Estudos clínicos A Constituição do Sujeito e Direção do Tratamento [Salvo automaticamente]

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- CEAPPE Centro de Estudos e Acompanhamento Psicanalítico e Psicopedagógico Tema da Aula: Estudos clínicos: A Constituição do Sujeito e Direção do Tratamento Professor: Marcelo Castro Psicólogo, Filósofo, Psicoterapeuta, Professor de Psicologia, Diretor do Núcleo de Psicologia Carl Gustav Jung (2014 a 2018), Especialista em Psicologia Humanista na Abordagem Centrada na Pessoa, Pós Graduado em Docência do Ensino Superior, Formação em Psicossomática, Hipnose Clínica e Regressão de Memória, Organizador e Facilitador do Curso de Introdução a Abordagem Centrada na Pessoa e de Grupos Terapêuticos, Palestrante em Cursos de Psicologia, Filosofia e Desenvolvimento Pessoal. Contatos: Tel.: 9 8736-6769 Email.: mcbpsi@yahoo.com.br


- Primeira parte – O Sujeito e a Escuta: uma livre discussão

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- Primeira parte – O Sujeito e a Escuta: uma livre discussão

• Que é o sujeito ou Pessoa? • Que é a clínica? • Que é escuta? • Que relação terapêutica? • Eu e Tu X Eu e Isso • Em que a relação na psicoterapia difere de outras relações?


- Primeira parte – O Sujeito e a Escuta: uma livre discussão

• Por que as pessoas agem como agem? • Elas têm alguma escolha ao moldarem personalidade? • O que justifica as diferenças e semelhanças entre as pessoas? • O que as faz agirem de maneira previsível? • Por que elas são tão imprevisíveis? • Forças ocultas inconscientes controlam o comportamento das pessoas? • O que causa os transtornos mentais? • O comportamento humano é moldado mais pela hereditariedade ou pelo ambiente? Teorias da personalidade, p. 3, 2015


- Primeira parte – O Sujeito e a Escuta:

• Até tempos relativamente recentes, os grandes pensadores fizeram pouco progresso em obter respostas satisfatórias para tais questões. Mais de cem anos atrás, Sigmund Freud começou a combinar especulações filosóficas com um método científico primitivo. • Como neurologista treinado em ciências, Freud passou a ouvir os pacientes para descobrir que conflitos se encontravam por trás dos variados sintomas deles. • Ouvir, para Freud, se tornou mais do que uma arte; transformou-se em um método, um caminho privilegiado para o conhecimento que seus pacientes mapeavam para ele. • Freud, de fato, foi o primeiro a desenvolver uma teoria verdadeiramente moderna da personalidade, com base, principalmente, em suas observações clínicas.


- Primeira parte – O Sujeito e a Escuta:

• Freud não é apenas o pai da psicanálise, mas o fundador de uma forma muito particular e inédita de produzir ciência e conhecimento. Ele reinventou o que se sabia sobre a alma humana (a psique), instaurando uma ruptura com toda a tradição do pensamento ocidental, a partir de uma obra em que o pensamento racional, consciente e cartesiano perde seu lugar exclusivo e egrégio. • Seus estudos sobre a vida inconsciente, realizados ao longo de toda a sua vasta obra, são hoje referência obrigatória para a ciência e para a filosofia contemporâneas. • A sua influência no pensamento ocidental é não só inconteste como não cessa de ampliar o seu alcance, dialogando com e influenciando as mais variadas áreas do saber, como a filosofia, as artes, a literatura, a teoria política e as neurociências. Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, introdução, 2017


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein - Segunda parte -

• ASSOCIAÇÃO LIVRE • – Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea.

Vocabulário de psicanálise, LAPLANCHE E PONTALIS ORGANIZADO PROF. ELOISE


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• ATO-FALHO – • Ato pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevistas. Tal como em relação ao lapso, Sigmund Freud foi o primeiro, a partir da Interpretação dos Sonhos, a atribuir uma verdadeira significação ao ato falho, mostrando que é preciso relacioná-lo aos motivos inconscientes de quem o comete. O ato falho ou acidental torna-se equivalente a um sintoma, na medida em que é um compromisso entre a intenção consciente do sujeito e seu desejo inconsciente.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• CATÁRTICO (MÉTODO)* – • Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação”, uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afetos estão ligados, e ab-reagílos. Historicamente, o “método catártico” pertence ao período (1880-1895) em que a terapia psicanalítica se definia progressivamente a partir de tratamentos efetuados sob hipnose.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• CENA ORIGINÁRIA OU CENA PRIMÁRIA – • Cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiada pela criança, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai.

• CENSURA – • Função que tende a interditar aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente-consciente. Vocabulário de psicanálise, LAPLANCHE E PONTALIS ORGANIZADO PROF. ELOISE


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• COMPLEXO – • Conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcial ou totalmente inconscientes. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil, pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções, atitudes, comportamentos adaptados.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• DESEJO – •

Na concepção dinâmica freudiana, um dos pólos do conflito defensivo. O desejo inconsciente tende a realizar-se restabelecendo, segundo as leis do processo primário, os sinais ligados às primeiras vivências de satisfação. A psicanálise mostrou, no modelo do sonho, como o desejo se encontra nos sintomas sob a forma de compromisso.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• ID ou ISSO – • Uma das três instâncias diferenciadas por Freud na sua segunda teoria do aparelho psíquico. O id constitui o pólo pulsional da personalidade. Os seus conteúdos, expressão psíquica das pulsões, são inconscientes, por um lado hereditários e inatos e, recalcados e adquiridos. • Do ponto de vista econômico, o id é, para Freud, o reservatório inicial da energia psíquica; do ponto de vista dinâmico, entra em conflito com o ego e o superego que, do ponto de vista genético, são as suas diferenciações.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• EGO ou EU – • Instância que Freud, na sua segunda teoria do aparelho psíquico, distingue do id e do superego. Do ponto de vista tópico, o ego está numa relação de dependência tanto para com as reivindicações do id, como para os imperativos do superego e exigências da realidade. Embora se situe como mediador, encarregado dos interesses da totalidade da pessoa, a sua autonomia é apenas relativa.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• EGO ou EU – • Do ponto de vista dinâmico, o ego representa eminentemente, no conflito neurótico, o pólo defensivo da personalidade; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes motivados pela percepção de um afeto desagradável (sinal de angústia). Do ponto de vista econômico, o ego surge como um fator de ligação dos processos psíquicos; mas, nas operações defensivas, as tentativas de ligação da energia pulsional são contaminadas pelas características que especificam o processo primário.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• EGO ou EU – • A teoria psicanalítica procura explicar a gênese do ego em dois registros relativamente heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do id em contato com a realidade exterior, quer definindo-o como o produto de identificações que levam à formação no seio da pessoa de um objeto de amor investido pelo id. Vocabulário de psicanálise, LAPLANCHE E PONTALIS ORGANIZADO PROF. ELOISE


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• SUPEREGO ou SUPEREU – • Uma das instâncias da personalidade tal como Freud a descreveu no quadro da sua segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego. • Classicamente, o superego é definido como o herdeiro do complexo de Édipo, constitui-se por interiorização das exigências e das interdições parentais. Vocabulário de psicanálise, LAPLANCHE E PONTALIS ORGANIZADO PROF. ELOISE


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• FASE ORAL – • Primeira fase da evolução libidinal. O prazer sexual está predominantemente ligado à excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. • A atividade de nutrição fornece as significações eletivas pelas quais se exprime e se organiza a relação de objeto; por exemplo, a relação de amor com a mãe será marcada pelas significações seguintes: amamentar, comer, etc.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• FASE ANAL – • Para Freud, a segunda fase da evolução libidinal, que pode ser situada aproximadamente entre os dois e os quatro anos; é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona erógena anal; a relação de objeto está impregnada de significações ligadas à função de defecação (expulsão-retenção) e ao valor simbólico das fezes. Vemos aqui afirmar-se o sadomasoquismo em relação com o desenvolvimento do domínio da musculatura.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• FASE FÁLICA – • Fase de organização infantil da libido que vem depois das fases oral e anal e se caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais; • O que já não será o caso na organização genital pubertária, a criança, de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão genital, o órgão masculino, e a oposição dos sexos é equivalente à oposição fálico-castrado. A fase fálica corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante.

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Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• RECALQUE ou RECALCAMENTO – • Operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter no inconsciente representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão. O recalque produz-se nos casos em que a satisfação de uma pulsão – suscetível de proporcionar prazer por si mesma – ameaçaria provocar desprazer relativamente a outras exigências. O recalque é especialmente patente na histeria, mas desempenha também um papel primordial nas outras afecções mentais, assim como em psicologia normal.

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Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Transferência:

• Na transferência, vê-se em outra pessoa algo que não existe, ou talvez só exista de forma latente ou nascente. Como se sabe, o paciente pode ver no analista um pai ou irmão, um amante, um filho ou filha, e assim por diante – quer dizer, ele pode transferir para o analista, traços pertencentes aos personagens que tiveram um papel importante em sua vida. (GUGGENBÜHL-CRAIG, 2008 p. 46) http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/


Psicologia Analítica (Principais conceitos)

• Contratransferência: • Contratransferência pode ser entendida da mesma forma que a transferência em seu sentido restrito, porém, em sentido inverso, ou seja, o sujeito passa a ser o psicoterapeuta que deposita suas projeções psicológicas em seu cliente. http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/


Conceitos Psicanalíticos Básicos para Lacan e klein

• AMNÉSIA INFANTIL – • Amnésia que geralmente cobre os fatos dos primeiros anos da vida. Freud vê nela algo diferente do efeito de uma incapacidade funcional que a criança teria de registrar as suas impressões; ela resulta do recalque que incide na sexualidade infantil e se estende à quase totalidade dos acontecimentos da infância. O campo abrangido pela amnésia infantil encontraria o seu limite temporal no declínio do complexo de Édipo e entrada no período de latência.

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- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

“A verdadeira descoberta de um método de trabalho capaz de expor o inconsciente, reconhecendo suas determinações e interferindo em seus efeitos, deu-se com o surgimento da clínica psicanalítica”.

Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, introdução, 2017


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• As maiores contribuições de Freud para a teoria da personalidade são: • 1 – A exploração do inconsciente; • 2 – A insistência de que as pessoas são motivadas, primariamente, por impulsos dos quais elas tem pouca ou nenhuma consciência; • Para Freud, a vida mental está dividida em dois níveis: • 1 – Inconsciente; • 2 – Consciente; O inconsciente está dividido em: • Inconsciente (propriamente dito) e pré-consciente


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Inconsciente: • Contêm todos os impulsos, desejos e instintos que estão além da consciência, mas que, no entanto, motivam a maioria dos nossos sentimentos, ações e palavras. • Ainda que possamos estar conscientes dos nossos comportamentos explícitos, muitas vezes, não estamos conscientes dos processos mentais que estão por trás deles. Ex.: Um homem pode saber que está atraído por uma mulher, mas pode não compreender inteiramente todas as razões para a atração, algumas das quais podem ser, até mesmo, irracionais. Teorias da personalidade, p. 17, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Inconsciente: • Já que o inconsciente não está disponível para a mente consciente, como sabemos se ele de fato existe? • Freud defendia que a existência do inconsciente podia ser comprovada apenas indiretamente, [...] através dos sonhos, lapsos de linguagem e esquecimentos, representando os conteúdos chamados por ele de: • Conteúdos reprimidos ou repressão. Ex.: Sonhos.

Teorias da personalidade, p. 17, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

“Em conjunto com todos os outros autores, afirmamos que a terceira peculiaridade do conteúdo onírico consiste no fato de no sonho poderem surgir impressões da primeira infância das quais a memória não parece dispor na vigília. [...] Naturalmente, não é possível descobrir sem análise os motivos que levaram o sonhador a reproduzir justo essa impressão de sua infância”. Sigmund Freud

Sigmund Freud, A interpretação dos sonhos, p. 210, 2017


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Inconsciente: • Mas, por que os conteúdos sofrem repressões para o nosso inconsciente? • Segundo Freud, para a psicanálise, na maioria dos casos, tais imagens possuem fortes temas sexuais ou agressivos, porque os comportamentos sexuais e agressivos infantis costumam ser punidos ou suprimidos. A punição e a supressão frequentemente criam sentimentos de ansiedade, a qual, por sua vez, estimula a repressão, [...] como uma defesa do sofrimento proveniente dessa ansiedade.

Teorias da personalidade, p. 18, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• O inconsciente está inativo? • O inconsciente, é claro, não significa que está inativo ou adormecido. As forças no inconsciente lutam constantemente para se tornar conscientes, e muitas delas tem sucesso, embora possam não aparecer mais em sua forma original. • Ex.: A hostilidade de um filho em relação a seu pai pode se mascarar na forma de afeição ostensiva. [...] Sua mente inconsciente, portanto, motiva-o a expressar hostilidade indiretamente, por meio da demonstração exagerada de amor e adulação.

Teorias da personalidade, p. 18, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• O pré-consciente: • O nível pré-consciente da mente contém todos aqueles elementos que não são conscientes, mas podem se tornar conscientes prontamente ou com alguma dificuldade. • O que uma pessoa percebe é consciente apenas por um período transitório; isso rapidamente passa para o pré-consciente quando o foco da atenção muda para outra ideia. • Essas ideias que se alternam facilmente entre ser consciente e préconsciente estão, em grande parte, livres de ansiedade [...]. • Mas, Freud também acreditava que as ideias do inconsciente podiam invadir o pré-consciente, porém, sempre disfarçadas através dos sonhos, lapsos de linguagem e complexos de defesa. Teorias da personalidade, p. 18, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Consciente: • O nível consciente, que desempenha um papel relativamente menor na teoria psicanalítica, pode ser definido como aqueles elementos mentais na consciência em determinado ponto no tempo. Ele é o único nível da vida mental que está diretamente disponível para nós. • As ideias podem chegar à consciência por duas direções diferentes: • 1 - Consciente perceptivo: Está voltado para o mundo exterior e age como um meio para a percepção dos estímulos externos. Em outras palavras, o que percebemos por meio dos nossos órgãos dos sentidos, se não for ameaçador, entra no consciente. • 2 – Estrutura mental: Inclui ideias não ameaçadoras do préconsciente, além de imagens ameaçadoras, porém , bem disfarçadas, do inconsciente.

Teorias da personalidade, p. 18 e 19, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Instâncias da mente: • Id, Ego e Superego. • Id: Na essência da personalidade e totalmente inconsciente, encontra-se a região psíquica chamada de Id, um termo derivado do pronome impessoal “isso”; • É um componente ainda não conhecido da personalidade; • Não tem contato com a realidade; • Se esforça constantemente para reduzir a tensão, satisfazendo desejos básicos; • Sua única função é procurar o prazer e por isso é conhecido como: • Princípio do prazer. Ex.: Os bebês, “o mamilo” eterno e a passagem do tempo.


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Instâncias da mente (revisando o Id): • O Id é primitivo, caótico, inacessível à consciência seguindo a mera vontade da pessoa, irrealista, ilógico, desorganizado, amoral, e cheio de energia recebida dos impulsos básicos que busca realização a qualquer custo no princípio do prazer; • O Id funciona a partir de um processo primário por estar vinculado aos impulsos mais básicos. Ex.: A mala sem alça e a amoralidade. • “Uma mente brilhante”.

Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Instâncias da mente (revisando o Id): O Princípio do Prazer (Geraldo Azevedo) Juntos vamos esquecer, Tudo que doeu em nós Nada vale tanto pra rever O tempo que ficamos sós Faz a tua luz brilhar Pra iluminar a nossa paz O meu coração me diz Fundamental é ser feliz Juntos vamos acordar o amor Carícias, canções, deixa entrar o sol da manhã A cor do som, eu com você sou muito mais O princípio do prazer Sonho que o tempo não desfaz O meu coração me diz Fundamental é ser feliz


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Por outro lado, para sobreviver em um mundo com regras, o Id precisa de um segundo processo, ou melhor, processo secundário, a saber: • O Ego.

Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Instâncias da mente (O Ego): • O Ego, ou eu, é a única região da mente em contato com a realidade; • Se desenvolve a partir do Id durante a infância. Por isso é um processo secundário; • Enquanto o Id é direcionado pelo Princípio do prazer, o Ego é governado por qual princípio? • Princípio da Realidade; • É o ramo executivo da personalidade e portanto, quem toma as decisões no mundo de relação; Apresenta, porém, uma peculiaridade tridiática: •

É parte pré-consciente

• Ego

É parte consciente

É parte inconsciente


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Além desses dois “tiranos”, o Ego deve servir a um terceiro mestre: o mundo externo. Assim, o Ego tenta constantemente reconciliar as reinvindicações cegas e irracionais do Id e do Superego com as demandas realistas do mundo externo. • Encontrando-se rodeado por três lados por forças hostis e divergentes, o Ego reage de maneira previsível: • Torna-se ansioso! Que faz, então, para se livrar da ansiedade? • Usa a repressão ou outros mecanismos de defesa para se defender de tal ansiedade.

Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• O Ego se diferencia do Id quando os bebês aprendem a se distinguirem do mundo exterior. Enquanto o Id permanece inalterado, o Ego continua a desenvolver estratégias para lidar com as demandas irrealistas e implacáveis do Id por prazer. Ex.: O cavaleiro e o cavalo.

Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Superego (Super Eu): • Qual a origem do Superego? • Quando as crianças atingem a idade de 5 ou 6 anos, elas passam a se identificar com os seus pais e começam a aprender o que devem e não devem fazer. Essa é a origem do Superego.

Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Superego (Super Eu): • Na psicologia freudiana o Superego, Super Eu ou Acima do Eu, tem a seguinte representação: • Aspectos morais; • Ideias de personalidades estereotipadas; • Princípios éticos. • Diante disso, então, qual o Princípio guia do Superego? • O Princípio moralista ou Idealista. Teorias da personalidade, p. 20, 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Superego (Super Eu): • Se desenvolve a partir do Ego; • É mantido por dois subsistemas, a saber: • 1 - A consciência (experiência com punições por comportamento impróprio e diz o que nós “não devemos fazer”). Ex.: Tira a mão daí menino!; Mocinha não se senta assim!; Masturbação cria pelos na mão viu?; • 2 - Ideal do ego (surge a partir das recompensas em experiências de comportamento adequado a partir do que nós “devemos fazer”); • Desta forma qual a função primordial do Superego? • Controlar os impulsos sexuais e agressivos pelo processo de repressão, a partir do Ego, controlando-o, vigiando-o e desenvolvendo a culpa.


- Terceira parte – Freud e a constituição do sujeito

• Superego (Super Eu): • O Superego, a partir da sua busca por moralidade, é, então, o caminho para a construção da felicidade? • O Superego não está preocupado com a felicidade do ego. O seu foco, na verdade, é a busca cega e irrestrita por perfeição, mas, assim como o Id, estando completamente ignorante e despreocupado com as suas exigências, simplesmente quer imperar.

Teorias da personalidade, p. 21 e 22, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Melanie Klein:

• Mantendo-se na órbita dos fundamentos psicanalíticos, Melanie Klein inova a sua técnica, seu alcance e seus objetivos. Ela foi a mulher que desenvolveu uma teoria que enfatizava a relação de nutrição e amorosidade entre pais e filhos; • Do ponto de vista parental, na Psicanálise freudiana, quem é a representação física da estruturação da personalidade infantil? • Melanie Klein desenvolverá uma proposta justamente diferente, a saber, pautada principalmente na representação materna para a estruturação da personalidade; • Melanie X Melitta, literalmente um paradoxo;


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• A teoria das relações objetais de Melanie Klein é fruto da teoria dos instintos de Freud, porém, diferente em pelo menos três aspectos gerais, a saber: • 1 – A teoria das relações objetais coloca menos ênfase nos impulsos fundamentados biologicamente e mais importância nos padrões consistentes das relações interpessoais; • 2 – Contrariamente à teoria psicanalista de Freud, que enfatiza o poder e o controle do pai, a teoria da relações objetais tende a ser mais materna, destacando a intimidade e a criação da mãe; •

3 – Os teóricos das relações objetais veem, em geral, o contato e as relações humanas – não o prazer sexual – como o motivo primordial do comportamento humano.


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Melanie Klein e outros teóricos das relações objetais começam com esse pressuposto básico de Freud, e então, especulam sobre como as relações precoces reais ou fantasiadas do bebê com a mãe ou com o seio se tornam um modelo para todas as relações interpessoais posteriores. Teorias da personalidade, p. 94 e 96, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Se Klein é a mãe das relações objetais, Freud é o pai. Freud acreditava que os instintos tem uma origem, um impulso, uma finalidade e um objeto, com esses dois últimos tendo maior significado psicológico. • Qual a origem? • Que impulso? • Qual a finalidade? • Que objeto? • Melanie Klein e outros teóricos das relações objetais começam com esse pressuposto básico de Freud, e então, especulam sobre como as relações precoces reais ou fantasiadas do bebê com a mãe ou com o seio se tornam um modelo para todas as relações interpessoais posteriores. Teorias da personalidade, p. 96, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Enquanto Freud enfatizava os primeiros anos do bebê, Klein destacava a importância dos primeiros 4 a 6 meses; • Para ela os bebês não começam a vida como uma tela em branco, mas, com uma predisposição herdada de reduzir a ansiedade que experimentam em consequência do conflito produzido pelas forças do instinto de vida e do instinto de morte. • Mas, como Melanie Klein chamou essa predisposição inata? • Dotação filogenética. Teorias da personalidade, p. 96 e 97, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Um dos pressupostos básicos de Klein é que o bebê, mesmo no nascimento, possui uma vida de fantasia ativa. Essas fantasias são representações psíquicas dos instintos inconscientes do Id. Elas não devem ser confundidas com as fantasias conscientes das crianças mais velhas e dos adultos. Ex.: Mesmo quando ainda no ventre da mãe, os instintos se realizam quando o feto está alimentado ou se perturbam na condição oposto. •

Em sua teoria, a constituição do sujeito se dará a partir das representações simbólicas do seio bom e do seio mal.

• Segundo Melanie Klein, os impulsos inconscientes precisam de objetos, assim, o impulso da fome tem como objeto a representação simbólica do seio bom. • Inicialmente, os primeiros objetos do prazer para a criança são o seio e as mãos do seu cuidador.


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Objetos: • Klein concordava com Freud que os humanos possuem impulsos ou instintos inatos [...]; Os impulsos, é claro, precisam ter algum objeto. Assim, o impulso da fome tem o seio bom como seu objeto, o impulso sexual tem um órgão sexual como o seu objeto e assim por diante. • Klein acreditava que, desde o início da infância, as crianças se relacionam com esses objetos externos, tanto em fantasia quanto na realidade. As primeiras relações objetais são com o seio da mãe, mas, logo em seguida se desenvolve interesse pelo rosto e pelas mãos, os quais atendem a suas necessidades e as gratificam. Teorias da personalidade, p. 97, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Posições: • Na tentativa de lidar com a dicotomia de bons e maus sentimentos, os bebês organizam suas experiências em posições (estágio do desenvolvimento para Bowlby), ou formas de lidar com os objetos internos e externos; • Posição esquizoparanoide (primeiros meses de vida): O conflito entre a presença do seio bom (gratificação) e do seio mal (frustração); Ex.:Devora-lo pode ser a solução ou a destruição? • Posição depressiva (em torno de 5 ou 6 meses): O ego do bebê, nessa fase, é maduro o suficiente para perceber que ele não tem capacidade de proteger a mãe, e, assim, o bebê experimenta culpa por seus impulsos destrutivos anteriores em relação a mãe. Os sentimentos de ansiedade quanto à perda de um objeto amado associados a um sentimento de culpa por querer destruir aquele objeto constituem o que Klein denomina posição depressiva.


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Posições: •

A posição depressiva é resolvida quando as crianças fantasiam que fizeram a reparação das transgressões anteriores e quando reconhecem que a mãe não irá embora permanentemente, mas, retornará depois de cada partida;

• Quando a posição depressiva é resolvida, as crianças encerram a dissociação entre a mãe boa e a mãe má. Elas são capazes não só de experimentar o amor da mãe, mas também de expressar o seu amor por ela. Contudo, uma resolução incompleta da posição depressiva pode resultar em falta de confiança, luto patológico pela perda de uma pessoa amada e uma variedade de outros transtornos psíquicos.

Teorias da personalidade, p. 98, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• Quatro mecanismos de defesa segundo Melanie Klein. • Qual a função dos mecanismos de defesa? • Redução da ansiedade. • 1 - Introjeção: • Por introjeção, Klein simplesmente queria dizer que os bebês fantasiam incorporar a seu corpo aquelas percepções e experiências que tiveram com o objeto externo, originalmente, o seio da mãe; • Começa com a primeira alimentação, quando existe uma tentativa de incorporar o seio da mãe ao corpo dele. Ex.: relatos de experiências de adultos no momento do sexo.

Teorias da personalidade, p. 98, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• 2 - Projeção: • Na projeção, Klein entende que os bebês a empregam para se livrar de objetos bons e maus. É a fantasia de que sentimentos e impulsos próprios, na verdade, residem em outra pessoa não dentro do nosso corpo, [...] para aliviarem a ansiedade insuportável de serem destruídos por forças internas perigosas. Ex.: Você está nervoso! Eu não estou nervoso!!! É você quem está!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! • As crianças projetam imagens boas e más nos objetos externos, em especial, nos pais. Ex.: Um menino que deseja castrar o pai pode, em vez disso, projetar essas fantasias de castração no pai, dessa forma, invertendo os desejos de castração e acusando o pai de querer castrá-lo.

Teorias da personalidade, p. 99, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• 3 - Dissociação: • Os bebês só conseguem manejar os aspectos bons e maus deles mesmos e dos objetos externos por meio da dissociação, ou seja, separando os impulsos incompatíveis. [...] Assim, os bebês desenvolvem uma imagem de “eu bom” e “eu mau” que lhes possibilita lidar com os impulsos prazerosos e destrutivos em relação aos objetos externos. •

A dissociação pode ser de duas formas:

• Positiva – Quando não é extrema e rígida, é positiva não só para os bebês, mas também para os adultos. Ela possibilita que as pessoas vejam os aspectos positivos e negativos de si mesmas, avaliem os seu comportamento como bom ou mau e diferenciem os conhecidos admirados e os desagradáveis. • Negativa – Justamente o contrário da anterior e naturalmente ocasionando uma repressão patológica.


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• 4 - Identificação projetiva: • Mecanismo de defesa psíquico no qual os bebês dissociam partes inaceitáveis de si mesmos, as projetam em outro objeto e, finalmente, as introjetam de volta de forma alterada e distorcida. Ao incorporarem o objeto de volta, os bebês acreditam que se tornaram como aquele objeto. Ex.: As experiências de uma filha com um “pai bom” e “uma mãe má” projetadas na idade adulta. • A identificação projetiva exerce uma poderosa influência nas relações interpessoais adultas. Ex.: Uma marido com fortes tendências ao controle ou dominação dos outros, quando não as aceita em si próprio, pode projetar esse sentimento na esposa, a quem ele vê como dominadora. O homem, então, sutilmente, assume atitude de subserviência tentando “tornar” a esposa dominadora. É uma tentativa de forçar a esposa a exibir as próprias tendências que ele depositou nela. Teorias da personalidade, p. 99, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• O Ego, segundo Melanie klein: • Atinge a maturidade em um estágio muito anterior ao considerado por Freud. Para ele, a criança pequena é dominada pelo Id. Para Klein, no entanto, a criança, muito antes dos três anos de idade, já apresenta um Ego estruturando-se; • Já no nascimento o Ego se apresenta, porém, desorganizado. Se desenvolve aos poucos já nas primeiras experiências com a amamentação através das sensações de ansiedade, dos mecanismos de defesa e nas relações objetais; • É quando surge a percepção subjetiva de “seio bom” e “seio mal” dando prosseguimento a expansão do Ego já na primeira infância; • Das primeiras relações com o “seio bom” e “seio mal”, surgem os protótipos psíquicos da forma como se viverá as relações adultas. •

Teorias da personalidade, p. 99, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• O Superego, segundo Melanie klein: • Difere da de Freud em pelo menos três aspectos principais, a saber: • 1 – Surge muito mais cedo na vida (já pode ser observado a partir dos 2 anos e 9 meses, enquanto para Freud é a partir dos 5 anos de idade); • 2 – Não é fruto do complexo de Édipo, mas, das mobilizações do Ego em defender-se de fatores ansiogênicos a partir das primeiras experiências com o “seio bom e o “seio mal”; • 3 – É muito mais severo e cruel (produzindo terror na criança e não culpa, conforme propõe Freud); • Klein chegou a essas diferenças por meio da análise de crianças pequenas, uma experiência que Freud não teve; Teorias da personalidade, p. 100, 2015


- Terceira parte – Melanie Klein e a constituição do sujeito

• O Complexo de Édipo: • Sua concepção para o complexo de Édipo se afasta em muito das ideias de Freud nos seguintes aspectos: • 1 – Ele começa em idade muito anterior (já nos primeiros meses de vida da criança) bem diferente da indicada pelo mestre de Viena; • 2 – Não se origina especificamente do medo que tem a criança da castração, mas, do medo da retaliação do genitor; • 3 – A importância do fortalecimento dos sentimentos positivos das crianças por ambos os pais durante os anos edípicos.

Teorias da personalidade, p.100 e 101, 2015


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito

• Jacques Lacan:

• Após a anunciada crise da psicanálise, que teria ocorrido a partir dos anos de 1980 com o advento de uma poderosa farmacologia aplicada, pode parecer paradoxal a presença cada vez mais marcante das ideias de Jacques Lacan em diferentes setores do pensamento contemporâneo. O fato é que Lacan tornou-se referência para pensadores fundamentais da atualidade [...].

Cult, A resistência intelectual de Jacques Lacan, p. 36 e 37, 2008


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito

• Jacques Lacan:

• “As leis deste ensino comportam em si próprias um reflexo de seu sentido. Aqui não pretendo conseguir mais do que conduzi-los a leitura das obras de Freud. Não pretendo substituir-me a ela, se vocês a ela não se dedicarem. Fiquem bem cientes de que a forma que tento dar aqui ao ensino freudiano só adquirirá seu sentido e alcance se vocês se referirem aos textos [...].”

Lacan, O Eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise, p. 57, 1985


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito • Lacan propôs uma revisão teórica radical na forma de ler e praticar os principais operadores clínicos da psicanálise. Com base em toda teoria freudiana, ele buscou ampliar os conceitos psicanalíticos com nomenclaturas por ele propostas, a saber: • Ato analítico: Tem três concepções. A primeira designa tanto um tipo de intervenção do analista. A segunda o conjunto do tratamento psicanalítico e a terceira, a passagem de analisante para analista. • Estádio de Espelho: Descrito a partir dos estudos sobre a relação da criança diante do espelho (Walon) e da imagem do semelhante (Etologia). É utilizado por Lacan para explicar a formação do eu e a disposição imaginária de certos fenômenos que lhe são associados: agressividade, fascínio, etc. • Desejo: É o articulador central da subjetividade. Ele organiza as relações temporais, afinal, ele é um fio que parte do presente, vai ao passado e lança-se no futuro.


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito

• Imaginário: Registro ou ordem de existência caracterizado pelo antropomorfismo, pela projeção e pela identificação. Corresponde ao domínio das imagens desde de que consideradas segundo um tipo de relatividade, desconhecimento ou fascinação que são próprias. • Os fenômenos de identificação de massa, de apaixonamento ou de idealização bem como a vocação alienante do eu possuem forte extração imaginária. • Objeto a: O termo objeto, em psicanálise, designa três possibilidades. A primeira, um aspecto da pulsão (causa). A segunda um modo de relação (não identificada). A terceira a representação psíquica do outro (fonte de angústia e do que não pode ser representado para um sujeito). Para Lacan, a sua maior contribuição para a psicanálise foi a noção do objeto. Cult, A resistência intelectual de Jacques Lacan, p. 41, 2008


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito

• Nome do Pai: Principal operador da filiação de um sujeito, o Nome do Pai não equivale ao nome próprio do genitor, mas a uma função que, na neurose e na perversão, designa arbitrariamente a localização da falta e da causa do desejo (falo) no campo do Outro, indicando assim a localização indireta do sujeito no universo Simbólico. • Simbólico: Registro ou ordem de existência caracterizado pelo campo da linguagem e pela função da fala regido por uma lei que sobre determina as escolhas dos indivíduos. O inconsciente se estrutura enquanto linguagem na medida em que pertence ao domínio do simbólico. • Outro (ou grande Outro): No interior do registro simbólico, opondose tanto ao pequeno outro quanto ao objeto a, é o campo que determina o sujeito.


- Terceira parte – Jacques Lacan e a constituição do sujeito

• Sujeito: Distingue-se do eu, do ego e da consciência como função de descentramento. É um efeito de fala e de discurso que ocorre no tempo. Ele define-se mais por uma posição do que por conteúdos ou formas aos quais se identifica ou se aliena. • Real: Registro ou ordem da existência do que é impossível de se apresentar na realidade psíquica ou material e não obstante é necessário para manter sua consciência. Apresenta-se como traumático, angustiante ou ainda como aspecto irredutível do corpo e da sexualidade. Ex.: O lidar com a finitude e a diferença sexual. Aquilo que fazendo parte da existência, não entra na realidade. • Sinthoma: É o quarto elo que mantém unidos Real, Simbólico e Imaginário. Para um sujeito corresponde ao que é incurável em seus sintomas, inibições e angústia. Cult, A resistência intelectual de Jacques Lacan, p. 41, 2008


- Quinta parte – Atuação da psicanálise em procedimentos em ensaios clínicos

• As investigações psicanalíticas remontam ao século XIX, no qual encontra suas raízes, para em seguida acompanhar o surgimento de um novo objeto, a saber, o sujeito do inconsciente; • Trata-se de um campo cuja especificidade mais marcante é ter sua dimensão escrita acrescentada ao momento em que a experiência analítica se dá, momento da clínica, da presença do analista perante o analisante; • Enquanto o inventor da psicanálise se afastou progressivamente de um entendimento positivo acerca do sujeito, o que encontramos é a introdução forçada de procedimentos que “garantam” o referido entendimento. Trata-se, portanto, de permitir à psicanálise uma constante atualização e um alinhamento mais estrito com o conhecimento permitido pela ciência empírica existente; • É com esse objetivo que, em 1989, cria-se nos EUA uma Sociedade para o Avanço da Pesquisa Quantitativa (SAQRP). Essa sociedade vem responder à crescente preocupação dos pesquisadores com a falta de verificação empírica que acreditam rondar a psicanálise. Sobre as bases dos procedimentos investigativos em psicanálise, 2003


- Quinta parte – Atuação da psicanálise em procedimentos em ensaios clínicos

• A educação formal de Freud se dá em estreito contato com as pesquisas acadêmico-científicas de fins do século XIX. Ainda na escola de medicina, Freud se dedicava especialmente aos estudos de fisiologia, biologia e zoologia, recebendo, logo após o segundo ano, uma bolsa em zoologia para pesquisar a estrutura gonádica das enguias. Certamente essa pesquisa, feita sob a orientação de Carl Claus, profissional de "excelente reputação como cientista", exigiu do estudante grande familiaridade com procedimentos investigativos cientificamente controlados de acordo com os cânones da época; • Ainda que o jovem não tenha ficado satisfeito com o trabalho, por achá-lo pouco original, o episódio serve como ilustração do tipo de formação na qual o futuro inventor da psicanálise estava envolvido. Acreditamos estarem sendo lançadas aí as bases de um contato com o pensamento científico, que deixará marcas extremamente sensíveis na psicanálise, mesmo sabendo que ela não importa diretamente as operações prescritas por tal pensamento. Sobre as bases dos procedimentos investigativos em psicanálise, 2003


- Quinta parte – Atuação da psicanálise em procedimentos em ensaios clínicos

• Tendo em vista a característica do objeto psicanalítico de se deixar circunscrever apenas em análise, decorre que o procedimento de pesquisa tem na clínica o seu ponto de apoio principal. É na referência ao material clínico que a pesquisa ganha seu colorido, sua vivacidade e, acima de tudo, sua originalidade em relação às pesquisas desenvolvidas em outros campos; • Uma vez que a clínica desempenha um papel tão decisivo na pesquisa, o analista é aí objeto tanto quanto o analisante e as produções inconscientes que emergem na cena analítica. A consequência mais imediata é que o pesquisador não é apenas uma variável a ser controlada, pois fala de determinado lugar e, com sua fala, é causa do que emerge na sessão. Ele está implicado no material de uma forma na qual a neutralidade se torna impossível e indesejável, ou seja, o pesquisador está implicado de maneira indissociável do material que analisar. • A pesquisa nessa área é sempre nutrida pela clínica e, especialmente, pela singularidade de cada caso clínico. Este comporta todo o procedimento analítico e é inteiramente dependente da transferência (da relação analista/analisante), que permite a emergência do inconsciente. Por sua vez, a singularidade do caso clínico que se constituirá no material de análise, justamente por sua singularidade, passa a exigir constante atualização.

Sobre as bases dos procedimentos investigativos em psicanálise, 2003


- Quinta parte – Atuação da psicanálise em procedimentos em ensaios clínicos

• Reencontramos aqui a mesma preocupação que tinha Charcot em seguir os casos clínicos e neles encontrar o novo, que podia mesmo contradizer o estabelecido teoricamente por outros autores; • Por não se tratar de um procedimento empirista, contudo, não se pode atribuir exclusivamente ao contato com o discurso do paciente, com a clínica, a possibilidade da conceituação psicanalítica. Como Freud afirmou em relação a seu estudo sobre a sexualidade infantil, "se os homens pudessem ter aprendido com a observação direta das crianças, estes três ensaios poderiam não ter sido escritos”; • Com isso, chama a atenção para o fato de que, a par da observação ou do momento de análise, é preciso que o analista faça um trabalho que lhe permita formar um juízo, tanto quanto possível "não influenciado por suas aversões e seus preconceitos”; • Não se trata, pois, da observação pela observação, de esperar de uma sessão analítica "o que vier", de estar diante do analisante como um leigo estaria. É preciso que o mergulho na clínica seja acompanhado da elaboração, do trabalho analítico sobre as questões que sustentam o contato com o paciente. Só assim pode-se valer do que emerge na clínica.

Sobre as bases dos procedimentos investigativos em psicanálise, 2003


- Sexta parte – Análise das condições de saúde mental e constituição do sujeito

• As primeiras tentativas do saber psiquiátrico em incluir a criança no seu campo de observação datam do século XIX e o faz com a principal categoria isolada na nosografia da época: a idiotia; • Paulatinamente, o campo de investigação amplia-se com a presença de conhecimentos de outras disciplinas (entre elas, a Psicanálise); • O conceito bio-psico-social passa a integrar a análise das condições de saúde mental (e a concepção espiritual?); • Surge Kraepelin com uma proposta inovadora, a saber, a distinção entre o que é da ordem dos fenômenos (aparência morfológica, evolução dos estados psicóticos) e da estrutura (organização íntima, natureza exata da estrutura, encadeamento dos sintomas); É justamente isso que permite o surgimento da clínica psicanalítica; • Freud retoma os fundamentos de Kraepelin, transforma-os e os adapta à sua própria experiência clínica. Seu primeiro movimento é de ordenamento e simplificação numa análise das condições de saúde mental do sujeito: • 1 – Conserva as três neuroses (obsessão, histeria e fobia); • 2 – E as psicoses mania, melancolia, paranoia e demência. Análise das condições de saúde mental e constituição do sujeito, 2006


- Sexta parte – Análise das condições de saúde mental e constituição do sujeito

• Dessa forma, portanto, o surgimento da Psicanálise, enquanto método terapêutico fundamentado em uma teoria para a origem dos distúrbios, teve importante repercussão diante dos exíguos recursos terapêuticos propostos pela psiquiatria; • A difusão de suas ideias desdobrou-se em um sem-número de novas teorias e técnicas de tratamento psicológico; • A prática dos psicanalistas, no entanto, ultrapassou o alcance das técnicas indicadas por Sigmund Freud em vários aspectos. A aplicação da psicanálise clínica em criança, por exemplo, promoveu não somente uma revisão dos conceitos de Freud, como também novos parâmetros de orientação clínica e teórica para o melhor entendimento da constituição do sujeito, inclusive, a partir de Melanie Klein e Lacan.

Análise das condições de saúde mental e constituição do sujeito, 2006


Referências •

Bianco, B. L. C. A., Sobre as bases dos procedimentos investigativos em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712003000200003 com acesso em 16/08/2018.

Feist, J,. Teorias da personalidade / Jess Feist, Gregory J. Feist, Tomi-Ann Roberts ; tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa ; revisão técnica: Maria Cecília de Vilhena Moraes, Odette de Godoy Pinheiro. – 8. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2015.

Freud, S., A interpretação dos sonhos, volume 1 / Sigmund Freud; tradução do alemão de Renato Zwick, revisão técnica e prefácio de Tania Rivera, ensaio biobibliográfico de Paulo Endo e Edson Souza. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.

Lacan, J., O Eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954 – 1955) / Jacques Lacan; tradutores Marie Christine Lasnik Penot; com a colaboração de Antônio Luiz Quinet de Andrade. – Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 1985.

http://www.conhecendojung.com.br/transferencia-e-contratransferencia-parte-12/ acesso em 06/06/18

Telles, S. R. P. H., Análise das condições de saúde mental e constituição do file:///C:/Users/Calangos/Downloads/DissertacaoMestradoHeloisaTellesFSPUSPjunho2006.pdf, com acesso em 16/08/2018.

Vocabulário de psicanálise, LAPLANCHE E PONTALIS ORGANIZADO PROF. ELOISE

Cult, A resistência intelectual de Jacques Lacan, Revista Brasileira de Cultura, n. 125, junho de 2008.

psicanálise,

sujeito,

2003.

2006.

Artigo

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