ISSN 2176-2104
CORREIO
FRATERNO
O que mais queremos de Chico Xavier? Uma amizade de 43 anos, já relatada em livros, revela detalhes da convivência com o médium. Pág. 4 e 5
SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 42 • Nº 432 • Março - Abril 2010
VOLUNTÁRIO GENTE QUE FAZ O trabalho voluntário é uma realidade ainda a ser compreendida. O que leva alguém a dedicar uma parte do seu tempo ao próximo? O tema, pesquisado nas universidades e contemplado em livros, revela que ainda há muito a se pesquisar. O que é certo é a satisfação pessoal que a atividade proporciona, demonstrando que a ação voluntária é uma via de duas mãos. Todos doam e todos recebem, numa troca solidária como lei natural da vida, do amor em movimento, que ajuda uma sociedade a viver mais feliz. Leia mais sobre o tema nas páginas 12 e 13.
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ESPECIAL
ANOS
Agora o CORREIO FRATERNO está no Twitter
Lar Emmanuel comemora 50 anos de fundação Na noite de 30 de março, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP, recebeu mais de 300 convidados para comemorar os seus 50 anos de fundação. Conheça sua história, seus voluntários e os personagens que transformaram esse sonho em realidade. Páginas 8 a 11.
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EDITORIAL
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A força da
solidariedade
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este ano em que se comemoram os 100 anos de Chico Xavier o espiritismo ocupa grande espaço na mídia, trazendo imensa alegria aos espíritas. Livros, filmes, reportagens, programas especiais falam da doutrina espírita com naturalidade, sem enfrentar o espanto inicial que causavam os fenômenos mediúnicos, mas sendo abordada com profundidade, e enaltecendo a finalidade última da transformação moral a que se propõe. Isso só tem sido possível hoje graças ao trabalho de pioneiros que atentaram para a aliança do conhecimento doutrinário com a assistência social como prá-
tica da caridade, do cultivo do aprendizado do amor ao próximo. Trabalho como o do médium Chico Xavier, que dispensa adjetivos pelo grandioso trabalho realizado pelo espiritismo, e que teve amigos como Nena Galves, entrevistada desta edição, que conta detalhes da amizade e convívio de mais de 40 anos com o médium. Nesse clima de comemoração, recordações e homenagens, também está o Lar da Criança Emmanuel, instituição à qual o jornal Correio Fraterno está vinculado, e que comemorou, no último 30 de março, 50 anos de fundação. São histórias de um trabalho voluntário de
CORREIO DO CORREIO Emoção de Nelson Xavier Recebi o Correio deste mês e gostei muito. A entrevista com o Nelson Xavier é instigante. Muito curiosa a emoção do respondente. Geralmente eu penso que os atores tendem a falar bem do seu filme, porque desejam público, mas a Eliana parece ter sido muito feliz ao manter no texto o clima psicológico da entrevista. Jáder Sampaio-BH Premiação do Correio Fraterno Fiquei super feliz em saber que o Correio foi
desafios e conquistas que muitas vezes se confundem com a história de vida das pessoas que o realizaram, tornando verdade um sonho de ajudar crianças carentes, de colaborar para a existência de uma sociedade mais feliz. O trabalho voluntário é analisado nessa edição, mas ainda há muito que se falar. Mesmo porque, sendo o trabalho lei natural, divina, estaremos sempre às voltas com os desafios de cada qual fazer a sua parte, como base para as transformações sociais, pelas quais todos somos responsáveis. Afinal, ninguém faz nada sozinho. Boa leitura! Equipe Correio Fraterno
a história viva do espiritismo”– edição 430). Gostaria de saber se vocês possuem mais informações a respeito. Elder Latorraca, por e-mail
premiado na categoria MELHOR ENTREVISTA, justamente com o nosso querido amigo francano Thiago Essado. Estudávamos juntos no grupo de estudos espíritas avançados Fernando Ortiz. Já estou esparramando a notícia por aqui! Nadia Luz, Franca-SP Pioneiros do espiritismo Li no Correio uma reportagem em que aparece uma figura na história do espiritismo chamada Francisca Latorraca (“Raízes culturais,
Prezado Elder: A sra. Francisca Lozano de Latorraca (186901/11/1942) nasceu na Espanha e fixou residência na Argentina. Médium de efeitos físicos e psicofonia, foi uma das fundadoras e primeira presidente da Asociación de Estudios Psicológicos Dios Y Progreso, fundada em 09/01/1900. Para adquirir o CD com toda a pesquisa dos pioneiros e imagens, procure o CCDPE: www.ccdpe.org.br Washington Fernandes, São Paulo-SP
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br
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Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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os escritos de Bezerra de Menezes Por RICARDO ALVES DA SILVA
“É do choque das idéas que sae a luz da verdade.”
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frase em destaque é de Adolfo Bezerra de Menezes, registrada no segundo parágrafo do panfleto intitulado A escravidão no Brasil e as medidas que convem tomar para extinguil-a sem damno para a nação. Não houve falha na revisão do texto nem em sua impressão, todas as grafias estão conforme sua publicação, em março de 1869. O panfleto é um registro público da posição de Bezerra de Menezes contrário à escravidão no Brasil. Sem ter como proposta a análise do assunto na história, é interessante notar, porém, que a publicação ocorreu 17 anos antes de Bezerra de Menezes declarar-se publicamente espírita, e antes mesmo de ter o contato inicial com O
livro dos espíritos, demonstrando que ele teve atuação política e social sempre alinhada aos melhores princípios ético-morais. Vale destacar o potencial da divulgação de princípios e ideais renovadores da sociedade através do livro e de qualquer outro instrumento que possibilite a manutenção desse registro histórico dos fatos. O contato com o panfleto de Bezerra, por exemplo, só me foi possível graças a um apaixonado pelo livro, o empresário José Mindlin, que desencarnou em 28 de fevereiro passado. Dono de uma biblioteca particular, com um acervo bibliográfico e documental raro sobre a história e a cultura brasileiras, Mindlin, jun-
tamente com a esposa Guita e filhos, doou para uso público o material para compor a Biblioteca Brasiliana, que conta com 20 mil títulos entre relatos de viajantes, literatura brasileira e portuguesa, documentos, folhetos e várias primeiras edições de obras importantes, que foram transferidas para a Universidade de São Paulo (USP) em um edifício de 20 mil m². Diante da necessidade de preservação e difusão desse acervo para acesso universal e irrestrito, a USP também disponibiliza esse extraordinário material através da Biblioteca Brasiliana Digital (www.brasiliana.usp.br). Imortal da Academia Brasileira de Letras, Mindlin organizou o que é considerada a mais importante coleção de livros, publicações e estudos, acerca do Brasil, com seus 17 mil títulos e 40 mil volumes, aproximadamente. E chegou a dizer que conhecia e sabia onde estava cada um de seus livros. A sua paixão pelo livro, e tudo o que advém dele nos leva a acreditar que o que ele fazia não era para ele, mas sim para o público. Os pensamentos aqui registrados ocorrem estimulados também pela reinauguração, em março último, da Livraria Espírita Abdias Antônio de Oliveira, da Federação Espírita do Rio Grande do Norte (FERN), após reforma que buscou privilegiar uma melhor exposição dos livros e promover maior estímulo aos usuários para manuseá-los, facilitando as escolhas e atendendo ainda as questões de acessibilidade ao local. Neste novo ambiente, há espaço para a literatura infantojuvenil. Em uma estante, ao alcance das mãos mesmo das crianças menores, diversos livros esperam por
Na Livraria Espírita Abdias Antônio de Oliveira, na FERN, acesso facilitado à leitura
quem os peguem, podendo-se sentar ao chão no tapete colorido ou à mesinha disponível, iniciando-se a leitura, os risos, as brincadeiras, os aprendizados nas suas variadas expressões. Bezerra de Menezes no passado registrou a necessidade de dirigirmos esforços na educação dos beneficiados pela extinção da escravidão. E os espíritos superiores continuam a nos convidar à necessária educação, ainda escravos que somos de tantos sentimentos obscurecidos pela ignorância. Essa mensagem nos chega a todo instante, de encarnados e desencarnados, escritores ou colecionadores apaixonados pelo livro, como parte de um serviço permanente de construção de um mundo melhor. Contador, articulista e voluntário no Movimento Espírita de Natal, RN ricardoas1105@hotmail.com www.correiofraterno.com.br
ACONTECE
Na biblioteca de Mindlin,
No acervo particular de José Mindlin, ideais de Bezerra documentados
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ENTREVISTA
NENA GALVES O que mais queremos de Chico Xavier? Já não chega tudo o que ele fez? Por ELIANA HADDAD (editora CEU), de autoria de Nena Galves, sucesso na Bienal de São Paulo em 2008, e traz detalhes dessa convivência, revelando momentos de intimidade familiar e de vida pública. Juntos aprofundaram-se no estudo do espiritismo e assumiram responsabilidades assistenciais e editoriais. Afinal, apesar das visitas frequentes de Chico aos Galves, e depois das idas e vindas do casal a Uberaba, acompanhando o médium até a sua desencarnação, aos 92 anos, em 30 de junho de 2002, ainda havia o encontro anual público, no Centro Espírita União, em outubro, em homenagem a Kardec, oportunidades em que o médium atendia a milhares de pessoas, e psicografava inúmeras mensagens. Em entrevista exclusiva ao jornal Correio Fraterno, Nena Galves confessou a dificuldade de se desprender do que Chico deixou com ela, mostrou o espaço que comportará seu acervo e enalteceu a grandeza espiritual do médium. Sem idolatria, mas com profunda gratidão e respeito, explicou porque não o reconhece em nenhuma das mensagens recebidas após a sua desencarnação. Alertou ainda para o risco dos espíritas obscurecerem sua imagem e obra, por ingenuidade. Para Nena Galves, os espíritas precisam aprender a pensar grande, na universalidade do espírito Francisco Cândido Xavier. O Chico não é nosso – avisa.
Ainda este ano, em homenagem ao centenário do grande amigo, Nena Galves irá inaugurar no Centro Espírita União, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, o Acervo Chico Xavier. Ela já está preparando um vasto material, parte dele guardada no quarto do médium, em sua casa, que o hospedava todas as vezes que vinha à capital paulista. Os encontros de muitas histórias, que segundo ela já vêm de reencarnações passadas, duraram desta vez 43 anos, e guardam segredos acumulados de longas conversas, comentários e opiniões num cotidiano recheado de dedicação e cumplicidade. Muitos deles ficarão com Nena – assumidamente – e não serão revelados. Como toda relação de união e convivência, eles têm uma história reunida num farto acervo de fotos, documentos, gravações e lembranças. Momentos de alegria, de desafios, de fé, de vida. Há até mesmo o testamento de Chico, o qual Francisco Galves, marido de Nena, assinou como testemunha. A amizade foi relatada e documentada no livro Até sempre Chico Xavier www.correiofraterno.com.br
Sobre o que vocês conversavam tanto? Falávamos sobre todos os assuntos. Posso dizer que tive um mestre. Quando eu dizia, por exemplo, que estavam aparecendo muitos médiuns querendo psicografar, ele explicava: “Nena, a psicografia é difícil; você deve colocá-los primeiro na incorporação, porque onde ficam as pessoas que estão compromissadas com esses espíritos mais necessitados? Na psicografia, só vem mentor...” Ele me ensinou o que não está nos livros, como um irmão. Talvez por nossa ligação do passado não havia inibição, pois Chico nos reconheceu desde o nosso primeiro encontro, quando fomos a Uberaba. Lembro que o Galves, na época, até comentou comigo: “Nena, acho que eu vou morrer logo, porque o Chico me tratou tão bem!” A sra. deixou de perguntar a ele alguma coisa? Não. Perguntei tudo o que queria. Acho
que falei demais. Devia ter ouvido mais e falado menos. É disso que eu me arrependi... Como era essa convivência em família? Ele sempre se hospedou na minha casa. Tenho todas as roupas que ele usava no trabalho social aqui em São Paulo, porque não as levava para Uberaba. Há também mais de quinhentas fotografias, das viagens que fazíamos a serviço da doutrina e de cerimônias com a minha família. Ele conheceu meu filho com dez anos, hoje ele está com 60. Foi à formatura deles e testemunha no casamento dos dois. Temos os títulos recebidos de todas as cidades que fomos juntos. Ele recebia as homenagens e me dava os diplomas, as condecorações. Há uma medalha linda que ele ganhou, quando foi homenageado no Pacaembu, aqui em São Paulo, para receber a cidadania. Esse acervo tinha que vir para o Centro. Por que ele deixava tantas coisas
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A sra. já pensava em guardar esse material todo e formar um acervo? Não. Nunca. Nunca pensei nisso, senão teria guardado tantas outras coisas; eu mesma teria pedido material a ele. Reformamos um lugar aqui no Centro Espírita União só para compartilhar o que temos. São documentos raros que precisam ser expostos em móveis especiais, material histórico do movimento espírita, livros que ele lia. E Chico lia de tudo, desde o jornal do dia, revistas, até livros raros, da codificação... E os 18 anos que ele fez de autógrafos aqui no União? Onde iria deixar esse material, se não no lugar onde ele ficou? As fitas originais do programa Pinga-Fogo também irão para o acervo, dois enormes rolos cinematográficos. Que vibração a sra. sente com esse material, hoje? Não está sendo fácil me desprender dele. Conviver com Chico, como médium e como ser humano, foi muito gratificante. Não se pode separar uma coisa da outra. Não posso idolatrá-lo porque o conheci muito bem. Durante mais de quarenta anos, sem nunca nos decepcionarmos, o que não é fácil. Por isso hoje podemos dizer que reconheceríamos qualquer comunicação dele. O que, para Chico, não poderia acontecer? Ele conhecia muito bem o ser humano e sabia de seus limites, respeitando o livrearbítrio de cada um. Não se indignava, não usava o “isso não pode acontecer” como nós usamos, mas o “cada um faz o que pode”. Lembro-me de que ao receber o convite para falar na Rádio Boa Nova, num dia de autógrafo no Clube Juventus, eu comentei: “Imagine, Chico, se eu vou fazer um programa de rádio...” E ele: “Ah, Nena, eu, se fosse você, faria.” A rádio estava começando, só pegava até Santana. Fazendo referência ao complexo penitenciário que ficava no bairro, ainda comentou: “Mesmo que fosse para falar só para os reeducandos, eu o faria.” Conte-nos, dona Nena, mais detalhes dessa convivência.
Ele era muito disciplinado e ao mesmo tempo divertido. Conseguia ficar conversando madrugadas inteiras. Dizia que a gente não tinha reencarnado para dormir. Dormia quatro, cinco horas no máximo. Trazia as correspondências para colocar em dia, trabalhava de madrugada... Também viajávamos, andávamos pelas ruas de São Paulo, íamos a teatros e restaurantes. Chico comia muito bem. Nos últimos tempos, quando não podia mais vir, nós íamos a cada vinte dias visitá-lo. Na última visita, demoramos uns dias a mais e, quando chegamos, ele disse: “Vocês demoraram demais, eu estou partindo...” Com toda a amizade que vocês tinham, ele revelava coisas diferentes a vocês, segredos? Sim, muitas coisas. Ele falava e ainda dizia: “Não deixem vir a lume antes do tempo...” E a sra. ainda guarda muitos segredos? (Pensativa) Sim... Segredos que eu preciso levar comigo... Por isso que eu conheço bem as comunicações, quando digo: “Não é Chico!!!” A sra. quer dizer que Chico não deu nenhuma comunicação? Eu não encontrei a linguagem que o identificasse ainda. Nunca mais a sra. falou com ele? Muitas vezes!!! De madrugada. Faço aniversário dia 21 de fevereiro. Talvez, com tantos problemas a resolver, perguntas e entrevistas, devido às comemorações de seu centenário, eu realmente estava precisando muito de socorro. Tenho orado, lembrado dele, chorado, com saudades. Numa madrugada acordei e disse ao Galves: “Estive com o Chico! Eu sei que estive com ele. Fui visitá-lo em Uberaba. Alguém disse que ele não podia me atender. Fiquei vendo-o de longe, mas logo ele veio caminhando, colocou a mão no meu ombro e disse: ‘– Nena eu vou te dar um presente.’ Tirou de dentro do bolso do paletó uma pedra, uma ametista linda e me entregou dizendo: ‘Guarde-a com você...’ Dei um beijo nele e acordei.” Fiquei tão feliz, em estado de graça. Vindo para o Centro, comentei sobre o meu sonho com uma pessoa. Quando acabei de contar, ela começou a chorar. Ela tinha comprado dois dias antes um anel de presente para mim, justamente com a pedra do sonho. Isso é um exemplo de que
Chico não precisa Algumas peças do acervo: a cama do escrever para se comédium e fitas originais do “Pinga-Fogo” municar, não precisa de um lápis. Será que não bastaram mais de 450 livros? Nem entendemos tudo o que ele deixou e, pior, andam contando tanta bobagem do mundo espiritual, quando ele já nos trouxe tudo tão explicado, tanta coisa linda sobre os espíritos. O que querem mais? Fofoca? Ele não precisa falar mais nada... Mas por que ele não se comunicaria, uma vez que tem todo o conhecimento para fazê-lo? E você acha que é fácil, no mundo espiritual? E tem mais: será que já não recebemos tanto? Já parou para pensar que há o planeta, o universo inteiro e tanta gente precisando de espíritos como ele? Não tenho dúvida de que Chico foi um apóstolo de Jesus. Será que o mundo maior já não mandou esse espírito para o Brasil para nos auxiliar? E a grande pergunta: só existe o Brasil? Somos muito pretensiosos. Tenho visto muito espírita pensar pequeno! O que faltou Chico psicografar, deixar escrito? Ele escreveu tudo. Há três fases: a esclarecedora, que é a coleção André Luiz, que mostra como se vive, o que se faz, conta tudo da vida espiritual, a dos romances de Emmanuel, com os comentários do Evangelho, mensagens, e por último a fase consoladora, com as mensagens dos filhos aos pais. A sra. acredita que Chico vai reencarnar logo? Ele realmente não queria ficar muito tempo no mundo espiritual. Queria reencarnar logo, tomar corpo e começar novamente a trabalhar. Mas acho que a espiritualidade não vai deixar ele voltar tão depressa, porque ele trabalhou tanto, desempenhou tão bem a sua tarefa... Acho que os pedidos, mesmo os dele, serão reanalisados, inclusive por ele. E se vier alguém mais acima dele, uma Veneranda, dizendo: “Chico, nós precisamos de você em outro lugar?” É preciso pensar grande. Outra coisa que estão falando
por aí é que Chico era ecumênico. Era ecumênico para os outros, mas para ele era espírita, seguia Kardec. Na sua opinião, o que está acontecendo agora? Será que precisávamos passar por isso, para criarmos mais autonomia como espíritas? Você já estudou, quando uma colônia vive para um país, que tem a sua custódia por ser mais evoluído? Quando vem a lei da liberdade, passa-se a achar que se pode tudo e, depois, muitas escolhas têm que ser reparadas. Hoje há tantos sábios espíritas, tantos médiuns, tantos escritores que é como se estivéssemos com medo de Chico e, agora que ele fechou os olhos, todos começaram a fazer o que sempre tiveram vontade. Chico impunha respeito, tinha autoridade moral. É isso? Sim. Alguns anos antes de Chico desencarnar, já debilitado, eu segurando as mãos dele, ele me olhou e perguntou: “Nena, Nena, o que eu estou fazendo aqui? Não trabalho, não posso fazer nada, sou um estorvo. Eu queria passar para o plano espiritual, reencarnar e tomar um corpo novo, porque, o que eu faço com essa carcaça?” Respondi que ele estava assim por misericórdia, porque os espíritas sem ele ficariam como as virgens loucas do Evangelho. Anos se passaram, Chico melhorou, ficou mais um tempo conosco e se foi. E ficam preocupados, agora, em saber quem vai ficar no lugar do Chico. Quem disse que o espiritismo precisa de líder? www.correiofraterno.com.br
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na sua casa, tantos documentos importantes? Chico via no espaço e no tempo, ele sabia que eu não iria me desfazer disso e nem trocar por favores.
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O que diz Deolindo Amorim
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COISAS DE LAURINHA
Vulto? O quê? Por TATIANA BENITES
Não se pode examinar o espírito dentro de um laboratório de física. Isso não quer dizer que o espiritismo despreze o conhecimento científico. Quando se diz que O livro dos espíritos é a coluna-mestra de todo edifício do espiritismo, não se pretende transformálo em livro sagrado, como se fosse uma Bíblia. Ensina a doutrina espírita que, enquanto a parte material da ciência exige somente os “olhos que observem” a parte espiritual exige certo grau de maturidade, que independe do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento do espírito. A divulgação da doutrina espírita não pode limitar-se a falar sobre a sobrevivência da alma, dos mundos espirituais, esquecendo-se do ser encarnado e da miséria social à sua volta. Tem-se procurado confundir o Espiritismo com velhas práticas afro-católicas, enraizadas no Brasil desde o período colonial... Em primeiro lugar, o que caracteriza o ato espírita não é exclusivamente o fenômeno; em segundo lugar, o Espiritismo (corpo de doutrina organizado por Allan Kardec) surgiu no mundo em 1857, e quando suas obras chegaram ao Brasil, já existia o Africanismo generalizado, principalmente na Bahia. O Espiritismo não é uma questão de fé. A convicção não se transmite, forma-se com o tempo através da observação, do estudo, da crítica, da meditação. Bibliografia: Análises Espíritas – Ed. Feb Africanismo e Espiritismo –Ed. Mundo Espírita Convite à Reflexão – Ed Lachâtre Recordando Deolindo Amorim – Ed. Lar ABC www.correiofraterno.com.br
Laurinha e Ana conversavam antes da aula de Educação Espírita. – Eu vi um vulto ontem – disse Ana. – Ai credo, que medo! – comentou Laurinha – Como ele era? – Como assim? – indagou Ana. – Era homem ou mulher? – Sei lá. – Era escuro ou claro? – Não sei. – Se for claro é bom, se for escuro não é bom... eu ouvi isso uma vez. – Eu não sei se era claro ou escuro, homem ou mulher, eu falei que eu vi um vulto. – Então, mas fala como era. – Vulto é vulto! Tipo assim, não tem forma. – Vulto não é um espírito? – É, mas quando vemos bem rápido e nem dá pra ver direito é que chamamos de vulto. – Então você não viu nada. – Vi sim! – Se você não sabe como era é porque não viu. – Se eu tivesse visto o espírito teria visto um espírito e não um vulto. Vulto é vulto. – Se vulto não é espírito eu não te entendo. – Não sei explicar, tô ficando confusa. – Já sei. Se você viu um vulto que não é bem um espírito e que é bem rápido então você viu só um borrão. – Tipo assim: mais ou menos um borrão, mais ou menos um espírito, mais ou menos rápido, nem homem nem mulher, nem escuro nem claro. Entende? – Aaah!! Agora eu entendi... acho que eu também vi outro dia – exclamou Laurinha. – Jura? – É, no banheiro! – Tem espírito no banheiro? – perguntou Ana preocupada. – Espírito? Nããão! Vulto! – tranquilizou Laurinha. – Ufa! Ainda bem!
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BAÚ DE MEMÓRIAS
O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!
Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
Onde está a memória do
centro espírita?
T
Por MILTON FELIPELI
odo centro espírita tem uma história, que revela a sua origem, o seu início, o seu nascimento. Como nasceu a ideia de sua fundação? Quando tudo começou? Desde a sua fundação, durante todas as suas atividades, até o seu desaparecimento, essa história é que compõe a célula básica do que se convencionou denominar de movimento espírita. No Brasil, assim como na maioria dos países das Américas, o ponto de partida foram as sessões mediúnicas realizadas domesticamente. Nessas reuniões, os homens conversaram com os espíritos que, através dos médiuns ostensivos, apresentaram-se como guias e sugeriam, aconselhavam e estimulavam a criação de grupos para a prática da caridade. Há mais de cem anos esse fato acontece. Os centros espíritas, no conjunto, realizam por décadas, suas atividades doutrinárias e de promoção humana e social, junto às comunidades onde se encontram instalados, por onde passam e atuam fundadores, diretores, dirigentes, médiuns e colaboradores. Muitos se afastam pelos mais diversos motivos. Outros abandonam as atividades espíritas, e outros, ainda, desencarnam. E onde fica registrada essa história? Onde está a memória do centro espírita? De uma maneira geral, essas instituições possuem exata de sua importância para a história? Há cadernos que registram a presença das pessoas nas reuniões, livros de atas das reuniões de diretoria, do conselho, documentos oficiais, como os estatutos, fotos de pessoas e de acontecimentos;
eventos; filmes; negativos de fotos; cartas; livros da biblioteca; revistas; jornais. E tudo isso constitui o acervo documental da casa espírita. Com quem fica esse material? Quem guarda tudo isso? Não raro, o material histórico do centro espírita se fragmenta nas casas das pessoas ligadas à instituição. A verdade é que os pesquisadores da história dos centros e instituições espíritas enfrentam grande dificuldade para realizar esse trabalho. Aliás, pela oportunidade, será bom dizer que de forma geral, o meio espírita dá pouca importância à preservação da memória do espiritismo. Registramos depoimentos de diretores, fundadores, dirigentes e herdeiros de documentos, que movidos pela indiferença, jogaram fora papéis, fotos, livros e outros materiais que pertenciam aos centros e instituições. A alegação é sempre a mesma: “tratava-se de material velho, antigo, amarelado; que não serve para nada e que estava se estragando com o tempo”. A realidade é que temos que fazer alguma coisa para preservar a memória das instituições espíritas. A história é uma disciplina científica que auxilia no registro e interpretação dos fatos, pois o passado histórico explica os acontecimentos da atualidade. E hoje esse trabalho de registro de material histórico encontra-se facilitado pelo uso da rede mundial de computadores. Milton Felipeli é jornalista, escritor e radialista. Membro da ADE-SP que realiza os programas “Diálogos Espíritas” e “Ação 2000”, pela Rede Boa Nova de Rádio. miltonfelipeli@ig.com.br / miltonfelipeli@hotmail.com
Acervo do CCDPE: registros dos materiais históricos do espiritismo
O que se deve fazer • Reunir a direção do centro e seus colaboradores e expor a importância da preservação da memória • Reunir todas as fotos e documentos do centro –os que se encontram na sede e também nas casas de diretores, dirigentes e participantes • Registrar em envelopes destinados para isso, os nomes dos proprietários das fotos e documentos cedidos por empréstimo. Anotar no verso das fotos, caso necessitem ser devolvidos posteriormente • Digitalizar todo o material, salvando-o em pastas no computador. Escrever a legenda das fotos, com nomes de pessoas, tipo de evento a que se referem e datas • Gravar e salvar em arquivos depoimentos de pessoas que participam ou participaram da vida do centro, desde a fundação. • Gravar em Cd ou DVD todo o material colhido. Providenciar cópias para serem guardadas pelos dirigentes • Encaminhar cópias para Centros de Pesquisa e Memória Espírita. Vale a pena conhecer o projeto “Cadastre sua instituição Espírita”, do CCDPE, um projeto de catalogação virtual de Centros Espíritas para resgatar a memória e melhor conhecer a história do movimento espírita. É só entrar no site, cadastrar a instituição e contar a história que você conhece. www.ccdpe.org.br Alguns Centros de Preservação: • Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro- São Paulo (11) 5072-2211 • Instituto de Cultura de São Paulo – Lapa – São Paulo (11) 3834-6225 • Centro de Documentação Espírita do Ceará - kleinfilho@yahoo.com.br • Centro de Memória e Documentação Espírita Antonio Lucena, Rio de Janeiro (21) 2224-1060 www.correiofraterno.com.br
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Lar Emmanuel comemora 50 anos de fundação Por ELIANA HADDAD
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5 1- Mais de 300 convidados prestigiam o evento 2- Reencontro entre antigas crianças do Lar e voluntária
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3- Mestre de cerimônia e presidente da Casa 4- Homenagens das crianças 5- Voluntários da Casa: nova e velha guarda 6- Fundação Salvador Arena, parceria que deu certo
CREATION PRODUÇÕES E CARLOS EDUARDO
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LIVROS & CIA. CCDPE / EME / Unifran / Fapemig Tel.: (11) 5072-2211 www.ccdpe.org.br
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7- Incentivo à leitura
Anuário Espírita 2010 de diversos autores 304 páginas 13,5x18,5 cm
Editora EME Tel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br Mentores de André Luiz de Isabel Scoqui 280 páginas 14x21 cm
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8- Espaço lúdico e arborizado 9- Ana Paula, mãe de Matheus: segurança quanto ao que nossos filhos recebem 10- Afeto: diferença no desenvolvimento das crianças
Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br
11- Projeto Jornada: atividades no período oposto ao da escola
tando a importância do trabalho iniciado pelo grupo formado pelos fundadores Sr. Alberto D’Angeli, Milton Tenório Cavalcanti, Andrés Garcia Guerreiro, José Correa Gomes, Álvaro Moreira e Expedito Teófilo da Silva, Manoel Romero, Ismael Sgrignolli, Raymundo Espelho, José Perez Perez e muitos outros. “A maior parte deles não se encontra mais entre nós, mas nem por isso podemos
deixar de agradecer a todos”, homenageando todo o grupo pela ousadia e atitude que proporcionaram as condições iniciais para que o trabalho pudesse ser desenvolvido ao longo dos anos.
Visão Espírita da Bíblia de J. Herculano Pires 104 páginas 14x21 cm
Saiba mais sobre o Lar Emmanuel, veja o vídeo institucional, presenteado a todos os que compareceram à comemoração (www.laremmanuel.org.br). Todos podem colaborar para dar continuidade a essa história. www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br
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Voluntários (Coleção Espiritismo na Universidade) de Jáder dos Reis Sampaio 248 páginas 16x23 cm
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a noite de 30 de março, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP, recebeu mais de 300 convidados para comemorar os seus 50 anos de fundação. Estiveram presentes autoridades municipais e estaduais, diretores, funcionários, voluntários, familiares e alunos, empresários, parceiros e amigos da entidade que em clima de muita alegria e gratidão se confraternizaram, festejando os desafios e conquistas da emocionante história da instituição, por onde já passaram mais de 2.500 crianças. A cerimônia, apresentada pelo radialista George De Marco, teve início com o Hino Nacional, seguida de um jogral apresentado pelas crianças do Lar, sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Apresentou um vídeo institucional com os principais momentos dos 50 anos de história da instituição, em agradecimento a todos os que com ela colaboraram, convidando novos parceiros para a manutenção e ampliação da obra, sempre em busca de apoio para a realização de novos sonhos. O presidente do Lar Emmanuel, Adão Ribeiro da Cruz, enalteceu as ações sempre direcionadas ao atendimento às crianças, adolescentes e seus familiares. “Sabemos que a construção desta maravilhosa obra só foi possível graças ao esforço, sacrifício, dedicação e trabalho, com muito amor, dos fundadores desta instituição, que tiveram visão do futuro”. Segundo ele, se ampliado, o Lar Criança Emmanuel ainda tem muito por fazer. “A instituição tem projetos para melhoria e ampliação do atendimento, mas para que esses projetos se concretizem, precisamos de um fator muito importante, que é a parceria, para que iniciativas, como essas do Lar Emmanuel, cresçam e façam a diferença, no presente e no futuro de nossas crianças e adolescentes”– alertou. Entre as várias homenagens, a jornalista Izabel Vitusso, vice-presidente do Lar Emmanuel, emocionou o escritor Raymundo Espelho, seu pai, um dos fundadores da instituição. “Sabemos que para isso acontecer, foram necessários o esforço e a dedicação de pessoas especiais. Eles superaram muitos obstáculos e somente com a ajuda de amigos, esse propósito pôde ser alcançado”, destacou, ci-
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Lar da Criança Emmanuel
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onvenhamos que completar 50 anos de idade, de casado, ou de profissão, merece mesmo uma boa comemoração. E nos dias de hoje, uma instituição com a história e a importância do Lar da Criança Emmanuel chegar às bodas de ouro merece muita celebração! Afinal de contas são mais de 300 crianças em regime de creche e jornada complementar, numa valiosa parceria com a comunidade local, que recebe apoio à saúde, educação e lazer, além de ações sociais voltadas à família. Fundado em 30 de março de 1960, o Lar abriu suas portas no dia 18 de outubro de 1964, com a presença de amigos e autoridades do município. Naquela mesma noite, a casa recebeu as primeiras quatro crianças, que já estavam, aliás, abrigadas nas casas de alguns membros do grupo de idealizadores – um grupo formado, inicialmente, por um grupo de idealizadores. Raymundo R. Espelho, hoje com 73 anos, quem conta: “Quando cheguei em São Bernardo do Campo, em 1959, vindo de Catanduva, SP, praticamente na mesma época em que veio meu amigo do movimento espírita, Ismael Sgrignolli, fomos participar do Centro Espírita Emmanuel, em São Bernardo, o único existente até então, na cidade. www.correiofraterno.com.br
Da REDAÇÃO
Nesse grupo, já existiam estudos para se fundar um lar para crianças órfãs. Mas não tínhamos dinheiro e tão pouco o terreno. O grupo tomou então conhecimento de que havia uma família espírita que possuía terras na zona rural da cidade. Era uma trilha para pedestres e carroças. Não havia ônibus e os veículos eram raros.” O casal Felipe e Leonor de Freitas Audi doou parte de suas terras – cerca de 6.000 metros quadrados – onde se iniciou a história da instituição. Em Assembléia Geral realizada no Centro Espírita Emmanuel, o projeto de um lar para crianças órfãs passa oficialmente a existir, tendo assim sido aprovado seu estatuto, eleitos os 33 primeiros membros do Conselho Deliberativo, Conselho Administrativo e sua primeira Diretoria. Juntos, eles venceram barreiras e deixaram marcas nesses 50 anos de história do
Belmiro Toneto, homenageado pelo primeiro secretário Vladimir Gutierrez
Lar, por onde já passaram mais de 2.500 crianças. “A primeira criança – lembra seu Belmiro Toneto – foi o Roberto, que chamávamos de Xerife, por ser um menino bem grande”. Os bercinhos, que aos poucos iam sendo ocupados, tinham diversas procedências. Alguns doados, pela indústria moveleira na cidade, e outros usados, doados pela comunidade. Os colchõezinhos, porém, foram feitos com as espumas e os retalhos de tecidos doados como sucatas. Maria Aparecida Montoro Toneto, dona Cida, esposa de seu Belmiro Toneto, conta que as flanelas usadas para a limpeza das peças nas indústrias eram clareadas e delas saíram muitos pijaminhas para as crianças. “Fazíamos no Lar mesmo as costuras. Enquanto uma cortava a outra ia costurando”. Essa tarefa teve a grande dedicação de outras companheiras, como dona Janete Rodrigues Sgrignolli, Célia Guimarães, Clarice Toneto, Maria Elena S. Rodrigues e de outras voluntárias, em sua maioria esposas dos diretores. “Como não existia linha de ônibus para o Lar, a gente vinha com o seu Corrêa [José Corrêa Gomes], presidente na época. A diretoria vinha toda para trabalhar. Lembro-me que o Ismael [Sgrignolli], um homem estudado, assim
Aparecida Toneto: pijaminhas com flanelas doadas
como o Raymundo, todo mundo ajudava no concreto” – recorda dona Cida. Todos os profissionais e voluntários que passaram pela instituição, ao longo desse tempo, prestaram seus serviços e exemplificaram o verdadeiro amor desinteressado nas suas mais diversas atividades. Um dos casos mais impactantes, e que exemplifica bem o valor do Lar, é o de Maria Geni Francisco. Em 1972, ela era a mais velha dentre os quatro irmãos órfãos, acolhidos pelo Lar. Geni permaneceu no Lar até os 23 anos, de onde saiu casada. Então, fez faculdade de pedagogia e, formada, voltou ao Lar em 2003, onde hoje trabalha como diretora da creche. “Lembro que o Lar era muito bonito, bem cuidado. O chão era um ‘brinco’ e hoje, eu procuro fazer a mesma coisa. Minha vida foi de aprendizado. Aqui eu tive só que dividir o amor com um montão de crianças. O que eu recebi no Lar tento dar para essas crian-
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50 anos mais que especiais
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ças hoje. Olhando para trás, eu gostaria de ter tido mais entendimento, ter aceitado melhor algumas coisas, porque se eu perdi minha mãe aos 5 anos, eu cresci e tive meus irmãos próximos de mim. Se não tive um pai presente, tive uma outra estrutura que me acolheu. Eu só tenho a agradecer. Tudo veio a seu tempo. Amadurecer é assim” – afirma Geni. Em meio século, o Lar teve um progresso gigantesco. Até os Anos 80, talvez em virtude de ser internato, as crianças chegavam subnutridas e enfermas. A mudança para o sistema de creche, com as crianças convivendo com seus familiares, trouxe vida nova para a Casa e uma integração maior com a comunidade, compartilhando-se maiores responsabilidades. O atual presidente do Lar, Adão Ribeiro da Cruz, lembra que as conquisPresidente Adão Ribeiro: trabalho pela ampliação das atividades
tas alcançadas acabaram envolvendo até parceiros, como o governo japonês, que
possibilitou a instalação de uma nova unidade para ampliar o atendimento à comunidade, em dezembro de 2008. “Agora as crianças podem ficar até os 14 anos. Elas vêm nos horários alternativos aos da escola, como complementação dos programas educativos. Temos reforço escolar, atividades de arte, em moderno atelier, biblioteca, capoeira, artes marciais, atividade com violão e música, e estamos planejando também aulas de educação física”– explica o presidente. São 50 anos de muitas e boas recordações de gente disposta, que atendeu ao chamado de ajuda de uma obra que crescia e ampliava o número de seus assistidos, necessitando sempre de novos colaboradores. “Cheguei do interior aqui em São Bernardo em 1945. Frequentava um centro espírita na Vila Maria, em São Paulo. Foi quando soubemos do Lar que ia receber crianças e precisava de ajuda. Pegamos o trabalho com amor. A gente trabalhava com prazer mesmo, que rendia”– recorda seu Pedro, 79 anos, o irmão mais velho da família Toneto. Segundo sua esposa, dona Clarice Toneto, as histórias pessoais e a do Lar muitas vezes acabam se misturando. “O Lar foi muito importante para nossa vida. Aumentou nosso amor ao próxi-
mo. Eu adorei trabalhar assim, no que eu fiz. A história dessa Casa faz parte de nossa vida”, completa. Vidas como a de dona Ruth Manzini, que chegou para ajudar na administração dos serviços e pessoas, por muitos anos, tratando a todos com muito carinho e conhecimento de causa. Ela permaneceu por décadas no Lar, até a sua desencarnação. Ou a de Leonor Antoniassi (Tia Lolô), uma das mais antigas trabalhadoras da casa, que chegou em 1972. Veio do interior à procura de emprego. Hoje, aos 75 anos de idade, ainda na ativa, sendo umas das responsáveis pela elaboração das mais de 25 mil refeições mensais servidas, lembra que quando veio para o Lar havia em torno de 60 crianças. Ela conta: “Sempre gostei daqui. Nunca faltou comida nessa dispensa. Sempre aproveitamos tudo, inventando cardápios que as crianças gostam. Meu dia até
Janete Sgrignolli, uma das pioneiras, e Geni Francisco, diretora da creche
hoje começa cedo. Levanto às cinco, às seis já estou fazendo o café. Às oito já começamos o almoço. Mas se tivesse que mudar alguma coisa na minha vida, não mudaria nada” – conclui. Os depoimentos são unânimes em admitir que os eventos beneficentes tinham múltiplas funções, muito além de apenas arrecadar fundos para os projetos do Lar. Dentre elas a de propiciar que muitos passassem pela Casa e conhecessem a qualidade do trabalho que ali era realizado, o que tornava o Lar uma referência. Esposa de Ismael Sgrignolli (desencarnado na década de 80), Janete Rodrigues Sgrignolli compara o trabalho desses anos todos como ao do passarinho, que leva água no bico para apagar um incêndio. “É pouco, mas ele faz a sua parte. Pelo menos essas crianças tiveram um futuro diferente. Muitas teriam apenas a rua” – assinala. Este “trabalho de passarinho” continua. Esta história não acaba aqui. Meio século de conquistas merece mesmo muita celebração, pois solidificam e pavimentam a estrada do Lar da Criança Emmanuel para mais 50, 100, muitos anos de amor ao próximo. Para saber mais: fone (11) 4109-8938 www.laremmanuel.org.br www.correiofraterno.com.br
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Sociedade solidária, gente feliz Por ELIANA HADDAD
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busca pela participação ativa e construtiva na sociedade seria, à primeira vista, o motivo principal do interesse pela atividade voluntária. Cada vez mais presente na vida de pessoas que, em meio à correria dos seus afazeres, arrumam um tempo para se dedicar ao próximo – auxiliando em creches, asilos, hospitais, alfabetização de adultos, oferecendo consultas gratuitas – o trabalho voluntário vai ganhando cada vez mais status, ao revelar uma admirável diferença nos indivíduos que valoriza e agrada: a disposição de fazer algo que se encaixe no espírito de solidariedade. Na verdade, outros fatores também estão em jogo quando se fala em voluntariado. Embora por definição o voluntário seja aquele que doa seu trabalho, suas potencialidades e talentos numa função específica, ele é também aquele que se beneficia com essa atitude, preenchendo muitas vezes um vazio, uma inquietação interior. O trabalho voluntário – por vontade – proporciona grande satisfação pessoal pelo próprio desafio que representa, ou até mesmo, algumas vezes, infelizmente, pela rota de fuga em que se transforma ao mascarar dificuldades no enfrentamento de problemas individuais e familiares. O psicólogo mineiro Jáder dos Reis Sampaio se inquietou com o assunto. Quis saber o que havia por detrás de tudo isso, o que motivava as pessoas a encontrar tempo para se dedicar espontaneamente a buscar soluções para resolver ou amenizar as dificuldades e sofrimentos alheios. Acabou acompanhando o trabalho de uma organização do Terceiro Setor, administrada voluntariamente por integrantes do movimento espírita retratando consequentemente a visão de mundo do espírita brasileiro www.correiofraterno.com.br
com seu sentimento de respeito e amor ao próximo. Sua tese de doutorado Voluntários - Um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura de uma organização do Terceiro Setor, defendida em 2004, na Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, é o primeiro trabalho publicado pela série Espiritismo na universidade (Editora Unifran), que acaba de ser lançada com renda destinada ao Centro de Cultura Documentação e Pesquisa Eduardo Carvalho Monteiro (www. ccdpe.org.br), com sede em São Paulo, referencial para consultas de documentos, livros, artigos e pesquisas sobre a doutrina espírita. Segundo Nadia Luz, coordenadora do projeto pela Universidade de Franca, em São Paulo, o movimento do Terceiro Setor que nasceu de modo espontâneo na sociedade, vem marcando seus passos na história, “uma ocorrência natural que se formou, a princípio, quase que instintivamente, sem qualquer conhecimento dos tradicionais processos de gestão administrativa”– analisa. Foi exatamente o que ocorreu com as obras assistenciais espíritas. Muitas, fundadas há longas décadas, como é o caso do Lar da Criança Emmanuel (50 anos) e tantas outras espalhadas por todo o Brasil (veja ao lado), foram fundadas simplesmente no desejo de ajudar, de modo empírico com muito trabalho e vontade, por gente disposta a trabalhar, a fazer o bem como imperativo da caridade cristã, um impulso irrefreável de auxílio fraterno a crianças, idosos e doentes. Assim nasceram tantas creches, asilos e hospitais espíritas. Pequenos grupos que originaram obras que hoje são gigantescas, pioneiros que ajudaram a divulgar a ideia do espiritismo como algo realmente bom para a sociedade, si-
Casal Pedro e Clarice Toneto com Tania Teles: encontro de gerações no trabalho voluntário
nônimo de abrigo, enxovais, sacolinhas, sopas, aconchego e carinho. Todos eles advindos de muita luta, como verdadeiros bandeirantes sociais da época, enfrentam atualmente o grande desafio de acompanhar a modernidade, sem perder o sentimento de amor fraterno com que foram criados. “Há necessidade de conhecimento mais substancial da cultura das organizações de Terceiro Setor, antes de se propor a adoção de técnicas de gestão oriundas do meio empresarial”, recomenda Jáder Sampaio em sua tese de doutorado. Na sua grande maioria, passados os tempos de promoção social, idealizada pelos fundadores, as instituições são impulsionadas a desenvolver um trabalho ampliado no conceito atual de educação integral do ser, em parceria com a família e a sociedade. De um modo geral, elas se deparam atualmente com um enorme desafio: manutenção de suas atividades em parceria com o poder público e privado, dilatando espaços de ação voluntária que envolva as mais diversas atividades. Afinal, há trabalho para todos, motivo pelo qual o papel do Terceiro Setor vem ganhando notoriedade, acenando para
uma cidadania empresarial, que auxilie a manutenção e o desenvolvimento de todo o conjunto de organizações sem fins lucrativos. O trabalho é coletivo, haja vista o próprio Estatuto da Criança e Adolescente, Lei Federal nº 8069 (13/07/1990), que determina no seu Art. 4º: é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Segundo Jáder, o Terceiro Setor é um segmento a ser compreendido atentamente por administradores, em especial, e pelos muitos saberes acadêmicos em geral, para que possa vir a somar o seu potencial de motivação e realização das pessoas que nele atuam com ações sociais mais efetivas e transformadoras da sociedade brasileira. “É um setor que tem suas singularidades, por isso o maior desafio é a constituição de uma proposta de gestão dentro das teorias administrativas que considere as suas singularidades sem per-
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Não podendo haver evolução sem trabalho, a cada um cabe realizar a sua parte, para o progresso individual e coletivo. Como puder. E quando quiser. O que importa é semear. A recompensa é outra questão. Para saber mais: Tese sobre voluntários: www.correiofraterno.com.br Outras teses espíritas: www.febnet.org.br no item Biblioteca/ Pesquisas.
O que eles dizem Nancy Puhlmann de Girolamo, membro do Conselho Orientador da Instituição Beneficente Nosso Lar O desafio das instituições é mudar para progredir. Para continuar é preciso estar aberto para mudanças, para que não se corra o risco de cair e escorregar. É preciso equilíbrio – reverenciar a história, mas estar com os olhos no presente, com visão de futuro. Outro ponto importante é a qualificação do voluntariado. Voluntário despreparado acaba atrapalhando.
Raymundo Espelho
Nancy Puhlmann de Girolamo
Raymundo Espelho, um dos fundadores do Lar da Criança Emmanuel Comecei no Lar Emmanuel com 20 e poucos anos, buscava a melhor forma de plantar sementes. E a assistência à criança veio ao encontro dessa nossa expectativa. Nunca foi fácil uma instituição ter muitos voluntários. As pessoas eram sempre poucas para muito trabalho. Minha esperança é que os mais jovens substituam os mais idosos, que já estão partindo, porque as obras têm que continuar.
Maria Elena Rodrigues, antiga voluntária do Lar da Criança Emmanuel O trabalho voluntário pode ser definido como uma participação prazerosa, feliz. O ser humano é maravilhoso, tem muito amor para dar. Dedicação ao próximo é dedicação a si mesmo, uma oportunidade de colocar para fora tudo o que ele tem de bom. É o amor em movimento. Para isso que fomos criados.
Voluntário para mim, é uma pessoa que acredita numa causa, doa parte de seu tempo e trabalha por ela. O ato de servir ao próximo, ouvindo e consolando as pessoas que chegam com a perda de entes queridos como nós, é uma troca de experiências incomparável. Só a fé em Deus e o conforto dos amigos nos fazem voltar à tona. Geraldo Ribeiro, vice-presidente do Grupo Espírita Batuíra Temos 800 voluntários. Há sempre trabalho, é o que não falta. Já vimos muito morador de rua que falava três idiomas e se perdeu na vida. Hoje, muitos ex-assistidos são voluntários do Grupo Espírita Batuíra. É preciso dar oportunidades de mudanças, de retomar a vida. Quando se oferece aos assistidos, por exemplo, uma atividade de artesanato, uma terapia ocupacional, isso pode ser um estímulo para se iniciar uma profissão. É a busca da valorização do ser humano, de cuidar da sua autoestima. É preciso se sentir útil. Já dizia o Espírito Batuíra, “ o remédio para tudo é trabalho, trabalho, trabalho”.
Silvio Simonaggio, advogado, empresário com forte atuação na área de Responsabilidade Social Apoiar obras sociais é uma questão simples, deve fazer parte das nossas atividades. O retorno não é do empresário, pois a vida empresarial e o trabalho são ferramentas de burilamento do espírito; importante mesmo é salvar vidas. O termo responsabilidade social é só uma atualização para o mundo empresarial. “Na verdade isso se chama fraternidade, solidariedade, e vem da educação, da alma.” Julia Maria Tube, do Grupo Fraterno Nossos Filhos, Nossos Amigos, Nossos Irmãos
Geraldo Ribeiro
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mérito possa fazer sua caminhada para o progresso. “Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros estariam atrofiados; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal; por isso, lhe fez do trabalho uma necessidade”, bem disse Allan Kardec no Cap. XXV, item 3, de O evangelho.
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O trabalho está alicerçado em princípios morais, principalmente no amor. Não se pode esquecer que é lei natural, divina, seja ele físico ou intelectual, exemplicado por Allan Kardec em O evangelho segundo o espiritismo, ao lembrar as máximas “ajuda-te que o céu te ajudará” e buscai e achareis”. Fácil é perceber que a necessidade do trabalho está na essência do espírito para que por seu
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der de vista a sua efetividade”. Ser voluntário hoje está na moda, numa verdadeira explosão de conceitos, que inclusive valorizam currículos, transformando hábitos, mudando-se o olhar que já não é mais o do “eu faço e você recebe”, mas o do “que bom que você existe para me permitir ser útil e solidário”. É uma troca, segredo que só quem vivencia conhece.
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QUEM PERGUNTA, QUER SABER!
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Tudo pronto para
2012? Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO
Tenho visto livros, filmes e até pesquisadores dizendo que o mundo vai acabar em 2012. O Espiritismo confirma? Pergunta de Gustavo Cardoso de Almeida, de São Paulo/SP, por e-mail.
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uma manhã de 1868, Allan Kardec recebeu entre suas cartas uma brochura intitulada: “O fim do mundo em 1911”. O Autor chegou a essa conclusão por meio de cálculos cabalísticos baseados nas profecias de um célebre profeta alemão, Holzauzer, nascido em 1613. Kardec comentou: “Será o fim em quarenta e três anos. Quer dizer, entre os vivos de hoje, mais de um será testemunha dessa grande catástrofe”. Folheando a brochura, o codificador encontrou uma citação de O livro dos espíritos anunciada como prova: “Abri a obra de Allan Kardec e lereis na primeira página: ‘Os Espíritos anunciam que os tempos marcados pela Providência, para uma manifestação universal, são chegados”. 1911 passou, e tudo está aí. Devem os espíritas, porém, temer a data de 2012, ultimamente anunciada como o verdadeiro fim do mundo? Kardec explicou aquela citação da brochura, na Revista Espírita de 1868: “Os Espíritos, em lugar de dar o alarme, vêm trazer a esperança. Os Espíritos não puderam impedir de anunciar que os tempos marcados pela Providência eram chegados; mas não querendo falar do fim do mundo, o que não entra de nenhum modo em seu sistema, eles acrescentaram: para a regeneração universal da Humanidade”. Pela noite, na Sociedade de Estudos www.correiofraterno.com.br
Espíritas de Paris, presidida por Kardec, o eco das gargalhadas chamou a atenção do Espírito Jobard: “Gritava-se: o fim do mundo! Ouvi a voz de vosso presidente e meu amigo, que lia algumas passagens de uma brochura onde se anuncia o fim do mundo como muito próximo. O assunto me interessou; escutei atentamente, e, depois de ter maduramente refletido, venho vos dizer: Sim, senhores, o fim do mundo está próximo!”. Trema na cadeira, caro leitor! O espírito confirmou a profecia! Todavia, vamos ter a delicadeza de continuar a ouvir suas justificativas: “Se a preocupação do fim do mundo terrifica os medrosos de vosso mundo, ela fere igualmente os seres atrasados do mundo espiritual... Mas de que mundo é o fim? Será o fim do mundo da superstição, do despotismo dos abusos mantidos pela ignorância, da malevolência e da hipocrisia; será o fim do mundo egoísta e orgulhoso, do pauperismo, de tudo o que é vil e rebaixa o homem”. Deus jamais destruiria o planeta, justo agora que a obra de Jesus se aproxima de um desfecho. A morte não existe! Terra e céu se unem para regenerar a humanidade pela justiça, amor e caridade. Não tema chuvas e terremotos. Numa sessão mediúnica, perguntei a um espírito amigo sobre esses sinais, e ele esclareceu: “Serão fortes o suficiente para despertar os que dormem, conscienti-
zando-os de que a vida não se constrói com bens comprados pelo ouro, mas pelos valores imortais da alma”. Que assim seja.
Envie sua dúvida para redacao@correiofraterno.com.br. Teremos o imenso prazer de pesquisar. Esta coluna está aberta a outras respostas e complementações.
Que tempos são chegados? No livro A gênese, Allan Kardec dedica um capítulo inteiro para falar das transformações dos mundos. Sob o título São chegados os tempos, reúne 35 itens sobre o tema, tendo a colaboração dos espíritos Arago e Doutor Barry, esclarecendo o próprio pesquisador sobre quais seriam esses sinais e como poderia ser afinal reconhecida a nova geração que comporia o quadro de uma morada de regeneração. Diz Arago que tudo na criação é harmonia; tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas, motivo pelo qual temos, pois, que afastar toda ideia de capricho, por ser inconciliável com a sabedoria divina. “O progresso da Humanidade se cumpre, pois, em virtude de uma Lei, sábia”, avisa. “Quando a humanidade está madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus; eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita”, resume. Já segundo o Espírito Doutor Barry, é mesmo certo que a humanidade se transformará, como já se transformou em outras épocas, e cada transfomação se assinala por uma crise, sempre seguida de uma fase de progresso material e moral. A agitação é dos encarnados e desencarnados. “Dá-se então durante algum tempo verdadeira confusão geral, mas que passa como um furacão, após o qual o céu volta a estar sereno, e a humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas ideias, começa a percorrer nova etapa de progresso”. E ainda acrescenta: “É nesse período que o Espiritismo florescerá e dará frutos”. “O espiritismo não cria a renovação social”, adverte Kardec. A madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Tempos de mudança, de reflexão, de crise, de oportunidade de regeneração.
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Por GEORGE DE MARCO
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onta-nos a História (assim, com H maiúsculo por ser fato real), que no século I a.C., o imperador romano Julio César foi vitimado por uma conspiração dos senadores que pretendiam tirar-lhe do cargo. Ao reconhecer entre seus algozes seu próprio filho adotivo, Marcus Brutus, Julio César teria proferido a famosa frase: “Até tu, Brutus, filho meu?”. A cena entrou para a posteridade e fixou-se no imaginário popular primeiramente por simbolizar a traição, quando costumamos dizer que fomos “apunhalados pelas costas”; segundo, também, por traduzir a desilusão causada pela ingratidão, conforme a dolorida expressão do imperador dirigida a seu filho – e sempre a usamos, ainda que nosso traidor se chame João ou Maria. O autor francês, Charles Pinot Duclos (1704-1772), assim escreveu sobre o tema: “A ingratidão consiste em esquecer, desconhecer ou reconhecer mal os benefícios, e se origina da insensibilidade, do orgulho ou do interesse”. Curioso notar as origens que Duclos apresenta para a ingratidão, com destaque para o orgulho, velho conhecido nosso. Velho “adversário da humanidade”, como salientou Lacordaire, no capítulo VII de O Evangelho segundo o espiritismo, item 11. Em seguida, no item 12, é a vez de Adolfo, bispo de Argel, apresentar o orgulho como fonte de todos os nossos males. E um destes males que disseminamos diariamente é, sem dúvida, a ingratidão. Somos ingratos quando esquecemos as coisas boas que nos fazem. Somos ingratos quando discutimos com nossos pais. Somos ingratos quando “passamos por cima” de nossos colegas de trabalho, na ânsia de defendermos nossos pontos de vista – quando, em verdade, defendemos apenas nosso orgulho. Somos ingratos quando viramos às costas para os problemas do outro. Somos ingratos ao exigirmos que nosso próximo, seja ele quem for, seja perfeito, já que somos ingratos, justamente, por sermos moral-
mente imperfeitos! É o que nos ensina O livro dos espíritos, nas questões 937 e 938. Ali, aprendemos que o egoísmo é o pai da ingratidão. Como podemos observar, então, damos morada a uma família da pesada em nossos corações. Esta família costuma fazer uma verdadeira festa com nossas emoções, levando-nos a cometer erros contra nosso próximo que se convertem em malefícios contra nós mesmos – e disso já não há mais dúvida. Nesta festa, o orgulho é o anfitrião, o egoísmo espalha seu veneno e a ingratidão nos faz dançar a valsa da desilusão.
E por que nos desiludimos? Emmanuel é franco e direto: Nos desiludimos porque esperamos muito de nosso próximo. Temos o estranho hábito de esperar sempre algo em troca pelo bem que fizemos ou, simplesmente, pela amizade que dedicamos. Mas, se esperamos algo em troca, que bem que fizemos? Que amizade sincera dedicamos? Há uma grande dificuldade nossa em nada esperar do bem praticado, pois temos uma necessidade enorme de sermos amados, estimados, queridos, idolatrados – salve, salve! E aí, nosso
egoísmo, nosso anfitrião, nos coloca nessa rota dolorida, que nos levará ao encontro de corações endurecidos como os nossos. O melhor, então, é perseverar na prática do bem, evitando participar da festa que aquela família da pesada promove diariamente, sendo os controladores de nossas emoções, e não o contrário, conhecendo-nos a nós mesmos. Sejamos felizes no que fazemos, pois o que foi esquecido hoje será lembrado amanhã. E, se assim não for, mais sofrerá o ingrato do que aquele que sofreu a ingratidão. Por isso, os ingratos são dignos de pena, e não de revolta, pois terão sua solidão para vivenciar suas dores, em resposta às suas ações infelizes, sempre movidas pelo egoísmo. Seu amigo lhe abandonou à própria sorte? Então ele nem era assim tão seu amigo! Lamentar o quê? Seu colega de trabalho faz de tudo para lhe derrubar? Deixe-o em sua gana, que ele se destruirá sozinho. Continue fazendo sua parte e logo encontrará corações mais afeitos ao seu, pois espíritos afins se reconhecem e se (re)encontram, em primícias da felicidade que queremos compartilhar eternamente. E desta felicidade estão excluídos os elementos daquela “família” – o egoísta, o ingrato, o orgulhoso. Relembremos as palavras contidas na questão 938a: “Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles”. Mas não tapemos o sol com a peneira! Não culpemos o próximo por nossas falhas e busquemos sinceramente externar o amor – sentimento que nos eleva, nos modifica e nos faz feliz. Pois na dança da ingratidão um dia somos Julio César, mas, na maioria das vezes, somos Brutus mesmo... George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: georgedemarco@correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br
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A dança da ingratidão
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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br
8º Encontro Amigos da Boa Nova Dia 21 de abril, das 9 às 18h, comemorando os 10 anos do Clube Amigos da Boa ABR Nova. Com apresentação dos comunicadores e equipe de programação da Rádio Boa Nova, teatro e muita música. Local: Internacional Eventos Espaço Prysma – Rua João Cavalari, 133 – Ponte Grande, Guarulhos, SP www.radioboanova.com.br
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Feira de Livros com palestra de André Trigueiro Dias 29 e 30 de maio, Grande Feira de LiMAI vros na Instituição Beneficente Nosso Lar, em homenagem ao centenário de Chico Xavier, com a presença de autores consagrados. No dia 29, o jornalista André Trigueiro autografará o livro Espiritismo e ecologia (Feb) e realizará palestra sobre o tema. Local: Praça Florence Nightingale, 56 - Jardim da Glória, São Paulo-SP. www.ibnossolar.org.br
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Inscrição de trabalhos científicos para o 6º Enlihpe Dias 21 e 22 de agosto, acontece em São Paulo o MAI 6º Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, sobre o tema “O espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais”. O Encontro valoriza o debate em torno de trabalhos acadêmicos voltados à temática de fronteira com o Espiritismo, além do incentivo a publicações. Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail trabalhos6enlihpe@ccdpe.org. br até o dia 30 de maio. A avaliação será feita utilizando-se o sistema Double Blind Review, por membros do Comitê Científico do encontro. As áreas temáticas para a submissão dos trabalhos são: Memória do Espiritismo; Filosofia e Pensamento Espírita; Educação e Espiritismo; Física e Psicologia dos Fenômenos Espirituais; Saúde Mental e Espiritismo; Ações Sociais e Intervenções na Comunidade; Administração do Centro Espírita; Movimento Espírita Brasileiro e Internacional; Antropologia do Movimento Espírita. www. espiritismocomentado.blogspot.com
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CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Comemorase seu centenário em 2010 --------Pires, filósofo e escritor espírita
Sigla de Revista Interum estado nacional de Qualidade, brasileiro Espiritismo natureza
EmancipaCancelar ção da alma (plural)
Escola de Comunicação e Artes
Personagem do livro “Nosso Lar”
Móvel de quarto
Sílaba de “ninho” Bezerra de ------Médium de cura
Sentir pena Possivelmente
5º mês do ano
Consoantes de “soma”
Personagem do livro “A feira dos casamentos” Símbolo de “Raio”
qualquer hora, em qualquer lugar SOLUÇÕES
“Dentro” em inglês
Olha
Barco a vela
Ligação Consoantes de “asma”
Segunda nota musical
Rápido
Letra sinuosa Consoante de “rua”
Que compositor respondeu da Espiritualidade às dúvidas de Kardec sobre música ?
Nome próprio feminino Primeira letra do alfabeto
Criador da teoria do magnetismo animal
Símbolo de Oxigênio
Raymundo -------, Autor de “O pensamento de Richard Simonetti”
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II Encontro Caminhos do Espiritismo - Do Hoje ao Amanhã Num trabalho de parceria entre convidados I A M e membros da Associação Caminhos para o Espiritismo, será realizado nos dias 29 e 30 de maio o II Encontro Caminhos do Espiritismo Do Hoje ao Amanhã. Com atividades simultâneas, conferências, mesas-redondas e oficinas. Presenças confirmadas: Saulo Gomes, Franklin Santana, Dora Incontri, Luiz Signates, Otaciro Rangel, Ailton Balieiro, Leopoldo Daré e muito mais. Local: Faculdades COC, Rua Abrahão Issa Halack, 980, Ribeirão Preto, SP. Informações: www. caminhosparaoespiritismo.org.br.
Universidade de São Paulo
ENIGMA
Apelido de José
Vogais de “sei”
Resposta do Enigma:
1 em inglês
Sílaba de “espírito”
Rossini As respostas do compositor erudito italiano estão em A gênese “A música espírita” Saiba mais www. correiofraterno.com.br
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Eventos do Lar Jantar dançante beneficente 50 anos do Lar Emmanuel Dia 16 de abril, sexta-feira, às 20 horas Local: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convite: (11) 4109-8938. site:www.laremmanuel.org.br
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o filósofo Por SANDRA CALDAS
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este ano em que se comemora o centenário do nascimento de Chico Xavier e de suas mais de 400 obras psicografadas, somos presenteados, decorridos alguns anos dessas publicações, com brilhantes trabalhos de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que se debruçaram sobre esses livros. Uma dessas estudiosas é Astrid Sayegh, que apresentou em 24 de março último, no Grupo Batuíra, em São Paulo, o tema A filosofia na obra de Emmanuel. Doutora em filosofia contemporânea pela USP e presidente do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos, ela nos descortina em Emmanuel, muito mais do que o mentor de Chico Xavier e continuador da divulgação do espiritismo. Através das obras ditadas por Emmanuel, principalmente em O consolador, o mentor de Chico discorre, através do mesmo sistema de perguntas e respostas de O livro dos espíritos, sobre os princípios que norteiam o desenvolvimento das ciências, como a química, a biologia, a psicologia, a matemática, a educação, entre tantas outras. Classificando-as entre a busca de conhecimento através da observação da Natureza, as ciências abstratas, derivadas da razão humana, e as ciências aplicadas, que têm como objetivo missionário ou de resgate daqueles que a trazem à sociedade para auxiliar o homem em sua evolução espiritual, explica Emmanuel a impossibilidade que há, porém, de apreender a essência, a origem das ciências em estudo, posto ser de natureza metafísica e inapreensível através dos sentidos materiais. Através de suas obras Emmanuel unifica as ciências, demonstrando como o homem, de origem divina, busca através de sua própria história, elevar-se, retornar a Deus. Como disse Jesus: “Eu e o pai somos um”. E quando Cristo nos
pede: “amar ao próximo como a si mesmo”, simplesmente nos pede que vivenciemos através da empatia nossa igualdade e unidade espiritual. Todos viemos de Deus, todos caminhamos para Deus que é a perfeição. A prova de que cada um de nós, no transcurso de milênios, desenvolve-se sem perder sua individualidade, acumulando conhecimentos e experiências que jamais se perdem, aprimorando-se, está na própria história das sucessivas encarnações de Emmanuel que foi senador romano, padre ou bispo por cinco vidas, e que no século 3 foi o filósofo Basílio de Cesareia, seguidor dos princípios filosóficos de Aristóteles, amigo de santo Agostinho, e que conseguiu traduzir os princípios cristãos através da filosofia grega, tendo escrito sobre regras de conduta moral para os monges e jovens de sua época.
Grupo Espírita Batuíra: palestra em homenagem ao Chico
ACONTECEU
Emmanuel
Chico Xavier, como médium, trazendo-nos pela psicografia as palavras de Emmanuel, nos propiciou a oportunidade bendita de também podermos nos debruçar sobre os ensinamentos tão profundos desse grande espírito, que nos traz mais do que mensagens consoladoras, partes da Grande Verdade, da imanência de Deus em tudo que há.
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Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra, São Paulo- SP
Sayegh: pesquisa sobre a filosofia de Emmanuel
Ato público reúne 15 mil pessoas contra o aborto No último 20 de março, o 4.º Ato Público em Defesa da Vida reuniu cerca de 15 mil pessoas em uma marcha da cidadania pela vida contra a legalização do aborto, no centro da cidade de São Paulo. A manifestação ecumênica e suprapartidária foi uma iniciativa do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida. O movimento se deve ao fato de estar tramitando na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1135/91, que, se aprovado, liberará a prática do aborto no Brasil até o nono mês de gestação. As pesquisas mostram que 97% da sociedade brasileira é contra o aborto. www.correiofraterno.com.br
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FOI ASSIM…
Na cabeceira da cama da minha filha Por EDGAR FARADI
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ra madrugada de verão. Levantei-me de repente da cama. Não estava sonhando, mas alguma coisa me impulsionava. Como de costume, fui ao quarto da minha filha, na época com dois anos, para ver se estava tudo bem. Levei um susto. Numa rapidez muito grande, mas suficiente para a minha percepção, vi uma senhora de cabelos brancos, puxados num coque, com um vestido estampado azul, sentada na cabeceira da sua cama. Lembro que ela tinha até um lindo colar, cheio de luz. Olhou para mim com muita ternura e tranquilidade e sumiu. Fiquei todo arrepiado, meu coração disparou. Minha filha estava bem, dormindo serenamente. Quando voltei ao meu quarto, sentei na cama ainda meio assustado e comentei com a minha esposa. “Vi uma mulher sentada na cama da Isabela”. Só então consegui raciocinar e reconhecê-la. Era uma parente próxima, que havia desencarnado há algum tempo. Minha esposa, que é espírita, respondeu: “Vai ver que ela queria avisar alguma coisa”, ou então,
Por ALTAMIRANDO CARNEIRO
disse brincando, você a pegou de surpresa, velando pelo sono da menina. Dormimos um pouco preocupados. Na manhã seguinte, nossa filha acordou com uma febre altíssima, fruto de uma inflamação de garganta, coisa comum de criança. E aí tivemos certeza de que a senhora esteve ali para as duas coisas: proteger a nossa filha e ainda deixar-nos atentos para o seu mal-estar que estaria por vir. Essa história aconteceu com Edgar Faradi de São Paulo. Conte sua história também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br
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ESCRITÓRIO
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Malba Tahan, espírita e esperantista
Tel.: (11) 4126-3300 Rua Santa Filomena, 305 1º andar - Centro São Bernardo do Campo - SP jdcontabil@terra.com.br
Muitos não saberão dizer quem foi Julio César de Mello e Souza. Também ignoram que, apesar de não ter se definido como espírita praticante, aceitou os ensinamentos espíritas, tendo realizado conferências em inúmeras instituições espíritas, inclusive na Federação Espírita Brasileira. Mas se dissermos que Julio César de Mello e Souza– que nasceu 6 de maio de 1895, no Rio, e desencarnou em Recife, em 18 de julho de 1947, onde estava a convite do Governo do Estado, realizando palestras a universitários – adotou o pseudônimo de Malba Tahan, a maior parte se lembrará do notável escritor. Em virtude de sua admiração e paixão pelas histórias do Oriente, adaptou, em muitos de seus contos, as fantasias do clássico mundial As mil e uma noites, em livros como Lendas do deserto, Céu de Alá, O livro de Aladim, Lendas de oásis, o magistral O homem que calculava e outros títulos. De sua bibliografia, quase toda dedicada à matemática, constam 75 volumes, em várias facetas, da literatura infantil, destacando-se, dentre outros: A girafa castigada (inspirada no Evangelho), O rabi, O cocheiro dos anjos de Deus, A pequena luz azul (conto árabe), Os sonhos do lenhador (conto chinês), O tesouro de Bresa (inspirado na Babilônia). Na cidade de Itaocara, RJ, ergueuse, um monumento à Matemática, (único no mundo), sob a sua orientação. Malba Tahan procedia como verdadeiro cristão, dedicando-se à causa dos sofredores, especialmente dos hansenianos, tendo publicado, por mais de dez anos, a revista Damião, para o reajustamento dos portadores de hanseníase. Por toda a dedicação a essa causa, recebeu a Medalha de Vermeil da Associação Brasileira de Amparo aos Hansenianos. Visitou inúmeros leprosários na campanha de reabilitação dos hansenianos, realizando conferências. Em Lisboa, recebeu o título de Leprólogo Honorário. No Brasil, recebeu idêntico título, outorgado pela Colônia de Santa Isabel, de Minas Gerais. O casal Aldemar Veloso e Dinah, seus concunhados (espíritas), residentes no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, mantiveram contato permanente com ele, inclusive na prática do Evangelho no Lar, tendo sido o responsável pela realização de inúmeras de suas palestras, no Movimento Espírita do Rio de Janeiro. No Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, terminou o Curso Ginasial, fez o curso de professo primário do antigo Distrito Federal, na Escola Normal, hoje Instituto de Educação. Ainda no Colégio Pedro II, estudou Francês, Geografia e Matemática, suas matérias preferidas. Lecionou Matemática para turmas suplementares no Colégio Pedro II. Foi também professor de Esperanto, tendo sido um dedicado esperantista. Casado em 1925, com Nair de Mello e Souza, o casal teve os filhos Rubem Sérgio (comandante da Marinha), Sônia Maria e Ivan Gil (engenheiro arquiteto). Bibliografia: Pioneiros de uma Nova Era – Espíritas do Brasil, de Antonio de Souza Lucena, Ed. CELD, Rio de Janeiro, 1977
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Por ANDRÉ TRIGUEIRO
A
seguradora Swiss Re divulgou recentemente um estudo sobre as catástrofes naturais e também aquelas provocadas pelo homem ao longo de 2009 em todo o planeta. Os números são instigantes: houve 133 catástrofes naturais e 155 causadas pelo homem, com 15 mil vítimas fatais e U$ 62 bilhões de dólares em prejuízos. A tabulação dos dados não compreendeu os estragos causados pelos recentes terremotos registrados no Haiti e no Chile. O interesse das seguradoras em divulgar essas informações é evidentemente comercial. Quanto mais o mundo parecer hostil ou ameaçador, maior a importância de se fazer seguro. Aos espíritas, cabe a devida contextualização desses episódios lamentáveis, a fim de que se perceba com maior lucidez o que de fato acontece, e por quê. Em mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco no dia 30/07/2006, no Rio de Janeiro, Joanna de Ângelis nos trouxe a seguinte informação: “Operase, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo. O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral”. Entre outras considerações importantes, Joanna lembra que a melhor maneira de compartilhar conscientemente da grande transição “é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto”. Assim, é forçoso reconhecer que a vibração do planeta está se modificando para melhor acolher esta nova civilização, mais ética e moralmente mais elevada. Todos possuímos excelentes oportunidades na presente encarnação de planejarmos melhor o uso do tempo, o emprego de nossas energias e disposições em favor do aprimoramento íntimo, da nossa própria evolução moral.
Cabem aqui algumas reflexões sobre a onda catastrofista que arrebata certos segmentos religiosos e até mesmo da mídia. Não é de hoje que se apregoa o fim do mundo, e o alarmismo em torno do assunto ajuda a vender jornais e a arrebatar mais fiéis entre aquelas correntes de fé que se esmeram em doutrinar pelo medo. Se é fato que sempre houve terremotos – pois que a Terra sempre registrou abalos sísmicos em suas entranhas no movimento incessante das placas tectônicas – também é verdade que somos a cada dia mais numerosos e ocupamos extensas áreas do planeta onde até há bem pouco tempo não havia ninguém. E registramos com muito mais facilidade – basta ter o telefone celular à mão para transmitir fotos ou filmes – esses cataclismos. A sensação de que há mais terremotos agora tende a ser objeto de questionamento por esses motivos. Mas é fato que os mesmos terremotos de sempre estão ceifando mais vidas, e que, para os espíritas, as desencarnações coletivas obedecem às injunções da Lei .
Também não é a primeira vez que o clima do planeta se modifica. Já tivemos várias glaciações e períodos de maior concentração de C02 na atmosfera. Ocorre que esses ciclos naturais de esfriamento e aquecimento da Terra aconteciam em intervalos de tempo muito maiores,
de milhares e milhares de anos. O que uma numerosa corrente de cientistas tem demonstrado é que a Humanidade tem contribuído efetivamente para o agravamento do efeito estufa através da queima de combustíveis fósseis, desmatamentos, manejo inadequado do lixo, produção de cimento, etc. O risco que corremos nessa “grande transição” é o de deixarmos como legado de nossa passagem pelo planeta – além do agravamento do efeito estufa, a redução dos estoques de água doce e limpa, destruição das florestas, descarte de toda sorte de resíduos em escala monumental, licenciamento de produtos geneticamente modificados sem as devidas pesquisas, desertificação do solo,etc marcas terríveis que serão lembradas por aqueles que vierem habitar o chamado “mundo de regeneração” e sofrerão seus efeitos. Eventualmente, nós mesmos, em encarnações futuras. Ou seja, não é inteligente – seja no plano individual, seja na esfera coletiva – atravessarmos essa “grande transição” ignorando a parte que nos cabe na construção de um mundo sustentável. André Trigueiro é jornalista www.mundosustentável.com.br
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MUNDO SUSTENTÁVEL
O chacoalhão do planeta
LEITURA
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Fenômeno Mediúnico Sempre comentado e tão pouco compreendido Da REDAÇÃO
Herminio Miranda, aos 90 anos, alerta sobre o verdadeiro valor da comunicação entre os espíritos
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elo simples fato de dispensar comentários, por sua experiência e seriedade na pesquisa da fenomenologia espírita, notadamente na análise da mediunidade, o autor Herminio C. Miranda coloca nas mãos de estudiosos, curiosos e críticos um verdadeiro manual sobre o assunto. Saindo em defesa da mediunidade como instrumento natural de comunicação entre os espíritos – encarnados e desencarnados – a obra O que é fenômeno mediúnico (Editora Correio Fraterno) não só conceitua como explica e comprova. Merece estar presente no acervo de quem quer que se interesse pelo tema, principiantes ou letrados no conteúdo espírita, sendo de extrema valia pelo seu conteúdo esclarecedor, com argumentos simples e irrecusáveis, que podem ser confirmados através da própria história da Humanidade. Fenômeno natural, de todos os tempos, a mediunidade é tratada por Herminio Miranda não somente no seu aspecto conceitual, baseado nos princípios explicados pelo espiritismo, em O livro dos médiuns, de Allan Kardec, mas também pela evidência lógica de fatos históricos a acompanhar momentos políticos e culturais que embalaram o mundo, transformando-o em cenário de guerras ou de exemplos de paz, demonstrando que a realidade é única, mas tem duas faces. Pode o espírito estar no corpo físico ou não – visível ou invisível sem jamais deixar de existir, atuar e influenciar. Com uma obra totalmente repaginada, a editora Correio Fraterno, programando a Série Começar, inicia com O que é fenômeno mediúnico um momento www.correiofraterno.com.br
importante na linha editorial espírita, em tempos em que as mídias estão recheadas de informação sobre mediunidade, paranormalidade e fenômenos, muitas vezes despejando informações e conclusões contundentes, e nem sempre verdadeiras, pela falta de um conhecimento específico sobre o assunto, que exige estudo por estar baseado em todo um sistema, com seu conjunto de conceitos próprios, trazidos pelos espíritos e codificados, em Paris, no século XIX, por Kardec. Como é ressaltado na apresentação da obra, este livro “pode ser visto na sua singeleza natural, sem a capa do tecnicismo que muitas vezes, embora aceitável, complica o entendimento de quantos desejam apenas ter o conhecimento básico para melhor orientar-se na vida”. Para quem pretende ir mais a fundo, há dezenas de referências bibliográficas pesquisadas e estudadas pelo autor. “A intenção aqui foi a de mostrar o fenômeno mediúnico – e seu complemento, o fenômeno anímico – ao vivo, no exemplo ilustrativo, nas consequências que acarreta, nas mudanças de rumo que suscita”, explica Herminio Miranda. “Nosso respeito pelo leitor leva-nos a tentar pensar juntamente com ele e não por ele”– enfatiza. Herminio deixa claro a importância do fenômeno mediúnico não apenas pelo seu lado espetacular ou dramático. Segundo ele, muitos ainda não se deram conta de que há um insistente recado de uma transcendental realidade espiritual que clama há milênios por aceitação e compreensão, como fator decisivo na reordenação do mundo em que vivemos.
Vale a pena conferir não somente o que é, mas como o tal fenômeno influenciou ao longo da História profetas, rainhas, faraós, escritores, presidentes, artistas, cientistas e filósofos – a vida enfim.