13ª edição da revista Contexto Social

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Há um ano

divulgando as ações que promovem o desenvolvimento social do país


Expediente

Carta ao leitor Diretoria: Maurício Cardoso, Cláudia Capella, Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella

Primeira ONG do Brasil formada por pessoas vivendo e convivendo com HIV/aids, o grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids), do Rio de Janeiro, completou 25 anos de atividade ininterrupta. Nossa matéria de capa mostra um pouco do trabalho e dos desafios deste grupo fundado em 1989 e que se tornou a expressão pública das pessoas atingidas direta ou indiretamente pela epidemia. Estudo publicado por pesquisadores ingleses constatou que comer no mínimo sete porções de frutas e vegetais por dia reduz

Revisão: Denise Goulart

em até 42% o risco de morrer por qualquer causa e em qual-

Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR

quantidade de consumo desses alimentos com diversas causas de

quer idade. É a primeira vez que um estudo científico relaciona a óbito, tais como câncer e doenças no coração. Na Paraíba, o governo do estado inaugurou o primeiro condomínio residencial público exclusivo para idosos do país. O Cidade Madura, em João Pessoa, conta com casas adaptadas, unidade de saúde, praça, centro de convivência, pista de caminhada, academia ao ar livre, horta, redário, campo de futebol e abre caminho para novos empreendimentos exclusivos. A nova lei brasileira que estabelece punição rigorosa para

Contexto Comunicação Gráfica e Social EIRELI-ME

quem discriminar pessoas vivendo com HIV é uma das pioneiras

Telefones: (61) 9115-0273 / 8479-0846 / 8455-6760

sobre HIV/Aids (UNAIDS) é um exemplo para o planeta. A legis-

Matérias e sugestões de pauta: redacao@contextosocial.com.br revistacontextosocial@gmail.com

aos infratores.

Site: www.revistacontextosocial.com.br Publicação eletrônica Periodicidade: mensal

no mundo e segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas lação determina pena de prisão, de um a quatro anos, e multa Uma grande campanha está chamando a atenção para uma questão simples que afeta os portadores de deficiência auditiva: as legendas em filmes nacionais. Grande parte dos surdos compreende o português escrito, e esse detalhe pode fazer grande diferença para a compreensão dos filmes produzidos no Brasil. Em São Paulo, Kibon e Fundação Abrinq se uniram para atuar no fortalecimento de políticas públicas locais voltadas à redução da mortalidade infantil e materna por causas evitáveis. O projeto ‘Toda criança nasce para ser feliz’ já nasceu com uma meta ambiciosa: beneficiar mais de 9.500 crianças e capacitar 500 profissionais de saúde nos próximos dois anos. Essas são apenas algumas matérias da 13ª edição da revista

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Conxtexto Social. Seja bem-vindo e tenha uma boa leitura.


TERCEIRO SETOR Saúde e Sustentabilidade em Guarulhos Direitos da criança e do adolescente Parceria incentiva educação ambiental Chance de ser feliz Clubinho Trânsito Amigo

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GESTÃO Manual de compras sustentáveis

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INCLUSÃO Legenda Nacional

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SUSTENTABILIDADE Alunos transformam lixo orgânico em fertilizantes

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EDUCAÇÃO Exame certifica adultos

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SAÚDE Combate à dengue de modo lúdico e interativo

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AÇÃO SOCIAL Mãe Coruja no seleto grupo da ONU

Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita

Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

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Jorge Gerdau:

Ela comanda a política nacional contra a pobreza

-

Ÿ Sem educação o Brasil jamais

será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica

A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco

ONG fiscaliza ações do governo

Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

Cultura de paz nas escolas

Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

Gol de Letra do craque Raí Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

Autistas interagem com tecnologia touch

CNA e Sebrae unidos no semiárido

Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

POLÍTICAS Contra a discriminação Mudando histórias de agricultores Projeto Almanaque estimula a cultura da paz

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Jovem amigo da criança

Outubro Rosa mobiliza o mundo

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Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

Cidadania com reflorestamento

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RESOLUÇÃO Conquista histórica

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CULTURA CEU das Artes carioca Viagem 3D pelas obras de Aleijadinho

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O mundo contra a AIDS

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PESQUISA Vida longa

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CIDADANIA Condomínio exclusivo para idosos

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Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

INICIATIVA Escola nota 10

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ARTIGO Sociedade de massas e justiça com as próprias mãos

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Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária

Um olhar para a cidadania está no ar

e sem discriminação

ISSN 2318-8464

ENERGIA Inajá. Praga que virou alternativa energética

Óculos que ajudam cegos a enxergar

BH quer levar cidadania para os viadutos

Problemas do sono já são uma epidemia global

Handebol para cadeirantes conquista o mundo

Ano 1 - Número 12 - Abril/2014 - Distribuição nacional gratuita

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ISSN 2318-8464

MOBILIZAÇÃO “Escola de Pais” leva família para a sala de aula

Bolsa atleta para paraolímpicos do DF

Ano 1 - Número 11 - Março/2014 - Distribuição nacional gratuita

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Caia na rede da inclusão digital

Médicos sem fronteiras

O perfil solidário de

Luigi Baricelli

INOVAÇÃO Lírio-amarelo no tratamento de esgoto

Corrente do Bem dissemina gentileza

Ano 1 - Número 10 - Fevereiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

ISSN 2318-8464

IGUALDADE Igualdade de gêneros nas escolas

Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita

As batidas de um coração

Mulheres, direitos e participação política

ISSN 2318-8464

Sumário

CAPA 25 anos lutando Pela Vidda

Edições anteriores

Saúde na Escola trabalha hábitos alimentares

Programa beneficia áreas rurais do DF

Viviane Senna Longe se vai sonhando demais

Atletas, e superatletas, com deficiência Amigos do Planeta na escola

Projetos inovadores em Londrina

Passaporte para o mundo literário


Capa

25 anos lutando

Pela Vidda Grupo tornou-se a expressão pública das pessoas atingidas direta ou indiretamente pela epidemia do HIV/aids

P

rimeira ONG do Brasil formada por pessoas vivendo e convivendo com HIV/aids, o grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids), do Rio de Janeiro, completou 25 anos de atividade ininterrupta. Fundada em maio de 1989, quando o tratamento era muito difícil e o preconceito bem mais acentuado do que hoje, o Grupo criado pelo sociólogo Herbert Daniel tornou-se a expressão

pública das pessoas atingidas direta ou indiretamente pela epidemia. Foram muitas as conquistas do trabalho feito ao longo de mais de duas décadas, mas os desafios continuam grandes, sobretudo, no que se refere à prevenção. Recentes dados do Ministério da Saúde mostram que 12 mil pessoas morrem de aids no Brasil e 40 mil são infectados pelo HIV anualmente.

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Capa

“Muito foi conquistado nos últimos 25 anos, com destaque para o acesso aos antirretrovirais e a uma plataforma relacionada aos direitos humanos e à cidadania dos soropositivos. Contudo não podemos viver do passado. Os desafios se renovam a cada dia e ameaçam algumas conquistas”, ressalta o vice-presidente do Grupo, George Gouvêa, enfatizando que os números de mortes e de infectados não podem ser considerados “naturais”. A realidade da aids foi mudando e expandiu a missão do Grupo Pela Vidda, hoje comprometi-

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do com a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e aids, por meio da defesa dos direitos humanos fundamentais, da garantia de acesso à informação, da luta contra a discriminação e outras formas de exclusão social, na perspectiva de uma sociedade mais solidária e socialmente justa.

Luta Em duas décadas de participação ativa na luta contra a aids, os Grupos Pela Vidda têm reali-


Capa

zado diferentes ações como prestação de serviços e reuniões de convivência e apoio; atuação ao lado de ONGs parceiras e ativistas no acompanhamento crítico das políticas públicas e no desenvolvimento de respostas coletivas; execução de ações de prevenção dirigidas a outras populações vulneráveis; defesa intransigente do Sistema Único de Saúde; luta constante contra a banalização da aids pela sociedade e pelos meios de comunicação. Outro esforço dos Grupos Pela Vidda é a determinação de expandir a luta contra a aids para além dos muros da saúde, da militância e dos programas governamentais específicos, aproximando as políticas públicas de assistência e proteção social e promovendo eventos culturais, como a Mostra de Cinema em São Paulo.. Por isso, é importante que esses 25 anos de atuação sejam compartilhados por todos os atores sociais que dedicam suas vidas a esta luta que tanto necessita de novas forças. Atualmente o tratamento com antirretrovirais é gratuito e permite que os pacientes vivam normalmente. Mas, no caso da prevenção, a ONG alerta que a falta de políticas de prevenção e o diagnóstico tardio têm colaborado para aumentar o número de contaminações e a mortalidade. “O momento é de relembrar a história, rever amigos, renovar nossas bandeiras e traçar planos para o futuro. Mas com a certeza de que, enquanto a aids não for vencida, acharemos força e teremos orgulho de ser Pela Vidda”, enfatiza George Gouvêa.

Reconhecimento

“Enquanto a aids não for vencida, acharemos força e teremos orgulho de ser Pela Vidda”

O importante trabalho realizado Pela Vidda foi reconhecido publicamente pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com a concessão da Medalha Tiradentes, numa cerimônia com auditório lotado de ativistas, médicos, gestores e políticos. As comemorações seguem até o dia 1º de agosto, com reuniões, palestras, bazar solidário, treinamentos e muitas outras atividades. Durante a cerimônia de entrega da medalha, o Grupo divulgou um texto que marca seus 25 anos de atividade e reafirma sua missão de lutar incansavelmente pela vida. “Completar 25 anos de luta e de engajamento social frente aos atuais desafios do viver com HIV e Aids é um feito as vezes imaginário,

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Capa

mas que só é possível se contextualizarmos toda uma trajetória de lutas e conquistas ganhas e perdidas ao longo desses vinte e cinco anos. A Aids deixou de ser um pânico generalizado para se

Refletir o presente, acreditar em um futuro melhor e fazer valer as lições de solidariedade e dignidade para toda a sociedade.

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consolidar como uma sentença de exclusão social. O Grupo Pela Vidda-RJ ao longo da epidemia de Aids tem enfrentado toda forma de preconceito, estigma e iniquidades para garantir qualidade de vida e cidadania para as pessoas vivendo com HIV e Aids, mas no campo dos direitos as conquistas não são definitivas e a todo momento vivenciamos uma série de violações que ainda requer um ativismo social diário e atento as desigualdades e frente ao descaso político com a integridade das pessoas afetadas. Nossa agenda Celebração 25 Anos pressupõe: reafirmar a trajetória social e política iniciada por Herbert Daniel na década de 80, promover a

cidadania no contexto do viver com HIV e Aids, mobilizar e fortalecer o voluntariado na luta contra a epidemia, contribuir para o aprendizado político e o ativismo social, resignificar nossa missão institucional, dar continuidade a nossa trajetória de trabalho e de lutas se preciso for por mais 25 anos. Nossa missão institucional apesar de tão fragilizada no contexto da história, ainda convivemos diariamente com perdas e exclusão, são diversos e complexos os desafios vivenciados. Nossa intenção, hoje, é relembrar o significado de nossa história, refletir o presente, acreditar em um futuro melhor e fazer valer as lições de solidariedade e dignidade para toda a sociedade”.


Capa

Pressa Em artigo publicado recentemente, George Gouvêa lembrou que houve uma época em que a frase mais contundente usada pelo movimento de aids era “quem tem aids tem pressa”, mas que atualmente a pressa virou um item de menor categoria, esquecida e abandonada. Segundo George Gouvêa, faltam médicos, leitos e remédios para doenças oportunistas e efeitos colaterais, sem contar as consultas de 15 minutos, marcadas com meses de antecedência, e exames que demoram mais que o triplo do tempo de um laboratório privado. Ele também criticou a postura do Departamento de

DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, que adotou uma política biológica no enfrentamento da epidemia, desconsiderando os aspectos sociais da mesma. Para ele, a distribuição de antirretrovirais mais modernos, testagem e cobertura de tratamento estendida para os soropositivos com 500 de CD4 são, inegavelmente, medidas importantíssimas, mas que sozinhas não bastam para enfrentar a epidemia. “Um quadro pintado com as faces de quem sofre retrata de maneira triste a realidade da epidemia de aids neste País, que exige de todos os atores uma retomada da indignação, pois quem tem aids ainda não pode esperar!”

“A realidade da epidemia exige de todos os atores uma retomada da indignação, pois quem tem aids ainda não pode esperar”

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Políticas

Contra a

discriminação

dição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade; recusar ou retardar atendimento de saúde”.

Campanha

A nova lei brasileira que estabelece punição ri-

gorosa para quem discriminar pessoas vivendo com HIV é uma das pioneiras no mundo e segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) é um exemplo para o planeta. Promulgada no início do mês, a lei 12.984 determina pena de prisão, de um a quatro anos, e multa para quem “recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que permaneça como aluno o portador de HIV em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado”. A legislação determina ainda a mesma pena para quem “negar emprego ou trabalho; exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego; segregar no ambiente de trabalho ou escolar; divulgar a con-

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Apesar dos avanços alcançados pelas pessoas vivendo com HIV no Brasil, elas ainda enfrentam níveis inaceitáveis de estigma e discriminação, diz a agência da ONU. No ano passado, o UNAIDS lançou a campanha ‘Zero Discriminação’, que tem como meta combater atos discriminatórios que não permitam o exercício de uma vida plena, digna e produtiva. A campanha busca mobilizar jovens, comunidades, organizações religiosas e defensores dos direitos humanos, entre outros, para a promoção da inclusão e do respeito a esses direitos inalienáveis Segundo a ONU, a discriminação é uma grave violação aos direitos humanos, além de ser ilegal, imoral, ofensiva e desumana. “A lei contra discriminação de pessoas vivendo com HIV promulgada pela Presidência da República do Brasil é um passo importante na direção da Zero Discriminação”, afirmou o UNAIDS por meio de comunicado.


Foto: Tamires Kopp

agricultores

O

Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) está mudando a história de vida de muitos agricultores. Criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como ação complementar à política de reforma agrária, o programa permite a aquisição de áreas que não são passiveis de desapropriação. Coordenado pela Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA/MDA), a iniciativa atende agricultores familiares sem terra ou com pouca terra, principalmente jovens rurais. Além da terra, o PNCF permite ao agricultor construir sua casa, preparar o solo, comprar implementos, ter acompanhamento técnico e o que mais for necessário para se desenvolver de forma independente e autônoma. O PNCF possui três linhas de financiamento - com juros que variam de 0,5% a 2%

e assistência técnica de cinco anos – e selos adicionais para jovens, negros não quilombolas, mulheres e para projetos ambientais, sendo uma importante alternativa para agricultores familiares, principalmente para a juventude.

Nova história Desde sua implantação, há dez anos, o programa já beneficiou mais de 137 mil famílias. Famílias como a do agricultor familiar Marcos Antônio Arnold, que há seis anos adquiriu sete hectares de terra em Campo das Flores, no município de Imbuia (SC), através do PNCF. “Ter meu pedacinho de chão foi o melhor que me ocorreu nesses últimos anos”, ressalta o agricultor. Por anos, Marcos e sua esposa Elenice trabalharam na

terra arrendada, deixando com o proprietário boa parte do ganho alcançado com a roça de cebola. Hoje, o lucro obtido com a comercialização da cebola e do leite mudou a vida do casal: “Nossa vida melhorou muito. Pagamos a terra com satisfação, pois estamos investindo no que é nosso”, afirma.

“Ter meu pedacinho de chão foi o melhor que me ocorreu nesses últimos anos”

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Políticas

Mudando histórias de


Políticas

Projeto Almanaque estimula a

cultura da paz

Idealizado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), o Projeto Almanaque é uma atividade de extensão interdisciplinar que incentiva a leitura e a escrita de crianças e jovens por meio de atividades pedagógicas e lúdicas. Diariamente, acadêmicos de vários cursos de graduação da UCDB promovem atividades lúdicas nas escolas das redes pública, privada e instituições de Campo Grande com o objetivo de aprimorar o desenvolvimento didático. As atividades incluem jogos, brincadeiras, teatro, música, artesanato e momentos de leitura e interpretação de textos a partir

da leitura de histórias em quadrinhos, histórias curtas, contos e lendas pertinentes à temática explorada a cada encontro. Este ano, o foco é a preservação ambiental, com o tema “Natureza preservada, alegria plantada”. De forma lúdica e participativa, o Projeto Almanaque quer despertar a consciência ambiental entre os alunos do 1º ao 5º ano, fortalecendo valores e atitudes de educação ambiental e incentivando atitudes saudáveis de preservação dos recursos naturais.

Cultura da paz Em todas as atividades, o projeto trabalha com a temática “Cultura da Paz: semeando um fu-

turo melhor”, que prega a não violência e a solução das diferenças por meio do diálogo. Os educadores ensinam que a cultura da paz começa com modificação da conduta pessoal perante as pequenas coisas do dia a dia e reforçam a importância da solidariedade entre as pessoas e do respeito às diferenças. “É sempre importante encorajar crianças e jovens para a resolução de seus conflitos sem o uso da violência e despertar a noção de que a paz deve ser vivenciada em cada ato ou ação praticada”, ressalta a coordenadora do projeto Almanaque, professora Angela Cristina Catonio.

O projeto trabalha com a temática “Cultura da Paz: semeando um futuro melhor”, que prega a não violência

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A 14ª edição do Programa Pfizer de Educação Ambiental vai trabalhar o binômio saúde/sustentabilidade nas escolas estaduais e municipais de Guarulhos (SP). O tema escolhido tem a proposta de conscientizar as crianças sobre a importância da alimentação saudável. Segundo a consultora Mônica Osório Simons, o nível de obesidade entre os pequenos no Brasil é preocupante: “Aproximadamente 10% do público infantil de Guarulhos já está obeso e sofre com doenças tipicamente de adultos como hipertensão, diabetes tipo II, entre outras”, ressalta. O objetivo é envolver os alunos em atividades lúdicas como teatro, dança, elaboração de esculturas e desenhos envolvendo o tema do programa. Os melhores trabalhos serão escolhidos e apresentados em outubro, no Pfizer Clube em Guarulhos. A campanha foi escolhida com base nos padrões da Organização das Nações Unidas (ONU), que instituiu 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar.

Sustentabilidade A coleta de pilhas e baterias, que no ano passado arrecadou cerca de 500 kg deste resíduo, também será estendida em 2014. “Queremos perpetuar e ampliar este projeto de maneira sus-

tentável. Nosso objetivo é disseminar conhecimento para cada vez mais pessoas, já que as crianças compartilham tudo que aprendem com seus familiares e parentes”, explica Marcelo

“Cerca de 10% do público infantil de Guarulhos já está obeso“

Luna, diretor de manufatura da Pfizer Guarulhos. Segundo a coordenadora do programa, Patricia Buffone, além de evitar que este resíduo perigoso seja descartado no meio ambiente, a iniciativa permite reciclar boa parte dos componentes das pilhas e baterias, que serão utilizados na fabricação de pisos cerâmicos, tintas e vidros. A edição deste ano atingirá diretamente de 2.700 crianças de escolas do ensino público de Guarulhos. Nas edições anteriores o número chegava a no máximo 1.600. Nesses 14 anos de atuação, o programa já impactou mais de 250 mil crianças da região. 13

Terceiro Setor

Saúde e sustentabilidade em Guarulhos


Terceiro Setor

Direitos da criança

e do adolescente

A Fundação Itaú Social vai selecionar iniciativas de Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA) para apoiar ações, serviços, programas ou projetos com recursos destinados aos Fundos. Conselhos de todo o Brasil podem inscrever propostas de ação que contribuam para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes em seu município. Os recursos destinados aos Fundos da Infância e Adolescência provêm de parte do Imposto de Renda (IR) devido das empresas pertencentes ao Conglomerado Itaú Unibanco Holding S.A. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as empresas tributadas pelo lucro real podem destinar até 1% do IR devido. O Itaú Unibanco mantém esta prática há 12 anos e já beneficiou 864 projetos de organizações não governamentais e instituições sociais em 225 municípios e 22 estados.

Etapas Os Conselhos são os responsáveis pela administração dos recursos do Fundo, aplicando na implantação e execução de políticas de garantias de direitos das crianças e adolescentes, de acordo com as prioridades identificadas em cada município. O valor destinado aos Fundos dependerá do volume de imposto de renda devido das empresas do grupo.

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As informações sobre os critérios e etapas de seleção estão disponíveis no site da fundação, bem como o formulário de inscrição e o modelo de carta de encaminhamento a ser enviada. As propostas serão analisadas nos meses de agosto e setembro e o resultado será divulgado dos em 30 de setembro.

Fundação Itaú Social vai selecionar projetos de todo o país


Terceiro Setor

Parceria incentiva educação ambiental A PCH Anhanguera (Pequena Central Hidrelétrica) da Volkswagen do Brasil criou mais um espaço público para debater a sustentabilidade. Instalada na cidade de São Joaquim da Barra (SP), a “Sala de Educação Ambiental Vereador Carlos Messias de Miranda” oferece atividades relacionadas à preservação ambiental e palestras sobre cidadania, civilidade e outros temas educativos. Segundo o gerente executivo responsável pelo projeto PCH, Michael Lehmann, essa parceria entre a Volkswagen do Brasil e a prefeitura de São Joaquim da Barra vai gerar uma série de benefícios à comunidade, já que a população será conscientizada sobre a importância da preservação do meio ambiente como instrumento de cidadania e civilidade. “Essas informações com certeza farão uma diferença positiva na vida da comunidade, que poderá contribuir, agora e no futuro, com um planeta cada vez melhor”, ressalta o executivo. A PCH mantém um viveiro com 720 m² capaz de produzir até 300 mil mudas de árvores nativas por ano, que são utilizadas para plantio nas áreas de preservação permanente. Cerca de 126 espécies já foram catalogadas e mais de 500 mil árvores foram plantadas para proteger e sombrear o lago.

Energia renovável Inaugurada em março de 2010 no rio Sapucaí, um

afluente do rio Grande, entre as cidades de São Joaquim da Barra e Guará, no estado de São Paulo, a PCH Anhanguera gera cerca de 18% da energia consumida pela Volkswagen do Brasil e já possibilitou que a empresa aumentasse a utilização de energia renovável de 86% para 93,55%. Em 2012, a Usina recebeu aprovação da Organiza-

ção das Nações Unidas (ONU) para seu projeto de Certificação de Emissões Reduzidas (CER), também conhecido como Créditos de Carbono. O certificado atesta que a usina hidrelétrica é uma iniciativa sustentável de geração de energia que contribui para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.

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Terceiro Setor

Chance de

ser feliz

Toda criança nasce para ser feliz. Foi a partir deste conceito que Kibon e Fundação Abrinq se uniram para atuar no fortalecimento de políticas públicas locais voltadas à redução da mortalidade infantil e materna por causas evitáveis. Lançado este mês em quatro municípios de São Paulo - Juquitiba, Miracatu, Pariquera-Açú e Peruíbe - o projeto ‘Toda criança nasce para ser feliz’ já nasceu com uma meta ambiciosa: beneficiar mais de 9.500 crianças e capacitar 500 profissionais de saúde nos próximos dois anos. Para tanto, o plano de ação do projeto abrange o desenvolvimento de ações de articulação, mobilização e capacitação de moradores. Parceiros estratégicos e agentes locais promoverão atividades de capacitação focadas em conteúdos como importância do pré-natal, vacinação, gestação de risco, exames básicos e complementares e gravidez na adolescência.

Missão “Acreditamos que a infância deve ser uma fase repleta de boas lembranças. Nossa missão é ajudá-las a crescer com dignidade e acesso aos direitos básicos para que tenham a chance de serem mais felizes”, afirma Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil. Os números são aterrorizantes. Anualmente, mais de 46 mil crianças brasileiras morrem vitimas de doenças que poderiam ser evitadas. “Por isso baseamos nosso projeto na mobilização e capacitação de agentes comunitários e profissionais de saúde para atuarem ma linha de frente e reverter esse quadro.”, ressalta Carlos Antonio Tilkian, presidente da Fundação Abrinq; As quatro cidades piloto foram escolhidas a dedo, pois apesar de estarem localizadas em um dos estados mais ricos do País, elas ainda registram altos índices de mortalidade infantil e materna.

Kibon e Fundação Abrinq se unem em prol das crianças

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Trânsito Amigo

O Clubinho Honda Trânsito Amigo

é uma iniciativa de utilidade comunitária criado para difundir a educação o trânsito entre crianças em idade escolar e promover a convivência pacífica de pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas. Neste espaço virtual, alunos, professores e pais aprendem, ensinam e brincam juntos, abordando o assunto de uma forma divertida com games, histórias em quadrinhos e desenhos animados com os personagens Duda, Neco, Nanda, Toni, professora Belinha e guarda Haroldo. Disponibilizado em versão digital e divulgado para escolas públicas e privadas de todo o Brasil, o Clubinho Honda – Trânsito Amigo visa introduzir as crianças no universo das ruas de nossas cidades, com segurança e responsabilidade, e conscientizar os adultos que convivem com essas crianças a dar o exemplo, com atitudes que promovam a harmonia no trânsito. Os personagens infantis vivem experiências que simulam situações do trânsito real. Personagens adultos (pais, professora e guarda de

trânsito) também participam das aventuras, além de um super-herói, que ensina lições importantes sobre trânsito seguro, de forma divertida. Os professores e pais também têm acesso a manuais com dicas de atividades educativas para realizar em casa ou na escola.

Gibis O “Clubinho Honda foi lançado no Brasil em 1992 no formato vídeo (VHS) e com uma revistinha impressa – a história em quadrinhos Primeiros Passos. De lá pra cá, o clubinho cresceu, expandiu os conceitos do programa para o meio online e ampliou os temas abordados. O último gibi lançado pelo clubinho traz seis histórias em quadrinhos que falam sobre cinto de segurança, transporte de animais, acessórios de segurança, uso da faixa de segurança, transporte de crianças e sinalização no trânsito. A publicação também conta com jogos de passatempo.

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Terceiro Setor

Clubinho


Gestão

Manual de

compras sustentáveis

Com a colaboração de 16 grandes empresas, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou um Manual de Compras Sustentáveis para orientar e conscientizar as empresas sobre as melhores práticas socioambientais para o processo de compra na cadeia de fornecedores.

O guia inédito traz os passos e métodos para uma estratégia de compras sustentáveis nos negócios. Os critérios vão desde uma análise que valorize empresas da cadeia que se destacam no tema sustentabilidade até o acompanhamento e capacitação desses fornecedores.

O manual mostra aos empresários a necessidade de adoção de uma visão sistêmica do processo de compras e uma comunicação mais transparente com as áreas internas da empresa e com fornecedores e clientes “Cada empresa pode utilizar o manual como um guia para o seu processo de compras e adaptá-lo da melhor maneira ao seu negócio”, explica a presidente do CEBDS, Marina Grossi.

Eficiência Segundo o diretor executivo de consultoria em sustentabilidade da Ernst & Young, Mário Lima, a ideia foi construir um guia com uma linguagem clara e que mostra como uma cadeia de compras sustentável traz maior ganho de imagem, diminuição de riscos e, consequentemente, maior eficiência operacional. “Nosso maior desafio é mostrar que o processo tradicional de compras baseado em critérios comerciais e no menor preço pode se comunicar com aspectos de sustentabilidade”, afirma. Ele ressalta que fornecedores mais sustentáveis geram menos riscos e uma cadeia mais confiável. A criação do Manual de Compras Sustentáveis foi feita de forma colaborativa e reuniu pesos pesados como Allianz, AngloAmerican, Casa da Moeda do Brasil, Coca-Cola, Fundação Konrad Adenauer Stiftung, Furnas, GE, Grupo Abril, Grupo BB e Mapfre, Grupo Boticário, Itaú Unibanco, L’Oréal, Panasonic, Petrobras e Siemens.

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Preste atenção ao seu redor. Você consegue perceber quantos deficientes estão em seu raio de visão? Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 10% da população mundial vive com alguma deficiência. Isso significa que 650 milhões de pessoas têm alguma necessidade especial. Várias são as diferenças e muitas são as tecnologias que buscam amenizar as dificuldades enfrentadas por elas. No caso dos deficientes auditivos, há uma campanha que chama a atenção para uma questão simples: as legendas em filmes nacionais. Grande parte dos surdos compreende o português escrito, e esse detalhe pode fazer grande diferença para a compreensão dos filmes produzidos no Brasil. Portador de deficiência auditiva com grau profundo, o pernambucano Marcelo de Carvalho Pedrosa idealizou a campanha ‘Legenda para quem não ouve, mas se emociona’. A iniciativa, que está conquistando o Brasil, começou com a adesão de pouco mais de 100 pessoas e hoje conta com um abaixo-assinado em favor do Projeto de Lei 1.078/2007. Se for aprovada, a proposta de autoria do deputado federal Mauricio Rands obrigará as distribuidoras de filmes a legendar as obras exibidas e os organizadores de exibições de peças teatrais a oferecer interpretação do texto correspondente.

Deficiência visual No cinema e no teatro também há espaço para os deficientes visuais, com um recurso chamado de audiodescrição - solução utilizada para se descrever lugares, pessoas, roupas e outros detalhes a esses espectadores. Durante as pausas de um filme, por exemplo, podem ser incluídos pequenos comentários de descrição das cenas mudas que, muitas vezes, fazem com que os deficientes visuais se sintam desconfortáveis ao assistir a filmes ou espetáculos teatrais.

Para mais informações sobre a campanha e o abaixo-assinado, acesse o site Legenda Nacional.

A campanha conta com abaixoassinado em favor do PL 1.078/2007 19

Inclusão

Legenda Nacional


Sustentabilidade

Alunos transformam

lixo orgânico em fertilizantes

O lixo orgânico

A crescente produção de lixo gerada pela sociedade é um dos principais problemas enfrentados pelas grandes cidades. Segundo o Programa das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente (Pnuma), 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos são geradas anualmente em todo o mundo. As estimativas mostram que esse número pode chegar a 2,2 bilhões de toneladas até 2025.

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No Colégio Estadual Olindamir Merlin Claudino, em Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba, os alunos já tomaram consciência sobre os impactos que o lixo causa no meio ambiente. Desde o início de 2014, o lixo orgânico gerado na cozinha se transforma em fertilizantes que são usados na horta da escola. A mudança na rotina dos alunos faz parte da aplicação prá-

gerado na cozinha se transforma em fertilizantes para a horta da escola


Realidade Recentemente, os cerca de 200 alunos que participam do projeto no período de contraturno visitaram o Centro de Gerenciamento de Resíduos Iguaçu, aterro sanitário que recebe o lixo de Curitiba e outras 20 cidades da Região Metropolitana. Diariamente, são depositadas no aterro

aproximadamente 2,5 mil toneladas de lixo de 21 cidades. A quantidade de resíduos assustou os estudantes. “Eu sabia que a gente produzia bastante lixo, mas tanto assim não. A compostagem que fazemos aqui na escola é uma tentativa de diminuir essa quantidade de lixo no planeta”, disse a aluna Bianca Letícia Santos Kulka, de 12 anos. O sucesso do projeto é resultado de muita mobilização. Alunos, professores, merendeiras e servidores aderiram à iniciativa determinados não apenas a transformar o lixo da escola, mas em conscientizar o aluno que ele pode fazer o mesmo processo em casa e que o lixo é responsabilidade de todos. Os resultados do projeto já ultrapassaram os muros da escola e chegaram às casas dos alunos e servidores. “Com a aplicação do húmus as plantas crescem bem mais rápido e é incrível de ver, dá muito resultado”, afirma a funcionária Cleide Kuchnir que, a exemplo de outros servidores, adotou o manual produzido pela escola para produzir sua horta residencial.

“Com a aplicação do húmus as plantas crescem bem mais rápido e é incrível de ver, dá muito resultado”

Fotos: Hedeson Alves

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Sustentabilidade

tica do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da professora Giovana Aparecida Pereira Bento, que dá aulas de geografia no colégio. O projeto “Vermicompostagem: raspas e restos fazem a diferença” contagiou e envolveu os alunos, professores e funcionários da escola. Os alunos que participam do programa disseminam seu conhecimento para outros estudantes, pais e moradores da comunidade. Eles mostraram como as cascas de banana, laranja e caqui se transformam em húmus dentro das caixas de compostagem e como as minhocas podem acelerar a transformação dos resíduos orgânicos em fertilizantes.


Educação

Exame

certifica adultos

Destinado a jovens e adultos que não concluíram os estudos na idade apropriada, o Exame Nacional de Certificação de Competências (Encceja) é aplicado anualmente para brasileiros que residem no país e no exterior. Organizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o exame está regularizando a situação escolar de milhares de brasileiros. Em 2014, o número de inscritos no Encceja aplicado no exterior cresceu 45,9% em relação à última edição: 2.268 brasileiros se candidataram ao exame, contra 1.554 inscrições registradas no ano passado. No exame aplicado no Brasil, o número de interessados aumentou 7,5%: de 104.663 inscrições, em 2013, para 112.557 inscrições este ano. Os resultados garantem a certificação de conclusão do ensino fundamental para quem vive no Brasil e dos ensinos fundamental e médio para aqueles que moram no exterior. No Brasil, a certificação

Encceja está regularizando a situação escolar de milhares de brasileiros 22

Resultados garantem certificação no Brasil e no exterior

para o ensino médio é realizada por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Provas No ensino fundamental, o interessado precisa ter no mínimo 15 anos completos na data de realização das provas. Para quem pretende o certificado do ensino médio, a idade mínima é de 18 anos na data do exame. Este ano, as provas do Encceja Nacional para estudantes do ensino fundamental e médio residentes no Brasil e no Japão foram aplicadas no dia 1º de junho. Em Portugal, Guiana Francesa, Bélgica e Estados Unidos, os exames foram realizados nos dias 7 e 8 de junho.


Saúde

Combate à dengue

de modo lúdico e interativo

Prevenir a dengue não é um bicho (neste caso um mosquito) de sete cabeças. Bastam algumas ações muito simples e cuidados que devem ser tomados dentro do ambiente doméstico, por qualquer pessoa, e que não duram mais do que alguns poucos instantes na semana. A campanha 10 minutos contra a Dengue, idealizada com base nos conhecimentos dos pesquisadores da Fiocruz, mostra de forma simples e didática como qualquer um pode, em tão poucos minutos, eliminar os criadouros do mosquito ao seu redor, evitando o contágio. No combate à dengue, é bom que mesmo as crianças estejam atentas. E para conquistar a atenção da criançada nada melhor do que explicar a doença por meio de um universo lúdico e interativo. A exposição permite aos visitantes realizar observações com uso de microscópio, montar

um mosquito em papel e levá-lo para casa, manipular um modelo de mosquito (de cerca de 30cm), tocar e observar o interior do inseto, entre outras atividades.

Batalhas A campanha e a exposição são apenas algumas das

ações atuais da Fiocruz na luta contra a doença. A Fundação mantém, por exemplo, os sites da Rede Dengue e Dengue: vírus e vetor, com campanhas de prevenção, dicas, informações, links para pesquisas e vídeos de entrevistas com pesquisadores e sobre o mosquito da dengue, seu ciclo de vida e modos de propagação. Em seus mais de 100 anos de história, a Fundação já realizou diversas atividades visando à erradicação da doença. A primeira iniciativa contra o Aedes aegypti foi coordenada pelo próprio Oswaldo Cruz, em 1903. Na época o Brasil vivia um surto de febre amarela e, graças às medidas adotadas para o controle da enfermidade, o Aedes aegypti foi erradicado em 1955. Posteriormente, o relaxamento das medidas de prevenção levaram à reintrodução do mosquito da dengue no país.

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Ação social

Mãe Coruja no seleto grupo da ONU Desenvolvido pelo governo de Pernambuco, o programa Mãe Coruja foi premiado pela quarta vez consecutiva pela ONU. Desta vez, a iniciativa conquistou o prêmio das Nações Unidas em excelência nas práticas de serviços públicos, o United Nations Public Service Awards 2014 – na categoria “Promoção de Entrega de Serviços Públicos Voltados ao Gênero”. Criado em outubro de 2007, o Mãe Coruja Pernambucana é uma política pública de atenção integral à mulher e à infância, calçada no tripé saúde, educação e desenvolvimento social. Seu principal objetivo é a redução do indicador de mortalidade infantil e materna no estado, além da melhoria de indicadores sociais. O público-alvo são as gestantes, usuárias do Sistema Único de Saúde, e as crianças, até os cinco primeiros anos de vida, cuja gestação e parto foram acompanhadas pelo Programa. Atualmente o Programa está implantado em 105 municípios e conta com mais de 117 mil mulheres cadastradas e 61 mil crianças acompanhadas.

Programa atende gestantes e crianças em 105 municípios de Pernambuco

Foto: Ademar Filho

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Mortalidade O Mãe Coruja vem contribuindo para a redução da mortalidade infantil através da integração do estado com os municípios, a sociedade civil, as organizações não governamentais e as universidades. Desde o início do programa, houve redução de 37,98% na mortalidade infantil e de 14% na taxa de óbitos maternos. O programa inclui cursos de qualificação profissional, oficinas de segurança alimentar e nutricional, fornecimento de kits do bebê para as gestantes com 7 ou mais consultas de pré-natal realizadas, fortalecimento da atenção ao pré-natal, parto e puerpério. A cerimônia de premiação aconteceu no final do mês, em Seul, na Coréia do Sul, durante as celebrações das Nações Unidas no Fórum do Dia Internacional do Serviço Público.


Igualdade

Igualdade de gêneros nas escolas Concedido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM), o 9º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero premiou estudantes dos ensinos médio e superior de escolas públicas e privadas por suas ações de estimulo à reflexão sobre as desigualdades de raça, etnia, geração, sexualidade e classe social. A premiação contemplou estudante do ensino médio; estudante de graduação; graduado, especialista e estudante de mestrado; mestre e estudante de doutorado; e escola promotora de igualdade de gênero. Os vencedores receberam valores em dinheiro, bolsas de estudos, equipamentos de informática e assinaturas de revistas acadêmicas.

Destaques Com uma disciplina voltada exclusivamente ao combate ao preconceito em todas as suas formas, o Centro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina, na região administrativa do Distrito Federal, foi uma das 10 escolas premiadas. “Nosso projeto Diversidade na Escola é uma forma de continuarmos a luta pra extirpar a homofobia, o racismo, a misoginia, o sexismo dos nossos alunos”, explicou o coordenador de diversidade da Coordenação Regional de Ensino de Planaltina, Alexandre Brito, ressaltando que mais de mil estudantes da quinta à oitava séries já passaram pela disciplina.

O colégio Georgete Eluan Kalume, de Rio Branco (AC), também foi premiado com o projeto ‘Vivia e Não Via. Agora Vejo’, que alfabetiza, promove palestras sobre sexualidade e organiza oficinas para que as mulheres da comunidade consigam informação e independência financeira. “São mulheres sofridas, dependentes do marido e que já passaram por violência doméstica. Nós levamos essas mulheres para a escola para que elas vejam nesse ambiente um amparo”, explica o professor Hélio da Silva. Inicialmente, o projeto era voltado para as mães dos alunos, mas depois foi ampliado para as mulheres da comunidade que se interessassem.

“São mulheres sofridas, dependentes do marido e que já passaram por violência doméstica. Nós levamos essas mulheres para a escola para que elas vejam nesse ambiente um amparo” 25


Resolução

“A prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço é abusiva e, portanto, ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor”

Conquista histórica Conselho proíbe publicidade direcionada a crianças O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), composto por entidades da sociedade civil e ministérios do governo federal, aprovou a resolução que considera abusiva a publicidade direcionada a crianças. De acordo com a resolução, “a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” é abusiva e, portanto, ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor.

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A medida tem força de lei e a partir de sua vigência ficará proibido o direcionamento à criança de anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchadisings, ações em shows e apresentações e nos pontos de venda. O texto versa também sobre a proibição de qualquer publicidade e comunicação mercadológica no interior de creches e escolas de educação infantil e fundamental, inclusive nos uniformes escolares e materiais didáticos.


Resolução

Alana Para o conselheiro do Conanda e advogado do Instituto Alana, Pedro Affonso Hartung, a medida foi uma conquista histórica para os direitos da criança no Brasil: “A publicidade infantil não tinha limites claros e específicos. Agora, com o fim dessa prática antiética e abusiva, alcançamos um novo paradigma para a proteção da criança brasileira”. Ele ressalta que a partir de agora as organizações que atuam na defesa dos direitos das crianças terão mais uma missão: a de fiscalizar as empresas para que redirecionem ao público adulto toda a comunicação mercadológica que hoje tem a criança como público-alvo. A diretora do Instituto Alana Isabella Henriques, destaca a importância do artigo que veta a publicidade e a comunicação mercadológica no interior de creches e escolas de educação infantil

e fundamental, “A escola é o segundo espaço de socialização da criança depois da família e deve ser valorizada como tal”.

MEC Em Nota Técnica dirigida aos secretários estaduais e municipais de educação, o Ministério da Educação ressaltou que o espaço escolar é destinado exclusivamente à formação integral das crianças e dos adolescentes. “Portanto, não deve ser permitida sua utilização para a promoção e veiculação de publicidade e de comunicação mercadológica de produtos e serviços, seja ela direta ou indireta (por meio de apresentações, jogos, atividades, brincadeiras promocionais patrocinadas por empresas que tenham algum tipo de aparente proposta educacional)”, diz a nota.

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Cultura

CEU das Artes

carioca Equipamento cultural reúne atividades gratuitas à população

O Rio de Janeiro ganhou seu

primeiro Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), um espaço público destinado a atividades esportivas, sociais e culturais comunitárias. Localizado em Maricá, o CEU conta com salas multiuso, biblioteca, telecentro, cineteatro, quadra poliesportiva coberta, pista de skate, equipamentos de ginástica, playground, pista de caminhada e um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). O projeto do Ministério da Cultura em parceria com a Prefeitura foi construído com investimento de R$ 2,5 milhões (R$ 2 milhões do governo federal e R$

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500 mil de contrapartida municipal). O espaço também oferece serviços gratuitos de atenção básica, capacitação e inclusão social. Idealizado para atuar como um centro de criação e de formação artística, o CEU ajuda a diminuir a evasão escolar e a violência, além de ser um espaço aberto para atender a toda população.

Ampliação O Cineteatro tem capacidade para 60 pessoas e exibirá filmes e peças em parceria com o projeto Cineclube Henfil, da

Secretaria Municipal de Cultura. A biblioteca, com capacidade para 40 pessoas, será um local para debates, rodas de leitura, contação de história e apresentação de teatro de fantoche. O acervo tem 2.000 livros, entre títulos infantis, de literatura e arte. A prefeitura já anunciou a construção de mais quatro Centros de Artes e Esportes e a instalação de 600 pontos de cultura em todos os distritos da cidade. Além de aproximar a comunidade das atividades esportivas e culturais, o CEU vai melhorar a qualificação das pessoas com cursos que permitam a geração de renda.


Cultura

Viagem em 3D pelas obras de

Aleijadinho Já não é preciso sair de casa para caminhar entre as principais obras do mestre barroco Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Um projeto desenvolvido no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, possibilitou a criação de um site que permite a visualização 3D das obras do artista. O projeto do ICMC ganha relevância neste ano em que se completa o bicentenário da morte de Aleijadinho. “Aliamos tecnologia e conectividade em prol da divulgação do patrimônio cultural brasileiro”, afirma o coordenador do projeto, José Fernando Rodrigues Jr, professor do ICMC. Tudo começou em julho de 2013, quando os professores Rodrigues e Mário Gazziro, consultores do projeto, digitalizaram as obras de Aleijadinho nas cidades de Ouro Preto e Congonhas, ambas em Minas Gerais.

As obras escolhidas para digitalização estão ao ar livre, sujeitas, portanto, a sofrerem um processo de deterioração.

Alta precisão A digitalização foi feita com um escâner tridimensional de alta precisão fornecido sem custos por meio de uma parceria com uma empresa suíça, cuja sede, no Brasil, fica em São Carlos. No inicio, as imagens geradas pelo escâner 3D tinham falhas como buracos, ausência de detalhes, cores incorretas, além de serem extremamente grandes - uma única estátua bruta chega a ter mais de 200 megabytes de dados.

Superar esses problemas foi o grande desafio do projeto, especialmente porque o objetivo era ter as obras exibidas via internet (por meio de computadores e dispositivos móveis), onde há limitações relacionadas à taxa de transferência de dados e à usabilidade.

“Aliamos tecnologia e conectividade em prol da divulgação do patrimônio cultural brasileiro”

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Iniciativa

Escola

nota 10 Desde 2009 o governo do Ceará premia escolas públicas da região por seus esforços em prol da alfabetização. O primeiro Prêmio Escola Nota 10 foi concedido à Escola de Cidadania Santa Rosa, localizada na cidade de Crateús, que na época estava implantando no município o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Escola (PDSE). Com a ajuda do Instituto Brasil Solidário e outros parceiros, a escola recebeu uma biblioteca, rádio escolar e projetos de contação de história, entre outros programas de formação continuada para educadores, coordenadores pedagógicos, alunos e gestores públicos. Diante da motivação de professores e alunos com as novas atividades, a prefeitura e a Secretaria de Educação ampliaram o espaço físico da biblioteca comunitária e reforçaram os projetos de leitura e doação de material.

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Desacreditada Instalada numa comunidade rural e isolada, Santo Antonio do Açudinho recebeu as primeiras ações de incentivo à leitura em 2011 e hoje já está na quarta edição da sua Maratona de Leitura. Segundo o diretor da escola, Pedro Alves de Sousa, a iniciativa é um sucesso: “Na última Maratona, por exemplo, tivemos mais de mil leitores em apenas dois meses na biblioteca”, enfatiza. O diretor-presidente do Instituto Brasil Solidário, Luis Salvatore, lembra que antes da parceria com o instituto, a escola era desacreditada pelos próprios educadores. “Estamos falando de uma escola da zona rural esquecida até o ano de 2011, quando chegamos a região. É uma satisfação receber a notícia de que mais duas escolas que receberam nossos projetos foram reconhecidas pelas melhorias no ensino e comprovaram a força do interior para todo o país”.

Política pública O município de Tamboril recebeu o Programa entre os anos de 2011 a 2013. Além de bibliotecas completas, ambas as escolas receberam formação continuada nas áreas de incentivo à leitura, edu-

cação ambiental, educomunicação, artes, cultura e saúde. O PDSE trabalha com temas interdisciplinares que interagem com a educação formal. Muitas de suas ações já foram incorporadas às políticas educacionais públicas. Segundo a secretária de educação de Tamboril, Maria das Graças Medeiros, a maratona de leitura já faz parte do projeto pedagógico do município e está sendo implantado em todas as escolas da rede. O Projeto 30 Minutos pela Leitura/IBS, que traz benefícios diários ao incentivo à leitura em escolas e comunidades, foi transformado em Projeto de Lei e encaminhado para votação no Legislativo municipal.

O Projeto 30 Minutos pela Leitura/IBS, que traz benefícios diários ao incentivo à leitura em escolas e comunidades, foi transformado em Projeto de Lei e encaminhado para votação no Legislativo municipal

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Iniciativa

A iniciativa ganhou força nos anos seguintes e agora, em 2014, outras duas instituições de ensino beneficiadas pelo Instituto Brasil Solidário foram reconhecidas pelo “Prêmio Escola Nota 10”: as Escolas de Santo Antônio do Açudinho e Venceslau Pereira Damasceno, localizadas em Tamboril, município vizinho a Crateús e que compõem o pólo de desenvolvimento territorial do PDSE.


Pesquisa

Vida longa Estudo publicado pelo conceituado periódico Journal of Epidemiology & Community Health constatou que comer no mínimo sete porções de frutas e vegetais por dia reduz em até 42% o risco de morrer por qualquer causa e em qualquer idade. É a primeira vez que um estudo científico relaciona a quantidade de consumo desses alimentos com diversas causas de óbito, tais como câncer e doenças no coração. A análise foi feita por pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, que apuraram os hábitos alimentares de 65 226 pessoas durante doze anos (entre 2001 e 2013). Os cientistas descobriram que, quanto mais fru-

tas e vegetais elas comiam, menos chance de morrer elas tinham. Ingerir pelo menos sete porções reduziu o risco de morte por câncer e doenças do coração em 25% e 31%, respectivamente. Os cientistas também concluíram que os vegetais são mais benéficos à saúde que do que as frutas (uma porção por dia diminuiu o risco em 16%, ante 4% da fruta).

Qualquer quantidade Para os que comeram de uma a três porções de frutas e vegetais por dia, o risco de óbito por qualquer causa caiu em 14%. A probabilidade diminuiu à medida

que o consumo aumentou: 29% de três a cinco porções, 36% de cinco a sete porções e 42% de sete ou mais porções. Para chegar a esses dados, os estudiosos levaram em conta sexo, idade, tabagismo, classe social, índice de massa corpórea, nível de escolaridade, frequência de atividade física e ingestão de álcool. “As pessoas não precisam se sentir obrigadas a alcançar sete porções. É sempre benéfico consumir frutas e vegetais, em qualquer quantidade. No nosso estudo, até os que comeram de uma a três porções tiveram resultados significativos”, esclarece Oyinlola Oyebode, líder do estudo.

Consumir frutas e vegetais reduz risco de morte em até 42% 32


idosos

O governo da Paraíba inaugurou o primeiro condomínio residencial público exclusivo para idosos do país. Orçado em R$ 4,4 milhões, o Cidade Madura de João Pessoa conta com 40 casas de 54 m² adaptadas, unidade de saúde, praça, centro de convivência, pista de caminhada, academia ao ar livre, horta, redário e campo de futebol. A cerimônia de entrega das chaves foi comandada pelo governador Ricardo Coutinho que nos próximos meses vai inaugurar condomínios semelhantes nas cidades de Campina Grande e Cajazeiras. Nas três unidades foram investidos mais de R$ 12 milhões. Segundo o governador, o condomínio representa o resgate da dignidade daqueles que já lutaram muito e que agora poderão viver em um local com mais qualidade de vida: “Mostramos que é possível fazer um espaço para a pessoa idosa com padrão de qualidade e inclusão social”, afirmou.

Exemplo Para o vice-governador Rômulo Gouveia o local é um centro de humanização, de respeito e de resgate da dignidade de uma população que muitas vezes ficou excluída das políticas públicas. “A Paraíba desenvolve uma experiência inédita no país que, com certeza, será disseminada pelo Brasil inteiro”, ressaltou. A presidente da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), Emília Correia Lima, acredita que a experiência

paraibana vai despertar a atenção de outros estados do país ao dar o direito ao idoso de poder viver e não apenas sobreviver. “Aqui, os idosos terão mais facilidades para viver com uma casa ampla e adaptada às suas necessidades. A vizinhança também não poderia ser melhor. Entre os primeiros moradores estão o ex-jogadores de futebol Zezito e Valdo – tricampeões paraibanos pelo Botafogo – e o cantor e compositor Severino Ramos de Oliveira, o Parrá, ídolo da musica regional nos anos 50 e que dividiu palco com grandes músicos como Cauby Peixoto, Ângela Maria e Genival Lacerda.

“Aqui os idosos terão mais facilidades para viver com uma casa ampla e adaptada às suas necessidades”

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Cidadania

Condomínio exclusivo para


Inovação

Lírio-amarelo no tratamento de esgoto Um grupo de pesquisadores brasileiros testou com sucesso a eficiência de quatro Sistemas Alagados Construídos (SACs), cultivados com lírio-amarelo, no tratamento de esgoto sanitário com elevada carga de material orgânico. Por usarem recursos naturais e renováveis, estes sistemas passaram a ser indicados para utilização em regiões carentes de saneamento básico, adequando-se às condições de países de clima tropical, como é o caso do Brasil. Com baixo custo de implantação e operação, os SACs são reservatórios preenchidos com materiais porosos e de alta condutividade hidráulica (como a brita, por exemplo), que serve de suporte para o cultivo de plantas aquáticas que favorecem a depuração das águas residuárias.

Eficiência O sistema tem se mostrado eficiente na remoção de matéria orgânica, sólidos suspensos totais,

fósforo e coliformes de efluente primário de esgoto doméstico e é recomendado no tratamento de diferentes tipos de águas residuárias. Além do esgoto doméstico, os SACs têm sido utilizados no tratamento de águas residuárias da suinocultura, de laticínios, do processamento dos frutos do cafeeiro, entre outras, com a vantagem da possibilidade de uso agrícola do efluente tratado. O experimento com mudas de lírio-amarelo foi conduzido na Área Experimental de Tratamento de Resíduos Urbanos da Universidade Federal de Viçosa (MG) no tratamento do esgoto sanitário proveniente do Condomínio Bosque Acamari. Mesmo não sendo uma genuína planta aquática (macrófita), o lírio-amarelo (utilizado em larga escala como planta ornamental) apresenta bom desenvolvimento em solos ricos em matéria orgânica, tem facilidade de se adaptar sob condições diversas do meio, é perene, apresenta bom perfilhamento, possui valor econômico e ainda contribui para a composição paisagística.

Projeto de baixo custo favorece a depuração de águas residuárias do esgoto doméstico

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Mobilização

“Escola de Pais”

leva família para a sala de aula

A feirante Eliana da Silva Santos é uma figura constante na Escola Estadual Euclides Bueno Miragaia, em São José dos Campos, município da região do Vale do Paraíba. Mãe de Flávia Ellen da Silva Lima, aluna dos anos finais do ensino fundamental, ela não falta aos eventos da escola, reuniões e procura ajudar a filha nos deveres de casa. O interesse pela rotina escolar de Flávia foi aprendido na sala de aula. Eliana é uma das mães que todos os meses frequentam a “Escola de Pais”, projeto idealizado pelas professoras mediadoras Elizabeth Pereira da Silva e Ellen Aparecida da Silva. Os encontros são promovidos desde 2011 pela escola e contam com palestras e dinâmicas de grupos ministradas por psicólogos, terapeutas, assistentes sociais e outros especialistas. Os temas das reuniões são voltados ao relacionamento familiar e a

importância dos pais serem participativos. “Só abordamos a questão da vida da criança e sua relação com a família. Não falamos de nota ou de boletim. Essas questões são trabalhadas em outro momento”, explica Elizabeth.

Participação A motivação para iniciar a “Escola de Pais” foi a ausência da família na escola e os efeitos que essa realidade causava. Os primeiros encontros contaram com a presença de menos de 10 pais. A média vem crescendo. Nas últimas reuniões, cerca de 50 familiares compareceram. Os professores mediadores são responsáveis pelo combate aos conflitos nas escolas e aproximação da comunidade. Nos últimos três anos, a presença destes educadores mais do que dobrou nas escolas estaduais.

Atualmente, são 2.886 docentes atuantes e, no início do projeto, em 2010, eram 1.156 (crescimento de 149%). Um levantamento constatou que a atuação destes educadores é aprovada por mais de 90% das unidades de ensino por interferirem de forma positiva na rotina escolar.

Iniciativa dos professores oferece palestras com foco no relacionamento familiar 35


Energia

Inajá.

Praga que virou alternativa energética pa, muitos produtores passaram a nos procurar com informações sobre áreas com a palmeira e desejando orientação sobre possíveis usos”, explica Otoniel Duarte, pesquisador responsável pelo projeto em Roraima.

Potencial Os resultados mostram que o inajá, que pode chegar a 20 metros de altura, é capaz de produzir cerca de 4 mil litros de óleo por hectare ao ano, valor que supera a produtividade de outras fontes tradicionais de biocombustíveis e confirma o grande potencial da palmeira na produção óleos para atender ao crescente mercado de biodiesel. Otoniel Duarte garante que o manejo do inajá também é uma alternativa viável e interessante para a agricultura familiar, tornando o ganho social outro

Fotos: Otoniel Duarte

O Brasil possui uma palmeira com grande potencial para se tornar fonte de biocombustível. Fartamente encontrada na região Amazônica, com maior concentração em Roraima e no Amapá, o fruto do inajá possui elevada quantidade de óleo e desde 2010 está sendo pesquisado pela Embrapa como uma alternativa energética. Por se tratar de uma planta rústica, até recentemente o Inajá era considerado uma praga pelos produtores. Mas essa condição está mudando. A planta possui palmito nobre, polpa e amêndoas de onde se extraí o óleo que também pode ser utilizado na indústria alimentícia, de cosméticos, de produtos farmacêuticos e rações, usos até então desconhecidos pela população “Quando os resultados das pesquisas com o inajá começarem a ser divulgados pela Embra-

Óleos da polpa e da amêndoa do inajá.

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ponto positivo dessa palmeira. “Características como ausência de espinhos, adaptação a solos pobres, resistência ao fogo, alta densidade por área e grande produtividade permitem um manejo barato e fácil para os pequenos produtores rurais”.

Manejo barato e fácil para pequenos produtores rurais


e justiça com as próprias mãos Sociedade sustentável é que desenvolve a empatia e que se esforça duramente para evitar a entropia (a desordem, a desintegração, a destruição). A luta contínua dos povos civilizados consiste em preservar suas conquistas éticas e culturais positivas, não permitindo o desenvolvimento (ou incremento) das negatividades das sociedades de massas, que tendem à desintegração, à destruição. Ortega y Gasset (no seu clássico livro Rebelión de las masas, 2013: 177), nas primeiras décadas do século XX, afirmava: “Em uma boa ordenação das coisas públicas, a massa é precisamente a que não atua por si mesma. Essa é sua missão. Ela veio ao mundo para ser dirigida, influída, representada, organizada. Não veio ao mundo para fazer tudo isso por si só. Necessita guiar a sua vida por uma instância superior, constituída pelas minorias excelentes (...) Podemos discutir quais são esses humanos excelentes, mas sem eles a humanidade não existiria (...) é uma lei da física social (...) no dia em que voltar a imperar a autêntica filosofia, se perceberá que o humano é um ser constitutivamente forçado a buscar uma instância superior (...) Pretender a massa atuar por si mesma é, pois, rebelar-se contra seu próprio destino e, como isso é o que ela está fazendo agora, falo eu da rebelião das massas (...) a única coisa que substancialmente pode ser chamada de rebelião é a que consiste em não aceitar cada qual seu destino, em rebelar-se contra si mesmo (...) Quando a massa atua por si mesma, o faz somente de uma maneira, porque não sabe outra: lincha” Os linchamentos, na medida em que incrementa o genocídio já instalado, constituem sintomas preocupantes de uma sociedade entrópica, marcada pela violência, sobretudo

na sua retórica (como dizia Ortega y Gasset):”Quando uma realidade humana já cumpriu a sua história, quando já naufragou e já morreu, as ondas retóricas são as que sobrevivem, porque elas são o cemitério das realidades humanas”. O Brasil, hoje, é um país totalmente partido. Temos que sempre respeitar as divergências e os debates, mas não podemos permitir o vandalismo, nem físico nem verbal. A cada dia se nota que o termômetro da radicalização da violência está subindo (o Brasil é o 13º país mais violento do planeta, com 29 mortes para cada 100 mil pessoas). Adote um bandido” (campanha lançada pela jornalista Sheherazade, estimuladora da justiça com as próprias mãos), é só mais um sinal dos tempos sombrios que estamos vivendo. Nenhuma nação ci-

vilizada sobrevive com o discurso e a prática da violência. Precisamente quando a sociedade começa a agir por conta própria é que devemos difundir o discurso da empatia e da ética. Recordemos: a sociedade de massas, para protestar contra a escassez de alimentos e de pão, costuma destruir as padarias; para reivindicar melhores transportes públicos, queima os ônibus existentes; para pedir mais justiça, começa a matar pessoas com as próprias mãos. O destino das nações civilizadas nunca pode ficar ao sabor dos humores (e ódios) das massas. Necessitamos urgentemente de novos modelos de educação que ensinem menos competição e mais colaboração, que mostrem menos sofrimento e mais empatia, menos individualidade e mais bem-estar de toda coletividade.

Autor: LUIZ FLÁVIO GOMES, é jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.

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Artigo

Sociedade de massas


Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

Seja bem-vindo à Contexto Social


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