Apresentação interp sonhos

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Centro de Estudos e Acompanhamento Psicanalítico e Psicopedagógico

Interpretação dos Sonhos Juscelino Santos

Salvador 2018



CURIOSIDADES • Freud começou a interpretar seus sonhos aos 10 anos; • O sonho é a entrada real para o psiquismo; • Seu livro foi publicado em 1989 mas datado como 1900; • Só foram vendidas 600 cópias.


INTRODUÇÃO • A partir da elaboração e publicação do seu mais famoso livro - A interpretação dos sonhos -, os sonhos ganharam uma

nova

dimensão

científica,

como

também

o

aprofundamento de seu estudo abriu as portas para a consolidação da teoria da psicanálise.


MARCO PARA PSICANÁLISE • Primeira análise • Aparelho psíquico • Aparelho óptico • Topcas • Normal e patológico


SONHO DE IRMA (23-24 DE JULHO DE 1895) • “Pois este livro tem para mim, pessoalmente, outra importância que só aprendi após tê-lo concluído. Ele foi, com verifiquei, parte de minha auto-análise, minha relação a morte de meu pai – isto é, ao evento mais importante, à perda mais pungente da vida de um homem.” (FREUD, 1908)


A HISTÓRIA DOS SONHOS


SONHOS - BÍBLIA

• O sonho de Jose, Gênesis. 37


O MUNDO ANTIGO • A valorização dos sonhos na Bíblia hebraica não é exceção. Na antiga Mesopotâmia há referências a práticas divinatórias baseadas em sonhos já no segundo milênio antes de Cristo. Os egípcios os interpretavam como mensagem dos deuses; o papiro de Deral-Madineh (cerca de 2000 a.C) dá instruções acerca de como obter uma mensagem onírica do deus Serapis; o postulante tinha de passar a noite num dos muitos templos dedicados ao deus e assim "incubar" seu sonho.


NA ÍNDIA ANTIGA • Os Vedas, textos sagrados da Índia antiga (escritos

provavelmente entre 1500 e 2000 a. C) contêm interpretações de sonhos, interpretações estas que tinham de ser correlacionadas com o período da noite

em

que

o

sonho

ocorrera

e

com

o

temperamento do sonhador. Na China, Chuang-tzu (século IV a.C) sustentava ser impossível diferenciar o sonho do mundo real.


O SONHO NA GRÉCIA ANTIGA • Aristóteles. Segundo Aristóteles,

os sonhos têm

origem no próprio órgão das emoções; o coração, e resultam dos movimentos dele. O sonho tem caráter profético e é também um incentivo, um roteiro, para futuras ações do sonhador. Já os estóicos

dividiam os sonhe em três grupos:

aqueles que vinham de divindades, aquele que vinham de seres malignos e os que nasciam da própria alma do sonhador.


A MEDICINA DOS SONHOS Os gregos também valorizavam o sonho do ponto de vista da saúde e doença • Aristóteles sustentava que, por meio deles, um bom médico podia prever o surgimento de enfermidade, a cura ou o óbito.


HIPÓCRATES • Acreditava que os sonhos podiam ser inspirados por divindades, mas também teriam causas naturais e seriam evidências do estado físico do sonhador • No caso dos sonhos, quando se referem a lutas ou guerras, indicar uma desordem orgânica. Ao contrário sonhar com o sol e a lua é sinal de boa saúde. E há equivalências; os rios, por exemplo, são análogos ao sistema circulatório. Se estiverem transbordando indicam pletora excesso de sangue; Só estiverem secos sugerem anemia, falte de sangue.


ASPECTOS FÍSICOS DO SONHAR



CICLO DOS SONHOS • A oscilação entre um período de sono e um período de vigília, é encontrado em todos os animais vertebrados. Ou seja, o sono é um fenômeno adaptativo e evolutivo, e como todo fenômeno com

estas

características

ele

possui

funções

importantes para a vida da pessoa. Muitas das funções do sono são complementares às funções da vigília: no sono descansamos do desgaste físico da vigília, o sono é o momento de reorganização da mente após um dia de muitos estímulos.


FUNÇÕES NA MEMÓRIA • É durante o sono, também, que as memórias são fixadas na mente. Psicologicamente isto significa que durante o sono as memórias são fixadas de modo ordenado, obedecendo a critérios psíquicos cuja finalidade é permitir que toda lembrança tenha um ou mais significados. Exemplo: se você se lembrar do vestido de uma mulher em uma festa, você também estará tendo contato com seu conceito de mulher, com seu conceito de beleza, ou seja, a memória do vestido da mulher virá à consciência revestida do significado que ele tem para você, virá revestido com seus valores e crenças. Assim, toda memória que é fixada na mente durante o sono, é fixada a partir da lógica interna do indivíduo.


SONO REM E SONO NREM

• São identificados no sono dois estados distintos: o sono mais lento, ou sono não REM, e o sono com atividade cerebral mais rápida, ou sono REM (do inglês, movimentos rápidos dos olhos). O sono não REM é dividido em três fases ou estágios, segundo a progressão da sua profundidade. Já o sono REM caracteriza-se pela atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida, por episódios de movimentos oculares rápidos e de relaxamento muscular máximo. Além disso, este estágio também se caracteriza por ser a fase onde ocorrem os sonhos.


FASES DO SONO NREM • Estágio 1: Esse estágio dura cerca de 5 à 10 minutos. É chamada de fase da sonolência, onde a pessoa começa a sentir as primeiras sensações de sono. Durante esse estágio, o individuo pode ser acordado sem dificuldade. Nesse estágio acontece as ondas alfa e o eletroencefalograma mostra uma redução nas ondas do estado de alerta (acordado).


FASES DO SONO NREM • Estágio 2: Nessa fase a pessoa já está dormindo, porém não profundamente. Dura em média de 5 à 15 minutos. No estágio 2 a atividade cardíaca é reduzida, os músculos relaxam e a temperatura do corpo cai. É bem mais difícil de despertar o indivíduo. Nesse estágio o eletroencefalograma mostra ondas positivas e negativas, chamadas teta.


FASES DO SONO NREM • Estágio 3 e 4: São os estágios em que a pessoa está em sono mais profundo, sendo o estágio 4 mais intenso. Se acordado o indivíduo pode se sentir desorientado por alguns minutos. Nessa estágio que acontece as ondas deltas, onde o eletroencefalograma registra as ondas grandes e lentas.


CICLOS 1º ciclo de sono da noite, iniciando com a fase 1 e aprofundando até a fase 4.

a) ausência da fase 1, pois esta fase é um período de transição entre a vigília e o sono. b) ausência de fase 4. c) grande aumento no tempo do sono REM.


ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO SONO REM a) os movimentos motores do corpo ficam inibidos b) a respiração e o ritmo cardíaco ficam um pouco mais rápidos e mais irregulares do que nos períodos de sono não REM. c) são secretados maiores quantidades de hormônios das glândulas supra-renais. d) neurotransmissores são sintetizados pelo cérebro. e) as ondas cerebrais ficam parecidas com as ondas cerebrais de alguém acordado. f) os olhos movimentam-se rapidamente.


TEORIAS DA NEUROCIÊNCIA • Teoria restaurativa: o sono ajuda nosso corpo a salvar

e restaurar energia por diminuir nosso metabolismo, o que leva a uma conservação de energia. Ele também ajuda

a

recompor

neurotransmissores,

uma

nossos

depósitos

vez

a

que

maioria

de dos

neurônios diminui sua atividade durante o sono. As ondas lentas do sono têm efeitos restaurativos. Elas fornecem um período de repouso para o cérebro. Sem o repouso, nosso cérebro não funciona apropriadamente.


TEORIAS DA NEUROCIÊNCIA • Teoria

da

aprendizagem: durante

o

sono,

nós

podemos armazenar e reorganizar informações. Os neurônios que estão envolvidos na aprendizagem e memória repousam durante o sono, principalmente durante o sono REM (Insulina, benzeno, maquina de costura)


TEORIAS DA NEUROCIÊNCIA • Teoria do desenvolvimento: esta teoria diz que o

sono exibe um papel no desenvolvimento do cérebro. O sono REM é um importante componente do sono para fetos ainda no útero e para as crianças. Acredita-se que o sono REM ativa áreas visuais, motoras e sensoriais no cérebro e isto aumenta a habilidade

dos

neurônios

de

funcionar

apropriadamente e fazer as conexões corretas.


Filme: ApocalyptoÂ


O SONHOS PARA PSICANÁLISE


A ESCOLA DE CHARCOT • Estagiando no serviço do psiquiatra Jean Martin Charcot, em Paris, observou vários casos de histeria, então muito comum

entre

mulheres,

impressionando-se

com

a

conotação sexual da doença e com o fato de as pacientes não se darem conta da causa dos problemas, o que sugeria a existência de um mecanismo não consciente.


O SONO E O TRANSE • Diferem no controle maior que o indivíduo tem no transe,

ou

seja,

o

direcionamento

de

pensamentos e feito de uma forma mais livre.

seus


O QUE SÃO OS SONHOS?

• Segundo Freud (1915), sonhos são fenômenos psíquicos onde realizamos desejos inconscientes. O sonho é o resultado de uma conciliação. Dorme-se e, não obstante, vivencia-se a remoção de um desejo. Satisfaz-se um desejo, porém, ao mesmo tempo, continua-se a dormir. Ambas as realizações são em parte concretizadas e em parte abandonadas (SIRONI, s.d.).


SONHAR • O homem precisa dormir para descansar o corpo e,

principalmente, para sonhar: "o sonho é a realização dos desejos reprimidos quando o homem está consciente". Quando o homem dorme, a consciência "desliga-se" parcialmente para que o inconsciente entre em atividade, produzindo o sonho.


FUNÇÕES DOS SONHOS, SEGUNDO FREUD • Freud Sustentou o aforismo de que a função única do sonho consiste (por meio de uma "negociação" com o ego) em uma forma disfarçada de uma gratificação desejos (reprimidos).


A IMPORTÂNCIA DOS SONHOS • Através destes estudos, foi possível trazer ao consciente os conteúdos inconscientes, onde o sonhar é um fenômeno regressivo; no qual nos devolve aos estados primitivos da infância.


RIACHO DO NAVIO Riacho do Navio Corre pro Pajeú O rio Pajeú vai despejar No São Francisco

O rio São Francisco Vai bater no mei' do mar O rio São Francisco Vai bater no mei' do mar Se eu fosse um peixe Ao contrário do rio Nadava contra as águas E nesse desafio Saía lá do mar pro Riacho do Navio Eu ia direitinho pro Riacho do Navio Pra ver o meu brejinho Fazer umas caçada Ver as "pegá" de boi Andar nas vaquejada Dormir ao som do chocalho E acordar com a passarada Sem rádio e sem notícia Das terra civilizada Sem rádio e sem notícia


FORMAÇÃO DO SONHO Fatores indispensáveis para que se processe um sonho 1) Estímulos sensoriais 2) Restos diurnos 3) A existência de sentimentos, pensamentos e desejo: que estão reprimidos no inconsciente.


FENÔMENOS PSÍQUICOS QUE CONCORREM PARA FORMAÇÃO DOS SONHOS 1. Conteúdo manifesto do sonho. 2. Elaboração onírica secundária (também conhecida como "atividade do sonho"). 3. Conteúdo latente do sonho. 4. Censor onírico. 5. Mecanismos defensivos do ego. 6. Linguagem do processo primário. 7.Formação de compromisso.


A TEORIA PSICANALÍTICA DOS SONHOS A experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar, chamamos de sonho, é apenas o resultado final de uma atividade mental inconsciente durante esse processo fisiológico que, por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir com o próprio sono.


Chamamos de sonho manifesto, a experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de despertar. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam

acordar

a

pessoa

são

denominados

conteúdo latente do sonho. Às operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto, damos o nome’ de elaboração do sonho.


O INICIO DO SONHAR O conteúdo latente divide em três categorias principais: • Impressões sensoriais. • Pensamentos e preocupações da vida • Impulsos do id


- IMPRESSÕES SENSORIAIS

A primeira, é evidente, compreende as impressões sensoriais notas quais invadem continuamente os órgãos sensoriais daquele que dorme; às vezes, algumas participam da iniciação de um sonho e, neste caso, formam parte do conteúdo latente (despertador)


- PENSAMENTOS E PREOCUPAÇÕES DA VIDA

Por causa de sua atividade contínua, tendem a acordar a pessoa, o mesmo modo que o fazem os e sensoriais. Se a pessoa sonha ao invés de acordar, esses pensamentos e idéias atuam como parte do conteúdo latente do sonho. (sonho das chamas)


- IMPULSOS DO ID Ao menos em sua forma infantil original, são banidos, pelas defesas do ego, da consciência ou da gratificação direta durante o estado de vigília. Entretanto, no que se refere aos sonhos da última infância e da vida adulta, o conteúdo latente tem duas origens, uma no presente e a outra no passado. Parte essencial do conteúdo latente.


- IMPULSOS DO ID Acreditava ser esta a parte que contribui com maior parcela de energia psíquica necessária ao sonho e que, sem essa participação, não pode haver sonho. Um estímulo sensorial noturno, por mais intenso que seja, como Freud o descreveu, deve recrutar o auxílio de um ou mais desejos do id reprimido para que possa originar um sonho, e o mesmo ocorre com as preocupações da vida em estado de vigília, por mais exigentes que sejam suas reivindicações sobre a atenção e o interesse daquele que dorme.


RELAÇÃO ENTRE O MANIFESTO E O LATENTE O conteúdo manifesto difere do latente, nos seguintes aspectos: o primeiro é consciente e o último, inconsciente,

conteúdo manifesto é uma

imagem visual, enquanto o conteúdo latente é algo semelhante a um desejo ou impulso. Finalmente, o conteúdo manifesto é uma fantasia que simboliza o desejo ou impulso latente já satisfeito, isto é, trata-se de uma fantasia que consiste essencialmente na satisfação do desejo ou impulso latente.


RELAÇÃO ENTRE O MANIFESTO E O LATENTE Tomemos por exemplo o sonho de uma criança de dois anos cuja mãe acabava de voltar do hospital com um novo bebê. Na manhã seguinte à volta da mãe, ela contou-lhe um sonho com o seguinte conteúdo manifesto: “Vi o bebê ir em borá”. Qual é o conteúdo latente deste sonho?


SATISFAÇÃO Devemos registrar que o processo de sonhar é, em essência, um processo de satisfação de um impulso do id com uma fantasia. Assim um sonho pode fazer com que a pessoa continue dormindo e não

seja

acordada

por

uma

atividade

mental

inconsciente e perturbadora. Ë porque o impulso ou desejo perturbador do id, que habitualmente forma uma parte do conteúdo latente do sonho, se gratifica com a fantasia.


FANTASIA No sonho ocorre uma gratificação parcial atingida através da fantasia, já que a gratificação completa, por meio de ações apropriadas, é impossibilitada pelo sono. Visto que a mobilidade está bloqueada, usa-se a fantasia como substituto.


O SONHO MANIFESTO Realmente, o sonho manifesto é, por vezes, uma miscelânea de fragmentos sem relação aparente que parece não ter qualquer sentido e muito menos representar a realização de um desejo. Outras vezes, o disfarce e a distorção se revelam tão intensamente, que

o

sonho

manifesto

torna-se

na

realidade

apavorante e importuno, ao invés de manter a forma agradável que deveríamos esperar de uma fantasia de satisfação do desejo


ELABORAÇÃO DO SONHO • Tradução do conteúdo latente • Defesas do ego • Elaboração secundária


- TRADUÇÃO DO CONTEÚDO LATENTE A tradução para o pensamento de processo primário da parte do conteúdo latente do sonho que originariamente

se

expressa

de

acordo

com

o

processo secundário. Isto, normalmente, incluiria o que denominamos preocupações e interesses da vida diária. Além do mais, como Freud assinalou, esta tradução ocorre de determinada maneira. Segundo ele o referiu, leva-se em consideração a possibilidade de expressar o resultado da tradução na forma de imagens visuais, plásticas..


A elaboração do sonho tenderá a traduzir as preocupações diárias da vida em estado de vigília em termos ou em imagens tão intimamente relacionadas quanto possível ao material que se liga ou se associa ao reprimido.


CONDENSAÇÃO Além disso, o processo de aproximação que acabamos de descrever torna possível que uma única imagem

represente,

simultaneamente,

vários

elementos latentes do sonho. Em conseqüência, ocorre uma alta proporção do que Freud chamou de “condensação”, o que significa que, pelo menos na vasta maioria dos casos, o sonho manifesto é uma versão

altamente

condensada

dos

pensamentos,

sensações e desejos que compõem o conteúdo latente do sonho.


CONDENSAÇÃO Na condensação, segundo Laplanche e Pontalis (2001), “uma representação única representa por si só várias cadeias associativas e traduz-se no sonho pelo fato de o relato manifesto, comparado com o conteúdo

latente,

ser

lacônico:

constitui

uma

tradução resumida.” “A condensação designa o mecanismo pelo qual o conteúdo manifesto do sonho aparece como uma versão abreviada dos pensamentos latentes”. GarciaRoza (2008)


DEFESAS DO EGO Em

acentuado

contraste

com

as

sensações

noturnas, a parte do conteúdo latente do sonho que consiste nos desejos e impulsos do reprimido é diretamente antagonizada pelas defesas do ego. Sabemos, na verdade, que esse antagonismo é antigo e de natureza permanente, e que sua presença é a razão de falarmos do “reprimido”.


DESLOCAMENTO “O aspecto mais significativo do sonho pode se apresentar de modo a quase passar despercebido, ao passo que os aspectos secundários aparecem, às vezes, ricos em detalhes. Nisto constitui o deslocamento da energia de uma imagem para outra” (JABLONSKI, s.d.)


DEFESAS DO EGO • Em acentuado contraste com as sensações noturnas, a parte do conteúdo latente do sonho que consiste nos desejos

e

impulsos

do

reprimido

é

diretamente

antagonizada pelas defesas do ego. Sabemos, na verdade, que esse antagonismo é antigo e de natureza permanente, e que sua presença é a razão de falarmos do “reprimido”.


DEFESAS DO EGO Durante o sono, portanto, os mecanismos de defesa do ego tentam barrar o acesso à consciência a essas fontes de desprazer. No caso de elementos latentes do sonho, acreditamos que a intensidade da oposição

inconsciente

proporcional

à

que

intensidade

lhes da

faz

o

ansiedade

ego

é

ou do

sentimento de culpa, isto é, do desprazer a eles associado.


NA PRÁTICA Suponhamos que a pessoa que sonha é uma mulher e que a parte do conteúdo latente do sonho derivada do reprimido constitua um desejo, originário da fase edipiana, de ter relações sexuais com o pai. Isto poderia ser representado no sonho manifesto, conforme uma fantasia apropriada daquele período da vida, por uma imagem da mulher e seu pai lutando um contra o outro, seguida de uma sensação de excitação sexual.


CONTEÚDO LATENTE X DEFESA DO EGO O ego não pode impedi-lo, mas pode influir na atividade do sonho, e real mente o faz, tornando o sonho manifesto distorcido de maneira irreconhecível e, conseqüentemente,

ininteligível.

Assim

a

incompreensibilidade da maioria dos sonhos manifestos não se deve unicamente ao fato de serem expressos na linguagem

do

processo

primário,

sem

qualquer

consideração pela inteligibilidade. A principal razão para que sejam incompreensíveis é que as defesas do ego os fazem assim.


ELABORAÇÃO SECUNDÁRIA O exemplo não pretende sugerir que em um sonho determinado

o

conteúdo

manifesto

“A”

seja

experimentado primeiro e, se o ego não o tolerar, será substituído por “B”, se não, por “C”, e assim por diante. Pelo contrário, dependendo do equilíbrio de forças entre as defesas e o elemento latente do sonho, quer “A”, “B” ou “C” etc., aparecerão no sonho manifesto


Esquema psiquismo

do

arco

reflexo

aplicado

ao

funcionamento

do


SONHOS DE ANGÚSTIA (PESADELOS) Explicar os pesadelos nos traz um problema adicional, pois eles parecem ser exceção à regra, descoberta por Freud, de serem os sonhos a expressão de desejos do sonhador. Ora, se os pesadelos nos assustam, se nos mostram cenas horríveis, como podem representar desejos?


SONHOS DE ANGÚSTIA (PESADELOS) O problema é que muitos desses desejos são inadmissíveis ao sonhador. Esse é o caso dos desejos sexuais ou agressivos: o sujeito não os reconhece, e caso os percebesse seria tomado de grande angústia. Para contornar esse problema, entra em ação uma instância censora que disfarça o conteúdo dos sonhos e torna-os, aparentemente, sem muito sentido, e, dessa forma, a pessoa pode continuar dormindo tranquilamente.


FALHAS NA DEFESA Fazendo uma analogia, é como se um fiscal de alfândega (a censura onírica) permitisse a passagem ilícita de mercadorias (os desejos inconscientes) para

se

ver

livre

de

maiores

conflitos

com

contrabandistas que o incomodam todas as noites, desde

que

essas

mercadorias

sejam

disfarçadas como se fossem produtos legais.

bem


COMO FUNCIONA OS PESADELOS? O pesadelo acontece quando o sonho expressa com maior intensidade os desejos que não são admitidos pela consciência do sonhador. Nesse caso, o sonho dribla a censura onírica com tanta força que se torna impossível manter o sono, e a pessoa acorda sentindo intenso desprazer.


O PESADELO E OS DESEJOS • O pesadelo, portanto, também é a expressão de

desejos sendo realizados, todavia, trata-se de desejos reprimidos que são expressos mais claramente, sem a devida distorção. • O pesadelo, então, não constitui exceção à regra de

serem os sonhos a expressão de desejos. O fato é que, como disse Freud, a relação do sonhador com seus desejos é muito peculiar, pois ele os repudia e censura


CARACTERÍSTICAS DOS PESADELOS • Pavor agonizante; • Senso de opressão ou peso sobre o peito que interfere com a respiração; • A convicção de uma paralisia desamparada


ETIMOLOGIA O termo usado para o pesadelo em inglês, Nightmare. Essa palavra deriva do anglo-saxão neaht ou nicht,significando “noite”, e mara,que significa “íncubo” ou “súcubo”. Ou seja, na língua inglesa,

o

significado

arcaico

do

pesadelo

corresponde ao “íncubo” ou “demônio noturno”.


EM PORTUGUÊS A etimologia da palavra “pesadelo” envolve a união da palavra “pesado” com o diminutivo latino “elo”. Observa-se, mais uma vez, a associação da angústia noturna com o peso ou pressão sobre o sujeito. O que seria esse peso?


“O pesadelo” (1781), de Henry Fuseli. “O pesadelo” (1781), de Henry Fuseli.


SONHOS DE PUNIÇÃO

• A quem o sonho deve proporcionar prazer? • Ao sonhador. Ocorre, porém, que é o mesmo sonhador que deseja, repudia e censura seus desejos. A qual sujeito o sonho deve agradar? Ao que deseja ou ao que censura. Se a realização de um desejo inconsciente produz prazer, produz também ansiedade ao ego do sonhador. [...] Os acontecimentos podem provocar prazer ao nível do sistema inconsciente

e

ansiedade

ao

consciente” (GARCIAROZA, 2004.)

nível do

sistema

pré-


SIGMUND FREUD • “A interpretação dos sonhos é a vida real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente”


RESUMO DAS FUNÇÕES DO SONHOS 1. Como um meio de descarga pulsional. 2. Como um recurso de realização (disfarçada) de desejos (reprimidos. 3. Com uma função traumatofílica, ou seja, como uma maneira de elaborar situações traumáticas (é o caso daqueles sonhos constantemente repetitivos). 4. Com funções adaptativas e de integração do ego


• 5. Como uma forma de linguagem e de comunicação

. • 6. “Como uma função elaborativa, indo além de uma

única realização de desejos”, os sonhos também têm a função de buscar uma solução para os problemas que ocupam o psiquismo. • 7. Como um processo criativo e gerador de sentidos

e de novos significa.


ORDEM E CRITÉRIOS PARA INTERPRETAÇÃO PSICANALÍTICA DOS SONHOS 1 - Enquanto o paciente conta o sonho, anote-o; 2 - Após a anotação do sonho, conforme contado faça perguntas sobre os seus componentes, questionando se novas recordações afloram; 3 - Anote as novas recordações e você terá o sonho ampliado; 4 . Com o sonho ampliado, faça agora perguntas sobre os elementos presentes no sonho, procurando ver com que o paciente os associa.


5 - uma vez levantadas todas as associações possíveis, recordações do passado ou do presente, identifique, no sonho, os símbolos fálicos; 6 - procure associar o sonho, suas lembranças, os símbolos fálicos, etc., Com a história geral da vida do paciente e suas queixas; 7 - após fazer esta comparação, elabore uma hipótese interpretativa; 8 - com a hipótese interpretativa (teoria), comece a submetê-la à prova, checando, com indagações, se “isso" poderia significar “aquilo", etc.;


9 - Diante da confirmação da hipótese interpretativa, construa a interpretação do modo como dela ser passada para o paciente; 10 - Construída a interpretação, falta definir como e quando submetê-la ao paciente; I I - Prepare o paciente para receber a interpretação, se for o caso; 12 - Encontrado o melhor momento, interprete o sonho sem rodeios, sem constrangimento, etc.


Danuza LeĂŁo


REFERÊNCIAS • GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 20. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. • BRENNER, Charles. Noções básicas de psicanálise. São Paulo: Imago. 1987.FREUD, Sigmund. (1911). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. obras completas. v 12. Rio de Janeiro: Imago. 1980.FREUD, Sigmund. (1900). A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Imago 1999.JUNG, Carl, Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.1977.LAPLANCHE.; PONTALIS. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes. 2001. • MONZANI, R. Luiz. Freud: o movimento de um pensamento. Campinas, Unicamp, 1989. • ZIMERMAN, E. David. Fundamentos psicanalíticos. Porto Alegre: Artmed. 1999. • ________, E. David. Manual de técnicas psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed. 2004


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