BAÚ DE MEMÓRIAS
CORREIO
Joana d’Arc: o espírito guerreiro de uma casa espírita.
FRATERNO
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O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 41 • Nº 424 • Novembro - Dezembro 2008
O valor da história
A memória espírita preservada
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uem passa pela rua Dr. Bacelar, na Vila Clementino, em São Paulo, antes do cruzamento com a rua Pedro de Toledo, nem imagina que há sessenta anos os sobrados ali construídos formavam a Vila dos Jornalistas, para onde o escritor e filósofo espírita José Herculano Pires se mudou em 1948, pouco tempo depois de chegar do interior com a família. O sobrado de número 505 guarda hoje muito mais que recordações. Um acervo cuidadosamente organizado em forma de
4º episódio das Aventuras de Fraterninho Fraterninho e seu amigo Forcílio chegam à Terra e começam a ajudar todos que encontram pelo caminho. Entre encontros e desencontros, nossos heróis vão se adaptando e conhecendo os anseios, virtudes e defeitos das pessoas do nosso mundo.
Fundação mudou o destino o que poderia ser um amontoado de papéis, imagens, sons e livros que pertenceram a um dos maiores filósofos espíritas. A Fundação Maria Virgínia e José Herculano Pires ajuda a deixar para trás o tempo em que o Brasil não valorizava a preservação de sua memória. A discussão sobre o valor da história e sua preservação também ganhou espaço no Encontro Nacional dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas, em São Paulo. Leia mais sobre o assunto nas páginas 3, 4 e 5.
41 ANOS DE CORREIO FRATERNO
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EDITORIAL
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O trabalho das abelhas
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toda vez que se aproxima a data escolhida para se celebrar a chegada do Irmão Maior de todos, é possível sentirmos as vibrações espirituais mais intensas que, apoiadas num passado de solenidades religiosas, já viraram tradição. É esse conjunto de hábitos sociais que igualmente nos fazem avaliar mais um ano de trabalho, pois dezembro também simboliza o término de mais uma etapa percorrida. Valeu a pena? A considerar as realizações que aconteceram nesse período, não há como negar. Só nesta edição, você vai saber quantos projetos foram concluídos em 2008 – o Encontro de Historiadores de todo o Brasil, a inauguração
de mais um Centro de preservação da Memória Espírita, o Congresso de Pedagogia Espírita, os 70 anos do Centro Joana d’Arc, a ampliação das atividades do Lar da Criança Emmanuel – eventos que enchem de coragem os que se preparam para outros fazeres, nos anos que irão se iniciar. Para nós da imprensa espírita, lembrarmos deste fato nos possibilita nos sentirmos como as abelhas, que embora pequenas, são capazes de polinizar o campo e fazer nascer bons frutos, que irão verda-
Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.
deiramente saciar a fome. Um Feliz Natal, repleto de nossos agradecimentos !!! Equipe Correio Fraterno
CORREIO DO CORREIO Fé na prevenção Parabéns pela matéria “Fé na Prevenção”. Grande número de serviços na área da dependência é hoje desenvolvido a partir de movimentos religiosos, realizados, em geral, com muita dificuldade. Todas as alternativas de tratamento são valorosas, como possibilidade de orientações, informações e principalmente de tratamento que auxilie o dependente a trabalhar as reais causa da sua doença. A iniciativa do Governo Federal, através de seus inves-
timentos, estará agregando, qualificando e valorizando o trabalho já desenvolvido pelos movimentos religiosos. Aracelia Mª. Sagrado Lovato, Assistente Social e Terapeuta familiar. São Bernardo do Campo- SP O apreço pelo Correio Minha irmã gosta muito do jornal. Eu também adoro as matérias. Posso dar uma opinião? Acho que vocês deveriam vender mais publicidades para que pos-
sam ampliar ainda mais o jornal. Um abraço a toda a equipe. Adriano, Caruaru-PE A equipe Correio Fraterno só tem a agradecer toda manifestação de carinho e apoio enviada durante mais um ano de publicação. Nosso desejo é que todo leitor receba sempre nossas boas energias, ao “saborear” nosso trabalho em forma de prazerosa leitura. Feliz Natal !!!!
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br • Permitida a reprodução parcial de textos do Correio Fraterno desde que citada a fonte.
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JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora responsável: Izabel Regina R. Vitusso. MTB-3478 Jornalista responsável: Maury de Campos Dotto Redação: Mariana Sartor Comunicação e Marketing: Tatiana Benites Editoração: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Impressão: AGG –Artes Gráficas Guaru Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000 Caixa Postal 58 - CEP 09720-971
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• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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reúne historiadores novos materiais de pesquisas existentes no Brasil e no mundo, para que sejamos um acervo de referência aos universitários, e outras pessoas interessadas no assunto. Futuramente queremos colocar tudo isso na internet, à disposição do mundo. Não queremos ficar isolados, mas ter intercâmbio com outras instituições”- pontua Júlia. “Fui agradavelmente surpreendida com a qualidade dos debates e dos trabalhos que vêm sendo realizados, assim como com o crescente volume de produções no ambiente universitário, que comprovam os pilares filosófico e científico do Espiritismo, com conseqüências moralizantes”- avalia a jornalista Kátia Penteado. Também o economista Marco Milani, coordenador do Núcleo de Estudos do Terceiro Setor da Universidade Mackenzie avaliou o Encontro como um dos melhores que já participou, considerando a qualidade das apresentações e a organização do evento.” Milani apresentou como tema o Perfil da produção acadêmica brasileira com temática espírita. Dentre outros expositores, estiveram presentes Flávio Mussa Tavares, Adolfo Mendonça, Paulo Henrique de Figueiredo, Nádia Luz e o biógrafo de Yvonne
Da REDAÇÃO
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erca de 70 pessoas estiverem reunidas nos dia 27 e 28 de setembro, no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa Eduardo Carvalho Monteiro, em São Paulo para discutirem os diversos aspectos do desenvolvimento de pesquisas sobre temáticas espíritas, no 4º Encontro Nacional da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas – LIHPE. O evento contou com a participação de pelo menos 15 pesquisadores, da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, que apresentaram os estudos mais recentes, em grande parte resultado de projetos desenvolvidos em universidades, como teses de mestrados e doutorados. Ele contou com o apoio da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, que se fez representada na abertura na presença do Sr. Paulo Ribeiro (vice-presidente) e da União Espírita Mineira, na pessoa do Prof. Marcelo Gardini, membro da diretoria e responsável pelo acervo histórico da federativa mineira. O Encontro obteve a presença maciça do público jovem, inclusive de procedência internacional, como a do antro-
pólogo Reginaldo Cerolini, brasileiro que por processo de adoção, aos 8 anos se mudou para a Itália e retorna agora ao Brasil para aprofundar estudos sobre o Espiritismo. Vários temas abordaram questões sobre a produção por meio da mediunidade, como dos médiuns Yvonne Pereira e Chico Xavier. Enfocaram antigas instituições e também a história de muitos pioneiros do Espiritismo no Brasil, notadamente da região do interior de São Paulo e Triângulo Mineiro. Como parte da programação, a professora e historiadora Míriam Hermeto de Sá ofereceu um minicurso enfatizando o uso correto das fontes documentais. Também o jornal Correio Fraterno se fez representado, ao ter a sua trajetória de 40 anos de divulgação rapidamente apresentada, para ilustrar o tema: O papel da mídia jornalística na preservação da Memória Espírita, contando com a presença de um de seus fundadores, Raymundo Rodrigues Espelho. Para Julia Nezu, presidente do Centro de Cultura, o valor da parceria entre a Liga dos Historiadores e do Centro de Cultura está nos laços que se firmam. “Que todos possam não só utilizar e propagar o acervo que já existe aqui no Centro de Cultura, mas também trazer
JULIA NEZU
Leonardo Carvalho Monteiro, Paulo Ribeiro, Jáder Sampaio, Julia Nezu, Marcelo Gardini e Oceano Vieira de Melo
Participantes: muitos só se conheciam pela internet
Pereira, o baiano Pedro Camilo. Segundo Jáder Sampaio, um dos representantes da Liga e coordenadores do Encontro, o evento marcou pela qualidade da maioria dos trabalhos apresentados, pelos diálogos sensatos, pelo contato pessoal, pois muitas pessoas só se conheciam pela internet. Jáder acrescentou que o evento consolida o projeto da rede, e enfatiza que não se trata de uma lista de discussão, mas um intercâmbio de informação. Sobre o encontro, satisfeito, sintetiza que o evento não é uma demonstração de força de adesão. É uma busca de interlocução e isso foi alcançado. IZABEL VITUSSO
JULIA NEZU
Antropólogo Cerolini: retorno ao Brasil para entender o Espiritismo
ACONTECE
Pesquisa sobre Espiritismo
ENTREVISTA
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Fundação Herculano Pires Um projeto familiar em prol da memória Antonio Carlos Molina e José Herculano Ferraz Pires: o passado mais próximo
servir um café, disse que a gente iria colaborar. Todos os domingos de manhã, eu, minhas duas irmãs e parte da vizinhança íamos à igreja participar. O pastor sempre aparecia em casa para tomar um café, e acabou se tornando grande amigo de meus pais. Mas seus pais já eram espíritas? Herculano: Sim. Quando jovem, meu pai chegou a ser coroinha na igreja católica. Jovem, se tornou teosofista. Depois, com 22 anos, um primo apresentou o Livro dos Espíritos. Ele conta que depois que o leu, não se afastou mais de Kardec. Achou que ali ele encontrava todas as verdades que estava procurando. O escritor Jorge Rizzini costumava dizer a meu pai que os espíritas deviam amar mais a doutrina. E realmente, Herculano considerava a doutrina a coisa mais importante, isso para todos nós.
Por IZABEL VITUSSO Quem passa pela rua Dr. Bacelar, na Vila Clementino, em São Paulo, antes do cruzamento com a rua Pedro de Toledo, nem imagina que há sessenta anos os sobrados ali construídos formavam a Vila dos Jornalistas, para onde o escritor e filósofo espírita Herculano Pires se mudou em 1948, pouco tempo depois de chegar do interior com a família. O sobrado de número 505 guarda hoje muito mais que recordações. Um acervo cuidadosamente organizado em forma de Fundação foi idealizado por amigo muito próximo do convívio familiar e criado com participação dos familiares: dentre eles Herculano Ferraz Pires, um dos quatro filhos do casal Maria Virgínia e José Herculano Pires. Herculaninho, como era chamado carinhosamente pela mãe, tem muita história para contar...
Herculano, como era a vida em família, nesses velhos tempos? Herculano: A família era muito grande. Logo que minha mãe se casou, a minha avó materna desencarnou. Meu avô e filhos foram morar conosco em Marília. Meu pai, apesar de ter nascido em Avaré, começou a vida em Cerqueira César, mas moraram também em Marília, onde meu pai foi trabalhar em um jornal que acabou adquirindo. Depois da Segunda Guerra, o jornal “foi para o espaço”, e mudamos então para São Paulo. Não havia nenhuma restrição em se tomar conhecimento de outras filosofias. A abertura de meus pais era total. Uma vez apareceu em casa um pastor dizendo que iria abrir uma igreja, ali perto, na Vila Mariana. Minha mãe depois de
Você disse que na garagem deste sobrado, seus pais começaram a fazer reuniões. Quem chegou a vir ou mesmo as freqüentava? Herculano: Lembro do escritor Deolindo Amorim, o conhecido Jerônimo Mendonça, que paraplégico – andava sempre em uma perua Kombi – chegou a vir participar de algumas reuniões. Uma porção de gente passou a vir para as reuniões. Foi o início do Centro Espírita Cairbar Schutel. E sempre ao final, o pessoal subia e tinha o café e o bolo de minha mãe. Chico [Xavier] também chegou a participar, e tantas outras pessoas que não me lembro agora. Não existia um centro espírita organizado oficialmente, até o dia em que aconteceu uma coisa curiosa. Apareceu na caixa dos correios um envelope endereçado ao meu pai, que minha filha, Tatiana, pegou e entregou para o avô. Dentro uma carta havia um bilhete dizendo: “Eu sei que você está querendo fazer alguma coisa pelo Espiritismo. Aqui está o que preci-
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Seu avô tinha um jornal no interior. Daí certamente o dom da escrita herdado pelo seu pai. Herculano: Meu pai sempre foi jornalista. Com 14 anos, já escrevia artigos para jornal. Concorria também a concursos de poesia. Quando tinha 17 anos, seu pai adoeceu, ficou sem condições de tocar o jornal. Ele o assumiu e transformou o jornal político em jornal literário. Fundou ainda a UAI (União Artística do Interior). Como Herculano começa a escrever sobre Espiritismo, na década de 50, na coluna do Diário de São Paulo? Herculano: Meu pai trabalhava em um dos jornais do grupo do Diários Associados, o Diário de São Paulo, havia uma coluna espírita a cargo da Federação Espírita de São Paulo. Herminio Sacchetta, genro do Júlio Abreu Filho [escritor espírita], assumiu a direção de redação dos Diários Associados e pediu aos jornalistas Vandik de Freitas e ao Odilon Negrão e ao meu pai que ficassem responsáveis pela coluna espírita, para que ela fosse mantida. Os três então combinaram que se revezariam na redação, e assinariam com um único pseudônimo, Irmão Saulo. Mas quem acabou escrevendo mesmo foi só o meu pai. Ele tratava sempre de temas do cotidiano e os comentava na visão do Espiritismo e que o Correio Fraterno depois publicou em livros. Quando o Chico [Xavier] fez o programa Pinga-Fogo, o jornal passou a publicar semanalmente uma das mensagens psicografas por ele, enviada toda semana, para o meu pai, com uma carta tecendo comentários inclusive sobre a reunião. Meu pai preparava esse material, publicando uma abertura, a mensagem e um comentário sobre o extrato doutrinário. Essas correspondências são, a meu ver, umas das coleções mais importantes do acervo.
Como surge a idéia de se criar a Fundação Maria Virgínia e José Herculano Pires? Ou melhor, uma pergunta antes para o Molina: como você chegou à família Pires? Que laços são esses, pelo menos nessa encarnação (risos). Molina: Eu trabalhava no Investbanco, na década de 70 e na época precisa de um profissional da área de processamento de dados. O Herculano [filho] foi indicado. Eu também era espírita e pelo nome reconheci seu parentesco com Herculano Pires. Naquele dia mesmo, por telefone conversei com D. Virgínia, que com seu jeito todo maternal me convidou para que fosse tomar um café. Conheci a família toda e nunca e mais me desliguei. Convivendo já certo tempo, vi que quando Herculano Pires se foi, havia muito material de acervo pela casa e entre os familiares. Dona Virgínia tinha muito cuidado com a preservação e sabia que precisava fazer alguma coisa para não se perder. Não foi fácil organizar o material. Foram feitas pelo menos três tentativas com pessoas diferentes para se catalogar o acervo, mas a solução veio quando pusemos justamente no Correio Fraterno um anúncio do tipo: “Precisamos de pessoa que entenda de catalogação para serviços no acervo de Herculano Pires”. Uma moça de São Carlos-SP - Maristela Figueiredo Roriz - se prontificou a fazer o projeto e a treinar uma pessoa que pudesse fazer o trabalho. Maria Alice, a esposa do Herculaninho foi quem se prontificou a realizar o trabalho. Foram anos de catalogação. Ao todo cerca de 10 mil documentos, artigos, críticas, material didático, poesias e mais de dois mil livros de sua biblioteca particular. Herculano exerceu funções de crítico literário, repórter político e o acervo dá uma visão geral de sua obra, que não se limitou às atividades espíritas. Quando Dona Virgínia desencarnou, em 2001, foi o momento de se institucionalizar a Fundação. Qual foi o papel de Dona Virgínia ao lado de Herculano Pires? Herculano: Ela era o braço direito do pai. Dava sempre seus palpites e tem até um caso engraçado, em torno do
livro dele Mediunidade. Ela disse um dia: “Zequita – era assim que ela chamava meu pai – sempre me consultam pelo telefone sobre mediunidade. Por que você não escreve sobre esse assunto?”. Ele então escreveu e quando acabou, pediu para que minha mãe desse seu parecer. Ela tornou: “Não dá para simplificar, não?” Meu pai reelaborou e texto e voltou a mostrar para a minha mãe. Ela tornou a sugerir para ele simplificar, mas meu pai disse: “Mais do que isso eu não consigo simplificar” e assim surgiu o livro Mediunidade. Quando meu pai desencarnou, minha mãe tomou as rédeas da editora. Ele fundou a Paidéia em 1976 e desencarnou três anos depois. Ela tinha a preocupação de manter a obra viva. Era muito pé no chão. Publicou 14 obras inéditas de meu pai, que achou entre os escritos deixados. Ela fazia a edição, juntava dinheiro comprava papel, e tornava a publicar. Com sete anos então de fundação, qual vocês consideram hoje o principal papel da instituição? Molina: O enfoque da Fundação é divulgar o acervo, apoiar estudos e pesquisas, disponibilizando material e informação através dos recursos mais modernos, como a internet, inclusive dispondo para os interessados os próprios livros da Paidéia, que podem se baixados via internet. Há também mais de 150 áudios do programa de rádio No Limiar do Amanhã, em que
Herculano respondia a perguntas sobre o Espiritismo, na década de 70, pela Rádio Mulher. Ano que vem completa 30 anos da desencarnação de Herculano Pires. Você diria que é uma boa data para quê? Molina: Talvez para se começar a estudar, melhor se entender e se divulgar suas obras. É tempo de se compenetrar mais sobre a importância de Kardec. As pessoas não estudaram direito e já acham que tem novidade melhor para se estudar em questão de Espiritismo. Quando você mergulha no estudo, vê que não há. Herculano: Meu pai tinha muito disso. Debatia as idéias. E quando você está discutindo, está focado no assunto, e não na pessoa. Quando debatia, como fazia com o professor Hernani Guimarães, sobre a Teoria Corpuscular do Espírito, a teoria era o foco da discussão. Eles eram amigos! Os espíritas têm que se conscientizar disso. É preciso ficar atento para que cada vez menos o joio se misture com o trigo. É o caso de teorias estranhas atribuídas à doutrina. Não interessa quem trouxe a idéia. O que vale é saber se ela está de acordo com os princípios de Kardec. Chamem as novidades como quiserem. Só não chamem de Espiritismo. Isso é o que de melhor Herculano Pires ensinou. www.fundacaoherculanopires.org.br Fone: (11) 5549-3053
Estes livros são uma reunião de crônicas escritas por J. Herculano Pires e publicadas, em sua maioria, no jornal Diário de São Paulo. Herculano Pires foi um dos mais felizes intérpretes do pensamento espírita. Por isso, seus escritos constituem páginas de grande importância para os estudiosos do Espiritismo, cuja atualidade é indiscútivel. Ao reuni-las em livro e apresentá-las ao público, a Correio Fraterno presta uma homenagem ao autor, pelos 30 anos de sua partida.
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sa para um bom começo.” Lá tinha uma boa quantia de dinheiro, o que fez com que meu pai providenciasse a organização jurídica do Centro Espírita Cairbar Schutel. Essa colaboração juntada com outras tornou possível a compra da sede do Centro. Isso em 1979. Mas meu pai não chegou a participar de nenhuma reunião lá, porque logo desencarnou.
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INCLUSÃO
SUA PARCERIA VAI FAZER A DIFERENÇA
Chá com gosto de novidade
é tema do Congresso de Pedagogia Espírita
As ampliações do prédio do Lar Emmanuel serão inauguradas agora em dezembro para em fevereiro dar início ao projeto que irá beneficiar ainda mais a comunidade. Para isso, a casa tem buscado novas parcerias com empresas que entendem a importância de iniciativas sociais como essas para ajudar a construir o futuro melhor que todos almejam.
CONTABILIDADE E SERVIÇOS S/C LTDA.
ESCRITÓRIO
BRASIL
Ney Lobo, Dora Incontri e à extrema direita, o professor José Pacheco
Por IZABEL VITUSSO
U TATIANA BENITES
O
tão esperado Chá-Beneficente do Lar da Criança Emmanuel chegou e esse ano com gostinho ainda melhor!!! É que os recursos angariados irão ajudar a custear, a partir do ano que vem, até o dobro de crianças assistidas hoje, que chega a 210. É por isso que todos os presentes sentiram o clima especial de festa, e um carinho a mais em tudo o que viram e degustaram. Artesanatos, quitutes e o clássico chá de frutas completaram os momentos de prazer, de encontrar os amigos e comemorar mais um ano de trabalho
FOTOS: IZABEL VITUSSO
em prol da casa e da causa. O evento aconteceu no dia 23 de novembro, na Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo do Campo e reuniu cerca de 600 pessoas.
CARLOS EDUARDO
LAR EMMANUEL
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Tel.: (11) 4126-3300 Rua Santa Filomena, 305 1º andar - Centro São Bernardo do Campo - SP jdcontabil@terra.com.br
ma das realizações mais aguardadas no setor da pedagogia espírita em São Paulo aconteceu entre os dias 7 e 9 de novembro, no campus da Universidade UniÍtalo, quando reuniu mais de 400 participantes, entre educadores, psicólogos, artistas, médicos, do Brasil e do Exterior. Com o tema: “Um projeto de inclusão integral – ensinar tudo a todos”, o evento promoveu discussões inspiradas na proposta do educador checo Jan Amós Comenius (15921670), baseada na religação das diversas áreas do conhecimento e na ação para o acesso a todos. O 3.º Congresso de Pedagogia Espírita contou com importantes nomes do setor da Educação e áreas afins, como a professora checa-brasileira Bohumila Araújo, especialista em Comenius; Franklin Santana Santos, coordenador do curso de Tanatologia na USP, que abordou a inclusão de temas tabus na universidade; Júlio Peres, psicólogo e doutor em neurociências; Regis de Moraes, professortitular aposentado da Unicamp, autor de mais de 40 obras, que discorreu
sobre as três ecologias e a espiritualidade contemporânea, dentre muitos outros participantes. O professor polonês Przemystaw Grzybowski, mestre em Ciências Pedagógicas, assíduo freqüentador dos congressos de pedagogia espírita aqui no Brasil, lembrou o fato de existirem pontos de contato entre a filosofia espírita e a educação, salientando as diferenças de cada pessoa e a importância de se trabalhar esse aspecto. Cabe contar que a porta de interesse do professor polonês pelo Espiritismo se deu justamente pela deficiência pedagógica de um encontro para adolescentes, do qual ele participava em seu país. “No momento em que estava entediante, resolvi fazer uma evocação dos espíritos através dos copos. Um fenômeno espiritual ocorreu que me impressionou fortemente, a ponto de me interessar pelo assunto. Escrevi para o Brasil e recebi o Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns, em esperanto” – recorda. Apresentando dados sobre sua pesquisa, desenvolvida no campo médico psicopedagógico, o professor Marcelo Gomes, neuropediatra
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pela UNIFESP e membro da Academia Brasileira de Neurologia, lembrou que é comum, diante de crianças com problemas de aprendizagem, especialistas atribuírem a causa ao próprio paciente, esquecendo-se de considerar que muitas vezes o que falta é apoio necessário para o próprio processo de aprendizagem. Aproveitando a saliência do assunto: a eleição de um negro para a presidência dos Estados Unidos, o professor Alysson Mascaro, advogado e livre-docente em Filosofia do Direito, discorreu sobre Espiritismo e justiça social, contextualizando as dificuldades e o processo de exclusão no acesso ao ensino de qualidade. Acesso ao ensino, pedagogia do espírito, desafios da educação. Foi a busca desses e outros assuntos abordados no Congresso que atraiu o casal Maria Helena Mendes e Antonio Sérgio Maca-
cari, da Sociedade Espírita Casa do Caminho – Porto Primavera-SP – que viajou mais de 800 km para participar do grande encontro. “Temos planos de fundar um educandário e viemos com objetivo de aprender. Foi muito bom, principalmente nos debates. Deu para perceber que a gente tem que investir muito mais em cultura. Temos o sonho. A gente quer alicerce sólido para construí-lo. Acho que conseguimos. Voltamos motivados, porque vimos que o pessoal tá fazendo, caindo e levantando” – conclui Sérgio. Hilda Nogueira de Lima, membro da recém-fundada Associação Paulista de Pedagogia Espírita diz que participou de todos os congressos até hoje e já sente mudanças no público participante. “As pessoas já estão trazendo mais práticas da atuação na pedagogia espírita, o que é muito bom.” Outros nomes e pesquisas não menos importantes completaram a programação do congresso, como Alessandro César Bigheto, Klaus Chaves Alberto, e também os professores Ney Lobo, de Curitiba, e José Pacheco, ambos à frente de projetos que os notabilizaram pela inovação.
O que é Pedagogia Espírita A Pedagogia Espírita reforça a importância da pedagogia, incluindo a espiritualidade no processo de Educação. Ela tem várias pedagogias primas e irmãs, como a Montessori, a Waldorf e a de Janusz Korczak, que enfatizam a liberdade do aluno, a afetividade, contrapondo-se à escola tradicional, por entender que a Educação é um processo de autoconstrução autônoma de cada um. E mais, é um processo de construção que se dá através das múltiplas reencarnações, um dos fundamentos da Doutrina Espírita.
Laryssa e Maria Clara: participação ativa no Congresso
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Ney Lobo: 90 anos. Entusiasmo de 20
Maria Helena e Sérgio Macacari: longe de casa e mais perto dos sonhos
Ney Lobo, educador que projetou e construiu uma cidade mirim no Paraná, vinculada à educação do espírito, já alcançou a casa dos 90 anos, mas em vitalidade está na flor da idade, quando o assunto é encontrar soluções que viabilizem o desenvolvimento das virtudes, ou das perfeições no ser, como ele mesmo denomina. O professor acaba de lançar em Brasília seu novo livro A espiritualidade da inteligência, e divulga com entusiasmo uma nova técnica, que emprega a imaginação para propiciar aos jovens experiências virtuais, suas boas e más conseqüências, técnica que pode ajudar a reduzir o número de pessoas envolvidas em problemas sociais, como o uso de drogas, prostituição e gravidez indesejada, dentre outros. Bastante aguardada foi a presença do educador português José Pacheco, à frente do projeto de educação que tem como bandeira a autonomia do educando, materializado pelo menos em 30 anos dedicados à Escola da Ponte, por ele concebida em Portugal. Uma instituição sem qualquer convenção com o
ensino tradicional: diretor, salas de aula, divisão por séries e turmas. Morando atualmente no Brasil e demonstrando natural resistência em ser tomado como modelo a ser seguido, o professor disse que a partir do ano que vem não irá se dedicar mais a palestras, mas elencar duas cidades no Brasil para desenvolver projetos. “Acho que já disse tudo. Agora vou concretizar. Muitos fizeram tudo pela educação, desde Comenius. Só falta agora se resgatar a educação, ou seja, resgatar a humanidade da escola. A Escola da Ponte foi um esboço imperfeito. Eu sei que no Brasil é possível se fazer mais. O Brasil é a terra de Eurípedes, de Tomaz Novelino, de Anália Franco, Agostinho da Silva e outros que o Brasil desconhece. Aqui não há Escola da Ponte. Há gente brasileira que está a fazer a educação do Brasil. Nada se repete. Ainda bem”- analisa. A coordenadora da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e organizadora do evento, Dora Incontri, enfatizou que o congresso superou as expectativas, em público e conteúdo e já pensa em realizar, ano que vem, um seminário, onde as idéias apresentadas pelos dois últimos educadores poderão ser aprofundadas.
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Joana d’Arc O espírito guerreiro de uma casa espírita da REDAÇÃO
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fato de o nome de uma guerreira francesa ser dado a uma casa espírita pode causar estranheza para muita gente. Mas uma ocorrência na cidade de Uberlândia na região do cerrado mineiro, terra de Chico Xavier e Eurípedes Barsanulfo, fez com que isso se tornasse uma realidade. Corria o ano de 1938. Um fervoroso senhor católico buscou o socorro dos espíritos para curar sua esposa, desenganada pelos médicos. Radiante e profundamente agradecido por tê-la plenamente recuperada, seu Onofre Fernandes de Oliveira só pensava numa coisa: manifestar a sua gratidão. Pensou em levantar uma casa espírita e deixar para sempre o seu reconhecimento à espiritualidade. Mas queria colocar na instituição o nome de sua santa a quem era devoto: Santa Joana d’Arc. Seu Onofre entendeu que qualquer santo nada mais é que um espírito mais evoluído, um espírito de luz! E porque então ele não poderia emprestar seu nome àquela boa causa? Os espíritas consentiram. Setenta anos se passaram. E foi para comemorar uma bonita trajetória de muito trabalho e assistência que no dia 4 de outubro amigos, trabalhadores, familiares espíritas de outras casas se reuniram sob o mesmo teto do antigo Joana d’Arc para relembrar os fatos que fizeram história: a da França, com a narrativa do orador mineiro Licurgo Soares de Lacerda Filho sobre Joana d’Arc, e do próprio Centro, contada pela editora do Correio Fraterno, Izabel Vitusso, que conviveu estreitamente com os amigos da casa, no tempo em
morou naquela cidade. Licurgo, autor da coleção A mediunidade na história humana (Minas Editora), lembrou que a história da guerreira francesa se confunde com a própria história da França, uma trajetória de tamanha envergadura que se mescla com a da Humanidade. Apesar de tal importância, lembra o orador que a jovem de Domrémy, ou Joana d’Arc, permanece à margem dos livros de História, tornadose quase uma desconhecida. Ela foi uma jovem camponesa com impressionantes dons mediúnicos,
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espíritos, guiou o exército francês contra o domínio dos ingleses. Depois de capitanear os inicialmente incrédulos soldados franceses, coroou como rei o estupefato Delfim – Charles VII –; protagonizando os momentos iniciais do capítulo final da Guerra dos Cem Anos. Sua breve existência terrena foi encerrada nas chamas da fogueira inquisitorial; acusada de herege. Decorridos quatro séculos, o escritor Léon Denis caminhou lado a lado com Joana; ele como autêntico representante do Espiritismo, na França, ela como sua orientadora espiritual. Mas ao contrário de Joana d’Arc, que empunhava bandeira destemida, quem foi chamado para dirigir o destino daquela casa recém-fundada em Uberlândia foi o caboclo recémchegado da roça, Miguel Domingos de Oliveira, que se esforçava para vencer a timidez e dominar um Português melhor. Ele era ainda criança quando ouviu falar sobre Espiritismo. Seu pai fazia entregas de queijo e rapadura em Sacramento-MG, na venda do seu Mogico – pai de Eurípedes Barsanulfo – e Miguel o acompanhava. Seu Miguel se esmerou no estudo da doutrina, se superou na linguagem e transcendeu em sentimentos. Nos 60 anos em que esteve à frente da casa, ele, e sua esposa, Dona Maria Ferreira de Oliveira, escreveu uma história de amor incondicional, principalmente às crianças, sessenta das quais educadas em seu próprio lar. História que continua a ser grafada – pois eles jea partiram – pelos trabalhadores do Joana d’Arc, que aprenderam as lições com um espírito pacífico, que não teve medo tremular a bandeira do trabalho e enfrenta os desafios da vida, como quem enfrenta um bom combate.
Editora Allan Kardec Tel./Fax: (19) 3242-5990 editora@allankardec.org.br www.allankardec.org.br Léon Denis e o congresso Internacional Espírita de Paris de 1925 Organização: Daisy Jurgensen Machado 110 páginas formato 14x21 cm
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Sublime recomendação “Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse: Vai para tua casa, para os teus e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti. Marcos, 5:19
“Eminentemente expressiva a palavra de Jesus ao endemoninhado que recuperara o equilíbrio, ao toque de seu divino amor. Aquele doente que, após a cura, se sentia atormentado de incompreensão, rogava ao Senhor lhe permitisse demorar ao seu lado, para gozar-lhe a sublime companhia. Jesus, porém, não lho permite e recomenda-lhe procure os seus, para anunciarlhes os benefícios recebidos. Quantos discípulos copiam a atitude desse doente que se fazia acompanhar por uma legião de gênios perversos! Olhos abertos à verdade, coração tocado de nova luz, à primeira dificuldade do caminho pretendem fugir ao mundo,famintos de repouso ao lado do Nazareno, esquecendo-se de que o Mestre trabalha sem cessar. O problema do aprendiz do Cristo não é o de conquistar feriados celestes, mas de atender os serviços ativos, a que foi convocado, em qualquer lugar, situação, idade e tempo. Se recebeste a luz do Senhor, meu amigo, vai servir ao Mestre junto dos teus, dos que prendem à tua caminhada. Se não possuis a família direta, possuís a indireta. Se não contas parentelas, tens vizinhos e companheiros. Anuncia os benefícios do Salvador, exibindo a própria cura. Quem demonstra a renovação de si mesmo, em Cristo, habilita-se a cooperar na renovação espiritual dos outros. Quanto ao bem-estar próprio, serás chamado a ele no momento oportuno.” Vinha de Luz, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Ditado por Emmanuel; FEB.
Sabeis o que é a prece? É uma irradiação protetora, que nasce do coração amoroso, sobe até Deus em súplicas veementes e desce em benefícios até o ser por quem se pede, ou a quem se deseja proteger. É um frêmito de amor sublime que se expande, toca o Infinito, transfunde-se em bênçãos, ornamenta-se de virtudes celestes e derrama-se em eflúvios sobre aquele que sofre. A prece é o amor que beija o sofrimento e consola, é a caridade que envolve o infortúnio e reanima o sofredor, retemperando-lhe as energias.” Charles (espírito), em O cavaleiro de Numiers (psicografia de Yvonne do A. Pereira). Pesquisa e seleção: Raymundo Espelho / Débora Vitorino.
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Um brinquedo de Natal Por TATIANA BENITES Na escola, havia um cartaz que dizia: “Colabore com o Espírito Natalino e doe seus brinquedos”. O cartaz trazia a imagem de uma criança e havia à frente uma grande caixa escrito: “Deposite aqui sua doação”. Na sala de aula, a professora incentivava os alunos a pensarem nas outras crianças e a fazerem suas doações. – Colaborem com a Campanha do Natal. Doem os brinquedos, aqueles com que vocês não lembram de brincar mais, que ficam guardados e que nem são mais tão importantes para vocês. – Quem vai receber esse monte de brinquedo? Uma criança que não tem como comprar ou ganhar um brinquedo no Natal. Todos vocês ganham brinquedo no Natal? As crianças responderam em coro: – Siiiiiiiiiiim! – Então, existem crianças que não ganham nada. É claro que o presente não é o mais importante nessa data, mas já imaginaram como elas ficariam felizes, sabendo que foram lembradas por vocês? Muitas delas vivem com muito pouco, o ano todo. E ganhar um brinquedo é muito bom!!!. Quando chegarem em casa, vejam o que vocês podem doar e façam isso pelo Espírito Natalino! O burburinho das crianças começou; conversavam entre si sobre o que queriam e o que não queriam doar. O sinal bateu e todos foram para casa pensando, inclusive Laurinha. Chegando em casa, Laurinha correu para seu quarto e começou a pegar todos os seus brinquedos. Quando sua mãe abriu a porta, levou um grande susto. – Laurinha! O que é isso? Que bagunça é essa? – Mãe, estou vendo qual brinquedo posso doar. – Jura, filha? Que bom! As crianças vão ficar felizes, você tem tanta coisa que não usa mais! Laurinha pensativa enfileirava seus brinquedos e ficava a pensar. – O que tanto você pensa, filha? Veja quanta coisa você pode doar! Nesse Natal você vai ganhar mais brinquedo! – Eu sei, mas eu preciso de brinquedo que seja de menino e eu só tenho brinquedo de menina! – Por quê? A campanha é só para meninos? – Não! É pra um menino só. – Não, filha. A campanha é para ajudar muitas crianças que não têm brinquedo, meninos e meninas! – Não mãe, o cartaz foi bem claro “Colabore com o Espírito Natalino”! Coitado, é o único que não tem brinquedo ainda!
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Por GEORGE DE MARCO
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remembé é um município do estado de São Paulo, situado no Vale do Paraíba. Palavra de origem tupi - Tirime’mbé “Tere-membé”, tanto pode significar água afamada, água boa para a saúde, como terreno alagado ou bacia encharcada. Em todos os seus possíveis significados, o nome está sempre relacionado a excesso de água ou algo parecido. Nada a ver com a fama que Tremembé conquistou graças aos presídios situados na região. Para estes presídios (tanto o masculino quanto o feminino) foram encaminhados alguns acusados de crimes de grande repercussão nacional. Lá estão Alexandre Nardoni (acusado de matar a filha, Isabella); os irmãos Cravinhos (cúmplices no assassinato do casal Von Richthofen); e, mais recentemente, Lindemberg Fernandes Alves, que seqüestrou e assassinou sua ex-namorada, a jovem Eloá Pimentel. Na ala feminina estão Anna Carolina Jatobá (esposa e cúmplice de Alexandre Nardoni na morte de Isabella) e Suzane Von Richthofen, acusada de matar os próprios pais. E qual motivo destes criminosos estarem em Tremembé? Simples: Eles foram “condenados à morte”, por um tribunal que, de fato, não existe, mas é muito atuante: o tribunal formado pelos fora-da-lei. Por exemplo: Anna Carolina Jatobá saiu da Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte da capital paulista, para evitar que houvesse tumulto, pois as detentas fizeram um protesto no pátio, escrevendo frases ameaçadoras.’. Já Suzane Von Richthofen está na Penitenciária de Tremembé desde o dia 2 de fevereiro do ano passado. Segundo sua defesa, a transferência aconteceu porque Suzane estaria sob ameaça de morte na penitenciária de Ribeirão Preto, onde cumpria pena. A existência destes “tribunais forada-lei” não diz só respeito à justiça humana. Por incrível que pareça, também diz respeito à justiça Divina. Apesar de Jesus nos ter ensinado sobre não julgar
o próximo, não há nada que façamos tão bem quanto... Julgar o próximo! Julgamos os hábitos, atos, cor da pele, linguagem corporal, o odor pessoal, os relacionamentos, o valor de uma pessoa por sua beleza... Sempre acreditamos que existam pessoas que mereçam nosso julgamento: Os políticos, os pais que agridem os filhos, os motoristas imprudentes, os maridos que traem as esposas, os artistas da Tv... E Deus! Sim, por que quando discordamos dos ditames da Criação, dos fatos do mundo, estamos julgando Deus. Quantas vezes pronunciamos frases do tipo: “Como D e u s permite isso?” Quem pode julgar D e u s com tanta facilidade, pode julgar o mundo que Ele criou. E cada um julga de acordo com seus parâmetros pessoais, suas suscetibilidades. Por quê, então, os fora-da-lei não poderiam tê-las também? Somos todos filhos de Deus, cada um de nós é uma centelha divina, popularmente conhecida como “alma”. Certa ocasião, Jesus, questionado por um fariseu acerca do que dizia a Lei sobre determinado assunto, responde com duas outras perguntas: “O que é que está escrito na Lei? O que é que lês nela?” Realmente, há grande diferença entre o que está escrito na Lei
e a leitura que fazemos dela, ou entre o fato que observamos e a interpretação que damos a esse fato. Muitas vezes, arraigados a preconceitos, distorcemos os fatos que observamos. Quando Jesus nos ensinou a não julgar, se referia também à extrema complexidade com que se reveste cada espírito, em relação ao acervo individual de conquistas de cada um, bem como aos compromissos particulares estabelecidos com as Leis Maiores. Cada ser é único, diferente de qualquer outro e, para considerar um julgamento correto, seria necessário conhecer, em profundidade, milhares de fatos da história de
quem se julga, além de se averiguar a extensão de todas as ramificações do seu comportamento, isto é, até que ponto ele foi influenciado ou influenciou outros na consecução de seus atos. Assim, matar seja quem for, será sempre um mal, será negar a capacidade de recuperação e regeneração do criminoso. E ninguém precisa mais de viver do que um meliante, já que a vida é a grande educadora das almas, que se aperfeiçoam através das experiências. E o conjunto destas experiências forma a sociedade, que criará, por sua vez, filhos felizes ou infelizes ao propiciar a uns o conhecimento e a outros a ignorância. E todos convencidos das justezas de seus próprios julgamentos. Se o significado de Tremembé está relacionado a excesso de água, que seja a água viva de que Jesus falou à mulher samaritana - Quem beber da água do conhecimento nunca mais terá sede e será uma fonte de ensinamentos e consolações para quem precisar. Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordenador de teatro na seara espírita. E-mail: georgedemarco@hotmail.com
ENSAIO
A Lei dos Fora-da-lei
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das Mocidades Espíritas do CentroLeste do estado de São Paulo será realizada na cidade de Atibaia – 65 Depois do sucesso de O km de São Paulo – de 9 a 12 de abril Diário de um Espírito, DEZ de 2009. Realizado pelo Depto de a Fox Filmes faz agora Mocidade da União das Sociedades parceria com o ator e Espíritas de São Paulo. Tema: “Jodiretor espírita Renavem espírita e o sentido da vida”. to Prieto para a produção do filInformações: www.dm2.org.br. me “Nosso Lar”, baseado na obra de André Luiz, ditada ao médium Chico Xavier. Segundo o diretor, Concafras 2009 em o filme deve começar a ser filmado Goiás ainda em dezembro. 53ª confraternização das V campanhas de fraterniE F dade auta de souza e Rio inaugura Centro promoção social espíde Documentação rita. O Instituto de Cultura De 21 a 24 de fevereiro, em cataEspírita do Brasil (Iceb) DEZ lão e cristalina-go. Informações: inaugura dia 6 de de(64) 3442-8929 (61) 3612-2913. zembro, no Rio de www.concafras.com.br/concafras/ Janeiro, o Centro de concafras_2009.asp Memória e Documentação, que leva o nome merecido do biógrafo Aconteceu e fotógrafo Antonio Lucena. Aos 86 anos, Lucena é ativo colaborador de Encontro da velha revistas e jornais espíritas de todo o guarda no ABC país. Dedica-se há décadas ao Bole- Ao realizar a 12.ª Semana Espíritim Serviço Espírita de Informações ta de São Bernardo do Campo, o (SEI), do Lar Fabiano de Cristo. O Conselho Espírita da cidade proCentro de Documentação fica no moveu um breve Encontro Frater10.º andar do Iceb, na Rua dos In- no, que reuniu antigos fundadores válidos, 34- Centro. Rio de Janeiro. de instituições espíritas em São Fone: (21) 2224-1060. Bernardo. Um dos objetivos foi
“Nosso Lar” ganha as telas do cinema
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Jovens se reúnem no Amazonas 27ª Confraternização das Mocidades Espíritas do Amazonas. De 21 a 25 de fevereiro de 2009, na Escola Estadual José B. Lindoso, em Manaus, AM. Tema: “Do outro lado da vida, a vida continua”. Participação do expositor Aluísio Almeida e Alberto Almeida (PA).
FEV
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Comelesp é realizada em abril A
Confraternização
promover a integração e tornar conhecida pelo menos parte da his-
CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno Elo entre a vida espititual e o corpo (pl.) Duração, período, época
Profeta que trouxe os 10 mandamentos
_______ Rotações Modo de se de Menezes, médium que locomover por minuto atuava na pelo ar área da cura
––––––––– Barsanulfo, médium mineiro Baixo, rasteiro, rente
Abrev. de Editores
Equipamentos de Proteção Coletiva
Carta do baralho
Nome técnico de pilha palito
A letra sinuosa
Perfeição, excelência
Aquele que se dedica à defesa e propagação de uma doutrina ou de um ideal
Irmãos do pai
Confuso, atordoado Tanto
Tratamento da cura através das cores 2 em romanos Guarda de elite do partido nazista alemão
Ágil, arredio Aqui Cabeça, tronco e membros Nenhuma pessoa
Clínica de emagrecimento
Instituto de Saúde Integrada Órgão responsável pelo paladar
Protocolo de Sétima letra Informação de Lugar desabitado, do alfabeto Roteamento grego deserto Roraima
As duas primeiras vogais
Compaixão, dó Pessoa muito querida De pouco uso
Que está desatado ou desprendido
Terceira consoante
Aqueles que dirigem orquestras Consoantes de arte Monte partes do objeto
Ecoa Nome de mulher Típico espetáculo espanhol Livro de Dolores Bacelar
Sufixo que indica conexão
Final de “Sul”
Ar em inglês
––– Que é proMorales, duzido pela presidente natureza da Bolívia
tória dos pioneiros da cidade, principalmente à imprensa espírita também convidada. Alguns dos presentes foram: Maria Tereza Pio, Cecília Martinelli, Luíza Piotto, Miguel de Jesus Sardano, Eliseu Ferreira, Cecília e Sétimo Martinelli, dentre outros. Foi realizado no Grupo Fraternal Bezerra de Menezes, de 21 a 28 de setembro.
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AGENDA
CORREIO FRATERNO
P T E M C R O I I S S P E I S R L I N T O O V A S O
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Jorge Rizzini Por RAYMUNDO ESPELHO
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apidamente ocupou os meios de comunicação espírita a notícia do retorno do escritor e amigo Jorge Rizzini. Em passeio que realizava em Buenos Aires com a família, ele foi acometido por um ataque cardíaco e aguardava melhora do quadro da saúde para retornar ao Brasil. A intervenção cirúrgica seria necessária, porém seus 84 anos de idade já não viabilizava a operação. Foi no vôo de retorno às terras brasileiras que o amigo Rizzini se despediu, na madrugada de 17 de outubro. O escritor tornou-se conhecido por sua extensa lista de atividades em favor da divulgação do Espiritismo e também pela forma contundente com que defendia a integridade das obras de Allan Kardec, o trabalho do médium Chico Xavier, do filósofo e professor Herculano Pires, para não dizer de outros expoentes. Rizzini biografara alguns deles, como o próprio Herculano Pires, o escritor Monteiro Lobato e também fora o primeiro a biografar o médium da cidade de Sacramento, que se transformou no livro Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, lançado em 1979 pela Editora Correio Fraterno. Rizzini faz uma referência na abertura da obra que ilustra bem a naturalidade com que lidava com os espíritos: “Estávamos escrevendo este livro altas
horas da noite, quando, no silêncio do aposento, fizeram-se ouvir três batidas no piano. Então uma voz sussurrou aos nossos ouvidos: ‘Rui Barbosa’. Ao grande Espírito, pois, pelo interesse doutrinário demonstrado através de carinhosas visitas, dedicamos estas páginas.” Quando o livro foi lançado, o jornal Correio Fraterno tinha apenas 12 anos e por coincidência, na mesma edição em que noticiávamos a desencarnação do querido Herculano Pires, resolvemos inovar e imprimir a primeira página em cores, para maior destaque do acontecimento. Junto à capa do livro, o jornal estampava: “Toda a verdade sobre Barsanulfo”. “Por sua importância histórica e pela mensagem substanciosa que contém, a Editora Correio Fraterno acaba de lançar o livro que conta a vida de Eurípedes Barsanulfo.” Vale lembrar que apenas no ano 2000 passaríamos a publicar o jornal definitivamente em cores. Foi em São Paulo, em 25 de dezembro de 1924, que Rizzini nasceu em uma família tradicionalmente espírita. Formou-se em jornalismo e se dedicou ao trabalho da comunicação, sendo pioneiro na apresentação de programa espírita na televisão. Criou também a Filmoteca Espírita Nacional e ganhou notoriedade com a criação do Festival de Música Mediúnica, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Médium com expressivo potencial, incluindo sensibilidade para a música, chegou a gravar três discos e um CD com músicas mediúnicas de autoria de Verdi, Carlos Gardel e Ary Barroso. Em 2006, gravou pela Versátil Ví-
deo, um DVD com vários gêneros de músicas mediúnicas de compositores consagrados, dedicado à memória do médium Chico Xavier. Mais de 40 poetas no plano espiritual também utilizaram sua sensibilidade mediúnica para enviar criações. Muitas acabaram se transformando em livros: Só pela Correio Fraterno, Rizzini publicou Sexo e verdade, Castro Alves fala à Terra, Escritores e fantasmas, A vida de Monteiro Lobato, além do Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade. Ao todo foram mais de 15 obras. Um livro de contos espíritas, Regresso de Glória, foi sua última realização literária, publicada a cerca de três anos pela editora Lachatrê. O médium era casado com a escritora Iracema Sapucaia, autora de consagradas obras infantis, como O Besouro Casca-Dura e As aventuras de Fraterninho, que hoje circula como fascículo aqui no jornal, destinado ao público infantil. Por ocasião do lançamento do livro de Jorge Rizzini, Beco dos aflitos,
Herculano Pires escreveu no jornal Diário da Noite, de São Paulo: “Jorge Rizzini se mostra, em Beco dos Aflitos, possuído daquele mesmo fogo demoníaco que consumia Destoievski, Maupassant, Allan Poe e seu irmão tradutor, Baudellaire.” Agora, passados 30 anos da “promoção” de Herculano Pires ao Plano Maior, chegou a vez do amigo Rizzini encontrá-lo. Diretor e um dos fundadores do jornal Correio Fraterno.
BAÚ DE MEMÓRIAS
Desencarna o escritor
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FOI ASSIM…
Um recado do
além
Por WALDEMAR LEGAT
ele me enviou esta mensagem:
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ou contar aqui um caso que se deu comigo, envolvendo o meu amigo Vicente Carta. Éramos muito amigos. Ele era chefe de vendas e eu representante no Rio. Ele faleceu e deixou-me de presente o auto-retrato de Rafael, o artista que pintava os tetos das igrejas na Itália, no século 18. Eu não consegui provar para ninguém que se tratava mesmo do auto-retrato de Rafael, porque, naquela época, não se usava assinar os quadros e nem pintavam em telas, mas sim em papel. Então resolvi apelar para o meu amigo Vicente Carta, que já estava no espaço. Rezava todas noites pedindo para me ajudar a vender o quadro, o que era necessário. Como não recebia resposta, resolvi apelar para minha filha, Maria de Cássia Legat, que tem o dom de conversar com os desencarnados. Foi aí que
Mando-te estas entrelinhas para dizer que me encontro bem. O céu é lindo! Só agora estou aqui, depois de ter me purificado. Eu sabia que existia um lugar melhor que a Terra! Não me escutas, não posso me apresentar a você, acho que não é médium. Uso sua filha para te dizer estas palavras: Espera que o quadro será vendido. Tente no exterior, pois é a única solução que achei. Um abraço do amigo, Vicente Carta. * Esta foi a melhor solução, na visão do Sr. Waldemar, para resolver o seu problema, que de maneira tão singela partilha com os outros leitores. Mas é importante lembrar a expressão que o médium Chico Xavier sempre usava, quando recebia pedidos de notícias de pessoas já desencarnadas: “ O telefone deve sempre tocar de lá para cá”. (a editora)
Fitoterapia espiritual Por CÍCERO PIMENTEL A coleção Revista Espírita de Allan Kardec, de 1858 a 1869, contém pelo menos três referências sobre o uso de plantas medicinais reveladas pelos espíritos, por meio de médiuns da Sociedade Espírita de Paris. • A edição de janeiro de 18601 cita o uso da planta européia colchico (Colchicum autumnale) para a cura da gota, sob o título: “Palestra com o espírito de um vivo”. Nas mensagens do conde R.C, há breve revelação dessa planta e seu uso medicinal, tão digno de nota que até hoje a Medicina oficial utiliza a colchicina, o princípio ativo da planta no tratamento da gota, com bons êxitos. Em dose alta, esta planta é tóxica. • Na edição de novembro e dezembro de 18622, Kardec, sem receios de críticas, publicou sob o título “Remédio dado pelos espíritos” uma receita pela célebre médium Ermance Dufaux, à base de açafrão, cominho, cera e óleo de amêndoas para toda sorte de chagas e feridas, com bons resultados. • Já em novembro de 18683, a Revista Espírita anuncia brevemente o uso do pinhão da Índia (Croton tiglium), planta tóxica, em uso homeopático para acalmar câimbras e restabelecer a circulação normal do fluido nervoso, na mensagem do Dr. Demeure, o conhecido médico homeopata de Kardec. A planta colchico, que produz o alcalóide colchicina, é natural da Europa. Para uso medicinal recolhe-se os bulbos e as sementes. A colchicina é ainda usada, sob prescrição médica, nas crises artríticas aguda e de reumatismo. Plantas medicinales. J. Volak e J. Stodola. Paris: Grüno, 1983 p. 123. Químico e tradutor de francês; exmembro da USE Santo André. 1
Esta história aconteceu com o S. Waldemar Legat. Conte a sua também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br
Allan Kardec. Revista Espírita. Edicel p.11 a 19, (trad. Julio Abreu Fº). 2 Idem p.336 a 338 e 386. 3 Ibidem p.321 a 323.
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Por SÍLVIA HELENA VISNADI PESSENDA Natal e Ano Novo são momentos para um balanço interior. Saiba por que dedicar atenção ao outro é fundamental
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odos nós somos sensíveis a atitudes de gentileza. Quando nos tratam com delicadeza, consideração, cortesia, civilidade, obviamente que nos sentimos bem e respeitados pelo que somos. Mas, são em nossas tarefas cotidianas, principalmente quando elas se apresentam em número muito maior à nossa capacidade de absorção e solução, que a ajuda alheia pode facilitar, notadamente na atualidade, quando a sensação de tempo disponível está se encurtando cada vez mais, em virtude das exigências profissionais, do relacionamento familiar, dos intercâmbios sociais e dos inúmeros atrativos e estímulos da vida moderna. Sendo assim, fator essencial para a harmonia e o bem-estar de todos é a cooperação. Cooperar é se interessar pela pessoa do outro, por suas dificuldades, seus afazeres e necessidades. É colaborar com alguém – fazer junto – para que
ele possa produzir muito mais do que se fizesse sozinho. É prestar favores, ainda que pequenos, exercitando nossa cordialidade e melhores sentimentos. É partilhar nossa energia, qualquer que seja a forma, ou um sorriso, um pensamento. Enfim, é perceber o quanto nossa disposição pode facilitar a vida de outra pessoa, trazer-lhe satisfação, criando ainda um vínculo afetivo cada vez mais consistente. Se desejamos experienciar o prazer de uma convivência agradável, necessitamos nos comportar de maneira mais amorosa e tolerante, para que os freqüentes confrontos deixem de existir. Assim, quando nos esforçamos por nos tornar mais pacíficos, pacientes, compreensivos, abertos aos outros, percebemos que a chave da própria sobrevivência não é a competição e sim a cooperação. Se a colaboração inexiste nos relacionamentos, decerto que as dificuldades se tornam mais difíceis de serem enfren-
tadas. Sem o amparo alheio, a força de cada um tem de se desdobrar ao máximo para que o desânimo e o desequilíbrio não prevaleçam. Portanto, a definição de quem é o melhor, ou quem manda mais, ou quem é o mais correto, perde completamente seu sentido quando estamos verdadeiramente entusiasmados e dispostos a unir nossas forças para se atingir um mesmo objetivo ou a concretização de um trabalho. É assim que a prosperidade e a bem-aventurança, em todos os aspectos de nossa realidade, se tornam viáveis. Carlos Torres Pastorino, em seu livro Minutos de sabedoria, enfatiza: “O homem não pode viver isolado. Lembre-se de que cada companheiro de jornada é um amigo que o ajuda e a quem você precisa também ajudar. A cooperação existe entre todas as coisas criadas. Procure você também cooperar com tudo e com todos, em benefício da pró-
pria Terra que o acolhe bondosamente, permitindo sua evolução. Ajude sempre, e jamais desanime.1” O comportamento de cooperação e boa-vontade está intrinsecamente vinculado à noção de interdependência entre as pessoas. E é assim que vivemos: necessitando uns dos outros. Somos uma só família perante as leis universais. Estamos todos interligados. E o dever da assistência mútua nos propicia a sublimação de nossas potencialidades e a conquista do prazer da amizade, das trocas, das manifestações de carinho, de interesse e do amor em suas mais variadas formas. Quando realmente a maioria das pessoas desejar a paz, nós a teremos. Isso significa que todos os confrontos e diferenças precisam ser resolvidos, e isso começa com cada um resolvendo seus próprios conflitos. Jamais conseguiremos crescer sozinhos. Precisamos uns dos outros, de nossos intercâmbios e interações, visto que forças unidas sempre criam mais e mais possibilidades. Carlos Torres Pastorino. Minutos de sabedoria. Petrópolis, RJ: Vozes.
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Sílvia Helena é estudiosa do comportamento humano à luz da doutrina e palestrante na cidade de Rio Claro,SP. E-mail: sivipessenda@uol.com.br
EQUILÍBRIO
O prazer de cooperar
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CORREIO FRATERNO
NOVEMBRO - DEZEMBRO 2008