14ª edição da revista Contexto Social

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Há um ano

divulgando as ações que promovem o desenvolvimento social do país


Expediente

Carta ao leitor Diretoria: Maurício Cardoso, Cláudia Capella, Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR

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A Associação dos Gaiteiros Brazilian Piper, sediada em São Gonçalo (RJ) potencializou o princípio da ação social pela música compartilhando a musicalidade brasileira com a cultura celta. Nossa matéria de capa mostra como o projeto promove a inclusão social e cultural com um instrumento exótico e diferente: a gaita de fole. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte criaram uma ferramenta que ajuda os cegos a enxergarem com o ouvido. Apelidado de “olho biônico”, o projeto usa a mesma técnica utilizada pelos morcegos, que emitem ondas de ultrassom para identificar obstáculos. O sistema utiliza três sensores instalados na aba do boné, na altura da cintura e na ponta da bengala. Em Ribeirão Preto (SP), um jovem estudante transformou geladeiras em pontos de leitura. Selecionado em edital do Ministério da Cultura, o projeto “Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito” customiza geladeira para funcionar como biblioteca. O resultado deu tão certo que o estudante já montou a segunda “geladeiroteca” e estuda abrir mais três, em menos de um ano. Conhecida nacionalmente por seu Festival de Inverno (FIG), a cidade de Garanhuns, no agreste pernambucano, ganhará uma versão completamente voltada para a literatura infantil e a formação de leitores. A primeira edição do Festival Internacional de Literatura Infantil (Filig), que acontece em outubro, consolida a tradição literária da cidade. A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza destinará mais de dois milhões de reais para 20 novas iniciativas voltadas para a pesquisa de conservação dos seis biomas brasileiros, além do ecossistema marinho. A maior parte das iniciativas selecionadas terá duração de até dois anos, sendo que algumas se estendem por três ou quatros anos. Desde julho de 2012, a prefeitura de Indaiatuba (SP) disponibiliza gratuitamente para empréstimo 200 bicicletas ecológicas que utilizam quadro fabricado com garrafas PET. O projeto Ecobike já contabiliza mais de 42 mil empréstimos de bicicletas e quase 14 mil usuários cadastrados. O projeto já conta com quatro estações ecobike. Essas são apenas algumas matérias da 13ª edição da revista Contexto Social. tenha uma boa leitura.


Sumário

Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita

10 11 12 14 15 16 17

GESTÃO Dois anos de ecobike

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CIDADANIA Autoproteção contra a exploração sexual Nova Vila Salvador Arena

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NEGÓCIO Aplicativo cria rede de doadores de sangue

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MOBILIDADE Bicicletas elétricas mudam cenário

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AÇÃO SOCIAL Mãe Coruja no seleto grupo da ONU Cidadania em defesa da Pátria

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será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica

Cultura de paz nas escolas

INTERCÂMBIO Um banho de dignidade

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CLIMA Cenários sobre clima e saúde pública

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MEIO AMBIENTE Mais de um milhão de avaliações ambientais

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INICIATIVA Prêmio cidade Pró-Catador

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INOVAÇÃO Olho biônico ajuda a enxergar com o ouvido

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ARTIGO Respeito ao aluno e uma vitória contra a corrupção

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CNA e Sebrae unidos no semiárido

Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

Corrente do Bem dissemina gentileza

Caia na rede da inclusão digital

Óculos que ajudam cegos a enxergar

O perfil solidário de

Luigi Baricelli Bolsa atleta para paraolímpicos do DF

Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária

Um olhar para a cidadania está no ar

Ano 1 - Número 11 - Março/2014 - Distribuição nacional gratuita

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O mundo contra a AIDS

Mulheres, direitos e

Médicos sem fronteiras e sem discriminação

ISSN 2318-8464

SUSTENTABILIDADE Plástico ameaça ecossistemas marinhos

Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita

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ISSN 2318-8464

NUTRIÇÃO Banco de Alimentos amplia formas de adesão

Ano 1 - Número 10 - Fevereiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

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BH quer levar cidadania para os viadutos

Problemas do sono já são uma epidemia global

Handebol para cadeirantes conquista o mundo

Ano 1 - Número 12 - Abril/2014 - Distribuição nacional gratuita

ACESSIBILIDADE Urna eletrônica com áudio

Autistas interagem com tecnologia touch

Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

As batidas de um coração

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Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

Jovem amigo da criança

Outubro Rosa mobiliza o mundo Cidadania com reflorestamento

CULTURA Geladeiroteca mata fome de leitura

Gol de Letra do craque Raí

ONG fiscaliza ações do governo

ISSN 2318-8464

TERCEIRO SETOR Desapega que pega bem Pesquisas para conservação da natureza Posto Ecoeficiente ganha espaço no Brasil Energia que dá gosto

Jorge Gerdau: Ÿ Sem educação o Brasil jamais

Viviane Senna Longe se vai sonhando demais Amigos do Planeta na escola

Projetos inovadores em Londrina

Passaporte para o mundo literário

participação política

ISSN 2318-8464

POLÍTICAS Enfrentando o tráfico de pessoas Festival dedicado a crianças Marco Regulatório das ONGs

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Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

CAPA Gaiteiros do Brasil

Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

Edições anteriores

Saúde na Escola trabalha hábitos alimentares

Programa beneficia áreas rurais do DF

Atletas, e superatletas, com deficiência


Capa

Gaiteiros do Brasil

Projetos socioculturais que incentivam a prática

musical como instrumento de inclusão, socialização e cidadania para crianças e adolescentes de comunidades de baixa renda não é nenhuma novidade. O princípio da ação social pela música é aplicado há décadas, e com sucesso, em vários países do mundo. A Associação dos Gaiteiros Brazilian Piper, sediada em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, potencializou esse princípio compartilhando a musicalidade brasileira com a cultura celta e enriquecendo o gosto artístico-musical dos alunos com um instru-

Gaita de fole concilia música, cultura e cidadania

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Capa

mento exótico e diferente: a gaita de fole. A Brazilian Piper é uma instituição social sem fins lucrativos criada para promover a inclusão social e cultural de crianças e adolescentes de classes sociais menos favorecidas através do ensino coletivo da música. Está comprovado que a prática musical é um

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poderoso instrumento para a formação do indivíduo, tornando-o mais disciplinado, concentrado, motivado e responsável dentro e fora da sala de aula.

Jornada O início foi difícil. Idealizado em 2002 pelo maestro

e sub-ofical da reserva da Marinha, José Paulo Pereira Filho - que atuou durante 30 anos como músico gaiteiro na banda dos Fuzileiros Navais -, o projeto Gaiteiros Brasileiros (Brazilian Piper) começou apenas com os ensinamentos caseiros do mestre, que construia artesanalmente as próprias gaitas


Capa

e religiosos (como casamentos e bodas). As apresentações são feitas no melhor estilo escocês, inclusive com os típicos trajes kilts, espécie de saia masculina usada pelos celtas do Norte do Reino Unido. Para muitos, o que começou como distração, virou profissão. Dezenas de jovens que passaram pelo Brazilian Piper resolveram trilhar a carreira de músico e não se arrependeram. A banda já fez participações especiais em gravações de grandes osquestras e agora se prepara para gravar seu primeiro DVD independente. O repertório não se limita às músicas de “sotaque” europeu. Também há lugar para Asa Branca e Aquarela do Brasil, entre outras composições legitimamente brasileira.

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Brazilian Piper completa 12 anos de carreira social

e transmitia seu conhecimento adquirido no Reino Unido para garotos de comunidades carentes. Hoje, 12 anos depois, o Brazilian Piper é a maior banda de gaitistas de fole do Rio de Janeiro, com 25 integrantes fixos que se apresentam em eventos culturais, corporativos, militares

Aprender a tocar gaita de fole é uma tarefa complicada para o brasileiro, especialmente se ele for de baixa renda. Não existe curso regular específico para o instrumento no país e a única forma de conseguir dar os primeiros sopros é através de aulas particulares. O grupo compartilha a disseminação da arte da gaita de fole. O regimento interno da associação determina que cabe aos primeiros alunos, já crescidos e experientes, a tarefa de transmitir a técnica para os mais novos. Jonny Mesquita, de 24 anos, é o mais antigo do grupo e toca ao lado de seu mais novo aprendiz, de apenas 11 anos. Com graduação universitária em música, ele conheceu a gaita de fole como aprendiz

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Capa

do Brazilian Piper. Hoje, Jonny Mesquita da aula em duas escolas e já ensinou as técnicas para 10 pessoas.

Projeto iniciado no bairro de Sacramento contagiou a comunidade de São Gonçalo

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Eco O projeto iniciado no bairro de Sacramento, em São Gonçalo, contagiou a comunidade e ecoou por todo o município. Além de diminuir a exposição de crianças, adolescentes e jovens às situações de risco social - como drogas e prostituição –, a banda inseriu São Gonçalo no cenário artístico e cultural do Rio de Janeiro. O rendimento dos alunos nas escolas é acompanhado regularmente e a freqüência nos ensaios individuais e apresentações externas não podem ser inferior a 75%. Eles também

participam de reuniões mensais com a equipe de apoio multidisciplinar, onde são abordados assuntos de comportamento grupal e individual. A associação também viabiliza a concessão de bolsas de estudos em faculdades privadas para os alunos que terminaram o ensino médio. O maestro enfatiza que muitas crianças que não tinham perspectiva de futuro, hoje estão inseridas nas forças armadas seguindo carreira militar, outras concluíram o nível superior em outras áreas e também se transformaram em profissionais qualificados. Mas o efeito mais significativo deste projeto é a mu-


Capa Capa

dança de comportamento dos alunos, registradas ao longo do tempo. “O maior resultado do projeto é ter a certeza de ter contribuído, de alguma forma, no desenvolvimento destas crianças e jovens, diminuindo o tempo ocioso e afastando-os de riscos e vulnerabilidade social”, ressalta José Paulo.

Além da Escócia Elemento tradicional da música escocesa, a gaita de fole também é popular em outros países como Alemanha, Itália, França, Líbia, Argélia, Tunísia, Índia, Paquistão e Turquia. Mesmo pouco conhecida

em nosso continente, é comum entre os brasileiros que já “ouviram falar” sobre o instrumento imaginar que ele nasceu na Escócia. Ledo engano. A verdade é que sua origem é bem mais complexa. Alguns historiadores garantem que há registros do instrumento ainda no século II A.C., em pleno Império Romano. Outros apontam como berço o Oriente Próximo, onde hoje se encontra o Irã. Ela chegou ao Brasil junto com os portugueses. Há registros na carta de Pero Vaz de Caminha de que o instrumento servia para acalmar os índios e promover a integração dos aventureiros com as tribos que habitavam a região de Porto Seguro. Produzidas com madeira, resina, metal, couro e pano, cada gaita de fole demora cerca de três meses para ser confeccionada.

Regulamento prevê que alunos experientes transmitam a técnica para os mais novos

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Políticas

Enfrentando o

tráfico de pessoas

O Brasil está fortalecendo seu sistema nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas, mas ainda carece de uma ampla legislação para combater este tipo de crime. Segundo o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, o país precisa incorpora todas as modalidades previstas no Protocolo de Palermo e que ainda não estão previstas na legislação nacional. Como exemplo, ele cita que modalidades como o tráfico de pessoas para fim de remoção de órgãos, para adoção internacional e para fins de casamento servil ainda não estão tipificadas criminalmente. “Quanto mais conseguirmos englobar essas hipóteses como condutas ilícitas, melhor será a capacidade do nosso sis-

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tema de Justiça processar essas ações e diminuir a impunidade”, ressalta o secretário. Criado em 2000, na Itália, o Protocolo de Palermo está em vigor no Brasil desde março de 2004, e é oficialmente conhecido como Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas.

Atlas O Ministério da Justiça divulgou um atlas com a estrutura e experiências de enfrentamento a esse crime. Atualmente, o Brasil conta com uma rede de 16 núcleos de enfrentamento ao tráfico de pessoas. No local, as pessoas

podem ter ajuda psicológica, encaminhamento para reinserção profissional e até proteção para as que se acharem ameaçadas. Outros 12 postos avançados fazem buscas ativas de situações de tráfico de pessoas, em grandes aeroportos e rodoviárias, e identificam situações suspeitas para que os profissionais possam intervir, quando necessário. O atlas também traz ações como a Clínica Intercultural, da Universidade Federal de Santa Catarina, que presta atendimento psicológico a estrangeiros, migrantes ou refugiados em sofrimento psíquico e o Projeto Bebel, voltado para a inclusão socioeconômica de profissionais do sexo da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.


crianças Conhecida nacionalmente por seu Festival de Inverno (FIG), a cidade de Garanhuns, no agreste pernambucano, ganhará uma versão completamente voltada para a literatura infantil e a formação de leitores. A primeira edição do Festival Internacional de Literatura Infantil (Filig) acontecerá em outubro. Promovido pela Proa Cultural em parceria com a prefeitura, o evento consolida a tradição literária da cidade, que preza suas bibliotecas públicas e investe em ações voltadas para a literatura infantil, como a implantação de salas de leitura e realização de bienais de livros. “Queremos reforçar o que já é feito regularmente e fazer com que as crianças ampliem o interesse pela leitura”, explica o escritor e professor Antonio Nunes Filho, responsável pela curadoria da Filig. “A semente já

Garanhuns sediará primeiro Festival Internacional de Literatura Infantil na região Nordeste

foi plantada e estamos aqui para contribuir com a formação de novos leitores”, ressalta. O Filig será o primeiro festival internacional de literatura infantil realizado na região Nordeste. Sua edição de estréia oferecerá oficinas, atividades, palestras e debates direcionados ao público infantil.

Clima A cidade já entrou no clima do Festival com o início das oficinas voltadas para profissionais que atuam com educação de crianças e com literatura infantil. Até outubro, serão

realizadas seis oficinas, sendo duas de Mediadores de Leitura e quatro de Gestores de Bibliotecas. Cada oficina capacitará até 24 profissionais que atuarão como agentes multiplicadores, atingindo indiretamente até três mil crianças. As escolas que tiverem profissionais capacitados nas oficinas e as seis bibliotecas existentes em Garanhuns receberão “Kits de Leitura” formados por um acervo de livros infantis selecionado pela Fundação Nacional do Livro Infantil Juvenil (FNLIJ) e pela curadoria do festival.

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Políticas

Festival dedicado às


Políticas

Marco Regulatório

das ONGs

S ancionado

pela presidente Dilma Rousseff, o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil tornará as parcerias entre as organizações e o governo federal mais claras e transparentes. A ideia é coibir a corrupção e trazer segurança à atuação das organizações comprometidas com o interesse público.

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A principal mudança do projeto de lei aprovado está na criação de dois tipos de contrato entre governo e organizações da sociedade civil: “termo de colaboração” e “termo de fomento”. Os gestores públicos serão obrigados a realizar um “chamamento público”, uma espécie de edital de concorrência entre ONGs.

Mais transparência nas parcerias entre Governo e Organizações


Avanço Dilma Rousseff ressaltou que a sanção representa um avanço na democracia do Brasil. Para ela, o novo documento reconhece de uma forma institucional a sociedade civil como ente legítimo na relação com o Estado. “A legislação cria um ambiente mais adequado para a atuação e reconhecem nas organizações da sociedade parceiras fundamentais do estado na implementação de políticas em favor dos cidadãos”, afirmou, ressaltando a importância da participação da sociedade civil no processo de construção do marco: “Graças a esse amplo diálogo, o resul-

Para receber verbas públicas, as organizações precisarão ter, no mínimo, três anos de existência e comprovar experiência no serviço a ser prestado. Elas serão ficha limpa e poderão cobrir despesas como remuneração da equipe dimensionada no plano de trabalho, diárias referentes a deslocamento, hospedagem e

tado é um novo arcabouço jurídico que traz benefícios para todos”. As regras mais claras e a maior transparência evitarão erros e permitirão o reconhecimento do Estado da importância das organizações na vida do brasileiro. As ONGs têm sido fundamentais para que políticas públicas cheguem a população e não faltam exemplos de boas parcerias espalhadas pelo Brasil.

Transferências De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, já havia mais de 290 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos no País. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em novembro 2013, mostrou que a União transferiu cerca de R$ 29 bilhões a 10 mil entidades sem fins lucrativos (ESFLs), entre 2003 e 2011. Esse valor representa 15% do total das transferências feitas pelo governo federal no período.

Para receber verbas públicas é preciso comprovar experiência e ter ficha limpa

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Terceiro Setor

alimentação e a aquisição de equipamentos e materiais permanentes com recursos da parceria com o governo. A lei também exige que órgãos públicos planejem previamente a realização e acompanhamento das parcerias, e prevê sistema de prestação de contas diferenciado por volume de recursos.


Terceiro Setor

Desapega

que pega bem!

Lançada no início de abril, o “Desapega que pega bem” está mobilizando a população de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A campanha é uma iniciativa da Fundação Semear para incentivar a doação de roupas, calçados e acessórios, em bom estado, para o bazar social. O dia do desapega acontece na primeira segunda-feira de cada mês. Neste dia, a pes-

soa que não tiver como levar sua doação à central da Fundação pode agendar o recolhimento da doação em seu próprio endereço. As doações pontuais, fora da campanha do Desapega, podem ser feitas de segunda à sexta-feira diretamente na Fundação Semear. O bazar social possibilita à comunidade adquirir roupas, calçados, acessórios e artigos de bazar, novos e usados a preços acessíveis. Os recursos obtidos são revertidos

para a manutenção dos projetos sociais.

Centro de Vivência Regularmente, a Fundação Semear promove encontros de pais e responsáveis dos educandos atendidos no Centro de Vivência Redentora (CVR) para fortalecer o vínculo comunitário e estimular a participação ativa das famílias nas ações de convivência. O terceiro encontro aconteceu no dia 12 de julho. Nesta edição, a Roda de Conversa, momento para a troca de informação e experiências entre palestrantes e participantes, debateu o tema “Limites, por quê?”. A roda foi coordenada por Janete Maria Ritter, graduada em psicologia com ênfase em Saúde Mental e Desenvolvimento Humano pela Universidade Feevale e Mestranda em Psicologia da Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria. O Centro de Vivência Redentora, programa de Convivência e fortalecimento de vínculos da Fundação Semear, atende mais de 150 crianças e adolescentes entre 06 e 16 anos, em situação de vulnerabilidade social.

Semeando a convivência familiar e a cultura da doação 14


Terceiro Setor

Pesquisas para

conservação da natureza

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza destinará mais de dois milhões de reais para 20 novas iniciativas voltadas para a pesquisa de conservação dos seis biomas brasileiros, além do ecossistema marinho. Os projetos foram selecionados por meio de editais públicos promovidos pela Fundação, instituição que realiza chamadas semestrais desde 1990. A maior parte das iniciativas selecionadas terá duração de até dois anos, sendo que algumas se estendem por três ou quatros anos. Entre os projetos que receberão apoio destaca-se o estudo que vem sendo realizado com a arara-azul-de-lear na Estação Biológica de Canudos, na Bahia. Desde 2012, a espécie é considerada como ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). O projeto visa o fortalecimento e o reconhecimento efetivo dessa unidade de conservação, que foi criada no Bioma Caatinga especialmente para a preservação da arara-azul-de-lear. A ave é endêmica da região, não sendo encontrada em nenhuma outra parte do mundo.

Em 23 anos de atuação, a Fundação Grupo Boticário já se firmou como uma das maiores financiadoras privadas de iniciativas de conservação da natureza brasileira. Ao todo, 1.397 iniciativas já foram apoiadas em todos os estados brasileiros, contribuindo para a descoberta de 69 novas espécies para a ciência e para a proteção de outras 237 ameaçadas de extinção no país.

Grupo Boticário financiará 20 iniciativas nos seis biomas brasileiros

Papagaio Na Mata Atlântica, bioma mais ameaçado do país, doze iniciativas serão realizadas. O litoral sul de São Paulo receberá uma delas, que tem por objetivo proteger o papagaio-de-cara-roxa, colocando em prática as ações de conservação estabelecidas pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica.

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Terceiro Setor

Posto Ecoeficiente ganha espaço no Brasil A onda dos postos de gasolina ecoficientes está ganhando cada vez mais espaço no País. Eles visam o uso eficiente dos recursos naturais por meio de iniciativas como reaproveitamento da água da chuva e da lavagem dos veículos, aplicação de soluções de eficiência energética e sistemas construtivos que economiza material e geram menos resíduos na obra Entre atributos como energia solar, iluminação em LED e o chamado telhado branco, que evita o aquecimento do local, esses estabelecimentos contam com vários itens que beneficiam o meio ambiente e são certificados pelo Green Building Council, instituição internacional que promove práticas de sustentabilidade ambiental. A certificação (selo Leed) é concedida a edificações focadas na redução do consumo de energia. Também são considerados os custos operacionais de manutenção, menor uso de recursos ambientais não

renováveis, melhor qualidade do ar interno dos edifícios e a melhor qualidade de vida e saúde de seus usuários.

Apaixonado por carros O grupo Ipiranga aposta nos postos Ecoeficientes, que já somam mais de 534 unidades espalhadas pelo Brasil, e conta com o apoio da FINEP para expandir sua rede de ecoficiência. O projeto de expansão apoiado pela Finep aplica tecnologias desenvolvidas em parceria com universidades federais, como a UFRJ, USP e UFSC. Sua nova unidade, inaugurada recentemente no Rio de janeiro, tem energia solar, iluminação em LED, single deck - cobertura que utiliza 20% a menos de aço e não utiliza forro de PVC -, telhado branco e um novo sistema de exaustão que alivia a carga do ar-condicionado, gerando economia de energia. “É importante estimular essa aproximação entre o setor produtivo e a academia. As áreas de energias renováveis e tecnologias limpas são tidas como prioritárias para o País”, afirma Igor Andrade, analista de Departamento de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Finep.

O selo Leed é concedido a edificações focadas na redução do consumo de energia

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Terceiro Setor

Energia que dá gosto A fábrica da Nestlé em Araras (SP) é um exemplo de economia e sustentabilidade. A empresa está utilizando a biomassa vinda da borra do café para gerar 25% da energia consumida em suas instalações. Com isso, a borra que deixa de ser descartada, está gerando energia elétrica. Apenas para se ter uma ideia da grandeza da economia, a fábrica de Araras consome aproximadamente 40% de toda a energia utilizada pela Nestlé no Brasil. O processo para a utilização desse recurso energético sustentável é simples. Cerca de 97% do pó que fica no coador após preparo da bebida é prensado para reduzir umidade e depois é armazenado em um silo, onde é misturado a cavacos de madeira. Depois, essa mistura é queimada em uma caldeira, gerando vapor que alimenta as principais áreas da fábrica. O resto passa por um processo de compostagem e se transforma

em fertilizante orgânico. A borra é um subproduto da produção do café solúvel da marca, como o pó que fica no coador após o preparo da bebida pelo processo tradicionalmente utilizado por milhões de brasileiros. Biomassa Várias empresas já reciclam biomassa na obtenção de energia, mas de acordo com a professora Suani Coelho, do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP, é a primeira vez no Brasil que se utiliza a borra de café. A ideia desse tipo de matriz foi criada na Suíça e já é utilizada pela multinacional na maioria das fábricas espalhadas pelo mundo. Em Araras, caso a linha de produção usas-

se o tradicional gás natural na geração de vapor, anualmente seriam emitidos mais de 20 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Em usinas de açúcar, por exemplo, o bagaço da cana gera energia para toda a instalação. Também é possível extrair energia de resíduos como madeira nas serrarias e plantas de celulose, casca de coco, casca de arroz, entre outros.

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Gestão

Dois anos de

ecobike

Desde julho de 2012, a prefeitura de Indaiatuba (SP) disponibiliza gratuitamente para empréstimo 200 bicicletas ecológicas que utilizam quadro fabricado com garrafas PET, além de dez bicicletas com cadeirinha acoplada para o transporte de crianças e cinco duplas para os passeios em família, com amigos ou com deficientes visuais. Coordenado pela Secretaria de Obras e Vias Públicas em parceria com a Secretaria de Urbanismo e do Meio Ambiente, o projeto Ecobike já contabiliza mais de 42 mil empréstimos de bicicletas e quase 14 mil usuários cadastrados. Para comemorar o segundo ano de atividade, ia prefeitura instalou mais uma estação Ecobike

Já são mais de 42 mil empréstimos e 14 mil usuários

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Agora são quatro, sendo duas estações no Parque Ecológico, uma na Praça D. Pedro (Centro) e uma na Praça Renato Villanova (Praça do Cato).

É só o começo O secretário de Urbanismo, José Carlos Selone, garante que isso é só o começo. “Estamos estudando expandir ainda mais o projeto, tanto construindo novas estações como ampliando as ciclovias e ciclofaixas na cidade, que hoje conta com cerca de 13 quilômetros de ciclovia e mais de 12 quilômetros de ciclofaixas”. Os usuários do projeto Ecobike devem ser maiores de 18 anos ou menores acompanhados

por um responsável maior de idade. Para utilizar as bicicletas os interessados podem se cadastrar no site da prefeitura ou diretamente nas estações, onde também deve ser validado o cadastro mediante apresentação de CPF, comprovante de endereço atualizado e um documento com foto. Cada CPF dá direito a retirada de outras duas bicicletas extras para menores. O tempo permitido para uso é de quatro horas contínuas, que pode ser renovado, e as bicicletas podem ser devolvidas em qualquer estação. O serviço é gratuito e funciona das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas de segunda à sexta-feira, e das 8 às 12 e das 14 às 18 horas nos finais de semana e feriados.


Cidadania

Autoproteção

contra a exploração sexual Idealizado para combater possíveis violações de direitos das crianças e dos adolescentes durante a Copa do Mundo realizada no Brasil, a campanha “Defenda-se” conquistou o país com orientações e dicas de autoproteção contra abuso e exploração sexual. Desenvolvida pela Rede Marista de Solidariedade em parceria com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), a campanha produziu seis vídeos com linguagem direcionada a meninos e meninas de 5 a 11 anos de idade que abordam situações que podem levar a um contexto de violência sexual. O material traz dicas de como a criança pode se defender com procedimentos simples como não fornecer informações pessoais a estranhos, tomar cuidado com as fotos que compartilha na internet e identificar se qualquer pessoa – mesmo que seja da própria família – estiver tocando indevidamente seu corpo.

Lacuna Segundo o articulador do Centro Marista de Defesa da Infância (CEDIN), Douglas Moreira, havia uma lacuna de materiais que falassem diretamente com as crianças e fomentasse sua autoproteção. “Aproveitamos o momento da Copa, mas não se restringindo a ele, para produzir vídeos que partem do contexto do futebol e apresentam o ‘Time da Defesa’, formado pelas próprias crianças que aprendem e

ensinam outras crianças a se defender”, explica Douglas. A ideia é que o “Defenda-se” não fique somente no Youtube, mas que sirva como material para ser trabalhado nas escolas, instituições e nas conversas em família, promovendo o debate sobre autoproteção e direitos entre as crianças. “É importante que a criança saiba que tem direito de ser protegida e que deve relatar qualquer tentativa de abuso a alguém de confiança, como uma professora ou outro familiar, ou ligar no Disque 100 para que a rede de proteção seja acionada”, ressalta o orientador.

Os vídeos foram produzidos com linguagem direcionada a crianças e trazem dicas de como podem se defender 19


Cidadania

Nova Vila

Salvador Arena

A parceria entre a Fundação Salvador Arena e a prefeitura de São Bernardo do Campo mudou a vida de 166 famílias da antiga Favela Itatiba com a inauguração de um projeto habitacional pioneiro e participativo. A urbanização da área degradada e a concessão de títulos de propriedade concretizaram a construção de um sonho perseguido desde 1968.

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O Habitacional Itatiba é o primeiro projeto de urbanização deste tipo promovido por uma entidade beneficente. Os moradores da antiga área participaram de todas as etapas do projeto e puderam optar por um dos três modelos de planta criados para o conjunto habitacional. A parceria começou em 2008, com a remoção das famílias da área de risco, a canali-


Cidadania

zação do Córrego Itatiba, a edificação das residências e a atenção social às famílias. O projeto envolveu os moradores, representados por uma comissão eleita pela comunidade, prefeitura e técnicos da Fundação. “Este modelo participativo foi fundamental para o sucesso do empreendimento que trouxe o comprometimento e adesão dos moradores”, ressalta Sérgio Loyola, coordenador de projetos sociais da instituição. Para ele, a verdadeira mobilização implica em fazer junto com os seus parceiros e todas as partes interessadas.

Parceria A Prefeitura de São Bernardo do Campo cedeu o terreno e realizou as obras de infraestrutura e saneamento básico. A Fundação construiu 166 unidades habitacionais de 50 metros quadrados, sendo seis adaptadas para pessoas com deficiência física identificados na fase preliminar de planejamento do projeto. A Fundação Salvador Arena também desenvolveu um programa inédito de pós-ocupação, marcado por ações de educação condominial, orientação ambiental e organização social e comunitária, incluindo cursos profissionalizantes e capacitação de lideranças para a formação da associação de moradores. A partir da urbanização, as residências construídas com materiais de qualidade, reves-

timentos externos com acabamento texturizado, detalhes em blocos de vidro aparente e outros diferenciais de acabamento interno, estimularam os moradores a edificar um Centro de Convivência com recursos próprios.

Área de risco A Favela Itatiba surgiu em 1968 com a ocupação espontânea de uma área de preservação permanente do Jardim Petroni, na periferia de São Bernardo do Campo. As famílias viviam em pequenas casas de madeira, construídas às margens de um córrego, expostas a enchentes e sem saneamento básico, colocando em risco a própria saúde. O Projeto Habitacional Itatiba é um dos maiores investimentos da Fundação Salvador Arena na área de habitação. A instituição, que completou 50 anos de existência, atua nas áreas de educação, saúde e assistência social e beneficia mais de 90 mil pessoas por ano. Além das parcerias, a FSA mantém o Colégio Termomecanica e a Faculdade de Tecnologia Termomecânica, e implementa programas que visam ao fortalecimento do terceiro setor por meio do apoio a entidades beneficentes, filantrópicas e ONGs e da capacitação de dirigentes e técnicos dessas organizações.

Projeto habitacional revitaliza antiga favela instalada às margens de um córrego 21


Negócio

Aplicativo cria rede de

doadores de sangue

Desenvolvido no Rio Grande do Norte, o aplicativo Hemoliga está atraindo a atenção de hemocentros de todo o país interessados em firmar parcerias para participar do projeto. Utilizado pelo Hemonorte e pela Fundação Pró-Sangue, o aplicativo idealizado para estimular o aumento do número de doadores e a frequência dessas doações, funciona como uma rede social de doadores e monitora os estoques de sangue dos hemocentros. Abastecido com dados fornecidos pelos hemocentros, o aplicativo informa aos usuários sobre sua próxima doação, os tipos sanguíneos que estão em baixa e os convidam para participar de campanhas a favor da doação de sangue nas redes sociais. “Os estoques de sangue dos hemocentros vivem em escassez permanente e, por outro lado, a demanda por sangue nunca para. Percebemos a necessidade da criação de uma ferramenta que pudesse interagir com o público em potencial e aumentar a frequência dessas doações”, explica o administrador e um dos sócios da Hemoliga, Thiago Luccas. O aplicativo para celulares e tablets já está com versões disponíveis para os sistemas IOS e Android. O download é gratuito e as atualizações são automáticas. Para quem não tem acesso à internet em dispositivos móveis, o acesso também pode ser feito pelo computador no site do projeto Hemoliga.

Por que doar Doar sangue é um ato de solidariedade, cidadania e amor. O procedimento é simples, tranqüilo, seguro e não provoca qualquer risco ou prejuízo à saúde Diariamente acontecem centenas de acidentes, cirurgias e queimaduras violentas que exigem transfusão, assim como os portadores de hemofilia, leucemia e anemias. Se cada pessoa saudável doasse sangue espontaneamente pelo menos duas vezes ao ano, os hemocentros teriam hemocomponentes suficientes para atender toda população. O sangue é um tecido vivo que circula pelo corpo. Ele não tem substituto é essencial à vida. Por isso a doação espontânea e periódica é fundamental. Uma única doação de sangue pode salvar várias vidas.

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Mobilidade

Bicicletas elétricas mudam cenário

E m meio ao caos do trânsito, a

bicicleta elétrica está conquistando espaço nas grandes metrópoles. Além dos já conhecidos benefícios de lazer e saúde, ela pode se tornar uma ferramenta de trabalho, promovendo sustentabilidade e economia aos usuários. A preocupação com o meio ambiente incentiva o crescimento do mercado de entregas sustentáveis. Ágeis e ambientalmente sustentáveis, elas surgem como opção aos carros e, principalmente, as motos para entregas urbanas. Segundo o instituto americano de pesquisa ambiental, Pike Research, existem atualmente 17 milhões de bicicletas e motos elétricas no mundo. O mesmo estudo prevê que até 2017 esse número deve aumentar para 138 milhões.

E se engana quem acha que a bicicleta elétrica fará de seu dono um sedentário. Diferente das motos elétricas, onde o condutor é guiado desde o início da viagem pela propulsão do motor, a bicicleta elétrica, que não possui sistema de tração, necessita que o usuário pedale alguns metros para que o sistema seja acionado. A bike elétrica pode desenvolver uma velocidade de até 25 km por hora, com autonomia de 60 km. A recarga é feita em tomada convencional e dura, em média, duas horas e meia.

Tecnologia A maioria das bicicletas elétricas vendidas no país são comercializadas por importado-

ras. Os modelos têm passado por transformações tecnológicas que agregam mais valor a esses equipamentos, como os modelos super leves, ou os modelos dobráveis, para serem usados em combinação com outros modais de transporte. O modal elétrico já é uma realidade mundial e está presente em carros, ônibus, motos, bicicletas, patinetes e até cadeiras de rodas. No Brasil, as novidades do setor estarão expostas na 10ª edição do Salão Latino Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias, que será realizado em setembro, em São Paulo. O setor quer popularizar seus benefícios sustentáveis e econômicos, acabar com os mitos sobre eles e mostrar a tecnologia agregada aos veículos elétricos.

As bicicletas elétricas surgem como opção aos carros e às motos para entregas urbanas

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Ação social

A importância do acompanhamento

na aprendizagem

A rotina de um jovem aprendiz não é nada fácil. É preciso dedicação para os estudos, foco e força de vontade para o trabalho e tempo e planejamento para conciliar estas duas tarefas com a vida pessoal. Para tanto, é importante que a entidade certificadora ofereça o auxílio necessário para garantir seu processo de desenvolvimento. O processo de aprendizagem envolve duas etapas: a prática, onde o jovem exerce atividades quatro dias por semana em uma determinada empresa; e a atividade teórica, que acontece um dia por semana na própria instituição. Paralelamente são realizados acompanhamentos e orientações visando o desenvolvimento comportamental e a construção da responsabilidade profissional. Segundo a supervisora do departamento de desenvolvimento social do Ensino Social Profissionalizante (Espro), Ivana Martins, a equipe da instituição deve orientar os jovens no desenvolven-

O Espro se dedica à formação social e profissionalizante de jovens a partir de 14 anos

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do de atividades individuais e em grupo capazes de aprimorar atitudes de cooperação e cidadania. Ela explica que também é fundamental alertar as empresas sobre a necessidade de orientações específicas aos jovens e realizar visitas técnicas para garantir a correta realização do programa de aprendizagem.

Missão A missão das entidades certificadoras não se limita à formação de novos profissionais. Ela deve contribuir para embutir uma consciência intra e interpessoal nos jovens e disseminar a cultura da cidadania por meio de ações

socioeducativas que possibilitem a inclusão social e integração ao mundo do trabalho. O Espro é uma organização sem fins lucrativos que se dedica à formação social e profissionalizante de jovens a partir de 14 anos. Seu foco é resgatar pessoas em situação de vulnerabilidade social, incluindo portadoras de deficiência, preparando-as para o mundo do trabalho com formação ética e cidadã. Seus cursos de formação e aprendizagem são oferecidos gratuitamente em todo o Brasil e atende mais de 22 mil jovens por ano. Atualmente, a instituição conta com mais de 900 empresas parceiras.


Ação social

Cidadania

em defesa da Pátria

O trabalho das Forças Armadas brasileira envolve muito mais que a defesa da Pátria. Juntos, Exército, Marinha e Aeronáutica levam atendimento médico aos recantos isolados do país numa ação social que envolve logística, equipamentos, profissionais e cidadania. Recentemente, a Aeronáutica promoveu um mutirão da saúde no pequeno município de Manaquiri, a 60 quilômetros de Manaus. Seu ônibus hospitalar estacionou na cidade trazendo a bordo seis especialistas nas áreas de dermatologia, ortopedia, cardiologia, pediatria, ginecologia e otorrinolaringologia. Sua missão: prestar atendimento à comunidade. Simultaneamente, a Marinha atracou no local o Navio de Assistência Hospitalar Dr. Montenegro, com quatro médicos, quatro dentistas, um farmacêutico e

técnicos de radiografia e mamografia para atender aos moradores, além de exames laboratoriais. Foram mais de 1.500 atendimentos e cerca de 2 mil procedimentos realizados.

Legado Além dos atendimentos médicos, a Marinha oferece curso de Arrais Amador para a profissionalização da navegação fluvial, segurança da navegação e palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis e higiene bucal, entre outras ações. Segundo os profissionais, por ser tratar de uma cidade eminentemente agrícola e que se destaca na produção de batata doce, grande parte da população sofre com problemas ortopédicos. “Como a atividade de agricultura é muito forte na cidade, tem muita gente que trabalhou na

roça a vida inteira e desenvolveu problemas crônicos de quadril, de coluna e de joelho”, explica o tenente médico Waldyr. O mutirão de atendimentos realizado no ônibus e no navio hospitalar supre parte da grande demanda da população por exames e consultas médicas e deixa um legado de saúde para a cidade.

Os atendimentos suprem parte da grande demanda da população por exames e consultas médicas

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Cultura


Cultura

Geladeiroteca

mata fome de leitura

Algum dia você imaginou que uma geladeira poderia virar ponto de leitura? O jovem estudante Haroldo Luis Beraldo não só imaginou como concretizou o projeto “Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito”. Selecionado em edital do Ministério da Cultura, o projeto recebeu R$ 20 mil para custear a implantação do inusitado ponto de leitura. O investimento surtiu efeito e a população de Sertãozinho, cidade a 20 quilômetros de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), ganhou um estímulo a mais para incentivar a leitura: uma geladeira customizada para funcionar como biblioteca. O resultado deu tão certo que Haroldo montou a segunda “geladeiroteca” e estuda abrir mais três, em menos de um ano.

A escolha da geladeira como local para montar uma biblioteca não foi ao acaso e ele se diverte com isso. “Como é um eletrodoméstico usado nas residências para armazenar itens que geralmente são consumidos diariamente, resolvi brincar com a noção de consumo, mas não de alimentos e sim de livros”.

Fome de livros O funcionamento do projeto é simples. Trata-se de uma carcaça de geladeira que é customizada para chamar a atenção de quem vê e é alimentada com livros recebidos por doação. As pessoas podem retirar, trocar e doar livros sem que haja a necessidade de um cadastro formal como qualquer biblioteca. “É uma forma simples de oferecer livros para a população

As pessoas podem retirar, trocar e doar livros sem que haja a necessidade de um cadastro formal como qualquer biblioteca

de maneira desburocratizada, o oposto do que normalmente acontece em bibliotecas”, explica. A receptividade superou as expectativas iniciais de Beraldo. Ele ressalta que as próprias pessoas que retiram livros se encarregam de devolver ou de doar outro no lugar, criando uma noção de pertencimento e de colaboração. “Particularmente, não esperava que isso fosse acontecer de uma forma tão natural e rápida”, admite.

Inspiração Estudante do curso de Ciências da Informação, Documentação e Biblioteconomia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Beraldo se inspirou em ideias semelhantes que encontrou em Araraquara (SP) e Blumenau, em Santa Catarina. “Pesquisei a respeito de projetos que envolviam doação e repasse de livros e o que fiz foi apenas copiar uma ideia e adaptar à realidade da biblioteca e da Feira do Livro”, revela. Atualmente, Beraldo conversa com entidades e pessoas que se interessaram pelo projeto e está em vias de implantar mais três geladeirotecas, uma delas em Ribeirão Preto. “Trabalhamos para que o projeto seja acolhido por qualquer pessoa ou entidade que tenha interesse em compartilhar a noção de doação e repasse de material”.

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Acessibilidade

Urna eletrônica

com áudio

Nas eleições de outubro, os eleitores com deficiência visual vão contar, além do teclado em braile, com áudio em todas as urnas eletrônicas. Essa facilidade será possível graças a uma alteração no software da urna eletrônica feita pela Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com Giuseppe Janino, Secretário de Tecnologia da Informação do TSE, a medida demonstra a preocupação da Justiça Eleitoral em garantir o acesso ao voto a todos os eleitores. “A disponibilização do áudio em todas as urnas eletrônicas do país é uma das evidências do

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projeto da urna em dar acessibilidade. Desde os primeiros modelos, o teclado da urna possui a estampa em braile. Introduziu-se, em seguida, o dispositivo de áudio. Portanto, além de identificar as teclas, o deficiente pode ouvir aquilo que está digitando”, explica.

Cadastro Desde 2010, os eleitores com algum tipo de deficiência precisam se cadastrar junto à Justiça Eleitoral para que sua seção de votação se torne acessível. No entanto, caso o eleitor não tenha informado à Justiça Eleitoral ser

portador de deficiência visual, o mesário da seção eleitoral disponibiliza o recurso sonoro através de uma senha a ser inserida na urna eletrônica. “Basta comparecer à seção eleitoral e o mesário, ao verificar esta necessidade, digita o código e a urna passa a ter essa funcionalidade do áudio”, esclarece o secretário. Mesmo com essa comodidade, o secretário pondera que é importante que o eleitor, portador de qualquer deficiência, informe à Justiça Eleitoral para que sua seção esteja preparada para recebê-lo. Guiseppe Janino também sugere que eleitor leve um fone de ouvido, já que as seções eleitorais não vão disponibilizar esse acessório. “Eu aconselho que o eleitor leve seu próprio fone auricular para que possa plugar na urna eletrônica para que interaja com facilidade e exerça seu direito ao voto”.

Além de identificar as teclas, o deficiente pode ouvir aquilo que está digitando


amplia formas de adesão Pioneiro no Brasil no conceito de colheita urbana, o Banco de Alimentos iniciou uma ampla campanha para tornar cada cidadão e empresários de São Paulo agentes do combate à fome e ao desperdício. Aderindo à campanha “9 você pode”, pessoas físicas e jurídicas podem ajudar a organização a fornecer alimentação a mais de 22 mil pessoas em 43 instituições cadastradas. Para atrair novos parceiros e facilitar o processo de doação de recursos financeiros de pessoas físicas e jurídicas, a ONG Banco de Alimentos ampliou as formas de adesão à campanha. Agora também é possível ajudar a instituição a fornecer uma alimentação saudável e equilibrada às instituições cadastradas com doações por cartão

de crédito e por boleto bancário Na prática, a organização mostra que qualquer cidadão pode combater a fome e o desperdício de alimentos com um investimento acessível. Para se ter uma ideia, com uma doação mensal de R$ 18 é possível alimentar duas crianças com três refeições diárias; e com a doação de R$ 27, o Banco alimenta três idosos. O valor máximo para doação é de R$ 206 – quantia para auxiliar na alimentação fornecida por uma instituição que atende 25 crianças que lutam contra o câncer.

Vertentes Fundado em 1998, o Banco de Alimentos é uma associação civil que atua com o objetivo de minimizar os efeitos da fome

e combater o desperdício de alimentos, permitindo que um maior número de pessoas tenha acesso a alimentos básicos e de qualidade e em quantidade suficiente para uma alimentação saudável e equilibrada. A ONG trabalha em três vertentes: minimizar os efeitos da fome por meio da colheita urbana; disseminar ações educacionais e profiláticas voltadas às comunidades atendidas em convênio com faculdades de nutrição; e incentivar o fim da cultura do desperdício. Os alimentos distribuídos são excedentes de comercializações, perfeitos para o consumo. A distribuição possibilita a complementação alimentar a todas as pessoas assistidas pelas 43 instituições cadastradas no projeto.

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Nutrição

Banco de Alimentos


Sustentabilidade

Plåstico ameaça ecossistemas marinhos Sistema criado por jovem promete limpar metade do oceano Pacífico

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ameaças ambientais aos ecossistemas marinhos. A má destinação desses resíduos contribui para a poluição da água e pode culminar na morte de animais que confundem esses materiais com alimentos. Para amenizar os efeitos causados pela poluição causada pelo plástico, um jovem de apenas 19 anos encontrou uma possível solução para limpar metade do oceano Pacífico em 10 anos. O plano do holandês Boyan Slat consiste em uma barreira flutuante que aproveita as correntes oceânicas ao fazer uma espécie de trincheira que bloqueia o lixo encontrado nas águas. A ideia surgiu quando Slat foi mergulhar na Grécia e

viu um volume de plástico no mar maior do que os cardumes de peixes. A iniciativa, que tem apoio de mais de 100 pesquisadores e ambientalistas, projeta remover 65 metros cúbicos de lixo por dia. No teste com um protótipo, o sistema flutuante recolheu plásticos em até três metros de profundidade e coletou uma quantidade pequena de zooplânctons, que auxilia na reciclagem do polímero.

Doações O conceito de Slat utiliza as correntes oceânicas naturais e ventos para transportar naturalmente os plásticos para uma

plataforma de coleta. Ao invés de usar redes e embarcações para remover o plástico da água, as barreiras flutuantes sólidas se encarregam de fazer o entrelaçamento. Com um site que mostra todo o procedimento do sistema, Slat fez uma “vaquinha virtual” para colocar seu plano em ação. O investimento é alto: cerca de US$ 2 milhões. Contudo, em apenas duas semanas no ar, ele já conseguiu arrecadar US$ 640 mil em doações, ou seja, 34% do montante. As doações variam de cinco a dez mil dólares. Ao colaborar, o doador sabe exatamente o quanto o valor dado significa em retirada de lixo do oceano.

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Sustentabilidade

O plástico é uma das maiores


Intercâmbio

Um banho de

dignidade

A iniciativa de Doniece Sandoval melhorou a vida de moradores de rua da cidade de São Francisco, nos Estados Unidos. Ela é a fundadora do projeto Lava Mae, que consiste em um ônibus com chuveiros que roda a cidade para que os moradores de rua possam tomar banhos. Doniece Sandoval largou o emprego de relações públicas, mobilizou a comunidade e contratou algumas pessoas para ajudá-la nesta missão social que pode abrir novas oportunidades para milhares de pessoas. “A higiene é uma questão de dignidade e, tendo dignidade, as pessoas conseguem mais oportunidades”, afirma. A ideia começou a se concretizar depois de uma notícia sobre a renovação da frota de ônibus na cidade. “Eu pensei: o que eles vão fazer com esses ônibus? Eu quero”, explica a empreendedora em um vídeo de divulgação do projeto. Estima-se que mais de 7 mil pessoas nessa situação vivam na cidade.

Mobilização Ela entrou em contato com as autoridades públicas e descobriu que a prefeitura tinha um pro-

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grama de doação dos ônibus. Mas o veículo teria que ser adaptado para cumprir sua tarefa. Doniece e sua equipe arrecadaram US$ 317 mil em doações, fizeram parcerias com empresas que transformam ônibus em banheiros e transformaram o projeto do Lava Mae em realidade. No final de junho, o Lava Mae abriu as portas oficialmente pela primeira vez. Nos próximos meses, o projeto funcionará em fase de testes, apenas com um ônibus. A ideia é que a partir do ano que vem a frota aumente para 4 ônibus, permitindo mais de dois mil banhos por semana. O projeto, que ganhou US$ 100 mil do Google após ficar entre os finalistas do prêmio Impact Challenge, também prevê o intercâmbio de informações para ajudar pessoas de outros países que queiram criar uma iniciativa semelhante.

Ônibus-banheiro roda a cidade para que moradores de rua possam tomar banho


Clima

Cenários sobre clima e

saúde pública

O Brasil já dispõe de uma ferramenta online e gratuita, capaz de fazer análises integradas de dados sobre clima, ambiente e saúde pública e de prever cenários climáticos para orientar a tomada de decisão relacionada a eventos extremos. Trata-se da plataforma PULSE-Brasil (Platform for Understanding Long-term Sustainability of Ecosystems), desenvolvida por pesquisadores brasileiros e britânicos com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)e do Natural Environment Research Council (NERC), do Reino Unido. A ferramenta permite a visualização de dados de clima desde 1950; projeções de clima futuro, níveis dos rios e dados de saúde pública, com as principais doenças como dengue, malária, leptospirose.

O sistema ainda está funcionando em formato piloto, apenas com acesso detalhado de dados referentes ao estado do Acre. A escolha do Acre para o lançamento da PULSE está relacionada ao fato de este ser um dos estados mais afetados pelos eventos extremos recentes, como as secas de 2005 e de 2010 e as enchentes de 2009, 2012, 2013 e 2014.

Antecipar mudanças Entretanto, os dados de clima passado e futuro de todos os estados brasileiros, como temperatura média, anomalias de temperatura, precipitação e temperaturas mínimas, estão disponíveis e podem ser visualizados com apenas um clique em cima da região desejada. Com a nova ferramenta, será possível projetar futuras

mudanças do clima e integrar as informações de cenários de emissões de gases de efeito estufa e uso do solo, sobretudo na Amazônia, onde as conseqüências das interações entre o clima, os ecossistemas e a saúde humana são mais sensíveis. O próximo passo é usar as informações do PULSE para investigar e avaliar os impactos de um determinado evento climático que pode resultar em uma enchente ou uma epidemia, por exemplo.

Plataforma visualiza dados climáticos desde 1950 33


Meio Ambiente

Mais de um milhão de

avaliações ambientais O programa Despoluir coordenado pela Confederação Nacional dos Transportes em parceria com o Sest/ Senat completou sete anos de atividades com mais um milhão de avaliações ambientais realizadas em mais de 23 mil transportadores. Os números comprovam a relevância da iniciativa de promover o engajamento de transportadores, caminhoneiros autônomos, taxistas e sociedade em ações de conservação do meio ambiente e reduzir as emissões de poluentes causadas pela atividade transportadora. Um dos principais eixos da iniciativa é o Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, que realiza avaliações ambientais em veículos de profissionais autônomos e na frota de transportadoras de cada região do País. Técnicos do Despoluir verificam se a opacidade da fumaça emitida está de acordo com padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente Em caso positivo, é emitido um selo do Despoluir, que atesta a regularidade. Do

Programa Despoluir avalia frotas de transportadoras em todo o país

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contrário, as equipes indicam a manutenção necessária para a correção do problema e o veículo é posteriormente reavaliado.

Multiplicadores Atualmente, o Despoluir conta com 82 unidades de atendimento em 21 estados, equipadas com opacímetro, tacômetro e computador portátil. Até o final de 2014, serão 100 unidades em operação em 27 federações. Ao todo, 11.014 empresas e 12.678 transportadores autônomos fazem parte do programa e participam ativamente dos debates promovidos pelo governo federal, meio acadêmico, câmaras técnicas, fóruns e grupos de trabalho voltados à gestão ambiental. A estratégia é fundamental para que os transportadores atuem como agentes multiplicadores de boas práticas nas áreas de eficiência energética, sustentabilidade, inovação, mobilidade, tecnologia, renovação de frota e poluição atmosférica, entre outros.


Iniciativa

Prêmio Cidade

Pró-Catador

A segunda edição do Prêmio Cidade Pró-Catador já está com as inscrições abertas. Municípios e consórcios intermunicipais que desenvolvem projetos com foco na inclusão social e econômica dos catadores de materiais recicláveis podem inscrever suas iniciativas até o dia 5 de setembro. A ação tem como objetivo incentivar, valorizar e reconhecer boas práticas que contribuam para a implantação de políticas de inclusão social e econômica de catadores de materiais recicláveis e, em especial, na implantação de coleta seletiva com a participação ativa dos catadores. Cada município ou consórcio pode inscrever um único projeto. O prêmio é dividido em quatro categorias, de acordo com o porte do município: até 20.000 habitantes; de 20.001 a 100.000 habitantes; de 100.001 a 300.000 habitantes; mais de 300.000 habitantes. É uma excelente oportunidade para as cidades mostrarem suas políticas de inclusão e superação da pobreza extrema.

Financiamento O prêmio é promovido pela Secretaria Geral da Presidência da República em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Este ano, a Fundação Banco do Brasil vai financiar os quatro projetos vencedores em até R$ 120 mil.

Serão escolhidas três iniciativas por categoria, num total de 12, para avaliação in loco. Após as visitas, serão selecionadas quatro iniciativas vencedoras, uma por categoria, e todas terão o relato de sua experiência publicado. As iniciativas vencedoras poderão apresentar proposta de investimento, por meio de projeto conjunto da prefeitura e da cooperativa ou associação de catadores participantes da iniciativa, no valor máximo de R$ 120 mil.

Iniciativas forcadas na inclusão dos catadores de materiais recicláveis 35


Inovação

Olho biônico

ajuda a enxergar com o ouvido Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte criaram uma ferramenta que ajuda os cegos a enxergarem com o ouvido. Apelidado de “olho biônico”, o projeto usa a mesma técnica utilizada pelos morcegos, que emitem ondas de ultrassom para identificar obstáculos. O sistema utiliza três sensores instalados na aba do boné, na altura da cintura e na ponta da bengala. As ondas emitidas pelo equipamento são refletidas e retornam ao ponto de origem. Com base no tempo deste retorno, é possível calcular a distância até o objeto O primeiro teste para ajudar os deficientes visuais a enxergarem por ultrassom foi realizado em um estúdio, com obstáculos que simulam situações encontra-

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das no dia a dia. Com um aplicativo instalado no telefone celular e que emite os alertas sonoros, o equipamento foi testado com sucesso nas ruas da capital. Em Natal, como na maioria das cidades do Brasil, a situação das calçadas não favorece o deficiente visual. Tem carro estacionado em local onde só deveria ter pedestre, tem calçada desnivelada, buracos, postes, enfim, diversos problemas que são difíceis de ser combatidos.

Segurança Durante a caminhada, o deficiente visual escuta e identifica os obstáculos através de mensagens diferentes. “Ele pega aquela emissão de som e transmite esse sinal para o sensor auditivo do

deficiente visual, orientando ele sobre a distância, se é um buraco, a que distância está esse buraco ”, explica Ricardo Valentim, coordenador do projeto. Segundo o professor Bruno Lima, a bengala comum é a única ferramenta que o deficiente possui para andar com um mínimo de segurança nas ruas. Mas ela não evita os acidentes com buracos e obstáculos acima da linha da cintura. “Orelhão é um caso seríssimo, porque a bengala não consegue detectar a parte de cima do orelhão. Ela só consegue detectar o chão”. O custo do equipamento também foi surpreendente Segundo os pesquisadores, o desenvolvimento deste primeiro aparelho custou apenas R$ 60.


Artigo

Respeito ao aluno

e uma vitória contra a corrupção

Num momento em que a sociedade brasileira externa todo o seu repúdio à corrupção e que o tema ganha espaços crescentes na mídia nacional, é importante que haja mecanismos capazes de contribuir para o combate a essa erva daninha. Melhor ainda quando tais ferramentas a serviço da ética aplicam-se a áreas prioritárias para a população, nas quais costumam ser mais recorrentes as denúncias de desvios e escândalos. Um ótimo exemplo de medida eficaz contra a improbidade é o Programa Cartão Material Escolar, já adotado com sucesso em várias unidades federativas, dentre elas a rede pública de ensino do Distrito Federal. Trata-se de uma forma moderna, segura, transparente e ágil de fornecer aos estudantes das escolas municipais e estaduais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Médio, todo o material necessário, sem atrasos em relação ao início do ano letivo e por um preço regulado pela saudável concorrência do mercado. Explico: em vez das tradicionais licitações para a compra de cadernos, lápis, canetas, pastas, borrachas, réguas, compassos e outros produtos, cada aluno recebe um cartão com o valor correspondente à variedade e quantidade de material a ser adquirido

para a série que irá cursar. Com isso, a compra é efetuada diretamente em estabelecimentos comerciais de sua cidade ou região, devidamente cadastrados. Ou seja, não há como fraudar esse sistema, que também estimula a competitividade entre as papelarias da cidade e região, regulando os preços pelo mais eficiente critério do mundo capitalista, que é a lei da oferta e da procura e da livre concorrência. Também revitaliza micro e pequenos estabelecimentos comerciais, preteridos nas licitações e, portanto, excluídos da grande fatia do mercado de materiais escolares representada pelas compras governamentais. Assim, dentre outras vantagens, incentiva o comércio local. Quanto aos alunos, principal foco de toda a estrutura educacional do País, o Cartão Material Escolar promove a cidadania, pois lhes permite comprar e escolher os seus cadernos e demais itens. Muito mais do que democratizar o acesso a esses produtos, reforça a identidade e individualidade de cada criança ou jovem, oferecendo-lhe o poder de decisão, que deixa de ser um privilégio dos filhos de famí-

lias de maior poder aquisitivo. Dentre as reivindicações da sociedade, expressas nas recentes manifestações públicas pacíficas e civilizadas (que excluem os baderneiros e vândalos que se misturam aos movimentos legítimos da população), estava, além do combate à corrupção, a destinação de mais verbas ao ensino. Isto foi atendido pela lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que direciona ao setor 75% dos futuros royalties do petróleo. Já em 2014 esses valores começam a engrossar os orçamentos da educação. Com mais recursos para essa prioridade nacional e sua aplicação de modo mais eficiente, evitando-se que parte do dinheiro escorra pelo ralo da improbidade, o Brasil ganha produtividade na área mais decisiva para a democratização de oportunidades, inclusão social e desenvolvimento. Assim, seria importante que número cada vez maior de prefeituras e governos estaduais aderisse ao Cartão Material Escolar, um modelo transparente, eficaz, blindado contra a corrupção, estimulador da cidadania e das micro e pequenas papelarias.

Autor: RUBENS PASSOS, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE).

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Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

Seja bem-vindo à Contexto Social


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