15ª edição da Contexto Social

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Ano 2 - Número 15 - Agosto/2014 - Distribuição nacional gratuita

TNC

Protegendo a diversidade de vida na Terra ProJovem para a população carcerária

Apoio às crianças em tratamento oncológico

Defensoria Pública reintegra moradores de rua


Há um ano

divulgando as ações que promovem o desenvolvimento social do país


Expediente

Carta ao leitor Nos próximos quatro anos, a The Nature Conservancy Diretoria: Maurício Cardoso, Cláudia Capella, Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br

(TNC) ajudará o governo brasileiro na gestão territorial e ambiental sustentável em seis terras indígenas localizadas no Pará e no Amapá. Nossa matéria de capa mostra um pouco do trabalho de gestão integrada realizado por uma das organizações de conser-

Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br

vação mais antigas do planeta e presente em 35 países.

Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella

alunos da Escola de Ensino Fundamental Benjamin Felizberto da

Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR

O projeto Farmácia Viva está transformando o dia a dia dos Silva, na zona rural do município alagoano de Arapiraca. Eles estão resgatando uma cultura milenar e aprendendo a cultivar plantas medicinais para a produção de remédios caseiros. Em Brasília, os portadores de deficiência estão tendo a oportunidade de superar barreiras de uma forma surpreendente: praticando o mergulho adaptado no Lago Paranoá. O projeto comprova que os portadores de necessidades podem abrir novos horizontes, voar mais alto e mergulhar mais fundo. Declamar poesias é uma excelente atividade escolar. O projeto “Poetas Doces Escritores” é um exemplo de como boas ações

Contexto Comunicação Gráfica e Social EIRELI-ME

podem ampliar o acesso dos alunos de escolas públicas à cultura e ao conhecimento despertando curiosidade, desejo de aprender

Telefones: (61) 9115-0273 / 8479-0846 / 8455-6760

e o interesse por grandes nomes da literatura.

Matérias e sugestões de pauta: redacao@contextosocial.com.br revistacontextosocial@gmail.com

funcional de pessoas com deficiência visual e cegas no mercado

Site: www.revistacontextosocial.com.br

total, criado em 1999 pelo restaurante “Blindkuh”, em Zurique, já

Usar a sensibilidade dos sentidos para estimular a inserção de trabalho. O conceito de negócio social baseado na escuridão

Publicação eletrônica

foi replicado em mais de 20 países do mundo e continua conquis-

Periodicidade: mensal

tando novos adeptos. Porto Alegre é a primeira wikicidade brasileira totalmente acessível em um plano digital interativo. A plataforma que transformou a capital gaúcha em wikicidade permite que qualquer pessoa navegue pelo mapa de seus 82 bairros e aponte situações, problemas e soluções para a melhoria do espaço público. Essas são apenas algumas matérias da 15ª edição da revista Contexto Social. Seja bem-vindo e tenha uma boa leitura.

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Sumário

Edições anteriores

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INTERAÇÃO POA é a primeira wikicidade brasileira

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EMPREENDEDORISMO Empreendedorismo nas instituições de ensino

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EDUCAÇÃO Brincando de aprender com o “Mistério dos Sonhos”

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SAÚDE Farmácia viva coom plantas medicinais

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SOLIDARIEDADE Doadores de vidas

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TERAPIA Animais terapeutas

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MOBILIZAÇÃO Corrente do Bem dissemina gentileza

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Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

GESTÃO Parceria estimula o hábito da leitura Audiências com pais coibem evasão escolar

INTERCÂMBIO Conceito de negócio social

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INOVAÇÃO Defensoria Pública reintegra moradores de rua Casca de banana para tratar água poluída

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SUSTENTABILIDADE A arte como ferramenta ambiental

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ESPORTE Mergulho adaptado ajuda a superar barreiras

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ARTIGO A importância em ajudar o próximo

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Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

Cidadania com reflorestamento As batidas de um coração

O mundo contra a AIDS Corrente do Bem dissemina gentileza

Caia na rede da inclusão digital

Óculos que ajudam cegos a enxergar

Médicos sem fronteiras

O perfil solidário de

Luigi Baricelli Bolsa atleta para paraolímpicos do DF

Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária

Um olhar para a cidadania está no ar

Ano 1 - Número 11 - Março/2014 - Distribuição nacional gratuita

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Jovem amigo da criança

Outubro Rosa mobiliza o mundo

Mulheres, direitos e participação política

ISSN 2318-8464

AÇÃO SOCIAL Profissão bombeiro

CNA e Sebrae unidos no semiárido

Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita

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Autistas interagem com tecnologia touch

ISSN 2318-8464

CIDADANIA Atendimento médico em penitenciária

Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

Ano 1 - Número 10 - Fevereiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

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e sem discriminação

ISSN 2318-8464

TERCEIRO SETOR Ensino de qualidade na Fundação Bradesco Apoio às crianças em tratamento oncológico Cidadania com livros Costurando o Futuro com a Volkswagen

Gol de Letra do craque Raí

BH quer levar cidadania para os viadutos

Problemas do sono já são uma epidemia global

Handebol para cadeirantes conquista o mundo

Ano 1 - Número 12 - Abril/2014 - Distribuição nacional gratuita

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ISSN 2318-8464

POLÍTICAS Precocemente grávida Poesia na sala de aula ProJovem para a população carcerária Plantas experimentais na merenda escolar

Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

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Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

CAPA Água, ar, terra e mar

Saúde na Escola trabalha hábitos alimentares

Programa beneficia áreas rurais do DF

Viviane Senna Longe se vai sonhando demais

Atletas, e superatletas, com deficiência Amigos do Planeta na escola

Projetos inovadores em Londrina

Passaporte para o mundo literário


Capa

Água, ar, terra e mar

Fundada em 1951, a TNC é uma das organizações de conservação mais antigas do planeta

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Capa

A Política Nacional de Gestão

Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), instituída pelo Governo Federal em junho de 2012, ganhou um importante parceiro para a gestão integrada destes territórios e de seus recursos naturais: a The Nature Conservancy (TNC). A TNC é uma das organizações de conservação mais antigas do planeta e, a exemplo da PNGATI, reconhece o papel dos

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povos indígenas e seus territórios como um importante elemento no enfrentamento do desmatamento, dado que as Terras Indígenas (TIs), comparativamente a outras áreas protegidas, têm se mostrado bastante eficazes como uma barreira às tendências de avanço do desmatamento e da degradação florestal. Nos próximos quatro anos, a TNC Brasil ajudará o governo brasileiro na gestão

territorial e ambiental sustentável em seis terras indígenas (Galibi, Jumina, Uaçá, Waiãpi, Trincheira Bacajá e Apyterewa) localizadas nos estados do Pará e Amapá, contribuindo para a redução do desmatamento nestas áreas. O projeto está estruturado em quatro componentes: elaboração e atualização de Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e de planos


Capa

de sustentabilidade financeira para as seis TIs do projeto; implementação de projetos locais de uso sustentável de recursos naturais e de ações de controle territorial; fortalecimento institucional e técnico de representações indígenas e de instituições públicas relacionadas; e disseminação de informações e experiências com o desenvolvimento e implementação de PGTAs.

Com financiamento do Fundo da Amazônia e parcerias com comunidades e organizações indígenas, o instituto vai trabalhar no fortalecimento da capacidade desses povos de responder à pressão sobre seus territórios tradicionais e na criação de ferramentas que facilitem a conservação e o manejo de seus recursos naturais e culturais. a organização atua no Brasil desde 1988,

Sustentabilidade A lógica desta intervenção consiste na elaboração e execução de planos de sustentabilidade Econômica calçados na mobilização das comunidades indígenas e na formação continuada de técnicos e gestores. Por isso, o plano de ação prevê a capacitação de 60 técnicos da Funai, Ministério do Meio Ambiente e órgãos estaduais e municipais, a Formação de gestores ambientais indígenas e o fortalecimento das estruturas locais de controle social. Também prevê a estruturação de equipes comunitárias de expedições de vigilância, o monitoramento ambiental participativo, o fortalecimento institucional das organizações indígenas para condução da gestão administrativo-financeira dos PGTAs e e gestão integrada do território no entorno das terras indígenas. Tudo isso com o propósito de promover atividades econômicas de uso sustentável da floresta e da biodiversidade através de projetos comunitários locais de manejo e uso dos recursos naturais

Movendo terra e mar Presente em mais de 35 países, a organização atua desde 1951 buscando e encontrando respostas para os principais desafios da conservação, como o desmatamento ilegal, as mudanças climáticas e a escassez de água doce. Suas ações e projetos já ajudaram a proteger mais de 48 milhões de hectares e oito mil quilômetros de rios em todo o mundo.

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Capa

Desde 1988, a organização atua nos principais biomas brasileiros - Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal – com a convicção de que é possível conciliar a expansão agropecuária e a proteção da natureza com estratégias e ferramentas capazes de minimizar o impacto do agronegócio sobre a vida selvagem e habitat naturais próximos. Os bons resultados dos projetos são disseminados por todo o planeta. Para a TNC, apenas soluções replicáveis em larga escala podem responder

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aos desafios da conservação ambiental.

Oceanos Atualmente, a organização desenvolve mais de 100 projetos de conservação dos ecossistemas marinhos. E a razão é simples: Os oceanos do mundo já foram considerados um recurso inesgotável, mas hoje já se sabe que eles não são. Cientistas estimam que sem o necessário cuidado e a implementação de medidas imediatas, até 2050 os oceanos po-

dem perder até 70% dos recifes de corais, Daí a importância de se proteger esses ecossistemas vitais e todos os corais, peixes e pessoas que dependem deles. Segundo a instituição, os oceanos saudáveis são essenciais para a segurança alimentar e o crescimento econômico, no entanto, eles continuam sendo devastados pelo desenvolvimento mal-planejado, a poluição e práticas pesqueiras não-sustentáveis, sem contar o impacto das mudanças climáticas que tanto ameaçam a saúde dos oceanos.


Capa

Para a TNC, as soluções existem – manejo de oceanos em grande escala, proteção e restauração de recifes, manejo de áreas de pesca, redes de proteção de áreas marinhas. Mas qualquer que seja a solução, ela precisa obrigatoriamente que governos, organizações, empresas, comunidades e indivíduos trabalhem juntos para proteger e recuperar nossos ecossistemas marinhos.

Paisagens terrestres Além de responder por 15% das emissões globais de

gases do efeito estufa, o desmatamento desenfreado destrói áreas fundamentais para a sobrevivência de muita gente, além de ecossistemas de água doce e o habitat de cerca de 90% das espécies terrestres do mundo. Florestas, savanas e outros ecossistemas terrestres são vitais para a economia, garantem a quantidade e a qualidade da nossa água e purificam nosso ar. Porém, como o valor da natureza dificilmente aparece nas decisões econômicas, o mundo continua sacrificando ecossis-

temas tão importantes para aumentar sua produção de alimentos e energia. A TNC defende a aplicação de práticas inteligente para tentar equilibrar o desenvolvimento da infraestrutura e extração de recursos naturais com a conservação da natureza. Para tanto, ela busca influenciar processos de tomada de decisão, de forma a evitar, mitigar ou compensar plenamente os danos causados e proteger plantas, animais e ecossistemas naturais que representam a diversidade de vida na Terra.

Atualmente, a organização desenvolve mais de 100 projetos de conservação dos ecossistemas marinhos. Os oceanos já foram considerados um recurso inesgotável, mas hoje já se sabe que eles não são

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Políticas

Precocemente

grávida Nos últimos 12 anos, os casos de gravidez em jovens com menos de 20 anos diminuíram consideravelmente em todo o Brasil. No início da década, cerca de 750 mil adolescentes foram mães no país; em 2012 foram 536 mil, uma queda de quase 30%. Para o Ministério da Saúde, grande parte deve-se ao sucesso dos programas públicos de prevenção e cuidado da gravidez na adolescência, como o Rede Cegonha, lançado em 2011, e o Saúde na Escola, que funciona desde 2007 em parceria com o Ministério da Educação. “A partir do Rede Cegonha, o Ministério da Saúde estabeleceu

uma estratégia de cuidado às mulheres e atenção às adolescentes e jovens, conciliando a melhoria nos serviços de atenção básica com informações e orientações que os jovens recebem nas escolas”, ressalta a coordenadora da Saúde do Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare.

Estratégias Segundo o relatório anual Situação da População Mundial do Fundo de População, das Nações Unidas (Unfpa), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU), a maior parte das gra-

videzes precoces ocorre entre populações vulneráveis. A estratégia do ministério é atuar também com populações isoladas, como quilombolas, indígenas e de ruas. Outra ação da pasta é facilitar e ampliar o acesso a métodos contraceptivos na rede pública e nas drogarias conveniadas do programa Aqui Tem Farmácia Popular. Atualmente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres em idade fértil podem escolher métodos contraceptivos como: preservativos, anticoncepcional injetável mensal e trimestral, minipílula, pílula combinada, diafragma e dispositivo intrauterino (DIU). O programa Saúde na Escola está presente em 85% dos municípios e a Rede Cegonha atende à quase totalidade do país. Nos últimos cinco anos, o SUS distribuiu, em média, 500 milhões de unidades de preservativos masculinos.

A partir do Rede Cegonha, foi estabelecida estratégia de cuidado às mulheres e atenção às adolescentes e jovens 10


sala de aula

Declamar poemas virou atividade escolar na Escola Estadual Professora Dulce Leite da Silva, no Jardim São Luis, zona leste de São Paulo, onde alunos do 1º ao 5º ano estudam a biografia e as obras de escritores nacionais consagrados, aprendem a declamar poemas e se apresentam para a comunidade escolar. A atividade faz parte do projeto de leitura “Poetas Doces Escritores”, que já está na quarta edição, e é um exemplo de como boas ações podem ampliar o acesso dos alunos de escolas públicas à cultura e ao conhecimento. Os ganhos que os alunos tiveram a partir do projeto são surpreendentes. Autonomia, autoconfiança, curiosidade, desejo de aprender e o interesse por grandes nomes da literatura são conquistas que não têm preço. Criado para promover a prática da leitura e escrita por meio de atividades que levem ao aprendizado da história da literatura, títulos, autores e temas de publicações, o “Poetas Doces Escritores” surgiu a partir da paixão da professora Cláudia Rodrigues pelos livros.

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A atividade é um exemplo de como boas ações podem ampliar o acesso dos alunos de escolas públicas à cultura e ao conhecimento

Escritora e poetisa, Claudia sonhava em compartilhar essa experiência em sala de aula por acreditar que, independentemente da idade, é possível a qualquer pessoa entender e apreciar poesia e outros gêneros literários. “As crianças podem compreender e gostar de poesia desde cedo”, enfatiza a professora e coordenadora pedagógica. Ela explica que os alunos ficam interessados no autor e se apropriam cada vez mais das histórias, melhorando a leitura, a escrita e o boletim. “As crianças não esquecem os poemas lidos e as notas escolares dos alunos que participam da ação melhoraram consideravelmente”, ressalta. No “Poetas Doces Escritores”, os professores também estudam o tema para que possam ensinar o conteúdo da melhor forma possível à classe. Segundo Claudia Rodrigues, “as leituras são fundamentais para o sucesso de nossos alunos leitores e escritores da nossa língua portuguesa”.

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Políticas

Poesia na


Políticas

ProJovem

para a população carcerária

Cerca de 1.800 presos já estão frequentando as aulas do ProJovem Urbano Prisional nos estados do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná e Rio Grande do Norte. O programa é fruto de parceria entre os ministérios da Justiça e da Educação e tem o objetivo de melhorar a escolaridade e incentivar a participação social de jovens privados de liberdade, com ênfase na população carcerária feminina. Todos os participantes estão enquadrados dentro dos quatro requisitos básicos do ProJovem Prisional: ter idade entre 18 e 29 anos, possuir carteira de identidade e CPF, saber ler e escrever – mas não ter concluído o ensino fundamental – e ter sido condenado a prisão em regime fechado. Além da chance de concluir o ensino fundamental, o programa dá aos jovens oportunidades de inclusão digital, de qualificação profissional inicial e experiências de participação social e cidadania. Os cursos têm duração de 18 meses, com 1.200 horas-aulas, e o material didático é fornecido pelo próprio programa. Os presos que participam têm remissão de um dia de pena a cada 12 horas de atividade educacional.

Novo momento A proposta de levar o ProJovem para dentro dos presídios é preparar o reeducando para o

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momento do reingresso à sociedade. Segundo a coordenadora de educação do Instituto de Administração Penitenciária do Acre, Helena Guedes, o projeto pode abrir novas portas aos apenados. “O certificado do Ensino Fundamental e de qualificação profissional possibilita a eles uma inserção na sociedade e no mercado de trabalho”. Para a Promotora de Justiça de Execução Penal do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Laura Cristina Miranda Braz, independentemente dos erros que os detentos tenham cometido no passado, esse é um novo momento, com novas oportunidades de escolha. “A partir do momento que eles se qualificam, até as oportunidades de emprego melhoram, porque é possível conseguir propostas melhores, de acordo com a graduação”, ressalta a promotora.

Além da chance de concluir o ensino fundamental, o programa oferece aos jovens oportunidades de qualificação profissional


Políticas

Plantas experimentais na

merenda escolar As aulas práticas de plantio, conservação e manejo do solo renderam mais que aprendizado aos alunos do Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Neste semestre, o colégio produziu 4 toneladas de legumes e grãos, uma das suas maiores produções. Os plantios experimentais fazem parte do currículo escolar e são feitos no terreno de 24 mil metros quadrados que pertence

Os alimentos produzidos pelos estudantes complementam a merenda escolar

ao próprio ao colégio. “O aluno faz o projeto teórico em sala, acompanhado pelo professor. Em seguida, vai a campo aplicar o que aprendeu”, explica o diretor da Unidade Didática Produtiva (UDP), Edson Blun. A Secretaria Estadual de Educação mantém mais 17 escolas agrícolas em outras regiões do Paraná e os alimentos produzidos pelos estudantes complementam a merenda escolar fornecida aos alunos.

Estrutura A horticultura tem 6 mil metros quadrados destinados a atividades. Se a produção não atende à expectativa, os alunos estudam o solo para diagnosticar o problema. A escola conta também com minhocário para produção de adubos orgânicos, que ajuda a aumentar a produtividade do solo. As aulas envolvem técnicas de criação de animais. Os grãos cultivados, como o milho, servem

para alimentar as aves e os rebanhos de carneiro e gado leiteiro do colégio. Todas as aulas práticas são acompanhadas por zootecnistas, veterinários e agrônomos dos projetos agrícolas. Na disciplina de avicultura, os estudantes cuidam para que as instalações estejam adequadas e acompanham o processo de produção. “É uma forma de aprendermos melhor como funciona a atividade. É diferente de ter apenas o conteúdo nos livros”, comenta o aluno Fernando Tiago Grebogi, 15 anos, do 1º ano do ensino médio. No Paraná, mais de 6 mil alunos estudam em 18 centros de educação agrícola que oferecem cursos técnicos gratuitos, integrados ao ensino médio, em agropecuária, agroindústria, agroecologia, meio ambiente, guia de turismo, química, hospedagem, segurança do trabalho, alimentos, informática, celulose e papel, energias alternativas e paisagismo.

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Terceiro Setor

Ensino de qualidade na

Fundação Bradesco

Fundada em 1956, a Fundação Bradesco é protagonista do maior programa de investimento social privado em educação do país e um dos maiores do mundo. Com uma rede de 40 escolas instalada em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, a entidade já formou mais de 662 mil pessoas e atualmente atende mais de 100 mil alunos. Focada na igualdade de oportunidades e no pleno exercício da cidadania, a rede educacional da Fundação Bradesco oferece ensino de qualidade a crianças, jovens e adultos disponibilizando educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação profissional técnica de nível médio e formação continuada de trabalhadores em cursos presencias e à distância. Além do ensino, a rede oferece gratuitamente alimentação, material escolar e assistência médico-odontológica a todos os alunos matriculados na educação básica. Os benefícios gerados por essa iniciativa são evidentes: baixos índices de reprovação e evasão escolar, integração das famílias e demais moradores das localidades onde as escolas estão localizadas e o reconhecimento de instituições públicas e sociedade civil organizada.

Rede nacional A primeira unidade escolar da Fundação Bradesco foi instalada em junho de 1962, na cidade de Osasco, em São Paulo, dando origem a

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um grande projeto educacional voltado para o atendimento de populações economicamente desfavorecidas. Tudo isso numa época em que sequer se imaginava expressões como “terceiro setor” ou “responsabilidade social”. Desde então o projeto ganhou corpo e incorporou novas unidades espalhadas por todas as Regiões do país. Atualmente, a rede de ensino da Fundação está presente na Região Centro-Oeste: Ceilândia (DF), Aparecida de Goiânia (GO), Miranda (MS) e Cuiabá (MT); Nordeste: Maceió (AL), Feira de Santana, Irecê e Salvador (BA), Caucaia (CE), Pinheiro e São Luiz (MA), João Pessoa (PB), Garanhuns e Jabotão (PE), Teresina (PI), Natal (RN), Própria (SE); Norte: Rio Branco (AC), Manaus (AM), Santana (AP), Conceição do Araguaia e Paragominas (PA), Cacoal (RO), Boa Vista (RR), Formoso do Araguaia (TO); Sul: Paranavaí (PR), Bagé, Gravataí e Rosário do Sul (RS), Laguna (SC) e Sudeste: Vila Velha (ES), Itajubá e São João Del Rei (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campinas, Marília, Osasco, e Registro (SP).


Terceiro Setor

Apoio às crianças

em tratamento oncológico

Pioneiro nas ações de apoio a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, a Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro atua há 19 anos na distribuição de alimentação básica e complementar para cerca de 400 famílias de pacientes, hospedadas ou não na instituição, e que se encontrem em tratamento ambulatorial. No ano passado, a instituição serviu mais de 100 mil refeições e distribuiu quase 5 mil bolsas de alimentos. A criança portadora de câncer precisa estar bem alimentada para vencer todas as barreiras da doença. Além de ser uma contribuição ao suporte nutricional dos pacientes, a distribuição das bolsas funciona como estímulo para que os pais não deixem de levar as crianças ao tratamento quimioterápico. O processo de seleção dos pacientes beneficiados começa no serviço social dos hospitais conveniados. Depois de selecionados e cadastrados, os pacientes passam a receber mensalmente, pelo prazo mínimo de seis meses, uma bolsa de alimentos elaborada conforme orientação do Serviço de Nutrição do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ao final desse período é feita uma nova avaliação para verificar se a família ainda necessita da bolsa de mantimentos. É, então, renovada – ou não – a permissão por mais seis meses. Esse importante projeto social que hospeda, apoia e alimenta crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, foi um dos destaques do Prêmio de Responsabilidade Social Carvalho Hosken 2013. O prêmio é um reconhecimento às ações sociais realizadas no Rio de Janeiro por instituições e organizações não governamentais (ONGs).

Voluntariado Recentemente, a instituição, que atualmente conta com cerca de 500 voluntários atuantes, lançou uma campanha para mobilizar novos membros contribuintes, voluntários e apoiadores. Com o projeto IndicAção (http://casaronald.org.br/como-colaborar/membros-contribuintes/seja-um-membro-contribuinte), a Casa pretende incentivar a promoção da luta em combate ao câncer e aumentar o número de amigos contribuintes. Ao contrário do que muitos imaginam, a Casa Ronald McDonald não possui qualquer vínculo com a empresa de fast food, a não ser no evento anual McDia Feliz, onde as arrecadações com a venda de Big Macs são destinadas às instituições apadrinhadas pela marca.

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Terceiro Setor

Cidadania

com livros Criada em 1989, a Fundação Educar Dpaschoal investe na promoção da educação cidadã como estratégia de transformação social através de três grandes programas: a Academia Educar, que promove a formação de núcleos de lideranças juvenis em escolas públicas; o Prêmio Trote da Cidadania, que estimula e reconhece iniciativas de trotes solidários como forma de propagar empreendedorismo e cidadania universitária; e o Leia Comigo!, que já distribuiu mais de 35 milhões de livros para escolas públicas, organizações sociais e bibliotecas. O primeiro projeto desenvolvido foi a Academia Educar, que já atendeu a mais de dois mil jovens. Anualmente, cerca de 100 alunos de escolas municipais e estaduais participam, no contra-

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turno escolar, de atividades que estimulam competências e habilidades para que o jovem descubra seu potencial e canalize sua energia em atividades que contribuam para sua escola e comunidade. O Prêmio Trote da Cidadania foi lançado em 1999 para incentivar e reconhecer boas práticas de recepção aos calouros nas universidades. “Queremos estimular universitários incomodados e empreendedores para que aproveitem o momento de trote para engajar calouros em ações saudáveis que transformem o entorno, a comunidade e, mais que isso, transformem a cultura de violência em cultura de participação cidadã. A violência, inclusive nos trotes, não é coerente com a sociedade que sonhamos”, explica Marina Carvalho, supervisora da Fundação Educar.

Ler o mundo O projeto Leia Comigo! é o mais recente e um dos mais atuantes. Ele utiliza recursos próprios e de outras empresas, através da Lei Rouanet, para produzir e distribuir livros infantis gratuitamente. Até 2012, mais 35 milhões já haviam sido distribuídos. A partir deste projeto, a Fundação Educar passou a desenvolver projetos que despertam o interesse pela leitura. Uma das iniciativas é a contação de histórias, ação que fortalece as relações entre a criança, o mediador de leitura (pai, educador, voluntário) e o livro. Mais do que uma ferramenta de interação entre adultos e crianças, a contação é uma forma lúdica de criar o gosto pela leitura e ampliar o universo cultural dos pequenos leitores. “Essas habilidades serão essenciais para a formação de senso crítico e a capacidade de ler o mundo”, ressalta Marina Carvalho.


Carreira solo

Costurando o Futuro

com a Volkswagen Em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego, a Fundação Volkswagen está implantando o projeto “Costurando o Futuro” em São José dos Pinhais, no Paraná. O projeto oferecerá capacitação profissional em corte, costura e empreendedorismo a dezenas de moradoras de uma comunidade vizinha à fábrica de automóveis. As participantes transformarão tecidos automotivos, que seriam descartados na linha de produção, em objetos como bolsas e acessórios. O Instituto Adelina, parceira no projeto, também fornecerá matéria-prima, repassando tecido excedente da marca de camisas Dudalina. Além do foco social e econômico, impulsionando a geração de trabalho e renda na comunidade, o “Costurando o

Futuro” tem atuação ambiental, reduzindo o descarte de tecidos em aterros. O “Costurando o Futuro” foi realizado durante três anos em São Bernardo do Campo (SP), onde está locali-

Projeto está integrado à incubadora do Programa Municipal de Economia Solidária

Para garantir a sustentabilidade do projeto, o “Costurando o Futuro” prevê ao final de três anos a formalização de um empreendimento social para seguir com o trabalho de forma autônoma. Entre o total de participantes de São Bernardo do Campo, um grupo de empreendedoras criou o seu próprio negócio, a microempresa de confecções Tecoste, que significa Tecido, Costura e Arte. O grupo Tecoste ainda foi integrado à incubadora do Programa Municipal de Economia Solidária, permitindo que essas mulheres continuem recebendo, por mais dois anos, formação em empreendedorismo social por meio da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo). Durante este período, a Volkswagen do Brasil continuará fornecendo os tecidos gratuitamente para o grupo. Outras participantes do “Costurando o Futuro” também conseguiram ingressar no mercado de trabalho ou preferiram atuar de forma autônoma como costureiras, consolidando a missão do projeto de trazer nova perspectiva de futuro às comunidades carentes.

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Terceiro Setor

zada a sede da Volkswagen do Brasil. No período, 160 pessoas receberam formação em corte, costura e empreendedorismo e criaram um portfólio de 37 produtos, entre eles bolsas, mochilas e porta-objetos confeccionados com tecidos automotivos e uniformes usados que seriam descartados.


Cidadania Gestão

Atendimento médico

em penitenciária

Estudantes da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, estão prestando atendimento nas áreas de ginecologia e obstetrícia às detentas da penitenciária feminina da cidade, onde aproximadamente 350 mulheres cumprem pena por diferentes tipos de crimes. A iniciativa é pioneira no Brasil e inclui a realização de exames como papanicolau e avaliação de mamas para detecção precoce de possíveis casos de câncer. A rotina das consultas é, no mínimo, inusitada. Ao contrário do que acontece quando entram em um hospital, lá é preciso primeiro passar por uma rigorosa revista. Dos habituais instrumentos de trabalho, apenas o jaleco, o estetoscópio, uma caneta e o crachá de identificação do hospital são permitidos.

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Vantagens A iniciativa trouxe uma série de vantagens, tanto para os presos quanto para os alunos, já que o processo de transferência de detentos para atendimento em

hospitais envolve custos e alguns transtornos para ambas as partes. Para que um preso seja levado a um posto de saúde, por exemplo, são necessários, pelo menos, dois policiais para escolta e uma viatura, os quais poderiam estar atendendo outros casos. Há também o risco relacionado à segurança dos demais pacientes que se encontram nestes ambientes de saúde. Por isso, uma das maiores dificuldades para tratamento de população encarcerada é justamente a locomoção. Muitas vezes, eles faltam ao retorno não porque querem, mas porque não há escolta para levá-los. “Se o médico estiver lá, se a equipe de saúde estiver lá, você consegue um atendimento local e só vai tirar da penitenciária os casos de maior complexidade”, argumenta Carolina Macedo. Segundo a professora, a disciplina também é importante para o estudante conhecer o comportamento do paciente confinado, as doenças mais comuns numa penitenciária e desmistificar a máxima de que não é seguro

trabalhar dentro de uma penitenciária. “Tem médico que não quer nem ir porque tem medo, acha que não vai ser bem tratado ou que o ambiente não é seguro”, afirma a professora.

Futuro Diante dos bons resultados alcançados, a intenção agora é ampliar o projeto, envolvendo um maior número de alunos e pacientes. Uma das propostas, ainda em discussão, é utilizar a telemedicina como forma de expandir o atendimento. A iniciativa poderia evitar as transferências de presos que tanto atrapalham a rotina da penitenciária e do hospital e, em alguns casos, inviabilizam o atendimento por falta de efetivo. “O que fazemos é algo pioneiro. A USP prestando serviço à comunidade encarcerada e a população encarcerada servindo de campo de ensino e assistência para a Universidade de São Paulo. Se pudermos ampliar, seria ótimo”, ressalta a professora.

Projeto pioneiro atende detentas com exames de ginecologia e obstetrícia

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Cidadania

O atendimento começou de forma isolada com o trabalho simultâneo de dois docentes da FMRP, um deles, a professora Carolina Sales Vieira Macedo, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Atualmente, todos os alunos do 5º ano do curso de medicina prestam atendimento na penitenciária feminina quando passam pelo Internato em Saúde da Mulher I. Eles são divididos em grupos de dois alunos e realizam os atendimentos sempre às segundas e terças-feiras. “No começo é estranho porque é totalmente diferente da nossa realidade. Atendemos presos no hospital, mas nunca havíamos atendido essas pessoas na própria penitenciária”, relata Patrícia de Souza Pinto, estudante do 5º ano do curso de Medicina.


Gestão

Parceria estimula o

hábito da leitura

A união de empresas e instituições sem fins lucrativos está estimulando o hábito da leitura em pequenos municípios do Maranhão. Juntas, Metso Paper South America, Susano Papel e Celulose, Instituto Ecofuturo e Instituto Ayrton Senna executam projetos educacionais que beneficiam milhares de crianças e jovens no estado. Os recursos financeiros são disponibilizados pelas empresas e gerenciados pelos institutos. Somente a Metso anunciou que investirá R$ 10 milhões em diversas parcerias. As ações em conjunto com o Instituto Ecofuturo incluem a criação de cinco Bibliotecas Comunitárias “Ler é Preciso” nas cidades de Governador Edson Lobão, São João Lisboa, Montes Altos, Cidelândia e Imperatriz. A meta é atender 30 mil usuários por ano. A parceria também prevê a criação de um portal de educação para a sustentabilidade e a implantação de uma Reserva Ecofuturo da fazenda Itabaiana

No ano passado, projetos beneficiaram mais de 40 mil crianças e jovens 20

– uma área com remanescente de floresta amazônica de aproximadamente 1,7 mil hectares no município de Açailândia, em área considerada Floresta de Alto Valor de Conservação.

Ayrton Senna A empresa também apoia quatro programas educacionais do Instituto Ayrton Senna no Maranhão: o Gestão Nota 10 oferece capacitação e ferramentas gerenciais para diretores de escolas; o Circuito Campeão introduz ferramentas de gestão da aprendizagem como

soluções concretas para estancar a má qualidade de ensino. Os programas Se Liga e o Acelera Brasil corrigem o fluxo escolar dos estudantes, combatendo a distorção idade/série e contribuindo para a redução da evasão escolar. No ano passado, estes programas beneficiaram mais de 40 mil crianças e jovens dos municípios de Estreito, Imperatriz, Porto Franco e São Pedro da Água Branca. Em 2013, a parceria está beneficiando estudantes das redes públicas de ensino de Governador Edson Lobão, São João Lisboa e Montes Altos.


Gestão

Audiências com pais coibem

evasão escolar

A cidade de Serra, no Espírito Santo, realizou a segunda rodada de audiências com pais de alunos faltosos para que eles justifiquem as ausências dos filhos nas escolas do município. As audiências foram realizadas pela juíza da 2ª Vara da Infância e Juventude, Janete Pantaleão, com o objetivo de chamar a atenção dos pais e possibilitar o retorno dos alunos às unidades de ensino. A ação faz parte do Programa de Combate à Reprovação Escolar, Pró-Escola, que é uma parceria entre a prefeitura e o poder judiciário. Com mais de 420 mil habitantes, Serra é o segundo município mais populoso do estado, perdendo apenas para Vila Velha. De acordo com o projeto, todas as escolas devem informar à Secretaria de Educação e ao poder judiciário o número de estudantes que deixaram de frequentar as au-

las e os que ficaram reprovados pelo número de faltas. De posse dessas informações, a Justiça, em audiência, intima os pais a enviarem os seus filhos de volta à escola, visando reduzir a evasão escolar.

Legislação O programa é baseado no art. 205 da Constituição de 1988, que determina que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. O caso das faltas escolares também pode ser enquadrado no artigo 246 do Código Penal Brasileiro, que cita como crime o abandono intelectual: “Deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa”. A ação também está baseada na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96), que confere aos pais a responsabilidade em prover a educação dos filhos e à escola o dever de comunicar às autoridades a relação de alunos faltosos. Na segunda rodada de audiências, cerca de 500 famílias foram notificadas e compareceram ao Fórum para explicar os motivos das faltas, selando o compromisso de enviarem os filhos à escola.

A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família 21


Interação

POA é a primeira

wikicidade

brasileira

I

magine uma cidade transposta para um plano digital interativo. Um espaço onde seria possível conhecer a história do local, saber que fatores formam sua realidade atual e discutir que medidas devem ser tomadas para um futuro melhor. Parece ficção, mas isso existe e atende pelo nome de Portoalegre.cc, a plataforma que transformou a capital gaúcha em uma wikicidade. O “cc” do nome vem do termo Creative Commons, um tipo de licença de propriedade intelectual, criado para compartilhar conteúdos culturais com todos. Assim, todo este projeto pode ser utilizado por qualquer um para também fazer um wikispot de um lugar na sua cidade. Wikicidade é um termo que costuma ser definido como um “espaço virtual que encoraja a participação e a colaboração dos cidadãos” e um “ambiente de troca de ideias, sugestões e reivindicações”. Criada como um projeto da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Usininos) em parceria com a Prefeitura, a plataforma utiliza esse conceito

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para representar e mostrar como funcionam os 82 bairros da cidade.

Navegar é preciso No site, é possível navegar pelo mapa, marcar e apontar situações que fazem bem ou mal à cidade, como uma esquina com publicidade exagerada, zonas de alagamento, falta de segurança, um local onde se pode jogar futebol, rotas que apresentam melhor iluminação, entre outros. Esses conteúdos ficam disponíveis na página e podem ser publicados em redes sociais. Além disso, o blog do projeto publica textos sobre os fatores mais importantes do relacionamento na cidade online. O objetivo da wikicidade é reunir compartilhamento de dados e informações sobre serviços públicos e história local em um espaço de cocriação. Assim, os usuários/cidadãos podem participar efetivamente e viver a cidade de forma mais ampla, mesmo que de maneira virtual.


nas instituições de ensino Até 2016, o Sebrae e a Junior Achievement levarão a disciplina do empreendedorismo a mais de 5 milhões de alunos dos ensinos Fundamental, Médio e Superior de todo o país. Juntas, as duas instituições desenvolverão novos projetos de educação empreendedora voltados para crianças, jovens e adultos. Os voluntários levarão para as salas de aula temas atuais que mostram o mundo dos negócios e fortalecem a importância de valores como ética, liderança, responsabilidade, cidadania e profissionalização. A meta é contribuir

para o desenvolvimento dos jovens e torná-los mais preparados para o mercado de trabalho. Ao final de cada ano, será realizada uma edição do Prêmio Miniempresa, competição nacional que envolve jovens de todo o país e seleciona o melhor empreendimento estudantil do Brasil. Durante o evento, os alunos poderão expor e comercializar seus produtos em uma grande feira realizada na sede do Sebrae, em Brasília.

Nova geração “Quanto mais cedo a pessoa tiver acesso a noções e conceitos de empreendedorismo, mais chances ela tem de ter sucesso no ambiente de trabalho, seja um negócio próprio ou uma carreira em uma empresa pública ou privada”, explica o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Segundo o presidente do Conselho Consultivo da Junior Achievement Brasil, Jorge Gerdau Johannpeter, a parceria com o Sebrae vai fomentar a educação empreendedora e a igualdade de oportunidades para crianças e jovens. “Queremos formar uma nova geração de empreendedores, com foco em uma atitude

comprometida com o desenvolvimento sustentado da sociedade”. Para o presidente do Sebrae, o mercado de trabalho precisa de profissionais empreendedores, autônomos, com competências múltiplas, que saibam trabalhar em equipe, tenham capacidade de aprender com situações novas e complexas, que enfrentam novos desafios e promovem transformações. “Por isso é importante que a educação empreendedora seja parte integrante da formação dos futuros profissionais brasileiros, pois assim, desde cedo, o empreendedorismo é desenvolvido e lapidado”, conclui.

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Empreendedorismo

Empreendedorismo


Educação

Brincando de a

“Mistério dos A histórica Casa Maternal Mello Mattos, localizada no Rio de Janeiro, já está utilizando uma nova ferramenta de gestão pedagógica voltada para a Educação Básica: é o “Mistério dos Sonhos”, primeiro jogo educativo produzido pela Xmile Learning e voltado para estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental. Além da licença pública para utilização do jogo, a instituição conta com suporte gratuito para o total

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aproveitamento da plataforma multimídia. Fundada em 1924, a Mello Mattos atende a 284 crianças com idades entre 2 e 14 anos. Mantida pela Associação Tutelar de Menores, a Casa faz parte da rede de obras sociais e educacionais da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, e é administrada pela Congregação das Freiras Carmelitas Descalças Servas dos Pobres.

Além das aulas convencionais da 1ª à 5ª série, os meninos e meninas das Comunidades da Rocinha e do Vidigal têm aulas de pintura, artesanato, informática e atividades físicas, recebem noções de respeito, regras de convivência e de bons tratos e contam com atendimento odontológico, pediátrico, psicológico e nutricional. A creche é mantida por repasses da Secretaria Municipal de Educação e o abrigo pela Se-


Educação

aprender com o

s Sonhos” cretaria Estadual de Ação Social. Mas a escola, a exemplo de outras centenas espalhadas pelo Brasil, depende do apoio de pessoas físicas e jurídicas. Daí a importância social do compromisso da Xmile de doar uma licença pública para cada licença privada contratada.

Mistério dos Sonhos O Mistério dos Sonhos reúne 120 jogos narrativos/intera-

tivos que estimulam as crianças a se aventurarem no Sonho das Nuvens Guerreiras, Árvores Encantadas, Coisas Perdidas, Águas Profundas e Sombras Sussurrantes; combater o vilão e encontrar soluções com sabedoria. O vilão da história, o Senhor Sombrio, atacou todos os sonhos e seus habitantes pedem ajuda aos Guardiões (as crianças), que são desafiados a ler, escrever, contar, ordenar, classificar, reconhecer, distinguir, agrupar e decompor usando a colaboração, a parceria e a criatividade na busca de soluções. Juntos, os estudantes são estimulados a refletir, descobrir, entender, compartilhar conhecimento e redesenhar a sociedade. Na outra ponta, as informações geradas pelas crianças permitem aos professores identificar as dificuldades individuais e atuar de forma personalizada, oferecendo ferramentas para ajudá-los nessa busca. É um verdadeiro trabalho de equipe: crianças aprendem de forma lúdica, desafiadora e cativante; gestores e professores têm a oportunidade de acompanhar e auxiliar cada estudante segundo suas necessidades; e familiares participam mais da educação de seus filhos, estabelecendo uma nova forma de comunicação com a escola.

Reconhecimento No início do ano, o Mistério dos Sonhos foi um dos finalistas do Festival ComKids Prix

Jeunesse Iberoamericano, festival de produções audiovisuais e digitais para crianças e adolescentes. O reconhecimento abriu as portas para o desenvolvimento de novos jogos educativos e ferramentas pedagógicas para gestores e educadores. Em agosto, a empresa foi selecionada para compor o programa de aceleração de negócios da Artemísia, instituição que potencializa e capacita talentos e empreendedores para a geração de negócios de alto impacto social. A Xmile foi escolhida entre mais de 450 inscritos para integrar a turma, composta por apenas 10 empresas. Segundo Nelo Brizola, coordenador da Artemísia, mesmo sendo um dos mais promissores setores para a geração de impacto social, ainda são raros os casos de soluções educacionais que levam em consideração os aspectos lúdicos e interativos demandados pelos alunos e o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. “Foi exatamente isso que nos chamou a atenção. Nos deparamos com um projeto de qualidade, concebido dentro das dinâmicas da sala de aula e com uma visão multiplicadora do impacto social pela melhoria da educação”, ressalta o coordenador. O Mistério dos Sonhos já está disponível para testes em todas as suas versões, inclusive para tablets iOS e Android.

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Saúde

Farmácia viva

com plantas medicinais

O projeto Farmácia Viva está transformando o dia a dia dos alunos da Escola de Ensino Fundamental Benjamin Felizberto da Silva, na comunidade da Gruta d’Água, na zona rural do município alagoano de Arapiraca. Eles estão aprendendo a cultivar plantas medicinais para a produção de remédios caseiros. A ação educativa idealizada pela professora Edinalva Pinheiro dos Santos beneficia as crianças e suas famílias ao resgatar a cultura milenar do cultivo das plantas medicinais, que podem ser aplicadas para problemas corriqueiros, como gripe, disenteria, dor de cabeça, febre, resfriado, cólicas, entre outras doenças. “As mães, nos seus depoimentos, falam que as crianças em casa não pedem mais um comprimido, mas que façam um chazinho. O mesmo acontece na

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escola. Qualquer mal-estar é motivo para ir até a cozinha e pedir às merendeiras um chá”, conta a professora.

Sucesso O projeto Farmácia Viva começou com uma horta comunitária e hoje se tornou referência no estado, recebendo diariamente visitas de representantes de várias escolas buscando informações sobre como implantar o projeto. “A experiência é de fácil replicação e de baixo custo. Todas as escolas podem apostar nela”, destaca Edinalva. O sucesso da iniciativa foi tamanho que a prefeita da cidade, Célia Rocha, determinou sua implantação em todas as Unidades de Saúde. Um grupo de trabalho vai comandar a instalação do projeto nas unidades da zona rural e urbana do município.

Projeto de baixo custo resgata cultura milenar dos remédios caseiros


Solidariedade

Doadores de Medula óssea

Doar a medula óssea também é um procedimento simples e seguro, e que pode salvar vidas. Para se tornar um doador voluntário, é necessário ter de 18 a 54 anos, ter boa saúde e fazer um cadastro em qualquer hemocentro, onde é feita a coleta de uma pequena

quantidade de sangue para um teste de compatibilidade. Todos os dados do voluntário são registrados num banco de dados nacional do Ministério da Saúde (Redome). Sempre que houver um paciente que necessite de transplante e não tenha encontrado doador na família, os médicos podem consultar esse registro. Fonte: Instituto Mário Penna.

Praticar solidariedade não é sinônimo de doar dinheiro. É uma ação voluntária, que pode ser realizada por qualquer pessoa, independentemente de raça, credo, escolaridade e situação financeira. O importante é ter boa vontade e responsabilidade. Doar sangue, leite materno ou medula óssea, por exemplo, são atos gratuitos de solidariedade que podem salvar milhares de vidas. Apesar do avanço da ciência, ainda não foi descoberto um substituto para o sangue humano. Por isso, a doação de sangue é importante para salvar a vida de pessoas que diariamente sofrem acidentes graves, são submetidas a determinados tipos de cirurgia ou possuem hemofilia (doença que altera o processo de coagulação do sangue). Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. O procedimento é simples e não leva mais do que uma hora.

vidas

Leite materno Existem muitos bancos de leite espalhados pelo país que recebem leite materno e o disponibiliza para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso. Toda mãe que estiver com excesso de leite pode ser uma doadora, desde que respeite alguns critérios importantes para manter a qualidade do leite e não prejudicar o bebê que vai recebê-lo, como estar saudável, não ser fumante, usuária de álcool e drogas ilícitas ou portadora de doença infectocontagiosa (como hepatite e aids).

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Terapia

Animais

terapeutas

Em 2005, a MSD Saúde Ani-

mal – braço da global Merck no Brasil – iniciou uma das parcerias mais bem-sucedidas no que diz respeito ao contato do homem com o animal: a terapia assistida por animais. Voltada para a inclusão social de idosos e portadores de deficiências físicas e mentais, a iniciativa foi o primeiro projeto socioambiental executado pela empresa. Hoje, 8 anos depois da ação pioneira, a companhia continua apoiando, financiando e disseminando essa técnica terapêutica em parceria com a ONG Abrahipe (Associação Brasileira de Hippo e Pet Terapia) e a TAC (Terapias Assistidas por Cães). Ainda pouco conhecida no Brasil, a terapia assistida por cães utiliza atividades baseadas

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na interação entre homem e cão como complemento a tratamentos médicos e desenvolvimento social. As terapias auxiliam no controle de enfermidades psíquicas ou fisiológicas, além de incentivar o desenvolvimento e a reintegração social. O convívio e a realização de atividades com um cachorro proporcionam, ainda, melhora no bem-estar, autoestima e situação social dos beneficiados. Um dos principais públicos apoiados pela MSD Saúde Animal são as crianças autistas. A empresa apoia dois projetos do Hospital das Clínicas de São Paulo, envolvendo educação, atividades e ludoterapias assistidas por cães. A parceria com a TAC também promove trabalhos de fisioterapia e psicoterapia assistidas com idosas da Instituição Recanto da Vovó, em Cotia.

Cavalos O cão pode até ser o melhor, mas não é o único amigo do homem. Na parceria com a Abrahipe, a estrela da terapia assistida é o cavalo. Realizado na instituição Pequeno Cotolengo, em Cotia, no Espaço Zilda Arns de Terapia Assistida por Animais, a ação atende a crianças, adolescentes e adultos – a maioria portadores de paralisia cerebral – em busca de reabilitação neuropsicomotora e cognitiva. Sandra Alves, responsável pelos projetos sociais desenvolvidos pela MSD, ressalta a importância social de se investir em projetos como este. “Como negócio, trabalhamos a ciência para o animal saudável. E com o animal saudável, podemos desenvolver projetos de sustentabilidade e de desenvolvimento social, como o da terapia assistida”.


Mobilização

Corrente do Bem

dissemina gentileza Com a proposta de disseminar uma nova cultura baseada em práticas cotidianas de generosidade, o movimento mundial colaborativo ‘A Corrente do Bem’ mobiliza milhões de voluntários em 64 países. O foco do movimento é mostrar que boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade; ou seja, o impacto social de uma boa ação, de um gesto de carinho ou de uma gentileza gera um fator multiplicador de bem-estar social. A ideia é pedir que a pessoa que recebe o ato passe o gesto adiante; que seja um agente da gentileza. As ações acontecem espontaneamente no dia a dia, mas uma vez por ano, mais especificamente no dia 25 de abril, esses milhões de voluntários se conectam neste corrente do bem para comemorar o Dia Mundial da Boa Ação.

Simplicidade

As boas ações são simples, rápidas, divertidas e têm um enorme potencial de transformar a sociedade

Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras do movimento no Brasil, explica que é no cotidiano das pessoas que residem as melhores oportunidades de realizar um ato gentil. “A Corrente do Bem defende que a prática de atos gentis e generosos envolve simplicidade e despojamento”. Isso inclui iniciativas como pagar um café para a pessoa que esta atrás na fila da cafeteria, ajudar o vizinho a transportar as compras, dar um abraço encorajador em um amigo ou colega de trabalho ou simplesmente segurar o elevador. O importante é estar disposto a passar adiante a gentileza, estar conectado com pequenos atos que tornam o mundo melhor e mais humano. O movimento não é exclusivo ao auxílio de pessoas em situação de risco social. “É claro que existem atos mais complexos como mobilizar os amigos a doar tempo em prol de uma instituição; ou arrecadar brinquedos e livros para entidades assistenciais. No entanto, o que importa mesmo é a disponibilidade de tornar a generosidade algo palpável, coletivo e cotidiano”, ressalta. 29


Ação social

Profissão:

bombeiro

A atuação do Corpo de Bombeiros em benefício

da sociedade não se limita ao trabalho cotidiano de prevenir, combater incêndios, salvar vidas e patrimônios. A corporação também desenvolve projetos sociais como o Bombeiros nas Escolas, a Escolinha Comunitária e o Bombeiro Amigo do Peito. Além do apoio oferecido às comunidades, a corporação também presta auxílio aos próprios bombeiros através do Centro de Assistência Social (CAS). O “Bombeiros nas Escolas” ensina aos estudantes o que fazer para evitar um incêndio, mostrando que pequenos cuidados são capazes de evitar grandes catástrofes. Realizado em vários estados do Brasil, o projeto procura despertar nos jovens a importância da prevenção. Nas aulas, as crianças aprendem a utilizar o extintor de incêndio e a adotar

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medidas preventivas, de modo a evitar vários tipos de acidentes domésticos e vazamentos de gás. As palestras também orientam os estudantes sobre os prejuízos e consequências dos trotes recebidos pelo Corpo de Bombeiro. Segundo estatísticas oficiais, grande parte desses telefonemas é realizado de telefones públicos instalados dentro ou próximo de escolas. Em Pernambuco, a corporação mantém um site especialmente criado para as crianças, o Quartel-General. Com um design divertido e linguagem simples, o site traz informações sobre o Corpo de Bombeiros, suas atividades e atuação. Também reúne dicas sobre prevenção de incêndios e ainda permite que as crianças façam um teste para saber se aprenderam a lição.


Assistência social

Escola comunitária O Centro de Ensino e Instrução dos Bombeiros de Pernambuco também abriga uma escola comunitária que oferece ensino gratuito a meninos de comunidades carentes. A escola atende 30 alunos, que, para fazer parte da iniciativa, passam por uma pesquisa socioeconômica, tendo prioridade aqueles com renda menor. Além da grade curricular comum, os alunos têm aulas de teoria musical, recebem atendimento odontológico e fardamento, praticam exercícios físicos e esportes, participam de atividades culturais e de lazer, realizam as refeições no quartel e aprendem noções básicas sobre a prevenção de acidentes. As turmas iniciam na 1ª série do Ensino Fundamental e recebem material didático da Secretaria de Educação. Ao término da 4ª série, novos alunos entram na escolinha, multiplicando a contribuição da corporação no crescimento educacional de crianças carentes e na formação da cidadania.

Leite materno Como se não bastasse, várias corporações adotaram o Projeto Bombeiros Amigos do Peito, que garante o aleitamento materno para crianças prematuras em UTIs neonatais ou que, por algum motivo, estejam precisando desse alimento. A iniciativa, iniciada há quase 15 anos no Distrito Federal, se espalhou por todo o Brasil

O CAS é o departamento responsável pela promoção de convênios e benefícios que atendam à necessidade coletiva ou individual dos bombeiros ativos, inativos e seus dependentes. Entre os programas desenvolvidos pelo Centro, destacam-se as parcerias com livrarias, plano de saúde e convênios para financiamento de casa própria e aquisição de material de construção. Também são realizados o Programa de Cesta Básica, para compra com desconto posterior na folha de pagamento, e outros benefícios, como o Kit Enxoval, o plano Condução de Pacientes e Dependentes e assistência jurídica, psicológica, odontológica e o auxílio funeral.

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Ação social

e hoje é quase uma “marca registrada” do Corpo de Bombeiros. Os bombeiros envolvidos neste projeto recebem aulas teóricas e práticas sobre aleitamento materno nos hospitais estaduais e municipais. Depois de coletado, o alimento é encaminhado aos bancos de leite para ajudar a salvar vidas.


Intercâmbio

Conceito de

negócio social

Usar a sensibilidade dos sentidos para estimular a inserção funcional de pessoas com deficiência visual e cegas no mercado de trabalho. O conceito de negócio social criado em 1999 pelo restaurante “Blindkuh”, em Zurique, já foi replicado em mais de 20 países do mundo e continua conquistando novos adeptos. Nesses espaços inovadores, as pessoas comem em completa escuridão socializando e aproveitando a comida com todos os outros sentidos, excluindo a visão. Isso permite que os clientes experimentem a gama de sabores e texturas de seus alimentos, ao invés de focar na aparência. Desde a sua inauguração, o “Blindkuh” já criou mais de 70 empregos, sendo pelo menos 30 deles ocupados por pessoas com deficiência de visão, e já recebeu mais de 670 mil clientes. A experiência começa na porta de entrada: a partir do momento em que os clientes entram no restaurante, o ambiente vai oscilando entre a penumbra e a completa escuridão. Os clientes são conduzidos e servidos por deficientes visuais que trabalham no restaurante. Essa interação entre portadores de deficiência visual e pessoas com visão tem fomentado uma maior compreensão sob a forma de viver das pessoas com este tipo de deficiência. E é esse o principal objetivo deste negócio social: aumentar a consciência, sensibilização e empatia sobre o mundo dos invisuais e deficientes visuais. A adaptação à escuridão total é um processo lento. Nos primeiros minutos dentro do restaurante os novos clientes tendem a falar mais alto até perceberem que as pessoas estão perto de si e que podem ser escutadas num tom de voz mais baixo. Isso acontece porque o escuro cria um obstáculo temporário para a voz: como as pessoas não conseguem ver, também acham que não conseguiram ser ouvidas. O conceito de negócio social baseado na escuridão total também é um sucesso em outros países da Europa. Em Paris, o conceituado “Dans le noir”, que não pertence à rede “Blindkuh”, baseia-se exatamente no mesmo modelo. Para os clientes, a simples tarefa de comer no escuro se transforma em verdadeiro desafio e na descoberta de novas maneiras de interação. Para o restaurante, é um negócio economicamente sustentável e que permite a capacitação e a inserção de deficientes visuais no mercado de trabalho.

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moradores de rua

Idealizado pela Defensoria Pública da União (DPU), o Grupo de Trabalho de Defesa dos Direitos das Pessoas em Situação de Rua (Gat-rua) está levando um pouco de cidadania para uma população bastante fragilizada: os moradores de rua. Em parceria com a Associação Franciscana de Solidariedade e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Gat-rua proporciona às pessoas que vivem nas ruas o acesso a benefícios previdenciários, regularização de documentos, assistência à saúde, fornecimento de remédios. A parceria inclui assistência jurídica de Defensores Federais e Estaduais. Psicólogos e assistentes sociais dos quadros das Defensorias também fazem parte do projeto, o que garante o caráter multidisciplinar do atendimento. Entre as atribuições doGat-rua estão o atendimento direto dos sem teto, inclusive em caráter de itinerância, e a elaboração de projeto para reintegração social do público-alvo.

Segundo Viviane, a articulação em parceria com as defensorias estaduais, como ocorre em São Paulo, é importante, pois a instituição estadual verifica a situação criminal do assistido e já atua em sua defesa.

Aproximação Para implantar o Projeto, primeiro a DPU teve que superar um forte obstáculo: a desconfiança. A defensora pública federal Viviane Ceolin Dallasta, titular do 5ª Ofício Previdenciário da DPU em São Paulo, dá a receita para a implantação do projeto em outras unidades. “Em primeiro lugar, aproximem--se das lideranças dos movimentos sociais, do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, pois essa população é muito desconfiada e dificilmente confia em agentes públicos. Busquem esse grupo social, pois dificilmente eles procuram a DPU espontaneamente”. Ela também ressalta a importância de dialogar abertamente com as secretarias estaduais de direitos humanos e de assistência social antes de iniciar a relação com os abrigos. “É necessário começar a articulação por cima, estrategicamente, pois os abrigos tendem a dificultar a entrada da DPU”, afirmou.

Entre as atribuições do Gat-rua estão o atendimento direto dos sem teto, inclusive em caráter de itinerância, e a elaboração de projeto para reintegração social do público-alvo 33

Inovação

Defensoria Pública reintegra


Inovação

Casca de banana para tratar

água poluída O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP comprovou a eficácia da casca de banana no tratamento de águas poluídas por pesticidas usados nas lavouras de cana-de-açúcar e milho. A capacidade de adsorção das cascas de banana trituradas e peneiradas após secagem a 60ºC surpreendeu os pesquisadores que analisaram amostras coletadas nos rios Piracicaba e Capivari e na estação de tratamento de água de Piracicaba. As águas contaminadas com estes pesticidas ficaram livres dos componentes após o tratamento, mostrando-se bem mais eficaz do que outros procedimentos físico-químicos mais comuns, como a utilização de carvão. A pesquisa também comprovou que o uso da casca de banana apresenta vantagem sobre as demais metodologias, apresentando grande capacidade de adsorção de metais pesados e compostos orgânicos, principalmente devido à presença de grupos hidroxila e carboxila da pectina em sua composição. Segundo Claudinéia Silva e Graziela Moura Andrade, pesquisadoras envolvidas no estudo, os processos tradicionais de tratamento de água não são suficien-

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tes para remover eficientemente resíduos de agrotóxicos e que colocam em risco a saúde humana.

Baixo custo A ideia é que a técnica eficiente e de baixo custo seja utilizada no tratamento de água de abastecimento público advindas de regiões com intensa prática agrícola. “Os estudos para aplicação em grande escala ainda devem ser realizados, mas acreditamos que esse processo de remediação seja a melhor alternativa”, defende Sérgio Monteiro, pesquisador científico do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e um dos autores do trabalho. A banana é uma fruta tropical consumida mundialmente e sua casca corresponde de 30%

a 40% de seu peso total, sendo utilizada, principalmente, para produção de adubos, ração animal e para a produção de proteínas, etanol, metano, pectina e enzimas. Brevemente, a descartada casca de banana poderá ganhar mais uma utilidade social facilmente aplicada por qualquer cidade do país na purificação de água contaminadas. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição 61 do mês de abril da revista “American Chemical Society” e do “Journal of Agricultural and Food Chemistry”.

Casca de banana tem grande capacidade de adsorção de metais pesados


ferramenta ambiental

O movimento não se resume a seus integrantes. Na prática, todas as pessoas que se manifestam artisticamente por meio de temas socioambientais fazem parte, mesmo sem saber, desse movimento que acontece em todo o Brasil.

Cidades sustentáveis

Criado durante o III Fórum So-

cial Mundial, em 2003, o movimento artístico-cultural EcoArte alia arte e criatividade para promover a destinação correta do lixo, incentivar o consumo consciente e melhorar a qualidade de vida nas cidades. O movimento agrega dezenas de artistas de teatro, música, dança, artes plásticas e arquitetura, em diversas atividades de sensibilização e educação ambiental.

Integrante da Rede Mobilizadores e pioneira do EcoArte, a atriz Karina Signori ressalta a importância da arte na formação de cidadãos conscientes e responsáveis: “historicamente, a arte é um instrumento sensibilizador e de transformação social”. Ela explica que o EcoArte utiliza diferentes manifestações artísticas para ecoar uma cultura ecológica e fortalecer a cidadania.

Por meio de intervenções cênicas, palestras teatralizadas e vivências, o EcoArte promove reflexão e incentiva práticas simples que podem melhorar a realidade, como o aproveitamento da água da chuva, produção de alimentos em quintais agroflorestais e a destinação adequada dos resíduos. Também divulga e estimula práticas como compostagem e minhocário para os resíduos orgânicos, que correspondem a cerca de 50% do “lixo” das grandes cidades; a transformação do óleo de cozinha em sabão e a correta destinação dos resíduos eletrônicos. “O movimento incentiva cada um a se colocar no lugar do outro para, juntos, construirmos uma sociedade mais solidária e cooperativa”, enfatiza a atriz, que cobra maior apoio às iniciativas voltadas para a construção de cidades mais sustentáveis. “Como o projeto aborda temas de interesse público, esperávamos ter mais apoio dos órgãos públicos e de outras entidades que trabalham com essas temáticas”, lamenta. Para Karina Signori, a formação de parcerias é fundamental para que a arte ajude ainda mais a vencer esses desafios.

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Sustentabilidade

A arte como


Saúde

Mergulho adaptado ajuda a superar barreiras

Em Brasília, os portadores de deficiência estão tendo a oportunidade de superar barreiras de uma forma surpreendente: praticando o mergulho adaptado. O projeto Integração é resultado de parceria firmada entre os projetos Caminhar e Raia Manta. As aulas acontecem no Lago Paranoá, em piscinas de clubes ou nas academias da cidade. Os alunos recebem aulas teóricas e práticas sobre o uso correto dos equipamentos e os sinais básicos utilizados na prática do esporte. O curso é ministrado pela equipe da Raia Manta, sob o comando do mergulhador e instrutor profissional Luciano Terra, e comprova que os portadores de necessidades podem abrir novos horizontes, voar mais alto e mergulhar mais fundo. Segundo Karen Sakayo, idealizadora e coordenadora do Caminhar, o mergulho adaptado é apenas a primeira etapa do projeto Integração, criado para estimular atividades terapêuticas e esportivas para o desenvolvimento integral de pessoas com deficiência. “Estamos abertos para parcerias em outras atividades, como o paraquedismo, por exemplo”, explica a cadeirante Karen Sakayo. O mergulho é parte de um amplo projeto destinado a mostrar ao portador de deficiência que ele não deve se prender às limitações. “O segredo é observar e trabalhar os pontos fortes de cada um”, ressalta Luciano Terra.

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Esporte adaptado A prática do esporte adaptado não é uma novidade em Brasília. Em 1990, o professor Ulisses de Araújo criou a Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (CETEFE) para promover a inserção social da pessoa com deficiência. Posteriormente reconhecida como instituição de Utilidade Pública e Assistência Social Federal/Distrital, a associação atende gratuitamente a pessoas com deficiência física, auditiva, intelectual e visual, em programas esportivos, culturais e de capacitação profissional, sendo a entidade do país com maior número de modalidades paraolímpicas, culturais e profissionais para todos os grupos de deficiência. Contando com essa estrutura, o Caminhar não só incentiva a prática do esporte como faz um planejamento com seus alunos para que possam conhecer e praticar as diferentes modalidades do esporte adaptado.

Novos horizontes para os portadores de necessidades especiais


Artigo

Solidariedade.

A importância em ajudar o próximo O impulso de ajudarmos uns aos outros em momentos difíceis não é nada novo. Conhecemos histórias fantásticas de pessoas que se desdobram para salvar a vida, na maioria das vezes de pessoas que nunca viu. Em casos extremos a solidariedade atua como mecanismo de preservação da espécie e canaliza nosso afeto às pessoas. Podemos chamar de empatia, de caridade, amor ao próximo. Na verdade acredito que seja um pouco de tudo. O que é fato, e quem é solidário sabe, é a imensa sensação de prazer e bem estar que dedicar um tempo em benefício do outro proporciona. Essa solidariedade pode vir de várias formas. Seja no impulso provocado por uma tragédia, seja em forma de trabalho voluntário ou até mesmo no dia a dia no trato com as pessoas. E isso desperta as mais nobres aspirações da humanidade: a procura da paz, da liberdade, de oportunidades, da segurança e justiça para os povos. Quem recebe um ato solidário conquista benefícios, é claro. Mas quem oferta momentos de afago, carinho e doação aos outros ganha ainda mais. Pesquisas indicam que trabalhos voluntários altruístas estimulam a alegria, aliviam as tristezas e aumentam a imunidade, evitando doenças. Pessoas que se sentem solidárias expressam mais satisfação pela vida e desenvolvem maior capacidade em lidar com as dificuldades. Em geral se tornam mais felizes e encontram sentido às ações e atitudes. Altruísmo e solidariedade são valores morais socialmente constituídos vistos como virtude no indivíduo. Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo. Afinal,

quando saímos do nosso mundinho, conseguimos ver as coisas sob outro prisma. A ajuda desinteressada também reflete na identidade pessoal e social. Aumenta a auto-estima e introduz sentido às nossas competências. Recompensa-nos com o prazer de contribuir para a felicidade de nossos semelhantes e nos dá o prazer de participar do funcionamento e da melhoria da sociedade. Percebemos que somos um conjunto de seres pequeninos uni-

dos em prol de algo maior. E que a nossa realidade não é a pior, a mais cruel. Nossos problemas não são tão desoladores e que somos capazes de sermos mais. De sermos melhores. Do ponto de vista religioso, acredita-se que a prática do bem salva a alma. Mas além de elevar o espírito, de um modo geral, salva o corpo também. Muitas pessoas que conheço conseguiram se livrar de enfermidades sérias pensando mais no próximo do que em si mesmo.

Autor: VALDIR JOSÉ DE OLIVEIRA FILHO, é presidente da Casa da Criança Paralítica de Campinas.

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Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

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