CORREIO
FRATERNO
Encontro de historiadores Uma amostra do que vem sendo pesquisado cientificamente sobre o universo espírita. Pág. 8
O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA Pu b l i c a ç ã o d a Ed i t o r a E s p í ri t a C o r re i o Fr a t e rn o • e - m a i l : c o r re i o f r a t e rn o @ c o r re i o f r a t e rn o . c o m . b r • A n o 4 2 • N º 4 2 9 • Se t e m b ro - Ou t u b ro 2 0 0 9
Ecologia e Espiritismo A questão da
SOBREVIVÊNCIA
T
anto a Ecologia como o Espiritismo prezam pelo equilíbrio do ser. As duas ciências que surgiram na mesma época, há mais de 150 anos, identificam-se na mesma análise sobre as questões da biodiversidade e do consumo numa visão integral, com o homem sendo o responsável pelo uso sustentável da sua morada. Para continuar usufruindo dessa oportunidade evolutiva de aprendizado e sobrevivência, é preciso dominar o egoísmo, priorizando-se o bem coletivo, como lei natural da vida. É essa a ideia que vem ganhando foco no trabalho do jornalista André Trigueiro, que demonstra em entrevista a convergência das várias áreas do conhecimento. Leia entrevista na página 4
Pré-sal: futuro do pretérito? Descobrimos a energia certa no século errado. Estima-se que o petróleo retirado do pré-sal deverá ser comercializado em escala daqui a 15 anos. E como estará o mundo daqui a 15 anos? É uma pergunta difícil de responder. Hoje, ninguém sabe exatamente quanto isso vai custar e, principalmente, qual será o preço do barril daqui a 15 anos.. Pág. 15
Deolindo Amorim, um ideal de abertura para a cultura espírita Baiano de Baixa Grande, nascido a 23 de janeiro de 1906, Deolindo Amorim é uma das vozes mais eloqüentes e uma das penas mais fecundas que o Espiritismo conheceu no século XX. Em breves palavras, é possível dizer que Deolindo Amorim foi o grande responsável pela abertura do Espiritismo para o diálogo franco, rico e isento de preconceito com a cultura geral. Pág. 7
42 ANOS DE CORREIO FRATERNO
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EDITORIAL
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SETEMBRO - OUTUBRO 2009
A parte de cada um O
utubro. Mês que lembra Kardec e o aniversário do Correio Fraterno, que lançou sua primeira edição há 42 anos e hoje comemora com os leitores a alegria de estar presente na história do movimento espírita. Neste ano, a importância de Kardec ficou ainda mais evidenciada. A grandeza da obra dos espíritos foi fartamente analisada e debatida, por exemplo, tanto na 14ª. Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, como no 5º. Encontro Nacional da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas, realizado em São Paulo.
Na Bienal, a divulgação do espiritismo ampliou-se com o lançamento pela Federação Espírita Brasileira do livro Espiritismo e Ecologia, do jornalista André Trigueiro, o entrevistado desta edição, que também passa a ser colunista do jornal, em Mundo Sustentável, um convite inadiável à reflexão sobre a coerência na conscientização ambiental, como um dever do espírito. A história do espiritismo também faz parte dos calendários de outubro. E nada mais justo do que enaltecer as diversas pesquisas com temática espírita, apresentadas nas universidades, assunto que pôde ser amplamente de-
batido entre os próprios pesquisadores no 5º. Enlihpe. O desdobramento de todos esses assuntos compõe as páginas desta edição, numa unidade que enlaça, por exemplo, Deolindo Amorim, histórias individuais e descobertas de estudiosos e profissionais diversos sobre a espiritualidade, demonstrando que, assim como o pensamento de Kardec evoluiu, livre, na busca da verdade, muita gente também hoje trilha esse mesmo caminho de vontade, amor e superação. O campo está aberto. É só conferir. E participar. Ainda há muito a construir.
CORREIO DO CORREIO Do humor a histórias de vida Estamos desenvolvendo um site de divulgação do Espiritismo para nossa região e o site de vocês tem sido grande fonte de inspiração. Após vários dias concebendo a nossa página, achamos praticamente tudo lá (inclusive a área de humor, as histórias de vida e muito mais!) Estão de Parabéns! Do design ao conteúdo! Renet Viana, Médio Piracicaba, MG
O encarte do Fraterninho Fico sempre contente em receber o Correio Fraterno, que leio com prazer e atenção e, também pelo ensejo de receber os encartes do Fraterninho belamente representado nos desenhos do Hamilton. Contem sempre comigo. Sinto prazer em poder, à altura das minhas possibilidades, contribuir com vocês. Iracema Sapucaia (autora do livro As Aventuras de Fraterninho), São Paulo, SP
Conhecendo o Correio Recebi do amigo Leo a nova edição do Correio Fraterno. Gostei muito! A proposta editorial de colocar o Espiritismo na vanguarda da modernidade parece muito acertada. O texto do Herculano [“A luz da razão e o poder da fé”] foi muito bem selecionado. Gostei também da proposta de resgate das bibliotecas espíritas e especialmente do texto “Os santos sem religião”, que vem confirmar que a boa vontade está acima das religiões. Parabéns! Vital Cruvinel, por e-mail Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br
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Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
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PÚBLICO NA BIENAL Por PAULO ROBERTO VIOLA FOTOS: PAULO ROBERTO VIOLA
C Herminio: presença marcante na bienal
onsiderado o terceiro maior evento da cidade do Rio de Janeiro, depois do Carnaval e do Réveillon e um dos mais importantes do País – a 14.ª Bienal Internacional do Livro, realizada de 10 a 20 de setembro nos pavilhões do Riocentro, atraiu cerca de 600 mil visitantes. Com volume de vendas beirando a casa dos 2,5 milhões de livros, e quase mil expositores, o evento contou este ano com a presença marcante do público infanto-juvenil e revelou o interesse crescente do carioca pela leitura.
O estande de vendas da Federação Espírita Brasileira – que usou como parte da decoração a imagem do médium Chico Xavier sob o teto – recebeu a presença maciça do público. No sábado, dia 12 de setembro, foi a vez do conhecido escritor espírita Herminio C. Miranda, que tem cinco títulos publicados pela Correio Fraterno, relançar sua obra Diálogo com as sombras – um verdadeiro clássico sobre desobsessão – marcando sua reaproximação com a Casa Máter do Espiritismo. Bem disposto, desfrutou da atenção e do
carinho dos leitores e admiradores que buscavam seu autógrafo, enquanto segredava ao pé do ouvido do repórter: “Já estou com quase noventa anos”. Neste mesmo dia, conquistaram também a atenção do público obras editoriais de Gerson Monteiro, vicepresidente da Rádio Rio de Janeiro e do jornalista André Trigueiro, conhecido âncora da Globo News. O escritor – que a partir desta edição é um dos colunistas do Correio Fraterno, onde escreve sobre o tema sustentabilidade – lançou sua obra Espiritismo e Ecologia, fazendo lotar o auditório Euclides da Cunha, quando, na presença de jornalistas, formadores de opinião, escritores e o público em geral, proferiu palestra sobre o que o Espiritismo tem a ver com Ecologia. A solenidade de lançamento foi presidida por Nestor Masotti, presidente da FEB, e seguida por livre debate. O estande do MAP – Movimento de Amor ao Próximo– contou igualmente com a visita maciça do público, que pôde ver no mesmo espaço o Clube de Arte, do Instituto de Cultura Espírita, representado, além da editora Lorenz, que publica livros em esperanto. A mídia espírita também se fez presente, transmitindo informações e prestando serviços de interesse público. A Rede Boa Nova e a Rádio Rio de Janeiro gravaram entrevistas com celebridades espíritas, reportando a grande confraternização que a Bienal do Livro proporciona ao Movimento Espírita em geral e, notadamente, à cidade do Rio de Janeiro. Jornalista, autor do livro Dom Pedro II e a Princesa Isabel: uma visão Espírita-cristã do segundo reinado.
ACONTECE
ESCRITORES ESPÍRITAS ATRAEM
ENTREVISTA
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Ser sustentável não é um capricho.
Não há opção Por ELIANA HADDAD
O jornalista André Trigueiro conhecido âncora do “Jornal das Dez”, da Globo News, vem obtendo especial destaque na imprensa, desde o dia 13 de setembro, quando lançou na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, o seu livro Espiritismo e Ecologia, editado pela Federação Espírita Brasileira. André chama a atenção para as relações existentes entre a mensagem espírita e a necessidade da preservação da vida presente, enaltecendo a questão da responsabilidade do espírito como ser encarnado na relação com a sua morada. As questões de sustentabilidade têm sido amplamente abordadas na PUC-RJ – onde Trigueiro é professor de Jornalismo Ambiental, curso iniciado por ele em 2004 – e também em outros programas que realiza: na Rádio CBN, no quadro “Mundo Sustentável”, na Globo News, no programa “Cidades e Soluções”, e no quadro “Ecologia e Cultura”, na Rádio Espírita Rio de Janeiro, onde é colaborador voluntário. O jornalista – como espírita – também faz palestras gratuitas sobre o suicídio, o qual analisa como componente intrínseco da mesma temática ecológica por tratar da maior das agressões ambientais – o extermínio da própria vida. Foi justamente por ocasião da palestra que proferiu sobre Suicídio no Século 21, durante a realização do seminário Valorização da Vida, que marcou os 21 anos de fundação da ASSEC – Assistência Social da Sociedade Espírita de Cotia, em São Paulo, em 16 de agosto último, que Trigueiro concedeu ao Correio Fraterno a seguinte entrevista.
Bastante premiado, você tem sido referência como jornalista ambiental. Como isso tudo começou? André Trigueiro: Foi durante a Rio 92, a Conferência Internacional da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Eu cobri como jornalista o evento paralelo, chamado de Fórum Global, que reuniu ONGs do mundo inteiro. Ali percebi que sustentabilidade era sinônimo de sobrevivência, que precisávamos nos dar conta do tamanho dos estragos que estamos causando ao planeta, e do senso de urgência para corrigir o rumo. Como jornalista tenho prazer em falar sobre projetos e ações de transformação socioambiental. Este tema precisa ganhar mais espaço na sociedade. É do interesse de cada um ser sustentável. Qual o conceito mais simples para sustentabilidade? André Trigueiro: É equilíbrio, sobrevivência. Quando usamos de forma inteligente os recursos da natureza, não comprometendo a capacidade de suporte ou recarga desses sistemas, estamos sendo sustentáveis. Quando exaurimos esses mesmos recursos, abalamos esse equilíbrio dinâmico e precipitamos o risco de colapso, de ruptura. Esse é o momento que estamos vivenciando. Perdemos o direito de errar. Hoje o assunto vem sendo tratado de forma mais ampla, mas não pode ser mais esquecido. Ecologia, como se sabe, significa “Estudo da casa”. Pois bem, a nossa casa tem se tornado um lugar cada vez mais hostil, e por nossa culpa. Essa visão não é muito pessimista? Os números estão aí em diversos relatórios mundiais e não podemos abandonar a seriedade que exige esse processo. Não basta denunciar, é preciso participar e propor soluções. A Terra precisa de cuidados urgentes para que possamos continuar a merecê-la. Vale lembrar que 20% da população mundial consomem
aproximadamente 80% dos recursos. Precisamos disseminar os valores do consumo consciente. Para virar esse jogo, a educação é fundamental. Nesse trabalho de conscientização, a mídia tem cumprido com seu papel de maneira eficiente? André Trigueiro: O maior prêmio que podemos almejar como comunicadores é a sensação de sermos úteis. É preciso abrir caminhos na mídia para se tratar de assuntos urgentes e inadiáveis como a sustentabilidade. Meio ambiente envolve todas as áreas do saber e do conhecimento, indistintamente. No jornalismo, forçosamente, é um assunto que deve estar cada vez mais inserido no dia-adia das coberturas. Percebi que falavam pouco sobre isso, resolvi investigar, fui pesquisar, buscar formação específica fora do jornalismo, e não parei mais. Em 2004, recebi o primeiro convite para dar palestra em centro espírita sobre o tema “Ecologia e Paz”, que aludia às ligações entre a doutrina espírita e a ciência ecológica. Meu novo livro nasceu aí. Quando você se tornou espírita? André Trigueiro: Meu pai era católico, quase foi padre, e minha mãe espírita. Tive uma formação cristã e no final da adolescência, com fome de conhecimento, peguei os livros de cabeceira da minha mãe. Eram os livros de Allan Kardec, com os quais tive plena identificação, e passei a frequentar o Centro Joanna de Ângelis. Participei da Mocidade Espírita e engajei-me em alguns trabalhos da casa, com a aplicação de passes magnéticos ou a confecção do jornal da instituição. De dez anos para cá, comecei a dar palestras em instituições espíritas. Um de meus temas preferidos é a prevenção do suicídio, assunto que considero igualmente urgente. Trata-se de um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Talvez o maior de todos os desastres ecológicos seja o autoextermínio.
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Mas a escassez dos recursos, o colapso do Planeta, não faria parte da Lei de Destruição? André Trigueiro: No livro Espiritis-
mo e Ecologia há um capítulo em que comento a Lei de Destruição. Entendo que a destruição promovida sistematicamente pela humanidade em relação aos recursos naturais não renováveis do planeta acelera o risco do ecocídio, ou seja, do esgotamento dos ecossistemas que nos fornecem matéria-prima e energia. Sem um meio ambiente saudável, não poderemos seguir em frente. Insistir no erro pode ser fatal para nós, porque o livre arbítrio é soberano. Se é assim que acontece com o suicídio – que vai contra as leis de Deus, mas que é permitido por Deus para que a criatura descubra por si, e da pior maneira possível, o equívoco desta decisão – porque não seria assim com o ecocídio? Se estamos realizando escolhas que depredam a vida numa escala sem precedentes, precisamos reinventar o modelo antes que seja tarde. Em resumo: vivemos um modelo suicida de desenvolvimento e precisamos reinventar o sistema. Você concorda que na sociedade materialista em que vivemos, tudo é descartável, produzindo mais lixo, mais consumo... André Trigueiro: Há resistências e é preciso reconhecer isso. Aos poucos, vamos nos conscientizando dos males causados pelos valores prevalentes da sociedade de consumo. Talvez a gente esteja experimentando pela primeira
Espiritismo e Ecologia será lançado em São Paulo, dia 18 de outubro, às 10h, na Federação Espírita do Estado de São Paulo, com palestra de André Trigueiro seguida de perguntas do público e autógrafos. No dia 19, o lançamento será na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073), a partir das 18h30. O livro mostra as diversas afinidades existentes entre o Espiritismo e a Ecologia, áreas do conhecimento que surgiram na mesma região do planeta, há cerca de 150 anos. Espíritas e ecologistas utilizam a visão sistêmica para defender a biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais, o consumo consciente, a primazia dos projetos coletivos em detrimento do individualismo, tantas afinidades que, segundo o autor, muitas obras espíritas poderiam embasar postulados ecológicos. No capítulo “Poluição e Psicosfera”, por exemplo, Trigueiro analisa que espíritas e ecologistas identificam rastros de poluição nos dois planos da Vida, diferentes categorias de “resíduos” que geram problemas tanto no plano material quanto no campo sutil. Espiritismo e Ecologia mostra a abrangência do meio ambiente quando combinamos as visões ecológica e espírita da realidade que nos cerca. “Se a ciência ecológica oferece um amplo espectro de observação interligando sistemas que variam do micro ao macrocosmo, o Espiritismo desdobra esse olhar na direção do campo sutil, alargando enormemente o campo de investigação”, conclui o autor.
vez na história o dilema: ou seguimos o modelo americano de consumo ou nos conscientizamos do erro que se comete com o consumismo exacerbado e desequilibrado. E isso também está no Evangelho, que nos lembra que no emprego da fortuna a primeira finalidade é a utilidade providencial da riqueza. É preciso lembrar que o consumo favorece a vida, o consumismo exagerado é o que a degrada, exaurindo estoques de matéria-prima e energia que são finitos neste planeta. Há também a pergunta 705 de O Livro dos Espíritos em que Kardec indaga a Espiritualidade sobre a razão pela qual a terra nem sempre ofereceria ao homem o necessário. A resposta é lapidar:” A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário.” Sustentabilidade ainda é uma utopia? André Trigueiro: Ser sustentável não é um capricho, não é uma escolha. Não há opção. Este é o ponto. A gente não está aqui discutindo uma questão puramente de sonho de sustentabilidade. Não. Estamos discutindo sobrevivência. É um momento singular da história. Estamos tendo a oportunidade de nos acertarmos, evitarmos o colapso. A situação é meio apocalíptica, tem lugar no Espiritismo pra isso? André Trigueiro: Kardec disse que a verdadeira fé era aquela que poderia encarar a razão frente a frente em todas as épocas da humanidade. Ora, já temos o elemento mensurável, que são as estatísticas mundiais sobre o esgotamento dos recursos. Resta-nos a escolha. Se a maioria da população do Planeta fizer uso dos recursos de forma perdulária, irá responder por isso. A lei divina permite a possibilidade de erro, mas não o justifica. Ser espírita num planeta onde há o risco de colapso implica numa grande responsabilidade. Cada um vai determinar o que é conveniente para si. Vamos ter que fazer escolhas. Deus, conforme entendemos na Doutrina Espírita, não vai provocar uma interferência mágica no mundo, consertando aquilo que a maioria de nós deseja e escolhe.
André, ainda temos jeito? André Trigueiro: Somos os maiores predadores do planeta. E também a nossa maior ameaça. Talvez agora estejamos sendo obrigados a refletir sobre o nosso legado, o que queremos deixar para os que vierem depois. Inclusive para nós mesmos, através da reencarnação. É o entendimento da sustentabilidade do nosso próprio processo evolutivo. Trata-se de uma questão básica para o Espiritismo. O consumo consciente é o nosso maior desafio. Na pergunta 799 de O Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade.(...)”. Materialismo aí, assim que parece, não é só ausência de Deus. É o apego à matéria. É o que vemos amplamente disseminado por aí. Como jornalista, você percebe que existe ainda algum preconceito na cobertura dessas matérias? André Trigueiro: Já percebi mais. E devo dizer que em 21 anos de carreira já é possível perceber uma mudança no entendimento desse “sustentável”. Por exemplo, quem paga o meu salário e de outros colegas que trabalham na mídia normal é a publicidade. E nem sempre é fácil fazer-se a contestação do consumismo, mas é possível alertar para o respeito à capacidade do Planeta, aos limites dos ecossistemas, e à necessidade de consumirmos com mais responsabilidade. É função social da mídia não apenas denunciar o que está errado, mas sinalizar rumo e perspectiva. Apontar as saídas e inspirar novas atitudes. É o que espero da mídia - e de mim mesmo - neste início de milênio. Ok. Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa? André Trigueiro: Sim. Que sou otimista em relação ao movimento espírita no sentido de sermos mais claros e objetivos com relação ao tema, endossando a corrente numerosa de outras tradições religiosas que já entenderam que sustentabilidade é um assunto espiritual. Estamos melhores do que já estivemos, mas ainda há muito a fazer nesse processo em que o mundo está sendo chacoalhado para que mudanças aconteçam em favor da vida. O que vale é a atitude.
ENTREVISTA
Você, sendo espírita atuante, percebe que o Espiritismo ajuda ou prejudica na divulgação dessas ideias? André Trigueiro: (Pausa)...Depende. É preciso compreender o momento como encarnados para não perdermos tempo e comprometermos nosso processo evolutivo. Somos espíritos que animamos corpos, e não o contrário. Muitas vezes, menospreza-se a importância da vida terrena, na matéria, como encarnados, como se isso tudo, por ser passageiro efêmero, devesse ser também desprezível. Relegase em segundo plano os assuntos do cotidiano, como se toda a nossa atenção e cuidado devessem ser dispensados apenas à vida do Mundo Espiritual. Entendo que aí haja uma distorção perigosa. Sem prejuízo das prioridades que devemos assumir em relação aos assuntos espirituais, somos responsáveis pelos rumos dos acontecimentos na Terra, e isso também é missão. Para que essa morada continue nos oferecendo – nesta e em outras existências – oportunidades de evoluir e crescer, precisamos fazer a nossa parte.
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Simpósio de Comunicação Florentino Barrera avalia desafios da tarefa A A Desencarna
s Associações de Divulgadores do Espiritismo – ADE – de São Paulo e Campinas realizaram no dia 6 de setembro o VI Simpósio Paulista de Comunicação Social Espírita sob o tema “Comunicação Social Espírita e Educação”. O evento aconteceu em Campinas, interior de São Paulo, reunindo cerca de 80 pessoas em torno dos assuntos abordados pelos escritores e comunicadores espíritas: Ivan Franzolin, Marcus De Mário, Dermeval Carinhana Jr. e Milton Felipeli. A presença do escritor e pesquisador Jeferson Betarello marcou a mesa de debates, realizada após as apresentações. O Simpósio contou com sessão de painéis, onde foram apresentados trabalhos selecionados pela Comissão Organizadora que ilustram o papel da Comunicação Social Espírita no processo de educação da criatura humana.
DERMEVAL CARINHANA
ACONTECEU
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Painéis: boas ideias para serem assimiladas
os 83 anos de idade, desencarnou no dia 2 de setembro o pesquisador e escritor espírita Florentino Barrera. Espírita atuante na Argentina, seu país de origem, Florentino editava o periódico Vida Infinita, e escreveu diversos obras, dentre elas O Processo dos Espíritas, Metafísica e Espiritism, Bibliografia Espírita do século XIX, Etienne Dolet, o mártir do Espiritismo e o Auto-de-Fé de Barcelona. Este último livro, o mais recente publicado no Brasil, traduzido por Emília Santos Coutinho e Gabriela Santos Coutinho, traz imagens de protagonistas da história do Espiritismo: Kardec, Lachâtre, Colavida e Bernardo R. Ferrer, um dos testemunhas do auto-de-fé. Além de resumos biográficos a obra relaciona também as 300 obras que foram queimadas em 9 de outubro de 1861, pela Inquisição, descrevendo minuciosamente o ato e suas repercussões. Destaca o fato de o bispo que ordenou a queima dos livros, desencarnado nove meses após o auto-de-fé, comunicar-se mediunicamente, arrependido. Barrera doou os direitos de tradução de suas obras em português ao CCDPEECM – Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro.
MÚSICA NO LAR Vansan: Alma à música
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om o intuito de priCoral Meimei vilegiar a boa música, o Lar da Criança Emmanuel (em São Bernardo do Campo, SP) promoveu no dia 12 de setembro um evento de arte, com a presença dos cantores e violonistas José Roberto,Vansan e o coral Meimei, já consagrados pelo público espírita de São Paulo. A presença de variados cânticos e melodias emocionou o público presente e mostrou que os nobres acordes tocam diretamente as fibras mais íntimas do coração, promovendo a alegria e a confraternização. Satisfeito, Vladimir Gutierrez Lopes, um dos organizadores e diretores da casa, avalia: “o evento qualificou as atividades da Casa.” www.laremmanuel.org.br
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Deolindo Amorim, um ideal de abertura para a cultura espírita Por PEDRO CAMILO
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aiano de Baixa Grande, nascido a 23 de janeiro de 1906, Deolindo Amorim é uma das vozes mais eloquentes e uma das penas mais fecundas que o Espiritismo conheceu no século XX. Em breves palavras, é possível dizer que Deolindo Amorim foi o grande responsável pela abertura do Espiritismo para o diálogo franco, rico e isento de preconceito com a cultura geral. Essa conexão da Doutrina com os diversos ramos do conhecimento, já defendida por Kardec e ratificada por Léon Denis, foi por ele materializada e perseguida porque entendia ser, esse, o único meio de manter vivo o pensamento espírita, vivo e fiel às suas bases, às suas origens, falando mesmo numa cultura espírita. Exatamente aqui, podemos identificar o primeiro traço do caráter pioneiro do seu trabalho. A sua época foi marcada por grandes polêmicas e perseguições, parte delas travadas no próprio seio espírita entre confrades discordantes que criticavam a aproximação do Movimento de conceitos e idéias de outras filosofias e seguimentos e que, por isso mesmo, geraram uma espécie de “tendência carolizante”, ou seja, uma tendência a somente se estudar as obras de Allan Kardec com prejuízo das demais, profanas ou não. Nada obstante, Deolindo propõe uma abertura do pensamento espírita ao pensamento universal, nele buscando inspiração e, ao mesmo tempo, tentando inspirá-lo, como forma de afirmação das idéias espíritas, graças ao seu caráter universal e progressista. Nessa esteira, entende ser necessária a criação de um espaço público para debates e discussões mais amplas acerca da doutrina e da cultura geral, mas sem perder o foco principal: o estudo do Espiritismo a partir de suas obras fundamentais. Dentro desse projeto, funda, juntamente
com outros companheiros, o Centro Espírita 18 de Abril, em 1946, no Rio de Janeiro, com a precípua finalidade de organizar e oferecer um Curso Regular de Espiritismo, nos moldes consignados por Kardec em Obras Póstumas. Foi ele, portanto, o grande pioneiro dos Cursos de Espiritismo em nossas terras, quem primeiro os idealizou, sistematizou e aplicou, de forma didática, em linguagem simples e acessível a toda gente. Até mesmo porque ele, Deolindo, apenas tivera o curso primário, jamais tendo se formado em Sociologia, embora tenha sido aluno ouvinte do curso de Ciências Sociais da Faculdade Nacional de Filosofia e da Faculdade Brasileira de Serviço Social. O “18 de Abril” foi o laboratório onde nasceu o Instituto de Cultura Espírita do Brasil, ICEB, fundado em 1957, local onde deu seguimento aos seus ideais didáticos, culturais e espíritas, empreendendo pesquisas e ministrando cursos, parte dos quais foram reunidos em livros como Cadernos Doutrinários e Doutrina Espírita, publicados pela Editora Circulus, de Salvador, Bahia. Duramente criticado pela iniciativa do ICEB, a que o farisaísmo da época jocosamente apelidou de “Sorbonne”, enfrentou com serenidade e otimismo todas as resistências, certo de seus ideais e de sua fidelidade às propostas e ao pensamento kardequiano. Ainda como decorrência de seu pioneirismo, Deolindo ousou levar os temas espíritas para o debate acadêmico. Em 1956, a convite do respeitado criminalista Roberto Lyra, proferiu aplaudida conferência com o título “Espiritismo e Criminologia”, no Instituto de Criminologia do Distrito Federal, que resultou no livro Espiritismo e Criminologia, de sua la-
vra. Graças a isso, foi convidado para falar a delegados de polícia, a advogados e a estudantes de Direito do Rio de Janeiro e de Florianópolis em diversas oportunidades, dentre outras atividades, que tiveram o condão de promover o Espiritismo no seio acadêmico. Ainda como fruto dessas investidas culturais, surgiram Africanismo e Espiritismo, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, O Espiritismo à luz da crítica e O Espiritismo e os Problemas Humanos, dentre outras obras. Escritor de abordagens profundas, mas sem pedantismo; versátil, sem perder o foco doutrinário; claro, sem ser simplório; objetivo, sem ser lacunoso – assim se revela Deolindo Amorim em sua vasta produção bibliográfica. Era articulista com rica argumentação, tendo colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, a exemplo do periódico “Mundo Espírita”, da Federação Espírita do Paraná, “Presença Espírita”, de Salvador, e “Folha Espírita”, de São Paulo. Grande parte de seus artigos foi reunida em livros, como A
voz da experiência e Uma nova era, ambos organizados por Celso Martins. O trabalho de Deolindo permanece desafiando os espíritas a um estudo mais detido e meticuloso, pela sua riqueza conceitual e didática, bem como por sua atualidade. Advogado com especialização em Ciências Criminais. Professor universitário no estado da Bahia e autor do livro Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa (Lachâtre). E-mail: pedcamilo@yahoo.com.br
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Encontro de Historiadores
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estimula pesquisa com temática espírita
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Unidade de S. J. dos Campos Rua Cel. João Cursino, 139 Vila Icaraí (12) 3904-2399
Unidade de Valinhos Rua Guilherme Yansem, 51 Castelo (19) 3849-9520
Por IZABEL VITUSSO
Unidade de São Paulo Rua Diogo Moreira, 132, cj. 909/910 - Pinheiros (11) 3097-0600
Pesquisadoras Nadia Lima e Angélica Almeida: o Espiritismo em teses acadêmicas
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5.º Encontro Nacional da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas, realizado em São Paulo nos dias 26 e 27 de setembro, trouxe uma amostra do que vem sendo pesquisado sobre o universo espírita nas inúmeras frentes de estudos, tanto nas academias como em frentes de pesquisas com base científica. Promovido pela Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas e pelo CCDPE - Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, o evento mobilizou cerca de 80 participantes da Bahia, Brasília, Porto Alegre, Goiânia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, além de São Paulo, revelando o interesse crescente e a determinação dos pesquisadores em aprofundarem o conhecimento humano levando em
conta a espiritualidade e os fundamentos espíritas até então desconsiderados nos bancos acadêmicos. O psicólogo e escritor Jáder Sampaio, representante da Liga dos Historiadores, e um dos principais coordenadores do Encontro, deu início às 15 apresentações, enfocando parte do estudo que desenvolveu em sua tese de doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais, revelando os sentimentos mais comuns captados em sua pesquisa, junto a voluntários de instituição do terceiro setor (casa espírita): o prazer, as angústias, o mecanismo de desligamento diante dos problemas exteriores (familiares, profissionais), o encontro da afetividade e outros, abordagem de expressiva utilidade para o aprimoramento das relações humanas nas casas espíritas. O economista e coordenador do
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nais através de técnicas que incluem os elementos da espiritualidade. “Uma coisa é a religião, outra é a inclusão dos aspectos da espiritualidade para se obter o bem-estar do paciente, incentivando-o a um movimento interno”. Em sua apresentação, o pesquisador Paulo Henrique Figueiredo lembra que “o Espiritismo deve ser lido em ordem cronológica. Muitos assuntos tratados por Kardec em O Livro dos Espíritos são retomados, por exemplo, em A Gênese, para serem analisados com maior profundidade, o que mostra que houve evolução também no pensamento de Kardec” – completa. A historiadora Angélica Almeida, que apresentou parte de sua pesquisa sobre a Psiquiatria e o Espiritismo, enfocando o trabalho do médico Inácio Ferreira, de Uberaba, MG, disse ao avaliar o evento que “ele inova por trazer pessoas tão diretamente envolvidas na pesquisa e por promover um espaço para se expor ideias. “Isso tira o pesquisador do isolamento, faz aumentar o debate”. Embora Jáder Sampaio tenha citado, ao abrir o evento, que o encontro não tinha intenção de ser um evento para as massas, grande parte dos pesquisadores
LIVROS & CIA. Editora EME Tel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br Como aprendemos? Teoria e prática na educação espírita de Lucia Moysés, 160 páginas formato 14x21 cm
Editora Lachâtre Tel / Fax.: (11) 3736-0700 www.lachatre.org.br O Evangelho segundo o Espiritismo para o jovem leitor de Laura Bergallo, 176 páginas formato 14x21 cm
Editora Roca Tel.: (11) 3331-4478 vendas@editoraroca.com.br www.editoraroca.com.br Trauma e Superação: o que a psicologia, a neurociência e a espiritualidade ensinam de Julio Peres, 316 páginas formato 17x24 cm
Lúmen Editorial Tel.: (11) 3207-1353 www.lumeneditorial.com.br A vida depois de amanhã Sônia Tozzi pelo espírito Irmão Ivo, 360 páginas, formato 14x21 cm
ESPECIAL
Núcleo de Estudos do Terceiro Setor da Universidade Mackenzie, SP, Marco Milani, evidenciou a qualidade da proposta de gestão administrativa (governança) que Allan Kardec traçou para a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que ele fundara em 1858. Segundo Milani, 50 % dos modernos elementos de governança, recomendados pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa já estavam contidos na proposta de Kardec e 25% eram já parcialmente contemplados. No campo da literatura, o estudioso e pesquisador Alexandre Caroli Rocha, conhecido por suas teses de mestrado e doutorado com base em livros psicografados pelo médium Chico Xavier, recebeu efusivos elogios aos apresentar seu recente estudo onde destaca nas obras ditadas por Humberto de Campos ao médium mineiro centenas de citações coincidentes com a sua obra escrita quando encarnado e também de autores que ele costumava ler, o que sugere seu desejo em sinalizar que fosse conferida a verossimilhança à obra ditada. Ercilia Zilli, presidente da ABRAPEAssociação Brasileira de Psicólogos Espíritas, trouxe dados sobre a incidência da religião no consultório psicológico. “Sem transcendência não se faz Psicologia. Uma coisa é manter-se neutro; outra é excluir, negar a religiosidade. A Psicologia é a Ciência e arte de integração do ser. A ética do psicólogo está em se preparar adequadamente”. Também a psicóloga Ana Catarina Elias apresentou sua tese de doutorado defendida na UNICAMP sobre a RIME - Relaxamento, Imagens Mentais e Espiritualidade, atestando a obtenção de tranquilidade em pacientes termi-
expressou a importância da difusão ampla do que ele representa. Segundo a filósofa Astrid Sayegh, que falou sobre Bergson e o Espiritismo, “é importante que o Espiritismo saia dos limites da estreita concepção de uma doutrina apenas consoladora. Ele é muito mais, e sua fundamentação científica só pode engrandecer a ciência”. Já o escritor e Ao lado, represen- pesquisador Pedro tações estaduais Camilo lembra que presentes na abertura. Abaixo, “existem pessoas Vital, Tiago e Leo: com interesse em criatividade nos pesquisa espírita e painéis desconhecem que encontros como esse existam”, ideia também compartilhada pela jornalista e historiadora Nadia Lima - “Temos médicos, psicólogos, historiadores, engenheiros, administradores, jornalistas, filósofos, pedagogos... Isso é a Ciência Espírita, de modo transversal, a que se referiu o espírito Vianna de Carvalho”. O evento também contou com apresentação de painéis de pesquisas, algumas ainda em andamento, como o trabalho do blog Decodificando-livro-espíritos.blogspot.com, em que os pesquisadores Vital Cruvinel e Gustavo Leopoldo Daré fazem um estudo comparativo entre a primeira e segunda edição da obra. “Vim buscar dados para a pesquisa espírita. O conteúdo foi ótimo. Talvez devêssemos ter um espaço maior para debates. Não há outro que forneça as mesmas condições”, opina Vital. Durante o evento, foi lançado o livro Pesquisas sobre o Espiritismo no Brasil - textos selecionados, uma coletânea dos trabalhos apresentados no evento do ano passado (www.ccdpe.org.br) que, segundo os organizadores, deve ser seguido pela publicação dos trabalhos do Encontro deste ano. Satisfeita com os resultados, Julia Nezu, presidente do CCDPE, enfatiza que o Centro de Cultura vem cumprindo com os seus objetivos: reunir pesquisadores, dar visibilidade às suas produções e promover a memória do movimento espírita.
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PARA ENTENDER MELHOR
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A curiosidade musical de
Kardec
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Da REDAÇÃO
ilho de uma antiga famíRossini lia que se distinguia na magistratura e na tribuna jurídica, o jovem Hippolyte Léon Denizard Rivail era inteligente e perspicaz. Aos 46 anos, entregou-se a observações perseverantes sobre os fenômenos das mesas girantes, empenhando-se em deduzir-lhes as consequências filosóficas. Aos 53, sob o pseudônimo de Allan Kardec, lançou O Livro dos Espíritos e não parou mais, até desencarnar aos 64, vítima de um aneurisma cerebral. Toda sua atividade de pesquisa sobre o assunto pode ser acompanhada na coleção de onze volumes da Revista Espírita – publicações que mensalmente relatavam não só o conteúdo inovador para a época como a história do nascimento e da propagação do Espiritismo nos trabalhos e estudos realizados na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Quando desencarnou repentinamente em 31 de março de 1869 (em 3 de outubro completa-se 205 anos de seu nascimento), Kardec já havia preparado a Revista Espírita que sairia no mês, uma edição que sintetiza suas últimas reflexões, seus derradeiros pensamentos. Consta, por exemplo, nesta edição de março de 1869, em A Música e as Harmonias Celestes, a resposta do Espírito Rossini – famoso compositor erudito (1792-1868) – à pergunta feita por Kardec em janeiro do mesmo ano sobre sua opinião referente à música e às modificações que lhe poderiam ser advindas da influência das crenças espíritas. Rossini explicou-lhe que “para ser músico, não basta alinhar notas sobre um pentagrama, de maneira a conservar a justeza das relações musicais; assim só se consegue produzir ruídos agradáveis, mas é o sentimento que nasce sob a pena do verdadeiro artista, é ele que canta,
chora, ri... Para dar alma à música, para fazê-la chorar, rir, uivar, é preciso que ele próprio haja experimentado esses diferentes sentimentos, dores, alegria, cólera!”. “O espírito inteligente, que ensina sua ciência aos que a ignoram, experimenta a felicidade de ensinar, porque sabe que torna feliz a quem instrui; o Espírito que faz ressoar no éter os acordes da harmonia que nele está, experimenta a felicidade de ver satisfeitos os que o ouvem”. O músico ainda informa Kardec sobre a relação existente entre a harmonia, a Ciência e a virtude. “São as três grandes concepções do espírito: a primeira o deslumbra, a segunda o esclarece, a terceira o eleva.” Léon Denis no livro O Espiritismo na Arte comenta que o espírito humano não pode se elevar até as supremas alturas da arte cuja fonte é Deus, mas pode, ao menos, elevar a elas suas aspirações. “A música, melhor do que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida; por isso ela é a própria voz do mundo superior”.
COISAS DE LAURINHA
Pitsografia Por TATIANA BENITES Laurinha estava fazendo as tarefas da escola quando viu que não havia feito suas tarefas das aulas do Centro Espírita e tinha que entregá-las no dia seguinte. Leu a introdução e começou a pensar em como faria aquela atividade. – Mãe, hoje é dia de pedir pizza? – Não, Laurinha. Amanhã é dia de pizza. – Será que a gente não pode mudar essa semana? – Por quê? – Porque tenho que fazer um trabalho para o Centro e temos que pedir pizza pra dar certo. – Está bem, vou pedir hoje, mas amanhã não vou pedir de novo. – Tá bom – respondeu a filha. Laurinha ficou esperando ansiosamente a pizza e ainda sem saber o que fazer foi para o quarto para pegar seu lápis e caderno. Ao chegar a pizza, a mãe de Laurinha colocou-a sobre a mesa e abriu a embalagem. Quando ia cortá-la, Laurinha falou: – Nããão!! – Como não? – indagou o pai. – Precisamos cortar para comer, filha. – Não, vamos ficar olhando e ver o que vai acontecer. Chegou bem perto da pizza e ficou com o olhar atento. – Filha, afinal o que você quer fazer com a pizza? – Schiiii! Acho que tem que fazer silêncio, porque não está acontecendo nada – respondeu a menina. – Filha, responde pro seu pai. O que você está fazendo? – Pai, a professora do Centro pediu pra fazer esse trabalho – disse entregando um papel –, mas eu não sei como faz. Acho que a pizza fala alguma coisa, mas vocês não me deixam escutar! O pai pegou o papel e leu: “Fazer um trabalho sobre pictografia: perguntar aos pais e pesquisar sobre esse tema”. O pai passou o papel para a esposa e deu um sorrizinho. – Filha, como é o nome do trabalho? – Pitsografia e a professora falou que tinha alguma coisa a ver com a comunicação e a arte, mas pelo visto essa pizza não tem arte nenhuma – disse desanimada. – Filha – comentou a mãe – não é pitsografia é pictografia! – Ah é? E qual a diferença? – Pictografia é a forma de mediunidade que faz com que o espírito pinte através dos médiuns. Lembra do quadro da casa da vovó? – Lembro. Foi pintado por espíritos? – Sim, através de um médium lá do centro espírita. – Ah, agora entendi porque a professora falou de arte. – Então agora que já entendi. – Agora podemos comer a pizza? – disse o pai. – Ah pai, pizza já está fria! Que tal a gente fazer uma esquentografia com ela agora?
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Por RICARDO ALVES DA SILVA
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ecente consulta médica de rotina resultou em pedido de exames complementares. Alguns já conhecidos. A outro fomos apresentados: teste holter: eletrocardiograma realizado por 24 horas, período em que, com os eletrodos no peito e conectados a um pequeno “rádio” pendurado na cintura, anotamos nossas atividades (dirigindo, trabalhando sentado ou em pé, subindo ou descendo escada etc.) e comentários quanto às sensações de cansaço, dor, falta de ar etc.). Quando o médico prescreveu o exame, alertou-me para que eu procurasse ter um dia normal, sem qualquer alteração nas atividades. Mas em um dia comum eu não estaria com fios conectados e uma pochete pendurada no cinto. Instalados os apetrechos, comecei a pensar: Uma vez rastreado meu coração, será que eu controlaria melhor a minha respiração? Fugiria dos naturais debates profissionais, normais em meu dia a dia? Exercitaria um pouco mais de tolerância ou complacência com os filhos? Tudo isso poderia ser orquestrado em busca do meu esperado sucesso no resultado do exame, o que no mínimo já resolveria de vez a questão, sem que exames complementares fossem pedidos. A consciência de algo efetivamente muda nossa forma de ser? Sim. Saber que estava sob monitoramento promoveu mudanças, não a ponto de interferir substancialmente no exame. E a consciência de que estamos expostos a leis naturais, imutáveis e perfeitas, que regula a existência de forma a atingirmos a perfeição, faz com que mudemos nossa forma de pensar, agir e, consequentemente, de ser? Na questão 621 de O Livro dos Es-
píritos, interrogados onde está escrita a lei de Deus, os Espíritos respondem “Na consciência”. Resposta simples, direta e que deixa aos homens possuidores de livre arbítrio a responsabilidade de sentir e viver Sua lei. De tempos em tempos, somos defrontados com nova gama de conhecimentos que nos ajudam a compreendê-la, com o apoio de Espíritos superiores responsáveis por essas revelações, seja de natureza científica ou moral, mas senti-la e vivê-la é uma conquista íntima, pessoal e intransferível. Por certo a consciência dessa lei produzirá em nós mudanças drásticas de comportamento. Enquanto vivemos limitados em nossa ignorância, usamos por princípios norteadores o egoísmo, o orgulho, a vaidade, com medo da morte, este representante do término dos gozos materiais, que respondem por nossos equívocos históricos na viagem evolutiva. Esclarecidos, começaremos o esforço de abandono dos erros passados, em busca de uma vida mais solidária, humilde, despojada, com a coragem característica daqueles com conhecimento pleno de seu destino como filhos de Deus! No meio do caminho, entre a ignorância e o conhecimento, estamos todos que, já afastados dos grandes crimes, ainda nos vemos envolvidos com as dúvidas e pequenezas da vida; algo esclarecidos do que somos, de onde viemos e para onde vamos, vivemos o conflito de dar o passo adiante, afastando-nos da materialidade e seus momentâneos prazeres, em direção à espiritualidade e à felicidade de estar harmonizado com as leis naturais. Deste debate íntimo entre nossa realidade atual e nossa expectativa sobre o futuro, surgem as experiências vividas que nos ajudarão a ter pleno conhecimento da lei de Deus já registrada em nossa consciência, com impacto significativo em nossa rotina diária que passará a ser vivida em total conformidade com a nossa natureza espiritual.
Por que o pseudônimo Allan Kardec? Para não confundir o professor com o codificador. Allan Kardec era seu nome numa reencarnação remota, quando foi druida, uma classe de sacerdotes celtas que acumulavam as funções de educadores e juízes.
Há registros históricos sobre os celtas? Embora sejam precários, sabemos que a cultura céltica floresceu na Europa, antes do advento do Cristianismo. Era um povo evoluído para os padrões da época, que admitia a reencarnação e a Lei de Causa e Efeito, princípios consagrados pela Doutrina Espírita. Faz sentido saber que o Codificador veio de lá, revivendo aquelas ideias num patamar mais elevado de conhecimento, a partir do contato com os Espíritos.
Amor O verdadeiro amor ao próximo consiste em saber o que dói no outro. Um dia nos disporemos a exercitá-lo. Então, o Universo não terá segredos para nós. Seremos parte dele, integrados no infinito amor de Deus.
Assuntos edificantes Observamos os centros de interesse humano. Nos grupos que se reúnem em casa,na rua, nos setores profissionais, nas festas mundanas, dificilmente surpreenderemos alguém abordando assuntos edificantes, que digam respeito às normas do bemviver, à Higiene Mental, à Arte, à Filosofia, à Ciência, à Religião...
Justiça Divina Muitas pessoas questionam os acontecimentos difíceis e dolorosos, enveredando por caminhos de rebeldia e desalento que lhes multiplicam os sofrimentos. Ignoram que não há males alheios à Justiça Divina, nem dores não suavizadas pela Divina Misericórdia. Em breve a editora Correio Fraterno vai lançar o livro O pensamento de Richard Simonetti, onde você poderá ler esses e outros pensamentos.
MOSAICO
Um impacto em nossa rotina
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AGENDA
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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br
I Simpósio de Filosofia Espírita O papel da Filosofia na eduOUT cação do espírito Dias 11 e 12 de outubro, no Centro Espírita Nosso Lar— Casas André Luiz Rua Duarte de Azevedo, 691—Santana Realização: Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. Inscrições: www.ieef.com.br
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CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Sentimento puro
O Profeta
Emancipação da alma
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7º CONEC- Congresso de Espiritismo do Circuito das Águas Acontece nos dias 24 e 25 OUT de outubro, no Centro de Convenções em Serra Negra-SP, com presença de Carlos Augusto Abranches, Carlos Baccelli, Emanuel Cristiano, José Eurípedes Garcia, e cerca de mil participantes. Realização: USE Intermunicipal do Circuito das Águas. www.usecircuitodasaguas.com.br.
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III Simpósio de Saúde e Espiritualidade A ser realizado pela UNIV O FESP/EPM nos dias 6 e 7 N de novembro. Tema: A Espiritualidade no cuidado com o paciente. Presenças dos doutores Hélio Penna, Sissy Veloso, Valdir Reginato – UNIFESP, Rodrigo Bassi, Mario Prieto Peres- AME , no Teatro Marcos Lindenberg. Rua Botucatu, 862 Vila Clementino, São Paulo, SP. Inscrições pelo site: www.nuse.cjb.net. Vagas limitadas.
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EVENTOS LAR EMMANUEL Noite da Pizza 17 de outubro, das 19 horas às 22 horas Av. Humberto de A. Castelo Branco, 2955 S. Bernardo - Tel.: 4109-8938 OUT
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Chá Bazar Beneficente
O evento mais aguardado do ano! Enxovais bordados, artesanatos finos, pinturas
15 de novembro, a partir das 14 horas Local: Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo do Campo Rua 28 de Outubro, 61 - S. Bernardo Tel.: 4109-8938 (Lar)
ENIGMA
Sobrenome das irmãs dos primórdios do Espiritismo
Sílaba de hino
Trouxe a 2ª revelação
Nome de mulher
Sorrir Pessoa que não está calma Residência
Qualidade ou condição de áspero
Elem. de comp. que exprime a ideia de alma
Escola Estadual
Ligação Escola de Comunicação e Artes
Aqui está
------Simonetti, autor espírita
Esporte praticado em quadra
Sílaba de jejum
Movimento do mar
Pai dos pais Que não é vendido em quantidade
9 em números romanos Chico ------, Médium Bezerra de -------, Médium
qualquer hora, em qualquer lugar
Vitamina da laranja
Doar
Hidrogênio
Alimento
Não acertar
SOLUÇÕES
Acreditar Personagem de “A feira dos casamentos” 7ª nota musical Personagem Personagem de “Há do 2000 anos” romance “Nosso Lar”
País asiático
Cortar com os dentes
Adorar
Sílaba de bravo
A 3ª vogal
Considerar com respeito e simpatia
Oposto de noite Eu em italiano
Cilada
Consoantes de rádio O que respiramos
Correto
Apetite sexual dos animais em determinadas épocas
Qual era a formação acadêmica do escritor Humberto de Campos, conhecido autor espiritual de vários livros psicografados por Chico Xavier?
Resposta do Enigma:
Sigla de Rondônia
Sílaba de adjunto Locomoverse
A vogal da vaia
Lavrar a terra “Nosso” em inglês
Humberto não tinha curso de espécie alguma, nem mesmo o antigo Ginásio. Ele era autodidata. E isso pode ser explicado pela reencarnação. Há espíritos que já trazem consigo conhecimentos de outras existências. Fonte: Idéias e Reminiscências Espíritas, de Deolindo Amorim
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Por GEORGE DE MARCO
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obre metas e montanhas é o sugestivo título do novo livro de minha amiga Rita Foelker. Muito conhecida nos meios espíritas, Rita é médium, bacharel em filosofia, pedagoga, origamista e escritora de textos tão elegantes quão profundos. Por acumular tantas funções, Rita escreveu esta delicada obra baseada em experiências próprias de vida, com textos que buscam aprimorar os entendimentos de temas não somente espíritas, mas filosóficos, e suas consequências nesta nossa jornada evolutiva. Portanto, o livro fala com todos nós. As metas são nossos planos de vida e as montanhas, aqui, surgem como os desafios que precisamos enfrentar a cada dia, a cada instante. Uma frase que me chamou muito a atenção neste livro foi: “Cuidado com metas para longo prazo”. Eis uma circunstância que se repete ao longo da história humana. Metas para longo prazo. Por sermos seres infinitos, temos o estranho hábito de planejar nossa vida do fim até o começo, como nos diz a canção. Quando nasce um filho, os pais já fazem planos para seu futuro, até mesmo profissional. Quando arrumamos uma namorada, ou namorado, já imaginamos um casamento, com filhos, cachorro e casa no campo. Quando arrumamos um bom emprego, já nos enxergamos nele até a aposentadoria ou mais além. Quando ganhamos dinheiro, já nos metemos em financiamentos extensos, a perder de vista. Quando conhecemos alguém, já construímos uma amizade eterna. Quando casamos, juramos amor até que a morte nos separe... A principal consequência? Desilusão. Afinal de contas, está tudo na nossa cabeça, na nossa imaginação, na nossa vontade de vencer. Sempre foi assim. Talvez seja esse um dos motores que movem
a humanidade pois, como já dizia John Lennon, “vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”. Mas aí surgem as montanhas e nos assustamos diante de sua imponência. Diante dela, duas alternativas: tentar dar a volta ou enfrentá-la. Não é covardia fugir da montanha, apenas estaremos retardando nossa caminhada, pois contorná-la é perder um longo e precioso tempo tentando achar outro caminho. No mais das vezes, acabamos nos desorientando, tendo que voltar e retomar a caminhada do ponto em que desviamos. Enfrentar a montanha não é nada fácil, mas a vida não é de facilidades! Se vamos sofrer, que seja lutando, acreditando, tendo fé. E olha que Jesus nos falou sobre a fé que move, justamente, montanhas! Escalar a montanha não
evitará nossas dores, mas, ao menos, estamos enfrentando nossas dificuldades com galhardia de quem sabe aonde vai chegar: no topo! Isto significa evoluir nossa meta principal nesta e em todas as vidas. A evolução é incessante, mas cada um tem sua velocidade e, por isso, não adianta se espelhar na experiência alheia. Cada um de nós tem sua história, seu sofrer, sua ilusão. Cada um de nós tem sua (ou suas) montanha(s). Como dispomos de nosso livre-arbítrio e como nossa vida é uma sucessão de escolhas, devemos estar sempre atentos aos caminhos que tomamos, às escolhas que fazemos. Escolhas que são nossas, pois a vida é nossa e, como diz aquele adesivo engraçadinho que circula em alguns carros da cidade: “Deus nos deu a vida para que cada um cuide da sua”.
Ao fazermos metas para longo prazo, vivemos um amanhã que talvez nem chegue e, quando nos deparamos com isso, sofremos. Dom Pedro II achava que iria governar o Brasil para sempre, e sofreu quando foi deposto. Santos Dumont acreditava que seu invento seria usado apenas para o bem, mas quedou-se depressivo ao ver aeronaves em uso militar. Adolf Hitler imaginava conquistar o mundo eternamente, mas suicidou-se ao ver seus planos ruírem. E aquele desempregado sofre, pois queria continuar trabalhando; e aquela namorada chora já que o amor eterno se foi; e aquela ‘amizade infinita’ nem responde nossos e-mails... O mundo moderno inventou novas formas para vivermos melhor, e, de fato, temos facilidades que nossos antepassados não tiveram. Mas isso não significa que a luta de viver e evoluir esteja menos árdua e dolorosa. Talvez haja até criado mais formas de sofrer, pois na ânsia de conquistarmos tantos bens, fazemos mais e mais planos que, quando frustrados, fazem-nos sucumbir ao peso da tristeza. Jesus, Mestre e modelo, prometeu consolo aos que sofrem e choram, chamando-os “bem-aventurados”, posto que estes têm ocasião “de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus”, conforme Lacordaire, em O Evangelho segundo o Espiritismo e, quando conseguirmos “dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: ‘Fui o mais forte’”. Diante da montanha, subamos. Mas cuidado com metas para longo prazo. George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade na seara espírita.
ENSAIO
Tempo de hoje, dores de sempre
FOI ASSIM…
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Ali exaltei a eficácia da prece Por GIOVANNI SCOGNAMILLO
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ra o mês de março de 2007, um domingo ensolarado e mar tranquilo, dois quesitos para um passeio de barco de recreio na linda Praia Vermelha, zona sul do Rio de Janeiro, bem ao pé do Pão de Açúcar. Deliciava-me ao sabor das pequenas ondas, quando tive que me levantar e pegar uma garrafa com água potável e, veio o imprevisto: uma grande embarcação passou muito veloz perto de nós, formando intensa marola. Foi o bastante para que eu perdesse o equilíbrio indo cair sobre o banco transversal ao bote. Senti um grande mal-estar e pensei logo em fratura de costela e deslocamento de rins, pois respirava com dificuldade. Lentamente retornei à praia, onde amigos me conduziram ao hospital público do Bairro Botafogo. Medicado, fui recomendando a ficar uma semana de pleno repouso, pois embora não houvesse fraturas mais graves, sentia-me bastante incomodado com dores em decorrência da pancada. Passados dois dias do ocorrido, na terça-feira, eu teria que proferir palestra de estudo no Grupo Espírita Regeneração, no Bairro Maracanã, baseada no item 5 do cap. 27 de O Evangelho segundo o Espiritismo, que fala sobre a “Eficácia da Prece”. Aliás, essa Casa Espírita foi fundada por Bezerra de Menezes em 1891. Não devendo faltar ao compromisso, embora me sentisse tão quebradinho quanto arroz de terceira, rumei para o
desempenho da tarefa. A cada sacudida do ônibus me sentia arremessado ao umbral... Finalmente cheguei, e como estava todo torto, empenado e andando com dificuldade, agarrei-me ao gradeado de entrada e fiz uma prece, apelando ao bondoso “Médico dos Pobres” me auxiliasse, pois precisava fazer o estudo sem cara feia, para não assustar os companheiros de tarefa. Já no salão de reuniões e, como chegara cedo, acomodei-me à mesa relendo o texto indicado para as meditações da noite. Sentei-me com dificuldade, e, de imediato, senti que uma mão deslizava do alto ao baixo de minhas costas. Era um passe restaurador, pensei. Concentrei e procurei ajudar ao amigo espiritual que me atendia. O alívio foi instantâneo. Logo o dirigente da reunião e o público assistente lotaram o salão. Feita a prece de abertura, foi-me concedida a palavra. Em pé, eu ainda estava preocupado com a quebradeira, mas depois da assistência recebida, já não sentia dor alguma... O bondoso Dr. Bezerra de Menezes me enviara um dos seus bondosos enfermeiros, mediante a prece a ele dirigida. Mais do que nunca, havia razões de sobra para eu exaltar em minha palestra a eficácia da prece. Essa história aconteceu com Sr. Giovanni Scognamillo, do Rio de Janeiro. Conte a sua história também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br
Bebê abandonado muda história de instituição Em 1967, em São Paulo, um bebê, finamente vestido é abandonado num cesto, à beira da porta. Acolhido, recebeu Henry como nome – carinhosamente Henriquinho – em homenagem a Henry Dunant, fundador da Cruz Vermelha Internacional. Junto à criança, apenas um bilhete: “Mãe desesperada conta com vocês”. O recém-nascido, ainda com o coto umbilical, era portador de uma lesão cerebral. Viveu por dois meses, o suficiente para que a Instituição Beneficente Nosso Lar, que o acolhera, buscasse ajuda para desempenhar novas funções. Fundada em 1946, por um grupo de senhoras, coordenado por Maria Augusta Puhlmann, seu destino de amparar crianças órfãs e abandonadas se ampliava. Interessada, a filha de Maria Augusta, Nancy Puhlmann Di Girolamo, partiu para a Filadélfia (EUA) assim que soube de um novo método para tratamento de lesões neurológicas que adotava a visão do ser integral, possibilitando assim que incluísse os conhecimentos espíritas. A partir daí, o Nosso Lar passou a assistir crianças carentes portadoras de Lesão Cerebral e de Síndrome de Down, inter-relacionando todos os aspectos bio-psicosócio-espiritual. Henriquinho partiu. Nove meses depois, nascia Florence Puhlmann Di Girolamo, filha de Nancy, com Síndrome de Down, hoje totalmente integrada aos trabalhos da Instituição. Essa e outras tantas histórias de superação estão reunidas no livro É preciso Saber Viver (Editora Mundo Maior) a ser lançado pela jornalista e enfermeira Nancy Pullmann, com data marcada para 8 de outubro. Vale a pena conhecer essas histórias de perto! Local: Saraiva Mega Store Shopping Anália Franco Av. Regente Feijó, 1739 - Anália Franco - Nível Orquídea - São Paulo (11) 2672-5050
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Por ANDRÉ TRIGUEIRO
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escobrimos a energia certa no século errado. No mundo do petróleo, é comum repetir-se como um mantra o seguinte ditado: “A idade da pedra não acabou por falta de pedra. E a era do petróleo não chegará ao fim por falta de petróleo”. Pois a descoberta do petróleo na camada présal – que poderá chegar a 100 bilhões de barris numa área que vai do litoral do Espírito Santo a Santa Catarina – precipitou um clima de tamanha euforia no governo que qualquer análise menos apaixonada da questão é taxada de pessimista ou preconceituosa. Tentarei aqui, resumidamente, expor a situação naquilo que me parece importante destacar. Estima-se que o petróleo retirado do pré-sal deverá ser comercializado em escala daqui a 15 anos. E como estará o mundo daqui a 15 anos? É uma pergunta difícil de responder, mas temos algumas pistas. É fato que a exploração do petróleo a 8 km de profundidade e a 300 km da costa demandará investimentos maciços em uma nova plataforma tecnológica. Hoje, ninguém sabe exatamente quanto isso vai custar e, principalmente, qual será o preço do barril daqui a 15 anos. Como toda commodity, o petróleo tem o seu valor de mercado cotado internacionalmente, ou seja, a flutuação dos preços segue a maré das expectativas desse mercado, da oferta e da procura desta mercadoria. Em resumo: não é a Petrobras que define o preço final do barril, mas o mercado. Para que os custos de exploração do pré-sal sejam minimamente justificados, é importante que o preço do barril cubra as despesas decorrentes dessa exploração. Daqui a 15 anos o mundo ainda dependerá fortemente dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás) para fazer a roda da economia girar. É isso que justifica a exploração do pré-sal. Mas essa dependência tende a se reduzir exponencialmente à medida que o aquecimento global – e seus efeitos devastadores – abre espaço para investimentos públicos e privados crescentes na direção de fontes
“Todos os triunfos e fracassos que iluminam e obscurecem a Terra pertencem-nos, de algum modo.” Fonte Viva - Lição Pai Nosso - Emmanuel
dos Estados Unidos, Barack Obama. No país que transforma a cada dia 20 milhões de barris de petróleo em fumaça – e que responde sozinho por 25% das emissões globais de gases estufa – estão sendo criadas novas taxas para as empresas que mais poluem e que não cumprem metas de redução de C02. Além disso, Obama usa recursos públicos para premiar novas patentes tecnológicas no setor energético, financiar os chamados green jobs (empregos que atendam às demandas dessa nova fronteira tecnológica) e substituir carros convencionais por outros mais eficientes com motores econômicos, ou até mesmo híbridos. Se os recursos auferidos a partir da exploração do pré-sal não financiarem programas de eficiência energética e inovação tecnológica do Brasil, ajustando a nossa bússola na direção certa, enxergaremos o futuro pelo retrovisor da História. Que depois do pré-sal venha o prósol. E que se faça a luz na sombria matriz energética mundial. Jornalista em Gestão Ambiental. www.mundosustentavel.com.br
limpas e renováveis de energia. Além dessa corrida tecnológica – que já está acontecendo - há uma forte tendência de se precificar no mercado o dano ambiental causado por produtos e serviços que demandam muitas emissões de C02. O ex-economista-chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern, dá como certa esta internalização dos custos ambientais do carbono. Autor do chamado “Stern Review”, um consistente relatório de 600 páginas em que descreve diferentes cenários econômicos a partir do que estaríamos dispostos a fazer para enfrentar o aquecimento global, Nicholas Stern reconhece o desprestígio crescente dos combustíveis fósseis no mundo moderno. Um exemplo disso seria a nova política energética implementada pelo presidente
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Pré-sal: futuro do pretérito?
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