Slide teoria psicanalítica iii atualizado (1)

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TEORIA PSICANALÍTICA III PREOFESSOR: ABACUQUE PEREIRA


PARAFILIAS O termo parafilia representa qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele voltado para a estimulação genital ou para carícias preliminares com parceiros humanos que consentem e apresentam fenótipo normal e maturidade física. Em certas circunstâncias, o critério “intenso e persistente” pode ser de difícil aplicação, como na avaliação de pessoas muito idosas ou clinicamente doentes e que podem não ter interesses sexuais “intensos” de qualquer espécie. Nesses casos, o termo parafilia pode ser definido como qualquer interesse sexual maior ou igual a interesses sexuais normofílicos. Existem, ainda, parafilias específicas que são geralmente mais bem descritas como interesses sexuais preferenciais do que como interesses sexuais intensos.


PARAFILIAS Os transtornos parafílicos inclusos na atualização do Diagnostic and Statistcal Manual of Mental Disorders o DSM -V são: transtorno voyeurista (espiar outras pessoas em atividades privadas), transtorno exibicionista (expor os genitais), transtorno frotteurista (tocar ou esfregar-se em indivíduo que não consentiu)


PARAFILIAS transtorno do masoquismo sexual (passar por humilhação, submissão ou sofrimento) transtorno do sadismo sexual (infligir humilhação, submissão ou sofrimento), transtorno pedofílico (foco sexual em crianças)

transtor- no fetichista (usar objetos inanimados ou ter um foco altamente específico em partes não genitais do corpo) transtorno transvéstico (vestir roupas do sexo oposto visando excitação sexual)


PARAFILIAS Esses transtornos têm sido tradicionalmente selecionados para serem listados e terem seus critérios diagnósticos explícitos apontados no DSM por duas razões principais:

são relativamente comuns em comparação com outros transtornos parafílicos e alguns deles implicam ações para sua satisfação que, devido à característica nociva e

ao dano potencial a outros, são classificadas como delitos criminais.


PARAFILIAS Os oito transtornos listados não esgotam a lista de possíveis transtornos para- fílicos. Muitas parafilias distintas foram identificadas e nomeadas, e quase todas poderiam, em virtude de suas consequências negativas para o indivíduo e para outras pessoas, chegar ao nível de um transtorno parafílico. Os diagnósticos outro transtorno parafílico especificado e transtor- no parafílico não especificado são, portanto, indispensáveis e necessários em vários casos.


PARAFILIAS Algumas parafilias envolvem principalmente as atividades eróticas do indivíduo; outras têm a ver sobretudo com seus alvos eróticos. Exemplos das primeiras incluem interesses intensos e persistentes em espancar, chicotear, cortar, amarrar ou estrangular outra pessoa, ou um inte- resse por essas atividades que seja igual ou maior do que o interesse do indivíduo em copular ou em interagir de forma equivalente com outra pessoa.


PARAFILIAS Exemplos das demais incluem interesse sexual intenso ou preferencial por crianças, cadáveres ou amputados (como classe), bem como interesse intenso ou preferencial por animais, como cavalos ou cães, ou por objetos inanimados, como sapatos ou artigos de borracha.


PARAFILIAS Um transtorno parafílico é uma parafilia que está causando sofrimento ou prejuízo ao indiví- duo ou uma parafilia cuja satisfação implica dano ou risco de dano pessoal a outros. Uma para- filia é condição necessária, mas não suficiente, para que se tenha um transtorno parafílico, e uma parafilia por si só não necessariamente justifica ou requer intervenção clínica.


PARAFILIAS No conjunto de critérios diagnósticos para cada transtorno parafílico listado, o Critério A especifica a natureza qualitativa da parafilia (p. ex., foco erótico em crianças ou em expor a geni- tália a estranhos), e o Critério B especifica suas consequências negativas (i.e., sofrimento, prejuízo ou dano a outros). Para manter a distinção entre parafilias e transtornos parafílicos, o termo diagnóstico deve ser reservado a indivíduos que atendam aos Critérios A e B (i.e., indivíduos que têm um transtorno parafílico). parafilia, mas não um transtorno parafílico.


PARAFILIAS Se um indivíduo atende ao Critério A mas não ao Critério B para determinada parafilia – circunstância esta que pode surgir quando uma parafilia benigna é des- coberta durante a investigação clínica de alguma outra condição –, pode-se dizer, então, que ele tem aquela parafilia, mas não um transtorno parafílico.


PARAFILIA OU PERVERSÃO?


PARAFILIA OU PERVERSÃO? Na verdade o que hoje conhecemos como parafilia era antes chamado de perversão assim sendo, parafilia e perversão não se diferenciam.


ENTENDENDO O CONCEITO DE PERVERSÃO Em Fragmentos da análise de um caso de histeria (1905[1974], p. 53), Freud pôde dizer que: “Na vida sexual de cada um de nós, ora aqui, ora ali, todos transgredimos um pouquinho os estreitos limites do que se considera normal”.

Assim, originalmente, a perversão está relacionada à sexualidade, pois diz respeito a práticas sexuais que extrapolam o objetivo do coito. Nesses casos, o orgasmo é obtido através de práticas ou objetos desviantes do normal, sendo as perversões o resultado do desenvolvimento da pulsão sexual em zonas erógenas distintas dos genitais.


ENTENDENDO O CONCEITO DE PERVERSÃO Em Vocabulário da Psicanálise, Laplanche e Pontalis (1992, p. 341) definem perversão como sendo o desvio em relação ao ato sexual normal, definido este como coito que visa a obtenção do orgasmo por penetração genital, com uma pessoa do sexo oposto. Diz-se haver perversão: onde o orgasmo é alcançado com outros objetos sexuais ou através de outras regiões do corpo onde o orgasmo acha-se totalmente subordinado a certas condições extrínsecas, que podem mesmo ser suficientes, em si mesmas, para ocasionar prazer sexual. Num sentido mais abrangente, perversão tem a conotação da totalidade do comportamento psicossexual que acompanha tais meios atípicos de obter-se prazer sexual.


ENTENDENDO O CONCEITO DE PERVERSÃO Se a perversão está claramente delineada como uma condição intrínseca à sexualidade humana, existiria perversão em termos de patologia? O que Freud ressalta como patológico e aberração incontestável no que se refere à sexualidade, é a utilização de pessoas sexualmente imaturas (crianças) e criaturas indefesas (animais), como objetos sexuais. Os desvios perversos, típicos da sexualidade humana, poderiam ser considerados como sintoma patológico a partir do momento em que se configurassem como fixação, ou seja, o indivíduo passa a apresentar uma limitação do prazer à determinada prática perversa, ocorrendo a substituição das práticas normais.


ENTENDENDO O CONCEITO DE PERVERSÃO Recentemente, Roudinesco (2008, p. 13) afirmou que “os perversos são uma parte de nós mesmos, uma parte de nossa humanidade, pois exibem o que não cessamos de dissimular: nossa própria negatividade, a parte obscura de nós mesmos”.


CONCLUSÃO As perversões, como sintomas psicológicos, devem possuir um sentido, um significado para o indivíduo. Para ela, a prática sexual considerada patológica representa não somente uma solução a fim de evitar sofrimentos psíquicos insuportáveis – uma forma de sobrevivência psíquica –, mas constituem também uma tentativa de construir um sentimento de identidade sexual. Poderíamos pensar que a identidade sexual de cada ser humano é construída na história de suas relações objetais, por meio de um processo eminentemente psíquico. Por fim, McDougall utiliza a expressão neossexualidade, em vez de perversão, para explicar essas novas formas de organizações psíquicas inovadoras, resultantes de intensos investimentos libidinais.


PSICOPATIA


Psicopatia Um dos mais preocupantes distúrbios psicológicos que desperta a curiosidade de estudiosos há décadas é a Psicopatia


PSICOPATIAS Traçar o perfil do psicopata não é tarefa fácil, isso porque não há um conjunto de características comuns a todas as pessoas que apresentam esse problema psicológico, a não ser o padrão de comportamento, que podem ser considerados os “traços" Condição anti-social, frieza nas ações, dificuldade em manifestar seus reais sentimentos Estimativas indicam que aproximadamente 1% da população brasileira apresenta ou têm tendência à apresentar transtorno de personalidade psicopática


PSICOPATIAS

E, de acordo com estudos de caso, realizados em diversos países, o psicopata pode ser dito como uma busca contínua por gratificação psicológica, sexual, de impulsos agressivos e uma grande dificuldade em superar traumas vividos na infância ou adolescência.


PSICOPATIAS Psiquiatras, especialistas no assunto, confirmam que a resposta de uma pessoa com este distúrbio é totalmente diferente de outra, dita normal, quando submetidas a situações semelhantes. Ao contrário do que muitos pensam, os traços de um psicopata começam a ser observados

quando a pessoa ainda é adolescente e já tem consciência dos seus atos


PSICOPATIAS A Psicopatia, também conhecida como Sociopatia, tem sido associada ao protótipo do assassino em série, porém, nem todos os assassinos são psicopatas e nem todos os psicopatas chegam a ser assassino, ou mesmo fisicamente violentos! Ana Beatriz Silva, autora do livro “Mentes Perigosas”, fala sobre o perfil do psicopata


PSICOPATIAS


PSICOPATIAS desmistificar esta idéia, porque podemos estar a lidar diariamente com um psicopata, sem termos a noção que aquela pessoa está realmente doente e que afinal, todas as intrigas, confusões, desacatos, mentiras e mauestar causados pelo mesmo, não são apenas fruto de “mau feitio”. Há pessoas que só se apercebem que têm lidado de perto com um psicopata, momentos antes de uma fatalidade lhes acontecer, nomeadamente o seu homicídio" "Importante


PSICOPATIAS Embora esta doença seja mais comum nos homens, também é possível encontrar mulheres sociopatas. Os primeiros sinais começam a tornar-se mais evidentes a partir dos 15 anos de idade, embora se possam reconhecer algumas atitudes que apontem neste sentido em idade mais tenra.


Um Psicopata Apresenta AUSÊNCIA DE CULPA

Nunca sente arrependimento, nem remorsos. Os outros é que são os culpados de tudo o que acontece de mal e vive com a certeza absoluta que nunca erra, nem errou. Não teme a punição por ter a certeza que tudo o que faz tem um propósito benéfico, (para ele, claro!), embora tenha a noção de que os seus atos são anti-sociais.


Um Psicopata apresenta

Quando é denunciado, recusa a reabilitação ou qualquer tratamento e na impossibilidade de fugir, simula uma mudança de caráter, para mais tarde voltar aos padrões comportamentais que lhe são característicos e até, vingar-se de quem o tentou ajudar!


Um Psicopata Apresenta MESTRES DAS MENTIRA: Para eles a realidade e a ilusão fundem-se num só conceito pelo qual regem o seu mundo. São capazes de contar uma mentira como se estivessem a descrever detalhadamente uma situação real. Não mentem apenas para fugirem de uma situação constrangedora, mas pura e simplesmente porque não sabem viver sem mentir.


MESTRES DA MENTIRA


MESTRES DA MENTIRA


MESTRES DA MENTIRA


Um Psicopata apresenta MANIPULAÇÃO E EGOÍSMO: Não tem a noção de bem comum. Desde que ele esteja bem, o resto do mundo não lhe interessa. O psicopata é um indivíduo extremamente manipulador que usa o seu encanto para atingir os seus objetivos, nunca pensando nas emoções alheias. Não reconhece a dor que provoca nos outros e por isso, usa as pessoas como peões, objetos que pode pôr e dispor conforme lhe convêm. Manifesta facilidade em lidar com as palavras e convencer as pessoas mais vulneráveis a entrarem no “jogo” dele. Querem controlar todos os relacionamentos, impedindo que familiares e amigos confraternizem paralelamente, sem a sua presença. Para tal recorrem as esquemas, intrigas e claro, ao seu charme para se fingir amigo.


Um Psicopata Apresenta INTELIGÊNCIA:

O QI costuma ser acima da média. Há casos de psicopatas que conseguem passar por médicos, advogados, professores, etc, sem nunca terem freqüentado uma universidade! São peritos no disfarce, excelentes autodidatas e fazem-no na perfeição.


Um Psicopata Apresenta IMPULSIVO: Devido ao déficit do superego, não consegue conter os seus impulsos, podendo cometer toda a espécie de crimes, friamente e sem noção de culpa. Costuma fintar até o teste do polígrafo, porque o seu ritmo cardíaco não se altera quando profere mentiras e nem quando comete crimes.


Um Psicopata Apresenta ENCANTO SUPERFICIAL COMO MEIO DE MANIPULAR :

Nem todos psicopatas são encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e, conseqüentemente capacidade de manipulação de pessoas, como meio de sobrevivência social.Através do encanto superficial o psicopata acaba coisificando as pessoas, ele as usa e quando não o servem mais, descarta-as, tal como uma coisa ou uma ferramenta usada.


Um Psicopata apresenta ENCANTO SUPERFICIAL COMO MEIO DE MANIPULAR : Talvez seja esse processo de coisificação a chave para compreendermos a absoluta falta de

sentimentos do psicopata para com seus semelhantes ou para com os sentimentos de seu semelhante. Transformando seu semelhante numa coisa, ela deixa de ser seu semelhante.O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que se sucedem no psicopata. Partindo do princípio de que não se pode manipular alguém que não se deixe manipular, só será possível manipular alguém se esse alguém foi antes seduzido.


Um Psicopata Apresenta MENTIRA SISTEMÁTICA E COMPORTAMENTO FANTASIOSO: Embora qualquer pessoa possa mentir, temos de distinguir a mentira banal da mentira psicopática. O psicopata utiliza a mentira como uma ferramenta de trabalho. Normalmente está tão treinado e habilitado a mentir que é difícil captar quando mente. Ele mente olhando nos olhos e com atitude completamente neutra e relaxada.O psicopata não mente circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar- se de alguma situação. Ele sabe que está mentindo, não se importa, não tem vergonha ou arrependimento, nem sequer sente desprazer quando mente. E mente, muitas vezes, sem nenhuma justificativa ou motivo.Normalmente o psicopata diz o que convém e o que se espera para aquela circunstância


Um Psicopata apresenta MENTIRA SISTEMÁTICA E COMPORTAMENTO FANTASIOSO: Ele pode mentir com a palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para ele, podendo fazerse arrependido, ofendido, magoado, simulando tentativas de suicídio, etc.É comum que o psicopata priorize algumas fantasias sobre circunstâncias reais. Isso porque sua personalidade é narcisística, quer ser admirado, quer ser o mais rico, mais bonito, melhor vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, à seu personagem do momento, de acordo com a circunstância e com sua personalidade é narcisística. Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro.


Um Psicopata apresenta AUSÊNCIA DE SENTIMENTOS AFETUOSOS: Desde criança se observa, no psicopata, um acentuado desapego aos sentimentos e um caráter dissimulado. Essa pessoa não manifesta nenhuma inclinação ou sensibilidade por nada e mantém-se normalmente indiferente aos sentimentos alheios.Os laços sentimentais habituais entre familiares não existem nos psicopatas. Além disso, eles têm grande dificuldade para entender os sentimentos dos outros mas, havendo interesse próprio, podem dissimular esses sentimentos socialmente desejáveis. Na realidade são pessoas extremamente frias, do ponto de vista emocional.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS AMORALIDADE: Os psicopatas são portadores de grande insensibilidade moral, faltando-lhes totalmente juízo e consciência morais, bem como noção de ética


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS IMPULSIVIDADE: Também por debilidade do Superego e por insensibilidade moral, o psicopata não tem freios eficientes à sua impulsividade. A ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, crueldades e crimes.Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de tolerância às frustrações, refletindo-se na desproporção entre os estímulos e as respostas, ou seja, respondendo de forma exagerada diante de estímulos mínimos e triviais. Por outro lado, os defeitos de caráter costumam fazer com que o psicopata demonstre uma absoluta falta de reação frente a estímulos importantes.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS INCORREGIBILIDADE:

Dificilmente ou nunca o psicopata aceita os benefícios da reeducação, da advertência e da correção. Podem dissimular, como dissemos, durante algum tempo seu caráter torpe e anti- social, entretanto, na primeira oportunidade voltam à tona com as falcatruas de praxe.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FALTA DE ADAPTAÇÃO SOCIAL: Ja nos primeiros contatos sociais o psicopata, desde criança, manifesta uma certa crueldade e tendência a atividades delituosas. A adaptação social também fica comprometida, tendo em vista a tendência acentuada do psicopata ao egocentrismo e egoísmo, características estas percebidas pelos demais e responsável pelas dificuldades de sociabilidade.Mesmo no meio familiar o psicopata tem dificuldades de adaptação. Durante o período escolar tornam-se detestáveis tanto pelos professores quanto pelos colegas, embora possam dissimular seu caráter sociopático durante algum tempo. Nos empregos a inconstância é a característica principal.


PSIQUIATRIA FORENSE A psiquiatria forense em especial têm dedicado, há tempo, uma enorme preocupação com o quadro conhecido por Psicopatia (ou Sociopatia, Transtorno Dissocial, Transtorno Sociopático, etc

O enorme interesse que o psicopata tem despertado atualmente se deve, em parte, ao desenvolvimento das pesquisas sobre as bases neurobiológicas do funcionamento do cérebro em geral e, particularmente, da personalidade. Em outra parte, deve-se também ao enorme potencial de destrutividade de alguns psicopatas, quando ou se tiverem acesso aos instrumentos que a tecnologia e a ciência disponibilizam.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA O conceito de Psicopata, Personalidade Psicopática e, mais recentemente, Sociopata é um tema que

vem preocupando a psiquiatria, a justiça, a antropologia, a sociologia e a filosofia desde a antigüidade. Evidentemente essa preocupação contínua e perene existe porque sempre houve personalidades anormais como parte da população geral.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA Psicopatas se tornou sinônimo de pessoas cujo o tipo de conduta chama fortemente a atenção e que não se podem

qualificar de loucos nem de débeis; elas estão num campo intermediário. São indivíduos que se separam do grosso da população em termos de comportamento, conduta moral e ética. Vejamos a opinião dos vários autores sobre a Personalidade Psicopática ao longo da história.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA CARDAMO Uma das primeiras descrições registradas pela medicina sobre algum comportamento que pudesse se identificar à idéia de Personalidade Psicopática foi a de Girolano Cardamo (1501- 1596), um professor de medicina da Universidade de Pavia. O filho de Cardamo foi decapitado por ter envenenado sua mulher (mãe do réu) com raízes venenosas. Neste relato, Cardamo fala em "improbidade", quadro que não alcançava a insanidade total porque as pessoas que disso padeciam mantinham a aptidão para dirigir sua vontade


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA PABLO ZACCHIA Pablo Zacchia (1584-1654), considerado por alguns como fundador da Psiquiatria Médico Legal, descreve, em Questões Médico Legais, as mais notáveis concepções que logo dariam significação às "psicopatias" e aos "transtornos de personalidade".


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA PHILLIPE PINEL Em 1801, Philippe Pinel publica seu Tratado médico filosófico sobre a alienação mental e fala de pessoas que têm todas as características da mania, mas que carecem do delírio. Temos que entender que Pinel chamava de mania aos estados de furor persistentes e comportamento florido, distinto do conceito atual de mania (Berrios, 1993). Dizia, no tratado, que se admirava de ver muitos loucos que, em nenhum momento, apresentavam prejuízo algum do entendimento, e que estavam sempre dominados por uma espécie de furor instintivo, como se o único dano fosse em suas faculdades instintivas. A falta de educação, uma educação mal dirigida ou traços perversos e indômitos naturais, podem ser as causas desta espécie de alteração (Pinel, 1988).


PINEL


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA PRICHARD

Prichard, tanto quanto Pinel, lutavam contra a idéia do filósofo Locke, o qual dizia não poder existir mania sem delírio, ou seja, mania sem prejuízo do intelecto. Portanto, nessa época, os juizes não declaravam insanos nenhuma pessoa que não tivesse um comprometimento intelectual manifesto (normalmente através do delírio). Pinel e Pricharde tratavam de impor o conceito, segundo o qual, existiam insanidades sem comprometimento intelectual, mas possivelmente com prejuízo afetivo e volitivo (da vontade). Tal posição acabava por sugerir que essas três funções mentais, o intelecto, afetividade, e a vontade, poderiam adoecer independentemente. Foi em 1835 que James Cowles Prichard publica sua obra Treatise on insanity and other disorders affecting the mind, a qual falava da Insanidade Moral. A partir dessa obra, o historiador G. Berrios (1993) discute o conceito da Insanidade Moral como o equivalente ao nosso atual conceito de psicopatia.


PRICHARD


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA MOREL Morel, em 1857, parte do religioso para elaborar sua teoria da degeneração. O ser humano tinha sido criado segundo um tipo primitivo perfeito e, todo desvio desse tipo perfeito, seria uma degeneração. A essência do tipo primitivo e, portanto, da natureza humana, é a contínua supremacia ou dominação do moral sobre o físico. Para Morel, o corpo não é mais que "o instrumento da inteligência".

A doença mental inverteria esta hierarquia e converteria o humano “em besta”. Uma doença mental não é mais que a expressão sintomática das relações anormais que se estabelecem entre a inteligência e seu instrumento doente, o corpo.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA KOCH E GROSS Em 1888, Koch (Schneider, 1980) fala de Inferioridades Psicopáticas, mas se refere à inferioridades no sentido social e não moral, como se referiam anteriormente. Para Koch, as inferioridades psicopáticas eram congênitas, permanentes e divididas em três formas: - disposição psicopática, - tara psíquica congênita e - inferioridade psicopática.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA KOCH E GROSS Dentro da primeira forma, Disposição Psicopática, se encontram os tipos psicológicos astênicos, de Schneider. A Tara inclui a "as almas impressionáveis, os sentimentais lacrimosos, os sonhadores e fantásticos, os escrupulosos morais, os delicados e susceptíveis, os caprichosos, os exaltados, os excêntricos, os justiceiros, os reformadores do estado e do mundo, os orgulhosos, os indiscretos, os vaidosos e os presumidos, os inquietos, os malvados, os colecionadores e os inventores, os gênios fracassados e não fracassados". Todos estes estados são causados por inferioridades congênitas da constituição cerebral, mas não são consideradas doenças.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA OTTO GROSS Otto Gross por sua vez, dizia que o retardo dos neurônios para estabilizarem-se depois da descarga elétrica determinava diferenças no caráter. Assim em seu livro Inferioridades Psicopáticas, a recuperação neuronal rápida determinava indivíduos tranqüilos, e os de estabilização neuronal mais lenta, ou seja, com maior duração da estimulação, seriam os excitáveis, portadores dessa inferioridade.


OTTO GROSS


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA KRAEPELIN Kraepelin, quando faz a classificação das doenças mentais em 1904, usa o término Personalidade Psicopática para referir-se, precisamente, a este tipo de pessoas que não são neuróticos nem psicóticos, também não estão incluídas no esquema de mania-depressão, mas que se mantêm em choque contundente com os parâmetros sociais vigentes. Incluem-se aqui os criminosos congênitos, a homossexualidade, os estados obsessivos, a loucura impulsiva, os inconstantes, os embusteiros e farsantes e os querelantes (Schneider, 1980). Para Kraepelin, as personalidades psicopáticas são formas frustras de psicose, classificadas segundo um critério fundamentalmente genético e considera que seus defeitos se limitam essencialmente à vida afetiva e à vontade (Bruno, 1996).


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA SCHNEIDER Em 1923, Schneider elabora uma conceituação e classificação do que é, para ele, a Personalidade Psicopática. Schneider (1980) descarta no conjunto classificatório da personalidade atributos tais como, a inteligência, os instintos e sentimentos corporais e valoriza como elementos distintivos o conjunto dos sentimentos e valores, das tendências e vontades. • Para Kurt Schneider as Personalidades Psicopáticas formam um subtipo daquilo que classificava como Personalidades Anormais, de acordo com o critério estatístico e da particularidade de sofrerem por sua anormalidade e/ou fazerem outros sofrer.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA SCHNEIDER Kurt Schneider, psiquiatra alemão, englobou no conceito de Personalidade Psicopática todos os desvios da normalidade não suficientes para serem considerados doenças mentais francas, incluindo nesses tipos, também aquele que hoje entendemos como sociopata. Dizia que a Personalidade Psicopática (que não tinha o mesmo conceito do sociopata de hoje) como aquelas personalidades anormais que sofrem por sua anormalidade e/ou fazem sofrer a sociedade.Ele distinguia os seguintes tipos de Personalidade Psicopática: •


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA SCHNEIDER

1) Hipertímicos, 2) Depressivos, 3) Inseguros,

4) Fanáticos, 5) Carentes de Atenção, 6) Emocionalmente Lábeis,

7) Explosivos, 8) Desalmados, 9) Abúlicos, e

10) Astênicos.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA SCHNEIDER Evidentemente o que entendemos hoje por psicopata ou sociopata seriam, na classificação de Schnneider, os Desalmados. Muito mais tarde Mira y López definiu a Personalidade Psicopática como "...aquela personalidade mal estruturada, predisposta à desarmonia intrapsíquica, que tem menos capacidade que a maioria dos membros de sua idade, sexo e cultura para adaptar-se às exigências da vida social". E considerava 11 tipos dessas personalidades anormais muito semelhantes aos tipos de Schnneider. Eram eles:


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA SCHNEIDER 1) Astênica, 2) Compulsiva, 3) Explosiva, 4) Instável, 5) Histérica, 6) Ciclóide, 7) Sensitivo-paranóide, 8) Esquizóide, 9) Perversa, 10) Hipocondríaca, e 11) Homossexual.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA Em 1941 Cleckley escreveu um livro chamado "A máscara da saúde", o qual se referia a este tipo de pessoas. Em 1964 descreveu as características mais freqüentes do que hoje chamamos psicopatas. Em 1961, Karpmam disse "dentro dos psicopatas há dois grandes grupos; os depredadores e os parasitas" (fazendo uma analogia biológica). Os depredadores são aqueles que tomam as cosas pela força e os parasitas tomam-nas através da astúcia e do engodo. Cleckley, estabeleceu, em "A máscara da saúde", alguns critérios para o diagnóstico do psicopata, em 1976, Hare, Hart e Harpur, completaram esses critérios. Somando-se as duas listas podemos relacionar as seguintes características: •


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA

13. Manipulação do outro com recursos enganosos. 14. Mentiras e insinceridade.

1. Problemas de conduta na infância. 2. Inexistência de alucinações e delírio. 3. Ausência de manifestações neuróticas.

4. Impulsividade e ausência de autocontrole. 5. Irresponsabilidade 6. Encanto superficial, notável inteligência e loquacidade.

7. Egocentrismo patológico, autovalorização e arrogância. 8. Incapacidade de amar. 9. Grande pobreza de reações afetivas básicas.

15. Perda específica da intuição. 16. Incapacidade para seguir qualquer plano de vida. 17. Conduta anti-social sem aparente arrependimento. 18. Ameaças de suicídio raramente cumpridas. 19. Falta de capacidade para aprender com a experiência vivida.


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA MYRA Y LÓPEZ Definiu a Personalidade Psicopática como "...aquela personalidade mal estruturada, predisposta à desarmonia intrapsíquica, que tem menos capacidade que a maioria dos membros de sua idade, sexo e cultura para adaptar-se às exigências da vida social".


HISTÓRIA DO CONCEITO DE PSICOPATA MYRA Y LÓPEZ Considerava 11 tipos dessas personalidades anormais muito semelhantes aos tipos de Schnneider. Eram eles: 1) Astênica, 2) Compulsiva, 3) Explosiva, 4) Instável, 5) Histérica, 6) Ciclóide 7) Sensitivo-paranóide, 8) Esquizóide 9) Perversa 10) Hipocondríaca 11) Homossexual


CONCEITO DE PERSONALIDADE Tem havido bastante controvérsia em relação ao conceito de Personalidade Psicopática ou Antisocial. Há autores que diferenciam psicopata de antisocial, mas, em nosso caso, essa distinção é dispensável em benefício do melhor entendimento do conceito. Howard sugere que os conceitos de psicopatia podem agrupar-se em três tipos:


CONCEITO DE PERSONALIDADE 1) Um tipo Sociopata, caracterizado por conduta antisocial crônica que começa na infância ou adolescência como "Transtorno de Conduta" 2) Um tipo Secundário, caracterizado por um traço de personalidade com alto nivel de impulsividade, isolamento social, e perturbações emocionais (a conduta sociopática seria secundária à essas alterações emocionais e da sociabilidade) 3) Um tipo Primário caracterizado apenas por a impulsividade sem isolamento social e perturbações emocionais (a qual pode-se aplicar aos criminosos comuns).


CONCEITO DE PERSONALIDADE Isso não implica que cada um desses três tipos seja mutuamente excludente; a sociopatia é vista como um conceito amplo que engloba tanto a psicopatia primária como a secundária, assim como uma alta proporção de criminosos comuns. Otto Kemberg classifica a sociopatia de modo diferente. Para ele é extremamente difícil fazer o diagnóstico da psicopatia, quando a situação clínica não está claramente definida.


CONSIDERAÇÕES DA PSICANÁLISE A estrutura de tipo narcisística do psicopata teria a seguintes características: auto- referência excessiva, grandiosidade, tendência à superioridade exibicionismo, dependência excessiva da admiração por parte dos outros, superficialidade emocional, crises de insegurança que se alternam com sentimentos de grandiosidade.


NARCISISMO MALIGNO


NARCISISMO MALIGNO • Muitas vezes é extremamente difícil fazer o diagnóstico da psicopatia, quando a situação clínica não está claramente definida. Por isso Otto Kernberg faz um diagnóstico diferencial entre três tipos de ocorrências anti-sociais:


NARCISISMO MALIGNO 1) A Síndrome do Narcisismo Maligno, representando o Psicopata cuja eventual causa da sociopatia seria fruto do meio e de elementos psicodinâmicos. Aqui a conduta antisocial tem origem no Narcisismo Maligno, há incapacidade em estabelecer relações que não sejam exploradoras, não existe capacidade de identificar valores morais, não existe capacidade de compromisso com os outros e não há sentimentos de culpa;


NARCISISMO MALIGNO 2) A Estrutura Anti-Social Propriamente Dita. Aqui o quadro é basicamente o mesmo da anterior, ou seja, também se manifestam condutas anti-sociais mas não há o fenômeno do Narcisismo Maligno. Há também incapacidade de relações não exploradoras, incapacidade de identificação dos valores morais, incapacidade de compromisso com outros e incapacidade de sentimentos de culpa.


NARCISISMO MALIGNO 3) A Personalidade Narcisística com Conduta Anti-social. Além da conduta anti-social existe uma estrutura narcisística. Não há Narcisismo Maligno, há igualmente incapacidade de relações não exploradoras, incapacidade de identificar valores morais, incapacidade de compromisso com os outros, porém, existe capacidade de sentimento de culpa (Kernberg, 1988).


Personalidade Psicopática, Sociopata, Personalidade Anti-social ou Dissocial ? Alguns autores não vêem como sinônimo, a Personalidade Psicopática e a Personalidade Anti-social. A Personalidade Anti- social, segundo os autores que a diferenciam da psicopática, se constitui num caso mais franco, declarado e aberto de anomalias no relacionamento, ou seja, menos dissimulado e teatral que a psicopática. Essas pessoas costumam ser mais impetuosas, contestam com mais franqueza as normas sociais, criam mais transtornos e animosidades com os demais e, por fim, estão mais associados aos fatores de criminalidade que os psicopatas.


Personalidade PsicopaĚ tica, Sociopata, Personalidade Anti-social ou Dissocial ?


Personalidade Psicopática, Sociopata, Personalidade Anti-social ou Dissocial ? De acordo com essa visão, os psicopatas costumam ser até mais perigosos que os sociopatas, tendo em vista sua maneira dissimulada de ocultar a índole contraventora. Os sociopatas atentam contra as normas sociais mais abertamente que os psicopatas.


Personalidade Psicopática, Sociopata, Personalidade Anti-social ou Dissocial ? De acordo com essa visão, os psicopatas costumam ser até mais perigosos que os sociopatas, tendo em vista sua maneira dissimulada de ocultar a índole contraventora. Os sociopatas atentam contra as normas sociais mais abertamente que os psicopatas.


Personalidade Psicopática, Sociopata, Personalidade Anti-social ou Dissocial ? Para nós, e creio que academicamente também, será benéfico tomar o sociopata e o psicopata como a mesma ocorrência. O DSM.V chama esses casos de" Transtorno da Personalidade Antissocial” (F60.2) e a CID.10 de Personalidades Dissociais, ambos afastando-se da denominação Psicopata. Isso se deve, exclusivamente, à natureza etimológica da palavra. Por uma questão de coerência, assim como a cardiopatia significa qualquer patologia que acontece sobre o coração, o termo psicopatia deveria referir-se a qualquer patologia psíquica. Portanto não é correto, etimologicamente, chamar de psicopatas apenas os sociopatas. (Veja esses transtornos no DSM.V e na CID.10 como Personalidade Dissocial).


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