Marinella Elegância que veste homens de valor pelo mundo
Exposição Nero, de imperador incendiário a urbanista criativo
Comércio Franquias brasileiras conquistam sucesso na Itália www.comunitaitaliana.com
ISSN 1676-3220
R 7,00 R$ 11,90
Rio de Janeiro, junho de 2011
Ano XVII – Nº 155
Rio de esporte A cidade do Rio de Janeiro é a primeira a sediar os Jogos Militares no continente. O evento, que contará com grande delegação italiana, é um teste para o país
Política segue tendência europeia e governo sofre derrota
J u nho de 2011
Ano XVII
Nº155
Nossos colunistas 07 | Cose Nostre Câmara de Comércio e Indústria do Rio respira novos ares
10 | Fabio Porta Torino: la prima capitale d’Italia
11 | Ezio Maranesi Diversi: l’Italia di noi emigrati è migliore dell’Italia d’oltre oceano
44
28 | Guilherme Aquino Suíço na
Exposição sobre Nero, em Roma, pretende mostrar aos visitantes uma nova visão do imperador que incendiou a cidade em 64 d.C: a de urbanista talentoso que deixou marcas profundas na arquitetura da capital
CAPA 30 | Jogos Militares Rio de Janeiro recebe mais de cinco mil atletas de 100 países no mês que vem. Delegação italiana promete repetir os recordes das edições anteriores
Política 17 | É o fim? PDL vai à lona nas eleições administrativas, apontadas por Berlusconi como pleito de avaliação do seu governo Comunidade 16 | Alto patrimônio Símbolos paulistas, Edifício Itália completa 55 anos e Circolo Italiano chega ao centenário
Atualidade 24 | Economia latina Hotel Intercontinental é palco do IV Fórum Econômico Mundial para a América Latina
4
Moda 26 | Elegância napolitana Entrevista
Religião 38 | Sangue em Nápoles? Em momento
com Maurizio Marinella, o napolitano que é herdeiro da renomada grife masculina
de tensão política e social, a cidade testemunha novamente o milagre de San Gennaro
Negócios 20 | Trabalho em rede Internacionalização de franquias para a Itália ganha incentivos e gera competitividade
22 | Terra do café Brasil bate recorde de vendas para a Itália e confirma sucesso de parceria bilateral
Entrevista 12 | Marco imortal O escritor Marco Lucchesi vai muito além da literatura
Meio Ambiente 29 | Sustentabilidade em pauta Capital fluminense sedia o Bright Green Cities em pleno debate sobre a reforma do Código Florestal
junho 2011 | comunitàitaliana
39 | Santo casamenteiro Fernando Martins, imortalizado como o Santo Antônio de Pádua, é festejado no Brasil, na Itália e em Portugal
Triennale: pela primeira vez no evento, o fotógrafo Michel Comte apresenta 87 fotos e 20 mosaicos, em Milão
36 | Giordano Iapalucci Castelfiorentino ospita Benozzo Gozzoli. La mostra conta su quattordici opere proveniente da diversi musei italiani
41 | Andrea Ciprandi Ratto Calcio - Il valore dei soldi ed i trasferimenti più clamorosi della storia
48 | Didimo Effgen Tutta Massa da Mirage: a Revix inova e traz para o Brasil os porcelanatos da marca italiana
50 | Claudia Monteiro De Castro Roma da capo a coda – a metrópole europeia que sobrevive da sua História e, aos poucos, tem sua paisagem substituída pela modernidade
Gastronomia 37 | Cucina dell’Italia Ceasar Park de Ipanema abriga o Festival Bella Italia e mostra o melhor da culinária do país
www.telespazio.net.br
Editorial
Expediente
Fundada
Torcida
A
economia carioca tem perspectivas de receber mais de R$ 30 bilhões em investimentos em infraestrutura nos próximos 15 anos. Tamanha injeção de ânimo no desenvolvimento da cidade não se via desde as décadas de 60 e 70, quando foram realizadas as obras do Aterro do Flamengo, da Perimetral, do metrô e da expansão da Barra da Tijuca. Para esta retomada, a aliança política entre os poderes municipal, estadual e federal é vencedora. As reformas de estádios, a abertura de novos corredores viários, as construções de vilas olímpicas, a revitalização portuária, atreladas ao aumento de segurança e melhora nos índices de qualidade de vida da população atraem os olhos do mundo. Todos querem fazer negócio na cidade maravilhosa e os italianos não ficam de fora. É bem verdade que, por motivos políticos, a Itália perdeu tempo e pegou o trem em andamento. Mas, se nos últimos três anos as relações comerciais sofreram por erros estratégicos que engessaram a participação da potência europeia neste contexto de grande entusiasmo, certo é que a Itália acordou. O país saiu da letargia e agora, mesmo atrás se comparado aos contratos já fechados por outras nações, mostra todo o arsenal tecnológico que faz da indústria italiana única e muito competitiva. Evocam-se a grande presença da imigração no Brasil, as afinidades dos povos, os laços culturais, mas todas as paixões nada seriam se Pietro Petraglia não existissem qualidade e competência real. E que a Itália Editor tem excelências que a tornam mais atrativa é fato. Grupos como Finmeccanica, Fincantieri, Fiat, Enel, Eni, Tim, entre tantos outros, estão ai para comprovar. O Momento Itália-Brasil, uma agenda com atrações culturais de peso ajuda, a partir de outubro até junho de 2012, a harmonizar as conversas no campo dos negócios. Nossa capa traz, não por acaso, os Jogos Militares. Um grande teste para o Rio de Janeiro mostrar sua capacidade em organizar grandes eventos. Também uma ocasião que veremos a Itália como uma das maiores delegações e poderemos torcer para que tudo dê certo para brasileiros e italianos. Boa leitura!
em
março
de
1994
Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 06/06/2011 às 18:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Leandro Demori; Fernanda Galvão; Cíntia Salomão Castro; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Divulgação Colaboradores: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Leandro Demori (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno); Robson Bertolino (São Paulo); Stefania Pelusi (Brasília); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Gianfranco Coppola (Nápoles) Publicidade: Osvaldo Requião Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 Cel: (21) 9483-2399 orequiao@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220
6
junho 2011 | comunitàitaliana
cosenostre Julio Vanni
Novos ares ietro Petraglia, de 35 anos, assumiu a presidência da Câ-
P
mara Ítalo-Brasileira de Indústria e Comércio do Rio de Janeiro. Ele é o mais jovem dirigente da história da entidade. A eleição foi realizada na sede da Câmara, no centro do Rio. Em sua gestão, Câmara já participou de dois eventos: a missão “Grandes Eventos Esportivos”, que trouxe empresários italianos interessados em investimentos no Rio para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, e o Rio Global Green Business, que reuniu autoridades, gestores públicos e empresas focadas em economia verde. A abertura de uma seccional da entidade no Espírito Santo, na capital Vitória, está prevista para meados deste mês.
Literatura iagem à Itália é o tema do Prêmio Itapuca de Lite-
V
ratura de 2011, o antigo Prêmio UFF de Literatura. De caráter nacional, o concurso conta com o apoio da Editora UFF, Fundação Euclides da Cunha, Imprensa Oficial do Rio de Janeiro, da Editora Comunità e da Câmara Ítalo-Brasileira de Indústria e Comércio do estado. Além de revelar novos talentos, a iniciativa procura disseminar a cultura italiana e ressaltar a sua importância na cultura brasileira. Poderão concorrer crônicas, contos e poesias. Os três ganhadores – um de cada categoria – serão conhecidos na solenidade de entrega do prêmio, em dezembro.
A volta do Rio-Roma esde o dia 2 de junho, os
Templo docasaMotor de Enzo Ferrari
D
cariocas contam, após dez anos, com um voo direto para Roma. A Alitalia está oferecendo três voos diários, e a previsão é que passe para quatro ainda este ano. Dessa forma, a companhia aérea italiana passa a ser a única que realiza o percurso direto entre as duas cidades. Em 2007, o governador Sérgio Cabral Filho já havia solicitado a retomada da rota, o que reforça a ponte entre autoridades e empresários dos dois países.
A mulher dotreinadora futebol italiana de
A
futebol feminino Carolina Morace, uma das mulheres mais conhecidas da história da Itália, foi nomeada integrante do Comitê Executivo da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf). De acordo com o site oficial, Morace, de 47 anos, representará os interesses do futebol feminino. A italiana, que atualmente é técnica da seleção nacional do Canadá e já atuou como jogadora pela seleção feminina da Itália, passa a ser a primeira e única mulher do Comitê Executivo, formado por mais 12 integrantes.
A A
s comemorações pelos 150 anos da República italiana aconteceram em todo o Brasil. Na capital federal, no dia 1º de junho, a Embaixada foi palco de um show de luzes e de uma apresentação de balé acrobático. No dia 2, em São Paulo, no Teatro Municipal, o público assistiu à execução dos hinos nacionais pelo Coro Lírico do Teatro. A vice-prefeita Alda Marco Antônio e o representante do governo estadual Andrea Matarazzo discursaram sobre a importância da presença italiana no estado, no evento organizado pelo cônsul Mauro Marsili e pelo diretor do ICE, Giovanni Sacchi. Na foto, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, recebe, no Rio, do embaixador La Francesca, o título de comendador da Presidência da República, observado pelo cônsul Umberto Malnati. Os empresários Nilton Chieppe e Pasquale Mauro também foram homenageados na cerimônia.
(1898-1988), em Modena, se tornará um museu e um “templo do Motor”. O antigo casarão, perto do centro de Modena e da estação, foi reestruturado e abrigará uma exposição permanente que contará sua biografia. No museu também haverá uma cafeteria e uma biblioteca, com acesso gratuito. A primeira exposição será dedicada ao automobilismo. O objetivo é atrair 200 mil visitantes por ano à Modena, oferecendo promoções com a Galeria Ferrari de Maranello.
República em festa m 2 de junho, no Dia da Re-
Kron Gracie e Bernardo vencem na Itália s lutadores participaram do torneio BJJ Professional Cup, em Epública, o Presidente da Itália, Giorgio Napolitano, foi ho-
O
Biella, na Itália. Filho de Rickson Gracie, Kron ganhou de Yan Cabral e o campeão mundial Bernardo Faria venceu o campeão brasileiro, Raphael Abi Rihan, por 10x2. Agora os atletas se preparam para disputar as categorias de peso e o absoluto adulto.
Reconhecimento feminino Ministério das Relações Exteriores da Itália anunciou apoio
O
às mulheres africanas candidatas ao Prêmio Nobel da Paz. Para o presidente da Coordenação de Iniciativas de Solidariedade, Guido Barbera, elas se dedicam à família, fazem girar a economia, mas sofrem abusos dos homens. Stefania Craxi, da Chancelaria italiana, disse que o Prêmio seria um passo à frente na batalha em defesa dos Direitos Humanos no mundo.
menageado por um esquadrão da cavalaria e pela Quadrilha da Fumaça no desfile militar, realizado em Roma. Na ocasião, cerca de 40 Chefes de Estado e de Governo e 80 delegações estrangeiras assistiram o desfile, na avenida dos Fóruns Imperiais, em comemoração dos 150 anos da Unificação Italiana. Napolitano estava acompanhado pelo ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, e o chefe do Estado Maior da Defesa, Biagio Abrate.
comunitàitaliana | junho 2011
7
Opinião enquetes
frases
Dois homens são condenados a reclusão por carícias em público em Roma. Concorda com a decisão judicial?
“A beleza não é um pecado original, é uma qualidade”,
Não - 66,7%
“O salário não é o principal fator. Os principais fatores são a cultura e a paixão. Mas o governo não deve aproveitar a paixão do professor para pagar pouco”, Domenico De Masi, sociólogo italiano, durante a feira Educar 2011, em São Paulo.
Giorgia Palmas, modelo italiana, em entrevista à Vanity Fair.
“É raro que ele pergunte minha opinião sobre assuntos públicos. Melhor assim. Quando escrevo uma canção não lhe pergunto se devo fazê-la em sol maior”,
Sim - 33,3% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 03/05/11 a 05/05/11.
Você acha que a morte de Osama Bin Laden vai diminuir o terrorismo no mundo?
Não - 90,9% Sim - 9,1%
“Provavelmente, serão necessários tempo e dor, mas estas mudanças requerem nosso apoio e confiança”,
Giorgio Napolitano, presidente da Itália, sobre as revoltas pela democratização dos países islâmicos.
Carla Bruni, primeiradama da França, falando do marido, Nicolas Sarkozy.
No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 06/05/11 a 10/05/11.
Você é a favor da construção de usinas nucleares na Itália, único do G8 a não ter nenhuma?
Não - 66,7% Sim - 33,3% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 11/05/11 a 16/05/11.
“Se fossi stato più coraggioso avrei scritto meglio e fatto film migliori, avuto una vita migliore. O magari, ad essere troppo coraggioso, sarei già morto”,
“Gattuso que diga a verdade e que o Milan tome uma posição”, Leonardo, treinador do Inter, em nota oficial, após o episódio em que o jogador Gattuso liderava o coro de milanistas que gritavam “Leonardo, uomo di m...”.
Woody Allen, cineasta, em entrevista ao jornal La Repubblica.
no celular
“Può succedere. Ma se succede la sfondo”,
“Tudo tem um início e um fim e essa foi uma escolha técnica”, Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima
Francesco Totti, jogador italiano da AS Roma, sobre a possibilidade de ser traído pela esposa, Ilary Blasi.
Adriano Galliani, dirigente do Milan, sobre a saída de Andrea Pirlo do clube, após 10 anos.
cartas
“P
arabéns à Cintia Salomão Castro pela matéria sobre o restaurante Saltimbocca. Gosto da mistura de culturas na culunária. Não tem como não culminar em pratos interessantes. Sou morador da Tijuca e não vejo a hora de experimentar” Flavio Monteiro Rio de Janeiro – RJ – por e-mail
8
junho 2011 | comunitàitaliana
“G
ostei muito da reportagem “Redescobrindo a Toscana”, de Vanessa Corrêa da Silva. Desde pequena admiro a cultura e a arte italiana. Não sabia que o turismo tinha aumentado tanto na região devido à novela Passione. Espero um dia também conhecer a terra de Santa Catarina e Andrea Bocelli” Karina Santos Porto Alegre – RS – por e-mail
Serviço agenda FOTORIO 2011 O Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, que é considerado o maior da América Latina, reúne grandes nomes do setor. Nesta edição, a homenageada será a Itália. A exposição segue até
17 de julho, no Centro Cultural Correios, Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, RJ. A visitação pode ser feita de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. Telefone: (21) 2253-1580 / Site: www.correios.com.br. Brasile-Italia, L’Arte dell’Incontro No dia 18 de junho será inaugurada a Mostra de Arte Contemporânea: “Brasil-Italia, Arte do Encontro”, no Padiglione delle Nazioni do Festival Latino Americano Expo a Milano. O projeto é de autoria da pintora brasileira Geovana Cléa. Os visitantes
Claudia Buzzetti. As poesias apresentadas durante a mostra são de autoria de Marcia Theophilo, com interpretação de Beth Goulart. O CCFJ fica na Av. Rio Branco, nº241 – Centro – Rio de Janeiro. De terça a domingo, das 12h às 19h. Em cartaz até o dia 31 de julho.
podem conferir arte digital, fotografia, música, escultura e outros segmentos da arte. O vernissage com recepção aos convidados tem início às 18h30. A exposição segue até 25 de junho.
“La Bella Italia” Exposição de moda reúne conjunto de 47 miniaturas de vestidos inspirados na cultura italiana. Os modelos apresentados são vencedores do XI
contemporâneas. O evento ocorre até o dia 27 de junho no Mais Shopping Largo 13, das 10h às 22h. Endereço: Rua Amador Bueno, 229 – Santo Amaro – São Paulo – SP. Outras informações, acesse: www. maisshoppinglargo13.com.br ou ligue para (11) 5546-3000. Entrada franca. Flip 2011 A 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a famosa Flip, será realizada entre os dias 6 e 10 de julho. Sob a curadoria de Manuel da Costa Pinto, a festa de 2011 terá como homenageado o escritor
Ama+zonia: Corpos da Natureza O Centro Cultural da Justiça Federal apresenta o evento de fotografia em celebração dos 150 Anos da Unificação da Itália. A curadoria fica a cargo de
Concurso História da Moda, promovido pela Escola de Moda Sigbol Fashion. As bonecas Barbie vestem criações baseadas na arte e gastronomia
clickdoleitor Pompeia – através dos tempos A história tem como pano de fundo a cidade histórica de Pompeia, que dá título à obra. Com a erupção do Vesúvio, a cidade fica soterrada e completamente esquecida. O autor, Richard Platt, conta, através do professor de literatura grega, Giacopo Martorelli, a reconstrução de Pompeia, transformada em sítio arqueológico. Fazendo o paralelo com o casebre que, simples, se tornou luxuoso, o leitor conhece parte da história e da cultura do Império Romano. Companhia das Letras, 48 páginas, R$ 32,00.
A Divina Comédia de Dante Nesta releitura do épico renascentista, a Divina Comédia, o designer americano Seymour Chwast, cria uma fantasia visual da trajetória de Dante Alighieri e seu guia, o poeta Virgílio, através dos círculos do Inferno, Purgatório e Paraíso. Vestindo chapéus de feltro, os personagens vagam até encontrarem com Deus e Lúcifer. Com as ilustrações, a versão resgata e transforma a complexidade deste clássico, tornando-o compreensível para qualquer leitor. Companhia das Letras, 128 páginas, R$ 33,00.
Arquivo pessoal
naestante
Oswald de Andrade. Dentre os convidados estão Antonio Tabucchi, premiado autor italiano, e Joe Sacco, quadrininista nascido em Malta. Para conferir toda a programação da Flip, acesse: http://www. flip.org.br.
“A
doro passear no Prato della Valle, um dos cartões postais da cidade de Padova, principalmente nos dias de primavera. Após os meses frios e escuros do inverno, é ótimo tomar banho de sol e apreciar a luz do local. Também é um lugar ideal para andar de bicicleta e curtir as feiras e os shows com fogos de artifício”. LUCIANO GALLO Padova, Vêneto — por e-mail
comunitàitaliana | junho 2011
9
opinione FabioPor ta
La prima capitale d’Italia Torino celebra i 150 anni dell’unità d’Italia mostrando una bellezza e uno splendore sorprendenti
S
ono tornato a Torino dopo diversi anni in occasione dell’Assemblea del Consiglio Generale degli Italiani all’Estero; una scelta – quella del CGIE – opportuna e indovinata, un omaggio alla prima capitale d’Italia nel centocinquantesimo anno dall’unificazione del Paese da parte del massimo organismo di rappresentanza dei tanti italiani che vivono nel mondo. Voglio subito dire che la Torino di oggi è davvero una città sorprendente: me la ricordavo cupa e triste, l’ho ritrovata solare e vitale, anche grazie ai festeggiamenti per i 150 anni. Probabilmente questa trasformazione era già avvenuta qualche anno prima; le Olimpiadi invernali del 2006 sono state forse l’occasione migliore, l’opportunità che la città aspettava per tirare da dentro sé stessa il meglio che ha da offrire. La buona amministrazione del sindaco Chiamparino ha fatto il resto e il successo di Piero Fassino del mese scorso ha confermato l’alto gradimento che i torinesi hanno riconosciuto al governo della loro città. Consiglierei a tutti gli italiani, e in primo luogo ai milioni di nostri connazionali che vivono all’estero, di trascorrere alcuni giorni a Torino nei prossimi mesi. Questa città, famosa nel mondo per la FIAT o la squadra di calcio della Juventus (senza fare torto all’altra squadra, il Torino, che negli anni ’50 era imbattibile…), possiede tesori e capolavori meno famosi del Duomo di Milano o del Colosseo, ma altrettanto belli e suggestivi: il Palazzo Reale, la Mole Antonelliana, il Museo Egizio, la Reggia di Venaria… Ma il vero motivo del viaggio, quest’anno, sono le celebrazioni di un secolo e mezzo di storia italiana: qui più che a Roma, Napoli o Milano si
respira il vero spirito del centocinquantenario; ogni vetrina, ogni piazza, ogni balcone hanno un riferimento al tricolore e alla festa dell’unità d’Italia. Una festa che per noi, italiani all’estero, dovrebbe avere un valore speciale. Il governo italiano ha annunciato proprio a Torino, durante i lavori del CGIE, l’emissione di un “francobollo” dedicato al Museo dell’Emigrazione per celebrare la storia degli italiani nel mondo nei 150 anni di unità. Poco forse per rendere il dovuto omaggio ad una e vera e propria epopea che ha contribuito alla crescita ed allo sviluppo del Paese, prima con il coraggioso esodo all’estero che evitò il collasso di intere città e paesi e poi con le rimesse che aiutarono in maniera determinante lo sviluppo di un’Italia ancora povera. Tra i venti e i trenta milioni di italiani furono costretti a lasciare la propria terra nel corso di questo secolo e mezzo di storia unitaria del Paese: a partire erano
La storia dell’emigrazione italiana meriterebbe qualcosa di più del francobollo commemorativo emesso dal governo
10
junho 2011 | comunitàitaliana
i veneti, i trentini, i toscani, gli abruzzesi, i siciliani, i calabresi… La loro lingua era quasi sempre il dialetto e non l’italiano. Eppure, in terra straniera, tutti prima o poi si riscoprivano “italiani”, figli orgogliosi di una patria che non aveva saputo dare loro la speranza in un futuro migliore. Nonostante ciò l’Italia rimase nei cuori di questa gente, ed anzi quasi sempre riaffiorò nei cuori dei loro figli, che anche se nati lontano dalla terra dei padri non smisero mai di amare e sognare quel Paese lontano.
Questa storia meriterebbe qualcosa di più di un piccolo francobollo; dal sudore di questi uomini e di queste donne sono poi nate altre città e altri paesi. Le Americhe prima e l’Europa poi sono state permeate da queste presenze, dal lavoro coraggioso di milioni di persone che con il passare degli anni hanno costituito e consolidato la migliore rete di riferimento per il “made in Italy” nel mondo. Per tutti questi motivi il 2011 non può passare invano; e ha avuto ragione il Presidente della Repubblica italiana Giorgio Napolitano a volere fortemente queste celebrazioni anche quando in alcuni momenti l’insipienza e la miopia di qualche politico italiano aveva provato a mettere in discussione il valore e l’importanza di questa ricorrenza. Per questo, se potete, andate a Torino quest’anno: vi sentirete più italiani!
opinione
EzioMaranesi
Diversi e migliori L’Italia di noi emigrati è migliore dell’Italia d’oltreoceano
È
vero, siamo tutti figli putativi di Leonardo e di Michelangelo. Dal primo abbiamo ereditato l’estro ingegnoso per cavarcela sempre e ovunque. Il secondo ci ha insegnato ad amare la bellezza. Erano gay, e per questo siamo putativi, ma l’italico è un popolo di mascoli, soprattutto in Padania. Bossi ce lo ricorda sempre. Secoli di rapace dominio altrui ci hanno imposto la criminale prepotenza delle mafie, la triste prevaricazione dei furbetti, l’egoismo indifferente dei politicanti e la colpevole rassegnazione dei piccoli borghesi. Molti hanno potuto o dovuto andarsene, alla ricerca di un nuovo mondo. Siamo noi emigrati. Abbiamo conosciuto altra gente e altri costumi. Siamo ora diversi dai nostri fratelli d’Italia e, ne sono certo, siamo migliori. La nostra debolezza e la nostra forza è la nostalgia del paesello. Non dell’Italia che oggi celebra con le orecchie basse i suoi 150 anni, ma della terra e del tempo che noi là abbiamo vissuto. Vengo dalla bassa padana e ho nel cuore le nebbie del Po, cosí come il senese ha negli occhi la dolcezza dei colli della Val d’Elsa e il napoletano ricorda la Napoli splendida di un tempo, una Napoli che non esiste più, sepolta com’è dalle immondizie e dal malgoverno. L’idea dell’Italia unita ci sembra una astrazione; l’Italia che noi abbiamo nel cuore è molto concreta: il paesello e dintorni. Anche il fratello “italiano” è una creatura astratta; il nostro vero e concreto fratello è il nostro compaesano. I media e l’auditel sono impietosi: l’immagine che ci danno dei fratelli italici – o dobbiamo ormai dire cugini? – è irritante: rissosi, abulici, banali e inconcludenti. Scenette indicative: l’oracolo Celentano, grande artista, avvincente per i suoi lunghi silenzi, parla per 15 minuti filati nella arena di Santoro: 15 minuti di banale logorrea. La platea applaude. Nella stessa arena, cosí come in quella di Paragone, di Vespa, di Floris, i politici si scannano: tutti gridano, come rane dello stagno in una notte di calda estate. Il coro irrita ma la platea applaude, vuole la rissa. I naufraghi famosi – chi li conosce?
– annoiano e affliggono per lunghe ore: un monumento al nulla. Ci aspetteremmo una platea impietrita, sgomenta o almeno rassegnata, e invece essa si diverte. Le stelle ballano ore e ore: l’italico resta incollato al televisore e l’auditel si impenna. Sara, Yara e Melania sono assassinate, e il nostro ex fratello morboso, ormai solo cugino, vuol conoscere i più insignificanti dettagli, decide l’assassino e lo lincia. Questo ci mostra RAI Italia e, dobbiamo supporre, questo è ciò che il cugino vuole. Noi emigrati vorremmo qualcosa di meglio. Da quando ce ne siamo andati l’Italia è cambiata, e cambia: in peggio. Cambiano l’umore, il senso morale, l’impegno civico, le aspettative, la fiducia; una malsana involuzione culturale ha colpito l’Italia e l’intero occidente. Non si vede più quella sana rabbia e voglia di fare che noi avevamo;
La penisola sembra una pipe-line nella quale entrano poveracci somali e cartaginesi e escono laureati italiani che, con coraggio, vanno in cerca di fortuna nel mondo cosí come abbiamo fatto noi
si vede rassegnazione, paura e inerzia. La protesta, quando c’è, è violenta. Il mondo del lavoro è cambiato, e l’italiano stenta a rendersene conto e reagire. L’immigrazione è inarrestabile e l’Italia fatica a gestirla. La penisola sembra una pipe-line nella quale entrano poveracci somali e cartaginesi e escono laureati italiani che, con coraggio, vanno in cerca di fortuna nel mondo cosí come abbiamo fatto noi. Si sperava che quei tempi fossero finiti. Sui treni del metrò di Milano vedi solo indiani e neri. Toto Cutugno, ormai canta: “(...) ne sono fiero – sono italiano – italiano nero”. L’Italia sa essere accogliente, ma cambia colore e l’italiano ha paura di ciò che non conosce. E i politici ci speculano. L’altra Italia, la nostra Italia, l’Italia che abbiamo nel cuore, è quella dei nostri ricordi. Non è cambiata e non vogliamo cambiarla perché siamo certi fosse migliore. Ormai c’è molto più che un oceano che ci separa; siamo due mondi diversi. Noi non possiamo chiedere né aspettarci molto da quella Italia, e infatti nulla, o quasi, ci è dato. comunitàitaliana | junho 2011
11
Entrevista
Marco infinito Escritor e poeta ítalo-brasileiro Marco Lucchesi alcança a façanha de entrar para a Academia Brasileira de Letras aos 47 anos
Scrittore e poeta italo-brasiliano Marco Lucchesi compie la prodezza di entrare nell’Accademia Brasiliana di Lettere a 47 anni Cintia Salomão Castro
D
iante de um público que lotou o Salão Nobre do Petit Trianon, na Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio, na noite do dia 20 de maio, o escritor ítalo-brasileiro Marco Lucchesi tomou posse na cadeira de número 15, que pertenceu ao Padre Fernando Bastos de Ávila, falecido em 2010. Membro mais jovem já eleito pela ABL, Lucchesi fez questão de dizer em seu discurso de posse que “questões de idade nunca lhe interessaram” e que se considera um dos mais “velhos” membros da entidade. O presidente da ABL, Marcos Vinicious Vilaça, afirmou que a chegada do escritor, dotado de erudição ecumênica, constitui uma contribuição das mais valiosas para o quadro da Academia. — Jovem e brilhante, certamente ele irá contribuir para os nossos projetos e propostas. O que espanta é que não estivesse na Casa há mais tempo. Sua obra é sua busca — declarou. Autor de livros em português e italiano — entre eles Meridiano celeste & bestiário, finalista do Jabuti de 2007, e Lucca dentro, que levou o prêmio da Câmera de Comércio de Lucca — o escritor se define, nesta entrevista à Comunità, “um brasileiro recente”, que nasceu “anfíbio”, com “duas línguas e dois corações”. Ele conta que aprendeu amar a língua portuguesa duas vezes, como brasileiro e filho de italianos. 12
junho 2011 | comunitàitaliana
D
i fronte ad un pubblico che ha riempito il Salão Nobre del Petit Trianon, presso l’Accademia Brasiliana di Lettere al centro di Rio la sera del 20 maggio, lo scrittore italo-brasiliano Marco Lucchesi è stato insediato nella poltrona numero 15, già appartenuta a Padre Fernando Bastos de Ávila, scomparso nel 2010. Membro più giovane già eletto dalla ABL, Lucchesi ci ha tenuto a dire, nel suo discorso di insediamento, che “questioni legate all’età non gli sono mai interessate”e che si considera uno dei più “anziani” membri dell’istituzione. Il presidente della ABL, Marcos Vinicios Vilaça, ha detto che l’entrata dello scrittore, dotato di erudizione accademica, costituisce un contributo tra i più validi per il corpo della Accademia — Giovane e brillante, sicuramente contribuirà ai nostri progetti e proposte. Ci sembrava strano che non fosse entrato nella Casa da più tempo. Il suo lavoro è la sua ricerca — ha dichiarato. Autore di libri in portoghese e italiano – tra cui Meridiano celeste & bestiario, finalista del premio Jabuti del 2007, e Lucca dentro, che ha vinto il premio della Camera di Commercio di Lucca – lo scrittore si definisce in questa intervista rilasciata a Comunità “un brasiliano recente”, che è nato “anfibio”, con “due lingue e due cuori”. E ci racconta che ha imparato ad amare il portoghese due volte, come brasiliano e come figlio di italiani.
Comunità Italiana — Come hai ricevuto la notizia della tua elezione alla poltrona nº 15, essendo il membro più giovane dell’Accademia Brasiliana di Lettere? Questo che significato ha per te? Marco Lucchesi — Sono stato ricevuto in modo generoso nella Casa di Machado. Non grazie ai 34 dei 38 voti possibili, o perché sono entrato a soli 47 anni. Più che i numeri, il gesto simbolico e l’amicizia. Sono solo un lettore. Contundente? Contumace. Sarò l’accademico più anziano della Casa, mentre Cleonice Berardinelli o Evaristo de Morais ne saranno sicuramente i più giovani. Mi piace ricordare Evandro Lins e Silva, una delle figure di spicco della storia del Brasile, che da più di un decennio ha lanciato il mio nome per la ABL. Ciò significa proseguire il lavoro e la passione per la letteratura.
CI — O italiano, para você, é uma língua materna, devido às origens da sua família, e o português, o idioma de “fora de casa”, do convívio social. Pode explicar um pouco como esse bilinguismo influenciou na sua produção literária? E como você percebe a influência do idioma italiano no seu português? ML — Sou um brasileiro recente. Nasci anfíbio. Tenho duas línguas e dois corações. Metade adesão. Metade abandono. Trégua feroz. E surda guerra. Um solo a duas vozes. Violino e contrabaixo. E já não sei qual dessas vozes melhor me pronuncia. Um verso de Luzi e outro, de Drummond. As fontes de Roma e o Maracatu de Mignone. Duas pátrias e duas línguas. A primeira veio dos olhos castanho-claros de minha mãe, onde sorvi a língua toscana: a melodia sinuosa das colinas que impedem que os de Lucca vejam os de Pisa, como disse Dante; o aroma puríssimo do azeite das terras de Massarosa e o céu em chamas à beira do crepúsculo; verbos e palavras antigas, como acquaio, brago e polla, que se entrelaçam com a espessa vegetação do lago de Massaciuccoli; a altura das vogais, como a da torre da igreja de Pieve a Elici, onde me perco num sonho de ascensão. Minha memória absorve passagens da Divina comédia, como a de Paolo e Francesca. A outra língua é a portuguesa, a que aprendi a amar duas vezes, como brasileiro e filho de italianos. Língua de matriz antiga, de ínvios mares e sertões bravios, como do Esmeraldo de situ orbis; subúrbios da Leopoldina e praias antigas, como Icaraí, Adão e Eva, Jurujuba; língua de nações indígenas e africanas; língua de Vieira, contra as armas de Holanda; do magma de Guimarães Rosa; das tempestades que varrem a obra de Clarice; do abismo em que flutua o delírio de Brás Cubas. Todos repercutem em meu destino de escritor. São estes os fantasmas que habitam minha nau peregrina. Vivo um atlântico de extremos. Naufrágio e calmaria. Destino e perdição. Qualquer coisa de intermédio que vai de mim para o outro. Da máquina do mundo ao amor de Francesca. Donde essa paixão visceral por Dante e Camões. Sou como um duplo cercado de espelhos. Imagem perdida na Ilha dos Amores ou na praia do Purgatório. Vasco e Virgílio. Afinal, amor meus, pondus meum. Meu amor é meu peso. E quanto a mim, não tenho outra saída senão a de multiplicar por dois minha densidade rarefeita.
CI — Per te l’italiano è lingua materna grazie alle origini della tua famiglia, e il portoghese la lingua usata “fuori casa”, del vissuto sociale. Potresti spiegare meglio come questo bilinguismo ha influito sulla tua produzione letteraria? E come percepisci questo influsso dell’italiano nel tuo portoghese? ML — Sono un brasiliano recente. Sono nato anfibio. Ho due lingue e due cuori. Metà adesione. Metà abbandono. Tregua feroce. E sorda guerra. Un assolo a due voci. Il violino e il contrabbasso. Non so più quale di queste voci mi pronuncia meglio. Un verso di Luzi e un altro, di Drummond. Il Maracatu di Mignonee i Crisantemi di Puccini. Due patrie e due lingue. La prima è venuta dagli occhi castano chiaro di mia madre, da cui ho sorbito la lingua toscana: la melodia sinuosa delle colline che impediscono che quelli di Lucca vedano coloro di Pisa, come disse Dante; l’aroma purissimo dell’olio delle terre di Massarosa e il cielo in fiamme verso il crepuscolo; verbi e parole antiche, come acquaio, brago e polla, che si intrecciano con la spessa vegetazione del lago di Massaciuccoli; l’altezza delle vocali, come quella della torre della chiesa di Pieve a Elici, dove mi perdo in un sogno di ascensione. La mia memoria assorbe brani della Divina Commedia, come quello di Paolo e Francesca. L’altra lingua è quella portoghese, che ho imparato ad amare due volte, come brasiliano e come figlio di italiani. Lingua dall’antica matrice, di impervi mari e sertões selvaggi, come dello Esmeraldo de situ orbis; sobborghi della Leopoldina e antiche spiagge, come Icaraí, Adamo ed Eva, Jurujuba; lingua di nazioni indigene e africane; lingua di Vieira contro le armi olandesi; dell’abisso in cui fluttua il delirio di Brás Cubas. Tutti ripercuotono nel mio destino di scrittore. Sono questi i fantasmi che popolano la mia nave pellegrina. Vivo un atlantico di estremi. Naufragio e quiete. Destino e perdizione. Qualsiasi cosa intermediaria che vada da me verso l’altro. Dalla macchina del mondo all’amore di Francesca. Da cui nasce questa passione viscerale per Dante e Camões. Sono come un doppio circondato da specchi. Immagine perduta nell’Isola degli Amori o sulla spiaggia del Purgatorio. Vasco e Virgilio. In fondo, amor meus, pondos meum. Il mio amore è il mio peso. E per ciò mi riguarda non ho altra soluzione se non quella di moltiplicare per due la mia densità rarefatta. ABL/ Guilherme Gonçalves
Comunità Italiana — Como você recebeu a notícia da sua eleição para a cadeira de número 15, sendo o integrante mais jovem da Academia Brasileira de Letras? O que ela significa para você? Marco Lucchesi — Fui recebido de modo generoso na Casa de Machado. Não pelos 34 votos dos 38 possíveis, ou pelo fato de entrar aos 47 anos. Mais que os números, o gesto simbólico e a amizade. Sou apenas um leitor. Contundente? Contumaz. Serei o acadêmico mais velho da Casa, ao passo que Cleonice Berardinelli ou Evaristo de Morais serão decerto os mais jovens. Gosto de lembrar de Evandro Lins e Silva, uma das figuras de proa da história do Brasil, que há mais de uma década lançou meu nome para a ABL. Significa prosseguir no trabalho e na paixão da literatura.
O Presidente da ABL, acadêmico Marcos Vinicios Vilaça com o novo acadêmico Marco Lucchesi, na posse
Il presidente della ABL, l’accademico M. V. V., con Marco Lucchesi nel suo insediamento
comunitàitaliana | junho 2011
13
Entrevista Currículo também infinito
O
carioca Marco Lucchesi é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Colégio do Brasil, e muito mais. Formado em História pela UFF, doutor em Ciência da Literatura pela UFRJ e pós-doutor em Filosofia da Renascença na Universidade de Colônia, Alemanha, seu currículo inclui as atribuições de pesquisador do CNPq e editor da coordenação geral de pesquisa e editoração da Biblioteca Nacional. Também é professor-visitante da Universidade de Roma Tor Vergata e da Universidade de Craiova, na Romênia. Entre suas publicações estão: Meridiano celeste & bestiário (Prêmio Alphonsus de Guimarães 2006 da Biblioteca Nacional e finalista do Prêmio Jabuti 2007); A memória de Ulisses (prêmio UBE João Fagundes de Meneses 2007); O Dom do Crime; Sphera (Menção Honrosa do Prêmio Jabuti 2004, Prêmio UBE de Poesia Da Costa e Silva 2004 e pré-finalista do Prêmio Portugal Telecom 2004); Poemas reunidos (finalista do Prêmio Jabuti 2002); Os olhos do deserto; Saudades do paraíso; O sorriso do caos; Teatro alquímico (Prêmio Eduardo Frieiro 2000 da Academia Mineira de Letras); Caminhos do Islã; Faces da utopia; A paixão do infinito e Bizâncio (Comenda Espatário da Trebizonda, finalista do Prêmio Jabuti 1999). Em italiano, os livros: Poesie (Prêmio Cilento 1999), Lucca dentro (Prêmio da Câmera de Comércio de Lucca); Hyades e La gioia del dolor.
CI — Você fala quantos idiomas? E como esse multilinguismo, essa alquimia de palavras, afeta sua vida pessoal e seu modo de conceber o mundo e os seus pensamentos? ML — Como lembra Evanildo Bechara, temos de ser poliglotas em nossa própria língua. Que é o que importa sobretudo. Ótima definição: alquimia de palavras. Teatro alquímico. Não sei quanto afeta ou desafeta. Mas é um dado forte. São dezesseis aproximadamente. O importante não é dominar uma língua, mas que a língua nos domine. O que é muito árduo. Importame chegar aos sons da literatura de outros sistemas e países. Cada língua é uma paisagem fulgurante. CI — O Oriente e o deserto são temas recorrentes em suas obras. Poderia nos explicar de onde surgiu esse interesse? O que o deserto simboliza para você? ML — Foi uma fase longa que não se encerrou de todo. Do deserto físico, e foram tantos, em uma década, ao sertão profundo. O deserto é uma espécie de imagem aberta, acerca da qual tudo se pode dizer. Ou silenciar. Lembro da tempestade de areia em Riade, na Arábia, em 2009. Tanta poeira em meus olhos, uma nuvem imensa. E desde então vejo as coisas diferentes. Mas é o deserto da Síria, sobretudo. E das vastas solidões. E do diálogo. CI — Qual ou quais os escritores italianos que mais o influenciam e por que? E os brasileiros? ML — Todos influenciam. Ótimos, péssimos e bons. Sempre aprendemos. O que se pode e o que não se deve fazer. Minha dívida é enorme, conto com a amabilidade de meus tantos credores. CI — Você recebeu, em 2001, o Premio Nazionale per la traduzione do Ministero dei Beni Culturali da Itália. Em uma de suas afirmações, você disse que se considera mais que um tradutor - alguém que busca uma das formas de expressão mais intensas e genuínas. Poderia falar um pouco sobre as dificuldades e alegrias do trabalho do tradutor, principalmente no que se refere ao italiano-português? ML — Essa é uma questão interessante. Eu afirmava na ocasião minha identidade de leitor. De que também a tradução é parte. Como é difícil trabalhar entre duas línguas de que se é bilíngue. Num certo sentido para mim foi mais fácil traduzir do russo ou do alemão. O que é próximo é mais distante. E o que é 14
junho 2011 | comunitàitaliana
CI — Quante lingue parli? E questo multilinguismo, questa alchimia di parole, come influisce nella tua vita personale e nel tuo modo di concepire il mondo e le tue idee? ML — Come ricorda Evanildo Bechara, dobbiamo essere poliglotti nella nostra stessa lingua. Che è la cosa più importante. Ottima definizione: alchimia di parole. Teatro alchemico. Non so quanto interessa o disinteressa. Ma è un dato forte. Sono circa sedici. L’importante non è dominare una lingua, ma farci dominare da essa. Il che è veramente arduo. Mi interessa arrivare ai suoni della letteratura di altri sistemi e paesi. Ogni lingua è un paesaggio folgorante. CI — L’Oriente e il deserto sono temi ricorrenti nelle tue opere. Potresti spiegarci da dov’è nato questo interesse? Il deserto cosa simbolizza per te? ML — E’ stata una lunga fase che non si è conclusa completamente. Del deserto fisico, e sono stati tanti, in un decennio, al profondo sertão. Il deserto è una specie di immagine aperta, della quale si può dire tutto. O rimanere in silenzio. Ricordo una tempesta di sabbia a Riade, in Arabia, nel 2009. Tanta polvere nei miei occhi, un’immensa nuvola. E da allora vedo le cose in altro modo. Ma è, soprattutto, il deserto della Siria. E delle vaste solitudini. E del dialogo. CI — Di quali scrittori italiani hai ricevuto più influssi e perché? E tra i brasiliani? ML — Sono stato influenzato da tutti. Ottimi, pessimi e bravi. Si impara sempre. Ciò che si può e ciò che non si deve fare. Il mio debito è enorme, conto sull’amabilità dei miei tanti creditori. CI — Nel 2001 hai ricevuto il Premio Nazionale per la traduzione dal Ministero dei Beni Culturali italiano. In una delle tue affermazioni hai detto che ti consideri più di un traduttore – qualcuno in cerca di una delle forme di espressione più intense e genuine. Potresti parlare un po’ delle
Em sentido horário: Marco Lucchesi recebe condecoração das mãos do ex-presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi; com o aiatolá Numani em Teerã; com o poeta Mario Luzi e com o escritor Umberto Eco
In senso orario: M. L. riceve insegne onorifiche dalle mani dell’ex presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi; con l’ayatollah Numani a Teheran; con il poesta Mario Luzi e con lo scrittore Umberto Eco
difficoltà e allegrie del lavoro di un traduttore, specialmente per ciò che riguarda l’italiano-portoghese? ML — Questa è una domanda interessante. Allora, in quel caso, parlavo della mia identità di lettore. Di cui fa parte anche la traduzione. Com’è difficile lavorare tra due lingue di cui si è bilingue. In un certo senso per me è stato più facile tradurre dal russo o dal tedesco. Ciò che è vicino è più distante. E quello che è distante, vicino. Ma insisto [nel dire] che l’essenziale è il dialogo della letteratura con il mondo e con le idee.
distante, próximo. Mas insisto que o essencial é o diálogo da literatura com o mundo e com as ideias. CI — Está trabalhando em algum novo projeto, algum livro novo? Se sim, poderia nos contar? ML — Trabalho diuturno com um romance. E uma tradução bem ampla. Mas sou muito reservado nesses assuntos. CI — Seu trabalho como professor universitário o deixa em permanente contato com a escritura das novas gerações. Como vê a forma com que juventude brasileira escreve hoje? ML — Bem. Muito bem. Na Universidade e fora. Dirigi a revista Poesia Sempre e preparei diversas antologias, dentre as quais uma que saiu pela Global. Vejo muitas vozes importantes. Nascentes. Não vou citar uma lista, por motivos de segurança, mas os nomes não são poucos, não se concentram no sudeste, e pertencem a várias gerações.
CI — Stai lavorando a qualche nuovo progetto, qualche libro nuovo? Se sí, ce ne potresti parlare? ML — Lavoro diuturno su di un romanzo. E una traduzione ben ampia. Ma sono molto riservato su questi temi. CI — Il tuo lavoro come professore universitario ti fa stare in permanente contatto con la scrittura delle nuove generazioni. Come reputi la forma di scrittura della gioventù brasiliana dei giorni d’oggi? ML — Bene. Molto bene. Dentro e fuori dall’Università. Ho diretto la rivista Poesia Sempre e ho preparato varie antologie, tra cui una pubblicata dalla Global. Vedo molte voci importanti. Nascenti. Non ne voglio fare una lista, per motivi di sicurezza, ma i nomi non sono pochi, non sono solo del sud-est e appartengono a varie generazioni.
CI — Para você, qual é a obra sua que guarda mais significado com a sua relação com a cultura italiana? E por qual motivo? ML — Creio que em todas se reflete essa presença. Mas é claro, nos livros em que escrevi diretamente em italiano, como Poesie, Lucca dentro, Hyades e La gioia del dolore. A minha cultura italiana é essencialmente toscana. Da Maremma. Ou da Versilia. E Florença. E Lucca.
CI — Secondo te qual è la tua opera che più significativa in rapporto alla tua relazione con la cultura italiana? E perché? ML — Credo che questa presenza si rifletta in tutte. Ma è chiaro, i libri che ho scritto direttamente in italiano, come Poesie, Lucca dentro, Hyades e La gioia del dolore. La mia cultura italiana è essenzialmente toscana. Della Maremma. O della Versilia. E Firenze. E Lucca.
Fotos: arquivo pessoal
CI — O Brasil tem estado em evidência, nos últimos anos, em nível global, devido ao seu avanço econômico. Você vê essa ascensão se refletir na vida cultural e literária do país? ML — Claro. O sistema literário fica mais forte. Mais espaços. Maiores desafios. As bibliotecas se espalham pelas escolas. O importante agora é assumir um compromisso profundo com a qualidade da educação. Tenho alguma esperança.
CI — Il Brasile negli ultimi anni è sempre più in evidenza, a livello globale, grazie ai suoi sviluppi economici. Hai notato se questa ascensione si riflette sulla vita culturale e letteraria del paese? ML — Certo. Il sistema letterario si rafforza. Più spazi. Sfide maggiori. Le biblioteche si disseminano per le scuole. Ora l’importante è assumere un profondo impegno per la qualità dell’educazione. Ho qualche speranza.
Curriculum altrettanto infinito
I
l carioca Marco Lucchesi è professore presso l’Universidade Federal do Rio de Janeiro e del Colégio do Brasil, e molto di più. Laureato in Storia alla UFF, dottore in Scienza della Letteratura alla UFRJ e con post dottorato in Filosofia del Rinascimento ottenuto presso l’Università di Colonia, in Germania, il suo curriculum include gli impegni come ricercatore del CNPq ed è editore del coordinamento generale di ricerca e editoramento della Biblioteca Nacional di Rio. Inoltre è professore visitante dell’Università di Roma Tor Vergata e de dell’Università di Craiova, in Romania. Tra i suoi libri pubblicati citiamo: Meridiano celeste & bestiário (Premio Alphonsus de Guimarães 2006 della Biblioteca Nacional e finalista del Prêmio Jabuti 2007); A memória de Ulisses (premio UBE João Fagundes de Meneses 2007); O Dom do Crime; Sphera (Menzione d’Onore al Premio Jabuti 2004, Premio UBE di Poesia Da Costa e Silva 2004 e pre finalista del Premio Portugal Telecom 2004); Poemas reunidos (finalista del Prêmio Jabuti 2002); Os olhos do deserto; Saudades do paraíso; O sorriso do caos; Teatro alquímico (Premio Eduardo Frieiro 2000 dell’Academia Mineira de Letras); Caminhos do Islã; Faces da utopia; A paixão do infinito e Bizâncio (Comenda Espatário da Trebizonda, finalista del Premio Jabuti 1999). In italiano ha scritto i libri: Poesie (Premio Cilento 1999), Lucca dentro (Premio della Camera del Commercio di Lucca); Hyades e La gioia del dolore.
comunitàitaliana | junho 2011
15
Comunidade
Alto patrimônio Maior símbolo da metrópole paulista, o Edifício Itália completa 55 anos e o Circolo Italiano chega ao seu centenário no mês que se comemorou o dia das mães Fernanda Galvão
C
omo o estereótipo da “mamma”, que reúne a todos em seu regaço, São Paulo abriga uma das maiores comunidades italianas do país e luta, desde os tempos da imigração, para que esta cultura se mantenha viva na memória e ativa no cotidiano. Restaurantes, indústrias e associações povoam as ruas da metrópole paulista trazendo a marca da terra natal, do velho continente. Mas, a arquitetura talvez seja um dos grandes motivos de alegria para toda esta família. Trata-se do Edifício Itália, cartão postal do sudeste, anunciado nas páginas do jornal Estado, em 3 de maio de 1956.
16
Idealizado pelo arquiteto alemão Franz Heep, na época, o prédio era o mais alto da América do Sul, contando 150 metros. Hoje, é protegido pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico - Condephaat. Imponência que despertou desafios. Em 2008, o arranha-céu foi escalado pelo alpinista Alain Robert, conhecido como Homem-Aranha. Ousadia deveria fazer parte da alcunha também. Sem autorização dos policiais militares, o francês subiu os mais de 40 andares sem se importar com os seguranças locais. Entretanto, não é necessária tanta sagacidade para adentrar e caminhar pelos corredores do Edifício Itália. Apesar da presença dos agentes de segurança, não há câmeras nem crachás. Qualquer indivíduo entra sem indentificação. Em suas dependências, funcionam os famosos Terraço Itália, localizado nos 41º e 42º andares, com belíssimo restaurante, e o Circolo Italiano São Paolo. O primeiro foi inaugurado pelo prefeito Faria Lima, em 1967. O segundo, em 13 de abril de 1911. Quem está na direção do Circolo Italiano, há 16 anos, é Giuseppe Cappellano. Com 77 anos, casado e
junho 2011 | comunitàitaliana
Aviso publicado sobre o lançamento do edifício, na década de 1950. A construção foi durante muito tempo a mais alta da capital paulistana
pai de quatro filhos, acompanha diariamente a rotina e o desenvolvimento constante da associação ítalo-brasileira mais antiga da cidade. É o mais antigo sócio também. Conforme seu estatuto define, o Circolo “é uma sociedade civil, sem fins lucrativos e políticos e tem como finalidade manter algo e respeitado o nome da Itália, guardando suas tradições e cultivando seu idioma, incentivando o relacionamento entre italianos aqui residentes, através de suas manifestações, com o devido respeito por este nobre e hospitaleiro País”. Tarefa esta muito bem desempenhada. Lá, cada detalhe remete à Itália. Para começar, todos falam o idioma de Dante Alighieri ou um dos tantos dialetos. A decoração é refinada – lustres de murano, paredes em mármore. Na culinária, sem modernidades. O que reina é a antiga e deliciosa cucina italiana. Para embalar os almoços em família, a Tarantela e Torna Sorrento. Entretanto, neste lugar em que passado e presente se entrelaçam, o futuro é a grande preocupação. Com um patrimônio avaliado em R$ 31 milhões, o Circolo Italiano quase não possui jovens. A palavra de ordem? Renovação. — Sempre tive receio de enaltecer a Itália para os meus filhos. O Brasil é nossa terra. Por isso, eles não se envolveram. O desafio do centenário é rejuvenescer o clube. Caso contrário, não teremos para quem deixar tudo isso — analisa Cappellano. Vizinho do famoso projeto arquitetônico Copan, de Oscar Niemeyer, e exibindo uma realidade que faz esquecer um pouco da nossa, as comemorações seguem até maio de 2012, devido ao Ano da Itália no Brasil. Entre vozes, sotaques e gravatas borboletas, essa volta ao passado remete à famosa música de Andrea Bocelli, cujo nome – Itália – não poderia ser diferente: “questa melodia nasce dentro me sempre più, la nostalgia che ho di te amore e dolce terra mia...” Enquanto isso, com vista panorâmica de São Paulo através do terraço, a torcida é para que as próximas gerações saibam cuidar desse pedacinho da Itália em terras brasileiras, como fazem os mais de 400 sócios.
Política
“Meu funeral”
PDL vai à lona nas eleições administrativas, apontadas por Berlusconi – antes do voto – como pleito de avaliação de seu governo. E há uma “guerra nuclear” pela frente Leandro Demori
A
De Roma
Milão de “Milano Due”, o mítico bairro construído por Silvio Berlusconi nos anos 70 e cavalo de batalha do premier em seus anos de política, galopa sem freio. Letizia Moratti, prefeita da cidade e candidata à reeleição nas eleições de maio foi superada pelo candidato da coalizão de centroesquerda Giuliano Pisapia, o que provocou um vendaval quase incontrolável nos palácios do poder. Com 55% dos votos, Pisappia derrotou a preferida de Berlusconi após haver forçado um segundo turno em quase 20 anos de predominância da direita na cidade. O sofrimento de Berlusconi não representa apenas o dano emocional de perder o controle da “sua Milano”, fonte de seu império e marca do seu poder como empreendedor de sucesso e político de ascensão fulminante. Berlusconi decidiu ir além e se envolver pessoalmente na disputa, sentando-se à mesa e apostando alto em seu próprio charme eleitoral para empurrar seus candidatos. Em Milão, o premier trabalhou como puxador de votos para La Moratti, fez comícios e declarações públicas cotidianas em clima de tudo ou nada. O resultado foi desastroso. Silvio Berlusconi amealhou a metade dos votos que havia recebido em 2006: 27 mil dos 53 mil da eleição passada. Para piorar, antes da votação, o premier foi categórico em postar as eleições de Milão como uma espécie de referendo para seu governo. “Se não faço 53 mil votos a esquerda faz meu funeral”, disse em 18 de maio do palanque do último comício. O desempenho do Popolo della Libertà na capital lombarda é atribuído a uma declaração de Letizia Moratti ainda no primeiro turno. Em sua última fala no debate derradeiro com Pisapia, acusara o concorrente de ter roubado um furgão durante os anos de chumbo na Itália. O carro teria sido usado,
depois, para um sequestro. Como Moratti era a última a falar, Pisapia não pôde se defender ao vivo. A polêmica instaurou o caos entre as duas coligações logo após o programa por um detalhe que Moratti ‘esquecera’ de mencionar: Pisapia fora declarado inocente pela Justiça em 1985. Mais: poderia ter recebido uma anistia anos antes, mas se negou a aceitar o conselho de seus advogados e enfrentou o processo até o final. Crente de sua inocência, venceu. Após fechadas as urnas, a coligação de centro-direita teve a real dimensão do debate. Partidos de centro-esquerda – sobretudo o Partito Democratico – que entraram no pleito divididos e enfraquecidos acabaram se fortalecendo. As eleições em Milão dividiram atenções com as de outras três cidades cruciais: Napoli, Torino e Bologna. As duas últimas foram arrebatadas pela centro-esquerda ainda no primeiro final de semana de votação – um peso para futuros pleitos nacionais. Na Napoli do Vesúvio, dos castelos, do mar azul e das toneladas incontáveis de lixo ainda hoje espalhadas pelas ruas, uma surpresa levou o candidato de Berlusconi, Giovanni Lettieri, a encarar um segundo turno duríssimo. O oponen-
Pisappia (acima) derrotou Letizia Moratti, candidata preferida de Silvio Berlusconi
te era Luigi de Magistris, candidato do partido Italia dei Valori que, assim como o presidente da legenda, Antonio di Pietro, é um ex-magistrado conhecido nacionalmente por importantes investigações contra corrupção pública, mas também por ter sido acusado judicialmente por abuso de poder nas investigações. Entre acusações e polêmicas de ambas as partes, de Magistris soterrou Lettieri amealhando 65% das preferências no segundo turno e se tornando prefeito da cidade. As derrotas em Milão e Napoli se deram em um contexto desfavorável ao governo. Em meados de junho a Itália passa por um referendo popular nacional sobre a reativação de seu programa atômico. No ano passado, Berlusconi havia selado contratos com Nicolas Sarkozy para importar tecnologias francesas com intuito de construir centrais nucleares, ausentes no território do país. Com aquisição de assinaturas em várias cidades, no entanto, grupos de pressão contrários à proposta conseguiram aprovar na Câmara e no Senado uma votação para que os italianos se manifestem sobre o assunto. O programa atômico já havia sido interrompido em 1987 (quando duas centrais já estavam em construção, o que representou prejuízo de trilhões de liras) porque 80% dos italianos disse ‘não’ ao nuclear. Hoje, apenas 12% do consumo é gerado em território nacional. A balança desfavorável faz com que o país gaste 30 bilhões de euros por ano com importações de gás, petróleo e também energia atômica produzida em centrais da França. A conta, como não poderia deixar de ser, é paga pela população: a luz italiana é a mais cara da Europa. O medo de acidentes nucleares movem as bandeiras contra as centrais. A dificuldade maior, a princípio, seria convencer a população a votar. Mesmo que os planos de Berlusconi caiam por terra no referendo, o plebiscito será considerado nulo caso não haja quorum de ao menos 50% dos eleitores. Um dado preocupa os ativistas e pode fazer uma das poucas alegrias de Berlusconi nesse meio de ano. No primeiro turno das eleições municipais, 51,9% dos eleitores compareceram às urnas. A bola bateu na trave e entrou. Dono do Milan, o primeiro-ministro deve andar de dedos cruzados para ver se, no próximo chute, a rede não balança. Paradoxalmente, seria um gol e tanto.
comunitàitaliana | junho 2011
17
Negócios
Por um lugar na arena Evento reuniu expoentes do setor empresarial da Itália e representantes do governo brasileiro para discutir planejamento dos megaeventos esportivos de 2014 e 2016 Vanessa Corrêa, de São Paulo, e Cintia Salomão Castro, do Rio de Janeiro
I
nteressado nas oportunidades trazidas por competições como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o governo italiano, por meio do Ministério do Desenvolvimento Econômico e do Ministério das Relações Exteriores da Itália, apoiou a missão empresarial “Grandes Eventos Esportivos”, realizada pelo Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE) em colaboração com a Confederação Nacional da Indústria Italiana (Confindustria) em maio, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A missão aconteceu de 16 a 19 de maio. Os dois dias iniciais foram realizados na capital paulista, e incluíram um seminário sobre as necessidades do Brasil para a Copa de 2014 e as possibilidades de investimento em áreas como infraestrutura e construção. No Rio, o seminário Grandes eventos esportivos ofereceu um panorama dos investimentos previstos para setores como transportes, infraestrutura e hotelaria para 2014 e 2016. A iniciativa faz parte do projeto Italy for Sport, que pretende aumentar a participação da Itália nos principais eventos esportivos mundiais. Fortalecimento da economia Em São Paulo, o seminário aconteceu na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e reuniu cerca de 120 empresários italianos. O evento foi conduzido pelo vice-presidente da Fiesp, José Carlos de Oliveira Lima, e teve a participação de representantes
18
junho 2011 | comunitàitaliana
dos ministérios dos Esportes e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, além da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo e especialistas da área da construção. Em seu discurso no início do seminário, o vice-presidente de relações internacionais da Confindustria, Paolo Zegna, declarou que o fortalecimento da economia brasileira traz muitas oportunidades interessantes, que podem ser aproveitadas pela indústria italiana. — Os empresários devem ver não só as oportunidades imediatas, mas pensar a longo prazo. O PIB do Brasil cresceu 7,5% em 2010 e a previsão para 2011 é de 4,4% de crescimento, o que fará a economia brasileira superar a italiana. O Brasil saiu da crise econômica mundial antes e talvez muito melhor do que qualquer outro país e sua população tem crescido e consumido cada vez mais. O potencial do país é enorme e nós, italianos, queremos fazer do Brasil um país maior do que ele já é — disse Zegna.
Ambição O vice-presidente da Confindustria classificou a missão empresarial como intensa e ambiciosa e disse ser um evento mais focado do que as missões organizadas anteriormente pela confederação italiana. — É uma missão mais específica, com visitas a empresas brasileiras e muitos contatos com empresários, através de seminários e mesas-redondas. A programação é bastante intensa, mas muito produtiva — resumiu. Já o presidente do ICE, Umberto Vattani, considera que nos últimos anos a relação entre Itália e Brasil tem se tornado mais estreita, e que a Fiesp tem acompanhado esse crescimento no intercâmbio entre os dois países. — Em 2006, tivemos a primeira missão empresarial Brasil-Itália, no ano passado teve a participação do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e este ano discutimos a Copa do Mundo, um evento que atrai a atenção de todo o planeta — lembrou — O Brasil passa por uma verdadeira revolução econômica, com crescimento sem freios. A economia tem alcançado resultados incríveis e a Itália, com sua indústria avançada nas áreas de infraestrutura, construção, hotelaria e transporte, pode contribuir ainda mais para esse crescimento — disse Vattani, citando que o número de empresários italianos presentes mostrava o apreço que “temos pelo Brasil”. Com uma economia focada nas pequenas e médias empresas, a Itália pretende fechar cada vez mais negócios com o Brasil. — Só no ano passado, as importações para o Brasil cresceram 32% e agora já estão em 43%. Posso dizer que em nenhum lugar as importações italianas cresceram
tanto. As empresas da Itália chegam no país oferecendo seu patrimônio de tecnologia e inovação, são como pequenas Fiat, carregando a tradição italiana do produto de qualidade — afirmou o embaixador Gherardo La Francesca. — Recentemente, fizemos missões empresariais no Espírito Santo, Pará e Maranhão. Essa nova imigração italiana está se expandindo no Brasil e acredito que essa nova etapa nas relações dos países terá muito êxito — continuou o embaixador. Habitação Do lado brasileiro, o vice-presidente da Fiesp lembrou que o Brasil possui atualmente um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias, especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, e que os empresários italianos do setor da construção têm nessa demanda uma grande oportunidade de negócios. — Como empresário e líder do setor da construção, acredito muito no potencial do Brasil e convido todos a investirem no país, pois o lucro é certo — enfatizou Lima, lembrando que a Itália ocupa hoje a 18ª posição no ranking dos maiores investidores no Brasil e tem ainda muito espaço para aumentar sua participação. Além de atrair investimentos em infraestrutura e turismo, a Copa do Mundo e as Olimpíadas movimentarão diversos outros setores da economia brasileira. O assessor especial do Ministério dos Esportes do Brasil, Joel Benin, prevê que os eventos esportivos terão um impacto econômico de R$ 183,2 bilhões até 2019. Desse total, R$ 47 bilhões virão da geração de empregos, aumento do turismo e do consumo, investimentos em infraestrutura e impostos arrecadados pelo governo. A expectativa é de que as competições atraiam 600 mil turistas internacionais e 3 milhões de turistas brasileiros. Com tantas oportunidades e necessidades de investimento, o maior desafio agora é realizar todos os preparativos da Copa até 2014. O vice-presidente de Arquitetura do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Leon Myssior, alertou para o estado crítico em que muitas cidades-sede se encontram e para as dificuldades que terão para se adequar ao evento. — Ainda em 2006, o Sinaenco realizou a vistoria de estádios em
cidades candidatas a sediar a Copa e o que vimos foi um quadro de total desolação: equipamentos obsoletos, cidades despreparadas e governos que não se dão conta dos desafios do evento. Para o arquiteto, a Itália pode contribuir para reverter essa situação. Ele lembrou que construções industrializadas e estruturas préfabricadas foram implantadas com sucesso nas cidades italianas, e podem ser usadas no Brasil. — Não dá para progredir do jeito que precisamos à base de tijolo empilhado. O Brasil tem agora a oportunidade de implantar soluções que a Itália já adota com sucesso — defende. Momento brasileiro No Rio de Janeiro, o seminário sobre grandes eventos esportivos reuniu, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), representantes do governo e do empresariado brasileiro e italiano. Na abertura, o cônsul geral da Itália no Rio, Umberto Malnati, destacou o “momento brasileiro internacionalmente reconhecido”. — O Brasil é o país que reúne as características mais interessantes para o empreendedorismo. Em especial, trata-se de um momento “carioca”. A cidade tem mostrado uma forte expansão social e econômica nos últimos anos — afirmou. O vice-presidente da Firjan, Carlos Gross, chamou atenção para a identificação cultural entre os dois países, e afirmou que os investimentos italianos, além de serem muito bem-vindos, servirão para fortalecer mais ainda os laços antigos entre Brasil e Itália. O vice-presidente de Infraestrutura de Confindustria, Cesare Trevisani, lembrou a importância do seu setor para a missão empresarial.
José Carlos de Oliveira Lima, Gherardo La Francesca, Bebeto Haddad, Paolo Zegna e Umberto Vattani durante encontro em São Paulo
— A área de infraestrutura oferece boas possibilidades. As empresas brasileiras desse setor são muito fortes, mas, com a nossa tecnologia, temos muito a oferecer. O diretor do ICE, Giovanni Sacchi, que fez parte do painel de abertura, deu as boas-vindas a todos os presentes e desejou aos empresários “ótimos negócios”. Panorama O segundo painel ofereceu um panorama sobre os investimentos previstos nos setores de transporte, hospedagem e infraestrutura do Rio para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Ruy Cezar, secretário especial 2016 da Prefeitura, apresentou números sobre os planos de investimentos e o impacto econômico dos eventos. A previsão é que a cidade receba, em 2016, um milhão de turistas, e que 120 mil empregos adicionais sejam criados ao ano entre 2009 e 2016. Pedro Casotti, da Agência Rio Negócios, deu detalhes sobre os projetos de transporte, nos aeroportos e na indústria hoteleira. Roberto Kauffmann, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio, explicou aos empresários italianos como poderiam investir no programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”. Luiz Fernando Reis, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, exibiu projetos que preveem a criação de estruturas como o centro internacional de radiofusão, o centro de mídia e mais postos médicos na cidade. Alberto Gomes Silva, do Consórcio Porto Maravilha, falou sobre os projetos de reformulação da zona portuária carioca, enquanto Ícaro Moreno Junior, presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, entidade responsável pelas reformas no Maracanã, deu detalhes sobre as obras que estão sendo realizadas no estádio. À tarde, uma rodada de negócios permitiu a troca direta de ideias entre os empresários e representantes de órgãos públicos dos dois países. Segundo o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, Pietro Petraglia, o evento na sede Firjan foi importante para dar uma visão real do que acontecerá no estado nos próximos anos. — Tivemos aqui os principais players da nova fase do Rio que deram a justa relevância do que acontecerá daqui para frente. O mais importante é que constatamos um nível elevado de satisfação do empresariado italiano após os encontros b2b e o término da missão. comunitàitaliana | junho 2011
19
Negócios
Made in
Brasil
Internacionalização de franquias para a Itália ganha incentivos
Caroline Pellegrino
A
Especial de São Paulo
proximidade entre a cultura italiana e a brasileira é apontada como fator que estreita a relação comercial entre os dois países. A internacionalização de franquias, no entanto, deve ganhar impulso nos próximos anos, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). O diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo, diz que o formato franquia permite o crescimento mais acelerado da marca. — A internacionalização de franquias gera aumento de competitividade. O Brasil tem ligação cultural forte com a Itália, por isso buscamos acordos comerciais, visando redução de tarifas comerciais — afirma Camargo. A Câmara de Comércio e Indústria bilateral também se mobiliza para ampliar a internacionalização brasileira para a Itália. De acordo com a instituição, em outubro de 2011, um evento será organizado, em parceria com a ABF e a Associação Italiana de Franching, em São Paulo. A data ainda não foi definida. Atualmente, existem 68 redes brasileiras atuando no exterior. Elas estão presentes em 49 países, em todos os continentes, o que representa 4% do total das marcas nacionais. A Itália é um dos países que recebe unidades franqueadas brasileiras. Possui 11 franquias, além das lojas próprias e de marcas licenciadas. — A transferência de franquias é o foco da nossa parceria. A internacionalização brasileira pode ter muito sucesso na Itália, os italianos têm simpatia por empresas do Brasil — informa o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio de São Paulo, Edoardo Pollastri. Este será o segundo ano que o evento reunirá as entidades em prol da parceria Brasil-Itália. A ABF possui aproximadamente 900 membros franqueados e a Associação Italiana de Franching conta com 400. O diretor de varejo da Via Uno, Alexandre Sá Pereira, acredita que os empresários devem estar informados sobre as tendências do produto, quando estiverem no exterior. — A Via Uno tem lojas próprias na Itália. A franquia é um formato que facilita a administração. Porém, é preciso ter muita atenção com os produtos, o público gosta muito de moda, temos que atualizar sempre — revela o executivo. 20
junho 2011 | comunitàitaliana
A Via Uno está há quatro anos na Itália, onde tem sete lojas, e a marca é exportada para o país há uma década. Em Milão, Torino, Gênova, Firenze e Sicília é possível encontrar os produtos. No total, a marca possui 160 lojas no Brasil e mais 280 lojas em 20 países. Sá Pereira alerta sobre as dificuldades que empresários podem encontrar. — Os custos trabalhistas e da compra do ponto, na Itália, são mais pesados. O capital inicial ou luva é quase o mesmo do que no Brasil — completa. De acordo com o porta-voz do departamento de promoção comercial e investimentos do Ministério das Relações Exteriores, a Itália é uma das prioridades do governo brasileiro, pois existe grande afinidade cultural. A internacionalização de empresas brasileiras está em ascensão exponencial, porém, o Brasil ainda carece de políticas e apoios públicos. A grande parte das empresas brasileiras ainda prefere internacionalizar para a América Latina. A Argentina é o país que mais recebe franquias do Brasil, por conta da competitividade da região, que apresenta taxas elevadas de consumo. O setor de vestuário é o primeiro no ranking dos franqueados, no exterior. A Itália, por sua vez, é atrativa, mas ainda não recebe volume expressivo de empresas brasileiras, além disso, o país tenta se recuperar da crise econômica e do envelhecimento da população. — O mercado italiano é considerado competitivo, principalmente em moda, alimentação, beleza e saúde e deve atrair mais franquias, no futuro. Mas, o empresário deve considerar que internacionalizar tem custo elevado — diz Camargo. Segundo a ABF, o registro da marca fica em torno de US$ 5 mil, o contrato de franquia é de US$ 10 mil. Já os procedimentos para a internacionalização são, basicamente, os mesmos para abertura no Brasil. Um dos obstáculos que podem ser encontrados pelos empresários é o desconhecimento de legislação local e a falta de políticas incentivadoras por parte do governo brasileiro. Em 1998 foi promulgado o Acordo-Quadro de Cooperação Econômica, Industrial e para o Desenvolvimento entre Brasil e Itália. A partir de então, outras políticas efetivas não ganharam força. De acordo com o relatório de internacionalização do Ministério do Desenvolvimento Indústria
Sá Pereira, da Via Uno: há quatro anos na Itália. Existem 68 redes brasileiras no exterior. Acima, o estande da Armazém Amazônico Store, na Itália
e Comércio Exterior, o governo nantes microeconômicos e comportamentais da escolha brasileiro tem ciência de que é ne- entre a entrada em outro mercado ou a exportação. cessária a adoção de políticas mais No caso das relações contratuais, há transferência ativas em relação ao tema. de ativo específico (tecnologia de produção, patente ou A empresária Cibele Paim Batis- marca, entre outros) para outra empresa no exterior, que ta, que levou a franquia Armazém passa a produzir segundo as regras definidas em contrato. Amazônico para a Itália, encontrou Os custos da concessão de licenças estão relaciodificuldades nas exigências nados à possibilidade de italianas. de controle do knowObjetivos das empresas que perda — A burocracia é granhow, difundido por meio desejam internacionalizar de, principalmente, em do contrato. A entrada busca de mercados relação aos cosméticos, e a operação em outros (acesso a mercados consumidores) porque os produtos devem países acarretam custos busca de eficiência ser em conformidade com maiores às empresas, em (redução de custos, a lei europeia. Antes de imcomparação com a atuasobretudo de mão-de-obra) portar, temos que enviar ção no mercado interno. busca de recursos uma completa documentaÉ necessário que a em(matérias-primas) ção para ser aprovada pelo presa possua algum tipo busca de ativos já criados Ministério da Saúde italiade vantagem que permita (por meio de fusões e aquisições) no — pondera. a obtenção de lucro que outros motivos (objetivos estratégicos e Segundo a empresária, compense. A vantagem políticos, redução de risco) apesar dos desafios, é vanespecífica consiste na postajoso exportar produtos se ou disponibilidade de Fonte: UNCTAD brasileiros. capital, de tecnologia e de — O Brasil é uma tendência mun- recursos gerenciais, organizacionais e mercadológicos. dial. É um país muito amado pelos Além dos benefícios para os países sede, a internaitalianos e mostrar, para a Europa, cionalização permite às empresas proteção contra taxas a riqueza única da nossa Floresta de câmbio desfavoráveis (dependendo do país); diluiAmazônica é nosso principal diferen- ção de riscos pela diversificação de mercados; acesso cial. Estamos com bons resultados e facilitado aos sistemas de comercialização dos países em fase de expansão para abertura receptores do investimento – melhor conhecimento do de novos afiliados — diz Cibele, que atacado e varejo local –, acesso a capital de baixo custo; em 2009 inaugurou a franquia Ar- menor dependência do mercado interno; maior disponimazém Amazônico Store na Itália. bilidade financeira para reinvestimentos na produção e na inovação, entre outros. Transferência Um estudo da UNCTAD Barreiras para Para o Ministério do (2006) aponta que as peinternacionalização Desenvolvimento, a interquenas e médias empresas de franquias nacionalização da produção (PMEs) que investem no inovação acontece quando residenexterior encontram vários identificar mercados não explorados tes de determinado país obstáculos, como a falta de experiência do franqueador obtêm acesso a bens e serexperiência internacional e a escolha do franqueado viços, com origem em e competência de gestão. planejamento estratégico outro. Este processo faz A escassez de informação parte da globalização ecosobre oportunidades de incomo implantar e sustentar o modelo de negócio nômica. Para entender vestimento e o ambiente de as opções das empresas, investimento do país recepdesenvolver uma visão intercultural no momento de atuar na tor constituem problemas atender às exigências economia global, deve-se mais sérios para as PMEs Fonte: Estudo em parceria entre ABF e ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), 2010 atentar para os condiciodo que para as grandes. comunitàitaliana | junho 2011
21
Negócios
Café brasileiro bate recorde de vendas para a Itália Foram mais de 2,7 milhões de sacas de 60 quilos vendidas, movimentando US$ 478 milhões em negócios. É o maior volume dos últimos 12 anos Robson Bertolino
PhotoToGo.com
O
De São Paulo
Brasil exportou mais café para a Itália em 2010 e bateu o recorde dos últimos 12 anos. Foram mais de 2,7 milhões de sacas de 60 quilos vendidas, movimentado US$ 478 milhões em negócios. Os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e Rondônia são os principais produtores do país. O comércio de café entre os dois países faz parte da história. Entre janeiro e abril deste ano, por exemplo, o Brasil já enviou mais 742 mil sacas de café para a Itália. O país é o principal provedor do grão para o país da bota desde o século passado, quando foi aberto um escritório do Instituto Brasileiro do Café (IBC) em Trieste. — Era uma espécie de entreposto que auxiliava na venda de grãos para os empresários italianos, o que solidificou uma relação comercial forte entre a indústria italiana e o comércio brasileiro — contou Guilherme Braga, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). 22
O IBC era formado principalmente por produtores de café e definia as políticas agrícolas do produto no Brasil entre os anos 1952 e 1989, quando foi extinto. A associação foi sucessora do Departamento Nacional do Café, organismo governamental, que funcionou até 1946. Com o fim do IBC o Governo do Brasil voltou a gerenciar o setor, com a criação, em 1996, do Conselho Deliberativo de Política do Café. — O Brasil é o país que mais abastece a Itália com o café. A participação do grão brasileiro no mercado italiano chega a cerca de 40%. Seguido pela Colômbia, Vietnã e outros países da Ásia — revelou o executivo. Esse aumento se dá, principalmente, pelo aceleramento das parcerias comerciais entre os dois países, além da forte presença de empresas produtoras de café de origem italiana no país. — A Segafredo Zanetti é um dos maiores produtores italianos com operações no Brasil há décadas. A Itália conta com uma forte tradição na industrialização do café expresso, movimentando o comércio mundial junto com a Alemanha, Estados Unidos e Japão — revelou
junho 2011 | comunitàitaliana
Guilherme Braga é diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o Cecafé
Christian Santiago e Silva, promotor comercial do Programa de Exportação da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Investimento estrangeiro A Lavazza conta com um projeto de 10 milhões de euros no Brasil e prevê a instalação de uma fábrica em Queimados, no Rio de Janeiro. A unidade brasileira, que vai torrar, moer e produzir cafés da marca Lavazza, será a primeira fora da Itália e deverá ser tão moderna quanto a da sede em Turim. Já a Illycaffè há menos de um ano com sua subsidiária sul-americana instalada em São Paulo, deve colher em 2011 os primeiros resultados de sua atuação
Primeiro trimestre No acumulado do ano, as vendas externas somaram US$ 1,86 bilhão, um aumento de 61% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Foram enviadas ao exterior 8,2 milhões de sacas, um crescimento de 11% na mesma comparação. As regiões que mais compraram café brasileiro no período foram a Europa, com 55% do total, seguida da América do Norte, com 23%, Ásia (17%) e América do Sul (3%). Os Estados Unidos foram o maior mercado no primeiro trimestre, com a importação de 1,66 milhão de sacas, ou 20% do total, seguidos da Alemanha, com 1,6 milhão de sacas (19%), Itália, com 742 mil sacas (9%), Bélgica, com 637 mil sacas (8%) e Japão, com 532 mil sacas, ou 7%. Divulgação externa A ABIC conta ainda com ações de promoção do grão brasileiro no exterior por meio de parcerias com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) com a participação em eventos do setor e em rodadas de negócios. — No Chile, por exemplo, estamos há três anos realizando ações de educação sobre a cultura do café com chefs de restaurantes. A intenção é despertar o maior interesse do consumidor pela bebida. Este projeto nasceu no Brasil e agora já estamos levando também para a Alemanha e China — contatou o promotor comercial da ABIC. Consumo interno O consumo per capita no Brasil foi de 4,81 quilos de café torrado, quase 81 litros para cada brasileiro por ano. O resultado nos aproxima do consumo da Alemanha (5,86 quilos/habitante por ano) e já supera os índices da
Fotos: Divulgação
direta na região, sem a presença de intermediários e distribuidores. A Melitta, com sede na Alemanha, projeta investimentos de R$ 58 milhões ao longo de 2011 para ampliar a presença de suas marcas de café no Brasil. O aporte será 5,5% superior ao realizado em 2010, quando as vendas da empresa no mercado interno chegaram a R$ 740 milhões. O faturamento do ano passado foi 11% superior ao de 2009. A projeção da companhia é de um incremento de cerca de 5% em 2011, puxados pelos seus três principais produtos – cafés, papéis e acessórios para preparo.
Itália e da França, grandes consumidores da bebida. Aqueles que lideram o ranking ainda são os países nórdicos – Finlândia, Noruega, Dinamarca – com um volume próximo dos 13 quilos por habitante ao ano. Produção nacional Estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que o Brasil deve colher, em 2011, 43,54 milhões de sacas de 60 kg de café arábica e conilon. A segunda estimativa da safra mostra que a produção do grão será 9,5% inferior à registrada na temporada 2010, quando atingiu 48,09 milhões de sacas. O motivo da redução é a bienalidade do produto, que está no ciclo de baixa produtividade. A produção deste ano será, no entanto, cerca de 10% superior à verificada em 2009, último ano de ciclo baixo da cultura. Isso deve ocorrer por causa das chuvas registradas a partir da última semana de setembro nas principais regiões produtoras, sobretudo no sul e Zona da Mata de Minas Gerais e na maioria das áreas cafeeiras de São Paulo e Paraná. As chuvas possibilitaram a elevação e recuperação da umidade do solo, estimulando o florescimento. Nas demais regiões, houve mais frequência e intensidade de precipitações em outubro, o que favoreceu o desenvolvimento das plantas, a indução e o pegamento da florada.
O Brasil é o primeiro fornecedor de grãos de café para a Itália
A busca da xícara perfeita: Brasil começa a oferecer formação para a profissão de barista
abertura de cafeterias no País, a profissão barista está se tornando cada vez mais reconhecida no país. Diversas entidades do setor e empresas produtoras oferecem cursos de formação, do básico ao avançado. Para Cleia Junqueira, coordenadora e instrutora dos Cursos de Formação de Barista do Centro de Preparação de Café (CPC), do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo, para o país comercializar mais café e com melhor qualidade, é necessário ter um barista que entenda muito sobre o grão. — É preciso ter qualidade na xícara de café, sempre. Está havendo uma mudança mundial no consumo do café. Temos carência no mercado de baristas qualificados no Brasil. O contato entre o produtor de café e o barista está mais próximo, visando à melhoria da qualidade final — destacou a especialista em café.
Profissionalização do Barista Barista é o profissional especializado em cafés, cujo principal objetivo é alcançar a “xícara perfeita”. O especialista também trabalha criando novos drinques baseados em café, utilizando-se de licores, cremes e bebidas alcoólicas, entre outros produtos. De olho no potencial de consumo interno da bebida e a crescente comunitàitaliana | junho 2011
23
Atualidade Educação deveria ser mais importante que o Ministério da Fazenda”. No dia anterior ao início do evento, o governador do Rio, Sérgio Cabral, encontrou-se com aproximadamente 400 representantes de governo, empresas e da sociedade civil. — Gostaria de agradecer aos organizadores por trazer este importante evento novamente ao Rio, que vive um grande momento econômico: nos próximos três anos, o estado receberá US$ 102 bilhões em investimentos, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Em 2010, recebemos o investment grade. A cidade será palco também de grandes eventos como os Jogos Militares deste ano, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O Rio mudou, está se modernizando e tem a economia mais dinâmica da América do Sul — afirmou o governador. Para o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, o Rio vive um momento importante, Após ter sofrido a invasão de bandidos, há oito meses, o onde conquistou credibilidade interHotel Intercontinental, em São Conrado, sedia o IV Fórum nacional através das políticas públicas Econômico Mundial para a América Latina de segurança e o trabalho pela melhoria dos gastos. Já o secretário da novamente escolhido como sede. O Fazenda, Renato Vilella participou da Fernanda Galvão Brasil é um grande anfitrião — disse mesa redonda que discutiu as queso diretor do evento, Klaus Schawb. tões do esporte. O ex-premiê Tony Dividido em três pontos maonhecida pelas desiBlair, foi o primeiro a falar. gualdades de todos os cro – governança regional e — Os Jogos Olímpicos e a Copa gêneros e pelo perigo internacional, avanços em inodo Mundo trazem um ganho ecodo narcotráfico, agora, a vação e produtividade para o nômico muito grande para quem os América Latina é vista como uma re- crescimento equitativo e promoção organiza. Além disso, são muito imgião merecedora de investimentos. de parcerias para o desenportantes para o esporte, não De olho nos grandes eventos espor- volvimento sustentável – o apenas pela exposição que tivos que serão realizados no Brasil, Fórum Econômico Mundial proporcionam aos locais em em 2014 e 2016, respectivamente, para a América Latina conque são sediados. São imporempresários e representantes de tou com a participação de tantes para o futuro, pois tem governo se reúnem para discutir o cerca de 700 pessoas de uma continuidade através futuro. Unidos pelo tema “Criando mais de 40 países. Dentre das melhorias que provocam. a Plataforma para uma Década Lati- elas, o ex-primeiro minisEventos assim beneficiam no-Americana”, realizaram o Fórum tro britânico, Tony Blair, não apenas a cidade, mas todo e o secretário-geral da Orentre os dias 28 e 29 de abril. o país. Quando recebemos os Sérgio Cabral, governador Jogos Olímpicos, já planejávaComo diz o jornalista uruguaio ganização dos Estados Eduardo Galeano, a América Lati- Americanos (OEA), José mos os legados que deixariam na trata o seu povo como os países Miguel Insulza. Devido a um propara a Inglaterra. desenvolvidos tratam a América blema de saúde, a presidente Dilma Enquanto isso, o México se Latina. Por isso, corrupção e in- Rousseff não pôde comparecer. prepara para a próxima edição do Divergências à parte, os presenflação sempre estão na pauta de Fórum. Sem divulgar a cidade escodebate. Ainda assim, o Brasil surge tes foram unânimes – para crescer é lhida, o secretário de economia do como ator essencial para a prospe- preciso uma educação de qualidade. país, Bruno Ferrari García de Alba, ridade dos irmãos do centro-sul. Todos os outros fatores que regem se diz honrado com a notícia. Desde 2007, o país cresce a taxas uma nação desenvolvida parte da — Estendemos desde agora educação de seu povo, que resultará acima dos 5%. nosso convite a todos os líderes da — Nós podemos ver as mu- em profissionais eficientes e cidaregião, tanto políticos como ecodanças que aconteceram no Rio dãos mais conscientes. Segundo nômicos, sociais e dos meios de durante estes anos. Devido ao im- o empresário Roberto Teixeira da comunicação, para que compareportante desempenho do Brasil na Costa, do Conselho de Empresários çam ao México para discutir sobre América Latina, o país mereceu ser da América Latina, “o Ministério da a economia da região.
Melhor desempenho
C
“O Rio mudou, está se modernizando e tem a economia mais dinâmica da América do Sul”
24
junho 2011 | comunitàitaliana
Notícias
Empresários italianos vãoinformação investir no Pará foi dada pelo embaixador da Itália no Brasil,
A
Gherardo La Francesca, após encontro com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Segundo eles, o Pará receberá investimentos de sete empresas italianas do ramo de alimentação e de energia renovável ainda este ano. De acordo com o Embaixador, parte desse interesse deve-se aos investimentos anunciados pela Vale do Rio Doce, de US$ 40 bilhões e à previsão de crescimento das demandas locais.
Presença também nompresas Maranhão da Toscana, que atuam nas áreas de construção
E
civil, energia renovável e agronegócio estão interessadas em investir no Maranhão. No ano passado, o Brasil exportou US$ 4,23 bilhões para a Itália e importou US$ 4,83 bilhões. Entre os principais produtos exportados destacam-se celulose, café, minério de ferro, soja e couro bovino. Peças e produtos ligados ao ramo automobilístico estão entre os importados.
Parceria baiana governador da Bahia, Jaques Wagner, viajou para Milão,
O
no dia 10 de maio, onde participou do seminário “Um olhar sobre o estado da Bahia”. O evento teve a participação de 150 empresários italianos que demonstraram grande interesse em relação às oportunidades nas áreas de petróleo e petroquímica, setor automotivo, energias renováveis, mineração, e agroindústria. No final do encontro, o Governo da Bahia e a Promos Milano assinaram um memorando para a criação de um programa conjunto de atração de investimentos, e intercâmbio cultural e turístico. Além do governador Jaques Wagner, estiveram o secretário de Agricultura, Eduardo Salles, e o superintendente de Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Paulo Guimarães.
“Queremos o Rio” cidade preferida dos italianos no Brasil para passar as fé-
A
rias é o Rio de Janeiro, e para fechar negócios, São Paulo. No ano passado, o número de turistas estrangeiros que visitaram a Cidade Maravilhosa foi de 925 mil, um aumento de 8% em relação a 2009. Já a capital paulista recebeu, em 2010, mais de dois milhões de turistas. A RioTur, agência turística carioca, prevê números maiores neste ano, devido ao Rock in Rio.
Cerveja em dobro AssoBirra, associação italiana dos fabricantes de cerveja,
A
informou que o país exportou mais de 1,7 milhões de hectolitros de cerveja clara – o dobro em relação a cinco anos atrás. Um terço das exportações vai para países de forte tradição, principalmente Grã-Bretanha, França e Holanda, mas o restante é absorvido por países tradicionalmente produtores, como Estados Unidos, Austrália e África do Sul.
comunitàitaliana | junho 2011
25
Moda
Entrevista
Simplesmente Marinella Maurizio Marinella, o herdeiro da famosa loja de moda masculina, fala a Comunità da ligação com o Brasil Gianfranco Coppola
S
De Nápoles
uas gravatas são como cerejas. As abre em forma de leque e a mágica dispara. Uma, duas, três. Mas, talvez esta também, e ainda esta outra? Precisa-se quase ir embora como arrastado pelo nosso co-inquilino para não cair em tentação. Gravatas, mas não somente elas. Marinella é, fiel ao que diz don Eugenio, a elegância nos detalhes que fazem a diferença. Portanto, relójos, perfumes, lenços, ascot, camisas, cintos. Na história da moda masculina, Nápoles está na vanguarda desde final do século 19. E continua detendo uma supremacia, graças aqueles empreendedores, sobretudo aqueles artesanais, que produzem poucas “peças únicas” que exibem um estilo e uma qualidade inconfundíveis. Ele rendeu-se, até bastante, às produções em série, mas tratou-se expecialmente de séries limitadas e nas quais a atenção nos detalhes, a realização ou, se preferirem, o cuidado com cada peça continua elevado, com as costuras feitas à mão e não à máquina, por exemplo. Em um panorama que quase destoa com a realidade de hoje, cidade dilacerada por pragas sociais, sobressaem como carvalhos seculares empresas como aquela que funciona na famosíssima loja de E. Marinella, que hoje é levada adiante pelo herdeiro Maurizio Marinella, che renova não somente a perpetuação, com a renovação, da grande e antiga alfaiateria napolitana, mas a sua notável capacidade de competição nacional e exterior partindo da identidade das produções locais, desenvolvendo-as nos mercados globais sem medo de sucumbir diante as, e isto é inegável, existentes e perigosas homologações da cultura e do gosto. Um reconhecimento que confirma a incrível popularidade em nível mundial, a marca Marinella o recebeu do mercato das cópias. Quando foram achados, em um depósito cheio de bolsas de grifes famosas, pacotes de gravatas “falsas” Marinella também, isto valeu quase como um diploma de formatura. 26
junho 2011 | comunitàitaliana
— Não fazia mesmo questão disso, mas tudo deve ser enxergado do jeito que é oferecido — observa Maurizio Marinella, com o elegante sorriso que o caracteriza. Ele tem show rooms em Milão e Tokyo, não do tipo franchising, mas de venda direta ao consumidor, mas se sente um pouco mais em casa na loja em praça Vittorio. Às 6 e 30 da manhã levanta a porta de enrolar, e é como se Nápoles entreabrisse um portajóias. Pessoas do bem, termo em desuso, trocam idéias, comentam as notícias, apreciam o primeiro café do dia em um clima sereno, cordial, longe anos luz do estresse e da angústia que, dentro de duas horas, começará a invadir, como um demónio, muitos dos moradores desta espectacular cidade, que precisa voltar a níveis de civilidade, pelo menos, aceitáveis. Comunità Italiana — Marinella, quais são os laços com o Brasil? Maurizio Marinella — Estive lá umas duas vezes, recebi muitos convites, mas meus garotos propaganda são as pessoas às quais preparo minhas criações, é claro que acima de tudo são gravatas masculinas. Presentiei com elas até o presidente
O estilista Giorgio Armani e Marinella: admiração mútua
Lula, mas sei com certeza que seus antecessores também gostavam, de Cardoso em diante. Guardo os bilhetes de agradecimentos de seus secretários. Embaixadores e cônsules também. Uma segunda-feira, chegou de Roma Falcão, que era realmente um homem elegante, e sendo um jogador de futebol era uma raridade, que os grandes do futebol não fiquem zangados comigo, e comprou muitas gravatas e não só isso. Quem o trouxe na minha loja foi um brasileiro super simpático, que infelizmente já partiu, José Dirceu, que me conhecia havia alguns tempos. CI – Nunca pensou de abrir um show room no Rio ou talvez em São Paulo, considerando a vocação econômica, e portanto destinada aos dirigentes, da capital paulista? MM – Não, até porque uma loja requer uma enorme atenção e não posso me dar ao luxo de dar uma de globe trotter. Se que este, e sobretudo o próximo ano, serão momentos importantes do ponto de vista institucional, para a Itália e o Brasil. E torço para ter oportunidade de voltar. Brasil é um país em franca expansão e os cuidados nos detalhes também está começando a se transformar em hábito. Mas posso dizer que quando sei que o destino de meus produtos torna uma pessoa única, significa ter trabalhado com uma finalidade de imagem também, não somente comercial. CI – Nápoles, a fortaleza de familha, muitas afinidades com os brasileiros MM – É claro. A paixão pelo futebol. A música. A boa mesa. Quantas coisas em comum. E, me permita isto, também a vontade de trabalhar. Se o Brasil cresceu isto não se deve ao fato de um dia ter passado por aí a Fada Azul com sua varinha de condão, mas a um plano de programação governista e à responsabilidade da classe dirigente, que criaram tudo isto. Eu continuo acordando às 5 para estar pronto a receber as pessoas, não os clientes, às 6:30. Poderia descansar mais. Porém, seria uma traição da mentalidade da família. CI – Uma biografia dedicada ao senhor fala de 52 nós de amor. É complicado fazer o nó a uma gravata. MM – Mais ainda desatá-la, eu acho que, tirando ... as exceções, nós nos separamos da gravata com um nó na garganta.
milão
GuilhermeAquino
Literatura brasileira o Salão Internacional do Livro de Tu-
N
rim, um dos principais eventos do mercado literário mundial, a Rússia é o país convidado, a Itália faz as honras da casa e o Brasil comparece pelas escrituras dos autores Luiz Ruffato e Tatiana Salem Levy. Ele apresenta a língua portuguesa como protagonista da história de um brasileiro que tenta ganhar a vida na Europa. Ela conta as buscas das próprias raízes na Turquia. Em ambos, estão personagens brasileiros que, no estrangeiro, tomam consciência do significado de ser mestiço dentro e fora de casa.
Suíço na Triennale
O
fotógrafo suíço, Michel Comte, um dos mais badalados do mundo da moda, apresenta pela primeira vez, em Milão, na Triennale, uma exposição com 87 fotos e 20 mosaicos com sequências das sessões de fotografia revelando, assim, o percurso que o levou a escolher esta e não aquela imagem para a publicação... Michel Comte despontou nos anos 80 e nunca mais parou. Da moda para o
Brasil pop pintor Romero Britto chega à
Axiste bordo do Brasil II algo de novo no ar, além dos avi-
O
Itália pelas mãos da Campari. A famosa fábrica de bebidas milanesa, de fama mundial, abre as portas da galeria em Sesto San Giovanni para o renomado artista pop brasileiro. Do Brasil aos Estados Unidos, da China à Suíça, passando pelo México, França, Holanda, Áustria, Alemanha e Porto Rico, fazia tempo que Romero Britto não batia ponto na Itália, para ser exato, desde 2006, quando participou do Ravelo Festival, em Florença, interrompendo uma sequência de mostras italianas iniciada em 2004. Este cabra da peste, pernambucano porreta, das cores e da alegria, cotado às estrelas no mercado internacional de arte, continua a fazer da arte uma profissão de boa fé, universal.
28
junho 2011 | comunitàitaliana
esporte e para a foto-reportagem... ele é um mito. Pelas suas lentes passaram Sharon Stone, Catherine Denauve, Penelope Cruz, Tina Turner, Dolce&Gabbana, Mike Tyson, Sophie Marceu e tantos outros famosos e anônimos como vítimas de guerras esquecidas na Etiópia, por exemplo. A grande exposição fica em cartaz até o dia 3 de julho. Mais informações no site: www.triennale.org
E
A urante bordo do Brasil I três dias, o presidente da Yatch
D
Brasil, Giovanni Luigi, representante da concessionária da maior fábrica de iates e mega-iates (acima de 30 metros de comprimento), a Azimut-Benetti, circulou pelos nove estabelecimentos industriais da companhia italiana. Tudo isso para fazer bem o dever de casa no Brasil, com a instalação da Azimut, em Itajaí, Santa Catarina. A planta industrial brasileira vai consumir investimentos da ordem de 80 milhões de euros nos próximos cinco anos e deverá lançar ao mar cerca de cem iates por ano, mais da metade da produção sul americana.
ões de carreira, e não apenas da companhia Alitalia, de bandeira italiana, que inaugura a rota Roma-Rio de Janeiro. O grupo aeroespacial Avio compra a brasileira Focaleng, empresa especializada em manutenção, reparo e revisão de motores de aviões militares. Nem a valorização do real, nem a inflação anual da ordem de 7% parecem frear os investidores italianos, hipnotizados pelo despertar do gigante eternamente adormecido até acordar e crescer numa média de 7,5 % ao ano. Isso para não falar de investimentos pesados da Enel, da Pirelli, da Fiat, da Ducati e da Telecom – leia-se TIM. Uma turma da pesada que desembarca em diferentes estados do Brasil, como na Amazônia, em Pernambuco e na Bahia, graças às leis de incentivo fiscal, regional e federal.
Meio Ambiente
Ambiente em dia
onde ficariam dispensadas as áreas com até quatro módulos fiscais. Outra mudança foi sobre o plantio consolidado nas várzeas e margens de rios: a Presidência da República ficaria responsável em determinar, Dias depois da votação do novo Código Florestal, por decreto, as culturas que podeBrasil sedia o Bright Green Cities e discute riam ocupar as áreas de proteção permanente, conhecidas como APPs. desenvolvimento e tecnologia sustentáveis — O texto, para ser acordado, precisa de concessões de parte a parte. Todas as alterações foram subFernanda Galvão metidas e são conhecidas dos líderes que acompanharam a finalização do m 5 de junho comemoratexto — afirma Aldo Rebelo. se o Dia Mundial do Meio O vice-presidente Michel Temer Ambiente. A data foi criaafirmou que não são necessárias da pela Assembleia das medidas drásticas, pois o assunto Nações Unidas, em 1972. A partir é polêmico e o governo está empedisso, todos os anos são discutidos, nhado em construir um acordo que no âmbito global, os fatores refesatisfaça os ambientalistas e prorentes ao meio ambiente e à sua dutores rurais. preservação. O deputado estadual Gilmar SosNum mundo onde a natureza sella (PDT - RS), que concorda com o parece se rebelar cada vez mais, se texto de Aldo Rebelo, esteve em Lomanifestando através dos variareno, província de Ancona, na Itália, dos abalos sísmicos ou alterações no mês de abril e verificou que, lá, climáticas, o debate se faz não só não existe mata ciliar como forma necessário como urgente. Por este de proteção aos rios e as propriedamotivo, no Rio de Janeiro, foi redes não mantêm faixa de vegetação alizado o Global Green Business, natural na encosta de riachos. evento que aborda a economia apli- e Oceania. A vantagem ambiental é a O parlamentar, membro titular cada à sustentabilidade, chamada não emissão de gás carbônico. da Comissão de Saúde e Meio AmA idealização fica a cargo do Economia Verde. biente, defende a redução da área de De 1 a 3 de junho, na sede da Conselho Euro Brasileiro de Desenproteção para preservar e assegurar Federação das Indústrias do Rio de volvimento Sustentável (EUBRA) a atividade de pequenos produtores. Janeiro (Firjan), no centro da cida- e ONU Habitat. Os casos foram — Das 440 mil propriedades exisde, empresas de vários segmentos e selecionados pelo Conselho Contentes no Rio Grande do Sul, 400 mil representantes de governo conver- sultivo do Bright Green Cities, são de agricultura familiar, e estas, saram sobre revitalização urbana, juntamente com entidades ligadas certamente, seriam severamente preenergia solar e eólica, bioenergia, a tecnologias limpas, desenvolvijudicadas pelas limitações no uso das convergência tecnológica, dentre mento sustentável e pela internet. áreas. Na parte norte, a média de cada outros assuntos. Em parceria com A publicação será distribuída para proprietário é de catorze hectares e só a Câmara Ítalo-Brasileira de Indús- livrarias e centros educacionais. A pode plantar sete, pois tem morros, tria e Comércio do Rio de Janeiro, versão digital será disponibilizada montanhas, tem áreas protegidas. o evento contou com a presença para download gratuito no site do A agricultura familiar já planta muido Embaixador italiano no Brasil, evento e de parceiros. to pouco. Por que tem que O Rio Global GreGherardo La Francesca e o Diretor existir 30 metros de marGeral do Ministério do Meio Am- en Business veio em gem para um riacho que momento nevrálgico biente da Itália, Corrado Clini. tem cinco de largura? Para Lá também foi lançado o Bright – a votação pela reforrios em até cinco metros, Green Book ou “Livro Verde do Sé- ma do Código Florestal uma margem de 7,5 estaculo 21”, que traz as 100 iniciativas Brasileiro. A alteração ria boa ou então 15 metros mais importantes do planeta que legislativa divide opinipara rios com largura acima colaboraram com o conceito de Eco- ões e suscita bate-boca de dez. Não queremos ser nomia Verde na última década. Entre no plenário federal. A contra a preservação amos destaques, estão a Embaixada confusão começou na Gilmar Sossella, deputado estadual biental, mas querem algo Verde, projeto da Embaixada italia- sessão do dia 11 de maio, aqui que nem os países da na em Brasília, e a bicicleta elétrica, quando o deputado federal Aldo ReEuropa tem — justifica Sossella. autoria da empresa Italwin em par- belo (PC do B - SP) apresentou novo Ambientalistas argumentam ceria com a Ducati. Embaixada Verde texto e foi acusado de ter fraudado que a reforma no Código Florestal diz respeito à primeira sede diplo- o material acordado em sessão angera flexibilidade na legislação. Já mática do país mantida por energias terior. O parlamentar elaborou um o deputado Rebelo replica e diz que renováveis, a partir de painéis que relatório, apontando alterações no o maior problema não é a lei, mas captam a luz solar. O segundo pro- Código, depois de participar de 69 a fiscalização. Após o trâmite no jeto é uma linha de produção com audiências públicas no país. Congresso Nacional, o projeto ainDentre as alterações, está a resercerca de 10 modelos de bicicletas eléda sofre risco de veto da presidente tricas, já comercializadas na Europa va legal nas pequenas propriedades, Dilma Rousseff. PhotoToGo.com
E
“Não queremos ser contra a preservação ambiental, mas querem algo aqui que nem os países da Europa têm”
comunitàitaliana | junho 2011
29
Capa
Jogos Mundiais Militares
Rio se aquec
para os Jogos Mundia Rio fa i riscaldamenti
Mais de cinco mil atletas de 100 países vão agitar a cidade de 16 a 24 de julho no primeiro evento da fase de grandes acontecimentos esportivos no Brasil. Delegação italiana promete repetir os recordes dos anos anteriores
Più di cinquemila atleti di 100 paesi movimenteranno la città dal 16 al 24 giugno nel primo evento della fase di grandi avvenimenti sportivi in Brasile. Delegazione italiana promette di ripetere i record degli anni anteriori Cintia Salomão Castro
A
cinco anos das Olimpíadas, o Rio de Janeiro vai ser a primeira cidade do continente americano a sediar um dos maiores eventos esportivos do mundo. Criados pelo Conselho Internacional do Desporto Militar há 16 anos, os Jogos Mundiais Militares já passaram por duas cidades italianas (Roma em 1995 e Catânia, na Sicília, em 2003); por Zagreb, na Croácia (1999); e por Hyderabad, na Índia (2007). “Os Jogos da Paz” e “a amizade através do esporte” são os slogans do evento, que vai trazer cerca de seis mil atletas, provenientes de mais de 100 países, à capital fluminense, de 16 a 24 de julho. Eles vão tentar levar para casa alguma das 1421 medalhas, sendo 459 de ouro, a mesma quantidade de prata e 503 de bronze. O custo total do evento, de acordo com informações oficiais, chega perto de 1,5 bilhão de reais. Ao todo, serão 20 modalidades, divididas em 36 disciplinas e cinco categorias, entre esportes individuais, coletivos, de demonstração, militares e de combate. Os organizadores estimam que as competições reunirão um número maior de atletas em comparação aos jogos Pan-Americanos, em 2007, que contou com a presença de 5.662 esportistas no Rio. Se o Pan 30
junho 2011 | comunitàitaliana
A
cinque anni dalle Olimpiadi, Rio de Janeiro sarà la prima città del continente americano a fungere da sede ad uno dei maggiori eventi sportivi del mondo. Creati dal Consiglio Internazionale di Sport Militare 16 anni fa, i Giochi Mondiali Militari sono già passati per due città italiane (Roma nel 1995 e Catania, in Sicilia, nel 2003); per Zagabria, in Croazia (1999) e per Hyderabad, in India (2007). “I Giochi della Pace” e “l’amicizia attraverso lo sport” sono gli slogan dell’evento che porterà circa seimila atleti, provenienti da più di 100 paesi, nella capitale fluminense dal 16 al 24 luglio. E questi cercheranno di portarsi a casa parte delle 1421 medaglie, di cui 459 d’oro, la stessa quantità d’argento e 503 di bronzo. I costi totali sono previsti, secondo dati ufficiali, in circa 1,5 miliardo di reais. In tutto saranno 20 modalità divise in 36 discipline e cinque categorie, tra sport individuali, di squadra, di dimostrazione, militari e di lotta. Gli organizzatori stimano che le gare riuniranno un numero maggiore di atleti in paragone ai Giochi Panamericani del 2007, che contarono sulla presenza di 5.662 sportivi a Rio. Se il Pan ha lasciato una base di strutture sportive per gli eventi futuri, è inevitabile
ece
iais Militares per i Giochi Militari Mondiali
deixou uma base estrutural esportiva para os eventos seguintes, é inevitável que a quinta edição dos Jogos Mundiais Militares doe um legado material e de aprendizado para a cidade que se prepara para abrigar as Olimpíadas de 2016. Durante as competições de julho, serão utilizadas, além de instalações militares, as instalações esportivas que foram construídas para os Jogos PanAmericanos de 2007 — como o estádio do Engenhão, a Arena Multiuso HSBC, onde serão realizadas as partidas de basquete, e o parque aquático Maria Lenk, que será o palco da natação. — As instalações esportivas, sem dúvida, foram os maiores legados que tivemos dos Jogos Pan-Americanos — analisa o secretário especial da Copa 2014 e Rio 2016 da Prefeitura do Rio, Ruy Cezar Reis. Para o secretário Ruy Cezar Reis, o “expertise” esportivo será um dos legados a serem deixados pelos Jogos Militares. — Nossos atletas são de nível olímpico e estarão defendendo o Brasil nas próximas Olimpíadas, em 2012, e com certeza em 2016 aqui, no Rio de Janeiro. Este investimento que as Forças Armadas estão fazendo com nossos atletas olímpicos nos ajudará,
che la quinta edizione dei Giochi Mondiali Militari lasci un’eredità materiale e di esperienza accumulata alla città, che si prepara ad ospitare le Olimpiadi del 2016. Durante le gare di luglio saranno usate, oltre alle installazioni sportive che erano state costruite per i Giochi Panamericani del 2007 – come lo stadio Engenhão, l’Arena Multiuso HSBC dove avranno luogo le partite di basket, e il parco acquatico Maria Lenk, dove si svolgeranno le gare di nuoto. — Le installazioni sportive sono state senza dubbio la maggiore eredità che abbiamo ricevuto dai Giochi Panamericani — dichiara Ruy Cezar Reis, segretario speciale dei Mondiali 2014 e Rio 2016 del Comune di Rio. Secondo lui l’expertise sportiva sarà uno dei patrimoni che rimarranno dopo i Giochi Militari. — I nostri atleti sono a livelli olimpici, difenderanno il Brasile nelle prossime Olimpiadi nel 2012 e sicuramente qui a Rio de Janeiro nel 2016. Questo investimento che le Forze Armate stanno facendo sui nostri atleti olimpici ci aiuterà moltissimo nella disputa di molte medaglie. Vogliamo trasformare il Brasile in una potenza mondiale in tutti gli sport, e sicuramente avremo l’aiuto delle forze armate — afferma. comunitàitaliana | junho 2011
31
Capa
Jogos Mundiais Militares
e muito, na disputa de muitas medalhas. Queremos transformar o Brasil numa potência mundial em todos os esportes e com certeza teremos a ajuda das forças armadas — afirma. O presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, o vice-almirante Bernardo José Pierantoni Gambôa, destaca a sinergia entre os órgãos federais, estaduais e municipais para a organização do evento. — O maior desafio da comissão organizadora tem sido a necessidade de coordenação de 42 mil pessoas,
“Queremos transformar o Brasil numa potência mundial em todos os esportes e com certeza teremos a ajuda das forças armadas” Ruy Cezar Miranda Reis, secretário especial da Copa 2014 e Rio 2016 da prefeitura do Rio incluindo atletas, trabalhadores, voluntários e espectadores. Somente com o apoio continuado das três esferas de governo seremos capazes de superá-lo. É necessário alimentar e alojar atletas e a força de trabalho, e garantir a segurança, transporte e saúde para todos. O desafio remanescente é reduzir ao máximo a interferência na rotina diária da cidade. Conseguimos que as férias escolares fossem antecipadas para o período dos Jogos a fim de facilitar a circulação — explicou à Comunità. Estrutura e vilas Quinze instalações militares e dez complexos esportivos, localizadas em diversos bairros da cidade, já estão confirmados para sediar as competições nas várias modalidades. Na zona oeste, por exemplo, a Base Aérea de Santa Cruz abrigará o pentlato aeronáutico, enquanto o Círculo Militar da Vila Militar será o palco do pentlato moderno e o Complexo Olímpico de Deodoro receberá os atletas de esgrima, futebol e pentlato militar. As partidas de vôlei serão realizadas no Maracanãzinho e no Clube Militar. No estádio do Engenhão, na zona norte, acontecerão as cerimônias de abertura e de encerramento – além de jogos de futebol e do atletismo. As partidas finais de futebol, porém, estão previstas para acontecer no estádio de São Januário. Maratonas devem
“Vogliamo trasformare il Brasile in una potenza mondiale in tutti gli sport e sicuramente avremo l’aiuto delle forze armate” Ruy Cezar Miranda Reis, segretario speciale dei Mondiali 2014 e delle Olimpiadi 2016 del Comune di Rio
Dez complexos esportivos e 15 estruturas militares abrigarão os jogos
Dieci complessi sportivi e 15 strutture militari ospiteranno i giochi
Il presidente della Commissione Sportiva Militare del Brasile, il vice ammiraglio Bernardo José Pierantoni Gambôa, mette in risalto la sinergia tra gli enti federali, statali e comunali per l’organizzazione dell’evento. — La maggiore sfida della commissione organizzatrice riguarda la necessità di coordinare 42mila persone, tra cui atleti, personale, volontari e spettatori. Solo con l’appoggio costante delle tre sfere di governo saremo capaci di superarla. Bisogna dare cibo e soggiorno ad atleti e alla forza lavoro, e garantire la sicurezza, il trasporto e la salute di tutti. L’altra sfida riguarda la necessità di ridurre al massimo le interferenze nella routiO vice-almirante Bernardo ne quotidiana della città. Gambôa: coordenar 42 mil Abbiamo ottenuto che le pessoas é o maior desafio da ferie scolastiche fossero comissão organizadora anticipate per il periodo Il viceammiraglio Bernardo dei Giochi per poter diGambôa: coordinare 42 mila minuire il traffico stradale pesone è la maggior sfida della commissione organizzatrice — ha spiegato a Comunità. Struttura e villaggi Quindici installazioni militari e dieci complessi sportivi, situati in differenti quartieri della città, sono già confermati come sedi delle varie gare. Per esempio nella zona ovest la Base Aérea de Santa Cruz accoglierà il pentathlon dell’aeronautica, mentre il Círculo Militar da Vila Militar sarà la sede del pentathlon moderno, e il Complexo Olímpico de Deodoro riceverà gli atleti della scherma, del calcio e del pentathlon militare. Le partite di pallavolo si svolgeranno nel Maracanãzinho e nel Clube Militar. Nello stadio dell’Engenhão, nella zona nord, si svolgeranno la cerimonia di apertura e di chiusura– oltre alle partite di calcio e alle gare di atletica. In ogni modo le partite finali di calcio avverranno nello stadio di São Januário. Le gare di maratona si svolgeranno sulle strade della città che costeggiano il mare, dall’Aterro do Flamengo al Recreio dos Bandeirantes. Il posto due della spiaggia di Copacabana sarà la sede della pallavolo di arena, e la Escola Naval, nella Baía de Guanabara, avrà la vela. Uno dei tre villaggi militari che accoglieranno gli atleti a luglio– la Vila Azul nel quartiere di Deodoro – è previsto che ospiterà durante i Jogos Olímpicos del 2016 gli ufficiali delle federazioni internazionali, il Comitê Organizador, la stampa e l’equipe di appoggio ai patrocinatori. Gli altri villaggi, anche loro nella zona ovest della città, su terreni appartenenti alle Forze Armate, sono la Vila Branca a Campo Grande e la Vila Azul a Campo dos Afonsos. Tutti i villaggi sono in fase di costruzione, l’operazione è costata 400 milioni di reais, e secondo gli organizzatori saranno inaugurati l’11 luglio – a cinque giorni dall’inizio del calendario ufficiale delle competizioni. Con una capienza di accoglimento fino a 8.332 atleti, più gli integranti delle commissioni tecniche e gli ufficiali delle comitive dei vari paesi, ogni villaggio sarà composto da circa 400 appartamenti che, dopo le gare, saranno destinati ad abitazioni di ufficiali e soldati della Marina, dell’Esercito e dell’Aeronautica. Brasile su tutti i campi Il Brasile, con 268 atleti, sarà rappresentato in tutte le modalità. Il maggior numero è concentrato nel
32
junho 2011 | comunitàitaliana
acontecer ao longo da orla carioca, do Aterro do Flamengo ao Recreio dos Bandeirantes. O posto dois da praia de Copacabana ficará com o vôlei de praia, e a Escola Naval, na Baía de Guanabara, com a vela. Uma das três vilas militares que abrigará os atletas em julho – a Vila Azul, no bairro de Deodoro – está prevista para acomodar, durante os Jogos Olímpicos de 2016, os oficiais de federações internacionais, o Comitê Organizador, a imprensa e a equipe de apoio aos patrocinadores. As outras vilas, também localizadas na zona oeste da cidade, em terrenos pertencentes às Forças Armadas, são a Vila Branca, em Campo Grande, e a Vila Azul, em Campo dos Afonsos. Todas encontram-se em obras que custaram 400 milhões de reais e, segundo os organizadores, serão inauguradas no dia 11 de julho – a cinco dias do início do calendário oficial das competições. Com capacidade para receber até 8.332 atletas, integrantes de comissões técnicas e oficiais das comitivas dos países, cada vila terá cerca de 400 apartamentos, os quais, após as competições, serão destinados à moradia de oficiais e praças da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Brasil em todas Com 268 atletas, o Brasil estará representado em todas as modalidades. A maior parte concentra-se no futebol, vôlei, atletismo, taekwondo e natação. O judô é uma categoria na qual os brasileiros destacam-se de modo especial: nove judocas militares do Brasil estão entre os dez melhores do mundo em suas categorias, segundo o ranking da Federação Internacional de Judô. O público também poderá apreciar o desempenho de atletas conhecidos, a exemplo do campeão em salto triplo (e marinheiro naval) Jadel Gregório, ganhador do ouro no Pan de 2007; do judoca (e agora sargento) Flávio Canto, bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, e ouro no Pan de 2003; e da jogadora do vôlei de quadra Valeskinha, ouro nas Olimpíadas de 2008, na China. Itália quer confirmar tradição de campeã A delegação italiana, com mais de 150 inscritos, promete confirmar o prestígio dos atletas azzurri no histórico dos jogos militares. Além de ter organizado a primeira edição do evento, em Roma, em 1995, a
A cidade italiana de Aosta foi o palco da edição invernal dos jogos militares, em 2010
Aosta ha ospitato l’edizione invernale dei Giochi Militari nel 2010
calcio, nella pallavolo, nell’atletica, nel taekwondo e nel nuoto. Il judo è una categoria nella quale i brasiliani si distinguono in modo particolare: nove judoka militari brasiliani sono tra i dieci migliori al mondo nelle loro categorie, secondo il ranking della Federazione Internazionale di Judo. Il pubblico potrà anche apprezzare il valore di atleti conosciuti, per esempio il campione di salto triplo (e marinaio navale) Jadel Gregório, vincitore della medaglia d’oro nel Pan del 2007; del judoka (e adesso sergente) Flávio Canto, bronzo alle Olimpiadi di Atene nel 2004 e oro nel Pan del 2003; e della giocatrice di pallavolo a squadre Valeskinha, oro alle Olimpiadi del 2008 in Cina. Italia vuole confermare tradizione di campionessa La delegazone italiana, con più di 150 iscritti, promette confermare il prestigio degli atleti azzurri nella storia dei giochi militari. Oltre ad aver organizzato la prima edizione dell’evento a Roma nel 1995, l’Italia è stata sede dei Giochi Mondiali Militari Invernali nel marzo dell’anno scorso ad Aosta – occasione in cui ha raggiunto il primo posto nel ranking delle medaglie, con un totale di 17, seguita dalla Francia e dalla Cina. — Faremo di tutto per confermare il nostro prestigio, grazie all’impegno dei nostri atleti. Le nostre Forze Armate cercheranno di conquistare i primi posti nella classifica delle medaglie — ha dichiarato a Comunità il generale di brigata Rinaldo Sestili, capo della delegazione italiana con il Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM). Gli atleti italiani saranno presenti in 15 modalità: basket; judo; pentathlon militare; pentathlon moderno; pugilato; paracadutismo; vela; tiro; nuoto; scherma; taekwondo; atletica; triathon; pallavolo e beach volley. — Abbiamo preparato delle squadre molto competitive con atleti di grande esperienza, come per esempio comunitàitaliana | junho 2011
33
Capa
Jogos Mundiais Militares
Itália sediou os Jogos Mundiais Militares Invernais, em março do ano passado, em Aosta – ocasião em que alcançou o primeiro lugar no ranking de medalhas, com 17 total, seguida da França e da China. — Faremos de tudo para confirmar nosso papel de prestígio, graças ao empenho dos nossos atletas. As nossas Forças Armadas vão procurar conquistar os primeiros lugares das classificações de medalhas — declarou, à Comunità, o general de brigada Rinaldo Sestili, chefe da delegação italiana junto ao Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM). Os atletas italianos vão atuar em 15 modalidades: basquete; judô; pentatlo militar; pentatlo moderno; boxe; paraquedismo; vela; tiro; natação; esgrima; taekwondo; atletismo; triatlo; vôlei e vôlei de praia. — Preparamos equipes muito competitivas com atletas de grande retrospecto, a exemplo de Mauro Sarmiento (no taekwondo) e Nicola Vizzoni (atletismo) — destacou Sestili. Sarimento conquistou a medalha de prata no taekwondo em Pequim (2008) e Vizzoni foi prata no lançamento de martelo nas Olimpíadas de Sidney, em 2000. Entre as outras estrelas do atletismo italiano que vão desembarcar no Rio, estão as judocas Giulia Quintavalle (ouro em Pequim, em 2008), Erica Barbieri e Rosalba Forciniti; os boxeadores Alessio Di Savino e Vittorio Parrinello, e os campeões do atletismo Emanuele Di Gregório, Roberto Donati, Antoniertta Di Martino, Simona La Mantia e Manuela Levorato. Coletivos Os grupos dos esportes coletivos – basquete, futebol, vôlei e vôlei de praia – foram definidos por um sorteio realizado em maio, durante a 66ª Assembleia Geral e Congresso do Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM), que aconteceu em Seul, na Coreia do Sul. Brasil e Itália estão no mesmo grupo no basquete masculino, junto com Lituânia, Cazaquistão, Catar e Uzbequistão. O vôlei feminino tem um grupo único, com Brasil, Itália, Estados Unidos, Alemanha, Canadá e China. O futebol terá 12 equipes masculinas e oito femininas. Atual campeão militar do masculino, o Egito é o cabeça-de-chave do grupo B, enquanto o Brasil encabeça o A, que terá ainda Argélia, Suriname e os Emirados Árabes Unidos. No vôlei masculino, o Brasil está no grupo A, onde enfrentará Estados Unidos, Catar, Grécia, Coreia do Sul e Chipre, na fase de classificação. No grupo B, está o Irã, que venceu a Seleção Brasileira Militar na decisão do Mundial Militar disputado no Maracanãzinho, em 2009, juntamente com Finlândia, Índia, China, Alemanha e Canadá.
Mauro Sarmiento (nel taekwondo) e Nicola Vizzoni (atletica) — ha specificato Sestili. Sarmiento ha conquistato la medaglia d’argento nel taekwondo a Pechino (2008), e Vizzoni ha vinto l’argento nel lancio del martello nelle Olimpiadi di Sidney del 2000. Fra le tante stelle dell’atletica italiana che sbarcheranno a Rio ci sono le judoista Giulia Quintavalle (oro a Pechino nel 2008), Erica Barbieri e Rosalba Forciniti; i pugili Alessio Di Savino e Vittorio Parrinello, e i campioni di atletica Emanuele Di Gregorio, Roberto Donati, Antonietta Di Martino, Simona La Mantia e Manuela Levorato.
Mascote é obra de Mauricio de Sousa
Mascotte è opera di Mauricio de Sousa
O
nome do mascote dos Jogos Rio 2011 foi escolhido por meio de uma votação online, realizada através do site oficial dos Jogos Rio 2011. Foram 81.537 votos, provenientes do Brasil e do exterior. Arion, de origem grega, significa ‘o que tem energia’, e venceu com mais da metade da preferência dos internautas (41.069), após competir com os nomes Turi e SuperPax. O segundo lugar ficou com o nome Turi, que obteve 25.339 votos. O nome SuperPax foi o terceiro colocado, com 15.129 votos. Desenhado por Mauricio de Sousa, o mascote foi inspirado em um menino que se transforma em um super atleta militar, usando o símbolo mágico da pomba branca, que marca os Jogos da Paz Rio 2011.
34
junho 2011 | comunitàitaliana
Squadre I gruppi di sport a squadre–pallacanestro, calcio, pallavolo e pallavolo di spiaggia– sono stati decisi com um sorteggio realizzato a maggio, durante la 66ª Assemblea Generale e Convegno del Consiglio Internazionale dello Sport Militare (CISM), avvenuta a Seul, nella Corea del Sud. Brasile e Italia stanno nello stesso gruppo nella pallacanestro maschile, insieme alla Lituania, Kazakistan,
I
l nome della mascotte dei Giochi Rio 2011 è stato scelto con una votazione online, realizzata sul sito ufficiale dei Giochi Rio 2011. Sono arrivati 81.537 voti, sia dal Brasile sia dall’estero. Arion, di origine greca, significa ‘colui che ha energia’, ed ha vinto grazie a più della metà dei voti di preferenza dei navigatori (41.069), dopo aver competito con i nomi Turi e SuperPax. Il secondo posto è toccato al nome Turi che ha ottenuto 25.339 voti. Il nome SuperPax è stato il terzo collocato con 15.129 voti. Disegnata da Mauricio de Sousa, la mascotte è stata ispirata da un bambino che si trasforma in un super atleta militare, usando il simbolo magico della colomba bianca che è il marchio dei Giochi della Pace Rio 2011.
“Faremos de tudo para confirmar nosso papel de prestígio, graças ao empenho dos nossos atletas. As nossas Forças Armadas vão procurar conquistar os primeiros lugares das classificações de medalhas” General Rinaldo Sestili, chefe da delegação italiana Gratuidade e voluntariado Trezentos mil ingressos, totalmente gratuitos, serão distribuídos pelos organizadores dos Jogos Rio 2011. Quem estiver interessado em assistir às competições deve preencher o cadastro no site www.rio2011. mil.br. Os vouchers deverão ser retirados em locais a serem ainda definidos. Estarão habilitados todos aqueles que aceitarem as regras estabelecidas pelo Comitê de Planejamento Operacional Rio 2011.
Curiosidades O Papa João Paulo II discursou na abertura dos primeiros Jogos Militares, disputados em Roma, em 1995 Em todas as edições, o Brasil obteve 20 medalhas, das quais duas de ouro O país campeão do quadro de medalha de todas as edições foi a Rússia Os Jogos da Índia, em Hyderabayd, foram marcados pela maior conquista de recordes militares (27 no total)
“Faremo di tutto per confermare il nostro ruolo prestigioso grazie all’impegno dei nostri atleti. Le nostre Forze Armate cercheranno di conquistare i primi posti nella classifica delle medaglie” Generale Rinaldo Sestili, capo della delegazione italiana
Qatar e Uzbekistan. La pallavolo femminile forma un unico gruppo che riunisce Brasile, Italia, Stati Uniti, Germania, Canada e Cina. Il calcio avrà 12 squadre maschili e 8 femminili. Attuale campione militare del calcio maschile, l’Egitto è la squadra più importante del gruppo B, mentre il Brasile comanda il gruppo A, che comprende anche l’Algeria, il Suriname e gli Emirati Arabi Uniti. Nella pallacanestro maschile il Brasile si trova nel gruppo A, dove affronterà gli Stati Uniti, il Qatar, la Grecia, la Corea del Sud e Cipro, nella fase de classificazione. Nel gruppo B troviamo l’Iran, che ha vinto la Nazionale
Curiosità Il Papa Giovanni Paolo II ha fatto un discorso durante l’apertura dei primi Giochi Militari, disputati a Roma nel 1995 Nel totale delle edizioni il Brasile ha vinto 20 medaglie, delle quali due di oro
A Maratona dos Jogos será simultânea à Maratona Internacional do Rio
La nazione che ha vinto più medaglie in tutte le edizioni è stata la Russia
As cidades fluminenses de Resende, Paty do Alferes e Seropédica irão sediar competições em algumas modalidades, como o paraquedismo
I Giochi dell’India, a Hyderabayd, sono stati segnati dalla maggior conquista di record militari (27 in totale)
O comitê organizador recebeu um total de oito mil inscrições de pessoas interessadas em atuar como voluntárias dos Jogos. O treinamento in loco dos voluntários, junto às instalações, está previsto para acontecer em julho, e o ensino a distância será feito um mês antes. Para organizar o transporte na cidade durante os dias do evento, a prefeitura está montando um esquema de vias segregadas, como aconteceu em 2007, ao longo dos jogos do Pan, para atletas, dirigentes e presidentes de confederações. A operação contará com o auxílio da CET-RIO e da Guarda Municipal para o deslocamento das comitivas, desde as vilas até as instalações esportivas.
La Maratona dei Giochi avverrà contemporaneamente alla Maratona Internacional do Rio Le città fluminensi di Resende, Paty do Alferes e Seropédica saranno sede di gare in alcune modalità come il paracatudismo
Brasiliana Militare nella decisione del Mondiale Militare disputato nel 2009 nel Maracanãzinho, insieme alla Finlandia, l’India, la Cina, la Germania e il Canada. Gratuità e volontariato Trecentomila ingressi totalmente gratuiti saranno distribuiti dagli organizzatori dei Giochi Rio 2011. Chi fosse interessato ad assistere alle gare deve riempire il formulario nel sito www.rio2011.mil.br. I voucher dovranno essere ritirati in posti che ancora devono essere decisi. Saranno abilitati tutti coloro che accetteranno le regole stabilite dal Comitato di Pianificazione Operativa Rio 2011. Il comitato organizzatore ha ricevuto in totale ottomila iscrizioni di persone interessate a partecipare ai Giochi come volontari. L’addestramento sul posto dei volontari, dove sono le istallazioni, è previsto per il mese di luglio, e l’insegnamento a distanza sarà fatto un mese prima. Per organizzare il trasporto in città nei giorni degli eventi il comune sta montando uno schema di strade chiuse al traffico, come successo nel 2007 durante i giochi del Pan, per atleti, dirigenti e presidenti confederali. L’operazione conterà sull’aiuto della CET-RIO e della Guarda Municipal per il trasferimento delle comitive daí villaggi fino alle installazioni sportive. comunitàitaliana | junho 2011
35
firenze
GiordanoIapalucci
Cortometraggi internazionali al 1 al 31 luglio l’Associazione Monte-
D
Castelfiorentino ospita Benozzo Gozzoli
I
l Museo BE-GO di Castelfiorentino fino al 31 luglio presenta la mostra intitolata “Benozzo Gozzoli e Cosimo Rosselli nelle terre di Castelfiorentino. Pittura devozionale in Valdelsa”. L’esposizione conta su quattordici opere provenienti da diversi musei italiani e si inserisce nel ciclo “La città degli Uffizi”: un progetto ampio che ha come obiettivo quello di una maggiore e diffusa
catini Cinema presenta la 62a Mostra Internazionale del Cortometraggio, evento che si ripete ininterrottamente dal 1949. Promosso dal Comune di Montecatini e dalla Federazione Italiana Cineclub il Festival metterà in gara tutte le opere realizzate dal 1° gennaio 2009 ad oggi su cinque sezioni competitive: videoclip, animazione, documentario, fiction e sperimentale. Si tratta di una manifestazione molto importante e allo stesso tempo aperta sia a chi presenta opere, sia a chi visita. Infatti non è prevista né una quota di iscrizione, né un obbligo di opera inedita e neanche un biglietto di entrata. Info: www.filmvideomontecatini.com
conoscenza delle opere degli innumerevoli artisti che hanno vissuto nella provincia fiorentina durante il periodo del Rinascimento. Con lo stesso biglietto d’ingresso si potrà visitare anche l’esposizione presso il museo di Palazzo Medici Riccardi che prende il nome da uno dei più celebri capolavori di Bonozzo Gozzoli “La Cavalcata dei Magi”. Ingresso 6 euro.
Per il Chianti tran’ideavino e ciccia nata quasi per gioco da tre
Il Decameron Uimprenditori per far conoscere la bellissima regione del Chianti nel di Dario Fo Estate alle Murate cuore della Toscana a turisti e quanopo la pubblicazione del libro “Il Bociapre a nuova vita l’ex carcere fioren-
R
tino delle Murate. Tutti i giorni, da mezzogiorno a mezzanotte, le attività culturali che affolleranno lo spazio di Piazza della Madonna della Neve saranno a 360 gradi. Come ha spiegato l’assessore alla Cultura di Firenze, Giuliano da Empoli, le Murate saranno uno spazio di sperimentazione libera, una casa laboratorio per tutti coloro che vogliono dare un segno di vivacità culturale alla città di Firenze. Sarà un concentrato di arte e cultura contemporanee: dall’incontro tra musica, arte e nuovi media alle rassegne cinematografiche, dalla presentazioni di nuovi romanzi alla discussione bilingue sugli stereotipi culturali. Ingresso libero. 36
junho 2011 | comunitàitaliana
D
caccio riveduto e scorretto”, Dario Fo, premio Nobel per la letteratura nel 1997 e sua moglie Franca Rame presentano il libro in forma di commedia nella splendida cornice del Teatro Romano di Fiesole. Ne viene fuori un Decameron completamente sconosciuto, originale e fuori da ogni schema. In una recente intervista Dario Fo, parlando del suo ultimo lavoro ha commentato che “la grandezza di Giovanni Boccaccio è aver posto Dio a un lato del suo mondo, rispetto a Dante che lo collocava continuamente al centro”. La rappresentazione sarà nei giorni 26 e 27 luglio a partire dalle 21.30. Biglietto dai 21 ai 28 euro.
ti altri vogliano passare un sabato in mezzo ad una natura da cartolina, ad un vino tra i migliori al mondo e tanta ottima ‘ciccia’ [carne] cotta alla griglia da esperti cuochi. La data della prossima uscita è prevista per sabato 18 giugno. Si partirà da Firenze in direzione di Panzano in Chianti dove ad accogliervi ci sarà Dario Cecchini, il macellaio-poeta che decanterà versi della Divina Commedia tra una bistecca e una salsiccia. Quota di partecipazione 55 euro. Per info su iscrizione: giovanni.gori@gmail. com– jacopobruni@hotmail.com
Gastronomia
Festival gastronômico aporta com sucesso no Rio Ceasar Park de Ipanema sediou programação de seis dias com o melhor da culinária italiana Cintia Salomão Castro
A
pós visitar diversas cidades do mundo, o Festival Bella Italia aportou em um dos hotéis mais prestigiados do Rio de Janeiro. O Caesar Park Ipanema foi palco de uma amostra do melhor da culinária italiana, no mês passado. Foram cinco dias que incluíram aula de culinária com um dos melhores chefs italianos e um jantar especialmente preparado com vinhos piamonteses da adega Batasiolo. O objetivo do festival é fazer conhecer ao mundo a cultura, a culinária e os produtos provenientes da Itália, explica Alessandro Cecchi, presidente do Consorzio Alta Cucina Italiana, grupo que reúne os chefs mais renomados do país, que obtiveram o reconhecimento do guia Michelin. — Trata-se de uma atividade de informação qualificada. Queremos chamar atenção para a culinária regional da Itália — explica. No primeiro dia do festival, Paolo Teverini comandou uma aula de culinária, durante a qual ensinou os presentes a prepararem três pratos simples e fáceis de fazer, mas que, ao mesmo tempo, fossem a cara da culinária italiana: um antepasto, um prato de massa e uma sobremesa. A entrada, um carpaccio de carne de cordeiro — acompanhado de abobrinha, alho, vinagre de vinho branco, azeite e pimenta-do-reino — é emblemática da região montanhosa da Emilia-Romagna, região de origem de Teverini, onde a criação de ovelhas integra a tradição secular da população local. A receita de pasta escolhida, tricolor como a bandeira italiana, foi o inhoque de tomate com pesto, panna e queijo pugliese burrata. Para finalizar, uma sobremesa de derreter: morango gratinado com zabaione, o famoso creme obtido com gemas, açúcar e vinho
O jantar contou com seis pratos e seis tipos de vinho
Marsala. O cuoco destaca a preocupação com a saúde através do seu cardápio naturale, no qual procura evitar produtos químicos. — A minha é uma cozinha pensada para uma alimentação saudável. Pode-se comer muito sem engordar. Uma das nossas recomendações é não comer massa com carne vermelha e ingerir muitas verduras e legumes — frisa Teverini, autor do livro La cucina naturale in Emilia Romagna. Cena e vini Uma das noites do festival, dedicada à cena di vini, atraiu um público que degustou o menu com seis pratos, acompanhados de seis tipos de vinho da adega Batasiolo, sediada no Piemonte. As degustações foram
O chef Paolo Teverini, seu assistente Anunciatto, o chef do Caesar Park Ipanema Helbert Moura e Ante Dapic, gerente de A&B do hotel
iniciadas com pannacota de negroni sólido com queijo pecorino, seguida de vieiras assadas com pistache e creme de queijo burrata, crepes de creme de leite e manjericão, filé de robalo com purê de berinjela, filé de lombo com bacon e bavarian wafer com maracujá e avelãs: tudo finalizado com sourbet de morango e canela e vinho moscato d’asti. A experiência carioca do evento foi positiva para o diretor do Caesar Park de Ipanema, o toscano Maurizio Romani, que mudou-se para o Rio há cerca de um ano. — O festival nos deu mais visibilidade e agradou a clientela — resume Romani. O sucesso do festival é comprovado por meio das solicitações que chegam aos importadores nos países que recebem o festival, explica Alessandro Cecchi. — O verdadeiro conhecimento da cozinha italiana faz com que o cliente queira usar os produtos originais. Ele passa a querer usar o parmeggiano e o azeite extravirgem originais. Cecchi espera que a experiência se repita com mais frequência. — No Rio eventos assim são raros, ao contrário do que acontece em São Paulo, e não por falta de demanda. Espero que se possam fazer mais no futuro. Os próximos destinos do Bella Italia para 2011 estão, principalmente, no Oriente Médio: as cidades de Teerã, Moscou e Omã estão incluídas no roteiro.
comunitàitaliana | junho 2011
37
Religião
Sentença de San Gennaro? A tradição da liquefação do sangue é um dos mitos fundadores da cidade de Nápoles, que passa por difícil momento político e social Aline Buaes
Especial para Comunità
C
om 24 horas de atraso do dia previsto, no último dia 1° de maio pela manhã, diante de uma catedral lotada de fiéis, se repetiu mais uma vez em Nápoles o milagre da liquefação do sangue do santo patrono da cidade, San Gennaro, tranquilizando os napolitanos, já que prega a tradição que a ocorrência do fenômeno é sinal de bom augúrio à cidade, protegendoa de grandes tragédias. No entanto, o atraso verificado não é visto como algo positivo, podendo significar mais desgraças à vista, para uma das cidades mais problemáticas da Itália. Na última vez que o sangue não liquidificou, em 1980, um grande terremoto devastou a região, deixando mais de três mil mortos e milhares de desabrigados. — O milagre de San Gennaro é fundamental para a cidade de Nápoles. Se não acontece nas datas previstas, é sinal de infortúnio e os resultados podem ser catastróficos do ponto de vista social 38
— explica o antropólogo napolitano Aldo Colluciello, acrescentando que, como cientista social, nunca se colocou o problema se a liquefação do sangue é real ou não. — O mais importante é o fenômeno social — salienta. Segundo a tradição, a liquefação do sangue do santo, conservado em duas ampolas de vidro dentro da Catedral de Nápoles, ocorre duas vezes por ano, uma no sábado que antecede o primeiro domingo de maio e outra no dia 19 de setembro, aniversário da decapitação de Gennaro, que ocorreu no ano 305 d.C. em Pozzuoli durante a perseguição aos cristãos pelo imperador Diocleciano. A história da vida de Gennaro, bispo da cidade de Benevento no século III, é marcada por contradições e versões diversas. No entanto, sabe-se que uma mulher teria recolhido o sangue do mártir, como era comum na época, logo após sua morte e muitos anos depois teria entregue as ampolas ao bispo local. Registros da Igreja reiteram que a veneração ao santo, muito amado em vida por católicos e pagãos, começou neste
junho 2011 | comunitàitaliana
Pintura de San Gennaro, conhecido no Brasil como São Januário
período, mas apenas no século XV seu corpo e suas relíquias voltaram definitivamente para Nápoles. É deste período também o primeiro registro de ocorrência do milagre da liquefação do sangue, ponto central do culto ao santo. As datas da ocorrência do milagre são celebradas com grande expectativa pelos fiéis, que comparecem em peso à Catedral de Nápoles para certificarem-se do milagre. Com as relíquias expostas ao público, os fiéis acompanham o processo e se a liquefação não se verifica imediatamente, iniciamse preces e vigílias coletivas. Quando o milagre ocorre, a celebração se encerra com cantos sacros e os sinos da catedral soam, avisando a cidade. Este ano as ampolas com o sangue do santo foram expostas por três vezes aos fiéis, até que, com quase 24 horas de atraso, o sangue finalmente se liquefez, sob aplausos e comoção dos milhares de fiéis presentes na Igreja, entre eles autoridades locais e nacionais, como a prefeita da cidade, Rosa Iervolino. Diversas pesquisas científicas realizadas ao longo dos séculos tentaram comprovar a falsidade do milagre, tanto que nos anos 60 o Vaticano reconsiderou a canonização de San Gennaro e qualificou o milagre como uma “crença da religosidade popular local”, já que era impossível determinar a inexplicabilidade científica do fenômeno, pré-requisito fundamental para um fato ser considerado milagre. No entanto, até hoje nenhum cientista explicou como o fenômeno se repete sempre nas mesmas datas. “Nunca ocorreu uma real apuração do conteúdo das ampolas”, explica Collucciello. — Nápoles é uma cidade única na Itália, é a única capital onde ainda ocorrem estes fenômenos de religiosidade popular, sendo San Gennaro apenas o maior e mais popular deles — explica o antropólogo, reiterando que este milagre é um dos mitos fundadores da cidade. Em Nápoles, segundo o professor da Academia de Belas Artes, crenças pré-católicas se misturam com a religiosidade cristã, em modo similar a como ocorre no Brasil. Segundo Collucciello, em períodos de crise social, como agora, com a crise econômica e a crise do lixo que já se estende há vários anos, aumenta a devoção popular ao santo.
Religião
Santo Antônio de Padova, de Lisboa e do Brasil Os festejos de 13 de junho revelam as tradições culturais em torno do português imortalizado pelos vênetos Cintia Salomão Castro
U
ma das igrejas mais visitadas do mundo e um dos principais monumentos religiosos da Itália, a imponente Basílica de Santo Antônio, ou simplesmente Il santo, como é chamada pelos padovanos, guarda os restos mortais de Fernando de Bulhões e Taveira, o missionário português nascido em Lisboa em 15 de agosto de 1195, morto em Padova no dia 13 de junho de 1231(com apenas 36 anos) e canonizado em 13 de maio de 1232 pelo papa Gregório IX. Santo Antônio é um dos santos mais populares em três países: Itália; Brasil e Portugal. Embora o culto seja voltado ao mesmo santo, os festejos e tradições em torno dele diferem muito em cada cultura. Festejos em Padova O dia da morte de Santo Antonio – 13 de junho – é a data mais importante do calendário religioso da cidade vêneta de Padova. Logo nas primeiras horas da manhã, sacerdotes e peregrinos realizam uma longa procissão que percorre as principais ruas da cidade, levando as relíquias do santo, como os restos de sua mandíbula e do manto. Uma missa especialmente preparada para a data atrai
Freis admiram esqueleto de Santo Antônio em redoma de cristal
devotos de todo o mundo à Basílica, onde também é feita a bênção dos fiéis com relíquia do dedo indicador do santo. O seu túmulo, no interior da Basílica, está repleto de prendas doadas pelos fiéis em agradecimento a graças recebidas. Os eventos realizados na Itália são estritamente religiosos, ao contrário dos festejos portugueses e brasileiros, que mesclam sacro e profano. — Em Padova, o 13 de junho é 100% religioso. O modo de viver a religiosidade no Norte da Itália é muito diferente até em relação ao Sul italiano, ou a outros países como Espanha e Portugal, onde as festas são feitas com mais alegria. Aqui em Lisboa, os festejos duram um mês inteiro e cada bairro organiza pequenos concertos ao ar livre — explica a padovana Francesca Mainetti, tradutora e intérprete que mora há três anos em Lisboa. Tradições luso-brasileiras Uma marca da tradição em torno ao santo lusitano – herdada em todo o Brasil – é a fama de casamenteiro. Também no dia 13, celebram-se vários casamentos coletivos na Sé Catedral de Lisboa. O cheiro de sardinha exalado pela capital portuguesa é outra característica dos folguedos nessa época. Isso porque, por toda a cidade, assam-se, na brasa, sardinhas – a chamada sardinhada. O luso-italiano Marco Veronesi também identifica a popularidade portuguesa em torno do santo como mais festeira e “profana”. — Em junho, há marchas populares em vários bairros de Lisboa, como a Alfama e a Mouraria, grupos folclóricos e a sardinhada. As pessoas saem à rua para festejar. Em Padova, existe uma devoção apenas religiosa, enquanto em Lisboa há
mistura do sagrado com o “profano”. O santo é popular, em todos os sentidos — compara. Conhecido como Santo Antonio di Padova pelos italianos, muitos desconhecem a origem do orador português que radicou-se na Itália após conhecer São Francisco de Assis. — Quase todos os italianos que eu conheci estão profundamente convencidos que ele era italiano, ou melhor, padovano. Somente os frades e religiosos que encontrei sabem que era Ajuda às português. Muitas vezes, noivas sem dote brinco com isso, e ‘lembro’ os 15 anos de idade, o sempre aos meus amigos e lisboeta Fernando de conhecidos que ele é Santo Bulhões e Taveira já havia Antônio de Lisboa — conta decidido ser padre. Dez anos Marco. depois, quando havia se No Brasil, o 13 de junho tornado membro da Ordem dos Frades Menores de faz parte da programação São Francisco, foi viver no das festas juninas, em toMarrocos. Trocou seu nome do o país. Os fiéis entoam de batismo por Antônio. Em cânticos, soltam fogos, e ce1221, ao tentar voltar para lebram comes e bebes junto Portugal, sua embarcação, a uma fogueira em hometomada por ventos fortes, nagem a Santo Antônio. A foi parar na Itália, onde ganhou a fama de excelente fama de casamenteiro tamorador. Segundo bém é forte: há quem deixe a tradição, a estátua do santo de cabeça costumava ajudar para baixo até que se arrume as noivas sem marido. Um outro costume dote, o que do dia é as igrejas distribuílhe rendeu rem aos pobres os pãezinhos a fama de casamenteiro. de Santo Antônio.
Construída em 1310, com uma fachada românica e cúpula em estilo bizantino, a Basílica de Santo Antônio de Padova reúne obras de Giotto, Mantegna, Altichiero, Menabuoi e Donatello
A
comunitàitaliana | junho 2011
39
Notícias
Jazz nas alturas amoso por sua vista privilegiada da cidade de São Pau-
F
lo, o Piano Bar do Terraço Itália está reformulando sua programação. Às quartas-feiras, a banda de jazz Hammond Grooves vem atraindo um público jovem ao local, que antes era mais frequentado por grupos de amigos na faixa dos 40 anos e casais à espera de uma mesa no restaurante do edifício. Formado por Daniel Daibem, Daniel Latorre e Wagner Vasconcelos, o Hammond Grooves toca desde composições próprias até músicas de Duke Ellington e Tom Jobim. “O mais bacana é perceber que está se formando um público que vem especialmente para ouvir o som. O pessoal que vem está interessado na música, se alguém começa a conversar muito alto acaba repreendido pelo público”, explicou Daniel Daibem. O músico conheceu o Piano Bar quando usou o espaço para gravar um programa de televisão e desde então ficou com vontade de tocar no local. Um empresário que era fã da banda acabou fazendo a ponte entre o trio e o gerente do bar, André Marques. “Estamos adicionando algumas atrações novas, o Terraço tem a música como ingrediente fundamental desde sua inauguração”, declarou Marques. O projeto Hammond nas Alturas começou como parte da programação de verão do Terraço Itália, mas com o sucesso foi prorrogado e deve ficar pelo menos até junho no Piano Bar.
Concurso para logo
G
oogle lança competição artística para comemorar os 150 anos da Unificação italiana nas escolas primárias e secundárias, do ensino fundamental e médio. As crianças participantes criam um logotipo tricolor, que será avaliado por um júri integrado também pelo cantor italiano Jovanotti. O concurso “Doodle para Google: a Itália daqui a 150 anos” tem o patrocínio do Ministério do Patrimônio e Atividades Culturais, com a colaboração do Ministério da Educação e de RAI 150. O desafio termina em 10 de junho. A votação irá de 27 de junho até 15 de setembro. A logo vencedora será publicada por um dia inteiro na página italiana do Google.
Projetos de Itália e Brasil ganham fundos uatro projetos de cineastas ítalo-brasileiros ganha-
Q
ram um concurso organizado pela Agência Brasileira de Cinema (Ancine) em parceria com o Ministério italiano de Bens e Atividades Culturais (MiBAC). Trata-se de dois projetos para diretores estreantes e outros dois para profissionais mais experientes, que receberão 25 mil euros e 50 mil euros, respectivamente. O brasileiro “La mamma” de Carina Bini Fernandes e o italiano “Cavalli marini” de Francesco Costabile, ganharam a primeira categoria, enquanto “Rossellini amou a pensão de Dona Bombom” de Paulo Caldas e “Vanità delle vanità” de Giorgio Diritti, a segunda.
calcio
AndreaCiprandi Ratto
Il valore dei soldi I
Negli ultimi due anni si sono realizzati i trasferimenti più clamorosi della storia vari campionati europei si sono appena conclusi e a tenere banco è di nuovo il mercato. Nel corso dei decenni i grandi capitali hanno cambiato spesso casa: dai fasti italiani degli anni Ottanta si è passati al dominio dell’Inghilterra, quindi ha tenuto banco la Spagna, questo mentre cresceva l’ex Unione Sovietica. Ultimamente, in attesa che il tanto chiacchierato fair play finanziario renda tutti un po’ più simili, sembra che i soldi siano sparsi qua e là, soprattutto in ragione della provenienza dei nuovi investitori: magnati, sceicchi e gruppi finanziari, in genere originari dell’India, come dei Paesi arabi e degli Stati Uniti. E così alla schiera dei Club da sempre danarosi e spendaccioni se ne sono aggiunti alcuni tradizionalmente oculati, che improvvisamente possono mettere sul tavolo cifre notevolissime. A quelli meno ricchi, nel frattempo, non resta che riciclare vecchie glorie o assoldare giocatori con le più fantasiose formule di prestito. Negli ultimi due anni si sono realizzati i trasferimenti più clamorosi della storia. Quelli di Kakà e Cristiano Ronaldo al Real Madrid hanno sfiorato l’incredibile, con valutazioni simboliche nella loro indecenza più che corrispondenti alle reali capacità dei calciatori, pur forti, coinvolti. Idem quello di Ibrahimovic al Barcellona, anche se con la contropartita tecnica di Eto’o. Quest’inverno, quindi, si è perfezionato il passaggio di Torres dal Liverpool al Chelsea, che ha costituito il nuovo primato per la Premier League (50 milioni di sterline), col contemporaneo acquisto di Suarez e Carroll da parte dello stesso Liverpool per un cifra nel complesso superiore, benché questo esborso sia stato mitigato dalla vendita dello spagnolo. Nello stesso periodo il Manchester City si è assicurato Dzeko per una trentina di milioni. Proprio il caso della seconda squadra di Manchester, di proprietà dello sceicco Mansour, è quello che più richiama l’attenzione nell’analisi di questa nuova ondata di spese folli. Dopo aver già cambiato volto nel 2009, fra l’estate 2010 e gennaio 2011 ha speso 185 milioni di euro, ingaggi a parte,
incassandone appena 25. E adesso, con Richards unico prodotto del vivaio ad aver trovato posto fra i titolari, più che a lanciare altri suoi ragazzi sembra propenso a spendere ancora centinaia di milioni di euro: per Cristiano Ronaldo, sempre lui, sarebbe stata fatta un’offerta di 180. Certo, non si è ancora concretizzato nulla, ma la tendenza è questa. Tutto ciò mentre le due migliori squadre al mondo, Barcellona e Manchester United, insieme hanno dato vita alla seconda finale di Champions League negli ultimi tre anni, avendo già vinto, nel
da vent’anni e recentemente sono stati affiancati da una decina di altri fenomeni tutti arrivati a Manchester ancora adolescenti, quando nessuno ne parlava. Prendendo il Manchester City a esempio del nuovo modello di Club rampante sulla scia di giganti quali il Real Madrid, il Chelsea e il Milan anni Novanta, c’è da fare un’osservazione. Sembra, infatti, che i proprietari delle nuove potenze economiche del pallone non abbiano capito che i soldi non sono tutto. Non sono bastati nemmeno al multimilionario secondo Real targato Florentino Perez, che in due
complesso e per limitarsi a questo primo scorcio di nuovo secolo, due delle precedenti tre. Cosa c’è di strano? Che pur essendo Club ricchissimi il cui debito ne decreterebbe la scomparsa se non avessero la tutela che hanno, le squadre che mettono in campo sono essenzialmente il prodotto del vivaio e di un progetto duraturo. Sono tanti gli ex ragazzini del Barcellona oggi pilastri della prima squadra: Messi, Iniesta, Xavi, Puyol, Piqué, Pedro, Busquets, Victor Valdes. Dal canto loro, Giggs e Scholes, esplosi insieme a Beckham e al recentemente ritiratosi Gary Neville, anch’essi usciti dal vivaio, tengono alta la bandiera dello United addirittura
anni ha vinto giusto una Coppa del Re, cioè il trofeo maggiore meno ambito fra quelli che poteva conquistare. Barcellona e Manchester United, invece, pur non sottraendosi all’andamento generale del calcio moderno sono arrivati a chiudere non più di un grande colpo all’anno, perché per il resto possono far conto sui propri giovani e su quelli che gli osservatori scovano in giro per il mondo, aprendo veri e propri cicli. Offrono un gioco fenomenale e riescono a non far passare in secondo piano né l’aspetto sportivo né l’identificazione. E’ così che si sono assestati in alto che più in alto non si può, ottenendo il massimo possibile in quanto ad allori ma anche stima. C’è quindi da chiedersi se i nuovi padroni del calcio avranno l’intelligenza e la pazienza di seguirne i modelli, perché il futuro del pallone l’hanno in mano loro.
Sembra che i proprietari delle nuove potenze economiche del pallone non abbiano capito che i soldi non sono tutto
comunitàitaliana | junho 2011
41
Cinema
Nas telas de Milão O Instituto Cultural Brasil-Itália levou o novo cinema do país ao público italiano em evento realizado na capital da moda Guilherme Aquino
O
De Milão
festival “Brasil Cinema Contemporâneo” chegou à sua sexta edição em que levou, entre os dias 17 e 22 de maio, uma visão atual e múltipla do cinema brasileiro ao público milanês. A mostra foi organizada pelo Instituto Cultural Brasil-Itália (IBRIT Milano) e realizada com o apoio do Consulado Geral do Brasil em Milão, da Prefeitura de Milão e da TAM Airlines. — O Brasil vive um momento muito especial, com tantos espectadores que prestigiam o cinema nacional de alto nível. E o interesse é grande aqui no exterior, a prova disso é esta sexta edição, com filmes que espelham a realidade brasileira e contemporânea — afirmou a curadora carioca, radicada em Milão, Regina Nadaes Marques aos jornalistas. Na edição de 2011 foram exibidos, no cineclube Gnomo, oito longas metragens selecionados entre os filmes apresentados nos festivais e exibidos no circuito comercial brasileiro nos últimos três anos, além de uma sessão de curtas do cineasta Marcelo Laffite e das produções do Núcleo Sapos e 42
Afogados, cujos atores são do Centro de Convivência da Saúde Mental de Belo Horizonte. A convidada especial do festival foi a jornalista Hildegard Angel, filha da famosa estilista Zuzu Angel. A jornalista viajou para Milão para apresentar o filme “Zuzu Angel”, do cineasta Sergio Rezende. Como sempre acontece durante o festival o público votou no seu filme preferido: “Elvis e Madona”. A democrática participação dos presentes ao festival premiou a película que conseguiu capturar as emoções refletidas em
junho 2011 | comunitàitaliana
A convidada especial do festival foi a jornalista Hildegard Angel, filha da famosa estilista Zuzu Angel
risos, lágrimas e concentração. No programa, obras de cineastas consagrados como Laís Bodanzky (As melhores coisas do mundo), Eliane Caffè (O sol do meio dia), Flavio Tambellini (Malu de bicicleta). O festival também lançou um olhar sobre a diversidade e a inclusão social. O premiado longa “Elvis e Madona”, dirigido por Marcelo Laffite, aborda o tema da diversidade em chave leve e romântica. Os curtas “Material Bruto” e “Sapos e Afogados”, de Juliana Barreto, convidada do festival, são realizados com atores/pacientes da rede pública de saúde mental de Belo Horizonte. A política das drogas no Brasil e no mundo foi discutida no documentário “Cortina de Fumaça”, do carioca Rodrigo MacNiven. — A diversidade segue com uma grande vitalidade dentro de um contexto social rico. Queremos reconhecer as diferenças para anular as distâncias — afirmou à Comunità o secretário de Cultura de Milão, Massimiliano Finazzer Flory. O festival também deu espaço a uma cineasta em seu primeiro longa: Mariana Caltabiano apresentou “Brasil animado”, filme para crianças e adultos, que mescla imagens reais e animação. Para matar as saudades, principalmente para os amantes da música brasileira, o festival exibiu o documentário “Seu Cavaco, Dom Bandolim e o choro de Mestre Duduta na Rainha da Borborema”, dirigido pelo milanês Riccardo Migliore e a brasileira Thaíse Carvalho. A exibição do documentário enriqueceu os debates culturais ocorridos durante a semana do cine Brasil. A Universidade Católica de Milão abriu as portas para o festival brasileiro com um encontro para debater o tema “Um olhar sobre a realidade brasileira através do cinema”. O debate, organizado em colaboração com o Departamento de Ciências da Comunicação e do Espetáculo da Universidade, atraiu centenas de estudantes que puderam conversar com os cineastas. E, na Universidade dos Estudos de Milão, o tema do debate foi Fúria: Literatura e Cinema – encontro com o cineasta Laffite, com curadoria de Vincenzo Russo. O evento foi organizado em colaboração com o Departamento de Ciências da Linguagem e Literaturas Estrangeiras Comparadas da Universidade.
Música
Bossa nova made in Italy Banda formada em Veneza lança seu sexto CD dedicado ao gênero nascido no Rio e coleciona fãs pelo mundo Cintia Salomão Castro
Q
uando tinha cinco anos de idade, no final dos anos 1970, na cidade de Lecce, na Puglia, o violonista Renato Greco ouvia com o pai os discos de João Gilberto em casa. De herança, ficou-lhe o talento com as cordas, já que o pai tocava um clássico Di Giorgio, e a paixão pela música brasileira. Mais tarde, ao mudarse para Veneza a fim de estudar arquitetura na conceituada escola IUAV, conheceu outros italianos, apreciadores da música brasileira. Em 1998, um grupo tomou a decisão de tocar junto bossa nova, marca registrada da boemia carioca dos anos 50 e 60. Assim nasceu Nossa Alma Canta, grupo que completa 13 anos de atividade, acaba de lançar seu sexto CD, realiza concertos por toda a Itália, recebe pedidos via internet de vários países do mundo e arrasta uma multidão de fãs na Tailândia, país onde, em 2009, conseguiu atrair 200 mil pessoas durante uma apresentação pelo Honda Summer Festival. — Na cidade de Hua Hin, nosso concerto durou cerca de uma hora e meia, éramos convidados internacionais. Lá, na Tailândia, encontramos, inclusive, o nosso CD I was made for bossa, em versão pirata — conta Renato, coordenador da banda, dando a dimensão do inusitado sucesso no país asiático.
Voz veneziana Um brasileiro costuma identificar com facilidade o sotaque estrangeiro nas versões internacionais de música brasileira que integram coletâneas vendidas Europa afora. Não é o que acontece nas faixas às quais a veneziana Rosa Bittolo Bom empresta sua suave voz. Rosa consegue nasalar como uma nativa o ditongo ão, imprescindível marca lusófona presente em palavras como canção e coração, tão recorrentes nas letras dos poetas da bossa nova. A base do grupo conta com sete pessoas. Enquanto Francesco Bonito emprega seu talento ao teclado e ao piano, Bebo Baldan toca o contrabaixo. Os outros integrantes fixos são Eurico Pagnin no sax, Luca Bortoluzzi na bateria e o percussionista Leo di Angilla. Outras participações incluem o pianista Paolo Vianello no piano, o trompetista David Boato, a flautista Anna Maria dalla Valle, o arranjador orquestral Giuseppe Sorato e Daniele Galletta no cavaquinho e no violão de sete cordas.
O violonista Renato Greco herdou do pai a paixão pela música brasileira
A veneziana Rosa Bittolo Bom capricha no vocal da banda
As presenças brasileiras do recém-lançado CD Racionalidade Tropicalizada – que reúne cinco covers e quatro composições próprias com texto de Luigi Schiralli – são as cantoras convidadas Luma e Zanna. A agradável versão para o hit de Rita Lee, Mania de você, ganha um toque mais bossista e intimista na voz de Rosa, capaz de agradar o brasileiro mais exigente, enquanto Ela é carioca, de Tom e Vinicius, adquire roupagem eletrônica em remix. Entre as composições originais, a alegre e adocicada Newton, com letra em português, tem potencial para hit de verão. Além de ícones como Tom, Jobim, Vinicius, Elis Regina, João Gilberto, Ary Barroso, Dorival Caymmi e Chico Buarque, as influências da banda incluem contemporâneos como Lenine. Do lado italiano, Pino Daniele dos anos 80 e a canção napolitana. Italianos tropicalizados Batizado de Racionalidade Tropicalizada, o título do novo disco do grupo (e o seu conteúdo) carrega um conceito híbrido, fruto de uma espécie de miscigenação musical, que Renato Greco explica como um processo de aprendizado, ocorrido ao longo dos anos através de uma imersão na cultura brasileira. — Espero que a nossa racionalidade tenha se tropicalizado um pouco, ao se aquecer com aquela energia que somente algumas culturas possuem. Ao lidarmos com gêneros como a bossa nova, não basta seguir as figuras rítmicas. É necessário entrar naquele “mood” — explica o músico. Seria o “espírito” da bossa nova? Para Renato, não deixa de ser. O trabalho de Nossa Alma Canta ele define como uma “imersão total na cultura brasileira”, que não pode ser fruto de um “encontro superficial”. Quem deseja obter o cd do grupo, pode escrever diretamente para a banda através do email info@nossaalma.it.
comunitàitaliana | junho 2011
43
Exposição
Nero : de incendiário a
urbanista inovador
Grande exposição em Roma traz um novo olhar sobre um dos eventos mais trágicos da história da cidade eterna Aline Buaes
Especial para Comunità
F
oi durante a noite do dia 18 de julho do ano 64 d.C. que começou o incêndio que, durante nove dias, destruiria Roma. Milhares de pessoas morreram e centenas ficaram desabrigadas. Nero, o imperador, se encontrava fora da cidade e voltou assim que soube do desastre. Mesmo com as suspeitas recaindo sobre ele, o último imperador da dinastia Giulio-Claudia não se deteve e aproveitou as áreas que se tornaram disponíveis com a catástrofe para concretizar seu ambicioso projeto urbanístico e construir a sua magnífica residência que se chamaria Domus Aurea, rodeada de espaços verdes e lagos artificiais abertos aos habitantes da cidade. É sobre estes fatos e sobre a participação do imperador mais polêmico da Roma antiga, comumente chamado de louco e incendiário, que trata a grande exposição “Nerone”, aberta ao público até 18 de setembro de 2011 no coração do centro antigo de Roma e que apresenta, pela primeira vez, documentos e novidades das mais recentes descobertas arqueológicas sobre este conturbado período da história romana. Organizada pela Ministério da Cultura italiano, com curadoria das grandes arqueólogas Rossella Rea e Maria Tomei, a mostra tem como objetivo apresentar uma nova visão sobre Nero, visto agora como um homem 44
talentoso e enérgico, que promoveu uma atividade de construção nunca antes vista em Roma, além de ter deixado marcas profundas na arquitetura e no planejamento urbano da capital imperial. Espaço expositivo inédito Montada justamente nos locais onde Nero viveu e operou, tais como o Coliseu, o Fórum Romano e os Museus Palatino, que pela primeira vez recebem uma exposição deste porte, a mostra se articula em diversas partes e reúne mais de 200 peças entre esculturas, afrescos e pinturas provenientes de mais de 200 museus arqueológicos e de descobertas de escavações recentes. O percurso expositivo se inicia no Fórum Romano, espaço central da vida pública imperial, com uma mostra na Cúria Iulia com retratos do imperador e de sua família com pinturas históricas e esculturas produzidas na idade moderna que demonstram a fama de Nero ao longo dos séculos. No Templo de Rômulo, a seção dedicada ao cinema inspirado no imperador traz uma antologia cinematográfica, com o título sugestivo de “Nerone Pop Star”, onde o visitante pode rever as principais cenas de como Nero e sua família foram interpretados no cinema, com atuações célebres de atores como o inglês Peter Ustinov, o Nero do filme Quo Vadis (1954), e Brigitte Bardot, que interpretou a famosa e belíssima segunda esposa de Nero, Poppeia, no filme “Meu
junho 2011 | comunitàitaliana
“Nerone” reúne mais de 200 obras, entre afrescos e esculturas, na capital romana
filho Nero” (1956). O tema do luxo e da propaganda política durante o império de Nero é exibido no percurso do Criptoportico, ainda na área do Fórum, e dentro do Museu Palatino. No segundo andar do Anfiteatro Flavio, mais conhecido como Coliseu, está uma das partes mais importantes da mostra: a história do grande incêndio de 64 d.C. e a subseqüente construção da Domus Aurea, enriquecidas com as novas descobertas arqueológicas, que permitiram reconstruir com precisão o percurso do incêndio. Um vídeo em 3D ilustra a história do ambicioso projeto arquitetônico de Nero, cuja construção foi iniciada antes do incêndio, com o nome de Domus Transitoria. A opção pelo vídeo, explicam os organizadores, foi escolhida devido a impossibilidade de abrir ao público, por motivos de segurança, as áreas arqueológicas em questão. No entanto, uma das grandes novidades da mostra é justamente abrir ao público algumas áreas dos palácios residenciais de Nero descobertos recentemente e ainda em fase de escavação, como por exemplo a Domus Tiberiana, primeira residência do imperador, onde viveu junto à mãe e ao padrasto, e a famosa Coenatio rotunda, sala de jantar giratória descoberta no final de 2009.
O grande urbanista Uma das principais preocupações dos curadores da mostra era trazer à tona a personalidade contrastante de Nero, “homem de notável talento, engenhoso e enérgico, apesar das suas inegáveis e numerosas culpas”, longamente descritas pelos historiadores antigos. Logo após a sua morte, todas as estátuas que o representavam foram destruídas e a imagem de Nero que se perpetuou foi a imagem de um imperador que matou sua própria mãe, sua segunda esposa e seu mais fiel conselheiro, o filósofo Sêneca; um destruidor apocalíptico de Roma, além de monstruoso inimigo de Cristo que mandou matar os santos Paulo e Pedro. No entanto, sua existência póstuma é única na história dos imperadores e não encontra equivalentes na antiguidade. Os organizadores procuraram, deste modo, salientar alguns aspectos positivos do seu império, principalmente as inovadoras políticas urbanísticas e concepções arquitetônicas, destinadas a reconstruir racionalmente Roma, cidade devastada por freqüentes incêndios, e remodelar as construções de acordo com as exigências do homem. Assim, defende-se a teoria de que os grandiosos programas urbanísticos iniciados pelo imperador nos últimos anos do seu governo contribuíram decisivamente para redesenhar o traçado urbanístico da Roma imperial. Na exposição, o público poderá conhecer em detalhes como começou o incêndio de 64 e o plano para construção da Domus Aurea, a enorme residência imperial planejada por Nero cuja construção iniciou-se logo após o incêndio aproveitando áreas enormes que se tornaram disponíveis após a catástrofe. Diante das novas descobertas, o projeto
surge como um palácio de dimensões faraônicas formado por diversos núcleos habitacionais intercalados por amplos espaços verdes abertos aos habitantes da capital. Os vestígios do traçado do incêndio, que segundo historiadores antigos teria começado com um primeiro foco dentro da área do Circo Máximo na noite entre 18 e 19 de julho de 64, e a constatação dos danos são oferecidos pela primeira vez ao grande publico, baseados no estudos arqueológicos iniciados em 1986 e até hoje em andamento. Destes estudos surgiu um pedaço da Roma antiga, com prédios públicos e privados, cujas ruínas fazem parte da exposição. Após a remoção dos escombros, Nero iniciou a construção da Domus Aurea, da qual também são ilustradas na mostra algumas técnicas de construção e mobiliários de escultura. Com o projeto da Domus Aurea, Nero reformou completamente o centro de Roma, explica a curadora Rossella Rea. “A Domus Aurea era uma estrutura extremamente complexa que
Segundo os organizadores da mostra, o imperador era odiado pela elite romana e adorado pelo povo
ocupava as áreas do Palatino, Colle Oppio, o vale do futuro Coliseu e o Celio”, explica a arqueóloga. “É um complexo de diferentes palácios inseridos numa paisagem verde e rica em decorações aquáticas”, acrescenta, lembrando que no local onde foi construído o Coliseu, por volta do ano 72 d.C., ficava um grande lago artificial. Lago que, conforme recordou o arquiteto Andrea Carandini, da comissão organizadora da mostra, servia de teatro para as performances grandiosas de Nero. Carandini explica que Nero era odiado pela elite romana, mas idolatrado pelo povo e, por este motivo, teria mandado construir grandes espaços onde pudesse acolher a plebe. Pois, como escreveu o historiador antigo Svetonio, Nero “ambicionava a imortalidade” e, por isso, segundo os curadores da mostra, foi um grande dramaturgo ao longo da sua vida.
Vida de “Nerone”
O
imperador Nero, ou Nerone como é chamado pelos italianos, nasceu em 37d.C e chegou ao trono em 54 d.C., graças ao casamento de sua mae com o imperador Claudio. Seu reino, que durou quatorze anos, teve duas fases bem definidas: nos primeiros cinco anos o imperador, aconselhado por mestres sábios como o grande filósofo Sêneca, governou mantendo uma ótima relação com Senado, o mais importante órgão do imperio romano. No entanto, entre 59 e 62, o príncipe mostrou uma nova fase, mais audaciosa. Em 59 mandou matar a mãe, rompeu relações com o Senado e escandalizou os nobres ao cantar e tocar cítara em publico, ganhando no entanto a admiraçao popular. As frequentes extravagancias, as condençoes à morte de muitos senadores, as suspeitas sobre o incendio de 64 e as dificuldades de manter o fornecimento em Roma, provocaram o seu fim. Em 68 nao soube reagir às primeiras rebeliões do exército e o Senado o depôs, praticamente obrigando-o a se matar. Nero teve três esposas, sendo a mais célebre Poppea Sabina, que já era sua amante antes do casamento e morreu grávida com um chute. Nenhuma das esposas deixou herdeiros, sendo Nero o último imperador da dinastia Giulio-Claudia.
comunitàitaliana | junho 2011
45
Saúde
Notas
Radiação dos celulares pós anos de suspeitas não confir-
Fotos: PhotoToGo.com
A
Lipo: gordura volta Cesariana m estudo publicado no The New York UTimes deixou as pessoas que recorrem e maobesidade pesquisa realizada por uma à lipoaspiração para emagrecer mais pessisimistas. Pesquisadores da universidade norte-americana do Colorado concluíram que a gordura sempre volta depois do intervento, ainda que em outras partes do corpo — como em volta dos ombros, braços e na barriga. Isso significa que a chamada “lipo” oferece resultados apenas imediatos. A dupla autora do estudo — Teri L. Hernandez e Robert H. Eckel — analisou os dados de 32 mulheres de pouco mais de 30 anos e peso médio. Metade teve um pouco de gordura retirada do quadril e coxas por lipoaspiração. A outra fez apenas dieta. Ao fim de seis semanas, as pacientes que passaram pela lipoaspiração perderam 2,1% de gordura. As que fizeram regime, 0,28%. A diferença, no entanto, desapareceu após um ano. Embora mantivessem as pernas nas medidas que tinham após a operação, as pacientes tinham gordura acumulada na região do estômago. Segundo os pesquisadores, o processo acontece porque o corpo sempre repõe a gordura retirada. Como a lipoaspiração destrói a estrutura sob a pele, o corpo adota um mecanismo próprio de produção da mesma quantidade de células retiradas em uma outra região.
U
equipe do professor da Faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, comprovou que pessoas que nascem de cesariana apresentam 58% mais chances de se tornarem obesos na idade adulta. Para chegar à conclusão, foram reunidas informações de 2.057 pessoas, por meio de um banco de dados do Hospital criado entre 1978 e 1979. Entre 2002 e 2004, ou seja, entre 23 e 25 anos de idade, o grupo foi selecionado para uma nova avaliação, onde foram coletados dados sobre estilo de vida, inclusive a prática de exercício físico. — Uma vez que a colonização intestinal pode ter um efeito duradouro na saúde em geral e, ainda, considerando a diferença na flora intestinal e vaginal entre bebês nascidos de cesariana, concluímos que o aumento das taxas de cesariana podem desempenhar um papel fundamental na epidemia de obesidade no mundo — alerta a pesquisadora Helena Ayako Sueno Goldani.
Mais café, menos câncer ais um ponto positivo para o café foi descoberto
M
por uma equipe de Harvard. A bebida seria capaz de reduzir nos homens as chances de desenvolver o câncer de próstata, de acordo com os dados obtidos através de um estudo que durou 20 anos e envolveu cerca de 50 mil homens, os quais tiveram seus hábitos monitorados. Quem bebia pelo menos seis xícaras de café ao dia demonstrou um risco inferior à média de cerca de 60%. Segundo os especialistas, o mérito é dos antioxidantes presentes na bebida quente.
46
junho 2011 | comunitàitaliana
madas, a Organização Mundial de Saúde anunciou, em 31 de maio, que a radiação eletromagnética proveniente de telefones celulares pode, sim, causar um tipo de câncer no cérebro. A informação foi divulgada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, um braço da OMS. Existem em todo o mundo mais de cinco bilhões de aparelhos celulares, segundo dados da entidade. Os pesquisadores, no entanto, afirmaram que ainda não foram registrados casos de problemas de saúde ligados ao uso dos telefones. Para chegar a tal conclusão, cientistas de 14 países revisaram estudos médicos sobre o tema. Eles colocaram a radiação dos telefones móveis no mesmo nível de perigo que a emissão de gases vinda de automóveis, o chumbo e o clorofórmio, o “grupo 2-B”, “possivelmente carcinogênico para humanos”. O estudo será publicado pela revista médica “Lancet”, em julho.
Sonhos ma pesquisa italiana identificou os
U
mecanismos que permitem às pessoas recordar os seus sonhos. Tudo depende da existência de determinadas ondas elétricas emitidas pelo cérebro. Do estudo realizado pelo departamento de Psicologia da Sapienza e da Associazione Fatebenefratelli per la Ricerca, juntamente com pesquisadores das universidades de Aquila e Bolonha, se apreende que, somente se o córtex frontal apresentar, durante a fase Rem, oscilações elétricas lentas — as chamadas ondas theta cuja frequência vai de 5 a 7 Hz — as pessoas terão recordações dos sonhos. Estudantes voluntários dormiram em condições controladas com um eletroencefalograma por 7 horas e meia, e relataram os próprios sonhos. Assim, se descobriu ainda que as fases não Rem também podem ser oníricas. — Ainda não sabemos porque lembramos ou esquecemos os sonhos, mas finalmente identificamos de que modo o fazemos. O nosso papel de cientistas é compreender tais mecanismos, enquanto deixamos aos psicoterapeutas e aos psicoanalistas as outras respostas — explica Luigi De Gennaro, autor da pesquisa.
IlLettoreRacconta
C
onfraternizar e lembrar a saga dos imigrantes e descendentes foi o objetivo do segundo encontro no Brasil da família Ziglioli, realizado em abril, em Dois Lajeados, RS. O evento teve show da cantora de músicas românticas italianas Ines Rizzardo, vinho e suco de uva gratuitos fornecidos pela vinícola Casa Baggio. A data também coincide com os 140 anos do nascimento de Andrea Ângelo Ziglioli, ocorrido no pequeno município de Casalbuttano, província de Cremona, na Itália, tendo Milão 100 km a Noroeste e Roma 520 km ao Sul. Ele foi a última geração de imigrantes, e chegou nos braços dos pais Francesco Ziglioli e Florinda Zanoni. Acima, Bodas de Ouro de Luiz e A Família Ziglioli é relati- Thereza Ziglioli em 1965. Abaixo, vamente pequena na Itália, e continua residência de Thereza e Luiz Ziglioli concentrada na metade Norte do País, especialmente na Região da Lombardia. No Brasil, recebeu um lote de terras na Região da Quarta Colônia, município de Garibaldi. Montanhosa, com clima semelhante ao italiano, é bastante propícia à viti-vinicultura. Foi necessário muito trabalho para desmatar e preparar o solo. A casa dos Ziglioli em Garibaldi ainda existe, com reformas e acréscimos. Ângelo Ziglioli casou-se com Regina Grazioli, e faleceu em 1923, aos 52 anos. O casal teve 12 filhos, Luiz, Florinda, Josephina, Lucia, Francisco Zaverio, Carlos, Maria, Rosa, Orestes, Adelaide, Leonildo e Emilia. A maior parte dos São Leopoldo
descendentes ficou nos municípios do entorno a Garibaldi, especialmente num distrito de Guaporé chamado Dois Lajeados, dedicando-se à agricultura, como pequenos produtores. Seus descendentes permanecem até hoje nas propriedades, vivendo da agricultura familiar, agregada às atividades de suinocultura, avicultura e viticultura. O vinho é produzido para consumo familiar. O primogênito Luiz Ziglioli, não apreciava a lida da colônia. Optou por se estabelecer no centro da vila, revelando grande aptidão às relações e aos negócios, gozando de amizades, prestígio e liderança na comunidade. Construiu sua própria casa de três pavimentos no centro da vila, conhecida como “o casarão dos Ziglioli”. Era um atrativo na época e foi capa de um folder de divulgação do já município, na década de 90. A escadaria de alvenaria em caracol era o cenário preferido para as fotos de casamento. Luiz foi o professor da vila e comprou o primeiro veículo da localidade, um Ford 1927. Nos negócios, foi proprietário do posto de combustível e respondia pela agência dos Correios, Cartório Civil e posto do Banco da Província, além da farmácia sob a responsabilidade da esposa Thereza Luzzi, farmacêutica. Com exceção do posto de combustível, todos estes serviços eram sediados em espaços exclusivos no grande casarão, que também servia de consultório para o atendimento semanal dos médicos que iam de Guaporé e Bento Gonçalves. Foi sub-prefeito, cargo posteriormente também Casamento de Elza e Alcides, ocupado pelo filho Arduino. Em 1996 o filha de Luiz e Thereza neto Tarso Ziglioli foi eleito vereador e o sobrinho Firmino Ziglioli foi eleito prefeito de Dois Lajeados, com 72,5% dos votos. A emancipação ocorreu em 1987. Uma característica de Luiz era a despreocupação com o acúmulo de capital. Era tido como trabalhador e de boa vida. Sua casa era repleta de visitantes, políticos e viajantes, e a todos recebia com uma mesa farta. Faleceu em 1975, aos 82 anos. Casada em 1937, Gentilia, a primeira filha de Luiz, contava que a lua de mel ocorreu em Porto Alegre, na época, uma aventura. A viagem à Capital consistia em ir de ônibus até Estrela, e dali seguir em barco tipo vapor pelo rio Taquari, numa viagem de muitas horas. A herança que Luiz passou aos descendentes foi do espírito de luta e de trabalho, e que o sucesso é o resultado da honestidade. Hoje são dezenas de professores, bancários, advogados, médicos, enfermeiros, empresários, agrônomos, jornalistas, comerciantes, corretores, escritores, engenheiros que carregam com muito orgulho o carimbo ZiThereza Luzzi Ziglioli, glioli. Muitos também ajudaram a levar o na Farmácia Ziglioli progresso a outras regiões do país. Há registros de residentes nos estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia, Bahia e Amazonas. Apelidado de “Pequeno Paraíso”, Dois Lajeados continua sendo um pequeno município de 3.269 habitantes (Censo IBGE 2010), mas as pessoas de mais idade não esquecem a importância que teve a família Ziglioli na sua colonização, desenvolvimento e história. Antonio Ziglioli Barcellos São Leopoldo - RS
Cremona
Mande sua história com material fotográfico para: redacao@comunitaitaliana.com.br
comunitàitaliana | junho 2011
47
espíritosanto DídimoEf fgen
Tutta Massa daovidade Mirage na área de decoração: a Revix
N
acaba de trazer ao Brasil os produtos da Mirage, empresa italiana líder na fabricação de porcelanatos. Um dos grandes diferenciais da fabricante está
Casagrande recebe Comenda Diretoria do Clube Ítalo-Brasileiro, eleita para o biênio 2011-2012, criou a comenda
A na tecnologia para conferir originalidade a cada peça, já que, através de dosagens específicas, ela pode ser produzida com texturas não repetitivas, superando as limitações tradicionais da cerâmica decorada. A característica marcante da linha é ser “tutta massa”, ou seja, nela são feitos desenhos e cores na própria massa, conferindo resistência extraordinária ao produto. No Espírito Santo, a linha chega pelo Porto de Vitória e é comercializada na Composé Revestimentos, Acabamentos e Planejados, pelos irmãos Carlos Alberto e Carlos Antônio Marianelli.
Caser presidente I m clima de compromisso, emoção e
E
alegria, Carlos Alberto Caser, tomou posse como novo diretor-presidente da FUNCEF. A cerimônia foi realizada no dia 11 de maio, em substituição ao economista Guilherme Lacerda, que durante oito anos dirigiu o terceiro maior fundo de pensão do País. Mais de 500 pessoas, entre dirigentes e empregados da CAIXA e da FUNCEF, ex-diretores da Fundação, líderes associativos, gestores de fundos de pensão, executivos do setor de previdência complementar e autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, estiveram presentes. Juntamente com Carlos Caser e Guilherme Lacerda, compuseram a mesa o presidente da CAIXA, Jorge Hereda, e o presidente do Conselho Deliberativo da FUNCEF, Marcos Vasconcelos, que empossou os novos membros da Diretoria. Hereda disse estar seguro de que o novo presidente 48
junho 2011 | comunitàitaliana
Medalha do Mérito Clube Ítalo Brasileiro, que representa uma forma de reconhecer pessoas beneméritas que enalteçam as tradições e a cultura italiana no Estado do Espírito Santo. A cada edição do aniversário do Clube haverá a entrega dessa condecoração, uma simples medalha, mas que carrega dentro de si toda a saga empreendida pelos antepassados no período da colonização dos imigrantes italianos no Espírito Santo. O governador Renato Casagrande, filho de Augusto Casagrande e Anna Venturim Casagrande, foi escolhido por unanimidade para ser o primeiro a recebê-la. A solenidade da entrega da comenda aconteceu no dia 13 de maio, durante a Festa dos 43 anos de aniversário do Clube, com grande participação da comunidade. “Temos a certeza que estará em boas mãos, porque sabemos do valor que Vossa Excelência dá à família, aos costumes e às tradições que temos enraizadas no sangue italiano” – afirmou José Francisco Dalvi, presidente do Clube. da Fundação dará continuidade ao bom trabalho desenvolvido nessa gestão. “É uma tranquilidade para nós saber que a Fundação está em boas mãos”, frisou. Em seguida, falou sobre a importância da parceria entre as duas instituições. “Caser, vamos fazer uma gestão de mãos dadas. Pode contar com a gente”, assegurou.
XIX com destino ao município de Santa Teresa. O pleito foi realizado em São Paulo, no mês de abril, e será válido para os próximos três anos. Venceslao Soligo obteve a reeleição para a presidência por unanimidade.
Novos investimentos jovem empresário José Braz Neto in-
Otegra a terceira geração do Grupo Vera Caser na Lider, que se posiciona na dianteira do diretoria da Asib mercado brasileiro de concessionárias jornalista capixaba Vera Caser incluiu de automóveis, com A
mais uma função entre seus compromissos: a de representar, no Espírito Santo, a Associação de Imprensa Italiana no Brasil (Asib). Empresária do ramo de comunicação, também integra a equipe da TV Educativa, vinculada ao Governo do Estado. Especialista em Comunicação Empresarial pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vera possui experiência profissional de 22 anos nos mercados do Espírito Santo e de Brasília e é descendente de famílias do Norte da Itália, que embarcaram no Porto de Gênova no final do Século
61 revendas. Em 2011, o conglomerado pretende ampliar os investimentos no Espírito Santo por meio da abertura de novas lojas. No Estado, estão concentrados 30% dos negócios relativos às concessionárias do grupo. A família Braz é originária da região de Calábria, na Itália. Os Braz chegaram ao Brasil, no final do século XIX, em busca de melhores oportunidades e se instalaram em Muriaé, na Zona da Mata de Minas Gerais. Até hoje eles mantêm suas raízes na cidade, onde vive o patriarca do Grupo Lider, José Braz, um dos maiores empresários do País.
saporid’italia
FernandaGalvão
Pasta per lei, pasta per tutti Brincando, o restaurante Giuseppe conquista uma clientela diferenciada no centro comercial do Rio
R
io de Janeiro - Quem anda pela Rua Sete de Setembro, no Centro do Rio de Janeiro, não imagina a grandiosidade do Giuseppe. Com ambiente que lembra as cantinas italianas, o restaurante foi um dos pioneiros a reunir comida de alto nível e serviço rápido, num bairro onde o relógio dita as regras. Com 17 anos no mercado, o estabelecimento acaba de passar por uma reforma, assinada por Fernanda Pessoa de Queiroz, que valorizou e definiu ainda mais os seus vários ambientes. Paredes de treliças e sofás encostados nas laterais, pérgula iluminada, jardim de inverno com plantas e espelhos. Claraboias e paredes de tijolinhos. No salão principal, uma fonte com a imagem do deus Baco. — O segredo é saber brincar com os diversos aspectos dos ambientes. Assim como gostamos de misturar um móvel antigo de família com uma poltrona super moderna. Esse equilíbrio é um exercício que o arquiteto deve sempre ter em mente, respeitando e preservando o passado, mas sem perder o olhar no futuro — explica Fernanda. A marca faz parte da holding Best Fork e foi criada pelo advogado e administrador de empresas, Marcelo Torres, que, acostumado a almoçar no centro da cidade, resolveu abrir ele próprio um negócio. Hoje, Torres conta com sete empreendimentos, dentre eles, Giuseppe Grill e Laguiole, este último localizado dentro do Museu de Arte Moderna, no bairro do Flamengo. Bisneto de italiana, o restaurateur O restaurante Giuseppe não esconde seu fascínio pela terra após a reforma de Leonardo Da Vinci. — Essa paixão surgiu a partir de um amigo, chamado Gastone, que era italiano. Eu cheguei em Roma e, ali, nasceu a minha paixão pela Itália. Nem sei quantas vezes já viajei. Sempre trago muitas ideias de lá. Ir pra Itália é sempre muito bom — conta. O apreço pela alta gastronomia vem desde cedo. Durante a infância, acompanhava a baiana Zozô na cozinha. — Eu sou ligado à gastronomia desde que eu tinha uns seis anos de idade. Sempre gostei de comer bem e comecei a observar a minha avó cozinhar. Ele me ensinou muita coisa — revela Marcelo. Ensinamentos bem apreendidos. No menu, o dono autodidata usa e abusa da criatividade, elaborando pratos exclusivos. E cada um recebe uma homenagem, como foi o caso do “Spaghetti per Mariana”, em referência à sua filha. A receita mistura rúcula, camarões e pimenta dedo de moça e é uma das mais pedidas pelos clientes. Para acompanhar, a casa oferece uma carta com cerca de 200 rótulos nacionais e importados, vindos das melhores vinícolas.
Spaghetti Per Mariana
Rendimento: 1 porção. Tempo de preparo: 15 minutos. Descrição: Espaguete com molho de camarões, rúcula e pimenta dedo de moça.
Ingredientes: 180g de spaghetti cozido; 180g de camarões descascados; 20g de rúcula; 50g de tomate sem pele e sem semente cortado em tiras; 50ml de creme de leite fresco; Pimenta dedo de moça picadinha a gosto; 8g de alho; 5ml de azeite; Sal a gosto. Modo de preparo: Refogue o alho no azeite. Em seguida, acrescente os camarões e deixe dourar. Depois, junte o creme de leite fresco, o tomate, a rúcula, a pimenta picadinha e o sal e misture. Quando o molho estiver no ponto, acrescente a massa e sirva! — A culinária daqui recebe a influência de pratos brasileiros. Não temos um menu baseado numa região específica da Itália. Cada região tem um tipo de comida: risotto no norte, massa no sul, pizza em Nápoles. O grande charme da Itália é essa mistura. Giuseppe conta ainda com o happy hour a partir das 16h e o clube do Wisky, onde os 500 clientes cadastrados podem deixar as garrafas com os nomes para serem consumidas no dia seguinte. O porquê do nome? O dono explica. — Meu nome é Marcelo José e sou devoto de San Giuseppe. Simplicidade que contrasta com o seu público diferenciado, que paga sem contestar. Giuseppe: Rua Sete de Setembro, 65, Centro (102 lugares). Tel.: (21) 3575-7474. Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 12h às 16h; happy hour até às 22h.
comunitàitaliana | junho 2011
49
la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro
Caffè Greco
M
uitas cidades italianas têm o maior orgulho em exibir o café mais antigo da cidade, que representa uma espécie de “pai dos cafés” e onde se respira história. Em Florença existe o Caffè Giubbe Rosse. Em Pádua, ninguém pode visitar a cidade sem fazer uma paradinha em seu café mais famoso, o Caffè Pedrocchi. Em Roma não poderia ser diferente. Seu café mais antigo é, como diz o nome, o Antico Caffè Greco e fica na via Condotti, a rua mais elegante e cara da cidade. Foi fundado em 1760 e muitos famosos passaram por ele, como: Gabriele D’Annunzio, Gogol (um verdadeiro fã de Roma), Giacomo Leopardi, Carlo Levi, Schopenhauer, Richard Wagner, Orson Welles, Casanova, Goethe. Era um café onde se reuniam os intelectuais. E até hoje tem esta função, em encontros organizados no local. Para quem quiser ter o privilégio de visitálo, um café no balcão custa o mesmo preço de um café qualquer de Roma. Mas quem quiser apreciar os antigos quadros, esculturas do local e quiser curtir o café sentado, tem que estar preparado a pagar bem mais que o dobro.
Roma desaparecida
D
urante meu primeiro ano em Roma, escrevi “Os endereços curiosos de Roma” para a coleção da Editora Panda. Fazendo o guia, pude explorar bem a cidade, da capo a coda, ou seja, da cabeça aos pés, conhecendo cada esquina, cada ruela. Foi um ano cheio de eventos e de entusiasmo, pois nada se compara ao primeiro ano vivido numa cidade desconhecida; me sentia uma criança olhando a vitrine de uma loja de pirulitos. Cada dia era cheio de novidade, de um novo endereço, de uma descoberta. Depois de tantos anos na caput mundi, descobrir um lugar novo, do qual nunca ouvi falar, ficou muito difícil. Mas sou afeiçoada àquele primeiro ano e a todos os lugares que conheci em tão pouco tempo. Hoje, passeando pela cidade, fico com nostalgia dos primeiros anos romanos. E fico triste que algum dos lugares que conheci em quase uma década, já não existem mais. É a Roma desaparecida, que só existe na minha memória. De todos os tipos de lugares, os que fecham com maior freqüência são os restaurantes. Os tradicionais, históricos, felizmente ficam, mas outros têm vida mais curta. Lembro de um deles, que eu adorava, que se chamava Furore. Era especial por vários motivos. Para começar, conheci pela primeira vez num jantar com uma pessoa especial. Depois, era pequenino, acolhedor. As paredes eram decoradas com azulejos coloridos e os quitutes servidos em pratos de cerâmica. E ainda mais importante: a comida era uma gostosura, uma cozinha em homenagem à Calábria, com peixe regado à fruta bergamota e um sensacional bolo quente de chocolate com um toque de geléia de pimenta bem delicado por dentro. 50
junho 2011 | comunitàitaliana
Além dos restaurantes, alguns bares que conheci em 2002 também fecharam. Entre eles o histórico Bar Vezio, aberto em 1911, que ficava perto da sede do Partido Comunista Italiano na via delle Botteghe Oscure, mais precisamente na via dei Delfini 23. Era uma homenagem aos partidos comunistas do mundo, com bandeiras de tantos partidos, inclusive o PT. Outro lugar que nem sempre tem vida longa é salão de cabeleireiro. Fiquei tristíssima quando, passando recentemente de frente ao Biancaneve e i sette nani na via Metastasio, descobri que o antigo cabeleireiro para crianças, que tinha carrinhos ao invés de cadeiras fechou. Onde é que vou poder levar meus filhos agora? Mas o que me deixa mais triste é o fechamento de uma bottega. Botteghe são ateliês ou laboratórios com profissionais manuais: carpinteiros, vidreiros, marmoreiros. Roma não é uma metrópole como outras cidades europeias. É como se fosse uma cidade de interior. Seu valor, seu charme está nesses locais históricos que compõe sua alma. Fico desesperada quando fecha um lugar histórico; é como se Roma perdesse uma parte de si. Por sorte ainda restam tantos lugares tradicionais, restaurantes com quase cinco séculos como La Campana, cafés como o Caffè Greco, e algumas botteghe que conseguem se manter vivas apesar da força dos McDonalds da vida, das lojas de marca presentes em todas as metrópoles do globo. Roma não seria Roma se não fossem esses verdadeiros heróis de resistência, lugares de personalidade única e insubstituível.