Carl Gustav Jung

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- CEAPPE Centro de Estudos e Acompanhamento Psicanalítico e Psicopedagógico Tema da Aula: Carl Gustav Jung - Vida e Obra Professor: Marcelo Castro Psicólogo, Filósofo, Psicoterapeuta, Professor de Psicologia, Diretor do Núcleo de Psicologia Carl Gustav Jung, Especialista em Psicologia Humanista na Abordagem Centrada na Pessoa, Pós Graduado em Docência do Ensino Superior, Formação em Psicossomática, Hipnose Clínica e Regressão de Memória, Organizador e Facilitador do Curso de Introdução a Abordagem Centrada na Pessoa e de Grupos Terapêuticos, Palestrante em Cursos de Psicologia, Filosofia e Desenvolvimento Pessoal. Contatos: Tel.: 9 8736-6769 Email.: mcbpsi@yahoo.com.br


Carl Gustav Jung

“ Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Gustav Jung


Jung: uma breve biografia • Carl Gustav Jung nasceu a 26 de julho de 1875, em Kesswil, aldeia pertencente ao cantão da Turgovia, Suíça; • Faleceu em Zurique, na Suíça, em 06 de junho de 1961; • Seu pai, Paul Achilles Jung, aí exercia as funções de pastor protestante; O menino Carl Gustav tinha quatro anos quando o pai foi transferido para os arredores de Basiléia; • A Basileia é a terceira maior cidade da Suíça, (atrás de Zurique e Genebra) com a população de cerca de 195.000 habitantes. É considerada a capital cultural da Suíça; • Foi na Basiléia onde Jung fez todos os seus estudos, inclusive o curso médico. Esta cidade já era, na época, um dos mais importantes centros culturais da Europa. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 5, 1981


Jung: uma breve biografia • A Basiléia era tão conceituada, que Nietzsche (1844 – 1900) deu cursos memoráveis na Universidade de Basiléia no período 1869-1879; • O historiador e filósofo Jacob Burckhardt ocupava, por estes tempos, uma cátedra nessa mesma Universidade; • Também ecoava ainda naqueles dias a fama do reformador da Faculdade de Medicina de Basiléia, Carl Gustav Jung, avô paterno do futuro psicólogo, que recebeu o nome de seu ancestral ilustre; • Rumores corriam de que o velho C. G. Jung fosse filho ilegítimo de Goethe; • Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 5, 1981


Jung: uma breve biografia

• No seu livro de MEMÓRIAS, Jung não esconde as restrições que fazia ao pai. Desde muito cedo, ele viu no pastor o homem estagnado numa condição medíocre, a quem faltaram forças para seguir sua linha própria de desenvolvimento; • Tinha o pai como sendo “o homem que não enfrentava as dúvidas religiosas que o atormentavam”; • Segundo Jung, o pai e pastor temia as experiências religiosas imediatas, agarrava-se à fé, amparava-se na Bíblia e nos dogmas. Jung nunca poderia aceitar tal atitude. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 5 e 6, 1981


Jung: uma breve biografia

• Sentia-se muito mais afim com sua mãe. Menino ainda, descobriu que existiam nela duas personalidades. Uma convencional correspondente à esposa de um pastor, que exigia do filho boas maneiras e fazia-1he recomendações impertinentes sobre o modo de usar o lenço ou coisas semelhantes. E outra, investida de estranha autoridade misteriosa, dotada de algo que às vezes lhe infundia medo.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 6, 1981


Jung: uma breve biografia • Jung não faz referência a nenhum período de fervor religioso vinculado ao protestantismo, nem mesmo na infância; • A ideia de Deus, entretanto, fascinava-o intensamente. E o mais singular é que as cogitações do filho do pastor não giravam em torno da figura de Cristo, tema fundamental dos ensinamentos protestantes. Ele comparava o que lhe diziam com aquilo que via em torno de si. Impressionava-se com os “imerecidos sofrimentos do homem e dos animais" e isso levava-o a imaginar que Deus houvesse mesmo intencionalmente criado um mundo repleto de contradições. • O menino Jung pensava e sentia Deus como uma poderosa força avassaladora que trazia consigo bem-aventurança mas também desespero e terror, mas, guardava secretos esses pensamentos. A quem poderia comunicá-los se eram tão diferentes de tudo quanto se dizia na igreja ou em casa, nas conversações do pai com seus amigos também pastores? • Vinha-lhe então o sentimento de que algo muito profundo o separava dos demais. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 7, 1981


Jung: uma breve biografia • O problema da escolha de profissão não foi fácil. Tudo o interessava. A arqueologia o atraía e simultaneamente as ciências naturais. Por fim decidiu-se pela medicina. Seu pai obteve que a Universidade concedesse ao jovem estudante uma bolsa, pois a família era demasiado pobre para enfrentar as despesas de um curso superior; • Tudo fazia crer que Jung se especializasse em clinica médica. O catedrático o distinguia e já o convidara para seu assistente; • Aconteceu que quando se preparava para o exame de psiquiatria do currículo médico, leu no prefácio do tratado de Richard von Krafft-Ebing conceitos que o atingiram em cheio, abrindo-1he a inesperada perspectiva de que, na psiquiatria, seus interesses pela filosofia, pelas ciências naturais e médicas, poderiam encontrar um foco vivo de convergência. Imediatamente, para surpresa geral, escolheu a psiquiatria; Nise, “Jung, vida e obra”, p. 7, 1981


Jung: uma breve biografia

• Richard Von Krafft-Ebing (1840 – 1902) foi um psiquitra alemão que introduziu em sua obra os conceitos de sadismo, masoquismo e fetichismo no estudo do comportamento sexual. Sua obra foi: Psychopathia Sexualis (1886).


Jung: uma breve biografia • Jung concluiu o curso médico em 1900, aos 25 anos, e logo deixou a Basiléia para vir ocupar o cargo de segundo assistente no hospital Burgholzli, de Zurique (10 de dezembro de 1900); • A carreira de Jung, no Burgholzli, foi das mais brilhantes. Já em 1902 passava a primeiro assistente e defendia sua tese de doutoramento. Este trabalho teve por titulo - Psicologia e patologia dos fenômenos ditos ocultos. Trata-se do estudo do caso de uma jovem médium espírita; • É de fundamental importância mencionar que este hospital vivia na ocasião um período de intensa atividade cientifica, sob a direção de Eugen Bleuler, sem dúvida um dos maiores psiquiatras de todos os tempos.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 7 e 8, 1981


Jung: uma breve biografia • Paul Eugen Bleuler (1857 – 1939), foi um psiquiatra suíço notável pelas suas contribuições para o entendimento da esquizofrenia; • Em 1886 foi nomeado diretor da clínica psiquiátrica de Rheinau, um hospital localizado em um monastério numa ilha do Reno. Rheinau era famosa pelo seu atraso e Bleuler melhorou as condições para os pacientes que viviam ali. Retornou para Burghölzli em 1898 para ser diretor e empregou Carl Gustav Jung como interno; • Bleuler é conhecido por nomear a esquizofrenia, doença que era anteriormente conhecida como dementia praecox. Bleuler entendeu que esta condição tanto não era uma demência quanto não era exclusiva de indivíduos jovens. Assim, ele nomeou a doença com um termo menos estigmatizante, mas ainda controverso das raízes gregas schizo (dividida) e phrene (mente); • Bleuler foi quem introduziu o termo "ambivalência" em 1911, e o termo autismo em uma edição de 1912 do American Journal of Insanity. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 8, 1981


Jung: uma breve biografia • No ano de 1905, Jung assumia o posto imediatamente abaixo de Bleuler na hierarquia do hospital; • No Burgholzli, Jung trabalhou incansavelmente como colaborador de Bleuler e como pesquisador original. Marcaram época suas experiências sobre as associações verbais. Essas experiências, iniciadas com o intento de trazer esclarecimentos concernentes à estrutura psicológica da esquizofrenia; • Em breve transformavam-se, nas mãos do jovem pesquisador, num método de exploração do inconsciente. Conduziram-no à descoberta dos complexos afetivos. A conceituação de complexo, juntamente à técnica para detectá-lo, foi a primeira contribuição de Jung à psicologia moderna.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 8, 1981


Jung e Freud (convergências)

• Somente em 1907 Jung entrou em contato pessoal com Freud. No dia 27 de fevereiro daquele ano Jung visitou Freud em Viena. • Esta primeira visita prolongou-se por treze horas a fio de absorvente conversação. • Freud logo reconheceu o alto valor de Jung e viu no suíço, no não judeu, o homem adequado para conduzir avante a psicanálise. Mas sobretudo viu nele "um filho mais velho”, um “sucessor e príncipe coroado" (carta de Freud à Jung, datada de 16.4.1909). Nise, “Jung, vida e obra”, p. 9, 1981


Jung e Freud • De 1907 à 1912 estabeleceuse estreita colaboração entre Freud e Jung; • No outono de 1909 viajaram juntos aos Estados Unidos, por ocasião das comemorações do vigésimo aniversário da Clark University; • Freud ali pronunciou as célebres cinco conferências sobre psicanálise e Jung apresentou seus trabalhos relativos às associações verbais. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 9, 1981


Jung e Freud (divergências)

Em 1910 foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional. Freud usou toda sua influência para que Jung fosse eleito presidente dessa Associação e assim aconteceu.

Mas, já em 1912, o livro de Jung, METAMORFOSES E SÍMBOLOS DA LIBIDO marcava divergências doutrinárias profundas que o separaram de Freud.

Eram ambos personalidades demasiado diferentes para caminharem lado a lado durante muito tempo. Estavam destinados a defrontar-se como fenômenos culturais opostos.


Jung e Freud (divergências)

Apesar de divergências abertas ou latentes, os anos de colaboração estreita entre Freud e Jung (1907-1912) foram, sem dúvida, muito fecundos para a psicanálise. O desentendimento decisivo, porém, acabou surgindo. Foi provocado pelo conceito de libido, entendida como energia psíquica de uma maneira global, apresentado por Jung, em METAMORFOSES E SÍMBÓLOS DA LIBIDO.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 36, 1981


Psicologia Analítica (contexto histórico)

Aos 38 anos (1913) Jung havia cumprido largamente todas as tarefas da primeira metade da vida. Tinha constituído família; afirmara-se no campo profissional, sendo procurado por enorme clientela que acorria de toda a Europa e da América; conquistara renome científico mundial.

Agora ia abrir-se uma nova fase na sua vida. Haviam sido rompidos os laços com o grupo psicanalítico. E neste mesmo ano de 1913, Jung renunciou ao titulo de Privat-Dozent (já em 1909 demitira-se do cargo de psiquiatra do Burgholzli), abandonando assim a carreira universitária.

Começava um difícil período de solidão, um período de ativação do inconsciente, de intensas experiências interiores. Começa delinear-se a Psicologia Analítica.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 10, 1981


Psicologia Analítica (contexto histórico)

Fim da primeira parte

De sonhos impressionantes, mesmo de visões, Jung decidiu-se a aceitar que as imagens do inconsciente emergissem. Pareceu-1he que a melhor solução seria esforçar-se por decifrar-lhes o sentido, mantendo a consciência sempre vigilante e não perdendo o contato com a realidade exterior.

Foi através da interpretação de seus sonhos e experiências internas que Jung chegou à descoberta de um centro profundo no inconsciente, centro ordenador da vida psíquica e fonte de energia. O Self.

Atento aos fenômenos que se desdobravam no intimo de si próprio, apreendeu o fio e a significação do curso que tomavam, verificando que outra coisa não acontecia senão a busca da realização da personalidade total. A Individuação. Nise, “Jung, vida e obra”, p. 11, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

Segunda parte

• O inconsciente:

• Para que o individuo não seja tragado pelo inconsciente, adverte Jung, é necessário manter-se firmemente enraizado na realidade externa, ocupar-se de sua família, de sua profissão. E, sem perder o ânimo, encarar face a face as imagens do inconsciente.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 11, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

O inconsciente: É geralmente conhecido o ponto de vista freudiano segundo o qual os conteúdos do inconsciente se reduzem às tendências infantis reprimidas, devido à incompatibilidade de seu caráter. A repressão é um processo que se inicia na primeira infância sob a influência moral do ambiente, perdurando através de toda a vida. Mediante a análise, as repressões são abolidas e os desejos reprimidos conscientizados. De acordo com essa teoria, o inconsciente contém apenas as partes da personalidade que poderiam ser conscientes se a educação não as tivesse reprimido. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 12, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

O Inconsciente Pessoal: A diferenciação que a experiência me impôs apenas reivindica para si o valor de mais um ponto de vista. Do que já dissemos até aqui tornou-se clara a distinção, no inconsciente, de uma camada que poderíamos chamar de inconsciente pessoal. Os materiais contidos nesta camada são de natureza pessoal porque se caracterizam, em parte, por aquisições derivadas da vida individual e em parte por fatores psicológicos, que também poderiam ser conscientes. É fácil compreender que elementos psicológicos incompatíveis são submetidos à repressão, tornando-se por isso inconscientes; mas por outro lado há sempre a possibilidade de tornar conscientes os conteúdos reprimidos e mantê-los na consciência, uma vez que tenham sido reconhecidos.

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos) O Inconsciente Pessoal: Os conteúdos inconscientes são de natureza pessoal quando podemos reconhecer em nosso passado seus efeitos, sua manifestação parcial, ou ainda sua origem específica. São partes integrantes da personalidade, pertencem a seu inventário e sua perda produziria na consciência, de um modo ou de outro, uma inferioridade. A natureza desta inferioridade não seria psicológica como no caso de uma mutilação orgânica ou de um defeito de nascença, mas o de uma omissão que geraria um ressentimento moral. O sentimento de uma inferioridade moral indica sempre que o elemento ausente é algo que não deveria faltar em relação ao sentimento ou, em outras palavras, representa algo que deveria ser conscientizado se nos déssemos a esse trabalho. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos) O Inconsciente Pessoal: O sentimento de inferioridade moral não provém de uma colisão com a lei moral geralmente aceita e de certo modo arbitrária, mas de um conflito com o próprio si-mesmo ( Selbst) que, por razões de equilíbrio psíquico, exige que o deficit seja compensado. Sempre que se manifesta um sentimento de inferioridade moral, aparece a necessidade de assimilar uma parte inconsciente e também a possibilidade de fazê-lo. Afinal são as qualidades morais de um ser humano que o obrigam a assimilar seu si-mesmo inconsciente, mantendo-se consciente, quer pelo reconhecimento da necessidade de fazê-lo, quer indiretamente, através de uma penosa neurose. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

O Inconsciente Pessoal e o Autoconhecimento: Quem progredir no caminho da realização do si-mesmo inconsciente trará inevitavelmente à consciência conteúdos do inconsciente pessoal, ampliando o âmbito de sua personalidade. Poderia acrescentar que esta "ampliação" se refere, em primeiro lugar, à consciência moral, ao autoconhecimento, pois os conteúdos do inconsciente liberados e conscientizados pela análise são em geral desagradáveis e por isso mesmo foram reprimidos. Figuram entre eles desejos, lembranças, tendências, planos, etc. Tais conteúdos equivalem aos que são trazidos à luz pela confissão de um modo mais limitado. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

Inconsciente Pessoal, sonhos e autoconhecimento: O restante, em regra geral, aparece mediante a análise dos sonhos. É muito interessante observar como às vezes os sonhos fazem emergir os pontos essenciais, um a um, em perfeita ordem. Todo esse material acrescentado à consciência determina uma considerável ampliação do horizonte, um aprofundamento do autoconhecimento e principalmente humaniza o indivíduo, tornando-o modesto. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• O inconsciente Coletivo: • De suas viagens, Jung trouxe muito mais do que a imagem do branco refletida nos olhos dos colonizados, a análise das reações do europeu no mundo selvagem, ou importantes aquisições referentes à psicologia do primitivo. Trouxe a descoberta da significação cósmica da consciência. Impressionava-o que o nascer do sol fosse para o homem primitivo um momento de concentrada emoção, que parecia denso de significações secretas. • De outra parte observara que durante a noite o primitivo estava sempre inquieto e medroso, receando perigos misteriosos, mas quando chegava o sol recuperava a segurança, tudo se lhe afigurava bom e belo. Deduziu Jung que a escuridão noturna corresponde à noite psíquica primordial, ao estado de inconsciência e "o anelo pela luz é o anelo pela consciência". Nise, “Jung, vida e obra”, p. 13, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• O inconsciente Coletivo:

• Como demonstra o exemplo a respeito da ideia arcaica de Deus, o inconsciente parece conter outras coisas além das aquisições e elementos pessoais. Uma paciente minha, por exemplo, desconhecia a derivação da palavra "espírito" de "vento" e o paralelismo de ambas. Tal conteúdo não fora produzido por seu intelecto, nem jamais ouvira algo sobre isso. A passagem do Novo Testamento era-lhe desconhecida e ela não lia grego.

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 21, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Nessa imagem nada há que possa ser considerado "pessoal"; trata-se de uma imagem totalmente coletiva, cuja existência étnica há muito é conhecida. Trata-se de uma imagem histórica que se propagou universalmente e irrompe de novo na existência através de uma função psíquica natural. Mas isto não é de se estranhar, uma vez que minha paciente veio ao mundo com um cérebro humano cujas funções continuam a ser as mesmas que entre os antigos germanos. É o caso de um arquétipo reativado, nome com que designei estas imagens primordiais. • Diante destes fatos devemos afirmar que o inconsciente contém não só componentes de ordem pessoal, mas também impessoal, (...). Já propus antes a hipótese de que o inconsciente, em seus níveis mais profundos, possui conteúdos coletivos em estado relativamente ativo; por isso o designei inconsciente coletivo. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 22, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Arquétipos: • Do grego ἀρχή - arché: "ponta", "posição superior" e, por extensão, "princípio", e τύπος - tipós: "impressão", "marca", "tipo") é o primeiro modelo ou imagem de alguma coisa, antigas impressões sobre algo. • São categorias herdadas, imagens primordiais; • Tem origem na repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações, armazenadas no inconsciente coletivo. • Arquétipo reativado, é o nome com que designei às imagens primordiais (postas em ação). Mediante a forma primitiva e analógica do pensamento peculiar aos sonhos, essas imagens arcaicas são restituídas à vida. Não se trata de ideias inatas, mas de caminhos virtuais herdados.

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 22, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Exemplos de Arquétipos: • Arquétipo materno • Arquétipo do sábio

• Arquétipo do herói • Arquétipo do divino


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Complexos: • A noção de um complexo baseia-se em uma refutação de ideias monolíticas de “personalidade”. Possuímos muitos selfs, como sabemos por experiência. Embora seja um passo considerável desse ponto até a consideração de um complexo como uma entidade autônoma dentro da psique, Jung asseverava que os “complexos se comportam como seres independentes”. Também argumentava que “não existe diferença, em princípio, entre uma personalidade fragmentária e um complexo”, “complexos são psiques parciais”.

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Psicologia Analítica (Principais conceitos) • Complexos: • Conteúdo emocional, oculto no íntimo do examinando, no inconsciente. Esses conteúdos seriam "complexos de ideias dotadas de forte carga afetiva”. Jung denominou-os “complexos afetivos" ou simplesmente "complexos”. Ficava assim demonstrada experimentalmente a existência do psiquismo inconsciente. • Um complexo é uma reunião de imagens e ideias, conglomeradas em torno de um núcleo derivado de um ou mais arquétipos, e caracterizadas por uma tonalidade emocional comum. Quando entram em ação (tornam-se “constelados”), os complexos contribuem para o comportamento e são marcados pelo AFETO, quer uma pessoa esteja ou não consciente deles. São particularmente úteis na análise de sintomas neuróticos. http://www.psicologiajunguiana.com.br/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Complexos: • A ideia era tão importante para Jung que, em certo ponto, ele cogitou de rotular suas ideias de “Psicologia Complexa”. Jung referia-se ao complexo como a “a via régia para o inconsciente” e como “o arquiteto dos sonhos”. Isso sugeriria que os SONHOS e outras manifestações simbólicas estão intimamente relacionados com os complexos. •

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Psicologia Analítica (Principais conceitos) • Complexos: •

Como demônios soltos infernizam a vida no lar e no trabalho. Todavia é preciso acentuar que na psicologia jungueana os complexos não são, por essência, elementos patológicos. "Significam que existe algo conflitivo e inassimilado - talvez um obstáculo mas também um estimulo para maiores esforços e assim podem vir a ser uma abertura para novas possibilidades de realização".

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 29, 1981

• O caso clínico Ivana: A busca pelo perdão e o complexo de culpa


Psicologia Analítica (Principais conceitos) • Ego: • O ego é o centro da consciência, e em relação ao self, apresenta limitações por lidar com recursos disponíveis apenas na consciência, visto que esta não é capaz de contemplar todo o conteúdo presente no inconsciente. https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/selfsi-mesmo-ego-eixo-ego-self/

• “Portanto, em minha concepção, o ego é uma espécie de complexo, o mais próximo e valorizado que conhecemos. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência.”.(JUNG, 1999, § 7). Jung, A Natureza da Psique, p. 79, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Ego: • Para Hall (2014, p. 27), “Embora ocupe uma pequena parte da psique total, o ego desempenha a função básica de vigia da consciência”. Ele funciona como um porteiro que passa a controlar os conteúdos que terão acesso à consciência. Ou seja, o ego vai surgir a partir da consciência, pois o mesmo é o centro da consciência, é a parte da nossa psique que nos garante uma identidade.

Hall, Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática, p. 27 , 2007.


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Ego: • O ego fornece à personalidade identidade e continuidade, em vista da seleção e da eliminação do material psíquico que lhe permite manter uma qualidade contínua de coerência na personalidade individual. É graças ao ego que sentimos hoje sermos a mesma pessoa de ontem (HALL, 2014, p. 27).

Hall, Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática, p. 27 , 2007.


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Ego: • Graças ao ego que podemos construir uma história contínua da nossa vida, desempenhando, o mesmo, um papel extremamente importante no processo de individuação. Porque se o processo de individuação é uma construção de uma personalidade sólida, sem o ego, isso não é possível, é justamente ele que vai fornecer a nossa personalidade essa continuidade, essa possibilidade de construir uma história. Para Jung, o ego é parte constituinte da mente humana, como um processo funcional composto por tudo aquilo que vimos, convivemos e percebemos (HALL, 2014).

Hall, Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática, p. 27 , 2007


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Ego: • Dentro dessa funcionalidade, o ego está em função do Self, ele não está solto na psique, e sua primeira função é o preenchimento das necessidades de sobrevivência tendo como primeiro passo a segurança, outra função é a de alimentação, e a outra é a satisfação pessoal. Após essa primeira fase passa para a segunda que seria a necessidade de identidade, que também é função do ego como o pertencimento que seria a sensação de estar no lugar certo e na hora certa, de que somos queridos, que somos esperados. Outra função do ego é autoestima, que vai além do físico e que é gostar de si como se é, e por último a necessidade de auto realização, que seria a vontade de buscar algo melhor para a vida, seja no campo profissional ou emocional.

Hall, Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática, p. 27 , 2007


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Ego: • A consciência do ego parece depender de dois fatores: primeiramente, depende das condições da consciência coletiva, isto é, social, e em segundo lugar, depende dos arquétipos ou dominantes do inconsciente coletivo.

Jung, A Natureza da Psique, p. 79, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Alquimia:

• A “arte" alquímica seria a projeção sobre a matéria de processos em desdobramento no inconsciente. Vivenciados pelos alquimistas, continuavam acontecendo no presente, segundo o simbolismo que os sonhos de homens e mulheres contemporâneos deixava entrever. Assim, a psicologia analítica encontrou, na alquimia, sua contraparte histórica.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 29, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Energia Psíquica: • Enquanto Freud atribui à libido significação exclusivamente sexual, Jung denomina libido à energia psíquica tomada num sentido amplo. Energia psíquica e libido são sinônimos. Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses os mais diversos. Tudo isso está compreendido no conceito de libido.

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 34, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Energia Psíquica: • Atento à conduta do doente, pergunta Jung : a perda do contato com a realidade, na esquizofrenia, resultaria da retração o interesse libidinal, na acepção de interesse erótico? Freud sustentava esta opinião. • Jung não aceitou que o contato com a realidade fosse mantido unicamente através de “afluxos de libido" ou seja de interesse erótico. Verificava em seus doentes não só perda do interesse sexual mas de todos os interesses que ligam o homem ao mundo exterior. Para estar de acordo com Freud seria, portanto, necessário admitir que toda relação com o mundo era, na essência, uma relação erótica. Isto pareceu a Jung inflação excessiva do conceito de sexualidade. •

Nise, “Jung, vida e obra”, p. 34 e 35, 1981


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Persona: • Há um problema que, se negligenciado, causará a maior confusão. A inconsciência das personas. • A origem da palavra persona vem da Grécia através do teatro grego. Os atores das peças utilizavam máscaras confeccionadas por eles mesmos com a intenção de que o espectador pudesse identificar o personagem pela sua máscara (JUNG, 2014).

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 43, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

•Persona: •A este segmento arbitrário da psique coletiva, elaborado às vezes com grande esforço, dei o nome de persona. A palavra persona é realmente uma expressão muito apropriada, porquanto designava originalmente a máscara usada pelo ator, significando o papel que ia desempenhar. •Como seu nome revela, ela é uma simples máscara da psique coletiva, máscara que aparenta uma individualidade, procurando convencer aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando, na realidade, não passa de um papel, no qual fala a psique coletiva. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 43, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos) • Persona: • Ao analisarmos a persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que, aparentando ser individual, ela é no fundo coletiva; em outras palavras, a persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No fundo, nada tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que "alguém parece ser: nome, título, ocupação, isto ou aquilo”. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 43, 1971

• Mas, a grande questão da persona é quando há uma identificação da pessoa com ela, pois, ao se identificar tanto com a mesma, pode-se perder a noção da pessoa que se é.


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Sombra: • A sombra em muitos casos é mal interpretada, a maioria das pessoas tem uma ideia da sombra como algo assustador e escuro, devido ao próprio conceito de sombra que nos traz a ideia de que sombra é uma oposição à luz, ou seja, tudo aquilo que se opõe a luz forma uma sombra (HALL, 2014).

• A proposta da psicologia analítica é que o indivíduo compreenda a sombra e possa crescer com ela. A construção dessa sombra é algo que começa na infância a partir de mais ou menos três anos, quando o processo de educação começa a se formar e o ego começa a ter uma estruturação, levando a criança a perceber que ela, a mãe e o pai são outras pessoas.


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Sombra: • É nessa fase que a criança percebe que algumas coisas que ela faz, em relação as suas atitudes, que não é agradável principalmente aos pais, ela tende a esconder esses comportamentos para não mais desagradá-los. E com isso durante os anos vão se passando e a cada experiência que o indivíduo passa, e que não é aceitável pela sociedade, o mesmo vai reprimindo esses conteúdos.


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Sombra: • Portanto para Jung: • A sombra personifica o que o indivíduo recusa conhecer ou admitir e que, no entanto, sempre se impõe a ele, direta ou indiretamente, tais como os traços inferiores do caráter ou outras tendências incompatíveis... A sombra é aquela personalidade oculta, recalcada, frequentemente inferior e carregada de culpabilidade, cujas ramificações extremas remontam ao reino de nossos ancestrais animalescos, englobando também todo o aspecto histórico do inconsciente (JUNG, 1998, p. 359).


Psicologia Analítica (Principais conceitos) • Sombra: • Todo esse conteúdo que se encontra na sombra não é composto só de coisas ruins, Jung nos traz uma questão muito interessante em relação ao insight que nós temos que são esses conteúdos que aparecem como solução de algum problema, como grandes ideias que surgem do nada e que são oriundos da sombra, ou seja, nem tudo que está na sombra é repreensível pela sociedade ou por nós (JUNG, 1988). • Por isso que é necessário a revisão de crenças e de conceitos, pois todo processo terapêutico e todo processo de individuação, como afirma Jung (1988), necessita de uma disposição do paciente para poder acessar todo esse conteúdo, trazendo-os a consciência, pois para a psicologia analítica o único caminho para o processo de individuação é o de se relacionar com a sombra. • Assim, para Jung, A sombra constitui um problema de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo, pois ninguém é capaz de tomar consciência desta realidade sem dispender energias morais. Mas nesta tomada de consciência da sombra trata-se de reconhecer os aspectos obscuros da personalidade, tais como existem na realidade (JUNG, 1988, p. 6). •

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 43, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos) •

Ânima e Ânimus:

Segundo Jung, anima é a imagem feminina da personalidade do homem, correspondente aos arquétipos do feminino no homem, ou seja, são imagens inconscientes funcionando e atuando a partir da psique inconsciente, pois para a psicologia analítica cada homem carrega dentro de si a imagem de uma mulher (HALL, 2007).

Essa presença feminina é responsável pelas projeções em figuras femininas, é a ponte nos relacionamentos: seja do masculino com o feminino, como também entre a consciência e inconsciente, fundamental para o amadurecimento psicológico do homem.

Assim, desde a origem, todo homem traz em si a imagem da mulher; não a imagem desta ou daquela mulher, mas a de um tipo determinado. Tal imagem é, no fundo, um conglomerado hereditário inconsciente, de origem remota, incrustada no sistema vivo, tipo de todas as experiências da linhagem ancestral em torno do ser feminino, resíduo de todas as impressões fornecidas pela mulher, sistema de adaptação psíquico herdado... O mesmo acontece quanto à mulher (JUNG, 1998, p. 351).


Psicologia Analítica (Principais conceitos) •

Ânima e Ânimus:

Jung (1988) ressalta que a mãe ou a cuidadora são as primeiras a terem a imagem da anima projetada, para depois essa imagem ser projetada para outras mulheres como: a irmã, a professora e a esposa. De acordo com o já referenciado autor, a manifestação da anima pode ser positiva, através da ternura, paciência e sensibilidade, etc., ou negativa, através das alterações de humor, caprichos, explosões emocionais, vaidade exagerada, etc.

Já o animus é o oposto da anima, é o lado masculino da mulher, ou seja, para Jung, todos nós carregamos na nossa psique a contra parte sexual, mas que não é consciente e é a personificação do aspecto masculino na mulher, que é representado por uma imagem coletiva que a mulher tem do homem (JUNG, 1988).

Uma forma de manifestação do animus é por meio da escolha amorosa, é ele que provoca as paixões nas mulheres, ou seja, a mulher irá se sentir atraída por aquele homem que corresponda a sua masculinidade inconsciente. Tendo como a primeira projeção do animus a figura do pai, em seguida o irmão, professor, avô, cantor, esposo. Essa manifestação, segundo Jung, pode ser positiva, através da criatividade, força intelectual e autoconfiança, etc., ou negativa através do autoritarismo, intelectualização indiferenciada, rigidez, etc (JUNG,1988).


Psicologia Analítica (Principais conceitos) •

Ânima e Ânimus:

O desenvolvimento da anima e do animus é extremamente importante, pois tem como função principal psicológica estabelecer uma conexão entre o consciente e o inconsciente;

Hall (2007), Entende que o animus e a anima são consideradas como estruturas da psique, as imagens anímicas de anima e animus, mesmo em projeção, tem a função de ampliar a esfera pessoal da consciência. Seu fascínio estimula o ego e o impele para modos de ser que ainda não foram integrados. A retirada da projeção, se acompanhada pela integração do conteúdo projetado, leva inevitavelmente ao aumento do conhecimento consciente (HALL, 2007, p. 22).

Portanto por ser, o animus e a anima, aspectos inconscientes do individuo, opostos a persona, ou seja, quanto mais o sujeito se identifica com a persona mais distante ele está da anima e do animus, faz-se necessário que ambos sejam integrados a consciência para auxiliar no processo de individuação.


Psicologia Analítica (Principais conceitos) •

Sincronicidade

Jung definiu sincronicidade como principio de conexão acasual, sendo que podemos considerar como eventos sincronísticos, toda coincidência significativa relacionada a eventos acasuais, temporais e aespaciais, mas que só pode ser verificado após o ocorrido e/ou com conexão psicologia direta com o individuo. “Todos os fenômenos a que me referi podem ser agrupados em três categorias:

1. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o escaravelho), onde não há nenhuma evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do tempo, acima constatada, tal conexão é simplesmente inconcebível. https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/sincronicidade/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

Sincronicidade

2. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente (mais ou menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou seja, especialmente distante, e só se pode verificar posteriormente (como p. ex. o acidente de trânsito). https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/sincronicidade/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

Sincronicidade

3. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto, distante no tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado também posteriormente. (JUNG, 2007, § 974).

Nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, digo que semelhantes acontecimentos são sincronísticos, o que não deve ser confundido com “sincrônicos“. (JUNG, 2007, § 975. Grifo do autor)”. https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/sincronicidade/


Psicologia AnalĂ­tica (Principais conceitos)


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

•Sonhos •“A análise de sonhos é o problema central do tratamento analítico, porque é o meio técnico mais importante para abrir um caminho para o inconsciente. O objeto principal deste tratamento, como vocês sabem, é o de perceber a mensagem do inconsciente”. •“O paciente vem ao analista usualmente porque se encontra num impasse, onde parece não haver saída [...]. Em análise devemos ser muito cuidadosos para não assumir que sabemos tudo sobre o paciente ou que sabemos a saída de suas dificuldades”. •“[...] Portanto, devemos pesquisar os fatos fornecidos pelos sonhos. Sonhos são fatos objetivos. Eles não respondem às nossas expectativas, e nós não os inventamos; se alguém pretende sonhar com determinadas coisas, verá que é impossível. Nós sonhamos sobre nossas questões, nossas dificuldades”. Jung, Análise dos sonhos, p.12, conferência 1, 1995 Jung,


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Mitologia: • A Psicologia Analítica de C.G. Jung foi a psicologia que mais contribuiu para o estudo do material simbólico da humanidade. Jung fez várias viagens, conheceu várias culturas e com isso pôde vislumbrar uma conexão universal entre os homens, uma herança psicológica construída ao longo da evolução humana. http://www.jung-rj.com.br/arquivos/fontes_simbolicas.pdf

• “No mundo pré-moderno, a mitologia era indispensável. Ela ajudava as pessoas a encontrar sentido em suas vidas, além de revelar regiões da mente humana que de outro modo permaneceriam inacessíveis. Era uma forma inicial de psicologia. As histórias de deuses e heróis que descem às profundezas da terra, lutando contra monstros e atravessando labirintos, trouxeram à luz os mecanismos misteriosos da psique, mostrando as pessoas como lidar com as crises íntimas. Quando Freud e Jung iniciaram a moderna investigação da alma, voltaram-se instintivamente para a mitologia clássica para explicar suas teorias, dando uma nova interpretação aos velhos mitos.” (Armstrong, p.15, 2005) http://www.jung-rj.com.br/arquivos/fontes_simbolicas.pdf


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Transferência e Contratransferência:

A transferência é algo natural que acontece em qualquer relação, não é uma obra exclusiva do trabalho terapêutico. Umas das bases da relação terapêutica entre o analista e o analisando se encontra em torno do fenômeno da transferência, que para Jung (JUNG, 2011b p. 46), “o êxito ou fracasso do tratamento tem, no fundo, muito a ver com ela”. http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Transferência e Contratransferência:

• Na transferência, vê-se em outra pessoa algo que não existe, ou talvez só exista de forma latente ou nascente. Como se sabe, o paciente pode ver no analista um pai ou irmão, um amante, um filho ou filha, e assim por diante – quer dizer, ele pode transferir para o analista, traços pertencentes aos personagens que tiveram um papel importante em sua vida. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 46) http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Transferência e Contratransferência: • Contratransferência pode ser entendida da mesma forma que a transferência em seu sentido restrito, porém, em sentido inverso, ou seja, o sujeito passa a ser o psicoterapeuta que deposita suas projeções psicológicas em seu cliente. http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/

• Com efeito, qualquer projeção provoca uma contra-projeção todas as vezes que o objeto não está consciente da qualidade projetada sobre ele pelo sujeito. Assim, um analista reage a uma "transferência" com uma "contratransferência", quando a transferência projeta um conteúdo de que o próprio médico não tem consciência, embora exista realmente dentro dele. Jung, A Natureza da Psique, p. 106, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• O desenvolvimento da personalidade: • A personalidade como expressão da totalidade do homem foi circunscrita por C.G. Jung como sendo o ideal do adulto, cuja realização consciente por meio da "individuação" representa o marco final do desenvolvimento humano para o período situado além da metade da existência. • Jung, em todas as suas últimas obras, dedica atenção especial à compreensão e à descrição desse escopo. No entanto, é fato evidente que o "eu" se forma e se fortalece na infância e na adolescência. Seria inconcebível ocupar-se alguém com o "processo da individuação" sem considerar devidamente esta fase inicial do desenvolvimento. Jung, O desenvolvimento da personalidade, prefácio. 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Self (Si-mesmo) • Quem progredir no caminho da realização do si-mesmo inconsciente trará inevitavelmente à consciência conteúdos do inconsciente pessoal, ampliando o âmbito de sua personalidade. • Poderia acrescentar que esta "ampliação" se refere, em primeiro lugar, à consciência moral, ao autoconhecimento, pois os conteúdos do inconsciente liberados e conscientizados pela análise são em geral desagradáveis e por isso mesmo foram reprimidos.

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 23, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Self (Si-mesmo) • Figuram entre eles desejos, lembranças, tendências, planos, etc. Tais conteúdos equivalem aos que são trazidos à luz pela confissão de um modo mais limitado. O restante, em regra geral, aparece mediante a análise dos sonhos. • É muito interessante observar como às vezes os sonhos fazem emergir os pontos essenciais, um a um, em perfeita ordem. Todo esse material acrescentado à consciência determina uma considerável ampliação do horizonte, um aprofundamento do autoconhecimento e principalmente humaniza o indivíduo, tornando-o modesto. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 23, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Self (Si-mesmo)

• Trazendo o inconsciente pessoal à consciência, a análise torna o indivíduo consciente de coisas que, em geral, já conhecia nos outros, mas não em si mesmo. Tal descoberta o torna menos original e mais coletivo. Tal fato nem sempre é um mal, podendo conduzir para o lado bom.

Jung, O Eu e o inconsciente, p. 34, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Self (Si-mesmo)

• Há pessoas que reprimem suas boas qualidades e, conscientemente, dão livre curso a seus desejos infantis. A anulação das repressões pessoais traz à consciência, em primeiro lugar, conteúdos meramente pessoais; entretanto, já estão aderidos a esses conteúdos elementos coletivos do inconsciente, os instintos gerais, qualidades e ideias (imagens), assim como frações "estatísticas" de virtudes ou vícios em sua proporção média: "Cada um tem em si algo do criminoso, do gênio e do santo." Assim se compõe uma imagem viva, contendo tudo o que se move sobre o tabuleiro de xadrez do mundo: o bom e o mau, o belo e o feio. Jung, O Eu e o inconsciente, p. 34, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Individuação

• Há uma destinação, uma possível meta além das fases ou estados de que tratamos: é o caminho da individuação. • Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por "individualidade" entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo. Podemos pois traduzir "individuação" como "tornar-se si-mesmo“ ou "o realizar-se do si-mesmo" . Jung, O Eu e o inconsciente, p. 60, 1971


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Individuação

• Tornar-se único, individuado, é uma condição arquetípica, todos nós estamos fadados a passar por esse processo, é um impulso natural que nasce conosco na nossa psique, o nosso self, que vai ser o responsável pelo nosso convite, pelo nosso chamado a esse processo de individuação. • Esse processo pode ser de forma consciente ou de forma inconsciente. Quando se fala de forma inconsciente é quando somos impulsionados, empurrados e direcionados pelos acontecimentos da vida e vamos tropeçando pelo caminho e crescendo, mesmos em situações difíceis e complicadas. E de forma consciente, quando nós escolhemos fazer o mergulho profundo e conhecer de fato a pessoa que somos. DEPRESSÃO: a cura através da individuação na perspectiva da psicologia analítica


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

•Individuação •O objetivo do processo de individuação é fazer o indivíduo tornar-se a pessoa que realmente é. É um processo de diferenciação, no qual o ser desliga-se dos complexos e dos padrões coletivos, das expectativas de papéis, daquilo que os outros esperam dele para tornar-se um ser único (JUNG, 2000, p. 49). •Segundo Jung (2000), esse é um trabalho de uma vida inteira, é um processo que não se sabe quando se começa nem quando termina, mas sabe-se que ele acontece em toda a existência humana, começando pelo processo de: desenvolvimento do ego; consciência da persona; consciência da sombra; consciência do animus e anima e da consciência do si-mesmo. •Portanto Jung afirma que tornar-se individuado é tornar-se uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade. [...] A individuação não exclui o universo, ela o inclui.” (JUNG, 1998, p.355). Jung, O Eu e o inconsciente, p. 60, 1971


REFERÊNCIAS: •

HALL, J. A. Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática. São Paulo: Cultrix, 2007.

JUNG, C. G., A Natureza da Psique, ed. Petrópolis: Vozes:1971

__________., O Eu e o inconsciente, ed. Petrópolis: Vozes:1971

__________., Análise dos sonhos, 1995

__________., O eu e o inconsciente. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

__________., Memórias, sonhos, reflexões. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998

MEDRADO, L. C. F., DEPRESSÃO: a cura através da individuação na perspectiva da psicologia analítica, 2018

NISE, Silveira, “Jung, vida e obra”, 1981

http://www.psicologiajunguiana.com.br / acesso em 03/06/18

https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/selfsi-mesmo-ego-eixo-ego-self / acesso em 04/06/18

https://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/sincronicidade / acesso em 06/06/18

http://www.jung-rj.com.br/arquivos/fontes_simbolicas.pdf acesso em 06/06/18

http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12 / acesso em 06/06/18

acesso em 06/06/18


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