16ª edição da Contexto Social

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Ano 2 - Número 16 - Setembro/2014 - Distribuição nacional gratuita

A força econômica e social do vento Promovendo a igualdade racial

Plásticos à base de fibra de tomate

"Cuide-se +" sem álcool e drogas


Há um ano

divulgando as ações que promovem o desenvolvimento social do país


Expediente

Carta ao leitor Produzida a partir da força dos ventos, a energia eólica é Diretoria: Maurício Cardoso, Cláudia Capella, Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br

abundante, renovável, limpa e disponível em muitos lugares. Nossa matéria de capa mostra um pouco do potencial eólico brasileiro, que já representa 2,26% da nossa matriz energética e a participação da Caixa Econômica Federal na instalação de novos parques no País. Há mais de dez anos, caminhões customizados com cozinhas didáticas percorrem o País promovendo a educação alimentar por

Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella

meio do aproveitamento total dos alimentos. Pelas estradas da

Revisão: Denise Goulart

com alto teor nutricional e baixo custo.

Agências de Notícias: Brasil, Sebrae, USP, RTS, PORVIR, FAPESP

vida, o Cozinha Brasil ensina a população a preparar alimentos Em Navegantes (SC), um boneco feito de papel jornal batizado com o nome de “Nito”, ganha vida e passa uma semana convivendo com a rotina familiar dos pequenos estudantes. É com essa interatividade que o projeto “Leitura diferente em família, um visitante em casa”, vem despertando o interesse pelos livros nas crianças do município. Uma campanha para mobilizar os jovens através da publicação e compartilhamento de “selfies” nas redes sociais está ganhando o mundo. O procedimento é simples: basta reunir os amigos, tirar a “selfie”, inserir uma mensagem sobre a importância do

Contexto Comunicação Gráfica e Social EIRELI-ME

investimento na juventude e publicá-la na internet com a hashtag

Telefones: (61) 9115-0273 / 8479-0846 / 8455-6760

Mesmo nas grandes metrópoles, a produção de hortaliças

Matérias e sugestões de pauta: redacao@contextosocial.com.br revistacontextosocial@gmail.com Site: www.revistacontextosocial.com.br Publicação eletrônica Periodicidade: mensal

#InvestirEmJuventude. em espaços vazios é uma prática comum que gera renda para várias famílias. A cientista social Michele Rostichelli, da USP, pesquisou esses “agricultores do asfalto” que chegam a viver exclusivamente desta atividade, produzindo e comercializando alface, coentro, agrião, escarola e outras hortaliças. A parceria Ford/Heinz está pesquisando o desenvolvimento de materiais sustentáveis à base de fibras de tomate para a produção de peças de automóveis. Entre outras aplicações, a pele de tomates secos transformada em plástico 100% sustentável poderá ser aplicada em componentes como braçadeiras para fios e porta-objetos usados nos carros. O setor já utiliza a casca de arroz, compostos a base de coco e outros materiais biológicos. Essas são apenas algumas matérias da 16ª edição da revista

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Contexto Social. Tenha uma boa leitura.


TERCEIRO SETOR Santander estimula Universidade Solidária Plásticos à base de fibra de tomate CDC em braile para consumidor deficiente Produto Solidário conquista mercado varejista

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GESTÃO Pé Diabético do DF é referência nacional

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PRÊMIO Sustentabilidade & Amor à natureza

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Jovem amigo da criança

Outubro Rosa mobiliza o mundo

CONEXÃO Plataforma online em salas de aula

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AÇÃO SOCIAL Pelas estradas da vida Projeto Arca dissemina dignidade no Pará

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SAÚDE “Cuide-se +” sem álcool e drogas

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CULTURA Leitura em família

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SUSTENTABILIDADE “Oceano subterrâneo” na Amazônia

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Ano 1 - Número 9 - Janeiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

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As batidas de um coração

O mundo contra a AIDS Corrente do Bem dissemina gentileza

Caia na rede da inclusão digital

Óculos que ajudam cegos a enxergar

Bolsa atleta para paraolímpicos do DF

ISSN 2318-8464

Bairro-Escola, o sucesso da articulação comunitária

Um olhar para a cidadania está no ar

Mulheres, direitos e

Médicos sem fronteiras e sem discriminação

BH quer levar cidadania para os viadutos

Problemas do sono já são uma epidemia global

Handebol para cadeirantes conquista o mundo

participação política

Saúde na Escola trabalha hábitos alimentares

Programa beneficia áreas rurais do DF

Atletas, e superatletas, com deficiência

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INTERCÂMBIO #InvestirEmJuventude 31 NUTRIÇÃO Leite materno, alimento rico e gratuito

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL Água em Jogo

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INICIATIVA EdoPostal transforma lixo em dinheiro

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INOVAÇÃO Tecnologia auxilia tratamento da surdez

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ARTIGO Meu Mundo quer educação

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Viviane Senna Longe se vai sonhando demais Amigos do Planeta na escola

Projetos inovadores em Londrina

Passaporte para o mundo literário

Ano 2 - Número 15 - Agosto/2014 - Distribuição nacional gratuita

MOBILIZAÇÃO Aplicativo “Proteja Brasil”

O perfil solidário de

Luigi Baricelli

Ano 1 - Número 11 - Março/2014 - Distribuição nacional gratuita

NEGÓCIO Agricultores do asfalto nas grandes cidades

Uma boa ideia pode mudar a vida de muitas crianças

Cidadania com reflorestamento

Ano 1 - Número 8 - Dezembro/2013 - Distribuição nacional gratuita

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ISSN 2318-8464

CIDADANIA Manobras com arte e cidadania

ISSN 2318-8464

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ISSN 2318-8464

POLÍTICAS Outubro Rosa Portos em alerta contra o Ebola Promovendo a igualdade racial

Ano 1 - Número 6 - Outubro/2013 - Distribuição nacional gratuita

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Ano 1 - Número 10 - Fevereiro/2014 - Distribuição nacional gratuita

CAPA A força econômica e social do vento

Ano 1 - Número 12 - Abril/2014 - Distribuição nacional gratuita

Sumário

Edições anteriores

TNC

Protegendo a diversidade de vida na Terra ProJovem para a população carcerária

Apoio às crianças em tratamento oncológico

Defensoria Pública reintegra moradores de rua


Capa

A força econômica e social do vento CAIXA avalia crédito para implantação de 14 novos parques eólicos no Brasil

Produzida a partir da força dos ventos, a energia eólica é abundante, renovável, limpa e disponível em muitos lugares. Captada por hélices conectadas a aerogeradores, a energia gerada depende da direção do vento, da sua intensidade, velocidade e, sobretudo, de investimento. Para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de 50 metros, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, em apenas 13% da superfície terrestre o vento apresenta velocidade média igual ou superior a 7 m/s, a uma altura de 50 metros. Essa proporção varia muito entre regiões e continentes, chegando a 32% na Europa Ocidental. Por isso, antes de qualquer investimento, é necessário analisar os fatores que influenciam o regime dos ventos na localidade do empreendimento, entre eles o relevo, a rugosidade do solo e outros obstáculos distribuídos ao longo da região.

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Capa

Ampliação do Parque Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica), atualmente existem 181 usinas eólicas no Brasil, com geração de 4,5 GW de capacidade instalada, que representa 2,26% da matriz energética brasileira. Mas existe campo para muito mais. Neste momento, a Caixa Econômica Federal avalia a concessão de financiamentos de R$ 1,1 bilhão para a instalação de 14 novos parques eólicos no país. Quando estiverem em funcionamento, esses parques terão capacidade instalada de produção de energia de 364 MW. Nos últimos sete anos, os desembolsos da Caixa para projetos de energia eólica já alcançaram R$ 1,6 bilhão. Segundo o diretor de Saneamento e Infraestrutura da instituição, Rogério de Paula Tavares, a orientação do banco é priorizar o segmento de geração de energia limpa.

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De 2007 até 2014, a CAIXA liberou financiamentos para 21 projetos, dos quais, 16 estão em operação. Os primeiros projetos para os primeiros três parques eólicos, com potência instalada de 99,6MW, foram contratados em 2007, com financiamento de R$ 375,8 mil. Em 2009, o banco financiou mais dez projetos, em Santa Catarina, com potência instalada de 220,93MW. O total financiado alcançou R$ 837,8 mil. Todos os parques estão em funcionamento. Mais 11 projetos, com potência de 181,5MW, para o Ceará, foram financiados em 2011. Destes, quatro já estão em operação. O financiamento alcançou R$ 480,1 mil. Em 2012, a CAIXA aprovou o financiamento de R$ 82,54 mil para mais um projeto no Ceará, com potência de 30MW, ainda em construção. Além do retorno financeiro destes empréstimos, que é inerente à atividade bancária, Rogério Tavares ressalta que os investimentos em energia eólica

contribuem para o desenvolvimento sustentável do País.

Crescimento A utilização do vento para a geração de eletricidade em escala comercial começou na década de 1970, quando se acentuou a crise internacional de petróleo. Os Estados Unidos e alguns países da Europa se interessaram pelo desenvolvimento de fontes alternativas para reduzir a dependência do petróleo e do carvão. Apesar do desenvolvimento da geração eólica ser recente no Brasil, são cada vez maiores os projetos para a instalação de novos parques em decorrência da demanda crescente por energia e as limitações de aproveitamento do potencial hidráulico. Segundo dados da Abeeólica, a produção nacional de energia eólica superou a produção de energia nuclear. A energia eólica gerada no mês passado, foi suficiente para abastecer aproximadamente quatro milhões de residências.


Capa

Geração nacional de energia eólica superou a produção de energia nuclear Para a presidente da Associação, Elbia Melo, é importante que o setor continue se desenvolvendo, pois isso garante investimentos e criação de novos projetos. Ela ressalta que as regiões do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil apresentam condições propicias para a produção de energia eólica. Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, acredita que em aproximadamente dez anos, essa energia vai corresponder a 11% da fonte energética brasileira. No Brasil a expansão da energia eólica é recente. “E vai continuar crescendo”, aposta Tolmasquim. Segundo ela, “a demanda cresce 5 Gigawatts ao ano, independente de governo, tamanha é a competitividade da eólica frente as demais fontes de energia”. Conforme seus cálculos, “o custo de produção da energia eólica, de R$ 130,00 por megawatt/hora, é bem similar ao da hidrelétrica que é a energia mais barata”.

Vendaval de recursos A Caixa tem recursos do Financiamento à Infraestrutura

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Capa

e Saneamento (Finisa) para cobertura de até 90% dos financiamentos destinados à energia eólica. Esta linha tem prazo de carência de até 36 meses, contados da assinatura do contrato. O prazo de pagamento é de até 17 anos (204 meses) e a amortização poderá seguir as tabelas Price ou SAC. A instituição também pode repassar recursos do BNDES para financiar 80% dos projetos eólicos, com carência de seis meses e amortização em 16 anos. Os juros são compostos pela variação da TJLP+ 0,9% a.a + 0,5% ano + taxa negociável. Rogério Tavares explica que os juros são negociados de acordo com os custos de captação dos recursos no mercado e dos riscos envolvidos na concessão de empréstimos ao segmento eólico. Ele cita pelo menos sete tipos de riscos envolvidos neste tipo de operação. O primeiro deles envolve os aspectos institucionais como o regulatório e o ambiental. Os projetos estão sujeitos aos riscos financeiros, decorrentes de elevação dos custos e valor dos aportes. Eles também podem ser afetados por problemas na construção da obra que podem atrasar o inicio da geração da energia. Outro tipo de risco levantado pelo diretor da CAIXA refere-se aos riscos de desempenho, como os aerogeradores não adaptados ao clima, resultado favorável do estudo de medição de vento que não se concretiza. Por último, ele cita o risco de uma possível má administração dos projetos.

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Capa

Em 10 anos, e贸lica pode responder por 11% da fonte energ茅tica brasileira

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Políticas

Outubro Rosa nacional A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 6621/13, da deputada Sandra Rosado (PSB-RN), que estende para todo o País as atividades do chamado Outubro Rosa. O movimento é realizado no mundo inteiro para alertar a população sobre a importância da prevenção do câncer de mama, o mais comum em mulheres em todo o mundo e que causa mais mortes na população feminina. Em Brasília, o Congresso Nacional e outros vários prédios públicos e monumentos da cidade se iluminam de rosa durante todo o mês de outubro para demonstrar sua mobilização pela causa. O nome Outubro Rosa remete à cor do laço, que simboliza a luta contra o câncer de mama. Conforme a proposta, os gestores públicos deverão desenvolver, em outubro, a seu critério, as seguintes atividades para a conscientização sobre o câncer de mama, entre outras: iluminação de prédios públicos com

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luzes de cor rosa; promoção de palestras e atividades educativas; veiculação de campanhas de mídia; e realização de eventos.

Crescimento A deputada destaca que o câncer de mama tem apresentado tendência de crescimento nos últimos anos. “Com mais de 50 mil casos diagnosticados todos os anos, o número de mortes ultrapassa 12 mil em nosso País”, afirma. “Este câncer, curável se diagnosticado em fases iniciais, depende de assistência de qualidade e oportuna, mas não é o que tem acontecido até agora”, complementa a parlamentar. A iniciativa defende que a incorporação de ações para conscientizar sobre o câncer de mama durante todo o mês é um instrumento valioso para chamar a atenção da sociedade para a importância de identificar e tratar qualquer lesão suspeita com agilidade.

A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Movimento alerta a população para a importância da prevenção do câncer de mama


contra o Ebola

http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/04/01/noticia_saudeplena,148137/novo-surto-de-ebola-assombra-a-africa.shtml

O s portos brasileiros estão em alerta

máximo para evitar que navios estrangeiros sirvam de porta de entrada para o Ebola. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está orientando a comunidade portuária sobre os procedimentos necessários para garantir a seguranças de quem trabalha na atividade. A orientação número um é que embarcações suspeitas (com tripulante que tenha transitado nos últimos 30 dias nas áreas afetadas, principalmente na Nigéria, Serra Leoa, Libéria e Guiné, e que apresente febre), sejam mantidas em fundeio. O capitão do navio deve notificar imediatamente a situação às autoridades de saúde brasileiras e isolar o doente na cabine, oferecendo todo suporte de água e alimentação necessários. Neste caso, somente equipe de atendimento médico e remoção deverá ir a bordo para atuar no desembarque seguro do doente. Orienta-se ainda que apenas um tripulante designado (médico ou outro designado) passe a se comunicar e servi-lo até sua remoção ou liberação conforme instruções das equipes de

saúde no solo. Além disso, as agências marítimas devem seguir orientações dos postos da Anvisa quanto ao Plano de Limpeza e Desinfecção (PLD), lavagem de roupas de cama e gerenciamento de resíduos do atendimento à bordo.

Isolamento É fundamental que as embarcações suspeitas sejam mantidas em isolamento para impedir que seus tripulantes desçam do navio ou saiam do porto. A medida também evita que os trabalhadores brasileiros – Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs) – subam a bordo para as operações de descarga. Em qualquer operação portuária normal, pelo menos um TPA vai a bordo do navio (na faina de vigia). No caso das embarcações que transportam veículos, o número de trabalhadores locais que vão a bordo pode passar de cinqüenta. Nas principais operações, que são as de granéis sólidos, em média três TPAs embarcam para trabalhar por um período de seis horas.

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Políticas

Portos em alerta


Políticas

Promovendo a

igualdade racial

S ua

escola ou organização não governamental implementa ou deseja implementar ações para enfrentar as desigualdades raciais? Se a resposta for afirmativa, sua instituição pode e deve se inscrever até o dia 10 de outubro no Edital Gestão Escolar para a Equidade – Juventude Negras. O Edital visa contribuir para o desenvolvimento de práticas inspiradoras de gestão escolar que busquem elevar resultados educacionais de jovens negros e negras. A iniciativa é do ‘Baobá – Fundo para Equidade Racial’, do Instituto Unibanco e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

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Segundo os organizadores do Edital, o ensino médio tem se mostrado um gargalo para que jovens negros avancem em sua educação, o que exige esforços focados na construção da equidade racial também na escola. O entendimento é de que essa construção envolve diversas vertentes, como melhoria do desempenho e o combate ao abandono e à defasagem entre idade e série. “Para alcançarmos melhores resultados educacionais para todos os alunos e todas as alunas, a gestão escolar precisa criar condições de equidade e valorizar a diversidade, apoiando a construção da identidade

e do pertencimento das novas gerações de afrodescendentes”, afirmam representantes do Baobá, ressaltando que, para tanto, é necessário o reconhecimento da origem, da história e da cultura negra nos conteúdos curriculares e nos processos de ensino-aprendizagem.

Protocolo da SEPPIR O protocolo de intenções firmado em outubro do ano passado entre a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) e órgãos do Poder Judiciário serviu


de outras medidas administrativas que visem assegurar o enfrentamento ao racismo e a promoção de igualdade racial da Juventude Negra brasileira, nos campos da Segurança Pública, do acesso à Justiça e da melhoria dos serviços prestados pelas instituições do Sistema de justiça”.

Empreendedorismo As ações de fomento ao empreendedorismo negro no Brasil também fazem parte desta pauta afirmativa. Recentemente, a Seppir promoveu o seminário “Empreendedoris-

mo Negro: Conhecimentos do Campo e Identificação de Parcerias”, que traçou um panorama da presença de pessoas negras em atividades empreendedoras. A promoção de seminários integra o rol de ações para a construção coletiva de um ambiente menos desigual a partir do agrupamento de saberes, identidades, experiências e informações na perspectiva da promoção da igualdade racial.

Para alcançarmos melhores resultados educacionais, precisamos criar condições de equidade e valorizar a diversidade

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Políticas

de base para adoção de ações afirmativas em concursos públicos do Ministério Público da Bahia. A partir de agora, os concursos do MP baiano reservarão 30% das vagas para a população negra conforme determinado pelo Ato nº 544/2014. A medida será aplicada pela primeira vez no processo de seleção de Promotores de Justiça Substitutos que será realizado até o final deste ano. Com vigência inicial de dois anos, o texto tem por objetivo “a conjugação de esforços dos partícipes pela elaboração e pelo ajuste de políticas públicas e para a implementação


Terceiro Setor

Santander estimula

Universidade Solidária

A 10ª edição dos Prêmios Santander Universidades já está mobilizando professores, alunos e comunidades locais. Ao longo dos últimos anos, os projetos implementados com o apoio do prêmio contribuíram para a formação e o fortalecimento de associações e cooperativas, promovendo a segurança alimentar e incremento de renda para famílias de baixa renda. Nesta edição, o destaque é para o Prêmio Universidade Solidária, focado em projetos de extensão universitária que tenham como tema o “Desenvolvimento Sustentável com ênfase em geração de renda”. As inscrições terminam no dia 18 de setembro. As iniciativas inscritas devem estar ligadas a comunidades localizadas a, no máximo, 150 metros

de distância da universidade. Além disso, os projetos devem contar com uma equipe multidisciplinar, composta por pelo menos dez alunos matriculados em cursos de graduação da instituição e coordenados por um professor em exercício.

Extensão Segundo Emanuelle Magno Osório, gerente de Investimento Social do Banco Santander, o prêmio procura apoiar o desenvolvimento de projetos de extensão universitária que contribuam para a inclusão social e econômica de comunidades de baixa renda que estão próximas das universidades. São iniciativas que trabalham o fortalecimento das comunidades, associações, melhoria do processo produtivo, gestão, comercialização e geração de renda. No total, serão R$ 800 mil em prêmios e oito projetos selecionados (R$ 100 mil para a implementação de cada um). Além do recurso financeiro, as inciativas também receberão suporte técnico de especialistas representados pela equipe do Banco Santander e da UniSol – Universidade Solidária. Emanuelle Osório explica que o objetivo é fortalecer a extensão universitária estimulando o envolvimento de professores, alunos e comunidades na execução de projetos que compartilhem o conhecimento gerado nas universidades com o saber popular. “É um processo muito rico que traz resultados para todos os envolvidos”, ressalta.

O prêmio apoia projetos de extensão que contribuam para a inclusão social e econômica de comunidades de baixa renda 14


fibra de tomate

A

parceria Ford/Heinz está pesquisando o desenvolvimento de materiais sustentáveis à base de fibras de tomate para a produção de peças de automóveis. Entre outras aplicações, a pele de tomates secos transformada em plástico 100% sustentável poderá ser aplicada em componentes como braçadeiras para fios e porta-objetos usados nos carros da marca. “O objetivo é ter novos materiais, fortes e leves, para reduzir o impacto ambiental dos derivados de petróleo. Estamos investigando se esse subproduto do processamento de alimentos faz sentido em uma aplicação automotiva”, explica Ellen Lee, especialista em pesquisa da Ford. Nos últimos anos, a empresa aumentou o uso de materiais reciclados não-metálicos e de base biológica com a introdução de componentes de console reforçados com fibra de celulose e suportes de capota elétrica feitos com casca de arroz. Seu portfólio de materiais biológicos já abrange oito materiais, como compostos à base de coco, carpetes e tecidos feitos com algodão reciclado e bancos e apoios de cabeça com espuma de soja.

Pool de pesquisa Há dois anos, o pool de empresas formado por Ford, Heinz, Coca-Cola, Nike e Procter & Gam-

ble atua no desenvolvimento de um plástico 100% à base de plantas capaz de ser usado em vários tipos de produtos, de tecidos a embalagens, para substituir materiais à base de petróleo. No caso da fibra de tomate, os pesquisadores da Heinz já vinham buscando maneiras inovadoras de reciclar e reutilizar as cascas, caules e sementes dos mais de dois milhões de toneladas de tomates usadas anualmente na produção de seu ketchup. “Estamos muito satisfeitos que essa tecnologia tenha sido validada”, diz Vidhu Nagpal, diretor adjunto de pesquisa e desenvolvimento de embalagens da Heinz. “Embora a pesquisa ainda esteja nos estágios iniciais, ficamos animados com os avanços que essa pesquisa pode trazer”

O objetivo é ter novos materiais, fortes e leves, para reduzir o impacto ambiental dos derivados de petróleo 15

Terceiro Setor

Plásticos à base de


Terceiro Setor

CDC em braile

para consumidor deficiente A Defensoria do Pará é a primeira do Brasil a ter um exemplar do Código de Defesa do Consumidor em braille à disposição de pessoas portadoras de deficiência visual ou baixa visão. O primeiro dos 200 exemplares impressos pela TIM Celular foi doado ao Núcleo de Defesa do Consumidor (Nucon) da instituição paraense. O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo. Segundo o coordenador do NUCON, defensor público

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Arnoldo Péres, a operadora de telefonia móvel já manifestou interesse em aprofundar essa parceria com a criação de um canal direto de contato com a instituição do Pará, através de um telefone que poderá ser acessado internamente para dar respostas mais rápidas ao consumidor insatisfeito.

Dever de informar A primeira tiragem de 200 exemplares está sendo distribuída entre bibliotecas, procons e defensorias públicas espalhadas pelo Brasil. De acordo com o gerente nacional de Qualidade da TIM, Ricardo Alves, o objetivo da empresa é atender a esta parcela de consumidores que nem sempre pode acessar os próprios direitos, reduzir as ações judiciais e ampliar o trato extrajudicial com a Defensoria.

A iniciativa demonstra a importância do direito à informação nas relações jurídicas de consumo e insere os deficientes visuais que, apesar das determinações legais, não tem o devido acesso às informações básicas de produtos e serviços. É sabido que a inclusão social desses consumidores só se concretizará com o efetivo cumprimento das leis e do dever de informar dos fornecedores.

A iniciativa insere os deficientes visuais e demonstra a importância do direito à informação


conquista mercado varejista Criado em 2008, o projeto já capacitou mais de 1.500 pessoas de cinco cooperativas, sendo três da Bahia - especializadas na produção de palmito em conserva, vassoura de piaçava e farinha de mandioca – e duas em Sergipe, que produzem ecobags e farinha de mandioca.

Incremento na renda

O

Grupo Cencosud, através do Instituto GBarbosa, vem capacitando gratuitamente cooperativas de baixa renda da região nordeste para estimular e inserir a comercialização dos seus produtos no mercado varejista. Seu projeto Produto Solidário, capacita pequenas cooperativas com potencial para atuar como fornecedoras da rede de supermercados GBarbosa. O Projeto oferece cursos de aperfeiçoamento e de conhecimento técnico sobre o

negócio que atuam e melhorias físicas para ampliar e otimizar o escoamento da produção. Em seguida, os cooperados aprendem a gerir os lucros obtidos com o futuro aumento da renda. O processo de reestruturação pode levar até dois anos e, após concluído, as cooperativas passam a receber pedidos de compras do Grupo Cencosud, que comercializa nas gôndolas da rede GBarbosa os produtos das cooperativas beneficiadas.

A capacitação reflete diretamente no ganho mensal dos cooperados. Um exemplo são os 274 cooperados da Coopatan (Cooperativas de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves/BA). No ano passado, a renda média dos cooperados era de R$ 845 reais. Após o processo de capacitação os ganhos aumentaram e a renda média saltou para R$ 2.500. O faturamento registrado pela cooperativa, que produz farinha de mandioca, aumentou consideravelmente com a comercialização do produto em vários estados do nordeste por meio da marca GBarbosa e da marca própria criada pelos cooperados. Quarto maior grupo varejista do Brasil, o Cencosud opera no país com 370 estabelecimentos instalados em oitos estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro).

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Terceiro Setor

Produto Solidário


Gestão

Pé Diabético

do DF é referência nacional O programa Pé Diabético realizado pelo Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal, é referência nacional no cuidado e tratamento das consequências do diabetes. O programa inclui ações preventivas, atividades educativas e orientação em grupo. Diariamente, equipes multidisciplinares atuam na prevenção e recuperação de lesões decorrentes da doença. Depois de passar pela triagem, o paciente é atendido por uma equipe formada por enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem. No primeiro semestre deste ano foram realizados mais de 6.600 procedimentos como extrações de calos e aplicação de curativos no pé diabético. “A população está envelhecendo, o que deixa esse público mais suscetível a doenças como o diabetes”, explica Flaviene Alves do Prado, médica responsável pelo programa. A enfermeira Maria Aparecida Aires Saigg ressalta que a

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participação do paciente é fundamental para otimizar o trabalho realizado pelos profissionais de saúde “Também queremos educar e sensibilizar quem vem fazer tratamento conosco. A parte fundamental deste tratamento é o paciente. É dele que vai depender sua própria reabilitação”, frisou.

Desconhecimento Mais do que uma complicação do diabetes, o pé diabético é considerado uma situação clínica bastante complexa e que pode atingir não só os pés, mas também os tornozelos dos portadores de diabetes, provocando situações como perda da sensibilidade protetora dos pés, úlceras em diferentes estágios evolutivos, deformidades, infecções, amputações e até problemas vasculares periféricos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano de 2024 a população mundial de diabéticos chegará a mais de 350 milhões de pessoas. Esta estatística assustadora exige o es-

tabelecimento de metas de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Estimativas oficiais brasileiras apontam que cerca de 46% dos portadores da doença não têm conhecimento da sua condição.

O pé diabético é considerado uma situação clínica bastante complexa e que pode atingir não só os pés, mas também os tornozelos


Prêmio

Sustentabilidade & Amor à natureza A Quinta edição do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza vai destacar as principais iniciativas socioambientais que contribuem para a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das populações por meio de atitudes, projetos, campanhas e desenvolvimento de atividades. Este ano, o tema central é a preservação do Cerrado e das veredas retratadas por Guimarães Rosa em sua clássica obra literária Grande Sertão: Veredas. Com o slogan “Quanto vale a sombra de um buriti?”, a iniciativa vai chamar a atenção para o bioma que já perdeu 50% da área original e abriga 11 mil espécies de plantas nativas, 199 de mamíferos, 1.200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios. Todos os projetos inscritos, já concluídos ou em desenvolvimento, cumprem rigorosamente as legislações socioambientais e têm como foco a proteção da natureza e a busca por uma melhor qualidade de vida. A solenidade de premiação será realizada no dia 11 de novembro, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte.

Categorias Considerada uma das mais conceituadas premiações ambientais no cenário ecológico, social, político e empresarial brasileiro, a iniciativa envolve 14 categorias: água, ar, flora e fauna; comércio de bens e serviços; terceiro setor; tecnologia da Informação; educação ambiental; mobilização social; parceiro sustentável; melhor empresa, empresário e político; personalidade do ano e destaques municipal, estadual e nacional Hugo Werneck foi fundador do Centro para a Conservação da Natureza, entidade com mais de 30 anos e uma das primeiras ONGs na América Latina a empunhar a bandeira do que hoje chamamos de sustentabilidade. Este ano, a premiação também vai homenagear o ambientalista, professor e escritor Paulo Nogueira Neto, considerado o primeiro ministro de Meio Ambiente do país e um dos responsáveis pela criação da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

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Cidadania

N o Recife, mais especificamente no bairro Ibura,

um pequeno projeto popular está mostrando que andar de skate pode ser muito do que uma simples diversão. Formada por moradores do próprio bairro, a Escola de Skate Cidadania e Arte de Pernambuco (Escape) atende dezenas de crianças e adolescentes com aulas que unem educação, confraternização e cidadania. Criada há três anos pelo técnico de informática Aldemon Souza para afastar os jovens da violência e do tráfico que dominam as ruas e praças – únicas opções gratuitas de lazer no bairro, a Escape começou com cinco skates e uma quadra de esportes cedida pela Escola Estadual Professor Jordão Emerenciano. Hoje, além das aulas gratuitas nas tardes de domingo, o projeto incentiva a educação, arte e cidadania. “O skate não é só um esporte, mas um estilo de vida que envolve música e arte. Até na competição aprendemos a aplaudir o adversário, vibrar quando fazem uma manobra melhor”, explica Anderson Trow, um dos monitores do Escape. Meia hora antes do início da aula, os monitores além de falar de flip, beck side e bord slide, conversam com as crianças sobre cidadania,

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auto-estima e respeito, conceitos que elas também podem usar dentro e fora da escolinha de skate.

Educação Mas para fazer parte desta galera na basta apenas shape e manobras. Para participar, as crianças precisam estar com a frequência escolar em dia, boas notas e ter comportamento exemplar. Semestralmente, o grupo também promove programações educativas diferenciadas, como o LiteraSkate, criado para incentivar a leitura. Além das crianças cadastradas, em alguns eventos as atividades reúnem até 200 pessoas de todas as idades. A participação só não é maior por falta de equipamento e de um espaço próprio: “Gostaríamos de oferecer equipamentos de proteção para todos, mais skates (hoje só são 11) e um espaço próprio, porque, mesmo com a boa vontade da diretora, a escola tem suas atividades e nós temos que nos adequar a esse calendário”, diz Adelmon. Até os obstáculos usados nas manobras foram confeccionados de forma improvisada pelo próprio grupo, já que não existem pistas de skate no bairro. O Recife, aliás, só conta com dois equipa-


Cidadania

Manobras com

arte e cidadania mentos do tipo: um na Avenida Caxangá, na Zona Oeste, e outro na Rua da Aurora, no Centro.

Na moral Usar o skate como ferramenta de educação, inclusão social e cidadania não é algo novo no Brasil. Não é de hoje que skatistas preocupados com a ociosidade das crianças e com a violência urbana doam seu tempo, e seu conhecimento. para incentivar a prática do skate. Com manobras radicais – no bom sentido, é claro – eles enfrentam as dificuldades e aos poucos vão colocando suas ideias em pratica, muitas vezes com o apoio de marcas e pessoas que acreditam verdadeiramente neste trabalho de mudança social através do skate. Anualmente, a Escape também promove circuitos de rua nos moldes dos antigos campeonatos de skate realizados nas ruas de Recife, que marcaram época e fazem parte da história do esporte no estado. Na moral, o projeto pode ser pequeno, mas a iniciativa é grandiosa.

Para participar, as crianças precisam estar com a frequência escolar em dia, boas notas e ter comportamento exemplar

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Negócio

Agricultores do asfalto

nas grandes cidades

Mesmo nas grandes metrópoles, a produção de hortaliças em espaços vazios é uma prática comum que gera renda para várias famílias. A cientista social Michele Rostichelli, da USP, pesquisou esses “agricultores do asfalto” que chegam a viver exclusivamente desta atividade, produzindo e comercializando alface, coentro, agrião, escarola e outras hortaliças.. Foram mais de dois anos de observações e entrevistas nas áreas de plantações, localizadas principalmente sob as linhas de eletricidade da Eletropaulo – os chamados linhões – e terrenos vazios espalhados pela Região Metropolitana de São Paulo, mais es-

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pecificamente na região do ABC – nas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema e Mauá. Michele Rostichelli acredita que a prática da agricultura em espaços vazios das grandes cidades deve permanecer e até crescer, visto que há incentivos para criação de hortas comunitárias pela vizinhança organizada, ONGs e até de administrações municipais. “Ainda existem muitos espaços nas cidades que podem ser utilizados para a atividade”, afirma.

Pesquisa A pesquisa constatou que a maioria desses agricultores não utiliza agrotóxicos ou fertilizantes

químicos. “Entre os entrevistados, quase todos afirmam que não se utilizam de qualquer elemento químico. Usam adubos naturais, como torta de mamona, estercos, cinzas de madeira e, por vezes, calcário para controle do ph da terra”, descreve Michele. Em quase todas as hortas analisadas no estudo, o espaços de plantios têm, em média, 200 metros quadrados e os agricultores não dispõem de maquinários agrícolas. Todo o trabalho é feito manualmente, com a utilização de ferramentas tradicionais, como enxadas, pás e arados. A pesquisa também constatou que boa parte destas pessoas já teve convivência com as práticas agrícolas e que a maioria vem do nordeste do Brasil ou do interior do estado para tentar a vida em cidades maiores. As hortaliças são comercializadas nos bairros próximos às plantações.


Conexão

Plataforma online em salas de aula

Tutor

Mais

de 100 professores das cidades de Bombinhas e Navegantes, em santa Catarina, já estão aptos para utilizarem Khan Academy em salas de aula. A ferramenta é a maior plataforma online e gratuita de Matemática do mundo e tem como diferencial permitir que cada aluno aprenda no seu próprio ritmo e de maneira personalizada. Os profissionais catarinenses foram capacitados pelos formadores da Fundação Lemann e estão prontos para inserir a plataforma no conteúdo dado em salas de aula. A novidade está sendo implantada em 16, sendo 4 em Bombinhas e 12 em Navegantes. A plataforma é inteligente e, no primeiro acesso, ela iden-

tifica o nível de conhecimento de cada novo aluno por meio de um teste rápido. A partir das habilidades conhecidas ou já dominadas, o site sugere exercícios e caminhos possíveis de aprendizagem para o desenvolvimento daquele estudante em especial. À medida que o aluno avança – segundo o tempo disponível para estudar e facilidade para cada assunto, a plataforma registra seu progresso e propõe novos exercícios. O avanço é recompensado com pontos e medalhas. Cada estudante acompanha suas conquistas em um painel de controle, como se acumulasse vitórias e passasse de fase em um videogame.

O aluno pode ainda ser orientador por um tutor: qualquer pessoa cadastrada na ferramenta – como os pais, colegas, o professor formal do estudante ou simplesmente disposto a apoiá-lo no ensino da matemática. O aluno precisa convidar o tutor, que então pode ver o progresso e percalços de seu pupilo por meio de gráficos de desempenho e até mesmo do passo a passo de como se resolveu cada exercício. Assim, o tutor tem como identificar, em tempo real, onde estão as dificuldades e quais são as melhores formas de intervir com cada estudante, individualmente. A Khan Academy foi criada nos Estados Unidos e chegou ao Brasil no início desse ano.

À medida que o aluno avança, a plataforma registra seu progresso e propõe novos exercícios 23


Ação social

Pelas

estradas da vida

H

á mais de dez anos, caminhões customizados com cozinhas didáticas percorrem o País promovendo a educação alimentar por meio do aproveitamento total dos alimentos. Pelas estradas da vida, o Cozinha Brasil, iniciativa do SESI em parceria com empresa públicas e privadas, ensina a população a preparar alimentos com alto teor nutricional e baixo custo. O programa oferece dois tipos de cursos: para a comunidade em geral, com duração de 10 horas e para multiplicadores (líderes comunitários, merendeiras de escolas, integrantes de clubes de mães) com duração de 20 horas. O veículo possui capacidade para atender 120 pessoas, divididas em turmas de até 60 alunos, e inclui a distribuição de material didático com mais de 150 receitas selecionadas pelo programa.

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Os cursos são ministros de acordo com a característica de cada região. Em Aracati, no litoral cearense, o curso de nutrição infantil enfatizou o preparo de pescados e sucos para cozinheiras de hospitais, escolas e centros de assistência social. Segundo a coordenadora municipal de Pesca e Aquicultura, Damares Guimarães, além de inserir o pescado da região na merenda escolar, os participantes aprenderam a manipular adequadamente o produto para que ele fique ao gosto das crianças, já que o foco foi a alimentação infantil.

Tempero cidadão O Cozinha Brasil pode formar alunos em qualquer lugar; até em presídios. A primeira experiência em presídio foi realizada em 2008, quando uma unidade móvel ficou estacionada durante uma

semana no pátio da Penitenciária Estadual Modulada de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Dezenas de detentos aprenderam os segredos nutricionais dos alimentos, receitas de baixo custo e maneiras de aproveitar melhor os alimentos, sem desperdício. Neste caso, as aulas ensinaram muito mais do que cozinhar. O tempero da cidadania mostrou um caminho para a inserção destes indivíduos na sociedade.

O Cozinha Brasil ensina a população a preparar alimentos com alto teor nutricional e baixo custo


Ação social

Projeto Arca

dissemina dignidade no Pará

No Pará, o Projeto Arca (Assistência e Recuperação de Crianças e Adolescentes) contribui para a formação e reintegração de centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em parceria com prefeituras e organizações não governamentais, o projeto dissemina dignidade, com alimentação, educação e muito carinho. O Projeto Arca atua desde 1997 no atendimento a crianças e adolescentes entre 6 e 21 anos incompletos e em situação de vulnerabilidade social, histórico de conflito familiar e abuso sexual. Além do escritório em Belém, possui duas unidades - uma em Benevides, para atender meninas, e outra em Santa Izabel, vol-

tada para meninos. Todos estão matriculados na rede municipal de ensino. As unidades funcionam como casas de passagem e abrigo, chamadas de “Casa Lar”, de acordo com a situação do atendido. Na sede, em Belém, dezenas de moradores de rua são atendidos diariamente com alimentação, higiene, palestras educativas e, quando necessário, encaminhamento a centros de recuperação.

Doações A Arca tem parcerias com organizações não governamentais inglesas e prefeituras. “Nós sobrevivemos de doações, que são de extrema importância para a formação e reintegração social”,

explica a coordenadora executiva do projeto, Nilza Mendes. São com essas doações, como a realizada recentemente pelo Instituto de Metrologia do Pará (Imetropará), que doou quase 700 quilos de alimentos não perecíveis e centenas de litros de produtos como vinagre, leite, óleo de cozinha e itens de limpeza, que a Arca presta esse relevante serviço à comunidade. Os produtos doados foram recolhidos durante operações de fiscalização do Imetropará. A doação é feita com autorização do fornecedor ou quando este, após ser notificado, não se manifesta no prazo de 24 horas No caso do Imetropará, o trabalho em conjunto vai além da doação de alimentos. Vários adolescentes que hoje trabalham no projeto Arca já passaram pelo Instituto como jovens aprendizes.

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Saúde

“Cuide-se +”

sem álcool e drogas O município de Cascavel, no Paraná, é o mais novo integrante do programa Cuide-se+ desenvolvido pelo Sesi para combater o uso de álcool e outras drogas. O programa insere as indústrias como centros de irradiação de ações preventivas. O objetivo é ajudar a reduzir os impactos negativos do álcool e outras drogas na sociedade e no ambiente de trabalho, onde o uso destas substâncias é responsável por queda na produtividade, aumento de faltas e de custo às empresas. O programa já está sendo executado em várias regiões do Paraná. Segundo o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, o objetivo é levar o programa para todas as regiões do Estado. “Queremos mostramos a preocupação do setor industrial e do Sesi com os danos causados pelo uso de álcool e outras drogas lícitas e ilícitas, mas acima de tudo é uma ação de responsabilidade social”. O “Cuide-se+” atua em duas frentes. Uma é com consultoria para as indústrias que queiram um atendimento mais específico para a sua realidade. Outra é o suporte às indústrias para ações institucionais na comunidade, a partir das escolas do entorno.

Relato de um craque Walter Casagrande, comentarista esportivo e ex-jogador de futebol, participa do pro-

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grama relatando sua experiência na luta contra a dependência química. Para ele, a iniciativa de envolver as empresas na questão da prevenção e tratamento ao uso de drogas é importante para enfrentar essa questão. “A empresa não pode passar a mão na cabeça do funcionário, mas também não deve expulsá-lo. Foi o que aconteceu comigo, que tive apoio da empresa em que trabalho, além da família e de profissionais que orientam minha recuperação”, explica o comentarista. Ele acredita que seu relato pode ajudar que mais pessoas busquem auxílio para se livrar da dependência química, além de ser um mecanismo de prevenção: “Ouvir uma pessoa que passou por isso pode sim

incentivar pessoas a buscarem tratamento ou fazer com que não entrem nesse caminho”.

O objetivo do programa é ajudar a reduzir os impactos negativos do álcool e outras drogas na sociedade e no ambiente de trabalho


Cultura

Leitura

em família

Em Navegantes (SC), um boneco feito de papel jornal batizado com o nome de “Nito”, ganha vida e visita à casa de todas as famílias dos alunos do 1º ano do Centro Municipal de Educação Giovana Soares da Cunha, localizado no bairro São Paulo. “Nito” passa uma semana na casa de cada criança convivendo com a rotina da família. Ele vai acompanhado de um livro e de uma maleta contendo um questionário, para que o aluno e seus familiares respondam juntos, após lerem a história da vida do personagem. É com essa interatividade que o projeto “Leitura diferente em família, um visitante em casa”, vem despertando o interesse pelos livros nas crianças do município. Responsável pelo projeto, a professora Charlena Oliveira Bráz explica que a leitura está inserida na proposta do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), e cabe à escola buscar alternativas de trabalho para despertar nas crianças o interesse pelos livros.

Envolvimento O resultado deste trabalho lúdico não poderia ser melhor. “O boneco Nito vai para a casa das crianças e os pais tem se envolvido bastante nesse projeto, pois, ao retornar para a escola, Nito chega com roupas novas, muitas fotos com familiares, além do questionário de sua vida preenchido corretamente,

o que nos faz perceber que o livro realmente foi lido”, explica a professora, que comemora o sucesso do projeto, visto que o objetivo está sendo alcançado. Os próximos “capítulos” já estão definidos. Em outubro, o projeto de leitura com as crianças será com o personagem Saci Pererê, de Monteiro Lobato, que substituirá o boneco Nilo com suas artes e travessuras. Em novembro, o projeto será focado na saúde e abordará o mosquito transmissor da Dengue. “Vamos aproveitar para trabalhar a saúde e a educação, orientando nossas crianças e suas famílias quanto aos cuidados que devemos ter para evitar a proliferação do mosquito da dengue”, ressalta a professora.

O projeto vem despertando o interesse pelos livros nas crianças do município

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Sustentabilidade

“Oceano subterrâneo” na Amazônia

Reserva estratégica de bilhões de metros cúbicos de água

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A Amazônia possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos. O volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e principalmente do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão. A estimativa foi divulgada pelo professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Francisco de Assis Matos de Abreu, durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Rio Branco. “A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”, disse Abreu durante o evento.

O conhecimento sobre esse “oceano subterrâneo”, contudo, ainda é muito escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.

Recente De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram iniciadas há apenas 10 anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o Aquífero Alter do Chão, no distrito de Santarém (PA). O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do país, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões de metros cúbicos. “Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e


Reserva estratégica Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório, contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. “Queremos obter informações sobre a qualidade da água

encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.” Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica para o país, segundo Abreu. Ele explica que a Amazônia transfere, na interação entre a floresta, os recursos hídricos e o movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. “Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidroeletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país”, ressaltou.

Sistema começou a ser formado há cerca de 135 milhões de anos

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Sustentabilidade

resolvemos aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados”, disse Abreu. Denominado pelo pesquisador e colaboradores como Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.


Mobilização

Aplicativo

“Proteja Brasil” Após instalá-lo, o usuário tem acesso a telefones para denúncias e endereços de delegacias, conselhos tutelares e organizações que ajudam no enfrentamento deste tipo de violência nas principais cidades brasileiras. No exterior, o aplicativo apresenta os números de telefones e endereços das Embaixadas e Consulados brasileiros. No Brasil vivem mais de 60 milhões de crianças e adolescentes e muitas delas sofrem com a violência dentro e fora de suas casas. São vítimas de violência física, psicológica, negligência, abandono, trabalho infantil, abuso e exploração sexual. E muitos destes casos sequer chegam a ser denunciados, por medo, insegurança ou falta de informação.

Denúncias

Disponível gratuitamente para smartphones e tablets nas plataformas IOS ou Android, o aplicativo “Proteja Brasil” é mais uma ferramenta disponível na luta contra o fim da impunidade. Seu objetivo é estimular denúncias de violência contra crianças e adolescentes em todo o país.

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Para fazer uma denúncia por meio do aplicativo “Proteja Brasil”, basta seguir três passos simples. Qualquer situação que coloque em risco o desenvolvimento pleno da criança ou do adolescente pode ser uma forma de violência. A denúncia pode ser anônima e a identidade de denunciante será mantida sempre em sigilo. A ferramenta é uma parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan, da Bahia, e desenvolvido pela Ilhasoft. “A prevenção e o enfrentamento à violência são fundamentais. Mas se os cidadãos não denunciarem situações que caracterizam violações de direitos, nunca daremos um basta a essas práticas inaceitáveis”, destaca a coordenadora da área de Proteção do UNICEF no Brasil, Casimira Benge.


O mundo conta atualmente com a maior população de jovens e adolescentes de sua história: são mais de 1,8 bilhão de pessoas com idade entre 10 e 24 anos. Essa juventude é decisiva para o desenvolvimento de seus países, desde que tenha seus direitos e oportunidades assegurados por meio de políticas públicas e investimentos que permitam o alcance de seu pleno potencial. Para isso, é importante que a juventude seja ouvida pelas autoridades e que suas necessidades e aspirações sejam refletidas nos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), processo mundial que a partir de 2015 substituirá os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Liderado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UFNPA), a comunidade internacional lançou uma campanha para mobilizar os jovens através da publicação e compartilhamento de “selfies” nas redes sociais com a hashtag #InvestirEmJuventude. O procedimento é simples. Basta reunir os amigos, tirar a “selfie” (autorretrato) com uma câmera ou telefone celular, inserir uma mensagem sobre a importância do investimento na juventude e publicá-la na internet.

Hashtag Não esqueça de usar a hashtag da campanha (#Investir EmJuventude). Assim, o mundo

saberá quais os direitos e necessidades dos jovens que devem ser incorporados nos novos objetivos e metas de desenvolvimento. As imagens e mensagens serão postadas nas redes sociais do UNFPA e poderão ser curtidas e compartilhadas com sua rede de relacionamentos. O jovem pode escolher temas pré-definidos pela UFNPA ou propor seu próprio tema de abordagem. A ideia é mobilizar a juventude em todo o mundo para que os investimentos sejam realizados de forma adequada e no momento certo, proporcionando espaços de interlocução e participação efetiva de jovens na construção das soluções que o mundo precisa.

Selfies mostrarão para o mundo as necessidades dos jovens

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Intercâmbio

#InvestirEmJuventude


Nutrição

Leite materno,

alimento rico e gratuito

Mesmo com a redução de 40% no índice de mortalidade infantil, quase sete milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente de doenças previsíveis. O aleitamento materno, prática gratuita e protegida por lei, é a maneira mais eficiente de se combater a mortalidade e a incidência de doenças causadas pela falta de nutrientes. A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) auxilia e atua permanentemente na disseminação de cursos de amamentação oferecidos gratuitamente aos profissionais da saúde que atuam na rede púbica e nos hospitais amigos da criança. A experiência da maternidade é um momento delicado e requer cuidados e informação. “Se a mãe não tiver a orientação e apoio adequado, ela introduz a mamadeira e perde o aleitamento”, explica Marisa da Matta Aprile, pediatra e presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SPSP. No Brasil, 90% das crianças são amamentadas inicialmente, mas apenas 6% continuam exclusivamente com o aleitamento materno até os dois meses de idade, quando o tempo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de até os seis meses de vida.

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Proteção A amamentação tem importância fundamental na redução de infecções para o bebê e menor incidência de câncer do colo de útero, mama e ovário para a mãe. Esse simples gesto protege a criança diminuindo os riscos de obesidade, hipertensão e diabetes na fase adulta. Também atua contra as leucemias linfoides e intolerância ao glúten, além de outros benefícios descobertos há mais tempo, como a prevenção a alergias alimentares, asmas, doenças alérgicas, diarreias, otites, diminuição no tempo de internação e da gravidade da bronquiolite. Um dos passos mais importantes para ter uma amamentação bem estabelecida é o aleitamento na primeira hora de vida do bebê. “A criança que conhece outro bico ou que recebe outro alimento apresenta mais dificuldade em abocanhar o peito e garantir uma mamada satisfatória”, afirma a dra. Aprile.


G

arantir água em quantidade e qualidade para as atuais necessidades dos moradores e para as futuras gerações. Esse é o desafio do ‘Água em Jogo’, game educacional que simula os impactos das ações do homem sobre os recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. O jogo, online e gratuito, tem duração de 30 minutos, tempo em que são simulados quatro anos fictícios. A bacia é formada por diversos cenários, como áreas industriais, rurais, de moradia e de lazer, entre outras. Cada região tem necessidades diferentes relacionadas a água e cabe ao jogador, que assume papel de administrador dos recursos hídricos, decidir como será usada. Os níveis de qualidade e quantidade são apresentados em formato de indicadores, que precisam ser constantemente analisados. Se o jogador identificar, por exemplo, que uma indústria está consumindo muita água e poluindo, ele pode tirar a outorga de direito de uso de recursos hídricos até que a indústria se regularize. Para garantir bons resultados, o jogador conta com o uso de algumas ferramentas, como fiscalização, cobrança pelo uso da água e outor-

ga – que são instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Também é possível usar recursos financeiros disponíveis para investir em melhorias, como plantio de mata ciliar e construção de estações de tratamento de esgoto.

Conscientização Desenvolvido dentro do Projeto Água - Conhecimento para Gestão (convênio entre a Agência Nacional de Água, Fundação Parque Tecnológico de Itaipu e Itaipu Binacional), o game busca conscientizar os jovens sobre os conflitos e dificuldades relacionadas ao uso e conservação das águas. Ele também pode ser utilizado em sala de aula para trabalhar com os adolescentes temas como água, meio ambiente, poluição, bacia hidrográfica, administração de recursos financeiros e mediação de conflitos, entre outros. Durante o jogo, acontecem eventos inesperados, como estiagem e inundações, que afetam negativamente os indicadores de qualidade e quantidade de água. Estes indicadores, aliados ao conjunto de investimentos e decisões tomadas, formarão a pontuação final do jogador.

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Educação Ambiental

Água em Jogo


Iniciativa

EcoPostal

transforma lixo em dinheiro

Crianças e jovens do Instituto Pedagógico de Apoio à Educação do Surdo de Sergipe (Ipaese) já estão produzindo bolsas, bonecos, mochilas e artefatos de cozinha personalizados usando como matéria-prima malas, malotes e uniformes de carteiros descartados pelos Correios. A parceria é fruto do programa corporativo EcoPostal, que tem como objetivo o descarte adequado de materiais que não servem mais aos Correios, para geração de emprego e renda a instituições sem fins lucrativos. A primeira doação envolveu 128 peças, entre camisas, calças, chapéus e malotes. A iniciativa vem sendo realizada com sucesso em vários pontos do País. No Paraná, um grupo de costureiras reaproveita tecidos velhos de malotes para produzir mochilas e bolsas femininas personalizadas com pinturas da cultura paranaense. Atualmente, três cooperativas instaladas no estado utilizam o material descartado pelos Correios para transformar lixo em dinheiro. As camisetas viram estopas que são vendidas para gráficas e oficinas. As mochilas e pastas universitárias são confeccionadas com a lona verde dos malotes e tecidos de outras cores. “Conseguimos chegar aos universitários com a proposta de substituir a mochila de nylon, que tem pouca durabilidade, por uma de lona, que é bem mais resistente. Levamos

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o produto até eles com a instalação de barracas próximo das faculdades”, ressalta a presidente da Coopermesa, Geni Theobald.

Administração Com o auxilio do Sebrae, as cooperadas aprenderam técnicas de gestão, de qualidade, de finanças e de marketing. “Todas receberam noções gerais e básicas de como administrar uma pequena empresa de

indústria têxtil”, explica Alan Alex Debus, do Sebrae (PR). Parte do dinheiro obtido com as vendas é reinvestido em equipamentos. Foi assim que a cooperativa adquiriu 15 novas máquinas de costura e três máquinas de corte, modernizando a produção e aumentando o patrimônio da cooperativa. O restante é dividido entre as associadas, de acordo com a produção individual de cada cooperada. Quem trabalha mais, ganha mais.


Inovação

Tecnologia auxilia tratamento da surdez Uma nova plataforma que avalia o desenvolvimento de habilidades e o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) promete otimizar o tratamento de portadores de deficiência auditiva. A plataforma foi desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com o apoio do Sebraetec, programa que visa incentivar as micro e pequenas empresas a investirem em inovação. Criada pela Incluir, empresa de Tecnologia Assistiva sediada em Itajubá (MG), a ferramenta vai facilitar a avaliação do uso da língua de sinais por deficientes auditivos que tenham ou não problemas de fala. “São testes que analisam aspectos neurolinguísticos que influenciam diretamente na habilidade de leitura e escrita”, explica o sócio-diretor da empresa, Fernando Freitas.

Automatização Nos testes aplicados atualmente, os pacientes assistem vídeos e imagens exibidas manualmente no computador e os diagnósticos são manuscritos. Com a plataforma, o processo é totalmente automatizado: as imagens são exibidas automaticamente e os profissionais podem armazenar as informações em um banco de dados para futuras análises. O equipamento funciona de forma dinâmica, por meio de uma tecnologia que permite ao aplicador do teste controlar o que o paciente está vendo na tela. A ferramenta será lançada em outubro e destinada aos profissionais da área da saúde e da educação, que poderão oferecer o tratamento ideal por meio de uma avaliação adequada. “O apoio do Sebrae foi fundamental para o desenvolvimento da plataforma, pois colaborou com a transformação de uma ideia em um projeto real, que poderá impactar a vida de muitas pessoas que até então não tinham diagnósticos de problemas linguísticos”, ressalta Fernando Freitas.

Testes analisam aspectos neurolinguísticos relacionados à leitura e escrita 35


Artigo

Meu Mundo

quer educação

N

em pão, nem circo! O povo quer mesmo é ensino de qualidade. É o que indicam os resultados parciais da enquete Meu Mundo, iniciativa das Nações Unidas para eleger as seis prioridades globais pós2015, prazo final de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Até agora, votaram 1,6 milhão de pessoas. Para a maioria, a educação vem em primeiro lugar, seguida, nessa ordem, por melhores condições de saúde e de trabalho, governo honesto e atuante, mais acesso a alimentos de qualidade e melhor saneamento básico. O Brasil é o sexto país com o maior número de participações espontâneas na sondagem, conforme demonstra o último balanço divulgado pela ONU. Aqui, votaram 42.512 pessoas, cuja opinião coincide com a tendência global. Ou seja, estamos alinhados ao anseio planetário por ensino de excelência, item mais importante para nossa população. Na sequência aparecem a saúde, governo honesto, proteção contra o crime e a violência, meio ambiente e alimentos. A consciência dos cidadãos brasileiros e do mundo sobre o significado da educação pública para o desenvolvimento com justiça social confirma a necessidade de o País priorizar a solução dos problemas que, há décadas, vêm afetando o setor. Não podemos continuar tão defasados em relação a outras nações nessa área vital, como demonstram os resultados do último Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), realizado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O Brasil somou 410 pontos em leitura, dois a menos do que a

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sua pontuação na última avaliação, ocupando o 55º lugar no ranking entre 65 países. Quase metade (49,2%) dos nossos alunos não alcança o nível 2 de desempenho, numa escala na qual o teto é 6. Isso significa que não são capazes de deduzir informações do texto, de estabelecer relações entre diferentes partes da narrativa e nem compreender nuanças da linguagem. Em ciências (59º lugar) e matemática (58º), a situação não é melhor. Ante tais números, é notável que a produção brasileira de livros já alcance 500 milhões de exemplares anuais e que nosso mercado editorial seja o nono maior do mundo, com faturamento anual em torno de cinco bilhões de reais. Além disso, a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Pró-Livro, em parceria com a Abrelivros, o SNEL e a CBL, demonstrou que, em 2012, tínhamos 178 milhões de leitores em potencial (habitantes com cinco anos ou mais). Metade, ou seja, 89 milhões de pessoas, envolveu-se com a leitura de pelo menos um livro no ano anterior ao estudo, e 64% desses leitores veem nos livros “uma fonte de conhecimento para a vida”. Para o setor editorial, que tem feito imenso esforço no sentido de contribuir para ampliar a base de leitores no Brasil, os dados do Pisa são preocupantes. Se, por um lado, temos conquistado bons resultados na disseminação do hábito de leitura, como demonstram as estatísticas, poderíamos ir muito além caso a qualidade do ensino público fosse compatível com as nossas metas de desenvolvimento e o legítimo direito

de toda a sociedade à excelência na educação. Avançamos muito nos últimos 20 anos com relação ao acesso e universalizamos o atendimento no Ensino Fundamental. Dados oficiais mostram que não faltam vagas nesta etapa. Porém, nossa “revolução educacional” ficou inacabada. A qualidade da educação básica, condição essencial para o crescimento sustentado e a transformação do Brasil em um país mais justo socialmente, pouco avançou. Se é que não ficou patinando, andando de lado. Este é o desafio a ser enfrentado: ter um ensino público universal (o que ainda não alcançamos no grau médio ou na pré-escola) e com a qualidade necessária para que nossos jovens estejam aptos a progredir em um mundo cada vez mais competitivo. Para isso tem grande papel os autores e editores na elaboração de livros didáticos e paradidáticos. O mercado editorial brasileiro desenvolveu equipes e conhecimento para conceber com maturidade todos esses materiais. O poder público, principalmente a União, tem o dever de manter toda a infraestrutura e programas criados para selecionar, comprar e distribuir livros para as escolas públicas de todo o Brasil. Às famílias cabe a missão importante, em especial no sentido de matricular e manter os seus filhos nas escolas, orientar e estimular. Vencer a precariedade da educação é um desafio de todos os brasileiros. Para vencê-lo, não há atalho. É necessária uma política educacional de Estado, que não sofra solução de continuidade e priorize o ensino básico, com foco na aprendizagem do aluno.

Autor: KARINE PANSA, é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).


Ajudando a construir um país melhor

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