Editorial
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Neste março de 2013, o Primeirão em Revista lança uma edição especial em homenagem ao Dia das Mulheres! Trata-se de um apanhado de matérias a respeito deste dia consagrado ao sexo feminino. Entre os assuntos estão a origem da data, as dificuldades enfrentadas por conta da desigualdade social de gênero, os maus tratos domésticos, o tráfico internacional de mulheres, a presença da mulher no mercado de trabaho e na política, a gravidez na adolescência e as conquistas em busca de direitos iguais hoje e ao longo da história. Nesta edição especial, trazemos informações sobre a luta feminina, com a intenção de despertar a consciência e homenagear as mulheres do mundo todo! Texto: Flora; ilustração: Gabriel
Nossa equipe
A origem da data
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Elas em ascensão
Violência: basta!
Gravidez precoce
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Beatriz Caiuá Celso Flora Gabriel Isabela João Pedro João Victor Julio Katharine Kim Laura Luiza Politi Luiza Guizzo Maria Fernanda Natália Pedro André Pedro Mariano Rafael Thales Victoria Projeto desenvolvido nas aulas de Redação Profa Responsável: Regina Teixeira
Ilustração da capa: Maria Fernanda
Texto e ilustração: Flora
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A origem A ideia da existência de um Dia Internacional da Mulher surge na virada do século XX, no contexto da segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a incorporação da mão de obra feminina, em massa, pela indústria. O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória do protesto contra as más condições de trabalho
das operárias da indústria de vestuário de Nova York. No dia 8 de março de 1857, 129 operárias têxteis entraram em greve ocupando a fábrica onde trabalhavam, para reivindicar a redução de uma jornada de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Essas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram trancadas na fábrica pelos patrões e a polícia, que atearam fogo, matando-as carbonizadas.
Texto: Caiuá, Luiza Guizzo, Kim; Ilustração: João Pedro
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Mulheres na política e na economia
Texto: João Victor, Julio, Pedro Mariano e Thales Ilustração: João Victor
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Embora tenhamos na presidência da República uma mulher, a participação feminina na vida política brasileira ainda é pequena. Nas eleições de 2012, das 15.047 pessoas que se candidataram a prefeito, apenas 1.941 eram mulheres – ou 12,8% do total. Em 2008, essa proporção era de 10%, o que significa que a participação feminina ainda é tímida, mas vem aumentando. Tanto é que, ano passado, em 51 municípios havia apenas mulheres disputando cargos importantes, como o de prefeito. As mulheres representam hoje mais da metade dos eleitores brasileiros. Essa proporção, porém, não se mantém na política. A ONU classificou o Brasil em 120o lugar no ranking que mede a participação de mulheres no poder legislativo. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam apenas 8,7%.
A mulher brasileira também vem aumentando a sua participação no mercado de trabalho. Contribuem para isso o aumento da escolaridade feminina, a redução no número de filhos e as mudanças nos padrões culturais, que estimulam a mulher a trabalhar. Porém, elas ainda são minoria no mercado de trabalho e, em média, ainda ganham menos do que os homens, de acordo com o IBGE. Nas 500 maiores empresas do Brasil, menos de 14% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres. As brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo. São metade dos empreendedores brasileiros. Cerca de 61 mil mulheres estão à frente de uma franquia que fatura até 32% a mais do que as lojas gerenciadas por homnens. As brasileiras participam do sustento de 35% dos lares.
Violência é crime! A violência contra a mulher pode assumir diversas formas, além do tapa. Assédio sexual, discriminação, desvalorização do trabalho doméstico são alguns exemplos. No Brasil, a lei 10.778 estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados. Essa lei é complementada pela Lei Maria da Penha, como mais uma forma de proibir a violência contra a mulher com medidas penais. Entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. Mesmo sendo crime, a violência contra a mulher não para. Diariamente, em todo o Brasil, mais de 2000 mulheres registram queixa contra a violência de seus maridos, namorados e companheiros. Em mais da metade dos ca-
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sos, elas sofrem tentativas de homicídio. Só no primeiro semestre de 2012, o DisqueDenúncia do governo federal prestou quase 390 mil atendimentos, quase mil a mais que no ano anterior. Estima-se, no entanto, que esse número seja bem maior, já que muitas vítimas não denunciam seus agressores. As causas dos espancamentos são variadas e muitas vezes fúteis, mas predomina a não aceitação do fim do relacionamento. Texto: Isabella, Flora, Katharine, Maria Fernanda e Sarah; Ilustração: Maria Fernanda
Maria da Penha
A Lei que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher ganhou este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por 20 anos lutou para ver seu agressor preso, o marido e professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros. Ele tentou assassiná-la duas vezes. Na primeira, deu um tiro nas costas dela, que a deixou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la no chuveiro. Após 15 anos de luta e pressões internacionais, a justiça brasileira ainda não havia decidido o caso. Com a ajuda de ONGs, Maria da Penha conseguiu apoio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica. A OEA condenou o Brasil por negligência e recomendou que o país criasse uma legislação adequada. Em setembro de 2006, a lei 11.340 finalmente entrou em vigor, acabando com as penas pagas em cestas básicas ou multas e englobando a violência física, sexual, psicológica e patrimonial.
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Mulher, viver sem violência O Governo Federal lançou, em 13 de março, o Programa Mulher, Viver sem Violência., que prevê a construção de centros chamados Casa da Mulher Brasileira. Esses centros integrarão serviços de segurança, justiça, saúde, assistência social, acolhimento, abrigo e orientação para o trabalho, emprego e renda, em todas as 27 capitais brasileiras. “A mulher terá todos os serviços, sem precisar peregrinar atrás de cada um deles”, disse a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Política para as Mulheres. O custo médio de cada centro é estimado em R$ 4,3 milhões. O governo espera atender cerca de 200 mulheres por dia e 72 mil ao ano em cada um deles. Também serão investidos R$ 4,3 milhões em serviços de fronteira, que serão estendidos para as regiões próximas à Bolívia, Guiana Francesa, Guiana Inglesa, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Além do apoio a imigrantes, os centros também atuarão no combate ao tráfico de pessoas.
O modelo é inspirado no implantado em El Salvador, que tem a Cidade da Mulher, um centro de atendimento e assistência às mulheres. De acordo com o Mapa da Violência, publicado em 2012, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no país entre os anos de 1980 e 2010. Em 2011, foram registrados 70.270 atendimentos a mulheres vítimas de violência. A maioria delas tinha entre 15 e 29 anos e foi agredida por marido ou namorado. No ano passado, dez mulheres foram vítimas de maus tratos a cada hora, segundo dados da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180).
Texto: Pedro André Ilustração: Maria Fernanda
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Violência contra as mulheres no mundo Na República Democrática do Congo, cerca de 11 mil estupros são relatados todo mês. Acredita-se que mais de 200 mil mulheres tenham sofrido violência sexual nesse país desde o início do conflito armado. Entre 250 mil e 500 mil mulheres foram estupradas durante o genocídio de 1994 em Ruanda. No mundo todo, 1 bilhão ou uma a cada seis mulheres já foi espancada, forçada a ter relações sexuais ou submetida a algum outro tipo de abuso. A cada seis dias, uma mulher é morta pelo parceiro ou ex-parceiro na Colômbia. Estima-se que mais de 130 milhões de meninas e mulheres que estão vivas foram submetidas à mutilação genital, sobretudo na África e Oriente Médio.
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Em países mulçumanos, as mulheres são proibidas de falar com homens. Na China, se a mulher não der à luz um menino ou se for estéril, atos violentos podem se tornar diários e repetitivos. Para a sociedade indiana, a mulher é sinônimo de despesa, pois, no casamento, a família da noiva tem que pagar o dote. “Bride Burning” é a prática de “queima da noiva”, que ocorre quando a fonte de dinheiro acaba. O noivo e sua mãe passam a considerar a noiva indesejável e a matam para que ele possa se casar de novo e ganhar presentes. A morte ocorre na cozinha, para simular um acidente.
Texto: Gabriel, Laura, Luiza Politi, Pedro André e Rafael Ilustração: Gabriel
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ulheres
Tráfico de m
Texto: Katharine e Victoria Ilustração: Gabriel
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Mesmo tendo sido extinta há mais de séculos, na atualidade ainda há escravidão, decorrente, por exemplo, do tráfico de mulheres. Os criminosos aliciam meninas e mulheres para serem escravas domésticas ou até prostitutas. Ocorre, também, a compra e venda de seres humanos. Países em que há mais vítimas: Rússia, Filipinas e Tailândia. O tráfico ocorre mais no meio rural, mas também em áreas urbanas.
Desde 2003 existe a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, que monitora o Plano Nacional para a Erradicação da Escravidão. Desde a crise do Euro, tem crescido, na Europa, a prostituição de mulheres, com mais intensidade entre 2010 e 2011. Cerca de 500 mil pessoas são traficadas de países mais pobres para a Europa por ano. Com o movimento das transações de 2010 aos dias de hoje, houve um aumento de 50% nas vendas de mulheres e
garotas, atingindo 7 bilhões de dólares. Mais de 1 milhão de mulheres que vão à Europa acabam prisioneiras da prostituição anualmente. A maioria é vendida por quadrilhas da espanha, Itália, Grécia, Alemanha, Bélgica Holanda, Suíça e Portugal. Onde mais existe compra e venda é na Europa. Lá, a média de preços é de 2000 a 7000 reais, com base em idade, aparência e experiência.
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Brasil quer combater o tráfico de pessoas Texto: Pedro André Ilustração: Gabriel
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O aperfeiçoamento da legislação é um dos eixos do 2o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lançado recentemente pelo governo. Considerado um crime invisível, o tráfico de pessoas é uma prática frequente e preocupante no Brasil. O primeiro relatório sobre esse assunto revela que os 5143 inquéritos, instaurados pela Polícia Federal entre 2005 e 2011, resultaram em apenas 158 prisões. Segundo o relatório, além das dificuldades para reunir provas do crime, a legislação brasileira pune apenas o tráfico de pessoas para
fins de exploração sexual, ou seja, falta punição legal para fins de trabalho, trabalho doméstico, venda de órgãos e tráfico de crianças. Para o governo, a abordagem da vítima é o suficiente para caracterizar o crime e o consentimento ou não desta é considerado irrelevante, já que foi conseguido por meio do engano e da falsa promessa. Um problema ainda mais importante é a falta de denúncia por parte da vítima, resultado da vergonha ou do medo. Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, devemos conscientizar a popula-
ção para que essas informaçõies cheguem ao Poder Público e as pessoas culpadas possam ser julgadas e presas. Entre as 115 metas previstas no plano até 2016 estão a criação de diversos postos de atendimento em cidades de fronteira e a internacionalização do Disque Denúncia (100 e 180). Foi constatado, ainda, que os aliciadores geralmente são pessoas próximas às vítimas. O plano também prevê a participação do Brasil em campanhas de combate ao tráfico de pessoas.
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Texto: Natália e Beatriz Ilustração: Gabriel
Gravidez na adolescência
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 22% dos adolescentes fazem sexo pela primeira vez aos 15 anos de idade. É nesta fase importante de autoconhecimento e incertezas que a falta de informação pode gerar uma gravidez inesperada ou mesmo a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. A boa notícia é que com o aumento de ações dentro das escolas, orientação sobre métodos contraceptivos e distribuição de camisinhas em postos de saúde, há mais acesso a recursos para um sexo seguro. Por este motivo, o número de adolescentes grávidas no Brasil tem diminuído. Entre 2005
a 2009, a quantidade de partos realizados entre jovens de 10 a 19 anos caiu 22,4% em relação à década anterior, segundo o Ministério da Saúde. Ainda assim, muitas meninas continuam se descuidando. Para a médica Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo e professora da Faculdade de Medicina da USP, mais que educação sexual, as crianças precisam de uma educação para a vida. “Elas precisam aprender que podem realizar seus sonhos por meio dos estudos, do trabalho e da construção de um longo projeto de vida. E que o namoro, por melhor que seja aos 15 anos, não deve atrapalhar esse projeto”, diz. Se mesmo com toda essa informação uma gravidez acontecer, o suporte do companheiro e da família é fundamental. O atendimento médico completo da adolescente grávida é garantido no SUS. É assegurado seu direito ao atendimento pré e pós-natal, parto e pós-parto para garantir a sua saúde e a do bebê. (fonte: http:// www.brasil.gov.br).
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