CONEXÃO Revista eletrônica do Meio Ambiente - Cooeduba - 1º EM - 2011
EMBAIXADORES
DO MEIO AMBIENTE Relatos do programa de Jean-Michel Cousteau e da USP, realizado pela primeira vez no Brasil, com a Cooperativa Educacional de Ubatuba
ECOSSISTEMAS
Estudos do mangue, da mata e da praia
E mais:
um resumo das boas e más notícias ambientais
Expediente
Textos e fotos: Anita Mello Bacichett Caio Ishihata Silva Camille Abi Karan Filho Daniel Ramos Sztamfater Gabriel Guizzo Gabriela Ramos Sztamfater Isabela Teixeira Barbosa Júlia Sorroche dos Santos Kauan Guimarães dos Santos Kiane Linardi Lobão Luana Zahra Erba Lucas Faraco Pereira Natália Pagliusi Martins Nicole Cunha Canto Azevedo Patricia Danelli Santos Giorgetto Renan Monte Mór Guimarães Victória Maria do Prado Maia Yaná Allana Conceição
Algumas fotografias foram retiradas de bancos de imagens (royalty-free)
Coordenação geral: Carol Corano Coordenação de projetos: Marco Antonio Rocha Coelho Direção: Ângela Lovizio Colaboração: Carla Barbosa Professora de Biologia Edição e Editoração Eletrônica: Regina Teixeira Professora de Redação Jornalista responsável Mtb 23.909 Cooperativa Educacional de Ubatuba Projeto do 1º ano do Ensino Médio Novembro de 2011 2
Boas e más notícias ambientais
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ECOSSISTE
EMAS
Embaixadores do meio ambiente
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Editorial
A revista do Meio Ambiente é um projeto do 1º ano do Ensino Médio, desenvolvido nas aulas de Redação, que recebe contribuição de muitas disciplinas, especialmente Biologia. Neste número, Conexão traz um resumo das boas e más notícias ambientais, publicadas na mídia. Resumir é um excelente exercício de leitura e escrita, pois só faz um bom resumo quem entendeu o que leu, e um ótimo meio de aprimorar o poder de concisão, quase um imperativo hoje em dia. A vantagem de resumir notícias é que, de quebra, os alunos se mantêm bem informados. Conexão deveria ser lançada no Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. Tínhamos participado do programa Embaixadores do Meio Ambiente fazia duas semanas e achamos interessante aproveitar o espaço para falar dessa experiência. Também não podíamos deixar de relatar o projeto Ecossistemas, que tem tudo a ver com o tema. Já havíamos feito a primeira saída, para a Praia de Ubatumirim, mas faríamos outra, no semestre seguinte. As férias estavam chegando e percebemos que não daria tempo de criar a revista. Então, nos desobrigamos de lançá-la naquela data, com a certeza de que o meio ambiente deve ser lembrando todos os dias. Assim, fomos produzindo o material sem pressa, no nosso ritmo. O resultado desse trabalho você verá nas próximas páginas. Boa leitura. 3
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Se continuarmos destruindo o planeta,
vamos...
... desaparecer
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ECOSSIS
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O aprendizado fica muito mais significativo quando saímos para conhecer, in loco, o objeto do nosso estudo. Neste caso, passamos dois dias entre Ubatumirim e a Praia da Fazenda, estudando a biodiversidade da Mata Atlântica, do Mangue e da Praia. Nós, alunos do 1º ano do Ensino Médio, fomos acompanhados da turma do 6º ano do Ensino Fundamental, porque na nossa escola é assim: mesclam-se as disciplinas, unem-se as turmas, para que a gente aprenda a relacionar os conteúdos e a se relacionar com os outros.
Ma
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E
ncontramos a trilha da Mata de Encosta, notando a riqueza da estratificação vegetal. Próximas ao solo, as herbáceas têm folhas verde-escuras porque investem mais em clorofila para aumentar sua capacidade de captar luz solar. De fato, os raios penetram filtrados por arbustos e pelo dossel, como é chamada a cobertura contínua formada pelas copas das árvores, que se tocam e desenham uma trama artística. A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios, mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação. As chuvas são orográficas, em função das elevações do planalto e das serras.
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A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que podem chegar a 60m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra, que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. À época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica estendiase por uma faixa de 3.500km, que cobria 17 Estados. Hoje restam menos de 8%. Apesar de toda a devastação, esse bioma ainda abriga um dos mais importantes conjuntos de biodiversidade de todo o planeta. 47
Pra
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A
praia é um ecossistema na região costeira, onde as ondas revolvem ativamente o sedimento. Abrange desde o mesolitoral, ou região entremarés, até aproximadamente 20m de profundidade. O sedimento é constituído basicamente de areia. A praia de Ubatumirim, localizada ao norte de Ubatuba, é extensa. Por conta do longo processo da ação marinha, das ondas e das marés, a praia é plana e dura e sua areia escura tornou-se fina. Essa característica faz com
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que a praia seja propicia à circulação de carros, o que de fato ocorre, impactando a paisagem. Ela é fechada por uma baía, que não permite ondas grandes, fazendo o mar ser liso como uma piscina. Chapéus-de-sol, aroeiras e jundus compõe a baixa diversidade vegetativa da praia de Ubatumirim. Mesmo a fauna estando escondida, percebemos a existência de crustáceos, aves, animais marinhos e insetos, através de seus vestígios: as delicadas pegadas na areia
da praia. Própria para banho, Ubatumirim infelizmente possui uma quantidade, ainda que mínima, de lixo. O lixo pode ser encontrado em maior quantidade perto da vegetação e das construções em frente à praia, que modificaram aquele espaço, destruindo o jundu, cuja importância é segurar a areia, evitando a erosão. O lixo que nós, seres humanos, jogamos prejudica o meio ambiente. Como os animais não conseguem diferenciar lixo de comida, acabam comendo-o, e podem tanto
morrer engasgados como intoxicados. Além de prejudicar a biodiversidade, quem também sai prejudicado é o homem, que se alimenta desses animais. As praias, em geral, tornam-se poluídas com uma quantidade de lixo excessiva, não podendo ser utilizadas para o lazer e nem como fonte de renda (pesca, aquicultura, etc). Esse não é o caso de Ubatumirim, porém devemos ficar atentos para evitar um processo maior de degradação.
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Ubatumirim
A formação geológica da praia de Ubatumirim e do Itaguá é extremamente parecida. Ambas são extensas, planas, com areia dura e escura e quase sem ondas. Porém, são praias extremamente diferentes.
Quando andamos pela praia do Itaguá, a bandeira vermelha de imprópria confirma a nossa percepção de que a praia não é muito confiável. Conforme caminhávamos, centenas de lixos e restos de animas eram vistos, mas o
Itaguá
mais chocante eram os esgotos desembocando ao longo de toda a praia, o que, em Ubatumirim, não foi visto, apenas lixos, mas não em tanta quantidade como no Itaguá. Outra diferença é que a vegetação da praia do Itaguá
foi retirada para a construção de comércios e casas; já em Ubatumirim, a vegetação praticamente intacta faz a beleza da praia.
Itaguรก
Man
ngue
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BERÇÁRIO
Estávamos na praia de Ubatumirim e íamos conhecer o manguezal. Na extensa praia, entramos num pequeno riozinho que desembocava no mar. Esse riozinho levou a gente para o manguezal, onde há o encontro da água salgada e da água doce, formando uma água salobra.
A primeira coisa que percebemos ao entrar no manguezal foi o solo. Ele afundava quando pisávamos, pois é um solo lodoso muito rico em nutrientes, o que faz com que apresente um odor ruim com a decomposição de muitas matérias orgânicas. Embora seja 65
rico em nutrientes, ele é pobre em oxigênio. Todas as árvores do manguezal são diferentes das que vemos, suas raízes são muito longas e aéreas para que possam se sustentar no solo. Essas raízes são importantes para proteger os animais que vivem nesse ecossistema. Ficamos parados por algum tempo e começamos a observar a existência da vida naquele lugar. Eram muitos pequenos peixinhos que passavam rapidamente de um lado para o outro, pareciam voar porque saltavam da água. Notamos também a presença de aves como urubus e gaivotas. Depois apareceram os caranguejos, que se camuflavam debaixo do solo. Esse ecossistema, que muitas pessoas acham feio, tem um 66
papel importantíssimo para o meio ambiente, pois é uma espécie de berçário. Como o ambiente é muito fértil, muitos animais encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo. Os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. A vege-
tação exerce outra função além da de proteger os animais, pois serve para fixar os solos, impedindo a erosão e, ao mesmo tempo, estabilizando a linha da costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedimentos e constituem ainda importante banco genético para a recu-
peração de áreas degradadas. Esse importantíssimo ecosGrupo praia sistema, tanto para o ser humano quanto para o meio ambiente, é infelizmente poluído ou destruído pelo homem, virando casas, estradas, indústrias, fazendas, lixões, áreas de lançamento de esgoto etc.
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Mostra fo
otogrรกfica
Alunos do Ensino Médio participam do programa realizado em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo
A Cooperativa Educacional de Ubatuba foi convidada pela Jean-Michel Cousteau`s Ocean Futures Society para participar de um projeto piloto no país, focado na Educação Ambiental, tema transversal com o qual a escola trabalha habitualmente, desde as primeiras séries. Tratase do programa Embaixadores do Meio Ambiente, um acampamento educacional que reúne conceitos atuais de ecologia e sustentabilidade, em atividades que levam os jovens a identificar as interdependências existentes no planeta, respeitá-las e defendê-las, para 98
o bem das presentes e futuras gerações. Realizado nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o AOTE (Ambassadors of the Environment, em inglês) foi desenvolvido por Jean-Michel Cousteau e Richard Murphy, que veio ao Brasil acompanhar o trabalho com os alunos da Cooperativa. Ph.D. em ecologia marinha pela Universidade do Sul da Califórnia, Murphy é cientista, fotógrafo, escritor, educador e diretor de projetos. Começou a trabalhar com a família Cousteau em 1968, tendo participado de várias
expedições de mergulho com JeanMichel e o pai, Jacques Cousteau. Coordenador mundial do programa Embaixadores do Meio Ambiente, Murphy nem sempre participa dos eventos, o que confere uma importância ainda maior à edição brasileira.
Ilustração: Yaná
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O programa foi realizado nos dias 22, 23 e 24 de maio, no Instituto Oceanográfico da USP, em Ubatuba. Vinte e dois alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio cumpriram uma agenda repleta de atividades, que giravam em torno de quatro princípios: tudo funciona à base de energia, existe uma conexão entre a terra e o mar, na natureza não há desperdício, a biodiversidade é muito importante. Além de Richard Murphy, os alunos foram acompanhados pela presidente da Ocean Futures Brasil, Leda Bozaciyan; pela Profª. Drª. Elisabete de Saraiva, do Depto. de Oceanografia Biológica do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, e por estudantes de cursos de graduação ou pós-graduação da USP, que atuaram como monitores. Os alunos da Cooperativa relatam que a experiência foi enriquecedora, tanto pela vivência com pessoas altamente qualifi100
cadas, quanto pelas atividades realizadas, que culminaram em uma missão aos Embaixadores do Meio Ambiente: retransmitir a aprendizagem nas suas comunidades. O entusiasmo e comprometimento dos alunos chamaram a atenção dos educadores. “Richard Murphy e eu queremos agradecer todos os professores pelos dias que passamos juntos durante o programa Embaixadores do Meio Ambiente em Ubatuba. Os alunos da Cooperativa Educacional de Ubatuba são encantadores, além de muito inteligentes, espertos e educados. Vocês estão de parabéns, foi muito gratificante trabalhar com eles”, elogiou a presidente da Ocean Futures Brasil. Este texto foi escrito por alunos do 2º E.M., distribuído à imprensa local e publicado nos veículos Imprensa Livre, A Cidade, O Guaruçá, O Ubatubano, El politizador, Jornal Folha do Litoral Norte e Ubatuba em Revista
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VÉSPERAS
No começo, quando nos informaram que partici-
paríamos de um projeto de educação sobre o meio ambiente, confesso que não fiquei muito entusiasmada, Comecei a pensar sobre o que eles nos diriam. Será que diriam para
reciclar, não desmatar? Isso eu já achava que sabia, mas não passei nem perto: muito mais me esperava. Yaná Allana da Conceição
Minha mãe foi na reunião de apresentação do projeto e achou o máximo! Disse que queria ir conosco. Esse passeio seria muito importante, porque eu iria aprender demais e não é qualquer um que tem essa oportunidade. Eu estava muito feliz, me sentindo uma dessas pessoas privilegiadas. Gabriela Ramos Sztamfater
Estávamos na aula de História quando o professor
nos comunicou que haveria uma saída de campo. Confesso que pensei que seria muito chato e não estava com vontade de ir, mas meu pai voltou da reunião com os professores determinando que eu iria. A razão do meu desânimo era ter que acordar às 9h em pleno domingo! Renan Monte Mor Guimarães
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Estávamos em aula quando fomos avisados de que faríamos parte de um projeto chamado “Ambassadors Of The Enviroment” (Embaixadores do Meio Ambiente), que aconteceria no final de semana, na base do Instituto Oceanográfico da USP, na praia do Lamberto, Saco da Ribeira. Fiquei confusa e principalmente curiosa sobre o que seria esse projeto. Logo foi passado o roteiro para a gente. Quando ouvi, pensei que seria algo chato, algo que não traria nenhum novo conhecimento para mim, pois, afinal, a nossa escola sempre fez projetos e atividades em que exploramos e passamos a conhecer o nosso meio ambiente. Passei a notícia para minha mãe, e ela me falou que seria uma oportunidade incrível, que eu e minha irmã não poderíamos deixar de participar. Foi marcada uma reunião, para que os pais conhecessem melhor o projeto. Infelizmente minha mãe não pôde ir, mas eu fui no lugar dela. A partir dessa reunião, passei a entender como seria essa saída, e comecei a ficar bem interessada em participar, pois, por mais que conheçamos o assunto, sempre haverá uma nova abordagem, um novo olhar. Luana Zahra Erba
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1º DIA 22/05/ 2011
O dia amanheceu lindo naquele domingo, em que tivemos de acordar cedo. Nos encontramos na base do IO-USP. Todos os pais e responsáveis
foram convidados para conhecer o local e ficaram encantados com a infraestrutura. A equipe se apresentou e falou sobre o projeto, que procura criar defensores da natureza, com base em quatro princípios, que vocês já vão saber e ficarão até cansados de escutar. Isa
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A finalidade do projeto é conectar os jovens com a natureza, nos ajudar a ver, perceber, observar e nos tornar defensores dessa natureza tão rica em biodivesidade, nos fazer defensores de um estilo de vida sustentável e responsável. Nesse programa, são discutidas formas alternativas de energia, reciclagem e compostagem, além de desenvolvidos conhecimentos, atitudes e habilidades necessárias à preservação e melhoria ambiental. Yaná
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Uma das nossas primeiras atividades foi analisar uma árvore e nela enxergar os quatro princípios do programa: - Tudo depende de energia - Biodiversidade - Tudo está conectado - Na natureza, não há desperdício. A árvore precisa da energia do sol para fazer fotossíntese; ela faz parte da biodiversidade e apoia diversas formas de vida,
como bromélias e formigas; a árvore está relacionada com o solo, que é a fonte de nutriente dela; está relacionada com o sol, que é a sua fonte de energia; está relacionada com os animais, que fazem dela sua moradia; e está relacionada com as plantas, como a bromélia, que nela se apoia para receber mais luz e água. Se a árvore morrer, ou se suas folhas e galhos caírem, tudo será decomposto,tornando o solo rico em nutrientes, que irão ser utilizados pelos seres vivos, não havendo, portanto, desperdício.
Depois dessa nossa análise, andamos pelo Instituto e verificamos os mesmos quatro conceitos no ambiente marinho. Conosco sentados nas pedras, a nossa monitora explicou as relações do ambiente aquático e terrestre. O ambiente aquático, através das suas correntes, traz vento e umidade, controlando o clima terrestre. O ambiente terrestre leva nutrientes para o mar através dos rios, portanto o ambiente costeiro possui mais nutrientes que o alto mar. Esses ambientes também estão interligados pelo ciclo da água e pela alimentação e reprodução dos seres vivos. Isa
Desperdício zero
Fomos almoçar; a comida estava muito boa. Depois, o Dr. Richard Murphy aproveitou os restos de cascas de frutas do almoço e nos mostrou que não há desperdício na natureza (um dos princípios do programa), então fizemos uma composteira. Colocamos pequenos pedaços de folhas, terra e grama em uma caixa e tampamos para que, com o tempo, víssemos o resultado. Dani Foi bem engraçado, pois ele falava inglês, e, embora fosse um inglês bem fácil de entender, tínhamos uma tradutora, a Leda. Que chiques, não é? Murphy nos ensinou que as algas e os fungos dão o princípio para a riqueza da terra, possibilitando a vida, e todas as decomposições tornam o solo mais fértil. Isa 110
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Oceanografia pura
Após o almoço, tivemos uma aula muito interessante e abrangente sobre estudos oceanográficos, com a Profª. Drª. Elisabete de Saraiva. Ela relembrou que 97,5% da água do planeta é salgada e os 2,5% de água doce encontram-se em geleiras ou em regiões subterrâneas, sendo que somente 0,4% é encontrada em rios e lagos. O Brasil abriga 1/10 da água doce do planeta, estando 80% na Amazônia, onde vivem 5% dos brasileiros. O aquífero Guarani é a maior reserva da América do Sul, com extensão de 1.195.000 km², somando 48 mil km³ de água. Formado entre 200 e 300 milhões de anos atrás, o reservatório sofre a ameaça dos agrotóxicos, que podem percolar o solo e poluir suas águas. “O Brasil está sendo acusado de poluir o aquífero, o que pode gerar problemas políticos”, afirmou a especialista. 112
Bete observou que o ser vivo é um ser hidratado: quando perdemos 5% de água do nosso corpo, significa que estamos com sede; se perdermos 10%, ficamos com muita sede; se perdermos 15%, teremos desitratação profunda. Ela comentou que o mar é o grande provedor do ciclo da água Yaná e declarou:
“Os oceanos estão temperando o clima. Se eles pararem de fazer isso, a variação climática será muito maior. Se este mar mudar, estamos perdidos” “A pior poluição não é aquela que a gente vê, é a que a gente não vê”
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“Sem água, a estrutura da vida se rompe” Gabi
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Depois da palestra, nos foi oferecido um lanchinho, com bolos deliciosos, para então ter início a nossa outra atividade. Isa Fomos ao laboratório, onde havia animais conservados em formol, com informações sobre: reino, filo, subfilo, classe, ordem, família, gênero, espécie e subclasse. Achei interessante e anotei dados do peixe morcego, moreia, rêmora, cavalo marinho, arraia e polvo. Só não anotei informações de todos os animais porque nosso tempo tinha acabado. Gabi
Os três que mais chamaram a minha atenção foram: o peixe morcego, pois tem cauda e asa ao mesmo tempo, além de uma cara assustadora; uma tartaruga com olhos de vidro, que constatamos ser um exemplar macho, por causa da barriga côncava, para encaixar no dorso da fêmea; e um cavalo marinho “grávido”. Yaná
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Fotos: Richard Murphy
Após essas atividades, chegou a hora do ‘descanso’, quando tomamos banho, jantamos e escrevemos em nosso diário. Ouvimos uma palestra que focou em um dos quatro princípios: tudo está conectado. Mostraram para a gente como a natureza funciona e as relações que temos com ela. Foi uma palestra com muitas fotos de animais marinhos e terrestres para explicar o que eles são e como eles funcionam, sempre mostrando a cadeia alimentar. Em seguida, foi apresentado um filme de Murphy mergulhando em alto mar, se eu não me engano, a uma profundidade de 10 a 30 metros Eram aqueles animais estranhíssimos, florescentes, moles e engraçados; foi bem interessante. 119
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Fotos: Richard Murphy
Depois dessa apresentação, Murphy nos falou sobre as baleias. Elas se alimentam dos pequenos plânctons e são grandes para guardarem muita comida e conseguirem sobreviver meses sem comer. Após tudo isso, fiquei para assistir a um filme opcional, que mostrava vários animais e seus hábitos. Havia animais cativantes e assustadores, minúsculos e gigantes, horríveis e belos, estranhos e comuns, que tornavam tudo espetacular. Já estávamos morrendo de sono quando o filme terminou, por volta de uma hora da madrugada. Quando chegamos ao quarto, capotamos. Isa 121
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2º DIA 23/05/ 2011
Um território cercado de águas
Fomos à Ilha Anchieta. O barco chegou e entramos, morrendo de medo de passar mal, mas ninguém, ainda bem, enjoou. No caminho, uma monitora nos explicou sobre alguns instrumentos utilizados em pesquisas. Ao chegarmos à Ilha, fomos avisados das regras, que eram: não alimentar os animais, não retirar algum elemento, como conchas e plantas, e não deixar lixo. Em seguida, fizemos uma trilha à Praia do Engenho, observando a diversidade de plantas e animais. Murphy chamou a atenção, em inglês claro, para a riqueza da biodiversidade. Vic 123
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Fotos: Richard Murphy
Zoom na mata
Durante a trilha, Murphy contou que as plantas, através dos animais, conseguem se reproduzir. Como não podem se locomover, fazem flores maravilhosas, com a intenção de atrair insetos que irão levar o pólen para outras plantas. Então, a planta que recebe o pólen é capaz de gerar as sementes. Em troca dessa distribuição, os animais recebem o néctar, com o qual as abelhas fazem o mel. As plantas também produzem as frutas para os animais distribuírem as sementes. Assim, garantem a dispersão da espécie e evitam que, no ambiente onde vivem, só tenham plantas iguais a elas, competindo pelos mesmos nutrientes. Isa
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Mergulho gelado
Na Praia do Engenho, fomos mergulhar com máscara na piscina natural. O lugar é muito bonito, mas, no dia, a água estava congelando. Tínhamos que escolher um animal visto durante o mergulho e descrevê-lo. Eu escolhi um peixe comprido, prateado, com listras pretas. Aprendi que estas listras serviam de camuflagem, para confundir o predador. Gabi Vi corais, cardumes, pepinos-do-mar, estrela-do-mar e ascídias, um tunicado encontrado em água costeira, fixado a rochas, que usa uma espécie de sifão para filtrar a água e retirar nutrientes. Yaná 130
Ermit達o 131
As rochas transformavam o mar em uma piscina natural. Apesar de a água naquele dia estar fria, um pouco turva e ser bem rasa, conseguimos fazer o nosso mergulho e executar a atividade proposta pelo Murphy: observar os animais e escolher um para falar sobre suas adaptações. Eu, na verdade, não escolhi um animal, e sim uma planta, a alga. Achei interessante essa alga por ter o formato de várias bolinhas. O monitor contou que, dentro dessas bolinhas, existe ar, que faz com que as folhas fiquem mais próximas à superfície, portanto mais expostas ao sol, facilitando a fotossíntese. Sim, nós seguramos um ouriço! Sentíamos ele se mexendo em nossas mãos e grudando nela. Isa 132
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m e u q a Olh u e c e r a ap o d a r o na h ! e h c n la
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Depois, ouvimos um caiçara que trabalhou na ilha, na época em que funcionava o presídio. Ele contou muitas histórias daquele tempo. Fomos até a vila militar, vimos as casas das pessoas que viviam lá naquela época, como a do dentista e a do diretor, e fomos também ao quartel. Julia
homem, e agora se multiplicam na ausência de predadores. Também há cotias, saguis e quatis. Encontramos, ainda, uma aranha, que virou alvo de “fotógrafos”. Yaná
Estava cansada das trilhas e de tanto conhecimento, era diferente de um dia normal, porque, em dia normal, nós só aprendemos nas cinco horas Na ilha, é normal ver capide escola, e, nesse passeio, varas, que foram introduzidas pelo aprendíamos o dia inteiro! Gabi 136
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Entramos nas celas, vimos as marcas dos presos, falamos da rebeliĂŁo e ficamos por dentro de histĂłrias reais do antigo presĂdio (Renan)
Para refletir
Fomos à praia das Palmas, recolhendo lixo no caminho. Na trilha não havia muito, mas na praia, sim. Chegamos até a encontrar, na areia, um absorvente usado; uma amostra do que o turismo trouxe àquela ilha, em especial àquela praia. A natureza nos favorece com tamanha beleza e biodiversidade, e o modo que retribuímos é poluindo praias, desmatando, fazendo tráfico de animais, jogando lixo. Hoje em dia, apesar de tantos recursos e ideias para a reutilização de materiais recicláveis, tantas campanhas incentivando que reciclemos, tanta informação, preferimos jogar o nosso lixo na praia ou na mata e fazer com que, no final, nós mesmos sejamos prejudicados. Yaná 142
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Enquanto alguns corajosos banhavam-se no mar gelado, tomรกvamos aquele sol fraquinho de fim de tarde (Yanรก)
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Voltamos ao cais e embarcamos de volta ao IO. No caminho, fomos privilegiados e avistamos golfinhos que saltavam em bando, rente à água. Fechamos o nosso passeio com “chave de ouro”, vendo o sol se pôr atrás das montanhas Yaná 147
Pegada ecológica
Chegando ao Instituto, fomos tomar banho, e tivemos um jantar gostoso, para começar a nossa próxima atividade com o Murphy. Ele observou que o ser humano têm inteligência, sendo capaz de adaptar o meio a si próprio, ao contrário dos animais, que se adaptam ao meio. Porém, ao adaptar o meio, o homem causa impactos na natureza, por isso precisa pensar na sustentabilidade, ou seja, usar a inteligência. Foi proposta, então, uma atividade, em que cada grupo recebia um produto. O meu grupo recebeu uma latinha, e tínhamos que contar sobre o seu processo de fabricação: de onde vieram os insumos, o meio alterado, as pegadas ecológicas etc. Fiquei chocada quando terminamos o primeiro passo dessa atividade, pois, para produzir uma simples 148
latinha, é preciso passar por muitas etapas que agridem o meio ambiente. Com os produtos analisados pelos outros grupos, um tênis e um hambúrguer, também acontecia a mesma coisa: a fabricação passava por vários processos que deixavam uma pegada significativa na natureza. Na segunda e última etapa, Murphy sugeriu que nós apontássemos as alternativas para uma redução dessa pegada no meio ambiente. Nosso grupo fez a seguinte lista: • Buscar recursos mais próximos aos locais de produção; • Empregar fontes de energia limpa; • Utilizar embalagens retornáveis; • Reciclar, para substituir a matéria-prima in natura; • Promover campanhas de incentivo à redução, reutilização e reciclagem. Isa
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Pegada ecológica são todos os recursos que usamos para viver, é o nosso impacto na Terra. Achei incrível a palestra sobre esse tema, pois nos levou a refletir, pensar se precisamos comprar mesmo determinado produto, pesquisar de onde ele veio, que materiais foram necessários para fazê-lo e se de fato compensa. Gabi 151
3ยบ DIA 24/05/ 2011
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O humano e seus resídos
Acordamos, nos arrumamos e deixamos as malas prontas, pois seria o nosso último dia. O lixo que catamos na Ilha foi dividido, para que dois grupos fizessem uma linha do tempo de decomposição de cada material. Primeiro separamos o lixo orgânico do inorgânico, então calculamos o que se pedia. Quando terminamos, fizemos a correção. Não fiquei chocada com o
tempo de duração, porque eu já tinha noção, mas me espantei quando vi que erramos quase toda a linha. Eu tinha certeza de que a garrafa de plástico se decompunha antes que o alumínio, e achava que o isopor era o último a se decompor. Mas, na verdade, era tudo invertido. Criei um esquema para você saber qual é Isa a ordem certa:
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Conhecer o tempo que o lixo leva para se decompor ĂŠ o primeiro passo para se conscientizar e mudar de atitude
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Tudo está conectado
Após montarmos a linha do tempo de decomposição do lixo, nos dividimos em duplas e cada uma escolheu um animal. Enquanto narrávamos suas características, segurávamos uma corda, que então era passada para a próxima dupla. Ao final, a corda havia formado uma teia, mostrando que tudo está conectado. Richard Murphy escolheu um aluno, o Renan, para deitar na teia, assim pôde nos mostrar que o homem também está conectado a todos os animais. Murphy então pediu para que uma dupla soltasse um pedaço da corda, o que fez com que o Renan caísse, nos mostrando que qualquer impacto sobre a teia da vida também é prejudicial a quem impacta: o próprio ser humano. Isa 156
Nessa atividade, vimos como tudo em um ecossistema ĂŠ interligado Vic
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! o i d á r Na
Alunos do 1º e 2º ano do E.M. falam ao vivo no programa Conexão Gaivota, sobre a missão dos Embaixadores do Meio Ambiente: praticar e difundir a ideia da sustentabilidade
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Para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Instituto Trata Brasil promoveu um concurso de ações sustentáveis. Participamos com o Programa Embaixadores do Meio Ambiente e vencemos! 160
Estamos cumprindo direitinho a miss達o de disseminar o nosso aprendizado! 161
Onda educacional
Nós, embaixadores do Meio Ambiente, nos encontramos com as crianças do projeto Onda Educacional, em Itamambuca, para falar de meio ambiente. Entre outras atividades, organizamos a “teia da vida” (fotos), para mostrar como tudo está conectado. Também
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aproveitamos o aprendizado do projeto Ecossistemas, desenvolvido nas aulas de biologia, para falar de biodiversidade. Ficamos surpresos com os pequenos, pois são muito espertos e sabidos. Pretendíamos assar um bolo de chocolate no forno à base de energia solar, mas o tempo nublado não permitiu. No entanto, prometemos que vamos voltar!
A bandeira vermelha ĂŠ um sinal de que a nossa missĂŁo ainda vai longe!
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