Mão de obra País atrai trabalhadores e investidores italianos
Arte As fantásticas obras de Vik Muniz
Mercado Os 35 anos da Fiat Brasil
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Na crise, os italianos redescobrem as belezas da península e embalam suas férias em grande estilo ao som de MPB e com brindes de prosecco
R 7,00 R$ 11,90
Al mare
Ano XVIII – Nº 157
ISSN 1676-3220
Rio de Janeiro, agosto de 2011
Ismael Ivo muda a referência da dança contemporânea na Itália
A g o sto de 2011
Ano XVIII
Nº157
Nossos colunistas 07 | Cose Nostre As obras abstratas de Bruno di Bello, expoente da arte contemporânea italiana, chegam ao MAC de Niterói
10 | Fabio Porta Un’apocalisse economica minaccia l’occidente. Occorre una nuova classe dirigente
11 | Ezio Maranesi La “manovra” per ridurre le spese e il suicidio politico del PDL e di Berlusconi
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31 | Guilherme Aquino Feiras italianas
Do lixo ao luxo. A arte do brasileiro Vik Muniz conquista o mundo a partir da transformação de material descartado em obras-primas, como a releitura da Monalisa de Da Vinci
CAPA 34 | A rota do mare nostrum
Negócios 18 | Lombardos
Esporte 24 | Cobertura dos Jogos Mundiais Militares Atletas do
querem conquistar países emergentes. A de Milão já tem agenda em São Paulo e na Rússia
41 | Andrea Ciprandi Ratto
Brasil e da Itália em espírito de fairplay no Rio
Stabilito che nessuna società merita lo scudetto del 2006, perché non riconsiderare i titoli assegnati in Italia negli ultimi anni della Seconda Guerra?
19 | Aniversário
28 | Base Itália
42 | Didimo Effgen
14 | Recorde de vistos Brasil torna-se a
Ao festejar 35 anos de atividade no Brasil, Fiat aumenta seus investimentos industriais no país
Estrutura montada no Forte Copacabana foi ponto de encontro de atletas de vários países
Espírito Santo investe R$ 1 bilhão em saneamento nos próximos quatro anos
nova meca de estrangeiros qualificados em busca de uma colocação de trabalho
22 | Piccole ma grandi UE e governo
Saiba o que está em moda no verão em que os italianos redescobrem o litoral doméstico
Atualidade
Comunidade 48 | Adoniran Barbosa O sambista de
Missão com autoridades e empresários da Lombardia aportou no Rio em busca de parcerias
brasiliano insieme per internazionalizzare le PMI
Moda
origem italiana é relembrado em álbum ganhador do prêmio Música Brasileira Vale
52 | Italian Style
Dança
Gastronomia
44 | Ivo O brasileiro
20 | Preferência nacional Nutricionistas
Ismael Ivo conta como tem transformado a dança contemporânea italiana através do seu trabalho na Bienal de Veneza
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Motivos florais no estilo hippie chic colorem o verão italiano
e chefs explicam que a massa, prato preferido dos brasileiros segundo pesquisa, não é engordativa como diz a lenda
agosto 2011 | comunitàitaliana
53 | Giordano Iapalucci Le opere di Candida Ferrari esposte nella galleria d’arte Varart fino al 30 settembre
56 | Claudia Monteiro De Castro Os percursos sensoriais das termas de Chianciano Terme rejuvenescem os turistas
Esporte 30 | Beach soccer Como a Itália se preparou para sediar o Mundial de Futebol de Areia em setembro
www.telespazio.net.br
Editorial
Expediente
Fundada
Alternativa
E
m meio à crise financeira que abala os mercados do mundo e coloca Espanha e Itália como bolas da vez na Europa, os italianos dão um intervalo ao dia a dia difícil e buscam alternativas de vacanze no rico solo da península, mais especificamente nas costas do longo litoral da bota. Nossa reportagem de capa mostra como as opções de férias são menos dispendiosas e muito mais charmosas nessa redescoberta do dolce far niente no próprio quintal. Confira os locais mais frequentados e as novas tendências do verão nas principais regiões italianas neste número.
Enquanto a Europa está em férias, por aqui a economia está mais aquecida do que nunca e atrai estrangeiros que chegam em busca de bons salários e oportunidades profissionais. A expansão, alavancada pelos investimentos gerados pela indústria petrolífera e a organização de eventos esportivos, colocou o Brasil no radar de pessoas que buscam oportunidades diante das excelentes perspectivas. Nos últimos quatro anos, a quantidade de vistos de trabalho emitida triplicou, diante de mais de 50 mil pedidos. Esse movimento migratório se deve, em parte, à Pietro Petraglia crise econômica que atinge Estados Unidos e Europa e, Editor com o real valorizado, os salários pagos pelas empresas brasileiras passaram a chamar a atenção de profissionais qualificados. Por outro lado, com a súbita pujança verde amarelo, setores importantes para esse crescimento têm necessidade de mão de obra qualificada. Segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, 61% das empresas da região tentaram aumentar seu quadro de funcionários no primeiro semestre do ano e mais da metade delas simplesmente não conseguiu candidatos capacitados para as vagas oferecidas. É uma chegada comemorada por especialistas, que destacam a diversidade como vantajosa em metrópoles importantes. Basta ver Nova York, que concentra 4,6 milhões de cidadãos de outros países e é considerada a capital do mundo. Na maior cidade do país, não é difícil entender essa lógica. São Paulo concentra uma população italiana que supera a de Roma.
Fruto desse contingente é observado nas mesas. A massa foi escolhida recentemente como o prato preferido pelos brasileiros. Essa pesquisa, que ouviu 17 mil pessoas, colocou a lasanha em primeiro lugar e a boa notícia é que os nutricionistas ouvidos por nossa reportagem destacam que massa não engorda e tem menos calorias do que concorrentes como arroz e feijão. Boa leitura!
em
março
agosto 2011 | comunitàitaliana
1994
Diretor-Presidente / Editor: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) Diretor: Julio Cezar Vanni Publicação Mensal e Produção: Editora Comunità Ltda. Tiragem: 40.000 exemplares Esta edição foi concluída em: 05/08/2011 às 18:00h Distribuição: Brasil e Itália Redação e Administração: Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói, Centro, RJ CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555 e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br Redação: Guilherme Aquino; Leandro Demori; Fernanda Galvão; Cíntia Salomão Castro; Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Carvalho arte@comunitaitaliana.com.br Capa: Ischia Colaboradores: Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato; Walter Fanganiello Maierovitch; Gianfranco Coppola CorrespondenteS: Guilherme Aquino (Milão); Leandro Demori (Roma); Janaína Cesar (Treviso); Lisomar Silva (Roma); Quintino Di Vona (Salerno); Robson Bertolino (São Paulo); Stefania Pelusi (Brasília); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo); Gianfranco Coppola (Nápoles) Publicidade: Osvaldo Requião Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-2555 Cel: (21) 9483-2399 orequiao@comunitaitaliana.com.br RepresentanteS: Espírito Santo - Dídimo Effgen Tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493 didimo.effgen@uol.com.br Brasília - ZMC Representações Zélia Corrêa Tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061 e-mail:zeliacorrea@gmail.com Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr. Tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 gcocolo@terra.com.br ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220
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de
cosenostre Julio Vanni
Mamme no cinema história de imigrantes italianos no Brasil é o tema do fil-
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me de Gianni Torres, Le mamme di San Vito, que levou o prêmio Globo Tricolore de 2011 na categoria cinema. Os vencedores foram anunciados em julho, durante celebração de gala em Gualdo Tadino, cidade de arquitetura medieval da Perúgia. A premiação é dedicada a talentos que divulgam a cultura italiana pelo mundo. O documentário do diretor conta a trajetória das mammas — cuja região de origem é a Puglia, a mesma de Gianni — que preparam os pratos italianos para a tradicional Festa de São Vito, no Brás, em São Paulo. Há décadas, elas ajudam a manter a Creche São Vito através da renda obtida com o trabalho.
Tela silenciosa inda sobre a sétima arte, o cinema mudo italiano será
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homenageado durante a V Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, de 5 a 14 de agosto, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A conferência inaugural será feita pelo curador do acervo cinematográfico do Museu Nacional do Cinema de Torino, Luca Giuliani, que abordará os trabalhos de preservação realizados na Itália. O centenário da chegada de Gilberto Rossi ao Brasil, que produziu dezenas de documentários e longas, será lembrado no evento. O clássico Fragmentos da vida (1929), produzido por ele, será exibido, com o acompanhamento ao piano da bisneta de Gilberto, Anna Claudia Agazzi. A entrada é gratuita.
Encontro associativo primeiro Encontro das As-
Zona da Mata Carnevale fora de épo-
O
O
ca da cidade mineira de Pequeri terá três dias de folia em homenagem aos 132 anos da imigração italiana na região, em setembro. No dia 9, um baile de máscaras traz a banda Felice Itália e os Três Tenores Brasileiros, além de premiar o dono da melhor fantasia. No dia seguinte, um desfile de famílias partirá da praça Antero Dutra. A festa faz parte do projeto Pequeri, tutti buona gente!, idealizado pela administração municipal para resgatar as raízes da cidade — um dos berços da colonização italiana na Zona da Mata.
sociações Italianas no Rio de Janeiro reunirá no dia 20 deste mês representantes das entidades que promovem a cultura italiana no estado, além de pesquisadores interessados no tema. A inédita iniciativa foi proposta pelo Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense e conta com o apoio do Instituto Italiano de Cultura do Rio, que será a sede do evento. O objetivo é produzir um banco de dados com depoimentos e imagens, e disponibilizar o material em uma rede de associações. A exposição Memória italiana no Estado do Rio de Janeiro está prevista para acontecer no local.
Museupalácio palácio da rainha Mar-
O
gherita di Savoia foi transformado em museu em julho. Construído em 1913 como um lugar de descanso para a rainha, viúva do rei Umberto I, assassinado por um anarquista em 1900, fica sobre uma colina, em Bordighera, região da Ligúria. O local abriga a coleção particular do magnata Angelo Terruzzi. Falecido em 2009, deixou uma fantástica coleção de quatro mil objetos, entre pinturas, esculturas e tapeçarias.
U
m dos expoentes da arte contemporânea italiana mostra seu trabalho pela primeira vez no Brasil. As obras abstratas de Bruno di Bello ocuparão o mezanino do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, de 6 de agosto a 2 de outubro. Fractals & Other é o nome da mostra que tem a curadoria de Maurizio Siniscalco e Mario Franco, com o apoio do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro. Aberta ao público de terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada franca às quartas-feiras.
Menos legisladores o dia 22 de julho, o governo italiano aprovou uma série
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de medidas para reformar a Constituição do país que inclui a redução das cadeiras no Poder Legislativo, a proporcionalidade do subsídio parlamentar à atividade do congressista e alterações na relação entre as câmaras parlamentares. De acordo com Silvio Berlusconi, a reforma é uma “modernização constitucional que permite que nosso sistema esteja em grau de competir com os demais países europeus”. Para entrar em vigor, o projeto deverá ser aprovado pelo Parlamento no dia 4 de setembro.
Rumo a 2014 omos a Itália e o nosso objeti-
S
vo é vencer as eliminatórias. Esta foi a primeira declaração do técnico da seleção azzurra, Cesare Prandelli, diante do resultado do sorteio preliminar realizado no Rio de Janeiro, no dia 30 de julho. Prandelli não compareceu ao evento organizado pela Fifa, mas representou a Itália o presidente da confederação de futebol do país (FIGC), Giancarlo Abete. Ao ser perguntado sobre o adversário mais temido, o técnico respondeu que quando “se nomeia um, o risco é sempre ter uma surpresa”. A seleção italiana está no grupo B juntamente com Dinamarca, República Tcheca, Bulgária, Armênia e Malta.
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Opinião enquetes
frases
Você apoia a internação obrigatória de menores de idade dependentes do crack?
“A ficha ainda não caiu”,
Sim - 80% Não - 20% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 26/07/11 a 28/07/11.
“Este é o meu new look”, O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao aparecer em cerimônia oficial com o cabelo raspado no dia 1º de agosto, por conta de quimioterapia
a baiana Silvia Novais, eleita Miss Itália no Mundo 2011, ao falar para jornalistas sobre a emoção de ter vencido a etapa final do concurso, no dia 3 de julho, em uma praia da Calábria
“Os grupos europeus estão bastante acirrados. Embora França e Espanha juntas chamem a atenção, acredito que o grupo da Itália é ainda mais disputado”,
No novo ranking da Fifa, Espanha lidera, Brasil ocupa quarto lugar e Itália, o oitavo. Concorda?
Sim - 80%
Mano Menezes, técnico do Brasil, sobre as chaves sorteadas para as eliminatórias da Copa de 2014 em 30 de julho, no Rio
Não - 20% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 28/07/11 a 01/08/11.
Presidente Dilma diz que combate a corrupção, mas sem “medidas mediáticas”. É justo?
Não - 71,4% Sim - 28,6% No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 02/08/11 a 04/08/11.
“Respeitamos todos os adversários do nosso grupo e vamos enfrentar o desafio. Vi grupos bem mais fáceis na Europa hoje. Mas uma coisa é clara: a Itália é a favorita”, Lothar Matthäus, técnico da seleção de futebol da Bulgária, que está no mesmo grupo da seleção italiana nas eliminatórias para a Copa
“Provavelmente, esta é a medalha mais dura da minha vida”, o nadador Cesar Cielo, ao conquistar o ouro nos 50m borboleta, em 25 de julho, no Mundial de Esportes Aquáticos (Xangai), primeira competição após ser pego no exame antidoping
no celular “Algumas das ideias que ele expressou são boas, exceto a violência. Algumas outras são ótimas”,
Acesse comunitaitaliana. com no seu smartphone com o código QR acima
o político italiano Mario Borghezio, membro da Liga do Norte, sobre o manifesto do atirador norueguês Anders Behring Breivik, mentor declarado do ataque que causou a morte de 76 pessoas no dia 22 de julho, na capital Oslo
cartas
“G
ostei muito da matéria de capa de junho, Rio se aquece para os Jogos Mundiais Militares, falando da importância de ser a primeira cidade do continente a sediar o evento. Infelizmente o espetáculo não teve boa cobertura da mídia brasileira... Terá sido por falta de patrocínio?” MAURÍCIO TAMBASCO Rio de Janeiro – RJ – por e-mail
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“F
ui visitar a exposição de Gerardo Sacco no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Fiquei sabendo do assunto através da revista. Fiquei encantada com as joias e os figurinos. Realmente foi uma ótima dica.” DIANA RIBEIRO São Paulo – SP – por e-mail
Serviço agenda Veneza latinoamericana O 68º Festival de Veneza contará com uma mostra paralela de filmes do Brasil, Argentina, Chile e México, de 31 de agosto a 10 de setembro. A programação
do “Horizontes 2011” mostrará “Girimundo”, dos brasileiros Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina, “Nocturnos”, do argentino Edgardo Cozarinsky, e “Verano”, do chileno José Luis Torres. Também será exibido “Accidentes gloriosos”, um meia-metragem argentino-escandinavo dos diretores Mauro Andrizzi e Marcus Lindeen. Originais de Mantegna no Rio Quem estiver no Rio terá a oportunidade rara de apreciar gravuras originais de Andrea Mantegna, Giambattista Piranesi e Agostino dei Musi, o Veneziano. As obras destes e
outros mestres estão em exposição até 18 de setembro no Centro Cultural Correios, e integram o acervo de 30 mil da Biblioteca Nacional: a maior coleção de gravuras do país. A ordem cronológica rege a mos-
tra, do século XV ao XIX. São 35 obras italianas, para um total de 171, inclusive de outros países, a exemplo da Espanha (Goya), Holanda (Rembrandt) e França (Callot). A entrada é franca. Bienal do Livro A maior feira literária do país chega ao Rio de Janeiro a partir do dia 1º de setembro e fica aberta à visitação até o dia 11. Organizado no Riocentro, zona oeste da cidade, o evento recebeu um aumento de 20% na área de expositores. Em 2009, foram 55 mil metros quadrados, 950 expositores, 121 autores e cerca de
600 mil pessoas. Para repetir o sucesso, a responsabilidade da edição 2011 fica por conta
da empresa Fagga, do Grupo Gl Events Brasil, líder no setor, e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros – SNEL – que coordena as atividades editoriais no Brasil. O Riocentro se localiza na Av. Salvador Allende, 6.555 - Barra da Tijuca, RJ. Ingressos: R$12,00 (inteira). Professores, bibliotecários e profissionais do livro não pagam. Fenacoco A Feira Nacional do Coco, maior evento sobre cultura e sustentabilidade do coco, acontece de 24 a 27 de agosto, no Marina Park Hotel, no Ceará. Os visitantes poderão conferir palestras, workshops e desgustações. As inscrições podem ser feitas pelo site www.fenacoco.com.
Broadcast & Cable A 18ª Feira Internacional de Tecnologia em Equipamentos e Serviços para Engenharia de Televisão, Radiofusão e Telecomunicações será realizada de 23 a 25 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. É o mais importante evento técnico do setor na
América Latina, voltado para profissionais, empresários e executivos do mercado de produção e distribuição de conteúdo eletrônico de multimídia. Horário: 12h às 20h. Endereço: Rod. Dos Imigrantes, Km 1,5 – São Paulo - SP. Outras informações, acesse: www.broadcastcable.com.br.
clickdoleitor A rosa de Sarajevo A autora Margaret Mazzantini conta a história do libertário poeta bósnio Gojko, da metódica italiana Gemma e de seu grande amor, o fotógrafo Diego. Não conseguindo ter um filho, Gemma e Diego perambulam entre clínicas de fertilidade e barrigas de aluguel. Até que Diego retorna a Sarajevo no auge da barbaridade da guerra e muda para sempre seu futuro com Gemma. Mais de uma década depois, casada com Giuliano, ela também desembarca em Sarajevo com seu filho adolescente. Entretanto, Diego está morto. Um romance surpreendente onde passado e presente se encontram. Companhia das Letras, 496 páginas, R$59,00.
Microcosmos O italiano Claudio Magris leva o leitor à sua cidade natal, Trieste. Sozinho ou acompanhado pela mulher, a também escritora Marisa Madieri, Magris circula pelos cafés, visita regiões da fronteira italiana, encontra escritores locais, familiares, figuras anônimas. Escrito nos anos finais do século XX, durante a Guerra da Bósnia, Microcosmos é, por fim, a elegia meditativa que Claudio Magris dedicou a seu próprio tempo. Companhia das Letras, 296 páginas, R$46,00
Arquivo pessoal
naestante
br até 10 de agosto. Endereço: Av. Presidente Castelo Branco, 400 - Praia de Iracema – Fortaleza – CE.
“N
asci no Rio Grande do Sul e moro no Vêneto há 10 anos. Gosto muito da arquitetura e, em particular, dos monumentos históricos. Minha estação preferida é a primavera, onde até as árvores dão perfume, em um verdadeiro festival de cores por toda a cidade de Padova”. Paulo Cesar Bortolini (à esquerda) Padova, Itália — por e-mail
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opinione FabioPor ta
Armageddon Un’apocalisse economica minaccia l’occidente; un’Europa forte ed un’altra Italia per uscire dalla crisi
L
a crisi economica internazionale non è mai stata così forte; nei suoi recenti appelli al Congresso e alla nazione americana il Presidente degli Stati Uniti non ha usato giri di parole ma è andato dritto al cuore della questione, evocando addirittura l’Armageddon, l’apocalisse economica. Anche in Italia, dove la credibilità del governo e del suo massimo rappresentante sono scese ultimamente ai minimi termini, è stato il Presidente della Repubblica ad intervenire in prima persona con un vibrante appello al senso di responsabilità dei partiti e del Parlamento per l’approvazione in tempi record di una manovra finanziaria del valore di 70 miliardi di euro in due anni. L’opposizione ha accolto questo invito, concordando sui tempi rapidi, ma non sui contenuti di una manovra che penalizza fortemente le fasce più deboli della popolazione, non taglia i costi e gli sprechi della politica, moltiplica le tasse e non dà all’economia quella ‘scossa’ annunciata dal governo qualche mese fa, evitando di fare le riforme e le liberalizzazioni necessarie. Sullo sfondo, una crisi finanziaria europea che vede da alcuni anni la moneta unica, l’Euro, al centro di ripetuti attacchi speculativi; attacchi che hanno già travolto le economie di Paesi minori, come la Grecia e l’Irlanda, ma che in
un prossimo futuro potrebbero estendersi anche a Paesi ed economie maggiori come l’Italia. Per evitare ciò non è sufficiente “fare bene i compiti per casa”, ossia mantenere i conti in ordine e i saldi di bilancio al di sotto dei parametri europei. Per allontanare lo spettro del ‘default’ e la crisi inarrestabile dell’euro sono necessarie altre condizioni: innanzitutto una forte e decisa politica comune europea; il ripiegamento dei governi europei sulle questioni di politica interna e la mancanza di una politica continentale di ampio respiro costituiscono infatti il primo elemento di debolezza e di vulnerabilità dell’Unione Europea e della moneta unica. A questo proposito mi sembra interessante la proposta, avanzata da esponenti autorevoli della politica e dell’economia, di lanciare degli ‘eurobond’, dei titoli europei con la funzione specifica di costruire un fondo di sicurezza per eventuali crisi finanziarie dei Paesi membri. Purtroppo manca oggi in Europa una guida comune forte e autorevole; manca a livello europeo come nei principali Paesi dell’Unione. Manca in particolare una comune politica estera e di difesa, che insieme alla politica economica dovrebbero costituire i capisaldi del rafforzamento strategico e definitivo dell’Unione Europea. Coordinamento e stabilità, quindi. Princìpi ai quali non tutti i paesi europei si sono attenuti in questo ultimo decennio, aprendo le porte ai rischi della speculazione economica e finanziaria. “Tutti i motivi che spiegano l’attuale crisi si
L’Euro sopravviverà a questa crisi e ne uscirà più forte
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agosto 2011 | comunitàitaliana
riassumono in realtà in uno solo”, hanno scritto sul quotidiano francese ‘Le Monde’ gli ex Presidenti dell’Unione Europea Jacques Delors e Romano Prodi: “l’assenza di una visione chiara delle sfide da parte di uomini politici che impegnino le loro responsabilità per consentire di superare le difficoltà immediate”. Una visione apparentemente pessimista, che però si conclude con un appello alla coesione e al rilancio dell’idea europea, nella convinzione che l’Euro “sopravviverà a questa crisi e ne uscirà più forte”. E’ la speranza di quanti credono che anche questa volta sarà l’Europa ad uscire vittoriosa indicando l’unico cammino possibile per uscire dalla crisi. Come all’indomani del dopoguerra, negli anni cinquanta, e della caduta del muro di Berlino, negli anni novanta. Affrontare questa situazione non significa soltanto percorrere una strada fatta di tagli e sacrifici. A questa crisi si risponde con una classe politica e di governo all’altezza della sfida epocale citata da Obama nel suo accorato appello al Congresso degli USA. Condizioni lontane dall’Italia di oggi, dove una classe politica in deficit di consensi (anche a causa di una legge elettorale che elegge i parlamentari italiani in liste bloccate e quindi non scelte dagli elettori) ed un governo ai minimi termini della propria credibilità interna e internazionale (a causa degli scandali e dei processi che hanno coinvolto il Presidente del Consiglio) non saranno mai in grado di traghettare il Paese al di là delle colonne d’Ercole della crisi internazionale. Non basterà quindi un nuovo governo per risollevare le sorti dell’Italia; ciò che occorre è una nuova classe dirigente e, probabilmente, una nuova politica.
opinione
EzioMaranesi
Profonda delusione Ci sarà prima o poi, il canto del cigno?
V
olevo ignorare le vicende politiche: irritano e deprimono. Per la colonna c’erano argomenti vivaci. C’era il coito di Strauss Kahn, il più caro del secolo: gli costerà l’Eliseo parigino e l’Eliseo celeste, negato ai vecchi libidinosi. C’era il bacio forzato tra il principe Alberto e la sua sposina: libido zero ma il chiaro desiderio di essere lontanissimi da Monaco, ciascuno in un posto diverso. C’era la Grecia cicala sciupona che sperperò quanto aveva e quanto non aveva in nome del welfare e ora è costretta a chiedere ai partner europei i soldi per pagare se stessi, rondò del cane che si morde la coda fino a stramazzare per infarto. C’erano gli ultimi siparietti della saga napoletana “Monnezza nostra”, interpretati dal sindaco Giggi ‘o Flop, noto maestro in spazzatura. C’era la protesta dei noTAV: fiaccolate e bombe molotov. C’era l’ultima mazzata giudiziaria su Berlusconi: un risarcimento enorme, difficile da motivare, da pagare a De Benedetti, De Maledetti per gli ex-olivettiani. E c’erano altre storielle. Ma la crisi finanziaria incombe, il governo fa votare “la manovra” al Parlamento e si suicida: questa è la notizia. Dopo decenni di finanza allegra, l’Italia ha capito che deve spendere solo quanto incassa, anzi qualcosa di meno per ridurre i suoi debiti. Altrimenti la barca affonda. Difficile aumentare le entrate: la pressione fiscale è già troppo alta. Bisogna ridurre le spese, e la manovra si propone di ridurle. Ci sono grandi spazi di risparmio: sprechi, corruzione, evasione fiscale sono oggetto di denuncie ogni giorno. Sembra semplice: tutti sanno, il governo sa, dove mettere le
Leggo gli articoli della “manovra”: sullo sfondo le note della Marcia Funebre di Chopin. Accostamento perfetto: questa legge è il suicidio politico del PDL e di Berlusconi
mani, ma semplice non è. A partire dagli anni ’60 l’Italia ha creato e consolidato una struttura sociale, politica, burocratica e economica fatta di egoismi corporativi, di sindacalismo ottuso, di cultura anti-impresa, di assistenzialismo, di magistratura politicizzata, che oggi è indistruttibile. Colpire le caste e i privilegi è impossibile; inutile provarci, il sistema ti sconfigge. Un esempio: nella stesura iniziale la manovra prevedeva norme che toccavano gli osceni privilegi dei parlamentari. L’Italia intera avrebbe applaudito in piedi. Dal Parlamento partirono messaggi chiari: i nostri poco onorevoli avrebbero votato contro. Il governo, coda fra le gambe, dovette fare marcia indietro. Cosí va l’Italia nostra. Meglio colpire chi può soltanto abbaiare senza mordere: nella fattispecie i risparmiatori, i pensionati e le famiglie. Si sa che ridurre gli assurdi costi della politica non è risolutivo, ma i parlamentari non do-
vrebbero chiedere nulla ai più deboli senza avere la coscienza pulita, ed essi non l’hanno. La classe media è pronta a fare la sua parte: anni fa ha persino dato l’oro della fede nuziale a Mussolini. Ma tutti devono contribuire, e i politici per primi. Leggo gli articoli della “manovra”: sullo sfondo le note della Marcia Funebre di Chopin. Accostamento perfetto: questa legge è il suicidio politico del PDL e di Berlusconi. Ho letto centinaia di commenti dei lettori sui giornali on-line: la classe media italiana, bacino elettorale del PDL, è indignata e nel 2013 cambierá il suo voto. Berlusconi ha già dichiarato che non sarà candidato. Facciamo novene perché sorga una nuova leadership politica carismatica e illuminata e che i voti non vadano agli zombi di ieri e di oggi. Il premier è stato un imprenditore di successo; sa cosa bisognerebbe fare ma credo sia stanco di combattere contro i mulini a vento, di promettere riforme che il sistema non vuole fare. Gli elettori gli possono perdonare le sue follie notturne; non gli possono perdonare di non aver saputo, o potuto, cambiare il Paese. La manovra doveva passare ed è passata e l’Italia scongiura, per il momento, la crisi finanziaria, ma Berlusconi ha perso una ottima occasione per denunciare chi, a destra e a sinistra, vuole che le cose rimangano come sono. Doveva farlo: se i politici non vogliono leggi coraggiose e giuste Berlusconi non può essere complice. Non è un politico e non può ragionare e comportarsi come un politico; meglio ritirarsi ad Antigua con il rispetto e, chissà e nonostante tutto, con il rimpianto degli italiani.
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Turismo
Armador por uma noite
Serviços de boat and breakfast são oferecidos em Gênova e realizam o sonho de turistas de usufruir de regalias a bordo de um iate Guilherme Aquino De Milão
M
elhor do que ter um barco é ter amigos que possuam uma embarcação. Não só pelos altos custos de manutenção como pelo tempo disponível para usufruir deste lazer flutuante. E, em tempos de vacas magras, um iate ancorado é um desperdício. Basta dar uma olhada nas marinas para verificar quantos barcos estão ancorados e quantos estão navegando. Agora, para fazer frente a esta conta, empresários italianos
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começaram a calcular se não seria mais útil, em todos os sentidos, dar uma ocupação mais nobre a um iate “esquecido” no porto. A marina do Aeroporto de Gênova, na terra natal de Cristovão Colombo, construída bem ao lado da pista de pouso, abriu as portas para o turismo naútico, ou seja, criou o serviço de boat and breakfast (barco e café da manhã), ou melhor, yatch&breakfast (iate e café da manhã). — Temos mais de trinta embarcações disponíveis. Os proprietários gostaram da ideia pois, ao mesmo tempo que reduzem os custos de manutenção, mantêm a
agosto 2011 | comunitàitaliana
Conforto e sofisticação caracterizam as embarcações, que contam com suítes, restaurantes, cafés, galerias de arte e concertos
atenção nos cuidados que os barcos exigem — explicou Giuseppe Pappalardo, administrador delegado da Marina Gênova Aeroporto. O projeto chama-se Armador por uma noite e tem como objetivo equilibrar a oferta de leitos turísticos em Gênova e também de propor o lugar sob um outro ponto de vista, ou seja, do mar para a terra e — ao final e não menos importante — reduzir os custos do barco que podem chegar a 15 mil euros anuais, daí para mais ou para menos dependendo das dimensões do iate. E a ideia não poderia chegar em melhor hora. A crise no setor naútico
Serviço único O serviço de “empréstimo” de lancha não é uma novidade absoluta no mundo da naútica. Mas ele navegava, principalmente, nas águas do aluguel do barco para um ou alguns dias ou semanas de cruzeiro mar a fora. Agora, a proposta é fisgar o cliente que sempre teve o olho comprido nos luxuosos iates e nunca teve condição de comprar um ou, na melhor das hipóteses, alugar ou ter um amigo armador. Desta vez, igual como ocorre em locais chiques como Montecarlo ou na Costa Azul, o cliente vai tomar posse do barco por 24 horas, que vai permanecer ancorado diante da marina.
Fotos: Guilherme Aquino
é sentida em toda a costa italiana. O trânsito de embarcações se reduz a olhos vistos: de 10 a 20% dos barcos ancorados estão à venda, enquanto outros migram para portos e marinas mais baratos na França e na Croácia para, também, fugir dos controles dos fiscais da receita. Na marina de Varazze, por exemplo, com 800 lugares, o movimento nos fins de semana é de oito ou nove contra um passado recente de 20.
— Este trabalho vai ao encontro Uma vez aprendendo a manusedos moradores das cidades que não ar os instrumentos de bordo, sem estão perto do mar, como Milão e tocar em nada que tenha a ver com Turim. Muitas pessoas gostam do o motor e a navegação — áreas mar, mas o frequentam pouco. Pro- fora de alcance — o hóspede pode porcionamos a elas um serviço único aproveitar e tirar uma “onda” em e que pode ter muitos fins — diz ter ao seu dispor um garçom, uma Giuseppe Pappalardo. O pernoite faxineira, uma cozinheira (cusnum barco de dois milhões de euros tos adicionais) ou, o que é melhor, custa cerca de 150 a 300 euros. Ao usufruir dos serviços da Marina. final, o cliente pode gostar tanto que Antigamente, as marinas eram apeacaba, se for o caso, contratando um nas estacionamentos de barcos, cruzeiro e desembolsando dez vezes hoje, as modernas, possuem tudo: mais. Eis uma boa isca para os tradi- bares; restaurantes de alto nível; locionais serviços de charter. jas de decoração e design; livraria; Para mergulhar de cabeça neste sorveterias; galerias de arte; além pacote, não é difícil saber que num de transporte para cidade. Tudo fim de semana um iate foi alugado com vista para o mar, com serviço para um aniversário de namoro e em ao extremo infinito, já que o teto é outro para uma festa de formatura. o céu e a janela é o horizonte. Somente na Marina Gênova Aeroporto, existem cerca de 400 barcos Cafés e concertos ancorados, de todos os tamanhos, Quando chega, o turista é recebipotenciais “pousadas flutuantes”, do na recepção do hotel da marina, mas algumas condições são necessá- uma estrutura montada à beira-mar, rias para dar o suporte a este tipo de com quartos em terra firme. Dali, ele serviço durante todo o ano. O cliente é encaminhado à embarcação, que vai querer um iate para si e não um pode ser um barco, um iate ou mes“barquinho qualquer” — com todo o mo um barco a vela. respeito pelas embarções mais simOs preços começam dos 150 ples. Dormir em um iate é o sonho de euros por pessoa. Já uma cabine muita gente. O quebra-mar garante dupla em um iate de 19 metros de que as ondas não irão enjoar nin- comprimento, avaliado em 2 miguém: pelo contrário, as marolas que lhões de euros (R$ 4,5 milhões), vencem as defesas servem para em- custa 360 euros. balar o marinheiro Os preços são de primeira viagem. mais caros do que os A realidade da dos bed & breakfast da terra firme é bem cidade, mas oferecem diferente daquela ao cliente a proximia bordo. E muitos dade às regalias da clientes podem levar marina. Em Gênova, tempo para se acosos ancoradouros têm tumar com a ideia restaurantes, cafetede subir no barco rias, butiques, galerias descalço, circular por de arte e concertos, espaços reduzidos, frequentados não só memorizar a localipor quem tem barcos, zação dos mil e um mas também pela pointerruptores para pulação em geral. acender o ar condiA hospedagem nos cionado, o sistema Giuseppe Pappalardo, barcos exige algumas de luz e som, abrir administrador delegado adaptações por parte e fechar portas e esdos clientes. Os tênis, da Marina Gênova cotilhas, ligar ou as sandálias e os sapaAeroporto desligar a televisão, tos baixos ou de salto a plasma, naturalmente, isso sem fa- alto devem ser deixados em uma ceslar na cozinha embutida a ponto de ta na entrada. A bordo, caminha-se ter o fogão escondido ou disfarçado descalço sobre o chão de madeira. de bancada, descobrir que a lancha — É melhor para evitar escorinteira se descompõe num estalar de regões e também para não trazer dedos, assim com supreender com o para dentro do barco a sujeira da armário para os cobertores e fronhas rua — disse o comandante Claudio e toalhas estar embaixo do assoalho Briamonte. de madeira da sala de estar. Mesmo A única área vetada aos hóspecom um manual de instruções a pas- des é a cadeira de comando do iate. sagem de uma casa para o barco não é Esta área aqui é off limits — diz simples, do quarto para um camarote. Briamonte.
“Muitas pessoas gostam do mar, mas o frequentam pouco. Proporcionamos a elas um serviço único e que pode ter muitos fins”,
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Atualidade
Destino
tropical
Brasil bate recorde de concessão de visto de trabalho e italianos aparecem como os que mais aplicam recursos no país Fernanda Galvão
T
entar a sorte no estrangeiro foi a meta de vida de muitos brasileiros, principalmente nas décadas de 80 e 90 do século passado. Pela falta de perspectiva na terra natal, famílias direcionavam seus filhos aos estudos no exterior; adultos arriscavam o pouco que tinham para buscar estabilidade nas ruas, em sua maioria, dos Estados Unidos. Deixavam o orgulho de lado e não se importavam com o tipo de trabalho que desempenhariam, se ele estaria de acordo com suas qualificações alcançadas no país de origem. A moeda americana valia mais e garantia um alívio financeiro também para os entes queridos nessa aventura. Alguns se arriscavam pela travessia ilegal via América Central, o México. Ainda com todos os perigos e riscos, cada um com sua história e seus motivos, o sonho era um só: ter seu espaço num mercado novo, aparentemente de sucesso. Passados alguns anos, o Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro divulgou, em final de junho, que mais de 13 mil autorizações de trabalho foram concedidas a estrangeiros no primeiro trimestre deste ano. Segundo a Coordenação Geral de Imigração – CGIg – o número é 13% superior ao do mesmo período do ano passado, quando foram concedidas 11.530 autorizações. 14
Não é novidade que o Brasil alcançou significativa visibilidade mundial nos últimos anos, o que garantiu a oportunidade de sediar grandes eventos esportivos e outros encontros de relevo internacional. O que aconteceu para as atenções estarem todas voltadas para cá? Para o Coordenador-geral de Imigração e presidente do Conselho Nacional de Imigração, CNIG, Paulo Sérgio de Almeida, foi o crescimento da economia do país. — Em linhas gerais, reflete a pujança dos investimentos responsáveis pelo crescimento da economia brasileira, seja de empresas brasileiras que vêm adquirindo máquinas, equipamentos e tecnologia no exterior e com isso necessitando da vinda de técnicos estrangeiros para a sua implementação; seja de novas empresas de capital estrangeiro que estão se estabelecendo no país, aproveitando o crescimento sustentável brasileiro, e que em geral necessitam de profissionais estrangeiros para o início de suas operações — analisa. Liderando a lista divulgada pelo Ministério, estão os Estados Unidos, com 1.857 concessões. Em segundo lugar, as Filipinas, com 1.183. Depois vem o Reino Unido com 1.042. No final da extensa lista, vêm Jamaica e Romênia, contando 89 e 63 autorizações de visto de trabalho, respectivamente. A Itália aparece em oitavo lugar, com 383 concessões. Os homens ainda são maioria
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– 11.959 cidadãos estrangeiros. A maior parte dos vistos concedidos é para serviço temporário. De janeiro a março, cerca de cinco mil estrangeiros receberam visto de trabalho por 90 dias. Tamanho crescimento traz a pergunta: é bom para um país ainda em desenvolvimento receber tantos estrangeiros no mercado de trabalho enquanto seus próprios cidadãos vivem uma situação complexa de desemprego? De acordo com o cientista político e sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo Baía, a sociedade brasileira tem uma
Em meio a uma crise econômica e política que gerou plano de redução de custos e colocou o cargo de Silvio Berlusconi à prova, os italianos foram os que mais aplicaram recursos no Brasil, R$ 7,29 milhões
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Atualidade longa tradição de portas abertas. Aliás, foi exatamente desta forma que o Brasil foi construído. — A nação foi construída de portas abertas para quem quisesse vir e quem veio à força, os escravos, que daqui não saíram. Nós somos uma nação constituída de etnias diversas e não etnias da própria terra. Isso foi muito bom para a sociedade brasileira. Há cerca de cinco, seis anos, o governo brasileiro adotou uma política de anistiar e regularizar a situação de todos os estrangeiros que estivessem no Brasil. Essa política foi muito correta, pois temos um trânsito grande de pessoas num mundo globalizado. Como você pode pensar num mundo globalizado sem o trânsito de pessoas, como fazem de uma maneira racista e xenófoba, a Europa, os Estados Unidos? Querem o trânsito de capitais, mercadorias, mas não o de pessoas. O Brasil está correto nesse sentido — argumenta. Outra novidade dos dados divulgados foi a quantidade de profissionais qualificados. Dobrou a vinda de estrangeiros com ensino superior, título de mestre, doutor e pós-graduação. São quase sete mil pessoas com ensino superior completo e 265 com mestrado. A maior
parte das autorizações foi dada a capacidade de empregabilidade, de trabalhadores de embarcação ou se adaptar às novas formas de traplataformas de apoio no setor pebalho. Mas, para isso, precisamos trolífero e assistência de um bom sistema de técnica. Artistas e deensino. Nós não temos portistas estrangeiros problemas de vaga. Tivesem vínculo empregamos uma universalização tício totalizaram 1.734 para o ensino básico e concessões. médio, temos um cresciPara Paulo Baía, mento grande no ensino nos últimos 10 anos, o universitário, mas toda Brasil vive um momencadeia de ensino no Brato de desenvolvimento sil é de baixa qualidade. Paulo Baía, cientista político econômico, social e Nós formamos mal, ene sociólogo da UFRJ político. Não só tem sinamos mal, educamos condições micro e macro-econômimal... Nossas escolas e universidacas de crescimento, como todas as des formam mal o povo brasileiro cadeias produtivas estão ativas e — comenta. modernizadas. Entretanto, alerta para o problema da educação. Hospedagem — Tanto no setor primário, a O investimento de estrangeiros coagricultura, como no setor secunmo pessoa física, através do Banco dário, a manufatura e a indústria, Central, aumentou em 13%, contacomo o setor terciário, os serviços, bilizando aproximadamente R$36 tivemos índices de desenvolvimenmilhões no primeiro trimestre de to. Nós temos serviços com alta 2011. Em meio a uma crise econôtecnologia e utilização maciça de mica e política que gerou plano de conhecimento moderno, em todas redução de custos e colocou o cargo as áreas do país, o que gera dois impactos, crescimento e necessidade de mão-de-obra especializada, com
“Você começa a ver uma migração que não é de pobres, é do topo da elite pensante e produtiva”
Diagrama do trabalho estrangeiro no Brasil* Total de autorizações concedidas por mês 2011
56006
2010
(Valores em dólares)
42914 43993
2009 2008 2007
Valores de investimento efetuados por estrangeiros pessoa física por UF
13034
Os valores citados equivalem ao primeiro trimestre de 2011 e a investimentos superiores a U$ 1 milhão.
29488
Total no Brasil
Autorizações concedidas a estrangeiros por país de origem
1857
EUA
1183 1042
Filipinas R. Unido
759 664
Alemanha Índia China Japão Itália
16
US$ 35.768.564,02
505 489 383
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SP 10.807.144,02 PR 2.616.068,00 *Todas as informações contidas nesse gráfico foram fornecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e são referentes ao primeiro trimestre de 2011.
SC 1.561.866,01
“Não basta o querer empresarial para que determinado profissional estrangeiro venha prestar serviços no País. É preciso adequar a necessidade empresarial aos ditames legais”
de Silvio Berlusconi à prova, os italianos foram os que mais aplicaram recursos no Brasil, R$ 7,29 milhões. Crise que se alastra para o restante da Europa – Irlanda, Portugal e Grécia, por exemplo, chegando à América do Norte, com a queda do dólar e ao Japão, que sofreu terrível catrástrofe climática no início do ano. Tamanhas mudanças no cenário mundial fazem com que três países se destaquem: China, Índia e Brasil. — Diferente do Brasil, a Índia e a China tem uma enorme população e fazem uma política de portas fechadas a estrangeiros, sobretudo a Índia com um sistema bárbaro de castas. Neste momento, o Brasil passa a ser um porto seguro para os brasileiros que daqui se foram nas décadas de 70, 80 e 90, e que começam a retornar, porque o Brasil está oferecendo oportunidades de trabalho em todos os níveis. Ao mesmo tempo, a cadeia produtiva do Brasil atrai profissionais de alto nível, especialistas vindos de outros países, pois lá as portas estão se fechando e aqui se torna um lugar mais atraente para o trabalho e seu dinheiro vale mais aqui do que
Jucélia Sousa, diretora da Multiplic Vistos lá. Então você começa a ver uma migração que não é de pobres, é do topo da elite pensante e produtiva desse país — aponta Baía. Conforme analisa Jucélia Sousa, diretora da Multiplic Vistos, delegada representante da sociedade civil brasileira no “Global Forum on Migration & Development”, a inversão de mercado deve ser considerada em dois pontos gerais: no plano externo, as crises e transformações por que passa o mundo do trabalho, e no plano interno, no Brasil, em relação aos movimentos migratórios. — As dificuldades econômicas por que passam os Estados Unidos, com retração do mercado de trabalho e a crescente oferta do chamado trabalho precário fazem com que haja movimento inverso no curso
CE 4.701.547,37 RN 3.815.513,60
BA 2.881.122,25
Autorizações concedidas a estrangeiros por nível de escolaridade Doutorado
48
Mestrado Pós Graduação
265 110
Superior completo ou Habilitação legal equivalente Superior incompleto
RJ 4.391.262,19
47
2º Grau completo ou Técnico profissional 1º Grau completo
4394 69
2° Grau incompleto
17
1º Grau incompleto
10 99
Não informado Outros
1144
migratório, passando o Brasil por bom momento econômico, acompanhado do desejado desenvolvimento social, com a diminuição da pobreza, com aumento quantitativo e qualitativo de postos de trabalho — observa. Segundo Jucélia, o visto de trabalho no Brasil se obtém quando são cumpridas as formalidades, exigências e condições legais previstas na Lei nº 6.815, de 1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro, e nas Resoluções Normativas editadas pelo Conselho Nacional de Imigração. Além disso, o argumento de que estrangeiro com visto de trabalho gera desequilíbrio econômico e rouba vaga de cidadão local cai, pois o estrangeiro legalizado tem os mesmos deveres que o nascido no país, ou seja, paga impostos. A mão-de-obra estrangeira também deve ser justificada pela entidade solicitante, sendo examinada a compatibilidade entre a qualificação e a experiência profissional do estrangeiro e a atividade que for exercer no país. Os pedidos são decididos, geralmente, em 30 dias. Todavia, falta de documentos ou falha na instrução do processo podem atrasar o processo. — Grande parte das solicitações de vinda de empregados estrangeiros por parte de empresas nacionais esbarra em aspectos legais, notoriamente as que agridem o princípio de proteção do trabalhador brasileiro, o interesse nacional e as que não atendem às condições e requisitos traçados pelas Resoluções Normativas do Conselho Nacional de Imigração. Vê-se, portanto, que não basta o querer empresarial para que determinado profissional estrangeiro venha prestar serviços no País. É preciso adequar a necessidade empresarial aos ditames legais — ressalta.
País do futuro Apesar das notícias e estatísticas, o cotidiano parece descortinar outra realidade. Desigualdades de todos os gêneros são vistas nas ruas e nas páginas dos jornais. — Embora haja a diminuição da pobreza, a desigualdade no Brasil aumentou muito porque a política brasileira facilita que, quem ganha mais dinheiro, ganhe ainda mais do que quem não tem. O que devemos fazer é investir maciçamente em educação para o povo brasileiro se qualificar; criar políticas mais arrojadas de transferências de renda acopladas à capacitação para o mundo do trabalho no Brasil e assegurar as linhas de crédito para que as pessoas possam empreender. Mas, não fechar as portas jamais aos estrangeiros. O Brasil vive um momento mágico pelo ponto de vista de suas possibilidades de se afirmar como grande liderança mundial para os próximos 50 anos — relembra Paulo Baía. Gionatan Vassallo, 25 anos, italiano e assistente da diretoria da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, está há dois anos no Brasil. Casado com uma brasileira e detentor de visto de trabalho, ele diz que, embora o país esteja em crescimento e tenha forte tendência em querer melhorar, em muitos setores ainda se encontra o famoso 6831 “jeitinho brasileiro”. — Muitas pessoas querem tirar proveito dos outros de qualquer maneira — afirma. Gionatan faz parte da extensa comunidade italiana radicada no Brasil e representa uma força a mais para a sociedade brasileira, segundo o professor Paulo Baía. — O Brasil deve manter a política de manter as portas abertas e dessa forma tem todas as condições para se tornar o que os EUA foram no século XX. comunitàitaliana | agosto 2011
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Relação complementar Vice-governador e empresários da Lombardia saem do Rio satisfeitos com encontros institucionais e comerciais Cintia Salomão Castro
U
ma ponte entre o estado fluminense e a região da Lombardia – a mais rica da Itália, que sozinha representa a 29ª economia da região do euro – cimentada com o objetivo de unir as forças econômicas e gerar negócios bilaterais. Com autoridades e empresários italianos a bordo, a Missão Lombardia aportou no Rio de Janeiro em meados de julho. Seminários, encontros oficiais e visitas a entidades como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) marcaram a agenda dos lombardos na cidade. A visita ao Rio durou três dias e foi seguida por outra rodada de apresentações e reuniões em Recife. Setor petrolífero Os setores em destaque durante a missão foram seis: oil & gas; naval; naval mecânico; siderúrgico; energia; e information and communications technology. Representantes de 15 empresas italianas destas áreas participaram de um seminário realizado na Firjan no dia 18 de julho: foi o caso da Idest, especializada em engenharia integrada e serviços para a construção; da Casagrande Ingranaggi, da área naval, metal-mecânica, siderúrgico e energia; da Pigozzi Impiantistica, que realiza instalações para oil & gas, naval, metal-mecânico, 18
siderúrgico e energia; da ABB, do setor oil & gás; e da Aeromeccanica Stranich, atuante também no oil & gas, metal-mecânica, siderúrgica e energia. No dia seguinte, na rodada de negócios, 163 encontros selaram a sinergia lombardo-fluminense. A missão foi organizada pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, pela Promos Milano e pelo Centro para o Desenvolvimento Tecnológico, Energia e Competitividade (CESTEC), e contou com o apoio da Firjan e do Sebrae-RJ. Troca de experiências Diante de representantes da Prefeitura do Rio e do governo estadual, o vice-governador da Região Lombardia, Andrea Gibelli, afirmou que a viagem representa uma oportunidade de complementar o sistema produtivo fluminense no contexto do “mercado global que requer uma sinergia de forças”. Ele ressaltou as características econômicas lombardas, que fazem com que a região seja a mais próspera da Itália. — A Lombardia possui uma empresa a cada 12 habitantes, com uma economia equivalente a de um Estado europeu, baseada em pequenas e médias sociedades. A distinção entre empresa e trabalhador na Lombardia, muitas vezes, não é, assim, líquida — explicou. Para o vice-prefeito Carlos Alberto Muniz, a experiência italiana pode contar pontos para os
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A subsecretária estadual de Comércio e Serviços, Dulce Procópio, chamou a atenção dos italianos para as perspectivas econômicas do Rio, com destaque para os projetos de desenvolvimento urbano como o Porto Maravilha
grandes eventos programados para acontecer na cidade. — Aparentemente longínquas no calendário, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 já estão muito próximas. A experiência da Itália na realização de grandes eventos pode nos ajudar muito — avaliou. O subsecretário de Relações Internacionais do governo do Estado, Pedro Spadale, concordou. Para ele, “o potencial de parceria entre o Rio e a Lombardia é muito grande, e a relação não é apenas comercial”. A subsecretária estadual de Comércio e Serviços, Dulce Ângela Procópio, lembrou aos italianos que o Rio tem a segunda maior economia do país e destacou os projetos de desenvolvimento urbano como o Porto Maravilha e a ampliação do metrô. Outra área citada por Dulce é a do corte de rochas, como o granito, setor em que “propostas de joint ventures são bem-vindas”. Outros locais visitados pelos italianos foram a sede da Petrobrás e a Associação Comercial do Rio, além do centro educativo Cantinho da Natureza, uma obra social da paróquia Santa Cruz de Copacabana, no Morro dos Cabritos.
Palácio Guanabara
N
a noite do dia 18 de julho, a sede do governo fluminense foi palco de um encontro entre o vice-governador Luiz Fernando Pezão e o vice-governador da Lombardia, Andrea Gibelli. Diante do cônsul Umberto Malnati e do presidente da Câmara Ítalo-brasileira de Indústria e Comércio do Rio, Pietro Petraglia, Gibelli reiterou a disponibilidade lombarda para parcerias em matéria de indústria e tecnologia, enquanto Pezão — que presenteou o italiano com uma pedra de cimento do Maracanã — lembrou que o estado do Rio mantém as portas abertas aos representantes lombardos.
Fotos: João Carnavos
Negócios
DIvulgação Fiat
Mercado
Pelas curvas brasileiras
A Fiat acaba de completar 35 anos de atividades no Brasil e planeja expandir seus investimentos no país nos próximos anos Vanessa Corrêa
F
De São Paulo
undada em 1899 na cidade italiana de Turim, a Fabbrica Italiana Automobili Torino veio para o país em 1976, quando foi inaugurada sua fábrica em Betim, Minas Gerais. Líder do mercado brasileiro de automóveis há nove anos, a Fiat Brasil é uma das maiores empresas do grupo italiano. — Ao fazer um balanço desses 35 anos, o que mais notamos é como a empresa enfrentou o desafio de chegar ao Brasil já no fim do chamando milagre econômico e conseguiu se tornar uma das maiores montadoras de veículos da região. Nesses 35 anos, a Fiat Brasil é provavelmente o maior caso de sucesso da indústria automobilística brasileira — declarou Marco Antônio Lage, diretor de comunicação da Fiat na América Latina. Segundo Lage, a Fiat optou por sair da região do ABC paulista, o único pólo automobilístico do país na época, e se estabelecer em Minas Gerais. — Trouxemos uma indústria de tecnologia de ponta para um estado cuja economia era baseada no extrativismo mineral e na agropecuária — acrescentou. No início, a Fiat tinha como sócio o governo mineiro, mas com o passar dos anos, foi comprando a participação estatal no empreendimento e hoje é uma empresa 100% privada. A fábrica de Betim está entre as maiores do mundo e desde sua instalação já produziu mais de 12 milhões de veículos. Os automóveis que saem de Betim representam 30% de toda a produção da Fiat no mundo. Em 2010, a fábrica mineira produziu 760,5 mil automóveis, consolidando a liderança no mercado brasileiro. Além de abastecer o mercado brasileiro, os veículos
O diretor de comunicação da Fiat Marco Antônio Lage destaca a integração entre Brasil e Itália para o sucesso final
produzidos em Betim são exportados para toda a América Latina. Alguns dos modelos são também destinados ao mercado europeu. Nem todos os automóveis comercializados no Brasil são produzidos pela fábrica mineira. O Fiat 500, por exemplo, é importado da Europa e o Freemont, novo modelo que começará a ser vendido em agosto, será importado do México. Todo o processo de desenvolvimento dos produtos no Brasil conta com uma participação ativa dos profissionais da matriz italiana. — Há uma grande integração entre Brasil e Itália, desde a parte de engenharia e tecnologia até a parte de pesquisa de tendência e cores. Em função do tamanho
e da importância do mercado do Brasil, a Fiat Itália leva muito em consideração a opinião dos brasileiros na hora de desenvolver os produtos — explica. Essa integração não quer dizer que os carros comercializados em cada país sejam exatamente iguais. — Cada mercado tem seu código cultural e a Fiat respeita as preferências de cada país. A cultura brasileira é diferente da italiana, que é diferente da chinesa, e por aí vai. Alguns modelos comercializados na Europa são vendidos aqui porque atendem à demanda do brasileiro. Outros modelos são mais específicos, porque foram pensados especialmente para o mercado latinoamericano. Mesmo os carros mais europeus são ‘tropicalizados’ para atender tanto às exigências do consumidor quanto às mudanças do clima e condições de estradas. Fazemos um estudo cuidadoso para atender às especificidades de cada região — explicou Lage. Em seu aniversário de 35 anos, a Fiat dará início ao maior período de investimentos de sua história no Brasil. Até 2014 serão investidos R$ 10 bilhões na expansão da montadora no país. Serão R$ 7 bilhões destinados à expansão da fábrica em Betim, que ampliará sua capacidade de produção de 800 mil para 950 mil automóveis, e R$ 3 bilhões para a construção de uma nova fábrica no país. Localizada em Pernambuco, a nova unidade da Fiat irá produzir cerca de 200 mil veículos por ano. — A Fiat vem se desenvolvendo mundialmente, vivemos um momento de expansão da empresa e o Brasil vem contribuindo muito para esse crescimento — conclui Lage.
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Bem-estar
PhotosToGo.com
Comportamento
Segundo pesquisa da ONG Oxfam, prato símbolo da culinária italiana é o preferido entre os brasileiros. Mas será verdade que a massa engorda?
É de massa que os brasileiros gostam mais Cintia Salomão Castro
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lasanha e o macarrão desbancaram a feijoada na preferência dos brasileiros? Quem se acostumou a ver rodízios de pizza e massa lotados nos fins de semana nas capitais brasileiras talvez não se surpreenda tanto diante do resultado da pesquisa da Oxfam, segundo a qual a massa é o prato preferido dos brasileiros. O levantamento realizado pela organização não-governamental, presente em mais de 100 nações, ouviu 16.422 pessoas em 17 países, entre abril e maio. Entre os brasileiros, a lasanha ficou 20
no topo da lista, seguida pelo arroz e pela massa. A feijoada aparece em quarto lugar, seguida imediatamente pela pizza. E, na média de todos os países consultados, a massa lidera o ranking da preferência global. Apesar de presente na culinária brasileira há mais de um século, e antes mesmo da chegada dos imigrantes italianos ao país, a massa ainda carrega, entre os brasileiros, o estigma de prato que “engorda” muito. Mas será que um prato de espaguete à bolonhesa, ou de penne ao molho de tomate, nos faz ganhar mais quilos do que um prato de arroz, feijão e bife? De acordo com vários nutricionistas ouvidos pela Comunità, a
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resposta é não. Em média, um prato de arroz, feijão e bife — sem incluir as batatas fritas! — reúne mais calorias (cerca de 510) do que uma porção de macarrão com molho de tomate acompanhado de queijo parmesão (420) ou a alho e óleo (460). Para a nutricionista clínica Maristela Bassi Strufaldi, especializada no atendimento a pacientes com diabetes, o mito de que a massa engorda não corresponde à realidade — desde que consumida com moderação e com molhos e acompanhamentos magros. — A massa é um carboidrato complexo utilizado como combustível primário do organismo humano, essencial para a realização
Recheio Cuocos e nutricionistas concordam: o segredo da massa saudável é o seu molho, ou o seu recheio, e o modo de preparo. Os molhos devem ser feitos, de preferência, de modo caseiro e natural, que podem conter tomate e ervas frescas. O quatro queijos e o carbonara — que leva ovo, queijo e toucinho — estão entre os mais pesados e desaconselhados pelos especialistas.
“O erro das pessoas está no modo de preparo, pois a massa pode oferecer um prato muito nutritivo e saudável”, Sonja Salles, personal diet Para Georgia Espírito Santo de Mendonça, nutricionista que atua como gerente de qualidade da rede Cafeína, os molhos mais saudáveis são aqueles à base de tomate, “ricos em licopeno e substâncias antioxidantes ao organismo”. — A forma mais saudável de massa contém os molhos mais saudáveis, com tomate e, preferencialmente, mesclando legumes e
Bruno de Lima
carnes com pouca gordura. A utilização de queijos menos gordurosos, como, mussarela de búfalo, cottage e brie, também são muito bem-vindos — aconselha Georgia. Entre os molhos mais gordurosos, Maristela Strufaldi elege o molho funghi (preparado com leite integral, manteiga e farinha), além daqueles à base de creme de leite e os que incluem embutidos como linguiça calabresa. — O modo de preparo da massa é um dos fatores mais determinantes para o controle do peso. Molhos ricos em gordura e calóricos (à base de queijo e molho branco, por exemplo) devem ser evitados. Versões com molho de tomate e azeite de oliva são mais interessantes — recomenda. O cuoco Silvio Podda também aconselha a tradicional massa a alho e óleo, ou com pequenos pedaços de tomate fresco, no que ele define como o “máximo da leveza”. Por sua vez, o chef italiano Paolo Teverini, premiado com uma estrela pelo Guia Michelin e chef oficial dos cruzeiros da MSC nas rotas norte-européias, cita como exemplo de leveza a sua receita de pasta “Strazzapretti”, inspirada
O cuoco italiano Silvio Podda ensina que o uso de ingredientes frescos no molho é a receita da massa saudável, teoria defendida pela personal diet carioca Sonja Salles Divulgação
das atividades diárias. Se consumida com moderação e em meio a uma alimentação equilibrada, ela não engorda — define. Nutricionista do Exército e consultora de famosos como a atriz Claudia Raia, a personal diet Sonja Salles concorda. Ela frisa que a massa constitui um carboidrato “que deve representar cerca de 60% da nossa alimentação diária”, e que é a forma de preparo, assim como molhos e recheios, que pode tornála engordativa. O cuoco italiano Silvio Podda, que há mais de um ano mudou-se para o Rio de Janeiro, conta que derrubar o mito brasileiro de que a massa proporciona quilos a mais é para ele uma espécie de “cruzada”. — Claro que comer um prato de macarrão à noite não é aconselhável, pois a nossa digestão costuma ser mais lenta nesse horário. Mas o importante é o tipo de massa, o modo como é feita, os temperos. Nos restaurantes, por exemplo, a água da panela deve ser trocada com frequência, pois acumula amido sobre amido ao longo das horas de preparo de massa — alerta.
na região da Emília-Romanha. O molho leva azeite, cebola, stridoli cru (uma erva conhecida no Brasil como orelha-de-boi ou erva traqueira), sal e pimenta do reino.
Q
uem disse que lasanha não pode ser saudável? A receita do cuoco italiano Silvio Podda é uma opção para quem não abre mão da massa e quer manter a saúde e a forma.
Lasanha de Berinjela
(650 calorias por prato) Ingredientes: 200 g de massa de lasanha fresca com ovos; 500 g de berinjela roxa média-grande; 800 g de tomate fresco maduro de tipo italiano sanmarzano; 2 dentes de alho; 200 g de muzzarela; 1 punhado de manjericão; Queijo parmessão padano ralado; Queijo pecorino; Azeite e sal. Modo de fazer: Cortar a berinjela em fatias compridas com no máximo 1 a 2 cm de espessura, temperar com sal grosso e deixá-las escorrer em um escorredor de massa por quatro horas, para que percam o líquido escuro e amargo. Depois de lavadas e enxutas, guardar na geladeira. Fazer o molho com tomate fresco, azeite, alho e finalizar com manjericão triturado. Grelhar a berinjela em fatias, cozinhar a lasanha em água fervente e temperada com uma gota de azeite. Depois escorrer a berinjela, montar a lasanha com a primeira camada de molho, seguida da camada de lasanha e de outra camada de berinjela. Por cima, coloque um pouco de molho e fatias de mussarela. Cobrir tudo com papel alumínio e levar ao forno a 200º por cerca de 20 minutos. Jogue, então, o queijo ralado e o pecorino por cima, e coloque novamente no forno para gratinar. Servir quente e com uma pitada de manjericão.
Lasanha A lasanha, que lidera o ranking dos brasileiros ouvidos pela pesquisa da Oxfam, contém mais calorias do que um prato clássico de macarrão. Ainda assim, é possível fazer adaptações de modo que seja o mais saudável possível. O chef Paolo Teverini, autor do livro La cucina naturale in Emilia Romagna, explica que a lasanha italiana não leva presunto, ingrediente que a deixa mais engordativa, enquanto Maristela Bassi recomenda o uso de ingredientes mais leves do que os tradicionais. — Substituir o recheio tradicional por mussarela light, presunto magro (ou peito de peru) e creme de leite light melhora significativamente a qualidade nutricional do prato. Além disso, manter o molho ao sugo garante um menor teor de gordura e menor valor calórico — sugere Maristela. Para o cuoco Silvio Podda, até mesmo uma lasanha à bolonhesa, feita com cuidado, pode ser um prato completo e facilmente assimilável pelo organismo. — Se usarmos, por exemplo, um molho fresco de tomate com azeite de oliva e carne moída magra, ao forno, sem fritura, teremos uma lasanha sã — ensina.
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Affari
Quando piccolo è meglio… Unione Europea e governo brasiliano collaborano per internazionalizzare le piccole e medie imprese Stefania Pelusi
A
De Brasília
ttualmente l’Unione Europea realizza 95 progetti di cooperazione del valore complessivo di circa 258 milioni di euro, di cui 22 milioni sono destinati all’appoggio delle PAIIPME (progetto di cooperazione internazionale di appoggio all’inserzione internazionale di piccole e medie imprese), il più grande progetto di cooperazione tecnica co-finanziato dal blocco europeo in America Latina. Con un budget complessivo di 44 milioni di euro — la metà proveniente dai fondi brasiliani, pubblici o privati — il progetto dal 2007 ha beneficiato più di 2.500 piccole e medie imprese, 6.700 professionisti dell’area di esportazione e internazionalizzazione e ha creato 70 accordi tra organizzazioni brasiliane ed europee, tra cui 5 joint-venture. — L’ingresso del Brasile nell’Enterprise Europe Network, una rete che aiuta le piccole e medie imprese (PMI) ad agire nel mercato europeo e ad interagire con le camere di commercio, centri tecnologici, università e agenzie di sviluppo del blocco europeo, sarà probabilmente il prossimo passo della cooperazione tra il Brasile e l’Unione Europea (UE) — ha spiegato il capo del Dipartimento di Innovazione, Ministero dello Sviluppo, Industria e Commercio Estero (MDIC), Carlos Cristo, durante un seminario avvenuto a Brasília. Le piccole e medie imprese muovono il 20% del Prodotto Interno Lordo (PIL) e sono responsabili del 45% degli impieghi in Brasile. Sembra molto, ma se si confronta con il quadro europeo, si capisce che “c’è ancora tanta strada da fare”. In Europa le PMI rappresentano il 57% del PIL (la media mondiale è del 30% del PIB) e producono il 70% della manodopera. Secondo il presidente dell’Agenzia Brasiliana di Sviluppo Industriale (nella sigla portoghese, ABDI), Mauro Borges Lemos, il progetto PAIIPME esige audacia, ampiezza istituzionale, messa a fuoco, persistenza e una visione strategica. Durante l’evento che presentava il progetto esistente tra la UE e il Brasile, Lemos ha sottolineato che le PMI sono le protagoniste nelle azioni di trasferimento tecnologico e nel commercio internazionale. 22
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L’ambasciatrice della’Unione Europea in Brasile, Ana Paula Zacarias: “Le PMI sono il centro dell’attività economica di qualsiasi Paese”
La nuova direttrice della delegazione della UE in Brasile, l’ambasciatrice portoghese Ana Paula Zacarias, ha dichiarato che è indispensabile consolidare una relazione di equilibrio tra le due parti del progetto. — Nel mondo globalizzato, nessuno può affrontare le sfide da solo, per questo il cammino delle aziende, di qualsiasi dimensione, è l’internazionalizzazione. I prossimi obiettivi delle PMI dell’Unione Europea sono: ridurre costi e tempi per poter iniziare una nuova attività (la meta è di tre giorni) e, inoltre, diminuire a 30 giorni il pagamento delle fatture delle PMI da parte dello Stato. Per vincere nell’esportazione, le PMI devono innovare il settore tecnologico. Ed è proprio qui che è fondamentale il ruolo di programmi
di cooperazione, come il progetto piccole e medie imprese tra l’Unione Europea e il Brasile, che proporziona alle aziende la tecnologia a cui, da sola, non avrebbe mai accesso. Secondo i dati forniti dall’Associazione Nazionale di Ricerca e Sviluppo delle Imprese Innovative (in sigla portoghese, ANPEI), tra le 600 aziende prese a campione circa il 75% non conosceva la legislazione e i programmi di appoggio allo sviluppo e solamente il 18,7% delle nuove aziende utilizza l’appoggio del governo. Davanti a questo scenario, il direttore dell’ABDI, Clayton Campanhola, ha distaccato che le sfide delle PMI brasiliane devono passare attraverso una serie di temi, tra cui l’innovazione tecnologica e di business, la tecnologia di base industriale, il trasferimento di conoscenze; oltre a una rigorosa certificazione e metodologia. Inoltre considera la proposta di far parte della rete Enterprise Europe Network come un’ottima opportunità per superare gli ostacoli in questione. L’ambasciatrice dell’Unione Europea in Brasile ha dichiarato: — Le PMI sono il centro dell’attività economica di qualsiasi Paese: contribuiscono a creare nuovi impieghi, innovazione e aiutano nella crescita sociale di un paese. Un altro vantaggio delle PMI in Brasile è che si stanno estendendo in tutte le diverse aree dell’enorme paese, coinvolgendo diversi settori, dal riciclaggio di residui solidi fino al settore del petrolio e del gas. Zacarias ha inoltre rafforzato l’intenzione dell’Unione Europea di continuare cooperando con il Brasile — dando una continuità a questa collaborazione di quattro anni, che ha già dato frutti positivi.
História
Um país feminino Mostra com documentos da Biblioteca Nacional prova que a trajetória das mulheres pela emancipação é antiga no Brasil Cintia Salomão Castro
T
razer à luz dos brasileiros um Brasil oculto na história oficial — ainda que matricial em sua formação — é a proposta da exposição Brasil feminino, inaugurada no início de julho na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Inédita, a mostra reúne 150 originais ou reproduções de gravuras, manuscritos, pinturas, fotos, obras raras, jornais, revistas e documentos fonográficos que integram o acervo da Biblioteca Nacional. A partir das cenas coloniais em que são flagradas como escravas ou sinhás nas gravuras de Carlos Julião e John Luccock, o material apresenta as marcas deixadas ao longo dos séculos por mulheres de variadas origens e ocupações como as atrizes Ruth de Souza e Leila Diniz, a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, a cangaceira Maria Bonita, a princesa Isabel, a compositora Chiquinha Gonzaga, as escritoras Cecília Meireles e Clarice Lispector e a mãe-de-santo e incentivadora do samba Tia Ciata. Entre as ítalobrasileiras, figuram as atrizes Ittala Nandi e Fausta Polloni. A ideia original de Brasil feminino era falar da presença feminina na política, contou à Comunità o curador da mostra, o historiador Marcus Venicio. — Vimos que iria ficar muito fechado como tema. Então foi decidido que o mesmo seria ampliado à presença das mulheres na história em geral. Nísia Floresta Entre as dezenas de vultos trazidos à luz do público está o da escritora e educadora Nísia Floresta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto. Nascida em 1810, no Rio Grande do Norte, Nísia participou de campanhas abolicionistas e morou em países europeus nos quais publicou livros de crítica social. Algumas de suas marcas mais fortes ficaram na Itália, onde chegou a visitar o amigo Giuseppe Garibaldi. O lançamento
no Brasil de um de seus livros, Três Anos na Itália, Seguidos de uma Viagem à Grécia, mereceu comentários de ninguém menos que Machado de Assis. Em sua coluna publicada no dia 10 de julho de 1864, no Diário do Rio de Janeiro, o escritor comentava que “Três anos na Itália parece ser o verdadeiro sonho de poeta”. Até que ponto a nossa patrícia se satisfaz aos desejos dos que a leram? Não sei, porque ainda não li a obra. Mas, ao julgar pela menção benévola da imprensa, devo acreditar que o livro merece a atenção de todos que prezam as letras e sonham com a Itália — compartilhava Machado com os leitores. Longe de idealizar ou romantizar as cidades italianas, a obra é mais que um diário de viagem e se assemelha a uma crônica histórica, com uma análise do momento político vivido pelos italianos, no auge das lutas pela unificação do país. Ela descreve a situação política e econômica, os sentimentos populares e o clima revolucionário. Além disso, contém uma de suas críticas mais severas à escravidão no Brasil: Ó minha pátria querida, Éden desse mundo imenso e extraordinário, reaparecido
Em sentido horário, no alto, a atriz Ruth de Souza, a cangaceira Maria Bonita, a atriz Leila Diniz e a escritora Nísia Floresta. Abaixo, o cartaz da mostra inédita no país
ao olhar deslumbrado de Colombo, deixa, ah! deixa livremente explodir de teu nobre peito o grito humanitário, que sufocas penosamente, por força dos deploráveis preconceitos transmitidos por teus antigos dominadores de além-mar! Sê conseqüente com as instituições livres que te regem, com a religião que professas: quebra, oh! quebra os grilhões de teus escravos!” Em outros livros, Nísia destacou a importância da educação feminina para a mulher e para a sociedade, a exemplo de Conselhos à minha filha, publicado em Florença em 1859. A mostra Brasil feminino traz uma novidade para o público: a abertura aos sábados e domingos. — Desde o início do século passado, uma exposição na Biblioteca Nacional não permanecia aberta para os visitantes nos fins de semana — , revela o curador Marcus Venicio. A exposição está aberta à visitação até o dia 26 de agosto, no Espaço Cultura Elizeu Visconti, no primeiro andar da Biblioteca Nacional. A entrada é gratuita.
Anita Garibaldi lá e aqui
P
or ser “heroína de dois mundos”, Anita Garibaldi, celebrada no Brasil feminino, também foi recentemente incluída em uma exposição italiana com o mesmo tema, Donne d’Italia la metà dell’Unità, que celebrou as mulheres destacadas na história da Itália, come Maria Montessori, Grazia Deledda, Elena Regina e Oriana Fallaci. A mostra ficou em cartaz de 16 de março a 26 de junho deste ano, no Palazzo Blu, em Pisa, e fez parte das celebrações pelos 150 anos da Unificação.
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Jogos Mundiais Militares
Jogos am Organização vitoriosa marcou os participantes pelos serviços considerados de alto nível, o espírito de fairplay e o apoio do governo local
Cintia Salomão Castro e Fernanda Galvão
N
ão só de esporte — o que não é pouco — foram feitos os Jogos Mundiais Militares. O evento, que reuniu durante nove dias atletas e oficiais de 114 países no Rio de Janeiro, foi uma ocasião para celebrar antigas amizades. Esse foi o caso de Brasil e Itália. Além de ter trazido a maior delegação ao evento, com 154 atletas e 221 pessoas no total, os italianos 24
foram os únicos a montar uma área de convivência fora das vilas e arenas, aberta à visitação pública. Além de celebrar e receber os atletas — não apenas italianos, mas de todos os países que participavam da competição — o Base Itália, montado no Forte Copacabana, promoveu exposições e workshops dedicados aos jogos sustentáveis. Ascensão e estabilidade O Brasil tem muito a comemorar no esporte. Além de ter hospedado com sucesso o evento, que não
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O presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, o vice-almirante Gambôa, comemorou o primeiro lugar dos atletas brasileiros
registrou nenhum incidente, o país deu um salto na sua história esportiva e deixou para trás os fracos resultados das últimas edições, como o 33º lugar em 2007, na Índia: superou as expectativas e terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas, deixando para trás um gigante nos esportes militares, a China. Nos primeiros dias da competição, quando os brasileiros apareciam em segundo lugar, atrás da China, o presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, vicealmirante Bernardo José Pieran-
Primeira medalha de ouro do Brasil nos 5° Jogos Mundiais Militares nos 400m com barreiras, Raphael Fernandes, militar da Marinha, venceu com o tempo de 50.50. Ao seu lado, o terceiro colocado, o italiano Leonardo Capotosti, com 50s86
toni Gambôa, contou à Comunità que “já estava superada, e muito, a nossa atuação nos jogos da Índia de 2007”. Adido militar na Itália de 1998 a 2000, Gambôa, ao final do evento, classificou como uma bela surpresa o primeiro lugar do Brasil. — É lógico que sentia nos nossos atletas que eles estavam vibrando, mas apostei no terceiro lugar. De repente, veio o primeiro. Eles treinaram muito forte, participaram de todos os mundiais do Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM) no ano passado e
de outros torneios neste ano. Não foi fácil. Todas as medalhas foram conquistadas ponto a ponto, mas a preparação foi acertada — afirmou. A ascensão fulminante do esporte militar brasileiro pode se explicar pela política das Forças Armadas em relação ao esporte a partir de 2009, ano em que foram publicados editais do Exército e da Marinha convocando atletas de alto rendimento interessados em ingressar como militares. Estabilidade na carreira através de um salário mensal e a disponibilidade de estrutura
Fotos: Divulgação
e mizade comunitàitaliana | agosto 2011
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A partida de vôlei feminino entre Brasil e Itália foi realizada em clima de amizade no Maracanãzinho. À direita, o campeão olímpico Anderson, agora sargento que brilha na equipe masculina de vôlei militar, exemplo de atleta consagrado que se tornou oficial; à esquerda, o medalhista Jefferson Sabino, ouro no salto triplo. No alto, Jadel Gregório, estrela da delegação brasileira que não conseguiu repetir as brilhantes atuações como o primeiro lugar no Pan Americano de 2007
caso, eu chamaria as forças armadas de “braço armado do esporte”. Porque todas aquelas modalidades menores, de qualquer forma, agregam valor através das medalhas conquistadas. E, para as forças militares, é garantia de prestígio apoiá-los junto às suas conquistas — analisa. Encanto Apesar de terem sido derrotadas com facilidade (sets de 25/6; 25/5; 25/9) pela equipe feminina de vôlei do Brasil — que acabaria terminando a competição com o ouro — no quinto dia dos Jogos, as italianas saíram da quadra do Maracanãzinho sorridentes. Além
Classificação
Ouro
Prata
Bronze
Total
1º
Brasil
45
33
36
114
2º
China
37
28
34
99
3º
Itália
14
13
24
51
4º
Polônia
13
19
11
43
5º
França
11
3
3
17
6º
Coreia do Sul
8
6
8
22
7º
Coreia do Norte
7
2
3
12
8º
Quênia
6
5
5
16
9º
Alemanha
5
19
11
35
10º
Ucrânia
5
4
9
18
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João Carnavos
adequada para os treinos são algumas das vantagens do atleta militar. Dezenas de esportistas tornaram-se marinheiros, soldados, cabos e sargentos, a exemplo da Waleskinha do vôlei, campeã olímpica em Pequim (2008), que se tornou sargento do Exército e terminou os jogos militares com a medalha de ouro após a vitória das brasileiras sobre a seleção chinesa por 3 sets a 1, e de Jadel Gregório, ouro no salto triplo no Pan-Americano de 2007. Oficial da marinha desde o início do ano, Gregório, devido a uma lesão no joelho, terminou em sexto lugar na competição militar, cujo pódio mais alto foi ocupado pelo triplista brasileiro e sargento Jefferson Sabino. — Servir às Forças Armadas está sendo muito gratificante. Ficarei na Marinha até quando eu for produtivo. Em comparação com as competições anteriores, posso dizer que agora vou atuar com ainda mais disciplina — contou à Comunità o atleta. A experiência italiana mostra o papel das Forças Armadas no apoio dos esportes menos prestigiados por patrocinadores e pela mídia, confirma o general de brigada Rinaldo Sestili, chefe da delegação italiana junto ao Conselho Internacional do Esporte Militar. — Esportes como futebol e vôlei contam com um amplo budget econômico que permitem o treinamento dos atletas. Em outras modalidades, ele é obrigado a conciliar trabalho remunerativo e esporte. Nesse
Fotos: Divulgação
Jogos Mundiais Militares
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O nadador Gabriel Mangabeira conquistou cinco medalhas de ouro, como nos 50 metros borboleta, que teve como segundo lugar outro brasileiro, Henrique Martins, e o italiano Tommaso Romani em terceiro
de terem ficado encantadas com a torcida brasileira, que aclamou as jogadoras azzurre aos gritos de Itália, Itália, elas elogiaram a beleza da cidade e afirmaram não esperar uma vitória diante das anfitriãs. — A equipe brasileira é muito forte, imbatível, com jogadoras estupendas. Somos militares e jogamos vôlei no nosso tempo livre. Quando podemos estar juntas, jogamos, por cerca de três semanas por ano. Damos nossa alma e fazemos o máximo que podemos. Claramente, não estamos no nível do Brasil — contou à Comunità a capitã Cristina Zonca, que já havia estado na cidade durante o campeonato mundial de vôlei, dois anos atrás — Sinto muito apenas por ficar tão pouco tempo — completou a piemontese. China e Brasil formaram as duas equipes mais fortes, na opinião do técnico da equipe brasileira, Hélio Griner. — O campeonato está em um nível mais abaixo de China, Brasil e Alemanha. Por isso, os jogos acabam sendo muito fáceis. Os outros países não devem investir tanto na disciplina da equipe militar, e talvez não encarem a competição como nós — analisou.
Favoritismo Brasil e Itália se enfrentaram no vôlei de praia feminino no dia 18 de julho. Em plena segunda-feira, as areias de Copacabana receberam as brasileiras Camila Fonseca e Rachel Nunes e as italianas Marta Menegatti e Greta Cicolari. Com excelente performance no Circuito Mundial, a dupla italiana chegou como favorita na competição. No dia anterior, vindas da Rússia, não chegaram a tempo para a partida contra a China. Perderam de W.O. — Estávamos em Moscou, fomos às semifinais e perdemos na disputa do terceiro lugar. Correu tudo bem com o voo, mas realmente não dava para chegar a tempo para a estreia no Rio. Até pouco antes da competição, não sabíamos se poderíamos vir ao Rio por causa desta questão delicada — afirmou Menegatti. A questão a que a atleta se referiu foi o caso Cesare Battisti, onde uma onda de protestos do governo e do povo italiano sobre a permanência do ex-ativista no país lançou a dúvida se a Itália participaria ou não das competições no Brasil. Decisão tomada, Cicolari e Menegatti chegaram em solo carioca e venceram a dupla brasileira (sets de 21/12 ; 21/11). — Eu esperava o jogo um pouco melhor. Demos o nosso máximo, mas não ganhamos. É um time que está em quarto no Circuito Mundial, a gente já esperava que fosse difícil — observou a brasileira Camila, após a derrota. As italianas comemoraram o bom resultado, deixando a modéstia de lado, afirmando ser “muito difícil jogar depois de uma viagem longa”. Menegatti ainda disputou outro posto: o de musa dos Jogos Militares. Com apenas 20 anos, a oficial da Aeronáutica chamou atenção do público não só pela beleza como pela simpatia. Ela, entretanto, prefere que as pessoas observem seu desempenho em quadra. — Espero que as pessoas não vejam só a beleza, mas também a maneira como jogo — disse. O vôlei de praia participou pela primeira vez das competições do CISM nos 5º Jogos Mundiais Militares. A modalidade foi disputada por 11 duplas masculinas e oito femininas, com medalhas de ouro e bronze para o Brasil nas duas categorias. As duplas chinesas ficaram com as de prata. A dupla formada pela sargento Leão e pela sargento Ângela venceu a dupla Camila e Rachel. A dupla
masculina Rogério e Roberto, após vencer a dupla angolana, saiu vitoriosa em partida contra os atletas militares Rathna Pala e Perera, do Sri Lanka. A conquista da medalha marcou a despedida do Sargento Rogério, conhecido como Pará. — Só tenho a agradecer ao Exército Brasileiro por ter me dado a oportunidade de me aposentar em um torneio desse porte — afirmou. Para Roberto, foi uma satisfação muito grande participar do evento, na sua cidade natal. — A sensação é muito boa. Essa é a segunda vez que consigo jogar no Rio. É a minha cidade, onde nasci, onde sempre treinei — revelou. Embora valesse medalhas e títulos, as partidas foram marcadas pela harmonia e comportamento amistoso de ambos os lados. A torcida aplaudia, gritava, incentivava independente de quem fizesse os pontos. O importante ali era verdadeiramente participar. — É um evento grande que conta com a presença de vários atletas renomados. Estou gostando muito de participar e representar o Brasil. Somos adversários dentro de quadra, mas fora somos amigos e todo mundo se fala — conta Camila Fonseca. Teste para o Rio Considerado um teste de organização para a cidade sede das Olimpíadas de 2016, a quinta edição dos Jogos Mundiais Militares — Rio 2011 — foi considerada pelo presidente do Conselho Internacional de Esporte Militar (CISM), o coronel Hamad Kalkaba Malboum, a melhor das realizadas até hoje. Presente no Base Itália, o oficial camaronês, que também é membro do comitê da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), afirmou à Comunità que estava muito satisfeito com o evento no Brasil. Ele elogiou a cerimônia de abertura, que classificou de “bonita e colorida”, e ressaltou “os serviços de alto nível, o espírito de fairplay e amizade, e o apoio do governo local”. Apesar da avaliação positiva geral, os atrasos no transporte das vilas até os locais de competição e a falta de espaço nos arredores do estádio do Engenhão foram comentados por membros de delegações e atletas. O chefe da delegação italiana, Rinaldo Sestili, elogiou a estrutura e os serviços das vilas olímpicas – todas situadas na zona oeste da cidade – mas lembrou que
Esgrima e natação foram os esportes que deram mais medalhas de ouro para a Itália: cinco e seis, respectivamente
A brasileira Rachel Nunes e a italiana Marta Menegatti disputam a bola
O presidente do CISM, o coronel Hamad Malboum elogiou o espírito de amizade e o fairplay da edição brasileira dos Jogos Militares
de lá até os bairros do centro e da zona sul, sedes de várias competições, o trajeto durava pelo menos uma hora, sem contar com engarrafamentos. Ele também elogiou as instalações do Engenhão. — A viabilidade em torno do João Havelange (o Engenhão), um estádio de primeiríssima qualidade, com certeza será resolvida. Levamos muito tempo para chegar ao local por causa do trânsito e das ruas estreitas, mas certamente encontrarão uma solução. E rever o Maracanã, atualmente em obras de reestruturação, foi como ver um pedaço da história. O maior estádio do mundo será ainda maior e mais bonito — comentou o general Sestili.
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Esporte
Base sustentável em festa Área de confraternização promovida em Copacabana por ministério italiano teve seminário sobre jogos sustentáveis, exposição e festa com comida típica Cintia Salomão Castro
M
ontado no de Forte Copacabana, cartão-postal do Rio de Janeiro, o espaço batizado de Base Itália recebeu e celebrou atletas — italianos, brasileiros e de vários países cujas delegações estiveram presentes nos Jogos Mundiais Militares, de 17 a 23 de julho. Concebido sob iniciativa do Ministério italiano do Meio Ambiente e organizado pela Jumbo Grandi Eventi, o espaço reuniu duas exposições e promoveu um debate dedicado ao tema de projetos ambientais no esporte — assunto que assume cada vez mais importância a menos de um ano da Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável, a RIO+20.
o projeto Wikiflora, uma enciclopédia virtual dedicada às espécies dos biomas brasileiros que será lançada em ocasião da Rio+20. Duas semanas antes da conferência, programada para junho de 2012, um fórum deverá reunir, no Brasil, de 500 a 600 cientistas de todo o mundo, adiantou Nobre. Entre o público presente, estava o presidente do Conselho Internacional de Esporte Militar (CISM), o coronel Hamad Kalkaba Malboum, que saiu do Base Itália satisfeito com o que viu. — São muito importantes iniciativas como essa, pois temos projetos
Esporte e Ambiente Durante o workshop Environment and Sport contributing to Green Games do dia 18 de julho, a necessidade de projetos sustentáveis foi discutida por especialistas como Corrado Clini, diretor-geral do Ministério italiano do Meio Ambiente; Audir Santana, subsecretário estadual de turismo; Mario Garnero, presidente do Fórum das Américas e do Grupo Brasilinvest; e Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Este último ressaltou a necessidade de aproximação entre Brasil e Itália no que se refere à colaboração científica e explicou aos presentes 28
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O coronel Vincenzo Parinello, diretor técnico da equipe italiana, e o chefe da delegação, o general Rinaldo Sestili no Base Itália: local serviu como ponto de apoio para todo o grupo
nesse sentido. Pessoalmente, sou membro do comitê de esporte e meio ambiente do Comitê Olímpico Internacional e acredito que precisamos proteger o meio ambiente e a humanidade para fazer um mundo melhor, juntos — afirmou à Comunità. O chefe da delegação brasileira, o almirante Gambôa, que assistiu ao workshop também aprovou a iniciativa, que classificou como “muito bem pensada”. Ocasião O diretor-geral do Ministério italiano, Corrado Clini, definiu o Base Italia como “uma grande ocasião para começar a falar dos desafios ambientais ligados à organização de eventos esportivos”.
Fotos: João Carnavos
Italia era um ponto de apoio para toda a equipe italiana. — Aqui estamos todos próximos, e espero que seja não apenas para os italianos, assim como para todos os visitantes de outros países. Na festa de encerramento, o coronel Vincenzo Parinello, diretor técnico da equipe italiana, comemorava os resultados alcançados pelos azzurri. — O balanço é positivo. Superamos as 29 medalhas conquistadas na última edição dos Jogos Militares, na Índia. O nível técnico da competição aumenta cada vez mais e também a quantidade de países participantes. O Rio 2011 reuniu 144 nações — analisou. Alguns dos momentos mais empolgantes foram proporciados pela apresentação dos músicos e dançarinos do grupo Mistura e Manda. O samba e a coreografia encantaram os presentes, que saboreavam prosecco e iguarias típicas da cozinha italiana.
Vários atletas italianos estiveram no Base Itália para festejar seus feitos. Um deles foi Walter Facente, de Crotone. Aos 24 anos, ele levou para casa a medalha de bronze no judô (categoria 90 kg). Abaixo, a atleta carabiniere Eleonora Platania também festejou seu bronze conquistado no taekwondo, na categoria 62 kg. “Minhas adversárias eram fortes, estou satisfeita, também me confirmo entre primeiras colocações, já que, no mundial militar de taekwondo de 2010, fiquei em segundo lugar”
“A Itália, apresentando-se neste espaço, oferece às autoridades do Rio uma proposta de colaboração” Corrado Clini, diretor-geral do Ministério do Ambiente — O Rio de Janeiro será, nos próximos cinco anos, o centro das grandes realizações esportivas internacionais, e esta é uma grande ocasião para lançar programas ambientais. Deste modo, a Itália, apresentando-se neste espaço, oferece às autoridades do Rio uma proposta de colaboração — resumiu. O porta-bandeira da delegação italiana, o campeão de taekwondo Mauro Sarmiento, esteve entre os atletas que passaram por lá. Medalha de prata dos jogos de Pequim, ele contou à Comunità que era a primeira vez em que vinha ao Brasil e ressaltou a beleza da capital fluminense. O chefe da delegação italiana Rinaldo Sestili disse que o Base
Vitrines
D
uas exposições foram visitadas pelo público que esteve nas dependências do Forte de Copacabana durante os dias em que duraram os Jogos Mundiais Militares. Curada por Marco Casamonti e Archea Associati (rede com mais de 80 arquitetos que opera em diferentes segmentos da arquitetura), a mostra Archea – Sustainable Landmarks reuniu maquetes, fotografias e ilustrações gráficas, curta metragens e fotografias de importantes projetos realizados até hoje, incluindo pavilhões construídos para a Expo de Shangai (2010). Já a exposição Italian Design for Sustainability, curada pelo arquiteto Marco Capellini, tinha peças desenvolvidas com material reciclado, entre objetos decorativos de vidro, panelas de alumínio, cafeteira moka e portacanetas e materiais de escritório.
Além destas duas exibições, um cubo impressionava os visitantes na área dedicada ao projeto Sustainable Cities in Italian Style, sob a curadoria do arquiteto Marco Occhiuto. Os lados do poliedro multifacetado apresentavam belas imagens de 12 cidades, de norte a sul da península italiana, que conciliam patrimônio histórico com modernos projetos de urbanística sustentáveis: Cosenza, Bolonha, Lucca, Padova, Parma, Pavia, Perugia, Salerno, Spoleto, Trieste, Siena e Siracusa. A Osklen também marcou presença ao colocar à mostra alguns de seus produtos cujas pegadas ecológicas são monitoradas, como bolsas e outros acessórios, no espaço Carboon footprint of e-fabrics.
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Esporte
Arte na praia Itália recebe, pela primeira vez, o campeonato mundial de futebol de areia e garante qualidade na organização Fernanda Galvão e Cintia Salomão Castro
A
cidade histórica de Ravena será palco da Copa do Mundo de Beach Soccer, de 1º a 11 de setembro. Hospitaleira, receberá as seleções de 16 países, sendo que 13 já estão confirmadas: Ucrânia, México, Japão, Taiti, Rússia, Nigéria, Portugal, Omã, El Salvador, Suíça, Senegal, Irã e a anfitriã Itália. A América do Sul terá três representantes, saídos das Eliminatórias Conmebol, realizadas de 31 de julho a 7 de agosto, e divididas em dois grupos. O Grupo A tem Brasil, Venezuela, Chile, Peru e Paraguai. O Grupo B conta com Uruguai, Argentina, Equador e Colômbia. O evento é organizado pela FIFA. Pela primeira vez disputada na Itália, a competição contará com um estádio construído especialmente para o evento, com capacidade para abrigar mais de quatro mil pessoas, com uma vila e área de diversão. O objetivo é alcançar, em média, 10 mil visitas por dia de competição. — Serão 10 dias intensos, vividos dentro e fora do estádio. Estudamos um acolhimento a 360 graus para que quem participar do evento, seja como atleta, seja como apaixonado, tenha a possibilidade de gozar um pouco as belezas e as excelências italianas, do ponto de vista cultural e enogastronômico. Sobre isso, fizemos um projeto com a agência Buonitalia, do Ministério da Agricultura, para a promoção da dieta mediterrânea entre os atletas — explica o responsável pelo Ma-
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rketing da Lega Nazionale Dilettanti, Ferdinando Arcopinto. O futebol de areia é uma das modalidades esportivas que mais crescem no mundo e, após anos de luta, conseguiu se tornar um esporte olímpico. — A espera aconteceu por causa da difusão da disciplina em quase todos os países onde se pratica o futebol e também porque, para participar das Olimpíadas, é necessário que seja jogado também pelas mulheres. Pelo seu dinamismo e espetacularidade, o beach soccer é um esporte difundido rapidamente em cada canto do planeta. Em cerca de 20 anos, a modalidade saiu das areias brasileiras e angariou fãs pelo mundo. As regras foram oficializadas em 1992, em um torneio de teste, em Los Angeles. No ano seguinte, Argentina, Itália, Brasil e Estados Unidos organizaram a primeira competição profissional, em Miami. Já em 1994, ano em que o Brasil conquistou o tetracampeonato mundial, em Copacabana era televisionada a primeira partida de futebol de areia. O futuro era promissor. Em 1995, o Rio
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O responsável pelo marketing da Lega Nazionale Dilettanti, Ferdinando Arcopinto; o presidente da FIFA, Joseph Blatter; e o vice-presidente da Federação Italiana de Futebol, Carlo Tavecchio, comemoram a escolha de Ravenna como sede do campeonato mundial de futebol de praia, que começa em 1º de setembro
Ravena, antiga capital do Império Romano do Ocidente (402-476), possui oito monumentos considerados patrimônio da humanidade pela UNESCO, alguns situados no centro histórico da cidade
de Janeiro recebeu o primeiro Campeonato Mundial de Beach Soccer. Um ano depois, surgiu o Pro Beach Soccer Tour, cuja edição inaugural contou com 60 jogos. Despertando o interesse internacional, a Europa criou a Liga Profissional Europeia de Beach Soccer, em 1998, hoje conhecida como Euro BS League. Dez anos depois de ter sediado o campeonato mundial, em 2005, Copacabana recebeu a primeira partida da modalidade administrada pela FIFA. Vice-campeã em 2008, a Itália tem a oportunidade de consagrar-se em casa. Desde 2004, organiza um campeonato de base nacional do qual participam de 16 a 20 equipes divididas em dois turnos – norte e sul. As primeiras quatro dos dois reagrupamentos se desafiam em uma final eight que entrega o scudetto. A Série A Enel fica com os principais locais balneários, possui muitos patrocinadores e uma ótima visibilidade midiática. — É o coroamento do trabalho que estamos conduzindo através da FIOGC e da Liga Nacional dos Amadores desde 2004, sob a intuição do presidente Carlo Tavecchio, que entendeu rapidamente a perspectiva radiosa deste esporte. Fomos a primeira Federação do mundo a ter colocado a modalidade entre suas atividades oficiais, o que acelerou o processo de reconhecimento levado com sucesso pela FIFA — afirma Arcopinto. Entretanto, para ele, o futebol de areia não deve se comparar ao calcio, embora tenha reconhecido crescimento. Para Arcopinto, trata-se de outro perfil organizativo e tem suas especificidades. É um esporte que “se integra à perfeição do futebol”. Não importa se estamos falando de Benjamin, Junior Negão, Madjer ou Amarelle — os craques da praia — ou de Messi, Totti e Neymar, os destaques do campo. O espetáculo da bola, com seus dribles e gols encanta e emociona a torcida, independente do idioma. Para a organização italiana, a edição do Mundial de Beach Soccer em Ravena pretende ser lembrada como um momento de extraordinário acolhimento e de grande fascínio cultural. Quem estiver pela cidade e quiser aproveitar suas opções de lazer, pode escolher entre nove resorts ao longo da costa, a reserva Punte Alberete, as florestas de pinheiros de San Vitale e Classe e tantos outros lugares que encantaram artistas como Dante Alighieri, Boccaccio e Lord Byron.
milão
Guilherme Aquino
Brebemi rodovia que vai ligar Bréscia, Bérgamo
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Barco padano O
barco a vela que vai defender as cores de Abu Dhabi Ocean Racing durante a regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race, que começa em Alicante, em outubro deste ano, saiu do “canteiro naval” da Marine, divisão da Persico. A empresa pertence ao grupo Nembro, de Bérgamo, no norte da Itália e localizada
bem longe do mar. O valor do projeto completo foi de seis milhões de euros, quase dez por cento do faturamento global do grupo inteiro. A produção do barco de 70 pés consumiu 45 mil horas de trabalho e obrigou a realização de moldes com 25 metros de comprimento e oito de largura.
e Milão, num total de 62 quilômetros, deverá ser entregue em junho de 2013. Ao custo de 2,4 bilhões de euros contra uma estimativa inicial de 1,6 bilhões, tudo vai ser financiado pela iniciativa privada. O pedágio deverá ficar em torno dos seis euros, cerca de 20% acima do valor cobrado aos motoristas que engarrafam todos os dias a A1, auto-estrada que liga as duas metrópoles italianas. O retorno do investimento completo vai ocorrer ao longo de 19 anos, tempo de duração da concessão. O problema agora é a entrada e tamém a saída de Milão, já que um anel externo não estava previsto. E custa.
Milão-Mongólia, onincothe road rapazes de 23 anos estão em via-
Vizinho forte Cgem de caridade. Eles partiram de Mi- Feira livre franco-suíço está tão em alta e corte- lão no dia primeiro de agosto e rumaram Ojado quanto o ouro. Se, recentemente, para Ulan Bator, na Mongólia. Os italianos s feiras italianas se preparam para
os italianos atravessavam a fronteira para fazer compras com o euro forte, agora acontece o inverso. A crise da moeda única, de personalidade e de finança, combalida pelo socorro à Grécia e suspeitas várias que pesam sobre Portugal e Irlanda, está afetando não apenas a Bolsa de Milão, mas o comércio e, nesta época do ano, o mercado do turismo na fronteira, para a alegria dos italianos “empobrecidos” e que dependem dos visitantes estrangeiros. Enquanto isso, cresce o número de “mineradores” de fim de semana, os quais garimpam o precioso metal nas águas dos rios e riachos da província de Biella.
participam da corrida Mongolia Charity Rally, onde o importante é chegar com fundos para doar às organizações Save the Children e Go Help, que atuam no pobre país asiático. A aventura de 17 mil quilômetros, dosada a 800 km por dia, pode ser acompanhada através de um blog (cataiteam.thumblr.com) e deve durar cerca de um mês. Os tripulantes do Pajero “turbinado” e montado para a aventura irão pernoitar em acampamentos nas tendas que levam na bagagem. O carro, na chegada, será doado, e os aventureiros voltarão de avião, porque ninguém é de ferro e porque ninguém tem tempo para dar uma de Marco Polo.
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abrir novos mercados nos países emergentes. A de Milão organizou um calendário próprio para levar eventos, mostras e exposições à Rússia e ao Brasil, principalmente. A primeira, Macef, acontece no centro Transamerica, em São Paulo. Depois, alinhadas no grid de largada, estão a Motorhatch, a Host e a Tuttofood. A feira de Milão concentra a maior parte dos investimentos no Brasil, com uma fatia de 16,2 milhões de euros. As feiras de Bolonha, de Verona e de Rimini estão já correndo atrás do prejuízo.
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Piemonte sofre terremoto
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m tremor de 4,3 graus na escala Richter atingiu, no dia 25 de julho, a província italiana do Piemonte, a sudoeste da cidade de Turim. O epicentro do abalo sísmico foi em Villar Perosa, porém foi sentido em Cantalupa, Pinasca Dubbione e Cumiana e Aosta. De acordo com a central de operações de socorro local e a polícia militar, houve registros de rachaduras em uma residência, sem registros de feridos.
Arqueologia viva
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ovas descobertas arqueológicas na Itália continuam a animar pesquisadores de todo o mundo. Somente no mês de julho, três novidades foram anunciadas. Na capital, os arqueólogos encontraram um mosaico romano de 16 metros, datado do século I d.C., que traz Apolo e suas musas, na área chamada Colle Oppio, dentro de uma galeria subterrânea construída para as Termas de Traiano. No local, funcionava um depósito coberto por terra e móveis antigos. Também no Lácio, mas, desta vez, no antigo coração da civilização etrusca, veio à tona que o monte Cimino constituía um local de culto na Idade do Bronze. Ali, os habitantes da Etrúria faziam suas oferendas. A descoberta foi considerada uma das mais importantes da proto-história do Lácio pelos arqueólogos. Ainda em julho, duas âncoras romanas — pesando cerca de 180 quilos cada uma — foram achadas na costa de Plemmirio, em Siracusa, uma área protegida da Sicília. Ambas apresentam cerca de 1,80 m de comprimento.
Sabores da Emília-Romanha
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projeto Deliziando esteve em São Paulo entre os dias 11 e 13 de julho com o objetivo de promover os vinhos e alimentos produzidos na região italiana da EmíliaRomanha. Organizado pela União Italiana de Câmaras de Comércio, Artesanato, Indústria e Agricultura (Unioncamere), Regione Emilia-Romagna e Enoteca Regionale Emilia Romagna, é a primeira vez que o projeto vem ao Brasil. Foram trazidos oito produtores da região, que participaram de rodadas de negócios com importadores brasileiros e fizeram visitas técnicas a empórios e a pontos de venda de produtos italianos. A programação incluiu palestras e workshops com profissionais do setor e degustação de queijos, azeites e vinhos da região. Apreciada em todo o mundo, a produção da Emília-Romanha destaca-se pela diversidade e excelência de seus produtos. O projeto já percorreu diversos países, como Reino Unido, Polônia, Hong Kong e Cingapura.
Notícias
Barcos ítalo-brasileiros Sessa Marine, fabricante italiana de barcos motoriza-
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dos e iates, anunciou seu ingresso no Brasil. A filial brasileira, em parceria com a catarinense Intech Boating Ltda, recebeu o nome de Sessa Marine Brasil Ltda. A estrutura está sendo erguida em Santa Catarina: será uma fábrica de 9.500 mil metros quadrados. A empresa começará a operar em São José, mas a expectativa é que, até novembro, seja aberta a nova sede, em Palhoça. Em seu primeiro ano, a Sessa Marine Brasil pretende produzir o equivalente a 36 unidades e a crescer até o quarto ano para 75 unidades. As embarcações produzidas no Brasil vão variar de 27 até 40 pés, inicialmente. Dentre os modelos, estão os open com motor de popa, como o Key Largo 27. A Sessa Marine é de origem familiar: a atual presidente Raffaella Radice é filha de Camillo Braga, seu fundador. O estaleiro localiza-se em Cividate al Piano, na cidade de Bérgamo, perto de Milão.
Itália pernambucana governador do Pernambuco, Eduardo Campos, rece-
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beu no dia 21 de julho, uma delegação de empresários da Lombardia. Na ocasião, foi assinado um Acordo de Cooperação entre o Estado do Pernambuco e a Região da Lombardia, que visa ao estreitamento das suas relações econômicas, sociais e culturais. O documento prevê investimentos e parcerias nas áreas de energia, óleo e gás, mecânica, agronegócios, equipamentos, siderurgia, indústria naval, entre outros. “É gratificante ver que o nosso trabalho de preparar Pernambuco para o futuro vem recebendo o reconhecimento do empresariado estrangeiro. Nosso Estado hoje virou um dos principais alvos de investimento do globo”, disse Eduardo.
Pacto social em setembro iante da crise do Euro que atingiu a Itália, derrubando
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as bolsas entre julho e agosto, Silvio Berlusconi se reuniu com membros de federações empresariais e sindicatos do país na manhã do dia 4 de agosto. Em coletiva de imprensa no Palácio Chigi — sede do Executivo italiano — o premiê afirmou que a reunião teve uma “discussão profunda, responsável e ditada pelo objetivo de chegar a um pacto de estabilidade, crescimento e coesão social até setembro”. Os representantes civis apresentaram um documento com seis pontos de reivindicações frente ao plano de austeridade aprovado pelo Parlamento, que prevê cortes de 43 bilhões de euros nos gastos públicos. Eles exigem do governo equilíbrio orçamentário, corte de custos da política, incentivo a investimentos e enxugamento do Estado e da administração pública. Dentre os seis pontos, o único sem unanimidade foi o da privatização, que contou com a reprovação da Confederação Geral Italiana do Trabalho. Também estiveram presentes representantes da Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria) e da Confederação Italiana dos Sindicatos dos Trabalhadores (CISL).
Diferencial Iveco montadora de caminhões e ônibus do Grupo Fiat, Iveco,
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registrou crescimento de 52% no número de emplacamentos. A empresa informou que vendeu no mercado 9.158 veículos no primeiro semestre - 3.144 mil veículos comercializados a mais do que no mesmo período do ano passado. “É um crescimento que nós não tínhamos experimentado antes”, comentou Lúcio Bicalho, diretor de Qualidade. Para o diretor de Vendas e Marketing, Alcides Cavalcanti, o resultado no mercado nacional está ligado fundamentalmente à ampliação da oferta de produtos e do número de concessionárias. Hoje a rede é composta por 94 revendedoras. O objetivo para esse ano é a marca de 20 mil veículos vendidos no território nacional.
Cachaça ítalo-brasileira grupo italiano Davide Campari-Milano anunciou, no
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dia 4 de agosto, a compra da marca brasileira de cachaça Sagatiba por US$ 26 milhões. No início de 2010, a Campari já havia feito um acordo de distribuição da marca no Brasil e na América do Sul. A aquisição marca a entrada do grupo italiano no mercado de cachaça, um dos mais fortes da indústria de bebidas do Brasil. A companhia italiana também detém as marcas de 40 rótulos, entre a vodca Skyy e o uísque Wild Turkey.
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Modismos do verão
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Em tempos de crise, italianos redescobrem as belezas do país e deixam de lado o exterior
In tempi di crisi gli italiani riscoprono le bellezze del Belpaese e lasciano da parte l’estero
Aline Buaes
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Especial para Comunità
Divulgação
o som de Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar, na voz doce da paulistana Maria Gadú, com uma bela taça de prosecco nas mãos e deitados nos lettini das praias privadas italianas, próximas às grandes cidades, como Roma, Milão e Bolonha. Mais ou menos assim será o verão de mais de 60% dos italianos que, sentindo os efeitos da crise econômica no bolso e após um ano de muito trabalho e poucas recompensas, não poderão se permitir grandes viagens nas férias e deverão optar por aproveitar as belas praias que a península oferece, da Sicília à Sardenha, passando pelos badalados litorais da Toscana e da Emília-Romanha. Mas a grande novidade mesmo é o
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scoltando Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar, cantato dolcemente dalla paulistana Maria Gadú, con un bel bicchiere di prosecco in mano e sdraiati sui lettini delle spiagge private italiane vicine alle grandi città come Roma, Milano e Bologna. Sarà più o meno cosí l’estate di più del 60% degli italiani che, sentendo nelle tasche gli effetti della crisi economica e dopo un anno di molto lavoro e poche ricompense, non potranno permettersi di fare grandi viaggi durante le ferie e dovranno scegliere tra le varie bellissime spiagge offerte dalla penisola, dalla Sicilia alla Sardegna, passando per gli agitatissimi litorali della Toscana e dell’Emilia-Romagna. Ma la grande novità riguarda il
nostrum forte fluxo de pessoas escolhendo praias privadas e confortáveis, com boa música e gastronomia, perto das grandes cidades, evitando assim os custos com hospedagem e transporte.
forte flusso di persone che scelgono spiagge private e comode, con buona musica e gastronomia, vicino alle grandi città evitando cosí i costi con hotel e trasporto.
Turismando na Itália Segundo dados da Associação dos Consumidores Italianos (Adoc) apenas 20% dos italianos poderão se permitir viajar nas férias e a grande maioria destes optou por aproveitar os vôos low cost (62%), escolhendo a própria Itália como meta (58% para localidades de praia) e longe do exterior, devido aos altos preços dos bilhetes aéreos. Ainda segundo dados da associação, apenas 1% dos italianos poderão tirar um mês inteiro de férias. Além disso, a versão bate e volta será a opção de muitos italianos, segundo dados da Assobalneari, que reúne os proprietários de estabelecimentos balneários, que revela uma queda de 20% da presença de turistas nos dias de semana e um aumento de mais de 20% de consumidores nos finais de semana. Para os romanos, por exemplo, as opções são muitas, inclusive dentro da própria cidade, já que a prefeitura organiza diversos eventos noturnos de museus abertos, como Coliseu e Castel Sant’Angelo, até shows e cinemas nas praças e parques. A poucos quilômetros
Turismando in Italia Secondo dati dell’Associazione per la Difesa e l’Orientamento dei Consumatori Italiani (Adoc) solo il 20% degli italiani potrà permettersi di partire per le vacanze e la maggioranza ha scelto di sfruttare i voli low cost (il 62%) rimanendo in Italia (il 58% in posti di mare) e lontano dall’estero visti gli alti prezzi dei biglietti aerei. Sempre secondo dati forniti dall’associazione, solo l’1% degli italiani potrà usufruire di un intero mese di vacanze. Inoltre la versione “da fine settimana” sarà l’unica opzione di molti italiani, secondo dati della Assobalneari che riunisce i proprietari degli stabilimenti balneari: ci sarà un calo del 20% di turisti nei giorni feriali e un aumento di più del 20% di consumatori nei weekend. Ad esempio, per i romani le scelte sono svariate anche in città visto che il comune organizza vari eventi notturni in musei a cielo aperto, come al Colosseo e a Castel Sant’Angelo e persino concerti e cinema in piazze e parchi. A pochi chilometri da Roma, vicino
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Modismos do verão
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de Roma, nos arredores do Lago de Bracciano, a tradicional boate dos anos 90 “The Country” reabriu suas portas em junho deste ano com a presença de muitos vips. Totalmente renovada, em um estilo vintage chic, procurando reconstruir o ambiente da década passada, a discoteca se consolidou em poucas semanas como o novo point noturno romano deste verão. Mas é no litoral romano que a badalação acontece de verdade. Em Fregene, berço da dolce vita romana, a 25 quilômetros do centro de Roma, desde os anos 60 muito frequentada por cineastas, artistas e músicos, um beach club “dos milagres” vem apontando tendências e demarcando seu espaço como um dos bares de praia mais cool da Itália. O Singita Beach, que possui também uma filial no litoral toscano, oferece um ambiente que alia o conforto do beach club com os recursos de um spa de filosofia oriental, com uma estrutura tranquila, elegante e perfeitamente integrada ao ambiente natural da pequena vila de pescadores que o circunda. Massagistas especializados, espreguiçadeiras confortáveis, tendas de Bali e ótima música ambiente formam o cenário para o já tradicional ritual do pôr-do-sol, quando toalhas brancas gigantes são colocadas na areia para abrigar os participantes da cerimônia, que culmina com o som de um grande sino tibetano anunciando o desaparecimento do sol no mar. Neste ambiente hippie chic, não faltam
Porto Rotondo, localidade da Sardenha, foi contemplada com o Bandiera Blu, selo de qualidade ambiental conferido pela organização EFE
Porto Rotondo, in Sardegna, è stato incluso nel Bandiera Blu, certificato di qualità ambientale dato dall’organizzazione EFE
al Lago di Bracciano, la tradizionale discoteca degli anni ’90 “The Country” ha riaperto nel giugno di quest’anno con la presenza di molti vip. Totalmente ristrutturata in stile vintage chic e pensando di ricostruire l’ambiente del decennio scorso, la discoteca si è confermata in poche settimane come nuovo point notturno romano di quest’estate. Ma il movimento vero ha luogo lungo il litorale romano. A Fregene, culla della dolce vita romana a 25 chilometri dal centro di Roma, fin dagli anni ’60 molto frequentata da gente di cinema, artisti e musicisti, un beach club “dei miracoli” indica tendenze e si fa spazio come uno dei bar da spiaggia più cool d’Italia. Il Singita Beach, che ha anche una filiale sul litorale toscano, offre un ambiente che unisce le comodità del beach club alle risorse di uno spa di filosofia orientale, con una struttura tranquilla, elegante e perfettamente integrata all’ambiente naturale del piccolo villaggio di pescatori che lo circonda. Massaggiatori specializzati, comode sedie a sdraio, tende di Bali e un’ottima musica ambiente formano lo scenario per il già tradizionale tramonto, quando enormi asciugamani bianchi sono messi sulla sabbia per ospitare i partecipanti alla cerimonia che ha il suo culmine al suono di una grande campana tibetana che annuncia la scomparsa del sole nel mare. In questo ambiente hippy chic non possono mancare dj famosi come José Padilla, creatore della classica raccolta Café del mar di Ibiza e drink stimolanti come il cubano Mojito fatto di rum, menta e limone e il Singita a base di fragole, limone e menta. Dal 2010 il beach club ha anche cominciato a dare supporto a tutti quegli artisti come pittori, scultori, fotografi, musicisti e artisti circensi che formavano la sua clientela più attiva e ha creato il Singita Nouveau Cirque, compagnia di artisti circensi. Per gli abitanti delle città settentrionali italiane le migliori alternative [balneari] si trovano vicino a Rimini, sul Mar Adriatico, e sul litorale toscano, per chi preferisce il Mar Tirreno. In queste zone di facile
Praia e política na Sicília Spiaggia e politica in Sicilia
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nquanto os italianos mortais escolhem a praia mais próxima e confortável, políticos do governo e artistas internacionais desembarcam na sempre desejada Sicília para curtir o verão. Entre os destinos mais disputados estão as sete ilhas Eólias no norte siciliano, onde se encontra o vulcão Stromboli. Panarea e Vulcano são as mais movimentadas, que atraem regularmente vips italianos como Raoul Bova e estrangeiros, como Elton John e Naomi Campbell. Porém, neste ano, será também meta de políticos pop italianos, como a bela ministra do Meio Ambiente, Stefania Prestigiacomo. Além do mar azul e transparente, e da ótima gastronomia siciliana, as ilhas vulcânicas também oferecem lagos de lama e poços de águas termais com alta concentração de enxofre, substância que traz diversos benefícios ao corpo humano, principalmente como antioxidante. Já no extremo sul da Sicília, a pequena Lampedusa, famosa pelos constantes desembarques de imigrantes africanos clandestinos, receberá um veranista ilustre neste ano, o qual deve colaborar para o renascimento da ilha como destino turístico. O premiê Silvio Berlusconi, segundo rumores da imprensa, deverá deixar sua mansão em Arcore neste verão e buscar refúgio na sua mais nova casa, a Villa Due Palme em Lampedusa, adquirida no início deste ano debaixo de muitas polêmicas e discussões.
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entre i semplici mortali italiani scelgono la spiaggia più vicina e comoda, politici del governo e artisti internazionali sbarcano nella sempre desiderata Sicilia per passare bene l’estate. Tra le destinazioni più ambite ci sono le sette isole Eolie al nord della Sicilia, dove si trova il vulcano Stromboli. Panarea e Vulcano sono le più movimentate e attraggono regolarmente vip italiani come Raoul Bova e stranieri come Elton John e Naomi Campbell. Ma quest’anno sarà la meta anche di famosi politici italiani, come il bel ministro dell’Ambiente, Stefania Prestigiacomo. Oltre al mare azzurro e trasparente e all’ottima gastronomia siciliana, le isole vulcaniche offrono inoltre laghi di fanghi e acque termali con alte concentrazioni di zolfo, sostanza che fa benissimo al corpo umano, specialmente come antiossidante. Invece, all’estremo sud della Sicilia, la piccola isola di Lampedusa, famosa dovuto ai costanti sbarchi di immigranti africani clandestini, riceverà un ospite illustre quest’anno, che collaborerà alla rinascita dell’isola come meta turistica. Il premier Silvio Berlusconi, secondo rivelazioni date dalla stampa, quest’estate dovrebbe lasciare la sua villa ad Arcore e cercare pace nella sua più nuova casa, Villa Due Palme a Lampedusa, comprata all’inizio di quest’anno nel mezzo di molte polemiche e discussioni.
Lombardia
Friuli
Gardone Riviera
Grado Lignano Sabbiadoro
Marche
Piemonte
Trentino Alto Adige
Cannero Riviera Cannobio Lido
Bibione Caorle Eraclea Mare Jesolo Cavallino Treporti Lido di Venezia
Friuli Valle d’Aosta
Veneto
Lombardia
Emilia Romagna
Piemonte Liguria
Liguria
Camporosso Bordighera Loano Finale Ligure Noli Spotorno Bergeggi Savona Albissola Marina Albisola Superiore Celle Ligure Varazze Chiavari Lavagna Moneglia Lerici Ameglia - Fiumaretta
Sardegna Rena Bianca Punta Tegge Spalmatore Ampurias Torre Grande Poetto
Gabicce Mare Pesaro Fano Marotta Senigallia Ancona Portonovo Sirolo Numana Porto Recanati Porto Potenza Picena Civitanova Marche Porto Sant’Elpidio Porto San Giorgio Cupra Marittima Grottammare San Benedetto del Tronto
Veneto
Sardegna
Lidi Comacchiesi Lidi Ravennati Milano Marittima Pinarella Cesenatico San Mauro Mare Bellaria Igea Marina Rimini Misano Adriatico Cattolica
Emilia Romagna
Toscana
Marche Umbria
Abruzzo
Martinsicuro Alba Adriatica Tortoreto Giulianova Roseto degli Abruzzi Pineto Silvi Ortona San Vito Chietino Rocca San Giovanni Fossacesia Vasto San Salvo Scanno
Molise Termoli
Puglia
Rodi Garganico Polignano a Mare Fasano Ostuni Marina di Ginosa Otranto Melendugno Salve
Abruzzo Toscana
Forte dei Marmi Pietrasanta Camaiore Viareggio Marina di Pisa Calambrone Tirrenia Antignano Quercianella Castiglioncello Vada Cecina Marina di Bibbona Castagneto Carducci San Vincenzo Piombino Riotorto Parco Naturale della Sterpaia Follonica Castiglione della Pescaia Marina di Grosseto; Principina a Mare Monte Argentario
Lazio Molise Puglia Campania Lazio
Anzio Sabaudia San Felice Circeo Sperlonga
Basilicata Campania
Massa Lubrense Positano Agropoli Castellabate Agnone Capitello Acciaroli Pioppi Casal Velino Ascea Pisciotta Palinuro Vibonati Sapri
Calabria Basilicata Maratea
O mapa das praias ecologicamente corretas La piantina delle spiagge ‘verdi’
Sicilia
Calabria
Amendolara Cariati Cirò Marina Roccella Jonica Marina di Gioiosa Jonica
Sicilia
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onfira quais são as 125 localidades premiadas com o Bandeira Blu de 2011, de norte a sul da pensínsula. Os critérios para a entrega do selo de qualidade ambiental são a limpeza das águas, a gestão ambiental, o acesso aos serviços e a segurança.
Lipari Marina di Cottone Santa Maria del Focallo Pozzallo Marina di Ragusa Menfi
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edi quali sono le 125 località premiate con la Bandiera Blu del 2011 dal nord al sud della penisola. I criteri per la consegna del certificato di qualità ambientale sono la limpidezza dell’acqua, la gestione ambientale, l’accesso ai servizi e la sicurezza.
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DJs famosos, como José Padilla, criador da clássica coletânea Café del Mar di Ibiza, e drinks estimulantes, como o cubano Mojito, feito de rum, hortelã e limão, e o próprio Singita, a base de morangos, limão e hortelã. Desde 2010 o beach club também passou a apoiar oficialmente todos aqueles artistas, como pintores, escultores, fotógrafos, músicos e artistas circenses, que formavam a sua clientela mais ativa e criou o Singita Nouveau Cirque, grupo de artistas de circo. Para os moradores das cidades do norte italiano, as melhores opções se encontram nos arredores de Rimini, no lado Adriático do Mar Mediterrâneo, e no litoral toscano para os que preferem o Mar Tirrênico. Nestas regiões, facilmente acessíveis para quem vem de Bolonha, Milão ou Florença, grandes festas com atrações internacionais animam os beach clubs dias e noites seguidos. No litoral toscano, nas proximidades da badalada praia de Forte dei Marmi, a 100 quilômetros de Bolonha, o luxuoso Beach Club Versilia oferece barracas de praia com duchas internas, conexão wireless à beira mar, toalhas Fendi personalizadas e até mesmo aulas de hidroginástica e academia. A clientela é vasta e inclui modelos, apresentadores de TV e atletas famosos. Já em Milano Marittima, perto de Rimini, a sensação deste ano é o VistaMare Beach Club e Resort, que além de um beach club com muito estilo e design, que inclui espriguiçadeiras king size e uma piscina à beiramar tratada com sais doces especiais, é também hotel, lounge bar e restaurante, onde o chef Riccardo Santini propõe principalmente pratos à base de peixe cru. Entre os confortos estão internet wireless, massagistas especializados, esteticistas e aulas de ginástica com personal trainers. Já no nordeste da Itália — entre Trieste e Veneza — uma pequena cidade costeira e paradisíaca de menos de cinco mil habitantes é destaque internacional pela qualidade das suas estruturas turísticas balneares. Um gigantesco complexo formado por empresas públicas e privadas de diversas nacionalidades europeias gerencia as dezenas de beach clubs, restaurantes e hotéis nas três localidades de Lignano: Sabbiadoro, Pineta e Riviera. Entre as diversas propostas dos bares de praia desta localidade friulana se destaca a prática de esportes, que variam do surfe à ginástica aeróbica, passando pela yoga e trekkings nas montanhas circundantes. Frequentada por esportistas do mundo inteiro, como os velocistas jamaicanos Asafa Powell e Brigitte Foster Hylton, e sede de diversos campeonatos esportivos de nível mundial, em Lignano a praia se torna, praticamente, uma academia no verão. Mas entre tantas atividades esportivas voltadas para todas as idades e preferências, certamente não faltam confortos, como banheiras de hidromassagem nas áreas vips e espaços especiais para mães com bebês, equipadas com trocadores de fraldas, duchas de água quente e até aquecedores para mamadeiras.
Em Fregene, berço da dolce vita romana a 25 quilômetros do centro de Roma, o bar Singita alia o conforto de um beach club com os recursos de um spa de filosofia oriental 38
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O Singita Beach une o conforto de um club ao recursos de um spa em um ambiente tranquilo, com serviços de massagem, tendas de Bali e agradável música ambiente
Il Singita Beach associa le comodità di un club alle risorse di uno spa in un ambiente tranquillo, con servizi di massaggio, tende di Bali e gradevole musica ambiente
A Fregene, culla della dolce vita romana a 25 chilometri dal centro di Roma, il bar Singita aggrega le comodità di un beach club alle risorse di uno spa di filosofia orientale
accesso per chi arriva da Bologna, Milano o Firenze, la vita movimentata dei beach club per giorni e notti di seguito viene garantita da grandi feste con attrazioni internazionali. Lungo il litorale toscano, vicino alla movimentata spiaggia di Forte dei Marmi a 100 chilometri da Bologna, il lussuoso Beach Club Versilia offre cabine con doccia, connessione wireless in riva al mare, asciugamani Fendi personalizzati e perfino lezioni di idroginnastica e palestra. I clienti sono molti, fra cui modelli, presentatori di TV e atleti famosi. Invece a Milano Marittima, vicino a Rimini, la sensazione di quest’anno è il VistaMare Beach Club e Resort, che oltre ad essere un beach club con molto stile e design che offre sdraio king size e una piscina sulla riva del mare trattata con sali dolci speciali, è anche hotel, lounge bar e ristorante, in cui lo chef Riccardo Santini propone specialmente piatti a base di pesce crudo. Tra le comodità ci sono internet wireless, massaggiatori specializzati, estetisti e lezioni di ginnastica con personal trainer. Invece nel Nord-Est italiano – tra Trieste e Venezia – una piccola città costiera e paradisiaca di meno di cinquemila abitanti è famosa nel mondo dovuto alla qualità delle sue strutture turistiche balneari. Un gigantesco complesso formato da imprese pubbliche e private di varie nazionalità europee gestisce le decine di beach club, ristoranti e alberghi nelle tre località di Lignano: Sabbiadoro, Pineta e Riviera. Tra le varie proposte dei bar di spiaggia di questa cittadina friulana sono da mettere in risalto gli sport, che spaziano dal surf alla ginnastica aerobica passando per lo ioga e il trekking sulle montagne circostanti. Frequentata da sportivi di tutto il mondo, come i corridori
giamaicani Asafa Powell e Brigitte Foster Hylton, sede di vari campionati sportivi a livello mondiale, a Lignano la spiaggia diventa praticamente una palestra estiva. Ma tra le tante attività sportive rivolte a tutte le età e preferenze sicuramente non mancano le comodità come le vasche di idromassaggio nelle aree vip e spazi speciali per le mamme con bambini piccoli, dotati di fasciatoi per cambiare pannolini, docce per il bagnetto e scaldabiberon.
Destino Cult Última praia do litoral toscano, quase na divisa com o Lácio, Capalbio, na província de Grosseto ou, mais especificamente, o beach club Ultima Spiaggia, é um reduto clássico dos políticos de esquerda italianos, como o próprio presidente Giorgio Napolitano, mas também de nomes como Romano Prodi, Massimo D’Alema, Francesco Rutelli, entre outros. Destino cult por excelência, este beach club também oferece um espaço livraria à beira-mar, em parceria com a manifestação Capalbio Libri, festival de literatura que anima a cidade nos meses de agosto. Diversos lançamentos de livros movimentaram o local nestes meses de verão, como o evento de lançamento de Di Profilo – Storie di italiani lontano dai riflettori, da jornalista Chiara Beria di Argentine, que contou com o acompanhamento musical de Massimo Nunzi. Na rota do mar azul Principal classificação de balneabilidade das praias italianas, o Guia Bandeira Blu de 2011, promovido desde 1987 pela Federação Internacional para Educação Ambiental (FEE), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), é também um símbolo da qualidade dos serviços e educação ambiental das praias e portos em questão. Além de servir de guia para as praias, com 233 localidades italianas listadas em 2011, o Bandeira Blu elenca as melhores marinas turísticas do país, sempre levando em consideração a limpeza das águas, a gestão ambiental, acessibilidade e segurança. Com estes instrumentos em mãos, os italianos possuem uma ideia clara de quais praias são realmente limpas e quais sobrevivem do marketing dos seus
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Destino Cult Ultima spiaggia del litorale toscano, quasi al confine con il Lazio, Capalbio, in provincia di Grosseto, o per essere più precisi il beach club Ultima Spiaggia, è un classico punto d’incontro dei politici di sinistra italiani, come il presidente Giorgio Napolitano in persona, ma anche di nomi come quelli di Romano Prodi, Massimo D’Alema e Francesco Rutelli tra i tanti. Destino cult per eccellenza, questo beach club offre inoltre uno spazio libreria sulla riva del mare, in una partnership con la manifestazione Capalbio Libri, festival di letteratura che movimenta la città in agosto. In questi mesi estivi ci sono stati vari lanci di libri, come Di Profilo – Storie de italiani lontano dai riflettori della giornalista Chiara Beria di Argentine, che ha contato anche sul sottofondo musicale di Massimo Nunzi. Sulla rotta del mare azzurro La Guida Bandiera Blu, principale classifica di balneabilità delle spiagge italiane promossa dal 1987 dalla Fondazione per l’Educazione Ambientale (FEE) con l’appoggio del Programma delle Nazioni Unite per l’Ambiente (Pnuma), è anche un simbolo di qualità dei servizi e educazione ambientale delle spiagge e porti a cui si riferisce. Oltre a servire da guida per le spiagge, con 233 località italiane in lista nel 2011, la guida elenca i migliori porticcioli turistici del Belpaese, sempre prendendo in considerazione la purezza delle acque, la gestione ambientale, l’accessibilità e la sicurezza. Con questi strumenti in mano gli italiani si fanno una chiara idea di quali spiagge sono veramente pulite e quali sopravvivono al marketing dei loro stabilimenti commerciali. E la pulizia della spiaggia, come spiega il presidente della Fee Italia, è una conseguenza diretta dell’amministrazione comunale o regionale. — Le amministrazioni che non si orientano nella direzione di un turismo sostenibile nelle proprie spiagge si precludono la possibilità di sviluppare turismo di qualità in futuro — afferma Claudio Mazza, presidente da Fee Italia. Tra i 63 porti turistici in enfasi nell’edizione 2011 della guida ci sono Porto Cervo e Porto Rotondo, entrambe in Sardegna. Movimentatissime, attraggono frequentatori illustri tutti gli anni. Porto Cervo, centro assoluto della Costa Smeralda, ha ancora soli 200 abitanti fissi, malgrado sia uno dei porti meglio equipaggiati dell’isola mediterranea, che può ospitare quasi mille barche. Tra i clienti abituali ci sono Flavio Briatore, Carolina di Monaco e membri della milionaria famiglia Berlusconi. Invece Porto Rotondo è usata come base per il super yacht acquisito da nientedimeno il regista Steven Spielberg che ha di recente ospitato Gwyneth Paltrow, assidua frequentatrice della Costa Azzurra italiana per una gita per le spiagge dell’isola. Il nuovo yacht di Spielberg, Seven Seas, è un gigante dei mari: 90 metri di lunghezza, 12 cabine, 4 stanze con bagno, salone di 250 metri quadrati che si trasforma in discoteca, due piscine e, cosa che non poteva mancare, comunitàitaliana | agosto 2011
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Modismos do verão
estabelecimentos comerciais. E a limpeza da praia, conforme explica o presidente da FEE Itália, é consequência direta da administração municipal ou regional. — As administrações que não se orientam na direção de um turismo sustentável nas próprias praias se excluem da possibilidade de desenvolver um turismo de qualidade no futuro — afirma Claudio Mazza, presidente da FEE da Itália. Entre as 63 marinas turísticas destacadas na edição 2011 do guia, estão Porto Cervo e Porto Rotondo, ambas na Sardenha. Badaladíssimas, atraem frequentadores ilustres todos os anos. Porto Cervo, centro absoluto de atenção da chamada Costa Esmeralda, mantém ainda os seus menos de 200 residentes fixos, apesar de ter um dos portos mais bem equipados da ilha mediterrânea, com capacidade para quase mil embarcações. Entre os habituês, estão Flavio Briatore, Carolina de Mônaco e membros da milionária família Berlusconi. Já Porto Rotondo é usada como base para o megaiate adquirido recentemente por ninguém mais ninguém menos do que o diretor americano Steven Spielberg, que recentemente recebeu a sua afilhada Gwyneth Paltrow, frequentadora assídua da Costa Azzura italiana, para um passeio pelas praias da ilha. O novo iate de Spielberg, Seven Seas, é um gigante dos mares: 90 metros de comprimento; 12 cabines; quatro suítes; salão de 250 metros que se transforma em discoteca; duas piscinas e, como não poderia faltar, duas salas para projeções de cinema. No início de julho, o super premiado cineasta recebeu uma multa por desembarcar em uma praia onde sua embarcação não era permitida devido às amplas dimensões. Entre as praias da Bandeira Blu, cuja grande maioria são as mesmas dos anos passados, destaque para as novas eleitas, como Gardone Riviera, localidade à beira do Lago de Garda, na província de Bréscia — primeira praia de lago a entrar na classificação italiana. Com clima ameno no verão e ótimas estruturas turísticas, o Lago de Garda tem o mérito de atrair turistas tanto no verão quanto no inverno. Entre as 233 praias listadas na classificação, a maior parte delas se encontra em regiões litorâneas pouco badaladas, porém desenvolvidas de modo sustentável, como a Ligúria, que totaliza 17 praias eleitas pela Bandeira Blu, entre elas a graciosa e tranquila Bordighera, na província de Imperia. A região Le Marche, também pacata e pouco badalada, foi a segunda região que mais recebeu indicações da Bandeira Blu, com 16 localidades listadas. Entre elas, destaque para Senigallia, famosa pelas praias de areais brancas, também chamadas de “praias de veludo”. Terra natal do fotógrafo italiano Mario Giacomelli, Senigallia é até hoje fonte de inspiração para escritores e poetas italianos e europeus.
Em Lignano Sabbiadoro, próximo a Veneza, beach clubs vips oferecem banheiras de hidromassagem à beira mar e espaços especiais para mães com bebês, equipadas com duchas de água quente e aquecedores para mamadeiras 40
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Capa
Acima, uma banheira de hidromassagem em Lignano, orla perto de Veneza, que também conta com atividades físicas à beira-mar. Abaixo, o Lago de Garda, procurado por turistas tanto no verão quanto no inverno
Sopra, una vasca ad idromassaggi a Lignano, vicino a Venezia, dove si organizzano anche attività fisiche sul mare Sott, il Lago di Garda, meta di turisti sia in inverno che d’estate
A Lignano Sabbiadoro, vicino a Venezia, beach clubs vip offrono vasche con idromassaggio sulla riva del mare con docce per il bagnetto e scaldabiberon
due sale di proiezione. All’inizio di luglio il super premiato cineasta ha preso una multa per essere sbarcato su una spiaggia in cui la sua barca non era permessa dovuto alle grandi dimensioni. Tra le spiagge della Bandiera Blu, di cui la maggior parte sono le stesse degli anni scorsi, enfasi per le nuove elette, come Gardone Riviera, località sul Lago di Garda, in provincia di Brescia – prima spiaggia lacustre ad entrare nella classifica italiana. Con un clima ameno d’estate e ottime strutture turistiche, il Lago di Garda ha il merito di attrarre turisti sia d’inverno che d’estate. Tra le 233 spiagge elencate nella classifica la maggior parte si trova in regioni litoranee poco movimentate, ma sviluppate in modo sostenibile come la Liguria, che vanta 17 spiagge elette dalla Bandiera Blu, tra cui la graziosa e tranquilla Bordighera, in provincia di Imperia. La regione Marche, pacata e poco movimentata, è stata la seconda a ricevere più indicazioni dalla Bandiera Blu con 16 località. Tra queste c’è Senigallia, famosa per le sue spiagge dalla sabbia bianca, chiamate anche “spiagge di velluto”. Terra natale del fotografo Mario Giacomelli, Senigallia è addirittura fonte di ispirazione per scrittori e poeti italiani ed europei.
calcio
AndreaCiprandi Ratto
Antisportivo S
i è appena scritto l’ennesimo capitolo dell’annosa vicenda riguardante l’assegnazione dello scudetto 2006: obbedendo alle disposizioni del presidente Abete, il Consiglio Federale si è dichiarato incompetente in materia e il titolo resta all’Inter, senza nemmeno una diffida. Il Club maggiormente danneggiato fra tutti, cioè la Juventus di Andrea Agnelli, ha già annunciato iniziative legali dato che, a differenza di quella di cinque anni fa, intende difendersi. Di conseguenza, ci toccherà continuare ad assistere al contorcimento su se stesso di un sistema calcistico tanto imperfetto e pavido da apparire irreale, al punto che ai tempi tanti dirigenti avevano preferito arrangiarsi da soli piuttosto che denunciare le irregolarità alla Federazione… E’ un sistema paradossalmente antisportivo, a cominciare dai protagonisti. Moggi e via via, scendendo di responsabilità, tutti coloro che hanno provato a sistemare preventivamente le cose a proprio favore. Passando per milioni di personaggi che sono gradualmente usciti allo scoperto dimostrandosi innanzitutto tifosi nel senso meno nobile del termine, servi di una fede o di un CDA. Finendo con le istituzioni e i vari organi coinvolti, che chiamati in causa nel corso degli anni e ognuno secondo competenza hanno puntualmente disatteso il proprio ruolo e deluso ogni aspettativa. Caos, nient’altro che caos da cinque anni a questa parte. Di recente, però, grazie alle ormai famose motivazioni del p.m. Palazzi si erano finalmente riconosciute anche all’Inter chiare contravvenzioni al principio di lealtà sportiva. Detto che tutti coloro che parlavano con gli arbitri meritano di essere puniti, il discorso sembrava finalmente chiuso. Inutile sottilizzare su quanto si telefonasse e inopportuno cadere nella trappola retorica di chi avrebbe ravvisato attacchi personali nell’indicazione di una condotta professionale sleale di un dirigiente come Facchetti, scaltro come tutti. Ma se sulle responsabilità dei singoli si può intervenire anche a distanza di anni e senza ripercussioni generali, lo scenario sportivo che è andato nel frattempo delineandosi ha già subíto uno stravolgimento irreparabile.
Milan e Inter, apparentemente l’una contro l’altra, in realtà hanno beneficiato allo stesso modo del disastro giudiziario di Calciopoli: hanno infatti alzato una Champions League. I primi dopo aver dribblato una penalizzazione in classifica calcolata proprio per evitargli di partecipare al maggiore torneo continentale del 2007, i secondi dopo aver goduto di anni di improvviso strapotere in Italia in seguito a cui si sono rafforzati al punto da poter competere per i più alti traguardi. Il tutto, al di là dell’affossamento della pur colpevole Juve, i cui dirigenti di allora sul piano della slealtà non avevano però trasgredito regole diverse, è motivo di ancor più rabbia: il rifiorire di svariate realtà calcistiche, che per decenni erano state sacrificate allo strapotere delle tre grandi d’Italia, infatti, avrebbe potuto essere ancor più evidente se la Giustizia fosse stata puntuale e, azzardo attraverso una tautologia, giusta.
Che singoli dirigenti vengano eventualmente condannati, e se sì come, poco dovrebbe interessare a chi segue il calcio. L’importante è che esso non venga più gestito come fino ad ora e, di conseguenza, tornino a esserci pari opportunità per tutti. La Giustizia inciamperà ancora, senza riuscire a rimettere (troppo) ordine. Una
Stabilito che nessuna Società merita lo scudetto del 2006, nonostante a una sia consentito di fregiarsene, perché non riconsiderare anche i titoli assegnati in Italia durante gli ultimi anni della Seconda Guerra Mondiale? cosa però la si potrebbe fare, dopo tanto parlare di titoli. Stabilito che nessuna Società merita lo scudetto del 2006, nonostante a una sia consentito di fregiarsene, perché non riconsiderare anche i titoli assegnati in Italia durante gli ultimi anni della Seconda Guerra Mondiale? E’ stato quello un periodo in cui non si sono potuti disputare i canonici campionati, ma di calcio se n’è giocato eccome. A maggior ragione nel 150° dalla nascita dell’Italia, invece che a quella recente trovata commerciale che è la Supercoppa italiana, un’altra volta esportata nella ricca Cina, non sarebbe forse il caso di riconoscere innanzitutto il giusto valore a quelle competizioni? Non certo per falsa retorica, ma al posto dei soliti nomi sarebbe davvero bello, per una volta, veder campeggiare sulle prime pagine dei giornali quelli meritevoli di Conversano, Juve Stabia, Spezia e Salernitana, i campioni di quegli anni assieme a Palermo, Lazio e Roma, con qualcuno che raccontasse ai più giovani che calcio fu, quello. Sarebbe molto meglio che sbobinare l’ultima telefonata di uno dei tanti faccendieri del calcio moderno: aiuterebbe a riequilibrare un ambiente, comprensivo dei fruitori, che vive ormai solo di indotti ed equivoci stimoli. comunitàitaliana | agosto 2011
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espíritosanto DídimoEf fgen
sanitário em outras cidades. E o terceiro é suprir a demanda por ajuda a cidades-sede do interior que são autônomas, ou seja, não são atendidas pela Cesan”.
Palombini eleito Líder Empresarial amberto Palombini Neto, presi-
sólido grupo empresarial na área de saúde, desde 2004, o São Bernardo Saúde tem sido indicado pela Revista Você S/A como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Em sua palestra, Walter mostrou os novos desafios e a constante necessidade de atualização dos jovens em busca de novas oportunidades no mercado. Um tema otimista.
Espírito Santo dente do Grupo Proeng, foi eleito investe R$ 1 bilhão L Líder Construtora/ InSelo de corporadora e Líder em saneamento qualidade FSC do estado vai investir R$ 1 Shopping, com uma s executivos da Grafitusa, Romulo Ogoverno bilhão em saneamento nos próximos margem de 70% dos voquatro anos, entre recursos próprios, da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) e de financiamentos captados pela administração estadual. O programa de saneamento faz parte de um dos 10 eixos estratégicos do Planejamento do Governo Estadual, chamado Desenvolvimento da Infraestrutura Urbana. Do valor total, R$ 393 milhões são destinados à melhoria do abastecimento de água e R$ 513 milhões à implantação ou ampliação de sistemas de esgotamento sanitário. O anúncio foi feito pelo governador Renato Casagrande juntamente com a diretoria executiva da Cesan. “Historicamente, este será o maior investimento em saneamento no estado, num período curto de tempo. Estamos dando mais um passo em direção à universalização da captação e tratamento de esgoto, para dar mais qualidade de vida para a população” — afirmou o governador
Universalização do abastecimento des metas água a serem alcançadas nos muni-
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cípios onde a Cesan atua são manter a universalização do abastecimento de água, que alcança 100% da população, e elevar a cobertura com serviços de esgotamento sanitário para 60%, em 2011, e 70% até 2014. Atualmente, o serviço de esgotamento sanitário está disponível para 46% da população. O presidente da Cesan, Neivaldo Bragato, aponta os principais desafios: “O primeiro desafio é atender ao crescimento da demanda por água tratada proveniente, por exemplo, do Programa Minha Casa, Minha Vida e buscar a universalização do tratamento de esgoto. O segundo é melhorar a oferta de água tratada em alguns municípios do interior do estado e construir ou ampliar sistemas de esgotamento 42
agosto 2011 | comunitàitaliana
tos no Prêmio Líder Empresarial Espírito Santo 2011. Criado pela TV Vitória, regional da Record, o prêmio tem objetivo de reconhecer e revelar novos talentos do mundo corporativo do Espírito Santo e premiar executivos que trabalham pelo desenvolvimento do estado. Para ele, alcançar o primeiro lugar com uma distância tão grande dos outros finalistas é o reconhecimento pelos mais de 20 anos de trabalho do grupo.
Zephyr na Casa Cor Espírito Santo 2011 empresário José Carlos Zampro-
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gno, descendente de italianos da província de Treviso, região de Vêneto, na cidade de Monte de Luina, estará na próxima mostra da Casa Cor ES 2011. Dono da loja Zephyr, uma das melhores casas de perfumes e produtos de maquiagem de Vitória, já confirmou presença no evento, que será realizado de 16 de agosto a 27 de setembro, na Praia do Canto. Zamprogno mostrará que, na Casa Cor 2011, as tendências vão além de arquitetura e decoração.
O futuro dos empregos no Brasil empresário Walter Dalla Bernadina,
O
presidente do Grupo São Bernardo, falou sobre o futuro dos empregos no Brasil durante a 6ª edição da Convenção Estadual do Comércio Lojista, em Colatina. Além de ser um
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Samorini, Tullio Samorini e Cristhine Samorini, estiveram no café da manhã que comemorou a conquista do selo de qualidade FSC e que reuniu parceiros e clientes no auditório da empresa para apresentar a certificação e lançamento da campanha de divulgação do selo. O FSC tem reconhecimento internacional e reforça o compromisso da Grafitusa com o meio ambiente e a impressão responsável dos seus produtos. A empresa é a primeira gráfica capixaba a obter a certificação.
Betha Espaço ganha Prêmio Ademi-ES escendente de italianos de Verona,
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o empresário Auro Pedroni está vivendo um momento profissional especialmente feliz. Ele acaba de conquistar um dos mais cobiçados prêmios do mercado imobiliário capixaba, pela quarta vez consecutiva. Sua empresa, a Betha Espaço Ne t i m ó ve i s , foi a ganhadora na categoria Empresa Imobiliária Destaque – Locação, da 4ª Edição do Prêmio da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES). A sociedade integra a rede nacional Netimóveis. Em pesquisa publicada pela revista Info Exame, a Netimóveis foi classificada entre as 100 maiores do B2B brasileiro. Na foto, os diretores Charles Bitencourt, Auro Pedroni e Paulo Magalhães, na noite do prêmio.
Design
Hotel,
Fotos: Guilherme Aquino
museu e galeria de arte de um herói
Estrutura hoteleira erguida no Norte da Itália em homenagem ao fundador da Cruz Vermelha reúne móveis de época, decoração temática e documentários Guilherme Aquino
O
De Milão
hotel JNH, letras inicias de Jean Henry Dunant, nasce para resgatar em chave moderna as ideias do fundador da Cruz Vermelha — a maior associação humanitária do mundo. Não por acaso, ele foi construído em Castiglione delle Stiverie, palco de sangrentas batalhas em junho de 1859, das quais o empresário suíço, pego de surpresa em viagem para falar com Napoleão III em prol de seus negócios coloniais na África, assistiu de perto a uma das maiores carnificinas da história, a batalha de Solferino. Sensível ao drama dos sobreviventes e à ajuda que a população civil dava aos militares feridos, ele começou a instigar também o auxílio a todos que precisavam de cuidados, independente da cor do uniforme que usavam nos campos de batalha. No final do mesmo ano, ele lançaria as bases para o nascimento da Cruz Vermelha. Hoje, os tempos são outros e o hotel abriga uma espécie de memória conceitual de Jean Henry Dunant através de instalações artísticas e objetos de design combinados com peças de antiquários. A proposta é apresentar um hotel com jeito de galeria de arte e museu de história. A estrutura do hotel foi criada à beira da estrada e com os fundos para um terreno agrícola, muito perto do Museu da Cruz Vermelha. São quatro mil metros de área construída e que custaram onze milhões de euros, além de incontáveis horas de discussão com a administração local por conta dos vínculos paisagísticos e que são muitos nesta região turística entre o Lago de Garda e a cidade de Mântova. O complexo hoteleiro tem três andares. Cúpulas de cimento, blocos de concreto armado, linhas sinuosas e grandes vidraças criam diversas fachadas que se harmonizam entre si. Um enorme mural com pichações
artísticas cobre as paredes que dão para a avenida movimentada. Dentro, um grande jardim interno, com uma serpente amarela, acolhe os visitantes que podem escolher um dos 78 quartos colocados à disposição, cada um com um nome diferente e com uma referência qualquer, elaborada, com o pensamento de Jean Henry Dunant. — Nós contamos a vida de Dunant, mas ela é toda recordada sob uma leitura artística. Por exemplo, o livro escrito depois da batalha de Solferino, Uma lembrança de Solferino, inspirou um quarto, mas nele não temos materialmente o livro, mas sim uma referência — explica o proprietário do hotel, Eugenio Gallina. Identificação A decoração interna foi criada pelo designer Ermanno Preti. E ele não faz descontos a quem chega pensando em encontrar um frigobar ou uma televisão no quarto. Mas abre as portas para o visitante
deitar sobre um caracol gigantesco que sobe pelas paredes em sinal da tenacidade lenta de Dunant, ou com uma agulha enorme espetada no teto com um botão gigantesco pendurado na cabeceira da cama, ou ainda num quarto com pinturas tridimensionais que levam o hóspede à “descompressão”. — Este é um projeto que convida o cliente ao jogo, para entender quem você é. Aqui, vemos o personagem que não está aqui, mas pode ser incorporado em cada um de nós. Eu não sou como Dunant, porém me identifico muito com o seu conceito de vida. Não é difícil entendê-lo, interpretá-lo... O cliente leva para casa um pedaço de história, de cultura, e ainda pode se colocar em discussão e dormir — conta ele. O balcão vermelho na entrada principal impressiona pelo desenho: representa a bandeira da Cruz Vermelha ao vento. Na pilastra central estão as assinaturas e as mensagens dos hóspedes que escrevem com caneta escura sobre a tinta branca, no lugar do tradicional livro. As paredes estão cobertas com móveis de época cortados ao meio, com estilo. O insólito e o inusitado fazem parte da decoração e ajudam a transmitir ao cliente a mensagem de um local fora do mundo e do tempo. No teto, uma inscrição em luz de neon anuncia que todos nós estamos aqui de passagem. No alto dos corredores, o visitante, e hóspede, caminha escutando e vendo-se parar para observar documentários realizados durante as diferentes operações de salvamento da Cruz Vermelha, cedidos pelo museu da associação. A ideia de comunidade é fortemente expressa também na mesa do café da manhã, toda em madeira sinuosa. Não existe um local isolado, uma mesa longe; é convite para que o hóspede divida a sua experiência e a sua impressão com o outro.
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Dança
Deitando e rolando com paixão De Veneza a Nápoles, o bailarino e coreógrafo Ismael Ivo muda parâmetros da dança contemporânea na Itália e se joga no espírito mediterrâneo Aline Buaes
Especial para Comunità
Giorgio Zucchiatti, Courtesy la Biennale di Venezia
Richter
P
rincipal nome da dança contemporânea do Brasil e um dos grandes do mundo, o bailarino e coreógrafo brasileiro Ismael Ivo, diretor da Bienal de Dança de Veneza desde 2005, foi uma das principais atrações da última edição do Napoli Teatro Festival, que ocorreu de 26 de junho a 17 de julho na capital partenopea. Convidado em 2010 para dirigir a companhia Les Danseurs Napolitains, projeto de residência artística realizado com patrocínios governamentais para apoiar o desenvolvimento de jovens bailarinos emergentes da região da Campânia, Ivo apresentou com sucesso no final de junho passado os dois espetáculos resultados desta experiência inédita na região: “Le Sacre du Printemps”, releitura mediterrânea do rito da celebração da primavera, e “Sacrificium, victims of musical sensuality”, sobre a beleza e a crueldade dos castrados.
Nascido e criado em São Paulo, onde iniciou sua carreira nos anos 70, Ismael Ivo deixou o Brasil em 1983 quando foi descoberto pelo diretor norte-americano Alvin Ailey, que o levou para dançar em sua companhia em Nova York. De lá, esse paulistano da Zona Leste não parou mais. Conquistou a Europa, e fixou residência em Berlim em 1985, onde mora até hoje, dividindo, porém, o tempo entre Viena, Veneza e, mais recentemente, Nápoles. Em Berlim, foi o primeiro bailarino brasileiro a assumir a direção do teatro estatal de Weimar, entre 1996 e 2000. Atuou como coreógrafo em diversos ambientes e, ultimamente, começou a se engajar também na ópera, já tendo realizado trabalhos com a Orquestra Sinfônica de Berlim. Em Viena, foi fundador em 1988 do ImPulzTanz, hoje considerado o maior festival de dança contemporânea de toda a Europa. Em Veneza, já são sete anos que dirige o setor Dança da Bienal de Veneza, onde revolucionou os parâmetros não apenas do
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Há sete anos, Ismael dirige o setor de Dança da Bienal de Veneza: “Nestes anos consegui começar a mudar a referência da dança contemporânea italiana”
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festival, mas da própria concepção de dança contemporânea na Itália. Em Nápoles, sede do seu mais recente trabalho, este incansável criador encontrou inspiração e bailarinos aptos a responder às suas exigências. Seu esforço apaixonado foi premiado com novo convite para repetir a experiência em 2012. Brasileiro, negro, e de origens humildes, Ismael Ivo conquistou seu espaço no mundo sem deixar de ser brasileiro, mas também sem se “autofolclorizar”, nas suas próprias palavras. Assim, mesmo vivendo e trabalhando fora do Brasil há mais de 20 anos, foi agraciado pelo expresidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em dezembro do ano passado, com o mais alto reconhecimento do governo brasileiro, a medalha da Ordem do Mérito Cultural, tornando-se oficialmente um comendador. Não é a toa que seu principal sonho é voltar a trabalhar com o Brasil, realizando “a ponte” entre a cena da dança contemporânea brasileira e a Europa, já que, na sua visão, é do Brasil que começará a próxima revolução da história da dança mundial. E esta ponte já começou a ser construída este ano, através de um projeto de colaboração entre a Bienal de Veneza e o Sesc São Paulo. Durante o Napoli Teatro Festival 2011, encontramos Ismael Ivo para esta entrevista exclusiva. ComunitàItaliana – Qual o seu principal interesse em participar deste projeto com o Napoli Teatro Festival? Ismael Ivo – Este projeto tem como objetivo incentivar a dança contemporânea nesta região do sul da Itália, especificamente em Nápoles e na Campânia, onde a dança não tem recebido muita atenção e se encontra muito atrasada em relação a outras partes da Itália mais ricas e desenvolvidas economicamente. Considero essa uma região culturalmente muito rica. Nápoles, principalmente, é
“Veneza é maravilhosa, Nápoles tem essa cultura viva, mas Roma é a mais fantástica de todas. A Itália é um país muito privilegiado pela sua cultura, atmosfera, joie de vivre” uma cidade fantástica, com uma cultura que eu chamo de “viva”, que se vê nas ruas, nas pessoas, na textura da vida, com um caos que faz parte do espírito mediterrâneo, e que torna esse povo muito parecido conosco do Brasil. Aqui encontramos essa paixão mediterrânea, simbolizada na figura corporal de Sophia Loren. Os bailarinos dessa região são muito especiais, eles tem paixão, eles não são frios como os europeus, tem muito a ver com nosso sentimento tropical. Mesmo que exista todo esse processo de laboratórios físicos e intelectuais, pesquisas etc, no final
é preciso dançar com o coração, com a energia total. E isso é algo fundamental para esses bailarinos do sul da Itália. CI – Como foi a experiência de um laboratório-residência entre os templos gregos de Paestum? I.I. – Começamos essa experiência em meados de 2010, com uma seleção inicial, que atraiu cerca de 200 candidatos, de onde aos poucos foram escolhidos 14 bailarinos que fizeram comigo um laboratório de residência artística de um mês na cidade de Paestum, na província de Salerno. Uma região cheia de templos dedicados aos deuses gregos, em meio às bem conservadas ruínas das cidades gregas. Um legado cultural incrível, onde conseguimos realizar esta experiência internacional inédita para esta região. Os bailarinos viviam dentro do mesmo hotel, uma antiga chácara de grãos, em que ficavam as salas de ensaios, com uma convivência pessoal e artística muito forte. E com o cenário do templo de Paestum, eu transferi aos poucos a estes bailarinos uma pesquisa na qual eu, como criador, estava interessado: criar um espetáculo inspirado na idéia original de Nijinsky e Stravinsky dos anos 20 sobre o rito da primavera, mas com esse espírito e paixão mediterrâneos. Assim, levei estes bailarinos a realizarem uma pesquisa, para além do laboratório físico, mas também histórico, arquitetônico, antropológico. Nesse período, os bailarinos pesquisaram dentro da própria cultura deles, para extrair através das improvisações corporais, a essência do espetáculo. E este foi o processo de laboratório físico e intelectual transferido para essa versão da Sagra da Primavera. CI – Qual o significado da chuva de rosas no espetáculo “Sacre du Printemps”? I.I. – Em Paestum existe o grande mito da rosa de Paestum, uma espécie de rosa muito especial que existiu nessa região, que aparece inclusive em versos de poetas gregos e que era importada pelos imperadores romanos para decorar seus palácios, e que depois desapareceu. Hoje existem pesquisas avançadas que estão se aproximando da planta original e eles estão fazendo um projeto de replantar esta rosa de Paestum. Assim, rosa, primavera, celebração da primavera, nosso laboratório em Paestum, e entendi que nós tínhamos caído
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CI – Qual o balanço que você pode fazer desta experiência de sete anos em Veneza? I.I – Nestes sete anos em Veneza eu consegui começar a mudar a referência da dança contemporânea italiana. Dentro do circuito europeu, falando em dança contemporânea, a Itália está muito atrás dos outros países. Os italianos inventaram esse termo de Bienal, em Veneza ocorreu a primeira Bienal de Arte, o primeiro Festival de Cinema, e eu, inspirado nesse ambiente, e como bom brasileiro, quando encontrei espaço, comecei a fazer sem questionar muito, fui fazendo. Encontrei muito espaço e apoio dentro da Bienal de Veneza, que é um monumento nacional da cultura italiana. Depois do Marcus Muller, diretor da Bienal de Cinema, eu sou o diretor mais ativo dentro da Bienal nos últimos anos. CI – Quais as suas principais conquistas enquanto diretor da Bienal de Dança? I.I. – Neste período consegui criar um espaço inédito para artistas emergentes, um projeto de alta formação chamado Arsenale della Danza, que hoje, depois de três anos, deixou de ser um projeto temporário e se tornou atividade permanente dentro do quadro da Bienal de Veneza, e isso, além de uma grande vitória, é também um fato inédito no setor da dança. A partir de agora, não depende mais de diretor ou presidente, ninguém pode cancelar este projeto. Eu também consegui pela primeira vez trazer para o setor de dança o grande prêmio da Bienal, o Leão de Ouro. Assim, o primeiro Leão de Ouro pela Carreira da Bienal de Dança de Veneza foi entregue em 46
2007 para Pina Bausch. Também mudei a característica do Festival de Dança Contemporânea, que deixou de ser apenas uma grande coleção de espetáculos internacionais de alto nível, pois criei edições temáticas procurando dar uma direção ao evento. O primeiro tema, em 2005, por exemplo, foi “o corpo em ataque”, questionando como o coreógrafo de hoje responde ao tema do terrorismo, o segundo tema foi “o corpo debaixo da pele”, um estudo para refletir sobre como o corpo humano está se tornando androide, a era do robô, dos transplantes de rostos, uma proposta de discussão sobre onde estamos levando nossa noção de corpo. CI – Qual a importância de ser brasileiro neste contexto? I.I. – Para mim o bailarino brasileiro é, sem dúvida nenhuma, o mais criativo do mundo, o russo é o técnico, mas criatividade é a nossa característica principal enquanto nação, enquanto filhos do realismo mágico de Jorge Amado. Hoje que eu começo a entender melhor aquela nossa frase, “quem não tem cão, caça com gato”. Nesse sentido, eu sou muito brasileiro, como diretor da Bienal, eu penso que eu entrei ali para inventar, para criar, e me divirto muito com isso. CI – É um desafio trabalhar com bailarinos europeus? I.I. – Adoro trabalhar com bailarinos europeus, não é um desafio para mim, é um desafio para eles, eu sou muito do tipo “decifra-me ou devoro-te”. Sou muito exigente, tenho fama de transformar meus bailarinos em monstros, capazes de andar de A a Z sem nenhum problema. CI – Você tem vontade de voltar a trabalhar no Brasil? I.I. – Eu tenho uma vontade imensa de fazer mais coisas com o
agosto 2011 | comunitàitaliana
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no lugar certo na hora certa. Falei com nosso cenógrafo e decidimos que o espetáculo “Sacre du Printemps” seria visto através de uma chuva incessante de pétalas, uma verdadeira cortina de 300 mil rosas de pétalas por espetáculo. Os bailarinos entram assim em uma espécie de luta pela sobrevivência, com essa chuva de pétalas que se torna incessante, que se torna um desafio já que o palco se transforma numa piscina de pétalas e eles devem continuar a coreografia até o fim. Este segundo desafio traz uma carga de energia que os leva além do simples dançar em um palco limpo e normal. E isso dá para o espetáculo uma tensão vital.
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Dança
O espetáculo Babilonia, criada por Ismael Ivo, contou com bailarinos brasileiros bolsistas em Veneza, na cena ao alto. Acima, o espetáculo Sacre, cuja coreografia foi criada por ele, encenado no Napoli Festival
Brasil, não digo voltar, mas fazer a ponte entre o Brasil e a Europa. Em 2012, devo trazer pelo menos três professores brasileiros para Veneza e duas críticas de dança para ministrarem uma palestra sobre o desenvolvimento atual da dança contemporânea no Brasil. Vou continuar a parceria com o Sesc São Paulo e trazer novamente a coreógrafa Lia Rodrigues, que faz um trabalho fantástico na favela da Maré e esteve em Veneza este ano em uma residência com seus bailarinos. Eu penso que criar essa ponte com o Brasil é um momento muito importante, pois eu tenho uma convicção minha como artista: depois das revoluções da dança moderna nos Estados Unidos com Marta Graham e do teatro-dança com Pina Bausch, a próxima revolução da dança vem da América do Sul e da Ásia, será uma revolução em termos de linguagem, e o Brasil, neste século, será um dos focos principais.
Sesc em Veneza: bailarinos
brasileiros ganham bolsas de estudo
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nquanto diretor da Bienal de Veneza, Ismael Ivo conseguiu firmar uma parceria de sucesso entre o Sesc São Paulo e o curso de alta formação em dança contemporânea da Bienal de Veneza Arsenale della Danza. Em 2011, cinco bailarinos brasileiros passarem seis meses em Veneza participando de um curso de Máster para depois excursionarem pela Itália e pelo Brasil com o espetáculo fruto daquele curso. Em 2012 o projeto deve se ampliar e continuar.
Música
Gilberto Gil transforma Úmbria em sambódromo Ao lado de Sérgio Mendes, ex-ministro da Cultura sacudiu festival de jazz de Perúgia Aline Buaes
Especial para Comunità
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om um show intitulado “For All” e com um público de quase 4 mil pessoas, Gilberto Gil foi uma das principais atrações da edição 2011 do já consagrado Umbria Jazz Festival, que aconteceu na cidade de Perúgia entre os dias 8 e 17 de julho com números impressionantes. Reuniu 350 artistas das mais diversas nacionalidades, que se apresentaram em 260 shows. A edição deste ano incluiu eventos paralelos e apresentações por toda a cidade, muitas gratuitas, e trouxe aos palcos italianos personalidades como Prince, Santana e Liza Minelli. Na chamada “Serata Brasiliana”, Gilberto Gil apresentou-se ao lado da sua banda, que incluía um violinista durante 90 minutos, quando fez o público perder a timidez inicial e dançar com a sua música pós-moderna, mesclando ritmos de samba, reggae, funk, rock e forró. Releituras de Bob Marley e a música-título do seu último disco “Fé na Festa”, dedicado à
Sérgio Mendes, conhecido na Itália com o hit Mas que nada, apresentou ao público o repertório do seu último CD
música nordestina, foram os momentos altos do show, que também incluiu “Lamento Sertanejo” e “Minha Princesa Cordel”. Na segunda parte da noite de música brasileira, Sérgio Mendes, conhecidíssimo do público europeu pelo hit “Mas Que Nada”, apresentou o seu show “Celebration”, título do seu último disco, uma verdadeira celebração dos seus quase 50 anos de carreira que encarnam o melhor da MPB. O público do Umbria Jazz Festival vibrou e dançou com releituras de Chico Buarque e Tom Jobim, como “O que será”, “Águas de Março” e “Garota de Ipanema”. Sérgio Mendes também mostrou que não é fechado nos ritmos da música brasileira e durante suas releituras trouxe inúmeros ritmos de rap e hip hop, animando ainda mais o público, que aproveitou o show de duas horas.
Prince e Santana A edição 2011 do Umbria Jazz Festival foi uma das mais bem sucedidas desde seu início, em 1973. Com mais de 40 mil expectadores, o festival atraiu muito público devido às suas duas grandes atrações: os guitarristas Prince e Santana. Mas os fãs ortodoxos de jazz puderam aproveitar com gosto o tributo de Herbie Hancock, Wayne Shorter e Marcus Miller pelos 20 anos da morte do seu maestro, Miles Davis, assim como as apresentações míticas de BB King e Liza Minnelli, dois ícones da música mundial. Além da noite dedicada à música brasileira, os ritmos latinos também A jovem holandesa Caro Emerald, invadiram o festival no fenômeno do momento no continente show de encerramento, europeu, cantou no evento no domingo, 17 de julho, com a “Great Latin Jazz Night”, que juntou no palco o norte-americano Eddie Palmieri com seus ritmos de salsa porto-riquenha, o pianista afro-cubano Chucho Valdes e o pianista caribenho Michel Camilo. Quase 40 anos de tradição jazzística A edição deste ano do Umbria Jazz Festival, principal referência jazz na Itália e que na edição 2010 teve como destaque a música do brasileiro Yamandú Costa, tinha como pano de fundo celebrar as mulheres. A presença da última grande lenda dos musicais americanos, Liza Minelli, o fenômeno musical do momento na Europa, a jovem holandesa Caro Emerald, e a grande descoberta da edição de inverno do festival, a norte-americana Dee Alexander, uma das vozes mais apreciadas da cena musical de Chicago, comprovaram a vontade dos organizadores em homenagear o sexo feminino e do público em prestigiar estas grandes vozes. Entre as iniciativas de destaque desta edição esteve o Jazz on Film, evento de apresentação de vídeos com os grandes nomes do jazz mundial em shows históricos organizado pelo crítico musical Marco Molendini. Shows paralelos e gratuitos também animaram a cidade de Perúgia durante os dez dias do festival, que este ano trouxe novamente a Berklee College of Music, uma das principais escolas de música do mundo, organizadora da 26ª edição da sua Summer School no âmbito do festival, envolvendo mais de 250 jovens músicos provenientes do mundo inteiro para uma série de seminários e oficinas. O Umbria Jazz Festival possui também uma edição de inverno, que ocorre todos os anos na cidade de Orvieto, e este ano terá também uma edição especial de promoção em Barcelona, conforme anunciou o presidente do Festival, Renzo Arbore, na conferência de encerramento do evento. comunitàitaliana | agosto 2011
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Música
O cronista das malocas Um dos maiores nomes da música popular brasileira, Adoniran Barbosa ganha álbum em sua homenagem Vanessa Corrêa
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De São Paulo
m comemoração ao centenário de nascimento do sambista Adoniran Barbosa, completados em 2010, o produtor musical Thiago Marques Luiz organizou o álbum Adoniran 100 Anos, que em julho passado ganhou o Prêmio da Música Brasileira Vale de 2011, na categoria projeto especial. — Não esperava receber esse prêmio, já fui indicado outras vezes e nunca ganhei, então fiquei muito feliz. É um reconhecimento do trabalho que não é só para mim, mas para uma equipe imensa de cantores, músicos, pessoas que ajudaram no projeto de diversas maneiras. O produtor conta que convidou mais de 30 artistas de diferentes gerações e estilos. Ele chamou para o projeto nomes consagrados, como Cauby Peixoto, Dominguinhos, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes, além de novos talentos como Diogo Poças e Verônica Ferriani. Participantes ativos da trajetória do sambista, os Demônios da Garoa também gravaram para o álbum. — Acredito que, dentro do repertório de um compositor genial como o Adoniran, cabem todas as tribos. Todos podem dar sua contribuição e fazer uma leitura própria da obra de Adoniran — disse. Adoniran 100 Anos é composto por sucessos como Trem das 48
Onze, Saudosa Maloca e Samba do Arnesto, e canções que foram pouco gravadas, como Nóis Não Usa as Bleuque Tais, Mãe Eu Juro e Jabá Sintético. Luiz disse que sua intenção foi mesclar as composições mais famosas com outras menos conhecidas, e que quis “introduzir novidades”, mas que também colocou “músicas que as pessoas esperam ouvir”. Origem italiana Filho de imigrantes italianos, João Rubinato nasceu na cidade de Valinhos em 6 de agosto de 1910. Ainda jovem abandonou a escola e foi trabalhar com o pai na companhia ferroviária São Paulo Railway, no interior do estado, carregando lenha e paralelepípedos e entregando marmitas. No início da década de 1930, mudou-se com a família para a capital paulista, onde trabalhou como vendedor de tecidos em uma loja da Rua 25 de Março.
agosto 2011 | comunitàitaliana
Filho de pais vênetos, o compositor cantou o cotidiano da cidade de São Paulo em vários sambas. Na imagem, aparece na estação de trem de Jaçanã, localidade citada nos versos de Trem das Onze
Aventurou-se pela primeira vez no mundo da música em 1934, participando de programas de calouros em rádios paulistanas. No ano seguinte, após muita insistência, foi contratado pela Rádio São Paulo para trabalhar nas transmissões de Carnaval da emissora. Ao longo da década de 1940, João Rubinato tornou-se conhecido por estrelar diversos programas de humor e produções dramáticas na Rádio Record. Em 1945, faz suas primeiras participações no cinema, nas chanchadas Pif-Paf e Caídos do Céu, rodadas no Rio de Janeiro pela produtora cinematográfica Cinédia. Foi na década de 1950 que lançou algumas das canções que mais tarde entrariam para a história da música brasileira. Na época, porém, as composições alcançaram pouco ou nenhum sucesso. Somente em 1955, com a regravação de um de seus sambas pelo grupo Demônios da Garoa, João ficou conhecido como compositor. O disco foi um sucesso de vendas e ele se tornou o compositor do momento. Continuou atuando com êxito como humorista na Rádio Record, no programa Histórias das Malocas, onde interpretava o personagem Charutinho. Com o sucesso, o programa foi levado à televisão e seu elenco fazia também apresentações circenses. Na década de 1970, participou de novelas como Ovelha Negra e Mulheres de Areia, na TV Tupi.
Este ano, João Rubinato completaria 101 anos. Morreu em 1983, aos 73 anos de idade, mas deixou de herança centenas de canções que falam principalmente sobre a São Paulo dos meados do século XX. Ainda na década de 1930, culpou seu nome, “italiano demais para cantar samba”, pelas dificuldades no início da carreira. Foi então na pele de Adoniran Barbosa que João Rubinato se tornaria um dos maiores sambistas do Brasil. Múltiplos talentos Com atuações no rádio, televisão e cinema, Adoniran pode ser considerado o primeiro artista multimídia do Brasil. Com muita criatividade e um grande poder de improvisação, Adoniran desempenhou um papel importante na história do rádio brasileiro, ao criar personagens que caíram nas graças do público da época. Falando a mesma língua dos mais pobres, ele deu vida aos hilários personagens Barbosinha Mal-Educado da Silva, Zé Conversa e Charutinho. No cinema, além das comédias e chanchadas rodadas na Cinédia, Adoniran participou do filme O Cangaceiro, em 1953. Dirigido por Lima Barreto, o filme ganhou o Prêmio Internacional de Filmes de Aventura no Festival de Cannes. Seu desempenho no longa foi muito elogiado e rendeu novos papeis na produtora Vera Cruz. Filmou Esquina da Ilusão e Candinho, com Mazzaropi. Adoniran só ficou realmente conhecido como compositor depois que a canção Saudosa Maloca foi gravada pelo grupo Demônios da Garoa. A partir daí, não parou mais de emplacar sucessos nas rádios brasileiras. Gravada em 1965, Trem das Onze tornou-se uma verdadeira febre nos salões e clubes do Rio de Janeiro. Em plena terra do samba, a canção paulista venceu o concurso oficial de músicas do carnaval carioca. No ano seguinte, a versão italiana de Trem das Onze, intitulada Figlio Unico, foi lançada na Europa pelo cantor Riccardo del Turco. Alcançou o oitavo posto nas paradas da Itália e foi o 60º disco mais vendido no país naquele ano, com 94 mil cópias. Somente em 1974, aos 64 anos de idade, foi que Adoniran Barbosa gravou seu primeiro LP, reunindo 12 composições de uma obra até então toda dispersa. Com produção musical do amigo João Carlos Botezelli, mais conhecido no meio artístico como Pelão, o álbum foi lançado pela gravadora Odeon.
Paixão por São Paulo Assim como falou do Jaçanã em Trem das Onze e Pincharam a Estação no Chão, Adoniran Barbosa usou diversos bairros e pontos da cidade de São Paulo como tema e personagens de seus sambas. Cantou a Vila Mariana, o Cambuci e o Ipiranga em Bazares, a avenida São João em Iracema, a avenida 23 de Maio em Triste Margarida e o Brás em Samba do Arnesto. Em seu inventário musical da capital paulista, estão ainda Rua dos Gusmões, Viaduto Santa Ifigênia e Praça da Sé, lançada por ocasião da reforma do marco zero da capital. Adoniran tanto cantou a cidade, que seu nome acabou batizando o sambódromo paulista. Mas foi o Bexiga — destino de grande parte dos imigrantes italianos que se mudaram para São Paulo — o bairro que se tornou sua musa inspiradora, onde até hoje uma estátua de Adoniran decora a praça Dom Orione. Outro reduto de imigrantes vindos da Itália, a Móoca também foi cantada nos versos de Adoniran. Apesar de considerar seu nome de batismo italiano demais para um sambista, o compositor nunca
Acima, encontro entre Elis Regina e Adoniran Barbosa promovido por Walter Negrão em 1978
deixou de lado suas raízes. Seus pais, Fernando Rubinato e Emma Richini, vieram da cidade de Cavarzere, na região do Vêneto, no final do século XIX, para fugir da pobreza e tentar uma nova vida no Brasil. Por meio de sua música, Adoniran foi um dos mais talentosos cronistas da cidade de São Paulo, ao retratar os costumes e o cotidiano das camadas mais pobres da população. Em seus sambas, reproduziu a fala inculta dos imigrantes e paulistanos que viviam nos bairros mais simples de São Paulo, com expressões que misturavam várias línguas, como “mezza notte o’clock”, de Um Samba no Bexiga e os verbos errados de Samba do Arnesto. Já em Samba Italiano, Adoniran compôs uma letra totalmente em italiano. Mesmo com a barreira da língua, a canção não deixou de fazer sucesso no Brasil. Thiago Marques Luiz acredita que tanto o álbum Adoniran 100 Anos quanto as demais homenagens ao centenário do sambista não têm o papel de resgatar a memória de Adoniran Barbosa ou de apresentá-lo às novas gerações. — Ele nunca foi um artista esquecido. Não tem lugar onde não se cante Trem das Onze e Saudosa Maloca. Adoniran sempre esteve na moda — concluiu. comunitàitaliana | agosto 2011
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Arte
Quando o lixo vira arte e transforma as pessoas O artista brasileiro que já trabalhou com ingredientes tão inusitados, como ketchup, açúcar e lixo, foi nomeado embaixador do evento Rio +20 Stefania Pelusi
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De Brasília
á considerou a poeira como algo possível de ter outro significado? E o lixo, pode ser algo além de ser, simplesmente, lixo? O artista plástico e fotógrafo brasileiro Vik Muniz foi capaz de olhar essas coisas cotidianas e, com elas, recriar a possibilidade de perceber o mundo. “O artista é como o catador, usa o mundano, elementos do dia a dia que já perderam o valor para a nossa atenção e transforma aquilo em objetos visuais para que possam ser vistos novamente”. Assim, Vicente José de Oliveira Muniz — mais conhecido como Vik Muniz — explicou à Comunità como enxergou a arte no lixo, convertendo-o em um objeto transformador. Em seus trabalhos, revela que grandes coisas podem surgir de simples elementos usados no cotidiano, como poeira, cinzas, arame, lixo, comida. Dessa forma, as obras de Vik chegam ao entendimento de todos pela simplicidade dos materiais que utiliza, quebrando a ideia de que arte é algo que só quem lida com ela entende. Reconhecimento Vik foi o primeiro artista brasileiro convidado a organizar uma exposição 50
no mais influente museu de arte moderna do mundo, o MoMA de Nova York, cidade onde está estabelecido há mais de duas décadas. Ele é considerado, hoje, aos 50 anos, um dos artistas mais produtivos e valorizados de sua geração. Seu prestígio é tal que as suas obras já foram expostas nas galerias de São Francisco, Madri, Paris, Moscou e Tóquio, além de museus como o Tate Modern e o Victoria & Albert Museum de Londres, o Getty Institute de Los Angeles e o MAM de São Paulo. Apesar de todos os reconhecimentos que teve, ele afirmou que o momento mais marcante na sua carreira foi a exposição em 2009 no Rio de Janeiro — porque foi muito bem desenhada para atingir um público tão grande quanto diversificado. Àquela exposição foram garçonetes, empregadas domésticas, motoristas de táxi, curadores e diretores de museus internacionais. — Para mim foi muito completa porque não deixava ninguém de fora e falava duas linguagens: uma profissional, específica do mundo de arte, e outra muito pessoal, que consegui transmitir para as pessoas que eram muito parecidas com os meus pais — explica. Seu trabalho pode ser visto na capital federal até o dia 14 de agosto no espaço Ecco, um referencial da arte contemporânea que, pela
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Imagens da inauguração da exposição do artista em Brasília. Vik Muniz (foto abaixo) foi o primeiro brasileiro a organizar uma mostra no MoMA de Nova York
primeira vez, une na mesma mostra as séries Relicário e Verso, uma das primeiras e uma das mais recentes do artista, e o revolucionário documentário que concorreu ao Oscar de 2011, Lixo Extraordinário. Lembranças especiais Relicário é uma exposição de um artista de 28 anos, da época em que comecei a trabalhar — explica Vik — dedicada aos jovens que fazem arte e que talvez estejam se debatendo com o problema de não saber exatamente o que fazer. — Eu quero que eles venham e descubram quanto eu também era confuso na época que estava começando a trabalhar — afirma. A curadora da exposição Vik Muniz 3D, Karla Osório Netto, o descreve como um artista muito
generoso, que sempre está envolvido em causas sociais. — Vik é uma pessoa que surgiu de uma classe muito pobre. Teve um início muito difícil e foi com persistência e muita garra que ele conseguiu crescer e marcar o trabalho dele. Filho único de um garçom e uma telefonista, ainda adolescente mudou-se para os Estados Unidos, onde passou cinco anos vivendo de subemprego, muitas vezes dormindo na rua. Ao trabalhar em uma molduraria de Nova York, passou a fazer quadros kitsch e a produzir estranhas e incomuns esculturas que lhe abriram as portas do circuito de arte da cidade. Vik declarou não ter uma obra preferida, já que em cada uma delas sempre tem uma coisa muito pessoal que tenta esconder. Uma muito especial para ele, presente na exposição em Brasília, é um fóssil que representa a sua primeira motocicleta, a qual descreve como “se fosse uma coisa que ficou na minha infância, que eu olho lá atrás como uma relíquia”. Daí o nome da exposição, Relicário, como “coisinhas pessoais do passado”, diz. Outra obra que ele frisou foi uma caixa de papelão com duas balas. — A razão pela qual eu consegui dinheiro para ir a Nova York é que eu levei um tiro de uma pessoa enquanto apartava uma briga. Um tiro do mesmo calibre que está representado naquela caixa. Foi com a indenização desse tiro que consegui comprar o bilhete para os Estados Unidos em 1983. Então a caixa fala disso: de uma coisa frágil e forte ao mesmo tempo — revela. Para Vik Muniz, o artista faz a metade do trabalho; a outra parte é feita pelo espectador, que exerce um papel ativo. — Eu sempre me preocupei em fugir de certos esoterismos vulgares, do espiritual na arte, daquilo que o artista é considerado uma espécie de gênio — comentou. Por isso, ele afirma que nunca acreditou em mega mostras como a Bienal de Veneza ou a Bienal de São Paulo, por achar que elas precisam ter um desenho diferente. — Quando expus em Veneza, alguém me perguntou se eu não estava contente por ter meu trabalho visto por 30 mil pessoas. Eu disse que estaria mais contente se elas não estivessem vendo 30 mil outros artistas — lembra. Acessível e inteligente Vik considera que as exposições de arte contemporânea são um ambiente
um tanto opressivo que lidam com códigos e linguagens às quais as pessoas não têm acesso, o que se opõe à sua visão de que “você deve ao público uma arte que é ao mesmo tempo inteligente e acessível”. Nos seus trabalhos aparecem também duas réplicas detalhadas da Mona Lisa de Leonardo da Vinci: uma feita com geléia e outra com doce de leite. Também trabalhou com açúcar, fios, arame e xarope de chocolate, com o qual produziu uma recriação da Última Ceia de Leonardo. Reinterpretou várias pinturas de Monet, que produziu com pequenas porções de pigmento aspergidas sobre uma superfície plana, e que foram apresentadas em 2001 na Bienal de Veneza. — A arte pode mudar as vida das pessoas, e melhorá-la. Tem a possibilidade de humanizar as pessoas. Não é privilégio ou direito, eu acho que o contato com a arte humaniza, sensibiliza, faz as pessoas darem mais valor à sua própria vida e à vida dos outros — defende. O próprio Vik Muniz traduziu sua arte como uma experiência profunda e transformadora: — Eu nunca vou ser a mesma pessoa, nunca vou ver o lixo da mesma forma depois dessa experiência do lixo extraordinário — confessa. Arte em Jardim Gramacho O documentário Lixo Extraordinário, filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), acompanhou o trabalho do artista plástico em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, localizado na periferia do Rio de Janeiro. O objetivo inicial era pintar retratos dos catadores com lixo, mas o trabalho do artista com eles, longe do local, revela a transformação de uma comunidade de catadores através da arte. — O catador mexe com uma coisa que a gente não quer ver, ele é parte daquele mondo que a gente quer esconder. Eu acho que o filme ajudou a melhorar a imagem do catador como uma classe de trabalhadores que merece ser vista com maior respeito — comentou. Recentemente, o artista, junto a outras duas personalidades brasileiras, o empresário Nizan Fuanaes e o designer Oskar Metsavaht, foi nomeado embaixador da boa vontade da UNESCO pela sua contribuição para a educação e o desenvolvimento social por meio de sua carreira artística. O diretor da UNESCO no Brasil, o belga Vicent
Narciso after Caravaggio, feita por Vik com material descartado encontrado no lixo, faz uma releitura da obra-prima do pintor italiano renascentista. O retrato do ex-presidente Lula foi feito com confetes de páginas de revistas. Fetiche de Pregos traz um inusitado Mickey Mouse com madeira e pregos
Defourny, relatou a Comunità que considera Muniz um grande artista contemporâneo e que, além da sua parte artística, ele é muito comprometido: usa a arte para transformar o olhar das pessoas e através disso pode mudar o mundo. — Assistindo ao documentário Lixo Extraordinário, percebe-se que a função social não é uma coisa lateral no seu trabalho de artista — completou Defourny. Vik deixou Brasília com outro título: a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, nomeou-o embaixador da conferência Rio+20, que acontece na cidade do Rio de Janeiro em 2012, para fazer a curadoria de uma grande exposição. O encontro das Nações Unidas (Rio +20) visa renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta — vinte anos após a Rio-92.
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ItalianStyle
Flower Power
Nesta temporada de verão, grandes grifes apostaram nos motivos florais, em uma referência direta ao estilo dos anos 70, hoje reformulado como hippie chic. Flores grandes, chamativas e coloridas, tecidos naturais e uma filosofia de homenagem à natureza também influenciaram os designers de móveis e objetos para a casa.
D&G Floral
Dolce & Gabbana investiu com tudo nas flores na coleção Primavera/Verão 2011. O vestido longo é feito em linho, sem forro e com franjas. Já a sandália de salto 13 tem uma plataforma de 3 cm. Preço: € 895 Vestido Preço: € 365 Sandália store.dolcegabbana.com
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Kimono e aço
Mesinhas com estrutura leve de fio de aço realizadas com tecidos de kimono tradicionais estampados com resina de poliéster. Design do japonês Tomita Kazuhiko para a Moroso. As flores reproduzem as estampas decorativas mais usadas pelos japoneses desde os tempos em que todos usavam o kimono. Preço: sob consulta www.moroso.it
Tezh weeanr diasTezenis
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Vanity Fair Flower
Modelo clássico da Poltrona Frau em uma versão vintage Housse, em tecido de algodão estampado com motivos florais típicos dos anos 70. Preço: sob consulta www.poltronafrau.it 52
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Fibras de palmeiras
Bolsa feita de fibras de palmeiras trançadas com estampas florais criando um contraste multicolorido. A bolsa traduz o espírito da nova coleção de Salvatore Ferragamo: tecidos artesanais, manufaturas especiais e cuidado com os detalhes. Preço: a partir de € 1.890 www.ferragamo.com
firenze
Giordano Iapalucci
Arboretum el 2011 Denatura è l’anno internazionale delle For-
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La luce della legerezza
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ino al 30 settembre la Galleria d’Arte Varart presenta una mostra personale di Candida Ferrari intitolata “La luce della leggerezza”. Nella sua prima esposizione fiorentina, l’artista originaria di Parma esporrà una trentina di opere utilizzando materiali come il plexiglas, plastiche in genere e carte speciali in special modo metallizzate e
acetati. Si tratta di creazioni bidimensionali a muro, appese al soffitto o posizionate a terra nelle quali predominano colori pieni di luce quali rosso, argento e oro. Nella splendida cornice rinascimentale degli spazi della Varart le opere della Ferrari si inseriscono in maniera armonica creando un ambiente pieno di fascino. Ingresso gratuito.
este e la montagna Pistoiese ha già in programma per agosto almeno due iniziative per celebrarlo. La prima, Arboretum, è una mostra che riguarda la conservazione delle specie faunistiche nelle foreste appenniniche e la seconda, Denatura, è una esposizione fotografica di Maria Cristina Spinato. I due eventi si incrociano non solo fisicamente negli spazi dell’Ecomuseo di Palazzo Achilli ma anche nella voglia di esplorare e far conoscere il mondo della scienza e dell’arte della natura. Sono infatti previsti anche eventi quali incontri ed escursioni, Ingresso gratuito. Orari: da martedì a domenica ore 10-12/16-19. Aperto tutto agosto. Piazzetta Achilli, Gavinana (Pistoia)
Paesaggio di unellepaesaggio stanze della Fortezza di Mon-
Il corpo umano Andrea Martinelli, Ntalcino fino al 31 agosto l’artista diellaRabarama Presente! fiorentino Luca Alinari presenta il splendida cornice del Giardino estate 2011 è particolarmente viva in proprio percorso artistico realizzato
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di Boboli, parco alle spalle di Palazzo Pitti a Firenze, saranno esposte le opere dell’artista Paola Epifani, in arte Rabarama. Le opere debutteranno contemporaneamente sia alla Biennale di Venezia che alle Scuderie Reali di Firenze dentro appunto Boboli. La figura umana interpretata da Rabarama coniuga i concetti delle arti come Arte del Corpo (Body Art) e Arte Performativa d’Avanguardia (Performance Art). Le sue opere sono prevalentemente sculture di grandi dimensioni. Ingresso libero fino al 30 settembre.
L’
quel di Prato. Il Museo di Arte Contemporanea Pecci dedica una prestigiosa mostra all’artista pratese Andrea Martinelli. Una collaborazione con il Comune e Provincia di Prato, Regione Toscana e Camera di Commercio. Si tratta della prima grande personale di Martinelli dopo la sua partecipazione al Padiglione Italia della 54a Biennale di Venezia, segno della sua consacrazione a livello nazionale. Presso la Saletta Valentini oltre alle opere ci saranno anche video relativi alla sua esposizione di Milano. Ingresso gratuito.
da dipinti in acrilico e resina su tela posti al soffitto con cavalletti e illuminati grazie a svariati punti di luce. Il filo conduttore della mostra è quello caro all’artista dove figure umane si immergono in paesaggi immaginari e fantastici creando rappresentazioni e mondi fiabeschi con colori vividi che quasi esplodono da dentro i quadri. Ingresso 4,5 euro fino al 31 agosto presso il Piazzale della Fortezza di Montalcino.
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IlLettoreRacconta
icou nos recônditos da minha mente aquela estrada sinuosa de barro, entre sombras arborizadas, donde se ouvia a sinfonia de pássaros. Em 1891, naquele vale encantador de terras do Espírito Santo, chegaram as primeiras levas de imigrantes italianos. Na triagem, realizadas ainda nas docas do porto de Santa Cruz, de onde chegavam os navios, os aventureiros eram distribuídos nas colônias e o tamanho do novo núcleo variava de acordo com o número de integrantes da família. A futura cidade passaria a se chamar Demétrio Ribeiro, seria erguida em uma região coberta por Mata Atlântica entre vales e montanhas da Serra do Mar, cujas terras são de excelência fértil. Altitude entre 70 a 700 metros, muito semelhante à região rural de Bérgamo, povoado do outro lado do oceano, de onde aqueles emigrantes italianos vieram. Em minha juventude, ia constantemente a Demétrio Ribeiro. Meus pais moravam em João Neiva, cidade próxima dali. Posteriormente, fui levado a residir em Niterói, então capital do Rio de Janeiro. Mas Demétrio sempre esteve em meus pensamentos e, em minhas visitas aos meus pais, nunca deixei de caminhar até lá. Nestas visitas sempre jogava alguns dedos de prosa com o Velho Jacomim ou com o Sr. Guzzo. Por sinal, minha prima Neide era casada com um neto de pioneiros, de sobrenome Farina. O sogro de Neide, seu Samuel, era muito amigo. Conversamos diversas vezes sobre o movimento integralista que foi muito forte dentro da comunidade italiana na região. Apesar de oriunda dos colonos italianos, a escolha do nome da
Demétrio Ribeiro 54
agosto 2011 | comunitàitaliana
cidade foi meramente política, feita em homenagem ao ministro do Governo Provisório, Demétrio Ribeiro. Inclusive aquele político foi lembrado na zona sul do Rio de Janeiro, onde existe uma rua com o seu nome. Em João Neiva, terra dos meus pais, também se respirava o ar da Itália, nossos vizinhos eram os Da Ross, provenientes do Vêneto. O ginásio em que estudei foi fundado pelo padre Ângelo Del Oro, outro emigrante. Meus professores, por sinal, eram quase todos italianos. Através deles, tivemos uma educação muito próxima ao ensino ministrado na Itália, onde se aprendia latim, grego, inglês, francês, além de canto orfeônico e educação moral e cívica. Para os colonos, o começo não foi fácil. Para escoar a produção, os imigrantes abriram trilhas para animais de tração e, posteriormente, uma estrada, tudo na base de enxadão e cavadeira, pás. O desenvolvimento, porém foi rápido. Na mentalidade dos colonos, não se deveria esperar muito do governo, o povo era de natureza empreendedora. A principal atividade era a agricultura nas lavras de café. Registros da época mostram que, em 1920, já se produzia 20 mil sacas de café, produto muito bem aceito para exportação. O comércio local também floresceu e se tornou o melhor da região. No mesmo ano surgiu a primeira farmácia, de propriedade de Antônio Faustini, além da primeira fábrica de cerveja, a Super Ártica. A cidade crescia, e logo começou a construção da igreja católica, feita por etapas. O campanário demorou um pouco mais e só ficou pronto graças a Emílio Lombardi, em 1949. Até hoje os sinos da igreja estão em excelente estado de conservação. São inclusive dos maiores do estado, e de uma sonoridade extraordinária, ecoando em todo o vale, alertando toda a população para o dever sagrado. Um ilustre morador de Demétrio foi Francisco Righetti, nascido em Barga, região Toscana. Chegou ao Rio de Janeiro em 1910. O mais curioso é que ele veio como turista. Era pintor e escultor. Ávido por conhecer o Brasil, um dos primeiros trabalhos foi a restauração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Também confeccionou algumas esculturas na fachada da Escola Militar do Rio. Quando em Demétrio, Righetti deixou a sua marca registrada na nave da igreja, a Santa Ceia, intacta
até os dias atuais. Finalizando, não devemos esquecer a professora Therezita Farina, uma das pioneiras deste núcleo, que, por solicitação do governador Jerônimo Monteiro, elaborou a primeira gramática bilíngue (ítalo-portuguesa) para que os pioneiros pudessem aprender o idioma falado em sua nova casa. Arilton Mattos – Rio de Janeiro/RJ Vêneto
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saporid’italia StefaniaPelusi
Da Sicília à Capital Federal A Trattoria Mediterraneo ensina como saborear as iguarias sicilianas — com ou sem queijo
B
rasília - Bem-vindo à culinaria mediterrânea, patrimônio da humanidade. Experimente o prazer e a saúde de umas das culinárias mais admiradas do mundo! Assim começa o cardápio do restaurante de Gianluca Scribano, na capital do Brasil, cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Há um ano e quatro meses, o chef e proprietário da Trattoria Mediterraneo tenta educar os paladares dos brasilienses para que saboreiem o gosto mediterrâneo, em especial os delicados sabores da sua cidade natal, Ragusa, na Sicília. — A alimentação é uma coisa muito séria ao longo de nossas vidas. Um bom prato não depende de quanto custa, mas dos ingredientes, que devem ser de qualidade e naturais — explica. O restaurante recebeu cuidados nos mínimos detalhes, e o serviço é personalizado; por disso, Gianluca optou por um restaurante menor, com 40 lugares. O chef ragusano recebe os clientes com um sorriso aberto e um forte sotaque siciliano. Ele explica o cardápio de quatro páginas que divide os pratos em entradas e bruschette, e em massas e pratos principais de carne ou peixe, preparados com ingredientes vindos de sua terra natal, como as alcaparras da ilha de Pantelleria e o orégano siciliano e orgânico. Uma legenda na primeira página explica, através de smiles, como combinar os queijos para não alterar os sabores do prato. Um smile sorridente aconselha pouco parmesão, enquanto uma carinha triste o desaconselha. Não acostumados aos sabores da cozinha mediterrânea, os clientes acrescentavam queijo ralado a todos os itens, até na massa com camarão e rúcula, um prato muito delicado. — Aqui servimos o grana padano, que é muito bom, mas isto não significa que o cliente tenha que colocá-lo em todos os pratos. A comparação que costumo usar é com a feijoada brasileira... imagine colocar queijo ralado nela! Os brasileiros passariam mal!. Entre os clientes habituais da Trattoria Mediterraneo está o ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que é de origens italianas e que “vem sempre comer aqui com o filho” – conta Gianluca. Os cinco tipos de massa — pappardelle, tagliatelle, spaghetti, rigatoni e gnocchi — são feitos à mão, assim como o pão, o limoncello e a típica sobremesa Tiramisú. O chef explica que os 48 tipos de molhos disponíveis podem ser combinados ou com as massas, ou com os peixes, ou com as carnes. As tagliatelle, por exemplo, combinam muito bem com o mizzaridari (em dialeto siciliano indica os moradores de Marina di Ragusa), O restaurante do siciliano Scribano serve um molho com camarão, combinações tipicamente mediterrâneas, como o espadarte com hortelã mexilhão e feijão branco.
Espadarte
Rendimento: 1 porção Tempo de preparo: 13 minutos Descrição: Espadarte com pesto
Ingredientes: Para o pesto: manjericão, pinhões de pinho mediterrâneo (à venda em lojas de produtos árabes), parmesão, alho, azeite extra-virgem. Para o peixe: 280 gr. de espadarte fresco. Vinho indicado: Etna Rosso, vinho tinto siciliano. Modo de preparo: Lavar e limpar a posta de espadarte e prepar o pesto. Numa frigideira bem grande e antiaderente, colocar para dourar meia colher de azeite e o alho, e deixar até o alho dourar. Tirar o alho para evitar que o espadarte fique com sabor muito forte. Juntar a posta, cobrir com uma tampa e deixar cozinhar por cerca de dez minutos. Desligar a chama e, com a frigideira ainda no fogo, acrescentar o pesto e pôr o sal a gosto. Servir o prato acompanhado por uma salada verde com tomatinhos cereja e por uma taça de vinho tinto siciliano. Além do proprietário, no restaurante trabalham cinco pessoas, entre os quais um chef brasileiro com longa experiência em restaurantes sicilianos e que fala o dialeto de Ragusa. Gianluca, casado com a brasileira Mara, que está à espera da filha Sofia – enfatiza que o futuro papai afirma ter se adaptado sem problemas à vida de Brasília, mas que – mesmo assim – sente saudade do seu Mar Mediterrâneo e dos pais. Trattoria Mediterraneo: scln 408 bloco a loja 28/32, asa norte, Brasília. Tel: (61) 3347-5752. Horário de funcionamento: de segunda a sexta das 12h às 15h e das 18h às 23:30h. Aos sÁbados, a casa funciona das 12h às 16h e das 18h até o ultimo cliente. domingo das 12h às 17h.
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la gente, il posto ClaudiaMonteiroDeCastro
Terme sensoriali
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ara dar uma rejuvenescida na cidade de Chianciano Terme — que era uma cidade termal para idosos — há alguns anos inauguraram as Terme Sensoriali. Localizadas dentro do Parque Acqua Santa, as Terme Sensoriali tem vinte atrações. Piscinas com hidromassagem, melmarium, ou seja, sala com três tipos de lama para passar no corpo, uma pirâmide energética para recarregar as energias e vários tipos de sauna. Algumas das curiosidades são as salas com aromas e a sala do silêncio interior, onde as pessoas se sentam no escuro, numa espécie de orelhão com acolchoado, para um “retorno ao ventre materno”. Eles aconselham a escolha de um dos quatro percursos: depurativo; relaxante; energizante e reequilibrante. Vale a pena conferir e relaxar.
Um pulinho na Toscana
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oi meu recorde: um ano sem viajar para lugar nenhum, nem um passeio pelos arredores de Roma. No máximo, alguns passeios à Villa Borghese, a 3 km de casa. Afinal, com dois bebês e sem carro, resolvemos esperar um pouco para fazer a primeira viagem com eles, o “batizado” ao mundo dos viajantes. Mas finalmente chegou a hora, nos armamos de coragem e pé na estrada, ou melhor, nos trilhos. Resolvemos pegar leve. Escolhemos um lugar pertinho, para começar: a cidadezinha de San Quirico d’Orcia, no sul da Toscana. A Toscana é uma receita infalível para qualquer gosto. Famosa pelas suas colinas, sua comida excelente e sua cultura, não dá para viajar sem voltar com um gostinho de “quero mais”. Nossa aventura começou pegando o táxi, que já foi reclamando que o carrinho de gêmeos não cabia no carro e que era melhor pegar outro. Tivemos que acalmá-lo e mostrar que dava tudo certo, bastava um pouco de boa vontade. E chega na estação, abre o carrinho, coloca os bambini no carrinho, pega o trem, desce do trem, pega outro táxi e, enfim, chegamos a San Quirico d’Orcia. Que cidadezinha graciosa! A Toscana merece várias visitas, pois tem muitos vilarejos lindos: Pienza, Montepulciano, San Gimignano, Montalcino, Volterra, Monteriggioni. Mas, além da beleza das cidades e da doce paisagem, a Toscana fisga mesmo é pelo estômago. Não é para quem tem apetite modesto. Os carnívoros entram em êxtase. A carne chianina, raça prestigiosa de bovino, é considerada uma das melhores da Itália. E para quem gosta de carne de caça, a Toscana cai como uma luva: javali, faisão, veado em todos os tipos de preparação. E os vinhos, que giram em torno de 14 graus, são verdadeiras refeições, como o Brunello di Montalcino e o Nobile di Montepulciano. Quando eu era adolescente, tinha um estômago de ferro, podia comer e beber de tudo e nunca passava mal. Podia até fazer oito refeições num navio por uma semana e sair ilesa, com uns quilos a mais, é claro. Agora as coisas não são mais assim. Adoro javali, trufas e fois gras, mas, cada vez que como, me sinto um pouco “pesada”. Entretanto, não consigo renunciar, mesmo sabendo das consequências. Desta vez não foi diferente: nos empanturramos de frios e queijos deliciosos toscanos, de pici (a pasta da região) com pato, de tagliolini con tartufo bianchetto (que se colhe em março, o primo “pobre” da trufa branca) de carne de javali, de vinhos encorpados. Comer leve na Toscana é impossível. Viagem curta, mas que deixou tantas lembranças. Durou 60 horas, quatro ótimas refeições, 10 km de passeios a pé e muitas chupetas perdidas e espalhadas pela paisagem da região.
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