Correio Fraterno 422

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BAÚ DE MEMÓRIAS

CORREIO

Castro Alves: a virtuosidade poética que alcança o coração. Pg. 8

FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 40 • Nº 422 • Julho - Agosto 2008

DROGADIÇÃO O papel social da religião

A

ções públicas reconhecem a capacidade dos movimentos religiosos no equacionamento do grande problema do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas. Há um ano, um projeto da Secretaria Nacional Antidrogas, atrelado às religiões majoritárias do país e movimentos sociais afins, começou a ser articulado, tendo como um dos pontos altos o lançamento, no mês de junho, em Brasília, da campanha Fé na Prevenção. Parte da proposta é oferecer uma plataforma educacional técnico-científica para que cada movimento religioso elabore o seu material dogmático específico de cam-

“CARPE DIEM”

panha para orientação, prevenção e enfrentamento do problema. Desde o início do projeto, profissionais da saúde e membros de instituições espíritas, com experiência em assistência a esse público, vêm participando do trabalho e se articulam para a expansão da campanha no meio espírita em todo o Brasil. Parte desta preparação inclui grande evento a ser realizado no ABC, que prevê intensa permuta e conhecimentos técnicos, vivências, oficinas, e experiências de grupos que trabalham há mais de 40 anos com dependências. Leia entrevista com a psicóloga Maria Heloísa Bernardo, na página 4.

PERISPÍRITO: ESSE DESCONHECIDO INTERMEDIÁRIO

Eclesiastes era um sábio de meia-idade ou mais, que tentava lidar com o medo da velhice e da morte. Ele passa a sensação de procurar desesperadamente por alguma coisa que dê à vida um significado menos efêmero. Exatamente como eu, como você, como a raça-humana. Assim como todos nós, um dia Eclesiastes perguntou: “O que dá importância a minha vida?”

No livro Além da matéria densa, Alberto de Souza Rocha faz um estudo aprofundado, mesclando conhecimento e muita cultura sobre um tema de suma importância: o perispírito.

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Uma palavra inspiradora pode ser um grande presente a um bom amigo. Assine Correio Fraterno www.correiofraterno.com.br ÓRIAS

BAÚ DE MEM

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Castro Alves: o letras ao coraçã Pg. 8

FRATERNO O ESPIRITISMO

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EDITORIAL

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Para os pequenos e grandes

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quarto jornal do ano vem embalado pelo sucesso da recepção do Fraterninho. O retorno da criançada é um reconhecimento e tanto para a equipe e para nossa contínua batalha em oferecer o melhor ao nosso leitor. Portanto, para os pequenos e os grandes que aguardaram a continuação da história em quadrinhos, boa diversão! Nas páginas deste número, você acompanha a recém-nascida campanha Fé na Prevenção: um investimento da comunidade científica nos benefícios da fé. A diretora técnica do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, Maria Heloísa Bernardo, em Entrevista, conta sobre o projeto

que une Estado e religião no combate ao uso de drogas e álcool. Além das reflexões, opiniões e dos ensaios, preparamos um cantinho para convidar a todos a conhecer o trabalho de veteranos que é feito com as crianças no Lar Emmanuel, que está crescendo e faz projeções super positivas para o próximo ano! No Foi Assim..., como sempre, a voz do leitor contando as interessantíssimas histórias espíritas da vida real. Nesta edição, uma narrativa deliciosa sobre os “milagres” da fé. Para entender melhor, J. Benevides explica que passe espírita não é

mágica e desvenda esta prática unânime no movimento. A todos uma ótima leitura e aguardamos seus relatos, sugestões e idéias no nosso canal aberto com o público!

moral é conseqüência do progresso intelectual, mas não o segue imediatamente (LE 780), ainda teremos muitos embates entre o progresso científico e a ética/moral a ser adotada em cada situação. A posição mais adequada ao Espírita é a serenidade e o bom senso, estudando e aguardando informações confiáveis, como está n’O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 24: “Na dúvida, abstêm-te”. Luis Roberto Scholl Presid. da União Mun. Espírita Santo Ângelo-RS

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FRATERNO Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118 Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Belmiro Tonetto Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz Secretário: Vladimir Gutierrez Lopes

JORNAL CORREIO FRATERNO

Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora responsável: Izabel Regina R. Vitusso. MTB-3478 Jornalista responsável: Maury de Campos Dotto Redação: Mariana Sartor Comunicação e Marketing: Tatiana Benites Editoração: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Impressão: AGG –Artes Gráficas Guaru Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000 Caixa Postal 58 - CEP 09720-971

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

Fraterninho Vibrei com a alegria de minha netinha, Mariana Stuchi Perez, 7 anos, 2.º fundamental, quando leu o primeiro Fraterninho. Encantou-se e não vê a hora de receber o próximo. Parabéns pelo novo lançamento que com certeza fará muito sucesso entre a criançada, futuros leitores do Correio Fraterno. Abraços. Neusa e José Perez Perez, por e-mail

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br • Permitida a reprodução parcial de textos do Correio Fraterno desde que citada a fonte.

Fundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

CORREIO DO CORREIO Células-tronco Permita-me cumprimentá-lo pelo artigo exposto no Correio Fraterno de março/abril (ed. 420) sobre as pesquisas com célulastronco. Concordo que não se pode ter nenhuma posição conclusiva sobre o assunto, evitando radicalizações sobre o tema. Alguns articulistas, apressadamente, assumiram opiniões pessoais como se fossem doutrinárias, tanto a favor como contra as pesquisas, atitudes incoerentes e preocupantes para o movimento espírita. Como o progresso

Uma ética para a imprensa escrita

São Bernardo do Campo – SP Fones: (011) 4109-2939 e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br site: www.correiofraterno.com.br As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal. Periodicidade bimestral Para assinaturas do jornal ou pedido de livros: Acesse www.correiofaterno.com.br Ou ligue: (11) 4109-2939. Para assinaturas, se preferir, envie depósito para Banco ItaúAg.0092 c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura 12 exemplares: R$ 30,00 Mantenedor: acima de R$ 30,00 Exterior: U$ 20,00

• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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será lançado em agosto Da REDAÇÃO

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tão aguardado longa-metragem sobre vida e obra de Bezerra de Menezes chega às telas dos cinemas de todo o Brasil na data de seu aniversário: 29 de agosto. Produzido pela Fox Filmes do Brasil, o filme é sedimentado em pesquisas realizadas pelo biógrafo de Bezerra, o historiador espírita Luciano Klein e conta com atores como Carlos Vereza, no papel principal, Lúcio Mauro, Caio Blat, Ana Rosa, dentre outros.

“Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito” faz uma fiel reconstituição da época em que viveu o médico, desde o seu nascimento, em 1831, em Riacho do Sangue, interior do Ceará. Aos 18 anos, Bezerra se transfere para a cidade do Rio de Janeiro, elege-se vereador e deputado em várias legislaturas. Mas foi como médico anônimo dos pobres que deixou a marca mais importante de sua passagem pela história. Tel: (85) 3260-5140.

Cresce o

movimento espírita

no exterior

Da REDAÇÃO

O

bservando a crescente expansão do movimento espírita no exterior, o CEI - Conselho Espírita Internacional - vem se atendo à necessidade de suprir de informações também os brasileiros, sobre o trabalho que vem se realizando lá fora. Segundo o diretor do CEI e da FEBFederação Espírita Brasileira, Antonio César Perri, cerca de 33 países já fazem parte do Conselho Espírita Internacional e perto de 20 outros desenvolvem estudos e atividades espíritas em grupos familiares. Também como ação do Conselho,

a divulgação sobre o que é o Espiritismo, como funciona, onde encontrar grupos de estudos vem sendo amplamente difundida, através de materiais editados em até 23 idiomas. Muitas têm sido as iniciativas de espíritas no exterior, que culminam na tradução de obras da codificação, de Emmanuel, de André Luiz, para as línguas de origem do país. Segundo Perri, as pessoas, pelo mundo, se interessam em conhecer o Espiritismo, mas o querem em sua língua nativa. Lembra também que as obras subsidiárias (em grande parte ditadas ao mé-

Uma das reuniões anuais de apoio ao Movimento Espírita na Europa, realizada em maio, em Lecco, na Itália

dium Chico Xavier) dão um enorme suporte ao entendimento das bases da codificação. Aos poucos, as palavras em português das obras que tanto conhecemos no Brasil ganham os idiomas: húngaro, francês, sueco, suíço, alemão, polonês, japonês, italiano, espanhol e tantos outros. Mas o Conselho tem

alertado aos oradores que estendem a divulgação do Espiritismo lá fora para que não se atenham somente ao idioma, mas, principalmente, às diferenças culturais, de pensamento, sem o que o trabalho na divulgação poderá ficar comprometido. www.febnet.org.br

ACONTECE

Filme “Bezerra de Menezes”


ENTREVISTA

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“FÉ NA PREVENÇÃO” União de forças no combate à drogadição

de programas de prevenção em escolas, empresas e outras instituições. Teve um fato que pode ter contribuído: o chefe da segurança institucional do presidente Fernando Henrique, o general Cardoso, era muito conhecido do pessoal do SENAD, que o via sempre fardado, paramentado, mas como espírita e médium, muitos sabiam que ele freqüentava o Centro Espírita Bezerra de Menezes, onde inclusive incorporava o Dr. Bezerra de Menezes. Eles sabiam que eu também era espírita e tudo isso, de certa forma, pode ter colaborado para a atenção aqui ao hospital, que leva também o nome Bezerra de Menezes.

Heloísa Bernardo – Drogas: a busca para aplacar as dores da alma

Por IZABEL VITUSSO Apoiado nas diversas lideranças religiosas e movimentos sociais afins, o governo federal deu início, no mês de junho, ao projeto “Fé na Prevenção”, considerando o importante papel e influência dessas instituições no contexto social. Uma das metas será capacitar, até 2011, cerca de 20 mil líderes religiosos, para atuar na prevenção do consumo de álcool e outras drogas, em comportamentos de risco e situações de violência de todo o país. Convidada a representar o movimento espírita, a psicóloga Maria Heloísa Bernardo, diretora técnica do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, em São Bernardo do Campo, SP, fala sobre o tema e os desdobramentos das ações no meio espírita.

Por que você foi a convidada para representar o movimento espírita nesta iniciativa governamental? MHB: Eu já tinha um relacionamento longo com o pessoal da SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas. Como diretora técnica, há mais de 20 anos do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, coordenei fóruns sobre tratamento e prevenção ao uso de drogas, em Brasília, atividades em Manaus e em São Paulo, desde o governo Fernando Henrique, quando se iniciou a idéia do projeto. Parte de minhas atividades no hospital é estruturar programas terapêuticos, tanto no campo da psiquiatria como dependência química, incluindo implantação

Qual foi sua reação e ação com o convite? MHB: Me senti muito pequena para representar a doutrina espírita, principalmente diante da proposta de agregar os grupos espíritas espalhados pelo país. Meu primeiro pensamento foi verificar quais instituições espíritas poderiam ajudar a reunir pessoas para o trabalho. Pensei na AME- Associação MédicoEspírita Brasileira, que fez a ponte com os principais órgãos representativos no movimento espírita. A idéia foi prontamente acolhida, embora a representante da AME Brasil, Dra. Marlene Nobre dissesse que as AMEs não teriam pernas suficientes para bancar um projeto dessa natureza. Abriu-se ao apoio, mas sugeriu que fundássemos uma AME em São Bernardo, que por sinal já está na ativa. Quando o projeto se iniciou? MHB: Em junho do ano passado, no escritório da presidência, na Avenida Paulista, em São Paulo, junto à Dra. Paulina Duarte, coordenadora geral da área de tratamento para a Secretaria Nacional Antidrogas. Lá estavam representantes da comunidade científica, da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, dos movimentos majoritários religiosos e movimentos sociais ligados


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Quais os últimos desdobramentos? MHB: A campanha “Fé na Prevenção” foi lançada, agora dia 19 de junho, em ato solene pelo governo, com a participação de autoridades maiores da República, no salão Nobre do Palácio do Planalto, do qual participei, representando o movimento espírita. Esta campanha vem junto com a ação tolerância zero ao consumo de álcool, o que para nós é uma bênção. O material técnico-científico já está produzido e a verba para o material dogmático já foi liberada pelo governo.Temos nos articulados com o Conselho Espírita de São Bernardo, com as diversas AMEs [São Paulo, Brasil, Internacional], para a produção desse material prático e teórico para o enfrentamento do problema, considerando o que o Espiritismo entende sobre uso, abuso e dependência, qual o nosso modelo de abordagem e tratamento, e a metodologia espírita de prevenção proposta. E especificamente no movimento espírita, que ações já foram tomadas? MHB: Desde a primeira reunião da SENAD, reunimos médicos, terapeutas espíritas e estamos trabalhando na fundamentação espírita, material que deverá ser apresentado à, SENAD tanto na parte da contextualização, como na proposta prática, através de oficinas psicopedagógicas. A AME de São Bernardo já está em ação e será oficialmente fundada no dia 30 de agosto, num grande evento realizado, que vem agregar à execução deste projeto, o I Encontro de Valorização da Vida, sob a coordenação da Instituição Assistencial Meimei, Conselho Espírita de São Bernardo e a AME – Associação Médica

Espírita também de São Bernardo. E outras casas que quiserem participar? MHB: É nisso que penso que vocês podem nos ajudar, porque o Correio Fraterno circula no Brasil inteiro. Nós conclamamos a todos a se unirem a nós, para que todos juntos possamos fazer essa produção. Mais do que a necessidade desse projeto, está na frente a nossa necessidade de união. Qual o maior diferencial que a doutrina espírita oferece na questão do trabalho de prevenção ao uso, abuso e dependência química? MHB: São muitos, mas um deles é a questão da multiplicidade das existências, da lei de ação e reação. O que é a dependência química? Uma compulsão que a pessoa carrega uma doença crônica, cujos fundamentos espíritas ajudam a explicar. Não só a explicar, mas também auxiliar com terapêuticas mais eficazes. Ora, se nós entendermos que somos influenciados por espíritos, e que esses espíritos podem nos levar, não só ao uso de psicoativos, mas a outros comportamentos compulsivos, nós temos recursos como a desobsessão, a água fluidificada, os passes, vibrações, como parte da metodologia espírita para o tratamento. Vocês fazem uso desta terapêutica no Centro de Tratamento Bezerra de Menezes? MHB: O tratamento espiritual é feito à distancia. Mas existem reuniões ecumênicas, em respeito aos credos dos pacientes e familiares, onde são discutidos, com eles, temas importantes e reflexivos, com bastante eficácia no processo de recuperação. Atualmente existe um esforço para realizar a implantação de um modelo eminentemente espírita para tratamento. Sem contar os recursos utilizados, como arteterapia, terapia cognitivo-comportamental, musicoterapia, que levam em consideração algo muito além da matéria. Como você avalia o trabalho de assistência na casa espírita ante os problemas da drogadição? MHB: A dependência química é considerada doença de negação do ponto

de vista do paciente, da família e da sociedade. Ela carrega ainda muito preconceito, por ser freqüentemente entendida como defeito de caráter do dependente. Na casa espírita, existe um grande problema: o mecanismo de suprir a necessidade dos assistidos, de maneira geral, em nome da caridade. O dependente químico não pode receber facilitação. Usar o mecanismo do “tenha paciência, tenha caridade, acolha”, dificulta para o dependente reconhecer e assumir as conseqüências danosas relacionadas ao uso de drogas.

ou tendo um comportamento compulsivo, que pode ser, por exemplo, gastar demais, praticar sexo demais, trabalhar demais. Hoje a psiquiatria e a psicologia já reconhecem essas compulsões, cuja denominação é TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo –, como a base do problema, tanto que, ao se tratar um dependente, consideramos o fato de, ao parar o consumo de substâncias, durante o processo de recuperação, o paciente freqüentemente irá desenvolver uma compulsão substituta. Agora, o Espiritismo explica tudo isso.

Qual é a verdadeira caridade diante da dependência, então? MHB: A verdadeira caridade é oferecer ajuda, mas deixar que o dependente se responsabilize pelos problemas que ele produz porque usa drogas. Esse é um processo que não é só da casa espírita, mas da família também. As famílias, de tanto amarem e protegerem seus parentes dependentes, facilitam. O dependente faz uso de substâncias, rouba os objetos de casa, é preso, a família corre e tira da prisão, traz para casa e presenteia o jovem com uma moto, por exemplo, na idéia de que lhe agradando, vai evitar que ele busque novamente as drogas. Esse mecanismo empurra ainda mais o dependente para o abuso de álcool e outras drogas e, conseqüentemente, a comportamentos disfuncionais.

Qual a explicação? MHB: A explicação está exatamente na estrutura emocional. Joanna de Ângelis fala disso. A pessoa não se preenche, porque não se olha, não tem seus níveis de consciência ampliados, então, procura soluções práticas e rápidas para aplacar a dor que sente, que são as dores da alma. Então, qual acaba sendo a solução prática e rápida? É você fazer coisas para afastar essa dor original. Nós sabemos que estamos em momento de transição, da separação do joio e do trigo. Trabalhando com a psiquiatria, percebo que estão reencarnando espíritos extremamente duros, os níveis das psicopatias, das perversões vem crescendo a cada dia, o Centro de Tratamento Bezerra de Menezes vem se tornando referência nacional para esses casos graves de transtornos que envolvem comorbidades, duplos e múltiplos diagnósticos. Por outro lado, você vê espíritos iluminados encarnados e encarnando, lutando pela defesa do bem, dos verdadeiros valores da vida.

O que leva uma pessoa a procurar drogas, agora psicologicamente falando? MHB: As pessoas usam substâncias psicoativas para alcançar o bem-estar, o prazer, a alegria. Basta avaliar o mundo moderno e ver que no lugar dos verdadeiros valores da vida, as pessoas estão correndo atrás da materialidade, do prazer, da resolução dos problemas de forma fácil e rápida. A droga traz isso. Além do que, ela entra em um processo interessante: em presença de dor – física, emocional, moral, espiritual – você coloca algo, esse algo pode ser, e geralmente é, um comportamento compulsivo, que é fazer alguma coisa demais. O resultado é prazer imediato e dor futura. E na presença desta, cada um tem uma maneira de reagir: enfrentando o problema; evitando o problema, colocando uma peneirinha na frente do sol; usando drogas, álcool;

Existem trabalhos maravilhosos, sendo realizados pelas casas espíritas, como é o caso da IAM – Instituição Assistencial Meimei, em São Bernardo, com uma bagagem de 40 anos de assistência aos dependentes e familiares. E também de outras casas, como as do interior de São Paulo. Tudo isso tem que se transformar num material mais divulgado, um referencial para a prevenção, em função da experiência ao longo de tantos anos. www.iam.org.br bezerrademenezes@bezerrademenezes.com.br. Informações para o Encontro de agosto: mendes.nelson@uol.com.br. Fone: (11) 4176-8600.

ENTREVISTA

à questão do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas. Além do reconhecimento à contribuição das religiões no equacionamento do grande problema das drogas em todo o país, a SENAD propôs a realização de um projeto com substrato pedagógico, técnico-científico a ser disponibilizado para os diversos segmentos religiosos, que deveriam, a partir de seu modelo dogmático, elaborar o seu material específico de apoio para divulgação da campanha.

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ARTE E ESPIRITISMO

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Allen Ginsberg Na tradição da poesia profética Por MARIANA SARTOR

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ão será um engano se o leitor do Correio Fraterno, ao longo deste texto, se deparar com nomes e acontecimentos já publicados no jornal. De fato, em uma publicação de 2007, ainda em formato antigo, o jornal trazia as polêmicas visões

de William Blake e suas obras poética e pictórica recheadas de transcendentalismos e influências mediúnicas. Não só a profissão, mas também a língua é compartilhada entre o citado escritor inglês, testemunha da revolução industrial, e o lendário escritor americano do século XX, Irwin Allen Ginsberg. Mesmo em uma comparação superficial, percebe-se quantas características em comum existem entre eles: dois artistas que desafiaram a sociedade com críticas severas aos valores e práticas e compuseram trabalhos ousados e precursores, com ideologias a frente de seus tempos. Porém, o elemento que mais rege tais semelhanças e também a composição artística de ambos permanece escondido, em leituras menos aprofundadas. O que se verifica, num mergulho em Blake e Ginsberg, são

MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO

a inspiração e a visão que orquestram suas idéias em obras poéticas admiradas na literatura universal. São poetas que profetizam em versos, com visões a frente de seus tempos, governados, como diria Blake, por mensageiros do céu, dia e noite. Desencarnado, aos 70 anos, em Nova York, em abril de 1997, Allen Ginsberg, escrevia 40 anos antes seu mais conhecido poema, o “Uivo”, uma crítica severa ao materialismo e ao conformismo americanos, com influências de diversas fontes literárias, especialmente de William Blake. O americano que acreditava ter herdado a poética visionária de Blake chegou a confessar uma visão espiritual que teve do escritor inglês, em 1948, que marcaria sua produção literária pelos 15 anos seguintes. Ginsberg chegou a descrever esta visão como “a voz de Blake simultaneamente com a visão da Eternidade”. O evento foi noticiado, como geralmente acontece, como alucinação e até relacionado ao uso de drogas e às práticas religiosas de alteração de consciência. Essa interpretação nem chegou a considerar a hipótese de uma intercorrência mediúnica. O fenômeno que posteriormente passou a ser chamado de visão ocorreu durante a leitura de um poema de autoria de Blake, “Ah, Sunflower”. De acordo com a mídia que relatou o acontecimento, Ginsberg disse ter ouvido uma voz, que remeteu ao próprio autor inglês, durante sua leitura, o que teria lhe revelado, então, a interconectividade de toda existência e a consciência de universo. Estudante do 7.º período do Curso de Letras, na Universidade Federal de São Paulo.

Fragmento de “Uivo”, Irwin Allen Ginsberg Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa “hipsters” com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite.


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Acenda a fogueira do seu coração!

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” E Emmanuel aprofunda o estudo: “A fé inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de que os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba paisagem improdutiva. Que diremos de um motor precioso do qual ninguém se utiliza? De uma fonte que não se movimente para fertilizar o campo? De uma luz que não se irradie?(...) A crença religiosa é o meio. O apostolado é o fim.” (...) Chico Xavier (Emmanuel) Fonte Viva. 2 ed. FEB

Trabalho Trabalho traz alegria, Enobrece o coração, É chuva que sempre cria Uma nova floração. O homem de nossa era Que faz a flor fenecer Jamais poderá deter A volta da primavera.

Ei, olha nós aqui em dia de Festa!!!! Tem pipoca, dança, música de São João!!! Balão não tem não!!! Ah!, sabe o que vai ter no ano que vem? O dobro de crianças aqui no Lar Emmanuel. É que tem gente corajosa que faz o que precisa,

porque sabe que vão chegar aqueles que podem ajudar. Você não é um desses? Venha ver como está ficando lindo. Não espere a outra festa junina, não! Saiba mais sobre o Lar Emmanuel: www.laremmanuel.org.br Tel.: (11) 4109-8938

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O livro Fonte Viva, da série ditada por Emmanuel, focalizada nesta coluna; salienta que a fé não pode ser inoperante. Com uma citação de Thiago (2;17), a idéia se esclarece:

SUA PARCERIA VAI FAZER A DIFERENÇA MOSAICO

Fé inoperante

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BAÚ DE MEMÓRIAS

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!

Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

CASTRO ALVES: letras ao coração Por ALTAMIRANDO CARNEIRO

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o dia 6 de julho de 1871, às três e meia da tarde, junto a uma janela banhada de sol, para onde fora levado conforme o seu último desejo, desencarnava, na Bahia, o poeta Antônio Frederico de Castro Alves. A Fazenda Cabaceiras, onde o poeta nasceu em 14 de março de 1847, num domingo, às 10 horas, é, desde 1971, o Parque Histórico Castro Alves, situado no município de Cabaceiras do Paraguaçu, no Estado da Bahia. Tão curta e fecunda vida em arte e engenho. Sua passagem por este plano deixou marcas indeléveis na memória dos brasileiros, não apenas pela beleza de seus versos, mas, sobretudo, pelo que defendeu e lutou: a liberdade e a justiça social. Tão moço e dotado de tão brilhante inteligência, aprimora, no decorrer das existências, pelo cultivo do intelecto com demonstrações de elevados sentimentos, Castro Alves sempre esteve perto da juventude, que até hoje o cultua, encorajada pela sua mensagem, de um Espírito que aos 13 anos já traduzia poesias do francês Victor Hugo e do inglês Lord Byron; lia Camões, Álvares de Azevedo, Golçalves Dias; começava a desenhar, maravilhosamente e, contemplando a estrela Dalva, denominava-a de “a lágrima do Cristo, pelo sofrimento dos escravos.” Aos 17 anos, em Recife, ao ver o jornalista Borges da Fonseca ser espancado, sobe à tribuna e dirige-se às autoridades: “Senhor!.... pois quereis a praça? / Desgraçada a populaça

/ Só tem a rua de seu... / Ninguém vos rouba os castelos / Tendes palácios tão belos... / Deixai a terra ao Anteu.” Aos 21 anos, é carregado nos braços pelos colegas da Faculdade de Direito de São Paulo, após declamar em frente aos poderosos, donos de fazendas e do trababalho escravo, a poesia Tragédia no mar, que depois recebeu o título definitivo: O navio negreiro. Digno de registro o artigo publicado pelo jornal O Popular, de Santo Amaro (BA), em 20 de julho de 1871, de autoria de Antônio Alves Carvalhal, dias após o desenlace do poeta, onde se lê: “A imortalidade, senhores!... (...) Eu te abençôo, filosofia santa, da religião do Calvário! Só tu nos vem ensinar essa crença sublime de que o espírito do homem não morre, de que o aniquilamento é uma mentira! Sim, senhores, como é doce e consolador crer, neste instante, que aquele espírito transcendente, aquela alma inspirada de gênio não foi fundir-se com o nada, mas que o espírito de Castro Alves, como um pássaro de luz, subiu... subiu... pelas regiões imensas dos espaços azulados e foi postar-se mais radiante diante do infinito! (...) Ah! Não, ele não morreu, senhores! Ele dorme... Não perturbemos mais o sono do poeta... Ele sonha talvez um poema para soletrá-lo aos anjos...” Sim, ele não morreu. E nestes 137 anos de existência, sempre esteve conosco, principalmente através de


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lições de Espiritismo através de poemas recebidos por Francisco Cândido Xavier, Jorge Rizzini, Waldo Vieira, Dolores Bacelar. Poesia mediúnica sobre a qual fala José Herculano Pires, na obra Antologia do Mais Além1, citando-a como marginalizada pelo críticos, que tem receio de se pronunciar sobre elas e quando o fazem é de maneira irônica. Na obra Castro Alves fala à Terra, com poemas recebidos mediunicamente por Chico Xavier, Waldo Vieira e Jorge Rizzini2, Herculano também fala sobre o mistério que a poesia mediúnica constitui para os homens de letras e o desafio que ele constitui para os homens de ciência. “Como admitir – dizia-nos há pouco um poeta – que Castro Alves continue, cem anos após a sua morte, apegado às velhas fórmulas poéticas e ao ímpeto ultrapassado do condoreirismo?” Herculano elucida que se Castro Alves ainda estivesse encarnado, acompanharia, por certo, os movimentos literários modernos. Mas estando no mundo espiritual, seu objetivo, nas poesias que envia à Terra, “não é atingir a virtuosidade poética terrena, mas atingir o coração humano, identificar-se perante os homens que respeitam o seu nome e a sua figura histórica”. Diz ainda Herculano que o gênio poético de Castro Alves deve ter atingido “uma grandeza e um poder de expressão que não podemos sequer imaginar. Mas para se dirigir aos homens, a esses bichos da Terra tão pequenos, como escreveu Camões, o poeta deve descer do Olimpo, como faziam os deuses gregos, e misturar-se com os bichos”. Mas, argumentam, não seria melhor que o poeta contribuísse para a evolução da poesia, na Terra? “Sim, talvez fosse, mas a Pedagogia nos adverte de que a tarefa do aprendizado pertence a cada um. De que valeria um professor universitário dar as suas aulas num curso primário?” 1- Jorge Rizzini, FEESP, 2.ed., 1979. 2- Jorge Rizzini. Correio Fraterno, 3.ed.,2000. Jornalista e escritor espírita. E-mail: alta_carneiro@uol.com.br

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PARA ENTENDER MELHOR

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Passe às avessas Por JOSÉ BENEVIDES CAVALCANTE

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alvez o mais intrigante “milagre” nos evangelhos seja o da mulher hemorroíssa que procurou Jesus, na certeza de que ele a curaria. Os evangelistas Marcos, Lucas e Mateus contam que Jesus estava no meio da multidão, onde as pessoas disputavam um lugar ao seu lado, quando a mulher chegou angustiada, ante o problema que a afligia há anos. Ela não mediu esforços para aproximar-se, e o máximo que conseguiu foi tocar levemente as vestes do mestre. Naquele momento, sentiu que a hemorragia estancou, e Jesus percebeu que algo dele saiu. Imediatamente, perguntou aos discípulos quem o tocara. Estes estranharam a pergunta, pois praticamente todos o tocavam. Jesus não se referia ao toque das mãos, mas ao do “coração”, pois, apesar de muitos o comprimirem, um único pensamento na multidão foi capaz de sensibilizá-lo. A mulher se assustou e ficou com medo – primeiro, porque fora curada e, depois, porque sentiu haver tirado algo de Jesus, sem lhe pedir permissão; por isso, atirou-se-lhe aos pés, ajoelhada. Certificando-se da cura, Jesus lhe disse: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz, pois estás curada”. Este caso é de grande valor aos estudos espíritas; tanto que Kardec, em “A Gênese”, toma-o como ponto de partida para explicar como se dão as chamadas “curas espirituais”. O leitor que tiver interesse deve consultar essa obra, no capítulo XV. Tivemos, aí, o que poderíamos chamar de “passe às avessas”: Nesse caso, diferentemente dos demais, não foi Jesus que impôs as mãos sobre a paciente, direcionando-lhe “fluidos”, mas ela que tirou de Jesus o material para restabelecer-se. Numa linguagem científica, Dr. Hernani Guimarães Andrade, em Teoria cor-

puscular do espírito1, traça um modelo explicativo de como pode ocorrer a liberação do ectoplasma nos processos de cura. Passe espírita não é mágica; por isso, não deve ser confundido com benzimento. Neste, sim, leva-se em conta um elemento miraculoso (ou seja, inexplicável, sobrenatural), onde os efeitos dependeriam do “poder” de palavras, de orações, de amuletos, de gestos cabalísticos. O Espiritismo reconhece que até os rituais mágicos podem contribuir para a cura, mas eles não são sua causa, que está na ação do pensamento, que ainda é matéria, segundo André Luiz2. A doutrina trabalha no sentido de que o homem se liberte do pensamento mágico, da superstição, do misticismo, para ter maior compreensão das leis naturais. “O milagre não se explica” – diz Kardec – “os fenômenos espíritas, ao contrário, explicam-se da mais racional maneira; não são, portanto, milagres, mas simples efeitos que têm sua razão de ser nas leis gerais”3. O esforço do Espiritismo se justifica pela necessidade de o homem, seguindo sua rota evolutiva, desenvolver a fé racional. A ignorância das leis naturais leva-o a conclusões enganosas e perniciosas ao seu progresso espiritual. Dizendo “a tua fé te salvou”, Jesus quis que a mulher entendesse que foi ela mesma quem acionou o processo da cura. Todavia, a meta do Espiritismo, como a de Jesus, não é simplesmente a cura do corpo, mas o despertar da alma para as leis da vida. Daí, porque o passe, nos centros espíritas, deve ser utilizado de forma adequada às finalidades da doutrina, não se constituindo, apenas e tãosomente, como um instrumento de alívio imediato, mas principalmen-

COISAS DE LAURINHA

O engano de Jesus Por TATIANA BENITES – Mãe, lembra da Luzia, irmã da Sílvia? – Lembro, filha. – A Sílvia e eu estamos desconfiadas que ela enganou Jesus direitinho. – Como assim, Laurinha? Não pode falar desse jeito! Jesus nunca é enganado! – Ah, mãe! Você não viu o que a Luzia aprontou e Jesus não fez nada. Ele viu tudo e ficou caladinho, depois só porque ela é pequena e faz cara de criança chorona, ele não fez nada. – Laurinha, você não pode falar desse jeito de Jesus. – Mãe, a gente aprende que não pode mentir e não pode enganar ninguém. Eu e a Sílvia sabemos muito bem que a Luzia está só enganando os outros, mas já falei pra Sílvia contar tudo pra sua mãe, já que Jesus não faz nada. – Laurinha! Mas que história mais estranha é essa! Desde quando você é na Terra a representante de Jesus! Laurinha foi para o quarto, sentou-se em sua escrivaninha e ficou pensando. Pegou uns papéis, fez algumas anotações e não demorou sua mãe, intrigada voltou a tocar no assunto: – Está mais tranqüila agora? – Sim. Pensei e fiz umas anotações. – Que anotações? – Eu anotei que a Luzia pegou todos os nossos brinquedos e jogou no jardim, mudou o penteado das nossas bonecas e rabiscou nossos desenhos. Quando Jesus viu, ela saiu correndo, sentou no sofá e falou que estava assistindo desenho. Quando D. Marta chegou, deu bronca na gente. Jesus não fez nada! – Laurinha, Jesus tem mais o que fazer do que se preocupar com briga de criança, a Luzia só tem 5 anos! Eu achei que essa história já havia acabado. – Está bem, mãe. Fale com a Sílvia aqui no telefone: Alô! Sílvia, minha mãe não está acreditando em mim. Fala com ela. Laurinha passou o telefone para a mãe: – Sílvia, tudo bem? Sua mãe está? Preciso conversar com ela. Você e Laurinha estão com muita imaginação. Precisam parar de envolver Jesus em tudo quanto é história. – Mas é verdade, tia. Quer ver? Fala aqui com ele. Ouve-se uma voz grossa, de homem do outro lado da linha. – Alô! – Quem está falando? – É Jesus, o jardineiro!

te como um ponto de partida para a compreensão da vida e tratamento da alma. Bibliografia: 1- Teoria corpuscular do espírito, Didier, 2007, cap. IX. 2- Mecanismos da mediunidade, FEB, 6. ed., 1981, p.45

3- O Livro dos Médiuns, Lake, 2. ed., 1966, cap. II, item 15. Advogado, pedagogo com licenciatura em Ciências. Vice-presidente do CE. Caminho de Damasco e USE Intermunicipal de Garça-SP. Autor da obra Fundamentos da Doutrina Espírita. E-mail: jobenevides@bol.com.br.


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Um recado de Eclesiastes Por GEORGE DE MARCO

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iz a tradição judaica que quando os sábios se reuniram para estabelecer o Cânon, conjunto de livros ancestrais que deveriam fazer parte da Bíblia, houve violenta discussão sobre o livro do Eclesiastes. Não apenas para deixá-lo fora da lista dos selecionados, mas para bani-lo completamente. Eclesiastes é um livro difícil de acompanhar e compreender. Não há enredo, tema, e o autor às vezes se contradiz. Até mesmo o nome Eclesiastes é obscuro. Em hebraico, Kohelet. Consta que o autor seria Salomão e, por esta suposta autoria, é que o livro de Eclesiastes foi incluído na Bíblia. De qualquer forma, fica claro que Eclesiastes era um sábio de meia-idade ou mais, que tentava lidar com o medo da velhice e da morte. Ele passa a sensação de procurar desesperadamente por alguma coisa que dê à vida um significado menos efêmero. Exatamente como eu, como você, como a raçahumana. Assim como todos nós, um dia Eclesiastes perguntou: “O que dá importância a minha vida?” No livro, ele nos conta sobre como tentou ter sucesso em todas as áreas. E fracassou em todas. Como tantos jovens ricos, dedicou-se ao prazer em geral que o dinheiro pode conceder. Já mais velho, percebe a efemeridade da riqueza, do prazer e do poder. Num esforço para descobrir o sentido da vida, começa a estudar. Porém, quanto mais sábio, mais vê com clareza as torpezas a sua volta. A riqueza e o prazer não deram à sua vida um significado duradouro. A sabedoria também não. Eclesiastes, então, se torna religioso. E também se desaponta, pois nem mesmo o mais alto grau de virtude o protegerá da morte...

Eclesiastes: não ao desperdício de tempo na ilusão Como podemos continuar vivos, depois de uma existência de fracassos? Para que interessa continuar vivo, ao se estar velho demais para buscar novos objetivos? Se o sonho de sua vida sempre foi sucesso, dinheiro, status e você se dá conta que o tempo passou e nunca vai conseguir nada disso, como conviver com os destroços dos sonhos desfeitos? Faz diferença a maneira pela qual vivemos, sendo bons, honestos e compassivos, se nada disto tem efeito no saldo bancário? Por que ser bom e honesto, com tanta impunidade ao redor? Tais perguntas surgem por conta da sociedade em que vivemos, em que os fatos têm a soberania do valor, sendo as pessoas apenas dignas quando bemsucedidas. Estudar é recomendável, não porque vai aprofundar sua alma, seu

entendimento da vida, mas para aumentar suas oportunidades de ganhar mais poder e dinheiro. Nosso valor é medido por nosso desempenho. Daí, jovens e idosos serem tão discriminados: porque não fazem nada. É a avaliação das pessoas pelos padrões humanos. O resultado não é apenas uma desorientação moral, mas um estado doentio coletivo, psiquiátrico, religioso. Somos convencidos de que nada que fazemos vale à pena, muito menos o bem. Baseando-nos em instintos e sentimentos difusos, nossa busca por um significado para a vida chegará a nada mais que preferências e desejos pessoais e, neste caso, surge outra grande pergunta: Quem precisa de Deus? A questão, aqui, não é a existência de Deus. A questão é a diferença que Deus faz em nossas vidas.

Nossa vida é importante por que não estamos aqui apenas para viver, mas para fazer a Sua vontade ao nos impor um senso de obrigação moral. Deus não se torna resposta às nossas indagações porque vai punir os maus e recompensar os bons – isto seria trivializar a religião, baseada em medos e expectativas irreais. Ele se torna resposta por ter feito a alma humana, nossa centelha divina, de tal forma que apenas uma vida de bondade e honestidade nos harmoniza espiritualmente. Deus nos redime do fracasso e do medo porque nos vê de uma forma que a visão humana não alcança: Somente Ele nos dá crédito pelas palavras erradas que não proferimos, pelas tentações em que não caímos, pela paciência e gentileza ignoradas pelos outros. Eclesiastes escreveu seu livro para dividir conosco seus desapontamentos e para nos avisar que não devemos desperdiçar nosso tempo na ilusão de que riqueza, sabedoria, prazer ou virtude dão sentido e importância às nossas vidas. O que importa é sermos fiéis a nós mesmos, à nossa centelha divina, que exige coisas como honestidade e generosidade; a importância em reconhecer nos prazeres pequenos da vida – que nos ensinam não somente que Deus é real, mas que também o somos – o encontro com o Divino. E isto sim, fará toda a diferença: Sentir-se humano é algo mais importante do que estar simplesmente vivo. Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordenador de teatro na seara espírita no Rio de Janeiro. E-mail: georgedemarco@hotmail.com. *Carpe Diem – expressão utilizada por Horacio, poeta romano (65-8) cuja tradução significa “colha o dia, aproveite o momento”.

ENSAIO

“Carpe Diem”

*


AGENDA

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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br Curso de Filosofia Espírita Início 16 de agosto: Coordenadora: Astrid Sayegh, fundadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. Públicoalvo: interessados, com conhecimento básico da doutrina. Horário: das 14h00 às 15h30. Duração: 3 meses. Promoção: Centro de Cultura e Documentação Eduardo Monteiro. Al. dos Guaiases, 16 - Planalto Paulista - São Paulo. Site: www.ccdpe.org.br. Fone: 3661-3028.

AGO

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Centro de Cultura e Liga dos Historiadores realizam Encontro Nacional A Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas e o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo C. Monteiro realizam nos dias 27 e 28 de setembro, em São Paulo, o 4.º Encontro Nacional dos Historiadores. Reunirá pesquisadores, biógrafos, escritores e acadêmicos, que abordarão temas sobre o resgate da memória espírita, pesquisas nacionais e internacionais. Local: Instituto

SET

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EVENTOS BENEFICENTES DO LAR EMMANUEL

SET

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Noite da Pizza 13 de setembro

A partir das 18h00

Festa da Primavera 29 de setembro

Espírita de Educação (Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 695 – Itaim-Bibi) - São Paulo-SP. Informações: Tel: (11) 3661-3028. E-mail: contato@ccdpe.org.br ou 4enlihpe@ ccdpe.org.br. *Pequisadores já confirmados: Alexandre Caroli Rocha, Alexandre Rocha, Carlos Fernandes Jr., Flávio Mussa Tavares, Izabel Vitusso, Jáder Sampaio, Miriam Hermeto, Nádia Luz, Pedro Camilo, Sônia Rinaldi, Paulo Henrique de Figueiredo, Marco Milani, Alexandre R. Azevedo e outros. Site: www.ccdpe.org.br. E-mail: 4enlihpe@ccdpe.org.br

Semana Espírita de São Bernardo De 21 a 28 de setembro. Local: CE. Bezerra de SET Menezes, bairro Assunção. Realização: C.Espírita de São Bernardo, apoio: Associação MédicoEspírita de São Bernardo. Temas: A contribuição do espiritismo para saúde integral, A missão do médico espírita,Terapia complementar espírita, Saúde e espiritualidade: há espaço nas universidades? Informações: www.conselhoespiritasbc.com.br

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CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio especial para o Correio Fraterno Momento Ato de ir de de prece um lugar a na união outro familiar

Lugar, espaço

Em + a

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 - B. Assunção - S. B. do Campo-SP Informações: (11) 4109-8775 Você é nosso convidado !!

Conde britânico que escreveu 51 romances

Faculdade de conceber e criar fantasias

Quarta vogal

Associação Brasileira de Imprensa

Narcóticos Anônimos

Ave parecida com o avestruz

Causar erosão em

Acre Nossa estrela principal

Ecos do _ _, música de Lenine Artigo definido masculino plural

Uma das 5 regiões brasileiras

Aceito Sólido geométrico de base circular

Um dos livros da codificação Apaixono Mato Grosso Árvore de madeira resistente

Discípulos Maranhão Preposição que indica lugar Grita

Ligado em inglês Forma popular de“Senhor”

Em + este Publicação dos estudos de Congresso científico

Renato Teixeira, cantor e compositor Onde? (pop.) Abreviatura de deciBel

Construção do texto na literatura de ficção

Elba Ramalho, cantora A + OS _____ Póstumas, um dos livros da codificação

Pronome pessoal masculino Uso excessivo A vogal da vaia Inteligente em inglês

5ª letra (plural) Bens próprios e exclusivos da mulher casada

Designação genérica das doenças de pele (pl.)

AME São Paulo comemora 40 anos Congresso Médico-Espírita comemorativo. De 5 a 7 de SET setembro. Local: Teatro Santo Agostinho. Participação especial do psiquiatra e escritor Içami Tiba. Site: www. www.amesaopaulo.org.br. Fones: (11) 5581-7089 5585-1703

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No próximo número de Fraterninho:

Nossos heróis chegam à Terra e bem no Brasil. Será que eles vão gostar do nosso país? Como serão as aventuras que eles irão viver?

SET

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Massa de farinha com açúcar, manteiga, ovos, etc. Negativa

ConheLuís Nassif, cimento jornalista e comentarista elementar de economia Existe

Timbre de voz feminina entre o soprano e o contralto

Não perca na próxima edição do Correio Fraterno

qualquer hora, em qualquer lugar

SOLUÇÃO M N B E V A N G E L H O N OL A R I M A G I N A Ç Ã O O O Ã O A C ABI A G E N E S E O S H E N A M O R O C O N E M T A P O S T O L O S I E M R D O N R T P C A N A I S C A D E E L E E N R E D O E R A B U S O O B R A S S M A R T U D O T E A D E R M A T O S E S

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Partem dois tarefeiros da Comunicação Por RAYMUNDO ESPELHO

O REGIONAL/CATANDUVA

Diomar Zeviani Zeviane chegou a Catanduva com 4 anos de idade, e de lá partiu, ao desencarnar, aos 82 anos. Querido e respeitado na região, trabalhou como profissional radialista na Rádio Difusora AM desde 15 de maio de 1944, até as vésperas de sua desencarnação. Fora, também, o responsável técnico pela transmissão de outras rádios e TVs locais. Levou ao ar inúmeros programas; dirigiu e apresentou por quase 60 anos o programa espírita Ondas de Luz, da Rádio Difusora. Fora um grande difusor da Unificação e

Diomar Zeviane: 60 anos de programação espírita no ar

também valioso líder espírita, destacando-se pelas orientações seguras que sempre destinou a todos os ouvintes. Dirigiu, por muitos anos, a então União Municipal Espírita, regional Catanduva, e, nesta cidade, foi um dos fundadores da Associação Espírita Amor e Caridade. Dedicandose, praticamente a vida toda, à casa, chegou a compor a diretoria, com diversas atribuições, inclusive a presidência. Na ocasião do sepultamento, no cemitério local, diversos companheiros espíritas se fizeram presentes, dentre eles, o orador Ricardo Pinfilde, presidente da Candeia, uma das maiores distribuidoras de livros espíritas. A presidente da Rádio Difusora AM, Marly Magatti Ferreira, lembrou, em suas palavras, que “a grandeza de Diomar Zeviani estava em sua humildade, no seu exemplo e toda uma vida de doação e de amor ao próximo”. Domério de Oliveira Domério de Oliveira completou seus estudos do segundo grau – científico na época –, no Colégio Barão do Rio Branco, em Catanduva. Formou-se em Direito na USP, em São Paulo. Atuou como professor, escritor e poeta, tendo sido orador na Federação Espírita do Estado de São Paulo, por muitos anos, quando voltou a residir em São Paulo. Terminado seus estudos, voltou para Catanduva, e, lá, exerceu, durante anos, a advocacia com muita competência, até se transferir para a capital paulista, onde continuou a se dedicar à carreira jurídica e ao movimento espírita. Foi contemporâneo de Diomar, participando igualmente, por muitos anos, da UME de Catanduva e

da Associação Espírita Amor e Caridade, onde dividiam a tribuna da Casa com suas palestras semanais. Espírita convicto e muito culto, Domério, durante alguns anos, baseava seus estudos e comentários no livro Parábolas e Ensinos de Jesus, de autoria de Cairbar Schutel, de cuja obra fora grande admirador. Desde a época de estudante, já tinha suas colaborações publicadas em O Clarim e na RIE - Revista Internacional de Espiritismo e assim ocorreu enquanto a saúde o permitiu. Referia-se com orgulho ao fato de ser o colaborador mais antigo dos periódicos fundados por Schutel. Também foi, durante muitos anos, articulista do Correio Fraterno e de inúmeros jornais, espíritas e não-espíritas. Domério de Oliveira nasceu no dia 25 de abril de 1926 e desencarnou em São Paulo, aos 82 anos de idade, tendo o sepultamento ocorrido em sua querida Paraíso, a quem, em vida, dedicou os seguintes versos: O CLARIM

D

iomar Zeviani e Domério de Oliveira, dois queridos trabalhadores da difusão espírita, partiram no mês de maio para o Plano Espiritual; o primeiro no dia 10 e o segundo no dia 24. Diomar nasceu em Santa Adélia e Domério de Oliveira na cidade de Paraíso; ambas localizadas na região de Catanduva, interior de São Paulo.

“Paraíso sempre amada,/meu berço, minha saudade,/Estrela azul engastada/No Céu da Serenidade.” Publicou, ao todo, sete livros espíritas; dentre os quais Nos Rastros do Eterno, editado pela Casa Editora O Clarim. Deixou a esposa, a professora Rosa Nassar de Oliveira, filhos e netos.

Domério de Oliveira: Orgulho de escrever para a imprensa espírita

A Vida em Quadras Ditado bem verdadeiro, De ontem, hoje, amanhã, É só mesmo o carneiro Quem sabe o peso da lã. Meu amigo,agora posso Lhe dar uma explicação, O outro mundo é o nosso, Mas em outra dimensão. Felicidade na Terra, Difícil de consegui-la, Mas este alvo não erra Quem tem consciência tranqüila. Se a vida é um fardo De surpresas e dores, Deste destino amargo Nós somos carregadores. Domério de Oliveira

ESPECIAL

Diomar e Domério


FOI ASSIM…

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No centro do sr.

Galhardo

Por LUIZ GONZAGA SCALZITTI - RIO CLARO - SP

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orria o ano de 1942, quando nascia o primeiro filho de um casal que até então nada conhecia dos fatos espíritas. Ele, filho de italiano trabalhador em serviço pesado. Ela, imigrante italiana cujo pai desencarnara ao chegar ao Brasil. Sua mãe, católica fervorosa, viria a se tornar espírita. Ao nascer seu primeiro filho, ela ficou tão doente, que, chamado o médico, este se dirigiu ao marido, dizendo: – O caso é grave e estes medicamentos que estou passando irão amenizar, mas se você tem fé em Deus ore, pois ela está nas mãos d’Ele. A esposa dele, tossia muito e para que não perdesse o fôlego ele amarrava uma faixa em sua cintura, pois do contrário ela engasgaria. Fraca e sem ânimo, mal se erguia do leito para amamentar. O rapaz, sem saber como fazer e o que fazer, dirigiu-se ao portão da casa acompanhando o médico. Ao voltar do portão, pela cerca que separava os quintais, ele percebeu que a vizinha o chamava e contou o fato a ela que diligentemente o orientou. – Sabe, se o senhor tem fé e acredita, se não se importar eu lhe direi o endereço de um senhor aqui perto. Quem sabe ele não dá jeito. Já o vi auxiliar muitos e inclusive a mim. Ao que o rapaz respondeu: – Eu acredito, sim, me dá o endereço. Será que ele pode me atender agora? – Sim, ele o atenderá, é aqui perto, na rua do farol, do lado direito, à segunda casa a partir da esquina. Ele se chama Galhardo. O rapaz, coração apertado, com seriedade dirigiu-se ao senhor indicado. Qual não foi sua surpresa quando lá chegando foi saudado pelo Galhardo da seguinte maneira: – Olá, boa tarde, pode ir se achegando, meu rapaz. Eu sei, você está com sua esposa muito mal, não é? Fique calmo, resolveremos seu caso. O rapaz, assustado, disse: – Se o senhor pode salvar minha mulher, diga o preço e, se eu puder, lhe pago? Ao que Galhardo disse:

– Não, amigo, aqui é uma casa de caridade e tudo o que Deus nos dá de graça, de graça nós damos. – Bem, e o que eu preciso fazer? – disse o rapaz. – Me dá seu endereço que eu vou entrar em contato com umas pessoas para irmos até sua casa. Tenha uma mesa com uma toalha branca, para que possamos nos reunir. Lá pelas oito horas da noite, estaremos chegando. E assim foi. O homem cumpriu o prometido. Logo depois que ele fez o que chamava de passagem de Espíritos sofredores, a mulher, sentindo-se fortalecida, levantou-se da cama e preparou um café para que todos ali presentes saboreassem. Desde então, remédios nunca tomou ou sequer pensou em comprar. Passaram a orar todos os dias e a freqüentar o Centro do senhor Galhardo. O caso é verídico e se passou na minha família. A trajetória mediúnica desta mulher vale a pena ser conhecida também. Outro dia eu conto... Esta história aconteceu com seu Gonzaga. Conte a sua também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br

Serena. A morte pede carona Por LUIS MENEZES Entre as cidades de Ancona e Senigallia, na região italiana do mar Adriático, o jovem Carlo regressava de madrugada a seu lar, quando à margem da estrada avistou uma jovem acenando. Gentilmente, parou o carro e lhe deu carona. E porque estivesse com muito frio, emprestoulhe o casaco de couro. Ao deixá-la em casa, no vilarejo de Ostra, a moça disse-lhe que não se preocupasse, pois iria devolver-lhe o casaco quando ele ali passasse novamente, visto que eram da mesma província. Nada de inusitado teria esta história, não fosse o fato de, passados dois dias, o jovem e sua mãe, ao passarem pelo mesmo local, terem a idéia de pegar o tal casaco. Atendeu-lhes à porta um senhor sisudo, chamado Mário. Explicou então o jovem tratar-se de retirar um casaco que havia deixado dias antes com sua filha, Serena. – Impossível – disse ele –. Minha filha realmente tinha este nome, mas ela morreu há quatro meses. Para provar, o pai mostrou o retrato dela, imediatamente reconhecido pelo jovem. Necessitando clarear o assunto, Carlo insistiu na história e, junto com sua mãe e o pai de Serena, foram ao cemitério, onde este utilizou a única chave da capela mortuária da família que abrigava os restos mortais da filha. Para surpresa dos três, lá estava, sobre a campa, o casaco de couro do rapaz. Como ocorre em lugares pequenos, o assunto ganhou notoriedade, chegando aos jornais e à TV local, e despertou o interesse do pesquisador Giuseppe Lenzi, que viria a publicar o resultado de suas pesquisas, interessante artigo no jornal italiano L’Aurora. Foi assim que se tornaram públicas as faculdades mediúnicas de Serena, a vidência e a audiência, quando em vida, chegando a predizer certa feita a sua mãe o seu retorno à vida espiritual, por morte violenta. Serena desencarnou em acidente de automóvel próximo à sua casa. Podemos dizer que este é mais um caso, entre tantos, envolvendo o contato com entes que já partiram. Mas, se olharmos um pouco mais além dos fatos, veremos o amor daqueles que, do mundo espiritual, nos convidam a estudar a continuidade da vida, a sobrevivência da alma, a disjunção celular, vencendo o ceticismo, e que diante de fatos como estes, incontestáveis, são levados a refletir sobre a grandeza da alma imortal. Bibliografia: Boletim SEI ,n.1929, de 19 de março de 2005. – www.lfc.org.br/sei


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Perispírito: esse desconhecido intermediário Por CARLOS DORIGON

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ssistimos, hoje, às vitórias da medicina em decifrar as manifestações e funcionamento do corpo humano. Conseguimos até mesmo conhecer o corpo em seus detalhes e minúcias. Isso foi comprovado pela exposição: “O corpo humano: real e fascinante”, no Parque do Ibirapuera, ocorrida em 2007 em São Paulo. Compreender a manifestação da psique no corpo tem sido o grande desafio de pesquisadores da área psicológica. Observamos de forma bastante intensa que muitas doenças vêm acometendo pessoas, muitas vezes sem causas aparentes, o que denota que é preciso se avançar nas pesquisas em direção às possibilidades da existência de um corpo além do corpo físico. Fazendo um passeio pela obra de Alberto de Souza Rocha, em Além da matéria densa (Ed. Correio Fraterno), nos deparamos com texto bem trabalhado, com citações das obras de Kardec, André Luiz, entre outros estudiosos do meio científico e filosófico. O autor faz um estudo aprofundado, mesclando conhecimento e muita cultura sobre um tema de suma importância: o perispírito. “... Expressão criada por Allan Kardec para designar o envoltório fluídico semimaterial do Espírito, definido inicialmente de maneira muito simples como laço fluídico, mas que, em verdade, exerce papéis de fundamental importância na estrutura orgânica e espiritual dos seres” – define Alberto. Considerar o corpo físico além da forma estética nos aproximará do que denominamos perispírito e, a partir daí, podemos ressignificar idéias, atitudes, promovendo uma reordenação significativa nas funções de memória armazenadas nesse corpo semimaterial e, conseqüentemente, proporcionando mais saúde física e mental, uma vez

que o perispírito é o agente modelador do corpo físico. Toda e qualquer reordenação nos vórtices energéticos perispirituais leva, conseqüentemente, a uma modificação na forma como o corpo físico receberá a informação vinda do seu psíquico. Quando se toca alguém, em alguma parte do corpo, é provável que esse contato desperte, no outro, experiências de prazer ou desprazer, fazendo com que aquele que iniciou o contato possa ser repelido ou aceito. Em atendimento clínico, quando, realizo, sessões de relaxamento, como a calatonia (método de relaxação que inclui os aspectos psíquicos) em meus pacientes, eles freqüentemente relatam lembranças de algo que o fizeram sofrer ou sentir prazer. Percebo que é

possível, através dessas e outras técnicas de abordagem corporal, despertar de imagens mnêmicas que estavam reprimidas, ou seja, inconscientes. Isso leva a crer que o contato não verbal poderá nos conduzir a níveis mais profundos de análise pessoal, proporcionar uma vivência de contato humano mais próximo, mais envolvente, pois trabalhar com o corpo possibilita uma vivência de religare e relegere (religar e reler) do comportamento do indivíduo, propiciando que se revejam os arcabouços de imagos (imagem psíquica de algo ou de alguém criada subjetivamente associada a emoções) que foram registradas inadequadamente, transformando-as em imagos mais adequadas na atualidade. O corpo físico, somatória da união

do espírito–perispírito com o fluido animalizado denominado fluido vital, explicado pelo autor da obra Além da matéria densa, é um instrumento importantíssimo do espírito na estrada da vida, mas mais importante ainda é o perispírito, o qual armazena as experiências vividas, tanto na atualidade como em vidas passadas. Para compreender esse mecanismo, é necessário um estudo mais aprofundado, uma vez que não é o corpo que carrega as enfermidades, embora na união do fluido vital com o corpo, possam-se despertar possibilidades latentes que aguardam campo propício para se desenvolver, como os microorganismos esperam o momento de putrefação do corpo físico para se proliferarem. Porém, cabe ao espírito trabalhar-se, no sentido de entender sua estrutura psíquica e, a partir daí, intervir em sua saúde física e mental. Tudo isso evidencia a grande necessidade de darmos cumprimento à função tríplice do Espiritismo, sob pena de continuarmos desenvolvendo escola que “...vê no homem e no ser em geral apenas matéria e nada mais...”. Para isso, estudar essa obra muito bem elaborada de Alberto de Souza Rocha facilitaria em muito a compreensão e a localização desse desconhecido intermediário, denominado perispírito. É evidente que não é através de cirurgias no corpo físico que revelaremos esse “corpo espiritual”. E entendo que necessitamos desenvolver técnicas e métodos para podermos tornar cada vez mais evidente sua presença em nossa estrutura humana. Psicólogo pós-graduado em Psicopatologia pelo NAIPPE / IPQ - HCFMUSP, especialização em Cinesiologia – Integração Fisiopsíquica. Realiza atendimento voluntário na Associação Espírita Irmã Zoraide, em Perus, S.Paulo. E-mail cadorig@uol.com.br

EQUILÍBRIO

Além da matéria densa


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CORREIO FRATERNO

JULHO - AGOSTO 2008


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