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REDES NEuTRAS:
a competitividade vai além da infraestrutura
A chegada de mais fornecedores provendo redes neutras e a expansão da fibra ótica impõem desafios às empresas de internet. Enquanto o cenário se consolida, as prestadoras de serviços terão de entender como esse novo modelo impacta seus negócios.
A EXEMPLO DA TELEFONIA MóVEL, há alguns anos, o mercado de internet fixa está prestes a passar por uma revolução, como ocorreu com as operadoras quando venderam suas torres. A forte entrada das companhias de infraestrutura de fibra irá mudar a forma como as empresas de internet se posicionam frente ao cliente e competem entre si. Se – ou quando – a presença da rede física não for mais um diferencial, o escopo de trabalho das prestadoras de serviços ficará centrado nas aplicações, na experiência do cliente e no desenvolvimento de novos produtos.
Especialistas apontaram que o caminho será longo até as chamadas redes neutras se expandirem a ponto de terem capilaridade suficiente para levar as prestadoras de serviços de telecomunicações a reverem suas estratégias. Isso porque um dos diferenciais das pequenas prestadoras é instalar redes, justamente, nos locais menos atraentes às grandes operadoras.
No entanto, as empresas de internet já se deparam com esses novos fornecedores. E isso pode representar para elas tanto uma alternativa interessante, inclusive de capitalizar vendendo suas redes, quanto um aumento de concorrência, já que os operadores de redes neutras facilitam o ingresso de novos players, pois derrubam uma grande barreira de entrada, que é o investimento em construção de infraestrutura. Diante dessa encruzilhada, qual caminho seguir?
Andre Kriger, CEO da FiBrasil, avalia que, na perspectiva das prestadoras de serviços de internet, há os que veem como uma superoportunidade e outros, como ameaça. “É uma oportunidade, um jeito de aumen-
rAfAel MArquez V.tal
tar a cobertura do provedor de internet sem fazer grandes investimentos e sem fazer licenciamento de postes ou se preocupar com o campo. Os provedores de internet que veem isso como oportunidade têm foco no cliente, em criar pacotes e produtos diferenciados”, afirmou.
Já os que enxergam como desafio e ameaça, segundo ele, são, normalmente, empresas que possuem uma rede de altíssima qualidade, licenciada pelas elétricas. “É uma oportunidade ou um desafio, dependendo do estágio de maturidade do provedor de internet”, resumiu Kriger. Ele disse acreditar que o modelo de redes neutras vai facilitar a expansão da oferta no interior do País, já que as principais cidades e capitais estão cobertas. Agora, o natural é expandir para lugares mais distantes do centro. “A gente está muito focado em cidades pequenas e médias que não são tão bem servidas.”
Para Rafael Marquez, diretor de marketing da V.tal, o conceito de infraestrutura como serviço (IaaS, na sigla em inglês) é um modelo de economia compartilhada, que dispensa a posse de ativos e requer uma forma eficiente de gestão de recursos. “É uma grande viabilizadora de complemento de rede para os provedores de internet”, opinou.
Trata-se, segundo Kriger, da FiBrasil, de um movimento cauteloso, em que, independentemente da estratégia, ao entrar em uma nova cidade, quer seja com rede neutra ou própria, a empresa de internet precisa conhecer o negócio e identificar como se diferenciar. Para os players fora do mundo de telecomunicações, a cautela deve ser ainda maior.
GiGantes como âncoras
A V.tal conta atualmente com 400 mil quilômetros de rede de fibra ótica e presença em 2,3 mil municípios. São ainda 230 cidades com modelo de FTTH pronto. É, segundo Marquez, uma rede que dá à empresa de internet a opção de alugar e fazer ativação do cliente. São duas formas de comercialização: o modelo tradicional de atacado (transporte e capacidade) e, no mundo FTTH, um modelo de banda larga como serviço. Nesse último, a V.tal tanto oferece FTTH fim a fim, fazendo toda a conectividade para o provedor, inclusive a ativação no cliente, modem, network analytics e monitoramento, quanto entregando a fibra no poste, cabendo à prestadora de serviços fazer a ligação até a casa do cliente. “O sucesso do provedor vai ser o nosso sucesso também”, ressaltou.
“É uma alternativa interessante, porque não existe Capex para o provedor de internet e sabemos que o acesso ao capital é difícil. Contratando tudo, ele não precisa investir em rede. E temos toda uma integração para o sistema de gestão para o provedor”, completou o diretor de marketing da V.tal. Segundo Marquez, a companhia, que nasceu com a venda dos ativos da Oi e que hoje é controlada pelo BTG Pactual, tem cerca de 25 contratos assinados com empresas de internet em várias regiões brasileiras e de portes variados. A Oi é o cliente âncora da V.tal.
No caso da FiBrasil, quem está por trás é a Telefônica (Brasil e espanhola). A companhia começou com
1,4 milhão de casas passadas e tem hoje 2,8 milhões. Kriger não revelou nomes de clientes, mas disse que, além da Vivo, são mais de dez empresas de internet, entre os que almejam atuar em uma cidade específica, aqueles que querem alcançar o Brasil todo e novos entrantes.
A cobrança da FiBrasil é feita por cliente conectado. “Se o provedor de internet tem receita, a gente tem também. A gente monta a estratégia, formata o serviço e a precificação de acordo com a necessidade do provedor de internet. É um modelo flexível”, disse Andre Kriger.
A I-Systems, criada com a aquisição da FiberCo (TIM) pela IHS Towers em novembro de 2021, está focada em atender à crescente demanda por serviços de banda larga no mercado nacional, oferecendo serviços para prestadoras e operadoras, por meio do modelo de infraestrutura neutra. Conta com cerca de 70 mil quilômetros de fibra em sua rede secundária, abrangendo nove estados do Brasil e chegando a aproximadamente 6,6 milhões de domicílios passados (HPs) – dos quais 3,5 milhões em fibra até a casa (FTTH).
Daniel Cardoso, CEO da I-Systems, explicou que a companhia atua dentro do modelo de atacado puro, baseado no conceito de rede neutra de fibra. “Não atendemos a clientes finais, sejam B2C ou B2B, mas focamos em ISPs e operadoras nacionais ou regionais que desejam crescer nesses mercados, com menor time-to-market.”
Segundo Cardoso, “os ISPs desempenham um papel importante como agentes da transformação digital, levando conectividade a lugares antes inacessíveis, ampliando o alcance das tecnologias e conectando pessoas e empresas pela primeira vez à internet.” Ele destacou que as empresas de internet são, sem dúvida, parte do foco de mercado da companhia.
O modelo de negócios da I-Systems está alinhado com o conceito de rede neutra. Cardoso ressaltou que os clientes (prestadoras e operadoras) economizam o Capex necessário para expandir suas redes e pagam um valor por usuário conectado, além de taxas de serviço pelo uso dessa infraestrutura. “Se um dos nossos clientes necessitar da construção de uma nova rede para chegar a uma nova região, este ‘cliente âncora’ assume um compromisso mínimo quanto à utilização da rede e, em contrapartida, tem uso exclusivo durante os primeiros seis meses nessa região”, detalhou.
Outro operador de redes neutras, a American Tower do Brasil tem vários clientes de diferentes portes já operacionais. “Quando concebemos nosso modelo de rede neutra
dAniel CArdoso I-Systems
para o lançamento, em 2019, buscamos maximizar a eficiência do compartilhamento. A rede nasceu planejada para ser multioperadora, ou seja, com cada um dos elementos e arquitetura projetados para conceber múltiplas operadoras dos mais diversos portes”, disse Daniel Laper, diretor de novos negócios e IoT da American Tower do Brasil.
A companhia opera dentro de um modelo de rede ativo, que vai das OLTs (do inglês optical line terminals, ou equipamentos ópticos terminais), que ficam em estações nas cidades, até o poste ou edifícios, próximos das casas dos clientes finais. “Entendemos que esse é o modelo mais eficiente do ponto de vista de infraestrutura, pois permite o compartilhamento de postes, dutos, operação e manutenção, energia e até mesmo fibra, uma vez que o compartilhamento se dá no nível do feixe de luz”, completou.
Em 2018, a American Tower concluiu a compra de ativos da Cemig Telecom. Atualmente, conta com 24 mil quilômetros de rede de fibra óptica e, em 2019, lançou sua rede neutra FTTH, replicando o modelo bem-sucedido de compartilhamento de torres. Com seus 46 mil quilômetros de rede de fibra instalados, a companhia opera dentro de modelos de FTTH, FTTT (Fiber-to-the-tower) e atacado.
infraestrutura como commodity
Se, de um lado, ao contratar um operador de rede neutra, a prestadora de serviços não se preocupa, por exemplo, com a manutenção e evolução da rede, de outro, está usando uma infraestrutura que pode ser usufruída por concorrentes. A competição ficará nos diferenciais que ela agregar e no atendimento ao cliente.
É um movimento parecido com o que ocorreu, no passado, com as torres. “Não era ali que as telecoms iam competir. Era mais inteligente sob a ótica financeira não competir
dAniel lAper American Tower do Brasil
ali [nas torres]. No mundo de provedor de internet, o nascimento das redes neutras leva para o mesmo raciocínio. Você vai ganhar o jogo na prestação de serviço para o cliente”, defendeu Rafael Marquez, diretor de marketing da V.tal.
No entanto, ele mesmo reconhece que, ainda que simplifiquem a vida das empresas de internet, por serem neutras e compartilhadas, essas redes de fibra ótica estão amplamente acessíveis e diminuem a barreira de entrada para novos competidores. É o caso da Obvious, que partiu do zero e contratou a V.tal para ofertar serviços de banda larga fixa. “O cenário do setor já mudou e há modelos novos que vieram para ficar e para democratizar mais o acesso à infraestrutura. Ganha o jogo quem tiver melhor serviço”, enfatizou Marquez.
Na mesma linha, Paul Sassine, CEO da Ava Telecom, disse que as redes neutras serão um movimento natural, assim como se passou com as torres na telefonia móvel. “Sem os pequenos provedores de internet não haveria internet no interior do Brasil. Hoje, as cidades têm bastante redes graças a eles. Mas só faz sentido ter rede própria onde estão sozinhos”, avaliou o CEO, explicando que a infraestrutura é diferencial competitivo quando as prestadoras chegam com as redes e não são mais uma.
A Ava Telecom tem cerca de 70 clientes na base e trabalha com a meta de alcançar cem e dobrar a extensão de sua rede. “Nós só vendemos para B2B e cobramos por tráfego, vendemos a banda, que é diferente de quem faz a última milha, que cobra por cliente. O ISP contrata a banda e se preocupa com a última milha”, explicou Sassine. Mas ele alertou: “as redes neutras vão fomentar a concorrência.”
Para Andre Kriger, da FiBrasil, estamos caminhando para um momento em que a infraestrutura passiva ótica é cada vez mais commodity, estando disponível para todos e com condições isonômicas de preços. Assim, a diferencia-
Momento para vender ativos?
O avanço das operadoras de redes neutras tem agitado ainda mais o movimento de fusão e aquisição (M&A) entre empresas de internet. À consolidação do mercado, com as prestadoras indo às compras, somase a oportunidade de elas venderem suas redes às operadoras de redes neutras.
A FiBrasil, de acordo com o CEO da companhia, Andre Kriger, tem interesse em comprar infraestrutura e analisa várias oportunidades. “Alguns provedores de internet entenderam que vão existir as ‘infraco’ e as ‘clientco’; e vão focar no que são bons, que é atender aos clientes. Vários têm nos procurado para entender que tipo de operação de M&A pode ser feita”, detalhou.
O mercado está bastante aquecido, com consolidação entre as prestadoras de serviços de internet e delas com as redes neutras. De acordo com Kriger, vai vencer a competição quem provê o melhor serviço, e nisso quem ganha é o cliente final.
Rafael Marquez, diretor de marketing da V.tal, disse que o DNA da companhia é construir e não adquirir infraestrutura pronta, mas acrescentou que “eventualmente não descarta avaliar algum ativo”. A aquisição poderia ser para chegar a lugares onde ainda não está. Mas ele lembrou que um dos conceitos da rede neutra é minimizar o conflito de muitas infraestruturas e que a sobreposição não faz sentido para o modelo.
O mercado de banda larga é descentralizado, fragmentado e liderado por um número de pequenos provedores de internet que cresce ano a ano, apontou Daniel Cardoso, CEO da I-Systems, acrescentando que a companhia analisa o cenário constantemente e considera possíveis aquisições, se fizerem sentido dos pontos de vista estratégico, técnico e de custo.
Já Paul Sassine, CEO da Ava Telecom, considera que a grande onda de consolidação já passou e que, provavelmente, vão coexistir prestadoras de serviços de internet, redes neutras e grandes empresas. “Não tem dinheiro para consolidar o mercado inteiro. Vão coexistir”, justificou. “As concessionárias já optaram por criar rede neutra e focar na parte de serviço, que é o que sabem fazer. O diferencial dos ISPs é o cliente; eles têm de se preocupar em atender ao cliente”, completou.
Demanda mais fraca
Muitas prestadoras de serviços de internet seguem instalando suas próprias infraestruturas, o que, na visão de entrevistados para esta matéria, faz sentido se no local não houver redes. Mas, segundo Celso Motizuqui, diretor de vendas para o Brasil da Furukawa, o segmento deu uma retraída, diminuindo as expansões de redes e focando mais em vendas.
Segundo ele, houve, no início de 2022, uma certa retração no mercado de empresas de internet quanto à compra de equipamentos para expansão de rede. “Na nossa leitura, há um movimento de fusão e aquisição que vem acontecendo de forma forte, com os fundos adquirindo diversos provedores de internet. Então, tem este movimento de fusão e aquisição, de aquisição por parte de fundos e o movimento de integração entre os provedores de internet, com eles se unindo para criar operações mais fortes”, afirmou. “Dentro disso, sentimos que muitos provedores de internet estão focando em rentabilizar os investimentos que foram feitos, em conseguir trazer mais clientes com as redes construídas.”
Para ter assinantes, é preciso fazer mais investimentos, mas existem dificuldades. O mercado está sofrendo, de um lado, com uma certa falta de equipamento GPON (sigla para Gigabit Passive Optical Network, Rede Óptica Passiva Gigabit) e, de outro, com os provedores de internet de médio e pequeno portes em compasso de espera para saber o que vai acontecer. “De maneira geral, muitos já programaram as entregas dos equipamentos, principalmente, focando na questão de aumentar as vendas e a base de assinantes. E tem um segundo movimento que é das operadoras avançando em cidades em que anteriormente elas não estavam. Fatalmente, está aumentando a questão da concorrência”, avaliou Motizuqui.
Já o CEO da WDC, Vanderlei Rigatieri, avaliou que as empresas de internet continuam sendo uma grande mola propulsora da implantação de fibra ótica no Brasil, porém, disse que a expansão está mais lenta que no passado. “Mas também imaginamos que as pessoas não terão duas conexões de fibra ótica em casa”, ponderou. “Sem os pequenos provedores de internet não haveria internet no interior do Brasil. Hoje, as cidades têm bastante redes graças a eles. Mas só faz sentido ter rede própria onde estão sozinhos.”
pAul sAssine Ava Telecom
ção está no portfólio de serviço, nas ofertas e em como se cria proposta de valor para os clientes.
Com pouco mais de três anos de operação comercial, a American Tower do Brasil observou que as redes neutras ativas têm um componente tecnológico importante, sendo um investimento de infraestrutura pensado para o longo prazo e considerando as evoluções tecnológicas.
“Outro ponto que observamos foi a importância de facilitar o processo de integração das operadoras à nossa infraestrutura. Toda a integração na nossa rede é feita através de APIs, que são interfaces e padrões que conversam com os sistemas e processos de cada operadora. Citando um caso prático, uma das nossas operadoras clientes em dois meses estava integrada e ativando seus primeiros clientes na nossa infraestrutura”, acrescentou o diretor de novos negócios e IoT da companhia, Daniel Laper.
Laper defendeu que “as redes neutras otimizam e racionalizam os investimentos no setor, naturalmente fomentando o compartilhamento de infraestrutura, o que evita a sobreposição de redes e, portanto, investimentos redundantes e ineficientes.” Sob a perspectiva das empresas prestadoras de serviços, ele argumentou que a utilização de redes neutras permite reduzir custos de Capex com a implementação de novas estruturas, ao mesmo passo em que possibilita direcionar recursos e esforços à melhoria da qualidade da prestação dos serviços de telecomunicação aos usuários finais.
“O modelo de compartilhamento favorece a expansão das redes de telecomunicações, servindo como um importante catalisador à expansão da conectividade e ao mesmo
VAnderlei rigAtieri WDC
tempo contribuindo para a eficiência dos investimentos do setor como um todo”, disse. Os investimentos da American Tower em redes de fibra óptica alcançaram a marca de perto de US$ 1 bilhão nos últimos quatro anos em países da América Latina e da África. O Brasil é um país-chave na estratégia da empresa.
Celso Motizuqui, diretor de vendas para o Brasil da Furukawa, disse que tem observado provedores de internet avaliando a questão da rede neutra como forma de expansão. “Em muitas cidades, temos visto dificuldades relacionadas aos postes e, quando se coloca a conta de investimentos no papel, ela favorece as redes neutras”, apontou. Na avaliação do diretor de vendas da Furukawa, apostar ou não em redes neutras versus manter infraestrutura própria depende de vários fatores.
“Alguns ISPs estão satisfeitos com o tamanho de empresa que eles têm; para outros, a rede, além de ser patrimônio, é o sonho da vida, e para estes é mais difícil deixar de ser empresa de engenharia para ser de prestação de serviço. Mas tem um grupo grande de provedores de internet que tem visão diferente, tem vontade de crescer, mas não tem condições. Para eles, o caminho de redes neutras é interessante, até porque a própria rede neutra pode conseguir disponibilizar e profissionalizar mais serviços”, justificou.
E há um outro fator a ser levado em consideração. Segundo Celso Motizuqui, as operadoras de redes neutras tendem a implantar de duas a três vezes mais rapidamente que as prestadoras de serviços de internet. “Isso também está fazendo os provedores partirem para esse modelo”, acrescentou, citando uma solução pré-montada de fábrica como um dos fatores que agilizam a implantação de redes a um custo menor que a fusão tradicional.
Já da perspectiva dos operadores de redes neutras, o diretor de vendas para o Brasil da Furukawa disse que a preocupação delas reside em conseguir, na mesma rede, prestar diversos serviços para diversos clientes e com demandas diferentes. “Até pouco tempo atrás, você tinha uma rede que chegava à sua casa e tinha de atender a uma empresa, a um prédio corporativo que precisava de um SLA diferente. A ideia agora é ter dentro da mesma rede a possibilidade de atender aos mais diversos serviços”, explicou.
O CEO da WDC, Vanderlei Rigatieri, é uma voz dissonante. Segundo ele, as redes neutras ainda estão muito associadas às operadoras âncoras. “Não estamos vendo muitos provedores aderindo em massa à rede neutra. É opção interessante, mas o que temos percebido é que o provedor de internet ainda está preferindo construir a sua rede, até porque existem opções para construir sem investimentos altos, como a WDC, que tem o BTS (built-to-suit)”, apontou.
Rigatieri disse acreditar que a rede própria vai ser sempre maior que a rede neutra, mas que os provedores de internet podem adotar a rede neutra para testar mercado, por exemplo, para verificar se entrar em uma determinada cidade é rentável ou não. “Posso ir com a rede neutra que está lá e testar meu serviço. Se for bom, posso pensar em construir minha rede depois.”
Outra possibilidade, segundo ele, é usar a rede neutra como uma extensão da infraestrutura própria. De qualquer maneira, assim como os outros entrevistados, o CEO da WDC disse que o conceito de rede neutra veio para ficar. •