Correio Fraterno 420

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ENTREVISTA

CORREIO

Herminio Miranda conta histórias de seus 88 anos e quase 40 livros. Pg. 4

FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 40 • Nº 420 • Março - Abril 2008

Pesquisa com células

embrionárias

SIM ou NÃO? Do ponto de vista da ciência, o embrião é um ser humano?

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á tempos o debate em torno da utilização das células-tronco embrionárias para fins de pesquisas vem ocupando espaço na mídia e estimulando cidadãos, religiosos, juristas, pesquisadores a refletirem sobre o assunto. Segundo parte dos pesquisadores, as células embrionárias oferecem maior possi-

BAÚ DE MEMÓRIAS

bilidade de sucesso em pesquisas e terapias medicinais. Mas a polêmica se instala e divide a comunicade. De um lado, familiares e mesmo pacientes fazem a corrida contra o tempo, enquanto depositam toda a esperança emnovas técnicas cientificas que ofereçam a cura. Outros não esquecem que a fonte de tais células nada mais é que um

embrião, congelados em clínicas de fertilização in vitro, não selecionados para retornarem ao útero materno. Mas a questão do descarte não elimina o fato de se tratar de algo que sintetiza o início de uma vida. E nesse aspecto, o debate toma corpo no campo filosófico-religioso. Afinal, onde começa a vida? Leia na página 11.

REFLEXÃO

Uma palavra inspiradora pode ser um grande presente para um bom amigo. Assine Correio Fraterno www.correiofraterno.com.br A ENTREVIST

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luta, disseminaram e consolidaram a Doutrina Espírita no estado do Maranhão.

O que fazer para evitar a derrocada? Em vez de libertar, o suicídio aprisiona ainda mais àquilo de que se quer livre.

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EDITORIAL

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Correio traz mais uma novidade

N

o mês do Jornalismo, o Correio Fraterno comemora a força da comunicação espírita com mais novidades!! A partir desta edição a seção Foi Assim, um intercâmbio de experiências, será mais um espaço de expressão, para você contar também a sua história. E nas seções de sempre, caprichamos com assuntos que estão causando polêmica, como a questão da pesquisa com células embrionárias. Não deixamos de lado também a história e a arte. Confira o nascimento do Lar Emmanuel e a interessante trajetória dos maranhenses Júlio Luz de Carvalho e Laíze Maria, além da relação de

Mozart com o espiritismo. Não deixe de ler também a entrevista de Maria Menner com Hermínio Mirando, um papo so-

bre mediunidade, orgulho, fé, religião e literatura espírita. Boa Leitura!

Reformulação do Correio Parabéns pela bela reformulação desta esplêndida publicação (edição n.419), que

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

nos surpreende pela linguagem moderna, uma ótima paginação e mensagens selecionadas. Com destaque para o Editorial, “O eterno mudar”. Forte abraço. Wilson Longobucco, por e-mail Darwin falhou Li com atenção o esclarecedor artigo “Darwinismo, Criacionismo, Cristianismo... Espiritismo!” (edição 418) e no nosso ponto de vista, Darwin falhou em sua missão diante de Kardec, porque se acovardou

perante a sociedade da época, e só publicou as suas conclusões científicas 21 anos depois de escritas, forçado pelo cientista Alfred Russel Wallace. Alfred, que dois anos depois do lançamento de O Livro dos Espíritos, tornou-se espírita e disse a Darwin que se você não publicasse suas conclusões, ele publicaria as dele e seria o primeiro a tornar público o evolucionismo. No nosso ponto de vista, o conhecimento da evolução animal deveria preceder o conhecimento da evolução do espírito aqui no planoTerra. José Ciochetti, por e-mail

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br

CORREIO

FRATERNO Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118 Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Belmiro Tonetto Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz Secretário: Vladimir Gutierrez Lopes

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

CORREIO DO CORREIO Entendendo a essência Muito legal a entrevista que a Revista RIE publicou em janeiro com o fundador do Correio Fraterno [Raymundo Espelho]. Gostei de saber da história e dos cuidados que o jornal tem em tratar os assuntos polêmicos. Vi o tanto que é delicada a divulgação de uma religião. Sílvia Helena, por e-mail

Uma ética para a imprensa escrita

JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora responsável: Izabel Regina R. Vitusso. MTB-3478 Jornalista responsável: Maury de Campos Dotto Redação: Mariana Sartor Comunicação e Marketing: Tatiana Benites Editoração: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Impressão: AGG –Artes Gráficas Guaru Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000 Caixa Postal 58 - CEP 097720-971

São Bernardo do Campo – SP Fones: (011) 4109-2939 e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br site: www.correiofraterno.com.br As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal. Periodicidade bimestral Para assinaturas do jornal ou pedido de livros: Acesse www.correiofaterno.com.br Ou ligue: (11) 4109-2939. Para assinaturas, se preferir, envie depósito para Banco ItaúAg.0092 c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura 12 exemplares: R$ 30,00 Mantenedor: acima de R$ 30,00 Exterior: U$ 20,00

• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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é tema de curso no Hospital das Clínicas

MARIANA SARTOR

MARIANA SARTOR

Dr.Franklin: é primeira vez que uma faculdade brasileira discute a Tanatologia

Por MARIANA SARTOR

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segundo curso de Tanatologia (estudo da morte), idealizado por Franklin S. Santos, coordenador do curso e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pela doutora em educação, Dora Incontri, atraiu cerca de 120 estudantes e profissionais da saúde e também de outras áreas, com o intuito de explorarem o tema de forma inovadora.

Com duração de nove meses, o curso, que iniciou no dia 9 de março, inclui vivências, oficinas, palestras e tem como base a proposta filosófica de Jan Amós Comenius, que evidencia a ciência universal de todo o saber. O evento contará com cerca de 60 estudiosos, doutores e líderes espirituais, para abranger cinco atitudes: Religiosa, Filosófica, Científica, Pedagógica e

Quem são os mortos? Ah, eles não existem! “Enganam-se os que pensam nos mortos como mortos. Eles estão mais vivos do que nós, dispõem de visão mais penetrante que a nossa, são criaturas mais definidas do que nós, e podem ver-nos, visitar-nos e comunicar-se conosco com mais facilidade e naturalidade.” Abordando sobre tema tão complexo e delicado, o filósofo, jornalista e escritor espírita Herculano Pires nos brinda com o livro Educação para a morte (Ed. Correio Fraterno), onde deixa claro que angustiosa pode ser a realidade da própria morte, mas apenas para aquele que não detém conhecimento e convicções sobre esse inevitável processo de mudança. Sim! A morte é apenas mudança! Mudança de vida, de perspectivas, de experiências, de dimensão, mas não é alteração do próprio íntimo, já que no mundo espiritual continuamos a ser os mesmos. Nem melhores nem piores. E de nada adianta comprar com dinheiro ma-

Estética, com relação ao tema. Dora Incontri: a Ao apresentar o programa, o interdisciplinaridade é necessária coordenador deixou claro que “a morte não é um curso apostilado, mas uma questão de reflexão”. Neste segundo ano de realização, o curso de extensão universitária tem uma posição espiritualista assumida”, que, segundo Incontri, nasceu como fruto do segundo Congresso de Pedagogia Espírita”, onde um seminário sobre a Educação para Morte foi realizaque há ausência desses estudos nos curdo, baseado na literatura de Herculano rículos das faculdades de medicina, não Pires. apenas no Brasil, o que favorece a formaPara Franklin, o objetivo do curso, ção de médicos com menos preparo para além de levar a espiritualidade para a lidar com a espiritualidade nos casos de universidade, é o de promover o diálomorte. A atualidade da discussão encongo entre as áreas do conhecimento. A tra boas justificativas nas estatísticas, que palavra-chave da idealização deste proconstatam que 1 milhão de brasileiros, jeto é o pluralismo, a convergência das dos 180 milhões, morre por ano devido diferentes formas de pensar o preparo as chamadas “causas naturais” e que 85% para o fim da vida. Segundo Dora, a dos brasileiros acreditam na vida após a “interdisciplinaridade é uma necessidamorte. Fone: (11) 3069-6412 - www. de”. A morte está milenarmente ligada à antoninorocha.com.br. questão da espiritualidade. Para a coordenação, o pioneirismo do projeto é algo a ser destacado, uma vez

terial nossa salvação espiritual. Jesus ensinou que o que é de César é de César. Isto é, muitos aspectos do mundo material só valem aqui. O dinheiro não tem o poder de comprar ou melhorar nossa condição post-mortem. A análise científica e marcadamente filosófica que Herculano realiza nesta obra restabelece a idéia da morte como libertação que reintegra o morto na sua condição de Espírito imortal, vivo e ativo. “Os homens são espíritos e os espíritos nada mais são do que homens libertos das injunções da matéria. Nós carregamos um fardo, eles já o alijaram de suas costas.” Ele refuta o conceito negativo da morte como frustração de todas as possibilidades humanas, que faz do morto um condenado desprovido de vontade livre e livre-arbítrio e ressalta que “a Educação para a morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não

consiste apenas no viver, mas também no existir e transcender. (...) É a preparação do homem durante a sua existência para a libertação do seu condicionamento humano. Libertando-se desse condicionamento, o homem se reintegra na sua natureza espiritual, torna-se espírito, na plenitude de sua essência divina. Educação para a morte: uma de nossas necessidades mais urgentes, sobre o que Herculano Pires discorre com palavras sumamente esclarecedoras, para alcançarmos a devida tranqüilidade e confiança em momento tão importante de transição, que tanto pode ser o nosso como o de nossos entes queridos.

ACONTECE

“Educação para a morte”


LAR EMMANUEL

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SUA DOAÇÃO FAZ A DIFERENÇA

“Tijolo por tijolo num desenho mágico”

HERMINIO MIRANDA Aos 88 anos e quase 40 livros, ele ainda não disse tudo

Da REDAÇÃO

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uarenta e oito anos se passaram, desde que a idéia de se constituir um Lar para crianças socialmente carentes saiu da idéia e ganhou paredes. Construído pelo impulso das doações, muitos dos próprios idealizadores arregaçaram as mangas e puseram mão na massa, como revelam as imagens de arquivo. Para se ter uma idéia da programação espiritual e da necessidade de tal segmento social na cidade de São Bernardo, ABC paulista, antes mesmo de ser inaugurado, as primeiras crianças a

habitarem o Lar já aguardavam nas casas dos próprios diretores da instituição. Em apenas alguns meses, cerca de quarenta delas já havia ganho um novo lar. Ele fora construído num belo terreno, doado por D. Leonor de Freitas Audi, mas como tudo era mata na retirada região, muitas vezes os idealizadores do projeto saíam, com foice à mão, abrindo picadas na mata, mas voltavam se ter encontrado as demarcações onde seriam levantadas as paredes do primeiro pavilhão. Saiba mais sobre o Lar Emmanuel: www.laremmnauel.org.br (11) 4109-8938

CONTABILIDADE E SERVIÇOS S/C LTDA.

ESCRITÓRIO

BRASIL

Tel.: (11) 4126-3300 Rua Santa Filomena, 305 - 1º andar Centro - São Bernardo do Campo - SP jdcontabil@terra.com.br

Por MARIA MENNER Entrevistar o respeitado pesquisador e escritor Herminio Miranda e reproduzir o material em espaço reduzido é algo impossível. Ainda que o tema seja delimitado, ele se transborda. Fala sobre suas concepções, produção editorial, planos de continuidade e é por isso que a entrevista com Herminio ganhará outras edições. Neste módulo, as do autor recaem sobre o exercício da escrita e de parte de suas obras. Sr. Herminio, como o senhor vê hoje a qualidade do exercício mediúnico, já que algumas de suas obras são produto do intercâmbio entre os dois mundos. Tem havido engessamento ou progresso nesse âmbito? HCM: Não considero engessado o exercício da mediunidade em si mesma, mas não há como deixar de reconhecer que se trata de aspecto fundamental na prática espírita, sobre o qual ainda muito temos

de aprender, em vista da complexidade e sutilezas que oferece esse tipo de atividade. Por assim entender, desde o início é que meu livro de estréia – Diálogo com as sombras – foi elaborado com o propósito de sempre, o de colocar o exercício dessa nobre faculdade em debate, a fim de nos ser possível saber mais sobre ela e sobre como, onde e por que utilizá-la adequadamente como instrumento de trabalho, de aprendizado e de serviço. Depois de amealhar um tanto mais de


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O senhor conclui, no caso A filha de Ho-San, uma de suas narrativas, que o orgulho foi o que impediu a reconciliação, o apaziguamento entre os seres. Como vencer esse mal e ascender, fazendo jus aos ensinamentos que recebemos através da Doutrina Espírita? HCM: Não me parece que haja para isso uma fórmula mágica. A luta será sempre uma espécie de guerra íntima, na qual o adversário somos nós mesmos. Temos de estar preparados para perder muitas batalhas na expectativa de ganhar a última, vencendo o inimigo oculto, mas não menos obstinado e implacável. Essa

ainda ele, que propôs a medicação adequada, ou seja, o antídoto infalível do amor.

apenas uma sutil diferenciação entre um modelo de fé que apenas crê e outro que, além de crer, sabe.

Em seu livro O que é fenômeno mediúnico, há a afirmação: “se há um povo que foi instruído, orientado e conduzido ostensivamente pelos guias espirituais, esse é o povo judeu”. Dos judeus aos espíritas de hoje, o senhor acredita que aproveitamos adequadamente a benevolência do Plano Superior? HCM: Acho que ainda não atingimos nesse curso o grau de PhD, ou seja o doutorado. Entendo mais que aqueles de nós, familiarizados com os ensinamentos dos espíritos, temos, sim, melhores condições, de chegar lá. Para isso, contudo, é indispensável botar em prática aquilo que aprendemos com a teoria do amor, se é que assim podemos dizer. Esse é, aliás, um dos fundamentos da mensagem do Cristo. Em vez disso, temo-nos

Numa de suas entrevistas, o senhor afirmou que sua tarefa nessa encarnação era escrever. Se tivesse que fazer um balanço, há alguma obra que daria um outro rumo ou nem a escreveria? De alguma delas faria um volume 2? HCM: A tarefa que “me deram”, do lado de lá, foi realmente essa. Como, aliás, em algumas existências que se foram... A temática principal e dominante de tais encargos seria, como de fato tem acontecido, a reencarnação. Quanto ao livro 2, sim, gostaria, como me sugeriu um leitor, de escrevê-lo em continuação a Alquimia da mente. Ou, ainda, uma seqüência ao Cristianismo – a mensagem esquecida, dois dos meus temas prediletos, além de outros. (Isto aqui é para não suscitar ciúmes nos demais livros...) Quanto ao rumo, não creio que tivesse muita coisa a alterar. Talvez um retoque, aqui e ali. Como se diz no Brasil, não se mexe em time que está ganhando e eu espero que isso esteja acontecendo com alguns dos meus escritos.

Suas obras como A irmã do Vizir, A dama da noite, entre outras, contribuem para a formação do espírita, também pelos conflitos emocionais trazidos pelos que sofreram as conseqüências da Lei de ação e reação no mundo espiritual. O mercado carece de mais obras nestes moldes? HCM: Costumo dizer que muito mais aprendemos com as entidades desencarnadas do que ensinamos – se é que o fizemos. Centenas delas, talvez milhares, freqüentaram nosso trabalho mediúnico durante mais de três décadas. A primeira de muitas dessas importantes lições foi a de que os espíritos são gente como a gente: sofrem, amam, odeiam, aprendem com os próprios erros, tropeçam nos seus rancores e suas paixões, tudo igualzinho. Aprendemos, também, que a dificuldade maior consiste em ter a coragem e a determinação de se levantar depois de quedas desastrosas. Muitas delas, demonstraram explicitamente ou pela eloqüência da própria atitude, não estar ainda preparados para enfrentar o dramático momento do despertar para a realidade espiritual. Demonstravam, com isso, que a cura espiritual de que todos necessitamos, começa com o reconhecimento do erro. Começa apenas. Porque muito trabalho terão ainda pela frente. E novas dores terapêuticas para curar as antigas que nos infelicitam. Muitos outros, contudo, demonstraram suficiente bravura e determinação para dar o primeiro passo, acordando para a necessidade de mudar de rumo. Desses muitos,

outros nos responderam com espantosa generosidade à nossa singela oferenda de apoio no momento mais difícil da perplexidade em que mergulham. Vivemos juntos emoções inesquecíveis. Tivemos até um grupo de entidades que, de tão gratas passaram a orar por nós!

Costumo dizer que muito mais aprendemos com as entidades desencarnadas do que ensinamos – se é que o fizemos.

é a grande, longa e penosa tarefa da recuperação, e no seu desempenho necessitamos desesperadamente do conhecimento da realidade espiritual tão bem explicitada na doutrina dos espíritos. E de três outros componentes decisivos: a prece, a determinação e a fé em nós mesmos. Já em O exilado, o espírito conclui: “o problema com todos nós, seres em evolução, é a impaciência. Eu vi a grandeza do ser e quis conquistá-la de imediato”. Que paralelo faria o senhor entre essa frase e as angústias vividas por um espírita? HCM: Realmente esse é um dos problemas, não propriamente o problema, ou seja, não o único. Temos um cacho deles. Não sem razão, Pedro se refere à multidão dos pecados que arrastamos conosco por séculos sobre séculos. Foi,

empenhado no estéril e cansado debate entre fé e obras. Claro que a fé somente terá esse poder curativo se as colocarmos a serviço do próximo. Que tipo é esse de fé e para que serve se ignoramos o sofrimento alheio? Ou nossas próprias imperfeições? Ademais, são muitos os que tentam nos convencer de que a fé constitui dom de Deus, que o concederia a uns e negaria a outros. De fato, ela é dom divino escrito nas suas leis, mas não doação arbitrária. Em outras palavras: está e estará sempre ao alcance de nossas mãos, mas tem de ser buscada e merecida. Não podemos, ainda, esquecer o sábio e valioso ensinamento do apóstolo dos gentios, segundo o qual a fé é uma antecipação do conhecimento. Atenção. Ele não diz que o conhecimento a dispensa, tornando-a desnecessária, mas sim, que antecipa o conhecimento. Não há, portanto, incompatibilidade alguma entre fé e conhecimento ou razão,

E sobre qual tema ainda não escreveu, mas acha que poderia dar sua contribuição para os dias atuais? HCM: Um deles seria, por certo, sobre a velhice. Outro seria o que cuidasse de um resgate da verdadeira história do cristianismo primitivo, a ser montada pacientemente com fragmentos de memória de gente que estava lá. Projeto esse, que reconheço ambicioso, mas, em princípio, viável. Há muitos anos, conversando com um fraternal amigo em transe regressivo, falamos sobre isso. Ele se declarou de pleno acordo e que poderíamos, nós dois mesmos, dar início ao projeto e que ela havia sido um romano e eu cristão. Como você vê, a tarefa já está combinada. Falta somente amadurecer o tempo em que será posta em termos de realização. Quem sabe se da próxima vez? Uma entidade com a qual conversamos, em uma de nossas longas tertúlias mediúnicas, me disse, certa vez: “Eu sei de tudo. O que você quer saber?” Quase que lhe respondo: “Quero tudo!”

ENTREVISTA

experiência, arrisquei-me a escrever sobre mediunidade e médiuns, o estudo intitulado Diversidade dos carismas. Como ambos alcançaram expressivas tiragens, acredito que tenham sido de alguma utilidade, para leitores e leitora, como o foi, certamente para mim escrevê-los. Digo isso parodiando conhecido autor americano, ao confessar que escreve para saber o que ele próprio está pensando. Isso é um valioso achado metafórico no sentido de que o ato de escrever em si mesmo, tem consigo um componente anímico e, por vezes, freqüentes, conotações mediúnicas, ainda que nem todos estejam preparados para aceitar essa hipótese. Não importa. As coisas são como são e não como gostaríamos que fossem.

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MOSAICO

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!

Auxílio eficiente A Doutrina dos Espíritos está sempre nos alertando para os ensinamentos. É o que fez Emmanuel na obra Vinha de Luz, ditada ao médium Francisco C. Xavier, one na crônica “Auxílio eficiente” lembra: “O homem que se distancia da multidão raramente assume posição digna à frente dela. ... Quem alcança patrimônio financeiro elevado costuma esquecer os que lhe foram companheiros de princípio e traça linhas divisórias humilhantes para que os necessitados não o aborreçam. A massa, na maioria das regiões do mundo, prossegue relegada a si própria. ... Raríssimos são os homens que a ajudam a escalar o monte iluminativo. Pouquíssimos mobilizam recursos no amparo social. Jesus, porém, traçou o programa desejável, instituindo o auxílio eficiente. ... Quem se honra, pois, de servir a Jesus, imite-lhe o exemplo, Ajude o irmão mais próximo a dignificar a vida, e edificar-se pelo trabalho sadio e a sentir-se melhor...” Raymundo Espelho e-mail: espelho@directnet.com.br

Pensando bem! “Todas as pessoas podem ser grandes porque todas podem servir. Não é preciso ter um diploma universitário para servir. Não é preciso fazer concordar o sujeito e o verbo para servir. Basta um coração cheio de graça. Uma alma gerada pelo amor.” Martin Luther King Jr., pastor e pacificista estadunidense “A bondade divina é infinita e, em todos os lugares, há sempre generosas manifestações da Providência Paternal de Deus, confortando os tristes, acalmando os desesperados, socorrendo os ignorantes e abençoando os infelizes.” André Luiz (Missionários da Luz) “Qual é o lugar do homem? Onde os seus irmãos precisarem dele.” Madre Teresa de Calcutá “O trabalho beneficia sempre.” André Luiz, Obreiros da Vida Eterna Seleção: Débora Vitorino

Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Os semeadores do

MARANHÃO Em qualquer lugarejo que tivesse uma família estudando Kardec, Dr. Júlio fundava um centro espírita Por RODRIGO C. PEREIRA

E

m São Luís do Maranhão, existem poucas pessoas, no movimento espírita que não conhecem os nomes Júlio Luz de Carvalho (1931-1995) e Laíze Maria Souza de Carvalho (1943-2005). Ele, fundador da Sociedade de Estudos Espíritas Ismael e presidente, por sete anos, da Federação Espírita do Maranhão; ela, palestrante, evangelizadora, dirigente de trabalhos e presidente do tradicional Centro Espírita Maranhense no início da década. Ambos, lutadores pela disseminação da Doutrina Espírita no Estado. Ele Júlio nasceu no interior do estado, Santa Inês, em 1931, filho de comerciante e de dona de casa que apenas assinava o nome. Partiu para São Luís assim que precisou completar os estudos secundários. Foi na casa de um dos irmãos, onde passou a morar que ouviu falar de Espiritismo. Curioso, lia as obras de Kardec, que satisfaziam sua índole científica, e passou a freqüentar o Centro Espírita Maranhense, hoje o mais antigo da cidade. Em seu envolvimento com a doutrina, ganhou o respeito e a amizade tanto de figuras consolidadas como José Bezerra e Seu Pequenino, quanto dos jovens da Mocidade Espírita, a exemplo de Clóvis Ramos, referência em estudos de literatura mediúnica.

Ela Enquanto, em São Luís, Júlio se encaminhava nas atividades do C.E Maranhense e vergava sob o peso dos tratados de Odontologia, no interior, em uma cidade às margens do rio Corda, uma garotinha de doze anos aproxima-se da irmã, cujos dezenove anos a mais lhe conferiam o estatuto de mãe, passalhe as mãos nos cabelos e pergunta: “Laurita, por que estás chorando?”A irmã, que realmente chorava, não tem pudores para responder: “Porque nada temos para comer hoje”. A garotinha, certa de que aquilo era um motivo estúpido para choro, vai até o colégio das freiras, onde estudava, e chama a madre: “Minha irmã diz que não tem comida em casa. A senhora pode conseguir alguma coisa para nós?” A religiosa não perde tempo e passa à menina uma cesta com alguns gêneros alimentícios. Antes de agradecer, a garotinha olha decidida para a benfeitora: “Como pagamento, venho dar aulas para os colegas que tiverem dificuldades”. Ali começava o trabalho de Laíze, futura senhora Júlio de Carvalho. O Liceu Maranhense era o melhor colégio de São Luís. As provas orais eram as mais temidas. Pois a “ menina-professora” dos colegas no colégio das freiras, veio à capital, passou pelo exame de admissão e ficou na respeitada escola. Certa vez, a estudante do Liceu procurava algo para ler e se distrair. Católica fervorosíssima, encontrou um


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livro sem capa, cujo título chamavalhe a atenção: Paulo e Estêvão. O livro revirou-lhe as crenças e a moça, por conta do volume sem capa, tornara-se espírita. “Se o livro estivesse inteiro”, ela dizia, tempos depois, “e eu visse que tinha espírito no meio da história, nem encostava”. O mundo espiritual tem suas manhas. Os anos corriam e a professora Laíze, famosa por sua oratória, era convidada a fazer palestras em vários centros espíritas. Em um evento, impressionou-se com um dos confrades, que por ela também se deixara impressionar. Júlio e Laíze não chegaram a namorar dois meses. Casados, tiveram dois filhos, Berenice e Fábio, adotaram mais dois, Ana Paula e Anderson, e sempre recebiam pessoas em dificuldade. A força da união O casal dedicava-se ao trabalho de difundir e consolidar a Doutrina Espírita em terras maranhenses. Após ter fundado a Mocidade e a Sociedade de Estudos Espíritas Ismael nos anos 70, Dr. Júlio assumiu, em 1986, a presidência da Federação Espírita do Maranhão. Batalhou intensamente para

a unificação dos centros espíritas da capital e onde soubesse de uma ou duas famílias que estudassem Kardec em qualquer lugarejo, lá ele ia fundar um centro. Assim foi em Pinheiro, em Bacabal; também em Santa Inês, Buriti Bravo, Carolina, Caxias, Coelho Neto...Nem sempre era fácil. Muitas vezes, a Igreja impunha resistência. Em outras, os espíritas eram o problema. Numa cidade que visitou havia uma cruz plantada no meio do centro espírita. Dizia-se que Pedro, o Apóstolo, ali pregava e consolava os “fiéis”, cuja afluência no local era notável. Dr. Júlio conversou com a entidade que se manifestava por um médium em transe: “Por que você engana essa gente?” O espírito, antes zombeteiro que mau, respondeu: “Não estou enganando ninguém. Apareci aqui e disse me chamar ‘Pedro’. Espalharam então que era o santo e eu fui gostando...” Dor e consolo Após sete anos de trabalho, Dr. Júlio entregou a presidência da Femar. Em 1993, no dia 21 de março, queixou-se de dores “no coração”. A esposa o levou ao hospital, mais por precaução que por preocupação. Ele

Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luís, no início do século 20.

subiu tranqüilamente as escadas que levavam ao quarto onde seria atendido, viu em uma das camas com que cruzou no caminho uma amiga, ministrou-lhe um passe. Quando chegou ao quarto, deitou-se, segurou a mão da companheira e, numa rápida ausência da médica, disse: “Laíze, sê forte porque vou desencarnar.” E, para surpresa de todos, voltou à pátria espiritual. No velório, o rosto que lhe expressara as feições durante a vida física mostrava um leve sorriso, que no entanto por todos foi notado. “Foi o único homem que conheci que riu da morte”, disse o amigo e companheiro de causa espírita Albino Travincas.

Laíze deu prosseguimento à educação e sustento dos filhos sozinha e, em 2005, foi sua vez de partir para o Mundo Maior. Fábio de Carvalho, filho do casal, conta que , quando passara por um período de dúvidas, logo após o desencarne do pai, recebera belíssima orientação mediúnica ditada por ele, que dizia: “E tu, meu filho, sabe que nem o tempo, nem o espaço, muito menos a morte, podem separar as almas que se amam”. Rodrigo C. Pereira é professor de Português e Literatura em São Luís do Maranhão, onde coopera no Centro Espírita Yvonne Pereira. E-mail: rodpereira26@yahoo.com.br

BAÚ DE MEMÓRIAS

Av. Pedro II – hoje um dos principais locais históricos de São Luís


ARTE E ESPIRITISMO

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MOZART: L

A presença espiritual em suas criações

Por MARIANA SARTOR

a melodia da inspiração

onge de seu público, o enterro do músico austríaco Wolfgang Amadeus Mozart nada teve do “glamour” que suas composições alcançam pelo mundo todo. Assistido apenas por seu cachorro vira-lata, o compositor e instrumentista partia para Júpiter, um plano mais melodioso, segundo ele mesmo afirma em questões respondidas, publicadas na Revista Espírita1, após sua morte, aos 35 anos. Por coincidência, para os que gostam do acaso, ou não, uma das composições mais famosas de Mozart, a Sinfonia n.º 40, é também conhecida como Júpiter e considerada auge da música do século XVIII. O garoto que aos 4 anos de idade tocava, de cor, composições ao cravo, e aos 5 já compunha um minueto, tinha seu talento disputado pelos nobres europeus da época. A criança prodígio – prova da evolução da alma nos processos de reencarnação – uma vez que a inteligência é patrimônio do espírito – encantava especialmente por sua capacidade de improvisação, criando, inspirado por sua fantasia. Tal inspiração, sabe-se, é a sensibilidade que lhe possibilitava o intercâmbio mais intenso entre os Dois Mundos – material e espiritual, lei natural da sintonia mental. Em resposta a Kardec a respeito deste intercâmbio, os Espíritos da Verdade explicam que freqüentemente, as idéias “são sugeridas por outros Espíritos que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si apelam à inspiração; é uma evocação que fazem sem suspeitarem.”2 Na obra Vida de Mozart3, existe a transcrição de uma carta do músico austríaco, filho de artesãos, na qual ele próprio esclarece a questão de sua inspiração. “Dizes que desejarias saber qual o meu modo de compor e que método


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LIVROS & CIA. Casa Editora O Clarim Matão - SP Tel.: (16) 3382-1066 oclarim@oclarim.com.br

sigo. Não te posso verdadeiramente dizer a esse respeito senão o que se segue, porque eu mesmo nada sei e não me posso explicar. Quando estou em boas disposições e inteiramente só, durante o meu passeio, os pensamentos musicais me vêm com abundância. Ignoro donde procedem esses pensamentos e como me

chegam; nisso não tem a minha vontade a menor intervenção.” Tanto talento e sintonia mental se converteram em uma vasta e variada produção artística, composta por 49 sinfonias, 23 óperas, 20 missas, 45 sonatas para piano e violino, 27 concertos para piano, 29 quartetos de cordas, 17 sonatas para piano, 66 árias e outras produções musicais. Do “além-Terra”, ainda possibilitou comunicação respondendo à entrevista, evocado por Allan Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e, também, ditando um fragmento de sonata ao médium Bryon Dorgeval. O intelectual, que nos presenteou com sublimidades melódicas, nasceu

em 27 de janeiro de 1756, e há 217 anos, segundo ele mesmo informa nas respostas recebidas por um médium e enviadas a Kardec, partiu para o planeta “onde há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto do vento: as flores rumorejam e cantam; tudo produz sons melodiosos.” “Aqui em Júpiter não temos instrumentos. São as plantas e os pássaros os coristas. Os pensamentos compõem e os ouvidos gozam sem audição material.” 1- Allan Kardec, edição de maio de 1858. 2- Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, IDE, questão 462. 3- Holmes (completar)

PR O M O ÇÃ O

Por que a música nos sensibiliza

ABRIL: Mês do

ESPIRITISMO Educação para a morte Como professor e filósofo espírita, o autor define a morte como um processo de transformação da vida que precisa ser compreendido. Autor: J. Herculano Pires 158 páginas / 14 x 21 cm

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Quem nunca ouviu dizer que “quem canta seus males espanta”? E quem nunca sentiu o coração acelerar com uma música especial? O ritmo, a intensidade, o intervalo entre notas nos sincroniza com determinados instrumentos e músicas, influenciando batidas cardíacas e emoções. A música é uma onda que vibra em determinada freqüência e faz vibrar não só o ar, mas tudo ao seu alcance. Tudo e todos possuem uma freqüência de vibração de acordo com densidade, composição, volume, forma e está em constante vibração, podendo entrar em ressonância com outros seres e objetos. Antiga ferramenta transcendental, a música está muito ligada, ao longo da história, às religiões e às manifestações de busca pelo divino. Os egípcios, por exemplo, dominava o uso da ressonância como forma de acelerar moléculas e atingir outros níveis de consciência. Assim como a música, a espiritualidade também pode agir por vibrações.

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CIÊNCIA

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A interferência da vontade nos resultados de pesquisas científicas Por MARCUS VINÍCIUS RUSSO LOURES

U

m nossa crença, conhecida como senso comum, é muito forte a oposição entre ciência e religião. Basta assistirmos a programas de televisão para que nos deparemos com questões que, “aparentemente” estão fora do alcance da ciência, como a reencarnação, por exemplo, sejam discutidas por cientistas que, não raro, decretam a incapacidade dessa mesma ciência para discuti-las. No dia seguinte, estampa-se no jornal “Ciência prova a não possibilidade da reencarnação”. Mas em momento do caminhar humano a ciência ganhou esse estatuto de decretadora da verdade? Há cerca de 2000 anos, antes de Jesus estar entre nós, o mundo ocidental ganhava pela contribuição grega, uma nova forma de enxergar o mundo, crítica em sua construção, a Filosofia, O debate de idéias ganhou cores relevantes. Filósofos de peso como Platão e Aristóteles nos legaram vasta obra, de incrível extensão e complexidade, sobre as quais até hoje as pessoas se debruçam. Com a passagem de nosso amado mestre pela existência terrena, o cristianismo, a princípio sofrido por perseguições romanas, se firmou e, por volta de 400 anos d.C, o filósofo Agostinho debruçou-se sobre os fundamentos da obra cristã, num esforço enorme de produzir escritos com objetivo de garantir ao discurso teológico (baseado na fé) um caráter formal, não apenas baseado na crença pessoal. Passados 1000 anos, a fragilidade da antiga Igreja nem deixava marcas. Era uma instituição poderosa, controladora mais do que apenas a fé de seus fiéis. No fim do século XV, o homem, ao reler as obras platônicas, deu novos ares a seu papel no mundo, num processo de autovalorização conhecido como Renascimento. No esteio dessa valorização, pensadores como Descartes, Bacon, Galileu, Newton deixaram uma contribuição inestimável para a construção de nossa visão de mundo atual. Não se tratava de

propriamente um rompimento com a fé: homens como Newton, de grande religiosidade, entreviam a possibilidade da ciência, pelo exercício da razão, conduzir o homem à contemplação do divino. A razão e seu exercício eram a prova da grandiosidade de Deus. A ciência newtoniana torna-se independente do discurso teológico (baseado na revelação), e dá ao homem a possibilidade de descrever o mundo de forma isenta de julgamentos psicológicos ou carregados de valores morais, alcançando resultados grandiosos. No fim do século XIX e começo do século XX, alguns cientistas afirmavam que faltava muito pouco para conseguirem ler a mente de Deus. Mesmo com tanta crença na “nova ciência”, alguns problemas pendentes da Física ainda permaneciam sem solução. Dessa “crise”, uma ciência de concepções metodológicas completamente nova surgiu, inovando também a forma de se ver o mundo. Dentro desta nova visão, um dos princípios mais desconcertantes da Mecânica Quântica (área da Física Moderna) é o Princípio da Incerteza de Heisenberg, que afirma que a posição e a velocidade de um elétron em sua camada são afetadas pelo observador que mede essas grandezas. Tudo isso soa estranho, não? Primeiro, a ciência clássica tem o domínio determinista: diga-me onde estou agora e como se dão as forças que atuam sobre mim e serei capaz de dizer com máxima precisão onde estarei daqui a 100 anos. Mas a ciência moderna pondera: não posso mais determinar a posição do elétron com certeza de 100%, mas definir apenas provavelmente onde estará, dependendo da intenção do observador, que sai de seu papel passivo na ciência clássica. Atrevo-me aqui a afirmar, mesmo que ainda os resultados da Física sejam demasiadamente preliminares que, ao introduzir o papel da vontade na ciência, a questão do reducionismo será metodologicamente abandonada.

COISAS DE LAURINHA

Os 10 MANDAmentos Por TATIANA BENITES A professora explicava sobre os 10 mandamentos. Fez uma aula diferenciada com filme, exemplos e muita brincadeira. Quando terminaram as atividades, os alunos saíram da sala comentando sobre o que acabaram de aprender. Pedrinho foi o primeiro a comentar: – Eu consegui entender bastante sobre os 10 mandamentos. – É verdade! A aula sobre os 10 mandamentos foi bem legal – respondeu seu amigo Marcos. Flávia olhou para os dois e comentou: – É, mas não lembro dos 10 mandamentos, só de alguns. – Ah! É fácil! É só colocar o NÃO na frente e completar as frases com o que não pode fazer – Laurinha respondeu. – Tem tanta coisa que as pessoas fazem errado que está nos 10 mandamentos, né? – completou Marcos. – E nem precisava estar nos 10 mandamentos, todo mundo deveria saber que aquilo é errado e pronto – concluiu Pedrinho. – Por que será que chama “10 mandamentos”? – interroga Marcos. – Porque alguém está mandando você NÃO fazer alguma coisa! – retrucou Flávia meio apressada. – É só lembrar do que é errado e não fazer – emendou Pedrinho. Laurinha pensou, pensou e resolveu se abrir com os amigos: – Lá em casa, minha mãe tem vários mandamentos. – Por quê? – Porque tudo tem o NÃO na frente: “NÃO coloque o pé aí. NÃO suje a cozinha. NÃO brinque antes de estudar. NÃO estude com a televisão ligada. NÃO coma no quarto. NÃO coma muito mostarda, que faz mal. NÃO jogue videogame agora, porque tem que dormir.” – encenou Laurinha, imitando a voz de sua mãe. As outras crianças começaram a dar risadinhas, e Flávia completou: – Acho que na minha casa também tem os mesmos mandamentos! E os meninos concordaram. – Acho que agora eu sei por que se chama “Mandamento”! – falou Laurinha. – Por quê? – Porque lá em casa minha mãe Manda e eu agüento!!

Verdade ou não, é provável que este seja o princípio atuante por detrás de muitas questões em nossas vidas, como, por exemplo, o sucesso na recuperação de pacientes diante da atuação dos Doutores da Alegria, profissionais que se vestem de palhaços e realizam nos hospitais verdadeiras terapias com uso do sentimento nos hospitais. Possivelmente, quando os pacientes interagem e riem, comunicam ao Universo algo menos melancólico e que será revertido em favor de si mesmo. Diante desta realidade, não seria tão absurdo afirmar que “o mundo está em nossas mãos”. Nossas atitudes é que defi-

nirão como ele parecerá para nós. Com esse texto, de conteúdo ainda polêmico e controverso, quero afirmar aqui o trabalho da recém-criada Associação Médico-Espírita do ABC: numa troca de experiência inédita na região, trabalhar com o corpo médico e mostrar que ações que dão foco no paciente são muito mais positivas que as que valorizam a doença. Não existem doenças, o que temos são doentes e eles são centrais na própria cura. Sucesso ao trabalho desse grupo. Bacharel em Física Médica e Filosofia. E-mail: produpar1022@uol.com.br


Pesquisa com

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Por JOSÉ BENEVIDES CAVALCANTE

células-tronco

N

ão acreditamos haja entre os espíritas um consenso cabal e definitivo em relação à utilização de células-tronco em pesquisas. O tema é palpitante, novo e complexo, desafia posturas religiosas e dogmáticas; ...e por que não as posturas dos espíritas? Apesar do impasse, trata-se de uma conseqüência inevitável do extraordinário avanço das ciências biológicas nos últimos anos. Oxalá, estejamos a ca-

vivendo naquele momento, ressaltando o benefício que tal feito traria à humanidade. Na época, a Igreja Católica, através de suas autoridades, foi contra o uso da fertilização in vitro: mais que isso, ela condenou veemente essa prática, como a condena até hoje. Embora não se entrasse em maiores detalhes sobre os procedimentos utilizados na técnica ainda iniciante, Chico não se referiu ao congelamento ou perda de embriões, que

SIM minho de um grande passo para o incremento de novas terapias!... Na década de 1970, quando Chico Xavier se apresentou na televisão para o Brasil, o desafio era o “bebê de proveta”, que trazia desconforto para muita gente, talvez maior que o da célula-tronco hoje. Chico, na época, representando a equipe de Emmanuel, aceito pela quase unanimidade dos espíritas – uma vez que nunca vi nenhuma contradita às suas considerações – foi claro e taxativo em relação ao progresso científico que estávamos

cativo impulso à concepção espírita de mundo, através de uma abordagem científica, pois as obras da codificação já não eram suficientes para encarar o progresso da ciência após um século, e o pesquisador desencarnado acabou por tranqüilizar os espíritas a respeito desse avançar empolgante e desafiador da inteligência humana. Aliás, lendo André Luiz, em cujas idéias o Dr.Hernani Guimarães An-

OU

fatalmente ocorre na reprodução assistida. Perguntamos: será que André Luiz não sabia disso? Ora, não queremos, aqui, defender uma posição intransigente a respeito da utilização das células-tronco, mas convidar os espíritas – e não somente os da área médica – a discutir mais o tema, como bem iniciou o Dr. Francisco Cajazeiras, no seu “Bioética, Uma Contribuição Espírita”. Evidentemente, não temos mais Chico Xavier conosco: não porque tudo que saísse do Chico fosse a expressão pura e definitiva da verdade, mas porque, até então, era o único médium que dava à comunidade espírita em geral uma cômoda segurança em relação às informações que provinham da espiritualidade. Isso aconteceu com a série Nosso Lar que, apesar de contestada no início, acabou passando pelo crivo dos espíritas brasileiros, atendendo ao critério da universalidade proclamado por Kardec. André Luiz, sem dúvida, deu signifi-

da Embriologia e da Engenharia Genética nos dá a entender que esses trabalhos não surgiram do acaso. Infelizmente, não

NÃO

drade se apoiou para realizar suas pesquisas, pudemos entender que a Espiritualidade nunca está alheia ao que acontece na Terra, principalmente em matéria de ciência. Ora, seria um contra-senso de nossa parte considerar que realizações significativas – como a reprodução assistida, a clonagem e as experiências com células-tronco para fins terapêuticos – não tivessem nada a ver com os Espíritos, que se ocupam com ciência. Pelo contrário, ao que tudo indica, aquilo que acontece na Terra, em termos de descobertas e invenções, com certeza, já deve ter acontecido na espiritualidade e muitos dos Espíritos, que reencarnam com tarefas nesse campo, certamente, já foram estimulados a realizá-las. O fato de existirem pesquisas avançadas nas áreas

temos mais o Chico para nos dar notícia a respeito. Convidados a abordar o delicado tema no CORREIO FRATERNO, resta-nos dizer que o nosso intuito é reafirmar os princípios éticos do Espiritismo, preocupados com o conflito entre as idéias materialistas, o uso indevido e quase inevitável dos feitos científicos, e o significado espiritual da vida. Todavia, sem ter ainda uma posição definitiva sobre o assunto, acreditamos que nenhum radicalismo de nossa parte contribuiria para dar à delicada questão um tratamento coerente com a ética anunciada por Kardec. Advogado, pedagogo com licenciatura em Ciências. Vice-presidente do CE. Caminho de Damasco e USE Intermunicipal de Garça-SP. Autor da obra Fundamentos da Doutrina Espírita. jobenevides@bol.com.br

PARA ENTENDER MELHOR

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AGENDA

As leis morais e a saúde mental A partir de 1.º de abril, todas as terças-feiras, das 19:30 às 21h, no auditório da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, com o médico psiquiatra Sérgio Lopes, de Pelotas-RS, Gladis Pedersen e João Felício, presidente e vice-presidente de Unificação da Federação. Inscrições: (51) 3224-1493, com Bety. Email: secretaria@fergs.org.br

ABR

1

14.º Megafeirão do Livro Nos dias 12 e 13 de abril, ABR das 9 às 17 h, na Creche Amélia Rodrigues. Rua Silveiras, 17. Vila Guiomar, Santo André- SP. Ônibus grátis do metrô São Judas. E-mail: dbmlivros@terra.com.br

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I Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua obra Dias 19 e 20 de abril, em Uberaba-MG, com partiABR cipação de Marlene Nobre, Manoel Tibúrcio, Weimar Muniz, Caio Ramaciotti, Elias Barbosa, Adelino da Silveira, Flávio Mussa Tavares e outros. Local: Clube Sírio Libanês.

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Promoção: Aliança Municipal Espírita de Uberaba e Pedro Leopoldo-MG. Fones: (34) 3315-1910, 3312-6176, 3312-1077 E-mail: ame_uberaba@terra.com.br.

Seminário “Álcool e drogas no paradigma médico-espírita” A prevenção, tratamento e reintegração serão temas do evento, no dia 10 de maio, das 8:30h às 17 horas, na AGE Center – Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 4348 – Ibirapuera- São Paulo. Promoção: Associação Médico-Espírita de São Paulo. Organização: Maria Heloisa Bernardo, diretora do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes. www.amebrasil.org.br. Fones: (11) 5585-1703 - 5585-1977.

MAI

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Encontro de Educadores Espíritas Dia 10 de maio, realizado pela USE Regional do Grande ABC. Tema: “Educar para as diferenças”, das 8:30 às 18:00h. No Centro Universitário IMES - Campus II. Rua Santo Antonio, 50, Centro, São Caetano do Sul, SP. E-mail: useregionalabc@osite.com. br. Fone: (11) 4224-6415.

MAI

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Seminário “Reforma Íntima sem Martírio”

III Simpósio de Estudos e Práticas Espíritas em Pernambuco.

Com a participação do orador Wanderley S. de Oliveira, de BH. Dia 18 de maio, das 8:30h às 17h, no Grupo Fraternal A. Bezerra e Menezes. Rua Batuíra, 380- B. Assunção, S. Bernardo do Campo. Inscrições: (11) 4363-4374 – 35935173 (Mara). www.conselhoespiritasbc.com.br.

Tema: Espiritismo e Medicina; Saúde e Doença, de 4 a 6 de julho, no Teatro Guararapes, Centro de Convenções de Pernambuco. Expositores: Juselma Coelho e Carlos Bacelli (MG), Alberto Almeida (PA), Francisco Cajazeiras (CE), Marlene Nobre e Décio Iandoli Jr (SP), Silvio Romero e Rosemere Kiss (PE). Informações: (81) 3434-1128, 8787-9790.

MAI

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JUL

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ACONTECE Museu em memória a Fabiano de Cristo O Museu João e Maria – Memória da Obra de Fabiano de Cristo – já está desenvolvendo diversas atividades. Entre elas, o projeto Quinta no Museu, que tem na sua programação recreativa parte musical, contação de história e filmes. O Museu fica na Agência Rio da Capemi, Rua Marechal Floriano, 19, sobreloja, Centro do Rio de Janeiro, e está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Informações e inscrições: Fone: (21) 4009-7032. E-mail missdias@gmail.com.

Fundada a Associação Jurídico-Espírita de São Paulo Em solenidade realizada na sede da USE - Lapa, em São Paulo, foi fundada no dia 8 de março a Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo – AJE-SP, com o objetivo de contribuir para o aprimoramento espiritual dos operadores do Direito espíritas, a melhoria da legislação vigente, defesa legal de assuntos concernentes à filosofia espírita e também a divulgação do pensamento espírita sobre questões jurídico-sociais. O evento foi realizado na presença de 50 pessoas de órgãos representativos, dentre eles o promotor de justiça Izaias Claro, o procurador do Estado Washington Fernandes e a advogada Julia Nezu. E-mail: ajesp.sp@gmail.com

EVENTOS BENEFICENTES DO LAR EMMANUEL

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Almoço 13 de abril A partir das 12h00

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 - B. Assunção S. Bernardo do Campo-SP Informações: (11) 4109-8775 Você é nosso convidado !!


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P

melhoramento

essoas tendo que conviver num ambiente psicologicamente desfavorável, expondo suas vidas, seus defeitos, suas qualidades para outras pessoas – que, por sua vez, acompanham tudo como se conhecessem cada um. Torcem contra ou a favor. Envolvem-se com os dramas de cada um. Vibram com as conquistas, sofrem com as derrotas... Não, não é o Big Brother: É a sua vida. A vida da sua família, do seu vizinho, de todos nós, cuja síntese pode estar num programa de tv, a refletir o comportamento humano diante das mais variadas situações. Tal comportamento irá variar de acordo com a bagagem emocional-moral-espiritual de cada um. Ou em algo que costumamos chamar simplesmente de: personalidade. Personalidade deriva do latim – persona – que significava máscara, ou seja, aquilo que queremos parecer aos outros. Na Psicologia, a personalidade é uma organização dos vários sistemas físicos, fisiológicos, psíquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivíduo se ajusta ao ambiente em que vive: vai se fazendo ao longo do tempo, desde o nascimento até a idade adulta. John Locke, filósofo inglês, escreveu, no século 17, a teoria da tabula rasa, segundo a qual, somos como folha em branco a ser preenchida durante nossa existência. Ou seja, todos os homens nascem iguais. O que nos ensina o Espiritismo? Somos todos criados simples e ignorantes. Durante muitas décadas, o debate sobre o tema, na comunidade científica, dividiu-se entre os que apostavam na natureza como raiz de nossa personalidade (nature); e os que acreditavam no ambiente como definidor da mesma (nurture). Hoje, essas vertentes estão unidas em torno dos estudos sobre o comportamento humano. Mais

Algumas pessoas imaginam que basta conhecer o Espiritismo para ficarem livres de todos os seus defeitos. Veja por que não é bem assim Por GEORGE DE MARCO

uma vez, as conclusões da ciência chegam bem próximo de tudo aquilo que já conhecemos no Espiritismo... A genética, por exemplo, favorece determinados tipos de personalidade, mas não determina nosso comportamento. Uma criança é uma síntese da teoria da tabula rasa. Conforme interage com os adultos, irá se moldar ao mundo onde nasceu. Seus pais serão a maior fonte de influência, mas, mesmo esta, é imprevisível. É o que encontramos n’O Livro dos Espíritos, Questão 208 (“O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o nascimento? R.: Há uma influência muito grande (...) Pois

bem, os Espíritos dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação”). Mas descartando qualquer similaridade moral (questão 207 “(...) uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. Entre os descendentes das raças há apenas consangüinidade”). Para a ciência, as amizades influenciam muito mais. Não é à toa que, na questão 766, a vida social nos é apresentada como uma “obrigação natural”. As pesquisas também tentam explicar por que os irmãos de sangue são tão diferentes entre si, mesmo quando gêmeos. Para a ciência, baseada na Teoria dos Nichos, cada criança procura

desempenhar papel diferente do de seu irmão. Assim, um se destaca como esportista, outro, como filósofo. Porém, sabemos que os espíritos têm sua individualidade e a semelhança de seu caráter se dará tão-somente pela similaridade de sentimentos – bons ou maus. Mas a ciência confirma: podemos mudar nosso jeito de ser. As transformações ideológicas e conceituais sobre a vida, não se fazem da noite para o dia. Mas vão se instalando pouco a pouco, rompendo as resistências naturais e as oponências. Sendo a evolução, como disse Kardec, uma lei Universal, temos que vê-la em tudo, desde as transformações físicas, individuais e planetárias, até no campo ideológico, nos fatos do nosso dia-a-dia e naqueles que englobam coletividades. Algumas pessoas que estão iniciando nos estudos Espíritas imaginam que isso bastará para ficarem livres de todos os seus defeitos. Ao verificarem na vida prática que não houve nenhuma mudança, desanimam e abandonam seu propósito inicial de se reformarem. Por isso, Santo Agostinho, em O Livro dos Espíritos, questão 919, já afirmava que “O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento individual”. Segundo Emmanuel, esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões (O consolador, perg. 387 230). Não é tão simples nem tão divertido quanto um Big Brother. Mas o prêmio é muito melhor – espiritualmente falando. Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordenador de teatro na seara espírita no Rio de Janeiro. E-mail: georgedemarco@hotmail.com.

GRANDES QUESTÕES

A chave do


FOI ASSIM…

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Para Deus nada é impossível Alguns fatos acontecem e dão novo rumo à nossa vida Allan Kardec

Especulações em torno de sua morte Por LUIS MENEZES

Por ODETE OLIVEIRA FERNANDES - São Paulo

N

a década de 1960, eu e meu marido tínhamos duas meninas, Magali e Jane. Não pensávamos em aumentar a família, com isso tomávamos as precauções para não engravidar mais. Entretanto, com o entendimento que a doutrina espírita nos dá sobre a importância da encarnação, dizia comigo que, apesar das precauções tomadas, para Deus nada é impossível, e assim me colocava à sua disposição. Veio, então, depois de oito anos o terceiro filho, Mário César, que nos trouxe muita alegria. Ao mesmo tempo, foi bastante difícil esse parto, corri risco de vida. O médico, Dr. Emílio Mastroiane, afirmava que era aconselhável uma cirurgia de laqueadura para evitar risco numa outra gravidez. Cortou e amarrou as trompas para impedir nova gestação. Mesmo sabendo que eu não podia mais engravidar, repeti comigo: “para Deus nada é impossível”. Depois de seis meses, lá estava eu novamente esperando o quarto filho, Marco Antônio. Quando completava os nove meses de gravidez sem qualquer problema, tive uma crise hemorrágica e fui levada às pressas ao hospital. Cheguei a tomar doze litros de sangre num parto que durou quase vinte e quatro horas. Minha recuperação estava muito difícil. Aí, um dia no quarto do hospital senti que fui levada

para o plano espiritual. Parecia que haviam me desligado do corpo. A sensação inicial foi de um medo enorme, que durou segundos. Em seguida, senti que me levaram para ver a família em minha residência. Depois, ouvia recomendações alimentares, como as que acabei repassando às enfermeiras do hospital, logo que acordei. Minha impressão era a que eu tinha sido auxiliada espiritualmente na minha saúde do corpo. Pedi, então, maçã raspada na colher, fígado cru batido no liquidificador, mingau de aveia... Para espanto das enfermeiras tudo isso parecia mais os meus últimos desejos!!! Às sete da manhã, quando o médico chegou no quarto para me ver foi surpreendido com a minha aparência, dizendo: “Não acredito que você esteja assim. Vim para lhe passar um atestado de óbito, porque seus exames estão péssimos, mas sua aparência está ótima. Depois de amanhã, se você continuar com esse mesmo aspecto bom, poderá voltar para casa!!!!!”. Toda essa experiência se passou faz trinta e sete anos: a idade do meu quarto filho querido! Odette Oliveira Fernandes Essa é a história que aconteceu com D. Odette. Conte a sua também: redacao@correiofraterno.com.br

Retornar à vida espiritual é caminho natural para todos nós que estamos na Terra; entretanto, por desconhecimento de uns e intenções de outros, muitas inverdades se tem falado e escrito sobre a morte em 31 de março de 1869 do Codificador da Doutrina Espírita Allan Kardec. A partir de uma sessão de “mesas girantes”, em 1855, nasceu o interesse que o levaria a desvendar a origem e a natureza dos Espíritos, a restaurar a pureza dos ensinamentos de Jesus e lançar as bases existenciais do ser humano da nova era, em um trabalho gigantesco para isolar o misticismo da razão. Em uma época sem luz elétrica e escrita à pena de ganso, mantinha correspondência com centenas de médiuns em várias partes da Europa, analisava cada mensagem recebida para encontrar pontos de lógica e coerência e só então incorporá-la à obra. As perguntas aos Espíritos Benfeitores eram muitas e as respostas recebiam análise criteriosa. Ignorando a intolerância religiosa de sua época, publica a 18 de abril de 1857 a obra O Livro dos Espíritos, marco do nascimento do Espiritismo. Em 1858 lança a Revista Espírita, e funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. A partir de 1861, publica os demais livros da Codificação: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese. Aos 61 anos de idade vieram os problemas com o coração, e Amigos Espirituais lhe advertem para equilibrar trabalho e repouso. Divide as tarefas com auxiliares, até que na manhã do dia 31 de março de 1869 atendia em sua casa um caixeiro de livraria quando o rompimento de um aneurisma o leva à morte instantânea. Afirmou o Sr. Muller, amigo da família, “nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fora pela parada da respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.” É certo que até de suicídio classificaram sua morte, mas diria Paul Valery, “Os incapazes de atacar um pensamento atacam o pensador”. A melhor frase que resume sua morte está no livro Obras Póstumas; “Nele, como em todas as almas fortemente temperadas, a lâmina gastou a bainha.” Bibliografia: Obras Póstumas, Araras-SP: IDE, 1993. Revista Espírita – março/1865. Allan Kardec – Análise de Documentos Biográficos, Niterói-RJ: Lachâte, 1999.


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Unidos na alegria e na tristeza O parceiro nos educa não só com as virtudes, mas principalmente com os chamados “defeitos”. Saiba Por quê Por FERNANDO ANTÔNIO NEVES

K

ardec, no capítulo XXII de O Evangelho segundo o Espiritismo, referiu-se ao divórcio como uma lei para separar legalmente o que já está, de fato, separado, ou seja, aquelas uniões feitas por interesses financeiros ou articulada pelos pais, onde o amor não está presente. Contudo, como interpretarmos o divórcio à luz da sociedade atual, onde as pessoas se unem voluntariamente e não por imposição dos pais ou da sociedade, como no passado? Como lidarmos com casamentos cármicos que, de uma atração inicial, converteu-se num campo de batalha? O divórcio seria a melhor solução? Segundo a doutrina espírita, o nosso espírito não tem sexo, é potencialmente masculino e feminino. Por isso, um mesmo espírito que reencarna homem numa existência pode vir a ser mulher em outra. O homem encarnado possui uma polaridade sexual materialmente expressa (masculina), enquanto a outra (a feminina) permanece implícita, o que o faz buscar a companhia do sexo oposto para complementar-se no mundo físico. Essa complementação sexual, segundo a psicologia junguiana, não se refere apenas à polaridade masculinofeminino, mas a todas as outras. Segundo Jung, nós atraímos a nossa própria sombra. Pessoas, por exemplo, muito “boazinhas”, que são amorosas, mas têm dificuldades de serem firmes e enérgicas quando necessário, atraem pessoas

agressivas, que são firmes mas não conseguem ainda expressar totalmente seu amor. Um expressa a sombra do outro. Todo agressivo é uma pessoa amorosa internamente (mas sem coragem de expressar sua afetividade) e toda pessoa externamente “boazinha” possui firmeza interior. A reeducação através do casamento consiste justamente em cada um atingir o ponto de equilíbrio dinâmico entre o amor e o poder, entre a firmeza e a doçura. Essa é a mágica do casamento: homem e mulheres, agressivos e doces, dependentes e independentes, racionais e emocionais, responsáveis e aventureiros, atraindo-se mutuamente para aprenderem com as diferenças. Sem o percebermos, o companheiro que escolhemos para o casamento nos complementa e nos reeduca não só com suas virtudes, mas principalmente com aquilo que consideramos “defeitos”, que nada mais são do que nossas sombras, um aspecto de nossa alma negado por nós. Quando Jesus nos diz que homem e mulher serão uma só carne, ele refere-se ao fato de que os dois corpos serão um só espírito, ou seja, o que falta em um é complementado em outro. Através do casamento resgatamos a união com o nosso próprio espírito, pois expressamos materialmente na “unidade do casal” a completude que já existe em nossa essência espiritual. Portanto, quando aceitamos e perdoamos o nosso parceiro, estamos aceitando e perdoando a uma parte de nós mesmos. Quando nos apaixonamos por alguém, estamos admirando virtudes e potenciais que já existem essencialmente em nós e que, por não estarem plenamente desenvolvidas, projetamos no outro. Como nos diz o filósofo espiritualista Robert Happé, to-

dos os relacionamentos que temos com o próximo, nossos pais, filhos, amigos e cônjuge, expressam apenas um único relacionamento: o que temos com nós mesmos. Jesus nos assevera que aquele que repudiar a sua mulher e se casar com outra já cometeu adultério em relação à primeira1, ou seja, perdeu a oportunidade de crescer com o outro através do casamento e, atrairá, em outra parceira, a mesma negatividade que possuía a primeira. Assim, a negatividade que precisa ser curada não está no outro, mas em nós mesmos, e dela só nos libertaremos através do perdão e da tolerância. Perdoar e aceitar o nosso cônjuge é, portanto, perdoar e aceitar a nós mesmos. Abandonar o nosso cônjuge é, em última análise, fugirmos de nós mesmos. Não separe, pois, o homem o que Deus juntou1 significa que, salvo as exceções óbvias, como agressões físicas, por exemplo, não podemos permitir que o nosso ego separe aquilo que a Providência Divina uniu através do casamento para nossa própria cura e crescimento. Quanto mais difícil o nosso parceiro, maiores as oportunidades de crescimento através da aceitação e do perdão, e de cura das nossas próprias negatividades em intervalo menor de tempo. Aquilo que chamamos de “casamento de resgate” ou “casamento cármico” nada mais é que um curso intensivo de crescimento rumo à felicidade e completude que nos aguarda. 1- Mateus: cap. XIX, vv. 3 a 9 Médico com formação em Psicologia Transpessoal. Conferencista, atuante também em programas de rádio na cidade de Recife-PE. E-mail: a.fernando_neves@yahoo.com.br

EQUILÍBRIO

CASAMENTO


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REFLEXÃO

O que fazer para evitar a derrocada? Em vez de libertar, o suicídio aprisiona ainda mais àquilo de que se quer ver livre Por DORIS MADEIRA GANDRES

A

s ciências humanas, por meio da psicologia, da psicanálise, da psiquiatria e outros métodos de tratamento, buscam soluções para as dores da alma, para os desequilíbrios, tantas vezes aparentemente infundados. Contudo, muitas vezes não conseguem resolver definitivamente o problema – as recaídas são numerosas e, algumas vezes, fatais. No entanto, nós que nos reconhecemos como espíritos imortais, milenares, portadores de uma bagagem individual, podemos compreender, ou pelo menos tentar compreender, um pouquinho melhor os mistérios da alma. Tenho uma conhecida do interior, por quem tenho muito apreço; pessoa simples, trabalhadora, mãe zelosa de quatro rapazes, ainda jovem, 36 anos, com um marido também simples e

trabalhador. No conjunto, uma família lutando para manter-se com dignidade; soube, no entanto, que, há pouco tempo, ela tentou suicídio. Felizmente, foi encontrada com vida, levada ao hospital, onde ficou por dois dias, e está se recuperando, pelo menos fisicamente. E a gente então se pergunta: por que uma pessoa batalhadora, sempre alegre, prestativa, carinhosa com todos, cercada por entes queridos, comete um ato assim tão desesperado? O que se passará naquela alma que possa levá-la a uma decisão tão dolorosa? Que angústia e que desesperança serão tão grandes, parecendo insuportáveis a ponto de suplantarem a razão, o bom senso, o amor aos filhos? Sabemos que somos espíritos em permanente evolução intelectual-éticofraterna; cada um de nós é único, e até que possamos fazer todas as escolhas lúcidas e acertadas, ainda temos muito que aprender e desenvolver.

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A nossa doutrina – e muitas outras também – nos ensina que atentar contra a própria vida é um ato extremamente grave, tanto quanto atentar contra a vida alheia. Mas se o desespero é tal, se palavras amigas de estímulo não conseguem penetrar na alma, o que dizer para afastá-la do ato extremo, para evitar a sua derrocada? Pedir aos bons amigos espirituais, a Jesus, a Deus, que possam recolher nossas vibrações de carinho e, acrescidas de sua misericórdia e amor, banhar aquela alma em abundância na esperança de que ela possa despertar... A carga que muitos de nós carregamos parece muitas vezes superior às nossas forças; envolvidos na densidade da matéria, não conseguimos nos lembrar o que originou a situação que ora temos que enfrentar – e na maioria dos casos lamentamos e nos sobrecarregamos de autopiedade e culpa.

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Por mais que queiramos auxiliar, somente ela mesma, criatura sofrida e desesperada, é que poderá ajudar-se, tentar reedificar-se, ainda que coberta de marcas e cicatrizes. Porém, será necessário primeiramente querer, querer muito, diante da vontade de abandonar-se, perder-se de si mesma... Todavia, todos nós temos dentro de nós um potencial imensurável, uma semente divina que mais cedo ou mais tarde germinará, e fará de nós espíritos puros, tal como nos advertiu Jesus de Nazaré, nosso irmão maior e muito mais evoluído: “vós sois deuses, fareis tudo que eu faço e muito mais”. A autora é carioca, expositora e articulista de jornais e revistas espíritas. Autora do livro A felicidade ao nosso alcance. E-mail: dorisgandres@ yahoo.com.br.


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