Particular Ilusão
A Peculiar Illusion
As descobertas que a arte proporciona formam um campo de experiências no qual o desenvolvimento humano se renova, com a aproximação do universo que o artista idealiza ou recria acerca daquilo que lhe é particular. O artista Luiz Sacilotto (1921-2003), filho de imigrantes italianos, nascido em Santo André, iniciou sua trajetória profissional como desenhista industrial nas empresas da região e, por meio do contato com as linguagens gráficas e visuais de seu ofício, passou a desenvolver um trabalho artístico com interesse pelas formas geométricas. A curiosidade e a inquietação por desvendar elementos expressivos com a combinação desses formatos levaram Sacilotto a desenvolver uma poética que dialogava com a produção de alguns artistas contemporâneos a ele. Assim, participou do Grupo Ruptura, trilhando um caminho que o conduziu a ser um dos expoentes da estética concretista, e também foi um dos precursores da Op Art, um tipo de pintura que explora os fenômenos da ilusão óptica criando e simulando a ideia de movimento. Para o Sesc, abrigar a exposição Audácia Concreta, é manter-se em consonância com seu desígnio em fomentar ações para valorizar a difusão cultural e ampliar o contato com o campo das artes
Art provides us with discoveries that form a field of experiences, in which human development is renovated with the proximity of a universe, idealized or recreated by the artist, on those things that are peculiar to him. Artist Luiz Sacilotto (1921-2003) was born in Santo André to Italian immigrants. He started his professional career as an industrial designer in the neighboring industries and, through his contact with the graphic and visual languages of his craft, he developed an artistic work with a particular interest in geometric shapes. Curiosity and restlessness in unveiling expressive elements with the combination of these formats have led Sacilotto to develop a poetics that dialogues with the production of some artists of his time. He was part of Grupo Ruptura, becoming one of the exponents of concretist esthetics and also one of the pioneers of Op Art, a kind of painting that explores optical illusion, creating and simulating the idea of movement. For SESC, hosting the exhibition Audácia Concreta means keeping in accordance to our purpose of encouraging actions to enhance cultural diffusion and to expand the contact with visual arts, offering the public the possibility of establishing intuitive and sensitive dialogues, intrinsic to the relationships
visuais, oferecendo ao público a possibilidade de estabelecer diálogos intuitivos e sensíveis, próprios das relações em que o fazer humano é protagonista. Este momento torna-se oportuno também para prestar uma homenagem ao artista e para redescobrir, caminhando pelas ruas de sua cidade natal, alguns trabalhos desenvolvidos com o conceito de arte pública, bem como, estabelecer possíveis relações com a obra realizada especialmente para a Unidade Santo André, que permanece exposta desde sua inauguração. Esperamos que, na experiência do encontro com a arte de Luiz Sacilotto, seja possível ampliar nossas percepções, tanto pela fruição da criação do artista, que propõe a audácia de reaprender a ver, como pela particularidade de nossas ilusões. Sesc São Paulo
starring the human doing. This moment is also appropriate to pay tribute to the artist and to rediscover, walking through the streets of his home town, some works developed within the concept of public art, as well as to establish possible connects with the work tailor made to SESC Santo André, which is on exhibition since its opening. We hope that this encounter with the art of Luiz Sacilotto enables us to expand our perceptions, both for the enjoyment of his creations – which propose the audacity of relearning how to see --, and for the peculiarity of our illusions. Sesc São Paulo
O limite entre a arte e o mundo Naquele dia, já no final dos anos 1990, Luiz Sacilotto (1924-2003) chegou em casa com uma animação especial. Passou pela porta segurando uma caixa de papelão. Dentro dela, uma grande quantidade de círculos feitos em vinil adesivo. Andando pelas ruas de Santo André (SP), Sacilotto parou em uma gráfica. Lá viu um material que lhe chamou atenção. Com a ajuda de uma máquina, a folha de vinil poderia assumir qualquer recorte. “Você conseguiria fazer cortes no formato de um círculo”, perguntou curioso ao atendente. “Sim, cortamos no tamanho e formato que o senhor quiser”, respondeu. Curioso, continuou: “Seria possível tirar um grau de cada um, aumentando essa medida gradualmente?”. “Sim”, disse o atendente, sem precisar pensar muito para responder. Foi assim que logo depois o artista chegou em casa com os círculos cortados, com fatias faltando. “Posso jogar as sobras fora?”, teria perguntado o atendente. “Não! Não são sobras”, respondeu, levando consigo também as fatias que foram retiradas de todos os círculos. Foi a curiosidade que sempre estimulou a produção de Luiz Sacilotto, transformando seu trabalho no lugar do inesperado. Foi também a curiosidade que fez com que ele, naquele momento já com cinco décadas de produção, se interessasse por um material e um procedimento tão simples quanto o vinil adesivo recortado e que, antes disso, fez com que o artista passasse do plano bidimensional para o espaço do mundo. Audácia Concreta – Obras de Luiz Sacilotto é uma homenagem aos 10 anos da morte do artista. A mostra reúne parte desse pensamento, apresentando pela primeira vez em Santo André, em comemoração dos 460 anos da cidade, 18 colagens realizadas pelo artista entre o final dos anos 1990 e o início dos 2000, além de gravuras realizadas entre 1991 e 2000, e cinco maquetes do artista – todos os trabalhos são parte do acervo do artista, gerido por seu filho, Valter Sacilotto. Filho de italianos, Luiz Sacilotto nasceu em Santo André (SP) em 1924. Cresceu no polo industrial em um período de grande desenvolvimento econômico, em meio a apitos de fábricas e macacões sujos de fuligem. Formou-se em 1943 na Escola Profissional Masculina de São Paulo – uma espécie de Liceu de Artes e Ofícios, especializada no ensino das artes e ofícios, que visam à formação e à qualificação das camadas populares para o mercado de trabalho, na indústria e no comércio. No ano seguinte, ingressou na Hollerith do Brasil como desenhista técnico e projetista. E, enquanto desenvolvia sua
carreira artística, também projetou esquadrias de alumínio para produção industrial, em série. O paralelo entre arte e indústria, que uniu seu conhecimento técnico e sua curiosidade, possibilitou que Sacilotto utilizassem em toda a sua produção materiais não-convencionais como matéria-prima e suporte para os trabalhos: esmalte, madeira compensada, chapas de cimento-amianto (fibrocimento), alumínio, latão e ferro. Esses materiais e suportes iam ao encontro do pensamento construtivo que no final dos anos 1940 começou a guiar sua produção, mas já em seus trabalhos iniciais, figurativos, também se revelavam em fundos geometrizados. Em 1952, ele, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Kazmer Fejer, Lothar Charoux, Leopoldo Haar e Anatol Wladyslaw lançaram a mostra e o manifesto do grupo Ruptura, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e o evento que marcou o início do concretismo no Brasil – uma produção que é sintoma de um otimismo de uma época. Entre as décadas de 1950 e 1960, os anos JK levaram o Brasil a viver uma explosão desenvolvimentista provocada pelo “Presidente Bossa Nova”, que teve como símbolo maior a nova capital, Brasília. Naquele momento, a arte sonhou não ter limites. Artistas brasileiros que participaram das vanguardas construtivas nesse momento, tinham a ambição de levar a arte para um espaço muito mais amplo do que o das galerias e dos museus. Artistas como Abraham Palatnik, Alexandre Wollner, Almir Mavignier, Aluisio Carvão, Amilcar de Castro, Antonio Maluf, Geraldo de Barros, Lygia Clark, Lygia Pape, Mary Vieira e Willys de Castro fizeram nas décadas de 1950 e 1960 cartazes, jornais, embalagens, logomarcas, projetos de arquitetura e espaço público. Sacilotto naquele momento, e em toda a sua produção, partilhava desse interesse pelo universo da indústria e sua relação com o público, mas diferente da maioria dos artistas, que vinham de uma produção artística anterior e levaram naquele momento sua pesquisa poética para o design, o urbanismo e a arquitetura. Sacilotto tinha origem operária. Sua inquietação e curiosidade levaram os materiais e os princípios industriais para sua produção artística, discutindo a subjetividade da percepção e estratégias de ilusão do olhar. “Gosto de quando a pessoa vem olhar o quadro, vê uma coisa e, de repente, vê outra. É uma provocação”, disse em uma de suas entrevistas.1 Talvez Concreção 5629 (1956) seja o melhor exemplo da produção desse período. Formada por 38 triângulos pretos equiláteros, distribuídos em oito fileiras horizontais paralelas, sobre fundo branco, Concreção 5629 traz em sua construção princípios da arte concreta, como o uso de formas geométricas, em sequência, alternando a ideias de cheio e vazio. Diferente de outras pinturas de Sacilotto feitas sobre tela ou madeira, neste trabalho o artista usa como suporte placas de alumínio
que seriam descartadas como sucata pela metalúrgica onde trabalhava. A superfície rígida do alumínio permitiu o corte e a dobra e fez deste trabalho de 1956 um relevo: os triângulos negros distam 0,4 centímetros da superfície branca de 60 x 80cm. A medida, que parece pequena, é suficiente para mudar a relação entre os elementos do quadro, dando a sensação de movimento que Sacilotto gostava de explorar, mas ao mesmo tempo, foi o ponto de mudança da relação entre sua obra e o mundo. Os 0,4 cm de distância entre os triângulos negros e a superfície branca de Concreção 5629 tornam possível que Sacilotto incorpore variáveis do ambiente antes não consideradas pelos trabalhos, como a luz e, por consequência, a sombra. É como se a partir daquele momento a obra reivindicasse efetivamente ser uma presença no mundo e não uma representação dele2. Assim, não por acaso, logo no ano seguinte a Concreção 5629, em 1957, Sacilotto realiza as primeiras esculturas, em alumínio, ferro e latão, que mais tarde vão se transformar em obras públicas. Santo André abriga oito obras públicas de Luiz Sacilotto. A de maior impacto é Concreção 0011, escultura de oito metros, em aço carbono pintado, localizada na Praça IV Centenário. Na Rua Coronel Oliveira Lima, uma das mais movimentadas do centro da cidade, é possível ver duas obras permanentes: a Concreção 0005 (de 4 metros de altura) e o desenho do calçadão. As esculturas Concreção 9980 (no Hospital Brasil) e Concreção 9877 (na Praça de Atendimento da Prefeitura), além dos painéis na Universidade Federal do ABC, na Sabina Escola Parque do Conhecimento e na caixa do elevador do SESC Santo André. “As esculturas instaladas na rua são vistas diariamente por centenas de pessoas. Estar ao alcance do público dessa maneira é uma verdadeira conquista para arte, além do quê representa um presente da prefeitura para a cidade e não apenas uma homenagem para um único cidadão”, disse Sacilotto em uma entrevista3. Todas essas obras ainda estão estruturadas sobre os princípios concretistas que orientam toda a produção de Sacilotto mas, ao mesmo tempo, abrem espaço para a presença do mundo. Estar no mundo significa incorporar o tempo e o movimento reais. Agora, suas formas não estavam mais na parede, estáticas, insinuando movimentos a partir de experiências e pesquisas em torno da óptica, da física e da matemática. Elas estavam no meio de uma praça, disputando, ou pelo menos dividindo, a atenção das pessoas com todas as outras presenças no mundo; sendo vistas ao mesmo tempo por uma pessoa dentro de um carro, a 80km por hora, e por um pedestre que vai se aproximando e se distanciando da obra na medida em que segue seu caminho.
1 Folha de SP, Ilustrada, 24 de maio de 1995.
2 Aqui cabe destacar essa como uma tendência nas pesquisas dos anos 1950 no Brasil e no exterior. A partir da busca moderna da arte pela construção de uma linguagem autônoma, a pintura deixou de ser tratada como uma janela para o mundo e passou a ser vista como uma construção com uso de tinta sobre uma superfície plana. A pintura passou a reivindicar o estatuto de um objeto com uma presença física no mundo. No Brasil, essa discussão ganha contornos mais definidos em 1959, quando Ferreira Gullar publica Teoria do não-objeto, que encontra eco no texto Specific Objects publicado em 1964 pelo artista norte-americano Donald Judd. 3 “Livro e mostra homenageiam Luiz Sacilotto”. In O Estado de São Paulo. São Paulo, 11 de abril de 2011.
Suas esculturas, estruturadas na dinâmica entre cheios e vazios, incorporavam o som ao redor e a luz que muda ao longo do dia, além de apresentar novas formas ou configurações a partir da mudança no ponto de vista do transeunte. Elas são como mais uma camada do mundo, entre essas todas, uma vez que olhando para elas era possível também enxergar o que está do outro lado, quase que como parte da obra. As gravuras presentes nesta mostra lidam exatamente com essa questão. As relações entre as cores, entre claros e escuros, entre luzes e sombras insinuam volume, profundidade e uma relação direta com o mundo real. Como no mundo real, essas formas sofrem variações de percepção a partir da maior ou menos incidência da luz. Assim, através do vazado de suas estruturas, as esculturas e relevos fizeram Sacilotto descobrir, e apresentar ao público, outras maneiras de ver o mundo e se relacionar com o espaço. “Acho que essa foi minha contribuição. Os vazios têm a mesma atuação dos cheios”, disse Luiz Sacilotto em entrevista a Nelson Aguilar.4 Da mesma maneira, as colagens reunidas nesta exposição obedecem a essa lógica da provocação e da relação entre cheios e vazios. Depois do derrame sofrido em 1994, a saúde de Sacilotto ficou comprometida. Com o tempo, a agilidade e precisão das mãos não eram mais as mesmas. O vinil adesivo e o processo de colagem se apresentaram para o artista como material e técnica capazes de minimizar sua então dificuldade de controle e precisão. “Essa é uma técnica que não foi criada por mim. Já existe a muito tempo”, disse o artista, em uma das suas últimas entrevistas.5 Durante o processo de trabalho, a superfície – uma placa de duraplac – era impregnada de tinta branca e era sobre ela que o desenho era preparado, marcando com régua e lápis os pontos na superfície. Depois era só retirar a película protetora do vinil e colar as formas pretas recortadas a partir do desenho pensando. “É muito simples, qualquer um pode fazer”, brincou no final da demonstração. Foi assim que Sacilotto conseguiu continuar suas investigações sobre a forma e a dinâmica dos círculos, iniciadas décadas antes, usando a pintura e a gravura. O princípio de construção se manteve o mesmo: em cada quadro está um conjunto de círculos de mesmo tamanho. De todos eles foram subtraídos arcos de mesma angulação. Essas formas incompletas eram agrupadas em forma de uma grade, em uma superfície de 60cm x 60cm. O que parece uma organização aleatória, com o tempo de observação vai revelando uma lógica meticulosa. Cada linha ou coluna revelam círculos que vão girando em torno do seu próprio eixo, em sentido horário ou anti-horário, tendo ponto de partidas diferentes. Apesar de nunca ter desenvolvido engenhocas que produzissem movimento – embora alguns de seus quadros não tivessem lado de cima ou lado de baixo, podendo ser pendurados na parede em 4 “Sacilotto, o saber operário do concretismo” por Nelson Aguilar in Folha de São Paulo, 20 de abril de 1988. 5 Luiz Sacilotto: Espaço Concreto. Direção Amilcar Monteiro Claro. São Paulo: Rede SescSenac de Televisão, 2002. (22 min)
qualquer posição – suas formas se movem diante dos olhos do espectador. É o rigor matemático da composição que cria ilusões de óptica. A ilusão de movimento é criada por formas iguais colocadas uma do lado da outra, com pequenos deslocamentos entre si. É como o cinema, visto frame a frame.6 Essa dinâmica dá a impressão de que a tela está em movimento, criando volume em superfícies planas. A mesma dinâmica que acontece dentro de uma das colagens se repete quando vemos as colagens em conjunto. Cada uma das 10 telas com colagens de círculos apresentam círculos com recortes progressivamente maiores, até atingir 50% da forma total. Vistas em sequencia, esses trabalhos revelam uma forma que vai gradualmente se abrindo, perdendo pouco a pouco a identidade de círculo. O contrário acontece com as sobras de cada círculo, também usadas nas colagens. Nesse jogo, Sacilotto parece investigar os limites da forma. Quando um círculo deixa de ser um círculo? Quanto é preciso tirar de um círculo para que nosso olho deixe de reconhecer aquela forma como tal? É como se a cada colagem ele perguntasse: “Isso que você vê ainda é um círculo? E agora? E agora?”. Essa na verdade parece ser a provocação presente em toda a produção de Sacilotto, desde a década de 1950. Conceitos de ritmo e progressão, módulos, malhas, redes, grades, matemática, geometria, seriação e binômios como claro e escuro, cheio e vazio, positivo e negativo, alcançaram efeitos óticos/cinéticos e colocaram em dúvida o que se via diante dos olhos. Como afirmou Décio Pignatari, “o tempo o transformou nele mesmo”.7 É com o tempo, vendo um conjunto de trabalhos de um mesmo período ou de momentos diferentes, que vemos a lógica da obra de Sacilotto ganhar forma, força. “Sacilotto é um operário avançado da parcimônia pictórica e escultórica. Quando muitos apreciadores de arte já perderam a virtude de ver, consagrando-se à especialidade de apenas reconhecer o que julgam ter visto alguma vez, ou muitas vezes, ele propõe a audácia de reaprender a ver, negando-se a transformar o olho em carimbo. Organizando o espaço com formas elementares, ele ensina o olho cultural a ser “simples como um largo de igreja”, no dizer daquele Oswald de Andrade para o qual a poesia e o tempo se recuperam apenas quando a gente consegue ver a vida com os olhos do primeiro ano escolar”, resumiu Pignatari.8 Fernanda Lopes9 6 Nesse sentido, é curioso perceber como os esboços apresentados pela primeira vez nesta exposição se aproximam muito de storyboards. 7 “Sacilotto: expressões & concreções”, de Décio Pignatari. Apresentação da Retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo – 1980. 8 Idem 9 Fernanda Lopes Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Curadora e crítica de arte. É Professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e Doutoranda no Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ. Formou-se Mestre em História e Crítica de Arte pela mesma instituição (2006). Sua pesquisa “Éramos o time do Rei” ganhou o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, da FUNARTE, em 2006, e em 2009 foi publicada pela Alameda Editorial (SP). Foi ganhadora da Bolsa de Estímulo à Produção Crítica (Minc/Funarte) em 2012 (em andamento). Atuou como Curadora Associada de Artes Visuais do Centro Cultural São Paulo – CCSP entre 2010 e 2012. Na 29.ª Bienal de São Paulo (2010) foi curadora da sala sobre o Grupo Rex.
The boundaries between art and the world That day, at the end of the 1990s, Luiz Sacilotto (1924-2003) came home specially cheerful. He came through the door holding a cardboard box. Inside the box, there was a large number of circles made of adhesive vinyl. Walking through the streets of Santo André (SP), Sacilotto stopped at a printing company. There he saw a material that caught his attention. With the help of a machine, the vinyl sheet could assume any shape. “Could you make cuts in the shape of a circle?”, he asked the clerk, with curiosity. “Yes, we cut any size and shape that you want,” the clerk said. Curious, he continued: “Would it be possible to take a degree from each circle, gradually increasing this measure?”. “Yes,” said the attendant, without hesitation. Soon after this, Sacilotto arrived home with circles cut with missing slices. “Can I throw away the leftovers?”, asked the attendant. “No! They are not leftovers”, replied the artist, taking along with him also the slices that had been removed from the circles. Curiosity was a permanent driver of the work of Luiz Sacilotto, turning his work in the place of the unexpected. Already counting five decades into his artistic career at that point, curiosity also drove his interest in such a simple material and procedure as the adhesive vinyl – and, before that, it had driven him to pass from the two-dimensional plane to the world space. Audácia Concreta – Obras de Luiz Sacilotto is a tribute to the tenth anniversary of the artist’s death. The exhibition brings part of his thought, showing for the first time in Santo André, in commemoration of the 460 years of the city, 18 collages made by the artist between the late 1990s and early 2000s, engravings made between 1991 and 2000, and five models made by the artist - all works are part of the artist’s collection, managed by his son, Valter Sacilotto. Luiz Sacilotto was born to Italian immigrants in Santo André (SP) in 1924. He grew up in the industrial district in a period of great economic development amid factory steam whistles and soiled overalls. He graduated in 1943 from the Escola Profissional Masculina de São Paulo – a kind of arts and crafts school, aimed at the qualification of the lower-income classes to the labor market, in industry and commerce. Sacilotto joined Hollerith do Brasil the following year, as technical designer and illustrator. He developed his artistic career at the same time he designed aluminum frames for serial industrial production. The parallel between art and industry, which blended his technical knowledge and his curiosity, allowed Sacilotto to use throughout his works unconventional materials as raw materials and support: enamel, plywood, sheets of asbestos cement (fibrocimento), aluminum, brass and iron. These materials went
along with the constructivist thinking which began to guide his production in the late 1940s; but they were already present in his early figurative works, which built on a geometric background. In 1952, he joined Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Kazmer Fejer, Lothar Charoux, Leopoldo Haar and Anatol Wladyslaw in launching the Grupo Ruptura manifesto, at the Museu da Arte Moderna de São Paulo – the event marked the beginning of the concretism movement in Brazil, with a production that is symptom of an age of optimism. The 1950s and 1960s were marked by a development surge, led by President Juscelino Kubitscheck (known as “Presidente Bossa Nova”), whose main symbol was the new capital of the country, Brasilia. At that time, art dreamt of having no limits. Brazilian artists, who took part in the constructivist vanguards of the time, had the ambition of bringing art to a much broader space than that of galleries and museums. Artists like Abraham Palatnik, Alexandre Wollner, Almir Mavignier, Aluisio Carvão, Amilcar de Castro, Antonio Maluf, Geraldo de Barros Lygia Clark, Lygia Pape, Mary Vieira and Willys de Castro made posters, newspapers, packaging, logos, as well as architectural projects for private and public spaces. Sacilotto, at that moment and throughout his career, shared this interest in the universe of industry and its relationship with the public. However, unlike most artists -- who came from an earlier artistic production and took their poetic research to design, urbanism and architecture --, Sacilotto had a working class background. His restlessness and curiosity led materials and principles he used in industry into his artistic production, discussing the subjectivity of perception and strategies for illuding the sight. “I like when people come to look at the picture, see something and suddenly see something else. It’s provocative,” he said in one of his interviews1. Maybe Concreção 5629 (1956) is the best example of the production of that period. Formed by 38 equilateral black triangles, distributed into eight parallel horizontal rows, on white background, Concreção 5629 brings principles of concrete art in its construction, such as the use of geometric shapes, in sequence, alternating between the notions of full and empty. Unlike other Sacilotto paintings made on canvas or wood, in this work the artist uses as support aluminum plates that would be discarded as scrap metal in the industry for which he worked. The rigid aluminum allowed cutting and bending, which made this work a landmark: the black triangles are distant 0.4 cm from the 60 x 80cm white surface. The measure, which seems small, is enough to change the relationship between the elements of the frame, giving the sensation of motion Sacilotto liked to explore. At the same time, it was the turning point of the relationship between his work and the world.
The 0.4 cm distance between the black triangles and white surface make it possible for Sacilotto to incorporate in Concreção 5629 environment variables not considered by prior work, such as light and, therefore, shadow. It is as if, from that moment on, his work claimed to be a presence in the world, rather than its mere representation2. Thus, not surprisingly, the very next year Sacilotto performs the first sculptures in aluminum, iron and brass, which later will turn into public works. Santo André houses eight public works of Luiz Sacilotto. The greatest impact is Concreção 0011, an eight-meter sculpture in painted carbon steel, located at Praça IV Centenário. At Rua Coronel Oliveira Lima, one of the busiest streets downtown, you can see two permanent works: Concreção 0005 (4-meter tall) and the design of the promenade. The sculptures Concreção 9980 (Hospital Brasil) and Concreção 9877 (City Hall), in addition to the panels at the Universidade Federal do ABC, at Sabina Escola Parque do Conhecimento and at the elevator shaft of SESC Santo André, represent some other of his public works. “The sculptures installed on the street are seen daily by hundreds of people. Being accessible to the public in this way is a real achievement for art, furthermore it is a gift from the local government to the city and not just a tribute to a single citizen,” Sacilotto said in an interview3. All these works are still structured on concretist principles that guide all the production of Sacilotto, but at the same time, open space for the presence of the world. Being in the world means incorporating real time and movement. Now, their forms were no longer on the wall, static, implying movements from experiences and research on optics, physics and mathematics. They were in the middle of a square, fighting, or at least dividing people’s attention with all other presences in the world. They were seen by a person inside a car at 80km per hour, and by a pedestrian who approaches and moves away from the work as she goes her way. His sculptures, structured on the dynamics between full and empty, embodied the surrounding sounds and lights, which changed over the course of the day. They also presented new forms or configurations depending on the vantage point of passersby. They act as another layer of the world, given that by looking at them one could also see what is on the other side of the sculpture, almost as if it was part of the work. The engravings in this exhibition deal precisely with this issue. The relationships between colors, between light and dark, between lights and shadows, convey volume, depth and a direct relationship with the real world. As in the real world, the perception of these forms varies with the incidence of light. Thus, through the hollow of its structures, sculptures and textures made Sacilotto discover, and present to the public, other ways of seeing the world and of relating to space. “I think that was my contribution.
1 Folha de SP, Ilustrada, May 24th 1995.
2 It is worth noting this as a trend in research in the 1950s, in Brazil and abroad. From the pursuit of modern art for the construction of an autonomous language, painting is no longer treated as a window onto the world; rather, it came to be seen as a construction using paint on a flat surface. Painting went on to claim the status of an object with a physical presence in the world. In Brazil, this discussion gets more defined contours in 1959 when Ferreira Gullar publishes Teoria do Não-Objeto, which is echoed in the text Specific Objects published in 1964 by American artist Donald Judd. 3 “Livro e mostra homenageiam Luiz Sacilotto”. In O Estado de São Paulo. São Paulo, April 11th 2011.
The voids have the same performance of the full, said Luiz Sacilotto in an interview with Nelson Aguilar4. In the same tone, the collages featured in this exhibition follow the provocative logic of the relationship between full and empty. After he suffered a stroke in 1994, Sacilotto’s health was compromised. With time, his hands were no longer as agile and precise as they had been before. The adhesive vinyl and the collage process were then the material and technique that enables the artist to face his challenges in control and precision. “This technique was not created by me. It has been there for a long time”, said the artist in one of his last interviews.5 Through his work process, the surface was impregnated with white paint, and over this surface he prepared the drawing, marking dots with a pencil and a ruler. After this, all it took to complete the work was lifting the vinyl’s protective layer and pasting the black shapes along the lines of the draft. “It is very simple, anyone can do it”, the artist teased. That’s how Sacilotto managed to continue his research on the shape and dynamics of the circles, initiated decades before, using painting and engravings. The design principle remained the same: in each frame there is a set of circles of the same size. All these arches were subtracted of a slice of the same angle. These incomplete forms were grouped in the form of a grid, in an area of 60cm x 60cm. What seems at first a random organization reveals, with time, a meticulous logic. Each row or column will reveal those circles rotating around their own axis, clockwise or anti-clockwise, from different starting points. Although he never developed gadgets that produce movement - although some of his paintings were not the topside or underside, and hence could be hung on the wall in any position -, their shapes move before the eyes of the beholder. It is the mathematical rigor used in the composition that creates optical illusions. The illusion of movement is created by the same forms placed side by side, with small distance between them. It’s like a film, seen frame by frame6. This dynamic gives the impression that the screen is in motion, creating volume on flat surfaces. The same dynamic that happens inside a collage repeats itself when we see the collages together. Each of the ten collages portrays circles with progressively larger cutouts, until reaching 50% of the total form. Viewed in sequence, these works reveal a shape that opens up little by little, gradually losing the identity of the circle. The opposite happens with the leftovers of each circle, also used in the collages. In this game, Sacilotto seems to investigate the limits of the shape. When is a circle no longer a circle? How much does one have to take out of a circle for our eyes to stop recognizing it as a circle? It is as if each collage asked: “Is what you are seeing still a circle? And now? And now?”. 4 “Sacilotto, o saber operário do concretismo” by Nelson Aguilar in Folha de São Paulo, April 20th 1988. 5 Luiz Sacilotto: Espaço Concreto. Direção Amilcar Monteiro Claro. São Paulo: Rede SescSenac de Televisão, 2002. (22 min) 6 In this sense, it is curious to notice that the drafts featured for the first time in this exhibition are very similar to storyboards.
This indeed seems to be the challenge in all of Sacilotto’s works, since the 1950s. Concepts of rhythm and progression, modules, meshes, nets, grids, mathematics, geometry, series and binomials such as light and dark, empty and full, positive and negative, achieved optical and kinetic effects, calling into question what was seen before the eyes. As Décio Pignatari said, “time has turned him in himself”7. With time, seeing a group of works from the same period or from different times, we see the logic of the work of Sacilotto take shape and strength. “Sacilotto is an advanced worker of the parsimony in picture and sculpture. When many art lovers have lost the virtue of seeing, devoting themselves to the specialty of merely recognizing what they judge to have seen once or many times before, he proposes the audacity to relearn how to see, refusing to turn the eye in a mere stamp. Organizing the space with elemental shapes, he teaches the cultural eye to be “as simple as a church plaza,” in the words of Oswald de Andrade, for whom poetry and time are only recovered when we can see life through the eyes of a first-year school boy”, summarized Pignatari8. Fernanda Lopes9
7 “Sacilotto: expressões & concreções”, by Décio Pignatari. Introduction of the Retrospectiva at the Museu de Arte Moderna de São Paulo – 1980. 8 Id. 9 Fernanda Lopes Lives and works in Rio de Janeiro. Curator and art critic. She is teacher at Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) and doctoral candidate at the Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ms. Lopes obtained in 2006 a master in History and Critic of Art in the same institution. Her research “Éramos o time do Rei” won the award Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, from FUNARTE (2006) and was published as a book in 2009 by Alameda Editorial (SP). Ms. Lopes received a scholarship (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica - Minc/Funarte) in 2012 and acted as associate curator for visual arts at Centro Cultural São Paulo – CCSP from 2010 to 2012. She also was a curator at the 29th Bienal de São Paulo (2010).
Caderno de Obras
Colagens
Recorte 0016, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0017, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0020, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0021, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0024, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0025, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0028, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0029, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0014, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0015, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0018, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0019, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0022, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0023, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0026, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0027, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0031, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Recorte 0030, sem data Colagem de vinil sobre duraplac, 60X60cm
Serigrafias
Gravura 36, 2003 Serigrafia, 70X70cm
Gravura 28, 1991 Serigrafia, 70X50cm
Gravura 29, 1992 Serigrafia, 70X50cm
Gravura 37, 2003 Serigrafia, 70X70cm
Gravura 31, 1992 Serigrafia, 50X70cm
Gravura 33, 1992 Serigrafia, 70X50cm
Gravura 35, 2001 Serigrafia, 35X50cm
Gravura 32, 1992 Serigrafia, 50X70cm
Alumínio pintado
Maquete 2 amarela e vermelha, 1997 Alumínio pintado, 13X14X9cm
Maquete 2 amarela e vermelhal, 1997 Alumínio pintado, 13X14X9cm
Maquete 1 amarela e azul, 1997 AlumĂnio pintado, 13X14X9cm
Maquete original redonda, 1997 AlumĂnio pintado, 16,5X16,5X16,5cm
Maquete 3 azul e vermelhal, 1997 AlumĂnio pintado, 13X14X9cm
Maquete, 1997 Concreção 0005, escultura em aço carbono pintado, 4 m de altura, Rua Cel. Oliveira Lima, Santo André 16X20X18cm
Mural
Mural, 2002 2,30m X 10,10m (medidas de cada uma das 3 faces) Fot贸grafia - Fernanda Proc贸pio
Mural, 2002 2,30m X 10,10m (medidas de cada uma das 3 faces) Fot贸grafia - Fernanda Proc贸pio
Luiz Sacilotto
(Santo André/SP, 1924 – idem, 2003)
Nasceu em Santo André, em 1924, cidade onde viveu até a morte, aos 78 anos. Pintor, escultor e desenhista. Estuda pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Trabalhou como desenhista de letras de alta precisão no Sistema de Máquinas Hollerith em São Paulo, no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti e como desenhista no escritório de arquitetura de Vilanova Artigas. Filho de imigrantes italianos, dedicou-se à produção artística por mais de seis décadas.
1950 Ingressa na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, como assistente de cenografia do cenógrafo e colega Pierino Massenzi, em filmes como Ângela (1951) e Sai da Frente (1951) permanecendo na empresa por quase dois anos.
1946 Coletivas Quatro Novíssimos, no IAB, Rio de Janeiro/RJ 1947 Coletivas 1º Salão de Belas Artes de Santo André - 2º prêmio, Santo André/SP 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP As primeiras pinturas de Sacilotto, como atestam as obras das exposições Os Quatro Novíssimos e Dezenove Pintores, apresentam figuras humanas, naturezas-mortas e paisagens de caráter expressionista. Mas a tendência para a geometrização já se faz presente no plano de fundo das telas. Nancy Betts “Além do previsível” in Diário do Grande ABC, Santo André, 16 de fevereiro de 2003 Meus primeiros trabalhos eram nitidamente figurativos e realizados dentro de uma linha expressionista. A figura tinha para mim somente interesse como ponto de partida, já que o resultado gráfico era o objetivo primordial. Minha posição, todavia, não era meramente contemplativa, mas sim de agressão a certos aspectos negativos da sociedade burguesa. Após este período, o contato direto com o aspecto gráfico da arquitetura despertou meu interesse por soluções puramente geométricas. Essas experiências, que a princípio envolviam a figura, evoluíram para uma área despojada de qualquer teor literário. Foi então que fundamos em São Paulo, juntamente com [Waldemar] Cordeiro, Geraldo de Barros, [Lothar] Charoux, e outros, o Grupo Ruptura, ponto de partida para o surgimento do concretismo no Brasil, um dos mais, senão o mais importante movimento artístico no terreno das artes plásticas surgido no Brasil depois [da Semana de Arte Moderna] de 22. Luiz Sacilotto Diário do Grande ABC, Santo André, 24 de novembro de 1968
O léxico concretista tem como princípios ordenadores, além da não-figuração, a objetividade, a clareza e a simplicidade, características norteadoras que também regem as combinações e as estruturas da obra de Sacilotto. Seu procedimento é rigoroso; inicia com o cálculo, com a matemática, criando malhas, grades e redes as quais são organizadas, através de aumentos ou reduções do tamanho dos módulos. Estabelece também um programa pendular que vai do cheio ao vazio, do branco ao preto, do côncavo ao convexo e do positivo ao negativo. Essas manipulações de espaço e tempo, do plano de expressão do artista, provocam um retardamento ou uma aceleração no ritmo da obra, tornando visível estranhos efeitos de torções que convocam nossa percepção e sensibilidade. O que era para ser extremamente rígido, fixo e estável transformase em desconcertante ambivalência, em insólitos jogos que transgridem a racionalidade e abalam a certeza da exatidão e do correto, sem nunca ameaçar os paradigmas da linguagem artística. Eis o objeto de valor pelo qual nos sentimos fascinados: o encantamento é o lúdico prazer de descobrir ritmos inesperados, rotações aparentemente sem sentido, relevos que se projetam ou retraem, produzindo uma inversão na relação figurafundo. Essas configurações determinam uma situação onde a imagem é susceptível de ser vista ora de um jeito, ora de outro. As alternâncias na percepção da imagem e do ritmo, libertam a obra de um aparente repouso, fazendo sua pintura adquirir uma qualidade musical, móvel, fluida, inesperada. Nancy Betts “O lugar do inesperado” in Ícone n.1, Santo André, 2000
1951 Coletivas 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon, São Paulo/SP 1º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP
1952 Coletivas 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - Prêmio Governador do Estado, São Paulo/SP 26ª Bienal de Veneza, Veneza (Itália) Grupo Ruptura, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP, com Lothar Charoux (19121987), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998), Kazmer Féjer (1923-1989), Leopoldo Haar (1910-1954) e Anatol Wladyslaw (1913), Folha – Voltando ao Manifesto Ruptura (52), foi a afirmação sua como artista. Sacilotto – O próprio nome da exposição já estava dizendo tudo. Ruptura significava também romper com a situação geral, a pseudo-arte , a arte acobertada pelas instituições. Éramos contra situações dentro do próprio Museu de Arte Moderna, contra o conformismo, não só do ponto de vista de postura teórica, pictórica, mas também social. Repercutiu bastante. Luiz Sacilotto em entrevista a Nelson Aguilar. “Sacilotto, o saber operário do concretismo” in: São Paulo, Folha de S.Paulo, 20 de abril de 1988.
Nele, a geometria foi o desenvolvimento de sua pintura a partir de uma lógica interna. Ele descobriu o peso dos objetos, a densidade das formas, relacionou-as de maneira objetiva, colocou-as em planos e, finalmente estes planos e pesos assumiram vida própria e se tornaram o assunto e o tema de seu trabalho. De certa maneira, de uma forma inteiramente pessoal e num trajeto modesto, o artista refez o caminho de Cèzanne. Jacob Klintowitz Novos signos para uma velha obsessão in São Paulo, Jornal da Tarde, 07 de maio de 1988
Certamente cabe o mérito histórico a Luiz Sacilotto de ser um dos concretistas de primeira hora. Ele esteve no grupo concretista com uma performance impecável. Modesto, discreto, afastado de promoções, desligado de carreira, Sacilotto esteve envolvido apenas no fazer artístico. A contemplação dos trabalhos antigos seus aponta para uma tendência geométrica construtiva.
A ruptura de 1952, reafirmada e aprofundada em 1956, é, na verdade, continuidade. As observações feitas anteriormente, indicam que o Concretismo estabeleceu um continuum de influências que repercutiram no conjunto da visualidade brasileira pós-1950. Ao apresentar a mostra internacional de arte concreta de Zurique, em 1960, por ele organizada, Max Bill destaca o fato de
que, entre os novos artistas concretos, muitos vinham, precisamente, do Brasil. O concretismo teve o mérito, entre outros, de reafirmar uma das qualidades intrínsecas da arte brasileira, ontem como hoje: sua vontade de ordem, vontade que identificamos no Barroco mineiro, em nossa melhor arquitetura, na poesia, e até mesmo na criatividade popular. Frederico Morais “Ruptura e continuidade” in: catálogo da exposição Obras Selecionadas, 1995.
1953 Coletivas 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados, São Paulo/SP
1954 A partir de 1954, Sacilotto começa a dar às pinturas, relevos e esculturas o título de Concreção e as numera pelo ano e seqüência de execução.
1957 Coletivas Arte Moderna no Brasil, no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); no Museo de Arte de Lima, Lima (Peru); no Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino, Rosario (Argentina) e no Museo de Arte Contemporâneo, Santiago (Chile) 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho, São Paulo/SP Sacilotto, na sua magnífica Concreção não sei quanto (a dos triângulos pretos, em séries horizontais paralelas, em relevo, sobre fundo branco, placa de alumínio) nos dá excelente realização de sua ideia, fundada na ambivalência perceptiva em que os triângulos pretos, de formas fechadas fortíssimas, de repente deixam o fundo branco tomar a frente, numa série e triângulos visuais que agem como se fossem as sombras virtuais das séries negras. O branco ganha com isso uma virtualidade inesperada, e o jogo cativante da visualidade continua a alterar-se indefinidamente. Nesta realização as figuras escapam às limitações quantitativas da geometria métrica, isto é, os triângulos não dependem nem do tamanho, nem mesmo de sua forma rígida: suas propriedades fundamentais passam a depender, sobretudo, da posição geral das linhas e pontos onde se encontram; e daí crescerem, moverem-se eles, à medida em que o olhar passeia por suas séries. Mario Pedrosa “Paulistas e cariocas” in Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1957
Coletivas 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição, São Paulo/SP
1955 Coletivas 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações, São Paulo/SP 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP
1956 Coletivas 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP
1959 Coletivas Arte Moderna do Brasil, Amsterdã (Holanda); Barcelona (Espanha); Basiléia (Suíça); Hamburgo (Alemanha); Londres (Inglaterra); Madri (Espanha); Milão (Itália); Paris (França) e Roma (Itália) Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, Leverkusen (Alemanha); Munique (Alemanha) e Viena (Áustria) 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho, São Paulo/SP Mostra Concretista, na Galeria de Arte das Folhas, São Paulo/SP Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas, São Paulo/SP
1960 Coletivas Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, Hamburgo (Alemanha); Lisboa (Portugal); Madri (Espanha) e Paris (França) Exposição de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, Utrecht (Holanda) 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte da Folha, São Paulo/SP Konkrete Kunst, no Helmhaus, Zurique (Suíça) 1961 Coletivas 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio Governador do Estado em escultura, São Paulo/SP 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho, São Paulo/SP
Folha – Nesse momento, como a coisa passa para sua obra? Sacilotto – Nesse período estava com a serralharia. Não tinha parado de produzir. Mas o impacto foi forte. Acontecem fatos que atingem a gente direto, companheiros nossos. Me envolvi emocionalmente. Obras minhas que estavam no Centro Cultural foram jogadas, levadas. Fiz uma estrutura totalmente anti-estrutura, um complexo de sucatas, de cantoneiras. Fiz um carrinho de bebê virado. Achei numa sucata um estofamento de caminhão com molas espirais todo arrebentado. Esta peça foi exposta numa das Bienais. Dali para a frente, não havia mais possibilidade de expor. Estava excessivamente vigiado. Folha – Aí acontece um silêncio? Sacilotto – Seis, sete anos paro de produzir só cuidando de minha vida profissional, familiar. No começo da década de 70 comecei a rever o que tinha feito. Senti uma necessidade enorme que todos os elementos pudessem criar mais movimento, não seriam estáticos, tão gestálticos. Comecei uma série de estudos, uma série de guaches que desencadeia muitos trabalhos. As rotações. Luiz Sacilotto em entrevista a Nelson Aguilar. “Sacilotto, o saber operário do concretismo” in: São Paulo, Folha de S.Paulo, 20 de abril de 1988.
1962 Mostra Inaugural, Galeria do Clube dos Artistas, São Paulo/SP 1963 Coletivas Galeria Novas Tendências: coletiva inaugural, na Associação de Artes Visuais Novas Tendências, São Paulo/SP Folha – Lendo hoje os depoimentos, fica-se com a impressão de antagonismos fortes como o de [Waldemar] Cordeiro e [Hermelindo] Fiaminghi. [durante os anos 1950, com o Grupo Ruptura] Sacilotto – Não estava em ideologia. Foi ressentimento de ordem pessoal. Depois dei a sugestão: por que não tentar reagrupar mesmo elementos que não fizeram parte do grupo Ruptura, mas que tinha uma certa relação? Fracaroli estava meio mondrianesco. Sempre tive excelente amizade com Willys e Barsotti. Com mais alguns elementos, foi feito uma coisa de caráter cooperativo. Alugamos um salão que seria permanente para nossa galeria chamada Novas Tendências. A primeira exposição foi em 63, depois existiram mais duas. Mas chegou um ponto onde houve saturação, não de ordem artística, mas de ordem econômica. Fechou exatamente em 64 quando a coisa entrou politicamente numa transformação.
1965 Coletivas 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo/SP Propostas 65, na MAB/Faap, São Paulo/SP
1966 Coletivas 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP
1968 Coletivas 1º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal - sala especial, Santo André/SP 17º Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo/SP 19 Pintores, na Tema Galeria de Arte, São Paulo/SP
1969 Coletivas 2º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal, Santo André/SP
1975 Coletivas 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal, São Paulo/SP
1976 Coletivas O Desenho dos Anos 40, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP
1977 Coletivas Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ Os Grupos: a década de 40, no Museu Lasar Segall, São Paulo/SP Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP
1978 Coletivas 3ª Arte Agora: América Latina, geometria sensível, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ Retrospectiva 19 Pintores, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP As Bienais e a Abstração: a década de 50, no Museu Lasar Segall, São Paulo/SP
1979 Coletivas Coleção Theon Spanudis, no Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo/SP Desenhos dos Anos 40: homenagem a Sérgio Milliet, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo/SP
O Desenho como Instrumento, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP A nota especial da mostra (ela justifica a sua própria organização) é Sacilotto. Diante do trabalho desse artista, as teorias e as manipulações técnicas sucumbem por completo: a idéia da criação está impressa nas três excelentes obras expostas na parede frontal lateral esquerda do MAM. A sensibilidade técnica e a visão gestáltica profunda de Sacilotto compõem essas peças cinéticas, as mais extraordinárias já vistas nessa tendência artística, embora ele próprio trabalhe nela já algumas décadas. O movimento cadenciado das formas, a velocidade das linhas e a vibração das cores montam um universo infinito de sensações visuais, criado pelo artista em função da sensibilidade ótica do espectador. O artista concretiza com as obras do Panorama: o êxtase, o significado total da criação. Essas pinturas adquirem elas próprias uma individualidade tão contundente que poderiam afastar a fatalidade de sua relação com o homem e o universo. Elas ocupam um posto especial na ordem geral das coisas: elas se apropriam de um espaço para existirem como entidades únicas. Passaram pela mão do artista e se fecundaram no universo mas têm identidade própria: são obras de arte. Radha Abramo “Luiz Sacilotto, um astro do Panorama” in: São Paulo, Folha de São Paulo, 29 de setembro de 1979
1980 Individuais Sacilotto: expressões e concreções, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Sacilotto é um operário avançado da parcimônia pictórica e escultórica. Quando muitos apreciadores de arte já perderam a virtude de ver, consagrando-se à especialidade de apenas reconhecer o que julgam ter visto alguma vez, ou muitas vezes, ele propõe a audácia de reaprender a ver, negando-se a transformar o olho em carimbo. Organizando o espaço com formas elementares, ele ensina o olho cultural a ser “simples como um largo de igreja”, no dizer daquele Oswald de Andrade para o qual a poesia e o tempo se recuperam apenas quando a gente consegue ver a vida com os olhos do primeiro ano escolar. (...)Nas esculturas, a mesma economia do sim e do não, do presente e do ausente, do vazio e do
cheio: cartilha da visualidade tátil. O preto e o branco, o positivo e o negativo, o espaço ocupado e o espaço desocupado. O respeito à linguagem do material; como se passa do plano a terceira dimensão através da linha... sem sair do plano. São escrituras-esculturas do neolítico industrial. Tótens de um pensamento arquitetônico que tenta organizar a fluidez do espaço e do tempo, mais incorporando-a do que violentando-a. Passado quase um quarto de século, o mesmo princípio é mantido nas pinturas mais recentes, só que com novos requintes de simplicidade. Uma série de círculos justapostos, mutilados de um segmento de quinze graus, como a sugerir quadrantes de relógios em giro rigorosamente uniforme, gera estranhas configurações orgânicas que surpreendem a própria matriz. Fluxos de luz/não-luz, recorte metonímico de algum imensíssimo painel gráfico, onde o expressionismo se aliasse ao impressionismo. Décio Pignatari “Sacilotto: expressões & concreções” in: catálogo da retrospectiva Sacilotto: expressões e concreções
Coletivas Mostra Brasil/Itália, no Museu de Arte de São Paulo, São Paulo/SP Artistas do ABC, Tokuyama (Japão)
1982 Individuais Luiz Sacilotto: obras dos últimos 5 anos, na Galeria Cosme Velho, São Paulo/SP Na sobriedade de suas cores e em especial nos ritmos cinéticos que impõe com grande rigor técnico em quase todos os quadros, Sacilotto atinge, talvez, o clímax de sua produção. Uma produção equilibrada ao longo de quase 30 anos de dedicação ao intrincado/fragmentado mundo da concepção de elementos simetricamente criados. Se fosse possível juntar todas as pinturas expostas num espaço único o resultado seria um gigantesco festival de ilusão ótica, em que quadrados, retângulos, linhas convexas, retas e curvas se harmonizam e se acasalam. Mas a arte de Sacilotto atinge outros pontos de alta qualificação. Porque impõe um ritmo por vezes vertiginoso nos minúsculos traçados que tomam conta das obras, além de utilizar os espaços com severa organicidade. Os seus trabalhos revelam de fato um artista voltado unicamente para a busca da emoção através das formas
nada aquecidas do geométrico. Justamente lutando contra fator tão adverso, Sacilotto consegue (e como ele poucos construtivistas do tipo Mavigner, Geraldo de Barros, Fiaminghi, Barsotti, Willys de Castro, Weissmann, Amilcar de Castro, Maurício Nogueira Lima e Judith Lauand) resultados surpreendentes. Ivo Zanini “Sacilotto ativa o geométrico” in: Folha de São Paulo, 1982
Coletivas Geometrismo Expressivo, no Museu de Arte de São Paulo, São Paulo/SP Do Modernismo à Bienal, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP
1983 Coletivas 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Deste artista nascido em Santo André (SP), as primeiras incursões abstratas, no desenho a nanquim e na monotipia, remontam a 1947, logo após a mostra dos 19. Toda a sua decidida fase expressionista anterior era então repentinamente encerrada, sendo (a interrupção) um excelente exemplo que se pode citar sobre o novo e brusco ciclo de arte inaugurado no país. Pelos anos 1948-1951, Sacilotto atravessou um período de tateamentos pictóricos com soluções formais próximas do cubismo e de Mondrian. Em 1952 ele assinaria o Manifesto Ruptura, sendo desde então membro saliente do movimento concreto e alinhando-se com Cordeiro. Para a definição do espírito construtivo de sua arte, desenvolvida em amplo espectro de materiais e técnicas, concorreu a parcela da experiência que adquiriu exercendo funções de desenhista técnico. (...) Sua obra, das mais despojadas e das mais sensíveis de todo o grupo, entreviu desde logo a qualidade serial e descobriu as possibilidades da vibração op, assim como contidos espaços - formas de preocupação gestaltiana. Em recente fase aproximou-se demasiadamente das soluções de Vasarely (1908). Walter Zanini “ Arte concreta e neoconcreta no Brasil” in História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983.
1984 Coletivas Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal, São Paulo/SP Geometria Hoje, na Galeria Paulo Figueiredo, São Paulo/SP
1985 Individuais Pinturas, na Galeria do Sol, São José dos Campos/SP Coletivas Geometria Hoje, no Museu de Arte da Pampulha Belo Horizonte/MG
1986 Individuais Luiz Sacilotto: pinturas na Galeria Choice, São Paulo/SP Coletivas Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial, Rio de Janeiro/RJ 17º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na Fundação Bienal - sala especial, São Paulo/SP Da Coleção - Os Caminhos da Arte Brasileira, no Museu de Arte São Paulo, São Paulo/SP
1987 Coletivas 1ª Abstração Geométrica: concretismo e neoconcretismo, na Fundação Nacional de Arte. Centro de Artes, Rio de Janeiro/RJ e no MAB/Faap, São Paulo/SP Abstracionismo Geométrico e Informal: aspectos da vanguarda brasileira dos anos 50, na Funarte, Rio de Janeiro/RJ Entre dois Séculos - Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ 18 Contemporâneos, na Dan Galeria, São Paulo/SP A Trama do Gosto: um outro olhar sobre o cotidiano, na Fundação Bienal São Paulo/SP O Ofício da Arte: pintura, no Sesc São Paulo/SP
1988 Individuais Sacilotto, na Galeria Milan, São Paulo/SP Luiz Sacilotto serializa as suas formas através de repetições e reincidências, discutindo com seu público a natureza da forma registrada, seja uma figura geométrica, seja uma linha, como poderia ser, sem alterar o princípio básico, uma imagem figurativa. Neste aspecto, o artista coloca a dúvida sobre a natureza do objeto retratado justamente para afirmar o primado da consciência sobre a expectativa sensual. Há nesta mostra, alguns signos sutis de que Sacilotto se vale. Um deles é a repetição da forma em outro tom, com outro valor formal, com densidade diferenciada. Desta maneira, ele cria a forma e a sombra da forma. Virtualidade do existente que, por sua vez, tem a sua existência posta em dúvida. O artista aproxima-se, portanto, de seu assunto fundamental que é justamente a discussão da ilusão do olhar e da subjetividade da percepção. A arte concreta, pela justeza de formas e limpeza da composição, aproxima-se muito da base do desenho industrial. Ou, como no caso de Sacilotto, procura colocar a imagem em dúvida, trabalha com fundo e forma, invoca as regras básicas da percepção humana para, de uma maneira sutil, levantar dúvidas sobre a veracidade do que se está vendo. Ilusão ou realidade? Jacob Klintowitz Novos signos para uma velha obsessão in São Paulo, Jornal da Tarde, 07 de maio de 1988
Coletivas MAC 25 anos: destaques da coleção inicial, no Museu de Arte Contemporânea/USP São Paulo/SP
1989 Recebe o prêmio artes visuais da Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA Coletivas 17º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal, Santo André/SP Visões da Borda do Campo, na Marusan Galeria de Arte, São Bernardo do Campo/SP
1990 Coletivas 9ª Exposição Brasil-Japão de Arte Contemporânea, Brasília/DF; Rio de Janeiro/RJ; na Fundação BrasilJapão, São Paulo/SP; Tóquio (Japão); Atami (Japão) e Sapporo (Japão) Figurativismo/Abstracionismo. O Vermelho na Pintura Brasileira, no Itaú Cultural, São Paulo/SP
1991 Coletivas 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal, São Paulo/SP Abstracionismo Geométrico e Informal: aspectos da vanguarda brasileira dos anos 50, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP Construtivismo: arte cartaz 40/50/60, no Museu de Arte Contemporânea/USP São Paulo/SP Sincronias, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, e Salerno (Itália)
1992 Coletivas O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo/SP Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus Zürich, Zurique (Suíça)
1993 Coletivas 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP, São Paulo/SP
1994 Coletivas Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal, São Paulo/SP IV Salão de Artes Plásticas de São Bernardo do Campo – Sala Especial, São Bernardo do Campo/SP
1995 Individuais Sacilotto: obras selecionadas, no Escritório de Arte Sylvio Nery da Fonseca, São Paulo/SP Luiz Sacilotto é uma das figuras centrais do Concretismo histórico no Brasil. Em muitas das concreções daquele período, foi um pioneiro e um desbravador de proposições que tiveram incontáveis desdobramentos em sua obra e na de outros artistas, dentro e fora do movimento. Mas nas décadas subsequentes, seguiu trabalhando com igual vigor criativo e rigor conceitual, buscando novas soluções para os problemas de sempre. Neste sentido, ouso afirmar que ele é o mais concreto entre os artistas concretos. (...) Concretista rigoroso, Sacilotto emprega um vocabulário geométrico deliberadamente restrito, com o claro propósito de se concentrar sempre, no essencial. Visualidade pura. E para isso se vale de uma gama muito variada de recursos – interrupções rítmicas, torsões, cortes, dobras, relevos, superposição de tramas lineares etc. Na aparente simplicidade ou contenção de sua obra, reside toda uma inteligência visual: há nela clareza, propriedade e transparência. Rigorosas e processuais, as obras aqui expostas não devem ser vistas, no entanto, como frias equações ou demonstrações de teoremas matemáticos, mas como verdadeiras obras de arte. Frederico Morais “Ruptura e continuidade” in: catálogo da exposição Obras Selecionadas.
1996 Coletivas Tendências Construtivas no Acervo do MAC/USP: construção, medida e proporção, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro/RJ Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no Museu de Arte Contemporânea/ USP, São Paulo/SP Desexp(l)os(ign)ição, na Casa das Rosas, São Paulo/SP
1997 Coletivas 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre/RS Vertente Construtiva e Design, no Espaço Cultural ULBRA, Porto Alegre/RS
1998 Individuais Estudos, na Casa do Olhar, Santo André/SP Coletivas 26º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal - sala especial, Santo André/SP Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Museu de Arte de São Paulo, São Paulo/SP “O curso da obra de Luiz Sacilotto é singular. Em projetos datados de 1955, ele estuda princípios regulares, que possibilitem a transformação do suporte, mantendo a orientação constante das linhas paralelas. O tema já havia sido tratado por Albers e uma das soluções encontradas por Sacilotto, a Concreção que ele numerou de 5521, em 1955, atinge relações depuradas entre linha e plano. São três quadrados justapostos, que definem a horizontalidade de um suporte retangular. Impõe-se a regularidade dos quadrados - um branco, um cinza e um preto - que podem ser vistos um a um. Simultaneamente, as seqüências de linhas paralelas demarcam dois retângulos, permeando os quadrados e favorecendo interpenetrações. Os princípios simples da alternância e da equivalência de linhas ativam a percepção, promovem novos valores e sugerem deslizamento planar. (...) A acurada sensibilidade de Sacilotto é condizente com a concentração de funções em figuras regulares e com a adoção de princípios tão básicos como a divisão ao meio. Sacilotto trabalha com um número reduzido de figuras, organizadas sob ‘simples’ geometria. Relações permanentes e sintéticas conferem qualidade e força à sua obra. A equivalência entre figura e fundo, um dos postulados básicos das diferenciações perceptivas, encontra nela farto repertório. Sacilotto pesquisa o tema albersiano das linhas equivalentes de diferenciação extrema: entre preto e branco. Chamam a atenção os efeitos obtidos no eixo vertical central da Concreção 5521, onde a igualdade de medida dos intervalos brancos, cinzas, pretos revelam um partido, que seria muito fecundo para o artista. O salto qualitativo ocorre no recorte do quadro: pela afirmação do suporte material, como plano concreto, e através do desenho vazando a extensão plana do suporte. Por esse recurso, a relação positivo/negativo irá se transformar qualitativamente na dualidade entre o suporte cheio interceptado pelo espaço vazio. O plano bidimensional ganha o espaço e se dobra sobre ele, no tão decantado capítulo nobre de reflexão sobre o plano e sobre os limites da representação”. Ana Maria Belluzzo “Ruptura e Arte Concreta”. In: AMARAL, Aracy (coord.). Arte construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner. São Paulo: DBA, 1998
1999 Coletivas Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ Década de 50 e seus Envolvimentos, na Jo Slaviero Galeria de Arte, São Paulo/SP 2000 Recebe prêmio Melhor Conjunto da Obra da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA Recebe o prêmio melhor artista da Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA Individuais Luiz Sacilotto: obra gravada completa, no Espapo de Artes Unicid, São Paulo/SP Esta mostra expõe, de maneira clara, o pensamento organizado e sensível de Luiz Sacilotto. É um resumo, no papel, de uma das mais vastas e preciosas obras concretistas realizadas na América Latina... E, seguramente, uma das obras mais consistentes realizadas entre nós em qualquer segmento das artes plásticas. Uma obra que tem seus fundamentos na beleza da forma pura, na cor chapada, na modulação competente entre estes elementos, nas relações dinâmicas entre fundo e forma. Com efeito, Sacilotto utilizou como poucos as leis da estrutura preconizadas por Max Bill, consubstanciadas no alinhamento, no ritmo, na progressão, na polaridade, na lógica interna do desenvolvimento e construção. Seu trabalho concilia exemplarmente rigor e liberdade, condição que tem ensejado o surgimento de obras consistentes e duradouras em todos os segmentos da arte. Enock Sacramento “A opção concreta de Luiz Sacilotto” in: catálogo da exposição Luiz Sacilotto: obra gravada completa Elisabeth: O que o senhor acha de adequar uma exposição, no caso a sua, para o público especial?
Sacilotto: Excelente, por incrível que possa parecer. Não conhecia este tipo de atuação. Só tive o primeiro contato agora, mas o alcance disso é muito grande. Elisabeth: Sua obra é baseada em ‘pura visibilidade’. Ao fazermos réplicas de seus trabalhos, eles não serão mais os mesmos, pois perderão a aura original. O senhor concorda com isso? Sacilotto: Isso não fere a obra do artista, muito pelo contrário. Fará com que outros que até então não teriam a oportunidade de conhecer meu trabalho o façam agora. Não há impedimento algum. Não há duas pessoas que enxerguem a mesma coisa da mesma maneira, mesmo entre os que têm visão normal. Elisabeth: Tenho a intenção de ampliar a exposição acrescentando as réplicas de suas esculturas, relevos táteis, dobraduras e elaborando um material lúdico a ser utilizado por visitantes em um ateliê montado para isso, tudo baseado em seu trabalho. Sacilotto: Faça o que achar conveniente. Para mim, vale tudo. Não no sentido pejorativo, mas no esforço da comunicação. Isto será uma aventura. Elisabeth Leone “Correndo riscos” in Diário do Grande ABC, Santo André, 16 de fevereiro de 2003
Coletivas Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa (Portugal) De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles, Valência (Espanha) Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna, na Fundação Bienal, São Paulo/SP
A obra de Sacilotto denota extraordinária coerência interna quando o plano suporte é alçado ao tridimensional. A chave para o entendimento dessa produção está em perceber o princípio binário que a rege. A alternância entre claro e escuro, cheio e vazio, positivo e negativo serve para construir tanto a pintura quanto a escultura. A aplicação constante desse princípio, quase um método construtivo, fica bem exemplificada nas Concreções dos anos 50, nas quais o quadrado funciona como leitmotiv de extensa série. De especial interesse é o dinamismo que Sacilotto alcança a partir dessa forma elementar e a riqueza de variações revelada dentro da disciplina que se impõe. Joga com a percepção ambígua do que está na frente, atrás ou entre o quadrado, seja ele pintado, cortado ou dobrado. O aproveitamento dessas virtualidades prenuncia o uso intensivo de efeitos ótico-cinéticos próprios da op art que ocupará o artista, anos depois. Maria Alice Milliet “Tendências construtivas e os limites da linguagem plástica” in: catálogo da Mostra do Redescobrimento.
2001 Individuais Sacilotto: obras das décadas de 40, 50 e 90, na Dan Galeria, São Paulo/SP Obra Gravada Completa, no Paço Municipal, Santo André/SP Desenhos 1974/1982, na Galeria Sylvio Nery, São Paulo/SP Ao explorar o vasto território estético da abstração geométrica, Sacilotto fez mapas indeléveis, visualidades que se integram ao nosso olhar como um abecedário. É o que podemos observar nesta mostra. Trata-se de um conjunto de trabalhos gráficos que documentam momentos antológicos da sua obra. Momentos que deixam entrever como Sacilotto planeja e executa minuciosamente códigos projetivos ou translações e rotações de formas capazes de subverter o olhar do espectador. Capazes de seduzi-lo a um outro e mais outro olhar. Sempre saindo desses mergulhos com a sensação de descoberta provocada por um desafio: olhar outra vez e mais fundo. (...) Essas ambigüidades de percepção são ainda mais admiráveis pelo fato de terem sido feitas com instrumentos simples: régua e lápis. Como aliás, as pacientes linhas de fuga da perspectiva renascentista. A anos-luz da era da computação gráfica, os trabalhos de Sacilotto são formal e poeticamente muito mais densos do que a maior parte dos experimentos que se tem feito com esses novos instrumentais cibernéticos, de potencial ainda em grande parte inexplorado na criação artística.
Outra vertente identificável nessas obras de Sacilotto é, de certo modo, a arte cinética. Embora o artista nunca tenha previsto mecanismos nem engrenagens para movimentar suas formas, e pur si muove (como diria Galileu), apesar disso elas se movem. Impelidas por um sofisticado motor virtual, que Sacilotto instala em nossas retinas no instante mesmo em que nos colocamos diante de um desses trabalhos. Antes e acima de tudo, a obra gráfica de Sacilotto é um dicionário de formas puras e essenciais, regidas com rigor e ritmo impecáveis. Uma lição de serena eternidade. Para além do tempo e das atribulações, elas são como metrônomos, pulsos como os que movem as estrelas no universo e nos mandam feixes de pura luz. Música das esferas. E dos triângulos, retângulos e losangos. Preto e branco. Preto e branco. Preto e branco. Infinitos. Angélica de Moraes “Operário da forma” in: catálogo da exposição Desenhos 1974/1982.
Coletivas Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York (Estados Unidos) Arte Hoje, na Arvani Arte, São Paulo/SP Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural, São Paulo/SP 2002 Coletivas Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial, Rio de Janeiro/RJ Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Collección Cisneros, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ 28 (+) Pintura, no Espaço Virgílio, São Paulo/SP Artistas Contemporâneos: prêmio ABCA 2000/2001, no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo/SP Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB/Faap, São Paulo/SP Geométricos e Cinéticos, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo/SP Grupo Ruptura: revisitando a exposição inaugural, no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo/SP Coleção Metropolis, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP Paralelos: arte brasileira da segunda metade do século XX em contexto, Colección Cisneros, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Brazil: body and soul, no Solomon R. Guggenheim Museum, Bilbao (Espanha)
2003 Coletivas Arte & Artistas: exposição dos dezenove pintores, no Museu de Arte de São Paulo. Galeria Prestes Maia, São Paulo/SP Construtivismo e a Forma como Roupa, no MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO, São Paulo/SP Participa do livro didático “Matemática para todos”, voltado para alunos da 7ª série. A publicação traz na edição de 2003 uma sinopse de Sacilotto nas páginas 109 à 111
Luiz Sacilotto faleceu dia 09 de fevereiro de 2003 no ABC paulista onde sempre viveu. Sacilotto foi um artista fundamental na história da arte brasileira. O uso que ele fazia das cores na década de 1950 e na posterior influenciou muitos artistas, como Lygia Clark. Do pessoal do Ruptura, ele era o que tinha a sensibilidade de cor mais apurada. Foi o Sacilotto que trouxe a combinação inusitada do roxo com o laranja, por exemplo. Não há dúvida que ele foi um dos mais importantes artistas da fase concreta. Lorenzo Mammi Depoimento sobre Luiz Sacilotto in “Morre Sacilotto, o mestre das formas e das cores”, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 11 de fevereiro de 2003
esse termo para um pintor com seus princípios, teve até momentos de lirismo, nos anos 1950 e 1960, com certeza a despeito dele mesmo. Deixa uma obra inteligente e muito respeitável mas – previsivelmente – não muito envolvente, não contagiante. Olívio Tavares de Araújo Depoimento sobre Luiz Sacilotto in “Morre Sacilotto, o mestre das formas e das cores”, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 11 de fevereiro de 2003
2004 Arco/2004, no Parque Ferial Juan Carlos I, Madri (Espanha) Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea, no Espaço Cultural CPFL, São Paulo/SP Construtivos e Cinéticos, na Galeria Berenice Arvani, São Paulo/SP Plataforma São Paulo 450 Anos, no Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo/SP Obra Gravada Completa, na Fundação Pró-Memória, São Caetano do Sul/SP Brazil: Body Nostalgia, no Museum of Art, Tókio (Japão) Inverted Utopias: The Avant-Garde in Latin América, 1920-1970 no Museum of Fine Arts, Houston (EUA)
Sacilotto testemunhou a solidez de uma carreira regulada pelo rigor compositivo derivado da geometria e da gráfica. Sua obra ecoa um projeto de modernização do Brasil, indissociável da indústria paulista e da educação pela arte. Felipe Chaimovich “Sacilotto foi aliança entre o modernismo e a inovação” in Folha de S. Paulo, São Paulo, 13 de fevereiro de 2003
2005 Trajetória, Trajetórias, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo/SP 100 Anos da Pinacoteca: A Formação de um Acervo, na Galeria de Arte do Sesi, São Paulo/SP 10 Anos de um Novo MAM; Antologia do Acervo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Arte em Metrópoles, no Instituto Tomie Othake, São Paulo/SP Visualidades/Técnicas, no Instituto Cervantes, São Paulo/SP 5ª Bienal do Mercosul, no Núcleo Histórico, Porto Alegre/RS Homo Ludens, no Itaú Cultural, São Paulo/SP Coleção Theon Spanudis, no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo/SP 40/80: uma mostra de arte brasileira, na Léo Bahia Arte Contemporânea, Belo Horizonte/MG
2003 Cuasi Corpus: arte concreto y neoconcreto de Brasil: una selección del acervo del Museo de Arte Moderna de São Paulo y la Colección Adolpho Leirner, no Museo Rufino Tamayo, Cidade do México (México) Ordem x Liberdade, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ Projeto Brazilianart, na Almacén Galeria de Arte, Rio de Janeiro/RJ Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural, São Paulo/SP Arteconhecimento: 70 anos USP, no Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo/SP Papel e Tridimensional, na Arvani Arte, São Paulo/SP
2006 Ao Mesmo Tempo Nosso Tempo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Um século de Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP Pinceladas - Pintura e Método, no Instituto Tomie Othake, São Paulo/SP Concreta’56 - A raiz da forma, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo/SP Concretos e Neoconcretos da Construção à Desconstrução, na DAN Galeria, São Paulo/SP
Como bom concretista, entendia a arte como produto, não como expressão da individualidade. Queria construir formas objetivas e estáveis, não extravasar. No entanto, paradoxalmente, foi também um artista intiutivo e sensível – talvez o mais sensível do grupo todo. Se podemos usar
Exposições Póstumas
2007 Luiz Sacilotto operário da forma, na Sabina - Escola Parque do Conhecimento, Santo André/SP Luiz Sacilotto: Retratos e Paisagens, na Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André/SP Dimensions of Constructive Art in Brazil - The Adolpho Leirner Collection, no Museum of Fine Arts, Houston (EUA) Itaú Contemporâneo - Arte no Brasil 1981-2006, no Instituto Itaú Cultural, São Paulo/SP The Geometry of Hope - Latin American Abstract Art from the Patricia Phelps de Cisneros Collection , no Blanton Museum of Art, Texas (EUA) Participação na 12ª Documenta de Kassel - Kassel – Alemanha A surpresa entre os brasileiros que participam da mostra é o pintor Luiz Sacilotto (1924-2003), que foi um artista concreto paulista fiel a sua poética, desde os anos 1950. ele comparede com Escultura Negra, um dos muitos trabalhos modernos que funcionam como contraponto aos contemporâneos. Com essa escolha, o Brasil integra a exposição também como co-autor da história da arte. “Presença do concretista Sacilotto é surpresa” Folha de São Paulo, São Paulo, 16 de junho de 2007
2008 Arte no Brasil 1911-1980 na Coleção Itaú, no Museu de Arte de São Paulo, São Paulo/SP MAM 60, na Oca/Parque do Ibirapuera, São Paulo/SP Arte em Movimento, no Espaço Eliana Benchimol, Rio de Janeiro/RJ Ruptura, Frente e Ressonâncias, na Galeria Berenice Arvani, São Paulo/SP
2009 Olhar da Crítica - Arte Premiada da ABCA, no Palácio do Governo, São Paulo/SP
2010 Preto no Branco - do concreto ao contemporâneo, na Galeria Berenice Arvani, São Paulo/SP Dimensions of Constructive Art in Brazil: Adolpho Leirner Collection, no Haus Konstruktiv, Zurique (Suíça) Sacilotto e Barsotti - Diálogo entre o Concretismo e o Neoconcretismo, no BM&F Bovespa, São Paulo/SP
2011 Homenagem ao Quadrado - Obras Construtivas, Concretas e Neoconcretas, na Dan Galeria, São Paulo/SP Brasil: Figuração X Abstração no final dos anos 40, no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), São Paulo/SP 2012 Audácia Concreta - As colagens de Luiz Sacilotto, na Caixa Cultural da Sé, São Paulo/SP 2013 Vontade Construtiva na Coleção Fadel, no Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro/RJ Acervos Acervo Picoteca do Estado de São Paulo/Brasil Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP Pinacoteca Municipal de São Paulo Prefeitura de Santo André Pinacoteca Municipal de São Bernardo do Campo
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendências comunicação social Ivan Giannini técnico-social Joel Naimayer Padula administração Luiz Deoclécio Massaro Galina assessoria técnica e de planejamento Sérgio José Battistelli Gerências
ação cultural Rosana Paulo da Cunha adjunta Flávia Carvalho assistentes Juliana Braga e Nilva Luz artes gráficas Hélcio Magalhães adjunta Karina Musumeci desenvolvimento de produtos Marcos Lepíscopo adjunta Évelim Lúcia de Moraes assistente Carol Ribas
Sesc Santo André gerente Jayme Paez adjunto Robson Silva coordenadores de área Cláudio Luiz Santiago Oliveira, Cleizer A. Marques de Moraes, Fernanda Lima, Fernanda Gonçalves, Sandro Piscitelli Vidigal e Zilda Sabia técnicos programação Flávia Leme e Lígia Zamaro Projeto Audácia Concreta produção Conceito Humanidades coordenação Rodrigo Silva curadoria Fernanda Lopes obras Valter Sacilotto revisões e traduções de textos Adriana Dupita design e comunicação visual Camila Wingerter expografia e projetos Ewerton da Silva Borges e Edmilson Rodrigues Pereira criação de mapping José Luis Sampaio ação educativa Arte Educação Produções