4ª edição Revista contexto social

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Ajudando a construir um país melhor

Disseminar políticas, iniciativas e ações sociais capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira. Essa é a nossa missão. Promover o desenvolvimento humano é um grande desafio da sociedade atual.

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Expediente

Diretor: Paulo Pedersolli Editor Chefe: Maurício Cardoso - 1314/DF mauricio@revistacontextosocial.com.br Chefe de Reportagem: Jair Cardoso jair@revistacontextosocial.com.br Serviços Editoriais: Luana Gonçalves de Araújo Projeto Gráfico e Diagramação: Cláudia Capella Webdesign: Luiz Augusto Garcia Redes Sociais: Adriano Freire Publicidade: Juliana Orem Revisão: Denise Goulart Agências de Notícias: Brasil, Senado, Câmara, Sebrae, USP, RTS,

Carta ao leitor A matéria de capa da nossa quarta edição mostra que mais do que uma promessa de futuro, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) são um caminho em construção. O compromisso firmado por 191 nações e que definiu metas de combate à extrema pobreza e outros males da sociedade até 2015 integrou as agendas dos países em desenvolvimento na busca do progresso com justiça social. Progresso que implica o desenvolvimento de capacidades, o fortalecimento e a modernização institucionais de estados e municípios, além da crescente participação do setor privado e da sociedade civil nos projetos. Daí a importância de incentivar e valorizar projetos e ações da sociedade civil, do setor privado e do meio acadêmico. Livre das amarras da burocracia governamental, projetos e ações sociais desenvolvidos pelo chamado Terceiro Setor têm sido importantes indutores de políticas públicas. No Brasil, o projeto Trilhas de Leitura, criado em 2009 pelo Instituto Natura, é um exemplo clássico de iniciativa bem-sucedida incorporada pelo Poder Público. No ano passado, a iniciativa foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Educação e adotada nas escolas públicas de todas as capitais, grandes cidades e sistemas estaduais de ensino. Atualmente, o Trilhas de Leitura está presente em todos os estados do país, em 3.300 municípios, em mais de 72 mil escolas, beneficiando 140 mil professores e 3 milhões de alunos.

Contexto Social Editora Ltda. Endereço: SHIN CA 9 Lt. 2 Bl. B Sala 15 Lago Norte/DF - 71503-509 Telefones: (61) 8455-6760 / 8479-0846 / 9115-0273 Matérias e sugestões de pauta: redacao@contextosocial.com.br revistacontextosocial@gmail.com Site: www.revistacontextosocial.com.br Tiragem: 25.000 exemplares Periodicidade: mensal

Em Curitiba, todo passageiro que embarca nos táxis da cidade está recebendo informações sobre como denunciar casos de violência contra a mulher, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Os números dos serviços para denúncias foram incluídos nas tabelas de preços afixadas no vidro lateral dos veículos, em cartões de visita, talonários de recibo, capa de encosto de banco, folders e panfletos. São projetos assim, sejam eles internacionais, nacionais ou municipais, que justificam a existência da revista Contexto Social, criada para disseminar políticas, iniciativas e ações de promoção social capazes de contribuir para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar da população brasileira.


Sumário

Edições anteriores

POLÍTICAS Universalização do acesso à água no semiárido Intérpretes de Libras em locais públicos

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TERCEIRO SETOR Ajudando crianças em tratamento oncológico Um cinema perto de você Terapias assistidas por animais Trilhando novos caminhos na educação

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GESTÃO Caravana cultural no interior do Acre Taxistas no combate à violência e abusos Apoio à fruticultura no Vale do São Francisco

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CIDADANIA Escola de formação para moradores de rua Fábrica Escola para detentos e ex-detentos

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ESPORTE Pedalando com deficientes visuais

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AÇÃO SOCIAL Profissão: bombeiro

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Ano 1 - Número 1 - Abril/2013

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Ela comanda a política nacional contra a pobreza

-

A força das mulheres nos programas sociais da Sudeco Rota da Liberdade, turismo com inclusão social

Abril/2013

Ano 1 - Número 2 - Maio/2013 - Distribuição gratuita

CAPA Objetivos do milênio

Jorge Gerdau: Ÿ Sem educação o Brasil jamais

será verdadeiramente livre Ÿ A realidade mundial exige a integração empresarial-acadêmica

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Cultura de paz nas escolas

Maio/2013

ECONOMIA CRIATIVA Renda-se ao talento do artesanato brasileiro

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SUSTENTABILIDADE Projeto Pomar dá bons frutos sociais

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INTERCÂMBIO Terapia do canto para asmáticos

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MOBILIZAÇÃO Mutirão de microlixo em Guarujá

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Gol de Letra do craque Raí Guardiões do Mar mobiliza cooperativas de reciclagem

INOVAÇÃO Literatura nos muros

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CAPACITAÇÃO Apoio e financiamento para negócios sociais

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CULTURA Arte no canteiro

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ARTIGO Versatiliade e benefícios do alumínio

ONG fiscaliza ações do governo

Ano 1 - Número 3 - Junho/2013 - Distribuição nacional gratuita

EMPREENDEDORISMO Empreendimento social como indutor do desenvolvimento social Produção de peixes em penitenciárias

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Autistas interagem com tecnologia touch

CNA e Sebrae unidos no semiárido

Junho/2013

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Capa

Objetivos do milênio

Mobilização mundial para combater a extrema pobreza

Em setembro de 2000, 191 nações firmaram um compromisso para combater a extrema pobreza e outros males da sociedade. Essa promessa acabou se concretizando nos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que deverão ser alcançados até 2015. Em setembro de 2010, o compromisso foi renovado para acelerar o progresso em direção ao cumprimento desses objetivos. Progresso que implica o desenvolvimento de capacidades, o fortalecimento e a modernização institucionais de estados e municípios, além da crescente participação do setor privado e da sociedade civil nos projetos. Daí a importância de incentivar e valorizar projetos e ações da sociedade civil, do setor privado ou do meio acadêmico que contribuem para o alcance dos ODM. Os ODM não são uma promessa de futuro, são um caminho em construção. Nele já transitam vários países em desenvolvimento, formando uma nova força no cenário mundial. Na América Latina, por exemplo, existe hoje um conjunto de governos determinados a integrar cada vez mais as agendas do crescimento e da justiça social com o objetivo de propiciar a seus povos um ciclo de desenvolvimento sem os sobressaltos e desequilíbrios do passado. No ano 2000, quando a comunidade internacional se comprometeu com a erradicação da extrema pobreza, uma em cada três pessoas no mundo vivia com menos de um dólar por dia. Estimava-se que atingir os Objetivos de Desenvolvi-

mento do Milênio significa que, até 2015, mais de 500 milhões de pessoas sairão da extrema pobreza, mais de 300 milhões não passarão mais fome e 30 milhões de crianças deixarão de morrer antes de completar cinco anos de idade. O mundo sabe que o crescimento econômico é importante, mas é fundamental que ele não gere aumento da desigualdade, caso contrário, seu impacto sobre a pobreza pode ser nulo. Para garantir que todos se beneficiem deste crescimento, principalmente os pobres, são necessárias intervenções estratégicas por meio das políticas sociais.

Reconhecimento No Brasil, desde 2004, as principais ações estratégicas desenvolvidas pelo Poder Público e organizações da sociedade civil, como ONGs, universidades, fundações, empresas, sindicatos e movimentos sociais, são reconhecidas com o Prêmio ODM, criado pelo Governo Federal em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Nesta edição, o concurso nacional premiará as 30 melhores práticas realizadas no país. Além do concurso nacional, o governo de Minas Gerais promoverá a 1ª edição estadual do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O Prêmio ODM Minas reconhecerá 15 ações da sociedade civil e de governos municipais que contribuem

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Capa

efetivamente para o cumprimento dos desafios estabelecidos nos diversos indicadores sociais, de saúde, meio ambiente e educação. Segundo o assessor-chefe de Articulação, Parceria e Participação Social do Governo de Minas Gerais, Ronaldo Pedron, o objetivo da premiação é reforçar dentro do estado a importância da participação dos municípios na melhoria dos indicadores. “O Prêmio ODM Minas é um instrumento de mobilização e atuação. Por meio de esforço conjunto e responsabilidade compartilhada, vamos enfrentar disparidades, incentivar ações, fortalecer parcerias e fazer dos objetivos de um o compromisso de todos”.

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Enfrentar os desafios do milênio exige um esforço concentrado entre o governo e a sociedade civil O lançamento da modalidade estadual faz parte do compromisso firmado em 2012 entre o governo de Minas e o PNUD, em uma iniciativa inédita no mundo. O compromisso também definiu novos indicadores para cada um dos objetivos do milênio executados no âmbito estadual. “Além de propor metas mais ousadas, foi possível discutir outros indicadores e pensar estratégias regionais, já que os desafios são maiores em alguns municípios”, explicou Ronaldo Pedron. O secretário Nacional de Relações PolíticoSociais da Presidência da República, Wagner Caetano, ressalta a importância das premiações para estimular a participação e a mobilização social. “As metas pareciam impossíveis de serem alcançadas e, hoje, o Brasil já cumpriu praticamente todas. Quando você reconhece uma ação, você incentiva outras e promove a discussão”, afirmou. Enfrentar os desafios do milênio exige um esforço concentrado entre o governo e a sociedade civil e a consolidação de uma agenda direcionada aos grupos mais vulneráveis e áreas de maior concentração da pobreza. E o Brasil está se esforçando. Tanto é, que o Sistema das Nações Unidas, por meio de seus fundos, agências e programas, parabenizou oficialmente o Brasil pelo reconhecimento dos ODM como um norteador das políticas públicas.


Capa

Proteção e promoção social Muito se fala sobre o papel das políticas sociais nas sociedades contemporâneas. Mas o que são as políticas sociais? Em uma definição ampla, um sistema de políticas sociais apresenta-se como uma complexa rede de distribuição e redistribuição de renda efetuada por meio de ações e programas sociais conduzidos pelo Estado. Seu objetivo é atender a necessidades sociais diversas, em especial, a necessidades de cidadãos que, sem o apoio de estruturas públicas, não conseguiriam exercer os seus direitos. A noção de direito, aliás, está estreitamente relacionada a essas políticas – uma política universalizada de atenção à saúde, por exemplo, só existe quando esta é tratada como direito de todos. A depender do caráter e da natureza das políticas sociais, elas têm potencial não apenas para garantir o acesso a direitos sociais básicos e universais, mas também para melhorar as condições de vida e impulsionar a mobilidade social. Pela definição adotada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as políticas sociais podem ser de dois tipos, a depender dos objetivos pretendidos: podem servir à proteção ou à promoção social. No primeiro caso, essas políticas são consolidadas por meio da solidariedade social a grupos em situação de vulnerabilidade. Na prática, um governo promove a proteção social quando estabelece políticas que garantam os direitos dos mais pobres e vulneráveis, como as crianças e os idosos, e também daqueles que estão em situação de risco, como nos casos de invalidez por acidente. Por outro lado, as políticas sociais que têm como objetivo a promoção se efetivam mediante a adoção de mecanismos que minimizem as desigualdades da alocação de bens e serviços coletivos, que possibilitem a inserção dos indivíduos no

mercado e que produzam a igualdade de oportunidades. Aqui estão inseridas, por exemplo, as ações de educação, cultura, desenvolvimento agrário e geração de renda. A linha entre esses dois tipos de políticas sociais é tênue: algumas vezes, elas cumprem ao mesmo tempo os dois objetivos. Esse é o caso das chamadas infraestruturas sociais, como habitação, urbanismo e saneamento básico, que atendem tanto ao propósito da proteção quanto ao da promoção.

Um governo promove a proteção social quando estabelece políticas que garantam os direitos dos mais pobres e vulneráveis 7


Políticas

Universalização

do acesso à água no semiárido

O governo federal simplificou as regras para a construção de tecnologias de captação e armazenamento de água para consumo e produção no semiárido brasileiro. O objetivo é impulsionar o alcance da meta de universalização do acesso à água e o enfrentamento dos efeitos da estiagem prolongada, característica da região. No início de julho, a presidenta Dilma Rousseff assinou um conjunto de leis que estabelecem um novo marco legal para o Programa Cisternas, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Com as novas regras, o Programa Cisternas permitirá a contratação direta, por meio de parcerias, para implantação de equipamentos para captação e armazenamento de água, desenvolvidos pelas próprias comunidades beneficiadas em conjunto com instituições locais não governamentais e redes oficiais de pesquisa. Assim, será possível ampliar mais rapidamente a quantidade de famílias beneficiadas com a construção de cisternas de placas, barragens subterrâneas, microaçudes e cisternas de produção, entre outras tecnologias. “Com o novo modelo de contratação, vamos aumentar a capacidade operacional do programa e, consequentemente, o cumprimento da meta de universalização do acesso à água nas

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áreas rurais do semiárido, estabelecida pelo Plano Brasil Sem Miséria”, avalia o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos. Lançado em 2011, o Brasil Sem Miséria tem a meta de implantar 750 mil cisternas de água para consumo humano e 64 mil tecnologias de captação de água para produção na região.

Tecnologias sociais Além de simplificar o processo de contratação e repasse de recursos, o novo marco legal estimula a utilização das tecnologias sociais como ferramentas eficazes de convivência com o semiárido. Elas são simples, de baixo custo e contam com a participação dos próprios beneficiários e da comunidade para sua implantação. Além disso, desdobram-se em processos de capacitação sobre gestão da água, uso racional, manutenção da qualidade e aplicação, não só para o consumo humano, mas também para o consumo animal e para a produção de alimentos. Desde 2003, o MDS apoia a implantação de cisternas de placas e outras tecnologias sociais de acesso à água para a população rural de baixa renda no semiárido. As ações são realizadas por meio de convênios com estados, municípios, organizações da sociedade civil e, mais recentemen-


Os investimentos realizados e as demais atividades serão georreferenciados, passíveis de localização por meio de sistema de coordenadas, e os pagamentos dos serviços prestados só serão realizados com a confirmação dos beneficiários. Ou seja, a comunidade vai participar do controle social do programa e só com o seu aval é que os serviços terão sua execução efetivamente comprovada.

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Políticas

te, com bancos públicos federais e consórcios públicos de municípios. A partir de agora, a formalização dos contratos será por meio de parcerias, o que traz maior agilidade ao processo. Os contratos com as instituições parceiras serão padronizados, apoiados em metas, atividades e valores de referência previamente instituídos pelo MDS. Na segunda fase, de contratação das entidades executoras para construção das tecnologias, os governos estaduais, organizações da sociedade civil, entre outras, firmarão contratos com base em regras simplificadas. Por fim, os pagamentos serão associados ao cumprimento de metas ao longo do convênio. Com isso, a prestação de contas será continuada, durante a realização do convênio, o que permite um melhor acompanhamento.

Desde 2003, o MDS apoia a implantação de cisternas de placas e de outras tecnologias sociais de acesso à água para a população rural de baixa renda no semiárido


Políticas

Intérpretes de Libras

em locais públicos

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul pode expandir os efeitos da lei 3.181/2006 que dispõe sobre a Política Estadual para Promoção e Integração Social da Pessoa Portadora de Necessidades Especiais. A ideia é que haja pelo menos um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) em todos os locais pú-

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blicos oficiais do estado, incluindo as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). Segundo a deputada Dione Hashioka (PSDB), 2ª vicepresidente da Assembleia, a sugestão modifica o artigo 44 da lei 3.181, que determina que os órgãos e as entidades da Administração Pública Estadual Direta

e Indireta adotarão providências para garantir a acessibilidade e a utilização dos bens e serviços, no âmbito de suas competências, à pessoa portadora de necessidades especiais ou com mobilidade reduzida, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas e obstáculos, bem como evitando a construção de novas barreiras. A deputada ressalta que o projeto encontra respaldo na lei 1.693, de 12 de setembro de 1996, que reconheceu a língua gestual como meio de comunicação objetiva de uso corrente em todo o estado. “O objetivo da proposta é ampliar o rol de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, de maneira especial os surdos, a fim de que essas pessoas possam ter o acesso facilitado, no que diz respeito ao seu direito de comunicação”, enfatizou. As UPAs foram incluídas, pois elas não disponibilizam intérpretes com a formação específica em Libras para o atendimento de forma eficiente a essas pessoas. “É comum vermos pessoas portadoras de necessidades especiais frequentando locais públicos, nas escolas, universidades, locais de lazer. Observamos também que é comum vêlas enfrentando dificuldades ao comunicar-se, razão que justifica a importância na aprovação da matéria”, destaca Dione. A parlamentar explicou que já tramita na Câmara dos Deputados um projeto que visa instituir a obrigatoriedade da inclusão de intérpretes de Libras em repartições públicas, mas que a proposta aguarda a apreciação do plenário.


Terceiro Setor

Ajudando crianças

em tratamento oncológico

Pioneiro nas ações de apoio a crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, a Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro atua há 19 anos na distribuição de alimentação básica e complementar para cerca de 400 famílias de pacientes, hospedadas ou não na instituição, e que se encontrem em tratamento ambulatorial. No ano passado, a instituição serviu mais de 100 mil refeições e distribuiu quase 5 mil bolsas de alimentos. A criança portadora de câncer precisa estar bem alimentada para vencer todas as barreiras da doença. Além de ser uma contribuição ao suporte nutricional dos pacientes, a distribuição das bolsas funciona como estímulo para que os pais não deixem de levar as crianças ao tratamento quimioterápico. O processo de seleção dos pacientes beneficiados começa no serviço social dos hospitais conveniados. Depois de selecionados e cadastrados, os pacientes passam a receber mensalmente, pelo prazo mínimo de seis meses, uma bolsa de alimentos elaborada conforme orientação do Serviço de Nutrição do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ao final desse período é feita uma nova avaliação para verificar se a família ainda necessita da bolsa de mantimentos. É, então, renovada – ou não – a permissão por mais seis meses. Esse importante projeto social que hospeda, apoia e alimenta crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, foi um dos destaques do Prêmio de Responsabilidade Social Carvalho Hosken 2013. O prêmio é um reconhecimento às ações sociais realizadas no Rio de Janeiro por instituições e organizações não governamentais (ONGs).

Voluntariado Recentemente, a instituição, que atualmente conta com cerca de 500 voluntários atuantes, lançou uma campanha para mobilizar novos membros contribuintes, voluntários e apoiadores. Com o projeto IndicAção (http://casaronald.org.br/como-colaborar/membros-contribuintes/seja-um-membro-contribuinte), a Casa pretende incentivar a promoção da luta em combate ao câncer e aumentar o número de amigos contribuintes. Ao contrário do que muitos imaginam, a Casa Ronald McDonald não possui qualquer vínculo com a empresa de fast food, a não ser no evento anual McDia Feliz, onde as arrecadações com a venda de Big Macs são destinadas às instituições apadrinhadas pela marca.

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Terceiro Setor

Um cinema

perto de você

O Cinema Ecológico (Cineco), idealizado pelo Instituto Educare e executado em parceria com diversas empresas, continua encantando o público em vários pontos do país. Graças a esse sucesso de bilheteria, pessoas de todas as faixas etárias estão tendo a oportunidade de apreciar bons filmes e de ingressar gratuitamente no mundo da cultura cinematográfica. Fabricado em estrutura de alumínio e placas recicladas – como embalagens de leite e aparas de tubos de creme dental –, o espaço exibe filmes com tecnologia digital e sofisticada aparelhagem de imagem e som, proporcionando lazer, interação e disseminando a arte cinematográfica para pessoas e lugares com pouco acesso ao cinema. Além das mostras convencionais de filmes, o Cineco pode ser usado por professores como um instrumento de apoio ao desenvolvimento de propostas pedagógicas, já que sua estrutura contempla um acervo com centenas de DVDs e dezenas de livros sobre cinema. Por meio desses livros, crianças e adultos podem aprender mais sobre a história e as técnicas da cinegrafia, bem como conhecer as biografias de grandes diretores e atores.

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Aprovado pela Lei Rouanet, o Cineco exibe filmes de qualidade em praças públicas, escolas, casas de cultura e comunidades não contempladas por salas de cinema. Em algumas localidades, a programação atende ao público escolar durante a tarde e à comunidade à noite. “O Cineco é um projeto de divulgação do cinema e do resgate de ambientes públicos de socialização. Propõe discussões de filmes e o contato entre espectador e produtor. Uma das suas características mais marcantes é a estrutura física de material reciclado, daí a designação de Cinema Ecológico”, explica Kátia Rocha, presidente do Instituto Educare. A iniciativa de oferecer cinema de qualidade gratuitamente ganhou uma versão mais sofisticada em Londrina, no Paraná, onde um conceituado shopping da cidade inovou com a criação de sessões especiais para mães com bebês de até 18 meses de idade. No CineMaterna, o ambiente é especialmente preparado para mães e bebês: áudio mais baixo, ar condicionado ameno, luzes parcialmente acesas, trocadores de fraldas, pomadas, lenços e tapetes para os pequenos que engatinham.


Terceiro Setor

Terapias assistidas por

animais

E

m 2005, a MSD Saúde Animal – braço da global Merck no Brasil – iniciou uma das parcerias mais bem-sucedidas no que diz respeito ao contato do homem com o animal: a terapia assistida por animais. Voltada para a inclusão social de idosos e portadores de deficiências físicas e mentais, a iniciativa foi o primeiro projeto socioambiental executado pela empresa. Hoje, 8 anos depois da ação pioneira, a companhia continua apoiando, financiando e disseminando essa técnica terapêutica em parceria com a ONG Abrahipe (Associação Brasileira de Hippo e Pet Terapia) e a TAC (Terapias Assistidas por Cães). Ainda pouco conhecida no Brasil, a terapia assistida por cães utiliza atividades baseadas

na interação entre homem e cão como complemento a tratamentos médicos e desenvolvimento social. As terapias auxiliam no controle de enfermidades psíquicas ou fisiológicas, além de incentivar o desenvolvimento e a reintegração social. O convívio e a realização de atividades com um cachorro proporcionam, ainda, melhora no bem-estar, autoestima e situação social dos beneficiados. Um dos principais públicos apoiados pela MSD Saúde Animal são as crianças autistas. A empresa apoia dois projetos do Hospital das Clínicas de São Paulo, envolvendo educação, atividades e ludoterapias assistidas por cães. A parceria com a TAC também promove trabalhos de fisioterapia e psicoterapia assistidas com idosas da Instituição Recanto da Vovó, em Cotia.

Cavalos O cão pode até ser o melhor, mas não é o único amigo do homem. Na parceria com a Abrahipe, a estrela da terapia assistida é o cavalo. Realizado na instituição Pequeno Cotolengo, em Cotia, no Espaço Zilda Arns de Terapia Assistida por Animais, a ação atende a crianças, adolescentes e adultos – a maioria portadores de paralisia cerebral – em busca de reabilitação neuropsicomotora e cognitiva. Sandra Alves, responsável pelos projetos sociais desenvolvidos pela MSD, ressalta a importância social de se investir em projetos como este. “Como negócio, trabalhamos a ciência para o animal saudável. E com o animal saudável, podemos desenvolver projetos de sustentabilidade e de desenvolvimento social, como o da terapia assistida”.

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Terceiro Setor

Trilhando

novos caminhos

na educação

Livre das amarras da burocracia governamental, projetos e ações sociais desenvolvidos pelo chamado Terceiro Setor têm sido importantes indutores de políticas públicas. O projeto Trilhas de Leitura, criado em 2010 pelo Instituto Natura, é um exemplo clássico de iniciativa bem-sucedida incorporada pelo Poder Público. Calcada no apoio à alfabetização, a iniciativa foi criada em 2009 como uma tecnologia social que disponibiliza um conjunto de materiais didáticos elaborado para auxiliar o trabalho dos professores nos campos da leitura, escrita e oralidade com o objetivo de inserir as crianças do primeiro ano do ensino fundamental em um universo letrado. No ano passado, a iniciativa foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Educação e adotada nas escolas públicas de todas as capitais, grandes cidades e sistemas estaduais de ensino.

PROJETO TRILHAS

Municípios beneficiados Escolas beneficiadas Educadores beneficiados Alunos beneficiados Valor investido

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Atualmente, o Trilhas de Leitura está presente em todos os estados do país, em 3.300 municípios, em mais de 72 mil escolas, beneficiando 140 mil professores e 3 milhões de alunos. Segundo Cleuza Repulho, presidente da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), o Trilhas é um projeto inovador porque foca na alfabetização, fase até então pouco contemplada por propostas voltadas à leitura e escrita. “Apresentar o mundo letrado à criança de uma forma tão dinâmica como o projeto propõe contribui muito para a alfabetização de qualidade”, ressalta.

Sucesso O sucesso do método de apoio à alfabetização e capacitação de profissionais desenvolvido pelo projeto pode ser mensurado pelos resultados obtidos em várias 2011

2012* 310

3.000

4.378

72.000

15.245

140.000

309.684

3.000.000

R$ 2.386.865

R$ 6.000.000

“Apresentar o mundo letrado à criança de uma forma tão dinâmica como o projeto propõe contribui muito para a alfabetização de qualidade”


Terceiro Setor

cidades do país. No Rio de Janeiro, as 10 melhores escolas da rede pública municipal, avaliadas pelo Alfabetiza Rio, utilizam o Trilhas de Leitura. O Alfabetiza Rio é uma avaliação externa, aplicada anualmente com o objetivo de medir o nível de alfabetização dos alunos ao final do 1º ano. Em 2012, os resultados mostraram que 90% dos alunos, ao fim da série, já estavam alfabetizados. Atualmente, o projeto está presente em 3.087 escolas do estado do Rio. Em Macaé (RJ), a rede municipal de ensino incorporou estagiários em Pedagogia ao projeto direcionado à sala de aula. Eles vão acompanhar o processo de capacitação continuada dos profissionais de ensino que atuam com os três primeiros anos de escolaridade. No Distrito Federal, mais de 400 escolas já receberam o conjunto de material do projeto. O material de apoio é composto por cadernos de orientação do professor, jogos educativos, car-

telas para atividades e mais de 20 títulos literários. Recentemente, técnicos das Secretarias de Educação das cidades do DF se reuniram para discutir métodos de apoio e capacitação de novos profissionais para o Projeto Trilhas de Leitura. A estratégia é aplicada regularmente nos quatro cantos do país e a meta é capacitar cerca de 2 mil técnicos das secretarias de educação de todos os estados brasileiros. Nos encontros, diretores, orientadores pedagógicos e professores-orientadores são preparados para atuar como multiplicadores nas unidades de ensino.

Evolução Além de ser uma importante ferramenta para a concretização da meta de atingir 6 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país em 2022, o Trilhas está alinhado com o Plano de Metas do Compromisso Todos pela Educação,

que estabelece, entre outros objetivos, a alfabetização de todas as crianças até os 8 anos e o incentivo à leitura em sala de aula. A tecnologia educacional adotada pelo Trilhas permite que os alunos criem o gosto pela leitura, experimentem a leitura e a escrita como prática social, desenvolvam a competência linguística e utilizem a leitura como instrumento de desenvolvimento intelectual no cotidiano escolar. Práticas que, comprovadamente, facilitam o processo de alfabetização das crianças nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

O Trilhas permite que os alunos criem o gosto pela leitura 15


Gestão

Caravana cultural

no interior do Acre O governo do Acre vai levar a Caravana Cultura e Humanização para o interior do estado. As parcerias já estão sendo articuladas pela Diretoria de Humanização da Gestão Pública do Estado em reuniões com líderes comunitários e autoridades municipais. O primeiro encontro reuniu representantes das cidades de Epitaciolândia, Brasileia, Xapuri e Assis Brasil, os quatro primeiros municípios contemplados com a Caravana. Além de formalizar parcerias com os núcleos de Educação e Cultura, a ideia é fortalecer a Rede Estadual de Humanização da Gestão Pública com a adesão de artistas e gestores culturais do interior do estado. A Caravana passará por todos os municípios com o objetivo de estimular e valorizar práticas culturais, artísticas e de humanização. “Queremos levar a humanização, a cultura e os demais serviços prestados por secretarias parceiras nos 22 municípios do estado, estimulando a produção e a troca de ideias, e aproximando a comunidade das políticas públicas do governo do estado”, destaca a Diretora de Humanização, Elineide Meireles.

Oficinas A Caravana abrange uma série de oficinas que estimulam o processo organizacional, como a oficina de Humanização da Gestão Pública e Qualidade de Vida, a oficina intensiva de teatro e a oficina Cine Mais Cultura, uma iniciativa que

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busca promover o acesso da população ao cinema e fomentar a difusão da cinematografia nacional por meio da exibição gratuita de filmes. A oficina de Comunicação Patrimonial vai estabelecer um canal direto com todos os parceiros para a elaboração e execução de ações permanentes nas áreas de história, cultura e patrimônio. A Caravana também realizará a Feira de Economia Criativa, o Sarau Cultural e o Encontro de Escritores com Leitores que resultará em uma feira de exposição e comercialização de produtos artísticos e artesanais, comidas típicas, apresentação de artistas e sessão de cinema do Cine + Cultura.

A Caravana passará por todos os municípios com o objetivo de estimular e valorizar práticas culturais, artísticas e de humanização


Gestão

Taxistas no combate à

violência e abusos Desde o inicio do mês, todo passageiro que embarca nos táxis da cidade de Curitiba está recebendo informações sobre como denunciar casos de violência contra a mulher, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A frota curitibana é composta de 2.256 automóveis e os números dos serviços para denúncias foram incluídos nas tabelas de preços afixadas no vidro lateral dos veículos. A adesão dos taxistas à iniciativa capitaneada pela Prefeitura de Curitiba foi destacada pela Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves. Segundo a Secretária Municipal da Mulher, Roseli Isidoro, assim que a notícia chegou a Brasília, a própria secretária nacional telefonou para parabenizar pela ação desenvolvida. Para a presidente da Fundação de Ação Social, Marcia Oleskovicz Fruet, a parceria com

as centrais de táxi agrega credibilidade e segurança à campanha, já que “os taxistas são o termômetro da cidade, formadores de opinião e, muitas vezes, o primeiro contato do visitante com a cidade”. Até o momento, seis associações já aderiram à campanha: Sereia, Lig Táxi, Faixa Vermelha, Teletáxi, Rádio Táxi Curitiba e Rádio Táxi Capital.

Divulgação A Associação das Centrais de Rádio Táxi de Curitiba também criou peças específicas para a divulgação da campanha, como adesivos perfurados, cartões de visita, talonário de recibo, capa de encosto de banco, folders e panfletos. Todas as peças trazem o telefone Prefeitura de Curitiba (156), da central de denúncias (Disque 100) e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (180).

Segundo o presidente da Associação, Carlos Felber, a campanha é bem aceita tanto pelos taxistas quanto pelos passageiros: “Estava na hora de fazer alguma coisa nesse sentido para proteger as crianças e as mulheres”. Para os dirigentes das centrais de taxistas, a campanha deu oportunidade de mostrar o lado social da categoria. “O taxista é preparado para o cuidado no transporte de idosos, crianças, pessoa com deficiência ou sob cuidados médicos. Mas tudo isso passa despercebido”, ressaltou Evandro Murilo Schroeder, presidente da Rádio Táxi Faixa Vermelha.

“Os taxistas são o termômetro da cidade”

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Gestão

Apoio à fruticultura

no Vale do São Francisco

Nos primeiros seis meses do ano, o Programa Chapéu de Palha da Fruticultura Irrigada já capacitou 1,6 mil trabalhadores rurais em 78 cursos promovidos pela Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco, envolvendo temas como a comercialização no mercado interno e externo; programas de certificações; práticas de higiene pessoal e ambiental, o uso da tecnologia na fruticultura irrigada e processos de colheita nas cultivares exploradas na região, com ênfase em uva e manga. Este ano, a iniciativa abrange sete municípios do Vale do São Francisco: Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Belém de São Francisco e Petrolândia. Seu principal objetivo é promover a capacitação dos trabalhadores como ferramenta para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida e fortalecimento da cidadania. A edição 2013 do Chapéu de Palha Fruticultura é destinado aos trabalhadores rurais da fruticultura irrigada que trabalharam na última safra por pelo menos 30 dias corridos e que ficaram desemprega-

O principal objetivo do Programa Chapéu de Palha é a capacitação dos trabalhadores

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dos no período de 01 de junho a 31 de dezembro de 2012. A relação inclui trabalhadores da fruta que tenham sido registrados na carteira profissional como tratorista, embalador, auxiliar de câmara fria e auxiliar de casa de embalagem.

Entressafra “O programa foi ampliado para o sertão com o objetivo geral de minimizar os efeitos causados pelo desemprego durante a entressafra da fruticultura irrigada”, explica o coordenador do Programa Chapeú de Palha, Celso Almir. O programa foi resgatado em 2007 para atender 20 mil famílias da zona canavieira que ficaram desempregadas durante o período da entressafra da cana. Mais de 50 municípios já foram beneficiados pelo programa que oferece a trabalhadores rurais e familiares ações estruturadas de educação, saúde, cidadania, empregabilidade e meio ambiente para que desenvolvam novas aptidões e gerem renda durante a entressafra. Além dos cursos de capacitação e profissionalizante, durante o período de entressafra, os trabalhadores rurais da fruta recebem um auxílio financeiro de até R$ 232,50 (complementar ao Bolsa Família).


Cidadania

Escola de formação para

moradores de rua A Universidade de Brasília (UnB) lançou um novo programa de extensão voltado para o atendimento aos moradores de rua. A Escola de Formação Permanente para o Protagonismo do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPSR) vai orientar catadores e moradores de rua sobre seus direitos, além de fornecer apoio a outros movimentos sociais. A iniciativa é da pesquisadora Rose Barboza, uma das coordenadoras do projeto, em parceria com a professora Maria Lúcia Leal, do Departamento de Serviço Social (SER). O projeto visa fortalecer a luta da população que vive nas ruas pela democratização do acesso a seus direitos tanto nas esferas governamentais como na sociedade civil. O processo de construção dos debates é baseado no Método Paulo Freire, no qual o objetivo é que a experiência das pessoas seja utilizada como forma de conteúdo nas aulas, oficinas e nos debates. “Há também espaço para que elas possam discutir direito, políticas públicas como mora-

dia, saúde e educação”, explicou Rose.

Desigualdade Segundo a pesquisadora, a motivação do projeto em Brasília é justamente por ser um dos lugares no Brasil onde há maior desigualdade. Atualmente, o projeto auxilia 20 pessoas do MNPSR e organiza encontros quinzenais nos campi da Universidade. “Queremos mudar um pouco essa ideia de um público refém do assistencialismo. São cidadãos que possuem direitos que devem ser respeitados”, ressalta. O projeto tem a parceria do Núcleo de Estudos da Infância e da Juventude (Neij), do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), do Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Violes) e do Departamento de Serviço Social (SER), em parceria com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR). Em princípio, o projeto funcionará até o final de 2013.

“Estamos articulando e mobilizando, dentro e fora da UnB, a possibilidade de um colegiado que possa se responsabilizar pela permanência da escola de formação”, explica a professora e coordenadora do projeto, Maria Lúcia Leal, ressaltando que a iniciativa precisa captar novos parceiros, “pois cidadania não se resume ao campo do assistencialismo”.

A escola vai orientar catadores e moradores de rua sobre seus direitos

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Cidadania

Fábrica Escola

para detentos e ex-detentos

Premiado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o Selo Começar de Novo, o Projeto Fábrica Escola, realizado em Fortaleza com o objetivo de promover a reassocialização de presos e ex-detentos, está disseminando uma noção muitas vezes esquecida – ou até mesmo ignorada – pelos presidiários: a cidadania. O projeto funciona de segunda a sábado e reúne apenados, ex-detentos e seus familiares, todos focados em um mesmo objetivo: começar uma nova vida. Durante todo o dia, eles participam de aulas de alfabetização, educação moral e religiosa, informática, noções de empreendedorismo, educação física e até gestão financeira. Segundo o supervisor do projeto, professor Vicente de Paula Pereira, a proposta idealizada pela Fundação Deusmar

Queirós não se limita a preparar presos e ex-presos para o mercado de trabalho. “Queremos matar o criminoso e salvar o homem que existe dentro deles”, diz o professor sobre seus alunos, entre eles ex-traficantes, homicidas e assaltantes. Para tanto, as atividades realizadas reforçam aos participantes do projeto que eles são cidadãos, com direitos e deveres. Uma das obrigações é a limpeza das instalações da Fábrica Escola. Os relacionamentos sociais dos alunos também são valorizados durante o cotidiano com dinâmicas de grupo que envolvem suas respectivas famílias. “Aqui eles não são tratados como coitadinhos, são conscientizados de que cometeram um crime contra a sociedade, mas agora recebem uma segunda chance da

própria sociedade”, explica o professor.

Parceiros Os detentos também desfrutam de momentos de lazer e fortalecem a convivência familiar. “Graças a um convênio que fizemos com um clube da cidade, levamos nossos alunos e seus familiares para passar um dia de lazer. Isso os ajuda a voltar a se sentir parte de uma família, assim como contribui para que a família volte a aceitá-lo”, ressalta o professor. Outras parcerias também viabilizam a capacitação profissional. Uma empresa do ramo de materiais elétricos paga 3/4 de um salário mínimo aos alunos que fabricam componentes em uma linha de produção dentro da Fábrica Escola. Outros dois parceiros do ramo do artesanato remuneram por cada peça produzida em uma das oficinas que ensinam a confeccionar bijuterias e cabaças.

As atividades reforçam aos participantes que eles são cidadãos com direitos e deveres 20


Esporte

Pedalando

com deficientes visuais da autoestima, inserção em diferentes meios esportivos e oportunidades de maior integração social. Para os condutores, a experiência é uma relação de confiança total. “Ao ser conduzido em uma bicicleta, os deficientes visuais confiam plenamente nos seus condutores e essa relação de confiança costuma favorecer o contato afetivo e a parceira entre eles”, ressalta a coordenadora. Para o novato que nunca pedalou, a aventura começa com um “testbike” na tandem – tipo de bicicleta com dois ou mais assentos. O ritmo da trilha é leve e tem a duração de uma hora.

Voluntariado

O prazer de pedalar com deficientes visuais em

bicicletas duplas (tandem) não tem preço. Esse é o sentimento dos participantes do projeto DV na Trilha – Deficiente Visual na Trilha –, uma ação social que promove a prática do ciclismo e já reúne cerca de 100 pessoas, entre voluntários e ciclistas. O grupo é formado por pessoas que compartilham com os deficientes visuais a paixão de pedalar em trilhas, passeios e competições. Atualmente, vinte deficientes participam do projeto ao lado de condutores voluntários. Os encontros acontecem aos sábados, quinzenalmente, no espaço de educação ambiental do Jardim Botânico de Brasília, onde as duplas se encontram, conversam, ajustam as bikes e partem para o passeio. Segundo a coordenadora do projeto, Simone Fernandes Cosenzas, a iniciativa traz uma série de benefícios aos participantes. Para o deficiente visual, a melhoria na qualidade de vida, aumento

O projeto é mantido com a venda de camisetas e a colaboração voluntária de ciclistas e empresas. A preparação física dos atletas que participam de competições é disponibilizada gratuitamente por uma academia da cidade. Uma panificadora oferece lanches para os participantes em todos os encontros do grupo. Novos voluntários são sempre bem-vindos. E existem muitas formas de contribuição. É possível ajudar na logística do lanche, na segurança ou na manutenção das bikes. Intérpretes de LIBRAS podem ajudar na comunicação, pois existem deficientes que possuem surdez associada.

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Ação social

Profissão:

bombeiro

A atuação do Corpo de Bombeiros em benefício

da sociedade não se limita ao trabalho cotidiano de prevenir, combater incêndios, salvar vidas e patrimônios. A corporação também desenvolve projetos sociais como o Bombeiros nas Escolas, a Escolinha Comunitária e o Bombeiro Amigo do Peito. Além do apoio oferecido às comunidades, a corporação também presta auxílio aos próprios bombeiros através do Centro de Assistência Social (CAS). O “Bombeiros nas Escolas” ensina aos estudantes o que fazer para evitar um incêndio, mostrando que pequenos cuidados são capazes de evitar grandes catástrofes. Realizado em vários estados do Brasil, o projeto procura despertar nos jovens a importância da prevenção. Nas aulas, as crianças aprendem a utilizar o extintor de incêndio e a adotar

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medidas preventivas, de modo a evitar vários tipos de acidentes domésticos e vazamentos de gás. As palestras também orientam os estudantes sobre os prejuízos e consequências dos trotes recebidos pelo Corpo de Bombeiro. Segundo estatísticas oficiais, grande parte desses telefonemas é realizado de telefones públicos instalados dentro ou próximo de escolas. Em Pernambuco, a corporação mantém um site especialmente criado para as crianças, o QuartelGeneral. Com um design divertido e linguagem simples, o site traz informações sobre o Corpo de Bombeiros, suas atividades e atuação. Também reúne dicas sobre prevenção de incêndios e ainda permite que as crianças façam um teste para saber se aprenderam a lição.


Assistência social

Escola comunitária O Centro de Ensino e Instrução dos Bombeiros de Pernambuco também abriga uma escola comunitária que oferece ensino gratuito a meninos de comunidades carentes. A escola atende 30 alunos, que, para fazer parte da iniciativa, passam por uma pesquisa socioeconômica, tendo prioridade aqueles com renda menor. Além da grade curricular comum, os alunos têm aulas de teoria musical, recebem atendimento odontológico e fardamento, praticam exercícios físicos e esportes, participam de atividades culturais e de lazer, realizam as refeições no quartel e aprendem noções básicas sobre a prevenção de acidentes. As turmas iniciam na 1ª série do Ensino Fundamental e recebem material didático da Secretaria de Educação. Ao término da 4ª série, novos alunos entram na escolinha, multiplicando a contribuição da corporação no crescimento educacional de crianças carentes e na formação da cidadania.

Leite materno Como se não bastasse, várias corporações adotaram o Projeto Bombeiros Amigos do Peito, que garante o aleitamento materno para crianças prematuras em UTIs neonatais ou que, por algum motivo, estejam precisando desse alimento. A iniciativa, iniciada há quase 15 anos no Distrito Federal, se espalhou por todo o Brasil

O CAS é o departamento responsável pela promoção de convênios e benefícios que atendam à necessidade coletiva ou individual dos bombeiros ativos, inativos e seus dependentes. Entre os programas desenvolvidos pelo Centro, destacam-se as parcerias com livrarias, plano de saúde e convênios para financiamento de casa própria e aquisição de material de construção. Também são realizados o Programa de Cesta Básica, para compra com desconto posterior na folha de pagamento, e outros benefícios, como o Kit Enxoval, o plano Condução de Pacientes e Dependentes e assistência jurídica, psicológica, odontológica e o auxílio funeral.

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Ação social

e hoje é quase uma “marca registrada” do Corpo de Bombeiros. Os bombeiros envolvidos neste projeto recebem aulas teóricas e práticas sobre aleitamento materno nos hospitais estaduais e municipais. Depois de coletado, o alimento é encaminhado aos bancos de leite para ajudar a salvar vidas.


Empreendedorismo

Empreendimento social

como indutor do

desenvolvimento local Um empreendimento social bem estruturado pode contribuir, e muito, para a promoção do desenvolvimento local e do bemestar da comunidade. A importância deste tipo de empreendimento realizado por organizações sem fins lucrativos foi constatado em estudos realizados pela pesquisadora Monica Bose, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, em sua tese de doutorado. O estudo envolveu três empreendimentos sociais: a Aliança Empreendedora, criado em Curitiba, a Rede Interação e o Fundo Zona Leste Sustentável, criados em São Paulo. A Aliança Empreendedora tem como objetivo auxiliar na capacitação e formação de catadores de lixo cooperados, por meio de cursos e assessorias. A Rede Interação investe na urbanização de áreas precárias, trans-

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formando a realidade do local. O Fundo Zona Leste Sustentável visa fortalecer a economia local (no caso, a região de São Miguel Paulista, na zona leste da cidade) e mobiliza recursos para movimentação dos negócios na região. “Estudei as teorias sobre o desenvolvimento social e sobre o desenvolvimento local para fundamentar esse estudo e estabelecer um diálogo sobre a questão do desenvolvimento e do empreendedorismo social”, explica a pesquisadora.

Aperfeiçoamento A pesquisa apontou que, embora os empreendimentos sejam distintos e com abordagens diferentes, as iniciativas chegam a resultados parecidos. Nos três casos, o indicador mais evidente foi na esfera da riqueza material.

Todos trouxeram ganhos significativos, seja na geração de empregos, no aumento da renda ou no poder de consumo das pessoas que participaram dos empreendimentos estudados. Já a promoção do bemestar social foi relativa, dependendo do foco de cada iniciativa, pôde ser mais direta ou indireta. Todos os empreendimentos sociais estudados apresentaram metodologias eficientes e bem estruturadas, o que revela boas condições de atingir os objetivos. No entanto, a pesquisa também constatou que alguns pontos ainda precisam ser aperfeiçoados para ampliar a participação popular e o público atendido pelas oportunidades oferecidas. Segundo a pesquisadora, esses empreendimentos estão se tornando cada vez mais profissionalizados e gerando impactos socais extremamente positivos.


Empreendedorismo

Produção de peixes

em penitenciárias

Detentos das unidades administradas pela Secreta-

ria Estadual de Administração Penitenciária do Rio do Janeiro (SEAP-RJ) vão aprender e desenvolver técnicas de cultivo de peixe. Realizado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura em parceria com a SEAP e com a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), o projeto vai treinar e capacitar os detentos para o trabalho com a piscicultura, em especial de peixes ornamentais. A participação de cada parceiro já está definida. O SEAP vai disponibilizar as áreas onde serão implantadas as unidades demonstrativas de piscicultura nas penitenciárias. O Ministério, em conjunto com a Universidade, vai elaborar projetos técnicos destinados ao aprimoramento da atividade. Além de criar uma alternativa de emprego, renda e reinclusão social dos detentos, os participantes serão beneficiados com uma redução da pena prevista, já que para cada três dias trabalhados há uma diminuição de um dia na pena.

Exemplo mineiro O projeto carioca será executado nos mesmos moldes do que vem sendo realizado há dois anos em Minas Gerais, mais especificamente na penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Lá, a parceria entre a Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura em Minas Gerais (SFPAMG), a Secretaria Estadual de Defesa Social (SEDS) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também tem promovido a capacitação técnica dos detentos para a produção de peixe. Todo pescado produzido é destinado às entidades beneficentes, como creches, escolas, asilos e entidades não governamentais (ONGs) cadastradas no Banco de Alimentos do município, conforme indicação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-MG). O objetivo é garantir uma alimentação de qualidade à população que mais necessita.

O projeto cria uma alternativa de emprego, renda e reinclusão social dos detentos

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Economia criativa

Renda-se ao talento do artesanato brasileiro

Não faz muito tempo que os bordados, crochês, rendas e fuxicos deixaram de ser hobby da vovó e viraram um negócio social. A arte de manusear e transformar linhas, fios e fibras vegetais em produtos exclusivos e originais rompeu fronteiras, abriu novos mercados e ganhou papel de destaque na moda e na decoração. São colchas, almofadas, enxovais, vestuário, bolsas, acessórios e muito mais. A criatividade e a qualidade do “feito a mão” brasileiro agora é produto de exportação, reconhecido e cobiçado em vários países do mundo. Brevemente, milhares de peças de artesanato das mais

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variadas formas, cores e materiais poderão ser apreciadas e adquiridas na III Feira de Artesanato e Renda (Renda-se), que acontece entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro, no Pontão do Lago Sul, em Brasília. Uma excelente oportunidade para o brasiliense conferir o rico artesanato produzido pelos artesãos brasileiros. O Renda-se vai expor trabalhos premiados e já exportados de associações e grupos de rendeiras e bordadeiras de diversos estados brasileiros que trabalham a inserção social e a inclusão no mercado de trabalho através do artesanato. No espaço “Saber fazer”, os visitantes poderão inte-

ragir com os artesãos e conhecer, in loco, as diversas técnicas utilizadas por esses artistas da mão na produção de peças de madeira, cerâmica e outras matériasprimas. A programação também inclui shows, palestras, gastronomia regional e rodadas de negócios.

Economia criativa Mais do que uma feira de artesanato, o Renda-se é um espaço de inclusão social e de fortalecimento da economia criativa, idealizado para aumentar a visibilidade da nossa identidade cul-


A criatividade e a qualidade do “feito a mão” brasileiro agora é produto de exportação 27

Economia criativa

tural, universalizar estratégias de comercialização e distribuição de artesanatos e gerar novas alternativas de renda para os artesãos. “O artesanato com fios promove a preservação de nossa cultura, a inserção da mulher e seus familiares em atividades produtivas, além de estimular o cooperativismo e a permanência da artesã na sua comunidade”, observa Renata Hargreaves, do Instituto de Educação, Esporte, Cultura e Artes Populares (IECAP), organizadora do evento conjuntamente com Stella Guerra. Os objetivos são grandiosos e as metas também: inserir a feira no calendário nacional de eventos comerciais e torná-la referência na promoção do artesanato brasileiro. Os primeiros passos já foram dados. Em 2011, o espaço expôs 30 projetos e recebeu 1.200 visitantes; em 2012, foram 56 projetos e 5.700 visitantes. Este ano, a terceira edição do Renda-se reunirá 60 expositores, sendo 30 do Distrito Federal e 30 artistas, associações e cooperativas de vários estados do país. Entre eles, a Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora de Sergipe; a Associação de Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas do Rio Grande do Norte, a Associação de Artesãos Mãos de Aparecida de Goiás, os programas de artesanato da Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão, Alagoas, Paraná, Santa Catarina, Piauí e São Paulo, e o projeto Mãos Que Criam, do Distrito Federal. A arte do bordado já é quase uma tradição em Brasília. Nos últimos seis anos, as bordadeiras do Distrito Federal foram premiadas três vezes com o Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato pela técnica e qualidade dos produtos confeccionados nos pontos cheio, cruz e corrente, entre vários outros que entrelaçam almofadas, colchas, guardanapos e sachês. A feira é aberta ao público e o número de visitantes nesta terceira edição vai depender de você. Renda-se ao talento e à criatividade do artesanato brasileiro.


Sustentabilidade

Projeto Pomar dá bons frutos sociais O Pomar Caseiro foi aprovado em 2009 e os primeiros recursos foram liberados no início de 2010, quando iniciaram os trabalhos de preparação das terras onde foram implantados os pomares caseiros. Cerca de R$ 90 mil foram aplicados nas duas áreas indígenas.

Mococa

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Foto: Mariany Martinez

O

projeto Pomar Caseiro, desenvolvido pela Associação Viva Vida Amambaí (AVVA), melhorou as condições nutricionais das famílias indígenas das aldeias Amambai e Jaguari, localizadas no município de Amambai, Mato Grosso do Sul. No total, foram beneficiadas 98 famílias, cerca de 400 pessoas nas duas comunidades. Nas duas localidades foram plantadas 3.871 mudas frutíferas em 98 pomares. Além das mudas, cada família recebeu um kit de manutenção composto por ferramentas, caixa d’água, uma carriola, adubo, calcário e assistência técnica. O projeto foi viabilizado com recursos oriundos do Ministério do Meio Ambiente, através da Carteira Indígena, com subvenções do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e através das parcerias efetivadas com a Associação Francisca Divina Providência, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Agraer e voluntários da AVVA.

Em Mococa, no nordeste de São Paulo, um projeto que incentiva o plantio de pomares nas escolas está deixando o município mais verde. Mudas de 39 espécies de árvores frutíferas estão sendo plantadas em 17 escolas públicas. A iniciativa é uma parceria entre a ONG municipal Olho d’Água e outra dos Estados Unidos, que doou cinco mil mudas. Os alunos colocam a mão na terra e cuidam do pomar. Eles aprendem a lidar com a enxada e o regador e como cultivar. Muitas das espécies de árvores doadas são conhecidas, como abacate e graviola, mas outras, como nêspera e jerivá, são estranhas aos jovens estudantes. O professor de biologia Roberto Ferreira aprovou a iniciativa da ONG. “O projeto é uma oportunidade de aprender um pouco mais sobre as espécies nativas e reflorestamento”, ressalta.


Intercâmbio

Terapia do canto

para asmáticos

A terapia do canto adotada pelo hospital londrino Real Brompton pode ganhar o mundo e ajudar milhares de pacientes com problemas pulmonares. Desde o início do ano, o hospital passou a oferecer aulas de canto e exercícios vocais para pessoas com problemas pulmonares e de respiração, como asma, enfisema ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Segundo a agência de notícias Associated Press, a ideia surgiu após médicos da instituição constatarem que técnicas de respiração adotadas por cantores poderiam ajudar os pacientes. “Como muitas pessoas gostam de cantar, pensamos em algo que poderia ajudar os pacientes a adotar métodos de controle da respiração, algo agradável e positivo, em vez de apenas praticar a fisioterapia padrão para esses problemas”, afirmou o médico Nicholas Hopkinson, especialista em problemas pulmonares do Hospital Real Brompton. Os pacientes da “terapia do canto” reúnemse semanalmente e contam sempre com um professor especializado nas aulas. Alguns especialistas, como Norman Edelman, chefe do setor médico da Associação Pulmonar Americana, consideraram a terapia válida, apesar de incomum. Para ele, há um fundo racional na ideia do projeto, já que o controle de respiração utilizado no canto pode ajudar na execução de inspirações profundas e na sincronia de cada expiração.

Polêmica A terapia do canto não é um consenso entre os especialistas. Para a porta-voz da Sociedade Britânica de Fisioterapia, Julia Bott, o novo método não deve substituir tratamentos tradicionais. Mas é importante que os pacientes aprendam exercícios que podem ajudar a melhorar seu quadro clínico. Ela ressalta que outras atividades, como yoga e tai chi chuan, possuem técnicas de respiração similares aos exercícios de fisioterapia aplicados em pacientes com problemas de pulmão e podem ser uma alternativa mais viável do que a terapia do canto.

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Mobilização

Mutirão de microlixo em Guarujá

O Mutirão do Microlixo já está virando uma tradição em Guarujá, no litoral paulista. Realizado com o apoio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a iniciativa mobiliza a população local para recolher resíduos pequenos – como papéis de bala, bitucas de cigarro, chicletes, cacos de vidro e embalagens de produtos. Promovido pela prefeitura municipal, a mobilização evita que esses materiais tóxicos e gerados em grande volume acabem afetando o meio ambiente por meio da própria natureza (marés, ventos, chuvas). Por isso, é necessário um trabalho mais detalhado, como desenterrar esses resíduos da areia. O primeiro esquadrão de limpeza, realizado no início do ano na Praia do Tombo, recolheu, em cerca de três horas, milhares de pequenos detritos, entre 11.250 bitucas de cigarro, 447 canudinhos de plástico e 168 palitos de sorvete. Todo material recolhido foi pesado, medido e catalogado, e serve de base para pesquisas e educação ambiental.

A conscientização da população em não jogar objetos nas areias e vias públicas é de fundamental importância para a preservação do meio ambiente. Os resultados obtidos por programas de educação ambiental mostram que a preservação da natureza e o respeito ao espaço público dependem muito da mobilização social e da participação popular.

Microlixo O microlixo é um tipo de resíduo formado por pequenos itens, mas

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que em sua maioria são gerados em grande volume, e cujo destino acaba sendo os rios e praias da região. O microlixo nas areias das praias altera a cadeia alimentar de seres habitantes do meio, causando a morte de moluscos, aves e peixes, além de afetar a balneabilidade. Para humanos, o longo tempo de decomposição desses materiais também aumenta o risco de doenças de pele, conjuntivites e verminoses. Para se ter uma ideia, itens como embalagens plásticas (sacolinhas) e metais (latinhas de refrigerantes e cervejas), facilmente encontrados nas areias das praias, levam entre 100 e 500 anos para se decompor.


Transformar espaços públicos em “livros-vivos” para incentivar a leitura de crianças e jovens. Desenvolvido pela Editora Evoluir Cultural, o projeto Contos de Fadas Urbanos mobiliza estudantes, comunidade e artistas locais para contar histórias em muros de escolas, casas e bibliotecas. O projeto-piloto abrange quatro bairros de São Paulo e do Rio de Janeiro que já estão produzindo os livros urbanos. No Rio de Janeiro, na comunidade de Santo Antônio, em Duque de Caxias, os primeiros livros urbanos já estão saindo do papel para os muros. Somente no bairro carioca, 492 alunos, entre 10 e 15 anos, da escola Hervalina Diniz, estão trabalhando três contos específicos: O Toque de Midas, A Caneta da Realidade e Contos de Fadas Express. Em sala de aula, os estudantes não apenas são estimu-

lados a ler os textos como também participam de oficinas de pintura e de desenho ao menos uma vez por semana. Em São Paulo, o projeto é realizado nos bairros do Campo Limpo – em parceria com escolas locais –, e na Vila Madalena – em parceria com o projeto Quixote. As primeiras intervenções começaram este mês e seguirão até o fim de agosto. As atividades acontecem como estímulo à elaboração dos desenhos que inspirarão os grafiteiros profissionais a criarem os livros urbanos.

Contos de Fadas “Essa é a nova maneira que idealizamos para levar o livro para o espaço público, para reunir a comunidade e integrá-la à leitura e à literatura”, afirma Gabriele Valente,

idealizadora do projeto. Segundo ela, o projeto também atua como uma proposta de revitalização do espaço público. “É uma maneira de estimular pessoas a cuidarem mais do ambiente onde vivem”, diz. Os textos expostos fazem parte de uma coleção de seis livros inéditos, chamada Contos de Fadas Modernos, do escritor David Nordon. As publicações, que não contêm ilustrações, estão ganhando uma nova roupagem com os desenhos elaborados e executados com a ajuda de voluntários e parceiros locais. O trabalho de pintura é realizado nos finais de semana, sempre acompanhado de outras oficinas de música, dança, folclore e literatura. Na segunda etapa do projeto, os livros serão impressos e distribuídos para 18 mil estudantes das comunidades participantes.

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Inovação

Literatura nos muros


Capacitação

Apoio e financiamento para

negócios sociais O IV Concurso de Negócios Sociais NESsT Brasil vai premiar empreendedores, empresas e organizações sem fins lucrativos que oferecem produtos ou serviços que resolvam problemas sociais. Os selecionados receberão apoio técnico e financiamento para o lançamento ou desenvolvimento da sua iniciativa. Nesta edição, o foco são os projetos com impacto em inclusão no mercado de trabalho para pessoas com deficiências, jovens em situação de risco e minorias étnicas; geração de renda para artesãos, pequenos agricultores e outros produtores marginalizados de baixa renda que precisam de acesso ao mercado; e tecnologias acessíveis que ofereçam soluções tecnológicas para comunidades de baixa renda, melhorando o acesso à educação e/ou qualidade de vida.

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Ao longo de oito meses, quinze candidatos selecionados receberão capacitação para o desenvolvimento de um plano de negócios por meio de workshops e consultorias individualizadas em temas como pesquisa de mercado, marketing, operações, finanças, riscos, impacto social, entre outras.

Portfólio Ao final do processo, a organização premiará até três negócios sociais com investimento financeiro inicial de até R$ 40 mil para o desenvolvimento de seu negócio, além do convite para integrar o Portfólio de Incubação NESsT e receber apoio contínuo. Segundo a diretora da NESsT Brasil, Renata Truzzi, a metodologia do concurso consiste em oferecer capacitação gerencial

e investimento para um portfólio de negócios sociais com o objetivo de aumentar seu impacto social e sustentabilidade financeira nas áreas de planejamento, incubação e escala. “Acreditamos que o apoio aos três estágios de desenvolvimento do negócio é essencial para se atingir maior impacto”, ressalta. Entre os projetos que já fazem parte do portfólio está a Bem TV, produtora de vídeo e fotografia cujo objetivo é auxiliar as organizações da sociedade civil a divulgarem melhor seus programas e resultados; e A Banca, que oferece programas extracurriculares para alunos por meio dos quatro elementos do Hip Hop (rap, DJ, break e grafite), criando o intercâmbio cultural social entre escolas públicas e privadas.


Cultura

Arte no

Sensibilizar

canteiro

os operários da construção civil para a importância da segurança nos canteiros de obras. Esse é o objetivo do projeto “Arte no Canteiro”, espetáculo que leva personagens criados a partir de objetos comuns na construção civil, como carrinho de mão, balde, caçamba, pá e desempenadeira, para encenar uma série de situações que levam os operários a refletir sobre a segurança em suas próprias rotinas de trabalho. Realizado pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e idealizado por Lina Rosa, diretora de Criação da Aliança Comunicação e Cultura, a peça é encenada pelo grupo de teatro paulista XPTO e retrata os problemas de segurança encontrados diariamente nos canteiros, com uma abordagem humana e leve. Segundo o diretor do espetáculo, Osvaldo Gabrieli, a intenção é educar por meio da diversão. A iniciativa surgiu a partir da percepção e preocupação

com o aumento do número de acidentes com os trabalhadores da construção civil, setor que mais emprega no país. Na apresentação, são focadas questões como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e o manuseio dos materiais dentro da obra.

Grátis A ação, que visa combater os principais problemas nesta área de trabalho, tem também como foco o controle ao desperdício de materiais e o cuidado com o meio ambiente. As apresentações são gratuitas

e as construtoras interessadas em receber a iniciativa podem agendar o espetáculo por meio da Gerência de Cultura do SESI. O Grupo XPTO tem um histórico expressivo dentro do panorama teatral nacional e internacional. Com 24 anos de carreira, o grupo se apresentou em praticamente todas as capitais brasileiras e também no exterior (Argentina, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Espanha, França, Portugal, Iugoslávia e Hong Kong) e recebeu importantes prêmios do teatro brasileiro, como o APCA, Mambembe, Shell e Panamco, entre outros.

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Artigo

Versatilidade e benefícios ambientais do

alumínio

Com o rápido crescimento de países como China, Índia, Brasil e outras economias emergentes, tem ficado cada vez mais claro que a ecoeficiência – redução dos impactos negativos causados pelas operações atuais – não será suficiente. Em vez disso, teremos que passar para uma fase ‘além do ecológico’. Reinventar as indústrias por meio da regeneração, da reutilização e da reciclagem. Como o alumínio é infinitamente reciclável, é a melhor escolha de material para equilibrar a demanda de uma economia crescente com a necessidade de preservar o ambiente. Também devemos levar em consideração os diferentes impactos de sustentabilidade do fornecimento de alumínio primário da bauxita extraída, ou do alumínio reciclado, tanto de fontes pré como de pós-consumo. A fase de matéria-prima do ciclo de vida do produto de alumínio é onde atualmente vemos a maior oportunidade para melhorias de sustentabilidade por meio da reciclagem. A reciclagem de alumínio requer 95% menos energia e produz 95% menos emissões de gases do efeito estufa que a fabricação de alumínio primário. No entanto, mesmo quando alcançamos nossa meta de 80% de reciclados, continuamos utilizando matérias-primas primárias, embora a um nível significativamente mais baixo. Isso significa que precisamos considerar os impactos de toda a produção de alumínio primário e reciclado para realmente ter uma abordagem de ciclo de vida. Desde a primeira produção industrial de alumínio, nos anos 80, 75% de um total estimado em 900 milhões de toneladas de alumínio produzido ainda se encontram em uso nos dias atuais. Embora, em partes,

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isso se deva à reciclagem, há também o fato de o tempo de uso previsto para alguns produtos de alumínio poder ser de várias décadas. Cerca de 32% do alumínio ainda em uso estão empregados na forma de edifícios, e 28% em produtos de transporte, tais como carros, caminhões, trens e navios. Isso se soma ao nosso desafio quando se trata de recuperar os resíduos pós-consumo. Em todo o mundo, cerca de 70% de todas as latas de alumínio são recicladas, tornando-as o produto de embalagem mais reciclado do mundo. Como o alumínio pode ser infinitamente reciclado, ele pode ser reutilizado em aplicações diferentes de seu objetivo anterior e também pode voltar à sua forma original. Essas propriedades tornam o alumínio o material ideal para uso em aplicações de alta qualidade, mesmo depois de ter sido reciclado muitas vezes. Por exemplo, um fachada de prédio com 50 anos de idade pode ser reciclada para o alumínio necessário para um bloco de motor de um novo carro sem perda de qualidade e uma lata de alumínio reciclada pode estar de volta às prateleiras de supermercados em apenas 60 dias. Contudo, ainda há muito o que melhorar. O setor está comprometido com a reciclagem do alumínio, levando em consideração a conservação de energia e a proteção de recursos naturais. A Novelis está focada em aumentar a reciclagem no fim da vida útil de nossos produtos em parceira com outras partes interessadas na cadeia de produção e reciclagem de alumínio em âmbito mundial. Autor: Novelis - Líder mundial em laminados e reciclagem de alumínio.




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