11ª edição da revista contexto social

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Ano 1 - Número 11 - Março/2014 - Distribuição nacional gratuita

Mulheres, direitos e participação política

VSSN2318-8464

Saúde na escola trabalha hábitos alimentares

Programa beneficia áreas rurais do DF

Atletas, e superatletas, com deficiência


Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

Seja bem-vindo à Contexto Social


Expediente

Diretor: Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Serviços Editoriais: Luana Gonçalves de Araújo Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella Webdesign: Luiz Augusto Garcia Redes Sociais: Adriano Freire Publicidade: Juliana Orem Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR

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Carta ao leitor Em pouco mais de um século, as mulheres mudaram completamente sua situação na sociedade. Tornaram-se sujeito de direitos, conquistaram espaço no mercado de trabalho, ganharam autonomia e independência. Muita coisa mudou, mas na área política as mulheres continuam sub-representadas. Nossa matéria de capa mostra que o Brasil ainda é um dos países com piores índices de participação feminina no Legislativo e no Executivo Lançado no início do mês pela Escola Acreana de Música, o curso gratuito de musicalização infantil está atraindo crianças e jovens para o aprendizado da arte musical. Durante três anos, eles aprenderão que além de ser uma forma universal de expressão e linguagem, a música contribui no desenvolvimento de habilidades motoras e até no raciocínio lógico.. No Paraná, o movimento cicloativista está conquistando cada vez mais espaço nas políticas públicas. Governo, universidades e cicloativistas criaram um grupo de trabalho para coordenar a execução do Programa de Mobilidade Não Motorizada por Bicicleta. O Ciclo Paraná é calçado nos eixos do cicloturismo, ciclocidadania e cicloestrutura. O Programa Saúde do Adolescente é uma referência de atendimento integral e gratuito nas 234 Casas do Adolescente espalhadas pelo estado de São Paulo. Além de atendimento médico, odontológico e ginecológico, os jovens participam de oficinas culturais e terapias de grupo. A Oficina de Sentimentos funciona como um espaço para o jovem expor seus medos, suas dúvidas e seus anseios, sem ouvir censura ou crítica. Em Arapiraca, comunidades da zona rural estão aprendendo a cultivar plantas medicinais para a produção de remédios caseiros. O projeto Farmácia Viva reúne crianças e seus familiares para resgatar a cultura milenar das plantas medicinais para curar problemas corriqueiros como gripe, disenteria, dor de cabeça, febre, resfriado e cólicas. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade Federal do Amazonas desenvolveram uma nova técnica de coloração para diagnosticar a tuberculose. Ela substitui os corantes e reagentes tóxicos por uma substância natural encontrada em plantas da Amazônia ou microrganismos da natureza. Essas são apenas algumas matérias da 11ª edição da revista Contexto Social. Seja bem-vindo e tenha uma boa leitura.


GESTÃO Formação sustentável nas escolas estaduais

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DEFESA DO CONSUMIDOR Tudo começou na Babilônia

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CIDADANIA Programa beneficia áreas rurais do DF

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Gol de Letra do craque Raí

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CONEXÃO Internet em áreas remotas da Amazônia

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CAPACITAÇÃO Formando jovens do campo

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MOBILIDADE Cicloativistas em alta

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SUSTENTABILIDADE Agrofloresta integra homem e natureza

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ESPORTE Atletas, e superatletas, com deficiência

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CULTURA Compartilhando leitura

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SOLIDARIEDADE Doando vidas

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INOVAÇÃO Corante natural identifica tuberculose

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MOBILIZAÇÃO União contra o trabalho escravo

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MEIO AMBIENTE Paraná e suas mães natureza

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ARTIGO Falta artigo

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CNA e Sebrae unidos no semiárido

Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

AÇÃO SOCIAL Aulas de cidadania com policiais

Autistas interagem com tecnologia touch

Jovem amigo da criança

Outubro Rosa mobiliza o mundo

Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

Cidadania com reflorestamento As batidas de um coração

Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita

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Cultura de paz nas escolas

O mundo contra a AIDS ISSN 2318-8464

SAÚDE Cultivando plantas medicinais

ONG fiscaliza ações do governo

Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

Corrente do Bem dissemina gentileza

Caia na rede da inclusão digital

Óculos que ajudam cegos a enxergar

Ano 1 - Número 10 - Fevereiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

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será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica

A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco

Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

ARTE Musicalização infantil

Ÿ Sem educação o Brasil jamais

Médicos sem fronteiras

O perfil solidário de

Luigi Baricelli Bolsa atleta para paraolímpicos do DF

Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária

Um olhar para a cidadania está no ar

e sem discriminação

ISSN 2318-8464

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Jorge Gerdau:

Ela comanda a política nacional contra a pobreza

Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

TERCEIRO SETOR Faxina nos Armários coleta material escolar É isso aí Desafio Google Complexos habitacionais integrados

Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

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Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita

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Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

POLÍTICAS Saúde na Escola trabalha hábitos alimentares Oficinas de Sentimentos Começou a batalha pelo HPV

Edições anteriores

ISSN 2318-8464

Sumário

CAPA Mulheres, direitos e participação política

BH quer levar cidadania para os viadutos

Problemas do sono já são uma epidemia global

www.facebook.com/contextosocial www.twitter.com/contextosocial

Handebol para cadeirantes conquista o mundo


Capa

Mulheres,

direitos e participação política

E m pouco mais de um século, as mulheres

mudaram completamente sua situação na sociedade. Tornaram-se sujeito de direitos, conquistaram espaço no mercado de trabalho, ganharam autonomia e independência.

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Capa


Capa

O feminismo é tido como o mais bem-sucedido movimento social do século XX. No entanto, elas ainda têm diante de si muitos desafios para que a igualdade de direitos seja efetiva, principalmente quando falamos, por exemplo, de mulheres pobres, negras, com baixa escolaridade. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Rede Mobilizadores Coep (Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida) promoveu um amplo debate para discutir as principais reivindicações das mulheres brasileiras e as mudanças necessárias para a consolidação da igualdade de direitos no país: o fórum online “Mulheres, direitos e participação política”. A autonomia da mulher brasileira é um conquista bastante recente. Foi somente, em 1962, que o Código Penal a eximiu do consentimento do pai ou marido para trabalhar fora ou viajar. Até então, elas eram consideradas “relativamente incapazes” para os atos da vida civil. E de lá para cá, houve muitas outras conquistas. A advogada e pesquisadora Cynthia Semíramis ressalta que, hoje, a educação para homens e mulheres é a mesma desde a infância e não há mais lei para definir qual o nível máximo de instrução, ou quais as profissões e atividade permitidas ou proibidas para mulheres.

Desafios No entanto, as mulheres continuam sofrendo diversas formas de discriminação, e muitas vezes são privadas de decidir sobre suas vidas, seus corpos, seus relacionamentos.

Entre os desafios que persistem estão a violência doméstica. Levantamentos oficiais e extra-oficiais apontam que a cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas no país. No mercado de trabalho, muitas mulheres ainda recebem salários mais baixos do que os homens para exercerem as mesmas funções e são preteridas em favor deles em promoções. Na vida doméstica, ainda é comum que sejam vistas como as principais responsáveis pelas funções domésticas e o cuidado com os filhos, apesar de ser crescente o número de homens que assumem novas responsabilidades no lar.

Ausência na política Na área política, as mulheres continuam sub-representadas, ocupando apenas 9% das vagas da Câmara dos Deputados e 13% das do Senado. O Brasil é um dos países com piores índices de participação de mulheres no Legislativo e no Executivo: de cada dez eleitos, nove, em média, são homens. Mesmo sendo presidido por uma mulher, o Brasil ocupa um constrangedor 156º lugar num ranking de 188 nações sobre igualdade na presença de homens e mulheres nos parlamentos. No Congresso Nacional, as representantes do sexo feminino são apenas 9 dos 81 senadores e 45 dos 513 deputados. A desproporção se repete nos Legislativos e Executivos estaduais e municipais. Para reverter esse quadro, emissoras de rádio e TV de todo o país começarão a veicular um

Foi somente em 1962, que o Código Penal eximiu as mulheres do consentimento do pai ou marido para trabalhar fora ou viajar 7


Capa Capa

convite às mulheres para que se façam mais presentes nos espaços de poder, concorrendo a cargos eletivos. A campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) busca conscientizar a população sobre a grave sub-representatividade feminina na política brasileira.

Faça parte Com o slogan “Faça parte da política” e a hashtag #vempraurna, essa será a primeira campanha institucional do TSE sobre o tema. A ação é fruto de emenda incluída pelo Senado na minirreforma eleitoral (Lei 12.891/2013), aprovada pelo Congresso no ano passado. A lei estabelece que, em anos eleitorais, de março a ju-

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nho, o TSE “poderá promover propaganda institucional, em rádio e televisão, destinada a incentivar a igualdade de gênero e a participação feminina na política”. Assim, a primeira campanha já terá como foco as eleições deste ano. Autora da emenda na minirreforma e procuradora da Mulher no Senado, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), acredita que a ação do TSE vai chamar a atenção do país para o problema da sub-representatividade. Ela diz que as questões que restringem o acesso delas aos espaços de poder não são exclusividade do Brasil, acontecem em todo o mundo. A diferença, afirma, é que outras nações procuram mecanismos de

combate, enquanto no Brasil o avanço é lento e o Estado pouco se manifesta. “Desde a conquista do direito ao voto pelas mulheres, a evolução de nossa presença no Parlamento é pequena. As mulheres são 52% do eleitorado, mas menos de 10% nos parlamentos. Falta estabelecer políticas que permitam essa participação, faltam campanhas permanentes que esclareçam a sociedade”, ressalta a parlamentar.


Capa Capa

Mulheres-laranja A legislação eleitoral estabelece que os partidos devem preencher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo - medida que, na prática, destina-se a garantir uma reserva de vagas para as candidatas. Também determina o repasse de no mínimo 5% dos recursos do fundo partidário para criação de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres. Prevê, ainda, que pelo menos 10% do tempo de propaganda partidária gratuita seja destinado às mulheres. Tudo isso, porém, não tem bastado. Muitos partidos apenas inscrevem mulheres nas chapas, sem investir de fato em suas campanhas. Em encontro

com parlamentares e representantes do Executivo realizado no Congresso Nacional, a subprocuradora-geral da República, Ela Wiecko, disse que o Ministério Público vem punindo legendas pelo descumprimento da lei. Segundo a subprocuradora, muitos partidos têm usado “mulheres-laranja” para cumprir a cota. No Rio de Janeiro,

por exemplo, o MP identificou cerca de 1,4 mil candidatas que quase não tiveram votos nem gastaram com campanha, o que seria um indício da fraude.

“As mulheres são 52% do eleitorado, mas menos de 10% nos parlamentos. Falta estabelecer políticas que permitam essa participação”

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Políticas

Saúde na Escola

trabalha hábitos alimentares Em Teresina, capital do Piauí, uma bem-sucedida parceria entre educação e saúde está levando hábitos alimentares para crianças e jovens da rede pública de ensino. O Projeto Alimentação Sustentável reúne articuladores comunitários, pedagogos, professores e diretores de 374 escolas municipais e estaduais. A proposta do Programa Saúde na Escola é envolver os alunos de Educação Infantil e Ensino Fundamental em situações de aprendizagem dentro da sala de aula. As atividades estão inseridas no projeto pedagógico da escola, trabalhando a interdisciplinaridade para despertar o interesse da turma. O objetivo dos educadores é desenvolver pelo menos uma atividade por mês. “Uma boa alimentação é fundamental para o desempenho acadêmico dos alunos. É importante que conheçam desde pequenos quais são os vilões da saúde e também do meio ambiente, com ferramentas para uma melhor qualidade de vida”, explica Teonas Gomes, do Núcleo de Alimentação e Nutrição da Fundação Municipal de Saúde. Segundo ela,

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os três pilares do projeto são: hábitos alimentares, diabetes e obesidade.

Autonomia Cada unidade de ensino tem autonomia para trabalhar os temas em sala de aula da maneira mais interativa possível. Essa liberdade na execução do projeto permite a utilização de metodologias diferenciadas para cada ambiente escolar. As atividades mostram a importância e a necessidade nutricional das frutas e legumes para a saúde física e mental, incentiva os bons hábitos alimentares e ensina os alunos a reconhecer os alimentos que fazem bem à saúde Elas também conscientizam as crianças sobre a necessidade de consumir alguns alimentos com moderação, como pirulitos, chicletes, balas, doces e refrigerantes. Além das equipes próprias, as escolas contam com o suporte de 100 equipes do PSE e da Divisão de Nutrição da Secretaria Municipal de Educação.


Políticas

Oficinas de

Sentimentos

Com mais de 20 anos de atividade, o Programa Saúde do Adolescente é uma referência de atendimento integral e gratuito nas 234 Casas do Adolescente espalhadas pelo estado de São Paulo. Lá, jovens de ambos os sexos, de 10 a 20 anos, têm atendimento médico, odontológico, ginecológico, psicológico e ainda participam de oficinas culturais e terapias de grupo. São dezenas de profissionais disponíveis para medicar e esclarecer dúvidas típicas da idade. Na Casa do Adolescente, a Oficina de Sentimentos funciona como um espaço para o jovem expor seus medos, suas dúvidas e seus anseios, sem ouvir censura ou crítica. A Oficina de Sentimentos é um grupo aberto, de desconhecidos, heterogêneo e que reúne veteranos – que frequentam o programa há muito tempo – e novatos – para um bate-papo calcado no respeito e na confiança.

Pauta extensa A atividade é realizada semanalmente, com grupos de até 15 adolescentes e mediado por dois profissionais da Casa do Adolescente. Durante as “sessões”, são discutidos temas emergentes e de interesse dos adolescentes de forma lúdica e participativa. Na pauta, são tratados temas como sexualidade, família, escola, trabalho, dro-

gas, prevenção de gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, amor, paixão, ficar, namorar, ciúmes, fidelidade, primeira vez, insegurança, timidez, relacionamentos difíceis, resolução de conflitos, violência, diversidade, raiva, controle das emoções, profissão, plano de futuro, hábitos saudáveis, cidadania e tudo mais que vier à tona. Nas Oficinas de Sentimentos, a roda de conversa é franca e aberta a todos que queiram desabafar sem sofrer preconceitos.

Espaço aberto para debater temas de interesse dos adolescentes de forma lúdica e participativa 11


Políticas Políticas

Começou a batalha contra o

HPV

A vacina contra o vírus agora é oferecida pelo SUS em postos de saúde e em campanhas de vacinação que irão percorrer escolas públicas e privadas

O

poder público trouxe artilharia pesada para o front de batalha contra o HPV. Pela primeira vez, o governo federal disponibiliza uma vacina contra o papiloma vírus humano (HPV), principal causador do câncer de colo de útero, transmitido por relações sexuais. Antes disponível apenas na rede particular, a vacina contra o vírus agora é oferecida pelo Sistema Úni-

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co de Saúde (SUS) em postos de saúde e em campanhas de vacinação que irão percorrer escolas públicas e privadas. A vacina tem eficácia de 98,8% contra o câncer de colo do útero. A primeira ofensiva tem como foco meninas entre 11 e 13 anos. Em 2015, o público-alvo serão as meninas de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, a ação ficará restrita às meninas de 9 anos e será incluída no calendário de

vacinação do Ministério da Saúde. A vacinação será feita em três doses. A segunda ocorre seis meses depois da primeira e a terceira, cinco anos depois. Até 2016, o objetivo do ministério é imunizar 80% do total de 5,2 milhões de meninas de 9 a 13 anos no país. Para tanto, o governo federal conta com aliados de peso recrutados nos estados e municípios. O sucesso da


Pais A estratégia de combate também inclui um rigoroso trabalho de esclarecimento e orientação aos pais que repudiam a iniciativa por acreditarem que a vacina pode despertar uma iniciação sexual precoce nas meninas. A distribuição de material informativo impresso e palestras são formas eficientes de atingir esse público.

Por ser uma doença transmitida por contato sexual, muitos pais reagem inicialmente mal à ideia de ver meninas de apenas 9 anos sendo vacinadas, como se isso as credenciasse para iniciar a vida sexual. “Uma bobagem muito perigosa”, segundo a pediatra Isabella Ballalai, Presidente da Comissão de Revisão de Calendários e Consensos da Associação Brasileira de Imunizações. “Ninguém inicia sua vida sexual só porque tomou uma vacina. Os pais precisam se lembrar dos motivos que levaram eles próprios a iniciarem suas vidas sexuais, que é a descoberta da sexualidade, uma coisa absolutamente natural”, afirma a especialista. Ela ressalta que deixar de dar a vacina como forma

“Ninguém inicia sua vida sexual só porque tomou uma vacina. Os pais precisam se lembrar dos motivos que levaram eles próprios a iniciarem suas vidas sexuais, que é a descoberta da sexualidade, uma coisa absolutamente normal”

de garantir um “adiamento” do início da vida sexual é expor a filha a uma doença seriíssima, baseando-se e uma teoria que não faz nenhum sentido. “Basta dizer que poucos dias depois do nascimento o bebê tem de ser vacinado contra hepatite, uma doença transmitida sexualmente e pelo compartilhamento de seringas usadas para se injetar drogas. Algum pai não vacina seu filho contra a hepatite só porque imagina que ele não irá consumir drogas ou deixa para vacinar quando adulto, já que ele não iniciará sua vida sexual tão cedo? É preciso vacinar porque o vírus da hepatite circula entre nós, seus efeitos são terríveis e temos uma forma de prevenir esta doença. Simples assim”.

Reforços Além de ignorar esse preconceito tolo, os pais devem estar atentos e se informar se suas filhas receberam a vacina a que têm direito. Caso contrário, o melhor é levar ao posto de saúde mais próximo e garantir a imunização. Como, na rede pública, o intervalo entre as três doses é alto (a segunda seis meses depois da primeira e a terceira só depois de cinco anos), é preciso também ficar de olho para que não se perca o prazo recomendado para os reforços. O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre as brasileiras, atrás dos tumores de mama e colorretal. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 290 milhões de mulheres no mundo têm HPV. 13

Políticas Políticas

ofensiva depende diretamente da logística desses aliados, já que as doses das vacinas são distribuídas aos estados, que, por sua vez, repassam aos municípios.


Terceiro Setor

Faxina nos Armários

coleta material escolar

Com o início do ano letivo, estudantes de todo o país voltam às aulas com material escolar novo. Com isso, milhares de lápis, canetas, borrachas, lapiseiras e marcadores, entre outros instrumentos de escrita, são indevidamente descartados no lixo, certo? Errado. A Faber-Castell, em parceria com a TerraCycle, promove, pelo segundo ano consecutivo, a ação Faxina nos Armários, criada para dar uma destinação correta aos resíduos escolares. Para participar desta mobilização sustentável, basta que algum responsável pela escola a cadastre na Brigada de Instrumentos de Escrita Faber-Castell, no site da TerraCycle, e estimule o trabalho de coleta dos materiais de escrita. Alunos e professores devem juntar os materiais que seriam descartados e levá-los para as suas escolas até o dia 30 de abril. Lápis de cor, lapiseiras, canetas, canetinhas, borrachas, apontadores, tudo pode ser enviado. Os dez times que mais coletarem são premiados com pontos bônus que viram doações.

Boas “notas” Além de estimular a redução e a reciclagem do lixo escolar, o participante do programa Faxina nos Armários ou os times de coleta da Brigada de Instrumentos de Escrita juntam pontos que são convertidos em uma doação em dinheiro para as próprias escolas ou entidades sem fins lucrativos escolhidas pelos times. Isso significa que o Faxina nos Armários

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também pode render boas “notas” para as escolas participantes. No ano passado, a ação promoveu a reciclagem de 36 mil instrumentos de escrita de diversas marcas. O vencedor foi o Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal, de Itajaí, em Santa Catarina. Os idealizadores da ação esperam que a segunda edição do programa seja ainda mais promissora. Afinal, as brigadas são uma excelente oportunidade para arrecadar fundos, incentivar a coleta de resíduos, estimular a reciclagem e inserir a educação ambiental no currículo escolar.

A ação Faxina nos Armários foi criada para dar uma destinação correta aos resíduos escolares


Terceiro Setor

É isso aí A Coca-Cola Brasil e a Coca-Cola Foundation anunciaram um investimento conjunto de US$ 2,1 milhões, o equivalente a R$ 5 milhões, em projetos de inclusão socioeconômica de afro-brasileiros. O investimento tem foco em educação, cultura e comunidade. Entre as iniciativas propostas está a criação do Coletivo Conexão, nova modalidade da plataforma Coletivo Coca-Cola que vai desenvolver habilidades audiovisuais e fomentar novas formas de comunicação em comunidades de baixa renda. Desde 2009, o Coletivo Coca-Cola atua em projetos de geração de renda e valorização da autoestima a partir de treinamento técnico, empoderamento comunitário e acesso ao mercado. Com mais de 550 unidades implantadas em sete diferentes modalidades, a plataforma usa a cadeia de valor da empresa para gerar impactos sociais em larga escala para comunidades carentes.

Ampliar parcerias “É inspirador saber que podemos usar nosso negócio para melhorar a vida de milhares de brasileiros. Até hoje, o Coletivo já possibilitou o desenvolvimento de oportunidades para mais de 70 mil pessoas. Com esse novo investimento, vamos ampliar nosso alcance e parcerias nas comunidades”, ressalta Xiemar Zarazúa, presidente da Coca-Cola Brasil. A empresa tem uma longa história de apoio ao movimen-

to negro no Brasil. Desde 2005, por exemplo, a empresa apoia ações realizadas pela Afrobras, organização que trabalha pela inserção socioeconômica, cultural e educacional dos jovens negros brasileiros. A Afrobras mantém a Faculdade Zumbi dos Palmares, única universi-

dade negra da América Latina, e realiza o Troféu Raça Negra, ícone da identidade afro-brasileira. Além de dar continuidade a essa parceria, a empresa ampliará suas iniciativas destinando recursos para entidades como o Instituto Cultural Steve Biko, sediado em Salvador.

Até hoje o Coletivo já possibilitou o desenvolvimento de oportunidades para mais de 70 mil pessoas.

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Terceiro Setor

Desafio Google Mobilizar as organizações não governamentais para o desenvolvimento de ideias inovadoras capazes de enfrentar os problemas sociais no Brasil. Esse é objetivo do programa Desafio de Impacto Social, lançado pelo Google e que contemplará as quatro melhores iniciativas com prêmios de R$ 1 milhão. O desafio é aberto a toda organização legalmente constituída que tenha projetos para incentivar o empreendedorismo social com foco em tecnologia. Os 10 finalistas serão anunciados no dia 29 de abril e o resultado final sai no dia 8 de maio, com a escolha de um vencedor por voto popular e três por um painel de juízes. Segundo o diretor-geral do Google Brasil, Fábio Coelho, esta é mais uma iniciativa para disseminar um grande movimento que vai transformar o Brasil num país empreendedor. “Ainda temos muito que avançar no campo tecnológico para resolver os problemas sociais”, ressaltou.

Gestão dos recursos Para Viviane Senna, uma das juízas do desafio, a iniciativa de atrair o Terceiro Setor para contribuir com ideias inovadoras faz parte de uma “ética da corresponsabilidade pelo destino do país”. Diretora do Instituto Ayrton Senna, ela apontou que a gestão dos recursos pode ser um importante obstáculo a ser superado pelos participantes do desafio: “O gerenciamento do dinheiro é sempre complicado em ONGs no Brasil e a gestão pode muitas vezes ser um problema ainda maior do que a falta de recursos”, enfatizou. Apesar do comprometimento do Google de auxiliar as ONGs vencedoras na implantação dos projetos, um dos critérios de seleção estipulados pelos idealizadores do desafio é que a organização seja 100% capaz de cuidar da implementação e, portanto, da tecnologia que será desenvolvida ou utilizada.

Empresa lança desafio milionário para incentivar empreendedorismo social focado em tecnologia

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integrados Existem, sim, formas criativas de viver o espaço urbano na selva de pedra das grandes cidades. É a partir deste princípio que a Construtora Kallas vem promovendo uma série de ações com a comunidade local para integrar complexos habitacionais ao seu entorno. A ideia de estimular novos usos do espaço e deixar um legado duradouro para a cidade começou a ser executada no ano passado, com ações simples, como a promoção de piqueniques, produção de arte, música ao vivo e oficinas variadas na Praça Arlindo Rossi, localizada próxima a um de seus empreendimentos. O sucesso foi tamanho que a construtora ingressou com processo de adoção da praça para ficar responsável por sua limpeza, paisagismo e instalação e manutenção de playground, socializando o uso deste espaço público e estimulando a interação entre moradores e vizinhos.

No início deste ano, em parceria com os coletivos CafeNaRua, Acupuntura Urbana e Conexão Cultural e apoio da Sherwin-Williams Brasil, a construtora convidou cinco renomados artistas do grafite para uma intervenção artística nos muros que rodeiam o complexo habitacional Jardim Edite.

Tapumes No ano passado, a empresa já havia transformado simples tapumes que circundam dois terrenos na capital paulista em obras de arte urbanas, com a instalação de painéis tridimensionais projetados

pelo Estúdio BijaRi e montados com diversas folhas de madeira cortadas. “O resultado são painéis volumétricos com uma imagem diferente de cada ponto de vista, o que dá a sensação de movimento. Conseguimos assim, por meio de um projeto artístico, aproveitar o espaço dos terrenos para interagir com a cidade”, explica Tatiana Kallas, gerente institucional da construtora. Essas, e outras iniciativas espalhadas pelo país, mostram que é possível conciliar a construção de lares com a concretização de uma nova relação das pessoas com o espaço público.

A ideia é estimular novos usos do espaço e deixar um legado duradouro para a cidade

Painel de 40 metros substitui tapumes, dando sensação de movimento.

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Terceiro Setor

Complexos habitacionais


Gestão

Formação sustentável nas escolas estaduais

O governo de São Paulo quer transformar as cinco mil escolas estaduais em polos de formação sustentável para milhões de alunos da rede pública de ensino. A partir deste mês, cada unidade escolar receberá um kit de educação ambiental formado por 24 livros que orientam crianças e adolescentes de todas as idades a reciclar lixo, amenizar o aquecimento global, economizar água e luz, entre outros tópicos de proteção dos recursos naturais do planeta. O objetivo é que o acervo sustentável composto por 120 mil títulos no total – entre almanaques, cartilhas e dicionários – seja utilizado em ações ecológicas elaboradas para estudantes de todas as idades. O material ficará disponível nas salas de leitura ou nos espaços destinados aos livros nas escolas da rede e será distribuído ainda aos professores-coordenadores de educação ambiental das 91 diretorias de ensino e aos monitores do projeto APE (Ações Preventivas na Escola) que atuam no Programa Escola da Família.

Multiplicadores “Nossas escolas são espaços de formação integral dos jovens e o compromisso ambiental também faz parte da nossa atuação. A distribuição dos livros integra as ações já desenvolvidas pela rede de ensino que buscam fazer com que os alunos sejam multiplicadores das mudanças comportamentais em toda a comunidade escolar”, afirma o secretário da Educação, Herman Voorwald. O kit foi elaborado pela Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) da Secretaria do Meio Ambiente, em linguagem lúdica e ilustrações, e contempla desde histórias infantis até guias de gestão de desastres ambientais. Segundo a coordenadora Yara Cunha, as publicações foram escolhidas por conter informações importantes sobre a temática ambiental para professores e alunos. O acervo também servirá de base para mobilizações e atividades educativas em prol do meio ambiente organizadas pelas 2,3 mil Escolas da Família, que todo final de semana abrem as portas para a comunidade.

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Defesa do Consumidor

Tudo começou na

Babilônia Não é de hoje que a civilização luta para coibir os abusos ou práticas incorretas do comércio. A história revela que a conquista dos direitos dos consumidores começou em 1780 a.C., com o Código de Hamurábi, elaborado pelo rei Hamurábi, da Babilônia. Primeiro sistema de leis a conter iniciativas de proteção ao consumidor, o código regulamentava, por exemplo, a qualidade das edificações e as punições por falhas nas construções: se uma casa desabasse e matasse o seu morador, o construtor seria punido com a pena de morte. Passados mais de 2.200 anos, esse tipo de legislação se modernizou e ganhou a ajuda de organismos especialmente voltados para a defesa do consumidor. No Brasil, merecem destaque o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), a Delegacia do Consumidor (Decon), a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e, dando suporte e legitimação a todos, o Código de Defesa do Consumidor. O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11/7/1990, é o principal marco legislativo brasileiro para assegurar os direitos do consumidor – uma necessidade não só para o avanço do processo democrático, dos direitos humanos e da cidadania, como também para o justo desenvolvimento econômico e social do país.

Uma economia aberta e cada vez mais globalizada precisa de consumidores participantes, capazes de exigir serviços e produtos com preço justo e qualidade adequada, possibilitando a satisfação deles nas relações de consumo e uma qualidade de vida cada vez melhor. O Código de Defesa do Consumidor iniciou uma nova fase na história do Brasil ao exigir uma melhora do mercado de consumo, estimular o controle de qualidade

dos produtos e oferecer instrumentos capazes de coibir os abusos comerciais, a venda de produtos que podem oferecer riscos à saúde ou à segurança e o uso de publicidade enganosa. Criou, também, meios necessários para assegurar direitos e responsabilizar culpados, por meio dos Juizados de Pequenas Causas e das Promotorias de Justiça Especiais, com acesso rápido e gratuito de todos os cidadãos à justiça.

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Cidadania

Programa beneficia

áreas rurais do DF Recursos e acompanhamento técnico estimulam a pequena produção

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com o auxílio de programas sociais tem possibilitado que muitas pessoas do Distrito Federal, que estavam à beira da extrema pobreza, possam sonhar com dias melhores. Parte deste sonho já começou a ser concretizado com o apoio do programa “DF Sem Miséria”, que assiste 550 famílias da zona rural do Distrito Federal. Voltado à assistência social, o programa abrange ações integradas e articuladas de diversas políticas públicas do governo. Executadas em parceria pelas secretarias de Estado e empresas públicas, essas ações têm o objetivo de reduzir as desigualdades sociais e superar a extrema pobreza por meio da inclusão produtiva, geração de renda e emprego e do acesso a serviços e benefícios. “Com o DF sem Miséria, suplementamos o programa Bolsa Família e concedemos uma complementação às famílias pobres. Essa é uma ajuda perceptível nas comunidades”, destaca Magdalena Queiroz, subsecretária extraordinária do DF sem Miséria e Projetos Especiais. Levantamento realizado pelo governo do Distrito Federal aponta que a população pobre do DF é de 139,7 mil pessoas e outras 46,5 mil, que residem em 12,5 mil domicílios, saíram da situação de extrema pobreza graças aos programas sociais. “Conseguimos atender a totalidade dessas famílias. Nós as identificamos, fizemos ação de busca ativa e as assistimos”, explicou a subsecretária.

dinheiro para injetar na lavoura, de onde vem o principal sustento da família”. A difícil realidade, no entanto, mudou para melhor desde o fim do ano passado, quando a família se tornou beneficiária do DF sem Miséria e recebeu R$ 2,4 mil, em três parcelas, sendo que a última, que deve ser paga até abril, já tem destinação certa: a compra de sementes e canos para a irrigação. “Sempre trabalhei na roça e este ano, por problemas de saúde e principalmente por falta de dinheiro, não iria plantar. Esse dinheiro chegou em boa hora e me ajudou bastante. Com ele, pudemos comprar, por exemplo,

bomba de irrigação, sementes e adubos”, explicou a trabalhadora rural. Com o investimento, foi possível melhorar a produção de quiabo, feijão, milho, pimentão e pimenta de cheiro na propriedade da sogra, já que a sua, que tem menos de um hectare, é pequena para o plantio. Além da verba destinada pelo GDF, o acompanhamento feito por técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) foi determinante para que o cultivo melhorasse neste ano. Agora, Celma, que vende suas verduras na Feira do Produtor de Ceilândia, espera colher bons resultados.

Trabalho na roça Celma da Silva Almeida, 38 anos, moradora do Núcleo Rural Boa Esperança, em Ceilândia, é uma das beneficiadas pelo programa. Moradora dessa área rural desde que nasceu, ela conta que sua renda mensal é de R$ 700,00 e que “quase nunca sobra

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Cidadania

A perspectiva de mudar de vida


Arte

Musicalização infantil Lançado no início do mês pela Escola Acreana de Música (Emac), o curso de musicalização infantil está atraindo crianças e jovens para o aprendizado da arte musical. Durante três anos, eles aprenderão que, além de ser uma forma universal de expressão e linguagem, a música contribui no desenvolvimento de habilidades motoras e até no raciocínio lógico. O curso gratuito é dividido em iniciação e básico e funciona em dois turnos – manhã e tarde –, com 115 alunos com idade entre 6 e 14 anos, aprovados por meio de processo seletivo. O aprendizado começa com o domínio da flauta doce, instrumento que ensina os alunos a terem desenvoltura com os dedos, ler partituras e conhecer as notas musicais. Posteriormente, eles escolhem os instrumentos de sua preferência e partem para um novo estágio de aprendizagem. Segundo o professor Máximo Lopes, no nível básico, o método de ensino mistura teoria, prática e algumas brincadeiras que permitem uma associação mais rápida com a função e particularidade de cada instrumento. No período da noite, a Emac também

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oferece cursos para jovens e adultos, em diferentes instrumentos musicais e canto. Ao todo, são 16 professores e cerca de 300 alunos. Entre os instrumentos disponíveis estão o violino, contrabaixo, guitarra, violão, saxofone, bateria, clarinete, violoncelo e piano.

Paixão A paixão pela música não tem idade. Com apenas sete anos, a pequena Maria Luiza Gutierrez já é uma apaixonada por instrumentos e adepta de um seleto gosto musical. “Depois da flauta, irei tocar violino, porque amo instrumento de arco. A música é minha respiração”. Admiradora de Beethoven, Maria Luiza já tem até um trabalho de pesquisa sobre o compositor alemão: “A música de Beethoven expressa meus sentimentos sobre o mundo”. A ação é custeada pelo governo do Acre, com recursos da Fundação de Cultura Elias Mansour, órgão responsável pela formulação e execução da política estadual de cultura e pelo fomento a projetos culturais comunitários.


Saúde

Cultivando

plantas medicinais

O projeto Farmácia Viva está transformando o dia a dia dos alunos da Escola de Ensino Fundamental Benjamin Felizberto da Silva, na comunidade da Gruta d’Água, na zona rural do município alagoano de Arapiraca. Eles estão aprendendo a cultivar plantas medicinais para a produção de remédios caseiros. A ação educativa idealizada pela professora Edinalva Pinheiro dos Santos beneficia as crianças e suas famílias ao resgatar a cultura milenar do cultivo das plantas medicinais, que podem ser aplicadas para problemas corriqueiros, como gripe, disenteria, dor de cabeça, febre, resfriado, cólicas, entre outras doenças. “As mães, nos seus depoimentos, falam que as crianças em casa não pedem mais um comprimido, mas que façam um chazinho. O mesmo acontece na

escola. Qualquer mal-estar é motivo para ir até a cozinha e pedir às merendeiras um chá”, conta a professora.

Sucesso O projeto Farmácia Viva começou com uma horta comunitária e hoje se tornou referência no estado, recebendo diariamente visitas de representantes de várias escolas buscando informações sobre como implantar o projeto. “A experiência é de fácil replicação e de baixo custo. Todas as escolas podem apostar nela”, destaca Edinalva. O sucesso da iniciativa foi tamanho que a prefeita da cidade, Célia Rocha, determinou sua implantação em todas as Unidades de Saúde. Um grupo de trabalho vai comandar a instalação do projeto nas unidades da zona rural e urbana do município.

Projeto de baixo custo resgata cultura milenar dos remédios caseiros

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Fotos: Roberto Carlos/Viver Melhor

Ação social

Aulas de cidadania

com policiais O trabalho integrado realizado por policiais e comunidade trouxe muito mais do que segurança ao bairro Santa Etelvina e ao residencial Viver Melhor, ambos localizados na zona norte de Manaus. Graças à atuação de policiais da 26ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), crianças e adolescentes dos dois bairros participam de projetos esportivos que incluem aulas de futebol, futsal e noções de cidadania. O objetivo dos projetos é oferecer alternativas que retirem crianças e adolescentes das ruas, evitando a ociosidade e, consequentemente, o envolvimento com práticas criminosas. No conjunto residencial Viver Melhor, o projeto começou a funcionar há três meses e hoje já conta com aproximadamente 150 meninos, entre sete e 17 anos. Segundo o tenente Diego Paiva, responsável pela implantação do projeto, a ideia de oferecer atividades esportivas surgiu diante da necessidade de encontrar uma ocupação para as crianças. “Aqui existe um número muito grande de crianças e adolescentes e percebemos a necessidade de fazermos algo para evitar que se envolvessem em situações de perigo”.

Primeiro núcleo O primeiro projeto foi implantado em março de 2013, em Santa Etelvina, e batizado de Santa

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Bola. Lá, os policiais militares da 26ª Cicom aproveitaram a escolhinha de futebol que já existia e ampliaram o programa com o apoio da comunidade. No local, crianças e adolescentes treinam futebol e têm aulas de cidadania ministradas por instrutores voluntários da própria comunidade e policiais da área. De acordo com o soldado Leandro Fontes, um dos instrutores do projeto, diariamente as crianças recebem noções de cidadania. “Todo dia, depois dos treinos, nós temos uma conversa com as crianças, na qual passamos noções de civismo e disciplina”.


Conexão

Internet

em áreas remotas da Amazônia

A necessidade de ter meios para

se comunicar em áreas mais distantes levou o Instituto Mamirauá a buscar formas de conectar esses locais ao mundo. Para isso, um projeto vem sendo executado e já conseguiu levar o sinal de internet e telefone para dois pontos: a Pousada Flutuante Uacari, na Reserva Mamirauá, e a Casa do Baré, na Reserva Amanã, uma base de terra firme distante cerca de 110 quilômetros de Tefé. O alto custo é um dos principais desafios enfrentados para a instalação de internet na região de Tefé, uma área distante e isolada, onde não existe cabeamento de fibra ótica. A alternativa da tecnologia via rádio também se deparou com um novo problema: o solo de várzea que, por

uma questão de segurança, limita a altura máxima das torres. Para contornar a adversidade, os técnicos e especialistas em informática tiveram que desenvolver uma tecnologia própria para a região. “Conseguimos um equipamento interessante. Customizamos o equipamento, trabalhamos as configurações e fizemos muitos laboratórios. No fim, conseguimos um equipamento barato, robusto e com alto desempenho”, relata o coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação, Francisco de Freitas Junior.

Fim do isolamento A experiência deu certo: a transmissão de dados está

instalada de forma estável, com internet wireless e telefonia VOIP. “Agora, temos acesso à informação. Com esses recursos, a gente não se sente sozinho, posso conversar com meus familiares todas as noites, se eu quiser. Tudo melhora com essas ferramentas”, comentou o médico veterinário, Guilherme Guerra, que costuma passar três semanas em campo. Agora, ele passa todo esse tempo conectado. Na próxima etapa do projeto, os técnicos vão procurar novas formas para ultrapassar as áreas de floresta sem o auxílio das torres. O projeto está em fase de estudo e deve ser testado ainda este ano.

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Capacitação

Formando

jovens do campo Lançado em 2012, o Pronatec do Senar já oferece 60 cursos para jovens e adultos do meio rural, em 1.012 municípios, de 25 estados, por meio de parceria com ministérios e secretarias de educação. Este ano, o programa vai ofertar mais de 62 mil vagas, de açaicultor a pedreiro de alvenaria. No ano passado, foram 47 mil vagas. Com apenas dois anos, o Pronatec do Senar já formou estudantes em diversas cadeias produtivas. Alguns foram contratados por grandes empresas, outros aperfeiçoaram as ativida-

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des desenvolvidas na propriedade da família ou abriram o próprio negócio, como Marcos Vinicius da Silva Ramos, que criou uma cooperativa de laticínios em parceria com amigos depois de participar do curso de Produtor de Derivados do Leite no município de São José do Tapera, localizado na região do semiárido alagoano. “Pelo próprio espírito de mudança e inovação, vimos a necessidade de ajudar de alguma forma nossos agricultores a se organizarem e gerarem mais lucro, agregando valor à sua produção, não somente na produção de leite,


Capacitação

mas também nas outras atividades agrícolas exercidas na propriedade, obtendo uma melhor qualidade de vida e de renda”, explica o jovem empresário. Atualmente, os Ministérios da Pesca, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e as Secretarias de Educação (Seducs) são os principais demandantes do Senar, somando juntos um volume de 30,8 mil vagas para 2014. A maior procura pelo programa vem da região Norte, concentrada principalmente no estado do Tocantins, com demanda de 22.975 mil vagas para este ano.

Formação completa Segundo a chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social do Senar, Andréa Barbosa, o programa oferece ao jovem do campo uma formação mais completa, não só pelo lado profissional, mas também pelo pessoal. Ela ressalta que o Pronatec é uma oportunidade de ofertar cursos com carga horária maior e conteúdo de empreendedorismo focado no mercado de trabalho. “De um lado, os estudantes têm a oportunidade de receber uma metodologia diferenciada, ministrada por instrutores capacitados para trabalhar com jovens. Por outro, o Empreender no Campo, módulo com conteúdo sobre empreendedorismo, ensina mais do que conteúdo técnico: dá ao jovem a chance de empreender para a vida, ajudando-o a refletir sobre seu papel na

sociedade e sobre a necessidade de estudar e mudar de vida”. Andréa Barbosa explica que a parceira com o Ministério da Educação trouxe maior visibilidade para o Senar, mostrando aos grandes centros urbanos a importância da entidade para a capacitação e qualificação do homem do campo.

Combate à seca Para atender jovens como Marcos Vinicius e outros produtores que vivem na região do semiárido e enfrentam a seca todos os anos, o Senar trouxe uma novidade para o Pronatec 2014. O curso Produtor Agropecuário, originalmente com carga horária de 250 horas/aula, foi ampliado para 348 horas/aula nos estados do semiárido e incorporado ao programa Sertão Empreendedor, criado pelo Sistema CNA/Senar para ajudar os produtores a enfrentarem a seca na região. “Essas 98 horas adicionais servirão para tratar mais profundamente de dois temas importantes para o produtor rural do semiárido, que são as reservas estratégicas de água e de alimentação animal”, explica o coordenador do programa Sertão Empreendedor, Joaci Franklin de Medeiros. Além dos estados da região do semiárido, outros que tiverem projetos de enfretamento da seca, como é o caso do Tocantins, poderão oferecer o curso, desde que as vagas sejam previamente pactuadas com um demandante.

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Mobilidade

Cicloativistas

em alta

O movimento cicloativista, calçado nos eixos do cicloturismo, ciclocidadania e cicloestrutura, está conquistando cada vez mais espaço nas políticas públicas. No Paraná, governo, universidades e cicloativistas criaram um grupo técnico interinstitucional para coordenar a execução do Programa de Mobilidade Não Motorizada por Bicicleta, o Ciclo Paraná. Durante os próximos seis meses, o grupo se reunirá semanalmente para consolidar as ações de incentivo do uso da bicicleta nos 399 municípios do estado. “Cidades grandes, as que estão em crescimento e as de pequeno porte terão a oportunidade de estimular uma cultura que agrega qualidade de vida, reduz o trânsito,

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permite o planejamento urbano para o futuro, evita a poluição e contribui para a saúde”, enfatiza o secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida. O programa se enquadra perfeitamente na Política Nacional de Mobilidade Urbana, que estabelece diretrizes de estímulo ao transporte não motorizado e exige que os planos de mobilidade urbana dos estados e municípios contemplem a integração dos modais de transporte público com os não motorizados.

Integração Para o coordenador do programa Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná,

e um dos organizadores do Fórum Mundial da Bicicleta, José Carlos Belotto, este é o primeiro reconhecimento de um governo estadual de que a bicicleta deve ser fomentada como uma política pública. “Agora teremos condições de criar um programa consistente e que disseminará a cultura da bicicleta”, afirmou, ressaltando a importância da integração entre técnicos, ciclistas e especialistas em mobilidade urbana. A coordenadora de C&T da Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, Sueli Edi Rufino, já prevê até o uso científico da bicicleta: “As universidades poderão levar o programa para diversas regiões do estado e incluir o uso da bicicleta em trabalhos de pesquisa científica”.


Sustentabilidade

Agrofloresta

integra homem e natureza Um projeto desenvolvido pela Cooperafloresta, associação que atua com 120 famílias agricultoras e quilombolas, foi reconhecido pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social como um dos três melhores do Brasil. O projeto premiado consiste na adoção dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), prática que promove a proteção e recuperação ambiental aliada ao resgate da dignidade de vida dos seus associados. A iniciativa tem sido aplicada com sucesso desde 2003 em Barra do Turvo, região com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado de São Paulo. Historicamente, a região vivia da monocultura, com a exploração predatória dos recursos naturais da Mata Atlântica, bioma da região. A continuidade da agricultura convencional poderia levar várias espécies nativas à extinção. Com a agrofloresta, essa possibilidade é praticamente eliminada, já que o material vegetal preexistente é cortado e disposto de forma ordenada e com arranjo definido no solo, sem a utilização de fogo.

Berçário natural Com o manejo intensivo da vegetação, especialmente na poda e na disposição do material podado no solo, o tempo se encarrega de criar ‘berços’ naturais que potencializam o aproveitamento da matéria orgânica pelo solo. A água penetra melhor na terra, com maior aproveitamento. É nesta pequena faixa que as sementes, tubérculos ou manivas são plantados. Ao longo do tempo, vão surgindo várias espécies de plantas por regeneração natural. O resultado é a integração entre homem e natureza. Lucilene Vanessa Andrade, agrônoma que integra a Cooperafloresta, explica que na agrofloresta o plantio e a colheita se dão ao mesmo tempo. “O adubo vem da própria natureza; as podas feitas corretamente deixam os raios de sol entrar e dão força para as verduras, legumes, hortaliças e frutas crescerem. E o mais importante: tudo vai para as próprias famílias, por meio da comercialização coletiva”. 29


Esporte

Hoje, já existem diversos eventos mundiais que reúnem esses atletas guerreiros para competirem e mostrar que a prática dos esportes abre oportunidades incríveis na vida de todos 30


Esporte

Atletas,

e superatletas,

com deficiência

A prática de esportes entre pessoas com deficiência é um importante processo de reabilitação que vem sendo cada vez mais difundido no Brasil e no mundo. Hoje, já existem diversos eventos mundiais que reúnem esses atletas guerreiros para competirem e mostrar que a prática dos esportes abre oportunidades incríveis na vida de todos. O esporte adaptado para portadores de deficiências físicas começou oficialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando muitos soldados voltavam para casa mutilados. As primeiras modalidades competitivas surgiram nos Estados Unidos – com o basquete em cadeiras de rodas, natação e atletismo – e na Inglaterra, onde pacientes vítimas de lesão medular ou de amputações de membros inferiores praticavam esportes dentro do hospital como atividade de reabilitação.

Paraolimpíadas Em 1960, as pessoas com deficiências, tradicionalmente discriminados pela sociedade e desmotivados pela sua própria condição física, ganharam a oportunidade de provar seu valor como atletas em um grande evento esportivo: as paraolimpíadas. Desde a XVI Olimpíada, realizada em Roma, em 1960, imediatamente após as Olimpíadas e nas mesmas instalações, são realizados as Paraolimpíadas, ou Jogos Paraolímpicos. A I Paraolimpíada teve a participação de 400 atletas de 23 delegações. O sucesso das primeiras competições proporcionou um rápido crescimento do movimento paraolímpico, que, em 1976, já contava com quarenta países.

Em 2016, o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência acontecerá pela primeira vez na América do Sul. Os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro reunirão mais de 4.000 atletas, de 150 países, em 28 modalidades esportivas. As paraolimpíadas reúnem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de deficientes mentais. A maior glória desses supercompetidores não está somente na conquista de medalhas e na própria competição, mas no exemplo que eles passam para centenas de milhares de pessoas que vivem estigmatizadas por suas deficiências físicas e mentais e sem perspectivas em suas casas.

Pequenas adaptações As pessoas com deficiência necessitam de espaço físico adaptado e específico para os treinamentos, além de profissionais capacitados na área, que devem ter conhecimento tanto do esporte como, de preferência, da deficiência do atleta. E o que não falta é opção: arco e flecha, atletismo, basquete, bocha, ciclismo, handebol, esgrima, halterofilismo, tiro ao alvo, futebol, natação, tênis de mesa, vôlei e até golball, esporte jogado por atletas com deficiência visual que arremessam uma bola sonora com as mãos no gol do adversário. As modalidades esportivas são adaptadas para as pessoas com deficiências físicas. No tênis, por exemplo, a bola pode quicar duas vezes, sendo a primeira dentro da quadra; no judô, a diferença está na textura do tatame, que indica os limites da área de competição.

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Cultura

Compartilhando

leitura

Que tal doar aqueles livros que já foram lidos e que estão encostados em sua casa? Você pode repassá-los a um amigo ou conhecido que precise deles, mas se não houver nenhum candidato em potencial para recebê-los, pense com carinho em realizar uma doação a uma biblioteca. Lá, você terá a certeza de que os livros serão úteis a uma grande quantidade de pessoas e terão menos chance de terminarem parados na casa de um único dono. Em geral, livros didáticos não costumam ser aceitos, pois seu conteúdo acaba se desatualizando com o tempo. Livros muito deteriorados, rasgados ou com páginas faltando também não valem a pena. Nesse caso, a reciclagem pode ser uma ótima alternativa.

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Verifique se a biblioteca pública mais próxima ou a biblioteca de sua escola ou faculdade aceita a sua doação. Bibliotecas comunitárias e projetos sociais que envolvam leitura também são ótimos destinos para seus livros.

Bicicloteca Em São Paulo, por exemplo, uma Bicicloteca criada em 2011 por Lincoln Paiva, do Instituto Mobilidade Verde, recebe doações de livros que são emprestados a populações que, normalmente, não têm acesso fácil a bibliotecas, como os moradores de rua. São bibliotecas itinerantes

que se locomovem por meio de triciclos. No baú, títulos de Trumam Capote, Lima Barreto e Graciliano Ramos. Moradores de rua dificilmente têm acesso a este tipo leitura, visto que em bibliotecas públicas é necessário preencher uma ficha cadastral com endereço fixo e, obviamente, morador de rua não possui residência. A iniciativa tem uma metodologia para empréstimos de livros sem burocracia que consiste na mesma mecânica do Book Crossing, ou seja, os livros são emprestados e não necessitam retornar para a Bicicloteca. Após a leitura, a pessoa pode passar para outra, mas fica um acordo tácito entre as partes – o livro não poderá ser vendido ou jogado fora… Se quiser, pode ser devolvido.


Solidariedade

Doando

Medula óssea

Doar a medula óssea também é um procedimento simples e seguro, e que pode salvar vidas. Para se tornar um doador voluntário, é necessário ter de 18 a 54 anos, ter boa saúde e fazer um cadastro em qualquer hemocentro, onde é feita a coleta de uma pequena

quantidade de sangue para um teste de compatibilidade. Todos os dados do voluntário são registrados num banco de dados nacional do Ministério da Saúde (Redome). Sempre que houver um paciente que necessite de transplante e não tenha encontrado doador na família, os médicos podem consultar esse registro. Fonte: Instituto Mário Penna.

Praticar solidariedade não é sinônimo de doar dinheiro. É uma ação voluntária, que pode ser realizada por qualquer pessoa, independentemente de raça, credo, escolaridade e situação financeira. O importante é ter boa vontade e responsabilidade. Doar sangue, leite materno ou medula óssea, por exemplo, são atos gratuitos de solidariedade que podem salvar milhares de vidas. Apesar do avanço da ciência, ainda não foi descoberto um substituto para o sangue humano. Por isso, a doação de sangue é importante para salvar a vida de pessoas que diariamente sofrem acidentes graves, são submetidas a determinados tipos de cirurgia ou possuem hemofilia (doença que altera o processo de coagulação do sangue). Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. O procedimento é simples e não leva mais do que uma hora.

vidas

Leite materno Existem muitos bancos de leite espalhados pelo país que recebem leite materno e o disponibiliza para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso. Toda mãe que estiver com excesso de leite pode ser uma doadora, desde que respeite alguns critérios importantes para manter a qualidade do leite e não prejudicar o bebê que vai recebê-lo, como estar saudável, não ser fumante, usuária de álcool e drogas ilícitas ou portadora de doença infectocontagiosa (como hepatite e aids).

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Inovação

Corante natural identifica

tuberculose Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram uma nova técnica de coloração para diagnosticar a tuberculose. Ela substitui a carbolfucsina (corante sintético) por uma substância natural encontrada em plantas da Amazônia ou microrganismos da natureza. A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo micróbio Mycobacterium tuberculosis, conhecido como bacilo de Koch. Atinge principalmente os pulmões, mas pode afetar outras partes do corpo, como gânglios, rins, ossos, intestinos e meninges. Seu diagnóstico é feito por meio da baciloscopia, procedimento que analisa o escarro do paciente. A baciloscopia utiliza corantes sintéticos (a carbolfucsina) e reagentes para detectar a presença de micróbios causadores da doença. Esses corantes e reagentes são cancerígenos ou tóxicos para o homem e para o meio ambiente.

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Patentes O resultado da pesquisa gerou o pedido de duas patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Os nomes das plantas e dos microrganismos são mantidos em sigilo por questão de segurança. Luciana Fujimoto, pesquisadora, médica e professora do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Ufam, explica que o pedido de patente é apenas uma etapa de proteção dessa tecnologia. Para ela, o mais importante, agora, é conseguir que essa nova tecnologia alcance o interesse das empresas e do Ministério da Saúde e que essa inovação seja efetivada em favor da sociedade. O Laboratório de Microbacteriologia do Inpa executa atividades à procura de novos fármacos e corantes para uso no combate à tuberculose desde 1995. “Após 130 anos, utilizando-se a mesma técnica para diagnosticar a tuberculose, finalmente conseguimos substituir os corantes sintéticos por uma substância natural”, comemora a pesquisadora do Inpa, Julia Ignez Salem, médica e doutora em microbiologia.


Mobilização

União contra o

trabalho escravo

“Precisamos buscar a erradicação daquele trabalho que já existe e encontrar as causas que dão origem a ele”

Ministério Público do Trabalho (MPT), Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Advocacia-Geral da União (AGU) firmaram parceria para fortalecer o combate ao trabalho escravo. A partir de agora, todos os órgãos do Judiciário trabalharão juntos para reforçar ações de combate à exploração de mão de obra adulta e infantil, trabalho degradante, servidão por dívida e ao tráfico de pessoas no estado de São Paulo. Segundo a presidente do TRT da 2ª Região, Maria Doralice Novaes, o objetivo é buscar soluções definitivas para a erradicação do trabalho escravo não só no estado de São Paulo, mas em todo o país. “Precisamos buscar a erradicação daquele trabalho que já existe e encontrar as causas que dão origem a ele. Seguramente, as causas estão próximas da dificuldade econômica das pessoas, mas precisamos buscar as razões mais profundas, pois o país já tem a concepção de escravagista”. Para o superintendente do MTE, Luiz Antônio Medeiros, a

parceria entre os órgãos vai dificultar a prática do trabalho escravo no país. “Caso não haja combate efetivo, a tendência é que a prática seja ampliada, porque é vantajoso para as empresas, que pagam pouco pela mão de obra e não arcam com os direitos trabalhistas”.

Escravidão contemporânea Os estados do Pará, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo lideram o ranking do trabalho escravo no país. E as práticas são diferentes em cada unidade da Federação. Enquanto no Pará os trabalhadores explorados atuam em pecuária e no desmatamento de áreas, em Minas Gerais o problema se concentra na produção de grãos. Em Mato Grosso, a pecuária e a agricultura são os principais motivos e em São Paulo, a prática acontece até em atividades bem regulamentadas, como os setores de confecção e de construção civil. Luiz Antônio Medeiros ressalta que as autoridades estão fechando o cerco contra essa prática nefasta. “Os responsáveis pelo trabalho escravo nunca acreditam na punição, mas a situação está mudando”.

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Meio Ambiente

Paraná e suas

mães natureza Três mulheres que se destacaram por suas ações na defesa do meio ambiente foram agraciadas com o Prêmio Mãe Natureza, concedido pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, nas categorias organizações não governamentais (ONGs), educação e iniciativa privada. Lídia Lucaski, antropóloga e fundadora da Associação de Meio Ambiente de Araucária (Amar), levou o prêmio na categoria organizações não governamentais (ONGs) e afirmou que a premiação é apenas o primeiro passo para que outras pessoas continuem trabalhando por um mundo melhor. Criada em 1983 para combater a poluição emitida pelas indústrias e o uso de agrotóxicos na cidade, atualmente a associação atua no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A Amar é autora de mais de uma centena de ações civis públicas contra crimes ambientais.

Semeando consciência Na categoria iniciativa privada, a vencedora foi Márcia Regina Lopez Arantes, mestre 36

em geografia e especialista em análise ambiental da empresa Brasil Ambiental, sediada em Londrina. Lisonjeada com a premiação, ela lembrou o começo da carreira, quando enfrentou preconceito por ser mulher e trabalhar com meio ambiente numa época em que todos achavam que não existia mercado para esse tipo de atividade. “Este prêmio demonstra que vale a pena semear, persistir e não desistir de semear a consciência ambiental”, afirmou. A professora Maria Leila Grabowski foi a escolhida na categoria ensino e pesquisa. Professora de Geografia no Colégio Estadual São Mateus, em São Mateus do Sul, região metropolitana de Curitiba, ela desenvolveu com os alunos um projeto para fabricação de aquecedor solar com garrafas PET mostrando a possibilidade de utilizar materiais recicláveis e a importância do uso de fontes alternativas de energia. “É muito gratificante saber que um projeto que saiu de dentro do colégio foi valorizado. Este prêmio fará com que os alunos acreditem ainda mais na importância de ações sustentáveis para o seu dia a dia”, comemorou a professora.


De acordo com o International Business Report 2014 (IBR), da Grant Thornton, 47% das empresas brasileiras não possuem mulheres em cargos de liderança, abaixo da média global (33%). A pesquisa também mostra que apenas 7% das empresas brasileiras têm planos para contratar ou promover mulheres nos próximos 12 meses, metade da média global (14%). Os números revelam um cenário de retrocesso em relação aos anos anteriores. Em 2012, apenas 26% das empresas não tinham mulheres no comando, em 2013, a fatia aumentou para 33%. O estudo é feito com 12.500 empresas em 45 economias, sendo 300 companhias brasileiras. A pesquisa mapeou o nível de suporte que as empresas oferecem para o desenvolvimento profissional de suas funcionárias. Durante a licença maternidade, somente 9% das empresas brasileiras pagam salários por um período maior do que a lei recomenda e apenas 19% garantem acesso aos programas de educação continuada e desenvolvimento profissional. A média global para esses itens é respectivamente de 29% e 37%. No Brasil, os conselhos de administração têm em média cinco integrantes, sendo apenas uma vaga ocupada pelo sexo feminino e 65% das empresas apoiariam cotas para aumentar o número de mulheres em companhias de capital aberto. Está claro que o Brasil ainda precisa avançar no âmbito da discussão sobre a participação de mulheres em cargos de direção em empresas públicas e privadas, a exemplo do que vem sendo feito na União Européia. “O

Pesquisa

Mulheres

em cargos de liderança

Parlamento europeu aprovou em novembro um projeto que estabelece meta para que as mulheres ocupem 40% dos cargos de conselho de administração em empresas de capital aberto”, informa Madeleine Blankenstein. sócia da Grant Thornton Brasil, Globalmente, os setores de educação e serviços sociais têm mais mulheres em posição de liderança (51%), seguidos por hospitalidade (37%). Os segmentos de mineração (12%), agricultura e eletricidade (ambos 16%) são os que menos possuem mulheres liderando.

O International Business Report da Grant Thornton (IBR) é uma pesquisa realizada há 19 anos que tem como objetivo fornecer informações sobre as opiniões e expectativas de mais de 12 mil empresas em 45 economias anualmente. São entrevistados CEOs, diretores, presidentes e outros executivos seniores, levando em conta os cargos mais relevantes para cada país. Os questionários são traduzidos para os idiomas locais, e cada país participante tem a opção de realizar perguntas específicas e adicioná-las ao questionário principal.

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Impressões na medida did certa.


Quando os negócios funcionam melhor, o mundo funciona melhor.

Como construímos um mundo de negócios melhor? O mundo de seus negócios, seus clientes, sua carreira, sua família, sua comunidade? Inspirando confiança nos mercados de capitais. Trabalhando com governos e empresas para promover crescimento sustentável. Encorajando o desenvolvimento das pessoas que são – e serão – os visionários, os realizadores, os vencedores. Estes são os pilares do mundo que queremos ajudar a construir. Começando com o seu. ey.com/betterworkingworld #BetterWorkingWorld facebook | EYBrasil twitter | EY_Brasil

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