualdades. CI – A Itália terá em junho um plebiscito sobre a retomada do programa nuclear nacional em um momento delicado para o setor, que sofre uma de suas maiores crises. Durante a sua campanha, admitiu-se a possibilidade de que Pernambuco possa sediar uma usina nuclear caso o Brasil construa novas centrais. Já foi ativado algum tipo de programa estadual? EC – De fato nós não manifestamos esse interesse, durante a campanha política se falou… CI – …haveria até mesmo uma cidade já designada, o município de Itacuruba... EC – O Brasil tem um programa nuclear há mais de 40 anos que fez com que o país construísse duas usinas (Angra I e Angra II) e parasse a terceira (Angra III). Mais recentemente o Brasil decidiu retomar

“As últimas eleições serviram para varrer da política nordestina a velha prática patrimonialista e descolada de qualquer espírito público” “Le ultime elezioni sono servite a spazzare via dalla politica nordestina la vecchia pratica clientelistica e scissa da qualsiasi coscienza pubblica”

CI – Lei ha tenuto una conferenza presso l’ambasciata brasiliana a Roma davanti a centinaia di imprenditori e possibili investitori nel mercato brasiliano. Pernambuco è sempre stato considerato un’isola nel mezzo del deserto del Nord-Est, visto come economicamente problematico, clientelistico, sottosviluppato, caro. Questa immagine della regione corrisponde ancora alla realtà? EC – In Brasile stiamo vivendo un nuovo momento, con la ripresa della crescita e dello sviluppo. E in questo periodo la regione che cresce di più è il Nord-Est. Gran parte dei problemi che affrontavamo erano dovuti alla situazione del paese in sé. Le disuguaglianze che il Brasile ha permesso che ci fossero erano più palesi e intense nella regione, anche dovuto all’azione di politici che non si sono mai proccupati del popolo. Queste leadership sono state vinte dal tempo. Le ultime elezioni sono servite a spazzare via dalla politica nordestina la vecchia pratica clientelistica e scissa da qualsiasi coscienza pubblica. Man mano che migliora l’istruzione, l’inclusione, che si riducono gli squilibri, miglioriamo anche in politica. Tutto ciò fa sí che il Nord-Est si presenti non più come un problema, ma come parte di una soluzione. Pernambuco vive un momento molto positivo della sua economia, e negli ultimi quattro anni sta crescendo più del doppio rispetto al Brasile, si sta reindustrializzando. E tutto ciò per ridurre le disuguaglianze. CI – In giugno in Italia dovrebbe esserci referendum sulla ripresa del programma nucleare nazionale in un momento delicato del settore, che subisce una delle sue maggiori crisi. Durante la sua campagna è stata ammessa la possibilità che il Pernambuco fosse sede di una centrale nucleare, nel caso il Brasile ne costruisse delle nuove. È già stato attivato qualche programma dello stato in questo senso? EC – In realtà noi non abbiamo reso manifesto questo interesse, durante la campagna politica si è parlato... CI – … ci sarebbe addirittura già una città indicata, il comune di Itacuruba... EC – Il Brasil ha un programma nucleare da più di 40 anni che ha permesso al paese di costruire due centrali (Angra I e Angra II) e ne bloccasse una terza (Angra III). Più di recente il Brasile ha deciso di riprendere Angra III, che è in fase di lavori, e di riesaminare il piano degli anni ’70, che prevedeva sei centrali nel Nord-Est brasiliano. Tra queste, una sarebbe stata quella di Itacuruba. Questo studio non è stato fatto dal governo del Pernambuco, è federale, della Eletronuclear. Anche perché la nostra costituzione di Stato ne proibisce la costruzione. CI – Lei che posizione assume riguardo alla questione? EC – Non è nel nostro ordine del giorno e neanche in nessuno dei programmi di investimento dei prossimi 10 anni. CI – Che tipo di investimento è venuto a cercare in Italia? comunitàitaliana | maio 2011

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CAPA

ENTREVISTA

Angra III, que está em obras, e reexaminar o plano dos anos 70 que previa seis usinas no nordeste brasileiro. Entre esses, um seria o de Itacuruba. Esse estudo não é feito pelo governo do Pernambuco, é feito pela Eletronuclear, federal. Até porque nossa constituição estadual veta a construção. CI – O senhor tem uma posição sobre o tema? EC – Não está na nossa pauta e nem mesmo consta em nenhum programa de investimentos nos próximos 10 anos. CI – Que tipo de investimento o senhor veio buscar na Itália? EC – Viemos mostrar as oportunidades na área de petróleo, gás, naval, automotivo, fármacos, bens duráveis, alimentos e turismo. Nós vamos abrigar jogos da Copa e podemos abrigar também delegações para as Olimpíadas. Isso trará muitas vantagens para o entretenimento do estado.

EC – Siamo venuti a rendere note le opportunità nell’area del petrolio, metano, autovetture, farmaci, beni durevoli, alimenti e turismo. Ospiteremo partite dei Mondiali e potremo ospitare anche delegazioni per le Olimpiadi, e questo apporterà molti vantaggi allo svago dello Stato.

CI – O senhor é um dos nomes cotados para as eleições nacionais de 2014. Teve a maior votação percentual do Brasil (82% dos votos válidos) e tem uma tradição familiar importante no mundo da política (é neto do ex-governador Miguel Arraes e filho da senadora Ana Arraes). Cogitou-se que ao sair do DEM, Gilberto Kassab fosse para as fileiras do seu partido, o PSB (da qual é presidente nacional). A fundação do PSD por parte do prefeito de São Paulo esfriou um pouco seus ânimos? EC – Não estamos discutindo 2014 ainda. Nosso projeto é fazer com que Dilma chegue bem e dispute a reeleição. A saída do Kassab era prevista e aconteceu o que se sabia, ele saiu do DEM e montou um novo partido. E esse partido vai nos ajudar nos estados para termos, todos, mais tempo de televisão. Em alguns estados será natural, em outros vamos conversar.

CI – Lei è uno dei nomi quotati per le elezioni nazionali del 2014. Ha avuto la maggior votazione percentuale del Brasile (l’82% dei voti validi) e appartiene ad una famiglia per tradizione importante nel mondo della politica. Si è pensato che uscendo dal [partito] DEM, Gilberto Kassab andasse tra le fila del suo partito, il PSB, di cui è presidente nazionale. La fondazione del PSD da parte del sindaco di São Paulo ha calmato un po’ la situazione? EC – Non stiamo ancora discutendo il 2014. Il nostro progetto riguarda il successo di Dilma perché affronti e dispute la rielezione. L’uscita di Kassab era prevista ed è successo quello che giá si sapeva. Se n’è andato dal DEM e ha fondato un nuovo partito. E questo partito ci aiuterà negli stati affinché tutti possiamo avere più tempo di televisione. In qualche stato sarà naturale, in altri dovremo discuterne.

CI – Pode haver futuramente uma fusão entre PSD e PSB? EC – Não estamos tratando de fusão, estamos tratando de uma força nova que vai precisar se afirmar no país e que quer dialogar com partidos que estão na base de sustentação do governo Dilma. Eu tenho uma boa relação com o Kassab, fomos deputados juntos. Nesse momento ele está buscando apoio de várias lideranças regionais para fundar seu partido, e isso exige um posicionamento de todos. No nosso caso é se colocar na posição de diálogo e ver onde é possível fazer alianças. CI – Para os empresários, o senhor defendeu que o Brasil é um laboratório de política. O esvaziamento do DEM é mais um enxugamento pelo qual a oposição brasileira passa. A oposição no laboratório de política acabou? EC – A oposição diminuiu de tamanho pela expressão do voto, do apoio que a população deu ao presidente Lula e à presidente Dilma. Mas ela merece nosso respeito, tem grandes brasileiros na oposição, gente com quem dialogamos. Não é bom para o Brasil e para nenhum lugar do mundo que não exista oposição, é da natureza da democracia. É bom para o governo que haja uma oposição vigilante para que possamos corrigir nossos erros. 42

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“Não é bom para o Brasil e para nenhum lugar do mundo que não exista oposição, é da natureza da democracia” “Non è positivo per il Brasile e per nessun luogo al mondo che non ci sia l’opposizione, fa parte della democrazia”

CI – In futuro potrebbe esserci una fusione tra PSD e PSB? EC – Non si stiamo occupando di fusioni, ma di una nuova forza che avrà bisogno di affermarsi nel Paese e che vuole discutere con partiti che sono alla base di sostegno del governo Dilma. Ho buoni rapporti con Kassab, siamo stati deputati insieme. In questo momento è in cerca di appoggi di varie leadership regionali per fondare il suo partito e questo esige una posizione da parte di tutti. Nel nostro caso dobbiamo metterci in una posizione di dialogo e vedere dove si possono fare alleanze. CI – Parlando con gli imprenditori lei ha detto che il Brasile è un laboratorio di politica. Lo svuotamento del DEM fa parte di un processo di riduzione per cui passa l’opposizione brasiliana. L’opposizione nel laboratorio di politica è finita? EC – L’opposizione si è ridotta dovuto ai voti, all’appoggio che la gente ha dato al presidente Lula e alla presidentessa Dilma. Ma [l’opposizione] merita il nostro rispetto, lí ci sono grandi brasiliani, gente con cui parliamo. Non è positivo per il Brasile e per nessun luogo al mondo che non ci sia l’opposizione, fa parte della democrazia. Fa bene al governo che ci sia un’opposizione vigilante affinché possiamo correggere i nostri errori.


ESPECIALSESQUICENTENÁRIO

Piemonte: território renovado para os 150 Um passeio pela história da unificação da Itália na região Aline Buaes

Especial para Comunità

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região do Piemonte, com a organização das comemorações pelos 150 anos da Unificação italiana, ganha com a reabertura de palácios históricos e monumentos restaurados, com a inauguração de novos museus e a disposição de grandes áreas verdes, iniciativas que visam a valorização de locais que serviram de palco para o processo de unificação italiana. A fim de promover estes novos percursos, a Província de Turim organizou diversas iniciativas para facilitar o turismo histórico. Entre elas, se destacam os onze itinerários turísticos da Unificação Italiana, que atravessam prédios públicos e privados, lápides, inscrições, monumentos, ruas e praças que foram cenários de acontecimentos históricos. Com a identificação de mais de 60 pontos históricos, distribuídos por mais de 40 municípios da província de Turim, os 11 itinerários turísticos seguem uma linha de histórias cativantes e lendárias, que percorre a história militar, social, industrial e literária que levou ao nascimento da Itália Unificada. Os itinerários, divididos em onze áreas temáticas que abrangem a história política, institucional, econômica, social, cultural, religiosa e militar são formados por locais escolhidos e selecionados após um longo processo de pesquisa histórica, que incluem também personagens, instituições, descobertas científicas, fábricas, entre outros. Entre os itinerários destaca-se o dos “Locais do Poder, da dinastia e dos protagonistas da Reunificação”, que inclui roteiro por onde passaram nomes como o Conde de Cavour, Vittorio Emanuele II, Moncalieri e Costantino Nigra, entre outros protagonistas da história italiana, pelas cidades de Agliè, Castelnuovo Nigra, Druento, Moncalieri, Santena e Turim. O itinerário dos “Locais da Educação” inclui passeios por escolas

técnicas do século XIX, o Colégio Real de Moncalieri e a escola infantil de Rivarolo Canavese, a fim de compreender temas como a pedagogia do período da Unificação e a educação do povo. Já o itinerário “Locais da Economia e do Trabalho” mostra o liberalismo de Cavour e as vilas operárias, a vida industrial e as estradas mineiras, passando pelos municípios de Carmagnola, Collegno, Cuorgnè, Prali e Salza di Pinerolo. Os “Lugares da sociabilidade e do tempo livre” encontram-se basicamente na região de Ivrea e incluem o histórico teatro Giacosa, a residência real de férias e um passeio de redescoberta pelas belas montanhas do Piemonte. Já o itinerário das “Infra-estruturas e dos meios de transportes” inclui o Aqueduto Cavour, as origens da rede ferroviária do Piemonte e a ferrovia Pinerolo-Perosa. O itinerário sobre os locais de devoção e beneficência leva os turistas às marcas deixadas pelo trabalho de Dom Bosco na cidade de Chieri, enquanto o itinerário dos locais da Literatura e da Editoria passa pela cidade de Agliè para mostrar os percursos do poeta e escritor Guido Gozzano. Além dos itinerários da Unificação, um programa de excursões

Acima, Rivarolo Canavese Castello Malgrà. Abaixo, Conde de Cavour e o Castelo de Moncalieri

turísticas gratuitas envolve 20 municípios da província de Turim e uma centena de operadores eno-gastronômicos, que, com a participação de atores profissionais, levarão os turistas às casas e palácios históricos, muitos deles reabertos especialmente nestas ocasiões, onde serão oferecidas degustações da culinária e dos vinhos típicos do século XIX. O programa ocorre aos domingos entre os meses de maio e setembro de 2011, e é centralizado pela prefeitura de Ivrea. Muitas outras visitas e percursos temáticos com atores, produtores vinícolas, itinerários de trekking e ciclismo, também estão programados na província de Turim, principalmente nos meses de verão, entre junho e setembro deste ano.

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CINEMA

Outra tropa Pela primeira vez, a história dos pracinhas brasileiros é resgatada em longa-metragem filmado na Itália Cintia Salomão Castro

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m 16 de julho de 1944, um dia ensolarado e quente que anunciava o verão no Mediterrâneo, o golfo de Nápoles assistia ao desembarque dos primeiros cinco mil soldados do primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira, oriundos de todas as regiões do país. A principal missão dos oficiais do único país da América Latina a enviar tropas para a segunda guerra mundial era combater os exércitos do Eixo, ao lado dos Aliados, junto aos Montes Apeninos. Apesar de vitoriosa, a missão contabilizou 465 mortos e 2.762 feridos, de um total de 25.324 homens. A trajetória dos pracinhas será exibida, pela primeira vez, nas telas do cinema. As filmagens de A Montanha foram totalmente realizadas em solo italiano e duraram seis semanas, entre fevereiro e março. A produção é assinada por três países: Brasil (3 Mundos Produções e Primo Filmes); Italia (Verdeoro) e Portugal (Stopline Filmes). O elenco conta com atores como Daniel de Oliveira (que interpretou Cazuza no cinema), Julio Andrade (Hotel Atlântico), Thogun (Tropa de Elite) e Francisco Gaspar (A Casa de Alice). O lançamento durante o Festival de Veneza, em setembro deste ano, é a meta dos produtores, apesar de faltarem apenas quatro meses para o evento. — Sei que é uma corrida contra o tempo. Mas estamos empenhados. Assim que eu terminar esta entrevista, vou direto para a 44

montagem — contou à reportagem o diretor Vicente Ferraz. A história desenrola-se em meio a um encontro entre combatentes de diversas nacionalidades: enquanto o italiano Sergio Rubini (Colpo d’occhio) interpreta um “repubblichino” que deserta as forças fascistas, o alemão Richard Sammel (Bastardos Inglórios) vive um coronel do exército nazista cansado da guerra. Ambos conhecem quatro oficiais brasileiros que passam por um ataque de pânico, perdidos na neve e no frio da montanha. A eles, junta-se um jornalista brasileiro, interpretado pelo ator português Ivo Canelas. — O Sergio Rubini ficou encantado quando leu que o projeto era sobre soldados brasileiros, enquanto Sammel, a principio, não queria fazer novamente um soldado alemão. Ele mudou de ideia quando soube que seria um oficial capturado por brasileiros, e se apaixonou pela história — revela Vicente Ferraz.

O diretor Vicente Ferraz com os atores Richard Sammel (de perfil) e Sergio Rubini

Ao som de caças O set privilegiou as belas localidades apeninas do Friuli, na província de Pordenone, e passou por cidades

DAVIDE BASSAN — A PERDA DE UM AMIGO

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ostaria de dedicar o primeiro plano a um grande amigo, um grande colaborador, em quem penso muito neste momento: Davide Bassan. Com essas palavras, o diretor Vicente Ferraz abriu o set de “A Montanha”, em meados de fevereiro. O premiado cenógrafo milanês Davide Bassan faleceu em 31 de dezembro de 2010, mas já havia concebido toda a arte do longa. — Dos colaboradores italianos, foi dos que entraram em primeira hora. Sua morte representou uma perda muito grande. Ele tinha uma sensibilidade incrível e era, antes de tudo, um amigo — resume o diretor Vicente. O assistente Sergio Tribastone foi seu substituto natural, tendo realizado o seu trabalho “maravilhosamente bem”, define Ferraz.

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como Polcenigo e Aviano – esta última, sede de uma base aérea da OTAN, operada pelas forças aéreas dos Estados Unidos. O período das filmagens coincidiu com as primeiras operações das forças ocidentais rumo à Líbia. O hotel onde a equipe estava hospedada ficava exatamente em frente à base. — Estávamos filmando em Piancavallo, um lindo e silencioso lugar, onde há uma estação de esqui. Mas, de vez em quando, ouvíamos barulhos de caças e de exercícios de tiro, o que chegava a incomodar — relata o diretor. Sabe-se que o uniforme vestido pelos soldados em 1944 não era apropriado para a temperatura local: no inverno, os termômetros acusam, em média, 10 graus abaixo de zero. Os atores usaram peças de colecionador, para que o vestuário fosse original da época. Apesar de usarem roupa interior térmica, eles reclamavam do frio – e “com


Fotos: Divulgação

O ator Daniel de Oliveira em cena. Abaixo, Thogun, Julio Andrade, Francisco Gaspar, Daniel de Oliveira e Ivo Canelas ‘perdidos na neve’ e o departamento de arte

Esquecimento Para o cineasta, de 46 anos, a história dos pracinhas acabou esquecida pela sua geração. — Vivemos o final do regime militar, e qualquer tema ligado às Forças Armadas afugentava muito as pessoas. O exército brasileiro, hoje, é legalista e presta um serviço incrível à cidadania. Não se pode relacionar o exército daquela época com o atual — avalia. Vicente comenta que a participação dos brasileiros na liberação das cidades próximas das montanhas apeninas não é muito conhecida pela população italiana das grandes cidades.

Financiamento O orçamento previsto para o filme A Montanha é de oito milhões de reais. Desse total, ainda faltam três milhões para serem captados. O financiamento chegou através da Lei Brasileira do Audiovisual, do Friuli Venezia Giulia Film Comission e do Ministério italiano da Cultura. — Gostaríamos que tivesse uma empresa italiana grande que apoiasse o filme para fecharmos o orçamento — anuncia o diretor.

VICENTE FERRAZ: ENTRE O BRASIL, O CARIBE E A ITÁLIA

“D

esde muito novo eu quero fazer cinema”, lembra o carioca Vicente Ferraz. Com 15 anos, ele já operava uma câmera super-8 e fazia filmes com os amigos. Graduado em Comunicação pela PUC-Rio, sua grande oportunidade para estudar cinema, porém, surgiu em Cuba. Ele ganhou uma bolsa e partiu para a ilha, onde passou quatro anos. Em uma época efervescente, teve contato com cineastas famosos que davam seminários, como Coppola, Costa-Gravas e George Lucas. — Era um gesto solidário deles para com aquela escola que reunia alunos do terceiro mundo. A ideia era a criação de um cinema não hegemônico — lembra. Na Itália, a referência sobre Vicente é o documentário Soy Cuba Il Mammuth Siberiano, que resgata a história da superprodução

realizada e depois ignorada nos anos 60 pelo soviético Mikhail Kalatozov, ganhador do prêmio de melhor documentário nos festivais de Gramado e Guadalajara. Distribuído pela produtora Fandango, foi exibido nas salas italianas em 2005. — O curioso é que Soy Cuba foi lançado primeiro na Itália, e só depois no Brasil e em Cuba. O pessoal italiano da equipe de A Montanha me conhecia, sobretudo, por causa do documentário — conta. Letícia Armond

razão”, observa Vicente. Ele mesmo conta que, no fim do dia, apesar de usar botas e luvas preparadas, sentia mãos e pés congelados. As cenas incluem muita neve, que caiu em grande quantidade, apesar de ter chegado alguns dias após o previsto. As filmagens contaram com uma recriação do ambiente toscano-emiliano nas montanhas friulanas. Isso porque a participação brasileira aconteceu, na realidade, nos apeninos entre Pistoia e Bolonha, onde ocorreu a famosa batalha de Monte Castello. No entanto, a região Friuli-Venezia Giulia financiou parte do filme.

— As pessoas me perguntavam mas os brasileiros estavam com os aliados ou com Mussolini? No entanto, quando passei por cidadezinhas como Gaggio Montano (província de Bolonha), que foram libertadas pelos brasileiros, as pessoas, principalmente as mais idosas, guardavam com emoção o fato na memória — narra. Apesar de desenrolar-se em meio ao maior conflito bélico do século 20, “A Montanha” não é um longa de gênero – e, bem mais – um filme sobre o anonimato, defende o diretor: — Trata-se de uma situação limite que se passa na guerra, de um encontro de pessoas. Esse é um filme de paz, que privilegia as relações humanas. Acho que os brasileiros de origem humilde que lutaram no coração do Ocidente ficaram um pouco anônimos. Gostaria que as pessoas se comovessem com o filme. A trilha sonora promete refletir a cultura heterogênea dos soldados que lutaram na Itália — com ritmos nordestinos, barroco mineiro e samba dos anos 1940. O diretor antecipa que um dos personagens da história é um combatente que também é compositor de samba da época.

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firenze

GiordanoIapalucci

“Giovani arrabbiati” evento principale di questa primave-

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ra, ma che si concluderà in piena estate, esattamente il 17 luglio presso Palazzo Strozzi, sarà la mostra dedicata a quegli artisti che hanno avuto una veste rilevante nella nascita dell’arte moderna a livello mondiale come Picasso, Mirò e Dalì. Ognuno di questi sarà rappresentato da opere che ritraggono principalmente gli inizi del loro percorso artistico. Saranno, quindi, presenti produzioni del periodo giovanile; opere che raramente sono mostrate al pubblico, ma piene di elementi precursori pieni di fascino anche in prospettiva di tutte quelle opere che seguiranno nel loro viaggio artistico. Ingresso 10 euro. Orario: Tutti i giorni: 9.00-20.00 Giovedì: 9.00-23.00.

“Controverse”

A

pproda al Museo Nazionale Alinari della Fotografia di Firenze, come unica tappa italiana, la mostra “Controverse”. Nel suo tour internazionale ha avuto una grandissima eco con un successo di pubblico a cui la critica ha dedicato molto spazio. Si tratta di scatti molto dibattuti, polemici, alcuni finiti in una stanza di tribunale, men-

tre altri sotto le fauci della censura. La visione delle circa 70 fotografie in uno stesso ambiente mette in rapido risalto le differenze sociali e culturali dei vari paesi rappresentati, come anche una riflessione sugli eventi storici che hanno caratterizzato l’ultimo secolo. Biglietto euro 9. Piazza Santa Maria Novella 14A rosso, Firenze fino al 5 giugno.

Figure, Appuntamenti memorie, spazio astronomici opo essere stata presentata l’anno ulle colline fiorentine, nello splendi-

passato presso il British Museum Sdo scenario di Villa Demidoff, a pochi diDLondra, Pistoia Blues la mostra “Figure, memochilometri dal centro di Firenze durante rie, spazio. Disegni da Fra’ Angelico a tutta l’estate sarà possibile scrutare il cieFestival 2011 Leonardo” approda a Firenze presso l Pistoia Blues Festival presenterà, lo, imparare a conoscere le costellazioni e

I

dall’8 al 10 luglio, la sua trentaduesima edizione. Moltissime le celebrità musicali che si esibiranno sul palco. Da Skunk Anansie a Robben Ford, dai mitici Ray Manzarek e Robbie Krieger dei Doors fino al grande Lou Reed, icona del rock’n roll che da ben 11 anni mancava dal palcoscenico di Pistoia. Non mancheranno i volti giovani della musica internazionale. Con i progetti “Sonorità Emergenti” e “Obiettivo Blues” si potranno ascoltare e scoprire nuovi artisti e nuove realtà musicali che magari entreranno a far parte dei libri di storia della musica nei prossimi decenni. Biglietti da 30 a 40 euro. 46

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quant’altro del magico mondo che circonda il nostro pianeta. Tutti i giovedì alle 21.00 si apriranno gli incontri che, prima ad occhio nudo e poi con il telescopio, porteranno i visitatori ad osservare lo spazio. Tra i tanti incontri si segnalano quelli del 23 giugno: Una storia di serpenti, Ofiuco ed Ercole; 30 giugno: Sagittario, il centro della Galassia con i suoi ammassi; 7 luglio: La Luna, le lune e altre curiosità; 14 luglio: I telescopi del passato, del presente e del futuro dopo 400 anni di ottica; 11 agosto: Le lacrime di S. Lorenzo. Per info sui restanti appuntamenti: http://www. comune.borgo-san-lorenzo.fi.it

la Galleria degli Uffizi. Tra gli autori di primordine, prevalentemente appartenenti alla scuola centro-italiana, incontriamo Beato Angelico, Filippo Lippi, Verrocchio, Botticelli, Perugino fino a Leonardo, Raffaello e Michelangelo. Non mancano poi anche gli esponenti del nord della Penisola italica come Mantegna, Carpaccio, Pisanello e Ercole de’ Roberti. Una retrospettiva da non perdere! Ingresso 6,50 euro. Orario di apertura: da martedì a domenica: 8.15 – 18.50, lunedì chiuso. Fino al 12 giugno.


TURISMO

Redescobrindo a Toscana

Considerada uma das mais belas regiões da Itália, a Toscana inicia projeto para aumentar o número de turistas brasileiros Vanessa Corrêa da Silva

S

De São Paulo

ucesso de público, a novela Passione, da rede Globo, deixou muita gente com vontade de conhecer as paisagens que serviam de pano de fundo para a história do núcleo italiano do folhetim. Com imagens gravadas em lugares como Florença, Siena, Montechiaro e San Galgano, a produção despertou a curiosidade dos telespectadores e fez com que mais brasileiros arrumassem as malas rumo à Itália. Segundo o Instituto de Estatística Nacional Italiano (Istat), a Toscana recebeu, só em 2010, mais de 131 mil turistas brasileiros, número que em relação a 2009 representa um aumento de 66,7%. Como os números levam a crer, o sucesso da novela contribuiu muito para um maior interesse por essa região do país. Em reconhecimento à contribuição dada pela novela, a Toscana Promozione, agência do governo italiano responsável pela promoção do turismo e da economia da região, realizou uma homenagem ao elenco de Passione no dia 11 de abril passado, no Terraço Itália, em São Paulo. A novela foi exibida entre março de 2010 e fevereiro de 2011. — Com a novela, aumentou a procura por destinos toscanos. As pessoas queriam se hospedar no

mesmo hotel de um determinado personagem, saber se as cidades realmente existiam e houve até quem nos procurasse perguntando o que devia fazer para se casar na mesma igreja dos personagens Totó e Clara — declarou Fernanda Longobardo, diretora da Agência Nacional Italiana de Turismo (Enit) no Brasil. O ator Marcelo Médici, que fez parte do elenco da novela, também percebeu um maior interesse dos telespectadores pela região. — As pessoas passaram a se perguntar onde eram aqueles lugares, se eles realmente existiam, se eram mesmo tão bonitos e até se o céu era daquela cor — declarou. Além de Marcelo, foram homenageados no evento os atores Emiliano Queiroz, Miguel Roncato e Germano Pereira. Os atores estiveram na Toscana entre novembro de 2009 e abril de 2010. Na trama, parte do elenco vivia uma família produtora de vinho e azeite. Por isso a história teve cenas que mostravam a colheita e prensagem de azeitonas, filmadas em propriedades italianas localizadas na região. Além de homenagear a novela, o evento marcou o início de um projeto de longo prazo que tem o objetivo de divulgar a Toscana como destino turístico para brasileiros, como explicou o gerente executivo da Toscana Promozione, Giovanni Calì.

Elenco global reunido, no Terraço Itália, durante premiação

— A Toscana não é só Florença, queremos mostrar que as férias nessa região são uma experiência única. Florença já é um destino tão consagrado quanto Veneza e Roma, mas a Toscana pode oferecer muito mais aos turistas. Não se trata só de vender a região como destino turístico, mas de fazer um intercâmbio cultural, promovendo a arte, a música, o cinema e a gastronomia, não só da Itália para o Brasil, mas também do Brasil para a Itália — disse Calì. — Essa região congrega o que a Itália tem de único: arte, design, paisagens e enogastronomia. A previsão do turismo na Itália é otimista, devido ao aumento de conexões aéreas, pacotes de viagem e divulgação de informações sobre o país na imprensa. Queremos aumentar ainda mais esse potencial com esse projeto de divulgação — acrescentou Fernanda. Durante os próximos três anos, haverá no Brasil uma série de iniciativas de promoção da Toscana, que terão como alvo tanto os viajantes quanto agentes de turismo. Esses últimos deverão participar de programas de formação, que terão como objetivo mostrar as oportunidades de negócios que a região italiana oferece. O presidente da Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio e Indústria, Edoardo Pollastri, também compareceu ao evento e declarou-se otimista em relação à iniciativa. — A nossa câmara de comércio sempre promoveu o relacionamento entre Brasil e Itália, um relacionamento que sempre foi bom, mas insuficiente. Há mais de dez anos o Enit abriu as portas para promover o turismo italiano no Brasil e agora esperamos que essa iniciativa renda ainda mais frutos.

Após Passione, o número de turistas brasileiros que visitaram a Toscana aumentou 66,7%

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milão

GuilhermeAquino

Milão-Finlândia Politécnico de Milão assinou um acor-

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do com o VTT (Technical Research Centre of Finland), um centro de excelência europeu no setor da Ciência da Vida. Saúde, meio ambiente, bioengenharia e energia são as pontas de diamante desta união que torna o ateneu milanês ainda mais internacional. O objetivo é aumentar o número de publicações científicas, além dos brevetos. Isso sem falar no maior intercâmbio de doutores, professores, estudantes e pesquisadores. A abertura de parcerias com outras insituições acadêmicas faz parte da estratégia de incrementar e compartilhar o conhecimento na Europa.

Criatividade contra burocracia

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Braidense, no bairro de Brera, no centro de Milão, é a quarta maior biblioteca da Itália. Do alto de seus 240 anos de existência e um milhão e meio de volumes, serve de exemplo para a sobrevivência em tempos de vacas magras. Recentemente, as prateleiras históricas repletas de livros foram cenário para um vídeo publicitário. Em troca, os

administradores conseguiram arrecadar fundos para trocar os vidros quebrados e consertar e pintar portas e janelas. Em 2006, o orçamento era de 320 mil euros; hoje, caiu para um quinto deste valor, ou seja, 70 mil euros. Proibida pela burocracia de receber dinheiro de fora, as faturas dos trabalhos necessários são pagas pelos doadores privados.

Dança da vida Bienal de Dança de Veneza, di-

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rigida pelo brasileiro Ismael Ivo, prepara uma turnê com os seus alunos. São 25 jovens, com idades entre 19 e 23 anos. Entre eles, estão cinco brasileiros selecionados pelo Sesc de São Paulo. Todos possuem nas costas experiências familiares doloridas e encontraram na dança uma forma legítima de expressão e uma espécie de salva-vidas para exorcizar a insegurança de um futuro incerto. Capoeira, hip hop, break dance e funk são alguns dos gêneros de coreografias que eles irão apresentar em Veneza durante o mês de maio e depois em outras cidades da Itália. Mais informações no site www.labiennale.org/it/danza/index.html

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Jogo do bicho Reward epois de Pato pode ser a vez do Ganso. “comune” de Seveso, na periferia de

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O Milan quer comprar o jogador do Santos. Mas querer não é poder. Além disso, o Milan tem na Inter de Leonardo um adversário difícil tanto dentro do campo quanto fora dos gramados. Os dois clubes acompanham de perto os passos do Ganso, mas o Milan foi o primeiro a sair a descoberto com a decisão de acelerar as negociações com Vertonghen do Ajax e com o brasileiro do clube paulista. O mercado de meio de ano ainda está longe, porém as jogadas começam com antecedência. E os golpes baixos e por baixo dos panos fazem parte do show.

O

Milão, oferece uma recompensa de 5 mil euros para quem der uma informação que leve à prisão de uma banda de ladrões de bueiros. O roubo de mais de cinquenta, em pouco tempo, levou as autoridades locais a apelarem para a velha fórmula do faroeste. As notificaçõs sobre o desaparecimento dos bueiros chegam através dos telefonemas dos cidadãos alarmados e preocupados com a segurança dos pedestres que podem cair no buraco. E, para tapá-lo, como se deve, custa 180 euros, cada um.


MÚSICA

Irreverência à milanesa, tchê Sucesso na Itália, banda de gaúchos retorna ao Brasil para estreia nacional Fernanda Galvão

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odo mundo sabe que viver de música é difícil. Iniciar carreira no exterior, então... É quase utopia. E quando a história começa de repente, sem ter planejado a carreira musical? Foi o que aconteceu com a banda brasileira Selton. Reunidos ao acaso em Barcelona, os quatro guris de Porto Alegre tocaram no mesmo festival que Deep Purple e Jamiroquai, gravaram um CD, se mudaram para Milão e foram notícia dos principais veículos do país. No caminho inverso da maioria dos artistas, em março, conquistaram o público brasileiro com shows em Caxias do Sul, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Tudo começou em 2005 quando os amigos de infância Daniel Plentz, Eduardo Stein, Ramiro Levy e Ricardo Fischmann tiveram a mesma ideia: trancar a faculdade e viajar pela Europa. Coincidências à parte, o destino reservou outra surpresa: um encontro na terra de Gaudí. Para garantirem o sustento, decidiram montar uma banda cover dos Beatles, tendo como palco o famoso Parque Güell. — Ao invés de trabalharmos como garçom ou qualquer outra

coisa, decidimos tocar na rua e ver o que aconteceria. A gente se divertia horrores — lembra Ramiro, 25 anos, ex-estudante de Psicologia. Todavia, a banda precisava de um nome. Com tantas coincidências, e sem a responsabilidade de serem profissionais, a escolha foi fácil. — Selton é uma palavra que usamos entre nós e significa uma conexão, transmissão de pensamento. Acontece muito isso. Um pensa e o outro acaba falando. É algo totalmente nosso — explica. Em 2006, um produtor da MTV italiana gravava um programa na cidade quando se deparou com os garotos assistidos pelos turistas.

Da esquerda para a direita, Ramiro Levy (guitarra e voz), Daniel Plentz (bateria e voz), Ricardo Fishmann ( voz, guitarra e teclado) e Eduardo Stein (baixo e voz)

“Nunca imaginamos isso tudo... No inicio a ideia era tocar pra nos divertir. Os quatro queriam voltar pro Brasil, retomar a faculdade. A viagem tomou proporções absurdas” Ramiro Levy, guitarrista

Uma tarde foi o suficiente para convidá-los para uma viagem até Milão. Assim surgiu o “Banana à Milanesa”, que rendeu mais de 200 shows pela Itália e garantiu o Prêmio Targa Bigi Barbieri como grupo revelação. — O primeiro CD são músicas dos anos 60, do Enzo Jannacci. Nós fizemos as nossas versões traduzindo para o português. O disco teve uma repercussão incrível. Em pouco tempo, Selton estampava as páginas da edição italiana da Vanity Fair e do jornal Corriere della Serra. Com um estilo musical totalmente eclético, a banda resgata o som da Tropicália, combinado com música eletrônica. Perguntado se o grupo se encaixa em algum gênero específico, o guitarrista Ramiro esclarece: — Não existe um gênero determinado. Buscamos inspiração n’Os Mutantes, Gilberto Gil, Caetano Veloso... Beatles e Brasil é a mistura que define bem o que fazemos. A influência também vem da Itália: banda Calibro 35. Afinidade que gerou projetos. Massimo Martellotta, produtor do grupo italiano, lançou o segundo CD dos brasileiros. — Dessa vez quisemos algo próprio. Compusemos originalmente em inglês e português. Daí traduzimos para o italiano. Fizemos tudo ao contrário — conta Ramiro. O lançamento do segundo álbum, intitulado “Selton”, foi em novembro de 2010. Em dois meses, eles realizaram 35 shows. Realidade que muitos músicos gostariam de usufruir. Sobre o apoio de produtores importantes e a boa receptividade do público e da crítica local, Ramiro conclui: — Viver de música é difícil sempre. Nunca imaginamos isso tudo. No inicio a ideia era tocar pra nos divertir. Os quatro queriam voltar pro Brasil, retomar a faculdade. Mas a viagem tomou proporções absurdas. Lá, de alguma maneira, começamos muito bem. Eles tem um carinho muito grande pelos brasileiros. Eles nem sabem o porquê, mas gostam do Brasil. (risos) Os singles “Non lo so” e “Anima Leggera” já dispararam nas rádios e na internet. O grupo está de malas prontas para Milão, em nova turnê, mas garante novos shows por aqui, em novembro deste ano. Até lá, o público pode acompanhá-los através das famosas mídias sociais. (www.myspace.com/seltonselton e http://twitter.com/seltonmusic).

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calcio

AndreaCiprandiRatto

Allineati ai giornali La stagione in corso può passare alla storia come quella in cui più si sono fatti proclami e meno si è raccolto in rapporto a quanto detto

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utti erano pronti a scoprire gli effetti negativi del Mondiale giocatosi lo scorso giugno, che in termini di stanchezza avrebbero colpito i maggiori protagonisti – anche se poi sembrano aver colpito quasi esclusivamente quelli che giocano in Italia dato che inglesi e spagnoli non hanno giocato meno bene del solito. Sotto gli occhi di tutti c’era anche la rifondazione delle squadre principali, che dati i nuovi assetti avrebbero corso parecchi rischi. Fatto sta che tutti questi elementi non hanno indotto alla prudenza e i Club, anzi, si sono allineati ai giornali – che di proclami e susseguenti, continue ritrattazioni vivono. Il Milan si è presentato fin da subito come il vincitore annunciato di quasi tutto a dispetto del fatto che fosse l’Inter a detenere tutti gli scettri. L’arrivo di Ibrahimovic, poi, sembrava poter sigillare il trionfo assoluto rossonero già fin dallo scorso agosto, prima ancora che lo svedese scendesse in campo. A parte la possibile vittoria della Coppa Italia, trofeo tradizionalmente utile solo a rimpinguare il bottino piuttosto che a salvare una stagione sterile, il Milan è al momento il pretendente più accreditato alla conquista dello scudetto ma nell’analisi della sua stagione non si può prescindere dal fallimento europeo, sancito oltre che da miseri risultati anche da prestazioni in linea con un calcio al massimo da seconda fascia. Dopo una prima fase in cui ha faticato anche con le squadre meno forti, è infatti uscito col Tottenham e, in totale, delle otto partite giocate in Champions ha vinto solo le due con l’Auxerre fanalino di coda del suo Girone. All’Inter sta andando anche peggio. Vinta la Supercoppa italiana e il Mondiale per Club, la sua stagione ricalca quella fallimentare del Milan che a fine 2007 aveva spacciato per gestione di un rodato gruppo

vincente l’inizio di un naufragio. In pochi mesi i nerazzurri hanno bruciato due allenatori, fatto un mercato dissennato inutile a risollevarsi su qualsiasi fronte e invece che affrontare serenamente un parentesi transitoria dopo tanta e ricompensata profusione di energie hanno voluto lanciare sfide a destra e a manca. Per doversi poi rimangiare tutto non appena hanno fatto i conti con la realtà, che in Europa si è palesata nello Schalke, la meno accreditata delle otto rimaste in gioco, e in campionato in qualsiasi squadra abbia ancora birra. Anche dalla nuova forza della Seria A, il Napoli, ne sono venute delle belle. Visto il suo exploit a dispetto delle limitate risorse non le si può certo imputare avventatezza, nemmeno quando ha apertamente sfidato i migliori, ma è importante sottolineare l’atteggiamento del suo Presidente. Con gli azzurri attardati in classifica si è sempre lamentato dei presunti soprusi delle ‘solite’ grandi, per le quali è arrivato ad auspicare un campionato a parte. Quando però alcuni episodi dubbi hanno favorito il Napoli, sfoggiando oltretutto grande boria ha improvvisamente fatto finta di niente. Peggio di tutti ha però fatto la Juventus, questo perché non è stata suffragata

C’è differenza tra la caccia alla vittoria e la passione per il calcio e, se è la grandezza perduta che si vuole ritrovare, si può passare solo per maggiore fiducia nei propri mezzi – soprattutto quando si ha la fortuna che coincidano con l’italianità e tutti i suoi numerosi prodotti sportivi – così come per programmazione e continuità 50

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nemmeno da un singolo risultato. Dopo anni sotto tono sapientemente studiati a tavolino dai suoi Dirigenti, che però non hanno mai smesso di dirsi impegnati in una sontuosa ricostruzione, in estate ha smantellato l’ennesimo gruppo finendo per ritrovarsi in una condizione ben peggiore di quella dell’anno scorso – che era stato il più disastroso da vent’anni a quella parte – ma per bocca di nuovo allenatore e nuovo Presidente si è ostinata a tenere nel mirino obiettivi italiani e continentali sempre oggettivamente irraggiungibili. E, malinconicamente, sempre meno prestigiosi. Tutto questo per dire che se vogliamo dare un voto al movimento calcistico italiano non possiamo basarci sul campionato, soprattutto quando poco importa che lo si vinca spadroneggiando nel sostanziale deserto circostante com’è accaduto nei quattro anni passati piuttosto che lottando di volta in volta con avversari diversi – in assenza di continuità. Il banco di prova resta l’Europa, quella in cui eravamo soliti arrivare in fondo con tre o quattro squadre per volta, e ridursi a riconoscere esclusivamente in uno come il nuovo santone Mourinho il solo mezzo per conquistarla è quanto mai allarmante. Perché c’è differenza tra la caccia alla vittoria e la passione per il calcio e, se è la grandezza perduta che si vuole ritrovare, si può passare solo per maggiore fiducia nei propri mezzi – soprattutto quando si ha la fortuna che coincidano con l’italianità e tutti i suoi numerosi prodotti sportivi – così come per programmazione e continuità. Magari gradualmente. E preferibilmente in silenzio.


ESPORTE

Um bom filho a casa torna Depois de longa temporada na Europa, o ex-zagueiro Aldair volta para o Brasil Fernanda Galvão

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ão importa se no gramado ou na praia – eles são loucos por futebol. O tetracampeão do mundo, Aldair, que o diga! Aos 45 anos e aposentado do campo, o baiano participou do primeiro Mundial de Futevôlei 4x4, realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 31 de março e 2 de abril. O evento começou surpreendente: além de Aldair, competiram os ex-jogadores Romário, Renato Gaúcho e o inesquecível Romerito, o paraguaio que integrou o elenco de clubes, como o Barcelona e o Fluminense. A equipe paraguaia venceu a brasileira por 25x20, dando título a um país que não possui praias – resultado inusitado e que mostra, uma vez mais, que a qualidade do atleta pode ir além das condições que lhe são oferecidas. O objetivo do campeonato foi promover a profissionalização do esporte. Geralmente jogado em duplas, a edição inovou organizando equipes com o dobro de atletas. — Criamos a modalidade 4x4, com quatro jogadores em cada equipe, diminuímos a altura da rede e trouxemos mais dinamismo para o jogo — conta Renato Adnet, diretor técnico do evento. Apesar da derrota, Aldair espera que o futevôlei esportiva seja inserida em grandes competições, como as Olimpíadas. O capixaba aposentou as chuteiras em 2003.

Sem a formação oficial da época, a Roma apresentou antigos companheiros de clube, dentre eles, Cafu. O técnico era Ottavio Bianchi, o mesmo que impediu a saída do brasileiro, em 1990. — Não esperava sair tão cedo do Benfica. Lá, o futebol é mais solto como no Brasil. Na Itália é diferente. Até pensei em voltar para Portugal, mas, o treinador falou pra eu ficar, disse que a adaptação era questão só de tempo. Foi o que aconteceu — relembra. Embora Itália e Brasil compartilhem a mesma paixão pelo calcio, manifestam estilos e personalidades diferentes. Mais rígidos e defensivos, os italianos enfrentam um momento crucial – a reestruturação da seleção. A Azzurra conquistou a Copa de Mundo em 2006, mas não repetiu o sucesso na África. A delegação voltou para casa entre decepção, lágrimas e um pedido, vindo direto do capitão: investimento nos jovens. De olho em novos talentos, Aldair acompanha clubes menores em busca de atletas que possam ser levados para o exterior. Para isso, privilegia descendentes de italianos ou jovens com dupla cidadania.

Acima, O exzagueiro Aldair em ação pela equipe italiana. Abaixo, a comemoração paraguaia liderada por Romerito

— A gente procura indicar, mas nada de compromisso com um clube ou outro. Porém, é difícil achar um jovem que jogue bem e também tenha passaporte — conta. No final de março, ele esteve em Conceição do Castelo (ES), para observar a garotada. Os meninos tiveram meia hora para mostrar o que sabem fazer e tentar a sorte que Marcos Diniz, de 23 anos, pôde desfrutar. Hoje, está na Bélgica graças ao auxílio de Aldair. Coincidentemente, é também zagueiro. Contudo, para fazer bonito, só talento não basta. É necessário, essencialmente, disciplina. —Aqui [no Brasil], podemos bater um pagode dentro do ônibus. Na Itália, se o jogador fizer isso, o técnico já olha diferente, acha que vai atrapalhar a concentração na partida. Na Itália, disciplina é muito importante, dentro e fora do campo — deixa a dica. Sonhos que poderão se tornar realidade, uma vez que o Brasil sediará a próxima edição da Copa do Mundo. Falando em mundiais, o que dizer de 1994? Talvez nem ele consiga. — Me faltam as palavras... Eu fui um dos últimos convocados. Pra mim foi muito especial. A Copa do Mundo é sempre um grande evento e foi muito esperada. Quando eu comecei no futebol, não pensava em jogar nesse nível todo. Não era meu pensamento. Eu queria jogar pra me divertir. Era garoto, tinha 18 anos, não pensava que isso tudo pudesse acontecer. Lembranças com gosto de saudade. Uma mistura bem típica do futebol e até quem não acompanha, pode entender.

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ItalianStyle

150 ANOS DE ITÁLIA

Com a celebração dos 150 anos de Unificação italiana, diversas grifes italianas lançaram peças especiais em coleções limitadas, que incluem desde bolsas, tênis, sandálias até mesmo jóias e lingeries. Confira alguns dos lançamentos mais interessantes.

Golfe tricolor Belle Epoque Fotos: Divulgação

A Damiani produziu uma edição limitada da sua coleção Belle Epoque Watch Collection composta exclusivamente por duas peças, um relógio e um anel. Na foto o relógio realizado em ouro branco ornado com diamantes, rubis e esmeraldas. Preço: € 9.980. www.damiani.com

A tradicional grife de tênis de golfe italiana Manlio Paradisi também lançou seu modelo especial para os 150 anos de Unificação italiana. Preço: a partir de € 490. eshop.manlioparadisi.net

Sandália-jóia

O modelo criado pela célebre marca Luciano Barachin foi apelidado de “sandalo gioiello tricolore” e foi lançado durante o Festival de Sanremo, em fevereiro deste ano. Preço sob consulta. www.lucianobarachini.com

Sexychair

A Adrelina Design, produtora de Rimini famosa pela sua equipe de designers jovens e inovadores, relançou três modelos cults de uma coleção história, revisitados em uma edição limitada com as cores da bandeira italiana. Na foto a poltrona do modelo Sexychair. Preço: a partir de € 1.306. www.adrenalina.it 52

m a i o 2 0 1 1 | c om u n it ài ta l i an a

Ideas

A edição limitada da Ideas é fruto de uma cuidadosa seleção de telas publicitárias recicladas contendo as cores da bandeira italiana. Preço sob consulta. www.1d3a5.com


DESIGN

Rio ilumina Milão Maior evento de design internacional tem participação vanguardista de cariocas

Guilherme Aquino

O

De Milão

s designers cariocas desembarcaram com a mala vazia no Salão Internacional do Móvel. Num evento no qual todos querem tocar o produto para “sentir” o material, desta vez, o único objeto palpável era o símbolo das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. A escolha foi corajosa. A bagagem dos cem designers era virtual, literalmente. Projetada em telas com tecnologia “touch-screen”, de última geração, os visitantes poderiam ver as peças, o inteiro processo de inspiração e de criação do artista, as diferentes variações sobre um mesmo tema, as indicações sobre os materiais usados, as técnicas desenvolvidas. Na antiga sala do Palácio da Justiça, no centro histórico de Milão, o mundo carioca do design iluminava-se ao toque mágico das mãos dos curiosos, que não foram poucos. Mais uma vez, a Agência Especial da Câmera de Comércio de Milão, a Promos – principal braço operacional da cidade nos negócios internacionais – abriu as portas do valorizado prédio para a criatividade brasileira. O novo conceito de apresentação dos produtos, durante o maior evento de design internacional do mundo, foi uma resposta aos próprios interesses dos designers. O projeto foi criado pela Crama Design Estratégico, de Ricardo Leite, sob encomenda do Sebrae-RJ e da Sub-Secretaria de Comércio e Serviços, timoneada por Dulce Ângela Procópio. A presença dos cariocas foi marcada também por missões

comerciais capitaneadas pela Firjan, em setores que vão da importação de vinho nacional à fomentação do turismo interno no Rio de Janeiro. — O Brasil não deixa nada a desejar aos investidores estrangeiros e a prova disso é o grande interesse deles no país — disse o cônsul Luiz Henrique Pereira da Fonseca. Em outras palavras, o Brasil está de portas e janelas abertas. A presença e a valorização da matéria-prima, a qualificação da mão de obra e o produto acabado são garantias que tornam a mercadoria brasileira uma forte concorrente no comércio mundial. — O Brasil hoje é um grande mercado que também surge para as grandes marcas internacionais — afirmou o designer Ricardo Leite, criador do “stand-instalação” do Rio+ Design. Ícones Uma grande mesa oval, no centro da sala, reunia as versões virtuais dos produtos dos cem designers selecionados para a mostra. Telões e TVs em cristal líquido revelavam cada peça nos mínimos detalhes, descobrindo as etapas para chegar ao objeto. A interatividade era tal que o visitante poderia até mesmo escrever e-mails aos designers e bater

Ricardo Leite, da Crama Design Estratégico

Ricardo Tortorella (diretor técnico do Sebrae de São Paulo); Cesar Vasquez (diretor superintendente do Sebrae do Rio de Janeiro); Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, presidente da Firjan; Dulce Angela Procópio, sub-secretária estadual de Comércio e Serviços; Luiz Henrique da Fonseca (embaixador e cônsul em Milão) e Andrea Bonalumi (Promos)

papo no chat, em tempo real. Uma câmera filmava tudo e enviava ao Brasil, ao vivo. Além de promover os produtos, as telas também traziam as belezas da cidade maravilhosa. As imagens projetadas se transformavam em símbolos do Rio. O Cristo Redentor se transformava na logomarca da Copa do Mundo de 2014; o Pão de Açúcar, em ícones do design carioca como peças de Oscar Niemeyer e Sergio Rodrigues. Sons típicos da Mata Atlântica, passarinhos, ondas batendo na areia da praia e cascatas, podiam ser ouvidos com fones de ouvido, antes, durante e depois das explicações narradas sobre cada peça. Muito clicadas foram as obras do designer Gilson Martins. A Lanno e a Papel Craft também exibiram seus portfólios. A mostra abriu ainda um espaço para a realização de palestras de alguns designers presentes – como Fred Gelli, autor da marca da Olímpiada 2016 – e para o lançamento de um selo de solidariedade às vítimas da Região Serrana fluminense. — São selos que irão identificar a origem dos produtos nas prateleiras dos supermercados e facilitar a escolha do consumidor — disse Ricardo Leite, durante a apresentação. As sementes foram plantadas e apenas o futuro vai dizer como será a colheita. Mas, visto o movimento dentro da sala de apenas dez metros quadrados, pode-se dizer que o terreno era fértil e que os formadores de opinião compareceram à mostra Rio+Design. O Salão Internacional do Móvel completou meio século de existência em boa forma e o Rio de Janeiro pegou uma boa carona na sua visibilidade internacional.

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IlLettoreRacconta

A

s dificuldades de toda ordem para se constituir dignamente uma família no norte da Itália, província de Treviso, no final do século XIX, eram muito grandes. O desejo de melhorar de vida e a promessa de um paraíso terrestre do outro lado do Atlântico fizeram com que esta família, entre milhares, também recolhesse seus poucos pertences e embarcasse rumo ao sul do Brasil. Partiram da região de Vittorio Veneto. Era assim formada: Giovanni Baptista Daros e sua esposa Tereza Daros. Ele, com 40 anos, agricultor, ela, com 35, doméstica. Acompanhavam-nos seus filhos: Giovanni Daros, com 16 anos e, aqui, casou com Serafina Manfredini, Maria Daros com 14 anos, que casou com Lorenzo Favero, Catterina Daros com 10 anos, que casou com Nicola Benedet, Salvatore Daros com 7 anos, que casou com Marina Mangilli, CeAcima, Bodas de Ouro de Domingos cília Daros com 5 anos, que casou Daros e Augusta de Luca - ano 1954. com Augusto Casagrande e Domenico Abaixo, Domingos Daros chega em Criciúma 1880 Daros (meu avô) com menos de dois anos, que casou com Augusta De Luca. Aqui nasceram: Augusta, Antônia e Terezinha, que casaram, respectivamente com José Dal Molin, Olindo Bristot, e depois ficando viúva, casou com Francisco Manfredini e Tereza, que casou com Antônio Comin. Partiram do porto de Gênova, em navio alemão, no final do ano de

Santa Catarina 54

m a i o 2 0 1 1 | c om o m u n i t à i ta taliana

1879. Suportando as agruras de uma viagem desconfortável durante 36 dias chegaram ao Rio de Janeiro como a primeira escala no Brasil. Famílias de imigrantes ali desembarcaram com destino ao Espírito Santo. Seguiram até o porto de Santos. Prosseguiram a viagem até Florianópolis onde foram acolhidos em precárias condições em uma improvisada casa de imigrantes por alguns dias. Com a família Daros, estavam outras 50. Embarcaram em pequeno navio chegando a Laguna. Dali, entraram pelo rio Tubarão até a vila do mesmo nome, onde em canoas e carros de bois e a pé seguiram até Pedras Grandes. Dormiam ao relento. Só tinham consigo a coragem e a fé em Deus. De Pedras Grandes subiram até Azambuja. O plano do governo era levá-los mais para leste. Tudo é floresta, terreno inóspito, cheio de feras e cobras neste dezembro de 1879. Diante da obrigação de obedecer, 21 famílias, entre elas a Daros, seguem acompanhadas de soldados e recebem lotes a 20 quilômetros de Urussanga em direção ao mar. No meio do mato foram deixados. Era uma região Família de Antônio Daros e Lúcia Pavei - 1958 plana cercada por pequenos montes e por onde passava um riacho de águas límpidas. Ao longo do riacho, as 21 famílias se estabeleceram e iniciaram a derrubada da mata, construíram suas pobres casas e, aos poucos, a civilização europeia foi se estabelecendo no sul de Santa Catarina. O lugar aonde os imigrantes chegaram, no dia 06 de janeiro de 1880, passou a se chamar São José de Cresciuma. Estendiam-se as terras das 21 famílias desde o chamado hoje bairro Pio Correia até o bairro Santa Augusta, que teve este nome em homenagem à Santa Augusta, padroeira de Vittorio Veneto. E a família Daros ali se estabeleceu. As terras eram boas, Três irmãos - Donato ainda que lhes faltasse quase tu- - Tiago e Jorge Daros do, menos a vontade de trabalhar. -1995. Homenagem aos A caça e a pesca eram abundan- antepassados tes. Todos os Daros viviam da agricultura. Serviam-se da água de poço e pescavam no riacho que se chamou mais tarde o rio Criciúma. Hoje, encontramos os Daros em praticamente todos os estados Brasileiros, descendentes de aproximadamente 18 famílias que partiram da Itália. Comum entre os imigrantes e até hoje pelos seus descendentes, entoa-se com emoção a canção que lembra toda uma saga de lágrimas, alegrias, reveses e sucessos: “Nós partimos dos nossos lugarejos, nós partimos com grande honra. Trinta e seis dias de navio a vapor, na América nós chegamos. Não encontramos nem palha e nem feno. Dormimos sobre o solo nu. A América é longa e é larga. É circundada de montes e planícies. Mas com a inteligência dos nossos italianos, formamos lugarejos e cidades.” Jorge Daros, Santa Catarina

Mande sua história com material fotográfico para: redacao@comunitaitaliana.com.br

Treviso


espíritosanto Dídimo Ef fgen

Agronegócio em alta urante café da manhã com a impren-

aos alunos participantes do programa Miniempresa, da Junior Achievement. Durante palestra de abertura, os futuros

D

sa e entidades parceiras, foi lançado o mais tradicional evento do negócio rural do Espírito Santo, a GranExpoES – Exposição Estadual Agropecuária. O

secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, o diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, o presidente da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, deputado estadual Atayde Armani, e o diretor da Extrema Eventos, Zezinho Boechat, estiveram presentes. A GranExpoES acontece de 10 a 14 de agosto, no Pavilhão de Carapina, no Espírito Santo.

Filho de peixe empresário José Carlos Zamprogno,

O

proprietário da Zephyr Perfumes, conta com as melhores marcas nacionais e importadas. Ele não abre mão da origem italiana nem na hora de escolher os produtos de seu espaço. Versace, Benetton, Salvatore Ferragamo e Moschino são algumas das marcas que comercializa. Zamprogno tem familiares na província Di Treviso, Città de Montebelluna, frequentemente vai à Itália para visitá-los e recentemente esteve na fábrica de perfumes da Acqua Di Parma, uma das mais vendidas na Zephyr. A grife fundada por monges beneditinos, na cidade de Parma, já existe há quase cem anos, possui sede em Milão e pertence ao maior conglomerado de artigos de luxo do mundo, o Grupo Louis Vuitton-Moët Hennessy (LVMH).

Dando bom exemplo história de sucesso da Lorenge

A

S.A, uma das maiores empresas da construção civil do estado, encantou

empreendedores ouviram um pouco da trajetória profissional e familiar de José Elcio Lorenzon, presidente da Lorenge. A marca surge da força do trabalho familiar dos irmãos Lorenzon, que vieram da cidade de Marilândia, interior do estado, para continuar os estudos e se firmar profissionalmente na capital capixaba. Os alunos ficaram tão empolgados que, ao final, correram para tirar uma foto com o presidente da Lorenge.

Ibef-ES tem nova diretoria nova diretoria do Instituto Brasileiro

A

de Executivos de Finanças do Espírito Santo tomou posse no dia 27 de abril, com a presença do Ministro do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que falou sobre “A política de desenvolvimento do governo Dilma Rousseff ”. Assumiu a presidência do IBEF-ES, o executivo e empresário Sergio Dominguez Sotelino, para o biênio 2011-2013. Umas das metas do novo corpo dirigente do Ibef é o compromisso do Instituto com a promoção profissional e social dos executivos de finanças.

Selo de qualidade Grafitusa é a primeira gráfica do Espí-

A

rito Santo a conquistar a certificação FSC®, um selo de qualidade com reconhecimento internacional, que atesta o compromisso da empresa com o meio ambiente e a responsabilidade social na

impressão dos seus produtos. A gráfica de Túlio Samorini inova e dá mais um passo para agregar valor ao seu trabalho e fazer a diferença no mercado. O selo garante a origem do papel utilizado na gráfica, identificando que a matéria-prima florestal foi explorada de forma ambientalmente correta, socialmente benéfica e economicamente viável em todo o processo, até a chegada do produto ao consumidor final.

Coroa em expansão tradicional indústria cabixaba de re-

A

frigerantes, Coroa, chegou ao Rio de Janeiro e fez o lançamento das obras da Indústria de Bebidas Renascer, em Campos. Esse é mais um passo dado pelo Grupo Coroa para conquistar outros mercados. Dessa indústria também sairão os produtos Coroa. Na foto, o diretor da Coroa, Ademar Bragato, acompanhando da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, com as mãos pintadas, que simbolizou o lançamento e início das obras.

Mirage chega Fazendo a diferença aoempresário Brasil Fundação Educacional Antônio DadalCarlos Marianelli, sócio

O

da Revix – Revestimentos Especiais e principal executivo da Composé, está trazendo para o Brasil a representação exclusiva da Mirage (www.mirage.it). Trata-se de uma indústria bem conceituada na Itália com produtos diferenciados e de alto padrão. Na foto, o empresário com as arquitetas Daniela Cuzzuol e Alice Pedroni, em noite que degustaram uma receita das arquitetas na Composé.

A

to, presidida pelo empresário Pedro Dadalto, comemorou 18 anos de serviços prestados à sociedade na capacitação profissional e recolocação no mercado de jovens e adultos. Em comemoração ao aniversário da instituição, foi lançado um selo comemorativo. A proposta é relatar os depoimentos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas, através dos projetos da entidade.

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Fotos: Bruno de Lima

GASTRONOMIA

Ares de Sardenha na Tijuca

Fiel à tradição, cuoco sardo traz os sabores da gastronomia isolana ao Rio e faz diferença no mercado gastronômico da cidade Cintia Salomão Castro

A

dupla paixão de um chef sardo – pela culinária e pela sua terra de origem – é a receita do sucesso de um projeto que acabou com a carência de casas autenticamente italianas na zona norte do Rio de Janeiro. Arquiteto graduado pela Università di Cagliari, Silvio Podda escolheu a cidade para morar no ano passado, estimulado pela esposa carioca Gladys Vitorato, e hoje é o cuoco que coordena a cozinha do Saltimbocca, no tradicional bairro da Tijuca. Após trabalhar alguns anos na restauração de fachadas, ele transformou um de seus maiores hobbies em profissão. — Cozinhar me relaxa — resume ele, que, antes de vir ao Brasil, chegou a abrir uma osteria na praia de Porto Giunco, em Villasimius. Distante do perfume de murta de sua terra, e em meio a odores novos – entre os quais destaca o de manga exalado pelo Rio – Silvio aprecia o churrasco à carioca, o qual considera “mais prático para 56

a estrutura de venda”, ao contrário do sardo, monotemático e ligado às estações do ano. — Na Sardenha, faz-se um churrasco para cada tipo de carne, fresca e de acordo com a época do ano: um de porco; outro de ovelha; um de cabrito; outro só de peixe. E ainda escolhemos o tipo de lenha. A brasa dura mais tempo do que o carvão e influencia no sabor. No Brasil, pode-se cortar e guardar a carne — explica. Menu isolano Influenciada por diversas culturas que passaram pela ilha, dos árabes aos lígures, a culinária sarda é temperada ao estilo mediterrâneo,

maio 2011 | comunitàitaliana

O carpaccio di polvo é um antepasto que leva aipo fresco cortado finíssimo, azeite, limão, vinagre, sal e uma pitada de pimenta-do-reino

baseado no azeite de oliva extravirgem. As demais matérias-primas de Silvio são os básicos e infalíveis: o alho; a salsinha; a pimenta-doreino; o tomate fresco e o vinagre. — Talvez devido à cultura imposta pelo mercado hoteleiro, no Brasil, há o hábito de se encobrir o gosto real das coisas. Serve-se peixe com muito molho, margarina e farinha. Para nós, o peixe perfeito é aquele comido logo apos pescado, temperado com azeite, sal, alho e salsinha — compara. Outra característica do cardápio isolano são os vinhos considerados afrodisíacos, como o tinto Monica, e a variedade de antipasti. — Na Sardenha, não é difícil que se coma 20 entradas e se dispense o prato principal — afirma. Quem prova a entrada de scabecciu (peixe escabeche), entende o hábito sardo e o copia. Para acompanhar, Podda recomenda o Vermentino, um vinho branco que estimula o apetite e é cultivado no litoral da ilha. Entre os pratos principais, a aragosta alla catalana – lagosta servida fria – é difundida em Alghero, cidade colonizada pelos espanhóis na tarda Idade Média. Já o risotto 4 mori, com arroz negro, camarão, aspargos e bottarga, é originário de Cagliari. Tradição O cuoco Silvio Podda não esconde a alegria de ajudar a trazer as cores e os sabores da Sardenha ao Rio. — Tudo o que eu puder fazer pela minha terra, farei — diz. O respeito à tradição também se nota no cenário da casa, inaugurada em 2008. A decoração resgata o estilo romano, com “namoradeiras” adornadas de pinturas, esculturas e capiteis típicos da cidade eterna. — Os moradores da Tijuca sempre constituíram uma massa consumidora de restaurantes de outros bairros. Agora, não precisam mais sair daqui para apreciar a culinária autenticamente italiana — afirma o proprietário da casa, Otto Grunewald Serveira.

MAIO DE SANT’EFISIO

M

aio é o mês da festa de Sant’Efisio – a mais importante de Cagliari, realizada em toda a Sardenha. Soldado romano nascido na atual Turquia, converteu-se ao cristianismo, motivo pelo qual foi assassinado no ano de 303, na cidade de Nora. Ao mártir é atribuído o milagre do desaparecimento da peste negra, no século 17. A doença chegara à ilha pelos navios catalães que aportavam em Alghero. Em 1º de maio, fiéis em trajes típicos participam das celebrações. Quem for ao Saltimbocca até o dia 15, poderá apreciar o Festival de Peixes e Frutos do Mar da Sardenha, além de decoração temática e música da região.


saporid’italia

Vanessa CorrêadaSilva

Rústico de qualidade Pecorino é boa opção para quem quer conhecer a culinária italiana de forma despretensiosa

S

ão Paulo - Inaugurado no fim de setembro de 2010, o Pecorino é um dos mais jovens restaurantes italianos de São Paulo, mas já recebeu um reconhecimento de gente grande. Em fevereiro passado, apenas cinco meses após sua inauguração, ficou entre as 30 casas de São Paulo que receberam o certificado Ospitalità Italiana, concedido pelo governo italiano a restaurantes que seguem à risca a tradição culinária do país. O certificado é motivo de orgulho para o proprietário, Osny Silveira, que teve a intenção de recriar o ambiente de uma típica trattoria romana em uma rua tranquila do bairro dos Jardins, em São Paulo. Também conhecido como Zito, Silveira contou que decidiu abrir o restaurante porque achava que faltava em São Paulo uma opção de comida italiana rústica, sem invencionices, mas ao mesmo tempo bem feita. — As cantinas italianas da cidade pararam no tempo, nas décadas de 70 e 80, e hoje não espelham mais a culinária que se encontra na Itália. Além disso, comer em São Paulo está cada vez mais caro e eu quis oferecer uma opção de comida de qualidade com preços mais justos — explicou. Silveira e o chef do Pecorino, André Galante, fizeram questão de montar um cardápio totalmente típico, com ênfase em receitas da região centro-sul da Itália. Amigo de infância de Silveira, Galante já trabalhou com chefs como Alex Atala e Neka Menna Barreto e acumulou experiência com a culinária italiana ao atuar no Jardim di Napoli. — André já trabalhou em cozinhas muito sofisticadas, mas estava sentindo falta de fazer uma culinária mais rústica. Então o convidei para ficar no Pecorino comigo. Nós selecionamos os pratos mais consagrados de algumas regiões italianas e seguimos as receitas à risca — afirmou. Apesar de ser fiel às receitas, Silveira não hesita em mudar o preparo de um prato a pedido do cliente. Ele acredita que no Brasil não adianta tentar ter um cardápio inflexível. — Na Itália, o restaurante acha ruim se você pede para mudar um prato, mas no Brasil isso não funciona. Tem muita gente que pede para colocar queijo em algumas receitas com peixe, algo que não é comum na culinária italiana. Também existe a famosa discussão sobre o pesto genovês: muita gente defende que o original leva batata e vagem, mas para o paladar brasileiro isso é estranho, ninguém está acostumado a comer massa com batata. Por isso meu pesto não leva esse ingrediente — explicou.

Pecorino: qualidade e tradição a preços mais acessíveis

Saltimbocca alla romana Ingredientes: Para o risoto: 60 grs de arroz carnaroli; 1/2 cebola pequena picada; 1 colher de sopa de manteiga sem sal; 1 taça de vinho branco seco; 30 grs de queijo parmesão ou grana padano; 300 ml de caldo de carne ou frango. Para o saltimbocca: 2 escalopes de filé mignon ou vitela de 120 grs cada; 2 folhas grandes de sálvia; 2 fatias de presunto cru italiano; 1 colher de sobremesa de manteiga sem sal; 1/2 taça de vinho branco seco; farinha de trigo; sal. Preparação do risoto: Refogar o arroz em metade da manteiga e a cebola até ficar crocante e parar a refoga adicionando a taça de vinho. Esperar evaporar e em seguida ir adicionando o caldo aos poucos, mexendo sempre com uma colher de pau. Quando estiver al dente, desligar o fogo, adicionar a manteiga e o parmesão e deixar descansar por 3 minutos antes de servir. Preparação do saltimbocca: Salgar levemente (o presunto já tem sal) e empanar os escalopes na farinha de trigo. Bater para tirar o excesso de farinha. Colocar a manteiga em uma frigideira até derreter. Com um palito, prender uma fatia de presunto cru e uma folha de sálvia em cada escalope (de um lado só) e fritar levemente na manteiga. Parar a fritura com o vinho branco e deixar o álcool evaporar sem deixar ficar seco. Servir imediatamente. Quando se trata de agradar os clientes, Silveira pode ser considerado um especialista. O proprietário do Pecorino já foi dono de outros empreendimentos de sucesso, como o bar Coronel Mostarda e a casa de frutos do mar Almirante Sardinha, que fizeram muito sucesso nos anos 90. Descendente de italianos por parte de mãe, Silveira disse que sempre teve vontade de abrir um restaurante onde pudesse resgatar um pouco dos hábitos italianos à mesa. Pouco após sua inauguração, o Pecorino passou a funcionar também como bar, em mesas do lado de fora do restaurante, onde clientes podem beber o vinho da casa e experimentar petiscos italianos como a fondutta di provolone dolce (provolone italiano derretido) e o supplì al telefono (bolinhos fritos de risoto recheados com mozzarela). Tábuas de frios e queijos italianos também estão entre as opções, entre eles o queijo que dá nome ao restaurante, feito à base de leite de ovelha. Pecorino - Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 1706. Jardim Paulista. Reservas: 2339-2887

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la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro

Quartiere Coppedè

R

oma é cheia de segredos bem guardados, lugares para visitar que os turistas não conhecem. Um deles é o bairro Coppedè, localizado numa pequena área entre a praça Buenos Aires e a via Tagliamento. Foi projetada pelo arquiteto Gino Coppedè em 1915 e construído entre 1915 e 1927. É um dos lugares mais bonitos da cidade, com atmosfera mágica. O mundo encantado de Coppedè mistura vários estilos, como o liberty (Art Nouveau), Art Déco e Barroco. Mosaicos, afrescos e baixos-relevos são algumas das decorações que ornam os prédios. O passeio começa passando por um arco todo decorado que une dois prédios. Depois, chega-se à Praça Mincio, o centro do bairro, caracterizada pela Fontana della Rane, (Fonte da Rãs). São tantos os detalhes das fachadas dos prédios que a rodeiam que qualquer passante fica maravilhado. Um prato cheio para quem se interessa pelo mundo da arquitetura.

Spaghetti Western

C

omo a maioria das mulheres que conheço, nunca gostei de filme western. Para mim, um filme com mais de dois cavalos sempre foi sinônimo de monotonia. Aquele cenário fajuto de western com uma dúzia de casas capengas, aquela cara de sonso dos atores. Sempre gostei mais de histórias urbanas. Mas recentemente andei me apaixonando pelo gênero western, contagiada pelo meu namorado. É que meninos, desde pequenos, usam fantasia de índio, brincam de mocinho e bandido e, então, o amor pelo far west já começa na infância.

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m aii o 2 0 11 1 1 | c om u n iitt ài à i t a l i an a

Digo que me apaixonei pelos westerns, mas, na realidade, foi pelos westerns italianos, conhecidos como spaghetti western, ou, no Brasil, bang bang à italiana. Para quem não conhece, são os filmes western dirigidos por italianos nos anos 60 e 70, rodados principalmente na Itália e na Espanha, na região da Almeria. Na época, mais de 600 filmes foram realizados. A expressão “spaghetti western”, que nasceu nos Estados Unidos, inicialmente era usada para filmes rodados em italiano com baixo orçamento e poucos recursos. Mas depois a conotação mudou de figura. Somente Sergio Leone, o mestre do gênero, foi reconhecido pela crítica, apesar de vários outros diretores conseguirem popularidade. Os spaghetti western deram uma espécie de recauchutagem, de lifting, para os velhos westerns americanos. Com Sergio Leone eles atingiram a glória. Também pudera, com um diretor inteligente e habilidoso, que praticamente lançou Clint Eastwood quando não era muito conhecido, com as trilhas sonoras de Ennio Morricone, com closes belíssimos nos atores, até eu, que detesto western, comecei a gostar, a partir da Trilogia do Dólar: Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito. Dizem que o famoso poncho usado por Clint Eastwood desde o primeiro filme e em toda a trilogia nunca foi lavado por questões de superstição, para dar boa sorte. Não se sabe bem até que ponto o poncho “sujo” contribuiu ao sucesso de Leone. Mas, com certeza, acabou com meu preconceito contra filme com cavalos.




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