CORREIO
FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA
Trinta anos sem Herculano Pires Um evento realizado no dia 7 de março, reunindo amigos, familiares e, acima de tudo, espíritas, lembrou sua desencarnação. Pág. 4
Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 41 • Nº 426 • Março - Abril 2009
O HOMEM CHICO E
e uma obra só sua
m abril de 2010 completam-se cem anos do nascimento do médium mineiro Francisco Cândido Xavier que há sete anos partia do plano físico, deixando saudades e a sua imagem estampada em manchetes, com frases de despedidas e reconhecimento sobre o seu trabalho. Recentemente, a descoberta de um velho caderno de anotações, entregue por um vizinho de Chico à pesquisadora Magali Oliveira Fernandes revela agora o homem Chico, um Francisco Cândido criador de sua própria obra, com detalhes de seu universo cultural e
emocional que inclui a sensibilidade do médium pela poesia, seus sonhos e também o seu senso de humor. Recortes de jornais e revistas, anotações sobre temas diversos. Tudo reunido por uma interessante montagem artesanal, que inclui nomes de jornalistas, escritores, artistas plásticos, ilustradores. Embora Chico tivesse utilizado como suporte folhas com anotações contábeis de 1924, a data da execução de tudo isso é um enigma. Teria Chico produzido esse único caderno? Leia na página 7.
É um pássaro? Um avião? Não, apenas um cidadão comum
Desemprego. O que aprender com ele?
Christopher Reeve é considerado o melhor intérprete do Superman. Em 27 de maio de 1995 um acidente o tornou paraplégico. E, assim como o Homem de Aço, passou uma lição de vida, que pode ser resumida numa frase do próprio Reeve: “Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores.” Reeve morreu em 10 de outubro de 2004. Pág. 13
A recessão mundial se amplia dia a dia, trazendo-nos dados de desemprego de elevadas proporções, com contornos de um flagelo social. Qual será o aprendizado a se tirar desta crise? As possibilidades são inúmeras. Pág. 15
41 ANOS DE CORREIO FRATERNO
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EDITORIAL
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Eles fizeram a diferença
M
arço e abril são sempre os meses em que faltam espaços nas páginas das revistas e dos jornais espíritas para se abordar todas as datas comemoradas no bimestre. Em 31 de março de 1869, Allan Kardec, quem primeiro ordenou as ideias espíritas, partia para plano Maior, debruçado sobre o último exemplar da edição da Revista Espírita, que ele mesmo editava. Doze de abril de 1927 desencarnava o escritor e filósofo francês, Léon Denis, imortalizado por sua atuação pela palavra escrita e falada, que ajudaram a consolidar o Espiritismo, nas primeiras décadas. No Brasil, dois grandes nomes são reverenciados e ganham toda a atenção nesta edição do Correio Fraterno: o professor e escritor Herculano Pires (Acontece), que de-
sencarnou em 9 de março de 1979 – e que entendeu que o Espiritismo tinha algo a fazer no contexto cultural contemporâneo, por isso dialogou como nenhum outro com as diversas ciências e linhas filosóficas, trazendo-as ao meio espírita –; e o médium mineiro Chico Xavier, que veio ao mundo também no mês de abril: no dia 2 do ano 1910. Chico ganha curioso enfoque no texto do Baú de Memórias, por se apresentar com seus sonhos e pendores no livro,
Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.
espécie de diário, que ele mesmo fizera em vida. Uma curiosa abordagem! Leia e você vai se surpreender com essa edição. Boa Leitura. Equipe Correio Fraterno
CORREIO DO CORREIO Correio Fraterno e as obras de Herculano Acabei de ler o Correio Fraterno, e gostei bastante! É gratificante ver o jornal com excelente qualidade! Aliás, não só do jornal, mas a editora... Parabéns pelas novas edições dos livros do Herculano! Como admirador de sua obra, fico feliz com a novidade! Cristian Fernandes, por e-mail Obama no Correio Quero felicitá-los pela qualidade da pu-
blicação e dos artigos que constantemente são publicados no periódico. Porém, não posso deixar passar a oportunidade de alertá-los para o engano da edição Ano 41, número 423, que traz em sua primeira página a foto de Barack Obama. Ele é a maior fraude de todos os tempos! Representa uma mudança para pior, para o materialismo, para o descaso com a vida, para a destruição dos princípios cristãos. Evanir Santos Junior , por e-mail
É realmente importante não perdermos de vista a falibilidade do ser humano. No entanto, a intenção foi chamar a atenção para o fato de que pessoas e situações que ganham evidências, como no caso um presidente dos EUA, muitas vezes se formam no anonimato, assim como as manifestações dos espíritas em território norteamericano, o que não significa apoio ou não ao atos da pessoa em foco. Obrigada por ter se manifestado! Escreva-nos sempre, Evanir. Um grande abraço. Equipe Correio Fraterno
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• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
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Francisco Cândido Xavier: além da mediunidade Por ELIANA HADDAD
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“Faz de cada dia um poema de fé” Emmanuel
s fatos relacionados à mediunidade de Chico Xavier já foram muito analisados, pensados e repensados. No meio espírita, na imprensa e nos bancos acadêmicos também não é novidade sua vida de lutas e de incansável amor ao bem comum, sendo seus exemplos de humildade citados como lembranças concretas de sentimentos elevados de verdadeira caridade. Discreto e atuante, manso e corajoso, paciente e determinado, características que só a sabedoria é capaz de conciliar, Francisco Cândido Xavier será homenageado pelo centenário de seu nascimento no ano que vem. Quase sete anos após sua partida física da Terra – em 30 de junho de 2002 – quando milhões de brasileiros festejavam o Pentacampeonato na Copa do Mundo de futebol, as histórias de Chico Xavier continuam a ser contadas e multiplicadas. Livros e editoriais diversos demonstram a importância de sua presença amorosa e lúcida, em marcas indeléveis dos surpreendentes exemplos ao longo dos 74 anos de atividade mediúnica. Chico Xavier conquistou o respeito e a admiração numa esfera pública, tornando-se figura marcante e querida não só dos espíritas, nem somente dos brasileiros. Sua popularidade atravessou fronteiras e poucos conseguem separar o mito do homem, as histórias do médium Chico Xavier e as experiências e desafios de Francisco Cândido – o menino pobre, do interior de Minas, nascido em 2 de abril de 1910, filho de pais analfabetos, que tendo cursado apenas a escola primária tornou-se uma espécie de herói popular, um líder espiritual conhecido mundialmente, que psicografou 418 títulos, alguns dos quais verdadeiros best sellers, reunindo um total de mais de 25 milhões de exemplares vendidos
em vários idiomas. A renda dos livros foi doada, em cartório, a instituições de caridade. “Eu não escrevi livro nenhum. ‘Eles’ escreveram. Os livros não me pertencem”, sempre assegurava. Recentemente, a descoberta de um velho caderno de anotações particulares acabou revelando um pouco mais do homem Chico, um Francisco Cândido criador de sua própria obra, demonstrando nas entrelinhas pequenos detalhes de seu universo cultural e emocional, particularidades que retratam sua sensibilidade pela poesia, a admiração pela literatura e a preocupação com temas comuns aos conflitos e sonhos humanos. Saliente-se até mesmo o seu senso de humor, alegria e despojamento na seleção de algumas anedotas. O caderno acabou sendo entregue por Geraldo Leão, vizinho de Chico em Pedro Leopoldo, à pesquisadora Magali Oliveira Fernandes, quando preparava sua tese de doutorado sobre Chico Xavier para a Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, cujo trabalho resultou na publicação do livro Chico Xavier – um herói brasileiro no universo da edição popular (Ed.Annablume), obra que traz no final da edição a reprodução das 34 páginas resgatadas, com seus textos e imagens, “um objeto de fundamental importância, como registro de vivência pessoal e repertório de leitura... uma inclinação ímpar para o saber”. Embora Chico tivesse utilizado como suporte para sua produção folhas com anotações contábeis de 1924, a data da execução de tudo isso, entretanto, é um enigma. A edição do caderno é uma espécie de diário em forma de almana-
Colagens editadas por Chico em folhas de anotações contábeis de 1924.
que, elaborado à base de cola e tesoura, como se Chico editasse um livro só seu, uma verdadeira amostra do universo de relação que mantinha com a própria vida e da sua paixão e interesse pela arte, história e literatura. Simples e ao mesmo tempo estética e editorialmente arranjado, o caderno apresenta colagens de folhetos e recortes de jornais e revistas, anotações sobre temas diversos, fotos e registros. Tudo reunido com capricho em uma montagem artesanal bastante interessante, com comentários e citações de cerca de 200 nomes, entre jornalistas, poetas, escritores de literatura, artistas plásticos e ilustradores. A pergunta que fica é a seguinte: Teria Chico produzido somente esse caderno? Onde estariam os outros? A própria pesquisadora lembra que, na introdução de Parnaso do Além-Túmulo, lançado em 1932, Chico revela aos leitores seu desejo desde menino de ler e estudar literatura, o que não lhe havia sido possível, pois mal conseguira completar as lições da escola, por ter que trabalhar desde criança.
Apesar de ter frequentado apenas o curso primário, continuou estudando em casa, um ambiente doméstico repleto de interdições, onde mantinha algumas obras, colecionava revistas e folhetos, alimentando seu sonho. “Estudei o que pude, mas meu pai era completamente avesso à minha vocação para as letras e muitas vezes tive o desprazer de ver os meus livros e revistas queimados”, contou. Estariam também seus cadernos entre eles? A verdade é que a falta de recursos financeiros não impediu Chico de buscar soluções próprias para atingir seus objetivos com o saber, passando então a elaborar livros artesanais. Criava inclusive capas para eles, autografava-os e os presenteava aos amigos. “Suponho que sejam inúmeras as possibilidades de leitura, de investigação e, também, de interpretação desse caderno de Chico Xavier”, comenta Magali, que pretendeu apontar no estudo “não somente a grandeza desse universo de textos e imagens, como a documentação de uma edição de idéias, nos bastidores da psicografia”.
BAÚ DE MEMÓRIAS
O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!
Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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ACONTECE
Trinta anos sem
Herculano Pires Por IZABEL VITUSSO A visão de filha A escritora e pedagoga Heloísa Pires, filha do filósofo, discorreu sobre o homem, a vida em família e, acima de tudo, sobre os exemplos e a admiração nutrida pela figura paterna, trazendo rápidas abordagens do autor em suas principais obras, num total de 81 editadas em vida.
Heloísa Pires autografa obra inédita de Herculano: Relação Espírito Corpo
Mauro Spínola, Franklin Santos, Heloísa Pires, Francisco Cajazeiras, Alessandro Bigheto, Allyson Mascaro e Dora Incontri
A
desencarnação e um dos maiores filósofos contemporâneos espíritas foi lembrada em evento realizado no dia 7 de março, reunindo amigos, familiares e, acima de tudo, espíritas, que acompanharam atentos os temas apresentados por expositores convidados, regados à arte, à poesia e muita reflexão. Realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, o Seminário Herculano Tempo e Espírito foi uma da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE), com apoio da Editora Comenius, Editora Paidéia e da Fundação Maria Virgínia e Herculano Pires. O filósofo, jornalista, mestre em Filosofia da Educação, que nasceu em Avaré-SP em 25 de setembro de 1914 e desencarnou em São Paulo, em 9 de março de 1979, foi lembrado não apenas pela importância de sua obra, em particular para o Espiritismo, mas pela presença marcante de um ho-
mem destemido e determinado, com traços singulares de suas raízes interioranas. Ao realizar a abertura do evento, a jornalista e pedagoga Dora Incontri, idealizadora da ABPE, relatou o seu convívio com o autor, desde os primeiros anos de vida, dada a proximidade entre os familiares. Salientou que Herculano entendeu que o Espiritismo tinha algo a fazer dentro do contexto cultural contemporâneo. Por isso, não o fechava dentro das práticas do centro espírita, ou em seu aspecto religioso apenas. “Herculano avança, ouve, dialoga e estabelece diálogo entre espiritismo e a cultura, incorpora ideais contemporâneas de maneira arejada, mas sempre se mantendo no trilho de Kardec”- completa.
Incontri próxima à máquina em que Herculano escrevia.
“Minha infância foi cercada de confiança e do convite ao desenvolvimento moral e intelectual. Minha mãe era uma mulher de personalidade forte. Amparou Herculano com força e amor. Um casal que se amava profundamente. Os vizinhos achavam interessante o casal passar de mãos dadas até o ponto. Ele entrava no ônibus e ficava acenando. Ela jogava beijinho, todos os dias. Gestos maiores de delicadeza. Herculano chegava com
maço de flores e broches, acompanhados de frases, como: Isso enfeita a alma, Virgínia!” – lembra a filha. Heloísa falou também das lutas de seu pai, diante das quais se desdobrou para conscientizar o próprio movimento espírita sobre as distorções no entendimento dos fundamentos filosóficos espíritas, esforçando-se para despertar a verdadeira proposta do Espiritismo: “ É necessário mudar a ordem das coisas. Nós só as modificaremos quando modificarmos em nós o conceito de Deus” – dizia o filósofo. Discorrendo sobre a história da Filosofia, para localizar Herculano Pires e a importância de seu trabalho no contexto histórico, Alysson Leandro Mascaro, professor de Filosofia do Direito da Faculdade São Francisco (USP), lembrou que Herculano era um homem da razão, um dos maiores pensadores do Espiritismo. Por isso talvez não tenha alcançado a fama momentânea, mesmo porque ele não vendia falsas facilidades. Mas
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A Educação para a morte (Ed. Correio Fraterno), uma das obras do autor que inspirou o médico Franklin Santana Santos a introduzir, há cerca de três anos, o Curso de Tanatologia (estudo da morte), na Faculdade de Medicina da USP, (curso de extensão universitária), levando para o ambiente acadêmico a possibilidade de se discutir o tema até então tabu, notadamente em ambiente onde o nascer e o morrer são aspectos inerentes às profissões ali predominantes. Em brilhante apresentação, Mauro Spínola, professor da Escola Politécnica da USP, autor do livro Centro Espírita, uma revisão estrutural salientou que di-
ferentemente da prática adotada hoje, a pesquisa deveria ser uma das bases dos grupos espíritas, segundo orientação do próprio Kardec. “Mas nós não o fazemos. Colocamos a pesquisa como algo inatingível. Mas pesquisa nada mais é que a busca de gerar conhecimento a partir do trabalho humano. Não há pesquisa quando simplesmente ouvimos o espírito falar e apenas acreditamos, mas quando existe trabalho de elaboração humana, confrontando conhecimento para gerar conhecimento. O que pode ser feito dentro da reunião mediúnica, em grupo de publicações, com diálogo constante com as diversas formas de pensamento, como
tanto fazia Herculano.” Outros expositores como Alessandro Bigheto, Marco Antonio Barroso, Willians de Araújo, assim como o médico e escritor cearense Francisco Cajazeiras, que encerrou o evento, deixaram sua importante contribuição para que o marco dos trinta anos da passagem do filósofo Herculano não passasse despercebido. E mais: propiciaram para que a comemoração alcançasse o sucesso, repleta de diálogos e saudáveis questionamentos. Curso de Tanatologia: (11) 2737-0041. ABPE: (11) 4032-8515. Editora Paidéia: (11) 5549-3053.
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deixa sua obra para se perpetuar e ser melhor entendida no futuro. Alysson ressalta o valor da contribuição filosófica de Léon Denis, mas destaca a importância de Herculano Pires, que introduz a visão existencialista na Filosofia Espírita, interferência do pensamento Existencialista que alcançou o século 20, apregoando, na essência, que a realidade deve ser aceita como ela é, diferentemente da corrente filosófica predominante até então, que se fixava não ao que existe, mas no ideal a ser atingido. Outros aspectos não menos importantes da obra de Herculano foram apresentados, sendo um deles o tema
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PARA ENTENDER MELHOR
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Afinal, o que é ser
MÉDIUM? por JOSÉ BENEVIDES CAVALCANTE
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m Doutrina Espírita, médium é a pessoa que serve de intermediário entre os desencarnados e os encarnados. Via de regra, o médium é reconhecido pela sua capacidade de receber e transmitir mensagens dos Espíritos. Todavia, como afirmou Kardec, todo ser humano é médium, na medida em que qualquer pessoa é passível de sofrer influência dos desencarnados; mas médiuns propriamente ditos – ou seja, os que manifestam a faculdade de forma ostensiva e que, portanto, tem missão específica nesse campo de serviço – esses são muito poucos. O fato de uma pessoa ter mediunidade aflorada e bem desenvolvida, muitas vezes, chama a atenção, desperta interesse, admiração e até inveja. Em várias circunstâncias, por ignorância – e isso acontece no meio espírita – costumamos idolatrar o médium, guindando-o à condição de celebridade, cercando-o de mimos e zelos, a ponto de convencê-lo de que ele é uma pessoa muito especial, quase um emissário divino. Por isso mesmo, muitos querem ser médium. Alguns, é claro, pelo desejo de servir à humanidade, mas outros apenas e tãosomente para atender a uma vaidade pessoal, na medida em que anseia por uma posição de destaque. Só que a maioria dos candidatos, infelizmente, não sabe o quanto custa ser um verdadeiro médium. Não falamos do custo financeiro – é claro! – mas do custo em esforço, em luta e em sacrifício, que o médium espírita precisa e deve investir. Assim, muitos desejam ser como o Chico Xavier, querem ter a sua mediunidade, querem exibir as suas diversas faculdades, psicografar livros, dar entrevistas e se tornar célebres. Contudo, muito poucos têm consciência ou desejariam passar pelas adversidades que o Chico passou nos seus 92 anos de vida e 75 de mediunidade. Basta ler sua biografia, para se ter umas idéia de quanto é difícil burilar o espírito para o desenvolvimento de uma mediunidade missionária.
“Mediunidade – dizia o Chico – é aprimoramento constante, é luta sem tréguas contra o personalismo, é exercício de humildade, é estudo e devotamento ao próximo ... Infelizmente – ele conclui – muitos médiuns acham que mediunidade é só contato com os Espíritos...”1 E é justamente aí que está o “x” da questão, que trazemos como objeto de nossa reflexão. O exercício da mediunidade, além de exigir estudo constante do Espiritismo, exige serviço ao próximo e exercício de virtudes cristãs na vivência diária. Serviço não é apenas receber comunicações e escrever mensagens: o serviço mais meritório e, portanto, o mais difícil, que dá sustentação moral à mediunidade, é arregaçar as mangas para trabalhar em favor do próximo e, mais do que isso, procurar vivenciar, no dia-a-dia, os princípios morais que Jesus ensinou, pois é nessas circunstâncias da vida real que o médium se abre às influências da Espiritualidade Superior. Por isso, num de seus depoimentos, Chico observa com muita propriedade: “O médium, que vive distante da vivência na caridade, não possui retaguarda... Emmanuel me ensinou isto. Ele me dizia: ‘Chico, deixemos os nossos escritos de lado; a página mediúnica pode esperar um pouco; é hora de você se reabastecer... Vamos para a periferia da cidade, Chico!..’ E eu ia com ele ou ele comigo, não sei... Quando, na minha cabeça, eu já tinha esquecido tudo, voltava para a psicografia...” E conclui o Chico: “Sem a caridade, o médium não consegue sustentar o vínculo com a sua própria espiritualidade!...” Citações extraídas do livro “O Evangelho de Chico Xavier”, compilado por Carlos A. Baccelli, Casa Editora Pierre-Paul Didier, Votuporanga-SP. 1
Advogado, pedagogo. Vice-presidente do CE. Caminho de Damasco e USE Intermunicipal de Garça-SP. E-mail: jobenevides@gmail.com
Afinal, o que é
filosofar? Por IZABEL VITUSSO
Fundadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos - IEEF, juntamente com uma equipe de pesquisadores há apenas dois anos, Astrid Sayegh tem como foco de estudo um dos três aspectos da doutrina, senão o essencial, o fundamental: o filosófico. Mas, ao contrário do que muitos possam imaginar, as 16 salas do curso de Filosofia ministrado no Instituto são cada vez mais concorridos. Astrid iniciou sua busca pelas ideais filosóficos há muitos anos, quando frequentava os cursos da Federação Espírita do Estado de São Paulo, até então formada em Letras e Tradutor Intérprete. Mas foi sua latente paixão pela Filosofia e os cursos do professor São Marcos na FEESP que a levaram a se aprofundar no tema, tornando-se doutora em Filosofia pela USP. É ela quem nesta edição fala sobre um assunto às vezes pouco entendido. Afinal, o que é filosofar? Astrid Sayegh: Se o Espiritismo é progressista ele tem que caminhar
Astrid, por que a escolha pela Filosofia? Astrid: Realmente eu sempre fui apaixonada pela Filosofia. No início dos estudos meus questionamentos eram muitos, particularmente: o que é Deus? o que é liberdade? Constituem estes valores absolutos para os tempos atuais? As aulas com o professor São Marcos foram uma verdadeira escola e contribuíram para o meu despertar por esse mundo. E assim, comecei por ser aluna dele, muito questionadora, por sinal, até que fui convidada a dar aulas ao seu lado, o que considero uma bênção. Em 2006, o professor desencarnou e nessa época os cursos na Feesp completariam 20 anos de fundação. No
entanto, as circunstâncias nos levaram a nos distanciar da Federação, o que nos permitiu realizar o grande sonho de formar uma instituição autônoma, com a proposta de não pertencer a apenas uma casa espírita, mas estender a divulgação ao movimento espírita em geral. Nesse sentido, temos tido oportunidade de desenvolver cursos itinerantes também nas casas espíritas, além de nossa sede junto a Instituição beneficente Nosso Lar, junto a Nancy Puhmann Di Girolamo. Nosso objetivo agora é não somente ministrar cursos, mas formar um núcleo de reflexão, de estudiosos que compartilhem da pesquisa com precisão e seriedade. Conversando com algumas pessoas que estão fazendo o curso
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Mas muitos dirão que isso é elitizar a casa espírita. Astrid: Mas o que é elitizar? Elitizar é você restringir. Não se está restringindo.
Se o Espiritismo é progressista, ele tem que caminhar de acordo com o momento histórico. Por vezes algumas pessoas terão mais dificuldade, mas nem por isso deve-se deixar de caminhar para frente, atentando e respeitando, claro, as condições evolutivas de cada um. Ninguém é melhor do que ninguém, nem o que estuda nem o que não estuda. Perante Deus, somos todos iguais. Mas não com o pretexto de ter humildade se deixar de aprofundar, ou com a justificativa de que isso é elitizar. Pelo contrário, o Espiritismo deve apresentar-se diante do mundo acadêmico, pois nada se tem a temer de sua lógica. Pelo contrário, divulgá-lo em sua profundidade é divulgar seu alcance ético e quebrar o tabu de que ser espírita é ser médium. Não há como negar que a Filosofia carrega o estigma de algo difícil, ou um mundo fora da realidade, não é? Astrid: Realmente esse estigma existe, mas por desconhecimento. Inclusive a nossa busca aqui no Instituto é tornar a filosofia acessível a todos, seja qual for o grau de instrução. Temos alunos de diversas formações, inclusive já tivemos alunos com formação primária, outros que não sabem escrever, mas já ocorre um despertar, eles apreendem a mensagem, questionam e entendem o significado. Filosofar não é puro intelecto, mas uma busca da alegria interior. O que é então filosofar? Astrid: Filosofar é uma atitude. Por princípio, o filósofo não é aquele que detém mil teorias na cabeça, o metafísico de gabinete; o filósofo é aquele que busca, aquele que questiona, que não aceita passivamente. Ele quer mais, ele tem apetite de transcender, de descobrir algo mais dentro de si mesmo e compartilhar da vida no mundo de forma mais rica, posto que consciente. É algo muito prazenteiro porque cada vez que você se sente identificar com determinado pensamento ou com um filósofo, você cresce por dentro. Filosofia é jovialidade, ela expressa alegria. Ela nos fala de espiritualidade, de interioridade, de transcendência, ao mesmo tempo que nos permite uma postura crítica perante o mundo de modo a transformá-lo. Você acha que de uma maneira
geral nós espíritas praticamos a fé raciocinada? Kardec enfatiza que questionemos. Nós estamos habituados a fazer isso? Astrid: Sim, devemos ter senso crítico, agora, questionar não significa que deva haver conflitos. O que importa é não aceitar tudo passivamente, e é isso que a doutrina espírita ensina. Por isso que ela é uma filosofia e não simplesmente uma religião. O indivíduo que aceita determinada realidade sem o crivo da razão não a incorpora. Se ao contrário, ele entende racionalmente, ele passa a ser autônomo, ter as suas próprias ideias e valores, incorpora o conhecimento porque ele mesmo aprovou. Isso o leva inclusive a buscar na vida uma postura ética de fato. Como diria Sócrates, se erramos é por ignorância, daí a importância da busca incessante de conhecimento. Você falou em ética. Ela tem relação estreita com a Filosofia também? Astrid: Sem dúvida. E a ética espírita está toda pautada sobre os princípios cristãos. Mas, ao demonstrar, por exemplo, que o fundamento do Evangelho está dentro da teoria do princípio espiritual, tudo se engrandece, porque deixa de ser uma realidade metafórica e mítica no sentido religioso e passa a se ter uma visão racional, mais do que isso, uma vivência de fato, porque você entende. Para você ter uma ideia, nós estamos fazendo um trabalho associando as perguntas do O Livro dos Espíritos ao Evangelho e também ao Antigo Testamento. Você não imagina como é surpreendente enxergar o quanto O Livro dos Espíritos é a própria Filosofia dos Evangelhos, é assim que eu o denomino. A Filosofia Espírita é reconhecida oficialmente no meio acadêmico? Astrid: Não, ainda não. No entanto, ela pode não ser reconhecida academicamente, mas tem sua autoridade como ciência, porque foi conduzida com método rigoroso, o que é requisito básico para que uma doutrina se diga científica. Além disso, ela se vale da lógica, e está é apoiada pelo fenômeno, uma abordagem positiva do Espírito. Não é reconhecida não por falta de autoridade, mas por preconceito. Daí a importância de divulgar o espiritismo para não espíritas também.
É sintomático o número de pessoas com quadros depressivos. O que falta à humanidade, na sua visão? Astrid: Falta religiosidade. Falta conhecimento da espiritualidade. É o vazio da existência. Somos uma geração do pósguerra, ou melhor, que ainda está em guerra, e necessitado o homem questiona: Por que êxito? Qual o significado da existência? Por que estou aqui? Aí os existencialistas, em sua maioria materialista, respondem: “Nós viemos do nada e para o nada nós vamos.” E como fugir do vazio da existência? Eis a importância da Filosofia Espírita, inserida da filosofia existencialista de nossos tempos, e que traz uma visão libertadora para nossos problemas existenciais. Aliás, essa é a temática de Herculano Pires, o filósofo existencialista espírita. A Doutrina Espírita faz toda a diferença, quando sabemos que a vida continua, que o nada não existe. Quando sabemos por que encarnamos e o porquê dos problemas existenciais. Você diria então que o Espiritismo levado a sério, em equilíbrio em seus três principais aspectos (Religião, Ciência e Filosofia) poderá fazer muito mais por nós? Astrid: Não tenho dúvida. Kardec mesmo nos fala, no último capítulo da A Gênese, sobre a mudança moral da Humanidade, sobretudo no que se refere aos sentimentos dos homens. Vai chegar uma fase em que os homens vão trocar argumentos, fundamentos, e não guerrear por conceitos religiosos. Será quando haveremos de superar de fato esse dogmatismo que caracteriza nossos tempos, daí a importância da filosofia, hoje e no futuro. É ela que permite ao homem realizar-se como Espírito, ao permitir o exercício da racionalidade, do conhecer-se a si mesmo, não só através da consciência dos defeitos, dos traumas vividos, mas da sua essência, percebendo-se como presença divina. E a partir do autoconhecimento ajustar-se então à interioridade de modo a aprimorar suas atitudes, pensamentos, seus caminhos. IEEF – Praça Florence Nightingale, 79 Jardim da Glória, São Paulo. site: www.institutodeestudosfilosoficos.com e-mail: institutodeestudosfilosoficos@gmail.com telefones: (11)2215-2684 2272-5266.
ENTREVISTA
de Filosofia Espírita a gente vê um entusiasmo, uma plenitude diferente. Acabam-se os cursos e eles querem mais. Vocês têm trezentos alunos em tão pouco tempo. Normalmente são as casas que oferecem curas que possuem alta freqüência de pessoas. Por que isso? Astrid: Os trabalhos de cura possuem um valor inestimável, mas além da alegria de libertar os assistidos da dor, importa fornecer-lhe subsídios para que venham a libertarem-se por si mesmos. O interessante é que os alunos vêm porque gostam e não por derivativo apenas. Eles querem ouvir algo diferente que lhes nutra e acrescente. Temos alunos provenientes de regiões distantes, e motiva-nos o seu interesse em estudar. Cumpre-nos saciar esse apetite de saber através de um alimento substancial, que venha a lhes responder pelo significado da existência e de tantas outras coisas, de forma racional e metódica. Além da assistência espiritual e de cursos doutrinários básicos, é chegada a hora de divulgar os princípios espíritas de forma renovada, profunda e mais libertadora. Há necessidade de se superar paradigmas, padrões, sempre a mesma temática, em função de novas teses, como o fez Herculano Pires, de modo a se adequar aos novos tempos, em que os alunos não mais se satisfazem com colocações rotineiras. O Espiritismo é progressista e, para ele progredir, tem que se buscar também uma visão mais profunda, mais racional, mais metódica. Daí a necessidade de se buscar o estudo de fato, uma reflexão seria e sistemática, criar núcleos de estudos, de pesquisas e superar a visão que se tem hoje dessa rica e magna doutrina, que merece ser exaltada, pela profundidade de seus princípios e pela autoridade que lhe é intrínseca. Levando em conta o tríplice aspecto da doutrina, pouco se fala sobre os fundamentos filosóficos. Assim como a ciência, a filosofia, particularmente espírita, tem seus próprios conceitos, que precisam ser estudados, de modo a ser exaltado o seu lugar na história do pensamento.
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Motivados, jovens se reencontram e traçam planos
COMEVALP A motivação dos jovens acesa pelo Encontro Por RONI COUTO
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cidade de Pindamonhangaba sediou, de 21 a 24 de fevereiro, a 30.ª edição da Comevalp – Confraternização das Mocidades Espíritas do Vale do Paraíba. É o principal encontro da regional USE Taubaté, SP que inclui, entre outras, as cidades de São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Guararema e Pindamonhangaba. Jovens dessas cidades dedicam-se o ano todo para as atividades que vão acontecer nos quatro dias do carnaval, aguardados ansiosamente. Cerca de 130 jovens da região e de cidades convidadas participaram do encontro. A idealização da Comevalp surgiu durante a década de 1970. No ano de 1975 foi realizado o primeiro encontro de jovens do Rio de Janeiro e do Vale do Paraíba, coordenado por Mário Barbosa, Raul Teixeira, Maria Élide Capobianco e Vanderley Coutinho, personagens conhecidos na região. Assim, em 1980, são realizadas, pela primeira vez, a Comevalp e a Come-
erj, que até hoje apresentam formatos e objetivos semelhantes. A Comeerj – Confraternização das Mocidades Espíritas do Rio de Janeiro – expandiu-se, fortalecida pela boa estrutura do movimento de unificação, chegando hoje a 18 pólos em todo o estado, que compartilham o mesmo tema e programa de estudos durante o evento. A Comevalp, por sua vez, encontra no jovem a força de trabalho para sua realização. É para ele que estão voltadas todas as atenções, resultando assim em um verdadeiro para cada um dos que participam. O encontro tem como principal atividade o estudo de um tema escolhido pelos próprios jovens. Em 2009, o tema foi “Espiritismo + Ciência”, considerado inovador, e que teve uma abordagem rica e criativa. O objetivo da equipe doutrinária foi o de reforçar a nossa compreensão dos princípios espíritas a partir de informações catalogadas pela ciência sobre o universo, a reencarnação, a evolução, a mediu-
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nidade e a “ecologia profunda”, aqui entendida como o estudo das redes sociais, onde também estamos inseridos como cidadãos do mundo e como espíritos imortais. A equipe doutrinária, que também é formada por jovens participantes do encontro, tem a tarefa de transformar as pesquisas sobre o tema em conteúdo dinâmico e lúdico. Assim, a nossa principal atividade, que chega a ocupar mais de seis horas do dia, não é uma obrigação cansativa. Nesta Comevalp, em particular, os jovens comentaram sobre o interesse que tiveram em conhecer as teorias
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sobre o princípio do universo. “Quem está no comando?”, perguntamos a seguir. Nosso estudo então propõe reflexões e vivências sobre Deus, a evolução ou a sociedade. É um momento em que todos somos iguais, porque temos necessidades espirituais semelhantes. Nessas vivências, estimulamos o autoconhecimento e definimos metas cristãs para nossa vida cotidiana. Oficinas de arte e de criatividade completam as atividades do encontro. Os jovens optam por trabalhar com música, artes plásticas, teatro ou poesia. Também podem escolher atividades relacionadas ao trabalho no movimento espírita, como dinâmicas de grupo, evangelização infantil ou comunicação. Os resultados têm sido muito positivos. Em alguns casos, infelizmente, é o único contato que o jovem tem com a arte ou a criação no ano. De onde nasce a Comevalp? A Comevalp, sem dúvida, nasce e renasce das mocidades espíritas de todo o
Vale do Paraíba. Ela é trabalhada, reforçada e vivida a cada reunião de mocidade. Ao final de um ano de estudos, em que as amizades foram cultivadas, em que a mocidade pôde colaborar com as atividades da casa espírita, vem a Comevalp como resultado que as mocidades vão colher. E então os jovens seguem suas atividades, motivados e ansiosos por mais um encontro com amigos de outras cidades. O cenário, às vezes, não é tão perfeito assim. Vamos encontrar, de tempos em tempos, a mocidade espírita vivendo algumas dificuldades, reflexo do afastamento dos dirigentes e da influência negativa da vida juvenil. Competir com os múltiplos estímulos do jovem fora da casa espírita é um grande desafio, mas perfeitamente possível de ser alcançado. Prova disso foi essa Comevalp. Em meio ao clima emotivo do final do encontro, vivíamos uma emoção superior, um presente que recebíamos do Alto. Em nossas avaliações, foi muito estimulante ouvir o relato de cada amigo, afirmando
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que estar ali foi importante. Que, quando esteve longe, somente ocupado com seu dia-a-dia, significou perda de tempo. Que o encontro ajudou a decidir o melhor caminho para sua vida. Como então não pensar que muitos jovens, por falta do nosso estímulo, da nossa divulgação ou interesse, deixaram de viver esses dias de tão profundo significado? É nosso dever intransferível divulgar os encontros, valorizá-los e respeitá-los. É nossa tarefa urgente estimular as mocidades espíritas, para que outros tantos jovens – nossos filhos, talvez – possam também participar e sentir-se como nós, na Comevalp: confiantes, motivados, esperançosos, sem deixar de ser jovens. http://picasaweb.google.com/ronicouto/comevalp2009. www.comevalp.net. E-mail: ronicouto@gmail.com. Participante do encontro e integrante da equipe doutrinária.
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CAPA
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ENSAIO
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Analisando antiga polêmica
COISAS DE LAURINHA
O SEXO DOS ANJOS
Tem gente que lê pensamento
por LAURO F. CARVALHO
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expressão “discutir o sexo dos anjos” tornou-se de uso frequente, significando polêmica infindável sobre assunto de menor importância. A questão surgiu há muitos séculos, quando os dignitários da Igreja, à falta de motivações mais substanciosas, passavam o tempo em digladiações verbais sobre questões de somenos. A polêmica originou-se do fato de a Teologia pintar os anjos como entezinhos beatíficos, sem descer, por razões óbvias, a minúcias como o sexo, por exemplo. E não seremos nós, depois de tanto tempo, quem iríamos reacender o fogo das opiniões discordantes a respeito. Valemo-nos, porém, da expressão para lembrar interessante aspecto, em face dos conhecimentos espíritas. Há alguma explicação para o fato de o senso popular conceber meio indefinido o sexo dos anjos. Raciocinando com a Revelação Espírita, compreendemos os anjos não como seres beatíficos e ingênuos, criados por Deus indenes das lutas humanas, unicamente para ornamentar o paraíso e voejar em volta dos santos, mas sim como os próprios espíritos humanos, quando chegam à condição de pureza, por meio das encarnações sucessivas. Ora, é compreensível que, no curso da evolução planetária, o espírito experimente as mais diversas situações, sem o que sua evolução não seria completa. Na diversidade dessas experiências, cumpre incluir o aprendizado em ambos os sexos, podendo variar segundo as necessidades de cada existência. Demais,
sendo o sexo, pelo menos quanto às características orgânicas, uma função da reencarnação, é intuitivo que, cessada a necessidade de renascimentos corporais, perca o espírito seus distintivos sexuais, como o aluno que, terminado o curso, deixa os uniformes e materiais escolares, pois já tem consolidado em si a síntese dos conhecimentos. Assim, também, com o passar das eras, chegaremos um dia à condição de espíritos purificados, quando não necessitaremos mais portar característicos sexuais, porquanto, além de vivermos nos planos onde não há reproduções corporais, já teremos assimilado a essência das experiências e mais altas virtudes de ambos os sexos. Na verdade, no plano em que ainda estagiamos, é-nos difícil libertar-nos das idéias grosseiras de “macheza” e feminilidade, sem descer às complicações da transexualidade, dolorosa situação expiatória que experimentam os que outrora abusaram das forças genésicas. Sintetizando, lembremo-nos de que a mais abalizada revelação sobre a origem do homem, contida no primeiro livro bíblico, diz-nos que fomos (ou estamos sendo?) feitos “à imagem e semelhança de Deus”, e ninguém pretenderá, sensatamente, reduzir a idéia do Ente Supremo às limitadas contingências da animalidade. Iniciou-se na Doutrina ao realizar tratamento espiritual em Palmelo (GO), considerada a primeira cidade espírita do Brasil. Em Goiânia, fundou na década de 60 o Sanatório Espírita de Brasília,além de livraria e uma as maiores distribuidoras de livros espíritas do Brasil. E-mail: laurocarvalho21@gmail.com
Por TATIANA BENITES Laurinha está conversando com Vivi, quando Leonardo chega: – Oi, meninas! – Oi! – respondem. – Por que vocês não vieram ontem para aula no Centro ? – Porque fomos ajudar no bazar – respondeu Vivi. – Nossa! Vocês perderam a aula de ontem que foi muito legal. – Sério? Foi sobre o quê? – Laurinha perguntou. – A professora explicou que os espíritos se comunicam por telepatia. – Que legal. Deve ser bem diferente, não é? – Vivi indagou. – É, porque eles leem a mente um do outro. Então, basta pensar que já estão se comunicando – explicou Leonardo, orgulhoso de saber mais sobre o assunto da aula. Laurinha olhou os amigos desconfiada. – Já pensou que pode ser ruim? – Ruim nada. É o método mais rápido de comunicação e pode ser feito à distância. A professora falou que existe encarnado que consegue fazer isso, mas é muito raro. – Como assim? Quer dizer que tem gente que lê meu pensamento? – Vivi pergunta curiosa. – Deve ter. Deve ser muito legal poder ler a mente dos outros! Eu quero aprender como faz isso. – Eu já estou até com medo de chegar no plano espiritual. Já pensou? A gente chega lá perdido, e se perguntando mil coisas, e todo mundo em volta já está sabendo o que eu estou pensando!!! – Laurinha expõe preocupada. – Eu não tinha pensado nisso – diz Leonardo pensativo. Vivi, que agora pensava no assunto, resolveu falar: – Acho bom você pensar porque, como não sabemos como é o outro plano, podemos pensar uma série de coisas. – Pensando bem, acho que eu não ia querer ler a mente das pessoas não. Leonardo se justificou e Laurinha aproveitou: – Engraçado! Você mudou de ideia tão rápido. – Eu parei pra pensar quantos pensamentos eu tenho e achei melhor ninguém ficar sabendo. – Que tipo de coisas? Leonardo então começa a refletir: – Já pensou se chegamos lá e vemos todo mundo com aqueles vestidos longos, tipo dos filmes? Eu vou pensar “Credo! É assim mesmo, que roupa feia!” – E se o meu mentor for muito bonito, eu vou pensar “Nossa! É melhor que o Brad Pitt!” – Laurinha deu uma pausa e continuou. Vivi e Leonardo riram e falaram juntos: – E ele vai ler seu pensamento! – Veja bem, é melhor ele ler isso do que “Meu Deus! Que mentor feinho o Senhor me arrumou.” – completou Vivi. – A gente também pode encontrar alguém e comentar “O que será que fizeram com o cabelo dele?” – Acho melhor a gente mudar de assunto, a professora está vindo. Vai que ela consegue ler a mente? – Disfarça! – Laurinha falou um pouco mais alto. – É o que eu sempre digo: julgar as pessoas pela aparência não é bom!
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Desencarna
“o homem do museu” Por RAYMUNDO ESPELHO
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os 86 anos de idade, parte o amigo Antonio de Souza Lucena para a espiritualidade, no dia 26 de janeiro, deixando sua larga contribuição, escrita e fotografada, para todo o movimento espírita. Conheci Antonio Lucena na década de 60, logo após o surgimento do jornal Correio Fraterno. Passamos a nos corresponder e a “trocar figurinhas”, sempre sobre a Doutrina e o movimento espírita. Tivemos o privilégio de hospedá-lo algumas vezes e também nos hospedarmos em sua residência. Em São Paulo, ele era chamado “o homem do museu”. Participamos de alguns eventos que contaram com a sua presença, a de Deolindo Amorim, José Jorge, Américo de Oliveira Borges, Alberto de Souza Rocha, Carlos de Brito Imbassahy, Abstal Loureiro, Carlos Torres Pastorinho, Coronel Gotardo Miranda, Jayme Rolemberg, e muitos outros nomes consagrados do movimento espírita do Rio de Janeiro, onde Lucena sempre militou. Este grupo e muitos outros companheiros de todo o Brasil, sob a liderança de Deolindo Amorim, trabalhavam no firme propósito de fundar a Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas – ABRAJEE, hoje ABRADE (Associação Bra-
sileira de Divulgadores de Espiritismo). Durante a realização do VI Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, no dia 18 de abril de 1976, em Brasília, a Associação finalmente foi fundada e Deolindo Amorim, que já era o presidente da Comissão Organizadora, foi conduzido à sua presidência. Evento que contou com a presença de inúmeros companheiros que representavam grande parte dos Estados brasileiros: Ildefonso do Espírito Santo, da Bahia; Jorge Borges, da Paraíba; Noraldino de Melo Castro, de Minas Gerais;Victor Rivas Carneiro; do Paraná; Agnelo Morato; Wilson Francisco, José Freitas Nobre, Marlene Severino Nobre; Pedro Antonio Valvano e Hélio Rossi, de São Paulo, dentre outros. E por que ao falar sobre Antonio de Souza Lucena destacamos a ABRAJEE? Porque ele ‘vibrava’ com tudo o que se relacionasse com o Espiritismo, mas, em seu coração havia sempre um cantinho muito especial para a Associação. Na realidade, Lucena “dividia seu coração em cantinhos, ou cantões” como é o caso do Museu Espírita do Estado da Guanabara, hoje Museu Espírita do Estado do Rio de Janeiro. Seu compromisso com o museu nasceu ao ser procurado por um casal de ingleses que desejava saber onde encontravam reunidas as informações sobre o passado do Espiritismo. Ele resolveu trabalhar pela fundação da expressiva instituição, que ocorreu em 1967, colhendo ao longo dos anos um rico acervo, dentre eles 2.500 biografias. Acredito que Lucena bateu a primeira fotografia dos artistas no Rio, como profissional da área que era,
Prévia do Congresso onde foi fundada a ABRAJEE. Na foto: o então presidente da Userj, Paiva Melo (RJ), Pedro Antonio Valvano (SP),Victor Rivas Carneiro (PR), Raymundo Espelho (SP, fundador do Correio Fraterno), Deolindo Amorim (RJ), Gal. Rolley ( RJ), e Wilson Francisco (SP)
iniciou-se a formação do atual Memorial Antonio Lucena, uma homenagem a ele dedicada, pouco tempo antes de sua partida, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, para onde Lucena destinou o seu acervo. Repórter-fotográfico de talento, trabalhou para as rádios Tupi, Nacional, Mayrink Veiga e gravadoras como a RCA e a CBS. Por suas lentes passaram nomes como Altemar Dutra, Ângela Maria, Bibi Ferreira, Carmem Miranda, Dalva de Oliveira, Dircinha Batista, Emilinha Borba, Lana Bittencourt, a grande amiga Linda Batista, Luiz Gonzaga, Marlene, Maysa e Roberto Carlos. Seu ingresso no Espiritismo Ao ver um parente curado de grave enfermidade, pelas vias da desobsessão, ingressou no Espiritismo, no Rio de Janeiro, participando ativamente do movimento espírita carioca, onde se mobilizou em campanhas do quilo, visitas fraternas, terminando por colaborar na fundação de várias Casas Espíritas. Dentre elas o Centro Espírita Seara Fraterna, junto com Deolindo Amorim e outros tarefeiros, a própria ABRAJEE , o referido museu e o Instituto de Cultura Espírita do Brasil. Também viu nascer em
1958, no Rio, O Lar Fabiano do Cristo, quando assinou juntamente com Chico Xavier, Carlos Torres Pastorino e Jayme Rolemberg de Lima a ata de fundação. Seu ideal na preservação da memória espírita o fez realizar por décadas, junto ao Boletim Serviço Espírita de Informações, milhares de biografias, encontrando tempo ainda para gerar materiais biográficos para os demais veículos da imprensa espírita... O Correio Fraterno contou, por quase quatro décadas, com sua valiosa colaboração, no envio de fotos, biografias e notícias gerais do meio espírita. No acervo, a presença marcante do repórter-fotógrafo divide espaço com depoimentos de autores e expoentes espíritas: Aureliano Alves Netto, Nilton Santos, Cícero Pimentel, que reverenciam o trabalho e a dedicação de Lucena frente à preservação da memória do Espiritismo. Pelo que nos ensinou, no quesito memória e preservação, por sua presença na história de inúmeras realizações no meio espírita, certamente Lucena não deixará nunca de ser lembrado. E-mail: ICEB@uol.com.br Diretor e um dos fundadores do jornal Correio Fraterno.
ESPECIAL
Antonio de Souza Lucena
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Pedagogia Espírita Novas turmas de Pós-GraABR duação, lato sensu, em Pedagogia Espírita em São Paulo, na Uniespírito. R. Paulo Orozimbo, 916 - Aclimação, a partir de 25 de 26 de abril. Duração: 2 anos - um fim de semana por mês, pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita. Saiba mais: www.pedagogiaespirita.org.br.
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EVENTOS LAR EMMANUEL Noite da Pizza 9 de maio, 19 horas
MAI
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Jantar dançante beneficente JUN 5 de junho 5 Grande evento, no Restaurante São Francisco, bairro Demanchi em São Bernardo, (rota “Frango com Polenta”). Shows com duas bandas, bebidas e rico cardápio, tudo incluído
Verbo “IR” na 3ª pessoa do singular
Oposto de hetero
Livro de J. Herculano Pires, publicado pelo Correio Fraterno
18ª letra do alfabeto
O conhecido médium mineiro, Chico ______ Matou Abel
Escreveu diversas obras espiritualistas Unidade de medida de comp. As três primeiras vogais
Nosso planeta _ _ _ Maia, cantor Moeda do Brasil
Santo _ _ _ _ _, Cálice Sagrado
Sentimento ruim 4ª vogal
Espaço além da atmosfera _______ Simonetti
Parecido com o caranguejo Oposto de certo
Sílaba de GRÉCIA Consoantes de HERÓI
Grito de dor
Ver, enxergar _A_mansão _ _ _ _, livro de Dolores Bacelar Amar 1, em algarismo romano
Paulo de _____ Jesus ______
Preparado glutinoso para fazer aderir materiais Sílaba de TACO
2ª nota musical Linha de luz, radiação
Um dos pontos cardeais
Estilo musical
America On Line
Microcomputador (abr.)
Letra semelhante ao zero
Obrigado em francês Objeto para colocar documentos Membro das aves Fazer pesquisa de preço
As primeiras letras de ÓLEO
O dia exato
Técnica imprópria para pipas Cumprimento informal 14ª letra do alfabeto
Tina Turner
Massa de água salgada
ENIGMA Qual nome do personagem da obra espírita “50 Anos Depois” (FEB), a quem se atribui ser uma das reencarnações de Emmanuel?
As duas vogais Sem ninguém, sozinho 7ª nota musical
qualquer hora, em qualquer lugar
SOLUÇÃO
S
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A Fundação Espírita Jerônimo Mendonça, fundada há pouco mais de oito anos, na cidade de ItuiutabaMG, recebeu do governador do Estado Aécio Neves a Comenda da Paz Chico Xavier. A solenidade de entrega aconteceu no dia 3 de março, na cidade de UberabaMG. O reconhecimento recai sobre o trabalho social desenvolvido pela médium Maria Gertrudes Coelho, fundadora e atual presidente da casa, e sua equipe, que sob orientação do médium Chico Xavier, deu continuidade ao trabalho do reconhecido trabalhador espírita da cidade, Jerônimo Mendonça. O projeto assiste a crianças e jovens de 6 anos a 17 anos, com foco na educação, lazer, iniciação profissional, visando a auto-estima, o espírito de cidadania e a solidariedade. Uma das principais fontes de recursos da Fundação advém do trabalho de pintura mediúnica, realizado pela médium, que percorre o Brasil e o exterior pintando telas a óleo assinadas por renomados pintores clássicos.
VER, Filamento que em inglês prende o corConsoantes po espiritual ao físico de MERO
_________ Espírita, grupo de pessoas adeptas ao Espiritismo
Costume
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Concurso Literário Espírita “3 de Outubro” Nas categorias: poesia, conto/ crônica, texto infantil e enABR saio, com temas espíritas. Os textos vencedores serão publicados em livro, ainda em 2009. Inscrições até 30 de junho. Promoção: Sociedade de Estudos Espíritas 3 de outubro, Lapa. São Paulo. De 11 a 19 de abril, a instituição também estará promovendo a grande Feira do Livro Espírita, com excelentes promoções. Informações gerais: Fone (11) 3672-9892 - 3673-1474.
Governo concede comenda a projeto social em Minas
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Resposta do Enigma: Escravo Nestório *Saiba mais, acessando o site www.correiofraterno.com.br
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Não, apenas um cidadão comum!
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hristopher Reeve é considerado o melhor e mais perfeito intérprete do Superman, herói dos quadrinhos e do cinema. Em 27 de maio de 1995 um acidente o tornou tetraplégico. Era impossível olhar para ele sem lembrar suas cenas antológicas, dentro do uniforme azul, voando pelos céus e ajudando as pessoas. Em sua cadeira de rodas, Reeve demonstrou que absorvera o espírito heróico do personagem que o consagrou, lutando em favor das pesquisas com células-tronco e dirigindo uma fundação voltada para melhorar a condição de vida de pessoas com algum tipo de paralisia. E, assim como o Homem de Aço, passou uma lição de vida, que pode ser resumida numa frase do próprio Reeve: “Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores.” Reeve morreu em 10 de outubro de 2004. José Alencar, vice-presidente da República, vêm lutando pela vida há onze de seus quase oitenta anos. Em um exame de rotina que o vice-presidente descobriu os primeiros tumores malignos, em 1997. O rim direito e dois terços do estômago foram retirados. Cinco anos depois, outro tumor, dessa vez na próstata, que foi removida. Em julho de 2006, um sarcoma, um tumor maligno, apareceu no abdômen. Removido, o tumor voltou quatro meses depois. Em 2007, o vice-presidente foi operado outra vez. Mais um ano e o sarcoma voltou a se formar. Pela oitava vez, José Alencar foi para a mesa de cirurgia. Mas não foi a última: em fevereiro deste ano, José Alencar enfrentou dezoito horas de uma das mais longas e complexas cirurgias da medicina. Ao perceber a apreensão da equipe, Alencar reu-
Por GEORGE DE MARCO
niu suas últimas forças para chamar a atenção dos médicos, conclamando a fé e a coragem de todos. O corte cirúrgico foi feito em duas etapas: um de cima para baixo, de cerca de 30 centímetros, e outro da esquerda para a direita, do umbigo até as costas, na coluna vertebral. Alencar foi colocado ligeiramente inclinado para a direita. Ao abrir o abdômen, o cirurgião viu que, de fato, o câncer ocupava quase todo o lado esquerdo. Foram retirados dez pequenos tumores. Depois, o médico deslocou o único rim do vice-presidente e começou a remover o tumor principal. Comprometidas por causa da doença, partes dos intestinos grosso e delgado e do ureter
- o canal que liga o rim à bexiga - foram retiradas. O tumor havia tomado toda a região dos vasos ilíacos, responsáveis por levar sangue à bacia e às pernas. Essa região é chamada pelos cirurgiões como “o ponto da morte” porque qualquer imprecisão com o bisturi pode provocar uma hemorragia irreversível. Os médicos também adotaram um procedimento poucas vezes feito no Brasil: a quimioterapia hipertérmica. Todo o abdômen foi lavado com o próprio medicamento a uma temperatura de 42 graus, o que aumenta as chances do remédio matar as células do tumor. José Alencar e Christopher Reeve são exemplos daquele tipo de herói que Emmanuel, em Alma e Coração, cha-
mou de “heroísmo obscuro”, o heroísmo dos que sabem viver “dia por dia, no círculo estreito das próprias obrigações, a despeito dos empecilhos e das provações que os supliciam na estrada comum”. Segundo Emmanuel, a matrícula na escola do heroísmo silencioso está aberta constantemente para todos nós. E nos convida a revisar as palavras de Jesus, que afirmou “Quem quiser caminhar nos meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” O que Jesus espera é que tenhamos coragem suficiente para abraçar o “heroísmo oculto na fidelidade aos nossos próprios deveres”, confiantes na justiça divina de que nada acontece por acaso. Mesmo afirmando que não se tratou de um ato de heroísmo, já que não tinha outra opção a não ser operar, José Alencar também mostrou resignação ao agradecer a Deus, sem pedir nada. “Se Deus achar que a minha vida possa ser útil e me der mais um dia de vida, eu fico naturalmente reconhecido e vou procurar fazer que esse dia seja útil”, afirmou o vice-presidente que não tem medo da morte e compreende a vontade Divina, reconhecendo que Deus não faz nada de ruim contra ninguém. Allan Kardec nos ensinou que se tivermos um espinho cravado em nosso pé, devemos arrancá-lo, para que possamos caminhar melhor. Afinal, se temos os nossos quadros de dores, de provas, de expiações, temos, também, a coragem para reagirmos e removermos as pedras do caminho. Uma coragem típica não somente dos heróis que trazem um “S” no peito, mas, principalmente, dos heróis que trazem Deus no coração. Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordenador de teatro na seara espírita. E-mail: georgedemarco@hotmail.com.
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É UM PÁSSARO? É UM AVIÃO?
FOI ASSIM…
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Uma visita
espititual Por ANA IZABEL CENTURION MIRANDA
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o ler a história do Jornal Correio Fraterno, intitulada “FOI ASSIM...” escrita pelo Sr. Waldemar Legat, achei interessante escrever um fato inédito e singelo que aconteceu em minha vida. Poderia ser escrito em poucas palavras, mas senti a necessidade de fazer uma breve autobiografia para melhor entendimento dos leitores. Frequentei, desde os 7 anos, as atividades do Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes, em Catanduva-SP. Tive como modelo e incentivo minha avó Izabel, que me levava para assistir às palestras e tomar passes, e meus tios Raymundo e Walter Espelho, os quais participavam, na época, da Mocidade Espírita e eu, da Evangelização. Enfim, cresci com essa doutrina e, hoje, depois de 50 anos, junto de meu marido, filhas e neta, participamos, dos estudos de desenvolvimento mediúnico, das palestras e dos passes em outra casa que nos recebe com muito carinho, o Centro Espírita Paulo e Estevão, e em nossa residência fazemos, semanalmente, o Evangelho no Lar. Tatiana (32), uma de nossas filhas, apresenta há cerca de quatro ou cinco anos mediunidade de vidência, desdobramento e, trabalhando, recebe semanalmente belas mensagens do Alto. Sabemos que na casa temos a ajuda da espiritualidade, como de médicos, índios e outros. Dia 4 de janeiro, fui internada em um dos hospitais da cidade, com forte crise de labirintite. Após vários exames, soro, medicamentos, e algumas visitas, dormi na companhia de minha filha. De madrugada, umas 5 horas da manhã, fui acordada com uma voz mas-
Pelas tumbas do faraó Da REDAÇÃO
culina dizendo:”oi”. E eu prontamente respondi: “oi”. Abri os olhos procurando ver quem era. Ao redor, nenhum dos enfermeiros que sempre entravam para aferir minha pressão. Prestei atenção no quarto ao lado; também não havia ninguém. Senti, naquele momento, uma alegria imensa e uma paz intensa, por alguns instantes. Só pude agradecer, fazendo uma prece. Sei que muitas pessoas não acreditam como somos ajudados pela espiritualidade. Era essa a história que eu tinha para lhes contar. Cada dia que passa me proponho, através da doutrina, dos estudos e dos livros, a entender cada vez mais o significado da vida e o rumo que cada um de nós tomamos, seguindo o nosso livrearbítrio. Devemos, então, contar e confiar sempre com a nossa proteção espiritual. Essa história aconteceu com a Ana Izabel, de Catanduva. Conte a sua também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br
O destino da alma de quem morre, a possibilidade de se comunicar com os vivos, a pluralidade das existências e dos mundos em que há vida eram assuntos amplamente conhecidos pelos egípcios. É o que revelam os papiros e outras artes egípcias estudadas pelos pesquisadores. Eles afirmam que a antiga civilização conhecia os efeitos das energias solares e sua relação com o magnetismo humano. Desses conhecimentos nasceram os processos de mumificação de corpos. O ambiente dos túmulos era santificado por um estranho magnetismo. Os reis, grandes diretores da raça, que faziam jus a semelhantes consagrações, eram considerados dignos de toda a paz no silêncio da morte. É por isso que a expressão: “A morte tocará com suas asas aquele que desrespeitar o faraó” encontra-se esculpida na entrada da tumba de Tutankamon – faraó do antigo Egito que retornou ao plano espiritual ainda na adolescência. Essa tumba ganhou notoriedade na história por ter sido a única a resistir intacta à violação dos ladrões de tesouros através do milênios. Pois são justamente nessas saturações magnéticas, que desafiam os milênios, que residem as razões da lista de tragédia que acometeram as expedições que ousaram violar as tumbas sagradas. São elas também responsáveis pelas falhas no funcionamento de antigos aparelhos radiofônicos dos aviões que atravessavam a atmosfera do vale sagrado. Bibliografia: A Caminho da Luz- Emmanuel, por Chico Xavier- FEB.
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CORREIO FRATERNO
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O que aprender com ele Por KATIA PENTEADO
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recessão mundial se amplia dia a dia, trazendo-nos dados de desemprego de elevadas proporções, com contornos de um flagelo social. No Brasil, também os números assustam. Este é um bom momento, então, para procurarmos entender a utilidade do desemprego na evolução humana, pois, como está em O Livro dos Espíritos (258a), “nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo”. Qual será o aprendizado a se tirar desta crise? As possibilidades são inúmeras. Vamos a uma delas, que se relaciona à valorização do trabalho. Tradicionalmente, o ser humano reclama de trabalhar e vê o trabalho como imposição desagradável, que apenas tem como vantagens a remuneração – que, para quem a recebe, é sempre inferior ao necessário ou ao merecido –, os finais de semana, os feriados prolongados e as férias. A forma como encaramos o trabalho mostra nossa posição nesse cenário com traços caricaturescos. Se sentimos prazer e alegria em ir para o trabalho e em enfrentarmos as dificuldades de nosso cotidiano profissional, tudo bem, mas será esse o sentimento usual em nosso meio? Sabemos que não. E isso se soma ao sonho de grande parcela da população, patente nas épocas em que os prêmios das loterias estão acumulados: quem sonha em ganhar, tem a esperança de se livrar do trabalho. Jesus (João 5,17) disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Pode-se daí deduzir que o trabalho é atividade de quem é evoluído? Talvez, afinal, Deus “é a inteligência suprema,
causa primária de todas as coisas”1. O Cristo é guia e modelo mais perfeito que Deus nos ofereceu2, o que leva Kardec a afirmar que Jesus “é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra” e que ele “foi o ser mais puro que já apareceu na Terra”. Mas qual a origem e a utilidade do trabalho? Em O Livro dos Espíritos3, o trabalho é colocado como lei da Natureza e necessidade, sendo que “a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos” e que ele se impõe ao homem como “expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. (...) Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade” (LE 676). Na mesma obra, pergunta 675, há outra informação fundamental: “o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho”. Isso coloca por terra a ociosidade como meta e indica a atividade útil como forma de cumprir a lei divina, embora o trabalho tenha limites, e o repouso seja permitido como forma de recuperação das forças.4 Pode-se então deduzir que reclamar do trabalho é rejeitar oportunidades de desenvolvimento, evolução e correção de rumo, propiciando oportunidades de reação, como o desemprego, afinal, o pensamento é força, e onde está o nosso pensamento, lá está o nosso coração (Mateus 6:21).
Trabalhar para ter cada vez mais é permitido, desde que sem prejuízo do outro. Mas, para o trabalho somar à recompensa material (a remuneração monetária) a remuneração espiritual, é necessário entendermos a importância de o realizarmos e seus objetivos na harmonia universal, assim como o papel de cada um no meio em que se insere. Qual a utilidade do desemprego? Retomando então ao ponto inicial, a vida conta com situações de dualidade e de contrapontos (espírito-matéria, bem-mal, cumprimento-descumprimento da lei divina etc). Pode, então, o desemprego ter o objetivo de valorizar o trabalho e afastar as situações de reclamações sobre o colega, o chefe, a empresa, o salário, o transporte, o trânsito etc. Será um alerta para os que em algum momento perderam-se em
murmurações ou lamentações, como nos alertam benfeitores em várias mensagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo, como Santo Agostinho, no capítulo XIV item 9, ou outros amigos em textos nos capítulos V e XIII. Claro que aqui vale uma vibração: que o desemprego seja ferramenta de evolução para quem é por ele afetado, proporcionando os ensinamentos necessários ao desenvolvimento e à busca de coerência com a Lei Divina. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Perg. 1. idem. Perg. 625. 3 ibidem. Perg. 647. 4 ibidem. Perg. 683. 1 2
Palestrante espírita. Colaboradora da Escola de Doutrina Espírita da Sociedade de Estudos Espíritas 3 de Outubro e da Área de Educação do C.E.Paz, Amor e Caridade. Pesquisadora do G. Pesquisas de Espiritismo Allan Kardec, em São Paulo. E-mail: katia.penteado@gmail.com
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